BioPontal Francilelle EMMachadoAssis Anexo 74

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RESENHA DO FILME: MÚSICA DO CORAÇÃO Neste trabalho discorreremos alguns apontamentos sobre o filme “Música do Coração” articulando com autores especialistas neste assunto. Para que assim possamos entender na íntegra todos os aspectos positivos e negativos encontrados no presente filme. Entendendo como se dá profissão docente, e compreendendo também como trabalhar com a diversidade cultural existente no âmbito educacional. A professora de música Roberta Demetras passa por problemas pessoais, ou seja, seu esposo a abandonou com três filhos para criar. A partir daí ela percebe a necessidade de buscar emprego, conversou com a diretora de uma instituição de periferia, mas não obteve muito sucesso por interferências de outros professores. Ela não tinha escolha, pois precisava do emprego para se manter na cidade e sustentar seus filhos. Podemos entender que isso é o que acontece com muitas professoras, a falta de escolha às faz encarar a sala de aula muitas vezes sem preparo para ocupar tal tarefa. A professora Demetras encontrou alguns entraves para adentrar nesta instituição, mas foi contratada. Problemas emocionais cercavam-na de toda forma, com filhos para criar e sua vida sentimental despencando tinha que se reerguer profissionalmente. A escola não era fácil de lidar, a professora se deparou com muitos alunos problemáticos, de pais separados, que moravam em favelas e eram sujeitos a balas perdidas e assaltos, negros, alto grau de pobreza, crianças com deficiência física, etc.

Sabemos que muitas crianças que chegam à escola possuem ritmos diferentes, algumas possuem um atraso do desenvolvimento de suas funções neuropsicológicas devido um atraso na sua maturação. Outras apresentam comportamentos inadequados. Muitas, por problemas sociais e familiares, trazem na bagagem anos de vivencia permissiva e estes padrões de comportamento se chocam com a aprendizagem formal realizada nas escolas. (OLIVEIRA, 2001, p. 79)

Ao se apresentar em sala de aula Demetras leva um susto, pois a turma é muito indisciplinada, e colocar ordem nessa bagunça pra ela tornou-se um desafio. Muito rígida não media palavras para falar com os alunos “vocês foram horríveis” as crianças não encontravam sentido em tocar, tocar pra que. Devemos entender que a partir do erro abre-se uma nova porta para a aprendizagem, pois através do erro o aluno aprende, não sendo correto por parte do professor a punição. O erro deve ser considerado um mecanismo de ensino-aprendizagem, ou seja, por meio deste o aluno vai construindo o conhecimento.


Partia-se da premissa que qualquer aluno poderia tocar, todos poderiam aprender. Assim como em outras disciplinas entende-se que todos podem aprender, devemos respeitar o tempo de cada um valorizando assim o diferente. Porém a professora foi se deparando com algumas dificuldades. A mãe de um aluno negro o proibiu de freqüentar as aulas de música, justificando a cor de sua pele e a falta de significado da música em sua vida por ser uma criança negra e pobre. Algum tempo depois a professora conseguiu convencer esta mãe mostrando a importância do menino voltar a tocar violino. Isso nos remete a pensar em algo mais amplo, isto é, a música talvez não teria sentido para a mãe, sendo para criança de grande valia na aprendizagem de outras disciplinas e para sua vida. Na sala de aula a professora se deparou com outro problema uma menina com deficiência nas pernas que se sentia desmotivada para tocar diante das suas dificuldades motoras. Após saber que um dos maiores violinistas do mundo também tinha essa mesma deficiência e conseguia um bom desempenho tocando sentado, a menina se sentiu capaz de atingir resultados bons. Segundo Falcão (2001) a criança é dotada de motivação para aprender, sendo assim a escola deve mudar sua forma de trabalhar, e juntamente com a família deve considerar este problema como um desafio a ser alcançado. O professor deve estar bem preparado para atender as diversidades presentes na sala de aula. Este deve saber trabalhar com o diferente considerando como um desafio para sua carreira do magistério. Problemas cotidianos dos alunos influenciam no rendimento das aulas. Alunos faltam por ter sua casa assaltada, perdendo desse modo o próprio violino. Outro estava ausente por ter tido crises de asmas constantes. Outra esquecendo seu violino na casa da mãe sendo proveniente de pais separados o que a impossibilitava de chegar em horário certo e com instrumento em mãos, e muitos outros problemas são encontrados. A professora tinha que se adaptar as necessidades e características dos alunos dos vários ambientes, mudando assim suas concepções. Barros nos deixa claro que:

Em lares desorganizados, a criança não recebe dos adultos a assistência material e moral de que necessita. Não tem, então, condições de atender as exigências da escola, com relação ao uniforme, ao material escolar, aos deveres de casa e a obediência ao horário de entrada em aula. Há crianças órfãs, ou cujos pais ou mães não têm condições financeiras para adquirir uniforme, livros e cadernos, ou cujas mães trabalham fora, não estando perto para lembrá-las de fazerem as lições de casa, nem de vestir-se a tempo de chegar na escola no horário de entrada. (BARROS, 2004, p. 176-177)


Podemos entender baseado em Barros que esses déficits devem ser entendidos pelos professores para que assim possam mudar suas práticas escolares para suprirem essas deficiências, dando a oportunidade dos mesmos para construção do próprio conhecimento. Considera-se relevante a organização do sistema educacional em função das necessidades dos alunos. Deve haver uma flexibilização curricular. O seu método rígido de ensinar, sua maneira de falar com seus alunos deixa uma mãe contrariada, ambas entram em conflito. Mesmo assim na sala de aula a professora tenta mudar sua forma de tratamento, mas para sua surpresa os alunos não gostam e pedem que os tratem do modo anterior. Justificando que não precisam de uma professora “boazinha” que escondem seus defeitos, querem aprender reconhecendo o próprio erro. De acordo com Fontana (1998): Crianças criticadas com freqüência por um professor em especial se já forem inclinadas a ter uma baixa auto-estima, perderão a confiança em sua própria capacidade e tenderão, em conseqüência, a ter um desempenho inferior ao que poderiam. (FONTANA, 1998, p.401)

Com todos os entraves a professora consegue uma banda que toca muito bem com alunos dedicados e pais orgulhosos. Ela vence algumas barreiras encontradas na escola após sua chegada, e conquista seu lugar na instituição, porém ainda não sendo aceita por todos os membros. Passaram dez anos seus alunos triplicaram, sendo reconhecida como uma boa professora de música. A professora mostrando seu trabalho conquistou seu espaço dentro da instituição mostrando a importância da música na vida dos alunos e o que esta poderá influenciar no processo de ensino-aprendizagem. Podemos assim compreender que os tempos mudaram juntamente com as práticas escolares, a importância que o professor tem na aprendizagem das crianças, pois tem deixado de ser um mero transmissor de conhecimento para passar a ser um “orientador”, facilitador para a construção do conhecimento. Para que isso se concretize devera haver uma mudança geral da escola, de infra-estrutura, recursos, entre outros. Entendemos que a educação deve partir sempre da realidade do aluno, para que possa em sala de aula fazer uma articulação do conteúdo com as vivencias do cotidiano, facilitando o processo de aprendizagem e a relação professoraluno. Compreendemos que este trabalho de reflexão sobre o filme “Música do Coração” poderá contribuir-nos para um entendimento maior em relação ao processo de ensinoaprendizagem e a profissão docente e como estes se dão no âmbito educacional, sendo de grande relevância para nossa formação enquanto alunas do curso de graduação em


Pedagogia. Entender as problemáticas existentes no cotidiano escolar torna-se essencial para que possamos repensar nossas futuras práticas escolares. Percebemos que os problemas afetivos e sociais que o educando traz para a sala de aula dificulta o trabalho do professor que se sente mal preparado para tal tarefa. Sendo assim entendemos que o educador precisa rever suas práticas em sala, visando uma melhor interação com o aluno e a obtenção de êxito no processo de ensino-aprendizagem.

Referências:

ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na sala de aula. São Paulo: Papirus, 1999. (páginas 104 a 109) BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos de psicologia Escolar. São Paulo: Ática, 2004. FALCÃO, Gérson Marinho. Psicologia da Aprendizagem. São Paulo: Ática, 2001. FERRARI, Iva Joanna. Quando o fracasso escolar e uma resposta às expectativas familiares. Revista Psicologia Argumento. Ano XXVI, Abril-2000. FONTANA, David. Psicologia para professores. São Paulo: Edições Loyola, 1998. OLIVEIRA, Gislene Campos de. Dificuldades subjacentes ao não-aprender. IN: SISTO, Fermino Fernandes; BORUCHOVITCH, Evely; FINI, Lucila Diehl Tolaine (orgs). Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagógico. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.


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