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CINEARTE Toda a verdade por trás de INVOCAÇÃO DO MAL

“Annie, estou ouvindo vozes e todos dizem a mesma coisa”. E eu perguntava o que eles diziam, e ela respondia:

“Há sete soldados mortos na parede”.

OS 10

MELHORES CINEMAS DO MUNDO

8 FILMES

IMPERDÍVEIS PARA SE ASSISTIR EM 2014

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TOP 8

SUMÁRIO

filmes para se assistir em 2014

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TOP 10

20 melhores cinemas do mundo

Conheça a verdadeira história por trás do filme INVOCAÇÃO DO MAL

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Curiosidades sobre invocação do mal

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Entrevista com Lorraine Warren (uma das médiuns mais conhecidas do mundo)

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As irmãs Perron contam sobre como foi viver em uma casa amaldiçoada

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CINEARTE 2014 - 2

Editor: Ana Paula Tinti Costa. Projeto gráfico-editorial: Ana Paula Tinti Costa. Seleção e tratamento de imagens: Ana Paula Tinti Costa. Editoração: Ana Paula Tinti Costa. Colaboradores: Ildo Golfetto e Juliana Shiraiwa. Fontes: Adoro cinema, Omelete. Assessoramento: Professores Carlos Davi da Silva, Ildo Golfetto, Inara Willerding, Israel Braglia e Juliana Shiraiwa. Formato: 28 x 20 mm. Fontes tipográficas: Palatino, Cheltenham e Superclarendon. Papel: Couchê.

Esse trabalho é experimental, sem fins lucrativos e de caráter puramente acadêmico, desenvolvido pelo(a) aluno(a) Ana Paula Tinti Costa como exercício de projeto editorial para a disciplina de Projeto Gráfico II do curso de Design Gráfico da Faculdade Energia no semestre de 2014-2. Não será distribuído, tampouco comercializado.

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TOP 8

Filmes para se assistir em 2014

Família do Bagulho Sinopse

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Após ser roubado, o traficante de meia tigela David Clark (Jason Sudeikis) é obrigado por seu chefe, Brad Gurdlinger (Ed Helms), a viajar até o México para fechar uma negociação envolvendo um grande carregamento de maconha. Para tanto David precisa formar uma família de mentira e com isso convida a stripper Rose O’Reilly (Jennifer Aniston) para ser sua falsa esposa. A delinquente Casey (Emma Roberts) e o virgem Kenny (Will Poulter) logo entram no plano e juntos eles formam os Miller, que aparentemente estariam fazendo uma pacata viagem rumo ao México a bordo do trailer da família. Entretanto, ao longo do caminho os antigos hábitos voltam à tona e nem tudo sai como o planejado.

Crítica Família do Bagulho é a nova comédia dos criadores de Penetras Bons de Bico e Com a Bola Toda… e apesar do nome estranho, é muito bom! We’re the Millers conta a história de um traficante (Jason Sudeikis) que precisa realizar um contrabando internacional, mas para isso é necessário um bom disfarce. Então ele contrata uma stripper (Jennifer Aniston) para se passar por sua mulher e dois adolescentes por seus filhos… E assim a família feliz podem tentar realizar o contrabando. Jason Sudeikis é um ótimo comediante e merecer estrelar uma comédia desse porte… claro que ele ainda não está no alto patamar de longas ao estilo de Will Ferrel e Steve Carell. Já Jennifer Aniston acaba sendo um desperdício para o filme… não que ela seja uma má atriz, pelo contrário, ela é mal aproveitada em uma produção desse estilo. Emma Roberts e Will Poulter interpretam os filhos, e fazem isso de maneira fantástica para o estilo do filme… principal-

mente Poulter, que apesar de em certos momentos parecer tosco, faz um ótimo personagem. O roteiro ficou nas mãos de Steve Faber e Bob Fisher, dupla responsável pelo fantástico Penetras Bons de Bico. A argumentação é boa e bem bobinha, na realidade é bem clichê; desde o inicio é perceptível que todos os integrantes da “família” ficarão felizes no final, já que são solitários e carentes. O melhor do longa-metragem são as situações, isso é um ponto ótimo para o roteiro, afinal, que pensaria em ver pai, mãe e filhos em um cena altamente sensual… é estranho, mas muito engraçado.

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Amigas improváveis vingança certeira

Sinopse

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O filme tem como elenco espetacular de Cameron Diaz, Nikolaj Coster-Waldau, Nicki Minaj, Leslie Mann, Taylor Kinney and Kate Upton. Ao perceber que o namorado tem uma esposa, ela a procura e as duas se tornam grandes amigas. Mas não esperavam que o namorado tivesse uma terceira amante. Então, ambas fazem de tudo para se vingar dele em uma aventura para dar boas gargalhadas.

Crítica O diretor Nick Cassavetes (de Alpha Dog) conseguiu o que parecia impossível: tornar crível – e engraçada – a aproximação entre três mulheres que, sem saber, estão dividindo o mesmo homem. Em Mulheres ao Ataque, Carly (Cameron Diaz), é uma advogada bem-sucedida, daquelas que privilegiou a profissão no lugar da vida pessoal. Do tipo gostosa (não à toa escalaram a atriz, em ótima forma), ela é “pegadora” e descompromissada. Quando conhece o empresário Mark (Nikolaj Coster-Waldau, de Game of Thrones), ele faz a linha príncipe encantado, quer levá-la para conhecer os pais e dá presente no aniversário de dois meses de namoro além de se darem bem na cama, claro. Até que Carly descobre, acidentalmente, que Mark tem uma esposa, Kate (Leslie Mann, de Bling Ring: A Gangue de Hollywood). As duas, então, resolvem se unir contra o bonitão até que, no meio do caminho, percebem que ele também está de caso com a jovem, loira e ingênua Amber (Kate Upton) – e, pelo apetite sexual do cara, que em seguida é pintado como um conquistador barato incapaz de dominar a libido, bem que poderia haver outras. Até aí, apesar dos personagens bem marcados, tendendo ao clichê, a história flui, surpreendentemente, como uma leve comédia de costumes – afinal, não estamos falando de Malick ou Truffaut. Mérito do roteiro, mas principalmente das atrizes, sobretudo no confronto entre a Carly de Cameron Diaz (bem, no papel), madura, dona de si, mas que, por outro lado, nunca viveu as benesses de uma vida em família; e Leslie Mann, ótima como a dona-de-casa que abriu mão de

uma vida própria em prol do marido e agora que seu castelo desaba, se vê desabrigada no mundo. É essa solidão de Kate a semente que torna compreensível a amizade construída entre esposa e amante. Sua personagem, então, toma aulas com Carly sobre como lidar com o universo masculino e passa a viver uma espécie de adolescência tardia ao descobrir o mundo, o que garante as melhores risadas deste primeiro terço de filme – como na cena em que sai bêbada do bar e Carly tem problemas para enfiá-la dentro de um táxi (de novo: não é Godard). A amante número 3, a loira ingênua de corpo escultural (não para os padrões brasileiros, que fique bem claro) Amber funciona (funciona?) mais quantitativamente do que qualitativamente para o desenvolvimento do enredo. Mas quando as três unem forças para acabar com Mark é que o filme vira mais um besteirol americano. É um tal de trocar o xampu dele por creme de depilar, esfregar escova de dente na boca do cachorro, por laxante no drink, promover encontro com travesti, batizar o suco com hormônio feminino, o que rende (rende?) uma sequência de piadas escatológicas – infantis, até – e a vingança culmina em uma cena desumana. Da seleção do elenco à temática, Mulheres ao Ataque é, desde o início, um filme essencialmente feminino. E pretensamente feminista, na tentativa de fazer justiça ao papel das mulheres na guerra dos sexos – tese que cai por terra quando fica claro que o suposto grito por independência é, na verdade, um sussurro machista de que são os homens (ou o homem, no caso) que norteiam a vida delas.

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Junto e Misturado Sinopse Jim (Adam Sandler) é um viúvo que tem um encontro às cegas desastroso com Lauren (Drew Barrymore), que se separou há pouco tempo devido à traição do marido. Depois do ocorrido, a última coisa que desejam é se reencontrar. Entretanto, quando Jen (Wendi McLendon-Covey), a sócia de Lauren, desiste de uma viagem à África com o namorado e seus cinco filhos, surge a oportunidade para que Lauren desfrute do passeio ao lado de Brendan (Braxton Beckham) e Tyler (Kyle Red Silverstein), seus filhos. O que ela não esperava era que o namorado de Jen também negociasse o pacote com Jim, um de seus funcionários. Ou seja, Jim e suas três filhas encontram Lauren e seus dois filhos em um resort de luxo na África, tendo que dividir as mesmas dependências durante uma semana.

Crítica

Não se assiste a um filme estrelado por Adam Sandler impunemente. Afinal de contas, o humor grosseiro e apelativo, por vezes tendendo ao escatológico, faz parte do seu repertório usual. Apesar desta predileção, Sandler possui alguns bons trabalhos no currículo: Embriagado de Amor (não por acaso, dirigido por Paul Thomas Anderson), Afinado no Amor e Como Se Fosse a Primeira Vez (ambos coestrelados por Drew Barrymore) são alguns deles. Diante deste retrospecto, havia uma certa expectativa em torno deste novo reencontro entre Sandler e Barrymore – será que a fofura da atriz

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seria suficiente para amansar as grosserias habituais dele? A resposta, desta vez, é não. O que mais impressiona em Juntos e Misturados não é propriamente o personagem de Adam Sandler. Ele é o mesmo de boa parte de seus filmes: o sujeito bem intencionado e idiota, que não tem o menor tato ao lidar com qualquer pessoa à sua volta, o que “justifica” boa parte de suas piadas apelativas. O que espanta é Drew Barrymore ter embarcado neste tipo de humor, algo pouco comum em sua carreira. Talvez por isso diversos diálogos soem tão artificiais, como se a atriz não estivesse nem um pouco à vontade no papel. Isto acontece especialmente na metade inicial do filme, sendo amenizado à medida que a comédia romântica ganha força. Mas, até isto acontecer, a vaca já foi pro brejo há muito tempo... Cada um deles possui um estereótipo nítido, daqueles que se pode perceber de antemão como serão exploradas as piadas e o decorrente desfecho ao longo do filme. Como ela tem dois meninos e ele tem três garotas, há ainda o acréscimo da dificuldade dos pais em lidar com o sexo oposto em desenvolvimento. Tudo bem exagerado, é claro, como prega a cartilha de humor sandleriano. Em meio a diversos “facilitadores de roteiro” – situações insólitas criadas para simplificar a trama, uma viagem à África cai no colo da trupe e, olha só, o destino reúne mais uma vez Jim e Lauren, agora acompanhados dos rebentos. Repleto de piadas sem graça, Juntos e Misturados é constrangedor. Trata-se de uma comédia que glorifica a mediocridade como estilo de vida a ser seguido.

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Quero matar meu chefe 2 Sinopse Após o trauma vivido no filme anterior, os amigos Nick (Jason Bateman), Dale (Charlie Day) e Kurt (Jason Sudeikis) resolvem abrir seu próprio negócio, de forma que eles mesmos sejam seus chefes. O problema é que, quando a companhia começa a deslanchar, eles sofrem um golpe do investidor (Christoph Waltz) que bancou o negócio. Sem o controle da empresa e sem ter como recorrer através dos meios legais, o trio decide partir para um ato desesperado: sequestrar o filho do investidor (Chris Pine), de forma a convencê-lo a devolver aos amigos o comando da companhia.

Crítica “Quero Matar meu Chefe” consegue agradar fácil, isso devido ao bom roteiro que leva seus protagonistas a uma inusitada trama, onde cada passo é uma nova surpresa. O fato deles quererem matar seus chefes em nenhum momento parece agressivo demais e em nenhum momento nos convencemos de que a morte seja realmente a única saída, mas para um filme de comédia aceitamos esse pequeno detalhe e embarcamos na história. É tudo muito hilário essa jornada, o trio planejando as mortes mesmo não sabendo como, três homens completamente

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comuns se envolvendo num assassinato acaba que gerando boa piadas e sequências bastante engraçadas, dando espaço a algumas referências como O Silêncio dos Inocentes, CSI e até mesmo Woody Allen. Consegue ainda manter um certo suspense em toda a trama e este talvez seja um dos grandes triunfos da obra, por prender a atenção do começo ao fim, desde as invasões que o trio faz da privacidade de seus chefes até a curiosidade que nos cerca sobre como esses personagens irão morrer, se é que o plano vai realmente dar certo. O ótimo roteiro acerta também quando nos surpreende em diversas passagens, onde foge completamente do que imaginávamos, se tornando assim, até certo ponto, uma trama imprevisível. Mas peca justamente quando prevê na metade da história como tudo iria terminar, é então que tudo caminha exatamente como o próprio filme havia revelado, tendo então, um final planejado, sem nenhuma surpresa, indo na contramão do que supostamente era, algo original e surpreendente. O filme tem uma grande arma nas mãos, a composição de seus excêntricos personagens, que por vezes se tornam mais interessantes que a própria história. Entretanto, ao mesmo tempo em que tem com seus personagens um ponto positivo, são eles também que prejudicam algumas passagens.

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Debi e Lóide 2 Sinopse Mais nova aventura dos inseparáveis Lloyd Christmas (Jim Carrey) e Harry Dunne (Jeff Daniels). Desta vez, Harry descobre que teve uma filha ilegítima, que hoje precisa dele para um transplante de rim. Ele leva o amigo Lloyd para conhecer a garota, e os dois percebem que não têm a responsabilidade necessária para serem pais.

Crítica Debi e Loide está entre os melhores filmes de estreia da história do cinema justamente pela falta de cerimônia com que os Farrelly transformam, com som e fúria, a dupla Jim Carrey e Jeff Daniels nos reis da inconveniência. Vinte anos depois, nada mudou: a cena, logo no começo de Debi e Loide 2 (Dumb and Dumber To, 2014), em que Carrey e Daniels entram sem avisar pelos lados do enquadramento e berram no ouvido do cego Billy (Brady Bluhm), só para testar se os cegos têm mesmo a audição mais apurada, sintetiza o espírito de subversão (da própria imagem, inclusive, no romper do enquadramento).

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Harry e Lloyd voltam a irritar todos que cruzam seu caminho, estrada afora, em uma trama que desavergonhadamente segue o modelo de intrigas e golpes do filme de 1994. A estrutura de road movie é importante como instrumento de propagação: Harry e Lloyd atravessam Estados dos EUA divulgando sua “palavra”, a estupidez, em nome do desarme da esperteza (inclusive da sua própria) e da suposta normalidade (falsas esposas perfeitas, falsos cientistas brilhantes...). Enquanto versões modernas dos Três Patetas cujo humor anti-establishment moldou a comédia dos Farrelly - Harry e Lloyd também brigam entre si, mas só para reforçar sua cumplicidade.

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Operação Sombra - Jack Ryan

Crítica A ideia aqui é pegar o universo criado por Clancy e trazê-lo para o mundo atual, em que celulares são mais potentes do que os computadores usados nas primeiras aventuras do agente da CIA. É o chamado reboot. Por isso, você que já leu todos os livros, assistiu inúmeras vezes aos filmes anteriores e estava acostumado a ver Ryan como um sujeito casado, não estranhe o fato dele aparecer aqui solteiro, veterano da ação estadunidense no Afeganistão pós 11 de Setembro, e sendo apresentado à Cathy Muller (Keira Knightley), médica residente. O que Hollywood quer aqui é apresentar novamente o personagem a uma nova geração, começando desde o início.

Sinopse Jack Ryan (Chris Pine) estudava em Londres quando o World Trade Center desabou devido a um ataque terrorista ocorrido em 11 de setembro de 2001. Servindo o exército amercano, ele participa da Guerra do Afeganistão e lá sofre um sério acidente na coluna. Durante a recuperação no hospital ele conhece a doutora Cathy (Keira Knightley), por quem se apaixona. É neste período que ele recebe a visita de Thomas Harper (Kevin Cosnter), que trabalha para a CIA e recomenda que Ryan retorne ao doutorado em economia. Ele segue o conselho e, a partir de então, passa a trabalhar às escondidas para a CIA, sem que nem mesmo Cathy saiba. Em meio às investigações, Jack descobre um

Com Ben Affleck a ideia também era esta, mas não foi para frente. Na época, A Soma de Todos os Medos teve custo estimado de 68 milhões de dólares e fez 118 milhões nos EUA e outros 75 milhões no resto do globo, somando quase 200 milhões de dólares. Operação Sombra, com orçamento na casa dos 60 milhões de dólares, tem os piores números da franquia até agora. Passadas quase três semanas da estreia em solo norte-americano, faturou apenas 40 milhões. No resto do mundo está indo um pouco melhor: até o momento foram 60 milhões. Terrorismo financeiro Ao contrário do que vinha sendo feito recentemente dentro do gênero de suspense de espionagem , Operação Sombra decidiu não ambientar suas ações na Guerra ao Terror e a disputa entre ocidente e oriente.

Numa espécie de volta à origem, o principal inimigo continua em Moscou, como nos tempos da Guerra Fria, porém a disputa agora acontece nos sistemas bancários e no terrorismo financeiro, que pode abalar o mundo inteiro sem derramar uma gota de sangue. Mas não se engane, o vilão personificado pelo próprio diretor Kenneth Branagh não vai poupar esforços físicos para alcançar seus objetivos. Além do ótimo personagem de Branagh, que usa diversos truques para encobrir as dublagens de seus diálogos feitos em russo, é muito bom ver também a volta de Kevin Costner no papel do mentor de Jack Ryan. Pyne, que despontou interpretando outro papel icônico - o Capitão Kirk de Star Trek -, faz a sua parte sem comprometer, mas também sem brilhar muito. E, na verdade, este é o resumo também da trama de Operação Sombra. O filme empolga em alguns momentos (como na briga do banheiro), mas é linear e maniqueísta demais. Sobra ação e falta no filme aquela tensão das subtramas que podem virar tudo de ponta cabeça a qualquer momento. Ou será que há no roteiro de Cozad e Koepp espaço para que estas reviravoltas aconteçam nos próximos capítulos da franquia? Se for este o plano, é melhor Jack Ryan usar os quinquilhões de dólares usados pelos russos para melhorar sua performance nas bilheterias. Do jeito que está é mais provável que sua história pare por aqui novamente. Pelo menos até o próximo reboot.

complô orquestrado na Rússia, que pode instalar o caos financeiro nos Estados Unidos. Com isso, ele viaja a Moscou com o objetivo de investigar Viktor Cheverin (Kenneth Branagh), o líder da operação.

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Crítica Fazia três décadas, desde Reds (1981), que um filme não conseguia indicações para as quatro categorias de atuação no Oscar, e o diretor David O. Russell não só quebrou o tabu como o fez dois anos seguidos, com O Lado Bom da Vida em 2013 e agora com Trapaça - que tem indicações para Christian Bale, Amy Adams, Bradley Cooper e Jennifer Lawrence, além de outras seis, incluindo melhor filme, na cerimônia de 2014. Não foi por agrupar talentos fora do comum que Russell conseguiu a proeza, e sim pela forma como ele dirige atores e atrizes para extrair interpretações que chamam atenção para si. Os filmes do diretor operam numa espécie de realidade aumentada, onde tudo fica um tom acima - o humor, as tragédias, as neuroses, os enfrentamentos. É uma releitura do tipo de atuação que Martin Scorsese, uma das principais influências da geração de Russell, procura em alguns de seus filmes sobre a América e a história italo-americana, resquício da formação de Scorsese determinada pelos melodramas do Neorrealismo italiano.

Trapaça Sinopse

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Irving Rosenfeld (Christian Bale) é um grande trapaceiro, que trabalha junto da sócia e amante Sydney Prosser (Amy Adams). Os dois são forçados a colaborar com um agente do FBI (Bradley Cooper), infiltrando o perigoso e sedutor mundo da máfia. Ao mesmo tempo, o trio se envolve na política do país, através do candidato Carmine Polito (Jeremy Renner). Os planos parecem dar certo, até a esposa de Irving, Rosalyn (Jennifer Lawrence), aparecer e mudar as regras do jogo.

Em Trapaça, o roteiro de Eric Warren ficcionaliza a história real da Abscam, uma operação montada pelo FBI em 1978 para flagrar más condutas de congressistas dos EUA. Naquele ano, o FBI forjou a Abdul Enterprises e inventou um xeque fictício, Kraim Abdul Rahman, para filmá-lo oferecendo dinheiro a políticos dos EUA em troca de favores políticos. O peão da operação era Melvin Weinberg (vivido por Christian Bale no filme), um malandro condenado pela Justiça que foi contratado pelo FBI unicamente para liderar a operação. Estamos ainda na ressaca do Watergate, e a renúncia do presidente Richard Nixon em 1974, depois de assumir ter espionado rivais políticos, abalou a confiança dos americanos não apenas nas suas instituições (como a presidência em específico e os políticos em geral) mas também, em larga medida, naquilo que entendemos como o real. Trapaça começa, portanto, feito de pessoas que enganam e se autoenganam para forjar uma realidade melhor: o malandro careca

que finge ter cabelo, a caipira que finge ser britânica, o filhinho da mamãe que acredita ser um superagente secreto. Nas excessivas duas horas e tanto do filme, feitas de golpes e reviravoltas como num típico filme-de-assalto, o tema que nunca deixa de se impor sobre os personagens é o dessa desconfiança diante das imagens que fabricamos, diante do mundo. Não por acaso, em uma das cenas mais inspiradas do filme, Amy Adams e Bradley Cooper escolhem como válvula de escape o Studio 54 - paradoxalmente, a famosa discoteca onde drogas que anestesiam os sentidos eram liberadas - e chegam ao orgasmo sob promessas de que serão “reais” um ao outro. Nos EUA pós-Nixon de Trapaça, a realidade é um espécie de utopia. Então faz sentido aqui - mais do que em filmes como O Lado Bom da Vida, por exemplo - que David O. Russell escolha filmar tudo com seu viés de realidade aumentada. Assim como era possível encontrar uma autenticidade nos estereótipos de tragédia americana de seu filme O Vencedor (que tinha menos indicações ao Oscar mas é bem melhor que Trapaça), Melvin e companhia carregam consigo - em seus figurinos decotados, seus penteados exuberantes, seus comportamentos excêntricos - uma melancolia verdadeira de quem veste camadas e mais camadas de Sonho Americano. Nesse aspecto, Trapaça tem muito a ver com O Lobo de Wall Street, o filme que coloca Russell em confronto direto com Scorsese na premiação. Ambos os filmes trabalham com realidades que são forjadas por projeções (de sucesso, de felicidade) e alimentadas pelo dinheiro (que não parece nunca se esgotar, embora o agente do FBI interpretado hilariamente por Louis C.K. proteste o tempo todo contra o desperdício). Comparar os dois filmes ajuda a entender também as limitações de Russell, porque enquanto o fôlego de Trapaça parece se esgotar bem antes do final, O Lobo de Wall Street poderia durar por horas, enquanto se dispusesse a testar os limites do bom senso, da consciência, do corpo, da física...

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Crítica Há 13 anos, Antoine Fuqua e Denzel Washington colaboraram no intenso e inovador Dia de Treinamento, policial que rendeu um Oscar ao ator. Em O Protetor (The Equalizer), a dupla enfim reúne-se. Mas o resultado mira muito abaixo de sua estreia juntos.

O Protetor Sinopse

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Baseado na série de televisão “The Equalizer” dos anos 1980, o filme apresenta Robert McCall (Denzel Washington), um homem misterioso que costumava trabalhar como oficial da polícia. Motivado pelas injustiças sociais, ele ajuda vítimas e qualquer pessoa em perigo. A protegida da vez é Teri (Chloë Grace Moretz), jovem explorada sexualmente por mafiosos russos.

No filme de ação, Washington vive Bob, um sujeito aparentemente comum, conhecido pelos seus colegas pela bondade e disposição em ajudar. Insone, ele frequenta todas as madrugadas uma lanchonete local, onde acaba ficando amigo de una prostituta (Chloë Grace Moretz, que pouco aparece). Quando a garota leva uma surra de seus cafetões, Bob volta a usar habilidades do passado, iniciando uma verdadeira guerra contra o crime organizado. A história é extremamente superficial, sem qualquer interesse verdadeiro nos personagens, meras ferramentas para que o diretor cumpra com seus desejos estéticos e encadeie algumas cenas empolgantes. Algo curioso, já que o ritmo do filme é bastante lento, o que daria todo tempo a eles. Incomoda também como a ação demora a acontecer - e mesmo quando começa é esparsa.

O que Fuqua obtém de verdade em O Protetor é uma fetichizacão da figura de Washington. O ator é filmado na chuva, em câmera lenta, nas sombras, na clássica pose “caras fodões não olham para explosões”, em close-ups extremos e nunca correndo... A impressão é que o diretor quis criar para o estúdio seu próprio super-herói urbano, uma mistura de Batman com Jason (o maníaco & o Bourne), roubando no caminho algumas das idéias de Guy Ritchie em Sherlock Holmes e dos sucessos recentes de vigilantismo de Liam Neeson. Isso fica ainda mais evidente com as notícias de que uma sequência foi encomendada meses antes do lançamento do primeiro O Protetor. De qualquer maneira, há bons momentos no filme, que se entrega à violência, bastante gráfica em algumas cenas, como a do saca-rolha. É divertido ver Washington à vontade, chutando traseiros. Mas seria muito melhor se o filme tivesse estofo entre esses esparsos momentos de entretenimento. Os envolvidos tinham talento de sobra para fazer isso acontecer, mas o ensejo de franquia falou claramente mais alto.

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TOP 10

Melhores cinemas do mundo 10º LUGAR The Senator – Baltimore, EUA

7º LUGAR

Avoca Beach

Picture Theatre – Avoca Beach, Austrália

9º LUGAR

6º LUGAR

– Jaipur, Índia

– Oslo, Noruega

Raj Mandir Cinema

8º LUGAR

5º LUGAR

– Londres, Inglaterra

– Brooklyn, Nova York

Electric Cinema

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Colosseum Kino

Nitehawk Cinema

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4º LUGAR Secret Cinema

A primeira regra do Secret Cinema é que não se fala sobre o mesmo, ao menos dos detalhes de sua localização.

3º LUGAR

Le Grand Rex – Paris, França

1º LUGAR IMAX Sydney – Sydney, Austrália

MAIOR TELA de cinema do mundo! 2º LUGAR Kennedy School Theater

– Portland, Estados Unidos

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Se a escolha é por um filme IMAX, o tamanho maior é sempre melhor. E o cinema IMAX Sydney apresenta a maior tela IMAX do mundo (35.7 m de comprimento por 29.7 m de altura), é primeira posição entre os 10 melhores cinemas do mundo. Por utilizar o sistema IMAX, dez vezes maior que o formato convencional 35MM, os cinéfilos tem uma experiencia visual única. Para organizar eventos visuais, o cinema mistura seu programa com documentários interessantes.

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DESTAQUE

O sucesso de bilheteria baseado em fatos reais que apavorou pessoas pelo mundo todo...

INVOCAÇÃO DO MAL Todos sabemos que o filme invocação do mal (The Conjuring) foi um sucesso de bilheteria e é hoje uma referência de filme de terror, mas o que poucos sabem é que sua história não é apenas um filme, que a família Perron realmente existiu, assim como os Warren, casal de médiuns que ajuda a família a se livrar do mal. Todos os fatos conhecidos do que realmente aconteceu com a família Perron na cidade de Harrisville, em Rhode Island, foram narrados em um livro em 3 partes escrito por Andrea Perron, House of Darkness, House of Light: The True Story, que na época dos acontecimentos tinha apenas 12 anos de idade e que manteve-os em segredo por 30 anos antes de publicar sua históra. No inverno de 1970, Roger e Carolyn Perron compraram a residência onde pretendiam criar seus 5 filhos. A casa fora construída em um terreno muito bonito e até onde sabiam, 8 gerações da família anterior haviam vivido ali. O local dava todos os indícios de que seria o lugar perfeito para eles e seus filhos levarem a vida que sempre sonharam. Porém o que não lhes foi dito, é que também era uma casa repleta de dor e 26

Embora ainda exista muito ceticismo sobre o que de fato ocorreu, esta assombração é considerada uma das mais bem documentadas e foi investigada pelo casal Ed e Lorraine Warren, que estiveram envolvidos nos casos de Amityville e da família Snedeker, cuja a história serviu de base para o filme Evocando Espíritos

agonia. Muitos dos moradores anteriores haviam morrido no local e dois deles haviam se enforcado. Sendo que um deles nas vigas do celeiro. Segundo Andrea, assim que se mudaram começaram a presenciar algumas manifestações e a ver espíritos vagando pela casa. Mas até então todos benignos e alguns deles pareciam ignorar completamente a presença dos Perron na residên-

cia. No geral eram bem pacíficos. Havia um que sempre cheirava as flores, outro que dava beijos de boa noite nas crianças e até um que parecia pegar uma vassoura e varrer a residência. Claro que haviam outros tipos de manifestações típicas de uma casa assombrada, como coisas se movendo sozinhas pela casa e etc. Mas a coisa mais assustadora, era o som de algo que volta e meia se chocava contra a porta no meio da noite e que acordava a família toda. Era óbvio que haviam algumas almas perturbadas no lugar. “Havia um que minha irmã chamava de ‘Manny’ e que era uma alma simpática. Achavamos que ele era Johnny Arnold, que cometeu suicídio no beiral da casa em 1700”, disse Perron. “Ele aparecia na casa e meio que nos protegia. Ele sempre aparecia praticamente no mesmo lugar, em frente ao corredor, entre a sala de jantar e a cozinha e sempre se inclinava contra a porta. Ele tinha esse sorriso torto como se as crianças o divertissem. Assim que você o via e fazia contato visual, ele sumia.” Todos os membros da família viam os espíritos na casa e, claro, os moradores anteriores também os tinham visto. “Todo mundo que sabiamos ter vivido na casa passou por isso”, disse Perron. “Alguns fugiram correndo e gritando por suas vidas. O homem que se mudou para iniciar a restauração da casa assim que a vendemos, saiu gritando sem o seu carro, sem suas ferramentas, sem sua roupa. Ele nunca mais retornou à casa, consequente-

mente, os proprietários das terras adjacentes que a compraram, também nunca se mudaram e ela ficou vazia por anos.” Porém tudo mudou quando os Perron resolveram convocar o casal Warren, para fazer uma investigação e intervir em alguns fenômenos que ocorriam dentro da casa e que estavam perturbando a família. Durante uma sessão, que pode-se considerar ter dado muito errado, Ed e Lorraine acordaram uma entidade chamada Bathsheba, descrita como uma “alma esquecida por Deus”

A Lenda De Bathsheba Segundo a lenda local, Bathsheba foi acusada de bruxaria depois que um bebê morreu misteriosamente sob seus cuidados. Parece que o bebê morreu depois que uma agulha de tricô foi enfiada na base do seu crânio. Embora não houvesse provas suficientes para condenar Bathsheba de bruxaria ou assassinato, muitos moradores acreditavam que ela tinha matado a criança para honrar Satanás. Enquanto no filme Bathsheba se enforca 27


em uma grande árvore, a Bathsheba verdadeira morreu de causas naturais aos 73 anos de idade. Há rumores de que seu corpo se transformou em pedra imediatamente após a sua morte e é claro que não há nenhuma evidência para apoiar as reivindicações. Algumas pessoas afirmam que Bathsheba teve vários filhos e todos morreram muito novos, mas o censo registra apenas um filho, Herbert, que viveu até a vida adulta. A história ainda conta que antes de morrer, Bathsheba amaldiçoou suas terras e a todos que viessem a viver no local. Mais de 25 mortes ocorreram naquelas terras. Todas sob circunstâncias misteriosas. A contagem inclui dois enforcamentos, um envenenamento, dois afogamentos, e quatro casos de homens congelados até a morte. Citando um livro de registro público local, Andrea também afirma que uma menina de onze anos de idade foi estuprada e morta na propriedade., Entretanto os registros oficiais indicam que a menina morreu de uma forma diferente. A precisão das outras mortes não é clara.

ca a vi, exceto em uma espécie de estado de sonho telepático. Quando ela parecia minha mãe, eu sonhava, ao mesmo tempo que ela estava aparecendo para minha mãe e a atormentando.”. Apesar de Ed e Lorraine Warren terem tentado dissipar os espíritos do mal, eles acabaram fazendo mais mal do que bem e nunca conseguiram livrar a casa do horror que os haviam colocado. Um padre do Vaticano foi até a casa e segundo Perron, andou pela casa, parando em cada cômodo e murmurando suas orações. Quando saiu, o homem disse: “Sinto muito Sra. Perron. Esta casa não pode ser limpa”.

A casa hoje em dia A família ficou na casa por 10 anos antes de finalmente sair e ela ainda existe. Há relatos conflitantes sobre se os atuais proprietários Norma e Gerry Sutcliffe tenham experimentado algo de estranho. Segundo as alegações de Andrea, os Sutcliffes já ouviram vozes em salas vazias, portas batendo em pisos vagos, e passos nas escadas. Há rumores de que uma luz azul misteriosa tambem se manifestou ao longo do tempo. Entretanto, Norma disse ao The Wrap ela nunca ouviu ou viu nada de estranho em seus 25 anos na casa e que o filme era “tão ironicamente ridículo.” Desde o lançamento de Invocação do Mal, o Sutcliffes têm se preocupado com turistas e invasores e rezam para que tudo retorne a tranquilidade.

Segundo Andrea Perron, Bathsheba logo se mostrou extremamente agressiva e se via como a dona da casa. Ela sentia-se atraída por Roger, cobiçava as crianças e começou a fazer de tudo para botar Carolyn para fora da casa. Nas palavras de Perron: “O que ela fez minha mãe passar, nenhum ser humano deveria ter que suportar. Ela aparecia para vários de nós, mas eu nunca a vi. Eu via muitos dos espíritos, mas eu nun28

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A família Perron morou na casa rural por aproximadamente dez anos. Localizada na pequena cidade de Harrisville, Rhode Island, a residência foi adquirida pelos Perrons no inverno de 1970. A propriedade de 200 acres serviu de espaço para a morada do casal Roger e Carolyn e suas cinco filhas: Andrea, Nancy, Christine, Cynthia e April. Eles se mudaram em junho de 1980.

Como argumento do filme foram utilizadas entrevistas com os pesquisadores de atividades paranormais Ed e Lorraine Warren, principalmente esta última por telefone, além do que foi escrito no livro de Andrea Perron de 2011, House of Darkness House of Light

Os gêmeos Carey e Chad Hayes (Terror na Antártida, A Colheita do Mal) escreveram o roteiro de Invocação do Mal com base na história da família Perron, assombrada nos anos 1970 em uma casa de campo na cidade de Harrisville, Rhode Island. Estreou em 13 de Setembro de 2013

Sucesso de bilheteria! Arrecadou mais de R$ 4 milhões no primeiro fim de semana em cartaz, em quase 400 salas no Brasil. Se tornou referência de filme de terror pelo mundo todo dando possibilidade para uma continuação da história do casal de médiuns, os Warrens..

O que você não sabia sobre o filme

Invocação do Mal Em Monroe, uma cidade pacata no estado americano de Connecticut, mora Lorraine Warren. A senhora simpática de 87 anos é a caça-fantasmas mais célebre dos Estados Unidos. Ela e o marido Ed Warren, falecido há sete anos, investigaram mais de dez mil casos paranormais. Lorraine é médium e diz que vê luzes e imagens desde os 7 anos. Como estudava num colégio de freiras, preferia esconder o dom que dizia ter.

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A sra. Warren é a dona da verdadeira Annabelle. Nova sensação do cinema, a boneca estrelou no sucesso “Invocação do Mal” chamando a atenção do publico ganhou um filme só seu. Diz a lenda que a boneca é amaldiçoada e aqueles que tiveram o azar de cruzar com ela, logo descobriram que a boneca representava muito mais do que um brinquedo comum. Hoje, ela reside no The Warrens’ Occult Museum, localizado no porão da casa.

Você sabia que a casa do filme realmente existe, e que tem novos donos hoje em dia ? Mas os donos da casa náo moram nela pois todas as famílias que já passaram por essa casa viveram experiências sobrenaturais, sem contar diversas mortes, acidentes e crimes violentos que ocorreram com diferentes antigos moradores .

Lorraine Warren conheceu Ed, aos 18 anos. Os dois nunca mais se separaram. Eles eram chamados para investigar episódios que a ciência não consegue explicar. Ed Warren está falecido há sete anos, juntos investigaram mais de dez mil casos paranormais.

Vera contou que fatos bizarros também aconteceram nas filmagens, como objetos com arranhões misteriosos e machucados inexplicáveis aparecendo. “Há uma atenção maior a isso quando fazemos um filme sobre misticismo negativo”, a atriz reflete. “Você fica mais ciente desse tipo de experiência. Nunca encontrei nada dessa natureza diabólica a ponto de crer piamente, mas conheço 31 pessoas práticas e equilibradas que já passaram por isso, e acredito nelas. Um filme assim desafia seu conceito de Deus.”


Entrevista com Lorraine Warren Lorraine Waren é uma das sobrenaturais mais conhecidas do mundo, esteve presente em vários casos assustadores juntamente com seu marido falecido em 2006, Ed Waren. Após o sucesso do filme Invocação do Mal (2013), o casal ficou ainda mais conhecido, mostrando ao mundo seu museu assombrando, onde habita Annabelle, a boneca demoníaca. Quando a senhora descobriu esta sua habilidade? No início foi turbulento. Estudei em uma escola particular católica para meninas, onde comecei, aos 12 anos, a ver luzes ao redor das pessoas. Um dia eu disse a uma das freiras que a sua luz era mais forte que a da madre superiora. Isso me rendeu um castigo de três dias, sem poder falar ou brincar. O pior é que eu não podia contar o que via aos meus pais, com medo que eles não entendessem ou ficassem chateados comigo. Guardei tudo para mim até completar 16 anos, quando conheci Ed, meu marido, que foi o único a me entender, pois ele cresceu em uma casa mal-assombrada, dos cinco aos 12 anos. Por isso, se interessou em investigar os fenômenos comigo. Ed queria ajudar as pessoas que enfrentaram o mesmo que ele. Quando criança, Ed costumava ver o fantasma de uma senhora no armário do seu quarto e 32

ouvir a batida de uma bengala no solo, a mesma que o seu avô falecido tinha. A senhora nunca teve medo de visitar as casas consideradas mal-assombradas? Não. Sempre gostei de ajudar os outros. Muitas vezes, as orações e o terço eram suficientes para neutralizar os espíritos negativos e mandá-los de volta. Para expulsar os mais insistentes, nós tínhamos de realizar um exorcismo, o que era mais complicado. Para isso, precisávamos de provas concretas e de autorização da Igreja Católica. Quando o caso era urgente e não tínhamos um padre disponível, o próprio Ed realizava o ritual.

O que vemos no filme é fiel aos acontecimentos? O filme reproduz com fidelidade a maneira como Ed e eu interagíamos, o modo como chegamos ao caso da família Perron e como conduzimos a investigação. Há, obviamente, algumas licenças que o filme toma por razões dramáticas. Em nenhum momento o chão se abriu sob meus pés, me fazendo cair num calabouço, por exemplo. Qual foi o envolvimento da senhora com a produção do filme?

Por que o caso da família Perron foi escolhido para o filme? Porque foi um dos casos que mais afetou as pessoas envolvidas. Quando eu visitei a família, eles me levaram para conhecer todos os cômodos. Conforme eu circulava pela casa, senti a presença negativa de espíritos por todos os lados, uma força que não tinha visto antes. O filme conta por que vocês criaram o Occult Museum, no porão de sua casa. O que ele representa para você?

trouxemos, ao longo dos anos, de casas mal-assombradas. Muitas delas por séculos. Todos os itens representam casos que investigamos, sendo muitos deles peças-chave nas manifestações. É por isso que pedimos para os visitantes não tocarem em nada. O pior deles é a boneca Annabel, trancada num armário de vidro por ter machucado muita gente. Por saber do que a boneca é capaz, passo diante dela sempre muito rapidamente. Nunca ouso parar para encará-la.

Talvez seja o lugar mais mal-assombrado do mundo por reunir objetos que

Atuei como consultora. Os atores Vera Farmiga e Patrick Wilson vieram até em casa para me conhecer e saber mais sobre as investigações. Ainda participo de algumas delas, mas não com a mesma frequência. Minha habilidade foi testada e comprovada por especialistas de várias universidades, como a UCLA.

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Andrea e Cynthia Perron comentam os episódios estranhos que viveram em casa no interior dos EUA nos anos 1970; longa é considerado o terror do ano Um dos elementos que transformou “Invocação do Mal” no filme de terror do ano foi o fato de a trama ser inspirada em uma história real. Nos anos 1970, o casal de investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren ajudou uma família aterrorizada por eventos estranhos em sua casa no interior de Rhode Island, nos Estados Unidos. A família - Carolyn e Roger Perron e suas cinco filhas - passou dez anos no local, em meio à visões, barulhos inexplicáveis e objetos que se moviam sozinhos. Mesmo mais de três décadas depois, continuam marcados pela experiência que viveram - e que a filha mais velha, Andrea, descreveu em três livros. A seguir, Andrea e Cynthia, a segunda mais nova das irmãs Perron, falam sobre como foi crescer no local e as lembranças que guardam até hoje.

A chegada na casa Cynthia: Inicialmente, amávamos a fazenda. Mal podíamos esperar para chegar. Costumo dizer que vivíamos em um pedacinho do paraíso em uma parte do inferno. Mas a propriedade era absolutamente magnífica. Nada podia ser melhor para cinco meninas, ainda mais molecas como nós, que subíamos em árvores e muros de pedra. Mas a primeira coisa aconteceu quando estávamos fazendo a mudança. No momento em que levávamos as caixas para dentro de casa, vimos um homem. Achamos que era alguém da família (dos antigos donos) que estava nos ajudando. Mas todos tinham ido embora e ele ainda estava lá.

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Andrea: Ele desapareceu em frente a (minha irmã) Nancy. Eu nunca o vi desaparecer, apenas o vi de corpo todo. Achava que era um homem normal, mortal. Nunca nos ocorreu, nem aos meus pais, que estávamos nos mudando para um casa mal-assombrada.

sim que começou. Quando você percebe que ninguém mais está na casa, só você, e os brinquedos ainda estão mudando de lugar…não pode ser uma das suas irmãs. Andrea: Começamos a culpar umas às outras. Éramos cinco meninas que dividiam tudo, se amavam loucamente. Mas quando mudamos para a fazenda, de repente só havia suspeita e briga. Não éramos crianças ricas, então valorizávamos nossos brinquedos. E quando as coisas começaram a desaparecer, as acusações surgiram. Um dia minha mãe colocou fim a tudo isso. Ela disse: “Seu pai e eu nos mudamos para as montanhas e compramos esta fazenda para que vocês tivessem um ótimo lugar para viver. E vocês têm mais do que a maioria das crianças deste planeta. Isso acaba agora”. Então percebemos o que estava acontecendo e tivemos uma espécie de transição espiritual. E foi aí que Cindy

começou a dividir seus brinquedos com as crianças que apareciam no quarto dela para brincar.

A conversa com os pais Andrea: Sim. Cindy ia até a minha cama e dizia: “Annie, estou ouvindo vozes e todos dizem a mesma coisa”. E eu perguntava o que eles diziam, e ela respondia: “Há sete soldados mortos na parede”. Oito gerações de uma família viveram e morreram naquela casa antes da nossa chegada. Depois de cinco ou seis meses, abordei minha mãe e disse que era hora de ela saber o que as minhas imrãs estavam dizendo. Um ou dois dias depois, quando meu pai chegou em casa, ela disse: “Precisamos conversar. Você precisa saber o que está acontecendo com a sua família”. Foi a primeira conversa que eles tiveram sobre as manifestações espirituais na casa.

Objetos fora de lugar Cynthia: As coisas estavam acontecendo a todos nós, mas não contávamos um para o outro. Estava com meus brinquedos em meu quarto, descia para pegar alguma coisa e, quando voltava, eles não estavam no lugar certo. Tinham sido movidos ou colocados embaixo da cama. Aí eu ia brigar com minhas irmãs e elas não sabiam do que eu estava falando. Foi as-

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