Almanaque Uberlândia de Ontem e Sempre (Ed. 5)

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Almanaque uberlÂndia de ontem & sempre

Uma PRODUÇÃO nós projetos de cONTEÚDO

ano 3 • núMero 5

AGOSTo 2013

Senhor UBERLÂNDIA

Uma entrevista nunca publicada com VIRGÍLIO GALASSI


A GENTE DESEJA, NÃO SÓ HOJE MAS O ANO INTEIRO, QUE TODOS OS PEDIDOS SE REALIZEM.

Fazer parte dessa comemoração é um jeito de também comemorar os nossos 70 anos. Porque são 70 anos trabalhando diariamente para ajudar cada pessoa a realizar seus sonhos e a conquistar sempre mais.

PARABÉNS, UBERLÂNDIA, PELOS 125 ANOS.



Sumário Direção

Celso Machado

1913-1999 • memória

Guarda Antônio

6

realização

Paulo Henrique Petri Edição e projeto gráfico

Antonio Seara

1926-1988 • artes plásticas

Willys de Castro

8

Pesquisa e reportagem

Núbia Mota

Colaboração

Adriana Faria Ademir Reis Antônio Pereira Anaísa Toledo Carlos Guimarães Cleanto Vieira Gonçalves Jr. Cora Capparelli Julieta Cupertino Júlio César de Oliveira Nara Sbreebow Newton Dângelo Oscar Virgílio Ricardo Batista dos Santos Capa

Charles Chaim Fotografias

Acervos pessoais Arquivo Público CDHIS Correio de Uberlândia Leo Crosara Roberto Chacur

1961 • criatividade

A trava famosa

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76 anos • itv

A expansão da cidade

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Revisão

Ilma de Moraes

1966

Tratamento de imagem

Roberto Carlos na cidade 14

Impressão

1978 • verdão

NIdeias

Gráfica Breda Agradecimentos

Uma pedra no caminho

Carlos Roberto Viola Cristiana Heluy de Castro Moinho Cultural

Ciências Econômicas

Projeto Editorial

Entrevista

1963-2013 • 50 anos

VIRGÍLIO GALASSI Telefone (34) 3229-0641 Rua Eduardo de Oliveira, 175 www.nosprojetos.com.br

APOIO:

REALIZAÇÃO

16 18 20 PRODUÇÃO

INCENTIVO:


Carta ao Leitor DÉCADA DE 1970 • Kabana

Ponto de encontro boemia

Lotinho e Tabajara

30 32

grupo martins • 60 anos

História de sucesso 34 nossas ruas

bernardo Cupertino 46

1915 • A ESCOLA DA CIDADE

O MUSEU

48

1939 • rádio difusora

Acabam de ouvir... 52 1923 • fábrica de tecidos

Vila Operária 54 anos 1980 • solo vertical

Quase famosos 56 35 anos

Instituto dos Olhos 58 1897 • afonso coelho

Bandido na cidade 62

Q

uem ama a história de nossa cidade, seus personagens, fatos e versões fica sempre orgulhoso com o lançamento de uma nova edição do Almanaque.

“Senhor Uberlândia” pelo amor e dedicação que teve pela nossa terra e nossa gente, propiciou-me uma das entrevistas de que tenho muito orgulho de ter produzido.

E que, certamente, traz lições e aprendizados valiosos, que merecem e devem ser compartilhados. Mesmo tendo tantas outras matérias bem relevanÉ o fruto de um cuidadoso tes, permito-me destacar trabalho de seis meses em duas: os 75 anos da ITV e busca de informações, os 60 do Martins. São duas principalmente de referên- expressões da capacidade cias fotográficas e, é claro, empreendedora da nossa do apoio que permite viagente. bilizar mais um número. Mas tem mais, muito Todo esse lado desafiador mais... Pra quem gosta de se torna mais ameno pelo relembrar ou de conhecer entusiasmo e paixão de um pouco mais do jeito de um time competente do ser uberlandense entregaqual tenho o maior orgumos uma nova edição do lho de ter formado. almanaque “Uberlândia de Ontem e Sempre”. Este número 5 reúne conteúdos maravilhosos, sen- Tomara que vocês a recedo o principal deles a enbam com o mesmo carinho trevista do ex-prefeito Vir- com que a produzimos. gílio Galassi ao programa “Uberlândia de Ontem e Boa leitura. Sempre”. Virgílio, a quem chamei carinhosamente na Celso Machado Engenheiro de histórias crônica que escrevi quando de seu falecimento de

Ainda mais quando isto acontece na comemoração de uma bonita data: os 125 anos de Uberlândia.


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Almanaque uberlândia de ontem e sempre

Na praça: Guarda Antônio sempre a serviço das crianças

(1913–1999) memória

Guarda antônio O amigo de farda das crianças do passado

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berlândia, no último dia 10 de março, poderia ter comemorado os 100 anos de vida de Antônio Rodrigues do Nascimento. O nome de batismo pode não lembrar nada, mas, quando se fala em Guarda Antônio, muitas crianças que já são pais e avós recordarão do senhor de farda e sorriso fácil que circulava pelas ruas e praças mais pacatas da cidade. Guarda Antônio nasceu na zona rural da vizinha Estrela do Sul, a 100 km de Uberlândia. Ainda criança, ganhou o mundo como ajudante de serviços gerais de uma companhia de circo que viajava pelos países da América do Sul. “Aprendeu a fazer mágicas e gostava de compor e tocar músicas também. Ninguém ficava triste perto dele”, lembra a irmã Maria Cândida, que mora em Uberlândia no bairro Laranjeiras. Guarda Antônio veio para Uberlândia durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Em meados de 1940, criou por iniciativa própria o Serviço de Bem-Estar do Menor, quando Vasco Giffoni era prefeito da cidade. Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, alistou-se na Força Expedicionária Brasileira (FEB) e serviu na campanha da África. No alto: Guarda Antônio sempre participava dos eventos esportivos da cidade. Abaixo: Era figura certa nas festas de escola


“Queríamos que ele estivesse sempre por perto”

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Almanaque uberlândia de ontem e sempre

De volta à cidade, foi fotógrafo lambelambe, fazia parte da Guarda e da Banda Municipal, criadas pelo prefeito Tubal Vilela. “Como fotógrafo, ficava mais na praça Clarimundo Carneiro. Guardava centenas de fotografias da cidade, que revelavam em casa. Na banda, ele tocava instrumentos de sopro, mas lembro dele tocando harpa na casa da minha mãe. Gostava de contar piadas e era uma pessoa muito simples”, recorda o sobrinho José Prado.

Educador Casou-se com Zulmira Nascimento, mas o casal não teve filhos. “Era doido com crianças, principalmente as menores”, diz Maria Cândida. Talvez por isso tenha ficado mais conhecido como guarda municipal, porque trabalhava nas áreas próximas aos colégios da região central, sempre auxiliando crianças a atravessar as ruas ou resolvendo outros problemas. Era uma espécie de aliado dos pais, quando as crianças não queriam obedecer. “Quando encontrava o Guarda Antônio, ele sempre perguntava para minha mãe como estava meu comportamento e ela contava que eu estava teimando, andando de bicicleta no meio da rua e ele ameaçava prender a gente. Ficava com um medo danado”, lembra o zootecnista Artur Queiroz. O fotógrafo Jorge Henrique Paul lembra-se da figura sempre fardada, principalmente nas praças e eventos populares. “Ele sentava as crianças menores no colo e estava sempre sorrindo. Se fazíamos bagunça, ele conversava. Mas queríamos que ele sempre estivesse por perto”, disse Jorge. Depois de viúvo, perdeu a casa, as fotografias e a maior parte dos pertences em um incêndio. Foi morar no Asilo São Vicente de Paulo, no bairro Fundinho, onde morreu aos 86 anos no dia 10 de junho de 1999. Como homenagem ficou a Escola Municipal Guarda Antônio Rodrigues do Nascimento, no bairro Dona Zulmira, uma forma de eternizar o nome do amigo de farda das crianças do passado.

Guarda Antônio levava sempre no colo as crianças menores da turma

Família e música: o noivo com Zulmira e, em casa, com a sanfona

O efetivo da Guarda Municipal de Uberlândia: Guarda Antônio (3º a partir da direita) em foto com o prefeito Tubal Vilela (1º à esquerda)


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Objeto Ativo Óleo sobre tela, colada sobre madeira (1962)

1926-1988 artes plÁsticas

Conheça o músico, cenógrafo, poeta, designer gráfico e químico

willys

de castro

P

ouca gente sabe que Willys de Castro (1926-1988) nasceu em Uberlândia. Músico, poeta, designer gráfico e um dos principais expoentes dos movimentos concreto e neoconcreto nas artes plásticas brasileiras, Willys tem obras expostas nos mais renomados museus e em acervos públicos e particulares dentro e fora do país. “Depois da morte dele, em 1988, houve muito interesse pelas obras. Até hoje, pelo menos uma vez por mês, alguém me procura. Mas, de Uberlândia é a primeira vez”, afirma Walter de Castro, irmão mais novo de Willys. O artista nasceu e foi criado em uma casa na avenida Cesário Alvim, no centro da cidade. “Foi ainda em Uberlândia onde ele teve as primeiras aulas de piano com uma professora particular e fez os primeiros desenhos. Era muito estudioso

e curioso. Foi a pessoa mais inteligente que conheci.” Willys fez o curso primário em Uberlândia no Grupo Escolar Doutor Duarte, no bairro Martins. A família mudou-se para São Paulo em meados da década de 1930. Em São Paulo, ao longo dos anos 50, Willys dedicou-se às artes gráficas e à pintura. Em 1953, expôs as primeiras obras concretistas. O trabalho dele pode ser visto hoje em acervos na capital paulista, como os da Pinacoteca, do Museu de Arte Contemporânea e do Museu de Arte Moderna. Tem obras no Museu de Arte Moderna de Nova York e na famosa coleção particular da venezuelana Patricia Cisneros, entre outros. As obras de Willys de Castro romperam com a superfície bidimensional da tela, fazendo com que o espectador “participasse” da pintura, ao se movi-


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Sem Título: Obra em aço inoxidável do acervo da Pinacoteca (1983)

Almanaque uberlândia de ontem e sempre

mentar, observando os trabalhos de diferentes ângulos. “É como se você estivesse andando em uma rua e surgisse uma barreira que mudasse seu jeito de ver as coisas”, explica Marilúcia Bottallo do Instituto de Arte Contemporânea (IAC) de São Paulo. Em 1954, com Hércules Barsotti, Willys criou o Estúdio de Projetos Gráficos. “Passou a produzir material visual para empresas. Aprendeu as técnicas gráficas. Naquela época, fazer uma peça publicitária era um ‘parto’, não havia a tecnologia de hoje. Era tudo feito à mão”, lembra Walter de Castro. Em 1967, Willys, Barsotti e mais 22 artistas foram convidados para criar estampas de tecidos para a Rhodia. A parceria rendeu duas coleções: a coleção de verão 1967 e, em 1968, a Moda Super Jovem. As estampas de Castro, influenciadas pelo espírito jovem da época, têm cores vibrantes e formas abstratas. Vários mundos

Página do calendário da Rhodia: Estampa SuperJovem (1968)

Willys foi também compositor erudito. Depois dos estudos iniciais de piano, em Uberlândia, ele foi um aluno aplicado do musicólogo alemão Hans-Joachim Koellreuter. Participou da fundação da Escola de Arte Dramática (EAD) de São Paulo em 1948. Unindo música e teatro, dirigiu o departamento musical do Teatro Arena. “Ele se aventurou por vários mundos e tinha vontade de fazer links entre o texto e a poesia, entre a pintura clássica e a abstrata. Ele não se satisfazia nunca”, diz o irmão Walter de Castro. Willys escreveu, estudou, traduziu e fez partituras de verbalização para poemas concretos e participou do primeiro recital de poesia concreta do país em 1957 no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Marilúcia Bottallo, do Instituto de Arte Contemporânea (IAC), que pesquisa há mais de dez anos o trabalho de Willys, recentemente, descobriu, em uma edição de 1949 do “Diário da Noite”, uma fotografia da solenidade da formatura dos alunos de Química Industrial da Escola Técnica Eduardo Prado no Teatro Municipal de São Paulo. Entre os graduados, estava Willys de Castro, aos 23 anos.


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uberlandices

dupla local típica

R

iviera é a denominação de uma estreita faixa de terra situada ao longo do Golfo de Gênova, que se estende desde o litoral francês até a região de Spezia, na Itália. Mas em Uberlândia, Riviera tem um significado próprio: é nome de uma das mais tradicionais pizzerias da cidade, fundada em 1957. Uma pizzeria que oferece um cardápio variado, mas com um prato totalmente inusitado e que se tornou a marca registrada da casa: pizza com arroz. Quem acha que isso não combina é porque ainda não experimentou o prato na Riviera com outro acompanhamento que também tem muita saída: linguiça frita. Esse trio, bastante original, é responsável por diferenciar a pizzeria e manter uma clientela especial. Quem teve a ideia não se tem certeza, mas virou uma marca não só da Riviera como da própria cidade, pois seja onde for, quando alguém pede uma pizza com arroz, vem logo a pergunta: “Você é de Uberlândia, não é?“

Trava Carneiro: o primeiro modelo de 1961 e o criador Antônio Carneiro - sucesso internacional

1961 criatividade

a trava famosa

Q

uando ter um carro era ainda privilégio de poucos, o pernambucano Antônio Carneiro, que morava em Uberlândia, criou o Freio Carneiro (hoje Trava Carneiro), primeiro sistema antifurto de veículos do mundo. Ao ter as ferramentas roubadas da camionete Studebaker, Carneiro, utilizando uma latinha de talco, criou um sensibilizador por onde passava uma corrente elétrica que acionava a buzina quando encostassem no carro. “Viajou para São Paulo em 1958 para patentear a peça. Mas, naquela época, ninguém estacionava o carro engatado. Quem quisesse estacionar atrás, empurrava o carro da frente. O diretor de trânsito falou a meu pai que, com uma peça como essa, ninguém ia dormir em São Paulo”, diz Villal Carneiro, filho de Antônio Carneiro. Carneiro decidiu então criar um mecanismo que impossibilitasse tirar um carro estacionado do lugar. “Eu tinha 11 anos e ele me sentou no colo para que eu

apertasse o freio, enquanto ele apertava os pedais da embreagem e do acelerador. Daí, teve a ideia”, lembra Villal. Paulo Salvador, na época funcionário de uma empresa de usinas hidráulicas, foi quem produziu a primeira peça. Durante três anos trabalharam juntos no mecanismo que, quando acionado, interrompia o circuito do freio do veículo e travava as rodas. “Uma vez fomos para São Paulo testar o aparelho. Estacionamos o carro na avenida São João em um lugar proibido e nos escondemos. Como naquela época não tinha guincho, a polícia não conseguiu tirar o carro do lugar”, disse Salvador. O primeiro modelo, patenteado em 1961, pesava 4,350 kg. Hoje, pesa apenas 300 gramas e ganhou luzes de led. “É só uma ‘maquiagem’ mesmo, porque a ideia é a mesma do meu pai. Quando ele faleceu, mudei o nome para Trava Carneiro porque dava muita confusão. As pessoas vinham atrás de um tal Frei Carneiro ou achavam que era um tipo de freio”, disse Keno Carneiro, outro filho de Carneiro. Antônio Carneiro faleceu em 1994, aos 70 anos, mas a invenção continua viva e única, com revendas por todo o país, além de Portugal, Uruguai, Argentina, México, Peru e Chile.



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Tubal Vilela, político e empresário visionário, fundou em 1937 a ITV

U

m antigo dito popular que circulava por essas bandas dizia que “Deus fez a metade de Uberlândia e Tubal Vilela fez o resto”. Isso porque o visionário ex-prefeito (1951 a 1954) já prevendo a capacidade de expansão urbana da cidade, fundou em 1937 a Empresa Imobiliária Uberlandense. Hoje, o empreendimento de 76 anos é conhecido por ITV Empreendimentos Imobiliários e, desde 1972, é uma das empresas do Grupo Carfepe. A empresa abriu as portas quando as linhas telefônicas tinham apenas três dígitos. O telefone da imobiliária era 127. O primeiro loteamento foi a Vila Brasil, que hoje é o bairro Brasil e parte do Umuarama. “O espaço era muito grande, do Estádio Juca Ribeiro, onde hoje é o supermercado, até a Faculdade de Medicina da UFU”, recorda Tubal de Siqueira Silva, filho de Tubal Vilela e ex-diretor da ITV. O contrato de venda número 1 permanece ainda arquivado na empresa. Godofredo Theodoro da Silveira comprou, por um conto e quinhentos mil réis, o lote número 2 da quadra 23, na esquina da rua Rio Grande do Norte com a avenida Brasil, bem próximo de onde é hoje a Delegacia da Polícia Civil de Uberlândia. Além de dezenas de loteamentos, a ITV Empreendimentos

76 anos itv empreendimentos imobiliários

a expansão da cidade

Empresa criou um terço de Uberlândia

Prefeito Tubal Vilela caminha com o governador de Minas, Juscelino Kubitschek, na avenida Afonso Pena em 1955


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perfil

Tubal vilela

Em documentário da Close, equipe da ITV trabalha em projeto

Vila Brasil: o loteamento inicial que veio a tornar-se o atual bairro Brasil. À esquerda, o primeiro contrato de venda do empreedimento Imobiliários foi responsável pela construção do primeiro grande edifício do interior mineiro, o Edifício Tubal Vilela, na esquina da avenida Afonso Pena com a rua Olegário Maciel, com 87 apartamentos. Com o falecimento de Tubal Vilela, em 1962, o filho Tubal de Siqueira Silva adquiriu as participações acionárias dos outros quatro irmãos. Em abril de 1972, também à frente da TV Triângulo, hoje TV Integração, vendeu as ações da imobiliária ao Grupo Caferpe. “Ao transferir meus direitos ao grupo, eu já tinha assinado mais de 48 mil escrituras. No ativo da imobiliária,

ainda havia aproximadamente 350 alqueires mineiros (1.694 hectares) com loteamentos aprovados pela prefeitura e que são vendidos até hoje”, disse Tubal de Siqueira. Grupo CaRfepe Em 20 de abril de 1972, a ITV passou a fazer parte do Grupo Carfepe, conglomerado de empresas criado na década de 1950 com atuação nos ramos de alimentos (Moinho Sete Irmãos) de biotecnologia e saúde animal (Valeé) e avicultura (Granja Planalto). O nome Carfepe vem das iniciais dos

T

ubal Vilela da Silva nasceu em 1901, na chácara São José, município de Prata e mudou-se para Uberlândia ainda criança. De acordo com o filho Tubal de Siqueira, o Tubalzinho, o primeiro negócio do pai em Uberlândia foi uma venda de bananas. “Teve também uma loja chamada Tem Tudo, Compra Tudo, Vende Tudo, um depósito de mercadorias próximo à Mogiana, um armazém de secos e molhados, posto de gasolina e foi acionista da fábrica de fósforos Zebu.” Em 1937, criou a Empresa Imobiliária Uberlandense, que, em 1952, foi reestruturada com a ajuda do economista Alexandre Fornari e passou a se chamar Imobiliária Tubal Vilela. “Quando eu chegava à imobiliária, ele já estava lá desde antes das seis da manhã, de terno, gravata e barba feita. Todo dia se reunia com a gente para saber das nossas dificuldades. Nunca tive patrão tão bom e honesto”, lembra Léto Cardoso, ex-corretor da ITV. A imobiliária dedicou-se principalmente à venda de lotes e construção de casas para a população de baixa renda. Na área política, Tubal foi eleito vereador em 1936, assumiu a Prefeitura de Uberlândia entre 1951 e 1954 e foi deputado estadual entre 1955 e 1959. Casou-se pela primeira vez com Rosalina Bucironi, com quem teve os filhos Hugo e Fábio. Com a segunda mulher, Nila de Silva Siqueira, teve três filhos: Rômulo, Tubal e Rosa Maria. O empresário morreu em 1962, aos 61 anos. “Sinto muito não ter convivido mais com ele. Estudava fora e quando voltei, ele viveu apenas mais um ano. Era um exemplo de honestidade e seriedade. Muito bom pai”, diz Tubal de Siqueira.


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Almanaque

Renato: “Está errada e está multada”

uberlândia de ontem e sempre

tumulto na afonso pena

roberto em uberlândia

Genésio: fundador da Faculdade de Engenharia sobrenomes dos sócios: Helvécio Alves Carneiro, Orvenor Fernandes e Genésio de Melo Pereira. Dos três sócios, o que mais participou dos trabalhos da imobiliária foi Genésio de Melo Pereira, também fundador da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Para dirigir a nova empresa, foi convidado Jair Rodrigues Macedo, funcionário da Carfepe desde 1964, com a assessoria do primeiro economista da cidade, Alexandre Fornari, responsável pela reestruturação da ITV em 1952, ainda na época de Tubal Vilela.. O desafio para o novo diretor era fazer com que o empreendimento se sustentasse sem depender da holding. “Lembro que peguei os melhores lotes do bairro Brasil e formei um grupo de corretores. Em pouco tempo estávamos com dinheiro em caixa”, diz o ex-diretor. Umas de suas melhores lembranças é a construçãos dos dois bolsões para escoamento da água da chuva no Jardim Sucupira, infraestrutura pioneira na cidade. “É um bairro popular com infraestrutura de primeiro mundo. A água entra na rede e vai até o Parque do Sabiá.”

E

m 16 de março 1966, 4,4 mil pessoas foram ao Cine Theatro Avenida, na avenida Afonso Pena, e lotaram o primeiro show de Roberto Carlos em Uberlândia. Tudo parecia seguir tranquilamente até a chegada do Juizado de Menores, que proibiu a entrada de menores de 14 anos na sessão extra, que não havia sido programada. Segundo o produtor do show, o empresário Walter Ferreira Mendonça, o Waltinho da Discolândia, que promoveu o evento para comemorar 1 ano da loja, seria feita apenas uma sessão. “Mas houve o maior tumulto na Afonso Pena e tivemos que fazer dois shows. No segundo, o Juizado chegou e ficaram pais e crianças barrados na porta.” Naquele época, segundo Waltinho, Roberto ainda dedilhava no violão “Eu te darei o céu”, gravada e lançada com grande sucesso meses depois.

cumprindo a lei

multa na mãe

A

ntes de Renato de Freitas criar o Dmae e construir a Estação de Tratamento de Água de Sucupira, Uberlândia vivia às secas, com problema de falta de água. Para impedir o desperdício, como até hoje é visto pela cidade, com as calçadas e até as ruas sendo lavadas pelos moradores com o uso de mangueiras de borracha, o então prefeito criou uma multa para quem fosse flagrado jogando o líquido tão precioso fora. Para isso, pela cidade circulavam fiscais, assim como hoje existem os agentes da Settran para fiscalizar o trânsito. Um dia, no centro de Uberlândia, o flagra foi na porta da casa de Clarinda de Freitas, filha do coronel Marcos de Freitas e, por coincidência, mãe de Renato de Freitas. O fiscal emitiu a multa assim que viu a empregada de mangueira na mão. Quando a notificação chegou à residência, a mãe do prefeito logo ligou para o filho pedindo explicações. Renato não se fez de rogado e disse: “Eu até posso pagar a conta para a senhora, mas tirar a multa, não tiro. Você está errada e está multada”.



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NO campo: Tubal Siqueira, Cidão e o promotor Geraldo de Carvalho

1978 verdão

uma pedra no caminho UEC poderia ter tirado invencibilidade recorde do Botafogo no Juca Ribeiro

O recorde de invencibilidade do futebol brasileiro é, até hoje, do Botafogo: 52 partidas sem perder, entre 1977 e 1978 sob comando de Zagallo. No ano seguinte, o Flamengo igualou a série. Mas, pouco se fala que este feito, que tanto orgulha os botafoguenses, poderia ter sido interrompido pelo Uberlândia Esporte Clube (UEC). Em março de 1978, debaixo de chuva e em um

Juca Ribeiro lotado, o alvinegro carioca, sem perder desde setembro de 1977, encarou o Furacão da Mogiana. “Colocamos tanta gente lá dentro que com a renda (CrZ 520 mil) deu para tocar o time por um ano. O Botafogo era a grande atração e o destaque era o meia esquerda Paulo Cézar Caju, mas o Uberlândia também tinha craques”, diz José Aparecido Martins, o Cidão, na

Almanaque uberlândia de ontem e sempre

época presidente do Uberlândia e responsável pela ampliação do Juca Ribeiro para 15 mil lugares. Logo no início do jogo, o Uberlândia saiu na frente com um chute de Odair, craque vindo do Corinthians. Aos 13 minutos, o Botafogo igualou com Nilson Dias, mas Ferraz deixou o Verdão na frente novamente. O jogo empatou por 2 a 2, aos 32 minutos do segundo tempo, com uma finalização de Dê. Tudo indicava que a partida terminaria em 2 a 2, mas faltando poucos minutos para o fim, o juiz Hélio Cosso marcou um pênalti a favor do Uberlândia, depois de uma cobrança de falta de Dias que teria batido no braço de Mário Sérgio na barreira do Botafogo. O pênalti nem chegou a ser batido. Antes disso, o time carioca saiu de campo com todos os jogadores, sob vaias do público. “O Zagallo não aceitou o pênalti e eu até acho que não foi mesmo, mas se o juiz apitou, tinha que esperar bater”, disse Araken Moraes, então chefe da delegação botafoguense. Já para Cidão, o pênalti foi válido, porque, segundo ele, Mário Sérgio chegou a pegar a bola. “Nem foi por querer, mas é que o Dias batia muito forte e chutava bem em cima da barreira. Como a bola estava molhada e pesada, o jogador do Botafogo pôs a mão para se defender”, disse Cidão. Dois meses depois, em maio de 1978, quando o UEC participou do Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão, enfrentou novamente o Botafogo, em João Pessoa, na Paraíba, e foi goleado por 6 a 3. Seis anos depois, em 1984, quando o Verdão se sagrou campeão da Taça de Prata, devolveu a goleada e venceu o time carioca por 6 a 0.



Acima: Juarez Altafin foi o 1º reitor da Faculdade de Ciências Econômicas. Abaixo: Dia da inauguração

1963-2013 50 anos

as Ciências econômicas

A criação dos cursos de Ciências Contábeis, Administração e Economia a caminho da UFU

E

m 1963, sob a direção do professor Juarez Altafin, juiz de Direito, começou a funcionar em Uberlândia a Faculdade de Ciências Econômicas, oferecendo os cursos de Ciências Contábeis, Administração e Economia. A ideia de criar a instituição surgiu do grupo que estava à frente da Faculdade de Direito e da Fundação Educacional de Uberlândia. Juarez Altafin, uberlandense que nasceu e foi criado no Fundinho, voltou para a cidade em 1959, nomeado juiz presidente da Junta de Conciliação e Julgamento de Uberlândia. Veio transferido de Prata, onde era juiz. “Chegando em Uberlândia, o professor Jacy de Assis me convidou para lecionar no 1º ano da Faculdade de Direito, que estava se instalando. No mesmo ano, fui convidado para criar a Faculdade de Ciências Econômicas”, lembra Altafin. Durante um ano, trabalhou-se na criação da Faculdade. Juarez Altafin fez diversas viagens ao Rio de Janeiro e a Brasília, auxiliado pelo professor Régis Simão. A escola foi instalada no mesmo prédio da Faculdade de Direito. Depois

Wilson Ribeiro da Silva, Toninho Rezende e a filha dele, Creusa Rezende


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Almanaque uberlândia de ontem e sempre

Ao lado: População se reúne para conhecer a nova escola Abaixo: Pátio externo do primeiro prédio da Faculdade de Ciências Econômicas

foi para a Faculdade de Filosofia e, mais tarde, diante dos problemas de espaço físico, foi transferida para o Colégio Brasil Central. Em meados de 1968, a faculdade comprou o prédio da praça Doutor Duarte, onde hoje funciona a Escola Estadual Enéas de Oliveira Guimarães. “O prédio foi comprado e adaptado sem recursos do governo federal, estadual e municipal, sem dinheiro de aluno, nem de professor. Só com a ajuda do povo de Uberlândia”, diz Juarez Altafin, que chegou a lecionar e dirigir a Faculdade de Ciências Econômicas ao mesmo tempo que lecionava nas faculdades de Direito e Engenharia. Na época, eram poucos os professores que tinham autorização do Ministério da Educação (MEC) na cidade. O professor Celso Correia dos Santos, falecido em 2011, foi responsável pela aula inaugural da Faculdade de Ciências Econômicas. Em entrevista, em 1988, à publicação “UFU no imaginário social”, disse que chegou a Uberlândia em 1961,

quando tinha acabado de se formar em Matemática pela Universidade de Campinas (Unicamp) e foi convidado para trabalhar na Escola Estadual de Uberlândia, o Museu. “Depois fui convidado para dar aula na Pedagogia, na Filosofia e fiquei conhecendo o Juarez Altafin em 1962, que me chamou para lecionar na Ciências Econômicas.” Ainda segundo Celso, os professores da Faculdade de Filosofia ficavam intrigados como Altafin conseguia manter a instituição com bons salários, inferiores apenas aos da escola de Direito. “Tudo que sobrava, no fim do ano, era rateado entre os professores

e ainda dava para fazer uma festa no quintal do prédio da faculdade, embaixo de uma mangueira e uma jaboticabeira. Era ótimo, porque havia grande amizade entre os professores.” Em 1970, ao lado da irmã Ilar Garotti, da Faculdade de Filosofia, Jacy de Assis, da Faculdade de Direito, Genésio de Melo Pereira, da Faculdade de Engenharia e de Cora Pavan Capparelli, da Faculdade de Artes, Juarez Altafin ajudou a criar a Universidade de Uberlândia (UNU), hoje a Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O curso, que faz 50 anos de criação, funciona,desde então, no campus Santa Mônica.



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Almanaque uberlândia de ontem e sempre

entrevista | virgílio galassi

senhor uberlândia N

Por Celso Machado

eto de italianos da província de Matova, dos quais herdou o sobrenome Galassi e a vontade de trabalhar, Virgílio nasceu em São Paulo, há exatos 90 anos, e foi o homem que mais tempo ficou à frente da administração de Uberlândia. Virgílio Galassi foi por quatro vezes prefeito da cidade. Assumiu ainda como deputado federal Constituinte e foi vereador no início da carreira política. Era o terceiro dos cinco filhos do empresário paulistano do ramo das charqueadas Francisco Alessi Galassi e de Blanche Santos Guimarães. A entrevista que se segue, concedida a Celso Machado no programa “Uberlândia de Ontem e Sempre”, aconteceu em 2006, no mesmo ano em que se afastou das decisões políticas do município e se desfiliou do Partido Progressista (PP). Dois anos depois, em 3 de janeiro de 2008, morreu aos 84 anos, deixando a esposa Maria Luiza Santos Galassi, falecida em 2010, os filhos Paulo, Rejane e Regina, netos, bisnetos e uma legião de admiradores que, segundo o próprio Virgílio, foram os responsáveis pela trajetória vitoriosa do político.

Quando o senhor veio para Uberlândia? Nasci em São Paulo, mas vim para cá nos braços da minha mãe, ainda mamando. Fui desmamado aqui e tenho um amor imenso por essa terra. Adotei Uberlândia como a cidade mais importante do mundo. Qual a lembrança mais antiga da cidade? Lembro, quando tinha 6 anos e houve a mudança do nome de Uberabinha para Uberlândia. Tem alguma personalidade uberlandense de que se lembre em especial? Do Zé Caminho, um homem preocupadíssimo. Papai me levou uma vez no Cruzeiro dos Peixotos para comprar alguma coisa do Zé Caminho. Ele era um líder na região. Cismou de trazer o rio Uberabinha para dentro de Uberlândia. O senhor conheceu Uberlândia sem asfalto e sem água? Quando eu era criança, na rua Vigário Dantas, tinha um rego d’água beirando o passeio. Não era bem um passeio, tinha um meio fiozinho. Então, a mamãe mandava a


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Almanaque uberlândia de ontem e sempre

“Eu vinha só a cavalo. Mas a ponte do Vau era um mata-burro, não passava cavalo. Então, eu enfiava a cavalo dentro do rio Uberabinha”

gente fazer umas pocinhas d’água, pregava uma latinha de goiabada num cabo de vassoura e fazia uma pá pequena fechada. Nós ficávamos aguando a rua por causa da poeira (risos). Lembra-se dos coronéis? Lembro. Uma vez, quando eu cheguei numa esquina, vinha subindo um Fordinho antigo do coronel Custódio Pereira ou do Rodrigues da Cunha, não me lembro. Ele parou e falou: “Menino, não vem carro aí não? Eu disse: “Não, senhor, pode passar” (risos). O senhor estudou onde? Eu tenho a impressão que a primeira escola que eu frequentei aqui em Uberlândia era na avenida Princesa Isabel. Era a escola da Dona Carlota. Estudei no Bueno Brandão, depois fiz o ginásio no Museu. O estudo que eu tenho é o ginasial. O senhor não teve chance de fazer curso superior? Eu não posso falar que não tive oportunidade, porque meu pai, com muito sacrifício, formou os filhos que quiseram estudar. Eu não tive vocação para o estudo. Qual o primeiro trabalho do senhor? Logo que saí do ginásio, papai alugou a fazenda da família dos Machado. Tinha um engenho de cana e eu fui para lá, sozinho, molecote de 17 anos. Levantava todo dia 1 hora da manhã. Pegava o boi

Em 1970, Virgílio Galassi posa com o primeiro neto, Gustavo Galassi


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e já começava a moer cana. A hora que a estrela Dalva levantava, eu ia para o curral ajudar o peão a tirar leite. Saía do curral, pegava boi de novo para buscar a cana para moer no dia seguinte. Vinha às vezes à cidade? Eu vinha só a cavalo. Mas a Ponte do Vau era um mata-burro, não passava cavalo. Então, eu enfiava a cavalo dentro do rio Uberabinha. Como começou a vida política? Eu fui convidado para ser candidato a vice-prefeito do Raul Pereira. Eu já era casado e o meu sogro fazia uma força, porque nenhum dos filhos quis ser político. À esquerda: Filhos, filhas, genros e noras com Nicomedes Alves dos Santos e a esposa Marieta de Castro (sentados). Acima: Virgílio (direita) com os irmãos Leonardo, Dóris e Dante (atrás)

E o senhor se candidatou? Quando cheguei à Câmara, percebi um fuxico dizendo que o vice-prefeito devia ser o Chico do Rivalino. Eu achava que tinham razão. E o que o senhor fez? Quando abriu a convenção, eu falei que ser candidato me honrava muito, mas que eu estava percebendo que as pessoas preferiam o Chico do Rivalino.

Maria Luiza, Virgílio Galassi, Francisco Galassi e Blanche

Depois, o senhor acabou candidato a vice do Chico? Estavam inaugurando a televisão em Uberlândia. Fomos eu, o Chico e o Valdir Melgaço. Mas, quando ligaram as câmeras, o Chico ficou completamente mudo, travou. O Chico perdeu a eleição porque tinha essa dificuldade de comunicação.


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“O Distrito Industrial de Uberlândia foi o primeiro distrito municipal do Brasil” Virgílio Galassi nos tempos de vereança

O que mudou com o primeiro Distrito Industrial? O Distrito Industrial de Uberlândia foi tão importante e a população não sabe disso. O Rondon Pacheco conseguiu trazer o presidente Castelo Branco para a inauguração. Vim saber depois que era o primeiro Distrito Industrial municipal do Brasil. O senhor foi prefeito quatro vezes, como foi ser vereador? Quando eu não quis ser vice-prefeito, o Nicomedes Alves dos Santos não quis falar mais nada. Depois de um tempo, vem ele de novo com o negócio de política, mas eu não queria ser vereador. Eu gostava mesmo do Executivo. Mas acabou se elegendo vereador sem querer? Meu sogro me pegou. Quando faltavam poucos dias para fechar o registro de candidatura, eu “casquei” fora. Fiz uma viagem para São Paulo. Voltei no domingo e já tinha esgotado o tempo na sextafeira. Aí chega o meu sogro na minha casa perguntando se eu queria. Eu falei: “Para agradar ao senhor, eu até me candidataria, mas agora não dá mais tempo”. Ele foi no carro e voltou com o livro do cartório, que era de confiança dele. Ele tirou o livro sexta-feira para pegar a minha assinatura e devolveu na segunda-feira. E a candidatura para prefeito? Meu adversário era o Chiquinho Testa. Ele era superpopular, era

A partir da esquerda: General Geisel, Aureliano Chaves e Virgílio


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Virgílio Galassi ovacionado pela comunidade uberlandense

O governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, em conversa com o prefeito Raul Pereira e o vereador Virgílio Galassi

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do Praia Clube, tinha loja. Fui conversar com ele, dizer da minha intenção e pedir para desistir e me ajudar. Ele tirou a candidatura e eu ganhei a eleição. Queria que o senhor falasse um pouco das grandes obras: o Parque do Sabiá e a avenida Rondon Pacheco. O Parque do Sabiá foi difícil, porque lá tinha um invasor muito amigo do Renato de Freitas. No meu segundo mandato, entramos na Justiça e conseguimos tirá-lo de lá. Mas cadê o dinheiro? Então para ficar livre do Cícero Diniz que não parava de falar nisso, eu falei para ele pegar 200 metros da cerca lá no canto de cima, em frente ao Makro, mas era para me dar o orçamento primeiro. Ele rabiscou o orçamento na hora e eu chamei o secretário de Obras, o Manuel Pereira. Mas eu nem ia lá para o Cícero não me amolar. O senhor não foi até lá? Um dia resolvi ir. Falei pra ele: “Você errou o custo, não errou, Cícero? Ele falou: “Errei”. E eu disse: “Sabia que você ia errar, você põe a coisa fácil, mas, na hora de pagar, sou eu. Ele falou: “Mas eu errei para baixo”. (risos)

José Espíndola, Raul Pereira, Virgílio e Cícero Diniz na Sucupira

O senhor já imaginou o valor que vai ter daqui um tempo? É o pulmão de Uberlândia. Lá tem uma reserva florestal que nós nunca tocamos. Plantamos milhares de árvores ali dentro. Tem a piscicultura que é um mo-


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“ O Messias Pedreiro, o Gassani e o Elias Simão valiam mais do que um Banco do Brasil. Uberlândia é grande graças a eles”

delo, tem piscina, campo. Era uma coisa que o povo não tinha e precisava ter. E a avenida Rondon Pacheco? Podia ter feito a Rondon de 60 metros de largura, fiz de 50. Ali era um brejão, não tinha nada. E o problema das chuvas? Nunca ouvi falar de uma pessoa que fosse lá no rio Uberabinha para ver quantas galerias e a dimensão delas. São seis galerias e pode por um ônibus dentro de cada uma. Mas a bacia da Rondon é grande demais, as águas lá do alto da avenida Brasil correm para a Rondon. Quando tem uma chuva pesada, de 40, 50 milímetros, é difícil. A água já me pegou ali também. E a vinda do poliduto? Nessa época, eu fiz uma malandragem com o Rondon (risos). Eu já sabia que o Rondon ia ser governador de Minas. Aí fui até o Israel, que era governador, e pus uma pilha de pedido na frente dele. Ele falou: “Mas, Virgílio, você acha que eu vou atender isso tudo para você? Eu falei: “Não, nem quero, eu vim aqui só para o senhor receber oficialmente. Quem vai ter que se virar é o Rondon, mas aí ele divide a irritação entre nós dois.” (risos) E Rondon acabou atendendo? Eu queria e acreditava no poliduto. Não foi uma ideia minha, já era discutido na cidade. Eu liguei

Maria Luiza e o marido Virgílio Galassi


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para o Rondon para ele conseguir uma audiência com o presidente da Petrobras. O presidente falou que não ia me dar o poliduto, mas o projeto pronto e aprovado. Se fizesse o poliduto, a Fepasa tirava ele de lá, porque era a empresa que fazia esse transporte todo de combustível para a região. Íamos quebrar a Fepasa. Mas acabou conseguindo. Sim. Quando inaugurou, fomos lá com o Fernando Henrique. Foi uma das coisas mais importantes para Uberlândia.

À esquerda: Virgílio com a família reunida Acima: Os pais do político, Francisco e Blanche

Virgílio Galassi e Maria Luiza com os filhos, genros e nora

Uberlândia sempre teve essa característica de ser o polo de desenvolvimento da região? É uma cidade de pessoas fantásticas. O coronel Eduardo Marquês, por exemplo. Eu me lembro muito dele. O Joanico, João Severiano Rodrigues da Cunha, também era fabuloso, tinha imaginação, via perspectiva de futuro. A ponte de Itumbiara abriu Goiás para nós, abriu o Mato Grosso para nós. Ali só se passava de balsa. Não é da minha época, mas sei que eles testaram a ponte com boi. Fecharam um lado da ponte e encheram de boi (risos) pra ver se ela aguentava e ela aguentou. E o Messias Pedreiro? O Messias Pedreiro, o Andraus Gassani e o Elias Simão juntos valiam mais do que o Banco do Brasil. Uberlândia é uma cidade grande porque teve esses homens. O Messias pôs uma grande


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máquina de algodão em Uberlândia. Eu era presidente da associação rural e chega o Messias dizendo que tinha que tirar a máquina de algodão de Uberlândia, porque não tinha algodão. Me reuni com a diretoria. Não sei de quem foi a ideia, mas lançamos mil experimentos de algodão em um alqueire, de Tupaciguara ao canal São Simão. A Companhia Paulista de Adubo deu o adubo. A Camig deu as máquinas. Foi quando lançaram a semente preta do algodão e deu tudo certo. Qual a visão que o senhor tem do futuro? Eu vejo Uberlândia com 1 milhão de habitantes. Quase o dobro de hoje. Os professores e pais têm que falar para os alunos e filhos que essa cidade é de futuro. Dizem que o senhor acha que o mundo passa por Uberlândia e quando fala convence. É verdade? Uberlândia tem expressão geográfica. É difícil discutir religião, mas você percebe que a mão de Deus passa por aqui e gosta de voltar. Uberlândia tem uma jornada sagrada, mas não é milagre, é o milagre da vontade, da capacidade de realização

”Rondon é aço puro. Diamante puro. Uberlândia deve tudo a ele” que pessoas daqui têm. Essa obstinação que tem que ser ensinada, a pessoa tem que acreditar, tem que querer e tem que se dispor a fazer aquilo, sem limite. E o Rondon Pacheco? O Rondon é de uma das mais puras escolas brasileiras. É um homem de Milton Campos. O homem que sabe da história de um Carlos Lacerda. É aço puro, diamante puro. Você tem que se curvar para ele, é o que eu faço sempre, respeito absoluto, profundo. A população tem que saber que a história de Uberlândia se deve praticamente toda ao Rondon. Quer deixar um recado? Gostaria de terminar dizendo obrigado aos companheiros que me ajudaram. Companheiros da imprensa, do comércio, da indústria, do campo. Eu não sou mais do que o resultado do esforço conjunto dessa gente. Agradeço ao Odelmo, à irmã Ilar, à Terezinha Magalhães, ao Paulo Salomão, ao Paulo Ferolla, ao Cícero Diniz, ao doutor Oscar Virgílio. Desculpa quem eu não mencionei. Sou eternamente devedor desse povo, eles me construíram. Eu sou o que eles fizeram.



Almanaque

uberlândia

A antiga pizzaria, depois de uma extensa reforma, transformou-se em um local luxuoso e ponto de encontro da sociedade

década de 1970 uberlândia à noite

Ponto de encontro

O restaurante Kabana era sinônimo de requinte e um ambiente chique para os padrões da época

S

e no dicionário o significado de cabana é o de um abrigo provisório e simples, em Uberlândia nas décadas de 1960 e 1970, quando escrito com a letra K, era sinônimo de requinte. O Kabana Restaurante, na avenida Floriano Peixoto, nasceu como a pizzaria de Luiz Antônio Fonseca. Totonho, como era mais conhecido, convidou o cunhado Navarro Ribeiro para ampliar os negócios e formar uma sociedade.

Assim, em 1968, Navarro, que morava em Oliveira (MG), voltou à terra natal para ajudar na administração. “Eram poucas as opções de entretenimento. Tinha o restaurante Garibaldi, embaixo do Hotel Presidente e o Bar da Mineira, do qual fomos sócios e também era muito bom”, lembra Marise Pacheco Ribeiro, viúva de Navarro. Pelo Kabana, diz Marise, passaram nomes como a cantora Ângela Maria, Benito di Paula, Vinicius de Mo-

raes, Ivan Lins, o ex-jogador Pelé, e artistas locais como os pianistas Nininha Rocha e Jean Carlo, que davam canja ou faziam apresentações. Ali, até onde se tem notícia, foi instalado o primeiro ar-condicionado em espaço público da cidade, uma máquina grande no fundo que fazia circular a refrigeração através de dutos. Nas prateleiras, garrafas de uísque com os nomes dos mais assíduos nos rótulos aguardavam a próxima visita. No cardápio, pratos como camarão, lagosta e hadoque. “Tinha a mesa nº 1 com os clientes habituais. Eram apenas homens que se reuniam para falar de futebol, política e notícias do dia. Eles chegavam antes do jantar e ficavam até o fim da noite.” Mais tarde, nos fundos do restaurante com entrada pela rua Santos Dumont, instalou-se a boate Beluna, com shows ao vivo e música mecânica. O Kabana funcionou até o início da década de 1980, quando Navarro e outros sócios abriram o Vila Verde.



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“Sob seu comando, a Tabajara venceu o I Concurso de Escolas de Samba de Uberlândia em 1956”

boemia em preto e branco

lotinho e tabajara

O General que desafiou preconceitos e é um dos bambas do samba na cidade

A

rlindo de Oliveira Filho, Lotinho, descende de uma família de músicos que, entre outras coisas, criou o rancho carnavalesco Tenentes Negros, em 1936, e o Clube José do Patrocínio, vulgo Caba-Roupa, nos anos 1950. Educado em um ambiente musical, festivo e carnavalesco, sua infância foi embalada pelos

acordes do cavaquinho tocado pelo pai. Com o tio Devanir Alves, aprendeu as primeiras notas musicais no trombone de vara. Ao som das canções executadas pelo acordeão do tio Cidica iniciou, aos 13 anos de idade, sua trajetória de cantor e boêmio. A partir das intermináveis conversas entabuladas com os familiares mais velhos, Lotinho soube que determi-

nados bares e clubes da cidade eram vetados aos negros, exceção feita aos músicos, cozinheiros e faxineiros que a eles adentravam somente para trabalhar. Entretanto, graças a seu talento, Lotinho foi convidado na década de 1950 a apresentar-se no Uberlândia Clube. O convite foi recebido por ele com reservas: “Mas vocês não aceitam negro lá! Olha lá, hein? A gente vai sofrer desfeita lá!” Depois de muito diálogo com os diretores do clube, foi fechado o contrato. Cônscio do desafio assumido, Lotinho rapidamente dirigiu-se à Loja Clark onde comprou dois pares de sapatos de verniz, sendo um par branco e outro preto. Logo após, deslocou-se até a Alfaiataria Paganini e encomendou um terno e uma camisa de casimira Europa. Sobre sua primeira apresentação no Uberlândia Clube, relembra o antigo boêmio: “cantei como nunca havia até então cantado”. No dia seguinte à estreia, Lotinho foi cumprimentado por todos que o encontrava, mas também censurado por muitos negros que viam naquela apresentação uma “traição”, no mínimo, uma “rendição” ao preconceito vigente na cidade. Apesar dos elogios, críticas e ameaças que recebeu, Lotinho acredita que suas apresentações contribuíram para a valorização do negro na sociedade uberlandense: “É que, antes de eu assinar contrato com o Uberlândia, os pretos não andavam no mesmo passeio que os brancos. [...] E o fato do negrinho pegar o microfone e cantar no Uberlândia Clube ajudou a acabar com aquele negócio na avenida”. Como cantor profissional, Lotinho À esquerda: Os Tenentes Negros


A Escola Tabajara em um desfile carnavalesco nos idos dos anos de 1950 já chamava a atenção do público também animou as noites do Cassino Monte Carlo, da Boate do Marra e da Rádio Educadora, onde tinha um programa semanal levado ao ar todas as quintas-feiras às 20h. Por prazer, cantou nos inúmeros bordéis localizados na rua Sem Sol, atual Engenheiro Azelli. Criativo e inquieto culturalmente participou como cantor, ator e cinegrafista de diversos espetáculos musicais e teatrais realizados pelo clube Caba-Roupa: “O Clube José do Patrocínio, desta cidade, realizou sábado passado um ‘grande show artístico’, denominado ‘O Mercador de Sonhos’. (...) Foi diretor, organizador e ensaiador, o senhor Joaquim Coelho. Orquestra sob direção do Anízio L. Camilo. Cenários de Lotinho e Veiga Lago. O espetáculo foi variado, com diversos números que agradaram plenamente à plateia: cantos, bailados, humorismos, a peça ‘Tenda Árabe’ inspirada na mesma música em dois atos (Correio de Uberlândia, 1953, n. 3572, p. 3)”. Em 1954, Lotinho com outros jovens residentes no bairro Patrimônio fundou na rua Augusto dos Anjos, residência do casal Alberto Alves Carvalho e Darcy R. Carvalho, a Escola de Samba Tabajara. Por dirigir a bateria, desenhar as fantasias e ensinar as cabrochas da Escola a dançar, Loti-

nho passou a ser chamado pela imprensa local de General. Sob seu comando, a Tabajara venceu o I Concurso de Escolas de Samba de Uberlândia, realizado em 1956 pela Rádio Educadora. Com o tricampeonato obtido em 1959, a Tabajara tornou-se presença obrigatória nos bailes carnavalescos do Uberlândia e Praia Clube: “Na noite de terça-feira gorda, antes do início do baile carnavalesco, a escola de samba campeã do carnaval de rua deste ano visitou o salão de festas do Uberlândia Clube. Foi uma nota em destaque a valer por qualquer show. Os palacianos aplaudiram espetacularmente as evoluções dos ‘passistas’, das cabrochinhas e deliraram ao som do ritmo quente na batida do samba (Correio de Uberlândia, 1959, n. 6981, p. 1)”. No entanto, as relações de Lotinho com o carnaval uberlandense nem sempre foram amistosas. Na segunda metade dos anos 1960, ele entrou em colisão com o então prefeito Renato de Freitas: “O meu desentendimento com o Renato de Freitas foi causado porque eu não o apoiei nas eleições. Ele disse que iria suspender a Tabajara e que a Escola não ganharia mais nenhum carnaval em Uberlândia, e tem mais, ele deixou as Escolas de Samba na mão, enfraquecendo o car-

naval de Uberlândia, foi só isso”. Diante da ameaça recebida, o General protestou compondo um samba cuja estrofe inicial, em tom provocativo, fazia o seguinte desafio: “Andam dizendo por aí/Que a Tabajara vai perder/Eu quero ver/Eu quero ver pra crer/Nós somos conformados/ Mas depois do jurado/Quero ver o resultado”. Hoje, as experiências boêmias e carnavalescas de Arlindo de Oliveira Filho estão encerradas. Alegando estar com os “dedos enferrujados” e com a “memória fraca”, raramente, toca um violão e canta uma das várias canções que compôs e/ou aprendeu através do rádio e dos discos. Apesar de ignorado pelo poder público e desconhecido por boa parte dos membros da Escola de Samba que ajudou a fundar e a ganhar diversos títulos, o antigo General ainda sobrevive. O motivo? Talvez por acreditar no que disse Lupicínio Rodrigues: “É na noite que se faz música, que se diz poesia com mais sentimento. É onde, enfim, o amor é mais amor”. Júlio César de Oliveira é doutor em História Social pela PUC/SP. Autor de “Ontem ao luar: o cotidiano boêmio da cidade de Uberlândia (MG) nas décadas de 1940 a 1960”, Edufu, 2012.


E

ram 6 da manhã de uma quinta-feira, 17 de dezembro de 1953, quando a mercearia de 110 m2, na avenida Brasil, abriu as portas pela primeira vez, enquanto soava o sino da Igreja Nossa Senhora Aparecida. Sessenta anos depois, a pequena loja hoje é o maior grupo atacadista do Brasil, ainda encabeçado pelo jovem visionário então com apenas 19 anos. Ainda criança, nos passeios à cidade, a principal diversão de Alair Martins do Nascimento era ir à mercearia dos tios. Aos 17 anos precisou assumir a gestão do armazém, porque a tia tinha adoecido e precisou se tratar em Campinas. Dois anos depois, o pai comprou um terreno para construir o Armazém Martins, que começou vendendo apenas no varejo. “Hoje digo que começaria tudo outra vez e do mesmo jeito. Ter a consciência de que ajudei a influenciar positivamente a vida das pessoas é o meu grande prazer. Hoje, 60 anos depois, e com tanto caminho andado e tantas vitórias conquistadas, posso dizer, com certeza, que valeu a pena”, diz Martins. Em um ano de funcionamento, a loja dobrou o capital e foi ampliada. Alair soube detectar uma carência do mercado: a venda por unidade para pequenos e médios varejistas que não precisavam de grandes volumes nas lojas. Assim, ele se tornou o elo com a indústria,

1953-2013 grupo martins faz 60 anos

uma história de

sucesso “Com tanto caminho andado e tantas vitórias conquistadas, posso dizer que valeu a pena”

comprando em seu nome e distribuindo a carga excedente entre os varejistas. Em 1964, o negócio passou a ser exclusivamente atacadista. Os produtos eram fornecidos também para caminhoneiros que levavam a mercadoria para diversas partes do país. O primeiro caminhão foi comprado em 1964. Hoje, a frota é de 1.287 veículos, que rodam cerca de 47 milhões de km por ano. Atualmente, o Grupo Martins, líder do segmento atacadista-distribuidor, conta com mais de 4 mil colaboradores, como são chamados os funcionários, e 370 mil clientes ativos em cerca de 5,5 mil cidades brasileiras. “Acredito que existe uma conjunção de fatores que compõem esses trunfos: primeiro destaco nossa equipe de colaboradores, que tem or-

gulho de trabalhar aqui e compromisso de fazer benfeito. Considero também que as estratégias adotadas colocam o Martins num patamar mais elevado de desempenho”, afirma Alair Martins. o Grupo O Grupo Martins congrega a Martins Comércio e Serviços de Distribuição (Atacado); o Tribanco, líder na área financeira; a Tricard, cartões de crédito; a Tribanco Corretora de Seguros; a Universidade Martins do Varejo (UMV); a Rede Smart e o site E-Fácil de e-commerce. “Percebemos que, muitas vezes, o nosso cliente precisa tanto de mercadorias para abastecer sua loja, quanto de apoio financeiro para manter seu crescimento; de


Alair Martins: “ Sonho em ver o Martins consagrado como a primeira empresa do segmento atacadista-distribuidor a atingir 100 anos de fundação”

ca um grupo de lojas com administrações independentes. A Rede Smart oferece aos associados soluções financeiras, de marketing, educacional, com a qualificação da mão de obra e técnicas eficientes de gestão, de compras e lucratividade, com o objetivo de auxiliar o varejista na gestão do seu negócio. Hoje, a Rede Smart já é a maior rede de supermercados independentes do Brasil, com cerca de 850 lojas afiliadas em 20 estados e no Distrito Federal, e faturamento superior a R$ 5,2 bilhões ao ano. conhecimento para ficar atualizado frente à concorrência e de uma rede organizada para ganhar mais força em seu mercado. É com esta visão que trabalhamos”, diz Martins. Atacado A estrutura logística é composta por seis Unidades Regionais de Negócios: Uberlândia (MG), Manaus (AM), João Pessoa (PB), Ananindeua (PA), Jaboatão dos Guararapes, na Grande Recife (PE), e Camaçari (BA). Além delas, há 39 Centros de Distribuição Avançada espalhados pelo país.

Universidade Martins do Varejo (UMV) A Universidade Martins do Varejo nasceu em 1988 com o objetivo de repassar aos clientes do Grupo Martins os conceitos necessários para ser competitivo num mercado que se encontra em constante mutação. As aulas são presencialmente ministradas na sede, em Uberlândia; na

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região dos clientes durante os Fóruns de Varejo e a distância são feitas por meio de cursos elaborados em DVD/VHS, que contam também com o apoio de apostilas e da revista “Vitrine do Varejo” ou ainda via internet (e-learning). Responsabilidade socioambiental O Grupo Martins vem desenvolvendo e apoiando projetos educacionais, sociais, culturais e ambientais, coordenados pelo Instituto Alair Martins (Iamar) desde 2005. Seu compromisso é com o desenvolvimento do potencial de crescimento para jovens. O Grupo iniciou, há seis anos, um programa de compensação de carbono com os principais fornecedores de caminhões. Para cada veículo, o Martins e o fornecedor assumem o compromisso de plantio de árvores em regiões que sofreram desmatamento.

Tribanco O Tribanco foi criado em março de 1990 e tem a missão de fornecer soluções financeiras e conhecimento para as empresas e consumidores que interagem no Grupo Martins. Oferece também aos estabelecimentos comerciais a vantagem de oferecer aos clientes um cartão de crédito próprio. O Tribanco atingiu a marca de 5 milhões de cartões em 2012. Rede Smart O Grupo Martins criou a Rede Smart no ano 2000, um projeto de associativismo que integra em torno de uma marca úni-

Pioneiros: a frota na década de 1960, hoje ela roda com mais de 1.200 veículos




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Em Lima, Peru, Paulão na seleção do Brasil (4º à direita)

memórias do esporte

craque na bocha

“Com o time de bocha, o Praia ficou conhecido no Brasil e na América do Sul”

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bocha chegou à América do Sul pelas mãos dos italianos. Como Uberlândia era um reduto de imigrantes vindos da Itália, nada mais normal do que a bocha também ser um sucesso por aqui. No Praia Clube, na década de 1930, os jogos eram realizados em um lugar improvisado, de terra batida, próximo a pés de eucalipto, entre a piscina olímpica e a academia de musculação. Em 1961, o time de Uberlândia foi campeão dos Jogos Abertos da Alta Mogiana, realizados entre as cidades por onde o trem passava. Em 1976, ao lado da passarela do Praia Clube, foram construídos dois campos de bocha profissionais. No período da construção das quadras, o comerciante Paulo Roberto Bernardes começou a treinar, depois de se afastar do basquete com uma artrose no joelho. A bocha foi escolhida por ser um esporte de menor impacto. “Eu adorava esportes, fui pentacampeão universitário de tênis de mesa. Tinha um amigo que jogava bocha e

e na América do Sul”, afirmou Paulão, que na época ficou em terceiro lugar na disputa. O Uruguai foi o campeão e a Argentina, vice. Em 1997, os campos de madeira foram de-

Paulão ergue mais uma taça comecei a treinar. Gostei tanto que treinava todo dia, até sozinho”, lembra Paulão, como é conhecido o jogador. Com a dedicação, passou a fazer parte do time principal do Praia Clube. Em 1984, aos 45 anos, foi convocado para a seleção brasileira de Bocha, para um sul-americano em Lima, no Peru. “Eu havia sido campeão mineiro individual em Belo Horizonte em 1983, mas fui outras vezes também. Foi quando me viram e me chamaram para a seleção. O Praia ficou conhecido no Brasil

molidos por decisão da direção do clube. “Minha pressão foi a 19 por 11. Ainda fui campeão mineiro em 1998 em São João Del Rey, mas joguei apenas mais um ano.”

Campeões em 1961 nos Jogos Abertos da Alta Mogiana

Time de bocha do Praia (a partir da esquerda) em pé: Pasqual, Ulisses, Valtercides, Júlio, Piva e Finottinho. Agachados: (D) Paulão, Gaúcho, Joãozinho e Luizinho



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E

mbora produção e reconhecimento tenham vindo na idade adulta, a trajetória artística de Charles Chaim, assim como nove entre dez artistas visuais, remonta à primeira infância. Era aquele tipo de criança que insistentemente pedia à mãe que comprasse revistinhas para colorir. O tempo passou, Chaim dedicou-se a várias áreas do pensamento criativo, até engatar uma sólida carreira, hoje fincada principalmente em São Paulo. Em Uberlândia, a história toda começou em um grupo de teatro. Como todo grupo que se preze, atores participavam de todos os processos da construção

teatral, incluindo aí a confecção de figurinos, cenários e adereços. Este, sem dúvida, dada a ausência de recursos, um desafio para qualquer artista. Foi nesse ofício que Charles Chaim começou a despertar sua aptidão como artista plástico. Bastou um empurrãozinho da amiga – e também artista – Lilian Tibery, para que ele começasse a investir na carreira de artista visual. Em 1998, ele “brincava” com embalagens de pizza, transformando-as a partir de colagens e pintura. Com o incentivo de Lilian, isso transformou-se em uma exposição. E de lá para cá, não parou mais. Começavam as fases de muitas experimen-

artista da capa

“ Tudo o que sou devo a Uberlândia. Nunca vou perder os laços que tenho com a cidade”

A arte de

charles chaim Por carlos guimarães coelho


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O artista Charles Chaim assume uma identidade autodidata e repercute o trabalho desenvolvido por todo o mundo tações. Depois das pizzas vieram os oratórios. Caixas de sapato, caixas de fósforos... Mais uma vez, a “reciclagem” estava presente em seu processo criativo. Há 15 anos, não se falava em reciclagem com a força que tem hoje. A ideia da transformação é que o levou a descobrir outros caminhos. Inconscientemente, Charles Chaim já reconhecia o seu destino. Na adolescência tentou a música, aprendeu um pouco de violão, arriscou-se a cantar um pouco e também fomentou a arte do teatro, que o acompanha desde a infância. Enfim, já estava traçado. O contexto já imprimia a sua verve artística. Quando se mudou para Uberlândia aos 16 anos, participou de grupos amadores, até fundar o Grupontapé de Teatro, do qual desligouse logo após a primeira montagem. Nesse período, iniciou o curso de Jornalismo e também começou a trabalhar na área, primeiro no jornal impresso e, posteriormente, no televisivo. Foi gravando

uma matéria na Casa Cor SP que conheceu a agente Bia Duarte que o convidou para fazer parte do livro “Corinthians, 100 anos de Paixão”. Ele fez o retrato de Rebollo, jogador do time nos anos 50 e que também era artista plástico. Esse foi o início de sua consagração. Por meio do escritório da mesma agente, ele foi selecionado para o Carroussel Du Louvre, exposição coletiva no famoso museu de Paris. Quando viu, estava lá, na cidade das luzes, expondo os seus trabalhos aos franceses e turistas de todo o mundo. Foi aí a escolha definitiva pelas artes visuais. Segundo ele, quando divulgou que iria para Paris, pela primeira vez, participar de uma coletiva, um professor da UFU, mal informado e supostamente enciumado, disse que no Louvre não acontecem exposiçõoes temporárias. “Colegas” do jornalismo em Uberlândia também o criticaram. E criticam até hoje, afirmando que o que ele faz não é arte. Incentivado pelo reconhecimento do público e

pelo consumo de seus trabalhos, ele não dá ouvidos, acha que é puro recalque. E se considera feliz com o seu trabalho. Para ele, já é uma grande conquista viver de arte no Brasil. “Sou autodidata com muito orgulho”, afirma Chaim. Hoje, entre Nova York, São Paulo e Paris, o artista, que se considera essencialmente urbano, diz que São Paulo é o melhor lugar do país para os artistas. E ali fixou residência. “O mercado de arte é surpreendente. Aqui as coisas acontecem de outra maneira”, afirma Chaim. Mas, não esconde sua emoção quando fala de Uberlândia. “Tudo o que sou hoje, devo a Uberlândia, onde estudei, onde conheci gente que me abriu caminhos, onde vivenciei muita arte, foi onde tudo começou. Tenho grandes amigos, pessoas muito importantes para mim. Nunca vou perder os laços com a cidade”, enfatiza, finalizando com o desejo de receber convites para mostrar aqui o seu trabalho.


1967 crescimento acelerado

as praças que

sumiram São cada vez mais raras as áreas de lazer criadas nos tempos da expansão urbana

C

Por oscar virgílio pereira

omo em Uberlândia não existiam normas legais que obrigassem a reserva de espaços públicos durante a divisão do solo, muitos locais destinados à construção de praças acabaram sendo loteados e vendidos. Por esta razão, são raras as áreas de lazer de hoje que nasceram nos tempos da expansão urbana da cidade. Alguns dos exemplos de áreas que desapareceram estão no bairro

Osvaldo Rezende. Lá foram loteadas as praças que ficavam entre as ruas Marques Póvoa, Francisco Sales, Padre Pio e Rafael Rinaldi, uma entre a avenida Raulino Cotta Pacheco, rua Melo Viana e as avenidas Belo Horizonte e Vasconcelos Costa e outra entre as avenidas Fernando Vilela e Belo Horizonte e as ruas Melo Viana e Bueno Brandão. Esta última foi dividida em vários lotes pela própria Prefeitura de Uberlândia e depois

doados ao Estado e a entidades diversas. Ainda no bairro Martins, desapareceu a área destinada à praça que ficaria entre as ruas Rivalino Pereira e Arlindo Teixeira e as avenidas Belo Horizonte e Vasconcelos Costa, onde era conhecida como o campinho do Flamengo. No alto do bairro Brasil, o terreno entre as ruas Curitiba e Osório José da Cunha e avenidas Brasil e Mato Grosso também foi loteado e vendido. Tudo mudou, quando Uberlândia passou a crescer rapidamente e a falta de espaços públicos e a necessidade de conservar os ainda existentes passou a merecer a atenção do Executivo Municipal, que precisou até comprar lotes para implantação de serviços públicos, especialmente para o funcionamento de escolas. A partir de 1967, grande parte dos investimentos precisou ser feito mediante desapropriação, como quan-


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A praça da República, hoje praça Tubal Vilela

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recortes de jornal

na praça da república... do a Prefeitura adquiriu o espaço para a construção da praça Nicolau Feres, no bairro Martins, e vários outros para a construção de escolas municipais. O projeto de transferência da estação e instalações da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro acabou em uma transferência favorável para o Município que comprou, em 1969, ao preço simbólico de 50 salários mínimos, a área de 621 metros quadrados onde foram construídas partes da praça Sérgio Pacheco e a avenida João Naves de Ávila. Em 1973, a Prefeitura de Uberlândia, na administração de Renato de Freitas, fez um levantamento das áreas a que o Município teria direito, mas sobre a maioria não havia qualquer registro. A única prova da existência desses espaços constava em velhas plantas de loteamento precariamente conservadas nos arquivos municipais. Foi então pedido às empresas e pessoas loteadoras que foram encontradas que formalizassem a doação. A maioria concordou e substituiu as praças já tomadas por construções por outras áreas equivalentes. Após

quatro anos de trabalho, foi apresentada ao Poder Legislativo a consolidação dos atos de legalização e incorporação daqueles imóveis ao patrimônio municipal, do que resultou a Lei nº 2.580, de 3 de dezembro de 1976 e no Regulamento do Registro e Administração dos Bens Imóveis do Município (Lei nº 2.581, de 12 dezembro de 1976) e ainda a criação de uma Divisão de Patrimônio, subdividida em seções de Patrimônio Imóvel e Móvel. Essas medidas evitaram muitas transformações de áreas públicas em áreas privadas e acrescentaram ao patrimônio do Município várias dezenas de imóveis. Muitas dessas áreas acabaram doadas pelo próprio Poder Público às instituições privadas, para utilização em fins assistenciais na maioria e educacionais em alguns casos, sendo certo que existe grande número de descumprimentos das condições por aqueles que receberam as doações. Fonte: “Das sesmarias ao polo urbano”, de Oscar Virgílio Pereira

“Um gajo e uma gaja. Sol de rebentar pipocas e lá estava o jovem par num idylio amoroso. Feliz ou felizmente não pude saber dos nomes. Estavam escandalosamente unidos e elle, todo sorridente, alisava os cabelos da pequena e nem sequer notava que dezenas de pares de olhos os reparavam. Estes dois que não cahiam na bobagem de se amarem abertamente em plena praça pública senão...tinta e papel não me hão de faltar.” (O Repórter, 23/6/1935)

“A quem possa interessar, avisa-se que foram encontrados, na praça da República, uma combinação e uma... uma... uma... quero dizer, um jogo de seda para o bello sexo. Essas peças têm as seguintes iniciais: P.A. Quem as perdeu, pode procurá-las comigo ou mesmo com o Firmino Ferreira, que ficou encarregado de guardá-las.” (O Repórter 8/12/1935)


E 1945-2013 65 anos da SMU

a Sociedade dos médicos

“Mantivemos o princípio de defender os ideais profissional e político dos médicos da cidade” Por Anaísa Toledo

Adib Jatene (E) ao lado de Domingos Pimentel de Ulhôa na cidade

m 1945, dezoito médicos da cidade se reuniram para formar uma associação de classe, a Sociedade Médica de Uberlândia (SMU). Em busca de um ideal de estudo e desenvolvimento, os médicos associados uniram suas forças para que dois importantes passos fossem dados: implantação de um curso de Enfermagem para atendimento em consultório e a construção da sede própria. “Na época, os atendimentos eram feitos em casas adaptadas, não tinha nenhum hospital construído exclusivamente para atividade médica, o primeiro hospital foi o Santa Catarina. Na época, a classe médica era muito unida, porque havia poucos médicos”, lembra o doutor Abdala Miguel, que fez parte da diretoria de 1956. Não demorou para que a sociedade começasse a agir. Em fevereiro de 1948, em curso patrocinado pela SMU, foram diplomados 24 enfermeiros. Nesta ocasião, as reuniões entre os membros da SMU eram feitas em uma sala sobre a estação rodoviária, hoje Biblioteca Pública, cedido pela Prefeitura de Uberlândia. Em 1950 foi criada uma comissão para construir a “Casa do Médico”, que seria a sede dos encontros entre os profissionais. A obra exigia altas verbas e desencadeou uma intensa campanha de apoio. Foram mobilizados laboratórios farmacêuticos, estabelecimentos bancários, os diretores tomavam empréstimos em nome próprio, faziam festas em prol da causa e até rifas foram vendidas. Finalmente em 1951, o então governador de Estado Juscelino Kubitschek lançou a pedra fundamental para o início das obras da sede, no início da avenida Cesário Alvim.


“ A atuação da SMU para a defesa dos médicos tem um histórico extenso”

“Durante décadas, a Sociedade Médica lutou em prol desta causa, fizemos campanhas para implantação das poltronas do auditório, rifamos um automóvel e tudo mais. No final, acabou dando certo e, na década de 1960, com boa parte do prédio construído, foi inaugurado o primeiro ambulatório para atendimento gratuito, um ambulatório de prevenção contra o câncer” disse Abdala Miguel. A atuação da sociedade para o desenvolvimento da classe médica tem um histórico extenso. Na década de 60 foi lançado oficialmente no anfiteatro da SMU, com a presença do então deputado federal Rondon Pacheco, a campanha Pró Faculdade de Medicina. A comissão responsável, coordenada pelo presidente José Olímpio de Freitas, escolheu Domingos Pimentel de Ulhôa para ser o primeiro diretor da Escola de Medicina, autorizada a funcionar em 1968. Os primeiros calouros foram recepcionados em uma noite de festa na sede da SMU. “Foram muitas as comemorações. Fizemos também aqui o primeiro congresso de Medicina do Triângulo Mineiro e Brasil Central, trouxemos médicos de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, foi excelente”, relembra Abdala Miguel. Hoje, depois de 65 anos de história, a Sociedade Médica continua atuante, desenvolvendo um papel social importante na cidade. “De 1945 até agora é um longo tempo, muita coisa aconteceu, mas o importante é que nós mantivemos o ideal de defender e discutir assuntos políticos e profissionais da área e esperamos que esta história continue,” disse o atual vice-presidente João Thomaz da Costa.

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Grupo de médicos nas obras de construção da Sociedade Médica


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O PROGRESSO A oficina onde era impresso o periódico que implantou o jornalismo em Uberlândia

nossas ruas

bernardo cupertino

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rua no bairro Martins, região central de Uberlândia, da avenida Marcos de Freitas Costa até a rua Arlindo Teixeira, leva o nome do major Bernardo Cupertino, português que chegou a Uberabinha no início do século 20. Segundo a neta, Julieta Cupertino, ele chegou ao Brasil aos 17 anos, nos últimos anos do século 19. Não se sabe ao certo como foi parar em Estrela do Sul, a 100 km de Uberlândia. Provavelmente influenciado pela febre da mineração foi para os garimpos, onde por algum tempo negociou diamantes. Bernardo Cupertino, major da Guarda Nacional, milícia civil então existente no Brasil, se estabeleceu em Uberlândia primeiramente com uma farmácia. Como era comum na época, ele não apenas vendia medicamentos, como também receitava com a ajuda de um livro, “O Chernovitz”, sobrenome do autor que edi-

tou manuais de medicina popular aprovados pelas instituições médicas oficiais para regiões rurais do Brasil imperial. “Isso, meu avó continuou fazendo pela vida afora, em atendimento aos pobres que, em grande quantidade, vinham à procura dele”, disse Julieta. Mesmo depois do fechamento da farmácia, Bernando Cupertino era procurado e conhecido como o “médico da pobreza”.

Bernardo Cupertino: na redação

O farmacêutico que fundou o primeiro jornal de Uberlândia Cupertino, em 1907, montou uma tipografia na cidade, onde editava e imprimia o jornal “O Progresso”, o primeiro de Uberlândia, publicado até sua morte em 1917. “Lá trabalhavam o tio Joaquim e as tias Augusta, Corina e Deolinda. Algo muito avançado naquela época em que à mulher só cabia o trabalho doméstico.” Com muito gosto pela música, os filhos do major Cupertino tocavam um ou mais instrumentos e cantavam. À noite era habitual o serão musical. “Numa daquelas noites, havia um visitante, pessoa amiga do vovô. As meninas cantavam uma tarantela em italiano, língua que não conheciam. O amigo aplaudiu, mas, na saída, falou reservadamente ao vovô que a letra era muito imprópria para uma casa de família”, lembra a neta. Fonte: “Chego aos 100 anos de bem com a vida”, de Julieta Cupertino, Editora Revan.


Quem faz a história de Uberlândia está sempre no 15. Quem conta, também.

A gente tem muito orgulho de ser o único canal 100% de Uberlândia. Nosso negócio é mostrar e valorizar a cidade e sua gente. Por isso, é com imensa alegria que a gente diz:

Parabéns, Uberlândia, pelos 125 anos. Acompanhe pelo 15 o programa “Uberlândia de Ontem e Sempre”, a história de Uberlândia contada por moradores ilustres da cidade. Acesse canaldagente.com.br e confira a programação.


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Q

uem frequentou as aulas de alemão do francês Gunther Brunner, de desenho de Eurico Silva, de matemática de Leônidas de Castro Serra, de inglês de Miron de Menezes, de canto da dona Alfredina, entre tantos outros mestres que deixaram saudade em Uberlândia, sabe que eles têm algo em comum. Fazem parte do quadro extenso de funcionários que escreveram a história da Escola Estadual de Uberlândia, o Museu. O prédio bonito, construído no início da década de 1920, e que chama a atenção de quem passa próximo à praça Adolfo Fonseca, na época praça Dom Pedro II, no centro da cidade, ainda

O bonito prédio do Museu, construído no início da década de 1920, sempre chama a atenção de quem passa pela praça Adolfo Fonseca

1915 escola estadual de uberlÂndia

um colégio

chamado

museu Além de escola, foi um espaço social onde se reunia a juventude para os esportes, as artes e dançar nas férias e nos fins de semana


A planta do prédio, encomendada ao arquiteto de São Paulo J. Sachetti por um conto de réis, quando chegou à cidade ficou exposta na Casa Americana

está em atividade e abriga turmas dos ensinos fundamental e médio. Mas nem sempre foi assim. O Museu, chamado assim porque abrigava uma sala com antiguidades e por ser um dos mais antigos do Estado, foi criado em 1915 com a instalação do Ginásio de Uberabinha, instituição particular com 34 alunos que funcionava de forma provisória e precária em uma casa alugada, sob a direção de Antônio Luiz da Silveira. A escola preparava estudantes de Uberabinha para prestar exames educacionais no Ginásio de Ribeirão Preto (SP). “Para ter diploma de ginásio, tinha que ir estudar fora. Só quando o prédio foi doado para o Estado é que colocaram curso ginasial e normal na nossa região. O Ginasial veio para Uberlândia e o Nor-

Professores e alunos do Museu reunidos em frente ao prédio da escola

mal, para Uberaba”, explica a ex-aluna Isolina Guimarães.

O novo prédio Em 1919, pessoas de grande influência política e econômica da cidade decidiram que era necessário um prédio novo, mais comprometido com a arquitetura moderna e os ideais de progresso. Foi quando criou-se a Sociedade Anônima Progresso de Uberabinha. Os primeiros encontros foram no Cine São Pedro. O grupo, encabeçado pelo italiano Carmo Giffoni, pai do ex-prefeito e também exaluno do Museu, Vasco Giffoni, encomendou por um conto de réis, em São Paulo, uma planta arquitetônica ao arquiteto J. Sachetti. Quando chegou a Uberabinha, o trabalho ficou exposto na vitrine da

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loja Casa Americana. Em agosto de 1921, preparado para oferecer os cursos primário e secundário, o prédio ficou pronto. Custou 235$796 mil réis. As doações vieram das próprias famílias uberabinhenses. Nessa época, segundo dados do recenseamento realizado no Brasil em 1920, Uberabinha tinha 22.956 habitantes, destes 14.073 eram analfabetos e 4.390 eram crianças em idade escolar. O colégio, particular e ainda sob a direção de Antônio Luiz Silveira, passou a fazer propagandas nos jornais. Silveira fazia também anúncios da Escola de Comércio, anexa ao Museu, oferecendo cursos de contabilidade, datilografia, taquigrafia, direito comercial, entre outros. Entre 1926 e 1927, o colégio foi administrado por José Avelino e, até 1928, por José Ignácio de Souza. A sucessão de


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diretores se deu pelas dificuldades financeiras. Em 1929, o prédio foi doado ao Estado e passou a se chamar Ginásio Mineiro de Uberabinha, com capacidade para oferecer internato a 120 alunos, além dos alunos externos. “Eu fui da segunda turma, me formei em 1932. Tinha recreação e hora para tudo. Éramos alunos felizes”, disse o comerciante Abel Santos, hoje com 100 anos. Durante a Revolução de 1930, o prédio foi transformado em quartel general das Forças Revolucionárias. “Uberlândia é um ponto estratégico de irradiação. Então, o 26 º Batalhão, de Belém do Pará, veio para cá. Ficamos muito à vontade, porque não tínhamos aula. Mas os professores nos informavam sobre o que estava acontecendo no país e até no mundo”, disse o ex-governador e exaluno do Museu Rondon Pacheco

casa e escola A professora Ione Mercedes Miranda Vieira tem sua vida ligada à Escola Estadual de Uberlândia, o Museu. Ela morou no segundo andar do prédio, com os pais e os três irmãos dos 5 até os 23 anos, quando se casou. “Naquela época, meu pai, que era o diretor morava no colégio”. Osvaldo Vieira Gonçalves, pai de Ione, assumiu a direção do colégio em 1942. O professor Osvaldo Vieira Gonçalves era, na verdade, farmacêutico, formado em Jaboticabal (SP), mas apaixonado pela educação. Em meados de 1930, em Campina Verde (MG), montou uma escola que tornou-se modelo em todo o Estado. Foi convidado para ir para Belo Horizonte, como técnico de ensino e foi diretor da Faculdade de Odontologia. “Foi quando eu nasci, lá em Belo Horizonte, em 1937. Em 1942, viemos para Uberlândia para o Ginásio Mineiro. A escola tinha os cursos Ginasial e Científico. O Clássico, voltado para as humanas, foi meu pai quem mon-

“Na Revolução de 1930, o prédio foi transformado em Q.G. das antigas Forças Revolucionárias”

As aulas de desenho com o inesquecível professor Eurico Silva


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O Museu foi escola de alunos que se tornaram famosos como Adib Jatene, Mauro Mendonça e Moacyr Franco.

tou. Era supermoderno”, recorda Ione. A fama do colégio até essa época, segundo a professora, não era nada boa. Os pais eram até aconselhados pelos próprios ex-diretores a não matricular as filhas na instituição. Com a entrada do novo diretor, tudo começou a mudar. “Por lá passaram grandes nomes. O ex-ministro Adib Jatene, o ator Mauro Mendonça, o cantor Moacyr Franco”, afirmou a professora. Moacyr Franco fez parte do conjunto musical Demônios do CÉU, uma referência à sigla de Colégio Estadual de Uberlândia.

espaço social

Propaganda do então Ginásio de Uberabinha publicada em jornais

O Museu era ainda um espaço social, onde a juventude se reunia, mesmo quando não tinha aula, para uma partida de basquete, vôlei, leituras na biblioteca, celebrações cívicas, declamações de poesia, corais e para dançar no fim de semana, as famosas brincadeiras. “Nas férias, ficávamos perdidos porque não se usava viajar. Quando chegava a época de São João, tinham os ensaios de quadrilha. Me lembro do seu Luizote de Freitas, já bem velhinho, marcando uma quadrilha francesa. Todo ano havia as apresentações de desenhos e trabalhos manuais. O aluno tinha espaço. Era muito divertido, mas também havia muita exigência. Quem tomasse duas bombas, perdia a vaga. Saíamos preparados para a faculdade”, disse Ione Vieira, que deu aula na instituição de 1953 a 2005. Um dos fatos marcantes na vida da professora, quando morou com a família no colégio, foi o fim da 2ª Guerra Mundial em 7 de maio de 1945. “Era aniversário da minha irmã e estávamos na parte de cima. O papai foi dar a notícias nas salas quando acabou a aula. Tocou-se a corneta e teve um desfile de comemoração. O papai discursou na marquise do Cine Teatro Uberlândia.”


A PRC6, Rádio Difusora, funcionava no centro , na avenida Afonso Pena

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m 1939, foi criada a PRC6, Rádio Difusora Brasileira de Uberlândia, que passou a dividir os mesmos receptores por onde chegavam à cidade os programas das grandes estações do Rio de Janeiro e São Paulo. Nos primeiros anos de atividade, a primeira emissora de rádio de Uberlândia funcionou no alto de um prédio na avenida Afonso Pena. As promessas de progresso e de integração da cidade aos grandes centros econômicos do Brasil, por meio do transporte de mercadorias e passageiros, associavam-se aos esforços para a abertura de uma estação de rádio que incrementasse o comércio local e regional, difundindo Uberlândia para o resto do país. Anúncios de receptores de rádio tornaram-se constantes nas edições de jornais e revistas da cidade nos anos 1930 e 40, almejando a constituição de um mercado consumidor ainda desconfiado da sua utilidade. A fase inicial do funcionamento da PRC6, até o ano de 1944, quando a estação foi adquirida por Geraldo Mota Baptista, o Geraldo Ladeira, foi claramente um período de experimentação para programas, locutores,

1939 Rádio difusora de uberlândia

Acabam de ouvir...

A primeira emissora de rádio fez sucesso entre ouvintes e o comércio de Uberlândia Por newton dÂngelo artistas e para a própria ressonância do rádio junto aos ouvintes. A estação absorvia programas já testados nos serviços de alto-falantes e que faziam grande sucesso com o público. “Entrei em 1940. Fiz um teste e me contrataram, porque não havia locutor na cidade. Eles iam buscar em São Paulo. Deu certo, porque no ginásio, naquele tempo, eu tinha noções de francês, de inglês, de alemão e latim. Puseram os textos dos programas e as fichas para ler e eu li direitinho”, lembra Oswaldo de Sou-

za, o primeiro locutor da Difusora. Os próprios uberlandenses, portanto, formaram o manancial técnico e artístico da nova radiofonia e do arcabouço linguístico que se desenvolveu em torno da radiodifusão. Entre os programas, estavam o “Ave-Maria”, transmitido às 18h; na hora do almoço, o “Carnet Social” e, durante a tarde, o “Às suas ordens” promovia a circulação de recados, flertes, músicas dedicadas a parentes, amigos e namorados. Durante a Segunda Guerra Mundial,


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tV Triângulo

pó de café vira sangue

N Ester de Abreu em apresentação no auditório da Rádio Difusora autoridades locais e o meio radiofônico lançavam mão de sambas-exaltação, a fim de envolver os ouvintes cultivando o patriotismo. A rivalidade entre as emissoras foi também ampliada para o jogo político eleitoral, quando, por exemplo, Adib Chueiri, da Educadora, criada em 1952, e Ladeira, da Difusora, foram candidatos a vereador em 1953. Fãs-clubes formavam-se. Grandes nomes do rádio nacional vinham à cidade para shows, como Orlando Silva, Cauby Peixoto, Carlos Galhardo, Emilinha Borba, Marlene, além de artistas locais, como Glorinha Terra, Elza Bernardes, Addy Moura e a orquestra do Liceu de Uberlândia. A incorporação do rádio pelas classes populares tornou-se tão significativa para a criação da identidade urbana e a alimentação de sonhos de carreiras de sucesso, que, em alguns momentos, tornou-se necessária a realização de shows em praças públicas para multidões que não mais cabiam nos estreitos auditórios da avenida Afonso Pena. Sobre as marquises do prédio da Difusora vários cantores da Rádio Nacional levaram plateias ao delírio. A diversidade musical, por sua vez, pode ser constatada também pela

enorme variação de gêneros utilizados na propaganda musicada, os jingles, em pesquisa realizada no Acervo Discográfico Geraldo Mota Baptista, da Rádio Difusora. Localizamos cerca de 300 anúncios cantados e falados, gravados em discos de 78 e 33 rpm, que permitem a análise de diferentes interesses comerciais. As canções integradas a este universo da propaganda procuravam persuadir e incutir valores morais, para além da venda de mercadorias, trazendo à tona antigos e permanentes embates entre experiências de lazer, sociabilidade, linguagens, etnias e tradições. Esta é mais uma dimensão a ser considerada na interpenetração do massivo e do popular na cultura urbana, bem como da popularização das ondas radiofônicas, seus equipamentos, linguagens e experiências em torno do lazer e da formação de identidades, em tensões que permaneceram latentes até a “chegada” da televisão a Uberlândia em 1964.

Newton Dângelo é professor associado do Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia, dos cursos de graduação, mestrado e doutorado em História.

o começo das transmissões da TV Triângulo (hoje Integração), na segunda metade da década de 60, a quase totalidade dos programas era ao vivo. Havia programas dos mais variados gêneros. Eram versões em vídeo dos programas de rádio. A criatividade não tinha limites. Mário Rodrigues, técnico pioneiro da nossa TV, lembra a solução encontrada para mostrar manchas de sangue numa peça transmitida ao vivo apresentando uma batalha militar, que contou com a participação do próprio exército: borra de café passada no rosto dos “atores”. Como naquela época e por vários anos ainda, as transmissões eram em preto e branco “borra de café” funcionou muito bem como sangue...


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Erguida atrás da fábrica, a Vila Operária deu origem ao bairro de mesmo nome, hoje parte do bairro Aparecida

1923 fábrica de tecidos

a vila operária

Empresa quebra, mas dá origem a bairro de Uberlândia

A

rmante Carneiro, engenheiro e farmacêutico, veio para Uberlândia com a intenção de montar uma fábrica de tecidos. No dia 15 de novembro de 1923, lançou a pedra fundamental do empreendimento, com a promessa do futuro presidente da empresa, senador, ex-ministro da Fazenda e ex-governador de Minas Gerais, Francisco Antônio Salles, de conseguir o apoio de verbas do governo estadual. Entre os sócios da fábrica estavam o senador e José Maria dos Reis. Penosamente, por falta de capital, foram construídos amplos barracões na avenida João Pessoa, encostados ao pátio da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Foram adquiridas máquinas e, nos fundos da fábrica, construiu-se uma vila com pequenas residências para os operários. O conjunto era chamado de Vila Operária.

Por ANTÔNIO PEREIRA DA SILVA

Na época, dizia-se que a tecelagem seria a maior de todo o Estado de Minas Gerais Foram as primeiras construções naquela parte da cidade e possivelmente sejam a razão do bairro que ali se instalou ter-se chamado Vila Operária, hoje absorvido pelo bairro Aparecida. A inauguração da indústria foi uma festa entusiasmada, com o povo acreditando no impulso que ela traria para o desenvolvimento do município. Diziase que era a maior tecelagem de Minas Gerais. José Maria dos Reis adoeceu e Armante Carneiro assumiu a gerência. Apesar de todo o aparato técnico, a fábrica não deslanchou. Começou bem,

até que, no momento em que as achegas do governo cobririam as dívidas, o senador não pôde cumprir a promessa. As dívidas cresceram, Armante avalizou vultosos empréstimos bancários e o empreendimento entrou em crise. A indústria entrou em pane financeira, tendo que fechar as portas e o ativo foi liquidado pelo Banco de Crédito Real de Minas Gerais. A diretoria reuniu os sócios e os credores e se decidiu pela liquidação da empresa. O acervo foi à praça. Algumas máquinas foram adquiridas por preço abaixo do valor pela fábrica de tecidos do Cassu, de Uberaba, e outras arrematadas a golpe de martelo. Os pavilhões e o conjunto habitacional foram adquiridos pela Imobiliária Tubal Vilela por 115 contos de réis. Os pavilhões foram transformados em armazéns e morreu um dos sonhos de Armante Carneiro.



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“Ela topou” ficou três semanas em 1º lugar nas paradas de sucesso das rádios da cidade

Solo Vertical: Marcos, Maurício, Felipe e Fábio no estúdio de gravação da BMG

anos 80 solo vertical

Quase famosos

Banda de rock de Uberlândia esteve a um passo da consagração nacional Por carlos guimarães coelho

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les poderiam estar no topo da fama. Estão, de certa forma. Cada um a seu modo. Foi apenas uma questão de escolha. Entre a possibilidade de correr atrás do sucesso musical em todo o país e retornar à carreira profissional em Uberlândia, optaram pela segunda alternativa, menos arriscada, menos duvidosa e mais segura. “Eles” são Maurício Ricardo Quirino, Feli-

pe Calixto, Fábio Calixto e Marcos Bonatti. Juntos, viveram o “boom” do rock nacional antes de ser assolado pela onda sertaneja e, na cidade, emplacaram vários hits com a banda Solo Vertical. Ela não foi a única a se projetar naquele período. Patrulha Cogumelo, Décadas, Cristal Líquido, Nave Pirata, entre outras, também movimentaram a cena local do rock. Mas, a Solo Vertical destacou-se por ser a única delas a gravar um vinil com a BMG Ariola, uma das maiores e mais importantes do país na época.

A “brincadeira” começou de maneira séria. Em 1987 tiraram do forno o primeiro LP, chamado “Sobrevivência”, gravado nos estúdios Avlan, da cantora Nalva Aguiar. Bons estrategistas, queriam um “cartão de visitas” para um voo mais alto: o segundo LP do grupo, com a chancela de uma gravadora com projeção nacional. Naqueles anos, o panorama da música em Uberlândia era bastante favorável. Os sertanejos não haviam chegado ao mercado fonográfico com o vigor comercial que têm hoje e as rádios da cidade prestigiavam os artistas locais, especialmente a Visão FM, que tinha grande parte de sua programação voltada para músicos de Uberlândia. No caso da Solo Vertical, uma música muito bem-humorada – que já trazia o timbre humorístico do compositor Maurício Ricardo – emplacou de tal forma que nos shows as plateias acompanhavam a canção na ponta da língua. “Ela topou” era uma sátira bem-humorada ao romantismo no espaço da cidade, e ficou três semanas em 1º lugar nas paradas do sucesso. Foi o que aconteceu, por exemplo, na abertura do show de “Kid Abelha e os Áboboras Selvagens”, quando um público de aproximadamente 6 mil pessoas foi ao delírio com a performance dos garotos. Para eles a experiência da Solo Vertical foi a oportunidade de se tornar mais flexíveis ao gosto do público. Todos eram simpatizantes do rock progressivo, mas as composições do repertório – quase todas de Maurício Ricardo e Felipe Calixto – primavam pela irreverência, leveza e pelo bom humor.


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o que fazem hoje Maurício Ricardo Paralelamente à carreira de jornalista, seu trabalho como chargista no site “charges. com” bateu recorde de visitações. Entre seus clientes está a Rede Globo de Televisão. Em 2006, criou a banda Os Seminovos. Ensaios três vezes por semana: profissionalismo raro em músicos iniciantes Disciplina O primeiro disco do grupo – o cartão de visitas prenúncio de chance para o sucesso – tinha oito faixas e foi viabilizado pelo “paitrocínio”. O pai de Felipe e Fábio era um grande incentivador da banda e, antes de falecer, manifestou o desejo de ver a Solo Vertical com um disco. A mãe acatou sua vontade e bancou a empreitada. Nessa época, o comportamento dos integrantes já denotava profissionalismo. Eles tinham a disciplina de manter encontros regulares para ensaios, no mínimo três vezes por semana, periodicidade exemplar para adolescentes roqueiros, já que a maioria costuma ser bem indisciplinada. Tais encontros aconteciam em um galpão alugado e improvisado como estúdio nas imediações da rodoviária. Como previsto, o cartão de visitas surtiu o efeito desejado. Um empresário da cidade gostou do trabalho da banda e abriu as portas para o diretor de shows da Rede Globo. A experiência de gravar no Rio de Janeiro, segundo eles, foi das melhores e causou excelente impressão na gravadora, mesmo não tendo a oportunidade de mostrar o trabalho ao diretor-geral da BMG. Naquele momento, o rock era bem popular. Legião Urbana tocava no Pro-

grama do Chacrinha. Mas, quando os rapazes chegaram à gravadora, estava chegando o começo do fim da onda. Estavam a caminho, enchendo os olhos e os cofres das gravadoras, outros gêneros musicais de maior apelo comercial – mesmo que de qualidade duvidosa - e o bom e velho rock´n roll foi perdendo espaço. E também o espaço esperado na divulgação, como os programas de calouros e as trilhas sonoras de novelas, ficou somente na expectativa. Com o vinil debaixo do braço, o grupo percorreu rádios de Belo Horizonte no firme propósito de divulgar o trabalho. Mesmo tendo excelente material em mãos, eles perceberam as adversidades a serem enfrentadas para se posicionarem no mercado, que começava a ser bem mais competitivo. Para que o sucesso chegasse, eles tinham de largar tudo e mudar, com muita disposição, para o Rio de Janeiro. Fábio e Marcos já eram casados, Felipe estava decolando uma empresa na área de Tecnologia e Maurício destacava-se como editor do jornal Correio de Uberlândia. Era trocar o certo pelo duvidoso. Com o alto custo das viagens e a falta de gás – financeiro, inclusive – para insistirem nessa busca, de modo consciente e em comum acordo decidiram encerrar a trajetória da banda.

Felipe Calixto Aos poucos foi se distanciando da música e tem uma empresa na área de TI. Os dois filhos têm bandas de rock, a Rota 44 e a Surreal. Marcos Bonatti O baterista da banda até hoje toca de vez em quando em casas noturnas. Ele é gerente de vendas de uma grande empresa na cidade. Fábio Calixto O tecladista do grupo não se vê mais como músico. Ele desistiu da carreira musical para se dedicar a atividades empresariais com o irmão Felipe.

A capa do segundo disco


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O primeiro prédio do IOSG em Uberlândia

35 anos INSTITUTO DE OLHOS SANTA GENOVEVA (IOSG)

a oftalmologia em Uberlândia A primeira clínica especializada da cidade

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m 1975, a Santa Casa de Misericórdia de Uberlândia, sob a gestão da Sociedade São Vicente de Paula e diante das dificuldades de suprir a necessidade da população, foi adquirida por um grupo de médicos que formaram o Hospital Santa Genoveva. Três anos depois, dentre as transformações, foi formada a Clínica de Olhos Santa Genoveva, a primeira da cidade construída exclusivamente para tratamentos oftalmológicos. Na época, Uberlândia contava com apenas 11 oftalmologistas, quando vieram para cidade os jovens recémformados Renzo Sansoni e Nilson Nunes de Paula, ambos formados pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG) e naturais de Piumhi e Monte Carmelo, respectivamente. “Conheci Uberlândia em junho 1972, quando vim com um grupo de rapazes para o Concurso de Miss Minas Gerais. Gostei muito daqui e quando me formei, queria ir para um lugar não muito grande, mas também que não fosse pequeno”, disse Renzo Sansoni. O especialista mudou-se para o Triângulo Mineiro em março de 1978 e procurou pelo neurocirurgião Antônio Geraldo Roquete, diretor do Santa Genoveva, que até então não prestava atendimento oftálmico. “Sentia que aquele hospital tinha todo o potencial para fazer a

história médica na cidade; sentimento que se concretizou. Disse na época: ‘Vamos crescer junto com o Hospital Santa Genoveva’”, disse Renzo. A cota foi comprada em sociedade com Nilson Nunes e um mês depois já começaram as obras da Clínica de Olhos Santa Genoveva, o futuro Instituto de Olhos Santa Genoveva (IOSG), construído na esquina entre a avenida Belo Horizonte e a rua Arthur Bernardes, nos fundos do Hospital Santa Genoveva. “Nós ficamos lá até 1985 no prédio de 250 metros quadrados, mas cresceu tanto que precisamos de um prédio novo. Passamos para um espaço de 450 metros quadrados, na parte da frente do Santa Genoveva, onde estamos hoje”, afirmou Renzo Sansoni. Antes da mudança, ainda em 1982, a clínica já contava com o terceiro especialista, o uberlandense Paulo Cesar Naves Borges, formado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP USP). “Sai muito cedo de casa e senti a necessidade de voltar e investir tudo que aprendi na minha cidade”, disse Paulo Naves. Pioneirismo Em maio de 1981, o IOSG foi pioneiro em transplante de córnea em Uberlândia e responsável pela formação do Banco de Olhos, um acontecimento de capital

importância na assistência oftalmológica de Uberlândia e do Triângulo Mineiro. “Nosso primeiro transplantado foi José Camilo Antônio. As pessoas não precisavam mais se deslocar para outras cidades e enfrentar filas”, disse Renzo Sansoni. Também em 1994, o local foi pioneiro no serviço de cirurgia plástica oftálmica, como, por exemplo, o levantamento de pálpebra ( ptoses palpebrais) e colocação de próteses oculares, além de serviço especializado em vias lacrimais. Em 1985, já no novo prédio, passou a fazer parte do corpo médico Pedro Luiz Naves Borges. Como em 1997, Nilson Nunes saiu da sociedade, Adael Soares o substituiu em 2004. Em 2008, foi a vez de Leonardo Jorge assumir o Departamento de Retina e elevar para cinco o número de especialistas, completando a atual equipe do instituto. Hoje, 35 anos depois, o Instituto dos Olhos é referência na região, atendendo principalmente as cidades do Triângulo Mineiro e sul de Goiás. Para o próximo ano, o prédio irá dobrar a área, ganhar mais cinco consultórios, elevadores de última geração e um centro cirúrgico próprio, entre outros. “Estamos fazendo 35 anos, mas com as perspectiva de fazer mais por pelo menos mais 35 anos”, disse Paulo Naves. O IOSG está muito bem equipado para a cirurgia da catarata, glaucoma, estrabismo, plástica ocular, retina, adaptação de lentes de contato, exames complementares, entre outros. O compromisso definitivo da instituição é o aprimoramento constante na busca de novos conhecimentos e novas tecnologias, fazendo da Oftalmologia um dos pilares de honra da assistência médica em Uberlândia e região.



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Almanaque uberlândia de ontem e sempre

instantâneos | 1963

O verdão na primeira

instantâneos | 1938

75 anos depois

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fotografia foi feita em 1938 na praça Clarimundo Carneiro. Mostra a festa de comemoração dos 50 anos de emancipação de Uberlândia, durante a administração de Vasco Giffoni, quando a população local era estimada em 25 mil pessoas. Em 2013, o município comemora 125 anos de criação, como a segunda maior

instantâneos | 1964

juscelino e o hotel

E

m 1964, pouco tempo depois de inaugurado, um dos mais tradicionais hotéis de Uberlândia foi “convidado” a mudar de nome. É que, naquele mesmo ano, com a instauração da ditadura militar, o ex-presidente da República e então senador por Goiás, Juscelino Kubitschek, teve o mandato cassado e os direitos políticos suspensos. JK tentou promover uma Frente Ampla de oposição ao regime militar, ao lado de João Goulart e do jornalista Carlos Lacerda, mas não teve sucesso. Foi exilado para Nova York e depois para Paris. E o empreendimento recém-inaugurado em Uberlândia, que, por algum tempo, se chamou Hotel Presidente Juscelino, tornou-se apenas Hotel Presidente, como permanece até hoje.

cidade de Minas Gerais, com 619.536 mil habitantes, de acordo com os números do censo do IBGE em 2012. Uberlândia é ainda mais populosa do que nove capitais brasileiras: Cuiabá (MT), Florianópolis (SC), Vitória (ES), Aracajú (SE), Palmas (TO), Boa Vista (RR), Rio Branco (AC), Macapá (AP) e Porto Velho (RO).

H

á 50 anos, o Uberlândia Esporte Clube realizava pela primeira vez o grande sonho de sua entusiasmada torcida: o acesso à divisão maior do futebol mineiro. Muita gente acha que o jogo decisivo aconteceu na cidade de Araxá frente ao Araguari Esporte Clube. Na verdade esse jogo, que o Uberlândia venceu por 1 a 0 com gol de Zinho, credenciou o nosso “Furacão Verde da Mogiana” para disputar com o Palmeiras de Ponte Nova quem conquistaria o direito de fazer parte da elite do nosso futebol. A primeira partida da final foi no Juca Ribeiro e o Verdão ganhou por 2 a 1 com gols de Zinho e Dimas, com Pedro Bala descontando para o Palmeiras. A segunda partida aconteceu em Ponte Nova e Zinho foi o destaque com dois gols assegurando a vitória por 2 a 0 e o tão sonhado acesso. Ultimamente,a história tem sido menos gloriosa e o Verdão amarga uma “segunda” primeira divisão, pois da principal, agora chamada especial, o time já anda afastado há algum tempo.



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Afonso Coelho, a mulher e os filhos em foto publicada pelo Jornal do Commércio do Rio de Janeiro

1897 na crônica policial da capital do país

bandido foge para a cidade

Afonso Coelho se esconde em Uberabinha

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berlândia esteve na rota de fuga de um dos maiores estelionatários e falsários do Brasil durante a República Velha. Afonso Coelho de Andrade, que era católico e monarquista, foi também acusado de ser fornecedor de armas para Antônio Conselheiro, líder da Guerra dos Canudos (1893-1897), um dos principais conflitos do período de instalação do regime republicano no país. O estelionatário, que nasceu em Catalão (GO), desafiava a polícia, foi preso diversas vezes e quase sempre dava um jeito de escapar em fugas cinematográficas, que se tornaram notícia de destaque nos jornais sensacionalistas do Rio de Janeiro. Afonso Coelho, além da mulher Risoleta, dos filhos e dos tios José Joaquim e Cirilo, fazendeiros na região, tinha na antiga Uberabinha uma grande amizade. Era o primo Edmundo Coelho, filho de José Joaquim e casado com Adelaide Lobato, filha de Adolfo de Faria Lobato,

juiz de paz na Comarca. Na pequena cidade, com pouco menos de mil habitantes e com nove anos de emancipação, Coelho buscou abrigo em julho de 1897. “Ele ficou dois meses preso, con-

seguiu mais uma vez escapar da cadeia e passou a ser procurado pela polícia paulistana. Fugiu para Uberabinha a cavalo”, diz Ely Carneiro de Paiva, autor do livro “O homem do cavalo branco” sobre a vida de Afonso Coelho. De acordo com Paiva, intrigada por encontrar batinas de padre na bagagem do primo, Adelaide Lobato perguntou o motivo. Coelho respondeu. “Ah, prima, estes são os ‘macacões’ do ofício! Com essas roupas, eu tenho atravessado as ruas do Rio de Janeiro e de São Paulo sem ser notado pela polícia em meu encalço.” Uma semana depois da chegada de Coelho à cidade, a policia local já sabia de sua presença na fazenda dos tios. Os investigadores deram uma busca na propriedade, do casarão ao paiol, mas nada encontraram. Coelho tinha sido avisado e fugiu pela estrada de Santa Maria, atual distrito de Miraporanga, na direção da cidade de Prata. O chefe da polícia paulista Francisco da Costa Carvalho enviou uma diligência ao Triângulo Mineiro, chefiada pelo alferes João Regis de Oliveira, que descobriu Coelho em Prata, onde foi capturado e preso novamente. Afonso Coelho foi assassinado em 1922 pela amante, aos 47 anos, em um sítio em Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro.



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O irmão Totonho (E) na janela do salão e Tião (D) em ação com a clientela

1920 salão modelo

A primeira barbearia

Tião e o ponto de encontro da cidade

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humorista Clayton Silva, do programa “A praça é nossa”, assim como o cantor Moacyr Franco e o ex-prefeito Tubal Vilela, entre outros famosos da cidade, eram alguns dos frequentadores do Salão Modelo, a primeira barbearia de Uberlândia, de acordo com o proprietário, Sebastião Teodoro, o Tião Barbeiro. Aos 77 anos, 60 dedicados ao ofício,

Tião afirma que o salão surgiu no fim da década de 1920 na avenida Rio Branco, onde permaneceu até os anos 1960, quando se mudou para a avenida Rondon Pacheco e, há sete anos, foi para a rua Tamoios, no Vigilato Pereira, onde permanece até hoje. Filho e irmão de cinco barbeiros, Tião entrou para o ofício ao alistarse no Tiro de Guerra. Não sabia o

que colocar como profissão no cadastro e usou a profissão do pai, “barbeiro”. Temendo ser convocado para cortar o cabelo dos colegas, começou a treinar os cortes e, ao sair, foi para o salão. Trabalhava das 7 h às 22 h, mas reservava espaço para a turma de amigos e a grande paixão pelo futebol. O grupo da farra ia às festas e se esbaldava em uma vida noturna movimentada. O futebol acontecia geralmente no início da manhã. Tião integrou o Esparta, que chegou a vencer, em 1963, por 4 a 1, o melhor time da cidade, o UTC. Dos frequentadores do Salão Modelo, Tião lembra de um em especial, o português conhecido como Sr. Machado, pai do publicitário Celso Machado. Viajante, sempre que retornava à cidade, passava no salão antes mesmo de ir para casa, para atualizar o repertório de piadas. Além das piadas, falava-se de política, de futebol e de mulheres. Ali, Tião conheceu sua mulher, Jaci Teodoro, que trabalhava na casa ao lado. Com ela teve seis filhos. Tião Barbeiro acha que aproveitou bem a vida. E ainda aproveita. Participa dos “Diálogos Conjugais” na igreja católica, viaja em pescaria e reúne os filhos, religiosamente, em um festivo almoço familiar aos sábados. No Esparta: Paixão pelo futebol


A culinária mineira é uma arte!

Venha saborear no Fogão de Minas pratos saborosos preparados por quem respeita e valoriza a tradição da cozinha mineira. Almoço de terça a domingo e a noite é dedicada a eventos.

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Almanaque uberlândia de ontem e sempre

Cartas dos Leitores

Com satisfação e orgulho apresentamos a escalação de uma gloriosa equipe: EM PÉ DA ESQUERDA PARA A DIREITA: Thomé, Mardem, Sebastião, José Rubens, Ézio, Walcir e o gerente do banco Benedito Modesto de Souza. AGACHADOS NA MESMA ORDEM: José Ivonez, Sandoval Morais, Aldorando, Osmar e Sebastião Magnino., Olá, Celso Gosto muito do Almanaque, pois ele nos faz recordar de uma Uberlândia muito querida. Estou encaminhando duas fotos históricas do Banco Mercantil onde tive o prazer e a honra de trabalhar por vários anos. Junto com colegas de excelente nível formávamos um time que dava prazer em ver atuar, tanto no banco quanto nos gramados. Thomé, Regal Pereira, Divino Gomes Bessa, Aureliano Bailoni, Osmar, Sebastião Santos Freitas, Ézio da Silva Rezende, José Braz, Noé Gonçalves, Angelino Crozara, Mardem Borges de Oliveira Grama, Elcio Marques de Sá, Marcos Guerra, Fausto Rodrigues da Cunha, Natal Jairo de Oliveira, José Márcio Kazeca. Sentados na mesma ordem: Sebastião Magnino, Dener, Nivaldo, José Ivonez, Elvio Soares de Rezende, Benedito Modesto de Souza, José Vilela, Afrânio, Riolando Camargos Novais, José Rubens de Lima, Antonio Edevaldo Baldissini

Acabo de receber e ler o Almanaque numero 4. Sou agradecido meu abraço Ézio da Silva Rezende bancário aposentado

Celso, quero cumprimentá-lo e a sua equipe pela quarta edição do “Almanaque Uberlândia de Ontem e Sempre”. É mais um número para marcar e ficar na história da nossa amada cidade. Aproveito para enviar uma recordação muito querida da minha infância: uma foto da década de 40 em que dá para ver no chão propaganda da campanha do Brigadeiro Eduardo Gomes a presidência. Nesse registro fotográfico, além de mim, dentre outros está o amigo Luiz Alberto Garcia. Mais uma vez parabéns e continue nesse trabalho tão importante para o resgate da história de Uberlândia. Sérgio Chaves administrador Obrigado pelo Almanaque sobre Uberlândia. A cada número, ele está ainda melhor, recheado de matérias vívidas, que aguçam a memória da gente. O formato de almanaque é essencial, a meu ver, para dar o clima adequado às matérias: é um formato ultratradicional, que nos remete ao início do século 20. Penso que as matérias sobre Uberlândia nos fazem refletir - as pessoas que, como eu, não são dessa cidade - sobre nossas próprias memórias em outras cidades interioranas de origem, mas que são culturalmente muito semelhantes. E por causa disso nos ajudam a reforçar nossa identificação com nossas raízes e a ressignificá-las nos dias atuais, tão diferentes. Posso imaginar que, no caso dos cidadãos uberlandenses que têm acesso a essas matérias, tal identificação é ainda mais forte! Enfim, efusivos parabéns! Marco Antônio Oliveira antropológo Acabo de receber e ler o Almanaque número 4. Além de me aculturar mais, me diverti vendo as imagens, os protagonistas e os “causos” do passado. Coisa linda e preciosa para quem valoriza a historia e tem a inteligência de aproveitar o conhecimento e a experiência daqueles que foram pioneiros. Meus parabéns pela atitude de resgatar tudo isto, de compartilhar com a nossa sociedade, pelo seu entusiasmo, pela sensibilidade e amor por esta cidade e seu povo. Cícero Domingos Penha vice-presidente de Talentos Humanos - Algar




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