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O Nelore do Futuro está de volta à DBO. Mas, que bom que o Nelore de hoje não decepciona nem decepcionaria os pioneiros dos programas de melhoramento, iniciados ainda no final da década de 80, alguns não mais entre nós, como Nelson Pineda, Luis Fries, Ubaldo Oléa e Cláudio Sabino Carvalho encabeçando a lista. Desde então, os avanços na seleção foram expressivos para precocidade e peso de carcaça e parte desses ganhos se disseminou para a pecuária comercial, como atestam as médias de idade de abate dos machos, que caíram dos 4 anos na década de 90 para 3,5 anos na virada do século e atualmente caminham para os 3 anos. Da mesma forma, também houve recuo na idade do primeiro parto para antes dos 4 anos, longe ainda, porém, dos 2- 2,5 anos obtidos em plantéis de seleção e rebanhos comerciais de ponta. Na reportagem de capa desta edição, de Carolina Rodrigues, mais do que um balanço dos ganhos genéticos obtidos, o que está em foco são os desafios que a
Panorama
Evento da RedeAgro em SP foca na liderança
Colunistas
Coluna do Cepea – O risco do bezerro caro Rogério Goulart – Parei de comprar bezerros Enrico Ortolani – Tétano, um mal assustador. Augusto Ribeiro – O novo Código de Processo
Conjuntura
Depois de empacar, arroba do boi sobe. Viés de alta continua na reposição
Negócios
Novilho MS cria bloco para atender a Cota Hilton JBS compra boi com base em seu “farol da qualidade”
Eventos
Na Expocorte em Cuiabá, MT, o conceito do “Boi 7.7.7”
Confinamento
Encontro da Coan Consultoria prevê crescimento da atividade
Seções
6 Portal 16 Panorama Notas
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raça tem pela frente em precocidade e num ponto em que ainda engatinha, a maciez da carne. Afinal, por mais que os cruzamentos bem conduzidos respondam hoje e venham a responder ainda mais no futuro pelo ‘filé mignon’ da produção brasileira de carne, nenhum outro grupamento genético bovino é e será responsável, como o Nelore, pelo avanço geral no desempenho do setor. Hoje, creditam-se a ele nada menos que 70% das 10 milhões de toneladas de carne produzidas por ano. Além disso, a oferta de boiadas homogêneas e bem acabadas vai se tornar decisiva para melhor remuneração do produtor no dia em que se instituir a tipificação de carcaça. E, para quem já perdeu a esperança de vê-la estabelecida, fica o registro: discretamente, ela está chegando, por iniciativa do JBS, que já começou a aplicá-la na unidade de Nova Andradina, MS, com planos de estender ainda este ano às outras sete que possui no Estado, com prêmio de R$ 2 por arroba para o desejável e castigo de R$ 3 para o indesejável. demetrio@revistadbo.com.br
Capa
Nutrição
DSM lança aditivos de última geração para confinamento
Sob pressão do mercado por carne de qualidade, criadores da raça buscam novo perfil produtivo para os animais, com dois grandes desafios pela frente: precocidade e maciez.
Especial
No “Portas Abertas”, a importância da insensibilização no lugar certo.
Produção
Comitiva boiadeira visita fazendas de ponta em GO e TO
Genética
Asbia desmembra relatório de vendas de sêmen por segmentos Vetscore, a régua da reprodução desenvolvida pela Embrapa
Especial Vitrine Tecnológica IATF
Santo Antônio lança mão da 2a IATF
Criação
Fazendas usam novilhas F1 para uma única concepção
Raças
Senepol passa por reavalição do CAR
Integração
Sistema Santa Ana é nova opção para reforma de pastagens
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Negócios Notas Raças em notícia
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Arte final: Edson Alves Foto: Arquivo DBO
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Pastagens
Consórcio de guandu com capim e milho para silagem Matsuda lança cultivares de panicum e braquiária
Gestão
Poucos desfrutam do financiamento para a ILPF
Meio Ambiente
As dicas para fazer uma adequada recuperação de nascentes
Seleção
Antônio Maciel Neto foca seu Angus na máxima rentabilidade
Leilões
Março arrecada R$ 27,7 milhões
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Empresas e Produtos Sabor da Carne
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Publicação mensal da DBO Editores Associados Ltda. Rua Dona Germaine Burchard, 229 Perdizes, São Paulo – SP – 05002-900 Tel.: 11 3879-7099 www.portaldbo.com.br Diretores Daniel Bilk Costa, Demétrio Costa e Odemar Costa. Diretor Responsável Demétrio Costa Redação Editor executivo Moacir de Souza José Editora Assistente Maristela Franco Repórteres Carolina Rodrigues, Denis Cardoso, Fernando Yassu e Mônica Costa. Colaboradores Alcides Torres Jr., Ariosto Mesquita, Augusto Ribeiro Garcia, Enrico Ortolani, Marcela Caetano, Rogério Goulart, Sergio de Zen e Tânia Rabello. Arte Editor Edgar Pera Editoração Edson Alves e Célia Rosa Coordenação Gráfica Walter Simões Marketing Gerente Rosana Minante Comercial Gerente Paulo Pilibossian Supervisora de Vendas Marlene Orlovas Executivos de Contas Andrea Canal, José Geraldo S. Caetano e Vanda Motta Circulação e Assinaturas Gerente Edna Aguiar ISSN 2317-7799 Impressão e Acabamento Prol Editora Gráfica Ltda. Tiragem: 20 mil exemplares
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panorama Foco na liderança Evento da RedeAgro em SP ressalta a importância dessa função nas empresas n Moacir José
moacir@revistadbo.com.br
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Fotos: Leandro Souza
“O
que faz você feliz?” Essa pergunta, dirigida, na forma de slogan, aos consumidores de uma das maiores redes de hipermercados do Brasil, pode muito bem ser aplicada ao mundo corporativo, inclusive ao universo das fazendas de pecuária. Querer saber das necessidades dos funcionários é um dos preceitos que devem ser percebidos pelas lideranças – no caso capatazes, gerentes, administradores e também diretores. Em vez da frase acima, o executivo Márcio Fernandes, presidente da Elektro – considerada uma das melhores empresas de distribuição de energia elétrica do País –, preferiu usar a pergunta “O que move as pessoas?” para sintetizar o que os líderes de empresas devem buscar no sentimento de suas equipes, para, assim, encontrar mecanismos de estímulo para que elas produzam cada vez mais e melhor. Entre outros prêmios que conquistou, a Elektro foi considerada, por dois anos consecutivos (2013 e 2014), a melhor empresa para se trabalhar no Brasil, de acordo com a Revista Você S/A. Fernandes foi um dos executivos que se apresentaram durante o evento “Construindo a liderança”, promovido pela RedeAgro no dia 16 de março, e que reuniu cerca de 90 pessoas na unidade da Fundação Dom Cabral em São Paulo. A RedeAgro é um grupo de empresas agropecuárias que se encontram para a troca de informações e apreensão de novos conhecimentos gerenciais, visando enfren-
Fernandes, da Elektro: investimento de R$ 500.000 por ano é pouco para o retorno que a empresa tem.
tar o desafio de aumentar a produtividade em suas propriedades e que tem à frente a empresa de consultoria agropecuária Prodap, com sede em Belo Horizonte, MG. Este foi o terceiro evento da Rede. Protagonismo – Carismático e bem articulado, Márcio Fernandes prendeu a atenção da plateia em praticamente todos os 100 minutos de sua apresentação, justificando por que, como ele próprio informa, dispende 70% do seu tempo na Elektro se relacionando com os funcionários (são 3.700 no total, dos quais 160 em cargo de gerência). “Aplicamos na empresa uma nova filosofia de gestão, baseada no investimento em recursos humanos, na felicidade e no respeito aos funcionários, na humanização da liderança. É a gestão do “nós” em vez da do “eu”, como era no passado. É a ideia de que todos, não apenas alguns, podem ser protagonistas”, explicou o executivo, assegurando que a empresa tem hoje índices de eficiência melhores do que cidades europeias com rede elétrica subterrânea. Segundo ele, no ano fiscal 2013-2014 a empresa teve
R$ 1 bilhão de lucro (faturamento de R$ 6,5 bilhões), com 35% de crescimento em relação ao período anterior. Para embasar essa filosofia, a empresa aplica o conceito de que são necessários líderes que sejam mais “facilitadores” do que chefes. “Facilitar é mais fácil do que chefiar. Mas, para isso, é preciso ter confiança. E o que gera confiança é a proximidade”, explica Fernandes. Por esse conceito, a antiga ordem para se executarem tarefas ou cumprimento de objetivos é substituída pelo comprometimento, via convencimento, interiorização, por parte do subordinado, da necessidade de se cumprir aquele objetivo. Conceito que foi reforçado por outros dois palestrantes, Anderson Sant´Anna, professor e gerente do núcleo de desenvolvimento de liderança da Fundação Dom Cabral, e Frederico Boabaid, administrador de empresas e consultor em gestão. Para Sant´Anna, o líder precisa ter a capacidade de “ler as pessoas”, ou seja, descobrir seus anseios, sonhos, preocupações, para que consiga extrair de cada
um de sua equipe o maior potencial. “É preciso criar automotivação nos funcionários, para que tenham ‘brilho nos olhos’ no trabalho. Esse é o grande desafio das empresas hoje”, diz ele. Para Boabaid, o líder consegue que cada um de sua equipe dê o melhor de si, pela via do entendimento. “É o que chamo de ‘liderança ativa’, conseguir com que os outros façam as coisas por você.” Para ele, que tem em seu currículo o desenvolvimento do manual de liderança da Ambev – a maior companhia de bebidas da América Latina e terceira maior no agronegócio brasileiro, com receita bruta de R$ 34 bilhões em 2013 – saber ouvir os liderados é um dos pré-requisitos fundamentais para se alcançar os objetivos. “Isso exige um processo de autodesenvolvimento muito forte”, indica, esclarecendo que liderança não precisa ser, necessariamente, uma habilidade nata; ela pode ser desenvolvida.
ordens sem negociação, precisa ser enfrentada com criatividade. “É preciso dar novo significado à noção de liderança, que não pode ser mais vista com o olhar que existia Para conduzir uma equipe é preciso... nos manuais de gerenciamen• Inspirar as pessoas to das décadas de 60 e 70. É • Ter interesse genuíno (conhecer as necessidades dos liderados) • Ter respeito mútuo e confiança nos liderados preciso recapacitar as lideran• Ter empatia (ter a capacidade de se colocar no lugar do outro) ças para lidar com as novas • Saber atender necessidades; não satisfazer vontades gerações.” • Ser coerente Para minimizar o proble• Estar presente ma da autoestima, Barreto, • Ser leal com todos da Docebela, vem tomando • Dialogar (aprender com o subordinado) algumas medidas no sentido • Saber delegar (tarefas, não a responsabilidade por elas) • Servir de exemplo de proporcionar um bom ambiente de trabalho aos funcioO líder tem que... nários, com oferecimento de • Ter foco no resultado refeições e premiações por • Diferenciar o urgente do relevante (o que gera resultado) metas estabelecidas, • Valorizar a equipe além da promoção • Ter conhecimento de treinamentos. • Ter comprometimento • Ser ético (fazer o que se sabe que é o certo) Leandro Pinto • Ser justo (tratar de forma diferente pessoas diferentes) da Silva, proprietá• Lidar com os erros (aceitá-los, quando resultado de tentativa rio da Mantiqueira de acertar) Alimentos, com fa• Saber reconhecer o mérito alheio zendas em Minas • Saber celebrar os resultados alcançados Fonte: F. Boabaid Gerais e Mato Grosso (milho, soja e trigo, na agricultura, e recria-engorda de gado e avipírito Santo -, levantou a questão da difi- cultura de postura na pecuária), concorBaixa autoestima – Conceitos culdade peculiar ao campo que é trabalhar da que há uma dificuldade maior em lidar modernos, aplicados na indús- com uma mão de obra de autoestima mui- com o pessoal mais jovem, que normaltria, no varejo, no setor de servi- to baixa, já que peões e outros funcionários mente apresenta um nível de insatisfação ços. Seriam facilmente aplicados de campo normalmente são pessoas que não maior que os demais. “Falta um pouco de ao mundo rural? encontraram colocação no mercado de tra- maturidade para esse pessoal no procesFabrício Carraretto Barreto, balho das cidades. “Qual linguagem vai dar so de aprendizado. Como consequência, a diretor da empresa Docebela Fru- significância ao peão da fazenda?”, pergun- falta de comprometimento com as metas tas – que produz 200 toneladas de ta ele, informando que muitas vezes a con- torna-se nosso maior desafio.” Com um rebanho “acima de 30 mil bananas por semana e mantém rebanho tratação acontece com jovens sem formação cabeças” e 300 funcionários, sendo um de seleção de 2.000 cabeças da raça Gu- escolar, ou seja, analfabetos. zerá na região de Linhares, norte do EsAnderson Sant´Anna, da Fundação diretor de pecuária, cinco gerentes, além Dom Cabral, reconhece que a realidade do de encarregados e funcionários que trabacampo pode apresentar dificuldades espe- lham, em sua maioria, num confinamencíficas e que a questão do conflito de ge- to para 30.000 cabeças no Mato Grosso, rações, entre chefes mais velhos e subor- o grupo tem procurado fazer treinamendinados mais novos, que não aceitam mais tos para conseguir melhores resultados na terminação, como por exemplo, controlar melhor o consumo de ração nos cochos e A posição de liderança não é manter limpos os bebedouros. “Já vimos muito dos conceitos que fosimples. E ela emerge quando se ram apresentados no seminário; agora, é dá o “breu”, quando se está em partir para ação”, diz ele, informando que crise e alguém tem a capacidade o próximo passo da empresa será a contratação de consultores para fazerem pade iluminar as saídas. lestras e acompanharem esse segmento Anderson Sant´Anna da gestão nas fazendas do grupo. Para ser líder é necessário... • • • •
Ter vontade de ser líder (saber que terá mais problemas a resolver) Ser autêntico (ser verdadeiro em suas posições) Ter autoconhecimento (o que exige automotivação e autocontrole) Ter atitude (predispor-se a fazer coisas)
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DBO
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O líder cuida do emocional da equipe; o gerente cuida da parte técnica do processo. A nova liderança
é o resultado da complementariedade das duas coisas. Frederico Boabaid 12 DBO abril 2015
Marília Rocca, com o moderador Flávio Azevedo, ambos da Totvs: excesso de vaidade é um dos perigos.
bilidades em seus liderados. Referência que também é seguida pela Elektro, que, segundo seu presidente, Márcio Fernandes, já registrou casos de eletricistas que viraram gerentes executivos. “Temos 1.500 pessoas promovidas por ano”, informou em sua apresentação. À pergunta de Flávio Azevedo, da Totvs, que participou do evento como moderador da mesa redonda, sobre o que os líderes das empresas não deveriam fazer, Frederico Boabaid destacou o ato da “apropriação indébita do mérito”, ou seja, tomar para si algo que foi feito por um liderado ou pela equipe. Já Anderson Sant´Anna, da Fundação Dom Cabral, lembrou que um erro frequente é o líder considerar que “ninguém
Fotos: Leonardo brito
Dicas – Além dos três palestrantes, o curso promovido pela RedeAgro foi encerrado com uma mesa redonda que contou com a participação de Marília Rocca e Flávio Azevedo, respectivamente vice-presidente e diretor corporativo de vendas da Totvs (pronuncia-se “tótus”), empresa de programas e de consultoria de gestão, e de Leonardo Sá, diretor-presidente da Prodap. Membro do conselho de administração da Totvs por 12 anos, Marília Rocca destacou que sua experiência com uma equipe de jovens (média de 27 anos) na área de “computação em nuvem” lhe forçou a rever conceitos e quebrar paradigmas, saindo de uma postura de comando e controle para outra de compartilhamento de decisões. Reforçando a fala de Frederico Boabaid, da Proff Consultoria em Gente & Gestão, Marília recomendou aos executivos da agropecuária que tenham líderes que se cerquem de liderados que complementem suas deficiências, e que bons líderes dão oportunidade a outros, conceito que desafia aquele em que o gerente vê um subordinado com potencial como uma ameaça a seu posto. Para Boabaid, a perenidade de uma empresa depende da formação de novos líderes, que devem ter a capacidade de identificar ha-
terá desempenho igual ao seu”. E Marília Rocca qualificou como defeitos graves a falta de foco, fazer coisas demais (não saber delegar) e o excesso de vaidade. “O sucesso é perigoso. É preciso ter uma certa dose de desapego”, recomendou. Para Leonardo Sá, da Prodap, a valorização da gestão nas propriedades agropecuárias – e a questão da liderança está intrinsecamente ligada a ela – é de fundamental importância para as empresas que já dominaram a tecnologia de produção. “A fixação de metas é o primeiro passo para quem quer crescer. E, aí, o papel da liderança é decisivo. Várias empresas do setor vêm buscando n isso”, finalizou.
Comunidade terá portal exclusivo A RedeAgro, criada em 2014 pelas empresas Prodap (consultoria), Dow Agrosciences (sementes e herbicidas), Tru-Test (balanças e cercas elétricas) e John Deere (tratores e implementos), com apoio da Fundação Dom Cabral (educação em empreendedorismo), ganhou em 2015 mais duas adesões – a Totvs (programas de computador) e a Valley (equipamentos para irrigação). Segundo Pedro Reis, gerente de marketing da Prodap e coordenador da RedeAgro, a Totvs será a responsável pela criação de um portal de comunidade fechada da RedeAgro, onde os participantes poderão trocar informações e ter acesso a conteúdo de palestras e outros que possam favorecer negócios entre as empresas e seus clien-
tes. “A ideia é promover o conhecimento contínuo, manter a chama do debate pós-eventos acesa”, diz Reis. Um dos conteúdos a que os participantes terão acesso é o de informações geradas pelo Cepea/USP. Serão cotações regionais de grãos (milho, soja, farelo de soja) e da pecuária (boi gordo) retransmitidas ao portal da RedeAgro logo após o envio para a Bolsa de Mercadorias e Futuros, em São Paulo. Levantamentos sobre custos de produção desses dois setores também estão previstos, segundo informa a coordenadora de comunicação do Cepea, Ana Paula Ponchio. O lançamento do portal da RedeAgro está previsto para o segundo semestre de 2015, ainda sem data definida.
p anorama Saúde Animal I
Mapa libera uso de avermectinas O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) decidiu, no dia 27 de março, revogar a Instrução Normativa 13/2014, que proibia a fabricação, a manipulação, o fracionamento, a comercialização e a importação de avermectinas de longa ação. O uso deste antiparasitário estava proibido no País desde 30 de maio de 2014, até que o Mapa concluísse estudos científicos sobre a ação do produto em humanos. O ministério revogou a IN três dias depois que o juiz substituto da 17º Vara Federal, Victor Cretella Passos Silva, suspender a mesma instrução, visto que já havia entendimento com os setores ligados a medicamentos veterinários e pecuário em favor da revogação. Conforme justificou o magistrado, a suspensão por meio da instrução normativa não possuía justificativa idônea. A ação que permitiu a derrubada da IN pelo juiz foi de autoria do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan). No processo, a entidade alegou que a decisão do Mapa não se fundamentava em nenhum perigo
à saúde ou à segurança pelo uso das avermectinas, mas em um suposto perigo ao fechamento do mercado internacional. Já a União afirmava que a suspensão dizia respeito apenas às avermectinas de longa ação e que, se a utilização correta da tecnologia não podia ser verificada, cabia à autoridade governamental suspender o seu uso. A normativa havia sido publicada em maio de 2014, para evitar casos de resíduos de avermectinas acima do permitido, especialmente ivermectina, em produtos exportados pelo Brasil, segundo o Mapa. Desde então, a indústria vinha tentando derrubar a decisão, enquanto o Ministério da Agricultura defendia a medida. Em 26 de fevereiro, durante reunião na Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa, os representantes do setor e a equipe técnica do ministério discutiram ponto a ponto um plano de mitigação de riscos e chegaram a um consenso pela revogação da IN. Uma proposta conjunta foi, então, assinada por representantes das seguintes entidades: Associação Brasileira das Indústrias Exportado-
Lideranças
Antenor Nogueira deixa a CNA Líder classista onipresente no setor pecuário nos últimos 30 anos, o pecuarista goiano Antenor Nogueira deixou, em meados de março, o cargo de presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte (FNPPC), abrigado na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e que Nogueira vinha presidindo desde 1996. Após reformulações internas, a CNA criou uma Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte, que agora será presidida por Antônio Pitangui de Salvo. Na prática, isso significa que o FNPPC deixou de existir. Antenor Nogueira pre14 DBO abril 2015
tende dedicar-se agora exclusivamente a seus negócios. “Já estava na hora”, confessou à DBO, sem informar maiores detalhes sobre sua saída da CNA. Economista de formação, ele exerceu uma série de cargos desde a década de 1970: foi presidente da Associação Goiana de Criadores de Zebu (1982 a 1984), presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (1992 a 1996), vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (1992 a 1998), presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte (1996 a 2014) e presidente da Câmara Setorial da Carne Bovina (2003 a 2015).
ras de Carne (Abiec), Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e Confederação Nacional da Agricultura (CNA). As avermectinas são antiparasitários largamente utilizados na pecuária nacional. É considerado de longa ação o produto com mais de 1% de concentração do princípio ativo. Sua atividade antiparasitária tem duração maior do que a dos convencionais, acima de 42 dias. A liberação causou alívio para os pecuaristas. Para o médico veterinário e diretor da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco Manzi, a proibição que por nove meses tirou das prateleiras o medicamento, numa medida sem base técnica ou científica, causou surpresa no setor. Segundo ele, a liberação dos produtos à base de avermectina de longa duração foi nada mais do que uma conscientização da sua real importância. (Marcela Caetano)
Saúde animal II
Kroetz no Fonesa O médico veterinário Inácio Afonso Kroetz, diretor da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), assumiu em março, a presidência do Fórum Nacional de Executores de Sanidade Agropecuária (Fonesa). Entre 2007 e 2011 Kroetz foi secretário Nacional de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura (Mapa) e agora vai trabalhar ao lado de Salete Dezen Vieira (diretora de Defesa Animal e Vegetal de Sergipe), que foi eleita para a vice-presidência, e Guilherme Nolasco, do Mato Grosso, que assume a diretoria de Defesa Sanitária Vegetal. A Defesa Sanitária Animal ficou com Espírito Santo; a Inspeção com Santa Catarina e secretaria geral com Rondônia.
Pesquisa em UNIVERSIDADE aponta:
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p anorama Frigoríficos
Projeto prevê informe diário sobre abate A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados aprovou, no dia 18 de março, projeto que obriga os frigoríficos a informar diariamente as características do gado comprado para abate ao Ministério da Agricultura. Conforme o texto, os frigoríficos cadastrados no SIF devem repassar ao ministério as informações sobre o número e o peso médio dos animais de cada lote, discriminados por sexo e idade; a data da transação e informações sobre o vendedor. O texto aprovado é um substitutivo do Senado Federal ao projeto de Lei 5.194/2005, do ex-deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), que amplia a medida para os fri-
goríficos que abatem suínos, e determina que todos os frigoríficos encaminhem os dados aos órgãos federal, estaduais e municipais responsáveis pela inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal, não apenas ao Mapa. A proposta havia sido aprovada originalmente pela Câmara em 2011. Favorável à aprovação, o relator, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), acredita que o projeto supre a necessidade de maior transparência nas negociações entre pecuaristas e frigoríficos. “As frequentes denúncias de controle de preços são o grito dos produtores contra a formação de cartel pelas indústrias de abate e processamento de carne, o que reduz a renda dos pecuaristas”, argumenta o deputado.
Rebanho
2013. Da queda de 505 mil cabeças, as fêmeas conribuíram com 365.000. O resultado interrompe a série de três anos consecutivos de aumento de abates de matrizes. O peso médio das carcaças foi de 237,8 kg/animal, 0,5% maior em relação a 2013, graças à maior participação de machos. Ainda assim, houve redução no total de machos abatidos. Foram 17,7 milhões em 2014, ante 17,9 milhões em 2013. Mato Grosso continua sendo o líder, com 5,3 milhões de cabeças, embora tenha registrado recuo de 8,3% nos abates em 2014. Os demais Estados que estão no topo também registraram queda: Mato Grosso do Sul (-4%), São Paulo (-0,7%) e Goiás (-1,6%).
Retenção de matrizes derruba abate
O abate de bovinos com inspeção em 2014 foi de 33,9 milhões de cabeças, 1,5% a menos do que o recorde histórico do ano anterior, de 34,4 milhões de cabeças, segundo o IBGE. A produção foi de 8,1 milhões de toneladas de carcaças bovinas, 1,3% menos do que o recorde de 2013. A queda foi puxada pela redução no abate de matrizes, que representou 32,5% do total, ou 11 milhões de cabeças, ante 33,1% ou 11,3 milhões de cabeças em
Política Agrícola
André Nassar assume cargo no Mapa O agrônomo André Nassar, ex-diretor do Ícone, foi nomeado para a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. A medida foi publicada no Diário Oficial da União de 30 de março. Conforme nota divulgada pelo Mapa, entre os temas que ganharão destaque na nova gestão está o desenvolvimento de uma lei agrícola capaz de estabelecer diretrizes para o setor 16 DBO abril 2015
nos próximos quatro anos. Para Nassar, algumas condições são imprescindíveis para isso, como o aprimoramento do zoneamento agrícola e a ampliação e combinação do seguro agrícola com novos mecanismos de apoio à comercialização. Também está prevista a revisão dos parâmetros de fixação dos preços mínimos dos produtos agrícolas e, sobretudo, dos custos de produção.
Curtas • Nutrição. A produção mundial de
ração animal atingiu 980 milhões de toneladas em 2014, 2,1% mais sobre 2013. O setor movimentou US$ 460 bilhões em 2014. Os dados são da Alltech, que atua no segmento de nutrição animal, e foram divulgados em 11 de março. O diretor executivo de inovação da Alltech, Aiden Conelly, destacou o aumento da participação da China na produção mundial de ração. Hoje o país é o maior produtor e contribui com 183 milhões de toneladas, recuo de 4% sobre 2013. • Acrimat. O jornalista Olmir
Cividini é o novo superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat). Há 21 anos na profissão, já assumiu cargos de gerência no jornalismo e no setor administrativo. • Bem-estar animal. A JBS par-
ticipa pela primeira vez do The Business Benchmark on Farm Animal Welfare, relatório anual de bem-estar animal desenvolvido por duas ONGs: a World Animal Protection e a Compassion in World Farming. O Brasil teve três empresas citadas no relatório. Além da JBS, a BRF participa pela primeira vez e a Marfrig volta a ser citada. O estudo avalia as companhias de acordo com a abordagem de gestão do bem-estar animal. • Indústria veterinária. O brasileiro Javier Carracedo vai dirigir a Federação Latino-Americana de Indústrias Veterinárias (Flaivet) até 2016. A entidade reúne associações de laboratórios nacionais da Argentina, Guatemala, El Salvador, Honduras, Panamá, Nicarágua e República Dominicana e tem como principal objetivo combater a pirataria, o contrabando e as falsificações de produtos veterinários.
p anorama Sanidade
Paraná avalia mudança de status de febre aftosa
Curtas
O Paraná deve decidir nas próximas semanas se pleiteará junto à OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) o status de livre de aftosa, sem vacinação. O Estado tem até 30 de abril para anunciar a decisão, que ainda será validada com o setor privado. Atualmente, apenas Santa Catarina detém este status. Caso opte pela solicitação, o Paraná terá que imunizar o rebanho contra a doença na etapa de vacinação de maio e ficar um ano sem vacinar os animais, para então fazer o pedido de reconhecimento internacional de livre da doença sem vacinação na OIE. Se tudo correr bem, poderá obter o status em maio de 2017. A medida tem como objetivo ampliar o aces-
so a mercados de carne do Estado, mas não apenas a bovina. Terceiro maior produtor de suínos do País, com 5,8 milhões de animais, o Paraná também se prepara para pedir o reconhecimento internacional de livre de peste suína clássica (PSC).
• Extensão rural. A Federação
Eventos
científicas sobre o tema. Nos dias 6, 7 e 8 de maio, ocorrerá ExpoZebu Dinâmica, também em Uberaba, www.abcz.org.br/ Expozebu.
• Agrishow. A Agrishow 2015, de 27 de
abril a 1º de maio, em Ribeirão Preto (SP), terá, pela primeira vez, o “Caminho do Boi”, que percorrerá etapas do processo de produção de carne, como nutrição, curral de manejo, controle e gestão, sanidade, transporte e frigorífico. O objetivo é apresentar, na prática, a integração dos elos da cadeia da carne. Informações, www.agrishow.com.br. • Fipppa 2015. A Fipppa 2015 (Feira Internacional de Produção e Processamento de Proteína Animal), fusão da AveSui e da Tecno Food Brasil, será de 28 a 30 de abril, em Curitiba, PR. Serão 180 expositores, além de seminários e palestras. No evento, haverá ainda seminário do Centro de Tecnologia de Carnes, do Ital, o 66º Agroex (Seminário do Agronegócio para Exportação). www. fipppa.com. • Expozebu 2015. A 81ª edição da Ex-
poZebu ocorrerá entre 3 e 10 de maio, em Uberaba, MG. A novidade é o lançamento do Centro de Referência da Pecuária Brasileira - Zebu que reunirá informações zootécnicas, históricas e
18 DBO abril 2015
“Ter o reconhecimento internacional de livre de PSC é importante, mas não basta, pois esbarraremos na questão de ainda vacinarmos contra aftosa. O reconhecimento de livre de aftosa sem vacinação nos abre mercados para suínos, bovinos e leite e o investimento será o mesmo”, afirma o presidente da Adapar, Inácio Kroetz.
• Confinar 2015. O Confinar 2015, simpósio de confinamento de gado de corte, será entre 4 e 5 de maio, em Campo Grande, MS, com destaque para o tema suplementação. O evento é organizado pela Beef Tec Consultoria e pelo site Rural Centro. Informações: www.confinar.net • Seminário ANCP. A Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores promoverá, no dia 15 de maio, a 21ª edição do seu Seminário Nacional, com foco no melhoramento genético de bovinos. O evento ocorrerá em Ribeirão Preto, SP. www.ancp. org.br/seminario
Simpósio Alltech. O 31º Simpósio Internacional da Alltech ocorrerá entre 16 e 21 de maio, em Kentucky, nos EUA, e trará as oportunidades e tendências do mercado de nutrição animal. O evento apresentará casos de sucesso, ideias e provocará debates entre os participantes. A agricultura brasileira será tema de painel exclusivo. Para mais informações, acesse http://pt.alltech.com e e-mail eventosbr@alltech.com
de Agricultura do Estado de Goiás (Faeg) está finalizando um projeto para a pecuária de corte nos mesmos moldes do projeto “Balde Cheio”, desenvolvido pela Embrapa Sudeste, de São Carlos, SP, e com grande repercussão para a pecuária leiteira. Por esse projeto, serão capacitados técnicos para fornecer assistência técnica a pequenos produtores do Estado, de forma a que estes elevem a produtividade, informou o gerente técnico e econômico da Faeg, Edson Novaes. • Nascentes. A CNA lançou, no dia 22 de março, o Programa Nacional de Proteção de Nascentes, em Brasília. A iniciativa pretende proteger, este ano, mil nascentes em todo o Brasil e foi realizada em comemoração ao Dia Mundial da Água. No evento, foi distribuído material informativo sobre o passo a passo para a proteção das nascentes. Também foi lançado um site explicando os passos: http://www. canaldoprodutor.com.br/protecaodenascentes • Dipoa. José Luís Ravagnani Vargas foi escolhido para dirigir o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura (Dipoa). Ele substitui Leandro Feijó, médico veterinário e funcionário do ministério desde 2002, que assumiu o cargo em abril de 2014. A nomeação foi publicada no dia 18 deste mês no Diário Oficial da União.
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Conjuntura | Mercado
Depois de ficar empacado, boi sobe. Mercado futuro sinaliza arroba a R$ 157 na entressafra n Fernando Yassu yassu@revistadbo.com.br
A
pesar dos sinais de recessão na economia doméstica que normalmente provoca queda no consumo e da exportação de carne bovina patinando pelo terceiro mês consecutivo, a arroba do boi gordo, que estava empacada nos dois primeiros meses do ano, moveu-se no final de março e em plena safra subiu, fechando o mês beirando os R$ 150 (R$ 149) a prazo no mercado de São Paulo. O Indicador Boi Gordo do Cepea, que é usado para a liquidação dos contratos negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuro (BM&FBovespa), fechou a R$ 147,13 (média à vista dos últimos cinco dias úteis em São Paulo), alta de 2,35% sobre a média apurada em fevereiro (R$ 143,74). O que está acontecendo no mercado para que o preço se sustente, enquanto a demanda de carne cai? A primeira hipótese é que, com a alta forte da arroba na passagem do terceiro para o quarto trimestre do último ano, os pecuaristas teriam antecipado a engorda para aproveitar o preço, terminando os animais que estariam prontos apenas em janeiro, fevereiro e março de 2015 para outubro, novembro e dezembro de 2014. Os frigoríficos, também, podem ter contribuído para essa antecipação dos abates, comprando, no último trimestre de 2014, bois sem acabamento para fechar escalas. Dados do IBGE indicam que os frigoríficos aumentaram os abates em 0,66% do terceiro para o quarto trimestre de 2014. No mesmo período de 2013, ano em que os abates foram 1,47% superiores, o crescimento foi de apenas 0,32%. Outra hipótese para a falta de boi pode ter a ver com a alta no preço no mercado de reposição. Como não gostam de ficar com o pasto vazio, os invernistas só estariam vendendo o boi gordo quando conseguem comprar a reposição e enquanto não encontram bezerros, garrotes e bois magros a preços que consideram convenientes, seguram a boiada na fazenda ganhando alguns quilos a mais. Há os invernistas que, deliberadamente, estariam segurando os animais na fazenda para colocar mais peso na carcaça e aproveitar melhor a sua matéria prima mais cara 22 DBO abril 2015
e que, segundo Sergio De Zen, coordenador do Cepea, representa, hoje, 63% do custo de um boi gordo (veja nas págs. 26 e 28, respectivamente, artigos dele e do colunista Rogério Goulart sobre o mercado de reposição). Se os invernistas enfrentam problema de reposição, os frigoríficos continuam vivendo o seu inferno astral que começou em 2014 e segue firme em 2015. Ele combina alta da matéria prima, queda no consumo interno de carne bovina e nas exportações. Levantamento feito pela Agroconsult, de Florianópolis, SC, aponta que a margem bruta dos frigoríficos foi de apenas 1,99% em março, pior nível desde 2008, no auge da crise mundial, quando ficou negativo em 5,53%, informou, ao jornal Valor Econômico, Maurício Palma Nogueira, um dos consultores da empresa. Além do preço do boi e da dificuldade em repassar a alta da arroba para o varejo, os frigoríficos não estão contando com o socorro do mercado externo, apesar da valorização do dólar. Nos três primeiros meses do ano, as exportações caíram 24% em volume e 26% em receita. Entre janeiro e
março, foram embarcadas 352 mil toneladas em equivalente-carcaça de carne bovina in natura, 111 mil toneladas a menos do que mesmo período do ano anterior (463 mil toneladas). Em receita, as perdas somaram US$ 350 milhões. Entre janeiro e fevereiro, os frigoríficos faturaram US$ 993 milhões contra US$ 1,342 bilhão no mesmo período anterior. Além da redução do volume embarcado, houve queda no preço em dólar da carne in natura. Entre janeiro e março, recuou US$ 250 por tonelada, caindo de US$ 4.408 para US$ 4.153. No mesmo período do ano anterior, o preço em dólar subiu de US 4.364 para US$ 4.437. O maior problema para exportar está na queda no preço do petróleo, que afetou a economia da Rússia e da Venezuela, o primeiro e o terceiro maiores importadores de carne in natura do Brasil. No primeiro trimestre do ano, os embarques de carne in natura para a Rússia caíram 66% em volume e 59% em receita, enquanto que para a Venezuela recuaram, respectivamente, 48 e 50%, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) n
Indicador Cepea aponta bezerro acima de R$ 1.400 no Mato Grosso do Sul Especificações Preço à vista por cabeça Preço por kg vivo Peso médio em kg
Datas do levantamento de preços 29/12/14 29/01/15 27/02/15 R$ 1.183,21 R$ 1.261,72 R$ 1.298,45 R$ 6,54 R$ 6,30 R$ 7,02 180,75 200,1 184,92
Preço médio no Mato Grosso do Sul. Fonte: Cepea/Esalq/USP.
31/03/15 R$ 1.444,22 R$ 7,06 204,38
Indicador Boi Gordo sobe 2,35% em março e arroba à vista bate em R$ 147,00 em São Paulo Especificações Preço à vista (*)
Datas de liquidação dos contratos negociados a futuro 29/12/14 29/01/15 27/02/15 R$ 144,80 R$ 143,16 R$ 143,74
(*) Média dos últimos cinco dias úteis do mês em São Paulo. Os valores são usados para a liquidação dos contratos negociados a futuro na BM&FBovespa.
31/03/15 R$ 147,13
Mercado futuro aponta boi gordo beirando a R$ 155 na entressafra
Data dos pregões 30/12/14 29/1/15 27/2/15 31/3/15
Meses de liquidação dos contratos futuro na BM&FBovespa Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 142,95 141,52 140,59 139,79 139 143,3 143,3 142,41 141,74 141,3 143,1 142,32 144,7 143,86 143,39 144,95 145,36 148 148,57 148,81 148,97 150,15 152,9 154,87 157,29 -
Fonte: BM&FBovespa
Conjuntura | Reposição
Viés de alta continua, com destaque para os animais mais erados. Alta do boi gordo e escassez de oferta explicam valorizações n Denis Cardoso
denis@revistadbo.com.br
O
comportamento do mercado reposição continua o de “sempre”. Ou seja, seguiu, no último mês, em trajetória de alta, dessa vez empurrado também por uma nova onda de valorização do boi gordo, que sempre quando sobe leva junto o mercado de reposição, com raras exceções. No entanto, a escassez de oferta ainda é a grande responsável pelas altas contínuas nas cotações dos animais de reposição, segundo analistas. “Em São Paulo, a dificuldade de compra persiste, e há relatos de aquisições de bovinos para reposição em Estados vizinhos”, diz o zootecnista Gustavo Aguiar, analista da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, em seu relatório mais recente sobre o mercado, divulgado no início de abril. Segundo dados levantados pela engenheira agrônoma Maisa Módolo, também da Scot, os preços dos animais de reposição subiram em todas as praças de comercialização do País. “Existe resistência dos compradores aos altos patamares de preços, mas a demanda ainda está maior que a oferta”, ressalta. A analista informa que as categorias mais eradas tem sido as mais procuradas pelos criadores, principalmente devido à demanda para engorda, tanto a pasto quanto em confinamento. Em fevereiro e março, o garrote (9,5@) e o boi magro (12@) tiveram as maiores altas dentro das categorias de
reposição, de 1,6% e 1,3%, respectivamente, considerando todas as 14 praças pesquisadas pela Scot Consultoria. No mesmo período de comparação, o bezerro ano (7,5@) e desmama (6@) subiram 1,2% e 0,9%, respectivamente. No entanto, ao analisar os preços por região e categoria, as altas em março foram bem mais expressivas. Em São Paulo, a novilha subiu 4,3% em março, em média, para R$ 1.260, na comparação com o valor médio de fevereiro. Na mesma praça, o bezerro desmamado teve alta mensal de 2,2%, para R$ 1.262, e o garrote registrou valorização de 3,5%, atingindo R$ 1.685, em média. O boi magro fechou o março com preço médio de R$ 1.954, em São Paulo, com acréscimo de 3,2%, segundo a Scot. No Centro-Oeste, os aumentos das cotações dos animais de reposição também foram expressivos no mês passado. No Mato Grosso, o garrote atingiu valor médio de R$ 1.500, com elevação de quase 5% sobre a cotação média de fevereiro. Nessa praça, a novilha subiu 4%, para R$ 1.117,50 e o boi magro teve alta mensal de 2,7%, chegando a R$ 1.710. O preço médio do bezerro desmamado registrou acréscimo de 2%, para R$ 1.127,50. No Mato Grosso do Sul, destaque para a valorização do boi magro e do garrote, que atingiram R$ 1.890 e R$ 1.657.50, respectivamente, com elevação de 2% e 3% sobre fevereiro. Em Tocantins, de acordo com levan-
tamento da Scot Consultoria, o boi magro apresentou alta de 4% em março, para R$ 1.642,50, em média, enquanto o garrote subiu 2,8%, atingindo R$ 1.447,50. Nessa mesma praça, a novilha atingiu o valor médio de R$ 1.020 em março, com elevação de 2%, e o bezerro ficou praticamente estável, a R$ 1.092,50. Segundo o analista Gustavo Aguiar, aos invernistas, recomenda-se atenção redobrada aos cálculos de resultados de engorda intensiva, devido às relações de troca desfavoráveis. Em Rondônia, por exemplo, todas as categorias de reposição subiram, em média, 31% no período de 12 meses, enquanto o boi gordo registrou elevação de 15,5% no mesmo intervalo de comparação. Com isso, hoje, é possível adquirir, na praça de Rondônia, 1,9 bezerro de ano com a venda de um boi gordo de 16,5@, enquanto que em abril de 2015, essa mesma relação de troca estava em 2,2 bezerros. A expectativa, segundo os analistas da Scot Consultoria, é de que o mercado de reposição ganhe maior dinamismo nos próximos meses, puxado pela entrada da safra de bezerros desmamado, além da melhoria nas condições das pastagens. Ainda segundo a consultoria, a atual conjuntura não aponta para reduções de preços no curto prazo, “sobretudo para as categorias mais eradas, que possuem maior correlação de preços com o mercado do boi gordo”. n
Projeção -
R$ 1.260
R$ 1.500
R$ 1.890
R$ 1.262
Preço médio da novilha em março, em São Paulo; novamente, a categoria foi a que mais subiu no mês, com alta de 4,3% sobre fevereiro
Valor médio do garrote na praça do Mato Grosso, em março; valorização de 5% em relação ao mês anterior.
Cotação média do boi magro no Mato Grosso do Sul, no mês passado; acréscimo de 2% sobre fevereiro
Valor do bezerro desmamado, na praça paulista, em março; alta mensal de 2,2%
24 DBO abril 2015
Coluna do Cepea
Sergio De Zen Professor da Esalq/USP; coordenador de Pecuária do Cepea/Esalq/USP Colaborou Rildo Esperancini Moreira e Moreira, analista de mercado do Cepea-Esalq/USP
O risco do bezerro caro
26 DBO abril 2015
Margem bruta recorde em fevereiro/2015
1.900 1.700 1.500 1.300 1.100 900 700
03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15
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97
500 19
uitos pecuaristas de recria-engorda estão preocupados com os preços atuais do bezerro. E não é para menos! Na média das propriedades típicas do Estado de São Paulo, o bezerro representa 63% do custo operacional de um boi gordo. E este, que é o principal insumo, tem se valorizado bem mais do que a arroba de boi. Na parcial de 2015, o preço do bezerro já aumentou 8% em São Paulo, com a média de março (até o dia 20) em R$ 1.292/animal, representando um novo recorde, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de fev/15), da série histórica do Cepea, iniciada em 1994. Já o boi gordo, também no Estado de São Paulo, se valorizou apenas 1,3% neste começo de ano, com o Indicador ESALQ/BM&FBovespa na média de R$ 144,61 em março – próxima da máxima real registrada pelo Cepea, de R$ 145,37 em novembro/14. Diante dessa diminuição do poder de compra do pecuarista de recria-engorda, o Cepea analisou seus dados históricos e fez alguns cálculos que podem ajudar o produtor a estimar o que vem pela frente. Primeiramente, considera-se que em SP um boi é abatido, em média, 26 meses após a compra do bezerro (com 8 a 12 meses), ou seja, com 34 a 38 meses de idade. Considerando-se esse período, a equipe Cepea traçou a linha de margem bruta, que é resultado da receita obtida com a venda de um boi de 17@ menos o valor pago pelo bezerro. Não se considera, portanto, todos os demais custos. Essa margem pode ser vista no gráfico acima. Uma constatação importante é que ela atingiu seu valor máximo, de R$ 1.600 em fevereiro, ficando 45% acima da média dos últimos cinco anos (R$ 1.106). E, levando-se em conta os
19
M
margem bruta por animal Obs: valores em reais, de acordo com ajustes da BM&FBovespa em 18 de março de 2015. A margem bruta é resultante do valor do boi gordo de 17@ menos o valor do bezerro comprado 26 meses antes, não levando emconta outros custos. Os triângulos verdes representam valores médios dos 12 meses de cada ano. Dados do Estado de São Paulo. Fonte: Cepea/USP.
valores negociados na BM&FBovespa para contratos futuros para outubro/2015 (cotados em 18/março), a margem do pecuarista paulista de recria-engorda deve continuar bem acima da média histórica até o final do ano: a margem bruta chegaria a R$ 1.740 (R$ 2.516 pelo boi gordo, com arroba a R$ 148 menos o bezerro a R$ 776), sempre lembrando que deste montante, é preciso subtrair, ainda, todos os demais custos. Em outras palavras, o pecuarista de recria-engorda está tendo uma boa rentabilidade! Mas, e daqui para frente? Para 2016, essa margem que desconta apenas o preço do bezerro pode diminuir, já que os bois a serem abatidos provêm de bezerros comprados em 2014, quando os preços do animal começaram a reagir – de abril a outubro, os preços médios estiveram entre
R$ 1.000 e R$ 1.100, vindo a fechar o ano por volta de R$ 1.200. O resultado efetivo, claro, vai depender da evolução do preço da arroba. Em 2017, chegarão aos frigorí-
Margem bruta de quem faz recria e engorda, que até agora foi muito boa, tende a ser menor em 2016. ficos os bezerros que têm sido adquiridos nos meses presentes (2015) e, até lá, muitas variáveis de ordem tecnológica (índices de produtividade/estrutura dos custos), climáticas e macroeconômicas podem influenciar o rumo dos preços da pecuária. O que se mantém favorável ao setor em qualquer tempo é que o mundo aprecia comer carne bovina e a população não para de crescer. Torçamos para que tenham renda que lhes satisfaça este gosto. n
Rogério Goulart Administrador de empresas, pecuarista e editor do informativo semanal “Carta Pecuária”, de Dourados, MS.
Parei de comprar bezerros
Já é nítido que há mais bezerros em oferta; só o mercado não quer ver.
O
28 DBO abril 2015
Ágio da @ do Bezerro sobre @ do Boi Gordo 60% 50%
30% 20%
mulo da valorização do bezerro, iniciada em 2011. Cinco anos de seguidas altas dá muita certeza para as pessoas, é o que parece. Alta necessária – A alta do bezerro foi e está sendo necessária. O setor estava com margens apertadíssimas e, hoje, devidamente capitalizado e fortalecido. Conversando com Ricardo Passos, da Cria Fértil, empresa do setor de cria em Goiás, ele me disse que os criadores de ponta já estão buscando mais tecnologia e dando ração para as vacas, adubando pastos e fazendo confinamento de “sequestro” de bezerros na seca. Tudo com o intuito de acelerar ainda mais a produção de quilos de bezerros produzidos dentro do ano. Fantástico. Bezerros mais pesados e de melhor qualidade são exatamente o que um invernista de pasto ou confinador quer. Os investimentos da cria caem como música aos ouvidos de quem usará esses animais dali adiante na engorda. Porém, é necessário dizer, o mercado é livre. Ao mesmo tempo que tem gente investindo nas suas vacas, há outros aumentando a quantidade de vacas de cria. Atualmente o setor vive franca retenção de fêmeas. Isso significa que, adiante, teremos mais vacas produzindo e, na sequência,
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barulho é ensurdecedor. Vacas de um lado e bezerros do outro, chamando-se desesperadamente. Uma hora teria que ocorrer o desmame. Essa liberdade do peito da vaca dá ao bezerro a chance de seguir seu caminho na engorda. Ao mesmo tempo, a ausência do bezerro libera a vaca para cuidar melhor de sua próxima cria, que já está na barriga. Mas o barulho dos berros fica na cabeça, mesmo na cabeça dos peões acostumados com a lida. Dramático e confuso também é o mercado da cria. Só se fala nisso. Há tempos não vejo um mercado o qual a sua mera menção deixa os ânimos sobressaltados. Para onde vai esse bezerro? Não sei. Mas sei onde ele esteve nos últimos anos. Hoje vamos falar sobre o mercado do bezerro macho e retraçar sua história. O estado atual do ânimo do mercado é nítido, assim como as paixões que este tipo de situação levanta. Vamos olhar para o mercado desse pequeno animal. Dá até para cravar o número da temperatura do mercado: 50%. O bezerro é a porta de entrada da pecuária de corte. O boi gordo é a saída. Nada mais natural, então, comparar a entrada com a saída. Aqui mora uma das relações mais importantes do setor e que deveria ser a primeira informação a ser olhada pelos compradores e vendedores no início do dia. A relação é: qual é o ágio da arroba do bezerro sobre a arroba do boi gordo? O resultado dos últimos 15 anos está no gráfico. Resposta: hoje a arroba de um bezerro está 50% mais cara do que a arroba do boi gordo. Próxima pergunta. Isso já aconteceu antes? Ah, caro leitor. Que bom que você perguntou isso. Demonstra que é uma pessoa amadurecida e detesta imediatismos e verdades absolutas. Extremismo é tão deselegante. Você nunca diria “A arroba nunca mais cairá!”. Você também, olhando esse gráfico, nunca diria “O bezerro nunca valeu tanto!” Será? Se você olhar novamente para o gráfico, verá em 2015 o acú-
0%
Anos
mais bezerros entrando no mercado. É exatamente isso o que o gráfico diz: “Quando atingi ao redor de 50% de ágio no passado, algo mudou e eu parei de aumentar!” Estamos passando exatamente pelo mesmo ponto agora, com o ágio sobrevoando as mesmas altitudes máximas alcançadas no passado. Isso significa que o bezerro vai cair de preço? Não. Significa apenas que a partir daqui, se quiser subir e se valorizar ainda mais sobre o boi, terá que vencer obstáculos que não conseguiu vencer nos últimos anos, a saber: resistência do invernista em pagar mais e, eventualmente, do consumidor. Ao mesmo tempo, terá que lidar com o aumento da oferta proveniente da entrada de novos criadores no mercado. Aliás, já é nítida a maior quantidade de bezerros por aí. Só o preço que ainda não se deu conta disso. Ambos, criadores e invernistas, devem registrar o momento histórico atual. O ágio em que se encontra o bezerro é extremo, tal qual foi no passado. A história nunca é igual, fato, mas ela desenvolve numa cadência que teima em se repetir de tempos em tempos. Por causa desse gráfico, parei de comprar. Agora quero ver o desenrolar disso daí. n
BEM-ESTAR ANIMAL: O INGREDIENTE ESSENCIAL PARA COR, SABOR E MACIEZ. Pecuarista que promove o bem-estar do seu gado garante lucro e melhora na qualidade da carne. Gado bem manejado e nutrido é manso e ganha mais peso, apresenta melhor terminação, maior rendimento e garante resultado para o produtor. O manejo racional e instalações adequadas são a CONEXÃO para o bem-estar e a consequente melhoria de sabor, maciez, pH e cor, ou seja, da qualidade da carne em geral. Essa é a carne que os consumidores exigentes procuram. Participe desse movimento que distribui a qualidade que vem do campo, estamos Juntos por um Boi de Sucesso.
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Negócios | Exportações
Novilho MS cria bloco único para atender a Hilton n Denis Cardoso
denis@revistadbo.com.br
Parceira de programas de carne bovina de qualidade do Grupo Carrefour e da JBS, a Associação Sul-Mato-Grossense de Novilho Precoce (Novilho Procece MS), sediada em Campo Grande, MS, inicia este ano um novo projeto: a criação de um núcleo de produtores capaz de promover a venda conjunta e organizada de animais com os padrões de exigências impostas pela Lista Traces e a Cota Hilton. “Com o apoio dos associados, uniremos esforços para elevar consideravelmente a produção de novilhos e novilhas para esses dois importantes canais de acesso ao mercado europeu”, diz Carlos Vanderlei Furlan, presidente da Novilho Precoce, que concedeu entrevista à DBO durante o 7º Seminário Técnico da Novilho Precoce, realizado em março, em Bonito, MS, que atraiu a participação de 140 pessoas, a maioria criadores ligado à própria associação. No cargo desde agosto do ano passado, Furlan é cirurgião dentista em plena atividade – possui consultório em Campo Grande. Porém, engana-se quem duvide de seu engajamento na pecuária e de capacidade de liderança dentro da associação. Filho de pecuarista e natural de Irapuru, região de Presidente Prudente, Furlan já é um fornecedor “Traces-Hilton”, produzindo animais precoces Nelore e cruzados Angus em sua propriedade em Bandeirantes, MS, de 600 ha, onde faz recria e engorda em rebanho de 1.000 cabeças, abatendo em média 400 cabeças/ano. “Passarei essa minha experiência de produção de animais Europa para os meus colegas do novo grupo”, diz o presidente, acrescentando que os membros da diretoria promoverão, ao longo dos próximos meses, encontros particulares com cada um dos associados identificados como potenciais integrantes do bloco “Traces-Hilton”. No entanto, esclarece Furlan, a decisão final em relação à adesão ao novo núcleo caberá unicamente ao criador. “Aqui ninguém é obrigado a participar dos nossos programas, o que explica o sucesso da associação”. Ele 32 DBO abril 2015
Criadores unem forças para negociar com indústria o envio de animais com padrão de qualidade exigido pela Europa
Carlos Furlan: um dos líderes do novo projeto “Traces-Hilton”
340 criadores da associação estão listados na Traces, sendo 15 deles de fornecedores para a Cota Hilton. Caso o projeto tenha êxito, será a primeira vez que um bloco de criadores trabalhará de maneira orquestrada para fornecer animais à Cota Hilton, um nicho de mercado altamente disputado pelos países exportadores, por oferecer condições tarifárias especiais aos frigoríficos, que exportam cortes nobres de alto valor agregado, o que acaba resultando em bonificações aos produtores da matéria-prima. Com uma disponibilidade de entrega anual de 10.000 toneladas, o Brasil cumpriu com apenas 41% da Hilton em 2014, justamente pela falta de fazendas capazes de atender aos padrões de exigência do mercado europeu, sobretudo na questão relacionada à rastreabilidade (Sisbov – Sistema Brasileiro de Bovinos e Bubalinos).
acredita, porém, no chamado “efeito de manada”, ou seja, à medida que aumenta o número de pecuaristas inseridos no projeto, cresce a força e o poder de negociação do grupo, atraindo o interesse daqueles associados que ainda estão de fora. Até o início de 2016, a Novilho Precoce tem como meta formar um grupo de pelo menos 60 pecuaristas que hoje demonstram condições favoráveis para fazer parte, sem grandes percalços, das duas modalidades de ingresso ao mercado da Europa. Atualmente, além do próprio Furlan, apenas 21 dos
Apoio da indústria – Para que essa nova iniciativa seja bem-sucedida é imprescindível que haja o envolvimento direto dos frigoríficos exportadores. Este processo de aproximação com a indústria da carne encontra-se em estágio avançado, haja vista o entusiasmo demonstrado pelo presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, que também participou, como palestrante, do evento realizado em Bonito. “Estamos juntos, estamos juntos”, repetia Camardelli ao líder da associação, durante
Cota Hilton
Antônio Camardelli: indústria apoia iniciativa da Novilho Precoce
os momentos de pausa para o café. Essa articulação entre produtor e indústria favorecerá, em pesos iguais, os dois elos da cadeia da carne. Da parte do frigorífico exportador, é fundamental que haja regularidade no fornecimento da matéria-prima, além de acertos prévios em relação à quantidade de animais entregue por cada uma das fazendas. “Hoje, há ocasiões em que temos que buscar animais em três regiões diferentes para conseguir preencher a capacidade de um contêiner destinado à Hilton, e ainda corremos o risco de sermos punidos pelos importadores pela falta de padronização dos lotes”, relata Camardelli. Do lado do pecuarista, o estreitamento de laço com os frigoríficos significa maior poder de barganha para negociar melhores preços e bonificações sobre a arroba do novilho. Atualmente, o prêmio recebido na Lista Traces e na Cota Hilton é de R$ 2,00/@ para cada uma das modalidades. “São valores que hoje cobrem os custos de produção para quem faz este tipo de produto, mas acaba não sobrando muito no bolso do criador”, admite Furlan, acrescentando que o grupo de associados vislumbra receber pelo menos a dobradinha “R$ 3,00/@R$3,00/@.” O próprio Camardelli revelou que há casos no País de criadores que já receberam R$ 6,00/@ pela participação nos dois programas, mas as premiações dependem de uma série de fatores, tais como câmbio, preços internacionais da carne bovina e situação financeira dos países da União Europeia. Furlan ressalta que a questão financeira não é o único chamariz do pacote “Traces-Hilton”. “São nichos que garantem não só maior rentabilidade, mas também melhorias na gestão da fazenda e na parte organizacional do rebanho”, justifica.
por um dos participantes do seminário em Bonito, o veterinário Edilson Menezes, gerente geral de uma propriedade associada à Novilho Precoce, localizada em Miranda, MS – que faz ciclo completo em rebanho de 13.000 cabeças. Ele contou que, em 2014, a fazenda conseguiu se adequar às regras necessárias para exportar animais Hilton, mas acabou não conseguindo fechar negócio no balcão das duas unidades do JBS em Campo Grande. “Eles alegaram que não havia escala suficiente para suprir a necessidade dos contêiners de exportação”, conta Menezes, acrescentando que a fazenda tinha como meta fornecer 150 bovinos/mês, de abril a dezembro do ano passado. Na ocasião, o impasse foi resolvido somente quando o gerente foi orientado a procurar a unidade central do JBS em São Paulo, SP, que, por sua vez, propôs à fazenda o fechamento de um contrato de boi a termo, modalidade que garante a venda antecipada da produção, determinando a quantidade de animais e os dias de abate. No entanto, neste ano de 2015, essa mesma propriedade tem conseguido êxito em suas vendas de animais Hilton para a planta do JBS em Campo Grande, graças ao envolvimento direto da diretoria da Novilho Precoce, que desde o início do ano vem intermediando os negócios dos criadores associados já capacitados para atender o mercado europeu. “A associação tem mais força para negociar com o frigorífico; assim fica bem mais fácil que fazer isso sozinho”, admite Menezes. Em sua palestra, Camardelli destacou o avanço das exportações de carne bovina do Mato Grosso do Sul para a Cota Hilton. Segundo dados do ano-cota vigente (entre 30 de junho de 2014 e início de março de 2015), o Estado responde por 15%, ou 1.000 toneladas, dos embarques totais do Brasil para a Hilton, que somam 6.500 to-
Edilson Menezes: dificuldade para negociar com o JBS local
neladas. No mesmo período do ano-cota anterior (2013-1014), apenas 4% das exportações brasileira para a Hilton tiveram como origem as fazendas do Mato Grosso Sul. “Isso comprova o potencial dos criadores mato-grossenses para produzir animais com o perfil almejado pelo mercado europeu”, diz Camardelli. Os dados apresentados acima pela Abiec não surpreendem o veterinário Carlos Eduardo Tedesco, fiscal agropecuário da Superintendência Federal do Mato Grosso do Sul, órgão representante do Mapa no Estado. “Grande parte dos pecuaristas do Estado já produz animais com padrão quase Hilton”, diz ele. Tedesco não se refere somente aos 340 associados da Novilho Prococe MS, mas a todos os produtores inseridos no Programa de Apoio à Criação de Gado para o Abate Precoce, gerenciado pela Secretaria de Estado da Produção e Turismo (Seprotur), que oferece benefícios fiscais aos participantes (redução do valor do ICMS). “A origem do programa, criado há 25 anos, foi baseada nas exigências da Cota Hilton”, lembra Tedesco, acrescentando que, em 2014, o Estado abateu quase um milhão de animais precoces, o que representa em torno de 25% das matanças totais do Mato Grosso do Sul.
Participação do MS nas exportações para a Cota Hilton
Sem escala – Um exemplo de falta de en-
tendimento comercial entre criador e indústria em relação à Cota Hilton foi exposto
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Negócios | Exportações
Carlos Tedesco: criadores do MS tem novilho padrão “quase Hilton”
Para se enquadrar na Hilton, é necessário que os animais sejam identificados a partir da desmama (até 10 meses de idade) com o número do Sisbov e sejam provenientes de fazendas inscritas na Base de Dados Única do Mapa. São aceitos somente novilhos e novilhas, sendo os machos castrados (até 4 dentes permanentes – 3 anos de idade) ou inteiros (dente de leite), com peso de carcaça mínimo de 210 kg, e fêmeas com até 4 dentes definitivos, e peso mínimo de 180 kg. Em relação ao acabamento, exige gordura escassa (1 a 3 mm de espessura) ou mediana (de 3 até 6 mm de espessura). Segundo Tadesco, a carcaça do novilho precoce produzido dentro do programa estadual do Mato Grosso do Sul atende praticamente a todos os requisitos da Cota Hilton, sendo necessários apenas “alguns pequenos ajustes”. “A diferença é que o nosso programa aceita animais inteiros de dois dentes (dois anos de idade) e com gordura de 6 mm a 10 mm” (considerada excessiva pelo programa europeu)”, compara. Em contrapartida, diz o fiscal, o programa estadual trabalha com padrões de peso de carcaça mais rigorosos para os machos – mínimo de 225 kg, ou seja, uma arroba a mais em relação ao peso exigido pela Hilton. Gargalos – “O caminho da Traces para a
Hilton é rápido e fácil; o complicado é chegar na Traces”. Essa frase foi repetida por praticamente todos os criadores abordados pela reportagem da DBO durante o evento da Novilho Precoce MS. Para abocanhar parte da cota Hilton, é preciso que, obrigatoriamente, as fazendas estejam listadas na Traces, processo que se tornou uma espécie de “bicho papão” para a grande maioria dos criadores, devido ao excesso de exigências e de burocracia, sobretudo em relação à questão da rastreabilidade dos animais no âmbito do Sisbov. Não à toa, nós últimos
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anos, o Brasil não vem conseguindo cumprir em sua plenitude a fatia a que tem direito na Hilton. No ano-cota (julho de 2013 a junho de 2014), preencheu 41% do total, o equivalente a cerca de 4.000 toneladas. Segundo a Abiec, no período de 2008 e até o início de março de 2015, a quantidade acumulada pelo não atendimento integral do Brasil à Cota Hilton somou 46,5 mil toneladas de carne, o que representou perdas acumuladas de US$ 493,2 milhões, considerando os valores médios durante o período analisado. Ainda segundo a Abiec, antes de ocorrer a blindagem europeia à carne brasileira, a partir de 2007-2008, o Brasil tinha mais de 29.000 propriedades aptas para fornecer animais ao continente, número que caiu para 1.600 fazendas, atualmente. Para ser Traces, é preciso controlar (aplicar brincos) 100% dos animais da fazenda, independentemente do tamanho do rebanho – ou seja, a obrigação é a mesma para propriedades com 1.000 cabeças ou 10.000 bovinos. Daí a dificuldade de muitos pecuaristas em se adaptar ao sistema, sobretudo os que atuam com ciclo completo e, portanto, possuem um grande número de matrizes, que permanecem por longo tempo na propriedade e exigem controles mais rigorosos da porteira para dentro. “Como o programa é constantemente vistoriado por certificadoras, se, por qualquer razão, uma única vaca do rebanho perder o brinco, corremos o risco de sermos desclassificados imediatamente da Lista Traces”, diz o criador Alexandre Scaff Raffi, ex-presidente da Novilho Precoce MS, com fazenda em Anastácio, MS, onde faz o ciclo completo em rebanho de 2.500 cabeças. Scaff diz que apoia a iniciativa de criação do grupo “Traces-Hilton”, mas que, no seu caso, prefere aguardar uma eventual “flexibilização” nas regras atuais de ingresso à Lista Traces para, assim, fazer parte dos programas em questão. Ele se refere a um projeto conduzido pela Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que busca condições para a criação de um protocolo de rastreabilidade de adesão voluntária, batizado de “Protocolo Europa”, em substituição ao Sisbov. Porém, segundo Scaff, este processo ainda está em fase embrionária, que depende de análise do Mapa e, posteriormente, da aprovação da União Europeia. n DBO viajou a Bonito, MS, a convite da Novilho Precoce MS
Negócios | Frigoríficos
JBS compra boi com base em “farol da qualidade”
Sistema entra em vigor este mês, em Nova Andradina, MS. Empresa pagará prêmio de R$ 2/@ para animais desejáveis e descontará R$ 3/@ para os indesejáveis. n Maristela Franco
maristela@revistadbo.com.br
A
Padrões simples – O “Farol da Qualidade” considera três grupos sexuais: machos inteiros, machos castrados e fêmeas, que são classificados com base na maturidade (avaliada pela dentição), peso (em arrobas limpas) e cinco níveis de acabamento de gordura (ausente, escassa, mediana, uniforme e excessiva). Os parâmetros adotados pela empresa foram validados pelo professor Pedro de Felício, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e constam do livro de classificação de carcaças lançado pela empresa em 2014, em parceria com 14 entidades representativas do setor pro-
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Machos Castrados Fêmeas
_ A unidade de Nova Andradina, que pertenceu ao extinto Grupo Independência, já viveu experiência semelhante. Na década de 2000, esse frigorífico comprava animais com base no PQBI (Programa de Classificação de Carcaças do Independência), adotando cri-
Critérios múltiplos
dutivo. Para cada categoria sexual, foi traçado um perfil de animal desejável, tolerável e indesejável (veja tabela). “Estamos instituindo um sistema de meritocracia para as carcaças”, explica Pedroso. No grupo machos inteiros, por exemplo, são considerados desejáveis (farol verde) aqueles animais que apresentam peso entre 16 e 22@, maturidade de até 2 dentes definitivos e acabamento entre mediano e uniforme. A iniciativa da JBS tem por objetivo estimular a produção de carne de qualidade, atendendo, assim, aos anseios do consumidor. Os Estados Unidos já tipificam carcaças desde 1926. A Europa e a Austrália também têm modelos próprios. No Brasil, houve um movimento para elaboração de um sistema nacional de classificação em 2003, mas o processo não avançou. A iniciativa da JBS volta a colocar o tema na ordem do dia, abrindo espaço para novos debates. n
Gabarito de tipificação da JBS
Machos Inteiros
classificação de carcaças começa, finalmente, a sair da gaveta na qual estava esquecida há anos. A maior indústria frigorífica do País decidiu mudar o seu sistema de compra de boi gordo, pautando-se agora em critérios de qualidade. O novo modelo de compra será adotado, a partir de abril, na unidade industrial de Nova Andradina, no Mato Grosso do Sul, em 100% dos animais adquiridos. Depois, se estenderá às outras oito plantas da JBS no Estado, onde a empresa abate 8.500 cabeças/dia. “Nosso objetivo é substituir gradativamente o velho conceito de ‘bica corrida’ por critérios modernos de avaliação, que identiquem e valorizem quem produz qualidade, estimulando a modernização da pecuária”, salienta Eduardo Pedroso, diretor de Relacionamento com Pecuaristas da JBS. Os animais serão classificados com base no chamado “Farol da Qualidade”, que compreende três grupos: desejáveis (indicados pela cor verde), toleráveis (cor amarela) e indesejáveis (cor vermelha). Os primeiros receberão bônus de R$ 2/@; os pertencentes ao grupo do meio serão adquiridos a preço de balcão e os terceiros terão deságio de R$ 3/@.
térios múltiplos: características de carcaça, homogeneidade do lote, horário de chegada dos animais e índice de contusões. A JBS preferiu, porém, não “misturar searas”. Optou por trabalhar exclusivamente com quesitos inererentes à carcaça, como se faz em outras partes do mundo.
FONTE: Livro de Classificação de Carcaças da JBS
Negócios | Notas Varejo
“Os próximos lotes enviados às nossas gôndolas já estarão novamente com o logotipo da Novilho Prococe MS, fortalecendo ainda mais essa parceria”, disse Simões, para uma plateia de 140 participantes do seminário em Bonito (a maio-
ria criadores da própria associação), que, em troca, homenagearam com uma salva de palmas o representante do Carrefour. Segundo Furlan, há cerca de um ano, o Carrefour decidiu, unilateralmente, remover o logotipo da Novilho MS das embalagens de sua linha Selection, alegando “motivos comercias internos”. “Mesmo assim, durante todo o período de ausência de nosso selo, continuamos firmes com o nosso compromisso, de oferecer regularmente animais jovens de altíssima qualidade ao programa”, disse à DBO o presidente da associação. Segundo o presidente da Novilho Precoce, os animais direcionados para o programa do Carrefour são abatidos atualmente nas plantas do Naturafrig e do JBS, ambas em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Em 2014, 81 produtores da associação venderam, a preço de boi gordo, 22.000 animais para as linhas de corte Selection do hipermercado.
louca (encefalopatia espongiforme bovina ou EEB) no Paraná em 2012. Na época, havia oito plantas frigoríficas credenciadas para exportar para esse mercado. Essas unidades industriais pertencem à JBS, à Marfrig e à Minerva, mas, segundo Camardelli, 11 outras empresas estão com suas plantas praticamente prontas para entrar na lista dos frigoríficos credenciados para a China. A expectativa do presidente da Abiec é a de que as exportações se iniciem ainda no primeiro semestre deste ano, com embarque de 50.000 toneladas em 2015. Além do tamanho do mercado, a grande vantagem para os
frigoríficos é que a China compra todos os cortes do boi, tanto os do traseiro como os do dianteiro. Camardelli não comenta sobre possível operações triangulares para se chegar à China, via Hong Kong, maior importador dos frigoríficos brasileiros. Em 2014, a possessão chinesa desembolsou US$ 1,7 bilhão na importação de carne bovina in natura e miúdos do Brasil. “A especulação de que a carne vendida para Hong Kong atinge o mercado chinês não é problema do Brasil. Fazemos negócios com Hong Kong e o que ocorre depois foge da nossa responsabilidade”, diz.
Carrefour volta a estampar selo da Novilho Precoce A linha de cortes de churrasco a vácuo Selection Garantia de Origem, do Grupo Carrefour, será novamente estampada com o selo da Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores de Novilho Precoce (Novilho MS), parceira do programa da rede de hipermercados desde 2000. A informação foi revelada pelo presidente da entidade, Carlos Vandelei Furlan, durante o 7º Seminário Técnico da Novilho Precoce MS, realizado em 20 de março, em Bonito, MS, e confirmada pelo gestor de Produtos do Carrefour, Luiz Fernando Simões de Oliveira Costa, que também participou do evento.
Exportações
Brasil deve reabrir mercado chinês O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Camardelli, informou, em Bonito, MS, que o governo finalizou o protocolo sanitário para reabertura do mercado chinês para a carne bovina. A expectativa da Abiec é a de que o documento seja assinado ainda em abril pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu. A China suspendeu a compra com a identificação de um caso atípico do mal da vaca
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AT É O LU C R O É P R E C O C E
Negócios | Notas JBS
Empresa tem lucro líquido 120% maior A JBS registrou lucro líquido de R$ 2 bilhões em 2014, incremento de 120% sobre 2013, quando alcançou R$ 926,9 milhões. O resultado foi divulgado no dia 11 de março. A geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciações) foi de R$ 11,1 bilhões, avanço de 81% sobre o ano anterior, com margem Ebtida de 9,2%. A JBS Mercosul, que compreende a produ-
ção de carne bovina no Brasil, na Argentina, no Paraguai e no Uruguai, gerou receita de R$ 26,2 milhões, aumento de 22,1% sobre 2013. O Ebtida foi de R$ 2.319,0 milhões, redução de 2,8% sobre o ano anterior. A Pilgrim’s Pride obteve receita líquida de US$ 8,6 bilhões, com Ebitda de US$ 1,35 bilhão, margem de 15,7%. A receita líquida da JBS USA carne bovina, incluindo as operações no Canadá e na Aus-
trália, superou US$ 21,6 bilhões e obteve um Ebitda de US$ 916,1 milhões, margem de 4,2%. A JBS Foods, que atua no segmento de aves, suínos e alimentos processados, registrou vendas de R$ 12,9 bilhões e o Ebitda superou R$ 2,05 bilhões, com margem de 15,9%. A empresa reduziu a alavancagem (dívida líquida/EBITDA) de 3,7x registrada ao fim de 2013 para 2,1x em dezembro de 2014.
o ano de 2013, quando o resultado foi de R$ 18,7 bilhões.
principalmente à baixa oferta de animais para abate. Além disso, diante dos altos valores da reposição (bezerro e boi ma gro), pecuaristas de engorda estão mais resistentes em vender os animais prontos para abate, o que reforça os aumentos de preços do boi gordo, informou o Cepea.
Curtas • Iraque. O Ministério das Relações Ex teriores informou, no dia 2 de março, que o Ministério da Saúde do Iraque sus pendeu a proibição de importar carne bovina processada do Brasil. As vendas estavam suspensas desde abril de 2014, quando foi registrado, no Mato Grosso, um caso atípico de encefalopatia espon giforme bovina, o “mal da vaca louca”. Na semana anterior, o Itamaraty já havia comunicado a reabertura do mercado da África do Sul às exportações de carne bovina desossada brasileira, que tam bém estavam suspensas. • Marfrig. A Marfrig encerrou 2014 com prejuízo líquido de R$ 739,5 milhões, re cuo de 9,3% em comparação com de sempenho de 2013, negativo em R$ 815,8 milhões. A margem Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações) ficou em 8,5%. O fluxo de caixa livre atingiu R$ 56 milhões. Em 2013, o resultado foi negativo em R$ 1,9 bilhão. A companhia registrou receita líquida de R$ 21 bilhões, incremento de 12% sobre
• Minerva. A Minerva Foods teve prejuízo de R$ 418,2 milhões em 2014, 33% a mais do que o resultado do ano passado, nega tivo em R$ 314,2 milhões. O Ebitda ajus tado (lucro antes de juros, impostos, de preciação e amortização) foi de R$ 760,3 milhões, com margem de 9,5% no perí odo. Em 2013, o Ebitda atingiu R$ 551,4 milhões e registrou margem de 10,1%. • Boi gordo. O Indicador Esalq/BM&FBo vespa do boi gordo (Estado de São Paulo) fechou, no dia 1º de abril, em R$ 147,97, recorde real da série histórica do Cepea (iniciada em 1994). Até então, a máxima em termos reais havia sido registrada em 27 de novembro de 2014, de R$ 147,79. Em março, a média do Indicador do boi foi de R$ 145,35, 14% superior à do mes mo mês do ano passado (R$ 127,41), em termos reais, e praticamente empatada com o recorde mensal de novembro/2014 (R$ 145,37). A valorização segue atrelada
• Carne in natura. Brasil e Estados Uni dos avançaram nas negociações para abertura do mercado de carne bovina de 14 Estados brasileiros, informou, no dia 31 de março, o Ministério da Agricultu ra. O Brasil aguarda, para breve, a pu blicação, pelos EUA, da versão final do regulamento que garantirá o acesso ao mercado norte-americano. A negociação ocorreu durante a 7ª reunião do Comitê Consultivo Agrícola Brasil–EUA, entre o ministério e o Departamento de Agricul tura dos EUA (USDA). Segundo o presi dente da Associação Brasileira das In dústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, “é grande a possibilidade de sair a aprovação ainda neste primeiro semestre”.
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Edivaldo O. Dias (supervisor) Marca Agropecuária | Confinamento Eldorado Barra do Garças - MT
Marcio Antonio Buosi (proprietário/veterinário) Fazenda São José Rondonópolis - MT
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Ademir R. Monteiro (supervisor) Fazenda Sudamata | Tangara da Serra - MT
"O Tronco Tradicional ROMANCINI atende a fazenda muito bem para produção de gado PO, em outra propriedade que trabalho com gado de corte possuo um Tronco Universal ROMANCINI que atende ainda melhor para o tipo de manejo que trabalho. O Tronco Universal instalado à 8 anos e o Tradicional vai para 02 anos de uso. Equipamentos que uso bastante e baixa manutenção. As ultimas aquisições foram ROMANCINI por que me atende melhor, mais resistente e mais robusto. E com certeza se eu compro pra mim indico para os amigos também"
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Acelera, pecuarista!
Foto Assessoria expocorte
Circuito Expocorte aposta na divulgação do conceito de conseguir bois com 21 arrobas aos 24 meses
Em Cuiabá, MT, auditório lotado para conhecer o conceito do “Boi 7.7.7”
n Mônica Costa monica@revistadbo.com.br
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arafraseando o bordão que um famoso apresentador esportivo costumava bradar, para que o piloto Ayrton Senna mantivesse a primeira posição nas pistas da Fórmula 1, os organizadores do Circuito Expocorte querem que os pecuaristas acelerem a produção de arrobas em suas fazendas. A meta é conseguir bois de 21@ com no máximo 24 meses de idade. Para isso, apresentaram, em Cuiabá, capital do Mato Grosso, nos dias 11 e 12 de março, durante a primeira etapa do Circuito Expocorte, o conceito do “Boi 7.7.7.”, que significa obter um animal com 7@ de peso na desmama, 7@ na recria e 7@ na terminação. Não é um bicho-de-sete-cabeças, garantem os especialistas. “Queremos mostrar que este modelo pode ser alcançado em qualquer sistema de produção. Basta que o criador mantenha o foco na gestão da fazenda e abuse das ferramentas tecnológicas já desenvolvidas para a pecuária”, afirma o zootecnista Gustavo Rezende Siqueira que, ao lado de Flávio Dutra de
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Resende, ambos pesquisadores do Polo Regional da Alta Mogiana, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) de São Paulo, desenvolveram o conceito, que foi destrinchado para cerca de 1.000 pecuaristas – de um total de 1.100 pessoas que participaram do evento. Os pesquisadores vêm trabalhando na construção do conceito desde 2005, quando começaram a divulgar uma série de artigos e teses abordando fatores como os benefícios da suplementação em todas as fases da vida do animal, o melhor ponto de abate, o rendimento do ganho, o ganho em carcaça e outros processos que tornam a produção da bovinocultura de corte mais eficiente. A primeira métrica estabelecida foi a de 6@ para cada fase, apresentada em 2012. “Com a valorização da cria e a melhoria da remuneração por arroba no ano passado, consideramos que o boi de 21@ aos 24 meses apresenta resultados mais efetivos porque melhora a relação de troca e torna viável o processo de intensificação”, explica o pesquisador. “Os parâmetros são dinâmicos e podem ser revisados de acordo com o cenário da pecuária nacional”, complementa.
Não conte com um modelo pronto, porém. Todas as estratégias adotadas em sistemas de intensificação são bem-vindas: suplementação, melhoramento genético, recuperação das pastagens, manejo sanitário ou racional. Cada produtor pode e deve usar os recursos que estiverem disponíveis e de acordo com as características do rebanho para se chegar ao resultado final, que é um boi de 24 meses e com 21@. Só para ciclo completo? Esta foi a principal pergunta feita pelos pecuaristas. “Não”, foi a resposta. “A base do conceito é a especialização em cada uma das fases. Não se trata de um modelo exclusivo para quem trabalha com cria, recria e engorda e pode ser adotado por quem trabalha apenas com uma ou duas das fases de produção”, informou o médico veterinário Diede Loureiro, coordenador do Comitê de conteúdo do Circuito ExpoCorte. Seja na cria, na recria ou na terminação, é fundamental que não falte alimento para o rebanho. Comida é a chave para aumentar a produção de arrobas por hectare e a produção de carcaça no bovino. “O gado não pode passar fome, ele precisa ganhar pelo menos
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750 gramas de peso vivo por dia, todos os Seca – Melhorando o uso do pasto dias de suas vidas”, completou Loureiro. Para garantir as 300 g/cab/dia necessárias para se atingir a meta de 7@ na recria, o pesquisador De acordo com Siqueira, a suplemenGustavo Siqueira propõe o uso de um suplemento proteico-energético na primeira seca, prevendo-se tação é imprescindível. “O ideal é que o consumo de 3 g para cada kg de peso vivo. Esse suplemento deve ter mais de 25% de proteína bruta, gado seja suplementado em um pasto bom sendo que 1/3 ou metade desse percentual vindo da ureia. Veja abaixo a avaliação comparativa entre e não que a tecnologia seja usada somenessa estratégia e os sistemas de suplementação normalmente usados pelos produtores (sal mineral comum e proteinado), que, apesar de mais baratos, apresentam relação custo x benefício inferior. te para cobrir a deficiência das pastagens”, afirma. Se, na seca, a suplementação meAvaliação econômica comparativa entre sal mineral comum, lhora o uso do pasto, no verão pode resulproteinado e proteico-energético na primeira seca tar em até 20 kg a mais no ganho de peso Tipos de Peso ganho do animal de recria. “A substituição do sal Ganho diário (g/cab/dia) Ganho em arrobas Dias p/ganhar 1@ suplemento período (kg)3 mineral por um proteico-energético no veSal comum 50 0,25 8 600 rão pode incrementar o ganho médio de 250 1,25 38 120 Proteinado1 peso do bovino em 190 g/dia, o que pode 350 1,75 53 86 Proteico-energ.2 representar um ganho adicional de R$ Análise econômica 43,14 por arroba”, afirmou, ao apresentar Suplementos Desembolso R$/dia Custo @ ganha (R$) Lucro supl. (R$) Lucro oper. R$ comparações que confirmam a importânSal comum 0,12 71,2 29,7 - 90,8 cia da suplementação adequada durante Proteinado 0,30 35,4 190,7 70,7 todo o período da recria, mesmo quando Proteico-energ. 0,77 65,9 203,6 93,6 o pasto está vistoso (veja tabela abaixo). Suplementos (R$/saco): sal mineral a R$ 44,50; (1) proteinado (1g/kg de PV) a R$ 40,50; (2) proteico-energético (3 g/kg de PV) A valorização do bezerro exige uma a R$ 34. (3) Os animais entraram no pasto com peso inicial de 200 kg e nele permaneceram por 150 dias. Bezerro de 8 meses cotado a R$ 1.250 e valor de venda aos 12 meses: R$ 1.410. Fonte: Siqueira/ Cotações: Scot Consultoria postura mais “agressiva” do pecuarista, que precisa lançar mão de sistemas cada vez mais eficientes para garantir a com- mais pesados porque nascem no perío- fazenda, que já foi reportagem de capa petitividade. “O conceito 7.7.7. acelera a do das águas, quando há maior fartura de de DBO em setembro de 2013. Cerca de produção de arrobas por hectare e os resul- pastos de qualidade e leite. Além disso, 1.500 novilhas Nelore foram induzidas à tados de lucratividade da propriedade ten- são herdeiros de características genéticas puberdade com uma estratégia simples: o uso do dispositivo de progesterona reudem a avançar”, disse o coordenador do de precocidade. A estratégia já é usada com sucesso tilizado de programas de IATF realizacircuito, que apresentou dados levantados pela Scot Consultoria apontando que, em nas Fazendas São Marcelo (FSM), do do nas outras categorias e cobertura com sete anos, o preço do bezerro de 7,5@ do- Grupo JD, em Juruena, MT. “Graças à in- touros melhoradores. A estratégia aubrou. De R$ 700, em 2007, para R$ 1.400 dução da puberdade em novilhas de 12 a mentou o número de bezerros desmamados na fazenda em 21% (de 4.810 em 2014 (Base SP, corrigido pelo IGP- 14 meses, conseguimos aumentar para 5.833 animais). -DI). Nos próximos dez anos, a demanda a produção de bezerros com o mesEntre os bezerros machos, o por carne bovina será ainda maior e a pres- mo volume de matrizes”, afirmou peso médio ao desmame ficou em são para produzir esses bezerros em áreas Leone Vinícius Furlanetto, geren200 kg. Ao apartar os animais de cada vez mais restritas tam- te-geral da FSM, que apresentou, acordo com a faixa de peso, foi bém. “A saída é o uso da tec- durante o evento, dados atuais da identificado um grupo composnologia”, afirmou. to por mais de 25% dos animais O zootecnisVerão – Acelerando o ganho que alcançaram até 240 kg, ta Fabiano Alvim, No verão, o pesquisador da Apta propõe trabalhar com proteico de uma diferença de mais de 100 professor-adjunto águas, com consumo de 1 g para cada kg de peso vivo. Esse produto kg sobre o grupo com os bezerda Escola de Vefoi comparado ao sal mineral fornecido à vontade. Os resultados ros mais leves. A disparidade, terinária na área abaixo são obtidos sempre com aditivos de qualidade comprovada. que na desmama foi de 3,4@, de Bovinocultura de Corte na Além dessa estratégia abaixo, existem inúmeras outras formas de suplementação. Tudo vai depender do pasto e da logística da fazenda. diminuiu para 1,2@ no abate, graduação e pós-graduação na isso porque o bovino mais leve Universidade Federal de Minas Comparativo entre sal mineral e proteico das águas ficou quase um mês a mais no Gerais (UFMG), falou sobre a Variável Sal mineral Proteico águas confinamento para ser acabaimportância da genética para 0,13 0,40 do. “Os bezerros que ultrapasconseguir bezerros mais pesa- Custo (R$/dia) 0,27 saram a média das 7@ na desdos ao desmame. “É importante Custo adicional (R$/dia)* 2,90 3,81 mama foram para o gancho investir em melhoramento ge- Receita (R$/dia) 0,91 com 526 kg (ou 19,6@ de carnético para assegurar vacas pre- Receita adic. (R$/dia) 2,76 3,40 caça, considerando o rendimencoces que vão parir bezerros ca- Lucro alimentar (R$/dia)** Custo da @ adicional é de R$ 43,14, em relação ao sal mineral to de 56%) aos 23,5 meses. Já pazes de desmamar mais cedo e adicional – Valo gasto com a suplementação em relação ao sal mineral. Custo os mais leves alcançaram 489 mais pesados”, sintetizou. Nas *daCusto @ adicional – Quanto se gasta a mais para colocar uma arroba no animal, em compaestações de monta, os bezer- ração com o sal mineral **Lucro alimentar – O que se ganha em peso, menos o que se kg (ou 18,2@ de carcaça) com 24,2 meses”, apontou o gerenros do “cedo” são desmamados gasta apenas com suplemento. 46 DBO abril 2015
BEM ESTAR PARA O ANIMAL BEM ESTAR PARA VOCÊ
POSOLOGIA
1mL/20Kg DISPENSA A AGULHA
MANEJO MAIS PRÁTICO √ Maior velocidade na aplicação √ Menos mão de obra √ Sem desperdício da dose (retirada do ar da seringa) √ Certeza de que aplicou
APLICADOR POUR ON À PROVA DE PERDAS MUITO MAIS SEGURO √ Evita contaminação √ Evita riscos para o aplicador
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te-geral da FSM, confirmando a tese de que a qualidade do bezerro tem forte impacto no resultado do sistema de produção.
Outono – Preparando para a terminação No outono, Siqueira propõe usar um suplemento proteico-energético, com consumo de 3 g por kg de peso vivo, para que o animal dê uma “arrancada” e seja terminado mais rapidamente. O suplemento sugerido, mesmo não apresentando a melhor avaliação econômica, traz as seguintes vantagens: fica acima da meta proposta, prepara o animal para a terminação e, mesmo estando com um custo de @ adicional acima do proteico, é bastante competivo.
anima, as estratégias de terminação são fundamentais para não colocar a perder todo o empenho dos ciclos anteriores.
A recria, a fase Metas possíveis_ A estratégia mais ingrata do sistema de produfoi considerada uma versão aprição, é onde, comumente, o procesmorada da pecuária de ciclo curComparativo de estratégias para a fase de so emperra. “Essa fase sempre reto, com a diferença de que agora as transição da recria para a engorda cebeu pouca atenção dos criadores metas são estabelecidas para cada e os piores pastos da fazenda. O refase. “O principal ganho desta etaSal Sal Sal Tipo de suplemento proteicosultado é um ganho de peso médio pa em Cuiabá foi a constatação de mineral proteinado2 energético3 de menos de 500 gramas por dia”, que os produtores compreenderam 100 365 1.116 continua o professor da UFMG. Se- Consumo (g/dia) que se trata de uma meta factível 1,24 1,08 gundo o especialista, num modelo Custo (R$/kg de suplemento) 1,47 e atingível e já conseguiram iden0,15 0,45 1,21 considerado eficiente, com abate Custo (R$/dia) tificar em quais pontos precisam 336 336 336 aos 30 meses, o garrote fica um ano Peso inicial (kg) avançar”, considerou Diede, coor375 393 408 e meio no processo de recria, quase Peso final (kg) denador do Comitê de Conteúdo do 4 371 543 686 a metade de todo o período de pro- Ganho peso (g/dia) Circuito ExpoCorte. “Do jeito que 1,80 2,62 3,31 Receita (R$/dia)5 dução. foi apresentado, fica claro que é 1,65 2,17 2,11 Em Cáceres, no sudo- Lucro alimentar (R$/dia) uma ferramenta também para cria6 53,4 71,9 este do Mato Grosso, o Custo/@ adicional dores de pequeno e médio portes”, criador Amarildo Me- (1) No período de outono (abril-junho); (2) sal com ureia mais proteinado de baixo con- afirmou o criador Clemens Barbosumo, na proporção de 1 grama de suplemento para cada quilo de peso vivo do animal; roti garante o ganho de (3) na proporção de 3 g para cada kg de peso vivo; (4) considera rendimento de carcaça sa Júnior, que recria e engorda 500 peso dos bezerros des- de 50% e período de 105 dias; (5) considera arroba cotada a R$ 145; (6) valor em reais cabeças em 400 hectares, em Pongasto com suplementação para cada arroba a mais colocada. Fonte: Roth, 2012 mamados, proveniental do Araguaia, a 500 km de Cuiates de outras fazendas, bá, leste do Estado. “Vou privilecom suplementação. Os animais chegam tra, que encerrrou os ciclos de palestras. giar bezerros mais pesados e caprichar na Todo o esforço do criador há de ser suplementação para ganhar mais no rendicom peso médio de 180 kg e idade entre sete e oito meses. Durante oito dias, re- recompensado no momento do abate, mento da carcaça e elevar a taxa de desfrucebem um quilo de ração para adaptação, correto? Nem sempre. “A produção de te de 25% para 40%”, anima-se o criador, depois passam a consumir 2 quilos, com- um gado precoce traz benefícios para o que mantém o gado por mais de um ano e postos por 20% de grãos, tendo como base criador, como o aumento do giro na fa- meio na recria com suplementação de baio milho e subprodutos como farelo de gi- zenda, a produção de uma carne de me- xo consumo e aposta em boitéis para acerassol, grãos secos de destilaria (subpro- lhor qualidade e até a docilidade do re- lerar a terminação de parte deles. duto da produção de etanol), torta de algo- banho, em função da suplementação Com as diversas estratégias e ferradão e casquinha de soja. Com esta dieta, desde a desmama, o que facilita o ma- mentas apresentadas durante as palesos animais registram um ganho de peso di- nejo. Mas o que conta mesmo, é na hora tras, os produtores adotam aquilo que ário de 800 gramas, em média, por cabeça da remuneração por todo este trabalho”, mais se adeque à sua realidade. “Gostei ao longo de cinco meses. No período das lembrou Dutra, enfatizando que “a pre- muito do que vi e já vou começar a apliáguas, para reduzir o custo de produção, ocupação do produtor não deveria ser no car na minha fazenda”, declarou para a os animais são mantidos exclusivamente a número absoluto do rendimento de car- plateia o criador Zênio Oliveira de Soupasto, e terminados em confinamento com caça e sim entender o quanto de carca- za, engenheiro agrônomo que herdou do ça que o animal está produzindo, pois o pai a Fazenda Independência, em Água idade entre 24 e 25 meses e 21@. produtor é remunerado pelo peso da car- Boa, na região do Vale do Araguaia, a caça que ele entrega ao frigorífico e não 800 km de Cuiabá. Determinado a recuAtenção para a carcaça – A participerar a fazenda que quase foi vendida pação de criadores para mostrar as estraté- pelo peso do boi abatido”, afirmou. A polêmica do ganho compensató- por falta de investimentos, Souza, que gias adotadas nas fases de cria e recria foi uma tática dos organizadores para ilustrar rio, conforme publicado em artigo de mantém quase 2.000 cabeças de bovinos a flexibilidade do conceito. Já na fase de DBO em dezembro/14, foi retomada. Nelore e anelorado em ciclo completo engorda e terminação, ciclo onde a oferta Dutra lembrou que após uma fase de em 1.500 hectares de pasto degradado, de suplementação está praticamente con- restrição, o boi tende a ganhar peso ra- vai focar na recria. “Primeiro vou confisolidada conforme inúmeras reportagens pidamente, mas só uma pequena parte nar e abater os animais mais velhos para já publicadas por DBO, não houve a par- deste ganho vai para a carcaça, a ou- liberar os pastos melhores para os garroticipação de um “case”, mas a importân- tra parte é consumida pelos órgãos me- tes. Depois pretendo iniciar um processo cia de se saber quanto de carcaça o ani- tabolicamente mais ativos. Segundo o de recuperação dos pastos para melhorar mal está ganhando por dia neste período especialista, o produtor não deve olhar a carcaça dos animais nas próximas san foi abordada pelo zootecnista Flavio Du- somente para o ganho de peso vivo do fras”, afirmou. Sem receita _
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Confinamento | Estratégia
Engorda intensiva em alta Evento organizado pela Coan Consultoria prevê crescimento da atividade, apesar das incertezes que rondam o País e o setor pecuário. n Maristela Franco
maristela@revistadbo.com.br
A
pesar do cenário econômico incerto, o número de animais confinados deverá crescer em 2015, na faixa de 4% a 8%. Essa é a expectativa dos produtores presentes no 10o Encontro de Confinamento, organizado pela Coan Consultoria, entre os dias 3 e 6 de março, em Ribeirão Preto, SP. Apesar da preocupação com a alta do boi magro, que ultrapassou a barreira dos R$ 1.800 em Estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás, boa parte dos participantes do evento mostrava-se otimista e previa boa lucratividade neste ano, em função dos preços relativamente estáveis dos insumos e do boi gordo valorizado. Conforme simulação feita pelos consultores Rogério Coan e Lígia Pimentel, com a arroba a R$ 145,00 a atividade já seria viável (no fechamento desta edição, ultrapassava a marca de R$ 148). Caso esse valor chegasse a R$ 150, a atividade registraria lucro superior a 20% em vários Estados. A primeira pesquisa da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) vai na mesma direção. Os 85 pecuaristas ligados à entidade disseram que vão engordar 828.000 bovinos em 2015, 7,7% a mais do que em 2014. Extrapolando esse número para o País, chega-se à estimativa, para este ano, de 4,478 milhões de cabeças confinadas. Trata-se de um valor preliminar, pois, em março, ainda não há grande mobilização dos pecuaristas nesse segmento. “Teremos maior segurança de avaliação nos próximos meses, porém, se a arroba chegar a R$ 160 como esperamos, este será um ano excepcional para os confinadores”, diz Rogério Coan. O encontro reuniu 474 pessoas nos três dias reservados às palestras técnicas e 149 participantes no dia de campo que fe-
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Previsão é de que 4,5 milhões de animais sejam confinados em 2015
chou o evento, realizado na Fazenda Santa Helena, em Altinópolis, SP. Nova realidade – “Apesar das boas pers-
pectivas para 2015, o pecuarista deve ficar atento às mudanças estruturais que estão ocorrendo na pecuária”, alertou Fabiano Tito Rosa, gerente de compra de gado da Minerva Foods. Segundo ele, a reposição, por exemplo, ficará cada vez mais cara e será preciso aprender a ser mais flexível nas compras, a buscar ofertas, a ampliar o raio de atuação, a ser mais eficiente na recria e colocar mais peso na carcaça. “Os áureos tempos da relação de troca 2,5:1 não voltam mais”, afirmou o executivo. Tito Rosa salientou também que o setor pecuário caminha rumo à produção dirigida, o que possibilitará avaliar o boi em função do mercado ao qual ele se destina (veja tabela na página.52). Hoje, a produção nacional é muito heterogênea e apresenta baixo percentual de animais de qualidade. Cerca de 60% do gado recebido pelo Minerva em 2014 tinha cobertura de gordura ausente ou escassa e 35% apresentava pH acima de 5,9, condição que leva ao escurecimento da carne e a torna pouco atrativa para o consumidor. A despadronização das carcaças produzidas no País dificulta também o atendimento de clientes mais exigentes. “Muitos dos
animais adquirimos como boi Europa não fornecem cortes adequados para esse mercado, porém, 100% deles recebem ágio”, afirma Tito Rosa. Segundo o executivo, este está sendo um ano complicado para os frigoríficos. O consumo interno de carne bovina apresenta sinais de retração, devido à crise econômica. Além disso, as exportações caíram 30% em janeiro e 31% em fevereiro, em comparação com os mesmos meses do ano passado. “Nossos principais importadores são países petrolíferos, que perderam poder aquisitivo em função da queda no preço dessa commodity”, lembrou Tito Rosa. Além disso, a Rússia, devido aos embargos econômicos que enfrenta em função de sua participação na Guerra da Ucrânia, está importando menos, porque o rubro desvalorizou muito. O Brasil direcionou suas exportações para o Egito, que já está abarrotado de carne. “O preço do boi continua firme, mas tem um teto, que é a demanda”, salientou. Embora acredite que o Brasil vá aumentar suas exportações ao longo do ano, em função da desvalorização do real, que torna o mercado externo mais atrativo, Lygia Pimental mostrou-se especialmente preocupada com a situação interna. “Há risco de uma nova crise mundial e ela pode pegar o Brasil em seu pior momento:
Pisca-alerta –
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Confinamento | Estratégia com retração econômica, inflação fora do centro da meta, elevação dos juros, real depreciado, déficit público e endividamento recorde da população”, listou a veterinária, diretora da Consultoria Agrifatto, com sede em Bebedouro, SP. Segundo ela, em períodos assim, a confiança despenca e o consumo cai. “Esse fator pode desempenhar papel baixista sobre a arroba e atrapalhar os confinadores”, admitiu Lígia. O cenário dos grãos já é mais favorável. Com as exportações recordes de soja dos Estados Unidos, o Brasil talvez tenha mais dificuldade para colocar seu produto lá fora e haja maior disponibilidade interna da oleaginosa, o que pode significar preços mais baixos. “Já o milho, também possui estoques mundiais folgados, mas apresenta maior volatilidade”, diz Lígia. A oferta de boi parece realmente ter diminuído, provavelmente devido ao abate de matrizes nos últimos anos. Em função disso, a arroba deve se manter firme, reduzindo a margem dos frigoríficos, que tentarão repassar custos para a carne, tornando o produto menos
Padrão de qualidade exigido por diferentes mercados
Fonte: Minerva Foods
competitivo em relação ao frango. Nesse cenário instável, o pecuarista atua como um equilibrista, buscando o melhor resultado para seu negócio. Segundo a Agroconsult, empresa de consultoria com sede em Florianópolis, Santa Catarina, a produtividade na fase de recria/engor-
da, que era de 4@/ha em 2000, passou para 7,55@ em 2014. Foi um avanço importante, mas há potencial para muito mais, além de ferramentas para se gerenciar riscos, como a BM&F, tema da palestra do analista de mercado Rodrigo Albuquerque. Ele explicou ao público que o mercado futuro
Com Sil-All, sua silagem está protegida Indicado para uma grande variedade de forragens, acelera a queda do pH e melhora o aproveitamento dos nutrientes pelos animais.
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Confinamento | Estratégia do boi, nos Estados Unidos, tem 50 anos de história e cresceu incrivelmente nos últimos 10 anos, enquanto, no Brasil, o número de contratos decresce de forma preocupante (veja gráfico). A explicação para isso, segundo ele, está na baixa volatilidade do mercado futuro, que desestimula investidores em busca de ganhos especulativos. Há também questionamento quanto ao indicador de preços usado; baixa demanda do pecuarista por travas de segurança, devido à euforia vivida com a alta do boi gordo; ausência de grandes players atuando no mercado e desconhecimento das ferramentas de venda a futuro. “Para mudar essa realidade, o pecuarista preciso quebrar paradigmas, ter domínio de custos, projetar margens e garanti-las com a venda a futuro. Nada é mais confortável do que ver seu lucro garantido”, disse Albuquerque. Os participantes do 10o Encontro da Coan também tiveram acesso a diversas palestras de cunho técnico, como a ministrada por Pedro Veiga, da Nutron, que falou sobre os fatores que influenciam no uso do amido pelo animal. Segundo ele, o grão de milho usado no Brasil é do tipo duro e apenas moê-lo não garante maior aproveitamento do amido. “Adotar esse tipo de processamento (moagem fina ou grosseira) é como chupar metade da laranja”, comparou. O uso de enzimas como a amilase exógena também não resolve o problema – “é uma gota no oceano”. A solução, diz Veiga, é expor melhor o amido, por meio de processamentos como a floculação, a ensilagem do grão úmido e da espiga úmida (erlage). Ulisses Minozzo, da Vaccinar, falou soFoco técnico –
Mesa redonda com analistas debateu os riscos para a atividade e o potencial de alta da arroba
bre recria de bezerros em confinamento. “O ideal é suplementá-los por meio de creep feeding, desmamando-os com 200 a 240 kg, pois, assim, diminui-se o peso a ser ganho na fase seguinte. Porém, é importante lembrar que, à medida que se eleva o status nutricional do animal, não dá mais para voltar atrás; é preciso manter a suplementação”, explicou o técnico. Segundo ele, o confinamento de animais de recria é uma prática interessante, pois os bovinos, nesta idade, estão em crescimento e acumulam mais tecido muscular, que demanda menos energia do que o tecido adiposo. Ou seja, a engorda é mais barata. Testando quatro técnicas de recria a pasto com uma em confinamento, Minozzo concluiu que a última garante maior lucro. Rodrigo Goulart, da MSD Saúde Animal ressaltou, em sua palestra, a importância da fibra efetiva nas rações de confinamento, para estimular a mastigação e salivação, que ajudam no bom funcionamento do rúmen. “Cada forragem tem uma característica física e química que deve ser considerada na formulação da dieta”, desta-
Número de contratos na BM&F decresce
35000 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0
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Fonte: BVMF/Leandro Bovo (BESI), adaptado do Boletim Boi & CIA, Scot Consultoria
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cou. Já Flávio Dutra de Rezende, pesquisador e diretor da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), de Colina, SP, mostrou como pode ser bom negócio terminar fêmeas de descarte. O pesquisador Dan Loy, da Universidade de Iowa, apresentou um novo produto para ser usado em confinamento, obtido a partir de microalgas, e Antônio Nascimento Silva Teixeira, consultor em bioativação de agrossistemas, ensinou a transformar esterco em biofertilizante. Outra palestra técnica interessante foi proferida por Camilo Beck, da Alltech. Ele, alertou os produtores sobre o perigo das micotoxinas. Bovinos que ingerem alimentos contaminados por essas substâncias tóxicas apresentam perda de apetite e alterações digestivas, ficam irritadiços, perdem peso e podem até morrer. “Como tornar as micotoxinas mais visíveis? Fazendo análises laboratoriais”, explicou. Um experimento feito em Londrina, PR, mostrou que animais alimentados com silagem tratada com adsorventes ganharam 10 kg de peso vivo/ cabeça a mais, ao final do confinamento, do que os que ingeriram silagem não tratada. Peso da tecnologia – Maurício Palma Nogueira, coordenador da divisão de pecuária da Agroconsult, deu um fecho à sequência de palestras técnicas ao mostrar que, se o preço do boi gordo cair, quem hoje produz entre 6 e 12@/ha/ano terá prejuízo. “O risco de insustentabilidade da pecuária é um problema de ordem social e não ambiental”, diz o consultor. De acordo com estimativas da Agroconsult, para compensar toda a demanda por área da agricultura e florestas (conceito de desmatamento líquido zero), a pecuária precisaria agregar 20% de produtividade nos próximos 10 anos. Não parece ser tarefa difícil, já conse-
Confinamento | Estratégia guiu aumentá-la em 40% na última década. Contudo, para recuperar a receita que obtinha nos anos 70 e 80, a atividade precisa elevar esse índice em 150%. “Tem muita gente na dianteira”, disse o consultor. Cerca de 15% dos produtores visitados pelo Rally da Pecuária em 2014 produziam mais de 18@/ha/ano. Nesses projetos, o confinamento desempenha um papel fundamental. Somente o adubo orgânico (esterco) já propicia receita de R$ 70 a 100/cab, pagando os custos operacionais. O resultado financeiro do confina-
mento, porém, depende de vários fatores: escala, planejamento técnico-gerencial, qualidade dos animais, nível tecnológico inserido na dieta, sanidade, bom manejo e comercialização eficiente. O investimento exigido é alto (R$ 964 por cabeça em instalações), por isso o produtor não pode trabalhar com alta ociosidade. Estudo feito por Nogueira mostrou que o custo operacional diminui conforme vai-se lotando os currais (sai de R$ 2,34/cab/dia, com uma ociosidade de 60%, para R$ 1/cab/dia, se ela for de 15%). n
Phibro lança software
N
este ano, a Phibro realizou sua reunião de atualização técnica anual no dia 3 de março, como parte da programação do 10o Encontro de Confinamento da Coan. O evento foi bastante concorrido e contou com quatro palestras técnicas, além do lançamento do software Ciclo, que tem por objetivo auxiliar o produtor na tomada de decisões quanto ao protocolo nutricional mais adequado para determinada situação e momento. Após cadastrar informações sobre a capacidade de suporte de suas pastagens, o tipo de animal alojado na área, o ganho esperado e o preço dos suplementos no mercado local, o software calcula para o produtor qual das alternativas é mais vantajosa. Pode inclusive simular cenários diferentes. O programa está em fase final de testes e deverá ser cedido, gratuitamente, aos clientes da Phibro a partir de maio. Quem tiver interesse pode solicitar informações pelo e-mail: ciclo@philbro.com.br. Além do Ciclo, a empresa também deverá colocar em funcionamento, até maio, um site específico para o Projeto @ Eficiente, que visa criar equações para se determinar o ponto ideal de abate, considerando-se o desempenho animal e variantes econômicas. Essas equações foram elaboradas com base em dados de 9.226 animais de 10 parceiros, cujo rebanho soma 175.000 cabeças. O projeto está sendo conduzido desde 2013, em parceria com confinadores e empresas de consultoria. Os participantes poderão cadastrar dados diretamente no site, o que facilitará bastante o trabalho. Para participar do Projeto @ Eficiente, basta informar dados relativos a pelo menos 4 lotes 56 DBO abril 2015
Danilo Grandini apresentou resultado do Projeto @ Eficiente
de animais confinados. Mais informações podem ser obtidas pelo endereço: contato@arrobaeficiente.com.br Segundo Danilo Grandini, diretor de negócios de bovinos da Phibro, as duas iniciativas visam responder demandas atuais da pecuária. Nos anos 90, havia fartura de boi, as estruturas eram simples, as dietas pouco elaboradas (com muito volumoso) e não havia preocupação quanto ao número de dias de reclusão. Nos anos 2000, o boi magro começou a ficar caro e foi necessário buscar eficiência, por meio de dietas energéticas e processos operacionais mais tecnificados. O que importava era o custo do ganho. Hoje, com baixa oferta de animais para reposição, além de estruturas mais adequadas e dietas funcionais, é preciso maximizar a receita. “Dias de cocho não são uma métrica zootécnica; o produtor precisa trabalhar com ferramentas mais modernas de avaliação produtiva e econômica”, alerta Grandini.
Nutrição | Aditivos
DSM lança produtos de última geração para confinamento Eles são alternativa à monensina e garantem 197 gramas a mais por animal/dia. n Maristela Franco
maristela@revistadbo.com.br
C
om o objetivo de ampliar sua participação no mercado brasileiro de gado confinado, a multinacional DSM, detentora da marca Tortuga, lançou, no dia 19 de março, uma linha exclusiva de núcleos contendo aditivos de última geração. A empresa já atende 1,5 milhão de bovinos terminados a cocho (36% do total estimado do País), mas acredita que possa elevar sua participação a 40%, neste ano, com ajuda dos novos produtos. Além de minerais quelatados e vitaminas para máxima performance, os núcleos trazem duas tecnologias inéditas em território nacional: um blend (mistura) de óleos essenciais batizado de Crina e uma enzima chamada RumiStar. Ambas já são usadas na Europa, em gado de leite, mas foram lançadas mundialmente, para gado de corte, no Brasil. O blend de óleos essenciais foi apresentado pela DSM como uma alternativa à monensina, antimicrobiano da família dos ionóforos usado comumente no País como melhorador de desempenho em dietas de confinamento, mas que enfrenta barreiras principalmente na Europa, onde há forte movimento contra o uso de antibióticos na alimentação animal. Por ser um produto natural, extraído de plantas, o blend de óleos essenciais não sofre qualquer tipo de restrição, pois não deixa resíduos na carne, nem tem prazo de carência. Atualmente, é produzido na Dinamarca. Já o RumiStar é uma alfa-amilase (tipo de enzima) que melhora o ambiente ruminal, favorecendo a degradação do amido no rúmen, com menor perda do nutriente por meio das fezes, especialmente quando se trabalha 58 DBO
abril 2015
Óleos essenciais são principal aposta da DSM para ampliar mercado
com milho de maior vitriosidade (duro), como no Brasil. Uma pesquisa conduzida pelo professor Flávio Portela, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), contabilizou ganho 107 g/cab/ dia acima do registrado com monensina. Quando associado ao RumiStar, ele superou o ionóforo em 197 g/cab/dia, garantindo ganho extra de 13 kg de carcaça limpa (0,8@) ao final do confinamento. “Isso representa receita adicional de R$ 116 por bovino, considerando-se a arroba a R$ 145. É muito dinheiro”, salientou Carlos Roberto Ferreira da Silva, vice-presidente de marketing e vendas de produtos para ruminantes da DSM Tortuga, durante o lançamento dos núcleos, na capital paulista, evento que contou com a presença de 100 confinadores convidados, vindos de várias partes do País. Sem revelar o preço dos produtos, ele explicou que o mais importante é sua relação custo-benefício. “Calculamos que, para cada R$ 1 investido, o produtor tenha retorno de R$ 5 a R$ 7”.
O experimento realizado por Flávio Portela, em 2014/2015, foi o primeiro com Crina no País e envolveu 300 novilhos Nelore, inteiros, de 20 a 24 meses, confinados durante 90 dias. “Trata-se de um experimento robusto, onde utilizamos uma ração desafiadora para animais Nelore, contendo apenas 8,5% de volumoso na matéria seca (bagaço de cana) e 91,5% de concentrado à base de milho moído grosso, farelo de soja, ureia e núcleo”, informa o pesquisador. Divididos em cinco lotes iguais, os animais foram submetidos aos seguintes tratamentos: uma ração contendo monensina; outra com Crina; uma terceira incorporando esses dois aditivos; uma quarta associando Crina com RumiStar; e uma quinta ração que, além destes dois últimos produtos, continha também a enzima protease. Os resultados obtidos foram bastante interessantes. No primeiro tratamento, contendo monensina (testemunha), os bovinos ganharam 1,615 kg/ cab/dia; no segundo, em que o ionóforo foi substituído por Crina, chegou-se a uma média superior, porém semelhan-
Pesquisa robusta -
03 A 10 MAIO 2015 . UBERABA-MG . BRASIL
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Nutrição | Aditivos te, de 1,722 kg/cab/dia. Isso significa que os óleos essenciais podem substituir o antibiótico com leve vantagem. Sua associação com a enzima RumiStar, entretanto, potencializou os ganhos (média de 1,812 g/cab/dia). Já sua mistura com monensina, apresentou efeito contrário. Os animais ganharam 1,584 kg/cab/dia. Portela ainda está avaliando porque isso acontece, mas tudo indica que o ionóforo iniba a ação dos óleos naturais, não se justificando seu uso conjunto, por falta de sinergia. O professor da Esalq observou, ainda, que os animais tratados com os dois aditivos da DSM ingeriram maior quantidade de ração em comparação com aqueles alimentados com monensina, cuja baixa palatabilidade normalmente deprime o consumo em 4% a 5%, em dietas contendo alto teor de concentrado. Como os bovinos que receberam Crina comeram mais, foram menos eficientes em conversão alimentar (veja tabela), porém, ainda assim garantiram resultado economicamente vantajoso, em função do maior ganho de peso e maior rendimento de carcaça. Os aditivos da DSM também favoreceram a adaptação dos animais, possibilitando ganho contínuo ao longo do confinamento e baixo índice de refugo de cocho. Eles engordaram 1,6 kg/cab/dia, em média, nos primeiros 28 dias de reclusão, em contraste com 1,35 kg/cab/ dia do tratamento com monenzina. Efeito no rúmen – Outro trabalho comparando o blend de óleos essenciais com a monensina foi conduzido pelo professor Juliano Fernandes, da
Evento de lançamento reuniu 100 confinadores de várias partes do Brasil
60 DBO
abril 2015
Estudo comparativo entre aditivos para confinamento (Esalq 2014/2015) Indicadores
Tratamentos Monensina (testemunha)
Crina3
Crina com Monensina
Crina com RumiStar
Crina c/ Rum. e Protease
Peso inicial (kg)
330,8
330,8
330,9
330,6
330,7
Peso final (kg)
476,4
486,5
474,1
494,1
463,1
Consumo1 GMD (kg/cab/dia)
8,6
9,2
8,5
9,4
8,4
1,615
1,722
1,584
1,812
1,465
Conversão2
0,187
0,187
0,188
0,193
0,175
Peso de carcaça (kg)
264,8
272,5
262,3
277,0
257,4
Rendimento (%)
55,6
56,0
55,5
56,1
55,8
Fonte: Portela/Adaptação DBO (1) kg de MS/cab/dia; (2) kg de MS consumida para cada kg ganho ao dia. (3) óleos essenciais
Universidade Federal de Goiás (UFG), em 2014. Utilizando equipamentos modernos, como um fermentador de fluxo contínuo que simula o trato gástrico dos ruminantes, ele procurou verificar se a substituição da ionóforo pelo novo aditivo afeta negativamente o processo de fermentação no rúmen e não constatou nenhuma diferença. Um estudo mais antigo (2007), também comparando Crina com monensina, na Universidade de Nebraska, EUA, já havia apresentado resultados semelhantes. Juliano Fernandes entende bastante de óleos essenciais, pois comanda, na UFG, uma rede de pesqui-
sadores que recebeu R$ 3,5 milhões do CNPq para estudar o uso desses compostos e outros extratos de plantas como aditivos alimentares e fitoterápicos. Segundo ele, os óleos são obtidos mediante destilação a vapor ou extração por solventes. Usados pelo homem há milhares de anos, muitos possuem ação antioxidante, antiinflamatória e antimicrobiana. O blend desenvolvido pela DSM também parece ajudar na saúde ruminal, pois, segundo Flávio Portela, não foram constatados sintomas de acidose nos animais Nelore avaliados, mesmo tendo estes recebido uma dieta com alto teor de concentrado. n
Nova linha reúne quatro produtos No evento de lançamento, a empresa informou que a nova família de núcleos é composta por quatro produtos: um contendo vitaminais, minerais orgânicos e óleos essenciais (para uso em qualquer tipo de ração); outro apresentando todos esses ingredientes mais a enzima RumiStar (para dietas com pelo menos 25% de amido) e dois outros com essas mesmas formulações e aplicações, porém acrescidos de ureia. Os produtos da empresa que contêm monenzina não serão retirados do mercado. Eles deverão ser ubstituidos gradativamente, à medida que o produtor for conhecendo a nova linha. A empresa já trabalha também no desenvolvimento de um produto com Crina para suplementação de animais a pasto. A DSM está presente em mais de 65 países e teve receita líquida de € 9,6 bilhões em 2014, dos quais € 4,2 bilhões vindos do setor de nutrição. No Brasil, o segmento de ruminantes fatura R$ 1,2 bilhão, dos quais 8% (R$ 84 milhões) decorrentes da comercialização de produtos para confinamento. Segundo Carlos Roberto Ferreira da Silva, vice-presidente de marketing da empresa, pode parecer pouco, mas não é. “O confinamento tem crescido ano a ano. Estima-se que, até 2023, o Brasil esteja terminando a cocho cerca de 9 milhões de bovinos, quase metade do total confinado pelos Estados Unidos. Isso significa que o segmento tem um potencial enorme”, salienta.
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REALIZAÇÃO
Capítulo Esta é a segunda reportagem do Projeto Portas Abertas, um canal criado por DBO para comunicação entre a indústria e os pecuaristas. Enviem suas perguntas.
2
Maristela Franco | maristela@revistadbo.com.br
A insensibilização garante abate sem dor Quem pergunta é Luiz Antônio de Deus, o Chico Boiada, sócio-proprietário da Fazenda Cigana, em Campestre, MG, onde ele engorda 10.000 bois em confinamento.
“SIM. O processo de insensiPonto certo de abate bilização dos bovinos, com pistola penetrante de dardo cativo, resulta em perda de consciência do animal antes que ele sinta dor. Para isso, é fundamental que o disparo seja feito com precisão, no ponto de encontro entre duas linhas imaginárias que partem dos chifres em direção aos olhos (veja foto). O chamado “abate humanitário” é prática obrigatória no País, regulamentada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Instrução Normativa Nº 3, de 17 de janeiro de 2000, que visa garantir o bem-estar dos animais, desde sua recepção no frigorífico até a sangria. Essa normativa já está sendo revisada e o novo texto (com publicação Apenas um disparo pode ser feito no ponto prevista para este ano) deverá deterassinalado, com pistola calibrada, para que o minar que todas as plantas frigorífianimal perca a consciência de imediato. cas sob inspeção federal tenham um profissional especializado em bemcargo da inspeção estadual ou munici-estar animal. Trata-se de uma medida de cunho pal. Ele ressalta também que o método não apenas ético, mas também econômi- de insensibilização usado no Brasil é efico, pois práticas adequadas de manejo ciente, mas os funcionários precisam ser melhoram a produtividade na indústria. bem treinados para executá-lo; as instaSegundo o professor Mateus Paranhos, lações devem ser adequadas e a pistocoordenador do Grupo de Estudos e la sobmetida a revisões periódicas, para Pesquisas em Etologia e Ecologia Ani- que o disparo seja certeiro. mal (Etco), já se registrou grande avanço nessa área nas empresas mais mo- Rotina calibrada – Na unidade de dernas, porém, continua havendo muita Lins (SP), pertencente à JBS, empredisparidade entre as plantas submetidas sa parceira de DBO no Projeto Portas à inspeção federal e aquelas menores, à Abertas, vimos como esse processo é 62
DBO abril 2015
monitorado. “Todos os dias, nossa equipe acompanha o manejo do gado nos currais de espera e no abate, analisa as imagens das câmeras de monitoramento e registra eventuais não conformidades para providenciar correções imediatas, além de planejar novos cursos de treinamento. Trata-se de um processo contínuo, pois sempre é possível melhorar as operações”, informa Everton Adriano Andrade, coordenador corporativo de bem-estar animal da JBS em Lins. Segundo ele, os cuidados com o animal começam antes do abate. É fundamental fazê-lo entrar tranquilamente no box de insensibilização. Para isso, o manejador deve se posicionar de forma correta, antes do “ponto de equilíbrio” visual do bovino (veja ilustração na página ao lado). Se ficar à frente, ele volta; se permanecer totalmente atrás (ponto cego), ele não se move. Posicionamentos incorretos geram o chamado “efeito sanfona” (movimento oscilante) no corredor de acesso ao box, o que provoca confusão e estresse. Na planta de Lins, são usadas bandeiras para conduzir o gado. O bastão elétrico (máximo de 50 volts) é aceito apenas excepcionalmente, porém tomando-se o cuidado de aplicar o choque na região traseira do animal, por no máximo 2 segundos. Jamais deve-se usá-lo em partes sensíveis como olhos, focinho, narinas, ore-
Sistema correto de manejo do gado
Deve-se evitar o uso do bastão elétrico
Máximo permitido: 25% lhas e órgãos genitais. “Admitimos no máximo 25% de choque na seringa que dá acesso à sala de abate”, salienta Andrade. A equipe responsável pelo bem-estar do gado observa também as chamadas “vocalizações” (mugidos). “Se, em 100 bovinos, quatro emitem sons que denotam desconforto (medo, dor), isso já signfica que ultrapassamos o limite aceitável, que é de 3%”, explica o coordenador de bem-estar da JBS, acrescentando que esses parâmetros foram estabelecidos pela pesquisadora norte-americana Temple Grandin, que desenvolveu suas pesquisas em indústrias frigorífícios dos Estados Unidos. Quando o limite aceitável de vocalização é ultrapassado, todos os procedimentos são revistos para se detectar as causas do problema e as ocorrências são registradas em planilhas de auditoria para posterior avaliação. Contenção correta – Segundo José Rodolfo Panim Ciocca, gerente de campanhas da organização não-governamental WAP (sigla em inglês para World Animal Protection, Proteção Animal Mundial), que ministra cursos de treinamento para funcionários da JBS na área de bem-estar, a correta insensibilização dos bovinos pressupõe a existência, no frigorífico, de um box de contenção. “Infelizmente, muitas plantas no Brasil ainda não contam com esse equipamento, um problema que precisa ser resolvido”, diz ele. O box usado na unidade da JBS, em Lins, contém o animal em vários pontos (pescoço, barriga, traseiro, cabeça etc). Isso evita que ele se debata e sofra contusões, além de garan-
cm3; posicionamento correto do disparo como indicado na foto e contenção adequada do animal. “Cumpridos esses requisitos, a insensibilização é completa e o animal não sente dor”, esclarece Ciocca. Após o disparo, o bovino é liberado e desliza, por uma rampa, até a chamada “praia de vômito”. Nessa área, deve-se observar os sinais clínicos que confirmam a insensibilização: cabeça flácida, mandíbula relaxada, ausência de respiração rítmica e reflexos oculares, movimento pendular das patas etc. Caso a insensibilização não tenha sido completa, deve-se fazer um segundo disparo usando uma pistola portátil disponível na área de vômito. Em seguida, o animal é içado pelo membro posterior até o trilho aéreo e conduzido à calha de sangria. Em hipótese alguma ele pode ser sangrado sem estar inconsciente. O procedimento deve ser realizado no máximo 1 minuto após o disparo e ter duração de pelo menos 3 minutos. “Com esse conjunto de medidas, garantimos aos bovinos um abate humanitário Everton Andrade, coordenador e também melhoramos a rotina do de bem-estar da JBS em Lins, mostra frigorífico”, reforça Ciocca. n pistola automática de dardo cativo.
tir maior eficiência de insensibilização, cujo índice deve ser de 95% (apenas 5 animais a cada 100 podem receber um segundo disparo). O cumprimento dessa meta depende de pelo três fatores: pressão adequada da pistola, que deve ser de 13 a 14 kg/
Na próxima edição, abordaremos a etapa de retirada do couro e evisceração. Participe enviando suas perguntas para o e-mail: maristela@revistadbo.com.br
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DBO 63
Produção | Giro Técnico
Comitiva “boiadeira” visita Tocantins e Goiás
A viagem começou por Tocantins, com a primeira visita à Fazenda Santana, no município de Porto Nacional.
n Fernando Yassu
yassu@revistadbo.com.br
ntre os dias 9 e 14 de março, pecuaristas tocantinenses e goianos, integrando a Comitiva Boiadeira, percorreram mais de 1.000 km entre Palmas e Goiânia, visitando três fazendas em Tocantins e quatro em Goiás. Essa foi a segunda edição do evento, que contou com participação de 90 pecuaristas na etapa tocantinense e 150 em território goiano. A primeira, em 2014, teve 60 participantes e visita a cinco fazendas em Goiás. Organizador da viagem, Ademar Leal, diretor da Campo Rações, de Acreúna, GO, disse que a ideia da Comitiva Boiadeira, que a empresa pretende tornar permanente em seu calendário de atividades anuais, é mostrar para os pecuaristas o que se está fazendo de diferente no setor não só no Brasil como no exterior (a empresa, também, promoveu, nos últimos anos, via-
64 DBO abril 2015
Welder Lara/ Rowan Marketing.
E
Ademar Leal: “Viagem mostrou o perfil da pecuária do futuro no Brasil”.
gens para os EUA e para o Uruguai). Segundo Leal, na viagem, os produtores tiveram uma amostra do que já é tendência da pecuária de corte no Brasil, como integração da agricultura com pecuária, reforma e adubação de pasto e o manejo nutricional do gado, com trato na cria, na recria e na terminação. “Não tenho dúvida de que a viagem mostrou o perfil do que deve ser o futuro da pecuária de
Fernando Yassu
Em cinco dias, pecuaristas percorrem mais de 1.000 km para conhecer sete fazendas de ponta.
corte no Brasil”, observou. Além das visitas às fazendas, a Comitiva Boiadeira contou com uma palestra técnica de Flávio Dutra, pesquisador da Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), de Colina, SP, que falou sobre a importância da nutrição nas fases de cria e recria na melhora no rendimento de carcaça e disse que o pecuarista deve dar maior atenção ao ganho de carcaça do que ao ganho de peso do animal. No segundo dia da viagem, houve um debate sobre o mercado bovino na Fazenda Conquista, no município de Pugmil. O tema não podia ser outro: “Tem ou não boi no pasto?” Como debatedores, participaram Rogério Goulart (editor da Carta Pecuária, colunista de DBO e pecuarista no Mato Grosso do Sul e Tocantins), Rogério Coan (Coan Consultoria), Ricardo Heise (Boinvest), os confinadores Carlos King (Confinamento Kind), Pedro Ferro (A.C. Proteina) e Rafael Pereira Lima (Confina-
Fernado Yassu
Welder Lara/ Rowan Marketing.
Flávio Dutra de Rezende, da Apta: “Ganho de carcaça em vez de ganho de peso”.
Welder Lara/ Rowan Marketing.
Bernardo Ometto: domando a pedreira para fazer a integração. Integração - A primeira propriedade visitada pela Comitiva Boiadeira foi a Fazenda Santana, que fica no município de Porto Nacional, a aproximadamente 110 km ao sul de Palmas, capital de Tocantins. Foi a primeira fazenda a investir na integração da agricultura com a pecuária na região. Não se plantava lavouras na região por causa do solo pedregoso, mas o proprietário, o engenheiro de produção Bernardo Ometto, resolveu enfrentar o problema,
Novilhas superprecoces da Fazenda Top Gen, em Amaralina, GO.
Welder Lara/ Rowan Marketing.
mento Fazendas Ecológicas) e os donos de frigoríficos - Roberto Paolinelli (Frigorífico Rio Maria, Rio Maria, PA) e Renato Porto (Frigorífico Pleno, com plantas em Tocantins, Goiás e Minas Gerais). Não houve consenso, mas num ponto todos concordaram: a tendência é de que a boiada chegue mais pesada ao abate neste ano. É que, com a relação de troca desfavorável, o invernista ou está adiando a venda até achar uma reposição mais favorável enquanto o gado continua ganhando peso na fazenda ou segurando propositadamente o animal para colocar mais peso na carcaça, estratégia facilitada pela oferta de pacote tecnológico de nutrição que permite a engorda intensiva a pasto e em semiconfinanento.
André Ometto, pecuária intensiva e sem lavoura e sem banco.
limpando o terreno e removendo as pedras, gastando, para tornar o solo agricultável, o equivalente ao que tinha investido para comprar a propriedade em 2011, R$ 2.600 por ha. Paulista de Ribeirão Preto, Bernardo Ometto não comprou o terreno pedregoso enganado. Antes de adquirir a propriedade, ele sondou várias regiões do Brasil atrás de terras baratas e optou por Tocantins por causa da infraestrutura (aeroporto, ferrovia norte-sul e a rodovia Belém-Brasília que já foi licitada para duplicação e proximidade de cidades bem estruturadas, como Palmas, Porto Nacional e Paraíso do Tocantins e o clima favorável (chove em torno de 1.800 mm por ano). O solo pedregoso era o mais barato que encontrou para comprar e Bernardo adquiriu seis glebas, que, coladas uma à outra, formam, hoje, a Fazenda Santana, que tem, no total, 3.300 ha. Pareceu loucura catar as pedras do terreno, mas, graças à iniciativa de Bernardo, que comprou a primeira gleba em 2011, a Fazenda Santana já não é a única a cultivar a soja no município de Porto Nacional. “No ritmo que está, Porto Nacional e a região sul do Tocantins até a divisa com
Goiás vai virar a terra da soja e do boi”, diz o fazendeiro. No início, Bernardo pensou em agricultura apenas para viabilizar a reforma de pasto, mas, com o sucesso da lavoura, resolveu fazer uma espécie de zoneamento agroecológico da propriedade, com a produção de grãos na área plana e a pecuária em terreno mais quebrado. No primeiro ano, colheu média de 45 sacas de soja por ha, no segundo 50-52 e no terceiro, 55. Apesar do bom resultado com lavoura, o produtor não abre mão de explorar a pecuária de corte na propriedade. Afinal, foi o boi que o levou a Tocantins. Segundo ele, a ideia é explorar a pecuária de corte em modelo intensivo, especialmente com a integração da agricultura com a pecuária na área de lavoura. Em 870 ha de pasto perene formado em área mais quebrada, Bernardo mantém um rebanho de 1.800 cabeças (600 animais em engorda) e 1.200 de gado PO. A meta é ter um rebanho de 4.000 cabeças, que, no período seco do ano, terão o pasto de inverno formado após a colheita de soja ou milho-safrinha. Pecuária de corte - A segunda fazenda
visitada foi a Conquista, que fica no município de Pugmil e que pertence a André Baré Ometto, primo de Bernardo. Como Bernardo, ele, também, foi para esse Estado atrás de terras baratas que não encontrava mais em São Paulo. Chegou a Tocantins em 2012, um ano após Bernardo, quando comprou duas glebas, que formam, hoje, a Fazenda Conquista. Quando comprou a fazenda, encontrou todos os pastos degradados. Para reformálos, Baré, como André é chamado, teve que limpar a área, catar as pedras e tombar DBO abril 2015 65
Fernado Yassu
Fernado Yassu
Produção | Giro Técnico
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No lugar das pedras, soja no ponto de colheita e milho safrinha na Fazenda Santana.
Rafael Pereira Lima: prestador de serviço de recria terceirizado.
o solo pedregoso. “Gastei muitos discos de arado e de grade nas pedras”, contou ele. Ao contrário de Bernardo, Baré não quis investir em lavoura de grãos e integrar a atividade com a pecuária de corte. “Não tenho perfil para a agricultura”, justificou, mas faz questão de esclarecer que, tecnicamente, fez tudo para ter um pasto de alta qualidade para explorar o modelo intensivo de produção. Depois de limpar o terreno, remover as pedras e corrigir a fertilidade do solo, aplicando cinco toneladas de calcário, além de gesso, fósforo, potássio e nitrogênio, Baré se preocupou em ter uma fazenda bem estruturada para o gado. Para adotar o pastejo rotacionado, teve que subdivir os pastos e já têm prontos 15 módulos de manejo, cada um com média entre 36 e 40 ha, com piquetes com área entre 2 e 5 ha. Além da subdivisão dos pastos, Baré, caprichoso, investiu em aguadas artificiais (gastou R$ 300 mil num poço artesiano, no reservatório para 500 mil litros de água, na 66 DBO abril 2015
Bezerros “sequestrados” após a desmama na Fazenda Nossa Senhora da Aparecida.
instalação de 6 km de cano e na construção de 20 bebedouros) e em cochos de sal em cada módulo de manejo (R$ 8 mil cada um). “Minha fazenda já tem capacidade para ter um rebanho de 4.200 cabeças, mas, como corro de financiamento bancário, tenho um déficit de capital equivalente a 3.500 cabeças, mas não tenho pressa. Chego lá mas sem dever para banco”, diz Baré, que, no futuro, quer investimento em confinamento a pasto, quando acredita que pode ter um rebanho de 7.000 cabeças. A terceira propriedade visitada pela comitiva boiadeira foi a Fazenda Boa Esperança, uma das quatro que o Grupo Fazendas Ecológicas, de Acreúna, GO, mantém
Rodrigo Nascimento: novilhas Nelore entouradas com 12/14 meses
no Tocantins, no município de Paraíso do Tocantins. A Fazenda Boa Esperança, gerenciada por Rafael Pereira Lima, era explorada exclusivamente com a agricultura, mas, no final de 2014, os proprietários fizeram contrato com o Frigorífico Minerva e voltaram a formar pastos, plantarndo os
690 ha com capim massai. Graças à adubação residual deixada pela lavoura de grãos e à suplementação do gado, o ganho, com a recria terceirizada, já rende mais do que a agricultura, segundo Washington Mesquita, consultor da Fazenda Boa Espereança. Pelo contrato, serão recriados 7 mil garrotes por ano. Quando a comitiva passou havia 4.000 animais em recria, que chegaram fazenda em setembro com 300 kg (10 arrobas) e devem sair em abril com 390 kg (13 arrobas) quando serão transferidos para o confinamento do frigorífico. Além das quatro fazendas em Paraíso do Tocantins, o Grupo Fazendas Ecológicas mantém um confinamento em Acreúna, na região sul de Goiás, para 9 mil cabeças. Ciclo completo – Situada no município de Amaralina, em Goiás, a Fazenda Top Gen, que tem área total de 3.373 ha, foi a quarta propriedade visitada pela comitiva boiadeira e a primeira no Estado de Goiás. A propriedade chama a atenção pela integração da agricultura com a pecuária. Em 1.550 ha, a empresa produz soja no verão (média de 55 sacas de soja) e antes de colher o grão em fevereiro e março faz sobressemeadura de capim com sorgo ou apenas com sorgo. Parte do sorgo é colhida para grão, parte é usada para a produção de silagem e a a parte consorciada com capim é pastejada. Com o pasto de inverno na área de lavoura, a Fazenda Top Gen consegue trabalhar com alta lotação nos pastos perenes no período das águas (média de 3,5 UA/ha)..
Além da agricultura, cuja área em cinco anos passou de 150 ha para 1.550 ha, o que chama a atenção na Fazenda Top Gen é o melhoramento genético do rebanho Nelore comercial para a produção de animais - machos e fêmeas - com Ceip (Certificação Especial de Identificação e Produção), que são vendidos como matriz e tourinho. Para não prejudicar a avaliação das fêmeas por habilidade materna, a Fazenda Top Gen não trata os bezerros no creep feeding, mas, mesmo assim, consegue desmamar as crias, aos sete meses, com peso entre 194 kg (fêmeas) e 215 kg (machos) e também consegue entourar as novilhas Nelore com 14 meses, com a primeira parição com idade de aproximadamente 24 meses. Rodrigo Segantini do Nascimento, que cuida da fazenda da família, diz que a novilha, que é desafiada quando atinge 250 kg de peso, é tratada após a desmama, no período de gestação e após a parição. Na média, 50% das novilhas de cada safra entouram como superprecoce, segundo Leonardo Souza, coordenador do Programa Nelore Qualitas.
Welder Lara/ Rowan Marketing.
Produção | Giro Técnico
A quinta fazenda visitada pela comitiva, a Lago Azul, que se dedica à cria. Administrada por Jerônimo Volpato, a propriedade foi uma das primeiras, na região, a adotar a IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) na reprodução. Além da IATF, a Fazenda Lagoa Azul, também, foi uma das primeiras na região a tratar os bezerros em creep feeding. Hoje, os bezerros machos cruzados do cedo desmamam com mais de 300 kg e tem fila de compradores. “Como já estão adaptados ao cocho, saem daqui, diretamente, para o confinamento e para programa de carne de qualidade”, diz Volpato. A penúltima fazenda visitada foi a Nos-
Fernado Yassu
Bezerro pesado –
Jerônimo Volpato: genética e nutrição garantem bezerros ultrapesados.
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Luciano e Leandro Araújo Carneiro: Integração e 1.100 bois abatidos.
sa Senhora Aparecida, no município de São Miguel do Araguaia, que pertence aos irmãos Luciano e Leandro Araújo Cordeiro, da Milhão Alimentos, de Inhumas, GO, que produz derivados de milho. Com 1.309 ha de pasto e 46 de lavoura, a fazenda, que tem um rebanho de 3.318 cabeças em cria, recria e engorda e meta para terminar 1.100 bois, chamou a atenção pelo sequestro dos bezerros após à desmama para o confinamento por 90 dias no pico da entressafra (entre final de julho e final de outubro), recebendo silagem de sorgo (10 kg) e sal proteinado (1% do peso vivo). No período do sequestro, as fêmeas ganharam média de 599 gramas por dia e os machos, 623 gramas. Após o sequestro, os bezerros voltaram ao pasto. Em pastejo rotacionado de massai, as 276 fêmeas ganharam, entre 27 de outubro e 4 de março (última pesagem), média de 812 gramas por dia, recebendo, além do capim, um sal proteinado (1% de peso vivo). Já os 173 machos, mantidos também em pastejo rotacionado de massai, ganharam média de 862 gramas por dia, recebendo 1% de sal proteinado. Após essa suplementação a pasto de médio consumo, esse grupo de animais entrou, no dia 4 de março, em terminação, recebendo sal proteinado-energético (2% do peso vivo) A viagem da comitiva boiadeira foi encerrada no dia 14 na Fazenda Ana Paula, no município de Nerópolis, a 70 km de Goiânia, que pertence a Tiago Ávila e Gustavo Lima, do Grupo GT. O modelo é superintensivo, com trato do gado em semiconfinamento nas águas e confinamento a pasto na seca. Em 500 ha, a Fazenda Ana Paula mantém 6.000 animais em recria e engorda. n DBO acompanhou a comitiva a convite da Campo Rações e Minerais.
Capa
O Nelore do futuro
Sob pressão do mercado, raça busca novo perfil produtivo, enfrentando dois grandes desafios: tornar-se mais precoce e fornecer carne mais macia.
n Carolina Rodrigues carol@revistadbo.com.br
colaborou: Maristela Franco
E
le é rei inconteste. Ninguém questiona que o Nelore, raça de origem indiana introduzida no Brasil em 1868, seja a base da pecuária brasileira. Rústico, fértil e adaptado ao calor, ele domina o território nacional. Estima-se que, dos 211 milhões de bovinos existentes no País, 190 milhões (90%) sejam zebuínos e, destes, 152 milhões tenham genética predominantemente Nelore. A raça sozinha responde por quase 72% da produção nacional de carne, que em 2014 chegou a 10,2 milhões de toneladas. Nas últimas décadas, contudo, a pressão por maior produtividade na pecuária vem exigindo um novo perfil genético e econômico da raça. Qual seria esse Nelore do futuro? Quais os grandes desafios impostos aos selecionadores para se atingir o padrão desejado pelos frigoríficos? Especialistas consultados por DBO são unânimes: os dois principais pontos a melhorar no Nelore são a precocidade (sexual e de acabamento) e a maciez da carne. “O futuro do Nelore passa, necessariamente, por essas duas vertentes, responsáveis diretas pela produção de carne
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de qualidade, com eficiência ambiental e econômica”, afirma Raysildo Lôbo, presidente da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP). Representantes da indústria são da mesma opinião. Para Fabiano Tito Rosa, gerente executivo de compra de gado da Minerva Foods, “o que os frigoríficos desejam é abater cada vez mais animais Nelore com 18@ aos 24 meses; bovinos jovens, pesados, que forneçam carne relativamente magra e macia”. Eduardo Pedroso, diretor de relacionamento com pecuaristas da JBS, vai além: “O desafio atual e futuro dos neloristas é produzir boiadas precoces, homogêneas e bem acabadas, que forneçam cortes nobres com maior valor agregado”. Segundo ele, o principal fator que restringe o preço da carne Nelore é o contrafilé ainda duro. “A maciez precisa estar no radar dos selecionadores”, alerta. Evolução genética – Nessa área, o melhoramento da raça ainda engatinha (conforme mostra matéria à pág. 78), mas, em precocidade, o Nelore evoluiu muito. Na década de 1990, a idade média de abate dos machos era de 4 anos; nos anos 2000, caiu para 3,5 e agora caminha para os 3 anos. As fêmeas entravam em serviço com 36-40 meses, parindo pela primeira vez por volta dos 4 anos de idade. Na virada do século, passaram a ser expostas a touros aos 3 anos e, atualmente, diversos plantéis já desafiam novilhas aos 12-14 meses, para que tenham a primeira cria aos 2 anos. O próximo passo é encurtar a distância entre os resultados obtidos nesses projetos pionei-
Ganho genético da raça de 1988 a 2008
Evolução
Fonte: José Bergmann / UFMG
mos no período estudado, pois a ANCP introduziu DEP’s específicas nessa área, em seu sumário, apenas em 2004. Bergmann constatou pequeno avanço genético em área de olho de lombo (AOL) e desvio negativo em gordura subcutânea entre a 12ª e a 13ª costelas (EG) e espessura de gordura subcutânea medida na garupa (EGP8), conforme mostra a ilustração. “Esse levantamento confirma que as características de qualidade de carcaça não estavam no farol do nelorista até 2008”, explica Bergmann. Passaram a ser foco de seleção, de maneira mais evidente, a partir de 2010. Uma análise atualizada do avanço da raça (2003 a 2014), feita pela ANCP a pedido de DBO, confirma isso. O ganho genético para área de olho de lombo passou de 0,23 cm2, em 2008, para 1,34 cm2, em 2013. O acabamento de gordura, que era negativo (-0,11 mm) passou para 0,05 mm. “O maior número de animais medidos nesses quesitos nos últimos cinco anos indica propensão do
Onde chegar? – Esses números mostram quanto a raça mudou, mas falta, frequentemente, clareza quanto à estratégia para chegar ao Nelore do Futuro, mais precoce e fornecedor de carne de maior qualidade. Para Luiz Antônio Josahkian, a saída talvez seja trabalhar com linhagens paternas e maternas. A primeira priorizaria animais de porte maior (não gigantes), de peso final e curva de crescimento mais elevados, porém com menor taxa de maturação (precocidade). A segunda buscaria bovinos de porte médio, precoces, com boa habilidade materna e alta eficiência alimentar, embora com peso final menor. Para Luiz Otávio Campos da Silva, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, a melhor estratégia é explorar aptidão naturais. “Se eu fosse selecionador de Nelore, perguntaria: o que tornou essa raça tão dominante? Mesmo correndo o risco de ser simplista, responderia: em nossas condições, ele foi e ainda é imbatível na produção de bezerros. Vejo o Nelore do futuro criando mais cedo, mais rápido, bezerros mais pesados e sadios, que atendam as demandas do mercado”.
Presente
Futuro
(estimativa)
Fotos ABCZ
Passado
criador para a seleção de características de carcaça, reflexo do cenário atual da pecuária de corte, que começa a exigir padrões de qualidade mais elevados”, sentencia Raysildo Lôbo. Em precocidade, avançou-se de maneira linear.
Peso à desmama: 166 kg Peso ao sobreano: 243 kg Idade à primeira cobertura: 36 a 40 meses Idade ao abate: 4 a 5 anos Peso de carcaça: 16,5@
Peso à desmama: 210 kg Peso ao sobreano: 300 kg Idade à primeira cobertura: 12 a 14 meses Idade ao abate: 2 anos Peso de carcaça: 18 a 19@
Peso à desmama: 190 kg Peso ao sobreano: 273 kg Idade à primeira cobertura: 24 meses Idade ao abate: 3 anos Peso de carcaça: 18 a 19@
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* Levantamento: ABCZ.
ros e a base do rebanho. “O Nelore não é tardio. O Nelore está tardio, por falta de alimentação adequada e pouco uso de genética melhoradora”, diz José Bento Stermann Ferraz, professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, Campus de Pirassununga. Até onde se chegou? Um estudo feito, em 2008, por José Aurélio Garcia Bergmann, professor titular do departamento de zootecnia da escola de veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mostra que a principal preocupação dos selecionadores, até aquela época, era com ponderal, quesito no qual a raça evoluiu incrivelmente a partir de 1992, quando começaram a ser feitos investimentos efetivos em avaliação genética. Nessa época, bons resultados também passaram a ser obtidos em habilidade materna. No estudo, Bergmann avaliou a evolução da raça Nelore de 1950 a 2008, usando dados da ANCP, tanto estimados (mais antigos) quanto coletados a campo (período de 1988 a 2008). Para isso, processou informações genéticas de 1,3 milhão de animais de 438 rebanhos, submetidos a mais de 4 milhões de pesagens. Segundo ele, ganhos efetivos em características associadas à precocidade, como o perímetro escrotal aos 365, 450 e 550 dias, começaram a ser observados somente a partir de 2000, quando também se popularizaram os desafios de fêmeas jovens em criatórios de Nelore no País. Aumentou a probabilidade de parto precoce (3P) e houve redução na idade ao primeiro parto (IPP). Os ganhos em qualidade de carcaça, contudo, foram míni-
Fotos arquivo dbo
Capa
Precocidade no DNA Diversos projetos pelo País já forjam o Nelore do futuro, entre eles o do Grupo Genética Aditiva, do MS, que desafia 100% das novilhas aos 10-14 meses.
C
aminhar com Argeu Silveira pelos corredores do Parque Fernando Costa, durante a ExpoGenética, em Uberaba, é ouvir elogios a reprodutores como Ricket, Noturno, Sagres e USP, campeões em precocidade da Fazenda Remanso, localizada em Rio Brilhante, MS. Diretor técnico da propriedade, que pertence ao Grupo Genética Aditiva, do clã Hélio Coelho, Silveira se orgulha do trabalho de seleção que vem realizando há 15 anos, com excelentes resultados. Dos 20 animais com maior MGT (mérito genético total) do sumário da ANCP, 20% são da Genética Aditiva ou têm o nome do criatório em seu pedigree. O maior “xodó” de Silveira, contudo, é o plantel de matrizes superprecoces, que começou a montar em 1999/2000, de for-
Argeu Silveira, diretor técnico da Genética Aditiva: novilhas testadas a campo.
ma experimental. Hoje, a empresa possui 3.000 matrizes puras de origem (PO) em reprodução e desafia todas as fêmeas nascidas bem cedo. Em 14 estações de monta, 4.000 já emprenharam com 13-14 meses e tiveram sua primeira cria até os dois anos de idade. “Desde 2010, fazemos reposição somente com precocinhas. E queremos chegar ainda mais longe, com o uso de tecnologia de ponta”, diz o administrador da Genética Aditiva, que, além da Remanso, comanda outras três propriedades do grupo, todas no MS. Gado adaptado – A base da seleção de
fêmeas da Genética Aditiva é sua adaptação às condições do Brasil Central. O objetivo da empresa é identificar linhagens precoces em condições reais de campo, por isso elas não recebem suplementação pesada, mesmo quando há risco de prejuízo à taxa de prenhez. Foi assim na estação de monta 2013/2014,
Seleção dos machos é feita com tecnologias de última geração
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quando a seca e a geada castigaram as pastagens do Estado. Das 830 novilhas desafiadas, 54% emprenharam aos 14 meses. Em 2010, um ano bom de chuvas, chegou-se a 74%. “Estamos sujeitos a essas oscilações porque escolhemos fazer um Nelore adaptado. Sabemos que a alimentação responde por 40% da precocidade sexual, mas decidimos isolar um pouco esse fator para saber até onde vai nossa genética”, explica Silveira. A desmama é concentrada em junho, para preservar as matrizes a partir de julho, quando a oferta forrageira das pastagens diminui. Na recria, durante a seca, os animais recebem apenas 1 kg/cab/dia de mistura múltipla composta por 80% de milho, 8% de farelo de soja e 12% de núcleo mineral contendo ureia mais aditivos. Quando as fêmeas atingem média de 280 kg são colocadas com touros. Algumas demandam maior apoio nutricional do que outras para atingir esse peso. As que nascem em agosto/setembro precisam ganhar 300 g/cab/dia até o início da monta (1º de novembro), quando completam 14 meses. Já as nascidas em dezembro, têm de ganhar 500 g/cab/dia para chegar ao peso ideal na mesma data, apesar de serem muito jovens (10 a 12 meses). Como nem sempre isso é possível, Silveira tem registrado índices baixos de concepção nesses lotes – 12,5%, na média histórica, resultado compensado pelas fêmeas nascidas em setembro, que chegam facilmente a 70%. “Queremos aumentar cada vez mais esse segundo grupo e temos genética para isso. Alguns de nossos touros líderes têm 80% das filhas emprenhando no começando da estação de monta”, garante.
Pesquisa da UFMS
Medição de perímetro escrotal está sendo substituída por ultrassom testicular
Apoio da ultrassonografia – A seleção de machos para precocidade, na Genética Aditiva, sempre esteve ligada à tecnologia. Desde 2004, a empresa usa a técnica da ultrassonografia para avaliação de características de carcaça, ferramenta à qual o Nelore deve muito. “A ultrassonografia mostrou que animais da raça, com mesma idade e peso, criados sob condições idênticas, podem apresentar diferença de rendimento de até 4%, devido à genética. Em um boi de 500 kg de peso vivo, isso significa 20 kg a mais. Considerando-se a arroba a R$ 144, a diferença chega a R$ 187 por cabeça”, observa Fabiano Araújo, da Aval Serviços Tecnológicos, empresa parceira da ANCP em avaliações de carcaça com ultrassonografia.
Eliane Vianna, professora da UFMS, avalia sêmen de machos precoces.
Segundo ele, o bom acabamento é importante, não apenas para o frigorífico, mas também para os produtores, pois a maior deposição de gordura está correlacionada com índices reprodutivos. “Animais tardios em acabamento são também tardios sexualmente, pois a deposição de gordura é necessária para a produção de hormônios e estes, por sua, vez, são fundamentais para que a fêmea se torne púbere”. Estudos indicam que, a cada milímetro de gordura depositada na carcaça, eleva-se em 7%-12% a probabilidade de prenhez. Por enquanto, apenas 20% dos participantes do programa da ANCP empregam a ultrassonografia em seus rebanhos, entre eles a Genética Aditiva, que obteve excelentes resultados nessa área.
No ínicio das avaliações da ANCP, em 2004, a DEP média para AOL dos animais nascidos na fazenda Remanso era de 0,9 cm², aumentando para 1,4 cm² em 2012. Evolução semelhante se registrou nas medidas de acabamento, que, até oito anos atrás, eram inexpressivas. Hoje, a média da DEP é 15 vezes superior à do primeiro ano. “O nelorista precisa utilizar a ultrassonografia de maneira adequada e regularmente. Somente assim, tira real proveito da técnica, que é aumentar o desempenho reprodutivo do seu rebanho”, salienta Silveira. A ultrassonografia também está sendo usada, na Fazenda Remanso, para avaliação testicular. A fa-
Pioneirismo –
Matinha busca Nelore de ciclo curto
Luciano Borges, da Matinha: “tirando da canela para botar na costela”. Luciano Borges, dono da Fazenda Rancho da Matinha, de Uberaba, MG, também é uma referência na seleção de Nelore por precocidade. Membro da quarta geração de uma família que se dedica à criação de gado puro em Uberaba (MG), celeiro da genética zebuína,
ele decidiu reinventar a raça quando conduziu seu esforço seletivo para a reprodução, em 1995. “Eu queria utilizar o gado PO para melhorar rebanhos comerciais. A primeira coisa que aprendi foi tirar da canela para botar na costela”, brinca Borges, referindo-se à mudança de foco seletivo da altura para a musculosidade. O trabalho da Matinha (cujo rebanho soma 2.300 cabeças) é feito em cima do “Nelore de ciclo curto”, um animal de porte médio, melhor acabado e funcional. Entre as características almejadas estão precocidade reprodutiva, fertilidade, desenvolvimento, habilidade materna, terminação de carcaça e eficiência alimentar. Exatos 81% de suas novilhas emprenham até os 17 meses, em contraste com 37 meses da média da ANCP
para a raça. Já os machos chegam ao abate com dois anos, pesando 18@, também um ano antes da idade média do programa. “O Nelore pode facilmente encurtar seu ciclo produtivo, desde que tenha condições para isso. Você acha que uma fêmea terá uma cria a mais na vida passando fome?”, indaga Borges. Na Matinha, o manejo nutricional é diferenciado. A partir dos quatro meses de idade, as bezerras são suplementadas em creep feeding, na proporção de 0,5% do peso vivo, para que atinjam peso médio de 230 kg à desmama. Na fase de recria, passam a receber uma mistura protéico-energética, à base de 1% do peso vivo, até o início da estação de monta. As fêmeas são desafiadas com idade de 12-14 meses, com peso médio de 300 kg.
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Capa zenda faz medição de circunferência escrotal há muitos anos para identificar animais sexualmente precoces, mas a ultrassonografia fornece indicações mais diretas dessa característica. “Não nos importa o tamanho do testículo e sim a produção espermática dentro dele. O ultrassom elimina a necessidade da coleta de sêmen para análise e dá agilidade ao processo de identificação da puberdade com 12 meses”, explica Eliane Vianna
da Costa e Silva, pesquisadora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e responsável pelo trabalho. “Mesmo que o animal entre em serviço apenas aos dois anos, sabemos que ele começou a produzir sêmen primeiro e, consequentemente, que suas filhas irão emprenhar no começo da estação de monta”, diz. No primeiro ano de uso da técnica, apenas 5% de uma safra de 304 touros foram identificados como preco-
j.m. matos
Fazenda Bacuri investe em “precocinhas”
Gabriel Luiz Peixoto Silva, com a esposa, Maria, e novilhas do plantel Bacuri Outro selecionador que busca um Nelore de alta performance é Gabriel Luiz Peixoto da Silva, dono da Fazenda Bacury, em Barretos (SP) que possui rebanho de 750 cabeças. Suas fêmeas, criadas a pasto com suplementação leve, estão entre as mais precoces do País. A taxa geral de prenhez do plantel subiu de 83,5% para 86,9% nos últimos cinco anos, em função principalmente dos ganhos genéticos. Nas novilhotas de 12 meses de idade, o índice passou de 16,9% (média de 2003 a 2007) para 25,4% (média de 2008 a 2012). Para favorecer a concepção nessa idade superprecoce, o criador suplementa as
bezerras desmamadas com 6 kg/cab/dia de cana mais 200 g de suplemento mineral protéico, na seca, e 500 g/cab/dia de proteinado, nas águas. Com o intuito de não prejudicar as fêmeas que nascem mais tarde (novembro/dezembro) Silva estabeleceu uma segunda estação de monta, em maio/junho, o que elevou o índice geral de prenhez precoce. “Temos agora um grupo parindo com 23 a 26 meses e outro com 27 a 30 meses, respectivamente sete e 14 meses abaixo da idade média ao primeiro parto do programa da ANCP”, informa o selecionador. As fêmeas precoces e superprecoces já representam 40% do plantel de matrizes da Fazenda Bacuri. Para Gabriel Peixoto, quem ganha com esse trabalho é o País. “Teremos recursos cada vez mais escassos para a pecuária de corte no futuro e uma das melhores maneiras de aumentar a produção de forma sustentável é tornar o Nelore mais precoce”, diz ele. “Muitos criatórios estão seguindo esse caminho. O que falta é melhor posicionamento dos selecionadores da raça, das associações e dos técnicos sobre o assunto. Há quem prefira usar o que está pronto ao invés de apurar o que é nosso. O Nelore é nosso”.
Taxa de prenhez do rebanho Bacuri Ano
2012
2011
2010
2009
2008
Novilhas (%)
93,3
91,4
93,2
97,6
95,0
Novilhotas de 12 meses (%)
14,3
23,0
50,0
16,9
28,0
Primíparas Superprecoces e Precoces (%)
66,7
56,5
75,0
42,9
40,9
Fonte: Fazenda Bacuri. Adaptação: DBO.
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ces e superprecoces. Hoje, esse percentual é de quase 50% para cerca de 900 tourinhos. “Ricket começou a produzir sêmen com 12 meses a pasto. Hoje, com 8 anos, tem quatro gerações de filhas precoces nascidas. Embora o ganho seja indireto, há 50% de transmissão dessa característica de pai para filha”, informa a pesquisadora. Em 2015, Eliane começará a medir essa correlação genética no rebanho da Fazenda Remanso. “Ainda não temos resultados científicos, mas, à medida que pressionamos os machos, observamos ganhos efetivos nas novilhas”, afirma. Segundo ela, a identificação de touros púberes complementa o desafio de fêmeas jovens. “É fundamental ter essas duas pontas bem amarradas”, salienta. Quanto ao custo da tecnologia, a pesquisadora diz ser relativo. “Se considerarmos que o touro é usado de dois a quatro meses por ano, pode ser cara, mas, se avaliarmos o impacto de sua genética sobre a produção, torna-se atrativa”. Pesquisa inédita – Outro trabalho pioneiro conduzido por Eliane Vianna na Fazenda Remanso é a identificação de animais precoces na desmama, por meio da análise de níveis do hormônio anti-mulleriano (AMH), que desempenha papel importante na expressão da puberdade. A pesquisa tem por objetivo criar um “marcador biológico” de fácil aplicação. Para identificar machos precoces com ultrassom, Eliane precisa fazer aferições trimestrais da desmama ao sobreano. Com a nova técnica, bastaria fazer um exame de sangue na desmama. Em dois anos de pesquisa, 266 animais da Fazenda Remanso foram considerados superprecoces e outros 405, precoces. A intenção da Genética Aditiva é validar o uso da tecnologia para decidir qual delas – ultrassom ou hormônios – é mais econômica e eficaz. O valor da coleta de sangue para o AMH é de R$ 30 a R$ 36 por cabeça, enquanto o ultrassom de testículo varia de R$ 6 a R$ 8 por procedimento, que é repetido de três a quatro vezes até a desmama. “Por enquanto, essas técnicas são relativamente caras, porque ainda não se popularizaram. Mas, se validadas, podem ter seus custos reduzidos e trazer ganhos interessantes para um produtor comercial que nunca trabalhou com precocidade”, sentencia Silveira.
Capa CEIP foi pioneiro no desafio de fêmeas divulgação
Projetos como o da CFM ajudaram a mudar diretrizes da raça
N
inguém contesta que a transformação do Nelore rústico e fértil, vindo da Índia, no Nelore produtivo e eficiente dos dias atuais tenha ocorrido por meio dos programas de melhoramento genético de gado puro registrado no Brasil. Porém, contribuição inegável foi dada também por um grupo especial de criadores que decidiu seguir caminho paralelo na busca por características econômicas de produção. Eles abriram mão do registro genealógico da raça e aderiram ao CEIP, o Certificado Especial de Identificação e Produção, documento emitido pelo MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) para os 20% melhores animais “cara limpa” nascidos a cada safra. Optaram por fazer seleção massal, com foco em características que fazem real diferença no bolso do produtor. No Brasil, a pioneira em seleção para precocidade sexual foi a Agropecuária CFM, de São José do Rio Preto (SP), coincidentemente também a primeira empresa a obter o registro de CEIP. De origem inglesa e instalada no País desde 1908, ela iniciou o desafio de novilhas jovens na década de 1990, quando pouca gente falava no assunto e quase ninguém acreditava nos resultados. “Diziam que estávamos na contramão do mundo”, conta Luis Adriano Teixeira, coordenador de pecuária da empresa. “Começamos na safra de 1988, com animais na faixa de 18 meses. No início, os resultados foram pequenos, mas gradativos, em torno de 10% ao ano. Isso nos levou a apostar na prenhez de fêmeas ainda mais jovens”. Em 1994, a empresa realizou o primeiro desafio com novilhas de 14 meses, as chamadas fêmeas superprecoces, e obteve 7% de prenhez. “Anos depois, a CFM vendeu algumas das fazendas para o Grupo Grendene (Agropecuária Jacarezinho),
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Gado da CFM selecionado com base em características econômicas
que deu continuidade ao desafio de fêmeas Nelore e acabou levando o conceito para dentro da Conexão Delta G, atualmente chamada de Conexão Denta Gen. Isso se espalhou pelos programas de CEIP, que hoje contam com DEP’s muito bem estruturadas para características de precocidade e também de acabamento”, relembra Bento Ferraz. Critérios – Na CFM, a seleção para precocidade sexual ocorre por meio da DEP PP14, medida que expressa a chance de um animal (touro ou vaca) produzir filhas que ficam prenhes aos 14 meses de idade. Joanir Pereira Eler, zootecnista e professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP-Pirassunga (SP), garante que a consolidação da CFM como produtora de genes precoces deve-se exclusivamente à intensidade da seleção para tal característica. Segundo ele, aos 14 meses de vida, a fêmea expressa a precocidade diferenciando-se das tardias. Se a reprodução ocorrer em fêmeas com 24 meses ou mais, praticamente todas já atingiram a puberdade, o que dificulta a separação entre os grupos. “Quando selecionamos para perímetro escrotal ou outras características indiretas os resultados até ocorrem, porém
de forma mais lenta. No entanto, quando desafiamos novilhas entre 12-14 meses a seleção passa a ser direta porque há maior variabilidade genética e alta herdabilidade da característica”, diz Eler. Atualmente, a taxa de prenhez das fêmeas superprecoces CFM (12-14 meses) é de 40%, em regime totalmente a pasto. A média de prenhez das novilhas filhas dessas fêmeas gira em torno de 60%. “Pode parecer pouco, mas não é. A metodologia utilizada na CFM é barata. São lotes maiores, cerca de 10 touros para 300 fêmeas, e a seleção é feita no ambiente real da pecuária, ou seja, sem suplementação”, diz o pesquisador. Responsável pelo Programa Qualitas, Leonardo Souza, garante que a precocidade sexual é um dos itens de maior impacto econômico para quem faz pecuária de corte. “Além de produzir mais bezerros, a fazenda que entoura novilhas aos 12-14 meses tem um custo de produção menor, pois encurta uma “era” nas matrizes de reposição. Ao longo de sua história, a CFM já produziu 7.000 fêmeas superprecoces, com ganhos que se expressam também no descarte. Cerca de 70% dos machos abatidos, reprovados durante a avaliação para seleção de touros jovens, atendem às exigências da Cota Hilton.
Capa Maciez, o calcanhar de Aquiles do Nelore. fotos embrapa
Apesar das controvérsias, seleção para essa característica avança, com resultados animadores em algumas linhagens da raça
“O
produtor não seleciona para maciez porque o mercado não paga e o mercado não paga porque não recebe uma carne macia”. Essa frase de Cláudio de Ulhoa Magnabosco, pesquisador da Embrapa Cerrados, resume o impasse entre indústrias e produtores sobre um dos temas mais controversos dentro da raça Nelore no Brasil e que mais geram debates entre geneticistas, selecionadores, frigoríficos e entidades de classe. É possível produzir carne macia a partir de animais Nelore? Qual o potencial de ganho genético do rebanho nesse quesito? Em que velocidade isso ocorrerá? Quem pagará a conta? São tantas as perguntas que a discussão também avança pouco. Uma dificuldade compreensível, pois além da genética, a maciez da carne depende de inúmeros fatores, começando pela alimentação e manejo pré-abate até se chegar nas condições de refrigeração da carne e preparo dos cortes. Sócio-diretor da Prime Carter, empresa que fornece 100% das carnes dos restaurantes Pobre Juan, Marcelo Shimbo diz que a genética é um componente forte do processo, que deve vir acompanhado de mudanças na alimentação e no manejo, incluindo a castração dos animais. “Ainda temos um longo caminho antes de afirmar se o Nelore será capaz de atender a linha steakhouse” (casas especializadas em carne), diz Shimbo. “Por enquanto, vivemos em uma cadeia esquizofrênica de produção, onde as ferramentas de melhoramento não visam o consumidor, o frigorífico não escuta as reclamações do varejo e nada disso chega ao produtor”, salienta.
Entraves – Nos programas de melhoramento genético da raça, a seleção para maciez apenas engatinha, apresentando
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Animais da OB cujas carcaças foram avaliadas para maciez, em 2014.
resultados restritos ao setor acadêmico e, em sua grande maioria, vinculados à área genômica. A explicação, segundo o presidente da ANCP, Raysildo Lôbo, é simples: “ainda não existe uma metodologia de aferição específica para a maciez no gado zebuíno e a possibilidade mais promissora se constitui no uso de marcadores moleculares”. Sua aplicação, entretanto, ainda exige pesquisa e amadurecimento, incluindo na conta o cálculo do valor ecônomico dessa seleção. Para o pesquisador Luiz Otávio Campos Silva, da Embrapa Gado de Corte, seria importante se o produtor soubesse quanto ganharia ao fornecer um produto com mais maciez, pois isso estimularia o esforço de seleção nesse quesito. O superintendente técnico da ABCZ, Luiz Antônio Josahkian, relativiza o debate. “Antes de se pensar em carne macia, é preciso estar atento ao que se pode obter da raça. A carne do Nelore tem um sabor típico de pasto. Qualquer tenta-
tiva de amaciá-la com prejuízo a essa característica deve ser descartada. Podemos e devemos melhorar o Nelore, porém, sem europeizá-lo”, diz o técnico, lembrando que a prioridade, por enquanto, é melhorar o potencial produtivo da raça, de forma a manter a competitividade do Brasil no mercado mundial. Enquanto o debate prossegue, vários trabalhos científicos vão sendo realizados com o objetivo de detectar variabilidade genética para a característica, incluindo a existência de linhagens de Nelore capazes de fornecer carne mais macia. “Os resultados iniciais são promissores. A maciez ainda não chegou, mas é questão de tempo”, diz Raysildo Lôbo. O presidente da ANCP refere-se, principalmente, ao trabalho desenvolvido por Ovídio Carlos de Brito, produtor de touros Nelore Mocho sob a marca OB, em fazendas espalhadas por Pontes e Lacerda (MT). Quando começou, há 20 anos, o
Grata surpresa –
Capa Teste de maciez
À esquerda, equipamento para teste de força de cisalhamento; à direita, bife com amostras para análise.
projeto “OB Choice” comparava cruzados das raças Brangus e Brahman com diversas linhagens de Nelore, avaliando dados de desempenho, precocidade e qualidade de carne. Mas algo “inesperado” aconteceu: algumas delas apresentaram carne macia. “Em 2004, a única carcaça ‘prime’ que obtivemos foi de uma linhagem da raça Nelore. A partir daí, passamos a desenvolver um projeto mais amplo de pesquisa sobre maciez, em parceria com a Embrapa Cerrados”, conta Ovídio Brito. Foram selecionados touros representativos das principais linhagens da raça Nelore e acasalados com aproximadamente 500 vacas a cada safra. Suas progênies sucessivas foram submetidas a abates experimentais em 2005, 2008 e 2012, para avaliação de qualidade de carne, mais especificamente maciez. No primeiro abate, foram considerados 234 filhos nascidos; no segundo, 181, e, no terceiro, 68. “O trabalho mostrou que o Nelore apresenta desvantagens em relação aos taurinos, tanto no aspecto de marmorização quanto na maciez da carne, mas há também grande variação para essa característica dentro da raça, o que justifica um esforço de melhoramento genético”, diz Cláudio Magnabosco, coordenador do projeto na OB. Ele ressalta que os resultados positivos para maciez em algumas linhagens de Nelore ocorreram nos três abates realizados. Não se tratou de um “acaso”, ocorrido apenas uma vez, em um único ano. 80 DBO abril 2015
Resultados – No último abate, realizado em 2012, com animais da terceira geração dos genearcas estudados, foram formados dois grupos para fins comparativos: um representando uma linhagem que fornece carne mais macia e outro grupo cuja linhagem dá carne dura. “Seleção é comparação”, explica Letícia Mendes de Castro, veterinária doutoranda em ciência animal pela Embrapa. Os animais foram abatidos no Frigorífico Minerva, em Palmeiras, GO, com peso médio de 500 kg/cab e cobertura de gordura de no mínimo 5mm. O índice de maciez da carne foi medido por meio de teste de cisalhamento, usando-se um aparelho que mede a força necessária para o corte da carne. Os resultados foram animadores: dos 68 machos abatidos de uma linhagem “macia”, 27 (40%) apresentaram força de cisalhamento inferior a 3,5 kgf (quilograma força) por cm3, valor-limite acima do qual a carne já é considerada dura. “Normalmente, trabalha-se com um limite de 5 kgf por cm3, mas preferimos baixá-lo porque queríamos comprovar que algumas linhagens de Nelore podem dar carne tão macia quanto as raças taurinas, que normalmente apresentam força de cisalamento de 3,5, enquanto o Nelore comercial chega a 6 ou10”, explica Magnabosco. Os 41 animais que apresentaram carne mais dura não diferiram do “grupo macio” em perfil de carcaça. “Isso indica que pode-se fazer seleção para maciez sem interferir nesse quesito”. Os animais das linhagens que fornecem carne macia já foram genotipados para se avaliar a transmissão da característica em nível molecular. “O maior
problema na mensuração da maciez está na necessidade de se abater os animais para identificar as linhagens aptas. Isso gera custos altos. O que queremos , agora, é fazer uma seleção para maciez ‘pré-abate’, através do uso da genômica”, explica. Futuro promissor – Para Ovídio de Brito, as expectativas compensam todo o investimento: “Acredito que dentro de três a cinco anos, teremos à disposição do consumidor carne 100% zebu, produzida a pasto, macia e saborosa”, afirma. De acordo com o criador, o propósito de seu empenho na seleção por maciez é que a carne bovina brasileira deixe de ser classificada apenas como carne barata perante os consumidores internacionais e passe a ser vista também como carne de qualidade. Dissociada do trabalho de Magnabosco, a Embrapa Gado de Corte atua em outra frente de pesquisas para identificação de animais da raça Nelore que agregem maciez a partir outros rebanhos. O projeto MaxiBife é uma vertente do anterior BifeQuali, que produziu 800 progênies de uma matriz de parentesco construída a partir de 5.200 doses de sêmen de 34 touros de diferentes populações. O projeto está na segunda etapa de coleta de dados, porém, ainda não conta com animais abatidos. “Acredito que, em quatro anos, possamos expressar o resultados das pesquisas no campo. Fato é que o Nelore pode produzir uma carne de excelente qualidade. Só não estava sendo trabalhado para isso”, sentencia Antônio do Nascimento Ferreira Rosa (Totti), pesquisador do projeto, ao lado de Luiz Otávio. n
Informe Técnico
Tecnologia MUB
Pesquisa em Parceria com universidade aponta: “Suplemento MUB é 2,79 vezes mais eficiente que suplemento tradicional!”
AVALIAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO MINERAL PROTEICA COM MISTURA DE UMIDADE BAIXA (MUB) EM NOVILHAS NELORE MANTIDAS EM PASTO.
OBJETIVO
O objetivo do ensaio foi verificar o efeito da suplementação com mistura mineral proteica de umidade baixa (MUB), durante o período de seca em novilhas Nelore mantidas em pasto de Brachiaria brizanta cv Marandu.
MATERIAL E MÉTODOS
Local Experimental, Animais e Descrição da área experimental:
O ensaio foi conduzido na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP – Universidade Estadual Paulista, Campus de Botucatu, no setor de bovinocultura de corte segmento Fazenda São Manuel. A área é formada por Brachiaria brizanta, cv Marandu. O ensaio foi instalado em uma área de aproximadamente 14 ha divididos em dois piquetes, com acesso a água a vontade com bebedouro tipo australiana e cocho para suplemento ou saleiro coberto. Para o ensaio foram considerados dois piquetes já utilizados para o manejo diário da fazenda. Estes piquetes estão próximos e participam de mes-
AUTORES: Pesquisadores Envolvidos no Ensaio Experimental Cyntia Ludovico Martins – Professora Assistente Doutora, DPA, FMVZ, UNESP Mário De Beni Arrigoni – Professor Adjunto III, DMNA, FMVZ, UNESP Marco Aurélio Factori – Pós-doutorando em Zootecnia, FMVZ, UNESP João Ratti Jr – Zootecnista, FMVZ, UNESP Empresa Jr de Nutrição de Ruminantes, NUTRIR, FMVZ, UNESP
ma fertilidade do solo. O solo predominante é o Latossolo, de média fertilidade.
Animais e Tratamentos Experimentais:
Os animais para o início do ensaio experimental foram 40 novilhas da raça Nelore de 18 meses de idade. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos de acordo com os tratamentos propostos: T1 - Mistura mineral protéica convencional (PROTEINADO) e T2 – suplementação com MUB. Antes do ensaio os animais foram pesados, sorteados nos tratamentos e desverminados para controle de endo e ectoparasitas, conforme programação anual da Área de Bovinocultura de Corte.
MUB para os animais e distribuídos na pastagem sem necessidade de cocho por se tratarem de um produto homogêneo e resistente a água. Os baldes foram alocados nas pastagens com uma distância mínima de 15 metros entre eles.
Manejo de Consumo dos Suplementos
O manejo do consumo dos animais foi realizado da seguinte forma: T1: foi fornecido à vontade em cocho coberto para os animais. T2: foram disponibilizados baldes de 50 kg de
Tabela 1. Tratamentos experimentais e composição dos suplementos propostos.
Período do Ensaio
O ensaio iniciou-se em 17 de julho e finalizou em 17 de novembro de 2014, sendo realizado um período anterior de adaptação de 35 dias, a fim de padronização da flora ruminal ao novo manejo alimentar uma vez que as fêmeas selecionadas para o ensaio provinham de pastagens
com suplementação proteica. As pesagens foram realizadas em média a cada 28 dias, totalizando 88 dias de período de ensaio Condições experimentais da forrageira utilizada e comportamento de consumo de massa seca Durante o período de ensaio foram realizadas coletas de forragem para estimar a disponibilidade de massa seca, para ambos os tratamentos a semelhança na disponibilidade de forragem ofertada para todos os animais, uma vez que, um dos fatores avaliados foi o consumo por meio do tempo de pastejo. Foram efetuadas duas observações de comportamento em momentos estratégicos após o período inicial de adaptação dos animais às condições experimentais (piquete e ao suplemento) e após 25 dias, onde foram mensurados os tempos de consumo (PASTEJO) e Ócio. Avaliou-se a cada observação com duração de 8 horas, tempo total efetivo que cada animal permaneceu pastejando ou em ócio dentro de cada tratamento, sendo estas observações efetuadas a cada 5 minutos por avaliadores treinados com turnos de 4 horas cada com dois observadores por turno a cada piquete.
Avaliação de peso vivo e ganho de peso Os parâmetros avaliados no ensaio foram: peso vivo, ganho de peso, consumo dos suplementos ofertados e comportamento ingestivo dos animais. Conforme o peso inicial dos animais foi calculado o consumo médio por dia para o suplemento. Para a determinação da variação de peso foi realizada pesagem no tempo zero de período de ensaio e posteriormente a cada 25-30 dias.
RESULTADOS
Desempenho Produtivo:
1. Peso Vivo - Na Tabela 2 estão apresentados os pesos vivo médios das Novilhas durante o período de ensaio. As fêmeas apresentaram uma variação de peso inicial dentro e entre os tratamentos, porém a média de peso vivo não foi a mesma entre tratamentos ao início deste período (P>0,05). Verificamos o efeito dos tratamentos no crescimento das novilhas (Tabela 2; Figura 1). Um ponto a ser discutido foi a manutenção do crescimento das novilhas mesmo que em taxas menores em alguns períodos no tratamento MUB, porém sem flutuações ou oscilações que prejudicassem o crescimento ao final do ensaio.
A Figura 1 está neste relatório para melhor visualização do comportamento de crescimento das novilhas durante o ensaio por tratamentos. É importante considerar que de maneira geral todos animais obtiveram uma taxa de crescimento até o final do período experimental. Considerando o ganho de peso médio por período observou-se que o início do primeiro mês de avaliação, os animais com proteinado apresentaram um maior peso médio (P<0,05), e no mês subsequente houve um pior ganho para o mesmo tratamento (P<0,05). O que foi observado neste período foi uma queda na oferta de matéria seca da pastagem e tal-
médio das novilhas. Neste mesmo período foi realizada uma avaliação de comportamento de pastejo e observou-se um aumento no tempo de pastejo do tratamento com MUB, sendo calculado um acréscimo de 13% de consumo de massa verde. O tempo total final de pastejo e ócio para cada observação foram mensurados, obtendo-se assim o tempo total de pastejo em função dos tratamentos. Infere-se que, em função da mesma disponibilidade de forragem, a diferença no tempo de pastejo implica no maior ou menor consumo de forragem para os distintos tratamentos. Foi significativo o tempo de pastejo e, portanto o consumo de
Tabela 2. Peso Vivo Médio e Ganho de Peso Médio Total (GPMT, Kg) de novilhas Nelore mantidas em pasto de Brachiaria brizanta cv Marandu e suplementadas com Proteinado ou MUB
vez o efeito da suplementação farelada foi prejudicado. No período P6 o tratamento com proteinado foi maior (P>0,05). Quando consideramos o período de ensaio total de ganho observou-se um melhor resultado MUB. Durante o período de ensaio na média de ganho de peso líquido os animais com MUB demonstraram um resultado positivo 2,79 maior que os animais com suplementação proteica convencional. Observou-se que em termos de comportamento de ganho de peso, os animais com MUB apresentaram uma linearidade de ganho ascendente mesmo que em alguns períodos com ganho menor, porém quando houve uma menor oferta de forragem entre o período de ganho de peso, o tratamento com proteinado apresentou uma queda significativa no ganho
forragem para o tratamento com MUB foi maior em 13% (P<0,05), (Figura 2). A maior relevância está no comportamento constante da suplementação com o MUB quando nos períodos de menor disponibilidade de massa verde. Dentro dos fundamentos da dinâmica da fermentação ruminal, para um bom desempenho dos microorganismos ruminais é necessário o sincronismo entre nutrientes principalmente nitrogênio e energia para que haja crescimento bacteriano e consequentemente melhor utilização dos ingredientes alimentares. Entendendo o princípio dos dois formulados testados no presente ensaio, talvez o melhor comportamento em relação ao ganho de peso total acumulado sem quedas ao longo do período possa ser em função do MUB ter como princípio de suplementação o fornecimento de energia e
Figura 1. Evolução do peso vivo médio de novilhas Nelore mantidas em pasto de Brachiaria brizanta cv Marandu e suplementadas com MUB ou Proteinado, durante o período de ensaio.
nitrogênio prontamente disponíveis por serem ingredientes de rápida liberação em ambiente ruminal. Fica a inferência para discussão entre os técnicos.
Consumo de Suplemento
A estimativa de consumos por período e Total
de suplemento MUB ou Proteinado por novilhas Nelore durante o período do ensaio, estão representados na Tabela 3. Verificamos que os animais do tratamento com MUB no consumo total no período tiveram resposta melhor em termos de comportamento
ingestivo e de curva de crescimento em comparação ao Proteinado em que as fêmeas foram mais sensíveis a oferta de massa verde. Estes dados são considerações de ordem prática.
Figura 2. Tempo total de pastejo (consumo) e ócio para os respectivos tratamentos utilizados (PROTEINADO e com MUB).
CONCLUSÕES Tabela 3. Consumo Total e Médio de MUB ou Proteinado por novilhas Nelore mantidas em pasto de Brachiaria brizanta cv Marandu com, durante o período de ensaio.
Não é só um slogan. Foi comprovado! O gado pasta mais, ganha mais e você lucra mais!
Frente a proposta deste ensaio que foi avaliar durante o período de seca o efeito da suplementação MUB, em novilhas Nelore mantidas em pasto de Brachiaria brizanta cv Marandu, podemos inferir que: a suplementação MUB apresentou um efeito positivo comparado à suplementação tradicional em pasto (2,79 vezes maior), e um melhor aproveitamento da forragem disponível em situações de escassez de massa verde (13% mais aproveitamento de pastagem). É importante notar que o fornecimento de matéria seca foi baixo durante o período experimental e por isso se conclui que a diferença observada entre os dois grupos poderia ter sido mais expressiva se tivesse um melhor fornecimento nutricional de massa verde durante a seca de 2014.
UNESP. Zootecnia Botucatu Campus. Relatório de ensaio experimental. Avaliação da suplementação mineral proteica com Mistura de Umidade Baixa (MUB) em novilha Nelore mantidas em pasto Botucatu/SP, 2015.
Genética | Inseminação Artificial
Asbia desmembra relatório de demanda em segmentos Mercado cresce 4,5% em 2014, para 13,6 milhões de doses de sêmen. n Denis Cardoso
denis@revistadbo.com.br
A
s vendas totais de sêmen bovino (corte e leite) cresceram 4,5% em 2014, para 13,6 milhões de doses, ante 13 milhões de doses registradas em 2013, segundo o relatório Index Asbia, da Associação Brasileira de Inseminação Artificial. O informativo, divulgado em março, durante encontro com jornalistas na capital paulista, traz como novidade a apresentação de uma nova metodologia de avaliação dos dados referentes ao mercado de sêmen no Brasil, agora desmembrado em três partes: “vendas totais de doses no mercado interno”, “exportações das raças de corte e leite” e “prestação de serviços” (veja tabela). “São modificações que ajudam a enxergar com maior nitidez o desempenho de cada um dos segmentos do mercado geral de inseminação artificial no País”, esclarece Carlos Vivacqua Carneiro da Luz, diretor geral da AG Brasil, de Ribeirão Preto, SP, que desde novembro também ocupa o posto de presidente da Asbia, no lugar do professor Lino Rodrigues Filho. Um dia após a coletiva de imprensa organizada pela Asbia, Vivaccqua, que acumula 25 anos de experiência no mercado de inseminação artificial, concedeu entrevista exclusiva à DBO e ao Portal DBO, durante visita à sede da revista, em Perdizes, SP. O executivo explicou, em detalhes, o novo formato do relatório Index Asbia, além de apontar um cenário otimista para o mercado brasileiro de inseminação artificial, sobretudo na área de corte, apesar das atuais turbulências políticas e macroeconômicas. A seguir, trechos da entrevista. DBO – O senhor pode explicar melhor as alterações no modelo estatístico do relatório Index Asbia? 84 DBO abril 2015
Vendas de sêmen por segmento e grupos de raças no ano passado (em milhões de doses)
Setores
2014
2013
Variação – em %
Corte zebuíno
2.537.242
3.329.144
-24
Corte taurino
4.576.749
4.327.362
6
Leite zebuíno
1.278.731
926.283
-28
Leite taurino
4.088.796
3.995.058
-2
Fonte: Relatório Index Asbia 2014
Balanço geral da movimentação de sêmen no Brasil em 2014
Comercialização total no mercado interno (corte e leite)
Prestação de serviços – leite
Prestação de serviços – corte
75,3 mil doses
1,095 milhão de doses
Exportação – leite
112,8 mil doses
Exportação – corte
66,9 mil doses
Ajustes de inventário
Fonte: Relatório Index Asbia 2014
CV – Com intuito de oferecer aos consumidores e às próprias empresas associadas da Asbia uma visão mais realista e objetiva do mercado, resolvemos dividi-lo em segmentos. Sendo assim, tomando como base o total de sêmen movimentado no ano passado no País, de aproximadamente 13,6 milhões de doses, 12 milhões de doses foram absorvidas no mercado interno, quase de maneira imediata, ou seja, durante a estação de monta. Outro segmento destacado separadamente no relatório é o de prestação de serviços, que consiste na
Vendas de sêmem por estado em 2014
MT – 19% GO – 11% PA – 10%
12,035 milhões de doses
MS – 18% RS – 10% outros – 32%
223,7 mil doses
coleta de sêmen para uso próprio do pecuarista, sem previsão de data para consumo. Nesse caso, proíbe-se a comercialização do sêmen, que é coletado e processado por prestadoras de serviço credenciadas pelo Mapa (Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Em 2014, este setor movimentou cerca de 1,2 milhão de doses, sendo representado quase que na totalidade pelo segmento de corte (1,1 milhão de doses). O relatório também reúne dados de exportação de sêmen, setor ainda incipiente, mas em ascensão. No ano passado, exportamos quase 200 mil doses, com destaque para as raças Girolando e Gir, no caso de leite, e Nelore, no corte. Uma curiosidade: pela primeira vez na história conseguimos exportar sêmen para Índia, o berço da nossa genética zebuína, de onde o Brasil foi buscar os primeiros exemplares da espécie. O volume vendido ao mercado indiano ainda é modesto, cerca de 1.000 doses de sêmen da raça Gir Leiteiro, mas é importante ressaltarmos que, se lá atrás compramos a matéria-prima da Índia, ou seja, o gado zebuíno, agora estamos exportando para o mesmo país material genético de alto valor agregado, desenvolvido por meio de pesquisas e testes de progênie.
Conforme o relatório da Asbia, o mercado de inseminação artificial registrou taxa de crescimento positiva em 2014, de 4,5%, mas com desempenho aquém das expectativas iniciais das empresas. Comente. Foi um ano bastante difícil para o nosso setor, que enfrentou um intenso e longo período de seca, além de sofrer o impacto da instabilidade econômica. Sem contar que foi um ano de eleições presidenciais e de Copa do Mundo. Qual é a previsão da Asbia para o setor em 2015? Ainda é cedo para soltarmos estimativas sobre a venda de sêmen. Mas posso falar das expectativas de momento em relação aos mercados de leite e de corte. No setor leiteiro, acreditamos em um mercado um pouco contraído, devido à queda nos preços internacionais. No entanto, a desvalorização do real frente ao dólar pode dificultar a importação de leite em pó e de produtos lácteos ao Brasil, resultando no crescimento da demanda pelo leite nacional, elevando, assim, o preço pago ao produtor. Em relação ao segmento de corte, esperamos um excepcional ano, sustentado, em parte, pela demanda bastante sólida por parte dos tradicionais países compradores de carne bovina. Além disso, registramos recentemente a abertura de novos mercados no exterior, o que favorecerá ainda mais as nossas exportações. A atual depreciação da moeda brasileira não encarece o preço do sêmen importado, impactando a demanda por produtos que hoje são largamente utilizados no rebanho bovino brasileiro, como é o caso da genética de origem taurina? Em nosso setor, o impacto do câmbio é mínimo, porque o sêmen representa apenas 2% do custo de produção total do pecuarista, diferentemente de alguns outros insumos atrelados ao dólar, também utilizados na pecuária. Sem contar que o sêmen é o único insumo capaz de deixar residual entre gerações. Como o senhor diz, a inseminação artificial é uma ferramenta com ex-
nalidade do touro é algo irrelevante para nós. Não há no mundo nenhum programa de melhoramento animal que obteve êxito se fechando exclusivamente para produtos genéticos de origem local.
Carlos Vivacqua: expectativa de excepcional ano para o corte
celente relação de custo-benefício. Como explicar, então, o baixo uso da tecnologia no rebanho bovino brasileiro (do total de 56,1 milhões de fêmeas em idade de reprodução, apenas 12% foram inseminadas em 2014, segundo dados do novo relatório Index Asbia)? Em parte, isso é explicado pelo fato de trabalharmos num país de grande dimensão territorial, o que traz dificuldades ao nosso setor em termos de logística e disponibilidade de mão de obra especializada. Além disso, os estímulos governamentais e municipais para o uso de tecnologias de maior valor agregado, como é o caso da inseminação artificial, são limitados no Brasil, ficando restrito a algumas áreas do País, como em alguns municípios pecuários da região Sul, onde mais de 60% do rebanho local já é inseminado. Porém, pensando pelo lado positivo, operamos em um mercado com altíssimo potencial de crescimento, ou seja, 88% das fêmeas existentes ainda não são inseminadas artificialmente. Ainda em relação ao sêmen de gado taurino, há um forte domínio no mercado brasileiro de material genético importado, sobretudo da raça Angus. Diante disso, a Asbia pretende trabalhar, em conjunto com os associados, para elevar o uso de produtos nacionais, em detrimento do importado? É importante lembrar que a Asbia é uma associação que congrega as maiores empresas de genética do mundo que operam no Brasil. Portanto, para nós, o importante é oferecer ao produtor nacional o que há de melhor em relação à genética disponível no mundo. Ou seja, a nacio-
Diferentemente dos outros relatórios, o novo balanço informativo não traz informações sobre as vendas de sêmen por raça, tampouco indica a origem do material genético (nacional ou importado). O senhor pode explicar o motivo da ausência deste ranking? Nossos associados decidiram, em comum acordo, não abrir de imediato essas informações, para que as empresa possam operar no mercado de maneira mais estratégica. A ideia, contudo, é soltar o ranking por raças e origem em intervalos de seis em seis meses, ou seja, a partir do relatório semestral da Asbia, divulgado em julho, o mercado receberá as informações referentes ao ano passado, e assim, sucessivamente. No entanto, é bom que se diga que este novo relatório já traz dados atualizados (do ano passado) de “agrupamentos raciais” (divididos em corte zebuíno, corte taurino, leite zebuíno e leite taurino), além de abrir os números comparativos sobre o desempenho anual (2014 e 2013) de cada uma das raças bovinas (leite e corte) nas áreas de prestação de serviços e de produção de sêmen (estoque nas centrais). Sobre o desempenho por grupos raciais, o relatório aponta ascendência no uso de sêmen de animais taurinos de corte, cuja comercialização cresceu 6% em 2014, para 4.576 milhões de doses, em relação ao ano anterior. No mesmo período de comparação, o grupo de raças zebuínas de corte caiu 24%, para 2.537 milhões de doses (veja tabela). Comente, por favor. O domínio das raças taurinas é resultado do forte crescimento do cruzamento industrial no Brasil Central, favorecido principalmente pelo avanço da IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo), ferramenta que tem sido uma grande aliada do produtor, facilitando o manejo reprodutivo e permitindo a concentração de oferta, além da padronização do produto entregue às indústrias frigoríficas. n DBO abril 2015 85
Genética | Tecnologia
Avaliação corporal rápida, segura e simples. Embrapa Rondônia apresenta o Vetscore na Dinapec 2015. O pequeno aparelho indica, no brete, se a fêmea está ou não pronta para emprenhar. fotos: Ariosto Mesquita
n Ariosto Mesquita, de Campo Grande, MS
E
le se parece mais com um instrumento para cálculos matemáticos. Não está muito longe disso. Na verdade tem um leve parentesco com o velho kit escolar: régua, transferidor e esquadro. A diferença é que pode ser utilizado e compreendido por qualquer pessoa, seja ela pós-graduada ou analfabeta, agilizando e muito a vida na fazenda. O Vetscore, criado pela Embrapa Rondônia e que deve chegar ao mercado brasileiro até 2016, promete simplificar ao máximo e oferecer exatidão para uma análise que quase sempre é feita de forma subjetiva (visual e de baixa precisão) na propriedade de pecuária: a avaliação corporal das fêmeas para reprodução. O instrumento chamou a atenção de muita gente durante a Dinapec 2015 (11 a 13 de março), a feira Dinâmica Pecuária realizada anualmente na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande. Quem apresentou a novidade foi o analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia, Rhuan Amorim de Lima. O conjunto formado pela eficiência, simplicidade operacional e facilidade de compreensão, graças ao uso de cores, mostrou-se sua principal virtude. “O Vetscore ficou pronto em 2014 e estamos agora na fase de licenciamento para escolha da empresa que o colocará no mercado”, conta. Sua denominação induz uma relação direta com animais (“vet” de veterinária) e sua estrutura física (escore). “Existe outra metodologia que aponta a condição corporal através da ultrassonografia, mas depende de equipamento caro e profissional especializado, onerando muito o produtor, seja ele pequeno, médio ou grande. Quando chegar ao mercado, creio que o Vetscore não custará mais do que R$ 10 para o pecuarista, que poderá utilizá-lo em todas as suas vacas”, prevê. O instrumento é simples, apesar de car-
86 DBO abril 2015
Aparelho deve ser posicionado sobre a porção inicial da garupa da vaca.
regar tecnologia acumulada durante três anos de estudos e testes em mais de 900 animais. Ele é formado por duas réguas de 20 centímetros de comprimento (cm) e 4,4 cm de largura cada uma. Em uma das pontas elas são acopladas de forma a permitir uma variação de ângulo entre 0 e 180 graus. Operar o Vetscore é extremamente fácil. Com o animal contido no brete, basta posicionar o dispositivo sobre a porção inicial da garupa (entre a última vértebra lombar e a primeira vértebra sacral) em um formato de “v” invertido. O instrumento deve ser fechado lentamente até que as superfícies das réguas estejam em maior contato possível com o corpo da vaca. Cores e impactos – A partir
daí, basta o operador visualizar o centro da ferramenta (na conexão entre as duas réguas) para saber se a fêmea está ou não em condições corporais adequadas para reprodução. A leitura do nível corporal é indicada pela posição de um ponteiro sobre uma escala de cores de 180 graus: vermelha (baixa), verde (adequada) e amarela (alta). Enquanto o ponteiro apontar para a cor verde, o criador pode ficar tranquilo. “A
vaca está adequada para cumprir sua função: emprenhar, produzir leite e gerar bezerro pesado”, garante Lima. Nas duas outras situações, há com o que se preocupar. “Com o nível corporal baixo, ela não volta a ciclar dentro do tempo esperado e, com isso, demora a emprenhar. A partir do momento em que o Vetscore apontar esta condição, o criador deve procurar suprir a demanda nutricional do animal”, explica Lima. Quando o instrumento apontar para uma condição corporal muito alta, é sinal de que a fêmea se encontra com excesso de peso ou mesmo obesa. “Neste nível ela fica predisposta à distorcias, que são diversos problemas na parição, gerados pela demora no nascimento do bezerro. Pode também apresentar transtorno metabólico pós-parto, trazendo prejuízos ao pecuarista diante da queda de desempenho reprodutivo”, explica o analista. Para avaliar os resultados práticos na fazenda, Lima conta que a Embrapa Rondônia fez um experimento com dois lotes de vacas: um em condições corporais adequadas e outro com baixo nível estrutural. Ambos passaram por idênticas condições de protocolos de IATF. O resultado de 50% a mais
“
“
Genética | Tecnologia na taxa de prenhez, animou os pesquisadores: o lote no qual o Vetscore indicou cor vermelha obteve índice de 40% enquanto aquele cujo ponteiro apontou para a cor verde chegou a uma taxa de 60%. “Para quem trabalha com gado de corte, 20 pontos percentuais é um mundo de dinheiro”, garante Lima.
garupa e o escore de condição corporal de cada fêmea submetida a programas de IATF pós-parto. Inicialmente avaliamos 350 vacas nelore em período pós-parto e para na nossa felicidade encontramos uma correlação linear altamente significativa”, relata. A partir deste momento foram mais dois anos de coleta de dados em rebanhos de corte e leite de Rondônia para formar um robusto banco de dados. Deste ponto foi iniciada uma nova fase de estudos. O objetivo era obter uma ferramenta eficiente para a utilização do pecuarista. “Mas não bastaria ser apenas uma nova alternativa à avaliação visual que, mesmo com suas limitações, é uma ferramenta de valor disponível para o produtor. Precisávamos dar a informação direta, segura, objetiva e clara, sem que o criador ou seu funcionário tivesse a necessidade de processá-la antes de compreendê-la, para só depois tomar as providências”, observa Pfeifer. Aos poucos, o pesquisador foi convertendo as angulações da garupa, que eram diretamente relacionadas à condição corporal, em intervalos nas cores vermelha, verde e amarela no dispositivo posteriormente batizado de Vetscore. “Assim, os animais
Rafael Rocha
Criação – Apesar de toda a simplicidade de operação, o Vetscore demorou três anos para ser concebido e validado. O “pai da criança”, o pesquisador Luiz Francisco Machado Pfeifer, já vinha determinado a conseguir algo objetivo e simples que pudesse avaliar as condições corporais de vacas de leite e de corte adequadas à reprodução. Mas um fato, em especial, o fez vislumbrar o modelo hoje validado. Lima conta que, no início da década, durante uma visita de médicos do trabalho à Embrapa Rondônia, Pfeifer viu um dos profissionais utilizando um goniômetro (instrumento de medidas inclinadas) para mensurar ângulos da mão. “Imediatamente imaginou a possibilidade de medir a garupa da vaca com algo semelhante e correlacionar o cálculo ao seu estado corpóreo adequado”, conta. A garupa foi escolhida, segundo mel, por ser a parte anatômica que facilmente se tem acesso no brete, além da região acumular gordura de forma mais rápida do que outros pontos do corpo sendo considerada referência para este tipo de avaliação O próprio Pfeifer resume como chegou aos parâmetros de medida. “Em meados de 2011 tentamos pela primeira vez avaliar se existia uma associação entre a angulação da
O analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia, Rhuan Amorim de Lima, apresentando o instrumento na Dinapec 2015 e o pesquisador Luiz Pfeifer
cuja medição aponte a cor verde certamente responderão eficientemente na produção de leite, na periodicidade estral, aos tratamentos hormonais além de retomarem mais rapidamente a ciclicidade pós-parto”, garante. O Vetscore está validado para uso nas raças girolando (leite), nelore e angus (corte). Pfeifer acredita ser possível o uso do aparelho em fêmeas resultantes de cruzamento entre as duas raças de corte, mas alerta: “ainda não testamos e validados o Vetscore nestes animais”. De acordo com o pesquisador da Embrapa Rondônia, não há previsão quanto ao volume de produção anual. Por outro lado, a partir do momento em que tiver início a fabricação em série, o pecuarista deverá encontrar o aparelho com facilidade. “A empresa que ganhar a licitação terá de atender todo o território nacional”, afirma. n SERVIÇO Mais informações sobre o Vetscore: Embrapa Rondônia BR 364 – Km 5,5 - Zona Rural – Caixa Postal 127 – Porto Velho, RO CEP: 76815-800 Fone: (69) 3225-9387
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88 DBO abril 2015
AT É O LU C R O É P R E C O C E
Fazenda lança mão de 2ª IATF Denis Cardoso
denis@revistadbo.com.br
N
as últimas semanas de estação de monta, concluída no início de abril, a Fazenda Santo Antônio, de Araguaiana, MT, lançou mão da estratégia de ressincronização para melhorar a eficiência na produção de bezerros, sem que seja necessário o uso de touros de repasse. A técnica nada mais é que a repetição, nas vacas diagnosticadas como “vazias” (não gestantes), do primeiro protocolo de IATF – Inseminação em Tempo Fixo. Na Santo Antônio, a propriedade-modelo escolhida por este especial Vitrine Tecnologia DBO, somente as fêmeas do “tarde”, paridas na fase final da estação de monta (entre novembro e dezembro), foram submetidas à segunda IATF. No restante do rebanho, a fazenda optou, desde o início da estação (novembro) pelo modelo convencional de IATF, ou seja, a aplicação de um único protocolo de sincronização, seguida pelo repasse de touros, que, por sua vez, permaneceram juntos das matrizes até o fim temporada reprodutiva, na proporção de 1/30. O emprego da ressincronização em detrimento do uso de touro proporciona um número maior de vacas prenhas ao fim da estação, garante o veterinário Renato Girotto, sócio-diretor da RG Genética Avançada, de Água Boa, MT, responsável pela consultoria técnica na fazenda Santo Antônio. “Caso optássemos pela monta natural nos lotes de vacas inseminadas tardiamente, haveria tempo hábil para apenas um único repasse de touros, já que estávamos na fase fim da estação, o que certamente resultaria em menor quantidade de fêmeas gestantes, se comparado com o uso da ressincronização”, diz. Explica-se: a maioria das fêmeas que não se tornaram gestantes na primei-
Santo Antônio reúne vacas do “tarde” no curral para a aplicação de nova IATF
ra IATF retorna ao cio de 17 a 23 dias após a inseminação – normalmente, trabalha-se com ciclos de 20 dias, em média, para cada manifestação de estro. Portanto, caso a Santo Antônio resolvesse trabalhar com duas escalas de repasses em cada um dos lotes de matrizes do tarde, seria preciso manter os touros em atividade por no mínimo 40 dias seguidos após a primeira inseminação. “Não haveria tempo suficiente para isso, pois o mais importante é cumprir os prazos pré-determinados para estação de monta 2014-1015“ explica o veterinário. Sendo assim, a Santo Antônio aplicou o protocolo de ressincronização em aproximadamente 1.000 matrizes do “tarde”, divididas em dez lotes de 100 animais. Na verdade, conta Girotto, essas vacas não são crioulas da fazenda; foram compradas de terceiros, a partir de uma “decisão de última hora, para aproveitar uma boa oportunidade de preço oferecida por uma propriedade da região que resolveu liquidar o seu rebanho”. Este montante de vacas do “tarde” que foi submetido a dois protocolos de IATF representou apenas 15% do total de matrizes inseminadas na Santo Antônio neste temporada, em torno de 7.000 animais. No processo de ressincronização, como já foi dito aqui, repete-se o mesmo
procedimento da primeira IATF: introdução do dispositivo intravaginal de progesterona no dia zero (D0), retirada no dia 8 (D8) e inseminação no dia 10 (D10). Antes disso, a vacada é levada para o curral para diagnóstico de gestação por ultrassonografia transretal, realizado 30 dias após a primeira IATF. Assim, um novo protocolo de sincronização é iniciado nas fêmeas não gestantes, que recebem a segunda inseminação no chamado “D40”, ou seja, 40 dias após a primeira IATF. Além da possibilidade de aumento de prenhez ao fim da estação, outros fatores importantes levaram a Santo Antônio a optar pela estratégia de ressincronização na vacada do tarde. Segundo Girotto, há um melhor aproveitamento dos produtos oriundos de IATF, que, no caso da fazenda de Araguaiana, resultam na produção de animais meio-sangue (cruzamento Angus), vendidos ao mercado com maior valor agregado. “Caso a fazenda optasse pelo repasse de touros nessas vacas, teríamos uma geração tardia de bezerras Nelore, que, além do menor valor de venda, teriam baixo aproveitamento para reposição, por serem animais nascidos por último (em dezembro-janeiro), portanto propensos a chegar ao período seguinte de estação de monta muitos novos e leves, ou seja, ainda despreparados para a fase reprodutiva”, diz Girotto. Há ainda um outro estímulo ao sistema de ressincronização: a Santo Antônio não tinha uma quantidade suficiente de touros para fazer o repasse em todas as 1.000 vacas do tarde. “Além disso, quando colocamos na conta financeira fatores como custos de aquisição de um touro, gastos com a sua manutenção (alimentação, vacinas, entre outros) e capital imobilizado, economicamente é mais viável o uso da ressincronização”, compara. n
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Criação | Estratégia
Matriz de vida curta Fazendas seguram fêmeas de cruzamento industrial para produzir bezerros mais valorizados n Denis Cardoso
denis@revistadbo.com.br
O
que fazer com a novilha F1? Essa ainda é uma das principais dúvidas de muitos criadores adeptos do cruzamento industrial, que utilizam genética de gado taurino (hoje, com a predominância da raça Abeerden Angus) em vacas zebuínas (basicamente Nelore). Não é um dilema novo. Quando o cruzamento industrial virou uma febre nos anos de 1990 e na primeira década do atual século, esse assunto foi amplamente debatido e não se chegou ao consenso, a não ser que a F1 era uma ótima matriz e que desmamava bezerros pesados. A dúvida era: que raça usar sobre essa fêmea? Se se usava outra raça taurina, o bezerro com até 75% de sangue europeu não suportaria o calor, o manejo a pasto e a infestação de carrapatos. Se se usasse uma raça zebuína, se produziria um animal tardio. De um ano para cá, com o estouro no preço do bezerro, as fêmeas F1 voltaram ao radar das fazendas que praticam o cruzamento industrial, especialmente o que utiliza sangue de raças britânicas, como a Angus, cuja produção é abundante. Quais as vantagens? A primeira é que essas fêmeas podem ser entouradas ou inseminadas a partir de 12 meses de idade. A segunda é que, após desmamar a cria, podem ser vendidas para abate com peso acima de 15@ a preço de boi gordo e idade em torno de 30-34 meses. Para rápido entendimento: essa F1 seria uma “mãe de filho único”. Uma parte dos produtores que realiza a experiência de desafiar a novilha meio-sangue também acaba optando por segurar mais um pouco a F1 na fazenda, para que ela tenha uma segunda concepção (agora na condição de primípara). Nesse caso, a técnica requer maior atenção do pecuarista, pois, na fase adulta, a matriz meio-sangue é mais pesada do que a Nelore, sendo mais exigente do ponto de vista nutricional (sobretudo com bezerro ao pé), além de ne-
92 DBO abril 2015
Fêmeas F1 da Fazenda Brasil: bezerros tricruzados de alto valor agregado
cessitar de um controle parasitário mais rigoroso. Grande parte dos criadores, porém, ainda escolhe destinos menos desafiadores para a fêmea cruzada de Angus em relação à estratégia de desafio: sua venda logo após a desmama; permanência na fazenda para engorda (a pasto ou confinamento, ou ambos) até o abate; ou seu uso (próprio ou por terceiros) como receptora de embrião. O mais rentável – Criadores que já passa-
ram pela experiência de utilizar a F1 como “matriz de uma ou duas crias”, no entanto, garantem: a opção pela mãe de filho único é o modelo mais rentável, por garantir, quase que simultaneamente, dois produtos de alto valor agregado – um bezerro cruzado e uma vaca gorda precoce também com sangue taurino, atualmente alvos de desejo de qualquer frigorífico que trabalha com programas de fomento e qualidade da carne. Um dos projetos mais bem-sucedidos envolvendo o desafio reprodutivo de novilhas F1 para a produção de uma única prenhez é o realizado pela Agropecuária Fazenda Brasil – AFB, grupo que atua na pecuária de corte, com atividades de cria, recria e engorda (no cocho), além de agricultura (basicamente soja e milho) e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Na Fazenda Brasil, em Barra do Garças, MT, de 4.000 hectares de pastagens, o grupo desafiou 1.842 novilhas F1 (meio-san-
gue Angus) nesta estação de monta 201415, entre um universo de 3.051 fêmeas cruzadas (as outras 1.209 novilhas foram destinadas diretamente para engorda). Essas novilhas entraram em reprodução aos 12-15 meses de idade, por meio de IATF – Inseminção Artificial em Tempo Fixo – aplicada por uma ou duas vezes (ressincronização) –, seguida de repasse de touros. “O uso da novilha F1 na estação de monta nos garante a produção de um bezerro tricross (cruzamento triplo, que contém sangue de uma terceira raça além da base Angus x Nelore), ou seja, um produto de alto valor agregado, pois, normalmente consegue atender aos requisitos exigidos em programas de carne de qualidade, que pagam até 10% mais pelo valor da arroba. Além disso, em alguns casos, conseguimos vender essa vaca F1 pelo valor da arroba do boi mais 6% de ágio, destaca Rogério Fonseca Guimarães Peres, gerente de pecuária do grupo Fazenda Brasil, que começou a adotar essa estratégia a partir da estação de monta 201011, quando desafiou 469 novilhas meio sangue, de um total de 1.050 fêmeas F1. Em Barra do Garças, os bezerros gerados pela F1 são desmamados com 6-8 meses e suas mães vão diretamente para o con-
sangue surgiu há dois anos, quanfinamento, na própria fazenda, F1 COMO MATRIZ DE UMA CRIA SÓ do começamos a sentir a falta no onde permanecem por um períoVantagens Paraná de matrizes Nelore de boa do de 90 dias. “No ano passado, qualidade, para reposição. Como a gente abateu essas vacas mui- • Redução da idade ao primeiro parto em relação à Nelore, a partir do desafio reprodutivo de novilhas com 12-15 meses de idade o meu pai seleciona genética tauto pesadas, com 18-19@, aos 30parindo jovem, a F1 tem bom desempenho com bezerro • Maoesmo rina (Angus e Brangus) importa34 meses”, conta Peres. pé, sendo abatida pós desmame (caso de uma cria) com peso da da Argentina há muito tempo, Segundo o gerente, atualmenelevado (acima de 14@) decidimos, então, aproveitar este te, as novilhas F1 são insemina- Apresenta boa taxa de fertilidade, mesmo sem grande estratégias know-how, retendo também pardas com touros Bonsmara, raça • nutricionais, em torno de 70% te das F1”, conta Luly. composta taurina desenvolvida ma boa maneira de aumentar o número de matrizes na fazenda • Usem Hoje, de um plantel de 2.000 na çfrica do Sul, que, colocada necessidade de compra vacas mantidas na Fazenda Heem cima da meio sangue Angus- Aumenta o volume de abate da propriedade e o número de arrobas • -Nelore, resulta no tricross (F2). produzidas; além de produzir um bezerro, essa matriz registra ganho lena, aproximadamente 500 são meio-sangue, enxertadas, via “Escolhemos o Bonsmara por ser de peso considerável, sendo abatida com peso acima de 15@ e relativamente ainda jovem (30-34 meses) IATF, pela primeira vez com 16uma raça relativamente adaptada 18 meses, com peso médio em ao clima quente do Centro-Oeste • Aumenta a quantidade de animais cruzados na fazenda torno de 300 kg, com sêmen de e representada por criatórios sé- • Garante a produção de F2, animal tricross (cruzamento triplo), produto de alto valor agregado touros Brangus e repasse com rios e eficientes, além do fato de touros da mesma raça sintética. existir um programa de qualidaSegundo Rogério Peres, o entusias- Uma parte dos produtos gerados por essas de da carne já bastante consolidado no País, o Bonsmara Beef, que oferece bônus sobre mo da AFB é tanto com os resultados ob- matrizes é vendida em leilões, na desmama tidos nos últimos anos com o desafio da (8 meses) ou como garrote (até 18 meses). o valor da arroba”, justifica. A Fazenda Brasil utiliza sêmen de tou- F1 que o grupo elabora atualmente proje- Outra é engordada a pasto, em uma fazenda ros Bonsmara do criatório da selecionadora to para manter um plantel permanente de vizinha, a São Marcos, pertencente à família Clélia Brissac de Camargo Pacheco, dona fêmeas meio-sangue na fazenda, para pro- Barbero, e onde se planta soja consorciada da Fazenda Santa Silvéria, situada na re- dução não só de uma cria por vaca, mas de com capim, o que resulta em abundância de gião de Bauru, SP, e tem obtido excelentes três, quatro ou mais. “Para o nosso caso es- oferta de pasto durante o ano todo. “Abateresultados, como taxa parcial de prenhez de pecífico, como já temos ex57% na IATF. No repasse após a IATF, a fa- periência com o uso da F1 zenda usa touros Brangus nas novilhas F1, como matriz e uma demancom a relação de um reprodutor para 30 va- da fiel para este tipo de procas. “Nesse caso, praticamente mantemos duto de qualidade, acredito nos bezerros o grau de sangue da mãe”, diz que teremos grande sucesso o gerente de pecuária da Brasil. Os touros com essa empreitada”, afirBrangus pertencem ao próprio grupo AFB ma o gerente, acrescentando que o plantel mos essas meio-sangue bem pesadas, com e são criados no Rio de Janeiro (na Fazenda fêmeas de Nelore, de 15.796 cabeças, será 20-22@”, diz Luly, que também destaca a Mato Areal), região de clima quente e úmi- mantido nos níveis atuais, até porque ele é a liquidez na venda dos bezerros e garrotes base para a produção da meio-sangue. Mas, meio-sangue. “Há uma grande procura pedo semelhante ao de Barra do Garças. O uso da F1 como matriz traz inúme- afinal, o que impede de o projeto com a F1 los nossos animais ofertados em leilões, que ras vantagens aos criadores (veja quadro). não ser colocado em prática imediatamen- são vendidos a preços até 20% superiores Rogério Peres destaca a maior delas, em te?. “Só precisamos de espaço, ou seja, es- aos da raça Nelore”, compara. A fazenda Gruta Azul, em Dois Irmãos sua opinião: “Muito se fala, com razão, tamos estudando a obtenção de novas áredos benefícios da heterose nos machos as para colocação dessas fêmeas no pasto, do Buriti, MS, do criador Norberto Soares meio sangue, mas, na minha avaliação, a pois elas consomem mais forragem e, por Leite, é uma das propriedades que seguem maior vantagem para quem faz cruzamen- isso, é necessário trabalhar com taxas mais o modelo estratégico de produzir “duas preto industrial com Abeerden Angus é a pre- baixas de lotação em relação às utilizadas nhezes” com a mesma matriz meio-sangue, para depois vendê-la para corte. Faz bezercocidade sexual das fêmeas F1”, avalia o no rebanho de Nelore”, explica. ros tricruzados utilizando a raça SeEnquanto o grupo AFB ainda médico veterinário. nepol, por meio somente de monta O consultor Rodrigo Patussi Nascimen- faz novos planos estratégicos em renatural. Usa a ferramenta da IATF to, representante em Mato Grosso do Sul da lação à F1, a criadora Luly Barbeexclusivamente no rebanho NeloTerra Desenvolvimento Agropecuário, com ro, filha do cardiologista argentino re, de 6.000 cabeças, para produzir o sede em Maringá, PR, atesta que a novilha Miguel Lorenzo Barbero, já trabaanimal cruzado Angus. F1 é capaz de emprenhar aos 12-14 meses lha com um rebanho permanente de Segundo o gerente geral da com extrema facilidade, sem grandes estra- matrizes meio-sangue (cruza AngusGruta Azul, Lucas Miglioli, genro tégias nutricionais, ao passo que a fêmea -Nelore), mantidas na Fazenda HeNelore, em se tratando da maioria dos reba- lena, em Lupionópolis, PR, em áreas vizi- de Norberto Soares, primeiramente, a fanhos comerciais, entra em reprodução so- nhas às reservadas ao plantel de Nelore. “A zenda começou desafiando 600 novilhas ideia de formar um rebanho de vacas meio F1 de 12 meses, em 2012. A ideia inicial, mente com 22-24 meses.
Mães de “filho único” são desafiadas em precocidade e depois mandadas para abate.
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DBO abril 2015 93
Criação | Estratégia conta o gerente, era vender essas matrizes cruzadas logo após a desmama da primeira cria, com pouco mais de 30 meses de idade. No entanto, no meio do caminho, a Gruta Azul trocou de estratégia, resolvendo dar uma segunda chance de prenhez para a F1 que ficou cheia na estação anterior, pois, segundo Miglioli, eles observaram que essa fêmea, mesmo parindo jovem e com bezerro ao pé, continuou registrando bom desempenho de ganho de peso a partir dos dois anos de idade, oferecendo, assim, condições para uma segunda prenhez. “Em nossa conta, para justificar a manutenção de uma vaca no rebanho, ela precisa desmamar um bezerro com o mínimo de 50% de seu peso. No caso dessas matrizes cruzadas, verificamos que elas desmamam bezerros bastante pesados, superior a 250 kg, exatamente metade de seu peso”, conta. Porém, a opção de continuar com essa matriz no rebanho, após a produção de uma segun-
da cria, foi descartada pelo gerente geral. “Daí, ela ficaria muito pesada, com mais de 600 kg, e certamente não conseguiria desmamar um bezerro com peso acima de 300 kg. Sem contar que deixaríamos de vender essa vaca cruzada como precoce, pois ela já estaria com mais de 4 anos”, diz ele, acrescentando que pretende negociar as matrizes meio sangue de segunda cria com idade abaixo de 36 meses e peso acima de 16@. Neste ano, a Gruta Azul colocou em reprodução em torno de 1.100 fêmeas meio-sangue, entre novilhas (primeiro desafio) e primíparas (as novilhas desafiadas na estação passada, processo que resultou em taxa de prenhez de 66%). Toda a vacada é coberta com Senepol, por monta natural (relação de 1/30) para a produção do tricross. A maior parte da primeira geração de bezerros nascidos do ano passado, fruto das F1, foi vendida na desmama (7-8 meses). Uma pequena quantidade, cerca de 30 animais, ficou na fazenda, para ser engordada exclusivamente a pasto – estratégia que se revelou malsucedida. “No pastejo, o tricross registrou ótimo
ganho de peso, mas, notamos, que, somente com a forragem, não há como conseguir acabamento de gordura nesses animais”, garante Miglioli, que, a partir do erro, chegou à conclusão de que é necessário terminar esse tipo de animal no cocho, à base de ração, para que o produto não seja penalizado quanto à classificação de carcaça. Segundo Miglioli, a Gruta Azul já iniciou um projeto para a construção de um confinamento na fazenda, com capacidade estática para 3.000 cabeças, onde será engordado não só o tricross, mas vacas de descarte e matrizes meio sangue. “Estamos à espera da licença ambiental para erguer a estrutura de cocho”, afirma Miglioli. Como não é possível contar imediatamente com o uso do confinamento, a fazenda vai vender a maior parte da segunda geração de bezerros tricross, nascida em 2014, na desmama, em maio próximo. “Estamos ansiosos para começar a engorda dos nossos tricross no cocho, pois sabemos, que, se produzidos corretamente, proporcionam alta rentabilidade à fazenda”, destaca o gerente. n
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Raças | Senepol
Senepol passa por reavaliação do CAR Teste inédito no Brasil quer comprovar se a eficiência alimentar é a mesma em diferentes fases da vida do animal n Mônica Costa
monica@revistadbo.com.br
ara confirmar se as características de eficiência alimentar apresentadas por um bovino durante um período de prova se mantêm ao longo de sua vida produtiva, pesquisadores do Instituto de Zootecnia ligado à Agência Paulista de Tecnologias do Agronegócio (IZ/ APTA) em Sertãozinho, SP, em parceria com o Senepol 3G, marca do rebanho de elite da Fazenda Santa Inês, em Barretos, SP, decidiram avaliar o Consumo Alimentar Residual (CAR) de um grupo de tourinhos da raça Senepol duas vezes. Normalmente, as avaliações de CAR são realizadas em uma única fase, e em idade pré-definida. A ferramenta, chamada de “reranking”, servirá para reclassificar os machos nas mesmas condições do primeiro teste. “As reavaliações vão aumentar a nossa compreensão e consistência sobre o Consumo Alimentar Residual nestes animais da raça Senepol, e poderá ser uma oportunidade para a seleção de animais que mantenham a eficiência alimentar em idade mais avançada.”, explicou a pesquisadora Renata Helena Branco Arnandes, Diretora Técnica do IZ e coordenadora da avaliação. Um grupo formado por 40 machos com idades entre 10 e 12 meses foi submetido a duas fases de testes: A primeira, que incluía também 30 fêmeas contemporâneas, durou 98 dias e foi realizada entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015. A segunda etapa teve início 96 DBO abril 2015
Testes buscam maior acurácia nos resultados sobre eficiência alimentar
imediatamente após o término do primeiro teste em fevereiro, e será finalizada em maio de 2015, com mais 70 dias de avaliação. Ao final de 168 dias, os pesquisadores poderão constatar se aqueles animais que foram eficientes no teste pós desmama permanecerão eficientes em outras idades. “Essa pesquisa é inédita no país. Experimentos com essa temática foram conduzidos apenas com animais das raças taurinas e em centros de pesquisas australianos e canadenses” diz a diretora do IZ. Segundo Renata, há indícios de que o ranking dos animais avaliados pode ser alterado com o passar do tempo. “De acordo com a literatura foi observado 51% de reranking em fêmeas da raça Angus com a mesma dieta e condições nos períodos de avaliação”, continua. Para o médico veterinário Sebastião Garcia Neto, dono da Senepol 3G, a expectativa é de uma reavaliação com resultados positivos de seus animais, o que servirá como mais uma ferramenta de seleção do rebanho. “Queremos melhorar cada vez mais, e de forma mais econômica, nossa produção de carne, diz ele, informando que, a depender dos
Foto 3g sanepol
P
resultados, poderão ser adotadas mudanças nas técnicas de avaliação de eficiência alimentar na 3G. Calculado como a diferença entre o consumo observado e o predito, em função do peso vivo metabólico médio e do ganho médio diário, o consumo alimentar residual (CAR) é uma medida de eficiência que mensura as variações nos requerimentos de mantença, independentemente do ganho ou do peso. Animais com baixo CAR apresentam consumo observado menor que o predito, sendo, portanto, mais eficientes. O inverso ocorre com animais de alto CAR, ou seja, apresentam maior consumo observado do que o predito para o mesmo desempenho produtivo. Em media, os animais mais eficientes consomem aproximadamente 26% menos alimento, sem afetar as características de carcaça e desempenho. A variação no CAR, por si só, é associada às mudanças nas exigências energéticas de mantença dos ruminantes. Conforme o consumo alimentar aumenta, com o passar da idade, a quantidade de energia gasta para digerir o alimento também fica maior, em parte devido ao
ELGE 1872/CRI
LEILÃO
LEMGRUBER MS 100 touros Nelore PO
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PARA CARGA FECHADA.
Avaliados a pasto - Programa Embrapa/Geneplus e SAG/LB-FZEA/USP
12 MAIO 2015 20H30 (DF) TRANSMISSÃO:
LEILOEIRA:
REALIZAÇÃO:
(11) 2858.8655
PART. ESPECIAL:
(34) 3359.0201
Lote avaliado já apresenta elevada capacidade de ganho de peso. Expectativa é de que a característica se mantenha ao longo da vida
crescimento do tamanho dos órgãos digestivos e da energia gasta com a formação dos tecidos. De acordo com o resultado da primeira etapa do teste, existe uma grande variabilidade genética na raça Senepol. Nas fêmeas, o CAR variou de-2,0 a 1,64 kg de matéria seca por dia, o que significa que os mais eficientes são aqueles que tiveram CAR negativo, pois o consumo de matéria seca foi menor para mantença e ganho de peso em relação à média do grupo de contemporâneos. Já nos machos, a variação do CAR foi de-2,09 a 1,38 kg de matéria seca por dia. “Os resultados vão nos mostrar se há alterações consideráveis dentro desta variabilidade. Dado importante para a seleção genética da raça”, completa a pesquisadora. Um outro projeto, com fêmeas Nelore, aguarda liberação de recursos para iniciar a reavaliação do CAR a partir do segundo semestre deste ano. O lote, com 60 vacas foi submetido aos testes em 2013; No ano seguinte, 2014, foram inseminadas com material genético de touros que apresentaram o CAR negativo e voltarão para as baias de pesquisa do IZ em julho, quando entrarão no terço final da gestação e ficarão até janeiro de 2016. “Neste caso queremos verificar como se comporta o CAR em diferentes fases da vida de uma matriz”, completa Renata. Durante todo período do teste, foram reservados 20 dias para adaptação à dieta e instalação e 70 dias para avaliações, que incluía consumo individual de alimentos, pesagens quinzenais, medidas corporais, avaliações de carcaça por ultrassonografia e avaliações reprodutivas nas fêmeas. Nos 10 cochos individuais, os ani98 DBO abril 2015
Foto 3g sanepol
Raças | Senepol
mais se alimentavam à vontade, e foram divididos em dois grupos, machos e fêmeas, sendo que o arraçoamento foi realizado todos os dias às 9 horas e às 15 horas. A dieta de crescimento, formulada para um ganho médio diário de 0,9 kg por dia era composta por 60% de silagem de milho e 40% de concentrado Supripasto 20, fornecida pela Guabi, foi a mesma para todos os animais durante todo período de teste, sendo ajustada semanalmente após análises de matéria seca, para maior precisão nos níveis de garantia da dieta. Os dados são coletados pelo sistema GrowSafe®, cochos dotados de balança eletrônica e antenas, que identificam a presença de cada animal, e seu consumo. As informações são enviadas para um software do sistema, que reúne dados de consumo individual de alimentos, comportamento alimentar, além de elaborar gráficos sobre horários de frequência no cocho e compiladas posteriormente pelos pesquisadores. Além da eficiência alimentar, foram realizadas também outras análises, como as avaliações de carcaça por ultrassonografia, características morfológicas e de fertilidade e precocidade. Encerrado o teste no IZ, constatamos que as fêmeas e os machos obtiveram um ganho médio diário de 1,09 e 1,48 kg/dia respectivamente, resultado maior que o esperado de acordo com a formulação da dieta, mostrando que a raça Senepol tem um grande potencial para o ganho de peso. As fêmeas consumiram em média 9,51 kg de matéria seca para cada quilo de peso corporal; já os machos consumiram em média 8,22 kg de matéria seca para ganhar um quilo de peso corporal. n
500
VENTRES
Transmissão:
ELITE DA GENÉTICA MULTICAMPEÃ 19 / MAIO / 2015 20H30 • ALEGRETE/RS DURANTE A EXPOSIÇÃO NACIONAL DE RÚSTICOS HEREFORD E BRAFORD www.pitangueira.com.br • pitangueira@pitangueira.com.br • (55) 3433 2255
Leiloeira:
Raças | Notas Sêmen
Lagoa e Alta crescem acima da média As centrais de genética Alta Genetics, e Uberaba, MG, e CRV Lagoa, de Sertãozinho, SP, divulgaram, em março, os seus balanços individuais sobre desempenho no mercado de inseminação artificial em 2014. Ambas as empresas registraram taxa anual de crescimento acima da média do mercado, segundo informações de executivos das companhias. No mesmo mês, a Asbia – Associação Brasileira de Inseminação Artificial soltou o seu relatório final sobre o mercado de sêmen, que apontou crescimento de 4,5% no ano passado, em comparação com 2013, para 13,6 milhões doses (veja entrevista com o presidente da entidade, Carlos Vivacqua, na página 84). Segundo Heverardo Carvalho, presidente da Alta Genetics, o mercado brasileiro de inseminação artificial é altamente promissor, tendo muito espaço para crescer ainda mais. “Batemos mais um recor-
100 DBO abril 2015
de de venda de sêmen em 2014, vendendo 4 milhões de doses, o que representou aumento de 9% em relação ao volume obtido no ano anterior”, afirma Carvalho, citando os números da central de Uberaba. Ainda de acordo com o executivo, no primeiro bimestre de 2015, a companhia “cresceu 17% em doses vendidas e 23% em faturamento”, na comparação com igual período do ano passado. Por questões estratégicas, a central não divulgada o faturamento no Brasil. “Mas, em receita, em torno de 60% das vendas de sêmen são de corte e 40% de leite”, diz. Sem revelar detalhes sobre o desempenho no mercado, a CRV Lagoa informa apenas que “cresceu 6,4% em número de doses de sêmen comercializadas”, portanto, acima da taxa anual divulgada pela Asbia (4,5%). “O crescimento da CRV Lagoa em 2014 reforça nosso compromisso em continuar a melhorar a performance das fazendas de nossos clientes por meio da gestão inteligente do rebanho”, destaca Paul Vriesekoop, diretorpresidente da empresa.
Nelore I
Associação do Mato Grosso tem novo presidente O conselheiro da ABCZ Luiz Antônio Felippe é o novo presidente da Nelore MT. Natural de Piracicaba, SP, Felippe está há mais de três décadas no Estado e comanda um dos mais bem-sucedidos projetos de pecuária do Centro-Oeste do Brasil. Ele vai presidir a entidade pela terceira vez. Suas outras gestões foram as de 1998/2000 e de 2006/2008. Para a gestão 2015/2016, o desafio será buscar recursos, apoio e principalmente financiamento para que os criadores mato-grossenses – que possuem o maior rebanho do Brasil, com cerca de 28 milhões de cabeças – possam recuperar suas pastagens e investir em tecnologia. De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), mais de 2 milhões de hectares, ou cerca de 10% da área total de pastagens estão degradados.
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Raças | Notas ABS Pecplan
No caminho das Índias A ABS Pecplan, de Uberaba, econseguiu, no mês passado, autorização para exportar material genético para a Índia, depois de cinco anos de negociações de protocolos sanitários. Na primeira remessa, a central informa ter enviado 1.000 doses de sêmen de zebu brasileiro para o país indiano, considerado “o berço da espécie zebuína”. O embarque do material foi feito no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, SP, de onde seguiu para Nova Deli, capital indiana. Os produtos foram enviados para a ABS Índia, que fi-
Guzerá
Criadores paulistas avaliam animais por precocidade A partir da próxima prova de eficiência alimentar que está na 10ª edição e é realizada há três anos na Fazenda Perfeita União, de Pirajuí, SP, que pertencem aos irmãos Tonetto (Tarcisius e Vinicius), os criadores de Guzerá de São Paulo – Guzerá IT, Guzerá Rosalito, Guzerá HE, Guzerá Dordetti, Guzerá HCI e Guzerá AR – vão aprofundar a avaliação dos tourinhos por precocidade sexual. Os tourinhos que participam da prova de eficiência alimentar serão submetidos ao exame andrológico, aos 14 meses de idade. Na última prova, 20% dos animais avaliados produziram sêmen de qualidade, provando, portando, que já estão aptos à reprodução com essa idade. O exame
cará responsável pela comercialização do sêmen naquele mercado. “Foi um primeiro passo modesto, mas o mais importante foi a abertura de um mercado promissor para a genética zebuína de nosso País. Logo após o primeiro embarque já tivemos solicitação para prepararmos novas remessas”, conta o gerente de produção da ABS, Fernando Vilela Vieira, acrescentando que a Índia tem um volume de inseminações cerca de 10 vezes maior que o Brasil, atingindo mais de 120 milhões de doses/ano. Segundo Vieira, as 1.000 doses enviadas são de dois dos principais touros provados da bateria Leite Tropical andrológico complementa a seleção dos animais por avaliações fenotípicas por características de funcionalidade, prenhez das novilhas desafiada aos 14 meses e medição de perímetro escrotal aos 365 dias. “Estamos indo de encontro ao que o mercado está procurando em genética, que é um animal econômico, precoce e que produz carcaça de alta qualidade e bem acabada”, observa o médico veterinário Tarcisius tonetto, da Guzrá IT.
da ABS, Diamante de Brasília e Castelo TE Kubera, ambos da raça Gir leiteiro. “Apesar de ter sido o berço do zebu, a Índia não teve a mesma competência em fazer uma seleção como a que fizemos no Brasil; animais leiteiros foram cruzados com raças de corte e grande parte desta genética se perdeu ao longo do tempo”, afirma o gerente. A Índia ficou marcada na pecuária brasileira pelas exportações para o Brasil de grandes raçadores zebuínos na década de 60. De lá para cá, as compras de animais daquele país foram proibidas. Recentemente, foi autorizada nova importação da Índia, mas somente de embriões.
Nelore II
Raphael Zoller comandará a associação no Paraná A Associação dos Neloristas do Paraná já tem nova diretoria para o biênio 2015/2017. Eleita no dia 17 último, tem à frente o médico veterinário Raphael Zoller, da AgroZoller, que cria Nelore na Fazenda São Geraldo, em Curitiba, PR. Como vice, foi eleito Gabriel Garcia Cid, de Londrina, PR. Criada em 1990, a Nelore Paraná passa por uma forte reestruturação e Raphael Zoller diz que o seu desafio é resgatar criadores tradicionais que deixaram de levar os animais para as pistas de julgamentos.
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102 DBO abril 2015
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Raças | Notas Santa Gertrudis
Novilha e touro do futuro teve 25 participantes Realizado no dia 28 de março na Fazenda Pau D´Alho, em Tietê, SP, o 31º Concurso Novilha do Futuro contou com 25 concorrentes, 15 fêmeas e 10 machos. Os animais pertenciam a seis criadores de Santa Gertrudis: um do Rio Grande do Sul (Ruy Selbach Barreto) e cinco de São Paulo (Carlos Alberto Corrreia de Lima, Henricus Joseph Beckers, a Agropecuária Lagoa Dourada e Carson Zachary Geld, o anfitrião, e Antônio Roberto Alves Corrêa, atual presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Santa Gertrudis). O criador Luís Fernando Doneux Junior, da Fazenda Jatobá, de Itaí, SP, julgou o concurso. A campeã foi Jasmim UB, que pertence a Antônio Roberto Alves Correa, que foi comprada pelo criador Wladimir Alvares de Mello, do
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Concurso julgou 15 novilhas e 10 tourinhos. A novilha campeã foi Jasmim UB, da Fazenda União Buri, SP.
Sítio Malagueta, de Mairinque, SP. O campeão foi Toronto da Pau D’Alho, de Carson Zachary Geld. O tourinho é filho da matriz Bitoca, que, com sete anos e cinco crias, já fez uma novilha do futuro (Matilde da Pau D´Alho) e dois tourinhos do futuro (Toronto da Pau D´Alho e Capricórnio da Pau D´Alho). Apesar de fazer três dos seus cinco filhos campeões, Bitoca da Pau D´Alho nunca
pode participar do concurso. É que perdeu o rabo quando ainda era bezerra e o defeito – que lhe deu o nome de batismo (Bitoca) – a alijou do concurso Novilha do Futuro, criado pelo casal Carson e Ellen Bronsfield Geld em 1982 e que está na 31ª edição. Só podem participar novilhas de 13 a 24 meses que estão com prenhez confirmada ou com cria ao pé.
Pastagens | Consórcio
Feijão guandu para bovinos de corte Leguminosa pode ser plantada com capim e milho para a produção de silagem De campo grande, MS
E
le já vem sendo utilizado com sucesso na pecuária leiteira brasileira graças ao trabalho desenvolvidos pela Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP). Agora, estimulada por algumas experiências de pecuaristas do Centro-Oeste, a Embrapa Gado de Corte, de Campo Grande, MS, retomou, no final de 2014, pesquisas para colocar o feijão guandu como alternativa nutricional para bovinos de corte, tanto em sistema intensivo (cocho) quanto no extensivo (pasto). A iniciativa mobiliza equipe da Embrapa Gado de Corte e resgata estudos sobre consórcio milho/guandu e milho/guandu/braquiária iniciados há seis anos e interrompidos em 2010 “por problemas internos da empresa”, explica o pesquisaLavoura de milho consorciado com guandu dor Alexandre Agiova. Em dezembro de 2014 foi plantada uma pequena área de 3 ha con- grandes perdas de energia”, observa. O terceiro elemento (braquiária) sórcio de milho, capim piatã e guandu BRS mandarim. Em março deste ano, o surge nos estudos a partir do momento espaço foi aberto para visitação durante em que o guandu passa a ser utilizado da Dinapec 2015, a feira Dinâmica Pe- no pastejo de bovinos de corte (ainda cuária, realizada anualmente em Cam- não avaliado). “O capim permite um po Grande e que reúne experimentos e pasto de melhor qualidade e ainda ofetecnologias desenvolvidas por diversas rece cobertura de solo com formação de palhada, ideal para integração lavouraunidades da Embrapa pelo Brasil. Agiova crê na eficiência do sistema. -pecuária”, explica Agiova. “O guandu dá maior sustentabilidade ao consórcio, pois fixa biologicamente nitro- Ganho de peso – Segundo o pesquisagênio e melhora as condições de solo em dor, a retomada das avaliações foi eslocais com grande trânsito de máquinas, timulada por iniciativas de cultivo de como em áreas de plantio para silagem. guandu em propriedades particulares. Quando utilizado no volumoso, o guandu Agiova resume, por exemplo, resultaaumenta o teor de proteína na silagem sem dos obtidos na Fazenda Potira, em Bela
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Vista, MS (próximo da fronteira do Brasil com o Paraguai) e apresentados em março deste ano durante um dia de campo na propriedade: “Fui até lá e conferi. O proprietário fez dois tipos de silagem: de milho solteiro e de milho com guandu, as duas focadas para terminação de animais de corte – cruzados nelore/angus - em um período de 70 dias no cocho. Os animais tratados com silagem de milho com guandu ganharam 200 gramas de peso a mais (1,4 kg/animal/dia) do que o lote tratado com silagem de milho (1,2 kg/animal/dia), mantendo os mesmos níveis de concentrado no cocho. Na produção da silagem, o pecuarista usou a mesma estrutura de máquina, combustível e mão-de-obra, acrescentando apenas um saco de 10 kg de sementes de guandu por hectare (ha), o que significa um acréscimo de custo inferior a R$ 100/ha”. O proprietário da fazenda de 420 hectares, Jorge Gaete Ferreira Camargo, preparou silagem composta de aproximadamente 25% de massa de guandu e 75% de milho, obtendo, em cada hectare cultivado, uma média de 30 toneladas de silagem consorciada. “No cocho, foram ofertados 20 kg/animal/dia, totalizando 1.400 kg/animal ao final de 70 dias de engorda”, conta o pecuarista. Com estes números, Camargo consegue alimentar até 75 animais com um hectare cultivado, mediante um custo adicional de apenas R$ 100/ha (em relação à silagem pura de milho). “O retorno é muito grande”, admite o criador. “O consórcio guandu/milho permitiu a ele um ganho de aproximadamente meia arroba de carne por cabeça na enFoto Ariosto Mesquita
n Ariosto Mesquita
Pastagens | Consórcio gorda”, observa o pesquisador Agiova. Segundo ele, muita atenção deve ser tomada na proporção de cultivo entre guandu e milho, que é exatamente a parte do estudo já desenvolvida pela Embrapa. “No volumoso de milho puro, temos a silagem clássica, com 61% de NDT (energia) e 9% de proteína. Quando utilizo 10% de guandu, o NDT cai para 59% e a proteína sobre para 12%. Com 20% composto com a leguminosa, o NDT cai para 57%, mas a proteína sobre até 15%. Proporcionalmente o ganho proteico é muito maior do que a perda de energia. É mais 50% de proteína na silagem”, explica. Isso garante, segundo Agiova, economia para o criador: “Em um confinamento, se a carga de proteína no volumoso pula de 9% para 15% significa economia em farelo de soja”, completa. O pesquisador não recomenda níveis acima de 30% de guandu na formulação da silagem para não comprometer a oferta de energia. A pesquisa vai se concentrar a partir
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Alexandre Agiova, da Embrapa: com guandu, silagem com menos energia e mais proteína.
de abril em adequações de maquinário para plantio e colheita e em experiências sob pastejo em área cultivada na Fazenda Modelo, da própria Embrapa Gado de Corte, em Terenos, MS. “Utilizando de 20 a 30 cordeiros em pastejo, aplica-
remos os resultados obtidos na bovinocultura de corte”, diz. Além de Agiova, estão envolvidos nos estudos os pesquisadores Roberto Giolo de Almeida, Fernando Reis, Alexandre Romeiro e Rodrigo da Costa Gomes. n
Integração | Tecnologia
Santa Ana é nova opção para reforma de pastagens Sistema, lançado pela Unoeste em parceria com a Embrapa, permite produzir silagem e elevar capacidade de lotação a baixo custo. n Maristela Franco
maristela@revistadbo.com.br
A
Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), com sede em Presidente Prudente, SP, lançou oficialmente, em 13 de março, durante seu 2º Dia de Campo sobre Produção Agropecuária, o sistema chamado “Santa Ana”. Desenvolvido em parceria com a Embrapa, o novo sistema se destina principalmente a pecuaristas que precisam reformar pastagens e, ao mesmo tempo, produzir silagem. “A ideia é fazer ILP de baixo custo (e risco), utilizando máquinas que o pecuarista já possui na propriedade: trator, grade aradora ou escarificador, pulverizador e semeadeira. Com esse maquinário simples, é possível melhorar as pastagens e ainda produzir comida para o gado na seca”, explica João Klutscouski (o João K), pesquisador da Embrapa e idealizador do novo sistema, que leva o nome Santa Ana em homenagem a Ana Cardoso Maia de Oliveira Lima, fundadora e reitora da Unoeste. Durante o dia de campo, cerca de 120 produtores da região puderam conhecer alternativas tecnológicas para o cultivo de solos arenosos típicos do oeste paulista, frequentemente considerados impróprios para a agricultura. “Aos poucos, estamos quebrando esse velho paradigma”, afirma Edmar Moro, professor da Unoeste e um dos organizadores do evento, que contou com cinco estações experimentais e demonstração de máquinas. Nos canteiros, os produtores puderam ver 17 cultivares de soja adaptadas à região, 10 variedades de sorPasto e milho: após a colheita do cereal, pastagem é cercada para uso.
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go, consórcios dessas culturas com capim e guandu, além de pastos formados com Santa Ana. O sistema está sendo testado, em maior escala, na Fazenda Campina, propriedade do pecuarista Carlos Viacava, em Presidente Venceslau, SP, cujo projeto de integração DBO acompanha desde o ano passado, e na Fazenda Santa Brígida, em Ipameri (GO). Como funciona _
Simples e versátil, o Santa Ana permite a consorciação de capim com diversas culturas: milho, sorgo, milheto, girassol e guandu-anão, dentre outras. Antes de iniciar o plantio, é preciso calcarear o solo com antecedência, já que o corretivo demanda umidade para reagir. Não há uma fórmula pronta para o preparo do solo. Se o pasto estiver muito degradado, com sulcos de erosão, alta infestação de plantas daninhas e cupins, é melhor usar métodos convencionais. Se ele estiver relativamente limpo e nivelado, mas apresentar compactação pesada, pode-se usar o “matabroto”, equipamento munido de facas que cortam o terreno horizontalmente, a uma profundidade de até 40 cm, com revolvimento mínimo do solo. Se o adensamento for superficial (até 20 cm), basta usar um aerador. Não havendo compactação, nem falta de capim, pode-se dessecar a gramínea e fazer plantio direto.
O descompactador conhecido como “matabroto” foi criado para o controle de plantas invasoras, mas passou a desempenhar importante papel no Sistema Santa Ana, ao possibilitar preparo mínimo do solo, favorecer a incorporação do calcário, a infiltração de água e o desenvolvimento do capim, cujas raízes não são prejudicadas, pois o corte é feito em profundidade. Frequentemente, basta reforçar um pouco o banco de sementes da gramínea em superfície para se ter um pasto novo e produtivo. O implemento (apresentado no dia de campo da Unoeste), é boa opção para áreas com degradação mediana. Pode ser usado tanto por pecuaristas que desejam apenas reformar pastagens quanto por aqueles que fazem integração. Na Fazenda Campina, de Carlos Viacava, tem-se usado o matabroto para preparar as áreas destinadas ao plantio da soja de primeiro ano. “Dessecamos o capim e passamos o descompactador no terreno antes do plantio do milho, reforçando o banco de sementes da gramínea a lanço, quando necessário”, informa Juliano Roberto da Silva, gerente da Fazenda Campina. Depois de colhida a silagem, tem-se um pasto produtivo, que sustenta boa lotação na seca e ainda fornece grande quantidade de massa para plantio direto da soja na safra seguinte. “A produtividade de grãos nas áreas de primei-
Um dia você vai ter que proteger uma nascente. Agora, você pode fazer isso em um dia, em apenas cinco passos!
Combater a escassez de água vai muito além do simples ato de fechar as torneiras. Por isso, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) criou o Programa Nacional de Proteção de Nascentes. O programa tem como meta inicial, a proteção de 1.000 nascentes em áreas rurais de todo o Brasil, em 2015.
Saiba mais em:
Integração | Tecnologia
Produtores assistem à demonstração do equipamento descompactador conhecido como “matabroto” (acima)
ro ano de soja, quando trabalhadas previamente com o Sistema Santa Ana, tem sido maior”, informa Silva. Normalmente, as sementes de capim são distribuídas a lanço sobre a área e, na sequência, planta-se a cultura destinada à confecção de silagem (milho, sorgo, etc.), respeitando-se as recomendações técnicas de espaçamento, densidade e adubação. Havendo interesse em enriquecer o consórcio com leguminosas como o guandu-anão, suas sementes devem ser misturadas ao fertilizante. Convém dividir a adubação nitrogenada de cobertura em duas parcelas, aplicando-se a primeira no máximo dez dias após a emergência das plantas. A colheita da cultura principal deve ser feita no ponto adequado para silagem, mas, se o capim tiver crescido muito, pode-se prorrogar um pouco o corte, para equilibrar o teor de matéria seca do material, pois a gramínea contém muita água. Terminada a colheita, a área deve ser vedada por pelo menos 30 dias ou até atingir o ponto ideal de pastejo. _ Os resultados obtidos até agora com o Sistema Santa Ana são muito positivos. Segundo o zootecnista Paulo Claudeir Gomes da Silva, professor da Unoeste e responsável pela parte de produção animal da fazenda experimental da
Produção animal
108 DBO abril 2015
universidade, o pasto obtido após a colheita do milho para silagem sustentou 3 UA/ ha/ano (unidades animais por hectare/ano). O grupo de machos desmamados colocados na área, em agosto, lá permaneceram por 12 meses, com direito apenas à suplementação mineral. Ganharam entre 600 e 700 gramas/cabeça/dia no período, chegando em setembro com peso vivo de 502,5 kg aos 27 meses. Após rápida terminação em confinamento, foram abatidos com 19@. Já as fêmeas entraram na pastagem com peso médio de 201,14 kg e engordaram 529 gramas/cabeça/dia, alcançando 328 kg aos 15 meses, quando foram postas em cobertura. “A diferença entre um pasto reformado por meio do Sistema Santa Ana e o submetido à reforma convencional é enorme, tanto em produção de massa quanto em capacidade de lotação, por causa do maior aporte de fertilizantes. Isso é especialmente visível na seca”, diz Silva, que pretende acompanhar o comportamento produtivo da área até o quinto ano de uso. Na fazenda experimental da Unoeste, o sistema Santa Ana garantiu produção de 35 toneladas de silagem de sorgo, mesmo após a cultura ter passado por uma estiagem de 42 dias. Na Fazenda Campina, de Carlos Viacava, o sistema apresentou resultados semelhantes. A área escolhida para testar
o sistema alojava 1 UA/ha. Após a reforma, passou a sustentar 3 UA/ha, com ganho médio diário 650 gramas/cabeça/dia. Nessa propriedade, optou-se pelo plantio de milho, que forneceu 42 t de silagem/ha. _ Segundo João K, o que distingue o Sistema Santa Ana dos demais já lançados no País é seu perfil acessível. Não é preciso entender de agricultura para adotá-lo, o que lhe confere grande potencial de uso pelos pecuaristas. “Existem cerca de 100 milhões de hectares de pastagens degradadas no Brasil, 50% desse total em solos arenosos. Cerca de 10 milhões se encontram em São Paulo e Paraná, onde predominam pequenas e médias propriedades. Os veranicos comuns nessas regiões e o período de entressafra contribuem para a baixa produção animal. O Sistema Santa Ana pode ajudar a reveter esse quadro”, diz o pesquisador da Embrapa, ressaltando que os métodos tradicionais de reforma usados pelos pecuaristas são pouco eficientes, pois não evitam a degradação cíclica. “Já a integração”, pondera, “mantém a fertilidade do solo e ainda é sinérgica: produz-se mais grãos em áreas que permaneceram por algum tempo com pastagens e estas, por sua vez, tiram grande proveito do adubo fornecido à lavoura”. n
Perfil acessível
Pastagens | Cultivares
Matsuda lança uma de panicum e outra de braquiária A primeira é indicada para pastejo e silagem; a segunda, para pastejo, feno e palhada.
O
Grupo Matsuda, com sede em Álvares Machado, na região oeste de São Paulo, lançou mais duas cultivares de capins – uma de panicum e outra de braquiária. Segundo o coordenador do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Matsuda, o engenheiro agrônomo Alberto Takashi, os estudos que desembocaram nessas duas variedades começaram em 2009, com o plantio de diversos acessos que estão no banco de germoplasma da empresa e que devem culminar com o lançamento de outras duas variedades de forrageiras até o fim de 2015. Após a germinação, desenvolvimento e maturação dos capins, a equipe de pesquisadores da Matsuda, composta de seis estudiosos, analisou, minuciosamente, as características de cada acesso e foi separando as que tinham os perfis que a empresa desejava encontrar em plantas forrageiras tropicais. Segundo Takashi, o foco estava na maior tolerância do capim à seca. _ No grupo de acesso da família dos panicuns, da qual faz parte o colonião, a Matsuda selecionou a cultivar de Panicum maximum que foi batizada de MG12 Paredão, que, além de alta tolerância à seca, apresenta alta produção de forrageira, com folhas bastante compridas e largas, rebrota vigorosa, rápida e uniforme quando comparada ao mombaça. Como todos os panicuns, a MG12 Paredão é exigente em fertilidade do solo, apresenta touceira ereta e atinge de 1,8 a 2 metros de altura, tem boa digestibilidade (de 55% a 59%), pala-
Tolerante à seca
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A panicum MG12 Paredão tem alta tolerância à seca
tabilidade excelente, média tolerância ao frio, teor de proteína de 7% a 16% e potencial de produção de 30 a 35 toneladas de massa seca por hectare. Pode ser usado tanto para pastejo como para a produção de silagem. Além da qualidade forrageira, a MG12 Paredão tem uma característica _ a singularidade de sua pilosidade, também chamada de joçal _ que a faz ao mesmo tempo resistente à infestação de cigarrinhas e ao superpastejo. Esse capim apresenta presença de pilosidade densa e dura na base da planta e suave no talo e nas folhas, segundo o coordenador de Pesquisa da Matsuda. A maciça presença de joçal funciona como um antibiose, impedindo que as ninfas da cigarrinha se fixem
na base da planta e se desenvolva. A mesma pilosidade dura e densa na base da planta impede o superpastejo do capim, evitanto, assim, sua degradação. “A presença e a consistência do joçal faz com o que o animal pare de pastejar quando atinge a base do ca-
Testadas e aprovadas, cultivares foram selecionadas do banco de germoplasma da própria empresa. pim, preservando as condições de rebrota da forrageira”, observa Takashi. Batizada de MG13 Braúna, a nova cultivar da braquiária brizanta lançada pela Matsuda é uma opção para a braquiária ruziziensis como fonte de palhada em áreas de integração da agricultura com a pecuária, segundo Alberto Takashi.
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Pastagens | Cultivares Para ser dessecada, essa varidade de braquiária brizanta demanda em média 3 litros de herbicida por hectare, apenas um a mais do que a ruziziensis, enquanto o MG5, por exemplo, precisa de 5 litros, segundo o engenheiro agrônomo. Na comparação com a braquiária ruziziensis, a maior vantagem é sua qualidade nutricional. “Como forrageira, a braquiária ruziziensis é pobre. Foi ressuscitada como fonte de palhada para o plantio direto da lavoura de grãos em área de integração”, observa o coordenador do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Matsuda. Como forrageira, a MG13 Braúna apresenta tourceira decumbente (crescimento inicial prostrado), altura de até 90 cm, digestibilidade in vitro entre 51% e 53%, boa palatabilidade, teor de proteína de 8% a 12%, potencial de produção entre 8 e 12 toneladas de matéria seca por hectare, intenso perfilhamento e boa relação folha-caule e perfilhos finos, servindo, assim, para o pastejo e para produção de feno.
116 DBO abril 2015
Além da qualidade forrageira, a braquiária MG13 Braúna é uma alternativa à braquiária ruziziensis como fonte de palhada em área de integração.
É uma planta que exige solo de média a alta fertilidade, mas se desenvolve bem em terreno arenoso e, por apresentar crescimento prostrado, resulta em boa cobertura. A MG13 Braúna é altamente tolerante à seca e medianamente
ao frio. As duas novas cultivares foram testadas em várias regiões do País. As sementes estão sendo produzidas com revestimento, que utiliza polímetro e fungicida, que, segundo a Matsuda, facilita o plantio. n
Gestão | Financiamento
Bom para poucos Apenas uma pequena parte do financiamento público para ILPF chega ao produtor Mônica Costa
monica@revistadbo.com.br
E
mbora sejam a “menina dos olhos” do agronegócio, os projetos de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) não têm deslanchado, como se esperava, com subsídios públicos. Grande parte dos projetos em andamento é mantida com recursos dos próprios produtores, que acreditam na viabilidade da estratégia para aumentar o aproveitamento das terras integrando as várias atividades, mas não conseguem contratar os recursos anunciados pelo governo, que no ano safra 2014/2015 chegaram a cerca de R$ 9,5 bilhões. Os recursos são liberados pelo Banco do Brasil, que opera o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) e, desde 2010, também o FCO ABC (agricultura de baixo carbono), em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Para a safra 2014/2015 foram anunciados R$ 4,9 bilhões para investimento em agricultura de baixo carbono e custeio na aquisição de touros e matrizes. A outra fonte é o BNDES, que ofertou R$ 4,5 bilhões para o Programa ABC. Os recursos são direcionados para investimento e podem ser contratados por intermédio de bancos credenciados em todo o País. Dependendo do projeto, 30% do valor contratado podem ser utilizado para aquisição de genética. “A partir do próximo ano-safra poderemos contar também com a Caixa Econômica Federal, com a linha ABC-BNDES”, diz a consultora e zootecnista Maria Eloá Rigolin, diretora executiva da Produzoo, sediada em Ivinhema, a 300 km de Campo Grande, MS, e que presta serviços na execução de projetos de ILPF. “Se o produtor já trabalha com ex-
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abril 2015
A saga para a implantaçao da ILPF começa na contratação dos recursos
celência em uma das três áreas, ou consegue arrendar o pasto para a agricultura, por exemplo, reduz os custos com a instalação da integração e aumenta as chances de aprovar seu projeto”, diz Eloá. “Por meio de visitas, o banco monitora o projeto para confirmar se Como acessar as linhas de crédito u F azer o cadastro e o limite de crédito
de produtor rural na instituição financeira
u
Fazer uma consulta prévia sobre a intenção de negócio junto à instituição financeira u Elaborar a proposta/projeto técnico e de viabilidade econômica e entregar na instituição financeira
o plano apresentado está em andamento. Caso o produtor não comprove, com notas fiscais e da execução do trabalho, que as etapas estabelecidas estão sendo cumpridas, pode ter o contrato ressarcido e a obrigação de quitar imediatamente o valor já contratado”, avisa. “A ferramenta é fantástica. São várias linhas de créditos que contemplam a agricultura de baixo carbono com juros baixos e prazo para pagamento viável. Mas quem consegue acessá-las?” questiona Maria Eloá. Com 15 anos de experiência no segmento, a consultora estima que, de cada dez projetos que a Produzoo formata para acessar os financiamentos públicos, apenas três são aprovados. Para ela, falta conhecimento, de par-
Gestão | Financiamento te a parte. “Nosso primeiro desafio é o convencimento dos produtores, especialmente dos mais tradicionais, de que a tendência é a ILPF e de que haverá cada vez menos espaço para a monocultura”, aponta Maria Eloá, que atende produtores, pecuaristas principalmente, em Mato Grosso do Sul (Ivinhema, Ribas do Rio Pardo, Campo Grande e Angélica) e Paraná (Paranavaí e Diamante do Norte). “A outra ‘peleja’ é nos bancos”, continua. “A consultoria elabora a proposta e o projeto técnico de viabilidade econômica, com todas as garantias exigidas, e entrega a documentação na instituição financeira. A avaliação pode levar mais de 90 dias e, muitas vezes, a aprovação, quando é concedida, chega depois dos prazos viáveis para o início de um plantio”, argumenta. “Trabalhamos com uma atividade que depende do clima”, justifica Maria Eloá. Em 2014, a Produzoo obteve a aprovação de apenas um projeto de ILPF, após 20 meses de espera. Pouca informação - A integração é uma atividade multidisciplinar e que só vinga com o auxílio de especialistas em pecuária, agricultura e silvicultura e exige investimentos na casa de R$ 5.000 por hectare, estimados pela fonte financiadora. Este valor é utilizado para plantio da floresta (aquisição de adubo, mudas e equipamentos para sulcar o terreno); contratação de mão de obra; controle de formigas e adubação trimestral até o terceiro ano. Na agricultura, os recursos são direcionados para correção do solo, aquisição de sementes e mão de obra com o plantio. Na pecuária, para melhoria da genética com adoção de IATF, do manejo nutricional e do bem-estar. Além da dependência de técnicos e extensionistas capazes de formatar um projeto robusto e objetivo, ainda é preciso torcer para que o analista bancário, que vai receber este documento, entenda o projeto e aprove a liberação dos recursos, argumenta Maria Eloá. “Quando apontamos no projeto que a propriedade poderá produzir mais de 35 sacas de soja por hectare, os analistas, que aprenderam na faculdade que a média era de 15 sacas, nos acusam de superfaturamento”, explica. Para o engenheiro agrônomo Ronaldo Trecenti, da Campo Consultoria e Agronegócios, de Brasília, DF, o problema é a
120 DBO
abril 2015
Para quem quer contratar Planos Disponíveis
ABC/ BNDES
Recursos safra 14/15
R$ 4,5 bilhões
R$ 4,9 bilhões
Brasil
Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul
Taxa de juros
4,5% para beneficiários Pronamp. 5% para demais
4,71% com bônus de adimplência pode cair para 4%
Financiamento
Até 100% do valor dos investimento. Limite de até R$2 milhões/ano safra. por CPF, ou R$ 3 milhões/ ano safra se o projeto incluir implantação de floresta comercial1
Até 100% para pequeno, 95% para médio e 90% para grande produtor. Limite de até $ 20 milhões/ano safra por CPF ou grupo de CPF2
Regiões atendidas
FCO ABC
Carência
Até 3 anos, de acordo com o projeto
Até 3 anos, de acordo com o projeto
Prazo para quitação
Até 15 anos, de acordo com o projeto
Até 15 anos, de acordo com o projeto
(1) Apenas investimento. (2) Permite uso para custeio na aquisição de gado até mil cabeças, com carência de seis anos no máximo Fonte: Produzoo. Adaptado por DBO
falta de uma visão mais ampla das atividades integradas e das mudanças do mercado. “Tanto os extensionistas quanto os técnicos que trabalham nas instituições financeiras precisam passar por reciclagem. Muitos têm formação nas áreas de ciências agrárias, mas não acompanharam os avanços registrados na pecuária e na agricultura, por isso não acreditam na capacidade de o produtor alcançar índices tão elevados quanto os apontados em um projeto de ILPF”, diz Trecenti, que é um entusiasta da técnica e atua na área como consultor há mais de 20 anos. Desde 2010, quando o Programa ABC foi lançado oficialmente, nunca houve uma campanha maciça para informar o produtor sobre as vantagens das linhas de crédito voltadas exclusivamente para atividades que reduzam a emissão de gás carbono. Ações pontuais, como dias de campo, realizadas pela Embrapa e por consultorias especializadas, são as únicas ferramentas usadas para disseminação das informações sobre ILPF. “No Mato Grosso do Sul, a maior propagandista da ILPF sou eu”, brinca Maria Eloá. Segundo Trecenti, “de todo o recurso anunciado nestes anos, estimamos que nem 2% do valor tenha sido direcionado para marketing ou campanhas de capacitação”. Para desfazer este ponto de estrangulamento, o Banco Mundial liberou R$ 10 milhões do Fundo de Investimento Florestal (FIF) para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
e que serão destinados para o Projeto FIF ABC Cerrado, para investimento na capacitação de profissionais que atuarão na Região Central do Brasil, onde se concentra a maior parcela dos pastos degradados. “A injeção de recursos na formação de multiplicadores é fundamental para levar a informação correta para o campo e ampliar o uso da ferramenta”, completa Trecenti, que acaba de assumir a posição de consultor máster para ILPF no Senar do Distrito Federal, e será o responsável pela preparação de todo o material de suporte usado na capacitação. Outra iniciativa do BNDES é o programa Capacita ABC, que está formando 44 multiplicadores para atuar em 13 Estados - GO, MG, MS, MA, MT, RN, SC, RS, PA, TO, RJ e PE. “Nosso foco são os analistas bancários e os extensionistas. Estimamos que no primeiro ano o projeto alcance 1.200 profissionais que atuam em mais de 30 instituições bancárias que operam com crédito agrícola no Brasil”, informa Tiago Luiz Cabral Peroba, gerente responsável pelo suporte aos programas agropecuários dentro do BNDES. As primeiras turmas terão início em abril e, segundo Peroba, após o treinamento a expectativa é a de que o prazo para avaliação dos projetos seja reduzido para, no máximo, 30 dias. “Entendendo melhor cada fase do projeto, o analista poderá atuar mais como parceiro do produtor e assim aumentar o número de contratações”, diz. n
Enrico Ortolani
Professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP e pesquisador do CNPq. ortolani@usp.br
Tétano,
N
o mal assustador.
o decorrer da minha carreira vi muitos quadros simplesmente horripilantes. Destacaria alguns deles: bovinos comendo carcaças de outros animais, dando chance para o azar para terem botulismo; grandes tumores de pele em carne viva e extremamente malcheirosos; algumas bicheiras invadindo a barriga, uma queimadura com cheiro de churrasco torrado, entre outras situações que não vou narrar para não chocar o leitor e fazer com que pare de ler o artigo. Na “parada de sucessos” dos horrores, citaria as mais de duas centenas de casos de tétano aos quais atendi, a maioria em ovinos e caprinos, mas sem poupar também os bovinos. Atendi seis garrotinhos que tiveram tétano após a castração, feita com pouca higiene, alguns bezerros que não tiveram o umbigo curado, e vários bovinos com o quadro, após graves ferimentos na pele.
Os sintomas do tétano começam com o animal andando duro com as pernas dianteiras. Em seguida, os músculos da mandíbula se contraem, fazendo com que o animal cerre os dentes e contraia as bochechas, parecendo que está sorrindo da triste situação. Em pouco tempo, o enrijecimento muscular aumenta e faz com que o doente não fique mais em pé. A partir daí, é só “ladeira abaixo”. Já no chão, o animal estica de forma rígida suas pernas; o pescoço e a cabeça viram para cima. A palavra tétano vem do grego e significa estiramento. Qualquer barulhinho estimula o animal a ter tremores, acompanhados de convulsões prolongadas. A boca começa espumar, a respiração se torna barulhenta e alguns estufam a barriga e, em razão das intensas contrações musculares, a temperatura corpórea se eleva. Esse quadro pode durar alguns dias, até que mais de 90% dos enfermos morram
Sintomas –
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por parada respiratória. Seres humanos com tétano têm um quadro semelhante. É de arrepiar! Todo esse quadro é gerado por uma das toxinas mais poderosas da natureza produzidas por uma bactéria (Clostridium tetani) presente nas fezes de animais, em especial nas do cavalo. No solo, a bactéria permanece como se estivesse hibernando, na forma de esporo muito resistente, e assim resiste por vários anos. Tudo começa com a entrada da bactéria por meio da contaminação, com fezes ou solo, em feridas profundas na pele, no umbigo do recém-nascido, numa espetada de agulha infectada quando de vacinação ou aplicação principalmente de anti-helmínticos, penetrações de estrepe ou perfuração com fio de arame, picada de cobras, etc. A propósito, um amplo estudo com diferentes tipos de solos identificou que em até 40% dos casos foi encontrado o C. tetani. Dentro da ferida, a bactéria dormente fica à espera de uma oportunidade para se manifestar. Com ela, entram no organismo outros micróbios que mais rapidamente começam a infeccionar o local. Diferentemente do C. tetani, que precisa de um ambiente sem oxigênio para crescer, as outras bactérias necessitam de muito oxigênio e com isso a morte de tecidos inflamados diminui o ar no interior da ferida, dando chance para que o agente do tétano se multiplique. Esse processo dura de quatro dias a algumas semanas, com média de dez dias. A toxina é denominada de tetanoespasmina, que é absorvida pelos pequenos nervinhos do local, migrando até a medula. Se muita toxina é produzida, ela pode ir para o sangue e atingir o cé-
O processo –
rebro. Os nervos que saem da medula e chegam à musculatura são como pequenos fios de cobre interligados. Para que o estímulo nervoso (elétrico) percorra os fios é necessária uma substância que informe que o estímulo deve passar de um fio para outro, até fazer o músculo se contrair ou se movimentar. Para que o estímulo não seja permanente, uma outra substância bloqueia a passagem da corrente elétrica. Só que o tétano desativa essa, fazendo com que os músculos fiquem contraídos quase que continuamente. Depois que o quadro clínico já está evoluído, a eficiência do tratamento, à base de soro antitetânico e de certos super-antibióticos, é pequena. A preven-
Ao contrário do que se pensa, vacinar os bovinos é essencial. ção é a palavra-chave do sucesso. Alguns tratados veterinários não indicam a vacinação contra o tétano para bovinos, alegando que eles têm menor risco de contrair o mal. Balela, não vá nesta onda. Se você adotar a castração cirúrgica dos machos, o risco de surgimento da doença quadruplica. Assim, vacine os bezerros aos 3 meses de idade, revacinando-os 45 dias após. Vacas e touros devem ser revacinados a cada três anos. Animais adultos que tiveram cortes profundos na pele devem ter a ferida muito bem tratada, além da vacinação imediata contra o tétano. E você e seu grupo de trabalho na fazenda, como estão em relação à vacina do tétano? Mesmo pessoas que já foram vacinadas quando crianças só terão proteção se forem revacinadas a cada dez anos. Pecuaristas estão entre o grupo de risco da doença. Você não quer passar pelo mal assustador, não é? Tenha atitude e se proteja! n
Meio Ambiente | Mananciais
Fartura de água no campo Recuperação de nascentes é alternativa simples e barata para garantir água para consumo humano e animal nas propriedades rurais. n Renato Villela
A
redução no volume de chuvas nos últimos anos, em especial no Sudeste, tem provocado estragos e apreensão. Agricultores que perderam boa parte da última safra e não conseguiram quitar o financiamento bancário estampam uma das faces mais cruéis da crise, mas não a única. Pecuaristas que viram, angustiados, pequenos cursos d’água que abasteciam suas propriedades definhar, passaram apuros para matar a sede dos animais. A saída foi buscar alternativas. Uma das mais bem-sucedidas é a recuperação de nascentes. O produtor Alcides Borges de Oliveira, da Estância Garrafinha, em Capelinha do Barreiro, bairro rural distante 25 km de Uberaba, MG, sofreu com a estiagem. “Nos últimos dois anos, a situação se agravou tanto que deixei de usar alguns piquetes porque não tinha água para os bebedouros”, conta Oliveira, que engorda 200 novilhas meio-sangue por ano. “Fiz bolsões para reter a água da chuva, mas não adiantou.” A solução surgiu em um ciclo de palestras sobre recuperação de nascentes promovido pelo Sindicato Rural de Uberaba. A propriedade de Oliveira foi uma das escolhidas para a demonstração a campo da técnica, conduzida por Pedro Josino Diesel, técnico da Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel), no Paraná, especialista em recuperação de nascentes. A água da nascente chega por gravidade a um reservatório ao lado do confinamento. “São 3.500 litros por
dia, suficientes para manter cem animais.” Nascentes ou minas d’água são pequenas aberturas na superfície do solo por onde a água aflora. São “pontos de descarga” dos aquíferos, que armazenam água subterrânea. No meio rural, a água que brota das nascentes alimenta açudes ou represas, dando suporte à irrigação de culturas agrícolas, ao mesmo tempo em que abastece reservatórios utilizados para dessedentação dos animais. Em muitos casos, no entanto, a água das nascentes fica “perdida”, estancada em terrenos brejosos, onde acaba desperdiçada. “A água é como a circulação do nosso sangue, não pode ficar parada”, compara Diesel.
Para o técnico, é um equívoco sentenciar que toda área onde exista uma nascente, normalmente situada nas conhecidas APPs (áreas de preservação ambiental), deve ficar intocada. Às vezes, elas exigem intervenção humana. Por exemplo, quando ficam abaixo de áreas agrícolas onde não foram feitos tratos culturais adequados, como terraceamento ou curvas de nível, que minimizam a erosão. Como consequência, os olhos d’água são “entupidos” por sedimentos trazidos pelas enxurradas, assoreando as nascentes. Sem ter para onde “correr”, a água empoçada transforma o terreno num extenso lamaçal. “Nestes casos e em outros específi-
1. Remove-se parte da parede e retira-se a lama
2. Retira-se a lama até atingir o chão firme
3. Faz-se a barragem e instalam-se os canos
124 DBO abril 2015
Fotos: Renato Villela
Bem encaminhada: água potável aflora, para matar a sede de humanos e animais.
Sindicato Rural de Uberaba
cos, deve haver intervenção parte frontal da nascente, é construída com uma massa do homem, inclusive para feita de solo-cimento, miso futuro das áreas de pretura de terra de barranco servação permanente. Só com cimento. “Areia não é plantar árvores em APP não aconselhável porque a barresolve o problema da falragem pode não suportar ta de água. É preciso abrir a pressão de uma nascencaminho para que ela chete com grande potencial de gue a seu destino e abasteça produção de água.” O “traos mananciais.” Ciente de ço” _ proporção entre solo que se trata de um tema esO técnico Pedro Diesel explica, em Uberaba, MG, os procedimentos e cimento _ depende da pinhoso, por envolver a letextura da terra. “Se muito gislação ambiental, Diesel para fazer a recuperação de nascentes. “É fácil”, diz. arenosa, usam-se três portem procurado convidar representantes de órgãos ambientais e até mesPrática antiga e bastante difundida, o re- ções de terra para uma de cimento. Com um mo do Ministério Público para participar dos presamento da água das nascentes por meio solo mais argiloso, pode-se fazer a mistura encontros que promove com produtores ru- de paredes de alvenaria é desaconselhada. na proporção de cinco para um”, explica. À medida que a barragem é erguida, rais para ensinar a técnica de recuperação de “O risco de contaminação da nascente com nascentes. “Quero que eles entendam e se- urina e fezes de animais silvestres é grande”, vão sendo colocados os canos de PVC, jam parceiros.” alerta. Coberturas com tábuas de madeira ou que possuem diferentes diâmetros, de telhas do tipo Brasilit tampouco eliminam o acordo com a sua função. O primeiro deproblema. “Há sempre frestas por onde pe- les é de 4 polegadas e fica posicionado na Simples e fácil de fazer – Recuperar uma mina d’água é tarefa até que simples e quenos roedores podem entrar.” Além dis- base da barragem, rente ao leito da nasque custa pouco, pois requer materiais bara- so, restos de material orgânico, como fo- cente. O cano permanece fechado com um tos: pedaços de canos de PVC, mangueiras lhas e galhos, caem dentro da mina d’água e tampão, removido toda vez que se deseja de borracha e cimento. Para que a emprei- sua decomposição gera contaminação. Ou- esvaziar por completo a mina d’água. “É tada seja bem-sucedida, no entanto, é preci- tro inconveniente é que a pressão exercida o cano de limpeza da nascente”, explica. so seguir à risca um roteiro de tarefas. Em pelo represamento pode “sufocar” os olhos Uma camada de solo-cimento é depositaprimeiro lugar, é obrigatório fazer o procedi- d’água. “A nascente pode desaparecer dali, da sobre ele, percorrendo toda a extensão mento no auge da estação seca, que está no brotando em outro ponto onde não encontre da barragem. Logo acima é colocado um início este ano. Em segundo lugar, deve-se dificuldade para aflorar”, diz. O correto, por- cano de 3/4 de polegada, por onde se dará desassorear a nascente. Após a delimitação tanto, é desfazer estruturas que tenham sido a vazão da água que, levada por uma manda área, definida pelos “pontos de descar- construídas. “Não precisa quebrar toda a pa- gueira, abastecerá o reservatório. A “soga” da água que aflora, inicia-se o trabalho rede. Apenas a parte central, onde será cons- bra” de água, ou seja, o volume que ultrapassar a capacidade de vazão do cano de de limpeza da superfície com a retirada da truído o sistema de escoamento.” 3/4 de polegada sairá por dois canos de 1,5 terra e matéria orgânica. Na sequência, com o auxílio de ferramentas como enxadão e pá, Água que circula – Finalizado o trabalho polegada, posicionados 15 cm acima. “São remove-se a lama até encontrar o chão fir- de limpeza e desobstrução dos olhos d’água, os canos de ‘excesso’. A água que sair por me. Com as mãos, desobstruem-se os olhos parte-se para a construção de uma pequena ele cai na vala aberta e segue o percurso d’água, que normalmente brotam de orifí- barragem que será responsável por repre- até o seu destino”, explica. A recomendacios argilosos. Ao mesmo tempo, abre-se sar o volume a ser conduzido por um sis- ção é que a altura entre os canos e o fundo uma vala, ligando a nascente até o destino tema de canos de PVC, por onde se dará a da nascente não ultrapasse os 30 cm. “O vazão da água. A barragem, posicionada na segredo é não formar depósito, por isso o do curso d’água.
4. Depositam-se pedras no leito da nascente
5. Põe-se uma lona plástica sobre as pedras
6. Cobre-se a nascente com terra do barranco
DBO abril 2015 125
Meio Ambiente | Mananciais sistema de canos tem que ser baixo. A água brota da nascente e tem que circular.” Um último cano, novamente de 3/4 de polegada, é colocado na posição diagonal em relação à base da barragem. É o canal por onde será despejado um produto para limpeza e desinfecção da nascente, tarefa que deve ser executada de seis em seis meses após a conclusão da obra. “Coloque o desinfetante, deixe agir por alguns minutos e depois retire o tampão do cano de limpeza até esvaziar toda a nascente. Depois, repita a operação por mais duas vezes para garantir uma boa desinfec-
Lona protetora –
ção”, ensina Diesel. A etapa seguinte é forrar o leito da nascente com pedras, que terão a função de melhorar a filtragem da água. O mais indicado são as pedras “ferro”, cuja durabilidade é maior. O produtor pode usar as que tiver na propriedade, mas deve evitar pedras “macias”, que se esfarelam, pois, com o passar do tempo, elas tendem a se dissolver e entupir os canos de saída d’água. A penúltima etapa é cobrir as pedras com uma lona plástica, semelhante às utilizadas para vedação de silos. O plástico deve ser resistente, preferencialmente de 200 micras de espessura, para evitar que se rasgue com o desgaste. O objetivo da lona é proteger a
nascente, evitando que haja aterramento provocado por enxurradas contendo sedimentos de terra ou contaminação com agrotóxicos. O último procedimento é cobrir a lona com terra. Se for uma área de pastagem, é importante cercar para evitar a presença do gado, que pode pisar e quebrar o sistema de canos de PVC. Árvores devem ser plantadas a uma distância mínima de 6 a 8 metros de raio da nascente. “É para evitar que as raízes atinjam e furem a lona”, explica Diesel. Conforme legislação ambiental, a área circundante da nascente deve ser isolada em um raio de 50 m. Recomenda-se fazer análise da água para atestar sua qualidade.
Programa já recuperou 8.000 nascentes
126 DBO abril 2015
O presidente da Coopavel, Dilvo Groli(à esq.), comemora com produtores nascente recuperada número 8.000
rasse o projeto “Água Viva”. Criado em 2004, o programa atingiu, em setembro do ano passado, um total de 8.000 nascentes recuperadas. Boa parte desta conquista pode ser creditada à Unicoop (Universidade Coopavel), que capacita profissionais para recuperar nascentes nas propriedades rurais. Nos sindicatos, associações e
Foto Coopavel
Discursos de agradecimentos, aplausos, cumprimentos emocionados. Quando o agricultor Pedro Josino Diesel recuperou a primeira nascente, na comunidade de Cruzeirinho, em Matelândia, no sudoeste do Paraná, há quase 20 anos, não imaginava que sua iniciativa se tornaria um programa que se espalharia por todo o Estado e se disseminaria pelo Brasil. “Tínhamos uma nascente na comunidade que abastecia apenas três famílias. Depois que fizemos a recuperação, ela passou a atender dez”, recorda. A obra, apresentada num seminário sobre nascentes promovido pela Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) do Paraná, convenceu o então prefeito de Matelândia, Elmir Braguinha, a estender a técnica para outras regiões do município. “À época, o Conselho Municipal de Saúde detectou que 80% das nascentes da cidade estavam contaminadas. Conseguimos reduzir substancialmente os índices. Algumas nascentes, atualmente, abastecem sozinhas, mais de 30 famílias.” O trabalho desenvolvido em Matelândia chamou a atenção da Coopavel (Cooperativa Agroindustrial de Cascavel), que pediu ao agricultor que sua técnica – aprendida com a Emater e depois aprimorada – fosse apresentada aos cooperados. “Fui convidado para dois dias de atividade. Estou aqui até hoje”, diz. A expertise de Pedro Diesel permitiu que a cooperativa, em parceria com a Syngenta, elabo-
cooperativas visitadas Brasil afora, Pedro Diesel também costuma formar uma legião de “agentes multiplicadores”. Até mesmo a Internet ajuda na divulgação da técnica. Há vários vídeos no Youtube em que o especialista aparece ensinando como recuperar uma nascente. “É muito fácil. Qualquer um pode fazer.” n
O risco dos poços artesianos A perfuração de poços artesianos, intensificada nos últimos anos em razão da escassez de chuvas, tem preocupado Pedro Diesel. “Os produtores não se dão conta de que correm o risco de secar as nascentes da propriedade.” O especialista explica que a perfuração do poço reduz a pressão da água que aflora nas nascentes. No período chuvoso, o volume elevado de água “compensa” a pressão menor do aquífero, ao contrário do que acontece na época seca do ano.
“Parou de chover, as nascentes já começam a secar”, afirma. Segundo Diesel, a perfuração de poços deve ser a última opção, quando não houver alternativas. Nestes casos ainda assim cabe uma recomendação: compartilhar o uso da água com os vizinhos. “Um poço pode abastecer quatro a cinco produtores”, diz. Além de evitar o excesso de perfurações e eventuais danos às nascentes ao redor, a medida alivia o bolso, já que a perfuração de um poço pode custar até R$ 30.000.
Seleção | Angus
Foco na máxima rentabilidade
Aposta no animal equilibrado faz da FSL Angus Itu referência na venda de touros puros n Carolina Rodrigues carol@revistadbo.com.br
Em seis edições, Leilão FSL Angus teve 25 touros contratados por centrais de inseminação.
Q
uando optou por criar animais da raça Angus no interior de São Paulo, Antônio Maciel Neto sabia que precisava de resultados que lhe conferissem alta rentabilidade na pecuária. O motivo é muito simples: o berço escolhido para sua criação, a Fazenda São Luiz, fica em Itu, região metropolitana de Sorocaba, cidade distante 100 km de São Paulo. “O espaço era pequeno e a terra era cara, portanto, a fazenda tinha que ser economicamente sustentável”, diz Maciel, que além de pecuarista é presidente do Grupo Caoa Hyundai do Brasil (revenda de automóveis), e, por isso, sabe que a fazenda deve agregar valor, assim como todas as empresas que já dirigiu ao longo de seus 57 anos. Atualmente, a taxa de ocupacão média na FSL Angus é de três animais por hectare, um resultado obtido com investimentos no trato do gado, aliado à alta tecnologia de reprodução e forte aprimoramento genético. “Ser pecuarista em São Paulo exige valor máximo agregado por animal”. De acordo com a Scot Consultoria o preço da terra no Estado de São Paulo custa, em média, R$ 17.600 ha. No Norte de Mato Grosso, ela não chega a R$ 5.000/ha. Para o analista Alex Santos Lopes da Silva fazer pecuária no Estado significa manter-se ainda mais competitivo com a agricultura, e, principalmente, com a cana, do quem em outras regiões do País. “O pecuarista deve ter produtividade e planejamento. Do contrário, não sustenta seu negócio”, garante. Essa premissa Maciel aprendeu no longo trajeto como produtor de genética. No ano passado, ele anunciou uma parceria inédita com os pecuaristas Walter e Marcelo Catherino, em Itatinga, também no Estado, para incrementar o volume de touros produzidos por safra, sem precisar adquirir novas áreas. “O Angus vive um momento espetacular na venda de reprodutores e sêmen. Esse é nosso negócio e queremos incrementá-lo, contudo, utilizando as terras do vizinho”, brinca Maciel. A estratégia consiste em “alugar” o espaço para receptoras prenhas sexadas de 128 DBO abril 2015
Antônio Maciel Neto consegue manter uma taxa de ocupação de três animais por hectare em Itu, SP.
machos, porém, com assessoria técnica da FSL desde o nascimento até o momento de venda da progênie. Em contrapartida, os parceiros ganham um percentual sobre o valor de venda desses animais no leilão. “Queremos propriedades que possam reproduzir nossa genética, com os mesmos cuidados que temos dentro de casa”, diz Maciel. “O mercado reconhece e paga melhor por qualidade.” Até 2017, a intenção do criador é que 100% da produção obtida na parceria seja comercializada no Leilão FSL. A primeira safra de bezerros do projeto já está no piquete, sendo preparada para agosto. “Funciona como uma fábrica, não se perde tempo”, garante o criador. Reconhecimento – Desde 2009, a FSL promove um dos mais concorridos leilões de Angus do País. Em seis edições, o evento acumulou receita superior a R$ 14 milhões, dos quais R$ 7,1 milhões com a venda de genética. A fazenda adota como estratégia
apenas a oferta em leilão. Poucos animais são vendidos na porteira, a maioria por falta de caracterização racial ou algum problema que impeça a venda em pista. “Não vendemos animal na fazenda até o segundo sábado de agosto, data do nosso leilão. É um meio para agregarmos valor ao evento”, explica Maciel. No ano passado, o leilão engordou o caixa da fazenda em R$ 5,2 milhões, com média de R$ 16.000 por touros. No evento são vendidos dez lotes especiais, que são os melhores exemplares de cada geração. Esses animais são criados em piquetes de tífton, com suplementação especial em épocas regulares, e coroam o trabalho da FSL. Desde o início da grife, 25 touros foram contratados por centrais de inseminação, alguns ainda se encontram em coleta. Um deles, Oasis, grande campeão da Feicorte 2013, produziu 13.000 filhos em apenas cinco anos de vida. Maciel ainda possui reprodutores em serviço nos EUA e no Canadá, além da Argentina, onde mantém parceria com a Cabanha Três Marias, pertencente à família Gutierrez. “Esses animais ajudam a projetar a marca, contudo, nossa força de venda são os touros comerciais para cobrir a vacada Nelore.” O choque de sangue entre o Nelore e o Angus, que Maciel intitula como “casamento por interesse”, é o que fez a FSL in-
FIV e TE são as tecnologias de reprodução adotadas desde o início da criação, em 2001.
vestir no aumento da produção. “O cruzamento industrial é a solução para resolver o problema da qualidade da carne que tanto nos falta nas negociações internacionais, além de um atalho para maior rentabilidade”. Segundo ele, os ganhos adicionais na venda dos bezerros meio-sangue variam de R$ 200 a R$ 300 quando comparados com o bezerro zebuíno. “Qual pecuarista não quer ganhar mais pelo seu produto?”, pergunta Maciel, que negocia também animais meio-sangue nascidos a partir de seus touros no leilão de sua grife. Na última edição foram vendidos 3.500 bezerros de clientes, pela média de R$ 1.081. Maciel não descarta a possibilidade de explorar também o rebanho comercial em alguns anos. Atualmente, o plantel é fechado em animais PO, sendo 700 cabeças, incluindo receptoras. “Queremos fechar o ciclo, agregando do nascimento à terminação possivelmente em fazendas do Centro-Oeste, onde há espaço para fazer pecuária comercial”. Por enquanto, a FSL é fornecedora exclusiva de sêmen sexado de macho para o Programa Marfrig+, lançado em 2014, com o objetivo de produzir carne de qualidade, em alta escala, com animais oriundos de genética superior. “Estamos produzindo embriões comerciais, produtos de FIV de excelentes touros Angus com as melhores vacas Nelore”, diz. Seleção harmoniosa – Para chegar ao tipo de genética preconizada por programas de carne de qualidade, Maciel utilizou o que havia de melhor em criatórios nacionais e internacionais quando iniciou seu trabalho em 2001. Segundo o administrador da FSL, Dan Ariel Szmaruk, a busca sempre foi por animais de frame médio, bom ganho de peso, incluindo musculosidade e profundidade no biotipo. “Todas as dimensões do animal têm que ser harmoniosas para que ele deposite carne em todos os lados”, explica. “Partimos deste princípio.” Desde 2005, os acasalamentos ocor-
rem com orientacão de Francisco Gutierrez, dono da Cabanha Três Marias, da Argentina. São utilizados touros de linhagem americana, argentina e canadense, com alguns campeões nacionais na conta. Entre eles, FSL Fenômeno, grande campeão da Expointer, Feicorte e Avaré em 2013, além de FSL Avis, Império, Berriel e Vezúvio. Todos compõem o portfólio da Alta Genetics, de Uberaba, MG. “Utilizamos linhagens importadas para evitar consaguinidade no rebanho, mas sabemos que os touros nascidos no Brasil produzem uma progênie melhor adaptada quando comparados aos produzidos com sêmen importado”, diz Maciel. Embora faça parte do Promebo (Programa de Mehoramento de Bovinos) há dois anos, o criador atribui o sucesso de seu trabalho à seleção intra-rebanho. Nela, preconiza-se o uso de famílias que garantam um perfil produtivo aos animais, como volume de carcaça e destaque para a área de olho de lombo nos machos; e habilidade materna nas fêmeas. “Tudo é feito com base no genótipo, que é acompanhado desde o nascimento”, acrescenta Dan. Além dos testes de DNA realizados pela Zoetis a partir de um banco de mais de 15.000 touros nascidos no Reino Unido, Austrália, EUA e Brasil, e para mais dez características econômicas, a FSL realiza ultrassonografia de carcaça com uma empresa americana e, nos últimos quatro anos, também investe no teste de libido para os tourinhos jovens. A aposta tem dado certo. “Antes, o touro chegava na fazenda e demorava de uma a duas semanas para montar na vaca. Com isso, o comprador perdia tempo na estação reprodutiva”, lembra Maciel. “Hoje, o animal chega pronto para o serviço”. Maciel garante que todas as tecnologias que comprovem a eficiência dos touros são bem vindas na FSL. “O touro é uma máquina de fazer bezerros de qualidade e como toda máquina exige combustível, manutenção e cuidados. O Angus responde bem, desde que seja bem conduzido.” n abril 2015
DBO
129
Leilões | Balanço
Março arrecada R$ 27,7 milhões Queda de 10% na agenda de leilões não interfere no desempenho do mês, que é nivelado pela alta de preços. n Carolina Rodrigues carol@revistadbo.com.br
O
s remates de março com a oferta de bovinos de genética para carne totalizaram 39 eventos. Embora o número de leilões tenha caído 10% no comparativo com o mesmo período de 2014, o faturamento atingiu R$ 27,7 milhões, receita acima dos R$ 26,6 milhões apurados no anterior. No geral, as médias de preço foram maiores. As fêmeas encerraram o mês com o preço médio de R$ 8.339, valorização de 15% sobre março de 2014. O mesmo vale para os machos, que alcançaram preço médio de R$ 10.605, cerca de 40% a mais do que no ano passado. Os selecionadores de Nelore cumpriram uma agenda de 25 leilões realizados em todo o País. A oferta somou 2.016 lotes, 75% do volume ofertado, por R$ 19,2 milhões, 69% da renda. Dois deles foram bons exemplos da valorização de tourinhos: o Nelore do Golias, com média superior a R$ 35.000 no interior paulista (veja pág. 135); e o Nelorão do MS, com média de quase R$ 18.000 para animais tirados em Campo Grande, MS. Para Francisco José de Carvalho Neto, da Fazenda Arroio Sexto, um dos promotores, o preço do reprodutor começa, agora, a acompanhar a alta do boi. “Resgatamos o preço do touro, que estava abaixo da arroba desde o ano passado”. A tourada vendida no Nelorão ultrapassou 128 arrobas de boi gordo para pagamento à vista na praça de R$ 140, no dia do leilão (28 de março). De acordo com Banco de Dados DBO, o preço supera em quase 60% o preço dos machos comercializados na praça e a explicação, segundo Chico Carvalho, está na exigência cada vez maior por parte do comprador. “Hoje, todo mundo faz IATF e quem compra touro, compra para o repasse da vacada. E não 130 DBO abril 2015
ExpoNelore Avaré (SP) faz parte do restrito calendário de exposições agropecuárias
quer saber de animal sem qualidade.” Das praças que mais negociaram touros pelo País, o Mato Grosso do Sul foi a melhor. Em quatro leilões vendeu 119 machos, pela média de R$ 11.550. O Tocantins emplacou o segundo lugar, com outros 108 touros a R$ 9.064. Incluindo as fêmeas também aconteceram leilões em Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Sergipe. Boa parte desses Estados sediaram exposições agropecuárias. A maior delas foi a ExpoCerrado, a cargo da Associação Goiana dos Criadores de Nelore (AGN), que negociou, na capital do Estado, 211 animais por R$ 1,8 milhão entre os dias
Por dentro das pistas -
5 e 15 de março. Embora representem 25% das vendas do mês, o número de exposições que vedeu genética para carne foi menor em relação ao ano passado: caiu de oito para seis, com redução significativa na oferta de animais. Em março de 2014 elas negociaram 736 lotes pela fatura de R$ 5,8 milhões. Neste ano, fecharam em 489 lotes, uma redução de 33%. Em entrevista ao Jornal de Leilões, do Portal DBO, Moacir Sgarioni, presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP), entidade promotora da exposição agropecuária de Londrina, disse que o formato das exposições precisa ser repensado para que os criadores sejam novamente atraídos para a pista. “Hoje a pecuária é feita por empresários, gente que faz conta. E esse tipo de produtor sabe que os custos de seleção para pista são inviáveis. É necessário que as entidades de classe façam uma leitura real e deem respostas a quem ainda faz pista no País”. Marcada de 9 a 19 de abril, a Expo-Londrina contará com uma agenda de 17 leilões, apenas cinco para a venda de gado de genética fina. Há 10 anos, o total de leilões promovidos a cada edição era de 30 eventos, 90% para o comércio de elite. n
39 remates de bovinos de genética para carne Pistas de março registram média geral de R$ 10.469 Raças
Lotes
Leilões
Renda (R$)
Média
Máximo
Nelore
2.016
25 (2)
19.221.610
9.535
247.200
Senepol
245
5
6.016.340
24.556
90.000
Angus
131
3
587.710
4.486
24.000
Guzerá
124
3 (2)
1.123.780
9.063
38.400
Tabapuã
87
1
493.850
5.676
-
Charolês
29
2
234.380
8.082
9.120
Santa Gertrudis
23
1
118.440
5.150
-
Total
2.655
39
27.796.110
10.469
247.200
Critério de oferta.(-) Dados das leiloeiras Bahia, Central, Correa da Costa, Guarany, Lapa, Leiloboi, Leilosat, Programa, Rural e Remate Leilões. (-) Quantidade de remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Elaboração DBO.
LEILÕES OFICIAIS NELORE: mais força para a raça e mais valor para o seu negócio.
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LEILÃO ELO DE RAÇA 2015
04 DE ABRIL - 14H - CANAL RURAL GRUPO MONTE VERDE UBERABA/MG (34) 3338-7004 / (21) 3736-7090
04 DE MAIO - 20H - CANAL RURAL FAZENDA MATA VELHA, FAZENDA BALUARTE, CARPA SERRANA, ESTÂNCIA JM, JOSÉ CARLOS PRATA CUNHA, AGROPECUÁRIA VILA DOS PINHEIROS, HRO EMPREENDIMENTOS AGROPECUÁRIOS 81ª EXPOZEBU - UBERABA/MG (37) 2101-5566
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31º LEILÃO NOITE DOS CAMPEÕES
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anos
2015
1º LEILÃO CARTHAGO EMBRYO 1º Leilão
Embryo
14 DE ABRIL - 20H - CANAL RURAL GRUPO CARTHAGO SÃO PAULO/SP (11) 98482-0083
13º LEILÃO NELORE MAAB 07 DE MAIO - 13H - CANAL RURAL MARCO ANTONIO ANDRADE BARBOSA 81ª EXPOZEBU - UBERABA/MG (34) 3333-7788
16º REMATE & 8º TOP BABY DA COQUEIRAL RICARDO KÜHNI & CONVIDADOS 25 DE ABRIL - 13H RICARDO FREDERICO KÜHNI FERNANDES SAIRÉ/PE (81) 9962-2000
8º LEILÃO VIRTUAL NELORE PRIME 26 DE ABRIL - 14H - CANAL RURAL CARLOS ALBERTO MESTRINER E JOSÉ LUIZ URBANO BOTEON VIRTUAL (18) 3643-7005
2º LEILÃO NELORE BEKA NOVA IMPORTAÇÃO 02 DE MAIO - 20H - CANAL RURAL PECUÁRIA SELETIVA BEKA 81ª EXPOZEBU – UBERABA/MG (43) 3534-5280
06 DE MAIO - 20H - CANAL RURAL FAZENDA DO SABIÁ, FAZENDA GUADALUPE, FAZENDA TERRA BOA, EAO NELORE, IRMÃOS BARROS CORREIA E ORG. MÁRIO DE ALMEIDA FRANCO 81ª EXPOZEBU - UBERABA/MG (11) 3815-5706
1º ENCONTRO VILA REAL
1 Encontro
23 DE MAIO - 10H - CANAL RURAL AGROPECUÁRIA VILA REAL BROTAS/SP (34) 9161-0151
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Leilões | Balanço Raças Leiteiras
Liquidações pesam na conta Em 42 leilões realizados em março, a oferta de gado leiteiro rendeu R$ 16,6 milhões na comercialização de 4.027 lotes, à média de R$ 4.413, cotação puxada pelo Gir Leiteiro e Holandês, raças que atingiram as melhores médias do mês (veja tabela). Mesmo com a expectativa baixista para o início do ano, causada pelo excesso de produção e também de oferta, e baixa demanda dos produtos lácteos, março apresentou bom desempenho. As vendas ultrapassaram 2014, com ligeira alta na oferta de animais e também na receita. Os 3.230
Ovinos
e
Sete raças leiteiras passaram pelas pistas em março
Raças Girolando Gir Leiteiro Jersey Holandês Guzerá Leiteiro Jersolando Guzolando Total
Lotes 2.881 362 346 302 95 27 14 4.027
Quatro raças formaram o painel de vendas de ovinos e caprinos no mês passado. Divididas em cinco leilões, elas movimentaram R$ 826.560 no comércio de 395 lotes (média de R$ 2.093). A quantidade praticamente dobrou em relação a março de 2014, com renda 32% superior. O aumento se deu com mais intensidade na venda de fêmeas. Em 2014 foram negociados 128 lotes pela média de R$ 4.112. Neste ano saíram 325, porém, a preços em torno dos R$ 1.900, cotação pressionada pelas últimas fei-
lotes subiram para 4.027, com faturamento de R$ 16,6 milhões. No ano passado os remates movimentaram R$ 14,8 milhões. Mas, se olhados de perto, os números não são tão favoráveis quanto aparentam. Março contou com seis liquidações de plantel, que responderam por 35% do
Raças Corriedale Dorper Saanem Santa Inês Total
A raça Quarto de Milha pontuou o mercado de equinos em março. Foram 16 remates, que comercializaram 708 lotes (fêmeas, machos, embriões e aspirações) por R$ 28,4 milhões. Das sete raças à venda nenhuma foi tão onipresente. A Quarto de Milha foi produto de leilões em nove praças do País e tomou mais de 42% das vendas e 60% rendimentos. O segundo maior mercado ficou nas mãos dos selecionadores de Mangalarga Mar132 DBO abril 2015
Média 3.361 7.887 3.499 7.366 5.809 3.356 4.829 4.143
Máximo 10.560 39.000 21.600 39.000
movimento financeiro, quando sete liquidações realizadas em 2014 responderam por menos de 15% da receita. Ao se considerar apenas remates regulares, as vendas apontam estabilidade: 2.710 lotes ante os 2.529 lotes de 2014, com renda na casa de R$ 11 milhões nos dois períodos.
Ovinos e caprinos renderam R$ 826.560
Lotes 260 76 40 19 395
Leilões 1 2 1 1 5
Renda (R$) 145.200 441.360 101.040 138.960 826.560
Média 558 5.807 2.526 7.314 2.093
Máximo 16.080 16.080
Dados das leiloeiras Agreste, Leilonorte, Marília Programa e Tarumã. (-) Quantidade de remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Critério de oferta. Elaboração DBO.
ras de verão no Rio Grande do Sul. A média geral de vendas no Estado girou em torno de R$ 600. Apesar da pequena participação no bolo, a venda de machos também avançou em março, passando de 33 para os atuais 65 lotes, à média de R$ 2.797. O maior remate de fêmeas foi o 42_
Equinos
QM ganha em número e receita
Renda (R$) 9.681.810 2.854.940 1.210.620 2.224.540 551.880 90.600 67.600 16.681.990
Critério de oferta.(-) Dados das leiloeiras ASJ, Bahia, Business, Embral, Iraí, Leilopec, Minas, Programa, Remate e Resgate Leilões. (-) Quantidade de remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Elaboração DBO.
Caprinos
Quarteto movimenta R$ 826 mil
Leilões 31 (13) 15 (11) 2 (1) 6 (2) 3 (2) 2 (2) 1 (1) 42
Raças Quarto de Milha Mangalarga Marchador Crioulo Campolina Pampa Mangalarga Árabe Total
Meia Lã, realizado na Expofeira de Jaguarão, cidade gaúcha na fronteira com o Uruguai. De lá saíram 211 fêmeas pela média de R$ 393. No quesito preço, o destaque coube ao 3_ Leilão DNA Sergipe, durante a Faese, em Aracaju, que negociou 15 lotes, pela média de R$ 7.632.
Leilões de equinos somaram 1.704 lotes Lotes 708 388 312 86 84 76 50 1.704
Leilões 16 14 9 3 2 3 1 48
Renda (R$) 28.485.860 9.392.910 5.932.500 897.740 1.220.680 867.680 431.250 47.228.620
Média 40.234 24.209 19.014 10.439 14.532 11.417 8.625 27.716
Máximo 1.131.000 465.000 175.000 27.280 38.480 22.800 42.000 1.131.000
Dados das leiloeiras Agreste, Bahia, Business, Cambará, Criar, Leilonorte, MBA, Mape, Premier, Programa, Pupio, Star World, Taquarí, Trajano e Três Barras. (-) Quantidade de remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Critério de oferta. Elaboração DBO.
chador, vendido apenas nos remates virtuais. A raça respondeu por 23% da oferta e
20% da receita total de março, fechada em R$ 47,2 milhões na venda de 1.704 equinos.
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Direto da pista... Em entrevista ao Jornal de Leilões, o presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Moacir Sgarioni, fala sobre o atual momento das exposições de elite em todo o País. Segundo ele, é necessário repensar o modelo dos eventos, pois os altos custos de produção e manutenção de rebanho tem reduzido o número de animais em pista.
Acontece ✔ ExpoLondrina (PR) abre o
circuito de feiras tradicionais pelo País
✔ Araxá que manter
protagonismo em genética leiteira do Estado mineiro
✔ Exposição de Vitória da
Conquista eleva agenda de leilões no Nordeste
✔ Paranaense Efapi é ponto
de venda para reprodutores de raças taurinas
Análises e balanços n Exporã tem queda de 4%
na venda de genética Gado comercial foi a única categoria que fechou em alta em Ponta Porã, MS
n Valorização da arroba alavanca
vendas em Umuarama, PR Touros, equinos e gado geral movimentaram R$ 4,6 milhões
n Avaré perde fôlego no calendário
Exposição de Nelore cai de quatro para dois leilões, sendo um de Angus
n Expo Cerrado reduz número de
eventos pela metade Mostra em Goiânia (GO) registra faturamento de R$ 1,8 milhão
n Feiras de Verão arrecadam R$ 4,7
milhões Exposições de ovinos no Rio Grande do Sul ofertam de 12.066 lotes
Coluna JL Padrão racial “Atualmente existem diversos incentivos ao uso do cruzamento industrial, principalmente em premiações em dinheiro. Mas, quem faz cruzamento não faz melhoramento genético. É preciso muito cuidado para não tucurizar o Brasil”, Carlos Viacava, CV Nelore Mocho Mercado estratégico “A cidade de Avaré, SP, se tornou uma região estratégica para o mercado de Angus. As feiras realizadas no município reúnem centenas de criadores do eixo Sudeste-Centro-Oeste mostrando que a funcionalidade da raça adaptada ao clima tropical “, José Roberto Pires Weber, Associação Brasileira de Angus. Zebu brasileiro “O Tabapuã trouxe peso, docilidade e precocidade ao trabalho que fazemos no Pará. Não é melhor que o Nelore, que é a base da pecuária brasileira, mas me dá um ótimo cruzado com ele”, Murilo Coelho, Fazenda Santa Lúcia, Grupo Cabo Verde.
Raio X O Jornal de Leilões divulgou em julho os resultados de 133 leilões das raças bovinas de corte e leite e ovinos. A movimentação
financeira foi de R$ 92,5 milhões para 8.781 lotes, entre machos, fêmeas, prenhezes, aspirações e coberturas.
abril 2015
DBO 133
Leilões | Rumos do Mercado Conversa rápida com
João Arantes Neto Na virada do ano 2000, Júnior Arantes testou em seu rebanho comercial, no interior do MT, o sêmen de touros de uma raça senegalesa chamada Senepol. Os resultados deixaram o criador animado e ele não poupou esforços para trazer a raça para o Brasil. Em comemoração aos 15 anos da chegada do Senepol ao País, a Nova Vida promoveu o Leilão Mega 100, levando à venda 84 lotes por R$ 1,5 milhão. Em conversa com a DBO, o herdeiro do criador, João Arantes Neto, conta um pouco dessa história. Como surgiu o Mega 100? Aproveitando o bom momento da raça, resolvemos fazer um leilão no 10 trimestre que escoasse boa parte da nossa produção e atendesse a todos os perfis de pecuarista, desde os que trabalham com cruzamento industrial aos que selecionam rebanho puro. Cerca de 60% dos compradores são novos investidores. No papel de pioneiro, como é ver a expansão do Senepol no Brasil? O ano passado mostrou a consolidação raça no País. O Senepol consegue cobrir fêmeas a campo no calor do Brasil Central e está sendo usado por um número cada vez maior de pecuaristas. Não é uma onda passageira. Qual a situação do rebanho nacional em relação a outros países? Tenho atuado como diretor na associação americana de Senepol (SBCA) e observado que o trabalho dos criadores brasileiros é referência mundial. Prova disso é que, em um leilão da Nova Vida, em 2014, pecuaristas de cinco países da América Latina formaram um condomínio e fecharam a compra de diversos lotes. Como será a agenda da Nova Vida para 2015? Este foi o primeiro de quatro remates que pretendemos realizar neste ano. O comemorativo de 15 anos do Senepol no Brasil deve ser realizado em novembro, em Uberlândia, MG, onde também participaremos. 134 DBO abril 2015
Expozebu conectada ao PMGZ Mostra abre espaço para as avaliações genéticas e vende produção na elite de Uberaba, MG n Carolina Rodrigues carol@revistadbo.com.br
D
e 3 a 10 de maio, a Expozebu, em Uberaba, MG, mostra voltada para o comércio do topo da seleção, com viés em famílias consagradas, abre espaço também para a venda de animais avaliados. A agenda de 34 leilões contará com o reforço da oferta de animais avaliados pelo Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ), que, depois de 30 anos sob os cuidados do Centro Técnico de Avaliações Genéticas, passou a ser processado exclusivamente pela equipe técnica da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ). As mudanças ocorreram no ano passado e foram anunciadas na ExpoGenética, também realizada no Parque Fernando Costa, em Uberaba, MG. Da agenda prevista, uma boa parcela trabalhará as avaliações genéticas como enfoque do seu leilão. Claudio Sabino Carvalho Filho, herdeiro da grife Naviraí, é promotor de um deles. Nos últimos três anos, o criador tem negociado fêmeas de produção bem avaliadas pelo PMGZ, com destaque para os índices de habilidade materna. Também são utilizados como critérios de seleção o ganho de peso ao ano e as informações de perímetro escrotal dos touros. “As doadoras serão sempre os produtos mais cobiçados da Expozebu, mas, hoje, é cada vez maior o número de leilões na Expozebu interssados em mostrar dados e muitos vendem pista e avaliação juntos.” Somente no ano passado, dos 18 leilões de genética para a produção de carne, sete venderam fêmeas de produção, bem avaliadas, por médias abaixo de R$ 20.000. Segundo criadores, o preço não é barato, mas é uma “barganha” quando comparado a eventos como o Noite dos Campões e o Elo da Raça, ambos com preço médio em torno dos R$ 400.000. Gerente comercial do PMGZ, Cristiano Botelho garante que a discussão sobre o melhoramento genético está presente onde se reúnam criadores e isso vale também para pistas do porte da Expozebu. “A exigência do mercado por avaliação genética não é
Na Expozebu, interesse cada vez maior em mostrar dados de avaliação.
uma exclusividade da ExpoGenética. Esse é um movimento de mercado e não contrapõe a pista, pelo contrário, a complementa.” Além da Naviraí, vendem animais de produção avaliados na mostra mineira a Fazenda do Sabiá, a Agropecuária Perboni e a Nelore Maab, entre outros. – Desde que passou para a supervisão direta da ABCZ, o PMGZ adotou um novo conceito de atendimento que visa melhorar a comunicação com os produtores e, consequentemente, o acompanhamento técnico da propriedade. O programa foi “dividido” em seis regiões brasileiras, cada área com um supervisor, que acompanha desde a visita do técnico, aos seus apontamentos e o feedback do produtor sobre esse trabalho. As mudanças têm sido anunciadas em um circuito itinerante de palestras pelo País, que já passou por Araçatuba (SP), Recife (PE), Campo Grande (MS) e Cuiabá (MT). A etapa de Uberaba ocorrerá em setembro e encerrará o ciclo. n
Reformulação
Um dia para o gigante Golias
Projeto de resgate da linhagem do genearca do Nelore reúne 1.300 pessoas no interior de São Paulo n Alisson Freitas
alisson@portaldbo.com.br
F
ábio Almeida Filho recebeu cerca de 1.300 pessoas na Fazenda Água Branca, em Birigui, SP, para o Dia de Campo da Nelore do Golias, realizado em 7 de março. A programação do evento contou com palestras relacionadas a melhoramento genético e apresentação da progênie de animais da linhagem Golias, um dos principais genearcas da raça Nelore, procedente importação de 1962. Também foi realizado um leilão que negociou 22 reprodutores pela média de R$ 35.891, equivalente a 249,2 arrobas, e seis fêmeas por R$ 29.400. Fábio Almeida inciou o projeto Nelore do Golias no início dos anos 2000, em Santo Antônio do Aracanguá, SP, onde já criava Nelore há aproximadamente uma década. Em 2008 ele recebeu o reforço do Condomínio Teles de Menezes, e levou todo o rebanho para a Fazenda Água Branca, a cinco quilômetros de Araçatuba, no noroeste de São Paulo. “Resolvi resgatar a genética de Golias por ser
C
Animais da linhagem de Golias foram apresentados
uma linhagem subutilizada na pecuária brasileira, capaz de gerar ótimas DEP’s de peso de carcaça quente, área de olho de lombo (AOL), marmoreio e maciez”, explica. Para reforçar o foco nessas características, todo o rebanho possui avaliação de carcaça e qualidade de carne formulada pela zootecnista Mariam Bonin, da USP de Pirassununga, com base nos serviços da Aval, DGT Brasil e Proimagem. O plantel também participa dos programas de melhoramento Nelore Brasil, da ANCP; Geneplus, da Embrapa, e PMGZ, da ABCZ. “Aprendemos a
olhar o boi de dentro para fora e esta tem sido a diferença do nosso trabalho”, diz Almeida. Atualmente, são produzidos cerca 350 touros por safra, que chegam a ter quase 50% da genética de Golias. Deste total, aproximadamente 93% são negociados em vendas diretas na fazenda e apenas 7% vão para o leilão anual da grife. Embora pouco usual, a fórmula agrada ao titular da marca. “Não sou de promover leilões, mas reconheço a sua importância. Muitos criadores desejam adquirir a nossa genética e esta é a melhor forma n de fazê-lo”, conclui Almeida.
Mercado de leilões perde Edson Verdó Faleceu, em 19 de março, vítima de um infarto, aos 60 anos, Edson Toledo Verdó, proprietário da Verdó Leilões, tradicional leiloeira especializada na venda de gado de corte em Bauru, SP, e região. Ele foi sepultado no dia 20, em Iacanga, a 50 km de Bauru, cidade onde Verdó nasceu.
A Verdó Leilões foi fundada em 2001 e especializou-se na venda semanal de bovinos de corte para cria, recria e engorda. A leiloeira foi responsável pela organização de todos os leilões de elite da ExpoBauru de 2002, uma das principais mostras locais. O empresário deixa a esposa, Silvânia, e o filho, Lucas.
VR faz história no Tocantins
onduzida por José Carlos Prata Cunha, da VRJC, um dos herdeiros do saudoso Torres Homem Rodrigues da Cunha, a grife VR desembarcou no Norte do País em 1978, adquirindo a Fazenda Triângulo, em Muricilândia, destinada a cria, recria e engorda de animais. O primeiro remate ocorreu em 1996, com o objetivo de escoar a produção de touros das Fazendas Fortaleza, em Valparaíso, SP, e Araputanga, em Tangará da Serra, MT. Em 20 edições, o leilão
vendeu 1.511 reprodutores por R$ 10,2 milhões nos últimos 20 anos, perfazendo 13% da oferta e 17% do faturamento total do mercado de touros regional. O último da conta ocorreu em 15 de março e comercializou 108 animais pela média de R$ 9.106, em Araguaína, no extremo leste do Estado. O valor ultrapassou 72 arrobas para pagamento à vista na praça (R$ 125/@). Segundo o Banco de Dados da DBO, o preço supera em quase 4%
os R$ 8.785 para 76 lotes do Leilão Dalben, em junho do ano passado, e destaque de preço em 2014. n abril 2015 DBO
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Direito e Legislação
por
Augusto Ribeiro Garcia Jornalista e advogado agrarista ar.garcia@outlook.com
O novo Código de Processo F
Nova lei leva Judiciário à era tecnológica para acelerar tramitação das ações, inclusive para a atividade rural.
oi sancionado, no dia 16 de março, o novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105), prometendo fazer uma verdadeira revolução no Judiciário no que diz respeito à tramitação dos processos. Uma série de inovações serão introduzidas pela nova lei. A principal delas é o processo digital eletrônico, que, embora a lei específica já esteja em vigor há mais de dois anos, ainda não foi instalado em todas as comarcas do Brasil por pura falta de estrutura. O processo digital acaba com a papelada que até hoje abarrota as prateleiras dos fóruns de todo o País. É a tecnologia a serviço do homem, praticamente acabando com serviço manual. Com isso, para acompanhar um processo, o advogado não precisa mais se deslocar de seu escritório para ir ao fórum. Conclusão: todos ganham tempo e reduzem despesas. Conciliação _
Até esta já nossa velha conhecida será posta em ação. Para alcançar esses objetivos, nenhuma ação será ajuizada sem antes ser realizada audiência prévia para a tentativa de conciliação. Caso as partes cheguem a um acordo, o conciliador (pessoa de confiança do juiz, nomeada para essa função) lavra o termo do acordo, que vai assinado por ele e pelas partes litigantes e é homologado pelo juiz. Entretanto, não se obtendo êxito nessa audiência, a solução do conflito só ocorrerá pela via judicial.
_ A arbitragem, também chamada de juízo arbitral, é uma modalidade de justiça privada, criada para dar maior celeridade à solução dos litígios. Sua introdução no sistema jurídico brasileiro se deu pela Lei nº 9.307, em vigor desde 1996. É uma alternativa para quem deseja fugir dos trâmites processuais complicados da cara e morosa Justiça comum. Ela se propõe a solucionar com rapidez e economia os litígios no mundo dos negócios. Juízo Arbitral
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Além da celeridade, ela tem baixo custo operacional e dá liberdade às partes litigantes de escolher as regras que nortearão o "julgamento" do litígio. Entretanto, ela só pode ser aplicada para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. Isso quer dizer que são excluídas de seu raio de ação questões de natureza criminal e, na área cível, as relacionadas com os direitos indisponíveis. Neste rol se incluem os direitos pessoais, de menores, de incapazes, de ausentes e os onerados com qualquer gravame. E poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes, que podem escolher livremente as regras de direito que serão aplicadas na solução do litígio, desde que não haja violação dos bons costumes e da ordem pública. Poderão também convencionar que ela se realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio. Como se vê, a lei dá ampla liberdade de ação para os contratantes resolverem os litígios oriundos de seus negócios, indicando até as formas processuais. Na Justiça comum, o juiz "julga" segundo os ditames da lei específica existente. Na arbitragem, o árbitro "arbitra" de acordo com as regras que as partes elegem de comum acordo. Na Justiça, as partes não podem escolher o juiz e nem as leis aplicáveis à matéria. Na arbitragem, podem escolher um ou mais de um árbitro. Os árbitros que as partes escolhem são especializados na matéria que está em litígio. Embora possam ser pessoas de sua confiança, o normal é que integrem os quadros de uma entidade afim. Uma decisão tomada por um árbitro ou por um tribunal de arbitragem tem plena validade, como uma sentença judicial. Depois de publicada, sequer pode ser submetida à apreciação do Poder Judiciário, que a partir de então perde a sua competência jurisdicional para o caso.
Pioneirismo _ Mesmo antes de ser apro-
vada a lei, Goiás já tinha a sua Câmara de Arbitragem, que funcionava por meio de convênio entre as entidades ligadas ao comércio de Goiânia. O êxito de seu trabalho precedeu aos próprios Juizados de Pequenas Causas, atuais Juizados Especiais. Confiança _ A arbitragem, por muito ágil que seja e pela economia financeira e de tempo que proporciona aos interessados, ainda não ganhou a confiança dos brasileiros. As câmaras e os juízos arbitrais existentes no País dão conta de que o maior número de pessoas que recorrem a eles, a grande maioria é de causas de pequeno valor. _ Para definir os propósitos do novo Código, vejamos apenas os principais dispositivos que coincidem com a legislação já existente tratando de matéria similar. Art. 3º § 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei. § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. § 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei. Além desses artigos, o novo Código abrangeu também todos os dispositivos da Constituição e da legislação ordinária, mas ele só entrará em vigor 90 dias depois de sua publicação. n Abrangência
Empresas e Produtos Salus
Fábrica de premixes começa a funcionar
A Salus, uma das mais novas empresas do segmento de nutrição animal, fundada em 2011 e que já se situa entre as cinco maiores do setor, iniciou, em março, a produção
de sua nova fábrica de premixes, núcleos e aditivos. “Já estamos em operação e plenamente qualificados para fornecer nossa linha de produtos para a nutrição animal”, garantiu o presidente da empresa, Abílio Tardin. A nova fábrica, cujo investimento foi de R$ 20 milhões, situa-se à margem da Rodovia SP340, em Santo Antônio de Posse, a 30 km de Campinas, SP, e tem capacidade para 130 toneladas/turno. A nova indústria tem a capacidade, ainda, de personalizar suas encomendas, mapeando as necessidades do cliente, a partir da espécie de animal, a idade, o estágio fisiológico e o objetivo de desempenho que se deseja para os animais. Segundo Tardin, com a nova fábrica, a empresa pretende dobrar seu faturamento “ainda em 2015”. Mais informações em: www.salusgroup.com.br
MUB
Teste indica maior eficiência ante proteinados Em experimento conduzido na Fazenda São Manuel pelos professores Cyntia Ludovico Martins, Mário Arrigoni, Marco Aurélio Factori e João Ratti Jr da Faculade de Medicina Veterinária e e Zootecnia da Unesp de Botucatu, SP, as novilhas Nelore tratadas com MUB (Mistura de baixa umidade) apresentaram ganho de peso 2,79 vezes maiores do que o lote que recebeu sal proteinado no período seco do ano (entre 15 de setembro e 17 de novembro de 2014), após 35 dias de adaptação para a padronização da flora intestinal. O lote de 20 novilhas tratado com MUB ganhou 16,03 kg, enquanto o que recebeu sal proteinado engordou 5,75 kg no mesmo período. O trato foi em área de braquiária brizantha, cultivar Marandu. O sal proteinado foi fornecido no cocho, sem controle de consumo. Os baldes do MUB foram colocados a
uma distância de 15 um do outro no meio do pasto. Os animais foram deverminados na chegada, conforme a programação da área de Bovinocultura de Corte da fazenda experimental da Unesp de Botucatu. Os dois produtos tinham quase o mesmo teor de proteína bruta (450 gramas por kg no sal proteinado e 460 gramas no MUB) e ureia (380 gramas por kg). O que diferenciou os produtos basicamente foi a adição de vitaminas ADE no MUB. A pesagem foram feitas no tempo zero (após a adaptação) e depois a cada 25/30 dias. O lote tratado com sal proteinado, após o período de adaptação, pesaram, em média, 252,35 kg, emagreceu 2,65 kg na segunda pesagem e encerrou a prova com 258,1 kg, com ganho de 5,75 kg. Já o lote tratado com MUB, começou com 238,17 kg e teve ganho linear, terminando com 254,2 kg.
Ourofino
de uma cobertura maior de prevenção). De ação polivalente, ambas imunizam bovinos e ovinos de todas as formas deste grupo de doenças, causadas por bactérias do gênero Clostridium, que podem ser fatais. “Estima-se que cerca de 500.000 animais morram anualmente no Brasil em decorrência das clostridioses. Isso representa perdas de mais de R$ 1 bilhão para a pecuária nacional”, afirma Marcus Buso, gerente de Produtos da Ourofino Saúde Animal. Informações, em www.ourofinosaudeanimal.com
Duas vacinas contra clostridioses A Ourofino Saúde Animal lançou duas vacinas contra clostridioses, doenças que afetam bovinos e ovinos: a Ourovac 10 TH (contra tétano, manqueira, morte súbita, hemoglobinúria bacilar, entre outros) e a Ourovac Poli BT (protege contra as já citadas e também contra o botulismo, devendo ser aplicada em rebanhos que precisam 140
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Nutreco
Trouw Nutrition é nova marca em nutrição
A Nutreco, multinacional holandesa da área de nutrição animal, que, só no Brasil, faturou R$ 610 milhões em 2014, acaba de reunir, sob uma única marca, denominada Trouw Nutrition (trouw significa fidelidade em holandês), seus produtos relacionados à nutrição animal. “Como a Nutreco é formada por diversas empresas e marcas diferentes, adquiridas ao redor do mundo, a organização do portfólio de espécies, produtos e serviços sob uma única marca mostrou-se fundamental, tanto pela perspectiva de mercado, quanto pela necessidade de unificar a cultura e os valores da empresa internamente”, explica o diretor-presidente no Brasil, Luciano Roppa. Assim, todas as marcas do grupo Nutreco com foco em nutrição animal passam a pertencer à divisão da Trouw Nutrition. A marca Nutreco será apenas corporativa e de uso exclusivo da matriz, na Holanda. Em bovinos leiteiros, os produtos terão a assinatura da marca Trouw Nutrition, além das demais marcas que compõem o portfólio, como Sprayfo e Farm-o-san. Produtos para aves e suínos da Fri-Ribe e para aquicultura da Fri-Aqua continuam a utilizar a mesma marca, também já adaptadas às cores da marca-mãe. Outra novidade é o lançamento do portal da empresa no Brasil. Mais informações em www.trouwnutrition.com.br
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Sabor da Carne por
Carne que te quero carne
erde que te quero verde. Verde vento. Verdes ramas... Verde carne, tranças verdes.” Recorro literariamente a essa citação do escritor espanhol Federico Garcia Lorca para começar este artigo dizendo que, dentre as teorias da evolução do ser humano, há uma que se relaciona com a carne. Graças a ela, tivemos a oportunidade de desenvolver o nosso cérebro quando passamos a usar o fogo para digerir melhor essa proteína animal. Isso facilitou a nossa digestão, exigindo menos tempo e sangue para absorver os seus nutrientes. Sobrou mais sangue para irrigar nosso cérebro _ e tempo para ativar o raciocínio. Na nossa memória atávica temos os registros das diversas maneiras de se preparar a carne para consumo. Começando pela crua, a assada no fogo direto (o famoso churrasco), passando pela cozida em líquidos (a ensopada) e terminando na cozida em gordura em baixa temperatura (o confit) ou em alta temperatura (carne frita). Historicamente, estas são as maneiras de preparar carne e, até o momento, não foi criado nenhum outro método. Criaram-se diversos utensílios e aparelhos novos para se obterem melhores resultados nas três únicas maneiras de comer carne: crua, assada e cozida. O desenvolvimento da medicina e estudos científicos patrocinados pelos interesses econômicos criam mitos, porém, que modificam nossos costumes e hábitos. Hoje o colesterol é o maior deles, mas, a bem da verdade, é o excesso e o abuso que fazem mal. A carne frita em gordura é condenada pelos combatentes do colesterol, que pouco conhecem de gastronomia. Na realidade, a gordura só é absorvida pela carne quando preparada em temperaturas baixas por longo tempo, como o confit. Quando ela é frita em gordura quente, a 180 graus, a carne é selada, o que impede que a gordura penetre e tire o seu verdadeiro sabor.
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PAULO ABREU
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Paulo Abreu
Steak tartare Ingredientes: • 350 gramas de filé mignon • 2 gemas • Suco de 1 limão • 100 ml de azeite extra virgem • 1 colher de sopa de molho inglês • 2 pepinos bem picados • Sal e pimenta-preta moída na hora • 1 colher de sopa de mostarda Dijon • 1 cebola vermelha, muito bem picada • 2 filés de anchovas salgadas, enxaguados, drenados e bem picados • Torradas ou pão italiano, para servir. Modo de preparo: Com uma faca bem afiada, corte a carne em fatias finas. Em seguida,
Pelo andar da carruagem, daqui a pouco vão recomendar que só devemos comer carne crua para ver se o nosso cérebro diminui, fazendo com que retrocedamos à idade da pedra lascada. Então, para antecipar, resolvi presentear os leitores com esta receita de carne crua, lembrando que a degustação de qualquer alimento, quando feita
atravesse as fatias para criar tiras de carne. Vire as tiras de bife e corte novamente, em pequenos cubos. Reserve em uma tigela. Em outra tigela, bata as gemas, adicione o suco de limão, o azeite e o molho inglês e misture bem, para incorporar. Adicione os pedaços de bife ao molho, junto com o pepino picado, a mostarda, a cebola vermelha e os pedaços de anchova salgados. Mexa bem para combinar e tempere com sal e pimenta-do-reino moída. Para servir, coloque um anel de 10 centímetros de altura em um prato. Coloque a mistura de molho tártaro no anel e pressione para baixo. Remova o anel e sirva com torradas ou pão italiano ao lado.
com parcimônia e prazer, libera as endorfinas, que tão bem fazem à saúde. E carpe diem! n *Paulo Abreu é consultor gastronômico de Florianópolis, SC. Foi apresentador do programa de TV “Saboreando”, levado ao ar pelo SBT de Santa Catarina. Site: www. saboreando.net