NOVA FORÇA GRAMINICIDA
NO CONTROLE DE FOLHAS ESTREITAS CONTE COM A FORÇA DE VENTURE, O HALOXIFOPE DA ALTA.
A TENÇ Ã O
Estes produtos são perigosos à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções contidas nos rótulos, nas bulas e nas receitas. Utilize sempre equipamentos de proteção individual. Nunca permita a utilização dos produtos por menores de idade. Venda sob receituário agronômico. Consulte sempre um Engenheiro Agrônomo.
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Sumário 6 Ponto de vista
Rogério Arioli escreve sobre os “sócios perdulários” (os governos federal e estaduais) do agronegócio: “Gastam muito às custas dos produtores”.
22 Opinião
Décio Gazzoni cita meta-análise de pesquisadores italianos sobre milho GM. Conclusão: os benefícios são maiores que eventuais desvantagens.
24 Entrevista
Presidente da Abimaq, João Carlos Marchesan acredita que, apesar das turbulências político-econômicas, o agronegócio continuará crescendo.
28 Tecnologia virtual
Evaristo de Miranda pergunta: “Big data ou Right data”? A imensa massa de dados ou dados precisos, na hora certa, para necessidades específicas?
Ariosto Mesquita
32 Fitopatologia
16
Matéria de capa Pesquisadores percorrem 17 municípios do Vale do Paranapanema, em São Paulo, para mensurar perdas de grãos durante a colheita de soja. O desperdício médio foi de 1,95 saca/ha, bem acima do nível máximo tolerável (uma saca/ha).
Ticyana Banzato e José Otávio Menten explicam o modus operandi dos fitoplasmas, bactérias causadoras do enfezamento e de outras doenças.
36 Agroinformática
Manfred Schmid escreve sobre novas funcionalidades para comunicação via smartphones, tablets e computadores. O problema é a falta de sinal.
38 Almanaque
Hélio Casale muda sua abordagem sobre café: ao invés de tratar de questões agronômicas, ele destaca os aspectos nutricionais da bebida.
40 Café
Os pesquisadores J. B. Matiello, S. R. Almeida, J. R. Dias e Lucas Franco discutem as causas da seca parcial nas folhas velhas dos cafeeiros
42 Meio ambiente
Ciro Rosolem derruba o mito da água “gasta” pelo agronegócio. Sua argumentação é simples: “O agronegócio usa água, a cidade gasta água”.
50 Legislação
Fábio Lamonica alerta os produtores rurais sobre cuidados essenciais na hora de assinar contratos de compra e venda da produção agrícola.
Seções
Biblioteca da Terra........................................44
Notícias da terra.............................................. 8
Novidades no campo..................................46
Clima ................................................................30
Calendário de eventos................................48 abril 2018 – Agro DBO | 3
Carta ao leitor
H
á duas maneiras clássicas de se garantir lucratividade em qualquer iniciativa empresarial: reduzir custos e aumentar produção. Mas há oportunidades de se obter melhor desempenho produtivo de uma lavoura, sem reduzir custos, apenas fazendo melhor o feijão com arroz do dia a dia, sem investir em tecnologias. É o que mostra a reportagem de capa desta edição de Agro DBO, Perda bilionária, em trabalho do jornalista Ariosto Mesquita, sobre reduzir perdas na hora da colheita, seja reduzindo a velocidade de trabalho, seja regulando as colheitadeiras, mas sempre medindo o que se está fazendo. Há relatos de produtores que colheram melhor, garantindo de 1,2 a até 6 sacos adicionais por hectare, simplesmente desacelerando. As tecnologias modernas do big data e da informática, dos smartphones, são temas abordados com pertinência e relevância pelos colunistas Evaristo de Miranda e Manfred Schmid, e que merecem leitura para aprofundar percepções nessas novidades tecnológicas, nem sempre 100% eficientes, mas sempre caras para os pioneiros que se aventuram a entrar nesse mundo chique no úrtimo. Na entrevista do mês, o empresário João Carlos Marchesan, presidente da Abimaq, registra que o agronegócio vai bem e que está descolado da política do país. Aguarda-se, na indústria de máquinas agrícolas, um novo ciclo virtuoso para o setor, que é um dos únicos segmentos industriais no Brasil que tem tecnologia mais moderna que as indústrias concorrentes mundo afora, o que não é pouca coisa. O pesquisador Decio Gazzoni faz uma análise dos 21 anos de existência das sementes transgênicas, e chega a conclusões irrefutáveis. Rogério Arioli acusa os governos de serem sócios perdulários do agronegócio, e aponta três problemas que frequentemente rondam o sono de quem teima em empreender no inóspito ambiente econômico brasileiro: carga tributária, juros abusivos e insegurança jurídica. No mínimo, o leitor deve estar com dois desses problemas.
é uma publicação mensal da DBO Editores Associados Ltda. Diretor Responsável Demétrio Costa Editor Executivo Richard Jakubaszko Editor José Augusto Bezerra Conselho Editorial Décio Gazzoni, Demétrio Costa, Evaristo Eduardo de Miranda, Hélio Casale, José Augusto Bezerra, José Otávio Menten e Richard Jakubaszko Redação/Colaboradores Ariosto Mesquita, Ciro Antonio Rosolem, Décio Luiz Gazzoni, Evaristo Eduardo de Miranda, Fábio Lamonica Pereira, Hélio Casale, J.B. Matiello, José Otávio Menten, J.R. Dias, Lucas Franco, Marco Antonio dos Santos, Manfred Schmid, Rogério Arioli Silva, S.R. de Almeida e Ticyana Banzato Arte Editor Edgar Pera Editoração Célia Rosa e Edson Alves Coordenação Gráfica Walter Simões Marketing/Comercial Gerente: Rosana Minante Executivos de contas Andrea Canal, José Geraldo S. Caetano, Maria Aparecida de Oliveira, Marlene Orlovas, Mario Vanzo e Vanda Motta Circulação e Assinaturas Gerente: Margarete Basile ISSN 2317-7780 Impressão São Francisco Gráfica e Editora Capa: Foto Ariosto Mesquita
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DBO Editores Associados Ltda Diretores: Daniel Bilk Costa, Odemar Costa e Demétrio Costa Rua Dona Germaine Burchard, 229 Perdizes, São Paulo, SP 05002-900 - Tel. (11) 3879-7099 e 3803-5500 redacao@agrodbo.com.br www.agrodbo.com.br
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Ponto de Vista
Sócio perdulário Os governos (federal e estaduais) praticam uma queda de braço com os produtores rurais, cobrando mais impostos e taxas. Rogério Arioli Silva*
D
* O autor é engenheiro agrônomo e produtor rural em Mato Grosso
entre os motivos de insucesso que amedrontam as empresas nacionais, três são os que frequentemente rondam o sono de quem teima em empreender no inóspito ambiente econômico brasileiro: carga tributária, juros abusivos e insegurança jurídica. Nas empresas agropecuárias é possível que o fator climático ocupe o segundo lugar, uma vez que os juros são um pouco menores, embora ainda sejam os maiores do planeta e estejam bem acima da inflação e da própria taxa Selic. Em 2012 a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) fez um estudo criterioso da carga tributária incidente sobre a agropecuária nacional, demonstrando detalhadamente a parte do negócio que os governos abocanham na sua des-
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medida e irresponsável gula. As principais culturas estudadas pela Farsul foram o arroz, milho, soja, trigo e pecuária de corte sendo que os números obtidos foram assim descritos: arroz: 30,26%; milho: 27,10%; soja: 27,05%; trigo: 26,21% e, finalmente, a pecuária de corte: 30,63%. Significa dizer que quando fazemos uma refeição comum, entre três pessoas, por exemplo, sempre existe mais uma invisível, sentada ao nosso lado, consumindo parte do alimento que, com grande sacrifício, levamos à mesa da nossa casa. Esse sócio indesejável que usa de todos os artifícios para aumentar seu prato em detrimento dos demais possui ainda um agravante incômodo: não ajuda em quase nada na economia doméstica e nem mesmo esconde o fato de que cada vez quer ajudar menos.
Ganhou muito peso e teima, sem nenhum constrangimento ou remorso, em transferir responsabilidades que eram suas para os outros membros da sociedade. Os números apresentados há mais de cinco anos pela Farsul certamente se encontram defasados atualmente, uma vez que o sócio perdulário – chamado governo, não tem por hábito cortar seus gastos, muito pelo contrário, age apenas no sentido de ampliar sua gastança com os argumentos de pagar a “dívida social brasileira”. Dívida esta que ele insiste em jogar no colo de quem emprega ou gera riquezas no país, jamais assumindo ser ele próprio um dos grandes causadores dessa histórica injustiça. Em estudo recente coordenado pela Secretaria de Política Agrícola do Mapa (Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento) divulgou-se que o setor agropecuário cresceu 13% em 2017 proporcionando ao país um incremento de pouco mais de 1% do PIB, uma vez que os outros componentes da economia sofreram grande retração. O mesmo estudo ainda demonstrou que nos últimos 22 anos (dentro do período estudado de 1975 a 2016) a média de crescimento da agropecuária foi de 3,8%, situando-se entre as maiores taxas do mundo. No período estudado, o Brasil aumentou sua produção de 40,6 para 187 milhões de toneladas de grãos (atualmente mais de 220 de t), sendo que este fabuloso crescimento deveu-se graças ao aumento da produtividade (80,6%). Ao analisar estes números qualquer administrador que tenha bom senso e visão de futuro tenderia a aumentar a desoneração deste setor da economia que tão excelentes resultados tem oferecido ao país,
transformando-o de importador em exportador de alimentos em pouco mais de 1/4 de século. Entretanto, a visão dos diversos governos tem sido contrária a esta realidade. Os números positivos do agronegócio estão despertando a cobiça daqueles que deveriam preocupar-se com sua competitividade, em vez de buscar apená-lo com maiores tributos.
dutores conseguem manter dentro da porteira das fazendas. Não é raro, por exemplo, os fretes custarem mais caro do que o próprio produto, como acontece com o milho produzido nas fronteiras agrícolas. A responsabilidade de o campo alimentar cada vez mais pessoas à medida que o tempo passa, mostra que nos anos 1950 um produtor ali-
Em 1950 um produtor alimentava 16 pessoas, em 2010 eram 155 e, em 2020, serão 200 Importante observar também que a carga tributária é apenas um dos componentes do custo Brasil, o qual impede que o país cresça ainda mais como player do mercado internacional. A construção e conservação de estradas – antigamente uma atribuição governamental, onera o transporte das commodities e rouba boa parte da eficiência que os pro-
mentava 16 pessoas, em 2010 este número já estava em 155 e, quando chegar em 2020, serão duzentas pessoas a serem alimentadas pelo mesmo produtor rural. Todavia, essa tarefa se torna cada vez mais árdua para os produtores, na medida em que precisam produzir também para satisfazer um sócio perdulário e glutão chamado governo.
abril 2018 – Agro DBO | 7
Notícias da terra Safra I
Conab eleva estimativa
D
e acordo com o sexto levantamento da Conab, divulgado em março, a produção brasileira de grãos relativa à safra 2017/18 atingirá 226 milhões de toneladas, um incremento de 0,2% (466,3 mil toneladas a mais) em relação à sua projeção anterior (225,6 milhões t). Segundo técnicos da estatal, o aumento se deve ao avanço da colheita de soja e à boa produtividade média na cultura. Mesmo assim, a safra em curso não ameaçará o recorde obtido no ciclo passado, o maior da história (237,7 milhões t). A produção esperada de soja é de 113 milhões de toneladas e a de milho, 87,3 milhões (25,1 milhões na primeira safra e 62,2 na segunda). Quanto à área plantada, deverá aumentar 0,3%, cobrindo 61 milhões de hectares.
Safra II
IBGE confirma aumento
A
segunda estimativa do instituto em 2018 sobre a safra 2017/18 de grãos totaliza 227,2 milhões de toneladas, 0,5% acima da quantidade projetada anteriormente (226,1 milhões t), mas 5,6% abaixo do que foi colhido na safra passada (240 milhões t). A produção de soja deve alcançar 113,2 milhões de toneladas e a de milho, 86,1 milhões (26,5 milhões na primeira safra e 59,7 na segunda). O Centro-Oeste deve manter a liderança no ranking nacional de produção de cereais, leguminosas e oleaginosas com 98,6 milhões de toneladas, seguido pelo Sul (79,7 milhões), Sudeste (22 milhões), Nordeste (18,5 milhões) e Norte (8,3 milhões). Em relação à safra passada, a perspectiva é de aumento de 3,6% no Nordeste e reduções de 6,9% no Centro-Oeste, 5,1% no Sul, 7,9% no Sudeste e 6,3% no Norte.
Safra III
O sobe e desce do USDA
O
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) revisou para cima a estimativa sobre a safra brasileira de soja na temporada 2017/18, em relação à projeção anterior, manteve a dos EUA e derrubou a da Argentina, assolada pela seca. De acordo com o relatório de oferta e demanda de março da instituição, o Brasil vai colher 113 milhões de toneladas (em fevereiro, previra 112 milhões); os EUA, 119,5 milhões; e a Argentina, 47 milhões (em fevereiro, a expectativa era de 54 milhões). Em decorrência, a produção mundial cairá de 346,9 para 340,9 milhões de toneladas. Os USDA manteve a estimativa sobre a safra norte-americana de milho em 370,9 milhões t e revisou para baixo a brasileira (de 95 para 94,5 milhões) e a argentina (de 39 para 36 milhões). A produção global de milho foi mantida em 1,041 bilhão de toneladas.
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Safra IV
Soja nas alturas
S
egundo a consultoria Céleres, a produção brasileira de soja chegará a 115,7 milhões de toneladas na temporada em curso, superando o recorde obtido no ano passado (114,1 milhões t, conforme a Conab). Em fevereiro, até então em linha com a Conab e o IBGE, a consultoria previra 111,9 milhões t. “Apesar do início conturbado na época de plantio, o cenário climático bastante favorável trazido pelo La Niña, sobretudo para a realidade no Centro-Oeste e Matopiba, este ano com produtividades superiores à do ciclo 2016/17, levará a safra brasileira a superar o recorde da temporada passada em mais de 1,5 milhão de toneladas”, assinalou a empresa em nota. De maneira geral, as consultorias que trabalham com previsão de safra, a Conab, o IBGE, as tradings e o próprio mercado elevaram suas estimativas em março, em relação a fevereiro. A mais otimista é a Safras & Mercado. De acordo com seus analistas, o Brasil vai colher 117 milhões de toneladas de soja nesta safra.
Notícias da terra VBP
Faturamento menor
O
Seguro
Verba prometida
O
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou no mês passado a liberação ao longo do ano (de março e novembro) de R$ 384 milhões para o PSR – Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural. Desse montante, R$ 115 milhões serão destinados à contratação de apólices para milho safrinha, trigo e demais grãos de inverno; R$ 175 milhões para os grãos de verão (soja, milho, arroz, feijão, etc); R$ 72 milhões para frutas; R$ 1 milhão para o seguro pecuário; e R$ 21 milhões para as demais culturas. Dos R$ 175 milhões para grãos de verão, R$ 20 milhões serão utilizados, exclusivamente, na subvenção de produtos de seguro rural do tipo “faturamento agrícola”, mais conhecido como “seguro renda”. Outros R$ 5 milhões serão destinados a projeto piloto de seguro envolvendo a participação direta de empresas privadas.
Valor Bruto de Produção da agropecuária brasileira em 2018 foi estimado em março em R$ 515,9 bilhões, 5,2% inferior ao de 2017, conforme a SPA/Mapa – Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O VBP da agricultura chegará a R$ 346,1 bilhões, queda de 5,7% ante o do ano passado, e o da pecuária, a R$ 169,8 bilhões, 4,1% inferior ao de 2017. Dos 17 produtos agrícolas pesquisados, oito apresentaram aumento do faturamento até o mês passado: mamona (+ 68,7%), trigo (+ 48,9%), tomate (+ 35,1%), algodão (+ 15,4%), batata-inglesa (+ 8,1%), cacau (+ 8%), café (+ 3,6%) e soja (+ 0,8%). “Esse grupo vem se beneficiando de preços mais elevados do que no ano passado e, simultaneamente, de aumentos de produção. É o caso da soja, produto que, nos últimos cinco anos, tem apresentado valor da produção ascendente. Além disso, lidera a produção com R$ 120,4 bilhões, representando 34,7% do VBP da agricultura”, explica o coordenador-geral de estudos e análises da SPA/Mapa, José Garcia Gasques. No grupo com resultados negativos, as maiores baixas ocorreram na uva (- 30%), feijão (- 26,4%), laranja (- 21,5%), milho (- 12,2%), cana-de-açúcar (- 11,9%) e arroz (- 7,9%).
História
Trator faz 100 anos
A
John Deere fez festa no dia 14 de março para comemorar o centenário do Waterloo Boy, o “garoto” de Waterloo, hoje um velhinho aposentado. A história da empresa começa em 1837 em Grand Detour, no estado norte-americano de Illinois, onde o ferreiro John Deere se radicou, vindo de Rutland, Vermont, onde nascera. Nos seus primeiros anos, consertava arados numa forja improvisada. Depois, desenvolveu o primeiro arado de aço forjado, melhor adaptado ao cultivo no solo argiloso da região do que os de ferro fundido até então usados pelos fazendeiros. O negócio prosperou e, dez anos depois, ele se mudou para Moline, à beira do rio Mississippi, também em Illinois. Foi ali, sede da empresa
até hoje, que a Deere & Company deslanchou, ampliando cada vez mais suas áreas de interesse, a gama de produtos e o próprio parque industrial. Na duas primeiras décadas do século XX, o então presidente
da companhia, William Butterworth, fez uma série de aquisições, uma das quais a empresa Waterloo Traction Gasoline Engine, sediada em Watterloo, Iowa, que já vinha desenvolvendo tratores, entre eles o Waterloo Boy. A compra foi fechada no dia 14 de março de 1918. O Waterloo Boy foi o primeiro trator da John Deere, um marco em sua história. Ele ajudou a mudar a forma com que o produtor rural lida com a terra, revolucionando a agricultura. Hoje, a John Deere é um dos maiores fabricantes de equipamentos agrícolas, florestais e de construção do mundo. Considerando fábricas, escritórios de vendas, marketing e crédito, centros de pesquisa e desenvolvimento e o setor de distribuição de peças, a companhia tem cerca de 57 mil funcionários, que integram as mais de 100 unidades distribuídas em 30 países. abril 2018 – Agro DBO | 9
Notícias da terra Pesquisa I
Energia
Fertilizante de liberação controlada
Marca histórica
P
O Katia Pichelli
esquisadores testaram com sucesso o uso de nanofibras de celulose de pinus, alginato de sódio e nanopartículas de sílica biogênica para produzir fertilizantes nitrogenados de liberação lenta. O trabalho foi desenvolvido pelo doutorando Mailson de Matos, do curso de Engenharia e Ciência dos Materiais da UFPR – Universidade Federal do Paraná, sob coordenação do pesquisador Washington Luiz Esteves Magalhães, da Embrapa Florestas. Os fertilizantes obtidos atingiram os requisitos de liberação lenta exigidos pela norma europeia para adubos (DIN 13266) e apresentaram perfil de liberação lenta em água. Segundo os pesquisadores, as perdas de nitrogênio dependem da forma de aplicação, podendo variar de 30% a 80% do total aplicado. As próximas etapas dependem do in-
teresse de indústrias químicas pelo desenvolvimento do produto na forma comercial. “Ainda será preciso realizar a liberação do nutriente em solo, avaliar se existe correlação entre a liberação do nitrogênio e as necessidades nutricionais das principais culturas vegetais e a interferência da substituição de parte do alginato de sódio por nanofibrilas de celulose”, ressalta o pesquisador da Embrapa Florestas.
Pesquisa II
Desinfecção do solo esenvolvido pela Embrapa Rondônia, o Solarizador é um equipamento de baixo custo para esterilização de solos usados como substrato na produção de mudas. Com ele, é possível produzir mudas sem nematoides, por exemplo. Trata´se de uma caixa de madeira impermeabilizada por fora e aberta em cima, recoberta com placas de vidro de três a quatro milímetros de espessura. No interior, pode-se usar chapas de aço galvanizado de dois mm de espessura, dobradas na forma de tubos de 150 mm ou 200 mm de diâmetro, unidas por arame ou rebite de uso residencial. O fundo deve ser revestido com três camadas: uma chapa de aço galvanizado com 2 mm x 105 cm x 100 cm acima, uma manta térmica para telhados como “recheio” e, fechando o “sanduíche”, uma placa de compensado de 6 mm x 105 cm x 100 cm.
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Renata Silva
D
A capacidade total do equipamento é de 180 litros. O funcionamento é simples. Na prática, o solo é aquecido por meio da radiação solar, utilizando-se do efeito estufa promovido pelo equipamento. A radiação é convertida em energia calorífica durante a evaporação da água armazenada, gerando vapores com temperatura acima de 50ºC, o suficiente para eliminar a maioria dos nematoides, que, para sobreviver, precisam de temperaturas inferiores a 40ºC.
Brasil atingiu 200 megawatts de potência instalada em sistemas de microgeração e minigeração solar fotovoltaica instalados em residências, comércios e serviços, indústrias, edifícios públicos e na zona rural. Segundo a Absolar – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, o país possui atualmente 23.175 sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede, que representam mais de R$ 1,6 bilhão em investimentos acumulados. Conforme mapeamento da entidade, a fonte solar fotovoltaica, baseada na conversão direta da radiação solar em energia elétrica, lidera com folga o segmento de microgeração e minigeração distribuída, com mais de 99% das instalações. Em números de sistemas instalados, os consumidores residenciais estão no topo da lista, representando 78% do total. O alto valor é explicado pela potência reduzida dos sistemas, já que as residências consomem menos energia elétrica ao longo de um ano do que comércios, indústrias ou edifícios públicos. Em seguida, aparecem as empresas dos setores de comércio e serviços (15,6%), consumidores rurais (2,9%), indústrias (2,3%), e outros tipos, como iluminação pública (0,2%) e serviços públicos (0,03%).
Notícias da terra Logística
Inteligência estratégica
A
nunciado no mês passado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária tem como objetivo primordial identificar as melhores rotas e modais de transporte para escoar a produção agrícola brasileira. Desenvolvido pela Embrapa Territorial, sediada em Campinas (SP), abarca, por enquanto, dez cadeias agropecuárias: soja, milho, café, laranja, cana-de-açúcar, algodão, papel e celulose, aves, suínos e bovinos. A Embrapa Territorial produziu mapas com dados dos últimos 15 anos sobre área e volume de produção, quantidades exportadas e destinos das principais cadeias produtivas em cada microrregião, estado e região. O sistema cruza dados numéricos, gera tabelas, gráficos e mais de 100 mil mapas dinâmicos. Inclui dados georreferenciados dos modais logísticos utilizados (rodoviário, ferroviário, aquaviário e e portuário) para enviar a produção e receber insumos (fertilizantes, máquinas, sementes, agroquímicos, etc). Também possui informações sobre milhares de estruturas de armazenagem e unidades processadoras iden-
tificadas e geocodificadas. As dez cadeias produtivas inseridas no sistema representam mais de 90% da carga agropecuária do país. “Ninguém coloca mais carga no sistema de transporte do que a agropecuária”, diz o chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda. “O setor gera, anualmente, cerca de 1,6 bilhão de toneladas. Isso é mais do que todo o minério bruto e processado, que chega a 1,4 bilhão de toneladas. Anualmente, a agropecuária demanda quase 43 milhões de fretes de caminhão”. Com informações georreferenciadas, o sistema identificou as rotas preferenciais utilizadas e delimitou oito bacias logísticas da exportação de grãos. “Quando se fala em escoamento da safra, o termo é adequado. A produção realmente escoa em direção aos portos, como os rios indo para o mar, dentro da bacia logística”, avalia Evaristo. A armazenagem funciona como um conjunto de barragens e evita a sobrecarga em terminais portuários e unidades de processamento. “O sistema identifica os melhores locais para investir em armazenagem, hoje e no futuro”, diz ele. A plataforma pode ser acessada através do link www.embrapa.br/ macrologistica. Brevemente, outras cadeias produtivas, micrologísticas estaduais e novos estudos de competitividade serão integrados ao sistema.
abril 2018 – Agro DBO | 11
Notícias da terra Burocracia
MPF pede dados de venda por cultura
Seguro Rural
Maggi quer mudanças profundas
O
O
Ministério Público Federal solicitou ao Mapa que disponibilize em seu site os dados sobre a comercialização de agrotóxicos no Brasil, nos últimos 10 anos. A Procuradoria Regional da República na 3ª Região entende que a população deve ter conhecimento pleno das quantidades vendidas no território brasileiro, ainda mais sendo produtos que podem afetar a saúde pública e o meio ambiente.
ministro Blairo Maggi é a favor de um sistema em que toda a cadeia custeie o seguro do produtor rural. O governo estuda um modelo que proteja a renda do agricultor e não apenas ressarcimento por perdas na operação de crédito.
Agroquímicos
Mistura em tanque gera dissidência
A
proposta governamental de uma Instrução Normativa Conjunta para essa prática agronômica previa recomendação por mistura de ingredientes ativos, citando tipo e concentração das formulações. Houve até consulta publica. Mas não houve consenso entre as entidades industriais do setor de agrotóxicos. A Andef quer a recomendação por Marcas Comerciais e a Aenda por Ingredientes Ativos. A revista Agro DBO publicou na edição de dezembro 2017 tabela de compatibilidades e incompatibilidades químicas e físicas nas misturas em tanque entre agroquímicos e fertilizantes foliares específicos para soja e milho. A tabela pode ser solicitada gratuitamente para o e-mail redacao@ agrodbo.com.br Leia mais em: www.aenda.org.br
Algodão
Produtores de algodão têm boa expectativa para safra 2017/18
E
m março último a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) divulgou a estimativa da área de algodão no Estado, com a semeadura praticamente encerrada nesta safra de 2017/18. A área é estimada em 783 mil hectares – aumento de 25% em relação à safra 2016/17, quando foram cultivados 626.700 ha. O estabelecimento da cultura foi um pouco adiado em algumas regiões, em razão do atraso na colheita da soja e o excesso de chuvas no plantio do algodão, mas as expectativas são boas. Assim como em Mato Grosso, a semeadura do algodão na Bahia encerrou-se e também teve aumento de área. Conforme Lidervan Moraes, diretor da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), o estado semeou em torno de 265 mil
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hectares, 32,5% a mais em relação à safra 2016/17. Com a expectativa de uma boa safra de soja, e com o excelente desenvolvimento do algodão, há indicação de aumento de área de plantio de algodão para a próxima safra (2018/19), ultrapassando a marca de 300 mil hectares. De acordo com Luís Faeda, supervisor técnico de Algodão da Tropical Melhoramento & Genética (TMG), as chuvas no início da semeadura atrapalharam um pouco, mas não foram graves o suficiente para comprometer a safra. “O que não pode ocorrer é um abril/maio seco. Até agora a chuva tem ajudado”, informa. Em relação ao ataque de doenças e pragas, ele destaca que a safra tem tudo para ser tranquila. “A Ramulária vem se comportando dentro do esperado, com o manejo preventivo sendo
feito à base de fungicidas”, explica. O cotonicultor, porém, deve ficar atento à presença de tripes, pulgão e mosca branca, pragas que têm preocupado mais. O pulgão é vetor de duas viroses, Vermelhão e Azulão. Já em relação ao tripes, as maiores infestações têm ocorrido entre 10 e 20 dias iniciais da cultura, causando injúrias na parte foliar. A mosca branca, velha conhecida do cotonicultor, não tem apresentado um ataque tão severo até agora, como em anos anteriores. Nas áreas onde o desenvolvimento da cultura já está mais avançado, pontua o supervisor técnico, percebe-se que o ano será de combate árduo ao bicudo do algodoeiro, que já está presente em muitas áreas. “O produtor não pode descuidar do manejo preventivo dessa praga”, ressalta ele.
Notícias da terra Produtividade
Sensíveis à acidez no solo
U
m estudo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Fisiologia e Bioquímica de Plantas, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/Esalq), identificou componentes das células de raízes sensíveis à acidez no solo. “No Brasil ocorrem cerca de 500 milhões de hectares de solos ácidos. Sob condições de acidez, o crescimento de raízes, principalmente em culturas como milho ou soja, são fortemente reprimidos”, aponta o autor da tese, Jonathas Pereira das Graças. Segundo o pesquisador, uma estratégia agrícola utilizada nesses solos é a aplicação de cálcio, que visa reduzir a acidez, tornando o solo favorável ao cultivo de plantas. “Todavia, além dos custos envolvidos, tal estratégia é limitada apenas a uma camada superficial de solo e pode não ser uniforme, restando gradientes de acidez nos solos para plantio.
Um menor crescimento radicular, além de reduzir a produtividade, pode ocasionar maior susceptibilidade à seca. Tal fato é relevante especialmente para cultivos sem irrigação, os quais representam uma prática comum em nossa agricultura”, explica Jonathas. O trabalho teve orientação conjunta dos professores Lázaro Peres, do departamento de Ciências Biológicas e Victor Vitorello, do CENA-USP. Identificou-se que a parede celular, isto é, o envoltório externo das células vegetais, composto por celulose além de outros compostos, é rapidamente afetada pela acidez e isso desencadeia a morte das células. “Outro fato marcante foi que a aplicação do hormônio vegetal etileno em raízes gerou tolerância das células à acidez, reduzindo a morte celular das mesmas. Muito do que se sabe sobre esse hormônio se deve a sua ampla utilização na agri-
cultura em função de sua ação na parede celular de frutos exercendo controle sobre o amadurecimento. Assim, informações correlacionadas foram úteis para se obter esses resultados inéditos”. De acordo com o pesquisador, a compreensão biológica do fenômeno representa um avanço científico, pois já há algumas décadas se busca conhecer melhor como a acidez interfere no crescimento das plantas. “Informações básicas sobre o problema são necessárias para que posteriormente se adotem estratégias aplicadas e direcionadas para melhoria do desempenho das culturas no campo. Ressaltamos ainda que esse tema de solos ácidos é relevante para nossa agricultura, mas ainda pouco abordado pela comunidade científica no Brasil”. Saiba mais: http://www.esalq.usp.br/ pg/tese-destaque/jonathas-pereira-das-gracas
Urbanismo
Manejo da grama de parques jardins, rodovias
É
prática corrente no Brasil revestir canteiros centrais das vias públicas, jardins, áreas abertas de parques, laterais das rodovias, principalmente as pedagiadas. De quando em quando, essas áreas são manejadas com roçadeira mecânica ou roçadeira costal equipada com fio ou com lâmina de aço rebaixando a altura das plantas, geralmente gramíneas. O objetivo principal dessa operação é, além de manter um bom visual paisagístico, evitar erosão e dar um ar de limpeza no projeto. Até bem pouco tempo atrás, nas margens das rodovias, era comum observar após o corte e a juntada do material recém-cortado seguido da sua remoção numa operação que demandava mão de obra e era demorada. Atualmente, nessas áreas, as roçadas são feitas com maior frequência e o material cortado é deixado espalhado uniformemente por toda a área sendo decomposto pelos raios solares. Assim, é evidente a redução no custo da manutenção e, sem a remoção dos resíduos, a fertilidade do solo não é afetada. Com o passar do tempo o solo empobrece sendo necessário adubação química. Essa mesma prática não vem sendo feita por prefeituras que ainda deixam os matos crescerem livremente até sementear para serem roçados, acumulando lixo difícil de ser removido, imaginando economia quando é o contrário, aumentando os custos. Seria tão somente falta de visão? Mudar é preciso. (Hélio Casale – Engenheiro agrônomo)
F
aleceu o presidente e fundador da Alltech, Dr. Pearse Lyons, aos 73 anos, dia 8 de março último, devido a uma lesão pulmonar aguda, desenvolvida após cirurgia cardíaca. Dr. Lyons foi um empreendedor visionário que transformou sua empresa através da forma inovadora de utilizar tecnologias em leveduras na nutrição animal. Ele inspirou todo mundo que conheceu com sua energia, entusiasmo, e sua crença em viabilizar possibilidades. Dr. Lyons transmitiu essa positividade para sua equipe, mais de cinco mil membros da equipe Alltech em todo o mundo. abril 2018 – Agro DBO | 13
Notícias da terra Fotos: Camila Carmello
Pesquisa
Pesquisa mostra eficácia de extrato de canela no controle de doenças da alface
UFSCar revela que canela e água sanitária são eficazes em controlar doenças
E
studo constatou que esses produtos podem substituir fungicidas tradicionais. Uma pesquisa realizada no Centro de Ciências Agrárias (CCA) do Campus Araras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) demonstrou que extratos feitos a partir de casca de canela, assim como a água sanitária, são eficazes no controle de doenças em plantas – especificamente no crescimento de um fungo patogênico da cultura da alface. O estudo foi realizado como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), pela ex-aluna de graduação em Agroecologia da UFSCar Camilla Rodrigues Carmello, sob orientação do professor Jean Carlos Cardoso, do Departamento de Biotecnologia e Produção Vegetal e Animal (DBPVA-Ar), e detalhou a capacidade germinativa da alface após o tratamento com esses extratos. A pesquisa comprovou que o uso desses produtos no controle de doenças pode substituir a aplicação de fungicidas convencionais. “O extrato de canela inibiu completamente o crescimento da colônia do fungo patogênico isolado em plantas de alface doentes. Também obtivemos bons resultados com os testes feitos com hipoclorito de sódio, conhecido popularmente como
água sanitária”, destaca Cardoso. De acordo com os pesquisadores, o mecanismo de controle de doenças a partir de extratos de plantas ainda é pouco conhecido na literatura, mas está associado à capacidade que algumas espécies vegetais têm de produzir compostos com atividades antibióticas, controlando microrganismos patogênicos. “É um sistema de defesa natural que algumas plantas desenvolvem. Esses extratos com capacidade de controle de fungos patógenos são chamados de fungicidas botânicos. No caso da canela, os principais princípios ativos responsáveis pelo controle do fungo são o cinamaldeído e o eugenol, dois componentes produzidos naturalmente pelo chamado metabolismo secundário das plantas. Esses componentes são responsáveis pelo sabor e odor da canela e, além disso, contêm propriedades fungicidas comprovadas”, explica Cardoso. Segundo a agroecóloga, o preparo da solução com os produtos analisados na pesquisa é simples e os melhores resultados foram obtidos na proporção de 5 gramas da casca de canela em 100 ml de água. Os pesquisadores explicam que essa solução deve ser colocada em aquecimento e mantida a 100º C por cin-
Água sanitária demonstrou bons resultados no controle de doenças da alface
co minutos. “Em seguida, a solução é filtrada em filtro de papel (de café), e pode ser pulverizada ou aplicada nas sementes de alface antes do plantio”, descreve Carmello. No caso da água sanitária, basta diluir 5 ml da solução em 100 ml de água e, em seguida, realizar o tratamento das sementes por 20 minutos. Os testes foram realizados pelos pesquisadores em condições de laboratório. “Agora, é necessário aplicá-los também em condições de campo, para que se possa substituir, de fato, os fungicidas atuais”, finaliza Cardoso.
Soja
Congresso Brasileiro de Soja: foco em inovações científicas
C
om o tema Inovação, tecnologias digitais e sustentabilidade da soja, a Embrapa promove o VIII Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja), em Goiânia (GO), de 11 a 14 de junho de 2018. A programação científica está pautada nos principais desafios de produção da cadeia produtiva da soja. “Procuramos construir uma agenda ampla que aprofunda os principais desafios atuais e ao mesmo tempo, mapeia as perspectivas tecnológicas para a cultura”, explica o pesquisador da Embrapa, Alexandre Cattelan, presidente do CBSoja. A programação do Congresso contará com palestrantes nacionais e internacionais que ressaltarão os avanços científicos e as novidades tecnológicas que deverão transformar a realidade da produção agrícola nos próximos anos. Em destaque, a inclusão de palestras e conferências sobre as novas tecnologias de edição de genoma (como CRISPR/CAS9) e ferramentas digitais que auxiliam na busca de maior produtividade, agilidade, eficiência na gestão e na sustentabilidade dos sistemas produtivos. Ao longo de 4 dias, serão realizadas 5 conferências, 16 painéis temáticos e 50 palestras. A expectativa é reunir aproximadamente 2 mil participantes de diferentes regiões do Brasil e do exterior. As inscrições podem ser feitas pelo site do CBSoja: www.cbsoja.com.br
14 | Agro DBO – abril 2018
RESULTADOS DE PRODUTIVIDADE 17/18
Estado
Área
Produtividade
Chapadão do Sul
MS
-
Dirceu Xavier
Ribeirão do Sul
SP
1,9
Família Tramontina
Bela Vista do Paraíso
PR
12,1
Ricardo Bortoluzzi
São Gabriel do Oeste
MS
80
Koji Watanabe
Montividiu
GO
300
92,3 89,5 87,2 81,1 72,0
Produtor
Cidade
Estado
Área
Produtividade
Paulo Egídio
São José do Xingu
MT
123,0
Bom Jesus Agropecuária
Pedra Preta
MT
191,0
Miguel Bazila
Brasnorte
MT
273,0
Bom Jesus Agropecuária LTDA
Pedra Preta
MT
548,0
Vilson Miguel Vedana
Nova Ubiratã
MT
1.100,0
82,7 82,4 80,0 78,4 71,0
Produtor
Cidade
Agropecuária Maggi
Sapezal
Miguel Bazila
Produtor
Cidade
Fundação Chapadão
(ha)
(ha)
(sc/ha)
(sc/ha)
Área
Produtividade
MT
102,0
Brasnorte
MT
195,0
Guilherme Ferlin
Paranatinga
MT
150,0
Miguel Bazila
Brasnorte
MT
1.496,0
SLC Agrícola S/A
Sapezal
MT
2.209,0
79,6 77,0 77,0 73,5 72,3
Veja mais produtividades de nosso portfólio: www.tmg.agr.br Siga-nos nas redes sociais:
tmgenetica
Estado
(ha)
(sc/ha)
Capa Capa
Contagem de perdas No Brasil, o desperdício de grãos durante o processo de colheita representa prejuízo de R$ 2,4 bilhões ao ano apenas na sojicultura. Ariosto Mesquita
G
ianni Di Raimo é um produtor tecnificado, antenado com as principais novidades da atividade agrícola. Filho de imigrantes italianos da região do Lazio, ele não dispensa maquinário de primeira linha e irriga 37% dos 612 hectares de soja da família, distribuídos em três propriedades (fazendas Aliri e Santa Lúcia e sítio São João) no município de Cruzália, no Vale do Paranapanema, oeste paulista, próximo da divisa com o estado do Paraná. No entanto, não vinha conseguindo desempenho satisfatório com suas colheitadeiras. Ele via uma quantidade expressiva de grãos caídos no chão ou em vagens não colhidas após a passagem das máquinas, mas desconhecia a causa, não fazia ideia do prejuízo econômico (quanto deixava de ganhar com tal desperdício) nem sabia como resolver o problema. Até que, nesta safra, recebeu a visita de técnicos do Rally da Colheita, promovido pela APDVP – Associação de Plantio Direto do Vale do Paranapanema com o propósito de, justamente, mensurar perdas durante a colheita e orientar produtores e operadores quanto aos procedimentos para evitá-las.
16 | Agro DBO – abril março 2018 2018
Di Raimo obteve, então as respostas: sua operação mecânica de colheita estava desperdiçando duas sacas (60 kg cada) de soja por hectare, o dobro do limite tolerado pela Embrapa. Considerando o preço da saca na região (R$ 70 na ocasião) e seus 612 hectares cultivados, esta diferença equivale a R$ 42.840, valor que ele perderia caso a equipe do Rally não o tivesse visitado no início dos trabalhos de colheita – por sorte, ele conseguiu evitar a maior parte do prejuízo: “Não havia custos (o apoio técnico da APDVP é gratuito) e concordei com o trabalho. A equipe fez a amostragem com três colheitadeiras em uma área do Sítio São João e todas apresentaram o mesmo nível de perda. Em outro momento, os técnicos voltaram à propriedade e o quadro não foi diferente”, conta. Mais do que constatar o volume de grãos que estava ficando pela lavoura, o agricultor conseguiu estancar o sangramento até o limite de perdas definido pela Embrapa, de uma saca/ha. “Detectamos que havia corte irregular nas plantas de soja. Fizemos o ajuste de sensibilidade das plataformas e sugerimos a redução da velocidade de
Fotos: Ariosto Mesquita
Equipe do Rally da Colheita cata grãos de soja em Cruzália (SP) para calcular o desperdício
operação (de 6,5 para 5,5 km/hora) em três máquinas. Em uma delas, orientamos o produtor a trocar a barra de corte, procedimento rapidamente atendido”, conta o supervisor de equipe do Rally, Jorge Benigno Neto, diretor-executivo da APDVP. Di Raimo (que também planta milho, trigo, feijão e adubação verde em rotação) diz que mantém parcerias com fabricante de máquinas agrícolas: “Alguns modelos ficam comigo por até quatro anos. Ao final desse tempo compro por 60% do preço original, em média. Minhas terras acabam funcionando como uma espécie de fazenda experimental”. Suas colheitadeiras já foram avaliadas anteriormente por empresas de porte como a Fatec – Faculdade de Tecnologia Shunji Nishimura, de Pompéia (SP), mas não da forma como o fizeram os integrantes do Rally: “Além dos ajustes nos equipamentos e da contagem de perdas, eles me explicaram os procedimentos e me ensinaram o que fazer”. Dinheiro perdido De acordo com a Embrapa, o nível de desperdício enfrentado por Di Raimo antes da visita do Rally da Colheita é a média padrão nas lavouras de soja do Brasil, ou seja, duas sacas/ha, uma acima do tolerável. “Trabalhando apenas com esta diferença, nossa estimativa é de que o Brasil desperdice anualmente R$ 2,4 bilhões em soja somente no processo de colheita. Para este cálculo, con-
sideramos uma área plantada de 35 milhões de hectares e a saca a R$ 69”, explica o pesquisador José Miguel Silveira, da Embrapa Soja, orientador do Rally e responsável pelo acompanhamento e aperfeiçoamento da técnica de mensuração de perdas desenvolvida ainda nos anos 1980 pelos pesquisadores César Mesquita e Celso Gaudêncio, também da Embrapa Soja. Por esse cálculo, a quantidade perdida seria suficiente para deixar nas mãos de cada brasileiro pouco mais de 10 quilos de soja por ano (com base em uma população de 208,7 milhões de habitantes, conforme projeção do IBGE em 20/3/2018, e 2,1 milhões de toneladas de soja desperdiçadas). Silveira acredita que entre 75% e 85% dos problemas com colheitadeiras durante a colheita ocorrem entre a barra de corte e o final da esteira de alimentação. O restante, a partir do sistema de trilhas até a saída dos grãos. Segundo ele, apenas a pancada da haste frontal da colheitadeira na planta já pode ser suficiente para derrubar grãos, sobretudo se algumas vagens já estiverem abertas ou semiabertas. Por isso o pesquisador se preocupa quando a velocidade de operação das máquinas é alta. “O patamar ideal seria de 5 a 6 km/hora em terras planas ou com pequena ondulação”. No entanto, Silveira faz questão de observar que esta regra não é absoluta: “Além das condições de relevo, a velocidade ideal tem de levar em conta outras variáveis como presença de pedras, volume
Gianni Di Raimo em área de soja do sítio São João. Agora ele sabe como colher com eficiência, evitando os prejuízos.
abril 2018 – Agro DBO | 17
Capa
de plantas acamadas, tipos de plataforma e de trilha e, principalmente, a habilidade e a capacitação do operador da máquina colhedora”. A pressa em colher pode ser induzida pelo próprio sojicultor. Na opinião de Silveira, vários fatores levam atualmente a esta corrida contra o tempo: “Um deles é a urgência na liberação da área de soja para o plantio do milho em sucessão. O agricultor também enfrenta uma reduzida e má preparada oferta de mão de obra para execução do serviço. Além disso, diversas fazendas estão usando variedades de alta produção que acabam satisfazendo os sojicultores, mesmo considerando as perdas. Na região de Londrina, por exemplo, as médias de produtividade já se aproximam de 80 sacas/ha”. Kit calcula perdas A aplicação prática da tecnologia “Determinação de perdas na colheita da soja”, da Embrapa Soja, adotada agora pelo Rally da Colheita, remonta à década de 1980. De lá pra cá, a empresa continua responsável pela aferição da escala de medição e vem disponibilizando o material a produtores e empresas na forma de kit, em duas versões: a primeira (individual) é composta por um copo medidor e um manual (R$ 8); a segunda (kit caixa) vem com dois copos e dois manuais (R$ 15). “Recentemente, vendemos 500 copos para a John Deere”, conta o pesquisador. “Para o Rally da Colheita, que foi um trabalho técnico cooperativo, preparamos um kit diferenciado contendo uma armação de coleta no formato de 4 metros x 0,5 metro e pinos para fixação ao solo”, acrescenta. Para seu uso a campo, a orientação é aguardar a passagem da colhei18 | Agro DBO – abril 2018
Plantas com vagens abertas: alta probabilidade de os grãos cairem ao chão no primeiro toque da colheitadeira.
Copo medidor criado pela Embrapa para mensurar as perdas na coleita em sacas/ha
tadeira e estipular três pontos na lavoura de forma aleatória. Em cada um, a armação (que pode ser feita pelo produtor) é fixada ao chão e no espaço delimitado se faz a coleta dos grãos desperdiçados. O material resultado da extração deve ser colocado no copo medidor, que, automaticamente, aponta o nível de desperdício graças a uma escala graduada de 1 a 11 sacas/ha. A estrutura, o manuseio e a obtenção do resultado são simples a ponto de tornar inevitável uma pergunta: Por que a utilização do kit não é generalizada na sojicultura brasileira? “Faltam apoio e divulgação para sua adoção”, responde Silveira. “A pesquisa fez a sua parte. Resta o estímulo para seu uso. A iniciativa do pessoal do Rally da Colheita em São Paulo, é fantástica. Quem sabe este trabalho acabe por contaminar a sojicultura brasileira. A partir do momento em que o produtor percebe o quanto está perdendo, certamente vai procurar eliminar as causas para reduzir ao máximo este desperdício”, completa. O balanço de um mês de trabalho do Rally da Colheita no Vale do Paranapanema foi divulgado no último dia 19 de março com exclusividade para a revista Agro DBO (a APDVP prevê a divulgação oficial dos dados em setembro deste ano) e apresenta números significativos: a equipe de campo (com seis integrantes) percorreu 5 mil quilômetros, visitou 60 propriedades com lavouras de soja em 17 municípios e examinou 130 colheitadeiras, cobrindo um total de 30 mil hectares. Entre as máquinas avaliadas, 61% apontavam perdas acima do nível tolerável. O desperdício médio verificado foi de 1,95 saca/ha, praticamente o mesmo estimado pela Embrapa como média nacional. De acordo com o supervisor Jorge Neto, as ações de orientação e de ajustes de maquinários promovidas pelo Rally reduziram a média de perdas para 0,95 sacas/ ha nestas propriedades. O balanço aponta o valor de R$ 1.216.950 como o equivalente à redução das perdas pontuadas acima do nível de tolerância em toda a área co-
A equipe do Rally visitou 60 fazendas em 17 municípios e avaliou 130 colheitadeiras: 61% apontavam perdas acima do nível tolerável Equipe do Rally em ação, em foto tirada da cabine da colheitadeira. A velocidade da máquina é o principal indutor de perdas de grãos.
berta pelo Rally. Nada mal para um projeto que custou, segundo Neto, R$ 15 mil aos cofres da APDVP. Em um universo de 60 propriedades e 130 máquinas, o Rally registrou casos de perdas abaixo do nível de tolerância, assim como situações extremas de desperdício, a exemplo do que aconteceu numa propriedade com 1,5 mil hectares plantados em Campos Novos Paulista, onde as colheitadeiras estavam deixando pelo chão seis sacas/ha. Sem a interferência do Rally, o proprietário poderia amargar um desperdício financeiro de até R$ 540 mil nesta safra. Em outra propriedade (1.000 hectares de soja), no município de Cândido Mota, o trabalho da equipe do Rally não bastou para que se atingissem níveis toleráveis de perdas. Os ajustes conseguiram reduzir o desperdício de seis para 1,9 sacas/ha. “Não foi possível chegar abaixo disso devido ao pouco conhecimento técnico do operador em relação ao equipamento utilizado”, observa Neto. Velocidade excessiva O produtor rural e coordenador do Rally, Salvatore de Angelis, revela que a principal causa de desperdício detectada pelo Rally foi a velocidade inapropriada das máquinas durante as operações de colheita, na maioria das vezes excessivamente rápidas. “Só isso provocou 70% das perdas que verificamos a campo”, revela. Depois, segundo ele, aparecem “problemas no molinete” (15%) e “problemas na peneira” (10%). Outras causas representaram 5%. Como exemplo, ele cita sua própria fazenda:
“Tenho um funcionário que todo ano quer correr com a colheitadeira. Quando veio o Rally, foi tiro e queda. Ele passava colhendo e a equipe media. A perda média foi de 4,5 sacas/ha. Fui até a máquina e não alterei nenhuma regulagem. Apenas baixei a velocidade de sete para 4,5 km/ hora. Mudou tudo. O desperdício caiu para 0,9 saca/ha”. De Angelis foi o idealizador da maratona técnica pelo Vale do Paranapanema. O embrião do Rally da Colheita foi formatado durante as madrugadas, enquanto respondia seus e-mails. “Além de trabalhar na minha terra, dou assistência em várias propriedades da região como agrônomo e sempre percebi muito desperdício no trabalho mecânico de colheita. Algo tinha de ser feito para tentar reverter isso. A Associação abraçou a ideia e montamos o grupo. Procurei o Miguel (Silveira) na Embrapa para que o trabalho pudesse ter respaldo científico. Disso tudo surgiu a parceria. Antes de ir a campo, a equipe passou por 16 horas de treinamento na Embrapa Soja, em Londrina”, conta. Os bons resultados obtidos já começam a estimular novos projetos. “É nossa ideia também fazer um trabalho semelhante na colheita de milho”, revela o coordenador do Rally.
Radiografia do Rally da Colheita Trabalho a campo: de 19/2 a 17/3/2018 Região de cobertura: 17 municípios do Vale do Paranapanema (SP): Assis, Cândido Mota, Cruzália, Florínea, Palmital, Maracaí, Ibirarema, Campos Novos Paulista, São Pedro do Turvo, Ribeirão do Sul, Salto Grande, Pedrinhas Paulista, Platina, Lutécia, Iepê, Nantes, Tarumã. Propriedades visitadas: 60 Colheitadeiras avaliadas: 130 máquinas Área de lavoura monitorada: 30 mil hectares Percentual de máquinas com níveis de perdas acima do tolerável (1 saca/ha): 61% Média das perdas acima do nível tolerado: 1,95 saca/ha Média da redução de perdas após ajustes técnicos e de procedimentos: 0,95
sacas/ha = R$ 66,5/ha (considerando a saca de soja a R$ 70) Valor equivalente à redução das perdas acima do nível tolerável em toda a área do Rally: R$ 1.216.950 Realização: Associação de Plantio Direto do Vale do Paranapanema, Assis (SP), em parceria com a Embrapa Soja, Londrina (PR). Orientação: José Miguel Silveira, da Embrapa Soja (Londrina, PR); Coordenação: Salvatore de Angelis, da APDVP Supervisão de equipe: Jorge Benigno Neto, da APDVP Demais integrantes do Rally da Colheita: Afonso Vitale Granado Vieira, Caio César Costa Alves e Luísa Pante Ribeiro
abril 2018 – Agro DBO | 19
Capa A tecnologia permite acompanhar a colheita de qualquer lugar do mundo. Porém, no Brasil, o sinal de internet não chega às lavouras.
De Angelis (de branco) orienta o operador Nelson Leandro, em Cruzália (SP), durante colheita no sítio São João. A alta tecnologia embarcada nas máquinas agrícolas exige qualificação da mão de obra.
Algumas das principais indústrias de máquinas e de tecnologias agrícolas não escondem a existência de um paradoxo na agricultura brasileira: muito pode ser feito, mas pouco se faz para resolvê-lo. Elas admitem que ocorre hoje no Brasil uma espécie de choque entre a alta tecnologia embarcada nas colheitadeiras modernas e a mão de obra disponível para ajustá-las e operá-las. “A maior parte do desperdício de soja durante a colheita ocorre em função de máquinas mal configuradas. A tecnificação dos operadores não está acompanhando o desenvolvimento das colhedoras”, garante Dionísio Júnior, instrutor de treinamento comercial em colheitadeiras New Holland. De acordo com ele, esse descompasso é mais evidente no Brasil Central, especificamente nos estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Bahia, onde as grandes extensões de lavouras exigem a contratação de um número significativo de operadores e maior disponibilidade de máquinas. “No Centro Sul do Brasil geralmente são os próprios agricultores e seus filhos que operam as colheitadeiras”, afirma. A fabricante trabalha hoje, segundo Júnior, com dois focos de aperfeiçoamento tecnológico:
20 | Agro DBO – abril 2018
Em breve, as colheitadeiras funcionarão com sistemas de autocalibração.
colheitadeiras que permitam um trabalho mais rápido e o desenvolvimento de máquinas cada vez mais intuitivas e fáceis de operar. Atualmente, o instrutor garante que é possível ao proprietário da fazenda monitorar o trabalho do operador: “Ainda não se consegue fixar a velocidade das máquinas sem que o funcionário possa modificá-la, mas o produtor pode obter o histórico de todo o trabalho a campo”, argumenta. Aposta na automação Dionísio Júnior ressalta, como opção do produtor, o recurso de monitoramento em tempo real, mas seu uso está limitado a uma barreira estrutural no Brasil. “Nossa tecnologia permite que o agricultor acompanhe pelo celular, tablet, laptop ou computador de mesa, de qualquer parte do mundo, o que acontece a campo e os números nas operações de colheita em suas terras. O fator limitante, entretanto, é a ausência quase total de sinal de Internet nas lavouras”, observa. Gustavo Barden, gerente de Marketing Tático da John Deere no Brasil, garante que a tecnologia disponibilizada hoje pela fabricante permite colheita de soja com desperdício médio de 0,6 sacas/ha. No entanto, avisa: “Podem ocorrer oscilações, dependendo da lavoura, do relevo, do operador e de outras variáveis”. No que diz respeito à velocidade de operação, a recomendação da marca, segundo ele, é de cinco a seis km/hora para máquinas pequenas (com capacidade para colheita de até cinco ha/hora) e de aproximadamente nove km/hora para colheitadeiras que conseguem cobrir até 12 ha/hora. O gerente revela que a multinacional norte-americana vem trabalhando com foco em um processo crescente de automação: “Não será total, mas dentro de dois anos, com certeza, teremos muitas novidades”. Já a também estadunidense Trimble, empresa de soluções tecnológicas para agricultura, não esconde o otimismo com relação ao processo de desenvolvimento de estruturas de automação para colheitadeiras, muito em função do que já vem sendo colocado no mercado para pulverizadores (veja reportagem de capa na edição 94, de novembro de 2017, da Agro DBO). De acordo com o gerente Regional de Distribuição, José Carlo Bueno, a empresa vem trabalhando neste sentido e já com expectativas calendarizadas: “Em até cinco anos ainda teremos muita interferência do homem na operação das colhedoras. No entanto, em um prazo de uma década as máquinas já deverão funcionar com sistemas de autocalibração, ou seja, conseguirão se ajustar a uma série de variáveis, mantendo um padrão de trabalho sem a intervenção direta de alguém. A automação total veremos provavelmente em 15 anos”.
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Opinião
Balanço de 21anos do milho GM São altamente positivas as estatísticas de pesquisas realizadas com milho transgênico, comparadas ao milho convencional. Decio Luiz Gazzoni*
U
* O autor é engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja e membro do Conselho Editorial da Agro DBO.
ma meta-análise é uma forma de analisar os resultados de muitos artigos, versando sobre um tema específico, para obter conclusões que sejam comuns aos estudos. Os pesquisadores italianos da Universidade de Pisa, Elisa Pellegrino, Stefano Bedini, Marco Nuti e Laura Ercoli publicaram extensiva meta-análise dos impactos do milho transgênico (GM), resistente a pragas, sobre o meio ambiente e a agricultura. O artigo original pode ser lido em https://www.nature.com/ articles/s41598-018-21284-2 Os pesquisadores revisaram mais de seis mil estudos na literatura científica, publicados entre 1996 a 2016, incluindo estudos sobre rendimento, qualidade de grãos, organismos alvo e não-alvo e decomposição da biomassa do solo. A maioria dos estudos foi realizada no corn belt dos EUA, em universidades dos estados de Iowa, Illinois e Nebraska. Os pesquisadores excluíram da análise experimentos que não foram realizados em condições de campo, que não utilizavam um comparador geneticamente similar (quase isogênico), que possuíssem milho GM e não-GM cultivado sob diferentes condições, ou que apresentassem pequenas amostras ou outros problemas estatísticos. Assim, do total dos estudos revisados, apenas 76 textos foram incluídos na meta-análise. Os estudos incluíram a caraterística de tolerância a herbicidas apenas quando combinada
22 | Agro DBO – abril 2018
com resistência a insetos. Em relação à produtividade, o rendimento do milho GM foi maior que seu similar não GM. Houve pequenas diferenças no aumento do rendimento dependendo se as variedades dispunham de um, dois, três ou quatro genes de resistência, com o maior rendimento associado com esta última característica, com, aproximadamente, 25% de aumento em relação ao milho convencional. Os autores analisaram os danos causados pelas lagartas nas espigas do milho. Em média, as variedades transgênicas apresentaram 70% menos espigas danificadas. Especificamente com a presença de quatro genes de resistência o dano foi reduzido em 90%. Sabemos que o milho pode conter micotoxinas, que se desenvolvem a partir de fungos oportunistas, os quais se aproveitam dos danos causados nas espigas para se desenvolver nos seus tecidos. Os estudos também mostram que o milho transgênico apresenta teor menor de micotoxinas, fumonisinas e tricotecenos. Isto significa um grande benefício do ponto de vista toxicológico, já que as micotoxinas podem causar danos à saúde de humanos e animais que vierem a consumir o milho contaminado. Os estudos demonstraram uma redução de 95% na população de larvas de diabrótica, que atacam a raiz do milho. Essa observação demonstra que a transgênese atingiu seu objetivo no controle desta pra-
ga, já que era uma das pragas que se pretendia controlar ao inserir a característica de resistência no milho. Em consequência, também foi registrado menor população de vespas parasitoides de pragas, atribuível à menor população de hospedeiros, que são, justamente, as pragas que se pretende controlar. Por outro lado, as cigarrinhas da família dos cicadelideos aumentaram sua população no milho GM, possivelmente porque, quando são cultivadas variedades resistentes a insetos, há menor necessidade de uso de inseticidas, o que provoca o aumento da população de pragas secundárias. Porém, o fenômeno não se repetiu com pulgões, cuja população se manteve estável. Igualmente, diversos artrópodes benéficos não foram afetados pelo uso de milho GM como, por exemplo, antocorídeos – como Orius insidiosus –, aranhas, carabídeos, crisopídeos, joaninhas, nabídeos, estafilinídeos e outros predadores comuns na cultura do milho. Sob o aspecto da qualidade dos grãos, não houve diferenças significativas entre milho GM ou convencional, especialmente nos teores de proteínas, lipídios ou fibras dos grãos. Também não houve diferença na lignina em caules ou folhas. Com a meta-análise, conclui-se que os benefícios do uso de variedades de milho transgênico, resistentes a insetos, apresentam muito mais benefícios que eventuais desvantagens.
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Entrevista
O agro está descolado da política, por isso vai bem.
O
empresário João Carlos Marchesan, presidente da Abimaq – Associação Brasileira de Máquinas há 2 anos, tem uma agenda agitada, cheia de reuniões e viagens. Quando tivemos o primeiro contato estava em trânsito para São Paulo, mas já tinha reunião pautada para o dia seguinte no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social em Brasília, com o Presidente da República Michel Temer. No dia da entrevista já estava em Matão (SP), na sede da Marchesan, onde é diretor do Conselho de Administração. Foi de Matão, por telefone, que João Carlos Marchesan, 66 anos, concedeu a entrevista, conduzida pelo editorexecutivo Richard Jakubaszko. Formado em administração de empresas, na Faculdade de Araraquara (SP), trabalha na Marchesan desde os 14 anos de idade, levado pelo pai, Luiz Marchesan, um dos fundadores da empresa que é especialista em máquinas e implementos agrícolas há 72 anos. João Carlos não tem um time de futebol de coração, “era a Seleção Brasileira, mas depois dos 7 a 1 na Copa do Mundo de 2014, acho que desisti dessa história de futebol, fiquei meio desorientado. Vamos ver este ano”. Ele prefere andar e correr, além de pedalar, seus esportes preferidos, quando não está trabalhando, este o hobby diário. Pelo trabalho desenvolvido na Abimaq nesses dois últimos anos João Carlos Marchesan será eleito neste mês de abril, em chapa única, para um mandato de 4 anos à frente da entidade.
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2013 estávamos bem, aí veio a tal crise política em 2014, tivemos eleições, algumas confusões, e parou de crescer naquele ano, depois caiu mais de 10% em vendas em 2015 e em 2016 empatou com o ano anterior, só reagiu no final de 2016. Em 2017 começamos a decolar e agora com as boas perspectivas de consumo de alimentos pelo mundo inteiro vamos em frente. Essa situação da Argentina, que perdeu um Paraná inteiro na safra, por conta da seca, ajudou na recuperação dos preços dos produtos agrícolas brasileiros, e isso leva o produtor a investir na modernização das suas máquinas.
Agro DBO – Como vai o setor de máquinas agrícolas? João Carlos Marchesan – Vem de um momento importante, crescemos em 2017 e vamos avançar neste ano. No começo do ano o pessoal estava preocupado, mas depois que os preços dos produtos agrícolas reagiram, as vendas melhoraram e ficamos mais otimistas. Estamos projetando um crescimento para o setor este ano. Agro DBO – E o crédito para financiamento, está suportando essa demanda maior? João Carlos Marchesan – Não está faltando crédito, há recursos, a juros razoáveis para os produtores. Agro DBO – Então a crise acabou? João Carlos Marchesan – Até
Agro DBO – O momento político que o Brasil vive, de ano eleitoral complicado, de turbulências jurídicas, esse processo tem influência nas vendas de máquinas agrícolas? João Carlos Marchesan – Entendo que a economia brasileira, de certa forma, se descolou da política há algum tempo. No agronegócio mais ainda, pois a gente vive um ambiente diferente, dependemos das exportações, e estas continuam firmes, mesmo com o mercado interno tendo sofrido alguma queda, por causa do desemprego, que gerou retração. Agro DBO – E as exportações de máquinas agrícolas, vão bem? João Carlos Marchesan – O Brasil tem uma liderança forte nesse segmento, especialmente nos países tropicais, pela tecnologia que nós temos no plantio direto na palha. Dominamos como ninguém essa tecnologia, e por causa do sucesso produtivo do Brasil, que serve de motivação aos outros países em se-
guir o nosso mesmo caminho. Não fosse o câmbio, em que o dólar está muito baixo, a nossa rentabilidade poderia ser bem melhor. Agro DBO – Quais são os países importadores mais importantes? João Carlos Marchesan – A América Latina como um todo, é o maior mercado. Depois a África, mas apenas em países que têm crédito, pois os países com problemas de guerrilhas ou disputas políticas estão sem crédito e não importam. Não compram pela falta de recursos. Há demanda, mas não têm como comprar. Os EUA são um bom comprador do Brasil, a Marchesan, por exemplo, tem muitos clientes por lá, vendemos implementos, plantadeiras, discos de arados, grades, é forte o mercado. Agro DBO – No Brasil, como está
a venda de arados e grades? João Carlos Marchesan – Arado é um produto muito específico, e é pouco usado hoje em dia, por causa do plantio direto. Agora, grade continua forte a demanda, mesmo porque, com o plantio direto na palha, de tempos em tempos tem que dar uma incorporada, porque ficam muitos fungos e bactérias no solo, e porque o solo vai se compactando, dificulta a expansão das raízes, e cai a produtividade. Agro DBO – Mas é uma incorporação superficial, insuficiente, não é? Talvez por isso tenhamos solos compactados em cerca de 70% da área de plantio direto. João Carlos Marchesan – Realmente, é uma incorporação superficial, tenho de reconhecer. Mas hoje em dia tem muita coisa que se usa, existem bons subsoladores, e tam-
bém escarificadores, usados com frequência para amenizar esses problemas de compactação. Agro DBO – Você é produtor rural? João Carlos Marchesan – A família Marchesan tem várias propriedades, plantamos cana, laranja, temos gado, cultivamos cereais, é bem diversificada a produção. Está tudo no estado de São Paulo, onde temos cerca de 10 mil hectares, e até fazemos experiências de máquinas. Agro DBO – Em que estágio você avalia que a indústria de máquinas brasileira se encontra em termos de tecnologias? João Carlos Marchesan – Estamos no topo da cadeia, muito bem atualizados, basta olhar e comparar nas feiras, tanto em tratores, colheitadeiras, e especialmente em plan-
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Entrevista tadeiras, onde o Brasil é líder mundial em tecnologias para o plantio direto. O setor é uma das indústrias mais atualizadas e vanguardeiras do Brasil. Houve muitos investimentos, a demanda tem sido grande, hoje todas as plantadeiras têm agricultura de precisão, a gente tem até mesmo tecnologias para a Internet das coisas (IoT), acopladas às plantadeiras. Tem um desafio aí nessa história que se chama conectividade.
bom, virtuoso, o agronegócio, como já disse, descolado da política, os preços dos produtos agrícolas lá fora estão bons, o dólar tem tido uma variação positiva para as exportações, e esse conjunto de coisas nos traz esperança de ser um ano muito positivo. Em Cascavel e em Não-Me-Toque este ano os resultados foram animadores, e nos servem como balizadores. Aguardamos um ano de crescimento, como já expliquei, e que deve ficar entre 5% e 10%.
Agro DBO – Hoje ocorrem vários simpósios, workshops, porque há uma alegria, uma expectativa positiva de aplaudir e comemorar o avanço dessas tecnologias, mas a realidade da conectividade no campo é outra, porque na lavoura mesmo não tem internet. Como se justifica essa euforia? João Carlos Marchesan – Exatamente, é baixa a conectividade no campo, e isso traz um gargalo para o uso dessas tecnologias. Essa é uma das coisas que falei com o ministro Blairo Maggi, dias atrás, a agricultura evoluiu muito, mas a realidade é outra, o governo precisa dar um incentivo nisso.
Agro DBO – Alguma novidade da Marchesan este ano em suas máquinas? João Carlos Marchesan – Sim, tanto a Marchesan como todas as indústrias do setor, vamos levar boas
Agro DBO – Então isso é muito mais noticiário tipo entusiasmado? João Carlos Marchesan – Concordo, há um otimismo exagerado com essas coisas, uma euforia irreal, pois a realidade é outra, já que é difícil a conexão entre tratores, implementos e colheitadeiras, e o monitoramento à distância em tempo real. Mas no fim do dia os dados são capturados e aí sim podem ser consolidados para análises e tomadas de decisão. Não é a mesma coisa, mas funciona. O Brasil vai lançar em breve um satélite próprio, e a gente vai chegar lá, falta pouco tempo.
novidades na Agrishow aos produtores. Cada vez mais teremos máquinas com agricultura de precisão, com mais informação, com mais precisão na distribuição de sementes e adubos, pois esses são os grandes custos do plantio. Com os preços que estão os fertilizantes, e especialmente as sementes, não pode haver nenhum desperdício. O adubo é assim, se botar demais é desperdício, se usar de menos vai faltar.
Agro DBO – Qual a perspectiva para a Agrishow e para 2018? João Carlos Marchesan – Muito positiva. Vivemos um momento
Agro DBO – Como membro do Conselhão, você já tem informações sobre o Plano Safra para 2018/19?
26 | Agro DBO – abril 2018
João Carlos Marchesan – O valor do crédito deve ser o mesmo do ano passado, deve ser anunciado até o final de junho. Vai ter financiamento, os juros serão mais ou menos os mesmos. Não vai crescer porque esses totais de financiamento só podem crescer de acordo com a inflação, conforme estava determinado, e a inflação está bem baixa. Agro DBO – Finalmente, como você vê o futuro do agronegócio brasileiro? A ONU e outros organismos internacionais, afirmam que a maior parte do crescimento da produção de alimentos deverá sair do Brasil. Conseguiremos isso? João Carlos Marchesan – O maior desafio do Brasil no agronegócio chama-se infraestrutura e logística. É inconcebível neste país vermos uma ferrovia Norte-Sul, depois de mais de 30 anos, não ter sido entregue. Isso se acontecesse na China já estaria pronto há mais de 25 anos. Temos a Ferrogrão, que vai de Lucas do Rio Verde e vai até Marabá (PA), e que ainda é um projeto, só isso. Temos a BR163 inacabada, falta cerca de 100 km para asfaltar, faz anos, e não avança. Tudo isso são desafios que temos na nossa atividade de produzir alimentos. Na hora que conseguirmos destravar essa questão vamos ter um avanço muito maior do que esse que já conseguimos. Temos de investir nisso, tenho falado muito com o Presidente Temer sobre a nossa deficiente infraestrutura, e com várias autoridades, se conseguirmos destravar os problemas nós vamos alavancar este país, tenho certeza disso. Nós possuímos 2,3% do movimento de exportações do mundo, enquanto a China exporta hoje mais de US$ 3 trilhões de dólares por ano, que é um montante maior do que o nosso PIB. Onde estava a China nos anos 1980? Estava muito abaixo do Brasil. Para crescer devemos investir, não há outro caminho. Precisamos voltar a acreditar no Brasil, o nosso potencial é fabuloso.
Tecnologia Virtual
Agricultura: big data ou right data? O autor questiona o que é mais importante: dados em quantidade ou dados certos para dar eficiência na produção de alimentos? Evaristo E. de Miranda *
B
usque no Google a expressão big data e, em menos de um segundo, terá meio bilhão de resultados. O termo big data está na moda. Ele refere-se a enormes conjuntos de dados, gerados pelos mais diversos sensores e pela capacidade crescente dos processos computacionais de tratarem, estocarem e compartilharem (networking) grandes conjuntos de informações.
do carros, eletrodomésticos, tratores, equipamentos agrícolas, relógios, óculos, telefones e até acessórios de vestuário como bonés e mochilas. Muitos empresários, profissionais de mídia, pesquisadores e governos enfrentam dificuldades com grandes conjuntos de dados, incluindo pesquisa na Internet, finanças e informática de negócios. Mesmo pesquisadores têm limitações no trabalho de e-Ci-
Onde e quando o big data ajuda o produtor rural a tomar decisões com maior eficiência?
* o autor é doutor em ecologia, engenheiro agrônomo, chefe geral da Embrapa Territorial e membro do Conselho Editorial da Agro DBO
Esses conjuntos são, cada vez mais frequentes, numerosos, e obtidos por dispositivos baratos de aquisição de informação. Um exemplo é o quanto cada pessoa acumulou de fotos digitais e músicas em dispositivos móveis e computadores pessoais nas últimas décadas. Os arquivos digitais de uma família superam em volume a informação de muitas bibliotecas do passado. A capacidade per capita do mundo para armazenar informações praticamente dobra a cada 40 meses, desde a década de 1980. A partir de 2012, foram criados em média por dia 2,5 exabytes (2,5 × 1018 bytes) de dados. Daqui dois anos, em 2020, prevê-se um trilhão de aparelhos e equipamentos conectados pela IoT (internet das coisas), incluin-
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ência, em meteorologia, genômica, simulações físicas, biológicas e ambientais complexas, devido ao volume de dados. Um desafio atual para grandes empresas é determinar quem deve gerir iniciativas de dados que atravessem toda a organização e não apenas como ou com que tecnologia isso será feito. Não há uma definição absoluta de big data. Isso depende das capacidades dos usuários e de suas ferramentas. O que é considerado grande em um ano, pode se tornar usual em anos posteriores. Em princípio, porém, o verdadeiro big data deve reunir 5 V’s: velocidade, volume, variedade, veracidade e valor. Velocidade, volume e variedade de dados não faltam. Com o barateamento e o crescimento
das capacidades computacionais e dos trabalhos em rede, o chamado big data empilha farta quantidade de dados em planos, camadas e nuvens. O resultado é um cumulus congestus: um dilúvio de dados (data deluge), cuja veracidade é difícil de avaliar e cujo valor efetivo é baixo. Esses tempestuosos emaranhados de informações não “falam” entre si. Há muita informação sem nexo. Ainda não há linguagem ou norma internacional para organizar isso. E nem haverá tão cedo. Assim, não há como verificar a veracidade, nem o valor, os dois últimos dos 5 V’s. Ainda assim, o termo big data é amplamente citado como parte da virtualíssima Agricultura 4.0. A agropecuária dependeria tanto do big data no futuro quanto o cidadão urbano no presente precisa do Waze para achar o seu caminho. Mas não basta acumular, somar e empilhar dados para resolver os problemas da agricultura. Nem na nuvem, nem na chuva. Onde e quando o big data ajuda o produtor rural a tomar decisões com maior eficiência operacional, reduzindo riscos e custos? Diretamente, por enquanto, em lugar nenhum. Os agricultores brasileiros precisam muito mais de right data do que de big data. Right data significa o dado certo, na hora certa para a pessoa certa optar e agir. Ele é produzido por
Ilustração CNH Industrial/Telemetria New Holland
quem tem capacidade de analisar a realidade rural e dar soluções aos desafios, até a partir de algum big data. Para se tomar a melhor decisão, frente às incertezas climáticas, ambientais, mercadológicas, tecnológicas, financeiras, cambiais, ter a informação necessária e confiável é fundamental. Ser capaz de acessar o right data, é mais ainda num mundo rural brasileiro carente de energia elétrica (!), de rede viária, de comunicação e de conectividade. Big data não é algo tangível. Os agricultores podem se perder ao procurar dados que auxiliem e façam sentido. Eles precisam de right data, de ferramentas para tomar a decisão certa. Na agropecuária, isso vale para decisões como a escolha das cultivares, dos momentos adequados de plantio ou dos tratamentos sanitários e em numerosas outras questões ligadas à gestão dos sistemas de produção vegetal e animal. O papel da Embrapa e da pesquisa agropecuária é também o de fornecer sistemas inovadores e emergentes associados aos novos equipamentos agrícolas (agricultura de precisão), aos serviços de previsão de tempo (agrometeorologia de precisão), ao monitoramento do uso e ocupação das terras (inteligência territorial) ou ao melhoramento genético (edição gênica). Um exemplo foi o tratamento dos bilhões de dados
geocodificados do big data do Cadastro Ambiental Rural pela Embrapa Territorial. Os resultados permitiram responder a perguntas simples como: qual a área dedicada pelos produtores rurais à preservação da vegetação nativa e da biodiversidade no Brasil? A resposta numérica e cartográfica foi um right data e está disponível por município, microrregião, estado e país. Não é função da pesquisa aplicada viver longe da realidade rural e criar soluções em busca de problemas. Nem lhe cabe tentar resolver problemas agrícolas criando expressões semânticas
em busca de significado real, como tem sido cada vez mais frequente. Para obter soluções concretas, a parceria com empresas privadas e startups será cada vez mais necessária e com foco do cliente, o produtor rural. Quanto mais confiáveis, tanto mais esses sistemas de right data estarão presentes no dia a dia dos produtores rurais, reduzindo custos, aumentando a competitividade e a previsibilidade na tomada de decisões. Os produtores estão dispostos a pagar por isso. E não com bitcoins, mas com real money, em reais. Além do breadcoin.
abril 2018 – Agro DBO | 29
Clima
Outono deve ser neutro Safrinha deve ter ótimos resultados por conta do clima, mas algumas regiões devem se precaver, logo teremos geadas precoces. Marco Antônio dos Santos *
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seca ao longo do verão. Muitos alegam ser uma das piores secas das últimas décadas. Com isso, a produção que no início da safra de soja estava estimada em 54 milhões de t deve ficar abaixo de 45 milhões. Uma quebra e tanto no cenário mundial, já que a Argentina é uma das maiores fornecedoras de farelo de soja do mundo. Em contrapartida, com um cenário climático mais próximo da neutralidade durante a primavera e verão nos EUA, a tendência é que o clima venha a ser com chuvas regulares e em bons volumes durante toda a safra americana. Porém, esse clima neutro, abre algumas brechas para que possam ocorrer períodos de estiagem, muito semelhante ao ocorrido na safra 2017, quando o mês de julho foi bem seco e houve boatos de que uma quebra na produção poderia ocorrer. Algo que no fim não se confirmou. Porém, para os mais atentos ao mercado, foi uma ótima oportunidade para realizar boas negociações de venda. E isso deve ocorrer novamente ao longo da próxima safra nos EUA. Em nosso cenário, muitos já me perguntam sobre a possibilidade de frio mais intenso para este outono/inverno. E a resposta é que em anos onde tais estações são influenciadas por um clima próximo da neutralidade e, principalmente, com um viés negativo, as massas de ar polar conseguem avançar com maior facilidade sobre a América do Sul e sobre toda a metade sul do Brasil. Com isso, podemos concluir que o risco para ocorrência de geadas precoces é alto este ano. Contudo, não dá para afirmar se irá ou não ocorrer. Só se terá total certeza das formações de geadas com apenas 5 dias de antecedência. Lembro que neste ano, devido ao atraso
Previsão de anomalia de chuvas acumuladas para o período de abril a junho de 2018, segundo o modelo americano CFSv2. 15N EQ 15S 30S 45S 60S
90W
75W
60W
45W 30W
-10 -6 -4 -2 -1 -0,5 -0,25 0,25 0,5 1
2
4
Fonte: NOAA/CFSv2
A
o longo de março as temperaturas das águas da região equatorial do Oceano Pacífico aqueceram gradativamente. Com isso, a grande maioria dos institutos de previsão de clima do mundo já sinalizam o término da La Niña para este outono. A tendência para todo esse outono/inverno é de um clima próximo da neutralidade. A primeira parte do outono ainda deve ser influenciado por um clima neutro, com viés negativo, e a segunda metade da estação, assim como a primeira metade do inverno devem ser caracterizados por clima neutro. Tais condições meteorológicas serão muito semelhantes ao ocorrido no mesmo período de 2017. Desse modo, as chuvas deverão se estender até meados de abril e em algumas localidades do cerrado brasileiro poderão ser observas chuvas também em maio e em junho. Com isso, as condições ao desenvolvimento das lavouras de safrinha serão beneficiadas. Poderão atingir índices de produtividade recordes em algumas localidades. No entanto, a produção esse ano só não será igual à de 2017, por dois grandes motivos. Primeiro, uma pequena redução de área, que deve oscilar na casa dos 3% a 5% e pelo grande percentual de área plantada fora da janela ideal de semeadura em março. Para a soja, todo o ciclo da cultura foi beneficiado pela regularidade das chuvas, sendo que a produção neste ano superará a produção de 2017, que já foi um recorde na história do país. Na Argentina, a situação foi desanimadora. Devido a formação de uma La Niña de fraca intensidade nesta safra, as chuvas não ocorreram na mesma intensidade como nas últimas safras, e houve forte
6 10
Previsão de ENSO (Oscilaçao Sul El Niño) para os próximos meses, segundo o Instituto IRI
(International Research Institute for Climate and Society).
na finalização do plantio do milho safrinha no Paraná e no sul do Mato Grosso do Sul, a janela para riscos se estendeu, o que fará com que o monitoramento das massas de ar polar seja de suma importância para determinar possíveis quebras de produtividade em milho, e para cana-de-açúcar e café. Os próximos 90 dias têm tudo para um clima favorável ao desenvolvimento das lavouras, mas com uma boa dose de emoção.
* o autor é engenheiro agrônomo e agrometeorologista da Rural Clima.
Fitopatologia
Fitoplasmas: uma classe emergente de fitopatógenos Os autores explicam o enfezamento do milho, provocado pelas cigarrinhas, que são vetoras da doença que destrói o milharal Ticyana Banzato1 e José Otavio Menten2
Enfezamento pode ser vermelho ou amarelo
Os autores são * Engenheira Agrônoma Doutora em Fitopatologia USP/Esalq, e ** Professor Sênior USP/Esalq, Secretário do Meio Ambiente de Piracicaba(SP) e membro do Conselho Editorial da revista Agro DBO
O
s fitoplasmas são agentes causais de doenças em praticamente todas as plantas cultivadas, inclusive muitas espécies de plantas daninhas hospedam esses patógenos, por isso elas têm sido o foco de muitos estudos epidemiológicos sobre doenças, já que se mostram como peças-chave para o entendimento de sua ocorrência no campo, pois mantêm a população do inóculo e do vetor na entressafra. Especificamente no estado de São Paulo, pesquisas têm revelado a ocorrência de fitoplasmas em diversas ervas daninhas que frequentemente cres-
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cem nas adjacências e no interior dos cultivos, como o mentrasto (Ageratum conyzoides), a crotalária (Crotalaria lanceolata), o mentruz (Lepidium virginicum), o juá-de-capote (Nicandra physalodes), a erva-de-rato (Paulicourea marcgravii), a serralha amarela (Sonchus oleraceae), a buva (Conyza bonariensis), a falsa serralha (Emilia sonchifolia), o picão-preto (Bidens pilosa) e o rubim (Leonorus sibiricus). São bactérias fitopatogênicas que não apresentam parede celular, se distribuem sistemicamente no hospedeiro através dos vasos do floema, não são cultiváveis em meios de cultura. São atual-
mente classificadas em grupos e subgrupos, principalmente com base na diversidade genética apresentada pelo gene 16S rRNA. A sua detecção em plantas pode ser feita de modo direto por meio de observações ao microscópio eletrônico ou pelo uso de técnica molecular de PCR. A identificação é feita por meio de técnicas moleculares como PCR (Polymerase Chain Reaction) e RFLP (Restriction Fragments Lenght Polymorphism). Como é um fitopatógeno presente no floema, são transmitidos para as plantas por enxertia, plantio de material propagativo doente e por ninfas que recém saíram dos ovos e também por cigarrinhas adultas, basta que se alimentem em uma planta doente, que os fitoplasmas, ao entrarem em contato com o aparelho digestivo desses insetos, atravessam suas paredes intestinais e passam para a sua hemolinfa, se multiplicam e vão permeando por diversos órgãos até atingir as glândulas salivares, esse processo dura em média 28 dias, e varia um pouco mais ou um pouco menos de acordo com a temperatura no ambiente: em temperaturas mais altas esse processo é mais rápido e em temperaturas mais amenas o processo é mais longo. A colonização dos fitoplasmas numa planta não ocorre logo após uma cigarrinha infec-
tada se alimentar de sua seiva; pois ela pode ser portadora do patógeno, mas ainda não estar em fase infectiva, contudo, após atingir as glândulas salivares, esse inseto será vetor de fitoplasma por toda sua vida. A maior parte das cigarrinhas transmissoras de fitoplasmas são da subfamília Deltocephalinae (Cicadellidae), mas há representantes em diversas subfamílias, sendo uma cigarrinha com aparelho bucal adaptado para sugar seiva de floema, pode ser considerado um potencial vetor de fitoplasma. Não se fala muito sobre essa classe de fitopatógenos, mesmo sendo a causa de perdas na ordem de 30% a 70% em cultivos de hortaliças, como a couve-flor, o brócolis e o repolho. Produtores do cinturão verde em São Paulo amargam sérios prejuízos por conta da incidência dessa doença, principalmente no cultivo de verão, uma vez que o avanço dos sintomas inviabiliza a comercialização desses vegetais: em couve-flor e brócolis, por exemplo, deformam a cabeça e reduzem seu tamanho, causam necrose em seus vasos condutores, o que gera um aspecto negro em seu interior, afetando diretamente seu valor de mercado. Os sintomas causados pelos fitoplasmas são variados e depende da espécie da planta, mas geralmente é amarelecimento das folhas, nanismo, necrose dos vasos condutores, superbrotamento, filodia (quando as pétalas das flores se transformam em folhas), virescência (quando tecidos vegetais como as pétalas começam a produzir pigmento verde, como as folhas), redução no tamanho dos frutos, pigmentação vermelha/roxa nas folhas etc. Nos últimos anos, essa classe de fitopatógenos ganhou os holofotes, pois tem assombrado os produtores de milho. Os
sintomas mais conhecidos nessa espécie cultivada são as folhas vermelhas ou esbranquiçadas, a baixa estatura das plantas, a formação de várias espigas no mesmo nó, sem grãos uniformes, mal formados e vazios, crescimento de perfilhos laterais etc. Essa doença é conhecida como enfezamento do milho, e quando mostra as folhas avermelhadas, normalmente, é causada por fitoplasma (Maize Bushy Stunt Phytoplasma), e quando mostra as folhas esbranquiçadas, normalmente, é causado por espiroplasmas (Spiroplasma kunkelii). Esses patógenos são transmitidos pelo mesmo inseto vetor, a cigarrinha da espécie Dalbulus maidis, dessa forma nada impede que os dois patógenos estejam presentes na mesma planta, porém, na prática, não importa muito qual patógeno
lavoura e como ele coloniza as plantas, é possível traçar algumas medidas, visando reduzir o prejuízo que a doença vem causando, uma vez que não há registro de produtos fitossanitários disponíveis no Brasil, para o controle dessa doença. Em culturas anuais, a forma como esse patógeno se propaga na plantação é exclusivamente relacionada ao seu vetor. Os fitoplasmas se mantêm vivos e se multiplicam dentro da cigarrinha e nas plantas doentes; sejam elas a própria cultura, plantas daninhas e restos de cultura, conhecidas como tiguera. Um primeiro passo é manter as áreas de lavouras limpas dessas plantas hospedeiras, outra possibilidade é manter a população do vetor controlada, abaixo do nível de danos. Contudo,
A hipótese é que a população das cigarrinhas saiu do controle por vários motivos. está presente na planta e qual sintoma está se sobressaindo: os danos são igualmente grandes, causando o mesmo transtorno para os produtores. No caso do enfezamento do milho, não se sabe a razão exata do aumento da doença no campo, mas a hipótese é que a população das cigarrinhas saiu do controle por vários motivos: talvez o uso da tecnologia BT, que reduziu a quantidade de aplicações de inseticidas ou alguma condição climática, que favoreceram o crescimento da população de cigarrinhas, ou se o melhoramento genético das variedades de milho facilitou a alimentação das cigarrinhas, ou se com o advento de tecnologias no agro, foi possível plantar mais, quase que no ano todo, ou se foi uma soma de fatores. Assim, entendendo a forma que o patógeno se dissemina na
a maior fonte de transmissão da doença são as cigarrinhas que vêm de fora da lavoura, já adultas e portadoras do patógeno; prontas para sua transmissão, necessitando de um mínimo de tecido verde, como uma plântula germina do solo e expande a primeira folha. No caso do enfezamento do milho, para obtenção de um controle satisfatório, é necessário a união de todos os produtores, eliminando qualquer foco de tiguera de milho (entre as outras culturas, beira de estradas, carreadores) já que as cigarrinhas contaminadas voam de uma propriedade a outra. Evitar plantios tardios, pois a população desse inseto aumenta nos períodos mais quentes do ano, evitar ao máximo o plantio sucessivo de milho na mesma área, já que a sobreposição do cultivo de milho favorece muito para abril 2018 – Agro DBO | 33
Fitopatologia Não há registro de produtos fitossanitários disponíveis no Brasil para o controle do enfezamento vermelho e amarelo no milho.
Os fitoplasmas atacam muitas plantas, inclusive couve-flor.
que a população de cigarrinhas se mantenha alta. Em culturas, como ameixeiras, oliveiras, macieiras, pessegueiros, videiras, mandioqueira etc., que se propagam por enxertia ou estacas, os cuidados são um pouco diferentes já que
inicialmente há a necessidade de conhecer a procedência das borbulhas e estacas que serão usadas para formar a plantação. Uma vez usado material vegetativo contaminado, não haverá formas viáveis economicamente para se controlar a doença na lavoura ou pomar. Sendo assim, verificado que o material vegetativo é livre do patógeno, os cuidados seguintes são os mesmos que os citados anteriormente, principalmente sobre manter a área livre de plantas hospedeiras. Além disto, destaca-se a necessidade de programas de certificação de mudas, já que a produção e distribuição desse material de propagação é de certa forma facilitado no território nacional,
uma matriz doente pode gerar milhares de mudas doentes. Como é uma doença sobre a qual há muitos estudos ainda em andamento, há algumas lacunas sobre a incidência do patógeno, sua colonização e controle para serem respondidas, e isso tem contribuído para o aumento dessa doença no campo. Além disso, muitos sintomas têm sido observados, porém atribuídos a diversos outros fatores, entre eles deficiências nutricionais, anomalias genéticas ou condições ambientais e, principalmente, a danos causados por herbicidas, o que dificulta um pouco mais sua rápida identificação e favorece seu aumento no campo.
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Agroinformática
Na palma da mão A tecnologia contemporânea e revolucionária da agricultura digital já é usada pela maioria dos agricultores e agrônomos. Manfred Schmid * lho nos trouxe! Com ele levantei o perímetro de algumas propriedades. Gastei horas pré-configurando o aparelho, esperando localizar satélites e então passando os pontos para um computador, gerando mapas. Hoje, resolvemos a funcionalidade com um celular que ainda cruza a informação com fotos aéreas coloridas, cuja precisão e definição de
Hoje, o que limita o uso integral de um smartphone é a falta de cobertura no campo.
A
*O autor é engenheiro agrônomo e diretor da Agrotis Agroinformática.
atual revolução da informática, inclusive no agro, é marcada principalmente pela computação “na nuvem” ou “cloud computing”. Os softwares, anteriormente instalados em computadores ou servidores, passam a ser serviços de internet. Mesmo sem querer, praticamente todos os produtores rurais e engenheiros agrônomos já embarcaram nesta onda, pois utilizam um telefone celular moderno, os chamados smartphones. Quando comecei a trabalhar como engenheiro agrônomo, há 27 anos, em meu aparato de viagem não podia dispensar um bom mapa rodoviário, e, uma vez dentro de uma nova cidade, invariavelmente parava num posto de gasolina para pedir informações. Hoje, me localizo apenas com o celular. Recentemente, arrumando um armário, me deparei com um antigo GPS Garmin III, de 1997. Quanta inovação aquele apare-
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detalhes certamente atenta a privacidade de vários proprietários. No mesmo armário estava também minha câmera fotográfica digital. Não viajava sem ela. Neste mundo da fotografia, iniciei com câmeras analógicas com filmes fotográficos. Era um ritual: comprar o filme, regular a máquina, tirar a foto, levar para revelar para só 10 dias depois saber o resultado. Então vieram as câmeras digitais, que aposentaram as analógicas, e recentemente, os smartphones aposentaram as digitais, como a minha. Tirar fotos ou filmar e ver o resultado instantaneamente, podendo enviar pela internet, e armazenar na nuvem, com legenda e classificação, não tem preço, mas tem várias aplicações agronômicas! Antes líamos séries meteorológicas históricas, cruzávamos com as informações atuais para tentar prever o comportamento do clima nos dias seguintes. Hoje, com poucas “dedadas” no celular, chegamos, em segundos, a uma previsão muito mais precisa.
Uma das barreiras na adoção de software para a gestão da produção agrícola está na dificuldade em coletar a informação no campo e lançá-la no computador. Notas tomadas sob chuva, sol e poeira, em pranchetas ou cadernetas de bolso, têm que ser interpretadas e digitadas, com chance de erros. Hoje os smartphones viraram coletores de dados. Junto aos recursos de câmera e QR-CODE o processo ganhou rapidez e precisão. Hoje em dia há uma série de aplicativos para celular, alguns gratuitos, que auxiliam o trabalho de coleta de informação no campo. Podemos inclusive já gerar laudos e documentos oficiais, assinados digitalmente no campo, e encaminhá-los pela internet. Até o Receituário Agronômico já pode ser feito e assinado num celular! Apesar de já termos internet na maioria dos escritórios e sedes de fazendas, hoje, o que limita o uso integral de um smartphone é a falta de cobertura no campo, nos talhões. Esperamos que a tecnologia resolva rapidamente este gargalo, seja pela melhoria das antenas ou com o uso de satélites. Uma série de novas funcionalidades vem surgindo, incrementando o celular: rastreador de pessoas e de veículos; informatização de força de vendas e consultores; biblioteca virtual e plataforma para leitura de livros, técnicos ou não; carteira de dinheiro digital (wallet)… Novidades continuarão a surgir, pois vivemos a revolução agrodigital.
Almanaque
Quanto fica e quanto sai? O autor responde: aonde vão parar os nutrientes que aplicamos nas lavouras? O que é aproveitado pelos consumidores? Hélio Casale *
V
* O autor é engenheiro agrônomo, cafeicultor, consultor e membro do Conselho Editorial da Agro DBO.
ejamos o café sob o ponto de vista nutricional por ter em sua composição grande número de nutrientes que são base de compostos químicos essenciais para a saúde humana. O cultivo do cafeeiro contribuiu para a abertura de inúmeros municípios, estradas de ferro, estradas de rodagem e para fornecer trabalho para milhares de estrangeiros que vieram para cá no pós-guerra. Ainda hoje faz a grande diferença em inúmeros municípios onde é cultivado. Introduzido no Pará pelas mãos do Sargento Mor Francisco de Melo Palheta, em 1727, andou em busca de terras férteis e foi “descendo” costa abaixo, passando pela maioria dos estados, sendo mais intensamente cultivado no Rio de Janeiro. De lá, pulou para o Espírito Santo, chegou em São Paulo, daí para o Paraná. Geadas seguidas e esgotamento da fertilidade natural do solo, sem outra opção, avançou para o cerrado de Minas
38 | Agro DBO – abril 2018
e ali encontrou um clima espetacular. Pelas mãos de brava gente, que enfrentou o problema da baixa fertilidade, conseguiu sucesso inimaginável. Eduardo Fujiwara e José Carlos Grossi estão entre os primeiros a acreditar no potencial do cerrado. Como se pode observar o cafeeiro é planta nômade, que gosta de terras de boa fertilidade natural, ou de solo pobre, mas com topografia que permita a mecanização
e seja livre do fantasma da geada. No ano de 2017, dados da Conab, foram produzidas no mundo cerca de 159,144 milhões de sacas, sendo 98,79 milhões de arábica e 69,351 milhões de sacas de robusta. No Brasil foram 44,9 milhões de sacas sendo 34,2 milhões de sacas de arábica e 10,7 milhões do conilon o que corresponde a 28,2% da produção mundial. Foram exportados 27 milhões de sacas de arábica para 113 países,
Tabela 1 Elementos
60 kg de grãos
60 kg de casca
1026
1018
51
Fósforo
60
84
58
Potássio
918
2225
70
Cálcio
162
246
60
Nitrogênio
% do total
Magnésio
90
78
46
Enxofre
72
90
56
Boro
0,96
2,0
68
Cobre
0,90
1,08
55
Ferro
3,60
9,0
71
Manganês
1,20
1,80
60
Molibdênio
0,003
0,004
57
Zinco
0,72
4,20
85
o que gerou mais de 5,2 bilhões de dólares em divisas. Isso tudo em pouco mais de 2,2 milhões de hectares assim distribuídos: Minas Gerais – 1,220 milhão de ha, Espírito Santo – 443 mil ha, São Paulo – 216 mil ha, Bahia – 171 mil ha, Rondônia – 95 mil ha e Paraná – 49 mil ha. Do café produzido no Brasil 21,5 milhões de sacas foram consumidas no mercado interno contribuindo para a saúde dos brasileiros e outros moradores desta terra abençoada. Na tabela 1, dados de pesquisa feita pelo Prof. E. Malavolta que avaliam a composição média dos principais nutrientes encontrados nos grãos verdes de arábica, em gramas, contidos nos frutos e na casca de três diferentes variedades de cafeeiro, as mais plantadas no Brasil. Com base nesses números podemos avaliar o valor da casca do cafeeiro e o quanto de nutrientes ficou no Brasil e o quanto foi exportado na forma de café verde. Os nutrientes contidos no café, depois de torrado, moído, industrializado ou não, dissolvido em água quente é ingerido diariamente principalmente pela manhã, após o almoço e também no decorrer da tarde. Geralmente, ao redor da xícara, um bom papo. Os nutrientes nele contido podem ser acumulados no corpo de quem o bebe, parte sai pelo suor, parte sai pela urina, pelas fezes. Mas o nosso organismo tira proveito desses elementos. Conforme os dados de produção e exportação acima alinhados é que foi montada a tabela 2 que mostra o quanto de nutrientes fica no Brasil e o quanto foi exportado da safra de 2017. Esses números dão o que pensar. Quanto de nutrientes estão sendo removidos do solo, das adubações, e está sendo pulverizado pelo país e pelo mundo afora?
Tabela 2
Elementos
Sacas do arábica Sacas consumidas Sacas exportadas produzidas no Brasil Brasil,- 2017. – 2017 (Milhões de 2017 (Milhões de sacas) (Milhões de sacas) sacas)
1 Saca 60 kg
1000 sacas
49.640
21.100
27.090
gramas
quilos
toneladas
toneladas
toneladas
1.026
1.026
50.930
21.648
27.794
Nitrogênio Fósforo
60
60
2.978
1.266
1,625
Potássio
930
930
46.125
19.623
25.193
Cálcio
162
162
8.041
3418
36.798
Magnésio
90
90
4.467
1899
2.438
Enxofre
73
73
3.624
1540
1.977
Boro
0,96
9,6
476
202
260
Cobre
0,90
9,0
447
190
244
Ferro
3,60
36
1787
760
975
Manganês
1,30
13
645
274
352
Molibdênio
0,003
3
149
63
81
Zinco
0,72
7,2
357
152
195
Obs. : Somente café arábica, base ano de 2017.
Diariamente consumimos alguns cafezinhos. Geralmente, ao redor da xícara, um bom papo. Transformando os nutrientes em adubos convencionais temos: Elementos
O que fica O que sai toneladas toneladas
Fertilizantes
Quantidade que fica em toneladas
Quantidade que sai em toneladas
Nitrogênio
21.648
27.794
Ureia – 45% de N
48.107
61.764
Fósforo - (P205)
1.266
1.625
Super Simples – 18% P205
7.033
9.027
32.705
41.988
Potássio – K20
19.623
25.193
Cloreto de Potássio – 60% de K20
Cálcio – CaC03
3.418
36.798
Calcário – 30 - 18
10.493
122.660
Magnésio -Mg C03
1.899
2.438
Calcário - 30 - 18
10.550
13.544
Enxofre
1.540
1.977
Enxofre elementar – 99% de S
1.555
1.996
Boro
202
260
Borax – 10,5 % de B
2.020
2.660
Cobre
190
244
Sulfato de Cobre – 20% Cu
950
1.220
Ferro
760
975
Sulfato Ferroso —20% de Fe
3.800
4.875
1.054
1.354
Manganês
274
352
Sulfato de Manganês – 26% de Mn
Molibdênio
63
81
Molibdato de Sódio – 30% de Mo
161
208
Zinco
152
195
Sulfato de Zinco – 20% de Zn
760
975
Carlos Brando, consultor e especialista em café, ao ler este texto, expressou-se da seguinte forma: “Preocupante o quanto estamos empobrecendo nosso solo e acumulando riqueza em outros países. Nossos cafeicultores não
estão recebendo um preço justo quando da venda e o Brasil está sendo espoliado em sua riqueza natural a fertilidade do solo”. Por fim – aprecie quem quiser, emende e acrescente quem souber e todos vamos dar graças a Deus. abril 2018 – Agro DBO | 39
Café
Seca de folhas em cafeeiros por deficiência de fósforo Os autores demonstram a confusão que se faz para saber se os sintomas decorrem de estresse hídrico ou deficiência de adubação. J.B. Matiello e S.R. de Almeida 1 e J. R. Dias e Lucas Franco 2 *
N
* O autores são 1 - Engs Agrs da Fundação Procafé, e, 2 - Engs. Agrs. Fazendas Sertãozinho
o último ano, vem aparecendo, em maior escala, uma seca parcial de folhas velhas de cafeeiros, indicando, pelos sintomas típicos, uma deficiência de fósforo induzida, mas surgem dúvidas sobre as causas desta ocorrência. Em primeiro lugar, deficiência de fósforo em cafeeiros tem sido de uma menor importância, em relação àquela de outros nutrientes, primeiro pela menor exigência desse nutriente, para vegetação e produção, quando em comparação com outros macronutrientes. Em segundo lugar, porque os solos possuem bom suprimento de P total e o cafeeiro, através do auxílio de micorrizas, se aproveita deste fósforo, disponibilizado para o cafeeiro através dessa associação. Deste modo, o fósforo tem sido essencial na fase de formação dos cafeeiros, na estruturação do seu sistema radicular e, depois, na lavoura adulta, a adubação com esse nutriente pouco responde em produtividade das plantas. A deficiência de P se mostra nas folhas velhas, com sintoma inicial aparecendo uma coloração amarelo/ bronzeado das folhas, e depois evoluindo para cor arroxada/avermelhada forte e aparecendo manchas necróticas, especialmente no ápice das folhas, essas manchas vão crescendo e tomam boa parte do limbo foliar, que, assim, aparecem como folhas secas e depois acabam caindo. Como já referido, a deficiência de fósforo em cafeeiros adultos não
40 | Agro DBO – abril 2018
Folhas de cafeeiro com sintomas de seca parcial, a partir do seu ápice, e por deficiência induzida de P (sul de MG, em jan/18)
Grupo de folhas secas de cafeeiros, mais no topo das plantas, por deficiência de fósforo, provavelmente induzida por estresse hídrico (sul de MG, em jan/18).
é comum, a menos que haja uma condição de indução dessa carência, como por seca forte, sistema radicular deficiente, pragas de raízes etc., situação em que a absorção fica muito prejudicada. Alguns pesquisadores relatam que a absorção do P pelos cafeeiros se dá na parte da ponta das raízes finas e que, com estiagens, essa parte acaba ficando reduzida, e, assim, ocorre a chamada deficiência de P, com a consequente observação dos sintomas citados. Verificando em campo a deficiência de P que leva à secagem de folhas, nota-se que ela é mais frequente em lavouras adultas do que nas lavouras jovens. Foi possível observar, ainda, que ela ocorre mais na parte superior, ou seja, na ponta dos cafeeiros e aparece pouco na saia
das plantas. Essa constatação reforça a causa de deficiência induzida, pois no alto da planta os nutrientes chegam menos, na condição de estresse hídrico. As deficiências induzidas de P ocorrem mais no período seco, pós-colheita e pré-florada. Neste ano apareceu também em dezembro-janeiro, provavelmente pela pouca chuva e pelo calor excessivo nestes meses. Outra observação de campo diz respeito à permanência dessas folhas velhas, necrosadas, por longos períodos nas plantas, mesmo depois de aplicados adubos fosfatados. Finalmente, verifica-se que ao analisar folhas com os sintomas descritos, sempre existe menos do que 0,10% de P nos tecidos.
Realizadores
Promoção & Organização
Meio Ambiente I
O mito da água gasta pelo agronegócio Existe água que é gasta (nas cidades) e tem água que é usada (na agricultura), e que são coisas diferentes, uma da outra. Ciro Antonio Rosolem *
É
consenso que o suprimento de alimentos precisa ser aumentado nos próximos anos, se possível com redução de custos. É preciso atender os mais de 800 milhões de seres humanos com alimentação deficiente e o crescimento da população. Também é verdade que o potencial de expansão da agricultura é limitado. Limitado pela falta de terras agricultáveis em algumas regiões do mundo, ou pelas restrições ambientais, como, por exemplo, no Brasil. Por falar em Brasil, é daqui que se espera o atendimento de, pelo menos, 20% do aumento da demanda pre-
GASTA da água USADA. São coisas muito diferentes. Volta e meia algum “especialista” publica, por exemplo, que se gasta 5 mil litros de água para produzir 1 kg de milho, ou 1.800 litros para cada kg de soja. Uma picanha de 1,2 kg, do nosso churrasco,
A ANA não leva em conta que a água volta, limpa na maioria das vezes, para a natureza.
O autor Vice-Presidente de Estudos do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Professor Titular da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho” (FCA/Unesp Botucatu).
vista. Enfim, se estima que 75% do crescimento na produção de alimentos precisarão vir de terras já em uso. Mas, como fazer isso? Além do desenvolvimento de variedades de plantas mais eficientes, do bom uso de técnicas de manejo de solo e de culturas, de pragas e doenças, etc., a expansão da irrigação é fundamental. Mas, como assim? Há notícias de que o setor agrícola tem sido o grande vilão, tirando água das cidades! Vamos ainda piorar isso? Uma notícia no jornal dá conta de que o agronegócio consome 70% da já escassa água doce, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). Bom, mas aonde que a água é consumida? Modernamente, se separa a água
42 | Agro DBO – abril 2018
gastaria 12 mil litros de água para ser produzida. Haja água! Todas as plantas, inclusive as florestas e a grama do jardim, precisam de água para sobreviver. Elas transpiram, e respiram. Para respirarem precisam de orifícios para a entrada de ar, chamados estômatos. Ocorre que, para os estômatos ficarem abertos, é necessária água, que é evaporada – a transpiração das plantas. Esta é água USADA. Por quê? Porque ela chega com a chuva, ou vem através da irrigação e se infiltra no solo. A parte que não é usada pela planta volta para as nascentes, filtradas pelo solo. A parte absorvida pelas plantas é, na maior parte, transpirada. Para
onde? Para a atmosfera, vira nuvem, vira chuva, novamente. Não foi gasta, foi usada. A água que usamos nas cidades, a mesma que vem dos rios ou dos poços, serve para o banho, na cozinha, nas indústrias, acaba sendo sujada, ou contaminada, com detergentes, com coliformes fecais, etc. Depois retorna aos rios, tratada ou não. Não retorna para as minas, não é reutilizada. É água gasta. Então, para colocar de um modo simplista, o agronegócio USA água, a cidade GASTA água. É ignorância ou má fé chamar o uso da água pelas plantas de água gasta. E como fica aquele negócio da ANA – Agência Nacional de Águas? Os números são fabricados? Não. Ocorre que quando o agricultor irriga e usa a água, a quantidade é medida da mesma forma que a água que é gasta nas cidades. A ANA não leva em conta que aquela água volta, limpa na maioria das vezes, para a natureza. A medida feita pela ANA serve para fins de cobrança, apenas isto, não deve ser utilizada para outros fins como para a construção e divulgação de mitos.
Meio Ambiente II
Esse “vai faltar água” é um falso dilema Água (potável) é um problema para grandes populações urbanas. A falta ocasional de chuvas afeta tanto lavouras como cidades. Richard Jakubaszko
A
água não vai acabar como afirmam ONGs e setores interessados economicamente no assunto, e a mídia repete acriticamente a mentira. Existe hoje a mesma quantidade de água que existia há 2 mil anos. Em alguns países a água mineral vale muito mais do que 1 litro de leite. É um negócio altamente rentável, e esse é o problema, o dinheiro. O planeta tem 71% de sua superfície coberta por água. O ciclo hidrológico, ajudado pelos ventos, distribui chuvas pelo planeta afora, exceto nos desertos. O problema está na disponibilidade da água potável para abastecer populações urbanas cada vez maiores, e na redução do desperdício. Os rios urbanos são todos poluídos, degradados pela ignorância são esgotos a céu aberto. Busca-se água limpa cada vez mais distante das grandes cidades. A agricultura é apontada como responsável por 70% do consumo de água. É uma falácia, e é urgente conscientizar-se que, de 95% a até 99% das águas de todos os rios do mundo chegam aos mares, onde se reinicia o ciclo hidrológico. Ora, os 1% a 5% que faltam nessa conta são consumidos pelos humanos nas suas atividades, como lavar carro e casa, lavar roupa, cozinhar, e também fazer irrigação. São 70% de quase nada. Este cálculo, feito originalmente em Israel, um dos países mais secos do mundo, precisa urgentemente ser revisto para países como o Brasil. Por isso, é um falso
dilema esse de que “a água é finita”. É um sofisma, que esconde interesses perversos e inconfessáveis. É lógico que barragens, irrigação, hidroelétricas, não interferem no ciclo hidrológico. A gestão da água potável, todavia, é um enorme problema da administração pública, que deve planejar o estoque e o tratamento de água para abastecer tanta gente nas urbes. A falta regional de água provoca migrações, guerras e doenças. Os nordestinos, por décadas, desde o Império, migraram para o Sul e Sudeste, por causa de secas cíclicas. A instalação de milhares de cisternas reduziu a quase zero a diáspora ambiental dos nordestinos. Esse foi um programa inteligente de gestão da água. Mas a briga entre israelenses e palestinos, por exemplo, não é só por qualquer rixa ancestral, mas também pelas águas do rio Jordão. O que desejam? Divulgam-se informações falsas, que tentam macular a imagem da agropecuária brasileira. O Dia Mundial da Água, em 22 de março, foi uma notável oportunidade para debater o uso dos recursos hídricos no país. A agricultura brasileira não é dependente da irrigação, mas algumas regiões somente conseguem produzir alimentos se houver irrigação. Assim, não podemos restringir irresponsavelmente o uso da água, pois há risco de faltar alimento. Aplaudimos a exceção, se houver falta grave de chuvas, quan-
do o abastecimento deve privilegiar o consumo humano. Fora disso, o que se pretende é criar legislação e marcos regulatórios em cima de pânico, para se garantir lucros. A irrigação no Brasil ocupa 7 milhões de hectares e representa 3% da área de lavouras, excluindo-se a de pecuária. Há potencial de ampliar a irrigação para 10 milhões de ha, um aumento de 47%. Mas os ambientalistas tornaram um inferno a via crucis dos interessados em fazer irrigação: há que se contratar “estudo de impacto ambiental”, pago pelo produtor, que custa caro e é demorado. Sem ele o Finame não libera crédito. Começa aí a longa cadeia de interesses financeiros para tornar a água um problema em estado permanente de crise. Na sequência, governos estaduais cobram pelo uso da água retirada de rios e poços artesianos para irrigação. Em São Paulo já se pratica esse imposto há vários anos. A soja é a maior área de lavoura do país e não depende de irrigação, porque o plantio coincide, na maioria das regiões, com o período chuvoso. A soja usa apenas água da chuva. É uma falácia a afirmação de que a agricultura compete com o consumo humano de água e é responsável pela crise hídrica nos centros urbanos. O que se deve debater é a redução da velocidade do crescimento demográfico. Tem muita gente no planeta. E gente demais que dá pitaco onde não deve. abrlil 2018 – Agro DBO | 43
Biblioteca da Terra Adubação para crianças
Água e saneamento
▶
▶
A cartilha interativa Diversão com o time dos nutrientes das plantas tem como objetivo conscientizar as crianças sobre a importância dos fertilizantes no desenvolvimento das plantas e, consequentemente, na produção de alimentos. A publicação destaca o trio NPK – nitrogênio, fósforo e potássio –, e o papel de cada um deles na germinação, crescimento, desenvolvimento, produção e produtividade das plantas (o que são, para quem servem, como são usados). A cartilha está disponível no site da Nutrientes para a Vida (www.nutrientesparaavida.org.br), podendo ser baixada gratuitamente por escolas, secretarias de educação, por crianças e adolescentes.
Lançado em 22 de março, durante o 8º Fórum Mundial da Água, realizado em Brasília (DF), o e-book Água e Saneamento – Contribuições da Embrapa é o primeiro dos 18 títulos que compõem a Coleção Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, editada pela empresa. O objetivo da Embrapa é apresentar à população brasileira o que as diversas unidades da empresa fizeram ao longo dos anos e vêm fazendo para ajudar o país a cumprir as metas de desenvolvimento sustentável assumidas perante a comunidade internacional. Em formato Epub, o e-book pode ser baixado gratuitamente via Google Play Livros (para sistemas Android), iBooks (Apple) e Calibre (para Windows e Linux).
Cana mecanizada
▶
A Embrapa Informática Agropecuária aproveitou o Simpósio Integração da Pesquisa Pública com Cana-de-açúcar no Brasil, realizado no mês passado em Ribeirão Preto (SP), para lançar a segunda edição do livro Sistema de produção mecanizada da cana-de-açúcar integrada à produção de energia e alimentos. A publicação aborda temas como balanço energético, planejamento conservacionista, qualidade do solo, produção de alimentos, reforma de canaviais, correção, fertilização do solo e utilização de resíduos na agroindústria sucroenergética. O preço é R$ 59,50. Para comprá-lo, acesse o link http://vendasliv.sct. embrapa.br/liv4/consultaProduto.do?metodo=detalhar&codigoProduto=00085810. O livro também pode ser comprado na Livraria Embrapa (www.embrapa.br/livraria)
44 | Agro DBO – março 2018
Novidades no campo Pulverizador de 2.500 litros
Grade arrozeira
▶Expodireto Cotrijal, realizada no mês passado em Não-
▶tros produtos e novidades tecnológicas, a Grade Nive-
Uma das atrações do estande da Massey Ferguson na
A Piccin levou para a Expodireto Cotrijal, entre ou-
-Me-Toque (RS), o MF 8125 alia versatilidade, alta produtividade diária (ha/hora) e baixo consumo de combustível, segundo a empresa. Com 170 CV de potência, a máquina também oferece segurança, conforto operacional e, graças ao controlador de pulverização, melhor controle e qualidade na aplicação, evitando desperdícios de agroquímicos. O MF 8125 possui piloto automático e fechamento automático das seções de pulverização standard e, como opcionais, telemetria e sensor automático de altura de barras.
ladora Controle Remoto Especial Arrozeira, desenvolvida com estrutura reforçada e projetada especialmente para a cultura. “Este equipamento permite ao agricultor alcançar boa profundidade de corte, conferindo ótimo acabamento no trabalho de destorroamento e nivelamento. Além disso, tem pneus de alta flutuação, boa altura de transporte e é ideal para o trabalho nos mais diversos terrenos”, afirma Paulo Padilha, técnico da área de agricultura de precisão da empresa.
Tratores Farmtrac
▶zada em março em Francisco Beltrão (PR), para apresentar a linha
A FMB Máquinas e Implementos aproveitou a Expobel 2018, reali-
Nets da Farmtrac Brasil, composta por tratores compactos com motores Mitsubishi de três cilindros, com potência de 22 a 30 cavalos. Inicialmente, os tratores serão comercializados em dois modelos (FT 26 e FT 30) e três versões: Standart, Industrial e Turf, este último com pneus adaptados para gramados. Numa segunda fase, a empresa oferecerá novos modelos, com maior potência. A feira marca o início da atuação da FMB na região sul do país. A empresa faz parte do Grupo Meimberg, com forte atuação no estado.
Sementes para todos os gostos
Fertilizante termofosfatado
▶jal, entre as quais três em condição de pré-lançamento
▶Guaxupé (MG), o Yoorin B Mag, da Yoorin, é um fer-
A TMG apresentou nove cultivares de soja na Cotri-
(TMG 7061IPRO, TMG 7260IPRO e TMG 1759RR) e uma em lançamento (TMG 7067IPRO). As duas primeiras são indicadas para a região das Missões e Sul do Rio Grande do Sul. De ciclo precoce, apresentam alto teto produtivo, sistema radicular rústico, resistência à fitóftora da raça 1 e alto PMS (peso por mil sementes). A 1759RR, também resistente à fitóftora da raça 1, é indicada para regiões mais frias (Planalto e Missões). A TMG 7067IPRO se adapta a todos os estados do Sul, São Paulo e parte do Centro-Oeste.
46 | Agro DBO – abril 2018
Apresentado na Femagri, realizada em fevereiro em
tilizante fosfatado, reforçado com doses de boro e de magnésio, desenvolvido a partir de um processo de termofusão dos minerais. O resultado, segundo a empresa, é um produto de alta eficiência agronômica: o termofosfato torna-se solúvel em contato com ácidos fracos do solo e das raízes, liberando fósforo de acordo com a necessidade das plantas durante todo o ciclo produtivo. O boro e o magnésio ampliam a gama de nutrientes, favorecendo inclusive o desenvolvimento das culturas subsequentes na mesma área.
Novidades no campo Constellation canavieiro
▶Constellation 31.330 Canavieiro, com transmissão A VW Caminhões apresentou no mês passado o VW
Eaton FTS com dez velocidades (caixa com 10 marchas à frente e 3 à ré), propulsor Cummins ISL de 8,9 litros, com 334 CV de potência e torque de 1.450 Nm, capaz de vencer os mais íngremes terrenos, segundo a empresa. Seu “pacote de robustez” é composto por mais de 20 itens, entre os quais grade quebra-mato, peito-de-aço (proteção inferior do radiador), protetor do alternador contra palha, isolante térmico (até 400°C) das tubulações do sistema pneumático, alarme de ré, engate traseiro tipo boca-de-lobo e protetor do tanque de combustível.
Soja Credenz
▶çada no Show Rural Coopavel em fevereiro, em Cas-
Novidade da Bayer, a cultivar CZ26B42 IPRO foi lan-
cavel (PR). Trata-se, segundo o gerente regional da empresa, Everton Queiroz, de uma variedade de ciclo médio, com alto peso de grãos, tolerância ao estresse hídrico e ao calor excessivo, bem adaptada às condições de cultivo no oeste do Paraná. “Da marca Credenz, a CZ26B42 IPRO possui alto potencial produtivo, qualidade de raiz e volume de vagem, um diferencial para a produtividade da lavoura”, diz Queiroz. A Bayer também lançou na feira a cultivar licenciada BS1580 IPRO, variedade precoce e produtiva em regiões de altitude do estado.
Sementes disponíveis
▶BRS FC402, desenvolvida pela Embrapa, é resistente à maioria das raças de antracnose e à murcha de fusário. Com boa esta-
Opção para quem pretende se preparar para a semeadura da safra de inverno, a partir de abril/maio, a cultivar de feijão-carioca
bilidade de produção, uniformidade de grãos e alto rendimento de peneira, pode alcançar até 4,5 toneladas/ha. Com ciclo normal (cerca de 90 dias) e arquitetura de planta semi-ereta, é indicada tanto para a colheita manual quanto semimecanizada e mecanizada. A variedade é adaptada às principais regiões produtoras do Brasil.
Solução de alta qualidade
▶
Lançamento da Trimble, o Monitor GFX-750 dispõe de compatibilidade ISOBUS e conectividade aprimorada, o que permite ao agricultor aumentar a produtividade do trabalho, diminuindo os custos de operação. Integrado ao sistema operacional Android, pode manter comunicação com o escritório em tempo real via bluetooth ou wi-fi. Por meio do TeamViewer, por exemplo, é possível receber suporte técnico remoto diretamente da cabine da máquina. “É uma solução inovadora e fará diferença nas práticas das operações da lavoura, diz Guillermo Perez-Iturbe, diretor comercial para a América Latina na área agrícola
Milho “chinês”
▶dos de milho no Show Rural Coopavel: 2B533,
A LP Sementes e Biotecnologia lançou três híbri-
2B500 e 2B450, todos com tecnologia Powercore. O primeiro, recomendado para produção de grãos e silagem, tem ampla adaptação a todas as janelas de plantio no Paraná. O segundo, de ciclo precoce, apresenta alto teto produtivo e excelente sanidade de planta. O terceiro é de ciclo superprecoce. A LP Sementes é uma empresa de capital chinês, resultante de uma negociação concluída no final do ano passado que inclui a aquisição de ativos da Dow AgroSciences, a marca Morgan e a licença para uso da marca da Dow Sementes por um ano. abril 2018 – Agro DBO | 47
Calendário de eventos
ABRIL
9
Tecnoshow Comigo - De 9 a 13
Centro Tecnológico Comigo - Rio Verde (GO) - Fone: (64) 3611-1525 - Site: www.tecnoshowcomigo.com.br - E-mail: secretariageral@tecnoshowcomigo.com.br
10
11° Parecis Super Agro - De 10 a 12 - Parque de Exposição Odenir Ortolan - Campo Novo do Parecis (MT) - Fone: (65) 3382- 2491 Site: parecissuperagro.com.br - E-mail: ruralcnp@gmail.com
27
22ª Fenasoja - De 27 a 6/5 -
Parque de Exposições Alfredo Leandro Carlson - Santa Rosa (RS) - Fone: (55) 3512-6866 - Site: www.fenasoja.com. br - E-mail: fenasoja@fenasoja.com.br
MAIO
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II Simpósio sobre Nutrição de Plantas no Cerrado e V Reunião Centro-Oeste de Ciência do Solo – De 1 a 4 - Centro de Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal – Goiânia (GO) Site: www.goeventos.com.br E-mail: snpc2018@gmail.com
3
Expoingá/46ª Exposição Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Maringá - De 3 a 13
Parque de Exposições Francisco Feio Ribeiro - Maringá (PR) Fone: (44)32611700 - Site: http://www.srm.org.br -
11
54ª Expoagro/Exposição Agropecuária Internacional de Dourados - De 11 a 20 - Parque de Exposições João Humberto de Andrade Carvalho - Dourados (MS) - Site: www. expoagro.com.br - E-mail: sindicatorural@ sindicatoruraldedourados.com.br
14
6ª Agrobalsas/Feira de Agronegócios de Balsas
De 14 a 19 – Fazenda Sol Nascente (Rodovia BR 230, km 4) – Balsas (MA)
48 | Agro DBO – abril 2018
Fone: (99) 3541-4404 Site: www.agrobalsas.com.br E-mail: agrobalsas@fapcen.or.br
15
9º Simpósio de Mecanização da Lavoura Cafeeira e 21ª Expocafé
De 15 a 18 – Campo Experimental da Epamig (Rodovia Três Pontas-Santana da Vargem, km 6) – Três Pontas (MG) – Fone: (35) 3266-9009 – Site: www.expocafe. com.br
15
11ª AgroBrasília/Feira Internacional dos Cerrados De
15 a 19 - Parque Tecnológico Ivaldo Cenci Brasília (DF) - Fone: (61) 5585-4355 Site: ww.agrobrasilia.com.br E-mail: agrobrasilia@agrobrasilia.com.br
22
7ª Enersolar/Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar De 22 a 24 - São Paulo Expo Exhibition & Convention Center - São Paulo (SP) - Fone: (11) 55854355 - Site: www.enersolarbrasil.com.br E-mail: info@fieramilano.com.
23
Rondônia Rural Show - De 23 a 26 - Centro Tecnológico Vandeci Rack (BR 364, km 333)- Ji-Paraná (RO) - Fone: (69) 3216-1085 - Site: www. rondoniaruralshow.ro.gov.br
29
14ª Bahia Farm Show/Feira de Tecnologia Agrícola e Negócios - De 29 a 2/6 - Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia Luis Eduardo Magalhães (BA) Fone: (77) 3613-8000 Site: www.bahiafarmshow.com.br
JUNHO
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II CBSIPA/Congresso Brasileiro de Sistemas Integrados de Produção Agropecuária e II EILP-MT/Encontro de Integração Lavoura-Pecuária do Sul de Mato Grosso - De 4 a 8 -
Caiçara Tênis – Clube Rondonópolis (MT) Site: www.ilpbrasil.com.br
30/4 – 25ª Agrishow/Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação – De 30/4 a 4/5 - Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro Leste (Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira, km 321) - Ribeirão Preto (SP) – Fone: (11) 3598-7800 – Site: www. informaexhibition. com – E-mail: visitante.agrishow@ informa.com Maior feira de tecnologia agrícola da América Latina e uma das três maiores do mundo, com 440 mil m2 de área, a Agrishow receberá mais de 150 mil visitantes este ano, segundo estimativa dos organizadores. Cerca de 800 marcas serão expostas nos segmentos de máquinas e implementos agrícolas, agricultura de precisão, hardware e software, drones, irrigação, armazenagem, sementes, defensivos agrícolas, financiamento, seguro, peças, motores e outros. Na opinião do presidente da Agrishow, Francisco Matturro, os negócios devem crescer de 5% a 8% este ano, puxados pela venda de máquinas agrícolas. No ano passado, totalizaram R$ 2,2 bilhões.
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VI Fórum Brasileiro do Feijão e Pulses - De 6 a 8 - Expo Unimed
Curitiba - Curitiba (PR) - Fone: (41) 3029-4300 - Site: www.forumdofeijao. com.br - E-mail: edgar@airpromo.com.br
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Bio Brazil Fair/Biofach América Latina/14ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia - De 6 a 9 - Pavilhão do Anhembi - São Paulo (SP) Fone: (11) 2226-3100 Site: www.biobrazilfair.com.br E-mail: biobrazilfair@francal.com.br
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VIII CBSoja/Congresso Brasileiro de Soja – De 11 a
14 - Centro de Convenções de Goiânia - Goiânia (GO) - Fone: (43) 3205-5223 - Site: www.sbsoja.com.br - E-mail: cbsoja@fbeventos.com
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Feinacoop 2018/2ª Feira Nacional do Agronegócio, Bioenergia e Cooperativas - De 12 a 14 - Expoara Centro de Eventos Arapongas (PR) - Fone: (41) 3521-6226 Site: www.feinacoop.com.br E-mail: operacional@markmesse.com.br
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Digital Agro 2018 - De 13 a 14 - Pavilhão de Exposições Frísia (anexo ao Parque Histórico de Carambeí) - Carambeí (PR) Fone: (42) 3231-9000 Site: www.digitalagro.com.br
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10° Piauí Expo Show - De 14
a 17 - Parque de Exposições de Bom Jesus (BR 15, km 5) - Bom Jesus (PI) - Fone: (62) 3586 - 3988 Site: www.rseventos.net.br
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Hortitec/25ª Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas - De 20 a 22 - Parque da
Expoflora - Holambra (SP) Fone: (19) 3802-4196 Site: www.hortitec.com.br E-mail: rbb@rbbeventos.com.br
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Bovinos
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abril 2018 – Agro DBO | 49
Legislação
Contratos de compra e venda da produção Travar preço, como chamam os produtores, é uma operação que requer assinatura de contratos, e deve-se ter certos cuidados. Fábio Lamonica Pereira * cado, que são comuns na época de colheita, o que pode levar a perdas comprometedoras. Mas também é possível que o produtor, em função da segurança, deixe de ganhar quantias significativas se o preço do produto na hora da colheita registrar forte valorização. O mecanismo é interessante, mas requer cuidados, nem sempre observados. Na prática, o comprador exige que o produtor firme uma propos-
Para o produtor há a garantia de receber o valor sem o risco das oscilações do mercado
N
O autor é advogado especialista em Direito Bancário e do Agronegócio
o agronegócio brasileiro são comuns contratos de compra e venda antecipados (antes do plantio) de produtos agrícolas com entrega futura. Os produtores, mediante a previsão de produção e segundo os compromissos assumidos, se comprometem com a entrega futura de determinada quantia de produtos mediante a fixação de determinado preço. Forma-se uma cadeia em que o comprador, geralmente tradings, cooperativas, etc., se compromete em pagar determinado preço ao produtor mediante negociação com o mercado externo. Para o produtor, a vantagem está justamente na garantia de recebimento de determinado valor, sem o risco das oscilações do mer-
50 | Agro DBO – abril 2018
ta em que se compromete a assinar o contrato de compra e venda por determinado preço e até certa data, mediante condições predeterminadas. No prazo estipulado, o comprador procurará fechar negociações com o mercado externo que serão cumpridas com as obrigações pelas quais os produtores se obrigaram. Então, realizada a proposta, deverá ser cumprida pelo produtor, caso seja aceita pelo comprador. E se produtor se arrepender e se negar em assinar o respectivo contrato segundo a proposta pela qual se obrigou? Neste caso, há estipulação de multa, justamente pelo fato de que o comprador já se comprometeu com a venda externa do produto. A multa varia de acordo com o que foi fixado na proposta, ge-
ralmente seguindo (ao menos) a mesma proporção pela qual o comprador se obrigou em sua proposta com o mercado externo. Contudo, nossa legislação não é taxativa quanto ao limite possível de ser exigido em situações como estas. Inicialmente, em caso de discussão judicial, não basta o comprador alegar que se comprometeu com o mercado externo e que repassou tal obrigação ao produtor. Em regra, deve haver comprovação de tal situação, especialmente vinculada à proposta efetivada junto ao produtor. Quanto à multa, chamada de compensatória, os compradores geralmente estipulam percentuais abusivos, chegando a ultrapassar 50% sobre o valor da obrigação assumida. O próprio judiciário diverge quanto à possibilidade de tal cobrança, sendo que há entendimento no sentido de que, em determinadas situações, a multa deve ser limitada em 10% sobre o montante da obrigação proposta. Cada caso deve ser analisado a fim de que seja possível identificar os limites de uma eventual multa. De toda forma, é recomendável que as propostas sejam cuidadosamente analisadas e discutidas com o comprador a fim de evitar situações desagradáveis de discussões judiciais que trazem insegurança e podem levar a prejuízos ainda maiores.