A IDEOLOGIA CATÓLICA
Distingue-se em causas próximas que são secundárias e causas remotas que são básicas e fundamentais: As causas próximas da crise são de ordem econômica: a superprodução, a redução nas compras entre os países, as dívidas provindas das guerras, da má administração pública, os novos mercados substituindo os antigos geram conflitos entre os países. As causas, que verdadeiramente explicam a crise são de ordem moral. De um modo geral pode-se dizer que a crise é diretamente proporcional ao afastamento do homem em relação a sua própria natureza e ao seu Criador. Sendo assim, enquanto o mundo está em crise e tudo desmorona, desde a Economia até a Moral, a Igreja se tem como única força organizada e estável existente sobre a terra, capaz de reimpor, pela sua disciplina, a ordem sobre a crise generalizada. A causa próxima de crise generalizada no Brasil tem suas verdadeiras origens na apostasia republicana do Estado e no laicismo pedagógico. A decadência moral quase chegou ao aniquilamento nacional, pois o pouco que os brasileiros ouviram de Deus foi graças a família, especialmente às mulheres e as escolas que continuaram seguindo uma educação moralista que na época era a alma de qualquer instrução. Foi devido à educação laica que estava sendo oferecida no ensino público, que gerou uma moral e civismo artificiais, produzindo assim uma indisciplina, e os efeitos dessa culminaram com a Revolução de 1930 e a Revolução Paulista de 1932. Para que solucionasse a crise foram oferecidos aos homens duas correntes: Uma corrente demagógica, cheia de vícios e paixões, cujo domínio pode levar o país a todos os extremismos modernos, cuja fatal conseqüência será o comunismo materialista, a perseguição religiosa e a total paganizarão da sociedade brasileira. Esta corrente se desdobra em dois braços: o individualismo liberal burguês, o qual traz implícitos e inconfessos os princípios agnósticos que abrem caminho para o seu sucessor lógico que e o socialismo proletário. A corrente nacional, tradicional e cristã. Esta é a que informa o espírito cristão, pois só nesta que existe autêntica e verdadeira saída, pois nela existe a possibilidade de restaurar os valores culturais, morais e cristãos, esquecidos pela civilização burguesa. A doutrina da igreja é verdadeira, na medida em que combina os três elementos e que fazem da Fé o traço da união indispensável entre a ordem da natureza e da graça, equilibrando a complexidade do homem e da sociedade em seu destino natural e sobrenatural. Os elementos são: A tradição, a escolástica e o magistério. A Tradição é entendida como a continuidade dos princípios fundamentais
do cristianismo católico entre seu passado e seu presente. A Escolástica da segurança, pois é a própria “Filosofia Perene”. Ela não está sujeita as contingências do espaço e do tempo, tanto quanto as outras filosofias. O Magistério considerado pelo Vaticano 1º como infalível em matéria de dogma e moral, esta garante, por sua autoridade, uma interpretação verdadeira da Revelação. A saída da crise exige a aplicação de um ideário sobre a realidade em geral. Reduzindo assim após a aplicação ao mínimo às tensões sociais, as paixões individuais e recolocará o homem e a sociedade na senda do bem. Pra tal aplicação deve haver um grande intelectualismo religioso, para que reintegre tudo que a Razão separou de Deus. Para isto deverá haver estudos superiores da religião para leigos, estes devem ter suportes em todos os âmbitos. A reintegração do espiritualismo na sociedade traz a necessidade da moral como força disciplinadora a fim de manter a ordem e a estabilidade. Pode-se se ver que a base desta sociedade é a religião e a religião cristã de fundo católico. A sociedade conheceu seu ápice na Idade Media, pois sua base moral era garantida pela igreja católica. O cristianismo com sua base em uma religião comum conseguira vencer as divisões de raças, conseguindo assim minimizar as diferenciações políticas pela subordinação final dos poderes temporais ao poder espiritual único. O processo de cristianização só se faz mediante a transformação interior dos homens, onde o mundo sobrenatural é integrado e aplicado na vida sócio-politico-econômico. Concretamente os católicos propunham a separação deste cristianismo social das alianças políticos-partidárias, justificando que a política partidária era coisa terrena. Mas o caráter extra-revolucionário do cristianismo deve sobrenaturalizar todo e qualquer regime, incorporando os princípios católicos nos Estatutos do Estado, independente do particularismo político. Estas são as bases da ordem, paz, felicidade e garantem as verdadeiras liberdades sociais e a prosperidade material, e a inserção destes princípios nos estatutos políticos fica a cargo da igreja. O objetivo principal desta sociedade é estabelecer as relações entre a Criatura e o Criador, unir o homem a Deus pela graça. A Igreja, atuando indiretamente na sociedade terrena, produzirá cidadãos cumpridores de seus deveres, honestos, justos, onde as classes sociais se regrarão pela caridade e compreensão, harmonizando-se entre si. O homem se diferencia do animal pela razão, pelas atividades humanas. O homem quer viver em sociedade e conhecer a verdade. Sendo a racionalidade a parte especificamente humana, o homem só é homem propriamente dito, pela sua finalidade espiritual, guiada pela alma, e criada por Deus. A organização social existe uma hierarquia de funções, ou seja, não se pode igualar o que é, por natureza, desigual. As pessoas são diferentes entre sim,
mas desiguais em suas aptidões. Contudo, os órgãos que compõem a sociedade são respeitados em suas funções e respeitam aqueles cujas funções são mais elevadas.
Referência: CURY, C. R. Jamil. Ideologia e Educação Brasileira. Católicos e Liberais. São Paulo