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Panorama
A
Um ano pra lá de bom
previsão de que 2014 seria um bom ano para a pecuária brasileira, especialmente a de corte, não só se confirmou como superou em muito as expectativas, principalmente para quem está dentro da porteira. Embalados pelo entusiasmo que tomou conta dos produtores pelos elevados preços pagos pela arroba do boi gordo, vários segmentos também foram favorecidos, sobretudo alguns de insumos. Depois de um 2013 em que o valor da arroba do boi gordo já havia surpreendido com um avanço de 9% sobre o ano anterior, dados do Cepea/USP apontaram crescimento de 16% em 2014 com relação ao ano anterior. Deflacionada, a média da arroba registrou R$ 128, mas em termos nominais o maior número do ano passado bateu em R$ 145, no mês de novembro. Um recorde. A razão continuou a mesma: falta de gado no mercado. Segundo dados do IBGE, a participação de vacas no abate total, de 33,5%, se manteve praticamente estável em relação a 2013, mas o número de machos diminuiu, fazendo com que o abate total no País encolhesse em 700.000 cabeças, de 48,2 milhões para 47,5 milhões. Para quem faz cria, o céu foi de brigadeiro. A valorização do bezerro foi às alturas, rompendo a barreira dos R$ 1.200 no Mato Grosso do Sul. Deflacionado, o preço médio ficou em R$ 1.058, 25% superior ao registrado em 2013 (R$ 846) e nove pontos percentuais maior do que o que cresceu a arroba do boi. A disparada do preço da arroba no segundo semestre neutralizou, mais uma vez, o aumento nos custos de produção, que, por sinal, subiram bastante no ano passado: 23,5%, ante 7,3% em 2013. Pelos cálculos do levantamento do Cepea, em parceria com a CNA, a variação dos preços da arroba, média Brasil, foi de 27,6%. Na troca de uma arroba de boi por algum dos quatro produtos essenciais para a pecuária (arame, calcário, vacina contra aftosa e sal mineral), o pecuarista levou vantagem, em relação a 2013, em todas; só na compra de um trator de 75 cavalos é que não, situação inversa à registrada em 2013.
No mercado externo, o Brasil continuou liderando as exportações de carne bovina, com embarques de 2,274 milhões de toneladas, crescimento de 2,8% sobre o volume enviado para fora no ano anterior. Graças a um preço médio também superior, a fatura bateu em US$ 7,2 bilhões, número recorde e 9% superior ao de 2013, ainda que bem aquém da expectativa de US$ 8 bilhões projetada pela Abiec, a associação da indústria exportadora. No segmento de insumos, a indústria de nutrição animal rompeu a barreira de 1 milhão de toneladas (1,2 milhão) na venda de suplementos minerais, crescimento de 33% sobre 2013. No de inseminação, a estimativa é de que as vendas de doses de sêmen de raças de corte tenham aumentado em um milhão em relação a 2013 (os números serão fechados em fevereiro). Na área de sementes, a oferta abundante favoreceu os produtores com preços mais baixos mas desagradou à indústria, que faturou 34% a menos do que em 2013. A indústria veterinária também provou de um remédio amargo no ano passado, quando estima ter deixado de faturar R$ 500 milhões, em função da proibição de vendas de avermectinas de longa ação, imposta pelo Mapa. No pós-porteira, a indústria frigorífica foi bem no segmento externo, mas amargou dificuldades no interno, que é bem maior, para repassar o elevado custo de aquisição do boi gordo para o atacado. Segundo a Scot Consultoria, ante uma faixa de alta de 25% a 30% do boi gordo, a correção de preço da carne sem osso obtida no atacado ficou em 19,5%. Na pecuária leiteira, os produtores também tiveram bons resultados, a despeito de ligeira queda no preço médio pago por litro, compensada pela escala maior de produção, embalada, por sua vez, pelos bons resultados financeiros de 2013. Segundo dados do Cepea, em valores deflacionados, o litro pago ao produtor no ano passado foi de R$ 1,08, 2% menos do que o R$ 1,10 recebido em 2013.
Como na pecuária de corte, os custos também ficaram mais altos. Segundo o índice de custo de produção da Embrapa Gado de Leite, de Coronel Pacheco, MG, energia e combustível beiraram os 15% de aumento, ainda que concentrado e volumosos tenham ficada abaixo dos 5%, menores, portanto, do que a inflação do ano, de 6,4%. Na relação de troca com insumos necessários à atividade, levantada pelo Cepea, todos os seis itens (concentrado, ureia, antibiótico, antimastítico, sal mineral e herbicida) demandaram mais litros para ser adquiridos. Na área de leilões, o destaque ficou por conta do segmento de bovinos de corte, onde o avanço foi de 7%, três pontos percentuais maior do que o de 2013 em relação a 2012. Foram quase 74.000 exemplares vendidos por R$ 603 milhões, capitaneados pelos machos – e, entre estes, destaque para os de raças taurinas – que tiveram maior procura, na esteira da valorização de bezerros no mercado. Essas vendas representaram 55% do total comercializado em 2014 em todas as espécies (bovinos, ovinos, caprinos e equinos), que continuou com fatura na casa do R$ 1,1 bilhão e 143.000 lotes vendidos. Já na área de meio ambiente, depois de dois adiamentos em 2013, finalmente saiu, em maio, a regulamentação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), possibilitando que os produtores começassem a se movimentar para declarar a situação de suas áreas de preservação. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, quase 40% dos 329 milhões de hectares passíveis de declaração já haviam sido cadastrados até o fim de 2014. Um número razoável, se se considerar uma provável – mas não indiscutível – prorrogação de prazo final (maio deste ano) para essa ação. Fechado o ano, 18 Estados já haviam adotado sistemas próprios para integrar os produtores a seus Programas de Regularização Ambiental, definindo formas e prazos com os quais os produtores quitarão seus passivos ambientais. n Moacir José
Anuário DBO 2015
3
Índice
M ercado Mundial de Carnes
Elevação modesta na produção
Na carne bovina, poucos crescem.
Concorrentes: Brasil continua líder inconteste.
Nas exportações, novo recorde de faturamento.
Exportações de carne suína rendem 17% mais
Recuperação consolidada e recorde em volume
11 12 14 16 18 20
M ercado Brasileiro de Carne Bovina
Rebanho encolhe ligeiramente
Ciclo de alta nos abates é quebrado
Nos preços da arroba, recordes consecutivos.
Custos aumentaram, mas não ameaçaram lucro.
Nos confinamentos, incertezas e surpresas.
Alta da arroba não estimulou seguro de preço
Aftosa a um passo da erradicação
24 26 28 32 36 40 42
M eio Ambiente
47 Títulos de reserva legal à espera da lei 50
CAR é regulado e 1/3 da área, cadastrada.
V isão Setorial
Frigoríficos operaram com margens mais estreitas
Indústria veterinária tem remédio amargo
Indústria da alimentação vende mais do que nunca
Sementes: excesso de oferta reduziu receita.
Boi gordo puxa vendas de sêmen para cima
Supermercados “queimam” margem de lucro
53 56 58 60 62 64
Diretor Responsável: Demétrio Costa
Publicação DBO Editores Associados Ltda. Rua Dona Germaine Burchard, 229 Perdizes, São Paulo – SP CEP 05002-900 Tel.: 11 3879-7099 www.portaldbo.com.br Diretores: Daniel Bilk Costa, Demétrio Costa e Odemar Costa.
4 Anuário DBO 2015
L eite
L eilões
70 72 74 76 79
Número de vacas em ordenha segue aumentando Após pico, produção tem expansão menor. Oferta de lácteos cresce mais que consumo Preços contidos não comprometem lucro Melhor desempenho nas exportações
Leilões de elite mantêm marca de R$ 1,1 bilhão Como foi 2014 na visão de leiloeiros e vendedores Nelore volta a ser protagonista de bons negócios Tabapuã aumenta oferta em 45% Guzerá vende menos mas fatura mais Queda expressiva força Brahman a novos caminhos Demanda por fêmeas turbina receita do Angus Hereford também vende mais com menos Machos engordam receita do Charolês Fatura do Braford cresce 8% Brangus consolida mercado com venda de machos Vendas do Senepol continuam a todo o vapor Ovinos e caprinos fincam o pé na produção Mercado milionário dos equinos têm retração de 14% Girolando tem menor oferta em sete anos Liquidações no Holandês continuam Gir Leiteiro tem recuo de 18% na oferta Pregões regulares voltam a dominar pista do Jersey Grifes mineiras mantêm agenda do Guzerá Leiteiro
A ssociações de Raças Arte Editor Edgar Pera
Redação Editor-executivo Moacir de Souza José
Editoração Edson Alves e Célia Rosa
Editora assistente Maristela Franco
Coordenação Gráfica Walter Simões
Repórteres e Colaboradores Carolina Rodrigues, Denis Cardoso, Fernando Yassu, Luiz Pitombo, Mônica Costa, Renato Villela, Roberto Nunes e Tânia Rabello.
Marketing/Comercial Gerente Rosana Minante Supervisora de Vendas Marlene Orlovas
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117 a 126
Executivos de Contas: Andrea Canal, José Geraldo S. Caetano, Maria Aparecida de Oliveira e Vanda Motta Circulação e Assinaturas Gerente: Edna Aguiar
Impressão e Acabamento Prol Editora Gráfica Ltda.
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FAZER DE 2015 UM ANO ÚNICO ESTÁ EM NOSSAS MÃOS
Compromisso com a produtividade, a rentabilidade e a entrega de produtos inovadores. É assim que a Dow AgroSciences e sua rede de distribuidores autorizados dão as boas-vindas a 2015 e desejam estar ao seu lado contribuindo com os resultados de sua fazenda.
Panorama Moacir José – moacir@revistadbo.com.br
Retrospectiva 2014 Os fatos que foram destaque nas edições da DBO no ano passado Fevereiro
numa planta do JBS em São José dos Quatro Marcos, MT.
Continuando tendência verificada durante todo o ano de 2013, a cotação do bezerro abre 2014 com forte valorização. Em São Paulo, em janeiro, a cotação média bateu em R$ 920 para animais de 7@, valor 4,1% superior ao de dezembro/2013.
Março Preço da arroba dispara em plena safra e desconcerta mercado ao atingir a marca de R$ 120. Clima irregular, retenção de matrizes e demanda externa mais firme estão entre as causas da menor oferta de bois. Com área cedida pela Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande, MS, Senar anuncia instalação do Centro de Excelência em Bovinocultura, escola de ensino profissionalizante dirigida especificamente para a pecuária de corte.
Abril Com nome mudado para Expocorte, o antes chamado Circuito Feicorte NFT realiza sua primeira etapa em março, em Cuiabá, MT, onde o Frigorífico Minerva anuncia que irá abater bovinos no Estado. Produtores aplaudem. Preço do boi magro dispara e alcança cotação média de R$ 1.460 em SP, preocupando confinadores. Balanço de dez anos de existência dos contratos a termo para seguro de preço e garantia de entrega de bois aos frigoríficos mostra negócios na casa dos 2 milhões de cabeças. JBS amplia seu programa “No Ponto”, aumentando a cota de abate de bois castra-
6 Anuário DBO 2015
dos de 2.000 para 5.000 por semana. Objetivo: mandar mais carne para o mercado europeu.
Junho Ministério do Meio Ambiente publica Instrução Normativa nº 2, definindo prazo até maio de 2015 para que produtores façam o CAR (Cadastro Ambiental Rural), informando, via internet, áreas de reserva legal e de proteção permanente de suas propriedades.
No balanço de vendas de sêmen (corte e leite) de 2013 da Asbia, crescimento de 5,5% sobre o ano anterior. No corte, pela primeira vez, doses de touros da taurina Angus (3,3 milhões) superam os da zebuína Nelore (2,9 milhões). Embrapa Gado de Corte promete para 2015 a “balança de passagem”, estrutura que permite a leitura de dispositivos eletrônicos de controle do gado quando este se movimenta em algum ponto estratégico da fazenda.
Mapa proíbe produção e comercialização de avermectinas de longa ação (efeito superior a 42 dias), atendendo a pleito da Abiec, para minimizar problemas de resíduos na carne exportada pelo Brasil, especialmente a industrializada para os EUA. Produtores e indústria veterinária repudiam a medida.
Maio
Julho
Ministério da Agricultura (Mapa) oficializa instrução normativa número 6, que regulamenta certificação de protocolos de rastreabilidade de adesão voluntária. Objetivo é dar maior autonomia para os produtores, reduzindo o papel das certificadoras.
Sindan entra com liminar na Justiça pedindo suspensão da IN nº 13, do Mapa, que proibiu a comercialização de avermectinas de longa ação. Prejuízo para a indústria, estimado pela entidade, é de R$ 500 milhões/ano.
Laboratório inglês confirma análise do Mapa de que houve um caso atípico de doença da vaca louca numa vaca Nelore de 12 anos enviada a abate, em março,
Fazendas de recria/engorda visitadas pelo Rally da Pecuária (43% do total) registram produtividade média de 17@/ha, quatro vezes superior à média nacional. FOTOS ARIOSTO MESQUITA
Embrapa Gado de Corte lança o capim zuri, panicum resistente à mancha foliar e à cigarrinha, indicado, em termos de produtividade, como alternativa ao tanzânia,
A ANCP anuncia, durante seu simpósio anual, em Ribeirão Preto, SP, um novo índice geral para seu programa de melhoramento genético. É o Índice Bioeconômico, que relaciona o ganho zootécnico proporcionado pelas Deps a um ganho econômico, em reais.
Agosto Depois de um ano, programa Inovagro, de incentivo à adoção de tecnologias na agropecuária, contempla com recursos de R$ 1,2 milhão duas fazendas do Mato
TEXTO ASSESSORIA
Panorama Grosso do Sul adeptas da cartilha de boas práticas agropecuárias. Fazenda do Pará realiza a primeira venda de Cotas de Reserva Ambiental (CRAs) para duas áreas que somam 228 ha, de um total de 27.000 ha de mata nativa preservados na região nordeste do Estado.
Valor da arroba supera os R$ 126 em agosto, preço recorde para 2014, puxado pela forte demanda por carne por parte do mercado externo, sobretudo da Rússia. Parceria entre o Marfrig e a Alianza del Pastizal, que reúne produtores, ONGs e centros de pesquisa dos países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), é firmada durante a Expointer. Objetivo é vender carne com selo de procedência de animais criados em regiões que preservam campos nativos. Frigoríficos brasileiros conseguem cumprir 40% da demanda por carne do tipo Cota Hilton, o melhor resultado em seis anos. Maior dificuldade continua sendo produzir animais jovens (máximo de quatro dentes definitivos), rastreados, com no mínimo 16@ e cobertura de gordura uniforme, exclusivamente a pasto.
Números recordes na comercialização de animais de seleção para corte em leilões em setembro. Fatura foi de R$ 112,4 milhões, com a venda de 13.918 lotes, com crescimento, respectivamente, de 22% e 33% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Novembro Mapa estabelece abril/2015 como prazo para início da obrigatoriedade das GTAs (guias de trânsito animal) eletrônicas na movimentação de bovinos entre Estados. É o último passo para o funcionamento integral da Plataforma de Gestão Agropecuária desenvolvida pelo ministério em parceria com a CNA e que contava, então, com dados de 21 Estados brasileiros.
FOTOS ARIOSTO MESQUISTA
Outubro Minerva Foods anuncia lançamento do programa “arroba mais lucrativa”, em parceria com a Apta de Colina, para conseguir que fornecedores entreguem bois de 18@ ou mais na faixa dos 24 meses e com terminação de gordura adequada. O frigorífico financia a nutrição dos animais na fase de recria-engorda, enquanto o órgão de pesquisa paulista entra com a assistência técnica. Durante a Expogenética, em Uberaba, MG, em setembro, diretoria da ABCZ anuncia ação junto ao Mapa para mudar nomenclatura de zebuínos constante nos Ceips (Certificados Especiais de Identificação e Produção). Para o presidente da entidade, Cláudio Paranhos, animais desses programas são bons ganhadores de peso, mas não têm “raça definida”, já que não passaram pelo crivo técnico da ABCZ.
8 Anuário DBO 2015
Marfrig lança programa inédito para incentivar a produção de bovinos superprecoces (15 a 18 meses de idade), para obter carne do tipo premium. Meta é ter 300.000 vacas em 2015 e 1 milhão em 2017. Base do programa é a fertilização in vitro de oócitos de vacas Nelore selecionadas com sêmen de touros Angus. JBS lança marca de carne Swift Gran Reserva, obtida a partir de animais meio-sangue Angus x Nelore. Linha é opção para nicho de mercado consumidor de alto poder aquisitivo, mais larga na escala de clientes da empresa em relação à dos consumidores da carne Swift Black, “tope de prateleira” do frigorífico, formada por animais com 75% de sangue Angus.
FOTOS ARIOSTO MESQUISTA
Setembro
situação mais confortável no segmento das exportações, com ressalvas ao desempenho do mercado interno, que deverá sofrer com os ajustes na economia.
Associação do Angus coloca seu programa de carne certificada na PGA, garantindo o direito de chancela oficial como primeiro protocolo de adesão voluntária do Brasil e abrindo as portas para o mercado europeu. Lança, também, programa de fomento à cria, para obter bezerros cruzados com as características desejadas para se tornarem bois com garantia de origem e qualidade genética.
Dezembro Evento da Scot Consultoria em São Paulo prevê continuidade, em 2015, de situação favorável para a pecuária, especialmente para quem faz cria e ciclo completo, em função da oferta restrita de animais para abate. Analistas preveem
Embrapa Gado de Corte anuncia projeto para instalação, em 2015, do primeiro laboratório de pecuária de precisão do País. Batizado de “Mangueiro Digital”, instalação permitirá monitoramento e manejo eletrônico do gado, que carregará sensores em brincos ou outros dispositivos. Uma das promessas é saber com algumas horas de antecedência em que momento uma vaca vai parir. Durante mesa redonda internacional sobre carne sustentável, em São Paulo, a rede de restaurantes de comida rápida norte-americana McDonald’s anuncia que passará a comprar esse tipo de produto em 2016, a partir de lojas instaladas no Canadá. Mesmo sem previsão de abastecer suas 34.000 lojas, em 19 países, exclusivamente com carne sustentável, gerente do grupo garante que esse é o objetivo da empresa.
Mercado Mundial Carnes
Denis Cardoso – denis@revistadbo.com.br
Elevação modesta na produção
A
Ofertas restritas em países produtores elevam preço internacional da proteína animal
trou queda 1,3%, puxada pela meprodução mundial de carProdução mundial de carnes (1) nor oferta dos países da América nes – de bovinos, frango e 20152 20143 2013 do Norte. suínos – voltou a crescer Como tem ocorrido nos últimoderadamente em 2014, seguinBovina 58.739 59.598 59.435 mos anos, a produção mundial de do tendência dos últimos anos, seSuína 111.845 110.606 108.863 frango registrou, em 2014, taxa de gundo os relatórios mais recentes Aves 87.385 86.006 84.531 crescimento um pouco mais exde oferta e demanda do DepartaTotal 257.969 256.270 252.829 pressiva do que a das demais carmento de Agricultura dos Estados (1) Em milhões de toneladas equivalente-carcaça. (2) Estimativa. (3) Dados preliminares. nes, atingindo 86 milhões de toUnidos (USDA) e da Organização Fonte: USDA, out./2014, adaptação DBO. neladas, um acréscimo de quase das Nações Unidas para Agricultu2% sobre o ano anterior. Segundo ra e Alimentação (FAO). Pelas estimativas do USDA, a oferta global si- 195 pontos, nível acima dos preços his- o USDA, o segmento deve registrar um tuou-se em 256,2 milhões de toneladas tóricos dos últimos três anos. A partir novo aumento em 2015 de 1,5%, que equivalente-carcaça, com aumento de de abril, o Índice seguiu uma trajetória resultará na oferta de 87,4 milhões de apenas 1,3% sobre a produção de 2013, ainda mais forte de alta até atingir, em toneladas. Segundo a FAO, todos os setembro, o pico de 208 pontos. Todas grandes produtores de frango elevade 252,8 milhões de toneladas. A FAO projeta uma produção glo- as categorias de carne registraram au- ram suas ofertas no ano passado, como bal de carnes (neste caso, com a inclu- mento de preço ao longo de 2014, es- Estados Unidos, Brasil, União Europeia e Rússia. A exceção ficou para a China, são de carne ovina) de 311,6 milhões pecialmente a bovina. Na previsão do USDA para 2015, en- que reduziu a sua produção de aves de toneladas em 2014, 1,1% acima do resultado estimado para o ano ante- tre as carnes, a de bovinos é a única com depois do registro de surtos de gripe rior, de 308,3 milhões de toneladas. previsão de queda na produção mun- aviária no país, que provocaram, incluPara 2015, o USDA estima crescimen- dial, recuo de 1,5% sobre a produção es- sive, a morte de humanos, infectados to mais modesto ainda: 0,7%, o que re- perada para 2014, de 59,6 milhões de pelo vírus H7N9. A oferta global de carne de porco sultará numa produção de 257,9 mi- toneladas, segundo do USDA. No ano passado, a produção ficou praticamente também cresceu no ano passado, allhões de toneladas. cançando 110,6 milhões de toneladas, Segundo a FAO, a maior expansão estagnada (veja tabela acima). O pequeno aumento registrado se com elevação de 1,6% sobre o resultana produção de carnes está concentrada nos países em desenvolvimen- deve ao desempenho dos países emer- do de 2013. Para 2015 o USDA, espeto, que são também os principais cen- gentes, que, juntos, representam qua- ra um novo aumento, de 1%. A Ásia é tros de aumento de demanda. No ano se 60% da oferta total. Segundo a FAO, a principal região produtora de carne passado, diante de uma oferta global esse grupo elevou em 2,3% a oferta de de suíno, com destaque para a China, enxuta, o índice mensal de preços da carne bovina em 2014, com destaque que produziu 56,7 milhões de de toneentidade para as carnes (bovina, suí- para os países da América Latina, Ca- ladas no ano passado, segundo a FAO, na, aves e ovina) manteve-se em pata- ribe, da Ásia. Por sua vez, a produção respondendo por quase a metade do n mares elevados, oscilando em torno de anual nos países desenvolvidos regis- total mundial.
Anuário DBO 2015
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Mercado Mundial Denis Cardoso – denis@revistadbo.com.br
Carne bovina
Expansão restrita a poucos países Enquanto a pecuária dos EUA passa por apuros, Brasil e Índia apresentam crescimento sólido
S
eguindo a tendência dos últimos anos, a produção mundial de carne bovina continua em ritmo limitado de crescimento. Entre os grandes produtores da proteína animal, somente Brasil, Índia, Austrália e o bloco de países da União Europeia elevaram as suas ofertas no ano passado, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Assim como nos anos anteriores, a produção dos Estados Unidos, o maior produtor mundial de carne bovina, sofreu mais uma baixa em 2014. Com parte do rebanho bovino devastado por forte e prolongada seca, a oferta norte-americana recuou para 11,1 milhões de toneladas no ano passado, com queda de 5% sobre 2013. Este resultado fez com que a produção de carne bovina dos EUA atingisse o seu menor nível desde 1994, segundo o relatório publicado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Em 2015, o país da América do Norte deve registrar mais uma queda na produção: está estimada em 10,8 milhões de toneladas, com decréscimo de 2% sobre 2014, segundo o USDA. Novamente, Brasil e Índia se destacaram na produção de carne bovina, o que comprova o crescimento sustentável da pe-
cuária de corte nesses dois países. No Brasil, as indústrias de carne produziram 9,920 milhões de toneladas em 2014, com aumento de 2,5% sobre o ano anterior. Este ano, a oferta brasileira pode chegar a 10,2 milhões de toneladas. Em caso de confirmação das estimativas para 2015, o Brasil terá se aproximado de uma vez por todas do líder mundial de produção – a diferença em relação à oferta dos EUA prevista para 2015 (10,8 milhões de toneladas) seria de apenas 600 mil toneladas (veja tabela abaixo). Dentro da América do Sul, o Brasil continua soberano na produção de carne bovina. A Argentina, tradicional rival dos brasileiros na comercialização externa da commodity, ainda se mantém distante: mais de 90% de sua oferta, estimada pelo USDA em apenas 2,8 milhões de toneladas equivalente-carcaça, é absorvida pelos consumidores locais. Na Índia, a oferta de carne cresce aceleradamente com uma produção de 4,25 milhões de toneladas equivalente-carcaça prevista para 2015, o país asiático já é o quinto maior no ranking mundial, atrás dos EUA, Brasil, União Europeia e China. No ano passado, a oferta indiana saltou de 3,8 milhões para 4,1 milhões de toneladas, uma elevação
de quase 10%. Na China, a produção caiu 3% no ano passado, para 6,52 milhões de toneladas, e deve recuar novamente este ano, para 6,4 milhões de toneladas. Na União Europeia, o terceiro maior produtor de carne bovina do mundo, a oferta registrou um moderado aumento de 1% em 2014, para 7,47 milhões de toneladas, que estimulou a produção de bezerros para engorda. Porém, o USDA prevê estabilidade na oferta geral dos países do bloco europeu neste ano.
Principais produtores mundiais de carne bovina(1)
Principais exportadores mundiais de carne bovina(1)
Principais importadores mundiais de carne bovina(1)
País EUA Brasil EU (27) China Índia Argentina Austrália México Paquistão Rússia Canadá Outros Total
2015(2) 10.868 10.215 7.475 6.400 4.250 2.850 2.340 1.765 1.725 1.400 1.010 8.441 58.739
2014(3) 11.126 9.920 7.475 6.525 4.100 2.820 2.510 1.760 1.675 1.390 1.050 9.247 59.598
2013 11.752 9.675 7.384 6.700 3.800 2.850 2.359 1.808 1.630 1.380 1.049 9.048 59.435
(1) Em milhões de toneladas equivalente carcaça. (2) Estimativa. (3) Dados preliminares. Fonte: USDA, out./2014, adaptação DBO.
12 Anuário DBO 2015
País 2015(2) Brasil 2.235 Índia 1.950 Austrália 1.590 EUA 1.145 N. Zelândia 575 Uruguai 435 Paraguai 395 Canadá 355 Bielorrússia 250 EU-27 245 Argentina 200 Outros 568 Total 9.943
2014(3) 2.030 1.850 1.775 1.179 570 385 375 365 245 255 190 556 9.775
2013 1.849 1.765 1.593 1.175 529 338 326 333 220 244 186 569 9.127
(1) Em mil toneladas equivalente-carcaça. (2) Estimativa. (3) Dados preliminares. Fonte: USDA, out./2014, adaptação DBO.
Consumo – A demanda mundial por carne bovina ficou praticamente estável em 2014, atingindo 57,8 milhões de toneladas, ante 57,7 milhões de toneladas registradas no ano anterior. Para 2015, o USDA estima retração de 1,6% no consumo global, para 56,9 milhões de toneladas. Mesmo em ritmo de queda, os Estados Unidos mantêm a liderança mundial no consumo de carne vermelha, que atingiu 11,2 milhões de toneladas em 2014, com baixa de 3,4% sobre o consumo observado em 2013. Para 2015, a demanda norte-americana deve recuar para 10,9 milhões de toneladas, de acordo com previsão do USDA. O Brasil, o segundo maior consumidor mundial de carne bovina, segue a sua trajetória de aumento
País EUA Rússia Hong Kong Japão China C. do Sul EU-27 Venezuela Canadá Egito Chile Outros Total
2015(2) 1.225 825 750 740 515 405 355 315 285 260 235 2.139 8.049
2014(3) 1.218 825 650 750 460 410 360 325 280 240 235 2.123 7.876
2013 1.020 1.018 473 760 412 375 376 290 296 195 245 1.980 7.440
(1) Em milhões de toneladas equivalente carcaça. (2) Estimativa. (3) Dados preliminares. Estimativa. Fonte: USDA, out./2014, adaptação DBO.
Principais consumidores mundiais de carne bovina(1) País EUA Brasil EU-27 China Argentina Índia Rússia México Paquistão Japão Canadá Outros Total
2015(2) 10.944 8.055 7.585 6.893 2.650 2.300 2.215 1.810 1.661 1.230 940 10.601 56.884
2014(3) 11.215 7.955 7.580 6.974 2.630 2.250 2.205 1.815 1.616 1.235 979 11.380 57.834
2013 11.608 7.885 7.516 7.022 2.664 2.035 2.386 1.874 1.576 1.232 1.016 10.882 57.696
(1) Em milhões de toneladas equivalente carcaça. (2) Estimativa. (3) Dados preliminares. Fonte: USDA, out./2014, adaptação DBO.
gradual de consumo de carne vermelha: no ano passado, o departamento norte-americana estima que os brasileiros tenham consumido 7,9 milhões de toneladas equivalente-carcaça, leve aumento de 1% sobre 2013. Em 2015, a demanda crescerá mais um pouco, para 8 milhões de toneladas, prevê o USDA. Comércio – As exportações mundiais de carne bovina cresceram 7% em 2014, em relação ao ano anterior, para 9,7 milhões de toneladas equivalente-carcaça, apesar do aumento recorde nos preços internacionais da commodity (veja informação nas pág. 16). Do lado das importações, o problema de escassez de suprimento doméstico em alguns dos maiores consumidores mundiais de carne vermelha contribuiu para a expansão das compras externas no ano pas-
sado. A Ásia, especialmente China e Hong Kong, é a responsável pela maior parte do crescimento da demanda internacional. A China registrou um aumento expressivo nas importações em 2014. As importações totais chinesas atingiram 460 mil toneladas no ano passado, com aumento de 11,5% sobre o ano anterior. Para este ano, o USDA prevê mais uma elevação nas aquisições chinesas, de 12%, para 515 mil toneladas. Em Hong Kong, as importações foram estimadas em 650 mil toneladas, expressiva alta de quase 40% sobre o ano anterior. Para este ano, o aumento de importação previsto para Hong Kong é de 15%, para 750 mil toneladas. Os EUA, maior importador do mundo, também vêm intensificando as suas compras externas de carne bovina, para compensar a queda da produção local. No ano passado, os norte-americanos elevaram em quase 20% as suas importações de carne vermelha, para 1,2 milhão de toneladas equivalente-carcaça. Neste ano, segundo estima o USDA, as compras norte-americanas devem ficar praticamente estáveis na comparação com 2014. A Rússia, segundo maior importador mundial, reduziu fortemente as suas importações de carne bovina no ano passado, diante do aumento da produção local e da elevação dos preços internacionais. Segundo o USDA, as aquisições russas caíram para 825 mil toneladas em 2014, 20% inferior ao que foi adquirido em 2013. Neste ano, porém, o departamento norte-americana estima que as importações da Rússia irão ficar em patamares iguais aos de 2014. Gado vivo – As exportações mundiais de bovinos vivos cresceram 15% em 2014, para 5,3 milhões de cabeças, 15% acima da quantidade registrada em 2013, segundo o USDA. O Brasil foi o quarto maior ex-
Comércio mundial de bovinos vivos(1) Principais exportadores
País 2015 (2) 2014 (3) México 1.225 1.125 Austrália 1.100 1.400 Canadá 1.050 1.135 Brasil 820 760 EU-27 460 450 EUA 125 115 Uruguai 70 50 Nova Zelândia 30 30 China 20 20 Ucrânia 20 20 Rússia 15 15 Total 4.936 5.356 Principais importadores EUA 2.225 2.200 China 135 130 Egito 135 245 Rússia 100 100 Canadá 45 45 México 45 35 Japão 10 10 Brasil 5 17 Ucrânia 3 3 Total 3.379 4.026
2013 1.045 851 1.044 689 505 161 41 33 19 11 17 4.652 2.033 98 100 97 48 30 12 0 3 3.134
(1) Em mil cabeças, representando os países de maior expressão acompanhados pelo USDA-FAS. (2). Estimativa. (3) Dados preliminares. Fonte: USDA, out./2014, adaptação DBO.
portador mundial de gado em pé (atrás do México, Austrália e Canadá), com 760.000 animais embarcados no ano passado, 10% acima do volume do ano anterior. Pelo lado das importações, os Estados Unidos continuam líderes absolutos nas compras mundiais de gado vivo, com a aquisição de 2,2 milhões de cabeças em 2014, 10% acima do resultado de 2013. n
Anuário DBO 2015
13
Mercado Mundial Tânia Rabello
Concorrentes
Brasil consolida-se como líder inconteste
E
Primeiro lugar no ranking de exportadores deve ser mantido ainda este ano
m 2014 o Brasil manteve-se como maior exportador mundial de carne bovina, com 1,56 milhão de toneladas (ou 2,05 milhões em toneladas equivalente-carcaça, TEC – veja tabela) e faturamento de US$ 7,2 bilhões, crescimento de 7,7% em comparação com os US$ 6,6 bilhões de 2013, conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). As perspectivas não só para 2015, como para o médio prazo, são de manutenção do País no topo do ranking. Isso porque dois dos principais concorrentes do Brasil – Estados Unidos e Austrália – têm enfrentado problemas em seus sistemas produtivos que não necessariamente vão se resolver no curto prazo. E outros dois importantes atores deste mercado, Índia e Paraguai, que vêm avançando no cenário internacional, têm especificidades que não ameaçam, pelo menos por enquanto, a liderança brasileira. O concorrente mais próximo do Brasil em termos de volume exportado, a Índia, peca principalmente pela falta de qualidade do seu produto, vendido para mercados que aceitam carne de búfalo – a principal commodity indiana neste setor – e de categoria inferior, pois o país asiático embarca predominantemente carne de animais velhos e de descarte, pontuam analistas ouvidos por DBO, entre eles, Hyberville Paulo D’Athayde Neto, da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP. “A Índia, de fato, tem aumentado sua participação no mercado externo, mas ela não concorre diretamente com o Brasil, pela categoria inferior de seu produto”, confirma.
Deficiências sanitárias _ Fernando Sampaio, diretor executivo da Abiec, acrescenta que chegará um ponto em que a Índia, apesar do avanço no mercado internacional, encontrará dificuldades em se expandir e de fato concorrer com o Brasil, levando-se em conta, ainda, as deficiências sanitárias em seu rebanho, inaceitáveis em vários países comprado-
14 Anuário DBO 2015
O perfil dos 10 mais na exportação de carne bovina Exportações1
Produção1 20154
Export/Prod.2
Rebanho3
País
2014
2014
Brasil
2,05
2,4
10
20,5
208
Índia
1,85
1,95
4,1
45,1
203
Austrália
1,77
1,59
2,5
70,7
30
EUA
1,17
1,14
11,1
10,6
90
Nova Zelândia
0,570
0,575
0,645
88,4
10
Uruguai
0,385
0,435
0,570
67,5
11,5
Paraguai
0,375
0,395
0,550
68,2
13,5
Canadá
0,365
0,355
1,05
34,8
12
Bielorússia
0,245
0,250
0,290
84,5
4,3
União Europeia
0,255
0,245
7,47
3,4
122
(1) Em milhões de toneladas equivalente-carcaça (ou toneladas métricas); (2) participação percentual das exportações na produção; (3) em milhões de cabeças; (4) projeção. Fontes: MAPA/USDA/FAO/Senacsa/Snig/MLA. Elaboração: consultoria Agrifatto
res. O analista sênior do Rabobank Brasil, Adolfo Fontes, comenta também, que, “apesar de competir com o Brasil em países do norte da África e do Oriente Médio, a Índia não é considerada um concorrente direto, uma vez que o Brasil se posiciona cada vez mais como produtor de carne de alta qualidade e busca a abertura de mercados com maior valor agregado (veja quadro)”. Nos países que compram carne indiana e brasileira, estas vão para segmentos diferentes da população, lembra Sampaio: “Na Argélia, por exemplo, a carne brasileira segue para hotéis, restaurantes e para empresas petrolíferas e a indiana vai para açougues que abastecem a população de baixa renda”. Já o Paraguai, que figurou como sétimo exportador mundial em 2014 (veja tabela), elevou em espantosos 15% os embarques no ano passado em relação a 2013 – de 326.000 toneladas para 375.000 –, enquanto o Brasil apresentou crescimento de 3,3%. “Há perspectivas, ainda, de aumento de no mínimo 5% no desempenho paraguaio em 2015, chegando a 395.000 toneladas, conforme dados do USDA e da FAO”, diz a sócia e consultora da Agrifatto, de Bebedouro, SP, Lygia Pi-
mentel, destacando que, embora a “briga” entre Brasil e Paraguai gire em torno de preços, que são similares, além de sistema produtivo a pasto em ambos, o que atrai determinados compradores, o país vizinho ainda está longe da casa do milhão de toneladas exportadas para ameaçar a liderança brasileira, esbarrando, também, na falta de grandes volumes exportáveis. “Quando Rússia, China, Estados Unidos e Oriente Médio querem carne em grande quantidade, seja industrializada ou in natura, a depender do cliente, vêm buscar aqui”, destaca Lygia, lembrando que o Paraguai continua enfrentando problemas sanitários, principalmente a febre aftosa, ao contrário do Brasil, que desde 2005 não registra nenhum foco da doença. Continuando no bloco América Latina, a Argentina ainda sofre com as restrições nas exportações impostas pelo governo local, na tentativa de conter a inflação, “o que desestimula o crescimento da produção e reduz a competitividade internacional do país”, diz Fontes, do Rabobank. “Assim, o país deve embarcar em 2015 menos de 10% do volume exportado pelo Brasil”, diz. “Já o Uruguai se destaca pelo acesso ao mercado americano”, diz Fontes, pois tem
status sanitário livre de aftosa, sem vacinação, conferido pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE). E, caso o Brasil consiga finalmente o acesso de sua carne in natura aos Estados Unidos, como é a expectativa da Abiec para este ano, o Uruguai terá um competidor de peso a enfrentar. Entre os grandes _ Entre os países com os quais o Brasil concorre de igual para igual em termos de qualidade e volume – Austrália e Estados Unidos, em terceiro e quarto lugares no ranking de exportadores, respectivamente –, a situação em 2014 foi de declínio na produção, conforme relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). Embora as exportações globais tenham aumentado 2% de 2013 para 2014, com recorde de 9,9 milhões de toneladas – com Brasil e Índia responsáveis por este avanço –, os EUA recuaram em 3% seus embarques, com 1,1 milhão de toneladas. Os motivos do recuo vão desde a forte seca que atingiu as regiões criadoras em 2012 e 2013, cujos reflexos na redução do rebanho se fazem sentir até agora – com 90 milhões de cabeças, o país está com seu menor plantel desde 1973 –, até o aquecimento do mercado interno. “Os Estados
Unidos são grandes exportadores, mas também grandes consumidores e, consequentemente, importadores de carne bovina”, diz Sampaio, da Abiec. Lygia Pimentel, da Agrifatto, informa que a taxa de redução do rebanho estadunidense foi de 5% nos últimos dois anos. Já a redução do plantel australiano chegou a 2,5%, batendo nos 30 milhões de cabeças. “E o cenário para 2015, em ambos os países, continua sendo de recuo”, diz a consultora. Diante desse cenário, os consultores cravam que o Brasil deve se manter na liderança internacional – levando em conta, ainda, que exportamos apenas 20% do que produzimos, com um grande potencial de avanço no mercado externo sem prejudicar o abastecimento interno. Fontes, do Rabobank, destaca: “De acordo com nossas projeções, o cenário global será de oferta ainda restrita para carne bovina, considerando a necessidade de recuperação do rebanho dos EUA e da Austrália”. Ele lembra, ainda, que a reabertura do mercado chinês e o atual embargo russo às carnes dos EUA e Austrália “certamente impulsionarão ainda mais as exportações brasileiras. Isso, aliado à desvalorização do real frente ao dólar tornará as vendas internacionais do Brasil ainda mais competitivas”. n
Mercado gourmet no foco da Abiec Entre os principais focos de atuação da Abiec em 2015 está a conquista de mercados considerados de alto nível, que compram carne gourmet. Entre eles, Ásia (principalmente a China), Emirados Árabes e Europa, países identificados pela Abiec a partir de uma pesquisa encomendada pela associação. “Vamos inicialmente fazer um trabalho de marketing, juntamente com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) para criar a imagem de que o Brasil pode produzir carne gourmet e de qualidade”, diz o diretor executivo da Abiec, Fernando Sampaio. “Atualmente somos vistos apenas como grandes exportadores de carne commodity, e não de carne premium.” Segundo Sampaio, quando se fala em carne de qualidade os países lembrados são Argentina, Uruguai, Estados Unidos e Austrália. “Queremos mudar essa realidade”, diz. Esses seriam, inclusive, os principais concorrentes do País neste nicho. “Eles também
atuam nos mercados que queremos atingir.” Entretanto, Sampaio lembra que mesmo em se tratando de carnes gourmet, uma grande vantagem do Brasil é a possibilidade de fornecer grandes quantidades, a partir do momento em que esses mercados passarem a reconhecer a carne brasileira de alto padrão. Embora tenha feito um estudo sobre os potenciais mercados, a Abiec não tem números específicos sobre quais países dominam, efetivamente, este mercado premium. “As estatísticas de exportação, inclusive as internacionais, do USDA, não separam o que é carne gourmet de carne commodity”, diz o executivo. Mas sabe-se, por exemplo, que os principais exportadores neste nicho são Estados Unidos e Austrália. “Argentina e Uruguai têm volumes bem menores, mas não é possível especificar quanto, lembrando, ainda, que a Argentina vem reduzindo seus embarques”, esclarece Sampaio. Anuário DBO 2015
15
Mercado Mundial Fernando Yassu – yassu@revistadbo.com.br
Exportações
Ritmo moderado, mas com recorde. Volume embarcado perde fôlego em relação a 2013; mesmo assim, receita vai a US$ 7,2 bilhões.
O
s embarques de carne bovina in natura, industrializada e miúdos perderam ritmo em 2014 na comparação com o ano anterior. As vendas externas cresceram apenas 3,85% em volume e 7,95% em receita sobre o ano anterior. Em 2013, aumentaram, respectivamente,19,77% e 15,95% sobre 2012. De todo modo, apesar do ritmo menor nos embarques, a cadeia da carne bovina estabeleceu em 2014 novo recorde em volume e em receita, com, respectivamente, 2,274 milhões de toneladas em equivalente-carcaça em volume e US$ 7,19 bilhões em receita. Em 2013, foram, respectivamente, 2,221 milhões de toneladas e US$ 6,66 bilhões. O que ocorreu para a perda de ritmo nas exportações? A estagnação da economia mundial, com poucos países crescendo, explica uma parte da freada. Ela afetou até a China, que, em 2014, importou carne bovina do Brasil, via Hong Kong. Essa possessão chinesa aumentou suas compras de carne in natura em 2014 em 20% em volume e 22% em receita. Em 2013, tinha incrementado suas compras em, respectivamente, 118 e 126%. Se repetisse a performance de 2013, Hong Kong teria importado, em 2014, 414 mil toneladas em volume e gastado US$ 2,2 bilhões. Acabou comprando apenas 260 mil toneladas e gastando US$ 1,195 bilhão em carne in natura. A crise, também, afetou outros dois grandes importadores de carne in natura, a Venezuela e a Rússia. A Venezuela é o quarto maior comprador de carne bovina in natura do Brasil e a Rússia, o primeiro. No ano, a Venezuela importou 170
mil toneladas de carne in natura e gastou US$ 900 milhões, crescimento de, respectivamente, 7,99 e 6,63% sobre o ano anterior. Em 2013, esse país havia aumentado suas compras, em relação a 2012, em 80% em volume e 88% em receita. Em 2014, a Rússia importou 310 mil toneldas de carne in natura e despendeu US$ 1,296 bilhão, aumentando, respectivamente, 1,3% e 6,8% sobre o ano anterior. Em 2013, suas compras tinham crescido sobre 2012, respectivamente,16,8% e 10%. A freada nas vendas para Hong Kong, Rússia e Venezuela não foi compensada pelo aparecimento de um outro importador de peso. O mais destacado foi o Egito, que aumentou suas compras em 6% em volume e 20% em receita. , mas de outro lado, o Chile, sexto maior importador em 2013, reduziu suas compras dos frigoríficos brasileiros em 30% em volume e 30% em receita. A perda de ritmo nas vendas para Hong Kong, Rússia e Venezuela e o não surgimento de importador substituto à altura de um desses três países explica em parte a perda de ritmo nas exportações em 2014, especialmente da carne in natura, a de maior peso na pauta de exportação dos frigoríficos brasileiros, com 81% do total vendido no exterior. Em 2014, as vendas externas desse produto cresceram sobre o ano anterior apenas em 5,1% em volume e 9% em receita. Em 2013, a expansão sobre 2012 foi de, respectivamente, 25,41% e 19,73%. Na carne industrializada, houve um aumento de 2,8% em volume e 8,8% em receita em 2014 ante, respectivamente, – 6,36% e – 6,4% em 2013 sobre 2012.
Nos miúdos, houve, em 2014, queda de 1,64% em volume e expansão de 19,73% em receita sobre 2013. Além dos problemas conjunturais, não ocorreu, como a Abiec previa, a abertura do mercado norte-americano para a carne in natura. Novamente, os EUA enrolaram. Eles precisavam realizar uma consulta pública a partir da qual teriam um prazo para autorizar a entrada da carne bovina in natura do Brasil em seu país. Não realizaram a consulta pública em 2014, mostrando que o lobby dos pecuaristas norte-americano continua fortíssimo. A abertura do mercado norte-americano faz parte do acordo dos EUA com o Brasil como solução para o contencioso sobre o subsídio do algodão e continua na prateleira dos frigoríficos brasileiros com esperança para 2015. Além dos problemas conjunturais, o câmbio, grande catalisador das exportações dos frigoríficos brasileiros em 2013, não foi corrigido como esperado pela Abiec, que acreditava que o valor do dólar ficaria entre R$ 2,30 e R$ 2,50. O dólar começou bem 2014, cotado R$ 2,38, mas depois perdeu força e só se recuperou no último trimestre do ano. Entre janeiro e novembro, a média ficou em R$ 2,29. No último trimestre, foi de R$ 2,54. Em 2014, o valor médio da moeda norte-americana ficou em R$ 2,36. Em 2013, R$ 2,15. O reajuste médio de 9,7% do câmbio não seria ruim para os frigoríficos não fosse a alta forte do boi. O Indicador Boi Gordo do Cepea – que traz o preço médio no Estado de São Paulo e é usado para liquidação dos contratos negociados a futuro na BM&FBovespa – começou 2014 a
Moeda ajuda e exportação cresce em volume, receita e preço (*) Tipo Carne in natura Carne industrializada Miúdos Total
2014 5.836 646 745 7.190
Receita(1) 2013 5.359 594 707 6.660
2012 4.494 635 614 5.744
2014 1.829 257 216 2.274
Volume(2) 2013 1.742 250 219 2.211
(1) Receita em US$ 1.000. (2) Volume em equivalente-carcaça. (3) Preço em US$ por tonelada líquida. Fonte: MDI/Mapa/Abiec.
16 Anuário DBO 2015
2012 1.389 267 190 1.848
2014 4.691 6.286 3.449 4.601
Preço médio(3) 2013 4.524 5.911 3.228 4.428
2012 4.752 5.941 3.229 4.625
R$ 114,61 e encerrou o Os dez maiores importadores de carne bovinas e derivados do Brasil(1) Apex para o Projeto Braano a R$ 144,80, alta de zilian Beef, que terá inPaíses Receita(2) Volume(3) Preço médio(4) 26,34%. Em 2013, a alta vestimento de R$ 6,3 mi2014 2013 2012 2014 2013 2012 2014 2013 2012 foi de 17% em São Paulo. Ano lhões em dois anos. (5) 1.712 1.442 823 400 360 222 4.280 4.002 3.712 Na média-ano, o rea- Hong Kong 1.314 1.213 1.103 315 306 262 4.176 3.964 4.213 juste foi de 23%. Em 2013, Rússia(6) Boi em pé – Em boi em o Indicador Boi Gor- UE-27 928 869 792 127 132 115 7.286 6.583 6.889 pé, as exportações recudo apontou média de Venezuela 901 844 448 170 157 87 5.311 5.375 5.140 aram em 2014. Em voR$ 103; em 2014, R$ 127. Egito 611 486 551 166 145 139 3.686 3.552 3.949 lume, caíram 6,27% em Com o reajuste no relação a 2013, de 688 Chile 287 397 390 55 76 67 5.195 5.223 5.762 preço médio do dólar mil cabeças para 655 275 266 324 62 59 67 4.462 4.502 4.780 mil; em receita, 5,88%, em 9,76% e do boi em Irã (7) 231 224 189 22 23 19 10.415 9.739 10.134 de US$ 717 milhões 23%, houve perda de EUA 118 37 3.161 competividade da ca- Angola para US$ 675 milhões. deia da carne bovina Argélia A queda foi puxada 100 21 4.777 brasileira em 11% entre (1) Inclui carne in natura, carne industrializada e miúdos. (2) receita em US$ 1.000. (3) Volume em toneladas líquidas. (4) Preço médio em US$ pelo Líbano, que com2013 e 2014, não com- por tonelada líquida (5) Inclui carne in natura e miúdos. (6) Apenas carne in natura. (7) apenas carne industrializada. Fonte: MDIC/Mapa/Abiec. prou 40% menos em capensando, assim, a alta beças e 45% em receita. A fatia por produto exportado de 4% dos três produtos exportados pelos Em 2014, o Líbano importou 78 mil cabefrigoríficos brasileiros. ças ante 131 mil em 2013. Seus gastos caPegando pelo preço médio do dólar e íram de US$ 114 milhões para US$ 75 mido boi ano, a arroba em 2014 ficou em US$ lhões. Maior importador de bovinos em 54. Em 2013, a média ficou em US$ 48. Dipé do Brasil, a Venezuela aumentou suas ferença de US$ 6 por arroba e US$ 108 num importações em 2014. Em cabeças, o cresboi de 18 arrobas. cimento foi de 5,94%. Em receita, o increDe todo modo, o Brasil ainda teve, em mento foi de 2,51%. Sozinha, a Venezuela 2014, uma das arrobas de menor custo em comprou de 526 mil cabeças e gastou de dólar entre os seus maiores concorrentes. US$ 555 milhões, com boi em pé. Daí o grande otimismo da Abiec, que prevê No outro segmento industrial que tem receita de US$ 8 bilhões em 2015. matéria prima tirada do boi, o do couro, Além do preço em dólar da arroba em as exportações tiveram queda em volunível competitivo, a Abiec acredita que o me embarcado de 3%, mas, com a valoriPaís será favorecido pela queda no rebanho criadores de Angus promoveram sessão de zação do couro em dólar, a receita cresceu e consequementemente na produção de degustação de sua carne certificada. 17,45% sobre 2013. Os curtume brasileiros carne bovina nos EUA e na Austrália. “Vamos focar nossos esforços, tam- exportaram 35,3 milhões de couros, que O grande problema para a exportação bém, para conquistar o mercado de carne renderam US$ 2,9 bilhões, ante, respectide carne bovina, em 2015, é a queda no premium por meio de ações específicas de vamente, 34,3 milhões e US$ 2,5 bilhões preço do petróleo, que afeta a economia promoção e divulgação diretamente para no ano anterior. Do total de couro exportada Rússia e da Venezuela, além dos países os consumidores”, informa Antônio Jor- do, 46% eram de wet blue (couro com trataárabes e da África. De outro lado, deve favo- ge Camardelli, presidente da Abiec, que, mento primário) e 43,2% era de couro acarecer a China, maior importador, via Hong em novembro, renovou o convênio com a bado. Em termos de receita, o couro wet Kong, de carne bovina in natura blue rendeu 32,1% e o acabado e de miúdos. A fatia de cada um no bolo dos maiores importadores contribuiu com 57% do total. Com a consolidação do BraComo destino, China e Hong sil como grande fornecedor de Kong, que, juntos, foram responcarne para culinária e para ingresáveis por 36% da receita dos dientes, a Abiec começa a trabacurtumes (28% a China e 7,9% lhar a abertura de mercado para Hong Kong) e por 6,7% (41,2% o setor gourmet, de maior vae 5,55%) dos couros exportados lor agregado. Em parceria com pelo Brasil. Em segundo, aparea Apex (Agência Brasileira de ce a Itália, com 14,4% do voluPromoção de Exportação e Inme e 17% da receita. Detalhe: a vestimento), a Abiec começa China e a Itália são grandes conum trabalho para divulgar a carcorrentes do setor calçadista ne premium. Na Sial, feira da alibrasileiro – a China no calçado mentação realizada em Paris e popular e a Itália, no de luxo. n uma das maiores do mundo, os Anuário DBO 2015
17
Mercado Mundial Renato Villela
Suínos
Exportações menores e renda maior Vendas externas atingem US$ 1,6 bilhão, alta de 16,9% em relação a 2013.
O
a redução dos plantéis, os mercado de carDesempenho positivo de um ano para outro preços subiram e os norne suína encerrou te-americanos trocaram 2014 de forma oti2014 2013 Variação a carne suína pela carne mista. A despeito da queProdução de carne2 3,47 3,41 +1,75% de frango. Consequenteda nas exportações – as Volume de exportações3 505.700 526.770 - 4% mente houve um recuo no vendas externas somaram consumo interno e o qua505.700 toneladas, 4% a 4 Receita com exportações 1,6 1,37 + 16,9% dro se equilibrou”, explica menos do que em 2013 Consumo per capita5 14,63 14,5 + 0,9% Vargas. – o faturamento atingiu (1) Em milhões de cabeças; (2) Em milhões de toneladas; (3) Em toneladas; (4) Em bilhão de dólares; (5) Em kg/ano. O Brasil figura, ainda, US$ 1,6 bilhão, aumenFonte: ABPA entre os quatro principais to na receita cambial de exportadores mundiais de 16,9% em relação ao ano anterior. A alta expressiva é creditada à para cá, o número de plantas habilitadas carne suína. Em primeiro vêm os Estados recuperação dos preços no mercado in- para exportar para o país subiu de 4 para Unidos, com 23 milhões de toneladas em ternacional que, no acumulado do ano 12. Como consequência, os embarques 2014, segundo o Departamento de Agriaté novembro de 2014, subiram 24,1% de carne suína, que variavam entre 6.000 cultura dos Estados Unidos (USDA). Em _ o preço médio da tonelada foi de US$ e 8.000 toneladas por mês triplicaram em segundo, vem a União Europeia, com 2,1 3.250 no período. A Rússia, principal novembro, atingindo um total de 25.000 milhões de toneladas e, em terceiro, o Canadá, com 1,2 milhão de toneladas. cliente da carne suína brasileira, com- toneladas/mês. Outra boa notícia no cenário interprou 186.500 toneladas em 2014 e galgou mais alguns degraus à frente na li- nacional foi a reabertura do mercado da Dentro de casa _ No mercado interno, derança do ranking dos importadores, África do Sul, fechado desde 2005 em a carne suína recebeu uma ajudinha do sendo responsável por 38,3% do volu- razão do foco de febre aftosa no Mato boi. Com alta no preço da carne bovina, me exportado. Em 2013, a fatia corres- Grosso do Sul. Segundo Vargas, o Bra- o brasileiro colocou mais carne de porpondia a 26%. Em receita, o crescimen- sil espera exportar para o país um total co no prato. O consumo per capita pasto salta aos olhos. No ano passado, os de 20.000 toneladas de carne suína por sou de 14,5 quilos/ano para 14,63 quilos/ russos compraram, de janeiro a novem- ano, o que corresponde à metade do po- ano. Apesar do aumento, o índice ainbro, US$ 810,5 milhões, alta de mais de tencial de compra da África do Sul. Para da está distante do potencial de consu96,8% no comparativo ao mesmo perío- 2015, a expectativa é a de que o Brasil mo de carne suína, de 15 quilos/ano, seconquiste um novo e atrativo mercado: gundo a ABPA. No bolso do suinocultor, do de 2013. a Coreia do Sul, que importa por ano a melhora foi mais sensível. De acordo com o Cepea (Centro de Estudos AvanEmbargo à Rússia _ Por trás deste vertiçados em Economia Aplicada da Esalq/ ginoso crescimento está o embargo à im- Brasil mantém-se como USP), em São Paulo o produtor recebeu, portação de alimentos dos Estados Uniquarto maior exportador em média, R$ 4 pelo quilo do suíno em dos, Canadá e União Europeia imposto 2014, valor 21% superior aos R$ 3,30 por aos russos pela crise na Ucrânia. “Eles ti- mundial de carne suína quilo recebidos em 2013. veram que compensar comprando mais A produção interna também melhocarne do Brasil”, informa Rui Vargas, vice- de 400.000 a 500.000 toneladas de car-presidente da ABPA (Associação Brasi- ne. “Acredito que abriremos este mer- rou. Segundo a ABPA, o Brasil produziu leira de Proteína Animal). Para dar con- cado a partir do segundo semestre”, diz 3,47 milhões de toneladas de carne suína ta da demanda interna, a Rússia se viu Vagas. Ao contrário do que se imagina- em 2014, crescimento de 1,75% em relaobrigada a mudar de postura. Reconhe- va, a disseminação da PED (diarreia epi- ção aos 3,41 milhões de toneladas producidamente um cliente difícil, numa rela- dêmica suína) nos Estados Unidos não zidas em 2013. O aumento, embora ligeição marcada por sobressaltos, com su- trouxe impacto positivo para a exporta- ro, mostra uma tendência de recuperação cessivas suspensões de importações e ção de carne suína brasileira. A despei- do setor, que sofreu os efeitos da escassez dificuldade em habilitar novas plantas to da queda na produção interna nor- de milho, principal matéria-prima da rafrigoríficas para exportação, os russos te-americana, estimada em 5%, o país ção, em 2012. A elevação dos custos, na tornaram-se mais flexíveis na mesa de não precisou recorrer ao mercado ex- ocasião, levou os suinocultores a reduzir n negociações. De agosto do ano passado terno para atender sua demanda. “Com os plantéis.
18 Anuário DBO 2015
Mercado Mundial Renato Villela
Aves
Setor recupera-se e bate recorde Vendas externas somam 4,1 milhões de toneladas de carne de frango, aumento de 3% em relação a 2013.
A
Consumo aquecido _ Dentro de umento nas exportações Maiores volume e receita casa, 2014 se mostrou igualmene crescimento do consute favorável ao setor. A produção mo interno. À exceção do 2014 2013 Variação de carne de frango atingiu 12,6 câmbio, que reduziu a receita 12,65 12,3 2,8% Produção1 milhões de toneladas, número em dólares das vendas para o ex2 2,8% superior ao obtido em 2013. terior, o mercado avícola brasi4,1 3,9 3% Exportação O consumo per capita também leiro não tem do que se queixar 8,08 8,09 -0,2% Receita3 cresceu, de 41,8 para 43 quilos/ de 2014. A recuperação experihabitante por ano. Para Santin, a mentada em 2013 se consolidou 43 41,8 2,8% Consumo4 alta pode ser explicada pelo alto no ano passado. De acordo com (1) Em milhões de toneladas; (2) Em milhões de toneladas; (3) Em bilhões de dólares; investimento em campanhas pua Associação Brasileira de Pro(4) Consumo per capita. FONTE: ABPA blicitárias, que ‘“desmistificaram teína Animal (ABPA), entidade o conceito equivocado do uso de que uniu no ano passado os setores de aves e frangos, o Brasil fechou do 24,6%, num total de 202.600 tone- hormônio na criação de frangos”, além 2014 mantendo a dianteira mundial no ladas. Os principais destinos da carne do preço da carne bovina, que se mantemercado de exportações, com total de brasileira são Oriente Médio (1,37 mi- ve elevado o ano todo e dos eventos que 4,1 milhões de toneladas de carne de lhão de toneladas), Ásia (1,18 milhão marcaram o ano. “A Copa do Mundo e frango, montante 3% superior ao re- de toneladas) e África (516.300 tone- as eleições potencializaram o consumo gistrado em 2013. Em receita cambial, ladas). Para 2015, as perspectivas para da carne de frango”, informa. Apesar do a queda foi de 0,2% no acumulado de o mercado internacional continuam cenário promissor, Santin é prudente ao 2014, num total de US$ 8,08 bilhões. favoráveis. Há oito plantas aguardan- projetar 2015. Segundo ele, o preço dos Convertido em reais, no entanto, o sal- do liberação para exportar para a Chi- insumos está subindo, o que deve eleto é de R$ 19 bilhões, alta de 9%, o que na, o que deve acrescentar mais 50.000 var o custo de produção. A desvalorização da moeda frente ao dólar, por sua configura outro recorde histórico. vez, tende a reduzir as margens com a O crescimento das exportações Liderança do Brasil exportação. “Acredito que 2015 não será pode ser creditado a alguns aconteno mercado mundial de tão bom quanto foi 2014. Será um ano cimentos internacionais, como o emde cautela.” bargo imposto à Rússia pelos Estados carne de aves se consolida Unidos, pela União Europeia e pelo Canadá, que obrigou os russos a pro- toneladas por ano. O Brasil também Fusão de entidades _ A maior entidade curarem outros fornecedores de pro- conseguiu a abertura do mercado me- representativa do setor de proteína aniteína animal. A exportação para o país xicano, favorecido pelos surtos de in- mal no Brasil surgiu em março de 2014, cresceu 164,2% em 2014, totalizando fluenza aviária, que acometeram o país com a junção da Associação Brasileinos últimos anos. “É um mercado mui- ra da Indústria Produtora e Exportado124.900 toneladas. to atrativo”, informa Ricardo Santin, vi- ra de Carne Suína (Abipecs) e a União China – As vendas externas também ce-presidente de aves da ABPA. Segun- Brasileira de Avicultura (Ubabef). A Asforam impulsionadas pela habilita- do ele, a cota a que o Brasil terá direito sociação Brasileira de Proteína Animal ção, pela China, de cinco novas plan- a exportar para o México é de 300.000 (ABPA), presidida por Francisco Turra, foi criada “com o objetivo de fortalecer tas para exportação para o país asi- toneladas por ano. Diante de cenário tão favorável no os setores de aves e suínos no mercaático, contabilizando 29 no total, e a expansão do comércio para grandes mercado externo, o Brasil continua do interno e nas exportações”, diz. “São mercados, como Japão, Angola, Emi- como líder inconteste nas exportações cadeias com demandas similares sob rados Árabes Unidos e Filipinas, onde mundiais de carne de frango. Segun- vários aspectos, que contam com moo consumo interno é crescente. Na vi- do a ABPA e o Departamento de Agri- delos produtivos semelhantes. A ABPA zinha Venezuela, por exemplo, o con- cultura dos Estados Unidos (USDA), o nasce para dar mais força institucional sumo per capita de carne de frango Brasil exportou 4,1 milhões de tonela- à cadeia da proteína animal brasileira”, cresceu de 22 para 45 kg nos últimos das, seguido por Estados Unidos, com justifica Turra, que presidia a Ubabef. A 14 anos As exportações para o país 3,2 milhões de toneladas e União Euro- nova entidade tem 132 associados e representa um PIB de R$ 80 bilhões. n deram um salto em 2014, aumentan- peia, com 1,1 milhão de toneladas.
20 A nuário DBO 2015
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Balanço
Euforia na pecuária de corte Preços disparam em 2014, favorecendo todos os elos da cadeia.
N
o início de 2014, analistas do setor se perguntavam se seria possível um ano ainda melhor para a pecuária de corte do que foi 2013. Na ocasião, esperavam-se preços firmes para o boi gordo e animais de reposição, com tendência altista, como indicava o Anuário DBO de janeiro de 2014. De fato, os valores pagos aos pecuaristas abriram o ano em trajetória ascendente _ tendência que foi mantida até o último mês de 2014. Mas naquele momento ninguém seria capaz, talvez, de imaginar preços tão altos como os alcançados no decorrer do ano passado, sobretudo no segundo semestre, quando arroba do boi gordo bateu, em novembro, a casa dos R$ 145, em média, a prazo, em São Paulo, o maior valor nominal já registrado na história e mais de 25% acima do recorde de preço verificado em dezembro de 2013, de RS 115, segundo dados da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP. Ainda mais surpreendentes foram altas ocorridas no mercado de reposição, que, em termos percentuais, foram bem superiores aos aumentos do boi gordo. “Se o pecuarista não conseguiu fechar as contas em 2014, é porque teve problema climático (estiagem) ou algum problema ‘estrutural-financeiro’ sério em sua fazenda para ser resolvido”, diz o engenheiro agrônomo Alcides Torres, diretor da Scot Consultoria. Assim como em 2013, todos os elos da cadeia da carne bovina registraram ganhos em 2014, dos criadores aos frigoríficos, do atacado ao varejo, passando pelos setores de leilões e de produção de animais com genética superior. De maneira geral, a escassez de oferta, tanto de boi gordo quanto de animais de reposição, aliada a uma demanda extremamente forte pela carne bovina, dentro e fora do País, foi o principal componente do movimento altista no ano passado. Segundo Torres, pecuaristas que atuam no sistema de ciclo completo foram os que mais lucraram em 2014, pois, teoricamente, conseguiram se manter longe dos preços exorbitantes dos animais de reposição. Como o valor do boi subiu menos
Pecuária bovina de corte do Brasil em números Rebanho1 Abate1 Desfrute (%) Produção de carne2 Consumo interno2 Consumo per capita3 Exportações2 Importações2
2015* 206,5 46,1 22,3 10.270 8.345 40,82 1.987 61,5
2014* 207,6 47,5 22,9 10.588 8.816 43,48 1.846 74,5
2013* 211,8 48,2 22,8 10.760 9.020 44,87 1.794 53,9
2012 211,3 43,9 20,8 10.062 8.618 43,26 1.499 55,9
2011 212,8 40,9 19,2 9.337 8.046 40,91 1.326 35,0
2010 209,5 42,8 20,4 9.507 7.988 41,43 1.548 32,5
*Estimativas Scot Consultoria. (1) Em milhões de cabeças; (2) Em mil toneladas equivalente-carcaça. Obs: no item “Exportações” não estão incluídas as vendas de miúdos e tripas.; (3) kg/habitante/ano. Fontes: Scot Consultoria, com dados da Sexcex/MDIC, IBGE e Abiec.
do que o da reposição, houve perda do poder de compra dos recriadores e invernistas. Em dezembro de 2014, foram necessárias 7,8 arrobas para a aquisição de um bezerro desmamado, aumento de 10% (ou 0,7 arroba) sobre a relação de troca de dezembro de 2013, de 7,1@/bezerro. Nos preços médios de dezembro do ano passado, 0,7 arroba foi equivalente a R$ 101,20. Margens estreitas – Entre todos os segmentos da cadeia, apenas indústria e varejo tiveram estreitamento de margens, diante do aumento contínuo e expressivo do preço da matéria-prima. Ambos os segmentos foram obrigados a absorver parte da valorização do boi gordo. Mesmo assim, o saldo foi positivo para esses dois setores, haja vista o ritmo forte dos abates de bovinos, que se mantiveram em patamares elevados em 2014, embora ligeiramente inferiores ao recorde observado em 2013. Diante dos preços da carne bovina em alta, os consumidores deram preferência para os cortes mais baratos, de dianteiro, que, exatamente por isso, registraram, em termos percentuais, altas de preços mais expressivas que os cortes mais nobres (do traseiro). Estima-se que o consumo de carne bovina tenha ficado em torno 8,8 milhões de toneladas equivalente-carcaça, uma ligeira baixa de 2,2% sobre o resultado de 2013 (9 milhões de toneladas). As exportações brasileiras de carne bovina registra-
ram novo recorde em 2014, alcançando em torno 1,846 milhão de toneladas equivalente-carcaça (sem considerar miúdos e tripas), 3% acima do montante embarcado no ano anterior (1,794 milhão de toneladas) . Expectativa moderada – A oferta de bovinos continuará bastante restrita este ano, consequência do ritmo acelerado dos abates observados nos últimos anos. Embora os criadores tenham começado a segurar mais as suas matrizes nas fazendas, estimulados sobretudo pelos excelentes preços dos bezerros, analistas acreditam que essa maior retenção só surtirá efeito sobre a oferta de animais a partir de 2016 a 2017. Portanto, espera-se, para 2015, mais um ano de escassez de boiada, o que resultará em preços firmes ao longo do ano. No entanto, diante das fortes altas de 2014, especialistas acreditam que não haverá mais espaço para valorizações expressivas este ano. O sinal de alerta vem especialmente do lado do consumo. No fim de 2014, houve uma maior reação dos consumidores finais aos preços mais altos da carne bovina, o que fez estreitar ainda mais as margens no varejo e atacado. O comportamento atual da economia brasileira, de estagnação do PIB, taxa de juros em alta e inflação no topo da meta, contribui para a perda do poder de compra do consumidor, que começa a migrar com maior intensidade para proteínas mais baratas, sobretudo o frango. n Anuário DBO 2015 23
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Rebanho
Plantel de bovinos encolhe no País Previsões indicam reduções em 2014 e 2015, ainda como reflexo do abate excessivo de matrizes.
O
rebanho brasileiro de bovinos (de corte e leite) reduziu de tamanho em 2014 e vai encolher ainda mais em 2015, segundo estimativa da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, que utiliza a metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como parâmetro para as suas previsões anuais. Pelos últimos números oficiais do órgão governamental, apurados pela pesquisa Produção da Pecuária Municipal (PPM), o rebanho nacional de 2013 havia ficado em 211,8 milhões de cabeças (veja tabela), o que representou praticamente estabilidade em relação ao plantel verificado em 2012, de 211,3 milhões de animais. Os dados oficiais que vão apontar o tamanho do rebanho em 2014 só serão divulgados pelo IBGE no fim de 2015. Pelas projeções da Scot, o rebanho bovino recuou para 207,6 milhões de cabeças em 2014, o que significou uma baixa de 2% em relação ao número oficial de 2013 do IBGE. “Em 2015, a redução anual de plantel será um pouco mais expressiva, algo em torno de 3%, ou uma baixa de 1,1 milhão de cabeças”, prevê Hyberville Paulo D’Athayde Neto, analista da Scot, acrescentando que a consultoria projeta para o ano um rebanho de 206,5 milhões de animais. Segundo Neto, as estimativas de baixas contínuas no rebanho reflexem os níveis altos dos abates e, sobretudo, o forte movimento de descarte de matrizes, iniciado em 2010 e que perdurou com bastante intensidade até 2013. “Diante da expressiva alta nos preços de animais de reposição, o movimento de matança de fêmeas perdeu força em 2014, embora a participação de matrizes nos abates gerais ainda esteja em patamares elevados (veja balanço nas páginas seguintes)”, afirma o analista. Por região _ Pelos dados do IBGE, a Região Centro-Oeste continuou, em 2013, liderando com folga o ranking regional de produção de bovinos, com um plantel de 71,1 milhões de cabeças. No entanto, repetindo tendência observada desde 2011, no ano passado houve redução de quase 2% no rebanho do Centro-Oeste na compara-
24 Anuário DBO 2015
Rebanho bovino* Brasil Norte Pará Rondônia Tocantins Acre Amazonas Roraima Amapá Nordeste Bahia Maranhão Ceará Pernambuco Piauí Alagoas Sergipe Paraíba Rio Grande do Norte Sudeste Minas Gerais São Paulo Espírito Santo Rio de Janeiro Sul Rio Grande do Sul Paraná Santa Catarina Centro-Oeste Mato Grosso Mato Grosso do Sul Goiás Distrito Federal
2013 211.764.292 44.705.617 19.165.028 12.329.971 8.140.580 2.697.489 1.470.537 747.045 154.967 28.958.676 10.828.409 7.611.324 2.591.067 1.823.230 1.666.107 1.251.723 1.223.215 1.048.824 914.777 39.341.429 24.201.256 10.486.750 2.313.445 2.339.978 27.634.241 14.037.367 9.395.313 4.201.561 71.124.329 28.395.205 21.047.274 21.580.398 101.452
2012 211.279.082 43.815.346 18.605.051 12.218.437 8.082.336 2.634.467 1.445.739 689.491 142.825 28.244.899 10.250.975 7.490.942 2.714.713 1.895.642 1.689.926 1.221.266 1.156.157 967.067 858.211 39.206.257 23.965.914 10.757.383 2.285.345 2.197.615 27.627.551 14.140.654 9.413.937 4.072.960 72.385.029 28.740.802 21.498.382 22.045.776 100.069
*Rebanho de corte e de leite, em cabeças. Fonte: IBGE/Pesquisa Pecuária Municipal, dados disponíveis em dez./2014.
ção com 2012 (72,4 milhões de cabeças). Seguindo comportamento oposto, o plantel da Região Norte cresceu 2% em 2013, para 44,7 milhões de cabeças, ante 43,8 milhões de 2012. Foi o sexto aumento anual seguido do rebanho do Norte do País, em ascendência desde 2007, segundo o IBGE. No Nordeste, o rebanho também cresceu em 2013, para 28,9 milhões de cabeças, acréscimo de 2,5% sobre o plantel de 2012, de 28,2 milhões de cabeças. Nessa região, o rebanho voltou praticamente para os patamares registrados em 2008 (28,8 milhões
de cabeças). Nas Regiões Sul e Sudeste, os rebanhos ficaram praticamente estáveis em 2013 na comparação com 2012. No Sul, o plantel ficou em 27,6 milhões de cabeças, enquanto no Sudeste atingiu 39,3 milhões de animais. Por Estado _ Entre os Estados da Região Norte, destaque para o Pará, cujo rebanho cresceu 3% em 2013, para 19,1 milhões de cabeças _ foi o sexto aumento anual consecutivo do plantel paraense, de acordo com o IBGE. Ainda nesta mesma região, Rondônia e Tocantins também registraram acréscimo no número de cabeças bovinas, perfazendo um total de 12,3 milhões e 8,1 milhões de cabeças, respectivamente, com elevações em torno de 1% na comparação com os plantéis de 2012. No Nordeste, o maior destaque ficou para a Bahia, onde rebanho de bovinos alcançou 10,8 milhões de animais em 2013, quase 6% acima da quantidade verificada em 2012. Embora crescente, o rebanho baiano continua abaixo do pico verificado em 1992, quando o IBGE contabilizou 12,1 milhões de cabeças naquele Estado. Ainda no Nordeste, o Maranhão continua elevando, ano a ano, o seu rebanho _ alcançou 7,6 milhões de animais em 2013, quase 2% acima da quantidade registrada no ano anterior. No Centro-Oeste, o rebanho do Mato Grosso, Estado com o maior plantel bovino do Brasil, apresentou baixa de 1,2% em 2013, para 28,4 milhões de cabeças, repetindo o desempenho negativo de 2012, quando havia caído 2% em relação ao ano anterior. No Mato Grosso do Sul, houve queda de 2,1% em 2013, para R$ 21 milhões de cabeças _ foi o terceiro ano de queda seguida do plantel. Em Goiás, o plantel também recuou 2% em 2013, para 21,6 milhões de cabeças, porém o Estado conseguiu manter, no período, a sua posição de terceiro colocado em quantidade de cabeças bovinas, atrás de Minas Gerais (24,2 milhões de cabeças) e à frente do vizinho Mato Grosso do Sul, que permanece em quarto colocado no ranking do IBGE. n
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Abates
Ciclo de alta é quebrado
O
Previsões indicam retração no número de animais abatidos em 2014 e 2015
abate nacional de bovinos – bois, vacas, novilhos, novilhas, vitelos e vitelas – sofreu ligeira redução em 2014, quebrando um ciclo de dois anos seguidos de alta. Segundo estimativas da Scot Consultoria, foram levados ao gancho dos frigoríficos brasileiros 47,5 milhões de animais no ano passado, o que representou um recuo de 1,4% na comparação com 2013, quando foram abatidos 48,2 milhões de cabeças. Apesar da previsão de queda anual, os abates permaneceram em níveis elevados em 2014, o que mostra que as fortes e contínuas disparadas nos preços do boi gordo não inibiram a demanda por carne, que se manteve aquecida, tanto internamente quanto no mercado externo, dando continuidade a uma tendência de alto consumo verificada a partir de 2012. Portanto, diante de um mercado francamente comprador em 2014, a conclusão a que se chega é a de que frigoríficos, açougues e supermercados se viram obrigados a absorver parte da valorização da arroba do boi (veja mais informações sobre os preços nas págs. 28 a 30). Conforme números oficiais de abate do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que reúnem dados trimestrais somente de estabelecimentos sob inspeção sanitária, foram abatidos 25,37 milhões de bovinos entre janeiro e setembro de 2014 (últimos dados disponíveis até o fechamento deste Anuário), uma retração de 0,6% sobre o resultado recorde observado em igual período de 2013 (25,52 milhões de cabeças). No entanto, na comparação com os dados acumulados nos três primeiros trimestres de 2012 (22,93 milhões de cabeças) e de 2011 (21,45 milhões de animais), os abates computados no mesmo período representaram um expressivo aumento de 10,6% e 18,2%, respectivamente. Hyberville Neto, da Scot Consultoria, lembra que, embora tenha havido uma pequena queda na comparação anual, os abates oficiais registrados no acumulado de janeiro a setembro de 2014 ficaram bem próximos da quantidade recorde verificada em 2013 para o período (uma diferença de apenas 15.000 cabeças). “Ou seja, tivemos,
26 Anuário DBO 2015
no ano passado, o segundo maior volume de abates gerais desde que o IBGE passou a divulgar essa pesquisa trimestral, em 1997”. Participação de matrizes – Diante da disparada dos preços do boi gordo e valorizações ainda mais expressivas para animais de reposição, o movimento de descarte desenfreado de matrizes, intenso até 2013, perdeu o sentido em 2014. “Como descartar, aleatoriamente, fêmeas com potencial para gerar um bezerro com valor superior a R$ 1.100?”, indaga Neto, que cita como referência o preço médio de dezembro do animal desmamado, em São Paulo. No entanto, embora tenha havido redução da participação de fêmeas nos abates gerais em 2014, os pecuaristas continuaram enviando um número significativo de matrizes ao gancho, o que sugere que, mesmo diante dos preços estratosféricos do bezerro, o processo de reversão do movimento de descarte de fêmeas vem ocorrendo de maneira gradual.
“Ainda se mataram muitas vacas e novilhas no ano passado”, enfatiza o analista da Scot, citando os números oficias do IBGE: entre janeiro e setembro de 2014, 10,98 milhões de fêmeas foram enviadas às câmaras frias dos frigoríficos, número inferior ao recorde de 2013 para o mesmo período, de 11,19 milhões de fêmeas, mas bem acima da quantia computada em 2012 e 2011, de 9,91 milhões e 8,86 milhões de cabeças, respectivamente. “Historicamente, o número de fêmeas abatidas em 2014 só perde para o recorde de 2013”, avalia Neto. No período de janeiro a setembro de 2014, a participação de vacas no abate total de bovinos foi de 33,59%, apenas um pouco abaixo do percentual registrado em igual período de 2013, de 34,54%. Ao acrescentar os dados de abate das novilhas, a participação de fêmeas mortas em 2014, até setembro, sobe para 43,3%, pouco abaixo do percentual do mesmo período de 2013, de 43,9%. Para Maurício Palma Nogueira, sócio e
Evolução anual (em milhões de cabeças)
Total 1 Inspecionado Boi (peso@) Vaca (peso@)
20142 47,50 25,37 18,07 13,16
20133 48,20 34,41 18,03 13,18
20123 43,90 31,12 17,90 13,19
20113 40,90 28,82 17,81 12,99
(1) Abate total estimado pela Scot Consultoria; (2) Dados de 2014 preliminares até setembro, referentes aos abates inspecionados de bois, vacas, novilhas, vitelos e vitelas; (3) Dados anuais. Fontes: Pesquisa Trimestral de Abate, IBGE e FNPPC, elaboração: DBO.
coordenador da Divisão Pecuária da Agroconsult, de Florianópolis, SC, está ocorrendo um “descarte técnico de matrizes”, tendência crescente entre criadores bem informados, adeptos de tecnologias como a IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo). “Hoje, este pecuarista tem consciência de que não se deve reter vacas vazias na fazenda, que não emprenharam na estação de monta e não dão lucro.” Isso explica, em parte, o número alto de matrizes abatidas em 2014, mesmo diante de um cenário de preços recordes do bezerro. Segundo ele, o maior uso de tecnologias permite que vacas vazias sejam trocadas por novilhas precoces, que entram em idade reprodutiva a partir dos 24 meses, no caso de animais das raças zebuínas, e antes disso em se tratando de vacas com sangue europeu). Hoje, o criador tem mais fêmeas prontas capazes de substituir vacas improdutivas”, enfatiza. Para 2015 – Os abates totais de bovinos devem recuar mais um pouco, segundo previsão da Scot. São estimadas matanças em torno de 46,1 milhões de cabeças, 3% abai-
Porcentagem de vacas no abate mensal do Brasil
20141
2013
2012
2011
33,59%
33,21%
34,25%
33,63%
(1) Números de 2014 preliminares, considerando abates até setembro. Fonte: Pesquisa trimestral de abate inspecionados, IBGE, elaboração: DBO.
xo da estimativa esperada para 2014 (47,5 milhões de cabeças). Segundo Hyberville Neto, a escassez de oferta de garrotes e bois magros observada no ano passado, que serão os bois gordos de 2015, indica que a
venda de machos terminados será ainda mais restrita. Além disso, acredita que, em 2015, o processo de retenção de fêmeas será intensificado pelos criadores, a fim de aproveitar a fase de alta dos bezerros. n
Anuário DBO 2015
27
Mercado brasileiro Denis Cardoso – denis@revistadbo.com.br
Preços
Recordes consecutivos para o boi gordo Arroba bate R$ 145 em dezembro último, o maior valor real da história
C
om certeza, o ano de 2014 já entrou para história como um dos melhores para a pecuária brasileira de corte. O quadro atual é ainda mais favorável quando se lembra que 2013 já havia sido um ano muito bom para o pecuarista e demais elos da cadeia da carne bovina, conforme mostram as análises conjunturais publicadas pelo Anuário DBO de janeiro de 2014. Ou seja, são dois anos seguidos de bolso cheio para os quem vivem da atividade de corte, já que os custos da pecuária não subiram nas mesmas proporções (veja matéria nas págs 32 e 34). Os números levantados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP) mostram que o boi gordo subiu praticamente em todos os meses de 2014, perdendo um pouco de fôlego somente em maio, junho e julho, por causa da desova de boia-
Cotação média da arroba em SP¹ Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Média anual (R$) Média anual (US$) Média 1º semestre (R$) Média 2º semestre (R$) Média em 10 anos
2014 118,22 121,84 126,55 125,75 122,96 124,06 122,08 126,25 131,40 136,46 145,11 144,38 128,75 54,69 123,23 134,28 R$ 103,16
2013 107,11 107,22 107,37 109,15 106,98 107,03 110,25 109,51 113,51 114,78 113,74 117,55 110,35 51,25 107,48 113,22 US$ 51,99
( 1) Média ponderada dos preços de SP considerando quatro praças de SP: Araçatuba, S. J. Rio Preto, P. Prudente e Marília-Bauru. Valores a prazo deflacionados pelo IGP-M de dezembro de 2014. Fonte: Cepea/Esalq, elaboração DBO.
28 Anuário DBO 2015
das de final de safra. Iniciou-se o ano com a uma arroba do boi bastante firme, a R$ 118,22, a prazo, em São Paulo (valor mensal de janeiro, deflacionado pelo IGP-M de dezembro do ano passado), segundo o Cepea/Esalq (veja tabela). Oito meses depois, em agosto, o valor médio mensal da arroba já estava em R$ 126,06 (deflacionado) na praça paulista. De agosto em diante, uma verdadeira onda de euforia tomou conta do mercado de boi gordo, que passou a registrar seguidos recordes de alta nas cotações até atingir, em novembro, o seu pico de preço mensal, de R$ 145, 11/@, a prazo, em São Paulo, considerando valores deflacionados. Em termos reais, o preço mais alto de 2014 foi bem superior (23%) ao pico observado em dezembro de 2013, de R$ 117,55 (valor corrigido pela inflação). O movimento altista da arroba do boi foi puxado principalmente pela forte escassez de oferta de animais terminados, associada a um ritmo acelerado da demanda, tanto no mercado interno quanto externo.
A indústria frigorífica, mesmo diante do aumento do valor da matéria-prima, manteve os abates em patamares bastante elevados durante praticamente todos os meses do ano, absorvendo parte dos aumentos contínuos do preço do boi. Ou seja, a redução nas margens foi compensada pelo aumento da venda de carne bovina para dentro e fora do Brasil. Assim como na indústria, os mercados atacadistas e varejistas também foram obrigados a encurtar as suas margens, para garantir o escoamento da carne ao consumidor final. Considerando os valores médios de dezembro último, segundo dados do analista Alex Lopes, da Scot Consultoria, a cotação da arroba do boi gordo teve alta de 26,7%, enquanto, no mesmo período, a carne sem osso subiu 14,6% no atacado e 11,5% no varejo. Porém, na avaliação de diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres, açougues e supermercadistas não tiveram motivos para reclamar do setor em 2014, pois, mesmo com a redução de ganhos, as margens com a venda da carne bovina continuaram oscilando em patamares
Cotações médias mensais e anuais do boi¹
Médias anuais R$/arroba Campo Grande, MS
Goiânia, GO
Triângulo, MG
São Paulo**
2014
123,51
121,00
119,78
128,75
2013
104,73
100,75
101,81
110,35
*Valores a prazo corrigidos pelo IGP-M de dezembro de 2014. **SP: média ponderada dos preços de Araçatuba, S. J. Rio Preto, P. Prudente e MaríliaBauru; nas demais praças, média simples. Fonte: Cepea/Esalq, elaboração DBO.
bastante elevados, “acima de 55%”. Ainda de acordo com levantamento do Cepea/Esalq, na média dos 12 meses, o valor da arroba do boi gordo em 2014, corrigido pela inflação, ficou em R$ 128,75, com acréscimo de 17% sobre o preço médio anual de 2013 (R$ 110,35) e 25% acima do valor médio nos últimos dez anos, de R$ 103,16 (deflacionado). Destino do dinheiro – Embora os preços recebidos pelos pecuaristas tenham sido excelentes em 2015, isto não significa que tenha havido grandes investimentos no setor, observa Alcides Torres, o Scot. Segundo ele, muitos produtores que atuavam somente no sistema de cria, sobretudo aqueles com baixo uso de tecnologias,
não aproveitaram os aumentos de preços dos animais de reposição simplesmente porque já haviam saído da pecuária, liquidando os seus rebanhos de matrizes e migrando para outras atividades teoricamente consideradas mais rentáveis em época de “vacas magras”, como a produção de eucalipto e grãos. Além disso, continua o diretor da consultoria de Bebedouro, SP, o atual clima de incertezas em relação ao cenário macroeconômico do País ajuda a inibir investimentos em todos os setores, inclusive na pecuária de corte. “Sabe-se que um dos melhores combustíveis para enfrentar uma eventual crise econômica é ter reserva de dinheiro no caixa. Por isso, muitos pecuaristas optaram por não fazer investimentos altos em suas fazendas com receio de que haja uma piora do qua-
dro macroeconômico daqui para frente”, analista o diretor da Scot. 2015 ainda bom – Analistas preveem mais um ano de oferta enxuta no mercado do boi gordo, o que ajudará a manter os preços da arroba em patamares elevados em 2015, mas provavelmente sem valorizações expressivas, como as de 2014. “Acredito que a arroba do boi gordo deva oscilar ao redor de R$ 140/R$ 155”, estimativa de Scot, que espera uma maior “calmaria” por parte da demanda, pelo menos no que diz respeito ao mercado interno. Na sua avaliação, os aumentos excessivos de preços em 2014 e a própria conjuntura desfavorável da economia podem inibir o consumo de carne bovina, elevando a procura por outras proteínas, como o frango.
Bezerro rompe a barreira dos R$ 1.200 no MS
O
Reposição sobe mais que o boi gordo desfavorecendo relação de troca
ritmo de alta ditado pelo boi gordo influenciou os preços das categorias de reposição, que também subiram fortemente em 2014, com altas ainda mais significativas. A oferta escassa de animais jovens, reflexo do movimento de descarte de matrizes registrado nos últimos anos, foi o principal responsável pelas valorizações na reposição. Quanto mais jovem a categoria animal, maior foi o aumento ao longo do ano. Números levantados pela Scot Consultoria mostram que, entre janeiro e dezembro, na média dos Estados pesquisados pela consultoria, o bezerro, garrote e boi gordo, acumularam altas de 46,6%, 38,8% e 34,2%, respectivamente. No Mato Grosso do Sul, região de referência para atividade de cria, o animal desmamado atingiu, em dezembro último, o valor recorde de R$ 1.207,99 (valor deflacionado), o que significou aumento de 36% sobre o pico de preço de 2013, também observado em dezembro, de R$ 884,19 (corrigido pela inflação), segundo dados do Cepea/Esalq. Com exceção de junho, quando o valor do bezerro ficou praticamente estável em relação ao de maio, houve
altas contínuas nas cotações durante todos os meses de 2014. Assim como ocorreu com o mercado de boi gordo, as maiores altas no mercado de reposição foram registradas no segundo semestre do ano. O valor médio no período de julho a dezembro ficou em R$ 1.128 (corrigido pela inflação), na praça do Mato Grosso do Sul, um acréscimo de 30% sobre o valor de igual intervalo de 2013 (R$ 827,69). No primeiro semestre de 2014, a média de preço do bezerro foi de R$ 988,50, alta de 19,5% na comparação com o valor de igual período do ano anterior (R$ 827,69). Na média dos 12 meses de 2014, o preço deflacionado do animal desmamado ficou em R$ 1.058,25, o que representou valorização de 25% sobre a cotação anual de 2013 (R$ 846,76), de acordo com o Cepea/Esalq. Em relação ao valor médio dos últimos dez anos, de R$ 767,64 (deflacionado), o preço anual de 2014 representou um forte acréscimo de 38%. Nos demais Estados, assim como no Mato Grosso do Sul, os preços reais do bezerro desmamado ficaram acima de R$ 1.000/cabeça, na média anual, no ano passado. Na praça de Goiânia, a
Cotação média do bezerro em MS1 2014
2013
Janeiro
897,35
788,67
Fevereiro
926,58
794,92
Março
980,53
829,44
Abril
1.018,22
844,81
Maio
1.054,92
857,47
Junho
1.053,42
850,87
Julho
1.066,15
870,84
Agosto
1.079,14
863,25
Setembro
1.104,90
855,75
Outubro
1.111,15
855,85
Novembro
1.198,65
865,05
Dezembro
1.207,99
884,19
Médio anual (R$)
1.058,25
846,76
Média anual (US$)
449,79
393,19
Média 1º semestre (R$)
988,50
827,69
Média 2º semestre (R$)
1.128,00
865,82
Média em 10 anos R$ 767,64 (US$ 386,86) 1Média ponderada dos preços considerando as seguintes praças de MS: Campo Grande, Dourados,Três Lagoas, Cassilândia e Pantanal.Valores a prazo corrigidos pelo IGP-M de dezembro de 2014. Fonte: Cepea/Esalq, elaboração DBO.
Anuário DBO 2015
29
Mercado brasileiro Preços Cotações médias mensais e anuais do bezerro*
Observação: Em 2013, não houve cotação em dezembro para Goiânia, e em abril-maio-novembro para o Triângulo Mineiro. Em 2014, em Goiânia, não se registrou média de preço em janeiro-abril-maioagosto-novembro-dezembro.
Médias anuais R$/arroba Campo Grande, MS
Goiânia, GO
Triângulo, MG
São Paulo**
2014
1.054,75
1.038,77
1.021,28
1.044,15
2013
845,24
788,26
764,84
836,18
*Valores a prazo corrigidos pelo IGP-M de dezembro de 2014. **Média ponderada dos preços de Araçatuba, S. J. Rio Preto, P. Prudente e Marília-Bauru. Fonte: Cepea/Esalq, elaboração DBO.
cotação média foi de R$ 1.038,77, 32% acima do valor de 2013, de R$ 845,24. No Triângulo Mineiro ficou em R$ 1.021,28, com alta de 33,5% sobre o valor médio do ano anterior (R$ 764,84).
Relação de troca boi gordo/bezerro em 2013
SP¹
CG
GO
MG
SP1
2,10
2,08
2,11
2,15
CG
2,01
1,99
2,02
2,06
GO
1,97
1,95
1,98
2,01
MG
1,95
1,93
1,96
1,99
(1) Dados de SP consideram quatro praças: Araçatuba, S. J. Rio Preto, Presidente Prudente e Marília-Bauru. CG – Campo Grande, MS; GO – Goiânia, GO; MG – Triângulo Mineiro. É considerado um boi gordo de 16,5@. Fonte: Cepea/Esalq, elaboração DBO.
30 Anuário DBO 2015
Em São Paulo, o bezerro atingiu cotação média anual de R$ 1.044,15, 25% acima do valor de 2013, de R$ 836,18. Relação de troca – Como o preço do boi subiu menos que o da reposição para todas as categorias, houve perda do poder de compra por parte dos recriadores e invernistas. Segundo levantamento do Cepea/Esalq, que analisou 16 possibilidades de negociação em quatro praças de comercialização (ao lado), a pior situação de troca ocorreu em Minas Gerais, em negociação com invernistas de Minas Gerais – relação de 1,93 bezerro/boi. Na avaliação de Hyberville Neto, da Scot Consultoria, os recriadores e invernistas que pagaram mais caro pela reposição no ano passado precisam intensificar a produção desses animais, antecipando ao máximo o ganho de peso, para conseguir vendê-los ainda na fase alta do ciclo pecuário, que, segundo ele, pode perdurar até 2016. “É preciso tomar cuidado para que esses animais de reposição não se tornem um boi gordo com custo de produção alto numa fase de baixa do ciclo”, alerta. n
Mercado brasileiro Denis Cardoso – denis@revistadbo.com.br
Custos
Altos. Mas não ameaçadores. Aumentos da arroba nas principais regiões pecuárias superam elevação dos insumos
A
ssim como em 2013, as altas de preços da arroba do boi gordo em 2014 superaram os aumentos dos insumos na pecuária de corte, permitindo ganhos de margem ao pecuarista. Segundo análise realizada pelo Cepea/ Esalq, no acumulado de janeiro a novembro de 2014 (últimos dados disponíveis até o fechamento deste Anuário), o custo operacional efetivo (COE) – que compreende os gastos mensais com insumos, pagamento de salários e impostos – subiu 23,51%, em termos nominais, na “média Brasil” (ponderação dos sistemas produtivos em dez Estados brasileiros: GO, MG, MT, MS, PA, PR, RS, RO, SP e TO). Utilizando a mesma base de comparação, o valor da arroba do boi gordo registrou valorização nominal de 27,62%, ou seja, as gastos com insumos foram inferiores aos ganhos obtidos com a venda do boi gordo. Ainda de acordo com o estudo do Cepea/Esalq, o custo operacional total (COT), que considera o COE, além de depreciação de máquinas e instalações, teve alta de 19,69% no período de janeiro a novembro, taxa também inferior à variação da arroba. Entre os Estados brasileiros que registraram a maior relação custo-benefício, destacam-se o Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No primeiro, houve aumento de 32,38% no preço da arroba do boi gordo entre janeiro e novembro de 2014, para uma elevação, no mesmo intervalo de comparação, de 17,63% do COE e 14,50% do COT, uma diferença a favor do pecuarista de 14,75 pontos percentuais (em relação ao COE). No Mato Grosso do Sul, a arroba subiu 28,17%, enquanto o COE e o COT registraram acréscimos de 15,10% e 11,55%, respectivamente, uma diferença de 13,07 pontos percentuais. Por sua vez, as situações menos favoráveis aos pecuaristas, embora com margens finais positivas, foram verificadas nos Estados de Minas Gerais e Goiás. No primeiro, arroba do boi gordo re-
32 Anuário DBO 2015
Cotação da arroba sobe acima dos custos da pecuária de corte – em % Estados Goiás Minas Gerais Mato Grosso Mato Grosso do Sul Pará Paraná Rio Grande do Sul Rondônia São Paulo Tocantins Bahia Brasil4
COE¹ 26,45 26,85 17,63 15,10 28,25 15,74 8,16 21,55 23,56 28,10 22,01 23,51
COT² 23,91 21,17 14,50 11,55 24,19 13,47 7,99 18,02 19,99 22,53 18,04 19,69
Boi gordo³ 28,89 28,67 32,38 28,17 32,35 24,00 13,35 30,05 26,78 32,25 34,43 27,62
(1) Custo Operacional Efetivo: considera a variação nominal acumulada de janeiro a novembro/2014 nos preços pagos por insumos, salários e impostos relacionados à pecuária de corte. (2) Custo Operacional Total: abrange o COE e a depreciação de instalações, equipamentos e formação de pastagens. (3) Variação da cotação da arroba de janeiro a novembro de 2014, em reais. (4). Juntos, os Estados citados representam quase 79% do rebanho nacional. Fonte: Cepea/USP e CNA.
gistrou aumento de 28,67% no período de janeiro a novembro, para uma variação do COE de 26,85% em igual período, obtendo, assim, uma margem estreita de 1,8 ponto percentual. No caso de Goiás, o preço nominal da arroba subiu 28,89% no período, enquanto os custos (COE) tiveram aumento de 26,45%, uma pequena diferença de 2,44 pontos percentuais. Embora o cenário de custos nos últimos dois anos (2013 e 2014) seja positivo para o pecuarista, o mesmo não se pode dizer quando se faz um balanço de longo prazo. Segundo dados do Cepea/Esalq, nos últimos 11 anos, de 2004 a setembro de 2014, o COE acumulou forte alta de 164,58%; o COT, de 151,29%, enquan-
to a arroba do boi gordo teve elevação de 115,27% – frente ao COE, essa diferença chega, portanto, a quase 50 pontos percentuais. Entre os insumos que mais subiram entre 2004 a setembro/2014, estão a mão de obra e os suplementos minerais, com expressivos aumentos no período de 217,9% e 166,66%, respectivamente. Peso dos insumos - Entre os insumos relevantes com maior peso na produção de gado de corte, o item bezerro/ outros animais de reprodução foi o que registrou o maior avanço de participação em 2014 em relação ao ano anterior. Segundo tabela de custos divulga-
O que se comprou com o preço de um boi gordo¹ 2014 2013 Média de 2006 a 2014 Arame Liso Ovalado 1.000m 10,48 8,64 8,90 Calcário Dolomítico (tonelada a granel) 55,24 46,29 45,41 Vacina aftosa (dose) 1.360,90 1.325,15 1.240,85 Sal mineral 90g de P (sc 30kg) 41,89 37,40 38,37 Quantos bois gordos foram necessários para adquirir... Trator 4x2 e 4x4 – 65 CV e 75 CV 44,37 50,90 49,85 *Animal de 16,5@. Valores dos insumos à vista, em São Paulo. Preço do boi em São Paulo, a prazo, ponderado, não deflacionado. Fonte: Cepea/USP, elaboração DBO.
Mercado brasileiro Custos da pelo Cepea/Esalq, em novembro do ano passado, este item respondia por 50,8% do custo (COT), um avanço de quase 12 pontos percentuais em relação à situação verificada em novembro de 2013, quando o item representava 38,9% (veja tabela). No entanto, no geral, na comparação anual, houve redução de participação dos principais itens que compõem os custos da pecuária de corte, com destaque para suplementos minerais, mão de obra, construção civil, sementes forrageiras e adubos e corretivos. Segundo dados levantados pela Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, 2014 foi um ano de oportunidades para compra de adubos por parte dos pecuaristas, com quedas de preços do insumo no primeiro semestre e valorizações nos preços do boi. Entre janeiro e novembro do ano passado, foram negociadas 30,2 milhões de toneladas de fertilizantes, 5% acima do montante registrado no mesmo período do ano anterior. A expectativa para o fechamento de 2014 é de vendas ao redor de 32 milhões de toneladas, o que significaria um novo recorde na comercialização, ultrapassando o volume histórico de 2013, de 30,7 milhões de toneladas. Aliada à queda do adubo, a consultoria do interior paulista também destaca oportunidades de compras de sementes de capim, que também caíram de preço em 2014, o que pode estimular investimentos em pastagens. Segundo a Scot, o preço médio da semente de “braquiarão” (Marandu) gira atualmente em torno de R$ 9,20/kg, em São Paulo, quase 20% inferior ao valor de um ano atrás.
34 Anuário DBO 2015
O peso de cada item nos custos de produção da pecuária de corte – em %¹ 2014
2013
50,8
38,9
Suplementação mineral
9,5
11,4
Dieta
0,1
0,8
Adubos e corretivos
0,8
2,4
Sementes forrageiras
1,7
3,0
Máquinas agrícolas
4,9
4,1
Implementos agrícolas
1,0
1,4
Defensivos agrícolas
1,8
1,7
Medicamentos – vacinas
1,0
1,3
Medicamentos – controle parasitário
0,9
1,0
Medicamentos – antibióticos
0,2
0,3
Medicamentos em geral
0,1
0,1
Mão de obra
12,0
14,0
Construções civil
8,6
10,1
Outros (Energia, administrativo, utilitário)
6,7
9,6
Bezerro e outros animais de
reprodução2
(1) Situação em novembro de cada ano, referente aos principais insumos que compõem o COT – Custo Operacional Total. Média ponderada para GO, MT, MS, PA, RO, RS, MG, PR, TO e SP. (2) Indicador Bezerro Esalq/BM&Bovespa – MS. Fonte: Cepea/USP e CNA, adaptação DBO.
Troca por outros insumos – O aumento do preço de arroba do boi gordo no ano passado contribui para uma melhoria na relação de troca de outros insumos importantes para o pecuarista. Segundo dados do Cepea/Esalq, em 2014, o valor médio obtido por um boi gordo de 16,5@, a prazo, em São Paulo, permitiria a compra de 10,48 fardos de 1.000 metros de arame liso ovalado, ante 8,64 fardos em 2013. Com a venda do mesmo boi, seria possível adquirir 55,24 toneladas de calcário, ante 46,29 toneladas do ano anterior. No caso de compra de vacina contra
aftosa, o produtor levaria para a fazenda 1.360,90 doses do medicamento no ano passado, troca superior à realizada em 2013 (aquisição de 1.325,15 doses). O Cepea/Esalq também aponta melhoria na relação de troca boi gordo/sal mineral e maquinário/boi gordo. No primeiro item, seria possível comprar 41,89 sacos de 30 kg no ano passado, ante 37,40 sacos em 2013. No caso do maquinário, em 2014, seriam necessários 44,37 bois gordos para a aquisição de um trator 4x2/4x4 - 65 CV/75 CV, ante 50,90 cabeças em 2013. n
Mercado brasileiro Confinamento
Maristela Franco – maristela@revistadbo.com.br
Entre incertezas e surpresas Ano foi de boa rentabilidade, mas escassez e alta do boi magro dificultaram expansão da atividade.
O
ano de 2014 foi um dos mais rentáveis para a engorda intensiva nos últimos dez anos. Favorecidos pela alta da arroba, os produtores obtiveram lucro de R$ 200 a R$ 500 por cabeça, dependendo do projeto e do seu nível de eficiência operacional. Mesmo assim, a atividade não cresceu como se esperava. Segundo a Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), foram tratados a cocho, no Brasil, 4,16 milhões de cabeças, em contraste com 4 milhões no ano anterior, um aumento de apenas 4%, bem inferior aos 25% previstos pela entidade no começo de 2014. O levantamento de campo realizado por técnicos da empresa de nutrição animal Tortuga DSM também registrou percentual semelhante (3,6%), totalizando 4,25 milhões de animais confinados, ante 4,1 milhões constatados pela empresa em 2013. Já a consultoria catarinense Agroconsult projetou um número levemente maior: 4,66 milhões de cabeças, em contraste com 4,38 milhões do ano anterior (crescimento de 6,3%). Essa diferença em relação aos demais levantamentos, porém, é em razão do fato de que a empresa trabalha com um conceito mais amplo de “engorda intensiva”, que considera tanto os confinamentos tradicionais quanto a suplementação a pasto em proporções superiores a 2% do peso vivo. A Agroconsult não sabe dizer quantos animais foram engordados pelo sistema convencional e quantos no chamado “novo semi”, mas já está adaptando sua metodologia para diferenciá-los. Esse número é preliminar e será revisado em junho.
Incremento – A pesquisa feita pela Minerva Foods em seis dos sete Estados em que atua (São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia, Minas Gerais e Tocantins) também registrou alta no número de animais engordados no cocho. “Em 2014, os produtores que contatamos por telefone disseram ter confinado 2,304 milhões, em contraste com 2,123 milhões em 2013, um incremento de 8,5%”, explica José Amaral, gerente de Inteligência de
36 Anuário DBO 2015
Mercado do Minerva. Como a pesquisa da empresa é parcial, não incluindo Estados como Mato Grosso, que apresentou queda de 12,9% no número de animais confinados segundo o Imea (Instituto MatoGrossense de Economia Agropecuária), é natural que ela tenha registrado um avanço maior da atividade, porém também dentro de padrões moderados. Percepção de risco – A explicação para o confinamento ter crescido no País abaixo da expectativa inicial de 20% foi a insegurança dos produtores, no primeiro semestre, em relação ao comportamento da arroba, associada à falta de animais magros para engorda a preços atrativos.
Estimativas variam entre 4,1 milhões e 4,3 milhões de cabeças terminadas no cocho No início do ano, o mercado futuro não sinalizava alta nos meses de maior desova dos confinamentos (outubro/novembro), o que deixou muitos produtores com um pé atrás. Para piorar a situação, o mercado de reposição iniciou o ano superaquecido. O preço do bezerro saiu de R$ 869,07, em janeiro, no Estado de São Paulo, para R$ 1.011,83 em abril, conforme levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP). “Esse cenário comercial controverso intensificou a sensação de risco entre os confinadores, causando certa inércia na tomada de decisões”, salienta Marcela Luiza Moura, coordenadora de Inteligência de Mercado do Minerva. Muitos produtores revisaram suas metas para o primeiro giro. “Ficaram com medo de amargar prejuízos, já que a reposição representa de 70% a 80% dos custos da atividade”, acrescenta Marcos Baruselli, coordenador nacional de Bovinos de Corte e Confinamento da DSM Tortuga, empresa que atendeu 1,45 milhão de bovinos terminados a cocho no ano passado.
Quem adotou essa estratégia preventiva, contudo, foi surpreendido pela alta do preço da arroba. A partir de agosto, ele não parou mais de subir, até atingir a média de R$ 143,10 em novembro, o valor mais alto da série de cotações deflacionadas do Cepea em seus 20 anos de existência. A cotação anual elevou-se em 25,3%, segundo a instituição. Simultaneamente, os preços dos insumos caíram. “Estimamos que os custos alimentares com dietas típicas à base de milho tenham se reduzido em 15% ou 20% no segundo semestre”, informa Bruno Andrade, gerente executivo da Assocon. Quem não pôde aproveitar essa oportunidade comercial procurou produzir carcaças mais pesadas. Quem pôde fez um segundo giro reforçado. Isso evitou que o número de bovinos confinados caísse em 2014. Com custo/benefício favorável, muitos confinadores continuaram engordando animais em dezembro e janeiro. Somente no Mato Grosso, os bons ventos do segundo semestre foram insuficientes para evitar queda no número de animais arraçoados, fenômeno que se verificou principalmente nos grandes projetos, que tiveram dificuldade para captar bois magros. Verificou-se também, nesse Estado, uma migração de animais para o sistema intensivo a pasto (“novo semi”). Ótimo retorno – Para Hudson Castro, gerente nacional de Negócios de Bovinos de Corte da empresa de nutrição animal Nutron/Cargill, 2014 foi um ano de incertezas, mas também de boas surpresas. “O confinador obteve um dos melhores resultados financeiros dos últimos tempos. Quem apostou forte na atividade teve motivos para comemorar. Pena que o cenário inicial confuso tenha atrapalhado o primeiro giro”, lamenta. “A expectativa de que a engorda intensiva começasse mais cedo não se confirmou, por causa de questões comerciais e do prolongamento da estação chuvosa em alguns Estados, como o
10 ENCONTRO 0
CONFINAMENTO gestão técnica e econômica
ESTRATÉGIA TECNOLOGIA COMPETITIVIDADE LUCRATIVIDADE
O CAMINHO CERTO PARA A PECUÁRIA COMPETITIVA. DE 3 A 5 DE MARÇO DE 2015, NO HOTEL JP, EM RIBEIRÃO PRETO-SP. DIA 6 DE MARÇO, DIA DE CAMPO, NA FAZENDA SANTA HELENA, EM ALTINÓPOLIS-SP. PRÉ-CONFERÊNCIA (GRATUITA): 18 A 21@ EM 24 MESES: QUANTO O CONFINAMENTO DEPENDE DO PASTO?
PAINEL INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
PAINEL ECONOMIA E MERCADO
PAINEL GESTÃO E MANEJO
Desempenho do nascimento ao abate: quanto se deve à matriz? Nutrição pós desmama - enfrentando a primeira seca e preparando o desempenho das águas. Ganho Compensatório X Ganho de Carcaça. Planejar para crescer - demonstração do software Ciclo.
Perspectivas para o mercado de grãos e boi gordo em 2015. Do confinamento ao prato: tendências e desafios da carne bovina. Como o mercado futuro pode alavancar os lucros do confinamento? Quanto custa a ociosidade no confinamento?
AMP feed, um novo ingrediente para dietas de bovinos de corte e suas aplicações. Fatores que influenciam o melhor uso de amido na nutrição de bovinos confinados. Impacto das micotoxinas nos resultados zootécnicos e econômicos do confinamento. Como recriar bezerros em confinamento?
Como transformar o esterco em fertilizante organomineral na propriedade? Fibra efetiva e o desafio de formular dietas de alta energia. Terminação de fêmeas de descarte: riscos e oportunidades. Estudo de caso (Fazenda Santa Maria): Inserção do confinamento no sistema de recria e engorda. Melhor decisão para dias de cocho.
MESA REDONDA: CENÁRIO, TENDÊNCIAS E MUDANÇAS ESTRUTURAIS NA PECUÁRIA DE CORTE E SEUS IMPACTOS NAS PERSPECTIVAS DA CADEIA PRODUTIVA DE CARNE BOVINA. APOIO:
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Mercado brasileiro Confinamento Mato Grosso”, lembra Castro, ressaltando que a empresa foi responsável pelo arraçoamento de 1,1 milhão de animais em 2014, 20% a mais do que em 2013. Retorno ótimo _ Alex Santos Lopes, da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, também destaca os bons resultados do confinamento no ano passado. “Muitos produtores tiveram retorno de 15% sobre o capital investido”, afirma. Maurício Palma Nogueira, analista da Agroconsult, reforça essa visão. Segundo ele, em valores reais, corrigidos pelo IGP-DI, o lucro médio obtido pelos confinadores no ano passado foi o mais alto desde 2001 e 4,8 vezes superior ao de 2013. Subiu de R$ 6,12 para R$ 29,47 por arroba engordada no cocho. Mesmo os boitéis, que costumam trabalhar com margens apertadas, tiveram bom lucro, embora não tenham conseguido lotar suas instalações em algumas regiões. Segundo Fernando Saltão, diretor dos con-
38 Anuário DBO 2015
finamentos do Grupo JBS, que prestam serviços para terceiros, faltou boi para engorda, o que elevou os custos fixos operacionais e prejudicou o ganho em escala desses projetos. O número de animais alojados nas instalações da empresa caiu de 228.742 cabeças em 2013, para 160.342, em 2014. “Foi um ano bom para o dono do boi”, salientou. Apesar de ter entregado dois confinamentos que arrendava em São Paulo (Pereira Barreto e Guapiaçu), a Marfrig Foods se manteve firme na atividade, ampliando suas instalações próprias em Porto Feliz (SP), Mineiros (GO) e Campo Novo do Parecis (MT). Segundo José Pedro Crespo, diretor de Confinamento e Compra de Gado, a aposta maior agora está nas parcerias com confinadores próximos das unidades de abate da empresa, seja para prestação de serviços, seja para formalização de contratos de fornecimento. Boas perspectivas – A percepção das fontes ouvidas pelo Anuário DBO é
a de que 2015 será um ano favorável à atividade, com a arroba valorizada e insumos a preços acessíveis, porém o boi magro continua assustando. “Ainda é muito cedo para fazer previsões, mas podemos dizer que o número de animais terminados em confinamento ou em sistema de alta suplementação a pasto (mais de 2% do peso vivo) vai aumentar em 2015. O que for possível fechar operacionalmente será fechado”, diz Maurício Nogueira, da Agroconsult. Bruno Andrade, da Assocon, também é cauteloso quanto a números, mas aposta na expansão da atividade. “Todo ano ela aumenta um pouco, por causa da intensificação da pecuária”, ressalta. Espera-se um crescimento mais forte em Estados “emergentes” no uso de tecnologias, como Bahia, Tocantins e Minas Gerais. Neste último, o confinamento deslanchou no ano passado (cresceu 7%, segundo a Assocon, e 43%, segundo pesquisa do Minerva). n
Mercado brasileiro Fernando Yassu – yassu@revistadbo.com.br
Bolsa de futuros
Alta do boi não estimulou seguro de preço Negócios na BM&FBovespa fecharam 2014 com queda de 4,3%
M
esmo com a alta da arroba em 26% em São Paulo e das sucessivas quebras de recordes em valores nominais em 2014, os negócios a futuro com boi gordo na Bolsa de Mercadorias e Futuro (BM&FBovespa) não foram bem, fechando o ano com queda de 4,3% na comparação com 2013. Entre os negócios a futuro e negócios no mercado de opções, foram negociados um milhão de contratos, o equivalente a 20,3 milhões de bois. Em 2013, foram negociados 1,064 milhão de contratos, o equivalente a 21,2 milhões de bovinos. Foi o pior resultado dos últimos cinco anos e dos últimos sete ganha apenas do resultado de 2009, quando o mundo digeria a crise financeira iniciada nos Estados Unidos em setembro de 2008. Naquele ano, foram negociados 896.000 contratos, o equivalente a 17,9 milhões de bois gordos, quase a metade do recorde registrado um ano antes, o melhor da história com bois gordos na BM&FBovespa. Em 2008, foram negociados 1,7 milhão de contratos, o equivalente a 34 milhões de bois gordos. Em 2014, o maior tombo nos negócios efetuado foi com a modalidade tradicional, cujos contratos caíram 5,7%, de 863.000 para 813.000. No mercado de opções, houve crescimento de 2%, de 200.700 contratos para 205.000. Qual a diferença entre o negócio a futuro tradicional e o do mercado de opções? No primeiro caso, o comprador – que pode ser um frigorífico ou um especulador, com cadastro aprovado na BM&FBovespa – autoriza a sua corretora a negociar determinada quantidade de contrato para liquidar em um determinado mês por um deteminado valor. Por exemplo, 1.000 contratos, para liquidação em agosto a R$ 140. No mesmo pregão, outra corretora – representando um vendedor, que pode ser um pecuarista ou um especulador, também cadastrado na BM&FBovespa
40 Anuário DBO 2015
Apesar da forte alta da arroba, negócios a futuro do boi gordo registraram queda em 2014 Ano/contrato Meses
2014
2013
2012
2011
2010
Janeiro
81.904
56.475
55.138
61.105
72.229
Fevereiro
101.962
40.526
50.430
62.311
62.696
Março
91.229
57.483
79.192
63.750
101.781
Abril
74.866
74.468
78.634
76.945
104.642
Maio
66.045
109.823
90.494
112.866
78.966
Junho
70.307
85.559
83.332
99.084
55.515
Julho
76.045
109.823
131.817
124.623
86.154
Agosto
81.280
120.892
109.384
124.299
140.230
Setembro
82.669
143.033
119.094
116.410
155.460
Outubro
118.865
166.238
128.442
85.256
228.082
Novembro
80.881
80.429
72.643
160.824
187.878
Dezembro
63.631
63.951
59.654
82.627
78.836
Total
1.018.069
1.063.850
1.058.254
1.170.100
1.352.469
Equivalência/boi
20.361.380
21.277.000
21.165.080
23.402.000
27.049.380
Fonte: BM&F/Bovespa. (!) Inclui contrato futuro e mercado de opções.
– considera a oferta boa e fecha o contrato, atendendo parte ou o total da demanda do comprador. Na data da liquidação, o preço da arroba no mercado físico atinge R$ 135. O que faz o vendedor? Ele recebe a diferença de R$ 5 do comprador do seu contrato por arroba vendida a futuro(cada contrato equivale a 20 bois de 16,5 arrobas, perfazendo, assim, um total de 330 arrobas) e vende a boiada para o frigorífico por R$ 135. Vamos supor outra hipótese para o mesmo contrato: a arroba do boi atinge R$ 145 no mercado físico na data da liquidação. Neste caso, o vendedor é quem paga a diferença de R$ 5 por arroba, mas, de outro lado, vende a boiada para o frigorífico R$ 145 por arroba. Nos dois casos, o comprador pagou R$ 140 e o vendedor recebeu R$ 140 por arroba. É por essa razão que o ne-
gócio a futuro é considerado um seguro de preço. Ou seja, se negociou a futuro a boiada por R$ 140, o pecuarista que tem boi recebe, com arroba acima ou abaixo desse valor, os R$ 140, menos as despesas para negociar na BM&FBovespa. Qual a vantagem? É ter uma previsibilidade de receita anual. Muita gente prefere fazer hedge (seguro de preço), vendendo a metade da produção a futuro e metade no mercado físico. Neste caso, o pecuarista faz seguro de preço a futuro mas também especula no mercado físico e trabalha com uma margem para a receita para mais ou para menos de um determinado patamar. No exemplo acima, ele, vendendo a futuro a R$ 140, receberia R$ 137,50 no caso da arroba a R$ 135 no mercado físico e R$ 142,50 no caso da arroba a R$ 145. O problema dos negócios a futuro
Comportamento do mercado futuro ao longo de 2014 na BM&FBovespa* Meses de liquidação Datas dos ofertas
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
31/12/13 112,45 111,2 109,71 108,7 109,1
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
31/1/14
-
116,8 115,98 115,76 115,25 116,31
28/2
-
-
31/3
-
-
-
30/4
-
-
-
-
30/5
-
-
-
-
-
30/6
-
-
-
-
-
-
30/7
-
-
-
-
-
-
-
29/8
-
-
-
-
-
-
-
-
122 119,75 118,1 119,26 119 122,82 123,12 124,54 125,75 124,74 121,96 117,02 118,5 118,7 119,36 120,18 121,08 121,87 120,9 119,3 119,62 120 120,77 121,59 122,46 123,23 122,22 122,55 124
124,5 125,54 126,44 127,71 126,64
122,71 123,74 124,83 125,98 127 125,92 119,5 121,14 123,25 124,82 124,71 129,34 130,23 130
30/9
-
-
-
-
-
-
-
-
-
31/10
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
28/11
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
129,6
130,63 131,77 132,98 143,55 144,85 -
145,92
Fonte: BM&FBovespa. Preços em R$
Comportamento do Indicador do Boi Gordo do Cepea ao longo de 2014 em São Paulo Datas de liquidação de contratos negociados a futuro na BM&FBovespa 30/1 28/2 31/3 30/4 30/5 30/6 30/7 28/8 30/9 31/10 28/11 29/12 Preço à vista* 114,61 120,21 126,53 124,1 120,56 121,21 118,55 126,78 128,94 138,77 145,00 144,80 (*) Média dos últimos cinco dias úteis do mês no mercado físico do boi gordo em São Paulo. Os valores são usados na liquidação dos contratos negociados a futuro na BM&FBovespa. l
são os ajustes diários. E é para fugir dessa movimentação financeira que muitos preferem o mercado de opções. Neste último, o comprador ou vendedor pode desistir do negócio acertado, que, no jargão da BM&FBovespa, é “não exercer a opção”. Para isso, precisa pagar prêmio (ou multa), cujo valor é estipulado de comum acordo entre as partes. Em 2014, apenas 40 mil contratos, dos 204 mil fechados, exerceram a opção. As causas – Como explicar poucos negócios a futuro num ano de preço recorde da arroba do boi? Simples: ao longo de 2014, praticamente não houve diferença de preço entre a oferta no mercado físico e a do mercado futuro. Pior: houve situações em que as ofertas a futuro estavam abaixo das do mercado físico no mesmo pregão da BM&FBovespa. Pegue-se o pregão de 31 de março. O
Indicador Boi Gordo do Cepea – usado para a liquidação dos contratos negociados na BM&FBovespa – apontou média de R$ 126,53 no mercado físico de São Paulo. Naquele mesmo pregão, a maior oferta para o pico da entressafra (novembro) foi de R$ 121,87. Nas tabelas publicadas nesta matéria fica fácil entender as dificuldades que os vendedores de contrato, normalmente os confinadores, tiveram para decidir o que fazer em 2014. Sem poder travar os preços a futuro, muitos terminadores ficaram inseguros em tratar a boiada no cocho. Não por outra razão a engorda confinada patinou em 2014, mal passando de 4 milhões de cabeças, como no ano anterior. Além de não conseguir travar o preço a futuro, o confinador enfrentou outro problema – o estouro no preço do boi magro (veja mais em reportagem à pág. 36). n Anuário DBO 2015
41
Mercado brasileiro Mônica Costa – monica@revistadbo.com.br
Saúde animal
A um passo da erradicação País avança no combate à febre aftosa. Cresce também o controle da tuberculose e da brucelose.
F
alta pouco para que o Brasil alcance o título de “País Livre de Aftosa”, enfermidade viral que causa perda de peso e prejuízos financeiros à produção de bovinos e outros animais e um grande impedimento à expansão das exportações de proteína animal para vários mercados nobres. Em 2014, os Estados de Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e norte do Pará receberam o reconhecimento internacional de áreas livres de aftosa, com vacinação, pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Com a certificação, o Brasil passou a contar com 99% do rebanho de bovinos e bubalinos situados em regiões livres da doença (77,2% do território nacional) e ganhou mais força para negociar a proteína animal no comércio internacional. Agora, todos os olhos estão voltados
para a região ao norte da Amazônia Legal _ Amapá, Roraima, parte do Amazonas e as duas zonas de proteção, a zona 1, localizada ao norte do Arquipélago do Marajó, no Pará, e a zona 2, na divisa entre o Pará e o Amazonas. A região, que representa os 23% faltantes do território nacional e agrega cerca de 3 milhões de cabeças, ou 1% do rebanho total, recebeu investimentos de quase R$ 5 milhões entre 2013 e 2014. Conforme o Departamento de Saúde Animal (DSA) do Ministério da Agricultura (Mapa) , a pasta transferiu R$ 4,4 milhões para os serviços veterinários oficiais da zona não livre de aftosa para reestruturação de seus serviços veterinários oficiais e ações de saúde animal. Além disso, foram aplicados diretamente pelas Superintendências Federais de Agricultura dos quatro Estados que compõem a mesma zona mais
Status sanitário do Brasil em 2014
Zona livre de febre aftosa com vacinação – reconhecimento OIE Zona livre de febre aftosa sem vacinação – reconhecimento OIE Risco Médio (BR-3) Alto Risco (BR-4)
Fonte: Mapa.
42 Anuário DBO 2015
R$ 540.000 em ações de custeio dirigidas à erradicação da doença. Apesar do esforço, apenas Roraima conseguiu alterar o status sanitário de alto para médio risco. “Estamos buscando as melhorias técnicas e estruturas ainda necessárias nos serviços veterinários do Amazonas, Amapá e Roraima, para que esses Estados continuem avançando em seu status sanitário e alcancem a condição de livre de febre aftosa, com vacinação ainda este ano”, assegura Plínio Leite Lopes, responsável pela Coordenação de Febre Aftosa do DSA/Mapa. Estudo – Segundo Lopes, um estudo soroepidemiológico será realizado para avaliação da circulação do vírus da aftosa em toda zona ainda não reconhecida como livre da enfermidade, contemplando os Estados do AM, AP, parte do PA (zonas de proteção) e RR e deve ser concluído ainda no primeiro semestre de 2015. “Esse estudo é peça fundamental no processo de erradicação da doença do território nacional e no possível reconhecimento de zona livre”, explica. Se os resultados forem positivos, o Mapa dará início às auditorias, que vão confirmar a condição estrutural e técnica satisfatória dos serviços veterinários oficiais dos Estados do Amazonas, Amapá e Roraima. “Com essas condições, será possível o reconhecimento nacional pelo Ministério da Agricultura. Em seguida, será encaminhado pleito à OIE, buscando o reconhecimento internacional em maio de 2016”, estima. “O processo de erradicação da aftosa está caminhando bem, mas é preciso ficar atento aos países vizinhos”, alerta Sebastião Guedes, vice-presidente de Relações Internacionas do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC). Guedes lembra que o Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa ) prevê a erradicação da doença na América do Sul até 2020. “É importante sustentar o trabalho do Panaftosa, mantendo o apoio técnico aos países com problemas como o Equador, que recebeu US$ 400.000 do Brasil e conseguiu avançar no controle da doença. Além de
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Indústria, pecuarista e toda cadeia produtiva conectados por uma carne de qualidade superior. A “Conexão JBS” representa um elo que conecta você pecuarista com o mundo, seus fornecedores, os consumidores e toda cadeia produtiva da carne para nutrir relacionamentos saudáveis, validar bons trabalhos e elevar a rentabilidade dos produtores e a qualidade da carne. Participe desse movimento que distribui a qualidade que vem do campo, estamos Juntos por um Boi de Sucesso.
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Mercado brasileiro Saúde animal exigir transparência de países como Bolívia e Venezuela.” Segundo Guedes, além do Chile, que já conquistou o título de nação livre de aftosa, Peru, Uruguai e Argentina também estão próximos da erradicação. Brucelose e tuberculose – O controle de brucelose e tuberculose bovina também avança no território nacional. De acordo com o DSA/Mapa, em 2014 mais 1.208 propriedades receberam certificação como livres das doenças, somando um total de 3.296 fazendas no Brasil. Com base nos resultados de estudos epidemiológicos em cinco Estados, o índice de prevalência vacinal manteve-se entre 0,12% e 1,2% de animais positivos e de 1,3 a 8% de focos (propriedades com pelo menos dois animais positivos). “A erradicação de doenças crônicas, como a brucelose e a tuberculose, mesmo com baixa prevalência, é um processo de longo prazo. Por enquanto, apenas Santa Catarina e Mato Grosso instituíram programas de erradicação”, informa Denise Eu-
44 Anuário DBO 2015
clydes, coordenadora-geral de Combate às Doenças (CGCD) do Mapa. O avanço na certificação é resultado de maior controle e fiscalização das Secretarias Estaduais de Agricultura de todo o País, que encomendaram mais antígenos para diagnosticar seus rebanhos. Em 2014, foram produzidos cerca de 7,5 milhões de kits para análises de bovinos. O volume está cada vez mais próximo da meta do Ministério da Agricultura, que é a produção de mais de 11 milhões de doses, estratégicas para o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT). “A produção nacional ainda é insuficiente para atender às necessidades crescentes, em razão das novas adesões dos Estados ao PNCEBT”, afirma Ricardo Spacagna Jordão, médico veterinário responsável pela produção de imunobiológicos no Instituto Biológico, vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo, na capital paulista, e que atende, junto com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), de Curitiba, PR, a demanda nacional pelo antígeno. Em São Paulo, o IB registrou recorde pelo quinto ano consecutivo e chegou à produção de 3,7 milhões de doses, aumento de 34% em relação a 2013. “Com essa produção, é possível diagnosticar 1 milhão de animais a mais do que no ano anterior”, afirma Jordão. Nos anos anteriores, o aumento médio foi de 7%. Cada laboratório produz cerca de 50% do total, por isso, estima-se que 7,5 milhões de bovinos tenham sido submetidos aos testes de diagnósticos, já que as doses são individuais. Para a brucelose, são avaliadas as fêmeas com idade igual ou superior a 24 meses, desde que vacinadas entre 3 e 8 meses, e em machos e fêmeas não vacinadas, a partir dos 8 meses de idade. Para tuberculose, todos os animais com idade igual ou superior a seis semanas são submetidos ao teste. n
Meio Ambiente Tânia Rabello
Legislação
Aos poucos, produtor adere ao CAR. Um terço da área total em posse de proprietários rurais já fez o cadastro ambiental
O
Cadastro Ambiental Rural (CAR) finalmente foi “destravado” em 2014 e, desde o dia 6 de maio, os proprietários rurais de todo o País passaram a ser obrigados a preenchê-lo, fazendo uma espécie de inventário ambiental da propriedade, discriminando, no mapa por satélite, o que é área de Reserva Legal, o que é Área de Proteção Permanente, áreas de benfeitorias e área de produção. O prazo para preenchimento se encerra em 6 de maio deste ano, com a possibilidade, prevista na própria lei que criou o CAR – a do Código Florestal, Lei Federal 12.651, de 25 de maio de 2012 –, de prorrogação por mais um ano. Segundo os dados mais recentes do Ministério do Meio Ambiente (MMA), até janeiro de 2015, um total de 550.000 cadastros já havia sido feito, o que perfazia 130 milhões de hectares, num universo de 329 milhões de hectares de propriedades a serem cadastradas. “Trata-se 40% da área”, informa, otimista, o diretor de Fomento do Serviço Florestal Brasileiro – subordinado ao MMA –, Raimundo Deusdará. Segundo o Censo Agropecuário de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o País possui 329 milhões de hectares em mãos de 5,2 milhões de proprietários rurais. Sicar _ Além disso, a maior parte dos Estados que têm sistemas próprios de preenchimento do CAR se integraram ao Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural, o Sicar. São, no total, segundo o MMA, nove Estados com sistemas próprios: Acre, Rondônia, Pará, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Destes, São Paulo, Minas, Bahia, Tocantins e Mato Grosso já se integraram; Rondônia, Pará e Espírito Santo estão em processo de integração e apenas Mato Grosso do Sul ainda não iniciou seu processo, “apesar dos esforços do Serviço Florestal Brasileiro”, diz Deusdará. Embora na própria lei que efetivou o CAR haja a previsão de prorrogação do prazo, Deusdará é enfático: “Nós não estamos trabalhando com essa hipótese. O prazo fi-
nal é maio deste ano”. O preenchimento do cadastro em si, segundo o assessor da Diretoria de Fomento do Serviço Florestal Brasileiro do MMA, Ângelo Ramalho, não tem sido motivo de grandes dificuldades por parte do produtor rural. “Se ele não conseguir preencher sozinho e principalmente situar a propriedade dele dentro do Google Maps, pode pedir auxílio de sua cooperativa, da Emater, do Sindicato Rural e outras entidades representativas do setor”, diz. “O que me parece é que tem havido certa dificuldade em fazer chegar a informação ao produtor de que o prazo final é 6 de maio deste ano; estamos trabalhando com esta data e qualquer alteração será decisão política, não nossa”, enfatiza Ramalho, que continua: “Há muita gente deixando para a última hora, apostando na prorrogação, mas essas pessoas se esquecem de que fazer o CAR agora é uma excelente oportunidade de regularizar sua propriedade sem o risco de tomar multa.” Ele explica que a propriedade que não se cadastrar perderá os benefícios previstos no Código Florestal. “E o MMA terá condições, comparando as propriedades cadastradas com fotos de satélite, de saber se o proprie-
tário rural cadastrou ou não sua área.” Prorrogação _ “A prorrogação do prazo do CAR é um ato de governo e ela terá de acontecer”, discorda o assessor técnico sênior na área de Meio Ambiente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Justus. “Não se cravou o prazo de dois anos na lei que criou o CAR porque seria gerada a expectativa de se prorrogar o cadastro por mais dois anos”, diz Justus, explicando que a solução, então, foi instituir um ano, prorrogável por mais um ano. “Basta ver que, se temos 5,4 milhões de propriedades rurais e apenas 550.000 já se cadastraram – faltando apenas quatro meses para o fim do prazo –, estas representam pouco mais de 10% do total”, continua Justus, lembrando dos benefícios de preencher o CAR dentro do prazo. “Quem não fizer o CAR no prazo legal não terá direito a usufruir dos benefícios de regularização que a lei traz, por exemplo, conversão de multa em serviços ambientais, a continuidade do uso de terras que serão recuperadas – sem o CAR, o proprietário terá de imediatamente parar de usar essas terras desmatadas ilegalmente (após julho de 2008)”, alerta Justus. Anuário DBO 2015
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Meio Ambiente Legislação
Tânia Rabello
Estados efetivam suas leis Cada unidade da Federação deve ter seu Programa Ambiental
O
utro aspecto que fez com que o Cadastro Ambiental Rural (CAR) avançasse bastante em 2015, em relação a 2014, foi a efetivação, por parte dos Estados brasileiros, de seus Programas de Regularização Ambiental (PRAs). Trata-se de legislação específica de cada Estado, vinculada ao Código Florestal, à qual todo proprietário rural que tiver de se regularizar ambientalmente deve se submeter. Até o fechamento desta edição, em 22 de janeiro, pelo menos 18 unidades da Federação haviam implementado sua legislação ambiental adaptada ao novo Código Florestal. A mais recente delas foi no Estado de São Paulo, que instituiu o seu PRA, na Lei 16.648 de 14 de janeiro de 2015. Segundo Samanta Pineda, advogada especialista em Direito Ambiental, com a nova regulamentação, São Paulo permite o início de recuperação de 1,6 milhão de hectares de vegetação e proporciona “segurança jurídica aos produtores” no procedimento de regularização ambiental. No próprio ato de preenchimento do CAR, caso exista necessidade de regularização ambiental – principalmente se tiver havido o desmatamento ilegal de áreas de proteção, como Reserva Legal (RL) e Áreas de Proteção Permanente (APP) após julho de 2008 –, o proprietário rural deve optar pelas formas de regularização propostas pela legislação estadual. Ainda conforme Samanta, o fato de cada Estado criar o seu Programa de Regularização Ambiental será um grande estimulante para os proprietários rurais ainda ressabiados em preencher o CAR se renderem. “Ficou provado, pelo andamento dos cadastros, que quando o Estado dá um suporte legal o volume de preenchimentos aumenta”, diz a advogada. Lentidão nos Estados _ O assessor técnico sênior na área de Meio Ambiente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Justus, concorda com Samanta Pineda. “O número
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de cadastros efetivados até o momento não é maior porque nem todos os Estados efetivaram seus PRAs”, diz. “No ato do preenchimento do CAR, o produtor já deve entrar – caso esteja devendo área de floresta – com o pedido de regularização de sua área para evitar a aplicação de sanções”, explica o assessor. “E essa regularização será feita com base na legislação ambiental estadual, consonante com o Novo Código Florestal.” Justus explica, ainda, que há três formas básicas de o proprietário rural se regularizar ambientalmente: ele pode recompor a área desmatada na própria fazenda, eliminando, muitas vezes, áreas produtivas; pode comprar área em parques municipais, estaduais ou federais, pagando o antigo proprietário da área (que espera há anos receber indenização do Poder Público pela área transformada em parque) e transferindo, em seguida, a propriedade da terra para município, Estado ou União; e pode, por fim, adquirir Cotas de Reserva Ambiental, as CRAs (veja reportagem na pág. 50). Independentemente da forma, porém, essa regularização dependerá da legislação estadual, reforça Justus. Em razão de cada unidade da Federação dispor de sua própria legislação, o gerente de Negócios da Biofílica, empresa de gestão e investimento ambiental, Rodrigo Dias Lopes, recomenda que o preenchimento do Cadastro Ambiental Rural (CAR) seja feito por um especialista, seja ele um consultor, ou ainda alguém de Sindicatos Rurais, cooperativas ou Emater, entre outras possibilidades. “Pelo fato de o Código Florestal ser complexo e, ainda por cima, haver especificidades estaduais, verifico que até mesmo pessoas que trabalham com legislação ambiental ficam com dúvidas”, diz Dias Lopes. “Preenchendo sozinho, muitas vezes o produtor fica em dúvida, por exemplo, sobre qual a situação mais vantajosa para ele regularizar sua área e acaba desistindo de concluir o cadastro, que tem muitas interpretações técnicas.” n
Meio Ambiente Legislação
Tânia Rabello
Cotas ainda no aguardo Legislação federal pendente impede negociação de reservas Interessados nas CRA 2012: 350 2013: 1.210 2014: 1.125 Total: 2.685 Área cadastrada Até 2013: 1,5 milhão de hectares 2014: 1,3 milhão de hectares Total: 2,8 milhões de hectares Fonte: BVRio
U
ma das opções de regularização ambiental para os proprietários rurais, após o preenchimento do Cadastro Ambiental Rural, é a compra de Cotas de Reserva Ambiental (CRAs). Essas cotas, previstas no novo Código Florestal, instituído pela Lei Federal 12.651, de 25 de maio de 2012, são títulos negociáveis em Bolsa que representam, cada cota, 1 hectare de reserva florestal. Na prática, proprietários rurais que estejam “devendo” a recomposição florestal (sejam áreas de proteção permanente, as APPs, ou de reserva legal) mas não queiram abrir mão de terras produtivas podem adquirir, em Bolsa, essas CRAs, desde que a negociação seja feita no mesmo bioma. “Esse tipo de compensação já pode ser feito entre proprietários rurais; só não é possível, ainda, fazer a negociação em Bolsa”, esclarece o diretor de Fomento do Serviço Florestal Brasileiro, Raimundo Deusdará, do Ministério do Meio Ambiente. Segundo ele, a legislação que regulamenta as CRAs, feita pelo MMA em parceria com o Ministério da Fazenda, “está finalizada, porém em fase de consultas à assessoria jurídica do MMA”. “Temos de ter um cuidado especial sob o ponto de vista de segurança e de integridade desses títulos, para evitar que o mercado se estabeleça em cima de ativos que não existem”, explica Deusdará. Os ativos,
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no caso, são as florestas que os emissores de CRAs afirmam ter, por meio do CAR. Ainda não há, porém, prazo para a publicação da nova regulamentação, informa. A Bolsa de Valores do Rio (BVRio) lançou, em 2012, a possibilidade de negociação desses títulos e aguarda a regulamentação. “Estamos cadastrando pessoas interessadas tanto em vender CRAs quanto em comprar”, informa o diretor da BVRio, Maurício Moura Costa. Em 2012, o interesse não foi tão grande quanto nos dois anos seguintes. dastros, informa a BVRio (veja tabela). Os cadastros feitos até agora equivalem a uma área de 2,8 milhões de hectares de reserva. “A maior parte é de pessoas interessadas em vender CRAs”, informa Costa. Segundo o diretor, à medida que a legislação ambiental avançar nos Estados e os Cadastros Ambientais Rurais forem sendo preenchidos, o número de interessados em se regularizar por intermédio de CRAs deve aumentar, pois, por enquanto, o proprietário rural está avaliando as diversas opções de regularização e vai adiá-la o máximo que puder. “Mas, a cada vez que surge uma peça adicional no marco regulatório ambiental, aumenta o interesse; isso é visível”, garante Costa. Quanto à normativa que institui os títulos de CRAs negociáveis em Bolsa, o diretor da BVRio mostra preocupação, pois o prazo final de preenchimento do CAR está chegando – dia 6 de maio de 2015. “Mesmo ocorrendo a prorrogação, como previsto em lei, não se sabe ao certo de que maneira ela se dará; se abrangerá todos os proprietários ou regiões, por exemplo”, diz Costa. “Assim, esta legislação referente às CRAs está mais do que na hora de sair, é uma questão grave que tem de ser resolvida o quanto antes, pois se a lei permite que o proprietário rural faça uma compensação por meio de CRAs, ele tem de ter essa ferramenta à disposição”, finaliza. n
Visão setorial Maristela Franco – maristela@revistadbo.com.br
Indústria frigorífica
Empresas operam com margens estreitas
O
Exportações foram bem, mas alta do boi gordo pesou na balança, elevando custos.
ano de 2014 foi complicado para os frigoríficos brasileiros, que tiveram de assumir uma alta considerável em seus custos de produção e viram suas dívidas em dólar subir. Além disso, enfrentaram problemas no mercado externo no final do ano, com destaque para a Rússia, que vive forte crise devido ao embargo econômico imposto pela União Europeia e Estados Unidos em represália a sua participação no conflito da Ucrânia. “Podemos dizer que a margem do setor foi ruim, pois o boi gordo subiu entre 25% e 30% e as empresas não conseguiram repassar integralmente esse aumento para o varejo”, informa Alex Santos Lopes da Silva, analista da Scot Consultoria, com sede em Bebedouro, SP. Segundo ele, a margem da carne sem osso em São Paulo começou janeiro já baixa (25%) em comparação com 2013, que apresentou médias iniciais entre 30% e 32%. Em seguida, despencou rapidamente, ficando próxima de 15%. Manteve-se na faixa dos 20% entre maio e setembro, voltando a cair forte no final do ano, quando a cotação da arroba disparou. Em novembro, não passava de 12% (veja gráfico). Os frigoríficos tentaram
negociar reajustes com o varejo, mas esbarraram em uma conjuntura nacional desfavorável: economia patinando, PIB (Produto Interno Bruto) próximo de zero e inflação subindo, o que influiu negativamente nas decisões de compra da população. “Os varejistas aceitaram pagar apenas 15%-20% a mais pela carne, mas não conseguiram transferir essa alta integralmente para o consumidor, em função da
Frigoríficos não conseguiram repassar totalmente alta do boi situação econômica”, diz o analista. Acostumados a trabalhar com margens elevadas, na casa dos 70%-80%, eles as viram cair para 50% nos últimos meses do ano, conforme mostra o gráfico da página 54. “Houve realmente uma diminuição na oferta de bois gordos. Quando ofereciam menos pelos animais, os frigoríficos não conseguiam comprar. Eles tiveram de administrar essa alta da matéria-prima cortando despesas e margens”, salientou Alex Silva.
Com o mercado interno menos aquecido, a saída foi incrementar as exportações para contrabalançar perdas. Favorecidos pela desvalorização do real, os frigoríficos conseguiram superar em 7,7% o total de embarques do ano anterior, mas não lograram atingir a meta inicial estabelecida pela Abiec (US$ 8 bilhões), fechando o ano com faturamento de US$ 7,2 bilhões. A quebra de expectativas se deveu à dificuldade de reabertura de alguns mercados em função do caso atípico de vaca louca registrado em Mato Grosso e à já mencionada crise na Rússia, que resultou em queda nas importações de carne do Brasil nos meses de novembro e dezembro. Foco nos médios – Estruturalmente, o setor frigorífico continua apresentando, na base, grande número de pequenas empresas que têm apenas um abatedouro, e, na ponta, três grandes companhias líderes: JBS, Marfrig Foods e Minerva Foods, que, estima-se, sejam responsáveis por cerca de 30% dos abates realizados no País. Mesmo entre essas três grandes, há fortes disparidades. A JBS sozinha tem 45 unidades de abate de bovinos em funcio-
Margem da carne sem osso em São Paulo
Diferença entre o preço pago pela arroba ao produtor e o valor de venda da carne sem osso para o atacado. Fonte: Scot Consultoria.
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Visão setorial Indústria frigorífica Margem do varejo em São Paulo
Diferença entre o preço pago pela carne sem osso ao atacado e o valor venda ao consumidor. Fonte: Scot Consultoria.
namento no País (a empresa não revela o número das que estão fechadas). Trata-se de uma estrutura 3,2 vezes maior do que a de sua principal concorrente, a Marfrig Foods, que tem 14 abatedouros de bovinos operando, e 4,3 vezes maior do que a da Minerva Foods, que tem 11. Entre os líderes e a base, navega um grupo pequeno de médias empresas, que continua relativamente instável e é alvo frequente de incorporações. Uma delas, Mondelli, de Bauru, SP, teve sua falência decretada. Duas outras – a paulista Rodopa Alimentos (detentora da marca Tatuibi) e a mineira Mataboi – mudaram de mãos oficialmente em 2014. A Rodopa, que enfrentou dificuldades financeiras sérias e encerrou suas operações em 2013, após um plano fracassado de expansão, teve três de suas cinco plantas incorporadas pela JBS, por meio de contrato de arrendamento. O negócio foi aprovado em agosto pelo Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Com isso, a líder JBS ampliou em 5% sua capacidade de abate no País. Já o Mataboi, que pediu recuperação judicial em 2011 e parecia estar conseguindo cumprir os compromissos acordados na Justiça, foi adquirido integralmente pela JBJ Investimentos, uma holding com sede em Goiâina, GO, controlada por José Batista Júnior, primogênito da família Batista, sócio-proprietária da JBS. O Mataboi é uma das indústrias frigoríficas mais tradicionais do País, fun-
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dada em 1949, pela Família Dorazio. Foi vítima da crise que solapou o setor a partir de 2008 e de um processo malsucedido de expansão. Com três unidades industriais (Rondonópolis, MT; Santa Fé, GO e Araguari, MG), tem capacidade para abate de 2.600 bovinos/dia e registrou faturamento de R$ 1,647 milhão em 2014. Os detalhes da venda para o “Júnior Friboi” não foram revelados.
Mais frigoríficos médios são adquiridos pelos gigantes do setor Movendo-se em direção contrária, o paulista Frigol, que também solicitou recuperação judicial em julho de 2010, não apenas conseguiu quitar as dívidas que venciam no ano passado como também aumentou sua produção em 20% e sua receita líquida em 40%, fechando o caixa com R$ 1,1 bilhão. Com três unidades de abate de bovinos (Lenções Paulista, SP; São Félix do Xingu, PA, e Água Azul do Norte, PA), essa empresa tem capacidade para processamento de 2.500 bovinos/dia. Segundo seu vice-presidente, Luciano Pacon, o resultado positivo deve-se a um processo de reestruturção administrativa, a investimentos em produtos de maior valor agregado (embutidos, carne Angus certificada, jerked beef) e ao arrendamento de uma planta
no Pará. Em 2015, o Frigol pretende crescer mais 20%, obtendo receita de R$ 1,5 bilhão, além de terminar de pagar suas dívidas com os pecuaristas. Gigante avança – Não houve grande movimentação da JBS no segmento de bovinos neste ano, mesmo porque qualquer nova aquisição ou arrendamento precisa ser aprovada pelo Cade, como ocorreu no caso da Rodopa. A companhia procurou aumentar sua participação no setor avícola tanto no Brasil quanto no Exterior. Em julho, comprou as operações da Tayson Foods no Brasil e no México, por US$ 575 milhões. Em novembro, arrematou o Grupo Big Frango, por R$ 430 milhões, e o Grupo Primo Smallgoods, na Austrália, por US$ 1,25 bilhão. A companhia registrou lucro líquido de R$ 1,1 bilhão no terceiro trimestre. Não abriu o capital de sua unidade de processados (JBS Foods), mas conseguiu melhorar seus resultados neste setor. As ações do grupo ficaram entre as mais valorizadas de 2014, embora tenham caído no final do ano, devido a rumores de envolvimento da JBS com a Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras. O fato foi negado pela empresa. Quanto à Marfrig, buscou reequilibrar-se ao longo do ano, ajustando dívidas, cortando custos e aumentando exportações. Apesar de ter registrado um terceiro trimestre difícil (prejuízo líquido de R$ 330,3 milhões), conseguiu cumprir as metas operacionais estabelecidas para 2014. Em março, divulgará novas diretrizes, já sob o comando de seu novo presidente, Martin Secco, que assume a direção da empresa em fevereiro. A Minerva Foods também sentiu o impacto do aumento de custos no terceiro trimestre, registrando prejuízo líquido de R$ 193,8 milhões, ante resultado positivo de R$ 1,4 milhão em igual período do ano anterior, principalmente em função da variação cambial, que elevou seus custos financeiros. A empresa continua crescendo: adquiriu a planta que pertencia ao Frigorífico Independência, em Janaúba (MG), e conseguiu aprovação do Cade (com restrições) para o acordo com a BRF Foods, que prevê a incorporação de duas plantas de abate no Mato Grosso. n
Visão setorial Mônica Costa – monica@revistadbo.com.br
Indústria veterinária
Remédio amargo em 2014 Crescimento da receita perde vigor por causa, entre outros fatores, de proibições de medicamentos.
A
indústria veterinária estima um faturamento de R$ 4,4 bilhões em 2014, avanço de 13% na comparação com o ano anterior, que ficou em R$ 3,95 bilhões. De acordo com o Sindicato da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), o ritmo de crescimento do setor poderia ter ultrapassado a barreira de 20%, mas foi sufocado pela Instrução Normativa número 13, publicada pelo Ministério da Agricultura, em maio de 2014, suspendendo a comercialização das avermectinas de longa duração. Segundo a entidade, a decisão representou perdas de até R$ 500 milhões. Ou seja, a receita poderia alcançar até R$ 4,9 bilhões, um avanço de 24,5% sobre o ano anterior. Expectativa frustrada _ O setor registrou um crescimento vigoroso no primeiro semestre de 2014, com receita de R$ 2 bilhões, 14% acima do desempenho do mesmo período do ano anterior. “O aumento da produção e comercialização de proteína animal, que bateu recorde em volume e receita nos mercados externo e interno, estimulou as vendas”, explica Emílio Salani, vice-presidente do Sindan. Entretanto, apesar da demanda aquecida por medicamentos, a valorização cambial provocou reajustes no custo dos insumos importados pela indústria e reduziu a margem de lucro, deixando um gosto amargo no setor. “Houve maior demanda por produtos mais eficazes e que atuam na melhoria do desempenho dos animais. Este número, porém, ainda é muito pequeno diante da grandiosidade da pecuária nacional”, considera Salani. Parte desta situação pode ser atribuída à concorrência desleal dos produtos piratas, outro calo no pé da indústria veterinária. A Campanha Antipirataria de Produtos Veterinários, desenvolvida pelo Sindan e que conta com o apoio de outras 15 entidades do
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Receita1 aumenta apesar da estabilidade na demanda Ano/Segmento
2014
2013
Variação (%)
Ruminantes
2,4
2,21
9,5
Aves
660
553
19,3
Suínos
528
474
11,3
Pet
660
592,5
11,4
Outros
152
118,5
28
Total
4,4
3,95
13
(1) Em bilhões de reais. Fonte : Comissão de Informações de Mercado do Sindan
agronegócio, foi lançada em setembro durante a Expointer 2014, em Esteio, RS, para alertar sobre os riscos do uso de produtos clandestinos e estimular a denúncia. Dados apresentados pela entidade mostraram que os produtos ilegais representam em torno de 15% do segmento de saúde animal, ou cerca de R$ 600 milhões anualmente. “Os antiparasitários são os medicamentos mais usados na pecuária bovina, portanto estão entre os mais pirateados”, afirma a médica veterinária Silvana Gorniak, professora titular de
Suspensão de avermectinas de longa duração fez com que vendas do setor despencassem Farmacologia na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP) e consultora do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). A classe terapêutica é responsável por 25% da demanda da indústria veterinária, atrás somente das vacinas. E as perdas para a pirataria afetam gravemente o setor. “Entre os antiparasitários, as avermectinas representam cerca de 70% dos medicamentos, e este é mais um buraco que o gover-
no deve tapar, pois a proibição dos produtos de longa duração com a IN 13 deve incentivar ainda mais a clandestinidade”, alerta a especialista. Bovinos no topo _ O segmento bovino segue na liderança, mantendo a fatia de 56% do mercado total de saúde animal, o que representou R$ 2,4 bilhões, 9,5% mais do que no ano anterior. O segmento PET também manteve a posição, com 15% do setor e aumento de 11,4% em receita. Avicultura avançou para 15%, mas a receita foi 19,3% superior à do ano passado. Suinocultura segue com 12% e aumento de 11,3% em receita. Para 2015, o Sindan trabalha para reduzir os fatores que prejudicaram o desempenho do setor. “Já foi elaborado pelas entidades participantes da pecuária de corte um Plano de Mitigação de Risco para o uso das Avermectinas LAs, que está em fase final de análise pelo Mapa”, diz. Com a finalização do plano e os novos limites de segurança definidos pelo FDA para as ivermectinas, Salani acredita em uma decisão positiva do Ministério da Agricultura. “Entendemos que se nada de extraordinário ocorrer esperamos de 5% a 7% de crescimento em 2015”, estima. n
Visão setorial Indústria da alimentação
Mônica Costa – monica@revistadbo.com.br
Mais bem nutridos
Suplementação mineral registra recorde em volume e receita. Ração avança lentamente.
O
mais intensivas. crescimento de 21,5% Produção de alimentos para animais no Brasil1 O cenário motivou o produnas vendas de suplemen2014 20133 Var.% tor a apostar em sistemas mais tos para bovinos em 2014 Rações por segmento2 incrementados. Um exemplo é trouxe novo ânimo ao segmen- Aves de corte 31 30 3,4 o uso de proteinados e proteicoto. Conforme a Asbram (Asso- Aves de postura 5,7 5,5 4,6 -energéticos, que registraram alta ciação Brasileira das Indústrias Suínos 15,4 15 3,4 de 32% e 50%, respectivamende Suplementos Minerais), que Bovinos de corte 2,6 2,5 6,0 te, sobre o desempenho do ano reúne cerca de 50% da produção 5,3 4,9 6,4 anterior. Juntas, as duas categodo setor, o mercado entregou 2,4 Bovinos de leite 4 4,7 4,5 4,5 rias de produtos foram responmilhões de toneladas de insumos Outros 65,1 62,2 4,6 sáveis por mais de 30% das venem 2014, 420 milhões a mais que Total rações das da indústria em 2014. Elas no ano anterior, que somou 1,98 Suplementos minerais5 2,4 1,98 21,5 são importantes para acelerar milhão de toneladas. O resulta- Total geral 67,5 64,1 5,3 o crescimento dos bovinos em do se assemelha ao desempenho (1) Em milhões de toneladas; (2) Fonte: Sindirações; (3) Dados consolidados em fevereiro de 2014; (4) fase de recria e melhorar a conregistrado em 2011, quando foi Animais de estimação (pets), aquicultura, equinos e outros; (5) Fonte: Asbram. dição corporal de vacas em fim alcançado o recorde de 2,49 mide gestação, complementando servado em todas as categorias de suplelhões de toneladas de suplementos comercializados graças a um período de mentos e produziu impacto positivo no cai- a energia e a proteína fornecida pelos pasrecuperação do setor, que registrou forte va- xa das indústrias, que fecharam o ano com tos tropicais. Essa estratégia, que eleva o nílorização da arroba do boi gordo e a conse- um faturamento de R$ 3,36 bilhões, resulta- vel de produtividade e de ganho de peso do animal, foi bastante usada por pecuaristas do 30% superior a 2013, R$ 2,57 bilhões. quente capitalização do produtor. em 2014, ávidos por aproveitar a alta nos Segundo Lauriston Fernandes, presidente da Asbram, o desempenho da indús- Mais tecnologia – Segundo Fernandes, a preços do bezerro e do boi gordo. Já o sal tria em 2014 deixou os empresários com suplementação foi estendida às demais fa- “ureado”, alternativa mais simples e barata “brilho nos olhos”, pois sinalizou para um ses do ciclo bovino. “Acreditamos que a que garante apenas a manutenção dos aninovo patamar de demanda dentro do seg- evolução tecnológica no segmento de cria e mais na seca, obteve crescimento um poumento e estimulou o setor a buscar novos recria e a sustentação do sistema de termi- co menor, de 28,6%, na comparação com investimentos para aprimorar as tecnolo- nação intensiva puxaram para cima as ven- 2013 e representou 6,5% do total comerciagias e reduzir custos. “Ainda estamos longe das do setor”, afirma. Os reajustes no preço lizado pelo setor. Os suplementos minerais prontos para do ideal, mas se constata que a fatia do mer- do bezerro, que em alguns Estados supecado que adota a suplementação começa a raram até mesmo a valorização da arroba uso foram responsáveis por 43,15% do todo boi gordo, funcionaram como estímulo tal comercializado, um aumento de 25,8% fazê-lo de modo perene”, afirma. Um sistema de cálculo desenvolvido para investimentos em nutrição. Além dis- na comparação com o ano passado. O inpela Asbram para quantificar a dose ideal so, a queda no preço dos grãos, especial- sumo da chamada “linha branca” mantém de suplementação por animal/dia mostra mente em regiões com maior tradição agrí- a liderança no mercado de suplementação que o volume comercializado atualmente cola, facilitou a adoção de suplementações porque é a base da mineralização do gado, e tal desempenho aponta para um cresseria suficiente para atender a cerca cimento orgânico, acompanhando a de 70 milhões de bovinos. Entretanto, Vendas de suplementos dos associados da evolução do rebanho. Os suplemenestima-se que praticamente todo o reAsbram por segmento de mercado1 tos minerais formulados para misbanho seja atendido com algum tipo Produto 2014 2013 2012 tura com sal branco registraram aude suplementação, com mais de 50% Concentrados 54,6 27,8 18 mento de 6% sobre 2013, entretanto do plantel nacional ainda recebenNúcleos 104,2 74,7 69,4 a tendência de declínio na demanda do doses inferiores ao recomendado. Proteico-energético 179,4 119 115,7 por este produto vem se consolidan“Sabemos que na pecuária bovina o Proteinado 187,7 142,3 155 do: a participação no mercado caiu de uso adequado de suplementos ainda Com ureia 78,1 60,7 53,5 7,5% para 6,5% no período. O confinanão é uma realidade para grande parmento continua sendo um segmente dos criadores, mas esse pensamenPara diluir 78,8 74,3 58,3 to muito “apreciado” pela indústria de to está mudando e estamos nos preProntos para uso 518,5 412,1 418,3 suplementação, mas foi o semiconparando para atender uma demanda Total 1,20 910,9 879,3 finamento que assegurou avanço de que pode triplicar nos próximos anos”. (1) Em milhões de toneladas, comercializadas por 64 empresas associadas, que representam 50% do mercado. Fonte: Asbram. mais de 96% na comercialização do O aumento da demanda foi ob-
58 Anuário DBO 2015
terior. O mercado de aquiculconcentrado. Ainda assim, a Venda de suplementos minerais no Brasil volta a crescer1 tura enfrenta desafios, como categoria perfaz apenas 4,5% autorizações sanitárias e a do mercado. A venda de nú- Ano 2014 2013 2012 2011 2010 concorrência com pescados cleos registrou expansão, de Produção2 2.402 1,983 1,911 2,497 2,312 asiáticos. Embora represen39,5%, o que garantiu uma fa- Variação %3 21,5 3,75 -23,45 8 27,62 te 1,2% do mercado, registrou tia de 8,7% do setor. (1) Considera todas as empresas do mercado; (2) Em milhões de toneladas, incluindo rações prontas para bovinos de um avanço de 9% para pouco Para 2015, a indústria es- corte; (3) Em relação ao ano anterior. Fonte: Asbram. mais de 800.000 toneladas. pera manter o ritmo de cresJá avicultura e suinocultura perfazem cimento, com novo incremento de 20% certificados para exportação e a não desonas vendas. “Acreditamos que o ciclo pe- neração de PIS/Cofins, encerramos o ano mais de 50% da demanda da indústria de cuário vai se manter em alta, com a de- com dados positivos” afirma Ariovaldo Zani, ração e apresentaram crescimento abaixo manda aquecida, especialmente a in- vice-presidente executivo do Sindirações. de 5%, como reflexo ainda da crise vivida nos anos anteriores. Na avicultura de corte, ternacional, com a abertura de novos mercados, inclusive”, aposta Fernandes. Leite, carne e peixe _ Os destaques foram o consumo foi de 31,3 milhões de tonelaaquicultura e pecuária de corte e de leite. das, recuperação de 3,4% em relação a 2013. Cautela _ Já o clima entre as indústrias de ra- Dos 67,3 milhões de toneladas comercia- A produção de rações para galinhas de posção animal não é tão animador. Segundo o lizados pelas empresas associadas, 2,2 mi- tura, por sua vez, somou 5,7 milhões de toSindicato Nacional da Indústria de Alimen- lhões de toneladas foram sal mineral, para neladas de rações em 2014, crescimento de tação Animal (Sindirações), o segmento en- a bovinocultura de corte. Segundo Zani, a 4,6%. Na suinocultura, a demanda por racerrou o ano com a produção de 67,5 mi- categoria, que também consumiu 2,67 mi- ção também manteve-se praticamente eslhões de toneladas de rações, alimentos para lhões de toneladas de rações, começa a tável, com volume de 15,4 milhões de tonecães e gatos e sal mineral, um crescimento apostar no sistema americano de engorda, ladas em 2014, aumento de 3,4% Para Zani, 2015 será um ano de incerde 4,1% sobre 2013, quando o setor fechou que prevê o confinamento de bezerros e incom a venda de 64,6 milhões de toneladas veste em alimentação para maior eficiência. tezas. “Se não houver nenhuma surpresa de suplementos e rações. Este é o segundo O resultado foi um aumento de 6% na de- por parte do governo, contamos com um ano de crescimento módico. Em 2013, em- manda por ração. O pecuarista de leite, que avanço de 3%.” Além do ciclo pecuário, que bora a cadeia esperasse um resultado nega- faturou com a valorização da matéria-pri- deve manter a dinâmica este ano, Zani aintivo, com queda de 1,1% conforme relatado ma em 2014, aproveitou a queda na cotação da aposta na aprovação da desoneração do ao Anuário DBO 2014, os dados consoli- dos grãos para ampliar a cota de ração pre- PIS/Cofins para o setor. “Somos o único elo dados em fevereiro apontaram para um au- parada na fazenda, aumentando assim a de- da cadeia não beneficiado. Formulamos mento de 3%. “Mesmo com as dificuldades manda por concentrados energéticos forne- uma nota técnica e encaminhamos para enfrentadas no cenário econômico, como a cidos pela indústria. O setor consumiu cerca o Ministério da Fazenda. Se der certo, teredemora nas inspeções para obtenção do li- de 5,3 milhões de toneladas de ração, avan- mos redução de 9,25% no custo do insumo cenciamento de instalação, a renovação de ço de 6,4% na comparação com o ano an- e o repasse será integral para o produtor”. n
Anuário DBO 2015
59
Visão setorial Sementes
Roberto Nunes Filho
Marcha à ré no faturamento
O
Excesso de oferta reduziu receita do segmento, que voltou ao patamar de 2012.
que toda a cadeia trabalhe em harano de 2014 não foi bom para o Oferta aumenta, preço cai. monia e com liquidez.” segmento de sementes forrageiVariaUma das novidades que podem ras. Embora a área de cultivo e a Indicador 2014 2013 ção surgir para o setor de sementes neste produção tenham aumentado, houve ano é a publicação da Instrução Norretração no faturamento do setor, que Área (ha) 228.000 178.000 28% mativa nº 30. Dentre as deliberações, caiu de R$ 1,3 bilhão para R$ 850 mi- Produção (toneladas) 65.000 55.800 16,5% a medida estabelece a elevação dos lhões, retornando ao patamar de 2012. 850 milhões 1,3 bilhão -34,6% padrões de pureza na comercializaTudo isso porque o preço das semen- Faturamento (R$) ção de gramíneas forrageiras, bem tes sofreu forte impacto no ano passa- Fonte: Unipasto como novos procedimentos para as do. Conforme o gerente executivo da produção de 27.300 toneladas. Segundo a sementes revestidas. Associação para o Fomento à PesquiPara o gerente comercial da Sementes sa de Melhoramento de Forrageiras (Uni- Unipasto, a oferta desta semente cresceu pasto), Marcos Roveri, a retração foi motiva- 40% em 2014. Na sequência, vêm braqui- Oeste Paulista, Lessandro Cavalli Menosda pelo excesso de oferta. “Uma das causas ária ruziziensis, com 12.800 toneladas, e si, continua em 2015 o grande desafio em da forte disponibilidade foi o aumento em BRS piatã, com 6.400 toneladas. Já no gê- lutar contra a pirataria e a ilegalidade no 28% da área de produção de sementes, que nero Panicum, destaque para a cultivar setor. “É preciso coibir a atividade de empassou de 178.000 hectares para 228.000 mombaça, que obteve produção de 4.100 presas que comercializam sementes de hectares em 2014”, esclarece o especialis- toneladas. Esses números referem-se ao baixo padrão e fora das normas do Ministério da Agricultura. Isso lesa o produtor e ta. “Além disso, os estoques de passagem e mercado formal. Em 2014, a parceria entre a Embrapa e prejudica empresas sérias que investem a falta de chuvas também influenciaram a a Unipasto rendeu o lançamento de duas em pesquisas e desenvolvimento.” dinâmica do mercado.” A questão das chuvas é a principal cau- cultivares _ a braquiária brizanta paiaguás sa apontada pelo diretor comercial da JC e a Panicum maximum zuri. Conforme ex- Made in Brazil – Diante dos desafios do Maschietto, Murilo Nahas, para as dificulda- plica a pesquisadora da Embrapa Gado de mercado interno, a exportação de sedes enfrentadas pelo setor em 2014. “O regi- Corte Jaqueline Verzignassi, a paiaguás tem mentes tem sido uma alternativa para me das chuvas vem mudando. Anos atrás, elevado potencial de produção animal no algumas empresas brasileiras. O Braelas começavam em meados de setembro período seco, com alto teor de folhas e bom sil é o maior exportador de sementes e seguiam estáveis no decorrer dos meses valor nutritivo. Já a Panicum maximum de gramíneas tropicais utilizadas para seguintes, condição indispensável para a zuri oferece boa produtividade e vigor e é pastagens. Basicamente, todo o volume reforma das pastagens. Agora, o início do resistente à cigarrinha-das-pastagens e à embarcado segue para países da América Latina, que são responsáveis por período das águas vem seguido por alguns mancha foliar. 95% das exportações brasileiras. No toveranicos e a estabilização das chuvas está acontecendo por volta de dezembro. Tal ir- O que esperar de 2015? – Para Roveri, da tal, 21 empresas comercializam semenUnipasto, fazer uma previsão para este tes para 18 países latino-americanos. Os regularidade deixa o pecuarista receoso.” Segundo Nahas, muitos pecuaristas no ano é uma tarefa bem delicada, princi- dados referem-se a 2013 e foram fornefim de 2013 e começo de 2014 seguraram palmente pelo período de incertezas e cidos pela empresa Estatexport, com o plantio das sementes justamente para es- transição que a economia e o agronegó- base em números de fontes oficiais e perar a estabilização das chuvas, que ocor- cio estão enfrentando. “A esperança é a câmaras de comércio. Os números de reu apenas na segunda quinzena de janei- de que haja diretrizes consistentes para 2014 ainda não foram fechados. Em receita, os cinco principais paro. “Houve uma demanda represada íses de destino são: Venezuela (US$ e, por causa da sobra de sementes, os As cultivares mais produzidas em 2014 28,1 milhões), Colômbia (US$ 11,3 preços foram pressionados.” Ele conta milhões), México (US$ 5,2 milhões), que, em 2013, o preço médio do quilo Semente Área (ha) Produção (t) Paraguai (US$ 4,5 milhões) e Bolívia foi de R$ 11,45. Já no ano passado essa Marandu 69.267 27.300 (US$ 2,8 milhões). As vendas são domédia caiu para R$ 9,46, menos 17,3%. B. ruziziensis 27.544 12.800 minadas pelos grupos braquiária brizanta (com predominância da cultivar Desempenho das cultivares – A co- Piatã 11.887 6.400 Marandu), braquiária decumbens e mercialização de braquiárias predo- Mombaça 16.378 4.100 Panicum maximum (principalmente mina. Dentro deste gênero, em 2014 Mombaça e Tanzânia). n destacou-se a cultivar marandu, com Fonte: Unipasto
60 Anuário DBO 2015
Visão setorial Inseminação artificial
Denis Cardoso – denis@revistadbo.com.br
Corte impulsiona vendas Arroba em alta foi o principal estímulo para que mercado crescesse entre 10% e 15%
D
continua ele, os frigoríficos iferentemente do que Um milhão a mais de doses de sêmen vêm oferecendo cada vez ocorreu em 2013, mais algum tipo de prequando as raças leimiação para animais com teiras puxaram para cima Ano 20141 2013 2012 2011 2010 sangue da raça britânica. as vendas de sêmen bovino, 8,6 7,6 7,4 7,0 5,5 Vendas2 em 2014 foi o setor de corRecuperação do Nelore – te o maior responsável pelo 13% 2,8 6,1 26,8 23,2 Variação3 Segundo Carrara, em 2014, crescimento anual do mertambém foi observada uma cado brasileiro de insemi(1) Estimativa; (2) Raças de corte, em milhões de doses; (3) Em % em relação ao ano anterior. Fonte: Asbia importante recuperação nas nação artificial. “Foi um ano vendas anuais de sêmen muito bom para o segmende Nelore, que haviam caíto, especialmente para as raAs projeções de Márcio Nery foram do quase 10% em 2013. “Com a fase de ças de corte”, afirma Márcio Nery, diretor financeiro da Associação Brasileira de feitas em meados de dezembro, portanto, alta dos preços do bezerro e boi gordo, o Inseminação Artificial (Asbia). Segundo antes de as centrais de genética enviarem pecuarista correu para repor o seu rebaestimativa preliminar de Nery, que tam- os seus dados de vendas anuais para a As- nho de fêmeas Nelore, após o fim do mobém é diretor da ABS Pecplan, de Ubera- bia, entidade responsável pelos números vimento de descarte do plantel (iniciado ba, MG, no ano passado, o setor de corte oficiais do mercado, que serão divulgados em 2012)”, destaca. Na avaliação de Márcresceu algo entre 10% e 15% em com- no início de fevereiro. Na ocasião, o Anu- cio Nery, “há uma forte preocupação dos paração com o volume de vendas de sê- ário DBO também conversou com Tiago criadores em formar rapidamente uma men registrado em 2013, de 7,6 milhão Moreira Carrara, gerente de Mercado da base de vacas Nelore para dar sustentade doses (veja tabela). “É bem prová- Alta Genetics, de Uberaba, MG, que, assim ção principalmente ao avanço do cruvel que as raças de corte tenham vendi- como Nery, apontou o setor de corte como zamento industrial em regiões do Brasil do em torno de 1 milhão de doses a mais o destaque de 2014. “Provavelmente, as Central”, avalia. em relação ao ano anterior”, prevê Nery, vendas anuais de nossa bateria de corte vão que atribui esse crescimento principal- crescer acima de 10%”, aponta ele, acrescen- Nova diretoria – Desde novembro últimente à valorização do preço do boi gor- tando que, no segmento de leite, a central mo, a associação, que reúne as principais do e do bezerro. “Com o mercado pecu- também fechará o ano com uma “taxa po- centrais de genética do País, trabalha com uma nova diretoria, tendo Carlos ário em alta, os criadores investem mais sitiva, que pode ser de até 5%”. Vivacqua Carneiro Luz, diretor da AG em tecnologia”, acrescenta. Em relação ao setor leiteiro, o dire- Angus na liderança – Segundo Márcio Brasil, de Ribeirão Preto, SP, como presitor da Asbia também prevê crescimento Nery, é bem provável que a raça Angus te- dente, cargo antes ocupado por Lino Noem 2014, embora de maneira mais tími- nha, novamente, liderado as vendas anu- gueira Rodrigues Filho. Sérgio de Brito da. “Apesar da queda acentuada no pre- ais de sêmen de corte em 2014. Em 2013, Pietro Saud, diretor da CRI Genética, de ço do leite no decorrer de 2014, acredi- a raça de origem britânica (Aberdeen São Carlos, SP, assumiu a vice-presidênto que o segmento ainda tenha fechado o Angus e Red Angus) cresceu quase 20%, cia, que pertencia a Márcio Nery. Por fim, com comercialização de 3,3 milhões de Nelson Eduardo Ziehlsdorff, da Semex, ano com saldo positivo”, projeta. Na soma geral dos setores de corte doses, desbancando, pela primeira vez, o de Blumenau, SC, ocupa o cargo de diree de leite, “é possível que as vendas te- Nelore, que vendeu 2,9 milhões de doses tor-secretário. nham registrado um aumento anual em (incluindo o Nelore Mocho). Mais uma vez, o aumento da venda Novidade – Entre as mudanças trazidas torno de 10%, ou um pouco abaixo disso”, estima Nery. Em 2013, o mercado de sêmen Angus em 2014 foi sustenta- pela nova gestão da Asbia, Márcio Nery cresceu 5,5% sobre 2012, com 13 mi- do pelo avanço da IATF (Inseminação destaca a inclusão, no relatório anual solhões de doses comercializadas. Como Artificial em Tempo Fixo) em fazendas bre o mercado brasileiro de inseminação já mencionado aqui, o destaque em que investem no cruzamento indus- artificial, de informações sobre os núme2013 foi o setor leiteiro, com acréscimo trial. “O uso da genética Angus em va- ros de vendas de dispositivos de proges9,6% nas vendas, que totalizaram 5,3 mi- cas Nelore tem gerado bezerros mais terona utilizados em vacas submetidas à lhões de doses. No mesmo ano, o seg- pesados na desmama, trazendo, por- IATF. “Estamos trabalhando para que esmento de corte teve crescimento anual tanto, maior lucratividade aos criado- ses dados constem no relatório que será res”, afirma Tiago Carrara. Além disso, divulgado em fevereiro”, antecipa Nery. n de 3% (7,6 milhões de doses).
62 Anuário DBO 2015
Visão setorial Roberto Nunes Filho
Varejo
Um ano que não deixará saudades
O
Arroba valorizada reduziu a margem de lucro do setor e impactou o orçamento familiar
varejo no segmento de carnes não teve nada para comemorar no ano passado. Em 2014, houve forte valorização do boi gordo por causa da queda na oferta de animais. Consequentemente, o impacto nos preços aplicados pelo atacado e varejo foi inevitável, fato que resultou no estreitamento das margens de lucro de ambos os elos. Em média, o preço do boi no último ano subiu 25%. Por causa disso, começou o efeito cascata. A indústria, mesmo tendo absorvido parte do aumento, reajustou seus preços em torno de 16% e, no varejo, o repasse médio foi de 12%. Considerando apenas os valores de dezembro, a cotação do boi gordo subiu 26,7%, a carne desossada no atacado aumentou 14,6% e, no varejo, a alta foi de 11,5%. Para manter o escoamento do produto, o varejo teve que absorver parte da valorização do boi e também reduzir sua margem. “Por estar próximo do consumidor, o varejista sabe até onde pode chegar com relação aos preços. E, diante de um cenário econômico delicado vivenciado em 2014, a saída foi repassar parte do aumento e absorver o restante”, explica o consultor de mercado da Scot Consultoria, Alex Lopes. Segundo o especialista, a margem de sobrepreço praticada pelo varejo em 2014 ficou em torno de 50%. “Em comparação com anos anteriores, esse percentual não é favorável, já que historicamente o segmento trabalha com margens maiores que essa”, observa Lopes. “Nos últimos anos, o varejo estava trabalhando com margens entre 80% e 90%.” (Veja gráfico da página 54). O consultor da Scot esclarece que a redução na oferta de animais, que desencadeou este movimento de alta nos preços, é uma consequência do abate de fêmeas, que foi crescente entre 2010 e 2013 (Veja reportagem na pág. 24 sobre o tamanho do rebanho brasileiro). Essa prática, aliada a problemas com a seca, reduziu a oferta de animais.
64 Anuário DBO 2015
Custo da carne para o consumidor e os supermercados 20141
2013
Gasto2
34,21
29,01
Tíquete3
13,02
11,53
Preço4
8,06
7,25
Faturamento5
22,3
22,3
Participação6
Indicador
60
54
Lojas7
-
84.000
Funcionários7
-
988.000
(1) Dados comparativos do período de janeiro a setembro de cada ano, em R$; (2) Gasto médio em R$ por mês das famílias com compra de carne; (3) Valor médio do gasto com o produto a cada compra; (4) Preço médio do quilo da carne; (5) Em bilhões de reais, só com carne bovina, sendo o número de 2014 uma estimativa; (6) Em percentual, dos supermercados nas vendas totais de carne bovina; (7) Dado não disponível para 2014. Fontes: Kantar Worldpanel (consumo) e Abras
Outro fator apontado pelo presidente da Associação Brasileira dos Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, é o reflexo gerado pela migração de produtores para outras atividades. “Em 2005 e 2008, quando os preços aos pecuaristas sofreram forte queda, muitos migraram de setor. Consequentemente, houve redução no plantel e este episódio ainda reflete atualmente.” Impacto dos preços – O consumidor sentiu os efeitos deste cenário. Em novembro, quando o preço à vista da arro-
Varejo absorveu parte da valorização do boi e também reduziu seus lucros ba atingiu o pico de R$ 144, o gasto familiar com os cortes dianteiros subiu 4,67%, de acordo com o Índice Abrasmercado, divulgado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Com relação às carnes traseiras, o aumento foi de 4,73%. No acumulado do ano, os respectivos aumentos foram de 13,3% e 18,6%. O levan-
tamento em questão refere-se apenas às vendas dos supermercados. Dados da consultoria de consumo Kantar Worldpanel reforçam que o consumidor teve que desembolsar mais dinheiro para manter a carne bovina na sua lista de compras. Entre janeiro e setembro de 2014, o gasto médio mensal dos domicílios no canal açougue foi de R$ 34,21 — alta de 17,9% sobre o mesmo período do ano anterior. Já o tíquete médio (valor desembolsado a cada compra) passou de R$ 11,53 para R$ 13,02 no ano passado, um aumento de 12,9%. Tal movimento, inevitavelmente, refletiu no volume de vendas do varejo, que sofreu retração de 1,7%, segundo a consultoria. A faixa socioeconômica mais afetada foi a classe C, justamente a maior responsável por impulsionar a economia, que passou a ser responsável por 44% das vendas nos açougues — ante 48% de importância registrada em 2013 (queda de 8,3%). Especificamente em relação ao setor supermercadista, os números do ano passado serão divulgados apenas em abril. No entanto, o Departamento de Economia e Pesquisa da Abras estima que o desempenho da seção de açougue no autosserviço ficará próximo ao de 2013, quando a seção faturou R$ 22,3 bilhões e foi responsável por 8,2% no faturamento do setor. Expectativas – Na visão de Alex Lopes, da Scot, o ano de 2015 tende a ser muito semelhante ao vivenciado em 2014. “Teremos um ano de oferta restrita de animais e preços altos. Colabora com isso o momento econômico, que não conta com perspectivas de melhoras em curto prazo”, analisa Lopes. Para o varejo, o impacto virá da arroba alta associada à dificuldade de repasse do preço ao consumidor. “Se o cliente tivesse a capacidade de absorver esse aumento, a situação seria diferente. Mas, neste momento, o varejo se vê
Visão setorial Varejo
obrigado a reduzir a sua margem.” Do lado supermercadista, o presidente do Conselho Consultivo da Abras, Sussumu Honda, acredita que 2015 será desafiador para o varejo de carnes. “A tendência é termos um ano apertado por causa dos ajustes fiscais que já estão sendo realizados. Por uma questão de hábito, o brasileiro não deixará de comprar carne bovina, mas, não havendo perspectivas de redução de preços ou aumento da renda, o consumidor tende a buscar alternativas. Assim, a saída será comprar carne bovina com menor valor agregado ou recorrer a outras proteínas, como o frango e a carne suína”, afirma Honda. Perspectivas de mudanças, somente nos próximos anos, conforme sugere o presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar. “Em 2014, caiu o abate de fêmeas. Esse movimento indica que o produtor começou a segurar as matrizes no campo para a produção de bezerros.”
66 Anuário DBO 2015
A tendência das porções – Uma prática que está se consolidando nos supermercados é a venda de carnes em porções. Isso por causa do apelo de praticidade junto ao consumidor e às facilidades geradas para as lojas. Bom para o varejo, que otimiza sua operação e mão de obra, bom para o ataca-
Açougues contribuíram com 8,2% do total da receita dos supermercados do, que agrega valor ao seu produto, e bom para o consumidor, que passa a ter mais opções de cortes e reduz o seu tempo de compra. “Essa é uma tendência crescente. Os supermercados estão preferindo eliminar ou reduzir o trabalho de desossa e fatiamento nas lojas para receber as carnes já porcionadas”, afirma Salazar. Para Lopes, da Scot, qualquer tipo
de refino é bom para toda a cadeia. “As carnes em porção agregam valor. A prática traz diversas vantagens, como melhorar a apresentação dos produtos e o posicionamento de uma marca. Permite ainda oferecer informações aos consumidores e padronizar os cortes. Tudo isso incentiva o consumidor a comprar produtos diferentes.” Outro fator que está estimulando essa prática é a crescente disseminação das chamadas lojas de vizinhança ou de proximidade nas grandes cidades. Por disporem de pouco espaço na retaguarda para manipular as carnes, optam por recebê-las já em porções. O Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, já possui mais de 200 lojas de vizinhança com a bandeira Minimercado Extra e, em 2014, lançou a bandeira Minuto Pão de Açúcar. No ano passado, a francesa Carrefour também começou a operar no Brasil a bandeira Carrefour Express. n
Leite Luiz H. Pitombo
Balanço
Evolução modesta deve persistir Ano passado trouxe um crescimento menor da atividade leiteira, com 2015 não prometendo reversões.
D
ados oficiais apresentados no fim do ano passado mostram que a produção de leite no Brasil em 2013 atingiu 34,25 bilhões de litros, com crescimento de 6%, o maior percentual da última década. Embalados pelo bom resultado, pecuaristas ofertaram volumes crescentes de leite em 2014, mas que não encontraram pela frente um consumidor tão disposto como antes, em razão do fraco crescimento da economia. Começou a sobrar produto e indústrias reduziram suas compras, realizaram promoções no comércio e formaram mais estoques. Estimativas da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, indicam para 2014 um volume 4,6% maior de leite, superando os 35 bilhões de litros, para uma elevação do consumo entre 2,5% e 3,5%. No bolso do pecuarista os reflexos começaram a ficar evidentes no segundo semestre, com sucessivas quedas nos valores recebidos e que contaram com a nefasta contribuição da fraude realizada por transportadores sulistas, que acabou influenciando os preços em várias regiões. Pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/ USP) mostram que o pecuarista recebeu em 2014, na média Brasil, o valor de R$ 1,0832/litro em termos reais, ou 2% a menos que 2013. Considerando a variação do Custo Operacional Efetivo (COE), revelado pela pesquisa Cepea/CNA, este apresentou uma evolução acumulada no ano de 3,78% em termos nominais, enquanto o leite teve queda de 5,44%, também acumulada no ano em termos nominais. No entanto, o comportamento dos preços do concentrado foi favorável e ocorreram menores oscilações nos retornos mensais ao pecuarista na comparação com 2013. Assim, a depender da situação e do gerenciamento do produtor, as margens podem ter apenas se reduzido ou até mesmo melhorado. Os laticínios, por sua vez, trabalharam com
Pecuária bovina leiteira do Brasil em números1 2014
2013
2012
Vacas em ordenha
23.037.778
22.954.537
22.803.519
Produção2
35.457.601
34.255.236
32.304.421
Produtividade3
1.539
1.492
1.417
Exportação4
86,2
42,6
43,1
Importação4
108,9
159,4
180,8
Consumo5
176,1
175,3
165
(1) Pesquisa Pecuária Municipal (PPM/IBGE) para vacas em ordenha, produção e produtividade, com estimativa de 2014 pela Embrapa Gado de Leite; (2) Em mil litros; (3) Litros/vaca/ano; (4) Em mil toneladas de produtos, dados do Ministério da Agricultura/Agrostat; (5) Consumo aparente em equivalente litros/habitante/ano, com cálculos da Leite Brasil. Fontes: Mapa, IBGE, Leite Brasil e Embrapa Gado de Leite, elaboração: DBO.
retorno menor e avalia-se que o varejo não repassou ao consumidor toda a queda de preços verificada nos demais elos da cadeia. Quanto ao comércio exterior, indústrias mais articuladas e organizadas souberam aproveitar a boa disponibilidade de matéria-prima e o dólar valorizado para aumentarem sensivelmente as exportações, que cresceram 94%. As importações se reduziram, mas mesmo assim o déficit na balança foi de US$110 milhões. O maior volume dos embarques ajudou a atenuar os efeitos do aumento da produção Vale destacar em 2014 a ampliação das atividades no País da importante multinacional francesa Lactalis, que se tornou grande compradora de matéria-prima. Também houve a criação de entidades, como a Viva Lácteos, que agrega as indústrias, e a Aliança Láctea Sul-Brasileira, que traz a união de governos estaduais (RS, SC e PR) e da iniciativa privada para o desenvolvimento do setor na região, que já vem se destacando. Perspectivas e sugestões – Consultores, pesquisadores, representantes dos produtores e da indústria encaram, no geral, com boa dose cautela o ano de 2015. No cenário se encontram o pequeno crescimento da economia do País, juros mais elevados, valorização do dólar e expectativas sobre o desempenho da
nova equipe econômica. Nem todas as fontes consultadas se sentiram à vontade para falar sobre perspectivas do setor neste ano. Aquelas que o fizeram acreditam que a produção de leite possa se manter estável ou revelar aumentos menores do que o ano passado, entre 2% e 3%, o mesmo ocorrendo com o consumo de lácteos. Do lado dos custos, os concentrados não representam uma ameaça, mas o dólar valorizado pode encarecer fertilizantes, medicamentos e defensivos. As importações tendem a ficar inibidas pelo comportamento da moeda e as exportações não devem crescer, pois os preços internos estão elevados e os externos em queda. Um fato relevante no cenário internacional será o fim do regime de cotas de produção, que vigorou por cerca de 30 anos na União Europeia. Para a condução dos negócios em 2015, algumas sugestões aparecem como prudência nos investimentos e prioridade para os que beneficiem a produção e a produtividade por área, como alimentação e sanidade. A melhoria na qualidade do leite não pode ser abandonada. Também foi sugerido planejamento e atenção na compra dos concentrados e que o produtor de leite fique cada vez mais atento ao mercado e ao mundo globalizado. n Anuário DBO 2015
69
Leite Rebanho
Luiz H. Pitombo
Plantel em ordenha volta a crescer Elevação de 0,6% em 2013 reverte queda anterior e sinaliza para provável novo aumento em 2014
O
trada pela PPM de 2013, tanto rebanho brasileiro de vaVacas ordenhadas por região e Estado em termos relativos como abcas já atingiu um volume 2013 2012 Variação (%) solutos, ocorreu na Região Sul, bem elevado de animais, Brasil 22.954.537 22.803.519 0,66 com aumento de 4,5% no núperto de 23 milhões de cabemero de animais, perfazendo ças, e não deve apresentar nos Sudeste 8.106.560 7.984.355 1,53 o total de 4,4 milhões de cabepróximos anos alterações muito Minas Gerais 5.850.737 5.674.293 3,11 ças, ou 192.000 a mais do que o significativas em seu contingenSão Paulo 1.390.485 1.469.829 -5,40 ano anterior. A região, salienta te. Atualmente, os maiores gaRio de Janeiro 441.483 429.473 2,80 a pesquisadora, tem excelennhos são esperados no lado da tes condições para a atividade, produção de leite e da produtiEspírito Santo 423.855 410.760 3,19 como clima mais ameno e providade, com a melhoria do maNordeste 4.633.952 4.493.504 3,13 priedades com mão de obra fanejo e da genética. Bahia 2.081.959 1.943.015 7,15 miliar, além de contar com a Foi apresentado, em deMaranhão 620.125 611.991 1,33 crescente mobilização de lidezembro último, o levantamenranças e governos locais para o to oficial mais recente, referenCeará 561.325 576.030 -2,55 desenvolvimento da atividade. te a 2013, por meio da Pesquisa Pernambuco 411.969 431.429 -4,51 A Região Nordeste foi a Pecuária Municipal (PPM, do Sergipe 234.365 226.118 3,65 que mostrou o segundo maior IBGE). Neste ano, foram ordeRio Grande do Norte 231.162 217.426 6,32 aumento em 2013, somando nhados 22,95 milhões de vacas, 4,6 milhões de vacas, ou 3,1% com crescimento de 0,6% sobre Paraíba 195.873 186.540 5,00 a mais, quantidade puxada 2012, período em que esta quanAlagoas 153.591 152.273 0,87 pela Bahia, que, sozinha, intidade se reduziu pela primeira Piauí 143.583 148.682 -3,43 corporou mais 139.000 vacas vez em 15 anos, menos 1,8%, em Sul 4.403.259 4.210.723 4,57 à ordenha. O terceiro increrazão da seca, de preços elevaParaná 1.715.686 1.615.916 6,17 mento mais expressivo se deu dos de insumos e de valores pouno Sudeste, 1,5%, resultando co compensadores do leite ao Rio Grande do Sul 1.554.909 1.516.689 2,52 em 8,1milhão de cabeças, o produtor. Como existem nesse Santa Catarina 1.132.664 1.078.118 5,06 que fez com que a região mancontingente vacas de rebanhos Centro-Oeste 3.834.697 3.826.497 0,21 tivesse a liderança nacional, não especializados, dificuldades Goiás 2.723.594 2.692.841 1,14 com 35% dos animais em orna pecuária de corte podem ter denha. Minas Gerais foi o Estambém influenciado nesta reMato Grosso 557.104 589.971 -5,57 tado que mais aumentou seu dução no abate de matrizes. Mato Grosso do Sul 529.651 532.061 -0,45 contingente na região, acresMas se, em 2013, aspectos Distrito Federal 24.348 11.624 109,46 centando 176.000 vacas. climáticos ainda se fizeram senNorte 1.976.069 2.288.440 -13,65 Já a Região Centro-Oeste tir em alguns Estados, os bons mostrou uma evolução bem preços do leite e margens vantaPará 717.419 766.593 -6,41 pequena frente às demais, de josas ao pecuarista estimularam Rondônia 582.306 857.660 -32,11 0,2%, trazendo seu contingena retomada do crescimento, que Tocantins 441.927 437.535 1,00 te para 3,8 milhões de cabedeve ter se mantido em 2014, Amazonas 113.518 113.342 0,16 ças. Goiás e o Distrito Federal como estima Rosângela Zoccal, Acre 77.624 72.069 7,71 fizeram a diferença positiva. pesquisadora da Embrapa Gado Quanto à Região Norde Leite, em Juiz de Fora, MG. Roraima 30.151 28.533 5,67 te, esta apresentou queda de Suas expectativas estão lastreaAmapá 13.124 12.708 3,27 13,6% em seu rebanho, que das no comportamento do setor Fonte: IBGE, Pesquisa Pecuária Municipal de 2013, divulgada em dezembro de 2014 adaptação: DBO. chegou a 1,9 milhão de vacas. durante o ano passado e na méDentre os fatores que influendia ponderada de evolução do ciaram ainda estão reflexos da tual pode se manter para o ano que se rebanho de vacas dos últimos seca em alguns Estados e a forte cheia anos, o que resulta no aumento estima- inicia, acredita a pesquisadora. em Rondônia, o que também reduziu a do de 0,36%, atingindo o total de 23,03 milhões de vacas. Este mesmo percen- Regiões _ A maior evolução demons- disponibilidade de pastagens. n
70 Anuário DBO 2015
Leite em números Luiz H. Pitombo
Produção
Expansão menor após pico de evolução Com tendência a mostrar taxas inferiores nos próximos dois anos, volume de leite cresce 6% em 2013.
H
á pelo menos uma década a produção de leite não aumentava tanto no País como em 2013, segundo dados oficiais divulgados em dezembro (Pesquisa Pecuária Municipal, PPM, do IBGE). O volume obtido pelas fazendas atingiu a marca de 34,25 bilhões de litros, ou 6% a mais do que o período anterior. Como resultado da oferta crescente e da demanda mais contida em 2014, quer no Brasil como no exterior, os preços ao pecuarista se mostraram menos atrativos no segundo semestre, com as estimativas de incremento da produção variando de 3,5% a 5%. Mas o que esperar de 2015? Dentre as fontes consultadas por DBO, não se descarta a possibilidade de volumes estáveis, mas também se acredita em evoluções de 2% a 3%. Nem todos arriscam, porém, um percentual de evolução, alegando indefinições sobre a renda e a demanda no País. Ao analisar a Pesquisa Trimestral do Leite (IBGE), que abarca o produto com inspeção (municipal, estadual ou federal), a produção atingiu 23,5 bilhões de litros em 2013, com evolução de 5,4% sobre o ano anterior. Já o volume disponível de 2014, no acumulado até setembro, mostra 18,2 bilhões de litros, ou 7,3% acima em igual período de 2013. Ano bom _ Bruno Lucchi, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), reconhece que o volume de 2013 superou as projeções iniciais e confirma que foi um ano bom ao pecuarista. “Os sistemas de produção no País são flexíveis e, quando compensa, o produtor melhora a alimentação das vacas, aumentando o leite obtido”, comenta. Para o ano passado, em função da redução de preços, estima preliminarmente que a produção tenha evoluído de 3,5% a 4,5% frente a 2013. Para o vice-presidente do Conselho Nacional das Indústrias de Laticínios (Conil), Carlos Humberto de Carvalho, apesar de a seca ter continuado a afetar a produção em certos momentos, os preços de 2014 ainda foram estimulantes ao pecua-
72 Anuário DBO 2015
Produção brasileira de leite de vaca (em mil litros) 2013
2012
Variação%
Brasil
34.255.236
32.304.421
6,04
Sudeste
12.019.946
11.591.140
3,70
Minas Gerais
9.309.165
8.905.984
4,53
São Paulo
1.675.914
1.689.715
-0,82
Rio de Janeiro
569.088
538.890
5,60
Espírito Santo
465.780
456.551
2,02
11.774.330
10.735.645
9,68
Rio Grande do Sul
4.508.518
4.049.487
11,34
Paraná
4.347.493
3.968.506
9,55
Santa Catarina
2.918.320
2.717.651
7,38
Centro-Oeste
5.016.291
4.818.006
4,12
Goiás
3.776.803
3.546.329
6,50
Mato Grosso
681.694
722.348
-5,63
Mato Grosso do Sul
523.347
524.719
-0,26
Distrito Federal
34.448
24.610
39,98
Nordeste
3.598.249
3.501.316
2,77
Bahia
1.162.598
1.079.097
7,74
Sul
Pernambuco
561.829
609.056
-7,75
Ceará
455.452
461.662
-1,35
Maranhão
385.880
381.637
1,11
Sergipe
331.406
298.516
11,02
Alagoas
252.135
245.647
2,64
Rio Grande do Norte
209.150
198.052
5,60
Paraíba
157.258
142.546
10,32
Piauí
82.542
85.103
-3,01
Norte
1.846.419
1.658.315
11,34
Rondônia
920.496
716.829
28,41
Pará
539.490
560.916
-3,82
Tocantins
269.255
269.883
-0,23
Amazonas
48.969
48.165
1,67
Acre
47.125
42.732
10,28
Amapá
10.948
10.996
-0,44
Roraima
10.137
8.794
15,27
Fonte: IBGE, Pesquisa Pecuária Municipal de 2013, divulgada em dezembro de 2014, adaptação DBO
rista, fazendo com que a produção nacional possa ter aumentado em pelo menos 5%. Ele destaca a evolução da Região Sul, apontando fatores como o bom nível dos produtores, mão de obra familiar reduzindo custos e uso de gramíneas de qualidade para a entressafra. Em relação à produção inspecionada, afirma que esta pode evoluir 10% até 26 bilhões de litros, fruto de políticas tributárias favoráveis ao leite que reduzem a informalidade. Ao comentar os dados oficiais de 2013, Rosangela Zoccal, da Embrapa Gado de Leite, admite que o crescimento surpreendeu e também salienta o papel da Região Sul. Foi esta a que mais aumentou sua oferta em termos absolutos, ao dispor de 1,03 bilhão de litros de leite a mais, somando 34% do total nacional e atingindo a segunda maior taxa de crescimento, com 9,6%. Apesar de representar apenas 5% da produção nacional em 2013, foi a Região Norte a que mais cresceu, 11,3% ou 188.000 litros a mais, puxada por Rondônia, dentre outros motivos pelo apoio do governo local e pela melhor genética. A pesquisadora diz que em quase todas as regiões tem aumentado mais a produção do que o número de vacas, “o que é um indício de crescente especialização, atrelada a sistemas de produção mais eficientes, não necessariamente confinados”, diz. A produtividade por vaca em 2013, segundo o IBGE, atingiu a média de 1.417 litros/ano, 5,3% superior à registrada no ano anterior. É preciso observar que este dado não representa
a média de leite na lactação, dada a dificuldade de obtenção deste número, mas sim a média no ano por animal (produção dividida pelo rebanho de vacas). A estimativa de produção de Rosângela para 2014 aponta para uma elevação de 3,5%, trazendo a oferta para 35,4 bilhões de litros. Esta taxa é calcada na média ponderada da evolução dos últimos anos e nos preços ao produtor. Quanto ao ano que se inicia, acredita em novo aumento no volume e na produtividade, embora prefira não indicar nenhum percentual em função das muitas variáveis em jogo.
Municípios campeões de produtividade* (litros/vaca/ano em 2013) Araras, SP
10.800
Castro, PR
7.120
Arapoti, PR
6.343
São Jorge, RS
6.000
Vila Flores, RS
6.000
Carambeí, PR
5.893
Cunhataí, SC
5.827
Palmeira, PR
5.812
Carlos Barbosa, RS
5.745
Fortaleza dos Valos, RS
5.708
Mamborê, PR
5.476
Morro Agudo, SP
5.450
Casca, RS
5.347
Pejuçara, RS
5.311
Veranópolis, RS
5.280
Protásio Alves, RS
5.280
Nova Prata, RS
5.280
Corbélia, PR
5.274
S. Pedro do Iguaçu, PR
5.248
Mato Leitão, RS
5.224
(*) Considerando municípios com mais de 10.000 litros/dia. Representa a produção anual das vacas do rebanho, e não a produção em si na lactação. Fonte: IBGE/PPM 2013, elaboração Embrapa Gado de Leite.
Cenários _ Lucchi, da CNA, também não avança em suas projeções para 2015, justificando que será preciso estudar melhor os cenários nacional e mundial neste início de ano. “Os preços internacionais caíram, o crescimento do País não será grande e o consumo pode ficar estagnado”, pondera. Ele não descarta a possibilidade de ocorrer apenas a manutenção dos volumes. Mais assertivo está Carlos Humberto de Carvalho, do Conil, acreditando que, mesmo a taxas pequenas, o Brasil pode ter um desenvolvimento superior ao de 2014. Suas expectativas apontam para volumes que podem oscilar de estáveis até incremento de 3%. Perto disto também estão as expectativas da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, que estima entre 2% e 2,5% o aumento da produção nacional este ano. n
As maiores produtividades
Os maiores produtores mundiais (em mil toneladas métricas)
(em kg de leite vaca/ano)
País
20141
2013
2012
139.000
Estados Unidos
10.105
9.898
9.853
91.271
90.010
Japão
9.463
9.409
9.386
60.500
57.500
55.500
Canadá
8.805
8.786
8.973
China
36.000
34.300
32.600
União Europeia
6.243
6.041
6.030
Brasil
33.350
32.380
31.490
Austrália
5.706
5.697
5.946
Argentina
5.702
5.485
5.326
Rússia
29.600
30.529
31.831
Ucrânia
4.401
4.381
4.291
20.567
Brasil2
1.613
1.583
1.582
11.679
(1) Volumes preliminares, considerando rebanhos acima de 500.000 vacas. (2) Dentre 16 países ou blocos econômicos selecionados pelo FAS/USDA, o Brasil ocupa a 14ª posição em produtividade por animal, considerando a produção total de leite dividida pelo rebanho de vacas no ano. Fonte: Dados primários FAS/USDA, dezembro de 2014, elaboração DBO.
20141
2013
2012
União Europeia
146.700
140.100
Estados Unidos
93.531
Índia
País
Nova Zelândia Argentina
21.742 11.404
20.200 11.519
(1) Dados preliminares. Fonte: FAS/USDA, dezembro de 2014, adaptação: DBO.
Anuário DBO 2015
73
Leite Luiz H. Pitombo
Indústria
Oferta cresce mais do que a demanda Indústria precisou recorrer a estoques e promoções para manter margem positiva
O
pequeno crescimento da economia nacional, dentre outros fatores, contribuiu para que o consumo de lácteos crescesse em seu conjunto a taxas inferiores à de anos anteriores, entre 2,5% e 3,5%, e menos ainda do que a produção de leite, que se teria expandido 4,6% em 2014, segundo estimativas da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP. Para este o ano, persistem as expectativas de maior consumo, todavia em percentuais que podem sofrer novo recuo. Embora ainda sem dados fechados de 2014, Carlos Humberto de Carvalho, do Conselho Nacional das Indústrias de Laticínios (Conil), adianta que “todos os lácteos mostraram alguma desaceleração em seu aumento de consumo, uns mais, outros menos”, afirma. Carvalho reconhece que a produção se elevou mais do que a demanda e que ao fim do ano segmentos recorreram à formação de estoques. Na venda dos produtos, diz que a indústria não obteve sucesso em repassar aumentos do preço da matéria-prima. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/ Esalq-USP) mostram que, entre janeiro e novembro de 2014, na média de cinco Estados, o queijo muçarela foi cotado no atacado em R$ 13,78 o quilo, ou 0,29% a mais do que em igual período de 2013, e o leite UHT em R$ 1,97/litro, com redução de 2% sobre o ano anterior. Já o leite ao produtor no mesmo período ficou em R$ 1,063/litro, com variação positiva de 5,1%. “A margem vai ficar menor do que a de 2013, mas deve ser positiva”, aponta o dirigente. Nos preços do varejo, diz não ter identificado reduções equivalentes às da indústria. Mas se por um lado Carvalho lamenta em 2014 as fraudes no leite por transportadores no Sul, por outro avalia favoravelmente a criação de uma entidade do setor industrial, a Viva Lácteos, e a ampliação das atividades no País da importante multinacional francesa Lactalis, “que vem com novas tecnologias e vai puxar a concorrência”. Rodrigo Alvim, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), destaca que a empresa europeia já chega como
74 Anuário DBO 2015
Destino da produção de leite no Brasil (em milhões de litros equivalente - 20131)
(1) Dados disponíveis sujeitos à confirmação, com base na disponibilidade interna de leite de 34,364 bilhões de litros, o que considera a produção nacional, importações e exportações. (2) Inclui o produto com e sem inspeção sanitária. (3) Leite condensado, cremes, iougurtes, sobremesas lácteas, etc. Fonte: BrainStock Consultoria Empresarial, adaptação, DBO
a segunda maior compradora de leite no País. De maneira geral, Alvim diz que a relação do pecuarista com as indústrias amadureceu e ocorre sem grandes problemas, “a não ser quando os preços começam a cair”, ressalva. Em 2014, diz que houve preocupação quanto à situação da LBR, que entrou em recuperação judicial. Consumo e qualidade em 2015 – Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq), a produção e o consumo do derivado evoluíram entre 8% e 9% no ano passado, atingindo 1,1 milhão de toneladas. Os maiores incrementos foram com queijos vinculados à alimentação fora de casa, como o requeijão culinário e a muçarela, sendo que Rondônia e Pará vêm se destacando na produção deste último produto. Fábio Scarcelli, presidente da Abiq, avalia que “foi um ano razoável, embora financeiramente pior do que 2013”. A razão vem dos preços elevados da matéria-prima, frente ao valor obtido pelo produto final. O consumo per capita, que ainda é pequeno, chegou a 5,1 quilos/habitante em 2014, um pouco acima do ano anterior, embora a meta da entidade seja atingir 7 kg/habitan-
te até 2020. Para isso, diz que a Abiq pensa em desenvolver campanhas de divulgação. Cálculos da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV) apontam para o ano passado um crescimento na produção e consumo do leite UHT de 4% sobre 2013, o que resulta em 6,6 bilhões de litros. Esta evolução está dentro das expectativas de Nilson Muniz, diretor-executivo da entidade que, no entanto, também lamenta o resultado financeiro. Ele conta que neste ano o setor de UHT planeja ampliar seus investimentos nas áreas de avaliação de risco e qualidade do leite, apontando que tal preocupação foi acentuada pelos casos de adulteração. Quanto à produção e ao consumo para 2015, acredita na manutenção da evolução em 4%. Para Scarcelli, da Abiq, o pequeno crescimento previsto para a economia pode tornar os consumidores mais seletivos, estimando a evolução do segmento entre 5% e 6%. Já numa visão conjunta, Carlos Carvalho, do Conil, espera para 2015 uma evolução da produção e do consumo de lácteos em 3%. Ele se diz confiante com o setor. “Temos um mercado consumidor grande e podemos crescer muito ainda”. n
Leite Luiz H. Pitombo
Preços
Valor recua, mas margem é positiva. Preço dos concentrados e menor oscilação dos retornos mensais favoreceram lucro do produtor
A
reversão na alta dos preços do leite ao longo do segundo semestre de 2014 pode deixar a impressão de que foi um ano ruim. No entanto, a depender da gestão dos negócios, na média do ano a margem do produtor pode ter apenas se reduzido ou apresentado até melhora sobre o ano anterior, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP). Quanto a 2015, os preços do leite devem se manter em queda, com possibilidades de estabilidade e recuperação a partir de fevereiro ou março. Mas, de acordo com as fontes consultadas, o cenário é de indefinições sobre o desempenho da economia e merece cautela nos investimentos. Com valores deflacionados pelo IPCA, o pecuarista recebeu em 2014 na média ponderada do Brasil o valor de R$ 1,0832/litro, com recuo de 2% em termos reais sobre 2013, de acordo com números do Cepea. De julho até dezembro, houve redução de 13%, com o ano fechando em R$ 0,9810/litro. Com exceção da Bahia, todos os Estados pesquisados (GO, MG, RS, SP, PR, e SC) apresentaram quedas em termos reais no preço sobre o ano anterior, com a maior ocorrendo em Goiás, -4,16%, onde a matéria-prima foi cotada pela média de R$ 1,1081. Na Bahia, o valor atingiu a R$ 1,1118/litro, ou 4,8% a mais que 2013. Wagner Yanaguizawa, analista do mercado de leite do Cepea, identifica alguns fatores que colaboraram para a retração nos valores. O primeiro é o aumento da produção nacional, fruto de investimentos dos pecuaristas estimulados pelos preços de 2013, mas que não encontrou evolução equivalente na demanda. Também diz que ocorreram reflexos das fraudes praticadas no Sul por transportadores, que provocaram refluxo dos preços locais e também no Sudeste e Centro-Oeste.
76 Anuário DBO 2015
Caso atípico – Em relação a Goiás, o analista diz que os produtores aplicaram bastante na alimentação das vacas, o que resultou em grande oferta com impacto nos preços. Já a Bahia “foi um caso atípico na comparação com os demais”, avalia Yanaguizawa. Houve diminuição na produção pela seca, as-
De julho a dezembro, preço do litro ao produtor caiu 13%, fechando em R$ 0,9810. sociada ao forte aumento de custos, o que gerou disputa pelo leite. Tomando por referência o Índice de Custo de Produção (ICP), da Embrapa Gado de Leite, que é baseado em fazendas mineiras, mostrou uma
variação de 5,2% em 2014, acima daquela de 2013, mas “menor do que a inflação medida pelo IPCA, que ficou em 6,42%”, diz Manuela Lana, que atua na pesquisa. As maiores variações, perto de 14%, ocorreram nos itens ligados à qualidade do leite, como detergentes para tanques e ordenhadeiras, e os de energia e combustíveis. Segundo Manuela, o concentrado, que tem peso de 57% no ICP, elevou-se 5,27% e contribuiu para que o índice não subisse mais. Wagner Yanaguizawa também destaca o papel deste grupo de alimentos em 2014, que apresentou preços em queda na maior parte do tempo. Em Campinas, SP, por exemplo, a saca de milho de 60 quilos esteve cotada em março em R$ 32,84 e foi para R$ 22,02
Preços médios brutos pagos pelo leite ao produtor... Brasil (ponderado)
GO
MG
Mês/ano
2014
2013
2014
2013
2014
2013
Janeiro
1,0531
0,9865
1,0405
1,0112
1,0547
0,9973
Fevereiro
1,0415
0,9931
1,0447
1,0243
1,0599
1,0052
Março
1,0632
1,0129
1,0849
1,071
1,1008
1,0282
Abril
1,1212
1,0473
1,1715
1,1215
1,1558
1,0682
Maio
1,1375
1,0794
1,1767
1,1339
1,1574
1,103
Junho
1,1266
1,112
1,1354
1,1769
1,1336
1,1346
Julho
1,1275
1,1516
1,1548
1,2326
1,1415
1,1702
Agosto
1,123
1,1835
1,165
1,2535
1,1448
1,2169
Setembro
1,1083
1,212
1,172
1,2687
1,1326
1,2541
Outubro
1,0823
1,2069
1,1296
1,2489
1,1111
1,2495
Novembro
1,0329
1,1824
1,0423
1,2151
1,0547
1,2178
Dezembro
0,981
1,1083
0,98
1,117
0,9932
1,1316
1,0832
1,1063
1,1081
1,1562
1,1033
1,1314
Média anual
OBS: IPCA acumulado de 2014 foi o de 6,42%. Valores de um mês referem-se ao leite entregue no mês anterior. Preços incluem frete e Funrural.
em setembro, com redução de 33%. No último trimestre, Yanaguizawa comenta que ocorreram elevações do milho e da soja, mas que mesmo assim ficaram abaixo das de 2013. O Custo Operacional Efetivo (COE), como informa, teve variação de 3,78% no ano, conforme pesquisa Cepea/CNA, enquanto o preço do leite teve queda acumulada de 5,44%, em termos nominais. Apesar de custos maiores e preços do leite menores, o analista afirma que “a margem bruta medida pela pesquisa mostra que na média do ano ocorreram ganhos sobre 2013, tanto em termos nominais como reais”. Ele explica que foi o comportamento dos concentrados que contribuiu para isso, pois estavam em queda já no primeiro semestre, quando os valores do leite permaneciam em alta, além do fato de que foram registradas oscilações menores entre os retornos mensais durante 2014 em comparação com o período anterior. Ele também lembra que foi mais ao fim do ano que houve piora nos preços do leite e elevação de insumos.
Quanto os custos de produção variaram em 2014 e 2013 (em %)1
(1) Índice de Custo de Produção (ICP) do Leite, em valores nominais, referentes ao Estado de Minas Gerais, considerando uma cesta média de produtos de fazendas com adoção de tecnologia; (2) Não houve variação na cotação do sêmen pesquisado em 2014. (3) gastos com detergentes para limpeza de ordenhadeiras e tanques de resfriamento, e iodo para desinfecção de tetos. Fonte: Embrapa Gado de Leite, adaptação: DBO
Numa avaliação da lucratividade do pecuarista em 2014, Rafael Ribeiro, analista da Scot Consultoria, diz que quem soube se planejar e fez compras estraté-
gicas de concentrado manteve a boa rentabilidade de 2013. Cautela em 2015 – As fontes consul-
...deflacionados pelo IPCA de dezembro de 2014 (em reais por litro) RS
SP
PR
BA
SC
2014
2013
2014
2013
2014
2013
2014
2013
2014
2013
Janeiro
1,0272
0,9223
1,0741
1,0171
1,0671
0,9876
1,1015
0,9245
1,048
0,9653
Fevereiro
1,0053
0,9289
1,0454
1,0035
1,0288
0,9966
1,1083
0,9905
1,0181
0,9744
Março
1,0063
0,9372
1,0639
1,0281
1,0217
0,9872
1,0996
1,0018
1,0182
0,9756
Abril
1,048
0,9606
1,1167
1,0527
1,0821
1,0167
1,0965
1,0126
1,0877
1,0046
Maio
1,0683
0,994
1,1431
1,0906
1,138
1,0514
1,1049
1,0188
1,0946
1,0404
Junho
1,0706
1,0161
1,1481
1,1416
1,1568
1,0661
1,1174
1,0538
1,0959
1,0604
Julho
1,0505
1,0564
1,1496
1,1765
1,1517
1,1118
1,1279
1,0916
1,0952
1,1286
Agosto
1,0313
1,0983
1,1436
1,1947
1,1428
1,1533
1,138
1,1115
1,0949
1,1637
Setembro
1,0209
1,145
1,128
1,2075
1,1127
1,1864
1,1356
1,1295
1,0675
1,1839
Outubro
0,999
1,1362
1,1164
1,204
1,0886
1,2072
1,1259
1,1336
1,0046
1,1617
Novembro
0,9642
1,1083
1,0816
1,1796
1,032
1,1842
1,1044
1,1434
0,9694
1,1579
Dezembro
0,9461
1,0638
1,0256
1,1145
0,9661
1,11
1,0822
1,1201
0,9064
1,0644
Média anual
1,0198
1,0306
1,1030
1,1175
1,0824
1,0882
1,1119
1,0610
1,0417
1,0734
Mês/ano
Fonte: Cepea-Esalq/Usp, adaptação DBO.
Anuário DBO 2015
77
Leite Preços tadas consideram que 2015 traz incógnitas e fatores preocupantes, exigindo maior atenção na condução dos negócios. Dentre estes, estão o baixo crescimento econômico do País, juros mais elevados, desvalorização do real e o desempenho da nova equipe da área econômica do governo. O analista do mercado de leite Rafael Ribeiro, da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, diz que ainda se espera uma oferta grande de leite no Brasil, sem expectativa, porém, de maior crescimento do consumo no País. Do lado dos custos, o analista diz que não devem ocorrer pressões do milho e da soja, quer por boas safras, quer por estoques tranquilizadores. Contudo, ressalva que é preciso também ficar atento à demanda mundial e aproveitar os bons momentos para estas compras. O dólar em alta, como indica, deve trazer aumentos nos fertilizantes e produtos veteriná-
78 Anuário DBO 2015
Quantos litros de leite foram necessários para comprar insumos1 Insumos
2014
2013
Variação
666,62
641,96
3,84%
1.481,59
1.409,51
5,11%
Antibiótico1(50 ml)
12,34
12,36
- 0,16%
Antimastítico (10 ml)2
8,34
7,32
13,93%
Sal Mineral (30 kg)
75,06
68,19
10,07%
Herbicida 2,4D (litro)
49,51
46,58
6,29%
Concentrado 22% PB (t) Uréia (t)
(1) Preços dos insumos referentes ao Estado de São Paulo divididos pelo preço líquido recebido pelo produtor paulista. Valores nominais, considerando dados acumulados até dezembro (2)Oxitetraciclina. Fonte:Cepea/Esalq- CNA, adaptação: DBO.
rios, embora iniba as importações de lácteos. Do ponto de vista dos preços do leite, Rafael Ribeiro que não exista mais espaço para queda, considerando que a tendência predominante seja de estabilidade e valores não muito di-
ferentes dos que os de 2014. É preciso lembrar que há também expectativa sobre a dinâmica no mercado com a atuação da multinacional francesa Lactalis, que passou a ser importante compradora no País, com 1,6 bilhão de litros/ano. n
Leite Luiz H. Pitombo
Mercado externo
Exportação tem melhor desempenho
E
Maior disponibilidade de leite, alta do dólar e preços externos beneficiaram os negócios.
mpresas brasileiras que se encontram mais articuladas e organizadas conseguiram aproveitar algumas condições favoráveis e exportaram, no ano passado, US$ 346 milhões em produtos lácteos. Este é o maior montante desde o pico de 2008 e representa significativa evolução de 194% sobre o resultado de 2013. Já as importações totalizaram US$ 456 milhões em 2014, redução de 24% sobre ano anterior. Embora a balança comercial dos lácteos ainda esteja deficitária em US$ 110 milhões, trata-se de um número 77% menor em relação ao fechamento de 2013. O principal produto exportado foi o leite em pó, com participação de 66% nos embarques lácteos e receita de US$ 211 milhões. Leite condensado e creme de leite, os produtos de maior destaque após o leite em pó, perfizeram US$ 82 milhões em vendas, ou 23% a mais em relação a 2013, lembrando ainda que o leite condensado é vendido a preços competitivos por causa da grande disponibilidade interna de açúcar no Brasil. A Venezuela foi o maior comprador dos produtos lácteos brasileiros, informa Natalia Grigol, analista de mercado do Centro de Estudos Avançados em
Rodrigo Alvim, da CNA, conta que em 2014 as exportações de Argentina e Uruguai foram reduzidas por causa da menor produção interna, de políticas de controle das exportações, no caso do primeiro país, e a busca de mercados mais rentáveis do que o Brasil. "O Uruguai nem sequer cumpriu a cota que tinha disponível para o Brasil", diz.
Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), de Piracicaba, SP. Além disso, destaca que o crescimento dos embarques contribuiu para que os preços internos do leite não se reduzissem acentuadamente em razão da maior produção nas fazendas. Angola e Arábia Saudita são importantes compradores do leite condensado brasileiro. De acordo com estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), favoreceram as vendas externas brasileiras, além da maior disponibilidade interna de leite, a alta do dólar frente ao real e os elevados preços das commodities lácteas no primeiro semestre, contribuindo para dar competitividade aos produtos brasileiros. Do lado das importações, as maiores aquisições também foram as de leite em pó, somando US$ 237 milhões, especialmente da Argentina e do Uruguai. Os queijos também representaram um bom volume, com US$ 115 milhões, embora essa receita seja 30% inferior à de 2013. As quantidades relativamente pequenas não preocupam as queijarias nacionais, sendo que os maiores fornecedores do produto foram Argentina, Uruguai, Holanda e França.
União Europeia – O ano de 2015 ainda guarda indefinições que não permitem, na avaliação de Rodrigo Alvim, estabelecer um quadro mais claro da balança comercial de lácteos, como o comportamento do dólar e os preços internacionais, que se mostram em queda. "No caso de a moeda norte-americana persistir em alta em relação ao real, as exportações podem se tornar atrativas e inibir as importações." Sobre os possíveis reflexos do embargo da Rússia a produtos da União Europeia, diz que o Brasil já começou a exportar algo em 2014, mas que poderá aumentar os volumes neste ano. Carlos Humberto de Carvalho, vice-presidente do Conselho Nacional das Indústrias de Laticínios (Conil), acredita que o déficit da balança comercial de lácteos
O que se importa e o que se exporta Importação
Exportação
2014 Itens
US$
2013 kg
US$
2014 kg
2013
US$
kg
US$
kg
Leite em pó
237.648.199
53.708.277
327.691.527
78.618.554
211.555.636
39.173.873
6.206.982
2.815.001
Queijos
115.876.854
20.658.109
166.042.838
31.248.526
13.369.383
2.591.285
13.147.554
2.810.377
Demais lácteos
48.582.023
6.123.297
32.588.447
4.941.338
13.775.256
2.581.935
23.911.276
4.299.215
Soro de leite
46.685.947
24.036.875
37.485.484
18.173.235
122.140
83.471
75.728
60.444
Manteiga e gorduras lácteas
4.531.970
776.542
19.137.726
4.179.216
22.579.132
5.793.307
3.250.705
778.761
Leite UHT
2.441.850
3.467.979
12.706.118
20.371.022
47.660
33.950
25.022
16.197
672.500
175.000
6.629.171
1.862.625
2.577.034
819.510
2.672.614
835.867
29.936
5.565
226.324
46.216
82.157.485
35.162.920
Iogurte e leitelho Leite condensado e creme Total de lácteos
68.438.478 31.062.163
456.469.279 108.951.644 602.507.635 159.440.732 346.183.726 86.240.251 117.728.359 42.678.025
Fonte: Mapa/Agrostat, 2015, adaptação: DBO.
Anuário DBO 2015
79
Leite Mercado externo deva voltar a crescer em 2015. Isso porque os preços brasileiros são elevados e os do exterior se encontram em queda. O valor do leite em pó integral, após atingir perto de US$ 5.000 a tonelada, diminuiu após janeiro de 2014, chegando a ser cotado a cerca de R$ 2.300/tonelada ao fim do ano. As vendas poderão aumentar, segundo Carvalho, de produtos como o leite condensado, onde somos competitivos; de manteiga para a Rússia, que importa muito deste derivado, e mesmo de leite em pó, isso caso haja redução dos preços internos. Cotas da UE _ Após 30 anos, deverá ser extinto em fins de março o sistema de cotas de produção de leite estabelecido na União Europeia (UE) para regular volumes e preços. "Este é o fato mais importante no mercado internacional de lácteos em 2015", salienta o dirigente. O bloco econômico é o maior produtor mundial e a expectativa é
80 Anuário DBO 2015
Saldo da balança comercial de lácteos (em US$ 1.000)
Fonte: Mapa/Agrostat 2015, adaptação: DBO.
grande, pois a medida deverá impactar a oferta e os preços. Carvalho acredita que Alemanha, França e Holanda produzirão mais leite, e Espanha e Portugal reduzirão a produção. Rodrigo Alvim, da CNA, adverte
que os possíveis aumentos da produção europeia podem enfrentar entraves da sociedade local pelas questões ambientais envolvidas. Por outro lado indaga: "Será que os subsídios vão continuar a existir?" n
2014 Um ano marcado pelo reconhecimento nacional das qualidades excepcionais da raça e, pela crescente evolução do Senepol como ferramenta da pecuária de resultados.
Um recorde com mais de 400 animais Senepol em exposição. Um sucesso, com palestras dos maiores nomes da pecuária nacional e internacional.
Um número crescente e representativo de novos criadores marcou 2014. São pessoas que acreditam na força do Senepol frente aos desafios da pecuária cada vez mais competitiva - Sejam bem vindos!
2015
A relevância da raça virou livro. A literatura da pecuária está mais rica com a história do Senepol no Brasil contada em detalhes e em três linguas (Português, Inglês e Espanhol).
Uma família de criadores e colaboradores que não medem esforços para acompanhar e multiplicar de forma profissional o crescimento da raça no país. Pessoas que trabalham com prazer em prol de uma paixão.
Quinze anos do Senepol no Brasil. A raça que carrega qualidades exclusivas e a certeza de que o futuro pode ser simples e lucrativo.
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Balanço
Um ano comandado pela carne Alta nos indicadores de preço bate nos leilões especializados na oferta de genética, de Norte a Sul.
O
ano de 2014 encerrou-se com vende de 143.856 lotes de 53 raças bovinas de carne e de leite, mais ovinos, caprinos e equinos. DBO acompanhou os resultados de 1.699 leilões pelo País, que arrecadaram o montante de R$ 1,1 bilhão. Não muito diferente do ano anterior, quando 146.339 animais atingiram essa marca. Um olhar apressado sobre os resultados de 2013 e 2014 poderia revelar estabilidade no mercado de leilões, com alterações pouco expressivas de um ano para outro. Mas, na essência, há três anos não se pagava tão bem por genética. A fatura manteve-se igual, enquanto o número de leilões caiu 10%. Foi o alívio no bolso do pecuarista que garantiu tais resultados. No ano passado, a demanda por carne bovina se confirmou em todos os indicadores do setor. A exportação atingiu US$ 7,2 bilhões, incremento de 7,7% antes os US$ 6,6 bilhões registrados no ano anterior. Mesmo com o aumento do preço nas gôndolas, o consumo interno não enfraqueceu tanto quanto o esperado, e o preço da arroba subiu a níveis históricos, com alta de 25% durante o ano. O cenário elevou as cotações da cria País afora. Em dezembro de 2013 o preço dos bezerros estava em R$ 878, subindo para R$ 1.183 no mesmo período do ano passado. A produção de carne bovina comanda mais de 50% do comércio de genética em pistas de leilões. Outros 30% se dividem entre bovinos de leite e equinos, e apenas 15% correspondem ao comércio de ovinos e caprinos. No ano passado, dos três setores coadjuvantes, apenas o de ovinos e caprinos voltou a crescer na esteira do mercado demandado por carne. Atrás dos bovinos de corte, fez a segunda melhor atuação de 2014. A análise de cada um dos setores, suas raças, regiões e categorias (divididas por machos e fêmeas), estão nas 24 páginas seguintes e são fruto do levantamento exclusivo de DBO, com o apoio de 150 empresas leiloeiras em todo o País. n
Raças bovinas de corte
767 leilões
Categorias Machos Fêmeas Prenhezes* Aspirações* Subtotal
Lotes 38.836 31.858 3.273 18 73.985
Renda (R$) 285.673.300 269.538.430 47.560.350 327.660 603.099.740
Média 7.356 8.461 14.531 18.203 8.152
Raças bovinas de leite
434 leilões
Categorias Machos Fêmeas Prenhezes* Aspirações* Subtotal
Lotes 694 29.667 476 16 30.853
Renda 3.969.920 167.251.350 3.360.280 253.200 174.834.750
Média 5.720 5.638 7.059 15.825 5.667
Renda (R$) 76.620.980 243.456.160 25.375.620 25.333.300 368.786.060
Média 18.844 25.640 31.523 9.699 21.961
Raças equinas
430 leilões
Categorias Machos Fêmeas Prenhezes* Coberturas Subtotal
Lotes 3.960 9.495 805 2.612 16.793
Raças ovinas e caprinas
114 leilões
Categorias Machos Fêmeas Prenhezes* Aspirações* Subtotal
Lotes 5.053 17.060 7 105 22.225
Renda (R$) 4.879.730 10.393.210 121.600 25.000 15.419.540
Média 966 609 17.371 238 694
Total
143.856
1.162.140.090
8.078
*Garantia de um animal nascido. Fonte: Banco de dados DBO.
Vendas semestrais
Janeiro a junho 690 leilões, 59.118 lotes, renda de R$ 472 milhões • Julho a dezembro 1.009 leilões, 84.738 lotes, renda de R$ 690,1 milhões
Leilões promovidos por região Norte Nordeste C-Oeste Sudeste Sul Virtuais Total
2014 63 138 234 392 339 533 1.699
2013 70 154 265 488 380 532 1.889
2012 76 152 275 544 381 449 1.876
2011 74 176 305 590 418 477 2.040
Anuário DBO 2015
83
Leilões Depoimentos
Conversa de pista Em entrevista a DBO, promotores de leilões, pesquisadores, membros de associações e empresas leiloeiras fizeram suas análises sobre o ano de 2014 e revelaram suas perspectivas de mercado para 2015
“Foi um ano de recuperação do preço da arroba de boi gordo em relação aos valores de 4/5 anos atrás. Como isso aconteceu em um período de 10 a 12 meses pode dar a impressão de ter sido uma alta expressiva nos preços, mas, na verdade, tivemos apenas um retorno a patamares de médio prazo”
Carlos Viacava,
CV Nelore Mocho
“Como já vem acontecendo há alguns anos, em 2014 os criadores do CentroOeste desembarcaram no Rio Grande do Sul atrás de touros Braford e Brangus para turbinar suas produções de bezerros. As raças britânicas são referência para carne de qualidade e o cruzamento com zebuínos garante a adaptabilidade dos animais na alta temperatura no Brasil Central”, Marcelo Silva, Trajano Silva Remates
“Tivemos um ano de ofertas de qualidade e a resposta foi a liquidez nas pistas. Foi possível acompanhar que vários pecuaristas expandiram seu plantel numa demonstração de credibilidade com o agronegócio para 2015. Quem produzir em volume e qualidade será recompensado”, João Gabriel, presidente do Sindicato Nacional dos Leiloeiros Rurais
“Devido a Copa do Mundo e as eleições, o calendário de leilões teve que ser remanejado e tivemos menos eventos em relação a 2013. Em compensação, o mercado respondeu com qualidade e o faturamento dos remates da Programa cresceu 11%. Sempre que a arroba do boi é valorizada, o mercado de elite também é. As projeções de 2015 são animadoras”, Paulo Horto, Programa Leilões
“O trabalho da ABIEC para abertura de novos mercados e ampliação dos que já tínhamos conquistado foi fundamental para o excelente ano da pecuária. A valorização da carne também não pressionou os consumidores, pelo menos até o último trimestre. Em 2015, talvez os preços não sejam tão firmes, mas o ritmo de vendas deve ser o mesmo”, Jovelino Mineiro, Fazenda Sant’Anna
“A brusca queda de produção da Austrália e EUA fez com que o mundo voltasse os olhos para a carne brasileira, expandindo as exportações. Acredito que esse cenário deve permanecer nos próximos três anos. O produtor de bezerros colherá bons resultados em 2015 e toda vez que esse mercado está aquecido os touros de projetos CEIP são valorizados”, Ian Hill, Agropecuária Jacarezinho
“A busca por machos foi alta no último ano, mas o mercado de fêmeas teve desempenho apenas regular. Com o advento da FIV, os criadores tornaram-se mais exigente na hora de comprar fêmea, principalmente no mercado de elite, as únicas que destoam são as campeãs de pista, mas essas são poucas”,
“O mercado de elite do Girolando atingiu o seu auge nos últimos anos e não vejo mais espaço para crescimento. É claro que sempre existirão animais de alto desempenho que serão vendidos por cotações altíssimas, mas nas demais categorias a média deve seguir nos mesmos patamares de hoje”, Maurício Coelho, Grupo Cabo Verde
“O saldo de 2014 foi muito positivo e culminou no aumento de 30% no faturamento dos remates organizados pela nossa empresa. A arroba e o gado de corte foram valorizados, mas isso não foi refletido de forma direta no preço médio dos reprodutores, deixando uma grande margem de crescimento para 2015”, Lourenço Miguel Campo, Central Leilões
“Tivemos uma queda considerável nos leilões Quarto de Milha em 2014. Por outro lado, os preços médios foram maiores do que no ano anterior, comprovando os avanços genéticos dos criatórios. Diferente do que pode acontecer com outras raças, a aptidão do Quarto de Milha para diferentes esportes e trabalhos, e sua presença em todas as regiões do País, faz com que o mercado supere oscilações”, Abdalla Adib, ABQM
“A retenção de matrizes é fundamental para a sustentação do atual cenário de preços. As fêmeas a campo são fundamentais para aumentar a produção nacional e atender a demanda do consumo interno, que é cada vez maior, além das exportações, principalmente após a abertura de novos mercados”,
“Os produtores tiveram maior retorno de capital para investir em touros de alta genética em 2014. Mas, por outro lado, os gastos com a produção também cresceram e as expectativas para o ano não são claras. O consumo interno será essencial para o bom desempenho da pecuária em 2015,”,
84 Anuário DBO 2015
Adir do Carmo Leonel,
Estância 2L
Antônio José Prata Carvalho, Tonico, Fazenda Brumado
Luis Adriano Teixeira,
Agro-Pecuária CFM
“Minas Gerais segue sendo o maior produtor de leite e genética do Brasil, mas outros Estados têm surgido como potências em ascensão, como São Paulo, Paraná e Goiás. Outros grandes projetos estão sendo implementados no Norte, Nordeste e regiões onde pouco se acreditava no potencial das raças leiteiras”,
Wellerson Silva, leiloeiro rural
“Os produtores do Rio Grande do Sul são extremamente gratos a soja. Há aproximadamente quatro anos, alguns criadores aderiram a integração carne-grão e agora estão colhendo os frutos dessa iniciativa, tendo mais capital para investir em animais de alta genética”, Jarbas Knnor, presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Rio Grande do Sul (Sindiler)
“Foi um ano muito bom para a pecuária gaúcha e as perspectivas para 2015 são de manutenção dos preços. Vale destacar a saída de animais vivos do Rio Grande do Sul para outras regiões do País e exterior, puxando os preços ainda mais para cima. Porém, a agricultura continuou avançando sobre áreas de pecuária, que vem reduzindo no Estado”, Valter Pottër, Cabanha Guatambu.
“Temos uma grande demanda por fêmeas no Norte do País no início de 2015, com forte pressão de compra para novilhas Nelore ou oriundas de cruzamento industrial. Há alguns anos os invernistas incentivaram a terminação de novilhas cruzadas e a demanda é reflexo disso. Nos touros, o mercado é ascendente”,
“A alta no quilo de boi gordo alavancou as vendas de reprodutores na primavera gaúcha e a oferta não acompanhou a demanda. Faltou touro no Rio Grande do Sul. O mercado aquecido também alcançou as fêmeas, valorizadas em 13% em relação a 2013. Com esse cenário, decidimos aumentar em 20% a nossa produção para as próximas temporadas”,
Guilherme Minssen,
João Paulo Schneider,
leiloeiro rural
GAP Genética
“Avaliando o último trimestre é possível prever que vai faltar boi no início de 2015 no Tocantins. Desde a segunda quinzena de outubro, os preços dispararam e os pecuaristas aceleraram o processo de terminação. Ou seja, os animais que morreriam de janeiro a abril já foram abatidos”,
José Manuel de Souza, JM Leilões
Anuário DBO 2015
85
Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br
Mercado de carne
Sinais de recuperação Zebuínas, taurinas e compostas encerram o ano com faturamento 7% maior: R$ 603 milhões.
A
oferta nos leilões que venderam bovinos com carga genética para a produção de carne permaneceu na casa dos 73.000 lotes em 2014. Foram comercializados exatos 73.985 exemplares em 767 leilões, pela receita de R$ 603 milhões, incremento de 7% sobre o ano anterior. A venda acentuada de touros, a exemplo do crescimento já observado em 2013, foi sustentada pelo preço firme do bezerro, que perdurou também em 2014. O mercado negociou 38.836 reprodutores à média de R$ 7.356, em 640 leilões. As fêmeas somaram 31.858 lotes, com sensível queda na oferta de animais e incremento de 5% na receita, que atingiu R$ 269,5 milhões, em 471 leilões. A divisão por sexo, no entanto, não foi regra para o que ocorre isoladamente em cada uma das categorias que compôs o mercado de genética para carne. Os selecionadores de raças taurinas foram os que obtiveram os melhores resultados do ano, favorecidos pelo crescimento da venda de fêmeas, da ordem de 30%. Elas responderam por 60% do total dos 10.412 lotes negociados pela categoria, que movimentou R$ 53,1 milhões, sustentata pelas britânicas Angus e Hereford. Ainda tímidas permanecem a Caracu, Devon, Charolês, Simental, Limousin e Pardo-Suíço Corte. Entre as zebuínas, o crescimento ficou aquém do esperado para um conjunto de raças que tradicionalmente responde por 80% das vendas em leilões pelo País. No ano passado, a oferta nos leilões das quatro zebuínas – Nelore, Tabapuã, Guzerá e Brahman – somou 54.268 lotes, por R$ 481,3 milhões, dando na média geral de R$ 8.871. O crescimento foi de pífios 2% em relação ao acumulado em 2013. Nelore e Tabapuã seguiram à frente, com desempenho 3% e 12% superiores. Guzerá e Brahman vieram atrás, com recuo de oferta e também fatura. Já no mercado de compostas e sintéticas, raças que levam na estrutura
86 Anuário DBO 2015
LEILÕES DE RAÇAS ZEBUÍNAS 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
C-OESTE
14.354
8.773
13.385
8.864
14.701
8.123
16.769
8.533
SUDESTE
9.805
19.203
10.131
19.128
12.309
16.257
11.280
22.858
NORTE
3.980
7.202
3.838
5.850
3.481
6.215
3.186
6.847
NORDESTE
2.552
8.773
1.686
10.508
1.799
11.400
1.744
10.664
SUL
1.134
5.772
1.118
5.545
1.642
7.791
2.094
8.733
VIRTUAIS
22.443
4.882
24.269
4.667
25.747
4.421
25.994
4.614
BRASIL
54.268
8.871
54.427
8.673
59.679
8.182
61.067
9.491
Fonte: Banco de Dados DBO. Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer).
LEILÕES DE RAÇAS TAURINAS 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
SUL
9.114
4.949
8.450
4.374
8.832
4.095
8.144
4.079
SUDESTE
239
10.463
168
17.105
236
24.054
281
34.947
C-OESTE
75
7.567
122
5.852
81
5.741
88
6.381
NORDESTE
-
-
16
1.800
15
1.200
-
-
NORTE
57
6.544
48
2.575
21
2.248
60
1.080
VIRTUAIS
927
4.966
608
5.118
520
6.146
375
4.837
BRASIL
10.412
5.105
9.412
4.655
9.705
4.695
8.948
5.083
LEILÕES DE RAÇAS COMPOSTAS E ADAPTADAS 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
SUL
5.186
5.171
6.410
4.002
5.151
3.875
5.030
3.556
SUDESTE
821
13.234
305
13.577
294
9.074
567
5.434
C-OESTE
797
9.012
392
6.557
367
5.186
600
5.360
NORDESTE
51
1.583
34
1.230
-
-
-
-
VIRTUAIS
2.450
9.637
1.592
9.863
910
10.269
660
7.966
BRASIL
9.305
7.368
8.733
5.509
6.722
5.040
6.857
4.293
sanguínea genética taurina e zebuína, os criadores lucraram mais. A demanda por prenhezes da raça Senepol foi o estopim que o mercado precisava para dar um salto de 66% na renda obtida no ano. A procura por prenhezes de alto padrão genético, mais que
dobrou: passou de 405 lotes em 2013 para 1.112 em 2014, um crescimento que mexeu na média de preços das compostas. Saiu de R$ 5.509, para R$ 7.368. No geral, o grupo de sete raças movimentou R$ 68,5 milhões, receita 20% superior à das taurinas. n
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Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br
Nelore
Protagonista de bons negócios
Q
Bezerro e boi gordo foram a gênese de um mercado mais robusto
uem um dia já foi motivo de chacota por querer um “gadim com orelha do tamanho de uma folha de laranjeira” nos idos de 1950 _ como gosta de contar Francisco José de Carvalho Neto, fillho mais velho de Rubico Carvalho, criador da marca Brumado, jamais poderia supor que se daria bem em não voltar atrás da escolha. O Nelore de Seu Chico, como milhares de outros Nelores, tem na pista de leilões uma medida da importância que ocupa na atual pecuária. No ano passado houve 486 remates da raça, com 49.496 lotes vendidos por R$ 451,8 milhões (média de R$ 9.129). A raça foi dona de 67% do mercado nacional, se levada em conta a oferta. Na fatura, foi responsável por 75% do total de R$ 603 milhões movimentados nos leilões que venderam bovinos para a produção de carne. Analisar o que acontece com o Nelore é avaliar o mercado como um todo. Mas vale fazê-lo. A elevação do Centro-Oeste ao topo da oferta de animais selecionados nos últimos anos foi patrocinada pela raça. Região sagrada como o berço da produção da carne, Meca da pesquisa agropecuária e foco dos frigoríficos, divide com o Sudeste a liderança da oferta de animais geneticamente superiores. De um lado o rico Sudeste, com suas feiras e exposições, e onde ocorrem os remates mais tradicionais da elite do Nelore, com oferta na casa dos 8.752 lotes por R$ 178 milhões e média de R$ 20.412. De outro lado, o potencial Centro-Oeste, com seus milhões de hectares de pastagens para serem tecnificados na base do touro a campo e da matriz parideira, e registro de quase 14.000 lotes por R$ 123,8 milhões (média de R$ 8.805). O movimento destas regiões não deixa dúvida sobre o papel desempenhado por elas como termômetros da raça. No ano passado, o Centro-Oeste colocou no mercado 10.930 touros, ante 10.110 comercializados em 2013. A alta foi de 8% e confirmou uma tendência para todas as praças com remates de touros da raça: a demanda cresceu.
88 A nuário DBO 2015
Já no Sudeste houve queda de 18% na venda de fêmeas (de 3.238 para 2.650 lotes), um indicativo de mercado mais morno para categoria. Das cinco regiões vendedoras de fêmeas, três apresentaram recuo, incluindo os virtuais, canal de grande escoamento de matrizes. Menos fêmeas – O cenário não é novo e dá continuidade aos resultados de 2013. A perda de áreas de pastagens para a agricultura nas regiões Sudeste, Sul e parte do Centro-Oeste, aliada ao alto custo de promoção dos leilões, causou redução na oferta de fêmeas para reprodução, que continuam sendo abatidas pelo País. Em 2013, as vendas caíram de 24.027 para 20.332 lotes, recuando para 18.992 em 2014. “Repensando preço e custo, o criador tem optado por tirar cria dessa matriz e matar como animal comum. Se no leilão ela sai por R$ 3.000 a R$ 3.500, no frigorífico ela vai valer R$ 2.100 parida, o que significa 20 a 22@”, avalia rapidamente Lu-
ciano Pires, leiloeiro rural, com forte atuação no mercado do Centro-Oeste. Observando os números por alto, a média geral das fêmeas ultrapassou R$ 10.000. Mas, estratificando-os, a análise ganha melhor forma. Em 2014, 70 leilões venderam fêmeas abaixo de R$ 4.000. Esse grupo, de 8.726 lotes, foi responsável pela metade de tudo o que passou pelas pistas. Outros 40% saíram para fêmeas negociadas entre R$ 5.000 e R$ 10.000 e uma pequena parcela vendeu genética mediana e a ponta da pirâmide _ a elite do Nelore. Cerca de mil fêmeas foram comercializadas em remates com média acima de R$ 30.000. Nestes remates, aliás, houve um bom número que alcançou média entre R$ 100.000 e R$ 600.000. Apesar de milionário, com movimento financeiro de R$ 116,6 milhões, este mercado cobriu apenas 5% da oferta anual. Para Lourenço Miguel Campo, da Central Leilões, empresa especializada no comércio de genética, com sede em Ara-
Lotes vendidos em leilões Regiões C-OESTE SUDESTE NORTE NORDESTE SUL VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 14.066 8.805 8.752 20.412 3.640 7.496 2.288 9.027 1.026 5.860 19.724 4.836 49.496 9.129
2013 Lotes Média 12.862 9.012 8.820 20.922 3.631 5.834 1.369 11.892 992 5.722 20.670 4.756 48.344 9.141
2012 Lotes Média 13.942 8.253 9.478 18.645 3.313 6.223 1.609 12.018 1.510 7.807 21.215 4.395 51.067 8.553
2011 Lotes Média 15.409 8.744 9.730 24.241 2.971 6.846 1.514 11.401 1.822 8.996 22.981 4.511 54.427 9.706
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Vendas semestrais
Janeiro a junho 165 leilões, 13.323 lotes, renda de R$ 154,2 milhões • Julho a dezembro 321 leilões, 36.173 lotes, renda de R$ 297,6 milhões
Leilões promovidos por região Norte Nordeste C-Oeste Sudeste Sul Virtuais Total
2014 44 37 144 107 10 144 486
2013 49 31 160 120 11 171 542
2012 51 38 180 127 15 164 575
2011 55 37 192 139 23 174 620
çatuba, SP, o perfil de seleção mudou, trazendo ajustes para os leilões de fêmeas. O criador quer uma fêmea registrada, produtiva e bem avaliada. “A demanda avançou além da capacidade de formação deste novo plantel no Brasil. Quem está comprando está investindo para si, não para vender”, sinaliza Lourenço. “Ainda não temos fêmeas no nível dos touros que vendemos.” A declaração é de quem conhece o mercado de genética e suas demandas. Em 2014, a Central negociou cerca de 7.000 reprodutores, dos quais 4.700 Nelore com algum tipo de avaliação, seja de programas convencionais de melhoramento genético ou os de CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção), um universo que movimentou quase R$ 30 milhões. “O comprador só tira a mão do bolso por animais de genética qualificada. O mercado de fêmeas está caminhando também nesta direção.” Mais reprodutores – O volume de reprodutores comercializados pela empresa situada na “terra do boi” dá ideia do imenso mercado de touros Nelore no País. No ano passado, 59 empresas leiloeiras promoveram remates da categoria, avaliando-os como demandados e promissores. A venda cresceu 7%, passando de 26.559 para 28.586 lotes. “O aumento é um reflexo da retomada da cria. Passamos por um período de dez anos de desestímulo ao setor. Sem dúvida teremos pelo menos mais dez de bom mercado para os reprodutores pela frente”, diz Nilton Barbosa, da Correa da Costa Leilões Rurais, de Campo Grande, MS. O bezerro, que começou o ano comercializado por R$ 5 o quilo no Mato Grosso do Sul, chegou ao teto de R$ 7,00 em novembro, mês em que arroba fechava o preço recorde de R$ 145 em São Paulo, segundo o indicador Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq-USP). O produtor se capitalizou. Com sobra no caixa da fazenda, ele repôs a tourada e até pagou melhor por reprodutores para o repasse da IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo). A média de preços fechou em R$ 7.184, crescimento de 11% sobre 2013. Em casos pontuais, ela chegou a 40%. Na avaliação dos leiloeiros, a necessidade de fazer bezerros cada vez mais pre-
Fêmeas vendidas em leilões 2014 2013 2012 2011 Regiões Lotes Média Lotes Média Lotes Média Lotes Média C-OESTE 2.835 11.939 2.438 15.678 3.021 12.541 3.264 13.647 DF 141 4.407 52 4.352 91 5.407 GO 350 12.831 193 22.212 946 9.781 316 17.670 MT 1.080 6.784 499 19.366 611 11.292 1.247 8.411 MS 1.264 16.936 1.694 14.195 1.464 14.846 1.610 17.378 SUDESTE 2.650 38.950 3.238 33.626 3.344 31.961 3.823 39.811 ES 45 3.920 48 5.129 MG 1.443 43.626 1.940 34.422 1.745 35.793 2.125 48.982 RJ 34 163.824 34 139.384 66 80.443 65 62.267 SP 1.128 30.602 1.216 30.523 1.533 25.511 1.633 26.984 SUL 571 5.628 611 5.049 1.152 7.635 1.170 9.529 PR 565 5.658 611 5.049 1.152 7.635 1.170 9.529 SC 6 2.800 NORTE 172 5.685 629 3.589 873 4.647 617 8.181 AC 48 9.476 106 8.027 PA 76 4.174 561 3.691 365 6.581 421 9.275 RO 40 3.280 6 4.100 34 3.304 68 2.671 TO 8 9.330 62 2.607 474 3.255 22 5.023 NORDESTE 809 10.411 387 18.645 506 19.298 493 13.114 AL 294 4.078 72 10.147 88 12.691 92 14.916 BA 380 15.650 219 26.404 275 27.686 214 19.917 CE 2 7.500 3 6.800 MA 32 5.944 43 4.271 63 4.423 146 3.107 PE 38 13.017 18 13.947 64 8.897 36 9.584 PI 45 10.813 27 7.396 13 12.351 RN 4 10.600 1 10.560 2 5.900 SE 20 5.280 VIRTUAIS 11.955 4.518 13.029 4.397 15.131 4.076 15.695 4.002 BRASIL 18.992 10.725 20.332 10.670 24.027 9.533 25.062 11.261 Vendas semestrais
Janeiro a junho 115 leilões, 7.509 lotes, renda de R$ 94,7 milhões • Julho a dezembro 165 leilões, 11.483 lotes, renda de R$ 108,9 milhões
coces e pesados sustentou a elevação dos preços nestes casos. Saíram por cotações diferenciadas touros avaliados em programas de melhoramento, com DEP’s (Diferenças Esperadas na Progênie) para características como habilidade materna, precocidade, musculosidade, entre tantas outras. “A procura por animais de cabeceira
Leilões promovidos por região Norte Nordeste C-Oeste Sudeste Sul Virtuais Total
2014 14 30 56 80 6 94 280
2013 16 27 60 84 8 114 309
2012 20 33 71 95 10 117 346
2011 28 33 80 106 17 119 383
mostra a visão do comprador sobre o touro bom e estimula uma seleção melhor por parte do vendedor”, avalia Luciano Pires. Em 2014, a maior média entre remates deste perfil ocorreu no 16º Leilão Naviraí Camparino, grife de Cláudio Sabino de Carvalho Filho e José Humberto Villela Martins, na Expogenética, em Ubera Anuário DBO 2015
89
Leilões Nelore ba, MG. O pregão vendeu 232 touros avaliados pelo Nelore Brasil, da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) e pelo PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos), da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), pela média de R$ 17.057. A cotação superou o registro de R$ 13.793 para 66 animais no 14o Neloraço, em Campo Grande, MS; e o valor de R$ 12.495 para 98 machos no 2o Nelore Boi com Bula, que reúne as linhagens Jandaia, Beabisa, EAO, Japaranduba, Lemgruber e Grendene, também na Expogenética. “A alta da arroba e do bezerros aqueceu o mercado de touros, principalmente os que passam por um crivo de seleção apertada, como os que vendemos no leilão de Uberaba”, destaca Cláudio Sabino Filho, da Chácara Naviraí. Alta à frente – O consenso entre criadores e leiloeiros é o de que haja fôlego para o aumento dos preços em 2015, com espaço para que as ofertas acompanhem o ritmo. No ano passado, 12 leilões venderam acima de 300 touros e colocaram na pista 5.956 lotes, com dois deles batendo a marca de 1.000 e 800 ofertas. O 5º Leilão Nelore Grendene e o 9o Leilão Nelore Aliança registraram cotações acima da média geral (em torno de R$ 8.000) e reafirmam o papel do Mato Grosso como grande distribuidor de touros no País. O Estado se destacou com 21% da oferta de machos no ano. Foram 6.020 lotes, com cotações que encostaram na casa de R$ 7.500. Mato Grosso do Sul vem na cola. Apesar de vender pouco menos, continua como a segunda maior praça para touros Nelore (3.926 lotes), na frente de São Paulo (3.171) e Minas Gerais (2.088). Leilões de atacado também ocorreram nestas regiões, com um dado novo na conta: Bahia e Pará pontuaram no grupo. Herdeiro da marca Japaranduba e presidente da ABCZ, Claudio Paranhos, ofertou, ao lado de Maurício Odebrecht, da EAO Empreendimentos, cerca de 700 touros no Mega Japaranduba e EAO, evento que contou com casa cheia em Itagibá, no Sul baiano. “Os criadores do Nordeste descobriram que existe genética, e em volume, dentro de casa. Já não é preciso buscar fora e nem uma exclusividade do Centro-Oeste”, diz Paranhos. No comparativo com 2013, o
90 A nuário DBO 2015
Reprodutores vendidos em leilões 2014 2013 2012 Regiões Lotes Média Lotes Média Lotes Média C-OESTE 10.930 7.539 10.110 6.711 10.529 6.205 DF 371 6.364 94 6.257 GO 613 7.695 796 7.124 1.297 6.453 MT 6.020 7.146 4.925 6.597 4.707 5.911 MS 3.926 8.228 4.295 6.776 4.525 6.440 SUDESTE 5.536 8.552 4.857 8.383 5.388 7.142 ES 274 6.142 135 6.136 159 5.465 MG 2.088 9.397 2.000 8.928 1.870 8.207 RJ 3 122.400 3 300.667 SP 3.171 8.096 2.719 7.772 3.359 6.629 SUL 433 4.300 349 4.602 311 5.378 PR 432 4.298 349 4.602 311 5.378 SC 1 5.000 NORTE 3.452 7.564 2.965 6.064 2.352 6.320 AC 197 8.142 PA 1.843 7.694 1.595 6.039 1.167 6.068 RO 257 7.263 341 6.261 366 6.354 TO 1.155 7.325 1.029 6.038 819 6.664 NORDESTE 1.408 7.402 847 6.242 986 6.350 AL 230 7.919 156 7.203 255 7.769 BA 986 7.218 545 5.917 594 5.706 CE 16 3.988 MA 27 8.378 45 4.952 45 5.918 PE 26 6.794 12 8.040 20 10.080 PI 85 8.188 54 7.702 46 6.517 RN 9 5.444 10 5.856 SE 54 7.117 26 5.935 VIRTUAIS 6.827 5.453 7.431 5.051 5.889 4.876 BRASIL 28.586 7.184 26.559 6.437 25.455 6.102 Vendas semestrais
Janeiro a junho 123 leilões, 5.271 lotes, renda de R$ 39,1 milhões • Julho a dezembro 267 leilões, 23.315 lotes, renda de R$ 166,2 milhões
Nordeste teve incremento de 60% no comércio de touros, saindo de 847 para 1.408 lotes. No Norte, a alta girou em torno de 20%. A região negociou 3.500 reprodutores, o maior registro dos últimos cinco anos, segundo o Banco de Dados DBO. Das quatro praças vendedoras, o Pará se destacou por negociar 1.843 reprodutores, 55% da ofer-
2011 Lotes Média 11.682 6.758 27 11.173 1.334 7.306 5.178 6.391 5.143 6.962 5.014 8.730 2.207 9.055 2.807 8.474 583 5.186 572 5.202 11 4.327 2.278 6.032 183 6.919 1.186 5.498 200 5.090 709 6.962 857 6.974 220 9.593 514 6.145 17 5.388 67 5.443 23 6.383 16 6.550 6.898 5.125 27.312 6.635
Leilões promovidos por região Norte Nordeste C-Oeste Sudeste Sul Virtuais Total
2014 44 32 133 73 8 100 390
2013 48 27 147 87 8 126 443
2012 48 33 161 77 9 117 445
2011 53 27 172 79 17 117 465
ta regional. O maior registro se deu no 4o Leilão Nelore Revemar Produção, com 600 touros pela média de R$ 8.400. O restante das vendas ocorreu no Tocantins (1.155 ofertas) e Rondônia (257 ofertas). O Acre, que não despontava no ranking do Nelore há três anos, vendeu 257 touros, com alta de 10% sobre o preço das demais praças. n
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Tabapuã
Touros voltam à mira dos investidores
E
Oferta avança 45% sobre 2013, ano em que as fêmeas foram as mais procuradas.
m 2014 os criadores de Tabapuã estiveram à frente de 35 leilões distribuídos por nove Estados do País. A conta deu exatos 2.039 lotes juntando machos, fêmeas e prenhezes, por R$ 11,1 milhões, média geral de R$ 5.400. Apesar do maior registro financeiro dos últimos cinco anos, desde 2012 o número de lotes tem se mantido em torno dos 2.000. O que mudou no último ano é que voltou a se vender mais machos. Os criadores se empenharam em multiplicar a genética Tabapuã, um desafio grande se considerada a pequena oferta de animais e o número reduzido de selecionadores pelo País. A oferta de touros avançou 45%, fechando 1.145 lotes. Nos anos anteriores (2012 e 2013) as fêmeas lideraram o comércio de pista, indicando aumento na base da seleção - cerca 1.200 lotes anuais. Neste ano elas registraram 875 ofertas, colocando os touros em evidência. Em três ocasiões, a oferta superou 100 reprodutores. O maior remate foi promovido por José Coelho Vitor, da Fazenda Santa Lúcia, de Curianópolis, PA, que vendeu 181 machos pelo Canal do Boi, perfazendo a média geral de R$ 6.221. Com oferta na casa dos 140 lotes pontuaram também os virtuais Tabapuã Produção (média de R$ 3.044), uma promoção da Família Ortemblad (SP) em parceria com o criador Marcos Oliveira Germano (MG); além do Mega Versátil, de Bernardo Alexandre de Andrade, com média de R$ 5.128 por animais tirados em Redenção, PA. No ano, foi grande o empenho dos criadores da região Norte na elaboração de bons remates. Tocantins também pontuou no ranking das grandes ofertas, com 235 lotes de machos e fêmeas pela média de R$ 2.900. O segundo maior mercado se deu no vizinho Goiás, porém a preços em torno de R$ 7.400. A valorização da genética nesta praça tem como pano de fundo a forte atuação da Associação Goiana do Tabapuã (AGT), entidade que vem trabalhando no marketing desta zebuína há 14 anos, incluindo a assinatura de diversas grifes de leilões pelo Estado. n
92 Anuário DBO 2015
Lotes vendidos em leilões Regiões NORTE SUDESTE C-OESTE SUL NORDESTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 304 3.755 160 10.022 103 7.384 62 3.273 53 6.845 1.357 5.114 2.039 5.400
2013 Lotes Média 117 6.064 119 9.627 124 5.815 82 3.750 101 4.085 1.267 3.624 1.810 4.358
2012 Lotes Média 72 5.887 198 8.929 302 5.704 48 4.047 109 4.976 1.166 4.140 1.895 5.002
2011 Lotes Média 61 6.787 90 9.572 598 6.699 136 4.703 78 3.823 821 4.454 1.784 5.536
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Reprodutores vendidos em leilões Regiões NORTE NORDESTE SUDESTE SUL C-OESTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 156 6.117 47 6.953 36 5.792 29 4.962 22 10.156 855 5.376 1.145 5.636
Regiões NORTE SUDESTE C-OESTE SUL NORDESTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 148 1.266 121 11.254 80 6.534 27 1.874 6 6.000 493 4.615 875 5.067
2013 Lotes Média 109 6.082 66 4.701 11 10.509 59 4.303 60 5.407 484 4.331 789 4.770
2012 Lotes Média 66 6.067 59 6.230 50 5.121 37 4.574 191 5.142 359 4.873 762 5.151
2011 Lotes Média 61 6.787 75 3.703 18 11.711 129 4.692 448 5.876 400 4.763 1.131 5.345
Fêmeas vendidas em leilões 2013 Lotes Média 8 5.820 107 9.401 64 6.197 23 2.334 35 2.923 772 3.104 1.009 3.965
Vendas semestrais
Janeiro a junho 13 leilões 934 lotes, renda de R$ 5,3 milhões • Julho a dezembro 22 leilões 1.105 lotes, renda de R$ 5,6 milhões
2012 Lotes Média 6 3.900 145 9.865 108 6.557 11 2.273 50 3.496 807 3.814 1.127 4.827
2011 Lotes Média 68 9.010 137 8.772 7 4.907 3 6.800 421 4.161 636 5.693
Leilões promovidos por região 2014 2013 2012 2011 Norte 5 4 3 2 Nordeste 1 2 2 1 Centro-Oeste 2 3 5 9 Sudeste 5 4 4 4 Sul 5 5 3 7 Virtuais 17 16 9 10 Total 35 34 26 33
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Guzerá
Reorganização da casa
O
Criadores vendem menos, mas registram preços mais atrativos.
Guzerá encerrou 2014 com vendas distintas das registradas pelo Banco de Dados DBO nos últimos anos. No período de 2009 a 2013, os selecionadores venderam cerca de 2.200 animais por ano, por faturas que variaram de R$ 12 a 23 milhões, renda esta registrada em 2012, quando os selecionadores ofertaram o dobro de animais e bateram a marca de 3.916 ofertas. Foram anos expressivos para a raça, que cresceu entre as zebuínas de corte como dupla aptidão carne-leite, atraindo criadores interessados na segunda opção por desmamar bezerros mais pesados, seja em projetos de seleção ou cruzamento industrial. Em 2014, no entanto, o Guzerá recuou. O criadores promoveram um calendário mais enxuto de leilões e terminaram o ano com cerca de 1.500 exemplares vendidos. A oferta é 26% menor do que a de 2013, com alta de 28% na média de preços. Ela subiu de R$ 5.821 para R$ 7.481, com registro máximo de R$ 210.000 por um exemplar vendido no Leilão Guzerá das Rainhas, um dos três eventos da Expozebu, em Uberaba, MG, que juntos movimentaram R$ 2,8 milhões na venda de 175 animais. Minas Gerais ficou entre as praças mais valorizadas de 2014, com renda de R$ 3,3 milhões; ao lado de São Paulo, que fechou fatura de R$ 2,3 milhões. Ambas promoveram quatro leilões durante o ano. No Sudeste se localizam os principais rebanhos de seleção da raça, que apesar dos remates de alta fatura, vêm trabalhando na produção de animais funcionais destinados a projetos de pecuária comercial. Em 2014, entre os principais vendedores (Guzerá Marca Sol e Guzerá Villefort), a Fazenda Perfeita União, de Tarcisius e Vinicius Tonetto, se destacou por ofertar cerca 300 animais do projeto Super Precoce Funcional, também provados em eficiência alimentar há 3 anos, em Pirajuí, SP. Em três leilões que movimentaram R$ 2,2 milhões foram negociados 212 touros e 72 matrizes. Os animais tiveram como destino Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, mais outras quatro praças de pecuária extensiva. n
Lotes vendidos em leilões 2014 Regiões Lotes Média SUDESTE 543 11.466 NORDESTE 152 7.239 C-OESTE 35 5.445 NORTE 28 7.057 SUL 11 10.364 VIRTUAIS 762 4.756 BRASIL 1.531 7.481
2013 Lotes Média 304 13.001 216 4.744 230 4.886 84 6.357 1.235 4.380 2.069 5.821
2012 Lotes Média 1.757 7.273 81 7.757 151 4.869 55 7.095 1.872 4.887 3.916 6.047
2011 Lotes Média 701 13.702 145 6.827 258 4.929 114 7.321 1.058 6.276 2.276 8.498
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Reprodutores vendidos em leilões Regiões SUDESTE NORDESTE C-OESTE NORTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 246 9.582 93 4.988 35 5.445 13 5.000 391 5.141 778 6.538
2013 Lotes Média 128 6.134 106 3.805 96 4.940 26 7.571 497 5.086 853 5.144
2012 Lotes Média 559 5.643 35 4.870 123 5.111 27 5.852 855 5.158 1.599 5.330
2011 Lotes Média 341 7.063 66 5.083 205 5.387 61 7.367 553 6.422 1.226 6.402
Fêmeas vendidas em leilões Regiões SUDESTE NORDESTE NORTE SUL C-OESTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 295 13.028 56 10.372 15 8.840 11 10.364 371 4.351 748 8.402
2013 Lotes Média 174 17.918 107 5.601 58 5.812 133 4.793 735 3.879 1.207 6.249
Vendas semestrais
Janeiro a junho 17 leilões 877 lotes, renda de R$ 6,8 milhões • Julho a dezembro 21 leilões 654 lotes, renda de R$ 4,5 milhões
2012 Lotes Média 1.097 7.983 43 9.588 28 8.293 28 3.806 1.002 4.615 2.198 6.430
2011 Lotes Média 347 20.088 77 8.291 44 8.141 53 3.160 504 6.089 1.025 10.930
Leilões promovidos por região Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Virtuais Total
2014 2013 2012 2011 2 4 3 4 8 8 4 8 1 3 4 8 9 10 17 14 1 17 26 31 18 38 51 59 52 Anuário DBO 2015
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Brahman
Na busca por um novo caminho
E
Mercado recua 45% e associação nacional anuncia projeto para retomar espaço
ntre as zebuínas que registraram baixa em 2014, a Brahman foi a que mais chamou atenção pelo fraco desempenho das pistas de leilões. As promoções caíram de 36 para 26, com queda de 45% na venda de animais e 30% no faturamento (veja tabela). O desempenho a situa no quarto lugar entre as zebuínas de maior mercado, atrás da Nelore, e, pela primeira vez em cinco anos, também da Tabapuã e Guzerá. Em 2014, os criadores tiveram dificuldade para vender animais e muitas promoções deixaram de existir. A quantidade de fêmeas nos remates caiu 60%, ao atingir 472 lotes, indicando um movimento de retrocesso em relação a 2013, que já havia vendido 15% menos. O mercado de touros acompanhou a queda, porém de maneira mais suave. Alcançou a marca de 727 lotes, ante os 1.016 do ano anterior. O cenário não é novo para o Brahman. Desde que o mercado de leilões passou a valorizar animais provados em características econômicas, os selecionadores redirecionaram o trabalho de suas fazendas, iniciando uma busca frenética por animais de seleção massal e que garantam um posto definitivo para a raça no ranking das zebuínas. Em 2014, além das provas de desempenho homologadas pela ABCZ, a Associação de Criadores de Brahman do Brasil (ACBB) anunciou o novo projeto de julgamento a campo, iniciativa que tem como objetivo somar as qualidades apresentadas em pista às qualidades dos animais de produção. “O mercado do Brahman se dividiu. Esta é a maneira de juntar as duas pontas e provar que temos linhagens, ao mesmo tempo em que somos funcionais”, diz Alexandre Coccapieller Ferreira, atual presidente da entidade. O intuito é aumentar a participação de criadores na ExpoBrahman, em Uberaba, MG, mostra que encerrou sua participação com a oferta de 59 machos pela média de R$ 4.475. O projeto ganhará estrada em abril deste ano, durante a ExpoBrahman Portobello 2015, em Mangaratiba, RJ. n
94 Anuário DBO 2015
Lotes vendidos em leilões Regiões SUDESTE C-OESTE NORDESTE SUL NORTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 350 5.176 150 7.531 59 4.585 35 5.319 8 4.690 600 6.055 1.202 5.881
2013 Lotes Média 888 4.684 169 5.281 44 4.903 6 4.250 1.097 4.512 2.204 4.647
2012 Lotes Média 876 10.098 306 6.199 84 9.633 41 4.939 1.307 4.440 2.614 6.717
2011 Lotes Média 759 15.156 504 6.099 7 7.097 136 9.236 40 5.682 1.134 5.265 2.580 8.558
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Reprodutores vendidos em leilões Regiões SUDESTE C-OESTE SUL NORTE NORDESTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 122 7.725 106 8.834 31 5.264 8 4.690 460 6.750 727 7.131
2013 Lotes Média 278 5.039 163 5.343 43 4.871 6 4.250 526 5.511 1.016 5.320
2012 Lotes Média 395 6.451 246 5.620 47 5.270 35 5.151 583 4.984 1.306 5.563
2011 Lotes Média 322 8.053 465 5.708 94 5.563 40 5.682 7 7.097 497 5.524 1.425 6.170
Fêmeas vendidas em leilões Regiões SUDESTE NORTE C-OESTE SUL VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 227 3.776 59 4.585 42 4.345 4 5.740 140 3.773 472 3.943
2013 Lotes Média 607 4.471 6 3.600 1 6.300 571 3.591 1.185 4.044
Vendas semestrais
Janeiro a junho 7 leilões 395 lotes, renda de R$ 1,7 milhão • Julho a dezembro 19 leilões 807 lotes, renda de R$ 5,3 milhões
2012 Lotes Média 423 12.261 6 3.700 49 5.894 32 14.864 721 3.910 1.231 7.142
2011 Lotes Média 330 18.512 20 7.060 38 17.084 627 4.609 1.015 9.644
Leilões promovidos por região 2014 2013 2012 2011 Norte 1 1 3 2 Nordeste 1 1 Centro-Oeste 6 5 8 10 Sudeste 5 11 19 21 Sul 2 4 6 9 Virtuais 11 15 17 14 Total 26 36 53 57
Leilões Marcela Caetano – marcela@portaldbo.com.br
Angus
Demanda por fêmeas turbina receita
A
Número de lotes aumenta 25% e ajuda raça a ter desempenho 21% superior
receita com os leilões da raça Angus cresceu 21% em 2014. Depois de um 2013 com aumento discreto na fatura, de apenas 4%, as vendas da raça atingiram R$ 35,4 milhões em 2014. “Foi um ano de preços muito bons e de muita procura, especialmente por fêmeas”, diz o novo presidente da Associação Brasileira de Angus, (ABA), José Roberto Pires Weber, que ocupa o cargo pela terceira vez. De fato, as fêmeas puxaram o aumento no número de lotes negociados, que foi de 6.909, incremento de 13% sobre o ano anterior. Entre eles, 4.253 eram fêmeas e registraram alta de 25% sobre 2013, com a média de R$ 3.354 (total de R$ 14,2 milhões). Em 2013, foram 3.389 lotes negociados por R$ 3.223, cerca de R$ 10,2 milhões de faturamento. Os machos somaram outros 2.645 lotes, quantidade próxima aos 2.679 animais vendidos em 2013. As médias, contudo, aumentaram 19% em 2014, registrando R$ 7.951 ante R$ 6.665 no ano anterior. Para Weber, o interesse dos compradores tem como pano de fundo outros dois fatores. Um deles é a possibilidade de adesão ao programa Carne Angus. Em 2014, os abates certificados pela associação atingiram 330.000 cabeças, aumento de 32% sobre o desempenho de 2013, quando foram abatidos 250.000 animais com a chancela da ABA. “Esperamos que a cadeia produtiva continue a responder à exigência de mercado”, projetou.
Cria _ O aumento do interesse pela cria, devido à valorização da arroba, também é apontado por Weber como responsável pelos resultados da raça. Ao longo do ano, a cotação da arroba do boi gordo subiu 25% e encerrou o ano em R$ 143 à vista, sem Funrural. Já o preço do bezerro aumentou 34%, para R$ 1.183 no mesmo período. O cenário foi propício para investimentos. Neste ano, seis leilões obtiveram faturas superiores a R$ 1 milhão para a venda de animais puros. A Liquidação da Estância Olhos D’Água, de Antonino Dorneles, ocupa a primeira colocação. Realizado em Esteio, RS, o evento arrecadou R$ 3,4 milhões Anuário DBO 2015
96
Lotes vendidos em leilões Regiões SUL SUDESTE C-OESTE NORTE NORDESTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 6.413 4.876 196 10.320 58 8.371 242 6.944 6.909 5.132
2013 Lotes Média 5.568 4.568 120 14.076 77 5.807 16 1.260 303 5.302 6.084 4.799
2012 Lotes Média 6.417 3.953 106 15.068 8 5.300 15 1.200 268 7.136 6.814 4.246
2011 Lotes Média 5.532 3.974 146 14.107 43 5.591 89 5.759 5.810 4.268
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Reprodutores vendidos em leilões Regiões SUL SUDESTE C-OESTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 2.388 7.584 83 14.730 58 8.371 116 10.446 2.645 7.951
2013 Lotes Média 2.372 6.516 65 14.383 77 5.807 165 6.026 2.679 6.656
2012 Lotes Média 2.416 5.875 48 11.635 8 5.300 161 8.563 2.633 6.143
2011 Lotes Média 2.094 5.976 87 10.477 43 5.591 32 9.787 2.256 6.197
Fêmeas vendidas em leilões Regiões SUL SUDESTE NORTE NORDESTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 4.019 3.258 111 6.646 123 3.538 4.253 3.354
2013 Lotes Média 3.190 3.065 45 11.400 16 1.260 138 4.438 3.389 3.223
2011 Lotes Média 3.429 2.707 48 20.595 56 3.501 3.533 2.962
Leilões promovidos por região
Vendas semestrais
Janeiro a junho 12 leilões, 1.917 lotes, renda de R$ 9,3 milhões • Julho a dezembro 72 leilões, 4.992 lotes, renda de R$ 26,1 milhões
2012 Lotes Média 3.963 2.704 50 17.254 15 1.200 107 4.988 4.135 2.934
2014 2013 2012 2011 Centro-Oeste
1
2
1
2
Sudeste
3
3
2
3
Sul
76
81
90
85
Nordeste
-
1
1
-
Virtuais
4
6
6
3
Total
84
93
100
93
na venda de 495 animais, sendo 371 fêmeas e 124 machos. Tradicional criador da raça, Dorneles optou por liquidar o plantel Angus diante da necessidade de encerrar o arrendamento de uma área em Alegrete, RS, que permitia a dedicação da família tanto ao Angus quanto ao Brangus. “A raça Angus passava por um momento de grande valorização e decidimos nos desfazer daquilo que valia mais. Por outro lado, apostamos no Brangus como raça para o futuro e como opção de cruza para as fêmeas meio-sangue no Centro-Oeste”, explicou Átila Dorneles, herdeiro e um dos administradores da propriedade. Uma liquidação parcial ficou em segundo lugar da lista. O Querência Angus, promovido por Luis Felipe Ferreira da Costa, da Angus Querência, de Alegrete, RS, arrecadou R$ 2,7 milhões com a venda de 728 lotes, média de R$ 3.527. A família reestruturou a criação para destinar 800 hectares à produção de arroz. Com
isso, manteve 300 matrizes e vendeu outras 700, além de reprodutores no sobreano. “Nosso foco sempre foi a venda de machos, mas tivemos a oportunidade de colocar fêmeas no mercado em um momento em que a procura estava bastante aquecida e que a produção, por maior que seja no RS, não era suficiente para atender à demanda”, avaliou Costa. Segundo ele, a propriedade pretende continuar investindo forte nos reprodutores Angus. “Além das qualidades da raça, a indústria remunera melhor o produtor pela carne que a raça produz, o que o pecuarista procure reposição para o animal Angus.” Destaques – Durante o Avaré Angus Show, foi negociada a fêmea mais valorizada do ano. VPJ Black Cameron, de Valdomiro Poliselli Júnior, foi vendida por R$ 37.500 para Francisco Bonfim. O evento registrou fatura de R$ 466.350 para 94 animais, sendo 85 fêmeas e nove machos.
Destaque também para a venda da prenhez de TM Areia com Heavy Hitter, vendida por Paulo de Castro Marques, da Casa Branca Agropastoril, para a parceria das cabanhas Catanduva e Maya por R$ 60.000, no Leilão Golden Angus, durante a Expointer. Nos machos, o exemplar mais valorizado saiu no 5º FSL Angus Itu, onde 50% do touro FSL Prestígio foi vendido por R$ 132.000, para o criador Sérgio Gabardo, da Fazenda Gabardo Agro Turismo, de Monte Negro, RS. O evento foi promovido pela Agropecuária Casa Branca, de Paulo de Castro Marques e Paulo Wickbold, de Minas Gerais; 3E Agropecuária, de Renato Ramires Jr., de José Bonifácio, SP, e pela Angus VPJ, de Valdomiro Poliseli Júnior, de Jaguariúna, São Paulo. Para 2015, Weber demonstra cautela nas projeções. “Todos vão racionalizar gastos e diminuir as despesas, não apenas na pecuária. Esta será a tônica do País. Se mantivermos os resultados deste ano, será ótimo.” n
Anuário DBO 2015
97
Leilões Marcela Caetano – marcela@portaldbo.com.br
Hereford
Vendas menores, receita maior.
A
Lotes ofertados recuaram 12,5%, mas faturamento saltou 22%, para R$ 9,7 milhões.
receita das vendas de Hereford deu um salto em 2014 e atingiu R$ 9,7 milhões, incremento de 22% sobre os R$ 7,9 milhões de 2013. O recuo de 12,5% no número de lotes ofertados valorizou os exemplares da raça. Nos machos, a média de preços foi 89% superior e chegou a R$ 8.645. A oferta, no entanto, caiu bastante. A categoria registrou a negociação de 806 exemplares, recuo de 42% ante 2013. Os machos arrecadaram R$ 6,9 milhões, mais 9,5% sobre os R$ 6,3 milhões de 2013. As fêmeas, R$ 2,7 milhões com 1.013 lotes arrematados pela média de R$ 2.674. Em 2013, a receita atingiu R$ 1,6 milhão por 704 exemplares, média de R$ 2.273. A fatura da categoria foi 69% maior em 2014, com aumento de 17% na média e 44% em lotes. A maior receita com a venda de exemplares da raça foi registrada no 42o Guatambu, Alvorada e Caty, das cabanhas gaúchas de mesmo nome, em Dom Pedrito, RS. Foram arrecadados R$ 657.460 com 149 lotes Hereford. O evento é uma dobradinha Hereford e Braford e por isso obteve faturas maiores. No geral, fechou nos R$ 2,9 milhões por 560 lotes. O macho mais valorizado de 2014 saiu no 58o Anual Santo Ângelo, realizado por Jorge Martins Bastos, em Uruguaiana, RS. Um reprodutor, de 37 meses, saiu por R$ 24.000, comprado por Aníbal de Azevedo Dias, da Cabanha União, de Jaguarão, RS. O maior valor pago por uma fêmea foi R$ 16.800, no 5o Leilão Volta Grande, de Henrique Rumpf, de Água Doce, SC, fechado pela Fazenda 2A, também do Estado. n
98 A nuário DBO 2015
Lotes vendidos em leilões Regiões C-OESTE SUL VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 1.833 5.293 1.833 5.293
2013 Lotes Média 20 4.986 2.077 3.783 2.097 3.794
2012 Lotes Média 18 5.778 1.812 4.201 1.830 4.216
2011 Lotes Média 10 5860 1.643 4.421 35 3.354 1.688 4.408
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Reprodutores vendidos em leilões Regiões C-OESTE SUL BRASIL
2014 Lotes Média 806 8.645 806 8.645
2013 Lotes Média 20 4.986 1.373 4.557 1.393 4.563
2012 Lotes Média 18 5.778 956 6.267 974 6.258
2011 Lotes Média 10 5.860 902 6.296 912 6.292
Fêmeas vendidas em leilões Regiões SUL BRASIL
2014 Lotes Média 1.013 2.674 1.013 2.674
2013 Lotes Média 704 2.273 704 2.273
Vendas semestrais
Janeiro a junho 3 leilões 307 lotes, renda de R$ 758.970 • Julho a dezembro 39 leilões 1.526 lotes, renda de R$ 8,9 milhões
2012 Lotes Média 852 1.891 852 1.891
2011 Lotes Média 726 2.137 726 2.137
Leilões promovidos por região 2014 2013 2012 2011 Centro-Oeste
-
1
1
1
Sul
42
46
44
50
Virtuais
-
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-
1
Total
42
47
45
52
Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br
Charolês
Machos engordam receita Categoria fez a maior média dos últimos cinco anos
O
ano de 2014 foi marcado pela valorização dos machos da raça Charolês, as maiores cotações dos últimos cinco anos, segundo o Banco de Dados DBO. Nos 12 remates realizados ao longo do ano, foram vendidos 177 machos pela média de R$ 7.527, total de R$ 1,3 milhão. Numa conta rápida, os números representam recuo de 12% no número de animais vendidos e incremento de 22% no valor médio pago pelos exemplares, também o maior crescimento dos últimos cinco anos. A venda de fêmeas registrou aumento de 27%, para 75 exemplares, com receita de R$ 305.740, e média de R$ 4.077. O incremento na oferta pressionou o preço médio, que recuou 17,8%. Ao todo, a oferta geral ficou pouco abaixo na comparação com 2013. Foram 252 exemplares ante 261 (-4%). Já a receita obtida pelos criadores da raça voltou ao patamar de R$ 1,6 milhão registrado em 2012, alta de 6,7% sobre o resultado de 2013, quando a fatura fechou em R$ 1,5 milhão. Destaques – O 10º Charolês do Contestado, realizado em junho, em Água Doce, Santa Catarina, obteve a maior fatura da raça no ano. A receita atingiu R$ 416.880 para 68 lotes. Organizado por Marcus Antônio Gonzatto, da Cabanha Santa Lúcia, no município, mais Nilson Antônio Pagliosa, da Cabanha Pagliosa, de Abelardo Luz, SC, o evento liderou o bloco de cinco remates com receita acima de R$ 100.000 para vendas da raça. O remate também registrou o maior valor entre os machos. O touro Korkóvio da Santa Lúcia foi arrematado por R$ 13.680 pelo criador Wilson Granemann, de Santa Cecília, SC. A maior média para touros, no entanto, pertenceu ao 5o Charolês do Norte Pioneiro, promovido pela Associação Brasileira dos Criadores de Charolês em parceria com os criadores Jamil Deud Júnior, da Fazenda Santa Tecla, e André Beata, da Fazenda Figueira, am-
Lotes vendidos em leilões Regiões SUL C-OESTE NORTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 227 6.759 25 4.147 252 6.500
2013 Lotes Média 250 5.895 11 5.500 261 5.879
2012 Lotes Média 305 5.042 25 5.400 15 1.600 345 4.918
2011 Lotes Média 259 6.015 259 6.015
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Reprodutores vendidos em leilões Regiões SUL C-OESTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 172 7.498 5 8.496 177 7.527
Regiões SUL NORTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 55 4.446 20 3.060 75 4.077
2013 Lotes Média 191 6.184 11 5.500 202 6.147
2012 Lotes Média 241 5.598 25 5.400 266 5.579
2011 Lotes Média 220 6.185 220 6.185
Fêmeas vendidas em leilões 2013 Lotes Média 59 4.959 59 4.959
Vendas semestrais
Janeiro a junho 5 leilões 142 lotes, renda de R$ 974.850 • Julho a dezembro 7 leilões 110 lotes, renda de R$ 663.090 bos do Paraná; e Cézar Adams, da Cabanha Cézar, no Rio Grande do Sul. Foram 23 touros pelo preço médio de R$ 8.856. A fatura total do evento foi de R$ 447.040 por 198 lotes, incluindo gado geral. No caso das fêmeas, o 12o Charolês da Santa Tecla pontuou a maior valori-
2012 Lotes Média 64 2.951 15 1.600 79 2.694
2011 Lotes Média 39 5.052 39 5.052
Leilões promovidos por região 2014 2013 2012 2011 Norte
-
-
1
-
Centro-Oeste
-
1
1
-
Sul
11
9
14
12
Virtuais
1
-
-
-
Total
12
10
16
12
zação da raça. Santa Tecla 2139 Rosa Amarela, de 24 meses e 700 quilos, foi vendida por R$ 13.500 para Marcus Antônio Gonzatto, promotor do Charolês do Contestado. Promovido por Deud Júnior, o evento arrecadou R$ 274.960 para 38 lotes, incluindo também o comércio de cavalos Crioulos. n
Anuário DBO 2015
99
Leilões Marcela Caetano – marcela@portaldbo.com.br
Braford
Recuo na oferta resulta em valorização
O
Promoções vão acima de 50 eventos e apontam alta de 8%
recuo na oferta de exemplares Braford garantiu para a raça melhor fatura e a continuidade do movimento de valorização iniciado em 2013. A receita chegou a R$ 19 milhões, aumento de 8% sobre o ano anterior, quando os remates somaram R$ 17,5 milhões. Tanto nos machos quanto nas fêmeas houve retração na quantidade de animais negociados e aumento nas médias, o que denota o interesse pela genética Braford. Foram realizados 52 remates, cinco a menos do que em 2013, sendo 48 deles no Sul do País, onde compostas e taurinas seguem soberanas. A venda de reprodutores gerou receita R$ 11,9 milhões para 1.330 lotes, recuo de 7% ante o número de animais negociados em 2013. A média passou de R$ 7.746 para R$ 8.956, incremento de 16%. O macho mais valorizado do ano foi negociado no 58o Anual Santo Ângelo. Promovido por Jorge Martins Bastos, em Barra do Quaraí, na fronteira oeste gaúcha, o evento vendeu um touro por R$ 19.500. O mesmo leilão vendeu o Hereford mais valorizado do ano por R$ 24.000. A receita obtida com animais Braford foi de R$ 1,4 milhão, por 257 lotes. No mercado de fêmeas, 2.122 lotes arrecadaram R$ 7 milhões, média de R$ 3.310. Se a quantidade diminuiu 19%, a média aumentou 36%. A maior fatura na categoria foi registrada no 12o Carcávio, Pedra Grande e Santo Antônio, realizado em Santana do Livramento, RS. No evento, a grande campeã da Nacional Braford Rústica 2014, de tatuagem 1548, da Estância Carcávio, alcançou R$ 37.500 no lance do criador Fabio Muricy Camargo, de Vacaria, RS. O 42º Guatambu, Alvorada e Caty fez a maior receita do ano. Ficou em R$ 2,2 milhões na venda de 411 animais, sendo 146 machos e 265 fêmeas. O total foi de R$ 2,9 milhões para 560 lotes, resultado que contou com o reforço de exemplares Hereford. O evento foi realizado na Estância Guatambu, de Valter Potter, e promovido em parceria com os proprietários da Caty, Adroaldo Potter, e José Ivo Zart, da Alvorada. n
100 Anuário DBO 2015
Lotes vendidos em leilões 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
SUL
3.306
5.367
3.887
4.137
3.063
4.238
3.259
3.611
C-OESTE
147
7.016
82
8.374
43
8.182
39
7.378
SUDESTE
-
-
10
5.640
-
-
-
-
VIRTUAIS
39
6.399
101
6.853
75
5.882
-
-
BRASIL
3.492
5.448
4.080
4.293
3.181
4.330
3.298
3.655
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Reprodutores vendidos em leilões 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
SUL
1.183
9.183
1.241
7.767
1.175
7.000
1.005
7.063
C-OESTE
122
6.968
82
8.374
43
8.182
39
7.378
SUDESTE
-
-
10
5.640
-
-
-
-
VIRTUAIS
25
7.910
95
7.153
75
5.882
-
-
BRASIL
1.330
8.956
1.428
7.746
1.293
6.975
1.044
7.075
Fêmeas vendidas em leilões 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
SUL
2.083
3.260
2.618
2.430
1.886
2.515
2.206
2.065
C-OESTE
25
7.248
-
-
-
-
-
-
VIRTUAIS
14
3.700
6
2.100
-
-
-
-
BRASIL
2.122
3.310
2.624
2.429
1.886
2.515
2.206
2.065
Vendas semestrais
Janeiro a junho 5 leilões 178 lotes, renda de R$ 497.630,00 • Julho a dezembro 47 leilões 3.314 lotes, renda de R$ 18,5 milhões
Leilões promovidos por região 2014
2013
2012
2011
C-Oeste
2
1
1
1
Sudeste
-
1
-
-
Sul
48
51
50
44
Virtuais
2
4
3
-
Total
52
57
54
45
Leilões Marcela Caetano – marcela@portaldbo.com.br
Brangus
Raça consolida mercado
A
Valorização nos machos garante o melhor resultado em cinco anos
valorização dos machos alçou 2014 ao posto de maior fatura e média geral da Brangus dos últimos três anos. Foram comercializados 963 reprodutores pela média de R$ 8.114, valor que em 2013 havia ficado em torno de R$ 6.500, com a venda de 907 lotes. A oferta aumentou 6% na comparação anual, enquanto a média cresceu 23%. O valor médio mais alto por reprodutores foi registrado no 7º Leilão Nelore Terra Boa, em Araçatuba, SP. O evento de José Luis Niemeyer dos Santos, um dos mais tradicionais criadores de Nelore do País, registrou média de R$ 12.630 por 16 animais. Embora a maior parte dos leilões ainda se concentre no Sul do País, o registro demonstra o crescente interesse de tourinhos Brangus para projetos de cruzamento industrial com Nelore. De modo geral, a Brangus deu continuidade às vendas de 2013 com oferta quase no mesmo patamar do ano anterior. Foram negociados 2.144 exemplares, 460 lotes a menos do que em 2013, pela média de R$ 5.213, incremento de 31% na mesma base de comparação. A receita ficou em R$ 11,1 milhões, alta de 8% sobre o ano anterior. Pelo segundo ano consecutivo, o 29º Tellechea e Associados alcançou a maior média entre reprodutores. O Grande Campeão da Expointer 2014, o touro Sensation, de Ricardo Bastos Tellechea, teve 50% vendidos por Washington Humberto Cinel por R$ 60.000. O leilão, promovido pela Cabanha do Posto, BT Junco, Brangus Juquiry e Brangus Brasil, negociou 368 animais por R$ 2 milhões, média geral de R$ 5.445. Considerando apenas o Brangus, a fatura fechou em R$ 943.800 para 153 exemplares. Já na venda de fêmeas saíram 1.179 lotes, ante 1.693 em 2013, recuo de 30%. A média foi de R$ 2.568 em 2013 para R$ 2.833 em 2014, 10,3% a mais. A maior quantidade foi registrada no 54º Leilão Cabanha São Bibiano, onde foram vendidas 171 fêmeas, na média de R$ 2.800. Em promoções exclusivas, o melhor desempenho coube ao 14º Leilão Brangus JMT, de José Moacir Teixeira, de São Gabriel, RS. Ao lado de 120 touros, ele negociou 150 fêmeas por R$ 2.608 cada. n
Lotes vendidos em leilões 2014 Regiões
2013
2012
2011
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
1.726
5.008
2.400
3.853
1.955
3.346
1.642
3.502
SUDESTE
58
8.694
91
6.185
114
5.241
135
6.067
C-OESTE
35
4.468
80
3.750
70
4.094
198
5.798
VIRTUAIS
325
5.760
34
6.482
10
3.720
-
-
BRASIL
2.144
5.213
2.605
3.966
2.149
3.472
1.975
3.907
SUL
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Reprodutores vendidos em leilões 2014 Regiões
2013
2012
2011
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
SUL
703
8.367
786
6.552
731
5.479
576
6.265
SUDESTE
58
8.694
85
6.218
109
5.405
90
8.200
C-OESTE
35
4.468
12
6.300
57
4.393
188
5.814
VIRTUAIS
167
7.612
24
8.371
10
3.720
-
-
BRASIL
963
8.114
907
6.566
907
5.383
854
6.369
Fêmeas vendidas em leilões Regiões SUL C-OESTE SUDESTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 1.023 2.699 156 3.709 1.179 2.833
2013 Lotes Média 1.614 2.538 68 3.300 1 6.720 10 1.950 1.693 2.568
2011 Lotes Média 1.066 2.009 10 5.500 45 1.800 1.121 2.032
Leilões promovidos por região
Vendas semestrais
Janeiro a junho 5 leilões, 245 lotes, renda de R$ 728.140 • Julho a dezembro 35 leilões, 1.899 lotes, renda de R$ 10,4 milhões
2012 Lotes Média 1.224 2.071 5 1.680 1.229 2.070
2014 2013 2012 2011 Centro-Oeste
2
1
1
6
Sudeste
2
2
2
1
Sul
31
25
33
30
Virtuais
5
3
1
-
Total
40
31
37
37
Anuário DBO 2015
101
Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br
Senepol
Vendas seguem a todo vapor
A
Raça supera recorde de 2013 em leilões e receita, reforçando interesse em alta genética.
ssim como 2013, 2014 foi um grande ano para o Senepol. A raça registrou recordes em receita e em número de pregões, reforçando o interesse por genética refinada. Nos 29 remates do ano passado, 11 a mais do que 2013, a receita atingiu R$ 33,6 milhões para 2.650 lotes, mais do que o dobro do ano anterior, quando faturaram-se R$ 16,2 milhões com 1.236 exemplares. A média ficou em R$ 12.713 e foi o único indicador da raça a apresentar queda, de 3%. A maior receita ocorreu na primeira etapa da Liquidação Senepol Luar, com R$ 2,3 milhões por 68 exemplares, média de R$ 35.058. A liquidação ocorreu em três etapas, que arrecadaram R$ 5 milhões. A grife Luar foi criada no início dos anos 2000 pela família Reich, uma das pioneiras da seleção de Senepol no País. No entanto, Adilson e seu filho, Guilherme, optaram por abrir mão de seu valioso plantel para atuar na construção civil. Considerando só os leilões regulares, a maior fatura do ano coube ao Elite Senepol Nova Vida, promovido por Ricardo Arantes, com receita R$ 2,3 milhões. O leilão encorpou os números do 1o Congresso Internacional da raça, em Uberlândia, MG. Na ocasião, foi negociado o reprodutor mais valorizado, com 25% arrematados por R$ 93.000, resultando no total de R$ 372.000. Foram negociados 691 reprodutores ao longo do ano, crescimento de 52% sobre os 454 exemplares de 2013. A média atingiu R$ 11.418, ante R$ 8.078, incremento de 41%. A venda de fêmeas gerou R$ 21,2 milhões, sendo 680 lotes pela média de R$ 31.233, oferta 89% maior, com alta de 10,8%. Mas foram as prenhezes o grande destaque do ano. Em 2014 foram vendidas 1.278, três vezes mais do que em 2013. A média foi de R$ 3.531 e a fatura de R$ 4,5 milhões. Bons exemplos da demanda foram a terceira etapa da liquidação da Luar e o 1o Virtual 3G Baby Prenhezes, com média em torno dos R$ 20.000 por 30 lotes. Considerando só as fêmeas, o melhor resultado ocorreu no 1o Virtual Senepol Grama 15 anos, com uma das 29 fêmeas, da Fazenda da Grama, saindo por R$ 204.000. n
102 Anuário DBO 2015
Lotes vendidos em leilões 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
SUDESTE
550
15.890
63
43.730
30
44.017
24
34.625
C-OESTE
137
35.340
118
8.327
52
8.092
136
6.026
SUL
73
1.350
-
-
-
-
-
-
NORDESTE
51
1.583
34
1.230
-
-
-
-
VIRTUAIS
1.839
10.837
1.021
12.247
507
14.072
313
10.447
BRASIL
2.650
12.713
1.236
13.174
589
15.069
473
10.402
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Reprodutores vendidos em leilões 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
SUDESTE
42
23.467
-
-
-
-
1
30.000
NORDESTE
18
1.980
34
1.230
-
-
-
-
C-OESTE
1
30.000
66
6.389
18
7.000
43
6.372
VIRTUAIS
630
10.855
354
9.050
157
12.045
241
7.484
BRASIL
691
11.418
454
8.078
175
11.526
285
7.395
Fêmeas vendidas em leilões 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
C-OESTE
136
35.379
52
10.786
34
8.671
89
5.455
SUDESTE
117
50.413
63
43.730
29
43.948
22
34.591
SUL
73
1.350
-
-
-
-
-
-
NORDESTE
33
1.366
-
-
-
-
-
-
VIRTUAIS
321
32.353
244
27.863
164
28.953
72
20.363
BRASIL
680
31.233
359
28.174
227
27.831
183
14.823
Vendas semestrais
Janeiro a junho 10 leilões, 911 lotes, renda de R$ 11,3 milhões • Julho a dezembro 19 leilões, 1.739 lotes, renda de R$ 22,3 milhões
Leilões promovidos por região 2014
2013
2012
2011
Nordeste
1
1
-
-
C-Oeste
3
2
1
2
Sudeste
6
2
1
1
Sul
1
-
-
-
Virtuais
18
13
7
5
Total
29
18
9
8
Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br
Outras taurinas e compostas
Nove raças faturam R$ 11 milhões Entre os destaques das que detêm menor mercado, a Caracu e a Devon.
A
s taurinas e sintéticas fecharam 2014 com resultados promissores. Ambos os grupos registraram alta sobre 2013, com crescimento em praticamente todas as raças negociadas. Por pouco elas não ultrapassam a casa de 20.000 animais, pela fatura de R$ 121,7 milhões, em 211 leilões. O cenário indica a marcha firme na oferta de animais em leilões, puxada pelo bom momento que o setor da cria começa a desenhar para algumas raças desses blocos. Ao todo foram 15 raças, sendo que seis estão presentes nas análises anteriores deste Anuário, donas dos principais mercados do ano. Já as outras nove raças tiveram atuações mais tímidas. Estão no grupo as taurinas Caracu, Devon, Limousin, Pardo-Suíço Corte e Simental; mais as sintéticas Bonsmara, Canchim, Montana e Santa Gertrudis. Com vendas abaixo de mil animais, elas registraram movimento financeiro de R$ 11 milhões, um naco de 10% do comércio das taurinas e sintéticas em 2014. No grupo não faltam criadores tradicionais, que continuam com o gado no pasto e apostam firme no espaço para sua genética. Entre as taurinas, duas são exemplo deste trabalho. Donas de nove leilões em 2014, a Caracu e a Devon comercializaram mais de 600 animais cada uma. A demanda se confirmou para ambas, com oferta equilibrada para machos e fêmeas Caracu, e demanda escancarada por matrizes Devon. No comparativo de crescimento, a Caracu foi a que deu o maior salto: 150% de alta sobre 2013.
A estratégia escolhida pelos criadores foi a de turbinar alguns remates. No ano passado foram dois, um ofertando 228 animais (a maioria de fêmeas), e outro com quase 120 lotes divididos entre touros e matrizes. Outros dois venderam na casa de cem animais. No mercado do Caracu, quase todas são as promoções regulares da raça, levadas por quem jamais desistiu da seleção. A mais antiga, a Guaraúna, está localizada no Paraná, outra é a Caracu da Vitrine, no Mato Grosso do Sul. Já no Devon, os remates tradicionais se dividem com estreias, porém seguem focadas no Rio Grande do Sul, onde está o banco genético da raça. Alguns trabalhos de seleção até ocorrem além dos domínios gaúchos, mas são raros os leilões que comercializam animais fora do Estado. No ano passado três vazaram as fronteiras, todos realizados em Santa Catarina. Com um remate a menos, a raça saltou de 487 lotes para 613 (alta de 20%), com renda de R$ 2 milhões, valor 6% superior a 2013. Fecham as contas das taurinas secundárias a Simental, com 70 lotes por R$ 580.000; a Limousin, com mais 44 lotes por R$ 268.280; e a Pardo-Suíço Corte, com apenas sete, por R$ 28.000. Compostas ou sintéticas – Donas de um mercado ainda menor, as quatro raças compostas com promoções abaixo de dez remates em 2014 negociaram 1.019 animais por R$ 4,6 milhões. Em três delas (Canchim, Montana e Bonsmara), as vendas ficaram
Taurinas que promoveram abaixo de 10 leilões em 2014 Raças
Leilões
Lotes
Renda (R$)
Média
Caracu
9 (2)
684
3.436.450
5.024
Devon
9 (5)
613
2.042.290
3.332
Simental
3 (2)
70
580.030
8.286
Limousin
3 (2)
44
268.280
6.097
Pardo-Suíço Corte
1 (1)
7
28.000
4.000
Total
24
1.418
6.355.050
4.482
Critério de oferta. (-) Remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Inclui machos, fêmeas e prenhezes. Cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer. Fonte: Banco de Dados DBO.
104 Anuário DBO 2015
entre 170 e 190 lotes, por faturas que variaram de R$ 1,1 milhão a R$ 1,4 milhão. A única a se desgrudar da média e avançar para a dianteira foi a Santa Gertrudis. No ano passado, os criadores da raça apostaram no marketing dos leilões para abrir o mercado que, durante anos, permaneceu fechado, na antiga receita de vender animais na porteira, as chamadas vendas diretas na fazenda. Os animais foram apartados para os remates, que somaram praticamente a mesma quantidade de anos anteriores, mas apresentaram alta performance na oferta. Eles negociaram 476 lotes por R$ 1 milhão, desempenho quatro vezes superior a 2013, quando três promoções colocaram nas pistas 57 exemplares. O crescimento foi puxado pela venda de fêmeas, um indicativo de aumento da base de seleção de Santa Gertrudis. Elas somaram 422 lotes pela média de R$ 1.716, total de R$ 724.180. Os reprodutores seguiram a rota traçada em anos anteriores e totalizaram 54 lotes pela média de R$ 6.153, renda de R$ 332.250. O grupo de compostas tem sobre a mesa de pauta a mesma tarefa das taurinas: mostrar como os fundamentos do cruzamento industrial devem e podem ser aplicados. A tarefa não é difícil para essas raças, que anos atrás abriram fronteira rumo ao Norte, apoiadas em suas associações. Chegou a hora de as entidades assumirem “na unha”, como dizem os criadores, a tarefa de retomar o mercado de leilões e devem fazer isso já, embasadas no crescimento vertiginoso do cruzamento industrial pelo País. n
Compostas e adaptadas que promoveram abaixo de 10 leilões em 2014 Raças Santa Gertrudis Canchim Bonsmara Montana Total
Leilões
Lotes
Renda (R$)
Média
4
476
1.056.430
2.219
4 3 (1) 3 14
186 179 178 1.019
1.195.100 1.413.240 1.001.690 4.666.460
6.425 7.895 5.627 4.576
Critério de oferta. (-) Remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Inclui machos, fêmeas e prenhezes. Cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer. Fonte: Banco de Dados DBO.
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Ovinos e Caprinos
Com o pé fincado na produção
O
Comércio de ovinos, ancorado no Rio Grande do Sul, registra alta de 48%.
mercado de ovinos voltou a crescer sustentado na demanda por animais de produção. Foram vendidos 22.225 animais pela fatura de R$ 15,4 milhões (média de R$ 694), dos quais 19.127 negociados por médias abaixo de R$ 1.000. Nunca na cobertura que DBO faz do segmento se viu tão grande valorização da produção ovina e caprina no País. Na comparação com 2013, houve alta de 48% na oferta e outros 8% na receita. O Sul permanece como o grande distribuidor de animais de genética para produção. As vendas regionais concentraram 54% das promoções, 88% da oferta e 45% do faturamento do ano passado. Quase todas as praças venderam a mesma quantidade de animais com exceção do Rio Grande do Sul, que registrou oferta de 19.282 animais a campo, contra 11.375, em 2013. Ele é o grande fator da pujança regional. O Estado é um caso a parte no contexto das praças sulistas, pois vende no atacado, em pistas exclusivas nas feiras de verão, circuito que começa em novembro e segue até início de fevereiro. Essas exposições desempenham papel fundamental na venda de ovinos e caprinos e mostram a importância do Estado na contribuição para a ovinocaprinocultura, haja visto a oferta em leilões. A diferença na quantidade de lotes entre o Rio Grande do Sul e outras praças é imensa. O segundo Estado de maior venda foi Pernambuco. A oferta, no entanto, não chegou a 1% das vendas nacionais, com 203 lotes negociados por R$ 1,4 milhão, 9% da receita acumulada. Ao lado dos baianos, os selecionadores pernambucanos tiveram a maior remuneração dentre os 16 Estados com remates na agenda. A média mais elevada ocorreu no 1º Santa Inês Noite dos Campeões, evento da Exposição Nordestina de animais, em Recife, capital, vendendo 25 exemplares pela média de R$ 12.798. A maior renda foi registrada no Leilão Dorper Constelação Sangue Azul, que vendeu na Fenagro, principal mostra bainana, animais selecionados em Caruru, no agreste pernambucano. A fatura ultrapassou R$ 500.000. n
106 Anuário DBO 2015
Lotes vendidos em leilões 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
SUL
19.667
352
11.408
466
16.886
452
18.163
468
NORDESTE
502
6.335
762
4.020
1.194
3.125
1.603
3.883
C-OESTE
483
1.379
481
1.648
133
4.219
533
1.269
SUDESTE
183
1.225
1.104
1.684
2.080
1.891
1.790
3.051
NORTE
53
1.766
-
-
108
509
363
1.597
VIRTUAIS
1.337
3.246
1.259
2.494
960
2.789
917
3.259
BRASIL
22.225
694
15.014
944
21.361
870
23.369
1.046
Fonte: Banco de Dados DBO. Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer).
Mercado de raças ovinas e caprinas em 2014 Raças Corriedale Ideal Texel Dorper Merino Australiano Santa Inês Ile de France Hampshire Down Poll Dorset Boer Anglonubiana Crioula Suffolk Savana Ovinos e caprinos* Total
Leilões 34 (20) 15 (12) 20 (11) 43 (17) 6 (5) 16 (12) 7 (5) 5 (3) 2 (2) 7 (6) 2 2 (2) 2 (1) 1 (1) 8 (6) 114
Lotes 7.434 2.743 2.051 1.555 643 440 302 283 208 149 86 81 39 25 6.186 22.225
Renda (R$) 2.963.950 1.024.430 1.309.820 5.823.220 294.190 1.197.890 207.230 178.180 37.840 781.000 409.440 23.490 124.900 79.920 964.040 15.419.540
Média 399 373 639 3.745 458 2.722 686 630 182 5.242 4.761 290 3.203 3.197 156 694
Critério de oferta. (-) Remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. (*) Leilões em que não foi possível identificar as raças vendidas. Fonte: Banco de Dados DBO.
Vendas semestrais
Janeiro a junho 52 leilões, 14.480 lotes, renda de R$ 7,5 milhões • Julho a dezembro 62 leilões, 7.745 lotes, renda de R$ 7,9 milhões
Leilões promovidos por região 2014 Norte 2 Nordeste 16 C-Oeste 6 Sudeste 3 Sul 61 Virtuais 26 Total 114
2013 20 6 14 58 23 121
2012 3 27 5 23 63 16 137
2011 8 38 5 22 74 18 165
Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br
Equinos
Movidos pela incerteza
O
Mercado milionário sofre retração de 14% em número de promoções e de lotes
mercado de equinos encolheu em 2014. A pesquisa DBO acompanhou 430 leilões pelo País, que, juntos, colocaram nas pistas 16.793 lotes, entre machos, fêmeas, embriões e coberturas. A fatura foi de R$ 368,7 milhões, com registro de média de R$ 21.961. Mesmo com a manutenção de cifras milionárias, houve queda em praticamente todos os segmentos que compõem a análise de mercado. Os resultados apontam retração de 14% nas promoções, mesmo percentual registrado na oferta. Na renda, os números foram 5% menores e houve ligeira alta no preço médio dos animais, que subiu de R$ 19.872 para R$ 21.961, crescimento de 4% de um ano para outro. O recuo ocorreu nas três raças tidas como pilares do mercado de equinos. Donas de 84% das vendas em leilões, a Quarto-de-Milha, a Crioulo e a Mangalarga Marchador registraram baixa de 16%, quando comparadas com 2013. Foram 14.116 lotes vendidos, ante os 19.448 do ano anterior. Especialistas acreditam que a baixa do setor está ligada ao perfil do público investidor de cavalos no Brasil. Formado por grupos de alto poder aquisitivo, que em sua maioria não têm a equinocultura como atividade principal, os compradores recuaram nas pistas devido ao cenário político e econômico de incertezas desenhado para 2014. “São mercados direcionados ao esporte e lazer e, por isso, facilmente contaminados por crises de outros setores”, avalia Roberto Arruda de Souza Lima, professor do Departamento de Economia da Esalq/USP. Dono de um plantel de 5 milhões de cabeças, o Brasil tem na equinocultura uma atividade relevante, de diferencial competitivo, e alta receita anual. Segundo balanço do Cepea, Centro de Pesquisa em Economia Aplicada, são cerca de R$ 13 bilhões de renda, nicho onde os leilões estão inseridos. Mesmo com re-
Mercado de raças equinas em 2014 Raças Quarto-de-Milha Crioulo Mangalarga Marchador Campolina Pampa Mangalarga Árabe Pantaneiro Brasileiro de Hipismo Paint Horse Total
Leilões 109 (10) 140 (6) 105 (6) 22 17 (1) 19 (3) 7 (2) 8 (1) 7 3 (1) 430
Lotes 5.717 4.721 3.678 814 702 558 206 190 150 57 16.793
Renda (R$) 173.243.380 83.995.320 69.429.760 13.833.910 8.410.520 8.893.530 1.931.800 2.446.570 5.951.450 649.820 368.786.060
Média 30.303 17.792 18.877 16.995 11.981 15.938 9.378 12.877 39.676 11.400 21.961
Critério de oferta. (-) Remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Fonte: Banco de Dados DBO.
Lotes vendidos em leilões 2014 2013 2012 2011 Regiões Lotes Média Lotes Média Lotes Média Lotes Média SUL 4.058 19.507 5.007 18.566 4.565 17.290 5.292 16.903 SUDESTE 3.804 31.895 4.003 24.599 4.337 27.228 4.651 27.879 NORDESTE 2.897 23.743 3.058 25.776 2.269 21.767 2.242 22.514 C-OESTE 1.238 20.756 1.507 15.963 1.141 14.406 1.221 13.309 NORTE 68 9.274 198 11.363 191 10.044 109 9.509 VIRTUAIS 4.728 15.480 5.675 15.841 4.285 15.986 6.035 17.442 BRASIL 16.793 21.961 19.448 19.872 16.788 19.851 19.550 20.058 Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Vendas semestrais
Janeiro a junho 195 leilões, 7.767 lotes, renda de R$ 175,2 milhões • Julho a dezembro 235 leilões, 9.026 lotes, renda de R$ 193,5 milhões sultados desanimadores, em 2014 alguns exemplares ajudaram a elevar o faturamento do setor, com cifras que superaram R$ 1 milhão, um indicativo do forte potencial da equinocultura. Os preços foram praticados na raça Quarto-de-Milha, que vendeu um ani-
Leilões promovidos por região Norte Nordeste C-Oeste Sudeste Sul Virtuais Total
2014 2013 2 9 52 66 36 42 85 84 120 149 135 154 430 504
2012 9 51 30 95 134 107 426
2011 5 53 31 100 156 140 485
mal por R$ 1,3 milhão e outros quatro exemplares por cotações entre R$ 400.000 e R$ 500.000. A raça registrou o maior faturamento entre as dez equinas negociadas em 2014, alcançando R$ 173,2 milhões, 47% do acumulado no ano. n Anuário DBO 2015
107
Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br
Leite
Oferta dos retiros afeta negócios Com mercado inundado de leite, produtor recebe menos pelo litro, o que impacta nos leilões.
A
instabilidade dos preços do leite pago ao produtor em boa parte de 2014 pressionou o comércio de genética leiteira nas pistas. O mercado caiu 21% na quantidade de animais vendidos e 10% no faturamento. Os criadores levaram às pistas, em 434 leilões, 30.853 animais, com 96% de fêmeas, por R$ 167,2 milhões (média de R$ 5.638). Em 2013, o movimento foi de R$ 183,5 milhões na venda de 38.204 lotes, entre matrizes, novilhas e bezerras. Naquele ano, a demanda manteve-se e os preços do leite sustentaram patamares elevados. O produtor lucrou mais e investiu, fazendo aumentar a produção em 2014. “Os laticínios captaram muito leite no ano passado. A demanda não diminuiu, mas não conseguiu acompanhar a alta da oferta”, explica Wagner Yanaguizawa, analista de mercado da Equipe Leite do Cepea/Esalq-USP. Com a pressão da indústria, os preços despencaram e os leilões também sofreram. As vendas caíram no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do País, e ficaram estáveis no Norte e Sul. Nos virtuais, houve alta de 30%, fechada nos 10.000 lotes vendidos por R$ 51,5 milhões. n
108 Anuário DBO 2015
Lotes vendidos em leilões Regiões SUDESTE
2014 Lotes Média 16.014 5.320
2013 Lotes Média 25.372 4.709
2012 Lotes Média 29.656 4.623
2011 Lotes Média 32.679 4.413
C-OESTE
3.094
7.382
4.178
6.030
2.763
4.439
2.983
5.170
NORDESTE
1.132
6.487
1.482
4.853
1.633
5.111
1.994
6.137
NORTE
818
3.389
785
3.708
984
4.261
135
3.589
SUL
726
7.117
702
7.439
576
6.890
547
6.371
VIRTUAIS
9.069
5.681
6.786
5.072
4.788
5.982
7.797
4.383
BRASIL
30.853
5.667
39.305
4.947
40.400
4.814
46.135
4.552
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Vendas semestrais
Janeiro a junho 210 leilões, 16.785 lotes, renda de R$ 95,1 milhões • Julho a dezembro 224 leilões, 14.068 lotes, renda de R$ 79,7 milhões
Leilões promovidos por região 2014 2013 Norte 16 12 Nordeste 37 42 C-Oeste 32 45 Sudeste 171 243 Sul 21 21 Virtuais 157 109 Total 434 472
2012 15 37 39 259 15 88 453
2011 5 50 39 295 16 94 499
Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br
Girolando
Menor oferta em sete anos Descompasso entre produção e consumo se reflete nos números
A
Girolanda é considerada raça mãe dos plantéis leiteiros do País. Em 2014, de tudo o que passou pelas pistas, 68% foram da raça, que esteve presente em 270 leilões por 18 Estados da Federação, com a maior participação em exposições agropecuárias (59). Foi de longe a leiteira mais comercializada no País, perdendo apenas para outra base da produção nacional voltada para a pecuária de corte, a Nelore. O reinado, no entanto, fez da Girolando uma ferida exposta às oscilações do mercado como nenhuma outra entre as nove raças leiteiras acompanhadas por DBO em 2014. O descompasso entre o aumento de produção de leite e a demanda estabilizada no mercado consumidor impactou na baixa de preços do leite pago pela indústria, fazendo com que os produtores recuassem das pistas de leilões. A Girolanda encerrou o ano com o pior desempenho dos últimos sete anos. As vendas ficaram em 19.816 lotes por R$ 96 milhões, ante 27.197 lotes por R$ 105,3 milhões registrados em 2013. O maior mercado se deu no primeiro semestre, quando saíram 11.759 lotes, 60% da oferta anual. Janeiro e fevereiro serviram como período “esquenta tambores” para março, mês em que os produtores negociaram quase 2.200 lotes. Os picos de venda ocorreram em abril e maio, com 3.621 e 3.488 lotes, respectivamente. Já em junho, as vendas caíram para 1.778 lotes, subindo para 2.588 em julho, mês de último grande volume de oferta. A venda de animais se manteve baixa em boa parte do segundo semestre, fechando o último trimestre com média de 690 lotes/mês. “Tivemos um resultado menor, puxado por fatores pontuais do mercado. Mas o Girolando é a raça de maior força na produção e comercialização do País”, pontua Wellerson Silva, leiloeiro rural. “Pela liquidez e valorização da genética, sabemos que a raça manteve sua rota ascendente.” Na média de preços, a alta foi de 25% sobre 2013, segundo o Banco de Dados DBO. n
Lotes vendidos em leilões 2014 Lotes Média 12.220 4.565 1.943 6.643 808 5.974 729 3.341 45 4.551 4.071 4.876 19.816 4.845
Regiões SUDESTE C-OESTE NORDESTE NORTE SUL VIRTUAIS BRASIL
2013 Lotes Média 19.131 3.812 3.114 4.404 1.127 3.917 742 3.717 82 5.800 3.001 3.684 27.197 3.873
2012 Lotes Média 23.214 3.441 1.820 3.393 1.189 3.684 869 4.236 63 3.121 1.970 3.527 29.125 3.477
2011 Lotes Média 24.574 3.018 2.181 3.417 1.469 4.617 120 3.828 111 3.447 4.735 2.232 33.190 3.007
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Fêmeas vendidas em leilões 2014 Lotes Média 12.106 4.517 1.926 6.666 799 5.986 718 3.322 45 4.551 4.020 4.879 19.614 4.819
Regiões SUDESTE C-OESTE NORDESTE NORTE SUL VIRTUAIS BRASIL
2013 Lotes Média 18.807 3.775 3.076 4.372 1.107 3.924 726 3.687 81 5.649 2.947 3.703 26.744 3.845
2012 Lotes Média 22.930 3.387 1.774 3.406 1.172 3.642 843 4.243 63 3.121 1.940 3.517 28.722 3.432
2011 Lotes Média 24.327 2.951 2.148 3.409 1.426 4.548 109 3.800 105 3.421 4.701 2.205 32.816 2.948
Reprodutores vendidos em leilões Regiões SUDESTE C-OESTE NORTE NORDESTE SUL VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 73 7.978 14 3.784 11 4.585 5 3.252 48 4.750 151 6.160
2013 Lotes Média 263 4.388 25 3.550 16 5.090 13 2.172 53 2.452 370 4.007
Vendas semestrais
Janeiro a junho 139 leilões, 11.759 lotes, renda de R$ 56,5 milhões • Julho a dezembro 131 leilões, 8.057 lotes, renda de R$ 39,5 milhões
2012 Lotes Média 118 4.007 47 2.830 26 4.005 10 4.260 5 3.976 204 3.759
2011 Lotes Média 120 3.717 29 2.844 9 3.684 19 3.180 6 3.900 21 4.148 204 3.591
Leilões promovidos por região 2014 13 Norte 27 Nordeste 23 C-Oeste Sudeste 135 1 Sul 71 Virtuais Total 270
2013 11 28 36 192 5 49 321
2012 13 24 30 190 3 21 281
Anuário DBO 2015
2011 4 38 27 210 4 38 321
109
Leilões Marcela Caetano – marcela@portaldbo.com.br
Holandês
Para poucos e bons Liquidações continuam, mas raça se mantém nos criatórios tradicionais.
E
m 2013, a raça Holandesa bateu recorde de faturamento dos últimos cinco anos. O total dos leilões ultrapassou R$ 30 milhões por quase 6.000 animais, em 67 eventos. Com praticamente o mesmo número de promoções, o desempenho foi 25% superior ao de 2012, quando os criatórios ofertaram 4.225 animais por R$ 24 milhões. A média foi menor, registrando R$ 5.207 no período. Depois de um 2013 de recorde de faturamento, a raça Holandesa teve um ano de ajuste em 2014. Os 75 remates de 2014, nove a mais do que em 2013, resultaram em receita de R$ 28 milhões, ante R$ 30 milhões apurados no ano anterior. Foram vendidos 4.922 lotes, queda de 19% em relação aos 5.856 animais de 2013. A média foi a maior dos últimos cinco anos, R$ 5.693. A raça Holandesa deu sequência ao movimento que ganhou força em 2010, quando o número de criadores que abandonaram a raça começou a crescer. Em 2014 houve18 liquidações, que representaram R$ 11,8 milhões _ 42% da receita total e outros 44% do total de lotes negociados. As três maiores receitas do ano foram registradas nesses eventos. Considerando apenas os leilões regulares, o melhor resultado foi registrado no 70 Holandês Barreiro Alto, promovido por Mário Antônio Costa de Araújo, de Sete Lagoas, MG. O produtor alcançou fatura de R$ 1,3 milhão na venda de 147 fêmeas cotadas pela média de R$ 9.490. Elas estão no grupo das 4.530 holandesas arrematadas em 2014 pela fatura de R$ 26,9 milhões. A mais valorizada foi vendida em uma estreia. Uma bezerra, filha de Ever Green View My 1326 ET em Doorman, saiu por R$ 51.000 pela Fazenda São Miguel, de Patos de Minas, no Estado, durante o 10 Holandês Celebridades Fêmeas. O remate negociou 72 lotes de fêmeas e prenhezes por R$ 928.500 (média de R$ 12.896). A promoção, em Ponta Grossa, PR, foi coordenada por criadores do Sul, região que sediou 17 dos 75 remates do ano, atrás só do Sudeste, que promoveu 19 leilões. A conta só não é maior em razão da atuação dos virtuais, que encerraram o ano com 33 eventos. n
110 Anuário DBO 2015
Lotes vendidos em leilões Regiões SUDESTE C-OESTE SUL NORTE NORDESTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 2.155 5.391 581 6.074 568 7.364 35 2.700 20 10.740 1.563 5.362 4.922 5.693
2013 Lotes Média 3.901 5.153 655 3.727 439 9.262 26 7.576 835 4.415 5.856 5.207
2012 Lotes Média 3.677 5.289 61 6.315 381 8.275 30 1.715 25 1.942 51 6.292 4.225 5.540
2011 Lotes Média 4.750 4.292 217 3.370 382 7.291 39 3.402 160 3.034 5.548 4.420
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes* e aspirações* de folículos ovarianos. Cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer (*) Fonte: Banco de Dados DBO.
Fêmeas vendidas em leilões Regiões SUDESTE C-OESTE SUL NORTE NORDESTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 2.140 5.406 580 6.077 522 7.479 35 2.700 17 11.171 1.236 6.229 4.530 5.956
Regiões SUDESTE NORDESTE SUL C-OESTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 14 2.779 2 9.900 2 2.080 1 4.500 42 4.409 61 4.140
2013 Lotes Média 3.861 5.139 655 3.727 413 7.996 22 7.527 834 4.409 5.785 5.087
2012 Lotes Média 3.562 5.217 60 6.176 345 7.593 30 1.715 21 1.783 49 6.441 4.067 5.404
2011 Lotes Média 4.667 4.188 217 3.370 367 6.960 38 3.415 154 2.999 5.443 4.303
Reprodutores vendidos em leilões 2013 Lotes Média 20 4.011 4 7.845 24 4.650
Vendas semestrais
Janeiro a junho 29 leilões 1.737 lotes, renda de R$ 10,5 milhões • Julho a dezembro 46 leilões 3.185 lotes, renda de R$ 17,4 milhões
2012 Lotes Média 61 4.457 4 2.775 7 2.500 2 2.640 74 4.131
2011 Lotes Média 34 3.859 1 2.900 2 7.740 6 3.950 43 4.030
Leilões promovidos por região 2014 2013 2012 2011 Norte 1 1 Nordeste 1 3 2 3 Centro-Oeste 4 6 1 2 Sudeste 19 33 43 55 Sul 17 15 11 12 Virtuais 33 10 2 5 Total 75 67 60 77
Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br
Gir Leiteiro
Recuo de 18% na renda das pistas
D
Em 132 remates pelo País, 4.018 ofertas foram vendidas por R$ 39,2 milhões.
e janeiro a dezembro de 2014, DBO acompanhou os resultados de 132 leilões de Gir Leiteiro pelo País. O total nas pistas foi de 4.081 ofertas, vendidas por R$ 39,2 milhões. No comparativo com 2013, quantidade e oferta dos leilões se mantiveram, porém com recuo de 18% na renda. Em 70% das promoções, as médias ficaram abaixo de R$ 10.000. Neste grupo de remates foram vendidos 3.089 lotes por R$ 17,6 milhões, pela média de R$ 5.724. Somaram 42 (com venda de 992 lotes por R$ 21,5 milhões) os remates de elite, a maioria concentrada na faixa de R$ 20.000 a R$ 30.000. O Gir Leiteiro sempre foi visto como coadjuvante do mercado de leite, usado para fazer gado cruzado e os vários graus de Girolando, composto que leva na receita o Gir e o Holandês. Mas a virada da pecuária para a produção de leite a pasto acendeu um mercado adormecido para a raça: o da busca por animais rústicos e que tenham elementos essenciais na composição do leite – proteína e gordura. O quadro de mudança fez com que as atenções se voltassem para um novo mercado, atraindo investidores que colocaram a raça como opção de genética brasileira para os desafios do setor. Esse movimento se iniciou no fim de 2006, quando as vendas ultrapassaram pela primeira vez mil lotes, com exemplares negociados por até R$ 800.000 nas pistas. O maior beneficiado deste crescimento foi Minas Gerais, dono dos maiores e mais tradicionais rebanhos. Em 2014, por exemplo, o Estado cumpriu 25% da pauta anual de leilões (32), vendendo 690 lotes, 19% das vendas. A praça registrou média de R$ 17.109, também a mais valorizada do País. Somente na Expozebu, no Triângulo Mineiro, foram arrecadados R$ 8,2 milhões em 14 leilões, quatro deles entre as maiores faturas de 2014. O líder em renda foi um dos três leilões do Mutum Weekend, evento fora do solo mineiro e promovido pelo goiano Léo Machado, em Alexânia. Pelo segundo ano consecutivo, o Leilão Matrizes Mutum alcançou o recorde da raça, com fatura de R$ 3,4 milhões por 18 lotes. n
Lotes vendidos em leilões 2014 2013 2012 2011 Regiões Lotes Média Lotes Média Lotes Média Lotes Média SUDESTE 857 15.518 1.093 19.055 1.635 20.150 1.819 22.581 NORDESTE 195 7.324 201 9.074 312 10.521 360 12.426 C-OESTE 118 39.042 236 35.416 224 16.342 363 17.623 NORTE 54 4.479 23 4.500 78 5.776 15 1.673 VIRTUAIS 2.857 6.871 2.463 6.761 2.488 8.167 2.836 8.001 BRASIL 4.081 9.607 4.016 11.894 4.737 12.805 5.393 13.844 Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Fêmeas vendidas em leilões Regiões SUDESTE NORDESTE C-OESTE NORTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 794 15.348 131 7.991 98 42.079 25 3.473 2.663 6.836 3.711 9.606
Regiões NORDESTE NORTE SUDESTE C-OESTE VIRTUAIS BRASIL
2014 Lotes Média 54 5.656 29 5.347 23 4.388 12 8.400 159 5.395 277 5.487
2013 Lotes Média 1.000 17.660 125 10.589 200 33.682 4 3.000 2.225 6.969 3.554 11.604
2012 Lotes Média 1.411 20.352 219 11.137 193 15.726 29 6.327 2.241 8.137 4.093 12.853
2011 Lotes Média 1.588 22.669 274 12.284 291 19.092 15 1.673 2.312 8.154 4.480 14.241
Reprodutores vendidos em leilões 2013 Lotes Média 65 5.059 19 4.816 36 54.179 25 48.650 225 4.127 370 12.205
Vendas semestrais
Janeiro a junho 64 leilões, 2.473 lotes, renda de R$ 22,2 milhões • Julho a dezembro 68 leilões, 1.608 lotes, renda de R$ 17 milhões
2012 Lotes Média 52 5.531 49 5.449 69 4.124 13 6.092 189 4.715 372 4.864
2011 Lotes Média 44 5.395 38 9.876 54 8.545 437 5.268 573 5.892
Leilões promovidos por região 2014
2013
2012
2011
Norte
5
2
5
1
Nordeste
14
14
16
19
C-Oeste
5
9
7
13
Sudeste
36
49
56
64
Virtuais
72
60
66
58
Total
132
134
150
155
Anuário DBO 2015
111
Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br
Jersey
Liquidações perdem peso
A
Pregões regulares voltam a dominar as pistas depois de anos em segundo lugar
venda de exemplares Jersey voltou a crescer em 2014. A raça registrou aumento de 67% na fatura, que fechou em R$ 3,6 milhões, ante R$ 2,1 milhões na comparação anual. O número de lotes aumentou 34% e atingiu 767 exemplares ante os 570 negociados em 2013. A média geral ficou em R$ 4.766, incremento de 23%. O Jersey voltou a se consolidar depois de anos de um mercado comandado por liquidações. Em 2011, melhor período no comércio recente da raça, ocorreram sete eventos do tipo, que somaram R$ 2,7 milhões por 523 lotes, 55% da fatura fechada em R$ 4,9 milhões naquele ano. Em 2012, apenas quatro criadores se desfizeram de seus plantéis e a raça ultrapassou a barreira de 1.000 ofertas. Foram vendidos 1.226 lotes por R$ 4,2 milhões, sendo 689 deles ofertados em liquidações, que somaram R$ 2,1 milhões. Em 2013, esse número caiu para apenas um evento e em 2014 voltou a subir para seis. Mesmo com um número maior em relação aos anos anteriores, as liquidações pesaram pouco nos resultados de 2014. Representaram apenas 28% (R$ 1 milhão) da receita, e outros 17% (689 lotes) da oferta. Os remates regulares pegaram o maior naco, indicando um movimento favorável à criação da raça. Dobradinha _ Entre as maiores faturas esteve o 1º Leilão Jersey Qualité, realizado em Bela Vista de Goiás, a 45 quilômetros da capital, Goiânia. O evento arrecadou R$ 543.900 por 143 lotes, incluindo exemplares Jersolando. A dobradinha entre as duas raças ocorreu em 5 dos 15 eventos em que o Jersey dividiu pista com outras raças leiteiras. Em 2014, a Jersolanda mostrou potencial para a criação de um mercado próprio, com a promoção de remates exclusivos em praças onde o Jersey está presente. Estes eventos movimentaram R$ 697.320 na venda de 158 lotes. n
112 Anuário DBO 2015
Lotes vendidos em leilões 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
C-OESTE
429
3.945
26
2.403
571
3.165
190
3.550
SUDESTE
135
5.452
232
4.078
324
3.615
691
5.303
SUL
102
7.012
181
3.761
132
4.690
38
6.757
VIRTUAIS
101
5.067
131
3.843
199
3.274
41
8.654
BRASIL
767
4.766
570
3.847
1.226
3.466
960
5.157
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Fêmeas vendidas em leilões 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
C-OESTE
418
3.971
26
2.403
564
3.169
188
3.560
SUDESTE
135
5.452
227
4.110
324
3.615
684
5.318
SUL
94
7.456
180
3.768
132
4.690
33
7.019
VIRTUAIS
101
5.067
131
3.843
199
3.274
41
8.654
BRASIL
748
4.824
564
3.860
1.219
3.469
946
5.172
Reprodutores vendidos em leilões 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
C-OESTE
11
2.945
-
-
19
3.122
2
2.655
SUDESTE
-
-
5
2.620
-
-
4
3.693
SUL
-
-
1
2.500
-
-
-
-
BRASIL
11
2.945
6
2.600
19
3.122
6
3.347
Vendas semestrais
Janeiro a junho 9 leilões 266 lotes, renda de R$ 1,5 milhão • Julho a dezembro 15 leilões 501 lotes, renda de R$ 2,1 milhão
Leilões promovidos por região 2014 2013 2012 2011 Centro-Oeste
8
1
2
3
Sudeste
5
4
11
14
Sul
6
6
3
2
Virtuais
5
5
2
1
Total
24
16
18
20
Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br
Guzerá Leiteiro
Habilidade materna faz raça crescer
P
Pelo segundo ano, linhagem leiteira se destaca e número de animais arrematados dobra.
elo segundo ano consecutivo, o Guzerá Leiteiro se destacou no grupo das raças de leite com boa atuação em 2014. Entende-se por boa atuação a realização de quase 20 remates, com o comércio de 802 lotes de fêmeas, machos e prenhezes pela fatura de R$ 4,2 milhões, média de R$ 5.398. Comparado ao desempenho de outras leiteiras, os números do Guzerá Leiteiro podem parecer pequenos, mas analisados a partir do contexto de evolução histórica eles ganham força. Até 2012, as vendas da raça ficavam abaixo de 500 exemplares, número que praticamente dobrou em 2013 e 2014, avanço pautado pelo trabalho de um grupo de selecionadores, que descobriram o potencial de suas matrizes para características de habilidade materna, com uma desmama expressiva de bezerros e capacidade de aleitamento invejável entre zebuínas de corte. Nos últimos anos a raça tem sido selecionada exclusivamente para leite, com espaço para conquistas consecutivas em torneios e concursos leiteiros em pistas concorridíssimas, como a Expozebu e a Megaleite, em Uberaba, MG. Tal posição garantiu para a raça um naco maior do mercado de leilões, que se firmou naturalmente em solo mineiro. No ano passado, 64% das promoções se deram no Estado, de onde saiu a maioria dos animais comercializados também nos virtuais. Os selecionadores se esforçaram em promover mais de um remate ao ano e o mercado se concentrou nas mãos de quatro grifes, das quais duas tradicionais, e outras duas novatas na arte de selecionar o Guzerá para leite. Na vanguarda brilharam a Fazenda Taboquinha, de Sinval Martins de Melo, dono da maior oferta de 2014, e a Fazenda Ygarapés, de José Transfiguração Figueiredo. Entre os novatos, mas não menos ativos, estiveram Marcelo Palmério, da Uniube, e Virgílio Villefort, da Guzerá Villefort. Foi deles o 2o Leilão Guzerá Linhagem Leiteira Expozebu, remate de maior fatura do ano _ R$ 401.660 por 22 lotes vendidos. n
114 Anuário DBO 2015
Lotes vendidos em leilões 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
SUDESTE
511
4.877
526
5.082
433
4.551
457
5.379
NORDESTE
13
3.831
32
4.076
24
1.413
29
3.533
VIRTUAIS
278
6.430
281
7.336
-
-
-
-
BRASIL
802
5.398
839
5.798
457
4.386
486
5.269
Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.
Fêmeas vendidas em leilões 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
SUDESTE
511
4.877
524
5.003
424
4.405
455
5.313
NORDESTE
7
4.000
13
4.605
24
1.413
15
3.691
VIRTUAIS
168
6.632
272
7.219
-
-
-
-
BRASIL
686
5.298
809
5.741
448
4.245
470
5.261
Reprodutores vendidos em leilões 2014
2013
2012
2011
Regiões
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
Lotes
Média
SUDESTE
-
-
1
42.000
6
7.767
1
4.920
NORDESTE
6
3.633
19
3.713
-
-
14
3.364
VIRTUAIS
110
6.122
7
10.491
-
-
-
-
BRASIL
116
5.994
27
6.889
6
7.767
15
3.468
Vendas semestrais
Janeiro a junho 8 leilões, 341 lotes, renda de R$ 2,3 milhões • Julho a dezembro 10 leilões, 461 lotes, renda de R$ 2 milhões
Leilões promovidos por região 2014 2013 2012 2011 Nordeste
1
3
1
3
Sudeste
7
7
7
5
Virtuais
10
6
-
-
Total
18
16
8
8
Associações
ABCZ leva técnicos ao campo
D
Entre os objetivos de 2015, genoma e índice econômico na avaliação dos animais.
epois de consolidar em 2014 1954 Data de fundação da entidade o processamento de dados de 584.062 avaliações dos animais que Animais registrados em 2014 participam do Programa de MeNúmero de sócios 20.412 lhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) integralmente em seus computadores, a Associação Brasilei- ca. “O objetivo é aperfeiçoar o trabalho ra dos Criadores de Zebu (ABCZ) quer de melhoramento, que leve à produção estar próxima dos criadores a partir de uma genética que contribua para o deste ano, oferecendo consultorias téc- aumento da produtividade da pecuária comercial de carne e leite”, justifica. nicas em melhoramento genético. A digitalização deu grande agilidade à avaliação genética e à elaboração Capacitação _ Para prestar esse serviço do Sumário de Touros das Raças Zebu- de consultoria em melhoramento geínas, que, no ano anterior, contou com nético, a ABCZ capacitou 105 técnicos, base de 11 milhões de bovinos das ra- entre zootecnistas, médicos veterináças Nelore, Brahman, Guzerá, Gir, In- rios e engenheiros agrônomos, que dubrasil, Tabapuã e Sindi. Agora, o pon- também são encarregados de registros to de partida será o relatório do PMGZ, genealógicos. Eles estão lotados em em que o técnico detecta os pontos em seis escritórios regionais da ABCZ: Sulque o criador é deficiente e que pode -Sudeste (SP, PR, SC e RS); NE (ES, RJ, melhorar. O presidente da ABCZ, Luiz BA, PI, CE, RN, PB, PE, AL e SE); CenClaudio Paranhos, dá um exemplo: o tro-Oeste (GO, DF, TO e MA); Noroescriatório pode estar desmamando be- te (MT, RO, AC, PA e AM); Mato Grosso zerros muito leves. “O nosso técnico do Sul e Minas Gerais. Além da consultoria técnica, a vai orientar o criador a usar no acasalamento os touros que corrigem esta ABCZ vai promover, em 2015, o Circuie outras eficiências do plantel”, expli- to 100% PMGZ, com palestras técnicas
sobre melhoramento genético. O Circuito ocorrerá em 12 localidades no País: Campo Grande, Cuiabá, São Paulo, Brasília, Salvador, Uberaba, Vitória, Palmas, Goiânia, Londrina, Belo Horizonte e Belém. Entre os palestrantes, estão Fernando Garcia (Unesp de Araçatuba), Fernando Flores (Embrapa), Fabyana Fonseca e Silva (Viçosa) e José Aurélio Bergmann (UFMG), além dos técnicos locais. No campo do melhoramento genético, a ABCZ traçou quatro metas para o PMGZ: inclusão, no sumário, dos dados de avaliações de animais gerados em FIV e TE; incorporação dos dados de avaliações genômicas, especialmente em características de baixa herdabilidade ou de mensuração tardia, como a qualidade de carcaça e eficiência alimentar, ou ligadas a sexos (idade ao primeiro parto e circunferência escrotal) para aumentar a acurácia dos animais jovens. Por último, a ABCZ deve definir os parâmetros para a criação de Índices Econômicos de cada touro zebuíno avaliado no programa. n
Anuário DBO 2015
117
Associações Nelore
Foco no consumidor de carne de qualidade
A
Abates chegam a 11 plantas, mas apenas 10% são vendidos com selo Nelore Natural.
grande meta da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) para 2015 é desenvolver uma ação de marketing para divulgar a carne Nelore Natural para o consumidor final. Não está definida ainda, porém, qual estratégia será adotada. Uma delas, segundo André Locatelli, gerente-executivo da ACNB, é colocar uma promotora de vendas para informar o consumidor sobre o Programa Qualidade Nelore Natural (PQNN) e promover sessão de degustação nas lojas que comercializam a carne com o selo Nelore Natural. Como lembra Locatelli, o PQNN, parceria entre Marfrig e ACNB, é um sucesso, mas a marca da carne Nelore Natural ainda patina, apesar de ter 14 anos de existência. Dos animais abatidos no programa atualmente, apenas 10% são destinados à marca Marfrig Nelore Natural. O restante é comercializado com outras marcas premium do Marfrig, como Bassi e Montana Grill. Para Locatelli, não adianta ter um produto de qualidade se o consumidor não sabe que ele existe. “Temos que chamar a atenção nos pontos de venda e fazer com que ele tome o conhecimento do selo e aceite experimentar. Se aprovar, vira um cliente fiel e a marca ganha um divulgador do nosso produto. Sem esse trabalho de divulgação, é mais uma carne que o consumidor leva para a casa e muitas vezes nem presta atenção no selo”, observa.
118 Anuário DBO 2015
Data de fundação da entidade Animais registrados em 2014 Número de sócios
1954 445.534 2.500
Atualmente, os cortes da linha Marfrig Nelore Natural são comercializados em 62 pontos de venda, 27 em São Paulo (redes de supermercados St Marché, Empório São Paulo e Natural da Terra); 15 no Paraná (Rede Mufato) e 20 no Rio de Janeiro (Rede Hotgil). No lado da produção, o programa está bombando. Em 2014, 570 pecuaristas participaram do PQNN e entregaram para abate 540.000 animais, média de 45.000 por mês. Dos animais entregues, 27% atingiram o padrão de qualidade do programa e receberam bonificação de 1% a 3% sobre o valor regional da arroba. Em 2013, 356 pecuaristas participaram e entregaram 377.000 animais para abate. Do total abatido, 26,27% foram classificados no programa e receberam bonificação de 1% a 3%. O número de plantas da Marfrig que abatem animais para o PQNN passou de 7 para 11: Bataguasu e Paranaíba, no Mato Grosso do Sul; Mineiros, Rio Verde e Pirenópolis, em Goiás; Rolim de Moura e Chupinguaia, em Rondônia; Tangará da Serra e Paranatinga, no Mato Grosso, e Promissão I e Promissão II, em São Paulo. De acordo com André Locatelli, o
PQNN virou uma grande vitrine para a genética Nelore. A próxima meta é usar o programa para avaliar touros como produtores de carcaça e carne de qualidade. “Estamos convidando os pecuaristas que têm controle da reprodução a informar, sobre os animais entregues para abate, quem são seus pais. Assim, podemos identificar os reprodutores que mais classificam progênies no PQNN”, diz o zootecnista. Boi Verde _ Outra grande aposta da ACNB é o Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaças, precursor do programa de qualidade. A meta é chegar a nove cidades. Em 2014, foram seis municípios: Colatina, ES; Bataguassu, MS; Redenção, PA; Tangará da Serra, MT; Mineiros e Rio Verde, GO. No total, foram abatidos 5.530 animais de 50 pecuaristas. O que chama a atenção no Circuito Boi Verde é a precocidade dos animais levados pelos pecuaristas para o concurso de carcaça. Em Colatina, 67,5% dos 1.221 machos tinham até 24 meses. Em Bataguassu, dos 2.050 animais abatidos 61,6% tinham essa idade. Em Redenção, 79,6% dos 196 animais tinham de zero a quatro dentes definitivos. Em Tangará da Serra, dos 436 animais levados a concurso 64% tinham até 24 meses. Em Mineiros, 88,2% dos 1.136 animais tinham essa mesma idade. Em Rio Verde, 56,2% tinham de zero a dois dentes definitivos. n
Nelore Mocho
Entidade se mantém, apesar de esvaziada.
A
A não ser o ranking, não há segmentação em outros projetos da ACNB.
tual presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Nelore Mocho, Carlos Viacava diz que tentou acabar com a entidade e se juntar, novamente, aos quadros da Associação Nacional dos Criadores de Nelore do Brasil (ANCB), recriando o Clube do Mocho, mas não conseguiu. Para o criador, ela está se acabando sozinha, com apenas dez sócios. Em sua opinião, nem deveria ter nascido. “Não tem sentido essa separação. É tudo Nelore”, pondera ele, lembrando que o seu mandato se encerra neste ano. Viacava, criador de Mocho, foi um dos mais ativos presidentes da ACNB. Em sua gestão foram criados o Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaça e o Programa de Qualidade Nelore Natural, An_CV_Meia_Pg_Anuario2015_DBO.pdf
1
com o qual ele queria levar a marca Nelore além da porteira. Dizia que esta marca tinha grande potencial comercial, mas era preciso bom um trabalho de marketing. A divergência era quanto ao julgamento dos animais em exposições. Um grupo queria separado e com a elaboração de dois rankings. Na gestão de Felipe Picciani à frente da ACNB, foi feita uma pesquisa com os criadores de Nelore Mocho e venceu o grupo que queria julgamento unificado e ranking único, mas como o resultado foi apertado, optou-se por uma solução intermediária: quem era a favor do julgamento unificado passou a ter os animais julgados com o Nelore padrão e quem queria separado teve julgamento como Nelore Mocho, 13/01/15 11:23
com a elaboração de dois rankings desde a temporada 2011/2012. No mesmo período, foi criada a Associação Brasileira dos Criadores de Nelore Mocho, que teve, como primeiro presidente, José Roberto Giosa, sucedido por Viacava. A não ser no ranking, os criadores de Mocho participam de todos as outras atividades da ACNB, como os programas de melhoramento genético e também dois projetos de maior sucesso da raça Nelore _ o Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaças, que teve participação de 5.530 bovinos, e no Programa de Qualidade Nelore Natural (PQNN) que abateu, em 2014, 540.000 animais. Em 2014, a ABCZ registrou 35.683 Nelores variedade mocha.
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
Anuário DBO 2015
119
Associações
Angus
Nova diretoria traça quatro ações prioritárias
S
Um dos objetivos da ABA é aumentar a bonificação para a carne certificada
ão quatro as prioridades da nova gestão de diretores da Associação Brasileira de Angus (ABA), agora presidida por José Roberto Pires Weber, que assumiu o lugar de Paulo Castro Marques: buscar maior bonificação para os participantes do Programa Carne Angus Certificada (atualmente é de 10% sobre o preço de mercado da arroba); manter o processo de disseminação da raça britânica pelo Brasil Central, fortalecendo também a base no Rio Grande do Sul; trabalhar para maior valorização da genética Angus, com o aumento da venda de sêmen e de reprodutores, e fortalecer o papel da entidade na cadeia de carne bovina, participando mais ativamente dos grandes temas da atividade.
122 Anuário DBO 2015
Data de fundação da entidade 20/9/1963 Total de animais registrados
568.440
Animais registrados em 2013
34.000
Rebanho estimado
3,5 milhões*
Criadores filiados
405
*Nascimentos de bezerros com genética Angus na safra de 2014
Entre as ações envolvendo o crescimento da raça Angus no Brasil, a ABA destaca a evolução do Programa Carne Angus Certificada, criado em 2003. São sete Estados participantes do projeto, que alcançou em 2014 a marca de 332.000 animais abatidos, 30% a mais em relação a
2013. Hoje, mais de 5.000 produtores participam do programa, que cresce sobretudo no Centro-Oeste e no Sul do País. Entre as novidades, a ABA anunciou, no fim do ano passado, uma parceria com a JBS, a maior processadora de carne bovina do mundo. Pelo projeto, o frigorífico lançou a sua primeira marca de carne certificada pela associação, a Switf Angus Gran Reserva, um produto para o mercado gourmet. Além disso, a associação destaca o lançamento, em setembro, do Programa Fomento Cruzamento, que tem como objetivo estimular, por meio de apoio técnico e promocional, a formação de rebanhos cruza Angus no Brasil Central. As ações do projeto incluem a seleção zootécnica
de animais, capacitação técnica dos produtores e o incentivo à comercialização de ventres selecionados. A ABA ainda ressalta o projeto Brazilian Angus Beef, em parceria com a Apex-Brasil e a Abiec, que pretende incentivar as exportações de carne Angus certificada. No ano passado, este projeto passou a ter o seu próprio site
(brazilianangusbeef.com.br), com vídeos promocionais em diferentes idiomas. Além disso, o programa Brazilian Angus Beef foi divulgado em eventos importantes do setor ocorridos na Alemanha e na França. Para este ano, são esperadas divulgações em outros países da Europa, e Chile, Rússia e Oriente Médio.
Simental e Simbrasil
De olho no mercado Associação investe em cruzamentos para atender à demanda por carne de qualidade
O
s criadores de Simental e Simbrasil seguem apostando no cruzamento industrial para atender às expectativas do mercado e ampliar a base dos rebanhos. “A alta fertilidade das matrizes Simental e Simbrasil é o maior trunfo nestes cruzamentos e temos alcançado bons resultados”, diz Alan Fraga, presidente da Associação dos Criadores de Simental e Simbrasil (ABCRSS). A entidade estima que mais de 1,5 milhão de bovinos com sangue das duas raças façam parte do rebanho brasileiro em sistemas produtivos de carne e leite. Em fevereiro de 2014, a ABCRSS iniciou os controles genealógicos dos animais 1/4 de sangue, para a formação da base dos puros sintéticos (PS) das novas raças de bovinos Simlandês (cruzamen-
Data de fundação da entidade 28/6/2013 Total de animais registrados
431.000
Animais registrados em 2014
3.122
Rebanho estimado
1,5 milhão
Criadores filiados
2.572
Filiações em 2014
2
tos genéticos de Simental com gado Holandês) e Simangus (cruzamentos genéticos de Simental com gado Aberdeen Angus), conforme autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “O Simlandês já é uma realidade nos países europeus. Agora, queremos adaptá-lo à realidade brasileira”, diz Fraga, acrescentando que o objetivo será desenvolver animais 5/8. “Testes já apontam para animais precoces e com leite e carne de qualidade acima da média”, afirma. Para 2015, além de manter as avaliações das raças e seus cruzamentos, a ABCRSS planeja criar o Sumário Intertropical das Raças Simental e Simbrasil, que contemplará informações de animais de vários países tropicais. A proposta foi lançada durante o 20o Congresso Mundial da Raça Simental, na Colômbia, em julho, e já conta com o apoio do México e da Colômbia. O Sumário Intertropical será desenvolvido em parceria com os pesquisadores brasileiros Luiz Fernando Aarão Marques e Henrique Nunes de Oliveira.
Anuário DBO 2015
123
Associações
Montana
Em busca da excelência
E
Programa Montana avança na avaliação de carcaças
m 2014, o Programa Montana, iniciativa privada que investe no melhoramento genético da raça, promoveu a ultrassonografia de carcaça em todos os animais nascidos naquela safra _ machos e fêmeas. Assim, a raça se tornou a primeira a ter 100% dos ativos avaliados. “Foram 4.000 animais, no total. Esta iniciativa nos permite alcançar com maior rapidez a padronização das peças, item fundamental para criadores e frigoríficos”, afirma Gabriela Giacomini, gerente de Operações do Programa Montana. O trabalho de melhoramento genético
Data de fundação da entidade 17/8/1994 Total de animais registrados
354.290
Animais registrados em 2014
13.000
Rebanho estimado
35.000
Criadores filiados
13
Filiações em 2014
1
tem rendido bons resultados aos criadores, que conseguiram comercializar seus animais com valores 25% superiores aos do ano anterior. Outra conquista foi a incorporação de mais um
criador do Paraguai. “Temos um grupo seleto de associados e a cada nova adesão ampliamos consideravelmente a participação do nosso rebanho no Brasil, no Uruguai e no Paraguai, onde atuamos”, completa. Para 2015, o programa manterá as avaliações de carcaça e se prepara para o lançamento das Diferenças Esperadas de Progênie (DEPs) de carcaça para o mercado. “Esperamos também ampliar o número de touros oferecidos ao mercado com a adesão de novos criadores no Brasil”, diz Giacomini.
Canchim
Provas de desempenho com 300 tourinhos
E
Este é o objetivo da Associação de Criadores para avaliações da raça
ntrando na quinta edição em 2015, a Prova Canchim de Avaliação de Desempenho já se tornou o maior evento da raça, segundo Valentin Irineu Suchek, diretor de Marketing da Associação Brasileira dos Criadores de Canchim. Em 2014, avaliou 200 animais, crescimento de 20,5% sobre 2013, quando teve participação de 166 machos jovens. A meta é chegar a 300 animais avaliados por ano. Para Suchek, a PCAB agitou a raça Canchim. “Faz 20 anos que participamos de provas de ganho de peso, inicialmente no Instituto de Zootecnia, em Sertãozinho, SP, e depois no Departamento de Zootecnia da Esalq, mas a PCAD, por ir além do ganho de peso e da medição da circunferência, avaliando também a AOL (área de olho de lombo) e a EGS (espessura de gordura subcutânea) e marmoreio, deu outra dimensão à prova”, observa o criador, lembrando, também, a avaliação
124 Anuário DBO 2015
Data de fundação da entidade 11/11/1971 Total de animais registrados
264.000
Animais registrados em 2014
6.000
Criadores filiados
53
Filiações em 2014
5
de conformação, pelagem e aprumos. O criador não esconde que a ideia da PCAD de ir além do ganho de peso na avaliação dos tourinhos veio na esteira da crise do cruzamento industrial, que se iniciou em 2005 e perpassou toda a década passada. “O que deflagrou a crise foi a decisão dos frigoríficos em pagar a preço de vaca animais de cruzamento industrial com carcaça mal acabada”, lembra. A crise afetou praticamente todas as raças europeias, incluindo as britânicas e as raças sintéticas, como a Canchim. A reação dos criadores foi
remodelar o tipo, usando, para formar esse gado sintético, uma linhagem de Charolês de tamanho mais moderado e descartando os animais pernaltas, tipos mais tardios e com problema para acabar a carcaça. Até a desmama – No Programa de Melhoramento Genético, desenvolvido em parceria com a Embrapa Gado de Corte, que também supervisiona a PCAD, se introduziu a avaliação visual dos animais e de desempenho até as idades padrão. Os melhores tourinhos em tipo e desempenho até a desmama são escolhidos para a PCAD. “Chegam, assim, os melhores de cada fazenda”, observa. “Na PCAD, procuramos identificar tourinho funcional, precoce, bom ganhador de peso, bem conformado e que tenha excelente rendimento de carcaça, acabamento precoce e carne marmorizada”, diz o diretor de Marketing.
Santa Gertrudis
Investida de marketing no Paraguai
D
Uma caravana de 40 criadores viajará ao país vizinho para divulgar genética
e olho no mercado do Paraguai, cerca de 40 criadores brasileiros confirmaram presença no Congresso Internacional, que será realizado no país vizinho, entre os dias 21 de maio e 1 0 de junho. O evento ocorrerá simultaneamente à exposição agropecuária de Filadélfia, na região do Chaco paraguaio. A cerimônia de abertura será em Assunção, capital do Paraguai. Além dos brasileiros e dos paraguaios, está confirmada a presença de criadores dos Estados Unidos, África do Sul e Argentina. Após o congresso, eles também visitarão criatórios no Paraguai, Argentina e Brasil. Para divulgar a genética brasileira no país vizinho, que tem comprado sêmen e animais daqui, o presidente da Associação Brasileira de
Data de fundação da entidade
1961
Total de animais registrados
244.120
Animais registrados em 2014
6.398
Criadores filiados
135
Filiações em 2014
12
Criadores de Santa Gertrudis, Antônio Roberto Alves Correia, resolveu convidar o pesquisador Luís Otávio Campos, do Programa Geneplus, da Embrapa Gado de Corte, de Campo Grande, MS, para apresentar, no Congresso Internacional, o trabalho de melhoramento genético desenvolvido pela raça no Brasil, com apresentação dos dados do Sumário de Touros, que tem 530 animais avaliados.
Funcional _ Além de dados de desempenho às idades padrão, como ganho de peso e perímetro escrotal, o programa brasileiro passou a usar a avaliação visual no programa de melhoramento, com notas para umbigo, prepúcio, casco, pêlo e conformação. “O nosso programa de melhoramento genético está preocupado em produzir um Santa Gertrudis funcional, que seja um bom ganhador de peso, mas também precoce e que não apresente dificuldades em acabar a carcaça. Hoje, animais pernaltas, por exemplo, são descartados. São tipos tardios”, diz José Arnaldo Amstalden, diretor técnico da Associação de Criadores. “O atual é de frame moderado, como o da África do Sul, de onde estamos trazendo sêmen”, acrescenta.
Holandês
Padronização de serviços é o objetivo
A
Associação nacional trabalhará da mesma maneira que as regionais
grande prioridade de 2015 da Associação Brasileira dos Criadores da Raça Holandesa (ABCBRH) será padronizar os serviços para os seus clientes entre a associação brasileira e as nove entidades estaduais afiliadas, informa o gerente da ABCBRH, Altamir Marques. “Essas afiliadas executam o serviço de registros, classificações, controle leiteiro, entre outros”, informa. “Então, a ideia é propor uma padronização entre todas as afiliadas, tendo como foco a qualidade desses serviços.” A padronização, segundo Marques, já é de conhecimento de todas as associações regionais, que concordam com a medida. Entre as principais realizações de 2014 – quando a associação brasileira completou 80 anos de existência, a mais
Data de fundação da entidade 31/10/1934 Total de animais registrados
2,3 milhões
Animais registrados em 2014
55.680
Rebanho estimado
360.000
Criadores filiados
2.000
Filiações em 2014
200
antiga do Brasil – estão a Exposição Nacional da Raça Holandesa, realizada em agosto, no município de Castro, PR, e a Expojovem Nacional, realizada em abril, em Itanhandu, MG. “Além disso, houve a comemoração pelas oito décadas da associação, que reuniu mais de 300 convidados e premiou, como reconhecimento, os principais cria-
dores da raça no País”, diz Marques. Os bons preços do litro de leite pago ao produtor, que perduraram por boa parte do ano de 2014, estimularam, na visão do diretor, não exatamente o crescimento do rebanho, mas a procura, por parte do criador já filiado, de serviços especializados da associação e que visam à melhoria da produtividade de leite, como os serviços de controle leiteiro e de classificação linear. Um serviço pelo qual deve crescer a procura em 2015, na opinião de Marques, é relativo a um projeto que está sendo efetivado pela associação nacional e com técnicos das afiliadas , de programas de gerenciamento das propriedades leiteiras. “Também estamos trabalhando nisso em 2015”, revela.
Anuário DBO 2015
125
Associações
Girolando
Atenção ao pequeno produtor
O
Crescimento da raça foi vertiginoso em 2014, abrigando pecuaristas menores.
Girolando, principal raça leiteira do País, só tem a comemorar seu desempenho em 2014. Entre os objetivos do presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando (ABCG), Jonadan Ma, quando assumiu seu mandato no início do ano passado, estava “tornar mais ativa a participação do rebanho Girolando em todos os segmentos da cadeia produtiva do leite”. “A meta com certeza foi alcançada. Nunca a raça cresceu tanto no Brasil. Batemos recordes atrás de recordes”, confirma o superintendente técnico da associação, Leandro de Carvalho Paiva. “O ano passado foi o ano em que mais fizemos registros, atendimentos técnicos e associados”, complementa. Segundo informações da associação, 106.372 animais foram registrados em 2014 e a ABCG angariou 500 novos associados, entrando 2015 com 3.000 sócios. A participação de pequenos produtores também foi
Data de fundação da entidade 20/12/1978 Total de animais registrados
1,42 milhão
Animais registrados em 2014
106.372
Rebanho estimado
10 milhões
Criadores filiados
3.000
Filiações em 2014
500
incentivada. Para tanto, Paiva lembra da Megaleite 2014, exposição do setor leiteiro realizada em julho, em Uberaba, MG, ocasião na qual “o pequeno participou não só como visitante, mas como expositor”, diz. Outra grande realização referente ao ano que se encerrou foi a criação do Pró-Fêmeas, programa de melhoria da qualidade genética dos rebanhos de Minas Gerais, por intermédio da utilização de fêmeas de qualidade, certificadas e registradas. “Trata-se
de um programa do governo mineiro, conduzido pela Girolando em parceria com a Emater-MG, a Epamig, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e a ABCZ”, esclarece o superintendente técnico. O Programa de Melhoramento Genético do Girolando, lançado em 2013 e que prosseguiu em 2014, foi considerado “positivo”, embora ainda “haja muito a ser feito”, diz Paiva, reconhecendo que se trata de um processo gradativo. “Novos rebanhos colaboradores foram inscritos, novos técnicos contratados, novas características avaliadas e principalmente um grande número de novos touros passou a fazer parte do programa”. Na prova de pré-seleção de touros, lançada no ano retrasado, houve a aprovação de 31 touros em 2014, de um total de 76 participantes. “Esses touros já produziram o sêmen que será distribuído nas fazendas colaboradoras do PMGG”, diz Paiva.
Gir Leiteiro
Na linha da sustentabilidade
O
Associação quer prosseguir com programa que prova zebuína a pasto
Programa Gir Leiteiro Sustentável, lançado em 2013, não só continuou a todo vapor em 2014 como já apresenta evolução. A prova zootécnica prevê a avaliação da produção e da composição do leite de novilhas Gir Leiteiro manejadas em sistema de produção a pasto e economicamente sustentável. Ela apresentou, no ano passado, evolução na média de lactação, comenta o coordenador do Programa Nacional de Melhoramento Genético do Gir Leiteiro, André Rabelo Fernandes. “Além de apurar a produção de leite e sua composição, são avaliadas características como desenvolvimento corporal, comportamento, eficiência reprodutiva, consumo e conversão alimentar, na busca de subsídios para a
126 Anuário DBO 2015
Data de fundação da entidade 17/9/1980 764.433 Total de animais registrados (até dez/2013)
Animais registrados em 2014 Rebanho estimado Criadores filiados Filiações em 2014
150.000 367 5
construção de um índice econômico de produção”, diz. O Gir Leiteiro participou, em 2014, de 38 exposições. “Em relação ao ano anterior, caiu um pouco, mas melhorou a qualidade das mostras, pois alguns municípios pequenos resolveram se unir para fazer um evento melhor.” Assim, 3.500 animais foram expostos por todo o País. Entre os objetivos de 2015, estão
continuar o Gir Leiteiro Sustentável, os testes de progênie de touros e as exposições. Além disso, 2015 será o ano em que o Programa Nacional de Melhoramento Genético do Gir Leiteiro completará 30 anos. O programa, tocado pela Embrapa Gado de Leite e pela ABCGIL, avaliou, até agora, 548 animais, informa Fernandes. “Para 2015 vamos acrescentar mais 40 animais, um bom número para o primeiro programa de melhoramento genético de zebuínos do mundo.” Fernandes comemora o avanço da qualidade da raça desde que o programa começou, há três décadas: “Quando começamos, a raça produzia em média 1.500 quilos de leite por lactação em 305 dias. Atualmente, alcançamos a marca de 3.600 quilos”, diz.
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Anuรกrio DBO 2015
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Caderno de Negócios
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