Hoje em dia qualquer imbecil se julga esperto o suficiente para escrever e passar sua mensagem. Inclusive n贸s.
exclusivo: absolutamente nada sobre a gripe su铆na!
editorial
quem somos
Entre uma cerveja e outra, nasceu o coletivo Casa de Ferreiro, formado por um grupo de amigos sem absolutamente nada mais produtivo para fazer. Desde junho de 2006, a “Casa”, num clima de sombra e água fresca, vem ensaiando isso que agora você lê. Hoje, dia quatorze de agosto de 2009, apresenta sua mais nova peripécia, a revista virtual/ independente PHEHA. Em sua edição de estréia, providencialmente num momento em que não é mais necessária a mínima formação para exercer o jornalismo, a PHEHA comenta essa situação. Comportamento: João Márcio Dias reflete sobre como as políticas públicas e mídia influenciam diversos hábitos, incluindo o fumo Musica: João Márcio Dias lança uma luz sobre Lady GaGa, e analisa a mulher, o homem, o mito. Internet: César “Senhor Dedão” Martins e Maluh Albuquerque explicam o que, quando, como e por que twittar. Sexo entre amigos: simples assim. Por João Márcio Dias. Quadrinhos, quadrinhos, e mais quadrinhos: Julio de Castro entrevista, comenta a FLIP, mil coisas. Cinema trash: Murilo Souza expõe todas as suas manias e TOCs num divertido solilóquio sobre cinema e TV de qualidade duvidosa (ou não. Murilo não expõe dúvidas, mas certezas sobre essas mídias) Se você curte uma leitura que foge ao convencional, é arejada e descompromissada, gostará de estar aqui. Esperamos que se divirta. Mas se não, o azar é seu, #beijomesegue.
João Márcio Dias: Recordista mundial da maior área escrotamente tatuada, fuma como uma caipora e bebe feito exu. É conhecido por sua capacidade de elevar a maledicência ao nível da Arte, além da forma sutil como recomenda a terceiros que tomem no cu. Ávido junkie musical, não deixa nem single da Angélica passar batido por seu crivo. Julio de Castro: dono de um dos piores sensos de humor do continente, e de uma afroascendência épica que lhe possibilita levar uma vida normal mesmo sem uma das pernas, é a enciclopédia quadrinhística ambulante e GPS oficial da PHEHA. Além de um eficiente chamariz de policiais militares.
Maluh Albuquerque: uma moça bonita, inteligente, simpática e humilde. Há quem a chame de estressada, escrota e manipuladora, mas isso é intriga da oposição. Morgana Mastrianni: Segundo Murilo, a multitarefa Morgana é quadrinista, pintora, cantora, pianista, praticante do kung fu garra de água, cozinheira e costureira de mão cheia. Mas a moça mais prendada da PHEHA só consegue permanecer acordada 4 horas por dia. Murilo Soza: é um quadrinista meio surdo, com três mamilos e nenhum critério. E ponto.
em casa de ferreiro, espeto de pau Pheha Magazine é uma publicação gratuita, sem fins lucrativos (ou quase). Nossa distribuição é feita unicamente pelo nosso site www.pheha.wordpress.com, sempre disponível para download no dia 14 de cada mês, faça chuva, faça sol. Com ou sem Sarney no senado. Mas nunca com diploma de jornalista debaixo do braço.
Equipe Editora Chefe: Maluh Albuquerque Direção de Arte: Você acha que alguém dirige alguma coisa aqui? Diagramação: Jack Daniels Ilustração: Ron Montilla Colunistas: João Márcio Dias, Julio de Castro, Maluh Albuquerque, Morgana Mastrianni, Murilo Soza e Sr. Dedão. Distribuição: Quantos downloads conseguirmos. Agradecimentos Especiais: Meu pai, minha mãe e especialmente a Sasha (João agradece ao pai da Sasha, principalmente. E manda o telefone pra contato, caso queira) Contato: revista.pheha@gmail.com
de pequenino que se torce o pepino
É proibido fumar? No início de agosto entrou em vigor a lei paulista que inibe o tabagismo em locais fechados, públicos ou privados, sujeitando seus infratores a multa. A lei, um tanto quanto xiita, proíbe o tabaco em bares, restaurantes, hotéis, táxis, cenas de teatro, filmagens, puteiros e, pasme, nos fumódromos. Cigarro agora só dentro de casa ou na rua. E a lei ainda prevê que em parques, shows abertos e festas públicas, caso um transeunte sinta-se incomodado com a fumaça alheia poderá denunciar o fumante às autoridades competentes. Lei similar já corre no município do Rio de Janeiro desde 2008, para tal, bares e restaurantes criaram áreas para fumantes ou pediram liminares na justiça para evitar uma brusca queda no movimento. Agora essa lei carioca pretende abrir seus tentáculos a todo estado do Rio, proibindo o fumo em qualquer rincão do estado da Guanabara. Mas a pergunta que fica é: Por que mesmo? O órgãos de saúde pública alegam que inibir o fumo é uma maneira de evitar maiores gastos com internações e diminuir drasticamente o número de mortes em decorrência do tabaco. Na semana em que a lei de São Paulo entrou em vigor, o governador José Serra disse que aproximadamente 200 mil pessoas morrem ao ano por conta do fumo e suas doenças. Ora bolas, quantas pessoas morrem por doenças coronárias todos os anos no Brasil? E proíbem a batata-frita? Não. Colocam alertas sobre o risco e malefícios da batata-frita nos setores correspondentes em supermercados? Não. Outro dado curioso sobre o cigarro: mais de 70% do valor do seu vício vai,
em impostos, para o Governo Federal. Se um produto dá 70% de lucro pro Governo, espera-se ver esse dinheiro sendo investido em alguma coisa. E já que eu sei dos males do tabaco, não desejo parar de fumar, e o governo não pretende proibir de vez o cigarro, qual é o problema mesmo? Não acho certo fumar em lugares fechados como teatros, restaurantes, elevadores e afins. Eu, como fumante, sei que a fumaça incomoda. E me sinto incomodado em estar comendo e levar algumas baforadas no meio da cara. Mas tanta coisa me incomoda, além do cigarro, e ninguém faz nada. Inclusão digital me irrita e no entanto, está aí. Axé Music prejudica meu raciocínio e não interditaram a Bahia até hoje. Outras coisas também fazem mal e continuam com as vendas a todo vapor. Chocolate não faz bem, mas vendem desgraçadamente. Aspartame é extretamente prejudicial a saúde, e ninguém cogita em colocar um alerta no rótulo do adoçante. O Brasil só funciona assim? Na verdade, o Brasil não funciona. Essa lei antitabaco vai entrar, em pouco tempo, pro hall das "leis que não pegaram". No começo acontece uma cena, mas logo em seguida tudo se perde e todos voltam ao normal. Foi assim com a Lei Seca, será com a Lei do Fumo.
agulha no palheiro
nova queridinha do univer so pop é Stefani. Não. Não é aquela garota do Piauí que canta um forró de gosto questionável dirigindo um CrossFox emprestado. Estou falando de Stefani Joanne Angelina Germanotta, conhecida popularmente como Lady GaGa. Nova-iorquina, ariana, antenada, linda e desbocada, Lady GaGa é um refresco aos ouvidos e olhos cansados da mesmice.
A
Seu nome artístico vem de uma história não muito convincente sobre a música "Radio Ga-Ga" do Queen. Pra Lady GaGa foi um pulo. A loirinha despontou após uma pequena temporada em boates de baixa categoria, apresentando-se com roupas sumárias. Assinou contrato com a gigante Universal e desponta como a nova diva do pop. Mas afinal, por que amamos Lady GaGa? Qual equação essa louca fez pra nos conquistar? GaGa é um caso raro na indústria pop. Enquanto todas as cantoras que temos como referencial fizeram o passo ritmado de se apresentar de maneira caretinha e aloprar no terceiro trabalho, assim amadurecendo, a Nova-iorquina pulou algumas etapas e resolveu que era hora de quebrar algumas regras e já apare-
cer dando vexame. E nós amamos vexames públicos. Enlouquecidamente, e pouco se preocupando com sua imagem (ou não, afinal é esse o produto GaGa que ela quer vender), ela aposta em um visual pouco convencional, com roupas exóticas, palavras de baixo nível, coreografias descompassadas e uma musicalidade que há muito não nos absorvia. GaGa não se preocupa em apenas ter uma série de batidas penetrantes, mas em uma bela voz, uma beleza fora do comum e vende sua atitude muito bem. E ela merece nosso respeito. Não é qualquer pessoa que com apenas um cd lançado ("The Fame" de 2008) já consegue ganhar o título de "A Nova Madonna", ganhar um remix exclusivo e empolgante de Marilyn Manson e ainda produzir algumas boas faixas do cd de
rebirth de Britney Spears ("Circus" de 2008). Mas nem só de afagos vive Lady GaGa. A diva pré-adolescente Christina Aguilera já soltou algumas farpas em relação a sua "inimiga direta". Aguilera,
após aparecer em alguns eventos com um visual muito parecido com GaGa e pronunciar que seu futuro cd será baseado no electro (assim como Britney fez em 2007 com "Blackout", Madonna em 1998 com "Ray of Light" e GaGa com "The Fame"), foi comparada com nossa nova musa. Segundo Christina, ela não conhece quem é "essa tal de Lady GaGa" e nem sabe se ela é homem ou mulher. Por sinal, vale lembrar que um dos maiores mistérios do mundo é: Qual o sexo de Lady GaGa. Há quem jure de pés juntos que ela é transexual. Outros dizem que isso é só boato. Eu já afirmo que é tudo golpe de publicidade. Mas eu não me importo.
Outra boa razão para dedicar nosso amor eterno a Lady GaGa está na MTv e/ ou YouTube. Seus video clipes são obras de arte inegáveis. Seu primeiro single, Just Dance, ela conta com a participação de Colby O'Donis fazendo um rap, que foge completamente da obviedade de outras cantoras, como Beyoncé, Christina Aguilera e Mariah Carey. GaGa coloca sua imagem de louca, bissexual (mesmo!) e diz claramente que está muito bêbada pra lembrar de qualquer coisa. Tem como não amar? Suas outras pérolas audiovisuais, como "Poker Face", onde ela faz uma dança pouco comum, mesclando com cenas na piscina de uma mansão e exala sensualidade, e "LoveGame",
onde ela pode ser vista em roupas curtíssimas, em um cenário soturno e cosmopolita, aproveitando dos belos corpos de homens e mulheres. O mais fraco de todos seus videoclipes, "Beautifil, Dirty, Reach", imprime com muita propriedade o que realmente importa na sua vida: luxo e riqueza. E isso a basta. Mas o destaque fica pro visual acachapante de "Eh Eh (Nothing Else I Can Say)", com um apelo extretamente La Chapelle, em cores vibrantes e uma mescla de retrô e contemporâneo. Porém, sua grande redenção é no clie-curta-metragem "Paparazzi", onde ela atua como uma estrela pop que tem sua vida destruída pelo seu marido. GaGa se vinga de maneira divertida e emprega um humor negro misturado elegantemente com cenas de tortura e sexo. O clipe de "Paparazzi" é, sem sombra de dúvidas, o melhor video da década em que vivemos. Um roteiro incrível e uma direção de arte impecável.
Seu disco é composto, oficialmente, de 13 músicas. Dessas, podemos descartar 3 faixas, pois não condizem com o restante. A balada "Brown Eyes" é um susto em meio ao ritmo frenético do cd. Seguida por "Summerboy", que tenta levantar o disco, mas é tarde demais. Sua voz está estranha demais e o ritmo não emplaca. A terceira faixa de ponto crítico é "Again Again", que exagera nos pianos e gritinhos, um recurso muito manjado. Porém, as outras 10 faixas (Just Dance, LoveGame, Paparazzi, Beautiful Dirty Rich, Eh Eh, Poker Face, The Fame, Money Honey, Boys Boys Boys e I Like It Rough) são feitas pra qualquer um que quer perder as estribeiras. Repletas de recursos de sintetizadores do Synthpop,
baterias descompassadas, vocalizações fora do comum e muita vontade de beber até passar mal e causar aquele fuzuê. Ou seja, do jeito que a gente, e o diabo, gosta. Lady GaGa entra para o mundo da música povoando nosso imaginário, nossos players e nossa lista de favoritos. E ela não será a nova Madonna. Lady GaGa consegue ser mais imprevisível que Madonna. Resta saber se Madonna, um dia, será a nova Lady GaGa.
LADY GAGA nome completo: Stefani Joanne Angelina Germanotta nascimento: 28 de março de 1986 origem: Nova Iorque (EUA) o que toca?: Pop, dance, synthpop e electro discografia: The Fame (2008) site oficial: www.ladygaga.com influencias: David Bowie, Madonna, Ladytron, Queen, Kraftwerk
dois dedos de prosa
Entrequadro entrevista: Wesley Samp Faça uma breve biografia sua. Sou brasiliense, tenho 28 anos e sou vidrado em quadrinhos desde moleque. Também sempre gostei de desenhar, então comecei a criar meus personagens muito cedo. Os quadrinhos hoje são o meu hobby. Trabalho como bancário e uso as tirinhas pra aliviar o estresse do dia-adia. Como se deu a sua identificação com a tira? Sempre curti as tirinhas em quadrinhos. Fazia coleção de tiras recortadas em jornais quando era mais novo. É um formato muito interessante de se trabalhar, já que é preciso narrar uma cena em pouquíssimos quadros, e com poucos diálogos. Ainda assim, nunca havia trabalhado com roteiro de tiras em quadrinhos até iniciar o blog dos Levados. Optei por esse formato pois meu tempo livre é curto, e esse é o estilo de quadrinhos mais rápido de trabalhar. Quando você começou o blog? Já teve alguma publicação impressa? O blog começou há dois anos. Ele surgiu depois que percebi que estava há anos sem fazer quadrinhos e isso me fazia falta. Hoje as tirinhas são publicadas em alguns jornais de pequena circulação que gentilmente abriram espaço para que eu divulgasse meu trabalho. Há também uma revista portuguesa, destinada aos brasileiros radicados na Europa, que publica minhas tiras. É um orgulho pra mim pois, além de ser publicado no exterior, minhas tiras saem junto com o Menino Maluquinho e a Turma da Mônica. Em
agosto as tiras dos Levados saem no livro Tiras de Letra na Batalha, uma coletânea que reune outros 26 autores de todos os cantos do país. Como se dá o seu processo criativo? O processo criativo é totalmente caótico! Às vezes as ideias saltam. Daí anoto e executo depous. Outras vezes eu preciso sentar e me concentrar um tanto. Vou pensando em temas ou situações que possam me levar a uma tirinha. Às vezes saem coisas boas. Outras, nem tanto. O fato de tentar publicar 5 tiras por semana dificulta o processo, já que as ideias precisam vir com uma certa regularidade. Fale um pouco de como você chegou aos Levados da Breca. Os Levados surgiram numa brincadeira. Tinha uns 16 anos quando, numa noite qualquer, fiz uma caricatura minha em versão cartoon infantil. Gostei do resultado e comecei a fazer o mesmo com alguns amigos. Levei os desenhos pra escola e todo mundo adorou! As pessoas pediam pra que eu as desenhasse daquele jeito e ali eu vi que havia potencial para transformar aqueles desenhos em personagens. Os Levados da Breca foram todos criados nessa época a partir destes desenhos. Alguns personagens guardam as características das pessoas que os inspiraram, outros ficaram apenas com o nome e o visual. Quais são as suas principais influências e como é seu processo
de trabalho - movimentos e/ou artistas, formatos e materiais? Puxa, citar influências é sempre uma injustiça. Acabo deixando muita gente de fora da lista. Vou me restringir aos cartunistas cômicos, ainda não lembrarei de todos. Não posso deixar de citar Mauricio de Sousa, Ziraldo, Bill Watterson, Charles Shultz, Laerte e Angeli. Esses aí ajudaram a fazer a minha infância/ adolescência. Mais recentemente posso citar o Quino, que foi uma grata surpresa. E tem muito talento na internet também. Meu processo de trabalho é meio manual, meio digital. Muita gente acha que uso tablet, mas eu desenho à mão mesmo. Rascunho no grafite azul e arte-final no nanquim. Digitalizo a arte e, com editor de imagens, apago o rascunho, ajusto o contraste e adiciono o texto. Que quadrinhos voce costuma ler? e mais o que além de quadrinhos? Os quadrinhos de super-heróis sempre estiveram na minha estante. Mais até que os cômicos. Mas ando um pouco parado por falta de tempo. Gostaria muito de ler mais, sinto falta. Minha leitura tem sido basicamente a internet, inclusive no que se refere a quadrinhos. Mas tenho aqui o Calvin, Haroldo, Mafalda, Charlie Brown e mais alguns outros livros que costumo folhear de vez em quando pra me lembar como é que se deve fazer uma boa tirinha em quadrinhos. Visite www.oslevadosdabreca.com para conhecer o trabalho de Wesley.
focinho de porco não é tomada
O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?
Q
ue o Brasil adora uma modinha todos sabemos. Fomos todos (mal) criados pela televisão, com Xuxa e seus simulacros e quem nunca teve uma prima ou amiguinha de escola que usou botas ou lacinhos no cabelo que feche esse PDF. O tempo passa e as velhas e porcas manias do país tropical não mudam. Ou mudam apenas de nome. Com a relativa popularização da internet - estima-se que cerca de 20% da população brasileira tenha acesso a rede mundial de computadores - algumas tendências se espalharam pelo mundo como um vírus (e não estamos falando de gripes de porcos). Em 2004 uma rede social azul-bebê fez a cabeça de grande parte de jovens e adultos por combinar a exposição da própria opinião e um certo narcisismo embutido. O Orkut em pouco tempo tornouse um problema público. Atrapalhava o trabalho, os estudos e criou uma série de intempéries até pro Google, responsável pelo site. Com o tempo o mundo azulzinho perdeu seu glamour e estar no Orkut deixou de ser algo especial. Qualquer um pode entrar, fazer meia dúzia de besteiras e sair ileso. E pensar que no início da febre convites para aderir a rede eram vendidos no Mercado Livre por até R$ 250,00. Banalizou-se. Mas esse país que não desiste nunca resolveu, misteriosamente, aderir ao novo queridinho dos Geeks, o Twitter. Mas afinal, o que raios é o twitter? Twitter é algo tão simples, mas tão simples, que é complicado de explicar. É um site que só tem validade se você resolver criar sua conta (que é extremamente simples de ser criada, vale comentar) e conviver com os “twitters”. Esqueça o conceito de amigos, adicionar, disponibilizar vídeos, fotos e
deixar recados na página de outrem. O Twitter é texto. Muito texto. Em poucas palavras. Apenas 140 caracteres para expressar um conceito. O Slogan “What are you doing?” resume bem qual é a idéia da rede social. Twitter é uma experiência que descarta as outras vivências. Não é tão apelativo quanto o orkut, não é tão privado quanto o MSN. Sua função não é fazer amigos, não é agrupar pessoas com as mesmas características e não é humilhar aqueles que não respeitam regras básicas do português. No twitter você escolhe quem você “segue” (os “followers”, pessoas/empresas que você deseja receber informações dispostas e atualizadas), e não escolhe quem te “segue”. Quando você realiza um “tweet” (uma atualização) ele automaticamente aparece na timeline dos seus seguidores. Por isso é importante que você pense duas vezes no que é necessário e o que é dispensável compartilhar com aqueles que se interessam pela sua vida. Uma das coisas mais bacanas do Twitter, e que no Brasil parece estar se perdendo por conta da ânsia em participar avidamente de redes e mais redes sociais sem levar em conta seus propósitos, é a existência de uma espécie de código de ética velado entre os usuários. Por exemplo:
- Se alguma pessoa fala algo interessante e você concorda com aquilo, você pode tranquilamente repostar aquela informação, desde que dê seus devidos créditos. Para isso, os usuários usam as letras “RT” e o nome do usuário precedido de uma arroba; - Caso você esteja conversando com alguém que esteja inserido na rede e queira citá-lo, é de bom tom que use seu nome de usuário com a arroba na frente, para que ele saiba que está sendo mencionado; - Se você tem algo muito pessoal para falar a alguém, use as Direct Messages. Ali só quem interessa tem acesso; - Se você não domina bem o seu idioma, limite-se ao Orkut. Twitter é palavra. Um erro pode determinar sua eliminação das redes sociais. Ok, exagerei um pouco. Mas não é agradável receber erros de português no seu “bom dia”. - Existem alguns movimentos sociais, quase jogos, como o “Music Monday”, onde às segundas-feiras os usuários sugerem músicas que aos seus seguidores; o “Woof Wednesday”, quando os usuários enviam links de fotos dos seus bichos de estimação; e o “Follow Friday”, uma maneira prática de dizer quem vale a pena ser seguido no twitter;
- Quer saber se algo realmente importa? Se algum assunto está mexendo com os nervos do povo? Consulte os Trending Topics. São os temas mais recorrentes naquele minuto na “twittosfera” (acabei de inventar essa palavra. Me senti muito Guimarães Rosa e acho que devo investir nesta área). - Não é por que a pessoa te segue que você é obrigado a segui-la. E vice-versa. Twitter, quando bem utilizado, acaba virando um vício. Os mais apaixonados (e dispostos a criar) fizeram programas, aplicativos e navegadores especiais para a rede social. Com eles fica muito mais fácil entender e participar do site. Estima-se que apenas 5% dos inscritos no site realizem atualizações diárias em seus perfis. E 80% das pessoas que estão na rede abandonam o navio em menos de um mês. E pesquisas mostram que 92% das estatísticas do mundo são inventadas. Para quem viciou na rede e não a-g-ue-n-t-a mais ter que entrar no site para “twittar”, ótimas opções pra se manter online são o TwitterFox (discreto aplicativo para o Mozilla), o TwitDeck (navegador preferido de 9 em cada 10 Twitters) e o Twhirl (navegado compacto e com design agradável). Desvantagens do twitter? É bastante instável. E está se popularizando. Tudo que banaliza acaba sendo tachado de cafona. Foi assim com mIRC, ICQ, MSN, Orkut e será com Twitter. Além disso, quem não entende a proposta do site, pode acabar irritando outros usuários. Pedir pra ser citado, achar que twitter é MSN, humilhar-se por RT’s e agredir nosso idioma são formas bastante eficazes de perder seguidores e também o respeito. Algumas pessoas notórias como Barack Obama (@barackobama), Britney Spears (@britneyspears), Preta Gil (pffff), Eduardo Paes (LOL), Boninho (@boninho), Xuxa (@xuxameneghel), Luciano Huck (@huckluciano) e Ashton Kucther (@aplusk) aderiram o twitter e utilizam como forma eficaz de divulgarem seus trabalhos. Além de manter contato com fãs. De maneira fria, mas mantêm. Em um pouco mais de 140 caracteres, o twitter é ótimo para: difusão de conteúdo, passar dicas e idéias, ferramenta de feeds, saber da vida de quem interessa e burlar alguns bons minutos de trabalho.
perfis 14 que valem
a pena @nairbello Musa do conhaque, Nair Bello não morreu. Está twittando e divertindo nossas tardes cinzas. Entre uma partidinha de bingo com as amigas e comentários sobre a novela, a Nonna tem a incrível capacidade de confundir os canais e citar coisas do arco da velha. MA CHE! Por que você ainda não está seguindo essa diva? @meumundocaiu Protetora dos frascos, comprimidos e garrafas de vodka, Maysa é também defensora da língua portuguesa. Sua aparente arrogância é o charme desse perfil. Sempre curta e grossa em seus comentários, Maysa não deixa escapar um erro. @CETRIO_ONLINE Mora no Rio? Quer fugir dos piores engarrafamentos? Quer rir da obviedade do trânsito carioca? Siga a CET-RIo. Com atualizações permanentes, aprenda que todo dia às 14h a Av. Jardim Botânico, no sentido Gávea, está com retenções na altura do Parque Lage. @LeiSecaRJ Uma ótima opção pra quem quer burlar a lei. É correto? Não. Mas alguém tem que fazer esse serviço sujo. Vai dizer que se você soubesse que na Av. Pasteur tinha uma blitz da Lei Seca você não ia pegar o túnel e evitar aquela multa no mês passado? @katylene Um dos perfis mais engraçados do Twitter, Katylene é uma travesti antenada no mundo pop. Sempre indica vídeos interessantes, homens bonitos e piadas prontas. Seu blog (www.katylene.com) é um sucesso e o twitter só corrobora com isso. @rosana Desde 2007, provavelmente é a “mãede-todos” no Twitter. Ela liderou o movimento e com isso criou uma legião
de seguidores. Apesar de citar muito sobre sua vida pessoal, que sinceramente não é tão interessante assim, Rosana Hermman nos mantém atualizados sobre novidades tecnológicas. @marcelotas O líder do CQC e eterno Professor Tibúrcio é um dos caras mais populares do Twitter no Brasil. Tas sempre adianta as pautas do CQC e nos brinda com excelentes piadas. @OCriador O Todo Poderoso, Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paaaaz também aderiu ao twitter e nos dá informações valiosas do que podemos fazer para ter a vida eterna ao seu lado. @Twigato A cada 10 seguidores o Twigato doa 1kg de ração para instituições que defendem gatos de rua. Já que você está conectado, não custa nada ajudar os bichanos, né? @dr_marcelo O dia a dia de um psiquiatra e escritor em início de carreira. Marcelo Arantes apresenta comentários ácidos sobre o cotidiano e tira dúvidas sobre saúde dos seus seguidores às sextas-feiras. Tudo com muita prudência. @cristianpior O perfil é Fake. Mas adianto que o cover é bem melhor que o original. Cristian Pior tece comentários sobre a vida dos famosos e nos deixa sempre atualizados sobre o que realmente importa: futilidades. @pheha Nunca é demais fazer um jabá. :D @KibeLoco Um dos primeiros portais de entretenimento do Brasil aderiu ao twitter logo nos primórdios do site. O perfil lança modas e está sempre entre os mais citados entre os adictos em twitter. @BlaBlaBra O BlaBlaBra sempre mostra o que está mais em voga entre os perfis brasileiros. É uma espécie de medidor de audiência do twitter para brasileiros. Se você quer se manter atualizado nos papos mais recentes, essa dica é pra você.
n達o julgue um livro pela capa
O de d
Opinião travestida dee informação
É a festa da uva! Num clima de ninguém é de ninguém, a “redação” da Pheha aproveita que não precisa mais de diploma para pagar de jornalista para falar o que quer e ainda sair bem na foto.
N
em todos os blogueiros escrevem em miguxês. Assim terminava mais uma de muitas de nossas discussões sobre o (vinheta musical dramática) fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Após todas as passeatas, mimimis, abaixo-assinados e spams em nossas já abarrotadas caixas de entrada, o que de bom tiramos deste sabão todo? Não muita coisa. Óquei, há de se considerar que acabar com uma profissão via decreto baixou na galera aquele frissonzinho kitsch com cheirinho de 1968, mas não é como se a PM tivesse sitiado o apartamento do Gabeira (de novo). Mesmo assim, vamos combinar que as profissões se extinguem pelo desuso, como cirurgião-barbeiro, e não porque a mulher de algum juiz estava menstruada no dia. Por outro lado, não é de hoje que se vê a imprensa brasileira cagando copiosamente dentro do maiô, não é mesmo? A ABI nunca deu a mínima para quem exercia a profissão ilegalmente, deixando de punir pretensos jornalistas por não considerar sua atuação relevante para a sociedade, e agora veio tentar tapar o sol com a peneira falando de responsabilidade social e bibibi. Quantos não foram os estagiários a cair nos embustes do Cocadaboa, nos rendendo maravilhosas
João M á rc i o a br a ç a e o Tr Cláu a v e s ti smo Jo dia Panter a rnalís ti c o
matérias em sites e até mesmo edições impressas de veículos famosos? Uma das questões importantes é a da qualidade e imparcialidade da informação, já que na onda do qualquer um é jornalista, teme-se uma enxurrada de reportagens irresponsáveis e tendenciosas escritas por blogueiros, estagiários de videolocadora e fãs do Nx-Zero. A pergunta é: E daí? Todos esses, de uma forma ou de outra, já conseguem fazer com que suas mensagens cruzem a web, mas duvido que o decreto vá melhorar suas expectativas de contratação em alguma agência de jornalismo responsável. Aliás, agência de jornalismo responsável é uma piada à parte, pois se alguém conseguir dizer até o final e sem rir a frase “Eu acredito firmemente que as grandes agências de jornalismo deste país tem um sólido compromisso com a verdade, imparcialidade e informação, e que jamais se sujeitariam à mácula da manipulação de dados ou tráfico de influência”, pode rasgar esta revista (brinks, ela é digital). De qualquer forma, um diploma de nível superior não garante qualidade de nada num país onde até em igreja você pode conseguir um, assinado pelo próprio Jesus Cristo. O incentivo ao avanço tecnológico, assim como o desafiador cenário globalizado causa impacto indireto na reavaliação do sistema de formação de quadros que corresponde às necessidades. Do mesmo modo, a consulta aos diversos militantes estende o alcance e a importância do processo de comunicação como um todo. Percebemos, cada vez mais, que o desenvolvimento contínuo de distintas formas de atuação oferece uma interessante oportunidade para verificação do remanejamento dos quadros funcionais. Leu até o fim? Parabéns, você é mais uma vítima do Fabuloso Gerador de LeroLero, recomendadíssimo
aliás para monografias. Confira em www.lerolero.com. Beijos. Muito jornalista por aí se queixa do decreto, acha que sua profissão vai ser desvalorizada, que vai ganhar menos que motorista de ônibus e perder oportunidade de emprego. De fato, isto até poderá acontecer com profissionais medíocres, que tiveram uma formação capenga independente da instituição e se fiavam em seus diplomas universitários para refestelar-se em seus cargos como se fossem confortáveis poltronas. Agora o buraco é bem mais embaixo com jornalistas comprometidos com a profissão e que realizam um trabalho responsável, pois este ainda será o modelo buscado pelas agências, empresas e –mais importante- pela sociedade. Com ou sem diploma, a vida continua, e haja blog, orkut, facebook, twitter e o que mais o diabo inventar. De nossa parte, nos comprometemos a cumprir nosso papel de prover a sociedade com litros e mais litros da nossa mais pura e franca opinião, travestida de informação.
a função faz o órgão
Tudo somente sexo e amizade Sexo entre amigos nem sempre acaba mal. Mas grande parte das pessoas acredita que vai terminar em namoro ou em atrito. E esse é o grande problema nesse tipo de relação.
Sempre existe aquela história que "amigo de mulher é cabelereiro" ou "somos apenas bons amigos" e outros clichês que sustetam nossas relações sociais. Mas no fundo todos temos uma história de um parceiro de corpo e copo. Aquele amigo que nos momentos de carência sexual serve como um ótimo consolo. Ou então uma história de estar louco em uma noitada, encontrar um(a) amigo(a) e, como estava lá sem nada pra fazer, rolar um sexo casual. Acredite: isso é mais normal do que você pensa. Sexo entre amigos é tão comum quanto calçar sapatos nos pés. E é completamente possível deixar bem claro que aquilo foi apenas "sexo e amizade", parafraseando Maria Bethania. O lado bom do sexo entre amigos é que você tem total intimidade com aquela outra pessoa. Pode confiar plenamente nela e caso o ato não seja bacana, você ainda
pode dar uns pitacos como amigo. Além de tudo, você acaba criando um vínculo muito maior, livra-se de alguns pudores e ainda fica com a pele boa por um tempo. É sempre um bom quebra-galho. O publicitário Roberto Filho conta que já passou pela experiência com um amigo, após uma balada. Resolveu dormir na casa de um amigo, rolou um clima bacana e os dois acabaram transando, sem maiores dores de cabeça. Após o ocorrido, a amizade não foi abalada. Ou seja, essa é a maneira correta. Sexo não foi feito pra ser um mito, é algo natural e instintivo do ser humano. Se ligar a pequenas prisões intelectuais como "isso não pode" e "isso não é certo" só causa drama e arrependimento. Transar sem culpas é o melhor, em qualquer caso. Na hora de gozar todo mundo gosta. Se você é do tipo de pessoa extremamente carente, acha que
sexo é o ato mais sincero de amor entre duas pessoas e orgulha-se de ter transado com apenas 2 exnamoradas, esqueça colocar sexo com amigos no seu menu. Misturar o sentimento fraternal da amizade com sexo, neste caso, pode ser perigoso. Quando você está disposto a uma nova relação, está necessitado de amor e carinho, não faça opção por essa modalidade. Além de criar falsas expectativas, pode terminar com a relação afetuosa que existe entre vocês. O melhor, neste caso, é controlar o tesão. Não vale a pena perder a amizade. Entretanto, vale sempre lembrar que camisinha nunca se dispensa. E se está com tesão, e o sentimento é mútuo, que mal tem? Afinal, sabemos que a carne é fraca e não é todo dia que encontramos um bom amigo.
dois dedos de prosa
Entrequadro entrevista: Ana Recalde Faça uma breve biografia sua. Sempre achei difícil começar falando de mim, da minha biografia. Principalmente porque não entendo bem o que é que nos define. Eu nasci em Campo Grande no Mato Grosso do Sul, mas o quanto isso importa? Já estudei jornalismo, rádio e tv, cinema, história e morei em ainda mais lugares que isso, Campo Grande, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Londres. Eu me sinto uma pessoa meio jogada, nômade. Não muito decida, a não ser quando se tratam dos meus sonhos. E um dos meus sonhos sempre foi fazer histórias em quadrinhos. Fale um pouco do seu trabalho mais recente, Patre Primordium. A Patre Primordium é revista em quadrinhos que não é apenas minha, um dos únicos projetos meus que tem mãe e pai, Fred Hildebrand. A verdade é que, se me deixarem eu fico falando o dia inteiro sobre a Patre, sobre seu começo há 4 anos, sobre como desenvolvemos tudo, sobre como está sendo a distribuição e tudo o mais. Difícil falar em pouco espaço ou de maneira resumida. Quais são as suas principais influências e como é seu processo de trabalho - movimentos e/ou artistas, formatos e materiais? Meu processo de criação também é um tanto controverso, eu costumo gestar minhas linhas. Penso, as guardo dentro do meu peito e coloco para fora assim que já estão maduras o suficiente. Não totalmente formadas, mas pelo menos sabendo se alimentar sozinhas. As histórias que eu crio também tem uma personalidade
própria, uma coisa estranha. Por vezes eu brigo com um final, que eu não queria que fosse bem daquele jeito, ou imploro para que tal personagem não faça determinada coisa. Tudo em vão. Uma vez nascidas as histórias fazem seu próprio caminho e as minhas histórias são filhos rebeldes. Como uma boa mãe eu posso orientar, mas não mudar. Que quadrinhos voce costuma ler? E mais o que além de quadrinhos? Aprendi a ler quadrinhos, inicialmente com meu pai, fão confesso de Tex, Asterix e Frank Miller. Eu busquei na vasta coleção dele meus primeiros fundamentos. Um grande amigo me mostrou Contantine, Alan Moore e toda linha Vertigo e eu encontrei ali um grande alento. Depois disso, gosto de
consumir qualquer coisa de quadrinhos que me passe pela frente. Não importa o gênero. Claro que eu tenho meus favoritos e minhas influências. Neil Gaiman, por exemplo. Mas na maioria das vezes me comporto como um fanboy (ou fangirl, se é que isso existe). Gosto de muitas coisas e tenho ciclos de apreciação. De tempos em tempos eu pego obras inteiras de um autor e devoro com voracidade de um faminto. Tenho lido Walking Dead hoje em dia. Leio mangás, comics, independentes, europeus, então sou bem eclética ao falar de materiais ou histórias. Além de ser apaixonada por literatura, principalmente ficção e terror. Eu tenho medo genuíno das coisas que eu leio, eu entro nos cenários como ninguém. Esses dias eu disse a um amigo que me assusto mais com Hq’s e livros de terror que com filmes, descobri que minha mente produz coisas mais intensas com o papel do que com a película, que está ali, exposta pra quem quiser ver. O papel cria uma intimidade digna de dois amantes. Fale um pouco do seu trabalho no Quarto Mundo. O que faz, desde quando, onde, essas coisas. Quanto ao 4mundo, eu entrei no grupo há quase um ano (faz aniversário agora em Agosto) e entrei principalmente para ajudar a distribuir aqui no Rio de Janeiro. Adoro estar no 4mundo, acho que é uma das grandes iniciativas para o quadrinho nacional. Conheci grandes amigos ali e reencontrei outros, tudo num clima muito bom de cooperação. Hoje eu sou responsável pelo núcleo de distribuição, mas entrei há pouco tempo, queria estar fazendo mais.
em terra de cego
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TRASH E VIDA! Ame o que é ruim. Bata no peito e se orgulhe de viver em meio à escória da criatividade humana. Nunca fiz questão dos canais de filmes da TV a cabo por uma razão: Não tenho paciência ou organização para esperar filme passar na televisão. Quando eu quero ver um filme, recorro à arcaica atividade de andar até uma locadora e perder-me entre as estantes que oferecem fileiras de capas e mais capas de entretenimento audiovisual. Tem algo de especial em olhar para as capas, ler a sinopse e os recortes de opinião de revistas, dar uma conferida no elenco, é quase que um flerte com cada uma das caixinhas de DVD. O tempo que gasto nesta atividade varia, podendo ser dez minutos até quase uma hora escolhendo filme, mas uma coisa é certa: Pelo menos um filme trash estará na sacolinha dos escolhidos. Este hábito começou como uma brincadeira, mas hoje em dia sou um convicto admirador da cultura trash e o pior (ou melhor?) é que não estou sozinho. O trash não é novidade, é possível garimpar filmes do gênero em diferentes épocas do cinema, embora boa parte tivesse um respeitável orçamento para seu tempo como no caso de Os Inocentes de 1960, cheio de efeitos visuais complicadíssimos para a época, vindo a ser trash por obsolescência. Com a passagem do tempo, porém, o trash deixa de ser um acidente derivado de limitações técnicas e financeiras e dá decididos passos em direção ao gênero próprio. Nos tempos mais atuais brotam filmes patrocinados pela padaria da esquina como O Elevador da Morte e A Geladeira Assasina até superproduções do calibre de Alien vs Predador, A Casa de Cera (que rendeu
uma Framboesa à nossa amada Paris) e Anaconda 2. No entanto, a essência trash é a marca de todos estes filmes, pois a baixa qualidade técnica não é o maior atributo do trash. Por mais bem produzido que seja, quem dirige um filme sobre ovelhas antropófagas certamente não tem lá grandes pretensões de ficar íntimo da galera de Cannes. Com o recente ganho de força da subcultura e a crescente valorização da cultura pop abrem-se tantos nichos mercadológicos que mesmo algo a princípio desprezível como o trash ganha seu espaço, e uma parcela respeitável dos consumidores de entretenimento busca ativamente pelo gênero. E se há procura, certamente não faltará oferta. Basta olhar ao redor para perceber que se está cercado pelo trash, ele hoje faz parte do repertório cultural de
praticamente qualquer cidadão, cada um a seu modo. A televisão brasileira é um prato cheio para a cultura trash, e isto não se atribui de forma alguma a um eventual “filme ruim” que seja exibido. Wagner Montes e Luciana Gimenez, por exemplo, são parada obrigatória para quem curte uma boa baixaria gratuita, existem os reality shows com ou sem celebridades que causam frisson nos amantes do bafobabado-e-confusão e até mesmo novelas de produção sofrível e efeitos especiais patéticos como é o caso da trilogia Os Mutantes: Caminhos do Coração. Ok, todos estes são exemplares amostras da cultura de massa, e são programas de conteúdo notoriamente, para ser bonzinho, idiota. É aí que entra a graça da brincadeira, a alma do apreciador do
trash é divertir-se na constatação da baixeza e inescrupulosidade do produto em questão. Talvez isso seja só uma desculpa esfarrapada para render-se aos prazeres da cultura de massa sem perder a pose, mas quem se importa? É maravilhoso procurar erros de produção e assistir aos barracos do BigBrother, deliciar-se com a esparrela cênica de Maria do Bairro e ver Silvio Santos com sua platéia amestrada. Até mesmo a novela das oito da Globo, Caminho das Índias, nos brinda com atores pintados de laranja para dar aquele look indiano. Ainda sobre a TVBrasilis, um dos grandes filões do trash é a madrugada, com concepções da mais pura insensatez. Abrimos com o crentão “Fala que eu te escuto”, programa com tom pseudo-jornalístico da Record onde se alia uma reportagem superdramática sobre temas-alvo da Igreja Universal mesclados a um aconselhamento telefônico ao vivo com o Pastor Seilá Quem. Os depoimentos “comoventes” e as dramatizações realmente são de chorar de rir. Zapear é a palavra de ordem, e vale a pena dar uma passadinha na Globo só para ver qual é a trolha velha que está sendo exibida no Corujão, mas o bom mesmo é o programa de prêmios de até R$ 9.000,00 para quem responder corretamente à pergunta “quanto dá dois mais dois” onde a apresentadora se descabela por estarmos perdendo a oportunidade de nossas vidas
enquanto joga um monte de dinheiro falso para o ar dizendo que não quer aquilo. Não dá para não amar. Tem um bom tempo que não piso na Casa da Matriz, em razão de só ter festas horríveis por lá. Numa delas, a Maldita, onde as pessoas ficam competindo para ver quem conhece mais músicas de bandas iranianas e afegãs, o único ponto positivo foi conhecer um gringo - Stan - sujeito divertidíssimo. Eis que a conversa cai para filmes e olhe só! Ele conhecia Cabana do Inferno e Viagem Maldita! Após trocarmos nossas impressoes sobre os filmes, pergunto se ele ja tinha visto Komodo versus Cobra, ao que ele me responde com um “What?!” e uma cara de espanto. Rá. Ganhei. Sentime so international. E só para me
desmentir, Grace, filme sobre um bebê natimorto assassino, causa sensação em Cannes. Os fãs do trash ganharam o direito de andar pelas ruas, já podem parar de se esconder em sessões de vídeo obscuras na casa dos amigos. O visual trash pode ser visto na mídia mainstream em videoclipes que imitam as produções paupérrimas pré-Thriller. E outro ponto a favor, está tudo no youtube, no rapidshare, para quem quiser conhecer sem precisar ficar amigo daquele colecionador esquisitão. O importante no trash é saber que está sendo ruim, e mesmo assim, fazer. É a intencionalidade de produzir algo desagradável, fora daquilo que é esperado pela alta cultura pelo prazer aristocrático de desagradar. Portanto, abraçe e ame o trash. Trash é vida.
nem só de pão vive o homem
Cinco índios, dois bolivianos, três pheheiros e quadrinhos na FLIP Entre os dias primeiro e cinco de julho de 2009 aconteceu a sétima Festa Literária Internacional de Paraty, a simpaticíssima FLIP. Numa visita relâmpago, com duração aproximada de trinta e três horas, parte da equipe da Pheha realizou seu objetivo primário: assistir à primeira mesa do evento, “Novos traços”, na qual Rafael Coutinho, Fábio Moon, Gabriel Ba e Rafael Grampá, e competente mediação de Joca Reiners Terron, apresentaram, num clima descontraído, outras formas de pensar – e fazer – quadrinhos, com preocupações, processos e objetivos diferentes dos explorados pela produção comumente associada à nona arte. Diante de uma platéia que, em sua maioria, não era composta por leitores habituais de quadrinhos, os quatro artistas foram bem-sucedidos em evidenciar que, embora flerte com a literatura, “história em quadrinhos” é uma manifestação artística autônoma, não estando atrelada a temas e usos específicos. Durante a leitura que fizeram de alguns de seus trabalhos mais recentes, que podiam ser lidos no telão, ficou clara a variedade de assuntos e estéticas – visuais e narrativas – possíveis. Também falaram sobre o aumento da procura do leitor brasileiro por quadrinhos, mercado internacional, perspectivas de carreira, culinária e et cetera, deixando claro que quadrinhos tão são legais quanto qualquer outra leitura legal. Sem comentários sobre toda a vodka, rum, açúcar e limões que deram todo um colorido àquelas trinta e três horas e trinta e cinco minutos em Paraty.
nem só de pão vive o homem
S
abe aqueles dias que você acorda se sentindo sozinho,
Pheha! Bem, se você dança balé, fodase. Não rola colocar balé aqui, né? Não
deixado de lado, meio abandonado, meio cagadinho e com
temos ainda esse poder, malzaê. Mas nós pheheiros queremos o seu
pereba na cara? Nós também nos sentimos assim, exceto pela parte da
conteúdo (ou a falta dele). A porteira está aberta e você pode mandar
pereba na cara, afinal usamos cremes europeus caríssimos e temos hábitos
qualquer porcaria material que nós vamos publicar. Aproveite que a PHEHA
alimentares saudáveis. Nossa solidão nos mata e queremos que você, sim
é uma revista digital, então podemos ter quantas páginas bem quisermos.
você aí sentado na frente do computador com o dedo no nariz esperando carregar
Agora você pensa: Oh meu deus, eu
o PornoTube. Você mesmo que sempre quis um espacinho na praia e nunca
quero, eu quero, eu quero, sempre sonhei em ser um pheheiro por um dia!
teve. Você que escreve, desenha, pinta, dança balé pode ter seu espaço na
Antes mesmo de sonhar em ser paquita e adotado, eu queria ser um pheheiro!
Como eu faço pra participar desta turma da pesada que está se divertindo em altas confusões em clima de azaração? Mas é fácil, extremamente fácil, pra você, eu e todo mundo cantar junto: envie seu conteúdo com seu nome, uma pequena apresentação, seus interesses e etc, para revista.pheha@gmail.com. Não é simples? É sim querido! É tão simples que já estamos vendo uma maneira de complicar as coisas, afinal, estamos no Brasil.
dois dedos de prosa
Entrequadro entre
M
ário Cau, autor do álbum de quadrinhos Pieces, per de o juízo e resolve dar uma entrevista para a Pheha. Louco. É muito amor, minha gente. Faça uma breve biografia sua. Nascido em Campinas, cresci em Pedreira e voltei pra Campinas para fazer faculdade. Desenhava desde neném, o tempo todo, como toda criança, mas nunca parei. Fui melhorando com o tempo, fiz aula de HQ com Paulo Branco e Dag Lemos, e depois continuei um tempo auto-didata. Aí entrei na Unicamp e me formei Artista Plástico. Descobri na saudade, na solidão, na ausência, no que não dá certo, uma certa beleza, uma poética que norteou muitos trabalhos e abordagens. Pieces nasceu em 2005, como uma série de Hqs curtas que propõe ao leitor uma reflexão sobre momentos variados, pedaços da vida que todos nós conhecemos. Trabalhei como professor de Artes, projetista de vitrais, fiz ilustrações, ajudei com projetos visuais de peças de teatro, e hoje me firmei como quadrinista, ilustrador e também professor. Dou aulas na Pandora Escola de Arte, em Campinas. Já tive trabalhos publicados, solo e em parceria, na Front, Nanquim Descartável, Café Espacial, Sem Crise, Rolling Stone, Fantástico, Negative Burn, Heavy Metal, Short Stack, Shrunken Wool, Layer Zero... E, nesse ano, lancei a primeira edição da Pieces. A segunda edição sai em outubro de 2009, e está quase pronta.
Já teve alguma publicação impressa antes de iniciar seu blog? O Blog nasceu em setembro de 2007. Eu já tinha publicado uma HQ na Front 18, escrita pelo hugo, e estava preparando coisas novas. Um tempo depois, em Dezembro, saiu a Negative Burn nos EUA, com uma HQ minha, chamada Pieces – A Chuva. Essa mesma HQ foi publicada no Brasil na Café Espacial 2, que saiu em Abril de 2008. Mas antes do blog, de quadrinhos, só a Front mesmo. Eu já tinha alguns contatos com pessoal de fora, basicamente independentes, como o Quarto Mundo. E no campo da ilustração, já tinha feito vários trabalhos, mas os mais importantes começaram a aparecer em 2006. Como se dá o seu processo criativo? Meu processo criativo varia um pouco. Já cheguei a escrever histórias em prosa, num caderno e depois ir transformando em HQ. Já desenhei as páginas e depois formulei o texto. Já escrevi roteiros detalhados e abertos, já deixei a coisa rolar na página pra ver no que dava e já fiz estudos variados pra mesma página. O importante é deixar a coisa fluir. O mais importante é a IDÉIA! Se a sua idéia for boa, e você souber
como conduzir a história, ou mesmo a ilustração, de forma que isso prenda, agrade e faça o leitor refletir um pouco, então você já está ganhando. Meu processo mais comum é ler o roteiro atentamente, e com isso algumas imagens já vão se formando. Depois passo para um estágio de thumbnails, onde desenho as páginas pequenas e sem detalhes, só pra ver como e onde vou colocar cada quadro e balão. Depois, faço um rascunho da página para acertar melhor os balões e posicionamentos, e isso já serve como um primeiro rascunho, onde posso ver oque funciona e o que não. No caso de desenhar a HQ de outro escritor, isso o
evista: Mário Cau ajuda na mesma coisa. Essa rascunho é passado pra um formato maior, um pouco menor que o A3, já na proporção da página final, e lá vão várias etapas de esboço, finalização e artefinal. Como faço minha própria artefinal,m meu traço a lápis acaba sendo bem solto, pois eu já sei oque espero dele, e isso acaba acelerando o processo. As idéias vêm nos momentos mais inesperados, mas para isso, eu acho, o autor precisa viver, conhecer gente nova, ler muito, ver filmes, sair da toca. Sem vida não tem arte! Quais são as suas principais influências e como é seu processo de trabalho - movimentos e/ou artistas, formatos e materiais? Minhas influências variaram com o tempo. Comecei a desenhar curtindo Disney e Turma da Mônica. Depois de um tempo, curtia desenhar dinossauros, depois foi Cavaleiros do Zodíaco e depois, super-heróis. Com pouca referência e sem internet (pois é, ela não esteve sempre aí), eu me virava lendo Herói e Wizard. Meu sonho era desenhar pra Marvel. Adorava o Jim Lee, Scott Campbell, Joe Madureira, Joe Benitez, entre outros. Aí com o tempo e o contato com as Artes, fui conhecendo mais artistas que se tornaram grandes influências. Fabio Moon, Gabriel Bá, Will Eisner, Craig Thompson, Alison Brechdel, Jeff Smith, Terry Moore, Ryan Kelly, Paul Pope, são exemplos de artistas que me influenciam muito hoje em dia. Mas tento sempre expandir os horizontes. Posso dizer que Van Gogh, Cezanne, Degas, ToulouseLautrec, Mucha, Cartier-Bresson, Sebastião Salgado, também são influências.No ponto dos materiais, eu diria que basicamente eu sou um cara de lápis, papel, pincel e nanquim. Gos-
to muito de usar o photoshop para finalizar e colorizar, mas nada melhor do que saber fazer as coisas na raça. Por causa da faculdade de Artes, acabei incorporando alguns recursos de imagem aos meus quadrinhos e ilustrações. Costumo variar o papel e o
lápis, depende do tipo de trabalho. O artista deve escolher o material que dá o resultado que mais lhe agrada, e isso independe de preço e marcas. Uso um pincel da série 7 da Windsor&Newton, nanquim Tallens e borracha Mars Plastic da Staedler. Agora tenho usado muito o lápis B e 2B da Staedler também, mas isso sempre acaba mudando, como já disse. Tenho uma outra técnica, de pintar com lápis e guache brancos sobre papel preto. Que quadrinhos voce costuma ler? e mais o que além de quadrinhos?
Eu ando lendo pouquíssima coisa das séries mensais. Eu colecionava um monte de coisas, principalmente XMen, que comprei religiosamente durante uns 12 anos. E sempre lia minis, edições especiais e coisas assim. Meu conhecimento de HQ não ia muito além do que eu via nas bancas. Aí começaram a aparecer coisas mais legais. Com o tempo fui amadurecendo e meu gosto também. Continuava lendo X-Men, Aranha e etc, mas comecei a procurar mais quadrinhos adultos ou fora do mainstream, como as obras de Will Eisner, Bone, Sandman e outras coisas da Vertigo... A última série mensal de superheróis que parei de comprar foi a Marvel Millenium, porque até um tempo atrás a série Ultimate era a melhor coisa de super-heróis que eu achava. Supremos é uma obra de arte. Hoje eu me alimento muito das graphic novels e do mercado independente. Estou feliz porque hoje há muitas obras de HQ saindo em forma de álbuns e coletâneas, tanto nacionais quanto internacionais. Quase chorei quando soube que Blankets seria lançado aqui (já tinha lido em Inglês)! Gosto muito de acompanhar webcomics, também. Questionabel Content, White Ninja, Pictures for Sad Children, os Toscomics da Samanta Flôor, Malvados, Perry bible Fellowship... Fora do âmbito das Hqs, ando lendo Machado de Assis, Graciliano Ramos. Adoro as obras do Michael Crichton. Até a Divina Comédia eu li e ilustrei algumas passagens para uma exposição (Città Dolente). Leio também sobre Arte e Fotografia. Além disso, blogs, seriados e filmes, vários, porque no fundo tudo isso dialoga com meu trabalho.
www.mariocau.com
grandes pensadores de merda
“a vida é uma travesti. parece uma coisa que não é, não serve para o que você quer, e ainda te fode no final” Anônimo (mas poderia ser o Ronaldo)
Acabou amiguinhos. Dia 14 de Setembro tem mais.