CAMPUS
Tambor de crioula, dança de origem africana, mistura cores, passos e ritmos
Jornal-laboratório da Faculdade de Comunicação :: Universidade de Brasília :: www.fac.unb.br/campusonline :: Ano 38 :: Edição 325 :: 6 a 20 de maio de 2008
Quase 20 dias após os estudantes deixarem a reitoria, a Universidade de Brasília tenta, aos poucos, juntar os cacos e reconstruir seu cenário político.
Arte: Cacau Araújo
Transição ainda morna
Com um reitor temporário no gabinete, o futuro da instituição ainda é uma incógnita. Até agora ninguém assumiu sua candidatura às eleições Página 8
Muito além de um passatempo ou diário, os blogs fazem seus criadores ganhar fama e dinheiro com anúncios online
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Atletas brasilienses praticam o Adestramento Eqüestre e conquistam vagas na Paraolimpíada de Pequim, em setembro Página 13
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Editorial
CAMPUS :: 6 a 20 de maio de 2008
:: Carta do Editor
:: Expediente
Reorganização
C
âmeras de TV retiradas, equipamentos de camping recolhidos, rampas lavadas. Novo reitor na velha cadeira. A UnB voltou ao normal. Não há mais repórteres do Campus em plantões de 24 horas na reitoria. Ninguém mais é acusado pelos estudantes de ser mídia burguesa e pelos seguranças de apoiar a ocupação da reitoria. Ser mídia e ser estudante é diferente de ser mídia com viés estudantil. Na busca pela imparcialidade, tivemos que esquecer a nossa condição de estudante, situação difícil perante os acontecimentos correntes. O ‘grupo da ocupação’ continua suas reuniões, assim como o Consuni. Há novidades na Prefeitura, nos deca-
Campus Jornal-laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília 4 mil exemplares
natos e na direção da Editora Para a reportagem, esses noUnB. A universidade se reor- mes se declararam não-canganiza enquanto espera elei- didatos. Em alguns casos, asções para reitor. sumir a candidatura é apenas Daqui a seis meses, no má- uma questão de tempo. ximo, Roberto Aguiar abanDa mesma forma que o dona a sala com cozinha e ‘grupo da ocupação’ faz chur“terraço” que alunos reivindi- rasco, o ‘grupo do Timothy’ cantes, curiotambém se sos, turistas e reúne. SabeEm alguns casos, nós, os ‘alunos se que esse do Campus’, assumir a candidatura grupo vai lanpudemos co- é apenas uma questão çar candidato, nhecer no coapesar de nede tempo meço de abril. nhum ‘prováQuem vai ocupá-la agora? vel nome’ querer se associar Tentamos apurar quem à antiga gestão. Sob a fachaserá candidato a reitor, exer- da do fracasso, o grupo tenta cício jornalístico em que fon- manter sua existência. tes se recusaram a colaborar. De volta à rotina, não poComo as eleições ainda estão demos nos esquecer que a longe, ninguém quer se assu- Universidade vive um promir candidato. Nos corredores cesso importante. Esse é o há apostas em nomes antigos. momento em que saberemos
se as mudanças que aconteceram serão estruturais, ou foram mera encenação para acalmar ânimos. Comemorar a queda do ‘grupo Timothy’ foi uma atitude precipitada. Afinal, a gestão anterior pode voltar sob novo nome. Aliás, sem atenção, poderemos ter um grupo ainda mais problemático no poder. A paridade, se aprovada, não é garantia de futuro eternamente próspero para a Universidade. Sempre será necessário estar atento aos acontecimentos. Para isso, é preciso informação. Exatamente o que o Campus se propõe a fazer. Beatriz Olivon Editora-chefe
:: Ombudskivinna *
O exercício na medida certa
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a edição 324 do Campus, os alunos deste jornal-laboratório puderam experimentar algo que nem todas as turmas têm oportunidade: cobrir um fato repentino e atualizar as informações até o último segundo antes da impressão. A ocupação da reitoria foi surpresa até para os ocupantes – que dizem não terem planejado a ação -, e diante dela toda a estrutura do jornal, que já estava definida, teve de ser alterada. Um ótimo exercício para quem está aprendendo a lidar com o imprevisto. As reportagens sobre a ocupação da reitoria tiveram um bom encadeamento. A abordagem em “Quando a reitoria virou casa” atingiu um diferencial que não havia sido visto até então, e aproximou o jornal do leitor-estudante. Em “Pela saída do reitor”, não ficou claro que o foco da pauta é a união de movimentos divergentes. Um sutiã daria melhor suporte ao título. Talvez pelo furor dos acontecimentos, faltou na edição uma “medida certa” diferente da apontada pela editora-chefe em sua carta: o ressurgimento do movimento estudantil e a queda do reitor são, sim, importantíssimos para a Universidade e para o jornal; no entanto, é preciso tomar cuidado quando a edição
não é um especial. Foram cerca de nove páginas dedicadas à crise na UnB, desde as reportagens aos textos de opinião e entrevista. O resultado foi “Trânsito nosso de cada dia” deslocada e quase escondida na página 6. A matéria, aliás, foi escrita de forma bem-humorada e atraente, mas não trouxe muitas novidades. As ações do projeto Brasília Integrada executadas até agora estão surtindo efeito? A pergunta fica no ar. O humor em Zé Fini acertou na tira “A lixeira do Timóteo”, mas ficou no meio do caminho na pesquisa sobre os banheiros da UnB. Para o novo visual do jornal, a turma não apostou nas cores, mas criou um projeto gráfico que deleita os olhos. A diagramação, muito bem feita, casa com fotos e infográficos bem produzidos. Mesmo sem ousar graficamente, o Campus continua com a cara de jornal feito por estudantes, para estudantes. Ana Elisa Santana, Estudante do 7º semestre de Jornalismo da UnB *Ombudskivinna é o feminino de ombudsman, pessoa que analisa criticamente o jornal do ponto de vista do leitor.
Editora-chefe Beatriz Olivon Secretária de Redação Luar de Morais Diretor de arte Jairo Faria Editores Carolina Samorano (Universidade) Patrícia Banuth (Cidades) Fernanda Soares (Cultura) Amanda Macedo (Esporte) Camila Gonzalez (Variedades e Opinião) Mônica Pinheiro (Mercado de Trabalho) Alice Abbud (Entrevista e Zé Fini) Cacau Araújo (Fotografia) Fotógrafas Ana Paula Tolentino, Janine Moraes Repórteres Ana Carolina Oliveira, Camila Louise, Carolina Martins, Cyntia Dutra, Flávia Drummond, Flávia Maia, Janaína Lazaretti, Josiane Lima, Júlia Cabral, Júlio Reis, Maísa Martino, Marcela Ayres, Marcos Viana, Pedro Lacerda, Rayane Mello, Telmo Fadul Diagramação Camila Louise, Carolina Menkes, Juliana Braga, Priscilla Mendes Projeto Gráfico Alice Abbud, Amanda Macedo, Cacau Araújo, Carolina Samorano, Carolina Martins, Marcela Ayres Ilustradores Iúri Lopes, Leonardo Almeida, Mariana Capelo, Renato Moll Professores Responsáveis Marcelo Feijó, Márcia Marques, Rosa Pecorelli Secretário da Redação José Luiz Silva Endereço Campus Darcy Ribeiro Faculdade de Comunicação, ICC Ala Norte, Caixa Postal: 04660, CEP: 70910-900 Contato 3307 2464 - campus@unb.br Impressão Kaco Gráfica
Opinião
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:: Artigo
“F
ica instituído o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais Reuni, com o objetivo de criar condições para a ampliação do acesso e permanência na educação superior, no nível de graduação, pelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes nas universidades federais”. Esse é o Parágrafo 1 do decreto 6.096. Um presentão para o Ensino Superior público no país, diz o governo. As metas até que não incomodam: democratizar o acesso às universidades e diminuir a taxa de evasão. Segundo o Reuni, em cinco anos a taxa de conclusão média na graduação deve pular dos 60% atuais para 90%, além de elevar para 18 a quantidade de alunos por professor – número que hoje é dez, em teoria. No total, o Ministério da Educação destinará R$ 2 bilhões às universidades inscritas. Como todas as 53 fede-
rais do país se inscreveram, o dinheiro tem que dar conta de todas e durar pelos próximos cinco anos. O terceiro parágrafo do decreto é claro: “O atendimento dos planos é condicionado à capacidade orçamentária e operacional do Ministério da Educação”. Então, se em determinado ano o MEC achar que não dará conta de bancar o Reuni, as universidades terão que se virar com os recursos que têm. Além disso, todos os anos uma equipe técnica avaliará o andamento das metas de cada instituição. Se julgado que ela não cumpriu o que propôs, o MEC corta a verba. Como ficarão as universidades que, apostando no dinheiro, terão criados cursos novos, enchido suas salas de alunos e investido na sua estrutura? Mais um detalhe: o governo Lula, pelo menos a princípio, termina em 2010. Portanto, dois anos do Reuni ficarão a cargo do próximo presidente, e a ele caberá decidir seguir em frente ou não com o plano. Bom, caso siga até 2012,
lá na frente o governo terá que prestar contas da grana à sociedade. E isso, quem faz são os números. Então, o que conta é que em cinco anos as universidades estejam cheias de alunos, e todos com intenções de sair com um diploma. Há o risco de que as instituições federais fiquem parecidas com algumas particulares: para evitar a evasão, cursos difíceis ficarão mais fáceis, ou até mais curtos. Afinal, é aquela história do “tudo está bem se termina bem”. Não há mal em querer índices de diplomação de 90%. A intenção é nobre, ainda que difícil, considerando que o único país com taxa semelhante é o Japão. Para lembrar uma comparação já feita pelo ex-ministro da Educação Cristovam Buarque, o Reuni é como a Lei do Ventre Livre: boa, mas não aboliu a escravatura. O problema da educação no Brasil merece uma solução, mas que seja debatida por sociedade e governo. Não é um decreto como esse que vai resolver.
Ana Paula Tolentino
Carolina Samorano
:: Especialistas Iniciativa ousada O Reuni é sim um projeto ousado, mas será de grande contribuição para a educação. A situação é nova porque geralmente são as instituições que levam ao MEC os seus projetos. Nesse caso, ocorreu o contrário. Tudo que é inovador, a princípio é polêmico. O que deve ser feito agora é uma grande discussão envolvendo toda a comunidade acadêmica. Temos que estar “desarmados” para conseguir soluções que garantam ao maior número de pessoas o acesso ao ensino público e de qualidade. A proposta de expansão demanda trabalho, mas somos capazes de fazer isso. Sônia Nair Báo, diretora do Instituto de Ciências Biológicas da UnB, integrante do Comitê de Área Multidisciplinar da Capes.
Cacau Araújo
Ainda escravidão
Projeto arbitrário O Reuni propõe a ampliação da oferta de vagas nas universidades. Até aí ninguém é contra. A crítica está em como o projeto foi construído e no seu conteúdo. Um programa como esse, jamais poderia ter sido conduzido da forma que foi: rápido, sem discussão intensa dentro do ambiente universitário e sem um projeto filosófico, pedagógico e institucional. O que deveria ter sido feito, em primeiro lugar, era recompor o quadro de professores e funcionários, recuperar as condições de infra-estrutura, e a partir daí, discutir um projeto que dê sustentação a essa expansão. Michelangelo Trigueiro, professor e pesquisador de Sociologia da Ciência, Tecnologia e Educação da UnB. Possui três livros publicados sobre Ensino Superior.
Renato Moll
:: Charge :: Carta do Leitor Questionamos o fato de o Centro Acadêmico de Serviço Social ser citado como “a latrina mais fedorenta”, já que o banheiro é tão próximo do C.A. como do Departamento de Sociologia. O Departamento de Serviço Social é um dos que menos recebe verbas, que tem relação aluno/ professor das mais altas e, apesar do quadro adverso, mantém a qualidade de en-
sino, pesquisa e extensão. O curso já é estigmatizado e a matéria colabora com essa desvalorização. C.A. de Serviço Social
:: Erramos No infográfico da página 10, após “Orçamento Programa Interno”, o título “Fundação Universidade de Brasília” deveria ser, na verdade, “Unidades Gestoras”.
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Entrevista
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Para além do normal
Fotos: Patrícia Banuth
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sala 109 do Instituto de Física é surpreendentemente normal. Estantes de livros dispostas no pequeno espaço disputam lugar com o computador. Um quadro de avisos pende sobre a parede e algumas folhas de papel cobrem a mesa de madeira. Só um elemento destoa: visível logo à entrada, o olho grego parece observar quem entra, mas é apenas o presente de um amigo que o professor Álvaro Luiz Tronconi, doutor em Nanotecnologia pela Universidade de Oxford, usa para brincar com os visitantes. O dono da sala, também coordenador do Núcleo de Estudos de Fenômenos Paranormais (NEFP), criado em 1989, trabalha para mostrar à Academia que a paranormalidade tem bases científicas e pode ser desenvolvida com exercícios. Nesta entrevista, ele anuncia que está em busca de parcerias internacionais para financiar a continuação das pesquisas do Núcleo. Camila Louise
Campus: O que é paranormalidade? Tronconi: É uma das potencialidades da habilidade parapsíquica, por sua vez, uma das múltiplas inteligências do homem, responsável por fenômenos como telepatia, percepções extrasensoriais, clarividência, precognição, telecinesia, entre outros. Ela é um dom? Não acredito em dom, pois sugere uma qualidade conferida a poucos, divinamente nomeados. Pude observar que uma família com pessoas sensitivas tem mais chances de desenvolver capacidades extra-sensoriais e, a partir disso, é possível pensar a paranormalidade como algo genético. Mas também trabalho com a idéia do desenvolvimento da inteligência parapsíquica. Como pode ser desenvolvida? Exercitando a sensitividade, começa-
mos a identificar a área de vocação e multidisciplinar para tentar modelar o a trabalhar essa inteligência em cada processo mental e entender o que se um. Já ministrei cursos na Universi- passa no fenômeno paranormal. dade de Brasília, com ensaios em sala de aula. Durante a semana, cada aluno O que é o Núcleo? praticava e mais tarde compartilhava O Núcleo de Estudos de Fenômenos as percepções com os colegas. A pro- Paranormais foi criado com o objeposta comprovou que tivo de discutir, estudar é possível desenvolver Todos têm potencial e comprovar a temática essas potencialidades, parapsíquica e fenômeparanormal, basta exercitando-as. nos correlacionados, no desenvolvê-lo que tange aos processos Há pontos comuns enfenomenológicos e suas tre Física e paranormalidade? implicações nas relações humanas. A partir da premissa de que a para- Ele promove o auto-conhecimento normalidade é algo natural no homem, utilizando uma metodologia construdeixando de lado todo o misticismo e a tiva, por meio de exercícios que privireligiosidade, posso presumir que isso legiam experiências extra-sensoriais. é parte dos processos mentais. Não é Participam do Núcleo alunos, funciosó a Física que trabalha assim. Todas nários, professores e também pessoas as áreas do conhecimento que lidam de fora do meio acadêmico. com a natureza humana podem se propor a tal tipo de estudo, assim como a Como ele funciona? Medicina, a Matemática e a Psicolo- Organizamos palestras sobre os temas gia. O ideal seria montar uma equipe da percepção extra-sensorial e assun-
tos correlacionados. Elaborei e ministrei por três semestres, como atividade de extensão, o curso “Estudos com a Inteligência Parapsíquica”. Também realizamos palestras sobre percepção extra-sensorial. Atualmente, buscamos parcerias com instituições internacionais financiadoras de pesquisa, além de estarmos desenvolvendo um espectrômetro. O que é um espectrômetro? É um equipamento que caracteriza condições fisiológicas e estados bem definidos da consciência. Na pesquisa, o sujeito de estudo é submetido a um campo elétrico e sua imagem é capturada. Os fótons são excitados e quando voltam ao estado normal deixam uma marca: o espectro. Ele é registrado graficamente e suas características físicas são analisadas. Dependendo da experiência, podemos caracterizar as condições fisiológicas do sujeito e definir as situações emocionais que de-
Entrevista
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acadêmicos esperam resultados palpáveis e comprovados. E da sociedade? Ela é mais receptiva que a Academia, já que não precisa lidar com a questão ético-acadêmica. Além disso, alguém sempre tem um caso extraordinário para contar. E a paranormalidade pode ser observada, inclusive, dentro das religiões. Os evangélicos fazem uso de sessões de descarrego; entre os católicos, quando alguém é paranormal vira santo; o kardecismo lida com o espiritismo. O interesse pelo assunto existe, nem que seja por curiosidade.
verão ser relacionadas com a percepção extra-sensorial.
Existem métodos para descobrir e aprimorar a paranormalidade? Quando alguém diz ter uma capacidade premonitória, excluímos a possibilidade de patologia e tomamos
Qual é a reação da Academia? Há uma diversidade de reações. É comum encontrarmos aqueles que admitem a idéia, mas não têm disposição de defendê-la publicamente. Existem os que acreditam que é uma questão religiosa e espiritual e assim deve ser tratada. Há os que são apaixonados pelo tema e também os que são indiferentes. Acredito que meus colegas
Por que o interesse pelo assunto? O primeiro motivo é familiar e genético: algumas pessoas da família da minha mãe exibem alguma forma de paranormalidade. Além disso, existe aquele ditado popular que diz que você chega a algum lugar pelo amor ou pela dor. Eu, assim como a maioria, cheguei pela dor. Como sofria de hérnia de disco, recorri a terapias alternativas e passei por um processo de cura espiritual.
O senhor é paranormal? Todos nós temos habilidades paranormais. É uma questão de exercitar as suas potencialidades. As minhas eu trabalho diariamente. Todas as pessoSeus trabalhos já têm resultados? Cerca de 95% dos participantes do as que participaram do curso foram curso que ministrei em 2004 afir- capazes de detectar alguma facilidade na área da paranormalimaram ter vivenciado Já existe um dade. É importante recoalguma forma de expeequipamento para nhecer a sua habilidade e riência extra-sensorial. medir a percepção trabalhá-la. Colhi vários relatos de alunos que afirmavam extra-sensorial O olho grego na estante é ganho em comunicação do homem um amuleto? telepática, capacidades premonitórias e autocura. Apesar das Não, é presente de um amigo físico. técnicas de mobilização terem sido Na verdade é uma piada sobre o que constantes e eficazes, talvez fosse a gente chama, nos Estudos da Consnecessário mais tempo com o grupo ciência, de “bengala psicológica”, para coletar dados comprobatórios da símbolo sobre o qual se deposita fé e fenomenologia parapsíquica. Mesmo credibilidade. Búzios, bola de cristal, assim, foi interessante perceber que mandalas, runas e afins são apetrechos numa turma em que participavam pes- desnecessários para o processo sensisoas de 25 a 71 anos, a idade não era tivo, usados para dar suporte visual e um fator determinante no desenvolvi- psicológico. Para que o processo paramento dessa inteligência. É como se a normal seja efetivo, é preciso apenas que se tenha intenção. mente se mantivesse sempre jovem. Fotos: Patrícia Banuth
Como dar uma abordagem acadêmica ao assunto? Nem todos os processos cognitivos foram completamente desvendados. Como funciona a inteligência artística? E a racional? Sabemos que existem, somos capazes de promover procedimentos para desenvolvê-las, metodologias de medição e entendemos que fazem parte do processo evolutivo, mas é complexo determinar a física do processo. Fazemos pesquisas para exaltar essas capacidades humanas, mostrar que são parte da nossa natureza e administrá-las de forma saudável e contínua.
providências para evitar fraudes conscientes ou inconscientes. As previsões são registradas e, vencido o período estipulado, verificamos a documentação e os resultados. Se a freqüência dos acertos for acima do esperado para uma pessoa comum, aquela habilidade é considerada efetiva. A partir daí, começa um processo de tradução: o que é acionado na mente dessa pessoa? O que ela pensa e percebe? É um processo intuitivo? Assim, podemos classificar e estimular tal tipo de conhecimento em outras pessoas.
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Cidades
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Capital das grandes festas Governo do DF usa dinheiro público para patrocinar eventos e gasta mais de um milhão em cachês. População questiona necessidade dos investimentos Maísa Martino
A
Empresa Brasiliense de Turismo (Brasília Tur), criada em 2007 pelo Governo do Distrito Federal (GDF), pretende destinar este ano mais de R$ 20 milhões para promover o turismo na capital federal. O GDF deseja criar uma boa imagem da cidade e, por isso, investe alto. Os gastos com as comemorações dos 48 anos de Brasília no último dia 21, por exemplo, somaram R$ 5 milhões. A iniciativa privada aplicou R$ 2,3 milhões, mas R$ 2,7 milhões saíram dos cofres públicos. A festa aconteceu na Esplanada dos Ministérios e reuniu cerca de 1,2 milhão de pessoas durante 18 horas de programação. Para atrair o público, o GDF apostou em participações famosas. O cantor sertanejo Leonardo, os baianos do Chiclete com Banana, o grupo mexicano Rebeldes (RBD) e Capital Inicial foram algumas das atrações. Para pagar os cachês dos artistas, o governo desembolsou R$ 1,8 milhão. O vice-governador e secretário do Turismo e Desenvolvimento Econômico, Paulo Octávio, acredita que o gasto pode ser chamado, na verdade, de investimento. “Quando conseguimos atrair os olhares dos outros estados do país e também do exterior para Brasília, melhoramos o turismo, geramos emprego e renda. É preciso pensar alto e transformar a cidade em um grande pólo turístico mundial”.
Ainda segundo o vice-governador, com a projeção internacional alcançada, a tendência é o fim dos subsídios governamentais. “À medida que o evento toma vida e volume, cada vez menos o estado tem que empregar dinheiro público. A iniciativa privada já percebeu que é um bom negócio, porque é um patrocínio com retorno certo”, defende. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira do DF (Abih/DF), no aniversário da cidade a ocupação dos hotéis chegou a 85%. Mais de 14 mil turistas vieram à capital do país celebrar seus 48 anos.
Prioridades A aposentada Mara Sá Barreto, moradora do Guará, não perde as comemorações na Esplanada. Para ela os custos são válidos.
“Se eu tivesse certeza que essas despesas seriam aplicadas em educação e saúde, abriria mão, certamente. Mas as festas são maravilhosas. O povo já é tão sofrido, precisamos de eventos alegres”, avalia. Por outro lado, a promotora de eventos Gleice dos Santos, moradora da Ceilândia, é contra esse tipo de despesa. Ela afirma que o governo federal deveria economizar. “Não é necessário colocar tanto dinheiro em comemorações enquanto os hospitais, por exemplo, continuam superlotados e sofrem com a falta de médicos e de materiais. A cidade tem outras prioridades que estão sendo deixadas de lado”, reclama. Gleice defende investimentos exclusivamente privados. “As empresas deveriam patrocinar. Os eventos chamam atenção, pois aparecem na televisão e
em vários jornais”, enfatiza. Paulo Cézar Nascimento, doutor em Ciência Política pela Universidade de Columbia em Nova Iorque e professor do Instituto de Ciência Política (IPOL) da UnB, acredita em um aproveitamento político das comemorações. “Popularizar a administração utilizando-se de festas de cunho popular é muito comum. Não há muitas opções de lazer por isso eventos como o do aniversário de Brasília costumam atrair as pessoas mais pobres”, destaca Nascimento. Segundo o cientista político, existem outras maneiras de entreter a população. “Esses eventos deveriam reforçar e estimular a cultura de Brasília. É mais barato e valoriza os cantores da região sem precisar impor uma cultura de fora”, ressalta.
Blitz no DF Parceria entre DFTRans, Batalhão de Polícia de Trânsito, Detran e Comando de Policiamento Rodoviário fiscalizaram o transporte público no DF. De janeiro a abril, mais de 4500 veículos foram autuados por transporte clandestino de pessoas, excesso de velocidade e falta de equipamento obrigatório, como cinto de segurança e extintor. As multas variam de R$ 127,00 a R$ 5 mil.
CPI dos Ossos Superlotação de jazigos, violação de sepulturas, apropriação indevida do DPVAT (seguro pago às famílias de vítimas fatais de acidentes de trânsito). Essas são algumas das irregularidades investigadas pela Câmara Legislativa do DF. A CPI dos Cemitérios ouviu donos de funerárias, organização de jardineiros e pessoas ligadas aos direitos humanos. As investigações continuam.
O GDF gastou 1,8 milhão com contratação de artistas
1,2 milhão de pessoas participaram da festa em comemoração aos 48 anos de Brasília
Mariana Capelo
Com a gratuidade do metrô, o GDF deixou de arrecadar R$600 mil
Leite para hran Os estoques de leite materno do Hospital Regional da Asa Norte estão baixos. O leite doado é consumido por bebês internados que precisam ganhar peso. De fevereiro a abril, o hospital recebeu 95 litros enquanto a demanda foi de 103 litros de leite. Além do leite, o hospital também está sem o vasilhame de coleta que deve ser de vidro com tampa de plástico. Para mais informações e doações, basta ligar para 3325-4207.
Cidades
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Fim de semana no Piscinão A escassez de áreas de lazer para a população de baixa renda faz do Lago Paranoá uma atração acessível aos brasilienses, mas os freqüentadores reclamam da falta de investimentos no local população e, ao mesmo tempo, cumprir as exigências dos órgãos ambientais. Esse novo plano ficará pronto ainda no mês de maio”, assegura Osvaldo Góes, gerente de Planejamento do Lago Norte. No entanto, por estar próximo à DF-005, qualquer intervenção requer autorização prévia do DER (Departamento de Estradas de Rodagem). O Instituto Brasileiro de Apoio à Modernização Administrativa (IBRAMA), instituição do governo responsável pelo ordenamento territorial, também pode intervir se não concordar com as mudanças propostas.
Condições da prainha
Banhistas encontram opção de lazer gratuita próximo à DF-005 Pedro Lacerda
em 2003. A partir daí, não houve registros de afogamento na área de segurança. A Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal) garante a qualidade da água. O Programa Semanal de Balneabilidade, indicador dos lugares apropriados para a recreação no Paranoá, coletou amostras entre 22 e 29 de abril e concluiu: excelente. Francisco Jesus Pessoa, morador do Varjão, aproveita a proximidade de casa e há seis anos leva a família para se divertir no Piscinão. “Trabalho a semana inteira e como a minha renda não me permite gastos com entretenimento, venho aqui sempre que posso porque é de graça. Esse é o nosso grande lazer”, confessa. Na hora de ir embora, Francisco, a mulher, a mãe de 64 anos, a cunhada, a irmã e os três filhos - incluindo um bebê de apenas dez meses - se apertam no carro e voltam para casa satisfeitos com o passeio. Fotos: Cacau Araújo
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oucas árvores, vegetação rasteira, chão coberto de brita. Ao fundo, a bela paisagem do Lago Paranoá e o sol forte do cerrado convidam os visitantes ao mergulho. O espaço de apenas 200 metros, localizado entre os trechos cinco e seis do Setor de Mansões do Lago Norte, ficou popularmente conhecido como Piscinão e seria um cenário inspirador, não fosse a falta de uma infraestrutura mínima. No local, não há sanitários nem lixeiras. O acesso também é precário. Em finais de semana, quando o número
de banhistas ultrapassa 500 pessoas, a situação piora. De responsabilidade da Administração Regional do Lago Norte, a prainha existe desde a criação do Paranoá e se destaca como um ponto de acesso democrático às suas águas. O projeto que prevê estacionamento, calçada, iluminação, banheiros químicos, quiosques e paisagismo para o Piscinão está sendo elaborado desde o começo do ano passado. “Começamos da estaca zero, pois os documentos que existiam até então não estavam de acordo com todos os trâmites legais. Nosso objetivo é atender os anseios da
Maria Mon Serrah, vendedora de cachorro-quente, está cansada de ouvir promessas. “Há anos os administradores do lago se comprometem a fazer melhorias, mas até agora não temos coisas básicas, como banheiros e energia para montarmos nossa barraca. Não acharia ruim pagar uma taxa e ter melhores condições de trabalho”. Apesar dos problemas, a ambulante reconhece conseguir um bom faturamento, R$250,00 em dia de movimento. O Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal realiza coleta no local apenas quando a Administração do Lago Norte recebe alguma reclamação da comunidade. O motorista de ônibus Leandro Moreira, 34 anos, é freqüentador assíduo do Piscinão. Ele conta que muita gente joga lixo no chão. “Se colocassem
lixeiras, a limpeza ia melhorar. Por enquanto, a gente junta tudo e leva pra casa. Fazemos nossa parte, mas nem todo mundo tem essa consciência. Por isso encontramos tanta sujeira”, entrega. Embaixo de uma pequena sombra, proporcionada por uma barraquinha improvisada, e ao som da música sertaneja vinda do seu carro, Leandro toma conta do churrasco, enquanto a criançada brinca tranqüila no lago. “A gente se sente muito à vontade. Trazemos carne, cerveja, refrigerante e passamos o dia todo. Só falta um campo para bater uma bola e um parquinho para os meninos. Aí ficaria melhor ainda”, entusiasma-se. Próximo à margem, os salva-vidas do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM/DF) observam atentamente os banhistas. Sempre em dupla, a equipe de salvamento faz plantão aos sábados, domingos e feriados das 10h às 18h. O CBM/DF começou a monitorar o setor
A família Pessoa se aperta no carro e aproveita o domingo no lago
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na
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Cacau Araújo
Crise
UnB ainda não tem candidatos
A universidade tem pouco mais de cinco meses para organizar o pleito que vai escolher o substituto definitivo do ex-reitor Mulholland. Mesmo assim, ninguém se atreve a assumir uma candidatura
Ana Carolina Oliveira e Janaína Lazzaretti
M
enos de 160 dias. É esse o tempo que a Universidade de Brasília dispõe para eleger o seu novo reitor. Ainda assim, o cenário político da instituição é mantido sob suspense. Nos corredores, alguns nomes são cogitados, mas sob o impacto das conseqüências da ocupação da reitoria, ninguém confirma uma possível candidatura. Até mesmo o reitor temporário, Roberto Aguiar, afirma não ter informações sobre alianças políticas que possam estar sendo formadas. Os nomes mais apontados para substituir Aguiar incluem professores
que já concorreram em elei- bastante apontado é o profesções passadas. sor Luiz Gonzaga Motta, da Michelangelo Trigueiro, Faculdade de Comunicação. professor do Departamen- Em 2005, quando concorreu to de Sociologia há quase 20 com Timothy e Trigueiro anos, é um dos mais citados pela chapa Mudar é Preciso, para concorrer ao pleito. Na ele ficou em segundo lugar, última eleição, com 30, 9% dos em 2005, Trivotos. Agora, se gueiro integraesquiva do assunto Até mesmo o va o Movimento reitor afirma não e nega ter qualUnB Original quer pretensão de e contabilizou saber de alianças ocupar a cadeira políticas 8,54% dos votos, de reitor. “Não seo que lhe rendeu rei candidato nas o terceiro lugar. Questionado próximas eleições”, dispara. sobre uma nova candidatura Segundo lugar na votação ele não garante certeza: “Na do Consuni (Conselho Uniatual situação, minha preten- versitário) para a indicação são ao cargo só pode ocorrer do reitor pro tempore, a prose as forças sinalizarem a fa- fessora de Sociologia Lourdes vor”, diz. Bandeira mais uma vez é coOutro nome que tem sido gitada. Ela afirma, entretan-
to, que sua candidatura ainda “não está clara”. Há 15 anos na universidade, a professora acredita que o principal desafio atualmente é restabelecer a ética e a moral da instituição. “O importante é que qualquer gestão que assuma valorize a ética e a transparência, independente de sua perspectiva política ou acadêmica”. Com relação à gestão do ex-reitor Timothy Mulholand, Lourdes admite que existiu questões pertinentes e válidas, mas pondera: “Tudo deveria ter sido feito com maior transparência”, conclui a professora.
Mudança de paradigmas A ex-decana Leila Chalub, à frente do Decanato de Ex-
tensão (DEX) durante a administração de Timothy Mulholland, sustenta não saber dos rumos políticos da Universidade de Brasília. “Após minha saída não estou mais envolvida com essas questões. Meu perfil não é político e não sei das tramitações que irão ocorrer”, alega a ex-decana do DEX. O reitor pro tempore, Roberto Aguiar, também não arrisca nomes à sucessão da reitoria. “Meu papel é de árbitro, não interfiro no processo eleitoral, só garanto que ele seja justo”. Ele diz apenas acreditar que a próxima eleição trará mudanças significativas para o ambiente acadêmico. “Essa eleição vai escolher gestores que muda-
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Crise
na
UnB
rão paradigmas. Representa um grande salto”. Até agora nada foi definido em relação ao processo eleitoral. As regras da próxima consulta serão estabelecidas em reunião do Conselho Universitáro, ainda sem data marcada para ocorrer. No mesmo encontro do Conselho
Universitário que ficou acertado o nome do reitor temporário, em 15 de abril, foram formadas duas comissões responsáveis por estabelecer as novas diretrizes do pleito. O congresso estatuinte paritário deverá ficar no centro das discussões da próxima assembléia.
Memória A primeira eleição direta para
Em 1989, o pleito passou a ter turno
A partir do quinta eleição, em 1997,
reitor da UnB foi em 1984. Apenas
único. O espanhol Antônio Ibañez, profes-
quando o professor Lauro Morhy foi elei-
professores tiveram direito a voto,
sor da Faculdade de Engenharia Mecânica
to reitor pela primeira vez, o Conselho
em primeiro turno. Já o segundo
da UnB a eleição e fica institucionalizado
Universitário decidiu repensar a parida-
turno foi paritário entre estudantes
o processo democrático para escolha de
de e os pesos ficaram divididos entre
e professores. Cristóvam Buarque,
reitor. A paridade seguiu até 1993, quan-
professores (70%), estudantes (15%) e
então professor do Departamento
do se elegeu o professor João Cláudio
funcionários(15%). Até hoje a proporção
de Economia ganhou.
Todorov, do Instituto de Psicologia.
continua a mesma.
Paridade ainda é tema de discussão Júlio Reis
R
Janine Moraes
eivindicadas pelos estudantes que ocuparam a reitoria, as eleições paritárias voltam ao centro de debates da Universidade de Brasília com a aproximação da votação que vai escolher o substituto do reitor interino. Mesmo sem acordo, a discussão central ainda é sobre a alegada baixa representatividade de estudantes e servidores no sistema eleitoral hoje vigente - segundo o qual o peso dos votos de professores é de 70%, enquanto alunos e técnicos dividem os 30% restantes. Somado a isso, o movimento estudantil quer a paridade de gestão, ou seja, um
terço dos assentos para cada um dos segmentos (estudantes, técnicos e professores) nos conselhos deliberativos, como os Conselhos Universitário (Cosuni), de Administração (CAD) e de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE). “A eleição para reitor está em destaque, mas a gente quer discutir a paridade na gestão da universidade, por isso é importante o congresso estatuinte paritário”, destaca Luísa Oliveira, uma das coordenadoras do DCE. No Consuni, cabe à chamada Comissão de Congresso Estatuinte a responsabilidade de definir as regras da conferência que discutirá um novo estatuto para a universidade, bem como o peso de cada
Estudantes se reúnem para reforçar a luta por eleições paritárias
setor na aprovação do novo documento. Já a elaboração da proposta para alteração do peso nos votos para as novas eleições de reitor fica por conta da Comissão de Eleições Paritárias. As duas comissões – com igual representação dos segmentos – foram definidas no dia 25 de abril, com nove dias de atraso. Agora, a primeira comissão tem até a próxima sexta-feira para apresentar sua proposta, enquanto o prazo da segunda se esgota no dia 24 de maio. Integrante da Comissão de Eleições, o professor da Faculdade de Educação Elicio Pontes, diz que não é possível pensar o tema sem voltar à história da UnB. “Já houve eleições paritárias nas eleições do Cristovam Buarque (1985-89), do Antônio Ibañez (1989-93), e do João Cláudio Todorov (1993-97). É preciso partir daí para discutir o assunto. Não vem do nada”, enfatiza.
poucos técnicos, por exemplo, o que faz com que poucos pesem muito. O voto maciço ou a ausência num segmento pode fazer o mesmo”, explica o professor da Matemática Claus Matsushigue. Professor de Ciência Política, Cristiano Noronha diz que os pesos precisam “encontrar uma fórmula ideal”, mas que docentes devem ter um valor diferenciado. “O professor tem uma visão diferente da universidade, ele está mais inteirado do cotidiano dos departamentos. Já os alunos têm uma visão de curto prazo. Por esse raciocínio, penso que os servidores devem ter um peso igual ao dos professores”, defende.
O
Um levantamento recente da Secretaria de Comunicação da Universidade de Brasília constatou que 23 universidades federais adotam o sistema paritário de eleições para escolher o seu reitor. A Universidade Federal Fluminense (UFF) é uma delas. Segundo Alexandre Barreto, estudante do curso de Cinema da UFF, os problemas de grande parte das universidades vão além do sistema de eleições. “A gestão de nossas universidades privilegia estruturas viciadas, há um ‘encastelamento’ de professores que repelem a todo custo a fiscalização sobre seus atos. Defendem, inclusive, a idéia de autonomia universitária”, acusa.
que diz a legislação Pela legislação, não caberia eleição para reitor. O Consuni de cada universidade
deveria indicar três nomes para que o poder Executivo escolhesse um deles, independente da hierarquia da lista. Mas na maioria das universidades o Conselho decide que a comunidade deve ser consultada por meio de eleições – o que é geralmente respeitado pelo Executivo, baseado no princípio da autonomia universitária. A lei prevê ainda que o peso dos professores deve ser de 70% tanto nas elei-
Opiniões divididas
ções como nos assentos dos conselhos e colegiados, mas mesmo assim algumas
“A fatia de 30% entre técnicos e alunos os alija de decisão, mas é preciso ver se a paridade nas eleições para reitor pode ser estendida para os outros cargos eletivos. Há departamentos com
universidades adotam o sistema paritário nos pleitos. Essa ambigüidade que “supera” a lei tem origem. É que a autonomia das universidades públicas é garantida na Constituição e as leis que regulam esses temas são infraconstitucionais, ou seja, estão abaixo da Constituição. O deputado e professor universitário licenciado Chico Alencar (PSOL-RJ) não vê problema na “desobediência”. “Se a comunidade entende que a dinâmica dos acontecimentos exige outra solução, não há mal nisso”, opina.
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Universidade
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Crise
na
UnB
Janine Moraes
Nova gestão, antigas demandas para o diálogo com os estudantes”, opina. Raul afirma que entre os estudantes ainda não há consenso de apoio a uma possível candidatura. Assim como foi na escolha do pro tempore, os alunos preferem definir critérios para que se construa um modelo de gestão democrática a defender um nome específico. A primeira reunião entre os ocupantes após a de-
socupação ocorreu no dia 21 de abril e contou com a presença de mais de 60 alunos. O coordenador-geral do DCE, Fábio Félix, diz que a justificativa inicial da ocupação foi o questionamento da ética na universidade. “Agora a estratégia é ocupar todos os espaços da UnB, atingindo o maior número de estudantes para convencê-los da importância de discutir a democracia”, ressalta.
Entrevista: João Carlos Teatini
conversar com os estudantes e saber a melhor forma de fazer os trabalhos”, sustenta. Perrenúncia de Timo- guntada sobre a função de seu thy Mulholland levou Decanato, ela afirma: “Nosso à queda de auxilia- objetivo é garantir o acesso res e à indicação de um novo e a permanência de alunos reitor temporário. A atual na UnB, principalmente com gestão tem a difícil tarefa de baixa renda”. coordenar uma universidade O professor Alexandre fragmentada e em transição. Costa Bernardino, da FaculUm dos desafios está no De- dade de Direito, foi indicado canato de Assunpara o Decanatos Comunitários to de Extensão Não há consenso (DEX), onde (DAC), liderado hoje por Dóris entre os alunos de já trabalhava de Jesus Neves, desde o períoapoio a uma transferida do do Mulholland. candidatura Rio de Janeiro, Márcia Abraão onde comandava Moura, do Inso Centro Federal de Educação tituto de Geociências, coordeTecnológica (Cefet). Segundo na agora o Decanato de Graela, a maior demanda neste duação (DEG). No Decanato momento é a Casa do Estu- de Pesquisa e Pós-Graduação dante Universitário (CEU). (DPP), assumiu o profes“Como a reforma da CEU sor Marco Amato, da Física. é uma demanda antiga, vamos Como o CAMPUS não obteve
Ana Carolina Oliveira e Janaína Lazzaretti
A
resposta dos decanos, não foi possível traçar as perspectivas de cada gestão.
Mobilização Para os estudantes, a expectativa de uma iminente eleição soa como o início de uma nova etapa. Rafael Holanda, coordenador do Centro Acadêmico de Ciência Política e um dos alunos representantes no Consuni, diz que o desafio atual dos alunos é manter os ocupantes unidos. “A grande mobilização é pela paridade. O importante é continuarmos fazendo pressão”, destaca. Raul Cardoso, do 8º semestre de Ciência Política, ocupou a reitoria todos os 14 dias. De acordo com ele, a motivação foi a defesa de uma universidade mais pública, transparente e responsável. “As gestões de Morhy e Mulholland não abriam espaço
Campus: Como avalia a situação que recebeu para administrar? Teatini: Estou em tempo de avaliação. A primeira tarefa é tomar pé da universidade, das suas finanças. Mas, sem dúvida, é delicada, de pouca transparência. O quadro atual incita cuidado. E as fundações de apoio? Eu sou favor. O dinheiro que elas recebem volta integralmente para a UnB. Mas, muitas vezes, um dinheiro é repassado pelo governo e temos apenas um dia para usá-lo. Então, ele vai para as fundações senão volta para o governo. Elas são de grande importância. O problema são os gestores. Garanto que na maioria das fundações não há problema com o dinheiro. Como vai administrar o dinheiro da UnB? Vamos fazer tudo com transparência. Preciso saber o quanto de dinheiro recebemos e o quanto gastamos. Mas a nossa missão é gerir esse processo de transição. Em primeiro lugar, preciso ter um bom entendimento de onde me meti.
Ana Paula Tolentino
Ato de desocupação: a mobilização dos estudantes rendeu à universidade um novo cenário político
João Carlos Teatini é decano de Administração e Finanças da UnB. Professor do Departamento de Engenharia Civil, ele assume o Decanato com a missão de tornar transparentes as contas da Universidade de Brasília. Teatini defende as fundações de apoio e tem em suas mãos o dever de gerir uma universidade que recebe R$ 780 milhões do Governo Federal.
Universidade
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Só operar não é a solução
Vanguarda A pós-graduação da Psicologia Social e do Trabalho (PST) da UnB é a única que utiliza o Cespe para fazer seu processo seletivo. “A UnB tem um centro de excelência em seleções usado pela graduação, por que não usá-lo para a pós?” comenta o Doutor Hartmut Gunter da Comissão de Pós-graduação da PST.
Sem acompanhamento antes e depois da cirurgia de redução de estômago, pacientes podem não ter resultado. Da rede pública do país, só HUB dá suporte Cyntia Dutra
C
nal de despreparo psicológico. “A relação emocional com a comida (de vício) precisa mudar para que o paciente atinja o objetivo de emagrecer”, explica Simone. Depois de três anos na fila de espera, a auxiliar de enfermagem Daniele Medeiros, de 32 anos, foi chamada pelo HUB para fazer a cirurgia. Ela, que já pesou quase 150 kg, pretende deixar para trás o peso que carrega desde a infância. Cinqüenta dias depois de sair do hospital, Daniele já perdeu 18 kg: “Percebi que antes da cirurgia eu vivia em prol da comida. Eu comia tudo: minha depressão, meus problemas. Em vez de botar para fora, eu comia”, lembra.
Segundo Simone, o problema não é preguiça. “Muita gente não entende que pode ser mais sério. O obeso come como um alcóolatra bebe quando está triste ou feliz”. Janine Moraes
erca de 10% da população brasileira é obesa, segundo o IBGE e, das 30 mil cirurgias de redução de estômago feitas por ano no país, menos de 5 mil são pagas pelo Sistema Único de Saúde. O Hospital Universitário de Brasília (HUB) é o único da rede pública que oferece a cirurgia no Distrito Federal e, desde 2003, faz acompanhamento pré e pósoperatório por meio do Programa de Assistência e Pesquisa em Obesidade (Passo). Pelo programa, portadores de obesidade grave que esperam pela operação recebem orientações de uma equipe de
nutricionistas, endocrinologistas e psicólogos – estes dão um parecer, três meses antes da cirurgia, que garante aos médicos que o obeso tem preparo emocional. Dado o aval, espera-se que a pessoa perca pelo menos 10% do peso. Além disso, o acompanhamento do Passo deve durar pelo resto da vida do paciente – uma forma de tentar garantir que o obeso não voltará a engordar. Segundo pesquisa realizada no Hospital de Clínicas de São Paulo, 65% das pessoas que fazem a cirurgia de redução do estômago voltam a ganhar peso após cinco anos. Para Simone dos Santos, psicóloga do Passo, isso é um si-
Reajuste na pós
Daniele perdeu 18kg em 50 dias
Desabafar pode ser alternativa Muitas pessoas não conseguem lidar com a dor do falecimento de alguém querido e entram num estado de luto constante. Pensando nisso, foi criado no Instituto de Psicologia da UnB o Grupo de Suporte a Enlutados, que desde abril ajuda essas pessoas a buscarem novas formas de lidar com o sofrimento. A pesquisadora Cristina Moura, coordenadora do projeto, conta que no grupo as pessoas podem falar sobre a dor da perda, chorar e expressar sentimentos, como a raiva. “Como as pessoas que
estão ali também passam por um momento difícil, ninguém julga ninguém”. O objetivo dos encontros é fazer com que os enlutados conversem e troquem informações sobre o que pode ajudar a superar a tristeza. Esse processo recebe o nome de elaboração do luto. “Aquela saudade que traz uma dorzinha leve, mas ao mesmo tempo traz coisas boas é a medida de que o luto foi bem elaborado. É quando o sofrimento não traz mais
Iúri Lopes
Grupo de Suporte aos Enlutados da UnB ajuda a superar a dor da perda
Telmo Fadul
prejuízos ao enlutado”, explica Cristina. Segundo ela, o fato de as pessoas enlutadas evitarem falar sobre seus sentimentos dificulta o entendimento do luto no Brasil. “É aquela idéia de que aquilo que está difícil, eu pego e deixo de lado, esperando que isso magicamente se resolva”, resume Cristina, que espera que o projeto colabore
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para o conhecimento do processo de enlutamento. Elinete Miller, de 73 anos, é uma das 11 pessoas que freqüentam as reuniões. Desde janeiro ela sofre com a morte do marido, John Lawrence. “De imediato você quer negar a morte. Parece que não é verdade. Mas o sofrimento se intensifica e o falecido faz cada vez mais falta”, conta Elinete, que viu no grupo um escape para a dor. “Solidarizando-se com a dor do outro, você partilha a sua dor e percebe que ela, que parece a mais profunda, a mais terrível, é a mesma que o outro sente”, completa.
A partir de 1º de junho as bolsas de mestrandos e doutorandos no país serão reajustadas, segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC). O auxílio ao mestrado passa de R$ 940 para R$ 1.200 e ao doutorado de R$ 1.394 para R$ 1.800. Com o fim da CPMF, o reajuste, antes previsto em 20%, estava em xeque. A UnB possui mais de 500 pós-graduandos que recebem bolsa da Capes.
Bolsas para PIC Estão abertas até o dia 11 de maio as inscrições para professores que queiram concorrer a bolsas no Programa de Iniciação Científica (PIC) deste ano. Os interessados devem estar ligados à UnB, trabalhar em regime integral e ter pelo menos uma publicação em revista. A bolsa vale pelo período de um ano com valor mensal de R$ 300. Inscrições no site www.unb. br/administracao.
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Mercado de Trabalho
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Para ganhar dinheiro, clique aqui Fenômeno norte-americano conquista internautas brasileiros. Donos de blogs profissionalizam a atividade, agradam anunciantes e ganham a vida vendendo anúncios em sua página pessoal Marcela Ayres
Leonard
H
da o Almei
umor, brincadeira e internet. Quando criou o blog Cocadaboa, em 2001, o ex-economista e publicitário carioca Wagner Martins não previu que a fórmula lhe garantiria tanto sucesso. Sete anos depois, Martins colhe os frutos da iniciativa que se tornou fonte de renda e redefiniu sua carreira. O convite para ser sócio de uma agência de publicidade surgiu com a repercussão da página, onde o autor inventa furos de reportagem que vão desde a divulgação da existência de um Orkut do sexo à aquisição da fábrica dos biscoitos Globo pela TV Record. De acordo com o site Technorati, ferramenta de busca especializada da web, 12 blogs figuraram na lista dos 100 sites mais acessados do mundo em 2006; só no ano passado, foram 22. O crescimento aponta que esse tipo de página - até pouco tempo utilizada apenas como “diário pessoal” - ganha credibilidade e atrai cada vez mais visitantes e anúncios. Prevendo um novo e excelente nicho, o mercado de publicidade já trabalha com a hipótese de uma movimentação de U$ 23,6 bilhões em anúncios online para 2010, perspectiva que anima os blogueiros e se reflete no aumento do número de páginas na rede mundial de computadores:. Existem hoje 70 milhões de blogs e diariamente são criados outros 120 mil. A trajetória de Wagner
Martins é parte deste f e n ô m e n o , já consolidado nos Estados Unidos: os blogs podem gerar renda e profissionalizar seus criadores, os probloggers, que fazem das páginas virtuais um espaço para exercer a atividade lucrativa. “Dá para sobreviver somente com o dinheiro dos anunciantes, mas o bacana é que você pode crescer e ganhar reconhecimento para atuar em outras áreas”, explica Martins. Para levantar a renda extra, os blogueiros contam com os programas de empresas como o Google e o Mercado Livre, que fazem a ponte entre os anunciantes e os sites, negociando valores. A adesão ao serviço de publicidade é gratuita, permitindo a qualquer pessoa ganhar dinheiro com anúncios em sua página.
Alvo dos anunciantes Se por um lado é fácil conseguir publicidade, por outro é importante caprichar no conteúdo e na atualização do site, uma vez que a comissão do blogueiro depende do número de visitantes que acessam os links de sua página. Não por acaso, os anúncios são voltados ao perfil de quem se interessa pelo assunto do blog – se for de esportes, o internauta vai se deparar com propagandas de material esportivo, por exemplo. A cada clique no link anunciado, o dono da página ganha uma porcentagem da receita para engordar sua renda no final do mês. Considerando o alcance quase ilimitado da internet, um blog pessoal pode atingir audiências antes inimaginá-
veis. Segundo o Ibope/Net Ratings, 9,6 milhões de brasileiros fizeram acessos em 2007, o que representou um aumento de 37% em relação ao ano anterior. A favor dos blogs também conta o baixo custo das propagandas, que chegam a custar um terço do valor pago nas mídias tradicionais. A seleção dos anúncios em função do seu públicoalvo não é tão específica nos demais meios de comunicação, e este é um grande chamariz. Por isso, a receita de publicidade da internet é a que mais cresce. Atualmente, ela corresponde a 7% da soma total de anúncios nos Estados Unidos e a 2% no Brasil, números modestos à primeira vista, mas que já provocam mudanças em outros mercados. O jornalista Rodrigo Vizeu realizou uma pesquisa sobre produção jornalística em blogs e afirma que a perspectiva promissora deste mercado levou publicações e jornais tradicionais a apostarem na web. Segundo Vizeu, os veículos começam a abrir espaço para os novos profissionais, tendência que vem se consolidando nos últimos quatro anos. “Contratar blogueiros tornou-se uma estratégia inteligente da grande mídia. Ela se antecipou ao mercado visando ter como aliada uma ferramenta que podia colocar em risco o seu domínio”, acredita.
Os
cinco mais
A revista online Bula, especializada em literatura e jornalismo cultural, publicou em março uma pesquisa sobre os dez blogs brasileiros mais populares entre os universitários. Foram entrevistados 300 estudantes das universidades UNIP, UESPI, PUC Minas, UFMG, UFG, UnB, UCG, UEG, UFRJ e USP. Confira as cinco páginas mais citadas por eles.
1
Kibeloco
http://kibeloco.globolog.com.br Conhecido site de humor da internet, o blog disponibiliza fotos, montagens e desenhos que costumam ser repassados em correntes de e-mails.
2
Blog do Noblat
http://oglobo.globo.com/noblat Criado em 2004 para comportar notícias que perdiam a validade e não entravam no jornal, o site do jornalista Ricardo Noblat se tornou o blog de política mais comentado do país.
3
Sedentário e Hiperativo
www.sedentario.org Página de cultura e entretenimento com as novidades da internet em vídeo, imagens e downloads. Conta ainda com a colaboração de quatro colunistas.
4
Pensar enlouquece, pense nisso
www.interney.net/blogs/inagaki Ficção, jornalismo e variedades. O blog pessoal de Alexandre Inagaki oferece textos afiados sobre o cotidiano e novidades do mundo virtual.
5
Uêba
www.ueba.com.br Dono do maior blog de links do país, Gilberto Soares recebe sugestões e, após uma triagem, seleciona os endereços que vão ganhar espaço em sua página.
Esporte
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Balé da equitação em Pequim Equipe brasiliense representará o Brasil nas Paraolimpíadas em setembro com a modalidade Adestramento Paraeqüestre após vitória no Campeonato Mundial realizado no ano passado
M
zados com precisão, leveza e elegância. Cada atleta recebe uma reprise, conjunto de movimentos exigidos. Ela deve ser decorada e a apresentação, sem erros. Além de desenvolver a musculatura do atleta, o equilíbrio e a postura corporal, o esporte quase não envolve riscos de acidente. “Por isso, é ideal para portadores de deficiência., é tão sutil que pode ser chamado de balé da equitação”, compara a treinadora da seleção, Marcela Pimentel. Buscando a precisão dos movimentos, os atletas treinam uma hora por dia, de terça a domingo, na Sociedade Hípica, próxima ao Zoológico. A excessão é Marcos Alves, conhecido como Joca. Ele monta em seu próprio centro,
Fotos:Ana Paula Tolentino
Josiane Lima e Rayane Mello
no Gama. O atleta voltou a treinar 21 anos após um acidente que o deixou paraplégico. “O cavalo virou a pata e caímos”, explica. Com apenas cinco meses de treinamento, conseguiu a classificação que o credenciou à Atenas em 2004. Foi o primeiro atleta a realizar uma exibição hípica do Brasil em Paraolimpíadas.
ovimentos sutis entre cavalo e cavaleiro. Essa é a base do Adestramento ou Dressage, a única modalidade eqüestre que será disputada nas Paraolimpíadas, em setembro. Pela primeira vez, o Brasil contará com uma equipe completa de atletas classificados, todos de Rumo à China Brasília. Marcos Alves, Davi O quarteto está de malas pronSalazar, Elisa Melaranci e tas para a França, onde vai se Sérgio Oliva, o atual campeão preparar para a competição. mundial em sua categoria, gaEm junho, o grupo treina com rantiram a vaga após a conos cavalos que utilizarão em quista do quarto lugar geral Pequim. O primeiro contato no Campeonato Mundial Paaconteceu em abril, quando a raolímpico, realizado ano pasequipe passou uma semana em sado na Inglaterra. treinamento. Segundo o cavaHoje, o Brasil conta com leiro Sérgio Oliva, os cavalos 30 atletas que participam reeuropeus são mais preparados gularmente de comque os daqui. “Não tepetições. Destes, meria vencido o Mundial tade é de Brasília. A se não fosse pelo que diretora da Confedealuguei”, admite. O ração Brasileira de único que possui seu Hipismo, Flávia Azepróprio cavalo é Alvedo, acredita que ves, presente do caa cidade concentra valeiro Doda. investimento técnico No final de agosto elevado, os melhores os atletas irão para cavalos e maior dediHong Kong, cidade cação dos atletas aos que sediará as comtreinos. “Poucos propetições de Adestramento. Como a fissionais trabalham modalidade será discom adestramento e putada só em setemtemos uma equipe bro, os atletas terão bem preparada. Já tempo de descanso superamos até São Paulo, o estado que para conhecer a cidatrouxe o esporte para de. “Nunca imaginei o Brasil”, diz. conhecer a China. É A modalidade uma oportunidade trabalha movimenque só o esporte potos de trote e galope deria oferecer”, comeque devem ser reali- Sérgio Oliva é campeão mundial em sua categoria mora Sérgio Oliva.
Vera Manzili aguarda um convite para as Paraolimpíadas de Pequim
Terapia do esporte Davi Salazar e Elisa Meralanci são dois dos atletas classificados para Pequim. Eles iniciaram o adestramento com a eqüoterapia. O método busca na relação com o cavalo o desenvolvimento físico, psicológico e social de portadores de necessidades especiais. A terapia é recomendada para qualquer pessoa, desde que não piore seu quadro clínico. Segundo o educador físico da Associação Nacional de Eqüoterapia (Ande), Vinicius Saccochi, o método atinge principalmente a auto-estima dos praticantes. “Quando montam, andam como qualquer pessoa. É uma sensação de liberdade, de dever cumprido”, afirma. A eqüoterapia possibilita que o atleta comece se tratando e avance até o nível profissional. Quando alcança essa etapa, ele pode participar de duas competições es-
portivas. As Paraolimpíadas, que se destinam ao portador de deficiência física e na qual os atletas competem em provas olímpicas. E há, ainda, as Olimpíadas Especiais, voltadas para pessoas com deficiência mental e física que buscam somente a participação e não a alta performance. Para fazer parte tanto de um quanto do outro, é necessário que o atleta passe por uma seleção. A terapia conta com psicólogos, médicos fisioterapeutas e educadores que se reúnem para traçar os perfis dos alunos e ver qual área deve ser mais trabalhada. Vera Lúcia Manzilli procurou o tratamento quando já tinha 54 anos, por insistência da família. Hoje, três anos depois, ela já é a 5ª colocada no ranking nacional de Adestramento Paraeqüestre. “O hipismo não tem idade. A sensação de montar é incrível”, relata a amazona. (JL e RM)
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Variedades
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Cacau Araújo
:: Comportamento
Durante a gravidez,Verônica conseguiu fazer matérias em casa, o que evitou o trancamento do curso
Entre livros e fraldas
Mães universitárias mostram como conciliar estudos e maternidade, apesar das dificuldades Carolina Martins e Flávia Drummond
V
erônica Lacerda, aos 22 anos, decidiu estudar Design Gráfico em São Paulo. “O curso era de um ano, mas eu não tinha planos de voltar”. Atrasada no fluxo curricular, fazia disciplinas do sexto semestre de Publicidade na Universidade de Brasília quando iniciou um relacionamento. Três meses depois, a surpresa: tinha engravidado. Estudante do 4º semestre de Letras-Português, Bruna Bastos, 21 anos, é apaixonada pelo curso. Não gosta de fazer planos, mas sonha viajar pelo mundo. Pretende também passar em concurso público, e para isso fez cursinho duran-
te as férias. Na mesma época descobriu que estava grávida. A mineira Cleidiane Vilela sempre quis se formar pela UnB. Deixou a família e o namorado em Paracatu e veio para Brasília estudar enfermagem. Aos 25 anos, no 4º semestre, descobriu que seria mãe. A primeira preocupação que teve foi com o andamento do seu curso. “Não me preocupei se o pai da criança ou a minha família iriam aceitar o bebê”, garante. Organizar a vida acadêmica durante a gestação não é uma tarefa simples, menos ainda quando a gravidez não foi planejada. “Passa um bilhão de coisas na cabeça. Pensei até em abortar. Mas como cresci numa religião espiritualista, sabia que eu nunca fica-
ria bem”, explica Verônica. Bruna também ficou em choque. “Estava despreparada para ser mãe”. No quarto mês de gestação, sono e indisposição se tornaram freqüentes, o que a deixou com uma sensação de culpa. “Eu me cobro muito e acho que, mesmo indisposta, tenho que conseguir fazer tudo”, admite.
Trancar o curso?
Bruna encontrou dificuldades dentro da universidade para seguir estudando. Ao procurar a coordenadora do curso e expor sua situação, soube que não havia qualquer amparo legal para seu caso. Segundo as mães, tudo depende do professor. É ele quem tem autonomia para negociar as datas de prova, entrega
de trabalhos e quantidade de faltas. Uma opção é solicitar exercícios domiciliares: se o professor consentir, a aluna é dispensada das aulas. Para tanto, é necessário apresentar laudo médico e preencher um formulário para cada disciplina em que estiver regularmente matriculada. Isso no oitavo mês de gravidez. O formulário deve ser encaminhado à secretaria do departamento responsável pela matéria. Caso a disciplina não admita a aplicação dos exercícios domiciliares, a aluna poderá solicitar o trancamento parcial, excepcional e justificado de matrícula. Os professores de duas matérias obrigatórias não ofereceram o exercício domiciliar à Cleidiane, mas estão adiantando provas para que ela conclua as disciplinas antes do parto, previsto para junho. Bruna aceitou apenas uma das sete disciplinas obrigatórias. “Quero terminar o curso, mas prefiro trancar a ficar, literalmente, empurrando com a barriga”. A falta de infra-estrutura é outro problema. Bruna reclama do despreparo da UnB para receber os recém-nascidos. “Há uma idéia de que não se pode engravidar enquanto estiver aqui, mas a gravidez é uma coisa humana”, diz Bruna. Verônica também teve dificuldades. “Teria sido mais fácil se tivesse um lugar para deixar os filhos ou, ao menos, um trocador de fraldas. Mas é difícil exigir isso de uma instituição onde encontrar papel higiênico no banheiro é lucro”. Criado pela Associação dos Funcionários da UnB, o Programa Infanto-Juvenil (PIJ), oferece recreação, oficinas e esportes para crianças entre dois e dez anos. A coordenadora do programa, Rosa Aparecida, conta que em agosto a sede mudará para a Colina. “Preten-
demos atender crianças menores de dois anos. Agora não é possível, pois o local não oferece estrutura adequada para elas”.
Novos rumos
Bruna teve apoio do namorado desde o início da gravidez. Na família, quem antes resistia agora começa a se acostumar. “Eu sei que pulei etapas, mas continuo com meus sonhos, e a maternidade não me fará abrir mão deles” afirma. Completando o oitavo mês de gestação, Cleidiane já escolheu o nome do bebê: Eduardo. A família virá de Minas para ajudá-la. “Todos estão dispostos a me ajudar para que eu não sacrifique o curso”. Verônica se formou no segundo semestre do ano passado. Está casada com o pai da Alice, que já completou um ano, e recebe apoio integral de sua mãe. Os sogros ficaram espantados no início, mas em pouco tempo cederam. O casal e a filha se mudam para Londres ainda este mês, e depois de estabilizar a vida pretendem aumentar a família.
Serviço O grupo Gestantes, Casais Grávidos e Paridas, se reúne todas as sextas-feiras, às 9 horas, no Ambulatório de Pré-natal do HUB (corredor verde, sala J) com entrada franca, para tirar dúvidas das gestantes. O Programa Infanto-Juvenil (PIJ), funciona no Centro Olímpico, de segunda à sexta, das 8h às 12 horas, e das 14h às 18 horas. A mensalidade é R$ 100,00 para sócios da Asfub, e R$ 200,00 para não-sócios.
Cultura
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No remelexo das saias
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:: Indicaí
A dança saiu da senzala, atravessou os séculos e virou patrimônio imaterial brasileiro. O Tambor de Crioula anima as ruas e as festas populares até hoje Ana Carolina Oliveira
P
çava, se mostrava”, lembra a responsável pelo grupo. Elisene de Fátima, 54 anos, é integrante do Centro de Tradições de Cultura Popular Maranhense de Sobradinho I. Quando se fala em Tambor de Crioula, ela garante: “A gente arrepia quando ouve os tambores”. Ao deixar o Maranhão para morar em Brasília, em 1993, Dona Elisene sentiu muitas saudades do ritmo de sua terra. “Sabe o que é você acordar de noite e ouvir os tambores tocando? Era só imaginação, era saudade”, diz ela.
Na batida do tambor
Janine Moraes
Os instrumentos são esculpidos com fogo em troncos de árvore, formando uma base onde é preso um pedaço de couro de vaca. É usada uma
Com a umbigada, uma coreira (dançarina de Tambor) convida a outra para dançar no centro da roda
parelha com três tambores para marcar o ritmo: o maior (socador) registra a umbigada, o auge do Tambor; o do meio (meão) conduz a dança, e o pequeno contrapõe o ritmo com um repique. Os versos são feitos na hora e intercalam refrões, cujos temas se relacionam ao trabalho e à devoção. “Me ensina a cortar capim (...)”, entoam os cantadores da roda. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, órgão do Ministério da Cultura, catalogou 61 grupos de Tambor de Crioula no Maranhão, único lugar do mundo que abriga a dança. “Não precisa marcar encontro. A dança acontece em todo lugar. De repente um grupo começa a tocar os tambores no meio da rua e as pessoas vão chegando e entrando na roda”, explica Cristiane Conceição do Carmo, que começou a dançar aos 7 anos de idade e hoje, aos 22 anos, é instrutora de dança. O historiador Ronaldo Heich, mestrando em Cultura Brasileira pela UnB, explica que atualmente existe uma série de manifestações de inspiração negra de origem nacional. “Isso aconteceu a partir da mescla entre a cultura negra e elementos genuinamente brasileiros”, assegura. Ronaldo Heich lembra ainda a forte contribuição da cultura negra na formação do nosso país: “o negro deixou de ser considerado um sujeito passivo e passou a ser sujeito ativo na criação da cultura nacional”, afirma.
Eusayr Alves, Geografia, 1º semestre.
CD: “The Glorious Burden”, da banda Iced Earth. “Esse disco é muito interessante porque é temático. São músicas sobre a história militar dos Estados Unidos em um heavy metal progressivo.” Fotos: Cacau Araújo
ode ser pagamento de promessa a São Benedito (o santo negro) ou mera confraternização nas ladeiras de São Luis do Maranhão. Mulheres de saias de chita coloridas, longas e rodadas se requebram em movimentos sensuais. Elas são as donas da roda e vão convidando quem está fora com umbigadas (punga), parte da coreografia que consiste em tocar o ventre no ventre da outra em sinal de saudação. Os homens, conformados, ficam de fora do Tambor de Crioula. Não se sabe ao certo a origem do ritmo maranhense. Há quem diga que São Benedito foi ao mato, cortou a madeira, confeccionou o instru-
mento e ensinou os negros a tocar o tambor daquele jeito. A aposentada dona Luzinete Arantes, 71 anos, dança desde os 12 e lembra algumas histórias sobre o ritmo. Hoje, ela mora em São Luis e dirige o grupo Tambor de Raízes. “Foi São Benedito quem ensinou nós, os angola, a tocar tambor para afugentar a tristeza. Era uma vida de sofrimento e de angústia. O tambor era a única alegria”, garante a mulher, apenas com um fio de voz. Dona Luzinete é descendente de escravos e cresceu ouvindo a cantoria versada no quintal de casa, em São José de Ribamar, no oeste maranhense. “Cansei de ver o dia clarear escutando os angola cantar defronte à fogueira. Enquanto isso, as mulhé dan-
Alexandre Ponciano, Agronomia, 7º semestre.
Livro: “Peça e será atendido”, de Esther Hicks e Jerry Hicks. “É uma obra de auto-ajuda. Gostei de ler porque não é clichê como os outros (do gênero), tem um pouco de esoterismo.”
Camila Amaro, Arquitetura e Urbanismo, 7º semestre.
Filme: “Horton e o mundo dos quem”, de Jimmy Hayward e Steve Martino. “É uma animação, bem leve. Histórias para crianças sempre trazem um tipo de conselho, de moral, e esse filme mostra como é importante as pessoas se ajudarem”.
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Zé Fini
CAMPUS :: 6 a 20 de maio de 2008
Que calouro você é ou foi? Todos os alunos da UnB são ou foram calouros. Não há motivo para disfarçar o olhar perdido. Aceite essa condição passageira (ou não) e responda o teste para descobrir a sua turma. 1. Como você entrou na UnB? a. Comecei a fazer cursinho no Alub em 2001, mas graças a Deus teve aquele erro do CESPE no PAS do 1º de 2003; b. Pelo PAS. Meu sonho sempre foi fazer Economia, então sustentei média 85 em todas as etapas; c. Fiz uns reforços de Física e Matemática depois dos treinos de Handebol e passei no vestibular do meio do ano, que é mais fácil. 2. Depois de estudos árduos no Ensino Médio, cursinho e dois meses de aula na UnB, você só pensa em:
onde fica? A gente mora nele e é uma das filiais da empresa onde eu trabalho.
3. Como você define a ocupação na Reitoria?
5. Qual é o seu restaurante preferido no campus?
a. A coisa mais fantástica que eu já vivi. Não importava tomar banho, nem comer, só importava estar ali, na volta do movimento estudantil. Além do mais, fiz vários novos amigos; b. A sensação exata do maravilhoso peso de ser aluno da UnB. Ficava o tempo todo lá e levava comida para os meus novos amigos, mas corria de volta pras aulas; c. Ah, eu vi isso na TV... Era uma festa?
a. Nenhum me serve mais, pois morro de saudade da Fundação, sucesso em 2002; b. Adoro o R.U., porque dá pra brincar de “escravos de Jó” com toda a galera naquela mesona! Fica todo mundo olhando, é super engraçado!; c. Tem restaurante no Campus? Achei que aquelas barraquinhas na ponta do Minhocão só vendessem lanchinho...
4. O que é o C.O. e onde fica? a. Essa é velha, hein? Sei dessa desde que eu vinha para o campus ficar de bobeira no Ceubinho... faz uns 10 anos; b. É o Centro Olímpico, duh! Só falta dizer que chego lá de Transminhocão, né? Achou que eu ia cair nessa?; c. Centro-Oeste. Como assim,
6. O que você acha do trote solidário? a. Uma iniciativa genial! Apesar de não ser mais calouro, sempre que descubro algum rolando vou lá e ajudo. Já doei sangue pelo menos umas 9 vezes... Sem contar as gatinhas que eu conheci na fila...; b. Adorei o meu: tinha que ficar a manhã toda no sinaleiro, sujo, pedindo grana pra comprar cestas básicas. Fiquei até
umas 16h30 pra juntar mais dinheiro! Não importavam as bolhas do meu pé ou o bronzeado disforme. Tudo isso valeu, pois meu curso ajudou várias crianças carentes; c. Ah, não participei do meu, porque já ajudo a moça que trabalha lá em casa. 7. Qual é a sua festa preferida aqui? a. A Realize, porque todo semestre invento uma fantasia diferente. Comecei indo de havaiano, Matrix e padre, mas depois me especializei em fazer minha própria fantasia. Já fui de caixa de leite, carteira de identidade, cavalo (com mais um amigo!) e Adão. Uma vez, com um grupo de calouros seis semestres abaixo, fomos todos de cartas de baralho. Foi o melhor dia! b. Já fui ao CHUPOL, fiquei muito bêbado e beijei três na BioVinil, e mal posso esperar pela festa da Arquitetura... Ah, todas são ótimas! É muita curtição, porque somos um grupo muito unido! c. A Calourada do Ceub.
Ilustração: Renato Moll
A lixeira do Timóteo
A Lixeira do Timóteo é o nome dado a um pequeno universo que comporta vários tipos de vida muito semelhantes às que encontramos no nosso planeta.
Você já não é calouro há pelo menos 8 semestres, mas nega essa realidade como ninguém. Há duas variações para esse tipo de não-calouro: ou você é aquele vagal de carteirinha (matrícula 01 ou 02, ou mesmo dos ancestrais anos 90) que vive na UnB, mas não freqüenta uma aula sequer; ou alguém tão vagal quanto, mas pelo menos com a desculpa de estar engajado em causas que você jura que são socialistas. Maioria B - Calouro Empolgado Você sonhou a vida inteira em estar na UnB, por isso fica feliz com tudo que vive aqui e quer estar em todas. Tomou o primeiro porre na festa de uma república e vai ser presidente do C.A. no semestre que vem. É bem provável que você tenha vindo de outro estado ou tenha sido extremamente solitário no ensino médio, ou ambos, mas não tem problema, pois agora você já tem seu grupinho e, finalmente, é popular. Ou quase isso.
Maioria C - Calouro Alheio A UnB é um grande corredor pelo qual você só pretende passar para conseguir o diploma, se possível ainda no 7º semestre. Fez o vestibular aqui só para tirar onda com os parentes por causa do status da universidade. Ou já trabalha ou é super envolvido com atividades extra-curriculares como assistencialismo chique ou comemorações do 15º aniversário da formatura da préescola. Assim que se formar, não vê nenhum problema com a privatização da UnB.
Ilustração: Iúri Lopes
a. Dormir... Meu horário começa às 9h e acaba às 11h. À tarde sempre estou com a galera no C.A. ou no Pôr-doSol. É muito difícil levar 10 créditos; b. Tirar SS em todas as matérias, não sair do fluxo e ter IRA superior a quatro. Mas estudar mesmo só depois de ter ido a todas as calouradas;
c. Nos livros que eu vou ler para a monografia porque quero me formar logo.
Maioria A - Pra Sempre Calouro