Alamanaque Especial - Tubal Vilela

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Almanaque UBERLÂNDIA DE ONTEM & SEMPRE

EDIÇÃO COMEMORATIVA DOS 77 ANOS DA ITV EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS

TUBAL VILELA, UM LEGADO PARA SEMPRE!

MAIO 2014




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Almanaque UBERLÂNDIA DE ONTEM E SEMPRE

Sumário NOSSA CAPA: TUBAL VILELA DA SILVA, DESENHO DE JOSÉ FERREIRA NETO

Almanaque UBERLÂNDIA DE ONTEM & SEMPRE

EDIÇÃO COMEMORATIVA DOS 77 ANOS DA ITV EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS

MAIO 2014

INÍCIO

A CHEGADA A UBERLÂNDIA

BIOGRAFIA

QUEM FOI TUBAL?

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TUBAL VILELA, UM LEGADO PARA SEMPRE!

Capa Tubal.indd 1

29/04/14 18:48

DIREÇÃO EDITORIAL CELSO MACHADO SUPERVISÃO FÁBIO BERRINGER DNS COMUNICAÇAO EDIÇÃO DOLORES MENDES PESQUISA E REPORTAGENS ANAISA TOLEDO DOLORES MENDES NÚBIA MOTA FOTOGRAFIAS ACERVOS PESSOAIS ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL REVISÃO ILMA DE MORAES PAGINAÇÃO HOUSE COPIADORA IMPRESSÃO GRÁFICA BREDA COLABORAÇÃO ADEMIR REIS ADRIANA FARIA ANTÔNIO PEREIRA EI COMUNICAÇÃO JOSEFA APARECIDA PFEIFER OSCAR VIRGÍLIO OSWALDO DE SOUZA

POLÍTICA

A AMIZADE COM JK

EXÉRCITO

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ÁGUIA DA TUBALINA

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HOMENAGEM

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PRAÇA DOS BAMBUS

ITV

77 ANOS DE HISTÓRIA

AGRADECIMENTOS DIRETORIA E EQUIPE DA ITV EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS

MERCADO

PROJETO EDITORIAL NÓS CONSULTORIA TELEFONE (34) 3229-0641 Rua Eduardo de Oliveira, 175 www.nosprojetos.com.br

OUSADIA

A AMPLIAÇÃO CHEGADA DA ÁGUA

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Carta ao Leitor

O

que torna apaixonante trabalhar com memória é que ao buscar informações sobre

determinado personagem, sobre determinado assunto, vão surgindo dados que tornam esse mergulho ainda mais fascinante. Isto é exatamente o que aconteceu em relação a este projeto customizado sobre a trajetória de Tubal Vilela da Silva e da ITV Imobiliária, que de tão interligados não dá para dissociar um do outrao. Foi músico animando festinhas escolares, fundou jornal humorístico. Teve excepcional trajetória política como vereador, prefeito, deputado estadual; igualmente como empresário de inúmeras iniciativas, sendo uma delas a fábrica de fósforos Zebú da qual assumiu o controle acionário em 1939. Foi um dos fundadores da Associação Comercial, Industrial e Rural de Uberlândia. À medida que nos aprofundamos

MÚSICA

BANDA MUNICIPAL 38

ASSISTÊNCIA

NATAL DOS POBRES 42

INDÚSTRIA

FÁBRICA DE FÓSFOROS

CELSO MACHADO Engenheiro de histórias

Fundada em 1937, ano em que Getulio Vargas legalizou os loteamentos urbanos em nosso país, adotou práticas inovadoras como manter o preço original das prestações, mesmo quando renegociadas. Fornecer materiais para estimular a construção, aceitar diferentes formas de pagamento e outras mais. Seu cuidado era tão grande que a empresa até hoje guarda os contratos originais do início de suas atividades, um acervo valioso.

na sua carreira vão surgindo fatos

Honrados e felizes por termos rece-

que revelam seu papel de destaque

bido esta missão, agradecemos a

na projeção do futuro de nossa ci-

direção da ITV Empreeendimentos

dade.

e a família Vilela da Silva pelo privi-

Dentre tantas iniciativas que

légio de termos a oportunidade de

apoiou e liderou, sem dúvida uma

recuperar, registrar e divulgar histó-

reveladora de suas maiores virtu-

rias que fazem da história da nossa

des, empreendedorismo e despren-

cidade uma história abençoada.

dimento, foi a Imobiliária Tubal

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Vilela.

Celso Machado


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A FAMÍLIA DA MÃE DE TUBAL VILELA Ao centro o avô Joaquim Villela, à esquerda dele na foto está a esposa Maria Antônia e à direita a mãe de Tubal, Eutildes, a Sinhá, com os irmãos

INÍCIO

A CHEGADA DA FAMÍLIA VILELA A UBERLÂNDIA Com os Vilela da Silva, veio ainda a família do avô dele cada uma em seu carro de boi

H

á 116 anos, do povoado de Santa Maria - que hoje é o distrito uberlandense de Miraporanga, na época pertencente à freguesia de Monte Alegre de Minas, na cidade de Prata - saiu a família de Agripino Augusto da Silva e Eutildes Vilela Reis, a Sinhá. A intenção era dar estudo aos

filhos, já que, na época, Uberabinha era emancipada e mais desenvolvida do que o povoado onde moravam. Com o casal, vieram os filhos ainda pequenos, Tubal, Maria, Cláudia e Petronilha. O primogênito, Pérsio, morreu bebê. Já em Uberlândia, nasceram Jacy, Penor, Colombo, Carmélia, Marta e José. Onze filhos, entre

eles aquele que viria, mais de 40 anos depois, a governar a cidade: Tubal Vilela da Silva. Com os Vilela da Silva, segundo Oswaldo de Souza, veio ainda a família do avô de Tubal, Manuel Nico da Silva, cada uma em seu carro de boi, já que, naquela época, a região não tinha estradas. “Me lembro do seu Agripino. Era um senhor de bigode que tinha uma mercearia de secos e molhados na Afonso Pena, onde eles também moravam. Sinhá era uma mulher esguia, cabelo comprido, andava ligeiro e tinha sempre uma sombrinha na mão, fizesse chuva ou sol. Tubal Vilela era mais parecido com ela.” O apelido da matriarca, Sinhá, segundo a neta dela, Neuza Bombonato, provavelmente veio da época dos escravos. No Tabelionato de Notas e Registro Civil das Pessoas Naturais em Miraporanga, cujo primeiro livro compreende o período de 1866 a 1872, há ainda registros de compra e venda de


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escravos. Algumas partes escritas à pena são legíveis, como a aquisição de três escravos, por 2,3 mil réis, pagos por José Joaquim Villela, possivelmente o pai de Eutildes, a Sinhá, e o avô de Tubal Vilela da Silva. O tabelião era Salomão Severino da Silva Ramos. “Minha vó se casou com 13 anos. Era uma criança. Ela teve o primeiro filho, o Pérsio, com 14 anos e tio Tubal com 15”, disse Neuza. Quando chegou a Uberabinha, a família foi morar na avenida Afonso Pena. Logo depois, comprou o lote em frente, na esquina com a Tenente Virmondes, na época rua Atalaia, onde construiu um armazém e a casa. Os filhos estudaram na Escola Bueno Brandão, inaugurada em 1911, três anos depois da chegada deles. “Um dos primeiros serviços do meu pai (Tubal Vilela) foi um boteco de bananas. Ele era pobre. Calçou o primeiro sapato, uma botina mateira, quando tinha 18 anos”, disse o empresário Tubal Siqueira, filho caçula do político. Em Uberlândia, todos os filhos de Agripino se casaram e formaram família.

A família de Agripino e Eutildes (Sinhá), com filhos, noras e netos. Em cima: José, Penor, Colombo, Tubal, Ambrolino, César, Agripino, João, Pedro, Marta e Carmélia. Embaixo: Elza, Hélio, Fábio, Hugo, Petronilha, Cláudia com Neuza no colo, Sinhá, Maria com Umberto no colo, Jacy, Oswaldo e Décio

“Ele era pobre. Calçou o primeiro sapato, uma botina mateira, quando tinha 18 anos”

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DEPOIMENTO “O Tubal foi o maior prefeito que Uberlândia teve. E olha que tive atritos sérios com ele, mesmo ele sendo do meu partido. Ele colocou luz e água em Martinésia, Cruzeiro dos Peixotos, Tapuirama, fez um campo de futebol, mudou o cemitério, fez um novo mercado, calçou rua. Tem um episódio interessante, quando foi eleito deputado estadual o Oscar Moreira, do lado da UDN. Eles fizeram uma aposta que o Tubal não faria o projeto de água que prometeu em campanha. Acontece que o Tubal teve a sorte de ter no governo do Estado um Juscelino Kubitschek que financiou a obra pela Caixa Econômica”. Renato de Freitas Ex-prefeito falecido em 1998


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Tubal Vilela andava sempre de terno, gravata e barba feita

BIOGRAFIA

DE HOMEM SIMPLES A EMPRESÁRIO OUSADO O político chegou pobre e morreu como um dos homens mais ricos da região Por Antônio Pereira

TUBAL VILELA COM OS CINCO FILHOS Em cima: Hugo, Rômulo e Fábio. Embaixo: Tubal Siqueira, Tubal Vilela e Rosa Maria

T

ubal Vilela da Silva nasceu em Santa Maria, hoje Miraporanga, na época pertencente a Prata, no dia 19 de outubro de 1901. O historiador Jerônimo Arantes descrevia o jovem Tubal como “um rapaz de bonita aparência, de fisionomia sempre alegre e muita vivacidade no falar”. O político mudou-se para Uberlândia ainda criança, pobre e de pés descalços e morreu como um dos homens mais ricos da cidade e região. No início da vida, Tubal Vilela foi empregado do comércio das casas de Abrahão Metran e Companhia e Hermenegildo Pedro e Irmão. Enquanto caixeiro, fundou, com Vicente Paulo Afonso, o jornal humorístico “O Lampeão”. Tubal usava o pseudônimo de “Canário Belga” nas crônicas alegres. Um aspecto pouco conhecido é que ele era músico, tocava flauta e participava de um conjunto que animava as festinhas das moças da escola de dona Julieta Rezende. Foi dono de um boteco de bananas, montou uma casa chamada Empório Central, na praça Antônio Carlos, hoje Clarimundo Carneiro, com o slogan “tem de tudo, compra de tudo e vende de tudo”. Sua primeira grande casa chamava-se Tubal Vilela e Companhia.“Ele depois montou uma área perto da estação do trem para os comerciantes depositarem mercadorias, grãos etc. Se as pessoas não pagassem pela armazenagem,


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EM CIMA: Rômulo, Letícia, Hugo, Tereza, Tubal Siqueira, Célia e Fábio. EM BAIXO: Tubalzinho, Rosa Maria, Tubal Vilela, Júnior, Pérsio e Rosalina

DEPOIMENTO

ele mesmo podia negociar a mercadoria, que era a garantia”, disse Tubal de Siqueira Silva, se referindo à Empresa de Armazéns Gerais, criada em 1932 e tida como a primeira do ramo no Brasil Central. Tubal Vilela ainda instalou em Uberlândia o primeiro posto de gasolina, o Posto Atlantic, exatamente onde hoje está o Edifício Tubal Vilela, na rua Olegário Maciel, esquina com a avenida Afonso Pena. Em 1937, criou a Empresa Imobiliária Uberlandense, depois conhecida como Imobiliária Tubal Vilela (ITV), até hoje em atividade. Em 1939, assumiu o controle acionário da Fábrica de Fósforos Triângulo. Teve ainda atividades empresariais na área de construção civil em Belo Horizonte e Goiânia. Tubal Vilela se casou pela primeira vez com Rosalina Bucironie, com quem teve os filhos Hugo e Fábio. Da segunda vez, se casou com Nila Siqueira e teve ainda Rômulo, Tubal e Rosa Maria. Remo, da segunda união, morreu ainda bebê. Os filhos lhe deram 18 netos. Faleceu no dia 26 de novembro de 1962, aos 61 anos, de leucemia, na casa onde morava na rua Olegário Maciel, esquina com a avenida Floriano Peixoto, bem ao lado do Hotel Presidente, empreendimento planejado por ele, mas inaugurado dois anos depois da sua morte. No túmulo, no cemitério São Pedro,

Jornal criado por Tubal Vilela na década de 20 no qual ele usava o pseudônimo de “Canário Belga” está escrito no epitáfio. “O pulsar vigoroso do seu coração ainda se faz sentir no vertiginoso progresso de Uberlândia.” POLÍTICA Um antigo ditado se referindo tanto ao político quanto ao fundador e ex-presidente da Imobiliária Tubal Vilela diz que “Deus fez a metade de Uberlândia e Tubal fez o resto”. Além de empresário, Tubal Vilela da Silva tinha vocação política. Foi eleito vereador de Uberlândia em 1936 e

Apesar de ter convivido com meu avô até os 6 anos, quando ele morreu, cresci ouvindo histórias dele pelo meu pai (Rômulo Vilela da Silva), saudosista, que revia fotos, gravações de seu gravador Geloso e uma frase dita por todos era sempre repetida: “Uberlândia antes e depois de Tubal, que foi o maior prefeito que Uberlândia já teve”. Meu avô chegou em Uberlândia vindo da cidade de Prata, descalço, filho de um caixeiro viajante, com o 4º ano primário e morreu como o homem mais rico da região. Gostava de música e organizou a Banda Municipal trazendo até músicos de fora. Antônio de Melo, regente da banda me disse: “Seu avô, eles falavam que tocava flauta mas era bombardino”. Até um dobrado foi feito em sua homenagem. Foi fundador da primeira imobiliária de Uberlândia e instituiu nas décadas de 40 e 50, o sistema de financiamento da casa própria para venda de terrenos e construção de casas. Fato pitoresco que nos foi contado por pessoas que adquiriram suas casas por este sistema era que as prestações eram pagas, quando necessário, não só por dinheiro, mas por qualquer bem que possuísse: porco, galinha, máquina de costura, panelas, ... tanto que, com o material que recebia, criou um armazém para revendê-los. Silvana de Almeida Silva Andrada Neta


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ganhou a eleição para prefeito em 1950, assumindo em 1951 para um mandato até 1954. A campanha foi alicerçada na promessa de regularização do serviço de distribuição de água, a principal obra de sua gestão, realizada por meio de empréstimos concedidos pelo Estado e considerada, na época, o maior e o mais perfeito projeto do Estado de Minas Gerais. Entre 1955 e 1959, ainda foi eleito deputado estadual. Nessa trajetória, acabou se tornando amigo dos grandes políticos da época, como Juscelino Kubitschek, Adhemar de Barros, Benedito Valadares e outros. A obra foi vista pessoalmente por JK, que vinha muito à cidade e ainda deu nome ao Hotel Presidente, no início batizado como Hotel Presidente Juscelino e alterado por causa da ditadura militar. Canalizou o córrego Cajubá, que hoje se encontra sob a avenida Getúlio Vargas. Construiu um campo de futebol onde foi o antigo cemitério e hoje é a Vila dos Oficiais do Exército. Quando a prefeitura não tinha dinheiro em caixa suficiente para cobrir a folha de pagamento, Tubal tirava dinheiro do próprio bolso para

Tubal Vilela comemora o último dia dos pais com a família. Três meses depois, ele faleceu.

pagar os funcionários. Na época da remodelação e da ampliação do serviço de água da cidade, sua meta prioritária que durou quase todo seu mandato, fez o empréstimo com a Caixa Econômica e colocou os próprios bens como garantia de que a conta seria paga. O empréstimo foi de 29 milhões de cruzeiros. Ainda construiu pontes e rodovias que ligam a cidade a Monte Alegre de Minas, Ituiutaba, São Simão e Ara-

guari. Reformou escolas, criou a Guarda Municipal, entre outros. Ao fim do mandato, Tubal Vilela mandou confeccionar um livreto, com 125 páginas, especificando tudo que foi feito e gasto durante os quatro anos de governo. Ao fim do seu mandato, a Imobiliária Tubal Vilela também tinha comercializado mais de 20 mil terrenos na cidade, além de prédios, fazendas, sítios e chácaras.

OS CINCO FILHOS DE TUBAL VILELA: Fábio, Hugo, Rosa Maria, Tubal e Rômulo


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ntre 1951 e 1954, quando Juscelino Kubitschek de Oliveira governou Minas Gerais, estava à frente da Prefeitura de Uberlândia, Tubal Vilela da Silva. Ambos eram filiados ao Partido Social Democrático (PSD), que havia sido criado há pouco, em 1945, e mantinham uma amizade que ia muito além da esfera política. Nos vídeos que tratam da vida de JK é comum encontrar fotos dele ao lado de Tubal Vilela. JK vinha sempre a Uberlândia. Quando a empresa Tuvil teve a ideia de fazer o Hotel Presidente, o nome surgiu em homenagem ao fundador de Brasília. O local foi inaugurado como Hotel Presidente Juscelino em 7 de março de 1964, vinte quatro dias antes de deflagrada a ditadura militar no Brasil. Como Jk se opunha ao regime militar e teve até os direitos políticos cassados, o nome não agradou. “Ligaram para meu irmão, Rômulo e pediram para tirar o nome de JK e então ficou só Hotel Presidente”, disse Tubal de Siqueira Silva. No mandato de Tubal Vilela, na praça Tubal Vilela, foi ainda entronizado o busto do ex-presidente da Re-

Tubal Vilela ao lado do amigo JK, que segura a flâmula do futuro Hotel Presidente

ALÉM DA POLÍTICA

A AMIZADE COM JUSCELINO

Depois da morte do amigo, Juscelino continuou visitando da família e vinha sempre à cidade

Discurso de JK na cidade reuniu uma multidão em frente à antiga sede da Prefeitura Municipal


JK no Aeroporto de Uberlândia entre os filhos de Tubal Vilela, Rômulo e Tubal de Siqueira

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DEPOIMENTO O papai morreu no dia do meu aniversário de 20 anos, em 26 de novembro de 1962. Um mês antes, eu tinha tido meu primeiro filho, o Alexandre. Eu já vim ao mundo em um casamento desfeito. Hoje, o divórcio é a coisa mais natural do mundo, mas não era a realidade daquela época. Então, quando meus pais se separaram, fui estudar interna, no Sion, em Petrópolis. Eu era criança e, por causa do divórcio, tive pouca convivência com ele, não frequentava a casa dele porque minha mãe mudou para o Rio. Mas, mesmo assim, tenho muita gratidão. Eu o admirava muito. Ele era uma pessoa especial, assim como todo pai. Era bonito e falava de forma simples, mas convencia a massa. Até um passado recente, quando eu dizia que era filha de Tubal Vilela, todo mundo sabia quem era. É muito bom ter um nome. O nome chega na frente e abre portas. Os pobres, principalmente, enchiam os olhos de lágrimas, porque na frente da grandiosidade do meu pai, vinha a generosidade. Hoje, o nome dele está ficando esquecido no passado. Rosa Maria Silva Ribeiro

Última vez que JK pisou em Uberlândia, quatro meses antes da morte de Tubal

Filha de Tubal Vilela


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JK observa o busto feito para ele na praça Tubal Vilela pública. JK veio à cidade ver a homenagem e até tirou foto ao lado do monumento. Depois da morte do amigo, Juscelino continuou amigo da família. Vinha sempre à cidade e se hospedava na casa de Rômulo Vilela, filho do ex-prefeito e seu compadre. Quando uma das filhas de Rômulo nasceu, a Siomara, Tubal Vilela pediu ao filho para que convidasse JK para batizá-la. No álbum de família, várias fotos do ex-presidente podem ser vistas. “Sempre que ele vinha, a casa se enchia de gente para vê-lo. Ele veio a Uberlândia pela última vez em abril de 1976, pouco tempo antes de morrer”, disse Silvana de Almeida Silva, neta de Tubal Vilela e filha de Rômulo. No álbum de fotografia da família estão também os registros da despedida de JK na cidade, já que, quatro meses depois, ele morreu em uma acidente automobilístico na Via Dutra. Em setembro de 1981, Rômulo Vilela foi convidado por Sarah Kubitschek para a inauguração do Memorial JK, em Brasília. O envelope foi subscritado à mão pela ex-primeira-dama e viúva do ex-presidente.

Tubal Vilela e Juscelino junto com correligionários desfilando em carro aberto pela cidade de Uberlândia


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Rômulo Vilela na entronização da fotografia de Tubal Vilela no 36º Batalhão

EXÉRCITO

A ÁGUIA DA TUBALINA O então prefeito Tubal Vilela fez a doação da área à Terceria Companhia

E

Coronel Syseno Sarmento

m 1954, o coronel Syseno Sarmento, ex-comandante da 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira, chefiou uma comissão militar que visitou Uberlândia no intento de assentar uma Unidade do Exército na cidade. O local viria a ser o que é hoje o 36º Batalhão de Infantaria Motorizado de Uberlândia, no bairro Jaraguá. O prefeito Tubal Vilela, por meio da Imobiliária Tubal Vilela, hoje ITV, fez a doação da área à então 3ª Companhia. Na extinta Vila Tubalina, o terreno atualmente localizado

no bairro Jaraguá, com forma trapezoinal, media de 166.187 metros quadrados, conforme escritura pública de doação, lavrada no livro nº 243, folhas 1 a 7, no Cartório do 2º Ofício de Notas de Uberlândia. Efetivada a transferência, as autoridades militares providenciaram o plano diretor e construção da Unidade Militar, que teve início em 1959, supervisionada por um oficial engenheiro. A obra foi construída por etapas. Constava de um pavilhão destinado à Companhia de Fuzileiros e as dependências necessárias à instalação da então 3ª Companhia do 6º Batalhão de Caçadores (3ª/6º), que recebeu, carinhosamente, dos meios de comunicação da época a designação de Águia da Tubalina. O nome foi dado porque no local era possível se ver muitos gaviões. O batalhão foi instalado oficialmente no dia 29 de julho de 1962, com a presença de autoridades da 11º Região Militar, do 6º. Batalhão de Caçadores de Uberlândia. O primeiro comandante foi o capitão Cláudio Albano de Brito Rech.


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Praça República, conhecida por Bambus – Década de1920/30

TUBAL VILELA

A PRAÇA DOS BAMBUS Reinauguração aconteceu em 1962, mesmo ano da morte de Tubal Vilela Por Josefa Aparecida Alves Pfeifer Historiadora do Arquivo Público de Uberlândia

E

la é parte central da cidade, já foi campo de futebol até 1910, e quando se transformou em praça, primeiro foi batizada como República (1910 a 1938), popularmente chamada por Bambus, depois Benedito Valadares (1938 a 1945). Hoje, quem passa pela praça Tubal Vilela não imagina as muitas histórias que ela tem. O local guarda recordações na memória do povo daquela época. Em conversas com antigos frequentadores nos anos de 1950, estes são saudosistas do footing, quando homens paravam nas laterais do local, todos muito bem vestidos, e as mulheres passeavam de um lado para outro, numa troca de olhares. Muitos flertes terminaram em casamentos. Os bambus plantados no início da


Praça República – Década de 1940

Praça Tubal Vilela – Década de 1960

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década de 1920 foram alvos de muitas reclamações, pois deixavam a praça escura e havia sempre casais de namorados aproveitando o escurinho. Os lojistas começaram uma campanha para a retirada dos bambus, que, além de impedir a luminosidade do espaço, soltavam um pó que sujava as ruas, passeios e os interiores das lojas. Em 1938,a praça recebeu o nome de Benedito Valadares, interventor do Governo Provisório de Getúlio Vargas em Minas Gerais. O local foi totalmente remodelado, passando a ter fonte luminosa no centro e um coreto, tornando-se assim, o espaço para onde as pessoas iam a fim de namorar e se divertir. Por volta de 1945, após o Estado Novo, o nome de Benedito Valadares, que não agradou à população, voltando a antiga denominação: praça da República. O tempo passou, a praça novamente caiu no esquecimento da administração, mas o povo cobrou melhorias. Em fevereiro de 1959, na administração do prefeito Geraldo Ladeira (1959/1963), por sugestão do vereador Homero Santos, foi denominada Tubal Vilela – uma homenagem ao ex-prefeito da cidade (1951 a 1954). Neste momento, o espaço passou por uma intervenção paisagística de acordo com o projeto do arquiteto João Jorge Coury, que buscou inspiração em seus ideais comunistas. De acordo com a imprensa, a praça mais ampla e moderna do país teria concha acústica, lago artificial, fonte sonoro-luminosa, estacionamento enviezado, piso de pedrinhas portuguesas e bancos com mais de 50 metros. Para Coury, nestes bancos, sentariam os brancos e negros, pobres e ricos. Em 1962, ela foi inaugurada, no mesmo ano da morte de Tubal Vilela, que chegou a ver o local com o seu nome.


ITV Empreendimentos Imobiliários

A memória é fundamental para preservar a identidade de uma organização.

Se a sua empresa tem uma história de valor que merece ser registrada, preservada e divulgada, fale com a gente. O nosso trabalho é esse: levantar, registrar e divulgar histórias. Histórias como a da ITV Empreendimentos Imobiliários que há 77 anos vem realizando o sonho de milhares de pessoas e promovendo o progresso onde atua. A ITV é um exemplo de como uma história tem o poder de preservar valores, de orientar o presente e ajudar a desenhar o futuro.

Rua Eduardo de Oliveira, 175 Centro, Uberlândia – MG www.nosconsultoria.com.br


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77 ANOS DE SUCESSO ITV EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIOS

Empresa é da época em que as linhas telefônicas tinham apenas três dígitos


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Tubal Vilela e ex-presidente Juscelino Kubitschek


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N

a década de 30, um prefeito visionário despertava entusiasmo e risadas debochadas ao dizer que acreditava que um dia o rio Uberabinha iria cortar Uberlândia ao meio. Até então, a cidade era confinada nos limites da Getúlio Vargas (antigo córrego das Tabocas), Rondon Pacheco (antigo córrego São Pedro), avenida João Naves de Ávila e o rio Uberabinha, o que explica o fato de alguns moradores julgarem impossível “tal proeza”. Esse prefeito era Tubal Vilela da Silva, que já prevendo a capacidade de expansão urbana da cidade, criou, em 31 de janeiro de 1937, a Empresa Imobiliária Uberlandense, que passou a se chamar, em 1952, Imobiliária Tubal Vilela. Hoje, o empreendimento, de 77 anos, é conhecido por ITV Empreendimentos Imobiliários, nome fantasia da Delta Administração e Participação, que, desde 1972, é uma das empresas do Grupo Carfepe. Neste mesmo período, o governo federal, por necessidade do processo de industrialização, baixou o decreto-lei nº 58, que determinava a regularização do registro de loteamentos. Até então, os lotes eram apresentados ao público de forma precária e sem qualquer preparo ou cuidado com as plantas. A empresa tratou as mudanças com empenho e profissionalismo, passando a dominar de forma minuciosa todos os aspectos de regularização dos loteamentos, antes estagnados pela falta de preparo dos negociadores. Embora nem todos soubessem, esse seria um passo importante para a fixação do caráter de crescimento urbano da cidade. Os primeiros loteamentos A empresa abriu as portas na avenida

Floriano Peixoto, 500, quando as linhas telefônicas tinham apenas três dígitos. O telefone da imobiliária era 127. O primeiro loteamento foi a Vila Brasil, com uma área de 1.948.000 m2, que passou a ser o bairro Brasil e parte do Umuarama, assim englobando a também extinta Vila Operária. A aprovação foi em 8 de abril de 1938 e a área foi dividida em 213 quarteirões, com um número total de 3.989 lotes. “O espaço era muito grande, ficava do Estádio Juca Ribeiro, onde hoje é um supermercado, até a Faculdade de Medicina da UFU”, lembra Tubal de Siqueira Silva, filho de Tubal Vilela e ex-diretor da ITV. Ainda na década de 30 foram loteadas a Vila Carneiro, hoje bairro Martins e Aparecida, a Vila Gardênia e Vila Oriente, hoje Centro e Aparecida. A movimentação dos primeiros loteamentos pressionou a construção de

equipamentos urbanos ditos básicos, como abertura de ruas, implantação do serviço elétrico e de água e esgoto, o que resultou em melhorias e desenvolvimento para a cidade. O contrato nº 1 O contrato de venda número 1 permanece ainda arquivado na empresa. Godofredo Theodoro da Silveira comprou, por um conto e quinhentos mil réis, o lote número 2 da quadra 23, na esquina da rua Rio Grande do Norte com a avenida Brasil, bem próximo de onde é hoje a Delegacia da Polícia Civil de Uberlândia. No ato da compra, foi dado o sinal de 25 mil e quinhentos réis e o mesmo valor seria pago nos próximos 59 meses, ou seja, cinco anos. “Meu pai era um nômade, vivia mudando de cidade para cidade. Ele


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comprou um lote junto a outros amigos, mas não tinha a intenção de se fixar em Uberlândia”, afirma Maria Rita, filha de Godofredo Theodoro, o primeiro comprador. Naquele tempo, Tubal Vilela facilitava a compra dos lotes. As prestações eram acessíveis e sem juros, se o cliente atrasasse o pagamento a imobiliária estava aberta à negociação da dívida e até mesmo ao cancelamento do contrato, como foi o caso do senhor Godofredo. “Na década de 30, aquele lugar era puro mato, não tinha nenhum valor aparente. Imagina só se nós soubéssemos o quanto esta área seria valorizada no futuro!”, lamenta Laudelina Theodora, filha do comprador número 1 da imobiliária. Ainda segundo Leto Cardoso, ex-corretor da ITV e que ainda guarda na garagem o Ford 28 e a Lambreta 58 usados nos tempos de corretagem, Tubal Vilela se caracterizava como um empresário muito justo e dedicado, era sempre o primeiro a chegar à empresa com a roupa bem engoma-

da. “Presenciei casos onde o cliente não tinha dinheiro para pagar as prestações e ele aceitava até galinhas e porcos como pagamento”, diz Leto Cardoso. Hoje com 84 anos, Leto Cardoso se orgulha em dizer que ainda vende para a imobiliária. Ele anda com os cartões no bolso e indica a ITV para

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todos que precisam comprar um lote. “Eu amava o que fazia, vendia com entusiasmo de quatro a cinco lotes por dia e com a comissão, ia lá e pagava a prestação dos meus, porque eu também sou filho de Deus”, conta o ex-corretor. O primeiro grande edifício


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Funcionários trabalhando na década de 40

Além das dezenas de loteamentos, a ITV Empreendimentos Imobiliários foi responsável pela construção do primeiro grande edifício do interior mineiro, o Edifício Tubal Vilela, na esquina da avenida Afonso Pena com a rua Olegário Maciel, com 87 apartamentos. ”Morar hoje nesse lugar, cercada da história do meu avô é algo inexplicável. Eu fico muito feliz sempre que vejo o nome dele pela cidade”, diz a neta de Tubal Vilela, Suzana Vilela, que mora hoje no Edifício Tubal Vilela e passa pela praça que leva o nome de seu avô todos os dias para chegar em casa. Em seguida, inaugurado em 1964, veio o Hotel Presidente, seguido do Edifício Rosa Maria, com apartamentos residenciais e o Edifício Avelina Moreira, com salas para escritório. Em Belo Horizonte, a empresa vendeu ainda o Edifício Paraopeba, no coração da capital mineira. Com o falecimento de Tubal Vilela, em 1962, o filho Tubal de Siqueira Silva adquiriu, no período de seis anos, as participações acionárias dos quatro irmãos. Até que em abril de 1972, também à frente da TV Triângulo, hoje TV Integração, vendeu as ações da imobiliária ao Grupo Caferpe. “Ao transferir meus direitos ao grupo, eu já tinha assinado mais de 48 mil escrituras. No ativo da imobiliária, ainda tinham aproximadamente 350 alqueires minei-


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Ninguém acreditava que a cidade pudesse existir do outro lado do rio ros (1.694 hectares) com loteamentos aprovados pela prefeitura e que são vendidos até hoje”, afirma Tubal de Siqueira. A importância de Tubal Vilela na vida da cidade, seja por meio dos milhares de lotes vendidos pela sua Imobiliária como também pela sua brilhante administração como prefeito foi reconhecida por um carinhoso dito popular que dizia: “Deus fez a metade de Uberlândia e Tubal Vilela fez o resto”. ​ Grupo Caferpe

Geraldo Alves, morador do bairro Jardim Europa

Em 20 de abril de 1972, a ITV passou a fazer parte do Grupo Carfepe, conglomerado de empresas criado na década de 1950 e com atuação também nos ramos de alimentos, no caso o Moinho Sete Irmãos, de biotecnologia e saúde animal, que é a Valeé, e avicultura com a Granja Planalto. O nome Carfepe vem das iniciais dos sobrenomes dos três sócios: Helvécio Alves Carneiro, Orvenor Fernandes e Genésio de Melo Pereira. Para dirigir a nova aquisição, foi convidado Jair Rodrigues Macedo, funcionário da Carfepe desde 1964, que contou com a ajuda do primeiro economista da cidade, Alexandre Fornari, responsável pela reestruturação da empresa em 1952, ainda na época de Tubal Vilela.


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“Eu morava em Belo Horizonte e em março de 1972 me chamaram para Uberlândia porque estavam negociando a imobiliária. Isso era uma sexta-feira na segunda, eu já estava na empresa, sem nem saber que o negócio nem tinha sido fechado”, conta Jair Rodrigues. O desafio do novo diretor, que ficou à frente da ITV até 2008, era que o empreendimento se sustentasse sozinho, sem a ajuda das outras empresas da holding. “No início, precisei pegar dinheiro emprestado com as outras empresas, mas devolvi centavo por centavo. Lembro que peguei os melhores lotes do bairro Brasil e formei um grupo de corretores. Em pouco tempo estávamos com dinheiro em caixa”, disse o ex-diretor. O último loteamento do qual Jair participou, antes de se aposentar em 2008, foi o Novo Mundo, mas umas das melhores lembranças foi quando trabalhou nos dois bolsões para escoamento da água da chuva no Jardim Sucupira, infraestrutura inédita na cidade na época. “É um bairro popular com infraestrutura de primeiro mundo. A água entrava na rede de tubulação e ia até o Parque do Sabiá, ninguém acreditava que a gente ia dar conta.” Dos três sócios, Genésio de Melo Pereira foi o que mais participou dos trabalhos da imobiliária. Ele foi também fundador da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). “Mas ele não palpitava, quando eu ia perguntar alguma coisa, ele falava ‘não sei de nada’. Foi a pessoa mais simples que conheci. Todos os três sócios mereceram tudo que conquistaram, porque tiraram do braço. Já o Tubal Vilela, não cheguei a conhecer, mas o admiro muito mesmo assim.”, diz Jair Rodrigues.

Leto Cardoso, ex-corretor e o seu Fordinho

Helvécio Carneiro, um dos fundadores da CARFEPE

Urnaldo Dias, funcionário da empresa há 40 anos


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PANAYOTES TSATSAKIS, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil

SINDUSCON

24 ANOS DEDICADOS À CONSTRUÇÃO CIVIL Sindicato viabilizou a construção do Sesi Gravatás e Mansour e ampliação do Sesi Roosevelt

S

e na década de 30 a “Empreza Immobiliária Uberlandense”, fundada por Tubal Vilela, já se preocupava em representar os interesses da categoria, quase 60 anos depois, surgia um sindicato preocupado em promover o desenvolvimento no setor da construção civil nas regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Em 1990, Uberlândia tinha uma delegacia regional do Sinduscon (Sindi-

cato da Indústria da Construção Civil), representada por Wagner Oliveira. Naquele momento as construtoras da cidade e região sentiram a necessidade de uma representação mais efetiva e presente para discutir e resolver em conjunto problemas comuns, que estreitaria o contato legal junto à Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) e iria alcançar benefícios aos trabalhadores do setor junto ao Sesi

(Serviço Social da Indústria)/ Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e IEL (Instituto Euvaldo Lodi). “Em maio de 1990, quando o Sinduscon foi fundado, enfrentávamos alguns problemas como falta de mão de obra, necessidade de cursos e representação legal para discutir acordos com sindicato dos trabalhadores, dados estatísticos locais e representação do setor mais efetiva junto as


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instituições públicas e do setor da construção. Era o momento certo para se implantar um sindicato como este”, afirma Paulo Sérgio Ferreira, primeiro presidente do Sinduscon (1990-1991) Depois de implantado, o Sinduscon trouxe importantes benefícios para a construção civil. O Sesi e Senai aumentaram os investimentos em cursos profissionalizantes e ações sociais e de lazer para o trabalhador. Foi adquirido um fórum mais apropriado para promover a união da classe e propor soluções para os problemas enfrentados. “Estabelecemos maior relação com o sindicato dos trabalhadores e fizemos várias ações conjuntas com a criação do Seconci-TAP (Serviço Social da Indústria da Construção Civil do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba) e diversos eventos onde os trabalhadores eram instruídos”, lembra Paulo Sérgio. Ao longo dos mais de 20 anos de atividade, o Sinduscon viabilizou importantes obras, entre elas a construção do Sesi Gravatas, Mansur e ampliação do Sesi Rosevelt. Os associados tiveram a oportunidade de participação em a diversas missões empresárias no Brasil ( ENIC ) e no exterior ( Batimat na França). “Quando assumi meu primeiro mandato, tínhamos o desafio de treinamento de mão de obra e implantação de um programa de qualidade. Trouxemos a missão dos companheiros do dever (francesa) que nos ajudaram neste desafio”, lembrou Efthymios Panayotes Emmanuel Tsatsakis, atual presidente do Sinduscon e presidente de 1997 à 2000 e 2001 à 2002, O Sinduscon, através da ação de cada diretoria, se tronou uma entidade representativa e atuante na região,

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Paulo Sérgio Ferreira, primeiro presidente do Sinduscon contribuindo para o sucesso do setor e melhoria nas condições de trabalho e do desempenho e competitividade das empresas associadas. “Continuamos com o desafio de formação de mão de obra e enfrentamos a implantação nos canteiros de obra da Norma de Desempenho que, sem dúvida, será um divisor de águas na qualidade do produto en-

tregue ao cliente. Temos ainda um desafio de consolidar a feira da Construção MOSTRACON que este ano esta em sua segunda versão, e que estabelece uma relação do mercado da construção civil com a academia, seus consumidores e projetistas através de palestras, seminários e concursos que já estão programados, também para esta segunda versão.


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Leto Cardoso, ex-funcionário da ITV, guarda com carinho até hoje a planta do bairro Tubalina de 1938

TUBALINA

UM BAIRRO ALÉM DO RIO

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O primeiro bairro a ultrapassar os limites do Uberabinha

a década de 30, quando Tubal Vilela fundou a “Empreza Immobiliaria Uberlandense”, a cidade não passava dos limites do rio Uberabinha. Em abril de 1938 foi aprovado o loteamento do bairro Tubalina, uma área de 1.948.000 m2, divididos em 204 quarteirões, com um número total de 3.989 lotes. Porém, o lançamento do Tubalina não teve uma recepção tão calorosa

quanto a Vila Carneiro, hoje bairro Martins, e a Vila Gardênia, atual centro da cidade. “Todo mundo dizia que o Tubal estava ficando louco, aquilo era só mato, ninguém acreditava que iria se transformar em um bairro como é hoje”, lembra Lourival Moraes, ex-funcionário de Tubal Vilela. A fazenda que abrigava o loteamento não tinha nenhuma característica urbana e sua localização era dis-


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tante da região central. Para estimular a venda de lotes naquela região, Tubal Vilela doava telhas e tijolos para quem comprasse os terrenos no bairro. Muitas famílias impulsionadas pela doação adquiriram o lote e construíram a casa própria no bairro. “A gente comprou o lote porque o Tubal fez a doação do material de construção para levantar a casa. Se não fosse isso, eu acredito que a gente ia morar de aluguel até hoje. No começo, eu estranhei o bairro, era só mato, não tinha nada, mas, aos poucos, ele já estava dentro da cidade”, diz Antônia de Souza, que adquiriu um terreno com o marido no bairro Tubalina em 1944. O nome do bairro foi escolhido em um programa da Rádio Difusora. Na

ocasião, o nome Tubalina foi o mais bem votado, pois fazia uma associação com o nome de Tubal, figura muito respeitada na cidade . “O nome é uma junção de Tubal e Rosalina, a minha avó, primeira esposa do meu avô,”, afirma Rosalina Vilela. Não muito tempo depois e o Tubalina já não estava mais sozinho. O crescimento da cidade se voltou também para aquela região, consolidando bairros como Jaraguá e Planalto, também loteados pela Imobiliária Tubal Vilela. “Morar aqui hoje é estar dentro da cidade mesmo, antes parecia muito distante, mas agora é diferente. O senhor Tubal Vilela é que sabia das coisas”, afirma Antônia de Souza.

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HOMENAGEM

HOTEL PRESIDENTE O Hotel Presidente, que neste ano completa 50 anos, foi inaugurado em 7 de março de 1964, 24 dias antes de deflagrada a ditadura militar no Brasil e dois anos após a morte de seu idealizador, o ex-prefeito Tubal Vilela da Silva. Para o empreendimento de três estrelas e 12 pavimentos construído pela Tuvil S.A foram gastos 300 milhões de cruzeiros na época. Há dois anos, o Hotel Presidente passou a contar com nova administração, a companhia Brazil Hospitality Group S/A (BHG).

VISÃO

EDIFÍCIO TUBAL VILELA Outro empreendimento idealizado por Tubal Vilela foi o edifício que leva seu nome e foi concluído em 1960. Um dos moradores, o engenheiro eletrônico Geraldo Cezar Temer se lembra da construção do prédio. “Foi o segundo prédio da cidade, feito depois do prédio da Drogasil e o primeiro mais alto. Aqui ficava o Posto Atlantic. Passava aqui na porta quando pequeno para ir ao Cine Uberlândia e via a obra sendo feita. É muito benfeita e vai ser a última a cair nessa cidade”, afirmou o morador. Planta do bairro Tubalina em 1938


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MERCADO MUNICIPAL

70 ANOS DA INAUGURAÇÃO

Local foi ampliado na gestão de Tubal Vilela

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construção do prédio do Mercado Municipal de Uberlândia está diretamente relacionada com a história política, pois a obra faz parte de um tempo em que as decisões sobre a construção de prédios públicos estavam relacionadas às deliberações de interventores estaduais e municipais. No fim da década de 1930, era hábito e costume da população local um comércio ambulante, feito por chacareiros que colocavam sobre os ombros as gamelas com carne ou empurravam pelas ruas carrinhos de mão com frutas e verduras. O pão e o leite eram transportados em carroças e colocados sobre os muros das casas. Em 1939, o interventor municipal, na época Vasco Giffoni, solicitou que a Secretaria de Viação e Obras Públicas

do Estado enviasse projetos para a construção de um prédio para abrigar o Mercado Municipal de Uberlândia para atender a uma antiga demanda da população, pois, em 1923, a comu-

nidade aprovou uma Lei Municipal que autorizava a construção do local. A inauguração do prédio ocorreu dia 25 de dezembro de 1944. Na administração do prefeito Tubal Vilela da Silva (1951-1954), foi construído um prédio anexo, voltado para a avenida Getúlio Vargas para abrigar um restaurante popular e uma estufa para o amadurecimento de verduras. O local foi tombado como Patrimônio Histórico Municipal pela Lei nº 8.130 em 29 de outubro de 2002. Mercado Municipal Rua Olegário Maciel, 255-Centro Fonte: Site Prefeitura Municipal de Uberlândia


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SANEAMENTO BÁSICO

A água jorrou pela cidade no dia da inauguração do sistema pioneiro

A CHEGADA

DA ÁGUA Obra antevia o futuro e projetava uma cidade de 100 mil habitantes

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O dia foi de festa em Uberlândia para comemorar a chegada da água

remodelação e ampliação do serviço de distribuição de água em Uberlândia foi a meta prioritária do governo do ex-prefeito Tubal Vilela da Silva e que durou quase todo o mandato dele. O problema da falta de água atrapalhava o crescimento econômico da cidade e a solução passou pela cabeça de administradores anteriores, mas nenhuma atitude chegou a ser tomada. Na época, o projeto foi considerado o maior e o mais perfeito do Estado de

Minas Gerais, apesar da crítica de adversários políticos e do jornal da oposição, que diziam que os gastos eram astronômicos. Os gastos foram estimados em cerca de 32 milhões de cruzeiros e foi contratado o engenheiro Sinval de Macêdo, da firma Alcindo S. Vieira Ltda, o único com conhecimento para fazer a obra na América do Sul. As bombas foram importadas da Suíça pela firma Sulzer Fréres S/A. Antes, toda a água distribuída vinha do córrego Jataí e Tubal Vilela am-


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Autoridades inauguram o serviço de distribuição com bombas importadas

Assinatura do termo de serviço para uma cidade de 30 mil habitantes

DEPOIMENTO pliou a captação para os córregos Lagoinha e São Pedro. Trocou toda a rede anterior e construiu mais dois reservatórios entre as avenidas Floriano Peixoto e Cesário Alvim, próximos ao Estádio Juca Ribeiro. Juntas, eles perfaziam 21.168 milhões de litros por dia. Como a obra era maior do que o planejado no início, o prefeito foi obrigado a tomar mais 8 milhões de cruzeiros de empréstimo. O novo serviço de água tinha capacidade para atender uma população de mais de 100 mil habitantes. Na época, a cidade tinha apenas 30 mil pessoas. Era uma obra para o futuro. Era tanta água e tanta pressão jamais vista pela cidade que, nos testes preventivos, várias tubulações arrebentaram. Prato cheio para as críticas dos opositores. O novo serviço que, Tubal também fez muito pela zona rural de Uberlândia, inclusive as escolas de Cruzeiro dos Peixotos e Martinésia

em parte, até hoje, atende à cidade, como as caixas suspensas, foi inaugurado no dia 25 de setembro de 1954. Foi um dia festivo, com banda, desfiles escolares, discursos, chuva de papéis coloridos, foguetórios e, o mais atraente, a água escorrendo pelas ruas da cidade jorrando das caixas suspensas. Com o serviço de água, Tubal decidiu colocar na cidade uma guarnição do Corpo de Bombeiros. Enviado a Uberlândia um coronel da Força Pública Mineira para discutir o assunto com uma Comissão previamente nomeada e presidida por Tubal, a proposta trazida não foi aceita por ser diferente da combinada com o governador e arrochar os cofres públicos. Infelizmente, o prefeito não pôde realizar este projeto.

O tio Tubal era uma pessoa muito agradável e calma. Uma vez, meu pai fez uma festa de São João no sítio em Cruzeiro dos Peixotos e ele, que já era prefeito, me chamou pra dançar. Ele dançava balançando (risos) e rapidinho falou que estava cansado. Fui visitá-lo quando estava doente, umas três semanas antes de morrer. Ele ficou feliz de me ver, colocou música na vitrola bem alta e a gente foi pra cozinha comer melancia. Dois dias antes de ele morrer, eu voltei lá. Eu tinha brigado com minha avó (Sinhá), estava sem falar com ela. Chegando lá, ela estava na cabeceira da cama dele. Cheguei perto dela, a abracei, ela pôs a cabeça no meu obro e chorou de ver o filho morrendo. Acho que ninguém tinha dado um abraço naquela mulher. Depois fui à casa dela. Ela falou pra mim: “Você é brava”. Eu falei: Igual à senhora! Ela riu e fizemos as pazes. NEUZA BOMBONATO Sobrinha de Tubal Vilela


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Q

uando Tubal Vilela assumiu a Prefeitura, em 1951, Uberlândia não tinha uma banda de música. Havia a Banda dos Melazzo, mas, em situação irregular, com músicos que nem ensaiavam. Logo nos primeiros dias da gestão, o prefeito criou uma Escola de Música com o objetivo de criar profissionais para uma Banda Municipal. Na justificativa, ele alegava que a cidade não possuía sequer pequenos conjuntos. No fim do ano, os jornais já noticiavam que havia cem alunos na escola e os instrumentos necessários para a formação da banda estavam comprados. Tubal Vilela mandou buscar em Tupaciguara o maestro João Clemente de Oliveira, mais conhecido por Barraca, que assumiu a banda e a escola. Entre os cerca de 28 integrantes daquela época, restam poucos. Entre

BANDA MUNICIPAL

63 ANOS DEDICADOS À MÚSICA

Em 1º de maio de 1952, a banda se apresentou pela primeira vez na praça da República


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CRONOLOGIA 1951 - O prefeito Tubal Vilela cria a Escola e Música no Mercado Municipal e surge a atual Banda Municipal. 1952 – No dia 1º de maio, a banda se apresenta pela primeira vez com 28 músicos na praça da República. 1964 – Foi criado e confeccionado o primeiro uniforme da Banda Municipal de Uberlândia. 1994 – É realizado o primeiro concurso público para regente da Banda Municipal de Uberlândia. 1996 – Toma posse o regente Joheber Antônio Silva, filho do ex-maestro Bento Silva. 2001 – A banda passa a ter cargo de administrador. Até 2005, fica Alexandre Zilahi, que é substituído por Elias Gomes. 2003 – É realizado o segundo concurso para regente e toma posse o segundo maestro Ricardo Santos Carrijo. 2005 – Inaugurada em 22 de agosto, a Casa da Banda, situada na rua Duque de Caxias, 1.329, bairro Saraiva. 2011 - A banda completa 60 anos, com diversos eventos comemorativos pela cidade. 2012 – A Banda Municipal é a primeira a se apresentar no Teatro Municipal durante a inauguração do local. CASA DA BANDA Rua Duque de Caxias, 1329, bairro Saraiva Telefone: 3219-6644

eles o multinstrumentista Francisco de Assis Fernandes, o Seu Chico, 96 anos, que eterniza a história do grupo com uma memória preservada com a ajuda do estudo em música. “Estudar um instrumento mantém a mente sempre ativa, além de também exercitar o corpo”, afirmou um dos fundadores da Banda Municipal. Por cerca de um ano, os artistas, na maioria autodidatas, apenas ensaiavam no Mercado Municipal. Até que em 1º de maio de 1952, a banda se apresentou pela primeira vez para o público na praça da República, local que recebeu, anos depois, o nome do criador da banda e ex-prefeito de Uberlândia. “Saímos da praça Tubal Vilela e marchamos pelas avenidas Afonso Pena e Floriano Peixoto. Depois ganhamos um almoço no bar da Mineira, que ficava ali na Afonso Pena. Fiquei tão eufórico em me apresentar em uma cidade como Uberlândia. Ainda mais eu, vindo do interior”, disse Seu Chico, natural de Passagem de Mariana, distrito de Mariana (MG). Há três anos morando em Belo Horizonte, depois de perder a esposa, Seu Chico vem a Uberlândia sempre que pode e não deixa de visitar a Casa da Banda para assistir aos ensaios dos ex-colegas. “Não me afasto daqui. Essa banda foi tudo para mim, onde toquei por 40 anos, fiz minhas amizades e conheci várias cidades”, disse o músico, que se aposentou aos 70 anos, data limite para os integrantes.

ITÁLIA

AVÔS, PAIS E FILHOS DIVIDEM A CASA DA BANDA

A

lém de Seu Chico, sabe-se que estão vivos mais dois músicos, dos cerca de 30 instrumentistas do início da Banda Municipal, formada em 1951. São eles Carlos Gonçalves e Gaspar Marcelino, este com filhos, netos e bisnetos fazendo parte de projetos do grupo. “Além de mim e meu irmão, que estamos na banda desde 1985, tenho dois netos na Banda Mirim e o Maurício tem uma filha”, disse Márcio Oliveira, filho de Gaspar Marcelino. Enquanto Maurício de Oliveira toca bombardino, Márcio “Trombone”, como o próprio apelido diz, se especializou em outro instrumento de sopro, assim como o pai. “Meu pai está com 81 anos e ainda toca em casa. A música reabilita e aproxima, não só as famílias, como a minha, mas todo mundo. É um dom de Deus”, afirmou Márcio Trombone, que também é afilhado de Mestre Barraca, apelido dado a João Clemente, o maestro que ajudou formar a banda.


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O hospital funcionava 24 horas por dia , com atendimento de urgência e emergência

ASSISTÊNCIA SOCIAL

POLICLÍNICA FOI CRIADA PARA POBRES Mendigos tinham medicamentos de graça garantindos pela prefeitura

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ssim que tomou posse, em 1951, Tubal Vilela da Silva, para cumprir a promessa de campanha, contratou a Policlínica Uberlândia, um hospital particular montado onde hoje é a Casa da Cultura. A intenção do prefeito era que, por meio de uma subvenção concedida pela Prefeitura Municipal, a instituição prestasse à população pobre a assistência médica necessária. A Policlínica prestava pronto-atendimento, no caso de emergência, e dava receitas aos doentes. O local atendia 24 horas por dia e tinha dois médicos e ainda uma ambulância à disposição. Em relatório sobre a administração do prefeito Tubal Vilela foi divulgado que eram atendidas por dia de-


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Cerca de 3 mil pessoas eram atendidas todos os anos no Natal dos Pobres

zenas de pessoas acidentadas tanto nas ruas como em casa. O documento mostra ainda que, no orçamento anual, havia uma verba destinada “a mendigos, que em hipótese alguma podem adquirir medicamentos”. Outra ação de cunho social implementada por Tubal Vilela foi o Natal dos Pobres, que levava equipes às casas das famílias menos favorecidas no dia 25 de dezembro para distribuir comida, roupa e brinquedo. Para ajudar na campanha, senhoras da sociedade arrecadavam junto ao comércio, indústrias e casas, donativos para serem distribuidos entre os pobres. Cerca de 3 mil pessoas eram atendidas por ano durante o Natal em uma cidade que na época tinha 30 mil habitantes. Uma verba da prefeitura também entrava no orçamento anual para este fim. “Quando eu dizia ser filha de Tubal Vilela, as pessoas mais pobres enchiam os olhos de lágrimas e diziam que meu pai era bom, porque, na frente da grandiosidade dele, vinha a generosidade”, disse Rosa Maria Silva Ribeiro.

DEPOIMENTO Ele dizia que calçou o primeiro sapato com 18 anos, uma dessas botinas mateiras. Veio bem jovenzinho para a cidade e montou um boteco de bananas. Falava que era preferível trabalhar para si próprio do que ser empregado. Uma vez, quando ele vendeu o museu para BH, me pediu para encaixotar tudo. Fiquei traumatizado com aquele serviço e pensei: vou ralar nos estudos. Fui embora fazer engenharia. Ele tinha o terceiro ano primário, mas era muito inteligente. Anotava tudo em um caderninho. Era um exemplo de honestidade, trabalho e seriedade. Quando foi prefeito, tirava dinheiro da imobiliária para pagar a folha de pagamento dos funcionários da prefeitura. Eram outros valores antigamente, os acordos eram feitos sem documento, só a palavra bastava. Sinto muito não ter convivido mais com meu pai. Eu estudava fora e quando voltei, ele teve só mais um ano de vida. TUBAL DE SIQUEIRA SILVA Filho de Tubal Vilela

TUBAL

O FILHO CAÇULA Quando nasceu Tubal de Siqueira Silva, o quarto filho e o caçula dos meninos de Tubal Vilela, o bebê seria chamado Ricardo. Com a criança já nascida, a mãe Nila de Siqueira já tratava a criança pelo nome escolhido, mas um dia, ao chegar em casa, o pai falou: “- Ricardo não, nome de menino é Tubal”. E assim foi batizado aquele que viria a ser o diretor da Imobiliária Tubal Vilela até 1972 e diretor da primeira afiliada da Rede Globo, a TV Triângulo, hoje TV Integração. “Foi justamente o Tubal que ganhou o nome do papai e, que mais puxou o jeito empreendedor dele”, disse a irmã Rosa Maria Silva Ribeiro.


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Uma das primeiras reuniões da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Uberlândia

ACIUB

SEMENTE DE AROEIRA Armante Carneiro e Tubal Vilela foram os primeiros a presidir a associação. Armante como presidente e Tubal como vice

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m 1933, um grupo de empresários da cidade trabalhou, depois de uma tentativa mal-sucedida em 1924 (algumas tentativas mal-sucedidas), para que se fundasse uma associação comercial, industrial e

agropecuária em Uberlândia. Nesse período os reflexos da crise de 29 faziam com que Getúlio Vargas tentasse implantar projetos de modernização econômica para superar as dificuldades. Em Uberlândia, a Aciub, antes Aciapu (Associação

Comercial, Industrial e Agropecuária de Uberlândia) surgia também com o propósito de união em prol do desenvolvimento da cidade. No dia 15 de outubro de 1933, na sede do Uberabinha Sport Club, um grupo de empresários se reu-


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niu para uma discussão que seria definitiva para a fundação da entidade. Nessa ocasião, Armante Carneiro, primeiro presidente da entidade, já havia telegrafado ao presidente da Associação Comercial de Minas Gerais, pedindo que interferisse junto ao governo do Estado para recolher a fiscalização que se realizava na cidade e assinou como presidente. Na reunião, alguns debates foram lançados, como por exemplo, a possibilidade levantada por Youssuf Andraus Gassani, que pretendia que a instituição só abrigasse comerciantes e que seu nome fosse apenas Associação Comercial de Uberlândia. Esta ideia foi derrotada. A preocupação com a crise esteve presente também na primeira reunião através do debate para estabelecer o valor da mensalidade “José Gonzaga de Freitas e Oscar Miranda queriam que ela fosse de 5 mil

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Na fachada da primeira sede , o registro do primeiro nome

réis (5$000) porque os empresários de pequeno porte não suportariam valor maior. Gassani e Vicente Maradei queriam que fosse de 10 mil réis (10:000$000). O conciliador foi Oliveira Guimarães, que sugeriu que quem tivesse estoque inferior a (de) 10 contos de réis pagasse 5, quem tivesse estoque maior, pagasse 10”, conta o jornalista Antônio Pereira. Depois dos debates e ajustes, a diretoria começou a ser formada. Para vice de Armante Carneiro, foi eleito Tubal Vilela, o segundo-vice era Carlos de Oliveira Marquez, o secretário-geral José de Oliveira Guimarães, o primeiro secretário José Rezende Filho, o primeiro te-

soureiro Arístides Bernardes de Assis e o bibliotecário era Eulálio de Ulhoa Cintra. Um dos primeiros desafios da associação foi logo nos primeiros anos de existência. As estradas já não ofereciam transporte adequado e havia pouca manutenção com pedágios. Os motoristas achavam injusto. A Aciub agiu como intermediária entre os interesses dos caminhoneiros e empresas rodoviárias, conseguindo adequações de preços que permitiram um acordo entre as partes. A Aciub teve também papel importante através de reivindicações à Mogiana para construção de armazéns, morosidade nos carregamen-


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tos, instalações de balança e cobrança antecipada de fretes. E continuou trabalhando ao lado da Mogiana quando ela necessitou do apoio do governo para melhorar seu tráfego, facilitar a aquisição de máquinas a diesel e liberar o trânsito de trens de passageiros e de cargas de Campinas até Brasília. Um dos fatos mais importantes que tiveram a participação ativa da Aciub foi a mudança da estação e pátio para os altos da cidade, desbloqueando as avenidas centrais. Nos anos 50, mesma década em que Tubal Vilela se elegeu prefeito da cidade, a Aciub era considerada como uma segunda prefeitura. Ao longo de seus 80 anos de existência, a Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (ocorreu uma cisão com o braço agropecuário, que resultou na criação do Sindicato Rural) esteve envolvida em causas de relevância histórica, como a chegada da energia na cidade, construção de estradas, infraestrutura de telecomunicações, atração de empresas, qualificação de profissionais, redução tributária, desenvolvimento de universidade, entre várias outras que contribuíram para o crescimento da cidade. Passados mais de 80 anos, os ideais de homens como Armante Carneiro e Tubal Vilela continuam vivos na rotina da associação. Uberlândia, que significa terra fértil, com a implantação da Aciub, recebeu em seu solo sementes que foram plantadas para durar a vida toda. Como uma semente de aroeira, árvore nativa do Brasil, da qual se costuma dizer que é plantada para durar mais de cem anos.

TESTEMUNHO

SOBRE TUBAL VILELA E A ACIUB Por Rogério Nery, secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, ex-presidente da Aciub e neto de Tubal Vilela

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eu avô gera um forte sentimento em todos nós, ele se faz presente pelas suas realizações que não foram poucas, dentre elas, ter sido um dos fundadores da Aciub. Não o conheci, não tive esta felicidade, ele se foi ainda muito novo para nossa realidade atual. Na Aciub pude viver muitas emoções, conhecer muitos lugares, mas, principalmente, pude conhecer pessoas que têm o mesmo senso de colaboração, de querer fazer o bem. Acredito ser

Tubal despertou n a família o amor pela Aciub. O filho Fábio e os netos Rosalina e Rogério exerceram a presidência da entidade

isto o que me une ao meu avô, de uma forma e num tempo diferente, mas, com a mesma vontade de fazer algo mais pela comunidade através de políticas de desenvolvimento econômico e da união de esforços da classe empresarial. Sim, sou grato e feliz por saber que de um ideal de muitos homens de bem criou-se uma das melhores associações empresariais do país, uma escola para todos, um local de muito trabalho e realizações. Parabenizo a todos que tiveram esta iniciativa essencial para nosso setor e, em especial, ao meu avô Tubal Vilela da Silva pela visão e iniciativa.


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Cortume da charqueada Omega

HISTÓRIA

UBERLÂNDIA CIDADE MENINA Documentário é o mais antigo registro em filme produzido em Uberlândia

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ubal Vilela tinha uma atenção muito especial em relação ao registro de suas atividades. O acervo da ITV é um exemplo disso. Lá estão devidamente guardados todos os contratos de venda de imóveis desde o ano de sua fundação, 1937. Sinal de organização, mas de seriedade, de respeito com os clientes. Mas certamente de preservar valores, informações, fatos relevantes. Esse cuidado se estendeu também a registros em película na década de 40 apresentando os bairros que a imobiliária estava lançando, evento de confraternização com funcionários e amigos, atividades rurais e todo processo da fábrica de fósforos que presidia.

Graças a esse cuidado foi possível também recuperar o documentário “Uberlândia cidade menina”, o mais antigo registro em filme da nossa cidade. Nele estão contidas imagens e informações valiosíssimas que já mostravam a vocação desenvolvimentista da cidade e a mentalidade arrojada de seus moradores. Todo esse material foi preservado pela família e recuperado pela produtora Close. Juntamente com uma série de outros materiais de relevante valor histórico irá fazer parte do “Museu do áudio visual de Uberlândia” projeto aprovado pela Lei Estadual de Incentivo a Cultura e pela Lei Rouanet do Ministério da Cultura, em fase de captação de patrocínios.​

Cine Teatro Avenida

Tito Teixeira e o serviço telefônico

Piscina do Uberlândia Tenis Clube

Posto de gasolina e o escritório de Jacy de Assis


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FÓSFOROS ZEBU

FÁBRICA TINHA 60 EMPREGADOS Tubal Vilela era o principal acionista da empresa criada na década de 30

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o dia 4 de junho de 1939, era inaugurada em Uberlândia a Fábrica de Fósforos Triângulo, quando o produto ainda era escrito com ph. O evento, noticiado pelos jornais da época, aconteceu nos altos da Vila Operária, às 14h, daquele domingo, com a presença de autoridades, como o prefeito Vasco Giffoni, o juiz de Direito Arnaldo Orlando e o delegado Tenente Geraldo de Renó. A fábrica que trazia nas embalagens a marca Zebu, em uma referência ao gado que começava a ser criado na região, era dividida em ações, mas o principal acionista era Tubal Vilela da Silva, que cedeu o terreno para construção da empresa, onde hoje fica o supermercado Cristo Rei, na avenida Brasil. Era a primeira indústria do tipo no Brasil Central.

Depois dos discursos, comuns nesse tipo de evento, o diretor técnico da fábrica, Albano de Morais, convidou o prefeito Vasco Giffoni para ligar a chave elétrica que ligava as máquinas sob os aplausos da população. Cada um dos presentes ganhou um copo de cerveja para erguer um brinde ao novo empreendimento. Foi feita ainda uma demonstração de como eram produzidos os fósforos, desde a laminação da madeira, a fabricação dos palitos e caixas até o rotulamento. Em um filme, feito na época, todo esse processo foi mostrado. Cerca de dois anos de inaugurada, a fábrica, que contava com 60 operários, fechou as portas. As instalações foram vendidas para Galeno Andrade, onde foi montada a Fábrica de Banha Piau.


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SECOVI UBERLÂNDIA

PRIMEIRO DO ESTADO A TER CARTA SINDICAL

Tubal Vilela era o principal acionista da empresa criada na década de 30

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e na década de 30 Tubal Vilela já se preocupava com a profissionalização e valorização do setor imobiliário, a semente plantada por ele acabou germinando além das décadas. Em 1971, depois de participar do Congresso de Corretores de Imóveis de Minas Gerais, Ronaldo Pereira, atual vice-presidente do Secovi, sentiu a necessidade de um órgão que fiscalizasse as atividades do setor na cidade. Anos depois Ronaldo se reuniu com um grupo de corretores para estruturar a criação de uma associação que cuidasse dos assuntos da categoria na região. Surgiu então a citrim (Associação dos Corretores de Imóveis do Triângulo Mineiro). “Eu, Ivan, da Ivan Negócios Imobiliários, Cícero da Multi e outros corretores autônomos, como Dionísio e Agustinho, estivemos juntos para tentar de todas as formas a união da classe. Na época tínhamos poucos corretores de imóveis legalizados e isso desvalorizava a profissão. A associação fez campanha e jornais informativos para tentar mudar essa realidade. Homens como Tubal Vilela sempre são inspiração para estes momentos. Desde

criança eu me lembro dos meus avós com a cadernetinha de compra do terreno da imobiliária fundada por ele. A nossa associação, mesmo que indiretamente, é fruto de um trabalho pioneiro construído e consolidado por Tubal anos atrás”, afirmou Ronaldo Pereira, que também é diretor presidente da Rotina Imobiliária. A delegacia do CRECI e o Secovi Uma importante conquista da Acitrim foi a implantação de uma delegacia do Creci (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis) em Uberlândia, que fiscaliza a profissão. Em dezembro de 1992 o Secovi Uberlândia. “Você ter a capacidade empresarial de construir alguma coisa que não vai ficar só para você é um sentimento muito gratificante. Depois da fundação foi só esperar a conquista da carta sindical. Ainda hoje, não existe outro Secovi com carta sindical em Minas Gerais”, afirmou o atual vice-presidente e presidente do Secovi Uberlândia por quatro mandatos, Ronaldo Pereira. O Secovi hoje e amanhã O SECOVI Uberlândia atua nos se-

guintes segmentos: Imobiliárias, Condomínios, Incorporadoras, Loteadoras e Shoppings. Mantém projetos em prol de seus filiados como cursos, revista com distribuição gratuita direcionada para os síndicos, convênio de IPTU com a Prefeitura, coordenação da participação das imobiliárias no Feirão da Caixa, e a realização do Salão Imobiliário do Triângulo, que vai para a 4ª edição em 2014. Em 2011 lançou o SecoviMed, plano de assistência básica de saúde. Através do qual oferece para a categoria clínica médica e especialistas em odontologia, ginecologia e ortopedia. “O SecoviMed possui cobertura de 25 exames e já realizou mais de 4 mil consultas. Planejamos oferecer fisioterapia até o final de 2014. Além do SecoviMed, temos trabalhado com duas metas: A Pesquisa Imobiliária com Padrão Nacional e a UniSecovi – Universidade Corporativa com vistas na profissionalização dos funcionários de imobiliárias e de capacitação do mercado de trabalho para esse segmento ”, comemorou Paulo Maurício, atual presidente do SECOVI.


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Lançamento

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BEM VIVER UBERLÂNDIA

Mais um sucesso ITV Empreendimentos no melhor de Uberlândia

Perspectiva artística

12 METROS

DE FRENTE

LOTES Perspectiva artística - Praça das Frutas e implantação

Acesse o site:

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2

BEMVIVERUBERLANDIA.COM.BR Visite estande de Vendas: Av. Segismundo Pereira, 5.215 logo após o Ceasa.

(34) 3227 2200

Coordenação de vendas

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NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS

Construção e Incorporação

77

anos

70

mil lotes comercializados

77 Anos. Compromisso com Uberlândia

CRECI PJ 2.902

Uberlândia: Av. Getúlio Vargas, 869 / MG - Fone: (34) 3230-7600 - São Paulo: Av. Eng. Luís C. Berrini, 716, 2°and./ SP Belo Horizonte: Avenida do Contorno, 8289 - 3º and. / MG - Uberaba: Rua Alaor Prata, nº23 - Centro, 9º And. 911 / MG. Loteamento registrado sob matrícula mãe nº 130.630 -17/3/ 2014 - 1º Ofício de Registro de Imóveis de Uberlândia. As informações deste anúncio podem sofrer alterações sem aviso prévio.


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