| Equipe |
João Márcio Dias Inimigo de tudo o que é sadio e de bom gosto, possui o dom da ofensa que utiliza sem pudores
Julio de Castro Afro-visigodo que perde os amigos mas nunca a piada, ainda não acredita que o Botafogo permaneceu na Série A.
Murilo Souza Embora não aparente, não vale a sombra que projeta, ficando somente atrás de Maluh no quesito sordidez.
Morgana Mastrianni Com o bom-humor e amor ao próximo de um rinoceronte com dor-dedente, é a que menos apresenta tendências sociopatas de toda a equipe.
Maysa Monjardin Manifestação digitalmediúnica de cantora ébria com desvios de comportamento os mais diversos. Entre eles, provavelmente adultério.
Capritu Na verdade, Capritu é um homem de 46 anos gordo e peludo que cheira a sebo de virilha e mora com a mãe. Mas usa calcinha.
Marco Aurélio Garcia Traficante de drogas internacional e amigo pessoal de Hugo Chávez, é o candidato a genro favorito de nossas leitoras da melhor idade.
Maluh Albuquerque Filha-da-puta nata, vende até a mãe por um pacote de Ana Maria. Acha que porque trabalha muito durante todo o mês, não precisa vir ao fechamento.
| Editorial | Olá queridos leitores da Pheha! Bem-vindos à nossa quinta edição! A Pheha de dezembro esta recheadíssima de matérias bacanérrimas, gente bonita, de bem com a vida e alto-astral! E por falar em recheio, este mês Julio de Castro destrincha o peru sem dó nas supervalorizadas comidas natalinas tradicionais. Porque cargas d'água ninguém faz rabanada em abril? Pode ser resto de pão duro, mas continua uma delícia! Pão duro por pão duro, já temos que aturar um na prefeitura da cidade. João Márcio Dias aproveita que é fim de ano para fazer um rápido balanço do primeiro ano de mandato de Eduardo Paes, que chora miséria para pagar salário de gari mas não tem problemas em torrar milhões para mudar a cor da prefeitura. Sujeitinho irritante. O que irrita mesmo é ir ao cinema para ver abobrinha. Por isto, Murilo Souza desce o cacete em M. Night Shyamalan, diretor que começou bem no cinema mas que de uns tempos para cá é só tristeza. Mais triste ainda é quando ninguém fica quieto enquanto você tenta assistir ao filme. Agora, imagina se é
um concerto, onde nem sequer tem o que olhar, só o que ouvir? É um tal de saquinho de doces, papo no celular, criança chorando, um inferno. E é da faceta carioca deste inferno, com todas as suas peculiaridades, que Morgana Mastrianni nos confessa seu desgosto. Depois de tanto ódio no coração, é bom falar de coisa boa e feliz. João Márcio Dias entrevista ninguém menos que Rodrigo Górky, pop-porn-star do cenário eletrônico brasileiro com o internacionalíssimo Bonde do Rolê, onde ele nos revela diversos aspectos bonitos e felizes de sua carreira. Para aproveitar a vibe alto-astral, segue um comentário entusiamado de nosso colaborador first-timer Marco Aurélio Garcia sobre o trabalho fantástico que a coreógrafa Sonia Tayeh tem desenvolvido na TV americana. Vale também conferir o deboche político com que Capritu nos brinda no segundo capítulo de seu Folhetim. Por último, nossa já cativa colaboradora Maysa Monjardim relembra os bons, os maus e os hilários momentos de 2009, e levanta esperanças e aspirações para o ano que se aproxima.
E se é para rir da desgraça alheia, vá direto para a matéria de João Márcio Dias sobre os 14 videoclipes que abalaram 2009, para melhor ou - freqüentemente - para pior. Psicodelia, coreografias esdrúxulas, jabá de desodorante e crossovers impensáveis, ninguém está aqui à toa, Amaury. João ainda aproveita a deixa para tirar uma boa da cara de quem é cheio de nojinhos na hora do bembom. Julio de Castro, por sua vez, divaga sobre a portabilidade dos dispositivos de comunicação e seus reflexos na vida sexual de seus usuários. A cereja no bolo é o aguardadíssimo resultado do Troféu Espeto de Pau 2009, com os piores e o piores ainda deste ano que foram escolhidos a dedo por vocês, nossos fiéis, lindos, maravilhosos e gostosos leitores. Para digerir toda esta esparrela, só consultando nosso Horós-copo para ver o que 2010 lhes reserva. Ficamos por aqui, amorecos. Nos vemos em Janeiro. Então, um bom Natal e Ano-Novo também. De preferência, sem Simone.
| Merda no ventilador |
Um
m ano de Paes por João Márcio Dias
Como a gente pouco se importa com responsabilidade jurídica, e até nos consideramos uma classe de vagabundos com o mínimo de inteligência e crítica política, decidimos de maneira pouco (ou nada) cristã avaliar esse primeiro ano de administração do Prefeito Eduardo Paes. Vamos lembrar como foi a sua trajetória política antes dessa avaliação? Vamos! Segura na minha mão e vem comigo, que no caminho eu te explico. Eduardo da Costa (hãn) Paes, bacharel em direito (ou seja, não tem carteirinha da OAB), carioquinha, cheio de malemolência, fã de Madonna e criado a leite com pêra. Nascido na Zona, Sul do Rio (tem algo de errado com essa vírgula aí), é cria do ex-prefeito César, o Maia. Foi subprefeito de Jacarepaguá (todo mundo já se deu mal na vida), e fidelidade é algo que não rima com sua trajetória política. Já passou por seis diferentes partidos em pouco mais de
quinze anos de vida pública. Em 2008, após uma batalha histórica, o garotinho do governador, em meio a toda sorte de traquejos da máquina pública, Dudu foi eleito com ínfimos (e desnecessários) 50.000 votos de diferença do seu arquirrival Fernando Gabeira. Sua campanha tinha como mote, além da construção de 40 UPAs 24 horas no município do Rio, a prioridade na educação. Inclusive, seu caderinho de promessas constava que sua primeira ação como prefeito seria proibir a aprovação automática. Se você considerar primeiro como algo depois de mudar as cores da prefeitura de laranja pra azul, nomear secretários sem a menor capacidade e histórico para tal e fazer festinha com a televisão, então a promessa foi cumprida. Em nosso miniflashblack 2009 vamos pontuar a sua administração. Simbora, cambada! - Aprovação automática não existe mais no Rio, porém nenhuma outra ação na educação foi mostrada pela prefeitura nos últimos 12 meses; - A construção do Corredor T9 ainda nem saiu do papel. Levando em conta que uma gestão tem 4 anos, ele já gastou 25% do seu tempo; - Nenhuma campanha tem sido realizada contra a dengue, afinal, a gripe suína é a febre do momento; - As UPAs se mostraram ineficientes para o tratamento da população, permanecendo constantemente lotadas, como os hospitais; - A cada dia que passa o trânsito do Rio se mostra mais caótico. Um trajeto que até pouco tempo levava quarenta minutos, hoje pode ser feito
tranquilamente em uma hora e vinte. A única ação da prefeitura em prol do trânsito carioca foi a criação do @CETRIO_OnLine. E passem a mão no toco; - Aprovou a lei antifumo, em um lapso de originalidade inspirada por São Paulo. Que é ótima por sinal, afinal, todos os estabelecimentos tem estrutura para tal lei. NOT; - A mudança significativa da identidade visual da prefeitura do Rio, alternando a cor de laranja pra azul, gastou dinheiro aos tubos, em um ano de crise econômica; - A popstar Madonna está confirmada para o ano novo 2010/2011. Ela fará o papel de metrô, hospital e escola pública; - O Rio foi eleito cidade sede dos Jogos de 2016. E um cheiro de vergonha alheia toma a cidade. - Decidiu-se por demolir o Elevado da Perimetral (uma das vias expressas mais importantes da cidade), pois aquela região tem caráter histórico: foi a primeira paisagem que a Família Real Portuguesa visualizou do Rio. Pois bem, se essa for a desculpa, destruam o Cristo também, pois ele não estava lá. Para finalizar, em meio as ações para o Rio2016, pois agora só se faz qualquer coisa nessa cidade com esse objetivo, o prefeito, de maneira pouco sutil, resolveu chamar o povo carioca de porco, e criará um "lixômetro". É bom saber que temos dinheiro sobrando nas contas do Prédio do Piranhão. Tenho contas no Real, Banco do Brasil e HSBC. Escolha uma e deposite um agrado. Não fará falta em meio a toda essa ostentação olímpica.
| N達o me siga que n達o sou novela |
Quero (ou cansei de) ser sexy
Meu nome é Laizami Nelly. Sou jornalistinha e vocês sabem de tudo isso. Tenho me olhado no espelho e pensado porque não posso ser a Nelly Furtado. Por que é que a minha situação de estar apaixonada pelo publicitariozinho me incomoda, me invade, me acumula, me sanciona, me refoga, me ofusca? Estou aqui para dizer que é tudo verdade e como é difícil. Como é difícil ser esquecida. Como é difícil ser esquecida na rodoviária. Como é difícil ser esquecida na rodoviária às cinco horas da manhã. Como é difícil ser esquecida na rodoviária às 5 horas da manhã com as calças na mão, com a indumentária do último show que fiz de Pole Dance na mão. Como é difícil ser esquecida...chega de palhaçada. Choramingos, pra quê? Richard me deixou e agora estou só. Contanto Que Com Paus Se Faça Uma Canoa, o pai no santo meio psicólogo de Richardi havia arruinado a relação com aquela história de ascendente. A gente não conseguiu entender direito onde essa história podia dar.
Fiquei refletindo sobre a minha situação. Refletindo mesmo, porque uma doce mendiga, muito gentil, me emprestou um espelho. Via meus olhos pintados de preto, minhas roupas vermelhas com paetês e me deu vontade de dançar “Eu vou pro baile de sainha”. Contive-me, porém. Sou uma mulher de respeito. Uma jornalistinha que não se dá o respeito pode acabar surfistinha, afogada numa ressaca da vida. Ainda refletindo. Era 10 de dezembro o dia que eu deveria estar completamente pronta, refeita, satisfeita. Que data marcante, que dia inesquecível. 10 de dezembro...o que era mesmo? Um ídolo me deixou um cd com esse nome. Jamais me esquecerei. Enquanto reflito, me reflito e ando, vejo algo. Miragem? Clivagem? Sacanagem? Não, era o Richardi. Tentando se desculpar, dizendo que o doutor Contanto havia cometido um erro no cruzamento dos ascendentes. Isso mudava tudo, é claro. Se eu era sagitário com escorpião e ele câncer com áries, viver seria só festejar. A verdade é que esse relacionamento
deveria se firmar. Há muito pra acontecer. Dessa união muita coisa vai sair. Mas, ainda assim, me sentia presa a um sentimento, algo muito estranho. Queria liberdadeparadentrodacabeça. Só pensava em ser como Simome de Beauvoar. Parou e ficou. A liberdade parou e ficou, estática, olhando para a cara do meu cérebro à vinagrete. O músico de meio tacho, digo, Richardi, iria se apresentar naquela noite. Ele havia me dito agora, agorinha. E parece que eu estou adivinhando as palavras dele, meio que adiantando o que vai dizer. Ele vai dizer, vai implorar que precisamos, então, nos casar. Viu? Ele disse isso nesse instante, vocês precisavam ver. Lágrimas nos olhos de cortar qualquer cebola. Coisa linda, emocionante. E me permiti apaixonar de novo. E ele neco de se apaixonar. Mas o importante é que eu estava ali, querendo, afoita, amando. Ao final do show, que foi um esculacho, Richardi me abordou novamente: “Está combinado. O casamento é amanhã e a gente vai pras Bahamas, pra comemorar”. Qualquer semelhança é mera coincidência.
| Água no feijão |
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Comidinhas de Natal por Julio de Castro
Ah, o natal... momento em que muitos sucumbem à tentação e (acham que) fruem dos prazeres da boa mesa. É momento no qual proliferam receitas secretas, que só a sua bisavó conhece (a bem da verdade, todas as bisavós conhecem, cada uma delas tem exemplares das coletâneas dos livros de receita que a União lançou nos anos oitenta. As senhoras substituem coentro por cheiro verde ou coisa assim. Fim do mistério) e que só chegam às mesas na última semana de dezembro.
melhor, uma liturgia gastronômica secreta? Por que, caso você decida, por exemplo, colocar um punhado de passas secas na sua farofa ou fazer rabanadas em Abril (lembrando que "rabanada" é só um nome legal para "reuso de pão semimofado"), seus familiares, vizinhos, amigos, vizinhos de seus amigos e completos desconhecidos de repente aparecem na sua cozinha tentando demovê-lo da ideia? Experimente para ver o que acontece.
Entendo que, a despeito daquelas raríssimas receitas que dão, de fato, um trabalhão danado, e até justificam intervalos anuais entre o preparo de uma leva e outra, a maioria das receitas datadas, não só as de fim de ano, são de uma simplicidade desconcertante, dificilmente fugindo do esquemão "descasca (ou desenlata), corta, cozinha, mistura, frita (ou assa)". Então por que parece haver um calendário, ou
Ainda há aquelas coisas que, em tempos natalinos (a liturgia gastronômica) ganham a enganosa definição de "comida". Entre elas, o salpicão é o exemplo mais emblemático. Ora, uma salada de frios e temperos diversos, misturada sempre com higiene duvidosa, cujo preparo não requer prática tampouco habilidade, não deveria ser chamada de comida em tempo algum. Malzaê. Claro, a liturgia
gastronômica também abarca os pseudo-alimentos perenes. Sopas, macarrões, e outros, instantâneos e barras de cereais, comidinhas rapidinhas - para toda hora - só servem para fazer com que se dê valor ao salpicão. Perto de uma barra de cereais, até a famigerada salada de friso é comida. Então, aproveito o ensejo para levantar a bandeira da "Real Liberdade Gastronômica", na qual o Cidadão tem direito à livre expressão no preparo de comida de verdade, excluindo pratos instantâneos e salpicão. Pelo direito do pleno exercício culinário. Pela liberdade de fazer rabanadas em Abril, Canjica em em Novembro e quentão em fevereiro (até porque, no carnaval bebe-se de tudo um pouco). Julio de Castro é botafoguense, afrovisigodo e manda um peru de natal para todos os que obedecem cegamente à liturgia gastronômica.
*Nenhum animal sofreu mais do que deveria para a realização dessa matéria.
| N達o julgue o livro pela capa |
por Joรฃo Mรกrcio Dias
Rio de Janeiro nos remete sempre a Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Calçadão, violência, mulheres seminuas e funk. Foi-se o tempo que o samba era o ritmo oficial das terras da Guanabara. Marginalizado, prostituído, inconsistente e insano. O ritmo eletrônico que embala a vida a beira mar, onde outrora era brindada por Tom Jobim, Noel Rosa e outros gênios da MPB, voltou seu foco a um estilo único. E por mais que sempre tenha um intelectualóide dizendo que "funk não é bom", quando ouvimos uma batida mais acelerada, uma letra mais sacana, uma ode a pouca vergonha, a gente não consegue controlar os quadris e vai descendo e arrasta a genitália na brita. Nascido com base nos bailes de black music dos anos 70 e com forte influencia do Miami Bass, o Funk Carioca rompeu com todos os seus padrões e criou um comportamento particular nas ruas e no linguajar. Pouco demorou para a gringa descobrir as maravilhas do "popozão" e levar o ritmo pro exterior. Artistas como M.I.A., Kevin Federline e Tigarah, Gwen Stefani bebem da confusa e veloz fonte da "coisa nossa". E o batidão virou produto
de exportação. Inúmeros cantores originários das comunidades cariocas já foram pra Europa dar demonstrações do exotismo (e erotismo) de nossas terras. Em pouco tempo o funk tinha atingido todas as classes sociais. Produzido na favela e no asfalto, funk abocanha uma boa fatia do mercado eletrônico. Funk não chegou a ser cult, mas virou hype. As baixarias e a piada pronta do dia a dia cairam no gosto do povo que sempre preferiu Radiohead a Maria Bethania. O nosso principal produto, levado a toda Europa, é o quarteto Bonde do Rolê. O Bonde do Rolê foi formado pelos DJs e produtores Rodrigo Gorky, Pedro D'Eyrot e pela vocalista Marina Vello no meio de 2005. No final do mesmo ano, começaram a fazer sucesso após colocarem suas músicas no site MySpace e chamaram atenção da imprensa e de produtores nacionais e internacionais pelo modo despojado de sua música, com letras descomprometidas e politicamente incorretas e atitude de não ligar para o que pensam sobre a música que tocam. Em 2006, lançaram um CD promo e um vinil pelo selo Mad Decent, do DJ
americano Diplo, onde estão vários sucessos do grupo, como Melô do Tabaco, Caldinho e Jabuticaba. Sim, a escatologia e o "politicamente incorreto" formam todo o gracejo da banda. A revista Rolling Stone escolheu, o então trio, como uma das Dez bandas para se ligar no mundo inteiro, no já famoso 10 Bands to Watch, onde foram descritos como Brazilian party starters. Em 2007, após turnês e grande sucesso por todo o mundo, a vocalista anuncia sua saída da banda, o que leva os amigos Rodrigo e Pedro a buscarem uma nova integrante e um divertido reality show na MTV Brasil. Laura Taylor e Ana Bernardino entraram pra trupe após provas absurdas e seleções de carater questionável. Desde o aclamado "With Lasers" de 2006, muita coisa se passou pela vida da banda curitibana, e agora o Bonde, em sua nova e calorosa formação, se prepara para lançar seu segundo CD e o primeiro DVD, ao vivo, na Favela Tavares Bastos (Fo'Real, bitch!). Enquanto a fornada não sai, chamamos Rodrigo Gorky, o gênio produtor por trás do fenômeno Bonde do Rolê. Se liga na missão, playboy!
De cima para baixo: Ana Bernardino, Pedro D’Eyrot, Laura Taylor e Rodrigo Gorky em divulgação da banda; Apresentação do Bonde do Rolê no Secret Garden Party; Antiga formação do grupo em 2006, com Rodrigo, Marina Vello e Pedro.
17 perguntas para Rodrigo Gorky Quem, quando, como, onde e porque começou Rodrigo Gorky? Minha carreira musical comecou quando insisti em ganhar de aniversario de 6 anos o True Blue da Madonna. Daí desde então foi ladeira abaixo. Porra, Gorky, True Blue? Ok, meu primeiro LP foi VAMP, mas abafa. Sou mais velho que você, ne? Vou fazer 30 ano que vem. Seu primeiro projeto que explodiu foi o Bonde do Rolê, e ele faz muito mais sucesso no exterior que no Brasil, assim como outras bandas como CSS, Copacabana Club e afins. Você acha que isso é pura resistência do brasileiro com o próprio produto ou falta jabá? Acho que um pouco de cada. O Brasil ainda é bastante desorganizado com essa coisa toda de shows/bandas de medio porte. Ou você é da banda que toca no boteco do seu amigo no fim de semana, ou você é o NX Zero, que toca quase todos os dias da semana, de rodeio a inauguração de praça no interior. Coisa que la fora tem um espaco grande e a organizacao bem melhor. Além do Bonde, quais projetos você trabalha/produz? No momento? Além do Bonde, estou produzindo o Boss in Drama, Os Gorkabillies (que ainda estou montando), Backstrava Boys, que está parado no momento. Fora todos os projetos de discos paralelos do Bonde do Rolê. Grande parte dos seus trabalhos tem uma tônica no trash e no humor, sempre voltado pro eletrônico. Por quê? #mariliagabriherpes Ultimamente tenho fugido até demais do eletrônico, pra falar a verdade. Acho que o humor sempre fez parte porque
deixa tudo com mais cor e mais sorriso. E o eletrônico... pela facilidade.
de Natal. E quero ganhar o do Jorge também.
De tudo que vc já produziu, cantou, tocou, apresentou, o que você bate no peito e fala: puta que pariu, meu filho! Acho que tudo? (risos) São todos meus bebês, né?
Ok, Gorky, eu entendi a cantada... Eu quero ganhar uma malebag da Nike, pode ser? Ah, se fosse Puma juro que corria atrás.
Mas não tem um que seja a cerejinha? Não tenho mesmo, tenho um carinho especial por tudo que ja fiz. Até as ruins que se 4 pessoas ouviram foi muito. Você tem algum processo criativo ou é no automático? Conta pras amiga de casa. Hum, muito sai de madrugada. Inspiração vem a qualquer hora, seja uma piada idiota, seja um riff de guitarra, um sample que você achou bafo. Então eu vou e faço. Não pode deixar passar porque senão passa a vontade. E quem são suas influencias e referências? Além de True Blue da madonna, o que você ouve? Depende do dia e da paciência. Ultimamente tenho ouvido um monte de coisa velha, anos 50/60, rockinhos bizarros. Mas é dificil responder assim de lata. Minha influência é o radio. Hoje eu tenho ouvido Cramps, Joe Meek e Curt Boettcher. De brasileiros, quem você indica pra galerë ouvir? Boss in Drama (risos), Copacabana Club, Mixhell, Database, Killer on the Dancefloor, João Brasil e André Paste. Além de Caetano, Jorge Ben Jor (inclusive estão lançando um box ótimo dele) Quando sai o box da Alcione, gente? Não sei. Mas saiu um da Simone também. Sei que ganhei o do Simonal
Em 2010, o que podemos esperar de Gorky e sua trupe, após a nova formação do Bonde do Rolê? Discos novos do Bonde, Boss in Drama e muito brilho. O novo cd do Bonde do Rolê quando é tropical, está super tropical. Tem coisas em inglês, como Banana Woman, coisas em espanhol, sueco e tem música até em português! Nesse novo CD vocês vão além do funk caricato? Desde o nosso primeiro disco que a gente já tem fugido do funk caricato. A gente usa o funk de influencia, gosta da parte engraçada de tudo isso. Dois projetos com seus dedos produtores foram indicados seguidas vezes ao VMB e não levaram (lógico, brasileiro não sabe votar). Essas premiações de "melhor isso", "melhor aquilo", influenciam em algo positiva ou negativamente? Prêmios nao influenciam, mas eh bom ser reconhecido, né? Acho que faz bem pro ego de qualquer pessoa. E conte pra nós, o que você ainda não fez que gostaria de fazer em 2010? (pergunta estilo fim de ano) Ah, sair na Butt. Juro por Deus. Mas não depende de mim. Já joguei pencas de jabás pra cima. Tenho dois amigos que escrevem pra Butt, mas até hoje, nada. E filme pornô? Pretende fechar com a Brasileirinhas? Olha, não pagam bem. Só ver Leila Lopes. Se pagasse bem, ela estaria rindo finíssima na cama.
| Em terra de cego quem tem um olho ĂŠ rei |
Rehab intelectual para M. Night Shyamalan por Murilo Souza
Em 1999, fui ao cinema casualmente e acabei por assistir um dos melhores filmes de suspense e horror das últimas décadas: O Sexto Sentido, dirigido por um tal de M. Night Shyamalan. Com um roteiro inteligente e bem construído e atuações impecáveis, o filme conquistou mais de 30 prêmios ao redor do globo. Digo de suspense e horror pois, além de apresentar mistérios intrincados e aparentemente insolúveis, o filme ainda conduz o espectador por um passeio tenebroso na fronteira do mundo dos mortos. E a missão de um filme de horror não é mostrar um monte de tripas grudadas num ventilador, mas colocar o público em contato com aspectos ruins de si próprios e da humanidade. Na sequência da estréia no mainstream do cineasta indiano, veio o belo tributo aos super-heróis Corpo Fechado que apesar de não ser um incontestável sucesso de bilheteria, apresenta um roteiro também muito bem amarrado e elenco de alto calibre, pecando apenas por seu ritmo algo que lento. Como um cisne que lança seu último canto momentos antes de sua morte, Shyamalan ainda trouxe às telas Sinais, que se tem algumas pontas soltas aqui e ali, traz uma boa dose de horror e suspense com a iminente invasão alienígena. E depois desse ponto, meus caros, a coisa toda foi ladeira abaixo. Todos os filmes de Shyamalan que se seguiram foram retumbantes fracassos cinematográficos e financeiros. Para exemplificar, o pífio A Dama da Água conseguiu a proeza de dar um prejuízo de mais de 70 milhões de dólares. O que aconteceu? Terá Shyamalan se rendido aos tentáculos do crack? Abdução alienígena? Comeu criança quando era merda? Ninguém sabe. Vamos lançar uma pequena luz sobre os grandes trabalhos do diretor até o momento para tentar descobrir alguma coisa.
Praying with Anger (1992): É o debut do diretor onde ele também é o ator principal e o enredo é autobiográfico sobre um rapaz indiano criado nos EUA que retorna à pátriamãe, entrando em contato com suas raízes e fazendo uma jornada espiritual. Com esse roteiro, dá para entender porque ninguém nunca ouviu falar. De qualquer forma, teve boa recepção e ganhou alguns prêmios locais.
Wide Awake (1998): Comédia romântica despretensiosa trazendo questionamentos de um menino da quinta série a respeito dos mistérios da vida e da morte quando perde seu amado pai. Consta no roteiro uma freira fanática por baseball, e nas palavras do próprio diretor, foi feito para ser uma comédia que também faria as pessoas chorarem. Hãn.
O Sexto Sentido / The Sixth Sense (1999): Este é o meu queridinho, portanto merece uma descrição mais carinhosa. Com modesto orçamento de 40 milhões, arrecadou gordíssimos 600 milhões. Embalado pelas exemplares atuações de Bruce Willis e Haley Joel Osment, é um dos melhores filmes do gênero. No filme, Shyamalan utiliza de um ótimo recurso nas cenas de fantasmas que é definido por uma frase de sua autoria: "Quando em uma cena houver algo ou alguém que não deveria ou poderia estar lá, o espectador experimentará o medo." As cenas em questão são aterradoras e justificaram o estrondoso sucesso da película. O twist do filme, quando cai a ficha que o psicólogo Malcolm na verdade era mais um dos fantasmas que assombravam Cole e havia morrido no atentado que sofrera um ano atrás, é evidenciado por uma respeitosa montagem com as cenas aparentemente aleatórias que serviam para mostrar que Cole era o único que percebia a existência de Malcolm. Digo que a montagem é respeitosa pois não ofende a inteligência de ninguém trazendo cenas novas e revelações ao estilo fada-madrinha-com-varinha-de-condão. Simplesmente recapitula algumas cenas e falas chave do filme para que se possa juntar as peças rapidamente e curtir o final do filme adequadamente. Bruce Willis em momento algum olha para a câmera espantado e diz: "Meldels morri qqq". Meu cérebro agradece.
Corpo Fechado / Unbreakable (2000): Lançado na crista do sucesso de O Sexto Sentido, Corpo Fechado é uma bela homenagem à mitologia dos superheróis dos quadrinhos. Assim como o filme predecessor, conta com um elenco de peso: Bruce Willis e Samuel L. Jackson em suas melhores formas encabeçam respectivamente o herói em descoberta de sua força e resistência ilimitada e seu antagonista, que padece de uma excepcional fraqueza óssea. Teve uma boa recepção e alcançou um lucro de cerca de 180 milhões, mas foi criticado por seu ritmo lento e final com um quê de decepcionante. Ainda assim, o filme segura suas pontas e vale pelas boas atuações, diálogos e cenas, a despeito de não contar uma historinha bonitinha, com começo, meio e fim.
Sinais / Signs (2002): Com Mel Gibson, que Shyamalan "descobriu" assistindo Máquina Mortífera na casa dos pais, muitos se apressam em atirar o filme na cesta de ficção científica, mas os alienígenas que estão na iminência de invadir o planeta pouco importam. O destaque da película é o clima de apreensão que o diretor consegue evocar a partir do nada, e o terror que se instila nos membros na família do ex-pastor Hess com a crescente ameaça de invasão alien. Arrecadou fabulosos 400 milhões de dólares ao redor do mundo, e teve uma das melhores recepções dentre os filmes do diretor. No entanto, tenho minhas reservas quanto a Sinais. É um bom filme no aspecto geral, no entanto minha inteligência sente-se insultada por um pequeno detalhe: Ok, aliens resolvem invadir a Terra. Padrão. Agora, os invasores são vulneráveis à água, a ponto do mero contato da substância com sua pele ser capaz de feri-los? Porque raios então eles resolveram invadir um planeta que tem 3/4 de sua superfície coberta de água e umidade relativa do ar totalmente pelados? Metia um escafandro, pô! Quer dizer, capacidade de desenvolver uma tecnologia que possibilita a viagem interplanetária eles têm, mas pra fazer uma porra de uma roupa impermeável, não? Vá se... A Vila / The Village (2004): Há tanto que se maldizer de A Vila que não sei bem por onde começar. O filme teve a vantagem de ser antecedido por Sinais, um sucesso de bilheteria e crítica. Fala de uma vila no meio do nada nos Estados Unidos em 1897 onde os habitantes vivem pacificamente, mas sofrem com "criaturas maléficas" que assolam as florestas. Ivy, interpretada por Bryce Howard Dallas (quem?), é a filha cega do chefe da vila que acaba tendo que ir à cidade para buscar medicamentos para o carinha que ela gostava que foi esfaqueado pelo débil mental da vila. Tá acompanhando? Então segura. Daí o pai revela que as criaturas do mal na verdade são engodos para manter os jovens dentro da vila e evitar que vão à cidade, onde mora muita gente ruim. Ela pega sua bengalinha e vai tateando pela floresta, até que ela encontra Noah (o autor das facadas) fantasiado de monstro e o joga num buraco, onde ele morre. Então, chegando à cidade, vem a "grande" surpresa que o filme é passado nos dias atuais e a vila foi fundada por uns professores que estavam cansados da violência do mundo moderno. Vou agora dar um parágrafo para que vocês reflitam e absorvam. Esse twist patético só poderia ser superado pelo originalíssimo recurso narrativo "...e foi tudo um sonho". A obviedade e a redundância reinam em A Vila, mas o filme ainda conseguiu a façanha de arrecadar bons 250 milhões no vácuo de Sinais. A crítica, no entanto, desceu o merecido cacete neste desastre fílmico e ficou à espreita do próximo. A Dama da Água / Lady in the Water (2006): Carinhosamente apelidado pela crítica de Dead in the Water, conta a história de uma Ninfa do mar que sai de uma piscina de um pequeno condomínio na Filadélfia para entregar uma mensagem a um escritor visionário que mudará o mundo com seu livro e é protegida por um ex-médico que agora é limpador de piscinas. Começa mal por ter a personagem título interpretada por Bryce Howard Dallas (quem, mesmo?), mas não pára por aí. Numa aparente mágoa de miguxa mal-resolvida das vaias recebidas pelo lixoso A Vila, Shyamalan inclui neste filme um personagem que é um crítico de cinema arrogante, egoísta e covarde que é odiado por todos os outros personagens e, de quebra, sofre uma morte sanguinolenta. Ghandi mandou lembranças, né? Não obstante, tem a pachorra de ele próprio interpretar o tal do escritor mártir que vai salvar o mundo com suas idéias geniais e revolucionárias. Era mais fácil se pintar de branco, abrir a boca bem grande e falar: "Caga aqui por favor" Shyamalan tentou fazer um filme inspirado em um conto infantil, mas pelo visto deixouse contagiar pela infantilidade ao desaguar suas frustrações pessoais e profissionais de forma tão simplória, em lugar explorá-las de forma inteligente e adulta. A Dama da Água foi um tremendo mergulho estilo barrigada, daquelas que a gente sai tonto da piscina. Orçado em 75 milhões de dólares e com campanha de marketing de mais 70 milhões, alcançou ridículos 72,5 milhões de dólares, fazendo uma bela mancha de bosta no currículo do diretor e de quem quer que tenha se aventurado a participar desta esparrela cinematográfica.
O Fim dos Tempos / The Happening (2008): Novamente, M. Night Shyamalan contava com uma vantagem relacionada a seu último filme, seguindo a premissa de que do chão, ninguém passa*. Neste, estrelado por Mark Whalberg, a Costa Leste dos EUA é atacada por uma toxina aérea que faz com que as pessoas suicidem, levando todos a um estado de pânico intenso. Descobre-se que as toxinas vêm das plantas, que estão ativa e coletivamente tentando eliminar a humanidade por considerarem-na nociva. Um bom retorno ao horror que coroara a estréia do diretor no mainstream, mostrando o quanto os indivíduos podem ser egoístas e cruéis quando se trata de seus próprios interesses. Infelizmente a premissa não é tão bem explorada e o final, além de meio bobo, ainda dá aquele gancho de "ahá, vai acontecer de novo e de novo". Ok, vou levar em consideração que o próprio Shyamalan declarou à imprensa que "estava tentando fazer um bom filme B, e conseguiu.", e realmente ao encarar O Fim dos Tempos como um filme B parece bastante bom, até porque tem um orçamento 40 vezes superior ao de qualquer filme deste gênero. A bem da verdade, mais me parece uma desculpa esfarrapada de quem não quer admitir os erros. Enfim, é uma boa forma de manter seu cérebro inerte durante 90 minutos, embora eu prefira Bangu x América pela Série B do Campeonato Carioca.
Após esse breve passeio pela filmografia de M. Night Shyamalan, dá para tirar algumas conclusões sobre as causas para o declínio de sua obra. A primeira foi Bruce Willis, ou a falta de. Minha tese favorita é que na época de O Sexto Sentido, Bruce Willis leu o roteiro e disse: "Aí, Shyamalan, teu roteiro tá meio capenga, tem que ver isso ae", e reescreveu várias partes. Já em Corpo Fechado, Shyamalan já estava mais confiante e não deu tantas liberdades ao careca duro de matar. Em Sinais, contratou Mel Gibson que também deve ter dado suas dicas. Agora, vamos aos números: Bruce Willis recebeu respectivamente 14 milhões e 20 milhões por O Sexto Sentido e Corpo Fechado, e Mel Gibson, 25 milhões em Sinais. Já em A Vila, a protagonista Bryce Howard Dallas teve um cachê de miseráveis 150 mil dólares por sua gasosa atuação. Isso de fato nos revela alguma coisa, não? A muquiranice do casting em A Vila e nos filmes que se seguiram é marcante, e Shyamalan, enquanto diretor, escritor e produtor, paga caro por este grave erro. O ator experiente não só segura as pontas do filme mostrando atuação de qualidade
como também está capacitado a orientar outros membros do elenco. É muita responsabilidade, que não deve ser atirada levianamente no colo de qualquer franguinha pubescente, ao menos não se você quiser ser levado a sério. E este é o segundo erro de Shyamalan, o sucesso de O Sexto Sentido talvez tenha lhe subido à cabeça e ele passou a se julgar intocável pela crítica, a ponto de fazer o papelão que fez em A Dama da Água. Para alguém que valoriza suas raízes indianas, M. Night Shyamalan deveria levar em consideração as produções de Bollywood e aprender a rir um pouco da vida e de si próprio, para que os outros não façam isto por ele. O Fim dos Tempos foi um retorno aceitável, ainda que fraco, e Shyamalan este ano dirige a adaptação de série animada Avatar, intitulada The Last Airbender. Meu desejo para 2010 é que Shyamalan esteja novamente pleno de suas faculdades mentais e não estrague uma oportunidade tão bonita. *Esta premissa é diariamente desrespeitada no Palácio da Guanabara, no Rio de Janeiro.
| Focinho de porco não é tomada |
Todas as mulheres do mundo na palma da mão
Há algum tempo, começou a erodir a noção de que ter "todas as mulheres do mundo na palma da mão" era sinônimo de vida sexual e desenvoltura social inexistentes. Hoje, nesses tempos pós-modernos de redefinição paradigmática da sociedade de informação, a coisa começa a mudar de figura. Vivemos num cenário onde metade da população brasileira usa telefonia móvel e, graças à isso, abriram-se as comportas para o surgimento de um sem-número de aplicativos e serviços com finalidade, utilidade, confiabilidade e custo variáveis. Parte dessas ferramentas usadas para otimizar a interação entre as pessoas logo se tornaram um estorvo para quem recebe incontáveis SPAMs e outros, que acreditam realmente conversar com uma “gatinha de outro estado” que na verdade é algum homem de quarenta anos que mora com a mãe e trabalha na lanhouse na esquina, pertinho da sua casa. Contudo, para aqueles que tem um pingo de discernimento e não se deixam levar por essas babaquícies, essas ferramentas podem ser uma boa forma de ganhar – ou perder – tempo, como os serviços que permitem que, se você confiar nessas coisas, twitte diretamente do celular. Entendendo as possibilidades de aquisição e personalização de aplicativos e serviços para celulares e afins, num contexto em que quantidade de opções não fala mais alto do que as as necessidades do usuário, o importante é saber o real significado das coisas e, assim, a sua utilidade. Reparou que abandonei quase que completamente o tema? E que passar páginas e mais páginas descrevendo programinhas diversos é que seria a suprema masturbação mental? Então, pois é. Julio de Castro é botafoguense, afro-visigodo e tem sérios problemas com seu celular, que tem vontade própria e liga para as pessoas à revelia do seu dono.
| Ă gulha no palheiro |
Mais um ano escorre por nossos dedos e nossos cabelos brancos acusam que tempo está passando rápido demais. Esse não foi o mais primoroso dos anos, mas há o que se salvar. E como o que interessa pra nós, pobres mortais, é a música nossa de cada dia, a Pheha fez uma seleçãozinha de 14 clipes emblemáticos que embalaram nossas viagens audiovisuais em 2009. Não necessariamente é um TOP14 com os melhores do ano, até por que, para tal temos o nosso Troféu Espeto de Pau, tão logo não precisamos criar um segundo ranking dentro da mesma revista. Trombetas e tambores, pois a nossa seleção vai entrar em campo!
por João Márcio Dias
Ciara feat. Missy Elliott - Work Cores, cores, muitas cores. Coreografia barata, quebradeira, suingueira, suadeira e Missy Elliott mais lésbica do que nunca. Assim é "Work", a melhor música do fraco cd de Ciara, Fantasy Ride. O clipe é situado em um canteiro de obras, enquanto Ciara e suas meninas sensualizam em microvestidos, microshorts, microblusas e microcoreografias. Tudo com em meio a britadeiras, caminhões, plataformas e um sol escaldante. O clipe traz calor pela sua mescla incrível de cores e a confusão mental que faz. Delicinha do verão!
Lady GaGa - Bad Romance Não é seu clipe mais genial, mas na sequência em que tivemos fracassos como "She Wolf" da Shakira, a gente pode jurar que esse é o melhor clipe de todos os tempos. Um universo de propagandas, mas de alguma forma uma superprodução tem que ser paga. Coreografia fácil de fazer na boate, refrão chiclete e muito carão compõem o clima destrutivo de Bad Romance. Um video que já nasceu clássico.
Bulletproof - La Roux Antes de mais nada, vamos a uma observação muito pertinente: Quando citamos "La Roux", falamos de um duo, composto por um homem (Ben Langmaid, que apenas produz) e uma mulher, Elly Jackson, que é o frontman da band. Vamos colocar em pratos limpos para não rolar um mimimi de "Ah, a La Roux é uma mulher...". Right? Então, voltamos a programação normal. Pois bem, Bulletproof é uma pérola audiovisual. Cheia de recursos gráficos, repleta de inspirações dignas de designers modernetes e uma música bem bacana. Confesso não me agradar da voz de Elly Jackson. Acho um exagero de oitentismo que não cola. Mas essa música suaviza bastante as coisas. Pena que em contrapartida temos o terrível clipe de "I'm not your toy". Eu com uma webcam e duas gostosas faço algo melhor. Aquele visual Maria Gadú meets Roberto Carlos na Favela de Acari não acontece. Beyoncé - Single Ladies Não que eu ache o vídeo genial. Muito menos acho um vídeo bem produzido. Pra falar a verdade, o clipe é meramente Beyoncé louca de bala na balada, fazendo uma coreografia que deixaria Vanusa brilhando, e uma música bem dançante em um estúdio de 360º. Não tem mistério algum. Pra piorar, o clipe é todo em preto e branco, não dá nem pra apelar pras cores. Mas como a gente tem medo do Kanye West, e queremos terminar a revista antes que ele fale "I'mma gonna let you finish", dedicamos essa citação. Kanye é ídolo e merece nossa homenagem
Lenine - Magra É indiscutível que Lenine é um dos maiores cantores/compositores/ criadores do Brasil. Dono de uma criatividade absurda, sempre nos presenteia com a mais fina flor da MPB. Neste clipe, Lenine aposta em um cenário sombrio e takes repletos de poesia. A música trabalhada está longe de ser um hit, muito menos de ser um de suas melhores, mas o vídeo merece destaque pela sua beleza e direção de arte. A música tem gostinho de "Bom dia" e o clipe é repleto de vida, mesmo sendo climatizado em um universo obscuro. A bela bailarina também merece créditos pela sua suavidade.
Little Boots - Remedy Em um mundo videoclíptico onde troca de figurinos e jabás representam riqueza, passar um clipe inteiro com apenas um vestidinho prateado e um triângulo na cabeça é uma vitória em Cristo. Além da música empolgante, Little Boots usa o recurso do caleidoscópio como peça chave para os grafismos em seu vídeo. Seu rosto romântico quebra a frieza do eletrônico e do sintetizador, trazendo um conforto visual que é uma delicinha. Infelizmente, depois disso ela resolveu dar um control+c e control+v no seu material e foi viver sem culpa e/ ou medo de ser feliz.
Britney Spears - 3 Prestou atenção na cara de tensa da Britoca? É a mesma cara que todo mundo teve ao assistir o clipe de "3". A letra sugere um clipe repleto de libido, sacanagem, pegação, mala marcando e uma bronha no final pra ficar maneiro. Mas o roteiro basea-se em: Britney, Jabá do perfume, Britney, Britney gostosa, sauna, Britney com ombros de cavalo, dancinhas com a mão, pole dancing na horizontal pra dar menos trabalho, coreografia que marca a barriga pouco definida, dois rapazes que ganharam uma mariola pela participação, jabá, Britney gostosa, aplique mal colocado e muita, mas muita linguinha batendo no nariz. Vale um peido.
Major Lazer - Keep it Goin' Louder Jamais, sob hipótese alguma, dê o roteiro do seu clipe para alguém com problemas com drogas. Toxicômanos não são pessoas indicadas para executar qualquer função nessa indústria. Esse clipe veio de lugar nenhum e caminha para lugar algum, mas é extremamente divertido e aponta para uma séria tendência a epilepsia de seus espectadores. Muita cor, muita vibração, muita gente gatinha e muita coreografia bem desenvolvida. Ok, eu menti nos dois últimos itens. Mas quanto ao clipe ser divertido, é bem verdade.
Lily Allen - The Fear E daí que esse vídeo saiu ano passado? Foi no finalzinho e o cd só foi lançado em fevereiro desse ano, então está valendo. Sem contar que quem manda nessa merda sou eu, e se quiser colocar Thriller eu coloco. Não gostou? Vai ler a Veja. :D Agressividade a parte, o video de Lily Allen merece destaque pela sua completa ausência de efeitos especiais, raio laser, chroma key, luzes brilhantes que deixam o espectador cego e um enredo que mais parece novela mexicana. Um clipe lúdico, com caixinhas de presentes felizes e saltitantes, fumaças coloridas, uma casa de bonecas gigantesca e um quintal com seu próprio nome escrito. O sonho de qualquer menina. Vale observar a monstruosidade que é o salto que Lily Allen usa para tentar ficar na mesma altura que seus bailarinos. A assessoria de imprensa da cantora informa que o Carvalhão foi chamado para resgatá-la de seu sapato.
Ke$ha - Tik Tok Dizem que essa loirinha que se mete em altas aventuras com a sua galera será a febre do próximo verão americano. Ou seja, em junho do ano que vem é capaz que ela esteja brilhando muito no Corinthians. Seu clipe e seu estilo tem uma coisa que cheira a um acasalamento de Twisted Sisters com Britney Spears em sua fase drogadona-cheia-de-ódio-ladra-deisqueiro-na-larica-de-Cheetos. Ser junkie virou lucrativo e a menina apostou com tudo. Em sua primeira empreitada ela aparece bêbada, desafia padrões familiares, é presa por sabe-se-lá-o-quê e pega carona com um mexicano de bigode falso. Tudo muito tenso e com reboladinhas.
Frankmusik - 3 Little Words Nossa geração criada a base de danoninho e sessão da tarde com "Quero ser grande" se sente tocada pela dancinha no teclado iluminado que faz toda a graça do clipe. O rapaz é mais feio que a fome na África, mas o som é bom, bastante retrô (entenda por retrô algo ali pelos anos 80, flertando com o A-ha, ok?). Esse clipe também foi lançado no fim do ano passado, mas só ganhou projeção, pequena, mas ganhou, esse ano. O importante é: o clipe é bom, a música é ótima e se você não gostar, Frankmusik vai te pegar. Yeah Yeah Yeahs - Heads Will Roll A banda mostra que qualquer pessoa que colocar toucas de banho nos ombros pode ser hype e descolado. Então, faça você mesmo seu visual maneiro e tire onda com seus amiguinhos! A música é bastante legal (inclusive existe um remix de funk neurótico que é incrível). O vídeo faz da morte algo poético, colocando um monstro dançarino atacando os espectadores de um show. Curiosamente, o clipe parece uma premonição sobre o que aconteceria a Michael Jackson. O tal monstrengo tem passos muito parecidos com o Rei do Pop, como lançar o chapéu para longe, rodopiar, ajeitar o pinto e um tímido moonwalker. O refrão da música diz "Dance 'til you're dead". Seria Karen O, além de sósia da Cher, uma espécie de Mãe Dinah do indie rock? Mistério!
Sexy Dolls - Tire a minha roupa HAHAHAHAHAHAHA HAHAHAHAHAHAHAHA HAHAHAHAHA HAHAHAHA AI, SÉRIO, PÁRA... MINHA BARRIGA TÁ DOENDO HAHAHA HAHAHAAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA *RESPIRA* HAHA HAHA HAHAHAHAHAHA HAHAHAHAHAHAHA AI, DEIXA EU FALAR HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAHHHAHAHA TRÊS ATRIZES PORNÔ HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA FAZENDO VERSÃO DE PUSSYCAT DOLLS HAHAHA HAHAHA HAHAHAHAHAHAHHHAHAHAHAHAHAHAHAHA AI, PÁRA! HAHAHAHAHAAHAHAHAHHAHAHAAHHAHAHAHA
Lady GaGa - Paparazzi Sim, ela aparece duas vezes aqui nessa listinha. Fazer o quê se a mulher me lança dois clipes incríveis no mesmo ano? Paparazzi é, sem sombra de dúvidas, o melhor clipe da nossa década. Supera qualquer outra coisa feita por aí. Entra no hall das mega produções, com um enredo genial, figurinos exuberantes, música incrível. Enfim, eu poderia passar mais duas páginas elogiando o clipe que fez de mim um apaixonado por por Lady GaGa. Eu perdoo qualquer merda que ela faça daqui pra frente por conta desse clipe. Serião!
| Coluna da Maysa |
Que venha 2010! por Maysa Monjardim (@meumundocaiu)
Pheha, temei, rebolai e bebei: EU CHEGUEI! Como esta é a última edição do ano, fui atingida em cheio pela melancolia de final de ano e resolvi falar sobre passado e futuro, de uma vez só. Comecemos por 2009. Tive minha minissérie na TV fazendo sucesso, o ibope nas alturas e até indicações aos Emmy. Quem diria que um dia a história de uma cantora aturdida, ébria e de olhos cintilantes ganharia tanto destaque? Depois veio o meu Twitter. Revolução interativa, o site criou mais do que apenas relacionamentos, mas, pricipalmente, um mundo novo de diversão, debates e completude. Isso tudo em apenas 140 caracteres. Lá ganhei minha nonna do coração(@nairbello), com quem jogo tranca em tardes chuvosas, beberico conhaque ao ver a Sessão da Tarde e faço fofoca, muita fofoca. Também ganhei uma amiga hollywoodiana (@samara7days), que provou que, além de nunca ter vindo de um poço, é fonte inesgotável de bom-humor, sagacidade e fofura. Devo mencionar, inclusive, meu parceiro no mé @mussumalive, e dizer que, se minha vida sentimental não tivesse sido tão tumultuada, ele seria meu chamego ideal no cangote.
Por fim, recebi o convite para escrever para vocês mensalmente, ofício esse que me faz sentir honrada e que sempre comemoro com um brinde. Mas, felizmente, o ano foi importante por fatos muito mais relevantes do que a minha existência etílica. Obama mostrou seu gingado impecável. Dilma se jogou na cirurgia plástica sem medo de ser feliz. O Oscar premiou postumamente um Coringa memorável. Príncipe Charles deu o ar de sua falta de graça em terras tupiniquins. Xuxa e sua megalomania fazeram “sena” no Twitter. Clodovil, Michael Jackson e Leila Lopes desencarnaram. Vanusa se desequilibrou, ficando risonha e límpida. Mariah Carey encalhou em praias cariocas. Madonna comprou um vibrador chamado Jesus Luz e este, assim como Pinóquio, deixou de ser um objeto inanimado para virar celebridade. Geisy descobriu que não se faz cosplay desastroso de Penélope Charmosa na faculdade. Brasília lançou o panetone sabor picaretagem. E o especial de fim de ano do Rei Robertão foi cancelado. Ah, sim. 2009 foi um ano agitado e com muito ainda para recordar. Mas falemos sobre 2010 e imaginemos o futuro. Pensemos nos drinks que ainda não tomamos, nos banhos de mar que ainda
não vieram e nas muitas gargalhadas que nos esperam. Na espuminha do meu chopp e até nas pedrinhas de gelo do meu uísque, eu prevejo um ano novo revolucionário. Já sabemos que uma eleição se aproxima, assim como as muitas mentiras sinceras de seus respectivos candidatos. Também é notório que o aquecimento global deixa claro não ser apenas uma teoria alarmante. Mas agora eu pergunto: além de prognósticos político-metereológicos, o que é que você quer do seu ano inteiramente novo? Resoluções afetivas? Saúde para dar e vender? Auto-conhecimento e evolução pessoal? Se você deseja alguma das sugestões mencionadas, lembre-se que 2009 é um ciclo que se encerra para que 2010 seja seu sucessor supremo. Lamentar erros e desvios, além de ser atraso de vida, não permite que esse ano que se aproxima seja visto com a realidade esperançosa necessária. Por essas e outras, que venha 2010. Que venha a revolução! Obs: Beijocas especiais para quem faz da Pheha um sábio exercício de entretenimento consciente e, principalmente, para quem tem o desprendimento de divertir-se ao lê-la!
| De pequenino que se torce o pepino |
por Morgana Mastrianni
Que os cariocas se comportem nas salas de concerto. No Rio de Janeiro sofremos de um problema muito sério: a falta de disciplina generalizada. Não pretendo falar aqui do comportamento da população no metrô para não fazer aflorar meus intintos assassinos, nem falarei de salas de cinema, igrejas (sim, lá também), escolas, shoppings ou do trânsito. O problema começa antes mesmo do espetáculo: sempre tem um avoado que não lê o ingresso direito e aparece querendo tirar você do seu lugar. É importante observar se o seu lugar é balcão ou platéia antes de querer tirar alguém da poltrona, ok? Quando todos estão devidamente assentados, sobe o burburinho das conversas. Problema nenhum, desde que elas parem quando os músicos entram. Mas infelizmente há situações em que pessoas insistem no bate-papo e a pior parte é que não param quando são repreendidas, logo, já sabemos que o problema não é elas não saberem que estão incomodando, elas simplesmente não se importam, se acham no direito de conversar quando bem entendem e
ainda por cima riem de quem pede para que se calem. Como sempre pode ficar pior, também há as pessoas que não desligam os celulares, as que comem balas e fazem barulho com os saquinhos de plástico, tiram fotos com flash e ainda comentam com a pessoa do lado sobre o resultado e as pessoas que levam crianças pequenas demais que ficam chorando de sono ou por qualquer outro motivo. Outra coisa que incomoda são as palmas fora de hora. Muitas vezes o público não espera que a música acabe para aplaudir, e o faz quando dá na telha. No texto sobre "concertiqueta" do portal VivaMúsica, isso não é considerado algo tão grave assim, já que significa que um novo público está presente, mas não acredito que sempre a grande massa que faz esse tipo de coisa está assistindo a um concerto pela primeira vez. Acredito que o novo público não está aprendendo, o que é bastante ruim. Mas de qualquer forma o portal também informa sobre a importância de se adquirir o programa do concerto, onde estão relacionadas todas as suas partes, para saber quando a música terminou de verdade e é hora de aplaudir.
Emparelhadas com as palmas fora de hora estão as conversas fora de hora. Por favor, é importante lembrar que é um espetáculo musical e logo a qualidade do som é a maior preocupação. Muitas vezes os outros pormenores são inclusive decididos um tanto quanto em cima da hora. Não que eu concorde com isso: não vamos a um concerto apenas para ouvir, o visual também faz parte, mas certamente experienciar a música ao vivo é o ponto alto e criar interferência sonora é imperdoável. Os músicos ensaiam durante meses, muitas vezes para uma única apresentação e esse momento é quase completamente estragado por alguém incapaz de se sentar quieto ou de guardar seus comentários para o intervalo ou o final do espetáculo. Revoltante. E a falta de educação se estende a todos os lugares: dos auditórios das escolas de música até o Theatro Municipal e se estenderá à Cidade da Música se ela algum dia ficar pronta. Meu desejo para 2010 é o seguinte: cariocas, por favor, respeitem a nossa vontade de ouvir música e o estudo esmerado dos músicos no palco: façam silêncio!
| A função faz o órgão |
por João Márcio Dias
Pernas que bailam na cama, corpos que se atracam, todo um clima de sedução e hálito de hortelã, até que você faz algo e rola um "opa, isso aí não!". E para você o "isso" é muito normal. Então o clima quebra, você perde o tesão, começa a fazer aquele sexo burocrático, afinal, já que está lá, vamos terminar, né? E depois de tudo ainda manda aquele "foi bom pra você?" pra abrilhantar o anticlimax criado pela situação. Como relatamos na nossa terceira edição, todos temos nossos fetiches, e alguns precisam ser conversados a dois, para evitar dores de cabeça e traumas futuros. Mas algumas coisas fazem parte do desenrolar sexual. Ficar de nojinho ou se irritar com muito beijo? Olha, a não ser que você esteja transando com uma prostituta, não existe razão para tal. Cada um tem seu tempo e sua manifestação de carícias. Há quem goste mais de preliminares, não é pra ficar com cara de merda quando chega a salada e querer logo comer o prato principal e pular pra sobremesa. A grande verdade é: existem pessoas que transam com o ego, e não com seus corpos. Acham que alterações em sua performance podem prejudicá-la. Então ficam o resto da vida fazendo aquele arroz com feijão, sem sal e sem sazon. E acham que são reis do sexo, por que uma vez, em 1973, uma mulher teve um ataque epiléptico durante o coito. Mal sabe nosso pobre personagem que não
era orgasmo, era falta de remédios mesmo. Esse sistema de saúde falho prejudica a vida sexual de muito camarada por aí. Entrar em uma relação, seja ela sexual ou afetiva, não se deve entrar com padrões pré-estabelecidos. Muito menos se você nunca ousou tentar e está unicamente com aquela dica de um amigo. Imagine se, quando criança, ao comprar sua primeira barra de chocolate, um amiguinho falasse que chocolate tem o mesmo gosto de jiló, e pra piorar, você acreditasse e nunca mais, na sua vida, comesse chocolate. Pois então, o mesmo acontece com sexo. Tem gente que não cogita certas coisinhas por que pode ferir seus conceitos sexuais. Não estou nem falando do temido fio-terra (um gay falar que fio terra é bacana é como um evangélico dizer que Jesus Cristo é o Senhor - PS: Sim, eu consegui colocar "Fio Terra" e "Jesus Cristo" na mesma frase). Por mais que qualquer sexólogo de beira de estrada diga que a região sugerida é altamente erôgena ainda temos aquela história de "aqui é só saída" e instala-se o mimimi. Mas olha, ainda dou a dica de tentar. Se seu/sua parceiro/a está afim de algo novo, por que não experimentar? Não custa nada. O máximo que pode acontecer é você não gostar e nunca mais fazer, ou você gostar bastante e a relação ficar bem mais interessante. Não perca seu tempo colocando regrinhas naquilo que merece unicamente descontrole e frenesi.
| Nem só de pão viverá o homem |
por Marco Aurélio Garcia No início deste ano um grupo de amigos descobriu na TV a cabo um programa americano que reunia uma série de dançarinos de diferentes estilos, que competem para ser o “Queridinho da América” no palco. Eles passam por vários tipos de dança de salão, contemporâneo, jazz, Broadway, até expressões mais inusitadas como danças russas e Bollywood. A despeito dos incríveis dançarinos que podem ser vistos ao longo das (até então) seis temporadas, uma participação tão importante quanto a dos competidores é a dos coreógrafos, que pintam no palco algumas das mais belas imagens com o corpo humano. Dentre os vários nomes que se comunicam com a platéia de forma singular, a coreógrafa Sonya Tayeh foi uma das que mais surpreendeu desde sua entrada no show. Como o Wikipedia informa, Sonya nasceu no Brooklyn (Maçãzona), foi criada em Michigan, e começou a dançar relativamente tarde no ensino médio. Em suas próprias palavras durante uma entrevista, diz que subiu no palco uma vez ao final de sua graduação apenas por ser absolutamente necessário, já que é muito tímida e tem certo medo do público. Optou por focar sua carreira nos aspectos mais criativos e técnicos da dança, no intuito de buscar sua voz em meio aos coreógrafos americanos, e professa todo um discurso meio conhecido de quem quer deixar sua marca num nicho artístico. Seu estilo
se enquadra no universo do jazz e do contemporâneo, explicitamente marcado por influências de quadrinhos, super-heróis, estética punk, e uma linguagem que traz os movimentos de um lugar honestamente gutural, cheio de conflitos e razoavelmente sombrio. Logo aponta em uma de suas primeiras peças a remissão à fotografia e à escultura, urgindo um controle incrível dos dançarinos que vem de um movimento explosivo e param abruptamente numa pose estranha, que em geral acompanha uma pausa igualmente inesperada na música. Essa técnica é recorrente em seu trabalho, e gera uma sensação de estouro, completamente sincronizada com a perspectiva de fazer o público sentir mais do que refletir sobre aquilo que está vendo – ao menos num primeiro momento. Já os quadrinhos aparecem no figurino (no colorido ou no estilo), nos conceitos de uma briga do bem contra o mal, ou em movimentos que tentam extrapolar a força ou flexibilidade dos dançarinos. A própria idéia de congelar o movimento num dado instante reforça essa leitura, sendo análogo a uma onomatopéia que evoca um som ao ser lida. As músicas que ela utiliza têm uma pegada mais densa, uma característica mais sombria que imprime drama, e exige uma dose considerável de interpretação por parte dos dançarinos. Os movimentos puros, ainda que
tecnicamente exatos, sem a expressão adequada parecem soltos, deslocados e sem unidade, o que faz supor que suas aulas e ensaios sejam processos extremamente emotivos, essencialmente criando uma conexão individual com aquilo que se está apresentando. Algumas das faixascoreografias interessantes foram “The Garden” (cantada por Mirah) e “You Tore My Heart” (por Oona) que tratam de relacionamentos que chegaram ao fim deixando corações espalhados no processo, na base de movimentos convulsivos e dose de atletismo. Seu trabalho fora do show parece reproduzir um bocado das mesmas inspirações, como o grau de conflito e detalhamento que ela despeja em “Lux Esalare”, exigindo que os artistas se lancem (literalmente) uns nos outros com convicção, confiança, e uma intenção clara nos movimentos. Em caráter mais comercial ela coreografou uma apresentação de Kerli no Scream Awards 2008, e aparentemente aplica seu tempo em diversas aulas, workshops e em colaborações com outros grupos (como o pessoal do Monsters of Hip Hop). Infelizmente ela não tem planos de vir para o Brasil com espetáculo algum, então as expectativas de ver uma coreografia a base de Bjork, Santogold, no sul do Equador devem ser guardadas pro pessoal da Austrália – ou para a minha mente que teima em imaginar uma criação do duo Sonya Taye/ Deborah Colker.
Grandes chances profissionais em 2010, e talvez você alcance aquele tão desejado cargo de Dono do Mundo. Aproveite para encontrar aquele par amoroso de câncer para você pisotear sem preocupações ou culpa.
Você terá o controle da situação, só precisa avisar isso para o resto do mundo. A sua busca por um grande amor terá grandes chances de fracassar (mais uma vez) se você continuar com esse comportamento ciumento. Não é por que sua namorada está comprando Avon com sua irmã que elas estão estão tendo um caso. E não a agrida quando a compra chegar e elas se cumprimentarem com dois beijinhos. Os nativos desse signo terão grandes alegrias em 2010. E tristezas. E um grande amor. Mas não será correspondido. Você vai ganhar na loteria e perder o bilhete. Ficará na dúvida entre comprar um sorvete de pistache ou ir para o Amapá.. Grandes possibilidades de ficar em dúvida se você deve sair de casa com uma blusa roxa ou um sapato lilás,o que gerará atrasos em sua vida e automaticamente uma visita ao RH. Sofrimento, dor e glória. A lua na cúspide de câncer trará sensações intensas. •Cuidado com as reações e emoções extremadas, pois são as únicas que você tem. Lembre que o Engov é seu amigo quando sair para chorar por que aquela vagabunda te abandonou. Procure uma ilha deserta e permaneça por lá até 2039 e evite contato com os cocos, pois o carisma deles é absurdo. A cor indicada para o próximo ano é a preta. A tarja preta.
2010 será um ano repleto de desafios. Você, pessoa equilibrada que é, poderá após alguma vodca aprender que tem sérias tendências a labirintite. Mas não se preocupe. Logo você voltará ao seu irritante estado de espírito de "está tudo bem".
Aproveite Saturno em Áries para executar suas vinganças que tenham cinco ou mais anos de planejamento. As vinganças de dois ou mais anos, no entanto, devem ser postergadas. Vinganças com menos de seis meses devem ser remoídas por mais 18 meses. A cor do ano é o vermelho. Vermelho do sangue daquele filho de uma puta que desamarrou o cadarço do seu sapato quando vocês estavam na 7 série.
O ano não começará bem para o nativo de sagitário. Mercúrio, no seu meio-docéu, favorecerá a tomada de decisões imbecis, como viajar para Iguabinha durante o carnaval, por exemplo. Em caso de rompantes de sabedoria, o sagitariano escolherá tomar vinho chileno enquanto come miojo ou fazer sexo com a primeira gostosa desdentada que passar.
2010 será um ano excepcional para o nativo de capricórnio. Seu gosto acurado ditará a moda no ano vindouro. O uso de calças capri retornará com força, e tudo por sua causa. Isso lhe trará dividendos materiais, mas também muitos inimigos, como o SPC, o Serasa e o Banco Panamericano. Seja cuidadoso.
O nativo de leão terá resultados positivos em todas as áreas e usará isso para seu prazer. Para variar, o centro do mundo será você, e ninguém gostará de contrariá-lo, afinal, sua beleza e sedução cativarão a todos e você não se importará muito com os problemas alheios, como de costume.
Nos negócios, este ano será excepcional, acumulará sucessos do começo ao fim. No amor, Vênus no se meio-do-céu trará novas e fortes emoções. Procurar um psiquiatra, ou até mesmo um psicopata, para tratar seus desvios de caráter se mostrará necessário no ano vindouro.
O próximo ano oferece ótimas oportunidades profissionais no ramo da limpeza doméstica e governança, e, embora não prometa grande retorno financeiro, trará sua tão sonhada realização profissional. O ambiente também é propício a encontrar o amor da sua vida, que virá personificado em uma pessoa idosa, com uma grande conta banc..., digo, generosidade.
Em 2010 você será injustiçado apesar da pessoa legal e compreensiva que é. Um monte de gente idiota te fará cobranças sem sentido, e que não cabem a alguém superior e especial como você. Afinal, que tipo de gente dá a descarga depois de usar o banheiro ou arruma a própria cama?
TROFÉU ESPETO DE PAU 2009 Os Vencedores
O Luzes, muitas luzes! Aquele clima de Amaury Jr no ar. Gente bonita, divertida, de bem com a vida, com a pele boa e sem olheiras. Todo mundo reunido para a entrega dos mais memoráveis do ano de 2009 no temido Troféu Espeto de Pau 2009. Em cerimônia realizada no sábado, dia 12 de dezembro, em meio a muito luxo e ostentação, com fogos de artifício, champagnes caras e comidinhas exorbitantes, entregamos aos merecidos ícones desse ano que deixará saudades. O luxo, a riqueza, o tapete vermelho, as beldades em roupas sumárias passando aquela boa energia pro povo, e o povo aclamando nossos heróis. Uma noite banhada a ouro e repleta de muitas jóias. No clima aprazível do requintado bairro de Bangu, vamos começar logo com a premiação antes que o BOPE invada e mate todo mundo.
Assim como qualquer um hoje em dia pode ser jornalista, inclusive nós, qualquer um que tenha o ciclo básico na educação pública pode ser escritor. Esse é o caso de nossos três concorrentes. Paulo Coelho, Willian Bonner e Stephenie Meyer provam que mediocridade é lucrativa, e nos entregam verdadeiras chacotas a qualquer academia de letras do Lesoto. Todos os três merecem ganhar esse Espeto, mas apenas um conseguiu levar para casa. E com 43% dos votos, Crepúsculo, de Stephenie Meyer é o primeiro vencedor da noite.
Melhor Livro a que você NUNCA vai se dar ao trabalho de ler: Série Crepúsculo, com 43%
Idéias, idéias, idéias. Todos temos. Uns são brilhantes. Outros nem tanto. Outros são tão pouco brilhantes, que cheiram a merda. E com isso criamos a categoria "Melhor idéia de jerico". Para nossa alegria, o vencedor mereceu, por tudo que fez, faz e pretende fazer nos próximos anos. Seu brilhantismo merece ser coroado com um Espeto de Pau. Sua idéia conseguiu ser quase tão ruim quanto "viajar para Iguabinha no carnaval para jogar RPG". Mas ele superou. Em clima olímpico, ele não apenas competiu, como levou o ouro e o espeto. Venha Eduardo Paes, com sua idéia absurdamente idiota de mudar a cor da prefeitura de laranja para azul em um ano de crise econômica, e justos 37% dos votos, receber seu prêmio!
Melhor idéia de jerico: “Vou mudar a cor da prefeitura de laranja pra azul.” – Eduardo Paes, com 37%
Chega o fim do ano e a gente começa a planejar o futuro. Fazemos promessas, dedicamos horas para criar planos mirabolantes e no fundo a gente sabe que não vamos pra frente. O mesmo acontece em esfera política. Quando ouvimos uma promessa a gente logo pensa: posso pedir um pônei também? E o Brasil, celeiro de grandes ícones das promessa duvidosa, nos faz brilhar com a proposta de Expansão do Metrô até o Raio que o Parta para os Jogos Olimpicos de 2016. Algo tão possível de acontecer quanto o Trem Bala Rio-São Paulo. Com 51%, nosso estado leva mais esse troféu, por prometer metrô para todos!
Melhor promessa que nunca vai sair do papel: Expansão do metrô para os Jogos de 2016, com 51% Novelas sempre mexem com nosso coração. E algumas mexem com nosso humor e até mesmo vida sexual. Não dá pra ter qualquer envolvimento sexual com alguém que já atuou em novelas de baixo nível. E como alguém poderia dormir em paz sabendo que a Record transmitia deliberadamente algo tão ruim quanto "Mutantes Caminhos do Coração"? Eu não sei vocês, mas eu entrava em pânico ao ver qualquer propaganda. Por isso, com merecidos 52% dos votos, o dia em que essa terrível novela, enfim, saiu do ar, merece o Troféu.
Melhor momento da TV brasileira: O dia em que Caminhos do Coração finalmente acabou, com 52%
O Twitter criou a possibilidade que todos tenham contato com todos, de um jeito muito eficiente. É uma plataforma dinâmica e relações intensas podem acontecer nesses 140 caracteres. Celebridades aderiram a rede e pronto, explodiu no Brasil. Uma dessas estrelas tupiniquins que mais criaram polêmica em pouco espaço de tempo foi Xuxa Meneghel. Após criar um barraco monstruoso, pois descobriu que não é a pessoa mais amada do mundo, Xuxa virou alvo de nossa vergonha alheia. Não só pela sua revolta com o Brasil, mas pela porca educação dada a sua filha e pela sua completa incapacidade de manter a etiqueta em uma nova mídia, a Rainha dos Baixinhos leva, com 41% dos votos, o Troféu Espeto de Pau de Momento Vergonha Alheia do Ano.
Melhor momento vergonha alheia do ano: A sena da Sasha e O JEITINHO DA XUXA, com 41%
Quer destruir toda sua reputação em menos de 30 segundos? Aprenda com nosso amado governador Roberto Requião (PMDB - PR). É muito simples: faça um governo decente, com poucas falhas e alto índice de aprovação. No fim do seu mandato, às vésperas das eleições, dê uma declaração idiota como "parada gay dá câncer de mama". Bingo! Você, além de desmoralizado, ganha o Troféu Espeto de Pau de Maior Babaca do Ano com 43% dos votos. Parabéns!
Grande Babaca de 2009: Governador Roberto Requião (aquele que disse que câncer de mama é culpa das Paradas Gays), com 43%
Planejavamos um enorme discurso para esse tópico, mas acabou a luz. Com 42%, o Apagão é o EPIC FAIL do ano.
Epic #fail do ano: O apagão que afetou 18 estados da Federação, com 42%
Elegância, requinte, luxo, pouco pano e um gingado incrível. Mulher Melancia, nosso maior ícone da moral e bons costumes, menina católica criada em seio familiar consistente, arrebatou corações e com 63% dos votos, nosso maior massacre, levou o prêmio de Pior Outfit, desbancando favoritas como Lady GaGa e Lindsay Lohan. É o orgulho do Brasil. Parabéns Mulher Melancia. Você merece!
Pior outfit do ano: Mulher Melancia, um ícone da elegância, com 63%
Você entendeu a morte do Michael Jackson? Nem eu. E nem 40% dos nossos leitores. Ainda acreditamos fortemente que isso é um viral pra 2012.
História Mal Contada de 2009: Morte do Michael Jackson, com 40%
Um empate é uma pizza: metade derrota, metade vitória. Mas ainda é melhor do que nada. Para quem não quer passar fome, é a saída no aperto. Boninho, o g r a n d e maquinista do entretenimento na Rede Globo, conseguiu a proeza de empatar com Eduardo Paes na categoria "Isso Vai dar Merda". Reativar o já falido reality show No Limite, após 8 anos, é uma idéia tão genial quanto impedir o desembarque e transferência de passageiros, criando automaticamente, um colapso no metrô. Parabéns aos dois exus que empatam com 31% dos votos.
“Isso vai dar merda” de 2009: empatados, com 31%, Reativar o “No Limite” e Conexão Pavuna-Botafogo no Metrô Rio
Ninguém é obrigado a entender de astrologia. Mas achar que Áries é um estado do Brasil já é algo que ninguém tolera. Além de demonstrar completa falta de traquejo com um jornaleco qualquer de beira de estrada com previsões fajutas de Zora Ionara, ainda demonstra que sua cultura geral e geografia passam longe do ideal. Stefhany, você mereceu, por acumular tanta cultura, os 57% dos votos como a frase do ano de 2009.
Frase do ano: “Você é de Áries?”, “Não, sou do Piauí” – Sthefanny (a do Crossfox), com 57%
Michael, você é legal, a gente adora ouvir você, suas dancinhas, tudo mais. Olha, gostamos mesmo. Mas após a sua morte tudo se tornou muito dificil para nós. Afinal, não aguentamos mais ouvir Ben. Por favor, volte a vida e caia no esquecimento novamente. Grato.
Música do ano: As repetidas músicas do Michael Jackson após sua morte, com 40%
Eu me recuso, sinceramente, a fazer um lead sobre o Oasis. Basta que vocês saibam que essa odiosa banda levou um prêmio qualquer aí com 31% dos votos.
Momento “Ah, meu garoto. O que vale é a intenção!”: Fim do Oasis. Todo mundo sabe que eles voltarão, com 31%