NO MUNDO DA FOTOGRAFIA
ENTREVISTA
Sebastião Salgado
Apontado como um dos mais premiados e respeitados fotojornalistas da atualidade
EDIÇÃO 01 NOVEMBRO 2015
DICAS
ANALÓGICA X DIGITAL
Padrões básicos de iluminação de retrato
Saiba tudo sobre a nova e a tradicional tecnologia, que divide opiniões.
editorial
opinião Regulamentação do fotógrafo
10 história Os primórdios
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06
Crônicas dos Fotógrafos de guerra
12 14 16 24 28
Stanley Kubrick Também foi fotógrafo
sumário
era digital Analógica vs Digital A nova e a tradicional tecnologia, que divide opiniões
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entrevista Sebastião Salgado Apontado como um dos mai s premiados e respeitados fotojornalistas da atualidade
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30
As novas câmeras dos iPhones 6S
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Padrões básicos de Retrato e uso da luz
40
Enquadramento Determinando planos e ângulos
44
Inspirações Exposições pelo Brasi l
46
Equipamentos básicos para fotógrafos
A PROFISSÃO
Crônicas dos fotógrafos de
guerra
N
o centro de uma fotografia está o olhar atento daquele que lê tudo o que acontece em volta e pensa, numa fração de segundos, que alguém em algum lugar do mundo vai se interessar pelo seu argumento. O exato instante de uma captura pode ser o começo de uma história, todavia, pode significar o fim de outra. Os fotógrafos de guerra montam sua base neste ponto, de onde narram as suas crônicas.
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Revista reflex - Novembro de 2015
Os historiadores devem imen-
comiam na mesma trinchei-
por alguns instantes. O preço
sa gratidão aos fotógrafos de
ra, sofriam com eles. Uma
e a escassez, especialmente
guerra, sem os quais não ha-
das poucas vantagens para os
nos primeiros anos de guer-
veria registros desta fase da
fotógrafos de guerra era a mo-
ra, também jogou contra este
história que ainda encanta e
bilidade para ir aonde queri-
formato, sendo muito mais
assombra o mundo. Pode-se
am, permitindo ignorar fileiras.
caro do que em preto e branco.
dizer que os fotógrafos eram
Ainda no início da Segunda
Além dos fotógrafos militares
soldados, técnicos e também
Guerra Mundial não havia nen-
havia os civis, eles se diferen-
artistas. As condições em que
huma câmera ou um filme de-
ciavam pelas insígnias, far-
eles tinham que fazer o seu tra-
senhado especificamente para
damentos e armamento.
balho era as piores possíveis e
o combate. Apesar de já haver
fotógrafos
americanos,
os equipamentos disponíveis,
filmes em cores, quase todas
exemplo,
carregavam uma
principalmente os da Primeira
as imagens que conhecemos
pistola Colt 1911, uma faca
Guerra, eram grandes e pe-
da Segunda Guerra Mundial
de combate e, eventualmente,
sados, e mais, as revelações
estão em preto e branco. O
carabina M1 M3. Alguns tin-
ocorriam quase sempre no
filme precisava de condições
ham mais do que uma peque-
meio do fogo de artilharia, com
de luz ideais para bons resulta-
na idéia de como atirar com
o cuidado para que uma partíc-
dos, e a guerra não fornecia
uma arma. Leon Tolstoy, no
ula de poeira ou umidade não
isso. Além do que os filmes
romance Guerra e Paz, insinua
arruinasse todo o trabalho.
não estavam preparados para
que é quase impossível separar
Eles iam e vinham junto com
o movimento e muitas vezes,
a guerra da natureza humana.
os soldados, faziam longas
era necessário pedir que o
Os fotógrafos foram mais longe
marchas a pé, em caminhões,
personagem ficasse congelado
e mostraram isso de for >>
Os por
Fotógrafos em tempo de guerra com as mais variadas camerâs e situações no registro histórico.
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A PROFISSÃO
ma explícita, documentando para sempre o alto teor de estresse emocional que tomou conta da humanidade. Os historiadores devem imensa gratidão a estes heróis, sem os quais não haveria registros de um dos mais hediondos períodos da história, que ainda encanta e assombra o mundo. Uma partícula de poeira ou umidade poderia arruinar todo o trabalho, no entanto, o laboratório estava geralmente encravado no meio de uma guerra. De um lado, bombas levantavam poeira e espalhavam estilhaços em cima de todos. De outro, uma repetição interminável de tiros fazia peneiras das paredes. A
caminhada
era
árdua,
passagens
ín-
gremes através de construções caídas, tan-
Soldados /fotógrafos carregando suas máquinas prontos para a ação
ques de guerra em pedaços e, cadáveres. Este era o habitat do fotógrafo de guerra. Os fotógrafos iam e vinham junto com os soldados, faziam longas marchas a pé e em caminhões,
comiam
na
mesma
trinchei-
ra e sofriam com eles. Talvez a única vantagem fosse a mobilidade; ignorar fileiras ou esperar escondido sob as camuflagens. Na primeira guerra os equipamentos eram grandes e pesados e até o início da segunda guerra não havia nenhuma câmera ou filme desenhado especificamente para o combate. Nesses ambientes as condições de luz eram precárias e a velocidade dos acontecimentos era um obstáculo ao registro perfeito. Soma-se à sofrível qualidade dos filmes, escassez e preço.
|
Dos fotógrafos civis e militares, poucos tinham a idéia do que seria atirar com uma arma, no entanto, intrépidos, marcaram seus lugares nas crônicas
da humanidade apenas com a câmera nas mãos. |
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Laboratório de revelação fotográfica improvisada
“A máquina fotográfica é um espelho dotado de memória, porém incapaz de pensar.” Arnold Newmann
-
Toda edição uma reflexão, porque a fotografia vai muito além da imagem reflex Revista reflex - Novembro de 2015
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OPINIÃO
Regulamentação profissional do
fotógrafo Será que lei favorece os profissionais?
O
Projeto de Lei da Câmara (PLC)
Advogado e fotógrafo J.R Comodo opina:
64/2014 define como aptos ao
Quando falamos em regulamentação de uma
exercício profissional de fotógra-
fo os diplomados em fotografia no ensino superior ou técnico. Os não diplomados também poderão exercer a profissão, desde que, na data de início de vigência da
profissão, falamos na criação de um sistema de direitos e obrigações com regras bem claras para, principalmente, proteger a sociedade – é assim com a advocacia, a medicina, a engenharia, os contabilistas, etc. Qualquer regulamentação passa pela criação de conselhos com
nova lei, tenham exercido a atividade por
poderes para fiscalizar e punir os profissionais
no mínimo dois anos. O projeto, entre-
que infringirem as regras de atuação. Há outras
tanto, não inclui o repórter-fotográfico na regulamentação, trata apenas dos fotógrafos que trabalham para empresas especializadas, com ensino técnico e científico, os pesquisadores, os que trabalham com publicidade e outros serviços correlatos.
questões inerentes à regulamentação, que são ligadas à reserva de mercado – exigindo a formação técnica específica para aquela profissão – ou proteção contra a concorrência. Eu sou, por definição, um liberal e defendo sempre o mínimo de intervenção estatal nas atividades privadas – desta forma, para o caso específico da profissão de fotógrafo, eu sou contrário à regulamentação por achá-la desnecessária hoje e principalmente nos termos propostos, que não prevê a criação de conselhos e nem de
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Imagem: Auto retrato de J.R. Comodo para a revista.
benefícios decorrentes da regularização. A
Não acho verdadeira nem uma coisa nem
proposta, passa a ser obrigatório o curso
outra. Aposentadoria ja se pode ter, como
superior ou curso técnico para que alguém
profissional autônomo ou como sócio de
possa se dizer fotógrafo – o que é, no mín-
empresa. Vantagens fiscais independem
imo, um absurdo e abrirá espaço para a
de regulamentação da profissão, mas sim
proliferação de instituições de ensino que
da regulamentação dos critérios para essa
irão buscar o lucro fácil com esta exigên-
vantagem. E tem mais uma: há bons fotó-
cia, sindicatos oportunistas irão aparecer
grafos profissionais e há bons fotógrafos
por todo o país, ávidos pelas cobranças de
amadores. Da mesma forma como há os
taxas e contribuições, exigências tributári-
maus profissionais e os maus amadores. O
as serão naturalmente ampliadas. Uma
que diferencia o profissional do amador é
coisa interessante, e que no Brasil, são as
o fato de ganhar dinheiro com a fotogra-
Associações de Classe, às quais o individuo
fia. Sendo um profissional e
voluntariamente se filia, por acreditar no
portanto, ganhando dinhei-
que aquele grupo prega ou pratica. Eu, por
ro com a fotografia – o fo-
exemplo, sou Associado da Fototech. Cria-
tografo pode ser autônomo
da em uma “lista de discussão” administra-
ou sócio de uma empresa.
da pelo Clicio Barroso, a Fototech cresceu
E isso é o que basta. Não é
e se estabeleceu. Há quem diga que com
necessário que o governo
a regulamentação os fotógrafos poderão
tutele isto ou aquilo, proteja
ter aposentadoria ou vantagens fiscais.
isto ou aquilo. |
éticas “ Come atitudes responsáveis -
é que se adquire o tão almejado respeito e não através de uma imposição legal tacanha. J.R Comodo
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CONCURSO
As incríveis fotografias de Anuar Patjane Floriu A
National Geographic definiu as fotos vencedoras do “National Geographic Traveler Photo Contest 2015”, a 27ª edição do seu tradicional concurso de fotografia. O juri selecionou as imagens vencedoras dentre mais de 17.000 fotos enviadas por fotógrafos profissionais e amadores do mundo inteiro, nas quatro categorias da competição: Retratos de Viagem, Paisagens, Momentos Espontâneos e Sense of Place (Expressão em inglês usada para descrever lugares únicos, com um
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senso de apego muito grande). A foto vencedora desta edição, de Anuar Patjane Floriuk, foi tirada durante um mergulho com baleias jubarte em Roca Partida, uma ilha do México. “A foto não foi planejada”, disse Floriuk, mexicano natural de Tehuacán. “Eu estava tirando fotos perto da cabeça da baleia, quando de repente, ela começou a nadar na direção do
“
Precisamos acelerar a incorporação das ilhas na UNESCO como património natural, a fim de aumentar a protecção das ilhas contra as corporações de pesca ilegais”, afirma o fotógrafo A.P Floriuk
marinhas k
O sussurro da baleia: primeiro lugar do concurso de fotografia National Geographic Traveler Photo Contest 2015
resto da equipe de mergulho. Os mergulhadores abriram espaço para ela, e eu apenas aproveitei o momento certo em que o fluxo e a composição pareciam perfeitos para tirar a foto”. O prêmio para o primeiro lugar era uma expedição de oito dias, para duas pessoas, à Costa Rica e ao canal do Panamá juntamente com um fotógrafo da National Geographic e uma equipe de instrutores de fotografia a bordo de um navio.
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CONCURSO
David Uzochukwu: muito além do selfie O garoto de 15 anos que venceu 15 mil profissionais em um concurso de fotografia
E
xistem muitas formas de expressão e a fotografia é talvez uma das mais poderosas, pois tem como princípio evidenciar um sentimento através da imagem. E será que encontrar essa “imagem” só é possível depois de anos de experiência profissional? Um jovem de 15 anos vem mostrando que não necessariamente. O austríaco David Uzochukwu foi considerado recentemente o fotógrafo do ano do prêmio recém-lançado em Berlim
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EyeEm Awards, que contou com a participação de cerca de 15 mil competidores. Sua foto, chamada “Cry Me a River”, foi a vencedora entre mais de 100 mil totalizadas dos participantes. O auto-retrato faz parte um projeto pessoal onde David se propôs tirar uma foto por dia. O fato de “se forçar”a tirar uma foto diária o fez ser bastante inventivo e criativo, para ter sempre momentos interessantes a serem retratados. Alguns questionaram o fato da premiação ter
Sua foto, chamada “Cry Me a River”, foi a vencedora entre mais de 100 mil totalizadas dos participantes.
sido dada a uma fotografia que muitos consideram clichê (olhos fechados, água), mas o que muitos esquecem é que se trata de uma pessoa muito jovem e que, mesmo com a pouca idade, já possui um olhar sensível e delicado para a fotografia. Sabendo que a fotografia não é apenas técnica, mas também emoção e sentimento, não é de estranhar a distinção atribuída a David. |
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HISTÓRIA
O metrô da cidade de Nova Iorque nos anos 40
Através das lentes de
Stanley Kubrick É
bem provável que você só conheça Stanley Kubrick por filmes como Laranja Mecânica e 2001: Uma Odisseia no Espaço. Afinal, ele foi simplesmente um dos maiores nomes do cinema no último século. Mas o que pouca gente sabe é que ele também já ensaiou uma carreira como fotógrafo. Foi assim que, quando tinha apenas 17 anos, ele entrou no metrô de Nova York para fotografar o cotidiano dos seus usuários para
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a revista LOOK Magazine. Isso foi em 1946, quando as técnicas de fotografia ainda o obrigavam a esperar o metrô parar em uma estação para que a foto não saísse tremida. O jovem Kubrick passou duas semanas andando de metrô para fazer as fotografias, todas com luz natural. O resultado é um ensaio que mostra um pouco do dia a dia nova-iorquino em um período em que smartphones davam lugar aos jornais nas mãos dos trabalhadores da cidade.
Imagens internas do Metropolitano de Nova York
O Metropolitano de Nova Iorque (em inglês The New York City Subway, New York Subway ou somente Subway) é um sistema de metropolitano que pertence à Cidade de Nova York e que é administrado pela New York City Transit
Authority,
subsidiada
pela
uma
agência
Metropolitan
Transportation Authority, também conhecida como MTA New York City Transit. É um dos mais velhos e extensos sistemas de transporte público do mundo, atrás apenas do metrô de Londres, com 468 estações em operação (423, se as estações de conexão por transferência forem consideradas uma só), 369 km de serviços, 1056 km de trilhos, 1355 km de trilhos incluindo pátios e estacionamento de trens. Em 2009 o metrô realizou mais de 1.579 bilhões de viagens, com uma média de cinco milhões (5,086,833) nos dias de semana, 2.9 milhões aos sábados e 2.2 milhões aos domingos. Revista reflex - Novembro de 2015
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HISTÓRIA
O Metrô de Nova Yorque é um dos mais velhos e extensos sistemas de transporte público do mundo, atrás apenas do metrô de Londres.
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Stanley Kubrick foi um cineasta, roteirista, produtor de cinema e fotógrafo americano. Considerado um dos mais importantes cineastas de todos os tempos, foi autor de grandes clássicos do cinema, como Spartacus (1960), Dr. Strangelove (1964), 2001: A Space Odyssey (1968), A Clockwork Orange (1971), Barry Lyndon (1975), The Shining (1980), entre outros. Sua originalidade e persistência, aliadas a uma técnica meticulosa, profunda e paciente o colocam no panteão dos mais influentes diretores da história.
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HISTÓRIA
História da heliografia Os primórdios da fotografia conhecida hoje
P
or volta de 350 a.C., na época em que viveu Aristóteles, já se conhecia o fenômeno da produção de imagens pela passagem da luz através de um pequeno orifício. Alhazen, em torno do século X, descreveu um método de observação dos eclipses solares através da utilização de uma câmara escura. Em 1515, Leonardo da Vinci descreve cientificamente a câmera escura, precursora das câmaras fotográficas. Em 1525 já se conhecia o escurecimento dos sais de prata que correspondia ao processo de escurecimento e de formação de imagens efêmeras sobre uma película dos referidos sais, sem, no entanto, ser possível reter a imagem. Nos séculos seguintes diferentes cientistas e estudiosos realizaram experiências, em especial utilizando-se
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de luz ou calor, buscando criar e reter imagens a partir do uso de elementos químicos. A verdadeira história da fotografia inicia-se em 1817, quando o francês Joseph-Nicéphore Niépce obteve imagens com cloreto de prata sobre papel. Em 1822, conseguiu fixar uma imagem, pouco contrastada, sobre uma placa metálica, utilizando nas partes claras betume-da-judéia, mas somente no verão de 1826 conseguiu produzir a primeira fotografia, da janela de sua casa, que se encontra preservada até hoje. Niepce, juntamente com Louis-Jacques Mandé Daguerre, passaram a pesquisar a partir de 1829 e, dez anos depois, foi lançado o processo chamado daguerreótipo. O daguerreótipo
A primeira Leica de Henri Cartier-Bresson
heliografia 1. substantivo feminino 2. astr descrição do Sol. gráf design. genérica de todo processo de reprodução fotomecânica que se serve da luz para cópia do original.
não permitia cópias, apesar disso, o sistema de Daguerre se difundiu, sendo muito usado para fotogravura, processo utilizado para reprodução de fotografias em revistas e jornais. Em 1841, William Henry Fox Talbot lançou o calótipo, processo mais eficiente de fixar imagens. O papel impregnado de iodeto de prata era exposto à luz numa câmara escura, a imagem era revelada com ácido gálico e fixada com tiossulfato de sódio. Resultando num negativo, que era impregnado de óleo até tornar-se transparente. O positivo se fazia por contato com papel sensibilizado, processo utilizado até os dias de hoje. O calótipo representou a primeira etapa no desenvolvimento da fotografia moderna.
A palavra Fotografia vem do grego φως [fós] (“luz”) e γραφις [grafis] (“estilo”, “pincel”) ou γραφη grafê, e significa “desenhar com luz e contraste”. Por definição, fotografia é, essencialmente, a técnica de criação de imagens por meio de exposição luminosa, fixando esta em uma superfície sensível. No Brasil, o Francês radicado em São Paulo, Hércules Florence conseguiu resultados superiores aos de Daguerre, denominando seu invento de Photographie (considerado, assim, o criador da palavra). Contudo, não obteve reconhecimento na época, sendo que apenas em 1976 Boris Kossoy resgatou sua vida e obra. A fotografia popularizou-se como produto de consumo a partir de 1888, com a entrada
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HISTÓRIA
no mercado da empresa Kodak. Com ampla publicidade, baseada no fato de que qualquer pessoa podia tirar suas fotos sem necessitar de fotógrafos profissionais, introduziu a câmera tipo “caixão” e o filme em rolos substituíveis, criados por George Eastman. A partir de então, o mercado fotográfico vem experimentando crescente evolução tecnológica, com inovações que facilitam a captação da imagem, melhoram a qualidade de reprodução e a rapidez do processamento. No entanto, muito pouco foi alterado nos princípios básicos da fotografia. A fotografia nasceu em preto e branco, Desde as primeiras formas de fotografia, por volta da década de 1823, até aos filmes preto e
branco atuais, houve muita evolução técnica e diminuição dos custos. Os filmes preto e brando, hoje, apresentam uma grande gama de tonalidade, superior até aos coloridos. A fotografia colorida foi explorada durante o século XIX. Os experimentos iniciais em cores não puderam fixar a fotografia, nem prevenir a cor de enfraquecimento, o que só ocorreu no início do século XX. No entanto, a primeira fotografia colorida permanente foi tirada em 1861, por James Clerk Maxwell. O primeiro filme colorido, o Autocromo, chegou ao mercado em 1907. Já o primeiro filme colorido moderno, o Kodachrome, foi introduzido em 1935. O filme colorido instantâneo foi introduzido pela Polaroid, em 1963.
“Niépce começou seus experimentos fotográficos em 1793, mas as imagens desapareciam rapidamente. Ele conseguiu imagens que demoraram a desaparecer em 1824 e o primeiro exemplo de uma imagem permanente ainda existente foi tirada em 1826. Ele chamava o processo de heliografia e demorava oito horas para gravar uma imagem.”
Primeira fotografia registrada. J. N. Niépce 1826
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Primeiro processo fotogáfico à chegar ao público
O
daguerreótipo foi o primeiro processo fotográfico a ser anunciado e comercializado ao grande público. Foi divulgado em 1839, tendo sido substituído por processos mais práticos e baratos apenas no início da década de 1860. Consiste numa imagem fixada sobre uma placa de cobre, ou outro metal de custo reduzido, com um banho de prata (casquinha), formando uma superfície espelhada. A imagem é ao mesmo tempo positiva e negativa, dependendo do ângulo em que é observada. Trata-se de imagens únicas, fixadas diretamente sobre a placa final, sem o uso de negativo. Os daguerreótipos são extremamente frágeis. A superfície é facilmente riscada e estão sujeitos à oxidação, por isso precisam ser encapsulados e conservados com cuidado.
Primeiro modelo de um daguerreótipo de 1839
O processo foi divulgado publicamente em 1839 na Academia Francesa de Ciências, e batizado de daguerreótipo. No mesmo ano, William Fox Talbot anunciou outro processo fotográfico, o calótipo. Em vez de patentear o processo, Daguerre preferiu cedê-lo ao governo francês em troca de uma pensão vitalícia. Assim, ele tornou-se do domínio público, e logo surgiram vários daguerreotipistas praticando o processo, ao contrário de Talbot, que exigiu uma licença para praticar seu processo, tornando a sua popularidade bastante restrita. O daguerreótipo revolucionou a forma como realidade e ilusão eram percebidas, além de ter tornado possível que mesmo pessoas com meios modestos pudessem possuir cópias exatas das próprias feições e das de entes queridos. | Revista reflex - Novembro de 2015
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Como era a revelação fotográfica Para se ter uma foto em papel, antigamente, era preciso passar por uma série de etapas. Após fotografar, era preciso rebobinar o filme e levá-lo a um laboratório.
No ampliador, a imagem era transferida para o papel. Nele o filme era posto sob luz e lentes para formar a imagem e sensibilizar o papel.
No laboratório, o filme era enrolado em uma carretilha. Este processo era feito em escuridão e usava-se a luz vermelha de emergência.
O filme então era lavado, cortado em tiras e posto para secar ao natural.
O papel sensibilizado era colocado na bandeija com solução reveladora. A imagem ia surgindo lentamente.
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Com uma pinça, a foto era transferida para a bandeija com a solução interruptora.
A foto era então transferida para a bandeija com a solução fixadora.
IMERSÃO NO REVELADOR por 3 min
IMERSÃO NO INTERRUPTOR por 30s Após a sequência de banhos químicos, a fotografia era lavada em água corrente e colocada para secar naturalmente.
IMERSÃO NO FIXADOR por 6 min
FILME
Ao final deste processo tínhamos a fotografia pronta.
BANDEIJA COM REVELADOR por 1 min 30s
Colocava-se a solução reveladora dentro do tanque, deixando o filme totalmente imerso.
BANDEIJA COM INTERRUPTOR por 30s
PAPEL FOTOGRÁFICO
Após a agitação e o tempo necessário com a solução reveladora, esta era substituída pela solução interruptora.
A solução interruptora era substituída pela solução fixadora.
LAVADO EM ÁGUA CORRENTE por 30 min
BANDEIJA COM FIXADOR por 2 min
LAVADO EM ÁGUA CORRENTE por 2 min
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ERA DIGITAL
Fotografia
Analógica Q
uando se trata de ambos os formatos analógico e digital, os fotógrafos querem saber como os seus esforços irão resultar em fotografias nítidas e de alta resolução. Com sensores de imagem digital, determinamos resolução através da contagem do número de pixels dentro de uma determinada área. O filme não tem pixels e, portanto, uma análise do poder de resolução de um filme é calculado por meio da resolução angular. Ambos os métodos de medição podem ser correlacionados uns com os outros e em comparação, por resolução são equivalentes. O aparecimento aleatório de pequenas texturas dentro de uma fotografia pode ser referido como o ruído digital ou película de grãos. Com a película na fotografia analógica, grão é o resultado de pequenas partículas químicas que não tenham recebido a luz suficiente. Dentro de sensores de imagem digital, o ruído é o re-
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sultado de sinais indesejados criados por circuitos digitais da câmera, isso pode ser devido ao excesso de calor ou a capacidade do sensor. Aumentar o ISO de uma câmera digital irá tornar as suas fotografias mais suscetíveis ao ruído. Na maioria das situações, o ruído é indesejado em fotografias coloridas, no entanto com imagens em preto e branco, alguns artistas enxergam o grão como a adição de estilo, se tornando um ponto positivo. Quando se trata de fotografar em condições de pouca luz, sensores de imagem digital tem algumas vantagens. Os filmes geralmente podem ser encontrados disponíveis em velocidades entre 100 e 3200, apesar de ter um modelo de 6400. Câmeras digitais como X100T da Fujifilm pode simular sensibilidades tão elevadas como ISO 51200, enquanto os sistemas Nikon profissionais tais como as D4S, que podem chegar tão alto quanto ISO 409.600.
v
s
Digital As câmeras digitais também têm a vantagem de ser capaz de mudar velocidades de filme entre fotografias individuais. Para filmes de rolos mais comuns usados hoje em dia (135, 120), o ISO é mantido constante em todo o rolo. A unica exceção é com câmeras de grande formato que utilizam uma folha de cada vez e pode ser alternado entre os disparos. Quando se trata de custo ambos os formatos têm suas vantagens e desvantagens. Fotografia digital tem um custo inicial mais caro devido a evolução da tecnologia, o que pode fazer com que você queria troca de equipamento mais rápido. Para aqueles que exigem acesso instantâneo as suas fotografias, não há nada mais rápido do que o digital. Fotografia analógica de início pode ser mais acessível, e você provavelmente vai usar o mesmo corpo para as próximas décadas. Dito isto, fotógrafo analógicos vão gastar mais dinheiro com rolos de filme.
Estúdio de revelação de papel fotográfico em preto e branco.
Vamos dizer que você quer uma câmera digital moderna com boa resolução, alcance dinâmico, e grão equivalente a filme de ISO 100. Você pode optar por pegar um D3300 Nikon, que é uma câmera de entrada. A compra inicial pode custar $ 500, mais um cartão de memória $ 30. Assim você pode tirar fotografias ilimitadas e excluir o que você não precisa. Se você fosse pegar uma câmera de filme boa por $ 150 e em seguida, disparar 100 fotografias por mês durante um ano, os seus custos totais de filme seria cerca de $260, usando Kodak Ektar 100 Pro. A revolução digital avançou em muitos aspectos, no entanto, a razão mais notável para fotografar em analógico pode ser a resolução obtida a partir de câmeras de médio formato. Nem todas as explicações podem ser colocadas dentro de comparações técnicas, muitos vão argumentar que a fotografia analógica é uma experiência mais pessoal e agradável. Revista reflex - Novembro de 2015
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ERA DIGITAL
Mas afinal, o que vem a ser
fotografia dig P
or fotografia digital a se entende a fotografia tirada com uma câmera digital ou telefone celular que permita este processo, resultando em um arquivo de computador que pode ser editado, impresso, enviado por e-mail, armazenado em websites ou em dispositivos de armazenamento digital, dispensando o processo de revelação. A visualização da imagem pode ser feita no ato, através dos recursos da câmera digital (normalmente uma tela de LCD) e a manipulação da imagem pode ser feita em um computador, usando-se softwares editores de imagem. Em 1957, Russell Kirsch, criou o que foi considerada a primeira imagem digital. Em preto e branco, ela tinha apenas 176 pixels. Mas a
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fotografia digital nasce, como hoje a conhecemos, especialmente a partir da necessidade de fotógrafos profissionais, em particular os ligados a órgãos de imprensa, e que, entre outros empecilhos, tinham urgência em transferir imagens aos jornais, mais rapidamente. O desenvolvimento das câmaras digitais e seu consequente barateamento permitiram sua disseminação à população em geral. Uma máquina fotográfica digital, diferente de uma tradicional, pode ter dois tipos de zoom: o zoom ótico, que aproxima a imagem através do uso de lentes que se posicionam automaticamente dentro do tubo de entrada de luz. É o que tem mais qualidade, por permitir que o sensor da câmera capture a luz
gital? que entra pela objetiva; o zoom digital, que aumenta o tamanho da imagem, sem o uso de lentes. É um software que multiplica a quantidade de pixels para ampliar uma imagem, em um efeito chamado de interpolação. O zoom digital tem menos qualidade em comparação ao zoom óptico, sendo considerado mais um artifício do que um recurso. Com a popularização da fotografia digital, surgiram páginas da Internet especializadas em armazenar fotografias. Desse modo, imagens podem ser vistas por qualquer pessoa que acesse à Rede. Esta possibilidade gerou a criação de álbuns virtuais, que podem ser usados com diferentes propósitos, sejam eles particulares ou comerciais.
Câmera DSLR digital single lens reflex
Na era digital, a fotografia tornou-se acessível e qualquer pessoa possui uma câmera de bolso, em seus aparelhos telefênicos móveis. Tal avanço tecnológico popularizou a fotografia, principalmente com o advento das redes sociais.
Aparelho telefônico móvel com avançada câmera fotográfica digital.
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ERA DIGITAL
O que há de novo nas câ A
Apple anunciou o lançamento dos seus dois principais smartphones neste ano: iPhone 6s e iPhone 6s Plus. Uma das atrações é o acabamento em ouro rosa, que antes era disponibilizado apenas em customizações especiais de fabricantes de artigos de luxo, e a tecnologia 3D Touch que consiste em identificar diferentes intensidades de toque proporcionando uma ação diferente para cada intensidade, similar ao Force Touch que já existia nos Macbooks. Mas e suas câmeras, o que elas trazem de novidade? A resolução da câmera frontal, aquela mais utilizada para autorretratos, passou de 1.2 para 5 megapixels e anteriormente era produzida por uma empresa chamada Omnivision. Este sensor da Omnivision era considerado ruim e
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muitos usuários reclamavam da (baixa) qualidade que a câmera frontal do iPhone produzia. Como hoje em dia temos vários modelos de smartphones com boas câmeras frontais (apesar de a maioria não chegar ao Brasil como os HTC), parece que a Apple entendeu que tinha de melhorar neste aspecto e rumores apontavam que a Sony passaria a ser a fabricante do sensor da câmera frontal dos iPhones a partir deste ano. A Sony que, por sinal, já era a fabricante de longa data dos sensores de câmera traseira dos iPhones, essas sim bastante elogiadas pelos usuários e passaram de 8 para 12 megapixels. O iPhone pode não ter a melhor câmera traseira entre os smartphones, mas está longe de ser uma câmera ruim. O único sensor que preenche todas as caracte-
meras dos iPhones 6s rísticas informadas pela Apple é o IMX278 que foi anunciado pela Sony em julho deste ano. É um sensor totalmente novo mas que continua medindo apenas 1/3 de polegada, por isso é bom que fiquem atentos: apenas aumentar a resolução não é sinal de que a câmera é melhor. Está dentro da média dos smartphones em geral mas talvez já tenha passado da hora da Apple ousar um pouco mais, tentar algo realmente novo no mercado. Talvez um aparelho do porte do iPhone mereça mais do que uma câmera boa, merece algo que cause impacto. Mesmo assim, espero uma boa melhora em relação à câmera traseira do iPhone 6 e uma gigantesca melhora da câmera frontal. Sobre a câmera traseira, as principais características são: lentes com revestimento de cris-
tal de safira e abertura f/2.2; estabilização óptica; capaz de fazer vídeos na resolução 4K com taxa de 30fps ou Full HD com taxa de 60fps (ou ainda HD com taxa de 30fps); também possui a função de câmera lenta com taxas de 120 e 240fps; e há a possibilidade de fazer fotos simultaneamente com vídeos em 4K, neste caso as fotos terão a resolução de 8 megapixels. Já a câmera frontal fará vídeos em resolução HD e tem incorporada a função Flash Retina em que a câmera se acende ao detectar baixa luminosidade. Tecnicamente parece que em questão de fotografia os iPhones 6s e 6s Plus estão bem servidos, mas faltam testes práticos para ratificar isto e eles devem começar a aparecer nas próximas semanas. Revista reflex - Novembro de 2015
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ENTREVISTA
Sebastião Salgado Apontado como um dos mais premiados e respeitados fotojornalistas da atualidade, Sebastião Ribeiro Salgado Júnior é mineiro de Aimorés e nasceu no dia 8 de fevereiro de 1944. Formado em Economia, trabalhava na Organização Internacional do Café até 1973, quando decidiu se dedicar integralmente à fotografia. Depois da publicação de seus primeiros trabalhos, foi contratado pelas agências de fotografia Sygma e Gamma. Em 1979, entrou para a Agência Magnum e dois anos depois foi pautado para uma série de fotos nos EUA sobre os primeiros 100 dias do governo de Ronald Reagan. Até
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Revista reflex - Novembro de 2015
que aconteceu o imponderável da sorte: acompanhando a comitiva do presidente em Washington, na tarde do dia 30 de março de 1981, Salgado foi o único fotógrafo a registrar o atentado a tiros sofrido por Reagan. A venda daquelas fotos para jornais e revistas do mundo inteiro permitiu ao fotógrafo financiar seus primeiros projetos pessoais de viagens pelos locais mais remotos do planeta. Em 1994, abriu sua própria agência, a Amazonas Images. Desde então, tornou-se embaixador do UNICEF, criou em sua terra natal (a fazenda Bulcão, em Aimorés) uma reserva ambiental como sede do
Imagens: Fotografias de Tião Salgado para a edição de Genesis. Livro impresso vale mais de 10mil reais.
Instituto Terra, gerenciado por ele e por sua esposa, e publicou vários livros com seleções de suas fotografias, sempre com imagens em preto e branco que denunciam a violação dos direitos humanos em meio a situações de guerra, de pobreza e de outras injustiças. Na introdução de “Êxodos”, Sebastião Salgado escreveu: “Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes no mundo inteiro. Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, adaptam-se a situações extremas. Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma.”
>>
“
Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes no mundo inteiro. Salgado Revista reflex - Novembro de 2015
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ENTREVISTA
Como foi que descobriu a fotografia?
O que ainda não fez, mas pretende fazer?
Foi completamente por acaso. Na época eu e
Pretendo continuar o trabalho que venho desen-
minha esposa, que é arquiteta, vivíamos em Paris
volvendo. Devemos estar todos cientes de que o
e estávamos impedidos de retornar ao Brasil por
planeta está passando por uma situação limite,
muitos anos por razões políticas. Ela comprou
uma situação muito grave que ninguém pode
uma câmera para tirar fotos de edifícios e, como
ignorar. O homem já destruiu mais da metade
eu sempre acompanhava o trabalho dela, come-
do nosso planeta e não pode seguir nesta dep-
cei a olhar através da lente. Foi aí que a fotografia
redação brutal. Se eu puder contribuir com uma
começou a invadir minha vida. Quando terminei
pequena parte para a preservação, se eu puder
meu doutorado em Economia, abandonei tudo
tocar o coração das pessoas, meu objetivo terá
para dedicar mais tempo a meu filho, que tem
sido alcançado. Talvez este seja meu último longo
Síndrome de Down, e comecei uma nova vida
projeto, mas não tenho do que reclamar. Muito
como fotógrafo. Isso ainda é minha vida hoje.
pelo contrário. Tenho vivido uma vida extrema-
Sobre a sua perspectiva, tecnologias da imagem trouxeram melhorias para a fotografia? É claro! Eu fotografei com rolos de filme por muitos anos, mas agora que estou começando a trabalhar com equipamento digital, percebo que a diferença é enorme. A qualidade é inacreditável: eu não uso flash e com o equipamento digital posso até mesmo trabalhar em condições de luz muito ruins. Além disso, é um alívio não perder mais as fotografias para máquinas de raios-x nos aeroportos.
O que ainda não fez, mas pretende fazer? Pretendo continuar o trabalho que venho desenvolvendo. Devemos estar todos cientes de que o planeta está passando por uma situação limite, uma situação muito grave que ninguém pode ignorar. O homem já destruiu mais da metade do nosso planeta e não pode seguir nesta depredação brutal. Se eu puder contribuir com uma pequena parte para a preservação, se eu puder tocar o coração das pessoas, meu objetivo terá sido alcançado. Talvez este seja meu último longo projeto, mas não tenho do que reclamar. Muito pelo contrário. Tenho vivido uma vida extremamente privilegiada. Visitei mais de 120 países, vi muitas pessoas diferentes, vi coisas maravilhosas e coisas terríveis.
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mente privilegiada. Visitei mais de 120 países, vi muitas pessoas diferentes, vi coisas maravilhosas e coisas terríveis.
Entre tantos, qual dos mestres da fotografia mais influencia seu trabalho? Todos eles (risos). Mas quando eu estava começando, tive a incrível sorte de conhecer Cartier-Bresson em Paris. Lembro até hoje das palavras dele, muito velhinho, dizendo que era preciso confiar nos meus instintos mais sutis para fazer um trabalho que tivesse algum valor além do registro banal. Acho que foi a principal lição que já ouvi em toda a minha vida.
Como foi que descobriu a fotografia? Foi completamente por acaso. Na época eu e minha esposa, que é arquiteta, vivíamos em Paris e estávamos impedidos de retornar ao Brasil por muitos anos por razões políticas. Ela comprou uma câmera para tirar fotos de edifícios e, como eu sempre acompanhava o trabalho dela, comecei a olhar através da lente. Foi aí que a fotografia começou a invadir minha vida. Quando terminei meu doutorado em Economia, abandonei tudo para dedicar mais tempo a meu filho, que tem Síndrome de Down, e comecei uma nova vida como fotógrafo. Isso ainda é minha vida hoje.
Após a divulgação de Gênesi, tens intenção de continuar com outro projeto? Nos próximos anos, pretendo me dedicar a este projeto para que ele esteja completo e tenha um certo alcance. O que está agora em exposição é
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.2
apenas uma pequena parte dele, uma prévia, com as fotografias que eu tinha feito em Galápagos, no Virunga, que é um parque nacional entre o Congo, Uganda e Ruanda, e a Península Valdes, na Argentina. O Gênesis surgiu há dois anos e tem como objetivo despertar a atenção das pessoas para conceitos de biodiversidade, de sociodiversidade e do papel que todos nós devemos ter na
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.4
conservação ambiental. Metade do planeta Terra ainda está intacta e pretendo me dedicar através da fotografia para mostrar a parte que a ação do homem ainda não destruiu. Acredito que podem-
os compreender o que ainda é possível preservar. |
1. Other Americas (Outras Américas, 1986) 2. Sahel: L’’Homme en Detresse (Sahel: o Homem em Agonia, 1986) 3. Trabalhadores (1993), 4. Terra (1997)
Imagens: Sebastião Salgado em fente a uma de suas fotografias da coleção Gênesis
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TÉCNICAS 36
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luz
Padrões básicos de retrato e uso da
No retrato clássico existem várias
coisas que você precisa controlar e observar para fazer uma foto lisonjeira de seus assuntos, incluindo: a
proporção da luz, a iluminação padrão, a visão do rosto, e o ângulo
dividida “ Iluminação Iluminação curva
Iluminação de Rembrandt Iluminação borboleta Iluminação ampla Iluminação curta
de visão. É aconselhável começar a Cenário clássico de um estúdio fotográfico, com o banquinho em um fundto infinito para fotografar retratos.
conhecer estes princípios de dentro
diferentes formas e, a partir desta for-
para fora, e como a maioria das coi-
ma, criar direferentes efeitos. Em ter-
sas então, você poderá até quebrar
mos simples, é a forma que a sombra
suas regras. Mas se puder apreender
tem na face. Existem quatro padrões
esta pequena informação, estará no
de iluminação comuns em retratos:
caminho exato para obter ótimas
Iluminação dividida, curva, borbole-
fotos de pessoas. Vamos olhar para
ta, Iluminação de Rembrandt, ampla
o padrão de iluminação: o que é,
e curta. Mais do que um estilo, as
por que é importante, e como usá-
duas últimas iluminações, podem
lo, para fazer bons retratos. Há um
ser usadas com a maioria dos pa-
padrão de iluminação que pode ser
drões restantes. Vamos olhar para
usado, o modo como a luz e a som-
cada um deles individualmente nas
bra atuam por todo o rosto para criar
páginas seguintes. Revista reflex - Novembro de 2015
>>
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TÉCNICAS
.1
Iluminação ampla
Quando o rosto da pessoa se afastou um pouco do centro e fica com o lado da face que está voltado para a câmera – o lado mais amplo, sob a luz. Isto produz uma maior área de iluminação no rosto, e um lado sombreado, que parece menor. A maioria das pessoas, porém, quer parecer mais magra, não maior, de modo que esse padrão não seria apropriado para alguém
que é mais pesado ou que tem o rosto redondo. .1
com.br/seis-padroes-iluminacao-retrato-fotografo-conhecer/#_ .2
Iluminação curta
Na iluminação curta, a face está voltada para
a fonte de luz neste momento. Observe como a parte do rosto que se afastou da câmera tem mais luz sobre ele, e as sombras estão caindo sobre o lado que está mais próximo. De modo geral, este padrão tem sombras na maior parte da face que está à mostra.
.2
Exercício prático *
* Lembre-se de testar tanto a iluminação ampla
Enquadre uma pessoa real, ao vivo,
drões, onde forem aplicáveis. Não se preocupe com
não um animal nem um bebê, pra-
proporção, luz de preenchimento, etc. Apenas con-
tique a criação de cada um dos pa-
centre-se em obter primeiro, apenas os padrões de-
drões de iluminação citados, incluindo:
scritos aqui. Use a luz de uma janela, uma luminária
quanto a curta – para cada um dos diferentes pa-
com uma lâmpada nua – retire a proteção, ou o sol – mas tente usar uma fonte de luz com a qual
Iluminação borboleta
possa ver o que está acontecendo. Não tente usar
Iluminação curva
o flash até que tenha mais experiência, é mais difícil
Iluminação de Rembrandt
de aprender com ele, porque você não pode vê-lo
Iluminação dividida
até depois de a foto ter sido tirada. Também funciona melhor começar com o assunto voltado diretamente de frente para a câmera, sem se virar a não ser para criar o padrão amplo ou o curto.
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Iluminação dividida
.3
A Iluminação dividida ou ‘split’, divide o rosto exatamente em duas metades iguais, com um lado sob a luz, e o outro na sombra. Usado, frequentemente, para criar imagens dramáticas para as coisas, como um retrato de um músico ou de um artista. Tenha em mente, que não há regras rígidas e simples, portanto use a informação fornecida aqui como um ponto de partida, ou uma diretriz. .3
Iluminação curva
.4
A iluminação curva ou ‘loop’ é feita através
da criação de uma pequena sombra do nariz do assunto sobre as suas bochechas. Para criá-la, a fonte de luz deve estar levemente mais alta do que o nível dos olhos, e a cerca de 30º – 45º da câmera – isso depende de cada pessoa, você tem que aprender a ler os rostos delas. .4 .5
Iluminação de Rembrandt
Para criar a iluminação de Rembrandt, o assunto deve virar ligeiramente para longe da luz. Esta deve estar acima do topo de sua cabeça para que a sombra de seu nariz caia na direção da face. Se utilizar luz da janela, e ela for até o chão, você pode ter que bloquear a parte inferior com um gobo, ou um cartão, para conseguir este efeito. .5 .6
Iluminação borboleta
Este padrão é criado por ter a fonte de luz diretamente por trás das câmeras, e um pouco acima do nível dos olhos. Este padrão é mais difícil de criar usando a luz de uma janela ou um refletor sozinho. Muitas vezes, uma fonte de luz mais forte como o sol ou um flash é necessário para produzir a sombra mais definida sob o nariz. .6 Revista reflex - Novembro de 2015
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TÉCNICAS
Enquadr
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ramento Aprenda a determinar planos e ângulos
Fotografia de Shunk Kender, As mãos representam uma forma de estudar um enquadramento
Enquadrar é a ação de selecionar determinada porção do cenário para figurar na tela, escolhendo os ângulos e a amplitude do plano. Assim, a depender do enquadramento, uma paisagem pode aparecer com mais céu, mais árvores, mais água. Uma pessoa pode aparecer inteira na tela, ou pode-se optar por mostrar apenas seu rosto. Enquadrar é decidir o que faz parte do filme em cada momento de sua realização. Enquadrar também é determinar o modo como o espectador perceberá o mundo que está sendo criado pelo filme. Quem enquadra bem, com senso narrativo e estético, escolhendo acertadamente como as coisas e as pessoas são filmadas em cada plano do filme, tem meio caminho andado para contar uma boa história com o cinema. O enquadramen-
to depende de três elementos: o plano, a altura do ângulo e o lado do ângulo. Basicamente, poderíamos dizer que escolher o plano é determinar qual é distância entre a câmera e o objeto que está sendo filmado, levando em consideração o tipo de lente que está sendo usado. Mas, em vez de explicar com conceitos, é bem mais fácil explicar como as coisas funcionam na prática. No começo do cinema, os americanos criaram três tipos básicos de planos, que ainda hoje resolvem, embora de modo tosco, a maioria dos nossos problemas de enquadramento. Para simplificar, vamos considerar que a câmera está utilizando uma objetiva normal, que “vê” as coisas do mesmo modo que um olho humano (ângulo visual de mais ou menos 90%). >> Revista reflex - Novembro de 2015
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TÉCNICAS
Planos Plano fechado A câmera está bem próxima do objeto, de modo que ele ocupa quase todo o cenário, sem deixar grandes espaços à sua volta. É um plano de intimidade e expressão.
Plano americano A figura humana é enquadrada do joelho para cima.
Plano detalhe A câmera enquadra uma parte do rosto ou do corpo (um olho, uma mão, um pé, etc.). Também usado para objetos pequenos, como uma caneta sobre a mesa, um copo, uma caixa de fósforos, etc.
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Ângulos Ângulo normal quando ela está no nível dos olhos da pessoa que está sendo filmada.
Plongée Ppalavra francesa que significa “mergulho”, quando a câmera está acima do nível dos olhos, voltada para baixo. Também chamada de “câmera alta”.
Contre-plongée Com o sentido de “contra-mergulho”, quando a câmera está abaixo do nível dos olhos, voltada para cima. Também chamada de “câmera baixa”.
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EXPOSIÇÕES
Inspirações:
exposições pelo Brasil O tempo e a imagem
Guilherme Glück A mostra, com curadoria de Eder-
Museu Oscar
son Santos Lima e Graça Bandei-
Niemeyer, até 14
ra, traz cerca de 100 fotografias de
de fevereiro
Guilherme Glück, registros de quat-
de 2016
ro décadas da cidade da Lapa (PR), seus habitantes, seus costumes e
Curitiba
tradições. Dessa forma, sua trajetória reflete também as mudanças sociais, políticas e arquitetônicas da cidade. A mostra traz mais que o cotidiano de uma pequena cidade do interior, ela apresenta um registro histórico e iconográfico do local. Dos diferentes temas abordados pelo fotógrafo, essa exposição abrange os considerados mais representativos da riqueza cultural lapeana e paranaense: educação, trabalho, período varguista, cultura e a Lapa urbana.
O estúdio fotográfico de Chico Albuquerque A exposição traz 150 imagens do fotó- Instituto Moreira grafo cearense pioneiro na publicidade. Salles, até 31 de Membro do Foto Cine Clube Bandei- dezembro rante em São Paulo, Albuquerque é autor de disparos que se constituem Minas Gerais na vertente formadora da fotografia moderna brasileira, confrontando, inovando e ampliando a linguagem então praticada no âmbito do fotoclubismo, predominantemente pictorialista.
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Por debaixo do pano
Nair Benedicto
Casa da Imagem,
A mostra revela a “realidade falsa-
até 7 de fevereiro
mente camuflada e desnuda da nos-
de 2016
sa vida cotidiana”, segundo o curador Diógenes Moura, reunindo fotografias
São Paulo
sobre tribos indígenas, manifestações populares, ditadura, desigualdades sociais, entre outros temas. Perseguida pelos militares no período da ditadura, Nair faz uma alerta em defesa às liberdades individuais pelas quais muitos perderam a vida: “Vivi a agonia do golpe de 1964 e não esperava reviver. Mas cá estamos neste emaranhado de confusões. Dói ver que pessoas tenham coragem de defender nas ruas e nas redes sociais a volta da ditadura! É a perversidade sem limites! É o ser humano em momento mais abjeto”.
Cuba – Ficcíon y fantasía Casa Daros,
A mostra apresenta 119 obras de 17
até 13
artistas cubanos, produzidas entre
de dezembro
1975 e 2008. A seleção não pretende abarcar todas as correntes artísticas
Rio de Janeiro
de Cuba, mas busca transmitir uma ideia das facetas mais importantes desta produção nas últimas décadas. O ponto central de todas as considerações e estratégias artísticas continua a ser a ilha de Cuba, sua cultura e sua história. O sistema singular de governo, bem como o bloqueio e a precária situação econômica continuam a ser, em larga medida, o centro das atenções. Revista reflex - Novembro Revista reflex de 2015 - Novembro de 2015
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LISTA DE DESEJOS
Equipamentos
básicos para fotógrafos Mochila Grande Profissional Backpack F.64 BP Produzida em poliester com espuma de alta densidade com estofamento em células fechadas. Posui divisórias acolchoadas ajustáveis e ziperes de bobina auto-selante. Dois bolsos laterais removíveis 4x5”. Perfeita para guardar todos os equipamentos necessários para quem que se tornar um profissional. Obtendo liberdade no trasporte de todos seus equipamentos. www.eshop10.com.br
R$ 350,00
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Câmera Digital Canon EOS Rebel T5i Full HD 18 MP O zoom ótico de 18x da Rebel te aproxima de assuntos distantes, e suas imagens ficam nítidias graças ao estabilizador ótico de imagem. A lente grande angular de 58mm também permite fotografar grupos de pessoas bem como belas paisagens. loja.amorpelafotografia.com
R$ 1.750,00
Kit de lentes Prime da Canon Para aumentar o zoom com estes tipos de lentes, você precisa usar seus pés e ficar mais perto ou mais longe longe do assunto. Lentes prime tradicionalmente são mais nítidas e mais rápido, em seguida, lentes de zoom. www.loja.canon.com.br
R$ 1.200,00
Tripé Manfrotto MT055xpro3 Cabeça Mhxpro-3w Com capacidade de carga de 8,0 kg e estende até 1,83m. Suas pernas são presas por Quick Power Locks. Uma coluna central redesenhada permite a operação com um dedo, e inclui uma conexão Easy Link para acessórios como uma luz LED ou um refletor. A coluna central pode ser posicionada horizontalmente, para fotografia de ângulos baixos e de macro. www.eshop10.com.br
R$ 900,00
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na próxima edição: Dorothea Lange e seu registro da grande depressão dos anos 20 nos EUA.