Revista Sinopse

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Sinopse, 1° edição

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Histรณria do cinema no mundo Comida de cinema

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12 Cinema Mudo

18 Bollywood

Infogrรกficos nas pรกginas 24 e 36.

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SUMĂ RIO Filmes em cartaz

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Hollywood

Entrevista, Marcos Jorge

38 Cinema Brasileiro

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O início

HistÓria

do Cinema

no Mundo D

História

Cinema, ou cinematografia, é a arte e a técnica de projetar imagens animadas sobre uma tela, por meio do projetor. Para isso, os momentos sucessivos que compõem um movimento são registrados por uma máquina filmadora em filme fotográfico, fita transparente e flexível revestida de emulsão fotográfica. Revelado o filme, a projeção dos fotogramas em sequência mais rápida do que emprega o olho humano para captar as imagens faz com que a persistência destas na retina provoque sua fusão e produza a ilusão do movimento contínuo.

A história do cinema é curta se comparada à de outras artes, mas em seu primeiro centenário, comemorado em 1995, já produzira várias obras-primas. Entre os inventos precursores do cinema cabe citar as sombras chinesas, silhuetas projetadas sobre uma parede ou tela, surgidas na China cinco mil anos antes de Cristo e difundidas em Java e na Índia. Outra antecessora foi a lanterna mágica, caixa dotada de uma fonte de luz e lentes que enviava a uma tela imagens ampliadas, inventada pelo alemão Athanasius Kircher no século XVII. A invenção da fotografia no século XIX pelos franceses Joseph-

ois desejos profundos e contraditórios se reconciliam no espírito do espectador de cinema: viver grandes aventuras no espaço e no tempo e, simultaneamente, aconchegar-se num ambiente acolhedor, a salvo de todo o perigo externo, em silêncio e na obscuridade. Imobilizado na poltrona de uma sala de espetáculos, o homem do século XX viveu apaixonados romances e travou guerras sem conta.

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-Nicéphore Niépce e Louis-Jacques Daguerre abriu caminho para o espetáculo do cinema, que também deve sua existência às pesquisas do inglês Peter Mark Roget e do belga Joseph-Antoine Plateau sobre a persistência da imagem na retina após ter sido vista. Em 1833, o britânico W. G. Horner idealizou o zootrópio, jogo baseado na sucessão circular de imagens. Em 1877, o francês Émile Reynaud criou o teatro óptico, combinação de lanterna mágica e espelhos para projetar filmes de desenhos numa tela. Já então Eadweard Muybridge, nos Estados Unidos, experimentava o zoopraxinoscópio, decompondo em fotogramas corridas de cavalos. Por fim, outro americano, o prolífico inventor Thomas Alva Edison, desenvolvia, com o auxílio do escocês William Kennedy Dickson, o filme de celulóide e um aparelho para a visão individual de filmes chamado cinetoscópio. Os irmãos Louis e Auguste Lumière, franceses, conseguiram projetar imagens ampliadas numa tela graças ao cinematógrafo, invento equipado com um mecanismo de arrasto para a película. Na apresentação pública de 28 de dezembro de 1895 no Grand Café do boulevard des Capucines, em Paris, o público viu, pela primeira vez, filmes como La Sortie des ouvriers de l’usine Lumière (A saída dos operários da fábrica Lumière) e L’Arrivée d’un train en gare (Chegada de um trem à estação), breves testemunhos da vida cotidiana.

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Primórdios

cinema

Mudo

c

onsiderado o criador do espetáculo cinematográfico, o francês Georges Méliès foi o primeiro a encaminhar o novo invento no rumo da fantasia, transformando a fotografia animada, de divertimento que era, em meio de expressão artística. Méliès utilizou cenários e efeitos especiais em todos seus filmes, até em cinejornais, que reconstituíam eventos importantes com maquetes e truques ópticos. Dos trabalhos que deixou marcaram época Le Cuirassé Maine (1898; O encouraçado Maine), La Caverne maudite (1898; A caverna maldita), Cendrillon (1899; A Gata Borralheira), Le Petit Chaperon Rouge (1901; Chapeuzinho Vermelho), Voyage dans la Lune (1902; Viagem à Lua), baseado em romance de Júlio Verne e obra-prima; Le Royaume des fées (1903; O reino das fadas); Quatre cents farces du diable (1906; Quatrocentas farsas do diabo), com cinqüenta truques, e Le Tunnel sous la Manche (1907; O túnel do canal da Mancha). Os pioneiros ingleses, como James Williamson e George Albert Smith, formaram a chamada escola de Brighton, dedicada ao filme documental e primeira a utilizar rudimentos de montagem. Na França, Charles Pathé criou a primeira grande indústria de filmes; do curta-metragem passou, no 8

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grande estúdio construído em Vincennes com seu sócio Ferdinand Zecca, a realizar filmes longos em que substituíram a fantasia pelo realismo. O maior concorrente de Pathé foi Louis Gaumont, que também criou uma produtora e montou uma fábrica de equipamentos cinematográficos. E lançou a primeira mulher cineasta, Alice Guy. Ainda na França foram feitas as primeiras comédias, e nelas se combinavam personagens divertidos com perseguições. O comediante mais popular da época foi Max Linder, criador de um tipo refinado, elegante e melancólico que antecedeu, de certo modo, o Carlitos de Chaplin. Também ali foram produzidos, antes da primeira guerra mundial (1914-1918) e durante o conflito, os primeiros filmes de aventuras em episódios quinzenais que atraíam o público. Os seriados mais famosos foram Fantômas (1913-1914) e Judex (1917), ambos de Louis Feuilla-


de. A intenção de conquistar platéias mais cultas levou ao film d’art, teatro filmado com intérpretes da Comédie Française. O marco inicial dessa tendência foi L’Assassinat du duc de Guise (1908; O assassinato do duque de Guise), episódio histórico encenado com luxo e grandiloqüência, mas demasiado estático.

charlie

Chaplin

Antes das cores, tinha o preto e branco. Antes das falas, tudo era mudo. Foi em “cinza” e com mímicas que Charlie Chaplin conquistou o mundo. O inglês, que veio a se tornar Sir em 1975, marcou a história do cinema com filmes simples, mas que tinham grande profundidade e que falavam de um mundo como o nosso: cheio de injustiça social, mas em que mesmo assim sempre cabia um tiquinho de amor. Nascido em 16 de abril de 1889 em Walworth, Londres, foi batizado de Charles Spencer Chaplin. Desde muito menino, se interessou pela arte de atuar. Quando criança, ele teve uma grava doença que o deixou de cama por algumas semanas, então sua mãe

se sentava à janela e encenava o que estava acontecendo do lado de fora. Segundo ele, foi daí que a paixão pela atuação surgiu. Durante a infância, trabalhou em diversas peças de teatro, mas foi com sua carreira nos cinemas que ele se transformou em uma lenda na história da sétima arte. Considerado um gênio, Chaplin se inspirou no comediante francês Max Linder para encontrar sua identidade e não teve pudores quando o assunto era trabalho. Além de atuar, dançou, dirigiu, produziu, roteirizou e compôs para alguns de seus longas. Apesar do cinema mudo ter durado mais de 30 anos, Chaplin é um dos principais ícones do gênero por sua facilidade de expressão através de gestos – as famosas mímicas – e pela comédia pastelão influenciada pelo teatro, em que tudo é muito exagerado. Chaplin dedicou sua vida à carreira artística, que durou mais de 75 anos. Ao contrário de muitos gênios, seu talento foi reconhecido enquanto ele ainda estava bem vivo e ativo, o que o tornou um grande astro. Isso fez dele um lvo fácil para a imprensa e, dessa forma, seus filmes e a vida particular sempre foram assuntos que deram o que falar. Um dos maiores legados deixados pelo ator foi a United Artists, companhia de distribuição de filmes que fundou ao lado de nomes importantes da época, como Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D. W. Griffith. O objetivo do quarteto era conseguir viver de seu trabalho sem serem explorados pelos estúdios já existentes. A companhia foi fundada em 1919 e vendida a Arthur Krim em 1952.

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Bastidores No cinema, seu papel mais famoso foi o personagem The Tramp, que no Brasil ficou conhecido como o vagabundo ou Carlitos, que era um andarilho de gestos refinados, apesar do visual desleixado e decadente. Seu trabalho se tornou grande e, em resposta, o mundo o transformou no cineasta mais homenageado da história. Sua obra cinematográfica é sem dúvida uma das mais ricas já cultivada, tendo filmes como “Tempos Modernos” (1936), “O Grande Ditador” (1940), “O Garoto” (1921) e muito mais.

Reconhecimento Por abordar assuntos sociais, seus trabalhos continuam atuais, mesmo sendo do século passado. Isso faz dele o cineasta mais homenageado de todos os tempos. Seu talento rendeu o título de Sir do governos britânico em 1975, um Légion d ‘Honneur francês, Doutor Honoris na Universidade de Oxford e o prêmio especial da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos pelo conjunto de sua obra em 1972.

A vida pessoal foi muito conturbada e o ator ganhou fama de um conquistador que tinha atração por jovens atrizes. A imprensa da época sempre buscava novidades sobre vida amorosa de Chaplin, que sempre deu ótimas notícias. No total e oficial, Charles se casou quatro vezes e se divorciou três. Seu primeiro casamento foi com Mildred Harris (1918 – 1921) quando ele tinha 29 anos e ela somente 17. Lita Grey foi sua segunda mulher (1924 – 1927) e a união aconteceu quando Chaplin tinha 34 anos e Lita 16. Paulette Goddard (1935 – 1942) foi a terceira esposa, sendo que ele tinha 47 anos e ela 26. Sua última esposa foi Oona O’Neil e, quando os dois trocaram alianças, Charlie tinha 54 anos e Oona apenas 17. O casamento durou 34 anos e o ator ficou com ela até sua morte, em 1977. Com tantos relacionamentos, Chaplin teve 12 filhos.

Morte A ator começou a ter problemas de saúde após rodar o longa “A Countess from Hong Kong” em 1967. Dez anos mais tarde, começou a usar cadeira de rodas para se locomover e não falava mais direito. Chaplin morreu aos 88 anos por contra de um derrame cerebral no dia 25 de dezembro de 1977.

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Foto Divulgação

Cena do filme “Tempos modernos” com Charlie Chaplin

Curiosidades Sua mãe tinha problemas psicológicos e passou boa parte da vida entrando e saindo de hospitais. Eles eram tão pobres que ela teve que penhorar roupas de Charlie. Em 1925, se tornou o primeiro ator a estampar a capa da revista “Time”. Estava com 73 anos quando seu filho mais novo nasceu. Durante os 75 anos de carreira, escreveu e atuou em 87 trabalhos e dirigiu 74 deles.Em 1992, foi interpretado por Robert Downey Jr. no filme biográfico “Chaplin”. No dia 3 de março de 1978, seu corpo foi roubado do cemitério Corsier-Sur-Vevey e só foi encontrado pela polícia em 18 de maio. Após a recuperação do corpo, Chaplin foi reenterrado no mesmo local, mas com uma grande l ápide de cimento. Sinopse, 1° edição

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Cine Cozinha

Comida de

cinema Você preparando as deliciosas receitas dos filmes.

O fabuloso destino de Amélie Poulain

O

fabuloso destino de Amélie Poulain (Le

fabuleux destin dAmélíe Poulain, 2001) é uma improvável produção de Jean-Pierre Jeunet. Digo isso porque o cineasta é mais conhecido por sombrios filmes de ficção. Amélie Poulain (Audrey Tatou), é uma jovem que passou toda a sua vida em um completo estado de voyeurismo, observando e acatando as ordens de seus neuróticos pais. Claro que, na vida adulta, carrega toda essa carga anos a fio, simplesmente atravessando sua existência sem maiores dramas - ou amores. Apesar da mudança de gênero para Jeunet, seu estilo recheado de ângulos de câmera inusitados, edição rápida e efeitos para manter o dinamismo do filme, continua presente em cada cena. Enfim, com tanta celebração dos pequenos eventos da vida, O fabuloso destino de Amélie Poulain é um daqueles filmes que você deve recomendar à sua mãe, sua tia, seus amigos... Ah, se for levar a cara-metade ou tiver alguém em vista, uma ótima dica: Nenhum casal saiu do cinema sem estar abraçado! Isso eu garanto!

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Ratatouille Ver um novo projeto da Pixar demanda, entre outras coisas, disciplina. É preciso a certeza de que você estará na sala a tempo de assistir ao curta-metragem que antecede a atração principal. Mas este é apenas um aperitivo - e pode ir se acostumando com os trocadilhos culinários! O prato principal é Ratatouille (pronuncia-se ratatúie). O título vem emprestado de um cozido típico da região de Provence, no sul da França, preparado com berinjela, tomate, cebola, pimentão e outros legumes a gosto. O motivo da sua


escolha, além da óbvia referência ao personagem principal, um rato (rato, ratatouille, entendeu?), só vai ser conhecido lá no fim, em um dos melhores monólogos da história do cinema, proferido pelo crítico gastronômico Anton Ego (voz original de Peter O’Toole). A fome e a voz do chef fazem o rato sair do esgoto. Surpresa! Ele está em Paris, Cidade Luz, Capital do Amor e de alguns dos melhores restaurantes do mundo. Quando vê um ajudante de cozinheiro arruinando uma sopa no Gusteau’s, Remy se desespera e acaba caindo na cozinha, onde pode finalmente realiar seu sonho e se tornar um dos melhores chefs da cidade.

Agora as receitas, vamos aprender juntos a preparar o delicioso Crème Brûlée e com a casquinha crocante que a Amélie Poulain adora quebrar, e o grande sucesso do cinema de animação e da cozinha o Ratatouille.Ele conta a história dessa moça estranha com manias esquisitas. Amélie cultiva um gosto por pequenos prazeres: enfiar a mão num saco de grãos, quebrar a casquinha do crème brûlée com uma colher e jogar pedras no canal St. Martin. Os grãos hoje em dia vêm em sacos lacrados, o canal St. Martin fica longe, então vamos pelo menos quebrar a tal casquinha e ver se é bom mesmo.

Crème Brûlée Vamos aos ingredientes! - 500 ml de creme de leite fresco (ou algum outro nome que venha na embalagem, normalmente fica perto dos iogurtes, no supermercado) - 10 colheres de sopa de açúcar refinado - 6 gemas - 1 colher de chá de essência de baunilha (ou uma fava de baunilha, se encontrar) - Açúcar cristal para queimar

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O fabuloso destino de Amelie Poulain, imagem do filme

Foto Divulgação

Preparo Passe as gemas por uma peneira (para tirar a película da gema e não dar gosto de ovo) e misture com o açúcar e a baunilha. Aqueça levemente o creme de leite fresco até atingir no máximo 40ºC. Ou deixe em temperatura ambiente, se você morar num lugar quente, como Ipatinga. Vá adicionando, aos poucos, à mistura e mexendo sempre (o perigo de passar dos 40ºC é começar a cozinhar as gemas antes de ir para o forno. Não fica bom quando isso acontece). Após adicionar todo o creme e deixar bem homogêneo, organize os ramequins (essas tigelas de pequenas de porcelana que podem ir ao forno) num tabuleiro e encha cada um com o creme. Essa receita deu para encher sete ramequins que eu tinha em casa.

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Coloque o tabuleiro no forno pré-aquecido a 180ºC e, só depois de colocá-lo lá dentro, despeje água quase fervendo com cuidado para não pingar dentro de nenhum ramequim. Asse por 1 hora, mais ou menos, verificando sempre se ainda há água no tabuleiro. Se estiver secando, acrescente mais. Retire do forno quando a parte de cima estiver firme e um pouco corada. Espere esfriar e coloque na geladeira. Deixe ficar bem gelado. De preferência, faça um dia antes de comer. E nesse ponto pode deixar até uma semana na geladeira que ele não estraga. Quando for servir, adicione


uma camada de açúcar cristal e... ...queime com um maçarico! Não é a coisa mais fácil do mundo achar um maçarico para comprar. Mas se um dia você tiver perto de um, compre! É muito legal de usar.

Foto divulgção

“Depois de todo esse trabalho você faz essa cara e quebra tudo...”

O fabuloso destino de Amelie Poulain, imagem do filme

E ae povo, ficou parecido? Gostaram da receita? Convenci vocês a comprarem um maçarico? Sinceramente, eu acho muito mais legal queimar o açúcar pra fazer a casquinha do que quebrar ela, mas se a Amélie prefere assim, quem somos nós pra discutir né?

Vire a página e se lambuze agora com o ratatouille...

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Ratatouille

Paris

Eu sempre gostei muito de cozinhar, mas achava que cozinha era um passatempo e que não pasaria disso. Daí a PIXAR lança o Ratatouille, o filme de um rato que vira cozinheiro.

Vamos à receita! - 1 xíc. de molho de tomate - 2 cebolas - 4 tomates italianos - 1 berinjela - 1 abobrinha - 1 pimentão verde - 1 pimentão amarelo - 1 pimentão vermelho - 1 maço de manjericão - sal a gosto e azeite

oh - la - la!

Preparo Fatie todos os vegetais em rodelas bem finas. Deixe a berinjela de molho na salmoura para tirar o amargor. Forre o fundo de um refratário com molho de tomate. Organize os vegetais fatiados de forma intercalada por cima do molho igual à foto. Jogue uma pitada de sal e um fio de azeite. Cubra com papel alumínio e leve ao forno médio por 35-40 minutos. Retire do forno, tire o papel alumíno. E está pronto!

Aprecie sem moderação!

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Indiano

bollywood O cinema indiano já tem mais espectadores que Hollywood. Seus atores não são ídolos só na Ásia mas também na Europa, na África e até nos EUA. Bem-vindo à indústria cinematográfica que mais cresce no mundo

S

obre a mesinha de cabeceira do jovem roteirista indiano Prashant Pandey, a desorganizada pilha de livros entrega as fontes de inspiração para seus filmes. Repousam ali novelas de espionagem, como O Dia do Chacal, de Frederic Forsyth, e O Jardineiro Fiel, de John le Carré. A saga de O Poderoso Chefão, de Mario Puzo, também está lá. E as referências ocidentais continuam na coleção de dvds espalhada sobre a cama de solteiro. Lá no meio, Cidade de Deus. “Sério que é brasileiro? Eu adoro esse filme. Não sei até hoje como fizeram aquela cena da galinha!”, conta Prashant. A quitinete do roteirista fica em um prédio baixo e engolido por uma floresta, ao lado de cinemas multiplex, outdoors de filmes em lançamento e esgoto a céu aberto. É nesse ambiente sem o glamour californiano que Bollywood fervilha. Estamos em Bombaim, o coração econômico e cinematográfico da Índia. A cidade foi rebatizada como Mumbai em 1995, mas o “B” de Bombaim ainda serve de inicial para a Hollywood deles.

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O bairro do roteirista é o suburbano Andheri. Enquanto equipes de filmagem gravam cenas a poucos quilômetros da cidade, na Film City, é em Andheri que giram as engrenagens de Bollywood. Lá ficam as sedes de produtoras como a gigantesca Yash Raj Films, a maior do país, a Balaji Telefilms e a Mukta Arts, além de inúmeros escritórios que oferecem todo tipo de serviço relacionado a cinema. Em Andheri, o mundo gira em torno da indústria dos sonhos. Mais um resultado do crescimento da Índia? Sim. Mas isso não veio do nada.


Foto divulgação

Dançarinas Indianas

O cinema tem um papel forte na cultura indiana desde a década de 1940. Nessa época o país se tornava independente da Inglaterra, e a telona ajudou a criar umaidentidade nacional em um país cheio de culturas e religiões diferentes. Mumbai em 1995, mas o “B” de Bombaim ainda serve de inicial para a Hollywood deles. Trinta anos depois, o cinema mostrou a insatisfação da população com o governo corrupto, através de filmes que exaltavam a violência e o crime nos anos 70. Mas o boom começou mesmo na década de 1990, quando veio a liberalização econômica e o país começou a crescer 8,5% ao ano, em média. Nisso emergiu uma classe média com novos hábitos de consumo e valores, geralmente avessos às tradições indianas. E o conflito de Sinopse, 1° edição

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gerações foi inevitável. Não demorou para o cinema reproduzir esse dilema e criar uma nova fórmula de sucesso: os filmes de jovens lindos e ricos que se dividem entre o desejo individual e o casamento arranjado pela família. Funcionou. Hoje a Índia produz 1 000 filmes por ano, em 20 das 22 línguas faladas no país (inglês incluído), contra 650 dos EUA. Em 2004, o número de espectadores de filmes de Bollywood alcançou 3,8 bilhões, ultrapassando pela primeira vez o público de Hollywood, formado por 3,6 bilhões de pes-soas. O cinema indiano, veja só, tornava-se o único Davi capaz de rivalizar com o Golias americano. Não que o Golias esteja à beira de uma crise. Mesmo com um público menor, Hollywood é dona de 60% da renda da indústria cinematográfica mundial. E a Índia fica com apenas 1% – é que o ingresso sai em média por volta de R$ 1. E claro que outros números deles também são modestos. Os orçamentos são de US$ 500 mil, em média – bem menos que os US$ 3,3 milhões de Cidade de Deus. E nada comparado aos mais de US$ 100 milhões de um Duro de Matar da vida. Mesmo assim os estúdios americanos têm motivo para se preocupar.

Bollywood global O cinema indiano cresce num ritmo ainda maior que o do resto da economia do país. O US$ 1,75 bilhão que ele arrecadou em 2006 deve crescer para US$ 3,4 bilhões em 2010. Em 2001, veja só, eram apenas US$ 617 milhões.

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E agora começam a chegar as superproduções, com orçamentos inimagináveis por aqui. Lagaan (“Imposto”), de 2001 e indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro no ano seguinte, foi considerado caro para os padrões indianos da época, com um orçamento de US$ 4,5 milhões. Em 2002, Devdas (“Servo de Deus”) se tornou a obra mais custosa de Bollywood, com US$ 13 milhões. E em 2006 Dhoom 2 (“Grande”), assumiu a ponta, com US$ 20 milhões. Um dos sets de filmagem, aliás, foi no Rio de Janeiro. Nada mais adequado para uma superprodução. Mais: nos países vizinhos, como Paquistão (161 milhões de habitantes) e Bangladesh (150 milhões), ele está bem mais presente que o cinema americano. Os 26 milhões de emigrantes da Índia e os 3 milhões do Paquistão espalhados pelo mundo também ajudam a levar Bollywood aos domínios de Hollywood. Mesmo num cenário como esse, um indiano virar o maior astro do mundo ainda pode soar a missão impossível, mas Shah Rukh Khan, o maior astro de Bombaim, já pode se gabar de ter batido Tom Cruise. No fim de semana de estréia do filme Leões e Cordeiros (2007), o ator americano despontou nas bilheterias como uma das maiores estrelas decadentes de Hollywood; enquanto isso, o filme indiano Om Shanti Om (“A Vi-


bração da Paz”,numa tradução livre) liderou as bilheterias internacionais com US$17 milhões contra US$ 10 milhões do filme com o top gun do cinema. Mas esse cinema não vive só do público que conquistou nos países em volta da Índia ou dos imigrantes no primeiro mundo. Além de ganhar espectadores que não têm origem indiana na Europa, ele se deu bem com as próprias pernas nas nações da ex-União Soviética e no mundo muçulmano (veja aqui embaixo). Se é assim, alguma graça esses filmes indianos devem ter, não? É o que vamos ver agora.

Filme masala A qualidade do cinema de Bombaim é pra lá de discutível, mas é fato que ele tem personalidade. Elementos tradicionais da cultura indiana se unem ali ao jeitão ocidental para resultar no “filme masala”. Todo prato indiano é temperado com uma masala, a mistura indecifrável (e variável) de especiarias que dá à Índia um sabor inconfundível. Como a comida, o filme de Bollywood não pode ter só um salzinho cá e um alhozinho acolá. São 3 longas horas de melodrama familiar regado a cenas musicais raga ou pop semelhantes a videoclipes, coreografadas em danças ora humoradas, ora sensuais, com cenário saltando das pirâmides do Egito para o meio de trigais na bacia do rio Ganges – sem pausa na ação ou na música. Dizer I love you não basta.Nenhum sabor pode sobressair: para cada pitada de drama há outra de comédia; para cada cena

de ação, uma de romance. Sáris molhados pela chuva de monções intercalam piadas de crianças gorduchas e funerais de vítimas de câncer. Tão grande é a mistura de elementos que muitos críticos ocidentais não conseguem classificar os filmes indianos. Sua estrutura lembra a da novela brasileira: uma história principal dá ritmo à trama, mas os personagens coadjuvantes também ganham espaço. Isso forma vários núcleos dramáticos que ajudam o espectador a se envolver com o filme. Os roteiristas da Índia afirmam morrer de inveja da simplicidade com que os roteiristas americanos resumem a história dos seus filmes em apenas duas linhas. Se faz o gosto do público ocidental? Assim como restaurantes indianos pelo mundo tiram um pouco da pimenta do curry para agradar a clientela, Bollywood tem se adaptado ao gosto do público pelo mundo afora. Pelo jeito, tem dado certo. E a lógica indiana explica muito o porquê – um filme com um pouco de tudo terá sempre algo que agrade a todos. Sinopse, 1° edição

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Tudo em família Insatisfeita com a monótona planície verde do Ganges, o cinema indiano não pára de expandir suas locações de filmagens para além de suas fronteiras, transformando a tela numa seção de turismo virtual. E tome de arranha-céus nova-iorquinos a reservas ecológicas da África. Nos anos 70, a Suíça era a queridinha de Bollywood. Isso fez com que a leva de turistas indianos para o país aumentasse drasticamente – todo mundo queria ver ao vivo os cenários de seus filmes favoritos, ora. Muito grato, o governo suíço batizou um dos seus lagos com o nome de Chopra. Yash Chopra, diretor e dono da maior produtora da Índia, a Yash Raj Films. Os seus filmes sempre têm a Suíça como cenário. Por causa disso, rodar no país virou lugar-comum. Mas o público, cada vez mais endinheirado e informado, estava sedento por coisas novas. Nada mais de Alpes e relógios-cuco! Bollywood passou a procurar locações cada vez mais exóticas: Nova Zelândia, China, Polônia, Egito, e, sim, o Brasil. O cenário mais manjado é a eterna madrasta Grã-Bretanha, que governou o país por quase 100 anos. Eles rodam cerca de 20 filmes lá todo ano. E mostram como vivem os imigrantes indianos, segundo seu mundo de sonhos: bem-sucedidos, com frotas de BMWs, só que eternamente insatisfeitos pela distância da Mãe-Índia. Isso indica que os indianos têm mais razões para assistir seus filmes do que a diversão pura e simples. O cinema, ali, é uma parte importante da identidade nacional. Veja só.

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Em Bollywood muita coisa se cria, mas outro tanto se copia. De Hollywood. A idéia é pegar histórias americanas e fazer com que elas passem por uma “indianização”. Para isso, dois ingredientes precisam de um realce: emoções e família. Por exemplo: os indianos precisam saber como são os parentes dos personagens principais para aceitá-los. Veja o caso de Heyy Babyy (2007). Ele é um remake de Três Solteirões e Um Bebê, o filme dos anos 80 em que 3 caras cuidam de um bebê deixado na porta deles. Na versão indiana, a 1a parte segue o roteiro do original, com os 3 fanfarrões se apegando ao bebê. Aí vem o intervalo (os filmes indianos duram 3 horas, com direito a pausa para lanche no meio). E o filme vira um dramalhão: o avô materno da criança aparece do nada. A mãe surge logo em seguida para levar o bebê embora para a casa da família. .E a vida dos solteirões fica vazia. Mas espera aí. A moça está tentando arranjar um casamento! Os 3, então, se fingem de pretendentes para conseguir o bebê de volta. Prashant, o roteirista do início desta reportagem, está escrevendo o roteiro de Sarkar 2, uma refilmagem de O Poderoso Chefão 2. O original mostra a tragetória do jovem imigrante Vito Corleone, que começa a vida em Nova York num gueto e termina milionário, como um dos chefes da máfia. Prashant comenta: “Adaptar a saga não foi tão difícil quanto pode parecer, porque nenhuma história é mais indiana que a de O Poderoso Chefão”.


Foto divulgação

A Índia, com seu extenso território, suas variadas etnias, culturas e idiomas, abriga as mais diversas expressões na dança, desde o modelo clássico, passando pelo folclórico e desembocando no contemporâneo. O padrão clássico se desenvolveu ao longo dos séculos, nascendo entre os devadasis – bailarinos que exibiam sua arte no interior dos templos. Estes artistas, associados aos templos do hinduísmo, com suas existências dedicadas somente ao culto do deus Shiva, ingressavam nestes recintos ainda na infância, entregues pelos próprios pais. Foto divulgação

A partir de então, as bailarinas transformavam-se em esposas da divindade, contraindo matrimônio com o deus em um ritual semelhante ao do habitual casamento indiano. Elas eram preparadas para exercitar a prática desta dança nos ritos realizados no templo. Esta dança tem que seguir as regras inscritas no Natyasastra, a ancestral obra sobre o drama, ao qual desde o início esteve ligada. Aos poucos, porém, ela foi se desligando dessa conexão, e então surgiram os mais distintos modelos clássicos, conforme os locais da Índia nos quais nasceram. Todos têm em comum os rudimentos básicos do nritta – dança pura -; o nritya – a expressão – e o natya – fator dramático. Os movimentos coreográficos clássicos incluem o tandava, energia masculina, e o lasya, o poder feminino.

Foto divulgação

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Infográfico

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Em Cartaz

Filmes

em Cartaz Jogos Vorazes: A Esperança – O Final Traz agora o capítulo que encerra a franquia, no qual Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) percebe que os riscos não são apenas por sobrevivência – são pelo futuro. Com a nação de Panem vivendo a guerra em grande escala, Katniss confronta o Presidente Snow (Donald Sutherland) nesse último episódio. Com a ajuda de seus melhores amigos – Gale (Liam Hemsworth), Finnick (Sam Claflin) e Peeta (Josh Hutcherson) – Katniss parte em uma missão com o grupo do Distrito 13, enquanto arriscam suas vidas para libertar os cidadãos de Panem e planejar a tentativa de assassinato do Presidente Snow, que está cada vez mais obcecado em destruí-la. As armadilhas mortais, inimigos e escolhas morais que aguardam por Katniss vão desafiá-la mais do que qualquer arena que ela tenha enfrentado nos Jogos Vorazes.

Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth Direção: Francis Lawrence Gênero: Aventura Duração: 136 min. Distribuidora: Paris Filmes Classificação: 12 Anos 26

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Victor Frankenstein Igor Strausman (Daniel Radcliffe), assistente do brilhante Victor Frankenstein (James McAvoy), acompanha com horror a transformação de seu mestre de cientista idealista a obcecado sem controle, limite ou ética. Fiel ao colega, ele tenta salvá-lo antes que a loucura vá longe demais e gere terríveis consequências. Elenco: James McAvoy, Daniel Radcliffe, Jessica Brown Findlay Direção: Paul McGuigan Gênero: Suspense Duração: 110 min. Distribuidora: Fox Films Classificação: 12 Anos

O Quarto de guerra Tony e Elizabeth vivem um duelo interminável, até que a senhora Clara, uma nova cliente de Elizabeth, a desafia a guerrear pela sua família. Por meio da oração, ela permite que Deus batalhe por seu lar. Enquanto ela inicia seu quarto de guerra, Tony vivencia lutas internas, confirmando o que diz a senhora Clara, que as vitórias não se conquistam ao acaso.

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SOS Mulheres ao Mar 2 Adriana (Giovanna Antonelli), agora uma escritora bem-sucedida, segue feliz em seu romance com André (Reynaldo Gianecchini), que está prestes a lançar sua mais nova coleção de moda durante um cruzeiro pelo Caribe. Porém, quando ela descobre que a bela ex-noiva do estilista irá acompanhá-lo em busca de uma reconciliação, Adriana convoca a irmã Luiza (Fabíula Nascimento) e Dialinda (Thalita Carauta) - sua ex-diarista que agora trabalha nos EUA - para uma nova aventura. Elenco: Giovanna Antonelli, Reynaldo Gianecchini, Fabiula Nascimento Direção: Cris D´Amato Gênero: Comedia Duração: 102 min. Distribuidora: Universal Classificação: 14 Anos

Bem Casados Heitor (Alexandre Borges) é um solteirão convicto que ganha a vida filmando festas de casamento. Durante os preparativos para cobrir mais um casamento ele conhece Penélope (Camila Morgado), uma mulher sensual e independente que está determinada a acabar com a festa antes mesmo que ela comece. A missão de Heitor é garantir que o casamento saia exatamente como os noivos querem. Já para Penélope, a cerimônia é a oportunidade perfeita para executar o seu plano. Juntos, essa dupla surpreendente, e um tanto atrapalhada, dará aos noivos muito mais emoção do que eles jamais imaginaram. Afinal, bem casados só os doces. Elenco: Alexandre Borges, Letícia Lima, Camila Morgado, Bianca Comparato, João Gabriel Vasconcellos, Fernanda Nizzato Direção: Aluizio Abranches Gênero: Comédia Romântica Duração: 90 min. 28

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O reino gelado 2 Depois da vitória sobre a Rainha da Neve, os trolls desenvolveram um gosto pela liberdade. Tendo desempenhado um papel importante no triunfo, o troll Orm tornou-se um herói para todos. Mas isso não é o suficiente para ele. Comicamente exagerando suas façanhas e realizações, ele cria uma teia de mentiras, alegando que ele, pessoalmente, derrotou a Rainha da Neve, e que está destinado a se casar com a princesa e herdar um grande poder e riquezas? Mas até onde as histórias de Orm vão levá-lo? Nesta aventura animada e perigosa, Orm descobre que amigos, felicidade e amor verdadeiro não podem ser ganhos através da mentira! Elenco: João Côrtes, Larissa Manoela Direção: Aleksey Tsitsilin Gênero: Infantil Duração: 79 min. Distribuidora: California Filmes

Pegando Fogo O chefe de cozinha Adam Jones (Bradley Cooper) já foi um dos mais respeitados em Paris, mas deixa a fama subir a cabeça. Por causa do comportamento arrogante e do envolvimento com drogas, destrói a sua carreira. Ele se muda para Londres, onde adquire um novo restaurante e decide recomeçar sua trajetória do zero, na intenção de conquistar a cobiçada terceira estrela do guia Michelin. No caminho, conhece a bela Helene (Sienna Miller), por quem se apaixona. Elenco: Bradley Cooper, Sienna Miller, Daniel Brühl Direção: John Wells Gênero: Comédia Romântica Duração: 101 min. Distribuidora: Paris Filmes Classificação: 12 Anos Sinopse, 1° edição

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Sétima Arte

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Gravações de 1950 em Hollywood, para o filme Júlio Cesar.

hollywood

como tudo começou Em 1896, o cinema substituía o cinetoscópio e filmes curtos de dançarinas, atores de vaudeville, desfiles e trens encheram as telas americanas. Surgiram as produções pioneiras de Edison e das companhias Biograph e Vitagraph. Edison, ambicionando dominar o mercado, travou com seus concorrentes uma disputa por patentes industriais. 30

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Nova York já concentrava a produção cinematográfica em 1907, época em que Edwin S. Porter se firmara como diretor de estatura internacional. Dirigiu The Great Train Robbery (1903; O grande roubo do trem), considerado modelo dos filmes de ação e, em particular, do western. Seu seguidor foi David Wark Griffith, que começou como ator num filme do próprio Porter, Rescued from an Eagle’s Nest (1907; Salvo de um ninho de águia). Passando à direção, em 1908, com The Adventures of Dollie, Griffith ajudou a salvar a Biograph de graves problemas financeiros e até 1911 realizou 326 filmes de um e dois rolos. Descobridor de grandes talentos como as atrizes Mary Pickford e Lillian Gish, Griffith inovou a linguagem cinematográfica com elementos como o flash-back, os grandes planos e as ações paralelas, consagrados em The Birth of a Nation (1915; O nascimento de uma nação) e Intolerance (1916), epopéias que conquistaram a admiração do público e da crítica. Ao lado de Griffith é preciso destacar Thomas H. Ince, outro grande inovador estético e diretor de filmes de faroeste que já continham todos os tópicos do gênero num estilo épico e dramático. Quando o negócio prosperou, acirrou-se a luta entre as grandes produtoras e distribuidoras pelo controle do mercado. Esse fato, aliado ao clima rigoroso da região atlântica, passou a dificultar as filmagens e levou os industriais do cinema a instalarem seus estúdios em Hollywood, um subúrbio de Los Angeles. Ali passaram a trabalhar grandes produtores como William Fox, Jesse Lasky e Adolph Zukor, fundadores

da Famous Players, que, em 1927, converteu-se na Paramount Pictures, e Samuel Goldwyn. As fábricas de sonho em que se transformaram as corporações do cinema descobriam ou inventavam astros e estrelas que garantiram o sucesso de suas produções, entre os quais nomes como Gloria Swanson, Dustin Farnum, Mabel Normand, Theda Bara, Roscoe “Fatty” Arbuckle (Chico Bóia) e Mary Pickford, que, em 1919, fundou, com Charles Chaplin, Douglas Fairbanks e Griffith, a produtora United Artists. O gênio do cinema silencioso foi o inglês Charles Chaplin, que criou o inolvidável personagem de Carlitos, mescla de humor, poesia, ternura e crítica social. The Kid (1921; O garoto), The Gold Rush (1925; Em busca do ouro) e The Circus (1928; O circo) foram os seus filmes longos mais célebres do período. Depois da primeira guerra mundial, Hollywood superou em definitivo franceses, italianos, escandinavos e alemães, consolidando sua indústria cinematográfica e tornando conhecidos em todo o mundo comediantes como Buster Keaton ou Oliver Hardy e Stan Laurel (“O gordo e o magro”), bem como galãs do porte de Rodolfo Valentino, Wallace Reid e Richard Barthelmess e as atrizes Norma e Constance Talmadge, Ina Claire e Alla Nazimova.

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a era

de Ouro

em hollywood Durante as décadas de 1930 e 1940, o cinema americano viveu sua chamada “Era de Ouro”. O país se recuperava da “depressão” ocasionada pela crise do capitalismo, e o cinema era uma forma de incentivo para a reconstituição moral da população. Por isso, grande parte dos filmes desse período enfatizam o lado humanista da sociedade, declarando-se verdadeiras poesias em favor dos bons valores humanos. Destacam-se, nesse período, os filmes de Frank Capra (A Felicidade Não Se Compra, 1946), um dos cineastas mais engajados nessa recuperação da sociedade americana, os musicais hollywoodianos, sempre com temas alegres e que visavam à diversão instantânea e as comédias de costume, que fazem grande sucesso até os dias de hoje. Incluso nesta chamada “Era de Ouro”, também teve aquele que é conhecido até hoje como “O Ano de Ouro de Hollywood”. O ano em questão fora 1939, e é realmente impressionante o número de obras-primas inesquecíveis produzidas nesse espaço tão pequeno de tempo. Dentre elas, podemos citar A Mulher Faz o Homem (para mim, a melhor), de Frank Capra; ...E O Vento Levou e O Mágico de Oz, ambos de Victor Flaming; No Tempo das Diligências, de John Ford; O Morro dos Ventos Uivantes, de William Wyler; Ninotchka, de Ernst Lubitch; e Adeus, Mr. Chips, de Sam Wood. No ano de 1941, Orson Welles, um dos mais polêmicos autores de toda a história do cinema,produziria, logo em seu primeiro filme, aquela que seria talvez a obra mais revolucionária do cinema. A produção em questão é Cidadão Kane, obra-prima que definira muitas das características utilizadas até os dias atuais na produção da arte. Entre algumas de suas revoluções estão a narrativa não-linear (sem 32

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ser definida por ordem cronológica), a descoberta da profundidadede campo, que permite que as câmeras captem tanto o primeiro plano da ação quanto seu fundo, e a filmagem do teto das locações (sim, antes disso os cinegrafistas jamais o incluíam dentro da ação, já que o mesmo contava com vários holofotes, fios, etc. O ano de 1941 também é de imensurável importância para certa horda de cinéfilos. Fora neste ano que John Huston lançara O Falcão Maltês (ou, como muitos - eu incluso - preferem chamar, Relíquia Macabra), aquela que é tida até os dias de hoje como a primeira obra de um dos gêneros (ou movimento) mais fabulosos de todo o cinema, o noir. Corrupção, crimes, pecados, investigações, muita violência e mulheres fatais são as características mais marcantes deste estilo de cinema, de onde surgiram obras inesquecíveis como Crepúsculo dos Deuses (Billy Wilder, 1950), um dos maiores filmes da história do cinema; A Marca da Maldade (Orson Welles, 1958); Pacto de Sangue (Billy Wilder, 1944); e O Terceiro Homem (Carol Reed, 1949) Também na década de 1940, desta feita em 1945, um outro movimento de extrema importância para o cinema tivera seu marco inicial, porém muito longe dos Estados Unidos. Trato do surgimento


do Neo-Realismo, quando Frederico Fellini e Roberto Rossellini, respectivamente roteirista e diretor da obra em questão, lançam Roma, Cidade Aberta, filme que prima pela transposição fiel da realidade urbana para as telas de cinema. O Neo-Realismo é um movimento que tem tempo e lugar, já que representara a Itália da época pós-Segunda Guerra, quando se livrava do domínio Fascista. Eram filmes engajados politicamente, que tentavam abordar de maneira transparente a realidade das ruas, empobrecidas por conseqüência da guerra. Ladrões de Bicicleta (Vittorio DeSica, 1948) e Alemanha, Ano Zero (Roberto Rossellini, 1947) são dois bons exemplos deste movimento.

Já na década de 1950, outros lugares do planeta começavam a despontar para o mundo do cinema. Akira Kurosawa, tido como o maior cineasta asiático da história, abrira os olhos do ocidente para o cinema oriental com obras como Rashomon (1950) e Os Sete Samurais, enquanto Ingmar Bergman, inesquecível diretor sueco e um dos maiores especialistas em retratar os sentimentos humanos através das lentes cinematográficas, destacava o cinema do norte europeu com obras-primas fundamentais como O Sétimo Selo (1956) e Morangos Silvestres (1957). São apenas dois bons exemplos, mas existem muitos outros que podem ser citados (e que, mesmo que subentendidos, estão presentes nesta pequena homenagem). Sim, estou falando de Cantando na Chuva (1952), onde Stanley Donnen e Gene Kelly conseguiram a proeza de reunir todas as características do cinema musical das décadas anterio-

H O L LY W O O D

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Foto divulgação

res e realizar uma espécie de síntese de toda a essência do gênero. Tornou-se, anos depois, o filme mais popular desse gênero, considerado por muitos como a maior obra-prima do estilo fato do qual não posso discordar, já que o filme é realmente maravilhoso. Já em 1959, um grupo de intelectuais franceses, que se reuniam todo o dia em um cineclube para assistir e comentar filmes, acabara criando aquele que, depois da própria invenção do cinema, é o acontecimento mais importante ocorrido na França em toda a história da sétima arte. Falo do surgimento da Nouvelle Vague, movimento que escreveu praticamente todas as características do cinema francês contemporâneo (e que foram aprendidas por muita gente, não só na França). O grupo era composto por nomes como François Truffaut (que escreveu, em 1954, a Teoria do Autor, principal pilar do movimento), diretor de

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O cinema de Hollywood

Os Incompreendidos (1959); Jean-Luc Godard, diretor de Acossado (1959); e Alain Resnais, que dirigiu Hiroshima, Mon Amour (1959). Todas as obras citadas foram as primeiras de seus autores, que determinaram, por isso, o início do movimento. Nos anos 1960, começaria a surgir mudanças extremamente importantes nas características temáticas e morais do cinema. Autores de maior engajamento passaram a driblar as barreiras do Código Heyes, ousando em temáticas e críticas sociais e dando maior explicitação às imagens de suas obras. As amarras antiquadas que haviam sido criadas para evitar a transposição de certos elementos e temas estavam prestes a serem desatadas,


possibilitando, assim, a transposição de elementos mais realísticos às produções cinematográficas. Apesar de o Código Heyes ter sido substituído por completo apenas em 1968, ele já não estava sendo muito respeitado há anos, o que possibilitou um maior esclarecimento de referências para os autores do período sessentista . Também fora na década de 1960 que as obras começaram e receber um tratamento mais autoral, experimental, com cineastas sempre à procura de imprimir em seus trabalhos marcas pessoais, que possibilitassem ao espectador uma associação lógica entre produto e produtor - e isso vale tanto para o cinema comercial quanto para o alternativo. Também foi nos anos 1960 que tivemos a extinção de alguns estilos que marcaram a “Era de Ouro de Hollywood”, como o musical e o faroeste, que teve seu fim decretado realmente ao fim desta década - durante os anos 1970 também ocorreram tentativas, mas poucos filmes memoráveis surgiram. Porém, vale lembrar que a década de 1960 serviu também para o surgimento de um dos maiores autores (para mim, o maior - sim, até mais do que Hawks e Ford) do western, Sergio Leone. O diretor italiano, cria do gênero intitulado western spaguetthi, produzira algumas das obras mais memoráveis do faroeste e demonstrara ao mundo um controle técnico superior a quase tudo o que já havia sido visto no cinema. É um dos maiores mestres no tocante ao controle de câmera, à elaboração visual de planos e enquadramentos

e à criação de climas épicos. Leone deixara como legado apenas seis trabalhos, cinco faroestes e um filme de gângster, mas conseguira uma proeza inigualável: adentrar em dois dos gêneros mais genuinamente americanos (lembrando, ele era italiano) e produzir as duas maiores obras-primas da história destes gêneros, Era Uma Vez no Oeste e Era Uma Vez na América - claro, é uma opinião pessoal, mas o texto todo fora escrito acerca de minhas preferências. O final da década de 1960 também fora palco da realização de outra das obras mais importantes de toda a trajetória da sétima arte. 2001: Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick, é, na modesta opinião da pessoa que vos fala, a maior obra do cinema, sem exagero algum. É um filme revolucionário, de parte técnica inigualável, que representa o alcance máximo da força das imagens em uma obra cinematográfica. Uma verdadeira odisséia, que, mesmo que tenha totais condições de acender o ódio em muitas pessoas, em razão de ser um produto de difícil degustação, deve ser assistida por todos. O filme é um marco da ficção-científica e até os dias de hoje é referência para a grande maioria dos autores cinematográficos, em razão de sua atemporalidade - continua sendo um filme extremamente atual, em razão de sua técnica espantosamente perfeita.

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Infográfico

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Brasileiro

História

Do cinema

Brasileiro Ao contrário do que aconteceu na Europa e nos Estados Unidos, o cinema brasileiro demorou para se desenvolver no século XX. Somente na década de 1930 que surgiram as primeiras empresas cinematográficas, produtoras de filmes do gênero chanchada.

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grande salto de desenvolvimento do cinema nacional ocorreu somente na década de 1960. Com o conhecido “Cinema Novo”, vários filmes ganharam destaque nos cenários nacional e internacional. Podemos dizer que o marco inicial desta época de prosperidade cinematográfica nacional foi o lançamento do filme “O Pagador de Promessas”, escrito e dirigido por Anselmo Duarte. Foi o primeiro filme nacional a ser premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes. Com o lema “ uma câmara na mão e uma ideia na cabeça”, outros diretos impulsionam o Cinema Novo. Os filmes deste período começam a retratar a vida real, mostrando a pobreza, a miséria e os problemas sociais, dentro de uma perspectiva crítica, contestadora e cultural. Neste contexto, aparecerem filmes como “ Deus e o diabo na terra do Sol” e “Terra em transe”, ambos do diretor Glauber Rocha. Outro cineasta que também merece destaque neste período é Carlos Diegues, autor de Ganga Zumba. 38

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Cenas do filme o pagador de promessas

As décadas de 1970 e 1980 representam um período de crise para o cinema nacional. A crítica e os grandes problemas nacionais saem de cena para dar espaço para filmes de consumo fácil, com temáticas simples e de caráter sexual, muitas vezes de mau gosto. É a época da pornochanchada. A qualidade é deixada de lado, e os cineastas, muitos deles sem representatividade no cenário nacional, começam a produzir em larga escala. Mesmo neste período, alguns cineastas resistem a onda e procuram produzir filmes inteligentes e bem elaborados. Podemos destacar os seguintes filmes neste contexto: “Ale-

luia Gretchen” de Sílvio Back; “Vai trabalhar vagabundo” de Hugo Carvana e “Dona Flor e seus dois maridos” de Bruno Barreto. A década de 1990 é marcada pela diversidade de temas e enfoques. O filme passa ser um produto rentável e a “indústria cinematográfica” ganha impulso em busca de grandes bilheterias e altos lucros. Neste sentido, as produções brasileiras procuram atender públicos diversos. Comédias, dramas, política e filmes de caráter policial são produzidos em território nacional. Com políticas de incentivo e empresas patrocinadoras, o Brasil começa a produzir filmes que mobilizam grande número de espectadores. Este cenário está presente até os dias de hoje, demonstrando o grande avanço da indústria cinematográfica brasileira.

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Curiosidades do cinema brasileiro - Em 1973, o Brasil criou o Festival de Gramado, realizado anualmente na cidade de mesmo nome, na Serra Gaúcha. O troféu, conhecido como “kikito” é uma figura risonha, esculpida em bronze. - Até 2014, nenhum filme brasileiro havia ganhado o Oscar de melhor filme estrangeiro. - No dia 19 de junho comemora-se o Dia do Cinema Brasileiro. Nesta data, em 1898, ocorreu a primeira filmagem no Brasil. O italiano Afonso Segreto filmou a entrada da Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro.

- Algumas pessoas comemoram o Dia do Cinema Brasileiro em dia 5 de novembro, pois nesta data, em 1896, ocorreu a primeira exibição pública de um filme em terras brasileiras. A exibição ocorreu na cidade do Rio de Janeiro. - O filme brasileiro que teve maior bilheteria em todos os tempos foi Tropa de Elite 2 (2011) com público de 11 milhões.

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Cenas do filme Tropa de elite 2

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Bastidores

Em cena

Marcos

Jorge

Conta tudo sobre as aventuras das gravações no filme Estômago

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iretor nascido em Curitiba, em 1964. Cursou jornalismo na UFPR e estudou direção e roteiro em Roma. Nos anos 90, produziu vários filmes e vídeos, que ganharam prêmios em diversos festivais. Como video-artista, suas vídeo instalações foram expostas na França, Itália, Holanda e Japão. Seu primeiro curta-metragem, O encontro (2002), figura como um dos mais premiados do país. O primeiro longa-metragem, Estômago (2007), ganhou o prêmio de melhor filme pelo voto popular, além dos prêmios do júri de melhor direção, melhor ator (João Miguel) e o prêmio especial do júri para Babu Santana no Festival do Rio do mesmo ano, entre outros prêmios.

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Quando foi que você percebeu que “ESTÔMAGO” acabaria se tornando seu filme de estréia na direção? O que mais o seduziu na história? O roteiro do “ESTÔMAGO” nasceu de um modo interessante e que vale a pena ser contado. Há quatro anos respondendo a um convite para a estréia de um curta meu em São Paulo, o escritor Lusa Silvestre me mandou três contos inéditos, todos centrados no argumento comida. Um deles me chamou logo a atenção, narrava a história de um homem que aumentava seu prestígio numa prisão cozinhando para seus companheiros de cela. Gostei muito do conto e sugeri ao Lusa que o adaptássemos. Mas como o conto era curto e insuficiente para embasar um longa, era necessário inventar mais coisas. E assim, juntos, fomos criando toda uma história para o protagonista “antes” de ir para a cadeia, e o roteiro foi sendo escrito. Logo no início desta fase percebi que se tratava de uma história universal, compreensível a todo tipo de pessoa, que mistura poder, sexo e culinária de maneira visceral e orgânica. Mergulhei de cabeça na elaboração do roteiro, com enorme dedicação e imenso prazer (foi uma das melhores fases de minha vida). Por sorte, outros logo também reconheceram o valor da história e vencemos o Edital de Produção de Filmes de BO do Ministério da Cultura, o que tornou possível o filme.

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ESTÔMAGO é a história da ascensão e queda de Raimundo Nonato, um cozinheiro com dotes muito especiais. Trata de dois temas universais: a comida e o poder. Mais especificamente, a comida como meio de adquirir poder. E pode ser definido como “uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e culinária”.


Da conceituação à produção, quais foram os desafios que você encontrou para fazer seu primeiro filme como diretor? Fazer cinema é uma tarefa complexa, que envolve muitos recursos e pessoas, e comporta muitos desafios. Acho que vale a pena destacar alguns deles. Antes de mais nada, para fazer “ESTÔMAGO” a produtora Cláudia da Natividade conseguiu atuar um famoso acordo de co-produção entre o Brasil e a Itália, que existia desde 1974 e nunca tinha sido plenamente utilizado. Com muito trabalho e paciência ela conseguiu que os órgãos brasileiros e italianos aprovassem a co-produção do filme. É graças a este trabalho que o “ESTÔMAGO” pôde ser finalizado na Europa. Outro grande desafio foi rodar o “ESTÔMAGO” com um milhão de reais, que é o valor do Prêmio de Produção de Filmes de Baixo Orçamento do Ministério da Cultura. Filmando em pelícu-

la, como filmamos, em cinco semanas, com uma equipe grande, um filme relativamente complexo e com muitas necessidades de produção, não o teríamos feito com esta verba se tivéssemos optado por filmá-lo em São Paulo. Movendo nossa produção para Curitiba, no entanto, conseguimos controlar muito melhor os custos e otimizar os recursos, contando com o apoio do Estado e da Prefeitura, que nos facilitaram o acesso a muitas das locações. Mas talvez o maior desafio superado tenha sido não cair nos clichês que permeiam a história: os presos oprimidos, a prostituta deprimida, o italiano melodramático, a comida pasteurizada etc. Ora, para poder fugir disso, desde o começo imaginei os personagens como pessoas multifacetadas, e os ambientes como ambientes realistas. Assim como a comida mostrada no filme é apetitosa mesmo sendo feita em condições higiênicas tremendas, os personagens do filme também têm qualidades e defeitos evidentes. E gostamos deles apesar disso, ou justamente por isso. Temperos e especiarias

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Do seu ponto de vista, que elementos de “ESTÔMAGO” dizem mais ao público brasileiro e mais ao italiano? Foi complicado conjugar as exigências dos dois países, ou você acredita que o filme tem um caráter universal (até por ser uma fábula, com muitos toques existencialistas)? O “ESTÔMAGO” é sim uma co-produção brasileiro-italiana (veja bem, brasileiro-italiana, e não ítalo-brasileira), mas foi escrito, dirigido e realizado por brasileiros. Não precisei pensar o filme em função da co-produção, pois desde o início o personagem do Giovanni já era pensado como italiano. As muitas ironias que se fazem, no decorrer do filme, ao caráter dos italianos, não estão ali em função co-produção, mas sim pelo seu caráter intrinsecamente engraçado. Morei na Itália mais de dez anos, e posso dizer conhecer bem os italianos, mas seria ambição demais da minha parte afirmar que conheço os gostos do público de cinema, portanto não sei ainda dizer se o filme vai fazer sucesso por lá. Mas, pelas primeiras reações que venho colecionando pelos festivais internacionais em “ESTÔMAGO” vem sendo apresentado, trata-se de um filme que agrada bastante. O público de Roterdam adorou o filme, elegendo-o segundo colocado, entre 200 longas, em sua preferência. O público de Berlim esgotou os ingressos dias antes da projeção, apesar de serem os ingressos mais caros da Berlinale (49 euros pois incluíam um jantar logo depois), e riu até mesmo nos créditos finais (não estou exagerando, quem estava lá, viu). E já vendemos o filme para uma série interessante de países que inclui Argentina, Israel, Espanha, Holanda, Canadá e Grécia, entre outros. Acho que o filme tem, sim, um caráter universal. Mas ele não foi buscado, ele aconteceu naturalmente, acredito que, pela verdade com que é narrada a história. A metáfora da carne, explícita na brutalidade com que os personagens (em especial o Raimundo e a Íria) são tratados, nos faz pensar em uma sociedade como um grande moedor de gente. A gastronomia entra aí como uma metáfora da humanização – de trazer um novo tempero à vida? Linda a metáfora contida nesta pergunta, encontro o “ESTÔMAGO” perfeitamente descrito nela. Realmente, a sociedade brasileira pode muito bem ser descrita como um moedor de gente, especialmente da gente 44

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simples, da gente pobre. “ESTÔMAGO” descreve este sistema injusto através de dois grandes temas: as relações de trabalho e o sistema carcerário. Nonato chega na cidade e imediatamente é preso. Não na cadeia, mas no quartinho dos fundos do boteco do Zulmiro. E para ter o privilégio de ficar lá, entre ratos e baratas, deve trabalhar como um escravo. Só quando vai trabalhar para o Giovanni ele ganha um pouquinho mais de liberdade. Para Nonato, o talento para a cozinha (que ele descobre na prática, tendo que cozinhar para comer) é sua única arma de liberdade, de afirmação, de sobrevivência. Não é à toa que, no filme, no instante em que Nonato começa a cozinhar, aparece a segunda parte dos créditos. Ali, naquele instante, sua vida reinicia e, portanto, reinicia também o filme, que a partir daquele ponto muda de estilo, ou melhor, incorpora um novo estilo, que é mais bonito que o realismo cru com que a história vinha sendo contada até ali. E cada vez que a magia culinária de Nonato acontece, o filme muda para um registro mais doce, a música se suaviza, o mundo de Nonato e de seus companheiros fica muito melhor. Um fato muito importante a ser destacado sobre “ESTÔMAGO” é que, apesar de sua aparência fabulosa, setrata de um filme bastante realista, especialmente no que se refere à vida dos protagonistas. A história é completamente inventada, mas poderia ter acontecido. Como foi a preparação para filmar no presídio? Que especificidades você procurava no ambiente a ser filmado? Posso dizer que tivemos muita sorte com as locações do “ESTÔMAGO”. Seguindo nossa proposta de realismo “ESTÔMAGO” foi inteiramente filmado em locações, sendo que a direção de arte apenas interveio no sentido de enriquecer os ambientes encontrados. O Bar do Zulmiro efetivamente existe,

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ESTÔMAGO : consagrou-se como grande vencedor, tendo recebido quatro prêmios: Melhor Filme pelo Público, Melhor Diretor, Melhor Ator e Prêmio Especial do Júri. Em sua estréia européia, no Festival Internacional de Rotterdam, na Holanda, recebeu o prêmio Lions Award e foi o segundo colocado, entre 200 longas, na preferência do público. Teve participação especial no Festival de Berlim 2008, com direito a jantar inspirado nos pratos do filme, e venceu o Festival Internacional de Punta Del Este, no Uruguai, com os prêmios de Melhor Filme e Menção Especial de Melhor Ator. Foto divulgação Foto divulgação

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encontra-se na região central de Curitiba, apelidada de “cracolândia”. A cozinha do restaurante Boccaccio é a cozinha de um dos mais antigos restaurantes da cidade, assim como são verdadeiros a boate, a pensão da Íria etc. Agora, nosso maior golpe de sorte foi o presídio. Inicialmente, pensávamos em construir a cela em estúdio e fazermos num presídio real somente as cenas complementares do corredor, o que poderia ser viabilizado numa diária de filmagem. Com este objetivo visitamos os principais presídios de Curitiba e concentramos nossa atenção no Presídio do Ahú, prisão mais antiga da cidade, construída há mais de 100 anos. Já negociáramos um modo de filmarmos lá com a prisão em funcionamento quando fomos advertidos que, se esperássemos um pouco, o Presídio seria desativado e poderíamos filmar lá dentro o tempo que quiséssemos. Assim fizemos.O presídio foi desativado e os presos removidos para outra unidade, fora da cidade. Os prisioneiros foram removidos somente a roupa do corpo, deixando no presídio “todos” os objetos pessoais. Então foi só fazermos, dentro do presídio, uma cela com duas paredes falsas (que removíamos quando necessário), e utilizarmos, como objetos de cena, objetos reais deixados pelos presidiários. E para garantir o realismo total, chamamos aos ensaios o nosso consultor de comportamento carcerário, o Luís Mendes, para ajudarnos em todos os setores. Então, nossa estada na prisão foi de mais de duas semanas de filmagem. E não foram semanas fáceis pois algo lá dentro, deixava sempre claro, para nós todos que estávamos trabalhando, que aquele era um lugar de sofrimento. “ESTÔMAGO” dá a impressão de ter sido o produto de uma cozinha muito bem orquestrada. Como foi ser o chef dessa empreitada? E como você definiria o gosto desse prato que acabou sendo o filme? Acredito que houve mesmo muita sintonia na equipe que realizou o “ESTÔMAGO”. E como sugere sua pergunta, existe uma grande semelhança entre cozinhar e fazer cinema. Assim como o cozinheiro, o diretor também mistura elementos heterogêneos, procurando a harmonia como resultado final de sua atuação. Foi um privilégio ser o chef da cozinha que preparou o “ESTÔMAGO”. Além dos ingredientes, excelentes, devo dizer que a equipe que os preparou foi sensacional. Basta conferir a fotografia linda e poderosa do Toca Seabra, a música do Giovanni Venosta, (inspirada nos faroestes italianos da década de 60), a montagem milimétrica do Luca Alverdi 46

Sinopse, 1° edição

(que ficou trancado três meses num hotel ajustando os fotogramas com paciência de ourives). Já para definir o tipo de prato que é o “ESTÔMAGO” é preciso pensar um pouco. Certamente trata-se de um prato forte, de gosto marcado, agridoce em alguns momentos, salgado em outros, e que termina deixando um gosto amargo na boca. Ao juntar João Miguel, Babu Santana e Paulo Miklos, “ESTÔMAGO” acaba contando com três das grandes caras do cinema brasileiro dos anos 2000. Qual a importância desse elenco? Acha que Fabiula Nascimento é a próxima a entrar nesse rol de estrelas? O processo de escolha e formação do elenco do “ESTÔMAGO” foi lento e trabalhoso. A seleção de cada ator teve uma história e um percurso diferente. Para a personagem da “Íria”, por exemplo, fizemos testes em São Paulo, Rio e Curitiba, testando mais de uma centena de atrizes. Demorei em decidir a confiar a uma estreante um papel tão importante, mas a Fabiula Nascimento terminou por me convencer, pela presença, pelo talento e pela absoluta dedicação ao trabalho e à personagem. Tenho confiança de que se ela souber gerir bem sua carreira, vai se tornar uma estrela. No Rio, existem muitos garçons que se tornaram donos de restaurantes. O que te motivou a escrever sobre Raimundo Nonato – ou Alecrim, personagem de João Miguel -, um homem que encontra na gastronomia um meio de inserção social? Como você observa, a gastronomia, no mundo real, é um excelente meio de inserção social. Isso acontece mesmo, e “ESTÔMAGO” parte desse fato para contar a trajetória de nosso herói. Aliás, uma questão levantada pelo filme e


Você considera o filme uma ode à gastronomia? que acredito não foi ainda completamente compreendida é a questão do nordestino no sul do país. Raimundo Nonato, no conto do Lusa Silvestre que inspirou o filme, era nordestino porque são nordestinos muitos dos melhores cozinheiros e chefs que trabalham nos restaurantes de São Paulo e Rio. Mas, no filme, a esta razão juntou-se outra: são, sobretudo, nordestinos os homens e mulheres que chegam sem eira nem beira nas metrópoles do sul e são explorados pelos sulistas. Este olhar crítico do filme em relação à exploração do migrante é evidente: Nonato primeiro é praticamente encarcerado pelo dono de um boteco, onde trabalha em troca de comida e moradia, não tendo sequer direito a salário; mais tarde, vai trabalhar, com bem mais dignidade para o dono de um restaurante italiano, cujo caráter brincalhão não esconde, no entanto, o preconceito que o faz referir-se a Nonato às vezes como paraíba, às vezes como cearense, muito embora Nonato afirme, várias vezes, não vir nem de um nem de outro desses estados. E na cela, os outros prisioneiros o tratam da mesma maneira, adicionando ainda um outro tratamento preconceituoso, o de “parmalat”. Estes preconceitos não são o tema do filme, mas estão lá, evidentes, para que se reflita sobre eles. E para que se ria também, é claro, já que o riso inteligente é a melhor forma de crítica que se conhece.

Certamente, e trata-se de uma ode à “baixa-gastronomia”, à gastronomia de boteco. Desde o início era essa a minha intenção: fazer um filme sobre culinária, mas que fosse diferente dos outros filmes que abordam o tema. Em geral, os filmes gastronômicos falam de “alta” gastronomia. Basta lembrar de “Vatel”, “Como Água para Chocolate”, “Simplesmente Martha”, ou, mais do que todos, “A Festa de Babette”. Mesmo “O Cozinheiro, O Ladrão, Sua Mulher e o Amante” aborda o tema a partir de um restaurante fino. Já em “ESTÔMAGO” os pratos que mostramos são pratos populares, e a preparação deles, precária. Mesmo assim, o filme deixa o público com fome. Mesmo vendo as condições sanitárias terríveis da cozinha do boteco do Zulmiro, o espectador tem vontade de comer o pastel que o Nonato fez ali. Era exatamente isso o que eu queria. “ESTÔMAGO” é uma declaração de amor à culinária. Seja nas palavras de Giovanni, seja naquelas de Íria ou de Bujiú, a comida é um amor que satisfaz a todos.

Marcos Jorge

Foto divulgação

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