CAMPUS
Ano 38 Edição 331, de 19 de outubro a 3 de novembro de 2008
Jornal-laboratório da Faculdade de Comunicação, Universidade de Brasília.
universidade
cultura
campus@unb.br
cidades
Vítima do descaso, Museu de Arte de Brasília espera reforma
Brasiliense se torna a pessoa mais rica do mundo por um dia
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Bruno Lacerda
Clínica de Odontologia está pronta e fechada há um ano
Patrimônio da UnB em jogo Reitoria leiloa 27 apartamentos para fazer obra que não recebeu verba prometida pelo governo. Se os imóveis fossem alugados, renderiam R$ 700 mil por ano Página 3
parênteses
gastronomia no DF
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editorial
Campus - Edição 331 - De 19 de outubro a 3 de novembro de 2008
Carta do editor
-Expediente-
Fartura do bolso à mesa Agora que baixou a poeira das eleições para reitor, a comunidade universitária aguarda a posse de José Geraldo no cargo, o que deve acontecer em, no máximo, um mês. Com a nova gestão, espera-se superar o período crítico pelo qual a Universidade passou, deixando para trás as histórias de corrupção que envergonharam a UnB e voltando as atenções para as questões acadêmicas. Enquanto estamos no período de transição, o Campus acompanha as últimas ações da reitoria pro tempore. O reitor Roberto Aguiar anunciou a venda de 27 apartamentos da UnB. A verba será destinada à conclusão do prédio do Instituto de Ciências Biológicas (IB) e mais seis obras no campus Darcy Ribeiro. A matéria Doulhe uma, duas, dou-lhe 27 mostra que o IB já tem recurso previsto pelo Orçamento da União desde 2006. Além disso, revela que com a venda a Universidade abre mão de R$ 700 mil anuais que poderiam ser ganhos com o aluguel dos imóveis. Se o assunto é a conclusão de obras, o Departamento de Odontologia é o mais interessado. Há mais de um ano, o prédio da Clínica Odontológica foi concluído,
Memória
mas ainda não está disponível para uso. Para iniciar o atendimento, é preciso retirar equipamentos que estão no Hospital Universitário. O transporte está estimado em R$ 70 mil. Se para a UnB é difícil conseguir o dinheiro, isso não seria problema para a brasiliense que teve R$ 650 bilhões na sua conta durante um final de semana. O dinheiro foi depositado por um erro da Caixa Econômica Federal. O Campus conta a história com exclusividade. E quem disse que futevôlei precisa de praia? Apesar de estar a mais de 1.200 km do litoral, Brasília se destaca no esporte e revela duplas que colecionam títulos. O parênteses desta edição está de se ler rezando. O tema é a gastronomia em Brasília: desde os pioneiros do ramo na cidade até os cursos superiores, o suplemento traz uma reportagem recheada com os personagens que constroem a identidade culinária da capital. Como sobremesa, oferecemos ao leitor uma fotorreportagem dos bastidores das cozinhas brasilienses. Bom apetite.
Editora-chefe Yvna Sousa Secretária de Redação Nádia Medeiros Diretor de Arte Felipe Néri
A invasão de títulos estrangeiros na literatura infantil do país foi tema da matéria “Entre o Sítio do Pica-pau e Harry Potter”, da edição nº 274 do Campus, de fevereiro de 2003. Com exceção de autores conhecidos como Monteiro Lobato, as livrarias preferem os “mais vendidos”, deixando de revelar escritores brasileiros. “No Brasil, vender três mil exemplares já é uma baita conquista”, dizia Rosana Bond, escritora com 11 livros publicados.
Yvna Sousa, editora-chefe
Fotógrafos Gabriela Abreu, Max Melo, Fernanda Patrocínio Repórteres Amanda Sales, Ana Luisa Soares, Bruno Lacerda, Camila Cortopassi, Caroline Aguiar, Cristiano Zaia, Fernanda Ros, Flávio Silva, Francisco Brasileiro, Marina de Sá
Projeto Gráfico Amanda Sales, Ana Luisa Soares, Flávio Silva, Marina de Sá
Título e manchete canetados a decisão da equipe foi acertada e o grupo agiu de maneira ética e sincera. “Aprender a lidar com o leitor é um dos propósitos deste jornal-laboratório. Arrisco-me a dizer que é o aprendizado mais difícil e que certamente será constante”, afirmou. O artigo 4º do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros determina que “o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos” e que o repórter “deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação”. Além disso, segundo o artigo 11, o jornalista não pode divulgar informações de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário a valores humanos.
Editores Alex Lima (Parênteses) Gisele Novais (Universidade) Luanne Batista (Cidades) Mariana Curi (Esporte e Cultura) Ana Rita Cunha (Opinião e Botafora) Fernanda Patrocínio (Fotografia)
Diagramação Ana Rita Cunha, Daniela Martins, Felipe Néri, Nathália Mendes
Ombudsman* É hábito as edições do Campus serem fixadas em uma parede no corredor da Faculdade de Comunicação para avaliação pública. Na edição 330, leitores que “canetaram” o jornal reclamaram da manchete de capa, Novo reitor critica professores, e do título da entrevista com o professor José Geraldo, Ataque à ‘hegemonia’ docente. Um deles chegou a escrever que, na entrevista, “ele só faz essa crítica uma vez!” e que o Campus teria aderido ao “sensacionalismo barato!”. Yvna Sousa, uma das repórteres que produziram a matéria, avalia que o processo de escolha da chamada de capa foi longo e envolveu a participação de professores e alunos. Para a estudante,
Campus Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília
À luz do Código de Ética, é essencial debatermos como selecionar e divulgar as informações. A importância que damos a um fato pode parecer exagerada ou má intencionada para outras pessoas. Por isso é imprescindível a interação constante entre os leitores e os produtores do jornal, algo que faça com que os estudantes do Campus aprendam como dialogar com o leitor. Para facilitar essa comunicação, além desta coluna de Ombudsman, que tal a instalação de um Conselho de Leitores que avalie e sugira reportagens?
Jairo Faria é aluno do 7º semestre de Jornalismo
*A missão do Ombudsman é criticar o jornal com a participação dos leitores. Envie sua crítica para campus@unb.br.
Ilustradores Henrique Eira, Mariana Capelo, Teo Horta
Erramos Ao contrário do que afirmamos na matéria Acordo unifica a língua, mas divide linguistas, do caderno parênteses da última edição, a Comissão de Língua Portuguesa (Colip) é um órgão associado ao Ministério da Educação, e não ao Ministério da Cultura.
Professores Responsáveis Márcia Marques, Rosa Pecorelli e Solano Nascimento Técnico de Fotografia Luiz Gustavo Prado Secretário da Redação José Luiz Silva Endereço Campus Darcy Ribeiro, Faculdade de Comunicação, ICC Ala Norte, Caixa Postal: 04660 CEP: 70910-900 Contato (61) 3307.2464 - campus@unb.br Tiragem 4 mil exemplares
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Dou-lhe uma, duas, dou-lhe 27 Universidade de Brasília vai leiloar apartamentos para concluir obras do campus Darcy Ribeiro. Aluguel dos imóveis renderia cerca de R$ 700 mil anuais Max Melo Cobertura da SQN 214 é uma das que serão vendidas no leilão de apartamentos da UnB
sor do Instituto de Geociências e candidato a reitor derrotado no segundo turno das eleições. “É uma decisão que não pode ser tomada por uma dúzia de pessoas, e debater o assunto é respeitar a comunidade acadêmica.” Fábio Félix, representante dos alunos no Conselho Universitário (Consuni) e presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), lembra que a venda dos imóveis não entrou na pauta de discussão do movimento estudantil que provocou a renúncia de Timothy Mulholland. “A única exigência era a venda dos artigos de luxo do apartamento do ex-reitor”, explica. Os R$ 700 mil que a UnB poderia obter com o aluguel dos 27 imóveis superam o que está previsto no Orçamento da União de 2008 para a expansão do campus do Gama (R$ 500 mil) e capacitação de servidores (R$ 450 mil). O valor também se aproxima do total disponível no orçamento deste ano para a realização de pesquisas acadêmicas de professores (R$ 900 mil).
Imóveis a venda Aluguel* apts110 e 210
SQN212 Bloco A apts 105, 111, 207, 308, 309 e 510
R$1.296 R$1.188
apts 602 SQN214 Bloco C apts 603, 607, 608, 611, 615 e 616
R$2460
apts 601 e 603 SQN214 Bloco D apt 604, 607, 608, 611 , 612 e 616
R$2.460
SQN310 apt 603 e 604 Bloco J
Total
27 apts
Venda** R$400 a 600 mil
R$2.360 R$800 a 900 mil
R$2.360
R$5.571
R$2milhões
R$56.562 por mês R$20 a 25 R$678.744 por ano milhões
* valores cedidos pela Secretaria de Gestão Patrimonial (SGP) da UnB ** valor de compra avaliado pela Caixa Econômica Federal
a obra do IB. Do total, até hoje, somente R$ 388 mil foram assegurados. O reitor pró-tempore, Roberto Em 2007, a obra receberia Aguiar, em um de seus últimos um total de R$ 24,2 milhões, atos à frente da UnB, decidiu dos quais R$ 14,2 milhões folançar o edital do leilão de 27 ram aplicados. Para este ano, o apartamentos da Universidade, Orçamento da União prevê um entre eles a cobertura de luxo repasse de R$ 19 milhões, dique foi usada pelo ex-reitor Tinheiro suficiente para finalizar mothy Mulholland. Anunciada o prédio. Até agora, só foram gacomo moralizadora, essa medirantidos R$ 11,1 milhões. da busca reunir entre R$ 20 miLogo após tomar posse, em lhões e R$ 25 milhões para conentrevista concedida ao jornal cluir obras em andamento. Correio Braziliense, Aguiar disse Levantamento feito pelo que iria “permutar” apartamenCampus, com base em números tos de luxo, como o ocupado por oficiais da Secretaria de Gestão Timothy. “Podemos trocar um Patrimonial (SGP) da UnB, reapartamento de R$ 6 milhões por vela que a Universidade deixaseis, oito de três ou quatro quarrá de arrecadar, por ano, quase tos e aumentar a arrecadação R$ 700 mil que poderia obter com aluguéis”, afirmou. Agora o com o aluguel desses imóveis. reitor defende a venda. Isso mostra que, se locasse “A UnB está passando por um os apartamentos, a Universidaprocesso de racionalização sem de acumularia, em cerca de 33 perdas”, afirma. Segundo Aguiar, anos, a mesma quantia que preé preciso vender os imóveis para tende conseguir com a venda. A transferir recursos a atividades diferença é que, ao final desse fins da Universidade, e o custo período, o patrimônio da UnB de manutenção de apartamentos teria sido mantido e continuaria alugados não é compensatório. a render recursos. O decano de Administração, Em grande parte, o dinheiro João Carlos Teatini, também é do leilão vai substituir verbas contra o aluguel. “Essas obras só prometidas e não repassadas podem ser feitas se vendermos pelo governo federal. A UnB patrimônio”, afirma. pretende usar o resultado da O reitor eleito, José Geraldo venda para finalizar o prédio do Sousa, endosInstituto de CiO valor arrecadado anualsa a decisão. ências BiológiEle afirma que cas (IB) e mais mente com o aluguel dos a Universidaseis obras no apartamentos superaria o de passa por campus Darcy Ribeiro. Entre orçamento para capacitação um momento de “revisão do elas, a ampliade servidores em 2008 paradigma de ção do Centro gestão imode Manutenção biliária” e que a locação de ide Equipamentos (CPD) e reformóveis não é a melhor escolha. mas e ampliações do Instituto “É preciso ver se o aluguel não Central de Ciências (ICC), coé equivalente ao custo de manunhecido como Minhocão. tenção dos bens”, diz. Dados oficiais do Orçamento Mesmo assim, o leilão não é da União consultados pelo Camconsenso. “Sou contra a UnB se pus apontam que somente em desfazer do patrimônio dela”, 2006 estava previsto um investiafirma Márcio Pimentel, profesmento de R$ 27,7 milhões para
Cristiano Zaia
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Burocracia adia inauguração décadas, as aulas e os atendimentos à população continuam sendo realizados nas dependênAlunos e professores do Decias provisórias. partamento de Odontologia da A Clínica Odontológica é Universidade de Brasília espeprometida há muitos anos não ram, desde o ano passado, pela apenas aos professores do curinauguração da nova Clínica so, mas aos estudantes também. Odontológica e Farmácia Escola Ricardo Silva Cavadas, do 4º se(Cofe). O prédio ao lado do Hosmestre de Odontologia, responpital Universitário de Brasília sabiliza a burocracia pelo atraso (HUB) já possui água encanada, na entrega do espaço. “Desde luz elétrica e rede telefônica. calouro ouço dizer que o prédio Mesmo com as obras concluívai ser inaugurado”, relembra. das, a burocracia na compra e “Todos os alunos estão esperanno transporte de equipamentos, do por isso.” além de erros no projeto, adiam Mariah Braun, formada pela a data de abertura para atendiUnB no primeiro semestre de mentos à população. 2007 e estagiária do HUB, exSegundo o Centro de Planeplica que, além de ter ótima jamento Oscar Niemeyer (Ceestrutura, a clínica será equiplan), órgão da UnB responsável pada com instrumentais novos, pelo projeto, a obra foi oficialo que aumenta a expectativa. mente entregue no dia 27 abril “Estamos ansiosos com a inaude 2007, com a infra-estrutura guração, pois esperamos que os completa. A clínica conta com nossos problemas sejam resol49 boxes de atendimento, além vidos”, salienta Mariah. de um centro cirúrgico, um cenPara realizar os desejos de tro de esterilização e um setor professores, profissionais e alude radiologia. nos do curso de odontologia, O novo edifício - resultado de falta transportar um investimento de R$ 4.289.987,25 “Tudo no serviço públi- 47 equipamentos do hospital para - é destinado a co é muito difícil” a nova clínica. tratamento odonda tológico público Heliana Dantas, funcio- “Ganhamos Finatec (Fundae será um espaço nária do HUB ção de Empreende aprendizagem dimentos Cientípara os alunos unificos e Tecnológicos), dois anos versitários. Ali serão atendidos atrás, 13 cadeiras odontológicas pacientes carentes, sem concompletas semi-novas”, revela dições financeiras de pagarem Heliana. “Está tudo embalado, dentistas particulares. esperando o transporte para A professora universitária cá.” O carregamento dos equie chefe do Departamento de pamentos estava previsto para Odontologia do HUB, Heliana meados deste ano, mas houve Dantas Mestrinho, leciona há um adiamento por tempo inde24 anos no hospital. Desde o iníterminado. O transporte já foi cio de sua carreira na Universilicitado e deverá custar cerca dade, ela atua na área reservade R$ 70 mil. da à odontologia no HUB, que deveria ser apenas temporária. “Como não havia um espaço Estrutura inadequada adequado, foi feita uma adapDe acordo com a chefe do tação no hospital”, conta a prodepartamento, alguns outros fessora. Depois de mais de duas problemas na obra impossibi-
Ana Luisa Soares
Gabriela Abreu
Pronta há um ano e meio, a Clínica Odontológica instalada ao lado do HUB continua fechada. Não há previsão para o início do atendimento à população
Boxes para receber pacientes estão concluídos, mas teto exige reparos
litaram a abertura das instalações da Clínica Odontológica. O principal é o teto. A estrutura superior da clínica é côncava e dela partem cabos metálicos que seguram a tubulação de ventilação e todo o sistema de iluminação. Como o prédio é alto, não houve empresa alguma no Distrito Federal capaz de oferecer um serviço de limpeza para manter o ambiente higienizado, algo fundamental em consultórios para tratamento bucal. “Nós pensávamos que tería-
mos um forro de fácil limpeza, mas quando recebemos a obra pronta vimos que ia ser impossível trabalhar aqui”, afirma a professora. Além disso, Heliana reclama que os tubos de ventilação, quando ligados, balançam a iluminação da clínica. “Vamos ter que trocar todas as lâmpadas”, antecipa. Para contornar o problema, um preenchimento deverá tornar a estrutura plana. Procurado diversas vezes pelo Campus, o Departamento de Odontologia da UnB não se
manifestou sobre o problema. Apesar de acreditar que os reparos tendem a ser feitos em breve, Heliana se revolta com o atraso. “Tudo no serviço público é muito difícil. A obra já era para ter começado e terminado”, reclama. A idéia é que a mudança no teto seja iniciada e concluída até o final do ano, mas não há garantias de que isso ocorrerá. “Esperamos fazer o transporte em janeiro para que, em março, a clínica esteja funcionando”, torce a professora.
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Cursos novos e requisitados UnB vai oferecer dez graduações a partir do próximo ano. Entre as áreas atendidas estão Museologia, Ciências Ambientais e Música Popular Amanda Sales No próximo ano, a Universidade de Brasília vai oferecer dez novos cursos em áreas tão diversas que irão abranger de Ciências Ambientais a Música Popular. São as primeiras iniciativas de um pacote de 32 novas graduações que serão criadas até 2012, por meio do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). A demanda do mercado de trabalho foi o principal fator que incentivou a criação dos bacharelados, que incluem ainda graduações mais conhecidas como Engenharia de Produção e Engenharia de Computação. Museologia foi o primeiro
dos dez cursos a ser inaugurado, em evento realizado no dia 9 de outubro, no auditório do Centro de Ciência da Informação e Documentação (CID) da UnB. O objetivo é garantir uma formação que vai além do trabalho em museus. “O museólogo pode ser requisitado para outras ações e instituições, como parques, reservas, planetários, ecomuseus”, diz Elmira Simeão, professora do CID. Já no primeiro semestre de 2009, o Departamento de Música vai oferecer o bacharelado em Música Popular. O curso promete atender à demanda gerada por escolas de música, orquestras, bandas profissionais e até igrejas. “Queremos formar um músico que pode atuar como
performancista, produtor musiEntre os cursos que têm inícal ou técnico de estúdio”, excio somente no segundo semesplica Alciomar de Oliveira, chefe tre de 2009, está o de Ciências do Departamento. Ambientais. Combinando con“Hoje, quem atua na área, ou ceitos de Ciências Naturais e não tem formação acadêmica, Sociais, o bacharelado pretende ou teve forformar profissiomação fora do “O músico popular sobre- nais com entenpaís. Ou ainda, dimento científico vivia só com o talento” aprendeu com dos sistemas soa prática”, re- Alciomar de Oliveira, do ciais e ecológicos. lata Oliveira. Essa iniciatiDessa forma, Departamento de Música va tem o apoio de a nova graduespecialistas da ação pretende área. “O curso visa ampliar e estruturar o mercado. a formação de profissionais com “O músico popular que sobreuma visão multidisciplinar e que vivia só com o talento vai passar sejam capazes de atuar em pesa perceber que a formação acaquisa, ensino e extensão, bem dêmica é necessária e logo isso como em áreas no setor público se tornará uma exigência do e privado ligadas à questão ammercado”, completa Oliveira. biental”, explica Gustavo Souto,
presidente do Instituto do Meio Ambiente e de Recursos Hídricos do Distrito Federal (Ibram). A partir de agosto de 2009, também será oferecida a graduação de Gestão de Políticas Públicas, proposta pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação (Face). O coordenador do Programa de Pós-Graduação em Administração, Paulo Calmon, afirma que a capital garante mercado para os futuros alunos. “O Executivo, o Judiciário, os sindicatos, empresas e até ONGs demandam profissionais de políticas públicas”, lembra. “Não temos de perguntar por que criar esse curso, mas sim por que Brasília ainda não tem um”, declara Calmon.
Novidades na UnB
Gabriela Abreu
Gabriela Abreu
Gabriela Abreu
O que você acha dos cursos que serão abertos em 2009?
“O curso de Música Popular é importante, muita gente é dessa área. Mas, primeiro, o curso de Música Erudita tem que se estruturar”
“Para quem já conhece o que é o curso de Museologia, vai ser bom. Haverá novas visões do mercado para o profissional”
“Eu acho que é bom, quanto mais opção, melhor, é muito importante ter novas propostas dentro da Universidade”
Fábio Benites, 5º semestre de Música
Hudson Cergilio, 7º semestre de Biblioteconomia
Juliana Duarte, 1º semestre de Filosofia
Curso
Início
Geofísica
1/2009
Museologia
1/2009
Música- Licenciatura
1/2009
Música Popular
1/2009
Ciências Ambientais
2/2009
Engenharia de Computação
2/2009
Engenharia de Produção
2/2009
Gestão de Políticas Públicas
2/2009
Informática e Tecnologia
2/2009
Letras- Tradução Espanhol
2/2009
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A carreira depois do Finca
Oito dos dez vencedores do festival de música da UnB conquistaram o mercado com estilos que vão do forró ao jazz. A maioria deles já gravou CDs e faz shows ao vivo. Ela havia participado quatro vezes, representando o Centro Acadêmico de Artes Cênicas, curso em que se formou. Em 2003, já tinha conquistado o prêmio de melhor intérprete.
Roberto Fleury/ UnB Agência
O Festival Universitário de Música Candanga Interno da Universidade de Brasília (Finca) chegou este ano à décima edição. Durante uma década, músicos dos mais variados estiReggae e rock los passaram pelo palco da UnB, A banda de forró Corindó foi que se mostrou uma bela vitria ganhadora da primeira edição ne e serviu de estímulo para as do Finca, em 1999. Em 2001, lanbandas. Dos dez ganhadores do çou o primeiro CD e desde 2003 prêmio principal, oito conquisfaz shows pelo Brasil. A ganhataram um público fiel, gravaram dora da quinta edição, Mensana, CDs, ganharam outros festivais também continua tocando. Dois e fizeram carreira pelo Brasil. anos depois da premiação, e A banda Móveis Coloniais de com uma nova formação, a banAcaju e a cantora Ellen Oléria da tem o nome de Mente Sã. são exemplos de como o Finca As bandas Maracujazz, gapode ser um empurnhadora do Fin“O festival dá impul- ca em 2004, e rão. E também de que a vitória nem so, gera divulgação” Etno, primeiro sempre vem de prilugar em fevemeira. Na terceira Tecladista Guilherme reiro de 2006, Grande, da Rupestre não fogem à edição do festival em 2001, o Móveis rotina dos venfoi escolhido a melhor banda cedores do festival. Antes de gapelo júri popular. Não satisfeito, nharem, participaram de outras o grupo voltou em 2002 e levou edições, e depois de ter o troféu o troféu principal. O prêmio de em mãos, continuaram as carR$ 2 mil não foi o maior presenreiras. te. Depois do Finca, a banda foi Douglas Omena, vocalisconvidada para tocar em granta da Maracujazz, afirma que des eventos da capital, como o a UnB sempre foi a maior casa Porão do Rock e o Brasília Music da banda. “Depois de disputarFestival (BMF). mos o Finca três vezes, ganhar“O reconhecimento do Finmos uma e voltarmos para tocar ca nos fez acreditar mais e lutar aqui, o público da Universidade pela nossa consolidação”, dejá conhece nosso nome”, relata. clara Renato Rojas, baterista do Segundo ele, o festival apresenMóveis. Para ele, com o festival, tou a banda ao mercado da UnB a UnB cumpre seu papel social. e outras portas se abriram. “É da universidade que saem os O baixista da banda Etno, grandes cérebros”, lembra. “Na Iano Fazio, orgulha-se de fazer música não é diferente, é resparte da única banda de rock ponsabilidade da UnB incentiganhadora da história do fesvar os músicos.” tival. “O primeiro lugar serviu Ellen Oléria ganhou o Finpara tirar o estigma de que o ca de 2006, quando cursava seu Finca é apenas reggae e forró”, último semestre na UnB. Agora, conta. “Nós mostramos que a acaba de lançar um CD e se premistura da UnB dá espaço para para para a gravação de um DVD todos os estilos.” No momento,
a empolgação de ganhar o Finca está contaminando a banda Jenipapo, vencedora da última edição. “Nós estamos com muito mais gás e planejamos fazer uma demo”, afirma o vocalista Rafael Miranda. A ganhadora de 2007, a banda Rupestre, experimentou a injeção de ânimo, mas reclama do mercado. “O festival dá um impulso, gera divulgação, mas com o tempo os produtores vão esquecendo”, queixa-se o tecladista Guilherme Grande. Uma exceção é a Xalé Verde. A banda acabou depois de ter ganho o Finca de 2000. “O troféu nos deu uma moralzinha enquanto banda pós-adolescente e elevou a nossa auto-estima”, conta o ex-baterista Rodrigo Tavares. Dos seis componentes da banda, três desistiram da música e a outra metade continua tocando. Os integrantes da banda Cumade Selvira e os Cantiga de Grilo, ganhadora em 2001, não foram localizados até o fechamento desta edição.
Roberto Fleury/ UnB Agência
Caroline Aguiar
A cantora Ellen Oléria (acima) e a banda Etno estão na lista dos músicos que se projetaram após o Finca
Suplemento do Jornal Campus
Edição 331-A
De 19 de outubro a 3 de novembro de 2008
parênteses
culinária à brasiliense
Entre não ter um prato típico e ter um perfil culinário característico dos grandes centros urbanos, Brasília possui uma identidade gastronômica única. O Parênteses desta edição faz um panorama da cultura alimentícia do brasiliense e do crescimento do mercado gourmet, desde os primórdios da cidade até o cenário atual. E, por fim, questiona: após se igualar a São Paulo e Rio de Janeiro como pólo gastronômico, quais são os novos rumos?
Da feira à refe
Nascida de um cerrado vazio, Brasília misturou-se com outras culturas do Brasil e se firmou como um dos maiores centros gastronômicos do país Marina de Sá
Flávio Silva
Flávio Silva
O chefe Alexandre Rizon preza por uma culinária com identificação local
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elly Gomes, proprietário da tradicional Pizzaria Dom Bosco, chegou a Brasília no ano de sua inauguração. “Brasília não tinha nada”, lembra-se. “Como naquela época todo negócio dava certo, abrimos a pizzaria.” Para comprar os ingredientes da massa, o comerciante tinha que ir à Feira do Guará. Quase 50 anos depois, a capital conquistou o posto de 3º pólo gastronômico do país, segundo o Guia Quatro Rodas. O desempenho da cidade chegou aos ouvidos de muita gente. A potiguar Francisca de Oliveira, dona de uma barraca de temperos na Feira Permanente do Núcleo Bandeirante, acredita que isso é resultado do que é Brasília. “Aqui é uma cultura mista. A cozinha é como a gente, vem de todos os lugares”, constata. Francisca trabalha na feira desde o início da década de 1970. “[A feira] era pequena e nem tinha barraca. Era tudo com toldo de lona”, recorda. Com o tempo, a infra-estrutura do local melhorou e ganhou uma praça de alimentação. De acordo com Francisca, apesar das mudanças, um hábito ainda permanece. “O que sempre saiu muito, independentemente do ano, é pimenta”, conta. Há 29 anos em Brasília, os irmãos Lucena trouxeram carne de sol, mandioca, feijão de corda, cheiro verde, paçoca, arroz e a famosa manteiga de garrafa. Levando o nome dos cactos nordestinos, o Xique-xique é comandado por Rubem Lucena, fundador do restaurante, junto com dois irmãos e dois filhos. “Já somos uma casa típica de Brasília”, reconhece Rubem. Apesar de abrigar clientes de diversos cantos do país, ele afirma que nunca precisou adaptar o cardápio ao gosto do brasiliense. “Até o presidente Lula, ministros, executivos paulistas e depu-
tados mineiros já almoçaram aqui”, conta. Os sabores da capital federal também possuem raízes da época de Juscelino Kubitschek. Rosental Ramos, ex-chef de JK, montou o Restaurante do Rosental na Asa Norte e na Vila Planalto. Após sua morte, em setembro de 2005, sua viúva, a mineira Vera Lúcia Guimarães é quem segue com a casa.
Onde estamos O verdadeiro desenvolvimento gastronômico de Brasília começou há cerca de seis anos. Fatores como o bom momento da economia brasileira e o surgimento de mais opções de lazer e de restaurantes eliminaram a precariedade de produtos e serviços. Sempre atrelado à culinária, o turismo também se consolidou e remodelou as cozinhas da cidade. Esse impulso também é atribuído à elevada renda per capita da capital e à natureza executiva do centro político do país. De terça a quinta-feira, todos os 28 mil leitos em hotéis hospedam os maiores salários de vários
Atrelado à culinária, o turismo se consolidou e remodelou as cozinhas da cidade
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segmentos da indústria brasileira. Geralmente são pessoas que fecham negócios em Brasília e acabam fomentando o aparecimento de refinados restaurantes. “No começo, Brasília era muito cara e ruim”, afirma Cláudia Brochado, coordenadora do curso de Gastronomia do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb). Em seu escritório, do qual é possível ver, através de uma parede de vidro, uma cozinha onde os alunos preparam pães e doces, ela avalia positivamente o cenário gastronômico da capital. “Hoje, em comparação com Rio de Janeiro e São Paulo, estamos bem. Aliás, podemos até ultrapassar o Rio, comendo bem e pagando menos do que em São Paulo”, revela. A estudante de Gastronomia Luciana Guimarães chegou à Brasília já graduada em Matemática e até havia trabalhado na área de contabilidade. “Eu gostava de cozinhar, e, chegando aqui, decidi investir nisso”. Futuramente as aulas podem render um restaurante a Luciana. “O mercado na capital é bom para novos negócios e o padrão, elevado”, comenta a estudante. “O Rio é mais saturado, já tem muita gente que sabe cozinhar bem”, analisa.
erência nacional
Flávio Silva
Carne de sol é o carrochefe dos restaurantes nordestinos da cidade
Aonde vamos “Brasília realmente tem a posição consolidada. A variedade e a qualidade dos restaurantes é muito boa”, defende a professora de Antropologia do Centro de Excelência em Turismo da UnB (CET/UnB) Janine Collaço. Atenta à realidade do brasiliense, ela arrisca: “É muito provável que haja uma redistribuição dos pólos gastronômicos aqui”. Devido à falta de estacionamento e de lugares no Plano Piloto, para abrir novos restaurantes é preciso migrar para outros locais, como os Lagos Sul e Norte. Ela prevê mudanças que inf luenciam a vida dos boêmios. “Com a Lei Seca, temos duas opções: ou as pessoas vão sair menos de casa ou os bares vão começar a investir mais em gastronomia”, analisa. E juntando tudo isso ao perfil empreendedor dos alunos de Gastronomia, Janine aposta na criação de um novo segmento por essa turma: os bistrôs. Quando o assunto é a especialização e a profissionalização da área, as opiniões convergem. “A clientela gosta de estudar e de entender a gastronomia. O brasiliense exige o preço justo na hora de pagar pelo prato”, afir-
ma Alexandre Menegale. O jornalista carioca, há 15 anos em Brasília, é responsável pela edição de vários guias gastronômicos e compõe o time de jurados da Veja Brasília e da Gula. “É interessante ver que, tanto um restaurante caríssimo, como um mais simples convivem bem aqui”, nota Menegale. O sabor é item fundamental, pois o brasiliense transforma a gastronomia em forma de lazer e acaba conhecendo mais sobre o assunto. Foi justamente o que aconteceu com o médico e gourmet Flávio Cadegiani. A família sempre valorizou uma boa mesa e, há dois anos, ele criou um grupo de pessoas interessadas em comer bem. “Nós saímos juntos todo mês para procurar um lugar novo e experimentar o que há de melhor na cidade”, explica Cadegiani. Além dos encontros, a turma participa de cursos para se manter informada. “Até aprendi a cozinhar com o grupo e deu tão certo que agora participo também como um dos jurados da revista Gula em Brasília”, conta o médico. E como bom gourmet atualizado, ele também acredita que o futuro do panorama na cidade está ligado à profissionalização. “O mercado é excelente e grandes empresas do Rio e de São Paulo estão chegando, como o Ráscal [eleito melhor restaurante de cozinha rápida em 2007, com uma das melhores cartas de vinhos do país], que deve abrir em breve”. Flávio desafia: “Ou as casas daqui se profissionalizam, ou quebram”. A chef Lucilene Silva completa o coro da profissionalização como futuro da gastronomia brasiliense. “A alta qualidade do que Brasília oferece hoje é, em grande parte, para competir. É preciso inovar sempre”. Ela argumenta que as pessoas vêm do país inteiro e que, por isso, ela deve fazer a melhor comida regional, mesmo que se trateda comida de um só lugar.
“A clientela gosta de estudar e entender gastronomia ”, garante o jornalista Alexandre Menegale
Flávio Silva
ca brasiliense deve nascer de alimentos feitos com ingredientes da região. “As condições para desenvolver nossa culinária existem. Veja os frutos do cerrado, por exemplo”, argumenta. O chef afirma que, quando se vive em uma cidade rica como Brasília, os produtos não são bem aproveitados e criar uma identidade própria é mais complicado. “Fazer um filé mignon é fácil, porque o ingrediente ajuda. Fazer um bom intestino de porco é outra história”, comenta.
Sempre destacada pelos apreciadores da gastronomia, a diversidade de culinárias em Brasília é fruto desse encontro de regiões que a capital promove naturalmente. A chef amazonense Lucilene Silva, especialista em comida árabe, vê a mistura como elemento enriquecedor da cultura local. “Embora a cidade não tenha um prato típico, todo mundo aprendeu alguma coisa de fora e trouxe pra cá, o que é muito importante”, explica. O chef Alexandre Rigon, membro da Associação Brasileira de Alta Gastronomia (Abaga), não é favorável à idéia de mistura. “A diversidade atrapalha porque as pessoas vão atrás dos sabores com que já se acostumaram, e desse bairrismo não se cria nada novo”, critica. Para Rigon, a identidade gastronômi-
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O
conceito gastronômico f rancês, que rege as grandes cozinhas do Brasil e também as de Brasília, estabelece que a epifania antes da degustação de um prato deve ocorrer pela aparência da comida, pelos odores do alimento e pela decoração do ambiente em que se come. Para além da nutrição fundamental, existe uma vivência que perpassa todas as etapas de elaboração de um prato, até desembocar em mesas pobres ou ricas.
Brasília que
vê,
cheira e saboreia Fotos: Flávio Silva e Marina de Sá Texto: Flávio Slva
A identidade gastronômica traduz a história, a cultura e a vida de um lugar. Os modos de preparar e de servir são o marco definitivo que distingue um povo de outro. Nascida forçosamente de um cerrado inóspito, Brasília só agora adquire nuances de uma culinária para chamar de sua. Seja na feira ou nos cursos de excelência, a melhor renda per capita do país alimenta um futuro ainda nebuloso, que vai hipertrofiar o conceito francês ou criar um hábito novo – o de se alimentar inteiramente à brasiliense.
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cultura
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Obra do descaso no DF “É lastimável!”, comentou Lêda Watson, artista plástica e uma das fundadoras do Museu de Arte de Brasília (MAB), ao saber que o lugar continua fechado. É a segunda vez que o local tem suas atividades interrompidas, já que de 1998 a 2001, também teve a visitação suspensa. O motivo é a espera pela reforma geral nas instalações, cujas precárias condições ameaçam um acervo de 1.300 peças avaliadas em, aproximadamente, R$16 milhões. Atualmente, as obras estão guardadas na reserva técnica do Museu Nacional da República. O diretor do MAB, Glênio Lima, reclama da falta de museólogos em Brasília. “A abertura do curso de Museologia da UnB vai ser ótimo”, comemora. Além disso, denuncia as péssimas instalações físicas do museu. “Ele é todo inadequado como espaço expositivo. Não há ar-condicionado e a claridade que entra pelas janelas é prejudicial”, lista. A reserva técnica, que tem como função proteger o acervo, sofre com a ameaça dos fungos e com a falta de controle de climatização. “Com a secura de Brasília, as obras devem ter temperatura e umidade constantes”, alerta o marchand (pessoa que negocia obras de arte) Albano. Além disso, quando chove, aparecem goteiras. Celso recorda que, em 2007, organizou uma exposição do pintor nipo-brasileiro Kazuo Wakabayashi e teve sérios problemas com a chuva. “Começou a cair água dentro do salão e tive que mudar as divisórias para esconder goteiras e proteger as obras”, conta. O MAB é um museu de arte contemporânea brasileira com obras feitas a partir da década de 1960. Destacam-se nomes como Alfredo Volpi, Tomie Ohtake, Nuno Ramos, Amílcar de Cas-
R$ 277 mil. Embora haja verba, tro, Franz Weissmann, Aldemir ela ainda não foi liberada, pois Martins, Tunga e Beatriz Milhase estuda, conjuntamente com a zes. Grande parte do acervo foi Secretaria de Cultura, a possibiadquirida em salões, que são lidade de serem incluídas novas premiações criadas para artisobras ao projeto. tas inscreverem suas obras. O A subsecretária de Políticas trabalho selecionado dentre os Culturais da Secretaria de Cultuconcorrentes fica para o acervo ra do Distrito Federal, Ione Cardo museu que o premiou. Outra valho, afirma que mesmo com maneira de conseguir novas peo projeto pronto, ainda não há ças é por meio da doação. Mas, data prevista para as obras cocom o MAB fechado, ações como meçarem. “Muitas vezes, situaessas ficam prejudicadas. “Os ções mais emergenciais são pripróprios artistas, que poderiam vilegiadas pelo governo, como expor temporariamente suas obras saúde e educação. A cultura acae doá-las, ficam impossibilitaba ficando para segundo plano”, dos”, diz Celso Albano. esclarece. “Há grande pressão Atualmente, o contato do da sociedade para a reforma do público com as obras acontece museu e, dentro das possibilidanas exposições temporárias do des, ele voltará a funcionar.” projeto MABMóbile. Até agora, Paralelamente à reforma do aconteceram 14 mostras, realilocal, que deve ser custeada pelo zadas na galeria Athos Bulcão, GDF, há um convênio com o Insno Espaço Cultural 508 Sul e no tituto do Patrimônio Histórico e Museu Nacional da República. Artístico Nacional Bené Fonteles, (Iphan) no valor curador do MAB, “O aparelhamento de R$ 300 mil. O não aceita que cultural do DF dinheiro seria desas peças fiquem tinado à compra de guardadas espeestá sucateado” equipamentos de rando a reforBené Fonteles, do MAB imagem, projeção e ma. “Um acervo vídeo, além de cuscomo este não tear a restauração de 200 gravupode ficar trancado. As exibições ras. O diretor do Departamento não podem parar”, afirma. Para de Museus e Centros Culturais Lêda Watson, que tem gravuras do Insituto, José do Nascimento, no patrimônio artístico do MAB, afirma que a verba ainda aguara iniciativa é importante, mas o da trâmites burocráticos. “Estamuseu possui um papel fundamos esperando a documentação mental. “As mostras temporárias necessária da Secretaria de Culsão uma boa idéia, pois o acervo tura”, explica. é exibido. Mas as obras não são Bené Fonteles lamenta o usufruídas como um todo, dendescaso com a arte em Brasília. tro do perfil museológico”, ex“O único museu de arte da ciplica a artista. dade deveria ser mais bem tratado pelo poder público. Todo Reforma no papel aparelhamento cultural do DF “O projeto de reforma já está está sucateado”, critica. Para pronto na Secretaria de Obras ele, a revitalização do espaço é do DF. O dinheiro existe, mas, fundamental. Glênio Lima coninfelizmente, ainda não saiu”, corda. “O MAB sempre foi relamenta Glênio Lima. De acorferência cultural para a capital do com a assessoria do secretádo país”, lembra. “É importante rio de Obras, Márcio Machado, que haja uma política eficiente a impermeabilização da laje do de divulgação e acesso.” museu está prevista e orçada em
Os sinais de abandono são claros no museu: além da segurança deficiente e do jardim descuidado, há janelas quebradas Protótipo de escultura de Franz Weissmann. A obra final está no jardim do MAB, sem poder ser visitada
Gabriela Abreu
Fernanda Ros
Gabriela Abreu
Com estrutura precária, Museu de Arte de Brasília espera reforma. Enquanto isso, permanece fechado e não expõe integralmente acervo milionário
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cidades
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O caminho da desinformação E-mail falso sobre fim da biblioteca virtual Domínio Público, do Ministério da Educação, vira notícia na rádio CBN e em sites do GDF e do Jornal de Brasília publicar a informação no site da secretaria. A assessoria de CoVocê já deve ter recebido um municação da secretaria admite e-mail assim: “Divulguem, uma que não confirmou a veracidade bela biblioteca digital, desenda informação com o Ministério volvida em software livre, está da Educação antes de publicar a prestes a ser desativada por falta matéria. de acessos”. A biblioteca citada No mesmo dia, a notícia foi é o Portal Domínio Público, um reproduzida pelo site oficial do site do Ministério da Educação GDF. Uma assessora de Comuni(www.dominiopublico.gov.br) cação do governo também recono qual podem ser lidas, vistas nheceu o erro. “O procedimento e ouvidas mais de 94 mil obras, ‘ctrl+C, ctrl+V’ é muito comum entre livros, vídeos e músicas. em portais que são fontes de inO conteúdo do e-mail virou formações”, afirma a assessora, notícia em uma das maiores que pediu anonimato. Dos sites emissoras de rádio do país, a do governo, a notícia seguiu CBN, das Organizações Globo, para o Clica Brasília, o portal no site do Jornal de Brasília, o de notícias do Jornal de Brasísegundo veículo impresso mais lia. “Copiar de outros lugares e importante da capital, e em dois colar também é muito comum portais do Governo do Distrito para abastecer o site”, afirma Federal. Era um hoax, um “emuma jornalista do Clica. buste” em uma tradução literal, Ainda naquela segunda, a tipo de corrente com histórias CBN veiculou a informação falfalsas. Elas transa. Para a rádio, a “O procedimento ‘ctrl fonte primária de sitam pela internet narrando informação foi o + C, ctrl + V é muito desde supostas site oficial do GDF. comum em portais” campanhas para A equipe de jornapessoas pobres lismo foi verificar Jornalista do GDF que farão cirura informação com gias até fictícios riscos de picaa assessoria da Secretaria de das de aranha em banheiros de Desenvolvimento Social, onde avião. recebeu a confirmação. O resA biblioteca virtual Domínio ponsável pela matéria admite Público não vai acabar e nem há que deveria ter recorrido ao falta de acessos. De acordo com MEC para confirmar a veracidaa assessoria de Comunicação de da notícia. “Na CBN a seleção do Ministério da Educação, em das principais notas de serviços 2006, o site recebeu mais de 2,5 é feita com base nos dados dos milhões de visitas. Em 2007, foprincipais sites de secretarias e ram mais de quatro milhões de assessorias de Comunicação do acessos, e até setembro deste DF”, relata. “Essa notícia não ano, o número já havia ultrapasacusava ninguém, mas foi um sado cinco milhões. alerta para todos.” O percurso da desinformação Avisados pelo MEC, o GDF começou na manhã do dia 7 de e o Clica tiraram a notícia dos outubro na Secretaria de Desensites e a CBN pediu desculpas volvimento Social e Transferênno ar pelo equívoco. “Recebecia de Renda do Distrito Federal, mos, semana sim, semana não, localizada em Taguatinga. Um ligações e mensagens de pessoservidor, que pediu para não ser as perguntando se esse e-mail identificado, recebeu o e-mail, é verdadeiro”, explica Luciana acreditou nele e foi orientado a Yonekawa, assessora do MEC.
Pedro França
Camila Cortopassi
O Domínio Público, que agora possui todas as obras de Machado de Assis, não vai acabar
Acervo cultural a um clique de distância A biblioteca virtual Domínio Público foi lançada em novembro de 2004 com o intuito de se tornar referência para professores, alunos, pesquisadores e para a população em geral. Até hoje, já recebeu mais de 12 milhões de visitas. O portal possui 96.540 obras literárias, artísticas e científicas na forma de textos, sons, imagens e vídeos. O destaque é uma coletânea de Machado de Assis, em homenagem ao centenário da morte do escritor. Além de todos os livros do autor, o usuário ainda pode assistir a vídeos.
O site Domínio Público permite ainda que as obras sejam baixadas. Desde sua criação, o portal registra mais de 15 milhões de downloads. Qualquer pessoa pode colaborar com o portal. Uma das formas é identificando uma obra que já é de domínio público, mas que não esteja disponível no site. Além disso, pode-se enviar uma obra ou traduzir um livro e enviá-lo ao Domínio Público. Para mais detalhes sobre como colaborar, consulte o site: www.dominiopublico.gov.br e clique em “Quero Colaborar”.
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Bilionária só por um dia
O que daria para fazer com o dinheiro que apareceu na conta de Maria ? COMPRAR 269 PROMOÇÕES DO BIG MAC PARA CADA BRASILEIRO GANHAR R$ 14 MIL POR SEGUNDO NA CADERNETA DE POUPANÇA ENFILEIRAR CÉDULAS DE R$ 100 E DAR QUASE DUAS VOLTAS E MEIA AO REDOR DA TERRA MONTAR UM FROTA DE 1,3 MILHÃO DE FERRARIS
assessoria de Comunicação da instituição, disse que por questões de sigilo bancário não poderia prestar informações sobre o que aconteceu. Mesmo com tanto dinheiro no extrato, Maria não se sentiu bilionária. “Eu sabia que a quantia não era minha, mas um valor desses poderia mudar a vida de qualquer um. Eu ficaria feliz apenas com os últimos seis dígitos do valor”, brinca. Colaborou Francisco Brasileiro. *Nome fictício. Por questões de segurança, a entrevistada pediu para não ser identificada.
Max Melo
ro”, afirmou Maria. Para frustração da correntista, os policiais se negaram a fazer o registro. Eles disseram que a passagem Imagine consultar o extrato de dinheiro por uma conta corde sua conta bancária e descorente não pode ser enquadrada brir um saldo de quase R$ 500 como crime, ainda que o valor bilhões. Foi o que aconteceu seja vultoso. com a corretora de imóveis MaAssim, Maria enfrentou um ria*, na manhã da sexta-feira, final de semana de dor de ca10 de outubro. Cliente da Caibeça. Além de todos os temores xa Econômica Federal, ela foi que a levou à delegacia, estava à agência Bernardo Saião, na preocupada com sua segurança, 504 Sul, verificar quanto tinha pensando que o valor tão alto na na conta. Levou um susto. O exconta poderia atrair bandidos. trato mostrava um saldo de R$ Na segunda-feira, dia 13, a 471.702.374.962,83, o que equicorretora conseguiu finalmente vale a 50 vezes a fortuna de Joser recebida na Caixa. Segundo seph Safra, o homem mais rico ela, o gerente que a atendeu dedo país. monstrou surpresa. “Ele disse Como os funcionários da Caique possivelmente algum funxa estavam em greve, Maria não cionário da compensação cochiconseguiu falar com o gerente lou em serviço”, relatou Maria. da agência. Voltou para a imobiO serviço de compensação liária onde trabalha, também na faz uma espécie de troca de reAsa Sul, e relatou a história ao gistros bancários, no qual o demarido e às filhas. pósito do cheque de uma agênMuito preocupada, retornou cia, por exemplo, é registrado ao banco e retirou outro extrato, na conta de outra. só que, em vez de ver o problePela explicação da gerência, ma resolvido, encontrou uma um funcionário teria errado ao nova quantia: o saldo havia pudigitar o valor de um depósito, lado para R$ 651.719.398.650,12. fazendo assim a transação bilioPara se ter uma idéia, o valor nária. A compensação tem ciclo equivale à soma das fortunas de 24 horas, e equívocos ocordos oito maiores bilionários do ridos em um dia costumam ser mundo. corrigidos no seguinte. No início da noite, Maria Na segunda-feira, a conta da tentou registrar uma ocorrência corretora não registrava mais na 10ª Delegacia de Polícia, no os bilhões. Antes de deixar a Lago Sul. Sua preocupação era agência, ela entregou uma carta que um aumento repentino – e pedindo explicações, mas o geastronômico - de patrimônio purente disse que só desse acarretar problemas com a “Eu ficaria feliz com os últi- poderá respondêReceita Federal. mos seis dígitos do valor” la quando os funcionários voltarem Temia também que sua conta ti- Correntista vítima do erro da greve. Procurada pelo vesse sido usada da Caixa Campus – que por funcionários conta esta história com exclusido banco para desviar recursos vidade -, a Caixa Econômica Feou em alguma outra operação deral não quis comentar como escusa. os mais de R$ 650 bilhões foram “Fico preocupada que esta parar na conta da corretora. história não acabe aqui, que isso Bruno Henrique Ferreira, da possa me comprometer no futu-
Max Melo
Mariana Capelo
Erro cometido pela Caixa joga mais de R$ 650 bilhões na conta de uma corretora de imóveis brasiliense, que se torna a pessoa mais rica do mundo
O saldo que assustou a corretora de imóveis: mais de R$ 650 bilhões
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esporte
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Nova praia do futevôlei be Cota Mil juntamente com as principais duplas femininas da cidade. Devido ao destaque das atletas, algumas jogadoras do Rio de Janeiro vêm para Brasília trocar experiências.
Atualmente, Brasília é considerada uma potência no cenário mundial do futevôlei. Contrariando a idéia de que grandes atletas seriam revelados apenas nas cidades litorâneas, a capiDiversão e atividade física tal federal abriga a atual dupla A Federação Brasiliense de campeã mundial feminina, Lana Futevôlei (FBFut), criada em e Marcinha, e formou também a 2002, conta com 250 atletas feparceria entre os pentacampeões derados. No entanto, o crescido mundo Marcelinho e Bello. O mento do esporte na cidade é esporte vem conquistando espapercebido não somente pelo ço também entre os amadores, número de atletas profissionais, que procuram a modalidade por mas também pelas pessoas que lazer ou como uma nova opção procuram as escolinhas. O Iate de atividade física. Clube reabriu sua turma na meJogando profissionalmente tade de 2007, quando a procura há seis anos, Marcelo da Silva, o aumentou. A Asbac abriu sua Marcelinho, treina e dá aulas no primeira turma há três meses, e clube da Associação dos Servijá conta com 30 alunos. O intedores do Banco Central (Asbac). resse das mulheres pelo esporte Além dos cinco títulos mundiais, também é grande, chegando a o atleta conquistou mais de 10 mais de 50% de presença femicampeonatos brasileiros ao lado nina nas turmas. de seu ex-parceiro Bello. Há um O professor Carlos Lacerda ano, forma dupla com o tamBetola dá aula na AABB há cinbém brasiliense Diego Miranda co anos. Carioca, se surpreende (Bebeça), que já é destaque nos com o crescimento do esporte campeonatos nacionais desde em Brasília. “No Rio de Janeiro, 2004. Marcelinho se mostra convárias pessoas moram na beirafiante com a parceria. “Todos os mar, e para jogar futevôlei apeatletas conhecem e têm de resnas descem para praia. Os atlepeitar o Futevôlei de Brasília”, tas daqui têm que se deslocar afirma. A dupla pretende trazer até os clubes, onde se concentra de volta para a cidade o troféu do a prática do esporte”, compara. campeonato mundial, que será Sua turma chega a ter 40 alunos, realizado em janeiro de 2009 em de todas as idades, que buscam Arapiraca (AL). no esporte uma forma de lazer No femiou um exercício físico nino, Brasília Em 2008, a capital fe- mais dinâmico que as não deixa por deral foi sede do pri- academias de muscumenos e tamlação. “Fila de espera meiro torneio indoor bém forma para novas matrículas duplas compede futevôlei do país é algo comum”, afirma titivas. A prinBetola. cipal parceria da capital é entre Paulo Marcelo, o Magrão, Lana Miranda e Márcia Negreiprofessor de futevôlei, dá auros. Lana e Marcinha, atualmenlas no Parque da Cidade há dez te em 1º lugar do ranking nacioanos. Não tendo horários, alunos nal, já conquistaram o mundial ou mensalidades pré-definidas, de Atenas em 2006 e a Copa do ele passa a maior parte do dia Mundo de Córsega, na França, no parque, e os alunos treinam em 2007. A equipe treina no clua hora que tiverem disposição,
pagando apenas o que puderem. “Eu sou a pedra no sapato dos clubes daqui de Brasília. Eu dou oportunidades para qualquer um que queira aprender ou se aperfeiçoar no esporte, não interessando se tem dinheiro ou se é profissional ou iniciante”, conta o professor. Segundo o atleta Marcelinho, apesar do desenvolvimento da modalidade, o investimento de empresários e governantes ainda é insignificante. “Nas viagens para campeonatos nacionais, os clubes cobrem nossas despesas, mas para o exterior ainda necessitamos da ajuda de amigos”, afirma. Isso mostra que, apesar do futevôlei de Brasília já ter provado ser capaz de revelar grandes jogadores e conquistar vários títulos de expressão, em termos de estrutura ainda tem muito a melhorar. A 7ª etapa do Campeonato Brasiliense de Futevôlei masculino aconteceu no início deste mês, no Parque Águas Claras
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Bruno Lacerda
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Mesmo sem o apoio de empresários e governantes, Brasília destaca-se no esporte litorâneo. Número de praticantes aumenta a cada ano
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opinião
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debate
espaço do leitor
Desde a década de 1990, o mercado imobiliário estadunidense dava sinais de instabilidade. De 2007 para cá, as coisas só pioraram. Hoje, enfrenta-se uma crise global que gera quedas significativas de bolsas de valores do mundo inteiro e a quebra de bancos e seguradoras. Seria esse o fim do atual sistema financeiro ou apenas uma crise pontual do capitalismo?
Escrevo para elogiar a matéria “Arbitragem maior que futebol”, da edição 330. Considero o jornalismo esportivo praticamente negligenciado no ambiente universitário e essa matéria é das primeiras realmente boas que vejo em nosso contexto. Além do ótimo tema e da excelente apuração, gostei de como a repórter tocou nas feridas na medida certa, sem ostensividade e
Gabriela Abreu
Max Melo
Árbitros do DF
sem complacência. Desejo que o jornalismo esportivo, palco para célebres jornalistas, possa receber semelhante dedicação em outras oportunidades. Guilherme Oliveira Jornalismo - 5º semestre
Novos campi De acordo com a reportagem “Medidas Provisórias”, edição 329, ainda há muito a ser feito para a consolidação dos
“Não estamos vivendo uma crise que vá derrubar o sistema financeiro atual. O problema foi uma intervenção do Congresso Americano que incentivou as empresas hipotecárias a darem crédito à população de baixa renda e, com isso, estimulou um ciclo de especulação imobiliária que gerou a crise. O cenário não é, nem de longe, o mesmo da Grande Depressão de 1929. Entre 1931 e 1941, a taxa de desemprego nos EUA foi de 25% e o PIB (Produto Interno Bruto) per capita caiu de forma significativa. No momento, a taxa de desemprego nos EUA está em 6% e o PIB não sofreu mudanças”.
“Estamos vivendo a crise do capitalismo liberal financista, baseado em mercados financeiros desregulados. O fator responsável foi a liberdade excessiva dada ao mercado, especialmente aos bancos, que passaram a monitorar e avaliar menos os empréstimos concedidos. Após a injeção de grandes quantias de dinheiro público nos mercados financeiros para evitar o colapso das finanças, é impensável uma situação de quase ausência do Estado, como existia até meados de 2007. A intervenção governamental nos mercados financeiros será a tônica dos próximos 10 a 20 anos”.
Roberto Ellery Diretor e professor do Departamento de Economia da UnB
José Oreiro Professor de Economia da UnB
cursos nos novos campi. Meu curso foi aberto há quase dez anos e ainda hoje precisa de vários ajustes. Será que a qualidade da nossa instituição está em risco? Anny Priscyla Almeida Medicina Veterinária - 9º semestre
Escreva-nos: campus@unb.br
artigo
Pata aqui, pata acolá Lembro que, há pouco tempo, fui a uma destas livrarias pomposas comprar um livro de presente para meu priminho. Revistei todas as prateleiras e não achei nenhum daqueles clássicos da minha infância. Nem As reinações de Narizinho, nem A arca de Noé, nem mesmo um livro da Ruth Rocha, do Ziraldo, da Cecília Meirelles, do Mário Quintana, nada. As prateleiras estavam abarrotadas de belas figuras coloridas, com bichos saltitantes, castelos, ursos, ônibus escolar amarelo e nem meia historinha com saci. Por mais que a literatura busque o universalismo e tente através das histórias locais retratar os dramas de todo ser
humano, ela também é cheia de elementos que marcam a cultura de um povo. É justamente na infância que essa identidade cultural vai se arraigando aos conceitos de mundo do ser humano. Livros infantis ingleses, franceses, japoneses e brasileiros podem discutir temas universais e serem entendidos em qualquer parte do mundo. As crianças pelo o mundo não sabem, no entanto, o que é a nossa pelada, não correm para pedir Cosme e Damião, nem catam tatu-bola na grama. Não devemos cultivar crianças ufanistas, mas que um menino saiba o que é leão, urso e girafa aos cinco anos, e não tenha idéia do que é uma cutia,
é preocupante. Ainda mais porque o mundo bonito da infância daqui está bem contado nas nossas histórias, tanto é que o Brasil é um dos poucos países a
O livro é a primeira brincadeira da criança com a língua ter duas escritoras, Ana Maria Machado e Lygia Bojunga, ganhadoras do prêmio Christian Andersen, uma espécie de Prêmio Nobel da literatura infanto-juvenil. Outra questão importante é que o livro infantil também é
a primeira brincadeira que a criança tem com a língua. Os versinhos de Vinícius de Moraes falando do pato que pata aqui, pata acolá mais que poesia infantil, são uma descoberta da liberdade que se tem para brincar com as palavras. É nesse momento lúdico que a criança se encanta pelo português e desatina a querer ler e escrever mais. “A literatura infantil valoriza o lado lúdico da linguagem. Introduzindo a perspectiva da diversão, do jogo, da brincadeira nos livros”, afirma a lingüísta e professora de Ensino Fundamental Glória Pondé. Ler é misturar o português com as brincadeiras do folclore, das histórias de carochinha. O li-
vro, além das lições de moral, tem as lições culturais. No dia 29 de outubro, comemora-se o Dia Nacional do Livro. Façamos, no entanto uma inversão das palavras, e comemoremos o Dia do Livro Nacional. E mais ainda, eu diria, façamos o Dia Nacional do Livro Infanto-Juvenil. Cada um pegará Ziraldo, Adriana Falcão, Silva Ortoff, Sérgio Caparelli, Ricardo Azevedo, Cecília Meirelles, Clarisse Lispector, José Paulo Paes ou qualquer outro desses bons escritores infantis e irá ler para a criança mais próxima.
Ana Rita Cunha Aluna do 6º semestre de Jornalismo
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Labirinto da perdição Está aberta a temporada de churrascos da UnB! Ajude o estudante a sair vivo do fim de semana e chegar a tempo na aula de segunda-feira
Para comprar 4 créditos basta pagar R$ 25 e ter duas horas e meia de tempo livre para fazer a prova de proeficiência de em línguas estrageiras. Aos interessados, basta procurar o departamento de vendas, ops, o Cespe.
Teo Horta
Depois dos escândalos com o Cespe, a dúvida é se a sigla quer dizer Centro Especializado em Surrupiar Patrimônio para F ins Escusos ou Centro de Excelência para Salário de Parentes e Escolhidos
A semana de Extensão da UnB não esteve lá no auge de participação.Vai ver que é porque não teve a mesma propaganda pomposa que o site Unb&Vc, com banners, divulgação e show no Minhocão
Nossa Universidade é antenada no futuro. Se com esta história de aquecimento global Brasília virar cidade litorânea, o Plano de Cargos e Salários da UnB já prevê a possibilidade de contratarmos um piloto de navio
Mariana Capelo Teo Horta
Lennon cansou de ser uma estátua ao lado do RU. Agora, ele desce do pedestal, se matricula no curso de F ilosof ia e se aventura pela UnB