Sumário 8 Ponto de vista
Rogério Arioli lembra, ao tratar de barreiras comerciais europeias, que o Brasil não é um protetorado, embora às vezes aja exatamente como tal.
22 Especial 100 - Agricultura
Blairo Maggi faz um balanço da revolução no campo nos últimos 15 anos e prega o reconhecimento mundial da sustentabilidade do agro nacional.
24 Especial 100 - Pesquisa
Presidente da Embrapa, Maurício Lopes elenca desafios do país na busca de um modelo agrícola produtivo, inovador, sustentável e competitivo.
Ariosto Mesquita
26 Especial 100 - Biotecnologia
16
Matéria de capa O repórter Ariosto Mesquita abre o bloco “Especial 100” contando a história de Roberto Chioquetta, referência em tecnificação e diversificação da atividade agrícola. Há quem diga, apontando a imagem acima, erguida na entrada de sua fazenda, em Campo Novo do Parecis (MT), que os resultados obtidos por ele não se devem apenas à sua competência e dedicação.
Gustavo Herrmann resgata premissa básica no campo (trabalhar a favor da natureza) ao avaliar a evolução no segmento de proteção de plantas.
28 Agrishow 2018
Richard Jakubaszko relaciona os principais lançamentos e novidades em máquinas e tecnologias embarcadas apresentados na feira deste ano.
39 Agroinformática
Manfred Schmid aborda projetos de informatização capazes de garantir a rastreabilidade do processo de produção e a qualidade das sementes.
40 Economia
Décio Gazzoni defende o uso do PTF (Produtividade Total dos Fatores) como medida do desenvolvimento tecnológico da agricultura brasileira.
42 Orgânicos
Diretor do Inpas, Carlos Dias destrincha a polêmica sobre eficiência e custo-benefício de fertilizantes minerais x fertilizantes organominerais.
44 Café
Espantado com certos procedimentos no manejo dos cafeeiros, Hélio Casale propõe soluções para aumentar a produtividade e reduzir custos.
50 Legislação
Fábio Lamonica discorre sobre arrendamento de terras e dúvidas quanto à interpretação da lei, especialmente a que trata do direito de preferência.
Seções
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Notícias da terra.............................. 10
Novidades no campo.................... 47
Biblioteca da Terra.......................... 46
Calendário de eventos.................. 48
Carta ao leitor
C
om nome de batismo de DBO Agrotecnologia e periodicidade bimestral até mudar de nome para Agro DBO e virar mensal em agosto de 2012, batemos este mês em nossa centésima edição. São também 15 anos de estrada, ao longo dos quais procuramos contribuir com a difusão de conteúdos de tecnologias para uso dos agricultores. Por isso, lutamos em todas as trincheiras para estar ao lado do produtor rural, e este foi o critério ao definir os assuntos desta edição de nº 100. Na matéria de capa, entrevista com o gaúcho Roberto Chioquetta, desde 2003 estabelecido em Campo Novo do Parecis (MT), no texto do jornalista Ariosto Mesquita, que revela as razões dele ser um exemplo de produtor eficiente, com o uso de tecnologias e o emprego de técnicas e ações de cunho ambiental que dão autossustentabilidade para a sua fazenda com energia elétrica e a alta produtividade em grãos. Na sequência, no Especial 100, convidamos três lideranças do agro brasileiro para levar a opinião deles aos nossos leitores sobre a área em que atuam; começando pelo engenheiro agrônomo, produtor rural e ministro Blairo Maggi, que resume 2 anos de atividades no Mapa e mostra os avanços que o agro vai conquistar. Sobre pesquisa e os desafios da ciência, o engenheiro agrônomo e presidente da Embrapa, Maurício Lopes adianta alguns dos caminhos sobre o que se está fazendo para melhorar o nosso futuro. E, por fim, o também engenheiro agrônomo Gustavo Herrmann, presidente da ABCBio – Associação Brasileira de Controle Biológico analisa o futuro das formas de controle de pragas e doenças, tanto pela via dos agroquímicos como pela via dos biológicos. No Especial Agrishow 2018, Agro DBO visitou a feira, e registra os mais importantes lançamentos para mostrar a você que não teve tempo de ir até lá. Esperamos que goste das informações, é a forma que temos de comemorar o nosso aniversário. Para manifestar sua opinião, envie e-mail para redacao@agrodbo.com.br
é uma publicação mensal da DBO Editores Associados Ltda. Diretor Responsável Demétrio Costa Editor Executivo Richard Jakubaszko Editor José Augusto Bezerra Conselho Editorial Décio Gazzoni, Demétrio Costa, Evaristo Eduardo de Miranda, Hélio Casale, José Augusto Bezerra, José Otávio Menten e Richard Jakubaszko Redação/Colaboradores Ariosto Mesquita, Blairo Maggi, Carlos A. P. Mendes, Décio Luiz Gazzoni, Fábio Lamonica Pereira, Gustavo Herrmann, Hélio Casale, Manfred Schmid, Maurício Lopes, Rogério Arioli Silva
Richard Jakubaszko
Arte Editor Edgar Pera Editoração Edson Alves e Jade Casagrande Coordenação Gráfica Walter Simões Marketing/Comercial Gerente: Rosana Minante Executivos de contas Andrea Canal, José Geraldo S. Caetano, Maria Aparecida de Oliveira, Marlene Orlovas, Mario Vanzo e Vanda Motta Circulação e Assinaturas Gerente: Margarete Basile ISSN 2317-7780 Impressão São Francisco Gráfica e Editora Capa: Foto Eron Zeni/4º Prêmio New Holland de Fotojornalismo DBO Editores Associados Ltda Diretores: Daniel Bilk Costa, Odemar Costa e Demétrio Costa Rua Dona Germaine Burchard, 229 Perdizes, São Paulo, SP 05002-900 - Tel. (11) 3879-7099 e 3803-5500 redacao@agrodbo.com.br www.agrodbo.com.br
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Do leitor num outro momento, o uso do pó de rocha nas pastagens e em outras atividades agrícolas. Muitos elogios à sua matéria.
culhando em seu baú de ideias é o que o mercado necessita. Parabéns.
Que show de reportagem! Parabéns amigos, Éder, Pitol e Rogério Zart!.
Sou pesquisadora do Iapar, em Londrina, e trabalho com nematoides. Vou ministrar palestra sobre problemas nematológicos em arroz de sequeiro no próximo Congresso Brasileiro de Nematologia, a ser realizado em Bento Gonçalves (RS), em junho desse ano. Interessei-me pelo conteúdo da reportagem “Dobradinha eficiente”, da edição 72, para complementar minhas informações para a palestra. Seria possível eu ter acesso integral ao texto?
Carlos Pitol, engenheiro agrônomo e consultor técnico em Maracaju (MS)
Rogério Vian, produtor rural em Mineiros (GO)
Excelente a matéria sobre remineralização! Realmente boa, informativa e extremamente útil. Confesso que eu nada sabia a respeito, o que é uma vergonha dupla: para mim, claro, mas também pela falta de informações a respeito, o que a Agro DBO resolveu. Obrigado. Emerson Golçalves Santa Rita do Passa Quatro (SP)
O produtor Rogério Zart, personagem da matéria de capa da edição maio da Agro DBO (O pó da terra/ Fábrica de pó, sobre o uso crescente de remineralizadores), enviou ao colega Ariosto Mesquita, autor da reportagem em questão, alguns comentários copiados de seu grupo de whatsapp. A seguir, publicamos três deles, um do próprio Zart e dois de outros personagens (Carlos Pitol e Rogério Vian) da referida matéria. O “Éder” citado por Vian é o pesquisador Éder Martins, da Embrapa Cerrados, um especialista no assunto, também entrevistado pelo Ariosto.
Além dos elogios acima, o repórter Ariosto Mesquita recebeu uma batelada deles pela conquista do 3º Prêmio Sescap-PR de Jornalismo, na categoria Reportagem Multimídia, com a matéria intitulada “Fazenda Cibernética/O futuro já chegou”, publicada na edição de junho de 2017. O concurso, cujos finalistas foram anunciados em março passado, tem como objetivo prestigiar o trabalho dos profissionais da imprensa e estimular a produção de reportagens que envolvam o setor de serviços. O tema básico foi “Criatividade empreendedora e a reinvenção dos negócios”. Uma das novidades deste ano foi a aceitação de trabalhos voltados ao ambiente digital. A seguir, relacionamos algumas das mensagens encaminhadas ao repórter: - Parabéns pelo seu trabalho jornalístico de cobertura do agronegócio brasileiro. Com certeza, mais que merecida esta conquista. Bertola Orlandi, Presidente da APDVP - Associação de Plantio Direto do Vale do Paranapanema (Assis, SP)
- Parabéns, Ariosto! Merecida conquista e reconhecimento.
Cléber Soares, Diretor Executivo de Inovação e Tecnologia da Embrapa (Brasília, DF)
Muito boa a matéria, Ariosto. Parabéns!! Comentários elogiosos no grupo. Estamos programando um seminário sobre o tema durante a Campo Grande Expo, em julho.
- Parabéns, Ariosto! De fato, foi uma matéria muito boa. Inovadora.
Parabéns pela matéria sobre o pó de rocha. Na minha opinião, excelente. Muito bem posicionados os assuntos. Vai contribuir muito para a difusão e avanço da tecnologia. Como sugestão, podemos abordar,
- Fiquei muito feliz por ter tomado conhecimento da premiação, primeiro por ser tecnologia aplicada em nosso estado e, em especial, por ter sido você o mentor deste tema. Isto mostra que o que você anda vas-
Rogério Zart, produtor rural em Sidrolândia (MS)
Wanderlei Dias Guerra, Engenheiro Agrônomo, (Cuiabá, MT
Edson Pereira Borges, Diretor Executivo da Fundação Chapadão (Chapadão do Sul, MS)
Andressa C. Z. Machado Londrina (PR)
NR: Sim, é possível. Já enviamos PDF à leitora. Ela se refere à reportagem sobre produção de arroz em sistemas intensivos, em rotação com soja, milho e algodão, de autoria do repórter José Maria Tomazela, publicada em novembro de 2015. Por gentileza, peço encaminhar 4 tabelas de misturas de tanque para o seguinte endereço: Av. Universitária, 710-W, Parque das Emas – Lucas do Rio Verde (MT).. Lena Caroline, do GMS – Grupo Moacir Smaniotto
Venho solicitar acesso às tabelas de compatibilidade e incompatibilidade químicas e físicas nas misturas em tanque. Atenciosamente, Vitor Carvalho Ribeiro de Araújo Engenheiro agrônomo - Universidade Federal de Viçosa (MG)
NR: Continuamos recebendo pedidos de envio pelos Correios ou de acesso eletrônico às tabelas de compatibilidade de agroquímicos em tanque, publicadas originalmente na edição 95 da Agro DBO. Sempre que possível, atenderemos nossos leitores. As tabelas podem ser acessadas gratuitamente via Portal DBO (www. portaldbo.com.br). AgroDBO se reserva o direito de editar/resumir as mensagens recebidas devido à falta de espaço.
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Ponto de Vista
Uma guerra sem armas Como sempre, os governos e grandes empresários mundiais fazem prevalecer regras de suas conveniências na guerra comercial.
Foto: Ivan Bueno
Rogério Arioli Silva *
A
* O autor é engenheiro agrônomo e produtor rural no MT.
notícia da suspensão da importação por parte da União Europeia de várias plantas frigoríficas brasileiras, em decorrência da descoberta de laudos fraudulentos nos níveis de Salmonela, é mais um capítulo de uma guerra comercial que tende a se acirrar cada vez mais, na medida em que o Brasil se torna um dos grandes exportadores mundiais. Serve de alerta, no entanto, para que o país reveja seus protocolos de segurança sanitária e combata de maneira mais efetiva e sumária a corrupção que, também nesta área, frequentemente aparece. Quase tudo já se disse em relação a esse tropeço brasileiro que foi imediatamente aproveitado comercialmente pelos países europeus, no visível intuito de depreciar a qualidade da carne avícola
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brasileira. Todavia algumas considerações ainda são cabíveis enquanto se busca, através de ações emergenciais e diplomáticas, minimizar o grande efeito econômico que atingirá, sobretudo, as regiões de minifúndios do sul do país, onde a economia está alicerçada na produção de suínos e aves. Uma das considerações refere-se à desastrada política de governo que, em passado recente, priorizou crédito para grandes grupos, permitindo que os pequenos frigoríficos regionais sumissem do mapa. Através de recursos públicos subsidiados várias plantas frigoríficas foram pagas para ficarem fechadas, uma insanidade que não poderia prosperar, além do excesso de concentração resultante deste processo. Do ponto de vista estratégico, o Brasil tem buscado novos merca-
dos para seus produtos, o que dilui o impacto de problemas futuros. A Europa é um cliente importante e possuidor de população com alta renda per capita, portanto, deve ser atendida em suas exigências, quando são coerentes e fundamentadas, logicamente. Entretanto, o Brasil não é mais um protetorado europeu, embora muitas vezes aja com certo complexo de colônia. Exemplo disso foi a crítica recente feita pelo governo norueguês sobre questões ambientais brasileiras, enquanto uma empresa sob sua bandeira contaminava rios e populações amazônicas. Sem nenhum constrangimento, é claro. Faltou naquele momento uma postura mais enérgica por parte da diplomacia brasileira. Oportunidade perdida, infelizmente. Voltando ao problema da carne de frango, quem conhece as plantas frigoríficas e as propriedades onde estas aves são produzidas, sabe da imensa preocupação sanitária que faz parte desta cadeia produtiva que orgulha nosso país, pelo status já alcançado em nível mundial. Ninguém está livre, no entanto, que pessoas falhem ou se deixem corromper como parece ter sido este caso, segundo demonstrou a Operação Trapaça. De forma alguma este fato isolado poderia levantar suspeitas sobre a qualidade da carne brasileira e o Ministério da Agricultura deve redobrar seus esforços no sentido de buscar compensações junto à OMC (Organização Mundial do Comércio). É preciso que se aproveite este momento para determinar mais
rigor nos protocolos de segurança sanitária, implantados pelo Mapa, através de controles específicos e que envolvam mais gente, como forma de minimizar a chaga da corrupção, entranhada como uma metástase agressiva em quase todo tecido nacional. Transtornos acontecem quando pessoas assumem cargos técnicos por influência política, uma prática tão comum como lesiva ao país. Também é urgente e necessário que sejam criadas políticas garantidoras da renda dos pequenos produtores – maiores afetados, para que estes não se inviabilizem economicamente e desistam da atividade, resultando em prejuízos ainda maiores. Muitas pequenas propriedades possuem seu sustentáculo financeiro na produção de aves e suínos e precisam de ajuda neste momento delicado. Trata-se de
ação estratégica para o país, uma vez que haverá desemprego e inviabilização de muitas microrregiões. Para isso servem, ou, pelo menos deveriam servir, as políticas públicas. Já vimos em passado recente inúmeras iniciativas de socorro a bancos e empresas estatais que, além de não possuírem nem de longe o alcance social do setor
dutos brasileiros não abrirão mão de comprá-los em futuro próximo. Esse tipo de barreira comercial – travestida de sanitária que o país sofre neste momento é um obstáculo que certamente será transposto. Entretanto, deve servir de lição para que se aprimore ainda mais os padrões sanitários da proteína animal brasileira. Há muita hipocrisia e o sempre pre-
O Brasil não é um protetorado europeu, embora por vezes aja com certo complexo colonial. avícola brasileiro, beneficiaram meia-dúzia de empresários e políticos. Vamos ver se agora haverá semelhante empenho por parte das autoridades constituídas. Há um ditado antigo e verdadeiro que diz o seguinte: “quem desdenha quer comprar”. A maioria dos que desdenham dos pro-
sente e insuportável “politicamente correto”, atuando fortemente na tentativa de comprometer a produção agropecuária brasileira, provocando oscilações nos preços dos nossos produtos. É uma guerra comercial onde as armas são diferentes, porém com grande poder destruidor.
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Notícias da terra Safra I
Safra II
D
A
Colheita plena
quarta estimativa do instituto sobre a safra 2017/18 de cereais, leguminosas e oleaginosas totalizou 230 milhões de toneladas, 4,4% inferior à anterior (240,6 milhões t, ou seja, 10,6 milhões de toneladas a menos). A produção de soja deve alcançar 115,6 milhões de toneladas (0,6% maior do que a do ano passado) e a de milho, 86,2 milhões (6,8% menor). A área plantada foi estimada em 61,2 milhões de hectares, um incremento de apenas 28.739 hectares em relação ao total cultivado no ciclo 2016/17. Considerando as regiões, a produção deve apresentar a seguinte distribuição (em milhões de toneladas): Centro-Oeste, 100,9; Sul, 77,6; Sudeste, 23,1; Nordeste, 19,6 e Norte, 8,7.
RRRufino / Embrapa
e acordo com o 8º levantamento da Conab, o Brasil vai produzir 232,6 milhões de toneladas de grãos na safra 2017/18, o segundo melhor resultado da história, atrás apenas do obtido na temporada passada (237,7 milhões t, 2,1% acima da atual). A produção de soja deve chegar a 117 milhões de toneladas e a de milho, 89,2 milhões (62,9 milhões na “safrinha” e 26,3 milhões na safra de verão). Conforme a Conab, a área plantada (já considerando os números relativos às culturas de inverno) pode chegar ao recorde histórico de 61,5 milhões de hectares.
IBGE prevê 230 milhões
Safra III
Mais soja e mais milho
O
relatório de oferta e demanda de maio do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) confirma o que o próprio mercado já vinha prevendo: na safra 2018/19, o Brasil vai produzir 117 milhões de toneladas de soja, superando os EUA (116,5 milhões t). Na atual temporada, os EUA seguem à frente: os agricultores norte-americanos vão colher 119,5 milhões de toneladas de soja e os brasileiros, 117 milhões. Os argentinos vão passar de 39 milhões na safra em curso para 56 milhões no ciclo 2018/19 e o mundo, de 336,7 milhões para 354,5 milhões de toneladas. Quanto ao milho, o relatório do USDA aponta os seguintes números: os EUA vão produzir 370,9 milhões de toneladas na safra 2017/18 e 356,6 milhões na safra 2018/19; o Brasil, 87 e 96 milhões; a Argentina, 33 e 41 milhões; e o mundo, 1,036 e 1,056 bilhão de toneladas, respectivamente.
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VBP
Faturamento menor
O
Valor Bruto de Produção da agropecuária brasileira em 2018 foi estimado em maio em R$ 542 bilhões, confirmando a tendência de alta registrada nos meses anteriores – em abril, foi calculado em R$ 530 bilhões e em março, em R$ 515 bilhões. Mesmo maior, ficou 2,4% abaixo do VBP do ano passado (R$ 555,4 bilhões). As lavouras contribuíram com R$ 366,2 bilhões e a pecuária, com R$ 175,8 bilhões, ambas com faturamento menor neste ano, em relação a 2017. Entre os produtos agrícolas que apresentaram melhor desempenho, destaque para mamona (+160,6%), trigo (+ 44%), tomate (+ 26,2%), algodão (+ 23,7%), cacau (+ 22,2%), soja (+ 7,1%), café (+ 5,6%) e amendoim (+ 4%).
Notícias da terra Máquinas agrícolas
Safra puxa vendas
A
s vendas de colheitadeiras de grãos dobraram em abril em comparação às do mesmo mês de 2017, conforme a Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. As montadoras comercializaram 354 unidades, ante 177 em abril do ano passado. As mais negociadas foram as de grande porte, com motorização acima de 410 cavalos (CV). Foram 48 unidades, 220% a mais. Em seguida, aparecem as de 266 CV a 410 CV, com 177 unidades (+ 145,8%, e as de motorização até 265 CV, com 129 unidades (+ 43,3%). Nos quatro primeiros meses de 2018, o número de colheitadeiras vendidas (1.372) é 4,5% menor em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas de tratores de roda cresceram 20,1% em abril, perfazendo 3.523 unidades. No acumulado do ano, porém, caíram 10,1%. Foram negociados 9.414 unidades.
IC Agro
Por enquanto, tudo bem
O
otimismo entre produtores rurais e indústrias ligadas à agropecuária brasileira cresceu no primeiro trimestre de 2018 (pelo menos no que diz respeito às finanças), fazendo com que o IC Agro – Índice de Confiança do Agronegócio chegasse ao melhor resultado da série histórica: 107,1 pontos, 6,8 a mais em relação ao índice relativo ao trimestre anterior. De acordo com a metodologia, 100 pontos ou mais indicam otimismo; abaixo de 100, pessimismo. Entre os setores que compõem o IC -Agro, indicador medido pela Fiesp - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras, o mais confiante foi a indústria de insumos agropecuários (116,1 pontos) e o menos, a pecuária (96,2). A agricultura ficou no meio, com 107,2 pontos.
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Notícias da terra Pesquisa I
Mais devagar com o andor
N
Sebastião Araujo
o início de maio, o noticiário sobre a possibilidade de surgimento de uma “superpraga”, decorrente do cruzamento das lagartas Helicoverpa armigera e Helicoverpa zea, preocupou agricultores de norte a sul do país. Duas semanas depois, os pesquisadores Daniel Sosa-Gómez, da Embrapa Soja, e Alexandre Specht, da Embrapa Cerrados, publicaram nota na qual solicitam prudência ao elaborar conclusões relacionadas aos híbridos. “Não podemos minimizar o problema, ou seja, desconsiderar a ocorrência e os impactos potenciais, nem maximizá-lo, vislumbrando catástrofes nos agroecossistemas”, alertam. Eles explicam que a compatibilidade reprodutiva entre as duas espécies tem permitido a ocorrência de insetos híbridos no país desde 2012. “Embora a H. armigera tenha causado problemas em algumas regiões, não foram observados impactos econômicos nos sistemas agrícolas brasileiros por conta da ocorrência destes híbridos no Brasil”. Segundo Specht, as mariposas de ambas as espécies são indistinguíveis pela aparência (morfologia externa). A diferenciação depende de estudos da genitália interna dos adultos. Ele explica que os feromônios (compostos liberados pelas mariposas fêmeas para atrair os machos) utilizados para captura das lagartas atraem as duas espécies. Como não há distinção, elas acabam se acasalando uma com a outra, gerando híbridos. De acordo com Sosa-Gómez, embora a proximidade morfológica e genética entre ambas as espécies seja muito grande, elas apresentam diferenças fisiológicas e reações diversas a fatores do ambiente agrícola. “Ao se observar as respostas a inseticidas, por exemplo, não detectamos resistência a inseticidas piretroides em H. zea, mas, sim, em H. armigera. As duas espécies também são diferentes quanto a suscetibilidade à proteína Cry1Ac, oriunda do Bacillus thuringiensis (Bt) presente em diversas culturas transgênicas. “H. zea tolera doses mais altas desta proteína quando comparada com H. armigera”, compara. Em contraposição, a H. zea é mais sensível a produtos comerciais à base de vírus.
Pesquisa II
Plataforma Geoinfo
A
presentada oficialmente durante as comemorações do 45º aniversário da Embrapa, em 24 de abril, a plataforma Geoinfo reúne uma infinidade de dados espaciais gerados pela pesquisa científica brasileira, mapas de uso e cobertura das terras e de aptidão agrícola, como este do Matopiba (ao lado), zoneamento e diagnósticos ambientais, levantamentos de solo, estimativas de degradação de pastagens, emissão de carbono e produção de água, entre outras informações. O acesso é livre – basta acessar www.embrapa.br/geoinfo. O acervo digital inaugural dispõe de 231 conjuntos de dados espaciais, base que aumentará à medida em que novos resultados de pesquisa forem adicionados. A plataforma Geoinfo oferece informações úteis para técnicos de diversas áreas, capazes de subsidiar ações de planejamento, gestão de recursos e elaboração de políticas públicas de diferentes setores. No âmbito da agricultura, os dados poderão contribuir, por exemplo, para o monitoramento da dinâmica de uso e cobertura das terras, avaliação da expansão das atividades agrícolas ou compreensão do impacto do clima sobre a produção de alimentos. Ao acessar o Geoinfo, o usuário pode pesquisar por palavra-chave, tema, região, instituição responsável, entre outras categorias, e fazer downloads dos dados de seu interesse. “A construção da plataforma foi baseada em software livre e ferramentas de código aberto, essenciais para garantir autonomia no desenvolvimento tecnológico e permitir que os dados sejam intercambiáveis”, explica a especialista em gestão da informação da Embrapa Territorial, Daniela Maciel, coordenadora do projeto. O sistema será expandido para todas as unidades da Embrapa, que poderão alimentá-lo com dados gerados por projetos de pesquisa. 12 | Agro DBO – junho 2018
AGRITRADE
QUALIDADE TOTAL ASSEGURADA PARA O SETOR DO AGRONEGÓCIO Testes, Inspeção e Certificação Em nossa economia globalizada, os bens viajam grandes distâncias da origem ao destino, expondo compradores e comerciantes a vários riscos ao longo da cadeia de suprimentos. A Intertek é uma empresa líder em Testes, Inspeção e Certificação, credenciada pelo MAPA, IFIA, FOSFA, GAFTA, ANEC e ICA, entre outras. Oferecemos um conjunto de serviços de inspeção de commodities agrícolas, projetado para reduzir os riscos associados ao transporte, monitorando a qualidade e a quantidade de sua carga, desde a origem até o destino. Dentre as nossas áreas de atuação estão: • Serviços Mundiais em Açúcar • Serviços de Inspeção e Teste em Soja • Milho/Trigo/Sebo e Fertilizantes • Supervisão de Embarque • Supervisão de Descarga (Granéis, Óleos, Fertilizantes) • Avaliação de Terras Nua • Monitoramento de Estoques - Periódicos e Permanentes
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Notícias da terra Associativismo
Aprosoja Brasil dá posse para nova diretoria em Brasília
T
omou posse em 8/5 em Brasília, a diretoria eleita da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), principal associação representativa da sojicultora, para o biênio 2018/2020. Quem assumiu a presidência da entidade é o produtor rural Bartolomeu Braz Pereira, que era vice-presidente da entidade. Ele substitui o produtor Marcos da Rosa, que comandou a associação entre 2016 e 2018. Presidente da Aprosoja Goiás, Bartolomeu Braz Pereira tem como principal desafio atuar para aumentar a rentabilidade no campo diante dos crescentes aumentos de custos de produção e redução das margens. O vice-presidente imediato é Antônio Galvan, eleito em novembro último presidente da Aprosoja MT, principal estado produtor de grãos do Brasil. A oleaginosa se tornou o principal produto agrícola e o mais exportado pelo Brasil, somando US$ 30 bilhões em exportações do complexo soja. Nos últimos vinte anos, a produção de soja cresceu 336%, e as exportações 1.025%. No entanto, os custos de produ0695_18-AD-Agro-DBO-Hospital-Cancer-18,4x12,2cm-ALTA.pdf 1 17/05/2018 12:30:00
ção cresceram 425% no mesmo período. “Em parceria com a Frente Parlamentar da Agropecuária, vamos atuar para obter crédito e seguro em volume e custo compatíveis com as necessidades da produção, independente do tamanho dos produtores. E em tempos de aperto fiscal, precisaremos trabalhar junto ao Governo Federal para garantir a aplicação de recursos em obras prioritárias para o escoamento da nossa produção a custos menores”, afirma. O produtor rural Marcos da Rosa liderou a Aprosoja Brasil em um momento de crescimento institucional da associação. Durante o seu mandato, a principal entidade representativa dos sojicultores chegou aos estados de São Paulo e Minas Gerais, além de ter reestruturado a entidade na Bahia, Rondônia e Roraima. A Aprosoja Brasil foi criada em março de 1990 e representa toda a área plantada de soja brasileira. A entidade está presente em 16 estados (RS, SC, PR, MS, MT, SP, MG, GO, TO, PI, BA, MA, AP, PA, RO e RO).
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14 | Agro DBO – junho 2018
DOAÇÃO
Sorteio: 26 de setembro de 2018
APOIO
Fotos: Ariosto Mesquita
Especial 100
O futuro é agora! Referência em inovação e no uso de tecnologia, Roberto Chioquetta é um dos protagonistas da revolução em curso na agricultura brasileira. Ariosto Mesquita
O
caminho trilhado por Roberto Chioquetta, produtor em Campo Novo do Parecis (MT) é o mesmo da agricultura brasileira nas últimas décadas. Sua trajetória nos últimos 15 anos é um espelho do processo de profissionalização, tecnificação e modernização da atividade, capaz de garantir hoje a produção de alimentos e fibras em escala mundial, com elevado nível de segurança, sustentabilidade e rentabilidade. Evolução que, ao longo deste tempo, foi acompanhada e documentada pela revista Agro DBO. Há uma década e meia, quando a publicação nascia (então sob título “DBO Agrotecnologia”), o que era futuro agora é realidade. Em período semelhante, Chioquetta escreveu sua história mais recente. Após terminar uma sociedade com o irmão, mergulhou em uma meteórica carreira solo até se tornar nome de referência em agricultura eficiente, ambientalmente correta e altamente rentável. É impossível não se impressionar ao visitar a Fazenda Santa Amélia, de 4 mil hectares (3,5 mil cultivados), situada a 45 km da área urbana de Campo Novo do Parecis, no oeste do Mato Grosso, distante 385 km da capital, Cuiabá. No acesso principal, uma imagem de Jesus Cristo em fi-
16 | Agro DBO – junho 2018
bra de vidro, com 1,8 metro de altura, feita por encomenda em Goiânia (GO), concede uma espécie de bênção de boas-vindas a quem chega à propriedade, batizada com o nome de sua avó materna, Amélia Zanella Gnoato, mãe de 10 filhos. Ao fundo, um talhão cultivado com crotalária é o indicativo claro da preocupação com a qualidade do solo através do uso de plantas de cobertura. Mas é na área ao redor da sede que se percebe que não se está em uma fazenda meramente agrícola. Além de grãos, Roberto Chioquetta decidiu também produzir água e energia. Uma enorme estrutura formada por 1.152 placas solares permite que a propriedade seja 100% autossuficiente em energia elétrica e ainda disponibilize sobras para a rede geral de abastecimento em boa parte do ano (nos meses de maior fotoperíodo). Nesta conta também está incluído o abastecimento das residências urbanas da família (três casas e um apartamento). O conjunto de captação de energia solar ficou pronto em abril de 2017, mas só foi ativado em final de outubro. “A empresa concessionaria não tinha conhecimento ou faltava vontade para jogar meu sistema na rede. Tive de acioná-la judicialmente para o meu projeto começar
condicionado das cabines de seus veículos agrícolas (seis colheitadeiras, sete tratores, um pulverizador e quatro caminhões). “Uma máquina trabalhando10 horas produz até 30 litros”, calcula. Esta água segue por mangueiras até pequenos tanques presos à estrutura do veículo, com capacidade para armazenar entre 20 e 30 litros. Completa o kit um recipiente com sabonete líquido. “Dessa forma, o operador pode fazer uma manutenção de filtro, lubrificar uma engrenagem ou consertar algo sem ter de voltar à sede para se limpar. Ele faz isso onde estiver e ganhamos tempo e segurança nos procedimentos. Imagine a pessoa toda suja de óleo e graxa no comando de uma moderna colheitadeira com toda a tecnologia embarcada!”, justifica. Segundo conta, seu modelo chegou a ser replicado por agricultores nos EUA. “Há cinco anos, durante visita técnica na Carolina do Norte, ensinei a um grupo de produtores norte-americanos a montar um sistema de custo mínimo, com a utilização de mangueirinhas de chuveiro e reservatórios simples. Coisa para uns R$ 80”, relata, sem esconder um sincero orgulho. Roberto Chioquetta posa na entrada principal da fazenda, “abençoada” por uma imagem de Cristo. Atrás dele, área ocupada com crotalária.
a andar”,. Apesar dos poucos meses de funcionamento, Chioquetta estima que a economia gerada supere 90%: “Na minha casa, em Tangará da Serra, onde o valor médio da conta mensal de energia era de R$ 600, pago agora em torno de R$ 50, referentes apenas a taxas. Em fevereiro deste ano, no pico da safra na fazenda, o consumo geral chegou à R$ 50 mil. Mas, com a geração de energia do mês e créditos acumulados, pagamos pouco mais de R$ 1 mil”. Em dias ensolarados o sistema gera até 1.700 quilowatt/dia, quantidade suficiente, segundo ele, para alimentar duas de suas casas urbanas ao longo de um mês. Preocupado com a eficiência e agilidade no trabalho a campo, Chioquetta criou e instalou pequenas estruturas de captação e utilização da água gerada pelos sistemas de ar
Inovações premiadas Este ano, Chioquetta decidiu ir além e iniciou a implantação de uma rede para o aproveitamento de águas pluviais com capacidade para transportar 5 milhões de litros/ano até um reservatório batizado de “piscinão”, onde pretende desenvolver um projeto de piscicultura. A mesma estrutura capta também a água produzida pela máquina de refrigeração da câmara fria (armazenamento de sementes). “Este nosso trabalho de produção de água talvez tenha sido o que mais impressionou a comissão técnica do Prêmio Famato em Campo”, admite. A fazenda Santa Amélia foi uma das duas vencedoras em 2017 desta premiação anual feita pela Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso. Nesta última edição foram avaliadas propriedades inovadoras com base nos critérios de originalidade, aplicabilidade, funcionalidade das tecnologias e rentabilidade da propriedade. Chioquetta também levou, em votação popular, o Prêmio Personagem Soja Brasil 2017/2018, organizado pela Aprosoja Brasil, na categoria “Produtor”. Junto aos
Placas solares e o “piscinão”, duas das iniciativas de Chioquetta em busca de eficiência e produtividade.
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Chioquetta mostra uma de suas invenções: sistema de coleta e armazenagem da água gerada pelo ar condicionado das máquinas agrícolas.
31 hectares protegidos por uma enorme cerca de eucalipto, fícus e bambu que delimita a sede, ele mantém uma estrutura para oferecer agilidade nos trabalhos e qualidade de vida para a sua família e seus 28 funcionários, além da equipe flutuante, convocada conforme a necessidade. Durante a visita da reportagem da Agro DBO, foi possível registrar as obras de um posto de combustível e da nova residência pessoal, projetada para ocupar uma área de 500 m2. Num terreno próximo, ele mantém uma pequena granja de suínos com 70 cabeças, em média (também usadas para doação a entidades beneficentes), pasto para ovinos e bovinos, uma horta, um terreiro avícola (produção de ovos caipiras) e um pomar com grande variedade de frutas (laranja, mamão, pitanga, acerola, tamarindo, manga, limão, banana, etc.).
Autossuficiência, agilidade, criatividade, inovação e os resultados em sua fazenda estão ligados a processos biossustentáveis, mas não exclusivamente a eles. Chioquetta concilia insumos químicos e biológicos; passa horas no comando de pulverizadores, colheitadeiras e tratores; faz consórcios incomuns, como milho x crotalária (de olho em um solo adequado para o próximo plantio de soja); produz e utiliza adubação biológica multiplicada por microgeo (componente que alimenta os microrganismos) e usa plantas de cobertura (principalmente nabo forrageiro e crotalária) em 30% da área agrícola a cada ano. Para acompanhar de perto as novidades, firma parceria com empresas de ponta. Em uma delas, cedeu quatro hectares para a Monsanto realizar experimentos. “Em contrapartida, sou o primeiro a usufruir das novidades ali validadas”. Sua curiosidade e paixão fizeram de Chioquetta um especialista em equipamentos agrícolas. “Muita gente me consulta antes de comprar uma máquina”, diz ele, modestamente. Em alguns momentos saiu na frente, antecipando as novidades que só chegariam ao mercado brasileiro nas safras seguintes. “Por volta de 2007, fiquei sabendo de uma plantadeira que era a linha de frente da John Deere nos Estados Unidos. Em 2008, a máquina trabalhou o ano todo em minha fazenda, mas só foi lançada no mercado nacional em 2009”, garante o agricultor. Ele não esconde sua relação com a multinacional norte-americana. “Sou um dos maiores garotos propaganda da empresa, e sem receber por isso. Funciona como uma parceria. Praticamente toda a tecnologia de ponta em maquiná-
Lembranças da casa de madeira Como milhares de agricultores hoje radicados no Centro-Oeste brasileiro e na região do Matopiba, Roberto Chioquetta é um “oriundi”. Descendentes de imigrantes italianos, saiu aos oito anos de idade de Paim Filho, sua cidade natal, no Rio Grande do Sul. Com dificuldades financeiras, a família vendeu os 26 hectares de que dispunha e se mudou para Pato Branco, no sudoeste do Paraná. Foram 20 anos de “escola” na agricultura. “Meu pai era analfabeto. Ele e minha mãe criaram sete filhos em cima de 48 hectares, onde produziam grãos, suínos e mantinham umas vaquinhas de leite”, conta. Decidido a buscar algo melhor para si e sua família, estudou até o “ginásio” (antiga denominação para os últimos quatro anos do ensino fundamental) e mergulhou em seguida na lida no campo. “Eu levantava às cinco da manhã para tirar leite, arrancar mandioca, descarregar milho e cortar lenha no machado”, lembra. Quando sobrava um tempinho, corria para a cidade onde fazia “bicos”. Um deles, como arrumador de pinos de boliche, função hoje extinta com a chegada do sistema eletrônico de pista. Com pouco mais de 20 anos de idade, bateu de frente com o pai, com quem, eventualmente, discordava ao tratar de negó-
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cios: “Um dia ele foi até a cidade. Aproveitei sua ausência e vendi um caminhão de porcas; algo em torno de 80 fêmeas. Tínhamos de diminuir o plantel e fazer dinheiro para a lavoura. Quando ele voltou, logo deu falta das matrizes. Minha mãe apenas disse: Pergunte ao Roberto. Ele nunca perguntou”. Foi no Paraná que a paixão de Chioquetta pelas máquinas agrícolas desabrochou: “Tínhamos um tratorzinho 68 de três cilindros. Fiz 17 mil horas em cima dele. Na maior parte do tempo, prestava serviço para a Agroceres, semeando lavouras com uma plantadeira de três linhas. Minha vida era em cima deste trator. Saia de casa seis da manhã e voltava à meia noite”. Com o dinheirinho extra, comprou, em 1982, seu primeiro carro: um Corcel I, ano 77. Ao final dos anos 1980, seu irmão Romeu, àquela altura trabalhando em uma revenda de máquinas agrícolas no Mato Grosso, lhe deu “cinco minutos” para abraçar, ou não, uma oportunidade: arrendar uma “fazendinha” de 600 ha (200 ha abertos, 150 ha para abrir e reserva) no recém-criado município de Campo Novo do Parecis. “Topei antes dos cinco minutos”, garante. Começava ali a história da fazenda Santa Amélia. Em pouco mais de meia década, os ‘Chioquetta’ já eram donos das
A paixão de Chioquetta por máquinas o transformou numa espécie de consultor. Muita gente o procura em busca de aconselhamento. rio agrícola é testada na minha fazenda antes de entrar no mercado brasileiro”, diz. Este acordo não pressupõe exclusividade: “No início de maio comprei uma colheitadeira da Case IH”. Chioquetta faz parte de um grupo formador de opinião sobre o assunto. “Fui pioneiro no Brasil, entre outras coisas, no uso de piloto automático e em colheitadeiras STS”, afirma, se referindo à tecnologia que permite a alimentação, sistema de trilha e separação em um único rotor”. Aposta em sementes Com 58 anos idade, completados no último dia 24 de maio, Roberto Chioquetta é capaz de conversar horas a fio com um entusiasmo incomum quando o assunto é agricultura. Mas também é cauteloso ao revelar números, sobretudo quando se refere às posses da família. Apesar de delegar funções aos seus filhos – Alexandre, de 27 anos de idade, e Marcelo, de 24, ambos agrônomos –, admite ser de natureza centralizadora: “Se eu pudesse, faria tudo sozinho”. A paixão pelo trabalho, pelas alternativas agrotecnológicas e pela inovação, inevitavelmente influenciou os resultados. Nos últimos três anos, a produtividade média da soja nos quase 3,5 mil hectares cultivados foi de 63 sacas por hectare, 13% superior à média de produtividade no Mato Grosso na safra atual (55,8 scs/ha, segundo a Conab). A diferença está bem próxima do que
ele estima como retorno de seus investimentos em inovação e tecnologia. “Certamente nos últimos sete anos tive um incremento de oito sacas nos resultados finais da soja em função do pacote de modernização que adquirimos”. No ano passado, ele se aventurou na produção de sementes. Em 2 mil hectares cultivados na Santa Amélia, planejou entregar 60 mil sacas como parceiro da argentina SeedCorp/Ho e acabou entregando 90 mil. Para a safra 2018/19, pretende cobrir os 3,5 mil hectare da fazenda com o plantio de sementes e está negociando o arrendamento de mais duas áreas – uma de 2 mil e outra de 1,4 mil hectares. “Eu não sabia como funcionava uma sementeira até o ano passado, quando visitei uma delas em Goiás e percebi que poderia ser um bom negó-
terras. Foram 18 anos de sociedade com o irmão em uma região inóspita, cheia de carências e desafios. “Morei seis anos em uma casinha de madeira (foto acima) junto com três funcionários. Não havia energia elétrica, fogão a gás nem geladeira. Água, a gente buscava no rio, que ficava a 25 km. O jantar era servido sob a luz gerada pela bateria do trator. Eu dormia num colchão sujo, jogado ao chão e, muitas vezes, sem tirar as botas. Os pés inchavam por causa do calor e do trabalho duro. A gente não tinha noção dos dias da semana. Eu só sabia que era domingo no
Na Santa Amélia não se vê postes com fiação elétrica. Toda a rede é subterrânea.
almoço, quando a cozinheira fazia maionese. Durante a semana, as refeições eram à base de arroz e feijão. Sem geladeira não havia como guardar carne”, relata. Depois da primeira safra de soja (33 scs/ha), um ano e meio após arrendar as terras, Chioquetta voltou a Pato Branco para se casar e trazer a esposa, Karen, para a fazenda. “Meu sogro e minha sogra trouxeram a gente num Fiat Panorama. Eles ficaram conosco dois dias, dormindo no chão da sala, com um monte de grilos cantando dentro e fora da casa. Só na primeira noite, matei oito escorpiões”, afirma. Não faltaram sustos nos quatro anos e meio em que o casal morou na casa de madeira. Um deles envolveu o primogênito, Alexandre. Ainda bebê, Alexandre dormia sempre em seu carrinho. Em uma manhã, a mãe resolveu colocá-lo em um colchão no quarto dos funcionários onde batia sol. “Foi a sorte. Minha esposa voltou para pegar a mamadeira e deu de cara com uma cobra jararaca dentro do carrinho”. Com o passar dos anos, as safras começaram a responder os seguidos investimentos e os dois irmãos foram adquirido áreas vizinhas e ampliando a fazenda. Por volta de 2005, eles avaliaram que a propriedade deveria ser dividida para facilitar o futuro processo de sucessão familiar. Desde então, o centro da vida de Chioquetta (além da família) é a fazenda Santa Amélia.
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Especial 100 “Entre os avanços em 15 anos, destaco a evolução dos dispositivos digitais, as tecnologias embarcadas e as novidades em sementes”. cio. Nesta primeira safra minha margem de lucro foi de 65%”, revela. Ele investiu R$ 11 milhões na aquisição de uma unidade de beneficiamento com 5.200 m2 de área coberta, instalada ao lado dos seus seis silos, capazes de armazenar 250 mil sacas de grãos. “Foram 29 carretas só em peças para a montagem. A estrutura de recebimento, beneficiamento e câmara fria não acumula sujeira. Tudo é pré-moldado e parafusado, sem nenhum pingo de solda. O secador não produz um fio de fumaça e é abastecido por lenha própria, que colho em 50 hectares de cultivo próprio de eucalipto”, relata. Salto tecnológico Chioquetta promete mais novidades para o segundo semestre de 2018, entre as quais um projeto de nutrirrigação por gotejamento subterrâneo em 350 hectares de lavoura, onde pretende cultivar soja, milho e feijão e produzir carne fazendo terminação de bovinos. “Já tenho a licença para a perfuração de poços artesianos, trabalho que devo iniciar em setembro”, adianta. Ele vem negociando a aquisição do sistema com a empresa israelense Netafim. Mas antes de bater o martelo, quer garantias de que a manutenção da rede não prejudicará a biótica do solo.
Soja armazenada: Chioquetta investiu R$ 11 milhões na aquisição de uma unidade de beneficiamento de sementes e produziu 90 mil sacas já no primeiro ano.
Elogios a um desbravador “Roberto Chioquetta é um produtor versátil e moderno; uma referência não só para o agro mato-grossense, mas para todo o Brasil. Para nós, foi uma grande satisfação tê-lo como um dos vencedores do Prêmio Sistema Famato em Campo. Temos certeza que bons exemplos inspiram e, como consequência, formam um círculo virtuoso” Normando Corral, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato).
“Acreditamos que o produtor rural precisa de referências. Felizmente, temos o Roberto Chioquetta. O mundo está mudando muito rápido e o Agro necessita de pessoas com visão diferenciada como ele, que aplicam estratégias inteligentes e eficientes em suas propriedades”. Daniel Latorraca, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
“O Roberto Chioquetta é um desbravador, que ajudou a levar oportunidades para a região do Parecis. Ele é extremamente técnico e detalhista. Sua ação dentro da propriedade extrapola a produção agrícola e a parte financeira. Ele é referência em melhor aproveitamento de tudo que existe na fazenda em prol da sua atividade produtiva. Sua atividade agrícola é sustentável e, consequentemente, rentável.” Leandro Zancanaro, gestor técnico da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT).
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Quando o assunto é evolução tecnológica na agricultura, ele é capaz de ficar horas na prosa. Em sua opinião, houve um salto tremendo nos últimos 15 anos, provocado, em boa parte, por “startups, que aceleram as novidades”. O que mais o impressiona é o avanço no processo de automação dos procedimentos a campo. “Há uma década e meia, a novidade era o GPS básico. Hoje, posso ligar uma máquina e deixá-la fazendo o serviço enquanto cuido de outra coisa. Ela vai e volta sozinha. Também é bom destacar a evolução dos dispositivos digitais, das tecnologias embarcadas e das novidades no mercado de sementes”. Estruturalmente, a evolução no início da década passada era representada, segundo ele, pela disponibilidade de máquinas com cabines climatizadas. “Antes disso, o operador sofria com o calor e a enorme sujeira que vinha direto nos seus olhos”. Diante de instrumentos que ele e sua equipe não dominam, Chioquetta faz a opção pela contratação de especialistas. “Uma empresa trabalha com drones na fazenda, prestando serviços de imagens, georreferenciamento e mensuração da produção de sementes”, exemplifica. O agricultor enxerga uma linha comum entre as novas ferramentas de trabalho e as exigências cada vez maiores de adoção de medidas de baixo impacto ambiental no campo. “Necessariamente, a tecnologia tem de passar pela sustentabilidade”, diz. Todo este salto, segundo ele, provoca um gargalo na agricultura brasileira. “Faltam pessoas com conhecimento e capacidade para acompanhar esta evolução tecnológica”. Chioquetta aproveita para fazer um alerta sobre os riscos do lançamento indiscriminado de tecnologias. Segundo ele, já surgem sinais de comprometimento da qualidade geral dos equipamentos: “O nível de alguns fabricantes vem despencando. Nas máquinas, as ferrugens estão surgindo mais rapidamente e alguns instrumentos estão sendo colocados em lugares impróprios. Muitos sensores, por exemplo, estão desprotegidos, sujeitos a poeira e barro”. Palavra de quem conhece. De quem sabe do que está falando.
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A sustentabilidade do agro brasileiro precisa de reconhecimento mundial Temos de produzir mais, para vender mais, e precisamos ser mais eficientes do que já somos, para termos mais competitividade. Blairo Maggi *
* O autor é Ministro da Agricultura e produtor rural no MT.
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esde que assumi o Ministério da Agricultura, há exatos dois anos, atendendo a um convite do presidente Michel Temer, estabeleci como foco central da minha gestão a abertura de novos mercados do agronegócio e ampliação dos já existentes. O Brasil tem um grande potencial agrícola e pecuário, precisa assumir sua vocação natural e aproveitar o que há de melhor nessa atividade: a geração de emprego e renda. Somos, atualmente, o quarto maior produtor de alimentos do mundo ficando atrás apenas da China e da índia, que consomem a produção interna entre eles mesmos, seguido dos Estados Unidos. No entanto, somos o segundo maior exportador de alimentos do mundo e com capacidade de chegar a liderança muito em breve. Conseguimos esse resultado graças a muito trabalho e investimento em pesquisa e tecnologia desenvolvidos pela Embrapa. Nesses 45 anos de existência, a Embrapa conseguiu fazer uma verdadeira revolução no setor agropecuário, uma mudança total de paradigma. Há quatro décadas éramos importadores de alimentos. Dependíamos de outros países para garantir a comida em nossa mesa. Hoje, nós somos o celeiro do mundo. Há poucos dias, o USDA (Departamento de agricultura dos Estados Unidos) divulgou uma previ-
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são de que o Brasil deverá desbancar os EUA na produção mundial de soja a partir da safra 2018/2019. Assim, já no ano que vem, chegaremos ao topo do ranking mundial na produção da oleaginosa. Já somos os maiores exportadores de soja do mundo graças ao comércio com a China. Confirmadas as previsões do USDA, seremos os maiores produtores mundiais de soja, café, suco de laranja, açúcar e carne bovina. Isso comprova a nossa vocação para o agro. É com base nessa capacidade de produção que estamos trabalhando para ampliar nossas exportações. Ao longo dos últimos dois anos arrumamos as malas e partimos em busca de novos mercados. Visitamos vários países, sobretudo na
Ásia, tendo em vista o crescimento da classe média asiática. Por isso, estou certo de que quanto mais focarmos no mercado asiático, mais rápido colheremos resultados para o Brasil. Eles precisam mais de nós neste momento do que outros parceiros comerciais. Mas não é um trabalho fácil. Foram horas de negociações bilaterais, conversas e muito trabalho para promover o produto brasileiro lá fora. Os resultados já começam a aparecer. Somente no ano passado registramos um crescimento de 13% nas exportações brasileiras do agro. Conseguimos abrir mercados importantes como o de carne suína para a África do Sul; produtos lácteos para a Malásia; material genético avícola para Taiwan; manga
para a Coreia do Sul; arroz descascado para o Peru; pescado para Israel, e a reabertura do mercado argentino para a exportação de carne bovina. Além de um acordo com a Índia, na qual serão investidos quase R$ 1 bilhão em pesquisas pela Embrapa para a produção de lentilha e grão-de-bico para o consumo dos países asiáticos. Estamos trabalhando para ampliar a venda de proteína animal para a China. Na última visita ao país asiático, em maio, consegui do ministro do Comércio daquele país a garantia de que uma nova missão técnica virá ao Brasil para vistoriar e habilitar novos frigoríficos para a exportação de carnes. Apresentamos uma lista com 84 novos estabelecimentos. Caso se confirme a habilitação de parte deles, será uma vitória para o setor que vem sofrendo muitos golpes nos últimos tempos. Desde a deflagração da Operação Carne Fraca, em março do ano passado, os produtores brasileiros de proteína animal estão enfrentando muitas dificuldades. Esse desempenho do agro brasileiro tem ajudado nas contas públicas. Em março deste ano a Balança Comercial Brasileira do Agronegócio registrou um superávit de US$ 7,79 bilhões, o que representa uma expansão de 6% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O agronegócio também foi o responsável pelo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2017. De acordo com o IBGE, foi registrado um aumento de 13% do setor em relação ao PIB. O crescimento do Brasil teria sido de 0,3% sem o agronegócio. Embora o segmento represente apenas 5,3% do PIB, o setor respondeu por 0,7% do valor adicionado ao PIB, de 1,0%. Além desses números, a safra recorde de grãos – mais de 240 milhões de toneladas, de acordo com a Conab - ajudou a derrubar a inflação a patamares inéditos e con-
tribuiu também para encerrar o período de recessão vivido no país desde 2015. Outro aspecto importante a ser destacado no agro brasileiro é a sustentabilidade. Somos muito cobrados lá fora – especialmente pelos países desenvolvidos que já dizimaram suas florestas e seus rios – em relação ao meio ambiente. No entanto, nenhum país tem uma produção tão sustentável quanto à nossa. Nenhum país do mundo possui uma área preservada tão grande quanto a nossa. Isso tem que ser reconhecido pelos nossos parceiros comerciais e levado em consideração na hora da negociação. De acordo com dados da Embrapa Territorial, confirmados em dezembro passado pela Nasa (Agência Espacial Americana), o Brasil utiliza apenas 7,6% de seu território com lavouras, bem abaixo da média mundial. A maior parte dos países utiliza entre 20% e 30% do território com agricultura. Os da União Europeia variam entre 45% e 65%. Os Estados Unidos, 18,3%; a China, 17,7%; e a Índia, 60,5%.
de ativo, não só para o Brasil, mas para o mundo. Tenho cobrado esse reconhecimento por onde ando. Procuro mostrar que preservar o meio ambiente é importante para o planeta, mas representa um custo elevado para os nossos produtores, um custo que não é levado em conta na hora da negociação dos nossos produtos. O Código Florestal brasileiro, aprovado pelo Congresso Nacional em 2012, exige que cada produtor rural preserve entre 20% a 80% da sua propriedade. Foi uma opção que fizemos, mas ela representa um custo que deve ser adicionado aos demais e que o mundo deveria pagar, uma vez que somos cobrados pela manutenção das nossas florestas. Além da preservação, o Brasil ainda tem desenvolvido tecnologias de produção sustentável como o programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), um plano composto por sete programas referentes às tecnologias de mitigação e ações de adaptação às mudanças climáticas. Um dos principais é a Integração Lavoura-Pecuária-
Já no ano que vem chegaremos ao topo do ranking mundial na produção e venda de soja. O trabalho da Nasa foi realizado em conjunto com o Serviço Geológico (USGS) dos EUA. Eles mapearam e calcularam as áreas cultivadas do planeta baseados em monitoramento por satélite. Durante duas décadas, a terra foi vasculhada, detalhadamente, em imagens de alta definição por pesquisadores do Global Food Security Analysis, que comprovaram os dados antecipados pela Embrapa sobre o uso de terras para a agricultura no Brasil. Esses dados também corroboram os resultados de outra pesquisa da Embrapa Territorial: de que 66% do território brasileiro é preservado. Isso representa um gran-
-Floresta (ILPF) um sistema onde podemos promover a integração entre a pecuária e a lavoura, sem ampliar as áreas de produção. Essa tecnologia já é utilizada por produtores em todo o país, atingindo mais de 12 milhões de hectares. Por isso estou certo de que o Brasil tem muito futuro no agronegócio. Vamos lutar por isso. Publicações como a Agro DBO ajudam muito na disseminação de informações corretas sobre o agro brasileiro. Por isso, não só como ministro da agricultura, mas como produtor, parabenizo a todos que fazem a revista Agro DBO, que chega agora à sua 100ª edição nesses 15 anos de existência. junho 2018 – Agro DBO | 23
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O futuro da agricultura: cultivando com inteligência A explosão demográfica levou o planeta à condição de superpovoado, e a segurança alimentar é hoje o maior desafio da pesquisa. Maurício Antônio Lopes *
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ompartilhamos com todos os integrantes do setor agrícola o orgulho de presenciar a agricultura como um dos principais pilares da nossa economia. Temos hoje uma agricultura pujante, que incorporou, como nenhuma outra no mundo, práticas sustentáveis. Esses avanços nos ajudaram a alcançar a segurança alimentar e a projetar o Brasil como um grande provedor de alimentos para o mundo.
Já estamos rompendo as últimas fronteiras para a autossuficiência na produção primária e um ótimo exemplo é o trigo, do qual o Brasil ainda é dependente da importação. A Embrapa já lançou variedades de trigo adaptadas para o Brasil Central com sistemas irrigados que nos permitem produzir massas e pães com a mesma qualidade que franceses e italianos produzem. Resultados como esse sinalizam autossuficiência na produção e, com ela,
Há uma revolução no mundo da genômica, em sinergia com a transformação digital.
* O autor é engenheiro agrônomo e presidente da Embrapa
Tornamo-nos os primeiros em produção e exportação em cadeias agroalimentares extremamente im portantes, alcançando participação significativa no mercado internacional. Essas exportações hoje alcançam praticamente 50% do total das exportações do país, perfazendo quase um quarto do PIB brasileiro. O Brasil só alcançou esse status porque investiu num modelo de agricultura fortemente baseado em ciência, e o ousado agricultor brasileiro confiou nessa estratégia. O país conta com excelentes universidades e institutos de pesquisa, e por isso tem expressivas lideranças no campo da pesquisa e da inovação agropecuária. A ação dessas organizações, e sua sintonia com o setor produtivo, ajudou a trazer a agricultura brasileira ao presente.
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menor custo no consumo do cereal em momentos de instabilidade de moedas estrangeiras, por exemplo. Sustentabilidade e resiliência O Brasil avançou muito, o que não significa que não devamos olhar de forma muito cuidadosa e inteligente para o futuro. Há ciência para se projetar e para se mo-
delar futuros possíveis, e diversas organizações estão fazendo isso, inclusive a Embrapa. Nossa plataforma de inteligência estratégica, o Agropensa, lançou em abril o documento Visão 2030 – O futuro da Agricultura Brasileira, contendo análises, tendências, sinais globais e nacionais sobre as principais transformações na agricultura em questões científicas, tecnológicas, sociais, econômicas e ambientais e seus potenciais impactos. O estudo aponta megatendências e, ainda, a necessidade de a própria Embrapa se transformar em uma instituição mais flexível, capaz de se adaptar aos desafios que virão. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos em 2015 por ocasião da Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável contemplam de forma muito objetiva esses desafios. Quando olhamos com lupa para cada um desses 17 ODS, vemos agricultura e alimentação direta ou indiretamente envolvidas em praticamente todos. São temas que não se desassociam da sustentabilidade e que estão no topo da agenda da sociedade, oferecendo ainda inúmeras oportunidades, como por exemplo, na bioeconomia, como força motriz da inovação e chave para o crescimento sustentável. Os desafios são enormes, mas temos boas notícias vindas do mundo da ciência e da tecnologia, para ajudar a tratá-los. Estamos vendo
uma revolução no mundo da genômica, que em sinergia com a transformação digital, permite conhecer o que regula os processos vitais e favorece a biologia sintética. A possibilidade de fazer a edição de genomas, com grande rapidez e precisão, como se faz a edição de um texto, já é real. Esse fato abre caminhos extraordinários para se desenvolver plantas, animais e microrganismos com características moduladas para as mais variadas situações. A nanociência, a tecnologia feita na escala do bilionésimo do metro abre outro mundo para a inovação. As geotecnologias, com ferramentas para observações extremamente detalhadas no espaço geográfico, estão aumentando muito a nossa capacidade de fazer agricultura de precisão ou de manejar recursos naturais com o olhar muito mais ponderado pela ciência. Informações precisas sobre lavouras farão com que os agricultores possam, por exemplo, evitar o uso demasiado de defensivos agrícolas, excesso de fertilização, além de orientar a irrigação nos momentos corretos, reduzindo perdas, ampliando a produtividade e ganhando sustentabilidade. A agricultura não vai poder prescindir das soluções químicas, mas temos que usar tecnologia para tornar o uso desses recursos mais racional e sustentável. Será imperativo, também, agir em favor de uma agricultura cada vez mais resiliente. Mudança de clima é algo real, que nos força a usar melhor a nossa base de recursos naturais. Manter ou ampliar a oferta de alimentos frente a cenários complexos como as mudanças climáticas implica em buscar mais intensificação e mais resiliência da agricultura. O plantio direto e a integração lavoura-pecuária são exemplos de práticas conservacionistas adotadas pelos produtores do Brasil que permitiram a ampliação da segunda safra, com substan-
ciais ganhos de eficiência no uso da terra. O Programa de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estimula práticas agrícolas que ajudam na conservação dos recursos naturais, possibilitando maior adaptação às mudanças climáticas e menores emissões de carbono.
Portanto, a Embrapa e seus parceiros têm uma agenda de pesquisa e inovação contemporânea, fortemente focada na solução de problemas presentes, mas também muito atenta para a antecipação de riscos, desafios e oportunidades em horizontes mais longos. A Empresa entende, por exemplo, ser necessário investir em inovações para agregação de valor às commodities, criando mais oportunidades para a agroindústria brasileira, em especial em mercados mais competitivos, sofisticados e rentáveis. Está atenta, também, ao fato de que a agricultura do futuro deverá contribuir na promoção da saúde e qualidade de vida das pessoas, com oferta de alimentos de maior densidade nutricional e com novas funcionalidades, ajudando o mundo a lidar com o desafio da segurança nutricional. Com 45 anos completados este ano, a Embrapa está se ajustando e se reinventando continuamente para se fortalecer como empresa contemporânea, flexível, sempre capaz de entregar valor para a sociedade. Se o grande desafio é desenvolver rapidamente novos produtos e processos, capazes de atender a um novo padrão de consumo, e de alcançar mercados mais competitivos e rentáveis, a pesquisa e a inovação precisam ser tratadas com elevada prioridade. Uma grande oportunidade para o Brasil, do qual se espera protagonismo crescente e qualificado na produção de alimentos em período de fortes rupturas em diversas áreas. A Embrapa está atenta a essas tendências e mudanças e, como empresa pública de inovação, precisará seguir abrindo caminhos para iniciativas que geram emprego e renda, investindo em capacitação de seus recursos humanos e na sofisticação de processos, métodos e infraestrutura para continuar contribuindo para o desenvolvimento de um agronegócio sustentável e competitivo. junho 2018 – Agro DBO | 25
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Biodefensivos nas lavouras O manejo integrado de pragas e doenças identificou oportunidades, agora vai diversificar, profissionalizar-se e crescer muito. Gustavo Ranzani Herrmann *
O
* o autor é engenheiro agrônomo e presidente da ABCBio – Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico
setor de defensivos agrícolas brasileiro é um dos maiores do mundo, perde apenas para o norte-americano, se considerado o ano fiscal de 2017. As vendas de herbicidas, fungicidas e inseticidas químicos somaram quase US$ 9 bilhões no ano passado em terras nacionais. No entanto, o segmento de proteção de plantas vem atravessando uma fase de transformação nos últimos anos no Brasil, que interrompeu um ciclo de crescimento de 2010 a 2014 (nesse período ficamos à frente dos EUA), estagnando-se em números absolutos menores de 2015 a 2017, e com previsões de mais retração para os próximos anos. Isso torna clara também a movimentação de fusões e aquisições entre as grandes empresas do setor, anteriormente apelidadas de “Big Six”, agora “Big Four” (Syngenta, Bayer/ Monsanto, BASF, Dow/DuPont), que detém mais de 65% do mercado global, segundo dados do Grupo Kleffmann. Dentre as novas tecnologias é importante destacar o crescente uso dos biodefensivos, produtos com ingredientes ativos biológicos registrados no Mapa (Ministério da Agricultura) como controladores de pragas e doenças agrícolas. Dividem-se em macrobiológicos (insetos parasitoides e ácaros predadores) e microbiológicos (fungos, bactérias, vírus e nematoides entomopatogênicos). Dentro do conceito de MIP (Manejo Integrado de Pragas e Doenças) o produtor deve lançar mão da biotecnologia, de variedades resistentes,
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rotação de culturas e controle químico, ferramentas básicas e bem conhecidas. Mas não há como fazê-lo sem o controle biológico, tecnologia que ainda carece de maior conhecimento por parte dos agricultores. O controle biológico nasceu nos institutos de pesquisa do Brasil na década de 1970. Desde então, pouco avançou nas mãos da indústria nacional, sempre acanhada e sombreada pelas grandes corporações fabricantes ou importadoras de químicos, até o começo desta década. Fato é que, pelas razões já elencadas, a demanda cresce a passos largos, o que vem fazendo surgir em-
presas sérias e profissionalizadas, nacionais e estrangeiras, dentro de um segmento que ainda possui muita desinformação e picaretagem. Em 2007, por iniciativa conjunta da Embrapa e de empresas privadas, nasce a ABCBio (Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico), com a missão de profissionalizar e regulamentar o setor. Inúmeras foram as ações e conquistas dessa entidade junto aos órgãos reguladores, resultando em uma união de 23 empresas atualmente, com voz ativa em todas as esferas de poder. Mas não basta. Hoje, o maior entrave para o desenvolvimento desse
Vendas de agroquímicos no Brasil (em bilhões de dólares) 14 12 10 8 6 4 2 0 2010
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Alguns fatores ajudam a explicar a redução nos últimos anos, a saber: • redução de novos lançamentos (“pipeline”) pela indústria de agroquímicos; • advento de novas tecnologias (biotecnologia de sementes, biodefensivos etc.); • o crescente problema de resistência de pragas e doenças a moléculas químicas; • a pressão, principalmente dos países desenvolvidos, por menor uso de agrotóxicos em culturas alimentícias.
mercado é a ausência de capacitação para o uso de biológicos. Poucos são os profissionais no Brasil, sejam autônomos ou ligados a propriedades agrícolas, que recomendam defensivos biológicos com segurança. Isso abre uma avenida para oportunistas e desvios de conduta. Estima-se que metade do mercado de controle biológico no Brasil pertença a três classes, todas elas reprovadas pela indústria. São elas: • Biodefensivos sem registro no Mapa; • Biodefensivos registrados como fertilizantes; • Biodefensivos caseiros. Produtos sem registro são facilmente encontrados nas praças agrícolas, fabricados por empresas inidôneas, sob o pretexto da dificuldade de registrar-se um ativo biológico (regulamentado pela mesma lei dos agrotóxicos) e baixo risco de uso. Ora, as empresas sérias têm que investir em pesquisa, desenvolvimento, produção, formulação, distribuição, assistência técnica e tudo o mais, para fornecer produtos de qualidade à nossa competente agricultura. Não há como imaginar que esse sub-segmento prospere. Mas pelo tamanho do mercado e a falta de estrutura de fiscalização do governo, infelizmente isso acontece. Não raramente também, o agricultor é confundido com produtos que prometem controlar pragas ou patógenos na lavoura, mas foram registrados como fertilizantes. No rótulo, garantias mínimas de macro ou micronutrientes. Dentro do frasco, agentes biológicos de controle. Chamamos isso de desvio de uso, pois a empresa produtora de tal item quer burlar a legislação de defensivos (mais complexa, cara e demorada) e chegar ao mercado através da norma de fertilizantes (mais simples e mais barata, e rápida). No mínimo injusto, se pensarmos que a indústria de defensivos precisa passar por uma série de testes e análises com seus produtos, para mostrar aos órgãos como o Mapa,
Os inimigos naturais das pragas devem ser preservados
Anvisa e Ibama que os mesmos não agridem o ser humano ou o ambiente, e possuem eficiência agronômica. E por fim, os defensivos caseiros. Por conta de um setor ainda incipiente (os defensivos biológicos representam menos de 2% do mercado de proteção de plantas), algumas empresas têm oferecido “kits” de fabricação na fazenda. Muito simpática e atraente, a ideia tem conquistado seguidores, fazendo a difusão da prática em todos os segmentos produtivos (grãos, HF, cana etc.).
os trabalhadores da fazenda. Produtos biológicos produzidos com qualidade ou bem formulados possuem baixa ou nenhuma toxicidade. Mas, se em seu processo produtivo houver margem para crescimento de outros microrganismos (bactérias, fungos etc.), que vão de indesejáveis a perigosos, o produtor pode dar um tiro no pé. Vivemos um momento da agricultura nacional em que a palavra “custo” tem prioridade na cadeia produtiva. E o produtor não está errado
Produtos sem registro são encontrados nas revendas, fabricados por empresas inidôneas. Não há como ser contra a produção caseira, e a ABCBio não é. Ela é facultada ao agricultor dentro da legislação que regulamenta a produção orgânica. Mas é obrigação da indústria (profunda conhecedora do tema), alertar os seus clientes finais dos riscos de tal prática. Quando se trabalha com microrganismos vivos, a exigência de condições hermeticamente fechadas e minuciosamente controladas é sine qua non. Se o produtor tiver condições de montar uma biofábrica em sua propriedade, que atenda aos mínimos requisitos de qualidade, não há problemas nesse sentido. Mas na prática, vemos o oposto: caixas d’água a céu aberto, reatores semi-profissionais e condições de assepsia zero. Isso pode trazer consequências catastróficas ao seu sistema de produção, bem como colocar em risco
em pensar assim, pois desassistido de verdadeiras políticas públicas, a ele sobram os impactos do aumento de preços dos insumos, combinados ao carrossel das commodities agrícolas. De forma alguma se sustenta esse pensamento em longo prazo, pois o que realmente precisamos é de aumento de produtividade e consequente lucratividade no campo. E isso só virá com pesados investimentos em tecnologia, tripartidos entre o governo, empresas privadas e o produtor. Produtos biológicos profissionais na fazenda, aliados ao uso coerente de agroquímicos e à agricultura digital, podem revolucionar a agricultura que conhecemos hoje, na medida em que tornam o manejo mais inteligente e sustentável, trazendo de volta ao sistema um conceito básico: trabalhar a favor da natureza. junho 2018 – Agro DBO | 27
Otimismo, bons negócios e farta tecnologia Richard Jakubaszko
Carlo Lambro, presidente mundial da CNH New Holland, satisfação da empresa na conquista de autossuficiência em combustíveis das fazendas, com o trator movido a metano
A
25ª Agrishow 2018 foi tudo o que uma feira pode desejar, bons negócios (mais de R$ 2,7 bilhões de reais, novo recorde), fartura de lançamentos de alta tecnologia, e muito otimismo. Realizada de 30 de abril a 4 de maio último em Ribeirão Preto (SP) a Agrishow refletiu o bom momento do agronegócio, especialmente a soja, que em final de safra ainda tem boas cotações, consequência da seca na vizinha ArNa Arena de Demonstrações de Campo Agrishow, com a curadoria da Coopercitrus, muitos visitantes puderam conferir a união da teoria com a prática, soluções tecnológicas que auxiliam o agricultor no desenvolvimento produtivo.
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gentina, com perdas na produção de mais de 20 milhões de sacas, e das trapalhadas políticas de Donald Trump com a China. Esta, com demanda aquecida, passou a dar preferência para o Brasil em suas compras, mais as valorizações do dólar, tudo isso aliado a um clima que favoreceu a produção da oleaginosa, com recordes de produtividade em boa parte das lavouras. Uma união de fatores positivos impensável no início da safra, e que foi classificada por especialistas como a safra perfeita. Por essas razões a Agrishow 2018 foi também perfeita, com cenário positivo, e muitas atividades se desenrolando em seus 5 dias de atividades, até mesmo a visita de boa parte dos presidenciáveis pré-candidatos nas eleições de outubro próximo, como Michel Temer, Geraldo Alckmin, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes e outros, atentos para a possibilidade de cabalar votos e, principalmente, conquistar o apoio financeiro do agronegócio, enfim reconhecido como um setor econômico e político importante das atividades do país. Na Arena do Conhecimento, houve dezenas de palestras para quem buscava conhecimento e atualização sobre o setor. O coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura de São Paulo, Orlando Melo de Castro, foi o “Homenageado Agrishow 2018”. A honraria foi entregue durante a cerimônia de abertura, em 30 de abril. A exposição Memórias do Campo foi considerada uma viagem no tempo com 21 tratores de diferentes coleções particulares, onde os visitantes de mais idade puderam apreciar com saudosismo as relíquias exibidas. O Pavilhão de Irrigação foi uma novidade em 2018. Um espaço exclusivo para empresas de pequeno porte e startups que apresentaram seus produtos e tecnologias destinados à irrigação. Agricultura digital Desenvolvida a partir da inteligência artificial, as tecnologias embarcadas pretendem responder dúvidas sobre plantio, colheita e outras etapas da produção. Tecnologia é uma das ferramentas para promover produtividade nas lavouras. A informação, entretanto, se não for bem aproveitada, não serve para muita coisa. E inúmeros agricultores ainda têm dificuldades
para entender a grande quantidade de dados disponíveis, conforme analisou um especialista. A possibilidade de coletar e analisar dados provoca uma revolução na agricultura. Com essas tecnologias, hoje os equipamentos conseguem selecionar os locais exatos em que os defensivos serão aplicados, o que evita desperdícios e favorece uma economia de até 90% nas aplicações. A agricultura de precisão está disponível para que se possa semear na época certa e executar as tarefas de maneira mais eficiente. A agricultura digital, por isso, foi a coqueluche da Agrishow, apesar de ainda deixar muita gente assustada com a velocidade com que as novidades se apresentam, ou pela impossibilidade de seu uso na fazenda, pois a conectividade não é generalizada país adentro. Mas na Agrishow teve gente prometendo solução também pra isso. A redação da Agro DBO esteve na Agrishow, anotando e fotografando o que de mais expressivo estava em exposição. Embrapa – Soluções em TI No estande da Embrapa Informática Agropecuária, um analista demonstrava aos visitantes tecnologias e serviços para as atividades agrícolas. Entre eles estavam aplicativos com o objetivo de disseminar a informatização no campo. O aplicativo Agritempo GIS permite o acesso a informações meteorológicas e agrometeorológicas dos municípios e estados brasileiros. Entre funcionalidades estão mapas de monitoramento, índice de seca e de chuvas, disponibilidade de água no solo, temperaturas máximas e mínimas e previsão do tempo, e ainda dados associados à localização do usuário, fornecida automaticamente pelo sistema de posicionamento global (GPS) do celular ou tablet. O Códex permite acesso a vídeos informativos sobre sistemas
de informação georreferenciada e softwares da Embrapa para apoiar os produtores na adequação às exigências do Código Florestal. O aplicativo informa sobre legislação e proteção do meio ambiente, com o objetivo de orientar a recuperação de áreas degradadas, regularização ambiental e proteção dos biomas brasileiros. O serviço Informação Tecnológica em Agricultura (Infoteca-e) permite acesso a informações sobre tecnologias produzidas pela Embrapa. O conteúdo inclui cartilhas, livros para transferência de tecnologia, programas de rádio e de TV produzidos especialmente para beneficiar produtores rurais e técnicos agrícolas. Já o WebAgritec auxilia o produtor na tomada de decisão, reduzindo os riscos inerentes à produção agrícola. Conta com módulos que permitem uma visão geral do sistema produtivo e orienta no planejamento e acompanhamento da cultura. Os módulos de zoneamento, cultivar, adubação, monitoramento, previsão, diagnóstico e videoteca contemplam, atualmente, as culturas de arroz, feijão, milho, soja e trigo. A ferramenta apresenta informações sobre as épocas mais favoráveis ao plantio, com menores riscos climáticos associados, cultivares apropriadas, indicações de calagem e adubação para cada cultura a partir de análises do solo, entre outros recursos. Jacto Entre os lançamentos destacam-se dois pulverizadores automotrizes: o compacto Uniport 2030, com tração 4x4, e o Uniport 3030 Canavieiro, exclusivo para a cana-de-açúcar. O Uniport 2030 atende à necessidade de pulverizadores automotrizes de menor porte, porém com maior capacidade de tração que permite trabalhar em uma ampla variedade de terrenos. O pulverizador tem desempenho superior comparado aos modelos
semelhantes no mercado. Possui reservatório com capacidade de 2.000 litros, com opções de 24 e 30 metros de barra. O vão-livre de até 1,60 m aumenta a disponibilidade do Uniport 2030 em culturas de maior porte. O reservatório de combustível de 275 litros faz com que o equipamento tenha a maior autonomia do mercado nesta categoria. A transmissão hidrostática 4x4, com controle de tração automático, junto ao motor de 198 cv e baixo peso, possibilitam pulverizar terrenos com inclinações de até 30%. Para um desempenho superior e controle da pulverização e das operações, o Uniport 2030 conta com um pacote tecnológico completo Otmis para Agricultura de Precisão. No Espaço Inovação, a Jacto exibiu diversas novas tecnologias disponíveis aos agricultores. A tecnologia Spot Spray permite, através de um sensor ótico, pulverizar somente onde houver ervas
Automotriz Jacto 2030, Ganhador do prêmio Gerdau Agricultura de Escala
Spot Spray da Jacto, a moderna e econômica forma de pulverizar agroquímicos apenas onde sõo necessârios
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daninhas, reduzindo custos com herbicidas, e também pulverizar em reboleiras com infestação de pragas, previamente demarcadas. O Espaço Inovação mostrou ainda os produtos da linha Otmis para agricultura de precisão, como os equipamentos Omni 500 e 700, e também o piloto automático, telemetria e barras de luzes, tecnologias que podem ser embarcadas na maioria dos produtos Jacto.
gia equipado com motor NEF6 movido a biometano. Espaço para captar talentos Para a CNH a Agrishow foi oportunidade até para a divisão de recrutamento na área de recursos humanos. No estande da empresa, recepcionistas mostravam aos interessados as vagas disponíveis e como cadastrar seus currículos, em cargos desde estágios a cargos de gerência.
Trator a biometano da New Holland foi destaque Máquina conceito consolida a marca como líder em energia limpa; o novo trator movido a biometano estava no estande simbolizando a fazenda autossuficiente em energia, ou seja, o produtor rural produzindo seu próprio combustível. Segundo Carlo Lambro, presidente mundial da CNH - New Holland Agriculture, a Agrishow é a primeira feira sul-americana a receber a tecnologia: “O novo protótipo colocará o produtor rural em um patamar mais elevado, não somente pela produção com menor impacto ao meio ambiente, mas podendo trabalhar com autonomia energética, redução de custos e o mesmo desempenho de um trator padrão”. Junto a essas tecnologias, o visitante pode conferir o lançamento do drone da New Holland, que promove uma análise minuciosa das lavouras, sejam extensas ou com dificuldade de acesso. FPT lançou linha de geradores Solução completa atende a ampla gama de aplicações de geração Standby (emergência), Potência Prime e Potência Contínua, em 32 configurações com potências de 30 a 700 kVA. Inovações como o controle inteligente de energia e cabine modular de fácil manutenção garantem produto Premium ao mercado. A produção é nacional, o que garante financiamento. Outro destaque apresentado é um protótipo de gerador de ener30 | Agro DBO – junho 2018
Massey Ferguson Levou duas novas séries de tratores, a MF 4700 (de 75, 85 e 95 cv) e a MF 5700 (de 95 e 105 cv). Especialmente projetados para ter maior versatilidade no trabalho do campo, os lançamentos são uma evolução de uma das famílias de tratores mais consagrada da marca, a linha MF 4200. Com opção de tração 4x2 ou 4x4, os novos tratores também possuem acionamento eletro-hidráulico do bloqueio do diferencial dos dois eixos, proporcionando um aumento na capacidade de tração. Já o sistema hidráulico garante máxima eficiência em serviços diversos realizados ao mesmo tempo. A Massey lançou ainda a plataforma 9255 Dynaflex, de 45 pés, desenvolvida especialmente para colheitadeiras axiais da classe 8. Com a novidade, a marca se posiciona no mercado com a maior oferta de plataformas draper, oferecendo ao agricultor uma gama de produtos de 25 a 45 pés.
Os dois novos tratores da Massey Ferguson, linhas MF4700 E MF5700
Projetada para o modelo MF 9895, a nova plataforma trabalha com baixo índice de perda de grãos e aumenta o rendimento operacional em até 10% de área colhida no fim do dia, em relação ao modelo de 40 pés. A facilidade no acoplamento à máquina e nos ajustes da plataforma são outros diferenciais, e as regulagens podem ser feitas de dentro da cabine, auxiliando o operador em tarefas como o ajuste do ângulo de ataque da plataforma em relação ao solo. Valtra lançou o BH 184, trator com motor de 4 cilindros e 180 cv A característica garante maior economia de combustível e menor custo de manutenção. A transmissão mecânica Heavy Duty é outra vantagem operacional dessa linha de trabalho pesado, que é indicada para operações com cana-de-açúcar, como transporte do transbordo, por exemplo. O novo modelo faz parte da Linha BH Geração 4, renovada em 2017 e agora passa a oferecer sete opções de faixas de potência. Outro modelo é o BH194, evolução do antigo BH180, líder de vendas no segmento há mais de uma década entre as máquinas de 130 a 200 cv. Agora atualizado, o trator Valtra da quarta geração entrega mais tecnologia ao produtor nessa linha. O BH224 é o maior trator com transmissão mecânica do segmento, com 220 cv, atendendo todas as culturas, principalmente produtores da pecuária e arroz, que
Novo trator BH 184 da Valtra, de 4 cilindros e 184 cv Equipe Jumil comemorou o prêmio Gerdau Agricultura Familiar: à esq. Fabrício Moraes, presidente, ao centro Patrícia Moraes, diretora comercial; de chapéu, o lendário Rubinho Moraes, filho do fundador Justino Moraes
demandam força de trabalho no campo sem perder simplicidade e facilidade de manutenção. Caterpillar, de volta ao agro A Caterpillar exibiu seu portfólio de máquinas destinadas às atividades de suporte no campo. Apenas a linha produzida no Brasil conta com 58 modelos de carregadeiras, retroescavadeiras, tratores de esteiras, escavadeiras, motoniveladoras e compactadores de solo, além de grupos geradores. “Toda propriedade rural precisa de nossas máquinas para carregar e transportar insumos, sementes e materiais, para cavar, limpar estradas e preparar áreas de plantio. A Caterpillar e seus revendedores têm produtos para todas as tarefas com a melhor produtividade e uma ampla linha de crédito”, comenta Odair Renosto, presidente da Caterpillar Brasil. Entre as opções de financiamento estão Finame Agrícola, Mais Alimentos, BB Investe Agro e do Banco Caterpillar. Trimble, na agricultura digital A Trimble levou um conjunto de soluções de agricultura de precisão já consolidadas no mercado brasileiro, além dos últimos lançamentos no país, o monitor Trimble GFX-750 e o EZ-Pilot Pro. Os visitantes do estande tinham acesso às bancadas com demonstrações práticas do uso da tecnologia na propriedade.
Marchesan USAP Semente e Adubo A nova plantadeira Tatu Marchesan oferece 26 linhas de plantio e adubação, com capacidade para 3.000 litros de sementes e 4.800 kg de adubo. Apresenta o sistema Isobus de controle de taxa de sementes e adubo, e pode ser operada por qualquer modelo de trator que possua o sistema de comunicação. Neste sistema, o produtor pode fazer o plantio com taxa variável no adubo e na semente, garantindo o controle total da dosagem necessária em cada ponto da lavoura. A transmissão da linha de plantio é equipada com cabo de aço com desligamento elétrico, conferindo ao sistema estabilidade e precisão no espaçamento de sementes, devido à eliminação da intermitência do sistema mecânico. O desligamento linha a linha proporciona economia de sementes, pois elimina a sobreposição de plantio. A plantadeira conta com o distribuidor de sementes VSET2 da Precision Planting. Ele elimina falhas e duplas do plantio.
de pecuária leiteira familiar. Ela melhora a qualidade da silagem consumida pelos animais e, consequentemente, amplia a rentabilidade dos pecuaristas. A Jumil também exibiu seu lançamento, a plantadora adubadora Supera III, máquina que possui chassi articulado de 3 corpos, o que possibilita ampla articulação, e garante perfeita plantabilidade mesmo em áreas mais difíceis como terrenos irregulares e sobreposição de terraços. Por ser flexível e copiar melhor o terreno, proporciona mais linhas de plantio com menos consumo de cavalagem do trator. Disponível nos modelos de 15 e 17 linhas, estão preparadas para receber todos os pacotes tecnológicos disponibilizados pela Jumil, molas pneumáticas, sistema Easytech, entre outros. John Deere lança Conectividade Rural A iniciativa levará acesso à internet aos produtores, preen-
Plantadeira de 26 linhas da Marchesan para taxas variáveis
Jumil Sobre prêmio Gerdau 2018, na categoria “Agricultura Familiar”, a vencedora foi a colhedora de forragem JM4200SH com Cracker da Jumil. A máquina ensiladora de uma ou duas linhas pode ser acoplada ao trator e tem o objetivo de incrementar a produtividajunho 2018 – Agro DBO | 31
A plantadoraadubadora Supera III, da Jumil, com chassi articulado de 3 corpos
Nova Série H da LS Tractor, com motores de 4 cilindros, nas versões 118 cv, 128 cv e 145 cv
chendo a lacuna de infraestrutura do país, para que as tecnologias destinadas a melhorar a agricultura possam ser utilizadas em todo o seu potencial. A iniciativa consiste na instalação de torres de transmissão, de acordo com a necessidade de cada produtor, que permitirão que ele se conecte à internet, mesmo em locais onde as operadoras móveis não chegam. “O Conectividade Rural representa a real conexão entre a lavoura, as máquinas e as pessoas. A partir dele, o agricultor pode transferir o escritório para o campo e integrar todas as plataformas e softwares da John Deere, além de programas externos, para gerenciar a propriedade e seus colaboradores a qualquer momento e em qualquer lugar”, explica Paulo Herrmann. “Hoje, a conexão à internet já é tão importante quanto são as estradas para o agronegócio, pois é a partir dela que podemos transportar as informações”, completa.
A John Deere divulgou o lançamento do Centro de Operações, plataforma de gerenciamento de dados online que integra informações agronômicas, de máquina e produção e o cruzamento de dados colhidos pelas máquinas durante os trabalhos a campo. “O Centro de Operações, aliado à Conectividade Rural, será peça-chave para transformar de vez a agricultura de precisão no que chamamos de agricultura de decisão: uma realidade em que o agricultor não precisará mais esperar até o fim do dia para tomar uma decisão, pois ele terá os dados em suas mãos para chegar a uma decisão mais assertiva, em tempo real, o que resultará em uma lavoura mais produtiva e rentável”, explica Paulo Herrmann.
e 48 linhas de plantio, que possui 3 tanques de 3.260 até 4.350 kg de sementes, e requer 400 cv do trator para ser operada. Indicada para grandes áreas de plantio de milho, soja e algodão. Firestone A Firestone lançou na feira pneus que oferecem maior capacidade de carga, melhor tração e vida útil mais longa, trazendo ao usuário a melhor opção de custo e benefício. No estande da empresa, os visitantes eram apresentados à nova linha Firestone Performer Row Crop para pulverizadores. O produto foi construído com cintas de aço que permitem carregar mais carga a velocidades elevadas, economizando tempo e combustível. Com o design patenteado, Dual Angle Lug, a área de contato é aumentada e assim proporciona cerca de 4% de tração adicional.
Semeadeira A John Deere lançou a Plantadeira DB90, com opções de 27, 35
A semeadeira DB90 da John Deere, de até 48 linhas, especial para grandes áreas
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LS Tractor A empresa sul-coreana lançou no Brasil a nova série H de tratores, três máquinas com potências de 118 cv, 128 cv e 145 cv, versões com motores Perkins de 4 cilindros, 300 litros de capacidade no tanque de combustível, cabine monobloco com ar-condicionado, e duas opções de transmissão, Synchro Shuttle ou Power Shuttle, na primeira com 12 marchas à frente e 12 marchas à ré, e na segunda com 20 marchas, frente e ré.
Michelin Além de lançamento de um novo pneu, a Michelin inovou num programa de garantia comercial aos clientes da empresa, com garantia de até 9 anos após a data de compra para pneus agrícolas e de até 5 anos para pneus compact line. A garantia, inédita do mercado, segundo Christian Mendonça, diretor comercial, tem ainda proteção contra danos acidentais de até 3 anos após a data de compra para pneus agrícolas, e contra agressões à soqueira de até 2 anos após a compra. Na Agrishow a Michelin lançou o seu novo pneu radial, o Agribib 2 com até 8% de barra mais alta e escultura projetada de deflexão contra agressões de restos de cultura (soqueira) e pedras. Ford A montadora divulgou com fogos de artifício a venda de 50 caminhões dentre diversos modelos de sua linha durante a Agrishow, comprovando que no agronegócio a crise não chegou. Ao mesmo tempo, a Ford inicia este mês a venda da linha 2019 da Ranger, com novos modelos da picape no segmento diesel. A principal novidade é a volta da versão XL com as opções cabine simples, cabine dupla e chassi. Outro lançamento é a versão intermediária XLS 4x2 automática, também equipada com o moderno motor 2.2 Diesel de 160 cv. A nova Ford Ranger XL tem
quina. O equipamento 4 em 1 é um descompactador de solo, um injetor de calcário no solo em até 40 cm de profundidade, uma semeadeira de gramíneas e ainda tem sistema de destorroadores que nivelam o solo. Ou seja, faz 4 operações com uma única passagem, reduz a compactação do solo, e economiza combustível.
Mahindra, a maior do mundo, com os novos modelos de tratores vai chegando devagarinho no mercado brasileiro
configuração como veículo de trabalho, com tração 4x4 e transmissão manual de seis velocidades. Além do desempenho fora de estrada, ela tem capacidade de carga de 1.234 kg na versão cabine simples. Irrigação inteligente A Manna, empresa israelense, exibiu solução para fornecer recomendações de irrigação de forma prática, independente de sensores de solo, e que responde dúvidas do agricultor sobre o quanto de água deve ser entregue a cada planta, e quando. Com base nos modelos de satélite próprio a Manna fornece aos produtores uma visão integrada de alta resolução de toda a área de cultivo, além de previsões meteorológicas. Na Agrishow estavam com preço promocional de US$ 10.00 por ha/ano pelo serviço. GTS A empresa lançou uma nova versão do Terrus Master que une quatro funções em uma única má-
PLA A PLA, indústria argentina, e que tem fábrica no Brasil (Canoas-RS), tradicional fabricante de pulverizadores autopropelidos, lançou o Pegasus 4.6 AIR, um distribuidor autopropelido de sólidos, que substitui os distribuidores tradicionais com discos rotativos usando barras de 30 metros. Com o Pegasus fica mais fácil, rápida e precisa a aplicação de fertilizantes e corretivos, ou sementes de pastagem, em cima de culturas implantadas. Mahindra A empresa indiana, hoje a maior empresa de tratores do mundo, com mais de 2 milhões de tratores vendidos, tem fábrica em 2 Irmãos (RS) desde 2013, ampliou sua linha de tratores com o modelo 9.500 S, cabinado, equipado com motor Mahindra turbo de 95 cv, e capacidade do levante hidráulico de 3.700 kg. O portfólio da empresa tem diversos modelos de tratores, de 26 até 95 cv, e oferece 5 anos de garantia a todos os modelos. Já com 19 concessionárias instaladas no Brasil a
Terrus Master da GTS, o 4 x 1 que descompacta, aplica calcário, semeia e nivela o solo
Distribuidor de sólidos da PLA para fertilizantes ou sementes de pastagens
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Trelleborg Pneutrac, radial indicado para pomares e vinhedos
Mahindra tem capacidade produtiva de mil unidades/ano, e projeta triplicar essa capacidade até 2022.
Trator Steiger da Case. de até 620 cv, arrasta qualquer implemento pesado
Stara Lançou o Imperador 3.0, na realidade um pulverizador autopropelido, sucesso de vendas da empresa, e que se tornou também distribuidor de fertilizantes e que agora na versão 3.0 é adicionalmente um semeador pneumático de sementes leves, sistema utilizado em toda a extensão da barra, que tem cobertura de 27 ou 30 metros, conforme o modelo do equipamento. Segue uma tendência de mercado, de máquinas multiuso, que economiza várias operações com uma única passagem.
permite flexibilidade e maior área de contato, até mesmo sob baixa pressão. A Trelleborg indica o uso do pneu para vinhedos e pomares em geral, e indica que o Pneutrac tem alta performance em terrenos acidentados. Case Entre vários lançamentos da Case destacava-se o trator da linha Steiger, com potências que vão de 370 a 620 cv, projetados para proporcionar potência máxima em qualquer tipo de atividade, especialmente em grandes áreas de plantio. A Case lançou com destaque um drone e o novo pulverizador autopropelido Patriot 350, totalmente renovado, com 3 opções de barras de 27, 30 e 36 metros.
Trelleborg Lançou o Pneutrac, um radial agrícola que tem as vantagens de uma esteira, com desempenho de tração e com flutuação superior, com menor compactação. O Pneutrac tem parede lateral menor, que auxilia na sustentação da do peso da carcaça, o que
Itália Além do tradicional estande que a Unacoma (União Nacional dos Construtores de Máquinas) Gilson Trennepohl, da Stara, sempre com o dedão do ‘‘ok’’ levantado, `a frente do automotriz Imperador
43˚ EIMA será em novembro/2018
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mantém na Agrishow há muitos anos, estiveram em visita à feira diretores da associação italiana. Informaram a realização da 43ª edição da Eima – Exposição Internacional de Mecânica Agrícola, que acontecerá em Bolonha, de 7 a 11 de novembro de 2018. Com a possibilidade de concretização dos acordos comerciais entre o Mercosul e a União Europeia, tanto os brasileiros como os italianos ficam entusiasmados com a possibilidade de realizar negócios sem as grandes tarifas alfandegárias como atuais. Mais de 450 empresários de máquinas e também produtores rurais brasileiros são esperados em Bolonha, para visitar os mais de 2.000 estandes de expositores. Santander O Santander anunciou na Agrishow o “Prêmio Novo Agro”, uma forma de reconhecer e valorizar as atitudes e espíritos empreendedores do produtor rural brasileiro. A iniciativa é uma parceria com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Esalq/USP. As inscrições vão até 30 de junho por meio do site www.premionovoagro.com.br Podem participar desde os pequenos produtores até os de médio e grande porte e que tenham iniciativas que se encaixam nas seguintes categorias: Empreendedorismo, Sustentabilidade, Inovação e Mulher na Gestão.
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CADA UM DO SEU JEITO, VIVEMOS O MESMO SONHO, SOMOS JACTO! CADA UM DO SEU JEITO, nos campos do nosso planeta e no coração de nossos clientes.
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junho 2018 – Agro 23/05/18 DBO |10:39 37
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Agroinformática
A produção de semente nas nuvens O colunista conta um caso de como os computadores, internet e celulares fiscalizam e garantem a qualidade da sua semente. Manfred Schmid *
A
semente se faz no campo. Esta frase, repetida pelos técnicos mais experientes, hoje pode ser comprovada através dos eventos de controle da qualidade em diferentes etapas da produção de sementes.
time da Embrapa Soja, em Londrina), diversos testes foram desenvolvidos para medir a qualidade e o vigor da semente, em diversas fases do processo. Hoje, um dos mais importantes é o teste do tetrazólio. As sementes são amostradas diretamente das plantas, ainda no campo, antes da colheita; a amostra é enviada ao laboratório que, após um condicionamento, analisa o vigor, a germinação e a tendência de perda de qualidade. Participamos recentemente de um projeto de informatização da produção de sementes da empresa Agrex do Brasil. Seguindo a cultura japonesa, o principal diferencial desta empresa, de capital majoritariamente nipônico, é a qualidade.
Todo este processo de checagem de qualidade demanda tempo e necessita de precisão.
*O autor é engenheiro agrônomo e diretor da Agrotis Agroinformática.
Até pouco tempo atrás, a qualidade de um lote de sementes era avaliada quase que exclusivamente por uma análise laboratorial feita entre o beneficiamento e a venda; se esta atingisse índices mínimos definidos por lei, principalmente na germinação, o lote poderia ser comercializado. O problema é que, se nesta hora descobrisse que não apresentava a qualidade desejada, este deveria ser descartado, tendo como prejuízo todo o custo de secagem, limpeza, classificação, empacotamento, armazenamento entre outros. Graças à tecnologia agronômica (mérito de vários pesquisadores, mas com destaque para o competente
E, na produção de sementes, isto salta aos olhos. Lá, um lote de sementes, é submetido a análises de vigor ainda no campo, sendo que só serão colhidas para a UBS, sementes com vigor. Durante a colheita, é analisado o dano mecânico. Cada romaneio que segue para a UBS, é submetido à classificação, onde além de umidade e impurezas, são analisados outros 10 atributos, podendo aquela carga ser descartada. No beneficiamento é calculado o PMS (Peso de Mil Sementes), que permitirá trabalhar o estoque por número de sementes, e não só por peso. Durante o período de armazenamento são feitas várias análises de envelhecimento acelera-
do e germinação. Antes do período de vendas, o lote é submetido à análise oficial, cujos resultados serão lançados em um boletim que, confrontados com os padrões legais de qualidade mínima, autorizará a emissão de documentos (certificado ou termo de conformidade) e a comercialização. Lotes que apresentarem índices inferiores aos desejados, serão descartados. Resultado: sementes de alta qualidade! Todo este processo de checagem de qualidade demanda tempo e necessita de precisão. E é aí que entra a informática. Primeiro, informatizando as vistorias do campo, através de aplicativos de celular para acompanhar as vistorias. O smartphone avisa da amostragem, pela nuvem, o laboratório, executando um protocolo eletrônico. As amostras dos lotes são identificadas com etiquetas com QR-CODE, que serão usadas para leitura rápida no laboratório, sem digitação. Na análise laboratorial, não se utilizam anotações em fichas: as leituras são feitas diretamente em smartphones ou tablets, que efetuam automaticamente as totalizações, médias e testes de variância necessários. Os resultados são interpretados, mostrando eventuais desvios, e são devolvidos, via nuvem, para o demandante, para que tome a decisão em tempo real. Boletins e outros resultados são enviados, pela internet, com assinatura por certificação digital. O mesmo software ainda garante toda a rastreabilidade do processo. É a agroinformática garantindo a qualidade de sua semente. junho 2018 – Agro DBO | 39
Economia
Brasil: produtividade dos fatores na agricultura O autor endossa a tese da PTF de que necessitamos de novos indicadores para saber se estamos usando certo as tecnologias. Decio Luiz Gazzoni *
A
Produtividade Total dos Fatores (PTF) é definida como uma relação entre todos os produtos produzidos por um determinado segmento e todos os insumos utilizados para a sua produção. A PTF é considerada por muitos autores como um bom indicador de mudança de patamar tecnológico, pois mede a eficiência com que os insumos (terra, trabalho, capital e materiais) são combinados para gerar o produto total das lavouras e da pecuária. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mantém uma
* O autor é engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja e membro do Conselho Editorial da Agro DBO.
base de dados com estudos sobre a PTF não apenas dos EUA, mas de inúmeros países e continentes (https://www.ers.usda.gov/data-products/international-agricultural-productivity/ ). Os números mostram que, entre 1948 e 2008, a média anual de crescimento do produto da agricultura nos Estados Unidos foi de 1,58%, e a taxa anual de crescimento da PTF foi 1,52%. De acordo com o Dr. José Gasques (Mapa), o aprofundamento da análise desses números indica que, em média, 96% do crescimento da produção agrícola norte-americana do período foi função da produtivida-
de, e os restantes 4% decorreram do uso de insumos. Além das taxas de crescimento anuais da PTF, a base de dados do USDA também apresenta índices, que facilitam a comparação entre países ou regiões e destes com a média mundial, como apresentado na Figura 1. Pela análise da figura é possível verificar a discriminação causada pelo fator tecnologia, em especial a partir da década de 1990. Nas décadas de 1960 a 1980 os índices de PTF eram relativamente próximos, com pouca variação entre os grandes atores atuais. Chama
Figura 1 – Produtividade total dos fatores na agricultura de alguns dos principais players do comércio agrícola mundial (1991 = índice 100)
40 | Agro DBO – junho 2018
a atenção o fato de que a média mundial, entre 1961 e 1975, encontra-se acima dos países considerados. A análise do banco de dados do USDA mostra que, naquele período, outros países apresentavam elevado índice relativo de PTF, os quais perderam a relevância no mercado internacional no final do século XX e início do século XXI. Posteriormente a 1990, três fatos ressaltam do exame da Figura 1. O primeiro deles é que economias maduras (Europa, EUA e Canadá) mantém-se muito próximas à média mundial, por já haverem auferido ganhos anteriores, o que não é o caso da Índia, que também evolui em índices semelhantes à média global, porém partindo de patamares inferiores. Na parte inferior da curva situa-se a Argentina, cuja agropecuária sofreu em demasia com as crises políticas que assolaram o país, tendo o setor agropecuário sido incapaz de descolar-se da crise para capturar oportunidades que o novo ambiente comercial ofereceu no período. É razoável supor que os sobressaltos econômicos do país influenciaram diretamente a PTF da agropecuária. Na parte superior do gráfico
destacam-se o Brasil e a China, com acentuado crescimento da PTF embora as condições políticas e econômicas dos dois países tenham sido muito díspares no período considerado. De forma estereotipada, os números da PTF na China espelham os resultados da revolução em sua economia, implementada a partir dos anos 1980, com elevadas taxas de crescimento. A agropecuária chinesa se aproveitou do bom ambiente de negócios, da capacidade de investimento
ças implantadas no bojo do Plano Real, especialmente no tocante ao incentivo às exportações agrícolas. O segundo foi o conjunto representado por agricultores empreendedores, entre os melhores do mundo, associado com a visão de captura do mercado externo e a disponibilidade de inovações tecnológicas que permitiram a expansão do agronegócio em bases sustentáveis. Essa conjunção de fatores e estímulos refletiu em ganhos na PTF.
A base de dados do USDA apresenta índices, que facilitam a comparação entre países. direto do governo chinês na agricultura, bem como das inovações tecnológicas decorrentes dos elevados investimentos em pesquisa e desenvolvimento que ocorreram na China nos últimos 40 anos. O Brasil – assim como a Argentina e outros países emergentes – foi periodicamente sobressaltado com crises políticas e econômicas a partir de 1990. Entretanto, dois fatos fizeram com que a agropecuária brasileira pudesse trilhar um caminho de maior sucesso. O primeiro deles foram as mudan-
Sem dúvida, o fato de apresentar o segundo melhor índice de PTF entre os grandes players do agronegócio mundial é uma síntese que explica o sucesso brasileiro, transmutando o país de dependente de importações de produtos agrícolas no maior exportador líquido do comércio agrícola internacional. Os ganhos na PTF sugerem que a tecnologia adequada fez toda a diferença para o agronegócio brasileiro, que, em última análise, tem sustentado a nossa economia.
junho 2018 – Agro DBO | 41
Orgânicos
Luz e nutrientes para vida. Vida para o solo. Há uma polêmica interessante sobre custo-benefício na eficiência de fertilizantes minerais versus fertilizantes organominerais. Carlos A. P. Mendes *
D
izem que somos o que comemos. Podemos extrapolar esta expressão para o reino vegetal. O problema é que, no nosso reino, o animal, está cada vez mais difícil saber o que comemos. Passei boa parte de minha vida tomando cerveja e achava que sabia os ingredientes de sua composição: malte, cevada ou lú-
ções que escutamos nas lojas especializadas ou que encontramos em artigos publicados em revistas são sempre as mesmas: os tradicionais N-P-K´s das fórmulas 04-14-08 no plantio e da mágica 10-10-10 na cobertura. Nos orgânicos, quem nunca ouviu a recomendação de adicionar esterco ou húmus de minhoca para enriquecer o preparo do solo? Raríssimo sair dessa caixinha.
Fertilizantes organominerais conseguem nutrir as plantas com concentrações reduzidas.
* O autor é diretor de Fertilizantes orgânicos, organominerais e biofertilizantes da INPAS – Associação Brasileira de Insumos para Agricultura Sustentável
pulo. Há pouco tempo, descobri que as nossas cervejas comerciais nada tinham a ver com as tradicionais germânicas, que jamais aceitariam denominá-las como tal. As tais cervejas com cereais não maltados soam como uma cilada aos distraídos consumidores, como é o meu caso. Em 2016, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, sigla em inglês) aceitou denominar o cultivo hidropônico sem uso de agrotóxicos como sendo orgânico. Não sem enfrentar forte oposição de setores da sociedade que defendem não ser possível enquadrar como orgânico um vegetal cultivado com água e sais minerais solúveis. Embora o universo de opções para adubar nossas plantas seja amplo, noto que as recomenda-
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O mercado brasileiro de insumos agrícolas evoluiu muito graças à ousadia das empresas fabricantes e comerciantes, que insistem em ampliar o leque de opções. Importante reconhecer as características e funções de cada produto. Comecemos pelo começo: o preparo do solo consiste na operação mais importante para implantar um bom cultivo. Nesta fase, deve-se priorizar a correção do solo visando reparar possível acidez e carência nutricional. Restringir o uso de corretivos e fertilizantes minerais no preparo dos solos degradados é condenar as plantas à desnutrição em pouco tempo, visto que as raízes destas plantas precisam de condições físicas e biológicas adequadas para poderem absorver cor-
retamente a água e os nutrientes. Assim como nós, seres humanos. Os fertilizantes organominerais conseguem nutrir as plantas com concentrações reduzidas de nutrientes solúveis quando comparados aos minerais, visto que as perdas são menores, além de melhor aproveitamento dos nutrientes quando associados ao húmus. Os nutrientes dos fertilizantes minerais estão relacionados, em sua maioria, à rocha de origem enquanto que nos fertilizantes orgânicos os nutrientes são liberados através da ação biológica. Ambos podem ter liberação mais lenta, entretanto, diferem quanto ao impacto ambiental, visto que os minerais não são renováveis e os “primos” orgânicos são. Os fertilizantes organominerais partem do mesmo conceito de mistura dos minerais, sendo que nos organominerais uma das frações é composta por fontes de matérias orgânicas que potencializam o aproveitamento dos nutrientes e permitem a utilização de fórmulas equivalentes menos concentradas, com o mesmo efeito no desenvolvimento vegetal. Porém, não nos esqueçamos que as plantas são o que elas absorvem! Até aqui falamos dos fertilizantes absorvidos pela raiz. Às folhas, a natureza reservou seu dom mais sublime: a fotossíntese. A luz é essencial para fechar este ciclo. A natureza é sábia!
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Café
Pontos para reflexão e ação O entendimento de como a natureza age em relação às plantas perenes ou anuais é fundamental para se ter sucesso com a lavoura. Helio Casale *
O
cultivo do cafeeiro foi há muitos anos, dos mais importantes para o desenvolvimento do nosso país, abrindo estradas, ferrovias, fundando vilas, que se tornaram grandes cidades. Atualmente, ainda exerce grande influência em diversas áreas de clima favorável e que permitem a mecanização desde o plantio até a colheita. Áreas montanhosas situadas em regiões com clima favorável também estão entre as cultivadas com cafeeiros. Hoje, o Brasil ainda é o maior produtor mundial. A diversidade de práticas empregadas no cultivo é impressionante. A cada momento surgem novas conquistas. Nesse caminhar, alguns pontos importantes merecem ser discutidos, de maneira a provocar
– Pequeno emprego do gesso agrícola, produto residual da indústria de fertilizantes fosfatados. Esse produto é indicado para solos com teores baixos de cálcio e elevado teor de alumínio. Para identificar esses solos é necessária uma análise do solo em profundidade, além da convencional. Solos com cálcio em profundidade, sem a presença de alumínio tóxico, não dão resposta satisfatória quando
Causa espanto observar que ainda se emprega mais análises de solo que de folhas.
* O autor é engenheiro agrônomo, cafeicultor, consultor e membro do Conselho Editorial da Agro DBO.
mudanças que levem ao aumento da produtividade e redução nos custos de produção. Eis alguns deles: – Causa espanto observar que, para ajustar a fertilidade, se emprega mais análises de solo que de folhas. 75% das amostras encaminhadas aos laboratórios são de solo e apenas 25% de folhas. As de solo são mais importantes para definir adubações corretivas de cálcio, magnésio, potássio. As de folhas, todos os nutrientes. Analisar folhas antes de cada adubação permite ajustes finos e leva a um equilíbrio nutricional ímpar. Segundo a Dra. Ana Primavesi, planta com nutrição equilibrada raramente é atacada por pragas e moléstias.
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recebem gesso. Seria como chover no molhado. – Manejo dos matos das entrelinhas: a tradição, ainda fortemente arraigada leva a grande maioria dos cafeicultores a manter o solo das entrelinhas livre de matos o ano todo. Na prática, plantar ou deixar vir os matos das entrelinhas reduz a temperatura do solo, levando a um aumento do sistema radicular, aumenta o teor de matéria orgânica do solo e reduz custos com menor emprego de herbicidas seletivos. Manejo em ruas alternadas também reduz custos. – Manejo das plantas – criou-se um estigma de que a desbrota é demorada, cara, que não existe mão de obra
especializada para realizá-la. Deixar as plantas sem desbrota, sem ajustar o IAF – Índice de Área Foliar é como deixar de educar os filhos na infância e juventude. Não educar desde cedo o filho, não desbrotar sistematicamente a lavoura, depois não tem mais jeito. Perdeu o filho e perdeu a lavoura. – Manejo da fertilidade: a variação dos nutrientes ao longo do ano mostra que por ocasião da floração, os nutrientes mais exigidos pelo cafeeiro são o Magnésio e o Manganês. Poucos se dão conta desse fato. A florada não pegou foi por seca, chuva entrou atrasada e outras desculpas mais, quando a causa principal foi a falta de nutrição adequada. – Manejo das plantas no inverno: durante inverno, em temperatura abaixo de 20ºC a 26ºC, o sistema radicular é reduzido e, perto de 2ºC, as folhas são queimadas. Proteger as raízes, mantendo o solo limpo nas entrelinhas. Para proteger as folhas, entrar com pulverização, iniciando pela parte mais baixa do terreno para a mais alta, a cada 3 semanas, empregando a seguinte mistura: melaço de cana a 2%, Terra Sorb Complex (aminoácidos) a 0,5% e o Silicato de Potássio a 1% da calda, visando reduzir o metabolismo, endurecer as folhas e baixar o ponto de congelamento.
Biblioteca da Terra Tecnologias sustentáveis
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A Embrapa lançou uma coleção de e-books reunindo pesquisas e tecnologias apresentadas durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, realizada na sede da ONU, em Nova Iorque, EUA, em 2015. São, ao todo, 18 títulos, editados no formato ePub, acessíveis gratuitamente por celulares via Google Play Livros (para sistemas Android), Calibre (Windows e Linux) e iBook iOS). Para leitura em computadores e laptops, é necessário a instalação de plugins como o EpubReader (para o navegador Firefox) e Readium (para usuários do navegador Chrome).
Consumo in natura Tons de verde
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A Divisão de Biblioteca da Esalq apresenta a edição 65 da série Produtor Rural. O tema desta vez é Soja Hortaliça. A publicação tem como objetivo incentivar agricultores, técnicos e consumidores a conhecer mais sobre a utilização da soja hortaliça, apresentando técnicas para o cultivo e produção, benefícios nutricionais, além de um capítulo sobre comercialização. Assim como as demais edições da série Produtor Rural, a obra pode ser baixada gratuitamente em formato PDF através do link http://www4.esalq.usp.br/biblioteca/ publicacoes-a-venda/serie-produtor-rural
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Com versões em português e em inglês, o livro Tons de Verde: A Sustentabilidade da Agricultura no Brasil, do chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, foi lançado oficialmente na Agrishow, realizada de 30/4 a 4/5 em Ribeirão Preto (SP). O pré-lançamento ocorreu em 17 de abril, durante reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária, em Brasília (DF). Na ocasião, o ministro Blairo Maggi afirmou que a obra, por meio de embasamento científico, reitera o que já se sabe: “O Brasil tem a agricultura mais sustentável do mundo, se comparado com a produção que alcança”. Evaristo de Miranda reforçou: “Em muitos pontos, nosso país é inigualável. O Brasil é verde. Produz com sustentabilidade. Qual a dificuldade de enxergar isso?”. Com 220 páginas, ricamente ilustrado, divide-se em 10 capítulos: Áreas protegidas do Brasil, Áreas preservadas do Brasil, Proteção e preservação ambiental, Agroenergia renovável, Cultivar a terra sem arar, Intensificação tropical, Integrações agropecuárias e florestais, O avanço no uso de agentes biológicos, Pecuária verde e reciclagem em larga escala, Diversidades e singularidades. O preço de capa é R$ 127,50. Para comprálo, acesse www.wmfmartinsfontes. com.br
Tratado sobre bambus
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Disponível em formato digital desde novembro passado, o livro Bambus no Brasil, da Biologia à Tecnologia, publicado pela Embrapa Acre em parceria com o Instituto Ciência Hoje, ganhou versão impressa, por enquanto em quantidade limitada. A versão digital pode ser acessada pelo link https://www.embrapa.br/acre/buscade-publicacoes/-/publicacao/1078373/bambus-no-brasil-da-biologiaa-tecnologia. Com 41 capítulos, produzidos por 163 profissionais de dezenas de instituições, está dividido em três partes: Biologia e conservação, Desenvolvimento e Produção e Usos industriais, com abordagens que vão da pesquisa básica à tecnologia aplicada.
Saneamento e segurança MANUAL DE
SANEAMENTO E SEGURANÇA AMBIENTAL EM MATO GROSSO
2017/18
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O Instituto Mato-grossense do Algodão e a Associação Matogrossense dos Produtores de Algodão apresentam a terceira edição do Manual de Saneamento e Segurança Ambiental em Mato Grosso. A primeira edição é de 2008. A segunda, de 2016. A deste ano inclui as alterações que regem a política de meio ambiente em níveis estadual e nacional. A publicação tem por objetivo ajudar os produtores rurais a adequar suas estruturas e processos produtivos à legislação ambiental. O manual pode ser acessado gratuitamente nos sites do IMAmt (www.imat.com.br) e da Ampa (www.ampa.com.br).
Novidades no campo Arroz irrigado para o Norte
Soja para o Cerrado
▶taram a AgroBrasilia, realizada no mês passado em
A Embrapa Cerrados e a Fundação Cerrados aprovei-
Brasília (DF), para apresentar as cultivares de soja BRS 5980IPRO e BRS 6780, adaptadas às condições agroclimáticas do Centro-Oeste brasileiro. De ciclo superprecoce (100 dias), a BRS 5980 é resistente aos nematoides de galhas (M. javanica) e de cisto da soja (raças 3, 4, 5 e 14). A BRS 6780 é uma cultivar convencional, nGMO (Soja Livre), de alto potencial produtivo e resistência às principais doenças da cultura. Hiperprecoce (90 dias de ciclo), favorece o plantio da segunda safra.
▶Basf, detentora da tecnologia Clearfield, a BRS A702 Fruto da parceria entre a Embrapa Arroz e Feijão e a
CL é a primeira cultivar de arroz irrigado com resistência ao herbicida Kifix, desenvolvida para a região tropical brasileira. Com produtividade média de 7.650 quilos por hectare e elevada tolerância ao acamamento, apresenta ciclo curto (de 106 a 120 dias), com floração aos 80 dias, e grãos da classe longo fino, de aparência translúcida, baixa intensidade de gessados e 63% de rendimento de grãos inteiros. A nova cultivar é indicada para cultivo em Roraima e no Tocantins.
Pimenta “salmão”
Novidades da Alta
▶tro de dois novos produtos, um dos quais o Zavit,
A América Latina Tecnologia Agrícola obteve regis-
herbicida sistêmico e não seletivo indicado para controle de plantas daninhas nas culturas de soja, milho, algodão, trigo, cana-de-açúcar, eucalipto e pinus. Com exclusiva formulação SG (granulado solúvel), de excelente miscibilidade, segundo a empresa, também é recomendado para erradicação da soqueira em canaviais e como maturador de cana. O segundo produto é o Seven, fungicida à base de Tebuconazol em formulação 430 SC, para controle de doenças foliares nas culturas da soja e do trigo.
▶
Desenvolvida pela Embrapa Hortaliças, a BRS Tuí tem cor alaranjada clara, quase salmão. Extremamente aromática, deve atender ao segmento que procura materiais com menos picância, mas com sabor e aroma acentuados. Com alta produtividade, uniformidade de plantas e frutos, e resistência a doenças, tem potencial para mercado de frutos frescos e também para processamento de conservas, geleias, azeites e vinagres aromatizados. Outra possibilidade da Tuí é seu uso como planta ornamental. A Embrapa lançou edital de oferta pública para multiplicação e comercialização de sementes.
Herbicida líquido
▶o herbicida Sumyzin 500 SC, da Nufarm, recomen-
Antes comercializado na versão WP (pó molhável),
dado até então para o controle de plantas daninhas nas culturas de cana-de-açúcar, soja, mandioca, eucalipto e pinus, passou a ser distribuído na formulação líquida. De acordo com a empresa, o Sumyzin é classificado como um herbicida de alta tecnologia, seletivo e não sistêmico, para uso em pré-emergência e pós-emergência de plantas daninhas. Na forma líquida, pode ser usado também nas culturas de algodão, batata, café, cebola, citros e feijão. junho 2018 – Agro DBO | 47
Calendário de eventos
junho
6
VI Fórum Brasileiro do Feijão e Pulses – De 6 a 8 - Expo
Unimed Curitiba - Curitiba (PR) Fone: (41) 3029-4300 - Site: www. forumdofeijao.com.br - E-mail: edgar@airpromo.com.br
6
Bio Brazil Fair/Biofach América Latina/14ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia – De 6 a
9 - Pavilhão do Anhembi - São Paulo (SP) - Fone: (11) 2226-3100 - Site: www.biobrazilfair.com.br - E-mail: biobrazilfair@francal.com.br
12
2ª Feinacoop/Feira Nacional do Agronegócio, Bioenergia e Cooperativas – De 12 a 14 - Expoara
Centro de Eventos - Arapongas (PR) - Fone: (41) 3521-6226 - Site: www.feinacoop.com.br - E-mail: operacional@markmesse.com.br
13
Digital Agro 2018 – De 13 a
14 - Pavilhão de Exposições Frísia (anexo ao Parque Histórico de Carambeí) - Carambeí (PR) Fone: (42) 3231-9000 - Site: www. digitalagro.com.br
14
10° Piauí Expo Show– De 14 a
17 - Parque de Exposições de Bom Jesus (BR 15, km 5) - Bom Jesus (PI) - Fone: (62) 3586 - 3988 - Site: www.rseventos.net.br
20
– Bento Gonçalves (RS) – Fone: (19) 3243-0396 – Site: www.35cbn.com.br – E-mail: eabramides@terra.com.br
26
20ª Ecomondo Brasil/Feira Internacional de Soluções Sustentáveis para o Meio Ambiente – De 26 a 28 - Transamerica Expo Center – São Paulo (SP) - Fone: 5095 0072 - Site: www.ecomondobrasil. com.br E-mail: secretaria@ expoestrategia.com.br
julho
8
III Workshop de Modelagem de Sistemas Agrícolas – De 8 a 13
- Esalq/USP - Piracicaba (SP) - Fone: (19) 3447-8519 - Site: www.fealq.org. br - E-mail: gepema.agrimet@gmail. com
11
Expo Aero Brasil/Feira Internacional de Aeronáutica
– De 11 a 14 - Parque Martim
Cererê - São José dos Campos (SP) - Fone: (11) 3845-1344 - Site: www. eabairshow.com.br
16
1° Campo Grande Expo – De 16 a 20 - Terra Nova Eventos Campo Grande (MS) - Fone: (67) 30430027 - Site: www.campograndexpo. com.br - E-mail: alessandra@certifica. com
25
III Workshop Internacional sobre Cadeia Sucroenergética – De 25 a 26 -
25ª Hortitec/Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas – De 20 a 22 - Parque da
Esalq/USP (Anfiteatro do Pavilhão da Engenharia) - Piracicaba (SP) - Fone: (19) 3417-6600 - Site: www.fealq.org. br - E-mail: contato@fealq.org.br
Expoflora - Holambra (SP) - Fone: (19) 3802-4196 - Site: www.hortitec. com.br - E-mail: rbb@rbbeventos. com.br
28
24
35º CBN/Congresso Brasileiro de Nematologia
56º Conber/Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural – De 18 a 1/8 - Universidade de
Campinas - Campinas (SP) - Fone: (61) 3326-5292 - Site: www.sober.org.br – De 24 a 29 – Dall’Onder Grande Hotel E-mail: sober@sober.org.br
48 | Agro DBO – junho 2018
11 - VIII CBSoja/ Congresso Brasileiro de Soja - De 11 a 14 Centro de Convenções de Goiânia - Goiânia (GO) - Fone: (43) 3205-5223 - Site: www.sbsoja.com.br - E-mail: cbsoja@ fbeventos.com
O CBSoja é considerado o maior evento do complexo produtivo da soja no Brasil. A temática desta edição (“Inovação, tecnologias digitais e sustentabilidade”) expressa a tendência prevalente no campo, caracterizada pela tecnificação da lavoura, sem prejuízo ao meio ambiente – em comum, a agricultura atual e as novas tecnologias digitais buscam maior produtividade, agilidade, eficiência na gestão e sustentabilidade dos sistemas produtivos. Segundo estimativa dos organizadores, o congresso deve reunir mais de 2 mil participantes do Brasil e do exterior.
30
Feacoop 2018/Feira de Agronegócios Coopercitrus
– De 30 a 2/8 - Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (Rodovia Brigadeiro Faria Lima, km 384) Bebedouro (SP) - Fone: (17) 3344-3000 - Site: www.feacoop.com.br
agosto
6
17° Congresso Brasileiro do Agronegócio – Dia 6 -
Sheraton WTC São Paulo Hotel - São Paulo (SP) - Fone: (11) 3285-3100 - Site: www.abag.com.br - E-mail: abag@abag.com.br
6
47º Conbea/Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola – De 6 a 8 - Centro
Internacional de Convenções do Brasil - Brasília (DF) - Fone: (16) 3203-3341 - Site: www.cicb.com.br E-mail: conbea.sbea@gmail.com
13
VIII Congresso Andav – De 13 a 15 - Transamerica Expo Center - São Paulo (SP) - Site: www. congressoandav.com.br - E-mail: info@congressoandav.com.br
21
Fenasucro & Agrocana – De 21 a 24 - Centro
de Eventos Zanini - Sertãozinho (SP) - Fone: (11) 3060-4717 - Site: www.fenasucro.com.br - E-mail: atendimento@reedalcantara.com.br
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junho 2018 – Agro DBO | 49
Legislação
Restrição ao direito de preferência Pouca gente sabe: o arrendamento de terras garante direitos ao arrendatário e para evitar atritos existem os contratos. Fábio Lamonica Pereira *
O
s contratos de arrendamento e parceria rural são regulados por lei específica, conhecida como Estatuto da Terra (Lei nº 4504/64), e seu regulamento (Decreto nº 59566/66). O arrendamento (uma espécie de aluguel) consiste basicamente na concessão temporária de determinada área rural para atividades agropecuárias, respeitadas as características, direitos e obrigações estabelecidos em lei.
ções, desde que o faça no prazo de seis meses a contar do respectivo registro da transação, depositando o preço e pedindo, judicialmente, que seu direito seja reconhecido. Mas há restrições estabelecidas pela lei que podem gerar divergências quanto ao citado direito de preferência. Regulamentação Da leitura da lei em conjunto com as disposições do respectivo regulamento é possível depreen-
A regulamentação da lei pode gerar divergências quanto ao direito de preferência.
O autor é advogado especialista em Direito Bancário e do Agronegócio
Dentre os direitos, está assegurado ao arrendatário (aquele a quem a terra é cedida) o direito de preferência de compra, em caso de venda do imóvel arrendado durante a vigência do contrato, sendo necessário que o proprietário encaminhe comunicação formal ao arrendatário em que conste, detalhadamente, o preço e condições da transação. O arrendatário, então, terá o prazo de 30 (trinta) dias para que possa exercer seu direito, efetivando a aquisição. Se o arrendatário optar por não adquirir o imóvel e, posteriormente, verificar da escritura pública de compra e venda que a transação efetivada com terceiros se deu por valor e condições mais atrativas das que lhe foram propostas, terá direito à aquisição pelas mesmas condi-
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der-se que o direito de preferência não pode ser aplicado a toda e qualquer situação. Apesar de o Estatuto da Terra não limitar a aplicação de determinados direitos, o respectivo regulamento fez restrições, diferenciando grandes empresas daqueles que exploram a terra de forma pessoal e direta. Em regra, o regulamento não pode restringir direitos que a própria lei não o fez. Contudo, se analisados o contexto e a intenção do legislador, é possível concluir que seria válida a interpretação restritiva. Há, no entanto, controvérsias. Sob esse contexto, admitindo-se a interpretação restritiva, uma grande empresa não teria o direito de preferência em caso de venda de bem arrendado, uma vez que a intenção do legislador é a de aplicar
o princípio de justiça social, interpretação já adotada pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ em caso semelhante ao exposto. Então, pelo citado entendimento do STJ, somente arrendatários que explorem a atividade de forma direta e pessoal podem exercer o direito de preferência previsto em lei. Mas é possível que, ainda que o arrendatário se caracterize como uma empresa de grande porte, haja ajuste expresso em contrato acerca do direito de preferência em caso de venda do imóvel arrendado, aplicando-se, pois, as disposições do Código Civil. É evidente que as situações devem ser analisadas em suas particularidades, relativamente ao tipo de exploração agropecuária, ao porte do arrendatário, à forma de exploração, aos prazos ajustados etc., a fim de que seja possível identificar qual lei será, efetivamente, aplicável para que as disposições contratuais possam ser coerentemente estabelecidas. Conclui-se que, na legislação brasileira, algumas leis nem sempre são claras. E ainda que, para sua aplicação, se ocorrem divergências entre as partes, muitas vezes é necessária a palavra final do judiciário, de forma que a melhor interpretação prevaleça. Por outro lado, faz-se necessária a tomada de medidas preventivas, como a elaboração minuciosa de bons contratos, a fim de que sejam evitados desdobramentos indesejados.
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