Revista do Meio Ambiente 50

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revista do meio

amBiEnTE Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental

Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br

A importância do

voto ambiental

ano VII • agosto 2012

9772236101004

ISSN 2236-1014

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Só 9% dos municípios já têm Plano de Resíduos Sólidos Animais também têm consciência Incêndios florestais revelam estado de desobediência civil Brasileiro se preocupa com meio ambiente, mas faz pouco



nesta edição 3

Capa 18 A importância do voto ambiental Lixo e Reciclagem 8 Só 9% dos municípios já têm Plano de Resíduos Sólidos

dizem neurocientistas

por Marco Túlio Pires

Política Ambiental 13 Registro de queimadas no país este ano é 61% Cidadania Ambiental 26 Brasileiro mostra preocupação com meio ambiente, mas ainda faz pouco

por Jéssica Lipinski

10 • Quem é o irracional?

Diretoria Executiva Presidente: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista

20 • Muito mais grave que Belo Monte

Pessoa Jurídica A Rebia mantém parceria com uma rede solidária de OSCIPs (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que respondem juridicamente pela finanças dos veículos de comunicação e projetos da Rebia: • Associação Ecológica Piratingaúna CNPJ: 03.744.280/0001-30 • Sede: R. Maria Luiza Gonzaga, nº 217, Ano Bom - Barra Mansa, RJ • CEP: 27323-300 • Utilidade Pública Municipal e isenta das inscrições estadual e municipal • Prima – Mata Atlântica e Sustentabilidade (Ministério da Justiça - registro nº 08015.011781/2003-61) – CNPJ: 06.034.803/0001-43 • Sede: R. Fagundes Varela, nº 305/1032, Ingá, Niterói, RJ CEP: 24210-520 • Inscrição estadual: Isenta e inscrição Municipal: 131974-0 www.prima.org.br

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maior do que em 2011

por Carolina Gonçalves

4 • Desafios do jornalismo rm busca para a sustentabilidade 6 • Notícias do meio ambiente 12 • Nem toda a terra está disponível para o ser humano

Elza Fiúza/ABr

Animais 10 Animais também têm consciência,

Conselho Consultivo e Editorial Adalberto Marcondes, Ademar Leal Soares, Aristides Arthur Soffiati, Bernardo Niskier, Carlos A. Muniz, David Man Wai Zee, Flávio L. de Souza, Keylah Tavares, Luiz A. Prado, Maurício Cabral, Paulo Braga, Raul Mazzei, Ricardo Harduim, Rogério Álvaro S. de Castro, Rogério Ruschel

Moderadores dos Fóruns Rebia Rebia Nacional (Rebia-subscribe@ yahoogrupos.com.br): Ivan Ruela – gestor ambiental (Aimorés, MG) Rebia Norte (Rebianorte-subscribe@ yahoogrupos.com.br) – Rebia Acre: Evandro J. L. Ferreira, pesquisador do INPA/UFAC • Rebia Manaus: Demis Lima, gestor ambiental • Rebia Pará: José Varella, escritor Rebia Nordeste (Rebianordeste-subscribe@ yahoogrupos.com.br) – Coordenador: Efraim Neto, jornalista ambiental • Rebia Bahia: Liliana Peixinho, jornalista ambiental e educadora ambiental • Rebia Alagoas: Carlos Roberto, jornalista ambiental • Rebia Ceará: Zacharias B. de Oliveira, jornalista, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente • Rebia Piauí: Dionísio Carvalho, jornalista ambiental • Rebia Paraíba: Ronilson José da Paz, mestre em Biologia • Rebia Natal: Luciana Maia Xavier, jornalista ambiental Rebia Centro-Oeste (Rebiacentrooestesubscribe@yahoogrupos.com.br): Eric Fischer Rempe, consultor técnico (Brasília) e Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista ambiental Rebia Sudeste (Rebiasudeste-subscribe@ yahoogrupos.com.br) - Rebia Espírito Santo: Sebastião Francisco Alves, biólogo Rebia Sul (Rebiasul-subscribe@yahoogrupos. com.br) - Coordenador regional: Paulo Pizzi, biólogo • Rebia Paraná: Juliano Raramilho, biólogo • Rebia Santa Catarina: Germano Woehl Junior, mestre e doutor em Física. Rio Grande do Sul: Julio Wandam - Os Verdes de Tapes/RS e GT de Comunicação da Rede Bioma Pampa, filiada a APEDeMA/RS

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14 • Desmatamento diminui 16 • 50ª edição da Revista do Meio Ambiente

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21 • (Belo Monte) Parou!

21 • Apelo indígena às autoridades federais do mundo 22 • Eu quero minha liberdade de volta 23 • Onde o sonho “verde” de Londres desbotou 24 • Novo estudo sobre clima muda opinião de cientistas céticos 25 • Nagasaki lembra o 67º aniversário do bombardeio atômico 28 • Reportagens sobre poluição são desconexas e alarmistas 29 • Educação ambiental é falha no Brasil 32 • Guia do Meio Ambiente

Revista ‘Neutra em Carbono’

Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

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Gavin Mills (sxc.hu)

Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental: organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, com a missão de contribuir para a formação e mobilização da Cidadania Ambiental planetária através da democratização da informação ambiental e da educação ambiental com atuação em todo o território nacional, editando e distribuindo gratuitamente a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente. CNPJ: 05.291.019/0001-58. Sede: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ 24370-290 – Site: www.rebia.org.br

por SOS Meio Ambiente

www.prima.org.br

Redação: Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 • Tel.: (21) 2610-2272 Editor e Redator-chefe (voluntário): Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista. Em 1999 recebeu o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas • escritorvilmarberna.com.br • escritorvilmarberna.blogspot.com • vilmar@rebia.org.br • Cel (21) 9994-7634 Diretor Técnico (voluntário): Gustavo Berna, biólogo marinho, pós-graduado em gestão ambiental • (21) 8751-9301 • gustavo@rebia.org.br Repórter-fotográfico (voluntário): Leonardo da Silva Demamam Berna • (21) 7857-1573 ID 55*8*3824 • leonardo@rebia.org.br Diretora de Atendimento (voluntária): Inês de Oliveira Berna, professora e bióloga Pós-graduada em Meio Ambiente • (21) 8711-3122 • ines@rebia.org.br Editor Científico (voluntário): Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista, mestre em Ciência Ambiental, especialista em Informação Científica e Tecnológica em Saúde Pública • (21) 2710-5798 / 9509-3960 • MSN: fabricioangelo@ hotmail.com • Skype: fabricioangelo •midiaemeioambiente.blogspot.com Produção gráfica: Projeto gráfico e diagramação: Estúdio Mutum • (11) 3852-5489 Skype: estudio.mutum • contato@estudiomutum.com.br Impressão: Imprinta Express Gráfica e Editora Ltda. Comercial: Representação em Brasília: Minas de Ideias Comunicação Integrada (Emília Rabello e Agatha Carnielli • Brasília (61) 3408-4361 / 9556-4242 Rio de Janeiro: (21) 2558-3751 / 9114-7707 • brasilia@minasdeideias.com.br Skype: agatha.cn •minasdeideias.com.br

Capa: foto de Antonio Cruz/ABr

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revista do meio ambiente ago 2012


desafios do jornalismo

em busca para a sustentabilidade

Steve Todey (sxc.hu)

texto Vilmar Sidnei Demamam Berna* (www.escritorvilmarberna.com.br)

4 editorial

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” (Fernando Pessoa) Caros leitores e leitoras da Revista do Meio Ambiente, recebi a incumbência do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro de preparar a tese que o sindicato apresentará no 35º Congresso Nacional dos Jornalistas Ambientais, que terá este ano o tema: “Os desafios do jornalismo e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável”. O 35º Congresso será realizado de 07 a 10 de novembro de 2012, em Rio Branco/Acre, numa promoção da Fenaj – Federação Nacional dos Jornalistas e do Sinjac – Sindicato dos Jornalistas do Acre, e a Rebia foi convidada para palestra. Esta proposta tomou por base minha apresentação na abertura do IV Congresso Fluminense de Jornalistas – IV CFJ, que aconteceu de 29 de junho a 01 de julho, no município de Maricá, RJ, e terá por proponentes o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, Rede Brasileira de Informação Ambiental – Rebia, Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental – RBJA e Associação Brasileira de Mídias Ambientais – Ecomídias. ago 2012 revista do meio ambiente

Desafios do jornalismo em busca para a sustentabilidade A realidade não é feita apenas das coisas que podemos sentir, ver e experimentar com nossos cinco sentidos limitados e um cérebro que nos engana. Ela é constituída também por nossos sonhos, utopias, visões de mundo. Então, embora a verdade possa ser experimentada por todos, comunicar sobre ela significa escolher que parte da verdade, e com que ênfase se vai divulgar, o que abre uma larga avenida para a manipulação. A categoria dos jornalistas tem uma responsabilidade e uma importância estratégica neste momento em que a sociedade enfrenta o desafio de mudar de um modelo predatório e injusto para outro sustentável, baseado no tripé ambientalmente correto, socialmente justo e viável economicamente. A sociedade espera de nós este compromisso ético com a verdade e com a pluralidade das opiniões, por que não somos nós, os jornalistas, que fazemos as escolhas pela sociedade, mas influenciamos estas escolhas com nossas informações e com a divulgação de valores, exemplos. Se não estivermos atentos às informações e valores que nos influenciam, podemos nos deixar iludir por mentiras, meias-verdades, por falsos valores e, como jornalistas, darmos divulgação a eles. Assim como a sociedade confia que seus médicos serão capazes de fazer o diagnóstico correto das doenças e aplicar o melhor remédio e tratamento, as sociedades esperam que os jornalistas sejam capazes de fazer o diagnóstico correto da conjuntura socioambiental, mostrar a verdade e denunciar a mentira, a meia-verdade; divulgar os bons e os maus exemplos que ajudem a sociedade a se inspirar, a se motivar, a fazer escolhas melhores. Para mudar, precisamos saber exatamente onde estamos, quem somos, e para onde queremos ir, que tipo de pessoa, de sindicato, de organização, de rede, de sociedade estamos construindo e queremos nos tornar, que tipo de jornalista queremos ser. Entretanto, ninguém nasce sabendo. Não nascemos prontos, nem como jornalistas, muito menos como pessoas, ou como organizações ou sociedades. Por isso mudar é a nossa natureza. E são muito poucas as escolas para nos ensinar. Podemos não saber ainda exatamente o que quer dizer sustentabilidade, podemos não saber exatamente se os caminhos das novas tecnologias limpas, da economia verde, da economia inclusiva, irão afastar de


5 nós o risco de um colapso ambiental global, mas o que já sabemos é suficiente para nos motivar a mudar. A continuarmos com o atual modelo, predatório, injusto, manipulador das informações, poderemos estar apenas acelerando nosso fim. E por que não sabemos, e precisamos aprender, um dos desafios mais importantes para a categoria é estimular o debate, a reflexão e a formação continuada através de uma visão sistêmica e interdisciplinar sobre a sustentabilidade e a importância da democratização da informação socioambiental, envolvendo não apenas a categoria dos jornalistas, mas também as demais categorias de profissionais comprometidos direta ou indiretamente com a comunicação, e especialmente as organizações da sociedade civil, e suas redes, que lutam pela mudança no rumo da sustentabilidade. Mudar nunca é fácil. E fica mais difícil ainda quando não queremos nos deixar convencer, quando nosso modo de vida, as ideias que fazemos sobre nosso papel na natureza, nossos lucros, empregos, vantagens, dependem de não nos deixarmos convencer. E, dependendo das circunstâncias, pessoas e organizações que se veem ameaçadas em seus interesses podem se tornar perigosas, podem mentir, manipular, para manter o controle das coisas como estão. Um exemplo disso está na morte na fogueira do Giordano Bruno, que ousou confrontar a ideia de que o nosso planeta tinha alguma espécie de privilégio em relação aos demais astros, e defendia que não existia apenas nosso planeta e nosso sol no universo. Hoje, diante da crise socioambiental global, passamos por uma confrontação semelhante: nossa espécie não é o centro do Universo, não somos os donos do planeta, não podemos fazer com ele o que bem quisermos em nome do nosso desenvolvimento. E muitos de nós, inclusive jornalistas ambientais, e lideranças ambientalistas e indígenas, em particular, tem pago um duro preço por pensar diferente e por confrontar o modelo tradicional, envolvendo desde o assassinato puro e simples – muitos que continuam impunes –, à judiciação da imprensa ambiental via sentenças para calar a boca e constranger jornalistas e veículos, ou o boicote publicitário à mídia ambiental que incomoda. E mais. Existem preconceitos que precisamos enfrentar para mudarmos e, entre eles, estão as ideias de que as práticas podem ser melhor que as reflexões, de que o importante é nos preocuparmos com o que pode dar certo, pensar positivo, nos afastar de pensar no que dá errado, ou pode estar errado. Tais ideias podem nos levar a sermos cada vez mais dóceis, tarefeiros, a evitar as críticas, a não valorizar a reflexão, e assim nos tornamos reféns de um modelo que não gosta de críticas, que reprime jornalistas, por que tem muito a esconder. As mudanças começam primeiro nas ideias, nas utopias, para depois se materializarem em novas práticas, novos hábitos. Se os sonhos forem poucos, se os exemplos não tiverem credibilidade, se a informação e os valores forem manipulados e mentirosos, a vontade de mudar pode não durar ou não ser forte o suficiente para nos motivar nem a mudar e muito menos a manter a mudança.

As mudanças começam primeiro nas ideias, nas utopias, para depois se materializarem em novas práticas, novos hábitos. Se os sonhos forem poucos, se os exemplos não tiverem credibilidade, se a informação e os valores forem manipulados e mentirosos, a vontade de mudar pode não durar ou não ser forte o suficiente para nos motivar nem a mudar e muito menos a manter a mudança

A boa noticia é que a mudança para outro estilo de vida, mais sustentável, já está acontecendo. O desafio é ganhar escala e velocidade. E, para isso, é fundamental que a sociedade saiba diferenciar a boa da má informação, as informações mentirosas das verdadeiras, as que nos conduzem ao abismo e a que nos afastam dele. E é aqui que o nosso papel, enquanto jornalistas, assume uma importância social estratégica. Diante do exposto, a categoria dos jornalistas, a Fenaj e os Sindicatos propõem: 1) Seminários: apoiar e fortalecer a proposta da Fenaj de realização de Seminários, divididos em etapas estaduais, regionais e nacional, como forma de contribuir para a reflexão e a formação continuada dos jornalistas sobre comunicação e sustentabilidade, com ênfase nas questões da formação do profissional em jornalismo ambiental, na democratização da informação socioambiental e a atuação em rede de cidadanias socioambientais e seu papel estratégico na mudança da sociedade no rumo da sustentabilidade; 2) Cursos de Jornalismo Ambiental: incentivar cursos existentes e criar um Curso Fenaj de Jornalismo Ambiental, podendo ser semi-presencial, em parceria com universidades e demais organizações, como forma de contribuir na capacitação profissional continuada dos jornalistas em torno dos temas e conceitos da sustentabilidade; 3) Prêmio Fenaj de Jornalismo Ambiental: criar Prêmio de âmbito nacional, em articulação com os demais sindicatos filiados, como forma de identificar, homenagear e incentivar a produção e divulgação de matérias jornalísticas sobre o tema da sustentabilidade; 4) NEJ: estimular e fortalecer a atuação em redes e a criação de Núcleos de Jornalismo Ambiental em cada sindicato filiado. 5) Resistência: associar-se e fortalecer as instâncias e organizações que lutam contra a censura e contra as ameaças aos jornalistas e aos veículos de comunicação, especialmente aos dedicados às causas socioambientais. * Vilmar Sidnei Demamam Berna é escritor e jornalista,

fundou a Rebia - Rede Brasileira de Informação Ambiental (rebia.org.br), em janeiro de 1996 fundou o Jornal do Meio Ambiente e, em 2006, a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente (portaldomeioambiente.org.br). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas revista do meio ambiente ago 2012


6 notícias do meio ambiente

Segunda edição do Filmambiente exibe 75 filmes

Com 18 longas e 12 curtas concorrendo ao Troféu Tainá, o 2º Filmambiente apresenta outros 45 filmes em cinco mostras com diferentes focos, em quatro espaços do Rio. Toda a programação é gratuita. Entre 31 de agosto e 6 de setembro, o 2º Filmambiente se espalha por quatro espaços de cinema da cidade com uma programação robusta, Cartaz do 2º Filmambiente que só vem confirmar o interesse crescente do público nas questões ambientais e na sustentabilidade. Este ano a mostra apresenta 75 filmes, entre ficções, documentários, longas, curtas e animações – muitos dos quais colecionam prêmios em festivais de todo o mundo. Sobrevivendo ao progresso, o filme de abertura, foi produzido por ninguém menos que Martin Scorsese. Dezenas de diretores de todo o mundo estarão presentes para debater, com o público, questões essenciais para o futuro do planeta. O acesso é gratuito e a diversidade dos temas, enorme. Exibições Centro Cultural da Justiça Federal: Av. Rio Branco, 241 - Centro - Tel.: 3204-2505 • Itaú Cinema (antigo Arteplex): Praia de Botafogo, 316 – Botafogo - Tel.: 2559-8750 • Instituto Moreira Salles: Rua Marquês de São Vicente, 476 – Gávea - Tel.: 3284-7400 • Museu do Meio Ambiente: Rua Jardim Botânico, 1008 - Jardim Botânico - Tel.: 3874-1202 Mais informações: www.filmambiente.com • Tel. (55 21) 2513-5531

São Paulo tem curso prático sobre marketing e sustentabilidade

Organizado pela Revista Meio Ambiente Industrial, Business do Bem – Marketing e Comunicação aplicados à RSC e Sustentabilidade Empresarial é um curso com 8 horas especialmente prático, o único que tem os 22 anos de experiência do Prof. Rogerio Ruschel, pioneiro no Brasil com a Ruschel & Associados Marketing Ecológico. Informações: fone (11) 3917-2878 ou e-mail eventos@rmai.com.br Entre os objetivos do curso está apresentar a teoria e a prática da aplicação de conceitos, ferramentas e técnicas de marketing e comunicação em programas relacionados à Responsabilidade Social Empresarial e Sustentabilidade socioambiental que agreguem valor à empresa com o aumento da lucratividade, a renovação de seus produtos e serviços, o desenvolvimento de novos mercados e a construção de imagem e reputação. ago 2012 revista do meio ambiente

Rebia apoia a criação do Núcleo de Ecojornalistas do Amazonas (Nejam) e da Rede Amazonense de Jornalismo Ambiental (Raja) “A Amazônia vista de dentro para fora”. Foi a partir dessa concepção que um grupo de profissionais da comunicação se reuniu no dia 27 de julho, na sede da Fiocruz, para dar início à criação do Núcleo de Ecojornalistas do Amazonas (Nejam) e da Rede Amazonense de Jornalismo Ambiental (Raja). O Nejam é fruto do I Encontro de Comunicação Socioambiental do Amazonas, realizado em março deste ano, em Manaus, e tem por objetivo ampliar e nivelar discussões acerca de temas ambientais no Estado do Amazonas, no intuito de esclarecer e contribuir junto à sociedade sobre os assuntos nesse segmento. O encontro contou com a presença do presidente do Sindicato dos Jornalistas do Amazonas, Wilson Reis, e da vice-presidente, Dora Tupinambá, além de jornalistas representantes da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD) - Fiocruz Amazônia, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) e imprensa local. Uma das formas de interação com o público atuante na área será através da Rede Amazonense de Jornalismo Ambiental (Raja), plataforma de interação entre jornalistas e estudantes acadêmicos interessados em discutir temas que envolvam jornalismo e meio ambiente. A ação conta com o apoio da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, Sindicato dos Jornalistas do Amazonas, Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD) – Fiocruz Amazônia, Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Fundação Envolverde e Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia). Informações: Nívia Rodrigues (92) 9983-6147 e Fabrício Ângelo (92) 9452-3263


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Meio ambiente, consumo, felicidade

Jornalistas brasileiros debatem a sustentabilidade Em continuidade aos preparativos para o 35º Congresso Nacional dos Jornalistas, que acontece em Rio Branco (AC), de 7 a 10 de novembro, os Sindicatos dos Jornalistas dos estados brasileiros vem realizando seus congressos priorizando o tema Jornalismo e Desenvolvimento com Sustentabilidade. Em Goiás, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado realizou, de 17 a 19 de agosto, o 6º Congresso Estadual dos Jornalistas de Goiás, aberto pela jornalista Maria José Braga, vice-presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e por Cláudio Curado, presidente do Sindicato dos Jornalistas de Goiás. A palestra de abertura com o tema Jornalismo e Desenvolvimento com Sustentabilidade foi proferida pelo jornalista Washington Novaes. No segundo dia, aconteceu o painel sobre a Rio + 20, com os jornalistas Vilmar Berna, membro da Rede Brasileira de Informação Ambiental, e Ilza Girardi criadora do Núcleo de Ecojornalistas do RS, e o código florestal e a preservação dos biomas, com o promotor de Justiça, Vinícius de Castro Borges, membro do núcleo de apoio do Centro de Operacional do Meio Ambiente do Ministério Público, e o professor Altair Sales, presidente do Instituto do Trópico Subúmido, mediado por Deire Assis – jornalista do jornal O Popular e diretora do Sindicato dos Jornalistas de Goiás. O último painel tratou do futuro do jornalismo ambiental, com Efraim Neto, membro da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental e editor da revista Com Ciência Ambiental e por Rosangela Aguiar – jornalista, diretora do Programa Trilhas do Brasil, mediado por Lindalva Bufaiçal, assessora de Comunicação da Fecomercio. Mais informações: www.jornalistasgo.org.br/

O escritor e jornalista ambiental Vilmar Berna vai fazer palestra na FLIM – Feira Literária de Madalena sobre as relações entre sustentabilidade e felicidade. Vilmar é um dos mais prestigiados jornalistas ambientais do Brasil, ganhador do Prêmio Global 500, da ONU. Coordenador da Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental e editor do Portal do Meio Ambiente, tem mais de uma dezena de livros publicados. Entre eles, Pensamento Ecológico, para adultos, e os encantadores Tribunal dos Bichos e Parábola da Felicidade, para crianças e adolescentes. Vilmar vai falar para os mais velhos no sábado 25/08, às 15h, no auditório da Câmara de Vereadores; e para os mais jovens no domingo às 10h30h, no jardim da Colônia de Férias. A Feira Literária de Santa Maria Madalena é um dos grandes acontecimentos literários da Cultura Brasileira e acontece na bela cidade encravada na Serra do Mar, reunindo escritores, músicos, poetas, artistas plásticos, de teatro e de circo. Este ano o evento homenageia a romancista e contista Clarice Lispector (1920-1977), autora de, entre outras obras, Laços de Família e A hora da estrela. No evento também serão exibidos trabalhos dos alunos das escolas do município. Desde o início do ano, eles estão trabalhando em sala de aula os livros infantis de Clarice, como A vida íntima de Laura e A mulher que matou os peixes. O evento é uma iniciativa da sociedade civil de Santa Maria Madalena, em parceria com a Associação Comercial, Industrial e Agropecuária – Aciam e a Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte. Outro destaque da feira é a participação da ambientalista Pólita Gonçalves, gerente de Educação Ambiental do INEA – Instituto Estadual do Ambiente, que vai lançar seu livro A cultura do supérfluo, que trata de um dos mais importantes e delicados temas da discussão atual sobre o desenvolvimento sustentável: a responsabilidade que nós, consumidores, temos sobre os dramas econômicos, sociais e ambientais do mundo contemporâneo. Saiba mais sobre Vilmar Berna (http://portaldomeioambiente.org.br/ blogs/vilmar-s-d-berna ) e sobre Pólita Gonçalves (http://www.canal. fiocruz.br/video/index.php?v=a-industria-do-lixo ). Programação oficial da FLIM: http://flim-festaliterariademadalena.blogspot.com

Curso:

Captação de Recursos Não Reembolsáveis para Prefeituras e ONGs OBJETIVO: Proporcionar conhecimento teórico e prático na identificação dos Programas por Ministério com recursos federais passíveis de transferência a municípios e ONGs, na elaboração de projetos e na montagem de propostas de apoio financeiro federal não reembolsável, sem a intermediação de terceiros. INSTRUTOR: ROBERTO AMARO SOBRINHO – Brasília/DF. Graduado em Administração e pós-graduado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Especialista em Planejamento Governamental, participou da elaboração do PPA 2004/2007 do Governo Federal.

Reserve já sua vaga! Envie um e-mail para secretariacursosrebia@expedicaouniversitaria.com

revista do meio ambiente ago 2012


8 lixo e reciclagem

sÓ 9% dos mUnicÍPios

já têm Plano de Resíduos Sólidos

Diego Cadorin (sxc.hu)

Estudo realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) junto a 3.457 cidades (62,14%) mostra que apenas 314 (9,08%) atenderam à obrigação legal

Conforme o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, a pesquisa indica que, do total, 49,08% dos municípios não deram início à criação dos planos em razão de inexistência de equipe técnica, falta de recursos financeiros ou por estarem aguardando a liberação de verbas prometidas pelo governo federal. “Daqueles que estão fazendo seus planos, 61% custeiam integralmente a iniciativa, e 39% receberam ou aguardam recursos advindos de convênios”, acrescenta. A CNM contatou todos os 5.563 municípios através de telefone, fax ou email. Destes, 3.457 responderam às questões formuladas, “o que torna esta amostra extremamente significativa, pois temos informações de todos os estados da federação e de todos os tamanhos de municípios”, destaca Ziulkoski. Dos 496 municípios gaúchos, 390 foram pesquisados, o que representa 78,63%. Desses, apenas 6,5% concluíram o plano no tempo hábil. O presidente da CNM não concorda que os prazos para elaboração tenham sido estabelecidos em datas idênticas para estados e municípios, “pois o correto e ideal é que haja integração entre as propostas e fixação de prazo para a União elaborar o Plano Nacional de Resíduos Sólidos”, defende Ziulkoski. “Há necessidade urgente de um projeto que direcione os principais aspectos que devem ser seguidos, integrando-o à Política Nacional de Saneamento, que estabelece como prazo a data de 31 de dezembro de 2013 para a elaboração dos planos de saneamento”, ressalta. Segundo ele, a desconsideração deste aspecto e a inexistência de financiamento adequado e de treinamento de equipes locais para o desenvolvimento do trabalho é o maior impedimento para que ocorra o cumprimento da lei. “Por que o governo federal não estipulou prazo para si? É para banalizar a lei?”, questiona Ziulkoski. É também preocupação da CNM o fato de este ser o último ano do mandato dos atuais gestores, o que implica assegurar a inviabilidade de realização ago 2012 revista do meio ambiente

destes planos até o final do ano, pois os municípios estão envolvidos com as eleições municipais, e os prefeitos com o encerramento legal e financeiro de suas gestões. Ao mesmo tempo, não é possível ignorar que em 2013 os novos gestores estarão trabalhando com planejamento elaborado pela atual gestão e que os planos plurianuais por estes novos gestores propostos, estarão em vigor apenas em 2014. “Infelizmente, inverteu-se esta ordem natural das coisas e, ao estabelecer prazo ao município, a União jogou o prefeito numa situação que certamente causará sérios problemas legais, administrativos e criminais”, adverte. Se, por um lado, os municípios estão sendo severamente cobrados, por outro não houve por parte da federação e dos estados suporte financeiro. A pesquisa comprovou que somente 338 municípios (9,7%) do universo pesquisado (3.457) conseguiram recursos federais. Ficou claro também, conforme a conclusão do trabalho da CNM, que mais de 70% que o fez ou o está fazendo não têm tido suporte técnico. “Assim como está a atual situação, nos próximos anos dificilmente eliminaremos os mais de 1.500 lixões existentes no País, porém, prefeitos condenados serão muitos”, sentencia. Fonte: Jornal do Comércio

Duas publicações que podem auxiliar os munícipios: Planos de Gestão de Resíduos Sólidos: Manual de Orientação e Panorama do Resíduos Sólidos no Brasil - 2011



Alguns animais, como pássaros, macacos, elefantes, golfinhos, polvos, cães e gatos, possuem consciência, assim como os seres humanos

animais

também têm consciência, dizem neurocientistas Pesquisadores publicaram manifesto mostrando que, com base na análise de ondas cerebrais, não há como dizer que só seres humanos têm consciência Um grupo de 13 neurocientistas, incluindo o canadense Philip Low, criador do iBrain, dispositivo que vai ajudar o físico Stephen Hawking a se comunicar usando a mente, assinou uma declaração neste sábado em Cambridge, na Inglaterra, afirmando que alguns animais, como pássaros, macacos, elefantes, golfinhos, polvos, cães e gatos, possuem consciência, assim como os seres humanos. O anúncio foi feito durante a Francis Crick Memorial Conference, na Universidade Cambridge, na Inglaterra. Treze especialistas se reuniram para apresentar os últimos resultados científicos em pesquisas que tentam reinterpretar a consciência. Os cientistas pretendem mostrar que ao analisar o sinal cerebral de humanos e outros animais, é possível encontrar semelhanças básicas. “A neurociência está evoluindo rapidamente por causa do avanço tecnológico e por isso precisamos tirar novas conclusões”, disse Low. “As evidências mostram que os seres humanos não são os únicos a apresentarem estados mentais, sentimentos, ações intencionais e inteligência”, afirmou. “Está na hora de tirarmos novas conclusões usando os novos dados a que a ciência tem acesso.” iBrain O físico Stephen Hawking faria uma aparição durante a conferência para demonstrar a tecnologia do iBrain, um dispositivo que o ajudará a se comunicar utilizando a mente, mas não compareceu. Em comunicado, lamentou sua falta e disse apoiar a iniciativa dos cientistas. Hawking é vítima de uma doença degenerativa que o deixou completamente paralisado ao longo de seus 70 anos de vida. Ele é o sobrevivente de maior longevidade da Esclerose Lateral Amiotrófica, uma rara doença que acaba com o movimento dos músculos e provoca a morte do paciente alguns anos depois de diagnosticada – e, no entanto, o físico já convive com a doença desde os 21 anos. Fonte: Veja

ago 2012 revista do meio ambiente

Quem é o

irracional?

Discussões sobre a foto do toureiro x touro Durante uma tourada, o toureiro sentiuse mal, teve tonturas e precisou sentarse. Antes que alguém interferisse, o touro, que estava sendo agredido pelo toureiro nesse horrível espetáculo, apiedouse do homem, parou diante dele. E para surpresa geral, simplesmente ficou a olhar para ele. O touro, como que sentindo o problema, foi solidário e ficou ao lado desse homem, sem nenhuma reação de violência. Normalmente um ser humano, numa situação dessas teria reagido de forma diferente. Observe que o animal já tinha recebido diversos espetos em seu dorso. Será mesmo que os animais (os bichos) é que são irracionais? Afinal, quem é o animal? Reflexão: o toureiro e o touro A foto mostra um touro que teria ficado com pena do toureiro enfermo e o consolou. O site www.e-farsas.com dá a sua versão para a cena. Diz que em maio de 2012, a foto começou a circular nas redes sociais (“Facebook) com texto acima. E que, de acordo com o blog de língua inglesa “A Última Arena”, o escritor especializado em touradas Alexander Fiske-Harrison explica que a foto não tem nada a ver com a suposta piedade do touro. Na verdade, o toureiro sentase em uma espécie de defesa – proteção que envolve toda a arena – depois de golpear o touro com suas armas, em atitude que é um ato de desafio. Que o toureiro experiente prova que não tem medo do animal. Em outra foto mostra outro toureiro em posição semelhante em outra tourada. Explicações de falso ou verdadeiro não justificam a crueldade que são as touradas, que é uma forma idiota de maltratar um animal. Fonte: www.jornaldosamigos.com.br/

Foto extraída do site The Last Arena (http://fiskeharrison.wordpress.com)

Hollie Jeans (sxc.hu)

texto Marco Túlio Pires

10 animais



texto Aldem Bourscheit (WWF-Brasil) e Carolina Stanisci (IDS), com edição de Afra Balazina e Letícia Campos (SOS Mata Atlântica)

12 entrevista

Nem toda a terra está disponível

Entrevista com Roberto Malvezzi, especialista em temas socioambientais da Comissão Pastoral da Terra do São Francisco

Fazendo o caminho inverso de muitos brasileiros que até hoje fogem da seca, o paulista Roberto Malvezzi migrou para o Nordeste nos anos 1980, onde mergulhou na realidade sertaneja na divisa da Bahia com o Piauí, na margem esquerda do São Francisco. Vivendo as lutas pela terra e pela água junto às populações pobres, descobriu que a opressão e o descaso das políticas públicas podem ser combatidos com mobilização social. Nessa entrevista concedida ao Comitê Brasil em Defesa das Florestas, o filósofo militante avalia a tramitação do novo Código Florestal, o papel de parlamentares e do Governo no desmonte da legislação ambiental brasileira e alerta que, no futuro, a avaliação desses governos pode ser bem diferente. Confira abaixo os principais trechos.

você tem pouca terra e for colocar o que o Código exigia você reduzia a área produtiva dos pequenos agricultores. Mas, desde o começo, sempre foi possível fazer um discernimento entre os pequenos e os grandes agricultores. Para os pequenos, você abre casos especiais. Mas de forma geral, o que está acontecendo? Estamos inviabilizando a vida de milhares de pequenos proprietários em nome da produção, porque você solapa as bases naturais da pequena propriedade. Estivemos em maio em Januária (MG), na região do rio dos Cochos. O rio tinha morrido e as comunidades estavam indo embora. Mas eles mesmos fizeram trabalho de recomposição da mata ciliar e o rio voltou a correr e a abastecer outras comunidades que ficaram sem água. A gente tem notícia de que mais de 1.200 rios desse tipo, do norte de Minas, que são afluentes do São Francisco, morreram em função da agricultura comercial que tomou espaços que eram da água. Tem que colocar esse dilema para os pequenos agricultores.

Para o ser HUmano

Comitê Brasil em Defesa das Florestas: O papel da sociedade civil é fundamental nessas lutas, inclusive na do Código Florestal. Você poderia relembrar o contexto da tramitação da lei no Congresso e as partes envolvidas nessa história? RM: Fui membro da equipe da CNBB que elaborou o texto base da Campanha da Fraternidade da Água, em 2004. E tivemos de recorrer ao Código Florestal, porque a Lei Brasileira de Recursos Hídricos, a 9.433/1997, não toca na proteção dos mananciais. No Código estava a proteção das nascentes, das matas ciliares em torno dos rios, das encostas. A gente dizia: ‘Isso já é lei, mas não funciona na prática. As matas ciliares, as nascentes e as encostas não estão sendo respeitadas’. Pelo Código Florestal que tínhamos, tinha que ter mata ciliar de 500 metros em cada margem do São Francisco. Hoje, ele tem apenas 5% de mata ciliar. Então, pode-se imaginar o que significaria hoje se a lei obrigasse os latifundiários a recompor as matas nas margens do rio. Estamos passando por um desmonte da legislação ambiental do Brasil em função de crimes ambientais que foram cometidos. É uma reação às exigências legais que começaram a pesar sobre quem cometeu esses crimes. A grande bancada ruralista, que tem poder no Congresso e já não tinha como evitar multas por seus crimes, partiu para o desmonte da lei. Mesmo com o veto parcial da Dilma e com as mudanças que ela propôs, o resultado final não terá mais nada a ver com o Código Florestal que tínhamos. No fim das contas, o código foi desfigurado. Absolutamente desfigurado, e sem que a gente saiba exatamente aonde vai chegar, porque a lei ainda está sendo alterada. Tem muita coisa nos detalhes, e é nos detalhes que o diabo mora. E quem são os atores chave que estão capitaneando esse desmonte? A bancada ruralista. Não é fácil detectar quem se alia a ela, mas há indícios, observando a última votação sobre o Código Florestal. O que chamávamos de esquerda acabou votando com os ruralistas. E o governo não só se omitiu, mas permitiu que o projeto dos ruralistas andasse com toda a tranquilidade. Depois, tentou adiar, postergar. Grande parte dos deputados, inclusive do PT, tem no caixa de campanha só financiamento de empresas do agronegócio. Os pequenos produtores têm sido usados como massa de manobra para reduzir a proteção das florestas. Que efeitos desse novo “Código Florestal” você vê justamente sobre os pequenos? Lideranças com tradição entre os movimentos sociais tiveram uma atitude complicada na defesa dos pequenos agricultores com foco na ideia de que se

ago 2012 revista do meio ambiente

Alterar o Código Florestal e ampliar o uso da terra não reduz a importância de economias que aproveitem as florestas em pé e não emperra a tramitação de legislações como a do pagamento por serviços ambientais? Sem dúvida. E não podemos esquecer que nem toda a terra está disponível para o ser humano ou para a agricultura. O planeta tem exigências próprias, de respiração, de oxigenação, do ciclo do carbono. Mas é muito difícil levar esses valores a pessoas que enxergam pouco mais que os limites da propriedade. Qual seria a mensagem para a população entender um pouco desse momento do país? É um momento de grandes adversidades. O povo brasileiro tem um contentamento muito grande com o governo Lula / Dilma porque muitas dessas políticas sociais foram e são muito importantes para a população, trazendo uma resposta mais imediata às questões da fome, da eletricidade, das moradias. Isso tudo é essencial. Mas o problema é o país que esse Governo está plantando para o futuro. Pode ser que, no futuro, a avaliação desses governos seja bem diferente. Fonte: Instituto Socioambiental (ISA)

Veja na íntegra em www.wwf.org.br/informacoes/ noticias_meio_ambiente_e_natureza/?32082


Registro de queimadas no país este ano é

61% maior do QUe em 2011 A deficiência da fiscalização, associada aos efeitos do clima e aos aspectos econômicos, vem agravando ainda mais o cenário de incêndios nos biomas brasileiros este ano, avaliou o coordenador do Monitoramento de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Alberto Setzer. Imagens captadas por satélites do Inpe apontam que, de janeiro até 03/08, foram identificadas 32,6 mil ocorrências de focos de incêndio no país. O número é 61% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. E as previsões para as próximas semanas não favorecem a mudança desse cenário. Em algumas regiões do Brasil Central, as temperaturas devem se manter acima dos 30º graus Celsius e a umidade relativa do ar, abaixo de 40%. “Todas as queimadas são proibidas. Alguns estados têm leis mais rígidas em relação ao problema, como o Acre e Mato Grosso. Ainda assim, Mato Grosso está cheio de focos de incêndio, o que indica que a fiscalização não está ocorrendo como deveria. Quando a fiscalização é mais efetiva, os registros de queimadas caem”, disse Setzer, lembrando que a fiscalização pode ser atribuição da União, dos estados ou do município. O pesquisador do Inpe descreve a situação como “um estado de desobediência civil”. Segundo ele, as leis ambientais são claras e completas, mas não são cumpridas na prática. “Assim como aconteceu na Amazônia com o desmatamento, onde mais de 90% do desmatamento da região foram ilegais. Tem que ter a dobradinha educação com fiscalização”, defendeu. No contexto nacional, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é o responsável pela fiscalização. Procurado pela Agência Brasil, o órgão ainda não se manifestou. Nas últimas 24 horas, 72 unidades de conservação foram atingidas. Desse total, 16 são áreas federais, 15 estaduais e 37 territórios da Fundação Nacional do Índio (Funai). A subordinação das outras quatro ocorrências não foi identificada. De acordo com Christian Niel Berlinck, coordenador de Emergências Ambientais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), das 312 unidades de conservação que existem hoje, 100 são consideradas prioritárias para as questões de incêndios florestais. “Nestas unidades são realizados 120 cursos anuais, capacitadas 3.600 pessoas e contratados 1.743 brigadistas”, explicou. Entre as prioridades do órgão estão a Estação Ecológica de Serra Geral do Tocantins, que abrange os municípios de Almas, Ponte Alta do Tocantins, Rio da Conceição e Mateiros, no estado de Tocantins e o município de Formosa do Rio Preto, na Bahia; o Parque Nacional das Nascentes do Paranaíba, na divisa dos estados do Piauí, Maranhão, da Bahia e do Tocantins; a Estação Ecológica de Uruçuí-Uma, que abrange os municípios de Baixa Grande do Ribeiro e Santa Filomena, no sudoeste do Piauí; e o Parque Nacional da Serra da Canastra, nos municípios de São Roque de Minas, Sacramento e Delfinópolis, no sudoeste de Minas Gerais. Berlinck acrescentou que “a maioria dos incêndios florestais [aproximadamente 98%] tem origem antrópica, quer por dolo ou culpa”. Ou seja, quem provoca as queimadas é o homem. Segundo ele, não existe possibilidade de incêndio natural neste período do ano. “Os incêndios ocorrem porque o homem coloca [fogo nas matas]. Incêndio natural é o incêndio por raio, que está associado à presença de nuvens e, geralmente, vem seguido de chuvas que ajudam a controlá-lo, o que não ocorre na época de seca”.

Incêndios florestais revelam estado de desobediência civil, diz pesquisador do Inpe Número de focos por Estado

texto Carolina Gonçalves (Agência Brasil – EBC)

política ambiental 13

0 50 100 150 300 Número de focos por bioma

Cerrado

29,2%

Amazônia Caatinga

64,8%

Mata Atlântica

Fonte: www.inpe.br/queimadas/sitAtual.php

Dica Rebia: para receber informações atualizadas, gratuitamente, por e-mail, semanalmente, sobre ocorrência de queimadas em território brasileiro e nas unidades de conservação, cadastre-se em http://pirandira.cptec.inpe.br/queimada/admin. login.logic e para acessar a página com focos de incêndios em Unidades de conservação brasileira acesse www.dpi.inpe.br/proarco/bdqueimadas/ bduc.php?LANGUAGE=PT revista do meio ambiente ago 2012


Desmatamento

DIMINUI Agressões à Amazônia Legal caíram 23% em um ano. No último quadrimestre, redução chegou a 50%, comparando-se com o mesmo período de 2011

Dados do Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter) divulgados na quinta-feira (02/08), em Brasília, pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, confirmam a tendência de redução do desmatamento da Amazônia Legal. Os alertas registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram uma redução de 23% entre agosto de 2011 a julho de 2012 em comparação com o mesmo período anterior, caindo de 2.679 Km2 para 2.049 Km2. A diminuição foi ainda mais expressiva nos últimos quatro meses, chegando a quase 50% quando comparados ao mesmo quadrimestre de 2011. Entre abril e julho de 2012 a área desmatada foi de 652 Km2, contra 1.283 Km2 no período anterior. A baixa cobertura de nuvens em praticamente 8 dos nove estados da Amazônia Legal dão consistência à análise do Inpe. Períodos de alta nebulosidade impedem o registro feito pelos satélites ópticos. Fora da lista Izabella anunciou, ainda, a saída de mais um município da lista dos maiores desmatadores, Ulianópolis no Pará, além de outros dois que já tinham sido anunciados no dia mundial de meio ambiente (Alta FlorestaMT e Santana do Araguaia-PA), perfazendo um total de três municípios em 2012. Eles cumpriram os critérios estabelecidos pela Portaria no187 de 04 de junho de 2012 e agora são considerados como aqueles com desmatamento monitorado e sob controle na Amazônia. Por outro lado, os dados consolidados do PRODES de 2011, permitiram identificar que os municípios de Anapu e Senador José Profírio no estado do Pará, atingiram níveis críticos de desmatamento acima de 80 Km2 e tiveram aumento no desmatamento nos últimos dois anos, portanto passarão a fazer parte da lista dos municípios prioritários (a ser publicado em Diário Oficial nos próximos dias). Assim, com as três saídas e os dois ingressos a lista passa a ter 47 municípios prioritários. a nos próximos diaso MMA publica, nos próximos dias, a relação dos 48 municípios prioritários para as ações de combate ao desmatamento. De acordo com a ministra, os gestores municipais estão se mostrando cada vez mais sensíveis as políticas de combate ao desmatamento em áreas críticas. “No início eles reclamavam, mas hoje procuram o ministério para saber que medidas tomar para diminuir o desmatamento”, conclui. Os dados do Prodes apontam ainda que os municípios de Porto Velho (RO), Altamira (PA), Anapu (PA) e Senador José Porfírio(PA) estão no topo da lista dos que mais desmataram em 2011. Dentre os estados amazônicos, os dados do DETER 2012, indicam reduções significativas nos estados do Maranhão (67%), Amazonas (45%), Pará (42%) e Acre (42%). ago 2012 revista do meio ambiente

Vince Varga (sxc.hu)

texto Paulenir Constâncio e Lucas Tolentino

14 política ambiental

O sistema Deter identifica desmatamentos quase que diariamente e o INPE consolida esses dados mensalmente, registrando o corte raso e a degradação da floresta em áreas superiores a 25 ha, o que equivale a pouco mais de dois campos de futebol e meio. “Não podemos afirmar ainda que o desmatamento caiu, mas sim que há uma tendência clara de queda a ser confirmada pelo Sistema Prodes responsável pela taxa oficial de desmatamento na Amazônia brasileira. Isso indica que estamos no caminho certo”, avalia a Ministra. Inteligência Os desmatamentos em áreas inferiores a 25ha, fora do alcance do Deter, estão sendo combatidos pelas ações de inteligência realizadas em conjunto entre Ibama, Polícia Federal e Agência Brasileira de Inteligência. Segundo Izabella, a ação dos desmatadores “está cada vez mais sofisticada”,com corte da floresta até mesmo no período chuvoso na tentativa de driblar a fiscalização do Ibama. Por isso, as operações nas áreas apontadas pela inteligência começaram em janeiro deste ano, se antecipando às ações dos infratores. O governo federal espera, para o início de 2013, a entrada em operação de um novo satélite da família CBERS (satélite sino brasileiro) com tecnologia mais avançada para identificar as áreas desmatadas na Amazônia. A previsão é de que o novo satélite reduza a área de detecção de 25 hectares passando a capturar áreas menores, mantendo uma frequência quase diária, tal qual os sistemas que estão em operação. Dessa forma, será possível a ação preventiva, combatendo o desmatamento ainda em sua fase inicial ou mesmo antes que ele ocorra, destacou a Ministra. Fonte: www.mma.gov.br



16 especial

revista do meio

amBiEnTE Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental

Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br

A importância do

voto ambiental

ano VII • agosto 2012

ISSN 2236-1014

9772236101004

50

Só 9% dos municípios já têm Plano de Resíduos Sólidos Animais também têm consciência Incêndios florestais revelam estado de desobediência civil Brasileiro se preocupa com meio ambiente, mas faz pouco

50ª ediÇÃo da Revista do Meio Ambiente

Veículo se consolida na mídia ambiental; até hoje foram distribuídos cerca de 1,5 milhões de exemplares gratuitamente Com esta edição, a Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia) chega à marca de 50 edições de sua Revista do Meio Ambiente. Foram cerca de 1 milhão e meio de exemplares distribuídos gratuitamente neste período, desde janeiro de 2006. A Rebia agradece a todos que contribuíram para que este esforço se tornasse possível, pois cidadania ambiental atuante se faz também com uma mídia ambiental forte.

edições 1 a 5 Junho/2006 a Fevereiro/07

edições 6 a 10 Março a Agosto/2007

edições 11 a 15 Setembro/2007 a Abril/2008

edições 16 a 20 Junho a Dezembro/2008

ago 2012 revista do meio ambiente


17

Edições 21 a 25 Março a Julho/2009

Edições 26 a 30 Novembro/2009 a Abril/2010

Edições 31 a 35 Junho/2010 a Abril/2011

Edições 36 a 40 Maio a Setembro/2011

Edições 41 a 45 Outubro/2011 a Fevereiro/2012

Edições 46 a 49 Março a Junho/2012

revista do meio ambiente ago 2012


texto SOS Meio Ambiente

18 capa

voto am

A importância do Avalie seu candidato

O momento é de muita reflexão e responsabilidade. Analise se o seu candidato observa os pontos enumerados logo abaixo. Marque um X para cada iniciativa contemplada pelo plano de governo de seu representante e lembre-se: As necessidades coletivas devem prevalecer e os candidatos, ao se tornarem nossos governantes, têm o dever de transformar em ação aquilo de que realmente a sociedade necessita. E mais, só o espírito participativo do cidadão pode fortalecer a democracia e transformar as dificuldades enfrentadas pelo país. Boa reflexão! 1 | Água: proteger os mananciais é assegurar a vida Abastecimento: Prover água de qualidade para a totalidade da população – proteção das áreas de mananciais, aumento e melhoria da rede de distribuição, redução de vazamentos e desperdícios; Educação: Constar na grade curricular do ensino público conteúdos que desenvolvam a consciência cidadã na utilização dos recursos hídricos. Proteção: Estruturar programas e políticas de utilização e de reutilização da água – como programas de aproveitamento da água da chuva, recuperação de nascentes e uso consciente.

2 | Solo: “aquilo que for feito à terra, será feito aos filhos da terra” Uso e Ocupação Urbana: Elaborar e implementar planos diretores que racionalizem a distribuição demográfica de modo a facilitar o acesso à estrutura urbana (emprego, saúde, transporte, áreas verdes, cultura e lazer). Uso e Ocupação Rural: Elaborar e implementar políticas de uso e manejo do solo – técnicas de conservação, preservação de remanescentes de Mata Atlântica, estabelecimento de corredores biológicos. Áreas Contaminadas e Degradadas: Implantar um sistema de monitoramento, controle e tratamento das áreas contaminadas e recuperação de áreas degradadas. 3 | Mudanças Climáticas: a poluição causa males diretos ao ser humano Doenças Respiratórias: Adotar soluções de controle de emissão de gases poluentes – o ar seco no inverno e o alto índice de poluição aumentam a incidência de doenças respiratórias. Transporte e Indústrias: Implementar políticas que obriguem as empresas de transporte público e as indústrias a atentarem para a emissão de poluentes no meio ambiente, seja no ar, na água ou qualquer outro meio. Energia Renovável: Priorizar plataformas de incentivo à pesquisa e à utilização de combustíveis energéticos renováveis – diminuição dos impactos ambientais causados pela ação do homem na natureza. 4 | Saneamento Ambiental: ações eficazes para a qualidade de vida de todos Resíduos Sólidos: Incentivar a redução, reutilização, reciclagem e a correta destinação de acordo com o projeto da política nacional de resíduos sólidos. ago 2012 revista do meio ambiente

O cidadão tem o dever de fazer uma análise séria do histórico de seus candidatos, pois são as histórias deles que irão mostrar se realmente estão comprometidos com a sociedade. O cidadão tem o dever de monitorar, acompanhar e cobrar seus representantes durante os mandatos. É por meio da participação ativa do cidadão que o país conquista transformações

Saneamento: Garantir prioridade na alocação de recursos para afastamento e tratamento de esgoto, buscando tecnologia de baixo custo, descentralizando as soluções sempre que possível. Saúde: Viabilizar programas de ações de saneamento nas áreas de baixa renda dos centros urbanos e de integração das políticas públicas de saneamento ambiental, recursos hídricos, habitação e saúde pública. 5 | Sustentabilidade: desenvolvimento econômico sem prejuízo ao ambiente e às futuras gerações Florestas: Destinar recursos para impedir o desmatamento de áreas de preservação e conservação. Instituir instrumentos econômicos (IPTU Verde, ICMS Ecológico) para estimular a conservação, o uso racional dos recursos existentes e respeitar sua regeneração. Geração de Renda: Garantir a continuidade de políticas de conservação do meio ambiente, estimulando programas de incentivo à geração de renda para uma oportunidade econômica constante para a população local. Relações Sociais: Privilegiar programas de respeito a tradições, culturas e conhecimentos das comunidades tradicionais do país, valorizando o pertencimento e a importância de cada cidadão na sustentabilidade econômica e social.


mbiental 6 | Biodiversidade, Preservação e Conservação: a manutenção e o equilíbrio do homem com o meio ambiente natural, animais e florestas são a garantia de um planeta saudável para todos Biomas da Floresta Atlântica: Buscar alternativas de desenvolvimento social e econômico com bases ecológicas, assim como compatibilizar as políticas de reforma agrária com as de proteção do bioma, com incentivos a agroecologia e agricultura familiar. Manejo Sustentável: Apoiar políticas públicas de preservação das florestas para que gerem renda com manejo florestal e o turismo sustentável. Aspecto Humano: Estabelecer conjunto de ações para o combate à biopirataria, a partir de uma legislação apropriada e fiscalização conjunta das áreas de meio ambiente – Atentar para a saúde, agricultura e educação ambiental junto às comunidades. 7 | Educação: benefício para todos Investimento: Executar programas educacionais para todos. A educação é o instrumento para fortalecer o processo de mudança, pois está ligada ao crescimento do país e ao desenvolvimento do povo, preparando as pessoas para o exercício da cidadania e as qualificando para o trabalho. Profissionais: Desenvolver políticas de incentivo para a educação continuada e de motivação para profissionais da educação é tão importante como os investimentos em infraestrutura. Formar pessoas é a maior tarefa de um país, e os professores devem ser preparados para mediar o conhecimento e, sobretudo, gerar sentido nos alunos, preparando-os para uma mudança de paradigma. Saúde e Cultura: Priorizar meios para uma reeducação da visão das pessoas para que elas tenham consciência de que a saúde do planeta está diretamente ligada à saúde das pessoas. A inclusão no processo educativo permite uma convivência pacífica entre as pessoas gerando indivíduos autônomos, donos do próprio destino, curiosos, solidários, ávidos por aprender. 8 | Qualidade de Vida: responsabilidade de todos Lazer: Possibilitar que todo cidadão tenha direito ao lazer. Incentivar a conservação do meio ambiente e da qualidade de vida. Remuneração Justa: Criar programas especiais de incentivo à geração de renda. Estímulo à indústria de reciclagem, reflorestamento, viveiros e plantio de árvores, entre outros. Liberdade: Defender a vida em todas as suas formas e manifestações. Buscar qualidade e equilíbrio nas relações entre as pessoas e delas com a natureza. Desenvolver justiça social integrando também o direito a um ambiente saudável para todos. 9 | Cidadão – Direitos e Deveres: sem participação nunca podemos mudar nosso país Direitos: Garantir a continuidade da Conferência Nacional de Meio Ambiente, possibilitando a participação e a mobilização do cidadão.

19

Deveres: Manter a transparência nas ações governamentais e ter postura ética em relação ao compromisso com o cidadão.

Para o eleitor:

Participação: Pesquisar o histórico de atuação do candidato, acompanhar as votações das assembleias, trocar informações com outros eleitores, contatar o representante via canais de comunicação disponíveis – tudo isso é participação ativa antes, durante e depois das eleições.

Resultado da sua Avaliação

• Se a proposta do seu candidato contemplou de 17 a 27 pontos desta Avaliação, parabéns!!! Ele está preocupado com você e com as futuras gerações !!! • Se a proposta do seu candidato contemplou 7 a 17 pontos desta Avaliação, é sinal que ele está sendo, pelo menos, coerente e sério. • Se contemplou apenas 0 a 7, reflita melhor. • Se não contemplou nenhum ponto, repense o seu voto. Fonte: www.sosma.org.br/wp-content/uploads/2012/07/ plataforma-2012-1.pdf

Eleitores e candidatos podem aderir à iniciativa e fazer o download da Plataforma Ambiental, na íntegra, pelo link: www.sosma.org.br/projeto/ plataforma-ambiental/ Quem tiver interesse, pode conferir a situação da Mata Atlântica em suas cidades, por meio do Atlas dos Municípios, elaborado pela SOS Mata Atlântica em parceria com o INPE, e verificar os próximos os eventos da Plataforma Ambiental nas capitais brasileiras. Estas informações estão disponíveis no portal da SOS Mata Atlântica: www.sosma.org.br

revista do meio ambiente ago 2012


mUito mais GraVe Hidrelétrica projetada para Rio Tapajós, no Pará, pode ser a quarta maior do país – e abrir clareira do tamanho de São Paulo numa das áreas de maior biodiversidade do planeta São Luiz do Tapajós: os movimentos que lutam por uma nova política energética e pelas causas ambientais no Brasil precisam ficar atentos a este nome. É como está sendo chamada a possível usina hidrelétrica a ser instalada no Pará, em meio a um santuário amazônico, até agora intocado. Projetada para produzir 6 mil megawats (um quarto de Itaipu), a usina é peça importante do projeto estratégico da Eletrobrás – que quer explorar intensamente, nas próximas décadas, o potencial energético da Região Norte. Uma rica reportagem de André Borges, publicada no Valor de 25/7, ajuda a compreender as dimensões e riscos de São Luiz do Tapajós. A usina chama atenção pelo ponto em que poderá ser construída: numa área cerca de 700 quilômetros a oeste de Belém e em meio a doze unidades de conservação que formam o Complexo do Tapajós, considerado por alguns o maior mosaico de biodiversidade do planeta. Ao contrário da área semiocupada em que será erguida a barragem de Belo Monte, o ponto onde se quer instalar São Luiz do Tapajós é virgem. Não há assentamento humano. A cidade mais próxima é Itaituba (110 mil habitantes), 70 quilômetros rio abaixo. Mas a inundação será maior. Em Belo Monte, devido às pressões sociais e a mudanças na tecnologia de geração hidrelétrica, o lago projetado terá 516 km². Gerará 11 mil Mw (embora não possa funcionar com tal potência durante todo o ano). Já o novo projeto ocupará uma área com o dobro do tamanho (1.368 km², quase tanto quando o município de São Paulo) e gerará pouco mais de metade da energia. A decisão de construir não está 100% tomada. Para viabilizar o projeto, a presidente Dilma deu um primeiro passo. Baixou, em janeiro, Medida Provisória (já transformada em lei) reduzindo a área de oito das doze unidades de preservação que formam o Complexo do Tapajós. O processo é chamado, no jargão técnico, de “desafetação”. Houve compensações apenas parciais: as unidades ganharam

ago 2012 revista do meio ambiente

que Belo Monte

Tom Smylie (U.S. Fish and Wildlife Service)

texto Antonio Martins

20 energia

A jaguatirica, um dos animais que vivem no Complexo de Tapajós, está em extinção

novos territórios – porém, sem a mesma biodiversidade, segundo biólogos ouvidos por André Borges. Ainda não há licenciamento ambiental para São Luiz do Tapajós, o que pode favorecer a luta em defesa da floresta. No Complexo de Tapajós já foram catalogadas 390 espécies de aves e 400 de peixes. Vivem animais em extinção, como a onça-pintada, onça-vermelha, tamanduá-bandeira e jaguatirica. Maria Lúcia Carvalho, chefe do Parque Nacional da Amazônia (uma das doze unidades) e pesquisadora do Instituto Chico Mendes, afirma que a construção da hidrelétrica traria grandes riscos para os ecossistemas. Também lamenta o caráter abrupto da decisão de iniciar o levantamento: “Estávamos trabalhando a mil por hora no plano de manejo do parque. De repente, fomos avisados de que parte dele simplesmente iria ser desafetada [desprotegida]. Recebemos este banho de água gelada, o trabalho foi perdido”. Em 30/7, André Borges informou que, além da diretora, um grupo de técnicos prepara manifesto contra a desafetação. Fonte: www.ihu.unisinos.br/noticias/512008-muito-mais-grave-que-belo-monte

Comentários no site do IHU

O autor conhece a região? Ao menos a visitou pelo Google Earth? Logo acima da cachoeira de São Luiz existe a Vila Pimental, e imediatamente abaixo há Vila Rayol e Vila São Luiz do Tapajós. Ao longo do rio, até a cidade de Jacareacanga, existem vários pequenos núcleos populacionais, como Jatobá, Vila Martins, Colares, Penedo e Mamãe-Anã. No Google Earth é possível ver também fotos de grandes dragas de garimpo no Tapajós. Portanto, a região há muito tempo deixou de ser virgem, pura, intocada. São duas usinas (Jatobá e São Luiz) que terão a área próxima de 1.300 km2, e a potência instalada das duas somará nove mil MW. Mais da metade dessa área é a própria calha do rio Tapajós, e não floresta. Sobre eficiência energética, por favor, não repliquem informações pela metade. Este fórum deveria ser mais sério que a imprensa. Se as fontes de energia fossem vistas pela eficiência, não haveria uma única turbina eólica instalada.

Rodrigo de Filippo

A reportagem de André Borges, ao qual o autor se refere, pode ser lida em: www.ihu.unisinos.br/noticias/511810-o-pesado-custo-ambiental-de-tapajos


ParoU! aPelo indÍGena Com suspensão de licenças de Belo Monte, danos devem ser reparados

Com a divulgação, no dia 23 de agosto, do acórdão da decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) que paralisou a hidrelétrica de Belo Monte, acompanhada de notificações ao Ibama e à Norte Energia, a empresa foi obrigada a parar as atividades sob pena de ter que pagar a multa de R$ 500 mil/dia estipulada pelo TRF1. O acórdão, que detalha os votos dos três desembargadores que decidiram pela nulidade do decreto que autorizou o projeto de Belo Monte, deixa claro que todas as licenças até agora emitidas pelo Ibama – licença prévia, licença de instalação, licenças de desmatamento, etc – são inválidas. Segundo a sentença, a decisão visa “coibir o Ibama de praticar qualquer ato administrativo, e torna subsistentes aqueles já praticados, referentes ao licenciamento ambiental da Usina Hidrelétrica de Belo Monte (…) em decorrência da invalidade material do decreto Legislativo 788/2005, por violação da norma do art. 231 (…) da Constituição Federal (…) e da Convenção 169 da OIT, ordenando às empresas executoras do empreendimento hidrelétrico de Belo Monte, em referencia, a imediata paralisação das atividades de sua implementação, sob pena de multa coerciva, no montante de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) por dia de atraso no cumprimento do provimento mandamental em tela”. De acordo com a Antonia Melo, coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, juristas de renome avaliaram que, na vigência da decisão do TRF1, subentende-se que deve haver o desmonte das obras já feitas e a recomposição ambiental da região. Também cabem ações de indenização aos atingidos. “Vamos fazer uma consulta à assessoria jurídica do movimento para saber quais são as ações cabíveis para garantir a reparação dos danos causados às populações atingidas por Belo Monte. Como já anunciamos esta semana, entendemos que, como as licenças da usina são inválidas, a Norte Energia terá que reverter todas as ações que causaram impactos no rio, nas pessoas e no meio ambiente. É isso que vamos exigir. Finalmente a Justiça fez justiça e parou Belo Monte. Agora queremos que tudo que lembre esse projeto genocida desapareça das nossas vidas”. Veja o acordão na íntegra: www.xinguvivo.org.br/wpcontent/uploads/2012/08/Acord%C3%A3o-BM-42.pdf

às autoridades federais do mundo A situação dos Guarani-Kaiowá (Mato Grosso do Sul) está gravíssima. Eles necessitam de alimento e dinheiro para alugar transporte para locomover para outras aldeias os índios mais ameaçados

Diante da ameaça de morte coletiva indígena, isto é, o genocídio/etnocídio histórico anunciado pelos ocupantes (“fazendeiros”) de territórios antigos guarani-kaiowá, grande assembleia Guarani e Kaiowá Aty Guasu através desta nota vem denunciar às autoridades federais (Funai, MPF e PF) os fazendeiros temidos e assassinos dos indígenas que anunciaram, em 18 de agosto, a nova matança/extermínio dos povos indígenas no município de Paranhos-MS, localizada na faixa de fronteira Brasil/Paraguai. Importa destacar que estes grupos de fazendeiros temidos são oriundos de um grupo de praticantes históricos de genocídio/etnocídios na região do atual município de Paranhos-MS, localizada na faixa de fronteira Brasil/Paraguai. Assim, de modo natural ou normal, eles pregam o extermínio dos povos indígenas e anunciam a morte coletiva guarani-kaiowá e genocídio/etnocídio. Frente à ameaça de morte coletiva prometida publicamente na imprensa pelos fazendeiros, vimos solicitar a investigação e punição rigorosa desses mentores de genocídio/etnocídio dos povos indígenas. Todos sabem que eles têm armas de fogo sofisticadas e temidas, eles têm dinheiro produzido em cima do sangue indígena para comprar mais armas e contratar os pistoleiros. Visto que historicamente eles já dominaram nossos territórios guaranikaiowá com mão armada, matando indígenas e expulsando os indígenas dos territórios tradicionais, que perdura até hoje. É importante se compreender que ao longo da década de 1940, 60 e 70, estes mesmos fazendeiros recém-assentados invasores dos territórios Guarani e Kaiowá do atual Cone Sul, começaram dizimar/assassinar, expulsar e dispersar de forma violenta diversas comunidades guarani-kaiowá dos seus territórios tradicionais tekoha guasu, que no dia 18 de agosto de 2012, às 12h, estes mesmos fazendeiros caracterizados de pistoleiros de “faroeste/estilo gaúcho”, já ricos em cima do sangue dos indígenas, retornaram a anunciar a morte coletiva ou genocídio do povo guarani-kaiowá. Eles reafirmam que vão continuar nos matando, em nossos próprios territórios antigos. Diante dessa iminente ataque dos pistoleiros armados, vimos comunicar, mais uma vez, a todas as autoridades federais do Brasil e do mundo que nós, povos Guarani e Kaiowá, que lutamos pelos pedaços de nossas terras antigas não temos armas de fogo e, sobretudo, nãos sabemos utilizar tais armas. Queremos repetir e evidenciar que a nossa luta pelos nossos territórios antigos é somente para garantir a vida humana, fauna e flora do planeta Terra, nosso objetivo não é para assassinar a vida de ninguém. A nossa linha de luta pelos nossos territórios antigos é para buscar o bem viver possível e paz à vida dos seres humanos na Terra. Acreditamos na paz, somos da paz verdadeira, nos não temos armas de fogo destrutivos à vida humana. Queremos sobreviver. Por fim, repudiamos reiteradamente a violência contra a vida humana. Sim, temos somente nossos cantos e rezas sagradas mbaraka e takua para buscar e gerar a paz verdadeira à vida humana. Neste sentido, nós vamos e queremos ser mortos coletivamente cantando e rezando pelos pistoleiros das fazendas. Esta é nossa posição definitiva diante da ameaça de morte coletiva/genocídio/etnocídio anunciada publicamente pelos fazendeiros da região de faixa de fronteira Brasil/Paraguai.

texto Lideranças Guarani-Kaiowá da Aty Guasu-MS (Território antigo Arroio Kora-Paranhos)

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revista do meio ambiente ago 2012


Eu quero minha liberdade de volta

Eu sou juíza e estou ameaçada de morte. Comecei na magistratura há 20 anos. Há 18, estou aqui em Embu das Artes. Em todos esses anos e por todos os fóruns em que já passei, nunca tive a minha vida ameaçada. Nem mesmo quando julguei grandes processos criminais envolvendo o crime organizado. Há pouco mais de um mês, ordenei a desocupação imediata de Área de Proteção Ambiental (APA) pertencente à CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). Ela havia sido invadida por integrantes do MTST, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto. Segui o que manda a legislação ambiental brasileira, uma decisão que favorece a comunidade como um todo, no presente e no futuro. A partir daí, porém, recebi ameaças de morte, inclusive registradas pela Polícia Militar, por conta de minha sentença favorável à manutenção da APA. Fiquei sinceramente espantada. Nunca imaginei que alguém pudesse tentar me coagir por defender o meio ambiente. É como o desembargador Roque Mesquita disse em um artigo: “Ser magistrado no Brasil se tornou uma profissão de risco”. Fato. Lamentavelmente, isso está se tornando comum. Você sempre está sujeito a sofrer algum tipo de perseguição ou tentativa de coação, nesse caso traduzida em ameaça de morte. Quando prestei concurso para a magistratura, nunca me passou pela cabeça que um dia alguém, por causa de uma decisão minha, ficaria tão contrariado a ponto de ameaçar tirar minha vida. Foi muito ruim ouvir uma voz ao telefone ameaçando me matar. Claro que sinto medo. Sou humana. É normal. Passei a dispor de escolta policial 24 horas por dia. Nesse período, não podia ir ao shopping sozinha, não podia ir ao mercado nem encontrar os amigos sem um segurança por perto. O medo é um sentimento tão ruim, tão destruidor, que não contei nem para minha própria mãe o que estava acontecendo. Mas o fato se tornou público, e ela leu nos jornais que a sua filha estava ameaçada de morte. Curiosamente, o que mais eu sentia além de medo era constrangimento! Fiquei constrangida por tirar policiais das ruas, que estavam trabalhando em prol da segurança da população, para servir à segurança de uma única pessoa: eu. Quanto mais eu convivia com o medo, mais eu tinha a certeza de que não podia parar. Eu não podia e não posso ceder. Não podia deixar que a Justiça fosse derrotada. A Justiça e eu. Afinal, é o meu dever que a segurança e a ordem social sejam garantidas. Não trabalho para mim, trabalho para todos. Há 15 dias, dispensei a escolta armada que me protegia. Viver se sentindo como um refém é horrível. É pior do que muitas sentenças que já dei nesses anos de magistratura. Você não fica mais totalmente relaxada. O medo passa a ser sua companhia. E passou a me acompanhar em todos os lugares. Mas, para ser magistrada, você tem que ser forte. Ser forte e ter caráter para não ceder às pressões – durante os anos de trabalho, você é pressionada de todas as partes e de todas as formas. Eu amo a minha profissão. Sou uma juíza considerada linha dura. Faço com que as ordens judiciais sejam cumpridas. E no Brasil é preciso que isso aconteça para que o Estado democrático de Direito não seja abalado. É isso o que defendo.

ago 2012 revista do meio ambiente

Sou juíza há 20 anos. Sou linha dura, dizem. Pressão é comum, mas em 2012 surgiram ameaças de morte. Um medo destruidor, não poder ir ao mercado sozinha

Cathy Kaplan (sxc.hu)

texto Barbara Carola Hinderberger Cardoso de Almeida

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Ser juiz é não ter dúvida que a Justiça será feita. Ser juiz é ter coragem. É desejar que a Justiça prevaleça sempre, não importando o sexo, a classe social ou a escolaridade de quem quer que sejam as partes. Mas não é por eu estar sendo ameaçada que irei parar de trabalhar ou pensar duas vezes antes de uma decisão. Na verdade, minha decisão já está tomada: não vou desistir, isso não vai afetar o meu trabalho. Assim como o medo é uma característica humana, a capacidade de ter certeza também. E eu estou segura de ter tomado a decisão certa em favor da sociedade. A comunidade para qual trabalho reconhece minha luta e minha força. Percebo que estão do meu lado. Desde o frentista do posto de gasolina até o presidente da Câmara dos Vereadores de Embu das Artes me apoiaram. Eu me senti amparada e querida, o que me deu forças. São ações como essas que me fazem perceber que estou no caminho certo, que estou exercendo minha função honestamente. Agora, o que eu mais quero é minha liberdade de volta. Fonte: Folha de São Paulo


Eles fizeram a Revolução Industrial, que deu origem ao capitalismo financeiro. Mas também à fuligem e à poluição dos centros urbanos. Agora, os ingleses entram pra história com outro marco: vão ser lembrados como os primeiros a buscar a sustentabilidade em todo o ciclo de vida dos Jogos Olímpicos. A atenção meticulosa dispensada à construção das arenas e da infraestrutura, seguindo pradrões rigorosos de maneira a reduzir ao máximo os impactos ambientais, além de uma série de inovações verdes surpreendentes, já são um legado do evento, que serve de inspiração para sedes futuras, como o Brasil. Ainda assim, nem tudo saiu como planejado. Houve falhas significativas na preparação e algumas polêmicas, que não devem ser ignoradas. Poluição: a prova oculta Em termos de poluição atmosférica, Londres é uma das cidades mais sujas da Europa. Nem mesmo o inovador esquema de rodízio, adotado há quase uma década para controlar o tráfego de carros, conseguiu resolver o problema. Para driblar a situação a tempo do início dos Jogos, a cidade testou uma “cola mágica” capaz de capturar as partículas em suspensão liberadas por fábricas e pelo transporte e “grudá-las” no chão. A medida não foi suficiente. Especialistas de saúde do país têm alertado que a poluição no período do verão poderia prejudicar o desempenho e a saúde de muitos esportistas. A tática adotada por Londres difere bastante das medidas, mais radicais, que Pequim implementou para as Olimpíadas de 2008. Preocupado com a poluição do ar, o governo chinês chegou a limitar o tráfego de carros, com rodízios especiais, e também fechou temporariamente algumas fábricas. Patrocinadores “odiados” Um contrato de patrocínio fechado em janeiro com a empresa do setor químico Dow Chemical para o Estádio Olímpico gerou polêmica e colocou em xeque as credenciais sustentáveis da competição. Por trás do alvoroço está o fato da Dow ser dona da Union Carbide,

Onde o sonho “verde” de Londres

desbotou

Equipe feminina brasileira de vôlei em carro de bombeiros, durante comemoração do bi-olímpico, exibe suas medalhas – cujo suprimento de metais para a produção foi feito pela Rio Tinto, uma das empresas na mira dos ambientalistas

Marcelo Camargo/ABr

As Olímpiadas 2012 já entraram pra história como as mais sustentáveis de que o mundo já teve notícia. Ainda assim, houve falhas significativas na preparação que não devem ser ignoradas

texto Vanessa Barbosa (Exame.com)

comportamento 23

empresa responsável pelo acidente de Bophal, na Índia, em 1984, que entrou pra história como um dos maiores desastres industriais. Críticos acusam a Dow de associar sua marca aos jogos para fazer greenwashing, marketing verde de fachada. Polêmica, a presença da empresa entre os patrocinadores gerou reações de repulsa mesmo entre as pessoas mais envolvidas com as Olimpíadas. Meredith Alexander, membro do Comitê por uma Londres Sustentável, responsável por garantir que a organização dos Jogos siga preceitos éticos e de sustentabilidade, renunciou ao cargo em protesto. Outras empresas patrocinadoras, como a BP e a Rio Tinto também são alvo de críticas. Medalhas olímpicas na mira O ataque aos patrocinadores sobrou também para as icônicas medalhas olímpicas, cujo suprimento de metais foi feito pela Rio Tinto, outra empresa na mira dos ambientalistas. Com o slogan “Não deixe Rio Tinto manchar os Jogos Olímpicos”, manifestantes e representantes sindicais afirmam que a gigante da mineração polui o ar e água com suas atividade ao redor do globo, colocando vidas em risco. Segundo o britânico Guardian, a empresa forneceu oito tonenaladas de ouro, prata e bronze para fazer cerca de 4,7 mil medalhas que serão usadas nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Londres. Energia limpa: uma oportunidade desperdiçada Em relatório recente, a organização de conservação global WWF apontou o baixo investimento energia renovável como uma das falhas na empreitada verde. Segundo a entidade, a organização do evento não cumpriu uma promessa feita em 2005, quando a cidade foi eleita sede das Olimpíadas, de garantir que pelo menos 20% da energia que supriria o parque olímpico viria de fontes de geração limpa instaladas em regiões próximas. No entanto, apenas 9% da energia produzida localmente será renovável.

Fonte: pt.scribd.com/ibase_rede/d/62030341-Democracia-Viva-47

revista do meio ambiente ago 2012


Novo estudo sobre clima muda opinião de A temperatura da superfície da Terra se aqueceu 1,5º Celsius ao longo dos últimos 250 anos e “os seres humanos são quase inteiramente a causa”, conclui um estudo científico feito para responder às preocupações dos céticos sobre as causas da mudança climática serem mesmo induzidas pelo homem O professor Richard Muller, físico e cético sobre a mudança climática, fundador do Projeto Berkeley de Temperatura da Superfície Terrestre, disse que ficou surpreso com as descobertas. “Nós não esperávamos esse resultado, mas como cientistas é nosso dever deixar a evidência mudar nossas mentes”. Ele acrescentou que agora se considera um “cético convertido” e suas opiniões foram submetidas a uma “reviravolta total” em um curto espaço de tempo. “Nossos resultados mostram que a temperatura média da superfície terrestre aumentou 1,5o Celsius ao longo dos últimos 250 anos, incluindo um aumento de 0,9o Celsius ao longo dos últimos 50 anos. Além disso, parece provável que, essencialmente, todo esse aumento resulta da emissão humana de gases do efeito estufa”, escreveu Muller em um artigo publicado no New York Times. A equipe de cientistas com base na Universidade da Califórnia em Berkeley reuniu e consolidou um conjunto de 14,4 milhões de observações de temperatura da superfície, coletadas em 44.455 locais em todo o mundo, datadas desde o ano de 1753. Conjuntos de dados anteriores criados pela Nasa e a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), nos EUA, e pelo Met Office e o Departamento de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, só chegavam até meados do século 19 e usavam apenas um quinto do número de registros de estações meteorológicas. O financiamento para o projeto incluiu 150 mil dólares da Fundação Charles G. Koch, criada pelo magnata americano bilionário do carvão, que também é um dos principais financiadores do Instituto Heartland, um centro de estudos que reúne céticos. A pesquisa também recebeu 100 mil dólares do Fundo para Pesquisa Inovadora do Clima, criado por Bill Gates.

ago 2012 revista do meio ambiente

cientistas céticos

Fortunefad (sxc.hu)

texto Leo Hickman

24 mudanças climáticas

Ao contrário de esforços anteriores, os dados de temperatura de várias fontes não foram homogeneizados a mão – uma crítica-chave feita por céticos do clima. Em vez disso, a análise estatística foi “completamente automatizada para reduzir qualquer viés humano”. A equipe concluiu que, apesar de sua análise mais profunda, as suas próprias conclusões foram muito próximas das reconstruções de temperatura anteriores, “mas com menor incerteza”. Em outubro passado, a equipe publicou os resultados que mostraram que a temperatura média da superfície do globo aumentou cerca de 1o Celsius desde meados dos anos 1950. Mas, até então, não havia procurado as causas que explicassem esse aquecimento. A mais recente análise de dados retroagiu muito mais longe no tempo. Seu ponto crucial foi também procurar as causas mais prováveis do aumento, contrastando a curva de subida da temperatura contra as forças mais suspeitas a tê-la causado. A análise envolveu variáveis como o impacto da atividade solar – uma teoria popular entre os céticos do clima–, mas descobriu que, ao longo dos últimos 250 anos, a contribuição do sol foi “coerente com um aumento zero”. As erupções vulcânicas foram consideradas causa para quedas breves dentro da tendência de aumento da temperatura no período 1750-1850, mas esse efeito teve “uma analogia tênue” no século 20. “Para minha surpresa, de longe a melhor correspondência foi o histórico do dióxido de carbono atmosférico, medido a partir de amostras atmosféricas e de ar preso no gelo polar”, disse Muller. “Embora isso não prove que o aquecimento global é causado por gases de efeito estufa produzidos por humanos, esta é, atualmente, a melhor explicação que encontrei e define o padrão a ser batido por explicações alternativas.” Muller disse que as descobertas de sua equipe foram mais longe e são mais fortes do que o último relatório publicado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU. Em um movimento pouco convencional que procurou, através da “total transparência”, apaziguar os céticos do clima, os resultados foram publicamente divulgados antes da chamada revisão por pares (cientistas) a ser feita pelo Journal of Geophysical Research. Todos os dados e análises estão agora disponíveis no site do projeto para ser livremente escrutinados. Isso segue o padrão dos resultados anteriores do grupo, nenhum dos quais ainda foi publicado em periódicos científicos. Quando o projeto foi anunciado no ano passado, Anthony Watts, blogueiro de destaque entre céticos do clima, foi consultado sobre a metodologia. Ele afirmou na época: “Eu estou preparado para aceitar qualquer resultado que eles produzirem, mesmo que isso prove errada a minha


Fonte: O Eco

Publicado através da parceria de ((o))eco com a Guardian Environment Network. Tradução de Eduardo Pegurier. Veja a versão original em: www. guardian.co.uk/science/2012/jul/29/climatechange-sceptics-change-mind?CMP=twt_fd

naGasaKi

lembra o 67º aniversário do bombardeio atômico Em homenagem às vítimas de ataque de 1945, população faz um apelo pelo fim das armas nucleares em todo o mundo

Dan Smith (wikipedia CC2.5)

premissa”. No entanto, desde então, surgiram tensões entre Watts e Muller. Os primeiros indícios sugerem ser improvável que os céticos do clima aceitem plenamente os últimos resultados do time de Muller. A professora Judith Curry, climatologista do Instituto de Tecnologia da Geórgia, que mantém um blog popular entre os céticos do clima e que é consultora da equipe que fez a pesquisa, disse ao Guardian que o método usado para atribuir o aquecimento às emissões humanas foi “sobremaneira simplista e nada convincente, na minha opinião”. Ela acrescentou: “Eu não acho que essa pergunta pode ser respondida pelo simples ajuste de curva utilizado neste trabalho, e não acho que este trabalho acrescenta qualquer coisa sobre a nossa compreensão das causas do aquecimento recente”. O professor Michael Mann, paleoclimatologista da Penn State, é alvo da hostilidade dos céticos do clima por ter produzido o famoso gráfico em formato de taco de hóquei (“hockey stick”), que mostra o rápido aumento das temperaturas no século 20. Ele se disse satisfeito com os resultados, pois “demonstraram mais uma vez o que os cientistas já sabiam com algum grau de certeza por quase duas décadas”. E acrescentou: “Eu aplaudo Muller e seus colegas por atuar como quaisquer bons cientistas fariam, seguindo as suas análises até onde elas os levaram, sem levar em conta as possíveis repercussões políticas. Pelas suas conclusões, eles certamente serão atacados pelo grupo de negadores profissionais das mudanças do clima”. Muller disse que a análise de sua equipe sugere que haverá um aquecimento de 1,5 graus na superfície terrestre nos próximos 50 anos. Entretanto, se a China continuar seu rápido crescimento econômico e amplo uso de carvão, então, o mesmo aquecimento pode ocorrer em menos de 20 anos. “A ciência é o estreito reino do conhecimento que, em princípio, é universalmente aceito”, escreveu Muller. “Eu embarquei nesta análise para responder a perguntas que, a meu ver, não tinham sido satisfeitas. Eu espero que a análise de Berkeley da Terra ajude a decidir o debate científico sobre o aquecimento global e suas causas humanas. Depois vem a parte difícil: achar concordância em todo o espectro político e diplomático sobre o que pode e deve ser feito”.

texto IG São Paulo

nuclear 25

O único edifício que resistiu à bomba – que era originalmente o prédio municipal de promoção industrial – tornou-se memorial da paz

A cidade japonesa de Nagasaki lembrou no dia 09/08 o 67º aniversário do lançamento da bomba atômica que devastou a cidade, aproveitando a cerimônia para fazer um apelo à comunidade internacional por um tratado pelo fim das armas nucleares. Às 11h02 locais (23h02 de quarta-feira em Brasília), o momento exato em que a bomba caiu sobre a cidade em 1945, dezenas de milhares de pessoas concentradas no Parque da Paz fizeram um minuto de silêncio para lembrar as vítimas do ataque nuclear, das quais cerca de 70 mil morreram na hora. Japoneses também acenderam lanternas e rezaram. Além de fazer lobby pela proibição dos arsenais atômicos, o prefeito de Nagasaki, Tomihisa Taue, pediu ao Executivo japonês que renove a política energética nacional e a afaste da fissão nuclear, em um momento em que os japoneses mostram uma crescente rejeição às usinas atômicas após o acidente na central de Fukushima, em 2011. O primeiro-ministro do Japão, Yoshihiko Noda, indicou, como também fez há três dias em Hiroshima, que seu governo buscará a médio prazo um regime energético mais seguro que gire em torno de “uma política baseada na redução da dependência da energia nuclear”. Noda também voltou a reiterar que o Japão, por ser o único país a ter sofrido ataques nucleares, deve liderar o debate internacional sobre o desarmamento nuclear e a não proliferação. Participaram da cerimônia representantes de cerca de 40 países, entre eles os embaixadores no Japão de Estados Unidos, França e Reino Unido, países que contam com armas nucleares. Em 9 de agosto de 1945, o lançamento da bomba “Fat Man” se tornou o segundo ataque nuclear da história, três dias após os Estados Unidos terem produzido outro bombardeio atômico sobre a cidade de Hiroshima. Segundo dados da cidade de Nagasaki, em março deste ano estavam vivos 39.324 “hibakusha”, como são conhecidos os sobreviventes do ataque. Fonte: Último Segundo, com EFE

revista do meio ambiente ago 2012


Brasileiro mostra preocupação com meio ambiente,

mas ainda faZ PoUco O Ministério do Meio Ambiente (MMA) disponibilizou a íntegra da análise realizada para traçar o perfil dos hábitos de consumo dos brasileiros, enfatizando a visão sobre o meio ambiente e o consumo sustentável. Esta edição do estudo também focou na influência das mulheres sobre o consumo atual e futuro A pesquisa, intitulada O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável - Mulheres e tendências atuais e futuras de consumo no Brasil, se baseia em descobertas de análises anteriores que mostram que as mulheres são as principais responsáveis pelas decisões de compra nas famílias ou individualmente, além de serem propagadoras de novos comportamentos nas comunidades. “As pesquisas sobre a nova classe média brasileira indicam que a mulher tem centralidade e é determinante nas decisões de consumo. Não dá para falar de centralidade, de meio ambiente ou de inclusão socioambiental sem ter uma agenda robusta com as mulheres, que tem protagonismo em cuidar da família com a melhor alimentação, por exemplo. É impossível discutir sustentabilidade sem ter agenda do gênero”, disse Izabella Teixeira, ministra do MMA. O estudo qualitativo focou na relação entre consumo de massa e a sustentabilidade, com o objetivo de subsidiar a estratégia de programas educacionais sobre consumo consciente e responsável. De acordo com a pesquisa, o consumo exagerado e impulsivo está diretamente ligado ao padrão televisivo e às campanhas publicitárias. “As consumidoras estão numa fase de formação de gosto. Agora é a hora de incutir valores de sustentabilidade, orientá-las a escolher com consciência na hora de comprar. Se quisermos mudar os padrões de consumo, temos que trazer as mulheres para o nosso lado”, concordou Samyra Crespo, secretária de Articulação e Cidadania Ambiental. Muita preocupação, pouca ação A outra parte da análise apresentou os resultados de estudos realizados em 11 capitais brasileiras (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) sobre os hábitos de consumo dos brasileiros e sua visão sobre o meio ambiente e o consumo sustentável. A pesquisa mostra que o brasileiro tem preocupação com o meio ambiente, mas ainda faz pouco em relação a um consumo mais sustentável. A análise descobriu também que o brasileiro ainda não se sente muito confortável para falar sobre o meio ambiente, e, embora 26% se sintam muito bem ou bem informados para falar sobre o assunto, 52% se sentem mais ou menos informados, e 22% se sentem mal ou muito mal informados. As principais fontes de informação sobre o assunto são TVs e rádios (65%), escolas, (29%), governo e políticos (25%), revistas e jornais (25%), internet (19%), comunidades de bairro (19%), empresas em geral (9%) e ONGs (9%). Os brasileiros entrevistados elegeram as escolas (24%) como a organização mais importante na educação ambiental, mas igrejas (19%), comunidades (15%), ONGs (13%), governos, governantes e políticos (12%), supermercados (11%) e empresas em geral (5%) também devem ter esse papel. Como principal problema urbano, o meio ambiente ficou em 3º lugar com 13%, atrás de saúde e hospitais (30%) e violência e criminalidade (24%). Em relação aos maiores problemas ambientais urbanos, a maior parte dos entrevistados (39%) acredita que o mais grave seja a limpeza pública.

ago 2012 revista do meio ambiente

Gabor Kalman (sxc.hu)

texto Jéssica Lipinski (publicado pelo Instituto CarbonoBrasil)

26 cidadania ambiental

E quando se trata de resolver tais problemas, a prefeitura da cidade aparece como maior responsável (40%), seguida pelo governo estadual (21%), os próprios cidadãos (13%), a associação de moradores (9%), o governo federal (5%), os partidos políticos (5%), organizações ecológicas (3%) e empresários locais (2%). Para resolver os problemas por si próprios, a maioria diz que está disposta a assinar abaixoassinados (80%), participar de reuniões de moradores (73%) e participar de mutirões e grupos de trabalho (59%). A grande maioria (71%) afirma não conhecer nenhuma organização que protege o meio ambiente, e apenas 1% dos entrevistados são afiliados a alguma instituição deste tipo. Com relação à preocupação com o meio ambiente, apenas 20% concordam total ou parcialmente que a preocupação com o meio ambiente no Brasil é exagerada, e 88% acham que o atual desperdício de água prejudicará o consumo desta no futuro. 60% discordam total ou parcialmente de que a ciência poderá resolver todos os problemas ambientais, e 73% creem que o governo deveria dar incentivos para que as famílias limitassem o número de filhos. No quesito do falso dilema entre ecologia e economia, 58% concordam total ou parcialmente que o meio ambiente deve ter prioridade sobre o crescimento econômico, e 59% creem total ou parcialmente que apenas com grandes mudanças nos hábitos de compras, transporte e alimentação poderemos evitar problemas futuros. Apesar de o brasileiro ainda não mostrar um papel muito ativo no consumo sustentável e na preservação ambiental, Izabella Teixeira e Samyra Crespo lembraram que a pesquisa tem um papel importante não só para revelar os hábitos de consumo da população, mas para ajudar a criar estratégias para mudar o que é necessário. Mais informações: www.mma.gov.br/publicacoes/ responsabilidade-socioambiental/category/90producao-e-consumo-sustentaveis



Reportagens sobre poluição são

desconexas e alarmistas A cobertura da grande mídia sobre casos de poluição do solo por resíduos ainda é pouco investigativa, burocrática, dependente de notas oficiais de governos e empresas e pouco capaz de lidar com questões complexas e incertezas. Esse é o diagnóstico de uma pesquisa feita no Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (Procam) da USP Segundo a jornalista Daniela Vianna, autora da tese de doutorado “A cobertura jornalística sobre poluição do solo por resíduos: uma análise da produção dos jornais O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo da Rio-92 a 2007”, essas características não permitem que a visão sistêmica esteja presente na cobertura jornalística sobre as questões ambientais. As reportagens e notícias, na maioria dos casos, tratam os envolvidos de maneira reducionista, dividindo-os em mocinhos e bandidos. Também é comum a divisão entre “lado” e “outro lado”, que não abrange toda a complexidade dos problemas ambientais. Já a população afetada é retratada quase sempre como uma vítima impotente e incapaz de resolver seus problemas sem a interferência de outros atores, como governos, órgãos técnicos ou empresas. O estudo foi orientado pelos professores Wanda Maria Risso Gunther, da Faculdade de Saúde Pública (FSP), e Pedro Roberto Jacobi, da Faculdade de Educação (FE) e atualmente presidente do Procam. Analisando 557 matérias publicadas entre 1992 e 2007 nos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, a pesquisa também aponta que repórteres mais experientes na cobertura de temas ambientais conseguem lidar melhor com as incertezas científicas e trabalham com uma maior diversidade de fontes na matéria. Tal abordagem resulta em textos menos sensacionalistas e com maior contextualização dos fatos. No entanto, Daniela ressalta que tais profissionais se especializam na área por iniciativa própria: não se observa, nas grandes empresas jornalísticas, a existência de programas institucionais que permitam a melhoria da cobertura sobre as questões ambientais ou que incentivem jornalistas que decidem se aprofundar na área. “A experiência vem por um desafio pessoal do próprio repórter. Ela vem apesar das redações, e não por causa delas”, diz a pesquisadora. A autora também afirma que muitas das dificuldades da cobertura sobre a complexidade dos temas ambientais são causadas pela própria crise que se impõe nas redações nos últimos anos, não só no Brasil, mas também na Europa e nos Estados Unidos. Gradativamente, o número de profissionais diminui e a quantidade de trabalho aumenta, já que muitas redações – e seus respectivos jornalistas – estão assumindo a produção de conteúdo para veículos impressos e para os portais online de notícias. “A indústria de notícias está em crise. É uma crise do papel e de papéis.” Recomendações Mesmo com as dificuldades da profissão, Daniela aponta algumas atitudes que jornalistas podem adotar para melhorar a cobertura ambiental, como fazer apurações in loco, vivenciando a experiência sensorial sempre que possível; visitar os locais e buscar estabelecer interconexões e links entre os aspectos ambientais e as questões sociais, econômicas, políticas e históricas, por exemplo. A pesquisadora sugere, ainda, que os jornalistas

ago 2012 revista do meio ambiente

Stefan Wagner (trumpkin.de CC 2.0)

texto Agua - Associação Guardiã da Água (www.agua.bio.br)

28 comunicação ambiental

aceitem as incertezas e busquem lidar com o discurso das probabilidades. Por fim, recomenda atenção redobrada ao discurso predominante, deixando de lado a ingenuidade e tendo em mente que não existem fontes isentas: todas defendem determinado ponto de vista. Cada vez mais, políticos e grandes corporações investem em profissionais qualificados para as suas assessorias de comunicação. “Nas redações, em meio à pressa de noticiar e à falta de investimentos em jornalismo investigativo, releases muito bem escritos e convites para viagens guiadas caem como uma luva. Existe toda uma poderosa estrutura para manter tudo como está.” No entanto, a pesquisadora alerta: “Não se pode confundir jornalismo ambiental com ativismo, para não perder a credibilidade”. Mesmo assim, ela destaca que o dever do jornalista é incomodar e mexer com estruturas e padrões vigentes na sociedade. “Essa é uma das premissas que norteia os debates e o trabalho de profissionais que integram a Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental”, destaca a pesquisadora, que é membro da Rede desde 2004. Diante da crise ambiental, Daniela considera que a mídia é essencial para o debate público. “A forma como a mídia cobre as questões ambientais pode ser um divisor de águas entre uma sociedade preparada para conduzir o debate e uma sociedade que só assiste a ele sendo conduzido por instituições que querem manter o status quo ou imprimir o ritmo lento da mudança, a despeito do sentido de urgência que envolve a busca por soluções imediatas para evitar impactos ainda maiores causados pela ação do homem na natureza.”


entrevista 29

Educação ambiental é

falHa no brasil “Todos os professores dizem que é muito importante trabalhar o tema meio ambiente. Só que na prática, eles não conseguem fazer isso”. Confira a entrevista com a bióloga Claudia Ferreira Com a crença de que a educação ambiental é essencial para estimular a humanidade a agir em defesa do meio ambiente, a bióloga Cláudia Ferreira dedicou dois anos (2009 e 2010) para descobrir como a questão era abordada nas escolas pública paulistas. Para obter o título de doutora na Faculdade de Educação da USP (Universidade São Paulo), a pesquisadora frequentou salas de aula do ensino fundamental de três escolas estaduais da capital paulista, acompanhando desde reuniões de planejamento pedagógico até as aulas ofertadas aos estudantes. Além disso ela analisou o material oferecido, entrevistou pais, professores e gestores. E o cenário que viu não foi nada animador: apesar do interesse de estudantes e o reconhecimento da importância do tema por parte dos professores, a questão é mal abordada nas salas de aula. Para tal constatação, motivos não faltam. Apesar de bem elaborado, o material desenvolvido para a temática é entregue sem nenhuma orientação; não há infraestrutura escolar; sem valorização e acompanhamento, os professores desmotivam-se a agir. Como foi que surgiu a ideia da pesquisa? Fale um pouco sobre seu estudo. Claudia Ferreira: Meu interesse era saber como o meio ambiente estava sendo trabalhado nas escolas públicas de São Paulo. Aqui, a gente tem os materiais, com diretrizes para os professores, que é enviado pelo Mec (Ministério da Educação). Então, queria saber como é enviado esse material, como isso chega aos professores, como eles trabalham no dia a dia o tema. Fiz uma pesquisa bem ampla sobre o assunto. Fui investigar na Secretaria de Educação como eram feitos esses materiais, analisei o conteúdo e depois fui para a secretaria de ensino para saber como esse material chega lá e é enviado para as escolas. E qual foi a conclusão que a senhora chegou? Os materiais que analisei têm um conteúdo sobre o meio ambiente que acho importante. Eles mandam esses materiais para as escolas, mas os professores têm uma série de dificuldades para trabalhar esse tema em sala de aula. Porque eles já não têm condições de infraestrutura para poder trabalhar, eles tem baixos salários, desvalorização, não tem curso de capacitação disponível. Fora que são sobrecarregados: como ganham pouco, eles trabalham nos três turnos. Existe uma Política Nacional do Meio Ambiente, de 81, onde dizia que a educação ambiental deveria ser oferecida em todos os níveis de ensino. Ou seja, isso é dito desde 1981. Como é que até hoje não conseguimos colocar isso em prática? Já deu tempo suficiente e até agora não conseguimos tirar as coisas do papel efetivamente. Nossa Constituição Federal, de 1988, também estabelece a educação ambiental em todos os níveis de ensino, assim como conscientização pública e preservação do meio ambiente. Essas coisas deveriam estar presentes no dia a dia da escola. E como é, na prática? Fui nas escolas, entrevistei os professores, analisei os materiais e assisti as aulas. O que eu percebi é que todos os professores dizem que é muito importante trabalhar o tema meio ambiente. Só que na prática, eles não con-

seguem fazer isso. Os materiais chegam praticamente um mês após as aulas começarem. Outra coisa é que quando chegam, não há uma orientação nem preparação. Eles se sentem perdidos, não sabem o que fazer com aquilo. As escolas também não costumam usar o meio ambiente próximo para abordar essa questão. Um exemplo é uma das escolas que tinha um jardim lindo ao redor dela, mas o tempo todo em que fiquei no local, quase seis meses, eles não foram lá nenhuma vez. Então, é complicado porque eles tem uma coisa na mão que não é útil porque eles não sabem trabalhar com isso. E a questão é que esses professores também não tiveram acesso à educação ambiental durante sua formação. Qual era a percepção deles sobre o meio ambiente, além de dizerem que era importante? Eu percebi que eles têm uma visão um pouco antropocêntrica, ou seja, colocando o homem como dono da natureza. Uma hora ele (o homem) é o vilão, outra hora ele é o coitadinho. Não há uma visão mais crítica que aborde os efeitos históricos, sociais. Eles não conseguem se inserir neste meio ambiente, perceber que fazem parte dele. E o que consta nos documentos é que a gente tem que colocar na escola uma educação ambiental crítica, que discuta o homem inclusive. “O que faria uma grande diferença é melhorar essa comunicação entre quem elabora as políticas públicas, os materiais, e as escolas” E qual é o impacto do ensino de educação ambiental nas escolas? Apesar dos professores acharem importante (ensinar a educação ambiental), eles relataram dificuldades, uma vez que a realidade dos alunos dessas escolas é muito difícil. As famílias têm problemas com a realidade sócio-econômica, desemprego, alcoolismo, violência, falta de condições básicas e vida. Tudo isso levam elas a priorizarem as necessidades imediatas ao invés do meio ambiente. No entanto, quando se faz educação ambiental de verdade essas reflexões ultrapassam os muros da escola e formam cidadãos mais críticos e conscientes do seu papel na sociedade. Se existisse uma abordagem que mostre que não é cuidar só da água, do lixo, mas das relações entre os indivíduos, a vida destas pessoas poderia melhorar. Para muitas dessas crianças, a escola é o único contato com uma cultura. O que a gente faz na escola contamina a comunidade e afeta todos. Fonte:EcoD

Leia na íntegra: ibdn.org.br/novo/index.php/ultimas noticias/1699-professores-sofrem-dificuldades-paraensinar-educacao-ambiental-em-sp.html revista do meio ambiente ago 2012


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PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA

RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

COM ÁTILA NUNES FILHO

Permitir que dezenas de ouvintes diariamente entrem no ar para reclamar, protestar, denunciar, sem censura. Essa é a fórmula do sucesso de audiência do Programa Reclamar Adianta que vai ao ar de segunda à sexta feira pela Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ). Na verdade, esse sucesso é um resultado, e não o objetivo. O objetivo sempre foi - e é - de dar voz aos cidadãos que não tem acesso aos veículos de comunicação para externar seus pontos de vista.

Dezenas de profissionais trabalham hoje inteiramente dedicados à milhares de ouvintes que acompanham o programa ao vivo pela Rádio Bandeirantes ou pela internet, com o fundamental apoio do serviço de interesse público Em Defesa do Consumidor (www.emdefesadoconsumidor.com.br).

Todas as reclamações dirigidas à empresas ou às autoridades, recebem nossa atenção – de forma personalizada – que não se encerra quando acaba o programa ao meio dia. A partir desse instante começa o atendimento fora do ar. O monitoramento dessas reclamações pela nossa equipe continua no restante do dia, às vezes, do resto da semana, até a se alcançar a solução.

As três dezenas de profissionais que atuam no Programa Reclamar Adianta preparam-se para ampliar o atendimento nacionalmente.

O alcance dos assuntos foi ampliado, estendo-se às reclamações dos ouvintes em relação aos órgãos do governo federal, governos estaduais e prefeituras.

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia, Acesse pela internet: www.reclamaradianta.com.br Central telefônica 24h: (021) 3282-5588 twitter: @defesaconsumo www.emdefesadoconsumidor.com.br

A central telefônica, criada para atender durante as duas horas de programa, hoje funciona 24 horas por dia.

Tudo isso se deve, contudo, aos milhares de ouvintes que sintonizam a Rádio Bandeirantes AM 1360 do Rio de Janeiro, de segunda à sexta-feira, das 10h ao meio dia. Obrigado a todos. E guarde o número de telefone de nossa Central de Atendimento: (021) 3282-5588. Se preferir, nos mande um e-mail. O atendimento é 100% gratuito e personalizado. A equipe do Programa Reclamar Adianta

PROGRAMA PAPO MADURO

RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ) De 2ª à 6ª feira, ao meio dia, Acesse pela internet: www.papomaduro.com.br Central telefônica 24h: (021) 3282-5144


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ano VII • ed 50 • agosto 2012

SIM, quero ser assinante-colaborador da Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental, uma organização sem fins lucrativos, assegurando meu livre acesso ao conteúdo do PORTAL DO MEIO AMBIENTE (www.portaldomeioambiente.org.br) e o recebimento da versão impressa e gratuita da REVISTA DO MEIO AMBIENTE sempre que for editada.Declaro concordar com o pagamento de R$ 100,00 (cem reais) referentes às despesas de manuseio e de postagem de 12 (doze) edições impressas, que receberei uma a uma, independente do tempo que dure. Farei o pagamento através de depósito bancário na Caixa Econômica Federal, Agência 3092 OP 003, C/C 627-5, em favor da PRIMA – MATA ATLÂNTICA E SUSTENTABILIDADE – CNPJ nº 06.034.803/0001-43, parceira da Rebia neste projeto pela democratização da informação socioambiental no Brasil. Após o pagamento, informarei pelo e-mail vilmar@rebia.org.br a data, hora e valor do depósito e os dados completos (nome completo, endereço completo) a fim de receber meus exemplares.

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Revista do Meio Ambiente Redação: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 Casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba, Niterói, RJ CEP 24370-290 Telefax: (21) 2610-2272


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