Sumário
28 Entrevista
Presidente da Aiba – Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia, Júlio Cézar Busato discute problemas do setor e gargalos do oeste do estado.
34 Tecnologia
Produtor e consultor, Alisson Hilgemberg, de Ponta Grossa (PR), vence o Desafio Cesb de produtividade com 141,97 sc/ha de soja.
37 Energia
Embora restrita basicamente às indústrias, a produção de biomassa na fazenda pode ser boa opção de renda para o agricultor.
48 Perfil 20
Matéria de capa Mais do que nunca, a safra 2015/16 de soja dependerá do clima e do câmbio. Muitos produtores, sem poder contar com os recursos do pré-custeio, sofreram no mês passado para fechar a conta despesa/receita.
Agro DBO lembra a trajetória de um visionário: o empresário Olacyr de Moraes, o “rei da soja”, morto no mês passado em São Paulo aos 84 anos.
Artigos 8 – Rogério Arioli reivindica mais investimentos em pesquisa e tecnologia 10 – Roque Dechen homenageia o IAC pelos seus128 anos de pesquisa 32 – Décio Gazzoni avalia a nova soja GM, Cultivance, da Embrapa/Basf. 42 – Richard Jakubasko reverencia o homem do campo pelo Dia do Agricultor 44 – Adriana Brondani defende a proposta de rotulagem de alimentos GM 54 – Amilcar Centeno escreve sobre manutenção preventiva em máquinas 66 – Fábio Lamonica analisa diretrizes para compra de terra por estrangeiros
Seções Do leitor.............................................................. 6 Ponto de Vista................................................... 8 Notícias da terra.............................................12 Clima..................................................................40
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Política................................................................50 Novidades no campo...................................56 Análise de mercado......................................58 Biblioteca da terra..........................................60 Calendário de eventos.................................65
Do Leitor des que podem facilmente ultrapassar essa produtividade, como o BRS Notável, com 4.470 kg/ ha (página 2); Pontal, com 4.270 kg/ha (página 1); Ametista, com 4.265 kg/ha (página 2) e outras igualmente produtivas. Todas essas variedades são indicadas para diversos estados. Com tantas variedades produtivas, não entendo como uma produtividade de 2 toneladas/ha foi considerada excelente. Creio ser necessária melhor divulgação dessas variedades produtivas, ao invés de uma variedade que julgo medíocre. É o meu pensamento. ALAGOAS
Recebi a edição de maio da excelente revista Agro DBO. Tenho a destacar, além de outras matérias igualmente importantes, a nota “Pesquisa I - Feijão tolerante à seca”, na página 16, sobre melhoramento genético do feijão Caupi. Os números apresentados apontam para uma “produtividade em torno de 2 toneladas por hectare”. Diz a nota que, “nas variedades comerciais, a média, hoje, é de 1,1 tonelada/ ha”. Ainda se refere à “excelente produtividade” (sic). Em anexo estou encaminhando material colhido na internet (O feijão nosso de todo dia) sobre variedades de feijão. Vemos diversas varieda-
Carlos José Pedrosa Maceió
NR: Admitimos que a nota publicada na revista (na seção “Notícias da terra”) não tenha sido clara o suficiente. Leitor assíduo da Agro DBO, Carlos Pedrosa cita três cultivares altamente produtivas (Notável, Pontal e Ametista), todas elas de feijão comum (Phaseolos vulgaris), do tipo carioca. A pesquisa trata, porém, somente de feijão-caupi (Vigna unguicuata), também chamado de feijão-de-corda, feijão-estrada, macassar e outras denominações. Mais especificamente, os pesquisadores avaliaram linhagens de feijão-caupi resistentes ao estresse hídrico. O comparativo, no caso,
foi feito com outras variedades de caupi, não com outras espécies de feijão – como as relacionadas pelo leitor. A intenção era (é) indicar variedades capazes de sustentar comunidades rurais residentes em regiões áridas do Nordeste do Brasil, especialmente aquelas onde a maioria dos vegetais (incluindo as demais espécies de feijoeiro) não vinga. GOIÁS
Excelente revista, com assuntos pertinentes à minha área de atuação (sou técnico agrícola). Carlos Alberto D. da Silva Itumbiara
MATO GROSSO DO SUL
A Agro DBO é uma revista interessante, de fácil entendimento. Everton A. Gelain. Dourados
Excelente revista, com informações de prestígio e grande valia. A Agro DBO traz novidades técnicas e informa com clareza, sempre respeitando o produtor rural. Cassiano Rodolfo Hilleshaim Marechal Cândido Rondon
AgroDBO se reserva o direito de editar/resumir as mensagens recebidas devido à falta de espaço.
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Carta ao leitor
O
“cenário nebuloso”, conforme se pode constatar na matéria de capa desta edição da Agro DBO, “em texto da jornalista Marianna Peres, pois os custos de produção aumentaram, devido a alta do dólar, o crédito do pré-custeio atrasou, as compras de insumos não se concretizaram e vislumbra-se uma valorização do real por ocasião da colheita no início do próximo ano. Tudo isso é suficiente para que se coloquem as barbas de molho, especialmente no Brasil Central, diante da queda de lucratividade na próxima safra, apelidada antecipadamente de safra da insegurança. Na soja, registramos matéria do jornalista Glauco Menegheti com o engenheiro agrônomo e agricultor Alisson Hilgemberg, de Ponta Grossa (PR), onde revelamos os segredos desse ganhador do concurso de produtividade do Cesb, o Comitê Estratégico Soja Brasil, que obteve a quase inacreditável produtividade de 141,79 sc/ha. Outro destaque da edição é o perfil de Olacyr de Moraes, autoria de José Maria Tomazela, que resume o empreendedorismo daquele que foi denominado de “o rei da soja”, morto em 16 de junho último, aos 84 anos. Na entrevista do mês o presidente da Aiba, Júlio Busato, mostra os gargalos do oeste da Bahia em termos de logística, e também a preocupação com a prevista baixa lucratividade dos grãos para a próxima safra. No artigo de Decio Gazzoni festeja-se a liberação de importação da Cultivance pela União Europeia, fato que permitirá aos agricultores o uso de cultivares de soja com aplicação de outro herbicida que não o glifosato; isto, de um lado, reduzirá a pressão por aumento de ervas daninhas resistentes, e, de outro lado, abre concorrência com a soja Intacta, gerando a expectativa de que um mercado mais competitivo entre os fornecedores de sementes possa trazer vantagens aos produtores. Existe, além disso, a perspectiva de aprovação da nova soja brasileira, parceria entre a Embrapa e a Basf, para importação pela China. Já Rogério Arioli aponta em seu artigo que o agro precisa investir mais em pesquisas e desenvolvimento de tecnologias, sob pena de não acompanhar a concorrência internacional, pois perderemos competitividade. Comemoramos antecipadamente o 28 de julho, dia do agricultor, ou melhor, o dia do produtor de alimentos, parabenizando o homem do campo pelo comportamento otimista e profissional, safra após safra, como o grande impulsionador do crescimento do Brasil, pois a crise não chegou e nem vai chegar às lavouras, se Deus quiser. Aos que desejarem manifestar suas opiniões, pedimos enviar e-mail para redacao@agrodbo.com.br.
é uma publicação mensal da DBO Editores Associados Ltda. Diretor Responsável Demétrio Costa Editor Executivo Richard Jakubaszko Editor José Augusto Bezerra Conselho Editorial Décio Gazzoni, Demétrio Costa, Evaristo Eduardo de Miranda, Hélio Casale, José Augusto Bezerra e Richard Jakubaszko Redação/Colaboradores Adriana Brondani, Amílcar Centeno, Antônio Roque Dechen, Décio Luiz Gazzoni, Fábio Lamonica Pereira, Glauco Menegheti, Gustavo Porpino, Hélio Casale, João Paulo Botelho, Marco Antônio dos Santos, Marianna Peres e Rogério Arioli Silva Arte Editor Edgar Pera Editoração Célia Rosa e Edson Alves Coordenação Gráfica Walter Simões Marketing Gerente: Rosana Minante Comercial Gerente: Paulo Pilibbossian Executivos de contas: Andrea Canal, José Geraldo S. Caetano, Maria Aparecida de Oliveira, Marlene Orlovas, Tereza Helena Virginia e Vanda Motta
Richard Jakubaszko
Circulação Gerente: Edna Aguiar ISSN 2317-7780 Impressão Log&Print Gráfica e Logística S.A. Capa: Foto Delfim Martins/Pulsar Imagens DBO Editores Associados Ltda Diretores: Daniel Bilk Costa, Odemar Costa e Demétrio Costa Rua Dona Germaine Burchard, 229 Perdizes, São Paulo, SP 05002-900 - Tel. (11) 3879-7099 redacao@agrodbo.com.br www.agrodbo.com.br
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Ponto de vista
Na velocidade do futuro Precisamos investir mais em pesquisas e desenvolvimento de tecnologias, sob pena de o agro não acompanhar a concorrência. Rogério Arioli Silva *
A
* O autor é engenheiro agrônomo e produtor rural em Mato Grosso
pesar de o agronegócio consolidar-se como o principal vetor do crescimento econômico brasileiro nos últimos anos, oferecendo respostas rápidas e produzindo recordes de safra a cada ciclo, não se observa geração de tecnologia em velocidade condizente com os problemas que vêm surgindo no campo. É inegável que o Brasil possui vantagens comparativas de clima, solos e espaço territorial, além de produtores geneticamente preparados para investir, colocando-se assim como o grande celeiro mundial dos próximos anos. À respon-
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sabilidade de produzir em torno de 40% do aumento da demanda futura de alimentos, no entanto, se contrapõe uma crescente necessidade de enfrentamento dos desafios que se sucedem. Alguns destes desafios já motivaram ampla discussão neste espaço, como a logística, o crédito agrícola, a assistência técnica, além da sempre lembrada sustentabilidade. Não menos importante é a premente necessidade de se ampliar os investimentos em ciência e tecnologia, onde existe um verdadeiro fosso entre o conhecimento gerado no Brasil e no restante do mundo desenvolvido. O
que se fez até aqui, com a participação do investimento público – principalmente através da Embrapa, e ainda do investimento privado – via fundações e empresas particulares de pesquisa, produziu bons resultados, todavia, não afasta o risco de obsolescência, resultado da rapidez com que a tecnologia evolui. O famoso cientista inglês Isaac Newton (1643 – 1727) alertou que “o diâmetro do conhecimento aumenta a superfície de contato com o desconhecido”. O espetacular crescimento da agricultura das últimas décadas é a prova mais contundente da assertiva do cientista: quanto mais se avança na criação e desenvolvimento de novas tecnologias maior se torna a necessidade de intensificá-las. O conhecimento por hectare tem avançado muito, não há dúvidas quanto a isso, mas será o bastante para enfrentar com proficiência as novas demandas de crescimento com responsabilidade ambiental? Certamente não! Os investimentos nacionais em ciência e tecnologia são da ordem de US$ 24 bilhões por ano, o que parece muito num primeiro momento. Todavia, ao comparar-se com o investimento norte-americano que atinge em torno de US$ 400 bilhões anuais é possível prever-se uma significativa dependência futura, especialmente de novas tecnologias importadas. Uma comparação com a maior economia do mundo é algo até constrangedor para o Brasil, entretanto, trata-se do grande concorrente a ser enfrentado na abertura de novos mercados. O sucesso nacional será obtido somente com uma cultura favorável à inovação.
Em ranking divulgado pelo IMD (World Competitiveness Yearbook – Ranking Mundial de Competitividade) o Brasil amargou o 56° lugar no que diz respeito ao desempenho de inovações tecnológicas. Ficou atrás de Chile, Colômbia e Peru, só para citar a América do Sul. Por aqui ainda se imagina que os governos – que se mostram cada vez mais ineficientes sejam capazes de, isoladamente, suprir a necessidade de recursos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Enquanto na Alemanha e nos Estados Unidos 66% destes gastos são oriundos do setor privado, aqui no Brasil apenas 50% tem essa origem. Diagnóstico do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) publicado em 2014 indica que ainda existe no Brasil uma “baixa relação entre empresas, universidades e centros de pesquisa”, além de um
“perfil pouco intensivo em tecnologia da maioria dos setores que respondem pelo PIB nacional”. O remédio para isso, segundo o mesmo estudo, cita o incentivo existente nas universidades norte-americanas, por exemplo, na busca de parcerias com a indústria, demonstrando o imenso potencial comercial das inovações geradas.
maioria delas jamais foi testada criteriosamente por instituições idôneas. O produtor acaba sendo cobaia dessas novidades e, muitas vezes, investe de forma errada sem nenhum respaldo científico, agregando apenas mais custos à sua atividade, além de perder uma renda que poderá lhe fazer falta no futuro. É preciso investir na construção
Há um baixo volume de investimento em tecnologia nos setores que respondem pelo PIB Essa atividade empreendedora sendo gestada dentro dos bancos escolares é uma das saídas para o atual apagão tecnológico no qual estamos submergindo. Trazendo para o setor agropecuário propriamente dito, são inúmeras as novas tecnologias oferecidas ao produtor, entretanto a grande
de um ambiente que propicie maior intercâmbio entre as universidades e as empresas privadas, de modo a garantir mais investimentos em pesquisa e experimentação, diminuindo, desse modo, o tempo para que essas inovações cheguem ao produtor e desencadeiem resultados econômicos positivos.
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Artigo
A semente da vida está em nosso solo O IAC – Instituto Agronômico de Campinas comemorou 128 anos de existência, com vitórias inesquecíveis para a agricultura. Antonio Roque Dechen *
A
* O autor é Professor Titular do Departamento de Ciência do Solo da ESALQ/USP, Presidente da Fundação Agrisus, Presidente do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) e Membro do Conselho do Agronegócio (COSAGFIESP), foi Pesquisador Científico do Instituto Agronômico de 1975 a 1981.
FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura) denominou o ano de 2015 como Ano Internacional do Solo. Diante disso, as Instituições de Ensino e de Pesquisa do Brasil voltaram sua atenção para este imenso patrimônio que é o nosso solo. O Instituto Agronômico adotou o tema: “A semente da vida está em nosso solo”, uma feliz escolha para a Instituição Agronômica pioneira em pesquisas sobre solos no Brasil. O IAC foi criado pelo Imperador D. Pedro II em 1887 em virtude de que, naquela época, a região do Estado de São Paulo enfrentava sérios problemas com a exaustão da fertilidade dos solos, posto que o Brasil não tinha acesso a fertilizantes (A primeira referência à importação de fertilizantes é de 1895, realizada por Pereira Barreto). Entre os anos de 1876 e 1883 foram plantados 105 milhões de pés de café na região de Campinas, fazendo com que a região produzisse, em 1886, o equivalente a 15% de todo o café produzido no Estado. O cultivo contínuo de café sem o manejo adequado estava exaurindo a fertilidade dos solos. O primeiro diretor do Instituto Agronômico foi o alemão Franz Wilhelm Dafert, discípulo de Justus von Liebig (Lei do Mínimo), qual teve a difícil missão de mudar paradigmas e implementar ações com embasamento técnico cientifico junto aos produtores para assegurar que os solos fossem manejados de forma
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correta e possibilitassem cultivos sucessivos na mesma área, ou seja, foi o responsável pela ação pioneira de sustentabilidade em solos brasileiros, merecendo destaque também a visão empreendedora e contribuição de D. Pedro II com a implantação de Institutos de Pesquisas Agronômicas em diversas regiões do Brasil e da criação da primeira Escola de Agronomia do Brasil, na Bahia, em 1877. O Instituto Agronômico e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (fundada em 1901), são pioneiros em estudos dos solos em todas as suas vertentes, e em conjunto com a Embrapa, e as Instituições estaduais de ensino e pesquisas, prestam valiosa colaboração à sociedade brasileira e mundial, já que os solos são a base da nossa produção agrícola. O Brasil tem hoje uma produção agrícola expressiva: neste ano, está ultrapassando a barreira de produção de 200 milhões de toneladas de grãos, fazendo parte de um restrito grupo de países que produzem 1 tonelada de grãos por ano por habitante. Oportuna a escolha do tema: A semente da vida está em nosso solo,
por uma instituição que já lançou 1020 cultivares de plantas das mais variadas espécies e realiza levantamentos detalhados de solos, tem laboratórios de análises químicas e física de solos, de análises de resíduos, todos com ISO 17025, sendo certamente uma das instituições brasileiras que mais contribui para a paz, produzindo alimentos e combatendo a fome. E como já disse John Boyd Orr, primeiro Diretor Geral da FAO, “Não se constrói a paz em estômagos vazios”. Privilegiado o Estado que tem uma Instituição do porte do Instituto Agronômico, que implantado em Chão Fecundo (Titulo do livro comemorativo do Centenário da Instituição), continua lançando sementes a mãos cheias nos solos brasileiros, e, como Instituição Pública, tem contribuído de forma significativa para o desenvolvimento do País e qualidade de vida de todos nós. Parabéns aos Pesquisadores e Funcionários, parabéns Instituto Agronômico por seus 128 anos em pesquisas, que vão além dos horizon tes do solo.
Notícias da Terra Safra I
Safra II
Brasil vai colher 204,5 milhões de toneladas de grãos
IBGE prevê 204,3 milhões de toneladas
A
quinta estimativa de 2015 do IBGE para a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas aponta produção de 204,3 milhões de toneladas, 5,9% acima do obtido na safra passada (192,9 milhões t). As três principais culturas deste grupo – soja, milho e arroz – respondem por 91,9% da estimativa da produção e 86% da lavoura. Em relação à temporada 2013/14, os pesquisadores constataram aumento de 11,4% na produção de soja, 0,4% na de milho e 2,1% na de arroz. A área plantada deve alcançar 57,5 milhões de hectares ao final do ciclo, 2% maior que a do ano passado (56,4 milhões ha). A de soja crescerá 5,4% e a de milho, 0,8%. A lavoura de arroz, no entanto, deve diminuir 3,4%. A publicação completa da pesquisa pode ser acessada através do link www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/lspa
D
e acordo com o 9º levantamento de safra da Conab, divulgado em 11/6, a produção nacional de grãos da safra 2014/15 chegará a 204,5 milhões de toneladas, 5,6% superior (10,9 milhões t a mais) à obtida na temporada passada (193,6 milhões t). Comparado ao 8º levantamento, houve um ganho de 2,3 milhões t, graças ao aumento de produtividade na soja e no milho segunda safra. A produção de soja deve chegar a 96 milhões de toneladas, 11,5% acima do que foi colhido no ano passado (86,1 milhões t). Já o milho segunda safra alcançará 49,4 milhões de toneladas, 2% a mais em relação ao ciclo 2013/14. A área plantada prevista é de 57,6 milhões de hectares, não computados aqui o correspondente às lavouras de inverno e da região Norte/Nordeste, onde o plantio não fora concluido – a pesquisa foi realizada entre os dias 17 e 23 de maio.
Safra III
Participação regional
A
produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve apresentar a seguinte distribuição em 2015, considerando as regiões em que se divide o Brasil: Centro-Oeste, 84 milhões de toneladas; Sul, 77,1; Sudeste, 18,7; Nordeste, 18,5; e Norte, 6. Comparativamente à safra passada, a produção deve crescer 10,3% no Norte 17,7% no Nordeste, 8,9% no Sul, 4,2% no Sudeste e 1,2% no Centro-Oeste. Nessa avaliação do IBGE, Mato Grosso manterá a dianteira como maior produtor nacional de grãos, com 24,2% de participação, seguido pelo Paraná (18,3%) e pelo Rio Grande do Sul (16,1%).
Safra IV
Valorização e queda
E
ntre os 26 produtos pesquisados pelo IBGE, 12 apresentaram variação percentual positiva na estimativa de produção em 2015, em relação ao ano anterior: mamona (+ 139,0%), aveia (+ 54,1%), cevada (+ 22,1%), trigo (+ 18,9%), soja (+ 11,4%), feijão 1ª safra (+ 4,2%), mandioca (+ 4,2%), amendoim 2ª safra (+ 2,4%), arroz (+ 2,1%), café arábica (+ 0,9%), milho 2ª safra (+ 0,7%) e amendoim 1ª safra (+ 0,3%). Com variação negativa foram 14 produtos: batata-inglesa 3ª safra (- 20,6%), café conilon (- 16,9%), triticale (- 15,6%), cacau (- 10,6%), sorgo (- 9,4%) algodão (7,6%), laranja (- 7%), feijão 3ª safra (- 6,4%), cebola (- 5,1%), batata-inglesa 2ª safra (- 2,6%), feijão 2ª safra (- 1,8%), cana-de-açúcar (- 1,5%), batata-inglesa 1ª safra (- 0,7%) e milho 1ª safra (- 0,3%).
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Notícias da Terra Safra V
Safra VI
O
E
USDA revisa estimativas
Mais milho
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) revisou suas estimativas para a safra norte-americana de soja relativa ao ciclo 2015/16 a as projeções quanto à produção na América do Sul na temporada em curso. De acordo com o relatório de oferta e demanda de junho, a produção dos EUA foi mantida em 104,8 milhões de toneladas, apesar da possibilidade de quebra devido às chuvas intensas.. O USDA manteve a produção brasileira em 94,5 milhões t e elevou a da Argentina em 1 milhão t, chegando a 60,8 milhões t.
m relação ao milho, as estimativas do USDA indicam produção de 360,2 milhões de toneladas nos Estados Unidos na temporada em curso, abaixo, portando, do obtido na safra passada (361,2 milhões t). Quanto à produção brasileira em 2015/16, a instituição norte-americana prevê 81 milhões de toneladas (71 milhões t em 2014/15) na safra 2015/16. A Argentina deve colher 25 milhões de toneladas, repetindo os números relativos ao ciclo anterior.
Exportações
São Paulo continua na frente
O
s estados de São Paulo, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais lideraram o ranking das exportações do agronegócio brasileiro em maio, com faturamento conjunto de US$ 5,82 bilhões, 67% do total exportado (US$ 8,64 bilhões). São Paulo manteve a ponta com US$ 1,5 bilhão graças às vendas do complexo sucroalcooleiro (US$ 419,5 milhões), soja (US$ 340,7 milhões) e carnes (US$ 173,3 milhões). Mato Grosso ficou em segundo, com US$ 1,49 bilhão – a soja obteve o maior faturamento, com US$ 1,4 bilhão, seguida pelas carnes (US$ 97,8 milhões) e pelas fibras e produtos têxteis (US$ 17,88 milhões). O Rio Grande do Sul ocupou a terceira posição, com US$ 1,1 bilhão (soja, US$ 640 milhões; carnes, US$ 154 milhões; e fumo, US$ 126,3 milhões). O Paraná ficou em quarto, com US$ 991,2 milhões (soja, US$ 328 milhões; carnes, US$ 222,9 milhões; e produtos florestais, US$ 123,7 milhões), e Minas Gerais em quinto, com US$ 680,7 milhões dos embarques brasileiros (café, US$ 277,5 milhões; soja, 198,6 milhões; e carnes, US$ 68,5 milhões.
VBP
Produção agropecuária vale R$ 459,4 bilhões
D
e acordo com estimativa da AGE/Mapa – Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, baseada em dados de maio, o VBP –Valor Bruto de Produção da agropecuária brasileira em 2015 atingirá R$ 459,4 bilhões – a agricultura responderá por R$ 292,1 bilhões e a pecuária, R$ 167,3 bilhões. Apesar do ligeiro crescimento em relação à projeção anterior e da perspectiva de aumento de 4,4% na safra nacional de grãos, conforme a Conab, a tendência é de queda em relação ao VBP do ano passado. “Os preços neste ano, mais baixos do que em 2014 para a maior parte dos produtos pesquisados, são uma das principais causas dessa esperada redução no faturamento da agropecuária”, disse o coordenador-geral de Planejamento Estratégico do Mapa, José Garcia Gasques. julho 2015 – Agro DBO | 13
Notícias da Terra Café I
Conab prevê safra menor
A
produção nacional de café (arábica e conilon) deve alcançar 44,2 milhões de sacas de 60 kg neste ano, quantidade 2,3% inferior à da temporada passada (45,3 milhões de sacas), conforme levantamento da Conab divulgado no mês passado. O recuo deve-se principalmente à quebra de 13% na safra de conilon, prejudicada por forte estiagem – a produção de arábica cresceu 1,9%. Segundo a Conab, o Brasil vai colher 32,9 milhões de sacas de arábica (74,3% da safra brasileira de café) e 11,4 milhões de conilon (25,7% do total nacional). Quanto à área plantada, deve chegar a 1,942 milhão de hectares em todo o país, 0,2% menor (4,8 mil hectares a menos) ante a safra passada (1,947 milhão ha).
Café II
Produtores contestam Conab e IBGE
O
s cafeicultores apostam em safra menor do que a prevista pelas duas instituições oficiais. Estudo conduzido pelos pesquisadores J. B. Matiello, Iran B. Ferreira e J. E. Pinto Paiva, da Fundação Procafé, e Carlos H. S. Carvalho, da Embrapa Café, comprova percentual expressivo de grãos de pequeno tamanho na safra recém-iniciada. O levantamento foi efetuado no final de maio na Fazenda Experimental de Varginha (MG) através de amostragem em lavoura da cultivar Catuai vermelho 144. Nos frutos maduros, 65 % apresentavam tamanho normal (abaixo, à esq) e 35%, pequeno (à dir). Nos verdes, os percentuais foram: 26% (normal) e 74% (pequeno). A avaliação mostrou um diferencial médio de peso de 39 %. Ao aplicar este percentual sobre o total dos frutos pequenos (maduros e verdes), os pesquisadores chegaram a um índice de redução da produção de 21,8 %, causada, principalmente, por deficiência nutricional associada ao deficit hídrico e altas temperaturas no período de florescimento dos grãos (dezembro/2014-janeiro/2015), impactando principalmente a 2ª e a 3ª floradas, cujos frutos se apresentavam verdes em maio – época do levantamento. Os da 1ª florada, em estágio de desenvolvimento mais avançado no período de estiagem e calor (maduros em maio), foram menos afetados. Adicionalmente, os da 2ª e 3ª floradas também foram prejudicados pelo carreamento e uso das reservas preferencialmente pelos frutos da 1ª florada, o que justifica o índice de 74% entre os “verdes”.
Café III
Terceiro ano de baixa
D
e acordo com o IBGE, a safra brasileira de café vai cair 2,7% em 2015, em relação à do ano passado, e fechar o ciclo com 43,9 milhões de sacas, no terceiro ano consecutivo de baixa. A produção de arábica foi estimada em 32,1 milhões de sacas (1,9 milhão de toneladas, alta de 0,8% ante 2014) e a de conilon, 11,7 milhões (702 mil t, baixa de 11,2%). “O preço baixo do arábica em 2013 (R$ 240, em média, pela saca de 60 kg) fez o produtor cuidar menos da lavoura. Ele entrou 2014 aplicando menos adubo e ainda teve estiagem. Então, 2014, que era para ser ano de alta, foi de baixa. Foram dois anos seguidos maltratando o café. Agora, entramos em 2015, ano de bienalidade menor, ou seja, três anos de baixa”, explicou Mauro Andreazzi, gerente da área de coordenação de agropecuária do instituto. 14 | Agro DBO – julho 2015
Café IV
Torra qualificada
P
esquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos e da Universidade Federal do Rio de Janeiro estão desenvolvendo um projeto para avaliação da torra do café, baseado em metodologia australiana. “Se o café torrar mais ou menos, você pode melhorar ou piorar a qualidade. Queremos estudar esse processo, saber o que ocorre durante a torra e usar essa informação para ajustar parâmetros de qualidade”, diz Humberto Bizzo, da Embrapa. Ele lembra que o Brasil exporta o grão verde. “Se tivermos um bom controle da torra, podemos começar a oferecer grão torrado, de valor mais alto no mercado internacional”.
Notícias da Terra Cana
Ganhos e perdas
A
safra 2015/16 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil será caracterizada pela recuperação da produtividade agrícola que, na safra passada, ficou abaixo da média histórica devido à estiagem. Com isso, a remuneração do produtor deve melhorar, mas, mesmo assim, a rentabilidade do setor continuará abaixo das expectativas, em função dos custos de produção. A conclusão é da equipe do Pecege – Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas, da CNA. Segundo os pesquisadores, haverá aumento nos custos de produção de todos os itens. O Pecege prevê aumento de 9,8% nos preços do etanol hidratado e de 8,6% no anidro, com base na variação do preço da gasolina. No caso do açúcar VHP, o aumento no preço para o produtor deverá chegar a 7,2%, com base nos valores médios dos contratos futuros e dólar com vencimento em julho e outubro deste ano, período em que, historicamente, acontece o pico da comercialização do produto. Os custos de produção agrícola mostram peso decisivo do calcário (+18,33%) e dos fertilizantes (11,34%), além dos encargos com mão de obra.
Agrotóxicos
Crescimento de 155% em 10 anos
D
e acordo com a pesquisa Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, divulgada em 19/6 pelo IBGE, o uso de agrotóxicos na agricultura brasileira passou de 2,7 quilos por hectare em 2002 para 6,9 quilos em 2012, o que representa crescimento de 155% no período. A região Sudeste apresentou a maior comercialização de agrotóxicos por unidade de área (8,8 kg/ha), seguida pelo Centro-Oeste (6,6 kg/ha). Entre os estados, os que mais os aplicaram foram verificados em São Paulo (10,5 kg/ha), Goiás (7,9 kg/ha) e Minas Gerais (6,8 kg/ha). Na outra ponta da lista ficaram Amazonas e Ceará, com menos de 0,5 kg/ha.
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Notícias da Terra Citricultura I
Calor afeta HLB
P
esquisadores do Fundecitrus comprovaram, ao estudar a influência das condições climáticas sobre o greening (huanglongbing/HLB), que em regiões com temperaturas altas a multiplicação da bactéria do HLB é menor. O estudo foi feito em duas regiões: Comendador Gomes, no Triângulo Mineiro, onde as temperaturas no verão podem chegar aos 40°C e os invernos são amenos; e Analândia, na região central do estado de São Paulo, com verões menos intensos e temperaturas mais frias no inverno.. A concentração da bactéria nos brotos das plantas de Comendador Gomes foi menos da metade da encontrada nas plantas de Analândia. Após 2,5 mil avaliações comparativas, constatou-se que quanto maior o número de horas com temperaturas acima de 30°C e menor a quantidade de chuvas, menor a concentração de bactéria.
Citricultura II
Adensamento de citros
E
xperimentos desenvolvidos pela Embrapa em parceria com a EECB – Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (SP) mostraram que o adensamento no pomar de citros pode aumentar a produção em até 89%, em relação aos espaçamentos tradicionais. Foram testados nove arranjos diferentes, que vão do espaçamento 6m x 3m, utilizado no Nordeste, até 4m x 1m, ou seja, saindo de 550 plantas por hectare para 2.500. .O adensamento ajuda a compensar a redução decorrente da erradicação obrigatória das plantas infectadas pelo greening (também chamado de huanglongbing/HLB), considerada a mais severa doença dos citros da atualidade, que infesta os pomares dos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais.
Citricultura III
A cana avança sobre os laranjais
S
egundo mapeamento realizado pela Embrapa Monitoramento por Satélite, a área cultivada com cana-de-açúcar nas regiões norte e nordeste do estado de São Paulo praticamente dobrou nos últimos 26 anos, passando de 1 milhão para 2,2 milhões de hectares, enquanto a área dedicada à citricultura caiu quase pela metade: de 488,6 mil para 281,2 mil hectares. O mapeamento abrangeu 125 municípios das bacias dos rios Mogi-Guaçu e Pardo – uma das regiões mais importantes para a produção de suco de laranja do Brasil, com área em torno de 52 mil km2. O município de Bebedouro é exemplar (veja quadro ao lado). A cidade chegou a receber o título de Capital Nacional da Laranja, mas, neste período, viu a cana avançar progressivamente sobre os laranjais. Dados de 1988, com base em imagens de satélite, mostram que os pomares de citros ocupavam naquele ano 40 mil hectares e, no ano passado, 13,2 mil hectares – nesse meio tempo, a área cultivada com a cana-de-açúcar, mais lucrativa que a laranja, passou para 39,9 mil hectares. A citricultura tornou-se uma atividade secundária em Bebedouro. A baixa remuneração, a diminuição da demanda internacional por suco e problemas recorrentes com doenças como o HBL desestimularam pequenos e médios produtores a renovar seus pomares, obrigando-os, em muitos casos, a abandonar a atividade. A indústria ligada à citricultura perdeu força e fechou postos de trabalho.
16 | Agro DBO – julho 2015
“No caso da cana-de-açúcar, apesar da cultura ser bastante valorizada, não há usinas instaladas em Bebedouro e o município sofreu com a redução na arrecadação de impostos, já que a produção é comercializada para usinas de municípios vizinhos”, explica o pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite, Carlos Cesar Ronquim, responsável pelo estudo. Mapeamento do município de Bebedouro (SP) nos anos 1988 (esq.) e 2014 (dir.)
n Citricultura
n Cana-de-açucar
Notícias da Terra Algodão I
Nova ameaça no campo
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esquisadores do IMAmt – Instituto Mato-grossense do Algodão, Univag – Centro Universitário de Várzea Grande, UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso e do IFSM – Instituto Federal do Sul de Minas constataram pela primeira vez numa lavoura de algodão do Brasil a ocorrência de Amaranthus palmeri (família Amaranthaceae), um tipo de caruru originário de regiões áridas das regiões centro-sul dos Estados Unidos e norte do México. “Nos últimos anos, esta espécie se tornou a principal planta daninha do algodoeiro nos EUA, em função de suas características biológicas e da resistência a herbicidas de diferentes sítios de ação”, explica o pesquisador Edson Ricardo Andrade Junior, do IMAmt. Em sua opinião, a presença de A. palmeri nas lavouras brasileiras é preocupante: “Ela é dioica, isto é, parte das plantas terão somente flores femininas (plantas “fêmeas”), porém essas flores femininas podem produzir sementes mesmo sem a ocorrência de polinização. Além disso, seu metabolismo fotossintético é do tipo C4, o que lhe dá vantagens competitivas em regiões de clima quente, como é o caso do núcleo algodoeiro Centro Norte, em Mato Grosso, onde ela foi identificada”. Segundo Andrade Júnior, o crescimento desta planta daninha é muito rápido (médias de 2 a 3 cm por dia), o que exige muita atenção para que as aplicações de herbicidas em pós-emergência sejam realizadas dentro do estádio ideal. Dada a gravidade da ocorrência, o IMAmt expediu circular técnica assinada por Andrade Junior e pelos professores Anderson Luís Cavenaghi, da Univag; Sebastião Carneiro Guimarães, da UFMT; e Saul Jorge Pinto de Carvalho, do Instituto Federal do Sul de Minas, sediado em Machado (MG), alertando os produtores do estado –
e, por extensão, os cotonicultores de outras regiões do Brasil – sobre os riscos de disseminação da espécie: “Quando a população de A. palmeri não é controlada, perdas no rendimento das culturas podem atingir 91% em milho, 79% em soja e 77% em algodoeiro, segundo bibliografia norte-americana”. Outro aspecto preocupante é sua resistência a
herbicidas. “Nos Estados Unidos, há populações com biótipos de A. palmeri que apresentam resistência simples a herbicidas com cinco mecanismos de ação: inibidores da ALS, inibidores da EPSPs, inibidores da HPPD, inibidores da tubulina e inibidores do fotossistema II. O manejo dessas populações se torna ainda mais complexo com a ocorrência de resistência múltipla, que já foi detectada para dois ou três desses mecanismos”, alertam os pesquisadores, recomendando aos produtores comunicar imediatamente às instituições de defesa fitossanitária qualquer caso de suspeita ou confirmação da espécie em suas propriedades. “Em razão da recente detecção e do espaço geográfico ainda restrito, os resultados das medidas para contenção poderão ser mais rápidos e, como eles, o retorno econômico, uma vez que tratamentos para controle de A. palmeri com resistência múltipla possuem custos bem mais elevados”, afirmam. Segundo os pesquisadores, estratégias múltiplas de controle utilizando métodos preventivos, químicos, mecânicos e culturais são fundamentais para conseguir um manejo eficaz dessa planta daninha. “Vale ressaltar que herbicidas à base de glifosato e inibidores da ALS não são efetivos sobre a A. palmeri”.
julho 2015 – Agro DBO | 17
Notícias da Terra Novidade I
Agrale lança trator isodiamétrico
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Agrale, fabricante de tratores no segmento destinado à agricultura familiar, lançou o trator 4233, primeiro modelo isodiamétrico produzido no Brasil. Modelo possui rodados do mesmo tamanho e tração integral 4X4. O novo trator possui dimensões reduzidas, tornando-se ideal para trabalhos em culturas baixas e estreitas, que exigem equipamentos de dimensões reduzidas, como na viticultura (uva latada), fruticultura e avicultura, entre outras. O novo trator Agrale 4233 é equipado com motor Agrale M790, com 30 cv de potência, fator que proporciona melhor desempenho e economia. Possui altura mínima até o assento de apenas 760 mm – a menor de seu segmento. Sua largura total também é reduzida, com 1.120 mm. É equipado com transmissão de 12 marchas (oito
à frente e quatro à ré), capacidade de levante hidráulico de 1.050 kg, com controle remoto de série e arco de segurança retrátil. Outro destaque é a ergonomia, com todos os comandos próximos do condutor, o que garante jornadas de trabalho mais longas com menor desgaste físico.
Novidade III
Yara lança linha de fertilizantes líquidos
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roduto traz facilidade de manejo, maior segurança ao agricultor e economia de água, além de benefícios para as culturas de hortaliças e frutas. “A nova linha de fertilizantes líquidos YaraLiva traz diversos benefícios ao agricultor, como melhor enraizamento e maior sanidade das plantas, proporcionando maior qualidade da colheita. Os produtos também estão livres de perdas por volatilização e de acidificação do solo, além de apresentar alta fluidez, uniformidade e homogeneidade. São produtos únicos no Brasil, além de possuírem fabricação 100% nacional”, explica Ricardo Curione, gerente Comercial de Fertilizantes Líquidos da Yara. A nova linha de líquidos YaraLiva é composta por fertilizantes 18 | Agro DBO – julho 2015
nitrogenados, que fornecem nitrogênio associado a cálcio e boro já solubilizados em meio aquoso, trazendo excelente qualidade física, homogeneidade e uniformidade. O sistema de entrega do produto é outro diferencial aos agricultores. “A nova linha de fertilizantes líquidos YaraLiva será entregue ao agricultor e distribuidores parceiros por meio dos caminhões-tanques, em quantidade mínima de 9 mil litros. Isto traz segurança ao cliente final, pois elimina as operações de risco no manuseio do produto”, destaca Curione. Ainda de acordo com o especialista, a entrega em menores quantidades por meio de embalagens estará disponível no futuro por meio de embalagens de 1.000 litros.
Novidade II
Syngenta relança Avicta Completo
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Syngenta reuniu, no início de junho, mais de 200 produtores rurais da região de Londrina (PR) para divulgar o retorno ao mercado de um de seus produtos mais procurados: o Avicta Completo. Solução para tratamento de sementes é apontada por pesquisadores como a mais eficiente contra nematoides. O Avicta Completo foi lançado em 2008 e, devido a questões regulatórias junto ao Ministério da Agricultura, deixou de ser distribuído em 2013. No final de 2014 a situação foi resolvida e, agora, a partir de 2015, está liberado para a comercialização. O produto da Syngenta é a combinação de Avicta 500 FS, Cruiser 350 FS e Maxim Advanced 195 FS, e é o único que oferece, através do tratamento de sementes, maior produtividade e proteção integrada contra pragas, doenças e os temidos nematoides. A Syngenta, juntamente com órgãos de pesquisas, realizou um mapeamento em 595 municípios brasileiros de 14 estados com uma alta infestação de nematoides. O levantamento inédito, feito através de 23 laboratórios, mostrou que as áreas infestadas por nematoides têm em média uma queda de produtividade de 30%, podendo chegar até 80% em casos mais críticos. O Avicta Completo é o primeiro nematicida para tratamento profissional de sementes de milho, soja e algodão. Segundo a professora Dra. Jurema Rattes, da Universidade de Rio Verde (GO), que proferiu palestra durante o evento, o relançamento do produto é de grande importância para o agronegócio.
Notícias da Terra Debate
Energia da biomassa é destaque do Ethanol Summit
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ma das atividades da indústria sucroenergética mais significativa e com maior potencial de crescimento, a bioeletricidade, será o tema de um dos painéis do Ethanol Summit 2015, que acontece de 6 a 7 de julho no Golden Hall do World Trade Center, em São Paulo. Atrás apenas das fontes de energia hídrica e gás natural, a biomassa da cana já representa 7% da matriz brasileira, sendo quase 2,5 vezes superior à capacidade instalada pelas termoelétricas à base de óleo combustível e de diesel, e aproximadamente três vezes maior que o parque gerador à base do carvão mineral. Em 2014, a
energia elétrica produzida a partir da biomassa de cana-de-açúcar gerou mais de 20 mil Gigawatts/hora (GWh), 20% acima do realizado em 2013. Essa quantidade seria capaz de abastecer 11 milhões de residências, ou o equivalente a 52% da energia que será produzida por Belo Monte a partir de 2019. Além disso, sem o uso da biomassa na matriz elétrica brasileira, o nível de emissões de CO2 na atmosfera seria 24% maior. Esta é a 5ª edição do Ethanol Summit, evento lançado em 2007 pela UNICA e realizado a cada dois anos. São esperados cerca de 1.500 participantes.
Gesso granulado
Estudos comprovam aumento de produtividade em soja e milho
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ealizado em Erechim/RS, pela CP Assessoria Agropecuária, o estudo mostrou aumento de produtividade com uso do Gesso Agrícola Granulado SulfaCal em lavouras de soja e milho. O gesso agrícola, também chamado de sulfato de cálcio, é uma fonte de cálcio e enxofre solúveis, que atua no combate ao alumínio tóxico em profundidade, no aumento da porosidade do solo e no aprofundamento de raízes. Em forma granulada, o produto tem baixa umidade, pode ser misturado a outros fertilizantes e tem menor custo de aplicação do que o produto em pó. “Ao aplicarmos 300 kg/ha de gesso agrícola granulado a lanço, verificamos alterações na fisiologia e estrutura das plantas, como maior quantidade, tamanho e profundidade de raízes, além de maior estatura das plantas”, afirma Clóvis Albino Perin,
agrônomo responsável pelo estudo. No experimento com a soja o estudo verificou que houve aumento de produtividade em cerca de dez sacas por hectare; para o milho, esse aumento foi expressivo: a média das quatro áreas teve rendimento 15% superior à testemunha. O produto é novo no mercado brasileiro, fabricado no sul do país, pela empresa SulGesso.
Pesquisa
Dow inaugura Centro de Biotecnologia
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Dow AgroSciences inaugurou no final do mês passado, em Cravinhos (SP), seu maior centro de pesquisas biotecnológicas da América Latina. O complexo será referência na pesquisa de sementes tropicais com capacidade para atender toda a demanda da América da Latina. O centro proporcionará economia de tempo, em média dois anos, para a conclusão de pesquisas em comparação ao processo atual. Proporcionando ganho de capacidade de 80% na produção de híbridos transgênicos da empresa no Brasil, o novo laboratório representa o fortalecimento do portfólio de sementes, biotecnologia e óleos saudáveis, com soluções ainda mais adaptadas às necessidades e características de solo e clima brasileiros. No local, que possui 4 mil metros quadrados e vai gerar 100 empregos diretos, serão realizadas atividades de suporte aos processos de inserção de traits em sementes, previamente efetuados com exclusividade nos EUA. Também serão feitos testes de regulamentação, controle de qualidade de sementes, análises de traits e de proteínas transgênicas. “O desenvolvimento do centro de expertises científica em Cravinhos, capaz de desenvolver pesquisa de ponta na área de sementes, sinaliza que o Brasil já atingiu um patamar de excelência na tecnologia”, explica Edimilson Linares, diretor de Pesquisa de Sementes e Biotecnologia. Este laboratório foi concebido com o que há de mais moderno na tecnologia disponível hoje no mundo e compreende um conjunto de análises que possibilita suportar todo o processo de conversão de linhagens transgênicas, evitando o trânsito das sementes entre países que exigiriam maior investimento de tempo e recursos financeiros para o lançamento de novos produtos. julho 2015 – Agro DBO | 19
Capa
Cenário nebuloso
A safra 2015/16 de soja está começando a ser desenhada e deve crescer em área. Quanto à rentabilidade, só Deus sabe o que poderá acontecer. Marianna Peres
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temporada recém-encerrada, salva pela guinada do dólar, foi taxada em Mato Grosso no início do plantio como safra da incerteza. O novo ciclo começa rotulado como safra da insegurança: mais caro e, mais do que nunca, refém do clima e do câmbio. Nas projeções feitas no mês passado, a conta despesa/receita estava muito próxima do ‘empate técnico’ no estado: os otimistas apostavam em produtividade e demanda maiores e dólar favorável; os realistas (talvez a maioria), em lucratividade baixa, aquém do que conseguiram nos últimos anos, ou “zerada”; os pessimistas, preocupados com o represamento dos recursos de pré-custeio, enxergavam apenas nuvens negras no horizonte, mesmo em dias de sol pleno e céu azul. Apesar do cenário nebuloso, a maioria dos produtores pretendia repetir a área plantada ou ampliar o cultivo – apenas um ou outro admitiu diminuir o tamanho da lavoura. O Imea – Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária apontava para um avanço de 1,8% na área de soja, o menor índice de crescimento desde a safra 2006/07, quando o segmento contabilizou a última redução no tamanho da lavoura no estado. Nessa primeira sondagem, a expectativa para a área semeada com a oleaginosa é de 9,1 milhões de hectares, o equivalente a um incremento de 163 mil hectares em relação à safra passada. O avanço corresponde a apenas 1/3 do aumento ocorrido na safra 2014/15. Considerando a nova projeção espacial e a mesma produtividade da safra passada (51,9 sc/ha), a produção chegará a 28,4 milhões de toneladas – 498 mil toneladas a mais. A expansão da lavoura sempre foi considerada um sinal positivo da saúde financeira no campo, em especial em Mato Grosso. A situação no mês passado indicava, porém, que o estado está sob restrição médica. A conta despesa/receita não fecha, embaralhada pelo avanço nos preços dos insumos. Numa conjuntura como a atual, marcada por juros em alta na economia nacional, restrições de crédito, perspectiva de ampliação da oferta mundial de soja e possibilidade de valorização do real frente ao dólar no período de colheita, como não temer o futuro? A pouco mais de 60 dias do início da nova safra – após o fim do período de vazio sanitário no estado, em 15 de setembro –, os produtores tem apenas uma certeza: eles sabem que o novo ciclo vai custar pelo menos R$ 1 bilhão a mais, conforme cálculos oficiais, para quem optar pela soja. Em maio e junho, a palavra “apreensão” em Mato Grosso, o estado que mais demanda crédito oficial no Brasil, era sinônimo de pré-custeio. O financiamento, que gira o mercado agrícola, especialmente no primeiro trimestre, não foi oferecido este ano e muita gente ficou sem condições de adquirir ou contratar insumos. Os produtores reclamam que o dinheiro não foi liberado, como historicamente julho 2015 – Agro DBO | 21
Capa ga o produtor, preocupado agora com a soja – na edição passada de Agro DBO, ele se mostrava apreensivo com a pressão baixista sobre o milho, atualmente em fase final de colheita no estado. Presidente do Sindicato Rural de Sapezal, Guarino lembra que, em março do ano passado, já tinha tido acesso ao dinheiro e estava fechando as compras. “Cerca de 80% do meu custo de produção depende do crédito oficial. Além de não ter tido acesso ao pré-custeio, me pergunto agora se os recursos do Plano Safra 2015/16 vão chegar a quem precisa”. Guarino Fernandes colhe milho enquanto espera a liberação de recursos do pré-custeio para a próxima safra
ocorre. Praticamente todos os pequenos e médios produtores de Mato Grosso dependem do acesso ao recurso federal – a Agro DBO procurou a superintendência do Banco do Brasil, maior agente operador do crédito rural no país, mas a instituição não se manifestou a respeito. Pela primeira vez, em mais de 30 anos de lavoura, o produtor Guarino Fernandes, de Sapezal (470 quilômetros ao noroeste de Cuiabá), ficou sem acesso aos recursos e, em função disso. se diz de mão atadas em relação a nova safra. “Enquanto não sai o pré-custeio eu não tenho como vender soja antecipada e nem como comprar meus insumos. O banco (Banco do Brasil) não acatou até agora nenhuma proposta. Não temos perspectivas de liberação de recursos. Será que nos primeiros dias de julho o dinheiro estará liberado? Vamos mesmo ficar sem o pré-custeio? Como vou programar minhas compras sem saber para que dia posso fixar a data de pagamento? Como vou vender minha safra nova sem saber o custo real de produção e tampouco o custo do dinheiro que vou tomar?”, inda-
Os médios e pequenos produtores do Mato Grosso dependem dos recursos do pré-custeio
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Economia afetada No município de Vera (458 quilômetros ao norte de Cuiabá), a falta do pré-custeio está prejudicando a economia local. Como explica o produtor Rafael Bilibio, junho fechou sem dinheiro circulando no comércio, afetando diretamente as revendas. “Está todo mundo esperando pelo crédito oficial. Poucos conseguiram de fato planejar os custos da nova safra. Há um ano eu tinha 80% dos insumos e das sementes comprados e 80% do crédito rural tomado. Sem dinheiro para financiar as compras, o produtor não apenas perdeu boas oportunidades no início do ano, como se vê obrigado a fazer negócios com as tradings e revendas, que praticam juros de mercado. Além disso, o atraso nas compras nos tirou o poder de barganhar, o que poderia nos gerar uma economia de 3% a 3,5%”. Considerado um grande produtor, Bilibio cobriu 3,6 mil hectares com soja na safra passada e segue com o mesmo planejamento para 2015/16. Ele calcula que a nova safra demande cerca de R$ 5 milhões em investimentos, contra R$ 4 milhões em 2014. Desse total, 50% terão como fonte recursos próprios; R$ 1,2 milhão virá do Plano Safra (é o máximo que poderá conseguir de teto oficial); e o restante, do mercado, especialmente por meio das trocas. “Fazendo as contas hoje, já tenho um custo anual 25% maior. Até junho eu ti-
As vendas da nova safra começaram em maio, mas, sem dinheiro para comprar insumos, as trocas direcionaram as negociações. nha 20% dos insumos adquiridos, por meio de trocas, a maior parte dos quais glifosato e sementes, porque pelo volume demandado não dá para correr o risco de deixar para comprar em cima da hora”. Bilibio planeja religar as plantadeiras a partir de primeiro de outubro. Ele conta que, da nova safra de soja, apenas 15% da produção estão comprometidos, sendo 5% efetivamente vendidos de forma antecipada. “Em reais, consegui preço médio de R$ 52,50, contra R$ 42 no ano passado, mas temo que esse valor não seja suficiente para garantir margens em razão da valorização dos custos e pelo fato não ter tido acesso ao crédito de forma antecipada”. No ano passado, ele investiu na lavoura e colheu média de 59 sacas/ha. “Neste ano, tenho de obter mais que isso para ter certeza de que no fim o saldo será positivo”. Questionado sobre suas preocupações ante a safra 2015/16, Bilibio cita o medo de baixas na Bolsa de Chicago, acesso restrito a financiamentos do governo federal e temor pelo fim da lei Kandir – que desonera as exportações de produtos primários e semielaborados para incentivar o setor produtivo. Negócios perdidos Para o ex-presidente da Aprosoja/MT, Gláuber Silveira, produtor em Campos de Júlio (553 quilômetros a noroeste de Cuiabá), a falta do pré-custeio não apenas impossibilitou negócios em janelas de negociações mais favoráveis ao agricultor como também o privou da possibilidade de reduzir custo a partir do aproveitamento do frete. “O caminhão que volta vazio para buscar soja poderia trazer insumos. Quanto mais cedo o produtor compra, mais barato fica”. Gláuber reivindica menos burocracia e mais agilidade na liberação dos
Problemas de caixa na safra passada vão demandar mais crédito este ano.
Alex Utida reinvindica liberação urgente de recursos do pré-custeio para evitar caos nas compras de insumos.
recursos do Plano Safra, para que o dinheiro esteja de fato disponível no momento em que o agricultor precisar dele. “Acredito que muitos produtores, não só de Mato Grosso, como de outros estados, estão com problemas de caixa: a safra passada não foi tão boa e eles deverão demandar mais crédito oficial para 2015”. O produtor Alex Utida, presidente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis (396 quilômetros a noroeste de Cuiabá), endossa a opinião de Glauber. Enfático, diz que a janela de compras dos fertilizantes se perdeu e que a possibilidade de dólar mais agressivo traz preocupação em relação ao custo final da lavoura. “A pressão da demanda, com todos comprando ao mesmo tempo – após a liberação dos financiamentos – vai instaurar o caos, pois as compras são em grandes volumes, vêm de fora, dependem de movimentação portuária e as entregas poderão ter prazos comprometidos. O dinheiro tem de chegar e logo”. Utida conta que a dependência dele do crédito oficial era de 30% e, nessa safra, será de 50%, pelo medo em pegar dinheiro lastreado em dólar e pagar mais caro em real. “Vou repetir a área de 6,3 mil hectares, procurando, no mínimo, manter a média de 57 sacas/ha dos últimos cinco anos. Não podemos abrir mão de produtividade, mas temos de cortar custos. Há muita insegurança nessa safra”. César Martins que o diga. Produtor em Nova Mutum (269 quilômetros ao norte de Cuiabá), ele afirma que se não conseguir honrar faturas com vencimento no dia 30 deste mês de julho e 30 de agosto, vai pagar juros. “Em 2014 tudo estava quitado com recurso do governo. A incerteza se terei dinheiro e quanto terei julho 2015 – Agro DBO | 23
Capa
Otávio Celidônio, do Imea, recomenda ao produtor rural fazer o dever de casa bem feito, como o casamento das moedas, para não tropeçar.
está me matando. Até 2014 vínhamos num mar tranquilo, fiz negócios a US$ 19 e US$ 20; no mês passado, tentei travar vendas a R$ US$ 17 e não consegui nada”, exclamou. Martins calcula que, para cobrir 450 hectares com soja, precisa considerar 12 mil sacas de custo nessa safra, contra 10 mil ano passado. Ou seja, quase 4,5 sacas a mais por hectare plantado. “A esta altura, em 2014, tudo estava quitado”, compara. Um estudo elaborado pelo Imea revela que, até o final de junho, os produtores precisariam desembolsar R$ 12,7 bilhões para compra de insumos para o cultivo de soja. Não fosse o represamento do pré-custeio, faltariam R$ 3,8 bilhões, ou seja, 334,6% menos, comparando com o ocorrido na safra passada. Os insumos necessários para a formação da lavoura, que englo-
bam sementes, fertilizantes e defensivos agrícolas, têm a maior participação do custo total da produção agrícola, representeando 58% em média nas últimas três safras. Até abril, os produtores do estado compraram 22,3% dos insumos necessários, contra 69,5% no mesmo período do ano passado. “O pré-custeiro é ofertado a partir de fevereiro e vai até 30 de junho. A não-oferta desse dinheiro vai elevar ainda mais o custo da safra, porque, além das janelas de compras perdidas, houve avanço em dólar no preço dos insumos e, para complicar ainda mais o quadro, valorização da taxa de juros (para quem depende do novo Plano Safra para dar início às compras). Temos uma bomba-relógio que vai estourar mais a frente quando começar a colheita. As compras represadas serão feitas em um espaço de tempo menor, o que trará, além da majoração em si, problemas de logística, de entrega, e isso tudo é custo”, afirma o presidente do Sistema Famato, Rui Prado, fazendo questão de ressaltar que, se o clima não ajudar na produtividade, talvez os produtores fechem suas safras no vermelho. Na ponta do lápis O superintendente do Imea, Otávio Celidônio, não é tão pessimista quanto Prado. Mesmo assim, considera a perspectiva de empate com aumento dos custos em dólar muito perigosa, pois há sempre o receio de o dólar subir muito durante as compras de insumos e cair no momento de vender a produção. “Se alguma medida do governo federal derrubar o dólar para abaixo de R$ 3, haverá prejuízo. Daí vem a insegurança”. Até meados de junho, a nova safra tinha em Mato Grosso alta de 25% nas despesas com insumos, e 16% no custo total, em relação ao ciclo anterior. “Nessa safra, vamos ver a variação dos defensivos superar a dos
Prós e contras do Plano Safra O Imea - Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária elaborou um estudo para avaliar o impacto das novas condições do Plano Safra sobre o estado. Conforme a instituição, há novidades positivas como o volume total para o financiamento (R$ 187 bilhões, 20% a mais em relação ao plano anterior), especialmente com incremento para o custeio e comercialização, em detrimento da redução da oferta para os financiamentos. Com peso negativo, está a elevação das taxas de juros fixadas ao crédito agropecuário. Aos limites individuais, que passaram de R$ 1,1 milhão para R$ 1,2 milhão, o teto ainda se mostra insuficiente para atender à demanda mato-grossense. Para a cobertura da área de soja na nova safra, por exemplo, o limite financia até 500 hectares. Ainda no
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hall do peso negativo, o Imea concluiu o estudo apontando para a redução de prazo de financiamento para o pagamento dos financiamentos e o do tempo de carência de início de pagamento de alguns programas de investimentos, como o Programa ABC, que tinha carência máxima de oito anos e agora terá três anos. Quanto à liberação dos recursos, o Imea chama a atenção para o montante efetivamente aplicado do Plano 2014/15. De julho de 2014 a fevereiro de 2015, foram liberados cerca de R$ 103,3 bilhões, ou, 66% do anunciado. Em comparação com a safra 2013/14, nesse mesmo período eram 78% do total programado. Do ciclo recém-encerrado, restaram cerca de R$ 50 bilhões para serem liberados até o fim do ano-safra, finalizado em 30 de junho.
O produtor deve cortar despesas, mas não pode correr o risco de limitar a produtividade, determinante para o sucesso ou o fracasso.
fertilizantes. Historicamente, adubo sempre demandava o maior desembolso. Para a temporada 2015/16, vemos uma diferença por hectares de R$ 100 em favor dos defensivos. Os herbicidas, por exemplo, ficaram 46% mais caros, reflexo de altas do produto, bem como da maior necessidade do produtor em razão da pressão fitossanitária”. A nova safra foi orçada em junho em R$ 2,8 mil por hectare no estado, cifra que, dividida pela média histórica de 52 sacas, revela um custo unitário (por saca) de R$ 55. “Ou seja, o custo de produção é de R$ 55 reais, colocando todas as despesas na ponta do lápis e não apenas o desembolso direto com os insumos, e o mercado não está pagando isso pela saca nesse momento (em meados de junho). Ele precisa de mais de R$ 55 para desempatar e ter lucro”, compara Celidônio. Em relação aos preços, ele chama a atenção para uma inversão de cenário. “Em 2014, a cotação em reais estava pior, porque se tinha preços de R$ 42. Hoje, pegam R$ 52, mas o ganho não faz diferença porque foi abocanhado pela alta do custo”. Em sua opinião, mais do que a safra da incerteza, a temporada 2015/16 será caracterizada como a safra do detalhe: “Tudo fará uma grande diferença, desde a compra dos insumos até a venda da produção. Cabe ao agricultor fazer o dever de casa bem feito, como o casamento de moedas e as proteções de preços para não tropeçar”. Margem apertada Grosso modo, o produtor sabe que precisa cortar despesas, mas não pode correr o risco de limitar sua produtividade, determinante para o sucesso ou fracasso da safra. Segundo cálculos de Natália Orlovicin, analista da INTL FCStone, a margem do produtor ma-
Até a temporada 2012/13, os custos não acompanharam a elevação dos preços da soja. De lá para cá, subiram mais que os preços.
to-grosssense (considerando a situação em junho) pode chegar a 9% em 2015/16, contra 21% em 2014/15. “Os preços da soja apresentaram elevação por causa do dólar neste ano, mas não o suficiente para compensar o aumento nos custos. Tirando o fator taxa de câmbio, que afetou os dois, o que está realmente comprimindo a margem é o fato de que os preços da soja no mercado internacional caíram mais do que os fertilizantes. Mas há grande probabilidade de redução na aplicação de fertilizantes, o que diminuiria essa diferença em relação ao ano passado”, explica Natália. Como reforça, até 2012/13 houve uma grande elevação dos preços da soja, não acompanhada pelos custos. A partir de então, os custos subiram mais do que os preços. Na safra passada, a margem ficou em 21% porque os produtores acabaram comercializando boa parte da safra em um momento de preços favoráveis, como ocorreu em março, abril e maio (de 2015) com a disparada do dólar. Na avaliação do diretor de Produção e Consultoria da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, a perspectiva de safra recorde no Brasil no ano que vem (96 milhões de toneladas, segundo o último levantamento da Conab) e aumento da oferta mundial (os Estados Unidos vão colher mais de 100 milhões de toneladas na temporada em curso) vai pressionar, obviamente, as cotações. “O que pode mudar a tendência de baixa nos preços em Chicago, para os brasileiros, é o dólar mesmo, porque quem tiver contas em real terá ganhos”. Em sua opinião, apesar de a moeda norte-americana ter reajustado os principais insumos, “na balança, o dólar se comporta mais como aliado do produtor do que como inimigo. Acredito que, mais do que em anos anteriores, o dólar poderá fazer a diferença em favor do produtor”. julho 2015 – Agro DBO | 25
Almanaque
Você sabia? Podemos escolher o que semear, mas somos obrigados a colher o que semeamos. Agricultura trabalha em tempo real. Hélio Casale *
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oderás ficar desapontado se falhar, mas já estarás derrotado se não tentar. Um começo trabalhoso, leva a um final proveitoso. Quando deixamos de contribuir começamos a morrer. O grande segredo do sucesso é a constância de objetivos. Quem vive sem disciplina vive sem honra. Nove décimos de sabedoria é perceber a tempo o que se passa. As oportunidades perdidas jamais serão recuperadas. Medir, medir, medir para produzir sem poluir, sem destruir. O maior poder de um consultor é, na ignorância, fazer muitas perguntas. Todos somos ignorantes, só que em assuntos diferentes. Não se deve buscar todas as qualidades numa só pessoa. Os alimentos de todas as plantas verdes são as substâncias inorgânicas ou minerais - Liebig, 1.862. O cafeeiro e a maioria das plantas se caracterizam por gostar de cabeça quente, pé frio.
* O autor é engenheiro agrônomo, consultor e cafeicultor, e membro do Conselho Editorial da Agro DBO.
Apenas 4 xícaras de um bom café, por dia, faz bem à saúde: • Melhora a concentração, o bem estar, a energia e a memória. • Não influi no risco de ataque ao coração. • Protege a região gastrintestinal ajudando a reduzir o risco de câncer no colo do intestino. • Não causa câncer, nem mesmo o de mama. • Um espresso, com adoçante = 5 calorias, apenas. • Reduz a ocorrência de cirrose.
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• Ajuda a evitar cáries. • Reduz a incidência do Mal de Parkinson. • Contribui para reduzir a ocorrência de pedras nos rins e cálculos na vesícula. • Não causa osteoporose em mulheres que estejam na fase pós menopausa. • Tem 4 vezes mais antioxidantes que o chá. • É seguro antes e durante a gravidez. • Não influi na fertilidade feminina. • Melhora a fertilidade masculina. • Diminui o risco do diabetes tipo 2. • Reduz a ocorrência de asma. Lembrete Até 4 xícaras de café por dia é remédio, e dos bons, mais que isso pode ser veneno.
pesados. Entretanto, vários micronutrientes - cobalto, cobre, ferro, manganês, níquel e zinco - são metais pesados essenciais, portanto, para a vida das plantas. Exigência de macros e micronutrientes pelas principais culturas brasileiras - de um modo geral as necessidades de macronutrientes seguem a ordem decrescente: N > K > Ca > P = Mg = S. No caso dos micronutrientes a ordem é a seguinte: Fe > Mn > B > Cu > Zn > Mo > Co > Ni. O que tem de nutrientes em uma saca de café beneficiado?. Segundo Correa et al os macronutrientes estão em gramas e os micronutrientes em miligramas, e as quantidades são as seguintes:
Café Existem mais de cem espécies de café descritas, mas apenas duas delas, Coffea arábica L., denominada café arábica e Coffea canephora, Perre, conhecido como conilon, robusta, têm importância econômica.
Nitrogênio - 1.250 g
Micronutrientes O que são micronutrientes em agricultura? - são elementos sem os quais as plantas não vivem e são exigidos em pequenas quantidades. São eles: boro, cloro, cobalto, cobre, ferro, manganês, molibdênio, níquel, selênio, zinco.
Magnésio - 190 g
Metais pesados São os elementos que têm um peso específico maior que 5 g/cm³ ou que possuem um número atômico maior que 20. Comumente “toxidez” está associada a metais
Boro - 2.500 mg Fósforo - 55 g Cobre - 1.125 mg Potássio - 1.525 g Ferro - 40.000 mg Cálcio - 825 g Manganês - 1.250 mg Zinco - 7.500 mg Enxofre - 225 g
De onde vêm os nutrientes para os vegetais e os humanos? Carbono - do ar na forma de gás carbônico (CO²). Hidrogênio - da água (H²O) Oxigênio - do ar (O²) e da água. Outros elementos - rocha - solo ou adubos - planta - animal - homem. Sobre o Níquel - que no florescimento, o Níquel é o micronutriente em maior concentração nas flores da laranjeira recém abertas?
Entrevista
Os gargalos do oeste da Bahia
O
engenheiro agrônomo Júlio Cézar Busato nasceu na cidade de Casca (RS), e começou a trabalhar cedo na lavoura, ajudando os pais. Eram 86 hectares de soja e milho e a criação de aves e suínos. Desde criancinha, Busato torce pelo Internacional, de Porto Alegre. Em 1988, junto com o pai, migrou com destino ao município de São Desidério (BA), onde arrendou uma área de 880 ha. No ano seguinte, veio a família. A primeira morada da família foi uma pequena casa de 36 m2, sem forro e sem energia elétrica. A luz vinha de um gerador a diesel, e quando apresentava problemas a família tinha que tomar banho no rio e ficar sob a luz de velas. A estrada para a cidade era uma trilha. Na época das chuvas, as dificuldades cresciam. Aos poucos, os 4 irmãos de Júlio vieram do Sul. Hoje, a família gerencia um grupo empresarial que gera cerca de 1.000 empregos diretos, e planta soja, milho, algodão e feijão em 45 mil ha, entre safra e safrinha. Com o grupo consolidado, Busato divide hoje o trabalho na fazenda com a presidência da Aiba – Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia, entidade que representa 1.200 agricultores, em sua maioria gaúchos, e luta pelo fortalecimento do agro no oeste da Bahia. Para chegar à presidência da Aiba, Busato percorreu uma longa estrada, com atividades em entidades associativas. Hoje, é referência no agro baiano e possui prestígio nacional. Dois de seus quatro filhos dão continuidade ao trabalho com a agricultura, e são engenheiros agrônomos. Já chegaram dois netos baianos. As raízes do gaúcho ficaram fortes na Bahia, e a boa terra o escolheu para chamar de filho: Júlio Cézar Busato é agora cidadão baiano. Foi em clima de acarajé temperado com sal grosso e regado a chimarrão que Busato concedeu entrevista para Agro DBO, conduzida pelo editor-executivo Richard Jakubaszko, para mostrar os gargalos do oeste da Bahia, a terra prometida. Agro DBO – Como está a agricultura do oeste da Bahia? Júlio Cézar Busato – Estamos muito mais tecnificados hoje em dia, e melhoramos muito a nossa produtividade. Em 1988, por exemplo, a gente falava em 43 sacos de soja por ha, que era excelente, mas hoje quem colhe menos do que 60 sc/ha fica bravo. Os veranicos que a gente tinha na época, faziam a produtividade cair, mas isso melhorou muito, hoje não tem mais, até o clima está ajudando. Nós achamos que fertilizar o solo, o plantio direto, mais matéria orgânica, nos dá uma segurança maior em relação à produtivi28 | Agro DBO – julho 2015
dade. Temos potencial para sermos a região com melhor produtividade do Brasil em algodão e milho, e em soja estamos juntos com Mato Grosso, com média de 55 sc/ha em soja. Em milho temos média de 163 sc/ ha, e em algodão obtemos média de 270 arrobas/ha. O problema é que os nossos custos aumentaram demais, e mesmo com essas altas médias a rentabilidade é muito baixa. Agro DBO – E a Aiba como vai? Júlio Cézar Busato – Vai muito bem, a associação está fazendo 25 anos, temos 1.300 associados, são os mesmos gaúchos de 5 ou 10 anos
atrás, que representam 1,8 milhão de ha de área plantada de grãos, e isso cresceu de forma significativa. Mas temos muitos paranaenses também, gente de São Paulo, Minas Gerais e outros estados. Agro DBO – Nessa região, a exemplo do que acontece no Mato Grosso, vocês preferiram a opção do associativismo, em vez do cooperativismo. A que se deve isso? Júlio Cézar Busato – Não sei precisar, mas o que se tira de lição é que o exemplo das cooperativas no passado não foi bom. Já tivemos cooperativas aqui no oeste da Bahia, mas
elas acabaram encerrando atividades. Sobraram algumas cooperativas pequenas na região, restritas a alguns produtores, mais no sentido de comprar insumos com volumes bons para obter preços melhores e também para venda de grãos com bons volumes. Mas quem representa de fato os produtores do oeste da Bahia é a Aiba, do ponto de vista político e institucional, mesmo não sendo o braço comercial. Agro DBO – Vocês estão começando a receber os chineses na região, seja produtores ou como indústrias. Como está isso? Júlio Cézar Busato – Isso não andou. As indústrias previstas não foram instaladas. Mas os chineses adquiriram uma fazenda de 50 mil ha em associação com brasileiros, mas não foi em frente, estão com 4 ou 5 mil ha plantados apenas. Na
verdade, os chineses optaram por adquirir uma trading que operava na região e agora compram soja da gente. As indústrias previstas não se concretizaram, até chegaram a terraplanar um terreno, mas depois tudo parou, ninguém sabe a razão. Nós queríamos as indústrias por aqui, mas este sonho parece que ainda está distante. Agro DBO – E a saída da ferrovia para Ilhéus, que atravessa o estado, como vai? Júlio Cézar Busato – A Fiol estava indo bem, chegou a ter desapropriações e avançou instalação dos trilhos até uns 10% da distância total, na região de Ilhéus, aqui no oeste só teve terraplanagem, mas agora, com as restrições de investimentos no PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, parou quase tudo.
Agro DBO – A alternativa de logística do oeste da Bahia no transporte é a navegação pelo rio São Francisco ou a ferrovia é mais importante? Júlio Cézar Busato – Olha, nós produzimos cerca de 9 milhões de toneladas, entre grãos e fibras, e mais de 70% dos nossos destinos são do mercado interno, sendo 30% apenas para exportação. Dos clientes internos atendemos a Bahia e, especialmente, Pernambuco e Ceará, por isso a hidrovia do rio São Francisco seria importante para nós, mas hoje o movimento é quase zero. Tem muito discurso de político, muita promessa, tem muito debate, faz muito tempo isso, mas as obras não acontecem. Na verdade, pela Aiba a gente tem muito claro as nossas principais necessidades, para reduzir os nossos custos, que estão muito altos, quase insuportáveis. Precisamos da ferrovia com
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Entrevista “Os custos continuam aumentando, os juros cresceram, vai cair a lucratividade e podemos perder competitividade na exportação.” saída por Ilhéus, e tem de construir o porto também, porque se o nosso grão chegar lá e não tiver porto vamos ter de jogar tudo no mar. Agora, ter a hidrovia também seria muito importante, mas teria de concluir também a BR 020, que falta asfaltar só 480 km, e que vai até o Piauí. A BR entrou no PAC 3, e deve ser finalizada. Com tudo isso pronto deixa com a gente que nós produzimos o que for necessário. Tudo isso vai demorar de 2 a 3 anos, se correr tudo bem.
Júlio Cézar Busato – Também vimos esse sentimento otimista por parte dos agricultores e dos expositores, a feira cresceu 20% em termos de expositores, de 181 para 220 empresas, e a Bahia Farm Show foi bonita, muita gente visitou, correu tudo bem, o pessoal gostou das novidades, melhor do que foi seria impossível.
Agro DBO – Como foi a Bahia Farm Show deste ano? Júlio Cézar Busato – Foi excelente, nos surpreendeu. Tivemos em 2014 vendas de R$ 1,19 bilhão e este ano foi R$ 1,33 bilhão, e isso, num momento econômico difícil, mas não de crise, é um bom sinal. Veja que em 2013 as vendas foram de R$ 700 milhões, cresceram, portanto, mais de 40%, então o pulo foi muito grande, e agora se manteve positivo. A gente se preparou para uma pequena retração, a exemplo de outras feiras deste ano, mas o agricultor da região mostrou que acredita nele e no futuro.
Agro DBO – E como vocês terminaram a safra de verão deste ano? Júlio Cézar Busato – Depois da safra anterior, quando a Helicoverpa nos apavorou, este ano o controle foi bem, muito tranquilo, temos agora vários mecanismos de combate. O problema é que ela nos deixou um custo de US$ 300.00 no algodão e de US$ 120.00 na soja, e isso incorporou aos nossos custos, e nós vamos ter de conviver com esse bicho aqui, mas temos de achar uma forma de reduzir esses custos. Nesta safra a gente passou a usar pragueiro, que visita cada talhão de 4 em 4 dias, e contabiliza a população dos bichos, porque não teremos como dar conta de usar tanto veneno como a gente tem usado.
Agro DBO – Na feira, o que vocês sentiram do pensamento dos produtores?
Agro DBO – Como vocês estão vendo os planos do Mapa e da ministra Kátia Abreu para o desenvol-
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vimento do Matopiba? Júlio Cézar Busato – Acreditamos que vai trazer uma série de soluções. O Dr Evaristo de Miranda, da Embrapa, fez um trabalho importante e muito bom. Mostrou que a região tem bolsões de riqueza, mas os indicadores sociais da região são muito ruins, tanto em saúde, educação, de IDH, e a gente tem de fazer um esforço extra para melhorar isso. Agora, temos de melhorar a infraestrutura da região, temos de levar as tecnologias aos produtores menores da região, que necessitam disso, e estamos pedindo a instalação de um centro de apoio da Embrapa no oeste da Bahia, não uma estação experimental, para ajudar a entender os problemas da microrregião. Por exemplo, plantamos hoje 300 mil ha de algodão, e temos potencial para atingir rapidamente 1,5 milhão de ha se tivermos apoio de pesquisas da Embrapa. Agro DBO – O que vocês acharam do Plano Safra 2015/16? Júlio Cézar Busato – A gente queria que os juros permanecessem no patamar em que estavam, mas entendemos que pelo momento econômico isso não foi possível. Mais importante do que isso é o volume disponível de crédito, que cresceu, e vai compensar o aumento de custos provocado pela depreciação do real. Com isso, o agronegócio, novamente, vai ser a salvação da lavoura para o Brasil. O produtor é que tem de tomar cuidado, para não se entusiasmar demais com o barulho enorme que se faz, porque os custos continuam aumentando, os juros cresceram, e isso vai reduzir a lucratividade, e, por consequência, podemos perder competitividade na exportação.
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15a CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DATAGRO SOBRE AÇÚCAR E ETANOL
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A Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, comemora este ano, sua 15ª edição, além de ser o evento técnico oficial do Sugar and Ethanol Dinner São Paulo. O foco continuará sendo o de valorizar conteúdo de qualidade, disseminar conhecimento e novas tecnologias, e estimular networking entre os participantes. A DATAGRO reforça seu compromisso em reunir os principais líderes e representantes de toda cadeia do setor sucroenergético internacional para discutir questões de mercado e de estratégia setorial. Em outubro de 2014, a Conferencia Internacional contou com a presença de mais de 650 participantes de 33 países, 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.
PRÓXIMOS EVENTOS
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18 de Maio de 2016
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Artigo
Cultivance, a opção chegou. Depois de mais de quatro anos de expectativa, chega este ano ao mercado a nova soja GM, para controle das ervas resistentes. Décio Luiz Gazzoni *
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* O autor é engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja, e membro do Conselho Editorial da Agro DBO.
ntigamente, para evitar a competição entre plantas cultivadas e as invasoras, as únicas opções eram usar a enxada ou arrancar as ervas com as mãos. O trabalho era penoso e de baixo rendimento. Conforme as áreas de cultivo ficavam maiores, foram desenvolvidos implementos para mecanizar o controle de plantas daninhas. Mas sempre havia necessidade de repasse ou complementação com trabalho braçal, que era duro e difícil. Na segunda metade do século passado surgiram os herbicidas, uma revolução no controle de plantas invasoras. Entretanto, as exigências para seu uso eram grandes, havia que levar em conta a seletividade do herbicida, a textura e a umidade do solo, a temperatura, a chuva, a fase de crescimento tanto da lavoura quanto das invasoras. Com frequência, havia necessidade
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de misturar diferentes herbicidas, ou aplicar em diferentes épocas, alguns desses agroquímicos (como a Trifluralina) exigiam incorporação ao solo através do uso de uma grade leve, enfim, fundia-se a cuca do produtor, compactava o solo, e era uma operação tratorizada adicional, que gastava mais diesel. Na última década do século passado, uniu-se o uso de um herbicida de amplo espectro com a característica de resistência ao mesmo, incorporada geneticamente por transgenia às plantas cultivadas como soja, milho, algodão, canola ou beterraba. Foi uma descomplicação para a vida do agricultor, pois o sistema de produção ficou mais simples. E lá se vão mais de 20 anos de uso da tecnologia pioneira, denominada RR, ou Roundup Ready. Mas, como em qualquer sistema biológico, onde há uma pressão de seleção natural, ocorre um favoreci-
mento dos espécimes com características genéticas que permitem tolerar ou resistir ao agente da pressão. Não poderia ser diferente: com o uso cada vez mais intenso do glifosato, diversas plantas invasoras atualmente não são mais controladas por aplicações deste herbicida de ação total, ou exigem doses muito maiores, o que aumenta os custos. Este fato corriqueiro mostra a necessidade de diversificar a tecnologia, sem alterar a sua essência, ou seja, dispor de alternativas de plantas cultivadas resistentes a outros herbicidas, com diferentes modos de ação, permitindo evitar o desenvolvimento de resistência de plantas invasoras. Foi com este mote que a Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, e a Basf, firmaram uma parceria para desenvolvimento de uma tecnologia denominada “Sistema de Produção Cultivance”.
Ela combina cultivares de soja de grande potencial produtivo e geneticamente modificadas, para resistir a um herbicida de amplo espectro, mas diferente do glifosato. Dessa forma, é possível efetuar o manejo de plantas invasoras, sejam elas de folhas largas ou gramíneas. Como qualquer planta geneticamente modificada, a soja do sistema Cultivance transpôs todas as etapas exigidas pela legislação brasileira, demonstrando sua eficiência e inocuidade. Para tanto, a soja Cultivance passou por diversos estudos agronômicos, ambientais e de equivalência nutricional, que atestaram sua segurança para o cultivo, consumo humano ou para arraçoamento animal. Mas, do ponto de vista comercial, isso não é suficiente, não basta o país produtor aprovar, é necessário que o país importador
também reconheça a inocuidade toxicológica da nova soja. Em meados de junho passado, a União Europeia aprovou a importação da soja Cultivance, por atender integralmente as exigências da legislação do bloco. Com o “de acordo” da UE, fica muito facilitado obter a concordância da China, principal importador da soja brasileira, vez
Sul, Mato Grosso, Bahia e Goiás. A tecnologia oferecerá aos agricultores uma nova opção para o manejo de plantas daninhas, em especial daquelas que se tornaram resistentes à tecnologia pioneira, que utiliza o glifosato. Dessa forma, será possível para o agricultor manejar de forma mais flexível as plantas invasoras, mitigando o impacto do
Embrapa e Basf, em parceria, desenvolveram a nova tecnologia: o “Sistema Cultivance”. que a Cultivance também atende as exigências da legislação chinesa. Com o nihil obstat do importador, as parceiras Embrapa e Basf lançarão comercialmente a nova tecnologia já neste semestre, a qual estará disponível para alguns estados produtores de soja, como Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do
desenvolvimento de resistência aos herbicidas. Essa deverá ser a tônica de inovações tecnológicas ainda por vir, que permitirão prolongar a vida útil das tecnologias de manejo de plantas invasoras, minimizando o surgimento de plantas invasoras resistentes aos herbicidas utilizados para seu controle.
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Tecnologia
O Senna da soja O produtor e consultor técnico Alisson Hilgemberg, de Ponta Grossa (PR), vence o Desafio Cesb com 141,79 sc/ha em área não irrigada. Glauco Menegheti
E
sta foi a segunda vez que os Hilgemberg – Alisson, de 31 anos, trabalha com o pai, Vilson, de 53 – participam do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja, promovido pelo Cesb – Comitê Estratégico Soja Brasil para incentivar produtores de grãos em todo o país a buscar maiores índices de produtividade. No ano passado, eles foram campeões municipais por Ponta Grossa, município localizado na região central do Paraná, a 103 quilômetros de Curitiba,
Alisson e seu pai conseguiram a maior produtividade na história do Desafio Cesb, três vezes maior do que a média brasileira.
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com uma produção de 109,5 sacas de soja/ha em área não irrigada. A área, no entanto, não foi a mesma do desafio deste ano e fica situada em outra fazenda da família. Desta vez, o resultado foi alcançado em um talhão de 13 hectares da fazenda Palmeira, dentro do qual eles escolheram uma pequena área de 4,9 hectares com histórico de alta produtividade, cultivada há 35 anos pelo sistema de plantio direto. “Há sete anos, eu fiz um levantamento que mostrou manchas de produtividade
nessa área, que tem uma grande quantidade de matéria orgânica”, explica Alisson, formado em Agronomia pela UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa, em 2009. A fazenda Palmeira fica a 25 quilômetros do centro da cidade. No verão, os Hilgemberg cultivam soja, milho e feijão em mil hectares, aproximadamente. A oleaginosa ocupa 600 hectares e as outras duas culturas dividem o espaço restante. Durante o inverno, eles plantam aveia para fazer a cobertura do solo. A média de
rendimento da propriedade é exceção até mesmo para os padrões da região. Na última safra, eles colheram 90 sacas/ha, ao custo variável de R$ 1.700 por hectare, enquanto a maioria dos produtores locais colheu 50. Para Alisson, buscar altas produtividades é imposição estratégica. “A implementação das lavouras está cada vez mais cara e o preço da terra não permite que pensemos em novas aquisições. Por isso, a busca incessante por produtividades é uma questão de sobrevivência na atividade”, diz o produtor. O sucesso dos Hilgemberg é resultado da utilização de tecnologias inovadoras do plantio à colheita. A soja começou a ser plantada no dia 3 de novembro do ano passado e a colheita iniciou em 15 de março deste ano. Eles optaram pela semente NA 5909 RG (da empresa paulista Nidera Sementes), uma variedade de ciclo semi-precoce com alta produtividade e excelente adaptação no Sul do Brasil. “Essa genética é muito usada do Mato Grosso do Sul até a Argentina com bons resultados. Ela apresenta alto rendimento de grãos, resistência ao glifosato e ao acamamento”, assegura Alisson. Outros segredos da produção recorde foram o tratamento eficiente das sementes com fungicidas e a utilização de adubo orgânico em cerca de 90% da pequena área escolhida para o experimento. A cada hectare cultivado com a oleaginosa, eles usaram cerca de 150 quilos de esterco de frango, um recurso abundante nos aviários de Ponta Grossa e municípios vizinhos, como Carambeí, Castro, Palmeira, Tibagi, Ipiranga e Teixeira Soares. Apenas 10% da área cultivada recebeu adubação química. Os produtores ainda fizeram três aplicações normais de fungicidas e três de inseticidas para controlar insetos e artrópodes que se alimentam das folhas de soja na área reservada para o experimento do Desafio Cesb. Mesmo assim, as lagartas, especialmente a falsa-medideira (Pseudoplusia includens) provocaram uma que-
bra de aproximadamente 5% na produtividade, segundo ele. “Tivemos de usar inseticidas porque senão elas comeriam tudo. Usando o produto, os bichos já quase devoraram a lavoura”, brinca Alisson. O clima também prejudicou no desenvolvimento da área trabalhada na fazenda. O engenheiro agrônomo conta que, no final do ciclo da planta, ocorreram 15 dias em que o sol ficou encoberto por nuvens, favorecendo o surgimento de doenças, como a ferrugem asiática. “Isso foi um fator limitante e pode ter impedido um resultado ainda melhor no nosso experimento”, afirma. “Mas essa experiência pode ser útil e nos ajudar no próximo Desafio Cesb, no ano que vem”, projeta. A produtividade obtida por Alisson (141,79 sc/ha, o equivalente a 8.507 kg/ha) foi a maior já já registrada no concurso, desde sua criação, há sete anos. Ultrapassou muito a média nacional, de 48 sc/ha, e superou a excelente marca alcançada pelo vencedor do concurso no ano passado, o engenheiro agrônomo Alexandre Seitz, de Guarapuava, também do Paraná, que colheu 117,3 sacas (7.038 kg). De quebra, suplantou com folga a meta estabelecida pelo Cesb para o concurso deste ano, de 120 sacas de soja/ha em área não irrigada – na condição de campeão nacional, Alisson torna-se automaticamente vencedor da categoria Regional/Sul. O Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja é promovido
Alisson posa na fazenda Palmeira, alegre como nunca, ao lado da esposa, Bruna Rafaelly, e uma das duas filhas do casal.
anualmente pelo Cesb, entidade formada por 17 profissionais e pesquisadores de diversas áreas e 11 entidades patrocinadoras (Agrichem, Bayer, BASF, Jacto, Monsanto, Produquímica, Sementes Adriana, Syngenta, Stoller, TMG e UPL do Brasil. Neste ano, os nomes dos vencedores do concurso foram anunciados pelo presidente do Cesb, Luiz Nery Ribas. no dia 23 de junho, durante o VII Congresso Brasileiro de Soja, realizado em Florianópolis (SC). A cerimônia de premiação está marcada para a 3ª edição da Bienal dos Negócios da Agricultura Brasil Central, que ocorrerá de 31 de agosto a 1º de setembro, em Campo Grande (MS). Na oportunidade, serão apresentados cases dos produtores vencedores das principais categorias. Como prêmio por ter vencido o concurso, Alisson ganhou uma viagem técnica para os Estados Unidos, Ele e os demais campeões regionais visitarão lavouras de soja de alta produtividade, centros de pesquisa e universidades. O engenheiro agrônomo diz que costuma participar de seminários e dias de campo, como os promovidos pela Fundação ABC de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário, de Castro (PR), e que seguidamente recorre à internet – principalmente ao site da Embrapa – para se atualizar. “A gente precisa estar sempre buscando conhecimento, senão acaba ficando para trás”, diz. Ele admite que está ansioso pela viagem aos EUA, que ocorrerá entre os dias 1º e 9 de agosto, antes, portanto, da cerimônia de premiação. “A viagem será bastante interessante para conhecer novas tecnologias que podem ser implantadas na propriedade”, sdiz Alisson, que é fã do piloto Ayrton Senna e publicou em seu perfil no Facebook uma frase do tricampeão mundial de Fórmula 1 que mostra um pouco de sua obsessão pela perfeição. “No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem-feita ou não faz”. julho 2015 – Agro DBO | 35
Energia
É hora de apostar na biomassa? Sim, respondem especialistas. Embora explorada basicamente por indústrias, pode ser um ótimo investimento para os produtores rurais. Ariosto Mesquita
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ecuarista há 40 anos e dono de fazendas nos municípios de Bandeirantes, Jaraguari e Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul, Marcelo Gargione encontrou na produção e comercialização de biomassa uma saída rentável para a capitalização e viabilização de suas propriedades. Hoje, cultiva 600 hectares de eucalipto com os quais obtém renda líquida de R$ 1,6 mil/ha/ano. “Muito diferente da média de R$ 300/ ha/ano que a pecuária me dá”, revela. Mas, ao contrário da maioria dos silvicultores do estado, seu foco não é oferecer matéria prima para a indústria de celulose, setor responsável por 36,4% das exportações industriais sul-mato-grossenses entre janeiro e abril deste ano, segundo a Fiems – Federação das Indústrias do Mato Grosso do Sul. “Fiz a opção em oferecer biomassa para a produção de energia e não me arrependo”, garante. Apesar de crescente, esta é uma alternativa de renda que ainda passa à margem da maioria esmagadora dos produtores rurais brasileiros. A falta de água em várias regiões do país em 2014 reduziu a expansão de sistemas de produção de energia a partir de usinas hidrelétricas e acentuou a busca por fontes renováveis de grande disponibilidade. Neste contexto, a biomassa se colocou como uma espécie de bola da vez, fundamentalmente em função da extensa quantidade de matéria prima no campo, principalmente a do setor sucroenergético (bagaço e palha de cana-de-açúcar) e a oriunda da atividade madeireira (toras e resíduos florestais). O produtor Gargione fez uma detalhada leitura das possibilidades de mercado antes de decidir apostar no setor. Tanto é que não só produz matéria prima como também criou uma empresa de bioenergia florestal para cuidar de todas as etapas de produção de biomassa, incluindo o fornecimento para as indústrias interessadas. “A ReflorestMS planeja e
Marcelo Gargione, diante de toras de eucalipto em sua propriedade, em Jaguarari (MS). Renda maior que a da pecuária.
realiza o plantio, conduz a área de floresta, colhe, transporta, compra e vende matéria-prima para as indústrias”, explica, lembrando que a empresa intermedia inclusive a comercialização da produção silvícola de suas fazendas. Em suas propriedades, Gargione entrega a madeira em pé para processamento. O pagamento é calculado com base no fornecimento de metro estéreo (st) de madeira, que se diferencia do metro cúbico (m3) por contar com espaços vazios entre as peças. No m3 as peças se encaixam, sem deixar espaços. Segundo o empresário, os valores de remuneração são idênticos – cerca de R$ 36/st em meados de junho – ao que é pago aos fornecedores para a produção de papel e celulose. A diferença fundamental está na forma de pagamento. “Os compradores de madeira para biomassa realizam a extração gradualmente, com pequenas máquinas como motosserras, por exemplo. Neste caso,
geralmente este pagamento é feito em parcelas mensais iguais durante 24 meses. Já a madeira para celulose é colhida em alta escala e o pagamento quase sempre acontece em três parcelas: uma entrada, outra com 30 e a última em 60 dias“, detalha. A matéria prima intermediada pela ReflorestMS é utilizada para a produção de energia em vários segmentos no Mato Grosso do Sul, como frigoríficos, curtumes, secadores de grãos e usinas de cana. “No caso específico de minhas áreas de cultivo, não me sobram resíduos florestais, pois ocupamos toda a árvore, inclusive sua rebrota, que vai originar uma nova floresta. É diferente da produção voltada para a celulose, que exige o descascamento do eucalipto ainda na área de cultivo, gerando uma grande quantidade de resíduos que pode ser utilizada pelo produtor como oferta de biomassa”, explica. Opção de renda A utilização de resíduos do campo para a produção de energia passou a ser um ótimo negócio, embora ainda ainda basicamente restrito às empresas. Diante de eventuais dificuldades de logística, processamento e estrutura, que exigem grandes investimentos para entrar no mercado, uma das alternativas é fazer a aposta através de uma cooperativa. No Paraná, por exemplo, várias iniciativas estão já consolidadas ou em processo de implantação. Criada há pouco mais de um ano, a Copergera – Cooperativa Florestal dos Campos Gerais nasceu focada no mercado de biomassa. Sediada em Imbaú e atuante em 20 municípios da região, encomendou logo de cara um estudo de viabilização para produção de cavaco e pellets de madeira. Mais recentemente, no dia 29 de maio de 2015, fechou acordo com o Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial para 160 horas de consultoria técnica visando a produção de briquetes. São blocos compactos de materiais julho 2015 – Agro DBO | 37
Energia
energéticos que funcionam como uma espécie de lenha ecológica, com baixa emissão de gás carbônico no ambiente. “Indústrias como a Klabin compram hoje cavacos para geração de energia e madeira de 8 a 18 cm de diâmetro para produção de papel, pagando R$ 70 a tonelada. Hoje, nossos 26 cooperados podem ofertar 4 mil toneladas/mês, sendo mil de pinus e 3 mil de eucalipto. Pretendemos atingir a oferta mensal de 10 mil toneladas”, vislumbra o presidente da cooperativa, Marcos Geraldo Speltz. A Batavo Cooperativa Agroindustrial, com sede em Carambeí (PR), dona de um faturamento de US$ 606 milhões em 2013, resolveu
Palha de cana após colheita em Angélica (MS): possibilidade de ganho com biomassa para o produtor rural.
aproveitar o resíduo para gerar parte da energia consumida em seus processos pós-colheita. A unidade de Ponta Grossa (PR) produz briquetes com as sobras do beneficiamento de grãos da própria cooperativa. Este material é secado, triturado, compactado e posteriormente utilizado como combustível para a queima em fornalhas de secadores de grãos. Mercado em expansão As possibilidades de mercado da biomassa vêm atraindo a curiosidade de produtores e investidores. Tanto é que, durante o “Três Lagoas Florestal”, evento realizado anualmente em Três Lagoas (MS), um dia de campo reuniu às 8 horas da
manhã do feriado de Corpus Christi (4/6/2015) quase 200 pessoas para acompanhar demonstrações de procedimentos de trituração de resíduos florestais visando sua queima em caldeiras para produção de energia. A cidade, que hoje coloca no mercado 4,3 milhões de toneladas de celulose/ano (com destaque para as gigantes Fibria e Eldorado Brasil), detém mais de um quarto de toda a produção brasileira (de 16,4 milhões de toneladas) e suas indústrias utilizam uma área plantada de quase 800 mil hectares de eucalipto na região. Em uma área já colhida na fazenda Ituana (arrendada pela Fibria para o cultivo de eucalipto), distante 29 km da cidade de Três Lagoas, produtores, técnicos, acadêmicos e pesquisadores se depararam com uma enorme máquina que engolia e esfarelava os resíduos do pós-colheita deixando o material pronto para ser queimado em caldeiras. Estava em ação um triturador universal, usado para processar vários tipos de resíduo, como galhadas, toras, raízes, palha de cana e até material oriundo de sobras de construções. A potência de 630 HP e a capacidade para processar até 70 toneladas/ hora, impressionaram. Mas não menos que seu preço: cerca de US$ 800 mil (R$ 2,46 milhões pela cotação de
Mercado de energia cresce com biomassa Os números de produção de energia no Brasil evidenciam a recente expansão da utilização da biomassa no país. Segundo levantamento da Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica, o número de termelétricas brasileiras que a utilizam como matéria prima subiu de 319 para 493 unidades entre 2009 e os primeiros meses de 2015. Além disso, existem mais nove em construção e mais 60 termelétricas em fase de licenciamento. Já em produção, 78% são movidas por bagaço de cana, 10% por resíduos de madeira e 12% por outras fontes de biomassa. No quesito
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potência instalada, este crescimento é ainda maior. Nos últimos seis anos, pulou de 6.400 MW para 12.800 MW. Em seis anos, portanto, a estrutura para a produção de energia a partir da biomassa teve um crescimento médio de 12,2% ao ano. Do total desta potência hoje instalada, 82% vêm do processamento a partir de resíduos da cana-de-açúcar e apenas 3% têm a madeira como matéria prima. A biomassa é responsável por 9,1% da capacidade de produção de energia no Brasil, perdendo apenas para o gás natural (9,5%) e a hidroeletricidade (66,1%). Apesar dos nú-
meros, a participação do setor sucroenergético no mercado de biomassa poderia ser maior. “A cadeia nacional da cana-de-açúcar poderia entregar uma quantidade a mais de energia equivalente a duas “Itaipus”, o que significaria 15% a mais de oferta de energia para todos os brasileiros”. O aviso vem do presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Rocha. Isso decorre, segundo ele, da ausência de políticas públicas, o que acabou adiando a implantação de estruturas que pudessem receber e levar esta energia a residências, empresas e indústrias.
Em regiões de mercado já constituído, o produtor pode produzir biomassa na sua fazenda para atender consumidores regionais. 22 de junho). O valor limita o acesso do produtor rural e praticamente indica seu público: grandes indústrias de celulose ou empresas intermediadoras no fornecimento de biomassa. “A Fibria, por exemplo, contrata uma empresa prestadora de serviço para processar e levar o material de biomassa para suas caldeiras. Praticamente todas as empresas com reflorestamento já estão dando destinação aos seus resíduos, processando-os ou retirando-os do campo para evitar problemas como incêndios ou instalação de pragas,”, diz o consultor de vendas Elton Busarello, integrante do departamento comercial da Komatsu Forest, empresa especializada em colheita florestal mecanizada. A unidade da Fibria em Três Lagoas produz toda a energia que consome desde o final da década passada e ainda disponibiliza o excedente para o mercado. De acordo com informações do gerente de produção de celulose da empresa, Alexandre Figueiredo, a Fíbria produz 120 megawatts/hora (MW/h), consome 90 MW/h e entrega o restante à rede de distribuição nacional. Essa energia é gerada a partir da queima de licor
Usina Adecoagro, em Ivinhema (MS): geração de energia utilizando bagaço de cana como fonte.
preto e biomassa, subprodutos da madeira. De acordo com dados do Fórum Nacional Sucroenergético, o fornecimento de 1 MW durante uma hora seria suficiente para abastecer uma residência padrão médio durante 30 dias.
Corredor de eucalipto na fazenda Ituana, em Três Lagoas (MS), autodenominada “a capital mundial da celulose”.
Revolução em andamento Na opinião do empresário Márcio Funchal, sócio da Consufor, empresa de consultoria de bioenergia e agronegócio sediada em Curitiba (PR), o mercado de biomassa está em franca expansão e oferece espaço para investidores, empresas especializadas e produtores rurais: “Há uma verdadeira revolução em andamento para trazer mais eficiência na conversão da biomassa em energia, seja ela térmica ou elétrica”, disse ele, ao participar do seminário “Mais Floresta”, em Três Lagoas. Apesar de explorada fundamentalmente pelas indústrias e empresas de intermediação, a biomassa pode ser um ótimo investimento para o agricultor, desde que, segundo Funchal, se tome precauções e se trabalhe com planejamento. “Se este produtor estiver localizado em um polo florestal consolidado, com mercado ativo e funcional, as empresas que processam biomassa irão à propriedade rural para compra do resíduo no
campo. Se ele estiver vinculado a um contrato de fomento florestal com uma indústria, o resíduo pode ou não estar incluso nas cláusulas de fornecimento”. O consultor ainda vislumbra a possibilidade de implantação de uma estrutura de tratamento da biomassa dentro da fazenda. “O produtor pode também apostar no processamento em campo, atendendo os consumidores regionais com seu próprio produto”. Na cadeia da cana as possibilidades do envolvimento do produtor no mercado de biomassa são mais limitadas. De acordo com o presidente da Biosul - Associação dos Produtores de Bioenergia do Mato Grosso do Sul, Roberto Hollanda Filho, a remuneração ao fornecedor é feita avaliando-se o custo da produção, qualidade da matéria prima e maior preço final do produto. “O custo da energia disponível no bagaço não é considerado”, revela. Por outro lado, entende que este fornecedor deve ficar atento à palha que fica disponível após a colheita da cana. “É na palha, que fica na propriedade, onde se encontra pelo menos um terço da energia disponível na cana e já existem casos de alguns produtores que estão sendo remunerados pelo fornecimento deste material como fonte de biomassa”, completa. julho 2015 – Agro DBO | 39
Clima
El Niño potencializa sazonalidade Problemas à vista nas próximas semanas para as lavouras de grãos nos Estados Unidos e do algodão no Brasil Marco Antônio dos Santos *
A
s águas superficiais da região equatorial do Oceano Pacifico continuam bastante aquecidas em toda a sua extensão, desse modo é fato que o clima está sendo influenciado pelo fenômeno climático El Niño. Uma das características desse fenômeno é potencializar a sazonalidade das estações climáticas, ou seja, nos próximos meses as chuvas ficarão mais concentradas sobre a região Sul do Brasil, onde os volumes acumulados deverão superar a média climatológica. Esse excesso de dias chuvosos em todo o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e na região sul do Mato Grosso do Sul poderá afetar o desenvolvimento das culturas de inverno, como trigo, além de afetar a realização dos trabalhos de colheita. Se no Sul do Brasil será bem mais chuvoso nesse inverno (muito semelhante ao ocorrido em 2014), em todo o Centro e o Norte do País o tempo será bem mais seco, o que é normal para essa época do ano. Isso
* o autor é engenheiro agrônomo e agrometeorologista da Somar Meteorologia.
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permitirá que a colheita do milho, do algodão, café e da cana-de-açúcar possa transcorrer sem maiores transtornos. O problema para essas regiões será na segunda metade do inverno, mais precisamente em agosto e início de setembro, pois poderão ocorrer chuvas mais regulares durante esse período, atrapalhando a colheita do algodão e até mesmo ocasionando perdas pontuais na qualidade das fibras. Para o café e a cana-de-açúcar as perdas também serão pontuais, devido às chuvas que estão sendo previstas para o final de julho e primeira quinzena de agosto. Só que esse aquecimento das águas do Oceano Pacífico perderá forças durante a segunda metade do inverno, e isso provocará um novo período de estiagem em todo o Sudeste, Centro-Oeste e no Matopiba durante a segunda quinzena de setembro e ao longo do mês de outubro. Poderá ocasionar atrasos no plantio da safra de verão.
Nos Estados Unidos, o El Niño manterá todo o verão com chuvas acima da média, e é isso que poderá inviabilizar a finalização do plantio da soja e ocasionar reduções nos potenciais produtivos das lavouras de soja e também de milho, já que os vários dias consecutivos de chuvas reduzirão as taxas de radiação solar e de luminosidade. Porém, as perdas não serão tão grandes quanto em 2012. Além disso, devido a esse aquecimento mais intenso das águas do Pacífico, o final do verão e o início do outono nos Estados Unidos poderá ser ainda mais chuvoso, atrapalhando o pleno andamento da colheita da soja e do milho. Além das chuvas, o aquecimento acima da média das águas do Oceano Atlântico na altura dos Estados Unidos permitirá que durante o verão norte-americano haja uma maior probabilidade para furacões. Que poderão atingir não só os Estados Unidos, mas também o México e os demais países da América Central.
ParabĂŠns, Agricultor. Este ĂŠ o nosso reconhecimento ao trabalho de quem tanto ajuda a alimentar o mundo.
28 de Julho. Dia do Agricultor.
Homenagem
Dia do produtor de alimentos É tempo de se reconhecer a importância do agricultor, cujo trabalho proporciona aos cidadãos urbanos o alimento do dia a dia. Richard Jakubaszko
28
de julho pode ser o dia do agricultor, mas deveria ser o dia de todos nós, como forma de manifestar a solidariedade e as homenagens de todos os seres urbanos aos agricultores do mundo inteiro, especialmente os brasileiros, com quem convivemos no dia a dia em nossas mesas, seja no café da manhã, almoço ou jantar, e ainda nos lanchinhos extemporâneos. Isto, porque este ser iluminado, o homem que fala diariamente com Deus, através de observar e tentar entender a natureza, maior exemplo de manifestação da criação divina, não é apenas agricultor e provedor de alimentos para os cidadãos urbanos, um tipo de gente distraída que mora em cidades altamente poluídas, compra alimentos nos supermercados, e roupas em lojas, julga-se independente e au-
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tossuficiente, e não tem a mínima ideia de como o mundo caminha; eles imaginam que os alimentos são produzidos logo ali, atrás da gôndola, ou que são colocados dentro das embalagens nas fábricas. Os agricultores não são apenas agricultores, pois são verdadeiros ambientalistas, cuidam do meio ambiente, do solo e da água, das quais sabem que dependem hoje e no futuro; eles são também engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas, porque são especialistas naquilo que plantam, ano após ano. Também são economistas, porque planejar e projetar plantios requer conhecimentos de economia, eis que negociar empréstimos e seguros com os bancos é tarefa para gente entendida no assunto; o agricultor é também meteorologista, e dos bons, caso contrário ele quebra. Ou seja, para ser um agricultor de verdade são requeridas competências de muitas outras pro-
fissões e atividades, faltando apenas a expertise comercial dos comerciantes. Porque agricultor, quando compra, pergunta quanto custa, e, quando vende, pergunta quanto estão pagando, comprovando a velha máxima de que todo mundo tem um calcanhar de Aquiles. Agricultor, quando erra, a terra mostra, esta a diferença com os médicos, pois destes a terra encobre os erros. Agricultor não usa currículo, não cria “diferencial competitivo”, e é um dos raros profissionais do mercado produtivo que divide fraternalmente seus conhecimentos e descobertas com os vizinhos, seus amigos e “concorrentes”, pois é solidário nas alegrias e tristezas do dia a dia. Ser agricultor é tudo isso e um pouco mais, é ter a humildade da labuta diária, a coragem para enfrentar os humores da natureza, ora amiga, ora inimiga, entender a ganância infinita dos intermediários, reconhecer que as tecnologias modernas podem ajudar ou prejudicar se não forem bem empregadas, se apoderar de uma esperança infinita e permanente de que a próxima safra será melhor, mas não tão boa e tão farta a ponto de fazer os preços desabarem. Ser agricultor hoje foi a evolução do homem pré-histórico de ontem, o caçador que nunca se fixava à terra, pois quando a fauna rareava ele migrava para novas paragens em busca da sua comida. Quando o homem caçador percebeu que poderia plantar sua comida, e viver sossegado com sua família num cantinho de terra, nasceu o agricultor, que produzia
alimentos para si e trocava o excedente por mercadorias que necessitava. De lá para cá a agricultura evoluiu de forma notável. Um século atrás, cada hectare produzia alimentos para 8 ou 10 pessoas, e hoje cada hectare consegue suprir alimento para 155 pessoas, em função do aumento da produtividade. Essa evolução se deve ao uso de tecnologias e modernidades, pois o agricultor é um empreendedor e sabe que para sobreviver como profissional produtor de alimentos precisa estar sempre evoluindo e atualizado. Mesmo que nas cidades o chamem de Jeca Tatu, como que querendo dizer que o agricultor é um sujeito atrasado e conservador. Aliás, o agricultor tem a humildade de ficar quieto, e nem se defende, quando o acusam injustamente de ser ganancioso se os preços dos alimentos sobem nos su-
permercados, decorrência de safra frustrada, porque choveu de menos ou de mais, ou porque as pragas e doenças destruíram as plantações. Quando os urbanos rotulam os agricultores de serem devedores do Tesouro Nacional, o agricultor fica quieto, e apenas paga suas contas e os juros, ou quebra e entrega suas terras aos bancos. Porque esses dramas não saem nos jornais ou revistas, e nem nas TVs. Pior ainda é quando os urbanos xingam e acusam o agricultor de ser um criminoso ambiental, aí parece que não vai dar para aguentar tanta mentira e injustiça, mas o agricultor fica quieto, pois quem fala não tem a mínima ideia do que acontece nas lavouras. O agricultor sabe que o negócio dele é uma indústria a céu aberto, é a atividade que mais exporta neste país, que proporciona os saldos po-
sitivos da nossa balança comercial, ano após ano, é a indústria da agricultura que gera mais de 1/3 dos empregos no país, e que isso é fácil de perceber e conferir nas muitas cidades brasileiras com atividade essencialmente agrícola e que possuem os mais elevados IDH – Índice de Desenvolvimento Humano de todo o Brasil, porque onde o agricultor trabalha as riquezas são distribuídas de forma mais justa entre todos os trabalhadores. Por todas essas qualidades e características dos agricultores deste país, a revista Agro DBO registra neste texto suas homenagens e o reconhecimento a esse incansável trabalhador, e envia o nosso “parabéns, agricultor!”, pelo seu dia, pois todo dia é tempo de a gente se alimentar com o fruto do seu trabalho. Obrigado a você, pelo pão nosso de cada dia. É assim que se fala e se faz!
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Regulamentação
Rotulagem de alimentos: o direito do consumidor garantido. Sem “camuflar” a presença de OGMs nos rótulos, a proposta aprovada pela Câmara torna a informação mais precisa e adequada. Adriana Brondani *
E
* A autora é bióloga, mestre e doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e diretoraexecutiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).
m 2003, quando a primeira normativa sobre rotulagem de transgênicos no Brasil (Decreto Nº 4.680) entrou em vigor, a realidade da agricultura brasileira era outra. Havia somente uma variedade de soja geneticamente modificada (GM) no mercado. Embora o objetivo fosse garantir ao consumidor o direito de ser informado sobre as características ou propriedades dos alimentos, o decreto se revelou equivocado. Ele determinou a criação de um símbolo (triangulo amarelo com um T preto no centro) que deveria estar estampado nos produtos que contivessem ingredientes transgênicos. Adicionalmente, exigiu que constasse no rótulo também a espécie doadora do gene. Após 12 anos em vigor, a normativa não cumpriu totalmente a função de informar. Essa avaliação está amparada pela pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos com uma amostra de mil pessoas em 70 cidades das cinco regiões brasileiras. O levantamento revelou que 69% dos entrevistados não sabiam do que se tratava o triângulo amarelo indicativo de alimento transgênico, 14% associaram o símbolo a um sinal de trânsito e 9% o entenderam como sinal de perigo. A representação gráfica também coincide com aquelas utilizadas em placas que indicam algum tipo de alerta. Sem dúvida, essa abordagem remete a uma percepção errônea de insegurança. Ademais, em 2003 o OGM liberado comercialmente tinha apenas
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Risco de choque elétrico
Risco de radiação
uma característica obtida pela introdução de um único gene; hoje, sementes transgênicas já contam com dois, três e até quatro genes que combinam diferentes benefícios. Os organismos doadores desses genes têm nomes como Agrobacterium tumefaciens, Arabidopsis thaliana, Bacillus thuringiensis, Streptomyces viridochromogenes. Apesar de serem espécies bastante estudadas, seus nomes científicos não são familiares para a maioria da população. Pelo contrário, a presença de palavras que os consumidores não compreendem no rótulo dos alimentos, colabora para a equivocada percepção de risco. Isso posto, fica evidente que essa comunicação necessita ser ajustada. A proposta do Projeto de Lei 4148/2008, aprovado em 28 de abril pela Câmara dos Deputados, é exatamente realizar essa adequação. Ainda que o PL seja injustamente acusado de esconder informações do consumidor, seu objetivo é o oposto: torná-las mais claras. O projeto substitui o incompreensível símbolo e as complexas informações sobre as espécies doadoras dos genes pela expressão “transgênico” ou “contém ingrediente transgênico”. A nova comunicação é simples, direta e de fácil compreensão. Com ela, não será mais necessário relacionar um sím-
Frágil
Transgênico
bolo a um significado ou conhecer os nomes científicos que não fazem parte do cotidiano das pessoas. Outra interpretação falsa sobre o PL é atribuir a ele a flexibilização das regras da rotulagem em vigor quando, em verdade, ele as deixa mais precisas. Na normativa de 2003, artigo 2º, já havia menção à necessidade de informar no rótulo a presença de transgênicos quando esses ultrapassarem o “limite de 1% do produto”. Essa exigência continua presente no projeto que ainda será votado pelo Senado. No entanto, o texto está mais acurado, uma vez que elucida que a porcentagem deve ser superior a 1% da “composição final” do produto. Vale ressaltar que todos os OGM aprovados no Brasil passam pela criteriosa avaliação de especialistas da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), vinculada ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI). Dessa maneira, fica claro que as questões que envolvem a rotulagem de transgênicos não têm relação com a biossegurança desses produtos, mas com o direito à informação correta e de qualidade. Nesse sentido, o PL 4148/2008 longe de “camuflar” a presença de OGM, torna o rótulo mais preciso e adequado, contribuindo para a tomada de decisão dos consumidores.
14º Congresso Brasileiro do Agronegócio
Sustentar é Integrar 3 e 4 de agosto de 2015
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Um homem à frente de seu tempo O “rei da soja”, Olacyr de Moraes, faleceu em São Paulo no dia 16 de junho, deixando um valiosíssimo legado para a agricultura brasileira. José Maria Tomazela
Olacyr de Moraes, nos áureos tempos em que comandava um vasto império empresarial, centrado em suas atividades agrícolas e de infraestrutura.
N
a década de 1980, contrariando o conceito generalizado de que as terras do Centro-Oeste não se prestavam ao cultivo da oleaginosa, Olacyr de Moraes investiu em pessoal especializado, pesquisas científicas e tecnologia para transformar o solo pouco fértil da fazenda Itamarati, em Mato Grosso do Sul, na maior área contínua de produção de soja do planeta. Foi ainda o desbravador do Centro-Oeste para a cana-de-açúcar e pioneiro no melhoramento genético e cultivo do algodão nessa região do país. O senador Blairo Maggi, que realizou negócios com
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ele e aplicou em suas lavouras tecnologias testadas antes pelo empresário, expressou seu sentimento pela perda do amigo. “Olacyr foi um visionário que acreditou no potencial do Cerrado para o plantio de grãos. Grande produtor e pioneiro, sempre mereceu nosso respeito e admiração.” Olacyr sofria de câncer no pâncreas e estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, onde faleceu na madrugada do dia 16 de junho. Olacyr Francisco de Moraes nasceu em Itápolis (SP), no dia 1 de abril de 1931. Filho de um vendedor de máquinas de costura, aos oito anos
mudou-se com a família para São Paulo e aos 14 começou a trabalhar, ajudando o pai em seu negócio. Com o final da segunda guerra mundial, a empresa de máquinas fechou as portas no Brasil e seu pai, Augusto, investiu as economias na compra da transportadora “Expresso Foguete”. A frota de entrega era composta de três caminhões Ford 29 e foi nela que Olacyr aprendeu que era preciso diversificar as atividades. Aos 19 anos abriu, com o irmão Odimir e seu pai, a empresa de transporte de cargas ‘Argeu Augusto de Moraes e Filhos Ltda’. Contra a vontade de Augusto, financiou ca-
minhões novos e passou a atuar na pavimentação de ruas da capital. Assim, em 1957, nasceu a Constran Construções e Transportes Ltda, depois transformada em sociedade anônima. A empresa se especializou em grandes obras, passando a construir aeroportos, ferrovias, pontes e viadutos, inclusive os primeiros quilômetros do metrô de São Paulo. A essa altura Olacyr já havia fincado o pé no agronegócio, que iria marcar sua atuação como empresário. Em 1966, com a criação da Sudam – Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, o governo passou a incentivar investimentos para desenvolver aquela região. Achando que era uma boa oportunidade, Olacyr fundou a Orpeca SA, para criar e engordar bois no norte do Mato Grosso, região ainda inóspita, sem meios de transporte, – foi preciso abrir picadas na mata para chegar à fazenda. E evitar o ataque de onças ao plantel de bezerros. Em 1973, constituiu a Itamarati Agro Pecuária, adquirindo terras em Ponta Porã (MS). O projeto era produzir soja, algodão e milho na fazenda Itamaraty, com 50 mil hectares, mas o solo não era apropriado para as cultivares de soja existentes no Brasil. Para tornar o projeto viável, Olacyr construiu laboratórios e investiu em pesquisas, em colaboração com a Embrapa e a Universidade Federal de Viçosa (MG). Técnicas de fixação biológica do nitrogênio desenvolvidas pela cientista Johanna Dobereiner foram aplicadas com sucesso na fazenda. Em poucos anos foram desenvolvidas mais de três mil linhagens de soja e trigo, até chegar aos exemplares adaptados à região. Deu tão certo que a soja cultivada na Itamarati, com 48% de proteínaem relação ao seu peso – quantidade maior que a obtida nos Estados Unidos – passou a ser disputada por outros agricultores. Em 1975, no município de Diamantino (MT), a 300 km de Cuiabá, Olacyr inaugurou a Itamarati Norte, ocupando área total de 110 mil hectares volta-
O “rei da soja”, na Fazenda Itamaraty: as duas propriedades, uma em Ponta Porã (MS) e a outra, em Diamantsino (MT), somavam 160 mil hectares de área.
dos para a produção de soja, milho e algodão. As imensas áreas de cultivo, irrigadas com pivôs, transformaram Olacyr no maior produtor de soja do mundo, o que lhe valeu o título informal de “rei da soja”. As fazendas funcionavam como empresas, com hospitais, médicos e alojamentos parecidos com hotel para os empregados, com portaria e recepção. Os funcionários que tinham família moravam em casas próprias, com água, energia elétrica e esgoto por conta da empresa. A alimentação era fornecida no sistema de bandejão e os trabalhadores do campo recebiam a comida embalada em marmitas de alumínio. Olacyr se orgulhava de nunca ter enfrentado uma greve. Em 1979, inaugurou a Calcário Tangará, em Tangará da
Serra (MT), e em 1985, fundou a Calcário Itamarati, em Bela Vista (MS). As empresas produziam 1,4 milhão de toneladas de calcário por ano para correção de solos. No início da década de 1980, construiu a Usinas Itamarati, em Nova Olímpia (MT), passando a produzir cana-de-açúcar em 100 mil hectares de terras próprias, além de áreas arrendadas. A Usinas Itamarati chegou a produzir 7 milhões de toneladas de canal, tornando-se a maior esmagadora de cana do mundo. Seis anos mais tarde, foi constituída a Itamarati Armazéns Gerais para armazenar e conservar grãos. Três anos depois, no Chapadão dos Parecis, Olacyr iniciou um programa de melhoramento do algodão brasileiro que resultou no desenvol-
Estrada aberta na década de 1970 para viabilizar o processo de colonização de Mato Grosso. Uma das maiores difuculdades de Olacyr no início foram as onças
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Perfil No auge, o império criado por Olacyr de Moraes o colocava entre as 200 maiores fortunas do mundo, segundo a revista Forbes.
Saulo Ohara
vimento de uma variedade de alta produtividade, responsável pela transformação do país de importador a exportador da fibra. Naquele momento, o empresário paulista tinha montado um império que o colocava entre as 200 maiores fortunas do mundo, segundo a revista Forbes, com patrimônio de US$ 1,2 bilhão. Era o auge: as empresas batiam recordes de exportação e projetavam o Brasil no exterior. O declínio começou com uma decisão da qual Olacyr se arrependeria mais tarde. Para aumentar a capacidade de produção de energia no Mato Grosso, no início da década de 1990, ele fez acordo com o governo estadual para a construção de duas usinas hidrelétricas (Juba I e Juba II), com capacidade de 84 megawatts, com o compromisso do estado de investir nas linhas de transmissão, já que o excedente seria vendido à concessionária de energia do estado. “O governo não fez nada e as hidrelétricas ficaram paradas por mais de um ano. Infelizmente, o governo federal e os governos estaduais, ao invés de ajudar, só atrapalharam”, lamentou na época. Outra decepção com o poder público veio com a Ferronorte, primeira ferrovia executada pela iniciativa privada no país, visando a funcionar como importante corredor de escoamento
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dos grãos produzidos nas regiões norte e centro-oeste do país para o porto de Santos (SP). Para viabilizar o negócio, ficou acertado que o governo paulista ergueria uma ponte sobre o rio Paraná ligando os estados de São Paulo e Mato Grosso e Olacyr construiria a ferrovia. O empresário cumpriu sua parte, mas o governo de São Paulo não fez a ponte. Só depois de quase oito anos, após intervenção do governo federal, o projeto saiu do papel. A esta altura, o prejuízo era imenso. Olacyr também se queixou publicamente de sua empresa, Constran, ter levado calote de vários governos estaduais. O fato é que, nos anos 90, as dívidas de suas empresas somavam US$ 1 bilhão e ele não pagou o que devia a investidores internacionais que investiram na Constran. Para piorar, integrantes do MST invadiram seguidas vezes a fazenda do Mato Grosso do Sul, inviabilizando a produção. A demora da Justiça em promover as reintegrações de posse, a reincidência das invasões e o custo dos processos judiciais levaram-no a abrir mão da propriedade, vendendo-a ao Incra. O governo gastou R$ 245 milhões para desapropriar a área e assentar 2.837 famílias ligadas ao MST e à Fetagri – Federação dos Trabalhadores na Agricultura. O assentamento instalado no local não
Usinas Itamarati, denominada, a princípio, Destilarias Itamarati S/A, foi instalada em Nova Olímpia (MT) em 1980. O empreendimento é dos maiores do setor sucroenergético fora de São Paulo.
prosperou e as terras que bateram recordes de produtividade ficaram abandonadas. O Incra perdeu o controle sobre os assentados. A estrutura que incluía pista de pouso, frota de máquinas, dezenas de pivôs de irrigação e 56 armazéns com capacidade para dois milhões de sacas de grãos viraram sucata. Os lotes foram vendidos, subdivididos e proliferaram os barracos sem luz, água encanada e com esgoto a céu aberto. Antigas vilas de trabalhadores se transformaram em favelas rurais. A propriedade em Mato Grosso foi arrendada a Blairo Maggi, alçado ao posto de novo “rei da soja”. A Ferronorte foi vendida para a ALL – America Latina Logística; a Constran, à UTC; e a Usina Itamarati foi passada à sua filha, Ana Cláudia. Olacyr não se abateu e, em 2002, iniciou nova empreitada, criando a Itaoeste, uma empresa de mineração. Em 2012, anunciou a descoberta da primeira jazida de tálio, mineral raro usado na fabricação de computadores, em Barreiras (BA). A empresa passou a produzir corretivos para o solo, como calcário, insumos à base de cobre e manganês e fertilizantes naturais, como o silicato de cálcio, utilizados principalmente em culturas de cana-de-açúcar e arroz. Ele considerava ter dado a volta por cima. “Em 50 anos de trabalho reinvestimos aqui mesmo tudo o que ganhamos, sem desviar nada para o exterior”, dizia. Nos últimos anos, apesar da idade avançada, Olacyr mantinha a rotina de acordar cedo, ler os jornais e ir para o escritório. Duas vezes por semana, caminhava num parque próximo a seu apartamento, no Itaim, bairro da zona sul da capital paulista. Na vida social, despertava comentários por viver rodeado de belas mulheres desde que se separou da esposa Edna, no início dos anos 90, após 30 anos de casamento. Ele
dizia que as jovens eram suas amigas e a quem questionava o fato de já ser idoso, respondia. “A idade está na cabeça, não no corpo.” Ele incentivava também jovens iniciantes na carreira empresarial. “Quando comecei a trabalhar, o capital que eu tinha era minha cabeça, meus braços e minha vontade. A primeira condição para se ter sucesso é gostar daquilo que faz, por isso nunca me canso de trabalhar”, dizia. Em seu site, postava as frases preferidas e a impressão de outras pessoas a seu respeitoe. Em abril do ano passado, quando se recuperava de uma cirurgia para debelar um câncer no intestino, teve um novo dissabor: seu motorista de três décadas, Miguel Garcia Pereira, matou a tiros o ex-senador boliviano Andrés Firmin Heredia Guzmán, por entender que ele estava extorquindo seu patrão. Lobista, Guzmán atuava na captação de negócios para as empresas de mineração. O episódio deixou Olacyr chocado. Ele negou ter sido vítima de extorsão. Vivendo de forma intensa, o “rei da soja” tornou-se uma das pessoas mais conhecidas do Brasil. Dois dias após sua morte, mais de 300 mil pessoas haviam acessado seu site oficial para postar mensagens e la-
mentar a perda. “Este homem é o que faz do brasileiro um esperançoso num Brasil de tantos maus exemplos”, postou Aguinaldo Trajano de Azevedo. “Que seu nome não fique apenas na história do Brasil, mas seja um exemplo a ser seguido”, assinalou o empreiteiro Jorge Alberto. “Um grande homem, um grande ser humano”, escreveu Ilma França Maximo. O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Luiz Alberto Staut, que trabalhou com o empresário na década de 80 na Itamarati em Ponta Porã, descreve a obstinação de Olacyr pela transformação de terras fracas em solo altamente produtivo. “Era um visionário, não poupava recursos para atingir seus objetivos na produção agrícola.” Staut conta que, por volta de 1983, Olacyr procurou a unidade da Embrapa em Dourados (MS), para melhorar a produtividade nas áreas irrigadas com pivôs. De acordo com o pesquisador, Olacyr já havia instalado 66 pivôs na fazenda, número que depois chegou a 125, e precisava aumentar a produção. “Ele foi direto, disse que não pouparia investimento, iria atrás do que fosse necessário, mesmo que precisasse ir buscar na China. Era o que a Embrapa precisava, uma pes-
soa que estivesse disposta a investir. Ele, além da área física, tinha os recursos.” Segundo Staut, Olacyr não perguntava o preço quando lhe apresentavam projetos, mas cobrava resultados. “Usamos a tecnologia gerada pela Embrapa e, na terceira safra, sob pivô, estávamos colhendo 50 sacas por hectare de soja e 35 de trigo. Foi um salto que, sem o arrojo dele, não teria sido dado. Para nós da Embrapa, a fazenda dele foi um baita laboratório.” Para Staut, a agricultura do Centro-Oeste e do Brasil deve muito ao empreendedorismo do empresário. “Ele tinha muita informação. Se alguém falava que uma cultura era viável na região e poderia dar dinheiro, ele experimentava. Era um São Tomé, queria ver para crer.” Foi assim, segundo ele, com o algodão levado para o Centro-Oeste por Olacyr. A primeira safra no norte do Mato Grosso foi um desastre, colheu 70 arrobas por hectare. Foi chamado de louco, mas investiu em pesquisa e insistiu. Acabou gerando a primeira variedade de algodão para o Cerrado, o Ita90. Hoje, o algodão não está nem no Sul, nem no Sudeste, está no Centro-Oeste. Olacyr foi um homem à frente do seu tempo.”
A agricultura brasileira deve muito a Olacyr de Moraes. Entre outras iniciativas, introduziu o cultivo de algodão no Cerrado.
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Política Internacional I
Mapa e embaixador do Japão discutem parcerias A ministra Kátia Abreu visitou em junho último o embaixador do Japão, Kunio Umeda, para tratar da ampliação de parcerias comerciais entre os mercados brasileiro e japonês. O Brasil pretende exportar carne bovina in natura para o Japão. Os japoneses, por sua vez, buscam acordo para vender Kobe Beef ao Brasil. Kátia Abreu deverá visitar o país asiático em julho. A ministra manifestou ao embaixador interesse em firmar acordo sanitário com o Japão, a fim de harmonizar regras e facilitar processos. “Queremos a confiança do mundo nos produtos brasileiros, e os acordos sanitários são um passo importante nesse sentido”, afirmou. Kátia Abreu e Kunio Umeda também trataram da liberação da venda de manga e melão brasileiros ao Japão, processo que está em fase de análise de risco.
Internacional II
Matopiba O embaixador afirmou que o Japão tem grande interesse em ampliar a compra de produtos alimentícios do Brasil e em investir em infraestrutura, especialmente na região do Matopiba (formada
Café por partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). “Não é preciso falar sobre o potencial agrícola do Brasil. É o país que poderá salvar o mundo e garantir a segurança alimentar. O Japão agradece muito”, destacou Umeda.
Crédito
Plano Safra, dinheiro sai em julho. Em Goiânia, a ministra da Agricultura Kátia Abreu, afirmou que os recursos para financiamento da agropecuária na safra 2015/2016 estarão disponíveis para o produtor rural a partir de 2 de julho. Ela esteve na capital goiana para apresentar o Plano Agrícola e Pecuário, que disponibilizará R$ 187,7 bilhões em crédito, aumento de 20% em relação à temporada passada. “Estivemos pessoalmente com o presidente do Banco do Brasil e sua diretoria e acordamos que as propostas seriam recebidas de 15 a 20 de junho e, no dia 2 de julho, o dinheiro estará disponível”, disse a ministra.
PIB rural
Agricultura avança A agricultura foi o único setor que cresceu no primeiro trimestre de 2015. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,2% de janeiro a março deste ano, em comparação com os três últimos meses de 2014. Superando a maré negativa, o setor rural avançou 50 | Agro DBO – julho 2015
4,7% no trimestre. Os dados do PIB indicam que a agropecuária subiu 4% em relação a igual período do ano anterior, principalmente pelo desempenho da safra de alguns produtos da lavoura no 1º trimestre. É o caso da soja, cujas exportações em maio atingiram o maior volume já embarcado em um único mês.
Ampliação de mercado Em junho, o presidente-executivo do CNC, deputado federal Silas Brasileiro, integrou comitiva organizada pela ministra da Agricultura Kátia Abreu, e reuniu-se, em Miami (EUA), com executivos da Restaurant Brands International (RBI), holding que controla Burger King e Tim Hortons, companhias que, com mais de 19 mil lojas e presença em 100 países, tiveram vendas totais superiores a US$ 23 bilhões em 2014, respondendo pelo posto de terceira maior rede mundial de fast-food. Foi uma oportunidade significativa para o Brasil incrementar suas vendas ao grupo, visto termos quantidade de cafés com qualidade e produzirmos dentro dos princípios das sustentabilidades ambiental e social, aspectos vistos como extremamente positivos pelo mercado internacional. Atualmente, o café brasileiro representa um terço das compras da holding e a intenção é que ocorra uma expansão gradativa, de forma organizada, começando já agora.
Marketing da terra
No varejo, como aproximar o produtor do consumidor. Dos EUA nos chegam técnicas simples de marketing para informar os consumidores e ainda valorizar a produção de alimentos Gustavo Porpino*
Informações sobre processo de produção da carne
A
* O autor é analista da Embrapa, doutorando em marketing pela FGV-EAESP. Foi pesquisador visitante no Cornell Food and Brand Lab.
gricultores, varejo de alimentos e consumidores precisam caminhar mais próximos. A união desses públicos, tão importantes para a economia brasileira, cria um cenário propício para a valorização da atividade rural e incrementa a relação dos supermercadistas com os clientes. Todos saem ganhando. Aproximar o produtor rural do consumidor é uma saída viável para desmistificar o agronegócio e enriquecer a relação com os consumidores através da informação. Mais informações no ponto-de-venda sobre a origem dos alimentos significa tanto educação quanto transparência. Para alcançar esse objetivo, é preciso ir além da etiquetagem com
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código de rastreamento. A boa notícia é que com criatividade pode-se conseguir bons resultados sem acarretar muitos custos, como apontam as iniciativas adotadas pela rede supermercadista norte-americana Whole Foods, conhecida por adotar diversas ações de sustentabilidade, como o uso de energia renovável e a preferência por ofertar alimentos de produtores locais. Ao fazer compras na seção de hortifrútis dos supermercados Whole Foods, o consumidor conhece quem são os personagens por trás, por exemplo, das berinjelas e tomates expostos. Os produtores e suas histórias de vida são contadas em painéis com design apropriado e o consumidor passa a ter uma relação de maior
afinidade com o alimento ofertado. Essa quase-arte de contar histórias já é bem explorada pela propaganda e levá-la até o ponto-de-venda, como forma de valorizar o trabalho árduo do produtor rural, pode ser uma estratégia ganha-ganha. Para o supermercadista, comunicar-se melhor com o consumidor torna a atividade menos comercial e mais humana, aspecto essencial para fidelizar clientes. Para o consumidor, o acesso a mais informações sobre a origem dos alimentos, preenche o desejo das famílias de saber mais sobre o que se põe sobre a mesa. Pode-se até expandir ainda mais a cadeia de informações. Apresentar, ao consumidor final, quais tecnologias foram aplicadas na produção de determinado alimento também é uma iniciativa viável para informar ao público a importância da pesquisa agropecuária. Durante a safra de maçã nos Estados Unidos, por exemplo, é comum a oferta de mais de uma dezena de variedades da fruta nos supermercados. Cada uma tem sua história contada. Ao apresentar com detalhe a fruta símbolo de Nova York, os supermercados educam os consumidores ao mostrar como a variedade originou-se e onde é cultivada. Algumas carregam até selos com a marca dos centros de pesquisas responsáveis pelo lançamento da
Produtores rurais como personagens: a valorização do alimento local no ponto-de-venda
Produtores e suas histórias: WholeFoods mostra onde os hortifrútis são produzido
variedade. A seção de açougue do Whole Foods também é emblemática em informações, desde a pastagem utilizada e o manejo do gado até o abate e transporte das carnes. No contexto brasileiro, seria salutar, por exemplo, vermos o maracujá Gigante Amarelo, lançado pela Embrapa Cerrados, sendo comercializado com um selo e tendo a história do produtor contada, na gôndola do supermercado. Iniciativas como esta significam a valorização de dois importantes elos da cadeia alimentar – a pesquisa e o produtor rural – preenchendo os anseios tanto do varejo quanto das famílias consumidoras. A comunicação com histórias bem contadas no ponto-de-
-venda termina por valorizar a cadeia alimentar como um todo. A valorização do alimento é importante também para o combate ao desperdício nas famílias. Se os consumidores estiverem mais cientes da origem dos produtos, e de todo os recursos necessários
consumidor não sabe quem produziu o alimento que compra no supermercado, a valorização da atividade rural torna-se mais árdua. As associações de produtores e cooperativas agrícolas, portanto, poderiam abrir o diálogo com os varejistas e convocá-los
Cabe aos produtores rurais buscar meios para serem mais visíveis no final da cadeia. para que o alimento chegue até a mesa, cria-se um contexto de maior consciência sobre a cadeia alimentar, uma situação ganha-ganha que deve ser perseguida pelos produtores e varejistas. Cabe aos produtores rurais buscar meios para serem mais visíveis no final da cadeia. Se o
para pôr em prática as iniciativas de comunicação nas redes de supermercados. Bons personagens não faltam na agricultura brasileira, e nem boas histórias. Precisamos é redescobrir o mundo rural, descortinar as faces e dar voz a quem enfrenta os desafios de produzir alimento.
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Mecanização
Mantendo o lucro Manutenção preventiva dos tratores e demais máquinas é fundamental para reduzir custos de produção e ajuda a manter lucros. Amílcar Centeno *
D * O autor é engenheiro agrícola e especialista em máquinas agrícolas.
izem que uma partida de futebol começa a ser vencida no vestiário! Na agricultura não é diferente: uma boa parte do sucesso de uma safra começa na entressafra. Nesse momento, além de um planejamento criterioso e de uma boa negociação dos insumos, é fundamental preparar as máquinas para entrarem em campo. Uma boa manutenção preventiva pode melhorar significativamente a disponibilidade e a performance durante a safra. Lembro-me de quando ainda estava na faculdade: meu pai plantava arroz e dispunha de apenas uma colheitadeira Santa Matilde. Quem viveu aquela época sabe do tipo de equipamento que estou fa-
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lando: era uma máquina pequena, com tecnologia “crioula” e uma assistência técnica deficiente. Mas também me recordo da criteriosa manutenção preventiva feita na entressafra: o Antoninho, que era tanto mecânico quanto operador da máquina, desmontava tudo o que era possível desparafusar, checava rolamentos, correias, correntes, lubrificação, filtros. Trocava peças já desgastadas e comprometidas, que poderiam falhar durante a safra. Resultado: durante a safra, a pequena colheitadeira, operada pelo Antoninho, parava apenas para abastecer e para rápidas manutenções de rotina, como lubrificação e limpeza, e no final do dia colhia mais sacas do que qualquer
outra máquina de maior porte e com tecnologia mais avançada. Uma boa manutenção custa em torno de 10% a 15% do custo total de operação da máquina, porém, pode aumentar sua disponibilidade em mais de 20% ao longo da safra. Se fizermos as contas do impacto destes números sobre o custo horário e, mais importante, na lucratividade de toda a lavoura, veremos que uma boa manutenção preventiva é um ótimo negócio. Durante os últimos 5 anos o agricultor investiu muito em máquinas, e tem hoje uma frota renovada e em melhores condições operacionais. Porém, é preciso ter em mente que máquinas novas também quebram, principalmente se não tiverem a manutenção correta e uma operação qualificada. Além disso, muitos dos investimentos foram feitos em máquinas de maior valor, como colheitadeiras e tratores, com farta tecnologia embarcada. Em tempo de vacas magras, será que faz sentido investir em máquinas de menor valor, como plantadeiras, pulverizadores e implementos de preparo do solo? Afinal, se o implemento parar, para o trator também. Se a carreta graneleira quebrar, a colheitadeira também pode parar no meio da lavoura, com o tanque graneleiro cheio e sem ter como descarregar. Ou, então, terá que se deslocar até a cabeceira da lavoura para descarregar direto no caminhão, o que também custará valiosas horas de operação. Além do seu impacto no custo de operação das máquinas, uma
boa manutenção preventiva também pode melhorar a qualidade da produção. Uma corrente defeituosa ou mal ajustada na plantadeira poderá afetar a precisão de plantio. Um bico de pulverização desgastado ou parcialmente entupido não produz a vazão e o tamanho de gotas necessários para o bom controle de pragas e doenças. Uma correia mal esticada na colheitadeira pode reduzir a eficiência das peneiras, aumentando as impurezas misturadas aos grãos. Além de uma boa manutenção, é importante manter bons registros de falhas e horas paradas ao longo da safra. Isso permite identificar os componentes mais críticos. Aqueles problemas que fazem a máquina parar mais vezes ou mais horas ao longo dos trabalhos na safra. Dessa forma, é
possível se prevenir com peças de reposição para estes componentes, evitando assim que os equipamentos fiquem parados por várias horas, às vezes dias, esperando pela peça a ser fornecida pela revenda. Bons registros também
o caso de surgir algum problema. Afinal, uma quebra durante a corrida pode lhe custar a vitória. Em anos difíceis como este que estamos vivendo, muitos adiam os investimentos para quando as coisas melhorarem (e sabemos que
Uma boa manutenção do maquinário também pode melhorar a qualidade da produção permitem definir com precisão o número e o custo das horas paradas durante a safra, tornando mais claro o retorno econômico de uma boa manutenção. Apesar da óbvia diferença, pense no seu trator como se fosse um carro de Fórmula 1. Ele precisa estar nas melhores condições no momento da largada. Mas deve estar também preparado para um rápido pit stop para
vão melhorar!). Costuma-se dizer que os agricultores “amarram as máquinas com arame” e tocam a safra como podem. Isso acaba custando muitas horas ou mesmo dias parados durante a safra. Uma boa manutenção preventiva pode ser uma decisão muito melhor. Portanto, uma boa manutenção preventiva das suas máquinas também ajuda a manter o lucro da sua lavoura.
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Novidades no campo Nova petúnia híbrida
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Também presente à Hortitec, a Sakata apresentou grande portfólio de sementes de hortaliças, plantas ornamentais e flores, com destaque para o lançamento de seis variedades de hortaliças (o tomate Ravena, a chicória Helena, as abóboras kabocha Soberana e Kim e os melões amarelos Premier e Supreme), uma nova petúnia híbrida, a SuperCal, e de novas cores das SunPatiens e Lisianthus. A empresa vem investido ao longo dos anos em variedades nas cores branca e pink, que representam cerca de 70% da demanda do mercado brasileiro de flores.
Mix para horticultura
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A Agristar participou da 22ª Hortitec – Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas, realizada no mês passado em Holambra (SP), com uma série de lançamentos, entre os quais a melancia híbrida Ranger, de alta produtividade, precocidade e frutos graúdos (média de 13 kg de peso). Segundo o especialista em cucurbitáceas da empresa, Eduardo Cleto, a Ranger possui sementes com elevado vigor, o que garante rápido estabelecimento das plantas, principalmente quando se realiza o semeio direto no solo. “A polpa é crocante e muito saborosa”, garante.
Herbicida poderoso
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Apresentado na 14ª edição do Herbishow, realizado em Ribeirão Preto (SP), o “Poderoso” é um herbicida de amplo espectro de cobertura da Arysta, destinado ao controle de plantas daninhas nas lavouras de cana. “Ele tem uma formulação mais eficiente e consegue combater uma maior diversidade dessas plantas sem causar qualquer prejuízo à cana; é um produto bem completo, com formulação mais segura, e que dispensa adição de outros herbicidas”, diz Antônio Gonçalves, consultor de desenvolvimento de mercado para a cultura da cana-de-açúcar da Arysta.
Tomate sem resíduo
Nebulizador multiuso
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O Regalia Maxx é o primeiro biofungicida da FMC para controle preventivo da pinta preta (Alternaria solani) na cultura de tomate. Segundo a empresa, o produto contribui com a segurança alimentar no campo, pois seu uso é livre de resíduos e pode ser aplicado no mesmo dia da colheita. “O Regalia Maxx ativa os sistemas naturais de defesa da planta, protegendo-a contra doenças e pragas. Além disso, não apresenta incompatibilidade com o manejo convencional”, assegura o coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos Biológicos da empresa, Giuliano Pauli.
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A Guarany apresentou ampla gama de produtos na Hortitec, entre os quais o novo Nebulizador/Atomizador a Frio (NAF), que possibilita aplicação espacial e residual com alcance vertical ou horizontal quase 30% maior em relação ao modelo anterior, chegando a 8 e 11 metros, respectivamente. “A válvula reguladora de vazão oferece amplo espectro de 15 ml a 400 ml, enquanto o modelo anterior oferecia no máximo 300 ml”, compara José Alexandre Loyola, gerente geral da divisão de equipamentos da empresa. “O NAF é compacto, resistente, de fácil manuseio e transporte e de alta qualidade e eficiência”, afirma Loyola.
Novidades no campo Aveia branca para o Sul do Brasil
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A Fundação Pro-Sementes apresenta duas novas cultivares de aveia branca, a UPFPS Farroupilha e a UPFA Ouro. De ciclo precoce, a Farroupilha é ideal para a alimentação humana. Possui alto índice de descasque, 92% dos grãos acima de 2 mm de espessura, elevado PH (Peso Hectolitro) e grãos brancos. A Ouro é de ciclo médio/tardio. Por apresentar bom teto produtivo de grãos e de massa verde, é indicada para alimentação animal em forma de silagem, destacando-se também pela sanidade foliar. Segundo pesquisadores da empresa, é moderadamente resistente à ferrugem da folha, manchas foliares e acamamento.
Inoculante para soja
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O grupo Bio Soja apresenta o Biomax 10, um inoculante com elevada tecnologia para maximizar a fixação biológica de nitrogênio na cultura de soja. O novo produto possui em sua formulação solução estabilizante que garante alta concentração de bactérias fixadoras de nitrogênio, promovendo altas produtividades. É o inoculante mais concentrado do mercado, segundo a empresa. Sua garantia é de 1x1010 unidades formadoras de colônias por mL. Em outras palavras, o Biomax 10 contém 10 bilhões de células por mililitro.
Registro ampliado
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A DuPont obteve no mês passado extensão do registro de uso dos fungicidas Equation e Midas e do inseticida Rumo WG. Os fungicidas já podem ser utilizados no controle da canela-preta e da podridão-mole na cultura da batata e no manejo da mancha-bacteriana no tomateiro. O inseticida está liberado para uso no controle de lagartas em diversas hortaliças, como abobrinha, alface, batata, brócolis, pepino, tomate e outras, além de frutas como melancia e melão. O produto, ressalta a companhia, preserva insetos benéficos e contribui com a melhora na qualidade da produção
Água para aplicações diversas
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Novidade da Sansuy, o Viniliq Pipa é um reservatório flexível para transporte e armazenamento de água potável, confeccionado com laminado reforçado de PVC. Com cinco níveis de capacidades, pode ser instalado em veículos de carroceria aberta ou fechada: o reservatório de 450 litros é indicado para picapes leves, furgões e vans pequenas; o de 700 litros, para picapes; o de 1000 litros, para instalação em furgão, van grande e VUC pequeno. Os modelos de 4.500 e 6.000 litros são próprios para caminhões. O Viniliq Pipa possui proteção contra a ação de raios ultravioleta. Segundo a empresa, é atóxico – não causa odor ou sabor à água transportada.
Descontaminação a seco
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A Ultra Clean Brasil lançou na M&T Expo, realizada no mês passado em São Paulo, um sistema de limpeza que descontamina e aumenta vida útil de circuitos hidráulicos de máquinas e veículos utilizados no setor agrícola. O UC System utiliza um lançador pneumático que dispara em alta velocidade projéteis de espuma de poliuretano no interior das tubulações. A pressão exercida pelo projétil – mesmo em curvas, cotovelos e juntas em T ou Y – remove impurezas e resíduos indesejáveis aos circuitos hidráulicos, aumentando a vida útil de tratores, colheitadeiras, distribuidores de sementes e outras máquinas.
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Análise de mercado
Fora do compasso Oferta excessiva de açúcar no mercado internacional joga os preços para baixo, estimulando as usinas brasileiras a priorizar a produção de etanol.
O
mercado internacional de açúcar continua muito pressionado pelos estoques acumulados nas últimas cinco safras. O excedente foi causado tanto pelo aumento da produção, altamente subsidiada, da Índia e da Tailândia, como pela maturação no Brasil de investimentos realizados no último ciclo de preços elevados. Na Índia, a lavoura de cana-de-açúcar cresceu muito, incentivada pela política de preços mínimos para a matéria-prima. Mesmo operando com prejuízos, as usinas do país produziram mais de 28 milhões de toneladas de açúcar, o segundo maior volume da história. Apesar de os exportadores indianos ainda não
serem competitivos no mercado internacional, os elevados estoques no país devem continuar pressionando as cotações. Na Tailândia, os temores de que o clima seco levaria à quebra de safra não se concretizaram e as usinas moeram um volume recorde de cana. A produção do país deve atingir 11,6 milhões de toneladas, queda de apenas 0,8% em relação ao recorde da temporada passada. As tradings locais ainda não negociaram a maior parte do volume que deve ser exportado até outubro, o que leva o mercado a temer uma possível grande entrega contra o contrato neste mês de julho na ICE/NY. Na China, ainda não se sabe se a quebra de 20% na
safra local se traduzirá em maiores importações, uma vez que o governo do país vem indicando que pretende usar os preços internos elevados para incentivar o aumento da produção doméstica. Na Europa, as empresas de Alemanha e França já estão se adiantando ao fim do regime de cotas, marcado para 2017, e vêm mantendo um nível elevado de produção. Todos estes fatores contribuem para que o preço atinja os menores níveis desde 2008, quando o mercado ainda se recuperava da crise internacional. O contrato contínuo do açúcar bruto na bolsa de Nova Iorque (ICE/NY) fechou em 19/6 a 11,12 centavos de dólar por libra-peso, queda de 13,5% em relação à
SOJA – As cotações cairam do final de maio (R$
67,90 em 29/5) até meados do mês passado (R$ 66,23 em 15/6, como se vê no gráfico ao lado), mas, no geral, mantiveram-se estáveis ao longo da primeira quinzena de junho. A oferta é grande, mas o ritmo das exportações aumentou em relação a maio, ajudando a sustentar os preços internamente. O excesso de chuva sobre extensas áreas de lavoura nos EUA provocaram aumento nos valores futuros do grão no mercado internacional.
* Em 15/6, o Indicador Cepea/Esalq/BM&FBovespa registrou R$ 66,23 por saca de 60 kg, posto Paranaguá, descontado o prazo de pagamento pela taxa CDI/Cetip.
TRIGO – Os valores continuaram em queda nas três primeiras semanas de junho, devido à maior oferta e à baixa liquidez no mercado interno - os moinhos, com estoques altos após as compras efetuadas nos países do Mercosul e pela baixa produção de fainha, retraíram-se, fechando negócios apenas em casos pontuais. Segundo levantamento do Cepea, em 23/6 as cotações (tanto domésticas quanto externas) do trigo estavam mais de 15% inferiores às de um ano atrás.
* Em 15/6, o Indicador Cepea/Esalq registrou R$ 654,41 por tonelada, mercado disponível, à vista (o valor a prazo é descontado pela taxa NPR), posto Paraná.
ARROZ– Os preços no Rio Grande do Sul, prin-
cipal região produtora, cairam ligeiramente nas três primeiras semanas de junho (da faixa dos R$ 34 para a de R$ 33). A queda de braço entre vendedores e compradores tornou a comercialização lenta. Segundo pesquisadores do Cepea, parte dos rizicultores ficou à distância do mercado, à exceção dos que precisavam fazer caixa. As beneficiadoras, bem abastecidas, deram preferência ao arroz da safra recém-colhida, estocado em seus armazéns.
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* Em 15/6, o Indicador Arroz em Casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias – BM&FBovespa registrou R$ 33,71 à vista por saca de 50kg, tipo 1, posto indústria Rio Grande do Sul.
Análise de mercado mesma data em maio, de 23,4% sobre a cotação do final de 2014 e de 38% em relação a um ano atrás. Outro fator determinante nesta queda foi a desvalorização do real ao longo dos últimos meses. Entre outubro/14 e maio/15, a correlação inversa entre os dois preços (açúcar e dólar) foi superior a 95%. O motivo para esta forte relação está em que o Brasil é, de longe, o maior exportador do produto, com participação superior a 35%. Como a maior parte dos custos das usinas é denominado em reais, o mercado entende que uma desvalorização da moeda brasileira significa redução dos custos de produção do açúcar em dólares. Além disso, as empresas brasileiras são as únicas que podem diminuir significativamente a produção no curto prazo, ao destinarem mais cana para o etanol, cujo preço também é denominado em reais. A maior parte do setor sucroalcooleiro brasileiro tem dívidas em dólares, que crescem juntamente com a desvalorização do real, piorando a situação financeira,
já muito precária, das usinas. Além disso, os preços do etanol, que são limitados pela paridade de 70% em relação à gasolina, também não vêm oferecendo retornos positivos para a maioria das empresas. Para os próximos meses, o mais provável é que os preços do açúcar no mercado internacional continuem sob intensa pressão da competição das usinas do Centro-Sul brasileiro com os produtores asiáticos. A questão mais importante a ser acompanhada é o consumo de etanol, que vem apresentando grande crescimento em relação ao ano passado. Com a remuneração melhor oferecida pela produção do biocombustível, é provável que as usinas brasileiras continuem destinando menor volume de matéria-prima para o açúcar, dessa forma diminuindo a oferta e podendo elevar os preços do produto no mercado global. João Paulo Botelho Analista de açúcar e etanol na consultoria INTL FCStone
AÇÚCAR – Os preços do açúcar cristal seguiram trajetória baixista na primeira quinzena de junho, embora não muito acentuada. Contudo, o avanço da safra de cana na região Centro-Sul pressionou as cotações internas com mais intensidade: o Indicador Cepea/Esalq do açúcar cristal (mercado paulista) fechou em 22/6 a R$ 47,78/saca de 50 kg, queda de 4,5% na parcial do mês. O Indicador não chegava à casa dos R$ 47 desde outrubro do ano passado. Conforme analistas da instituição, o recuo dos compradores – apostando numa desvalorização ainda maior – também ajudou a derrubar os preços internamente.
* Em 15/6, o Indicador Açúcar Cristal Cepea/Esalq registrou R$ 49,60 por saca de 50 kg, com ICMS (7%), posto São Paulo.
ALGODÃO – As cotações da pluma disoara-
* Em 15/6, o Indicador Cepea/Esalq registrou R$ 210,19 centavos de real por libra-peso.
ram na primeira quinzena de junho, saltando do patamar de R$ 202,97 centavos de real por libra peso em 29/5 para R$ 210,97 em 1/6, como mostramos no gráfico ao lado. Depois, manteve relativa estabilidade, atingindo R$ 210,98 no dia 23, conforme o Indicador Cepea/Esalq. A conjunção demanda interna firme/oferta baixa (os cotonicultores estavam mais preocupados com o plantio) contribuiu para a sustentação dos preços.
Fonte: Cepea – www.cepea.esalq.usp.br
CAFÉ –
* Em 15/6, o Indicador Café Arábica Cepea/Esalq registrou R$ 417,51 por saca de 60 kg, bica corrida, tipo 6, bebida dura para melhor, posto cidade de São Paulo.
A linha de preços do arábica oscilou ao longo da primeira quinzena de junho, ora para baixo pelo avanço da colheita, ora para cima pelas notícias de safra menor do que o esperado, problemas com a qualidade, uniformidade ou tamanho dos frutos - segundo pesquisadores, a estiagem e o calor intenso no período de floração no Sul de Minas Gerais prejudicaram a nutrição dos cafeeiros, diminuindo o tamanho dos grãos. Ou seja, será preciso mais café para encher uma saca.
* Em 15/6, o Indicador Esalq/BM&FBovespa registrou R$ 24,91 por saca de 60kg, descontado o prazo de pagamento pela taxa CDI/Cetip.
MILHO – Ao contrário do que ocorreu com as cotações da maioria das commodities agrícolas, a do milho permaneceu estável ao longo da primeira quinzena de junho, com variações pequenas dentro da faixa dos R$ 24/saca de 60 kg. O avanço da colheita da safrinha, a alta produtividade obtida nas lavouras brasileiras e a ampla oferta no mercado mundial pressionam negativamente os preços. Em compensação, o aumento nos embarques para o exterior sustentaram os valores na média.
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Biblioteca da Terra Tratado sobre o conilon.
Gestão de sistemas agropecuários
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Obra dos pesquisadores Aymbiré Fonseca, Ney Sakiyma e Aluízio Borém, da UFV – Universidade Federal de Viçosa (MG), o livro “Café conilon do plantio à colheita” passa um pente fino sobre esta variedade botânica do café robusta, principal matéria-prima da indústria de café solúvel, cada vez mais utilizado nas misturas (blends) com o café arábica na indústria de torrefação convencional. Bem adaptado às condições edafoclimáticas do estado do Espírito Santo, maior produtor nacional, seguido pelo estado de Rondônia, o conilon responde por 25% da safra nacional de café. O livro custa R$ 50. O link de acesso para compra é www.editoraufv.com.br/detalhes.
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O Pensa – Centro de Conhecimento em Agronegócios, aproveitou o seminário “Setor sucroalcooleiro: agenda para a retomada do setor”, realizado em São Paulo, para apresentar o livro Gestão de Sistemas de Agronegócios, organizado pelos professores Decio Zylbersztajn, Marcos Fava Neves e Silvia M. de Queiroz Caleman. A obra cobre temas variados, como governança de sistemas agroindustriais, organização industrial aplicada, métodos para o estudo de sistemas agroindustriais, contratos e coordenação em sistemas agroindustriais, conflitos contratuais, relações Interorganizacionais, formas plurais de governança, sustentabilidade, cooperativas e ações coletivas, comportamento dos produtores rurais, financiamento dos sistemas agroindustriais, agroholdings, qualidade dos alimentos e comportamento dos consumidores. O conteúdo serve de suporte para a elaboração de estratégias por parte de empresários e gestores públicos envolvidos com os negócios agroalimentares, atuando nos setores de insumos, serviços, agroindústrias, produtores rurais, cooperativas e indústrias de base agrícola. O livro custa R$ 75 no site da Editora Atlas (www.editoraatlas.com.br). O contato também pode ser feito pelo fone 0800 17 1944.
Dúvidas sobre caju?
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Durante as comemorações de seu 42º aniversário, em maio, a Embrapa lançou oito novas obras digitais e impressas, entre as quais a segunda edição sobre caju da coleção 500 Perguntas 500 Respostas, destinada a oferecer conteúdo que possibilite o atendimento de demandas de agricultores e extensionistas. A obra preserva informações da 1ª edição, lançada há 17 anos, e incorpora novas perguntas sobre tecnologias e processos, algumas delas sugeridas por leitores através do Sistema de Atendimento ao Cidadão (SAC). Com 250 páginas, custa 15. Para comprar, basta acessar a livraria Embrapa via internet, no endereço eletrônico www.embrapa.br/livraria.
Adubação verde
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Depois do volume 1, chegou a vez do volume 2 do livro Adubação verde e plantas de cobertura no Brasil: fundamentos e prática, dos mesmos editores técnicos: Oscar Fontão de Lima Filho, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste; Edmilson Jose Ambrosano, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios; Fabrício Rossi, professor da USP de Pirassununga; e José A. Donizeti Carlos, sócio-diretor da Sementes Piraí. Com 512 páginas, custa R$ 60 na livrara Embrapa (virtual). O link de acesso para compra é www.vendasliv.sct.embrapa.br.
Sobre polinização
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Lançamento da A.B.E.L.H.A – Associação Brasileira de Estudo das Abelhas, o e-book Agricultura e Polinizadores divide-se em cinco capítulos: o papel dos polinizadores na produção agrícola do Brasil, o valor econômico dos serviços de polinização em alguns cultivos no país, a importância da paisagem agrícola no serviço de polinização das abelhas, o impacto da agricultura sobre a população e a diversidade de polinizadores, e formas de mitigação de seus efeitos. O e-book pode ser acessado através do portal da associação (www.abelha. org.br). Basta se cadastrar para fazer o download gratuitamente.
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A GENTE SABE COMO PENSA O PRODUTOR RURAL. FALE COM QUEM JÁ CONHECE BEM O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO.
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n
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Calendário de eventos
JULHO
12
Congresso Mundial sobre Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (WCCLF) e 3º Simpósio Internacional sobre Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ICLS3) – De 12 a 17 – Centro de Convenções Ulysses Guimarães – Brasília (DF) Site: www.wcclf2015.com.br – E-mail: wcclf.icls@gmail.com.
15
VII Simpósio de Tecnologia de Produção de Cana-de-Açúcar
De 15 a 17 – Unimed (Campus Taquaral – Rodovia do Açúcar, km 156) – Piracicaba (SP) – Fone: (19) 3417-2138 E-mail: gape@usp.br
31
Agrifam 2015/Feira da Agricultura Familiar
De 31 a 2/8 – Recinto de Exposições “José Oliveira Prado” – Lençóis Paulista (SP) – Fone: (14) 2106-2800 E-mail: comunicacao@fetaeso.org.br
AGOSTO
3
14º Congresso Brasileiro do Agonegócio – De 3 a 4 –
Sheraton São Paulo WTC Hotel – São Paulo (SP) – Fone: (11) 3060-4963 Site: www.abag.com.br
4
XXIX CBA/Congresso Brasileiro de Agronomia – De
4 a 7 – Rafain Palace Hotel – Foz do Iguaçu (PR) – Fone: (54) 3096-0081 Site: www.cba-agonomia.com.br
11
9º CBAI/Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado – De 11 a
14 – Pelotas (RS) – E-mail: contato@ cbai2015.com.br
13
48º Congresso Brasileiro de Fitopatologia – De 13 a 14
– Hotel Fazenda Fonte Colina Verde – São Pedro (SP) – Fone: (43) 30255223 – Site: www.cbfito2015.com.br – E-mail: cbfito2015@fbeventos.com
17
5º Congresso Andav
De 17 a 19 – Transamerica Expo Center São Paulo (SP) Fone: (11) 3893-1306 Site: www.congressoandav.com.br E-mail: andav@andav.com.br
19
III Conbraf/Congresso Brasileiro de Fitossanidade De 19 a 21 – Hotel
Majestic – Águas de Lindóia (SP) Fone: (16) 3209-1303 – Site: www. conbrafiii.vix.com/conbraf2015
23
XIX Congresso Brasileiro de Agrometeorologia – De
23 a 28 – Universidade Federal de Lavras – Lavras (MG) Site: www.muz.ifsuldeminas.edu.br/ cbagro2015”/cbagro2015
25
23ª Fenasucro & Agrocana/ Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética De 25 a 28 Centro de Eventos Zanini Sertãozinho (SP) Fone: (16) 2132-8936 E-mail: comercial@fenasucro.com.br
29
Expointer 2015/Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários
De 29 a 6/9 – Parque de Exposiçõs Assis Brasil – Esteio (RS) Fone: (51) 3288-6223 E-mail: expointer@agricultura.rs.gov.br
SETEMBRO
1
10º Congresso Brasileiro do Algodão – De 1 a 4
Recanto Cataratas Thermas Resort &
2/8 – XXXV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo De 2 a 7/8 - Centro de Convenções – Natal (RN) – Fone: (84) 32213200 - Site: www. eventossolos. org.br – E-mails: sbcs@sbcs.org. br ou cbcs2015@ espacialeventos. com.br
O CBCS é o mais importante evento da área no país. Realizado a cada dois anos, reúne professores, pesquisadores, extensionistas, estudantes de graduação e pós-graduação, empresários e profissionais da agroindústria ligados ao setor. Neste ano, o evento chega à sua 35ª edição, em coincidência com o Ano Internacional dos Solos, instituído pela Organização das Nações Unidas para Agricultura a Alimentação (FAO, na sigla em inglês). O tema central dos debates será “O Solo e suas Múltiplas Funções”, envolvendo, além das questões estritamente científicas ou agronômicas, aspectos ambientais, ecológicos, sociais e econômicos.
Convention – Foz do Iguaçu (PR) Fone (61) 3963-5769 E-mail: contato@congressodoalgodao. com.br
8
Simpósio IPNI Brasil sobre Boas Práticas para Uso Eficiente de Fertilizantes em Fertirrigação – De 8 a 10 – Hotel Quality Resort & Convention Center (Rodovia Bandeirantes, km 72) – Itupeva (SP) – Fone: (19) 3433-3254
8
Genética 2015/61º Congresso Brasileiro de Genética – De 8
a 11 – Hotel Monte Real Resort – Aguas de Lindoia (SP) – Fone: (16) 3621-8540 Site: www.comgressosbg.com E-mail: contato@sbg.org.br
13
Conbea 2015/XLIV Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola – De 13 a 17 – Hotel Fazenda Fonte Colina Verde – São Pedro (SP) Fone: (16) 3203-3341 E-mail:sbea@sbea.org.br.
14
VII Sintag/Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação – De 14 a 16
Uberlândia (MG) – Fone: (14) 38807673 – E-mail: eventos@fepaf.org.br
14
CBSementes/XIX Congresso Brasileiro de Sementes – De
14 a 17 – Hotel Rafain Palace – Foz do Iguaçu (PR) – Fone: (43) 3025-5223 Site: fbeventos.com E-mail: cbsementes2015@fbevenos.com
18
Fórum Nacional de Agronegócios – De 18 a
19 – Hotel Royal Palm Plaza Resort Campinas (SP) – Fone: 11) 3039-6011E-mail: forum@grupodoria.com.br
18
XV CBFV/Congresso Brasileiro de Fisiologia Vegetal – De 28 a 2/10 – Rafain Palace Hotel – Foz do Iguaçu (PR)
julho 2015 – Agro DBO | 65
Legislação
Imóvel rural para estrangeiros Tema é tratado com xenofobia pelo governo federal, e pelo legislativo, mesmo que o comprador não possa levar o que compra. Fábio Lamonica Pereira
N
os últimos anos, devido à escalada de preços das commodities agrícolas e do aumento da demanda mundial por alimentos, a questão relativa à aquisição e ao arrendamento de imóvel rural por estrangeiros ganhou destaque no cenário nacional. A Lei 5709/71 e seu respectivo regulamento estabeleceram as diretrizes e limitações para aquisição de terras por estrangeiros. A vigente Constituição Federal de 1988, por sua vez, em seu art. 190 previu a possibilidade de limitação de aquisição e arrendamento de propriedade
físicas ou jurídicas que tenham a maioria do seu capital social e residam ou tenham sede no Exterior somente poderão arrendar ou adquirir imóveis rurais destinados à implantação de projetos agrícolas, pecuários, industriais, ou de colonização, vinculados aos seus objetivos estatutários. Caso a área seja superior a 100 módulos será necessária autorização do Congresso Nacional. Além disso, os estrangeiros não podem ser proprietários de área superior a 25% dos municípios em que se situem e as pessoas estrangeiras da mesma nacionalidade não
Se a área for superior a 100 módulos fiscais é necessária autorização do Congresso
O autor é advogado, especialista em Direito do Agronegócio.
rural por estrangeiro, seguida pela Lei 8629/93 que trouxe as mesmas restrições já estabelecidas pela citada Lei 5709/71 agora também para os arrendamentos. O judiciário já se manifestou, entendendo que não há conflito entre a Lei 5709/71 e a atual Constituição. A pessoa física estrangeira, residente no país, somente poderá adquirir ou arrendar propriedade rural de até 50 módulos (área definida pelo Incra para cada município, segundo diversos critérios). A área entre 3 e 50 módulos depende de autorização do Incra. A área de até 3 módulos pode ser livremente adquirida, sem a necessidade de autorização especial. A pessoa jurídica estrangeira autorizada a funcionar no país e a pessoa jurídica brasileira da qual participem pessoas estrangeiras
66 | Agro DBO – julho 2015
poderão ser proprietárias de mais de 40% do referido limite legal. O estrangeiro que pretender adquirir ou arrendar imóvel rural localizado em área considerada indispensável à segurança nacional (faixa interna de 150 km de largura, paralela à linha divisória terrestre de fronteira) dependerá de autorização da Secretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional. Em toda situação será obrigatória a formalização por meio de escritura pública, sendo que os Cartórios de Registro de Imóveis devem manter cadastro especial em livro próprio em que conste os dados relativos às transações, sendo necessário o envio de relatório aos órgãos responsáveis pela fiscalização. Tanto a aquisição quanto o arrendamento que não respeitem as determinações e limitações legais
no que diz respeito aos estrangeiros são nulos de pleno direito. Ressalta-se que no caso de arrendamento, por nacionais, a Lei (Estatuto da Terra e seu Regulamento) não exige que o contrato seja registrado para que tenha validade contra terceiros, sendo possível até mesmo o ajuste não escrito. Logo, há situações de difícil controle, na medida em que é possível que haja contratos vigentes, mas ilegais, especialmente os de arrendamento firmado com estrangeiros. Quanto à aquisição, também é possível a existência de contratos particulares de compra e venda que não alcançarão, contudo, pretensa validade, nem tampouco possibilidade de registro da escritura, uma vez que a Lei exige rigoroso controle, comprometendo até mesmo o exercício profissional dos cartorários responsáveis pelo desrespeito legal. De qualquer forma, tais contratos, tanto de arrendamento quanto de compra e venda, são nulos, ou seja, a Lei os considera como inexistentes. Ainda assim, é necessário que o judiciário analise a situação a fim de verificar o descumprimento legal e declarar ou reconhecer que o ato é, de fato, nulo. No caso do nacional que já tenha firmado compromisso com estrangeiro, tanto de compra e venda quanto de arrendamento, é possível confrontar os documentos com as determinações legais e, se houver irregularidade ou eventual nulidade, buscar a medida certa de correção por parte do judiciário, preservando tanto direitos particulares quanto coletivos de interesse nacional.
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