BioPontal Francilelle EMMachadoAssis Anexo 49

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O CAMINHO SE FAZ CAMINHANDO

Este texto parte de uma conversa de educadores, sobre um assunto considerado muito polêmico “Educação e Mudança Social”. Paulo Freire e Myles Horton discutem sobre o processo de produção do novo conhecimento. Ambos defendem que depende de uma transformação nos meios de produção econômica, o que implica numa participação democrática. De acordo com esses autores não existem práticas sem conhecimento. Mas a prática em si mesma não é teoria, ela cria conhecimento, mas não é sua própria teoria. E destaca-se a leitura como meio para se compreender teoricamente a prática. A informação pode ser alcançada através da leitura de um livro ou pode ser obtida através de uma conversa. Ou seja, a conversa de hoje poderá ser útil amanha. Pois a teoria determina o que você quer fazer em termos de ajudar as pessoas a crescerem. Em relação ao educador, este deve saber em benefício de quem e em benefício de que visa trabalhar. Significa a claridade política que o educador tem que ter. Respeitando o conhecimento do povo, pensando sobre uma sociedade diferente. O professor deve ir além do sendo comum do povo, para isso, tendo certo entendimento científico de como as estruturas da sociedade funcionam. O conhecimento está sempre se transformando à medida que a realidade também se movimenta e se transforma. Os autores falam sobre a neutralidade das pessoas, isto é, considerada apenas em seguir a multidão, ser o que o sistema pede que sejamos. Se não estamos interessados em divulgar nossas escolhas, então temos que dizer que somos neutros. Mas, se sendo neutros, estamos apenas escondendo nossa escolha porque perece possível ser neutro no relacionamento entre opressores e oprimidos, é absolutamente impossível. A neutralidade resulta em benefícios para a classe dominante. Um dos problemas não solucionados é a diferença entre educação e organização. Alguns dizem que a organização educa, mas Myles acredita que a educação possibilita a organização, mas também há um interesse diferente, uma ênfase diferente. Tanto mobilizar quanto organizar tem, por natureza, a educação como algo indispensável, isso é, a educação como desenvolvimento de sensibilidade, da noção de perigo, do confronto entre algumas tensões que é preciso ter no processo de mobilizar e de organizar. Em relação aos especialistas, de acordo com o texto percebemos que estes dizem o que as pessoas devem fazer o que tira a autonomia das mesmas para solução de problemas. Com a falta de experiência de fazer, as pessoas passam seus problemas para especialistas. Os especialistas não sabem onde é o limite, acham que é sua obrigação dizer o que as pessoas devem fazer o que tira o poder das pessoas na hora de tomar decisões. De acordo com Paulo Freire não é possível trabalhar


em uma comunidade sem sentir o espírito da cultura que está a muitos anos presente. Deve haver o respeito pela alma da cultura, pelas tradições culturais formadas pelas pessoas. Porém é cultural e histórico, e se é assim pode ser mudado. E se a possibilidade de mudança não é contra a ética, deve-se cometer tal ação. Cultura tem coisas positivas e negativas, e que o que temos que fazer é melhorar as positivas e vencer as negativas. Descobrindo assim meios de lidar com nossas próprias “fraquezas da cultura”. Paulo Freire se diz ter aprendido muito com a paternidade, pois tudo que acontecia em casa com sua família, relacionado a seus filhos, era discutido com sua esposa e se falasse “não”, tinha que haver alguma razão. Porque assim ensinavam-se as crianças a começarem a procurar as razões, os fatos, os eventos, porque sempre existem razões. Ou seja, tínhamos que explicar todas às vezes porque alguma coisa não era possível. Para esse educador a lição principal em trabalhar com os filhos foi entender que desde o começo havia a necessidade de limites. Pois sem limites, é impossível que a liberdade se torne liberdade e também impossível para a autoridade realizar sua obrigação, que é precisamente a de estruturar limites. O mesmo acontece na sala de aula o professor deve impor certos limites, e dar respeito para ser respeitado. Porém, temos que ter bastante cuidado com a imposição de limites, pois eles inibem o crescimento e o desenvolvimento. Deve haver uma tomada de posicionamento e ponderar o que pode ser aplicado na educação e o que não deve ser feito, visando sempre à aprendizagem do aluno.

REFERÊNCIA

HORTON, Myles & FREIRE, Paulo. O caminho se faz caminhando: conversas sobre educação e mudança social. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.


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