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Alta eficiência com tecnologias simples
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ara onde vai a pecuária? A questão que abre a seção Prosa Quente desta edição permeou boa parte da programação da 8ª Interconf - Conferência Internacional de Confinadores, realizada em meados de setembro, em Goiânia. No curto prazo, como relata a editora assistente Maristela Franco, palestrantes da Interconf demonstraram que a pecuária não escapa de alguns reflexos do cenário recessivo nacional e da desaceleração econômica mundial, como a retração do consumo interno e queda nas exportações, mas no geral as perspectivas seguem promissoras. Principalmente pela previsão de demanda firme no mercado externo. Além de reproduzir parte dos debates do Painel sobre Políticas Públicas para o setor pecuário, a seção Prosa Quente também traz o alerta de especialistas sobre a importância da gestão e do uso de tecnologia para a melhoria dos resultados. Nestes dois quesitos, gestão e tecnologia, a Fazenda Rodoserv IV, localizada quase na divisa do Mato Grosso do Sul com o Paraguai e dedicada exclusivamente à cria, é um caso especial. O nível tecnológico é frugal, escreve o repórter Fernando Yassu, na abertura de sua reportagem de capa. A fazenda não adota pastejo rotacionado, não aduba pastos, não suplementa fêmeas nem bezerros e ainda fornece sal mineral com menos fósforo que o normal. Mas sua produtividade está nas alturas, com índices de prenhez acima de 90% e de desmame em 83%, sem falar no ótimo peso dos produtos Nelore e cruzados. Tudo isso com um rebanho de mais de 7.000 fêmeas em reprodução. Um dos segredos para esse desempenho está justamente no plantel de matrizes, selecionado com rigor para fertilidade e habilidade materna desde que a fazenda foi adquirida há 17 anos pela família de Amarildo Martini, um dos sócios da rede Rodoserv de postos e restaurantes no Estado de São Paulo. O resto, claro, corre por conta da ótima gestão apoiada por consultorias especializadas e uso do essencial em tecnologia, sempre buscando a máxima eficiência com o menor custo. Vale a pena conferir a história completa e bem ilustrada, a partir da página 54.
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Demétrio Cos
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DBO outubro 2015
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DBO Editores Associados Ltda. Diretores
Daniel Bilk Costa Demétrio Costa Odemar Costa Redação Diretor Responsável Demétrio Costa Editor Executivo Moacir de Souza José Editora Assistente Maristela Franco Repórteres Carolina Rodrigues, Denis Cardoso, Fernando Yassu e Mônica Costa Colaboradores Alcides Scot, Alisson Freitas, Ariosto Mesquita, Enrico Ortolani, Lídia Grando, Marcela Caetano, Renato Villela, Rogério Goulart e Tânia Rabello. Arte Editor Edgar Pera Editoração Edson Alves e Célia Rosa Coordenação Gráfica Walter Simões Marketing Gerente: Rosana Minante Comercial Gerente: Paulo Pilibbossian Supervisora de Vendas: Marlene Orlovas Executivos de Contas: Andrea Canal, José Geraldo S. Caetano, Maria Aparecida Oliveira e Vanda Motta Circulação e Assinaturas Gerente: Edna Aguiar Tiragem e circulação auditadas pelo
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Sumário Prosa Quente 16 Na Interconf, lideranças discutem para onde vai a pecuária.
Mercado 26 Coluna do Cepea – As duas faces da nossa moeda
28 Arroba do boi tem nova alta e supera os R$ 144
30 Reposição segue o boi gordo e retoma viés de alta
32 Coluna do Rogério Goulart – O mercado funciona
Eventos 36 Encontro da Scot desanuvia
preocupações com a economia
Cadeia em Pauta 38 Hamburguerias aquecem mercado de carne de qualidade
44 Para colocar carne na legalidade, abatedouro móvel.
Especial 52 No Portas Abertas, padrão de acabamento de carcaça.
Nutrição 64 Protocolo de desmama precoce
70 Diferimento de pasto nas águas garante o alimento da seca
54 Reportagem de capa Com pouquíssima aplicação de tecnologia, fazenda do Grupo Rodoserv, de restaurantes rodoviários, consegue elevados índices zootécnicos em fazenda de cria no Mato Grosso do Sul.
Pastagens 72 No simpósio da Esalq,
sustentabilidade em foco.
76 Área de parição deve ser bem cuidada
Saúde Animal 78 Vacinação no lugar errado pode ser fatal
82 O que fazer para não criar resistência no carrapato
84 Coluna do Enrico Ortolani –
Vermes redondos, os vilões ocultos.
Genética 86 Touros que não vão bem na IATF perdem status nas centrais
90 Alta do dólar encarece preço da dose de sêmen
94 Que cuidados o produtor deve ter com amostras de DNA
Raças 96 GAP Genética, referência de raças britânicas.
Foto: Fernando Yassu (Vacada Nelore com bezerros cruzados de Angus na Fazenda Rodoserv IV, em Caracol, MS) Arte final: Edson Alves
Regional 102 Arrombamento do Rio Taquari inunda áreas de pecuária no Pantanal
Leilões 108 Oferta de touros encolhe 7% em setembro frente à de agosto
Máquinas 114 Em confinamentos de longa
duração, compensa investir na transformação do esterco.
tem ganho duplo
Seções
10 Do Leitor 14 DBO on line
8 DBO outubro 2015
24 Giro Rápido 118 Estante
120 Empresas e Produtos 130 Sabor da Carne
RPS
20 ANOS DE BONS RESULTADOS E MUITO CONHECIMENTO COMPARTILHADO COM VOCÊ.
Do leitor Prosa de qualidade Excelente a prosa quente de DBO com o Roberto Barcelos, publicada na edição de agosto. Foi uma verdadeira aula de carne. O entrevistado falou firme e com autoridade de quem conhece sobre a realidade de nossa carne. Eu, particularmente, gostaria de saber do andamento daquele projeto de confinamento de machos e fêmeas Nelore, lá no Goiás, foco de reportagem da DBO de uns anos atrás, com o consultor Diéde Loureiro. Pergunto isto, pois tenho convicção de que um sistema de produção só se concretiza após três anos de vida. Gostaria imensamente da reprise daquela reportagem.
Luiz Carlos Tayarol Barbacena, MG
10 DBO outubro 2015
N.R.: A reportagem a que o leitor se refere é a que foi publicada na edição de março/2012, sobre a produção, em safras anuais, de novilhos precoces do Grupo Golin. DBO entrou em contato com o consultor Diéde Loureiro, que hoje está na empresa Phibro. Ele se limitou a informar que o projeto continua sendo tocado, só que atualmente nos Estados de São Paulo e Mato Grosso, não mais em Goiás. Mas que continua apresentando boa lucratividade.
Augusto Ribeiro Assinante de DBO há bastante tempo, dei por falta da coluna “Direito e Legislação”, assinada pelo advogado, de notório saber, Augusto Ribeiro Garcia, em cujos artigos, muitas vezes, me socorri, pois tenho clientes fazendeiros e preciso dominar a área jurídica.
O desaparecimento do colunista, na minha modesta opinião, deixa uma lacuna, em desfavor da qualidade da revista.
Álvaro Cardoso Filho Rio de Janeiro, RJ
Óleo usado com farelo Gostaria de saber se o óleo de cozinha usado, misturado a farelos, não poderia servir na engorda de bovinos.
Ronaldo Teixeira Curvelo, MG
Alexandre Pedroso, consultor em nutrição e manejo de bovinos e colunista da Revista Mundo do Leite, da DBO Editores, responde:
Sim, o óleo pode ser usado na alimentação de bovinos em engorda, mas o nível de inclusão tem de ser baixo, pois as gorduras insaturadas podem interferir significativamente com
o processo fermentativo ruminal, prejudicando principalmente a digestão de fibra. Além disso, o óleo pode causar redução na ingestão de alimentos. A recomendação geral é limitar a inclusão do óleo a uma quantidade que não leve o teor total de extrato etéreo da dieta a mais de 5% da matéria seca.
‘Balbúrdia’ no Incra Sugiro que a DBO faça uma reportagem sobre a verdadeira “balbúrdia” do Incra. Em primeiro lugar, porque alardearam que, com o georreferenciamento das propriedades rurais, os imóveis cadastrados estariam legalizados e haveria a possibilidade de resolver todos os quesitos sociais, ambientais e econômicos, pois com a base georreferenciada o Incra saberia tudo sobre o imóvel.
Depois, passaram a solicitar outro documento: a declaração do imóvel rural. Agora, recebemos o comunicado do Incra exigindo o Cadastro Nacional Rural (CNIR). Mais grave é que ninguém da classe sindical fala nada – a CNA, por exemplo, cobra anuidades (ai de nós se não pagarmos!) e teria que nos defender. Nem mesmo os políticos, deputados e senadores que se dizem ruralistas, falam alguma coisa sobre isso. Ou seja, estamos na berlinda...
Adalberto Rodrigues Juína, MT
Correções Publicamos, na matéria sobre a Expointer, à página 130 da edição de setembro, números gerais da feira, como se finais fossem. Não eram. Veja a seguir, a atualização. Número de
visitantes: 545 mil; fatura total: R$ 1,7 bilhão, sendo R$ 1,690 só com negócios fechados com máquinas e implementos agrícolas; comercialização de animais: R$ 15,5 milhões. Erramos na grafia do nome da cidade mineira próxima de onde nasceu o advogado Augusto Ribeiro Garcia, em texto da página 140, na seção “Memória”: a cidade é Pouso Alegre e não Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Cometemos um equívoco no texto lateral da página 56, em artigo sobre qualidade de carne da seção “Cadeia em Pauta”: as associações de criadores norte-americanas avaliam 200.000 animais por ano e não na soma de 40 anos, como saiu publicado.
DBO outubro 2015 11
DBOonline
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Atualize-se diariamente sobre as cotações e as principais notícias das cadeias produtivas da carne, leite e da agricultura no Portal DBO. Para saber mais sobre os assuntos em destaque nesta página, acesse www.portaldbo.com.br/dbo-online
Bastidores da capa
O editor Moacir José fala sobre a escolha da Fazenda Rodoserv IV, de Caracol, na divisa do MS com o Paraguai, para a reportagem de capa de outubro, graças aos ótimos resultados que obtém com baixo uso de tecnologia.
Raças
Os campeões nacionais e regionais do ranking da raça Nelore ao final da Expoinel, realizada em Uberaba, MG. Raça Limousin marca presença na Expointer apresentando os três animais mais pesados da mostra.
Gente & Negócios
O pesquisador Austeclínio Lopes de Farias Neto é o novo chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril, com sede em Sinop, MT. Com doutorado em genética e melhoramento de plantas, ele está na Embrapa desde 1989.
Dia a dia do boi gordo
Vídeos
Confira as cotações diárias do boi gordo nas principais praças pecuárias através da análise de Sidnei Maschio, tirada do programa Terraviva DBO na TV.
Fabiano Tito Rosa, da Minerva Foods, relata os reflexos positivos da alta do dólar para os negócios do Grupo, que é forte nas exportações.
Entrevistas de Denis Cardoso trazem destaques do Encontro dos Encontros da Scot Consultoria, realizado em Ribeirão Preto, como o cenário firme traçado para a pecuária, também em 2016.
No Espaço Empresarial, Emerson Botelho, da MSD, fala sobre os diferenciais do novo carrapaticida lançado pela empresa.
DEZ notícias a um clique
1. Moscas provocam
queixas de pecuaristas da região de Bauru, SP. Palhada de cana das usinas cria ambiente favorável à proliferação da mosca dos estábulos, que chega a causar a morte de animais.
2. Raiva bovina preocupa em Goiás. No
mês de julho, em Bela Vista de Goiás, foram confirmados dois casos da doença.
3. MS muda estratégia de vacinação contra aftosa. Nesta etapa de outubro-novembro serão vacinados apenas os animais com até 24 meses na região de fronteira.
14 DBO outubro 2015
4. Produção norte-americana de carne
bovina cai quase 1% este ano, para 10,711 milhões de toneladas métricas, mas deve se recuperar em 2016.
5. Acordo sanitário firmado em setembro
entre Brasil e República Dominicana abre caminho para exportação de sêmen e embriões para aquele país do Caribe.
embargo iraquiano à carne bovina brasileira.
8. Agroceres celebra 70 anos. Grupo tem como valores quatro pilares: Tecnologia & Inovação; Qualidade; Atendimento; e Resultados
9.
Abate de bovinos recuou 29% em agosto, no MT, em relação a julho. Marfrig retoma abates em Chupinguaia, Foi o nível mais baixo em seis anos, atribuído RO, depois de encerrar atividades em à retenção de matrizes. Rolim de Moura, onde arrendava unidade MS suspende incentivo ao novilho do Frigorífico Margen. precoce. Programa criado na década de 90 Brasil exporta 9.400 bois foi importante estímulo para a modernização vivos ao Iraque, após suspensão do da pecuária de corte do Estado.
6.
7.
10.
Prosa Quente Nosso destaque deste mês vem dos debates que marcaram a Interconf 2015, em Goiânia. A editora-assistente Maristela Franco relata as discussões sobre a crise atual, políticas públicas para o setor e uma questão central...
Fotos: James Couto
Para onde vai a pecuária?
Luiz Cláudio Paranhos, presidente da ABCZ.
Eduardo Alves de Moura, presidente da Assocon.
Décio Coutinho, secretário de Defesa Agropecuária.
Sebastião Guedes, vice-presidente do CNPC.
D
e forma direta ou indireta, esse questionamento permeou toda a programação da 8ª Interconf (Conferência Internacional de Confinadores), que ocorreu em Goiânia, GO, de 15 a 17 de setembro e reuniu 1.114 pessoas. A inquietação sobre o destino da atividade se justifica, não apenas por causa do cenário macroeconômico recessivo, mas também pela necessidade de se elevar a lucratividade do negócio. Segundo Zeina Latif, economista-chefe da consultoria paulista XP Investimentos, a economia mundial não está em crise, mas vive um momento de desaceleração e isso eleva
16 DBO outubro 2015
a percepção de risco dos investidores em relação aos países em desenvolvimento, especialmente o B rasil, que passa por turbulências políticas. “O comércio mundial está em queda. A China e outros países emergentes que tiveram suas moedas desvalorizadas estão importando menos. Esse cenário internacional negativo pegou o Brasil fragilizado, com a economia desarrumada; por isso, estamos pagando um preço alto”, explicou Latif, referindo-se à forte depreciação cambial e à perda recente do chamado “grau de investimento” (índice de risco baixo). A boa notí-
A Defesa Agropecuária não sofrerá cortes, porque é uma área prioritária para o País.” Décio Coutinho cia, segundo a economista, é que isso forçará o governo a fazer ajustes fiscais. A má é que, se ele fracassar nessa tarefa, a recessão poderá se alongar. “O setor de serviços já não absorve a mão de obra demitida pela indústria e o consumo caiu, pressionado pela inflação. O quadro é preocupante”, alertou Latif. Qual o impacto da desaceleração mundial sobre a pecuária bovina? Segundo Adolfo Fontes, analista do Rabobank, ele já é negativo. “O País exportou 17% menos no primeiro semestre deste ano, projetamos uma queda de 5% na produção brasileira de carne e uma retração de 6% no consumo interno”, diz Fontes. A demanda mundial, contudo, deverá continuar aquecida nos próximos anos. “Somente a China e Hong Kong importarão 1 milhão de toneladas adicionais do produto por ano até 2024, devido ao processo de urbanização e ao aumento da renda per capita”, informa o analista, lembrando que o Brasil é um dos poucos países no mundo em condições de abastecer esses mercados em quantidade. As perspectivas futuras da pecuária, portanto, são promissoras. Ela vai caminhar em linha ascendente, desde que a cadeia se organize e o governo faça sua parte. A mesa redonda sobre políticas públicas para o setor foi a mais animada da Interconf. Participaram Décio Coutinho, secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Sebastião Guedes, vice-presidente do Conselho Nacional de Pecuária de Corte; Eduardo Alves de Moura, presidente da Associação Nacional de Confinadores (Assocon) e Cláudio Paranhos, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ). O público enviou perguntas por escrito à mesa. Veja trecho a seguir: Público – Qual o maior desafio hoje para os p ecuaristas? Paranhos – Vários, mas eu elegeria a recuperação de
pastagens degradadas. Ao invés de quase 10 milhões de toneladas de carne por ano, poderíamos estar produzindo 20 milhões, se reformássemos essas áreas. Estudos da Embrapa mostram que evoluímos muito desde a década de 70. Com o rebanho de hoje e a produtividade daquela época, precisaríamos de mais 525 milhões de hectares para alcançar a produção atual. Então, tenho orgulho de ser pecuarista (slogan da campanha de valorização do produtor lançado pela Assocon na Interconf, junto com outras entidades, como a ABCZ, e empresas do setor). A pecuária deu um salto de produtividade e prova disso é o preço da carne, que hoje é 30% mais baixo do que nos anos 70. Mas
é possível caminhar muito mais. Temos grandes ferramentas para isso. Público – Senhor Décio, o governo vai terceirizar a inspeção? Décio – Não existe nenhuma iniciativa do Ministério neste sentido. O que existe (e está sendo apreciado por nossa área jurídica) é uma consulta do Fórum Nacional dos Executores de Sanidade Agropecuária (Fonesa) sobre a possibilidade de os serviços de inspeção dos Estados obterem equivalência com o serviço de inspeção federal se utilizando de empresas ou instituições credenciadas por esses Estados. Não temos ainda uma posição final sobre essa consulta. Paranhos – Décio, conversei recentemente com o ministro Aldo Rebelo, da Ciência e Tecnologia, para discutir um projeto de genômica visando ao melhoramento genético das raças zebuínas e ele nos disse que a presidente Dilma determinou que todos os ministérios cortem gastos. Minha preocupação é se a Defesa será afetada... Décio – A Defesa não sofrerá cortes, porque é uma área
prioritária para o País. O orçamento de 2015 destinava R$ 40 milhões para convênios com os Estados nessa área. Esse montante foi elevado para R$ 88 milhões e mesmo aqueles Estados inadimplentes com a União receberão recursos. Todo mundo fala que o governo não pode tirar dinheiro da Defesa, mas hoje não sabemos quanto precisamos efetivamente para realizar esse serviço. Até o final de outubro, teremos em mãos um estudo detalhando quanto custa a defesa por bovino, por hectare de soja, talhão de cana etc. Isso nos permitirá fazer planejamento de longo prazo. [Décio ministrou uma palestra antes do debate e falou sobre o Plano de Defesa Agropecuária, que compreende esta e várias outras medidas, como a aglutinação das 32 leis, 58 decretos e 5.283 instruções normativas da área em um único código; a criação de laboratórios virtuais, de um setor de inteligência e análise de risco dentro do Ministério, além de uma escola de gestão agropecuária para os fiscais do órgão].
Público – O Brasil está preparado para suspender a
vacinação contra a febre aftosa e erradicar definitivamente essa doença? Guedes – A maioria das regiões sim. É uma vergonha que a Bolívia tenha mais território livre sem vacinaDBO outubro 2015 17
Prosa Quente É uma vergonha: a Bolívia tem mais território livre sem vacinação do que o Brasil... Precisamos avançar mais rápido” Sebastião Guedes ção do que o Brasil. O Peru começou a erradicar a aftosa depois de nós e tem 98% de seu território livre sem vacinação. No Brasil, muitas vezes há um divórcio entre os setores privado e público. Desculpe Décio, mas você agora está sentado no vulcão, vai ter de sentir um pouco as labaredas (risos). Eu vou falar: o setor público tem medo de evoluir. Querem um exemplo? Goiás já deveria ter sido declarado livre de peste suína clássica, mas dizem que o governo não quis. Nós temos de pensar grande, está na hora de rediscutir o Pnefa (Plano de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa) e avançar mais rápido. Do contrário, teremos a Bolívia livre sem vacinação e nós não. Precisamos pelo menos parar de vacinar os animais acima de dois anos de idade, porque eles já tomaram cinco doses. Qual é o risco? Talvez haja risco no animal jovem, mas eles podem ser imunizados aos 60 dias de vida, revacinados 90 dias depois e aí de seis em seis meses. Fazendo isso, economizaremos muito dinheiro, um dinheiro que sai do bolso dos senhores, dos produtores. Décio – Como sempre, o Guedes é o recheio do nosso sanduíche (risos), movimenta o debate. É sempre um prazer estar com ele, no mesmo barco ou não. Com relação ao Pnefa, estamos prestes a concluir a primeira etapa do programa e ter o Brasil todo livre de aftosa com vacinação. Falta apenas o reconhecimento do Amazonas, Amapá e Roraima ainda neste ano. A segunda etapa do Pnefa será discutida em outubro, durante a reunião extraordinária da Cosalfa (Comissão Sul-americana para a Luta contra a Febre Aftosa), em Cuiabá. Vamos desenvolver estratégias para que toda a América do Sul se torne livre da doença sem vacinação até 2020. Temos ainda dois passos a dar no Brasil antes de alcançar esse objetivo. O primeiro seria excluir duas faixas etárias, uma da vacinação total e outra da semestral. Com isso, já economizaríamos bastante. Outro passo é desenvolver um trabalho diferenciado na região de fronteira. O Uruguai, por exemplo, já disse que não vai retirar a vacinação. Teríamos de montar uma estrutura diferenciada nessa divisa. [Em sua palestra, Décio informou que o governo lançará, em novembro, um programa de vigilância e defesa sanitária na faixa de fronteira seca do Brasil, que representa 27% do território nacional, se estende por 15.735 km, perpassa 10 países, 11 Estados brasileiros e 588 municípios. Nessa região, encontra-se um
18 DBO outubro 2015
rebanho de 25 milhões de bovinos. A proposta é monitorar a fronteira por meio de imagens de satélite e sistemas de inteligência do Exército, da Polícia Federal, da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) e governos estaduais. O programa terá recursos específicos]. Moura – Eu tenho dúvidas, Sebastião, não sei se eu concordo com você em relação a parar de vacinar. Acho que o risco talvez ainda seja maior do que o benefício. Geraríamos uma economia mensurável em vacina, mas também um risco não mensurável de ocorrências sanitárias no País. Eu queria aproveitar e fazer outra pergunta ao Décio: como anda a PGA (Plataforma de Gestão Agropecuária) e a reformulação do Sisbov? Décio – Depois de muitas discussões, a Abiec e a CNA encaminharam ao Ministério de Agricultura o primeiro protocolo de adesão voluntária (dentro dos parâmetros da lei brasileira de rastreabilidade) que vai cuidar especificamente da exportação para a União Europeia. Ele será avaliado por três departamentos, o de Inspeção de Produtos de Origem Animal, o de Fiscalização de Insumos Agropecuários e o de Saúde Animal quanto às garantias exigidas pela UE. Quando estiver aprovado (não temos data para isso), será apresentado aos europeus. Trata-se de um grande passo para simplificar o processo de rastreabilidade e aumentar o número de fazendas habilitadas a exportar para esse bloco. Depois, poderemos discutir com os europeus a adequação das normas das cotas Hilton e 481 à realidade brasileira atual. Esse trabalho tem de ser feito a quatro mãos: governo federal, indústrias, produtores e governos estaduais. Moura – Só pegando um gancho aqui Décio, Rondônia e Bahia, por exemplo, ainda não têm status de exportação para a Europa. Você teria alguma novidade em relação a isso? Décio – Esse é um dos grandes ganhos que a gente pode
ter com a adoção do novo protocolo, porque não haveria mais separação entre área livre e área habilitada para a UE. Vamos discutir isso com os europeus. Uma comissão deveria ter vindo visitar Rondônia, Distrito Federal e Tocantins no ano passado, mas não veio. Vamos continuar insistindo nessa questão, porque o mercado brasileiro são as 24 unidades da federação livres de aftosa e não os Estados que eles reconhecem como aptos a exportar.
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Outros destaques da Interconf O segundo dia da Interconf foi dedicado à discussão dos rumos da pecuária, em termos de produtividade. Antônio Chaker El-Memari Neto, da consultoria paranaense Terra, por exemplo, lançou uma pergunta instigante à plateia: qual é a diferença entre uma fazenda “tocada” e uma gerenciada? “Ninguém consegue responder? Pois bem, a diferença é que a segunda sabe exatamente onde quer chegar e a primeira não”, disse o consultor. “Para atingir seus objetivos, o gestor parte de um diagnóstico e planeja ações futuras com base em números. Quais informações devem ser levantadas? Todas aquelas que tiverem impacto econômico. Cada 5% a mais na taxa de desmama, por exemplo, aumenta a lucratividade em 15%”, ilustrou Chaker, lembrando que o produtor não consegue controlar o mercado, mas pode (e deve) melhorar seus índices produtivos e administrar custos para maximizar ganhos.
Evento pré-conferência se consolida na programação da Interconf e recebe público de 400 pessoas
Em painel anterior, Maurício Nogueira, da consultoria catarinense Agroconsult, já havia defendido o uso de tecnologia para melhorar a rentabilidade do setor, pois o sistema extensivo garante apenas 3 a 6@/ ha/ano, deixando margem muito pequena ou negativa. “É fundamental reduzir a idade de abate, elevar a lotação por área e produzir mais carne por animal”, salientou. Flávio Portela, da Esalq, apresentou estratégias para suplementação dos animais, visando à produção de carcaças de qualidade. Segundo ele, a deposição de gordura entremeada (marmoreio) não se dá apenas na fase final da terminação; começa bem antes, ainda no útero da vaca, por meio do desenvolvimento de células armazenadoras de gordura, e se expressa de forma mais visível no terço final do confinamento, se os animais receberam dietas ricas em energia. Para evitar que apresentem problemas de acidose, é preciso adaptá-los adequadamente à dieta, tema abordado por Danillo Millen, professor da Unesp-Dracena. A Interconf ainda contou com um painel sobre sucessão familiar, que apresentou o exemplo da Família Arantes, que já na quinta geração de pecuaristas e mantém na Fazenda São Matheus, em Três Lagoas, MS, um bem-sucecedido projeto de integração lavoura-pecuária. Para fechar o evento, foi realizado um dia campo, 17 de setembro, na Fazenda Ana Paula, a 40 km de Goiânia. A propriedade foi arrendada pela GT Agropecuária, pertencente aos sócios Thiago Ávila e Gustavo Reis, que montaram na área de 427 ha um projeto inovador de recria intensiva, conforme mostrou reportagem de capa da edição de junho da DBO. O evento reuniu 485 pessoas e contou com três palestras, além de um tour em ônibus pelas instalações. n
Produtividade acelerada A Interconf 2015 foi precedida, no dia 14, pelo Encontro da Pecuária Eficiente, organizado pela Phibro, em parceria com o Nelore Qualitas. Leonardo Alencar, gerente de inteligência de mercado da Minerva Foods, informou aos cerca de 400 participantes que o cenário atual é desafiador para a indústria, que enfrenta dificuldades tanto no mercado interno (redução de demanda) quanto no externo (queda nas exportações). Segundo ele, os abates já caíram 10% e o setor frigorífico registra alto
20 DBO outubro 2015
índice de ociosidade. Segundo a Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, a capacidade estática nacional seria de 60 milhões de cabeças, enquanto o abate efetivo do País, medido pelo o IBGE, é de 34,4 milhões (dados de 2004). Isso significa que o setor está utilizando apenas 60% do seu potencial operacional. “A saída é abrir novos mercados, especialmente aqueles que paguem mais pela carne”, salientou Alencar. Para isso, é preciso imprimir qualidade às carcaças. Nesse sentido, o conceito do boi 7-7-7
(7@ à desmama, 7@ na recria e 7@ na terminação) foi apresentado aos produtores como alternativa, além de aumentar a produtividade por hectare e reduzir a idade de abate. Leonardo Souza, do Nelore Qualitas, mostrou como é possível desmamar bezerros com 7@ usando boa genética, enquanto Gustavo Rezende, pesquisador da Apta-Colina, apresentou estratégias de suplementação para que os animais cheguem mais jovens e mais pesados na fase de engorda. “Fazer 7@ na recria não é fácil, mas essa meta pode ser perfeitamente alcançada com planejamento alimentar”, lembrou Rezende.
Giro Rápido De volta à classificação Após várias tentativas fracassadas na década passada, o setor pecuário volta a se movimentar para elaboração de uma proposta de sistema nacional de classificação de carcaças, que deverá ser apresentada ao Ministério da Agricultura em 2016. O primeiro passo nesse sentido foi dado durante a Expointer, organizada em setembro, em Esteio,
Orgulho de ser pecuarista A campanha “Orgulho de ser Pecuarista”, lançada oficialmente pela Assocon (Associação Nacional de Confinadores) durante a Interconf 2015, começou homenageando três grandes nomes do setor: Ricardo Merola, fundador da entidade e pioneiro da integração lavoura-pecuária; Luiz Cláudio Paranhos, presidente da ABCZ, e Antônio Camardelli, presidente da Abiec, que não pôde comparecer ao evento por estar na feira de Moscou, Rússia, e foi representado por Fernando Saltão, da JBS. A campanha não tem data para acabar. “Nosso objetivo é melhorar a imagem do pecuarista junto à sociedade e também sua autoestima”, garante Márcio Caparroz, diretor institucional da Assocon. Na foto, Ricardo Merola (esquerda) recebe a homenagem das mãos de Carlos Roberto Ferreira da Silva, vice-presidente de vendas da DSM Tortuga.
RS. O professor Sérgio Pflanzer, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apresentou, a representantes de vários segmentos da cadeia, uma proposta simples e exequível de classificação, que será discutida de forma sistemática nos próximos meses. “Vamos finalmente tirar esse tema da gaveta”, garante Antônio Pitangui de Salvo, presidente da CNA e responsável pela coordenação dos debates.
A pecuária nunca dependeu do desmatamento; o desmatamento é que dependeu da pecuária”
Maurício Palma Nogueira, da Agroconsult, ao falar sobre o processo de ocupação da terra no norte do País.
Boas novas na gaveta do governador Está na mesa do governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), a íntegra do Programa de Recuperação de Pastagens Degradadas do MS. O documento está em fase de análise final e deve ser anunciado ainda este ano. De acordo com Fernando Mendes Lamas, secretário de Estado de Produção e Agricultura Familiar (Sepaf), a meta é recuperar 500.000 hectares por ano, de um total de 9 milhões (metade da área do Estado ocupada com pastagens) com algum grau de degradação.
A principal ferramenta será o uso de integração da pecuária com lavoura e também com floresta. E quem aderir, segundo o secretário, poderá desfrutar de recursos do programa ABC e do FCO. Mas a “cereja do bolo”, como Lamas classifica, é o incentivo fiscal, via redução da alíquota de ICMS. “Ainda estamos definindo o percentual”, revela. Para ele, o ganho do pecuarista será duplo: imposto mais baixo no curto prazo e elevação da produtividade - proporcionada pela recuperação das suas terras -, no médio.
Um guia para boas práticas O Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável lançou, no dia 11 de setembro, o Guia de Práticas para a Pecuária Sustentável, cujo desenvolvimento é parte do programa Pecuária Sustentável na Prática, projeto que envolve 800 produtores em sete programas pilotos em cinco Estados. O projeto é financiado pela Fundação Solidariedad, por meio do Farmer Support Programme, do governo holandês, que aporta R$ 12 milhões, sendo R$ 3 milhões da própria Holanda e R$ 9 milhões de contrapartida dos diferentes atores. O guia está disponível gratuitamente no site do GTPS (www.pecuariasustentavel.org.br). Trata-se, segundo o presidente do GTPS, Fernando Sampaio, de um trabalho inédito. “Há algumas tecnologias fáceis e de resultado imediato. Outras são mais complexas, demandam investimento. A ideia é que o pecuarista comece do mais simples até chegar às boas práticas que demandam mais investimento”, explica.
Queda no consumo de rações O gado brasileiro comeu menos ração no primeiro semestre de 2015. É o que mostra o balanço feito pelo Sindirações (Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal). Foram 1,240 milhão de toneladas de ração, 5,5% menos em relação às 1,310 milhão de toneladas vendidas no mesmo período de 2014. Entre os motivos, segundo relatório do Sindirações, estão “o 24 DBO outubro 2015
alto custo da reposição do boi magro e, principalmente, o desajuste entre a oferta e demanda de bezerros, que comprometeram a intensificação dos projetos de confinamento e semiconfinamento no País”. Outro motivo foi o “efeito substituição”: com a carne bovina mais cara, parte dos consumidores foi atrás de proteínas com preços mais atrativos. Não à toa que o consumo de rações para aves aumentou...
Campeão na veterinária O Brasil é o País com o maior número de médicos veterinários do planeta, com 84 mil profissionais, segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária, com sede em Brasília, DF. Não é, porém, a cadeia da carne bovina – onde temos maior rebanho bovino comercial do mundo (210 milhões de cabeças) e a segunda maior produção (quase 10 milhões de toneladas) – que mais emprega os veterinários; são as clínicas que atendem animais domésticos de pequeno porte.
Corrida presidencial Foi dada a largada para a corrida à presidência da ABCZ. E quem saiu na frente foi Frederico Cunha Mendes, filho do ex-presidente da entidade, José Olavo Borges Mendes. Veterinário de formação e atual diretor da entidade (responsável pela reformulação e ampliação do Programa de Melhoramento Genético das Raças Zebuínas), Frederico recebeu indicação para o cargo de nada menos que 15 dos 17 diretores da entidade. Como na política tradicional, é preciso trabalhar com antecedência: a eleição será realizada em agosto de 2016.
Pena maior para o abigeato O roubo de gado, também conhecido pelo esquisito nome de abigeato, terá como castigo uma pena bem maior do que a atual, de 1 a 4 anos. A Câmara dos Deputados aprovou, no dia 8 de setembro, projeto de lei (6999/13) que altera o Código Penal, aumentando a pena para um mínimo de 2 e um máximo de 5 anos de detenção. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender animais roubados, com a finalidade de produção ou comercialização, também será passível da mesma pena. O texto segue agora para aprovação do Senado.
Infopec
Infográficos que sintetizam informações importantes da pecuária
Novo recuo do abate de bovinos Em milhões de cabeças*
Ano
Trimestre
2013
2014
2015
1º
8,13
8,37
7,73
2º
8,53
8,54
7,62
3º
8,86
8,47
–
4º
8,88
8,52
–
* Dados de abates inspecionados de bois, vacas, novilhos e novilhas. Fonte: Pesquisa Trimestral do IBGE
Os abates de bovinos – bois, vacas, novilhos e novilhas – registraram queda de 11% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, que colhe informações apenas de estabelecimentos sob inspeção sanitária federal, estadual ou municipal. No período de abril a junho deste ano, foram enviados aos frigoríficos 7,620 milhões bovinos, uma queda de 920 mil cabeças sobre igual intervalo de 2014 (8,540 milhões). Na comparação com o primeiro trimestre do ano, quando foram abatidas 7,730 milhões de cabeças, a retração foi de 1,4%. No acumulado dos seis primeiros meses de 2015, os abates somaram 15,3 milhões de cabeças, queda de 9% na comparação com o primeiro semestre de 2014 (16,9 milhões de cabeças). A queda no abate de vacas foi a maior: 14,6% (5,1 milhões ante 6 milhões de cabeças no mesmo período de 2014). A queda em 2015 reflete, principalmente, o movimento de retenção de matrizes, impulsionado pela valorização do preço do bezerro (aumentou mais de 20% em um ano).
Renda chinesa beneficiará carne brasileira Hoje, a China (incluindo Hong Kong) importa apenas 7% da sua demanda anual. São 500 mil t e representam cerca de 6% do comércio mundial. Mas se a autossuficiência chinesa para carne bovina diminuir de 93% para 83% essa participação subirá para 16%. E quem atenderia essa demanda?
Apesar dos planos de autossuficiência, a China continuará importando muita carne, devido ao crescimento vegetativo de sua população e à melhoria de seu poder aquisitivo, que estimula o consumo. Fenômeno semelhante ocorreu no Japão. Na década de 80, esse país tinha renda per capita de US$ 10.000/ano e era praticamente autossuficiente. Depois que ultrapassou a barreira dos US$ 20.000/habitante/ano, passou a importar mais e hoje produz apenas 50% do que consome. A China (mais Hong Kong) deverá trilhar o mesmo caminho, com impacto enorme sobre a demanda mundial, como mostra a ilustração apresentada por Adolfo Fontes, do banco holandês Rabobank, durante a Interconf. Hoje, ela e sua possessão importam 500.000 toneladas/ano, apenas 7% de sua necessidade. Quando passar a importar 10%, o Brasil, um dos poucos países do mundo com capacidade para atender a essa demanda, deverá ser o grande beneficiário.
DBO outubro 2015 25
Coluna do Cepea
Sergio De Zen
As duas faces da moeda
À Professor da Esalq/ USP e coordenador de pecuária do Cepea (Centro de Estudos e Pesquisas em Economia Aplicada) Colaborou Ana Paula Silva Ponchio, pesquisadora do Cepea cepea@usp.br
primeira vista, a disparada do câmbio remete à ideia de que os setores exportadores têm a ganhar. Porém, a alta do dólar tem sido acompanhada por muitas notícias ruins sobre nossa economia e isso suscita a desconfiança de que, talvez, o repasse dos potenciais benefícios para exportadores não ocorra de forma tão linear. Na recente decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), a “nota” do Brasil foi rebaixada para BB+ (saindo de BBB-). Isso significa que ficou mais arriscado para investidores internacionais aplicarem seu dinheiro no País. Entre outros impactos, esse rebaixamento foi combustível extra para a valorização do dólar. Embora o câmbio favorável ao dólar agrave a situação de quem tem contas em moeda estrangeira ou precisa importar insumos, barateia tudo o que é originalmente valorado em real - ou seja, potencializa a receita das empresas exportadoras. Para investidores estrangeiros avessos ao risco, a reação imediata ao rebaixamento da confiança no Brasil é a retirada de seu capital. Mas, para aqueles que buscam verdadeiras oportunidades, aceitando algum risco teórico para seus recursos, muitas empresas no Brasil começam a chamar a atenção. Estão “baratas” em dólar e têm faturamento crescente - justamente em dólar. O agronegócio é um dos setores mais bem-sucedidos da economia brasileira e reúne algumas empresas com esse perfil. Prova disso pode ser vista na BM&FBovespa. Nos 60 dias anteriores a 21 de setembro, período em que a crise político-econômica se
Variação do Ibovespa, dólar comercial e das ações do Pão de Açúcar, BRFoods, JBS e Vale, de janeiro de 2014 a 21/set/15.
Fonte: Bovespa, elaborado pelo Cepea
26 DBO outubro 2015
agravou e o mercado passou a especular sobre o rebaixamento da nota do País, o Real se desvalorizou 25% frente ao dólar; o Índice Bovespa caiu 9,5%; as ações da rede varejista Pão de Açúcar perderam 25%, ao passo que a BRFoods ficou praticamente estável e a JBS conseguiu se valorizar em 10%. E, como o aumento da ação foi menor do que o do dólar, esses ativos se tornaram mais baratos em moeda estrangeira. Partindo-se do segundo turno da eleição presidencial, no fim de outubro de 2014, início das incertezas econômicas, os ganhos de empresas do setor pecuário foram ainda maiores. Enquanto o Ibovespa recuou 10% e o Pão de Açúcar perdeu 45% de seu valor, a BRFoods avançou 20% e a JBS se capitalizou em incríveis 70%. Como pode ser visto no gráfico, nos meses anteriores, as variações eram todas menores. A maior parte da produção da BRFoods é de carne suína e de frango, vendida com relativo equilíbrio entre o mercado interno e o externo. Os fatores de produção dessas proteínas estão bastante atrelados ao dólar e, por isso, seus custos são mais afetados do que os da carne bovina, o que, se supõe, reduz os efeitos positivos dos ganhos obtidos com a maior competitividade dos produtos brasileiros no exterior. A JBS, por sua vez, tem a maior parte de seu faturamento atrelado à carne bovina, que é menos suscetível ao câmbio. Esses dados nos fazem relembrar que tudo tem pelo menos dois lados. Neste recorte específico e também na análise que apresentamos na edição de julho/15, alcançando a situação do produtor rural, mostramos que a pecuária, em linhas gerais, consegue atravessar e até mesmo tirar algum “proveito” da crise. Mas não vamos “tapar o sol com a peneira”. A perda da classificação de “bom pagador” é mais um indicativo da situação crítica da economia. Mesmo que a receita de exportação seja relevante para a agroindústria bovina, a vitalidade do consumidor brasileiro é decisiva. Essa dupla “destinação” tem ajudado a indústria brasileira a ter sucesso como exportadora de carne bovina. Frigoríficos retiram das carcaças apenas algumas partes para exportação e alocam as demais para o mercado doméstico. Afinal, é para os nossos pratos que vêm quatro de cada cinco bifes produzidos. Em meio à crise, como cidadãos, devemos ir mais longe. O brasileiro não é apenas um consumidor. A ninguém deve comprazer a situação de um pai ou mãe de família que perde o emprego. Ninguém deve se regozijar com a sucessão de denúncias e comprovações de corrupção, somadas ainda a inabilidades ou descuidos técnicos que resultam em prejuízos estruturais para todos nós. Vivemos tempos tristes, mas que não devem ser desanimadores. n
Mercado
Arroba tem nova alta e fecha setembro acima de R$ 144 Preço da carne sobe no atacado e exportação tem forte crescimento Fernando yassu yassu@revistadbo.com.br
E
m meio à crise econômica, não se sabe como o consumidor vai reagir à alta de carne, que voltou ao patamar do período do pico da arroba, em abril. No atacado, o quilo do corte de traseiro fechou setembro em R$ 11,50, aumento de R$ 0,70, alta de 6,48% em 30 dias, segundo a Scot Consultoria. O dianteiro, apurou a empresa de consultoria de Bebedouro, teve pequena queda, caindo de R$ 7,90 para R$ 7,85 no mesmo período, mostrando que, nesses cortes, não há muito espaço para a alta. Pelo segundo mês consecutivo, o Indicador Boi Gordo, do Cepea, subiu. De agosto para setembro, alta foi de 0,87%, revertendo, assim, uma sequência
Indicador Bezerro tem segundo mês de estabilidade Datas do levantamento de preço Especificações
29/1
27/2
30/3
30/4
29/5
30/6
31/7
31/8
30/9
Preço à vista/cab
1.262
1.298
1.444
1.399
1.431
1.255
1.222
1.259
1.265
Peso médio/kg
200
185
204
193
203
194
188
191
191
Preço à vista/kg
6,30
7,02
7,06
7,25
7,06
6,99
6,49
6,59
6,60
189,00 210,60 211,80 217,50 211,80 209,70 194,70 197,70 198,00
Preço/@
Fonte: Cepea/Esalq/USP. Preço médio em R$ no Mato Grosso do Sul
Indicador Boi Gordo tem nova alta em setembro e fecha acima de R$ 144 Datas de liquidação dos contratos negociados na BM&FBovespa Especificações Preço à vista
29/1 27/2 30/3 30/4 29/5 30/6 31/7 31/8 30/9 143,13 143,74 147,13 149,56 146,71 144,61 140,96 142,19 144,56
Preço médio em R$ dos últimos 5 dias úteis em São Paulo. O valor é usado para liquidações dos contratos negociados na BM&FBovespa. Fonte: Cepea/BM&FBovespa.
Mercado futuro aponta alta no final do ano Datas Meses de liquidação de contratos negociados a futuro
dos pregões
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set 30/12/14 142,95 141,52 140,59 139,99 139 29/1/15 - 143,30 142,41 141,41 141,3 143,1 - 143,32 144,7 143,86 143,39 144,95 145,36 148 27/2 31/3 - 148,57 148,81 148,97 150,15 152,9 154,87 30/4 - 145,56 145,5 145,5 148,2 150,83 146,3 148,69 151 151,93 29/5 30/6 142,4 142,33 144,07 31/7 - 141,62 143,85 31/8 - 144,48 30/9
-
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-
Fonte: BM&FBovespa.
28 DBO outubro 2015
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Out 154,87 152,96 152,42 144,93 144,7 146,92
Nov 157,29 154 152,86 146,12 146,1 148,60
Dez 152,28 146,01 146,37 147,70
147,74 150,00 152,60
de quatro meses de quedas consecutivas, iniciada em abril, quanto atingiu o maior valor nominal do ano, R$ 149,56. Em 30 dias de setembro, subiu mais 1,67%, passando de R$ 142,19 para R$ 144,56. O Indicador Boi Gordo, que é calculado sobre a média dos últimos cinco dias úteis do mês em São Paulo, é usado para a liquidação dos contratos negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuro (BM&FBovespa). O mercado futuro está sinalizado que as ofertas de bois de confinamento não devem passar de outubro e que nos dois últimos meses do ano, podem faltar bois. No pregão do dia 30 de setembro, as ofertas para os contratos para a liquidação em novembro chegavam a R$ 150 e para dezembro, ultrapassavam R$ 152, com ágios de, respectivamente, 3,76% e 5,56% sobre o preço no mercado físico. Para o final desse mês, as ofertas de preço a futuro chegaram a R$ 147,74%, ágio de 2,2%. A boa notícia é que a valorização do dólar melhorou sensivelmente a competitividade da cadeia de produção brasileira e começa a se refletir nas exportações de carne bovina in natura. Em dólar, o Brasil tem a arroba de menor valor entre os grandes players internacionais de carne bovina, segundo a Scot Consultoria. Em setembro, segundo a Secex (Secretaria do Comércio Exterior do Ministério da Indústria , Desenvolvimento e Comércio), os frigoríficos embarcaram 141.000 toneladas em equivalente-carcaça de carne in natura, que renderam US$ 437 milhões, o melhor resultado para um único mês em 2015, 8% maior do que em agosto último, quando a receita ficou em US$ 404 milhões. A receita com carne bovina in natura em dólar em setembro último, segundo a Secex, ficou muito próxima à do mesmo mês de 2014, quando alcançou US$ 441 milhões. De todo modo, com a valorização do dólar, a receita dos frigoríficos, em reais, explodiu. Com o dólar em R$ 2,33, os frigoríficos exportadores embolsaram R$ 1,030 bilhão em setembro de 2014. No mesmo mês deste ano, com o dólar a R$ 3,91, R$ 1,706 bilhão – diferença de quase R$ 700 milhões. O volume de carne bovina in natura embarcado de 141 mil toneladas também é o maior do ano. Ele é 7,72% superior ao volume exportado em agosto último (131.000 toneladas) e 6,% superior a registrado em setembro de 2014 (133.000 toneladas). O mais importante é que os embarques em volume são crescentes. Em julho, a média diária foi de 5.700 toneladas em equivalente-carcaça; em agosto, 6.300; e em setembro, 6.760 mil. Em dólar, o preço mantém-se estável, girando pouco acima de US$ 4,5 mil a tonelada. n
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Mercado
Reposição retoma viés de alta Alta do boi gordo ativa compras de recriadores e invernistas Denis cardoso
O
denis@revistadbo.com.br
s preços dos animais de reposição subiram em setembro, em relação ao mês anterior, nas principais praças de comercialização do País, refletindo o aumento da demanda e a restrição de oferta. “Os compradores estão mais motivados a repor os animais pela retomada da firmeza no mercado de boi gordo e consequente melhora das expectativas quanto aos preços da arroba”, diz a engenheira agrônomo e analista Maísa Módolo, da Scot Consultoria, de Bebedouro. No Centro-Oeste, “o mercado absorve praticamente tudo que é ofertado, com leve predominância da demanda por animais de até 15 meses”, relata o Informa Economics FNP, consultoria de São Paulo. Segundo o informativo, uma parte considerável dos compradores se viu estimulada a recompor seus rebanhos de imediato diante da “percepção de que é praticamente nula a probabilidade dos preços dos animais de reposição recuarem no curto e médio prazos”. Ainda segundo a FNP, o aumento da demanda no mercado de reposição também se deve ao maior interesse por parte de confinadores, que fecham as últimas compras para este segundo giro de engorda.. Na avaliação de Maísa Módolo, o registro de chuvas nas últimas semanas no Centro-Sul do País também contribuiu para o aumento dos negócios no mercado de reposição. “Embora insuficiente para recompor a capacidade de suporte dos pastos, a chuva trouxe alguma melhoria ao pasto, motivando a procura por animais”, afirma. Em São Paulo, o preço médio do bezerro desmamado (6@) teve ligeiro aumento de 0,8% em setembro, na comparação com agosto, para R$ 1.277,30, enquanto o boi magro (12@) subiu 2,2% no período, atingindo valor médio de R$ 1.955, segundo a Scot Consultoria. Ainda na praça paulista, o preço do garrote (R$ 9,5@) ficou estável setembro, a R$ 1.704,30, média, e a novilha (8,5@) registrou retração de 2,6%, caindo para R$ 1.273,90. Em
Goiás, com exceção da novilha, que teve queda 2%, para R$ 1.197,50, os preços dos animais de reposição tiveram altas expressivas em setembro. O bezerro de 6@ subiu 3,7%, atingindo R$ 1.225,80. O garrote fechou o período cotado a R$ 1.675,60, com valorização mensal de 3,6%. O boi magro foi a R$ 1.902, alta de quase 4%. No Mato Grosso, os preços da reposição fecharam praticamente estáveis na comparação com agosto. O bezerro foi negociado a R$ 1.146, em média, com ligeira alta de 1%, segundo a Scot Consultoria. O garrote fechou o período a R$ 1.503,50 e o boi magro atingiu o valor médio de R$ 1.739, com leve aumento mensal de 0,2% e 0,4%, respectivamente. A novilha caiu 0,7% na praça matogrossense , para R$ 1.117,10. No Mato Grosso do Sul, as cotações registraram oscilações mais fortes, com destaque para o bezerro desmamado, que subiu 4% no mês passado, para R$ 1.279, em média. O garrote fechou em alta de 1%, sendo negociado a R$ 1.671,30. O boi de 12@ fechou o setembro cotado a R$ 1.928,40, com valorização mensal de 3,3%. O valor da novilha, assim como ocorreu nas demais praças, fechou o período em baixa, atingindo R$ 1.243,90, com recuo de 3,2%. Em Minas Gerais, o preços dos animais de reposição ficaram estáveis em setembro. O bezerro fechou cotado a R$ 1.045,90; o garrote foi negociado a R$ 1.407,90; o boi magro atingiu valor médio de R$ 1.675,70; e a novilha alcançou R$ 1.064,60. Em Tocantins, os preços da reposição seguiram tendência oposta em relação às praças do Sudeste e Centro-Oeste do País. O bezerro desmamado, segundo a Scot Consultoria, registrou desvalorização média de 4,4% em setembro, atingindo R$ 1.140,40. O garrote recuou 4% no período, para R$ 1.504,20, e o boi magro caiu 2%, para R$ 1.691,50. O valor médio da novilha, porém, teve ligeira alta mensal de 1%, ficando a R$ 1.066,20. A deterioração das pastagens ocasionada pela escassez de chuvas nas regiões do Norte e Nordeste explica, em parte, a queda nas cotações em Tocantins. A alta da arroba do boi gordo (16,5@) em setembro superou o aumento mensal dos preços dos animais de reposição, o que resultou em uma ligeira melhora do poder de compra do pecuarista na comparação com agosto. Em setembro, o boi gordo subiu 3,7% na praça de Goiás, enquanto a cotação do garrote anelorado teve valorização de 3,2% no mesmo período de comparação, de acordo com a Scot Consultoria. Sendo assim, em setembro último, com o valor médio da venda de um boi gordo de 16,5@ em Goiás, era possível comprar 1,85 bezerro desmamado (6@) em Goiás, um pouco acima da relação de troca vista em agosto para essa mesma categoria (1,82 bezerro). n
nnn
nnn
nnn
nnn
Preço médio do bezerro desmamado (6@) no Mato Grosso do Sul, em setembro; aumento de 4% na comparação com agosto
Valor médio do boi magro (12@) na praça de Goiás, no mês passado, elevação mensal de 4%
Cotação média do garrote (9,5@) no Mato Grosso, em setembro; valor praticamente estável na comparação com agosto
Preço médio em setembro da novilha, na praça paulista; queda de 2,6% em relação ao mês anterior
R$ 1.279
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30 DBO outubro 2015
R$ 1.902
nnn
R$ 1.503
nnn
R$ 1.273
nnn
Fora da Porteira
Rogério Goulart
É bom perceber que o mercado funciona Administrador de empresas, pecuarista e editor do informativo semanal “Carta Pecuária”, de Dourados, MS.
nnn Uma hora o mercado de reposição teria de se confrontar com a
realidade de uma queda geral de preços. nnn
H
Boi Gordo X Bezerro Boi Gordo
Bezerro
Boi Gordo
-5% -10% -15% -20% Mai/15
Jun/15
Jul/15
Ago/15
Set/15
0% -1% -2% -3% -4% -5% -6% -7% -8% -9% Abr/15
Mai/15
Jun/15
Obs.: Variação em % do pico até 23/set. Fonte: Carta Pecuária, com dados de Esalq/BVMF/IEA
32 DBO outubro 2015
Desuniforme Mas os preços não caíram da mesma forma para todos. Por isso, a meu ver, o destaque para o momento não está na queda dos preços do boi gordo e sim na variação dos preços da reposição. Veja, por gentileza, os três gráficos que estão no pé da página. Eles mostram, da esquerda para a direita, as quedas nos preços do boi gordo em relação aos preços do bezerro, do garrote e do boi magro. Repare que o boi gordo está em queda desde o seu pico. A reposição de um modo geral caiu mais ainda. Levando-se em conta os preços por cabeça, o bezerro cedeu forte em agosto e agora a queda em relação ao pico está até mais forte do que a do boi gordo. Em seguida, foi a vez de o garrote cair e, por último, o boi magro. Essa queda aí significa algo entre R$ 200 e R$ 300. Obviamente, não foi uniforme no Brasil inteiro, mas acho que o leitor deve ter percebido que na região dele o mercado deu uma esfriada. Então, o que fazer? É um momento propício para a compra de reposição? Para mim, serve para dar uma respirada; é uma janela de oportunidade para compra, que há tempos estava fechada. “Dá pra comprar?”, o leitor perguntará. Claro. Desde que os valores dos lotes a serem negociados estejam baixos, como os sugeridos aqui. Não adianta nada ir atrás de boi magro de R$ 2.200. Preço como esse, por incrível que pareça, ainda existe, mas não se justifica. Pelo menos com o preço da arroba do boi gordo nos níveis atuais, que fique bem claro. Se a arroba do boi gordo subir, talvez possa fazer sentido. De qualquer forma, demorou, mas é bom perceber que o mercado funciona. n
Boi Gordo X Garrote
0%
-25% Abr/15
todo esfriou, o teto cedeu e os preços de toda a estrutura da pecuária caíram.
oje vamos falar do mercado de reposição de machos. O sujeito que estiver pensando em fazer isso pode estar um pouco confuso com a história toda. Afinal, até pouco tempo atrás a reposição estava cara e, de uma hora para outra, a coisa caiu. O que fazer aqui? Bom, para dar uma resposta, caro leitor, temos que contextualizar o que está acontecendo com os preços no curto prazo. Peguemos a arroba do boi gordo. Sabemos que ela cravou o pico de preço em meados de abril, ao redor de R$ 150, preços paulistas. Enquanto escrevia estas linhas, no final de setembro, ela valia R$ 144, na mesma praça, queda de 4%, então. Acontece que o boi começou a cair e demorou um tempo até que o bezerro, o garrote e o boi magro acreditassem, por assim dizer, nessa queda. O fato era que o invernista, o sujeito que engorda o tal do boi, já estava de mau humor pagando os preços vigentes no início do ano. Quando o preço começou a cair, a partir de abril, aí é que ele se zangou de vez. Parou as compras. Em função disso, o mercado travou até junho, com poucos negócios fechados no período. A principal razão era a falta de perspectiva com o futuro da pecuária. Quem é que fica animado com boi gordo caindo e reposição cara? A impressão é que o pessimismo da economia geral contaminou o invernista. Ele preferiu ficar esperando para ver no que iria dar. Mesmo assim, caro leitor, é impressionante como as coisas uma hora se alinham. E começou a cair a ficha para o mercado de reposição. Claro, o sentimento ainda era de alta. Afinal de contas, os preços não eram recordes até recentemente? Por isso, o início da queda foi recebido com um certo desdém. Mas uma hora esse mercado teria que ter um ajuste de contas e confrontar a realidade, que era a seguinte: a “coisa” como um
Boi Gordo X Boi Magro
Garrote
Jul/15
Ago/15
Boi Gordo
Set/15
0% -1% -2% -3% -4% -5% -6% -7% -8% -9% Abr/15
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Boi Magro
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Set/15
Eventos
Boa distância da crise
dido força nos últimos meses, reflexo de problemas originados na economia (descapitalizados, os consumidores migraram para outras proteínas, principalmente para o frango, produto com menor preço no varejo), Neto traçou um quadro otimista para o boi gordo, que registrou uma alta real (já descontada a inflação) de 48% no período de janeiro de 2013 a setembro de 2015, em São Paulo. “O boi se manterá em patamares elevados até o fim de 2015 e também ao longo de 2016”, prevê.
fotos: Equipe Scot
Com animais valorizados, pecuaristas de corte devem investir em tecnologias, pregam analistas no evento da Scot Consultoria.
Denis Cardoso,
P
de Ribeirão Preto, SP. denis@revistadbo.com.br
essimismo e incertezas gerados pela atual recessão da economia brasileira passam ao largo da atividade pecuária. Foi a sensação que se teve durante o “Encontro dos Encontros”, realizado pela Scot Consultoria, de Bebedouro, entre os dias 28 de setembro e 2 de outubro, na vizinha Ribeirão Preto, região norte de São Paulo. A começar pela quantidade de público – 1.100 pessoas, quase três vezes mais do que no ano passado –, que lotou as dependências do Ribeirão Shopping, para acompanhar a programação de palestras e debates, ocorridos quase que simultaneamente em três blocos distintos – “Adubação de Pastagens”, “Criadores” e “Pecuária Leiteira”. “Com mais dinheiro no bolso, cresce o interesse do pecuarista em investir em tecnologias”, afirma Alcides Torres Júnior, o “Scot, diretor da consultoria paulista, fazendo referência ao bom momento vivido pela pecuária de corte, que, nos últimos tempos, tem sido marcada pela valorização de todas as categorias de animais, inclusive com recorde de preços. Essa fase de bonança foi assunto da primeira palestra do bloco “Adubação de Pastagens”, ministrada pelo veterinário Hyberville Neto, analista mercado da Scot. Embora a demanda interna pela carne bovina tenha per-
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Escassez continua Segundo o analista, apesar da queda de consumo de carne bovina, a menor oferta de boiadas continuará ditando as regras no mercado do boi neste e no próximo ano. “O quadro de escassez de animais tem sido o principal responsável pela valorização na arroba do boi gordo”, avalia Neto, que, porém, chamou a atenção da plateia do evento para a retomada do movimento de retenção de fêmeas nas fazendas, reflexo da forte valorização de preço dos animais de reposição, sobretudo do bezerro. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a participação de fêmeas nos abates gerais de bovinos está diminuindo. No primeiro trimestre deste ano ela representou 44% do total, ante 47% dos primeiros três meses de 2014. Já no segundo trimestre, representou 42% ante 44,3% do segundo trimestre de 2014. Esses números consideram vacas e novilhas. No entanto, diz o analista da Scot, o movimento de retenção de matrizes só influenciará positivamente a oferta de animais desmamados a partir de 2017. “Para 2016, ainda deveremos sentir os efeitos do descarte maior de vacas que começou a ocorrer em 2011”, pondera. Ainda em relação ao mercado pecuário, outro analista da Scot, o zootecnista Gustavo Aguiar, responsável pela palestra “Qual é o limite da escalada de preços do bezerro para este ciclo” (realizada no dia 30, durante o bloco “Criadores”), ressaltou a disparada no preço do bezerro, que atingiu, em termos reais, a cotação mais alta desde o início do Plano Real. Bezerro super valorizado Utilizando o mesmo período apresentado por seu colega Hyberville (janeiro de 2013 a setembro de 2015), Aguiar mostrou que o valor real do bezerro desmamado (6@) subiu 34 pontos percentuais mais do que o boi gordo, ou seja, 82%, na mesma praça de São Paulo. “Nesse intervalo de cerca de 2,5 anos, o bezerro subiu duas vezes mais do que o boi”, compara Aguiar. Justamente por causa dessa alta expressiva, o valor do bezerro, acredita o analista, chegou ao seu pico de preço (ou está bem próximo dele) para este ciclo pecuário. Por isso, diz ele, mesmo que a tendência seja de estabilidade de preços no curto (próximos meses do ano) e médio (2016) prazos – por causa da oferta restritas de animais –, é bom ficar atento para as boas oportunidades de negócios.
Público de mais de 1.000 pessoas lotou salas do Ribeirão Shopping
Ele recomenda a venda do bezerro desmamado o quanto antes (ou no máximo até a próxima fase de desmama, a partir de maio de 2016), para aproveitar essa boa fase do mercado. “Não vale a pena correr o risco de segurar o animal na fazenda; é preciso realizar o lucro”, alerta Aguiar, acrescentando que a virada do ciclo pecuário (da fase de alta de preços para a de baixa) deve ocorrer em 2017. Manejo e tecnologia O evento de Ribeirão Preto também abriu espaço para palestras técnicas sobre o uso intensivo de fertilizantes (nitrogenado e fosfatado), bem como questões
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sobre o mercado de adubos, manejo do pasto e tecnologia de aplicação, além de apresentar casos de sucesso em fazendas de gado de corte do País. Para isso, foram convidados representantes renomados dessa área, como os professores Moacyr Corsi (Esalq/USP) e Adilson Aguiar (Consupec/Fazu), que apresentaram as palestras Manejo de Adubação de Pastagens; como intensificar a produção” e “Pastagem Intensiva x Arrendamento, Qual é mais rentável?”, respectivamente. No mesmo bloco, destaque para os temas “Manejo e Recuperação de Pastagens em Solos do Cerrado”, abordado pelo consultor Vlamir Leggieri, da Burgi Consultoria, e “Comprar uma Fazenda Nova ou Dobrar a Produção na Mesma Area”, palestra de Carlos Alberto Ohara, da Via Verde Consultoria. No último dia de palestras, foram discutidos assuntos bastante variados, como gestão, intensificação da cria, melhoramento genético, suplementação de bezerros, tendo como participantes os professores Iveraldo Dutra (Unesp Araçatuba), Pietro Baruselli (FMVZ-USP), Sergio De Zen (Esalq/USP), José Bendo Stermann Ferraz (FZEA/USP) e Otávio Rodrigues Machado Neto (Unesp Botucatu), entre outros especialistas. O encontro prosseguiu no dia 2 de outubro, com visita opcional à Fazenda Nata da Serra, em Serra Negra, SP, que produz leite orgânico. n
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(INAUGURAÇÃO EM OUTUBRO)
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Cadeia em pauta
Hamburguerias aquecem mercado de carne de qualidade Edgar Pera
Avanço das casas especializadas puxa demanda de animais jovens e cortes nobres
Cortes nobres são matéria-prima que valorizam o hambúrguer gourmet
Mônica Costa
O
monica@revistadbo.com.br
hambúrguer caiu nas graças de renomados chefs de cozinha e no gosto de um público jovem e mais exigente. Agora é um alimento gourmet – expressão de origem francesa que define uma culinária mais refinada. Pode ser servido no prato, com molhos e acompanhamentos diversos. A febre das hamburguerias é um fenômeno que surgiu há cerca de dez anos. Levantamento feito pela Consultoria Instituto Gastronomia mostrou que entre 2004 e 2014, o número de casas especializadas em hambúrgueres saltou de 50 para 287 apenas em São Paulo, crescimento de 575%.
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“É um segmento muito poderoso que deve manter o ritmo forte de crescimento registrado nos últimos dez anos”, prevê Enzo Donna, diretor da ECD, consultoria paulista especializada em food service. Levantamento feito pela empresa em parceria com a Associação Brasileira de Franchising (ABF) indica que as redes de comidas rápidas, que têm o hambúrguer como principal produto, faturaram R$ 11,2 bilhões em 2013. A participação das casas que trabalham com produto gourmet ainda é pequena neste universo, mas a tendência é que continuem a se multiplicar em ritmo forte nos próximos cinco anos. Apenas em 2014, cresceu 11% no Brasil, enquanto as redes de fast food tradicionais avançaram apenas 3% no mesmo ano. A expansão das hamburguerias goumet está ocorrendo via franquias. O toque de requinte desses hambúrgueres está nas características da carne bovina usada como matéria-prima. Os cortes de animais jovens, castrados e de sangue europeu, são os preferidos para a produção de discos de carne moída que podem pesar até 350 gramas e custar mais de R$ 25,00. Segundo o engenheiro agrônomo Roberto Barcellos, especialista em carne de qualidade e dono da Beef and Veal Consultoria, de Botucatu, a 240 quilômetros da capital paulista, as hamburguerias gourmet estão se tornando a grande esperança dos programas de carne de qualidade para agregar valor ao boi superior. Segundo ele, normalmente em um programa de carne de qualidade se consegue agregar valor a no máximo 30% de um boi. “ Os outros 70% do boi de qualidade ainda não têm liquidez e são vendidos sem valor agregado, como c ommodity, mesmo atendendo as exigências de qualidade superior (cor, maciez, suculência e palatabilidade)”, diz. Brasil De acordo com Marco Túlio Leite, gerente nacional de vendas da Elasa Elo Alimenta S/A, a demanda nacional por hambúrguer gourmet tem registrado um crescimento médio de 10% ao ano desde 2010. De sua produção de 1.300 toneladas de hambúrgueres, 80% é goumet. “Este é o nosso principal filão de mercado”, diz o executivo da empresa, que produz hambúrgueres há 35 anos, em
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Edgar Pera
Cadeia em pauta
Fim da hegemonia do catchup e da mostarda. Carne, agora, é servida com diversos acompanhamentos.
Hamburguerias devem se multiplicar nos próximos anos” Enzo Donna, diretor da consultoria ECD.
Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, MG. “O principal apelo deste segmento é a garantia de carnes de qualidade, sem conservantes e com temperos sem química”, afirma. Na fábrica, são utilizados recortes de carnes destinadas ao mercado externo, como acém ou patinho de Angus, ou recortes do traseiro de bovinos da raça nelore. “A carne de Angus é mais marmorizada, com a gordura entremeada, por isso é usada para os hambúrgueres com menor teor de gordura. Já os recortes de Nelore são adquiridos de peças que tenham 80% de carne e 20% de gordura que é a medida exata para fazer a maioria dos hambúrgueres solicitados pelas casas especializadas”, diz o gerente. “Não utilizamos carne de sangria, mecanicamente separada (CMS), miúdos e nem subproduto”, completa. Para garantir a qualidade, a empresa usa um laboratório interno para checar se não há injeção de água ou contaminantes na carne e se o teor de gordura está fora dos padrões (mais ou menos que 20%). Se adequados, os cortes são moídos em discos maiores para ficarem “pedaçudos”. “O disco número cinco deixa a carne mais granulada; o dois é para a carne moída mais fininha”, explica Marco Tulio. Uma cozinha experimental avalia a qualidade do produto acabado, fritando, grelhando e
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assando. “ Os lotes só são liberados se o hambúrguer mantiver as características de sabor, textura e aroma”, afirma. Ao ponto A percepção do gosto da carne ao saborear um hambúrguer faz toda a diferença. É o que diz o chef de cozinha István Wessel, dono da grife de carnes Wessel. Ele explica que a qualidade da carne bovina é fundamental para produzir um hambúrguer cuja textura valorize a matéria prima. “Produzimos hambúrgueres sem temperos nem conservantes, apenas com carne e gordura, desde 1992”, diz. A oferta de hambúrgueres feitos 100% com carne bovina de qualidade reduziu o receio dos clientes em pedir hambúrguer ao ponto e poder sentir o gosto da carne, segundo Wessel. Na produção, ele trabalha apenas com peito e acém de carne de Angus proveniente do sul do Brasil e picanha e fraldinha de Nelore produzidos em São Paulo e no Mato Grosso do Sul. Segundo ele, um quilo destes cortes, que seriam vendidos por R$ 15,00 em media no varejo, alcançam até R$ 25,00 como hambúrguer. Os hambúrgueres são feitos a partir de blends (misturas) com porções de cortes diferentes para alcançar o sabor e textura desejados pelos clientes. “A granulação permite a percepção da textura da carne”, explica o chef de cozinha que inaugurou
A evolução do hambúrguer Mudança da matéria-prima altera a forma de preparo e os preços do produto Gourmet Cortes específicos Cortes
do traseiro e do dianteiro de acordo com o blend
Todos os cortes
20%
20% a 23%
Teor de gordura
5 ou 6 milímetros Granulagem
Compactação
Peso Preço médio
Fast Food
Em cortes nobres não há risco de nervos ou ossos misturados à carne moída
do dianteiro
3 milímetros Moagem mais fina para reter ossos ou nervos
Intensa
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200g a 350 g
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Fonte: Wessel . Adaptação DBO
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Cadeia em pauta
Acompanhamos todos parâmetros de qualidade da carne usada em nossos produtos” Cláudia Malaguerra, administradora da h3 Hamburgology
Mudamos o conceito de que hambúrguer é feito de carne que sobra” Antônio Miranda, diretor da VPJ Alimentos
em 2005 a Prime Burger, primeira casa especializada de São Paulo e responsável pela popularização do “hamburgueria” no Brasil. Wessel abriu mão do negócio em 2007 e desde então fornece, mensalmente, cerca de 100 toneladas da iguaria para mais de 100 hamburguerias no País. O produto já responde por mais de 30% do volume de produção da empresa. A meta para o próximo ano é aumentar pelo menos 10 p.p. “ Os produtos moídos serão 50% dos negócios e o hambúrguer será o carro chefe”, informa Wessel. A empresa é a fornecedora exclusiva do grupo português h3 New Hamburgology, que chegou ao Brasil em 2011 e já conta com 16 unidades. “A Wessel conseguiu replicar a mesma receita utilizada em Portugal e isso é importante porque queremos servir exatamente os mesmos hambúrgueres em todas as lojas do grupo”, afirma Cláudia Malaguerra, administradora da rede no Brasil. Ela vende, em média, 17 toneladas de hambúrgueres de fraldinha, que são cortes que comumente já possuem 20% da gordura necessária para dar o ponto no produto. Na h3, os hambúrgueres são servidos no prato ou no pão, com diversos acompanhamentos, como feijão preto e ovo, o mais brasileiro, ao molho de champignon ou fondue de queijo cheddar. O hambúrguer chega in natura nas lojas, onde são temperados e grelhados, conforme pedido de cada cliente. Como não recebe conservantes, não é indicado que seja embalado para ser consumido posteriormente. Mudança de conceito A Burger Lab, outra rede de hamburgueria gourmet, destaca em seu material publicitário a qualidade da carne dos seus produto e a garantia de que é certificada Angus. “Aqui o cliente é o chef e decide como será o seu sanduíche, que pode ser bem ou mal passado e com uma ampla gama de acompanhamentos. Isso só é possível porque trabalhamos com ingredientes produzidos artesanalmente e um hambúrguer de qualidade inconstestável”, afirma Carlos Baisch, diretor de operações da rede que opera em 14 pontos de venda em São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina desde 2012. Todos os meses são vendidas uma tonelada de hambúrgueres, com peso que vão de 200g a 320g. A matéria prima é fornecida pela VPJ Alimentos, de Pirassununga, a 220 km de São Paulo. “Pesquisamos sobre a qualidade da carne Angus e concluímos que esta matéria-prima poderia assegurar o sucesso do negócio. Ela dá sabor e a suculência e até se destaca quando misturada a outros itens”, diz Baisch. Para Antônio Augusto Rodrigues Miranda, di-
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Na produção dos discos de carne, valorização com recortes de cortes nobres.
retor comercial da VPJ Alimentos, produzir hambúrguer de carne certificada foi uma mudança de paradigmas. “Acabamos com a ideia de que hambúrguer no Brasil era sinônimo de carne que sobrava”, diz. A empresa investe neste segmento desde sua fundação, em 2007 e hoje vende mensalmente 100 toneladas do produto para mais de 100 hamburguerias no Brasil. Os produtos são oriundos de vários cortes conhecidos do mercado como coxão mole, costela, patinho, fraldinha, alcatra, picanha e até filet mignon. “Com os hambúrgueres conseguimos agregar até 40% em alguns cortes”, a firma. Um exemplo é picanha. “A nossa peça de picanha para churrasco tem 1 quilo. O que sobra – meio quilo – vira hambúrguer”, diz o diretor da VPJ. Segundo Miranda, a estratégia viabilizou o projeto e a empresa foi apontada pela Associação Brasileira de Angus (ABA) como o frigorífico que melhor aproveita o boi. Hoje os hambúrgueres gourmet já representam cerca de 30% dos negócios da VPJ, mas o objetivo, segundo o executivo, é que respondam por 50% da receita até 2016. “Das 500 toneladas de carne bovina que pretendemos vender por mês, 250 toneladas serão para hambúrgueres”, afirma. O projeto prevê que apenas os cortes da área lombar (contrafilé e filé mignon), traseiro (alcatra, picanha e maminha) e cortes nobres do dianteiro, como o shoulder rib (retirado do acém), rib, prime rib e short rib (da costela) sejam comercializados para churrasco. “O resto vamos moer”, afirma. n
Cadeia em Pauta
Abatedouro sobre rodas lucas scherer
Inédito frigorífico móvel desenvolvido pela Embrapa serve para produzir carne fora da clandestinidade
Ariosto Mesquita,
I
de Campo Grande, MS
magine um caminhão estacionando a cada semana em uma pequena cidade, pronto para fazer o abate legalizado de suínos, bovinos e outros ruminantes, cumprindo todas as exigências relativas à sanidade. A ideia, pensada por pesquisadores da Embrapa, se tornou realidade e virou um pequeno frigorífico móvel, com autorização para funcionar em dois Estados: Santa Catarina e Bahia. Em Santa Catarina, para abater suínos. Na Bahia, para ruminantes, principalmente bovinos – embora também esteja adaptado para suínos. É um equipamento que segue as mesmas regras de um abatedouro convencional. Só que é móvel. Na Bahia, a validação da estrutura foi concedida pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Adab), que aprovou proposta apresentada pela Engmaq Equipamentos, de Peritiba, SC, empresa parceira na construção do abatedouro móvel, idealizado pela Embrapa. A ideia, na Bahia, é atender a pequenas demandas de abate de bovinos, contribuindo para reduzir a oferta de carne produzida sem inspeção sanitária. No Estado, abates clandestinos são problema sério, embora os números sejam desencontrados. Levantamento de 2010 da própria Adab, por exemplo, mostrava que 2,014 milhões de cabeças de gado estavam no ponto de abate na Bahia naquele ano. No entanto, a agência contabilizou apenas 1,011 milhão de bovinos abatidos em estabelecimentos inspecionados, número que representava 51,4% dos animais terminados. Já em 2011, o Ministério Público da Bahia calculava que o abate clandestino era responsável por 45% da carne consumida no Estado. No ano seguinte, infor-
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mações atribuídas ao Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) indicavam que a carne produzida sem fiscalização no Estado correspondia a 10,6% do total. “Não temos, de fato, nenhuma estimativa concreta sobre volume ou índices de abate clandestino na Bahia”, diz o coordenador de Inspeção de Produtos de Origem Agropecuária da Adab, José Oliveira Cardeal Ramos. “Contabilizamos somente as apreensões de carne de origem ilegal, feitas a partir de fiscalizações e denúncias.” De todo modo, o abate clandestino é uma realidade não só na Bahia e o equipamento idealizado pela Embrapa e construído pela Engmaq vem contribuir para reduzir o problema. Segundo Gerson Pilatti, diretor da empresa, até o final de setembro, já haviam sido visitados 16 municípios no Estado - um deles, São Francisco do Conde, na região metropolitana de Salvador, o mais adiantado no processo de aquisição do equipamento. Ele explica que o abatedouro móvel é destinado prioritariamente a prefeituras e governos estaduais, embora nada impeça que alguém da iniciativa privada se interesse pelo negócio. “Estamos aguardando a liberação de uma linha de crédito do BNDES Finame, dentro do programa Mais Alimentos, voltado para produtores familiares, para financiamento do equipamento”, acrescenta. Como funciona Em suas versões original, para suínos, e adaptada, para bovinos e pequenos ruminantes, o abatedouro móvel funciona dentro de um contêiner, de 6 a 12 metros de comprimento. Ele é instalado sobre a estrutura de um semirreboque e tracionado por caminhão tipo cavalo rebocador. O comprimento varia porque ele pode funcionar agregando o abatedouro propriamente dito e uma câmara fria. Estrategicamente, no entanto, é recomendado que cada localidade tenha a sua própria câmara fria, assim como toda a estrutura de apoio (terreno cercado, água potável, energia trifásica, curral de espera, vestiários, destinadores de dejetos e resíduos, sala do fiscal sanitário, vestiários, manutenção e almoxarifado e banheiros). “A empresa parceira já oferece este kit completo, com 11 módulos, para o município, cooperativa ou empresa que se interessa”, explica o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Élsio Figueiredo. Todo o trabalho deve obedecer às normas federais e estaduais fiscais e de sanidade para que a carne receba o carimbo de inspeção, seja ele municipal ou estadual (o abatedouro ainda não pode operar com sistema de inspeção federal). O mais indicado pela Embrapa e pela Engmaq é que o caminhão estacione em um determinado ponto, onde
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Cadeia em Pauta
lucas scherer
O abatedouro móvel visto por dentro
onde está o quê 1
3 2
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1 Insensibilização e mesa de sangria de escaldagem e depiladeira 2 Tanque
5 5
3 Nória 4 Pia de higienização 5 Linha de evisceração e lavagem final das carcaças
engmaq
6 Acesso à câmara fria e expedição
esteja toda a estrutura fixa de apoio, e lá permaneça o tempo determinado para o abate, partindo, em seguida, para o próximo ponto. Enquanto isso, a mão de obra contratada permanece trabalhando nos cortes das carcaças (acondicionadas em câmaras frias fixas) e no processamento da carne até a volta da carreta, que assim cumpre uma agenda periódica de atendimento. Na adaptação para bovinos, a primeira mudança exigida foi com relação à altura do abatedouro móvel. Em função do tamanho dos animais e para que as carcaças pudessem ficar expostas no gancho, o pé-direito (distância do piso ao trilho) foi elevado de 2,8 metros (versão suínos) para 5,25 metros. Para isso, foi necessário sobrepor dois contêineres, que, encaixados, se movem para cima e para baixo. “Quando houver abate de bovinos, aciona-se um sistema hidráulico de elevação de um dos contêineres, enquanto o outro permanece no mesmo nível”, diz Figueiredo. Pilatti, da Engmaq, conta que a empresa também fez algumas adaptações para abater bovinos: “Instalamos uma plataforma lateral para que o operador também ganhe altura. Também modificamos a disposição de aparelhos como depiladeira, tanque de escaldagem e mesa de sangria, todos próprios para suínos.” “A capacidade para o abate de bovinos em uma unidade varia entre 40 e 50 cabeças/dia, considerando oito horas de trabalho e contando com até oito pessoas na atividade, incluindo o fiscal sanitário”, diz Pilatti. O custo varia conforme a necessidade do interessado, que pode adquirir tanto a estrutura móvel quanto os módulos fixos em parte ou na totalidade. Quanto ao fiscal sanitário, a Engmaq sugere que, como deve ser o município o adquirente da estrutura, ele contrate este profissional. “Considerando apenas a unidade de abatedouro adaptado para bovinos que foi aprovado para uso na 46 DBO outubro 2015
Bahia, o custo de aquisição é de R$ 550.000, incluindo a carreta, sem o cavalo de tração. A câmara fria de 6 metros de comprimento custa R$ 96.000 e a de 12 metros, R$ 132.000”, informa. Além da Embrapa e da Engmaq, o projeto dos abatedouros móveis também tem a participação da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e apoio do Ministério da Agricultura, além da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc). Como surgiu Foram necessários 23 anos até que um laboratório móvel para abate de animais deixasse o papel. “Comecei a pensar nisso em 1991 e lidero este projeto até os dias atuais. Vejo como uma solução bastante viável para reduzir o abate e processamento clandestino de carne no Brasil. Temos hoje no País em torno de 4.500 municípios que ainda não possuem estruturas autorizadas para abate de suínos e bovinos”, diz Élsio Figueiredo, da Embrapa Suínos e Aves. Isso significa que apenas 1.070 municípios brasileiros (19% do total de 5.570, segundo o IBGE) possuem abatedouros e frigoríficos inspecionados. Em 2012 foi firmado um contrato de cooperação técnica público/privada com a Engmaq, que ficou responsável pela fabricação e comercialização da estrutura, mediante o pagamento de royalties à Embrapa. Figueiredo conta que finalmente, em dezembro de 2014, foi validada e homologada a permissão de utilização da estrutura (unidade básica, só para abate de suínos) com inspeção estadual e municipal dentro de Santa Catarina. “E agora temos a Bahia como segundo Estado a validar a utilização, mas de forma mais ampla, aprovando a estrutura móvel para abate de suínos, bovinos, caprinos e ovinos”, observa. n
Cadeia em Pauta
Convênio para Tocantins ter mais carne legal
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governo do Tocantins vai investir R$ 1,7 bilhão na construção de 16 matadouros frigoríficos de pequeno porte para combater os casos de abate clandestino no Estado. O recurso é proveniente de um convênio firmado entre o governo e o Banco Mundial para a execução do Programa de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável (PDRIS). De acordo com Arlete Mascarenhas, superintendente de Planejamento e Políticas para a Pecuária da Secretaria de Agricultura e Pecuária do Tocantins (Seagro/TO), cada planta terá capacidade para abater até 50 animais por dia e, além da área de abate, poderão contar com salas de desossa e câmaras frias, de acordo com o tamanho e a estrutura do município. “Atualmente, 80% dos municípios tocantinenses não possuem matadouros ou frigoríficos e o abate é feito clandestinamente, em condições precárias, oferecendo riscos à saúde da população”, afirma. A avaliação dos projetos deverá ser concluída até janeiro de 2016, quando terão início a construção das plantas que deverão entrar em funcionamento até o segundo semestre do ano. Para sediar uma planta, as prefeituras devem ter aprovação, pela Câmara Municipal, da legislação sobre o Serviço de Inspeção Municipal (SIM) e dispor de pelo menos três áreas que atendam aos critérios de viabilidade de implantação dos matadouros, como normas ambientais e aspectos de logística. Treze municípios já estão habilitados para receber as plantas: Ananás, Araguaçu, Arapoema, Campos Lindos, Colmeia, Dianópolis, Mateiros, Novo Acordo, Paranã, Pindorama, São Valério, Sítio Novo e Wanderlândia. Outras três cidades ainda precisam comprovar que estão habilitadas. Segundo o IBGE, em 2014 foram abatidos 360.000 bovinos no Estado. Levantamento feito pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em em Economia Aplicada) da Esalq/USP, em 2012, estimou que o número de bovinos abatidos sem nenhuma fiscalização representam 10% do total do rebanho estadual. n
48 DBO outubro 2015
Recuo nos abates do MT O abate de bovinos no Mato Grosso recuou 29% em agosto em relação a julho deste ano, apontou o Indea. Trata-se do menor volume nos últimos seis anos, de 276.000 cabeças. Para o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o motivo é a retenção maior de animais. A análise leva em conta o abate de fêmeas, que representou apenas 37% do total. Com a proximidade do período de monta, esse movimento se torna natural, principalmente com os bons preços do gado de reposição. “Independentemente do sistema de produção, este agitado ano na bovinocultura de corte do Estado merece atenção em todos os elos, a fim de alcançar um objetivo comum, a melhor lucratividade possível”, afirmou, em nota, o Imea.
Marfrig volta a funcionar em Chupinguaia A Marfrig retomou em 15 de setembro os abates na unidade de Chupinguaia, Rondônia. Em nota, a companhia afirmou que vem realizando contratações, embora não tenha revelado quantas, e que as suas operações foram reiniciadas na primeira semana de setembro. A decisão foi tomada com o fim do arrendamento da unidade de Rolim de Moura do frigorífico Margen, em vigor desde 2009, para que a empresa mantenha atividades no Estado. Os abates no local haviam sido encerrados em 3 de agosto, por causa da pouca disponibilidade de matéria-prima na região e de ociosidade da planta.
Cadeia em pauta
Carne rastreada em SC
A
Medida será diferencial para os supermercados” Antônio Poletini, diretor executivo Acats
Associação Catarinense de Supermercados (Acats) vai incluir a carne bovina no projeto de rastreabilidade “Alimento Sustentável” até o primeiro semestre de 2016. O objetivo é que toda a carne bovina vendida pelos 750 supermercados associados tragam informações sobre a fazenda, o sexo, a idade e a raça do gado que deu origem ao corte escolhido pelo consumidor. O sistema foi adotado em 2011 com o rastreamento do segmento de Frutas, Legumes e Verduras (FLV), cuja rede de fornecedores é bastante pulverizada. “Desde o início, em 2011 já são mais de 270 lojas trabalhando com a identificação de 80% dos produtos da linha de hortifrútis vendidos nas lojas”, afirma Antônio Carlos Poletini, diretor executivo da Acats. A identificação das peças de carne bovina na gôndola será mais fácil porque desde 2008 100% do rebanho bovino e bubalino do Estado é rastreado. Toda carne bovina proveniente de outros Estados será adquirida apenas de frigoríficos que já trabalhem com sistema de rastreabilidade. Para o zootecnista Giampaolo Buso, sócio da Paripassu, consultoria responsável pela instalação do sistema nas lojas associadas à Acats, esta situação reduz a rejeição de indústrias e supermercados ao processo. “As informações já estão disponíveis para os frigoríficos, basta fazer a integração automática com o sistema que vamos implantar nos supermercados para que cheguem até o c onsumidor final”, diz . Todos os dados que já estão no brinco do animal abatido serão transferidos eletronicamente em tempo real da indústria para os supermercados no mesmo momento em que as peças forem transportadas para as lojas. Ali, funcionários que já estão recebendo treinamento vão incluir essas informações em selos bidimensionais com códigos de barra alfanuméricos que vão permitir que o consumidor acesse, via internet, um banco de dados que mostra o caminho percorrido pelo produto, da fazenda à gôndola do supermercado. As peças fracionadas poderão sair com o selo 2D dos frigoríficos e aqueles que ainda não dispõem de sistema informatizado poderão adotar o sistema que será implantado nos supermercados. A adesão é voluntária, mas, para Poletini, a medida deverá ser adotada por grande parte dos associados porque aumenta a credibilidade e o prestígio das redes varejistas. “O consumidor preza pela transparência nas informações e o empresário que incorporar o sistema de rastreabilidade poderá ter a estratégia como diferencial”, diz. Estima-se que os supermercados filiados à Acats sejam responsáveis
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por 70% da carne bovina vendida em Santa Catarina. Dados apontam que 55% da população de SC tem preferência pela carne bovina, o que obriga o Estado, que não é autossuficiente na p rodução, a importar de outros Estados. Após a inclusão da carne bovina, as de suíno e frango também serão inseridas no projeto. n
Taeq ganha espaço
O
s cortes de carne Taeq, marca premium do Grupo Pão de Açúcar (GPA), já estão em 437 das 615 lojas da rede no Brasil. Ficaram de fora apenas os minimercados. “Neste ano, devemos vender 4.800 toneladas de carne bovina com o selo, um aumento de 18,75% em relação ao ano passado, quando vendemos 3.900 toneladas”, afirma André Artin Machado, zootecnista e consultor técnico de carnes do grupo. A marca está disponível também nas unidades que não têm açougues, graças ao lançamento de uma linha de cortes embalados sob atmosfera modificada, tecnologia que pode conservar a carne bovina porcionada pelo prazo de máximo de até 35 dias, multiplicando as possibilidades de estocagem, distribuição e transporte do produto. “A atmosfera modificada é muito comum na Europa e nos Estados Unidos para ampliar o tempo de conservação dos alimentos, mas ainda é pouco usada no Brasil, especialmente no mercado de carnes”, explica Machado. A estratégia, adotada pelo Pão de Açúcar desde 2013 segue uma tendência do varejo de se aproximar mais do cliente e está rendendo bons resultados. A marca Taeq, que é abastecida exclusivamente por animais cruzados de Nelore com a raça espanhola Rubia Gallega, tem oito anos de existência e deverá registrar o abate de 30.000 cabeças em 2015, ante 4.000 em 2007, ano de lançamento do programa. n
Capítulo Esta é a oitava edição do Projeto Portas Abertas, um canal criado por DBO para comunicação entre a indústria e os pecuaristas. Você pergunta, nós respondemos.
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Maristela Franco | maristela@revistadbo.com.br
Por que não há padrão de acabamento no Brasil A pergunta foi feita por Leonardo Moura, do Grupo 3G Agropecuária, que possui fazendas em Iporá e região, no Estado de Goiás, dedicando-se ao ciclo completo.
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Maristela Franco
produtor goiano relatou à DBO por todas as indústrias, cada empresa faz se popularizou. São eles: 1 (cobertura augrande variação nas exigências suas próprias regras. Sendo assim, é na- sente), 2 (escassa - 1 a 3 mm), 3 (mediana - 3 a 6 mm), 4 (uniforme - 6 a 10 mm) dos frigoríficos quanto ao acabamen- tural que ocorram variações. e 5 (excessiva - mais de 10 mm). Alguns to de carcaças. Alguns, segundo ele, dão pouca importância a essa caracte- Referência – A maioria dos frigorífi- frigoríficos, como o JBS, desdobram os rística e recebem animais com gordu- cos, contudo, adota como referência os níveis de gordura escassa e mediana em ra ausente ou escassa sem reclamar, níveis de acabamento estabelecidos pelo três (-2; 2 e +2; -3; 3 e +3), para tornar a se preocupando apenas com o peso. sistema de tipificação B-R-A-S-I-L, cria- classificação mais precisa. “Como a espessura da gordura é meOutros já penalizam animais magros. do em 1989 para definição de um padrão Moura gostaria de saber por que existe de bovino brasileiro para a Cota Hilton dida a olho nu e velozmente, a qualidaessa variação de conduta comercial no (os europeus escolheram comprar novi- de dessa leitura visual depende da exPaís. Também indaga se existem alter- lhos tipo B: jovens, castrados e bem aca- periência do classificador e do padrão nativas mais precisas para medição da bados). O sistema B-R-A-S-I-L nunca foi operacional estabelecido pela empresa”, gordura subcutânea, pois cada empresa obrigatório para o mercado interno, mas explica Pflanzer. Segundo ele, convenparece avaliá-la de maneira diferente. sua grade de acabamento em cinco níveis cionou-se no mercado brasileiro que as carcaças devem ter no míDBO conversou sobre nimo 3 mm de gordura subisso com o professor da Unicutânea para não sofrer dacamp (Universidade Estanos durante o processo de dual de Campinas), Sérgio resfriamento. “Acho pouBertelli Pflanzer, que é especo. A cobertura de gorducialista em qualidade de carra deveria ser grossa o sufine. Segundo ele, cada indúsciente para funcionar como tria define seu padrão ideal um cobertor protetor da de acabamento com base nas carcaça da queima pelo frio demandas dos mercados que (escurecimento da camada atende. Se exporta para a Eusuperficial dos músculos) ropa ou fornece carne para e também do chamado cold churrascarias, por exemplo, shortening (encurtamento vai querer mais gordura de das fibras), cuja principal cobertura; se abastece clienconsequência é o endurecitela menos exigente, pode mento da carne”, diz ele. mostrar-se tolerante neste quesito, pois ele não impacresfriamento – Casos de ta tanto seu negócio. Como cold shortening têm ocorrinão existe um sistema nacioNíveis de gordura de cobertura têm de ser definidos do de forma mais frequente nal de classificação de cara olho nu e velozmente. no Brasil, devido ao envio caças no País a ser seguido 52 DBO outubro 2015
JBS
Leitura de pH da carcaça no frigorífico permite segregar carne escura, dura e seca.
para abate de animais magros, com cobertura de gordura ausente ou escassa. As carcaças apresentam temperatura interna de 30 a 39 °C após o abate e precisam ser resfriadas rapidamente para se evitar perda acentuada de peso, desnaturação de proteínas e proliferação de microorganismos patogénicos e deteriorantes, além da oxigenação da mioglobina, pigmento que confere a cor vermelha viva à carne. O resfriamento é feito em câmara fria, com temperatura variando de 4°C a 0°C e demora entre 24 e 48 horas. “Ao final desse processo, a temperatura interna no centro do coxão mole, parte mais espessa da carcaça, deve ser de no máximo 7 °C”, explica o professor da Unicamp. Carcaças “gordas” perdem calor mais lentamente, o que reduz o risco de cold shortening e também de quebras maiores pelo frio, devido à desidratação. No sistema convencional de resfriamento, essa perda pode chegar a 2,5%. Uma forma de evitar isso é fazer estimulação elétrica da carcaça antes do aparecimento do rigor mortis, de forma a impedir que os sarcômeros (elemento básico das fibras musculares) encolham e a carne fique dura. Outra alternativa é reduzir a velocidade do resfriamento para que esse mesmo rigor mortis ocorra antes de a carcaça atingir 10 ºC. Trata-se, contudo, de um método caro, devido ao maior uso de energia elétrica, da redução na velocidade operacional e da maior necessidade de espaço em câ-
mara fria, daí ser usado apenas para demandas especiais. Segundo Sérgio Pflanzer, a melhor opção para evitar perdas no resfriamento continua (e continuará) sendo a produção de animais bem acabados, pois uma gordura subcutânea com espessura adequada (mediana a uniforme) não apenas protege a carcaça do frio, mas também melhora a qualidade da carne, conferindo-lhe mais sabor e suculência, o que é importante para o consumidor. Além disso, uma capa de gordura uniforme já sinaliza que a carne pode ter algum nível de marmoreio (presença de gordura intramuscular), que aparece apenas em animais já gordos. “A correlação desses dois tipos de tecidos adiposos com a maciez também é conhecida”, diz o professor. Bovinos bem acabados e castrados também apresentam menores índices de “carne escura” ou DFD (sigla em inglês para dark, firm and dry, escura, firme e seca). O fenô-
Carne escura –
meno afeta principalmente machos inteiros e é causado pelo estresse durante o embarque, transporte e manejo pré-abate. Mais inquietos e competitivos, esses animais se movimentam muito, brigam e esgotam parcial ou totalmente suas reservas de glicogênio (energia armazenada nas células dos músculos), fazendo com que o rigor mortis ocorra na primeira hora pós-abate, antes mesmo de a carcaça ser levada à câmara fria. Com isso o pH se mantém elevado (acima de 5,8) e a carne apresenta coloração escura. Esse problema preocupa cada vez mais as indústrias, porque o produto DFD é rejeitado pelo consumidor, por ter aspecto desagradável, vida de prateleira mais curta e, frequentemente, alteração de odor. Vários países importadores estabelecem padrões exigentes de pH (máximo de 5,8), que são difíceis de alcançar quando se trabalha com animais inteiros, cujas carcaças apresentam normalmente pH entre 5,9 e 6,2. Conforme verificamos, em visita à planta da JBS, em Campo Grande, MS, as carcaças são monitoradas durante todo o processo de resfriamento, por meio de medições da temperatura e do pH, justamente para garantir um produto dentro do padrão aos clientes. Pesquisas já mostraram que, se os animais forem castrados, bem alimentados e tiverem acabamento adequado de gordura apresentarão menos casos de DFD. José Luiz Medeiros, diretor executivo de Originação da JBS, lembra que o Brasil está prestes a acessar o mercado dos Estados Unidos e tem boas perspectivas em outros, ainda não acessados, onde se paga mais pela carne com valor agregado. Para isso, no entanto, será preciso que toda a cadeia produtiva se comprometa com a produção de carne de qualidade. “Precisamos trabalhar juntos com foco no consumidor”, sinaliza. n
Veja, na próxima edição, como funciona a desossa no frigorífico. Participe enviando suas perguntas para o e-mail maristela@revistadbo.com.br. Mais informações também estão disponíveis no Portal DBO.
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Alta produtividade e baixo custo Com taxa de prenhez de 90% e de desmama de 83%, fazenda gasta R$ 554 para produzir um bezerro FERNANDO YASSU
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a Fazenda Rodoserv IV, propriedade que fica no município de Caracol, quase na divisa do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, não há espaço para veleidades. Dedicando-se apenas à cria, não aduba pasto, não adota pastejo rotacionado, não suplementa nenhuma categoria de fêmeas, usa um sal mineral que tem menos fósforo e os bezerros recebem apenas leite e capim até a desmama. Apesar da frugalidade tecnológica, exibe indicadores robustos. Na estação de monta 2013/2014, a última com dados totalmente fechados, a fazenda, que tem área total de 14.016 ha e de pasto de 10.700 ha, registrou
taxa de prenhez geral acima de 90% e de desmama de 83%. Para efeito de comparação, nos Estados Unidos, referência em produtividade na pecuária de corte, a taxa de fertilidade é de 95% e a de desmama, 90%. Outro indicador importante para quem faz cria, o peso dos bezerros à desmama, também, chama a atenção, especialmente por que não se suplementa as crias no creep feeding. Entre os bezerros Nelore, a média ficou entre 201 e 228 kg, para respectivamente fêmeas e machos, enquanto os cruzados Angus-Nelore ficaram entre 241 e 256 kg. Como explicar esses bons indicadores zootécnicos sem se recorrer a alta tecnologia? A primeira e a principal explicação está na genética do gado, que passa por melhoramento contínuo desde 1998, ano Fotos Fernando Yassu
Plantel de matrizes tem 17 anos de seleção para fertilidade e habilidade materna
yassu@revistadbo.com.br
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que a fazenda foi comprada pela família Martini. O principal eixo da seleção foi fertilidade e habilidade materna, com descarte das matrizes vazias e das que não criam bem suas progênies. “Não há tolerância para fêmeas inférteis ou que não tenham habilidade materna”, diz o médico veterinário Donato Godoy, que presta consultoria à propriedade há 17 anos. Foi a segunda fazenda que ele começou a atender após se formar e a única que manteve após criar em 2001, com outros dois sócios, a União Suplementação Animal, no município de Jardim, MS. “Uso a fazenda como um laboratório”, justifica. A fazenda, também, está injetando sangue de Guzerá para melhorar a produção de leite das matrizes e, consequentemente, o peso dos bezerros à desmama. Dos 290 touros usados em monta natural e no repasse de inseminação artificial, a predominância ainda é de Nelore – 234 – mas os reprodutores Guzerá já representam quase 20% do total, com 56 animais. “O objetivo é ter fêmeas mais guzeratadas”, explica o médico veterinário. Fertilidade A atenção especial a algumas categorias de matrizes, como as novilhas e primíparas, teve grande peso no incremento na taxa de fertilidade geral. No caso das novilhas, a média ficou em 94%, enquanto as primíparas alcançaram 86%. “São duas categorias mais sensíveis, especialmente as primíparas que estão crescendo, aleitando e gestando”, observa Godoy. Para as novilhas, além do fósforo, o sal mineral tem zinco e um aditivo, a salinomicina, que melhora a digestão da fibra do pasto. Já para as primíparas, além de fósforo, o sal tem zinco, cromo, selênio e virginiamicina, outro aditivo que melhora o aproveitamento da dieta. No caso das primíparas, o sal mineral tem menos sal branco e um palatabilizante para estimular a ingestão. Como o consumo é maior, o produto é preparado com menos fósforo, 7,2%, mas o aporte desse elemento equivale a 8% do sal mineral das vacas adultas e das novilhas, segundo Godoy. Na Fazenda Rodoserv IV, o sal mineral é balanceado com 8 e não o tradicional 8,8% de fósforo. “Fizemos análise foliar do capim e concluímos que, a não ser em regiões de terras arenosas do Mato Grosso do Sul, o sal mineral para as fêmeas em reprodução não precisa de 8,8% de fósforo”, diz o médico veterinário. “O custo cai 7%”. Todas as novilhas – pouco mais de 1.000 – são inseminadas, mas não se recorre à técnica da sincronização. “Como são bem criadas e só entram em serviço com 24 meses, as novilhas não apresentam problema para ciclar. Naturalmente, 3% entram em cio por dia no início do período de monta. Se suple-
mentar, é possível aumentar para 4,5%. Em 45 dias, conseguimos 79% de taxa de prenhez com sêmen e com 45 dias de repasse a média fica em 94%”, diz o médico veterinário. “Não compensa, assim, gastar com protocolo”. A IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) está sendo implantada gradativamente no plantel de vacas adultas. Na primeira estação, a de 2013/2014, entraram apenas 720 vacas com mais de duas crias e a taxa de fertilidade, com sêmen, ficou em 57%. Na estação de monta 2014/2015, foram inseminadas, em tempo fixo, 1.800 vacas. Na Fazenda Rodoserv, há bônus por desempenho. O indicador é a taxa de bezerro desmamado. O ponto de partida é 78%. Na primeira faixa, entre 78 e 79%, o prêmio equivale a 30% do salário do funcionário. Se chegar a 83%, a equipe recebe um bônus que equivale a 100% do salário. Se passar de 83%, terá um bônus de 110%.
Godoy, o primeiro da esq. para dir., com o gerente Leôncio Maidana, o veterinário Paulo Silveira e o zootecnista Dalmo Machado, da Suporte Consuiltoria.
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Fazenda em números
MS Campo Grande Caracol
Nome Fazenda Rodoserv IV Localização: Caracol – MS Área total: 14.016 ha Área de pasto: 10.700 ha. Rebanho total: 14.585 cabeças (setembro 2015) Fêmeas em reprodução: 7.200. Bezerros nascidos: 6.497. Bezerros desmamados: 5.976 Taxa de fertilidade: 90,24% Taxa de desmama: 83% Total de animais vendidos: 5.904. Taxa de desfrute: 40%.
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Vacas adultas só recebem capim e sal mineral com 8% de fósforo
O bônus é coletivo, mas, como agora a fazenda tem controle de desempenho por retiro, a premiação será por equipe. “Há diferença no desempenho entre um retiro e outro”, justifica Godoy. O próximo passo da empresa é aumentar a produção de bezerros. A primeira medida seria combater a perda embrionária, que chega a 5,6% entre o toque e a parição, e a mortalidade de 2,5% entre o nascimento e a desmama. “Estamos pensando em um medicamento para combater a morte embrionária e melhorar o cuidado no pós desmama”, observa Godoy. Outra alternativa para aumentar a produção é intensificar, mas sem recorrer à adubação dos pastos. Segundo médico veterinário, a ideia seria subdividir as invernadas ao meio, mantendo o pastejo alternado.
Receita bate em R$ 501 por ha Alta produtividade e conjuntura ajudam no resultado econômico Se os indicadores zootécnicos chamam a atenção, os econômicos não ficam atrás. Numa atividade como a rural em que o preço é determinado pelo mercado e não pelo produtor, o custo é um indicador fundamental na mensuração da eficiência do projeto. Afinal, é único fator em que o produtor tem controle – e a Fazenda Rodoserv IV passou nesse teste com louvor. Os custos operacionais totais, que incluem a depreciação das benfeitorias, equipamentos e maquinários, fecharam a última safra em R$ 554 por cabeça. 56 DBO outubro 2015
Touros Guzerá para aumentar leite das matrizes
Segundo Godoy, seria possível aumentar a lotação de 1,3 para 1,6 cabeça/ha. Complementarmente, a fazenda pode investir na suplementação de baixo custo das novilhas em recria, fornecedo um sal proteico na seca e um sal energético nas águas para que pelo menos 60% entrem em serviço com até 14 meses. “Aumentaríamos o plantel de matrizes em serviço e reduziríamos uma era de fêmeas em recria. Portanto, aumentaríamos a produção de bezerros sem aumentar muito o rebanho”, diz. “Podemos, com essas três medidas (reduzir a perda embrionária e a mortalidade infantil, subdividir as invernadas e reduzir a idade de entoure das novilhas), aumentar o plantel de matrizes em 32% (de 7.200 fêmeas para 9.500) e a produção de bezerros em 36,7% (de 5.976 para 8.170).
Poderia ser menor, não fosse o tamanho do capital imobilizado em maquinários. “Evidente que ninguém tem zero de imobilizado em maquinários, mas, no caso da Fazenda Rodoserv, há excesso”, diz o zootecnista Dalmo Machado, da Suporte Consultoria Pecuária, de Jardim, MS, especialista em gestão e que foi contratado para avaliar os indicadores econômicos da propriedade. Ao inventariar os bens da fazenda e atribuir-lhes valor patrimonial, a Suporte, que Machado toca em sociedade com o médico veterinário Paulo Silveira, chegou a um capital imobilizado em benfeitorias, equipamentos e maquinários de R$ 4,1 milhões. Usando a metolodia do Sebrae para aplicar o percentual de depreciação para cada item desses bens, Machado chegou a um custo da depreciação de R$ 759 mil. O zootecnista não concorda, mas entende a justificativa do proprietário, Amarildo Martini, para o tamanho do parque de máquinas mantido na propriedade. Os dois tratores de esteira, as duas patrolas e
Distribuição do custo do bezerro de R$ 554 1
depreciação
2
manutenção de infra-estrutura
3
manutenção de pastagens
4
sal mineral
5
mão de obra
6
sanidade
– 4%
7
impostos
– 5%
8
reposição de touros
9
reprodução
– 23% – 13%
– 10%
– 18% – 14%
– 7%
– 1%
10
consultoria/assessoria técnica
11
infra-estrutura
– 1%
– 4%
uma escavadeira foram transferidos de outra empresa que ele tem sociedade com um irmão (a Rede Rodoserv, que opera postos e restaurantes no Estado de São Paulo). Amarildo Martini alega que os maquinários são usados, têm pouco valor de mercado e por essa razão renderiam pouco se fossem alienados. São, assim, mais úteis à fazenda, segundo ele. Em bom estado, estão sendo usados na conservação das estradas, na manutenção e construção de açudes, na gradagem dos pastos degradados e na abertura de áreas novas, serviços que, sem esses maquinários, teriam que ser terceirizados. De qualquer forma, impuseram um forte impacto nos custos de produção de bezerro. Contabilmente, o impacto da depreciação desse capital imobilizado em benfeitorias (cerca, currais, casa sede e casas dos funcionários), equipamentos (de aparelhos de ar condicionado a apetrechos para inseminação artificial) e maquinários (tratores de esteira, de pneus e implementos) nos custos operacionais totais foi de 23%, mais do que o sal mineral (18%) e a mão de obra (14%). O custo operacional efetivo do bezerro produzido, o que foi efetivamente desembolsado e que exclui a depreciação, ficou em R$ 428. O dano do parque de máquinas inflado não ficou apenas no impacto direto na apuração contábil dos custos operacionais totais. Os maquinários geraram outros custos, como os de manutenção, com peso de 13% ou R$ 72 por bezerro produzido. Além disso, exigiu a contratação de três tratoristas. De todo modo, o custo de R$ 554, mesmo com excesso de capital imobilizado em maquinários, é bastante confortável. Estima-se que a média no Brasil fique entre R$ 900 e R$ 1.100. “O custo está num pa-
tamar que deixa a Fazenda Rodoserv IV vacinada contra eventual crise na cadeia da produção de carne bovina. Se ocorrer uma hecatombe e o preço do bezerro cair a R$ 555, ainda assim a propriedade não operaria no vermelho”, diz Godoy. Mesmo com custo “inflado”, a Fazenda Rodoserv IV, que produziu média de 4,65 arrobas por ha na safra de bezerros 2013/2014, apurou receita líquida de R$ 501 por ha e bruta de R$ 572. Para efeito de comparação, levantamento de Maurício Palma Nogueira, da Agroconsult, de Florianópolis, SC, aponta que fazendas que usam alta tecnologia e produzem entre 12 e 18 arrobas por ha, conseguem R$ 457. No patamar tecnológico e produção da Fazenda Rodoserv IV, a média é de R$ 295/ha/ano, segundo a Agroconsult.
Meta é ter 9.500 matrizes em reprodução
Conjuntura favorável É verdade que a conjuntura de mercado também ajudou, como ajudou as fazendas que passaram pelo escrutínio da Agroconsult, que promove o Rally da Pecuária, que, anualmente, percorre o País, visitando as fazendas de pecuária. As 1.270 bezerras Nelore foram vendidas na fazenda a R$ 149 a arroba, as 598 fêmeas cruzadas alcançaram média de R$ 162, os 2.320 bezerros Nelore atingiram média de R$ 197 e 598 bezerros cruzados de 8,6 arrobas foram negociados a R$ 202 a arroba. A qualidade contribuiu nos preços. Contando as vacas e touros de descarte, a venda de 5.904 bovinos rendeu à Fazenda Rodoserv IV receita bruta de R$ 8,677 milhões e margem líquida de R$ 5,362 milhões, com taxa de retorno sobre capital investido na produção, excluída a terra, de 16,3%. Incluindo o patrimônio terra, a taxa de retorno ficou em 2,57%. Não contando a depreciação, a receita bruta foi de R$ 6,122 milhões DBO outubro 2015 57
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Boa gestão da mão de obra Ter só uma unidade de produção racionaliza o trabalho no campo Equipe de campo tem 12 funcionários, mas fazenda tem 17 na folha de pagamento.
Com um rebanho de 10.585 cabeças e 7.200 matrizes em reprodução, a Fazenda Rodoserv IV tem em sua folha de pagamento 17 funcionários – média de um para 858 cabeças. Nesse total, estão incluídos os três tratoristas, um funcionário lotado no escritório e uma cozinheira. Os que trabalham diretamente com o gado somam 12 – o gerente, três capatazes e oito campeiros. Pegando apenas os homens de campo, a relação é de um funcionário para 1.215, incomum numa fazenda de cria, que, normalmente, demanda muita mão de obra. Um dos segredos está na concentração da produção em uma única unidade desde 2009, quando Amarildo Martini separou a sociedade que tinha com o irmão em quatro fazendas na mesma região. Na cisão, ficou com a Rodoserv IV, que, na época, tinha 8.800 ha. Para crescer e ter ganho de escala, foi comprando glebas mas adquirindo apenas as áreas contíguas à sua propriedade. Em cinco anos, agregou mais 5.200 ha, formando uma fazenda com área total contínua de 14.016 ha e 10.700 ha de pasto. Qual a vantagem em ter uma única unidade de produção? Ela facilita a gestão da mão de obra, segundo o médico veterinário. “Normalmente, quando se tem vá-
Não há um funcionário exclusivo para a salga, que é feita pelo próprio campeiro no dia a dia do seu trabalho.
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rias unidades de produção, o pecuarista precisa manter em cada uma propriedade, independentemente do tamanho do rebanho, pelo menos um gerente, um capataz, dois campeiros e, muitas vezes, um tratorista”, diz o consultor Donato Godoy. Trabalho em mutirão Essa amostra está na própria Fazenda Rodoserv IV, que foi dividida em seis unidades de produção (sede, três retiros e dois núcleos de manejo apenas com curral). No dia a dia, os 11 funcionários de campo estão distribuídos entre sede e os três retiros (quatro na sede, três no retiro 1, dois no 2 e dois no 3). Há ainda dois currais de manejo, que não contam com funcionários fixos. O ganho no uso da mão de obra quando se tem só uma únidade de produção ocorre nos eventos fora de rotina, como vacinação, toque, manejo pós-parto e na desmama, quando o trabalho é feito em mutirão. Até a escolha da tecnologia foi pensada para aumentar a produtividade da mão de obra. Por exemplo, a opção pelo pastejo alternado e não rotacionado entra neste escopo. A troca de gado no pasto é feita num intervalo entre 20 e 30 dias (depende da época do ano).
Suprimento do estoque de sal mineral é feito uma única vez no mês
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Cada fazendinha (unidade de manejo) conta com um corredor que liga as invernadas ao curral
Segundo Godoy, não há risco de degradação mesmo com pastejo alternado e sem a correção da fertilidade do solo. A explicação é que se evita o superpastejo. O manejo é feito observando a altura do capim, diz o médico veterinário. “Temos pasto com mais de 20 anos”, diz Leôncio Maidana, gerente da Fazenda Rodoserv IV e desde 1998 na propriedade. Os 10.700 ha de pasto estão divididos em 35 invernadas. Do total, cinco ficam alternadamente em descanso, funcionando como pasto sobressalente para eventual emergência. Além do manejo por altura, a empresa, para evitar a degradação, gasta 10% do custo do bezerro com manutenção dos pastos. Nas áreas bem formadas, com boa densidade de planta, a fazenda faz apenas roçada química quando necessário, com aplicação de herbicidas para combater as invasoras. Nas invernadas com pouca planta e com invasoras, a intervenção é mais radical, com gradagem, distribuição de sementes e após a emergência do capim o combate às invasoras, com herbicida. “As intervenções mais radicais – e de maior custo – estão sendo feitas apenas em glebas adquiridas nos
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Em novas divisões das invernadas, cocho deve servir a dois píquetes.
últimos seis anos”, diz Godoy. “Nas áreas mais antigas, o manejo bem feito evita a degradação”, acrescemta. Na salga, também, se racionaliza o uso da mão de obra. Na propriedade, o suprimento do estoque de sal mineral é feito uma vez a cada 30 dias. Ou seja, o serviço ocupa um trator e dois funcionários em apenas um dia do mês. Além disso, a instalação de mata burro entre os piquetes ajuda na agilização do serviço: o tratorista não precisa parar para entrar ou sair de um pasto e percorrer todas as invernadas. Para o trator apenas para deixar os sacos de sal no depósito que fica sob a cobertura do cocho. Não há um salgador na fazenda. O abastecimento no cocho é feito pelo campeiro em sua rotina de vistoria do gado. “O vaqueiro sabe que não pode faltar esse insumo no cocho, que prejudica o desempenho do gado, nem ter muita sobra, que vai causar empedramento do sal”, explica o médico veterinário. Para agilizar o serviço e racionalizar a mão de obra, cada unidade de manejo ganhou um corredor que liga os pastos aos currais. “Com o corredor, basta um campeiro para levar um lote de vacas com bezer-
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Marca do ano de nascimento em local visível facilita descarte de fêmea por idade
Corte no rabo no dia do toque identifica fêmea cheia
Posição do picote na orelha indica mês de nascimento do bezerro
ro ao pé do pasto para o curral e do curral para o pasto”, diz Maidana. “O gado não se espalha. Os animais saem do pasto, entram no corredor e só param no curral e após o procedimento fazem o trajeto de volta sem problema”, acrescenta.
nnn Cuidado especial garante taxa de prenhez de
94% entre as novilhas e 86% entre as primíparas.
nnn
Concentrado No manejo de desmama, houve outro ganho no uso eficiente da mão de obra. A desmama foi concentrada em dois períodos – uma em maio para os bezerros nascidos em agosto, setembro e outubro, e outra em julho, para os gerados em novembro e dezembro. Segundo Donato Godoy, 78% dos bezerros são desmamados em maio, portanto, são do cedo, o que se reflete no peso à desmama. Na desmama de maio, se fazem, também, as vacinações contra a aftosa, botulismo e carbúnculo. Em junho é feito o toque de todas as 7.200 matrizes – inclusive as que vão desmamar em julho – que entraram em reprodução na estação de monta anterior. O manejo é separado. Normalmente, à medida que o toque avança, se junta um lote de 600 fêmeas cheias. O passo seguinte é identificar nesse grupo as que estão mojando. Elas ficam numa invernada com dois piquetes e o grupo é fechado quando o total atinge entre 150 e 170 (depende do tamanho dos pastos). Quando se completam dois lotes de matrizes mojando, o resto das fêmeas cheias do lote de 600 que não estão prestes a parir se juntam a outro lote que
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Rabo sem corte indica fêmea para descarte por infertilidade
passaram pelo toque e confirmaram a prenhez, formando novo grupo de 600. Novamente, se identifica as matrizes mojando para formar grupos de 150 a 170 fêmeas prestes a parir e assim sucessivamente. Não se misturam no mesmo lote as vacas multíparas e as primíparas, que, por serem mais exigentes, têm manejo nutricional diferenciado. Não há nenhum sofisticação na identificação de fêmeas cheias ou vazias. Por praticidade, é visual. Para identificar uma fêmea cheia, o vaqueiro, após o toque, corta a ponta do seu rabo. No dia da apartação de fêmeas cheias e vazias, basta o vaqueiro olhar o rabo do animal. No descarte das fêmeas por temperamento, também, não há nenhuma sofisticação. Quando o vaqueiro identifica uma matriz agressiva no dia do manejo sanitário dos bezerros, ele retira o animal do lote e o coloca no pasto de fêmeas que, após o desaleitamento, vão ser descartadas. A identificação de fêmeas sem habilidade materna e que criam mal as suas progênies, também, é visual. “Por praticidade, não pesamos os bezerros, a não ser à desmama. Assim, a identificação da vaca que produz um bezerro guacho é visual. Afinal, o bezerro guacho é visível aos três meses de idade. Não precisa pesar a sua cria para eu descobrir a mãe. Identificada, é separada do lote e transferida para o grupo de matrizes com bezerro ao pé que vai ser descartado após a desmama. Se tiver cheia, fica até desmamar mas não fica no lote de matrizes que vai entrar em serviço de reprodução”, explica Godoy. Não se faz também a identificação dos bezerros, a não ser o mês e ano de nascimento. Para isso, no dia do manejo pós parto, os bezerros têm a orelha picotada (o picote é feito em cinco posições diferentes da orelha e cada uma indicando o mês de nascimento, que na fazenda ocorre em agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro), além da marca da fazenda na parte superior da anca do animal. O modelo foi copiado por Godoy da identificação de suínos na Austrália. As fêmeas, além da marca de fogo na anca, recebem uma marca do ano de nascimento, que, segundo o médico veterinário, facilita o descarte das matrizes por idade. n
Nutrição
Quanto mais cedo, melhor. Protocolo de desmama precoce melhora a fertilidade das primíparas e aumenta o peso dos bezerros
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Renato Villela
Fotos Josiane Fonseca
esmamar precocemente os bezerros sempre foi um artifício para poupar suas mães, de olho na concepção seguinte. A apartação prematura, no entanto, cobra seu preço sobre as crias que, privadas da amamentação, apresentam desempenho pior do que o esperado. Uma nova estratégia nutricional, lançada pela Bellman, marca de suplementação para bovinos de corte da Trouw Nutrition Brasil, do grupo holandês Nutreco, promete suprir essa lacuna. Trata-se de um protocolo para desmama precoce em até 90 dias que prevê o fornecimento para os bezerros de três tipos diferentes de rações. O objetivo principal é impulsionar as taxas de fertilidade, em especial das fêmeas com índices abaixo dos 50% – grupo constituído, na maioria das vezes, pelas primíparas – mas também melhorar os ganhos de peso do bezerro após o desmame. “Queremos vacas mais férteis e bezerros melhores”, sintetiza Josiane Fonseca Lage, supervisora de pesquisa e desenvolvimento de produtos ruminantes da Bellman. Segundo Josiane, que conduziu os trabalhos de pesquisa para a elaboração do protocolo, lançado pela Bellman em agosto deste ano, o foco nas primíparas se dá porque a categoria normalmente apresenta índices muito baixos de prenhez, em torno de 35%, o que acaba por derrubar as taxas médias do plantel. Isto acontece porque, antes de ciclar e emprenhar, uma pri-
Bezerros são apartados com 90 dias de vida e passam a receber três tipos de suplemento
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mípara precisa ter energia, extraída dos alimentos que consome, para se manter, amamentar e crescer, nesta ordem. A reprodução é o último item a ser contemplado e normalmente sofre com o déficit de energia. Por serem fêmeas ainda muito jovens, as primíparas também têm dificuldade para amamentar suas crias, com reflexos diretos na balança. “As primíparas produzem menos leite do que as multíparas, por isso seus bezerros são mais leves”, afirma. De acordo com Josiane, os bezerros filhos de vacas de primeira cria costumam pesar, em média, 30 kg a menos quando comparados às crias do restante do rebanho. Com a desmama precoce, a energia antes voltada para a produção de leite pode ser redirecionada para contemplar a reprodução da primípara, que ainda está em fase de crescimento, com aproximadamente 80% do peso adulto. Segundo Josiane, o efeito sobre o balanço de energia é imediato. Logo após a retirada do bezerro do pé da vaca, sua exigência nutricional cai em torno de 35% a 40%. Com isso, a fêmea supera o balanço energético negativo mais rapidamente, o que reduz o impacto na perda de massa corporal pós-parto e, consequentemente, melhora a fertilidade. “É possível elevar a taxa de prenhez de 35% para 70% a 80% com a desmama precoce”, afirma. O desempenho das crias melhora com o arraçoamento, uma vez que os nutrientes fornecidos pelo leite, embora atendam suas exigências nutricionais, estão aquém do potencial do ganho de peso dos bezerros. “Com o protocolo, conseguimos maximizar o ganho de peso dos filhos das primíparas, tornando mais homogêneo o lote dos bezerros na fazenda”, diz Josiane. Segundo ela, 20 fazendas já adotaram o protocolo. Como funciona O protocolo de desmama precoce tem início no 20º dia de vida do bezerro, em sistema de creep-feeding. A cria recebe uma ração peletizada, rica em nutrientes, que estimula o desenvolvimento do sistema imunológico do animal. “A ração precisa ser bastante atrativa para que o bezerro se alimente e sinta vontade de voltar ao cocho”, afirma Josiane. Essa primeira fase dura até os bezerros atingirem um consumo estável – por dois a três dias – de 500 g/dia, o que ocorre por volta de um mês. Em seguida a ração é substituída por outra, com menores teores de energia e proteína, que permanecerá no cocho até que os bezerros estejam ingerindo 800 g/ dia. Esse patamar de consumo indica que as crias já estão com o rúmen bem desenvolvido e, portan-
Nutrição
Josiane Fonseca, da Bellman: aumento da fertilidade compensa o custo da técnica.
to, prontas para serem desmamadas. Josiane explica que a troca das rações é balizada pelo consumo diário e não calculada pelo número de dias para evitar que os bezerros, por um erro no manejo do arraçoamento, por exemplo, sejam desmamados consumindo quantidades menores do que o esperado. Ao atingirem o consumo desejado, o que acontece por volta dos 90 dias de idade, os bezerros são apartados de suas mães, num manejo semelhante ao implantado para a desmama convencional. Durante os 30 dias seguintes, os animais continuam a receber a mesma ração à qual estavam habituados. Depois desse período começa a última etapa do protocolo, com o fornecimento da terceira ração até os 210 dias (sete meses), que corresponde ao tempo de uma desmama normal. A quantidade aumenta para 1 kg/dia ou mais, de acordo com o desempenho que o produtor espera para os seus animais durante a fase de cria. Segundo Josiane, o objetivo é que os bezerros tenham um ganho adicional de 30 kg em relação a um bezerro contemporâneo que não esteja dentro de um protocolo de desmama precoce. “Dessa forma o custo do protocolo se paga com o aumento no ganho de peso”.
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Na ponta do lápis O protocolo de desmama precoce custa, em média, R$ 230 por bezerro. Para Josiane, a viabilidade econômica da técnica pode ser comprovada pelo aumento da fertilidade do plantel ou conferida na balança. A nutricionista propõe o seguinte raciocínio: num lote de 100 primíparas com crias ao pé, o valor gasto com o concentrado é de R$ 23.000. Considerando a cotação do bezerro desmamado a R$ 1.100, é preciso que nasçam, ao menos, 21 bezerros a mais para cobrir todo o custo do protocolo. “Significa elevar em 21% a taxa de prenhez das primíparas. Dá para atingir esse valor com folga”, afirma Josiane. Para a supervisora de pesquisa da Bellman, no entanto, o ganho em fertilidade pode ser contabilizado como “o que o produtor recebe a mais com a tecnologia”, uma vez que o custo do protocolo pode ser coberto somente com o aumento no peso do bezerro na balança. “Os 30 kg a mais que as crias alcançam representam uma arroba de bezerro, que corresponde a praticamente o mesmo valor do protocolo”. Segundo a nutricionista, há outros ganhos a serem mensurados com a adoção da prática, que permite o descarte mais rápido de fêmeas vazias. “Dessa forma o produtor pode reduzir a taxa de lotação da fazenda ou abrir espaço para a reposição de animais”, afirma.
Nutrição
Alívio na taxa de lotação Fazenda livra-se de vacas vazias depois de três meses; não de sete, como antes.
O veterinário Cláudio Bastos também vê ganho em valor agregado dos bezerros
A Fazenda Barra do Guariroba, em Campo Grande, capital sul-matogrossense, foi uma das primeiras a adotar o protocolo de desmama precoce elaborado pela Bellman. O produto, fornecido pela empresa em dezembro do ano passado, antes, portanto, do lançamento oficial, chegou na fazenda a tempo de ser usado num lote de crias ao pé de vacas multíparas. Os bezerros – 35 machos e 25 fêmeas – estavam com algumas semanas de vida, pois as mães haviam emprenhado somente no final da estação de monta anterior. A estratégia, embora circunstancial, revela outro benefício que pode ser alcançado com a desmama precoce. Vacas que emprenham por último normalmente têm dificuldade para conceber novamente, muitas vezes em virtude de problemas reprodutivos. Dessa forma é possível, com a apartação precoce do bezerro, descartar a fêmea que esteja vazia após três e não sete meses, tempo de uma desmama convencional. “Alivia a taxa de lotação da fazenda”, afirma Cláudio Domingues Bastos Jr., veterinário e gerente da fazenda. Após o protocolo de desmama precoce, no início deste ano, ele descartou 15 vacas, de um total de 60. “Pode parecer pouco, mas é 25% do lote.
Animais da Fazenda Barra do Guariroba, em Campo Grande, MS: desmama possibilitou descarte antecipado de vacas vazias.
Num plantel de 1.200 matrizes, esse percentual faz muita diferença”, diz Bastos. O gerente pretende iniciar o protocolo para os bezerros filhos de primíparas, para melhorar os índices de prenhez e o peso das crias. Além de contemplar as vacas que tem parição no final da estação de nascimento, Bastos quer fornecer o concentrado para os bezerros filhos das fêmeas F1 (Nelore e Angus) e trianzados. A exemplo do que fazem muitos criadores, a fazenda submete as novilhas cruzadas à estação de monta, descartando-as após o desmame convencional. Com o bezerro apartado aos 90 dias, as novilhas, mais exigentes nutricionalmente do que as fêmeas Nelore, recuperam-se mais rapidamente e vão mais cedo para o abate. “É uma forma de aproveitarmos a precocidade desses animais e conseguir um valor agregado na venda”, diz Bastos. n
Ração não pode molhar
Estrutura do creep-feeding deve ser preferencialmente coberta para proteger a ração da água das chuvas
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Por ser realizado geralmente durante o período das águas, o arraçoamento dos bezerros deve ser feito preferencialmente num creep-feeding em que os cochos estejam cobertos. Caso não possua a estrutura, é preciso atenção redobrada no manejo para evitar que a ração permaneça no cocho molhada em caso de chuva. “O produto vai apodrecer e cheirar mal. O bezerro sente repulsa pelo alimento e refuga o cocho”, diz
Josiane. Segundo a nutricionista, o sucesso da técnica depende do manejo do creep-feeding, que deve ser o mais “delicado possível”. “É preciso obedecer cada etapa do protocolo para que o bezerro não seja prejudicado, já que o leite será retirado de sua dieta e ele deve estar adaptado a consumir o concentrado antes de ser desmamado”. Para evitar competição entre os animais, é importante obedecer a exigência de 30 cm de cocho por bezerro.
Nutrição
Nas águas, o alimento da seca. Daniel Rume Casagrande/Ufla
Agora é a hora de fazer o diferimento de pastos: vedar áreas para formar feno em pé.
Rebaixamento: pastagem deve ser consumida e readubada para a seca.
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Lídia Grando
omeçou a época das águas. Este início de período chuvoso, em que o pecuarista começa a ver o pasto rebrotando com vigor, por causa da maior umidade e do aumento da intensidade da luz solar, não é, como muitos podem pensar, um período de acomodação. Ao contrário. É nesta época que se deve começar a pensar no próximo período seco, fazendo um planejamento nutricional de forma que se garanta, na fartura, uma reserva de volumosos para pular a etapa das “vacas magras”. Entre as alternativas de “poupança” de comida está o diferimento de pasto, ou seja, vedar parte da área para que o capim rebrote com força e se transforme em reserva viva, também conhecida como feno em pé. É importante a observação da época do ano, pois de 80% a 90% da produção de uma forrageira tropical se dá nos meses quentes. Ou seja, agora é a hora de agir. O primeiro passo é definir a área. “Diferimento não é uma forma de recuperar pastos degradados. Esse método pode auxiliar na recuperação se associado a outras práticas”, explica o zootecnista Daniel Rume Casagrande, professor de forragicultura da Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Minas Gerais. Portanto, a área escolhida não pode ser
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degradada, mas produtiva, para que resulte em bom material para a seca. Ao definir o local, se houver a prática da adubação, esta área deve ser deixada para o fim do período chuvoso, quando houver a vedação. Casagrande explica que, desta forma, o pasto ficará verde por mais tempo durante a seca. Da Unesp, câmpus de Botucatu, o professor Ciniro Costa, da disciplina de forragicultura e pastagem, também recomenda um rebaixamento, ou seja, um pastejo intenso, para estimular novo rebrote com posterior adubação, na proporção de 50 a 70 kg de nitrogênio/hectare. A área escolhida também não pode estar coberta com qualquer tipo de capim. “As forrageiras mais indicadas para formar a reserva de inverno são aquelas com caules finos e elevada relação folha caule”, explica Paulo Meirelles, também da forragicultura da Unesp de Botucatu, SP. Elas também devem ter porte mediano e pouco florescimento ou florescimento tardio (ver tabela). Toda essa preocupação deve-se, também, a uma característica que vem sendo confirmada pelas pesquisas que é o volume de folhas. “Tão importante quanto a massa de forragem é a estrutura do dossel, ou seja, a proporção de folhas que se tem, mesmo que sejam folhas mortas”, explica o professor Casagrande, de Lavras, MG. Ele diz que a proporção entre folhas e caule deve ser favorável às folhas. Não ter mais caule, pois são as folhas que alimentarão os animais. “Baixa proporção de folhas resulta em menor desempenho”, alerta. A época do ano para iniciar o diferimento varia de acordo com a região, o regime das chuvas e a estratégia do produtor. Em geral, deve se iniciar no fim do período chuvoso. De acordo com os professores de Botucatu, pode-se vedar a área de janeiro a fevereiro para uso em abril e maio. Se diferido em fevereiro e março, o uso será de julho a setembro. O tempo de descanso varia entre 60 e 120 dias e deve ser “antes de se estabelecer a seca na região, para não comprometer o crescimento da planta”, afirma Ciniro Costa. Também é recomendado o escalonamento do diferimento do pasto, com o mínimo de duas áreas por grupo de animais. O tamanho de cada área deve ser dimensionado considerando o número, o peso e a categoria de animais. Mesmo com melhor pasto, haverá a necessidade de suplementação alimentar, e ela não pode ser esquecida neste planejamento das águas. n Análise dos capins MOSTROU QUAIS SÃO... Indicados para vedação
Não indicados
Brachiaria decumbens
B. humidicola
B. brizantha (Marandu e Xaraés)
Panicum
Cynodon (Tifton e Coastcross).
Pennisetum
Fonte: C. Costa e P. Meirelles da Unesp/Botucatu
Pastagem
Outra vez, sustentabilidade. Arquivo DBO
Simpósio da Esalq apresenta tecnologias para elevação da produtividade a pasto e mitigação de gases de efeito estufa na pecuária
Intensificação, via integração com a agricultura, é uma das ferramentas
Maristela Franco
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maristela@revistadbo.com.br
conceito de sustentabilidade virou mantra na pecuária de corte brasileira, embora atingir esse nível de equilíbrio produtivo seja tarefa complexa, especialmente em sistemas baseados em pastagens, que compreendem dois componentes orgânicos: o capim e o boi. O tradicional simpósio de manejo de pastagens organizado pela Escola Superior Luiz de Queiroz (Esalq), entre os dias 8 e 9 de setembro, em Piracicaba, foi totalmente dedicado ao tema. O desafio da sustentabilidade na pecuária nacional é grande, conforme explicou Moacyr Bernardino Dias-Filho, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental. O Brasil tem cerca de 100 milhões de hectares de pastagens já degradadas, ou seja, com acentuada diminuição na capacidade de suporte, podendo ou não ter perdido potencial para acumular biomassa (produtividade biológica). A recuperação de uma pequena parcela dessas á reas degradadas já exerceria grande impacto positivo sobre a pecuária de corte. Estima-se que o aumento de apenas 20% na produtividade das pastagens brasileiras supriria as demandas de carne do País pelos próximos 30 anos, além de prestar relevantes serviços ambientais, como garantir cobertura vegetal e matéria orgânica para o solo, facilitar a infiltração da água da chuva, seqüestrar
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CO2 da atmosfera e evitar o desflorestamento. Em função disso, a recuperação de pastagens deve ser o ponto de partida para a adoção de sistemas de produção pecuária sustentáveis. Antes, porém, segundo Dias-Filho, é necessário quebrar velhos paradigmas, como a crença de que o pasto não é uma cultura agrícola e pode ser gerido apenas pelas leis da natureza. Poder da integração Além de linhas de crédito específicas para recuperação de áreas degradadas e de serviços públicos de extensão rural, o produtor precisa de tecnologias para produzir carne de forma sustentável. Dentre as alternativas já disponíveis está a integração lavoura-pecuária. Segundo Paulo Faccio Carvalho, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, este é um dos raros sistemas que permite elevar a produção de alimentos com baixo impacto ambiental, evitando a degradação do solo pela erosão, a perda de nutrientes e o uso excessivo de insumos químicos. Ao contrário do que muitos pensam, a presença dos bovinos não causa compactação do solo, a não ser quando o produtor exagera muito na lotação, reduzindo a oferta de capim e obrigando os animais a se deslocar muito pela área em busca de alimento. Nestes casos, pesquisas já registraram um aumento de 100% no número de passos dados por eles, em comparação com situações de oferta adequada. No geral, em sistemas integrados, o boi favorece a lavoura e vice versa. Segundo Faccio, os dejetos orgânicos dos animais, por exemplo, atuam como agentes “cimentantes”, pois agregam as partículas do solo. A introdução da pastagem no sistema é benéfica também por outros motivos. Ela contribui para a melhoria da composição química do solo, ajuda a diminuir seu nível de acidez e favorece a diversificação da microbiota. Além disso, o capim fornece grande volume de palha para o plantio direto. Faccio recomenda, porém, que se use intensidade de pastejo moderada, independentemente de o sistema adotado (rotacionado ou contínuo), para se garantir tanto quantidade quanto qualidade de forragem aos bovinos, que, podendo selecionar seu alimento, se movimentarão menos pela área, ganharão mais peso individualmente e pisotearão menos o solo. Nesta linha de raciocínio, Roberto Giolo de Almeida, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, lembrou que o potencial da integração no Brasil é enorme. Estima-se que existam cerca de 67 milhões de hectares
Pastagem
Facchio, da UFRGS: ILP só tem vantagens.
Dias-Filho, da Embrapa Amazônia Oriental: é preciso recuperar áreas degradadas.
de áreas aptas à adoção do sistema, dos quais 4 milhões já estariam estruturados em projetos, a maioria deles no Centro-Oeste e Sudeste. Um estudo conduzido pelo pesquisador Armindo Kichel, da Embrapa Gado de Corte, em 2011, mostrou que a integração eleva bastante a produtividade pecuária (31,4@/ ha/ano, ante 4@/ha/ano da pastagem degradada), além garantir lucro adicional com a venda de grãos (58 sacas de soja/ha e 37,7 sacas de milho em safrinha). Em função disso, segundo outro pesquisador da Embrapa, Joelsio Lazzarotto, as chances de um projeto obter resultado negativo com integração é de 26%, em contraste com 52% da lavoura tradicional. Potencial das leguminosas Outra tecnologia com alto potencial para uso em projetos de pecuária sustentável é o consórcio de capim com leguminosas, plantas forrageiras que garantem maior longevidade às pastagens; fixam nitrogênio no solo, melhoram a qualidade da dieta fornecida aos animais e, consequentemente, seu ganho de peso; reduzem a infestação por plantas daninhas e riscos de intoxicação por plantas tóxicas; diminuem as emissões de metano e o impacto de parasitas na saúde animal. Para obter todos esses benefícios, contudo, é preciso que o consórcio escolhido seja compatível ou que a reintrodução periódica da leguminosa na área seja economicamente viável. Segundo Carlos Maurício Soares de Andrade, pesquisador da Embrapa Acre e especialista nesse assunto, a proporção ideal de leguminosa em pastos consorciados é de 20% a 45%. Esse índice não se mantém constante quando as cultivares escolhidas para consórcio são pouco compatíveis. É o que acontece, por exemplo, com a puerária em associação com a grama estrela roxa sob pastejo rotacionado (a leguminosa logo desaparece da área) ou com o Stylosanthes guianensis, cultivar Mineirão, que produz pouca semente e exige ressemeadura após três anos. Em outros casos, a leguminosa até é persistente, mas não se harmoniza com o capim. No Brasil, o principal exemplo de consórcio compatível com alta estabilidade é o
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de amendoim forrageiro (Arachis pintoi) com braquiária ou grama estrela. Não é viável, segundo Andrade, tentar corrigir a baixa compatibilidade de uma leguminosa com gramíneas por meio de manejo de pastejo, pois isso geralmente resulta em estratégias pouco flexíveis ou muito complexas, que levam o produtor a abandonar o consórcio. Em função disso, é preciso, na opinião do pesquisador, aprofundar as pesquisas sobre os mecanismos de compatibilidade das plantas de forma a desenvolver novas cultivares de leguminosas com potencial para uso em consórcios. Outras medidas Além da integração lavoura-pecuária e das leguminosas, outras medidas devem ser tomadas para a obtenção de sistemas pastoris sustentáveis, visando, inclusive, à mitigação das emissões de gases de efeito estufa. Dentre elas, Patrícia Perondi Anchão Oliveira, pesquisadora da Embrapa Sudeste, recomenda o uso mais eficiente de corretivos e fertilizantes, especialmente os nitrogenados. “Quando o teor de N é superior a 2% nas folhas, aplicar esse adubo não aumenta a produção, apenas gera desperdício”, salientou. A pesquisadora também lembrou que o parcelamento do adubo nitrogenado diminui as perdas por lixiviação e as emissões de óxido nitroso para a atmosfera, além da volatização da amônia. Outra forma de elevar a sustentabilidade da pecuária é suplementar os animais. Segundo Flávio Portela, professor da Esalq, uma revisão de 48 experimentos nessa área mostra que os ganhos variam de 267 a 920 grama/por cabeça/dia. A grande dificuldade, para o produtor, é saber qual produto usar, quanto e quando suplementar. A escolha do suplemento depende, segundo ele, das condições do pasto, da categoria animal e das metas de desempenho almejadas. Da mesma forma, a decisão quanto às estratégias de suplementação variam conforme o nível de intensificação da fazenda. “O ideal é manter ganhos de peso constantes, por meio de suplementação tanto na seca quanto nas águas, mas isso exige boa logística de trato e capital para compra de gado, já que a lotação aumenta”, salienta Portela. n
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Pastagem
Área de parição bem cuidada
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Detalhes super visionados no pasto maternidade podem evitar a perda de bezerro
Optar pelo pasto próximo das casas e do centro de manejo facilita o atendimento de emergência
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Lídia Grando
manejo de nascimento é um dos mais críticos dentro do sistema de uma fazenda que trabalha com cria. Se feito corretamente, reduz-se a perda de bezerro; há a melhor recuperação da matriz para a próxima estação e garante-se o cumprimento das metas da fazenda, ou seja, dinheiro em caixa. O cuidado com o manejo do nascido é bem difundido entre os produtores, mas poucos param para analisar as particularidades do pasto maternidade, o local de parição. Para levantar esses cuidados, os consultores da Terra Desenvolvimento Agropecuário, de Maringá, PR, e Boviplan, de Piracicaba, SP, indicaram para a DBO fazendas modelo no sistema de cria e seus responsáveis revelam as dicas do piquete maternidade. A LMS Agro, de Ivinhema, sudoeste do Mato Grosso do Sul, tem, em cada fazenda, dois pastos de parição próximos ao centro de manejo e às casas dos funcionários. “Desta forma há facilidade de observação e atendimento”, explica o gerente Sidnei de Souza, sobre possíveis intervenções necessárias na hora do parto e do atendimento ao bezerro. Ele lembra que com a concentração de parição em três meses (setembro a novembro), as ocorrências podem acontecer até nos finais de semana, por esse motivo é importante de-
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finir corretamente a localização da maternidade. Além disso, a proximidade facilita a inspeção já que o pasto é vistoriado pelo menos duas vezes ao dia por um materneiro, aquela pessoa preparada para os cuidados com o bezerro e com a mãe. O gerente tem a precaução de mudar a área da maternidade a cada dois anos, para evitar contaminações sanitárias. “Quando fazemos o manejo por muitos anos no mesmo local, podem ocorrer problemas como contaminações e diarreias causadas por bactérias, protozoários e vírus ambientais. Alternando as áreas de parição, diminuímos o risco destas ocorrências”, explica Sidnei. Com esse objetivo – e também o de evitar a presença de animais predadores – é que são recolhidas, enterradas ou queimadas as placentas das vacas e restos de carcaças. As quase 7.000 matrizes do rebanho total são divididas em lotes de até 100 matrizes e podem ficar até quase um mês no piquete de parição. Em Theobroma, região leste de Rondônia, com parição de 1.000 matrizes ao ano, a Fazenda São José tem a área de parição dividida em quatro pastos, com local de manejo de bezerro ao centro. De um lado do centro de manejo, dois pastos recebem, por 15 dias, as fêmeas prestes a parir, sendo um deles para as multíparas e outro para novilhas e primíparas. Após o nascimento, a vaca passa para o centro de manejo para o cuidado com o bezerro e em seguida é realocada nos dois pastos de despejo, do outro lado. Para evitar perdas de bezerros em meio ao capim, optou-se pela cobertura com braquiária humidícula, que é mantida baixa. Além disso, toda a área de parição é revisada para que os buracos, mesmo que pequenos, sejam aterrados, informa o gerente da propriedade, Moisés Sousa Silva. Ele lembra ainda que a cerca também é vistoriada para que os animais não corram o risco de passar para a área de proteção permanente (APP), limítrofe com o pasto maternidade. “Tínhamos uma vala de separação que era um risco para os bezerros. Com a APP cercada, não tivemos mais perdas por esse motivo”, afirma, lembrando também que a cerca evita que o animal se perca em área de mata densa. Como sugestão, Silva acrescenta que a aguada deve ficar em local com fácil acesso e visibilidade. “Temos um único bebedouro, que está próximo ao corredor”, informa, justificando o fato pelo risco de atolamento de bezerros em aguada distante. O cuidado com a localização da água e do cocho de suplemento também é uma realidade da Anama Agropecuária que tem 600 matrizes em cria, na fazenda Santa Cecília, em Quirinópolis, GO. “Para o conforto das matrizes é importante que exista água de fácil acesso e mineralização corretas”, afirma o gestor Thomas Mesa Campos Salles de Faria. Principalmente para as fêmeas jovens há necessidade de suplementação adequada para que voltem a conceber e para isso é necessário um cocho com as dimensões corretas para atender o volume do lote. Na Santa Cecília também se faz a rotação do pasto maternidade, desde que haja disponibilidade de forragem. n
Saúde Animal
Vacinação que pode ser fatal Júlio Lisboa
Aplicação em local errado, na região lombar do animal, provoca incoordenação motora, paralisia e até morte.
Animal em posição de “cão sentado”: consequênica da aplicação de vacina na região lombar.
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Renato Villela
erguntei ao proprietário da fazenda em que local costuma vacinar seus animais. Ele me respondeu: onde der”. O diálogo, breve, foi como “clic” revelador para o veterinário Gustavo Rodrigues Queiroz, professor da Unopar - Universidade Norte do Paraná, sediada em Londrina. Ele havia sido chamado para investigar as causas de um surto de incoordenação motora em uma fazenda em Borrazópolis, a 130 km de Londrina, e não conseguia encontrar a origem do problema. Dez bovinos machos do rebanho da propriedade, entre Nelores e cruzados, com aproximadamente 30 meses de idade, apresentavam andar cambaleante e fraqueza nas pernas posteriores, em diferentes intensidades. “Cinco deles evoluíram posteriormente para decúbito lateral permanente (deitaram de lado) e morreram em 15 dias”, relata. Como se verá mais adiante, o problema estava relacionado justamente com o local da aplicação da vacina. Inicialmente, Queiroz desconfiara de que fosse raiva, a doença inflamatória do sistema nervoso central que mais mata bovinos no Paraná, seguida de perto pelo
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Herpesvírus Bovino Tipo 5. Essa suspeita, no entanto, foi descartada: “A raiva é uma enfermidade que se agrava de modo muito rápido. Em dez dias, normalmente o animal já está morto, o que não aconteceu na fazenda em Borrazópolis. Queiroz redirecionou, então, suas investigações para as plantas tóxicas, hipótese logo descartada, pois os exames de sangue não apontaram nenhum sinal de intoxicação. O botulismo, doença muito comum nos Estados do Centro-Oeste, tampouco era o vilão da história, como mostrou a ausência de toxina botulínica nos conteúdos gástrico e intestinal. Já haviam se passado 60 dias desde o início do surto, em princípios de dezembro de 2013, quando Queiroz questionou o produtor sobre o modo como ele vacinava seus animais. “Na hora me deu um estalo. Pensei: tem caroço nesse angu”, conta o veterinário, referindo-se à hipótese de que o problema fosse causado pela aplicação da vacina em local incorreto (na medula do animal). Essa suspeita ganhou força depois que ele observou as instalações da fazenda. “O curral era muito antigo e estava em péssimo estado de conservação. Os animais eram vacinados no brete, não havia tronco de contenção individual”, relata. A investigação ainda revelaria uma realidade estarrecedora, mas não exatamente destoante do cenário nacional: todo o rebanho da propriedade – neste caso, 800 animais - era vacinado contra a febre aftosa num único dia (no Paraná, a etapa de novembro é obrigatória para todas as categorias). Algo que, para o professor Mateus Paranhos, especialista em bem-estar animal e coordenador do Etco, Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal da Unesp-Jaboticabal, é totalmente descabido. “Na minha opinião, não é possível realizar um bom procedimento de vacinação quando se trabalha com esse número de animais por dia. Isso aumenta o risco de acidentes e prejudica a qualidade do serviço”, justifica. (veja quadro com as orientações do professor de como proceder) Direto na medula Membro de um grupo de estudos que há sete anos se dedica ao diagnóstico de animais com sintomatologia neurológica, capitaneado pelo pesquisador Júlio Lisboa, professor da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Gustavo Queiroz consultou publicações científicas em busca de casos semelhantes. Deparou-se com o que já suspeitava: dois relatos de surtos de compressão medular associado à vacinação contra a febre aftosa. De volta à fazenda em Borrazóplis, sacrificou um novilho Nelore que estava com o problema e perto do peso de abate e pôs-se a investigar. A necrópsia acabou com o mistério: “Examinando a coluna vertebral na região compreendida entre as vértebras torácica e lombar, mais precisamente na altura entre a L3 e a L4, encontrei um granuloma (nódulo) dentro do canal vertebral, que havia se formado em decorrência da vacinação incorreta, o que comprimiu a medula e provocou a lesão.”
Saúde Animal
Gustavo Queiroz, da Unopar, levou tempo para descobrir a causa do problema em fazenda do Paraná.
Ana Luísa, da UFCG: por uma questão de “estética”, alguns produtores mudaram local de vacinação nos animais.
Granulomas inflamatórios são reações normais que acontecem após a vacinação, devido principalmente à presença na vacina de adjuvantes oleosos, compostos que potencializam a intensidade e a duração da resposta imune do animal. Quando a dose é aplicada no local correto, o granuloma não passa de uma leve saliência, que desaparece naturalmente alguns dias após a vacinação. “No caso dos animais que apresentaram incoordenação, a aplicação foi desastrosa, diretamente na medula”, afirma Queiroz. As lesões ocorreram em graus variados, por isso havia animais com diferentes quadros de incoordenação. Erros de manejo na vacinação normalmente costumam cobrar sua fatura na forma de perda de rendimento de carcaça (devido à retirada de abscessos), mas dessa vez condenaram o animal à morte. O problema registrado em Borrazólis é mais comum do que se pensa. No município de Olho D´água, região oeste da Paraíba, outro produtor sofreu perdas devido à vacinação incorreta. Incomodado com os granulomas formados após a aplicação do medicamento, ele tomou uma decisão inusitada e temerária: passou a vacinar os animais na região lombar, em vez de no terço médio do pescoço, como é recomendado. Esse “novo método” havia se tornado uma prática rotineira na região, por mera questão estética. A médica veterinária Ana Luísa Alves Marques, doutoranda da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande), conta que os produtores “não queriam ver seus animais com saliências no pescoço”. Ela percebeu o fato quando foi chamada para averiguar os primeiros casos de incoordenação motora na fazenda daquele produtor. Na via-crucis para o diagnóstico, o mesmo roteiro: raiva, botulismo, intoxicação por plantas tóxicas. Tudo descartado. A resposta veio depois que um bezerro de sete meses, que apresentava debilidade acentua-
da dos membros pélvicos, assumindo a “postura de cão sentado”, foi encaminhado ao Hospital Veterinário da UFCG. O exame físico revelou um aumento de volume de aproximadamente 8 cm, quente e indolor, na região lombar. O proprietário confirmou que havia feito a aplicação da vacina contra febre aftosa no local. O bezerro permaneceu internado durante 15 dias, sendo submetido a tratamento com antibióticos, anti-inflamatórios e compressas mornas no local do inchaço, que reduziu de tamanho, porém sem melhora no estado clínico geral. O quadro se agravou e o bezerro precisou ser sacrificado. Diagnóstico: “Lesão medular secundária à compressão por granuloma vacinal”. Dos outros cinco animais da propriedade acometidos pelo mesmo problema, um morreu afogado em açude após cair na tentativa de beber água e não conseguir se levantar. Outros quatro sobreviveram, mas com sequelas. “Mancavam, não conseguiam se locomover direito”, relata a veterinária. Informar para prevenir Para Ana Luísa Marques, da UFCG, a informação é a principal arma para que se evitem novos casos. “É preciso difundir o conhecimento, de modo a evitar a aplicação da vacina próximo à coluna vertebral”. Foi o que ela fez a partir de então. Ana explica que a saliência formada após a vacinação é provocada pela saponina, um adjuvante imunológico presente na vacina contra febre aftosa. Adjuvantes retardam o processamento dos antígenos pelas células, aumentando seu período de contato com o sistema imune e, consequentemente, melhorando a resposta imunológica. “Os veterinários explicam que o adjuvante faz com que a vacina proteja os animais por mais tempo e que a questão estética tem pouca importância”. Segundo ela, o trabalho de conscientização tem surtido efeito. “Muitos produtores já deixaram de adotar a conduta errada”. n
Vacine no local correto Segundo o professor Mateus Paranhos, a vacina contra a febre aftosa deve ser aplicada preferencialmente via subcutânea. O local indicado é a tábua do pescoço. “Deve-se puxar a pele e posicionar o conjunto seringa e agulha paralelamente ao corpo do animal, de modo a minimizar o risco de atingir o músculo”, explica. Sempre que possível, após a retirada da agulha, o produtor deve fazer uma leve massagem circular no local da aplicação, para evitar o refluxo (quando a vacina escorre pelo orifício deixado pela agulha). É importante realizar a operação com o
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animal contido, preferencialmente em um tronco de contenção individual. O manual de boas práticas de vacinação do Etco recomenda uma equipe de trabalho, corretamente posicionada: uma pessoa na porteira de entrada, outra para fazer a contenção do posterior do animal (quando necessário) e uma terceira, na porteira de saída, na pescoceira. “Antes de imobilizar o animal, feche a porteira dianteira do tronco de contenção, e, somente depois, contenha-o com a pescoceira”, diz Paranhos. Com o animal contido, aplica-se a vacina. Na falta de um
tronco de contenção individual, é ainda mais importante realizar o trabalho com cuidado, sem correria. Prática comum nas fazendas, a vacinação no brete deve ser evitada, pois traz uma série de consequências desagradáveis. Animais mais reativos sobem sobre os outros. Há reses que tentam pular sobre as laterais de madeira e outras ainda que não aguentam a pressão, deitam e são pisoteadas. Não raro, os animais se machucam e ocorrem sangramentos no local da vacina, com formação de abcessos. Há ainda o risco de fraturas e até mesmo morte, principalmente de bezerros.
Saúde Animal
Combate com inteligência Os carrapatos estão cada vez mais resistentes e usar as armas com base na ciência auxilia no controle do parasita
V
Lídia Grando
ocê já ouviu falar em biocarrapaticidograma? É um teste barato (cerca de R$ 20) e fundamental para o correto controle dos carrapatos de bovi nos, mas ele ainda é pouco conhecido e pouco usado pelos produtores. Sua função é identificar o tipo de car rapaticida mais eficiente para a população de carrapatos existentes na propriedade, assim, o controle realmente será efetivo, além de se evitar o exagero de aplicações, poluição e gasto excessivo. Quando o pecuarista não faz o teste para identificar o melhor produto e segue a receita do vizinho ou usa o produto de costume ele passa a selecionar os carrapatos mais resistentes. Com isso o problema persiste ou até piora. Segundo Márcia Mendes, do Instituto Biológico/ Apta, de São Paulo, SP, a resistência é um processo natural em que os parasitas mais sensíveis são mor tos e os resistentes continuam. “Com o tempo, o pro duto passa a não fazer mais efeito no controle”, afir ma. Ela lembra que o histórico de resistência varia de propriedade para propriedade, pois depende dos produtos que já foram usados. Além disso, é com provado pela pesquisa que os carrapatos estão muito resistentes aos grupos de carrapaticidas disponíveis no mercado. “A resistência existe para todos os pro dutos, inclusive as associações”, completa o pesqui sador da Embrapa Gado de Corte, Renato Andreotti. Definido o produto, é preciso estar atento às re comendações de aplicação e a época escolhida para
o controle. “Muitas vezes o proprietário está usan do o produto certo, mas aplicando de forma erra da”, afirma Márcia. Por exemplo, na pulverização, não adianta “benzer” o animal, mas seguir as re comendações de aplicação. Ela também sugere que seja feito o controle estratégico considerando o in tervalo correto de aplicação de cada produto. O cal culo considera a soma do período residual do pro duto a 21 dias que é o tempo da larva chegar à fase adulta. “Por exemplo, um produto a base de fipronil tem período residual de sete dias, ou seja, depois do tratamento, as larvas que subirem no animal dentro deste período ainda entrarão em contato com o pro duto”, explica. Sendo assim, o tratamento deve ser feito a cada 28 dias: considerando 21 dias para o crescimento do parasita somado a sete dias do perí odo residual. Há variação de tempo entre os produ tos (ver tabela). Andreotti, da Embrapa Gado de Corte, também lembra a importância de iniciar o controle estratégico no final da seca. “As pastagens baixas facilitam a in cidência solar e matam mais as larvas nas pastagens”, comenta. É importante que esta geração seja baixa, pois ela será responsável por outras três gerações que ainda surgirão no verão, com pico no final da estação. As chuvas favorecem a sobrevivência dos ovos e au mentam a taxa de eclosão das larvas, lembrando que 95% dos parasitas estão no ambiente. Como fazer o teste • Selecionar fêmeas de carrapatos maiores (ingur gitadas) • Coletar cerca de 200 exemplares antes de fazer o tratamento no bovino • Colocar em frasco de plástico seco e limpo • Se a coleta for feita no final de semana, colocar o frasco na geladeira • Enviar da forma mais rápida de segunda a quinta feira com a correta identificação e dados solicita dos pelo laboratório • Envio de no máximo 72 horas • Resposta em até 30 dias Fonte: Instituto Biológico/Apta
Princípios ativos dos carrapaticidas e a indicação de tratamento Organo-
fosforados(1)
Período residual eficaz
Intervalo entre os tratamentos
Número de tratamentos
Piretróides(1) Spinosad(1) Amitraz(1)
Piretróides(2)
Lactonas macrocíclicas 1%(3)
Lactonas macrocíclicas 3%(2)
Fluzuron(2)
0
0
0
0
7
7
7
15
40
21
21
21
21
28
28
28
36
61
7
7
7
7
6
6
6
4 ou 5
2 ou 3
(1) pulverizado (2) pour-on (3) injetável Fonte: Instituto Biológico/Apta
82 DBO outubro 2015
Fipronil(2)
SEMEADORA
SEMENTES
FERTILIZANTES
Fatos & Causos Veterinários
Enrico Ortolani
Vermes, os vilões ocultos. Os de formato redondo podem fazer o bovino comer até 15% menos
Professor titular da Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP e pesquisador do CNPq. ortolani@usp.br
nnn Um bezerrão de 200 kg pode perder, em uma semana,
5%
de seu sangue por causa deles.
nnn
Com aumento de 5.000 vezes, pode-se ver como é a boca do verme do gênero Haemonchus, com lança para perfurar a parede do abomaso.
A
Grécia, de alguns séculos antes de Cristo, revolucionou o mundo trazendo novos conceitos na cultura, arte, filosofia, medicina etc. Além de grandes pensadores, os gregos eram muito espirituosos. Dizem que a mesa dos helênicos mais ricos era grande e cheia de gavetões. Cada vez que surgiam pessoas para filar a boia na hora das refeições eles corriam e escondiam os pratos nas gavetas.... Os “fila-boias”, então, passaram a ser chamados pelos gregos de “parasitas”, pois “para” significa ao lado e “sita” da mesa. Assim, os vermes são “fila-boias” que querem compartilhar de graça o alimento do animal, causando de quebra um prejuízo à saúde. A lista de parasitas dos bovinos é imensa. Tive que gravar dezenas de nomes científicos deles, mas, para o bem de todos e felicidade geral da nação, os vermes mais importantes, em nosso meio, não passam de uns 20. Como professor, sempre me interessei por entender como cada verme provoca danos ao animal; isso é fundamental para entender os prejuízos gerados e os sintomas clínicos apresentados. Comecemos pelos conceitos mais básicos. Os vermes que atacam os bovinos podem ser redondos (nematelmintos; nema = redondo; helminto = verme), ou chatos (platelmintos; platel = achatado). Entre estes últimos, destacam-se a Fasciola (baratinha), já cantada em verso e prosa neste espaço (veja a edição de outubro/2013) e o Cysticercus, que causa a cisticercose, que será tema de futuro artigo. Neste, trataremos dos vermes redondos do estômago verdadeiro, chamado cientificamente de abomaso. O órgão tem basicamente duas partes. A primeira, um tecido rico em babados e cheio de glândulas que secretam ácidos e outros sucos digestivos. A segunda parte é lisa e sem glândulas. A principal função desse órgão é de acidificar os alimentos já fermentados na pança tanto para matar os micróbios ruminais, que servirão de fonte de proteína, como fazer uma digestão prévia, para os intestinos terminarem a tarefa. Nessa galeria da fama estrelam como vilões os vermes abomasais do gênero Haemonchus, Trichostrongylus e Ostertagia. O gênero é como se fosse o sobrenome do verme, só que, na denominação biológica, vem antes do nome. Engraçado, né? O mais cruel Comecemos pelo mais cruel deles, o Haemonchus (pronuncia-se “hemoncus”, pois, em latim, “ae” vira “e” e “ch”, “c”). Ele causa um estrago daqueles, em rebanhos do norte ao sul do País. A larvinha jovem,
84 DBO outubro 2015
ingerida junto com o capim, se enterra por uns dias na parede do abomaso para crescer e ficar mais potente. Já adulta, sai da parede e fica no interior do órgão, desenvolvendo uma espécie de lança, para perfurar a parede do estômago, com o objetivo de sugar o sangue. Um verme adulto suga 0,05 mililitros de sangue por dia. Um elefante atrapalha muita gente... 2.142 vermes de Haemonchus sugam o equivalente a uma garrafa de vinho (750 ml) de sangue por semana. Um bezerrão de 200 kg tem algo como 15 litros de sangue. Ou seja, numa semana ele perde 5% de seu sangue. Após várias semanas, essa perda vai resultar em anemia e muito desânimo. É o “amarelão do Jeca-Tatu”. No sangue ainda existem as proteínas. Elas funcionam como esponjinhas que seguram os líquidos dentro dos vasos sanguíneos. Alguns animais muito parasitados perdem tanta proteína que apresentam uma papada em baixo da mandíbula, devido à saída de líquidos do sangue para esse local. Embora muitos sugiram que na hemoncose brava os bois apresentam diarreia, não observei esse sintoma, mas, percebi que o consumo de alimento é cerca de 15% inferior ao observado nos não parasitados. Enterrados no abomaso Outros vermes abomasais são o Tricostrongylus axei (trico = cabelo; strongylus = redondo), encontrado em todas as paragens brasileiras, e a Ostertagia (gênero dado em homenagem ao parasitologista Robert Von Ostertag), mais visto no Rio Grande do Sul e algumas regiões serranas brasileiras. Ambos agem de forma semelhante. Diferentemente do Haemonchus, que só se liga à parede para sugar o sangue, o Trycostrongylus e a Ostertagia permanecem enterrados na parede do abomaso. Enquanto a Ostertagia se enfia na saída externa das glândulas que secretam os sucos digestivos, o Trichostrongylus permanece entre as glândulas, de certa forma comprimindo a saída destes sucos, o que irá dificultar a digestão, principalmente das proteínas. Numa verminose brava por Ostertagia e Tricostrongylus, essa redução pode chegar a 20% e 10%, respectivamente. A Ostertagia ainda estimula muito a perda de proteína pelo abomaso e pode diminuir o apetite da bicharada em até 40%. Estes dois vermes podem provocar, ainda, o surgimento de uma diarreia esverdeada. É “chover no molhado” dizer que a perda de peso é muito pronunciada, principalmente em bovinos da desmama até o segundo ano de vida. n
Genética
Fertilidade em primeiro lugar Cresce intolerância a animais que são menos férteis em programas de IATF Denis Cardoso
À
denis@revistadbo.com.br
Alta Genetics
Tiago Carrara, da Alta Genetics: “Programa exclui da bateria touros ruins em IATF”.
Exclusão de touros Recentemente, a Alta Genetics lançou um programa de identificação de touros de sua bateria com taxas positivas em IATF, o Concept Plus. Os reprodutores aprovados no teste (26 no total, sendo que 15 deles com sêmen disponível para comercialização) foram selecionados a partir do cruzamento de informações de técnicos parceiros da Alta que trabalham diretamente com a ferramenta reprodutiva em fazendas de gado de corte, o que gerou um banco de dados de 413.000 IATFs. Na verdade, a Alta não é a primeira a lançar mão de uma ferramenta de identificação de touros bons na IATF – antes dela, as concorrentes ABS Pecplan, de Uberaba, e a CRV Lagoa, de Sertãozinho, SP, colocaram em prática programas semelhantes. Tiago Carrara conta que a existência do Concept Plus forçou a exclusão de quatro touros da bateria da Alta, um deles líder em sumários da raça Nelore – por respeito aos criadores parceiros, a central não revelou os nomes dos animais. Porém, a empresa decidiu divulgar o nome de um quinto reprodutor que também foi retirado de seu catálogo por apresentar resultados médios insatisfatórios em IATF. Trata-se do Brangus Mulato, que possui um dos melhores resultados do mercado para a característica de habilidade materna. “Como Mulato pertence à própria Alta, não havia razões para resguardar a informação sobre o nome do touro”, justifica Carrara, acrescentando que o animal foi adquirido de um criatório da Argentina. ABS Pepplan
s vésperas do início da estação de monta 20152016, é hora de escolher os touros que serão inseridos nos programas de Inseminação em Tempo Fixo – IATF. Especialistas da área recomendam que as decisões de compra de sêmen (nacional ou importado) sejam guiadas por ferramentas técnicas e científicas de seleção genética, tais como DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie), provas de ganho de peso, avaliações de eficiência alimentar e testes genômicos. No entanto, dentro dos projetos de cruzamento industrial, cresce a preocupação dos pecuaristas em relação à fertilidade do touro, ou seja, não basta ser um grande raçador, é preciso que o animal também comprove, no campo e ao longo de sua “carreira”, ser capaz de apresentar resultados de prenhez satisfatórios em IATF – a taxa ideal de sucesso depende do perfil de cada fazenda, mas a recomendação de especialistas é de que se busque sempre algo próximo de 50%. “De que adianta escolher um touro líder em sumário, se, após o seu uso na IATF, a vaca não emprenhar e o bezerro não cair no chão (nascer)?”, indaga Tiago Moreira Carrara, gerente de Mercado da Alta Genetics, de Uberaba, MG. Compartilha dessa mesma opinião o veterinário Renato Girotto, sócio da RG Genética Avançada, de Água Boa, MT, consultoria que, além de aplicar os protocolos de IATF, participa do processo de escolha do material genético utilizado pelos seus clientes – cerca de 50 fazendas de gado de corte, situadas sobretudo no Mato Grosso e Goiás. “A principal variável a ser considerada por nós é o índice de fertilidade, antes mesmo das características genéticas; se o animal não passar nesse crivo, já descartamos a possibilidade de utilizá-lo”, atesta.
Segundo Girotto, em contrapartida, quando o sêmen é utilizado em projetos de seleção com rebanhos puros, o peso do índice de fertilidade já não é o mais importante. “Nesse caso, a carga genética conta muito na escolha de um touro”, avalia Girotto.
Brangus Spartacus, da Alta: bicampeão na Expointer, RS
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Nelore Cacique: Recordista de vendas da ABS
Foto: JM Matos
10 Novembro 2015 Terça-feira | 21 horas REALIZAÇÃO
PATROCÍNIO
TRANSMISSÃO
ASSESSORIA
AVALIAÇÃO GENÉTICA
LEILOEIRA
Fazenda Mundo Novo : Rod. BR 050, km 125 | Caixa Postal 6006 | CEP: 38040-971 | Uberaba/MG Fones: (34) 3359.0201 | (34) 9113.5219 | www.fazendamundonovo.com
Ironicamente, antes da existência do Concept Plus, Mulato era reconhecido na praça como um touro de alta fertilidade, portanto, ideal para IATF. Contudo, conta o gerente, ele foi “desmascarado” pelo trabalho minucioso de levantamento de dados do programa Concept Plus, que busca isolar o “efeito touro” (resultado de concepção) das demais variáveis que influenciam os resultados da IATF, como ambiente, manejo nutricional, raça do animal e habilidade do inseminador. O processo de apuração mostrou, portanto, que Mulato somente apresentava resultados positivos em IATF quando acasalado com fêmeas cruza Angus-Nelore, reconhecidas justamente pela altíssima fertilidade. “Ou seja, Renato Girotto, como este touro era preferencialmente utilizado em vada RG Genética: cas muito férteis, por muito tempo ele carregou um tí“Fertilidade tulo (“animal de alta fertilidade”) que não merecia”, esé a principal clarece Carrara. variável a ser Em contrapartida, o novo programa da Alta Geconsiderada netics conseguiu identificar um touro da mesma raça durante a escolha do touro. (Brangus) com desempenho acima da média em IATF e, por isso, um dos listados no Concept Plus: o reprodutor Spartacus, filho de Gladiador e pertencente à Agrícola Anamélia, de Taciba, SP. “É um touro de excelente qualidade genética, que por dois anos seguidos (2009 e 2010) foi Grande Campeão na Expointer (feira de Esteio, RS)”, atesta Carrara. O animal se destaca principalmente nas características de precocidade e peso à desmama. Na avaliação do gerente de Mercado da ABS Pecplan, Frederico Glaser, a qualidade genética e a fertilidade são características que devem caminhar sempre juntas. “Usamos todos os tipos de ferramentas de seleção para incorporar um novo touro à nossa bateria e, paralelamente, investimos na busca de informações que atestem, no mundo real, ou seja, nas fazendas, a fertilidade dos nossos touros em programas de IATF”, afirma Glaser, acrescentando que o processo de escolha dos reprodutores certificados com Selo IATF da ABS leva em conta um banco de dados de 600.000 inseminações Frederico Glaser, realizadas em todo o Brasil. Há sete anos, diz o gerente, da ABS Pecplan: um grupo de técnicos da ABS se reúne anualmente para “Usamos todos trocar os dados de IATF e redefinir critérios mínimos de os tipos de graduação de touros com fertilidade comprovada. ferramenta Entre os touros da ABS Pecplan com fertilidade gapara a seleção rantida, destaque para Cacique FVC, de propriedade da de nossos Fazenda Vera Cruz, de Goianésia, GO, líder de vendas reprodutores”. da central na raça Nelore. “Por dois anos consecutivos (2013 e 2014), foi o touro que mais vendeu sêmen, e hoje já ultrapassa as 100 mil doses comercializadas”, conta Fernando Vilela, gerente de Produção da ABS. Filho de Tecelão em matriz Quark da Col, Cacique, ressalta Vilela, tem “mostrado excelentes resultados em IATF, com índices bem acima do que é esperado pelo mercado”. Questionado por DBO sobre quais seriam esses “excelentes resultados”, Frederico Glaser se limitou a dizer que essa é uma informação restrita ao Grupo IATF ABS. 88 DBO outubro 2015
RG Genética
Genética
Botijão da RG Genética com material genético de touros jovens, entre eles, o reprodutor Angus Black Dotty.
“Não divulgamos os valores absolutos, justamente para evitar comparações entre animais”, justifica. Novos talentos Renato Girotto, da RG Genética, diz que, em toda estação de monta, a consultoria, juntamente com as fazendas assessoradas por ela, faz testes de campo para descobrir novos touros com potencial de fertilidade. Em cada temporada, são avaliados três reprodutores jovens por lote, juntamente com um touro “controle”, animal de referência, já provado para fertilidade. “Procuramos utilizar pelo menos 100 doses de cada touro avaliado”, afirma. Os animais que se destacam nessas provas entram para a bateria de IATF da RG Genética, que mantém um Índice de Fertilidade dos touros usados pelos seus clientes, o IFERT-RG. Num desses testes foi revelado o Abeerden Angus Black Dotty, da VPJ Pecuária, de Mococa, SP, hoje utilizado maciçamente pelos clientes da RG Genética e um dos maiores destaques do programa de fertilidade da CRV Lagoa, de Sertãozinho, SP, o IFert (Índice de Fertilidade na IATF). “Na última estação, o Black Dotty registrou taxa média de prenhez de 59,3%, de acordo com o índice da CRV Lagoa”, informa Girotto Antes iniciar qualquer programa de IATF, a RG Genética sempre envia o sêmen para análise científica em laboratório, uma vez que as amostras de partidas de um único touro podem apresentar grande variação de qualidade. A Convet, de São Carlos, é uma das empresas que oferece o serviço de avaliação computadorizada do sêmen já congelado, realizando diversos exames, como movimento espermático e de morfologia. “Esses testes representam uma ferramenta a mais para se garantir a viabilidade de touros”, diz Flávio Scarano, diretor executivo e responsável técnico da Convet, que tem como clientes, além de produtores e veterinários, as próprias centrais de genética que atuam na comercialização do sêmen. No entanto, apesar da importância dos exames laboratoriais, nenhum deles é capaz de predizer o real potencial de fertilidade no campo. “Não existe melhor laboratório que o útero de uma vaca”, sentencia o professor e veterinário do Pietro Baruselli, da Universidade de São Paulo (USP), um dos entusiastas dos atuais projetos de identificação de touros positivos para IATF. n
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Genética
Alta do dólar eleva preço do sêmen Mesmo assim, há otimismo para o mercado de corte, que cresceu 8% no 1º semestre. Denis Cardoso
O
Márcio Nery, da ABS Pecplan: “o momento é positivo para o setor de gado de corte”.
denis@revistadbo.com.br
pecuarista terá de desembolsar mais reais para comprar as doses de sêmen comercializadas pelas centrais brasileiras de genética. “O reajuste é inevitável”, considera o presidente da Asbia – Associação Brasileira de Inseminação Artificial, Carlos Vivacqua, que também é diretor geral da central AG Brasil, de Ribeirão Preto, SP. Motivo: o forte aumento do dólar frente ao real, que subiu mais de 60% no período de 12 meses (até meados de setembro). O impacto da moeda norte-americana sobre o mercado de inseminação artificial foi um dos principais temas abordados durante evento que a entidade promoveu no dia 15 de setembro, em São Paulo, na sede da Sociedade Rural Brasileira, quando apresentou os números do setor referentes ao primeiro semestre deste ano. Vivacqua e outros representantes de empresas de inseminação artificial presentes no encontro fizeram questão de ressaltar que, pela grande competitividade do segmento, as centrais se viram obrigadas a “absorver integralmente” o aumento de custos ocasionado pela disparada da taxa cambial ao longo dos últimos 12 meses. “Não conseguimos segurar mais; para a saúde financeira das empresas do setor, o repasse se faz necessário”, enfatiza, acrescentando que, em meados de setembro o dólar oscilava em R$ 3,90, ante R$ 2,40 de igual período do ano passado. O preço do sêmen importado – principalmente das raças Angus, Holandês e Jersey – terá maior incremento. Mas, segundo o presidente da Asbia, embora em menor proporção que o importado, o sêmen nacional também sofrerá aumento, porque alguns equipamentos e insumos utilizados pelas centrais são “dolarizados”, como as palhetas para envasamento do produto e diluentes utilizados na industrialização do material genético. Em 2014, o Brasil importou 4,2 milhões de doses de sêmen de gado de leite e 3,5 milhões de doses de animais de corte. No entanto, mesmo com a valorização nos preços de venda, os representantes das companhias de inseminação artificial estão otimistas quanto ao comportamento do mercado neste segundo semestre, período de maior volume de negócios, por causa do início da estação de monta em fazendas de gado de corte, a partir de outubro-novem-
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bro. “Nesse segmento, a comercialização de sêmen cresceu 8% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado, e a tendência é de registrarmos um percentual ainda maior no segundo semestre”, prevê Márcio Nery, diretor da Asbia e da ABS Pecplan, de Uberaba. Segundo ele, na área de gado de corte não há razões para preocupação, já que os preços da arroba do boi gordo e do bezerro continuam em patamares elevados e a demanda pela carne bovina se mantém aquecida no mercado internacional. “O momento é tão bom nesse setor que até produtores de leite estão comprando sêmen de touros de corte para aplicá-lo em matrizes leiteiras e, com isso, promover a produção de um bezerro destinado ao abate”, afirma o diretor, completando que tal estratégia ocorre com mais intensidade nos Estados de Santa Catarina e Paraná. No caso do leite, que depende quase que exclusivamente do mercado interno, a situação já não é tão favorável para o mercado de inseminação. Para Vivacqua, em função da crise econômica por que passa o Brasil, haverá diminuição de renda da população e aumento da taxa de desemprego, o que “resultará em menor consumo de produtos lácteos”. O setor leiteiro registrou queda de 7% na come rcialização de sêmen no primeiro semestre, na comparação com igual período de 2014. Dados segmentados O relatório Index Asbia referente ao primeiro semestre deste ano seguiu o modelo de “segmentação por setores” que foi apresentado primeira vez ao mercado no ano passado. Criada pela nova diretoria da Asbia, a nova metodologia busca proporcionar “maior transparência” em relação aos diferentes ramos de atividade do mercado de inseminação artificial, alega a entidade. Estabilidade no Mercado da inseminação* Segmento Comercialização corte
Comercialização leite
Produção corte Produção leite Prestação de serviço corte
Prestação de serviço leite
Exportação corte
Exportação leite
Total
2015
2014
Variação anual
2.672.830
2.473.086
8%
2.317.712
2.483.205
-7%
1.490.224
1.648.221
-10%
530.949
462.770
15%
476.182
431.824
10%
14.668
16.180
-9%
43.026
31.574
36%
64.588
42.059
54%
7.588.919
7.610.179
*Dados referentes ao primeiro semestre de cada ano. Fonte: Asbia
0,3%
Publique Fotos: Publique banco de imagens
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Genética
Carlos Vivacqua, presidente da Asbia: “reajustes mais expressivos nos preços do sêmen importado”.
No relatório semestral desmercialização por parte das cenAngus lidera vendas te ano, porém, foram incluídas intrais), o setor de corte contabilizou anuais de sêmen* formações complementares que fi476.000 doses no primeiro semestre, 3.698 (1) caram de fora do balanço de 2014, Angus crescimento de 10% em relação ao como os dados individualizados Nelore volume do mesmo período de 2014 2.278 (2) das vendas de sêmen por raça. O (432.000 doses). 204 (3) Abeerden Angus continuou lide- Brangus rando as vendas, com 47% de par- Braford Novidades 185 ticipação total ou 3,3 milhões de No relatório anual 2015, que 132 (4) doses de sêmen comercializadas no Hereford provavelmente será divulgado em ano passado, seguido pelo Nelore, Senepol fevereiro de 2016, a Asbia preten112 com 30%, ou 2,1 milhões de doses. de segmentar ainda mais os dados 87 (5) No geral, o mercado de insemi- Brahman relacionados ao mercado de sêmen. nação artificial (corte e leite) ficou Charolês A principal novidade na área de (6) 82 praticamente estável no primeiro gado de corte envolverá a raça Ne79 semestre deste ano, com a mo- Tabapuã lore, cuja informação sobre o núvimentação de 7,6 milhões Guzerá mero de doses será desmembrada 67 de doses de sêmen, ligeiem animais com Ceip (Certificado 58 (7) ro aumento de 0,3% sobre Simental Especial de Identificação a Produas 7,5 milhões de doses re- *Dados de 2014 em milhões de doses, só raças de corte. ção) e PO (Puro de Origem). “Existe gistradas em igual interva- 1) Inclui as variedades preta (3.299 milhões de doses) e uma demanda crescente por touros lo do ano passado (veja ta- vermelha (398 mil doses); 2) inclui as variedades padrão com Ceip e o mercado quer enten(2.100 milhões de doses) e mocha (178 mil); 3) preta (152 bela na página anterior). Na mil de doses) e vermelha (52 mil); 4) padrão (765 doses) der quanto e onde se vende mais aniárea de comercialização de sê- e mocha (131 mil doses); 5) preta (86,34 mil) e vermelha mais com essa característica”, justimen de gado de corte, as vendas su- (282); 6) padrão (54 mil doses) e mocha (28 mil); 7) padrão fica o diretor operacional da Asbia, biram 8% no primeiro semestre do (47 mil doses) e mocha (11 mil). Fonte: Asbia Márcio Nery. No leite, também haano, para 2,6 milhões de doses, ante verá mudança na raça Girolanda, 2,4 milhões de doses de igual período de 2014. com a indicação separada do que foi vendido de sêmen de No segmento de produção (estoques de sêmen das animais com 3/4 ou com 5/8 de sangue Gir. centrais e provenientes da coleta das empresas prestadoA Asbia também prevê inserir dados no relatório ras de serviço), foram contabilizadas, no corte, 1,5 milhão anual sobre a produção e comercialização de embriões, de doses nos primeiros seis meses do ano, queda de 10% além de trazer informações específicas em relação ao sobre as 1,640 milhão de doses verificadas no primeiro se- mercado de IATF, por meio da divulgação dos números mestre do ano passado. de vendas de implantes de progesterona, que, segundo Na área de prestação de serviços (sêmen coletado es- Nery, ajudarão a dar uma ideia melhor sobre a evolução pecificamente para o uso próprio do pecuarista, sem co- do uso da ferramenta. n
92 DBO outubro 2015
Deoxi Biotecnologia
Genética
Tufo de pelos da cauda para análise
Amostra de sangue também serve...
Garanta a leitura do DNA Veja como proceder com amostras de material biológico, antes de enviá-las ao laboratório.
A Banco de amostras O custo do exame de DNA varia de R$ 120 a R$ 750 por animal. Como são amostras de pelo, não há rigor na armazenagem e elas podem ser colocadas em envelopes de papel. O cuidado está na correta identificação e na organização do banco, para que se evitem trocas. Esse banco serve até para a segurança do rebanho, no caso de roubo de animais.
Lídia Grando
genômica é uma ciência que contribui para aumentar a confiabilidade de touros jovens dos programas de melhoramento, ou seja, aqueles animais que ainda não tiveram filhos, mas são apontados como possíveis bons reprodutores. No sumário de touros, antes do advento da genômica, as informações do potencial genético desses animais eram baseadas em dados de sua família, além das medições feitas no próprio animal. Por isso, o nível de acurácia (de acerto nas previsões) deixava a desejar. Com a adição das informações obtidas pela análise de DNA, há um ganho que permite que a confiança nos dados do animal passe de 40% para 70%, explica o especialista Jorge Luiz Paiva Severo, da consultoria de melhoramento genético Gensys, de Porto Alegre, RS. A empresa é responsável pelos cálculos de diversos programas de melhoramento, como Aliança, Natura, Paint e Conexão Delta G, entre outros. “Há maiores precisão e confiança”, afirma. Nos programas da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), a genômica também é uma ferramenta incorporada, com recomendação principalmente para os animais jovens, informa a consultora técnica da entidade, Letícia Gabarra de Oliveira. A escolha dos animais que serão genotipados – ou seja, terão o DNA esmiuçado – depende da indicação do programa ou da decisão do criador. Após escolhido o programa, é necessária a coleta de uma amostra de
94 DBO outubro 2015
... além de amostras de sêmen
material biológico, pois o DNA é extraído do núcleo das células. As amostras podem ser extraídas do sangue, do sêmen ou dos pelos, estes últimos os preferidos no caso do gado de corte. Os pelos são retirados principalmente da vassoura da cauda e devem ser arrancados, como se puxa um fio de cabelo. “Este material deve conter bulbos na extremidade que estava conectada com o bovino. Não adianta cortá-los, porque aí, eles não são coletados”, alerta o diretor da Deoxi Biotecnologia, Rodrigo Vitório Alonso, de Araçatuba, SP. Cada tufo deve ter cerca de 30 a 50 fios. Segundo o técnico de genética da Zoetis (empresa de saúde animal e genética), Adauto Franco, de São Paulo, SP, “em um tufo, a quantidade de pelos é proporcional à espessura de uma caneta comum”, compara. O responsável deve ter cuidado para que a amostra não contenha fezes, urina, ectoparasitas, resíduos de medicamentos, de barro ou qualquer outra substância que possa interferir no resultado do exame. Deve ser a mais limpa possível. “A falha da análise atrasa o processo, o que pode prejudicar o produtor, se ele tiver urgência”, comenta Franco, citando, por exemplo, o caso de animais que serão leiloados, cujas informações genômicas favorecem a argumentação de venda. O especialista recomenda ao produtor interessado formar um banco de amostras, para acelerar o processo (veja texto à esquerda). Após a coleta, as amostras são armazenadas em cartões de papel fornecidos pelas empresas ou podem ser guardadas em envelopes devidamente lacrados e identificados. “É importante que se registre o maior número possível de dados com muita atenção”, diz Alonso, da Deoxi. Além dos cartões, deve ser enviada uma planilha digitada contendo todas as informações. Na maioria das vezes, as amostras são coletadas durante as avaliações de sobreano, (animais de 14 a 18 meses), porém elas podem ser feitas na desmama. “O DNA é o mesmo em qualquer fase da vida do animal”, afirma Alonso, lembrando que há quem faça a coleta da amostra ainda no embrião. É o uso da tecnologia para o melhoramento. n
Fotos: arquivo gap
Raças
Linhares: segredo do trabalho está na seleção objetiva
As raízes da GAP Genética Referência na criação gaúcha, Eduardo Linhares disseminou sangue britânico pelo Brasil Central Carolina Rodrigues
O
carol@revistadbo.com.br
jeito tranquilo de caminhar pela Estância São Pedro em dias tumultuados do Remate GAP Genética indica que calma e cautela sempre estiveram presentes no trabalho do selecionador Eduardo Macedo Linhares, titular da GAP Genética, de Uruguaiana, RS. Dono de um verdadeiro patrimônio genético de raças britânicas na fronteira entre o Brasil e a Argentina, Linhares traçou uma trajetória que chama a atenção de qualquer selecionador, seja ele gaúcho, ou não. Aos 84 anos, e em plena atividade, ele se mantém no topo da lista de faturamento na temporada de remates de primavera do Estado, além de guardar no currículo feitos históricos como o de julgar animais de ninguém menos que a rainha da Inglaterra, Elizabeth II. A façanha ocorreu na tradicionalíssima Royal Show, uma das maiores e mais antigas exposições de raças britânicas do mundo. “Lembro que ao descobrir minha nacionalidade ela me perguntou se era possível criar Devon num País tão quente como o Brasil. Prontamente respondi que sim. Disse que no Sul do País, mais precisamente no Rio Grande do Sul, tínhamos condições de criar qualquer raça proveniente do Reino Unido”.
96 DBO outubro 2015
A declaração à realeza e o orgulho de seu Estado de origem e criação, no entanto, não fizeram de Linhares um homem preso às raízes. Criador de Angus, ele foi o introdutor da raça brangus – cruzamento de angus com o zebuíno nelore, do qual tem o maior rebanho registrado do mundo. Ao longo de sua “carreira” como selecionador, estendeu sua atuação ao Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para testar a genética produzida naquela época apenas no Rio Grande do Sul. Linhares estudava maneiras de alcançar o mercado central com uma produção de animais diferenciados, fruto do trabalho que já realizava visando o mercado uruguaio e argentino. “Queríamos produzir genética adaptada àquelas condições”, diz ele, acrescentando: “Somos o berço das raças britânicas no País. Mas não se deve ignorar o potencial do Brasil como produtor de boa genética bovina, incluindo regiões como o Brasil Central, que hoje detém 80% da nossa pecuária de corte e para onde fornecemos 50% da produção de nossos animais”. Hoje, o criador mantém propriedades arrendadas na região, que abrigam um plantel de 700 fêmeas Brangus criadas e recriadas em pasto de braquiária e mombaça. As outras 3.500 matrizes da raça ficam no Sul do País, junto a 1.500 fêmeas Angus e 1.300 Hereford e Braford, criadas majoritariamente em pastagens nativas (30% da área é formada com azevém, para uso no inverno). Um time que gera, anualmente, quase 6 mil bezerros. Embora se considere um apaixonado pelas taurinas, Linhares diz que o atual mercado de genética está mais favorável para as compostas. “Elas são o passaporte para levar sangue britânico ao Brasil Central”, diz. “São uma alternativa de animais adaptados e produtivos para uma pecuária que precisa ser mais eficiente.” Ao todo, são 20.000 hectares dedicados à pecuária, com espaço para o cultivo de arroz, além da criação de cavalos crioulos – um dos grandes campeões do Freio de Ouro, Pampa de São Pedro, carrega a marca GAP. “Não se pode parar. Nossa atividade exige renovação”, diz Linhares, comparando o jeito de fazer pecuária na década de 1950 e nos dias atuais. “Antes selecionávamos animais pelo visual campeiro. Não tínhamos o apoio de dados técnicos, a não ser pedigree e data de nascimento. Importava produzir um Angus grande e novilhos. Hoje, sabemos que tamanho não é documento. Animal bom é animal equilibrado, produtivo e funcional”. Um olhar à frente O aprendizado ele adquiriu ao longo de sua história. Na década de 1970 percorreu países estudando a genética da raça Angus para aprimorar o trabalho da Cabanha Azul, propriedade que antecedeu a GAP, e que comandava ao lado do primo e sócio João Vieira de Macedo Neto. Foi por esse criatório que recebeu suas primeiras premiações em pista e toda a projeção de mercado, com os primeiros remates de Angus e Devon, raça que hoje já não está no seu portfólio de produtos. A parceria terminou em 1993, com o nascimento da GAP. “Foi uma
Remate Gap Genética ocupa posto de liderança
Seleção originada nos taurinos ganhou força com o Brangus
partilha familiar. Não houve brigas, nem desentendimentos, apenas caminhos diferentes”, lembra Linhares. Como pecuarista, Eduardo Linhares sempre pensou como geneticista. Na década de 1980, confiou ao zootecnista, Luiz Alberto Fries, todo o trabalho de seleção genética de sua fazenda. Nos anos seguintes, Fries, que morreu em 2007, aos 56 anos, tornou-se um dos principais geneticistas do País, criador do Sistema de Avaliação Natura, e um dos fomentadores do Grupo GenSys, hoje, responsável pela avaliação genética de 10 Projetos com autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para emissão do Ceip (Certificado Especial de Identificação e Produção). “Ele nos orientou a reduzir nossa participação em shows, que na época eram as exposições, e focar todo o trabalho na seleção objetiva. Fomos os primeiros a ceipar animais”, lembra Linhares. “Foi o início da revolução na pecuária de corte”.
O rigor também se aplica às fêmeas. Na GAP, apenas as superiores são incorporadas ao rebanho, com destaque para eficiência reprodutiva e qualidade na produção de bezerros. As melhores são encaminhadas para a Transferência de Embriões (TE) ou Fertilização In Vitro (FIV). Os touros usados como “pais” do plantel são estudados com base nas DEP’s dos programas Natura e Promebo. Segundo Ângela, desde que o Programa de Acasalamento Dirigido (PAD) foi incorporado ao processo de seleção – há 20 anos – o número de animais ceipados cresceu 25% no rebanho. “Esse é um indicativo de que temos acertado bastante”, considera.
Peneira Todo o plantel da Gap é avaliado pelo Natura e Promebo (Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne), com Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP) para os 20% melhores animais nascidos a cada safra. O princípio do trabalho de seleção é a aposta em animais jovens. “Pode-se descobrir um grande reprodutor logo aos dois anos”, diz Linhares. Mas, para ele, isso não pode ser feito às cegas. “Sem se basear nas informações dos programas de melhoramento, não há crescimento palpável”, afirma. Na Gap Genética, dos 3.000 machos nascidos anualmente são eliminados 50% no desmame. Dos 1.500 restantes, outro corte acontece no sobreano, restando somente os 650 melhores de cada geração. Os 50 superiores são utilizados como ‘touros de cria’ ou como doadores de sêmen. Os 600 são comercializados no remate anual ou em vendas diretas na fazenda, com demanda cada vez maior. No último leilão da GAP, a oferta teve de ser encorpada para atender a toda clientela. Houve redução no número de animais vendidos na fazenda para o aumento da oferta de pista. Ao todo, 800 touros e matrizes, além de 40 cavalos Crioulos. “A conquista do status de fornecedor de genética se deve, principalmente, à adoção de boas ferramenta de seleção”, acredita a filha e veterinária, Ângela Linhares da Silva. “Isso rege todo nosso trabalho”.
Bom legado Eduardo Linhares se diz orgulhoso do sucesso conquistado, principalmente pela capacidade dos filhos de coordenar a GAP ao seu lado. Dos cinco herdeiros, quatro trabalham ativamente na fazenda. “Acreditar nas futuras gerações permitiu a longevidade de uma criação iniciada nos primeiros anos do século 20 [1906], herdada por mim e que deve perdurar por muitos anos nas mãos da geração que está chegando.” Atualmente, toda a parte genética, reprodutiva e sanitária fica nas mãos de Ângela. O filho mais velho, Paulo Eduardo Linhares, coordena a área de agricultura, e a filha Marcia é a responsável pelo setor administrativo do grupo. Também há espaço para os “agregados”, brinca Linhares, referindo-se aos genros. Rodrigo Fialho, marido de Márcia, é o responsável pela nutrição do rebanho; João Paulo Schnneider da Silva, o “Kaju”, casado com Ângela, é quem comanda a área comercial. Ele vem se tornando figura pública do criatório. No último leilão da GAP, em 29 de setembro, ele comemorou o faturamento de R$ 6,7 milhões, como quem tivesse ganho um campeonato. Além dos apertos de mão, Kaju dividiu a tarefa de coordenar toda equipe, incluindo olhos atentos nos lances e uma enorme contribuição ao leiloeiro, que volta e meia, o s olicitava informações adicionais sobre os animais em pista. Satisfeito, Eduardo Linhares assiste de camarote: “Estou bem assessorado. Hoje, já posso passar a maior parte do tempo com o golfe e os cavalos, embora eu ainda seja bastante requisitado na estância”, diz ele, que hoje mora em Porto Alegre, ao lado da esposa Maria Helena. n
nnn A produção anual da GAP é de
650 tourinhos, dos quais 50 são superiores e têm sêmen coletado.
nnn
DBO outubro 2015 97
Raças Nelore
Expoinel MG encerrou ranking do ano
C
omo nas edições anteriores, a Expoinel (Exposição Internacional de Nelore) marcou o encerramento do ano-calendário da raça, com o fechamento do ranking. Realizada de 17 a 27 de setembro no Parque Fernando Costa, em Uberaba, MG, o evento, além do Nelore, contou com o grande campeonato das raças Brahman e Gir. Nos dez dias do evento, o público pôde degustar a carne Nelore Natural. O grande campeão
Cort Genética
Com sede em Uruguaiana, RS, a central Cort Genética Brasil lançou o catálogo de touros de raças de corte. No total, são 96 reprodutores com sêmen à venda das raças Angus (Red e Aberdeen), Brangus e Red Brangus, Hereford e Braford, Senepol, Simental, Charolês, Nelore padrão e mocho, Brahman, Tabapuã, PardoSuíço e Guzerá. Da bateria de 96 touros, 90% são reprodutores criados no Brasil. Todos os touros nacionais têm DEPs de desempenho e 100% com avaliação genômica. Eles também têm avaliação para desempenho em IATF, segundo a empresa. Cort Genética Brasil, tels. (55) 3414-0164 e 3414-0198.
Nelore padrão foi Objuan FIV do Mura, da Jatobá Agricultura e Pecuária, e o título de grande campeã foi para Genova Gibertoni, da Rima Agropecuária. Os títulos de reservados campeão e campeã foram para Talento FIV do Bony e Cattedral FIV Ciav, ambas da Nelore Vila dos Pinheiros. No Nelore mocho, o grande campeão foi Ornado do Leblon, do criador José Roberto Giosa, e o título de grande campeã foi para Queridinha da CAR, da criadora Dalila Cleopath C.B.M. Toledo, que também fez o reservado grande campeão, com o touro Raro do Car. O título de reservada grande campeã foi para Esperalda FIV da Goya, da Goya Agropecuária (veja na seção leilões os resultados 11 leilões oficiais da Expoinel).
Brangus
O touro Artilheiro, cria da raça Brangus da GAP Genética, de Uruguaiana, RS, foi contratado pela ABS Pecplan e já conta com sêmen disponível para a próxima estação de monta, a de 2015/2016. O reprodutor foi arrematado no Leilão da GAP pela empresa Greenfield Agropecuária, de Cachoeira do Sul, por R$ 90 mil. Ângela Linhares da Silva, responsável pela seleção da GAP Genética, diz que “é um touro que tem genealogia bárbara, excelentes desempenho reprodutivo e padrão racial”.
Senepol
Campeão da Prova de Performance da CRV Lagoa em 2011, o touro Hotu Soledade, que pertence ao criador Ricardo Carneiro, do Senepol Soledade, de Uberlândia, MG, está em coleta na CRV Lagoa. Filho de CN 5480 e da doadora Arena 18, ele já vendeu 23 mil doses. Além do pai, um dos principais raçadores na raça Senepol, a mãe tem 14 filhos em coleta em várias centrais.
98 DBO outubro 2015
Hereford e Braford A Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB) está investindo na expansão da genética do Hereford e Braford no Centro-Oeste. Em setembro, entre 8 e 13, a ABHB participou da 1ª Feira de Reprodutores & Genética, em Campo Grande, MS, quando 19 reprodutores Braford foram vendidos pelo preço médio de R$ 10.573. Segundo Felipe Azambuja, gerente de Operações da ABHB, muitos criadores estão comprando touros Braford para cruzar com vacas Nelore ou meio-sangue e sêmen do Hereford para IATF. A demanda pela genética do Hereford também cresce. Conforme Antônio Cabistani, diretor da Cort Genética Brasil, de Uruguaiana, RS, em um ano a procura pelo sêmen da raça dobrou. “Em 2013 vendemos 12.000 doses. Em 2014 o volume saltou para mais de 24.000”, afirma. Para 2015 a expectativa é de que haja um aumento superior a 40% com a venda de mais de 35 mil doses. Sul, em um ano, a procura pelo sêmen da raça dobrou. “Em 2013, quando começaram a constatar a melhoria na performance do material genético em vacas meio-sangue, vendemos 12.000 doses. Em 2014 o volume saltou para mais de 24.000”, afirma. Para 2015 a expectativa é de que haja um aumento superior a 40% com a venda de mais de 35 mil doses.
Temos o maior rebanho Bovino da Bahia. Mas é a qualidade genética dos nossos animais que nos enche de orgulho!
Alexandre, o Grande - Fibrasa Agropecuária
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a capital baiana
do bezerro
precoce
Uma homenagem aos pecuaristas do extremo sul baiano que acreditaram em nosso projeto.
Regional
Novo desastre no Pantanal Divulgação
Águas do Taquari avançam sobre 1 milhão de hectares de pastagens
Rio Taquari assoreado: água busca caminho para escoar e sai do leito.
Ariosto Mesquita,
O
de Campo Grande, MS
estrago está completo. Primeiro foi o arrombamento da margem direita do rio Taquari, a uma década e meia atrás, que inundou cerca de 1,5 milhão ha de áreas produtivas, atingindo o Pantanal do Paiaguás, no Mato Grosso do Sul. Agora, o arrombamento atingiu a margem esquerda do rio, atingindo uma área de 1 milhão de ha no Pantanal da Nhecolândia, entre os municípios de Corumbá e Rio Verde de Mato Grosso. Além do desastre ambiental, com a deformação e descaracterização completa do leito do rio Taquari, o arrombamento pressiona a pecuária desenvolvida no Paiaguás e Nhecolândia, atingindo o berçário da bovinocultura do Mato Grosso do Sul e que produz aproximadamente 650.000 bezerros/ano, segundo a Embrapa Pantanal, com sede em Corumbá. O pesquisador da Embrapa Pantanal, Urbano Gomes Pinto de Abreu, projetava uma perda de 20% na taxa de desmame dentro do rebanho de aproximadamente 300.000 cabeças na região afetada do Pantansl da Nhecolândia. A taxa de desmame é considerada como o principal indicador de eficiência da pecuária de cria. Ela representa o número de bezerros desmamados em relação às vacas submetidas a um processo reprodutivo em um determinado período de tempo.
102 DBO outubro 2015
Abreu vem acompanhando o avanço do problema e o classifica como “bastante sério”. Ele defende uma ação coordenada para contê-lo. “Caso nenhuma providência prática, oficial e organizada, for tomada, corremos o risco de ocorrerem ações isoladas de produtores para reduzir os alagamentos. Isso, sem um acompanhamento técnico e coordenado, pode ser ainda mais prejudicial ao bioma. Mas não podemos tapar o sol com a peneira. Qualquer ação a ser tomada vai depender de um bom volume de recursos”, avisa. Para entender o tamanho da catástrofe é necessário compreender a importância do rio Taquari para o Pantanal e para a pecuária da região. A atividade começou em 1.737, segundo os registros históricos da Embrapa Pantanal. São quase três séculos de convívio harmonioso do boi com o bioma pantaneiro. O rio Taquari é considerado um dos principais formadores do Pantanal, tanto pela sua ampla e rica bacia quanto pela sua histórica função de ambiente reprodutor da fauna aquática pantaneira. De acordo com mapeamento da Embrapa, o rio nasce no sul de Mato Grosso e percorre 801 km até desaguar no rio Paraguai, em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Ele delimita as duas principais sub-regiões do Pantanal, o Paiaguás (em sua margem direita) e a Nhecolândia (margem esquerda), cada uma ocupando cerca de 20% de todo o bioma. Inúmeras fazendas de pecuária de corte se estabeleceram às suas margens ao longo de quase três
silvio andrade
Regional
Áreas de pastagens alagadas pelas águas do rio Taquari no Pantanal da Nhecolândia
Urbano de Abreu, pesquisador da Embrapa Pantanal: taxa de desmama pode baixar para apenas 20%.
séculos, tendo o curso desse rio como a principal canal de acesso à região. A partir dos anos 1970 houve uma exploração descontroladas das áreas às margens do rio, no Alto Taquari, sobretudo para a atividade agrícola, com a retirada de boa parte das matas ciliares. Com a erosão do solo, muita carga de areia e de sedimentos foi levada do planalto para a planície, gerando um intenso assoreamento do rio. Com boa parte do leito ocupado, as águas começaram a forçar as margens em busca de alternativa de escoamento. O arrobamento, também conhecido como avulsão, acontece quando as águas de um rio rompem uma de suas margens, avançam e alagam permanentemente grandes extensões de terras.“O primeiro aconteceu na Boca do Caronal, no município de Coxim. Alagou permanentemente 1,5 milhão de ha de terras produtivas na margem direita do rio, dois terços ocupados com a atividade pecuária, atingindo um rebanho de 300.000 cabeças, a maioria fêmeas de cria”, lembra Ricardo Éboli, diretor de Licenciamento do Imasul (Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul). O arrombamento na margem esquerda do Taquari aconteceu no povoado do Corixão, em Corumbá, MS, em janeiro último. De acordo com o Sindicato Rural de Corumbá, o ponto inicial do arrombado fica distante cerca de 250 km, em linha reta, da área urbana de Corumbá. “Três corixos aumentaram significativamente suas vazantes: o Corixão, o Landi e a Capivari. Muitos pastos estão submersos”, garante o diretor do Imasul (a palavra ‘corixo’ é a denominação dada, no Pantanal, aos canais que ligam as águas de lagoas e alagados com os rios). “Estamos acompanhando uma intensa movimentação no rebanho daquela região de Corumbá. Pelo menos 40.000 animais já foram levados para partes mais altas do Pantanal ou mesmo vendidos para propriedades no Cerrado. Há risco para a pecuária brasileira com
104 DBO outubro 2015
a redução da oferta de gado magro para o planalto”, alerta o diretor da Imasul. Debaixo d’água O criador Luciano de Barros foi um dos grandes prejudicados com o arrombamento na região do Corixão. Segundo ele, 80% das terras de suas duas fazendas arrendadas (Santa Gertrudes e Providência) estão debaixo d’água. “Já retirei 2.000 cabeças entre bezerros, vacas e novilhas. Levei tudo para a Fazenda Figueiral, uma propriedade minha que fica também na Nhecolândia, mas fora do alcance das águas”, relata. Caso o problema não seja resolvido até dezembro, com a chegada temporada das águas, Barros não terá como manter as 1.500 cabeças que ainda segura nos dois arrendamentos. “Estou até procurando outras terras para acomodar estes animais e ainda não encontrei. Caso não consiga terei de vender o gado”, avisa. O pecuarista possui aproximadamente 10.000 cabeças no Pantanal em sistema de cria. Diante do problema, seu rebanho corre o risco de ser reduzido em até 35%. O arrombado do Corixão comprometeu também a navegabilidade do rio Taquari e o acesso às fazendas da região. Luciano de Barros não consegue mais se utilizar de barcos e de sua caminhonete para ter acesso às duas fazendas arrendadas. “Estamos ilhados. Agora só consigo chegar até lá de avião“, conta. De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Luciano Leite, os animais estão sendo conduzidos em comitivas, cruzando alagados e corixos, enquanto não chega a temporada de cheia. “As viagens estão demorando entre 10 e 15 dias. Com a chegada das águas, agora no final do ano, isso não poderá ser feito. Caso o problema não seja contido até lá, o próximo período de cheia pode levar água para pastagens nunca antes alagadas e decretar a quebra da pecuária pantaneira”, adverte. Por enquanto, a diretoria do Sindicato ainda não contabilizou o número de propriedades atingido e não tem dados dos prejuízos: “Estamos numa correria tremenda para mobilizar apoio para os pecuaristas da região e também pressionando as autoridades para que alguma medida seja tomada”. Segundo Luciano Leite, o município de Corumbá fechou 2014 com um rebanho de 1,973 milhão de bovinos. “É o segundo maior entre os municípios brasileiros, perdendo apenas para São Felix do Xingu (PA) que tem 2,1 milhão de cabeças. Só não lideramos este ranking por causa das perdas das áreas de pastagem causadas por estes problemas no Taquari”, garante o presidente do Sindicato. Medidas Tanto a Embrapa Pantanal quanto o Sindicato Rural de Corumbá e o Governo do MS entendem que o problema tem de ser contido com ações emergenciais. Primeiro, fazendo desassoreamento do rio. Depois, fechando os arrombamentos, com a recuperação gradativa das matas ciliares. “Mas, para fazermos essas intervenções, depen-
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Ricardo Éboli, do Imasul: “Intervenção depende de autorização da Justiça”.
demos da autorização judicial”, diz Ricardo Éboli. Ele entende que estas licenças devem ser concedidas para que os próprios produtores façam a recomposição e correção do leito em parceria com o Governo do Estado. “Não temos maquinários próprios para desassoreamento, mas podemos buscar soluções com a participação da União e da iniciativa privada”, explica. A participação das administrações públicas na recuperação do Taquari pode ser maior do que o próprio Governo do MS prevê. No dia 28 de setembro, o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público Estadual (MP-MS) conseguiram uma liminar na Justiça obrigando órgãos oficiais do Estado a tomarem providencias práticas para conter a degradação do rio. O prazo é de 90 dias. Pela decisão judicial, medidas de fiscalização, recuperação, prevenção, educação e combate aos danos ambientais devem ser tomadas em conjunto pelos governos do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A multa diária varia entre R$ 5.000 e R$ 50.000. Caso o cumprimento dessa determinação judicial se atrase, verbas publicitárias da União e dos dois Estados poderão ser bloqueadas e utilizadas para divulgar as eventuais omissões das instituições. Nem mesmo
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1
30/09/15
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ariosto mesquita
Regional
Já foram retirados do Pantanal 40 mil bovinos.
os gestores e diretores destes órgãos estariam livres de pena. A liminar prevê multas individuais, com valores entre R$ 1.000 e R$ 5.000 por dia ou por ato realizado de forma irregular. Indagados sobre a eficiência desta medida, os representantes do Imasul preferiram não opinar. A assessoria do órgão informou que qualquer comentário somente seria feito após o recebimento da comunicação oficial sobre a liminar. Até o fechamento desta edição o órgão ambiental alegava ainda não ter sido notificado judicialmente. n
Leilões
Setembro perde o fôlego Mercado de touros esmorece após período intenso de comércio. Oferta caiu 6% depois de um julho e um agosto de encher os olhos. carolina rodrigues
Comparativo com setembro de 2014 Lotes
–11% Fatura (R$)
+6% Média
+19%
O
carol@revistadbo.com.br
s leilões com oferta de bovinos selecionados para a podução de carne renderam, em setembro, R$ 118,6 milhões. O faturamento se deu em 116 eventos, com oferta de 12.337 lotes e média de R$ 9.617 por exemplar. O mês correu mais calmo na comparação a igual período do ano passado, situação que já era prevista pelas principais leiloeiras do setor. O mercado de touros esmoreceu. Ele vinha em movimento ascendente e ritmo acelerado desde julho, quando a oferta beirou 6.000 lotes, em 94 leilões. Em agosto, a oferta ultrapassou 8.700 lotes e, neste mês de setembro, somou exatos 7.914, pela média de R$ 9.583. A oferta dos três meses beirou 22.568 touros, ante 20.562 registrada no mesmo período de 2014. Assim como na pecuária de corte destinada ao abate, que tem seus ganhos associados à escala, na produção de touros é preciso produzir e vender mais, de preferência, o quanto antes. E foi isso que os criadores
116 remates de bovinos de genética para carne Pistas de setembro registram média geral de R$ 9.617 Raças
Lotes
Leilões
Renda (R$)
Média
Máximo
Nelore
7.601
77 (11)
82.465.460
10.849
960.000
Angus
1.306
15 (11)
10.877.610
8.329
163.200
Senepol
978
3
6.216.930
6.357
606.000
Brangus
697
9 (7)
5.399.020
7.746
25.550
Braford
494
13 (9)
3.830.330
7.754
12.480
Brahman
370
5 (1)
2.926.240
7.909
-
Tabapuã
367
5 (2)
2.607.920
7.106
11.200
Simental
146
2 (1)
1.085.640
7.436
-
Hereford
112
6 (6)
1.081.030
9.652
-
Guzerá
79
3 (1)
459.500
5.816
-
Bonsmara
66
1
660.240
10.004
-
Canchim
40
1
360.000
9.000
16.800
Devon
36
2 (1)
376.980
10.472
-
Caracu
31
1 (1)
160.900
5.190
-
Charolês
14
2 (2)
137.050
9.789
10.000
Total
12.337
116
118.644.850
9.617
960.000
Critério de oferta.(-) Dados das leiloeiras Arão Dias Neto, Agreste, Anderson Lima, Bahia, Berrante, Camargo & Peroni, Cambará, Capitaliza, Central, Connect, Correa da Costa, Estância Bahia, EDS, Guarany, JC, Leiloboi, Leilosul, Leilogrande, Leiloínga, Leilonorte, Leilopec, Leilosat, Marka, Parceria, Pampa, Panorama, Pantanal, Programa, Rural, Rédea, Santa Rita, Taquarí, Tellechea & Bastos, Teixeira Mattos e Trajano Silva Remates. (-) Quantidade de remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Elaboração DBO.
108 DBO outubro 2015
fizeram na virada do semestre. Promoveram muitos e bons leilões em julho e agosto, deixando a procura por reprodutores mais lenta em setembro. “Há, hoje, uma tendência de antecipação no mercado de touros. O vendedor quer colocar seu produto o quanto antes na prateleira e o comprador quer garantir o bom desempenho do touro adquirido e para isso é preciso respeitar o período de adaptação desse animal ao novo ambiente de trabalho”, diz Lourenço Miguel Campo, da Central Leilões. “Todo mundo quer se adiantar. Isso faz parte do amadurecimento do mercado”. Ligeira, mas notável Em setembro, a oferta de touros recuou 6% no comparativo com 2014, caindo de 8.424 lotes para 7.914 lotes. O contrário ocorreu nos preços médios, que registraram alta considerável de 27%: saíram de R$ 7.513 para quase R$ 9.500. Há de fato, um mercado ainda reativo para reprodutores, que deverá se estender ainda neste mês. Outubro é o auge das vendas de primavera gaúcha, período de maior oferta de genética do Rio Grande do Sul, e também um dos preferidos para leilões no Centro-Oeste, por causa das estações de monta. A agenda para este mês é de 152 remates com oferta de genética para carne, sendo 88 programados apenas no Rio Grande do Sul. Em setembro eles já tinham ocupado espaço considerável no calendário dos leilões, colocando o Sul entre as regiões de maior negociação. Foram 2.452 lotes vendidos em 23 remates por R$ 20,1 milhões, média de R$ 8.202. A segunda maior praça de comercialização foi o Centro-Oeste, com 2.324 lotes vendidos em 21 leilões, e movimento financeiro de R$ 23,2 milhões (média de R$ 9.991); seguida do Sudeste. Na região saíram 2.266 animais por R$ 40,3 milhões, apurados em 29 leilões realizados entre São Paulo e Minas Gerais. A média ultrapassou R$ 17.818, puxada pelos resultados da Expoinel, em Uberaba, MG, que manteve o perfil de vender matrizes e prenhezes tope de elite. Nos 13 remates organizados, a maior parte das médias se posicionou acima de R$ 30.000. Embora um bom registro, o número não reflete o que vem sendo praticado no mercado de fêmeas. Mesmo na Expoinel, a fatura recuou 38%, com queda de 18% na oferta, cenário que se confirma para a venda de fêmeas em todo o País. Em relação à setembro de 2014, ela caiu de 4.748 para 3.339 lotes, recuo de exatos 30%. n
Jornal de Leilões www.jornaldeleiloes.com.br
direto da pista Em entrevista ao JL, Abel Leopoldino, da Agropecuária Leopoldino, de Mato Grosso, analisa o encurtamento de ciclos na pecuária de corte. Segundo ele, os animais de boa genética estão sendo abatidos cada vez mais cedo, o que tem contribuído para a escassez de boi magro no mercado.
balanços e análises Pelotas traz agenda robusta Oferta de primavera no Sul Riograndesse deve ultrapassar 700 lotes em 12 leilões
Expointer rende R$ 17 milhões Mostra gaúcha contabiliza 25 remates de bovinos, equinos, ovinos e caprinos
Senepol puxa receita da Camaru Vendas da raça respondem por 65% do total movimentado em Uberlândia, MG
Faive tem alta de 15% Por outro lado, oferta e faturamento derraparam em feira do interior paulista.
Feira estreia em Campo Grande Touros Braford, Angus e Brangus movimentam pista onde habitualmente reina o Nelore
Expoinel cumpre outra etapa Mostra mineira reúne sob o mesmo chápeu o Circuito Expocorte, além das nacionais do Brahman e Gir.
coluna jl
raio x O Jornal de Leilões acompanhou em setembro os resultados de 183 leilões das raças bovinas de corte e leite e ovinos. A movimentação financeira foi de R$ 156,2 milhões para 15.579 lotes, entre machos, fêmeas, prenhezes, aspirações e coberturas.
resultados • Jonas Barcellos exibe a tourada das fazendas Santa Marina e Mata Velha
Boas expectativas no Sul “Os leilões de primavera deste ano devem superar os do ano passado. O preço médio dos touros tem sido de R$ 8.000 a R$ 10.000, enquanto o das fêmeas, entre R$ 4.000 e R$ 6.000”. Marcelo Silva, Trajano Silva Remates. Mudança de cor “O Senepol se expandiu pela eficiência dos touros no cruzamento e na produção de bezerros comerciais. Não tenho dúvidas de que a pecuária brasileira está mudando do branco para o vermelho”. Ricardo Carneiro, Senepol Soledade. Retorno de investimento “A pecuária brasileira passa por um momento positivo e os produtores comerciais já reconhecem a importância de animais de genética apurada para a produção de carne de qualidade”. Paulo de Castro Marques, Casa Branca Agropastoril.
• Devon tem a maior valorização do Leilão Arapari, no oeste catarinense • Selo Racial & Reserva Especial reúne a produção de quarteto • Gap dita o tom da temporada e faz receita de R$ 6,7 milhões • Grupo Neloraço comemora 15 anos de pista em Campo Grande • Córrego Santa Cecilia faz pista limpa em 20 anos de Berço do Tabapuã • Nelore HoRa registra a maior média de touros no Estado do Paraná • Simental da Conceição faz primeiro remate exclusivo da raça no ano • C abanha Catanduva segue trajetória de sucesso no 250 Leilão Red Concert
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DBO 109
Leilões Conversa Rápida com
Carlos Nunes
Bacuri adota novo modelo
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aior exportador de genética do Brasil, Mato Grosso do Sul acaba de ganhar mais uma exposição. Entre os dias 8 e 13 de setembro, foi realizada em Campo Grande, capital do Estado, 1ª Feira de Reprodutores & Genética MS. O evento foi organizado pela Terra Nova, que tem à frente Carlos Nunes, o Carlota. Em entrevista à DBO, ele comemorou a fatura de R$ 4 milhões em uma oferta variada, que contou com animais das raças Angus, Brangus, Hereford e Braford.
Como foi a organização do evento?
Reunimos alguns leilões que já aconteciam em Campo Grande e fomos atrás de novos criatórios para ter mais opções para os compradores, como os bovinos das raças européias e compostas, que têm sido muito procurados para o uso em cruzamento industrial. Os criadores ficaram empolgados em abrir novas praças.
A proximidade da estação de monta ajudou?
Foi uma época muito boa para comercialização de reprodutores. Os leilões tiveram 100% de liquidez e alcançaram ótimas médias.
O mercado de genética está no Brasil Central. Ele foi o grande investidor?
Sim. Mesmo com a participação de criadores de outras regiões, vendemos muito para o Centro-Oeste, principalmente para o nosso vizinho Mato Grosso.
O evento já pode ser considerado fixo no calendário do Mato Grosso do Sul?
Ele veio pra ficar. Os criadores ficaram muito animados e já temos mais de cinco leilões confirmados para a próxima edição. Ampliaremos a programação em mais de uma semana, com a abertura da agenda para o leilões de outras raças como Caracu, Senepol e Sindi.
Qual sua projeção para o mercado de touros em 2016?
A genética tem evoluído e os criadores têm valorizado esse avanço ao pagar preços diferenciados pelos animais. Eles têm a consciência de que o investimento trará retorno.
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“Tentamos criar um mecanismo alternativo para driblar os altos custos do leilão”. A declaração é de Gabriel Seraphico, da Fazenda Bacuri, de Barretos, SP, para justificar os motivos que o levaram a adotar um novo formato de venda para o seu dia de campo, em 26 de setembro. Pela primeira vez na história, o criador vendeu touros a preços pré-definidos, em 14 parcelas que variavam de R$ 450 a R$ 900. A empreitada, no entanto, deixou a desejar. Dos 45 animais à venda, todos com Mérito Genético Total (MGT) top 2% no Programa Nelore Brasil, apenas dois foram comercializados pelo teto - parcela de R$ 900. “Infelizmente, o modelo de leilão ainda é impositivo”, disse o criador, que já fez parcerias com outros selecionadores para promover leilões em conjunto. O seu problema, para organizar um evento próprio, é de escala. Atualmente, a produção da Fazenda Bacuri é pequena - apenas 60 tourinhos por ano. Os custos, segundo ele, são proibitivos. A seleção de Nelore da Bacuri tem 21 anos e guarda um dos melhores índices de precocidade sexual entre as fazendas associadas à ANCP (Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores).
Nelore domina o Sant’Anna Depois de décadas apostando na dobradinha Nelore-Brahman, Jovelino Carvalho Mineiro deu início à venda exclusiva de Nelore para uma “arrumação” no seu plantel de Brahman. Para corrigir problema de fertilidade nas suas matrizes, o criador fez pista única de Nelore e colheu bons resultados no 26º Leilão Fazenda Sant’Anna, em 20 de setembro. A receita ficou em R$ 2,3 milhões, ante R$ 1,8 milhão apurados no ano passado. O destaque também ocorreu na média de preços: R$ 13.500 por 165 touros, o equivalente a 92,5 arrobas de boi gordo. Foi umas das maiores relações de troca do mês.
Leilões Lado B do Grupo Cabo Verde José Coelho Vítor, titular do Grupo Cabo Verde, começou a ficar conhecido também pelo seu trabalho com raças de corte, depois de se consolidar como um dos maiores criadores da raça Girolanda em Passos, MG. Marchando rumo ao Nortão do País,
está fazendo fama com a raça Tabapuã. No dia 20 de setembro, ele emplacou a maior oferta da raça no ano, com a venda de 228 animais no 10 Leilão Tabapuã Cabo Verde, em Xinguara, Sul do Pará. A renda ultrapassou R$ 1,7 milhão, incluindo bezerros Tabanel.
Expoinel sofre baixa Ponto de encontro dos neloristas de pista por definir os campeões dos rankings nacional e regional, a Expoinel sempre teve no bojo a missão de mostrar a quantas anda o comércio de animais de elite no País. Realizada entre os dias 17 a 27 de setembro, a 44ª edição mostrou que o “mercado gado de elite não está para peixe”. A receita total caiu 18% e a oferta, 38%, na comparação com a edição de 2014. A receita bateu
em R$ 16,1 milhões para 555 lotes. A única alta ocorreu na média de preços, que atingiu a casa de R$ 30.000. A liderança permaneceu nas mãos da Guadalupe e da EAO, dupla que faturou mais de R$ 1,8 milhão na venda de 30 fêmeas, incluindo a Campeã Bezerra da Expoinel, vendida por R$ 960.000. Já a novidade ficou a cargo do Nelore JOP, grupo formado há 11 anos por seis criadores para importar embriões da Índia. O evento de estreia fez média de R$ 56.492,
A vez do Canchim Com oferta de 40 reprodutores, o 6º Virtual Canchim de Primavera tomou o posto de liderança na venda de touros da raça, em 23 de setembro. Com média de R$ 9 mil, o leilão superou o Canchim de Paranaíba, que registou média de R$ 8.808 em julho. O remate foi promovido pelo Grupo de Desenvolvimento do Canchim (Gedecan) e reuniu a produção de sete criatórios.
Mais de 900 mostrando que tem muita gente querendo refrescar o sangue do Nelore de sua criação. O leilão foi um dos mais “badalados” da Expoinel, com quase 500 pessoas no recinto.
Terra Grande garante posto
Hereford brilha em SC Além da robusta oferta de raças britânicas do Rio Grande do Sul nos leilões de primavera, o Hereford e Braford também brilharam em Santa Catarina. Em 12 de setembro, a 5ª edição do Leilão Identidade Cara Branca faturou R$ 1 milhão com a venda de touros, matrizes e cruzados em Lages. O Hereford foi destaque com 19 touros vendidos à média de R$ 15.570 e duas fêmeas a R$ 48.560. Entre elas esteve o recorde de preço estadual, fechado em R$ 64.000. 112 DBO outubro 2015
O criador André Curado, do Grupo Terra Grande, fez jus ao rótulo de ser um dos maiores vendedores de touros do Norte do País. No dia 13 de setembro, negociou 282 reprodutores Nelore mochos e aspados pela média de R$ 8.806, em Paraíso do Tocantins. Foi a maior oferta do Estado em 2015 e a segunda maior da região.
Em 13 de setembro, Ronaldo Rodrigues da Cunha (foto) recebeu convidados no tatersal da Fazenda Tamboril, em Pontes e Lacerda, MT, para mais um Leilão Aliança. Famoso por suas ofertas que beiram 1.000 animais, o criador colocou na pista 901 reprodutores Nelore, mostrando que demanda e oferta estão equilibradas. A média fechou em R$ 10.737, 35% mais do que no ano passado, com alta de 13% no número de animais vendidos.
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m confinamentos que operam o ano todo, o aproveitamento do esterco produzido pelos bovinos é uma estratégia para evitar riscos ambientais e reduzir custos com fertilizantes químicos. Para que a matéria orgânica deixe de ser um dejeto e passe a ser um importante subproduto, a propriedade deve dispor das ferramentas adequadas para a coleta, o processamento e a distribuição do insumo. Conforme o engenheiro agrônomo Rodrigo Paniago, sócio-diretor da Boviplan, consultoria agropecuária de Piracicaba, a 170 km de São Paulo, o manejo do esterco em pátio de compostagem é o diferencial entre o confinador que quer agregar valor ao adubo produzido na fazenda e aquele que apenas deseja dar um fim ao dejeto. “O processamento do insumo é uma medida que garante a adição de outros elementos químicos (cloreto de potássio, fósforo ou nitrogênio, por exemplo) para enriquecer o esterco”, diz. Mas atenção aos custos: os equipamentos para processar este esterco demandam um alto investimento e por isso são mais recomendados para confinamentos que operam o ano todo. A Civemasa Implementos Agrícolas, do grupo Marchesan, em Matão, a 350 km de São Paulo,desenvolve,
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desde 1993, equipamentos para a transformação de materiais orgânicos. O enleirador CRO 4.0, lançado há cinco anos, foi projetado a partir de uma linha de máquinas de compostagem para o aproveitamento da sobra das queimadas de cana-de-açúcar pelas usinas. “Este protótipo atende ao interesse de confinadores que começaram a ver na compostagem uma oportunidade para reduzir custos com adubo nas pastagens e áreas agrícolas e melhorar a qualidade do solo”, afirma o coordenador de Vendas da empresa, Mateus Bassinello. Na Companhia Agropecuária Monte Alegre (CMA), que fica em Barretos, a 450 km de São Paulo, e onde serão terminados 12.000 bovinos este ano, o processamento do esterco teve início em 2010, quando o médico veterinário André Luiz Perrone comprou o equipamento da Civemasa. Além da redução de custos com a aquisição de insumo, o proprietário também incrementou a receita com a venda do adubo excedente. “Comecei a usar o esterco para dar destino correto ao dejeto, melhorar a produtividade do solo e ter renda extra na propriedade”, afirma . Hoje são produzidas 20.000 toneladas de adubo orgânico por ano. Metade é aplicada em 70% dos 1.200 hectares da propriedade com lavoura de grãos e de cana-de-açúcar. A outra metade é vendida para adubar citros, café e pasto de tifton em fazendas da redondeza, por R$ 30 a tonelada. O enleirador tem capacidade para processar até 520 m3 de material orgânico por hora, algo em torno de 520 toneladas do composto (leiras com até 200 m de extensão, 3,2 m de largura e 1,3 m de altura) com apenas um operador. Um trator de 120 cavalos movimenta o implemento, que precisa de uma tomada de força com 540 rpm e superredutor de velocidade para atingir 200 metros por hora. O equipamento é munido com sulcadores para abrir valas e um tanque pulverizador, opcional, que lança o inoculante necessário para estimular a compostagem do material. O túnel, com rotor basculante, é formado por palhetas que reviram e misturam todo o composto até ser reduzido à metade do tamanho original, com a perda de água e carbono. “Para que o processo biológico esteja completo, a operação deve ser repetida duas vezes por semana dentro de 60 dias”, diz Bassinello. Com custo médio de R$ 60.000, o implemento é equipado com quatro pneus de alta flutuação, acionado verticalmente por sistema hidráulico e possui engate rápido. Eficiência agronômica A grande vantagem do adubo orgânico, segundo Perrone, está na qualidade, e não no custo do insumo, que por vezes é superior ao do adubo químico. “O material mais importante para a reposição de áreas degradadas são os elementos minerais, como o fósforo, o magnésio, o cálcio, o enxofre e micronutrientes, presentes na matéria orgânica”, afirma. Para adubar as áreas de cana-de-açúcar, por exemplo, Perrone pagaria em média R$ 600/ ha se usasse fertilizante químico. Com o adubo orgânico o custo gira em torno de R$ 750 a R$ 1.000/ ha. “Em compensação tenho terras mais fertéis e produtivas.”
Distribuição adequada Equipamentos mais modernos foram projetados para garantir que o adubo seja distribuído corretamente e expresse sua eficiência. “Desenvolvemos espalhadores de esterco mais robustos para que os insumos provenientes de confinamentos sejam espalhados de forma rápida e uniforme”, afirma o representante comercial Claiton Renato, da Kuhn Máquinas Agrícolas, de Passo Fundo, RS. Lançados em 2012, os modelos PS ProsSpread 150 e 160 são dotados de caixa soldada e piso em poliuretano que evitam a corrosão. O adubo é distribuído por esteiras duplas acionadas por controle hidráulico, mecanismo que limita o número de peças em movimento e permite o funcionamento
Arquivo KHUN
A qualidade do insumo também foi o que estimulou a Agro-Pastoril Paschoal Campanelli, de Bebedouro, 400 km a noroeste de São Paulo, a produzir o próprio adubo organomineral , há cinco anos. “Vimos que a união do material orgânico com componentes minerais tinha uma sinergia e uma eficiência agronômica muito maior do que quando usados separadamente”, afirma o diretor do grupo, Victor Campanelli, que informa que a companhia vai confinar 55.000 bovinos este ano. Uma carreta distribuidora de esterco foi adaptada para adicionar os minerais nas leiras através das esteiras instaladas na parte traseira da máquina, e um equipamento desenvolvido pela indústria norte-americana Vermeer revolve, mistura e oxigena todo o composto. Por ano são produzidas 55.000 toneladas de adubo organomineral, destinadas aos 9.700 ha de lavoura de grãos e cana-de-açúcar. O equipamento, que custa R$ 250.000, segundo o fabricante, pode processar até 1.360 toneladas por hora (leiras de 3,7 m de largura por 1,8 m de altura), dependendo do teor de umidade da matéria orgânica. O aerador entra na pilha, vai revolvendo o material e formando o triângulo. Para se deslocar, deve ser acoplado a um trator com pelo menos 150 cv de potência com superredutor e tomada de força. O tubo por onde passa o insumo possui 68 lâminas parafusadas, que misturam o material aos aditivos e o tambor móvel revolve tudo. “Na primeira batida, quando o composto geralmente está mais pesado e úmido, o operador, ao perceber uma barreira, pode elevar o tambor por meio de um braço hidráulico para reduzir os danos ao equipamento. E as lâminas parafusadas permitem a troca em caso de danificação”, explica Francisco Genovese, consultor de vendas da Vermeer no Brasil. Cortinas de borracha evitam que objetos atinjam funcionários que estejam por perto e os pneus flutuantes garantem a sustentação do equipamento, que dispensa contrapeso. A multinacional atua fortemente nos segmentos de cana-de-açúcar e reciclagem orgânica. “A Campanelli é nossa primeira cliente de confinamento. Trouxemos o equipamento de nossa unidade no Canadá especialmente para este trabalho e acompanhamos os resultados para investirmos mais neste setor”, diz Genovese.
Implementos aumentam a eficiência na distribuição de insumos orgânicos
independente dos batedores e do fundo. Os batedores verticais podem lançar o insumo a distâncias de 6 a 8 metros, de acordo com o teor de umidade do adubo e a velocidade do vento. Este formato amplia a capacidade de distribuição do esterco, diferente dos modelos horizontais, que distribuem o material em áreas menores, exigindo mais horas-máquina e tempo do operador. “As peças podem ser facilmente removidas para evitar o desgaste quando o equipamento for usado para estocagem, por exemplo”, acrescenta Renato. O PS 150, que tem capacidade para transportar até 14 t, pode ser acoplado a um trator de 150 cv. O PS 160, que comporta até 17 t de adubo deve ser tracionado a um trator com pelo menos 175 cv. O preço, que sofre variações de acordo com a região, está em torno de R$ 230.000 para o equipamento menor e R$ 240.000 para o maior. A Casale Equipamentos, que fica em São Carlos, a 250 km da capital paulista, lançou no primeiro semestre de 2015 uma linha de espalhadores de esterco de olho na demanda dos confinadores. “Pensamos em um modelo que colaborasse para o aproveitamento dos subprodutos da pecuária na recuperação das pastagens ou adubação de lavouras”, diz Mario Casale, diretor comercial da indústria. Segundo ele, a demanda, ainda tímida, começa a ganhar impulso devido aos reajustes no preço dos fertilizantes químicos, empurrando o criador para o investimento no insumo orgânico. “Temos recebido muitos pedidos de demonstração dos equipamentos”, afirma. São quatro implementos (LEC-405, 608,8511 para tratores e 1620 para caminhão) projetados para comportar e distribuir esterco sólido e compostos orgânicos. Todos os modelos são resistentes à corrosão e os espalhadores são regulados por controles hidráulicos. As esteiras possuem correntes calibradas de alta resistência que suportam a pressão de materiais de baixa ou alta densidade e a distribuição, em forma de leque, é feita na parte traseira do equipamento com capacidade de alcance de 6 a 12 m, com uma distribuição de até 30 t/ha. Para o Sudeste, os preços vão de R$ 79.000 para o equipamento com capacidade de 5 t até R$ 129.000 pelo implemento que comporta de 11 t. (Lec 8511). n
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Máquinas que processam esterco têm alto custo mas
investimento compensa
pois ganhos são auferidos no pasto e na venda do insumo.
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Eventos Agenda Simpec, na Ufla. O 9º Simpec – Simpósio de Pecuária de Corte e o 4º Simpósio Internacional de Pecuária de Corte serão realizados entre 22 e 24 de outubro, na cidade de Lavras, MG, no Salão de Convenções da Universidade Federal de Lavras (Ufla). Entre os temas abordados estão recentes avanços na nutrição de vacas de corte em função do estágio fisiológico, além de eficiência alimentar em bovinos de corte – onde estamos e para onde podemos ir? Esta palestra será ministrada pelo dr. Harvey Freetli, do Centro de Pesquisa em Proteína Animal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Haverá também palestras de pesquisadores das universidades de Illinois, Dakota do Norte e Minnesota, dos EUA. Informações e inscrições em www.simpecufla.com.br ou tel. (35) 3829-1231. Circuito RedeAgr. A 4a edição do Circuito RedeAgro, que teve início em 2014, acontecerá, como na primeira, na sede da Fundação Dom Cabral, em Nova Lima, re-
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gião metropolitana de Belo Horizonte, MG. Será nos dias 5 e 6 de novembro e terá como tema “Gestão de pessoas no agronegócio”, com presença prevista de 150 pessoas, entre empresários, donos de fazenda, administradores, gerentes e técnicos das empresas comandam a iniciativa. “A construção de uma cultura de gestão com foco em resultado pressupõe uma solução colaborativa que tem as pessoas como agentes transformadores. Adotar essa postura estratégica torna a empresa mais competitiva e lhe dá condições para que sobreviva de forma sustentável”, afirma Leonardo Sá, Presidente da Prodap Consultoria, uma das empresas integrantes da Rede. Durante cada dia da programação estão previstas duas palestras e uma mesa de debates, formada por líderes de referência para o setor. Informações em www.redeagro.agr.br Simpósio Asbram. “Como ter lucro em tempos difíceis” é o tema central do 9º
Simpósio da Asbram (Associação Nacional da Indústria de Suplementos Minerais), que ocorrerá entre 12 e 13 de novembro, no Royal Palm Plaza, em Campinas, região sudeste de São Paulo. A palestra principal ficará a cargo de Alcides Torres Júnior, o “Scot”, sócio-diretor da Scot Consultoria, de Bebedouro, norte do Estado. Informações e inscrições em (11) 3061-9075 e www.asbram.org.br. Circuito Expocorte. O Circuito Expocorte, realizado pela Verum Eventos, terá sua próxima – e última – etapa de 2015 no município de Ji-Paraná, região centro-leste de Rondônia. Os dias do circuito serão 25 e 26 de novembro. O evento tem como objetivo principal difundir informação e tecnologia para o maior número possível de produtores da cadeia produtiva da carne, com o tema, este ano, do boi 7-7-7 – produção de 7@ em cada etapa da criação (cria, recria e engorda). Informações e inscrições em www.circuitoexpocorte.com.br
Estante Em livro, a história da medicina veterinária em SP. “Virtuosa missão” é o nome do livro recentemente lançado pela Academia Paulista de Medicina Veterinária para contar a história da profissão e desta linha da medicina no Estado de São Paulo. De autoria do jornalista agropecuário e autor de vários livros João Castanho Dias, e patrocinado por vários importantes laboratórios de saúde animal no País, a publicação aborda também a contribuição da medicina veterinária paulista para o desenvolvimento da criação de
animais no País. Com 300 páginas e fartamente ilustrado, o livro se divide em dez capítulos que abordam, entre outros assuntos, os visionários fundadores do Brasil rural; os “quatro ases” das pesquisas veterinárias; o ensino veterinário “na ponta dos cascos” e a estreia da medicina veterinária nos trópicos. Para adquirir o livro, entre em contato com a Academia Paulista de Medicina Veterinária (www.apamvet.com).
Tudo sobre inseminação artificial Aquela técnica comum de conduzir o touro para as vacas prontas para o acasalamento abre o livro “História ilustrada da inseminação artificial”, de autoria do médico veterinário Neimar Correa Severo e editado pela Livre Expressão. Mas é só uma foto antiga e histórica, já que atualmente a técnica evoluiu bastante, não só no Brasil, como no mundo. E é justamente toda a saga da inseminação artificial em animais, desde a sua criação, que o autor relata em nove capí-
tulos e mais de 400 páginas. Entre os assuntos abordados, estão a evolução da inseminação artificial; inseminação em larga escala; desenvolvimento de técnicas e pioneiros da reprodução animal e da inseminação artificial. Um livro referência, fartamente ilustrado e obrigatório para quem quer conhecer melhor esta técnica e seus usos. Para adquirir a publicação, entre em contato com www.livreexpressão. com.br.
Tudo sobre fertilizantes A Fundag lançou o livro “Fertilizantes: cálculo de fórmulas comerciais” em que são apresentados os cálculos necessários para a elaboração de fórmulas comerciais de fertilizantes. São, também, apresentados os critérios para a escolha dos fertilizantes simples que compõem as fórmulas: custo, compatibilidade, teores de 118 DBO outubro 2015
nutrientes, hidroscopicidade, pH, granulometria, composição química, solubilidade, índice salino, índice de acidez, índice de alcalinidade e condutividade elétrica. O livro custo R$ 15 mais o frete e para adquirir envie pedido para consultoria@fundag.br.
Empresas & Produtos
Parasiticida da Zoetis controla carrapato e trata babesiose e anaplasmose
A
Zoetis lançou o Imidofort B12, um hemoparasiticida injetável para tratamento dos bovinos com anaplasmose ou babesiose, doenças do sangue, também conhecidas como tristeza parasitária bovina, transmitidas pelo carrapato e por insetos hematófagos. Com sintomas muito semelhantes, essas enfermidades devem ser combatidas conjuntamente, para que se obtenha resultado eficaz. Normalmente, a anaplasmose e a babesiose acometem os animais que vêm de regiões de clima frio e isentas de carrapatos _ basicamente, bovinos de raças taurinas. Portanto, não adquiriram imunidade contra ambas as doenças. “O Imidofort B12 foi desenvolvido para essa terapia conjunta. O princípio ativo _ dipropionato de imidocarb _ age contra as duas enfermidades e a vitamina B12 desempenha importante papel na recuperação do quadro de anemia causado pelas duas enfermidades”, explica o gerente da Linha Leite da Zoetis, Fernando Braga.
A Zoomix completou 20 anos em 2015. Com uma fábrica em Campo Grande, MS, a empresa produz seis linhas de suplementos minerais para bovinos de corte, leite e equinos. Proteinados e núcleos para corte respondem por 45% da produção. Além do Mato Grosso do Sul, a Zoomix distribui os seus produtos no MT, MG, GO, SP e AC, e também no vizinho Paraguai. www.zoomix.com.br
Coimma
WPC
Sediada em Dracena, no oeste do Estado de São Paulo, a Coimma lançou um sistema de balança rodoviária digital. O novo equipamento é composto por um indicador de pesagem BR13D e por células digitais. Acoplado a caminhões, o indicador, construído em aço inoxidável, trabalha com até 16 células de carga conectadas em série ao indicador digital. Segundo a empresa, a balança é de fácil calibração e manutenção. O sistema possui circuito eletrônico digital interno com microprocessador dedicado, transmitindo dados
Fabricante de decks para piscinas, a WPC do Brasil, de São José do Rio Preto, SP, decidiu entrar no mercado pecuário, oferecendo moirões de plástico reciclado para cercas. O produto é composto de 80% de plástico reciclado e 20% de palha de arroz, serragem de eucalipto e um aditivo para evitar a propagação de fogo. Ao contrário dos moirões plásticos oferecidos atualmente no mercado, que são ocos, segundo o presidente da WPC, Sandro de Souza, os da empresa são maciços e têm 2,2 metros de comprimento. Ele acrescenta: “Os moirões não podem ser frágeis”. Há dois modelos, um quadrado e outro roliço. O fundador da WPC explica que o produto foi desenvolvido para ter uma consistência que facilite a instalação do fixador de arame, mas também evite o seu desprendimento. O produto é imune a fungos, cupins e formigas. Na instalação de cerca elétrica, dispensa o uso de isoladores. Segundo Souza, o custo de R$ 37,40 por unidade é semelhante ao de um moirão de madeira nobre (R$ 35) e o dobro do de um feito de eucalipto tratado em autoclave (entre R$ 15 e R$ 20), mas, lembra ele, dura mais de cem anos, como todo plástico. WPC: tel. (17) 3364-5546.
digitais com garantia de precisão de pesagem e perfeito monitoramento e segurança na transmissão dos dados aferidos para um computador. Coimma, tel. (18) 3821-9900.
Biovet O Laboratório Biovet lançou o Liverton, medicamento para combater intoxicações alimentares de bovinos, especialmente as causadas por plantas daninhas. À base de metionina, colina, inositol e vitaminas do complexo B, o Liverton é indicado também para os bovinos que passaram por prolongados tratamentos com antibióticos e vermífugos e pode ser usado como coadjuvante no combate a distúrbios hepáticos e em caso de hipoglicemia. Segundo a Biovet, o período
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que antecede as águas é o que registra maiores incidências de intoxicação alimentar por ingestão de plantas daninhas. É que, nesta fase, o pasto está seco ou sem massa, enquanto algumas plantas daninhas, que têm maior resistência à deficiência hídrica, continuam verdes, chamando a atenção do gado. O Liverton foi desenvolvido no Centro de Pesquisa e Unidades de Produção da Biovet, laboratório fundado pelo médico veterinário Renê Correa e que se mantém com 100% de capital nacional.
Empresas & Produtos
Cowpig
A Tairana, central que presta serviço de coleta de sêmen para terceiros, tem novo supervisor técnico: é Leonardo de Freitas Beraldo. Médico veterinário, começou sua carreira na ABCZ, e, nos últimos 14 anos, trabalhou na Brooks Agropecuária, Agrozurita, Nelore Guerreiro e Nelore Joia Rara como responsável pelo melhoramento genético de Nelore.
Dona de um pequeno frigorífico em Boituva (SP), a Cowpig, que que se especializou em produção de carne de qualidade de bovinos, ovinos e suínos, investiu em mais um biodigestor para tratar as águas das linhas verde e vermelha que resultam do processo de abate e limpeza das vísceras, do rúmen e do sangue dos animais abatidos em sua planta industrial. A empresa já contava com um biodigestor para tratar os
dejetos de suínos. O biodigestor, fabricado pela Cipatex, de Cerquilho, SP, tem 50 metros de comprimento, 17 metros de largura e 5 de profundidade. Além de resolver a questão ambiental do tratamento das águas que saem do processo de abate e higienização da indústria e da não emissão de metano na atmosfera, o equipamento está trazendo retorno econômico para a empresa. É que, com o gás metano produzido na biodigestão e usado no acionamento de um conjunto de geradores, passou a economizar até R$ 30 mil por mês na conta de energia elétrica em sua planta industrial.
MUB A MUB Brasil, de Guararapes, SP, lançou um suplemento mineral para vacas e novilhas em reprodução, o MUB Reprodução + Monensina. Além de melhorar indicadores zootécnicos como taxa de fertilidade e intervalo entre partos, o produto _ que usa o melaço e não o sal como veículo _ combate o estresse nutricional que afeta as fêmeas no pré e no pósparto. O produto também facilita o manejo reprodutivo das fêmeas submetidas à sincronização de cios para IATF e para TE. Além da monensina sódica, que melhora o aproveitamento do pasto, o produto é balanceado com
Ipacol A Ipacol Máquinas Agrícolas, de Veranópolis, RS, lançou nova versão da colheitadeira 122 DBO outubro 2015
4,5% de proteína bruta, 6% de cálcio e 6% de fósforo, além de zinco, magnésio, cobalto, cobre, manganês e selênio e vitaminas A, D3 e E. Uma das vantagens do MUB é que, para suplementar o gado, não é necessário cocho. O produto é fornecido na própria embalagem. MUB Brasil, tel (18) 3406-4137. de silagem CFA 2000, a S3. O modelo 2015 é equipado com motor Mercedes Benz de 326 cv e conta com plataforma com dois rotores com 12 facas de corte de alta resistência. É fabricada com uma liga de tungstênio com carbureto. Segundo o diretor de Desenvolvimento de Produtos da Ipacol, Carlos Antonioli, a empresa investiu US$ 1,5 milhão para remodelar a colheitadeira, cuja primeira versão a CFA 2000, foi lançada em 2010. Ipacol, tel. (54) 3441-9550.
MSD
A infestação de carrapatos traz prejuízos anuais da ordem de US$ 3,2 bilhões aos pecuaristas brasileiros de gado de corte e de leite, informa o gerente de Produtos da MSD Saúde Animal, Emerson Botelho. Ele cita um estudo feito pelo professor Laerte Grisi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, trabalho que levou em conta a queda de produtividade dos rebanhos (menor produção de carne e de leite), além de gastos com medicamentos e mão de obra, entre outros. Como alternativa de controle do parasita, a MSD propõe o uso de um novo medicamento, lançado recentemente pela multinacional, o Potenty, também apropriado para o combate de bernes e mosca-dos-chifres. “O produto foi desenvolvido exclusivamente para o rebanho brasileiro a partir de pesquisas realizadas ao longo dos últimos cinco anos, que envolveram mais de 5.000 animais, em diferentes regiões do Brasil”, conta Botelho. O diferencial do Potenty, continua, é que ele associa três moléculas (Ethion, Clorpirifós e Alfacipermetrina), que o torna uma “potente arma para o controle de carrapatos”, enfatiza o executivo. Existem duas maneiras de aplicar Potenty: por meio de pulverização (diluído em água) ou via imersão (o animal entra em contato com o produto ao ser inserido inteiramente em uma espécie de banheira). Informações, www.msd-saudeanimal.com.br.
DBO NA TV Histórias de vida Assista de segunda a sexta o programa que fala a língua do pecuarista brasileiro.
Foto: JM Matos
Dicas, preço do boi gordo, comentários e cotações de mercado.
A P R E S E N TA Ç Ã O S I D N E I M A S C H I O
Parabólica: canal 29 SKY: canal 158 Claro TV: canal 113
19h35 Seg a sex
tvterraviva.com.br
Empresas & Produtos Biogénesis Bagó
A Agroceres comemorou, em 21 de setembro, 70 anos. Foi pioneira na introdução de várias tecnologias, como a primeira semente de milho híbrido comercial no país e na contribuição direta para o desenvolvimento da cadeia de proteína animal, por meio do melhoramento genético de suínos e aves.
Sediado na Argentina, o Laboratório Biogénesis Bagó lançou, na Expointer, um desafio aos pecuaristas brasileiros: “Por que produzir menos se com o que tenho posso produzir mais e melhor?” O parâmetro é a produtividade dos EUA, o país com os melhores indicadores zootécnicos: 95% de taxa de prenhez; 90% de desmama; 38,4% de desfrute e 355 kg de peso de carcaça ante a média brasileira de, respectivamente, 67%, 54%, 20,3% e 239 kg. “Com planejamento, é possível bater a meta da fronteira
Merial Desde o dia 21 de setembro três ônibus da Merial, fabricante de produtos para saúde animal, estão percorrendo o Brasil para fornecer conteúdo técnico aos produtores. Serão 12 Estados e 74 municípios visitados em dois meses para levar conhecimento aos criadores sobre sanidade animal. “Queremos estar ainda mais próximos dos pecuaristas e prestar um serviço de extrema importância para a
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produtiva, usando as tecnologias já disponíveis”, observa o gerente de Marketing, Luciano Lobo. “A pecuária brasileira está numa encruzilhada. De um lado, perde área para a agricultura, cana e reflorestamento. De outro, tem o desafio de abastecer o mundo de proteína animal”, acrescenta. Além do Brasil, o conceito da Fronteira Produtiva também está sendo disseminado na Argentina, no Chile, no Paraguai, no Uruguai, na Espanha, na Hungria e no Reino Unido, onde a empresa atua. Atualmente, lembra Lobo, a América Latina provê 27% da carne consumida no mundo.
“A região tem condições produtivas para abastecer essa demanda mundial?” A empresa cita o levantamento da Agroconsult, de Florianópolis, SC, durante o Rally da Pecuária para afirmar que sim. A média de produtividade apurada pela empresa de consultoria que promove o Rally encontrou produção de 9,4 arrobas por hectare por ano, quase duas vezes e meia maior do que a média brasileira (3,94 kg/ha/ano) e 12% dos fazendeiros já estão conseguindo 18 arrobas/ha/ano. Em 1990, a média era de 1,65 arroba por ha. Informações em www.biogenesisbago.com.
maior produtividade”, afirma o diretor de Operações de Grandes Animais da Merial, Pedro Bacco. A ideia é atender, com o projeto, 10.000 criadores. Os produtores terão treinamentos, palestras, dicas com informações e preparação para os desafios que possam enfrentar com o rebanho, para possibilitar o aumento da produtividade e, por consequência, melhorar a economia de sua região. Entre os
palestrantes está o zootecnista Antônio Chaker, consultor de gestão de pecuária da Terra. “Pretendemos também treinar mais de 800 balconistas das revendas para que eles estejam preparados para divulgar as boas práticas e o uso correto dos produtos veterinários separados por categoria animal e necessidade do pecuarista”, conclui o diretor de Operações. Merial, www.merial.com.br.
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Indice de Anunciantes 19 Leilão Terra Grande........................... 99 52ª Exposição Agrop. de Goiás............. 33 70º Leilão OB......................................... 45 ACNB - Leilões Oficiais........................ 105 Adubos Araguaia................................... 37 Agrosalles Sementes.............................. 29 Alta Genetics......................................... 95 Amigos do Canchim............................. 111 ABCB Senepol....................................... 41 ACN Extremo Sul da Bahia................... 101 Balancas Coimma................................ 118 Batavo agora é Frísia............................. 21 Beckhauser............................................ 31 Belgo Bekaert - Arames ................4ª Capa Casa Branca Agropastoril...................... 49 Casale.................................................... 59 Circuito Expocorte................................ 117 Connan Nutrição Animal........................ 71 Dow Agrosciences - Pastagem................ 5 Duro Plásticos........................................ 60
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Fazenda Santa Juliana........................... 11 Ford Ranger....................................22 e 23 Guabi..................................................... 89 Hertape – Linha de vacinas................... 27 Hertape – Roborante Angus................... 81 Hertape – Ticson 3.50............................ 85 JBS........................................................ 39 Jogue Duro Contra a Seca..................... 60 Kalunga - Nelore.................................... 98 Krion.................................................... 113 Lab. Zooflora.......................................... 69 Laboratório Vencofarma......................... 15 Leilão do Totonho................................... 93 Leilão Virtual Lemgruber........................ 87 Matsuda Sementes................................. 43 Merial................................................. 6 e 7 MSD....................................................... 79 Multimix.................................................. 47 Multitécnica............................................ 48 Nutroeste............................................... 67
Nutron / Cargill....................................... 75 Oligo Basics........................................... 19 Phibro.............................................34 e 35 Romancini.......................................12 e 13 Safeeds/Potensya.................................. 65 Seleon Biotecnologia animal.................. 91 Sementes ACampo................................ 66 Sementes Gasparim............................... 10 Sementes Paso Ita ................................ 83 Simpósio Asbram................................... 63 Soesp Sementes.................................. 106 Taça Brasil Silagem................................ 51 Taura Brasil..............................2ª Capa e 3 Terraviva.............................................. 123 Tru Test................................................. 109 União Química / Agener......................... 77 União Suplementação Animal.............. 103 Unipasto................................................. 73 Zoetis..................................................... 61 Zoomix..................................................... 9
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Sabor da Carne
Marcílio Galeano
Sous vide. Para deixar melhor o que já é bom. Esta técnica francesa permite o lento cozimento da carne, por algumas horas, sem que ela perca a integridade. Marcílio Galeano é consultor gastronômico, chef de cozinha e proprietário do restaurante Valley Tai, de Campo Grande, MS. Blog: www. menuexperimental. blogspot.com
A
qui no Mato Grosso do Sul, a economia é baseada principalmente na agricultura e na pecuária. Basta lembrar que o rebanho bovino representa 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Sendo assim, o consumo de carne é bastante elevado por aqui, o que torna o público muito exigente quanto aos cortes oferecidos e à sua qualidade. Para inovar, no recém-inaugurado restaurante Valley Tai – Cozinha Contemporânea e Oriental, decidimos usar uma técnica diferente para o pré-preparo da carne, chamada sous vide. É um método francês de preparo, que quer dizer “sob vácuo”, também conhecido popularmente como “cozimento a baixa temperatura – de qualquer alimento –, em sacolas plásticas seladas a vácuo e resistentes ao calor”. Após este primeiro processo, a carne é colocada em uma cuba com água. Esta cuba possui um “termocirculador”, aparelho que controla com exatidão a temperatura da água. Neste equipamento, a carne cozinha entre 40 e 70 graus Celsius, num tempo que pode variar entre 1 e 72 horas. A técnica é usada para manter a umidade e o sabor do alimento, conferir volume e uma melhor textura a alimentos mais duros, sem que eles percam, porém, a sua integridade. Mesmo que torne macios os cortes mais duros, optamos, aqui, por preparar neste processo apenas peças de extrema maciez. E tivemos sucesso. Os cortes bovinos que passam pelo sous vide no restaurante são o filé mignon de novilho precoce, o
Entrecôte de Brangus (selado a vácuo, antes do preparo final) foi um dos cortes testados.
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entrecôte de Brangus e de Red Angus. Após seladas a vácuo, ficam no sous vide por uma a uma hora e meia (dependendo do corte), sob 54 graus – daí, o que se obtém é uma carne mal passada. Depois, tiramos a peça do saco plástico, a temperamos com sal e pimenta-do-reino e a grelhamos na frigideira com óleo, manteiga, alho e ervas. A textura fica ótima! Só não usamos nesta técnica a carne do Wagyu, que, sinceramente, não precisa passar pelo sous vide, dada a extrema maciez e textura fantástica desta carne. Além disso, há outras vantagens em adotar esta técnica francesa. Conseguimos reduzir em 50% o tempo de preparo do prato. Sem falar, logicamente, da qualidade final, que é incomparável. Depois que nos familiarizamos com o processo – pesquisado por mim há anos –, nós a fazemos diariamente no restaurante. Entretanto, após este tipo de preparo a carne se mantém por três dias refrigerada, sem perder a qualidade. A preparação é sempre feita no início do dia. Depois, a carne é refrigerada. Na hora de servir o prato final, a peça volta por cinco minutos no sous vide, só para aquecer, e depois é finalizada na frigideira. Este processo não encarece tanto o produto. Mas devemos lembrar que só utilizamos cortes nobres – ou seja, o cliente já está disposto a pagar mais por eles. Não temos ouvido nenhuma reclamação em relação ao preço. Ao contrário, só ouvimos elogios, em razão de ser realmente uma carne diferenciada. n
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