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Capítulo Catorze ..................... SATURNO

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Índice Remissivo

Índice Remissivo

Com muita frequência, portanto, nos assuntos humanos estamos sujeitos a Saturno, através do ócio, da solidão ou da força, através da Teologia e da mais secreta filosofia, através da superstição, da Magia, da agricultura e através da tristeza. — Marsilio Ficino (1433-1499), O Livro da Vida

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Saturno constitui um dos mais complexos arquétipos na mandala astrológica. A maior parte dos outros planetas revela seu lado problemático quando combinados com Saturno — e, realmente, Saturno é o capataz arquetípico entre os planetas. Escuridão, destruição, doenças e atraso são todos lançados sobre os ombros de Saturno. Mas, Saturno também era o regente da Idade de Ouro mitológica, a alegre primavera da humanidade. Reza a tradição astrológica que os benefícios de Saturno seriam maiores — ou ao menos mais substanciais — do que os de qualquer outro planeta. Claro, faz parte da natureza humana botar toda a culpa em um dos lados da cerca enquanto coloca simultaneamente todo o crédito em outro lugar e, na astrologia, esses papéis polarizados foram atribuídos a Saturno

e Júpiter, respectivamente. Mas sempre há dois lados em tudo na natureza (e na astrologia) e, assim como vimos que Júpiter tem seu lado negativo, devemos também observar as características mais positivas de Saturno.

Vamos explorar primeiro o lado escuro dele. Os gregos o conheciam como Cronos, um dos sete Titãs. Os antigos escritores gregos tiraram o nome Cronos de chronos, que significa Tempo. Cronos era filho de Urano (Pai Céu) e Gaia (Mãe Terra). Quando Urano se tornou tirânico e despótico, Gaia persuadiu Cronos a derrubar seu pai. Cronos esperou Urano e castrou-o com uma foice; tornou-se assim rei dos deuses. Casou-se com sua irmã Réia e, como seu pai, tornou-se um déspota à sua maneira. Começou a acreditar que seus filhos tentariam destroná-lo, assim como ele destronara seu pai. Logo que Réia dava à luz, Cronos engolia os recém-nascidos, consumindo sua própria descendência. Primeiro Héstia, em seguida Deméter, Hera, Hades e Posídon desapareceram dentro do estômago de Cronos. Mas, quando Zeus nasceu, Réia embrulhou uma pedra em cueiros e Cronos, sem perceber, a engoliu. Zeus foi mantido a salvo; quando cresceu, começou a trabalhar como copeiro para o velho Cronos e lhe deu uma poção que o fez vomitar todos os filhos. Apoiado por seus irmãos e irmãs, Zeus pegou em armas contra Cronos e os outros Titãs. Após dez anos de guerra, os novos deuses, os olímpicos, reinaram supremos. Cronos e seus irmãos foram aprisionados no Tártaro, uma região escura e sombria nos confins da terra99 .

O Saturno astrológico sempre foi associado à letra da lei e não ao espírito: os gnósticos e os primeiros cabalistas identificaram Saturno com o deus do Velho Testamento, que viam como um pai tirânico, obcecado pelo cumprimento rígido da lei. Realmente, pode ter havido uma ligação simbólica muito antiga entre Saturno e Javé, pois o sabá de Javé ou o dia sagrado é no sábado — dia de Saturno.

Há de fato uma associação entre a trindade masculina de paisdeuses representados por Júpiter, Saturno e Urano, que simbolicamente representam o pensamento patriarcal religioso e político através das eras. Urano, o pai original, era a versão grega de Varuna, o deus da criação védico. Ele governou antes de Saturno. Então veio Saturno, armado de uma foice, e destronou Urano pela castração, acabando com seu poder gerador. Em seguida veio Júpiter que, como o "Filho de Deus" Jesus, foi visto como salvador das gerações futuras, que não seriam mais governadas por um pai-deus tirânico que engolia seus filhos. As associações entre o governo de Júpiter e o cristianismo ajustam-se aos signos astrológicos regidos por Júpiter — Peixes, o signo associado ao

99. Hesíodo, Theogony and Works and Days, ibid., pp. 7-25.

Saturno prestes a devorar um de seus filhos, do Kunstbüchlin, de Jost Amman, publicado por Johann Feyerabend, Frankfurt, 1599

cristianismo, e Sagitário, o signo associado a sistemas de crença filosóficos e à consciência de uma força maior que governa a natureza. Assim, não é tão importante aqui o pai que derruba o filho, que por sua vez derruba o outro filho, quanto a tendência de qualquer ordem a dar lugar progressivamente a uma nova. Embora o judaísmo nunca tenha derrubado o pensamento religioso pagão, certamente preparou o caminho para que um sistema de crença totalmente novo tomasse forma. Da mesma maneira, o cristianismo não derrubou o judaísmo, mas sua influência formou a cultura ocidental pelos últimos dois mil anos e o pêndulo da história ocidental inclinou-se numa nova direção. Pareceria, então, que a trindade de Urano, Saturno e Júpiter representa três pais-deuses que impingem suas próprias leis de acordo com sua própria natureza peculiar; é preciso recorrer a essas leis ou resoluções para ler seu simbolismo na estrutura astrológica.

Saturno com freqüência aparece como um significador do pai em astrologia, assim como o Sol; mas, no caso de Saturno, a ligação com o pai com freqüência simboliza problemas com ele. Uma criança com um pai saturnino tirânico pode ser facilmente "engolida" por esse genitor dominador. Um Saturno dominante num horóscopo natal pode indicar, portanto, o pai controlador que tenta moldar seus filhos segundo sua própria imagem e forçá-los a viver de acordo com seus padrões. Uma das tristes conseqüências dessa situação é que a criança com freqüência também se tornará um pai tirânico! Essa criança deve desejar romper com o papel de pai controlador, mas terá problemas ao fazê-lo — pela simples razão de que não conhece nenhuma outra maneira de agir. Afinal de contas, aprendemos como ser pais vivenciando nossos próprios pais. Zeus derrubou Cronos mas, como o pai, tinha medo de que um de seus filhos pudesse tentar derrubá-lo. Como nos conta a psicologia moderna, uma família disfuncional é uma instituição autoreprodutora. Para se libertar do padrão, a pessoa deve desenvolver um dos aspectos mais positivos de Saturno — o mentor ou regente da Idade de Ouro. Essa tarefa demanda dedicação, devoção e uma vida inteira de trabalho duro. Saturno, quando se manifesta como um complexo psicológico, agarra-se mais firmemente do que qualquer outro planeta (com a possível exceção de Plutão). Tentar transformar Saturno no mestre interior é difícil, porque isso nos força a lidar também com outros aspectos problemáticos dele.

Cronos terminou sua carreira como prisioneiro no Tártaro. O planeta Saturno pode, literalmente, colocar-nos em nosso Tártaro pessoal, trancando-nos em cadeias de desolação tão pesadas que nos sentimos como se estivéssemos realmente num buraco escuro nos confins da terra. O que pode intensificar a dor desse tipo de situação (ou carma, que é uma das associações esotéricas de Saturno) é que Saturno já esteve lá em cima e caiu no poço escuro e solitário. Foi outrora o governante de

Os anéis de Saturno, que representam limitações e fronteiras em nossa vida. Fotografia da NASA

todo um reino e sofreu o banimento e a perda do poder. Esse Saturno "isolacionista", assim como o Saturno "caído", são características que afetam até mesmo nossas interpretações modernas do planeta, embora mais recentemente astrólogos de orientação mais voltada à psicologia, como Liz Greene, tenham nos ensinado a iluminar seu lado brilhante assim que a escuridão dele houver sido descoberta100. Mas, o legado astrológico da maioria dos antigos textos romanos e medievais, até a era da astrologia humanista, inclina-se a retratar Saturno apenas como o miserável anjo caído, e não como o governante da Idade de Ouro. E, realmente, quando se experimenta uma visita de Saturno que resulta num poço de desespero e escuridão, podemos nos sentir tão envergonhados, tão temerosos de que nunca voltaremos a nos erguer daquelas escuridão, que nos mantemos psicologicamente trancados no Tártaro por um tempo muito longo. É o temor de nunca voltar a se erguer, a culpa por ter feito algo terrível no passado e que deve ser subseqüentemente punido e a humilhação por ter estado no alto da montanha antes de cair; eis a maioria dos complexos de Saturno. Uma vez que reconhecemos essas energias, sejam impostas por forças externas ou auto-impostas, aprendemos que o único modo de nos erguer e sair disso é assumindo a responsabilidade sobre aquela situação desagradável. Muitos dos que sofrem dos problemas de Saturno permanecem em suas câmaras de desolação por anos, porque ainda não assumiram

100. Greene, Liz, Saturn: A New Look at an Old Devil, Nova York, Samuel Weiser, 1977.

a responsabilidade pela situação, preferindo culpar parentes, a sociedade, o chefe ou circunstâncias externas por seu contínuo infortúnio. Saturno, portanto, representa nossas limitações, e esses limites são simbolizados de diversas maneiras. Primeiro, o tempo de Saturno no trono como governante onipotente, que parecia ilimitado, mas acabou tendo um fim. Em segundo lugar, há limitações e fronteiras representadas pelo aprisionamento de Saturno no Tártaro, uma existência escura e solitária. Terceiro, e talvez o mais simbólico de todos, para os antigos esse planeta era o membro mais distante do sistema solar e, portanto, representava o limite ou fronteira da esfera dos planetas. O simbolismo não está restrito aos tempos antigos; criamos nossos próprios símbolos até hoje. Sondas enviadas ao planeta Saturno convenceram os cientistas de que esse planeta tem o mais complexo conjunto de anéis existente. O campo de força desses anéis pode ser responsável pelo campo gravitacional de Saturno. Gravidade, estabelecer obediência aos limites são as áreas regidas por Saturno. Quando tentamos transformar Saturno de tirano em mentor, encontramos todas as nossas limitações, tanto materiais quanto psicológicas. Nossos instintos reprimidos, os recônditos escuros de nossa alma, tudo vem à tona. Saturno nos sujeita a restrições e atrasos também no plano material. Telhados furados, carros que não funcionam, contas não pagas e a agonia de ficar na fila para preencher formulários em triplicata — isso tudo faz parte do domínio de Saturno. Ele pode nos induzir a um estado de depressão — o estado de mente em que nos sentimos realmente confinados numa escuridão sem fim.

Estudiosos medievais e renascentistas associavam Saturno a um dos quatro humores da antiga medicina e, o que não é surpreendente, Saturno regia o humor melancólico101. Temos aí uma boa metáfora para a influência depressiva de Saturno.

Uma versão mais contemporânea de Saturno devorando um de seus filhos, segundo o Saturno de Goya, c. 1820

101. Lilly, William, An Introduction to Astrology, Hollywood, CA, Newcastle, 1972 (publicado pela primeira vez em 1647).

Marsilio Ficino prevenia seus colegas magos da Renascença contra o poder sombrio de Saturno sobre filósofos e estudiosos. De acordo com Ficino, homens de estudo tinham mais tendência do que os outros mortais para sofrer de aflições saturninas102. Para os Gauquelins, homens de estudo realmente estão sob os raios de influência de Saturno, como mostravam os posicionamentos de Saturno no mapa astrológico de cientistas e médicos nos "setores de Gauquelin", quando examinados estatisticamente103. Mas, se a melancolia do sábio era associada a Saturno, a sabedoria também o era. O Pai Tempo traz serenidade, assim como ansiedade. E sua sabedoria é a sabedoria da própria terra.

Hesíodo fala de cinco idades da humanidade: Ouro, Prata, duas Idades de Bronze e uma Idade do Ferro. Como o ouro é o mais puro dos metais, a Idade de Ouro foi a mais pura era da humanidade. Prata, Bronze e Ferro representam uma degeneração da consciência humana104. A Idade de Ouro de Hesíodo parece, de muitos modos, remontar a um país das maravilhas pré-histórico: ninguém trabalhava, o tempo era eternamente agradável, a fruta caía das árvores por vontade própria e havia abundância de carneiros e cabras. Os felizes mortais da Idade do Ouro passavam seus dias dançando e orando aos deuses e a morte era, para eles, tão amigável quanto o sono. Era Cronos quem regia essa Idade de Ouro. Isso, junto com sua foice (instrumento com o qual castrou Urano), sugere que ele era de algum modo uma divindade agrícola. Se examinarmos a antiga religião da Itália, essa suposição é confirmada, pois Saturnus era originalmente um deus dos campos de colheita105. (O glifo de Ceres, a deusa feminina do grão, é outra forma da foice de Saturno, mas virada para o lado oposto.) O festival de inverno de Saturno, a Saturnália, era uma época em que toda licenciosidade era permitida, em que sérios guerreiros romanos e matronas divertiam-se como os filhos despreocupados da Idade de Ouro; uma época em que a realidade era virada de cabeça para baixo e os senhores visitavam seus servos. Há também outra característica menos agradável desse período do ano que sugere o simbolismo de Saturno. O término do ano no solstício de inverno marcava a época em que apareciam os coletores de impostos. Todas as somas devidas ao governo, suseranos ou devedores tinham de ser cobradas e pagas. Essa é outra face de Saturno e seu signo de regência, Capricórnio: os débitos devem ser resolvidos. Mesmo hoje, aqueles que não podem pagar seus impostos ou suas contas sentem medo ou aversão pela época de fazê-lo. Quando as pessoas estão agoniadas pelo

102. Ficino, Marsilio. The Book of Life, ibid., passim. 103. Gauquelin, Michel, Cosmic Influences on Human Behavior, ibid., pp. 120-132. 104. Hesíodo, Theogony and Works and Days, ibid., pp. 40-2. 105. Perowne, Stewart, Roman Mythology, Londres, Hamlyn, 1969, pp. 42-3.

medo de perderem seus bens por não serem capazes de saldar suas dívidas, estão normalmente murmurando a melodia do lado menos glamouroso de Saturno. Na Babilônia, o planeta Saturno era chamado Ninib, e esse Ninib, como o itálico Saturnus, era uma divindade agrícola. A correlação de Saturno com a agricultura sugere a natureza do próprio tempo. Os frutos só podem ser colhidos na estação apropriada, após o trabalho no solo estar completo. Não se pode forçá-los a vir antes do tempo. Da mesma maneira, pessoas com um Saturno bem colocado têm um bom "senso de oportunidade". Trabalham o solo cuidadosamente, plantam as sementes na época certa e dão água e adubo às plantas com paciência, esperando pela colheita. Impressionam os outros com sua capacidade de organização, embora possam ser um tanto dominadores ou autoritários sobre o modo como as coisas devem ser feitas.

A sabedoria proverbial de Saturno é a da própria terra. Não é por acaso que os americanos contemporâneos se referem aos anos de aposentadoria como "anos de ouro"; Saturno rege a velhice e mesmo hoje buscamos fazer desse período uma idade de ouro — ainda que com sucesso irregular. Aqueles que perseveram, que aprendem a enfrentar suas limitações, suas tiranias e sua própria escuridão; que se curvam devagar, pacientemente, para a aceitação gentil e tolerante do mundo que os rodeia — esses são os indivíduos que experimentam Saturno como o regente de uma idade de ouro interior. Envelhecem com dignidade e sabedoria, aproveitando seus anos dourados. Saturno é o mestre interior. Esse mestre pode tornar-se um tirano, um patriarca severo e obcecado por leis de restrições, ou pode tornar-se um verdadeiro mentor. Como afirmou Robert Bly, os homens americanos (e provavelmente também as mulheres) carecem desesperadamente de verdadeiros mentores106 .

O conceito do mentor é tirado também da mitologia clássica. Mentor, um personagem da Odisséia de Homero, era o velho conselheiro de Telêmaco, o jovem herdeiro de Odisseu. Enquanto Telêmaco esperava em vão por seu pai ausente, Mentor guiava suas ações com sábios conselhos. De qualquer modo, só parecia ser o Mentor. Na verdade, era Palas Atená quem falava a Telêmaco, usando Mentor como veículo107 .

O relacionamento entre Mentor e Telêmaco traz muitos pontos importantes. Em primeiro lugar, o conselheiro, Mentor, não é o pai do jovem. Como notou Bly, um jovem não pode ser iniciado nos mistérios

106. "A Gathering of Men", PBS, 1989. 107. Homero, The Odyssey, trad. Robert Fitzgerald, Garden City, Nova York, Doubleday, 1961.

Saturno, ou Cronos

da vida por seu pai. Seu laço é demasiado próximo e qualitativamente diferente. O mentor necessita de um certo distanciamento de seu protegido108 .

Infelizmente, nossa sociedade não reconhece a necessidade espiritual pela figura de um mentor, ao menos não nos dias atuais. Antigamente, um homem servia seu mestre como aprendiz, especialmente na época dos artesãos especializados. Essa relação desapareceu em nossa veloz era tecnológica. Ainda é possível, especialmente dentro das muralhas fechadas de uma universidade ou de um monastério, desenvolver

108. "A Gathering of Men ", op. cit.

e manter esse tipo de relacionamento. Porém, quando a figura paterna tenta representar o papel de mentor, normalmente acaba por se tornar um Cronos tirânico no processo. Poucos de nós temos oportunidade de ser iniciados nos mistérios da vida (especialmente nos "mistérios" da carreira, o verdadeiro domínio saturnino) por uma genuína figura de mentor. A maioria de nós precisa cultivar o mentor interior ou escolher uma figura histórica (o próprio Bly escolheu William Butler Yeats). Saturno no horóscopo é o planeta mais adequado para representar o papel de mentor interior — mas devemos libertar Saturno do estigma de pai tirânico antes que ele possa realmente representar esse papel. Enquanto permanecermos abatidos por atitudes limitadoras, Saturno não pode funcionar plenamente. Ele pode nos tornar magnatas, mas não nos fará felizes. Necessitamos da sabedoria terrena de Saturno para que esse planeta nos mostre seu melhor lado, e a sabedoria terrena é uma sabedoria feminina. É significativo que a Odisséia conte que Palas Atená falava através de Mentor, pois isso sugere que o mestre interior necessita de um equilíbrio das polaridades masculina e feminina para ser realmente efetivo. Astrologicamente, Saturno é exaltado em Libra, signo tradicionalmente regido por Vênus e que também é associado ao asteróide Palas Atená, unindo assim o simbolismo patriarcal de Cronos com elementos femininos. Talvez o símbolo mais completo de Saturno seja aquele que vem do folclore popular — o Pai Tempo. Essa figura alegórica deriva-se claramente de Saturno. Cronos significa "Tempo"; o Pai Tempo faz sua aparição na noite de Ano-Novo, que ocorre durante o mês astrológico de Saturno, Capricórnio. O Pai Tempo traz uma foice na mão — a foice que marca a posição de Saturno como deus da colheita, ou a foice com a qual Cronos castrou Urano. Na virada do ano, o velho Pai Tempo magicamente desaparece, substituído pelo bebê do Ano-Novo. Mesmo se a maioria de nós vê esse drama como uma melodia adequada à orquestra de um Guy Lombardo, é puro mito. Assim é a Criança Divina nascida no solstício de inverno.

Saturno deve nos apresentar limitações e restrições. Pode nos amadurecer, forçando-nos a trabalhar dentro desses limites. Pode lançar sobre nós a sombra de um pai tirânico, da qual devemos aprender a emergir. Todos esses trabalhos só podem ser realizados com o tempo, mas sua realização leva a um renascimento, uma idade de ouro do espírito que pode ocorrer em qualquer época, não apenas em nossa velhice. Os períodos mais típicos para que essa realização se manifeste são durante as "Revoluções de Saturno", algo com que a maioria dos astrólogos e seus clientes estão familiarizados. Aos 29, 58 e 87 anos isso ocorre, períodos em que os indivíduos são testados por esse planeta em muitas disciplinas diferentes. O primeiro retorno, aos 29, normalmente implica um período de sensatez — o indivíduo aceita que a maturidade

e a responsabilidade devem vir no lugar do abandono da juventude. O segundo retorno, aos 58 anos, pode ser uma das mais gloriosas experiências de Saturno, se o indivíduo realmente conseguir atingir a sabedoria buscada por esse planeta. Também pode ser experimentado como um período dos mais difíceis, especialmente, se o indivíduo não está inspirado por seu trabalho e vê a vida como uma constante lida. Poucas pessoas conseguem chegar ao terceiro retorno de Saturno, mas, como ele vem quase junto com o retorno de Urano (ver Urano), pode ser muito profundo.

Quíron e seus alunos

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