Revista DBO 418 - Agosto 2015

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Nossos assuntos

Novo visual e apps para tablets e smartphones

M

ais uma vez, a DBO renova sua apresentação visual e alia a reforma gráfica a novidades no conteúdo editorial e, agora, também ao lançamento dos aplicativos para o acesso dos assinantes às edições digitais através de dispositivos móveis, tablets e smartphones. Na nova diagramação, o ponto básico está na distribuição do texto em duas colunas em lugar das três anteriores, na maior parte da revista, com a reserva de espaço lateral para alguns destaques informativos ou visuais das matérias. No conteúdo, a antiga seção Panorama deu lugar à nova ‘Prosa Quente’, que se propõe a tratar mensalmente de um assunto relevante para a cadeia da carne, seja numa discussão com a equipe DBO, como na edição atual, seja em debate externo acompanhado pela reportagem ou na forma de entrevista. O tema inicial, abrangendo a definição de Qualidade de Carne e as perspectivas para este nicho de mercado no Brasil, rendeu longa conversa com o especialista Roberto Barcellos, como se destaca a partir da página 16. Além das habituais reportagens de campo, colunas, artigos, análises do mercado do boi e do mercado de leilões, o cardápio da DBO também passa a incluir, alternadamente, mais matérias sobre questões práticas ligadas a instalações, máquinas, saúde animal, nutrição, reprodução, gestão, meio ambiente e bem-estar animal. Na seção ‘Do Leitor’ a proposta é a de se buscar maior interação, através de opiniões e depoimentos, bem como eventuais dúvidas e outras questões. Como em toda reformulação sempre há espaço para ajustes, sua opinião sobre a atual mudança será muito bem-vinda. Passando ao tema central da nova edição, este é o mês em que DBO apresenta o habitual Especial de Confinamento. O conjunto de cinco reportagens começa na página 54 com o bom exemplo de gestão do DC Confinamento, de Novo Horizonte, SP, que projeta enviar para o abate cerca de 27 mil cabeças este ano. A partir do título ‘De mãos dadas’, a editora assistente Maristela Franco detalha como o pai Diogo Castilho e a filha Rafaela usam ferramentas modernas para melhorar a rentabilidade da operação, toda ela dependente da compra do boi magro.

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Demétrio Cos

Apps Para ver a edição digital, baixe os aplicativos na App Store ou Google Play

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DBO agosto 2015

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Publicação mensal da

DBO Editores Associados Ltda. Diretores

Daniel Bilk Costa Demétrio Costa Odemar Costa Redação Diretor Responsável Demétrio Costa Editor Executivo Moacir de Souza José Editora Assistente Maristela Franco Repórteres Carolina Rodrigues, Denis Cardoso, Fernando Yassu e Mônica Costa Colaboradores Alisson Freitas, Ariosto Mesquita, Enrico Ortolani, Luiz H. Pitombo, Marcela Caetano, Roberto Nunes Filho, Rogério Goulart, Sérgio de Zen e Tânia Rabello. Arte Editor Edgar Pera Editoração Edson Alves e Célia Rosa Coordenação Gráfica Walter Simões Marketing Gerente: Rosana Minante Comercial Gerente: Paulo Pilibbossian Supervisora de Vendas: Marlene Orlovas Executivos de Contas: Andrea Canal, José Geraldo S. Caetano, Maria Aparecida Oliveira e Vanda Motta Circulação e Assinaturas Gerente: Edna Aguiar Tiragem e circulação auditadas pelo

Impressão e Acabamento Prol Gráfica Ltda. O novo projeto gráfico da DBO tem a assinatura do designer gráfico Arnaldo Afonso

DBO Editores Associados Ltda. Rua Dona Germaine Burchard, 229 Perdizes, São Paulo, SP 05002-900 Tel.: 11 3879-7099 Para assinar, ligue 0800 11 06 18, de segunda a sexta, horário comercial. Ou acesse www.assinedbo.com.br Para anunciar, ligue 11 3879-7099 ou comercial@midiadbo.com.br


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Sumário

16 28 30 32 34 38 42 48 52

Prosa Quente

54

Roberto Barcellos fala sobre o estágio da carne de qualidade no Brasil

Reportagem de capa Em Novo Horizonte, SP, o Confinamento DC mostra números consistentes de crescimento em cabeças engordadas e em rentabilidade. O segredo: um entrosamento incomum entre pai e filha na condução do negócio.

Mercado

Tática de frigoríficos força baixa de 2,5% no preço da arroba Coluna do Cepea – A pecuária em tempos de dólar valorizado Baixa consistente de preços no mercado de reposição Coluna do Rogério Goulart – O jogo mudou com a reposição cara

Cadeia em Pauta

Tonhinho de Salvo, da CNA, quer diálogo e abertura de mercados Frigoríficos de MS e MT têm 27 plantas fechadas No Especial Portas Abertas, a discórdia que o papel das balanças suscita. Testes comprovam qualidade da carne do Novilho MS

78 86 94 100 108 114 116 120

Confinamento de bezerros tem muitas vantagens Em Caarapó, MS, boi come que nem suíno em granja.

Nutrição

Valorização da cria reativa interesse pela suplementação de vacas Análise foliar auxilia na formulação correta de suplementos

Genética

Grupo Gerar já consegue média de 52% em prenhezes de IATF Alta lista touros com melhor resultado em IATF Divisão no Paint gera novo programa de melhoramento É preciso cuidado no reúso de dispositivo intravaginal

Foto: Maristela Franco Arte final: Edson Alves

130 132

64 70

Engorda no boitel é boa estratégia mas exige conhecimento Na gestão de Carlos Kind, não há espaço para erros.

126 128

Saúde Animal

Especialista norte-americano aponta manejos para doenças respiratórias . Refrigeração adequada garante eficácia de vacinas

Meio Ambiente

Manejo rende a fazenda de Rondônia certificação de Boas Práticas

Instalações

138 142 152

Especial Confinamento

Coluna do Enrico Ortolani – Enxergue como o bovino vê

166 174

Com sombrite, engorda mais rápida dos bezerros.

Máquinas

Ficou mais fácil enterrar mangueiras para abastecer bebedouros

Eventos

Congresso de ILPF aponta “amadurecimento” da técnica

Leilões

Euforia na venda de touros em julho

Empresas

Com novo sócio, Vitro mira mercados da Europa e da Ásia.

Seções

8 12

Do Leitor DBO on line

6 DBO agosto 2015

22 146

Giro Rápido Raças em Notícia

180 186

Empresas e Produtos Sabor da Carne



Do leitor Rastreabilidade valorizada

Controle de qualidade “Por ser a revista de pecuária mais importante do País, a DBO precisa ter cuidado com o que publica. Chequem os dados antes, para não induzir pecuaristas a erro. Muitas vezes, uma vírgula ou um zero colocados em lugar errado comprometem a informação”. Alexandre S. Raff, Ex-presidente da Associação Sulmato-Grossense dos Produtores de Novilho Precoce.

Gostaria de dar os parabéns à revista DBO pela reportagem “Mais dinheiro para a engorda”, do editor Moacir José, publicada na edição de junho. Trabalho com rastreabilidade bovina há pelo menos oito anos e achei interessante verificar que a rastreabilidade é uma précondição para levantar recursos

entre fundos de investimento. Mais interessante ainda é constatar a visão que a empresa investidora, no caso a Finvest, tem sobre a rastreabilidade, não apenas como uma fonte a mais de bonificação, mas também como uma ferramenta essencial para controle e administração de dados, informações individuais e diagnósticos.

Aline Rohr Campo Grande, MS

Correção Na reportagem da DBO edição 417, na reportagem “Fazenda investe em pesos-pesados”, a legenda de uma das fotos da pág. 68, em que aparece o proprietário, saiu errada. Jerônimo Volpato está com seu gerente Élvio Alcides Cáceres e não com o médico veterinário João Alexandrino (foto ao lado), consultor da Campo Rações.

Você já usou alguma tecnologia divulgada por DBO? Conte-nos sua história! “Sou leitor de DBO desde que ela se tornou revista, em 1988. Guardo todas as edições. Gosto de consultar as antigas para comparar com as atuais e analisar a evolução da pecuária. Já usei várias das tecnologias divulgadas nas páginas da DBO, porém talvez a mais importante, de maior impacto para minha fazenda, tenha sido o pastejo rotacionado. Lembro que li em 1999, uma reportagem sobre esse sistema, que, na época, todo mundo chamava de Voisin. Mandei uma carta para a revista solicitando os contatos da pessoa mencionada na reportagem e, com as orientações obtidas, montei meu primeiro módulo de rotacionado, que funciona muito bem até hoje. Ele tem 60 piquetes de 1 hectare cada e sustenta boas lotações (até 2,5 unidades 8

DBO agosto 2015

animais por hectare). Posso dizer que esta técnica foi fundamental para meu negócio, pois tenho uma fazenda pequena, de apenas 179 hectares, onde cultivo café e produzo tourinhos Nelore, filhos de vacas PO e LA adquiridas do famoso criador Antônio Florisvaldo Tarzan, da Fazenda Nova Delhi, de Feira de Santana, BA. Outra área formada com base em leituras de DBO foi um pasto de 20 hectares, onde adoto o sistema de pastejo contínuo. Várias reportagens da revista falavam sobre a necessidade de garantir conforto térmico aos animais e recomendei ao empreiteiro, quando ele estava limpando a área, que não retirasse as árvores. Ficou uma pastagem linda, com muita sombra para o gado. Sou formado em adminis-

tração de empresas, lecionei na Universidade Federal da Bahia por 39 anos, e adoto ferramentas de gestão modernas, como o planejamento estratégico, em minha propriedade e nas fazendas às quais presto consultoria. É bom ver, nas páginas da DBO, que esses conceitos estão se disseminando. Parabéns a toda a equipe.” e-mail para depoimentos

redacao@revistadbo.com.br

Paulo Augusto de Oliveira Lopes, 73 anos, proprietário da empresa MBL Agropecuária e Consultoria e dono da Fazenda Campo Verde, em Bonito, na Chapada Diamantina, BA.



Do leitor Ratos, nunca mais.

Leitura indispensável “Eu me formei em agronomia em 1978, na Esalq/ USP, e tive o meu primeiro contato com a DBO quando ela ainda era Jornal de Leilões, em 1982. Com pouco mais de 30 anos, ela se tornou a revista mais importante do setor do agronegócio brasileiro. Como produtor e consultor, acho DBO indispensável”. José Maria Goldschmidt Filho, pecuarista e diretor da Planagro Consultoria em Agropecuária, de Redenção, PA.

Você já teve problemas com ratos roubando a ração dos bovinos no cocho? Veja a solução encontrada para esse problema pelo produtor Marco Azevedo, proprietário do Condomínio Minuano, conjunto de duas fazendas localizadas em Cacoal, região centro-leste de Rondônia. Ele usa jiboias para controlar os roedores. E diz que são ótimas vigias noturnas. “Nossos peões buscam essas serpentes nas redondezas e as colocam na cobertura dos cochos, onde permanecem enquanto há alimento (ratos) para encherem a barriga. Depois, voltam tranquilamente para seu habitat”, conta o produtor. As jiboias se alimentam de pequenos mamíferos, aves e répteis. Apesar da fama de perigosas, são dóceis, não-peçonhentas, inofensivas para o homem e animais de grande porte. “Não usamos veneno para ratos porque pode

Lembrem-se do Nordeste! Sou assinante e fã do programa DBO na TV há pelo menos quatro anos e assinante da revista, que conheci por meio do programa apresentado pelo competente Sidnei Maschio. Como bom nordestino, gosto muito da forma como ele apresenta seu programa, cheio de histórias e rimas, lembrando de nossos poetas repentistas daqui do meu torrão Natal, o Nordeste brasileiro. Meu pai nasceu e cresceu na cidade de Santa Maria, RS, e, aos 18 anos, arribou para São Paulo, onde se formou em comunicação pela aeronáutica, que, anos mais tarde, o levou para o Nordeste. Conheceu minha mãe na Vila Fazenda Nova, no município de Brejo da Madre de Deus, a 180 km do Recife, PE, onde ele e um exército de obstinados construíram, em 1956, o maior teatro ao ar livre do mundo, o de Nova

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contaminar a ração. As cobras são alternativa sustentável”, brinca o criador. O gerente da fazenda, Fidelis Herculano (na foto), costuma manter de duas a três jiboias “em serviço” nas fazendas do Condomínio Minuano. Jerusalém, dedicado à representação da Paixão de Cristo. Já são 48 anos de apresentações ininterruptas e mais de 4 milhões de espectadores. Meus pais já faleceram, e, hoje, eu, minha esposa, Tânia, meus filhos e um grande grupo de colaboradores temos a missão de tocar adiante esta importante obra. Foi na Expointer, Porto Alegre, que tive acesso pela primeira vez a um estande da revista DBO. Na ocasião, presenteei cinco amigos com assinaturas. Continuando minha cartinha, gostaria de pedir aos amigos editores e responsáveis pela revista e pelo programa da TV para começar abrir, na medida do possível, um espaço para mostrar nossa sofrida, seca, mas também produtiva Região Nordeste. Há oito anos, eu e o meu filho, Robinson Gulde Pacheco, compramos uma propriedade onde funciona hoje a Agropecuária RP. Como fã de vocês, apaixonados por tudo o

Jiboias: ‘repelentes’ de ratos.

que fazemos, e por ter imenso orgulho de ser filho de um gaúcho, e nordestino de alma e de coração, sinto muita falta das coisas boas ligadas ao campo nas edições e programas DBO. Sei da dimensão do nosso País continental. Mas sei do quanto agregaria valor ao vosso produto mostrar as coisas boas produzidas no Nordeste. Não temos chuvas regulares e nem suficientes, mas o que falta em chuvas nos sobra em clima, em entusiasmo e em coragem para superar os enormes desafios impostos pela natureza, como também pelos homens e mulheres que comandam nosso País.

Robinson Pacheco Brejo da Madre de Deus, PE

Redação – Mensagem registrada, Robinson. Procuraremos detectar na região projetos de destaque que incentivem outros produtores a enriquecer a pecuária nacional.



DBOonline

portaldbo.com.br

Atualize-se diariamente sobre as cotações e as principais notícias das cadeias produtivas da carne, leite e da agricultura no Portal DBO. Para saber mais sobre os assuntos em destaque nesta página, acesse www.portaldbo.com.br/dbo-online Bastidores da capa

Saiba mais sobre a escolha do DC Confinamento, de Novo Horizonte, SP, e a gestão de sintonia fina entre Diogo Castilho e a filha Rafaela que tem garantido aumento de escala e lucratividade. A reportagem de Maristela Franco é tema de abertura do novo Especial de Confinamento.

Artigo

Se os gases de efeito-estufa emitidos pela agropecuária não interferem no clima global, a quem interessa a redução de suas emissões? Veja o que diz o físico Luiz Carlos Molion.

Reportagem

O repórter Denis Cardoso acompanhou o encontro do Grupo Gerar, em Bonito, MS, que apontou evolução nos índices médios de prenhez por IATF, que chegaram a 52% na última temporada.

Dia a dia do boi gordo

Confira as cotações diárias do boi gordo nas principais praças pecuárias através da análise de Sidnei Maschio, tirada do programa Terraviva DBO na TV.

Entrevista

Sérgio Morgulis, do Sindirações, fala a Marcela Caetano sobre o desempenho do setor de rações no primeiro semestre e projeções para o segundo. A tendência é de empate com 2014.

Exportações

A carne que o mundo quer, o Brasil tem para oferecer. País tem volume e variedade de cortes para atender americanos, chineses, japoneses, coreanos, iranianos e assim vai...

Raças

ACNB divulga Expoinel, que irá de 17 a 24 de setembro em Uberaba, incluindo uma etapa do Circuito Expocorte de palestras.

DEZ notícias a um clique

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7.

Ministério da Agricultura reafirma que até o final do ano todo o País será considerado livre de aftosa com vacinação. Federação das Associações Rurais do Mercosul defende manutenção da vacinação contra aftosa em toda a região para garantir status de fornecedor confiável.

3.

Assocon estima crescimento de 5% no total de animais confinados este ano, o que nos números da entidade corresponde a 4,3 milhões de cabeças.

4. 5.

Produção brasileira de carnes deve crescer 30,7% em 10 anos. Na carne bovina, avanço será de 23%. JBS, que já tem dois frigoríficos no Paraguai, anuncia construção de nova unidade com tecnologia de ponta e capacidade para abater 1.200 bovinos por dia, com foco na exportação.

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MSD traz ao Brasil nova técnica de manejo racional do gado que aposta na linguagem corporal, com diferenças em relação ao modelo consagrado de Temple Grandin. MS cria delegacia especializada contra roubo de gado. No primeiro semestre, foram registradas 51 ocorrências, com mais de 1.500 bovinos roubados no Estado.

8. 9.

Ex-secretário da Agricultura de SP, João Sampaio assume diretoria de relações institucionais do Minerva. Mais um software para auxiliar os criadores na gestão dos dados de IATF. O programa Siga Maxi Corte é lançamento da MSD.

10.

Exportação de gado em pé despencou quase 70% no primeiro semestre por causa de crise na Venezuela, principal compradora.



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Prosa Quente O assunto é carne de qualidade e, nessa área, segundo o especialista Roberto Barcellos...

“Ainda estamos bem no começo”

T

odos os programas de carne de qualidade existentes no Brasil hoje, – qualquer que seja a raça envolvida, zebuína ou taurina – abatem cerca de 800 mil cabeças, o que representa 2% das 40 milhões de cabeças processadas anualmente. Só que, dentro desse pequeno universo, menos de 10% podem ser enquadrados no que se chama de carne de qualidade. A afirmação de Roberto Barcellos vem acompanhada da ressalva: “como me acostumei a trabalhar no topo da pirâmide, minha concepção de qualidade é influenciada por isso.” Barcellos é engenheiro agrônomo formado pela Unesp de Botucatu, mas gosta de dizer que é um “agrônomo zootecnista”. Isso porque já no segundo ano de faculdade inclinou-se para a zootecnia e nutrição animal. Naquela universidade, o Departamento de Zootecnia é muito forte. Projetou professores como Antonio Carlos Silveira – o “pai” do conceito de novilho superprecoce alimentado com silagem de

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grão úmido de milho – e Mário Arrigoni, que conduziu diversas pesquisas na área de genética e nutrição. Foi dessa fonte que Roberto Barcellos bebeu naquela época da faculdade, na década de 90, até ser tornar hoje num dos mais respeitados especialistas em programas de qualidade de carne. Além de ter estado à frente do projeto do Grupo Fischer, entre 2000 e 2005, e do programa Angus do Marfrig, entre 2006 e 2010, com várias viagens para conhecer trabalhos na área em outros países, Barcellos também deu ou ainda dá consultoria a cerca de outros dez projetos, através de sua empresa Beef and Veal, constituída em 2010. Há pouco mais de quatro anos, teve oportunidade de comprar uma loja de carnes, em Botucatu, SP, em que a maior reclamação dos clientes era a falta de padronização e regularidade. Fechou a loja e foi garantir a produção para o novo negócio, que hoje abrange uma rede de 14 boutiques de carne.


Há 15 anos diretamente envolvido, como executivo ou consultor, em programas de carne de qualidade, Roberto Barcellos aceitou o convite e veio à sede da DBO para debater o assunto com os jornalistas Fernando Yassu, Maristela Franco e Moacir José, marcando a estreia da seção “Prosa Quente”. Veja, a seguir, os principais momentos da conversa. Yassu - O que é carne de qualidade? Barcellos - Se se perguntar para o produtor, é uma coisa;

para a indústria, outra, para o varejista, idem, e para o consumidor, outra. Como trabalho para o consumidor, fico com ele (que é quem aprova ou desaprova o produto): a carne tem que ter características de maciez, sabor e suculência. E a principal é a maciez. Dificilmente você vai ter aprovação de uma carne com sabor extremo mas dura. 90% das pessoas associam qualidade a maciez, uma característica que não se encontra com regularidade no produto commodity. É mais ou menos como aconteceu com o vinho no Brasil. Nos anos 90, teve um vinho numa garrafa azul [Liebefraumilch, alemão, branco] que virou uma febre. Hoje, 25 anos depois, os bebedores de vinho se referem a esse produto com uma certa vergonha... Mas naquele momento ele foi o ponto de partida para fazer as pessoas conversarem sobre vinho, experimentarem, avaliarem. Comparo nosso nível de conhecimento com relação à carne ao do vinho na fase da garrafa azul. Daqui a 20 anos, vamos nos lembrar disso e dizer: “Quanta besteira a gente fez: embalamos, na mesma marca, animal castrado com animal inteiro, animal de pasto com animal de confinamento, animal meio-sangue com animal puro.” Isso é inadmissível. Cada tipo de produto desse é uma carne diferente.

Moacir - Se o consumidor, que é o fim da linha, e, dizem, manda, está demandando um produto macio, suculento, saboroso, por que os outros elos não atendem? Barcellos - Porque dentro do conceito da qualidade intrín-

seca (sabor, suculência, maciez, depois coloração) está o conflito entre a eficiência dentro da porteira e fora dela. Do ponto de vista do produtor, o animal mais eficiente não é o que vai produzir a melhor carne. É o animal inteiro, jovem, de uma boa genética, boa musculosidade, conformação, inserido num bom sistema de produção. Essa não é a melhor carne para a indústria; é uma carne commodity. Para transformar a carne desse animal numa carne especial, eu preciso castrar esse animal, dar a ele uma suplementação com energia. E isso vai aumenta o custo de produção do pecuarista.

Maristela - O que é produzir um boi de qualidade? Barcellos - O sucesso de um projeto que busca trabalhar

com agregação de valor para produzir qualidade é também trabalhar de trás para frente. Por quê? Porque 90% do prêmio pago ao produtor não remunera o aumento de custo que ele vai ter para produzir. Pagar 5% de prêmio acima do preço do boi não paga o aumento custo de produção. Para transformar um animal inteiro em castrado, esquece. Tem que ser 10, 15, 20% mais. Fora do Brasil,

a arroba da vaca custa 50% da do preço do boi. Porque é um produto muito inferior. Aqui, é 10%, 15%. Por quê? Porque eles transformam a vaca em cortes para o varejo. Maristela - Por onde começar? Investir em genética, em nutrição? Barcellos - A minha sugestão para o produtor é ele sentar

com a indústria, ver o que ela quer, ver até quanto está disposta a pagar, fazer o custo de produção, entender quais tecnologias ou ferramentas de produção são necessárias e assinar um contrato. Recebo muitas ligações de gente que tem animais de sangue britânico e o frigorífico da região não remunera um centavo a mais. Quer dizer, não adianta produzir e depois querer saber para quem vai vender. Tem que fazer ao contrário.

Maristela - Esses contratos já são realidade hoje? Barcellos - Fica mais fácil fazer contrato entre produtor e

varejista. A indústria frigorífica, nesse segmento do produto especial, atrapalha o negócio.

Maristela - Por quê? Barcellos - Porque a eficiência está no DNA dela. E com um

animal mais caro, há menor eficiência industrial no abate.

Maristela - Por isso há tantos projetos com abate terceirizado... Barcellos - Essa é a tendência. Daqui a cinco anos vamos

ver a transformação de pequenos frigoríficos especializados em produção de carne especial. A agregação de valor aumenta com o mesmo custo fixo.

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Temos de estratificar os diversos níveis da carne de qualidade hoje produzida no Brasil” Sobre diferenciar, em termos de preço, carne produzida sob diferentes condições.

Maristela - Então, não acredita no projetos próprios de frigoríficos? Barcellos - Vejo que é um projeto para pequenos frigorífi-

cos ou outros prestando serviço. Quanto custa um animal que deixou de ser abatido numa planta? Essa conta um frigorífico me deu e eu fiquei abismado: R$ 300! Por isso, muitas plantas preferem abater um boi ruim do que não abater. Uma coisa que eu jamais pensei que ia acontecer é os grandes frigoríficos prestando serviço para terceiros. Todos eles estão prestando serviço em qualquer planta. Normalmente, operação triangulada entre produtor, frigorífico e varejista.

Moacir - Quem define qualidade? Barcellos - Acho que é mais fácil definir qualidade junto ao

consumidor. Porque ele pode falar, esse produto eu gosto, esse eu não gosto; esse eu quero, esse eu não quero. E 90% das características vão ser muito próximas e parecidas: maciez, suculência, sabor. Então, dentro dessas três, eu vou cruzar essas informações e vou ter carne macia, DBO agosto 2015 17


Prosa Quente

menos macia, mais saborosa, menos saborosa, suculenta... Vamos definir isso em maciez e sabor. Só maciez é igual ao vinho de R$ 30 a garrafa; maciez e sabor, é o de R$ 300. Entre o de R$ 30 e o de R$ 300 existem diversas características. Maristela - Então, é um desafio muito grande produzir carne de qualidade? Barcellos - Muitíssimo grande. Por que essas empresas

se transformaram em máquinas de eficiência e estão tendo que reduzir a velocidade de abate, diminuir a velocidade de desossa, abrir mão de eficiência, abrir mão de rendimento industrial, a favor de um produto que precisa ser melhor trabalhado, mais limpo....

‘‘

A tendência é os pequenos frigoríficos prestarem serviço para produzir carne especial” Sobre a dificuldade de os grandes compatibilizarem cortes especiais e eficiência industrial

Maristela - Acha, então, que no Brasil ainda não é interessante para o produtor produzir boi de qualidade? Barcellos -Se for vender de maneira macro, não é interes-

sante. Se for no caso de parceria entre produtor e indústria ou varejista, pode ser extremamente interessante. Eu trabalho com projetos que remuneram de 5% a 15% acima do valor da arroba. Um prêmio de 15% passa a ser um bom negócio, se o pecuarista for eficiente na produção.

Maristela - É preciso ajustar este conceito, por que não dá para ter carne de qualidade se não tiver uma cadeia trabalhando na mesma direção... Barcellos - Sim. Hoje, a gente quer produzir o melhor ani-

mal e não consegue agregar valor; estamos engatinhando nesse processo. Daqui a pouco, vamos ter a estratificação da qualidade. Esse melhor animal não vai custar R$ 80 o quilo; vai custar R$ 100/kg. O que está acontecendo é que o pessoal está produzindo mais ou menos e querendo vender a R$ 100 o quilo e o consumidor está aceitando pagar por falta de conhecimento.

Yassu - Nosso consumidor ainda não está educado para isso? Barcellos -Se eu definisse patamares de educação, eu co-

locaria cinco. Nós estamos no primeiro, tem gente que já está no segundo. É a mesma coisa de falar de qualidade de um vinho de R$ 10 e um de R$ 300.

Maristela - Você começa a estratificar as marcas, inclusive... Barcellos - Exatamente. Por exemplo, nem toda carne cer-

tificada Angus é igual. Você tem a carne certificada Angus do Rio Grande do Sul, produzida com animais puros 18 DBO agosto 2015

a pasto, e a carne de Goiás, com bois inteiros, superprecoces, em confinamento. As duas estão com o mesmo selo dentro da mesma indústria , mas são diferentes. Eu não posso levar isso para o consumidor e dizer que as duas são de qualidade igual. De fato, as duas têm qualidade, mas eu teria que estratificar. Yassu - Qualidade tem a ver com raça? Barcellos - A raça não define maciez, sabor, suculência,

não define nada. Ela define características que têm potencial para ser explorado via sistemas de produção, ou seja, sanidade, nutrição, idade de abate; é o mix que define qualidades, não a raça. De novo, o exemplo do vinho: quando a gente compra um vinho, sabe a variedade da uva. Mas podemos dizer que todo vinho daquela variedade é igual? Não. Toda carne de uma determinada raça é igual? Também não. Existe um erro de conceito, até das próprias associações de raça, de que se a carne é de uma determinada raça, principalmente das britânicas, todo mundo acha que é produto de qualidade. Eu posso ter um produto péssimo daquela raça. Da mesma forma que eu posso ter uma carne de gado Wagyu sem marmoreio.... Existem indivíduos dessa raça que não dão marmoreio. Por isso, não posso vender toda a carne de Wagyu a R$ 250/kg...

Yassu - Então, eu como consumidor vou perceber que um dia eu tenho uma carne marmorizada, outro dia, ela é mais dura... Barcellos - Esse é o grande problema: chegamos na fase

dos erros. Até aqui era o oba-oba do produto. Daqui para a frente, esse produto vai cair no crivo do consumidor, que não gosta de ser enganado, que não aceita mais pagar acima do que o produto vale. Não existe produto caro; existe produto desalinhado com a expectativa do consumidor. Por isso, que eu acho que vai ter que haver esse ajuste. Aí, vai caber ao produtor, à indústria e ao varejista saber exatamente qual o produto que o consumidor quer e identificar se ele vale R$ 30, R$ 60, R$ 150 ou R$ 300.

Yassu - O consumidor já compra marca? Barcellos - Carne de qualidade tem que ter nome, sobre-

nome, RG, CPF, grupo sanguíneo. Porque eu preciso fazer todo um controle de produção e controle é raça, idade, grau de sangue, alimentação, sanidade, manejo, sexo, peso, para transformar isso num produto padronizado. Marca tem que ter três características: padrão, regularidade e volume. Volume você trabalha melhor, pois pode dizer: ‘Eu só abato 20 animais por semana e vou criar uma



Prosa Quente demanda para 20 animais por semana’. Só que não pode abrir mão de padrão e regularidade. Padrão, porque você vai fidelizar seu cliente baseado no seu padrão. Depois, é manter esse padrão e entregar regularidade. Eu não posso fazer confinamento seis meses por ano e querer ter marca. O que eu faço nos outros seis meses do ano? Maristela - O consumidor tem fidelidade a alguma marca? Barcellos - O consumidor desse tipo de produto ele

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a mais por arroba não paga o custo de produção de um boi de qualidade” Sobre a necessidade de o pecuarista ter de castrar, suplementar os animais, entre outras providências.

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está aberto para o novo. Mas o padrão tem que ser alto. Isso gera oportunidade. É um mercado que está crescendo e tem um grande potencial. O que atrapalha é a concentração de animais. Se um determinado frigorífico abate 2.000 animais de uma vez só, o mercado afunila para um determinado tipo de consumidor, dificulta a colocação do produto. O principal mercado é o food service [cortes prontos para preparo] e são os mesmos clientes que compram de todas as marcas. Por isso, tenho medo de acelerar muito a produção sem ter a demanda consolidada. Vejo que este mercado especial vai duplicar, triplicar ao longo dos anos, mas hoje o risco para a carne de qualidade é a própria carne no seu estoque. Porque ela tem validade de 60 dias. Quinze dias são de produção e de maturação, que é a última ferramenta de padronização, onde eu ganho de dois a três pontos na maciez e diminuo o desvio padrão. Depois, mais 30 dias de ponto ótimo de venda. Os últimos 15 são críticos. Nessa etapa, cada dia que passa a carne vale menos.

Yassu - Estamos entrando na fase de um vinho mais sofisticado? Barcellos -Ainda não. Hoje, o consumidor tem à dispo-

sição, em todos os departamentos de um supermercado, diversos produtos do tipo commodity e outros de valor agregado, cada um com sua identidade visual, sua característica, seu preço: tem café mais barato, mais caro, um azeite melhor, um pior, pão de forma com diversos grãos... Mas na carne, não.

Moacir - Mas isso dá para segregar no frigorífico, não? Barcellos -Posso segregar, mas imagine uma propriedade

que colocou esse animal durante 100, 200 ou 300 dias em confinamento. Vai descartar esse animal? Não vai. Por isso, repito, a fase que estamos vivendo ainda permite isso, até porque um Wagyu com pouco marmoreio ainda é um bom produto. Maristela - Quando o consumidor aprender a fazer essa diferenciação, a cadeia da carne vai ter de se especializar mais... Barcellos - Sim. O nível de conhecimento dos consumidoVeja em TV DBO vídeos, no Portal DBO, a íntegra da entrevista com o especialista Roberto Barcellos

res ainda é ditado muito pela renda, que é muito estratificada. Mas a novidade é que a geração dos nossos filhos está adotando a gastronomia como hobby. Na geração dos nossos pais, raríssimos homens iam para a cozinha; na nossa, muitos vão, e na dos nossos filhos, muitos mais irão.

Yassu - Já em 1999, ouvi do proprietário da Cabanha Las Lilas [Octavio Caraballo] que os brasileiros tinham que começar a pensar em carne de qualidade, pois com a ascensão da classe

20 DBO agosto 2015

média, as casas passavam a ter churrasqueiras, o churrasco estava se tornando um evento social, e ninguém ia querer passar feio servindo uma carne dura... Barcellos - Justamente. Você chama a atenção para um

ponto que é fundamental: até agora, estamos falando especificamente de carne para churrasco. Existe um outro universo que é o da carne do dia a dia. Enquanto no churrasco a carne precisa ter características de sabor, suculência, marmoreio, grau de acabamento, a do dia a dia precisa apenas duas características: maciez e preço. Só que se eu for transformar um boi de alto marmoreio e alto acabamento numa carne extralimpa, eu tenho uma perda de rendimento industrial absurda. Se você for a um supermercado e tirar uma fotografia da gôndola de carne do dia a dia, você vai ver que ela está vermelha, sem gordura. Na gôndola de carnes para churrasco, ela vai estar branca, só com gordura. Como vou transformar um corte com gordura num corte vermelho? Aí é que muda completamente a concepção do negócio. Vou ter implicações zootécnicas, raça, idade, alimentação para produzir uma carne macia, sem acabamento, e vou ter algumas características para produzir uma carne grill. O mesmo boi não produz os dois tipos de carne. O coxão mole vermelho desse boi especial vai custar 30-40% mais. Maristela - Estamos vendo uma certa sofisticação nos canais de colocação da carne de qualidade. Como avalia esse trabalho? Barcellos - Hoje, estamos vendo um movimento contrário

do que aconteceu 20 anos atrás, quando os supermercados levaram para dentro de suas lojas açougue e padaria. Queriam atender a 100% das necessidades dos clientes. Agora, estão surgindo butiques de carne com nível de refinamento igual ao de padarias que estão produzindo pães com fermentação lenta, por exemplo. Eu mesmo estou repensando o modelo de butique, que não pode se apoiar só na venda de carne para churrasco. Não vai parar em pé. Por isso, terá de agregar produtos para que a clientela se satisfaça em vários itens, como temperos, vinhos, etc.. Produtos só para churrasco, de quinta a sábado; nos outros dias, tem de oferecer produtos que atraiam a mulher, a dona de casa.

Moacir - Por que muitos projetos de carne de qualidade não deram certo? Barcellos -Muito por causa da seguinte conta: o boi tem

15% de cortes nobres, que respondem por uma margem de lucro de 40-50%. Mas tem 80% de cortes não nobres, que dão resultado negativo. Se fizermos a conta, ganhar 50% em 15 e perder 50% em 80 não é sustentável. O sucesso de novos projetos está no fato de agregarem valor em cortes não nobres. Por exemplo, o miolo da paleta a gente chama de picanha do dianteiro; a raquete da paleta se chama flat iron, que é o segundo corte mais macio do boi, só perde para o filé mignon. Estes cortes estão posicionados nas lojas nos mesmos preços dos cortes do traseiro nobre. Assim, em lugar de agregar valor apenas em 15%, estou agregando em 20, 25, 30% e daqui a pouco vou colocar valor no boi inteiro.



Giro Rápido Sisbov volta à mesa Há anos se fala na reformulação do Sisbov, Serviço Brasileiro de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos, mas nada acontece de concreto. Agora, a questão voltou à pauta do dia, ou melhor, à mesa de discussões. Recentemente, uma proposta de mudança foi entregue ao Conselho Técnico Consultivo do Sisbov para avaliação. Em entrevista à DBO, em maio, o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Décio Coutinho, afirmou que o novo sistema será mais simples e conferirá maior autonomia aos pecuaristas. Não quis, porém, revelar detalhes do novo protocolo.

Morre Carlos Tokarnia Um dos cientistas mais respeitados do País, Carlos Maria Antônio Hubinger Tokarnia, faleceu no dia 6 de julho passado, na cidade do Rio de Janeiro, aos 86 anos. Atuou por mais de 30 anos como médico veterinário do Ministério da Agricultura e desenvolveu brilhante carreira acadêmica. Desde 1978, lecionava na UFRRJ. Tokarnia era uma dos maiores especialistas brasileiros em mineralização bovina e em plantas tóxicas, tendo, inclusive prestado consultoria à DBO na produção do Manual de Controle Químico de Plantas Daninhas em Pastagens, publicado em 2009. Desde 1978, ele trabalhava como professor na UFRRJ, onde orientou gerações de médicos veterinários. Escreveu os livros “Plantas Tóxicas da Amazônia a Bovinos e Outros Herbívoros” e “Deficiências Minerais em Animais de Produção”. Durante o Congresso Brasileiro de Buiatria, realizado dias 22 a 24 de julho, em São Paulo, o Conselho Federal de Medicina Veterinária prestou uma homenagem ao cientista.

Será que vai acabar? A tão cobiçada Cota 486, que a União Europeia teve de conceder aos Estados Unidos a título de compensação após perder o contencioso dos hormônios na Organização Mundial de Comércio (OMC), pode acabar antes que o Brasil consiga acessá-la. Uma fonte do setor frigorífico informou à DBO que o governo norte-americano está pensando em solicitar o encerramento dessa cota, porque o país não consegue cumpri-la, devido ao pequeno número de

bovinos engordados sem uso de promotores de crescimento. Quem estaria realmente se benefiando da 486 seriam países terceiros, como o Uruguai, que, nos últimos três anos, exportou 9.700 toneladas pela cota, 50% mais do que pela Hilton. A 486 foi estabelecida para animais de qualidade, confinados à base de dietas de alto grão e submetidos a um sistema de classificação de carcaças. Ela admite 12 cortes bovinos, tem tarifa zero e preço médio de US$ 9.000, em contraste com três cortes, 20% de tarifa e preço médio de R$ 7.600 da Hilton.

Código florestal como moeda O Código Florestal pode render dinheiro. Quem defende essa tese é a Sociedade Rural Brasileira (SRB). “Acreditamos que a nova legislação ambiental pode se transformar em ferramenta para captação de recursos que financiem a preservação do meio ambiente e ajudem os produtores s se adequar às novas regras”, afirma João Adrien, diretor de sustentabilidade da entidade. A proposta da SRB, com detalhes práticos, foi incluída no documento que a Coalizão Brasil: Clima, Florestas e Agricultura entregou ao governo federal, em junho, como contribuição para as negociações multilaterais durante a 21ª Reunião da Convenção de Mudanças Climáticas da ONU, a Cop 21, em dezembro de 2015, em Paris. A Coalizão Brasil é composta por empresas, organizações civis e indivíduos que têm por objetivo discutir propostas para uma economia de baixo carbono. O documento entregue ao governo reflete uma agenda de curto prazo. Reuniões semanais continuam sendo realizadas para a definição de diretrizes de longo prazo, para o período 2015-2030.

Classificação de carcaças na prática A compra de bois com base em quesitos de classificação de carcaças está melhorando o padrão da matéria-prima entregue à plantas da JBS, no Mato Grosso do Sul. Segundo Eduardo Pedroso, diretor de compra de gado da empresa para o MS e São Paulo, mais de 80% do abate no Estado já está sendo feito com base no chamado “farol da qualidade”, sistema de classificação que compreende três grupos de animais: os desejáveis (indicados pela cor verde), os toleráveis (cor amarela) e os indesejáveis (cor vermelha). Os primeiros estão recebendo bônus de R$ 2/@; os pertencentes ao grupo do meio são adquiridos a preço de balcão e os terceiros sofrem deságio de R$ 3/@. Desde a adoção do sistema, em abril, o percentual de animais desejáveis aumentou de 19% para 27% e o de indesejáveis, caiu de 8% para 6,5%. Seis plantas da JBS no Mato Grosso do Sul já estão comprando 100% dos animais com base no “farol da qualidade”. 22 DBO agosto 2015


Carne dos Pampas

A carne com selo de origem do Bioma Pampa, certificada pela ONG Alianza del Pastizal e produzida pelo Marfrig, deverá chegar às gôndolas ainda neste segundo semestre. Inicialmente, serão certificadas 24 propriedades produtoras de animais Angus e Hereford, mas a ONG tem mais de 100 cadastradas somente no RS. O Marfrig vai começar abatendo 150 bovinos/mês, na unidade de Bagé, RS, mas espera chegar a 300/mês. Por enquanto, o Marfrig não prevê prêmio ao produtor. O selo será lançado na Expointer.

Contra a terceirização

O Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) está preocupado com a possibilidade de o serviço de inspeção sanitária ser terceirizado no Brasil. “Essa é uma atividdade exclusiva de governo e deve ser realizada por profissionais contratados por meio de concurso público, tendo, portanto, imunidade às investidas do fiscalizado”, destaca Maurício Porto, presidente do Anffa Sindical. A entidade também diz que o governo está modificando o Riispoa (Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal), por meio de decretos justamente para facilitar a terceirização da inspeção de produtos de origem animal.

Infopec Cota Hilton

Atingido

não atingido

Brasil cumpre 90% da Cota Hilton O Brasil está muito próximo de cumprir sua parcela na Cota Hilton. O gráfico acima, elaborado com base em dados do MDIC (Ministério da Indústria e Comércio Exterior), mostra que o País exportou 8.082 toneladas de carne bovina in natura para a União Europeia no último ano-cota, que começou em 1º de julho de 2014 e se encerrou em 30 de junho de 2015. Desde 2008/2009, quando a UE passou a exigir que a Hilton fosse abastecida apenas com animais criados a pasto e rastreados desde a desmama, o Brasil vinha enfrentando sérias dificuldades para essa cota. As mudanças nas regras aconteceram justamente quando a parcela do Brasil na Hilton passou de 5.000 para 10.000 t (veja no gráfico). Na época, o País conseguiu exportar apenas 7,9% desse total. Os atuais 79,9% são, portanto, motivo de comemoração. Segundo Fernando Sampaio, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), esse aumento se deve à formação de parcerias entre frigoríficos e produtores para rastreabilidade dos animais desde a desmama.

Paraná continuará vacinando

O Paraná desistiu, por enquanto, de suspender a vacinação contra a febre aftosa em seu território. Como não conseguiu concluir as obras das barreiras fiscais nas fronteiras dentro do prazo previsto e precisava decidir, até o final de julho, se realizava ou não a campanha de imunização contra a doença em novembro, o governo do Estado optou com continuar vacinando o rebanho.

Caem embarques totais para a UE O bom desempenho no cumprimento da Cota Hilton não se repetiu nas vendas extra-cota. Veja, no gráfico acima, como as exportações totais para a União Europeia caíram 4,4% em 2014, na comparação com 2013. Nos primeiros meses deste ano, foram embarcadas apenas 44.767 toneladas, conforme levantamento do MIDC. Desde o embargo imposto pela UE ao Brasil, em 2008, alegando irregularidades na rastreabilidade dos bovinos, as exportações para esse bloco econômico nunca mais se recuperaram. Um ano antes, haviam atingido 308.769 toneladas, com faturamento de US$ 1,4 bilhão. Depois de 2008, conforme mostra o gráfico, os embarques nunca mais passaram da faixa de 120.000 a 140.000 toneladas. Em contrapartida, o preço médio por tonelada tem aumentado. Explicação para a queda: menos fazendas no Sisbov (1.600, em julho).

DBO agosto 2015 23


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Mercado

Arroba recua mais 2,5% em julho Em 100 dias, Indicador Boi Gordo do Cepea perdeu quase R$ 10 do seu valor. Fernando yassu yassu@revistadbo.com.br

D

epois de atingir o recorde de R$ 150,65 no dia 20 de abril, o Indicador Boi Gordo do Cepea, calculado sobre a média dos últimos cinco dias no mercado de São Paulo e que é usado para a liquidação dos contratos negociados a futuro na BM&FBovespa, fechou julho a R$ 140,96, perda de R$ 9,69 por arroba em 100 dias. O que está acontecendo no mercado em que o preço do boi cai em plena entressafra? Demanda de carne fraca? Maior oferta de boi gordo? Nem uma coisa nem outra. A raiz está na mudança da estratégia dos frigoríficos que, para conter a deterioração de sua margem operacional, fizeram ajuste em seus parques fabris, saltando dias nas escalas semanais ou fechando unidades, ajustando, assim, a capacidade de abate à menor oferta de bois e à menor demanda de carne. Apenas no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, Estados detentores do primeiro e segundo maiores rebanhos do País, foram fechadas 26 plantas apenas nos sete primeiros meses de 2015 (veja matéria à pág 42).

118%

mil contratos de boi gordo foram negociados a futuro em junho

Indicador Cepea de Bezerro fecha julho com arroba a R$ 195 Datas dos levantamento de preço no Mato Grosso do Sul Especificações

29/1

Preço (*) à vista/cab

27/2

30/3

1.261,72 1.298,45 1.444,22

30/4

29/5

30/6

31/7

1.398,90

1.431,44

1.355,26

1.222,10 188,36

Peso médio em kg

200,1

184,92

204,38

192,75

203,1

193,89

Preço à vista por kg

6,30

7,02

7,06

7,25

7,06

6,99

6,49

Preço à vista em @

189,00

210,60

211,80

217,50

211,80

209,70

194,64

Preço médio em R$ no Mato Grosso do Sul. Fonte: Cepea.

Indicador Boi Gordo tem queda de 2,52% em 30 dias e fecha julho a R$ 140,96 Datas de liquidação dos contratos negociados a futuro

Especificações

29/1

27/2

30/3

30/4

29/5

30/6

31/7

Preço à vista (*)

143,13

143,74

147,13

149,56

146,71

144,61

140,96

Preço em R$. Média dos últimos 5 dias úteis do mês em São Paulo. O valor é usado para liquidação dos contratos negociados a futuro na BM&FBovespa. Fonte: Cepea/Esalq/USP.

Mercado futuro indica R$ 144,70 para outubro Data dos pregões

Meses de liquidação dos contratos negociados na BM&FBovespa Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

-

-

-

-

-

-

-

-

143,1

-

142,32

-

-

-

144,7 143,86 143,39 144,95 145,36

-

148

-

-

-

-

-

30/12/14 142,95 141,52 140,59 139,99 139 29/1/15 27/2 31/3 30/4 29/5 30/6 31/7

-

143,30 142,41 141,41 141,3

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

Fonte: BM&FBovespa

28 DBO agosto 2015

148,57 148,81 148,97 150,15 152,90 154,87 157,29

145,56 145,5 145,5 148,2 150,83 152,96 154

-

146,3 148,69 151 151,93 152,42 152,86 152,28 142,4 142,33 144,07 144,93 146,12 146,01 -

141,62 143,85 144,70 146,10 146,37

Com esse ajuste, a indústria conseguiu pressionar, a um só tempo, os pecuaristas, com menor demanda de boi gordo, e o varejo, com menor oferta de carne. E a tática está dando certo até aqui. Entre final de maio e final de julho, o Indicador Boi Gordo perdeu 3,98% do seu valor. No mesmo período, os cortes de traseiro subiram 6,86% e o do dianteiro saltaram 13,38%, segundo a Scot Consultoria, empresa sediada em Bebedouro, SP. Não só do mercado interno que os frigoríficos estão recebendo ventos favoráveis. As exportações de carne in natura cresceram pelo terceiro mês consecutivo, embora, ainda, os números estejam abaixo dos registrados no mesmo período de 2014. Em julho, os frigoríficos embarcaram 133 mil toneladas em equivalente-carcaça de carne in natura, que renderam US$ 416 milhões, ante, respectivamente, 133 mil e US$ 398 milhões em junho e 124,6 mil e US$ 349 milhões em maio. Os preços também melhoraram em dólar. Em maio, os frigoríficos receberam US$ 4.114,60 por tonelada líquida de carne in natura. Em junho, o preço subiu para US$ 4.398,70 e em julho para US$ 4.599,80, apenas US$ 200 a menos do que em 2014. Entre maio e junho, o ganho por tonelada exportada foi de US$ 485,20 ou R$ 1.513. Não é só: com a queda no preço do bois em Reais e a valorização do câmbio, a arroba, em dólar, caiu 12,32% em 30 dias, de US$ 47,38 em fim de junho para US$ 41,54 em fim de julho, segundo a Scot Consultoria, melhorando, consideravelmente, a competitividade da cadeia de produção de carne bovina brasileira, que tem, hoje, uma das arrobas de menor valor em moeda norte-americana. Enquanto a situação dos frigoríficos melhora, a do produtor piora com a queda no preço do boi. O problema é o comportamento errático do mercado que deixa o pecuarista confuso. Vende o boi pronto ou não? Faz a reposição ou não? Trava o boi a futuro ou não? O comportamento desconcertante do mercado permeou todo o primeiro semestre, inclusive quando o preço atingiu o pico em abril tanto no mercado físico como no futuro. Quem foi racional e esqueceu o recorde de preço no mercado físico entre maio e junho, fez bom negócio a futuro, garantindo a quase R$ 160 para o pico da entressafra. Foram negociados quase 150 mil contratos na BM&FBovespa nesses dois meses. Com a queda no preço nos mercados físico e futuro, os pecuaristas, com medo de novo recuo, resolveram em junho garantir um passarinho nas mãos (oferta de pouco mais de R$ 152 para outubro) do que dois voando (apostar em arroba acima de R$ 160 para o mesmo período). Foram negociados no mês 118.342 contratos com boi gordo na Bolsa de Mercadorias e Futuro (BM&FBovespa), maior volume para o único mês no primeiro semestre desde 2009. n


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Coluna do Cepea

Sergio De Zen

A pecuária em tempos de dólar valorizado Professor da Esalq/ USP e coordenador de pecuária do Cepea (Centro de Estudos e Pesquisas em Economia Aplicada) Colaborou Graziela Nunes Correr, analista de mercado do Cepea/USP cepea@usp.br

À

primeira vista, a disparada do câmbio remete à ideia de que os setores exportadores têm a ganhar. Porém, a alta do dólar tem sido acompanhada por muitas notícias ruins sobre nossa economia e isso suscita a desconfiança de que, talvez, o repasse dos potenciais benefícios para exportadores não ocorra de forma tão linear. No Cepea, fizemos alguns estudos sobre os resultados que a pecuária bovina obteve nos últimos meses, período em que as notícias macroeconômicas pioraram substancialmente e o dólar teve forte aumento. Felizmente, a constatação é positiva. O setor, que exporta cerca de um quinto da sua produção, tem tido bom desempenho, apesar de também sentir a pressão dos custos. De junho do ano passado até junho último, a receita das exportações totais de carne (in natura e industrializada), miúdos, tripas e salgados bovinos, em reais, aumentou 17%, mesmo havendo diminuição de 8,2% do volume embarcado. Esse resultado foi obtido graças ao avanço de 26% do preço médio da tonelada (agregando todos os produtos bovinos), num período em que o dólar se valorizou 39% frente ao real (veja gráfico abaixo). O reajuste da carne/subprodutos só não foi maior – ou seja, não acompanhou mais de perto o dólar – porque a moeda de muitos compradores do produto brasileiro também se desvalorizou. Além disso, a economia de países como Rússia (segundo principal cliente da carne bovina brasileira), Venezuela (3º) e Irã (6º) tem estreita relação com o petróleo, que enfrenta um período relativamente prolongado de preços baixos.

Câmbio e preço médio ajudam exportações*

* de carne (in natura e industrializada), miúdos, tripas e salgados bovinos. Fontes: Secex e Cepea.

30 DBO agosto 2015

A valorização da carne exportada não se deve apenas ao dólar e ao nível de demanda externa. A oferta interna de animais para abate diminuiu nos últimos anos, resultando em menor disponibilidade dessa categoria tanto para o mercado externo quanto interno. Conforme o IBGE, no primeiro trimestre (últimos dados disponíveis), foram abatidos 7,73 milhões de animais, 7,6% (ou 640 mil animais) a menos do que no primeiro trimestre de 2014. Com menos animais disponíveis, o preço subiu. No estado de São Paulo (Indicador ESALQ/ BM&FBovespa), a arroba de boi se valorizou 20% e o bezerro, principal insumo da produção do boi gordo, 37%. Este item, de longe, tem causado o maior impacto sobre os custos dos pecuaristas que praticam a engorda, ao mesmo tempo em que proporciona boa receita aos de cria. A suplementação mineral, terceiro item com maior peso nas despesas operacionais totais (11% do Custo Operacional Total na média de todos os sistemas), é o insumo mais influenciado pelo dólar. E na análise dos últimos 12 meses (junho a junho), seu reajuste na “média Brasil” (13 estados) foi de 13,7%, relevante, mas abaixo do ganho obtido em receita – arroba ou bezerro. Esses são alguns dados efetivos do passado recente que mostram como o mercado pecuário tem se portado num período de forte valorização do dólar e agravamento do cenário macroeconômico nacional. Para os próximos meses, a relativa estabilidade de preços apontada no mercado futuro (BM&FBovespa) reflete expectativas de que oferta e demanda se mantenham semelhantes aos patamares atuais. Operadores desse mercado devem estar considerando, portanto, que não há fundamentos para mudança significativa da oferta nem da demanda. De fato, mesmo diante de elevadas taxas de desemprego e redução da renda agregada, o consumo de carne bovina pode ser sustentado pelo hábito recém-adquirido por milhões de brasileiros que, em alguma medida, passaram a ter essa proteína com frequência em sua mesa. O mesmo ocorre com consumidores de outros países em desenvolvimento, conforme relatado por pesquisadores estrangeiros em encontros com a equipe Cepea. E é este fundamento, a demanda – não só dos brasileiros –, que tem ajudado a pecuária bovina de corte a atravessar com saldo positivo esse período macroeconômico conturbado e ainda lhe atribuir perspectivas favoráveis. n



Mercado

Baixa consistente de preço na reposição Tendência de alta é revertida pela maior oferta de animais e retração no valor do boi gordo Denis cardoso

O

denis@revistadbo.com.br

s animais para reposição, do bezerro ao boi magro, estão sem potencial de valorização e seguem em trajetória de queda depois de praticamente dobrarem de preços em dois anos. Essa é a atual conjuntura do mercado, segundo análise da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP. “O movimento de alta do primeiro semestre já não tem sido visto”, avalia o zootecnista Mateus Ferreira, um dos analistas da consultoria paulista. O zootecnista Gustavo Aguiar, também da Scot, diz que, gradativamente, os preços vêm cedendo, movimento que está alinhado com a pressão de baixa verificada para o boi gordo e com a revisão negativa dos patamares de preço dos contratos futuros para os próximos meses. “Além disso, a oferta de bovinos para reposição está melhor em relação aos meses anteriores”, observa Aguiar. Segundo o boletim da Informa Economics FNP, de São Paulo, o mercado de reposição se mostra ligeiramente mais travado e com o ritmo de negócios arrefecido. “Os leilões de reposição têm perdido liquidez de forma significativa e já é notório algumas sobras nestes eventos”, diz o informativo. As pastagens estão, de modo geral, perdendo qualidade, devido ao clima seco e frio, o que também contribui para a pressão baixista dos animais de reposição. “Negociações abaixo do valor de referência já se tornam mais frequentes, desde o boi magro ao bezerro desmamado”, diz Ferreira. Pesquisa da Scot Consultoria realizada em 14 praças pecuárias do País mostra que a variação média de todas as categorias de reposição analisadas quatro categorias de machos e outras quatro de fêmeas Nelore – caiu 0,6% em julho, na comparação com o mês anterior. Foi a primeira queda desse índi-

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ce mensal neste ano. Em junho, havia subido apenas 0,7%, já dando sinais de reversão da tendência altista do mercado. No acumulado de julho, o boi magro anelorado teve queda mais significativa, seguido pelo bezerro desmamado. Em São Paulo, a categoria de 12@ foi negociada, em média, a R$ 1.928, com retração de 3,2% sobre o valor médio do mês anterior. Em Goiás, o boi magro recuou para R$ 1.904, com baixa de 3,7%. No Mato Grosso do Sul, fechou cotado também a R$ 1.904, em queda de 4,2%. Em julho, o bezerro desmamado (6@) caiu mais fortemente na praça do Mato Grosso do Sul: terminou o mês valendo, em média, R$ 1.254, uma baixa de 3,4% sobre junho. Em São Paulo, fechou o último mês a R$ 1.270, com recuo de 1,4%. Em Minas Gerais, a categoria registrou desvalorização mensal de 2,2%, para R$ 1.044. O valor do garrote (9@) teve retração de 1,6% na praça paulista, em julho, para R$ 1.710, de acordo com a Scot Consultoria. Em Goiás, a categoria caiu 2%, atingindo valor médio de R$ 1.698. No Mato Grosso do Sul, o garrote fechou cotado a R$ 1.672, em média, com recuo de 1,8%. O preço da novilha (8,5@) também começou a perder força nas principais praças de comercialização do País. Em Tocantins, a categoria teve recuo de 2,4%, para R$ 1.096. Em Minas Gerais, caiu 1,3%, atingindo valor médio de R$ 1.066. No Mato Grosso, a novilha fechou julho valendo R$ 1.144, com baixa de 0,7%. Relação de troca Como o atual movimento de queda do boi gordo supera o verificado no mercado de reposição, a relação de troca boi gordo/animais de reposição tornou-se ainda mais desfavorável ao invernista. Segundo dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária - Imea, no mês passado, o Mato Grosso registrou a menor relação de troca entre boi gordo e “bezerro de ano” dos últimos sete anos. Em meados de julho, com a venda de um boi gordo de 17@ era possível comprar apenas 1,69 bezerro. Analistas da Scot Consultoria, em texto de sua “Carta Insumos”, divulgado no final de julho, chamam a atenção dos pecuaristas que atuam no setor de confinamento e que se preparam para o segundo giro de engorda no cocho: não estão descartados novos recuos de preços. Uma boa notícia, já que o boi magro representa aproximadamente 70% do custo total do confinamento. nnn

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R$ 1.928

R$ 1.698

R$ 1.254

R$ 1.096

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Preço médio do boi magro (12@) em julho, em São Paulo; categoria registra queda de 3,2% sobre mês anterior

32 DBO agosto 2015

Cotação média do garrote (9@) na praça de Goiás, no mês passado; recuou de 2% na comparação com junho.

Preço do bezerro desmamado (6 @) no Mato Grosso do Sul, em julho; baixa mensal de 3,4%

Valor médio da Novilha (8,5@) em Tocantins, em julho; retração de 2,4% sobre junho



Fora da Porteira

Rogério Goulart

O jogo mudou Reposição cara não tem mais alívio de boi gordo em alta

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Administrador de empresas, pecuarista e editor do informativo semanal “Carta Pecuária”, de Dourados, MS.

nnn Nos últimos 12 meses, o boi magro encareceu

40% enquanto a arroba do boi gordo subiu 20%. Metade.

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a época de inflação, mais de 20 anos atrás, era muito comum as pessoas fazerem compras “do mês” no supermercado. Se o consumo da família era de seis latas de alguma coisa por mês, comprava-se logo oito, para garantir. Era assim com todos os produtos e freezeres eram muito comuns para estocarem frango e carne. Por que isso? Porque os preços subiam todos os dias. Lembro de quando a gente ia ao supermercado, com uma lista enorme, e comprávamos tudo que podíamos, para, depois, ficar 30 dias sem comprar mais nada. Era uma correria. As filas na hora de pagar eram enormes, porque todo mundo fazia exatamente a mesma coisa. O que estava por atrás dessa situação, caro leitor, era o resguardo do dinheiro. Ninguém queria deixar para comprar depois, temendo que os produtos ficassem mais caros, sem que os salários fossem corrigidos na mesma intensidade. O mesmo conceito de estoque a gente aplica em fazendas. Saber a quantidade de animais e seus respectivos preços é uma forma simples de termos noção de como anda o nosso negócio. Junte todos os animais no curral e puxe pela memória para saber quanto pagou por cada um dos lotes e você terá uma média geral. Essa média é o seu custo do estoque. Tem anos que ele vale mais; outros, menos. No enfoque que vamos dar neste artigo, a ideia é manter esse estoque o mais barato possível. Acontece que tivemos uma inflação fortíssima nos preços de reposição no último ano. Vamos focar no boi magro. Enquanto escrevo este texto (no final de julho), um boi magro custa entre R$ 2.000 e R$ 2.100; nesta mesma época do ano passado, ele valia ao redor de R$ 1.500. Ou seja, em 12 meses esse animal encareceu 40%. Só para você ter uma base de comparação, no mesmo tempo a arroba do boi gordo subiu 20%. Metade.

A escalada do preço do boi magro

+ 43%

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA), de SP; elaboração: Carta Pecuária

34 DBO agosto 2015

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R$ 2.400 2.200 2.000 1.800 1.600 1.400 1.200 1.000

Fim da farra Dê uma olhada no gráfico. O boi magro se valorizou continuamente e, mesmo assim, a maioria de nós foi comprando esse animal. Tinha um motivo: a arroba do boi gordo também estava subindo e ficamos animados. O tempo foi passando e agora a conta mudou: levando em consideração somente o preço, sem frete e comissão, o custo de compra médio que a gente pagou no acumulado dos lotes gira em torno de R$ 1.900. Um ano atrás era R$ 1.400. Então, veja você como são as coisas. Esses R$ 500 fazem diferença. E a diferença está no fato de que hoje a margem de manobra da engorda é menor. Para engordar um boi de R$ 1.400 a pasto você gastaria R$ 400 e teria um animal pronto, com 18@, custando R$ 100/@. Daqui para a frente, porém, o seu boi magro de R$ 1.900 exigirá um gasto de R$ 550 e vai custar, pronto, R$ 136/@. Se você vender o boi que custou R$ 100/@ por R$ 142/@ terá uma margem enorme de lucro de R$ 42/@. Mas no ano que vem a história será completamente outra: o custo da reposição e da engorda do boi subiu para R$ 136, enquanto o preço de venda projetado pela Bolsa de Mercadorias, hoje (final de julho), para contratos a vencer em maio de 2016, é de R$ 144/@. Ou seja, apenas R$ 8 de lucro por arroba. Claro, estou fazendo contas genéricas aqui. Seu resultado pode (espero) ser bem diferente disso. O que é importante, entretanto, é a direção dos custos. E essa direção aponta para algo muito próximo ao de margens expressivamente menores na engorda em relação às de 2015. Sim, caro leitor, também não quero que isso aconteça. O que fazer? Bom, se você já tem o seu custo do ano que vem “montado”, como no exemplo acima, agora é hora de ficar de olho no mercado futuro. Não tem jeito. Há tempos que melhorar a margem do negócio de engorda depende dos resultados de boas compras e boas vendas de gado. Já que este ano quase ninguém comprou bem animal e isso gerou um estoque caro, o foco agora é tentar vender essa “bucha” o melhor possível. E as melhores formas de venda estão na negociação a termo com frigoríficos ou diretamente na Bolsa, via contratos futuros. Afora isso, só se o boi subir de preço no ano que vem. Acha? Eu não. Tirando uma explosão no dólar que faria a arroba subir, prefiro me ater aos números que temos e ir arrumando essas margens aos poucos. Essa conversa é repetitiva, mas quem engorda e não mexe com Bolsa está “deixando o cavalo passar arriado na sua frente” e perdendo oportunidades de melhorar sua margem de lucro do negócio. n



12º Congresso ABMR&A – 25 de setembro de 2015 – São Paulo Não há dúvida de que, nos próximos períodos, as empresas terão muitos desafios à frente. Para superá-los, não há nada mais eficaz do que uma estratégia de marketing bem construída. O 12º Congresso ABMR&A trará cases que ajudarão você a pensar em novas possibilidades e a ver novos caminhos. Será um encontro inspirador, com palestrantes que dividirão experiências e conhecimentos únicos como você nunca viu. Acesse o site, veja mais informações e faça a sua inscrição.

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Cadeia em Pauta

Dialogar é preciso Antônio Pitangui de Salvo, presidente da Comissão de Pecuária da CNA, apresenta as diretrizes do órgão para 2015 e defende nova relação com a indústria. Toninho de Salvo (como é mais conhecido) é natural de Belo Horizonte, formou-se pela Universidade Federal de Viçosa, MG, e dedica-se à seleção de gado Guzerá, na Fazenda Canoas, no município mineiro de Curvelo, berço da marca “S”, fundada por seu pai Ernesto de Salvo, que já foi presidente da CNA por quatro mandatos. A família também cria gado de corte no município de São Desidério, na Bahia. Toninho já presidiu a Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil, faz parte da diretoria da Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais) e é diretor da área internacional da ABCZ. Em entrevista à editora assistente Maristela Franco, ele falou sobre uma de suas principais missões: retomar o diálogo com a indústria frigorífica, que andava estremecido.

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Não dá mais para ter uma relação truculenta com os frigoríficos e achar que somos adversários

DBO - Por que a CNA extinguiu o Fórum Nacional de Pecuária de Corte? De Salvo - Quando fui convidado pelo presidente, João

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agrônomo Antônio Pitangui de Salvo recorre à discrição mineira quando lhe perguntam sobre o processo de transformação do extinto FNPPC (Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte) na atual Comissão Nacional de Pecuária de Corte da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Com voz pausada e tom didático, ele afirma desconhecer as circunstâncias do processo e estar focado no futuro da Comissão, que ele preside desde 7 de abril de 2015. O Fórum foi incorporado à estrutura da CNA em 1996, após fundir-se com o Sindicato Nacional dos Pecuaristas de Gado de Corte (também extinto). Por quase 20 anos, foi comandado pelo economista Antenor Nogueira, responsável por essa “costura” política. Chegou a congregar mais de 50 entidades e funcionava como um braço forte da pecuária de corte dentro da entidade, porém com grau maior de autonomia, em função de seu histórico. Após a saída de Nogueira, no início do ano, a CNA optou por criar uma comissão temática de pecuária de corte nos moldes das outras que já possui e mais integrada a sua estrutura.

38 DBO agosto 2015

Martins, para assumir a comissão me disseram que ela teria nova estrutura e novo nome, mas manteria o perfil de fórum de discussões do órgão anterior. Não sei lhe dizer por que o FNPPC foi desativado, nem sou a pessoa indicada para falar sobre isso. DBO - As entidades que participavam do fórum já estão na comissão?

Já estão conosco as 27 comissões estaduais de pecuária, ligadas às federações de agricultura, e outras 13 entidades, dentre elas a Sociedade Rural Brasileira, a ABCZ e associações de raças como Angus, Nelore e Hereford. A comissão é aberta, quem quiser participar é bem vindo.

DBO - Os frigoríficos também foram convidados?

Não, mas estamos retomando o diálogo com eles. Uma de nossas prioridades é construir uma relação mais madura com a indústria, compatível com o tamanho da nossa pecuária e com o potencial que o Brasil tem de produzir carne para o mundo. Já me reuni com o Antônio Camardelli, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) e ele foi muito receptivo. Quer me apresentar ao pessoal da indústria, quer que participemos de feiras internacionais representando os produto-



Cadeia em Pauta

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“Muitos mercados estão fechados porque ninguém pegou na chave para abri-los”

res. O importante é conversar. Não dá mais para ter uma relação truculenta com os frigoríficos e achar que somos adversários. Precisamos eliminar arestas, reconstruir um ambiente de respeito, para depois, quem sabe, andar de mãos dadas. Sem isso não tem namoro (risos). DBO - Quais são as prioridades da comissão para 2015?

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Já estão conosco as 27 comissões estaduais de pecuária, ligadas às federações de agricultura.”

Decidimos, inicialmente, atuar em três frentes. A primeira é a abertura de novos mercados; não apenas para a carne, mas para a genética bovina brasileira. Na Expozebu deste ano, recebemos mais de 450 visitantes estrangeiros interessados em nossa genética. Muitos mercados estão fechados porque ninguém pegou na “chave” para abri-los. Vamos trabalhar, junto com o Ministério da Agricultura, na elaboração dos protocolos que possibilitem essa abertura. A Apex fez uma prospecção de mercado e identificou quatro países com interesse em nossa genética bovina: México e Venezuela (que querem comprar sêmen e embriões), Colômbia (que se interessa por animais vivos) e China (que demanda os três tipos de produto). Nossa segunda prioridade, como já mencionei, é alinhar o discurso da cadeia bovina. Mesmo discordando dos frigoríficos em várias coisas, precisamos trabalhar junto com eles pela abertura de novos mercados internacionais, principalmente dos que compram carnes nobres, como o Japão. A gente não vai dormir na mesma cama, mas podemos tomar café juntos (risos). Os produtores precisam alinhar seus sistemas de produção às demandas desses novos mercados; investir em reforma de pastagens, suplementação e genética, de forma a produzir carne de melhor qualidade. Nossa terceira prioridade é reabrir o debate sobre a classificação de carcaças no País. Há 20 anos falamos sobre isso e não conseguimos chegar a um consenso. Vamos ver se a coisa agora anda. Nossa intenção é que a indústria pague por qualidade de carcaça e, para isso, tem de haver um sistema de classificação.

DBO - Tentativas anteriores de se criar um sistema de classificação de carcaças no Brasil esbarraram em resistências dos próprios pecuaristas, que queriam ágio para os animais bons, mas não aceitavam deságio sobre os ruins. Isso mudou?

Acho que o mercado está mais maduro. Os produtores estão entendendo melhor a necessidade de se separar um boi tucura de um novilho precoce. Vai haver reação negativa? Vai sim, mas isso sempre acontece quando se muda um sistema de comercialização.

40 DBO agosto 2015

Depois, as coisas se acomodam, porque o mercado é quem manda. Se quisermos avançar no nosso negócio, vamos ter de profissionalizar a fazenda. As pessoas que quiserem ganhar dinheiro nesse ramo vão ter de investir em tecnologia, visando à produção de carne de maior qualidade, para atender mercados mais exigentes, que pagam melhor. DBO - Quais são as outras frentes de atuação da comissão?

Por enquanto, estamos conduzindo esses três projetos. Se planejarmos caminhar 20 passos e não dermos o primeiro, ficaremos imobilizados. Mas, para nos inteirarmos da situação da pecuária de corte no País, estamos fazendo um levantamento junto às comissões regionais e registrando suas demandas.

DBO - A Comissão pretende participar da Câmara Setorial da Carne Bovina?

Se for para desenvolvermos ações em sintonia com o Mapa, sim, pois, do ponto de vista técnico e político, nunca tivemos um(a) ministro(a) mais alinhado(a) com nossos anseios. Se for também para discutir a cadeia pecuária a fundo, queremos sim participar da Câmara. Vamos colocar os briguentos (frigoríficos e produtores) dentro do mesmo auditório. Assim, um terá de escutar o outro e iniciar um novo diálogo. Acho muito importante sentarmos na mesma mesa. (O nome de Salvo e também de Camardelli constavam da lista tríplice enviada pela Câmara Setorial à ministra Kátia Abreu para escolha do novo presidente do órgão. Até o fechamento desta edição, ela ainda não havia anunciado sua decisão).

DBO - O senhor é favorável à criação de uma entidade como o Instituto Nacional de Carnes do Uruguai, que reúne governo e cadeia produtiva?

A Câmara Setorial já tem esse perfil. Está dentro do Ministério e conta com representantes de todos os segmentos da cadeia pecuária bovina. O que precisamos é fazê-la funcionar regularmente e ganhar força institucional. Nós, produtores, já temos entidades suficientes para nos representar, não precisamos de nada novo. O que falta é articulação. Quero ver a CNA e a ABCZ, por exemplo, trabalhando juntas. A CNA tem 2,5 milhões de produtores associados e a ABCZ tem 21.000. Juntas, podem multiplicar sua força. Não dá para continuar tendo uma visão segmentada, isolada e míope sobre o setor pecuário. Há 15 anos, a gente não falava no celular de qualquer lugar da fazenda; agora fala. O mundo mudou, a pecuária mudou e as entidades têm de acompanhar esse movimento.



Cadeia em Pauta

MS e MT têm 26 plantas fechadas de 2014 para cá Frigoríficos buscam ajustar capacidade de abate à menor oferta de bois Mônica Costa

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monica@revistadbo.com.br

erá que a indústria frigorífica vive uma crise? O cenário negativo – margens estreitas, queda no consumo interno e nas exportações - leva a crer que sim, mas curiosamente alguns Estados foram mais afetados do que outros. O epicentro da “crise” tem sido o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, onde 26 plantas frigoríficas foram fechadas de 2014 para cá, conforme levantamento feito por DBO. Nos demais Estados, verificou-se muito pouca movimentação. Por que isso está acontecendo? Segundo José Vicente Ferraz, diretor técnico da consultoria paulista Informa Economics FNP, trata-se de um “ajuste estrutural”. A indústria frigorífica já vinha operando com margens abaixo dos níveis históricos desde o final do ano passado, por causa da valorização da arroba e da queda no consu-

mo. Segundo a Scot Consultoria, de Bebebouro, SP, em fevereiro deste ano o equivalente carcaça (valor obtido com a venda de carne com osso, couro, sebo, miúdos e subprodutos) caiu para menos de 12%, quando historicamente se registrava 14% naquele mês. A redução da oferta de gado para abate, com a intensificação do processo de retenção de fêmeas, foi o tiro de misericórdia que exigiu ajustes mais radicais, especialmente nos Estados onde havia maior ociosidade. Erro de cálculo “Essa é a hora de maximizar a eficiência e manter somente as plantas mais modernas. Como esse cenário de matéria prima escassa (ou limitada) não deverá mudar no médio prazo, o fechamento de unidades menos rentáveis é um caminho natural”, diz Ferraz. Segundo ele, os grandes frigoríficos cresceram por meio de aquisições e incorporaram algumas plantas antiquadas do ponto vista tec-

Lista de Plantas com SIF que fecharam em Mato grosso do sul e mato grosso desde 2014 Mato Grosso do Sul Naviraí

Fricap Comércio

Rio Verde

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Mato Grosso

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Rondonopolis

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Sinop

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Fechados em 2014

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JBS

Julho/15

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JBS

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Mato Grosso Bovinos

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Mirassol

42 DBO agosto 2015

do

Oeste



Cadeia em Pauta

Frigorificos passam por ajuste estrutural Vicente Ferraz

nológico ou pouco atrativas do ponto de vista logístico. A “crise” é observada especialmente no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul porque esses dois Estados receberam muito investimento em construção e reforma de unidades nos últimos 10 anos, devido às projeções otimistas de aumento do rebanho, sem considerar barreiras ambientais e mudanças estruturais tanto no processo de ocupação da terra quanto na pecuária, que encurtaram o ciclo de abate. “No Mato Grosso do Sul, por exemplo, muitas unidades operavam bem próximas umas das outras, como na capital Campo Grande. A redução na demanda por carne (interna e externa) aumentou ainda mais o custo operacional dos frigoríficos, que precisaram ajustar suas operações”, acrescenta o zootecnista Alex Santos Lopes da Silva, analista de mercado da Scot Consultoria, com sede em Bebedouro, SP. Segundo ele, não houve nenhuma alteração no cenário da pecuária sul-mato-grossense que justificasse o fechamento das plantas. Monopólio em debate O quadro mais crítico é o do Mato Grosso do Sul, que tinha 55 frigoríficos em funcionamento até 2014 e viu 18 deles fecharem as portas até agora (32,7%), sendo 10 com SIF e oito sob inspeção estadual. A explicação para isso, segundo associações de produtores, é a concentração verificada no setor na última década. Em 2012, por meio de um documento chamado “Carta de Campo Grande”, várias entidades representativas de pecuaristas do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, alertaram para os riscos desse fenômeno. De acordo com a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul), o grupo JBS respondia, à época, por 46% da capacidade instalada nas 35 unidades com SIF do Estado. Nenhuma das plantas fechadas até agora, contudo, pertence ao gi-

44 DBO agosto 2015

gante do segmento. A crise tem afetado principalmente os frigoríficos de médio porte, que também têm se queixado da concentração. Em junho, a Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carne de Mato Grosso do Sul (Assocarnes) protocolou um pedido de audiência pública na Assembleia Legislativa para discutir o tema, alegando que a JBS arrendou frigoríficos no Estado com o intuito de fechá-los, garantindo assim a oferta de gado bovino para suas unidades. Segundo a Assocarnes, a prática vem provocando desemprego com a demissão de 6.000 pessoas. A JBS rebateu os argumentos da entidade, dizendo que as dificuldades registradas no setor também afetam a empresa e que, devido à escassez de bois, foi obrigada a reduzir os bates no Mato Grosso do Sul em 12%. Neste mês de julho, em função das queixas crescentes, o governo do Estado resolveu analisar o problema e descartou a existência de monopólio. “Hoje, 12 empresas, que representam 27% do setor frigorífico sul-mato-grossense, detêm 90% da receita. O monopólio somente se caracteriza quando 1,5% a 2% das empresas respondem pela maior parte (90%) do faturamento”, explica Jader Rieffe Julianelli Afonso, secretário-adjunto da Secretaria da Fazenda do Estado. Infelizmente, a crise veio atingir o Mato Grosso do Sul quando o volume de abates já estava superando os patamares anteriores à ocorrência do foco de aftosa em seu território, em outubro de 2005. Segundo dados do IBGE, mesmo perdendo área para a cana e as lavouras de grãos (nas regiões sul, sudeste e sudoeste) ou para o reflorestamento (na região leste), os abates sob inspeção atingiram 4,128 milhões de cabeças, em 2013, e 3,955 milhões, em 2014, quantidade superior à registrada em 2008, antes do foco (veja gráfico). Em 2015, o IBGE registrou queda de 11,41% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado, mas ainda é cedo para se tirar conclusões. No Brasil, a redução foi de de 7,65%.



Cadeia em Pauta O Mato Grosso também está sendo bastante afetado pela crise. Seu parque frigorífico é composto por 53 plantas, 44 sob inspeção federal e nove sob inspeção estadual. Desse total, oito fecharam de 2014 para cá, todas elas com SIF. A causa está no descompasso entre a taxa de desfrute (5 milhões de bovinos/ano) e a infraestrutura de abate (mais de 10 milhões de cab/ano). Um estudo feito em 2012, pelo Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), registrou aumento de 17% na capacidade instalada, que passou de 32.700 cab/dia, em 2008, para 38.400, em 2012. Cerca de 48% dessa capacidade encontram-se em poder da JBS, que assumiu várias unidades de empresas afetadas pela crise de 2008 e mantém quadro fechados até agora, alegando falta de bois para abate. “As grandes companhias têm mais de uma planta no Estado e estão concentrando suas operações para reduzir custos”, explica Luiz Freitas, presidente do Sindifrigo/ MT. Segundo ele, em janeiro, o Mato Grosso registrou uma média de 46,26% de ociosidade nas plantas sob inspeção federal, com destaque para a região noroeste do Estado (78,45%). O menor índice ocorreu no nordeste mato-grossense (18,84%). Menor impacto Nos outros Estados, houve apenas reorganização estrutural. Em Goiás, apenas a unidade arrendada pelo Marfrig, em Mineiros, foi devolvida e os donos originais planejam reabri-la ainda em 2015. “Os abates estão ocorrendo normalmente. Houve uma pressão na cotação da arroba, mas as escalas seguem com até uma semana de antecedência” afirma José Magno Pato, presidente do Sindicarnes-GO. São 34 plantas no Estado, das quais 12 com SIF. No Rio Grande do Sul, o Marfrig reduziu as atividades em uma unidade arrendada em Alegrete, mantendo apenas a desossa e transferindo as demais operações para as plantas de Bagé e São Gabriel . “À partir de agosto, o volume de abates deve aumentar. Os frigoríficos já estão trabalhando com até cinco dias de antecedência na escala” afirma Zilmar Moussalle, diretor executivo do Sicadergs (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Rio

Aprova tem nova diretoria No dia 17 de julho, Marcelo Marcondes foi reconduzido à presidência da Associação dos Produtores do Vale do Araguaia (Aprova) para o biênio 2015/2017 e tem como missão manter ao ritmo de crescimento da entidade, apesar do cenário mais competitivo. “Somos poucos produtores, mas, com empenho, vamos continuar buscando novos parceiros”, afirmou Marcondes, que já foi diretor da entidade, presidente na gestão 2007/2009 e agora volta em substituição Antônio Celso Lopes. Seu desafio é manter a quantidade de gado abatido pela Aprova, mesmo com o fechamento de plantas na re46 DBO agosto 2015

Recuperação do volume de abates não sustenta cadeia frigorifica

Grande do Sul). Dos 386 matadouros existentes no Estado, 18 têm SIF e, destes, 12 estão em operação. No Tocantins , não houve nenhum fechamento. “Os frigoríficos reduziram os investimentos e buscam diminuir custos, mas não há nenhum risco de paralisação de plantas”, afirma Oswaldo Stival Junior, presidente do Sindicarnes/TO. Já em Rondônia, três unidades pararam as atividades. Destas, duas são da JBS. A produção da planta de Rolim de Moura foi distribuída entre as outras quatro em funcionamento no Estado. E em Ariquemes, a multinacional devolveu uma planta arrendada mas está investindo R$ 40 milhões em outra recém-construída por uma cooperativa. “Eles vão ampliar a capacidade de abate das instalações e aumentar o quadro de funcionários de 200 para 600, de forma a começar a operar em julho de 2016”, garante Evandro Padovani, secretário estadual de agricultura. Segundo ele, o Estado deve manter, neste ano, o mesmo volume de abates de 2014, que foi de 2,1 milhões de cabeças. Em São Paulo, o Marfrig parou de abater na planta conhecida como Pomissão II, que foi transformada em um centro de distribuição. Até o fechamento desta edição, a DBO não conseguiu informações junto ao Sindifrio, Sindicato da Indústria do Frio do Estado de São Paulo, sobre a desativação de unidades de outras empresas. n

gião do Araguaia. Além do Marfrig e JBS, a Aprova está em negociação com o Mataboi para a safra 2015/2016. Desde sua fundação há dez anos, a associação registra 120.000 bois comercializados. Apesar das dificuldades iniciais, conta com cerca de 100 associados e um rebanho estimado em 350.000 cabeças. O diferencial do grupo é a produção de animais padronizados para atender nichos de mercado, o que assegurao pagamento de bônus de 1% a 3% sobre a tabela Esalq/USP, praça de Goiânia. Para coroar sua primeira década de existência, a Aprova encerra o ano-safra, concluído no dia 30 de julho último, com um incremento de R$ 1,5 milhão na comercialização de 25.000 animais, devido ao prêmio de até 2,5% pago ao boi europa (até R$ 59 por animal entregue).



Capítulo Esta é a sexta edição do Projeto Portas Abertas, um canal criado por DBO para comunicação entre a indústria e os pecuaristas. Você pergunta, nós respondemos.

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Maristela Franco | maristela@revistadbo.com.br

Por que a balança do frigorífico gera tanta discórdia A pergunda é do produtor Donizete Peixoto da Costa, proprietário da Fazenda Boa Esperança, de 2.700 ha, localizada em Piracanjuba, GO. Ele faz integração lavourapecuária, possui um rebanho de 3.000 cabeças e confina 1.500 animais/ano.

desconfiança dos produtores em relação à precisão ou lisura da balança dos frigoríficos tem raízes antigas. Segundo alguns analistas consultados por DBO, ela vem do tempo em que a compra de gado deixou de ser feita pelo peso vivo e passou a se basear no peso morto, após toalete. No passado, os negócios eram feitos “no vulto” (sem pesar os animais) ou com base na balança da fazenda, considerando-se rendimentos estimados e pré-acordados entre as partes, o que dava aos produtores uma sensação de segurança, apesar de eles receberem menos pelo animal de qualidade, incluído na “média do lote”. Com o advento da classificação de carcaças (por demanda do mercado e necessidade operacional dos frigoríficos), os velhos padrões de rendimento fixo foram substituídos por resultados individuais, que variam conforme as características do bovino e são conhecidos somente após o abate. Isso abriu espaço para controvérsias e desconfianças, que não foram resolvidas à época e afetam até hoje as relações entre os dois elos da cadeia. Muitos pecuaristas acreditam, por exemplo, que as balanças podem ser facilmente adulteradas, o que é negado pelos frigoríficos. Eles dizem que o sistema de pesagem é auditado regularmente pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), especializado na detecção de fraudes. DBO foi até a unidade da JBS, em Campo Grande, MS, para verificar como é a aferição desses equipamentos. Todas

48 DBO agosto 2015

Fotos: Maristela Franco

A

Pesagem da carcaça pela balança (na elipse) pode ser vista da sala do produtor.

as balanças recebem um lacre do Inmetro, que não pode ser violado. Periodicamente, técnicos desse órgão visitam as plantas de abate, sem aviso prévio, e conferem, por amostragem aleatória, a condição das balanças. “Se encontram diferença no peso durante a conferência, a empresa pode ser multada. Nós nunca fomos autuados. Somente neste primeiro semestre, tivemos duas visitas-surpresa de técnicos do Inmetro, que são

muito rigorosos”, informa Djair Bérgamo, engenheiro elétrico da JBS. Para garantir o maior nível possível de precisão das balanças, a empresa faz aferições duas vezes por dia, uma às 5 horas da manhã, antes do início dos abates, e outra ao meio dia, quando os funcionários param para almoçar. Os equipamentos eletrônicos são fixados em linhas aéreas e possuem trilhos de pesagem, onde as carretilhas munidas dos ganchos que sustentam as carcaças permanecem alguns instantes para leitura do peso. A aferição é feita colocando-se, na balança, um suporte com 10 peças de 20 kg e verificando-se a ocorrência de desvios, após dedução do peso padrão da carretilha, que é de 3,6 kg. Havendo desvio, aciona-se a empresa responsável pela manutenção do equipamento, que é autorizada pelo Inmetro a romper o lacre para fazer reparos e depois colocar um novo no lugar. “Nós não temos autorização para fazer isso”, ressalta Bérgamo, lembrando que todas as ocorrências de manutenção são registradas para averiguação do órgão. As balanças também podem ser aferidas a pedido do pecuarista, em qualquer momento do abate, caso ele tenha alguma dúvida quanto à pesagem. Modelo uruguaio - No Uruguai, onde a comercialização de bovinos com base no peso vivo persistiu até a década de 90, o clima de desconfiança levou à criação, em 2007, do Sistema de Información de la Industria Cárnica,


O Inac conta com recursos financeimais conhecido como Cajas Neros para gerir o sistema, obtidos a gras (caixas pretas). Esse sistema partir de taxas recolhidas tanto pecompreende um conjunto mínimo las indústrias quanto pelos pecuade quatro balanças instaladas em ristas, alternativa que não temos no pontos chave do processo indusBrasil”, salienta. trial: a primeira fica no curral do frigorífico, para aferição do peso Assista ao abate - Enquanto os vivo após desembarque; a segundebates sobre o tema prosseguem, o da foi instalada depois da sangria; pecuarista pode fazer o que sempre a terceira antes da toalete e a quarta esteve ao seu alcance: assistir aos após essa operação. Alguns frigoríabates e solicitar aferições da balanficos já estão na segunda etapa de ça, se achar necessário. Essa prátiimplantação do sistema e contam ca possibilita também conhecer metambém com uma balança antes da lhor o funcionamento da indústria e desossa, outra depois e uma última tirar dúvidas quanto aos fatores que na pesagem do produto embalainfluem no peso final da carcaça, de do, totalizando sete equipamentos. forma a melhorar o sistema produtiO sistema é gerenciado pelo Inac vo da fazenda. Gularte salienta que (Instituto Nacional de Carnes), um a indústria trabalha com pagamenórgão público não-estatal que reúto pelo peso morto porque essa é a ne representantes do governo fedeúnica forma de separar o bom aniral uruguaio, dos pecuaristas e dos mal do ruim e remunerar o produtor frigoríficos. Os dados de pesagem por qualidade. “Vendo carne, porpodem ser consultados a qualquer tanto, preciso comprar carne. A metempo, pela internet. lhor maneira de se eliminar ruídos O sistema de Cajas Negras tamdentro da cadeia é com informação bém tem por objetivo evitar a evae transparência. Produtor informasão fiscal. Demandou investimento do, nunca é enganado”, diz o exeestimado em US$ 9 milhões, tanto Após a pesagem, a carcaça é lavada para cutivo da JBS. em equipamentos (cerca de 250 baApós a pesagem, a carcaça paslanças, além de computadores, imeliminação de coágulos de sangue e resíduos. sa efetivamente para as mãos do pressoras, softwares) quanto em pessoal (40 funcionários permanentes), um frigorífico indo bem com produtores frigorífico e prossegue sua trajetória que monitoram e gerenciam o sistema indo mal. Não funciona. Bons produto- se para transformar em produto destiem 36 frigoríficos. No Brasil, ele é visto res e bons frigoríficos trabalham alinha- nado ao consumo final. Imediatamente como possível alternativa para a melho- dos, com base na confiança mútua”, diz após sair da balança, suas duas bandas ria das relações entre produtores e fri- ele. Na opinião do executivo, a adoção são lavadas com jatos de água morna, do sistema de Cajas Negras no Brasil in- para eliminar coágulos de sangue, fraggoríficos. Segundo o presidente da JBS Merco- felizmente esbarra em dificuldades fi- mentos ósseos gerados durante a partisul, Miguel Gularte, que trabalhou por nanceiras. “Somente no Estado do Mato ção com serra elétrica e outros materiais muitos anos no Frigorífico Pul, do Uru- Grosso temos mais plantas de abate do aderidos. Em seguida, as bandas seguem guai, o sistema realmente diminuiu o ní- que no Uruguai. Seria necessário fazer para a câmara fria. No caminho, podem vel de ruído dentro da cadeia, mas não um investimento muito grande, não ape- passar por equipamentos de estimulano grau esperado. Um levantamento fei- nas em equipamentos, mas também em ção elétrica que visam elevar o índice to pelo Inac mostrou que menos de 10% infraestrutura de gestão. Imagine se uma de maciez da carne. A planta da JBS, em dos produtores acessa o sistema para ve- balança quebra em Rondônia e é preci- Campo Grande, está adotando essa prárificar os pesos dos animais nas várias so chamar um técnico credenciado pela tica com ótimos resultados. Na próxima etapas do processo industrial. “Trata-se entidade responsável para fazer a manu- edição, falaremos um pouco mais sobre de um percentual pequeno diante do in- tenção? A matança teria de parar até ele isso e sobre outro tema polêmico: a clasvestimento realizado. E os conflitos con- chegar à planta; o prejuízo seria enorme. sificação de carcaças. tinuam. Parte dos pecuaristas quer que Veja, na próxima edição, os fatores que afetam o rendimento. os frigoríficos paguem pelo peso aufeParticipe enviando suas perguntas para o e-mail maristela@revistadbo.com.br. rido antes da toalete”, diz o executivo. Mais informações também estão disponíveis no Portal DBO. Segundo Gularte, esses embates derivam de uma visão distorcida. “Muita gente acredita que, para o produtor ganhar, o frigorífico tem de perder, ou vice versa. Isso indica um desconhecimento enorme da cadeia. É impossível ter agosto 2015

DBO 49




Cadeia em Pauta

Maciez comprovada

foi o segundo ano do trabalho de análise sensorial e maciez feito pela FEA/Unicamp. Segundo o professor Pedro Eduardo de Felício, da Unicamp, os testes confirmaram o excelente trabalho feito pelos pecuaristas da Novilho Precoce/MS, especialmente porque os criadores não preconizam raça. “Eles estão produzindo animais com carcaças pesadas e com até dois dentes de leite (30 meses, no máximo), características que influenciam na produtividade e na maciez da carne”, diz.

Testes comprovam qualidade da carne da Novilho Precoce/MS

Macia de fato: medição do pH da carne também indica qualidade.

Mônica Costa

A nnn De 166 carcaças avaliadas na 6ª edição do Show da Carcaça,

82% tinham carne macia ou muito macia.

nnn

monica@revistadbo.com.br

qualidade da carne bovina produzida pela Associação Sul-Mato-Grossense de Novilho Precoce (Novilho Precoce/MS) foi atestada pela Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade de Campinas (FEA/Unicamp), SP. A avaliação de 166 carcaças escolhidas entre as 1.983 peças exibidas durante a 6ª Edição do Show da Carcaça, em abril, em Campo Grande, MS, mostrou que mais de 82% da carne produzida pelos associados da Novilho Precoce/ MS é macia ou muito macia. Embora não seja bonificada pela indústria frigorífica, a maciez é a característica de maior influência na aceitação da carne bovina pelos consumidores. Por isso, a pesquisa servirá como base para a produção dos criadores associados. “No mercado americano e na Europa essas características são valorizadas e o criador recebe por isso. Aqui, por enquanto, os dados vão servir para consolidar nossa posição”, diz o diretor técnico da Novilho Precoce, Antônio João de Almeida. Este

Tipo exportação As 166 carcaças eram provenientes de seis lotes, com características distintas – três lotes de Nelores machos submetidos a diferentes estratégias de castração, dois lotes de meio-sangue, também castrados de forma tradicional ou imunologicamente e um lote de Nelores fêmeas – a fim de representar todos os tipos de novilhos e novilhas enviados para o campeonato. Do total, dois lotes apresentaram 100% de carne macia ou muito macia. Além disso, o pH de 75 amostras foi menor do que 5,7. “Este indicador mostra que são peças macias, com boa coloração e de paladar saboroso”, afirma o professor da FEA/Unicamp Sérgio Bertelli Pflanzer Junior, responsável pelas avaliações. Mais de 80% das carcaças pertenciam a novilhos que foram abatidos com até dois dentes de leite, e pesavam entre 18 e 22 arrobas e 73% foram classificadas como acabamento mediano, características de uma carne tipo premium, muito valorizada no mercado externo. “Apenas 3,8% das amostras apresentaram os aspectos da carne escura”, aponta Pflanzer. O nível já era esperado, pois são considerados também o manejo pré-abate, perdas decorrentes de contusões e hematomas e o temperamento dos animais. No teste de cisalhamento, o maior nível encontrado foi 4,25 kgf (quilograma-força) por centímetro cúbico, para o lote formado por novilhos Nelores abatidos 120 dias após a castração imunológica. Resultado muito bom, já que especialistas apontam que a força de cisalhamento na carne de Nelore pode chegar a 6 kgf. Todas as peças foram maturadas por 14 dias e submetidas à estimulação elétrica, o que eleva o grau de maciez em pelo menos 20%. “A estimulação elétrica na carcaça ajuda a reduzir o nível do pH para que a carne não sofra um encurtamento pelo frio na célula molecular”, explica o professor Felício. Fator, porém, que não diminui a importância do manejo adotado pelos criadores. n

Características das carcaças avaliadas Lote 12 Nelore Castração

Maturidade (até 2 dentes) % Acabamento mediano (-3 a +3) % Peso (18@ a 22@) % Força Cisalhamento kgf

Lote 13

Lote 18

Nelore Castração

Imunológica (120)1

tradicional

F1 Castração Tradicional

86,3

75

45,5

85,5

77,3 4,25

95 3,91

Lote 19

Lote 20

Nelore Castração

F1 Castração

Média

Nelore Fêmeas

Imunológica (150)2

Imunológica (90)3

100

100

100

66,7

87,3

80

75,6

75

76,2

73,8

100 3,75

-4

80,965 3,77

45 3,50

87,5 3,81

1 abatidos 120 dias após aplicação bopriva; 2 abatidos 150 dias após aplicação bopriva; 3 abatidos 90 dias após aplicação bopriva; 4 Não informado; 5 referente apenas aos machos Fonte: novilho ms. adaptado dbo

52 DBO agosto 2015

Lote 29

3,43


Confinamento

ESPECIAL uas gerações sintonizadas •D para o lucro máximo

• Avalie qual modalidade é a

mais interessante no boitel

• Em Goiás, uma gestão do tipo “cabresto curto”.

• A s importantes vantagens de quem confina bezerros

o MS, boi come que nem •N suíno em granja.

O que os confinamentos estão adotando de mais moderno


Especial Confinamento Suplementação

De mãos dadas para o successo Pai e filha driblam conflito de gerações e usam ferramentas modernas de gestão para melhorar rentabilidade de confinamento em São Paulo

54 DBO agosto 2015


Especial Suplementação MARISTELA FRANCO

P

maristela@revistadbo.com.br

ercebe-se facilmente a sintonia entre pai e filha – pelo tratamento carinhoso, pelo discurso afinado, pelo orgulho com que relatam suas histórias entrelaçadas e constroem uma visão comum de futuro. Diogo Castilho (55 anos) e Rafaela Morgarbel Castilho (26) administram o DC Confinamento, localizado na Fazenda Tabaju, no município de Novo Horizonte, 410 km a oeste da capital paulista, e, justamente em função dessa sintonia, conseguiram dois grandes feitos: aumentar em oito vezes a lucratividade da empresa no curto período de dois anos e, ao mesmo tempo, fazer uma sucessão familiar tranquila. Os dois são muito diferentes, mas se completam: Diogo tem espírito inquieto, impulsivo, gosta de arriscar-se no mercado financeiro; Rafaela é prudente, meticulosa e analítica. Gerencia a empresa na “ponta do lápis”, ou melhor, no “clique do mouse”. Quando recebeu a proposta de trabalho de Diogo, em 2011, estava iniciando uma carreira promissora no Grupo Ícone (companhia paulista que gerencia fundos de investimentos) e hesitou muito antes de aceitar. O coração, porém, falou mais alto – ela é filha única, órfã de mãe e queria ficar mais perto do pai. Também pesou na balança a vontade de alinhar o negócio da família às práticas modernas de gestão. Formada em administração de empresas pelo Insper, Instituto de Ensino e Pesquisa (antigo Ibemec SP), Rafaela estudou detalhadamente as demonstrações financeiras do confinamento para analisar resultados e identificar pontos críticos. Somente depois disso, propôs mudanças, contando com o apoio de Diogo, que começara o negócio em 2005 com apenas 1.032 bovinos e decidira ampliá-lo, em 2011, elevando o número de cabeças confinadas de 4.598 para 8.711. Naquele momento, precisava de uma profissional como Rafaela para crescer com segurança. “Em 2012, terminamos 17.584 animais, 101,8% a mais do que no ano anterior. Em 2013, já pulamos para 26.253 cabeças, um incremento de 49,3%. Depois, o confinamento deu uma estabilizada, mais por falta de boi magro do que por vontade nossa”, informa Diogo Castilho. Ele apresentou os resultados obtidos em parceria com a filha durante a Interconf (Conferência Internacional de Confinadores), em setembro do ano passado, sem conseguir disfarçar sua emoção, que contagiou a plateia. Após reformular todo o sistema administrativo da empresa, a dupla conseguiu elevar sua margem Ebtida (sigla em inglês para lucro antes da dedução de juros, impostos, depreciação e amortização), que estava no vermelho (- 2,68%,

em 2012) e fazê-la subir para 6,62%, em 2014, um resultado mais do que satisfatório. Peso do boi magro O Ebtida é um indicador de desempenho muito usado por grandes companhias urbanas, principalmente as de capital aberto (com ações em Bolsa), mas não costuma ser apurado em projetos pecuários. Rafaela decidiu adotá-lo para conhecer a real capacidade de geração de caixa do DC Confinamento e fazer comparações com outras atividades que adotam o mesmo conceito. “Para sobreviver, precisamos apresentar resultados semelhantes aos de fontes de remuneração de capital mais atrativas, disponíveis no mercado, inclusive porque o confinamento demanda investimentos pesados e enfrenta riscos cada vez maiores”, diz Rafaela, que, neste ano, assumiu o cargo de CEO (Chief Executive Officer, diretora executiva) da empresa, com as bênçãos do pai. “Ela está preparada para esse desafio”, garante. Diogo admite ter influenciado certas escolhas da filha, mas nunca lhe impôs nada. “Rafaela gosta de fazenda e de números”, diz. Para descobrir formas de melhorar a margem Ebtida do DC Confinamento, a jovem administradora fez uma raio X do negócio familiar, avaliando não apenas índices zootécnicos e estratégias de venda, mas principalmente matrizes de custo. “Constatei que a compra de bois magros havia con

DC Confinamento está engordando mais mestiços leiteiros em 2015, devido à maior lucratividade.

nnn Confinamento teve margem Ebtida de

6,62% em 2014 e projeta índice semelhante neste ano

nnn

agosto 2015

DBO 55


Especial Confinamento Suplementação

Atividade disputa espaço com a cana na fazenda, que já confina mais de 26.000 animais/ano.

sumido 79,27% de nossa receita bruta em 2012, um percentual muito alto, que comprometeu nosso resultado final naquele ano. Para reduzir essa despesa, decidimos abandonar o velho método de aquisição de animais pela ‘perna’ , ou seja, com base em meras observações visuais. Passamos a pagar pelo peso auferido na balança do fornecedor e sobre o qual aplicamos um rendimento de 50%”, informa Rafaela. Essa medida simples gerou uma economia de R$ 540.000 para a empresa em 2013 e de R$ 2,32 milhões em 2014, ano em que a reposição absorveu um percentual menor da receita bruta (72,44%). “Acabou aquela coisa de pagar por um animal com peso estimado de 14@ e descobrir após o desembarque, na nossa balança, que ele tem 13@”, explica Rafaela. O comprador de gado da empresa já está conseguindo adquirir 100% dos animais pelo novo sistema, que se baseia em metas, como todas Evolução da Margem ebtida

-2,68%

2012 Fonte: DC Confinamento

56 DBO agosto 2015

6,62%

0,99%

2013

2014

as demais operações do confinamento. “Utilizamos o indicador Cepea/Esalq como referência de preço e estabelecemos um ágio aceitável acima desse valor para animais de maior qualidade. Essa meta é definida no começo do ano e ajustada periodicamente, em função do mercado”, completa Diogo. A projeção, para este ano, era de engordar 35.000 cabeças. As instalações, inclusive, foram ampliadas em 33% com essa finalidade, passando a ter capacidade estática para 10.000 animais. Porém, devido às dificuldades enfrentadas para adquirir bois magros, Diogo e Rafaela foram forçados a rever essa meta e adotar nova estratégia comercial, passando a adquirir bovinos mais jovens e leves, com média de 346 kg, ante 370 kg em 2014. Esses garrotes estão permanecendo 101 dias nas instalações, em contraste com 78 dias do ano anterior, o que reduzirá o número de giros de três e meio para três. “Projetamos confinar 26.667 cabeças em 2015, número apenas 12% superior ao do ano passado, mas não perderemos rentabilidade, pois vamos produzir mais arrobas por boi. A receita maior por animal compensará a queda na previsão de escala”, diz a executiva, ressaltando que o planejamento estratégico é a bússola do negócio. Sem ele, perde-se o rumo. O DC Confinamento optou por trabalhar principalmente com bovinos mestiços leiteiros (também chamados de gabirus). Esses animais são mais baratos do que os zebuínos ou cruzados industriais e garantem maior lucro, mesmo apresentando menor ganho de peso e pior eficiência alimentar. “Fizemos análises econômicas criteriosas e chegamos à conclusão de que o Nelore é muito bom, tem grande capacidade de transformar ração em carne, mas, ele propicia menor rentabilidade, em função de seu maior custo de reposição”, diz Rafaela. “Antes, a empresa não fazia esses cálculos. Agora, sabemos exatamente quanto cada animal contribui para pagar os custos fixos do confinamento, o que permite uma série de análises, inclusive de fornecedores. Em 2014, apesar de termos engordado 4% menos bois do que em 2013, tivemos lucro semelhante, devido à maior margem de contribuição por bovino. Esse fenômeno deve se repetir em 2015”, diz ela. Segundo a jovem administradora, o DC Confinamento conseguiu adquirir a arroba de boi magro, no ano passado, pela média de R$ 124,68 e vendê-la, após a terminação dos animais, por R$ 125,68/@, uma condição favorável para a empresa (sem ágio). Neste ano, a média de compra do gado mestiço leiteiro tem ficado em R$ 147/@, já considerando comissão, frete e quebra de peso no transporte. Como Diogo Castilho investe há muito tempo em ações e na BM&F, ele conseguiu negociar as arrobas por R$ 157,5, nos contratos com venci-


Especial Suplementação mento em outubro, também eliminando o ágio da matéria-prima em relação ao boi gordo. Mas esse quadro pode não se repetir no segundo semestre, devido à queda acentuada na arroba e às cotações firmes dos garrotes. “Por precaução, lançamos, no orçamento do período, um ágio de até 3% para a arroba de boi magro, em comparação com a do boi gordo”, diz Diogo, que também está montando um sistema de semiconfinamento nas pastagens anexas, onde trocou o braquiarão por grama estrela africana, adubando-a com o esterco produzido pelos animais. “A ideia é usar essa área para aliviar a lotação dos currais de engorda no período das águas (medida necessária para se evitar problemas com barro) e também aproveitar essa gramínea de alta qualidade para fazer terminação a custo mais baixo”, salienta o produtor. Plano tático-operacional Para viabilizar a reposição, os Castilho têm ampliado sua área de captação de animais, buscando-os em um raio de até 444 km em torno da Fazenda Tabaju, ante 312 km, no ano anterior. Hoje, 70% do gado adquirido vêm de Minas Gerais. O ICMS não é problema, pois a empresa consegue recuperar os créditos gerados e usá-los na compra de núcleo para ração. Todas as medidas estratégicas adotadas foram discutidas e definidas previamente com o gerente do confinamento, Ricardo Luis Chabariberi, e com os técnicos da Prodap, de Belo Horizonte, MG, consultoria que acompanha o projeto há quatro anos. “Auxiliamos os gestores da empresa principalmente na elaboração do plano tático-operacional, sempre buscando estratégias que garantam um crescimento sustentável do negócio e uma sucessão tranquila”, explica Marcel Andrade, consultor senior da Prodap.

26.667 DC Confinamento cresceu 480% em 6 anos

26.253 n Previsto

17.584

8.711 4.598 2010

2011

2012

2013

2014

2015

Fonte: DC Confinamento

Embora Diogo e Rafaela não pensassem na sucessão de início, foram orientados a planejar a “passagem de bastão” enquanto ainda trabalham juntos. “Pouco se fala sobre interação entre gerações, quando essa prática é fundamental para a sobrevivência das empresas familiares. Deve-se aproveitar o melhor das aptidões e do conhecimento de cada um, ao invés de gerar uma competição nociva”, salienta Andrade. Foi esse o caminho escolhido pelo DC Confinamento, a ponto de Diogo Castilho ter incluído, em sua palestra na Interconf, a seguinte frase do psicólogo paulista Augusto Cury: “Pais inteligentes formam sucessores, não herdeiros”. Ajudou bastante o fato de Diogo querer profissionalizar a empresa e saber administrar seu ego, “pelo menos parcialmente”, graceja. Segundo Rafaela, às vezes os dois discutem quando têm opiniões divergentes, mas nunca brigam. O sistema de gestão adotado pela empresa ajuda a eliminar conflitos. “Trabalhamos com ferra-

Parceria estratégica O DC Confinamento é 100% dependente da compra de animais de terceiros, já que a família não possui gado de cria. Para diminuir essa dependência, a empresa decidiu lançar, no ano passado, um projeto de parcerias com criadores da região. “Eles nos entregam um determinado número de arrobas, calculadas aplicando-se 50% de rendimento sobre o peso vivo auferido na balança da fazenda. Nós arcamos com os custos de frete

25.198

n Realizado

até uma distância de 250 km, mais ICMS. Por ocasião do abate, devolvemos as arrobas entregues pelo preço do dia, mais 50% do prêmio Europa que incidir sobre elas, e ficamos com as arrobas engordadas no confinamento”, explica o gerente Ricardo Chabariberi. Neste ano, o número de animais captados por meio de parcerias foi relativamente pequeno (3.000 cabeças), porque o inverno foi mais chuvoso, não faltou pas-

nnn Capacidade estática é de

10.000 cabeças e instalações não param

nnn

to. A tendência, contudo, é de que a empresa invista mais nessa modalidade de negócio. “Trata-se de um sistema ganha-ganha. Para o parceiro é bom porque ele alivia as pastagens e vende seus animais a preços melhores; para nós, é vantajoso especialmente porque não precisamos comprar os animais, o que alivia o caixa, além de eliminar o ágio sobre as arrobas ganhas no confinamento”, esclarece Rafaela Castilho, lembrando ainda que é importante manter as instalações cheias para diluir custos fixos.

agosto 2015

DBO 57


Especial Confinamento Suplementação

Árvore de Indicadores (dados ilustrativos)

total @ produzidas Receitas P

R$ 1,9 milhão

R

R$ 1,9 milhão

ebitda P

R$ 0,14 milhão

R

R$ 0,15 milhão

R$ 1,6 milhões R$ 1,8 milhões

preço de venda R$/@ P

R$ 98,00 milhões

R

R$ 95,00 milhões

P

R$ 1,6 milhões

R

R$ 1,8 milhões

cpv despesas

P = Previsto R = Realizado

P R

P

R$ 1,7 milhão

R

R$ 1,8 milhão

Despesas Operacionais P

R$ 20 milhões

R

R$ 25 milhões

Fonte: Rafaela Castilho

mentas de análise precisas, não com suposições”, explica a jovem administradora, que tem o mapa funcional do confinamento na mão e sabe onde atuar em momentos de crise. Com apoio da Prodap, Rafaela introduziu na empresa o sistema PDCA (do inglês Plan-Do-Check-Act, planejar, executar, checar e atuar), que visa à melhoria contínua dos processos operacionais. Normalmente, em janeiro ou fevereiro, faz-se um planejamento anual, no qual são estabelecidas estratégias e metas para o confinamento, usando-se os indicadores de desempenho técnico e econômico. Depois, vai-se checando os resultados em reuniões mensais, para consolidar as estratégias que estão dando certo e reformular aquelas que se revelam ineficazes. As decisões são tomadas pela diretoria junto com a gerência do confinamento, mas os funcionários participam em suas respectivas áreas. Ár vore de indicadores Para analisar os resultados do confinamento, Rafaela utiliza uma ferramenta chamada árvore de indicadores. O objetivo da empresa, evidentemente, é obter bom lucro operacional, mas, para atingi-lo, é preciso ter (em ordem de importância crescente) funcionários motivados, gestão profissional, controle de custos operacionais, desempenho produtivo eficiente, compra de gado dentro dos parâmetros estabelecidos e bom preço de venda. O monitoramento do negócio é feito por meio de indicadores que formam a figura de uma árvore deitada (veja ilustração abaixo). Seu tronco é o Ebtida e os galhos principais são a receita e a despesa totais. 58 DBO agosto 2015

Destes, saem galhos secundários, que, no caso da receita, são o total de arrobas produzidas e o preço de venda; no caso das despesas, o custo do produto vendido (CPV) e as despesas operacionais. Esses galhos secundários se desdobram em ramos menores, que por sua vez se dividem em outros, conforme a necessidade de análise do gestor. O CPV, por exemplo, é formado pelo custo do boi magro, custo nutricional e custos gerais. O primeiro (valor do boi magro), depende do preço da arroba comprada e do peso de entrada dos animais, que é afetado pela pesagem dos garrotes no fornecedor e pela quebra de peso no transporte. Cada indicador conta com uma previsão de resultado, que é confrontado, periodicamente, com o número obtido (realizado) no confinamento. “Essa metodologia possibilita medir a eficiência do negócio e também descobrir onde estão as causas de eventuais perdas de desempenho ou rentabilidade, para rápida adoção de medidas corretivas”, explica Marcel Andrade, da Prodap. Com base na árvore de indicadores, Rafaela faz a gestão contábil do negócio. Calcula a receita bruta, obtida principalmente com a venda de animais para abate e agora de esterco, e dela subtrai custos de produção (boi magro, ração, mão de obra, despesas gerais com combustível, energia, medicamentos, prestação de serviços, manutenção, frete, rastreabilidade etc). Chega, assim, ao lucro bruto, do qual deduz ainda as despesas administrativas (escritório) e comerciais (comissões). “Após esse último cálculo, apuro o Ebtida, que é nosso indicador fim, pois ele mede a eficiência da operação. Na sequência, lanço depreciações, amortizações, perdas ou ganhos de aplicações financeiras, além do imposto de renda, chegando ao lucro líquido da empresa”, explica a jovem. Cada coisa em seu lugar Segundo ela, esse demonstrativo contábil permite também visualizar a totalidade do negócio. “O Ebtida funciona como uma linha divisória: tudo o que está acima dele diz respeito à operação, o que está abaixo são fatores externos, mas que também devem ser bem administrados, como empréstimos em bancos ou aplicações de sobras de receita. Além de elaborar os relatórios de resultados, Rafaela atualiza continuamente o balanço patrimonial da empresa. Ela catalogou, descreveu e avaliou todos os bens do confinamento (de tratores aos itens de escritório), trabalho essencial para se calcular depreciações. “Agora, quando compramos alguma máquina, equipamento ou mesmo uma cadeira, basta lançar o novo item na lista de ativos. Está bem mais fácil”, salienta. Rafaela lembra que o produtor deve tomar cuidado para não misturar investimentos com custos.



Especial Confinamento Suplementação “Eles não podem ser incluídos no resultado do exercício e sim no balanço patrimonial” diz a administradora, que ainda faz rígido controle de fluxo de caixa. “Muita gente quebra devido à gestão de caixa ineficiente, que resulta em perda de credibilidade e, consequentemente, de crédito”, diz ela. Outra pro-

vidência tomada foi o estabelecimento de salários mensais para os executivos da empresa (pai e filha), que são incluídos nas despesas operacionais. “Não misturamos contas particulares com as do confinamento. Tudo é separado. Havendo lucro líquido, faz-se uma retirada ou reinveste-se no negócio”.

Tudo no computador

Empresa está substituindo o bagaço cru pela silagem de cana na dieta do gado

O

trabalho de gestão desenvolvido por Rafaela Castilho depende diretamente do registro de dados na fazenda. Em 2014, o DC Confinamento passou a utilizar o programa de computador Taurus, da Prodap, que reúne informações detalhadas sobre a raça, o peso e a origem dos animais em

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engorda, aplicação de medicamentos, consumo de ração, ganho de peso diário, período de trato, peso ao abate, rendimento de carcaça, mortes, etc. Os dados são lançados no programa, que calcula automaticamente os índices zootécnicos do confinamento. Para garantir a melhoria contínua desses índices, a empresa estabelece metas de desempenho, apresentadas e discutidas em reuniões com os funcionários para estimular sua participação no processo de gestão. “Investimos continuamente em capacitação de pessoas”, diz Rafaela. “Há sempre quem considere essa estratégia cara, mas costumo citar uma velha anedota do meio empresarial, em que um diretor financeiro pergunta ao diretor executivo: ‘E se investirmos nas pessoas e elas forem embora?’. De imediato, ele retruca: ‘E se não investirmos e elas ficarem?’. Prefiro trabalhar com a primeira hipótese”, diz a executiva. Sob orientação da Prodap, o DC Confinamento treinou os funcionários para coletar corretamente os dados, lançá-los no programa Taurus e trabalhar com base em metas. “Posso dizer que temos hoje uma equipe motivada e estável, que reconhece a importância da meritocracia”, garante ela. O zootecnista Ricardo Chabariberi, que gerencia o confinamento há cerca de três anos, já tinha familiaridade com esse sistema de administração por metas. “Acho que os indicadores facilitam bastante o trabalho de campo, pois a equipe consegue visualizar quanto já avançou e quais


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Especial Confinamento Suplementação Rastreabilidade eletrônica garante maior controle de informações

Ricardo Charibari, gerente do confinamento, já trabalhava com metas.

desafios tem pela frente”, afirma. A meta de eficiência alimentar para os animais mestiços leiteiros, neste ano, é de 160 kg de matéria seca por @ engordada e está sendo batida. O índice de mortalidade, que era de 0,5%, em 2014, caiu para 0,4%, após a adoção de medidas para prevenir doenças respiratórias, principal causa de morte no confinamento. Ao invés de uma ronda por semana, passou-se a fazer três. A empresa ainda não conseguiu bater a meta de 6,5@ produzidas por cabeça/período (hoje, são 5,8@), mas está trabalhando fortemente nesse sentido. Manejo nutricional O DC Confinamento trata seus animais com rações contendo 10% de volumoso e 90% de concentrado, à base principalmente de subprodutos. Até o

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ano passado, a empresa usava bagaço de cana como fonte de fibra, mas esse resíduo da indústria de etanol tornou-se escasso e caro. Seu preço subiu de R$ 60/t, em 2012, para R$ 140/t, em 2015. “Decidimos substituí-lo pela silagem de cana, que, além de ter custo de produção mais baixo do que outros volumosos, devido à maior produtividade por hectare, também possui maior valor nutricional do que o bagaço. Com isso, esperamos reduzir em pelo menos 4% o custo da tonelada de matéria seca e melhorar o ganho de peso, encurtando sua estadia no confinamento”, explica Chabariberi. Como boa parte da área da Fazenda Tabaju está arrendada para o plantio de cana, não será difícil obter matéria-prima para ensilagem. “Separamos 118 ha com essa finalidade”, informa o gerente, explicando que a parte concentrada da ração é composta por polpa cítrica (na proporção de 33% da matéria seca), caroço de algodão, milho moído, glúten e gérmen de milho. O ganho de peso no ano passado ficou em 1,510 kg/cab/dia, devido à forte presença de animais mestiços leiteiros nos currais, performance que se repetiu no primeiro semestre de 2015. Os lotes já abatidos ganharam, em média, 1,520 kg/ cab/dia, apresentando rendimento de carcaça de 53%. Com o adensamento energético da dieta, a expectativa é de que esses números melhorem no segundo semestre”, informa o zootecnista. Quando chegam à fazenda, os bovinos são pesados, identificados, vermifugados e vacinados contra clostridioses. Depois ficam por três ou quatro dias a pasto, para se reidratar e se recuperar do estresse do transporte antes de entrar no confinamento. A distribuição de ração é feita duas vezes por dia, com base em leitura de cocho realizada pela manhã. O DC Confinamento ainda não tem trato automatizado, sistema que exige investimento pesado em tags (sensores), por isso, os funcionários precisam caprichar no registro manual de dados, que são lançados diariamente no programa Taurus. Já a rastreabilidade é automatizada, pois a empresa trabalha com brincos contendo chips eletrônicos reutilizáveis. n



Especial Confinamento

Qual modalidade adotar no boitel? Estratégia de transformar boi magro em boi gordo deve ser acompanhada de avaliação criteriosa

A

Roberto Nunes Filho

terceirização da engorda de bovinos junto a um confinamento de aluguel é cada vez mais comum na pecuária brasileira e, de acordo com os especialistas no assunto, o atual momento do mercado é propício para essa prática. Este tipo de espaço, popularmente chamado de boitel, pode ser uma importante peça na busca do produtor por rentabilizar o seu negócio. É muito importante, no entanto, conhecer e optar pela modalidade de boitel mais condizente com as estratégias e objetivos definidos, bem como ter na “ponta do lápis” todos os custos deste investimento. O intensivo uso das pastagens é um dos fatores que movimentam este relevante segmento da pecuária de corte. Além disso, o atual cenário econômico tem favorecido a procura pelo modelo de boitel, já que o custo da arroba produzida no confinamento está bem abaixo do valor de venda. Na região de Santa Helena de Goiás (GO), por exemplo, onde está se-

Confinamento Chaparral, de Rancharia, SP, tem capacidade para terminar 8.000 bois.

64 DBO agosto 2015

diado o Confinamento Santa Fé, enquanto este custo é de R$ 90 por arroba, o valor de venda está girando em torno de R$ 130. De acordo com Pedro Merola, CEO da propriedade, até o fim deste ano a fazenda espera confinar 80 mil animais — um salto de 32,2% sobre o ano passado, quando 60,5 mil cabeças foram engordadas no local. A mesma visão é compartilhada por João Danilo Ferreira, diretor agropecuário do Confinamento São Lucas, também situado na cidade de Santa Helena de Goiás. “Para os produtores que têm animais em recria e que não estão conseguindo bons preços na venda do boi magro, o boitel é uma boa opção”, observa o especialista. “A procura pela compra de boi magro vem diminuindo e vários produtores estão buscando os boitéis para colocar os animais para engorda. Este cenário também está sendo impulsionado pela baixa disponibilidade de forragens nas pastagens.” As principais modalidades de serviço oferecidas pelos confinamentos são: por diária a preço fixo, parceria no ganho de peso e por arroba produzida. No caso do primeiro modelo, o pecuarista paga um valor diário para deixar seus animais no boitel. O preço é definido com base em características como raça, sexo e o peso de chegada ao confinamento. A cifra combinada entre as partes compreende os custos com a alimentação dos bovinos e a mão de obra. Já o desembolso com medicação, geralmente, fica com o produtor. Segundo o gerente de estratégia e tecnologia para o gado de corte da Nutron/Cargill, Pedro Terêncio, este é o principal modelo de negócio praticado no Brasil. “Dependendo da região, as diárias por animal variam entre R$ 6 e R$ 8”, informa. “Se a opção for



Especial Confinamento

Pedro Merola, do Confinamento Santa Fé: “Tive ganho médio de 1,7 kg/dia, nos últimos cinco anos.”

Pedro Terêncio, da Nutron/ Cargil: “Na modalidade diária, observe o custo de engorda x ganho projetado.”

diária, o produtor deve avaliar a relação entre o custo que terá durante o período de engorda dos animais com a expectativa de ganho de peso, baseada no histórico do local. Vale fazer uma pesquisa junto a outros pecuaristas”, sugere o especialista. No Confinamento Santa Fé, por exemplo, a média de ganho de peso diário é de 1,7 kg desde 2010. Por lá, segundo Pedro Merola, 99% dos clientes utilizam o modelo de diária. Realidade semelhante é verificada no Boitel Chaparral, na cidade de Rancharia, SP, onde a maior parte dos 8.500 bovinos que estão no esquema de boitel é tratada no modelo de diária fixa, explica o proprietário do confinamento, Sérgio Przepiorka. O sócio da GT Agronegócios, que administra a Fazenda Mirante, em Nerópolis (GO), Gustavo de Lima e Reis, reforça o coro em relação à predominância deste modelo. “O foco na qualidade da dieta, juntamente com todos os controles operacionais que são realizados, fazem com que os animais expressem o máximo do seu potencial genético”, esclarece Reis. Para Sérgio Przepiorka, este esquema é mais vantajoso para o produtor quando o preço do boi está em ascensão, pois, apesar da diária a ser paga, 100% do ganho com o animal fica com ele. O modelo também é uma boa opção no caso de lotes de animais mais leves, mas com boa genética e consequente potencial de ganho de peso. Por isso, o pecuarista precisa conhecer bem seus animais para neutralizar eventuais riscos. “A diária é uma modalidade bem justa para ambos os lados, afinal, o pecuarista recebe o valor total dos animais após a venda, tendo um bom retorno do seu investimento”, observa Merola. “E, para o confinador, é possível trabalhar com uma margem bem menor, pois, como o peso da chegada dos animais é o que determina os custos de alimentação, fica mais

fácil para ele saber qual vai ser o seu custo no período da engorda.” Parcerias na engorda Outra modalidade oferecida pelos boitéis tem como base as arrobas entregues no confinamento. Nesta opção de negócio, considerada mais conservadora, o produtor recebe, na hora do abate, o valor referente ao peso de entrada, em arrobas, dos animais no boitel. As arrobas ganhas no confinamento ficam para o boitel, como remuneração pelo serviço prestado. Neste modelo, em geral, o pecuarista não tem custo nenhum com alimentação do gado e não há o pagamento de diárias. De acordo com os especialistas consultados por DBO, para que o pecuarista tenha mais garantia de lucro neste modelo de parceria é indicado que a arroba do boi gordo esteja mais valorizada que a arroba do boi magro. “Para o produtor, será bom quando ele visualizar melhora no preço futuro da arroba”, observa Pedro Terêncio, da Nutron/Cargill. Em complemento a este princípio, Sérgio Przepiorka destaca que a maneira mais segura de garantir a rentabilidade com a parceria é travar o preço da arroba no mercado futuro quando o valor estiver favorável. Dentre as vantagens nesta modalidade, está a possibilidade de o produtor manter um estoque de arrobas para a entressafra, período em que, geralmente, os preços melhoram. O terceiro modelo mais comum praticado pelos boitéis é o chamado custo da arroba produzida, que possui semelhanças com a modalidade de parceria no ganho de peso. “Neste caso, o pecuarista pagará pela quantidade de arrobas produzidas no confinamento, ou seja, o desembolso será em cima do que foi produzido”, explica João Danilo Ferreira. “Para ilustrar em números, se um animal entra no confinamento com 12 arrobas e chega ao frigorífico com 20 arrobas, o produtor pagará um valor pré-fi-

Pontos de atenção A terminação do gado em um boitel é um investimento e, por isso mesmo, deve ser feito com muito cuidado. Ao recorrer (ou retornar) a este serviço, diversas questões devem ser analisadas e levadas em consideração antes de fechar o contrato de engorda terceirizada. “É preciso que o pecuarista analise como é o protocolo sanitário, o manejo de entrada dos animais, o processo de rastreabilidade, a mão de obra e a gestão nutricional”, orienta Pedro Terêncio,

66 DBO agosto 2015

da Nutron/Cargill. Para Pedro Merola, da Fazenda Santa Fé, outro ponto-chave é observar a estrutura do confinamento, tanto em termos dos equipamentos empregados quanto do ambiente, como a estrutura dos currais. O confinador também chama a atenção para a análise de indicadores importantes, como a média de mortalidade e ganho de peso, e para detalhes que impactam na saúde e bem-estar dos animais, como a existência de sistema de irriga-

ção para controlar o excesso de poeira. As observações não param por aí e contemplam, inclusive, questões intangíveis, como a idoneidade do boitel e a transparência dos processos. “Somam-se a esta lista o comprometimento do confinamento até o abate, os cuidados na entrada do animal e, até mesmo, a existência de habilitações que resultem em prêmios no instante na venda”, completa Sérgio Przepiorka, proprietário do Boitel Chaparral.


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xado em cima das oito arrobas produzidas no boitel”, observa Terêncio. “Hoje, o custo da arroba produzida varia entre R$ 105 e R$ 120”, calcula o gerente da Nutron/Cargill. A definição deste valor contempla, basicamente, o custo da dieta e o período em que os animais ficarão confinados. “Este modelo é bem recente. Para pecuaristas que querem evitar riscos, essa é uma opção”, completa. A engorda em boitéis traz muitas vantagens ao pecuarista e, se bem planejada, torna-se uma estratégica ferramenta de rentabilidade. Os ganhos, inclusive, vão além do campo financeiro, visto que, ao terceirizar a terminação do seu gado, o produtor fica livre de complexos processos operacionais e, assim, ganha tempo para planejar o futuro do seu negócio. Tratamento especial Para cumprir com as exigências e expectativas do mercado, muitos são os serviços agregados disponibilizados pelos confinamentos. No Boitel Chaparral, por exemplo, o transporte conta com uma equipe especializada para evitar que ocorram acidentes no trajeto entre a fazenda e o confinamento. E, na chegada ao boitel, são realizados os processos de protocolo sanitário, colocação de identificação SISBOV e pesagem individual. “Temos uma equipe bem treinada que fica diariamente vistoriando os animais em seus boxes para garantir o bem-estar e a saúde dos bovinos. Caso algum deles necessite de cuidados especiais, temos medicamentos e auxilio disponível para garantir sua melhora em menor tempo possível”, conta Sérgio Przepiorka. Outros exemplos de preocupação com a eficiência não faltam. No Confinamento São Lucas, há protocolos e manejos específicos para os animais, desde cuidados sanitários até dietas por fases (recepção, adaptação e engorda), alinhados a práticas adequadas de bem-estar animal. “Também temos um corpo técnico de alto nível, que constantemente está testando, validando e implementando o uso de modernas técnicas de manejos, dietas e ingredientes, visando sempre formas mais eficazes de produção e de sustentabilidade técnica, econômica e social”, pontua João Danilo Ferreira. n 68 DBO agosto 2015



Especial Confinamento Suplementação

Sem espaço para o erro

Luiz Ricardo Oliveira/ Confinamento Rio Verde Rio Verde

Gerenciamento rigoroso e ritmo “industrial” são marcas registradas em empreendimento comandado por Carlos Kind no sudoeste de Goiás

Confinamento Rio Verde 120 baias para abrigar até 15.000 cabeças por giro.

Moacir josé

A

de Rio Verde, GO moacir@revistadbo.com.br

expressão “fábrica de carne” pode ser mais apropriada para designar um frigorífico em operação. Mas usar o termo industrial para designar a produção de carne quando ela ainda faz parte do boi vivo pode ter uma representação visual mais apropriada dentro de um confinamento, que é a fase final do boi criado para o abate. E, dependendo do tamanho do confinamento, ele realmente toma ares de uma indústria. Essa é exatamente a impressão que se tem quando se visita o Confinamento Rio Verde, localizado a apenas 10 km da cidade goiana de mesmo nome, no sudoeste do Estado, a 230 km da capital Goiânia. Ali, o empresário Carlos Kind comanda uma operação de engorda com capacidade de terminação de 30 mil bois por ano, normalmente em dois turnos, com início em meados de abril e término

GO Goiânia Rio Verde

nnn

Fazenda em números Nome: Confinamento Rio Verde Localidade: Rio Verde, GO Capacidade estática: 15.000 cabeças

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Cabeças engordadas (2014): 21.821 Preço médio da diária: R$ 6,34 Lucratividade média: R$ 318/cabeça

em meados de dezembro. Quando o confinamento começa a funcionar, os cochos das 120 baias (15 metros de frente por 70 m de fundo, com capacidade para até 150 bois) são abastecidos com ração, das 3 horas da manhã até as 8 horas da noite. O alojamento (com quartos, cozinha e sanitários), com capacidade para 16 pessoas, fica com 12 delas morando ali durante todo o período. Uma verdadeira operação industrial. A reportagem de DBO não presenciou esse movimento in loco – por causa de um atraso na programação de entrada dos animais no confinamento -, mas teve ideia disso alguns dias antes, em meados de maio, quando os silos trincheira do confinamento estavam sendo enchidos com silagem de milho, num vaivém de máquinas (caminhões chegando, descarregando o material, tratores carregando o silo e o compactando), que não parou hora nenhuma. Tudo muito grande Os números são superlativos: os silos trincheira têm capacidade para 46 mil toneladas; nos galpões do confinamento, a capacidade de estocagem é de 250 mil toneladas de grãos e 10 mil t de torta de algodão, além de 1.000 sacos de componentes para a ração, entre núcleo mineral, ureia e calcário. A capacidade estática é de 15.000 cabeças. Para este



Especial Confinamento Suplementação Etapas do processo

Milho para silagem abastece silos com capacidade para 46.000 toneladas

nnn

33 25

caçambas de

toneladas cada já foram carregadas num único dia

nnn

nnn

65 95 a

dias é o período que dura o confinamento

nnn

Compactação é feita com trator de 380 cavalos

ano, Kind calcula que, nos dois giros, aproximadamente 7.000 cabeças virão de terceiros, dentro do esquema de “boitel”, e o restante de gado próprio, alocado em cinco fazendas arrendadas, todas no Estado de Goiás. “Confinamento é como cirurgia na cabeça: não admite erro” é a frase que o empresário gosta de usar para definir como encara a gestão desse negócio, principalmente com as características peculiares dele: não tem terra própria nem outro fator de produção, só o gado. Por isso, tem de administrar toda a operação – que vai do manejo do gado em recria nas fazendas até o manejo dos animais dentro do confinamento, passando pela compra dos insumos – com muito rigor. A única parte da qual ele não se ocupa é a da comercialização, tarefa que delegou (e paga por isso, claro) ao escritório de intermediação Fausto, também de Rio Verde, que negocia preços e prazos de entrega do gado junto aos grandes frigoríficos instalados na região, como Marfrig (Rio Verde e Mineiros), Minerva (Palmeiras de Goiás) e Friboi (Goiânia e Cachoeira Alta), a maioria deles num raio de 200 km do confinamento. Mas entrega também a outros mais distantes, como as unidades do Friboi em Andradina e Barretos, no Estado de São Paulo (480 e 580 km distante, respectivamente). Eficiência Para o veterinário Élder de Oliveira – da consultoria mineira Exagro, de Belo Horizonte –, que há 16 anos dá assistência zootécnica e gerencial para o Confinamento Rio Verde, Carlos Kind sempre foi muito eficiente na operação do seu confinamento. “Chegamos a registrar 33 carregamentos (com ração) por dia de caçambas do tipo ‘bazuca’, quando uma média esperada para um confinamento desse porte é de 25 carregamentos/dia”, informa. Carlos Kind tem quatro caçambas desse tipo, cada uma com capacidade para 25 toneladas, além de três misturadoras de ração total; quatro tratores, uma fábrica de ração com capacidade para processar 12 toneladas de produtos por hora. O gerenciamento dos componentes da ração é feito pela Exagro, sempre considerando custos de aquisição mais baixos e exigências nutricionais adequadas a um ga-

72 DBO agosto 2015

Abastecimento dos cochos com ração total começa de madrugada e vai até a noite.

nho de peso que resulte peso final entre de 17,5 e 19@, num período que varia de 65 a 95 dias de confinamento. Segundo Marcelo Pimenta, diretor geral da Exagro e que também assessora o confinamento, o melhor ganho em carcaça dos animais acontece com 65 dias de confinamento, mas nem sempre esse é o período predominante. “Isso depende de três fatores: preço da arroba, preço dos insumos da dieta e preço dos animais de reposição”, esclarece. Ele cita como exemplo o ano passado, quando o preço dos insumos da dieta estava estabilizado, mas a reposição estava cara e o preço da arroba estava subindo. Conclusão: valeu mais à pena esticar o período de permanência dos animais no confinamento por até 99 dias, mesmo que isso não tenha representado o ponto ótimo de ganho em carcaça. “Mas foi o mais vantajoso do ponto de vista econômico”, justifica. Neste ano, além da silagem de milho, que entra como volumoso (responde por 22 a 28% da matéria seca e por 20 a 25% do custo da alimentação), foram escolhidos como concentrados o sorgo grão e a torta de algodão, além de núcleo mineral, calcário e ureia agrícola. O Alguns números do Confinamento Rio Verde em 2014 Cabeças confinadas = 21.821 Peso médio de entrada = 362 kg Peso médio de saída = 531 kg Peso médio de carcaça = 289 kg Rendimento de carcaça = 54,5% Dias de confinamento = 99 Ganho de peso diário = 1,7 kg Ganho por kg de carcaça = 1,090 kg Valor médio de venda = R$ 130,80/@ Valor médio da diária = R$ 6,34 Lucro do investidor = R$ 318/cabeça (estimativa) OBS: O Confinamento Rio Verde não teve acesso aos valores de compra do gado de terceiros; por isso, para não superestimar o resultado do investidor, foi considerado como valor de compra o mesmo valor da arroba na hora da venda. Certamente, o resultado real deve ter sido maior do que o apontado, pois o valor da arroba na época da venda em 2014 foi bem maior do que o da época da compra. Fonte: Exagro.



Especial Confinamento Suplementação Confinamento Rio Verde trabalha com três tipos de dieta: uma de “pré-adaptação”, de 10 dias (44% de volumoso e 56% de concentrado); uma de adaptação, de 5 dias (39% de volumoso e 61% de concentrado) e uma para o restante do período (26% de volumoso e 74% de concentrado). Sem parar Toda a operação é pensada de forma a não haver qualquer parada que prejudique seu funcionamento. A fábrica de ração, por exemplo, tem dois moinhos, um de reserva, caso o principal quebre; as misturadoras de ração total são trocadas anualmente; os tratores, quando acaba a garantia. Mas a preocupação maior do empresário não é com o alimento e, sim, com a água, que não pode faltar nos

bebedouros dos cochos por mais do que 48 horas. Como ela é bombeada do reservatório para os bebedouros, não pode faltar energia elétrica. E para não correr o risco de “ficar na mão”, Kind comprou, em maio do ano passado, um gerador com capacidade de 230 Kva, movido a diesel (320 litros). “A região tem muitos armazéns e pivôs de irrigação, com picos de consumo entre as 18 e as 20 horas”, justifica, explicando que é nesse período que o risco de “apagão” é maior. Com essa quase obsessão pela segurança (que Kind diz ser “coisa de mineiro”) é que ele também está construindo um reservatório de água para 3 milhões de litros. No reservatório que está funcionando hoje, com capacidade para 1 milhão de litros, a cobertura é de sombrite, que proporciona total vedação da instalação, impedindo qualquer tipo de contaminação da água, que é servida por três poços artesianos, de oito metros de profundidade. “Tudo totalmente legalizado, com outorga dos órgãos ambientais”, frisa ele. O repórter processa a informação e pergunta, em seguida: se o reservatório que está sendo construído é de reserva, por que uma capacidade três vezes maior do que o atual? “A diferença de preço de um para outro, de apenas R$ 28 mil (R$ 208 mil para R$ 175 mil) compensava o investimento maior”, justifica Kind, sempre atento ao que é mais vantajoso economicamente. Incentivo à produtividade Outros dois aspectos interessantes do Confinamento Rio Verde são o gerenciamento do fornecimento de alimentos e o da recria nas fazendas arrendadas. Com relação ao primeiro, em vez de comprar o insu-

Carlos Kind, entre os consultores Marcelo Pimenta e Élder Oliveira, da Exagro: todos os detalhes contam.

Um negociante, acima de tudo. O Confinamento Rio Verde opera normalmente em dois giros, mas isso não quer dizer que ele ficará lotado o tempo todo. Mesmo num ano de preços altamente convidativos da arroba do boi, não é uma certeza de 100% que o segundo giro – com início normal em agosto-setembro – vá acontecer. “Só se convier”, ressalva Carlos Kind, explicando que isso depende não só do preço da arroba do boi mas também da incidência de chuvas. Se chover muito no segundo ciclo (outubro é um mês em que isso acontece na região), ele pode optar por não fechar os animais. Mas de onde virá a receita para bancar um investimento enorme,

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já estruturado para fazer funcionar um confinamento para no mínimo 15.000 cabeças? A resposta: da venda dos próprios ativos que o compõem. Foi isso que o empresário fez em duas oportunidades: nos anos de 2000 e de 2008. Tinha 8.000 bois fechados, metade pesando 18@ e metade, entre 11 e 14@, e o preço do milho (componente para o concentrado) disparou: em 2008, subiu de R$ 14 para R$ 30 a saca. “Preferi vender os bois magros do que continuar na engorda”, conta. No ano passado, ele fez algo parecido: tinha 2.700 garrotes que iriam para o confinamento, pelos quais havia pagado, em

novembro de 2013, o equivalente a R$ 110 por arroba. Em maio a arroba do boi magro subiu e ele resolveu vender todos os animais no leilão da Estância Bahia, em Água Boa, no Mato Grosso, conseguindo o equivalente a R$ 153/@. Meses depois, conseguiu comprar o mesmo tanto de cabeças por R$ 120/@. Para Marcelo Pimenta, um dos consultores da Exagro que atende o confinamento, ali nada é definitivo; todas as possibilidades são estudadas. “Ficamos o tempo todo avaliando as melhores condições de lucratividade”, informa. O próprio Kind sintetiza essa condição, com outra frase de efeito que ele gosta de usar: “Vivemos de estratos, não de status”.



Especial Confinamento Suplementação Foram 12.500 toneladas, três vezes mais do que o adquirido em 2014, todas estocadas no galpão do confinamento. Quando isso não acontece, o fornecedor fica com o material e vai entregando conforme a necessidade, em volume que garanta o abastecimento por pelo menos três dias.

O capataz Alberto Machado inspeciona o gerador de energia

‘‘

Acordo todo mundo às 5 horas da manhã”

Carlos Kind, proprietário do Confinamento Rio Verde.

mo, Kind negocia a lavoura diretamente com agricultores. Ou seja, ele “compra a área” de produção, de forma a que isso se torne vantajoso tanto para ele quanto para o agricultor, já que, se a produtividade for alta, o agricultor recebe mais; se for baixa, menos, o que, evidentemente, estimula o produtor a buscar o melhor rendimento possível por área. No caso da silagem de milho, a colheita da massa, transporte até o confinamento, depósito e compactação no silo são terceirizados. Nesta safra, Kind comprou 1.200 ha de área de milho para silagem do Grupo Cassol, um dos maiores agricultores de Rio Verde, com lavoura a apenas 19 km do confinamento. Quando o contrato foi assinado, em outubro do ano passado, a expectativa de produtividade era de 30 t/ ha; mas, encerrada a colheita, no final de maio, esse número subiu para 35,5 t/ha. O pagamento pela produção do fornecedor foi estabelecido em 2,8 sacas de milho por tonelada produzida (número definido a partir da expectativa de custo de produção dividido pelo preço de mercado na época), o que equivalia, em outubro de 2014, a R$ 60/t (R$ 21,40 a saca). Metade do valor foi pago na assinatura do contrato e o restante, quando toda a produção foi descarregada no confinamento. Segundo o consultor Élder Oliveira, o uso da silagem pode ser maior ou menor, dependendo do custo dos outros componentes da dieta. “Mas a qualidade da silagem aqui sempre é muito boa”. No dia da visita de DBO, o consultor chamou a atenção do confinador de que os grãos daquele lote estavam num estágio ainda muito leitoso e que seria adequado parar o corte do milho e esperar que a planta maturasse mais alguns dias, atingindo o estágio adequado, de farináceo duro, que proporciona maior teor de energia. “Como ele compra a produção por área, tem de atentar para isso, pois, do contrário, estará comprando água e não matéria seca”, explica Élder. A torta de algodão, que representa 20% do custo da dieta em matéria seca, já estava toda comprada em maio.

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Cartilha do menor custo Já com relação ao gado recriado em fazendas arrendadas, além de garantir com antecedência o boi magro que ocupará os cochos de seu confinamento, Kind segue como ninguém o preceito de conseguir o máximo de ganho de peso com o menor custo possível no pasto, de forma a diluir o custo total do animal. Um exemplo disso foi justamente o que aconteceu este ano: com um período de chuvas mais prolongado em várias regiões de Goiás, ele preferiu segurar o gado no pasto por quase um mês a mais do que normalmente faria, protelando a entrada de quase 17.000 cabeças para o final de maio (dia 26). Das cinco fazendas arrendadas em Goiás, a maior delas é a 2000, em Jussara, distante 360 km de Rio Verde, com 40.000 cabeças, 22.000 delas aptas à engorda em 2015. A fazenda pertence ao fundo de investimentos norte-americano Vision, o mesmo que arrendou e financiou as operações do confinamento da também goiana Cotril, entre os anos de 2005 e 2008. As outras fazendas estão nos municípios de Piranhas, Santo Antônio da Barra, Acreúna e Rio Verde. Pelo arrendamento dessas fazendas Carlos Kind paga, por cabeça instalada, entre 12 e 15% do valor da arroba do boi, cotação do índice Cepea do último dia do mês, na praça mais próxima à de onde se encontra a fazenda. Por exemplo, para os animais instalados na Fazenda 2000, em Jussara, que tem cotação definida pela praça de Goiânia, o arrendamento ficou em R$ 21/cabeça em abril, considerando uma cotação de R$ 139 pela arroba do boi gordo naquela praça naquele mês. Em todas as fazendas há capatazes para tocar o dia a dia, mas é o próprio Kind quem decide as ações principais: que bois vão para o confinamento, quais ficam, os que mudam de pasto, o que fazer com os que não seguem para o confinamento, etc.. No confinamento Rio Verde ele conta com nove funcionários. O capataz, Alberto Machado, comanda a equipe de seis pessoas, formada por dois peões (para tocar o manejo de cocho), um funcionário para operar a fábrica de ração, um no administrativo e dois de serviços gerais. Irrequieto, Carlos Kind está o tempo todo no comando. Por telefone, rádio, celular, internet. “Acordo todo mundo às 5 horas da manhã”, diz ele, para logo em seguida, diante do espanto do repórter, emendar: “Nesse horário peão tem de estar de pé!”. Quando atende o telefone, aliás, deixa claro que não tem tempo a perder: “Confinamento Rio Verde, Carlos Kind. Assunto?” Na semana da visita de DBO, ele diz ter ido cinco vezes à fazenda 2000. Era época de vacinação do gado contra aftosa e outros manejos. “Rodo a fazenda toda”, diz.n


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Especial Confinamento

Recria confinada A maioria dos projetos foi implantada para resolver problema de reposição, mas confinamento de bezerros ajuda a encurtar o ciclo de produção. Fernando Yassu

E

“Confinamento de bezerros amplia a janela para a compra da resposição, com reflexo nos custos”. Rodrigo Albuquerque, Fazenda Buritis, Itapirapuã, GO.

yassu@revistadbo.com.br

mbora o número de projetos ainda seja restrito, o “confinamento de bezerros” por períodos determinados (apenas na seca, com retorno ao pasto no período das águas antes da terminação intensiva) começa a ganhar corpo no Brasil, especialmente em regiões onde a pecuária de corte precisa competir em pé de igualdade com a cana, as lavouras de grão e as plantações de eucalipto. A principal vantagem desse sistema é que permite eliminar o principal gargalo do ciclo de produção de um boi gordo, que é a fase de recria. Mesmo em fazendas com maior grau de tecnificação, se comete o erro de negligenciar essa fase do desenvolvimento dos animais, dando-se ênfase à engorda e mais recentemente à cria, com a disseminação do trato em creep feeding. O problema da recria começa no pós-desmama, que, na maior parte das regiões produtoras, ocorre entre maio e setembro, que é o pior período de oferta forrageira em termos quantitativos e qualitativos. Além de enfrentar o estresse da desmama, as crias normalmente saem do conforto das tetas da mãe para os pastos e ali encontram para comer apenas macegas, que, além de duras e pouco digeríveis, têm baixa qualidade em termos nutricionais. Se receber apenas sal mineral, esses bezerros dificilmente ganharão peso até a chegada do período chuvoso, como mostra um estudo feito pela equipe técnica da Vaccinar, empresa de nutrição animal com sede em Belo Horizonte, MG. Em uma pesquisa que levantou dados de vários projetos de recria e engorda orientados pela empresa no Brasil, os zootecnistas Leonardo Egawa, Ulisses Minozzo e Anderson Vargas, respectivamente assesores técnicos e gerente de ruminantes da Vaccinar, avaliaram o desempenho de bezerros bem criados, que pesaram 250 kg à desmama, quando submetidos

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Bezerros na Fazenda Buritis, Itapirapuã, GO.

a diferentes sistemas de recria. Ao final de 150 dias de seca, o lote que recebeu no pasto sal mineral não ganhou peso. Cresceu, mas emagreceu, mantendo os mesmos 250 kg. O grupo tratado com sal proteinado de baixo consumo ganhou 300 g/cab/dia e chegou no final da seca com 295 kg. Já os bezerros que foram confinados por 150 dias ganharam 1 kg cab/dia e chegaram ao período chuvoso com 400 kg. Segundo os técnicos da Vaccinar, o custo para confinar os bezerros em 150 dias do período seco foi 190% maior do que na recria com sal proteinado e 226% maior do que no lote tratado apenas com sal mineral, mas, ainda assim, o primeiro grupo deixou lucro operacional de R$ 50/cab (levando-se em conta o valor de mercado no final da estação seca), enquanto o segundo gerou prejuízo de R$ 15 e o terceiro de R$ 207 (veja tabela). Considerando-se que esses bezerros de 250 kg custam hoje R$ 1.660,00/cab (R$ 200/@), a fazenda que confinou as crias por 150 dias começou a safra com maior estoque de arrobas de garrotes de 13 meses para cada 1.000 cabeças (13.333@) e com menor valor unitário (R$ 175/@), enquanto a propriedade que forneceu sal proteinado ficou com estoque 9.833@, ao custo unitário de R$ 192/@. Já a fazenda que tratou os animais apenas com mineral manteve o mesmo estoque (8.333 arrobas) e chegou ao início das águas com a arroba mais cara (R$ 224).



Especial Confinamento Comparativo zootécnico e financeiro dos diferentes sistemas de recria de bezerros pós desmama

kg do produto

Consumo cab/dia Custo diário/alimento Custo arrendamento pasto/dia Custo total/150 dias GP/kg/dia GP/animal/período Ganho em @ Receita (@ R$ 145,00) Lucro operacional (receita menos despesas) Peso final

Confinamento Pasto/proteinado Pasto/sal mineral Seca (150 dias) Seca (150 dias) Seca (150 dias) 250 kg 250 kg 250 kg R$ 0,30 R$ 1,00 R$ 1,35 20 g/100 kg 13,5 kg 0,1% PV peso vivo

R$ 4,00 R$ 675,00 1 kg 150 kg 5 R$ 725,00

R$ 0,25 R$ 0,80 R$ 232,50 0,3 kg 45 kg 1,5 R$ 215,50

R$ 0,08 R$ 0,80 R$ 207,00 0,0 kg 0,00 kg 0,00@ R$ 0,00

R$ 50,00

- R$ 15,00

R$ - R$ 207,00

400 kg

295 kg

250 kg

Fonte: Leonardo Egawa, Ulisses Minozzo e Anderson Vargas – Vaccinar Nutrição Animal

Impacto na terminação O maior impacto do confinamento dos bezerros está na terminação. Para chegar ao peso de 380 kg na entressafra seguinte, o lote que recebeu apenas sal mineral precisará ganhar, nos 210 dias do período chuvoso, 130 kg, média de 620 g/cab/dia; os tratados com sal proteinado, terão o desafio de engordar 85 kg (média de 400 g/cab/dia) e os confinados, que iniciam o período das águas com 400 kg, poderão ser terminados a pasto com 520 kg, se ganharem, entre outubro e maio, uma média de 570 g/cab/dia. O impacto do confinamento na recria é maior em projetos que desmamam ou compram bezerros muito leves, segundo o médico veterinário Pedro Reis, gerente de marketing da Prodap, empresa de consultoria também de Belo Horizonte. Para que um lote de bezerros desmamados com 160 kg possa entrar no confinamento com 380 kg na entressafra seguinte, terá que ganhar 220 kg em um ano (cinco meses de seca e sete

Foto cedida pela Agrocria

Tecnologias Estação do ano Peso inicial

Quem não tem instalações para confinamento, pode improvisar com cocho de bombonas.

de águas), apresentando a média excepcional de 602 g/ cab/dia em 365 dias, uma performance praticamente impossível sem suplementação de alto consumo. O problema está no período seco, quando os animais dificilmente ganham peso se receber apenas sal mineral ou ganham pouco se for suplementado com sal proteinado, como mostra o estudo da Vaccinar. Outra vantagem de se confinar bezerros em fazendas que fazem recria/engorda, segundo Pedro Reis, é aproveitar as oportunidades para comprar os animais de reposição numa época em que os preços estão mais baixos. “Quando o produtor tem confinamento, não precisa esperar o pasto melhorar para iniciar a reposição de bezerros; ele conta com uma janela maior para fazer compras, o que aumenta suas chances de bons negócio”, observa. O confinamento de bezerros também permite que o invernista dê um descanso para os pastos numa fase crucial para o desenvolvimento do capim, que é o

Bezerro pede ração diferente Segundo a equipe técnica da Vaccinar, o maior desafio no confinamento dos bezerros é fazer com que “aceitem o cocho” nos primeiros dias de trato, especialmente aqueles que não passaram pelo creep feeding e não estão adaptados à ração. Apenas 21,7% desses animais comem no primeiro dia e 66,7% entre o primeiro e o quinto dia útil. Um percentual alto (30%) permanece sem se alimentar após uma semana de trato. Levando-se em consideração a dificuldade de consumo que os animais jovens normalmente apresentam

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no início do confinamento, os técnicos da empresa de nutrição animal recomendam o balanceamento adequado da dieta de adaptação, também chamada de dieta de recepção, com níveis de proteína, energia, fibra efetiva, vitaminas e minerais ajustados para fortalecer o sistema imunológico dos bezerros. No período inicial, a dieta deve conter maior densidade de nutrientes, especialmente proteína, e um volumoso com fibras mais longas, como o feno. Bezerros sob estresse preferem dietas mais secas às ricas em silagem de mi-

nnn Confinamento pós desmama permite ganhos de até

150

quilos por cabeça e viabiliza abate de animais com idade entre 20 e 24 meses

nnn

lho. As dietas iniciais devem conter de 50 a 70% de concentrado, com energia não muito elevada. A meta da dieta dos bezerros em confinamento, segundo os técnicos da Vaccinar, é maximizar a síntese de proteína microbiana sem fornecer energia, que, normalmente, favorece a antecipação da deposição de gordura na carcaça, prejudicando o desempenho dos animais. O teor bruto de proteína deve ficar entre 16 e 18%, com níveis baixos de uréia ou de outras fontes de N não proteico. Normalmente, os bezerros estressados são menos tolerantes à ureia, mas, nas duas primeiras semanas, níveis de até 30 g/cab/dia são tolerados.



Especial Confinamento período de transição entre a seca e o início das águas. “Nesse período, o ideal é que o pasto fique vazio, para evitar que o gado coma a rebrota do capim, prejudicando seu desenvolvimento”, pondera Pedro Reis. nnn Confinamento de bezerros amplia janela de compras em até

150

dias e sem pressão permite redução nos custos da reposição

nnn

Reposição mais barata Dono da Fazenda Paraíso, no município de Ouvidor, em Goiás, Ricardo Safatle Soares começou a confinar bezerros há cinco anos. Nesta entressafra, deve chegar ao final da seca com 2.500 machinhos nos currais. Ele adotou essa estratégia para mudar a época da reposição. Antes ele comprava os animais no início das águas (outubro, novembro), quando já tinha pasto disponível para alojá-los. O problema é que todos os invernistas também fazem isso. Resultado: a maior demanda em época de maior oferta, elevava os preços. Soares ainda levava para casa um animal sofrido, devido à restrição alimentar pós-desmama. Com o confinamento, agora pode adquiri-los quando são apartados das mães (a partir de maio), época de oferta alta e preços mais baixos. Além da economia na reposição, Soares também consegue encurtar o ciclo de produção, mesmo trabalhando com animais mais jovens e mais leves. “Eu normalmente compro bezerros de 8 a 10 meses de idade e peso médio de 160 kg. Se não os

confinasse, dificilmente conseguiria terminar esses animais na entressafra seguinte”, explica. Soares trata os bezerros com uma ração composta por silagem de milho, fonte proteica e núcleo. O ganho varia de 800 g a 1 kg/cab/dia. Após o confinamento, os bezerros voltam para o pasto, mas continuam recebendo ração no cocho. Na média, os garrotes chegam à entressafra seguinte (maio/junho) com 360 kg (12@) aos 17-21 meses, quando são confinados. Chegam ao abate, após 80 dias de trato, com 486 a 500 kg (17,5 a 18@) aos 20-24 meses, apresentando rendimento médio de 54%. “O desempenho na terminação melhorou muito. Até a adaptação foi mais rápida”, explica Soares. Rodrigo Albuquerque, da Fazenda Buritis, no município de Itapirapuã, na região Noroeste de Goiás, também resolveu confinar os bezerros nesta entressafra como estratégia para atenuar o ágio na reposição. “Em 2014, a arroba de bezerro subiu 56% na comparação com 2013. Em 2015, deu outro salto e o bezerro subiu mais 69% sobre o valor pago no ano anterior”, lembra. Com o impacto da alta da arroba no resultado financeiro da fazenda, que Rodrigo Albuquerque tacha de monstruoso, o pecuarista foi aconselhado pelo consultor Lucas Marques, da Prodap, a buscar atalho do confinamento de bezerros para reduzir os

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Foto cedida pela Prodap

Foto cedida pela Agrocria

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Confinamento de bezerros remove o gargalo da recria no ciclo de produção

nnn Estudo indica custo do confinamento até

226% maior do que bezerro manejado a pasto com sal mineral

nnn

Impacto maior em projetos que trabalham com bezerros leves Pedro Reis, médico veterinário da Prodap.

Lucas Marques (primeiro à esquerda) em reunião com a equipe da Fazenda Buritis, em Itapirapuã, GO.

custos da reposição. O confinamento está permitindo que ele estique a “temporada de compras”. Até a safra passada, Albuquerque não podia comprar todos os bezerros e garrotes de que precisava antes da chegada do período chuvoso para evitar sobrecarga dos pastos na seca e, principalmente, nas fases de transição entre a entressafra e a safra. “Com o confinamento dos bezerros, posso comprar no auge da desmama (maio, junho e julho) ou até o final do período seco (setembro) e início das águas (fim de outubro e meados de novembro). Não fico pressionado pelo tempo para fazer reposição”, pondera. No total, Rodrigo Albuquerque termina entre 2.500 a 2.700 animais por ano, mas, como não comprou toda a reposição, começou a recria confinada com 424 garrotes, que, aos 10 meses, pesaram 225 kg, em média. Nos primeiros dias de cocho, eles ganharam 750 g/cab/dia, mas, após a adaptação, deverão engordar 1 kg/cab/dia. Com custo diário de R$ 2,94/cab, a arroba de bezerro produzida no confinamento fica em R$ 117,60, considerandio-se um ganho de 750 g/cab/dia. O pecuarista diz, porém, que, se o custo ficar em R$ 120 a R$ 125, o resultado será excepcional. “Hoje, a arroba de bezerro, garrote e boi magro está entre R$ 180 a R$ 200”, pondera. Assim, mesmo comprando um bezerro de 225 kg (7,5@) por R$ 1.500 (R$ 200/@, ágio de 56,86% sobre a arroba de boi gordo, que estava custando R$ 127,50, em Goiás, no final de julho), Albuquerque terá, no início das águas, após um confinamento de 120 dias (julho a outubro), um garrote de 14 meses e 10,5@ custando R$ 1.852,80 (arroba a R$ 176, com ágio de 38%). Caso ele compre esse mesmo bezerro por R$ 1.350/cab (@ a R$ 180, com ágio de 41%), terá, no final de outubro, garrotes de R$ 1.702,80 (R$ 162/@ e ágio de 27,06%). Menos estresse Além de reduzir o custo de sua principal matéria prima, outro argumento usado pelo consultor da Prodap para convencer Rodrigo Albuquerque a confinar bezer-

84 DBO agosto 2015

ros foi a manutenção no ganho de peso. O trato no cocho evita que se tire o animal da melhor alimentação possível (leite materno) para a pior possível (pasto seco). “Além do estresse da própria desmama, tem-se o choque provocado pela piora da comida, uma combinação perversa que atrasa o desenvolvimento do bezerro. Com o confinamento, o animal sai de um ótima situação para outra ótima, recebendo, após a desmama, um nível nutricional satisfatório, com uma dieta balanceada, composta por silagem de capim ou de capim com milheto, concentrado contendo bom nível de proteína e um núcleo mineral”, diz Lucas Marques, da Prodap. O consultor diz que recomendou o confinamento dos bezerros porque a Fazenda Buritis tem um alto grau de tecnificação e já possuía as instalações para trato no cocho, dispensando, assim, investimento em infraestrutura e maquinário. “Em cinco anos, a propriedade encurtou o ciclo em quatro meses. Com o confinamento de bezerros, esperamos ganhar mais três meses”, diz o técnico. Depois do confinamento, os garrotes continuarão recebendo ração no pasto, com dieta de alto consumo. Rodrigo Albuquerque justifica: “Após elevarmos o status nutricional do animal na recria confinada, devemos manter esse nível nutricional no pasto, para não perder o investimento anterior. Camparativamente, é como o salário de um funcionário que tem o salário aumentado. Se diminuimos seu ganho, ele não vai gostar. Ficará descontente e apresentará desempenho inferior. Com o gado acontece a mesma coisa”, observa. Outra vantagem do confinamento de bezerros na recria e dos garrotes na terminação é melhoria dos pastos, que ocupam 1.260 ha da fazenda. “Nesta seca e na transição da entressafra para a safra, eles ficarão praticamente vazios. Com esse manejo, damos condições para que, após as primeiras chuvas, o capim, com reserva nutricional preservada, dê uma arrancada e não se degrade. Com o confinamento de bezerros, vamos deixar o pasto em descanso após a seca até que a precipitação pluviométrica supere 100 mm”, diz. n



Especial Confinamento

Que nem suíno de granja

Fazenda São João, de Caarapó, MS, instalou silo para ração ao lado do cocho. No detalhe, muro, que tem sensor embutido, e piso e laterais feitos de pneus, mais econômicos e duradouros.

Arquivo Faz.S.João

Fotos: Ariosto Mesquita

Bois recebem ração no cocho automaticamente, 24 horas por dia.

Ariosto Mesquita,

E

de Caarapó, MS

m tempos de alto preço de reposição e de redução na distância entre custo de produção e valor de venda do boi gordo, eficiência vem sendo palavra de ordem para o invernista. Antenado com o que acontece no mundo pecuário e com larga experiência no mercado financeiro, o administrador e pecuarista Rogério Goulart resolveu investir em um projeto que pode reduzir custos e elevar a produtividade da pecuária de corte. Inspirado em uma estrutura de suinocultura que conheceu no Mato Grosso, ele propôs uma mudança radical no modelo produtivo da Fazenda São João (de recria e engorda), propriedade de sua família, em Caarapó, sul de Mato Grosso do Sul.

86 DBO agosto 2015

Na manhã de sábado do dia 4 de julho, em meio a um frio de sete graus, Goulart apresentou, para aproximadamente 200 convidados, em um dia de campo, o arcabouço do que vem sendo chamado de “confinamento no muro”, sistema que ele pretende adotar gradualmente em toda a fazenda. De forma simplista, pode-se afirmar que funciona de modo similar a uma granja de suínos, com redução sistemática da interferência do homem no trato com os animais. Ao mesmo tempo em que busca acentuar a eficácia na conversão alimentar por meio da nutrição de precisão, o projeto piloto aposta na redução de custos, tanto de mão de obra quanto estruturais. O módulo piloto instalado na Fazenda São João tem capacidade para engorda de 80 animais por ciclo (aproximadamente 130 dias). Segundo Goulart, o investimento foi da ordem de R$ 13.000. A base do sistema é um muro de 5 metros de largura por 3 de altura, com oito colunas ocas internas que conduzem a ração até o cocho, localizado na base deste muro. A estrutura da distribuição da ração é automatizada, acionada por sensores. A ração fica armazenada bem próxima ao muro e sua reposição é feita semanalmente ou, em alguns casos, em intervalos de dez dias. Em um primeiro momento, os animais a serem terminados ficam no pasto, em um piquete que dá acesso também ao cocho do muro. Esta fase dura, em média, 14 dias, período no qual os animais comem capim e uma ração formulada para adaptação. Em seguida são confinados para acesso somente ao suplemento, com outra formulação (para terminação), liberado pelo sistema. Toda a área utilizada é de aproximadamente 5 hectares (ha). Ganho de peso Nesta fase exclusiva de cocho, esse modelo simplificado registrou a entrada de animais com peso vivo médio de 400 e de 560 quilos na saída. O ganho de peso médio (carcaça) foi de 7,5@ ao fim de 115 dias. A conversão alimentar é de 140 kg de ração por arroba produzida a um custo médio de R$ 4,50/animal/dia. “Ao contrário de uma estrutura de confinamento tradicional, esta não necessita de área de trato e nem de leitura de cocho. Quem aciona tudo é o próprio animal. Quando se chega a um limite o sistema suspende o fornecimento, voltando a alimentar o cocho à medida que a ração vai sendo consumida. É semelhante a uma caixa d’ água cujo abastecimento é controlado por uma boia”, explica Goulart. Outra vantagem, segundo ele, é o fato de a comida ser oferecida 24 horas por dia, permitindo que o animal se alimente no momento em que quiser, inclusive à noite. “Nos primeiros dias, ainda em adaptação, os animais chegam ao cocho juntos, sempre por volta da hora em que costumeiramente recebiam ração. Agora, vão espaçadamente, em grupos pequenos, o que aliviou o stress pela disputa de espaço no cocho. É o lado



Especial Confinamento

Em dia de campo, Rogério Goulart explica as vantagens do sistema a grupo de pecuaristas.

das boas práticas, garantindo mais bem-estar animal”, conta. Diante desse quadro ele também enxerga outro ganho: “Como os bois não comem juntos, o pecuarista pode avaliar a possibilidade de fechar um lote maior ou reduzir a área de cocho”. O maior impacto visual deste sistema sugerido por Rogério Goulart é provocado pela linha ou “muro” de pneus usados em substituição às cercas de arame. A alternativa é vista por ele como saída para reduzir custos. “Nas propriedades da família (mais uma em Naviraí, MS e outra em Gurupi, TO), 50% do tempo de trabalho de funcionário é gasto na manutenção de cercas”, diz. No projeto piloto, esta linha foi instalada em uma extensão de 130 metros com pneus de caminhão ajustados e sobrepostos, cada um pesando entre 50 e 70 kg. O material é originário de descarte da prefeitura da cidade. Todos os pneus receberam furos nas laterais para evitar o acúmulo de água das chuvas. Goulart estima em 5.000 unidades a quantidade necessária para a instalação de um quilômetro de cerca de pneus. O custo é intermediário entre a cerca convencional e elétrica, “com a vantagem de não exigir manutenção e de não oferecer o estímulo visual para que o animal avance sobre ela, uma vez que o boi não consegue ver o que existe do outro lado”. Os pneus devidamente recortados também foram utilizados no modelo do novo sistema em substituição às tábuas de madeira no erguimento de estruturas e como piso próximo ao muro de ração. Goulart está animado com esta alternativa a ponto de pensar em substituir as cercas da propriedade por linhas de pneus. “Obviamente isso vai levar tempo; calculo aproximadamente dez anos”, observa. Para manter em funcionamento todo o sistema, Goulart garante ser necessário apenas um funcionário. Depois de avaliar os resultados no modelo adotado, o pecuarista quer agora ampliá-lo para dar um novo salto na produtividade da Fazenda que, no ano passado, registrou um giro de 184% em relação ao estoque médio de animais, quase o dobro do percentual de 100% registrado há cinco anos. “Queremos aumentar em até cinco vezes a velocidade de engorda, em um período de até sete anos”, anuncia. 88 DBO agosto 2015

Remodelação Para isso ele não pretende medir esforços na remodelação do processo de recria e terminação. A partir do fim deste ano, almeja iniciar a instalação do primeiro módulo para “confinamento no muro” em escala. A parede de ração terá 25 metros de comprimento e o sistema terá capacidade para atender 400 animais. Seus planos são ambiciosos: “De acordo com o nosso planejamento vamos montar dois módulos por ano até chegar a 16 unidades. Quando estiver totalmente em funcionamento, nossa meta é fazer com que o sistema mantenha um fornecimento contínuo de 400 animais por semana para o frigorífico”. A Fazenda São João trabalha com terminação de machos não castrados. Atualmente o tempo de permanência dos animais na engorda a pasto varia entre seis e oito meses, com a idade máxima para abate de 36 meses e peso ao redor de 520 kg em pastagens de capim panicum Mombaça e braquiária Xaraés, “com capacidade de suportar o equivalente a 1,6 unidade animal por hectare (UA/ha) o ano inteiro”. Goulart prefere não informar dados patrimoniais e de investimento, como estoque médio do rebanho, média anual de animais abatidos e o quanto prevê desembolsar para instalar o novo sistema em toda a fazenda. Nutrição Além da parte estrutural, o “confinamento no muro” tem o componente nutricional como item fundamental para o bom resultado na engorda (entre 1 a 1,1 kg de ganho de peso/animal/dia/carcaça). Para isso, Goulart contou com a parceria da Coan Consultoria que, em conjunto com a empresa de suplementação Zoomix, estabeleceu todo o encadeamento da dieta que obedece cada categoria animal e busca padronizar as respostas de desempenho. Dentro do processo da “nutrição de precisão”, a consultoria avalia os lotes de animais quanto à raça, tamanho corporal, sexo (machos não castrados) e peso de entrada. A partir daí dimensiona o peso de saída, a necessidade de desempenho (ganho de peso médio diário/ ganho de carcaça) e delineia as exigências nutricionais. Além de uma formulação específica para a recria, o sócio da consultoria, Rogério Coan, revela que duas suplementações, em especial, são responsáveis pelos resultados dentro da unidade de confinamento proposta: uma dieta de adaptação ao novo sistema e uma ração para terminação. “A primeira é fornecida por 14 dias e tem como base casca de soja, torta de algodão e alguns aditivos”, diz. Para o acabamento do animal, a ração oferecida é de alta densidade energética fazendo uso de gordura protegida (perto de 200 gramas/animal/dia), virginiamicina e monensina. “A base da formulação é farelo de soja e milho agregado de macrominerais, microminerais e vitaminas, além dos aditivos e gorduras”, revela. n




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Realização:

Apoio:


Nutrição

Vale a pena suplementar vacas de cria? Valorização do bezerro reativa interesse pela técnica, que demanda cálculos de viabilidade econômica e organização por parte do pecuarista.

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Luiz H. Pitombo

ale a pena suplementar vacas? Em época de bezerro valorizado, essa pergunta começa circular com mais frequência entre os produtores, mas respondê-la não é fácil. O correto, segundo técnicos consultados por DBO, é afirmar que “depende”. Do ponto de vista biológico, a questão é relativamente simples: em fêmeas com baixa condição corporal e alojadas em pastagens ruins a suplementação eleva o índice de prenhez, desde que se garantam aos animais condições adequadas de consumo (como cochos em número suficiente) e se eliminem falhas no abastecimento. Do ponto de vista econômico, há muita interferência de variáveis mercadológicas, técnicas e até climáticas, já que a quantidade e qualida-

Vendramini, da Universidade da Flórida: suplementação melhora condição corporal das vacas, o que tem efeito positivo na redução do intervalo entre partos.

94 DBO agosto 2015

de de forragem disponível nos pastos influencia no resultado do programa nutricional adotado. Apesar disso, a suplementação, se bem planejada, pode ser viável em várias situações, dizem os técnicos. Como a atividade de cria foi deslocada para áreas marginais, com terras de menor qualidade e pastagens mal manejadas, boa parte das vacas chega ao pasto com escore de condição corporal (ECC) baixo, entre 3 e 4, dentro de uma escala que vai de 1 a 9. Em função disso, a taxa de prenhez também é insatisfatória, ficando entre 50% e 60%. Melhorar o manejo dos pastos e fornecer às matrizes uma suplementação protéica simples no período da seca pode elevar o ECC ao parto para desejáveis 5 a 6 e garantir taxas de prenhez de no mínimo 80%. O intervalo entre partos (IEP) também é beneficiado pela melhoria da condição corporal, como mostrou o pesquisador João Maurício Vendramini, da Universidade da Flórida, EUA, em palestra ministrada em Campo Grande, MS, durante o evento Confinar, em maio deste ano. Ele apresentou dados indicando que o IEP pode ficar em torno de 355 dias nas matrizes com escore corporal 7, em contraste com 424 dias, em vacas com escore 2. Quando suplementar Para o veterinário Ériklis Nogueira, da Embrapa Pantanal, em Corumbá, MS, que desenvolve pesquisas nesta área, a suplementação de vacas de cria é vantajosa em certas condições, como na época da seca, durante veranicos severos, ou mesmo quando o produtor erra no manejo da pastagem (superpastejo). Também é recomendável se houver atraso nas chuvas e faltar forragem no início da estação de monta ou se as fêmeas destinadas à inseminação artificial em tempo fixo (IATF) apresentarem escore corporal abaixo de 5. Mesmo nessas condições, porém, Nogueira sugere suplementar as matrizes em proporções modestas (0,1% a 0,4% do peso vivo). Para tornar a técnica viável, é fundamental vedar as pastagens e ajustar a mineralização. “A suplementação também é indicada para acelerar o desenvolvimento de novilhas, fazendo com que as Nelores, por exemplo, cheguem à estação de monta com peso próximo de 280 a 300 quilos. No caso das primíparas, o uso da técnica é quase obrigatório, porque essas fêmeas sentem muito o estresse do parto”, justifica.



Nutrição Alta correlação entre escore corporal e intervalo entre partos 424 Dias entre partos

409

371

2

Aguiar, da Boviplan: retorno do investimento só compensa em situações específicas, de escores corporais muito baixos.

Segundo Rodrigo Costa Gomes, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande, MS, o nível de resposta das fêmeas à suplementação é maior quanto pior for a sua condição corporal. Já os gastos dependem da quantidade fornecida por cabeça e do tipo de produto usado, podendo variar de R$ 0,40 a R$ 0,50 a R$1,7 a R$ 2 por cabeça/dia. “O produtor deve fazer contas junto com um técnico, considerando a realidade de sua fazenda e as metas estipuladas, para verificar a viabilidade econômica da suplementação. Se o resultado da análise for positivo, deve tratar os animais, pois, quanto mais produtiva for a propriedade, melhor”, enfatiza Gomes. Ele acrescenta que o nível de viabilidade depende também da forma como a técnica é aplicada. “Em locais de difícil acesso não se pode usar produtos de alto e sim de baixo consumo, com abastecimento do cocho a cada duas semanas. Pode-se ainda optar por blocos compactos com nutrientes”, sugere. Estratégias associadas O médico veterinário Renato Girotto, da RG Genética, empresa de Água Boa, MT, atua na área de gestão reprodutiva e é categórico ao afirmar que a propriedade de cria precisa se valer de todos os recursos para aumentar a taxa de prenhez. “Esta é a condição para se ter um número maior de bezerros e diluir os custos de produção da fazenda”, enfatiza. Quanto ao uso da suplementação, faz coro com os demais técnicos ao dizer que “depende da situação”, e cita o caso de fazendas que fazem integração lavoura/pecuária. “Nessas propriedades, a vacada pasta em áreas de braquiária ruziziensis plantadas após a colheita da soja, em solos adubados. Pela qualidade da forragem, dispensa-se a suplementação dos animais. Esta, contudo, não é a realidade predominante no País”, reconhece.

96 DBO agosto 2015

358 358

3

358

355

4 5 6 Escore corporal

7

8

Para que se atinjam boas taxas de prenhez com o menor investimento possível em suplementação, Girotto recomenda estratégias articuladas, associando o bom manejo dos pastos com uma estação de monta curta, que possibilite parição no início das águas, e uso de suplementação, quando necessário. “Fazer uma vaca parir em boa condição corporal é ter 70% dos problemas reprodutivos resolvidos. Isso vale para monta natural, inseminação convencional e IATF”, diz ele. Em se tratando de multíparas, Girotto discorda daqueles que fazem pouco para emprenhá-las, pois garante que essas matrizes respondem muito bem a investimento em nutrição. Antes de definir a estratégia de suplementação da vacada, ele avalia sua condição corporal após a desmama das crias e separa os lotes que se encontram com ECC abaixo de 3, na escala de 1 a 5 com a qual está habituado a trabalhar. O suplemento que utiliza é o protéico/energético, cujo consumo pode variar de 300 a 500 gramas/cabeça/dia. O objetivo é trazer o maior número de vacas para um escore igual ou superior a 3 por ocasião do parto e início da estação de monta. Deve-se fornecer o produto no terço final da gestação e, dependendo da condição dos animais, estenter o trato por até 60 dias após o início da estação de monta. “Neste caso, a intenção é manter ou tornar positivo o balanço energético da vaca, favorecendo seu sistema hormonal”, explica o consultor, lembrando que a estratégia é válida para monta natural, inseminação artificial convencional e IATF. Para exemplificar o impacto da suplementação nos índices reprodutivos, ele cita o caso de uma propriedade cujas vacas iniciaram a estação de monta de 2011/2012 com escore corporal médio de 2,68 e apresentaram 75% de prenhez, considerando-se IATF e repasse com touros. Após investimentos em pastagens e suplementação, conseguiu-se fazer com que entrassem na estação de monta com ECC médio de 3,12 e a taxa de prenhez subiu para 83%. A viabilidade econômica da técnica foi previamente analisada por um dos veterinários da empresa usando uma planilha de Excel, na qual foram lançados o número de vacas que se desejava tratar, o valor do produto que se preten-



Nutrição

Ériklis, da Embrapa: opção também para acelerar o desenvolvimento de novilhas.

dia utilizar, o consumo diário projetado, o número de dias de trato e valor do bezerro. O programa lhe forneceu o custo total da suplementação, o equivalente em bezerros para pagar o investimento e o incremento necessário no índice de prenhez para pelo menos cobrir os custos da técnica. “A conta é centrada na concepção, mas existem ganhos indiretos que devem ser considerados, como a produção de bezerros de melhor qualidade e a economia com suplementação das fêmeas na estação seguinte”, salienta. Cálculo do retorno O agrônomo André Aguiar de Mello, da consultoria Boviplan, em Piracicaba, SP, diz que, nas fazendas que assiste, costuma manter a boa condição corporal das matrizes multíparas somente com pastos bem manejados e sal mineral, acrescido de ureia no período seco. Quando recorre à suplementação protéica ou protéico-energética, usa de cautela, pois o retorno em prenhez pode não compensar, em função dos índices já obtidos na propriedade. Ele fez duas simulações que justificam sua posição. Na primeira, considerou um lote de cem vacas com condição corporal 4 (situação abaixo da desejada numa escala de 1 a 9) e taxa de concepção muito baixa (apenas 60%). Para elevar sua ECC para 5 e seu índice de

www.adubosaraguaia.com.br

prenhez para 80%, seria preciso suplementar os animais. Pesquisas indicam que, para ganhar um ponto de ECC, as fêmeas têm de engordar de 34 a 36 quilos, o que exige suplementação na base de 0,3% do peso vivo, com um produto contendo 16% de proteína bruta, prevendo-se consumo de 1,35 kg/cabeça/dia, durante dois meses (30 dias antes e 30 dias depois do parto). Como esse suplemento custa R$ 0,80 o quilo, seriam gastos, com as cem vacas, R$ 6.480 no período. Em comparação com o lote sem suplementação, o investimento garantiria, em tese, 20 prenhezes a mais, porém Mello considerou, nos cálculos, uma perda de 10% até a desmama por falhas de diagnóstico, abortos e outros problemas, chegando a 18 animais viáveis. Considerando-se o nascimento de 50% de machos, cotados a R$ 1.200/cabeça, e 50% de fêmeas, avaliadas a R$ 1.000/cabeça, o aumento no faturamento seria de R$ 19.800, que, após descontar-se o custo do suplemento, deixaria R$ 13.320. “Há viabilidade econômica nesta situação”, salienta. Entretanto, o mesmo exercício feito com animais em melhor condição (vacas com ECC 5 e taxa de prenhez de 80%), visando uma ECC de 5 e índice de concepção de 90%, não garantiu resultado atrativo. A receita obtida com o incremento no número de bezerros foi de R$ 3.870,00, inferior aos gastos com suplementação. n

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Fertilizantes Sementes Ureia Granulada e Pecuária Fosfato Bicálcico Defensivos agrícolas Produtos Veterinários Nutrição animal Jardinagem

NOSSAS LOJAS: • ANÁPOLIS/GO: 62 - 3321.9700 • GOIÂNIA/GO: (Setor Coimbra) 62 - 3272.8800 - (Jd. Guanabara) 62 - 3265.2400 (Pio XII) 62 - 3272.3200 • CATALÃO/GO: 64 - 3441.8811 • BRASÍLIA/DF: (Sobradinho) 61 - 3487.8200 - (Taguatinga) 61 - 3355.9600 (Ceasa) 61 - 3362.3500 • FORMOSA/GO: 61 3642.9595 • CRISTALINA/GO: 61 3612.8282. NOSSAS FÁBRICAS: • ANÁPOLIS/GO: 62 - 3310.8133 • CATALÃO/GO: 64 - 3441.8844 • SOBRADINHO/DF: 61 - 3487.8100 • SORRISO/MT: 66 - 3545.9898 • RONDONÓPOLIS/MT: 66 - 3439.9898.

98 DBO agosto 2015



Nutrição

Conheça o pasto em que o boi está Análise bromatológica é uma técnica barata que auxilia na formulação correta de suplementos Renato Villela

I

magine se o pasto pudesse ser colocado em um prato. Você saberia quanto de energia, proteína e minerais o boi estaria consumindo? Não? Pois deveria. Essa informação é fundamental para ajustar corretamente a dieta dos bovinos e melhorar o ganho de peso. Comumente empregada na análise de volumosos como cana, silagem, pré-secados e feno, além de concentrados, a análise bromatológica também permite conhecer a composição do capim. “Essa estratégia possibilita ao produtor economizar com suplementação do gado na seca”, afirma o professor Adilson de Paula Almeida Aguiar, das Faculdades Associadas de Uberaba e consultor da Consupec. Segundo Aguiar, analisando os resultados da análise bromatológica, um nutricionista da área animal pode predizer o consumo de forragem pelos animais, a ingestão de nutrientes e, consequentemente, seu desempenho a pasto, além de diagnosticar deficiências minerais específicas. Dentro de um conceito de “pecuária de precisão”, a interpretação dos resultados dá suporte ao técnico para formular suplementos minerais, misturas múltiplas, concentrados e rações totais. “É uma ferramenta muito interessante para quem gerencia projetos de alta lotação, onde

altura CORRETA para coleta de amostras Alturas-alvo (cm)

Nome da planta forrageira

De saída Não Adubado

Adubado

Andropogon

50

40

25

Brachiaria brizantha

Braquiarão

25

20

13

Brachiaria brizantha

Xaraés ou MG5

30

25

15

Brachiaria decumbens

Decumbens

25

20

13

Convert HD 364

30

25

15

Humidicola

25

20

13

Tifton 85

25

20

13

Cientifico Andropogon gayanus

Brachiaria hibrida Brachiaria humidicola C.dactylonx C. nlemfuensis

C. plectostachyus

Comum

De entrada

Estrela africana

30

25

15

Panicum maximum

Mombaça

90

70

45

Panicum maximum

Tanzânia

70

55

35

Panicum maximum

Tobiatã

90

70

45

Fonte: Aguiar, 2013

100 DBO agosto 2015

se busca o máximo desempenho dos animais com o mínimo de concentrado”, afirma o consultor Rodrigo Paniago, da Boviplan. Outra indicação é usá-la para conhecer o estado das pastagens quando se adquire uma fazenda nova ou iniciar um projeto pecuário intensivo. “O técnico precisa de referências concretas para fazer ajustes nutricionais”, explica. Como fazer a coleta O primeiro passo para que a amostra reflita a qualidade do capim consumido pelos animais é a padronizar a altura de coleta, usando-se a técnica do estrato pastejável. Isso quer dizer que o corte da gramínea deve ser feito com base em alturas-alvo de pastejo recomendáveis para cada gramínea, conforme o sistema de exploração. No caso do capim braquiarão (Brachiaria brizantha), deve-se coletar as folhas considerando-se a altura residual de 20 cm. Se o sistema for adubado, a coleta passa a ser feita acima de 13 cm. É fundamental que os cortes sejam feitos em cinco pontos diferentes por hectare, tendo-se o cuidado de afastar-se dos locais que podem distorcer a composição da forragem (para mais ou para menos), como malhadouros, áreas próximas a cupinzeiros ou sob as árvores. A exemplo das coletas para análise de solo, orienta-se andar em zigue-zague, coletando as amostras em um saco ou balde limpos. Em seguida, o capim colhido deve ser reunido e misturado, retirando-se uma porção de 500 gramas para análise. Até 24 horas após a coleta, ela pode ser entregue in natura ao laboratório. Se o período for maior, é necessário ser refrigerada entre -5° a -10°C e transportada assim ou desidratá-la parcialmente. O acondicionamento para envio ao laboratório deve ser feito em saco de papel (de preferência) ou de plástico, contendo as seguintes informações: propriedade; proprietário; município; data da coleta; nome de quem coletou; tipo de alimento (forragem colhida em pastagem); local da coleta (retiro da fazenda, número ou nome do módulo de pastoreio e do piquete; tipo de forrageira (espécie, variedade ou cultivar); tipo de análise solicitada. “O ideal é que as coletas sejam feitas mensalmente por pelo menos um ano até que se tenha um banco de dados consistente que sirva como referência sobre a composição química da forragem produzida na propriedade”, diz Aguiar. n


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EstabilidadE, PErdas, ValOr NutriCiONal, digEstibilidadE, FErmENtaçãO E CONtagEm miCrObiOlógiCa dE silagEm dE CaNa dE açúCar COm usO dE iNOCulaNtEs QuímiCOs E biOlógiCOs 1) DR. JEFFERSON GANDRA, 2) NATYARO D. ORBACH, 3) ANDREI Z. ESCOBAR, 4) LUIS A. A. JúNIOR. O presente trabalho avaliou o efeito de diversos aditivos na qualidade final da silagem de cana de açúcar. Foi utilizado o inoculante Kerasil Cana (KSC) numa contagem de 160.000 UFC/g Lactobacillus Plantarum e 150.000 UFC/g de Proprionibacterium Acidiciproprionici/g de silagem, também 1% de ureia, 1% de CaO (cal virgem micro polarizado) 1% de sal comum (NaCl), associados ou não ao inoculante biológico. Assim, foram formados 2 grupos de teste: I – Silagem de cana sem Inoculante: controle e adicionada de CaO, ureia e NaCl. II – Silagem de cana com Kerasil Cana: controle e adicionada de CaO, ureia e NaCl. Antes da ensilagem, e após a aplicação dos aditivos, a forragem foi amostrada para cada tratamento. Foram utilizados baldes de polietileno de 30cm de altura e 30cm de diâmetro, tampas com válvulas de Bunsen para o escape de gases. No fundo dos silos, foi colocado 2kg de areia seca separada da forragem por uma tela e tecido de náilon. A compactação foi feita até atingir a densidade de 650kg/m³ de forragem. Após a compactação, os silos foram vedados, pesados e armazenados. Aos 15, 30 e 45 dias após o fechamento, os silos foram pesados (perdas por gases) e abertos aos 45 dias. O conjunto silo, areia, tela e náilon foi pesado para determinar o efluente produzido. A perda por gases foi calculada pela equação: PG = (PSI – PSF/MSI x 100) em que: PG = perda por gases (% da MS); PSI = peso do silo no momento da ensilagem; PSF = peso do silo no momento da abertura; MSI = Matéria seca ensilada (Kg de forragem x % MS); A produção de efluentes foi calculada pela equação: PE = (PSAF – PSAI) / MNI x 1000 Em que: PE = produção de efluentes (kg efluente x tonelada de matéria verde ensilada); PSAF = peso do conjunto silo, areia tela e náilon após a abertura (Kg); PSAI = peso do conjunto silo, areia, tela e náilon antes da ensilagem (Kg); MNI = quantidade de forragem ensilada (Kg); Recuperação de MS = (MSF / MSI)* 100 Em que: MSF = quantidade de

MS final; MSI = quantidade de MS inicial; A variação nos teores de MS foi calculada como a diferença em módulo da porcentagem de MS no momento da ensilagem e da % de MS na abertura. Na abertura dos silos, após homogeneização da silagem, tomaram-se duas amostras de cada silo. Uma das amostras foi preparada segundo metodologia descrita por Kung Jr. et al. (1984) para determinação do pH (Silva e Queiroz, 2002), do nitrogênio amoniacal em relação ao nitrogênio total (N-NH3) (Chaney e Marbach, 1962), dos ácidos acético, propiônico, butírico e do álcool etílico (Erwin et al. 1961). A outra amostra foi pesada e mantida em estufa de ventilação forçada a 55ºC durante 72 horas. As amostras mantidas em estufa colhidas antes e após a abertura das silos foram novamente pesadas, trituradas em moinho de faca até obtenção de partículas menores de 1mm e armazenadas em potes de plástico para determinação de MS, PB e FDN (Silva e Queiroz, 2002). Após a abertura dos silos, as amostras foram colocadas em baldes plásticos a 28,5 ± 2ºC e umidade relativa do ar de 63,7 ± 12,6 (condições do ambiente) para avaliação da estabilidade aeróbica. As temperaturas das silagens no período após a abertura foram obtidas a cada 8 horas durante 7 dias por meio de um termômetro inserido na massa da silagem contida nos baldes. A estabilidade aeróbica foi calculada como o tempo gasto, em horas, para a massa da forragem elevar em 1ºC com relação à temperatura do ambiente (Driehvis et al. 2001). As contagens totais dos micro-organismos foram realizadas tomando-se 0,1ml de cada diluição, em triplicata, cultivadas em meio MRS acrescido de 0,4% de nistatina para contagem de bactérias láticas; meio DRBC para contagem de fungos. As placas foram incubadas a 28ºC e a contagem foi feita 24-72 horas após a incubação. O mesmo para fungos filamentosos (mofos) e leveduras. Os dados foram analisados pelo SAS e a normalidade dos resíduos e homogeneidade de variâncias, foi usado PROC UNIVARIATE. As medias foram submetidas à análise de variância pelo PROC MIXED do SAS comando, versão 9.0 com nível de significância de 5%.

Tabela 1 - Perdas fermentativas e estabilidade aeróbica I -Sem Inoculante II - Kerasil Cana CV (%) Cont NaCl CaO Ureia Cont NaCl CaO Ureia Perdas Perdas Gases (%) 2,99a 2,76a 2,72a 2,24a 1,69b 1,66b 1,64b 1,78b 5,89 Gases (%MS) 26,38a 20,70b 20,12b 21,94b 22,35b 19,30c 19,56c 18,23c 14,78 Efluente (kg/ton) 38,96a 29,98b 30,50b 30,87b 25,56c 23,47c 22,80c 27,87c 11,89 Efluente (%MS) 3,18 2,43 2,30 2,78 2,78 2,13 2,12 2,19 21,67 Total (%MS) 28,68a 22,55b 23,88b 24,72b 25,13b 21,43b 21,68b 20,42b 23,67 Recuperação (%MS) 73,61b 79,87a 79,29a 76,05a 77,31a 79,47a 78,29a 78,05a 18,79 Temperatura ºC Temperatura ºC Máxima 33,26 33,38 32,60 32,46 35,12 36,37 37,78 33.76 32,78 Soma (7 dias) 575 572 576 576 587 589 592 587 28,78 Estabilidade 31,96b 31,16b 31,06b 30,48b 34,67a 33,56a 32,16a 31,67b 21,89 Tempo (horas) Tempo (horas) 1 52,00a 48,70b 49,64b 51,65a 19,32 Estabilidade Aeróbica 32,00d 43,20c 41,60c 49,60b a-d Médias seguidas de letras diferentes foram analisadas pelo Lsmeans do PROC MIXED do SAS,2004 1 – Coincide com Dawson, Yokoyama, que trabalhando com Propionibacterium acidicipropionici (PA) e Lactobasilus plantarum (LP) obtiveram menor contagem de mofos e leveduras, e aumento da estabilidade aeróbica em silagem de milho a pH 3,5. O mesmo em Siqueira et al em que a estabilidade aeróbica foi de 32 horas no controle e 60 horas no inoculado com PA e LP a pH 3,5 e Santos and others em que a estabilidade aeróbica do controle foi de 34 horas e do inoculado com PA e LP foi de 50 horas em silagem de milho. Também confere com Uakity and others em silagem de milho a pH 3,67. Também conforme Basso and others, 2010.

Item

1) PROFESSOR ADJUNTO A DE FISIOLOGIA E NUTRIçãO ANIMAL, FACULDADE DE ZOOTECNIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS - MS 2,3,4) ZOOTECNIA FACULDADE DE CIêNCIAS AGRÁRIAS, UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS - MS


Nutrição animal Perda de Gases: A cana ensilada com KSC teve a menor perda de gases comparada à silagem sem inoculante e independente de outro aditivo utilizado ou não. Perdas por Efluentes: As perdas foram menores para os materiais ensilados com KSC. A cana ensilada sem qualquer aditivo apresentou as maiores perdas. Perdas Totais: As maiores perdas foram encontradas na cana ensilada sem qualquer aditivo. Não houve diferença entre os silos inoculados com KSC

em relação à cana ensilada com aditivos químicos. Recuperação de MS (%MS): A menor recuperação aconteceu na cana ensilada sem nenhum aditivo. Não houve diferença entre os silos inoculados com KSC e os silos ensilados com aditivos químicos. Estabilidade Aeróbica: Os silos inoculados KSC, KSC + CaO + NaCl demoraram mais tempo para perder a estabilidade aeróbica.

Tabela 2 - Valor Nutricional I -Sem Inoculante II - Kerasil Cana Cont NaCl CaO Ureia Cont NaCl CaO Nutrientes (%) Nutrientes (%) MS 21,79b 24,79a 25,44a 26,74a 2 27,54a 27,05a 27,12a MO 94,56a 92,67c 91,04c 93,56b 95,47a 93,45b 92,67b PB 3,45c 3,56c 3,09c 11,01a 3,89b 3,78b 3,98b FDN 63,58 64,24 65,88 62,05 62,28 63,74 64,56 FDA 34,25 34,88 34,01 33,84 35,15 37,48 34,61 Lignina 7,02 6,78 6,45 6,55 6,34 6,45 6,37 Cinzas 5,44c 7,33a 8,86a 6,44b 4,53c 6,55b 7,33a Digestibilidade in vitro (%) Digestibilidade in vitro (%) MS 60,65c 58,92c 59,23c 62,16b 63,65b 64,92b 63,23b FDN 62,26c 63,51c 62,90c 66,86b 65,25b 66,51b 65,90`b a-d Médias seguidas de letras diferentes foram analisadas pelo Lsmeans do PROC MIXED do SAS,2004 2 – Conforme Dawson e Yokoyama e Uakily and others. Item

MS Final: A menor MS foi observada na cana ensilada sem qualquer aditivo. MO: foi maior nos silos com KSC, com ou sem aditivos químicos. Proteína Bruta: Foi maior nos silos aditivados com ureia. A cana inoculada com KSC apre-

CV (%) Ureia 28,27a 93,56c 12,01a 66,15 34,24 6,24 6,44b

3,56 4,67 12,67 21,09 17,78 25,78 21,56

66,16a 68,86a

16,78 15,67

sentou a maior proteína. Os dados de digestibilidade in vitro, MS e FDN foram melhores nos silos que receberam KSC.

Tabela 3 - Perfil fermentativo I -Sem Inoculante II - Kerasil Cana CV (%) Cont NaCl CaO Ureia Cont NaCl CaO Ureia pH 4,22 3,33 4,34 3,32 3,22 3,37 3,14 3,28 1,89 N-NH3(mg/dL) 3,47c 4,68c 3,15c 18,13a 5,47c 5,68c 7,15b 19,78a 4,70 Porcentagem Porcentagem Acetato 0,568b 0,512b 0,687b 0,815b 0,987a 1,112a 1,287a 1,213a 11,47 3 Propionato 0,012 0,009 0,031 0,012 0,052 0,059 0,061 0,052 13,67 Butirato 0,042 0,075 0,031 0,259 0,176 0,275 0,231 0,179 14,67 Etanol 5,41a 4,39a 5,11a 6,14a 3,41b 2,39b 2,11b 1,14b 12,56 Lático 1,34c 2,03b 2,65b 3,78b 5,34a 5,03a 5,65a 5,78a 18,56 a-d Médias seguidas de letras diferentes foram analisadas pelo Lsmeans do PROC MIXED do SAS,2004 3 – O baixo teor de ácido propiônico encontrado se deu a que a PA que o produz em anaerobiose, consome o ácido propiônico ao ser colocada em aerobiose após algum tempo, o que não prejudica a sua ação no silo, que está em anaerobiose. Item

pH: Não houve diferença; N-N H3: foi maior nos silos adicionados de ureia; Ácido Acético: Os maiores teores foram encontrados nos silos inoculados com

KSC.;Etanol: foi menor nos silos inoculados com KSC.; Ácido lático: As maiores concentrações estão nos silos inoculados com KSC.

Tabela 3 - Microbiologia I - Sem Inoculante II - Kerasil Cana Cont NaCl CaO Ureia Cont NaCl CaO Bactérias (log10) Bactérias (log10) Láticas 4,29b 4,40b 4,38b 4,19b 5,99a 5,40a 5,38a Aeróbicas 5,38 5,56 5,30 5,53 5,38 4,56 4,30 Anaeróbicas 4,25b 4,92b 4,97b 5,12b 5,25a 5,92a 5,87a Totais 5,74b 5,08b 5,50b 5,97a 6,43a 6,27a 6,37a log10 log10 Mofos e leveduras 6,75a 5,09a 5,70a 5,02a 4 4,75b 4,39b 4,72b a-d Médias seguidas de letras diferentes foram analisadas pelo Lsmeans do PROC MIXED do SAS,2004 4 – Confere com Dong and others, Dawson, Yokoyama e Bolsen et al a pH 3,6. Item

Bactérias láticas: As maiores contagens apareceram nos silos inoculados com KSC. Mofos e leveduras: As menores contagens apareceram nos silos inoculados com KSC. Bactérias totais: A maior contagem apareceu no silo inoculado com KSC mais ureia, seguido do silo inoculado com KSC. Conclusão: O inoculante Kerasil Cana apresentou melhores resultados, associados ou não aos aditivos químicos utilizados.

CV (%) Ureia 6,19a 4,53 5,98a 6,69a

21,43 33,78 24,79 32,56

4,02b

21,67




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Genética

Debate entre técnicos melhora resultados em IATF Grupo Gerar reúne mais dados de 2,1 milhões de sincronizações desde a sua criação, em 2006.

Troca de experiências: grupo Gerar se reuniu em Bonito, MS

Reunimos mais de 2,1 milhões de dados de IATF José Vasconcelos Professor Unesp

Denis Cardoso

M

de Bonito, MS denis@revistadbo.com.br

esmo com a consolidação dos programas de IATF (inseminação em tempo fixo) em fazendas de corte do Brasil, os protocolos aplicados no campo ainda necessitam de ajustes para a melhoria dos resultados de prenhez. Reconhecer a necessidade de aperfeiçoamento da técnica de reprodução é uma das virtudes do Gerar, um seleto grupo de técnicos (250 integrantes, a maioria médicos veterinários), que desde a estação de monta 2006-2007 trocam entre si dados e informações sobre o uso da tecnologia em fazendas assistidas por eles em todo o Brasil. “De lá para cá, conseguimos reunir e analisar minuciosamente mais de 2,1 milhões de sincronizações de IATF, o que nos respalda para tomar decisões cada vez mais assertivas em relação à utilização da ferramenta”, diz o professor José Luiz Moraes Vasconcelos, o “professor Zequinha”, como ele é conhecido dentro e fora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, SP. Responsável pela compilação e análise geral dos números colhidos anualmente pelos técnicos, Zequinha representa, em nome da Unesp, a área da pesquisa do Gerar, que ainda tem como parceira, além dos profissionais em reprodução, a multinacional Zoetis, que cumpre o papel de organizadora e patrocinadora dos

108 DBO agosto 2015

trabalhos realizados pelo grupo. O professor é tratado como uma espécie de guru pelos técnicos integrantes do Gerar, reflexo de sua experiência em reprodução bovina adquirida ao longo das últimas décadas, tanto na área gado de corte quanto de leite. “Meu papel no Gerar, além de consolidar as informações advindas do campo, é instigar o direito da dúvida entre os técnicos do grupo, o que contribuiu para o aprofundamento de questões relacionadas ao sistema reprodutivo e, consequentemente, para um maior conhecimento sobre os assuntos colocados em debate”, afirma o professor. A DBO acompanhou o professor Zequinha em ação, durante a primeira reunião deste ano do Gerar, realizada em Bonito, MS, entre 23 e 25 de julho. Na ocasião, foram apresentados e debatidos os dados gerais de IATF (o grupo também reúne informações sobre protocolos de TETF (transferência de embriões em tempo fixo), embora em menor proporção, colhidos pelos técnicos na última estação de monta (2014/2015) em fazendas de gado de corte do País. Também foram divulgados os números de campo exclusivos do Mato Grosso do Sul, levantados pelos técnicos que lá atuam. Até meados de setembro deste ano, o Gerar terá realizado outras seis reuniões regionais, com passagens pelos Estados de Mato Grosso, Paraná, Goiás, Rio Grande do Sul, Maranhão e Bahia. Cada um desses encontros receberá a presença dos técnicos que representam as outras regiões envolvidas no grupo. Papo de veterináro Qual é o tamanho do diâmetro do folículo no momento da inseminação?; a alta pulsatilidade de LH exerce influência negativa para a vaca no pós-parto?; qual é a presença de CL no dia da retirada do dispositivo intravaginal? Temas técnicos como esses permearam os debates entre os participantes da reunião em Bonito, que, em dois dias, buscaram respostas para dúvidas provenientes dos trabalhos de campo realizados na última estação de monta. O gerente de Produto da Zoetis, Mauro Meneghetti, também presente no primeiro encontro do grupo, diz que os debates anuais entre os técnicos têm contribuído para uma melhora significativa dos resultados dos protocolos de IATF no campo. “Desde que iniciamos o Gerar, em 2006, a taxa média de prenhez em



Genética cresce a Taxa de Prenhez na IATF 682.656

700

48,4% 48,7%

49,7%

48,9%

48,8%

51,4%

40%

400 315.847

300

353.414

30%

251.230

200

179.641

100 0

50%

51,2%

36.148 2007

69.102

2000

20% 10%

101.140

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

Dados do gerar

n Total

Conseguimos quase dobrar nossa base de dados Mauro Meneghetti, gerente de Produto da Zoetis

u

Taxa de Prenhez

IATF das fazendas assistidas pelos técnicos do grupo vem subindo ano a ano, o que comprova a importância do projeto para o aperfeiçoamento das técnicas de reprodução”, avalia. Segundo Meneghetti, na última estação de monta (2014/2015), os técnicos participantes do grupo conseguiram coletar dados de 682.643 inseminações (IATFs), realizadas em 1.121 fazendas de gado de corte de todas as principais regiões pecuárias do Brasil. “Conseguimos quase que dobrar a nossa base de dados em relação à estação de monta anterior, quando foram coletadas 353.414 sincronizações”, compara. Das 682.643 inseminações realizadas na última temporada, 355.200 vacas ficaram prenhes, o que resultou numa taxa média de prenhez de 52%, percentual acima do obtido na estação anterior, de 51%. “Estamos aumentando a proporção de fazendas com

110 DBO agosto 2015

n corte matrizes n Leite - vacas em lactação

1500 1000 500

223.000

366.500

503.352

631.172

867.162 954.000

1.156.000

134.000

0 2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

162.642

0% 2008

3.446.600

2500

Taxa de Prenhez

Total

48,2%

número de Matrizes assistidas pelo grupo

3000

60%

52,0%

600 500

3500

70%

800

melhores resultados médios em IATF”, ressalta o gerente da Zoetis, acrescentando que no primeiro ano de trabalho do Gerar, em 2006-2007, a taxa média de prenhez foi de 48% (veja tabela). Melhores taxas de prenhez Segundo o professor Zequinha, o que chama mais a atenção nos trabalhos de campo agrupados pelo Gerar é o aumento do número de fazendas de gado de corte que estão conseguindo resultados médios de prenhez na IATF acima de 70%. “Este índice era impensável há dez anos”, afirma ele, completando que, desde o ano passado, o Gerar divulga um ranking anual das propriedades assistidas pelos técnicos do grupo que obtiveram os melhores resultados de IATF na estação de monta. Para a composição do ranking deste ano, foram selecionadas 494 fazendas que apresentaram pelo menos 200 IATFs em vacas multíparas na última estação, a categoria mais utilizada em programas de reprodução e a que tem menor variação de resultados após o uso da ferramenta. As propriedades foram classificadas em ordem decrescente de acordo com a taxa média de prenhez obtida com a aplicação da ferramenta repro-



Genética dutiva. Cinco fazendas foram classificadas como top 1%, ou seja, as propriedades com os melhores resultados entre as quase 500 avaliadas. Juntas, essas cinco fazendas acumularam, na última temporada de monta, 3.916 inseminações em tempo fixo, com resultado médio de prenhez de 73,2%. Entre as fazendas com melhores taxas em IATF, destaque para as propriedades assistidas pela equipe do médico veterinário Cleir Vieira Martins Junior, sócio-diretor da Global Genetics, de Amambaí, MS, que na última estação de monta acumulou 32.000 IATFs em 45 fazendas de gado de corte, situadas sobretudo no Mato Grosso do Sul. Das cinco fazendas classificadas como top 1%, duas foram assessoradas pela empresa de Cleir: a Santa Terezinha, do criador Lucas Gaio, e a Coqueiral, de José Rebussi, ambas dedicadas à cria e situadas em Há fazendas altamente Amambaí. A primeira registrou taxa de prenhez média capacitadas na IATF de 75,1% e a segunda, de 72,9%, de acordo em IATF com o ranking do Gerar. “São fazendas altamente capacitadas para o uso da ferramenta de IATF, com conCleir Vieira, trole rigoroso no manejo dos animais e uso intensivo sócio da Global de tecnologias, como adubação anual dos pastos, meGenetics lhoramento genético e uso de suplementação à base de proteinado”, justifica o sócio da Global Genetics, que anu_soesp_18,4x12cm.pdf 1 na 27/07/15 09:34 esteve presente reunião de Bonito.

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112 DBO agosto 2015

Além de contribuir para a melhoria dos resultados no campo, os dados do Gerar ajudam a indicar tendências na pecuária de corte brasileira. O balanço de IATFs referente à última estação de monta indica um aumento de utilização de sêmen de touros taurinos em vacas zebuínas, em detrimento do uso de material genético de reprodutores zebuínos. No total de 471.662 matrizes zebuínas que receberam protocolos de IATF, 61% foram inseminadas com sêmen de taurinos e apenas 34% ficaram prenhas de zebuínos. Tal comportamento, segundo alerta o professor Zequinha, é “preocupante”, já que algumas fazendas investem pesado no cruzamento industrial _ sobretudo e bezerros meio-sangue Angus-Nelore _, deixando em segundo plano a questão relacionada à reposição. “Essa menor produção de bezerras Nelore sem programas de inseminação pode comprometer a reposição de matrizes das fazendas, principalmente na atual conjuntura de mercado, marcadas pela grande escassez de animais disponíveis para a venda”, afirma. Além disso, continua ele, de maneira geral, essa reposição de matrizes está sendo feita com o uso de touros da fazenda, que, teoricamente, possuem qualidade genética inferior ao material utilizado na inseminação. n


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“O Concept Plus é um programa consagrado na pecuária de leite norte-americana, pois conta com a participação de 200 fazendas, com um rebanho total de 200.000 matrizes. Por isso, estamos bastante seguros quanto ao seu sucesso no Brasil”, informa à DBO o gerente de Mercado da Alta Genetics, Tiago Carrara. Nesta primeira etapa, a subsidiária brasileira identificou 15 touros de sua bateria que acumulam resultados de concepção altamente confiáveis, apresentando taxas acima da média. Os reprodutores foram selecionados a partir do cruzamento de informações entre 80 técnicos parceiros da Alta Geneticis espalhados pelo País, o que resultou num banco de dados de 413.000 IATFs aplicadas no campo. “Com análises bioestatísticas, fomos buscar respostas concretas sobre a variação de prenhez dos touros no campo, que não são explicadas somente pelas análises laboratoriais”, ressalta. Segundo Carrara, primeiramente o estudo do material de campo havia identificado 117 touros da Alta Genetics com índices de concepção positivos para IATF. No entanto, desse montante, apenas 26 apresentaram grau elevado de acurácia, um dos critérios para fazer parte da lista de raçadores com garantia de bons resultados em programa de inseminação em tempo fixo. “Só entram nesta lista os touros usados em pelo menos cinco fazendas diferentes e com o mínimo de 250 dados técnicos confiáveis colhidos a campo”, esclarece. Como só 15 reprodutores aprovados no teste de IATF dispõem de estoque de sêmen na central, a Alta lançou estes no mercado, sendo sete da raça Aberdeen Angus, seis Nelore e dois Brangus.

epois das centrais ABS Pecplan e CRV Lagoa, chegou a vez da Alta Genetics, de Uberaba, MG, lançar um projeto de identificação de touros de sua bateria com os melhores resultados em programa de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Trata-se do Concept Plus, voltado exclusivamente para as raças de corte, embora inspirado em proje to semelhante realizado há mais de dez anos em rebanhos leiteiros (das raças Holandês e Jersey) dos Estados Unidos, onde a empresa, sediada em Alberta, no Canadá, também possui uma filial de coleta e processamento de sêmen.

“Efeito touro” A metodologia do Concept Plus segue modelo semelhante a um teste de progênie convencional, ou seja, busca isolar o “efeito touro” (resultados de concepção) das demais variáveis que influenciam os resultado de IATF. “Excluímos os efeitos ambientais, de inseminador, mês de inseminação, manejo nutricional, raças de touro e matriz, ordem de parto, entre outras variáveis. Assim, conseguimos analisar, com precisão científica, o índice de fertilidade do touro, chegando a um resultado muito semelhante a uma DEP (Diferença Esperada de Progênie), inclusive com acurácia”, explica Carrara. n

Touro Nelore Macuni foi um dos selecionados no programa da Alta

Alta lista touros bons em IATF Com o Concept Plus, central identificou 15 animais com alto potencial de concepção. DENIS CARDOSO

D

114 DBO agosto 2015



Genética

Cisão no Paint dá origem a novo programa Ceip Cia. de Melhoramento nasce com a adesão de 50 fazendas, 46 antigas parceiras da CRV Lagoa. Carolina Rodrigues

U

“Respeitamos a decisão de alguns criadores de saírem, mas nosso programa continua muito forte”

carol@revistadbo.com.br

ma cisão no Paint, programa de melhoramento genético da CRV Lagoa, agitou o mercado de Ceip (Certificado Especial de Identificação e Produção) no começo do ano. O fato teve duas consequências imediatas: a criação de outro programa de seleção de Nelore, denominado Cia. de Melhoramento, que reuniu o grupo de produtores “dissidentes”, e a reestruturação tanto da equipe técnica quanto das diretrizes do Paint, com a finalidade de buscar maior adequação às demandas de mercado. O programa Ceip da Lagoa é um dos mais antigos do País. Existe há 21 anos e, até o fim de 2014, era conduzido pelo veterinário Marcelo Almeida de Oliveira, que pediu demissão e agora presta assistência técnica à Cia. de Melhoramento. Em seu lugar, assumiu o também veterinário catarinense André de Souza e Silva, que já atuava no segmento de Ceip. O programa Cia. de Melhoramento realizou sua primeira reunião oficial de trabalho no dia 7 de julho, em São Paulo, sob a coordenação de seu presidente, Arnaldo Eijsink, diretor do Grupo DJ, que possui fazendas de gado de corte no Mato Grosso e comercializa reprodutores Nelore. Segundo ele, o que motivou a saída de 46 produtores do Paint foi o desejo de maior independência. “Imagine que éramos passageiros de um avião pilotado pela

André Silva, responsável técnico do Paint, da CRV Lagoa

Novo programa nasce com 60 mil matrizes da raça Nelore em avaliação

116 DBO agosto 2015

Lagoa. Agora, compramos nosso avião”, explica Eijsink, que teve a adesão inicial de 50 fazendas de 13 Estados brasileiros, mais Paraguai e Colômbia. Deste total, apenas quatro não participavam do Paint, que agora reúne 70 integrantes. O número de animais sob avaliação passou de 108.000 para 60.000 (redução de 44%). A Lagoa fala Em nota ofical enviada à DBO, André Silva, da Lagoa, salientou que “perder parceiros nunca é bom, mas é deles a decisão de renovar ou não o contrato. Respeitamos a decisão tomada por alguns de criar um novo programa de melhoramento genético, mas nosso programa continua muito forte e com número expressivo de animais avaliados”. Segundo ele, o Paint voltou a crescer de maneira sustentável após a cisão. “Conquistamos novos associados em várias regiões. Alguns, inclusive, pensaram em migrar para o novo programa, mas analisaram a situação e renovaram contrato conosco. Nossas portas continuam sempre abertas para os que saíram”, diz Silva, garantindo que o número de rebanhos aumentou 11% desde janeiro. Para dar novo fôlego a seu programa, a Lagoa investiu em equipe, contratando técnicos capacitados, e em infra-estrutura. Criou ainda um comitê técnico e comercial, com a participação de pecuaristas parceiros e consultores de campo da Lagoa, para que as decisões sejam discutidas em conjunto. O time inclui grandes nomes, como o geneticista José Bento Sterman Ferraz, professor da USP de Pirassununga, SP, e o criador Carlos Viacava, além de técnicos da equipe da Gensys. “O programa recebeu investimento de R$ 500.000 nos últimos seis meses e temos colhido bons frutos”, diz Silva. Autonomia Para os fundadores do Cia. de Melhoramento não existe concorrência, mas busca por autonomia. O programa foi estruturado como uma associação de criadores, para possibilitar maior capacidade de investimento, democratização e independência na tomada de decisões. “O Paint pertencia a uma empresa e não a seus associados. Não conheço ninguém que construa no terreno do vizinho”, compara Eijsink. Atualmente, o Paint é o único



Genética nnn Dentro do novo programa de melhoramento

18

touros jovens estão sendo avaliados.

nnn

Queremos maior velocidade no uso de novas tecnologias” Marcelo Almeida, responsável técnico da Cia. de Melhoramento

programa de melhoramento do mercado coordenado por uma empresa de inseminação. Todos os outros são dirigidos por associações. “Com autonomia, aumenta a segurança no investimento e a velocidade de seleção”, diz. A primeira reunião da Cia. de Melhoramento, em São Paulo, discutiu ações de marketing e planejamento. Além da comercialização de sêmen, os criadores pretendem investir no comércio de touros comerciais para a produção de bezerros de qualidade. A metodologia de avaliação é parecida com a do Paint. “Precisamos obedecer à portaria do Ceip, na qual o Ministério da Agricultura estabecele que somente os melhores animais de cada safra (20% a 30%) podem receber o certificado. O que muda, no nosso caso, são as prioridades, os objetivos e a velocidade de uso das tecnologias disponíveis”, diz o responsável técnico da Cia. do Melhoramento, Marcelo Almeida, que seguirá critérios de avaliação estabelecidos pela consultoria de melhoramento genético Gensys, de Porto Alegre, RS.

mercado, acredito que o porcentual de desligamento seria bem maior do que foi”, entende.

A passos largos Segundo o gerente de Pecuária Fábio Maia, do Grupo Otávio Lage, em Goianésia, GO, o que motivou a empresa a sair do Paint e adotar o novo programa foi a possibilidade de andar mais rápido. “Trabalhamos com avaliação de carcaça e sequenciamento genômico, que já existiam no Paint, porém de maneira lenta, porque os interesses eram diferentes. Agora, vamos usar mais as tecnologias disponíveis porque existe maior liberdade dos associados em direcionar ações em prol de resultados econômicos para dentro de suas propriedades”, diz. Proprietário de um plantel de 2.000 matrizes no norte de MG, João Gustavo de Paula, da Farpal Agropastoril, de Montes Claros, diz que o novo programa trabalhará com um maior portfólio de touros. “É natural que haja interesse pela comercialização de sêmen dos animais líderes de um programa de melhoramento, especialmente se este for conduzido por uma central. Mas este é um mercado restrito. Os touros para uso em monta natural são o principal naco do mercado de Ceip, cujos clientes quase não usam inseminação”, aponta o produtor, que foi associado do Paint nos últimos 12 anos. “Um programa de avaliação deve trabalhar outras frentes de comercialização, visando principalmente à melhoria de sua base de dados e, consequentemente, o plantel de seus associados. Deve ser dada a mesma importância ao teste de progênie, ao plantel de matrizes e aos produtos gerados dentro do programa.” O gerente de Produto Corte Zebu da CRV Lagoa, Ricardo Abreu, garante que o foco na venda de sêmen continuará sendo o objetivo da empresa e que isso não anula os príncipios do melhoramento genético. “Não nos acomodamos nas nossas conquistas”, diz. Em resposta às críticas, ele garante que nos últimos anos o programa criou condições para que os criadores associados utilizem de maneira competitiva a genômica. Nas últimas duas safras, a ferramenta funcionou de maneira complementar à DEP tradicional para a seleção de touros para o teste de progênie. No ano passado foram 15 tourinhos; na última safra, outros 12. “Se o programa não atendesse às demandas do

Boa base A Cia. de Melhoramento já nasce grande, com cerca de 60.000 matrizes Nelore em avaliação e fazendas que fazem melhoramento genético há pelo menos nove anos. “São projetos muito bem organizados e estruturados, o que facilitou a formação da base de dados”, diz Marcelo Almeida. Elas trouxeram para o programa um conjunto de informações fenotípicas que constitui o arquivo histórico de cada rebanho participante. Para se ter ideia, o banco de dados é composto por 150.000 avaliações individuais completas (à desmama e ao sobreano). “Podemos dizer que o programa está pronto. Temos 18 reprodutores jovens para o teste de progênie com índice médio de 17,5 pontos, uma safra e tanto”, diz o técnico. Segundo ele, algumas mudanças na composição do índice final (ICia) também foram adotadas para melhor alinhamento comercial do programa. A principal delas foi a exclusão do umbigo da ponderação, dando espaço e maior peso às características de precocidade de acabamento e musculatura. O supervisor técnico do programa, Juliano Fernandes Rosa, justifica a decisão como forma de elevar a pressão de seleção para velocidade de terminação e musculosidade. A característca de umbigo continuará compondo as avaliações visuais e o conjunto de DEP’s (diferença esperada da progênie), que contempla 16 características produtivas, das quais 11 integrantes do Índice Cia. “Esse modelo tem agradado aos técnicos e às propriedades, pois, quando identificamos os 20% melhores animais da safra, observamos que eram também os mais precoces, musculosos e harmônicos.” Para o criador João Gustavo de Paula, as mudanças demonstram o posicionamento do grupo na busca por resultados econômicos no processo de seleção. Além dos trabalhos no campo, os parceiros têm se debruçado também sobre estratégias comerciais. Em agosto ocorrerão dois leilões inaugurais de touros e novilhas. Outros dois estão agendados para setembro e outubro, período quente do comércio de monta. “Queremos mostrar a cara para o mercado”, diz João Gustavo. n

118 DBO agosto 2015

Precocidade de acabamento e musculatura são características a serem privilegiadas


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Genética

Modelo de dispositivo de múltiplo uso, que pode ser usado em novilhas após a terceira utilização.

Atenção ao reúso de implantes Assepsia ajuda a prevenir doenças nas vacas

D nnn

Um implante pode ser usado

4

vezes no máximo, desde que bem cuidado

nnn

RENATO VILLELA

ispositivos ou implantes intravaginais são utensílios feitos de plástico. Recobertos por uma camada de silicone impregnada por progesterona, fármaco que auxilia na sincronização da ovulação das fêmeas, os implantes são um dos itens que compõem o protocolo de IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo). Existem dois tipos de modelo no mercado: os conhecidos como “monodose”, que possuem concentração menor de progesterona e devem ser descartados ao fim do protocolo, e os do tipo “múltiplo uso”. Estes últimos podem ser usados de três a quatro vezes, o que reduz o custo da operação. Seu reaproveitamento, contudo, requer uma série de cuidados. “É preciso ser bem criterioso na assepsia, senão o implante perde eficiência e pode causar vaginites, além de outras infecções do trato reprodutivo”, afirma Renato Girotto, diretor da RG Genética Avançada, empresa de inseminação artificial com sede em Água Boa, MT. A primeira medida a ser tomada após a retirada do dispositivo, que permanece na fêmea por oito/nove dias, dependendo do protocolo, é lavar a peça em água corrente. Deve-se usar apenas luva, para melhor higiene, sem auxílio de buchas ou escovas, porque a fricção pode retirar o hormônio impregnado ou até mesmo rasgar o dispositivo. A água deve estar em temperatura ambiente. “Se estiver quente, degrada a progesterona”, alerta Girotto. A próxima etapa é mergulhar o implante num recipiente em solução desinfetante. Podem ser usados higienizantes ou produtos específicos para este

120 DBO agosto 2015

fim, disponíveis no mercado. Após dez minutos o dispositivo é retirado e colocado para secar. Um varal é uma boa opção, mas sempre à sombra, nunca exposto ao sol, pois os raios ultravioleta, a exemplo da água quente, também degradam a progesterona. A última etapa é tão importante que, se negligenciada, pode pôr todo o trabalho a perder. Trata-se da identificação do implante. Alguns dispositivos possuem marcadores no filamento de náilon em sua extremidade que permitem a identificação do primeiro, segundo e terceiro usos. Outros não contam com esse recurso. Neste caso, a identificação deve ser feita por meio de nós no filamento de náilon, que indicariam seu uso anterior. “Se isso não for feito, perde-se o controle de quantas vezes o implante foi utilizado e, consequentemente, quanto o dispositivo ainda tem de prosgesterona, o que pode comprometer o resultado final da sincronização”, diz. Para não se confundir no momento de retirar os implantes para novo uso, Girotto recomenda guardá-los em caixinhas identificadas por uma escala de cores (verde, amarelo e vermelho), que indicam primeiro, segundo e terceiro usos, respectivamente. Em novilhas Após a terceira utilização, o implante não tem mais progesterona suficiente para promover a sincronização. Isto não significa que precise ser descartado. Segundo Girotto, este dispositivo pode ser utilizado para acelerar a puberdade em novilhas antes de elas entrarem em sua primeira estação de monta, por volta dos dois anos de idade. O período para sua colocação varia de acordo com o manejo reprodutivo dessas fêmeas. Há propriedades que costumam trabalhar as novilhas nas semanas que antecedem a estação de monta regular; outras preferem fazê-lo dois a três meses antes. Independentemente da estratégia adotada após este quarto uso, o dispositivo, que permanece nas novilhas por 10 a 12 dias, deve ser descartado. No que diz respeito às novilhas, Girotto ainda faz uma ressalva. Dispositivos novos, de primeiro uso, não devem ser colocados em novilhas zebuínas. “São fêmeas que têm maior sensibilidade à progesterona, o que pode comprometer o sucesso do programa de IATF para esta categoria.” n




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Saúde Animal

Caminho sem volta Expansão dos confinamentos exigirá a adoção de antibióticos cada vez mais potentes

U nnn

Doenças respiratórias custam

US$

800

milhões para a pecuária norte-americana

nnn

Mônica Costa monica@revistadbo.com.br

m experimento conduzido no Confinamento Monte Alegre (CMA), em Barretos, a 450 km de São Paulo, com um antibiótico recém-lançado pela Merial à base do princípio ativo gamitromicina, mostrou que é possível reduzir bastante os prejuízos causados pela CRB (Complexo Respiratóro Bovino) em confinamentos que apresentam índice de morbidade acima de 10%. Foram processados três lotes, compostos por 53 animais cada, sendo dois com excelentes condições corporais (peso médio de 380 kg e ECC 3,5) e um mais leve (375 kg e ECC 3). Cada um deles foi subdividido em três tratamentos diferentes, comparando-se a ação do novo antibiótico com outro protocolo de metafilaxia à base de um medicamento de longa duração, já adotado na propriedade. “O criador reconhece que a doença respiratória é um dos principais empecilhos para o aumento da rentabilidade do confinamento”, explica o gerente de produtos para grandes animais da Merial, Rafael Moreira, responsável pela condução do experimento. Os animais avaliados (159 bovinos machos Nelore) foram processados assim que chegaram à propriedade. Do total, 99 receberam o tratamento já usado no confinamento (antibiótico à base de macrolídeo + protocolo preventivo contra clostridioses + antiparasitário) e os outros 60 bovinos foram submetidos ao mesmo protocolo preventivo, mas o macrolídeo foi substituído pelo novo medicamento, a base de gamitromicina. Nos 63 dias de confinamento, apenas um animal que recebeu esse produto precisou de uma nova dose. Já entre os bovinos submetidos ao protocolo da fa-

Nosky: doenças respiratórias avançam com o aumento do rebanho confinado.

126 DBO agosto 2015

zenda, cinco foram tratados novamente. “Ainda não recebemos as informações de romaneio do gado enviado para abate, por isso não pudemos fechar os dados de desempenho ou rendimento de carcaça. Mas o menor número de retratamentos já representa redução nos custos com medicamentos e mão de obra” afirma Moreira. A CRB é o maior problema sanitário registrado em confinamentos nos Estados Unidos, segundo o veterinário Bruce Nosky, diretor de departamento de animais de grande porte da Merial, que esteve no Brasil, em julho, e conversou com DBO durante o Congresso Brasileiro de Buiatria, realizado entre os dias 22 e 24, em São Paulo. Segundo ele, apesar de o número de bovinos confinados no Brasil ser muito menor do que nos Estados Unidos, os problemas com doenças respiratórias começam a tornar mais frequentes por aqui, devido ao tamanho cada vez maior dos projetos brasileiros. Nosky, que integra a equipe que desenvolveu o antibiótico à base de gamitromicina da Merial, quis acompanhar pessoalmente os resultados do medicamento em confinamentos nacionais. Segundo ele, a CRB afeta até 80% dos bovinos confinados nos Estados Unidos e causa prejuízos superiores a US$ 800 milhões por ano, com mortes, redução da eficiência alimentar e tratamentos. “As doenças respiratórias são o problema número um dos confinamentos norte americanos porque os criadores precisam deslocar animais muito jovens dos extremos para o centro do país, transportando-os por até 24 horas. Durante esse trajeto, eles podem ser submetidos a temperatura que variam de 20 a zero graus centígrados”, diz. “No Brasil, não se tem condições tão extremas, mas os confinamentos estão buscando animais cada vez mais longe, o que reduz sua imunidade. Nessas condições, a utilização de antibioticos associados a protocolos preventivos passa a ser vantajoso”, esclarece. Alternativas A adoção de manejos alternativos nos Estados Unidos tem ajudado a reduzir os casos de CRB. “O confinamento assemelha-se a uma creche. Quando um animal está com uma virose, a tendência é de que ela se espalhe por todo o grupo. Se o criador mantém os bovinos nos pastos por pelo menos 100 dias, a incidência de CRB pode cair de 80% para até 10%.”, diz Nosky. Onde não há pastagem foram estabelecidos “recreios” para os bovinos. “Os animais ficam soltos por cinco minutos em um piquete curto anexo ao curral. Ali eles correm e se exercitam , o que ajuda a reduzir os casos de pneumonia”, atesta. Muitos confinamentos norte-americanos estão reestruturando suas instalações, retirando as paredes dos troncos coletivos e das seringas para eliminar os espaços escuros na passagem do gado. Segundo Nosky, isso reduz o estresse e, consequentemente, a incidência de CRB”, afirma o veterinário. n



Saúde Animal

Cuidado, sua vacina pode estragar! Condições inadequadas de transporte, armazenagem e manuseio diminuem a eficácia e até inativam o medicamento.

Devido ao congelamento, pode-se notar a parte oleosa da vacina separada da liquida (vermelha)

A nnn

A temperatura ideal para conservar a vacina é de

2

a 8 graus, obtida com seu acondicionamento na geladeira.

nnn

Renato Villela

plicar uma vacina na dose certa pode não ser suficiente para garantir proteção ao bovino. Compostas por agentes que induzem a resposta imune no animal (bactérias, vírus atenuados ou inativos), além de componentes como líquido de suspensão e adjuvantes, as vacinas são sensíveis à luz, ao calor e ao frio extremo. Altas temperaturas, por exemplo, matam os organismos de uma vacina viva atenuada, como a da brucelose, inutilizando-a. O congelamento, por sua vez, é capaz de, mesmo por poucos segundos, estragar uma vacina inativa, como a antirrábica. “O congelamento pode alterar a emulsão da vacina (separando a parte líquida da oleosa), o que compromete a resposta imune, além de causar reações locais”, explica o diretor técnico Marcus Rezende, da área de Saúde Animal da Ourofino. Na geladeira, as vacinas devem ser armazenadas entre 2 e 8 graus Celsius, evitando-se encostá-las na parede do fundo, pois podem congelar. “Também não é recomendável guardá-las na porta da geladeira, por causa do risco de oscilação de temperatura, provoca-

128 DBO agosto 2015

da pelo ato frequente de abrir e fechar o equipamento”, explica o gerente de Capacitação Técnica da MSD Saúde Animal, Sebastião Faria. O correto é que as vacinas fiquem em um local com livre circulação do ar refrigerado. Da mesma forma, o transporte do produto até o local de vacinação requer atenção. Em localidades nas quais o acesso é difícil e demora-se mais tempo para chegar, como as fazendas no interior do Pantanal, uma boa opção para transportar os frascos são as caixas isotérmicas. “De preferência imersas em gelo reciclável (gel), que conserva a temperatura por mais tempo”, orienta Faria. Transporte correto No dia marcado para a vacinação, o produtor deve se certificar de que há gelo suficiente para a quantidade de vacina que se vai usar. Antes de retirar os frascos da geladeira, é fundamental que se forre o fundo da caixa com uma camada de gelo, para somente então acondicioná-los no recipiente e cobri-los com uma segunda camada, apresentando espessura de três dedos (5 centímetros). Rezende, da Ourofino, explica que o preenchimento da caixa deve ser feito intercalando vacinas e gelo. “Se o produtor colocar todos os frascos e depois encher a caixa com uma cobertura espessa de gelo a vacina pode congelar”, explica. Outra recomendação feita pelo técnico é que o produtor leve sempre para o curral uma caixa contendo gelo extra. “Imagine um manejo de vacinação que dure o dia inteiro. Com o abre e fecha da caixa para pegar os frascos o gelo vai derretendo.” O modo mais fácil e prático de aplicar a vacina é por via subcutânea, na tábua do pescoço, puxando a pele com o animal devidamente imobilizado. Recomenda-se para esse tipo de aplicação agulhas com comprimento de 10 x 1,5 mm, 15 x 1,5 mm ou 15 x 1 mm. É importante que o produtor se certifique de que a agulha seja nova e esteja com a ponta afiada e íntegra, pois, assim, ao retirá-la do animal após a aplicação da dose, o corte em bisel (em sentido transversal) se “fecha”, como se fosse uma tampa. “Se estiver cega ou rombuda, a agulha não corta, mas perfura a pele, deixando uma porta de entrada para contaminantes e sujidades. É a causa de muitos abcessos”, explica o veterinário. A exemplo do gelo, o produtor deve providenciar, para o dia da vacinação, uma quantidade de agulhas compatível com o número de animais que pretende vacinar. “O ideal é trocá-las a cada dez aplicações e colocá-las num recipiente para desinfetá-las em uma solução encontrada no comércio, como produtos à base de amônia quaternária ou hipoclorito”, orienta Rezende. Soluções de iodo devem ser evitadas, pois corroem e “cegam” a ponta da agulha. O veterinário lembra ainda que, ao contrário do que a maioria imagina, agulhas têm prazo de validade. “Uma agulha serve para vacinar aproximadamente 200 animais. Depois, a ponta fica cega e rombuda e deve ser descartada em local adequado.” n



Fatos & Causos Veterinários

Enrico Ortolani

Enxergue como o bovino vê! Assim você consegue melhorar o manejo

A Professor titular da Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP e pesquisador do CNPq. ortolani@usp.br

nnn Pode atingir até

300 graus a visão panorâmica do boi

nnn

vida universitária me proporcionou conhecer e até conviver com mais de mil pesquisadores que trabalham com ruminantes. A diversidade é enorme. Cada um deles tem seu ponto de vista, maneira de pensar, agir e ser, assim como excentricidades e manias. A cientista norte-americana Temple Grandin, especialista em comportamento animal, estaria obrigatoriamente entre os cinco mais destacados. Ela é uma figurinha à parte. Se veste como um caubói, fala um inglês acaipirado e tem uma vida toda particular pelo fato de apresentar autismo parcial, doença nervosa que dificulta o relacionamento social, interfere na comunicação oral e pode levar a pessoa a ter comportamento restrito, se isolando do mundo. Mas nem tudo é ruim no autismo, pois um em cada dez autistas tem habilidades especiais que pessoas normais não possuem, como memorizar dezenas de livros, fazer cálculos matemáticos mirabolantes, pintar imagens após vê-las uma única vez e enxergar e ter sensações anormais. Grandin desenvolveu essa última habilidade. Desde garota conviveu com animais, em especial bovinos, e passou a entendê-los de forma incrível. Dentre as suas observações, notou que, para enxergarmos da forma como o bovino vê, temos de ficar ajoelhados (se for uma rês adulta) ou de cócoras (se for um bezerro). Ela estava certa. Explicaremos em seguida o motivo. Comparado com os homens, os bovinos nasceram com os olhos mais expostos e projetados para fora e mais posicionados no lado externo da face. Isso faz com que o gado tenha uma visão panorâmica de 300 graus, enquanto a do homem tem apenas 180 graus. A natureza foi sábia e fez os bois assim para que eles pudessem perceber a chegada lateral e evitar o máximo possível o ataque de animais predadores. Notei que no gado Zebu essa visão lateral (40 metros), que leva a uma reação de fuga ou de reunião com seu grupo, é o dobro da dos taurinos. Bem, para ter essa vantagem visual, os bovinos tiveram que pagar um alto preço. Cabeça baixa Essa visão panorâmica é máxima e mais clara quando o bovino está de cabeça baixa, como se estivesse pastando. Porém, quando a cabeça se levanta, ele enxerga pior e só consegue ter visão binocular num ângulo de 20 a 30 graus bem à frente de sua cabeça. Ou seja, aí ele pode ver claramente um objeto com os dois olhos numa única imagem. Lateral a essa área, o boi vê os objetos como manchas, como se tivesse miopia. A visão binocular está relacionada à habilidade de perceber profundidade, capacidade de calcular distân-

130 DBO agosto 2015

cia e velocidade. A dificuldade de visão lateral do boi pode ser percebida no seu comportamento. Para aumentar a visão do terreno onde pisa, ele caminha balançando levemente a cabeça, para deslocar a área de visão binocular e assim melhorar a percepção de profundidade do piso. Outro fato importante na lida. Quando o boi entra no brete e vê, lá na frente, no piso, uma fenda ou sombra, não consegue distinguir se é um buraquinho ou uma vala profunda. Essa imprecisão faz com ele empaque e baixe a cabeça para tentar distinguir melhor o objeto. Não adianta bater ou dar choque nele para que desempaque imediatamente. Enquanto ele não sentir segurança e certeza ele não reagirá. Para ajudar o boi a caminhar melhor no brete deixe o chão planinho, sem a presença de pedras, paus ou outros obstáculos. Para não dispersá-los a olhar de lado e empacar ao ver movimento de pessoas ou animais feche completamente as laterais do brete para que ele se concentre só na linha de frente. Reações lentas As reações do bovino para focar objetos são mais lentas do que as nossas. A focalização de objetos muito próximos ou distantes é feita por uma lente gelatinosa e muito flexível dentro dos olhos denominada cristalino. Para um foco próximo, a musculatura que circunda o cristalino se contrai e muda a forma deste órgão permitindo um foco detalhado. Para focar mais distante, a musculatura relaxa. No homem essa musculatura é muito desenvolvida e reage rapidamente, mas, no bovino, a reação é bem mais lenta, diminuindo sua capacidade de focar e identificar o que está vendo. E dá-lhe maior tendência ao empacamento. A reação do bovino à luz é outro fator importante na lida. O controle da entrada de luz dentro do olho é dado por uma musculatura que abre e fecha a pupila (a menina dos olhos), um buraquinho negro no centro do olho. No homem, a pupila é pequena e redondinha; no boi, ela é grande e ovalada. A musculatura da pupila no homem é eficiente e de rápida reação, mas no bovino é ineficiente e vagarosa. Assim, contrastes de luz produzem reações lentas no gado, que tendem a empacar, se saem de um ambiente com luz forte (lugar ensolarado) para entrar num local mal iluminado (brete coberto). Em locais assim, recomenda-se colocar uma luz fosca no teto na entrada do brete para quebrar esse contraste de luz. Temple Grandin viu o que não víamos e nos ensinou a ser bovinos para conviver melhor com eles. A fim de facilitar o manejo na fazenda, passe agora a enxergar como um boi e dê tempo ao tempo para que ele reaja e manifeste sua resposta visual. Você consegue? n


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Meio Ambiente

O sonho possível da pecuária sustentável na Amazônia Fotos: arIOSTO MESQUITA

A Don Aro é a primeira de Rondônia a receber da Embrapa Gado de Corte o certificado de Boas Práticas Agropecuárias

Gado, pasto e floresta convivem em harmonia na Don Aro.

N

Ariosto Mesquita

ão foi por acaso que em 2014 a Fazenda Don Aro, de pouco mais de 1.600 hectares, se tornou a primeira de Rondônia e a segunda da Região Norte a receber da Embrapa o certificado, na categoria ouro, de Boas Práticas Agropecuárias – Bovinos de Corte. O reconhecimento foi obtido em setembro do ano passado. nnn

Porto Velho

Fazenda em números

Machadinho D’Oeste

RO

Nome: Fazenda Don Aro Localização: Machadinho D´Oeste, RO Área Útil: 1.600 ha Área de Agricultura: 515 ha, para plantio de arroz e soja

132 DBO agosto 2015

Área de Pecuária: 412 ha em pastejo rotacionado Sistema: Recria a pasto e a partir de 2017 ciclo completo Cabeças abatidas em 2014: 500

A propriedade, em Machadinho D’Oeste, no nordeste do Estado, na divisa com Amazonas e Mato Grosso, distante 341 km da capital, Porto Velho, é tocada por um abnegado criador, também empresário do ramo farmacêutico e pós-graduado em gestão e educação ambiental, conhecimento que o ajudou a focar seu trabalho em uma produção eficiente e sustentável. Nunca passou pela sua cabeça, porém, que a Don Aro, sem nenhuma orientação específica neste sentido, já cumpria 85 dos 100 itens obrigatórios exigidos pelo programa BPA, criado em 2005 pela Embrapa. “Para conseguir a certificação foi só ajustar algumas coisas”, conta o produtor Giocondo Vale. Além da sua fazenda, só outra, no Pará, tem a certificação na Região Norte. Muito além do status, porém, a certificação lhe abriu portas – principalmente nos bancos – e acelerou o processo de readequação produtiva da fazenda, atualmente em transição do sistema de cria para o ciclo completo. O investimento inicial na adequação, com recursos próprios, foi de R$ 50.000 e compreendeu, entre outras coisas, a identificação interna com placas; a instalação de 70% das cercas necessárias para vedar as áreas de preservação permanente (APPs), além de parte do controle zootécnico do rebanho, incluindo a colocação de brincos de identificação nas vacas. Todo o trabalho foi feito entre 2013 e 2014. Assim que a notícia da certificação começou a circular, porém, o pecuarista foi procurado pelo Banco da Amazônia, que lhe ofereceu dinheiro para investimentos e insumos. “Eu era apenas um correntista, nunca tive crédito aprovado e, de repente, me financiaram cerca de R$ 800.000 para plantar 400 hectares de arroz e comprar uma máquina de calagem e adubação”, conta. Para o arroz, o prazo de pagamento foi de um ano com juros de 6,5% ao ano. A máquina foi adquirida por R$ 135.000, com carência de três anos e prazo de cinco para pagar, com juros de 5,3% ao ano. Graças a este capital, Vale acelerou o processo de transformação do sistema produtivo e a reforma de pasto, por meio da integração lavoura-pecuária (ILP) – uma das exigências da Embrapa para conferir a certificação BPA. O dinheiro obtido com o arroz, que já foi colhido no início do ano, com produtividade média de 63 sacas/ha, Vale usou para pagar o banco. “Sobrou um


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Meio Ambiente

Para conseguir a certificação foi só ajustar algumas coisas” Giocondo Vale, proprietário da Don Aro

troco para tomar um chope e comemorar a terra boa que eu estava deixando para a pecuária. Na área de lavoura ficou tudo limpo, sem tocos, paus e pedras. Daí foi só semear o pasto, concluindo 70% de toda a reforma da fazenda. Ainda em 2015 pretendo fazer mais 12%, fechando com os 18% restantes em 2016”, projeta. Conforme a Embrapa Rondônia, o Estado detém um rebanho de 12 milhões de cabeças em 6 milhões de hectares de pasto. Estima-se que 70% desta área apresente algum estágio de degradação. Na Fazenda Don Aro não era diferente. Daí a opção por adotar a integração lavoura-pecuária (ILP) para melhorar as condições físicas e químicas do solo. Boi em vez de cer veja Natural do Paraná e graduado em Farmácia, Giocondo Vale abandonou, em 1985, uma bolsa de estudos na Espanha, onde se tornaria mestre cervejeiro, para se aventurar em uma desconhecida região amazônica. Machadinho d’Oeste era, então, um povoado de desbravadores ainda denominado Projeto de Assentamento Machadinho, tocado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Nos primeiros anos ele se dedicou ao ramo farmacêutico em meio a um intenso “barulho de motosserra derrubando matas das quatro da matina até dez da noite”, lembra. Apesar do impacto em se estabelecer em uma região de total ausência de infraestrutura, ele se POR que a don aro obteve a certificação*

1 P GRS em

execução com tolerância zero aos rejeitos e resíduos contaminados e/ou não biodegradáveis;

2 T olerância zero ao uso de fogo

*Estes são alguns dos itens principais

134 DBO agosto 2015

3 P articipação

dos colaboradores no lucro do negócio

4 A doção da

integração ILP

5 Uso de adubo verde;

6 P roteção

das APPs.

empolgou com a grandeza e as perspectivas do lugar. Em 1990 adquiriu suas primeiras terras (96,8 hectares) para criar gado de corte, inspirado em experiência da família de imigrantes em Quatigá, no norte pioneiro paranaense, para onde foi seu avô, vindo da Itália. Aos poucos, o pecuarista foi adquirindo áreas vizinhas e ampliando a fazenda. Em 2005, com a “crise do boi” (período de baixa demanda em função do registro de febre aftosa em rebanhos do Mato Grosso do Sul e Paraná) e com um rebanho de 1.960 cabeças, quase quebrou depois de comprar garrotes a R$ 69 a arroba e vender boi gordo de 21 arrobas a R$ 28 por arroba. Este foi o divisor de águas para Vale. Após se desfazer de algum patrimônio e investir em novos animais, decidiu, ainda em 2005, trabalhar exclusivamente com cria. Em 2007 tinha sua primeira bezerrada Nelore e cruzamento com Aberdeen Angus, trabalho que ele ainda mantém. Está no terceiro ciclo de IATF (inseminação artificial em tempo fixo), processo aplicado em todas as suas vacas (em torno de 500, entre Nelore e cruzadas Angus), que recebem sêmen de touros de centrais, como Lambisco e Adonis (Nelore) e Roi e Sodak (Angus). Depois de 15 dias entra com o repasse com tourada Nelore certificada. O criador vende bezerros na desmama, que ocorre aos oito, nove ou dez meses de idade, “dependendo do lote e de outros fatores como mercado, oportunidade ou necessidade financeira do negócio”. Em 2014 comercializou aproximadamente 500 animais (incluindo descarte). Em 2015 a expectativa é de negociar 420 bovinos, a maioria de bezerros. Em fevereiro, chegou a negociar animais desmamados a R$ 1.250, valor que caiu para R$ 1.200 em julho. Credenciado pelo BPA conquistado em setembro de 2014, Vale se animou e decidiu iniciar um processo de transformação do perfil produtivo pecuário da propriedade, que será voltada para ciclo completo a partir de 2017. Para o ciclo 2015/2016 reservou 412 hectares para a pecuária (pastejo rotacionado) e 515 hectares para agricultura (arroz e soja). Ciclo completo em 2017 A partir de 2017, Vale planeja pôr em prática um sistema de ciclo completo, que prevê engorda a pasto com cocho nos últimos 60 dias que ele denomina “tratamento intensivo a pasto”. Dentro da integração lavoura-pecuária, considera inegociável fazer apenas uma safra de grãos. Ele pretende, no máximo, separar os primeiros 50 hectares liberados pela lavoura de verão para cultivar uma safrinha de milho consorciada com braquiária ruziziensis (um dos capins usados na fazenda, ao lado das também braquiárias humidícola e marandu). O cereal, segundo ele, garantirá o acabamento de bovinos com grão inteiro e a área pode voltar a ser lavoura de verão na sequência, em sistema de plantio direto. Vale também não abre mão do foco na pecuá-


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Meio Ambiente ria: “Apesar de se chamar Don Aro Agrossilvipastoril, a propriedade é essencialmente pecuária. O grão é um negócio que veio para consolidar a fazenda dentro do que o mundo moderno exige”. De uma meta inicial em manter 1.000 fêmeas no sistema, Vale enxugou as previsões para evitar impactos ambientais comprometedores com erosão, pisoteio

excessivo e eventual compactação de solo. “Estamos estabelecendo um plantel entre 400 e 500 fêmeas em atividade e vislumbrando a possibilidade de entregar ao mercado novilhas de 18 meses de idade com pelo menos 14 @ de peso/carcaça. Com relação aos machos, vamos trabalhar com o abate aos 20 meses e peso mínimo de 17 @”, explica. n

Conser vação vem de longa data Don Aro é pioneira em programas que reduzem impactos ambientais na Amazônia

A nnn De 1.600 ha da Don Aro,

470 hectares compreendem áreas de preservação

nnn

pesar de intensificados nos últimos anos (inclusive com práticas de integração lavoura-pecuária), procedimentos sustentáveis são adotados na propriedade desde o fim dos anos 1990. O plantio de árvores começou há 16 anos. Dos seus quase 1.600 hectares, 249 são de preservação permanente, 163 de reserva legal e 58 de reposição florestal, como o plantio de 12 mil pés de castanheiras-do-pará. Segundo Vale, embora a exigência de reserva na Amazônia seja de 80% da propriedade, a fazenda já estava parcialmente consolidada quando se redefiniu a exigência para reserva legal. “Somando todas as áreas verdes, estamos próximos da exigência. Ainda não sabemos com exatidão por não ter dado encaminhamento, aos órgãos competentes, do GPS apurado depois dos ajustes: APPs recuperadas, margens alargadas e áreas que deixamos isoladas da produção”, explica o produtor. A Don Aro é pioneira em Rondônia em relação à adoção de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) e do Plano Lixo Zero. No primeiro, o material (perfurantes, tóxicos e afins, não biodegradáveis, etc.) é separado e acondicionado em tambores fechados para envio a uma empresa em Vilhena, RO, responsável pelo seu destino final. As embalagens de defensivos são inventariadas e encaminhadas ao posto de recebimento

Plantio de árvores na Don Aro começou há 16 anos

do município. A Fazenda Don Aro trabalha também com uma normatização anual composta de 76 itens, procedimento iniciado em 2011 (está na quarta edição). O documento estabelece a filosofia do negócio, o comportamento ambiental e os preceitos agropecuários. Dentre os itens está aquele que hoje determina o pagamento de 15º salário a cada um dos colaboradores (seis funcionários) da propriedade, dentro de um programa de participação nos lucros. n

No Brasil, 24 certificadas. Dez anos após a sua criação, o programa BPA Bovinos de Corte contabiliza mais de 200 propriedades inscritas, a maioria em processo de adequação para a obtenção da certificação em uma das três categorias: ouro, prata ou bronze. Conforme explica o coordenador nacional do BPA Bovinos de Corte, Ezequiel Rodrigues do Valle, novos certificados de-

136 DBO agosto 2015

vem ser concedidos ainda este ano. Para se adequar a uma das três categorias, a propriedade tem de atender a um mínimo de 80% dos itens obrigatórios e 60% dos altamente recomendáveis (bronze), 90% dos itens obrigatórios e 70% dos altamente recomendáveis (prata) ou 100% dos itens obrigatórios e 80% dos altamente recomendáveis (ouro).



Instalações

Condomínio Minuano

O incremento de 1,3@ por bezerro cobre os custos com a instalação

Com sombra, engorda mais rápida. Sombrite é investimento barato e de rápido retorno, pois melhora o ganho de peso de bezerros. Mônica Costa

B

monica@revistadbo.com.br

ezerro também precisa de sombra. E, quando a tem, seu desenvolvimento é muito melhor. Foi o que constatou o criador Marco Azevedo, proprietário da Fazenda Minuano II, em Cacoal, a 480 km de Porto Velho, RO, que registrou incremento médio de 40 quilos (kg) por bezerro desmamado, após

138 DBO agosto 2015

a instalação de creep feeding com sombrite nos pastos destinados às matrizes da propriedade. A estrutura consiste num cercado com cochos exclusivos para suplementação de bezerros (as mães não têm acesso ao espaço), cobertos com o material plástico, garantindo maior conforto térmico aos animais e, por extensão, maior consumo de alimento. “Animais dessa idade sentem muito o calor. Percebi isso por meio da observação de seu comportamento a pasto. Quando eles não estavam mamando ficavam muito tempo sob as sombras das árvores, o que retardava sua ida ao cocho”, explica. Médico ortopedista de formação, Azevedo é pecuarista por paixão. Sua mente criativa tem garantido resultados extraordinários para o Condomínio Minuano, formado por duas fazendas vizinhas (Minuano I e II) que somam 1.870 hectares e onde são criados 4.200 bovinos (Nelore e cruzados) em ciclo completo. O ganho de peso médio de 614 gramas/dia por animal na fase de terminação na Minuano I durante a safra 2013/2014 garantiu ao criador o primeiro lugar no ranking da consultoria paranaense Terra Desenvolvimento Agropecuário, que inclui 146 fazendas, e uma reportagem de capa de DBO na edição de fevereiro de 2015. Na Minuano II, onde ficam os animais de cria, Azevedo construiu, em 2014, dez creep feedings para suplementação de 1.102 bezerros. As novas estruturas ficam ao lado dos cochos destinados às 1.300 matrizes do rebanho, medem 120 metros quadrados e têm capacidade para atender até 200 bezerros. A cobertura foi feita com 250 m de tela de polietileno para reduzir a incidência solar em 50%. O material, que custou R$ 250, é facilmente encontrado em revendas agropecuárias. A estrutura demandou investimento de R$ 1,25 por cabeça. “É um produto barato e que tem melhorado muito o desempenho dos bezerros e das matrizes” assegura Azevedo. Melhor desempenho Em Rondônia, onde as temperaturas chegam facilmente aos 30 graus, garantir acesso à sombra para o rebanho é uma sábia medida, pois já se confirmou, por meio de pesquisas, que a redução do estresse térmico evita redução de até 30% na ingestão de alimentos pelos bovinos. “Antes de instalarmos essas estruturas, os bezerros chegavam aos sete meses com 180 kg. Agora, atingem até 220 kg (7,3 @) na mesma idade, um incremento de 22% no peso”, diz Azevedo. Os animais de origem zebuína são mais resistentes ao calor e podem suportar temperaturas de até 35 graus. Já os taurinos expressam melhor seu potencial em temperaturas mais amenas, entre 10 e 25 graus. Na Fazenda Minuano II, 30% dos bezerros nascidos são meio-sangue Angus e 70% Nelore. Os cruzados são os primeiros a entrar na instalação em busca de sombra, o que, segundo o criador, é muito bom, pois eles exigem mais das mães, e, ao consumir o suplemento, re-



Instalações

nnn Receita extra ao criador foi de

205 reais

por animal, por causa do melhor ganho de peso

nnn

duzem as mamadas. Azevedo acredita que esta medida poderá estimular a reconcepção precoce das matrizes e aumentar, consequentemente, a taxa de prenhez do rebanho, já que as fêmeas vão dispor de mais capim de qualidade para consumo e usarão menos energia para sustentar os bezerros. “Como as fêmeas estão voltando a ciclar mais cedo, terei de fazer mais uma estação de monta”, estima. Por enquanto, a fazenda trabalha com uma estação convencional (setembro a dezembro). As matrizes são submetidas à inseminação artificial por tempo fixo (IATF), usando sêmen de Angus e touros Nelore para repasse. Relação positiva Os creep feedings montados na Fazenda Minuano II são estruturas retangulares, com 24 m de comprimento por 5 m de largura, com cochos de 20 m lineares ao centro. Os comedouros são feitos de bombonas plásticas com capacidade para 200 kg, partidas ao meio e colocadas sobre vigas de madeira de 20 cm de altura. As cercas são convencionais e formadas por cinco fios de arame liso, presos nas estacas de madeira, fincadas a cada 3 m. Em toda a lateral dos cochos há passagens para os bezerros, feitas com estacas de 1,6 m de altura, nas quais foram instaladas travessas a 90 cm do solo, formando vãos de 50 cm que não podem ser acessados pelas vacas. As telas de sombrite são sustentadas por mourões de madeira, encravados a cada 5 m, e presas com arame em estacas de bambu, para evitar que sejam levadas pelo vento. “Os bambus, obtidos na própria fazenda, são amarrados nas extremidades dos mourões da cerca para que a cobertura fique bem firme”, explica Azevedo, que já recuperou, e bem, todo o capital investido. Foram gastos R$ 2.100 para a construção de cada creep feeding, ou R$ 10,50 por cabeça (considerando-se a capacidade máxima de 200 animais por cocho). Em compensação, cada bezerro ganhou 1,3 @ a mais (40 kg, em média), que renderam ao criador uma receita extra de R$ 205,80 por cabeça, já deduzidos o custo da instalação e dos 25 quiConfortáveis e bem alimentados

2,50 m - altura dos mourões

5 m - distância entre mourões

arte Edson alves

Entrada de bezerros 5m

24 m 3 m - distância entre estacas

140 DBO agosto 2015

1,60 m - altura das estacas

Receita com desempenho de bezerros cobre custos com instalação Custos para construção do creep feeding com sombrite1

25 m de tela sombrite (50%) 180 m de arame liso para cerca 36 estacas de

madeira

5 mourões

R$ 250 R$ 60 R$ 400 R$ 200

10 bombonas de plástico Mão de obra ( 2 homens/2 diárias) Total

R$ 1.000 R$ 200 R$ 2.110

Custos com suplementação Consumo de ração2

4.560 kg

Custo da ração (total)3

R$ 5.563

Melhoria de desempenho Ganho de peso (em @)

260 @

Receita bruta4

R$ 49.920

Receita líquida

R$ 42.347

(1) 120 m2 para 200 bezerros; (2) 22,8 kg/cabeça; (3) R$ 36,65 pacote 30 kg; (4) R$ 192 @ de bezerro (ágio de 20% sobre a @ do boi) Fonte: Condomínio Minuano. Adaptado DBO

los/cabeça/período fornecidos aos animais no cocho (veja tabela acima). Cheirinho bom Como investiu em instalações para suplementação dos bezerros, Azevedo decidiu caprichar também na ração, específica para animais em fase de amamentação. Bastante palatável, ela contém melaço e menor teor de sódio. Na safra passada, com esse suplemento, o produtor conseguiu um consumo médio de 150 gramas/cabeça/dia. “Foi um resultado muito bom, mas acho que ainda posso melhorar”, afirma. Agora, para um lote formado por 198 bezerros de vacas primíparas, está fornecendo uma formulação contendo óleos essenciais em vez de melaço e palatabilizante de maçã verde. “O cheirinho é bom e os bezerros já vão se acostumando com o cocho”, festeja o criador, que conta apenas com os conselhos de um amigo veterinário para formular as misturas preparadas por uma empresa de ração parceira da fazenda. Os animais, que completaram 30 dias na primeira quinzena de junho, já estão lambendo o cocho e consumindo cerca de 35 gramas de suplemento por dia. “Os comedouros são abastecidos diariamente e o volume da dieta aumenta à medida que os animais passam a comer mais”, explica Azevedo, que aposta no novo manejo nutricional para ajudar na deposição de músculo para a formação de um bezerro ainda mais pesado. “Minha expectativa é que neste lote, com todos os bezerros filhos de primíparas, o consumo chegue a 350 gramas/cabeça/dia até o desmame”. Se o cálculo do criador estiver correto, estes bezerros podem chegar aos sete meses com mais de 250 kg, praticamente a metade do peso de suas mães. n



Máquinas

Adeus ao enxadão e à picareta

arquivo ikeda

Empresa lança implemento que permite rapidez e praticidade em projetos de instalação de rede de distribuição de água a bebedouros

Operação de enterrar 100 metros de mangueira até 70 cm de profundidade pode ser feita em um minuto

DENIS CARDOSO

A

denis@revistadbo.com.br

Ikeda, empresa de implementos agrícolas de Marília, SP, desenvolveu uma máquina de enterrar mangueiras de grande utilidade para pecuaristas que desejam substituir ou ampliar a rede de distribuição de água até bebedouros situados em pontos estratégicos da fazenda. Trata-se de um implemento batizado de Triller, que, puxado por um trator simples (de pequeno porte, com tração em duas rodas e mínimo de 75 cavalos de potência), é capaz de pôr debaixo da terra 100 metros de mangueira de polipropileno em apenas um minuto, garante José Takahashi, sócio diretor da Ikeda e um dos responsáveis pelo concepção da engenhoca. “Para quem é do ramo, sabe da dificuldade de instalação de mangueiras no solo, ainda mais quando se trata de serviços manuais, realizado à base de enxadão e de picareta”, afirma Takahashi, ao justificar o entusiasmo da empresa em relação ao novo equipamento. Segundo ele, os trabalhos manuais de enterramento de tubulação em sistemas de pastagens resultam em tempo demasiado de serviço e, em muitos casos, são realizados de maneira precária, à base do improviso, da “gambiarra”, o que pode resultar em prejuízo ao fazendeiro. “Em instalações mal feitas, a mangueira é

142 DBO agosto 2015

enterrada de maneira superficial e acaba sendo danificada pelo próprio casco do boi ou por uma operação agrícola qualquer, como a passagem de uma grade aradora no solo”, afirma ele. A ideia de criação do Triller nasceu da própria necessidade de um dos sócios da empresa, Saburo Ikeda, que foi pesquisador e diretor do Instituto de Pesquisa Tecnológicas – IPT, na área de engenharia térmica. Saburo, que possui fazenda em Lutécia, a 60 km de Marília, onde faz ciclo completo (cria, recria e engorda), se viu obrigado a trocar alguns trechos do sistema de tubulação de água de abastecimento de bebedouros, já em fase de deterioração. “Aproveitamos essa ocasião para desenvolver, juntamente com Saburo, o protótipo do Triller, realizado a partir de ajustes e adaptações feitas em um implemento direcionado para a colheita da mandioca, que descompacta o solo em torno do tubérculo, facilitando a sua retirada”, conta. Segundo Takahashi, há outros equipamentos que realizam o trabalho de instalação de mangueiras no solo, como as máquinas valetadeiras, mas nenhuma delas com “a mesma eficiência do Triller”, garante. “Não há no País um implemento igual”, afirma ele, admitindo, porém, a existência de máquinas bastante semelhantes ao Triller fora do Brasil. Isso explica a opção da empresa em não patentear a nova invenção. “Em Israel, por exemplo, há um fabricante que produz um equipamento muito parecido com o nosso”, diz. “Mão na roda” O uso da Triller foi aprovado pelo “empreiteiro” José Sebastião Uchoa, funcionário responsável pela área de infraestrutura da Fazenda Mata Verde, de Itaúba, MT, propriedade que faz integração lavoura-pecuária, pertencente à família do produtor Vilson Pozzobon. “Chegamos a iniciar um projeto manual de instalação de mangueiras na fazenda, mas, no meio do caminho, alguns integrantes do grupo escalado para o serviço abandonaram a obra, reclamando de exaustão pelo trabalho de escavação da terra e retirada de pedras”, conta Uchoa. Como solução para o impasse, a Fazenda Mata Verde investiu na compra do implemento da Ikeda, cujo preço varia de R$ 12.000 a R$ 13.000, dependendo da loja revendedora da região. “Essa máquina é uma mão na roda”, afirma Uchoa, acrescentando que, graças ao uso do novo implemento, a fazenda de Itaúba está prestes a concluir o serviço de instalação de uma rede de 20 km de mangueira, sistema que vai facilitar o uso estratégico de bebedouros em pastagens, evitando que a boiada beba



Máquinas água diretamente na nascente do rio, o que pode resultar na degradação das áreas de mananciais e, consequentemente, em danos ao meio ambiente.

“No Brasil não há implemento igual, mas em Israel existe um muito parecido” José Takahashi, sócio da Ikeda

Como funciona O Triller vem equipado com um carretel com capacidade para rolos de 100 metros de comprimento de mangueira, de até 2 polegadas. Enquanto o implemento é tracionado a uma velocidade máxima de 5 km/h, uma haste vertical corta o solo e afasta lateralmente paredes do sulco, permitindo o depósito da mangueira no fundo da valeta, deixando o serviço pronto em uma única passagem do equipamento. “É uma máquina simples, de fácil execução”, afirma o sócio-diretor, completando que, além do tratorista, um funcionário da própria fazenda consegue dar conta do serviço de instalação. Segundo Takahashi, o Triller é o primeiro implemento no mercado brasileiro capaz de realizar, em uma única operação – ou seja, com o trator em movimento -, três tarefas fundamentais no processo de enterramento de mangueiras. São elas: a abertura de sulcos no solo com profundidade regulável de 30 a 70 cm; a instalação automática e simultânea da mangueira; e, por fim, o fechamento natural do sulco pelo retorno da terra posteriormente afastada. O sócio-diretor diz ter calculado

144 DBO agosto 2015

o tempo de duração do trabalho envolvendo o enterramento do primeiro rolo de carretel, ou seja, 100 metros de mangueira. “Tudo foi realizado em apenas um minuto”, relata. Muitas fazendas optam pela utilização de máquinas valetadeiras em sistemas de instalação de mangueiras, mas este tipo de operação, embora ganhe em eficiência em relação ao trabalho manual, também acaba sendo altamente trabalhoso e desgastante para os executores do projeto, diz Takahashi. “O uso de valetadeiras exige a parada da máquina para colocação manual das mangueiras nas valas e, depois, ainda é necessário tapar o buraco”, compara. Emenda No caso do Triller, a parada da máquina só ocorre no momento da troca do rolo de mangueira, já que a capacidade máxima do carretel é para 100 metros de comprimento, extensão irrisória, considerando que, para justificar o valor gasto com o implemento, fazendas trabalham com projetos que contemplam a instalação de 5.000 a 10.000 metros de tubulação. Segundo o sócio-diretor, ao comprar o implemento, o produtor recebe um “kit para prensa da mangueira”, uma espécie de alicate, que facilita o processo de emenda, dispensando o método habitual de aquecimento da ponta da mangueira. n



Raças Hereford

Programa Carne Certificada abate 140 mil animais O Programa Carne Certificada Hereford, que tem 3.062 produtores cadastrados, abateu, no primeiro semestre de 2015, 139.000 animais, dos quais 46.000 alcançaram o padrão de qualidade e receberam certificação da Associação Brasileira dos Criadores de Hereford e Braford (ABHB). Participam do programa, que já tem sete anos, os frigoríficos Silva, Marfrig, Producarne e São João do Itaperiu, empresa de Santa Catarina, que fez seu primeiro abate de Hereford em 1º e 2 de julho. O programa estará presente também na Expointer, em Esteio, RS, na Vitrine da Carne Gaúcha. Entre os dias 29 de agosto e 5 de setembro, a associação apresentará como são feitos os cortes nobres e como obter seu melhor aproveitamento. O evento, promovido pela Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), visa valorizar a produção de carne do Estado. Além do Programa Carne Certificada Hereford, a ABHB promove, também na Expointer, dois leilões: o Elite Hereford & Braford, que está na quinta edição e ofertará embriões e prenhezes de animais geneticamente superiores de importadores criadores das raças Hereford e Braford. O leilão será no restaurante do estande da associação, na Avenida Boulevard, no Parque Assis Brasil, em Esteio, às 20 horas, no dia 1º de setembro. No dia 2, às 18 horas, na pista J do mesmo parque, ocorre o Leilão Prime Hereford e Braford, que está na décima edição. Serão ofertados touros rústicos adaptados e prontos para serviço e também ventres, categoria ausente na última edição da Expointer. A oferta de fêmeas no leilão abre a possibilidade para quem está se iniciando na seleção ou quer ampliar o plantel de Hereford e Braford. Para julgamento, que, nesta edição, será feito pelos criadores Alejandro Costa e Fernando Alfonso (Hereford) e Paulo Azambuja (Braford), os selecionadores devem levar 57 Herefords e 60 Brafords, além de animais rústicos.

Taurinas e sintéticas O Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo) lançou mais uma edição do seu Manual do Usuário. O programa avalia animais das raças taurinas Angus, Hereford, Devon, Shorthorn, Charolês e Simental e das sintéticas Brangus e Braford. A novidade da publicação está na linguagem menos técnica. Como diz o presidente Mário Ubirajara Rota Anselmi, da Associação Nacional de Criadores

146 DBO agosto 2015

Herd Book Collares – entidade responsável pelo Promebo e pelos registros genealógicos dos animais puros dessas raças –, o manual é um guia de acompanhamento e orientação diária para os criadores. A publicação descreve todas as características avaliadas pelo Promebo e os pontos de controle que devem ser realizados nas propriedades para a adoção de um bom trabalho de seleção genética, como identificação de cada animal, controle de nascimento e as mensurações de 14 características das progênies e cujos dados, transformados em Diferença Esperada da Progênie (DEPs), vão compor o Sumário de Touros, divulgado anualmente na Expointer. Na composição do sumário, são avaliados peso ao nascer, ganho de peso até a desmama, características físicas (conformação, precocidade, musculatura e tamanho), pelame e habilidade materna (ganho de peso do nascimento à desmama), entre outras características. Pedidos do manual pelo e-mail promebo@herdbook.org.br ou tel. (51) 3222-4576.

Angus Os criadores de Angus do Rio Grande do Sul estarão em disputa acirrada na Feira de Novilhas, que em sua 12ª edição deve ofertar, no dia 3 de setembro, no Parque Assis Brasil, 700 fêmeas. O evento é promovido pela Associação Brasileira de Angus (ABA), Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e a Santa Úrsula Remates. “É um momento especial para a atividade de cria, que voltou a crescer no Rio Grande do Sul e virou um excelente negócio na esteira da valorização do bezerro”, diz o diretor comercial da Santa Úrsula, José Antônio Cardoso. Já de animais puros, a raça terá, durante a Expointer, apenas um único remate, o Red Concert, promovido pela Cabanha Catanduva no dia 2 de setembro, além de um que vai vender animais rústicos, no dia 31 de agosto. “Teremos, como virou praxe, a maior representação nas pistas da Expointer”, diz o presidente da ABA, José Roberto Pires Weber. O julgamento de animais de argola será nos dias 1º (fêmeas) e 2 (machos) de setembro. Como ocorrerá com as raças Hereford, Devon e Charolês, a Angus, com a Carne Certificada Angus, também participa da Vitrine da Carne Gaúcha. Conforme o gerente do Programa Carne Certificada Angus, Fábio Medeiros, a meta é desmamar 3 milhões de bezerros com pelo menos 50% de sangue Angus no Brasil. Com 12 anos, o programa de carne de qualidade da raça Angus conta com participação de 5 mil pecuaristas, que, em 2014, enviaram para o abate 330.000 animais em 23 frigoríficos.



Raças Nelore

DeltaGen define lista de touros em teste de progênie Após percorrer 12.500 quilômetros, uma comissão técnica da DeltaGen, programa de melhoramento genético que avalia animais Nelore comerciais e emite Ceip (Certificado Especial de Identificação e Produção) para machos e fêmeas superiores, escolheu 26 tourinhos a serem submetidos a seu Teste de Progênie, realizado desde 2006. “Revisamos esses animais em 15 fazendas. Na avaliação visual do melhor conjunto, levamos em conta características de aprumos, pigmentação, harmonia, ossatura e caracterização racial”, informou o gerente técnico Cassiano Pelle, da DeltaGen. Eis os tourinhos escolhidos: da Fa-

Brahman A Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB) firmou parceria com a Unesp de Araçatuba e o Programa de Melhoramento Genético da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) para a avaliação genômica dos reprodutores da raça. Na primeira fase, a ACBB fará a coleta

148 DBO agosto 2015

zenda Tulipa (Fabuloso Tul, Modelo Tul, Tanque Tul, Triunfo Tul, Rally Tul, Baru Tul e Alemão Tul); da Fazenda Maragogipe (Paraná FM, Paraguai FM, Maracaju FM, Imbaúba FM, Landi FM e Segredo FM); da Fazenda Nova Terra (Beatles AJ, Cold Play AJ, Who AJ e Led Zeppelin AJ); da Fazenda Marca Quatro (Daisan NIP e Daiion NIP); da Fazenda Estrela do Guaporé (Mirante EGA); da Fazenda 2M (Nobre NO); da Fazenda Água Limpa (Lord Ali); da Fazenda Santa Teresa (Itaquerê FST); da Fazenda Tatuapé (Veraneio TAT); da Fazenda Três Barras (Baru 3BA) e da Katayama Pecuária (Conan KA).

de materiais genéticos dos touros que estão em coleta em centrais e em projetos pecuários no Brasil. A expectativa do diretor executivo Rodrigo Rodrigues, da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil, é analisar 200 reprodutores até o fim de 2015. O material genético, que podem ser pêlos, será analisado pela

equipe do professor Fernando Garcia, da Unesp. O objetivo é identificar os reprodutores que têm marcadores moleculares positivos para as características de produção desejadas, entre elas fertilidade, comprimento do umbigo, peso ao nascer, à desmama, ao sobreano e à terminação, AOL e EGS, entre outras.


SEMEADORA

SEMENTES

FERTILIZANTES


INTERCONF2015

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE CONFINADORES INTERNATIONAL CONFERENCE OF CATTLE FEEDERS

15|09|2015

16|09|2015

CENÁRIO MACROECONÔMICO E MERCADO AGROPECUÁRIO

PAINEL TÉCNICO

Controle de dados e gestão de fazendas de cria e recria

Cenário macroeconômico para o Brasil nos próximos anos

Antônio Chaker | consultor da Terra Desenvolvimento

Zeina Latif | economista - chefe da XP Investimentos

Perspectivas globais para o consumo de carne bovina

Estudo de caso Grupo Roncador

Adolfo Fontes | analista senior em proteína animal do Rabobank

Bem-estar animal no connamento

Pecuária: desaos e perspectivas

Qual o impacto da genética no resultado da engorda

Maurício Palma Nogueira | sócio - diretor da Agroconsult ANÁLISE SOBRE AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O SETOR AGROPECUÁRIO

Qual a inuência do setor agropecuário nas discussões políticas?

Paulo Loureiro | líder do programa Creating Connections

Sérgio de Zen | pesquisador e professor na Esalq/USP

Nutrição para aumentar qualidade da carcaça

Flávio Portela | PhD em ciência animal

Protocolos nutricionais na adaptação e terminação de bovinos connados

Nilson Leitão | deputado federal pelo Mato Grosso

Oque o governo federal está fazendo pela pecuária? Acesso a novos mercados, imagem do país, mitigação de problemas sanitários e política agrícola

Décio Coutinho | secretário da SDA - MAPA André Nassar | secretário da SPA - MAPA

OPORTUNIDADES CONSTRUÍDAS POR PRODUTORES, INDÚSTRIAS E VAREJO PARA A PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL E DE QUALIDADE DE CARNE BOVINA

Quais as principais diculdades que a indústria sofre atualmente? Antônio Jorge Camardelli | presidente da ABIEC

Mesa redonda

ASSOCON, Ministério da Agricultura, FPA e ABCZ

O que o consumidor mais tem comprado no varejo (perl de consumo)?

LIDERANÇA E EMPREENDEDORISMO, COMO IMPLANTAR ISSO NA PECUÁRIA DE CORTE

Como desenvolver um negócio que liga o produtor ao consumidor?

SUCESSÃO FAMILIAR: DAQUI 30 ANOS QUEM SERÁ O RESPONSÁVEL POR SUA FAZENDA? Tereza Roscoe | gerente de projetos, coordenadora de PDA e professora na Fundação Dom Cabral

Estudo de caso sobre sucessão familiar - Como aconteceu em nossa família

Carlos Viacava

Pedro Merola | proprietário da FEED e do Confinamento Fazenda Santa Fé

17|09|2015 DIA DE CAMPO - FAZENDA ANA PAULA

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Eventos

Madura e versátil, integração avança. Brasil já conta com 3 milhões de ha com diferentes sistemas produtivos integrados que podem ajudar o País a triplicar a produção de carne bovina.

Fotos: Ariosto Mesquita

nova e volumosa fonte de renda, integrando a atividade com o cultivo da soja (principalmente), obtendo produtividades médias de 50 sacas/ha, chegando a picos de 70 sacas/ha em pontos de São Paulo e do Mato Grosso. Para quem ainda duvida da integração, João K avisa que não há limites para sua adoção, nem mesmo obstáculos a partir de clima, relevo, condições de solo, tamanho da propriedade, qualidade dos equipamentos disponíveis ou condição socioeconômica do produtor. “Há sempre uma alternativa para cada caso”, garante.

Congresso reuniu pesquisadores, técnicos e produtores de 16 países

Ariosto Mesquita

E

de Brasília, DF

m processo de amadurecimento, cada vez mais versáteis e em plena expansão. Este seria o quadro geral desenhado sobre a integração produtiva por pesquisadores, técnicos e produtores brasileiros e de mais 15 nacionalidades, que participaram do Congresso Mundial de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (WCCLF2015, sigla em inglês), realizado em Brasília de 12 a 17 de julho. Relatos, citações e cases rechearam a programação do congresso. A Embrapa, promotora do evento, estima em três milhões de ha a área em integração atualmente no Brasil, 80% ocupada por produção associada de grãos e de carne bovina. Um dos mais experientes pesquisadores em sistemas integrados, João Kluthcouski (João K), da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás, GO), apresentou estudos para a implantação de sistemas de produção em solos arenosos. “São 50 milhões de hectares de áreas esquecidas, desmatadas, apresentando níveis diferentes de degradação e com milhões de famílias vivendo nelas”, observa. Segundo ele, onde foram adotados os sistemas de plantio direto (SPD) e da ILP (ou ILPD – integração lavoura-pecuária em plantio direto) pecuaristas ganharam

152 DBO agosto 2015

A campo Em visita a duas áreas de pesquisas da Embrapa Cerrados, os congressistas puderam conferir de perto experimentos tanto em ILP quanto em ILPF. Na gleba destinada a testes com componentes lavoura, pecuária e floresta, o pesquisador Roberto Guimarães mostrou o quanto a bovinocultura de corte brasileira pode evoluir com o manejo adequado em áreas integradas: “Produzimos hoje 90 quilos de peso vivo por ha/ano, mas podemos triplicar este número sem abrir um ha de floresta nativa, usando de tecnologias que já temos disponível. Não tem muito o que inventar”. Na vitrine tecnológica de ILPF apresentada a brasileiros e estrangeiros, o experimento desenvolvido por Guimarães, que foi iniciado em 2009, ocupa 20 ha da Embrapa Cerrados, em Planaltina, DF. Nos dois primeiros anos, o plantio de árvores foi integrado com o cultivo de sorgo e soja (silviagrícola) nas entrelinhas, com espaçamento de 12 e 22 metros. Em seguida, as lavouras de grãos deram lugar ao capim (braquiária piatã), que foi plantado em 2012. O plantio das árvores que apresentou melhor resposta do sistema foi no sentido leste-oeste, que facilitou a entrada de iluminação natural nos espaços destinados à agricultura e à pastagem (entre renques). Segundo Guimarães, na avaliação do primeiro ano sob pastejo, com taxas de lotação entre 630 kg e 1.125 kg de peso vivo/ha, o desempenho animal apontou ganho de 21 arrobas(@)/ ha/ano em ILP, 13 @ha/ano em ILPF de 22 metros entre renques e oito @/ha/ano em ILPF de 12 metros de espaçamento. Os números são superiores ao desempenho médio da bovinocultura de corte comercial considerado pela Embrapa para o Cerrado brasileiro, que é lotação média de 531 kg/ha e produção de 3@/ha/ano. Pioneirismo A visita ao mais antigo experimento de produção integrada (ILP) ainda em funcionamento no Brasil foi um



Eventos

Guimarães: “Em termos de tecnologia, não temos muito o que inventar”.

dos momentos mais disputados pelos participantes do congresso. A área totaliza 14 hectares dentro da Fazenda Chapadão e começou a ser implantada em 1991 pelo pesquisador Lourival Vilela, que hoje divide o comando dos experimentos com o colega Robélio Leandro Marchao, ambos da Embrapa Cerrados. Estruturada ao longo dos últimos 24 anos, a área chama a atenção, dentre outras coisas, pela sua prática e funcional divisão espacial, que permite uma série de estudos simultâneos. As parcelas de pesquisa ocupam, em média, 0,8 ha cada, divididas ao meio entre solos de baixa e alta fertilidade. Nestes campos, os cultivos vão sendo estudados obedecendo a uma rotação previamente estabelecida. São quatro sistemas de avaliação: lavoura contínua; ILP (três anos com pasto e três anos com lavoura), pastagem contínua pura sem consórcio e pastagem consorciada. Atualmente, os pesquisadores vêm estudando o desempenho de forrageiras lançadas pela Embrapa e ainda pouco avaliadas cientificamente dentro de sistemas integrados. Marchao destacou um piquete onde a soja foi su-

154 DBO agosto 2015

Ganho em área consorciada com floresta pode chegar a 13@/ha/ano.

cedida pelo plantio de sorgo consorciado com capim piatã em fevereiro de 2014 e que, após a colheita do cereal, rebrotou para pastejo. Em outra parcela, bem próxima, os visitantes puderam conferir o plantio de milho com a braquiária paiaguás, capim lançado em 2013 pela Embrapa. Este consórcio sucedeu uma variedade de soja precoce plantada ao final do ano passado. Experiências Do exterior e do próprio Brasil experiências e pontos de vista os mais diversificados possíveis pipocaram durante todo o congresso. O professor do Departamento de Ciência do Solo da Universidade Estadual da Carolina do Norte, Alan Franzluebbers, lembrou que sistemas integrados são muito dinâmicos: “Existe o sistema em pastejo de resíduos, os agroflorestais, os silvipastoris e até integração com vizinhos de cerca”.


CARACTERÍSTICAS

Alta libido Adaptabilidade Rusticidade Fácil manejo

Caráter mocho dominante Monta natural Na monta natural índice de prenhez superior a 80% Abate precoce - antecipando em até 12 meses Valorização do produto final em até 30% a mais que a média

O Touro Senepol é considerado a mais eficaz ferramenta para produção de carne de qualidade a pasto, de forma simples e lucrativa, por ser o um taurino puro dotado de precocidade de acabamento com qualidade de carcaça e de carne, totalmente adaptado ao clima tropical. Portador destes atributos conjugados, o Touro Senepol acompanha e cobre a campo, com excelente vigor, qualquer fêmea. Quando utilizado no cruzamento industrial é capaz de transmitir aos seus filhos a chamada Heterose máxima, capaz de incrementar em até 30% a produtividade do rebanho de corte. Utilize Touros Senepol e se beneficie da verdadeira Heterose a pasto, simples e lucrativa.

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Eventos O especialista fez um alerta aos estudiosos, técnicos e pesquisadores no que diz respeito a uma relação transparente com os produtores: “Fazer amostragem de solo não é coisa simples, mas temos de saber o perfil da terra antes de qualquer coisa, caso contrário estaremos enganando o nosso público”. Já o pesquisador Bruno Alves, da Embrapa Agrobiologia, indicou que os sistemas integrados têm como ajudar a mudar o perfil da pecuária de corte desenvolvida nos cerrados, onde estão 40% do rebanho bovino brasileiro, que, por causa da degradação das pastagens, tem uma baixa produtividade, com lotação de 0,6 UA/ha) e abate dos animais com mais de 36 meses. n

Gliricídia com braquiarão permitiu ganho de peso de 597 gramas/dia

Braquiária com gliricídia Substituir a adubação nitrogenada com economia e ainda obter vantagens no resultado final da engorda. É o que permite o pastejo em áreas de consórcio braquiária marandu x gliricídia (Gliricidia sepium), segundo a Embrapa Tabuleiros Costeiros, unidade que fica em Aracaju, SE. A gliricídia é uma leguminosa arbórea originária da América Central e que, segundo o pesquisador José Henrique de Albuquerque Rangel, foi introduzida no Brasil nos anos 60 para ajudar no sombreamento do cacau. Pesquisas envolvendo a gliricídia junto à pecuária nordestina acontecem desde 1996, conduzidas tanto pela Embrapa quanto pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). Rangel avaliou a produtividade de garrotes nelore em um sistema silvipastoril de capim marandu consorciado com gliricídia em comparação a uma área cultivada apenas com a braquiária com níveis crescentes de adubação nitrogenada mineral (0, 80, 160 e 240 kg N/ha ano). Os pastos foram usados em períodos de uma semana

156 DBO agosto 2015

com descansos de 35 dias nas águas e de 49 dias no período seco. Ao final da avaliação foi constatado que o sistema silvipastoril (SP) permitiu ganho de 597,1 gramas/animal/ dia, bem superior aos 373,2 obtidos em área solteira com o maior nível de adubação de nitrogênio (240 kg/N/ha/ ano). Também na avaliação de ganho de peso por área (GPA), o consórcio saiu na frente, com 3.129 gramas/ha/ dia contra 2.499 gramas/ha/dia. De acordo com Rangel, o uso do consórcio também reduz a adubação mineral, eleva a fertilidade do solo e melhora a qualidade da dieta: “Em testes com ovinos se obteve economia de até 70% no fornecimento de concentrado graças ao alto nível de proteína da gliricídia, algo em torno de 23%”. O pesquisador afirma ainda que a gliricídia vingou em solos de diferentes perfis, inclusive naqueles de areia quartzosa, com percentuais entre 5% a 6% de argila. “Apenas não recomendamos para regiões de clima frio”, salienta. Segundo ele, pode ser plantada a partir de sementes ou mudas.



Eventos Famasul apresenta Siga-MS no Circuito Expocorte

O

Sato, da Famasul: estímulo para o criador fazer análises a partir de dados.

Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio de Mato Grosso do Sul (Siga-MS) foi apresentado durante a etapa de Campo Grande do Circuito ExpoCorte, nos dias 29 e 30 de julho. O projeto, idealizado pela Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), foi detalhado pelo presidente entidade, Maurício Koji Saito. O Siga-MS foi criado para obter estatísticas agropecuárias do Estado, organizando-as em um sistema de informação que contempla o uso e ocupação dos solos, o potencial de expansão para a agricultura, a estrutura logística, a hidrografia, conflitos fundiários, áreas de proteção ambiental, além de fornecer subsídios com informações para investimentos. Na bovinocultura de corte, o sistema fará o levantamento de produção das pastagens por município; atualização mensal do rebanho bovino; determinação dos índices zootécnicos dos municípios com taxa de lotação e de desfrute, e levantamento dos sistemas de produção, entre outros dados. Levantamento do gênero também será feito para a agricultura e cadeias produtivas. “Queremos estimular o pecuarista a fazer análises a partir de dados. Ter informação é essencial para mensurar o quanto e onde investir na atividade”, ressalta Saito. Mais informações no site www.famasul.com.br.

Agenda impósio sobre gado de corte. S O 3º Simpósio Mato-Grossense de Bovinocultura de Corte (Simbov MT) ocorrerá entre 20 e 22 de agosto, na Universidade Federal de Mato Grosso, em Cuiabá, MT. Entre os palestrantes estão Fabiano Tito Rosa, da Minerva Foods, e Flávio Augusto Portela Santos. No site www.ufmt.br/bovinos consta a programação completa. Interconf 2015. A Conferência Internacional de Confinadores será entre 15

158

DBO agosto 2015

e 17 de setembro, em Goiânia, GO, com realização da Associação Nacional dos Confinadores. Serão dois dias de congresso, com quatro painéis temáticos e um dia de campo em um confinamento. A abertura ficará por conta da ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Entre os assuntos debatidos estão o cenário macroeconômico para o Brasil, perspectivas para a carne bovina no mundo e qual a influência do setor agropecuário nas decisões políticas. Informações em www.interconf.org.br.

Circuito Expocorte e Expoinel Nacional. Pela primeira vez, Uberaba, MG, receberá uma etapa do Circuito Expocorte, no Parque Fernando Costa, com promoção da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB). O evento será nos dias 24 e 25 de setembro, como parte da programação da Expoinel Nacional, que ocorre entre 17 e 27 de setembro e tem promoção da ACNB e da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Informações em www.circuitoexpocorte. com.br e www.nelore.org.br.

Encontro Scot. De 29 de setembro a 2 de outubro, a Scot Consultoria promoverá o Encontro dos Encontros, em Ribeirão Preto, SP. Nos dias 29 e 30, o tema adubação/pastagens será abordado. Entre 30 de setembro e 1º de outubro ocorrerá o Encontro de Criadores e nos dias 1º e 2 de outubro haverá o Encontro da Pecuária Leiteira, com visita à fazenda produtora de leite orgânico Nata da Serra, em Serra Negra, SP. Informações em www.scotconsultoria.com.br.



DBO NA TV Histórias de vida Assista de segunda a sexta o programa que fala a língua do pecuarista brasileiro.

Foto: JM Matos

Dicas, preço do boi gordo, comentários e cotações de mercado.

A P R E S E N TA Ç Ã O S I D N E I M A S C H I O

Parabólica: canal 29 SKY: canal 158 Claro TV: canal 113

19h35 Seg a sex

tvterraviva.com.br


1° leilão

GENÉTICA VALÔNIA & CONVIDADOS

DOADORAS

GENÉTICA PROVADA

TOUROS COM DEP

HABONA MATRIZ MODELO EXPOZEBU 2015 DESTAQUE DO EVENTO

RUFO EM COLETA NA ABS PECPLAN

5 DE SETEMBRO 2015 - 13h - BLUE TREE RESORT - LINS SP TOUROS MATRIZES PRENHEZES DOADORAS PISTA

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Estante A história do Senepol

Boas práticas com carne

Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCBS), com sede em Uberlândia, MG, acaba de lançar o livro “Senepol – feito para o Brasil”, de autoria de Daniel Fernando de Paula. O livro, de 166 páginas e ilustrado com belas fotografias de rebanhos, é escrito em três línguas – português, inglês e espanhol. A publicação apresenta a origem da raça, em Saint Croix, uma pequena ilha do Caribe, na época pertencente à Dinamarca, por meio da família Nelthropp, até sua chegada ao Brasil, em 2000, e comenta sobre sua perfeita adaptação aos trópicos. Além disso, aborda características técnicas da raça, seu uso em cruzamento industrial, a qualidade da carne Senepol

Ex-pesquisador do Centro de Tecnologia da Carne do Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos), o médico veterinário Vasco Picchi, especialista em indústria frigorífica, lançou o livro “História, Ciência e Tecnologia da Carne Bovina”, uma espécie de guia de boas práticas na manipulação da carne bovina. O autor, que trabalhou 40 anos no segmento, aborda a indústria frigorífica brasileira e o processo de produção de carne nacional, da montagem do abatedouro ao procedimento de abate, com abordagem sobre conservação da carne pelo frio, embalagem e aproveitamento racional de subprodutos. Informações em tel. (11) 2449-0535.

e programas de desenvolvimento da raça. Comenta também sobre a Associação de Criadores e traça uma linha do tempo deste bovino no mundo. Mais informações, no site www.senepol.org.br ou e-mail senepol@senepol.org.br e tel. (34) 3210-2324.

Aquecimento global, uma falácia?

Anualpec 2015

Um livro que aborda o que o autor chama de “a grande falácia do século 21”. O autor, o jornalista especializado em agricultura e editor de AgroDBO, Richard Jakubaszko, acaba de lançar “CO2 – Aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?” Pelo título já é possível desconfiar do que se trata a “falácia”: o aquecimento global. O autor, juntamente com os coautores e cientistas Luiz Carlos Baldicero Molion e José Carlos Parente de Oliveira, põe em xeque as teorias propaladas sobre aquecimento global e mudanças climáticas. Jakubaszko destaca que, apesar do que a mídia costuma repetir – sem a devida checagem crítica –, de que o aquecimento global existe, ele não é consenso entre os cientistas. E que a atuação do ser humano no planeta não seria suficiente para provocar o efeito estufa. Pedidos para: (11) 3528-4643.

A Informa Economics FNP lançou em julho o anuário de pecuária de corte, o Anualpec 2015, que, além de artigos técnicos, traz dados das cadeias de produção de carne bovina, leite, aves e ovos e suínos, com informações de rebanho, produção, custos e preços. No seu principal artigo, o agrônomo José Vicente Ferraz, diretor técnico da empresa, faz uma provocação no embalo da escalada de preço que chegou a recorde nste ano: “E se o preço da arroba chegar a R$ 250?”. Informações em www.informaecon-fnp.com.

162 DBO agosto 2015



LEILÕES OFICIAIS NELORE: mais força para a raça e mais valor para o seu negócio.

LEILÃO ESPÍRITO DO NELORE

1º LEILÃO GENÉTICA VALÔNIA & CONVIDADOS

08 DE AGOSTO - 20H - CANAL RURAL NELORE HERINGER, XUAB AGROPECUÁRIA, IRMÃOS MENEGUELLI E NELORE CARTHAGO VILA VELHA/ES (27) 2122-2249

05 DE SETEMBRO - 13H - CANAL RURAL JOÃO AGUIAR ALVAREZ LINS/SP (14) 99656-6036 / (43) 3373-7077

13º LEILÃO DO COPA

LEILÃO MEGA CARPA

14 DE AGOSTO - 21H GRUPO MONTE VERDE E ZAMLUTTI AGROPECUÁRIA RIO DE JANEIRO/RJ (43) 3373-7000 / 8802-2147

06 DE SETEMBRO - 10H - CANAL RURAL CARPA SERRANA BARRA DO GARÇAS/MT (16) 3987-9003

36º LEILÃO ANUAL CARPA

1º LEILÃO VIRTUAL NELORE JACURICY

19 DE SETEMBRO - 13H30 - CANAL RURAL CARPA SERRANA SERRANA/SP (16) 3987-9003

15 DE AGOSTO - 11H - CANAL TERRAVIVA NELORE JACURICY CONCEIÇÃO DO JACUÍPE/BA (75) 3603-7400 / (75) 3223-4205

26º LEILÃO TOUROS SANT’ANNA

LEILÃO RESERVA EXPOGENÉTICA

20 DE SETEMBRO - 14H - CANAL TERRAVIVA CARMO, JOVELINO E BENTO MINEIRO RANCHARIA/SP (11) 3081-3005

21 DE AGOSTO - 21H - CANAL TERRAVIVA AC PROTEÍNA & SHIRO NISHIMURA UBERABA/MG (34) 9192-3371

LEILÃO DA SABIÁ

LEILÃO NELORE COLORADO E HVP - EXPOINEL 2015

22 DE AGOSTO - 14H - CANAL RURAL FAZENDA DO SABIÁ, FAZENDA MATA VELHA E FAZENDA TERRA BOA CAPITÓLIO/MG (31) 3281-5255 / 8791-4561

20 DE SETEMBRO - 13H - CANAL RURAL AGROPECUÁRIA VILA DOS PINHEIROS E NELORE COLORADO EXPOINEL 2015 - UBERABA/MG (11) 2187-1495 / (16) 3820-3099

AGROPECUÁRIA


LEILÃO VIRTUAL

ACNBen&hezesAMIGOS Nelore Pr

LEILÃO VIRTUAL ACNB & AMIGOS

LEILÃO PRENHEZES DE CLONES GENEAL

20 DE SETEMBRO - 20H ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE NELORE DO BRASIL EXPOINEL 2015 - UBERABA/MG (34) 3315-5606

25 DE SETEMBRO - 12H GENEAL GENÉTICA ANIMAL EXPOINEL 2015 – UBERABA/MG (34) 9816-7669

LEILÃO TERRAS DO NELORE 2015 LEILÃO PERBONI E CONVIDADOS 21 DE SETEMBRO - 21H - CANAL RURAL MARCELO PERBONI EXPOINEL 2015 - UBERABA/MG (34) 3359-0005

25 DE SETEMBRO - 20H - CANAL RURAL FAZENDA IPÊ OURO, CLENON DE BARROS LOYOLA FILHO, RIMA AGROPECUÁRIA, NELORE GIBERTONI, MAFRA AGROPECUÁRIA EXPOINEL 2015 - UBERABA/MG (34) 3314-9494

LEILÃO JOIAS DA RAÇA LEILÃO VIRTUAL NOVA GERAÇÃO SABIÁ 22 DE SETEMBRO - 21H - CANAL RURAL FAZENDA DO SABIÁ EXPOINEL 2015 - UBERABA/MG (31) 3281-5255 / 8791-4561

26 DE SETEMBRO - 13H GRUPO MONTE VERDE EXPOINEL 2015 - UBERABA/MG (21) 3736-7090 / 3736-7091

LEILÃO EAO & GUADALUPE

LEILÃO NELORE JOP 23 DE SETEMBRO - 21H - CANAL RURAL NJOP AGROPECUÁRIA EXPOINEL 2015 - UBERABA/MG (34) 9243-1515

LEILÃO PÉROLAS DO NELORE 24 DE SETEMBRO - 21H - CANAL RURAL FAZENDA NOVA TRINDADE - PAULO AFONSO FRIAS TRINDADE JUNIOR EXPOINEL 2015 - UBERABA/MG (34) 3359-0121 / 9146-5010

26 DE SETEMBRO - 20H EAO NELORE E FAZENDA GUADALUPE EXPOINEL 2015 - UBERABA/MG (71) 2107-6169

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Leilões

Euforia na venda de touros Promotores de leilões iniciam o segundo semestre com o pé no acelerador carolina rodrigues

Comparativo com julho de 2014 Quantidade de Lotes

+20%

Fatura (R$)

+65% Média (R$)

+38%

carol@revistadbo.com.br

J

ulho encerrou sua participação no calendário de 2015 com exatos 9.056 lotes de genética para a produção de carne vendidos em 91 leilões espalhados por 13 Estados. O movimento financeiro ultrapassou R$ 86 milhões, valor bem acima dos R$ 52 milhões apurados em julho do ano passado. Quem deu o tom no crescimento da oferta em pista, que atingiu 20%, seguida da alta de 65% no faturamento, foram os reprodutores. A venda de touros prontos para a monta foi a maior apurada na história da cobertura que DBO faz do mercado de leilões, e, pela primeira vez, enconstou na casa de 6.000 lances fechados no período. A previsão de que as vendas de touros possam superar o desempenho de 2014, de cerca de 39.000 animais, é cada vez mais certeira. No ano passado, o número de touros comercializados até julho foi de 11.846 lotes, subindo para 13.817 neste ano. Se considerar a alta de 17% entre os períodos, a projeção é que volume de touros vendidos até o final de 2015 seja superior a 45.000 lotes. Embora as leiloiras não apostem em tal volume, elas não descartam a possibilidade de novos recordes. Desde o início do ano a agenda de leilões com a oferta de machos está firme e para os próximos me-

91 remates de bovinos de genética para carne Pistas de julho registram média geral de R$ 9.592 Raças Nelore Tabapuã

Lotes

Leilões

Renda (R$)

Média

Máximo

7.787

62 (9)

74.459.490

9.562

1.500.000

314

6 (3)

1.907.880

6.076

-

Senepol

281

5

5.254.320

18.699

19.800

Brahman

182

5 (1)

968.100

5.319

-

Charolês

113

3 (1)

1.323.760

11.715

26.400

Guzerá

103

5 (2)

637.780

6.192

12.000

Hereford

93

3 (1)

570.400

6.133

12.000

Canchim

70

2

602.280

8.604

13.580

Brangus

53

2 (1)

696.980

13.151

-

Angus

39

4 (2)

328.680

8.428

-

Santa Gertrudis Total

21

1

116.500

5.548

-

9.056

91

86.866.170

9.592

1.500.000

Critério de oferta.(-) Dados das leiloeiras ASJ, Berrante, Business, Central, Confboi, Correa da Costa, Estância Bahia, Esteio, JC, KM, Leiloboi, Leilosul, Leilogrande, Leilosin, Leilosat, Leilo Marca, Martendal, Pampa, Panorama, Programa, Remate, Taquarí e Terço Leilões. (-) Quantidade de remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Elaboração DBO.

166 DBO agosto 2015

ses vem ainda mais apinhada. O número de leilões não será maior do que no ano passado. O que promete aumentar é a concentração e o volume de oferta em leilões de grandes criatórios, e, consequentemente, seus preços. Predomínio deles Em julho, os 5.903 reprodutores saíram em 79 leilões. Desse grupo, em 28 (35%) a média de preços ficou acima de R$ 10.000, totalizando 2.567 lances fechados por R$ 30,8 milhões. Em três deles, a oferta ultrapassou 200 touros, com registro de R$ 11.400 para 700 exemplares vendidos no Mega Leilão EAO, em Itagiba, BA. A oferta de Maurício Odebretch elevou a participação da Bahia como vendedora de touros no mês. O total negociado no Estado foi de 1.146 touros por R$ 12,2 milhões (média de R$ 10.680), incluindo as ofertas pesadas da Jacarezinho (220 touros Nelore) e Japaranduba (186 Nelore padrão e mocho, mais Brahman). Essa é a primeira vez que a praça desponta no ranking de touros do mês de julho, que, rotineiramente, tem os Estados do Centro-Oeste na dianteira, com forte participação do Mato Grosso. Do total de touros ofertados, 16% (905 lotes) saiu em leilões no Estado. A média local de R$ 10.741 ficou 12% acima da nacional. Um bom termômetro deste movimento foi a Expoagro, na capital Cuiabá, realizada entre os dias 5 e 15 de julho. Em três dos cinco leilões oficializados pela Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), entidade organizadora da mostra, a média de touros ultrapassou R$ 10.000, com registro de R$ 18.000 para reprodutores da raça Senepol. Nos próximos meses, há previsão de remates com ofertas de mais de 800 touros em pista no Mato Grosso, que, na última década, se tornou uma das principais fornecedoras de touros para a estação de monta. Somente no ano passado, dos 39.000 reprodutores vendidos no País, 17%, ou 6.144 lotes, saíram no Estado, sendo 5.597 comercializados apenas no segundo semestre. A segunda maior praça, que também terá seu comércio aberto a partir de agosto, foi o Rio Grande do Sul. Em 2014, ela negociou 4.793 touros em praticamente dois meses e meio, de meados de setembro a início novembro. O período concentra os remates da primavera gaúcha, que ganham forma e força a partir da Expointer, a principal mostra local, realizada em Esteio, RS, e marcada entre os dias 28 de agosto e 6 de setembro. n



Jornal de Leilões www.jornaldeleiloes.com.br

direto da pista

resultados

Em entrevista ao Jornal de Leilões, Marcelo Ártico, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã (ABCT), comenta a alta de preços da raça zebuína em 2015. Segundo ele, que também seleciona animais na Fazenda Terras do Ártico, o mercado reconhece a qualidade de um touro melhorador e já paga por ela.

balanços e análises Expogenética agita o mercado de reprodutores Valorização no preço médio dos touros gera boas expectativas para mostra de Uberaba, MG.

Marabá mantém-se como uma das potências do Norte 29ª Expoama foi palco para a comercialização de 860 animais por R$ 4,4 milhões

Receita da Expô Araçatuba volta a crescer Gigante paulista recupera fôlego depois de queda na fatura de 2014

Preços médios sobem 22% em Paranaíba Reprodutores garantem saldo positivo em exposição no leste mato grossense

Expoimp dá mais espaço para gado de corte Feira de Imperatriz, MA, sofreu queda na oferta de genética e acréscimo na de gado geral.

Expoagro sofre baixa na oferta e alta nos preços Gigante de MT fatura R$ 6,4 milhões com a venda de 595 animais em seis leilões

raio x O Jornal de Leilões acompanhou em julho os resultados de 184 leilões das raças bovinas de corte e leite, ovinos e caprinos, mais equinos. A movimentação financeira foi de R$ 150,5 milhões para 14.765 lotes de machos, fêmeas, prenhezes, aspirações e coberturas.

coluna jl

• Marca criada por Helder Galera comemora 25 anos na pista de leilões • Nelocampo registra 101,7 arrobas na venda de touros • Tabapuã Copacabana exibe a seleção da carioca Maria Mendonça • Touros Machadinho fazem média de R$ 10.000 em São Miguel do Araguaia, GO. • Especial de Touros tem a genética Ônix e Zeus representada por 151 lotes • Roberto e Raphael Pugliesi deixam o Nelore de elite pelo total de R$ 7,3 milhões

Mercado Soberano

Chave de sucesso

Casamento por interesse

“O ponto mais importante de um leilão é saber que você está disponibilizando ao mercado a sua melhor genética e que seus convidados estão satisfeitos. A questão de preço é relativa pois o mercado é soberano”. Eduardo Biagi, Carpa Serrana.

“A boa genética é a chave para uma pecuária de bons resultados. Ninguém dizia que era possível obter bons resultados na região do Pantanal e hoje existem diversos projetos que provam o contrário”. Francisco Maia, Acrissul.

“O cruzamento industrial é solução para resolver o problema nas questões de qualidade carne que tanto falta nas negociações internacionais, além de ser um atalho para a maior rentabilidade”. Antônio Maciel, FSL Angus Itu.

168 DBO agosto 2015

• BR Texas vende Brahman de genética importada no Mato Grosso do Sul • Embalado pelo cruzamento, Canchim de Paranaíba faz média de R$ 8.808. • Mega Leilão RR coloca o Pará nos holofotes do mercado com renda de 2,1 milhões



Leilões Jacarezinho sai na frente

Jubileu de ouro na Terra Boa Na lista dos que usaram a pista para comemorações no mês de julho esteve José Luiz Niemeyer, criador de Nelore há 50 anos em Guararapes, região próxima a Terra do Boi, no Noroeste de São Paulo. Para comemorar seu trabalho cinquentenário na Fazenda Terra Boa ele recebeu amigos e convidados em casa, na tarde do dia 5, para seu oitavo remate de touros, que obteve o recorde de faturamento entre todas as edições: R$ 1,8 milhão na venda de 147 animais das raças Nelore e Brangus.

Brumado resgata história Antônio José Prata de Carvalho, ou simplesmente Tonico Carvalho, recebeu convidados de uma maneira bem diferente na tarde de 4 de julho, em Barretos, SP, para comemorar quatro décadas de remates da Fazenda Brumado. Para remeter aos leilões de antigamente, e toda história que colocou a grife como referência quando o assunto é Nelore, os visitantes foram acomodados em três arquibancadas instaladas em volta do piquete. Tonico é um dos herdeiros de Rubico Carvalho, um dos

responsáveis pela importação de bovinos da Índia na década de 1960. Até os dias de hoje o criador busca preservar o legado do pai com a seleção de animais puros de Origem Importada (POI). Essa genética, aliás, esteve presente em quase 75% dos 112 exemplares vendidos no pregão, pela fatura de R$ 1,3 milhão. Quem também comemorou quarenta anos de pista durante o evento foi a Programa/Remate Leilões, leiloeira encarregada da festa e também da condução dos lances.

Mega oferta baiana Pelo segundo ano consecutivo, a EAO Empreendimentos abriu as porteiras da Fazenda Baviera, em Itagibá, no Oeste da Bahia, para a realização do seu Mega Evento, nos dias 18 e 19 de julho. No ano passado, a grife contou com a ajuda da Fazenda Japaranduba para fazer a maior oferta de touros Nelore avaliados da história do Nordeste do País, com 685 animais. Este ano, a EAO se aventurou sozinha e quebrou o recorde de 2014, colocando 700 exemplares na pista. Para alcançar o feito, ela apostou no trabalho triplamente avaliado pelo PMGZ, da ABCZ; Nelore Brasil, da ANCP, e Boi com Bula, da BrasilcomZ. A média dos touros foi de R$ 11.400, equivalente a 80,5 arrobas na praça, com espaço para mais. No dia seguinte, 300

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Estreando o selo DEPPLUS, sigla criada para identificar animais com CEIP e DEPs Genômicas, a Agropecuária jacarezinho fez bonito ao ofertar touros da safra 2012, novilhas da safra 2013 e bezerros e bezerras comerciais da última geração. O 28º leilão da grife, realizado em Cotegipe, oeste baiano, mostrou que a fórmula deu certo: 220 reprodutores por preços acima de R$ 11.000, com máximo de R$ 44.800 para Bento AJ. O animal é top 0,1% pela genômica e carrega linhagem de dois touros líderes em precocidade sexual do trabalho da Jacarezinho: Kulau e Devorak.

Nelore pintado é destaque no MS

fêmeas tomaram a pista e pegaram lances na casa dos R$ 9.000. No atacado, ainda passaram pelo martelo 1.000 animais de cria, recria e engorda. Os convidados foram recebidos na propriedade um dia antes das vendas, na sexta, 17, para palestras técnicas e apresentação de resultados coordenada pelo gerente de pecuária, Maurício Filho, e pelo diretor da BrasilcomZ, William Koury Filho.

Pioneiro na venda de animais da raça Nelore de pigmentação variada, o Nelore Pintado, Hélio Correa de Assunção encheu a pista com 121 animais no seu sexto leilão em Bela Vista, MS. O leilão fez média de R$ 17.545 por 48 exemplares e teve os touros como protagonistas. Em resumo: foi o maior preço pago por reprodutores no mês, sendo o terceiro maior do ranking no Estado.



Leilões Gigante do Charolês Desde o início do ano, os criadores de Charolês tem tido motivos de sobra para comemorar os resultados em pista. Com preços firmes nos remates, novos investidores voltaram suas atenções para um dos maiores e mais tradicionais remates da raça, o Cabanha Santa Tecla, de Jamil Deud Júnior, em Abelardo Luz, SC. O pregão não decepcionou, registrando média de R$ 14.510, alta de 76% em relação ao ano passado. Curiosamente, o recorde de preço (R$ 13.548) tinha sido batido no início do mês, no Leilão Charolês do Contestado.

Julho bom para os mochos Fazendo valer o título de maior vendedor de touros mochos, Carlos Viacava negociou 245 reprodutores Nelore no principal leilão da grife CV, em Paulínia, SP. O remate é um tradicional ponto de encontro para mocheiros de todo o País e já alcança a maior oferta de machos sem chifres do ano, com 245 machos pela média de R$ 9.911. O valor foi menor apenas do que o registrado por Amauri Gouveia, grande parceiro Viacava, e também veterano na arte de selecionar animais sem chifres em Avaré, também no Estado. O criador alcançou média de R$ 10.775 na tourama mocha durante o Virtual Agro Andorinha, que também negociou machos aspados. 172 DBO agosto 2015

Conversa Rápida com

Jairo Machado

N

Olhos abertos para o Senepol O mercado está de olho nas fêmeas Senepol. Com a raça em evidência, os leilões de Senepol têm registrado um grande número de novos criadores. Para dar um mãozinha aos iniciantes, a Nova Vida, grife que trouxe a raça para o Brasil no ano 2000 promoveu uma dupla de leilões 3 em 1 nos dias 20 e 23 de julho. A dobradinha ocorreu pelo Canal Rural e ofertou bezerras e bezerros de alto valor genético, acompanhados de uma receptora F1 com prenhez de grandes raçadores da raça. A renda total foi de R$ 2,3 milhões por 150 babies.

o ano passado, Jairo Machado, titular da Vera Cruz, vendeu, em pleno Megaleilão da Estância Bahia, 106 reprodutores Top 1% em uma só martelada. Foi o maior lote já homologado pelo PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos), da ABCZ. Mas o criatório mostrou não se acomodou em suas conquistas e, neste ano, emplacou média de R$ 15.314, a maior entre os leilões de touros Nelore realizados em Mato Grosso. A particularidade da oferta foi que todo o gado apresentou avaliação em três dos principais programas de melhoramento genético do País, o PMGZ, o Nelore Brasil e o Nelore Qualitas. Em que ponto a avaliação genética de diferentes programas influi no resultado?

Esse trabalho abriu o nosso leque de clientes e tem sido fundamental para a valorização dos nossos animais. Embora distintos, eles se complementam. O Ceip, por exemplo, garante a produtividade do animal; enquanto o PMGZ atesta o seu padrão racial. O destaque do pregão, Faraó FIV FVC (vendido em 50% por R$ 240.000), é prova disso. Ele é CEIP e também PO.

Qual é o perfil dos clientes da Vera Cruz?

São pecuaristas de gado comercial, que usam os animais para produzir bezerros de corte. Alguns também utilizam animais para repasse. Neste leilão, em especial, a maior concentração de compradores foram de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará.

Explique o crescimento da pecuária na região Norte do País?

Esse local tem um potencial enorme para pecuária. Existem muitos leilões com oferta de mais de 500 touros e mesmo assim a demanda local não é atendida. Quanto mais o mercado de touros se expandir nessa região, melhor.

Como vê o avanço da IATF sobre o mercado de touros?

Acredito que haja impacto apenas nos touros de baixa ou média avaliação. Quem faz IATF precisa de touros de alta qualidade para conseguir bons resultados na cobertura das fêmeas que não emprenharam. Boa parte dos nossos clientes utiliza essa técnica. Para quem seleciona bem, a IATF não é uma ameaça e sim uma aliada.

Para quem seleciona bem, a IATF não é uma ameaça e sim uma aliada. Jairo Machado, Fazenda Vera Cruz


LEILÃO

VIRTUAL

2015

NUTRIÇÃO

Genética DS desde 1952


Empresas

In Vitro em rota de expansão

sa em sinergia com a ABS, que é líder mundial do mercado de genética de corte e leite e possui mais de 40.000 clientes em 70 países. “Com a clientela e os contatos da ABS Global, além de mais recursos para investimentos, abriremos laboratórios em todo o mundo”, prevê Pontes. Com o posto de diretor-presidente assegurado até pelo menos 2018, quando deverá ser concluída a venda integral da In Vitro, ele recebeu o aval da ABS para prospectar novos mercados e fincar bandeira em países com potencial para adoção da tecnologia de embriões. “Nossos próximos alvos são China, Índia e o continente europeu”, diz o empresário, que também pretende fortalecer a atuação da In Vitro nos Estados Unidos, onde a empresa já conta com um laboratório próprio, em Huntley, Illinois.

Empresa tem como alvos Ásia e Europa

Denis Cadoso

Com a clientela e os contatos da ABS Global, abriremos laboratórios em todo o mundo. José Henrique Fortes Pontes, diretor-presidente

DENIS CARDOSO

F

de Mogi Mirim, SP denis@revistadbo.com.br

ilho de agrônomo, José Henrique Fortes Pontes, mentor, diretor-presidente e um dos sócios da In Vitro Brasil (IVB), líder mundial na produção in vitro de embriões, é um homem simples. Está quase sempre de camisa xadrez e calça jeans; é tranquilo ao falar e gesticular; se mostra à vontade no ambiente de trabalho, uma saleta de paredes brancas, sem ar condicionado, com móveis e cadeiras comuns – nada de luxo, zero de ostentação. Mas seu semblante muda (pode-se perceber um brilho no olhar e um ar de satisfação, até de superioridade) quando ele começa a relembrar a trajetória de sucesso da In Vitro, que começou a despertar a atenção de multinacionais do setor, interessadas em agregar valor a seu portfólio de produtos. “Fomos cobiçados por várias centrais, mas acabamos aceitando a proposta da ABS Global”, conta Pontes, referindo-se à oferta milionária feita pela companhia do grupo norte-americano Genus, que, em fevereiro, comprou 51% da In Vitro Brasil, por R$ 20 milhões. O contrato ainda prevê a aquisição dos 49% restantes, no primeiro semestre de 2018. O processo de compra foi dividido em duas partes para que a equipe comandada por Pontes comprove, nos próximos três anos, o potencial de crescimento da empre-

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Trajetória ímpar A In Vitro surgiu numa época em que a fertilização de embriões era praticamente desconhecida dos pecuaristas brasileiros. Não mais do que duas empresas no mercado dominavam a tecnologia, com destaque para a Vitrogen, de Cravinhos, SP, existente até hoje. “A equipe de Pontes foi uma das primeiras a trabalharem com a FIV no Brasil e também a primeira a apostar em seu uso comercial, prevendo que essa nova técnica roubaria espaço da TE (transferência de embriões), método convencional hoje praticamente inexistente”, atesta o veterinário Pietro Baruselli, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) e ex-presidente (gestão 2012-2013) da Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões (SBTE). A In Vitro detém, atualmente, 45% do mercado mundial de FIV. Produziu 305.000 embriões em 2014 e projeta atingir 350.000 neste ano. “Estamos muito à frente da segunda colocada, a empresa norte-americana Trans Ova Genetics, que produz cerca de 140.000 embriões por ano”, compara. Parte desse crescimento, diz o empresário, é em razão da estratégia agressiva de expansão da empresa no País (está presente em todas as regiões brasileiras) e no exterior. A In Vitro contabiliza 30 laboratórios espalhados pelo mundo, entre próprios e afiliados (sistema de franquia). São tantos que Pontes até se atrapalha nas contas ao tentar lembrar os países de atuação no exterior. Cita à DBO o laboratório da Colômbia (primeiro fora do Brasil, aberto em 2008, em Bogotá); os da África do Sul, Moçambique, Rússia, Estados Unidos, Austrália, Panamá, Venezuela, República Dominicana, Paraguai e, somente depois de algum tempo, se lembra das unidades na Argentina e Uruguai. A trajetória da empresa impressiona, inclusive pela origem. Formado em veterinária pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Jaboticabal, em 1992, e mestre em FIV e clonagem pela Universidade de Montreal, Pontes decidiu fundar a In Vitro em 2002, quando ainda administrava a Fazenda São Francisco, em Mogi-Mirim, pertencente ao pecuarista Antônio Carlos Canto Porto Filho (o Totó), que tinha um plantel de 800 vacas holandesas e abastecia parte do mercado de Leite A da Região Sudeste. Totó encantou-se com a ideia do jo-


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TRABALHANDO PARA O BRASIL AVANÇAR


Empresas cebido respeitosamente pelos novos colegas de trabalho na sede da ABS Global, em DeForest, Wisconsin. No Brasil, essa multinacional norte-americana é representada pela ABS Pecplan, em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Apesar da mudança do controle acionário da In Vitro, as duas empresas continuarão operando separadamente, sem que haja mudanças nos produtos e serviços oferecidos atualmente aos clientes de ambas as companhias.

In Vitro projeta produzir no mundo 350.000 embriões este ano

vem veterinário, decidiu investir no projeto e lhe propôs participação acionária. “Passei de funcionário a sócio de Totó”, lembra Pontes, que viveu por 20 anos na própria Fazenda São Francisco (sede da empresa), literalmente a poucos passos de seu local de trabalho. Somente há quatro anos ele se mudou, com a mulher e os dois filhos pequenos, para Engenheiro Coelho, cidadezinha situada a 20 km de Mogi-Mirim. Após a venda de parte da In Vitro para a ABS Global, o executivo tem passado duas semanas seguidas por mês longe do Brasil e da família _ percorrendo alguns dos 12 países onde a companhia tem laboratórios. “Pelo menos metade desse tempo fico em nossa unidade nos Estados Unidos”, diz Pontes, que também é re-

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Meritocracia e pioneirismo Embora a ideia de abrir uma empresa de produção de embriões in vitro no Brasil tenha sido de Pontes, ele faz questão de citar os nomes dos demais sócios-fundadores: além de Totó, João Paulo Canto Porto, Carlos Viacava (também pecuaristas) e o veterinário José Carlos Ereno Júnior. Os três últimos já não integram a sociedade, embora tenham sido importantes no processo de consolidação da empresa. Pontes destaca, contudo, a contribuição de Totó. “Ele trouxe para a In Vitro a filosofia de gerenciamento adotada no Banco Pactual (do qual também é sócio): o modelo de gestão baseado na meritocracia e no partnership, que adotamos até hoje”, diz o veterinário. Pelo sistema de meritocracia, baseado em metas, quem apresenta resultados acima dos previstos é recompensado. Já o modelo de partnership (concessão de sociedade aos funcionários que se destacam)



Empresas visão da companhia, que, em 2007-2008, passou a atuar em projetos comerciais em larga escala e deixou de focar exclusivamente no gado de elite. “A FIV com sêmen sexado eleva para 90% a porcentagem de fêmeas nascidas nas fazendas leiteiras, além de contribuir para o nascimento de bezerras de alta qualidade genética, pois são oriundas de doadoras com grande desempenho em programas de melhoramento genético”, justifica. Pesquisa e desenvolvimento: In Vitro aplica todo ano 25% do seu lucro no setor

nnn O uso de sêmen sexado garantiu

180% de expansão de 2003 para 2004

nnn

fortalece a empresa ao manter talentos em casa (atualmente a empresa tem 12 sócios). Além da valorização dos funcionários e da expansão territorial, Pontes atribui o crescimento da In Vitro na última década a investimentos pesados na área de pesquisa e desenvolvimento. “Desde 2002, aplicamos, anualmente, 25% do nosso lucro operacional nessa área”, afirma. Em função disso, a empresa evoluiu muito em termos tecnológicos. Quando a Produção In Vitro de Embriões (Pive) surgiu no Brasil, em 2000, apresentava resultados inconstantes e custos proibitivos (não à toa, sua utilização esteve, por muito tempo, restrita ao segmento de gado de elite). Havia também grandes limitações logísticas: os meios de cultivo de materiais genéticos eram preparados diariamente, antes da saída da equipe de campo para as fazendas, e o tempo máximo para se transportar ovócitos e embriões era de apenas oito horas. Hoje, graças aos investimentos em pesquisa, os meios de cultivo têm validade de 60 dias, podendo se estender para mais 30, se necessário. Outro marco tecnológico da empresa de Mogi-Mirim foi o uso de sêmen sexado em projetos de Fertilização In Vitro em rebanhos leiteiros, a partir de 2004. “Esse foi um de nossos grandes diferenciais técnicos; nos garantiu um crescimento de 180%, de 2003 para 2004”, relembra Pontes. Em poucos anos, o uso de sêmen sexado associado à FIV avançou fortemente em rebanhos de leite no País, contribuindo para a mudança de

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Novas tecnologias Segundo Pontes, a FIV em gado leiteiro corresponde, atualmente, a 75% da produção mundial de embriões da In Vitro. Na maioria desses projetos, utiliza-se a técnica de transferência de embriões em tempo fixo (TETF), que permite prenhezes em larga escala, reduz custos e melhora o resultado financeiro da companhia. Atualmente, a In Vitro trabalha somente em projetos que possibilitem aspiração de oócitos em no mínimo 50 vacas por dia, com a transferência diária de 150 a 200 embriões. O custo da prenhez de FIV, de acordo com Pontes, varia de R$ 300 a R$ 1.000, dependendo da escala de produção e do “pacote tecnológico” usado. “Caso o produtor receba material genético de animais de fora da fazenda que tenham alto valor genético, tanto do lado materno quanto paterno, este custo por prenhez, logicamente, será maior”, explica. Embora o setor leiteiro seja o carro-chefe dos laboratórios de FIV, José Henrique Pontes vislumbra um forte crescimento da tecnologia na pecuária de corte em futuro próximo. O ponto de partida desse avanço foi o lançamento do Programa Marfrig +, que visa fomentar o uso de embriões sexados de machos, obtidos a partir de oócitos e sêmen de animais de alta qualidade genética, para produção de novilhos cruzados com potencial elevado para produção de carne. O programa pretende atingir 1 milhão de vacas com prenhez confirmada até 2017. Com base nesses dois pilares – expansão internacional e avanço em projetos de FIV em rebanhos leiteiros e de corte no Brasil – Pontes espera garantir sua permanência na direção da In Vitro a partir de 2018, quando deixará de ser sócio da companhia, abrindo espaço para os novos controladores. “A ideia é permanecer na empresa; estou trabalhando duro para isso.” n



Empresas & Produtos Cargill De olho nas fazendas que manejam o gado exclusivamente a pasto, a Cargill Nutrição Animal lançou a linha Probeef, uma série de programas nutricionais, contemplando vacas com cria ao pé (ProMatriz), bezerros em aleitamento (ProBezerro), para animais em recria (ProGanho) e em terminação (ProArroba). No primeiro caso, o suplemento visa melhorar a taxa de desmama das matrizes; no segundo, busca aumentar o peso à desmama dos bezerros; no terceiro, incrementar a velocidade de ganho de peso na recria, e no quarto, melhorar a eficência da engorda e a uniformidade de acabamento da carcaça. Cargill Nutrição Animal: www.cargill.com.br

Correção Na edição de julho, página 108, publicamos um número de telefone da Trouw Nutrition, com prefixo (13) que está desativado. O número correto para informações é o (17) 3253-9600

Expressão Animal

União

Basf

A Expressão Animal lançou um promotor de crescimento homeopático para ser misturado ao sal mineral para manejo de gado a pasto. Conforme o veterinário Paulo Lemos Brígido, o promotor melhora o aproveitamento de ácidos graxos voláteis produzidos no rúmen. O produto é recomendado para as misturas múltiplas (sais proteinado e energético) de baixo e médio consumo. Tel. (17) 3267-3749.

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O setor de Nutrição Animal da Basf lançou uma linha de glicinatos, que são microminerais orgânicos. Adicionados à ração de bovinos, são importantes para reforçar o sistema imunológico dos animais. Os microminerais orgânicos lançados pela Basf para ração animal incluem cobre, ferro, manganês e zinco. Os glicinatos são indicados para todos os tipos de misturas. Mais informações, diretamente na empresa, tel. (11) 2039-3663.

Trouw Nutrition

vo. O novo protocolo prevê o fornecimento de três tipos de rações – Bellpeso Baby Start, BellPeso Baby Tech e BellPeso Baby Up – destinadas a três fases até o desmame total. Na primeira fase deve-se fornecer a Bellpeso Baby Start, que é peletizada, altamente nutritiva e atrativa, em creep feeding aos 20 dias de idade. Quando o animal atingir um consumo estável (dois a três dias) de 500 gramas/dia/animal, deve-se passar ao fornecimento da BellPeso Baby Tech. Quando os bovinos alcançarem o consumo estável de 800 gramas/animal/dia, já poderão ser desmamados e continuarão ingerindo o mesmo produto por mais 30 dias. “O fornecimento contínuo em 800 gramas/dia/animal ou o aumento

do consumo da ração fica a critério do produtor, pois isso dependerá dos objetivos com o desempenho dos bezerros”, explica o diretor técnico em Ruminantes da Trouw Nutrition Brasil, Marco Balsalobre. Após esse período, na terceira e última fase, os animais deverão ingerir a ração BellPeso Baby Up, entre 5 e 20 gramas/quilo de peso corporal, até os 210 dias de idade. “Com esse protocolo os animais podem ser desmamados em até 90 dias de idade. Entretanto, a rápida ingestão dos produtos e o ganho em cada fase dependem do manejo adotado e da genética do animal”, salienta a supervisora de Pesquisa e Desenvolvimento da companhia, Josiane Lage. Mais informações: www.trouwnutrition.com.br.

A Trouw Nutrition lançou durante a etapa de Campo Grande do Circuito Expocorte, em 29 de julho, uma nova técnica de desmame precoce, aos 90 dias. A técnica permite suplementar bezerros e desmamá-los com uso de um pacote tecnológico altamente produtivo e palatável, com a vantagem de liberar mais cedo as matrizes para novo ciclo reproduti-

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Profissionais

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Indice de Anunciantes 1000 Touros/nelore Grendene...... 151 16º Leilão Brahman OB.................. 77 26º Leilão Faz Sant’Anna........ 50 e 51 57º Leilão CV................................. 85 A1 Genetics................................... 44 ACNB – Agenda de Leilões..164 e 165 ACNB – EXPOINEL................. 92 e 93 Adubos Araguaia.......................... 176 Agroceres Multimix........................ 13 Agrocria – Engordin....................... 41 Agrosalles Sementes.................... 101 Arysta - ARTYS + TRICLON............ 21 Assessoria Agropecuária.............. 156 Associação Angus......................... 43 Balanças Coimma........................ 168 Balanças Toledo............................. 35 Batavo agora é Frísia...................... 19 Belgo Bekaert Arames...................... 5 BNDES........................................... 11 Boivit............................................. 62 Brangus e Braford........................ 167 Brangus JMT................................. 81 Cabanha da Maya .......................... 39 Campo Raçoes .............................. 67 Canal Terraviva ........................... 160 CEF ............................................. 175 Circuito Expocorte ...................... 179 Confinamento sem volumoso........ 63

Congresso ABMRA ........................ 36 Connan ......................................... 65 CRV Lagoa / Central Bela Vista...... 99 Dois Irmaos Prata ......................... 37 Dow Pastagem ...................... 14 e 15 Duro PVC .................................... 178 Eurofarma ..................................... 29 Expointer 2015 ..................... 26 e 27 Fazenda Tradição ........................ 173 Feira de Reprodutores MS 2015 .. 169 Gasparim Pasto – Águas ............... 98 Guabi ............................................ 68 Hertape – Clostridioses ......... 3ª Capa Hertape – Fiproline BV .................. 45 Hertape – Roborante Angus ............ 9 Hofig Hora ................................... 95 Icotema ........................................ 60 Ikeda ............................................ 97 Informe Santa Gertrudis .............. 177 Interconf ..................................... 150 JBS ............................................... 31 Kalunga Nelore ........................... 146 Kera – Informe ...................102 e 103 Lab Zooflora – proteínados ........... 69 Leilao e Concursos Caroatá ......... 171 Leilão Paulete ............................. 159 Leilão Valônia ............................. 161 Leilão VPJ .................................. 163 Matsuda ....................................... 33

Megaleilao Montana ...................... 83 Merial ..............................2ª Capa e 3 MSD – Potenty ............................ 119 Nelore JOP ................................. 147 Nutriboi ........................................ 71 Nutrideal Nutrição Animal ............. 75 Panucci Pre – Moldados ............. 110 Phibro .......................................... 91 Plano Agríc e Pec 2015/16 .... 24 e 25 Prudenmocho ............................... 87 Romancini .................................. 153 Safeeds/Potensya ......................... 59 Scot – Encontros.......................... 82 Sementes Acampo ...................... 144 Sementes Paso Ita ...................... 149 Soesp Sementes ......................... 112 Taura Brasil ........................... 4ª Capa Taurotec ....................................... 89 Totonho/nelore ............................ 157 Touros Senepol ........................... 155 Troncos Progresso ...................... 148 Trouw Nutrition ............................. 47 Tru-Test ...................................... 154 União Suplementação Animal ........ 79 Vaccinar ....................................... 61 WV Amarok .................................... 7 Zoetis – Draxxin ............................ 73 Zoetis – Informe IATF..........104 e 105

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Sabor da Carne

Isaura caliari

Espetinhos de patinho Como carne moída, corte é magro, firme e de ótimo sabor.

H É professora e fundadora da Faculdade de Gastronomia Novo Milênio, sediada em Vitória, ES, e colunista, na área de gastronomia, do jornal “A Tribuna” e da Revista “Viva”, da Unimed ES.

oje, na gastronomia, já não se utilizam mais os termos carne de primeira ou de segunda. O que importa é a técnica utilizada, que deve ser adequada a cada tipo de produto. Da mesma maneira, a carne moída não tem menos valor do que a carne em peças. O que torna um prato de carne saboroso não é apenas o corte, mas a qualidade do animal que lhe deu origem, o processo de abate, o transporte e o armazenamento do produto. Por isso, quando vou receber amigos, não tenho dúvidas em fazer pratos à base de carne moída. Conforme relatos históricos, as primeiras receitas deste tipo surgiram na Turquia e na Mongólia. Algumas tribos, conhecidas como Tartars, comiam carne moída para obter energia, por acreditarem ser um alimento de fácil digestão. De lá para cá, a carne moída sempre esteve presente na alimentação de todos os continentes, recheando bolinhos na Ásia ou criando o ícone da América, o hambúrguer. Em época de “gourmetização”, a carne moída é in-

grediente de receitas populares que voltam ao cenário dos bares como ótimas pedidas, recheando pastéis especiais e resultando em quibes e almôndegas deliciosos. Ela também se tornou estrela de receitas sofisticadas como raviólis recheados com carne de cordeiro moída ou massas servidas com ragus saborosos preparados com carne moída. Os espetinhos que vou ensinar a preparar fazem parte do meu menu e sempre agradam muito. Sirvo como entrada ou petisco, mas as almôndegas douradas podem ser servidas sobre uma boa massa com molho de tomate caseiro, resultando em um prato perfeito para almoços em família. Na receita, utilizo o patinho, que é uma carne bovina magra, firme e de ótimo sabor. Para acrescentar suculência à receita, misturo com carne suína. Compro a peça inteira e processo em casa, porém, se desejar, solicite a carne já moída ao açougueiro. Tempero com hortelã e cominho, que dão um toque especial ao prato e sirvo com molhos à parte. ISAURA CALIARI

Almôndegas com castanhas de caju Ingredientes:

• 440 g de patinho moído • 200 g de carne suína de pernil moída • 1 cebola média bem picada • 1 dente de alho amassado • 1 colher de sopa de hortelã picado • 1 colher de chá de cominho • 1 pimenta dedo-de-moça sem semente picada (opcional) • 1 colher de sobremesa de sal • 1 fatia de pão integral esfarelado • 1 ovo ligeiramente batido • 200 g de castanha de caju processada

Preparo:

1. Pegue uma vasilha, coloque as carnes moídas ou passadas no processador. Junte todos os temperos. Misture bem. Por último, junte o pão, o ovo batido e a farinha de castanhas de caju. 2. Pegue a massa formada pelas carnes e faça bolinhas mais ou menos do mesmo tamanho. Unte um tabuleiro, achate um pouco as bolas, distribua-as pelo tabuleiro e leve ao forno em 180 graus até ficarem douradas (15 a 20 minutos, aproximadamente).

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3. Retire do forno, coloque em pequenos espetos de madeira. Se necessário aqueça na hora de servir já nos espetos. Sirva com os molhos a seguir.

Molho picante de tomate Ingredientes: • 2 tomates bem maduros • 1 dente de alho • 1 pitada de sal • 1 colher de sopa de açúcar • 4 gotinhas de molho de pimenta • 1 pitada de páprica picante

Preparo:

Bata no liquidificador os tomates sem sementes, o alho e o sal. Leve para uma panela e junte o açúcar e

a pimenta, mexa até ferver. Deixe reduzir um pouco para o molho ficar mais espesso.

Molho de iogurte com ervas: Ingredientes: • 1 iogurte natural (o mais espesso que encontrar) • 3 galhinhos de salsa picados • 1 galho de manjericão picado • Sal a gosto • Gotas de suco de limão • Fio de azeite

Preparo: Retire o soro ou o excesso de líquido que o iogurte tiver. Misture tudo e leve para gelar.




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