WAY

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bravo

Uma volta pelo fim do mundo O arquipélago das ilhas Malvinas um dos últimos grandes destidos de vida selvagem do plenata.

entrevista

Alex Hannold e Cedar Wright escalaram até o cume

de 14 montanhas mais altas da Califórnia usando apenas duas bikes.

na bagagem

Selecionamos os melhores equipamentos para sua aventura

1 semana

Saiba o que fazer durante uma semana de perfeito isolamento na maior reserva biológica da Patagônia.

vida

Conheça a comunidade Moken, que luta para preservar sua cultura de povo do mar.


check-in

arrival

Tanta gente vive em circunstancias infelizes e contudo, não toma a iniciativa de mudar sua situação porque está condicionada a uma vida de segurança, conformismo e conservadorismo, tudo isso que parece dar paz de espírito, mas na realidade nada é mais maléfico para o espírito aventureiro do homem do que

um futuro seguro. A coisa mais essencial do espírito vivo de um homem é sua paixão pela aventura. A alegria de viver vem de nossos encontros com novas experiências e, portanto, não há alegria maior que ter um horizonte sempre cambiante, cada dia com um novo e diferente Sol. Está em tudo e em qualquer coisa que

possamos experimentar e não somente das relações humanas, portanto tome a inciativa, em deixar de lado o estilo de vida habitual e comprometasse com um modo de viver não convencional. Não hesite nem se permita dar desculpas. Simplesmente saia e faça! BEM VINDO AO ESTILO DE VIDA WAY

lounge way

entrevista

na bagagem

bravo

raixo - x

1 semana

vida

Coisas perfeitas

Quatro rodas (e nenhuma gasolina)

Coisas perfeitas

Uma volta pelo fim do mundo

Em busca da Aurora Boreal

Sete dias e um destino

Ciganos a deriva

departures

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Projeto Gráfico - Editorial Felippe Stahelin Fontes Go Outside, Outside Magazine Assessoramento Ildo Golfetto, Bruno Campos, Marta Braga. Formato 200x270mm Fontes Tipográficas Metropolis 1920, Minion Pro, Frankliyn Ghotic Medium Papel Capa Couché 180 g/m2 Capa Miolo 115 g/m2

Esse trabalho é experimental, sem fins lucrativos e de caráter puramente acadêmico, desenvolvido pelo aluno Felippe Stahelin como exercício de projeto editorial para a disciplina de Projeto Gráfico II do curso de Design Gráfico da Faculdade Energia no semetre de 2013-2. Não será distribuído, tampouco comercializado.

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lounge way

música

filme 180º South, vários artistas

Chasing Ice (2012)

Sabe quando a trilha sonora é tão legal que acaba sendo tão importante como um personagem? Acontece com a de Emmet Malloy para o documentário 180º South - Conquerors of the Useless. As 14 faixas da trilha fazem o espectador entrar de cabeça no filme, que mostra a jornada de Jeff Johson em sua tentativa de refazer a viagem épica dos escaladores empresários Yvon Chouinard dono da Patagônia, e Doug Tompkis, chefão da The North Face, dos Estados Unidos à Patagônia em 1968. James Mercer, Mason Jennings e Jack Johnson contribuem com uma ou duas faixas cada um, e o resto fica por conta de Ugly Casanova, codinome indie de Isaac Broock. O idealizador da trilha, Emmet Malloy, conta que foi surgindo numa viagem a Patagônia em 2007 com seus amigos James e Mason. Segundo ele o álbum é inspirado nas estrelas do Sul do Chile, mas ganhou vida em uma cabana em Minnesota, uma garagem no Havaí e um sótão em Portland.

James Balog, fotógrafo da revista National Geographic, passou a maior parte de sua vida sem acreditar no aquecimento global. Mas quando é enviado a regiões glaciais, ele encontra provas irrefutáveis da rápida transformação planetária. Surpreso com a paisagem, Balog desenvolve uma máquina fotográfica específica para as baixas temperaturas, no intuito de registrar da melhor maneira possível a mudança da superfícies fria dos polos terrestres, distribuindo por diversas geleiras do mundo. A idéia de time-lapse photography já é sensacional por si só, mas utilizá-la de maneira tão poderosa para fazer um ponto científico visual – já que milhões de dados, gráficos e afins parecem impalatáveis para a maioria – é maravilhosamente perfeita.

livro Challenging your Dreams Uma história da incrível jornada de mais de 168.000km ao redor do globo. Acompanhe o desenrolar das emoções através dos cinco continentes, desde os trópicos da América do Sul até o Alasca, passando por séculos de história na Europa até o coração da África, e pelas loucuras da India até o solidário sertão da Austrália. Repleto de história, curiosidades, dicas, mapas e mais de 600 fotos coloridas, é muito mais do que uma coleção de memórias e fotografias, é uma chance de entrar no espírito de uma expedição e juntar-se a nós na busca de um sonho. O livro pode ser encontrado em todas as livrarias do país, ou pode ser adquirido através do site da Editora Aleph.

playlist way Full Moon Midnight City Lights Yellow Cake Can,t Go Back Now Help I’m Alive Il Faut Du Temps Au Temps The Longer I Run 1234 Where the Wind Blows Lazy Eye How to Disappear Completely

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The Black Ghost M38 Ellie Goulding Kaki King The Weepies Metric Makali Peter Bradley Adams Feist Sea Wolf Pickups Radiohead

SITE 12hrs Vai passar por uma cidade bacana e quer aproveitar o pouco tempo que tem para conhecer? Acesse então o site 12hrs, projeto do fotógrafo de street style dinamarquês Soren Jepsen e da escritora alemã Anna Peuckert que reúne ótimas dicas que focam em experiências legais que você precisa ter em cada lugar.

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ENTREVISTA 6

Quatro rodas (e nenhuma gasolina) Os renomados escaladores norte-americanos Alex Honnold e Cedar Wright decidiram fazer uma expedição 100% sustentável: para chegar ao cume das 14 montanhas mais altas da Califórnia, usaram apenas duas bicicletas como meio de transporte. Por Mariana Mesquita

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ENTREVISTA Foi no ano passado, durante uma viagem pelo Chile, que a ficha caiu para Alex Honnold e Cedar Wright, dois dos mais famosos escaladores norte-americanos na atualidade: as expedições que costumavam fazer não eram, sob muitos aspectos, lá muito sustentáveis. Vários trechos de avião e longos rolês de carro sempre precisavam acontecer para que alcançassem paredões rochosos e montanhas mundo afora, resultando em um significativo rastro de carbono. Como podiam, então, reclamar da falta generalizada de cuidado das pessoas com a natureza, se eles próprios estavam dando tamanho mau exemplo? Inspirados pelas belezas do vale chileno de Cochamó, considerado o “Yosemite da América do Sul” pela semelhança com o parque californiano, a dupla chegou à conclusão de que era hora de mudar de atitude e diminuir o impacto de suas viagens de escalada. Após um bom dedo de prosa sobre o assunto, Alex sugeriu que eles se lançassem em uma aventura pela Califórnia para explorar as montanhas da região. Só que, desta vez, o único meio de locomoção seria a bicicleta, o mais limpo transporte terrestre já inventado até hoje. Entre junho e julho passados, os dois pedalaram por quase todo o território daquele Estado norte-americano, onde escalaram as 14 montanhas com mais de 4.000 metros de altitude que existem por lá. Sem pretensão de ser tornarem exímios mountain bikers, os dois aproveitaram muito os momentos sobre duas rodas. Mas foi escalando as montanhas que curtiram ao máximo o desafio. Em entrevista à WAY, Cedar Wright conta como foi a jornada. WAY Vocês são fãs de algum atleta de ciclismo ou foram inspirados por outras viagens de bike ao pensar nessa aventura?

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CEDAR WRIGHT Já sabíamos de outras pessoas que estão unindo bike e escalada, como um cara que viajou para o monte Everest de bicicleta. Mas a ideia partiu mesmo de uma conversa que nós tivemos sobre a importância de estarmos realmente conscientes sobre o meio ambiente – a começar pela escolha do meio de transporte. Foi difícil deixar o carro de lado e carregar todo o equipamento na bike? Você aconselharia essa experiência a outras pessoas? Viajar de bike é muito, muito legal. Você se move bem devagar, vê a paisagem de uma maneira diferente, interage mais com as pessoas e ainda protege o meio ambiente. Na verdade, a bicicleta é o único transporte no qual você consegue apreciar e sentir totalmente o visual a seu redor. Além disso, quando se pedala e faz força em uma subida de até 1.800 metros de altura, o cansaço é recompensado na descida. Chegamos a alcançar uma velocidade de 88 km/h num downhill, foi bem divertido.

“Combinação desses três esportes nos fez sentir dores por todo o corpo, em lugares que nem imaginávamos. A bike acabou com a gente, ficamos exaustos!”

Como foi a preparação para a viagem? Não tivemos muito tempo para isso. Alex estava ocupado no Alasca com uma expedição, e eu encontrava-me em uma outra, no Yosemite. Nós combinamos uma data e simplesmente fomos. Peguei Alex em um aeroporto da Califórnia pela manhã e, 12 horas depois, já estávamos no monte Shasta, o quinto mais alto do Estado, com 4.322 metros. Terminamos a expedição no sul, no monte Langley, o nono mais alto, com 4.277 metros. O que acabou sendo mais difícil, pedalar ou escalar? Não tenho dúvidas: foi a bike. Trata-se de um esporte novo para nós, pois estamos acostumados a apenas escalar. Alex e eu até pedalamos um pouco onde mo-

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ENTREVISTA

Dose dupla; Pedalar e escalar

Alex Honnold, 28 anos Um dos nomes mais conhecidos entre os escaladores de sua geração, o atleta ganhou fama ao vencer os paredões rochosos míticos como o Half Dome e o El Capitan sem usar nenhum equipamento de segurança. É o protagonista de filmes como Honnold 3.0, exibido no 3º Festival Rocky Spirit, que rolou recentemente em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Cedar Wright, 38 anos É escalador profissional, diretor, escritor e músico. Consagrouse no universo esportivo ao realizar ascensões velozes, em um único dia, de picos como El Capitan, no Yosemite, além de ter participado de expedições na África, Ásia e América do Sul.

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ramos, porém nunca tínhamos viajado de bike por distâncias tão longas. Estamos acostumados a escalar e caminhar, mas a combinação desses três esportes nos fez sentir dores por todo o corpo, em lugares que nem imaginávamos. A bike acabou com a gente, ficamos exaustos! E vocês chegaram a se machucar por causa disso? Por causa da bike eu tive problemas no tendão de Aquiles. Já o Alex sentiu muitas dores nos joelhos. Mas foi só prosseguir mais devagarzinho que, no final, deu tudo certo. Qual a grande vantagem de se estar de bike nessa viagem? As pessoas se sentem mais curiosas para saber quem é você ou para onde está indo quando te vêem de bicicleta. É como se a bike te tornasse automaticamente um cara mais legal. No meio da viagem, conhecemos outros ciclistas que foram muito solícitos conosco. A parte mais engraçada era

chegar a uma cidade pequena e depois ver os moradores dando voltinhas com a nossa bike e experimentando nossos equipamentos. No fim da viagem, qual foi o melhor momento para você? É difícil escolher um momento bom. Em cada ascensão, a sensação era de que poderíamos ficar por lá um tempão olhando a beleza surpreendente das montanhas californianas e da cordilheira de Sierra Nevada. É de longe um dos lugares mais incríveis do leste dos Estados Unidos. O que vocês gostariam de transmitir às pessoas com essa expedição? Nós tivemos a oportunidade de provar que, sim, é possível vivenciar uma grande aventura de escalada sem o uso de um carro. Essa foi a grande sacada do nosso desafio. Eu estou muito orgulho de tudo o que passamos. Espero que as pessoas se sintam inspiradas e possam ter experiências tão incríveis quanto essa. E deixem seus carros na garagem.

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na bagagem

Coisas perfeitas

BIG BROTHER

Um pequeno aparelho que permite manter a forma de modo divertido. Durante o dia mede os passos, distância percorrida, calorias queimadas. Durante a noite mede a qualidade do sono, ajuda a melhorar o mesmo e ainda te acordo pela manhã. É um aparelho altamente motivador no que diz respeito a cumprir objetivos corporais ao trazer o fitness para o seu dia-a-dia. U$ 99,00 amazon.com

Leves, precisos, inovadores, indispensáveis. Para os aventureiros de plantão, fizemos uma seleção de produtos que podem tornar suas aventuras, mais seguras e divertidas. Por Mariana Mesquita

CALOR HUMANO

SACO DE DORMIR PARA CASAL

Eleito como o melhor saco de dormir para casal já desenvolvido, pelo site The Adventure Blog. Graças ao conforto, tecnologia e leveza. Recheado com pena de ganso, tem cobertura à prova d’água nos pés para proteger contra umidade da barraca e uma esteira acolchoada (vendida separadamente) que torna ainda mais insuperável. US$ 450,00 amazon.com, nemoequipment.com

A Columbia desenvolveu a tecnologia Omni-Heat, usada neste modelo Heat Elite, para os forros internos de suas jaquetas: Um tecido com trama mista respirável e minúsculos pontos de lâminas metálicas. A ideia é que o calor produzido pelo próprio corpo seja refletido de volta. Segundo a marca, essa inovação produz um aumento de cerca de 20% na temperatura, sem volume ou peso adicionais. R$ 800,00 columbia.com

TRAILER ON THE ROAD

Será necessário um carro potente para puzar este trailer, produzido pela Airstream. Com ele é possível levar bicicleta, pranchas, caiaque e assim, ser autosuficiente durante toda a viagem. De aço inoxidável, te uma enorme porta traseira que facilita o embarque e desembarque das tralhas, conta ainda com cama e sistema de iluminação embutidos. US$ 80,000 airstream.com

PEQUENA E PODEROSA

CAFÉ INSTANTÂNEO

Abra sua cafeteira para acampamento Brunton Flip N’ Drip, despeje o pó no filtro, adicione água fervendo, feche-, vire-a de ponta cabeça e abra-a outra vez: Seu café estará na caneca térmica pronto para ser tomado. U$ 60,00 amazon.com; brunton.com

GADGETS INTELIGENTES

Relativamente leve e um tamanho reduzido. Possui um sensor de 12MP, permitindo a gravação de vídeos 1080p a 30fps. Com o vasto leque de possibilidades, sempre tendo a melhor opção quando gravar com alta qualidade ou, criar pequenos vídeos em câmara lenta. Possui ainda WiFi embutido, o que permite a ligação direta da câmara a um dispositivo móvel, para utilização da app próprio ou para utilizar com o acessório de WiFi Remoto da GoPro (acompanhado). US$ 400,00 gopro.com

A LuminAID é uma poderosa luz de emergência que cabe no menor bolso da mochila. Tem placa de captação solar que alimenta a própria bateria e dá autonomia para até seis horas. US$ 20,00 luminaid.gostorego.com

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na bagagem VER PARA CRER

TÊNIS MEIO TERMO

Um GPS integrado ao óculos de esqui, o Zeal Optics Transcend registra informações como velocidade, altitude, distância, velocidade de ascensão e de descida vertical, tempo e temperatura. Mas como você tem acesso a todos os dados? Um display de LCD na própria lente do Transcend mostra a função que você quiser; para alterná-la, basta apertar um botão um botãozinho na lateral externa. Com esses óculos, fica muito mais fácil controlar seus movimentos e desempenho: Basta dar uma espiadela, sem precisar arregaçar as mangas para consultar o relógio de pulso. U$ 400,00 amazon.com; zealoptics.com; reconinstruments.com

O Asics Gel Lyte 33 é o mais novo tênis da linha da marca que propõe trabalhar as 33 articulações dos pés, permitindo um movimento mais eficiênte na corrida, com um sistema de gel que neutraliza os impactos e deixa tudo mais confortável. R$ 360,00 asics.com.br

CHAVEIRINHO

Em apenas 28gr este pequeno anel de aço inoxidável conta com nove funções diferentes: Chave Philips, chave estrela, chave de fenda, quatro tamanhos de chave Allen, chave de raio compatível com dois diãmetros (3,23 mm e 3,30mm) e ainda serve de abridor de garragas. US$ 25,00 kickstarter.com

INDESTRUTÍVEL

Desenvolvido pela CAT, o smartphone Tough esbanja resistência e durabilidade. A prova d’água (podendo ficar até 30 min submerso) resistente à poeira e é antichoques, aguentando tombos de até 1.80 metro. US$ 420,00 catphones.com

NA DIVIDIDA

A Komperdell, fabricante austríaca especializada em trekking, lançou o supertecnológico Approach Carbon: Modelo que se dobra em quatro partes, com carbono no corpo superior e titânio no inferior, hastes internas de tungstênio e apenas 210gr de peso. US$ 240,00 backcountry.com; komperdell.com

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SECURA TOP

Uma alça que se prende a orelha e que além de deixar os fones estáticos durante a corrida ou o pedal, não enrosca no capacete, óculos ou goggles. Tem ainda um sistema perfeito de vedação para que você só se concentre na música e no caminho que tem à frente. É à prova de suor, chuva e pode ser lavado. US$ 150,00 monstercable.com

Com a Mica, a Marmot inaugura um novo paradigma de jaquetas impermeáveis: Elas podem ser leves, muito leves. Com menos de 200g (o tamanho M tem 198g, praticamente o peso de um corta vento) a peça é respirável, à prova d’água e pode ser guardada dentro do próprio bolso. Nada foi eliminado em nome da leveza, possui capuz ajustável, dois bolsos frontais, punhos de velcro e zíperes também a prova d’água. R$ 715,00 marmotmountain.com.br

GARRAFINHA NA MÃO

Pequininha (142ml) a Sense Hydro S-Lab Handheld Hydration, da Salomom, cabe na palma da mão e vem com uma fita de neopreme para ficar bem presa no pulso. Idela para uma corridinha rápida. US$ 40,00 salomon.com

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BRAVO

Uma volta pelo fim do mundo O pico fica no meio do nada, é povoado por peculiares criadores de ovelhas e não passa de uma nota de rodapé na história militar britânica. Mas os turistas finalmente estão descobrindo o que Darwin constatou há 176 anos: o arquipélago das ilhas Malvinas é um dos últimos grandes destinos de vida selvagem do planeta Por Stephanie Pearson

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bravo Albatroz - de - Sombrancelha

Meu estômago não é páreo para o mar agitado desta manhã de janeiro de 2010. Muito menos para o fedor dos leões-marinhos tomando um preguiçoso banho de sol na chamada ilha Elephant Jason. Mas Mike Clarke, o dono cinquentão do Condor, navegou sua embarcação de 16 metros por 13.250 quilômetros, a partir da Alemanha, e nunca se deixou abater pelo oceano. Como todo morador das ilhas Malvinas – conhecida pelos britânicos como ilhas Falkland –, Clarke é também um sentimental. Quando ele descobre que eu quase vomitei, larga o timão nas mãos de seu ajudante e me oferece uma xícara de chá. “Não vai dar para ver nada muito melhor do que hoje”, diz Clarke, tentando desviar meus pensamentos do barco chacoalhante. Estamos navegando a 48 quilômetros da ilha Carcass até Steeple Jason, que se ergue do Atlântico sul como uma pirâmide egípcia, para observar mais de 170 mil casais de ameaçados albatrozesde-sobrancelha em fase de procriação. É um terço da população total do planeta. Quanto mais tempo eu passo nas Malvinas, mais eu entendo a diferença

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entre Charles Darwin e eu. “É um lugar miserável”, escreveu ele para a irmã, Caroline, em 6 de abril de 1834. “Minha excursão teria sido mais longa, porém durante o tempo todo sopraram rajadas de vento com granizo e neve... O país inteiro é mais ou menos um pântano.” Darwin quase me assustou com relação às Malvinas. Depois de ler a respeito da história e da vida selvagem do arquipélago de 740 ilhas, a 480 quilômetros da costa da Argentina, no entanto, fiquei obcecado por esse lugar rústico, assolado pela guerra e cheio de pinguins. Em um mundo que se encolhe cada vez mais, as Malvinas parecem ser um pedaço do planeta onde, conforme diz o slogan marqueteiro da região, “a natureza ainda reina”. Isso fica evidente quando Clarke ancora o Condor e nos leva de bote até a ilhota de Steeple Jason. Hoje propriedade da organização Wildlife Conservation Society, com sede no Bronx, em Nova York (EUA), esse pequeno trecho de terra de 7.900 metros quadrados é quase inacessível – e visitas sem aviso não são bem-vindas. Estou aqui porque me juntei a Clarke para recolher

alguns cientistas da Falklands Conser- buscar num píer da ilha Carcass às seis vation, a maior organização ambiental da manhã. Mas estou começando a pendo país. Dois de seus sete funcionários sar que, dos 6,7 bilhões de habitantes do estão aqui há uma semana contando mundo, alguns dos mais sortudos são os filhotes de albatrozes e pinguins. 2.478 moradores das Malvinas. Enquanto Clarke realiza alguns reLevei uns dias para entender isso. paros no chalé de pesquisa da ilha, os Após um voo de 90 minutos vindo de cientistas e eu nos embrenhamos até o Punta Arenas, no Chile, pousei no pescoço no mato e passamos por leões monte Pleasant, base militar britânica -marinhos adormecidos para chegar até da chamada Falkland do Leste, a sudoa colônia de albatrozes. Após alguns mi- este da capital, Stanley. Por razões de nutos andando, o céu enche-se de asas segurança, o piloto nos avisou para não com 2,5 metros de envergadura, como tirar fotografias, e antes de o oficial da uma revoada de aviões 747. O capim se alfândega carimbar meu passaporte tive abre em direção a uma longa península que assinar um formulário dizendo que coberta por milhares de ninhos de al- eu tinha “resgate médico aéreo no valor batroz, mais parecidos com brigadeiros de, pelo menos, 200 mil dólares”. gigantes enfeitados com titica branca de As Malvinas têm uma história bem passarinho. As mães cuidam de seus fi- tumultuada para um pontinho tão inlhotes e nos observam serenamente en- significante no mapa, com questões enquanto caminhamos perto da bagunça. volvendo a França, Espanha e InglaterPetréis gigantes (aves parecidas com os ra como principais rivais. Os franceses albatrozes), caracarás estriados (pássaros estabeleceram a primeira colônia, Port semelhantes a águias e falcões) e pinguins Louise, na Falkland do Leste, em 1764. saltadores misturam-se com os albatro- Um ano mais tarde, alheios aos franzes na imensa e harmoniosa comunida- ceses, os britânicos construíram Port de de penas. Os animais aproximam-se, Egmont, na vizinha ilha Saunders. Em unidos, para dar uma olhada em 1766, a Espanha comprou os direinós. Depois de observá-los tos da França e invadiu o teruns instantes, caminho ritório britânico, reivindi“Quanto mais um pouco para trás. cando sua soberania. Ao contrário das Os dois países tempo eu passo ilhas Galápagos, o quase entraram em nas Malvinas, mais diminuto número guerra por causa da eu entendo a diferença localização estratéde turistas (apenas 1.716 em 2009) dá gica das Falklands, entre Charles Darwin liberdade aos visitanusada como porto e eu. “É um lugar tes das Malvinas para seguro para os castimiserável”” interagir com a vida gados navios que voltaselvagem. Isso, combinavam de sua passagem pelo do com os espaços abertos e Cabo Horn, o ponto mais ao a dificuldade de acesso aos locais, sul da América do Sul. Em 1774, fez das Malvinas uma parada obrigatória rumores da iminente Guerra da Indepara os fanáticos observadores de aves. pendência dos Estados Unidos força“Apenas pessoas de sorte chegam a Ste- ram os britânicos a se retirar, e os espaeple Jason,” disse-me um habitante local nhóis assumiram o poder, controlando pela manhã quando o Condor veio nos as Falklands até 1811, quando eles tam-

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bravo Vestigios da Guerra das Malvinas

bém foram embora devido a problemas financeiros. Em 1820, a Argentina reivindicou a soberania sobre as ilhas como direito de sucessão da Espanha. Pelos vinte anos seguintes, as ilhas receberam náufragos, capitães do mar trambiqueiros, empreendedores de gado imprudentes e alguns soldados rebelados. Em 1833, os britânicos retomaram o controle da região e, em meados do século 19, Stanley era um porto importante. Atualmente as ilhas fazem parte dos Territórios Britânicos Além-Mar, com 70% da população da ilha sendo de ascendência britânica e seus habitantes reconhecidos como cidadãos britânicos. As Falklands poderiam ter flutuado felizes no esquecimento se não fosse pela invasão argentina de 2 de abril

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de 1982. Tudo a respeito do conflito de quase dez semanas foi surreal, especialmente a demora da cobertura televisiva como resultado das ainda precárias e altamente restritas transmissões via satélite. Quando a primeira-ministra inglesa da época, Margaret Thatcher, finalmente enviou sua força naval, sete semanas após a invasão, os britânicos de farda encontraram alguns dos habitantes da ilha sitiados em assentamentos, na iminência de ficarem sem comida. Os soldados argentinos estavam tão nervosos que, se um passarinho passasse na janela, eles atiravam. Ao final, as forças britânicas prevaleceram, e a Argentina rendeu-se em 14 de junho, perdendo 649 soldados contra 255 da Inglaterra. Desde então o país prome-

teu nunca mais invadir essas terras. Mas as relações entre os “kelpers” (como os argentinos apelidaram os habitantes britânicos da ilha) e os “malditos argies” (como são chamados os argentinos pelos moradores britânicos) são tão limitadas que a Argentina permite apenas um voo por semana até a Falkland do Leste através do seu espaço aéreo (perca seu voo e estenda automaticamente suas férias por mais uma semana). Para garantir a segurança inglesa, Margaret Thatcher gastou mais de 1 bilhão de libras na Fortaleza Falklands, que inclui a base aérea de monte Pleasant, que abriga 1.100 soldados e possui a única pista de boliche e o único cinema do arquipélago. E por que todo esse estardalhaço por causa dessas paragens açoitadas pelo ven-

to? A Argentina alega que é uma questão de soberania, e os habitantes nativos afirmam que se trata de um caso de autodeterminação dos povos. Na verdade, isso tem muito a ver com petróleo. Ninguém sabe a quantidade de petróleo que há na bacia das Falklands, mas as empresas exploradoras estimam que pode chegar a vários bilhões de barris. “A Shell estimou que 60 bilhões de barris de hidrocarbonetos podem ser gerados na bacia norte, onde já há um plano de exploração”, diz Phyl Rendell, do Departamento de Recursos Minerais das ilhas Falklands. Ainda há sinais da guerra por toda parte. Ao longo da única estrada pavimentada das Malvinas, uma linha de 60 quilômetros que liga o aeroporto a Stanley, placas em vermelho e branco com uma caveira e ossos cruzados aparecem aqui e ali. As letras dizem: CAMPO MINADO. Estima-se que os argentinos tenham plantado entre 18 mil e 30 mil minas, e muitas das que ainda estão lá ficam ao redor da capital. É ilegal adentrar um campo minado, mas ainda há acidentes. Uma vaca explodiu em julho de 2007. “Fez tremer todas as janelas de Stanley”, disse-me um cara local. Antes disso um iate de visitantes deixou de ler o Guia de Informações dos Portos e, por engano, atracou numa intocada – mas altamente minada – praia. Os moradores, conscientes do perigo, ficaram congelados no lugar até que um helicóptero veio para os recolher, mas os turistas se arriscaram e correram de volta para o bote. Perto de Stanley, uma área inteira de dunas está designada como área de explosão de material bélico. Se eu não tivesse voado desde Punta Arenas, a única forma de ter chegado aqui seria entrar num navio de turismo antártico. No ano passado, o país recebeu mais de 62 mil turistas de navio em excursões de um dia. Todos eles param em Stanley ou em alguma das ilhas ricas

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bravo

em vida selvagem, deixando o resto do país intocado para os turistas que chegam de avião e que em sua maioria vêm para ver os milhares de pinguins. Com todo respeito à guerra, as Malvinas são o local onde as piadas dos comediantes do grupo britânico Monty Python se encontram com um programa de natureza do canal de TV Animal Planet. A vida em Stanley, lar de 2.115 dos residentes das ilhas, tem um tempero britânico divertido. Os telhados metálicos coloridos, as cabines telefônicas vermelhas e as bandeiras britânicas esvoaçantes são um antídoto peculiar para o ambiente rude. No dia em que cheguei, a chuva caía quase que horizontalmente enquanto meu táxi seguia um Land Rover cujo adesivo de pára-choques dizia “Onde diabos estará a vida mansa?”. Passamos pelo porto de Stanley, onde vi o casco enferrujado de Lady Elizabeth, uma escuna de três mastros com 130 anos. Passamos pela Globe Tavern, onde os locais tomam cerveja Boddingtons Draught de lata (não tem chope aqui). Ultrapassamos um ônibus de dois andares e uma placa indicando a avenida Thatcher, daí viramos na rua

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Drury para chegar à pousada Kay’s B&B, uma casa branca com telhado metálico vermelho e 79 anões sorridentes no jardim. O chalé de 160 anos já abrigou equipes de filmagem japonesas, exploradores alemães e uma mochileira holandesa que acabou se casando com um ex-governador daqui. “Estou para fechar a pousada, deveria estar me aposentando, mas ainda tenho reservas para o próximo ano todo”, disse Kay McCallum, uma senhora de 72 anos, enquanto me recebe com uma xícara de chá. “Você poderia me recomendar um restaurante?”, pergunto. “Vivo em Stanley há 40 anos, mas nunca fui a nenhum dos restaurantes.” Os nativos das Malvinas são solitários. Quando se vive num arquipélago tão pequeno, o tal “faça você mesmo” torna-se o modus operandi, característica que vejo mais e mais durante minha visita de duas semanas a Stanley. Os locais se viram sozinhos. Em 1986, estabeleceram uma indústria pesqueira de primeira classe, sua maior renda (só as licenças para pesca da lula renderam dez milhões de libras esterlinas em 2008), o que permitiu que se livrassem da maioria dos laços financeiros

com o Reino Unido. Agora os habitantes Jonathan, um irlandês alto e forte, está a estão focados em encontrar formas eco- caminho da Antártica como palestrante. logicamente responsáveis para entreter Ele vai a bordo do Ocean Nova, um peum crescente número de turistas atraí- queno e luxuoso navio de turismo que dos pela promessa do último e melhor leva, em sua maioria, aposentados ricos. safári de vida selvagem no planeta. O navio fez uma parada em Carcass, ilha “Eu simplesmente amo” este lude 17 mil metros quadrados localizada gar”, me diz Jonathan Sha170 quilômetros a noroeste de ckleton, 58 anos, autor Stanley, para que os pas““No dia em do livro Shackleton: an sageiros pudessem ter que cheguei, a Irishman in Antarctiuma prova da hospitaca [Shackleton: um lidade da região. chuva caía quase que Irlandês na Antár- horizontalmente enquanto Rob McGill, fatica, sem tradução zendeiro de ovelhas meu táxi seguia um Land para o português]. de 65 anos, comprou Ele é primo de Lord Rover cujo adesivo de pára- Carcass em 1974. Ele Edward Shackletem olhos caídos, anchoques dizia “Onde ton, filho caçula do tebraços imensos e os diabos estará a vida famoso explorador cabelos brancos de um mansa?”” antártico. Lord Edward feiticeiro. Sua esposa, LorShackleton é autor do The raine, está acordada desde as Shackleton Report [O Relatório cinco da manhã fazendo tortinhas Shackleton, sem tradução para o por- de chocolate, biscoitos, trufas, pãezinhos e tuguês], importante trabalho de docu- suspiros para os visitantes do cruzeiro. A mentação que encoraja os nativos das água da baía em forma de ampulheta onde Malvinas a acabar com o poder do Reino fica a sede da fazenda é tão clara, a praia Unido sobre suas terras e estabelecer uma de 800 metros do outro lado é tão branzona livre de pesca de 240 quilômetros. ca e o sol é tão forte que poderíamos estar

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bravo O piloto faz uma aterrissagem suave no Caribe – se não fossem, claro, os pinguins saltando para fora d’água e gingan- na pista de grama, e Suzan Pole-Evans, do até sua colônia, bem no meio de uma uma britânica de 48 anos e cabelos grisapirambeira. Eu passeio pela praia com os lhos me busca em seu Land Rover. Com passageiros do Ocean Nova e os observo 121 mil quilômetros quadrados, Saunenquanto tiram milhares de fotos digitais. ders é a quarta maior ilha das Malvinas. “Não dá para não se apaixonar por É também o local do primeiro assentaesses bichos”, diz Bob Eberle, cirurgião mento britânico, Port Egmont. Anthony aposentado de 79 anos de Chicago. De- Pole-Evans, padrasto de 90 anos de Suzan pois da sessão de fotos dos pinguins, os e patriarca da ilha, vive aqui desde 1948. passageiros e Shackleton tiram suas lon- “Ele é surdo como uma porta, mas ainda gas galochas e fazem fila para entrar na gosta de pastorear as ovelhas”, ela diz. Ao sala de jantar dos McGill para o banquete contrário de outros fazendeiros que fizeaçucarado. “Meu primo Eddie tinha ver- ram um upgrade para veículos de quatro dadeira compaixão pelos moradores das rodas, Suzan prefere pastorear suas 6000 Malvinas”, diz Shackleton. “Eles apreciam ovelhas a cavalo – e não tem medo de usar muito suas raízes e história. São um povo seu revólver quando necessário. Suzan me conduz por 20 quilômetros de pedras, determinado e corajoso.” Exemplo bem córregos, capim e charcos até ilustrativo: quando os McGills um ponto chamado Pesconão estão oferecendo chá “As Malvinas ço. “Esta estrada está me para os turistas (35 emdando nos nervos”, diz. barcações e alguns misão tão exclusivas Observar pinguins lhares de pessoas irão porque a maior parte no Pescoço é mais visitá-los nesta temdas terras hoje são ou menos como obporada), eles cuidam privadas, inclusive áreas servar a galera numa de 650 ovelhas, 26 praia do Rio: milhares bois, seis vacas leiteide vida selvagem de aves de todos os tiras, dois cavalos e um internacionalmente pos caminham, mudam cachorro. Mas sempre importantes” de plumagem, cagam, há lugar para mais um. acasalam e dormem sob o “Temos uma cama extra”, açoite do vento nesse istmo arediz Rob. “Teremos prazer em noso de um quilômetro e meio. Para um alugá-la para o primeiro que pedir.” Essa parece ser a regra não escrita nas fanático por pinguins, o Pescoço é o Santo Malvinas. Alguns dias depois, vou para a Graal. “Quando eu era pequena, adorailha Saunders num bimotor vermelho do va ficar olhando os pássaros”, diz Suzan. Serviço Aéreo das Ilhas Falklands. A em- Como a maioria das pessoas nas Malvinas, presa tem sido o principal meio de trans- ela trabalha de sol a sol no verão, pastoreporte entre a ilha principal e as secundárias ando ovelhas e conduzindo turistas. Quando voltamos à vila – um agrudesde 1948. Seus cinco pilotos voam com ventos de até 100 km/h, mas registraram pamento de cinco casas castigadas pelo apenas uma fatalidade em mais de 60 anos vento com uma grande vista para o mar, (falha atribuída a um piloto visitante). A Suzan me deixa no que será minha casa companhia aérea é tão importante para os pelos próximos dois dias, uma sede de ilhéus que uma das três estações de rádio fazenda feita de pedra e construída em do país anuncia os nomes e o destino dos 1874. Abro a geladeira e encontro 16 cervejas Beck’s. Sentado no balcão ao passageiros na noite anterior a cada voo.

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Ilha Carcass

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bravo lado está o dono, Marcus Demuth. Eu acabara de ler a respeito do canoísta alemão de 40 anos no Penguin News (talvez o último jornal de papel do mundo com 98% de índice de leitura entre os locais), pois ele se tornara o segundo homem a circunavegar as Malvinas. Ele conseguiu o feito em 21 dias e oito horas. A primeira pessoa a realizar a proeza foi Leiv Poncet, em 2001. Leiv é o filho de 28 anos do marinheiro francês Jerome Poncet, primeiro homem a navegar abaixo do Círculo Antártico num pequeno iate, em 1973. Jerome e sua esposa, a australiana Sally, compraram suas próprias ilhas nas Malvinas, mas mantêm seus famosos barcos com dois mastros, o Golden Fleece e o Damien II, ancorados no Porto de Stanley quando estão na cidade. Fora a família Poncet, os atletas mais famosos da ilha são, provavelmente, os tosquiadores profissionais que posam nus para o calendário das Malvinas. Para 2010, a associação dos cortadores de pelo de ovelhas estava considerando algo um pouco diferente: um calendário de rousies nuas, com destaque para a rousie mais gostosa – as rousies são as mulheres que coletam e limpam a lã. A renda é aplicada no envio dos dois melhores tosquiadores para o Golden Shears, campeonato mundial na Nova Zelândia. “Como foi a sua viagem?”, pergunto a Demuth, que está usando um gorro vermelho e parece cansado. “Simplesmente brutal,” diz. “Muito difícil. Muito, mas muito difícil. Sou só dor.” Para evitar os piores ventos, Demuth remou das 3 às 10 da manhã e das 6 às 10 da noite, todos os dias. Na baía King George, ao sul de Saunders na costa da ilha Falkland Oeste, ele foi pego numa imensa tempestade e seu caiaque virou ao enfrentar uma onda de dez metros. Foi parar numa ilha inabitada, onde permaneceu 24 horas sem água. Quando recobrou as forças, remou para Saunders, onde Anthony Tuson, o “Biffo”,

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marido da cunhada de Suzan Pole-Evans e ex-piloto britânico do Instituto de Pesquisa Antártica, consertaram seu barco. “Esses caras são simplesmente incríveis”, diz Demuth. “Sem eles, eu provavelmente não teria terminado a viagem. Voltei para trabalhar de graça para eles”, diz. “Na segunda-feira, vou instalar o assoalho do abrigo das ovelhas e limpar o cocô delas.” Quatro dias depois, volto à Falkland do Leste, no mesmo carro de Alan Henry, o observador de pássaros mais cascagrossa das ilhas, e do inglês magrelo e alto Ben Hoare. Estamos saindo de Stanley e nos dirigindo para o sul até uma fazenda particular, em busca da arredia ave maçarico-de-bico-virado e de uma espécie local conhecida como pato-vapor das Falklands. Estamos também tentando sair da cidade antes que o pessoal do cruzeiro compre todo o suprimento de pinguins de pelúcia (são esperados alguns milhares de turistas hoje). Com dois brincos de prata, corte de cabelo militar e o físico de um jogador de rúgbi, Henry não é exatamente o estereótipo do observador de aves. Ele mantém um blog sobre o assunto, mas ganha a vida como agente da alfândega. Em outubro de 2008, viu-se envolvido na maior captura

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de drogas da história das ilhas Malvinas, quando seu cachorro farejou mais de 28 quilos de cocaína com dois pescadores espanhóis a caminho da Europa. Enquanto dirige, Henry, que também faz parte da Falklands Conservation, descreve a amplitude e profundidade do trabalho da entidade. “Se tem asas, pernas, cresce e precisa de ajuda, nós vamos tentar ajudar”, diz. A entidade sem fins lucrativos obtém seus quase 600 mil dólares anuais através de bolsas de pesquisa em conservação. Seu trabalho inclui pesquisas extensas sobre aves, conservação da vegetação, erradicação de ratos, projetos de conscientização da comunidade e, mais recentemente, a reabilitação de dezenas de pinguins depois que um navio, o Ocean 8, naufragou na enseada de Berkeley em maio de 2009. Outros esforços conservacionistas no arquipélago se dão por meio de ações voluntárias, como o Shallow Marine Surveys Group, consórcio de biólogos marinhos, marinheiros e barqueiros que se voluntariam a mergulhar em águas gélidas de 5 °C para mapear a vida marinha – um projeto nunca antes feito. “As Malvinas são tão exclusivas porque a maior parte das terras hoje são pri-

vadas, inclusive áreas de vida selvagem internacionalmente importantes”, afirma Sarah Crofts, administradora da comunidade científica da Falklands Conservation. “A Falklands Conservation tem pouca jurisdição sobre as propriedades privadas, mas somos bons em promover a conservação e gerenciamento sustentável da vida selvagem em harmonia com as atividades já existentes, como agricultura e turismo.” As terras são privadas, mas é possível pedir permissão para o proprietário para cruzá-las a pé, como fez Henry na nossa saída para observação de aves. Depois de passar de carro por uma sede de fazenda abandonada e abrir e fechar meia dúzia de porteiras, chegamos ao que parecia uma praia jurássica. Alguns anos atrás, Henry encontrou a carcaça de uma espécie raríssima de baleia conhecida, em inglês, como andrew’s beaked whale. Ele cortou fora a cabeça e colocou no seu jardim, deixando o esqueleto intacto na areia, e amostras de DNA foram mandadas para um laboratório na Austrália. Alguns metros adiante, há esqueletos esbranquiçados de 12 baleias cachalotes. Cinco minutos mais de carro, em outra praia, estacionamos a caminhonete perto de 14 imensos elefantes marinhos com

olhos injetados de sangue. “Parece que andaram tomando whisky,” diz Henry. Mais 600 metros e topamos com um pinguim-rei solitário numa pedra. O silêncio é repentinamente interrompido pelo grito das maiores “aves” das Malvinas: dois caças-tornado voando em alta velocidade. Isso quebra o devaneio, então voltamos a focar na estrada esburacada de volta a Stanley. Foi um rolê proveitoso. De acordo com Henry, sou uma das únicas sete pessoas a ver tantos maçaricos-de-bico-virado, além de outras espécies de aves raras semelhantes, em um só dia. Naquela noite, Hoare e eu tomamos umas latas de cerveja no Vic, point da moda da cidade. Além de nós, cinco nativos estão bebendo no bar. “Os turistas estão vindo na sexta-feira. Corte a porcaria do cabelo!”, grita um cara a seu amigo tatuado. O bar parou de server comida, saímos para a noite de verão. São nove da noite e há luz como se fosse dia, mas as ruas estão vazias. Amanhã mais 5 mil turistas irão invadir este lugar. Mas esta noite, enquanto a brisa do verão morre e a lua se ergue sobre as carcaças de barcos no porto de Stanley, os “kelpers” e os “argies” têm este paraíso todo para eles.

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RAIO X

Em busca da Aurora Boreal

Aurora boreal sempre fascinou por seu belo efeito visual. Embaque em busca da aurora boreal e descubra qual a melhor localidade se enquadra para você, além de saber exatamente a melhor maneira de registrar este momento único. Prepare-se para muito frio e um espetáculo incrivél! Por Felippe Stahelin

Onde ver CANADÁ VANCOUVER

De Vancouver pega-se um voo para Whitehorse. Whitehorse é uma cidadezinha no norte do Canadá, no estado de Yukon, perto do Alaska. Apesar do frio intenso, é possível alugar roupas e botas apropriadas para o frio. Hotéis e empresas oferecem roteiros para ver a Aurora Boreal, a cidada também oferece ótimas atividades ao ar livre.

Whitehorse Vancouver

Entendendo o fenômeno Conhecido como Aurora Boreal, ou Aurora Austral é resultado de uma espécie de vento, que vem do sol e que é carregado de particulas de elementos químicos carregados de energia, que quando entram na atmosfera, em contato com os gases, principalmente oxigênio e nitrogênia, provocam a formação de luzes. Ocorre numa altitude entre 80km e 150km. Ocorrendo somente nas regiões próximas aos pólos, pois estes são os pontos magnéticos da terra. Esses campos magnéticas atraem as partículas para as regiões polares, e ali se concentram em grandes quantidades produzindo um grande clarão que são as luzes conhecidas como aurora, sendo mais fortes entre Setembro e Março.

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ISLÂNDIA REYKJAVIK Além de ter numerosas maravilhas naturais, como vulcões, geleiras, gêisers e fiordes, a Islândia também conta com o fenômeno de auroras boreais durante o inverno. Próximo de Reykjavik, capital do país, o Parque Nacional de Pingvellir tem amplas planícies, ideais para observar o espetáculo natural de luzes coloridas. Reykjavik

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Situada acima do círculo polar ártico, no norte da Noruega, a cidade de Tromso é considera a capital da Aurora Boreal, a cidade vê com freqüência as auroras boreais que chegam com o fim dos longos dias de verão. O belo espetáculo de luzes coloridas é a principal atração da cidade, além de contar com uma ótima rede hospitaleira. 0

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Sete dias e um destino O que fazer durante uma semana de perfeito isolamento na maior reserva biológica da Patagônia chilena? O que você quiser (e puder) Por Mario Mele

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É acordar numa manhã ensolarada na reserva biológica de Huilo -Huilo, em plena selva da Patagônia chilena, para se sentir no melhor destino de aventura do mundo. Não que os dias claros sejam raros por lá, ou que a chuva dê à viagem um clima de lamentação. Mas é só o tempo dar uma ajudazinha que as opções ampliam-se, variando de uma simples “caminhada botânica” – cruzando rios e cachoeiras para desvendar a vida vegetal da floresta úmida e temperada – até um estafante trekking na neve rumo à cratera de dois vulcões. Huilo-Huilo está cercado pelos vulcões nevados Choshuenco e Mocho, que se destacam sobre as árvores e fazem a paisagem brilhar numa manhã de céu azul. Neltume, um pequeno povoado do estado de Los Ríos, é a

porta de entrada pelo norte dessa região ao sul de Santiago do Chile, cujas temperaturas variam entre 0ºC e 13ºC no inverno, mas podem facilmente passar dos 30ºC no verão. Entre Neltume e Puerto Fuy, um vilarejo na margem do lago Pirehueico, na divisa com a Argentina, são mais de 100 mil hectares de um bosque nativo que já sofreu com a extração de madeira nas décadas de 1970 e 1980, mas hoje é protegido graças a essa reserva biológica privada. O Huilo-Huilo oferece de área de camping a hospedagens climatizadas em cabanas ou hotéis luxuosos camuflados na mata, e também opera todas as atividades guiadas. A seguir, uma amostra de como uma semana nesse lindo lugar preservado, e ainda pouco visitado pode ser muito bem aproveitada.

Dia 1: Trekking Nada como chegar e se ambientar com o lugar. De cara, o melhor a se fazer é percorrer as trilhas da reserva Huilo-Huilo e receber pessoalmente as “boas-vindas” da selva patagônica. Há opções para todos os níveis: o trekking Truful dura cerca de três horas e margeia o rio homônimo, que nasce do degelo do vulcão Mocho. A parada obrigatória é para observar a potente cachoeira Huilo-Huilo, de cerca de 15 metros de altura. Ainda é possível visitar uma caverna formada por rochas basálticas. Já a trilha dos Espíritos é demarcada e chega a lugares que serviram de refúgio para os índios mapuche – os habitantes originais da Patagônia – durante os 300 anos de resistência contra os espanhóis. Uma visita guiada te colocará de frente às árvores endêmicas patagônicas, como coigüe, mañio e tepa, além da oportunidade de decifrar as espécies de liquens e cogumelos que se penduram nos troncos e colorem o bosque.

Salto Huilo-huilo

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1 semana

Arvorismo até a tirolesa Voo da Águia

Rolê no Pampa Pilmaiquén

Dia 3: Relax

Dia 2: Mountain bike Alugue uma bicicleta no centro de excursões da reserva. Os singletracks das trilhas de trekking geralmente são intransponíveis para as magrelas (principalmente quando chove), mas há mais de 50 quilômetros de estradas estreitas que ligam os povoados de Neltume e Puerto Fuy por uma rota conhecida como Caminho dos Pioneiros. Você escolhe ficar entre duas ou sete horas em cima da bike, dependo do percurso escolhido. Com muita subida e descida, o mais longo corta o Pampa Pilmaiquén, onde guanacos são criados para serem reintegrados à natureza selvagem. Já a intermitente lagoa dos Patos é um clarão na mata que ajuda a manter viva a população de lebres, javalis e outros mamíferos ao seu redor. O retorno a Neltume acontece depois de uma longa sessão de downhill com passagens técnicas. O aluguel da bike, mais o guia saem por US$ 38.

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Reserve o dia para conhecer a floresta patagônica por outro ângulo. Huilo-Huilo tem dois complexos de arvorismo que destorcem o nariz dos que acham que não há emoção em uma tirolesa. Um deles, batizado de Voo da Águia, tem cem metros de extensão e 35 de altura, e passa entre a copa das árvores do bosque úmido. Para chegar à descida principal, é preciso antes atravessar passarelas suspensas que são um desafio leve aos já acostumados com altura. O próximo passo é mirar a descida do Voo do Condor, uma tirolesa que, em alguns pontos, está a 95 metros do chão. É só não fechar os olhos para se sentir abraçado pelas montanhas nevadas da reserva. “Turismo também é informação, e não apenas tirar fotinhos”, brinca o motorista chileno Jorge Alba, que solta uma mão do volante para disparar sua câmera imaginária enquanto seguíamos rumo à Fundação Huilo-Huilo, outro passeio bem interessante para um dia mais tranquilo. Além de projetos visando a preservação ambiental, a instituição também é responsável por empreendimentos sociais no povoado de Neltume.

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1 semana Dia 4: Rolê a cavalo O cavalo é um meio de locomoção tradicional na região patagônica, e na reserva de Huilo-Huilo há áreas propícias para serem exploradas dessa forma. No lombo de uma montaria da pura raça chilena, nem a neve que embranquece o bosque no inverno é um problema. “Chino” é um desses cavalos criados na reserva, extremamente bem tratado e ensinado a cortar os caminhos estreitos da floresta temperada com o cuidado de não esbarrar nas árvores. Ele responde aos comandos da rédea com mais precisão do que um controle remoto. O roteiro mais extenso tem em torno de cinco horas e chega a um mirante com vista para o rio Fuy e o imenso lago Pirehueico.

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Dia 5: Caminhada na neve Seres tropicais podem estranhar o frio patagônico, que chega a zerar a temperatura mesmo na meia-estação. A recompensa, no entanto, é poder curtir a neve o ano inteiro. Entre junho e agosto, uma subida até a cratera dos vulcões geminados Mocho e Choshuenco (2.400 metros de altitude) é a melhor escolha. Geralmente a subida é feita com raquetes de neve (os snowshoes) e dura cerca de três horas. De lá de cima, a visão é para os Andes e os vulcões Villarrica e Lanin, já na divisa com a Argentina. Para esquiadores e snowboarders, a cereja do bolo é a descida, que começa com uma sessão fora de pista de nível avançado e termina nos corredores nevados do bosque patagônico. Durante a primavera e o verão (até o começo de fevereiro), é montado um snowpark com rampas, corrimões e caixotes no glacial do Choshuenco. Isso significa praticar esporte de neve vestindo bermuda e, depois, descer a montanha para nadar em algum rio glacial da reserva.

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1 semana Exterior do hotel Nothofagus

Dia 6: Canoagem Espalhado por uma área de 35 quilômetros quadrados, o Pirehueico é um dos sete lagos chilenos que compõem a bacia do rio Valdivia. Ele fica dentro da reserva biológica de Huilo-Huilo, pronto para ser descoberto de caiaque. Partindo do povoado de Puerto Fuy, uma remada de quatro horas (US$ 18) possibilita explorar as pequenas ilhas, praias e termas ao longo do lago para ter outra perspectiva do bosque e das montanhas nevadas daquela região da Patagônia. Outra opção a remo é boiar pelas águas verdes e tranquilas do rio Cua Cua, no lado oeste da reserva, até desembocar no lago Neltume.

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Dia 7: A recuperação O complexo de hospedagem da reserva Huilo-Huilo já é uma atração por si só. Passarelas de madeira suspensas, construídas numa área delimitada do bosque, ligam dois hotéis e um complexo de cabanas de luxo, sempre primando pela arquitetura. O maior hotel é o Nothofagus (diárias a partir de US$ 280 o casal), que tem corredores em espiral que unificam os cinco andares e, no topo, forma um terraço em 360º mais alto do que o bosque. Na parte baixa, um spa de 970 metros quadrados com sauna e piscinas climatizadas (que avançam até a área externa) é o que você precisa para relaxar e voltar para casa com boas lembranças do Chile. Para quem quer gastar pouco, a saída é ficar no camping da reserva, que tem banheiro com chuveiro quente e pontos de luz (US$ 20).

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vida

Ciganos a deriva 40

No Sudeste Asiåtico, a comunidade moken luta para preservar sua cultura de povo do mar – e, para isso, conta com a ajuda de um grupo de estrangeiros que se uniu para protegê-los e documentar seu estilo de vida milenar Por Dado Abreu

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vida

Quando um devastador tsunami varreu o litoral da Tailândia e de outros 13 países da bacia do Índico na manhã de 26 de dezembro de 2004, nenhum integrante da comunidade moken estava sob perigo. Não por sorte ou fruto do acaso. Abrigados no topo das montanhas, a pequena comunidade do arquipélago de Mergui, localizado no mar de Andaman, entre o Mianmar (antiga Birmânia) e a Tailândia, farejou o aroma da destruição. Abandonou a praia no momento em que o oceano recuou e se livrou quase intactamente de uma das piores tragédias naturais da história da humanidade. Entre os mais de 230 mil mortos, não havia um só moken. Porém, embora o tsunami não tenha sido capaz de dizimar o grupo de pouco mais de 2000 pessoas, como aconteceu com outras comunidades locais, o crescimento do turismo no Sudeste Asiático e modernas frotas pesqueiras estão cuidando de dar fim a uma cultura ancestral de mais de 3500 anos. É por conta disso que um time de cineastas, fotógrafos e designers, liderados pelo documentarista norueguês Runar Jarle Wiik, criou o Project Moken, para

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retratar e proteger o modo de vida desse povo conhecido como os “ciganos do mar”. O coletivo disponibiliza em seu site (projectmoken.com) uma série de conteúdos audiovisuais, como vídeos e fotografias. E, no ano que vem, pretende lançar sua grande tacada para preservar ainda mais as tradições da comunidade: o documentário No Word for Worry (Sem Palavra para Preocupação, em tradução livre). O título é uma referência à língua local dos moken, que também não possuiu palavras como “oi” e “tchau”. A ideia é que o longa-metragem, focado na vida de um jovem moken e dirigido por Runar Jarle Wiik, chame atenção internacional para a situação dessas pessoas que sofrem brutalmente com sérias ameaças de extinção de sua cultura. “O objetivo é dar a possibilidade aos moken de participar do mundo moderno e tirá-los da zona de exclusão na qual vivem hoje”, diz o diretor. Segundo um poema épico local, “os moken nascem, crescem e morrem em seus barcos, enquanto os cordões umbilicais de seus filhos mergulham no mar”. Isso porque, fora do período de monções, os moken vivem entre oito e nove meses

por ano navegando entre as praias da região a bordo de suas kabangs, como são conhecidas as longas e características embarcações que utilizam há séculos. No mar eles comem, dormem e educam os filhos. Reza o mito que a razão desse costume seria um castigo dado por uma antiga rainha chamada Sybian, quando seu marido, Geman, da Malásia, traiu-a com sua própria irmã. Inconformada, a monarca teria então declarado que, a partir daquele momento, a kabang dos malaios representaria o corpo humano, com a parte dianteira sendo a boca e a traseira o ânus, e neles eles viveriam eternamente suas vidas. E assim são os dias dos moken. Exímios mergulhadores capazes de prender a respiração por vários minutos, buscam no fundo do mar, com ferramentas simples, suas necessidades diárias: peixes e moluscos para se alimentar, além de conchas, caracóis e ostras que trocam por outros produtos com comerciantes. Eles acumulam poucos bens materiais e, quando em terra firme, vivem contrariados. Muitos, inclusive, sofrem com náuseas e enjoos nesses curtos períodos longe do oceano. A ligação com a água é

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vida tamanha que suas crianças aprendem a nadar antes mesmo de darem os primeiros passos – um estudo da Universidade de Lund, na Suécia, apontou que a visão subaquática dos jovens moken é duas vezes melhor que a de outras crianças. A pátria dos moken é o arquipélago de Mergui, composto por cerca de 800 ilhas dispersas ao longo de 400 quilômetros no Mar de Andaman. Uma de suas principais vilas se localiza nas ilhas Surin, ao sul do arquipélago, onde cerca de 200 pessoas do grupo fixam bangalôs no período de chuvas de monções. Surin

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é o único grupo de ilhas que permaneceu no território da Tailândia quando a fronteira foi traçada nos tempos em que a França governava a Birmânia – todas as outras ilhas são parte da costa ocidental de Mianmar. É nessa comunidade que se encontra um dos grandes problemas enfrentados por esse povo. Para produzir o kabang, o barco-casa que representa a própria identidade dos moken, os mais antigos membros da comunidade que ainda dominam a arte de construção da embarcação utilizam a madeira sólida de uma árvore que

cresce nas ilhas Surin. O tronco deve ter uma medida específica, nem mais, nem menos, exatamente compatível com o abraço de dois homens adultos ao redor de uma árvore. Se suas mãos se tocarem do outro lado do tronco, significa que aquela árvore tem o tamanho exato para o casco de um kabang. Contudo a poda não pode acontecer antes de uma semana de rituais xamânicos necessários para espantar “os espíritos ferozes que habitam as árvores”. Outras madeiras, além do bambu, servem de material para a construção do convés, do

mastro e do timão, tudo sustentado por cordas de fibras vegetais. Na proa, uma carranca faz as vezes de estabilizador, e a única vela do kabang é feita de folhas trançadas de palmeira. Esculpida à mão, a construção leva, em média, quatro meses para ser construída. Tudo parece simples, ao menos para um moken ancião, mas não é bem assim. Nos anos 1980, as ilhas Surin foram incorporadas a um parque nacional tailandês e protegidas por rígidas leis ambientais que proíbem, entre outras coisas, a poda de árvores, mesmo pelos moken.

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vida Residentes há tempos no local, eles não possuem nenhum tipo de direito, sofrendo com a falta da matéria-prima essencial para a substituição de seus barcos – só com o tsunami, eles perderam um quinto de sua frota, e o que restou está deteriorada. Esse conflito é o ponto central de No Word for Worry, que narrará a dificuldade de uma família das ilhas Surin para fabricar um kabang e, assim, desenvolver e preservar sua identidade. A Tailândia é hoje o principal destino turístico do Sudeste Asiático. No último ano o país recebeu mais de 15 milhões de viajantes, número três vezes maior do que o Brasil. O crescimento da indústria do tu-

rismo contribuiu para uma política de exclusão que acabou segregando os moken em favor dos estrangeiros, conta Runar Jarle Wiik. “O exército delimitou a área deles com barracas de bambu, forçando -os a permanecer num determinado local, ‘preservando’ assim as outras praias exclusivamente para os turistas”, revela o diretor. “Se são pegos navegando, eles sofrem repressão por falta de documentos ou de autorização.” Alguns moken alegam que funcionários do governo chegaram a cortar todas as palmeiras de seu povoado para que eles perdessem qualquer direito sobre as terras. Isso porque, na Tailândia, o plantio de palmeiras é considerado

atividade agrícola, e uma lei local indica que, se uma terra for mantida fértil por mais de 20 anos, as pessoas que nela habitam possuem direitos legais sobre ela. Desse modo, os moken não contam com nenhum tipo de cidadania. Nem na Tailândia, muito menos no Mianmar. Por outro lado, uma ameaça ainda maior compromete o futuro desses nômades: frotas pesqueiras modernas estão destruindo a fauna aquática local, contribuindo ainda mais com o estrago causado pela tragédia de 2004. Assim alguns moken estão sendo forçados a se mudar para o continente, abrindo mão das raízes. “O mar mudou, e a nossa

vida mudou”, comenta, abalado, Khun Jao, um dos personagens do documentário. “Não podemos mais fazer as mesmas coisas que antes. Nem ir aos lugares que costumávamos. A vida, para nós, não é mais divertida”, diz ele, que deixou o mar e se mudou com os 13 membros da sua família para Kuraburi, na Tailândia. Como Khun, outros também se transferiram para a cidade. Quase todos acabam contratados por barcos de pesca para colocar explosivos no fundo do oceano ou mergulhar 40 metros em busca de produtos exóticos. Talvez porque “preocupação” seja mais uma das palavras que não cabe em seu idioma.

“os moken nascem, crescem e morrem em seus barcos, enquanto os cordões umbilicais de seus filhos mergulham no mar” 46

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at茅 a pr贸xima aventura


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