Equipe
Editorial Depois de dois meses no limbo, onde nos dedicamos a férias merecidas, afinal, nosso fígado merece esse carinho, no qual quase tudo aconteceu, os ferreiros voltam a atacar com a sétima edição da revista mais legal da sua rua (exceto se você morar nas imediações da Piauí, aí somos a segunda mais legal). Abrindo esta edição, Maluh Albuquerque clama pelo (fundamentalmente questionável) direito de saber apenas daquilo que se quer saber. Nossa mais simpática integrante fala por todos nós quando deixa claro que não faz questão nenhuma de saber sobre os hábitos sexuais das subcelebridades da vez ou quaisquer outros assuntos que ganham (e perdem) notoriedade do dia para a noite. Ainda nos trâmites sexuais, João Márcio aborda de maneira sacana como os seus brinquedos cresceram. Outra abordagem do cara gay e obeso da equipe permeia até onde os dados estatísticos
do Ibope são confiáveis em um mundo onde o Twitter vira uma arma na mão de quem sabe usá-lo.
criação MTVística. E para as meninas, Pérola monta o guarda-roupas obrigatório para quem quer se vestir bem.
Julio de Castro, cheio de saudades da vovó, pondera sobre um espaço que conhece bem: as cozinhas espaçosas e todos seus mistérios e delícias. Saindo da cozinha e, apenas de cueca na frente do computador, o feedback na internet é o tema da crítica tecnológica de Julio. Já Murilo Souza conta sua trágica experiência ao conectar-se a um milhão de amigos no Facebook, aquele cassino virtual maquiado como rede de relacionamento.
João Márcio Dias questiona até onde a liberdade foi conquistada no pós-ditadura em meio a tantos "órgãos regulamentadores" e regrinhas de boa vizinhança para que a propaganda funcione bem. Júlio e Morgana unem forças e decidem, com a cara e a coragem, entrevistar Rafael Albuquerque, co-autor do Mondo Urbano.
Nesta edição temos a ilustre estreia de Pérola com dois artigos sensasionais, supimpas e porretas para tornar a sua vida um poço sem fim de cultura e beleza. Pérola assume o video-cassete e bota pra rodar os melhores clipes dos melhores diretores que já passaram por nossa
Inaugurando a série incidental "Olhares Urbanos", Marcello Caetano expõe Belo Horizonte. E a grande estrela desta edição é a multifacetada Karine Alexandrino, com seus badulaques, intensidade e brilho.Glamour, glamour e mais glamour! Agora que o carnaval passou, o BBB acabou e a páscoa já se vai, desejamos a todos um FELIZ ANO NOVO! E boa leitura. :D
Pheha por aí | Twitter: @pheha | www.myspace.com/pheha | Wave: revista.pheha@googlewave.com | www.pheha.com | E-mail / Buzz: revista.pheha@gmail.com | Wordpress: pheha.wordpress.com | www.issuu.com/pheha | Você pode baixar o PDF de todas as edições da Pheha através do nosso Issuu. Basta se cadastrar (o que leva menos de 5 minutos, pare de ser preguiçoso, olhe o tamanho da sua bunda) e BINGO! Seja feliz! Nosso deadline para envio de conteúdo para a edição de Maio (#8) é 01/05. Feriado, comemore!
Após aproximadamente dois meses de exibição do famigerado campeão de audiência Big Brother Brasil 10, é triste constatar que continua não havendo escapatória: Todos acabam sabendo de alguma coisa do maldito programa, seja porque alguém da família assiste, os colegas do trabalho comentam, aquela rotina que já conhecemos desde a primeira edição. Nesta, porém, houve um novo elemento que potencializou esse efeito: o Twitter, claro. No último mês, a chamada twittosfera tem se encontrado alagada de notas, opiniões e notícias sobre o BBB. Até aí, nada de inesperado, já que a própria emissora se encarregou de projetar os participantes neste meio através da possibilidade de postarem no twitter de dentro d’A Casa, ainda que não pudessem ler as postagens de terceiros. Enquanto partidária da livre expressão, devo admitir que é direito inalienável de todos o de twittar aquilo que quiserem, mesmo que isto resulte em euzinha ter de ler dezoito tweets sobre banalidades pedrobiálicas até chegar a alguma coisa que valha a minha atenção. Botão unfollow está aí para isto mesmo. No entanto, os twitteiros já haviam eleito uma Gení pouco antes do início do
Por Maluh Albuquerque
programa: Uma usuária denominada @twittess, a tal da Tessália. Munidos de meia dúzia de motivos mesquinhos para tanto, pseudointelectuais e formadores de opinião de meia-tigela entupiram o twitter numa muito empolgada e nada empolgante narrativa analítica das peripécias da rapariga(sic) na “casa mais vigiada do país”. Curiosa que sou, e como já estava me irritando ver tanto #foratessalia quando atualizava o twitter, cliquei em alguns links aqui e ali, conversei com amigos do trabalho e até assisti, confesso, a uma prova do líder. Tudo em nome da pesquisa jornalística com ênfase na seriedade do processo editorial. Agora, vamos aos fatos. O primeiro motivo alegado para o apedrejamento da @twittess foi a sua atuação na própria twittosfera. A jovem Tessália já era, mesmo antes de entrar para o show, o que se costuma chamar de persona non grata no microblog. Indicada ao prêmio de melhor twitter no VMB, possuía cerca de 65 mil seguidores. Seu segredo? Segundo a própria, alguns comentários sagazes aqui e ali, photoshop no corpo inteiro e um script bastante maroto (para quem não sabe, em informática o termo script é utilizado para designar uma seqüência de comando e tarefas a serem executadas) que saía adicionando gente a torto e a direito, já que um princípio básico das redes sociais é adicionar de volta quem te adiciona. Reação dos twitteiros? Peguem as tochas! Eu vejo nestes usuários pessoas que se têm em alta conta, e percebem sua lista de seguidores como um fruto de sua mescla única de sagacidade, inteligência e perseverança. Tenha dó. O que ela fez é perfeitamente normal em meios de informática e comunicação, e só gentinha mesmo é que estabelece este tipo de “regra inventada” para acomodar suas próprias limitações. É a mesma coisa que reclamar que é apelação ficar dando voadora e banda no Street Fighter II. Além disso, segue de volta quem quer, ninguém foi obrigado a nada, não é mesmo? Ainda no twitter, recentemente verificouse como real o boato do suicídio de uma usuária da rede, denominada @Ematoma. À época, no entanto, não passava de suposições, nada confirmado. Tessália, neste momento, posta o seguinte tweet: “Twittess: O #mimimi do momento é o suicídio da blogueira e twitteira @ematoma. Nada confirmado.”
E eis que vislumbrou-se contra o pálido céu azul a segunda saraivada de pedras, tão densa que encobriu o tímido fulgor de sol daquela manhã lúgubre. Façamme o favor de deixar o melodrama para as novelas das oito e similares. A morte é um fato corriqueiro da vida e ninguém tem a obrigação de se condoer a cada desconhecido que cai por terra. Ainda mais se o indivíduo em questão “pediu para sair”. De mais a mais, todo mundo acha engraçadinho fazer piada com a morte dos outros: Dercy Gonçalves, Michael Jackson, Mamonas Assassinas, Roberto Marinho, Ayrton Senna... Nenhum escapou de uma piadinha sacana que fosse e é raro o cidadão que não se mija de rir ao ouvi-las. Alguns chegam até a se borrar, mas não é nada bonito ou saudável. O politicamente correto, neste e em muitos outros casos, é apenas o conveniente pedaço de massaranduba a ser dado na cara dos desafetos escolhidos, e não uma norma social válida. Tessália sequer chegou a fazer piada ou mostrar desrespeito, apenas usou o hashtag #mimimi, comum para designar tópicos sobre notícias não confirmadas e/ou sensacionalistas. Não obstante, a twitteira ainda foi acusada de falta de ética pela Horda ao vender tweets para certas empresas! Claro! Como se o perfil do twitter fosse uma espécie de ideologia a ser defendida em vez de uma ferramenta social e comercial. Lamentável. Quando a twitteira entrou para o BBB, sua situação não melhorou. Várias foram as críticas à suas ditas “estratégias de jogadora”, críticas as quais até tenho conhecimento, mas me furtarei a comentar por não interessarem nem um pouco ao assunto que discutimos. Se fosse para comentar estratégia de jogo, escreveria uma matéria sobre xadrez, que é um jogo de verdade. Prosseguindo. Passadas cerca de duas semanas do início do programa, eis que recebo a bomba: Tessália se engraçou com Michael, uma delicinha por sinal. E que a moça, no entanto, não quis saber de ficar só no namoro de portão e partiu com tudo para cima do rapaz. Num dia, boquete, no outro, serviço completo. Que coisa, não? Ela fez sexo. Uau. Posso ir dormir agora, mãe? Infelizmente para a @twittess, não foi bem assim que a audiência encarou sua atitude. O que poderia ser até uma boa estratégia para manter-se no jogo resultou no terceiro apedrejamento. Para os brasileiros médios, liberdade sexual feminina é escolher a marca do absorvente e do
sabonete íntimo, e poderia ser melhor definida nas palavras de Al Pacino: “Olhe, mas não toque. Toque, mas não prove. Prove, mas não engula.” Uma mulher que demonstre franqueza, segurança e clareza ao lidar com sexo será fatalmente arremessada no limbo social. Vamos ser francos? Mulher gosta de sexo, e muito. E com um homem gostoso como aquele, sabendo ainda que corria a chance de sair mais cedo do que o esperado, o negócio era aproveitar mesmo. Os visigodos defensores da moral e bons costumes ainda clamariam: “Mas isto é impróprio! Ela já é mãe!” No entanto, um estudo um pouco mais detalhado de biologia humana nos permite constatar que, após o parto a parte da mulher que cai é a placenta, não a boceta. Que inclusive, é problema dela também. Saldo final, saída com mais de 70% dos votos. Vou resumir o caso parafraseando qualquer borracheiro de beira de estrada: “A inveja é uma merda”. E como atesta essa breve análise, sua maior arma é a hipocrisia. Tem-se uma pessoa comum, que encontra numa novidade informacional uma forma de galgar os degraus da fama. Um bando de hipócritas não cabe em si de tanta inveja, além da frustração de não ter possuído coragem o bastante para fazer algo semelhante. Insatisfeitos, eles se põem a procurar cabelo em ovo a fim de poder direcionar agressões a esta pessoa, uma forma bastante comum entre símios inferiores de lidar com suas frustrações. Armamse de moralismos, ideologias e éticas e lançam-se ao linchamento. Finalmente conseguem, através do esforço coletivo, cumprir a importante missão de expulsar a referida pessoa comum de seu reality show favorito, que é por estes mesmos símios venerado como o ápice da fama e sucesso da vida humana. No entanto, tenho certeza que Tessália estará às gargalhadas. Bem ou mal, ela figurou como um tópico bombante no twitter brasileiro por quase um mês inteiro, e dificilmente ligará grandes coisas para os canhestros julgamentos morais a que foi submetida. Sua eliminação do BBB foi, grosso modo, um reflexo do recalque coletivo de centenas de milhares de pessoas. Como diria Jane Lynch na pele da cruel treinadora Sue Sylvester, “Não há muita diferença entre um estádio lotado te aplaudindo de pé ou te gritando insultos. Eles só estão fazendo muito barulho. A questão é: Como você lida com isso?”
Uma menina vesga que se transforma em onça em meio a um belíssimo visual apaixona-se por um rapaz ligeiramente afeminado e os dois vivem uma história repleta de mistérios e cultura popular no coração do Mato Grosso. Esse era o enredo de Pantanal, novela de Benedito Ruy Barbosa em 1990. O primeiro programa de nossa história a incendiar a destemida Rede Globo de Televisão. A novela era realmente muito boa, e deixou a Vênus Platinada comendo poeira em seu horário mais caro. Eu lembro que minha mãe não perdia um capítulo de Pantanal: era mania nacional. E o IBOPE comprovava isso, com altos índices de audiência. O tempo passou e nossa atual geração viveu, há bem pouco tempo, um fenômeno televisivo como a "Casa dos Artistas", onde doze pseudo-famosos ficavam confinados em uma prisão de luxo. Um verdadeiro campeão de audiência. O calo da Globo, dez anos depois, foi massacrado novamente. A gincana do SBT desconfigurou as estruturas dos programas mais caros da Rede Globo, com uma cópia de um Reality Show engavetado pela emissora ca-
rioca. Durante todos os dias de sua curta exibição, a Globo tomou inúmeras surras, fazendo com que o Fantástico, seu programa que até então gerava mais renda para o canal, amargasse 25 pontos no Ibope, uma tragédia para os padrões de 60 pontos da época. A Globo foi obrigada a engolir seco a vice-liderança. Quase dez anos se passaram desde a última surra da Rede Globo e o Fantástico continua marcando 25 pontos. E o mais estranho: É líder isolado na audiência. Não há quem abale sua supremacia na TV brasileira. Mas o que aconteceu em menos de uma década, onde 25 pontos eram sinal de um fracasso retumbante e hoje significam sucesso total? Simples: O IBOPE simplesmente não é confiável. Eu já fui entrevistado pelo IBOPE, e sua pesquisa consolidada é extremamente falha. Se eu quiser dizer que fiquei o dia inteiro vendo Canal do Boi, eu posso, pois não há a menor fiscalização. Se eu disser que na minha casa tem 264 televisores e todos estão ligados na Rede Vida, o Canal da Família, não há quem possa me desmentir. Como o IBOPE funciona por
amostragem, eles calculam que determinado número de telespectadores tem o mesmo comportamento que o meu. E com a popularização da internet no Brasil, a chance de eu dizer em uma pesquisa que neste momento eu estou no computador, por mais que eu esteja com a televisão ligada, é muito alta. O futuro da televisão é de se integrar à internet. Não só com pesquisas instântaneas e essa falsa interatividade que vivemos, mas buscar sua audiência na internet. Vamos a uma prova cabal que a TV ainda exerce grande influencia na vida das pessoas: O Big Brother Brasil começou em 2002, registrando 56 pontos de média no IBOPE, o mesmo que uma novela das 21h. Suas primeiras edições foram recordistas de audiência. Hoje o programa marca 35 pontos. É um fracasso? Não, muito pelo contrário. Ele está cada vez mais popular e a cada edição ganha novos telespectadores. Mas aí você me pergunta: Ué, como o IBOPE cai e o programa continua lindo? Simples: basta você chocar dois dados. A audiência que
caiu não foi exclusivamente da Rede Globo no horário, mas de todos os canais e todos os programas em todos os horários. Ou seja, há algo de errado. E isso não significa que os televisores estão desligados. Confronte, em um exemplo bastante confiável, o recurso de Trending Topics Brasil. Basta o BBB entrar no ar e fim, acabaram os TTBR. Você encontra apenas BBB como assunto. Nomes de participantes, gafes dos jogadores, brincadeiras entre torcidas, ofensas e afins. E o mesmo pode ser visto em outros horários, como por exemplo, quando passa uma matéria em algum telejornal ou programa de auditório, como Hebe, Jornal Nacional e Caldeirão do Huck. E quem perde o programa, ao ver os Trending Topics fica com aquela cara de "WTF?" até se informar. O futuro da televisão e de seus anunciantes é mesclar (de alguma forma, que eu ainda não sei) as redes sociais e os programas de televisão, para assim, ter um resultado muito mais fiel de seus produtos.Em nome da paz: aposentem o IBOPE, ou o reformulem. Minha inteligência agradece.
Q
uem não gosta daquelas cozinhas de avó, amplas, com pias e bancadas extensas, além de uma mesa grande, onde sempre encontramos algum quitute, ou sua dona trocando receitas com alguma vizinha? Daquelas que enchem os sentidos, muito além de somente o paladar? Espaços criados para serem preenchidos, e que costumam ser. Lugares onde se preparam não só alimentos, mas deliciosas lembranças. Esses (maravilhosos) lugares tem sua próprias regras. Cozinhas, as verdadeiras, não são lugar para quem não tem tempo ou paciência. Cozinhas são oficinas, atelieres, laboratórios. São para quem planta os próprios temperos (ou o proprio café, como minha falecida avó fazia), para quem não fica satisfeito com o sabor do panetone industrializado, para quem não precisa de receitas, já que conhece os "para quês" e os 'porquês" de cada ingrediente. Nos último meses, tenho visitado várias cozinhas, e percebido que a lógica fundamental desse espaço (sagrado, para alguns) mudou. Nas cozinhas planejadas, maior eficácia do espaço e a sobriedade nas formas tentam justificar um incômodo "Q" de impessoalidade que se auto-alimenta. Um estéril lugar onde "aquela" panela velha que, claro, faz comida boa, não tem vez. Onde os utensílios são descartados assim que perdem a "aura de coisa nova". Cozinha na ciranda da descartabilidade. Ainda há outras que, reduzidas a apenas "um espaço onde se prepara refeições", quero dizer, até onde o processo "desenlata-corta-frita/ assa-serve" pode ser chamado de preparo, agora não passam de um corredor com pia e fogão. Infelizmente, a cozinha deixou de se um lugar de encontro para se tornar um hostil lugar de passagem. Julio "antiambiente" de Castro é afro-visigodo, botafoguense, arte-educador e, sério, não consegue entender como alguém consegue cozinhar de qualquer jeito e em qualquer lugar.
Por Julio de Castro
Por João Márcio Dias
O Brasil viveu sob o regime de ditadura militar de 1964 a 1985 (ou como preferem chamar os militares, "Revolução Democrática de 1964"). A Era Vargas, com políticas extremamente populistas, gerou revolta de alguns políticos brasileiros, em especial os governadores de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Os militares, em sua busca besta e vazia por popularidade, deram um golpe de Estado e o Brasil ficou daquele jeito, como diria Valesca. Bem, águas passadas e esse é um assunto que o brasileiro não curte tratar. Mas por qual razão?! Com o retorno do Cinema Nacional e a indiscutível qualidade que adquirimos após todas as pornochanchadas que a Band exibe no Cine Privê até hoje, deveriamos tocar com mais veemência na ferida da ditadura. Foram anos de terror que merecem ser contados de maneira mais aberta aos jovens de hoje, para que não entremos em um buraco que se aproxima cada vez mais. O Brasil tornou-se esse país livre que assim conhecemos em 1985, tendo as primeiras eleições diretas pós-regime ditatorial em 1989, quando um almofadinha e um metalurgico semianalfabeto foram para as cabeças. Daí em diante, todos conhecemos a história: Almofadinha ganha, perde o mandato após cagar lindamente o governo inteiro com medidas econômicas duvidosas, seu vice Topetudo entra no poder, reincorpora o Fusca ao povo, implanta uma nova moeda, que enfim funciona, elege um Catedrático que se auto-exilou e vendeu metade do país a preço de mariola e o Metalurgico (agora diplomado) toma o poder e a história "acaba" aqui.
Mas até onde nós somos um país livre? Até onde nossa liberdade é real? Vamos aos fatos: vivemos em uma ditadura fantasiada de democracia. Por mais que tenhamos eleições diretas e possamos escolher quem a gente quer no poder, nem tudo é tão simples assim. Pra começar que nosso sistema eleitoral é extremamente confuso e autoritário. Vivemos em um país livre em que somos obrigados a votar, senão rola multa. Então temos a propaganda eleitoral, onde quem tem mais dinheiro é quem se dá bem. Ou seja, os partidos nanicos serão eternamente nanicos. E para melhorar: quanto mais gente que já foi eleita, mais tempo você tem na televisão. Isso quer dizer que a cagada passada não poderá limpar a titica futura. Então a tendência a quem já está no poder continuar, é enorme. Ou seja, só reafirmamos quem manda, quem é o ditador da vez. Mas você deve estar pensando: ai, que saco! Lá vem ele falar de política. Sim, e prepare-se que temos mais alguns parágrafos para falar sobre comunicação e política.
O Ministério da Justiça, desde maio de 2007, criou uma forma de avaliar programa de televisão, rádio e filmes, criando assim a "Classificação Indicativa". A Classificação indicativa divide nossa programação em sete categorias:
Uma das maiores críticas à ditadura nas décadas de sua existência, foi contra a censura, que cortava qualquer coisa que fosse imoral, contra as regras do governo e que lutasse contra a democracia. Com a redemocratização do país, a ditadura tornou-se um fantasma do passado, congelado e nunca mais tocado, salvo em documentários de baixa renda para ironizar com um ar de "Ahá! Agora a gente fala o que bem entender!". Mas não é bem assim que funciona. Vivemos em uma nova censura, coordenada por dois incríveis órgãos: O Ministério da Justiça e o CONAR.
12: Doze anos, aaah, meus doze anos. Para um programa recomendado para maiores de 12 anos ser exibido, há que se obedecer a sua entrada após às 20h. Conteúdos recheados de insinuações sexuais, masturbação e sinais de sangue entram por aqui. Como se um garoto de 12 anos não soubesse abrir o PornoTube.
ER: Especialmente Recomendado. São atrações que são previamente avaliadas e recebem nota boa, pois desenvolvem a capacidade criativa das crianças. Como se isso fosse obrigação da televisão, e não das escolas públicas. L: Programas Livres. Qualquer água com açúcar entra nessa categoria. Mas se você falar cocô, é capaz de ser sacado daí. Os programas Livres podem entrar na programação a qualquer momento e tem entrada liberada em cinemas e teatros para qualquer idade. 10: Apenas maiores de 10 anos podem assistir esse tipo de conteúdo. Para entrar aqui, basta você relacionar algo a espiritismo, por exemplo.
14: Aqui você já ficou maiorzinho, já pode até ver peitinhos e nádegas. Se bobear, até uma porradinha, mas coisa leve. Afinal, você você só tem 14 anos, e nunca sequer viu coisas parecidas com isso. Quem dirá antes das 21h.
16: Normalmente os Reality Shows entram aqui por conta de sua imprevisibilidade. São programas que só podem ser exibidos após às 22h, e podem contar com cenas de sexo velado, nudez, violência sexual (oi?!), etc. Mas tudo com suas devidas tarjas. Em um país de proporções continentais como o Brasil, esse tipo de regra acaba criando conflitos, como por exemplo o Norte (e o Nordeste durante o horário de verão) terem um programa "ao vivo" gravado. Bacana, né?
nenhum alarde é feito. E essa é a segunda vez que o CONAR coloca o dedo em uma propaganda do Grupo Schin. A primeira foi no primeiro comercial da Nova Schin, com o slogan "Experimenta", onde foi alegada "mensagem subliminar". O mais incrível é que nenhuma propaganda do Grupo Ambev foi fiscalizada desde a fundação do CONAR em 1970. Basta um novo produto começar a balançar o bolso da gigante alcoólatra, que o CONAR entra em ação.
18: Aí é festa, é oba-oba, colocar até a mãe cozinhando na panela de pressão que tá de boa. Afinal, no dia em que você muda de 17 para 18, toda a maturidade se aloja em você, tornando-o um ser humano apto a ver barbáries e afins. Mas lógico, tudo isso só depois de meia noite.
A definição do CONAR é a seguinte: "O CONAR tem a atribuição de estabelecer e aplicar as normas éticas da publicidade, as quais estão dispostas no Código Brasileiro de Auto-regulamentação Publicitária, de modo a evitar a veiculação de anúncios e campanhas de conteúdo enganoso, ofensivo, abusivo ou que desrespeitam, entre outros, o direito concorrencial". Ok, façamos uma breve pausa reflexiva. Vocês guardaram a última informação? "Desrespeitar o direito concorrencial". Vamos seguir o texto e você verá por que eu destaquei esse momento impar da liberdade de expressão. "O Conar tem estatuto e diretoria próprios. É mantido por empresas anunciantes, agências de publicidade e veículos de comunicação. A entidade não recebe subsídios dos poderes públicos." Opa! O CONAR é mantido por "empresas anunciantes, agências de publicidade e veículos de comunicação". BINGO! Temos a fórmula: você não precisa ter ética, na verdade. Basta você ter um bom advogado e quem patrocine as suas loucuras, então você pode retirar uma propaganda milionária do ar. Aquela propaganda genial que você, publicitário classe média, não conseguiu realizar.
Agora, de quem é a culpa disso tudo? Exclusivamente sua. Afinal, você acredita que televisão é babá-eletrônica, e coloca seu filho na frente da TV para não ter o trabalho de educá-la. Com isso, vivemos nessa semi-ditadura. Parabéns, campeão. E o que dizer sobre o simpático CONAR, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária? Uns amores. Dia desses mesmo proibiram a propaganda da Cerveja Devassa, por ser sexy demais. Não obstante as propagandas de cerveja terem sido tolhidas de mostrar o consumo do alcool e os destilados terem horário para entrar no ar, agora temos a proibição de ver Paris Hilton de microssaia. O curioso é que todas as outras cervejas, principalmente a Skol, promovem um festival de mulheres semi-nuas em suas propagandas e
H
oje, para variar, vou falar de internet. Mas, também para variar, não vou falar de programinhas, sites de relacionamento nem nada disso. Vou falar do fluxo cósmico de informações. Todos aqueles dados subindo e descendo em todas as direções, como diria um desses teleevangelistas, e todos os sentidos que isso pode tomar.
Bom, para começar, esse negócio de achar que compartilhar informação é coisa da “modernidade tardia” sempre me irritou profundamente. Sempre difundimos (ui!), sempre compartilhamos, desde os tempos mais primórdios da oralidade até hoje. E embora o compartilhamento escrito
estivesse limitado pelos materiais empregados e pelo acesso aos exemplares (quando havia mais de um exemplar, claro), essas limitações foram caindo uma a uma a partir do trabalho daquele pinguço do Johan Guttemberg. Agora que chegamos ao auge dessa lógica de produção de informação, estamos imersos numa dinâmica imaterial, mas não por isso menos concreta, da produção e reprodução e reprodução da informação. Em cada email encaminhado para todos os seus contatos, em cada compartilhamento, em cada “retweet”, realizamos o delírio guttemberguiano. Mas isso não é mais suficiente, e entramos num segundo
Por Julio de Castro momento dessa relação com a produção do acesso à informação. Com a rede, vivemos um momento no qual toda a informação não só está disponível para todos, mas também podemos acessá-la de imediato. Onde o meio se justifica não através da mensagem, mas de feedback. Aliás, através da rede, finalmente descobrimos o feedback. Começamos a ouvir e percebemos que ouvir também faz parte da conversa. Claro, a primeira coisa que se espera de grande parte dos usuários numa situação dessas é uma cobrança, exigência até, por essa resposta. Não digo que não havia trocas antes (oi, né, cartas, telegrafias e outros?), mas o ambiente
público e o privado se relacionam de uma forma divertida, quase como o espaço da varanda dos sobrados no século XIX. Ver as pessoas compartilhando com estranhos o que não diriam para seus melhores amigos, discussões infindáveis motivadas por toda sorte de nalidades, importantíssimas causas virtuais surgindo e ressurgindo periodicamente... toda hora aparece alguma coisa. Mas, quer saber? Até acho divertido. Quero crer que, em breve, daremos um passo adiante nessa relação. E é isso aí, Manolo. Julio de Castro é botafoguense, afrovisigodo e está sem celular desde treze de fevereiro. Um verdadeiro suplício.
Por Murilo Souza
O
que posso dizer? Sou uma pessoa sem paciência para mirongas virtuais, e já é um milagre que eu use o twitter E o orkut. No entanto, estes dois ainda desempenham alguma função. O twitter é a vedete do momento, o mundo inteiro usa e abusa da nova rede social, e freqüentemente recebo links interessantes. Sabendo a quem seguir e como se comportar, pode ser uma ferramenta de trabalho e promoção pessoal muito boa. O orkut, pobrezinho, já teve seus dias de glória, mas agora está esquecido, e o uso mais como uma subdivisão de meu email. É raro, mas vez por outra recebo recados relevantes. Cheguei até a ter um flickr, que também é muito bom para divulgar seu trabalho artístico e conhecer outros artistas, mas atravessei uma fase de não ter produção artística, e isso meio que ferrou o esquema. Que bom que passou, e o flickr voltará a ter alguma serventia. Agora, alguém me diga para que serve de fato o facebook? Realmente não pude fazer idéia. O que sei é que, mal havia
criado a conta, já havia três zilhões de convites para os tais joguinhos descolados. Ah. Claro. Os famigerados joguinhos. Sempre que surge facebook na conversa, o assunto é só sobre eles. No começo, eu pensava que o facebook era um servidor para jogos online, só depois soube que se tratava de uma rede social. Facebook, segundo uma amiga minha, além de para stalkear a vida das pessoas e receber convites pra joguinhos losers, não serve pra absolutamente nada. E acho que vou ficar com essa definição mesmo, porque não vejo ninguém fazendo mais nada nele! Alguns dizem que serve para compartilhar fotos, então vou experimentar por mais uma semana para ter certeza. É engraçado o duplo sentido da expressão "rede social". Uma rede consiste na interligação de vários pontos, o que é uma coisa legal e positiva. Me parece, entretanto, que os seres humanos estão dando preferência ao sentido mais triste e sombrio, que é o da rede que aprisiona e tolhe. Diante de ferramentas tão
poderosas, quantos não se fecham em pequenezas e mixarias? É medo? Não se sabe. A Internet, ao mesmo tempo que é a grande arma libertária do novo século, é também a maior indústria da mediocridade que conheço. Nem mesmo a televisão me assusta tanto quanto a internet no quesito formação de medíocres. Todos estão muito ocupados em cuidar de suas fazendas, restaurantes, gangues de mafiosos, impérios romanos e castelos medievais, num exercício diário, repetitivo e que não tem fim, tanto no sentido de término quanto no de propósito. O que é isto, afinal? Entretenimento? Não sou filólogo, mas tenho a coragem necessária para desmantelar uma palavra na busca de um maior esclarecimento. Entreter. Entre - ter. Quem entretém, ou entre-tem um indivíduo, possui este durante o período entre um dia de trabalho e outro. Viagens à parte, esta palavra tem no dicionário Aurélio um significado bem mais insidioso: "deter, fazer demorar ou esperar com promessas ou conversas vãs", ou ainda "iludir, enganar". Que propósito além deste teria tamanha variedade de farmvilles,
mafiawars e similares? A mesma que celebridades, folhetins, partidas de futebol, touradas e gladiadores vêm desempenhando há séculos. A parte feia e vil é que, diferente da televisão, a internet oferece uma gama quase infinita de qualidades de entretenimento, adaptandose a praticamente qualquer público possível. Daí, em vez de dar continuidade aos projetos pessoais, procurar fazer e conhecer coisas novas, abrir horizontes, centenas de milhares entregam-se diariamente à mesmice eletrônica e vazia. Bate um gostinho de teoria da conspiração, eu sei. Independente de haver ou não um grupo de poderosos orquestrando o entretenimento mundial com o objetivo de imbecilizar as massas, uma coisa é certa. Entretenimento imbeciliza. Especialmente se excessivo e desprovido de propósito. Não se render às pequenas rotinas é nossa maior arma contra isso, expandindo a mente e o corpo através de novas atividades. O tempo só anda para frente, não podemos assisti-lo passar.
Por Joรฃo Mรกrcio Dias
N
em só do óbvio vive a arte brasileira. Nem só do folclórico vive o Nordete. E sem sombra de dúvidas, Karine Alexandrino é a prova viva disso. Louca, apaixonada, intensa, rebelde e um mar de referências, Karine sobressai a toda lógica que nos empurram goela abaixo. Nascida no Ceará, apaixonada pela Terra da Garoa, Karine Alexandrino se divide entre televisão, música, desenho e performances artísticas. Tudo é muito pouco pra ela. Sua vivacidade é eloqüente. Uma mulher como nenhuma outra. Ao mesmo tempo você tem a idéia que ela poderia, facilmente, ser aquela sua amiga moderninha. Karine Alexandrino já conta em sua bagagem com dois aclamados CDs, sendo “Querem Acabar Comigo, Roberto!” sua obra prima. Este ano ela pretende colocar o bloco na rua após alguns anos de silêncio e lançar o fim de sua trilogia. A Pheha decidiu bater um papo cheio de loucuras, indagações artísticas e trocadilhos fenomenais.
Pheha: Você é cantora, performer, diretora, apresentadora, mãe, gênio do twitter, musa inspiradora... Ufa! Sua característica multifacetada está vinculada a sua essência ou a necessidade de “jogar nas onze” que a mídia busca? Karine Alexandrino: Essência. Um quê de esquizofrenia com a mania sertaneja de pegar no batente. Gosto disso. Trabalhar. Ui. Pheha: O seu projeto (assim podemos chamar?) “Mulher Tombada” é uma intervenção artística, uma performance ou meramente uma maneira de chocar as pessoas e atrapalhar o trânsito? Karine Alexandrino: Certamente não chocar nem chochar. Eu não inventei. Fui inventada. Todo mundo tem que ter um objetivo na vida, né? O meu é ser tombada
por ser patrimônio imaterial. E tem a ver com a queda. Algo do que Não tenho medo. Adoro cair e levantar. Mesmo no amor. Sofro, quando acaba, mas fico bem después. Pheha: E como é feito o registro e em que ocasiões a mulher tombada se lança ao solo? Karine Alexandrino: Sempre ando com algum fotógrafo a mão. E você sabe nessa era digital todo mundo tem equipamento. E eu tento colecionar umas camerazinhas. Sempre à postos. A mulher tomba, mas fica à espreita. Só finge a queda, mas está ali, apenas uma trégua. Pheha: Mas a “Mulher Tombada” é uma personagem? Seria “Karine Alexandrino” outra personagem? Ou é tudo muito profundo em sua alma artística? Karine Alexandrino: (risos) Seu irônico! Eu sou Karine Alexandrino, a Mulher Tombada. E é tudo profundo mesmo. Melhor pensar assim, né? É isso mesmo. Meu coração dói quando eu canto. Logo é profundo, né? Pheha: Ok, vamos falar de música: suas letras são bastante açucaradas, com uma intensidade sentimental avassaladora e em contrapartida você “apela” para uma tropicália mixed com eletrônicos deliciosos. O eletrônico é uma influência bastante gélida e entra em choque com suas composições. Como é feito o trabalho de produção e composição de suas músicas? (Beijos, eu sou prolixo)
Pheha: Quem você indicaria como grandes artistas nordestinos? Karine Alexandrino: Os estilistas/artistas designers Weider Silveiro, cineasta Karin Ainouz Pheha: O que você acha que falta na arte brasileira hoje? Karine Alexandrino: Individualidade. fuga dos rótulos. Pheha: E o que sobra? Karine Alexandrino: Cópia. Arte preguiçosa me: Qual foi seu primeiro LP e qual foi o mais marcante em sua vida? Karine Alexandrino: Foi da Amelinha. Não sei, mas tinha uma musica sobre Lampião que adoro. O mais marcante foi o LP do Robertinho de Recife que tem a faixa “Baby Doll de nylon”. Esqueço os nomes dos discos, sou assim. Pheha: E livro? Karine Alexandrino: O Grande Gatsby do S. Scott Fitzgerald e todos do Henry Miller Pheha: Um dia poderemos ler um livro assinado por Karine Alexandrino? Karine Alexandrino: Sim, A Vida de Uma Mulher Tombada Pheha: E qual a previsão deste futuro best-seller?
Karine Alexandrino: Amore, essa coisa da eletrônica é em comum acordo com meu produtor musical, não é algo aleatório. Acho que a gente até faz bem essa mistura, sabe? Mas devo confessar eu adoro música triste. Como diz o Fausto Nilo, “musica boa é a triste” e eu vivo apaixonada. Ai. estou até apaixonada agora. E sei que vou sofrer de novo!
Karine Alexandrino: Esse ano é o ano do disco e da exposição “Mulher Tombada”. Quem sabe em 2011?! Eu adoraria, tenho muito pra contar, entre sucessos, mil fracassos, quedas, degraus, subidas malucas.
Pheha: Suas influencias musicais são dois pontos
Karine Alexandrino: De personalidades com dupla personalidade
Karine Alexandrino: Música popular, Roberto Carlos forever e pianistas esquizofrênicos com muito TOC, tipo o Glenn Gould.
Pheha: Exemplos? Não vale o Duas Caras do Batman.
Pheha: Qual personalidade você chutaria a bunda?
Karine Alexandrino: Homens que me fazem de Mulher Ioiô, como na minha musica.
Pheha: E quem você tombaria? Karine Alexandrino: Quem eu tornaria patrimônio da humanidade? Pheha: Exato Karine Alexandrino: O rei Roberto Carlos, ele já o é inclusive. Pheha: Um pequeno bate-bola. Bowie ou Roberto? Karine Alexandrino: Difícil. Já disse Roberto, agora vou de Bowie... Não, Roberto, vai! Pheha: Chitãozinho & Xororó ou Zezé di Camargo & Luciano? Karine Alexandrino: Chitãozinho. Pheha: Rio ou São Paulo? Karine Alexandrino: São Paulo
Karine Alexandrino: Maysa! Pheha: Céu ou Inferno? Karine Alexandrino: O céu também é inferno Pheha: Artista Plástico predileto? Karine Alexandrino: Cindy Shermman
Pheha: MTV ou VH1?
Pheha: Se você pudesse ser alguém por dia seria...
Karine Alexandrino: MTV
Karine Alexandrino: Madonna
Pheha: Garrincha ou Pelé?
Pheha: e quem você queria que fosse você por dia?
Karine Alexandrino: Garrincha Pheha: Umbanda ou Candomblé? Karine Alexandrino: Ui! Pheha: Século XIX ou XXI? Karine Alexandrino: XXI, né? Pheha: Maysa ou Amy?
Karine Alexandrino: Lula Pheha: existe algo mais que nossa diva queira falar pro Brasil? Karine Alexandrino: Que a Mulher Tombada é a verdadeira diva que o Brasil precisa pra acabar coma falsidade das pseudo divas. Minha candidatura a patrimônio da humanidade.
Por PĂŠrola
Eu cresci junto com a MTV. Lembro até hoje quando, numa tarde de 1993, vi o primeiro videoclipe da minha vida, um single do Ace of Base e que agora não me recordo o nome, mas que encheu com o que até hoje me fascina: a linguagem musical. Os anos se passaram, eu comecei a colecionar meus videoclipes (contabilizando 11 mil deles gravados, só para constar), ganhei bagagem musical e ainda me deparei com artistas visionários. Dito isso, fiz um top ten de favoritos, que observei e estudei durante muito tempo e com quem aprendi sobre arte, linguagem e conceito. 1) Mark Romanek – meu favorito só poderia encabeçar a lista. Numa época dominada por Whitney Houston e Vanilla Ice, surgiu alguém capaz de projetar o ainda iniciante Nine Inch Nails e seu clássico “Closer”, determinando assim, que a vanguarda da música estava a salvo. Em 1995, concebeu “Scream”, de Michael Jackson, como sendo o videoclipe mais caro da história, tendo este custado US$ 7 milhões. É um desbravador que, de forma digerível, propõe a estética do absurdo, tendo feito isso com Beck (“Devil’s Haircut), David Bowie (“Jump, they say”), Madonna (“Rain“ e “Bedtime stories”), Nine Inch Nails (”Closer” e “The Perfect Drug”), Janet Jackson (“Go ‘til it’s gone”), Red Hot Chili Peppers (“Can’t stop”), Lenny Kravitz (“Are you gonna go my way?” e “If you
can’t say no”), sem contar R.E.M, Sonic Youth, Fionna Apple, Johnny Cash e Weezer. Detalhe curioso? Mark só dirige seus artistas por apenas duas vezes, evitando o clichê de ser diretor de apenas uma banda. 2) Stefan Sednaoui – como um fotógrafo de moda imprime seu estilo no universo videoclípitico? Pelo brilho, é claro. “Brilho”, aliás, que não vem somente da genialidade de Stefan, mas de sua marca registrada em suas direções. Ele é o responsável por um Antony Kiedis cromado em “Give it away” do Chili Peppers, em 1991, e por tranformar em feixes de luz artistas como Madonna (“Fever”), Björk (“Possibly maybe”), U2 (“Discotèque”), Bush (“The chemicals between us”), Beck (“Mixed bizness”), Depeche Mode (“Dream on”), Red Hot Chili Peppers (“Around the world”), Alanis Morissette (“Thank u”) e Fiona Apple (“Sleep to dream”). 3) Jonas Akerlund – inversão de valores? Este é o conceito que rege o currículo deste artista. Para quem começou meio perdido, dirigindo seus conterrâneos suecos do Roxette, Jonas imprimiu sua marca ao propor, em cada nova empreitada, a parte mais crua do cotidiano de pessoas já muito marcadas pela vida. Despontou em 1999, dirgindo “Ray of light” de Madonna, vídeo esse ganhador de cinco estatuetas do MTV Music Awards daquele mesmo ano. Brigas, objetos quebrando, pancadaria, melancolia e violência gratuita? Isso tudo
você pode conferir com Prodigy (“Smack my bitch up”), The Cardigans (“My favourite game”), Blondie (“Good boys”), Metallica (“Whiskey in the jar”), Moby (“Porcelain”), Madonna (“American Life”), Rolling Stones (“Rain fell down”), Robbie Willians (“Sexed up”), Lady Gaga (“Paparazzi” e “Telephone”). 4) Samuel Bayer – despontou ao dirigir Nirvana em “Smells like teen spirit”, “No rain” do Blind Melon, “Zombie” do Cranberries, “Gotta get away” do Offspring e “Doll parts” do Hole. Tinha como característica os acessos de fúria que o faziam riscar os negativos de suas filmagens muito antes de editá-las. Com o tempo, Samuel começou a converter a fúria num fino apetite pelo que havia de mais soturno em sua arte alternativa, responsabilizando-se por Smashing Pumpkins (“Bullet with butterfly wings”), David Bowie (“The heart’s filthy lesson”), Metallica (“Until it sleeps”), Garbage (“Only happy when it rains”), Rollings Stones (“Anybody seen my baby?”), Marilyn Manson (“Disposable teens”) e Justin Timberlake (“What goes around, comes around”). 5) Floria Sigismondi – ela flerta não só com o perigo, mas com o grotesco. Não tem nojo ou medo de absolutamente nada. Chocou a linearidade da MTV em 1996, com Marilyn Manson em “The beautiful people”, num cenário repleto de instrumentos de tortura. Posteriomente, com roteiros baseados em sadismo e afins, também deu vida a David Bowie
(“Dead man walking”), Marilyn Manson novamente (“Tourniquet”), Filter & Crystal Method (“Can you trip like I do?”), Interpol (“Obstacle 1”), Incubus (“Megalomaniac”) e Muse (“Supermassive black hole”). 6) Michel Gondry – faz dos videoclipes um palco e de seus roteiros verdadeiras peças de teatro. Tem percepções sensíveis, transpondo na tela emoções refinadas e tecnologias pioneiras. É o favorito da Björk, tendo a dirigido por sete vezes ("Human behaviour", "Army of me", "Hyper-Ballad", "Isobel", "Declare independence", "Bachelorette" e "Jóga"). Tal cumplicidade em cena também lhe rendeu frutos com Massive Attack (“Protection”), “Daft Punk (“Around the world”), Rolling Stones ("Gimme shelter" e "Like a Rolling Stone"),Chemical Brothers (“Let forever be” e "Star guitar"), Beck ("Deadweight" e "Cellphone's dead"), The White Stripes ("Dead Leaves and the Dirty Ground", "The Denial Twist" e “Fell in Love with a Girl"). A melhor parte? Investiu no cinema com a mesma sutileza usada em seus videoclipes e fez de “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” um clássico contemporâneo. 7) Hype Williams – é o maior expoente no que diz respeito ao universo rapper. Foi o primeiro diretor a não temer a guerra entre as costas Leste e Oeste americana, que acabou por vitimar Notorious B.I.G e 2Pac Shakur, dando vazão a cultura hip hop no maistream da MTV. Com dignidade e extremo respeito, peneirou o gangsta rap até que este ganhasse leveza visual. É responsável por Dr. Dre e 2Pac Shakur (“California love”), DMX (“Ain’t no sunshine”), Snoop Dogg (“Lay Low”), Jay Z (“Big pimpin’”), Kanye West (“Gold digger”), TLC (“No scrubs”), Q-Tip (“Vivrat thing”), Busta Rhymes (“Whoo-hah!”) e, o único vídeo essencialmente rock’n’roll da lista de Hype, “Ex-Girlfriend” do No Doubt. 8) Herb Ritts – na condição de fotógrafo de moda de ascendência grega, Herb conhecia o elemento que seria seu trunfo: o requinte. Sempre cercado de glamour, despontou ao dirigir Madonna em “Cherish”, num dia de muito frio no litoral americano, sendo até premiado pelo videoclipe.Ganhou status, mesmo sempre insistindo em roteiros românticos, melosos e nada inventidos, realizou projetos belíssimos, sempre em sépia, preto e branco e cyanotype (filtro
azul que faz o efeito "noite americana" - cenas noturnas filmadas durante o dia). Herbs é responsável por “Love will never do (without you)” de Janet Jackson, “Wicked Game” de Chris Issak, “In the closet” de Michael Jackson (vídeo que chegou a ser banido em alguns países por conteúdo tido como “sensual”) e “Gone” do extinto ‘N Sync. Detalhe insólito? Herb Ritts morreu cedo demais, aos 50 anos, vítima de AIDS. 9) Jonathan Dayton e Valerie Farris – esse casal padece de uma deliciosa Síndrome de Peter Pan. Seus projetos são tão minuciosos que mais parecem gibis musicados. Flertam com cenários lúdicos, bullet time (efeito que você já deve ter visto em “Matrix”) e espontaneidade pueril. São responsáveis pelo premiadíssimo “Tonight, tonight” do Smashing Pumpkins, “Been caught stealing” do Janes’s Addiction, “I don’t wanna grow up” e “Spider Man”, ambos dos Ramones, “All around the world” do Oasis, “Go deep”, de Janet Jackson, “Freak on a leash” do Korn, “Otherside” e “Tell me, baby” ambos dos Red Hot Chili Peppers. A melhor parte? O casal estendeu sua pureza para o cinema, realizando o singular “Pequena Miss Sunshine”. 10) Spike Jonze – Movimento? Correria? Gente desengonçada dançando freneticamente? Bem-vindo ao conceito principal de Mr. Jonze. Geek convicto, com nerdices infinitas e notória timidez, Spike transpõe na tela tudo que não consegue exorcizar sozinho. Para tanto, já deu vida à “Buddy Holly” do Weezer (banda convictamente geek, por sinal), “Sabotage” dos Beastie Boys (um dos dez maiores clássicos da MTV), “It’s oh so quiet” da Björk, “Da Funk” do Daft Punk, “Praise you” do Fatboy Slim (vencedor de “Melhor Coreografia” no MTV Vídeo Music Awards de 1999), “Wonderboys” do Tenancious D, “Weapon of choice” também do Fatboy Slim (com direito a Christopher Walken sapateando deliciosamente) e “Flashing lights” de Kanye West. O que todo mundo já sabe? Que Spike Jonze, mesmo cheio de neuroses, se torna um gigante por seus feitos cinematográficos “Quero ser John Malkovich”, Adaptação” e, mais recentemente, “Onde vivem os monstros”. Agora corra. Você tem uma lista enorme de videoclipes, músicos e diretores para conferir no Youtube. Rock on!
N
unca fui do tipo de pessoa que se pune por isso ou aquilo no sexo. Muito menos em se preocupar com o que a sociedade cristã brasileira vai pensar se eu colocar as minhas partes íntimas em determinados locais. Mas confesso que há bem pouco tempo tinha uma enorme resistência a brinquedinhos sexuais. Sempre achei a coisa mais idiota do mundo um homem entrar em uma sexshop para comprar um objeto fálico tendo um natural entre as pernas. Ficava pensando “por que eu vou comprar um negócio desses?”. Um belo dia um amigo me conta “comprei um vibrador”. Fiz cara de nojo e berrei: Cara, pra quê? Serião! Você e seu namorado não se bastam? Pois bem, ele me deu uma explicação muito lógica: o legítimo falo não vibra, não tem regulador de intensidade e sem contar que você pode usar com o seu namorado. Ok, ali ele me desarmou e eu fiquei sem argumento, mesmo achando tudo aquilo bastante estranho. Lembro de um dia um namorado querer utilizar esses artifícios e eu falei que nunca nessa vida. Pois bem... o tempo passa, o vento leva e dia desses saí com um cara que, surpreendentemente, me saca um desses brinquedinhos do criado mudo e pimba! Começa a festinha. Olha, no começo eu relutei, mas depois eu vi: não é que o negócio é bacana?! Não precisamos exagerar e dizer que é a melhor coisa do mundo e que devemos abolir o papai e mamãe e viver de brinquedinhos sexuais. Mas que os brinquedos funcionam muito bem como abre-alas, oh, se funcionam. Há quem prefira ficar eternamente das preliminares, há quem odeie penetração, então a dica é usar das mais diversas maneiras e os mais diversos objetos para
a diversão. E não há que se acanhar em comprar esses produtos. Os funcionários de sexshops estão acostumados a vender as maiores bizarrices do mundo e você não precisa ficar duas horas dentro da loja para que ninguém veja que você está levando pra casa um consolo verde limão. Assim como em um mercado você pega, tira alguma dúvida se quiser, paga e vai pra casa. Não temos mistérios! Aí você pensa “ah, e se alguém me ver saindo da loja?”. Ora, meu filho, se você tem vida sexual ativa, ele também tem. E adivinhe quem está mais feliz na cama?! Com certeza você terá a pele mais bonita que a dele em pouco tempo. E quem estiver na mesma cama que você também. Os brinquedos sexuais são tão democráticos que temos opções para todos os gostos. Tem para os solitários, com bonecas infláveis, vibradores, simuladores vaginais, e um universo de prazeres. Os casais podem usar géis que esquentam, que esfriam, que contraem, que relaxam... Além de consolos dos mais diversos formatos, tamanhos, calibres e cores. E se você for um tanto quanto safadinho (adoro essa palavra), ainda existem brinquedos para usar em grupo. Se você for extremamente tímido, a internet disponibiliza sites de venda desses produtos, eles chegam na sua casa de maneira discreta e você pode se divertir a vontade. Vale lembrar que é sempre indicado usar preservativos nos brinquedinhos e laválos, para manter tudo bem para o durante e o depois. Você pode pensar “como um objeto de borracha vai me passar uma DST?”. Simples: você não sabe quem usou aquilo anteriormente, em um sexo casual. Bem, você pode pegar infecções urinárias, doenças e outros problemas correlatos. Prevenir é sempre bom.
Por Pérola
M
oda, ao contrário do que muitos acreditam, não precisa ser vista como futilidade. Quem gosta de sentir-se mal com a roupa que usa? Quem gosta de sair esculhambado por aí? Pois é. Ninguém. O estilo de cada indivíduo é, em grande parte, o que o etiqueta socialmente, seja no trabalho que desempenha ou os lugares que freqüenta.Para tanto, é necessário o essencial: elegância. Ser classudo(a), no entanto, não demanda riqueza, uma vez que de nada adianta cobrir de jóias quem se torna um desastre ao abrir a boca. O segredo para se ter estilo, além da classe, é entender que, no mundo da moda, menos é mais e que peças básicas funcionam mais e melhor do que um closet abarrotado. Agora lápis e papel na mão, meninas. 1) Bolsa tiracolo – está na moda, é leve, prática e incrivelmente chique. Se inspirada na clássica Chanel 2.55, melhor. Deve ser de cor neutra, combinando com o tom mais presente do seu guarda-roupa. 2) Jeans básico – preferencialmente azul, para poder ser usado tanto de dia quanto de noite, e misturado com peças diversas. 3) Camiseta branca – escolha a malha e o modelo que combinar com o seu biótipo e tenha uma peça que sirva tanto para suas reuniões enfadonhas, quanto para as baladas. 4) Regatas coloridas – invista em modelos do seu gosto e, mais ainda, em suas tonalidades favoritas. Para não parecer que está sempre com a mesma roupa, varie os tecidos das peças. 5) Escarpin preto – é prático, sexy e sofistica qualquer look.
6) Camisa pólo – no verão, insere cores em visuais básicos e, no inverno, pode ser usada com manga comprida neutra por baixo. 7) RayBan – seja o Wayfarer ou o modelo original de aviador, rende um visual impecavemente despojado. 8) Sapatilha preta – dias de chuva dificultam usar salto. Baladas longas requerem conforto na pista de dança. Sentiu a praticidade? 9) Vestido estampado – não há peça que seja mais feminina. Siga a regra básica de escolher o tecido, a modelagem e, acima de tudo, estampa que lhe favorecer, e não tenha medo de ser mulher. 10) Maxi bolsa – acordou de bode e querendo carregar o mundo com você? Então pegue livro, guarda-chuva, nécessaire e tudo mais que você mereça, jogue na bolsa e vá ser feliz. Lembrete para baixinhas e gordinhas: essa peça requer cuidado por achatar o visual, ok? 11) Brincos de pérola – atravessa décadas sendo referência de elegância insubstituível. 12) Pulôver de cashmere – é perfeita para a meia-estação e, ainda, pode ser usada com camisa branca por baixo, compondo um visual ainda mais sofisticado. Comporta o uso de pérolas sempre. 13) All Star – é o companheiro de aventuras de qualquer pessoa que preza por agilidade. Combina com qualquer ocasião.
14) Overcoat – enfrentar o inverno não é fácil, mas tudo pode ser mais simples quando a elegância dessa peça lhe beneficia. Pode ser usado com scarpin ou sapatilha, mas requer que as demais peças do look sejam sociais. 15) Maxi anel – pedras grandes em armações reluzentes? Ótima pedida. Enfeitam, embelezam e colorem qualquer combinação simples. São modernos e combinam com as argolas de prata, dispensando outros acessórios. Ah, e não esqueça: dedos grossos ficam maiores com anéis grandes e, ainda, só os use com as unhas devidamente feitas. 16) Calça preta – além de afinar a silhueta, combina com qualquer cor de blusas, sapatos e bolsas. 17) Camisa branca – se você tem uma camiseta branca, deve ser uma camisa da mesma cor. Afinal de contas, seu jeans básico e o pulôver de cashmere agradecem. 18) Camisa xadrez – quem disse que apenas branco é chique? Quebre a rotina com essa tendência que, antes de personificar os grunges de Seattle, já fazia dos cowboys verdadeiros ditadores de tendências. 19) Biquíni preto – cai bem em qualquer tom de pele, nunca se torna obsoleto e ainda disfarça seus quilinhos a mais. 20) Colete – de jeans ou preto (no tecido que você escolher), modela a cintura e ainda renova o ar de qualquer blusa básica. Fica ótimo com a camiseta branca, mas também revigora a camisa xadrez.
21) Vestido preto – na modalagem e com a textura que fizer você mais feliz, é peçachave para qualquer ocasião. Fica lindo com o overcoat e qualquer sapato ou acessório listado aqui. 22) Casaqueto – um casaco mais sequinho, que equilibra troncos longos e pernas curtas. 23) Meia-calça – tenha de todos os modelos, cores, marcas, tamanhos e texturas. Enriquece qualquer visual básico e sofistica sua saída à noite. 24) Saia lápis – se você quiser fugir de vestidos, essa é a melhor pedida. Marca a cintura, alinha os quadris e alonga a silhueta. Requer brincos de pérola, scarpin e aquela camisa branca que parecia sem sal. 25) Pulseira com penduricalhos – toda menina precisa de balangandãs. Neste caso, nada melhor do que uma pulseira bonita e cheia de pingentes barulhentos. Pimentas, olhos gregos, figas, corações ou santinhos, não importa. Combina com argolas de prata, maxi bolsas, jeans, All Star e o RayBan. Apenas não dispense o anel para não ficar parecida com a Carmen Miranda, ok? Viram só como ser elegante nem é tão complicado assim? Vale lembrar que todas essas peças podem ser compradas em lugares diversos, tais como lojas de departamento, e que mesmo as marcas citadas podem e ser substituídas por genéricos, desde que com qualidade. As beneficiadas dessa edição foram as meninas, mas, na edição que vem, monto o closet básico para a ala masculina dos nossos leitores.
Olhar urbano: Belo Horizonte
MARCELLO CAETANO
Por Hamilton Jr.
Em um atelier de aulas de pinturas na cidade do Rio de Janeiro... - Nossa, ficou muito bom o seu quadro! Lindo, realmente ficou lindo! - Diz um rapaz para sua colega de aula, um pouco mais velha. Ele realmente estava maravilhado, pois viu o tempo e o quanto de energia foram gastos nesse trabalho. O quadro consite em uma cena de porto, ambientado no século 19. A técnica usada foi a de impressionismo. O porto está em pleno funcionanmento: vemos navios ao fundo, pessoas descarregando caixas, carroças descendo objetos; tudo se passa nas primeiras horas da manhã, então está tendo um glorioso amanhecer, expulsando as nuvens da noite anterior. O quadro é pintado com cores bem vivas. - Puxa, muito obrigada! - a moça responde, num misto de orgulho e timidez. - É sério... e me lembra muito Herman Meville. - Quem?! - Meville... do Moby Dick, sabe? - Hum... acho que nunca vi esse quadro. E também não me lembro desse pintor... O que mais ele fez? - Perguntou a moça, de forma sincera para seu colega. - Hããã... não é um quadro e nem um pintor... - o rapaz começou a ficar envergonhado, como se ele mesmo tivesse dito aquilo - Herman Meville era um escritor e Moby Dick é a sua obra prima; esse livro conta a história de Ismael, um veterano pescador que decide mudar de ramo e vai para outro ramo da atividade marítima, a pesca de baleias. O livro é fantástico, com descrições ora realistas, ora imaginativas das aventuras do Ismael que é o narrador do livro; a história possui reflexões pessoais, e
grandes trechos de não-ficção, sobre variados assuntos, como as baleias, métodos de caça-las, os armamentos usados, a cor branca (de Moby Dick), detalhes sobre as embarcações e funcionamentos, armazenamento de produtos extraídos das baleias, o dia a dia dos portos... seu quadro me lembrou isso.
- Sabe, você tem razão... me desculpe, foi mal mesmo meu comentário...- ele sabia que estava certo, mas não adiantava prolongar aquele momento. Era melhor se fazer de ignorante (segundo a moça) e pedir desculpas do que ficar ali, dialogando com ela que já tinha suas opiniões engessadas.
A moça, antes com um sorriso amigavel no rosto, agora se mostrava irritada Como você pode dizer que copiei a ilustração de um livro? Que absurdo!!! - a voz da moça, com muita raiva, começou a se elevar, chamando a atenção dos outros alunos; o rapaz constrangido, tentava se explicar.
- Tudo bem, tudo bem... eu desculpo você... foi um ato impensado, que com certeza é devido a sua imaturidade artistica. Com o tempo, você evita esses erros... - O tom arrogante misturado a uma falsa condescendência irritava profundamente o jovem. - Um conselho: sempre pense antes de falar e de fazer comparações sem nexo como essas, tá bom?
- Eu não disse isso!! Disse que seu quadro me lembrava a história de Moby Dick, e não uma ilustração do livro! Alias, meu livro nem possui ilustrações. - o rapaz estava envergonhado por estar ali, tendo uma discussão tão boba mas sabia que seria pior se desse as costas e fosse embora. - Hahahahaha!!! então, você quer dizer que meu quadro lembra um LIVRO?! - a raiva estava sumindo da voz da moça, passando a ser substituída pela ironia, o que começou a irritar o rapaz. - Como você fala bobagem!!! Como você pode comparar Pintura com Literatura?! É impossivel!!! Não tem nada a ver uma coisa com a outra! Isso é uma prova que nem todo mundo deveria estudar Pintura... lastimável o seu comentário... Nosso jovem amigo nem consegue responder. Ele, antes com raiva, agora está estupefato com o comentário tão ignorante e preconceituoso vindo daquela mulher. Naquele momento, ele descobriu que nada que falasse iria ajudar a elucidar a questão; apenas uma coisa poderia ser feita...
- Sim... você tem razão... com licença, vou voltar para o meu cavalete. - Ok! Bom trabalho e juizo! - Vou ter... pode ter certeza que terei... Esse pequeno acontecimento não é verídico, mas coisas similares já aconteceram comigo e com muitas pessoas que estudam arte ou comunicação, seja em escolas, cursos ou faculdades e achei que seria um bom ponto de partida para meu primeiro texto aqui na Pheha. Essa história me remete a questão da arte ser um veículo que depende de duas vias: a do autor da obra e sua bagagem cultural e a do público que com sua propria bagagem, completa a obra do artista. Pessoas da área de criação estão sempre se inspirando em várias áreas da arte: musica, pintura, escultura... ou em várias outras que aparentemente não tem nada ver com arte, como a economia, ciencia, medicina etc. No meu ponto de vista,
quanto mais influência um artista tiver vinda de fora da sua área de atuação, melhor a sua arte será. Quando um artista cria sua obra, nela vão todas as suas influências, seus gostos pessoais, suas escolhas do porque de um estilo ou material e não de outro e todas essas escolhas acabam influenciando seu trabalho. Mas um trabalho artístico só pode ser considerado artístico depois que é apresentado para o público, pois não adianta nada pintar um quadro, fazer um livro ou compor uma musica se essas obras ficarem dentro de uma caixa ou em um porão, longe dos olhos das pessoas. Quando expomos nosso trabalho, o público completa a obra com a sua própria experiência e bagagem cultural. Quando a moça repreendeu o jovem dizendo que não se pode comparar literatura com pintura, ela está negando ao público o direito de completar a obra com seus sentimentos e bagagem cultural e dessa forma, acaba engessando seu próprio trabalho, pois imagine a situação se toda vez que alguém disser que seu trabalho evoca outra obra de arte, que não seja pintura; essa pessoa irá reagir da mesma forma, ou até pior do que teve com seu colega de aula. Mas essa situação, infelizmente, é muito comum. É uma pena que muitos pretensos artistas pensem assim, pois na verdade, me parece que acaba colocando-se certos campos da arte como maiores ou melhores que outros, quando, na verdade, são apenas escolhas estilísticas para expressar um sentimento.
Por Morgana Mastrianni
"Acho que nas cidades grandes somos mais sinceros: admitimos os defeitos da cidade, ao contrário das pessoas de cidades pequenas, que agem como se fosse tudo perfeito. Assim a cidade grande sempre vai parecer pior, e não é." Rachel Wysard Se você tem família provavelmente já ouviu de alguém a seguinte sugestão: "Ah, vai trabalhar no Acre! Lá não tem ninguém da sua área, pagam fortunas!"; Depois de rejeitar educadamente a proposta, vem o segundo ataque: "Ah, só por um ano! Aí você junta dinheiro e depois leva a vida que quiser!". E acreditem, nem o trio médico/ advogado/ engenheiro deixa de ouvir esse tipo de coisa. Primeiramente gostaria de defender minha decisão de jamais cair numa dessas: Eu não tenho a menor vocação para a filantropia. É claro que se o Rio de Janeiro fosse varrido por uma Tsunami eu provavelmente seria voluntária na sua reconstrução. Mas eu moro aqui, né? O motivo de eu escrever isso? Muito simples: Meu campo de atuação só é valorizado nas cidades grandes. Não me importa se no mamilo do Judas paga-se uma fortuna para um mané sem formação dar aulas de desenho e pintura e ainda por cima pagam rios de dinheiro para adquirir sua produção. Ser idolatrado por leigos é muito fácil. Por um lado pode ser muito bonito isso de dar um novo olhar sobre a arte para pessoas que não estão inseridas num ambiente propício a isso, mas não acredito que seja o suficiente para realizar um artista. A satisfação vem também com o reconhecimento de pessoas da área. Agora, além disso, o candidato a esse tipo de cargo terá que conviver com as limitações do povo local: machismo, homofobia e, em geral, falta de aceitação da diversidade cultural. Além disso, passar um ano que seja numa cidade no meio do mato, sem cinema, boates, bares estilosos, centros culturais e shopping centers pode deixar muita gente louca fácil, fácil. Em quê você vai gastar aquele salário gigante mesmo? Provavelmente em passagens para o Rio em toda folga que tiver e em compras pela internet, isso se sua internet sem fio funcionar lá. E se o correio funcionar direito lá (Lol). E ainda vão ter a coragem de dizer que lá é maravilhoso porque é calmo, não tem violência e é rodeado pela natureza. Para essa pessoa que vos fala, isso tudo tem cara de uma coisa: idéia de merda. Dá pra ser feliz assim? Dá. Mas é preciso um amor incrível ao seu trabalho e completo desprezo pela vida social para tanto. Claro que existe o perigo de essas coisas que valorizamos, como a montação para ir à boate, ir ao cinema compulsivamente, ler milhares de quadrinhos e não viver sem nossos downloads sejam apenas sintomas da fase universitária que logo passarão, quando tivermos um emprego e virarmos pessoas sérias. Not. Se você por algum motivo que só o diabo sabe resolver embarcar nessa, aí vão algumas dicas: * Não se esqueça de levar seu PS3, XBox ou Wii. Assim, caso você tenha algum tempo livre, não precisará assistir a grama crescer. * Arrume um laptop e internet sem fio, pois a Americanas.com será a sua melhor amiga. * Você pode fazer um videolog com o progresso da sua depressão, como em Avatar. * Por falar em Avatar, ele nos trouxe um novo medo: viver sem cinema 3D. Aparentemente você terá que lidar com isso. * Não pense que haverá muito intercâmbio cultural: todos te encherão a paciência achando um absurdo você não gostar de Ivete Sangalo (na melhor das hipóteses) ou Cavaleiros do Forró (na pior das hipóteses), mas ninguém vai ouvir uma palavra sobre Lady Gaga. Ou talvez agora ouçam, já que se falou dela no BBB. * Vão te chamar de criança por ler quadrinhos. Não importa se é Retalhos ou Maus. * Isso certamente levantará a sua moral com a mamãe, então ligue de vez em quando para contar o quanto está sofrendo e diga que é um sacrifício pelo seu futuro. * Trabalhar longe das vistas da família só não é melhor reatador de laços do que ter um bebê (mas você não pode desistir do bebê depois de um ano) então aproveite para voltar a falar com seu pai/tio/ avô que te expulsou de casa. * Volte em um ano!
Dois dedos de prosa com
Rafael Albuquerque Por Júlio de Castro e Morgana Mastrianni
Entre guitarras amaldiçoadas forjadas pelo próprio Demônio e monstros chupadores de sangue do Velho Oeste, o quadrinista Rafael Albuquerque consegue um tempo para falar um pouco para a Pheha sobre seus atuais projetos, principais influências e até mesmo de seu duvidoso gosto musical (brincadeirinha, calma...). Conta pra gente, Rafa! Pheha - Conta um pouquinho para a gente: como é ser você? Se você só quiser falar da sua vida e formação, também pode. Rafael Albuquerque - Então, acho que como qualquer outro quadrinista, passo horas demais na prancheta, tentando cumprir os prazos malucos que os editores nos dão. Sou meio "work-a-holic" e acabo passando meu tempo livre com minha esposa, Cris, e minhas cadelas Nana e Lobinha. Não tive formação acadêmia. Não acho que teria aguentado. PH- Que tipo de música você costuma ouvir? RA - Gosto de quase todos os tipos de música, mas acabo ouvindo principalmente classic rock, que é meu estilo favorito. Led Zepellin, The Who, Metallica, Foo Fighters, Guns, Black Sabbath... enfim. PH- Falando em aspectos técnicos, há alguma técnica ou material específico que que você não dispense? Fale um pouco sobre seus métodos de trabalho. RA - Pincel sujo e canetas zebra são indispensáveis! PH- Quais são suas principais referências? RA - Ivo Milazzo, Norman Rockwell, Adam Hughes, Joe Kubert, Mike Mignola, Frank
Frazetta... estou certamente esquecendo muitos outros, mas estes seriam, talvez, os principais. PH- Qual é a desse lance da Oni Press? RA - Já conhecia o James Lucas (editor da Oni) de um trabalho de cor, que meu estúdio havia feito algum tempo atrás, e sabia que ele gostava do meu trabalho de desenho, pois já havia me convidado para fazer outros projetos que acabei não podendo entrar. Depois que fizemos o Mondo Urbano, o Mateus o Edu e eu acabamos decidindo que deveriamos tentar vender a série no exterior, e a Oni acabou virando uma forte possibilidade. Então, em fevereiro, quando estive na NYComicCon, conversei com o James, levei o projeto e eles gostaram MUITO. Desde então ficamos quase um ano discutindo sobre o contrato e acertando detalhes de como a série vai ser publicada. Estamos todos muito animados com isso. PHQ - Como começou o coletivo Mondo Urbano? RA - Fazia algum tempo que o Mateus o Edu e eu estávamos pensando em uma maneira de colaborarmos em uma HQ coletiva. Já haviamos feito experiencias antes, com HQ online e projetos, que envolviam outros quadrinistas, mas sentíamos que faltava algo. Foi quando coversamos uma tarde inteira sobre uma idéia de uma história, que acabou se tornando o embrião do que será nosso próximo livro: Edu em Apuros. Ele já havia sido pensado como Graphic Novel, e achamos que deveríamos fazer uma experiencia antes, para ver se a idéia de misturar os estilos funcionaria. O Edu então, sugeriu fazer uma revistinha pequena, com a temática Rock'nRoll. Acabou saindo a PowerTrio. No meio da coisa toda, decidimos fazer uma trilogia (Overdose e Cabaret), e mais adiante, um epílogo (Encore). PHQ - Quando a trilogia esgotou, vocês disseram que ela não seria reimpressa, por que tomaram essa decisão? RA - Fizemos as revistas com o intuito de criar algo diferente e independente aqui no Brasil (aonde eu, pessoalmente, nunca havia publicado antes) e a coisa toda superou nossas espectativas. Elas esgotaram muito rápido e soube que
teve gente que acabou nem conseguindo. Por conta disso, decidimos fazer o encadernado, para que isso chegue em mais pessoas, mas também, com o intuito de valorizar quem conseguiu comprar a primeira, a gente decidiu não repimprimir, e de certa forma, trasformar aqueles exemplares em algo mais "exclusivo".
RA - Posso falar que fizemos um acordo com a Oni Press para a publicação de 5 livros, da qual Mondo Urbano é o primeiro, Edu em Apuros é o segundo. Todos os outros já estão com o storyline definido e seguem esta idéia de histórias interligadas. É algo que devemos fazer por um bom tempo ainda. PHQ - Recentemente, você declarou para a Wizard que prefere não fazer trabalhos seguidos de um mesmo gênero. Por que? E, além disso, você tem algum gênero preferido? RA - Acho que a idéia é que não quero ficar rotulado como um cara que só faz uma coisa. Imagina um ator que faz sempre o mesmo tipo de filme (Adam Sandler)? Prefiro variar, experimentar novas histórias, novos generos e tentar aprimorar meu storytelling de maneira geral. Gosto muito de trabalhar com histíórias urbanas ou grandes conspirações, sabe? Acho que minhas maiores influencias, em matéria de roteiro, acabam vindo do cinema, de filmes como Snatch, Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, Pulp Fiction... PHQ - Qual é o seu atual objetivo como quadrinhista? RA - Fazer coisas que não façam o leitor se arrepender de gastar algum dinheiro, e, me divertir no processo.
PHQ - O que você acha da recepção que a trilogia teve no mercado nacional? RA - Como eu disse anteriormente, superou, e muito, nossas expectativas. Achavamos que iria encalhar 1000 revistas! Acho gratificante que o pessoal gostou da idéia, do planejamento que tivemos, das histórias e é uma grande honra poder ver alguns dos melhores artistas do Brasil (e por que não, do mundo?) como Roger Cruz, Rafa Grampá, Fábio Moon e Gabriel Bá, Greg Tocchini e MUITOS outros, prestigiando nossos lançamentos. É um grande privilégio. PHQ - Pode falar alguma coisa sobre os novos projetos do coletivo?
PHQ - E o seu maior sonho? RA - Acho que ver minhas criações se tornando outras coisas: Filmes, bonecos etc. Acho que deve ser muito legal ver a visão de outros criadores sobre o teu trabalho. Basicamente, virar o Mike Mignola. PHQ - Qual foi o seu primeiro gibi? Lido e produzido. RA - Lido eu não lembro. Algo da Turma da Mônica, provavelmente. Produzido e impresso em papel, acho que foi Rakan, da AK Comics mesmo. Havia feito umas HQs institucionais, fanzines e quadrinhos eróticos pra internet antes, mas não dá p considerar, né? PHQ - Mensagem para os fãs? RA - Hey, onde está você?
TIRINHAS Wes Samp - Os Levados (www.oslevadosdabreca.com)
Lorena Kaz - Lokaz (www.lokaz-tirinhas.blogspot.com)
Jussara Nunes (quadrinhosgonzo.wordpress.com)
Rafael Marçal - Proféticos (www.profeticos.net)
O Projeto Arte em Andamento busca promover um constante diálogo entre artistas, sem privilegiar nenhuma manifestação em especial, mas toda e qualquer forma de arte. Seja através de música, teatro, cinema, poesia, literatura e artes plásticas, o Arte em Andamento funciona como um grande espaço de ensaio e experimentação. O movimento acontece, quinzenalmente, às segundasfeiras na Rua Silveira Martins, 135 - Catete. Lá se apresentam músicos e poetas, temos exibição de curtas-metragens e o espaço fica sempre aberto para qualquer um que quiser chegar e se apresentar. Mas o projeto também promove outros movimentos como edições especiais, cineclube, Web TV. Para conhecer melhor o Arte em Andamento basta acessar http://arteemandamento.blogspot.com ou twitter.com/arteemandamento. No blog estão todos os links das redes sociais do projeto, além de fotos, vídeos e informações.