Anuário DBO - Janeiro 2016

Page 1

www.portaldbo.com.br




Panorama

Não tão bom quanto 2014, mas ainda um bom ano. A

s previsões eram animadoras no final de 2014. Afinal de contas, tinha sido um ótimo ano para o agronegócio e para a pecuária de uma maneira geral. Com a economia brasileira encolhendo, influenciada também por efeitos negativos da economia mundial – crise nos preços do petróleo é um deles e não é pouco –, no final de 2015 tudo foi corrigido para menos. Para o setor exportador, no entanto, a forte desvalorização do real frente ao dólar teve o condão de reverter o que seria um prejuízo real. O lado de dentro da porteira, o do produtor, também não pode se queixar. A arroba do boi gordo e os preços do gado de reposição simplesmente “ignoraram a crise” e subiram de preço, vencendo a inflação, que ultrapassou os 10% em 2015. Mais: foi o terceiro ano consecutivo “no azul”. Segundo dados do Centro de Pesquisas em Economia Aplicada, o Cepea, da USP, a arroba do boi cresceu, em termos reais (deflacionados), 8,5%, na média de 2015. Menos do que os 16% de 2014 com relação a 2013, mas ainda assim um ­excelente número. Em termos nominais, a ­arroba atingiu recorde de R$ 160 no mês de abril. A reduzida oferta de animais para abate continua sendo o motor da ­va­lo­rização. Segundo estimativa da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, com base em dados do IBGE, foram abatidas 41,2 milhões de cabeças no ano passado, 11% menos do que as 46,3 milhões de cabeças de 2014, queda em grande parte ocasionada pela retenção de matrizes por parte dos produtores. Dados do IBGE mostram que a participação de vacas no abate total continua caindo (encolheu mais um ponto percentual, de 32,5% para 31,7%). Para quem faz cria, a situação continuou mais do que confortável. O valor do bezerro, também deflacionado, subiu 19% em relação ao ano anterior, batendo na marca dos R$ 1.400 e ficou nada me-

4 Anuário DBO 2016

nos do que 50% acima da média dos últimos 10 anos, ainda segundo o Cepea. No Mato Grosso do Sul, chegou ao pico nominal de R$ 1.516. A valorizada arroba do boi gordo só não rendeu ao pecuarista um lucro maior do que o auferido em 2014 por causa da elevação nos custos dos insumos. Com uma arroba o pecuarista conseguiu comprar 37 sacos de sal mineral com 80 gramas de fósforo, ante 42 em 2014. Desembolsou mais para comprar calcário e trator, ainda que a relação de troca tenha sido favorável na compra de vacinas contra a aftosa e arame liso. No mercado externo, alguns revezes. Houve recuo nos embarques, de 9% em volume (2,064 milhões de toneladas, ante 2,274 em 2014) e 17% na receita (US$ 5,9 bilhões, ante US$ 7,2 bilhões). Com esse volume, o País praticamente está empatado com a Índia, se confirmada a estimativa do USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, para o ano. Por ela, aliás, o Brasil já teria sido ultrapassado também pela Austrália em 2015. É preciso, porém, a confirmação do número dos outros dois concorrentes. Em termos de faturamento, graças à desvalorização do real frente ao dólar, o tombo não se converteu em prejuízo, uma vez que, em reais, houve ganho financeiro para os exportadores. No segmento de insumos, a indústria de nutrição animal não vendeu tanto quanto gostaria (cresceu 33% de 2013 para 2014), mas faturou quase 20% a mais na venda de suplementos minerais. No setor da indústria veterinária, a liberação da venda de avermectinas de longa ação, após proibição imposta pelo Mapa em 2014, permitiu que no segmento de ruminantes a fatura praticamente ficasse igual à do ano anterior, e no geral, com um crescimento ­estimado em 7%.

Na pecuária leiteira, o quadro não foi tão positivo quanto no corte. Houve redução no preço médio do litro pago ao ­produtor, que, segundo o Cepea, em valores deflacionados, registrou média de R$ 0,97, ante R$ 1,10 recebidos em 2014. Recuo de 12% e o menor valor real dos últimos quatro anos. Ao mesmo tempo, os custos de produção aumentaram significativamente, com destaque para energia elétrica, sal mineral e compra de volumosos. Resultado: quadro de um produtor descapitalizado em 2015. Um quadro agravado por um menor consumo de ­lácteos, de uma população com uma renda menor. Na área de leilões, uma grata surpresa: avanço de 18% na fatura total, que passou de R$ 1,1 para R$ 1,3 bilhão. Destaque, novamente, para o segmento de bovinos de corte, que avançou 20%, ao faturar R$ 723 milhões, ante R$ 603 milhões do ano anterior. Os valores não estão deflacionados, mas, mesmo que se desconte a inflação, o resultado foi positivo. Foram 72.500 exemplares vendidos, número um pouco menor do que no ano anterior (73.900). Daquele total, só o Nelore entrou com 49.000 lotes e fatura de R$ 541 milhões (75% do total). Já na área de meio ambiente, a regulamentação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), em 2014, permitiu que o número de propriedades cadastradas avançasse em 2015, fazendo com que a área registrada no Sicar saltasse para 63% do total passível de cadastramento. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, até o fim do ano passado, 251 milhões de hectares, dos 397 milhões de hectares passíveis de declaração, já haviam sido cadastrados. O restante, agora, tem prazo até o dia 5 de maio para ser declarado. n Moacir José



Índice

Mercado Mundial de Carnes

Frango e suíno crescem Na carne bovina, recuo dos grandes. Concorrentes: Brasil empatado com a Índia Segundo semestre salva exportações de carne bovina Na carne suína, só receita em dólar encolhe. Brasil supera a China e é vice-líder no frango

Mercado Brasileiro de Carne Bovina

Rebanho volta a crescer, moderadamente. Com pouca oferta, recuo de 10% nos abates é quebrado Preços da arroba: no fim, trajetória de alta. Custos aumentaram 11%, encolhendo margem. Nos confinamentos, avanço com margem estreita. Na Bolsa de Futuros, 25% menos contratos. Erradicação da aftosa adiada por mais um ano

Meio Ambiente

CAR tem 2/3 da área cadastrada; prazo final é em maio. Brasil mostra na COP21 que pode mitigar mais emissões de GEE

V isão Setorial

Em ano difícil para os frigoríficos, dólar salvou os que exportam. Indústria veterinária se recupera e estima 7% mais no faturamento Indústria da alimentação mantém o fôlego de vendas Oferta menor impulsiona receita do setor de sementes Vendas de sêmen devem crescer no corte Supermercados continuam “queimando gordura”

13 14 16 16 24 26 30 32 28 40 42 40 42 55 58 63 66 68 72 74 76

Diretor Responsável: Demétrio Costa

Publicação DBO Editores Associados Ltda. Rua Dona Germaine Burchard, 229 Perdizes, São Paulo – SP CEP 05002-900 Tel.: 11 3879-7099 www.portaldbo.com.br Diretores: Daniel Bilk Costa, Demétrio Costa e Odemar Costa.

6 Anuário DBO 2016

Redação Editor-executivo Moacir de Souza José Editora assistente Maristela Franco Repórteres e Colaboradores Carolina Rodrigues, Denis Cardoso, Fernando Yassu, Luiz Pitombo, Mônica Costa, Renato Villela, Roberto Nunes e Tânia Rabello.

L eite

Número de vacas em ordenha cresce mais no Norte Produção cai e região Sul ultrapassa a Sudeste Demanda por lácteos diminui com retração da economia Preço do litro encolhe 12%, o pior em quatro anos. Brasil importa mais leite em pó do Uruguai

L eilões

Leilões de elite avançam para a marca de R$ 1,3 bilhão Nelore brilha novamente e movimenta R$ 541 milhões Tabapuã se dirige ao Norte para vender tourinhos Brahman cresce ancorado nas liquidações Oferta menor de fêmeas faz Guzerá perder posto Angus tem comercialização recorde de R$ 37 milhões Braford arrecada R$ 30 milhões Vendas do Senepol continuam em ascensão Brangus mantém oferta e fatura 24% mais Hereford perde fôlego e fica na casa dos 1.500 lotes Charolês quer expandir mercado além de SC Devon volta ao patamar de 10 remates, mas fatura menos. Girolando oferta 10% mais e fatura quase o mesmo Gir Leiteiro tem novo recuo na oferta e na fatura Vendas do Holandês amargam novas quedas Jersey aumenta oferta e fatura mais Ovinos e caprinos mantêm fatura em R$ 15 milhões Equinos faturam R$ 470 milhões, 28% mais que em 2014.

A ssociações de Raças Arte Editor Edgar Pera Editoração Edson Alves e Célia Rosa Coordenação Gráfica Walter Simões

Executivos de Contas: Andrea Canal, José Geraldo S. Caetano, Maria Aparecida de Oliveira e Vanda Motta Circulação e Assinaturas Gerente: Edna Aguiar

Marketing/Comercial Gerente Rosana Minante Gerente de Vendas Paulo Pilibbossian Supervisora de Vendas Marlene Orlovas

Impressão e Acabamento Prol Editora Gráfica Ltda.

82 84 88 90 94 99 102 106 107 108 110 112 114 115 116 118 119 123 124 125 126 128 130 133



Panorama Moacir José – moacir@revistadbo.com.br

Retrospectiva 2015 Os fatos que foram destaque nas edições da DBO no ano passado FEVEREIRO

A ACNB (Associação dos Criadores de Nelore do Brasil) anuncia o PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos) como ferramenta oficial de seleção e rompe parceria de 16 anos com a ANCP (Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores).

Embrapa Gado de Corte anuncia o lançamento do capim Tamani, um panicum híbrido de alto valor forrageiro, fácil manejo e ótima cobertura de solo. Indicado para quem quer estabelecer pastagem em áreas específicas ou para determinadas categorias animais. Kátia Abreu, primeira mulher a ocupar o posto de ministro da Agricultura, toma posse no dia 5 de janeiro, em Brasília. Estimativa da CNA, até novembro/2014 comandada pela própria Kátia Abreu, aponta PIB do agronegócio de R$ 1,133 trilhão, 23% do PIB brasileiro, com crescimento de 3,8% em 2014 sobre 2013, ante apenas 0,5% do indicador geral da economia nacional.

MARÇO A norte-americana ABS Global anuncia a compra de 51% das ações da brasileira In Vitro, líder mundial em fertilização in vitro de bovinos, criada em 2002 e com presença em 13 países. O valor não foi divulgado.

JBS anuncia a adoção, na planta de Nova Andradina, MS, do “farol da qualidade”, sistema pelo qual paga prêmio de R$ 2/@ para animais com padrão desejável de acabamento e deságio de R$ 3/@ para aqueles fora do padrão. Embrapa Rondônia apresenta, durante a Dinapec, em Campo Grande, MS, o Vetscore, aparelho que, posicionado na garupa da vaca, permite ao criador saber se ela apresenta condição corporal adequada para ser emprenhada e levar a bom termo a gestação.

A Associação do Novilho Precoce MS anuncia a intenção de formar um grupo de 60 pecuaristas para produzir animais com o propósito específico de atender aos padrões da Cota Hilton, que o Brasil só atendeu em 40% em 2014.

8 Anuário DBO 2016

JUNHO O governo federal lança (em 6 de maio) seu 1º Plano de Defesa Agropecuária, que trabalhará de forma articulada com os Estados. O PDA se baseia em desburocratização de processos; modernização da legislação; desenvolvimento de parcerias público-privadas; ferramentas de gestão de risco para reduzir custos; ações para garantir a sustentabilidade econômica do setor e metas de qualidade. Em 14 de maio, a Associação Brasileira de Angus (ABA) aderiu à Plataforma de Gestão Agropecuária, do Ministério da Agricultura. A partir daí, frigoríficos parceiros da ABA passaram a exportar carne com o selo da raça estampado na embalagem, o que não era possível sem a validação do órgão federal.

ABRIL O Mapa revoga a instrução normativa 13/2014, que proibiu a produção e comercialização de avermectinas de longa ação, produto utilizado no combate a vermes e carrapatos. Decisão judicial acolheu pedido do Sindan, o sindicato da indústria veterinária, que alegava ausência de justificativa idônea para a proibição.

A retenção de fêmeas em importantes praças vendedoras do País pressiona os leilões de bovinos em abril e eleva a média de preços em 10%. Nos leilões, matrizes de produção foram comercializadas por valores que variaram de R$ 2.000 a R$ 6.000.

MAIO O Ministério do Meio Ambiente adia para 5 de maio de 2016 a adesão ao Sicar, Sistema Nacional de Cadastro Ambiental. A decisão foi anunciada após a constatação de que apenas 1,4 milhão de imóveis rurais, o equivalente a 25% do total e a 52,8% da área, estavam cadastrados no sistema. O novo prazo é considerado definitivo.

Paraná lança a polêmica proposta de suspender a vacinação contra aftosa. O argumento da Agência de Defesa Agropecuária era conquistar mercados internacionais para a carne bovina. Criadores se opuseram, liderados pela Associação Nacional dos Produtores de Bovinos de Corte e Sociedade Rural do Paraná. O temor era o de que o trânsito e a reposição de bovinos seriam dificultados entre o PR e Estados vizinhos.


COLOQUE ESTA MARCA NO SEU REBANHO Aumente os lucros do seu negócio. As soluções John Deere ajudam a otimizar as operações da pecuária, assim como os sistemas produtivos integrados, do plantio à colheita, trazendo mais qualidade para o alimento do seu rebanho. Conheça a melhor e maior rede de concessionários do país. Acesse JohnDeere.com.br

JohnDeere.com.br Apoiamos esta causa

0800 891 4031


Panorama JULHO

AGOSTO Reforma editorial e gráfica de DBO traz novas seções, entre elas “Prosa Quente”. Na estreia, o especialista em carne de qualidade Roberto Barcellos fala que o Brasil ainda “está bem no começo” nesse quesito. No mercado de reposição, maior oferta de animais e baixa no preço do boi gordo revertem alta de preços até então vista como tendência firme. Levantamento feito por DBO aponta o fechamento de 26 plantas frigoríficas nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em pouco mais de um ano. Especialistas concluem ser mais um ajuste de capacidade frente à menor oferta de bois do que propriamente uma crise no setor. Cisão no Paint – o programa de melhoramento genético conduzido pela CRV Lagoa – leva 46 fazendas a criarem a Cia. de Melhoramento, que tem como portfólio a avaliação de 60.000 matrizes da raça Nelore.

SETEMBRO Arroba do boi estanca processo de queda de preço e registra leve alta em agosto, fechando em R$ 142 na praça de São Paulo. Marca o início da escalada de preços que viria a seguir. Em parceria com a Abiec, JBS, Embrapa, Acrissul, Famasul e Novilho Precoce MS, governo do Mato Grosso do Sul lança um “pacto pela qualidade”, que se propõe a uma série de ações visando aumentar a produção de bovinos de qualidade e conquistar mais mercados no Exterior.

10 Anuário DBO 2015

OUTUBRO

DEZEMBRO

A forte demanda por animais de reposição – motivada pela alta da arroba do boi gordo – fez com que a categoria passasse, novamente, a ser mais valorizada em setembro. A oferta restrita também contribuiu e, em Mato Grosso do Sul, a subida de preços no mês, ante agosto, foi de 4% para o bezerro desmamado (6@). Mesma valorização teve o boi magro de 12@ em Goiás. A pressão da alta do dólar sobre os custos fez com que a Associação Brasileira de Inseminação Artificial considerasse “inevitável” um repasse de preços ao produtor. Tanto o sêmen importado quanto o nacional aumentaram de preço. A Asbia previa, entretanto, alta de vendas no segundo semestre de 2015. O primeiro registrou 8% de avanço.

NOVEMBRO

Seguindo o exemplo da raça Angus e por pressão da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, mais quatro associações de criadores aderiram à Plataforma de Gestão Agropecuária do Ministério da Agricultura. Com isso, Hereford, Charolês, Nelore e Wagyu ganharam a condição de estampar o nome da raça em embalagens de carne, inclusive para exportação. Anunciada com exclusividade pelo Portal DBO (em 13 de novembro) a compra da Jacarezinho Nova Terra pelo controlador da Marfrig Foods, Marcos Molina. O valor da transação não foi revelado. A Jacarezinho é referência no País em seleção de Nelore com Ceip. A intenção de Molina é montar um dos maiores projetos de seleção do País, com bases no Mato Grosso e na Bahia.

O navio Haidar, que transportaria 5.000 bovinos vivos da Minerva Foods para a Venezuela, naufraga no Porto de Vila do Conde, em Barcarena, vizinha a Belém, espalhando centenas de carcaças de bovinos nas praias fluviais próximas à capital do Pará. Foi uma tragédia para o setor e um revés nas exportações de boi em pé, que haviam rendido US$ 634 milhões em 2014. Até o fim de 2015, exportações via Barcarena continuavam proibidas.

EDGAR PERA

Demanda por matrizes e reprodutores faz vendas em leilões dispararem no final do primeiro semestre, com fatura superior a R$ 50 milhões em junho.

ARQUIVO AGROCONSULT

Rally da Pecuária percorre 60.000 km em 11 Estados brasileiros e constata maior investimento de pecuaristas em intensificação das pastagens e maior ingresso de agricultores na pecuária. Nas fazendas visitadas, a média de desfrute, em ciclo completo, alcançou 30%.

Discussões em torno do compartilhamento de dados de projetos de seleção genômica atuantes no País – sete ao todo, entre públicos e privados – tomaram corpo durante a ExpoGenética, em Uberaba. O argumento de quem defende o compartilhamento é que a formação de um banco nacional de sequências de DNA dos bovinos pode evitar a sobreposição de informações e imprimir maior velocidade à seleção do zebu.

Evento no fim de novembro em São Paulo reuniu a cadeia produtiva de carne bovina e representantes de governos estaduais para discutir a possibilidade de pôr fim à vacinação contra aftosa no País até 2020. A nova data foi definida pelo Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa, após duas tentativas fracassadas de erradicar a doença na América do Sul, em 2000 e 2010.



FOTO: EDUARDO ROCHA

www.angus.org.br #EUSOUMAISANGUS


Mercado Mundial Carnes

Denis Cardoso – denis@revistadbo.com.br

Produção cresce, liderada pelo frango. Índice de preços internacionais das carnes recua em 2015, puxado pelos setores de aves e suínos

A

gue em ritmo mais lento que o auoferta mundial de carnes – boProdução mundial de carnes 1 mento médio da década passada, vinos, frango e suínos– voltou 20162 20153 2013 em torno de 3% ao ano. O principal a registrar crescimento momotivo para a desaceleração na oferderado em 2015 em relação ao ano Bovina 59.196 58.443 59.746 ta global continua sendo o problema anterior, seguindo tendência dos úlSuína 111.962 111.458 110.566 de epidemia de gripe aviária na Chitimos anos. Pela estimativa do DeAves 89.336 87.944 86.549 na, o que tem provocado estagnação partamento de Agricultura dos Esno consumo interna dessa proteína tados Unidos (USDA), a produção Total 260.494 257.845 256.861 animal. Excluindo o mercado chinês, alcançou 257,8 milhões de tone(1) Em mil de toneladas equivalente-carcaça. (2) Estimativa. (3) Dados preliminares. Fonte: USDA out./2015, adaptação DBO. todos os outros principais produtoladas equivalente-carcaça no ano res de carne de frango elevaram suas passado, com ligeiro aumento de pelos segmentos de frango e de suíno, já ofertas no ano passado, com desta0,4% sobre o resultado de 2014, de 256,8 milhões de toneladas. A Organiza- que o preço global da carne bovina osci- que para o Brasil, União Europeia, Rússia, ção das Nações Unidas para Agricultura lou em patamar acima do verificado em México e Índia. Em relação à carne suína, a produção e Alimentação (FAO), por sua vez, previu 2014, segundo o relatório da FAO. Como de praxe, o setor avícola con- mundial alcançou 111,4 milhões de tonepara o ano passado uma oferta de carnes de 318,8 milhões de toneladas, 1,1% duziu a expansão global da produção de ladas equivalente-carcaça em 2015, eleacima da quantidade computada no ano carnes, seguido pela carne de suíno. Por vação de quase 1% sobre o ano anterior, anterior, de 315,3 milhões de toneladas. sua vez, a oferta anual de bovinos re- de acordo com estimativa do USDA. Para Em 2016, segundo o relatório de oferta e cuou no ano passado, segundo previsão 2016, pode ocorrer um ligeiro aumento demanda do USDA, a produção das prin- do USDA (para a FAO, registrou com- na oferta, em torno de 0,5%, para quase cipais proteínas de origem animal man- portamento estável na comparação com 112 milhões de toneladas. A FAO projeterá o ritmo de crescimento modesto: al- 2014) – veja tabela e mais informações tou uma produção de carne de porco de cançará em torno de 260,5 milhões de exclusivas do setor na página seguinte. 118,8 milhões de toneladas no ano passatoneladas, o que resultaria em aumento No caso do frango, a produção mundial do, com acréscimo anual de 1,3%. Nos dois anos anteriores a 2015, a prode 1% sobre a oferta projetada pelo de- atingiu 87,9 milhões de toneladas equivalente-carcaça em 2015, com elevação dução global de suínos havia registrado partamento norte-americano para 2015. No geral, em 2015, os preços mundiais anual ao redor 1,5%, e deve subir para crescimento anual médio de 2,1% ao ano, das carnes oscilaram em patamares bem 89,3 milhões em 2016 (alta anual tam- segundo a FAO. A China, que responde por quase a metade mundial de carne suíabaixo dos registrados em 2014, de acor- bém de 1,5%), prevê o USDA. A FAO projeta uma oferta anual de na, também é a principal responsável pela do com dados apurados pela FAO. O índice médio de preços das carnes no período aves de 112,1 milhões de toneladas, com desaceleração na oferta, pois os produtode janeiro a setembro do ano passado al- aumento de 1,5% sobre 2014. Segundo a res de lá reduziram a produção diante da cançou 171 pontos, 12% inferior ao índice entidade, embora mais expressivo do que queda do preço no mercado interno e das obtido em igual período de ano passado. as demais carnes, nos últimos dois anos, novas regulamentações ambientais enn Os recuos nas cotações foram puxados o acréscimo na produção de frango se- volvendo a cadeia produtiva.

Anuário DBO 2016

13


Mercado Mundial Denis Cardoso – denis@revistadbo.com.br

Carne bovina

Promessa de expansão em 2016

S

Brasil e Índia irão manter produção em enquanto EUA reagem na retomada de oferta

eguindo tendência oposta à observada nos últimos dois anos, quando a produção mundial de carne bovina registrou retração, 2016 marcará a retomada do crescimento na oferta da commodity, puxada basicamente por três grandes produtores globais, os Estados Unidos, Brasil e Índia. No total, são esperadas pra este ano a produção de 59,2 milhões de toneladas equivalente-carcaça, com crescimento de quase 1,5% sobre as 58,4 milhões de toneladas previstas para 2015, segundo projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, USDA, sigla em inglês (veja tabela abaixo). A maior recuperação virá dos Estados Unidos, justamente o país que viu, no início de 2013, seus rebanhos de bovinos e be­zerros atingirem os menores patamares desde as décadas de 40 e 50, respectivamente. Essa queda na produção norte-americana foi desencadeada por uma grave seca nas planícies do Sul do País e pelos altos preços dos grãos,

o que elevou consideravelmente o custo de alimentação do rebanho, mantido em sistema de confinamento praticamente durante o ano todo. Em 2016, “a produção norte-americana de carne bovina vai aumentar pela primeira vez desde 2010, puxada pela recuperação nos preços dos bovinos e pelas melhores condições de pastagem”, prevê o USDA. Segundo o seu relatório de oferta e demanda, a produção de carne bovina no país do hambúrguer alcançará 11,4 milhões de toneladas equivalente-carcaça, o que representa um acréscimo de 5,5% sobre a oferta projetada para 2015, de 10,8 milhões de toneladas (queda de quase 2% na comparação com a produção de 2014, de 11 milhões de toneladas). Os Estados Unidos são os maiores produtores mundiais de carne bovina, à frente do Brasil, o segundo colocado no ranking de oferta, mas também são os principais consumidores da proteína animal. Mesmo elevando a produ-

ção este ano, os norte-americanos, segundo análise do USDA, continuarão dependendo fortemente das importações, sobretudo de matéria-prima específica para a produção de hambúrgueres (“carne magra”, oriunda de bovinos alimentados basicamente a pasto). “No curto prazo, o abate doméstico de vacas (também utilizada como fonte de matéria-prima na produção de hambúrguer) sofrerá redução em relação aos anos anteriores, porque os pecuaristas estão interessados em reter as suas matrizes de corte para a recomposição do rebanho”, avalia o departamento norte-americano. Sendo assim, daqui para frente, haverá maior dependência de importações de carne bovina “magra” para suprir a demanda do mercado interno norte-americano, o que abre maior oportunidade de negócios não só para tradicionais países fornecedores, como Austrália, mas também para potenciais “novos clientes dos EUA”, entre eles o

Principais produtores mundiais de carne bovina 1

Principais exportadores mundiais de carne bovina 1

Principais importadores mundiais de carne bovina 1

2016 2

2015 3

2014

País

2016 2

2015 3

2014

País

2016 2

2015 3

2014

EUA 11.389 Brasil 9.600 U. Europeia 7.560 China 6.785 Índia 4.500 Argentina 2.680 Austrália 2.300 México 1.865 Paquistão 1.775 Rússia 1.300 Canadá 975 Outros 8.467 Total 59.196

10.861 9.425 7.540 6.750 4.200 2.740 2.550 1.845 1.725 1.355 1.025 8.427 58.443

11.076 9.723 7.443 6.890 4.100 2.700 2.595 1.827 1.675 1.370 1.099 9.248 59.746

Índia Brasil Austrália EUA N. Zelândia Paraguai Uruguai Canadá U. Europeia México Argentina Outros Total

2.175 1.775 1.625 1.100 598 410 395 370 310 300 265 603 9.926

2.000 1.625 1.815 1.035 590 400 360 375 300 245 230 626 9.601

2.082 1.909 1.851 1.167 579 389 350 370 300 194 197 594 9.990

EUA Rússia Japão China Hong Kong C. do Sul U. Europeia Canadá Egito Malásia Chile Outros Total

1.381 735 727 700 500 454 370 285 285 250 230 1.794 7.711

1.559 700 740 600 450 400 370 290 270 235 200 1.745 7.559

1.337 929 739 417 646 392 372 284 270 205 241 2.068 7.900

País

(1) Em milhões de toneladas equivalente carcaça. (2) Estimativa. (3) Dados preliminares. Fonte: USDA, out/2015, adaptação DBO.

14 Anuário DBO 2016

(1) Em mil toneladas equivalente-carcaça. (2) Estimativa. (3) Dados preliminares. Fonte: USDA, out./2015, adaptação DBO.

(1) Em milhões de toneladas equivalente carcaça. (2) Estimativa. (3) Dados preliminares. Estimativa. Fonte: USDA, out./2015, adaptação DBO.


Principais consumidores mundiais de carne bovina 1 2

País

2016

EUA Brasil U. Europeia China Argentina Índia Rússia México Paquistão Japão Colômbia Outros Total

11.671 7.890 7.620 7.450 2.415 2.325 2.025 1.730 1.706 1.215 901 10.058 57.006

2015

3

11.400 7.870 7.610 7.350 2.510 2.200 2.047 1.765 1.661 1.210 894 9.949 56.466

2014 11.242 7.896 7.515 7.297 2.503 2.018 2.289 1.839 1.617 1.226 875 11.391 57.708

(1) Em milhões de toneladas equivalente carcaça. (2) Estimativa. (3) Dados preliminares. Fonte: USDA, out./2015, adaptação DBO.

Brasil, que recentemente recebeu autorização do governo local para importar, pela primeira vez na história, carne bovina in natura brasileira, através de um sistema de cotas. Segundo estimativas do USDA, os norte-americanos deverão consumir 11,67 milhões de toneladas equivalente-carcaça de carne bovina em 2016, representando um aumento de quase 2,5% sobre a quantidade prevista para 2015, de 11,40 milhões de toneladas. No total, espera-se que o consumo da proteína animal atinja 57 milhões de toneladas este ano, quase 1% acima da demanda projetada para 2015, de 56,46 milhões de toneladas (veja tabela). Ainda em relação aos EUA, as importações de carne vermelha estão estimadas em 1,38 milhão de toneladas, o que representa queda de 11,5% sobre o resultado esperado em 2015 (1,56 milhão de toneladas), mais ainda superior ao total de compras realizadas em 2014, de 1,33 milhão (veja tabela) e nos três anos imediatamente anteriores. Outros protagonistas – Brasil e Índia também irão registrar crescimento na oferta de carne bovina em 2016. Segundo maior produtor mundial, atrás

dos EUA, o Brasil deve produzir 9,6 milhões de toneladas equivalente-carcaça este ano, quase 2% acima da produção do ano passado, de 9,4 milhões de toneladas, de acordo com o USDA. Em 2015, a oferta brasileira de carne bovina caiu 3%, na comparação com 2014, refletindo sobretudo a escassez de animais machos para o abate e o processo de retenção de matrizes. Na Índia, a taxa anual de expansão esperada na produção de carne vermelha em 2016 é de 7%, para 4,5 milhões de toneladas, prevê o departamento norte-americano. Na União Europeia e na China, outros dois grandes produtores da proteína animal, a oferta este ano se manterá praticamente estável, em 7,56 milhões e 6,78 milhões de toneladas, respectivamente. Comércio – Os embarques mundiais de carne bovina devem registrar aumento em torno de 3,5% em 2016, na comparação com o ano anterior, atingindo 9,9 milhões de toneladas equivalente-carcaça, segundo previsão do USDA. Em 2015, as exportações globais totalizaram 9,6 milhões de toneladas, retração de 4% sobre 2014, refletindo a redução nas vendas dos principais atores do mercado mundial, principalmente Brasil e EUA (veja tabela). Este ano, Índia e Brasil voltam a brilhar no comércio externo de carne bovina, tendo o país in-

Os embarques mundiais devem registrar aumento em torno de 3,5% em 2016 diano como líder absoluto no ranking de exportação. Segundo o USDA, as vendas externas da Índia ultrapassarão a casa das 2 milhões de toneladas em 2016, enquanto os embarques do Brasil irão atingir um patamar próximo a 1,8 milhão de toneladas. Do lado das importações, o USDA estima compras globais de 7,71 milhões de toneladas equivalente-carcaça em 2016, 2% a mais na comparação com 2015, quando ficaram em 7,56 milhões de toneladas, um recuo de 4% em relação ao ano anterior. Entre os que irão elevar suas aquisições externas

Comércio mundial de bovinos vivos 1 Principais exportadores

País 2016 2 2015 3 México 1.200 1.200 Austrália 1.100 550 Canadá 925 1.025 U. Europeia 600 600 Brasil 300 300 Uruguai 140 160 EUA 80 80 Ucrânia 55 42 N. Zelândia 25 22 China 20 20 Rússia 20 20 Total geral 4.467 4.771 Principais importadores EUA 2.050 2.225 Egito 220 170 Venezuela 1214 China 200 100 Rússia 80 68 Canadá 40 35 Rússia 55 55 México 25 20 Brasil 3 3 Total geral 2.626 2.632

2014 1.298 875 1.245 499 649 140 108 30 79 20 27 5.443 2.358 200 526 230 74 45 38 28 10 4.090

(1) Em mil cabeças, representando os países de maior expressão acompanhados pelo USDA-FAS. (2). Estimativa. (3) Dados preliminares. (4) Importação do Brasil, segundo MDIC. Fonte: USDA, out./2015, adaptação DBO.

de carne bovina este ano, estão Rússia, China, Hong Kong e Coreia do Sul. Gado vivo – Em 2015, as exportações mundiais de bovinos vivos devem registrar recuo acima de 10%, para em torno de 4,7 milhões de cabeças, prevê o USDA. A queda é reflexo da forte redução nos preços internacionais do petróleo, que fez praticamente desaparecer do mercado um dos grandes importadores de gado em pé, a Venezuela. Para 2016, espera-se uma recuperação de 6% nos embarques de animais em pé, para cerca de 4,5 milhões de cabeças. Pelo lado das importações, o USDA projeta compras mundiais de 2,6 milhões de cabeças em 2016, praticamente o mesmo patamar registrado em 2015, e 35% abaixo da quantidade de 2014 (veja tabela). n Anuário DBO 2016

15


Mercado Mundial Tânia Rabello

Concorrentes

Tecnicamente empatados Índia e Brasil exportaram 2 milhões de toneladas. Mas o país asiático deve passar à frente em 2016.

B

rasil e Índia praticamente empataram na exportação de carne em 2015, o primeiro com 2,064 milhões de toneladas, e o segundo, com 2 milhões. A pequena diferença só será confirmada quando se tiverem os números oficiais dos demais concorrentes do Brasil, tarefa da qual normalmente se encarrega o USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. O número do Brasil é oficial, fornecido pela Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). O da Índia, uma estimativa do USDA, que, pelo mesmo critério, já aponta o país asiático em primeiro lugar e a Austrália em segundo em 2015. Pela estimativa do órgão norte-americano, a Austrália exportou 1,820 milhão de toneladas – 100 mil toneladas a mais do que em 2014, provenientes do abate considerável de fêmeas e também novilhos, em função da severa seca que atinge o país há cerca de dois anos –, enquanto o Brasil teria exportado apenas 1,660 milhão de toneladas. O critério usado pelos norte-americanos é o de país exportador de “beef” – termo que designa proteína vermelha oriunda tanto de bovinos quanto de bubalinos. E é justamente neste quesito que os indianos levam vantagem sobre o Brasil, pois detêm um rebanho de 301 milhões de cabeças, mais de 100 milhões delas de búfalos. (veja tabela). Além da expansão australiana (e também indiana), houve um encolhimento dos embarques brasileiros de carne bovina em 2015. Tanto um quanto outro “furaram” as previsões feitas pelo USDA no final de 2014, que só acertou no alvo com relação à Índia (1,950 milhão de toneladas previstas). Com relação ao Brasil, o USDA estimava que exportaria 2,4 milhões de toneladas, o que, se se concretizasse, manteria o País na liderança mundial. A Abiec (Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne), por sua vez, contava com a abertura de novos mercados em 2015 e com o tropeço de concorrentes como os EUA e a Austrália. Não foi o que aconteceu e o Brasil acabou embarcando 210 mil toneladas a me-

16 Anuário DBO 2016

Os dez maiores exportadores de carne em 2015 País/bloco Brasil Índia Austrália Estados Unidos Nova Zelândia Paraguai Canadá Uruguai União Europeia México

Exportações1 2015 20164 5 2,06 2,08 2,00 2,18 1,82 1,63 1,04 1,10 0,59 0,60 0,40 0,41 0,38 0,37 0,36 0,40 0,30 0,31 0,25 0,30

Produção1 9,30 4,20 2,55 10,86 0,67 0,59 1,03 0,57 7,54 1,85

Exp/prod2 2015 21,5% 47,6% 71,2% 9,5% 88,5% 67,8% 36,6% 63,7% 4,0% 13,3%

Rebanho3 213,4 301,1 27,6 89,8 10,4 14,2 11,9 12,1 88,4 17,1

1Em milhões de toneladas, equivalente carcaça; 2Participação das exportações na produção; 3Em milhões de cabeças; 4Estimativa; 5Dados da Secex/

MDIC. Fonte: Scot Consultoria, com dados preliminares do USDA/SENACSA.

nos do que em 2014. Com o preço do petróleo atrapalhando a vida de grandes clientes como a Rússia (segundo maior) e a Venezuela (quarto maior), o preço médio por tonelada também caiu, e a fatura da exportação encolheu 17%, para US$ 5,9 bilhões em 2015 (veja mais nas páginas 20 e 22). A boa notícia é que a projeção do USDA para 2016 aponta o Brasil voltando para a segunda posição, com aumento de 9% em relação ao ano passado. A má notícia é que a Índia aumentará ainda mais seus embarques (8% em relação a 2015) e estará a um passo de ultrapassar, efetivamente (em relação aos números do MDIC), o Brasil nas vendas externas da proteína animal. Seca “ajuda” a Austrália – Adolfo Fontes, analista sênior do banco holandês Rabobank, explica a mudança de posições prevista pelo USDA para 2016: “A seca obrigou a Austrália a abater massivamente seu gado. Se essa prática, num primeiro momento, trouxe um grande volume adicional exportável, num segundo momento vai provocar uma retração na produção de carne”, calcula ele, justificando o fato pela consequência que o abate de milhões de matrizes implicará (redução da oferta de vacas para abate, para não dificultar a recomposição do rebanho). Já o Brasil, que passou pela mesma situação há cerca de quatro anos, deve ele-

var os abates novamente, pois começariam a ser desovados animais produtos da retenção de matrizes, aumentando a oferta. Além disso, o analista lembra que as perspectivas de embarques para novos mercados – principalmente o dos Estados Unidos e, já desde o ano passado, o da China –, também elevarão significativamente as exportações brasileiras da proteína e poderão abrir portas para outros exigentes consumidores, que pagam mais pela tonelada de carne, como Japão, México, Canadá e Coreia do Sul. “Nós já vimos reação nos embarques nos últimos meses de 2015, o que deve continuar este ano”, diz Fontes. Hyberville Paulo D’Athayde Neto, analista de mercado da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, acrescenta que outro elemento a beneficiar as vendas externas do Brasil é o dólar valorizado. “Com a moeda norte-americana no patamar atual (R$ 4 na média de janeiro), as exportações são extremamente favorecidas, porque a carne brasileira fica bastante competitiva”, diz ele. Fontes, do Rabobank, também não tem dúvida de que, entre os grandes exportadores, no médio prazo (10 anos) o Brasil é o único capaz de elevar o fornecimento externo de carne bovina em pelo menos 1 milhão de toneladas. O analista baseia sua informação em estudo


FORTE

COMO TODO BRASILEIRO. FARPADO É MOTTO®. MOTTO® É BELGO.

CERCOU, TÁ CERCADO.

A R U D MAIS MUITO

MP ÀS INTE RESISTE

Para proteger o seu gado com resistência e durabilidade, escolha Motto®, o arame farpado mais vendido do Brasil e tradição há 50 anos. Cercou, tá cercado.

Conheça toda a linha de produtos em: www.belgobekaert.com.br | 0800 727 2000

O O TEMP ÉRIES D


Mercado Mundial Concorrentes do Rabobank, intitulado “Fortalecimento da cadeia de valor de carne – oportunidades de investimento”, de sua autoria, publicado em dezembro de 2015. Para isso, porém, deve investir massivamente em tecnologia para melhorar seus indicadores pecuários, como idade média de abate e taxa de desfrute do rebanho – ou seja, a porcentagem anual de cabeças abatidas em relação ao total de gado criado no país. Quanto maior esta porcentagem, mais eficiente é considerado o sistema produtivo. Recomposição nos EUA _ Já os Estados Unidos, outro grande concorrente no mercado exportador de carne bovina, também iniciou em 2015 um movimento de recompor o rebanho, cujo aumento foi barrado por problemas climáticos em anos anteriores. Conforme a Scot Consultoria, com base nos dados do USDA, o quarto colocado no ranking mundial dessa proteína deve aumentar seus embarques em 6,3%, de 1,035 milhão de TEC para 1,1 milhão de TEC. “Entretanto, mesmo que os EUA aumentem o rebanho já a partir de 2016, eles também devem aumentar o consumo interno”, diz Fontes, do Rabobank. O analista acrescenta que a Austrália, o principal fornecedor de carne magra (que entra na composição do hambúrguer) para os EUA vai reduzir seus embarques este ano. “O Brasil pode ocupar este nicho”, diz Fontes, que prevê que os primeiros embarques

18 Anuário DBO 2016

Os efeitos da Transpacífica

No médio e longo prazos, porém, um elemento que tem o potencial de afetar as exportações brasileiras de carne bovina é a Parceria Transpacífica (TPP), acordada no ano passado entre 12 países banhados pelo Oceano Pacífico. No grupo, estão tanto nações grandes exportadoras de carne bovina – como EUA, Austrália e Nova Zelândia – quanto mercados nobres para a proteína – como Japão, Canadá, os próprios EUA e Malásia. O Brasil ficou de fora do maior acordo comercial da história, que derruba barreiras tarifárias e deve ser aprovado pelos legislativos dos países-membros ainda este ano. No entanto, para Fontes, do Rabobank, mesmo que haja queda de barreiras e taxações para países não-membros, a carne brasileira continuará competitiva. De todo modo, é importante que o País continue investindo no aprimoramento do seu status sanitário e na diversificação de acordos e de parceiros comerciais. Fontes lembra que o Brasil é privilegiado em relação a vários tipos de status sanitários. “Não temos em nosso território gripe aviária nem diarreia suína, por exemplo”, enumera. brasileiros àquele país devam ocorrer já a partir deste primeiro semestre. A Índia, por sua vez, tradicional exportadora de carne de búfalo a mercados menos exigentes, não é concorrente direta do Brasil, que almeja compradores que pagam mais

Apesar de não serem doenças que acometam bovinos, a sua ausência em território nacional confere status diferenciado ao País, defende. Hyberville Neto, da Scot Consultoria, também não acredita que a queda de tarifas no âmbito da TPP beneficie tanto assim os concorrentes do Brasil. “A vantagem diminui, sem dúvida. Mas acredito que o País tem espaço e principalmente potencial para acessar mercados que seus principais concorrentes já não têm mais”, complementa. “Além disso, não acredito que as vantagens conferidas aos países-membros da TPP sejam fortes o suficiente para deixar a carne brasileira inviável economicamente no mercado internacional.” Assim como Fontes, Hyberville Neto recomenda que o Brasil continue no caminho que já está trilhando, na direção de abertura e diversificação de novos mercados. O analista do Rabobank complementa: “Basta lembrar que o Brasil ainda não tem acesso a 40% do mercado mundial de carne, formado por EUA, Canadá, México, Coreia do Sul e Japão”, diz. “Há aí um imenso potencial.” pelo seu produto. Já desde o Anuário DBO 2015, a Abiec ressaltava que para a Índia se tornar uma concorrente de fato em mercados nobres teria de melhorar bastante as precárias condições sanitárias de seu rebanho, situação que persiste. n



Mercado Mundial Fernando Yassu – yassu@revistadbo.com.br

Exportações

Segundo semestre salvador Crise do petróleo afeta embarques e receita em dólar. Em reais, margem dos frigoríficos melhorou.

O

câmbio ajudou a melhorar extraordinariamente a competitividade da cadeia de produção da carne bovina brasileira em 2015 e o Brasil teve, no ano, a arroba de menor valor em dólar entre os principais players internacionais, mas, mesmo assim, as exportações dos frigoríficos brasileiros caíram 9,2% em volume e 17,4% em receita, na comparação com 2014. No início de 2015, a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) previa faturamento de US$ 8 bilhões com carne bovina in natura, industrializada e miúdos. Não chegou a US$ 6 bilhões, fechando em US$ 5,939 bilhões – US$ 1,251 bilhão menos do que em 2014, ano da receita recorde de US$ 7,2 bilhões. O problema maior foi no primeiro semestre, especialmente em janeiro e fevereiro, os dois piores meses do ano nas vendas externas de carne bovina. As indústrias comercializaram, respectivamente, 99.500 e 101.700 toneladas, faturando US$ 440 milhões e US$ 446 milhões. Nos quatro meses seguintes do primeiro semestre, a média em volume subiu para 113.000 toneladas (crescimento de 12,3% sobre as médias de janeiro e fevereiro) e a receita para US$ 473 milhões (alta de 6,88%). Mesmo assim, as exportações caíram em quantidade 14% (656 mil toneladas ante 762 mil em 2014) e o faturamento em 18% (US$ 2,7 bilhões ante US$ 3,4 bilhões). Foi um dos piores períodos para os frigoríficos. A correção do câmbio em quase 30% no primeiro trimestre de 2015 atenuou as perdas e a receita convertida em reais praticamente empatou com a obtida em 2014 (R$ 8 bilhões em 2015 e R$ 7,8 bilhões no mesmo período de 2014).

No segundo semestre, o mercado externo foi a salvação dos frigoríficos, especialmente com o mercado interno patinando. Entre junho e dezembro, a média dos embarques em volume aumentou 13,7% sobre o primeiro semestre (747 mil toneladas ante 654 mil) e a receita cresceu 16,9% (US$ 3,16 bilhões ante US$ 2,78 bilhões), mas, não conseguiu superar o faturamento em dólar registrado no mesmo período de 2014 (US$ 3,75 bilhões), com perdas de receita em moeda norte-americana de 15,7% ou quase US$ 600 milhões. Essa perda foi compensada largamente pela alta do câmbio, que foi corrigido em 60% na comparação com o mesmo período de 2014. No frigir dos ovos e graças ao segundo semestre e o câmbio, o resultado em termos econômicos para os frigoríficos exportadores em 2015 acabou sendo melhor do que no ano anterior. Além de receber mais em reais e embarcar 200 mil toneladas a menos em volume, o boi, a principal matéria-prima dos frigoríficos, foi reajustado em apenas 8,5% em 2015 no mercado de São Paulo, ante os 16,3% registrados no ano anterior. Trocando em miúdos, a margem dos frigoríficos exportadores, que foi um desastre em 2014 e no primeiro semestre, melhorou sensivelmente na segunda metade de 2015. Petróleo – Poderia ter sido melhor. O que atrapalhou foi a queda no preço do petróleo, que afetou as finanças de alguns dos maiores importadores de carnes do Brasil, como a Rússia e a Venezuela. Juntos, esses dois países – respectivamente segundo e terceiro maiores importadores de

carne bovina em 2014 – foram responsáveis pela queda da receita de exportação em US$ 1,1 bilhão – 88% do total das perdas de receita de US$ 1,25 bilhão. Em 2015, os russos gastaram apenas US$ 579 milhões com carne brasileira, 55,4% menos do que no ano anterior (US$ 1,3 bilhão). Já a receita das exportações para a Venezuela caiu de US$ 901 milhões para US$ 534. Outro mercado que registrou uma forte retração nas vendas dos frigoríficos brasileiros foi Hong Kong, porta de entrada no mercado chinês e que em 2014 garantiu 23,81% da receita dos frigoríficos brasileiros de carne bovina. As vendas para esse mercado ­caíram 36,4%, de US$ 1,7 bilhão em 2014 para US$ 1,089 em 2015. No caso de Hong Kong, houve um efeito substituição com a reabertura do mercado chinês, que, por causa da descoberta de um caso atípico de vaca louca no Brasil em 2012, estava fechado para a carne bovina brasileira. Mesmo reabrindo o mercado apenas no meio do ano, a gigante China gastou US$ 477 milhões e já aparece como sexto maior importador de carne bovina do Brasil. Além da China, outra boa notícia de 2015 foi a confirmação do Egito como importante mercado para carne bovina brasileira. O país já é o terceiro maior comprador dos frigoríficos brasileiros, com dispêndio de US$ 661 milhões, US$ 50 milhões a mais do que em 2014, quando ocupava o quinto lugar no ranking dos maiores importadores. Na lista dos maiores importadores até o início do boicote econômico imposto pelos EUA por conta da questão nuclear, o Irã gastou US$ 381 milhões em 2015 – US$ 106 milhões a mais do que no ano anterior.

Crise na Rússia e na Venezuela afeta exportação de carne bovina e receita cai 17,4% em 2015 2015 4.659

Receita1 2014 5.836

2013 4.494

Carne industrializada

659

646

Miúdos

621 5.939

Produtos Carne in natura

Total

2015 1.584

Volume2 2014 1.829

2013 1.742

594

265

257

745

707

215

7.190

6.660

2.064

(1) Receita em US$ 1.000. (2) Volume em ton equivalente carcaça. (3) Preço em US$ por ton líquida. Fonte: Abiec/Secex/MDIC.

20 Anuário DBO 2016

2015 4.322

Preço médio3 2014 4.691

2013 4.524

250

6.207

6.286

5.911

216

219

2.875

3.449

3.228

2.274

2.211

4.245

4.601

4.428



Mercado Mundial Exportações As exportações de No caso da China, que Os 10 maiores importadores de carne bovina carne bovina e miúdos recomeçou a importar em e derivados do Brasil em 2015 * continuaram concentrameados do ano e com1 2 3 das em poucos mercaprou 142 mil toneladas em Países Receita Volume Preço médio dos. Em 2015, os 10 maio- Ano 2015 2014 2013 2015 2014 2013 2015 2014 2013 equivalente-carcaça e desres importadores – Hong pendeu US$ 477 milhões, Hong Kong 1.089 1.712 1.442 298 400 360 3.659 4.280 4.002 Kong, Europa (27 paises a previsão de Camardelli, da União Europeia), Egito, U. Europeia 802 928 869 121 127 132 6.607 7.286 6.583 é de que o país imporRússia, Venezuela, China, Egito 661 611 486 196 166 145 3.376 3.686 3.552 te, em 2016, pelo menos Irã, EUA, Chile e Argélia 240 mil toneladas e gaste Rússia 579 1.314 1.213 179 315 306 3.233 4.176 3.964 – foram responsáveis por US$ 1,2 bilhão, quase US$ 534 901 844 93 170 157 5.725 5.311 5.375 800 milhões a mais do que 87% da receita com expor- Venezuela tação dos frigoríficos bra- China em 2015. Nem a crise chi477 97 4.885 sileiros, um pouco menos nesa assusta a entidade: Irã 381 275 266 97 62 59 3.913 4.462 4.502 do que em 2014 (90%). a carne bovina in natura 287 231 224 31 22 23 9.309 10.415 9.739 é destinada a uma nova As perdas no merca- EUA do externo estão concen- Chile 261 287 397 55 55 76 4.747 5.195 5.223 classe média do país que tradas na carne in natu- Argélia melhorou a renda e sofis85 100 20 21 4.282 4.776 ra. Do total de US$ 1,25 (*) Inclui carne in natura, industrializada e miúdos.(1) receita em US$ 1.000. (2) Volume em toneladas líquidas. (3) Preço em US$ por ticou o ­consumo. bilhão que deixaram de tonelada líquida. Além da China, o preentrar nos cofres dos frisidente da Abiec aponta goríficos brasileiros, ela outro país com potencial foi responsável pela perda de US$ 1,177 para inflar as vendas de carne bovina do Distribuição por produto bilhão ou 94%, mas, apesar desse tombo, Brasil e que também reabriu o seu mercado continua como o tipo mais exportado em em 2015. No caso, a Arábia Saudita que, até 2015 – US$ 4,66 bilhões ante US$ 5,8 bia descoberta do caso atípico de vaca louca lhões em 2014 ou 78% do total exportaem 2012, figurava na lista dos 10 maiores do. Nos miúdos também houve perdas importadores de carne bovina dos frigoríde receita, que caiu de US$ 745 milhões ficos brasileiros. O fim do embargo nesse para US$ 621 milhões. Na carne induspaís tem reflexo em outros países árabes, trializada, houve uma pequena evolução como Barhein, C ­ atar, Kwait e Iraque, que, no faturamento, que passou de US$ 646 normalmente, seguem a Árabia Saudita. milhões para US$ 659 milhões. Até meados de 2016, o Brasil também Com a valorização do câmbio, os deve começar a embarcar carne in natura clientes também pechincharam. Todos para os EUA, que, até agora, só importa nosos produtos tiveram redução do preço sa carne industrializada. em dólar. Na carne in natura, o valor caiu 7,8%, de US$ 4.691 para US$ 4.322 por da associação, aponta as razões para o Boi em pé – Com a crise na Venezuela, tonelada. Na carne industrializada, o re- otimismo. A primeira foi a suspensão do os embarques de bois em pé desabaram. cuo foi de 1,2%, de US$ 6.286 para US$ embargo para a entrada da carne bovina Em volume, caíram um terço, de 648 mil 6.207. No caso dos miúdos, as perdas fo- em alguns mercados ­importantes. cabeças em 2014 para 212 mil em 2015. Já ram maiores. O preço médio a receita encolheu quase 70%, recuou 18,7%, de US$ 3.449 passando de US$ 679 milhões Fatia dos 10 maiores importadores de carne do Brasil para US$ 2.805. para US$ 209 milhões. Maior importador em 2014, com 526 Otimismo – Com dólar a R$ mil cabeças a Venezuela com4, a expectativa da Associação prou do Brasil apenas 121 mil Brasileira das Indústrias Exbovinos, que custaram US$ 135 portadoras de Carne (Abiec), milhões. O segundo maior apesar da recessão mundial e comprador, o Líbano, também, do preço do petróleo no chão, reduziu suas compras de bois é de que a receita em 2016 fiem pé em 2015. Importou 50 que próxima à registrada em mil cabeças e gastou U$ 42 mi2014, quando atingiu US$ 7,19 lhões ante, respectivamente, bilhões. Além do câmbio, An79 mil cabeças e US$ 79 mitônio Camardelli, presidente lhões no ano passado. n

22 Anuário DBO 2016



Mercado Mundial Renato Villela

Suínos

Números em alta Produção, volume exportado e fatura em reais aumentam.

O

Segundo o vice-presidente início de 2015 apontava Exportação cresce, mas receita encolhe. da ABPA, o setor tinha expectapara um horizonte bastan2015 2014 Variação tiva de que as exportações ajute promissor para a suinodassem no equilíbrio das contas, cultura. Consumo interno em alta, Produção de carne1 3.640 3.470 + 4,9% compensando o fraco desemperenda crescente com as exportaVolume de exportações1 550 505 + 8,9% nho interno. Não foi o que aconções, produtor recebendo mais 1,2 1,5 - 20% teceu. Com o dólar mais forte, os pelo quilo vivo do suíno. O cenário Receita com exportações2 compradores ofereceram mefavorável, no entanto, não resistiu Consumo per capita3 15 14,71 + 2,7% nos pela tonelada da carne suína aos percalços da economia e du(1) Em mil toneladas; (3) Em toneladas; (4) Em bilhão de dólares; (5) Em kg/ano. Fonte: ABPA brasileira. A despeito do excelenrou apenas o primeiro trimestre. te desempenho das exportações, Os custos de produção chegaram às alturas, o consumidor perdeu seu po- lombo, cortes mais nobres e, portanto, que em 2015 deverão atingir 550 mil der de compra, a desvalorização do real mais caros, a demanda foi maior por toneladas, aumento de 8,9% em relafez a receita (em dólar) despencar e o sui- mortadela, lingüiça e salsicha, mais ba- ção às 505 mil toneladas exportadas nocultor terminou o ano com menos di- ratas. “Ganhamos em volume, mas não em 2014, a retração esperada da receita em dólares é de 20%, totalizando nheiro no bolso. “Foi um ano difícil. Os em receita”, diz Vargas. Para o suinocultor, que já estava US$ 1,2 bilhão. Mesmo assim, em regastos com energia, frete e grãos elevaram os custos de produção em 30%. Ti- com as margens de lucro estreitas por ais, os embarques devem render receivemos que distribuir esses aumentos por conta do aumento da energia elétri- ta 14% superior à de 2014, fechando ao toda a cadeia”, diz Rui Vargas, vice-presi- ca, dos medicamentos veterinários e redor dos R$ 4,3 bilhões. A Rússia sedente da ABPA – Associação Brasileira das commodities, especialmente o mi- gue como principal compradora (247 lho e a soja – principais ingredientes mil toneladas), respondendo por cerca de Proteína Animal. A despeito da conjuntura ruim, o da ração – a queda do poder aquisiti- de 45% do total exportado pelo País. O número de 2015 é 30% superior ao de setor cumpriu seu papel. A produção 2014, favorecido em parte resultado brasileira de carne suína deverá atin- Rússia continua como maior dos embargos impostos pelos Estados gir 3,64 milhões de toneladas em 2015, importador, respondendo por Unidos e a União Europeia ao país de volume 4,9% superior ao registrado no Vladimir Putin. ano passado. “Toda vez em que há um 45% das vendas. Para 2016 o setor prevê um cresaumento nos custos de produção, tanto os produtores quanto a agroindús- vo do consumidor foi um golpe duro cimento de 3% a 5% nos volumes emtria se dedicam mais para obter melho- de assimilar. O gasto menor no varejo barcados. Além das vendas para o res resultados”, justifica Vargas. A carne impactou a receita das granjas. O qui- Leste Europeu e os grandes clientes bovina também deu uma ajudinha ao lo vivo do suíno, que saltou de R$ 2,60 da Ásia, como Hong Kong e Singamercado. Com o bife mais caro, o con- em 2013 para R$ 4 em 2014, fechou pura, espera-se também a ampliação sumidor colocou mais carne suína no 2015 valendo entre R$ 3 e R$ 3,20. “A das vendas para a China – maior proprato. O consumo per capita deve che- indústria não teve condições de remu- dutora e consumidora de carne suína gar a 15 kg, 2,7% superior ao registra- nerar melhor”, diz Vargas. O cenário do mundo - com a habilitação de nodo em 2014 e marca recorde. O núme- causa preocupação. “O produtor está vas plantas e a elaboração de um proro, no entanto, precisa ser analisado no seu limite, não suporta mais ne- tocolo que permita a venda de miúdos para o país. n com cautela. Em vez de paleta, pernil e nhum ­desafio”.

24 Anuário DBO 2016



Mercado Mundial Renato Villela

Frango

Brasil é vice-líder na produção

O

País ultrapassa 13 milhões de toneladas de carne e supera a China

Brasil deverá atingir a marca de 13,136 milhões de toneladas de carne de frango produzidas em 2015. O montante é 3,5% superior ao obtido pelo setor em 2014 e alçou o País à inédita vice-liderança entre os produtores mundiais, superando a China, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo Ricardo Santin, vice-presidente de aves da ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal, o avanço pode ser creditado ao aumento da eficiência nas granjas e às dificuldades enfrentadas pela China, que no início de 2015 descobriu um novo vírus de influenza aviária. A doença obrigou o país a tomar medidas rigorosas para controlar a doença em seu território. “O governo chinês restringiu a importação de material genético (ovos e aves), o que fez a produção interna cair”, diz Santin. Outra boa notícia no mercado interno foi o aumento da procura pela carne de frango, causado principalmente pelo preço salgado da carne bovina. O consumo atingiu 43,2 kg per capita no ano, alta de 1,05%. Para Sandin, embora pareça pequeno, o índice é bastante significativo diante do cenário atual. “Foi um ano de crise, inclusive com PIB negativo. Além disso, a carne de frango é a mais consumida, o que torna aumentos de consumo mais difíceis de serem atingidos”. A exemplo da suinocultura, a alta das commodities, em especial milho e soja – principais componentes da ração – e os aumentos do diesel e da tarifa de energia, em torno de 60% (dependendo da re-

26 A nuário DBO 2016

Exportações crescem, mas receita encolhe. 2014

Variação

Produção1

2015

13,136 12,690

+ 3,5%

Exportação1

4,304

4,090

+ 5,23%

Receita2

7,170

8,080

- 11,26%

Consumo3

43,2

42,7

+ 1,17%

(1) Em milhões de toneladas; (2) Em bilhões de dólares; (3) Consumo per capita. FONTE: ABPA

gião), impactaram fortemente os processos da avicultura, como manutenção de aviários e incubatórios. Estima-se que a alta acumulada nos custos de produção tenha sido de 5% em 2015.

País continua líder nas exportações, com fatia de 37% do mercado. No plano mundial, o Brasil segue firme como o maior exportador – posto que ocupa há dez anos – à frente dos Estados Unidos e União Europeia. Impulsionada pela forte demanda da China e da Arábia Saudita e pela restrição imposta aos norte-americanos, que sofreram diversos embargos por causa do surto de gripe aviária ano passado, a indústria brasileira exportou 4,304 milhões de toneladas em 2015, volume 5% superior ao registrado em 2014 e recorde nas exportações de carne de frango. No acumulado de 2015,

foram R$ 23,946 bilhões, alta de 26% em relação ao registrado no ano anterior. A receita cambial obtida com as exportações, no entanto, caiu 11,2%, para US$ 7,170 bilhões. Com o dólar mais elevado, os compradores obtêm melhores negociações, forçando para baixo os contratos. Assim, o preço médio decresceu de US$ 1,9 mil/t em 2014 para US$ 1,66 mil/t ano passado. Responsável por uma fatia que corresponde a 37% do mercado global de carne de frango, o Brasil expandiu sua atuação no comércio internacional com a abertura dos mercados da Malásia e Myanmar. O País também conseguiu habilitar mais duas plantas para exportação para a China (totalizando 30), além de 16 novas unidades exportadoras para o México, somando agora 20 plantas habilitadas, o que deve assegurar mais 80 mil toneladas exportadas por ano. Ao todo, o Brasil exporta para 157 países. Os maiores compradores são Arábia Saudita, que em 2015 importou 789,3 mil toneladas, saldo 21,9% superior ao obtido em 2014, seguida pela União Europeia (400 mil toneladas) e Japão (400 mil toneladas). Para 2016, o setor prevê crescimento entre 2% e 3% na produção interna de carnre e de 3% a 5% nos volumes embarcados, diante da perspectiva de conquistar novos consumidores mundiais. “Temos boas expectativas de abrir os mercados de Taiwan, República Dominicana, Camboja e Colômbia, além da habilitação de novas plantas para exportação para a China”, diz Sandin. n




Mercado Brasileiro Denis Cardoso – denis@revistadbo.com.br

Balanço

No azul pelo terceiro ano seguido Mercados do boi gordo e de reposição ignoram crise econômica e sobem acima da inflação

M

ais um ano de glória para a pecuária brasileira de gado de corte, setor que passou ao largo das turbulências macroeconômicas vividas no País. Pelo terceiro ano consecutivo, o boi gordo registrou ganho real de preço, superando a taxa de inflação, que no acumulado de 2015 ultrapassou a casa de dois dígitos (acima de 10%). Dados da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, mostram que o preço médio nominal do boi subiu 15,5% no ano passado, saltando para R$ 146,85/@ (a prazo, em Araçatuba, SP), ante o valor médio de R$ 127,12@ de 2014. Em termos reais (corrigido pela inflação), o preço médio do boi ficou em R$ 154,09/@ (a prazo, em São Paulo) em 2015, com valorização de 8% sobre a cotação de 2014 (R$ 142,33/@, deflacionado), e 28,5% acima do valor médio nos últimos dez anos (R$ 119,93/@, deflacionado), segundo informações do Cepea/Esalq-USP). O preço favorável ao pecuarista refletiu, principalmente, a redução nos abates de bovinos no ano passado, embora o rebanho bovino tenha registrado leve aumento de 0,5% em 2015, na comparação com 2014, segundo estimava da Scot Consultoria. Em 2015, a consultoria estima que houve uma queda superior a 10% nos abates, resultando no envio de 41,2 milhões de animais aos ganchos dos frigoríficos, ante 46,3 milhões de animais no ano anterior. Dados mais recentes do IBGE mostram que os abates de gado inspecionado atingiram 22,92 milhões de cabeças no período de janeiro a setembro de 2015, com recuo de 9,7% em relação ao resultado de igual período de 2014, de 25,38 milhões de cabeças. Além da menor disponibilidade de animais machos prontos para o abate, o mercado da pecuária passou, no ano passado, por um processo de consolidação do movimento de retenção de matrizes. Enquanto o abate de machos inspecionados recuou 6% no acumulado de nove meses do ano passado, o de fêmeas caiu 15%. Com isso, a participação de matrizes nos abates totais de bovinos caiu para 40,8% no período de janeiro a setembro de 2015, ante 43,3% de

Pecuária bovina de corte do Brasil em números Rebanho 1 Abate 1 Desfrute (%) Produção de carne 2 Consumo interno 2 Consumo per capita 3 Exportações 2 Importações 2

2015* 213,4 41,2 19, 3 9.299 7.689 37,59 1.665 55.9

2014* 212,3 46,3 21,8 10.343 8.571 42,26 1.846 74,5

2013* 211,8 48,2 22,8 10.760 9.020 44,87 1.794 53,9

2012 211,3 43,9 20,8 10.062 8.618 43,26 1.499 55,9

2011 212,8 40,9 19,2 9.337 8.046 40,91 1.326 35,0

*Estimativas Scot Consultoria. (1) Em milhões de cabeças; (2) Em mil toneladas equivalente-carcaça. Obs: no item Exportações incluem carne salgada, in natura e industrializada, sem miúdos ou tripas. (3) kg/habitante/ano. Fontes: Scot Consultoria, com dados do Secex/MDIC, IBGE e Abiec. Adaptação: DBO.

igual intervalo de 2014 – foi o primeiro recuo de participação de fêmeas desde 2010. A forte evolução nos preços dos animais de reposição explica a estratégia dos pecuaristas em segurar um pouco mais parte do plantel de vacas nas fazendas. A alta no preço do bezerro superou todas as expectativas dos analistas que acompanham o mercado, batendo seguidos recordes históricos. Dados do Cepea/ Esalq indicam que, em termos reais, o pico de preço médio do bezerro ocorreu em março do ano passado, quando atingiu R$ 1.505 (deflacionado pelo IGP-M de dezembro), no Mato Grosso do Sul, o que significou forte aumento de quase 40% sobre o valor médio de março de 2014 (R$ 1.084, corrigido pela inflação). Números da Scot apontam que, em 2015, na média de todos os Estados pesquisados, o bezerro (6@), o garrote (9,5@) e o boi magro (12@) acumularam altas anuais de 38%, 33% e 29%, respectivamente. Com a disparada na reposição, entretanto, houve considerável piora no poder de compra do recriador e invernista. O aumento do boi gordo também reduziu as margens dos frigoríficos, que tiveram que fechar algumas unidades de abate para se adequar à realidade do mercado, de oferta enxuta de animais prontos. O mercado interno absorve 80% da carne bovina produzida no País. No lado das exportações, a indústria brasileira exportou 10% menos em quantidade no ano passado, na compa-

ração com 2014, alcançando 1,66 milhão de toneladas equivalente-carcaça (sem considerar vendas de miúdos e tripas). Em relação ao varejo (supermercados e açougues), houve redução de margens na comercialização de cortes do dianteiro e traseiro, já que o consumidor, abalado pela crise na economia, rejeitou o aumento de preços na gôndola, migrando para outras fontes de proteína animal, como o frango. Mesmo diante da dificuldade de escoamento, as margens do segmento varejista oscilaram em torno de 60% em 2015, portanto ainda em patamares altos. Expectativa – Com a permanência da crise econômica no País em 2016, o consumo pela carne bovina no mercado interno tende a continuar perdendo força, fortalecendo a procura pelo frango. A esperança, do lado da demanda, está nas exportações, já que o real deve seguir desvalorizado perante o dólar, dando maior competitividade à carne brasileira. Além disso, o Brasil pode começar a explorar o mercado dos EUA, que decidiu liberar a entrada da nossa carne in natura. Do lado da oferta, a restrição de animais para venda deve continuar, diante da permanência do movimento de retenção de fêmeas, além da falta de animais machos para o abate. Porém, analistas não garantem preços da arroba do boi gordo variando acima da inflação, como ocorreu nos três anos anteriores, devido ao quadro de recessão econômica do País. n Anuário DBO 2016 29


Mercado brasileiro Denis Cardoso – denis@revistadbo.com.br

Rebanho

Segue a tendência de alta moderada Maior aumento ocorre na Região Norte, com destaque para Rondônia e Pará.

O

s dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o rebanho brasileiro de bovinos (corte e leite) ficou praticamente estável em 2014 em relação ao ano anterior, atingindo 212,3 milhões de cabeças, ante 211,8 milhões no fim de 2013 (veja tabela). Segundo previsão da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, que utiliza a metodologia do IBGE como parâmetro para as estimativas anuais, em 2015 o plantel também girou perto da estabilidade, registrando leve aumento anual de 0,5%, para 213,4 milhões de cabeças. “Em 2016, essa tendência de alta moderada no rebanho nacional deve continuar”, prevê o analista Hyberville Neto, da Scot. Pela estimativa da consultoria, o plantel pode chegar este ano a 215,5 milhões de cabeças, aumento de 1% sobre a quantidade prevista para 2015. Para o consultor, o início do movimento de retenção de fêmeas, sobretudo a partir de 2014, e o aumento de produtividade nas fazendas de corte contribuem para o crescimento. Na Região Norte, diz Neto, é nítido o aumento de lotação em propriedades de corte. “Os pecuaristas de lá deixaram de abrir novas áreas, seguindo orientação governamental de eliminar o desmatamento, e começaram a investir mais em ferramentas tecnológicas, como o uso de mineralização do gado, suplementação estratégica e de técnicas de reprodução, como a IATF”.

Por região – Os dados do IBGE do fim de 2014 indicam que o rebanho do Norte foi o que mais cresceu em termos percentuais. Ali, o efetivo foi a 45,8 milhões de cabeças, acréscimo de 2,5% sobre a quantidade apurada em 2013 (44,7 milhões de cabeças). Na Região Nordeste também houve crescimento de plantel, embora em menor proporção _ de 1,4%, saindo de 28,9 milhões de cabeças, em 2013, para 29,3 milhões de animais no fim do ano seguinte. No Centro-Oeste, onde está concentrada a maior quantidade de bovinos do País, o rebanho ficou praticamente estável no período, com 71,2 milhões de cabeças computadas em 2014. Nas Regiões

30 Anuário DBO 2016

Rebanho bovino* Brasil Centro-Oeste Mato Grosso Goiás Mato G. do Sul Distrito Federal Norte Pará Rondônia Tocantins Acre Amazonas Roraima Amapá Sudeste Minas Gerais São Paulo Rio de Janeiro Espírito Santo Sul Rio G. do Sul Paraná Santa Catarina Nordeste Bahia Maranhão Ceará Pernambuco Piauí Alagoas Sergipe Paraíba Rio G. do Norte

2014

212.343.932 71.234.141 28.592.183 21.538.072 21.003.830 100.056 45.826.142 19.911.217 12.744.326 8.062.227 2.799.673 1.405.208 735.962 167.529 38.508.537 23.707.042 10.126.223 2.379.648 2.295.624 27.424.461 13.956.953 9.181.577 4.285.931 29.350.651 10.824.134 7.758.352 2.597.139 1.920.075 1.660.099 1.253.121 1.218.972 1.145.943 972.816

2013

211.764.292 71.124.329 28.395.205 21.580.398 21.047.274 101.452 44.705.617 19.165.028 12.329.971 8.140.580 2.697.489 1.470.537 747.045 154.967 39.341.429 24.201.256 10.486.750 2.339.978 2.313.445 27.634.241 14.037.367 9.395.313 4.201.561 28.958.676 10.828.409 7.611.324 2.591.067 1.823.230 1.666.107 1.251.723 1.223.215 1.048.824 914.777

*Rebanho de corte e de leite, em cabeças. Fonte: IBGE/Pesquisa Pecuária Municipal, dados disponíveis em dez./2015.

Sudeste e Sul, seguindo tendência de alguns anos para cá, os plantéis continuam em declínio, atingindo 38,5 milhões (queda anual de 2%) e 27,4 milhões de cabeças (recuo de quase 1%), respectivamente. Por Estado – Dos quatro Estados com maior efetivo bovino do País _ MT, MG, GO e MS, nesta ordem de tamanho _, apenas Mato Grosso registrou aumento de rebanho em 2014: saiu de 28,4 milhões de cabeças, em 2013, para 28,6 milhões, crescimento moderado de 0,5%. Em Goiás e Mato Grosso

do Sul, os plantéis ficaram praticamente estáveis, em 21,5 milhões e 21 milhões de cabeças, respectivamente, segundo o IBGE. Em Minas Gerais, no Sudeste, houve queda de 2%, para 23,7 milhões de cabeças em 2014, ante 24,2 milhões do ano anterior. Destaques – Pará e Rondônia foram os Estados que mais tiveram aumento de rebanho em 2014 _ tendência que provavelmente se manteve em 2015, segundo avaliação de Hyberville Neto. No Pará, responsável pelo quinto maior rebanho do País, o efetivo bovino teve um salto anual de 4%, de 19,1 milhões para 19,9 milhões de cabeças. Em Rondônia, saiu de 12,3 milhões para 12,7 milhões, crescimento de 3%. No Acre, o número de bovinos também cresce ano a ano, embora o Estado tenha um rebanho relativamente pequeno em comparação aos outros do Norte, de 2,8 milhões de cabeças (em 2014, a evolução foi de 4% sobre 2013). No Tocantins, o rebanho recuou 1%, para cerca de 8 milhões de cabeças. Segundo o analista Scot, em termos percentuais, o maior aumento anual de rebanho em 2014 ocorreu na Paraíba, de 9%, para 1,14 milhão de cabeças. “Na verdade, o que houve nesse Estado foi uma recomposição de rebanho, já que em 2012 a seca foi responsável pela perda de 28% do efetivo bovino”, diz. Ainda em relação ao Nordeste, o rebanho do Maranhão manteve-se em crescimento, atingindo 7,7 milhões de cabeças em 2014, ante 7,6 milhões no ano anterior. Na Bahia, ficou estável, em 10,8 milhões de cabeças. No Sul, apenas Santa Catarina teve aumento de rebanho, mas insignificante: atingiu 4,2 milhões de animais, acréscimo de 84 mil cabeças ante 2013. No RS, o efetivo bovino recuou de 0,5% em 2014, para 13,9 milhões de cabeças. No Paraná, houve queda de 2%, para 9,2 milhões. No Sudeste, vale destacar a diminuição de rebanho de São Paulo, que alcançou 10,1 milhões de cabeças em 2014, com retração de 4%. Trata-se de um movimento previsível, diante da migração cada vez mais acentuada da boiada em direção ao Centro-Norte. n



Mercado Brasileiro Denis Cardoso – denis@revistadbo.com.br

Abates

Com pouca oferta, recuo de 10%.

O

Cria valorizada levou pecuaristas a reterem vacas e novilhas no pasto

abate nacional de bovinos – bois, vacas, novilhos e novilhas – recuou em 2015, na comparação com o ano anterior, refletindo a consolidação do movimento de retenção de fêmeas, tendência iniciada em 2014, e a grande escassez de oferta de animais machos terminados, quadro ainda influenciado pelo processo acentuado de liquidação de matrizes de anos anteriores. Segundo previsão da Scot Consultoria, foram abatidos 41,2 milhões de animais no ano passado (nessa estimativa leva-se em consideração também o gado não inspecionado), o que representa uma queda superior a 10% sobre a quantidade de bovinos levados ao gancho em 2014, de 46,3 milhões de cabeças (veja tabela n ­ esta pág.). Essa baixa disponibilidade de bovinos no mercado fez com que os preços do boi gordo subissem fortemente (mais informações nas págs. 32 a 34), coincidindo justamente com a crise econômica do País. Resultado: os frigoríficos, diante da dificuldade de repassar integralmente o aumento de custo da matéria-prima (boi) para o varejo, não tiveram outra saída a não ser “tirar o pé”, fechando “temporariamente” algumas unidades de abate (como preferem propagar, embora nenhuma indústria tenha definido prazos de reativação) espalhadas pelo País. Do lado da demanda, com o “bolso” combalido pelas turbulências na economia (aumento da inflação, maior desemprego e queda no Produto Interno Bruto), os consumidores substituíram, em parte, a carne bovina por proteínas mais baratas, sobretudo o frango. O processo de ajuste na linha produtiva da indústria da carne e, principalmente, a oferta restrita de animais, explicam o alto percentual de queda nos abates em 2015, segundo Hyberville Neto, da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP. O analista lembra que o último ciclo de alta nas matanças de bovinos no País foi quebrado em 2014, mas naquele

32 Anuário DBO 2016

ano a retração não passou de 5% em relação a 2013, quando os frigoríficos abateram um número recorde de animais, acima de 48 milhões de cabeças (veja quadro). Pelo jeito, prevê Neto, a tendência baixista para os abates vai perdurar em 2016. “Será mais um ano de retenção de fêmeas e pouca disponibilidade de gado no mercado”, sentencia o analista. Essa estratégia do pecuarista em manter, a partir de 2014, as suas matrizes e novilhas no pasto é altamente explicável quando se olha para a forte evolução nas cotações do bezerro nos últimos dois anos, sobretudo em 2015, ano marcado por recordes seguidos de preço, inclusive no último mês do ano, quando atingiu a casa dos R$ 1.350, a prazo, em São Paulo, superando o pico observado em maio último, segundo informa a Scot Consultoria. Abates oficiais – Segundo números do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que reúnem dados trimestrais somente de estabelecimentos sob inspeção sanitária (federal, estadual ou municipal), foram abatidos 22,92 milhões de cabeças no período de janeiro a setembro de 2015 (últimos dados disponíveis até o fechamento deste Anuário DBO), um recuo de 9,7% em comparação ao resultado registrado em igual período de 2014, de 25,38 milhões de cabeças. “Nos primeiros nove meses de 2015, houve queda de quase 6% nos abates de machos e de 15% no de fêmeas, frente ao mesmo intervalo de 2014”, compara Hyberville Neto. Ao todo, foram levados ao gancho (animais sob inspeção sanitária), entre janeiro e setembro do ano passado, 13,56 milhões de machos (entre bois e novilhos), ante 14,4 milhões animais verificados no mesmo período de 2014. No caso das fêmeas (vacas e novilhas), fo-

Evolução mensal (em número de cabeças)

2015

2014

2013

2012

Total 1

41,20

46,30

48,2

43,90

Inspecionado

22,92 2

33,91

34,41

31,12

Boi (peso@)

18,41

18,09

18,03

17,90

Vaca (peso@)

13,26

13,15

13,19

12,99

(1) Em milhões de cabeças; estimativa da Scot Consultoria. (2) Dados de 2015 são preliminares, até setembro, referentes aos abates inspecionados de bois, vacas, novilhas, vitelos e vitelas; os dados dos demais anos são finais. Fontes: Pesquisa Trimestral de abate, IBGE e FNPPC, elaboração DBO.


ram abatidas nos primeiros nove meses do ano passado 9,35 milhões de cabeças, frente 10,99 milhões de cabeças registradas no mesmo período de 2014. Quadro de retenção – A participação de vacas nos abates gerais computados pelo IBGE no período de janeiro a setembro de 2015 ficou em 31,77%, o que representou recuo de quase dois pontos percentuais em relação ao quadro observado em igual intervalo do ano anterior (33,6%). Como já foi mencionado nesta reportagem, o novo ciclo de retenção de matrizes iniciou-se em 2014 _ naquele ano, o abate de vacas representou 32,54% das matanças gerais, ante 33,21% de 2013 (veja tabela ao lado). “Se acrescentarmos os dados de abate das novilhas, a participação de fêmeas mortas em 2015, até setembro, fica em 40,8%, o que representa diminuição de 2,5 pontos percentuais na comparação com o resultado de igual período de 2014 (participação de 43,3%)”, diz Neto. Mais peso no gancho – No ano de 2015,

Porcentagem de vacas no abate mensal do Brasil

2015 1

2014

2013

2012

31,77%

32,54%

33,21%

34,25%

(1) Números de 2015 preliminares, considerando abates até setembro. Fonte: Pesquisa trimestral de abate inspecionados, IBGE, elaboração DBO.

machos e fêmeas foram abatidos mais pesados, conforme mostra a tabela de abate deste Anúario, composta com base nos números mais recentes do IBGE (até setembro). O boi gordo foi para o gancho

com peso médio de 18,41@, ante 18,09@ observado em 2014. A vaca foi abatida com peso médio de 13,26@, frente 12,15@ ano anterior. n

CADA DIA MAIS PERTO

DO PECUARISTA!

LEVANDO O QUE HÁ DE MELHOR EM ADUBOS PARA REFORMA E RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS, RAÇÕES, SUPLEMENTOS MINERAIS, VACINAS, MEDICAMENTOS VETERINÁRIOS E ARAMES PARA CERCAS.

acesse: www.adubosaraguaia.com.br NOSSAS LOJAS: ANÁPOLIS/GO: 62 . 3321.9700 GOIÂNIA/GO: 62 . 3272.8800 (Setor Coimbra)

62 . 3265.2400 (Jd. Guanabara) 62 . 3272.3200 (Pio XII) CATALÃO/GO: 64 . 3441.8811 FORMOSA/GO: 61 . 3642.9595

NOSSAS FÁBRICAS: 61 . 3487.8200 (Sobradinho) 61 . 3355.9600 (Taguatinga) 61 . 3362.3500 (Ceasa) CRISTALINA/GO: 61 . 3612.8282 PIRACANJUBA/GO: 64 . 3405.7600 ÁGUA BOA/MT: 66 . 3468.5900 BRASÍLIA/DF:

ANÁPOLIS/GO: 62 . 3310.8133 CATALÃO/GO: 64 . 3441.8844 BRASÍLIA/DF: 61 . 3487.8100 SORRISO/MT: 66 . 3545.9898 RONDONÓPOLIS/MT: 66 . 3439.9898

Anuário DBO 2016

33


Mercado brasileiro Denis Cardoso – denis@revistadbo.com.br

Preços

Boi engorda caixa dos pecuaristas Arroba atinge pico histórico de preço real em abril, batendo a casa dos R$ 160

Q

ueda do Produto Interno Bruto (PIB), elevação na taxa de desemprego, aumento dos juros e disparada da inflação. De uma maneira geral, o pecuarista brasileiro de gado de corte passou imune à crise na economia brasileira e conseguiu, pelo terceiro ano seguido, fechar a conta da fazenda no azul em 2015, obtendo ganhos reais nos preços de venda do boi gordo, bem como de outras categorias animais. “Os preços em todos os elos da pecuária de corte estiveram em alta, resultado ainda da baixa de disponibilidade de bovinos no mercado interno, consequência da estiagem, que prejudicou as condições das pastagens e o desenvolvimento dos animais, e do abate excessivo de matrizes em anos anteriores”, diz o relatório conjuntural de dezembro do

Cotação média da arroba em SP1 Janeiro

2015 157,72

2014 130,69

Fevereiro

158,00

134,69

Março

158,73

139,90

Abril

160,83

139,01

Maio

158,29

135,92

Junho

155,51

137,14

Julho

150,74

134,95

Agosto

149,39

139,57

Setembro

150,63

145,25

Outubro

151,20

150,85

Novembro

150,12

160,41

Dezembro

147,94

159,61

Média anual (R$)

154,09

142,33

Média anual (US$)

47,15

60,46

Média 1º semestre (R$)

158,18

136,22

Média 2º semestre (R$)

150,01

148,44

Média em 10 anos: R$ 119,93 US$ 58,28 (1) Média ponderada dos preços de SP considerando quatro praças de SP: Araçatuba, S. J. Rio Preto, P. Prudente e Marília-Bauru. Valores a prazo deflacionados pelo IGP-M de dezembro de 2015. Fonte: Cepea/ Esalq, elaboração DBO.

34 Anuário DBO 2016

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), assinado pela equipe de mercado liderado pelo professor Sérgio De Zen. No caso do boi gordo, dados do levantados pelo Cepea/Esalq mostram que, em 2015, a arroba atingiu recorde real de preço em abril, superando o valor histórico de novembro de 2014. No quarto mês do ano passado, o boi foi negociado, em média, a R$ 160,83 (valor a prazo, deflacionado pelo IGP-M de dezembro de 2015), em São Paulo (considerando as praças de Araçatuba, São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Marília-Bauru), o que representou aumento de 15,7% em relação ao preço médio observado em igual mês de 2014, de R$ 139,01 (também corrigido pela inflação). Foi no primeiro semestre que o boi gordo registrou os melhores preços, com a arroba oscilando sempre acima de R$ 155, em termos reais. Na média dos primeiros seis meses do ano, o boi de São Paulo foi negociado a R$ 158,18/@, um

acréscimo de 5,5% em relação ao valor médio obtido no segundo semestre, de R$ 150,01/@. Na média de 12 meses, o preço do boi gordo em 2015, corrigido pela inflação, ficou em R$ 154,09 na praça paulista, com valorização de 8% em relação ao valor anual de 2014 (de R$ 142,33) e 28,5% acima da cotação histórica dos últimos dez anos (R$ 119,93). Na praça de Campo Grande, MS, o boi gordo fechou 2015 com valor médio de R$ 165,52/@ (corrigido pela inflação), com acréscimo de 7% sobre a cotação média do ano anterior, de R$ 136,53/@. Em G ­ oiânia, GO, segundo dados deflacionados do ­Cepea/Esalq, o boi atingiu R$ 144,37/@, em média, com alta de 8% na comparação com 2014 (R$ 133,76/@). No Triângulo Mineiro, a arroba foi negociada em média a R$ 144,71, um anual de acréscimo de 9%. Pós abate – A turbulência macroeconômica, aliada ao encarecimento do preço do boi gordo, deixou em alerta a indústria

Cotações médias mensais e anuais do boi¹

Médias anuais R$/arroba Campo Grande, MS

Goiânia, GO

Triângulo, MG

São Paulo2

2015

146,52

144,37

144,71

154,09

2014

136,53

133,76

132,40

142,33

(1) Média ponderada dos preços. Valores a prazo corrigidos pelo IGP-M. (2) Considerando as praças de SP: Araçatuba, S. J. Rio Preto, P. Prudente e Marília-Bauru. Fonte: Cepea/Esalq, elaboração DBO.


frigorífica, que teve dificuldade de escoamento da produção no mercado atacadista e varejo. Abalado pela crise financeira, o consumidor habitual de carne vermelha rejeitou os aumentos de preços nas gôndolas dos supermercados e açougues, optando por fontes de proteína mais baratas, sobretudo o frango. Segundo levantamento da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, em janeiro de 2015, com R$ 16,36 era possível comprar, em média, um quilo de carne bovina de dianteiro no varejo de São Paulo. No início de dezembro último, considerando a inflação acumulada até novembro (medida pelo IPCA), com os mesmo R$ 16,36 comprava-se apenas 755 gramas do produto, ou seja, queda de quase 25% no poder de compra do consumidor paulista. No mercado atacadista, a carcaça casada bovina acumulou alta de 10,3% em 2015, com o quilo a R$ 10,15 (valor a prazo) no fim de

dezembro, na Grande São Paulo, segundo o Cepea/Esalq. As altas mais elevadas no acumulado do ano passado foram registradas no dianteiro (R$ 7,91/kg, em média) e na ponta de agulha (R$8,47/kg – acréscimo de 17,5% e 18,8%, respectivamente. No mesmo período, traseiro sofreu aumento de 5,4%, para R$ 12,40/kg. Com as margens apertadas e a dificuldade de repassar o aumento de custo da matéria prima (boi) ao consumidor final, a indústria frigorífica teve como única saída para reverter o quadro de deteriorização do caixa financeiro optar pelo fechamento imediato de algumas unidades de abate, situadas em diferentes regiões do País. Segundo dados da Scot Consultoria, as margens no varejo também se estreitaram consideravelmente ao longo do ano passado, e raramente ultrapassaram a casa dos 60% – percentual ainda alto em relação aos demais elos da cadeia da carne, mas bem

abaixo dos ganhos exorbitantes registrados nos últimos anos (em 2012, esse número chegou a superar os 140%). Cautela em 2016 – A oferta de boiadas terminadas, além de animais de reposição, continuará restrita este ano, o que sugere preços firmes ao longo de 2016, segundo previsões de analistas. “A recomposição do rebanho não será imediata, já que 2015 foi o primeiro ano, desde 2010, em que a participação de fêmeas nos abates diminuiu”, justifica o médico veterinário Hyberville Neto, analista da Scot Consultoria. No entanto, devido ao atual quadro de recessão da economia, nenhum analista arriscar dizer que os preços do boi gordo irão variar acima da inflação, como ocorreu nos três anos anteriores. “Diante de tanas incertezas, em 2016, é imprescindível acompanhar de perto o mercado pecuário”, sentencia Neto.

Valor do bezerro é 50% superior à média histórica de dez anos

Cotação média do bezerro em MS 1

Atividade de cria brilha no ano passado, consolidando a boa fase vivida pelo setor nos últimos dois anos.

E

ntre as atividades de pecuária de corte, o maior aumento de preços em 2015 foi registrado para o bezerro, uma verdadeira mina de ouro para os produtores que atuam exclusivamente na atividade de cria, o segmento que gerou maior lucratividade no ano passado. Os números coletados pelo Cepea/Esalq e a Scot Consultoria comprovam essa ótima fase do setor. Dados da consultoria de Bebedouro mostram que o bezerro desmamado (6@) acumulou aumento nominal de 38,3% em 2015, na comparação com 2014, enquanto o garrote (9,5%) e boi magro (12@) tiveram elevação anual de 32,6% e 28,7%, respectivamente. “As categorias mais jovens tiveram as maiores valorizações no período”, enfatiza o zootecnista Gustavo Aguiar, da Scot Consultoria. Segundo o levantamento do Cepea, o preço real (valor deflacionado) do bezerro anelorado (de 8 a 12 meses) atin-

giu, em 2015, a máxima da série histórica do Indicador Esalq/BM&FBovespa (iniciada em 2000) em maio, quando fechou o mês com valor médio de R$ 1.516, na praça do Mato Grosso do Sul, o que representou acréscimo de 30% sobre o preço médio de maio de 2014, de R$ 1.166 (valor corrido pelo IGP-M de dezembro de 2015). Assim como ocorreu com o boi gordo, os preços mais alto do bezerro foram computados no primeiro semestre do ano. Na média dos primeiros seis meses de 2015, a categoria apresentou valor de R$ 1.467 (deflacionado pelo IGP-M de dezembro de 2015), um acréscimo de 10,7% em relação ao preço médio obtido no segundo semestre, de R$ 1.325. Na média anual, o preço do bezerro fechou 2015 a R$ 1.396 (corrigido pela inflação), com valorização de quase 20% sobre o valor de 2014, de R$ 1.170, de acordo com o Cepea/Esalq. Na compa-

Janeiro

2015 1.373,96

Fevereiro

1.430,03 1.024,28

Março

1.505,10 1.083,92

Abril

1.478,04 1.125,59

Maio

1.516,54 1.166,15

Junho

1.497,18 1.164,50

Julho

1.387,27 1.178,57

Agosto

1.280,84 1.192,93

Setembro

1.306,48 1.221,40

Outubro

1.300,61 1.228,31

Novembro

1.347,91 1.325,04

Dezembro

1.328,66 1.335,36

Média anual (R$)

1.396,05 1.169,83

Média anual (US$)

427,93

2014 991,97

497,22

Média 1º semestre (R$) 1.466,81 1.092,73 Média 2º semestre (R$) 1.325,29 1.246,93 Média em 10 anos: R$ 926,73 (US$ 445,15) (1) Média ponderada dos preços a prazo, considerando as seguintes praças de MS: Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Cassilância e Pantanal. Valores a prazo corrigidos pelo IGP-M de dezembro de 2015. Fonte: Cepea/Esalq, elaboração DBO.

Anuário DBO 2016

35


Mercado brasileiro Preços Cotações médias mensais e anuais do bezerro1

Médias anuais R$/arroba Campo Grande, MS

Goiânia, GO

Triângulo, MG

São Paulo2

2015

1.397,13

1.314,20

1.319,74

1.406,19

2014

1.165,97

1.148,30

1.128,97

1.154,24

(1) Média ponderada dos preços. Valores a prazo corrigidos pelo IGP-M de dezembro de 2015. (2) Considerando as praças de SP: Araçatuba, S. J. Rio Preto, P. Prudente e Marília-Bauru. Fonte: Cepea/Esalq, elaboração DBO.

ração com o preço histórico dos últimos dez anos, de R$ 926,7/bezerro, o valor médio da categoria no ano passado representou forte elevação de 50,6%. Entre os centros de comercialização de be-

Relação de troca boi gordo/bezerro em 2015

SP¹

CG

GO

MG

SP1

1,86

1,88

1,99

1,99

CG

1,77

1,78

1,90

1,89

GO

1,75

1,76

1,87

1,86

MG

1,75

1,76

1,87

1,86

(1) Dados de SP consideram quatro praças: Araçatuba, S. J. Rio Preto, Presidente Prudente e Marília-Bauru. CG – Campo Grande, MS; GO – Goiânia, GO; MG – Triângulo Mineiro. É considerado um boi gordo de 17@ e bezerro Nelore de 8 a 12 meses. Fonte: Cepea/Esalq, elaboração DBO.

36 Anuário DBO 2016

zerro, o preço mais alto em 2015 foi registrado em São Paulo, cujo valor médio ficou em R$ 1.406 (deflacionado), com elevação de 22% sobre a cotação média de 2014 (R$ 1.154). A praça de Campo Grande teve o segundo melhor preço no ano passado, de R$ 1.397, em média, com alta de 20% em relação ao ano anterior (R$ 1.166). No Triângulo Mineiro, o bezerro atingiu cotação média de R$ 1.319, com acréscimo de 17% sobre 2014 (R$ 1.129). Na praça de Goiânia, o animal jovem foi negociado, em média, a R$ 1.314, com elevação de 14,5% sobre o valor do ano anterior (R$ 1.148). Relação de troca – Em 2015, a arroba do boi gordo subiu menos do que todas as categorias de reposição, o que resultou na perda do poder de compra do recriador e invernista. Levantamento do Cepea/ Esalq, que analisou 16 possibilidades de negociação em quatro praças de comercialização, aponta com clareza essa piora na relação de troca. Na tabela ao lado, verifica-se que, em todos os casos analisados, a venda de um boi gordo (17@) possibilitou comprar menos de dois bezerros (de 8 a 12 meses), enquanto que nos anos anteriores a 2015-2014 essa relação girava em torno de 1 boi gordo/2,5 bezerros. n


Quem vence é o que melhor se adapta

expectativas

SUPERE AS

e ganhe mais

Essential é atualmente o aditivo para nutrição animal mais requisitado do mundo. Com o objetivo de atender o equilíbrio entre produção animal e segurança alimentar com resultados seguros de produção, o Essential se espalha pelo mundo para a nutrição livre de antibióticos em bovinos, aves, suínos, peixes, equinos e PETs.

www.oligobasics.com.br sac@oligobasics.com.br



PUBLIQUE


Mercado brasileiro Denis Cardoso – denis@revistadbo.com.br

Custos

Ganhos limitados pelos custos Preços do boi gordo sobem, mas ficam abaixo da alta de outros insumos

E

mbora os preços de venda dos bo­ vinos tenham subido no ano pas­ sado, os resultados do setor pecuá­ rio foram limitados pelo aumento dos custos de produção, sobretudo para os produtores que dependem da compra de animais de reposição. Segundo aná­ lise realizada pelo Cepea/Esalq, no acu­ mulado de janeiro a novembro de 2015 (últimos dados disponíveis até o fe­ chamento deste Anuário DBO 2016), o custo operacional efetivo (COE) – que compreende os gastos mensais com insumos, pagamentos de salários e im­ postos – subiu 10,84%, em termos no­ minais, na “média Brasil” (ponderação dos custos produtivos em dez Estados: BA, GO, MG, MT, MS, PA, PR, RS RO, SP, TO, referente a todos os sistemas – cria, recria, engorda e ciclo completo). Utili­ zando a mesma base de comparação, o valor da arroba do boi gordo teve valori­ zação nominal de apenas 2,95% no acu­ mulado dos 11 meses do ano passado. Por sua vez, o custo operacional total (COT), que considera o COE, além de depreciação de máquinas e instalações, teve aumento de 9,98% no acumulado do ano (até novembro). Com o avanço nos custos na ­pecuária de corte, as margens dos pe­ cuaristas sofreram forte redução, situ­ ação contrária ao comportamento re­ gistrado em 2014, quando os aumentos da arroba do boi gordo superaram ex­ pressivamente a elevação dos insumos, conforme aponta o ­Anuário DBO 2015. Entre os Estados brasileiros pesqui­ sados, destaque para Tocantins, o úni­ co que registrou aumento (de 12,2%) no valor do boi gordo entre janeiro e novembro superior à alta de 10,2% do COE e de 9,89% do COT. A segunda maior alta da arroba foi observada no Pará, com aumento de 8,25% no acu­ mulado até novembro, mas inferior ao acréscimo, no período, de 17,58% do COE e de 16,01% do COT. No Paraná, o boi acumulou alta de 6,21%, a tercei­ ra maior entre os Estados, enquanto o

40 Anuário DBO 2016

Cotação da arroba sobe abaixo dos custos da pecuária de corte – em % Estados Bahia Goiás Minas Gerais Mato Grosso Mato Grosso do Sul Pará Paraná Rio Grande do Sul Rondônia São Paulo Tocantins Brasil 4

COE ¹

COT ²

Boi gordo ³

1,88% 7,29% 8,49% 12,58% 11,01% 17,58% 8,94% 10,39% 6,09% 13,02% 10,21% 10,84%

1,79% 7,22% 7,58% 11,02% 10,18% 16,01% 8,33% 10,09% 6,44% 12,28% 8,15% 9,98%

-1,01% 1,12% 3,09% 0,35% 0,83% 8,25% 6,21% 3,99% -2,51% 4,08% 12,19% 2,95%

(1) Custo Operacional Efetivo: considera a variação nominal acumulada de janeiro a novembro/2015 nos preços pagos por insumos, salários e impostos relacionados à pecuária de corte (média de todos os sistemas – cria, recria-engorda e ciclo completo). (2) Custo Operacional Total: abrange o COE e a depreciação de instalações, equipamentos e formação de pastagens. (3) Variação da cotação da arroba de janeiro a novembro de 2015, em reais, Indicador Esalq/BM&FBovespa, Estados de São Paulo. (4). Juntos, os Estados citados representam quase 80% do rebanho nacional. Fonte: Cepea/USP e CNA.

COE subiu 8,94% e o COT teve aumen­ to de 8,33%. Em São Paulo, o quarto me­ lhor resultado para o boi, que subiu 4%, o COE e o COT registraram o segundo maior aumento entre os dez Estados (só perdendo para o Pará), de 13% e 12,3%, respectivamente. Em Rondônia e na Bahia, as variações do boi gordo no período de janeiro a novembro fica­ ram negativas em -2,5% e -1%, respec­ tivamente. No Estado do Norte do País, o COE subiu 6,1% e o COT, 6,4%. Na Bahia, o COE teve acréscimo de 1,9% e o COT de 1,8%.

Peso dos insumos – Entre itens que mais pesaram no custo da pecuária de corte, o item “bezerro e outros animais de reposi­ ção” lideram com folga o ranking de par­ ticipação, baseado nos principais insu­ mos utilizados pelo setor, de acordo com dados levantados pelo Cepea/Esalq. Em novembro último, o item bezerro e ou­ tros animais de reposição respondeu por 49,47% do custo (COT), taxa um pou­ co abaixo da registrada em igual mês de 2014, de 50,81% (veja tabela). Outros itens expressivos na planilha de custos da pecuária são suplemento mineral e

O que se comprou com o preço de um boi gordo ¹ Arame Liso Ovalado 1.000m

2015 11,93

2014 10,48

Média em 10 anos 9,21

Calcário Dolomítico (tonelada a granel)

52,81

55,24

46,15

1.624,20

1.360,90

1.279,18

Vacina aftosa (dose)

Sal mineral 80-90g de P (sc 30kg) 36,99 41,89 Quantos bois gordos foram necessários para adquirir... 38,56 44,37 Trator 4x2 e 4x4 – 60,63,65,73,75,78 Cv.2

38,23 48,72

(1) Animal de 17@. Valores dos insumos à vista, em São Paulo. (2) Antes de 2015, trator 4x2 e 4x4 – 65 e 75 Cv. Preços médios do boi à vista, deflacionado pelo IGP-M de dezembro de 2015, em 13 Estados (RS, SC, PR, SP, MG, MS, MT, GO,TO, RO, PA, BA e MA). Fonte: Cepea/USP, elaboração DBO.


mão de obra. O primeiro item respondeu por 11,9% dos custos totais em novem­ bro 2015, um avanço sobre a participa­ ção verificada em novembro do ano an­ terior (9,5%). Por sua vez, os gastos com mão de obra responderam por 11,4% do total no ano passado, ante 12% registra­ do no ano anterior. O item construção civil registrou participação de 7,19, abai­ xo do percentual de 8,64% verificado no ano anterior. O item máquinas agrícolas teve peso de 4,57%, ligeiramente abaixo do registrado em 2014, de 4,89%. O grupo energia/administração/utilitário regis­ trou em novembro último participação de 7,7%, ante 6,7% do ano anterior. Nos demais principais itens que compõem os custos de produção da pecuária de cor­ te, as participações oscilaram em níveis abaixo de 2%. Segundo o zootecnista Rafael Ribei­ ro, da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, a valorização do dólar frente ao real provocou aumento nos principais insu­ mos agropecuários no ano passado. Isso porque o Brasil importa volumes consi­ deráveis de algumas matérias-primas utilizadas no campo, como é o caso dos fertilizantes e suplementos minerais. Os preços dos fertilizantes nitrogenados re­ gistram aumento de 3,1% em 2015, em relação ao ano anterior. Para os adubos potássicos e fosfatados as altas foram, em média, de 7,6% e 14,5%, respectivamente, segundo Ribeiro. Segundo estimativa da Scot Consul­ toria, a comercialização interna de adu­ bos em 2015 alcançará entre 30 milhões e 30,5 milhões de toneladas no País, fren­ te ao recorde de 32,2 milhões no ano an­ terior. O aumento das taxas de juros e os atrasos na liberação de financiamen­ tos para a compara do insumo foram os principais fatores para a queda nas ven­ das de fertilizantes em 2015, segundo a consultoria paulista. Também influenciado pelo fortaleci­ mento do dólar, o preço médio do milho registrou alta de 7,6% em 2015, na com­ paração com o valor de 2014, atingindo R$ 28,60 a saca de 60 quilos em Campi­ nas, SP. A maior competitividade do grão no exterior, em razão da desvalorização cambial, elevou a exportação brasileira da matéria-prima, contribuindo para o enxugamento de oferta ao mercado in­ terno e, consequentemente, para eleva­

O peso de cada item nos custos de produção da pecuária de corte – em % ¹ Bezerro e outros animais de reposição2 Suplemento mineral Dieta Adubos e corretivos Sementes forrageiras Máquinas agrícolas Implementos agrícolas Defensivos agrícolas Medicamentos – vacinas Medicamentos – controle parasitário Medicamentos – antibióticos Medicamentos em geral Insumos para reprodução animal Mão de obra Construção civil Outros (energia, administração, utilitário)

2015 49,47 11,90 0,02 1,17 1,52 4,57 0,93 1,79 0,99 0,87 0,14 0,19 0,18 11,37 7,19 7,70

2014 50,81 9,50 0,08 0,82 1,67 4,89 0,95 1,77 1,03 0,86 0,23 0,06 11,99 8,64 6,70

(1) Situação em novembro de cada ano, referente aos principais insumos que compõem o COT – Custo Operacional Total. Média ponderada para GO, MT, MS, PA, RO, RS, MG, PR, TO e SP. (2) Indicador Bezerro Esalq/BM&FBovespa - Mato Grosso do SUL. Fonte: CEPEA/Esalq, adaptação DBO.

ção de preço. No período de janeiro a no­ vembro de 2015, o Brasil exportou 22,63 milhões de toneladas de milho, aumento de 31% em relação ao volume registrado no mesmo período de 2014. Ainda segundo o analista da Scot, ao longo da primeira quinzena de janeiro de 2016, os preços do milho continua­ ram subindo expressivamente, chegan­ do a um patamar de R$ 41/saca na região de Campinas-SP, o que significou uma alta acumulada nesse curto período de 21%. Nos primeiros 15 dias de janeiro, o volume médio diário exportado foi 40,3% maior que o registrado em igual período do ano passado. Os preços do farelo de soja também subiram no ano passado, acompanhan­ do a valorização do grão e o aquecimen­ to nas exportações. Em São Paulo, se­ gundo a Scot Consultoria, o alimento concentrado de farelo subiu 7% em 2015, para R$ 1.215 a tonelada (sem considerar o frete), em média, na comparação com o ano anterior. No segundo semestre do ano passado, o produto chegou a ser co­ mercializado a R$ 1.400/tonelada. Troca por outros insumos – Com a valori­ zação do boi gordo, melhorou o poder de compra dos criadores de corte em 2015, na comparação ao ano anterior, confor­

me dados levantados pelo Cepea/Esalq, que analisou a relação de troca de quatro insumos (arame, calcário, vacina para fe­ bre aftosa e sal mineral, além de um tra­ tor agrícola). O valor médio obtido pela venda à vista de um boi gordo de 17@ (preço médio em 13 Estados brasileiros), deflacionado pelo IGP-M de dezembro, permitiria a aquisição de 11,93 fardos de 1.000 metros de arame liso ovalado (valor à vista, em São Paulo), ante 10,48 fardos de 2014. A negociação de um boi também seria suficiente para adquirir 1.624,20 doses de vacina de aftosa no ano passado, também superior à quantidade de 2014, de 1.360,90 doses. Porém, em 2015, houve piora na re­ lação de troca do boi com o calcário e o sal mineral. No primeiro caso, a ven­ da de um animal terminado garantiria a compra de 52,81 toneladas de calcário, ante 55,24 de 2014. Por sua vez, com a negociação de um boi, o pecuaristas le­ varia para fazenda 36,99 sacos de 30 kg de sal mineral, bem abaixo da quantia que seria possível no ano anterior (42,89 sacos). O estudo do Cepea/Esalq mos­ tra ainda uma melhora na relação de troca maquinário/boi gordo. Em 2015, seriam precisos 38,56 bois para a reali­ zação da compra de um trator 4x2/4x4, ante 44,37 em 2014. n Anuário DBO 2016

41


Mercado brasileiro Maristela Franco – maristela@revistadbo.com.br

Confinamento

Engorda intensiva frustra expectativas Apesar da arroba valorizada, boi magro e grãos caros reduziram margem do produtor

A

pesar das expectativas iniciais positivas, 2015 não foi tão favorável à engorda intensiva, especialmente para os grandes projetos que dependem da compra de bois magros de terceiros. Não existem estatísticas oficiais sobre o setor, mas analistas ouvidos por DBO indicam leve queda ou, na melhor das hipóteses, crescimento mínimo da atividade, com margem de lucro inferior à de 2014. Conforme levantamento da Assocon, Associação Brasileira dos Confinadores, os 85 sócios da entidade terminaram 731.000 cabeças no ano passado, 5% a menos do que no período anterior, quando a produção foi de 769.000 animais. “Ao invés de queda, projetávamos um crescimento de 5%, mas o ano se mostrou complicado, principalmente em função da escassez de bois magros, que dificultou e encareceu a reposição”, explicou Bruno Andrade, gerente executivo da Assocon. A DSM Tortuga, empresa de nutrição animal que faz pesquisas de campo para acompanhamento do setor e inclui em seu balanço grande número de pequenos confinadores, também registrou frustração de expectativas, mas não queda no total de cabeças confinadas. “Esperávamos que o País finalmente chegasse aos 5 milhões de bois terminados em instalações convencionais de engorda (currais), mas fechamos o ano com 4,4 milhões de animais arraçoados, número apenas 3,5% superior aos 4,250 milhões de 2014”, informou Marcos Baruselli, coordenador nacional de confinamento da empresa. Já Maurício Palma Nogueira, da consultoria catarinense Agroconsult, trabalha com dados de campo correlacionados a níveis tecnológicos e inclui em suas projeções tanto o confinamento tradicional quanto os sistemas de suplementação a pasto em proporções superiores a 2% do peso vivo

42 Anuário DBO 2016

Evolução da terminação intensiva no Brasil1

3,85

4,08

2011

2012

4,38

2013

4,67

2014

5,02

20152

1Em milhões de cabeças; 2Preliminar.

Fonte: Agroconsult. Dados incluem tanto animais confinados quanto os suplementados a pasto em percentuais acima de 2% do peso vivo.

(novo semi, confinamento expresso, etc). Por isso, seus números sempre são maiores do que o de outras fontes. A Agroconsult contabilizou alta de 7,5% no número de animais tratados, que teria passado de 4,67 milhões, em 2014, para 5,02 milhões em 2015 (dado ainda sujeito a revisão em junho). “Esperávamos um aumento de 11% em 2015, mas esse resultado não se confirmou, devido principalmente à retração dos grandes confinamentos. Em contrapartida, os pequenos projetos e as estratégias de suplementação a pasto cresceram”, esclarece Nogueira. Boa amostragem – O Imea, Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária, confirmou, na prática, a percepção geral dos analistas. Suas pesquisas de intenção de confinamento, que compreendem entrevistas com 140 pessoas responsáveis por 64% dos projetos instalados no Estado, mostraram que a capacidade instalada aumentou 5,7%, mas os currais apresentaram ociosidade média de 25%. A expectativa, na primeira pesquisa do órgão, em maio, era de que o Mato

Grosso confinasse 789.663 bovinos, mas, no terceiro levantamento, em novembro, esse número já havia se reduzido em 15%, fechando em 669.893 cabeças, número apenas 5,2% maior do que o de 2014, quando a expectativa inicial era de aumento de 24%. A atividade cresceu no noroeste e no norte do Estado, em percentuais de 69,9% e 49,8% respectivamente, mas essas regiões têm pouco peso no cômputo geral. Houve avanço também no centro-sul (20,3%), pois a concentração de frigoríficos nessa região estimula os produtores a confinar (a indústria remunera melhor quem está próximo dela). Porém, no médio-norte, sudeste e oeste, principais polos de engorda intensiva do Mato Grosso, o número de animais arraçoados caiu ou cresceu muito pouco. A insegurança dos produtores, ao longo do ano, foi alta, levando-os a adotar mais ferramentas de hedge (proteção de risco). Conforme o Imea, em 2015, 11,1% dos animais confinados foram negociados a termo contrato com os frigoríficos, ante 1,1% em 2014. Infelizmente, não existem informações detalhadas sobre a atividade em


The Probiotic Pro our future generation

As informações fornecidas neste documento são as melhores do nosso conhecimento, verdadeiras e precisas. No entanto, os produtos só devem ser usados em conformidade com a legislação local e não podemos garantir a liberdade de uso para cada aplicação ou país.

Como resultado de pesquisas avançadas dentro da extensa coleção de cepas de leveduras vivas, Actisaf ® foi selecionado como a solução padrão para a agropecuária moderna. Apoiado por rigorosa ciência, este probiótico é único por ter comprovado a melhoria da saúde e desempenho de mais de 100 milhões de cabeças de gado em todo o mundo. Da fazenda para o consumidor, Actisaf ® oferece uma série de benefícios aplicáveis para fazendeiros e especialistas da indústria. Tanto a qualidade quanto a segurança alimentar estão asseguradas – fatores fundamentais para o futuro da produção sustentável.

phileo-lesaffre.com Tel.: (19)3114-4700 E-mail: vendas@phileo.lesaffre.com


Mercado brasileiro Confinamento outros Estados, mas o exemplo do MT é bastante ilustrativo. No começo do ano, não parecia que o setor fosse enfrentar grandes percalços. Com custos alimentares relativamente sob controle e a arroba subindo, muitos confinadores se declaravam dispostos a investir. As cotações no mercado futuro, que, em abril, chegaram a R$ 158/@, reforçavam esse otimismo. A maioria dos confinadores encheu os currais no primeiro giro. No segundo semestre, contudo, a situação se inverteu e eles pisaram no freio. Reviravolta – A partir de maio, a arroba começou a cair, chegando a R$ 141,26 em julho. Além disso, ficou cada vez mais difícil encontrar animais de reposição. Em São Paulo e Goiás, muitos projetos tiveram de buscar bois magros em outros Estados, percorrendo longas distâncias. Praças como Tocantins, norte de Minas e Bahia, bons redutos de matéria-prima, viram a concorrência subir. O bezerro nunca esteve tão valorizado como em 2015: as médias oscilaram de R$ 1.200 a R$ 1.450/cab, conforme levantamento do Cepea/Esalq. Para dificultar ainda mais esse cenário, os grãos começaram o ano com preços razoáveis (o milho, por exemplo, era vendido a R$ 26 a saca, em São Paulo), mas, a partir de julho, dispararam, pois a alta do dólar favoreceu as exportações. Não fosse a desvalorização do real, o quadro poderia ter sido totalmente diferente. O País colheu a maior safra de milho de sua história (84,73 milhões de t), que somados aos estoques já existentes, gerou excedente recorde de 40,9 milhões de toneladas. Se esse excedente tivesse ficado no mercado interno, os preços teriam caído, mas o País exportou 28,92 milhões de toneladas, 40% mais do que no ano anterior, e isso elevou os preços do milho. A saca de 60 kg, que, em julho, era comercializada a R$ 25, chegou a R$ 35, em dezembro. No mercado de farelo de soja, registrou-se fenômeno idêntico, embora em menor intensidade. Os preços do produto pularam de R$ 900 para R$ 1.300 a tonelada, em igual período.

44 Anuário DBO 2016

Percentual de hedge no rebanho confinado do MT

Fonte: Imea

“Essa reviravolta no mercado de grãos assustou muitos produtores, que decidiram não fazer o segundo giro ou reduzir o número de cabeças confinadas. Além disso, a arroba patinou no segundo semestre e a estação chuvosa começou mais cedo, dificultando o arraçoamento dos animais nos últimos meses do ano”, avalia Baruselli, da DSM Tortuga. Segundo ele, a frustração das expectativas para o confinamento em 2015 deve-se justamente ao recuo nesse segundo giro. Rentabilidade – A margem do confinador foi bastante variável, em função do ciclo de engorda, do nível de gestão e da estrutura organizacional de seus projetos. O chamado confinamento estratégico (associado ao sistema de produção da fazenda) apresentou bons resultados, segundo Maurício Nogueira, porque o preço médio do boi gordo, não deflacionado, ficou 15,2% acima do registrado em 2014 e o custo de produção aumentou apenas 5,9%. Já o confinador que depende da compra do boi magro trabalhou com margens estreitas. “Na composição final, já incluído o valor da reposição, esses projetos registraram alta de 19% nos custos de produção em 2015, em relação ao ano anterior”, diz ele.

Nos boitéis, que engordam animais de terceiros, o uso de ferramentas de hedge tem garantido o preenchimento das instalações. “A procura se manteve firme em 2015”, garante o zootecnista Fernando Saltão, que exerceu o cargo de diretor de confinamento de bovinos da JBS até dezembro passado. Apesar das dificuldades, Saltão diz que o ano foi bom para a atividade, que, segundo ele, não pode mais ser vista sob um viés especulativo. “O confinamento faz parte do sistema de produção e, mesmo que apresente margens muito estreitas, continua sendo vantajoso, pois agiliza o ciclo, eleva a lotação e melhora a qualidade da carne”, salienta. As projeções para 2016 são cautelosas. Marcos Baruselli, da DSM Torturga, acredita que o Brasil confinará 4,7 milhões de bovinos neste ano, 4,4% a mais do que em 2015. “O boi magro continua caro, mas o confinador está aprendendo a lidar melhor com isso, investindo em recria”, diz ele. A Assocon fala em queda de 3,5% e Maurício Nogueira, da Agroconsult, também prevê um 2016 difícil. “Os custos já iniciaram o ano 22,5% superiores à média de 2015 e é bem provável que as margens do confinamento fiquem ainda mais estreitas. Isso tende a frear o crescimento da atividade”, avalia. n



Mercado Brasileiro Fernando Yassu – yassu@revistadbo.com.br

Bolsa de futuros

Arroba do boi não sustenta negócios Queda de 25% no número de contratos foi o pior resultado dos últimos 8 anos na BM&FBovespa

N

um ano em que a arroba registrou recorde nominal de preço no mercado físico em São Paulo, os negócios a futuro com boi gordo na Bolsa de Mercadorias e Futuro (BM&FBovespa) registraram um tombo de 25,33% em 2015. Foi o pior resultado dos últimos oito anos e pela primeira vez desde 2010 foram negociados menos de 1 milhão de contratos. O total ficou em 760.000 contratos, o equivalente a 15,2 milhões de cabeças, menos da metade do recorde registrado em 2008, quando o total atingiu 1,7 milhão ou 34,261 milhões de bois gordos de 16,5 arrobas. Qual a explicação para esse descompasso no comportamento entre os mercados físico e o futuro do boi gordo, em que um registrou recorde nominal de preço e o outro não consegue ser atrativo para o investidor? O comportamento do mercado físico influenciou os negócios a futuro. Por tradição e hábito, o pecuarista trava o preço quando há uma boa diferença entre os preços praticados pelos frigoríficos e as cotações da Bolsa. Em 2015, praticamente não houve diferença significativa entre os preços de balcão e os ofertados no futuro (veja as tabelas do Indicador Boi Gordo e as cotações na BM&F na mesma data para o pico da entressafra de 2015 no último pregão de cada mês), repetindo, assim, o que ocorreu em 2014. Além da tradição e hábito, o preço alto no mercado físico se refletiu na reposição, que, por sua vez, puxou os custos de produção nos confinamentos. Normalmente, os confinadores são os que tradicionalmente mais recorreram ao mercado futuro para fazer o seguro de preço. Com a reposição em alta e sem uma diferença de preço entre o mercado físico e futuro, os confinadores reduziram a engorda ou negociaram a boiada no mercado a termo diretamente com os frigoríficos ou fizeram negócios no mercado de opções. Não se tem os números do mercado a termo, modalidade em que o pecuarista e

46 Anuário DBO 2016

Número de contratos fica abaixo de 1 milhão em 20151

Meses Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Total Equivalência/boi3

Ano/contratos2 com boi gordo negociados no mercado futuro e no de opções Variações 2011 2012 2013 2014 2015 2014/2015 63.105 55.138 56.475 81.904 55.496 -32,24% 62.311 50.430 40.526 101.964 55.780 -45,29% 63.750 79.192 57.483 91.229 59.723 -34,35% 76.945 78.634 74.468 74.866 74.238 -0,83% 112.866 90.494 109.823 66.045 58.707 -11,12 99.084 83.332 85.559 70.307 118.342 +68,32% 124.623 131.817 109.823 76.045 100.663 +32,37% 124.299 109.384 120.892 81.280 80.521 0,00% 116.410 119.094 143.033 82.669 54.627 -33,92% 85.256 128.442 166.238 118.865 53.292 -55,16% 160.824 72.643 80.429 80.884 38.499 -52,4% 82.627 59.654 63.951 63.631 30.850 -51,51% 1.170.100 1.058.254 1.063.850 1.018.069 760.140 -25,33% 23,402 21,165 21,277 20,361 15,203 -25,33%

Fonte: BM&FBovespa. (1) Inclui negócios a futuro e de opções. (2) cada contrato equivale a 20 bois de 16,5 arrobas. (3) em mil cabeças.

o frigorífico negociam a boiada para entrega futuro e combinam o preço antecipadamente, fugindo, assim, dos riscos dos mercados físicos e futuro. Diferença – Foi no final do mês de março que se registrou a maior diferença entre o preço no mercado físico (R$ 143,13) em São Paulo e a oferta de maior valor no mercado futuro (R$ 159). Ela passou de 10%. Coincidência ou não, os negócios a futuro explodiram, crescendo 24,3%, passando de 59.238 contratos em março para 74.238 em abril. O comportamento do mercado futuro no final de março se refletiu no mercado físico, que registrou o recorde nominal de preço em abril, alta de 5,4% em 20 dias. A média alcançou no dia 20 de abril R$ 150,86, segundo o Cepea. Enquanto o preço no mercado físico explodia, as ofertas no mercado futuro recuariam e, na virada de abril para maio, a diferença caiu para apenas 2,29% – R$ 149,53 (mercado físico) e R$ 152,96 (mercado futuro).

O estreitamento da diferença de preço entre os dois mercados provocou novo tombo nos negócios a futuro em maio, que caiu 20,92% sobre abril, fechando o mês com 58.707 contratos. Com o recuo do preço no mercado físico em São Paulo e a estabilidade na oferta a futuro, a diferença voltou a crescer e chegou a pouco mais de 4%, mas, temerosos de queda nas cotações no pico da entressafra, os pecuaristas resolveram garantir um “passarinho nas mãos” (oferta pouco acima de R$ 152 para o pico da entressafra) do que “dois voando” (alta acima desse valor para o mesmo período). Assim, apesar da queda de quase R$ 7 em relação à melhor oferta de março (R$ 159), os negócios a futuro explodiram em junho, crescendo 102,58% sobre maio. Em junho, foram fechados a futuro 118.342 contratos na Bolsa de Mercados e Futuro (BM&FBovespa). O medo de tombo no preço do boi no segundo semestre se refletiu em julho e agosto, que fecharam, respectivamente, com 102.663 e 80.521 contratos para o



Mercado Brasileiro Bolsa de futuros

Quem ficou atento no mercado futuro negociou bois a quase R$ 160 em 2015 Meses de liquidação dos contratos negociadas na BM&FBovespa Datas dos Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez pregões 30/12/14 142,9 141,5 140,6 140 139 29/1/15 143,3 142,4 141,4 141,3 143 143,3 27/2 144,7 143,8 143,4 144,9 145,4 148 31/3 148,6 148,8 148,9 150 153 154,8 154,8 157 30/4 145,5 145,5 145,5 148 151 153 154 29/5 146,3 149 144 151 151,9 152,8 152,3 31/6 142,4 142,3 143,8 144,7 146 146,4 31/7 141,6 143,8 144,7 146 146,4 31/8 144,5 146,9 148,6 147,7 30/9 147,7 150 152,6 30/10 150,9 152,7 30/11 147,3 Fonte: BM&FBovespa.

Indicador Boi Gordo – mês a mês em 2015 Datas de liquidação dos contratos negociados na BM&FBovespa Especificações 29/1 Preço à vista*/R$

27/2

30/3

30/4

29/5

30/6

31/7

31/8

30/9 30/10 30/11 30/12

143,13 143,74 143,13 149,53 146,71 144,61 140,96 142,19 146,56 148,63 148,65 149,12

Fonte: Cepea/Esalq/USP/BM&FBovespa. (*) Preço médio dos últimos cinco dias úteis de cada mês no Estado de São Paulo. Os valores são usados para a liquidação dos contratos negociados no mercado futuro na BM&F/Bovespa.

pico da entressafra, mesmo com o recuo na oferta de preços para outubro nos pregões, final de junho e no final de julho. Os negócios que mais cresceram em junho, julho e agosto foram no mercado futuro de opções. Nessa modalidade, o risco, a exemplo do mercado a termo, é menor. Nela, o vendedor e o comprador pactuam o preço da arroba para determinada data. No vencimento, o vendedor pode exercer a opção ou não. Se o preço agradar, ele exerce a opção e recebe o valor negociado. Se o preço não agradar, ele não exerce a opção e paga a multa estipulada no contrato. O vendedor visa garantir um deteminado preço para a boiada. Já o comprador, busca o prêmio. No mercado futuro de opções, a Bolsa de Mercadorias e Futuro (BM&FBovespa) registrou crescimento de 4,7% em 2015, repetindo, assim, 2014, que registrou crescimento de 2% nessa modalidade. Em 2014, o mercado futuro de opções representou 20% dos bois negociados na BM&FBovespa. Em 2015, a participação saltou para 31,45%. Foi graças ao mercado futuro de opções que os negócios com bois gordos na BM&FBovespa não sofreram um tombo

48 Anuário DBO 2016

maior. Essa modalidade registrou um crescimento de 4,7%, enquanto o tradicional caía 32,9%, recuando de 813.000 contratos em 2014 para 546.000 em 2015. Bom negócio – Apesar do mau ano para os negócios a futuro, quem ficou atento às ofertas para o pico da entressafra fez bom negócio. Além do recorde de R$ 159, houve oferta acima de R$ 150 nos pregões de abril, de maio, de junho, de setembro e de outubro para os contratos para a liquidação em agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro, que fecharam, respectivamente, em R$ 142,19, R$ 144,56, R$ 148,63, R$ 148,65 e R$ 149,53. Além de ficarem atentos às ofertas nos pregões da BM&FBovespa, os especialistas consideram essencial que os pecuaristas tenham em mãos os custos de produção bem detalhados para tomar decisão de travar ou não o preço para quando tiver a boiada pronta. Sem saber os custos, o produtor não sabe se determinada oferta de preço deixa uma margem de lucro que ele considera satisfatória. Sem esse controle, a tomada de decisão de travar ou não o preço a futuro é no escuro. n



Mercado Brasileiro Mônica Costa – monica@revistadbo.com.br

Saúde Animal

Ainda não foi desta vez

A

Erradicação da aftosa em todo o território nacional foi adiada por mais um ano

inda não será em 2016 que o Brasil ostentará o título de “País livre de aftosa”. O processo para o reconhecimento do Amapá, Roraima, parte do Amazonas e das duas zonas de proteção no Pará, como áreas livres de aftosa com vacinação não foi concluído. “Apesar de todo esforço dispendido, não foi possível a mudança da condição sanitária desses Estados no prazo esperado”, lamenta Plínio Leite Lopes, Coordenador de Febre Aftosa do Departamento de Saúde Animal (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A região ao norte da Amazônia Legal, onde estão os Estados que representam a última barreira a ser derrubada para a conquista da erradicação da febre aftosa no País, concentra 12,8% do território nacional e agrega pouco mais de 2 milhões de cabeças, ou 1% do rebanho total. Amapá ainda possui a condição de alto risco. Roraima, Amazonas e as duas zonas de proteção do Pará têm o status de médio risco. (veja mapa) No final de 2015 fiscais do Mapa fizeram a última auditoria na região, mas ainda encontraram problemas técnicos e estruturais no Amazonas e Amapá, o que atrasou a conclusão dos estudos soro epidemiológicos para avaliação de transmissão do vírus da febre aftosa. Roraima e as duas zonas de proteção no Pará – a zona 1, localizada ao norte do Arquipélago do Marajó e a zona 2, na divisa entre o Pará e o Amazonas – estão com os processos bem adiantados, mas o programa prevê a mudança sanitária em conjunto, por isso todos os Estados deverão apresentar novos planos de ações para a continuação das avaliações em 2016. “O reconhecimento dos três Estados e das zonas de proteção do Pará como livres de febre aftosa depende da aprovação pelo Mapa das condições de seus serviços veterinários oficiais

50 Anuário DBO 2016

e da conclusão favorável dos estudos de soroepidemiologia que vêm sendo executados desde 2014”, informou Lopes. Um novo estudo soro epidemiológico será realizado no 1o. semestre de 2016 e, se os resultados na região forem positivos, o Mapa vai estabelecer um novo cronograma para dar continuidade às auditorias. “Fazemos as recomendações, mas compete aos Estados cumprirem com as metas estabelecidas”, completa. Nos últimos oito anos, o Mapa aplicou cerca de R$ 34 milhões (R$ 13,3 milhões diretos e mais R$ 20,5 milhões através de convênios) em programas de combate à febre aftosa nos três Estados – RO, AP, AM – (Pará fica fora da conta porque os recursos para sanidade são destinados a todo o estado, não apenas para as zonas de proteção). Além disso, os próprios Estados investiram na contratação de pessoal para defesa agropecuária

Status sanitário do Brasil em 2015

Zona livre de febre aftosa com vacinação – reconhecimento OIE Zona livre de febre aftosa sem vacinação – reconhecimento OIE Médio risco (BR-3) Alto risco (BR-4)

Fonte: Mapa.

através de concurso público. “Vamos trabalhar com uma nova perspectiva para que as agências de defesa destes Estados consigam evoluir com suas condições sanitárias para a obtenção do reconhecimento de zona livre nos próximos anos”, aponta Lopes. Longe da erradicação? – Para Lopes, o adiamento na mudança do status sanitário no quatro Estados no norte do País, não afeta o processo de erradicação da doença nem a evolução do processo no território nacional para livre da aftosa em vacinação, conforme deseja a iniciativa privada. “A erradicação da aftosa será um processo natural e será cumprido conforme previsto entre as estratégias do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da febre Aftosa – PNEFA e no Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa – PHEFA até 2020”, completa. Segundo Lopes, o Mapa criou um Grupo de Trabalho, que conta com a participação de toda a cadeia produtiva da carne bovina para revisar as bases técnicas e estratégicas do programa, com prazo para encerrar seus trabalhos em abril de 2016. “Em 2015, foram aprovadas novas exigências no Código Sanitário para Animais Terrestres da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) e também uma Guia Técnica de trabalho, no âmbito da Cosalfa (Comissão Sul-americana de Luta contra a Febre Aftosa) para orientar o processo de transição”. Para assegurar que o processo de mudança no status sanitário não sofra nenhum revés, o Mapa intensificou a vigilância nas fronteiras e tem trabalhado sistematicamente a vacinação oficial nas reservas indígenas, particularmente nas fronteiras de Roraima. “Temos a expectativa das tratativas com o



Mercado Brasileiro Saúde Animal serviço veterinário oficial da Venezuela, lideradas pelo Panaftosa (Centro Pan-americano de Febre Aftosa), avançarem para melhorar as condições de interação entre os serviços oficiais dos dois países”, completou. De acordo com Luís Rangel, secretário de Defesa Agropecuária, dentro do Programa de Defesa Agropecuária (PDA), anunciado em maio de 2015, foram firmados novos convênios com as unidades da federação para o monitoramento soro epidemiológico e o fortalecimento das ações de defesa como vacinação. “Também estão previstas auditorias nos sistemas de veterinários oficiais para assegurar a conquista do status do livre de aftosa no território nacional”, disse. Novo programa – Mudanças no regulamento técnico do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) devem ser publicadas até março de 2016. De acordo com

52 Anuário DBO 2016

Denise Euclydes, Coordenadora Geral de Programas Sanitários (CGPS) da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Mapa, entre as alterações estão: a classificação dos Estados de acordo com a condição sanitária em relação à brucelose e à tuberculose animal; a possibilidade de substituição da vacina B19 pela vacina RB51, a critério do produtor; e a definição de critérios para o aproveitamento da carne de animais reagentes para brucelose que não apresentam lesões. “Acreditamos que os Estados vão se empenhar na melhoria de suas classificações, promovendo um incremento na certificação de propriedades como livres de brucelose e de tuberculose, o que resultará no final na redução nas prevalências das doenças pelo aumento do número de bezerras imunizadas contra brucelose e pela vigilância e saneamento dos focos das duas doenças”, diz a coordenadora. Estudo finalizado em 2015 em dez Estados (RS, SC, PR, SP, GO, DF, ES, BA, PE

e MT) apontou índices de prevalência da tuberculose relativamente baixos que já permitem a implantação das estratégias previstas no novo regulamento técnico, como a vigilância e saneamento de focos. “Há Estados iniciando programas de erradicação, como é o caso de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso”, afirma. O número de propriedades certificadas como livres de brucelose e de tuberculose em 2015 chegou a 4.398 fazendas, com a certificação de mais 1.102 propriedades ao longo. “A certificação de propriedades é uma ferramenta para o produtor agregar valor ao seu produto e tem importância estratégica no processo de erradicação das doenças no país”, explica a coordenadora. O índice de vacinação contra brucelose no rebanho brasileiro de fêmeas em 2015 deve ficar acima de 80%, de acordo com as metas estabelecidas pelo PNCEBT para a manutenção da vacinação em todos os Estados da federação. n




Meio Ambiente Tânia Rabello

Legislação

Na reta final do CAR Prazo máximo para proprietário rural entregar cadastro preenchido vence dia 5 de maio

O

Brasil tem 5,6 milhões de imóveis rurais, conforme dados de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Deste total, 2,25 milhões já haviam sido inseridos na base de dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) até dezembro de 2015 – conforme os dados mais recentes do Serviço Florestal Brasileiro, órgão do Ministério do Meio Ambiente (MMA) responsável por gerir o cadastramento. Do dia 20 de janeiro de 2016 – quando este Anuário DBO estava sendo concluído – até a data final de entrega do CAR, faltavam apenas 105 dias para que os 3,35 milhões de propriedades restantes fossem inseridos no sistema. Ou seja, uma média de 31.000 propriedades/dia teria de se cadastrar – sendo a maioria delas de pequeno e médio portes e inúmeras sem acesso à internet. Embora já haja projetos de lei no Congresso Nacional solicitando nova prorrogação do prazo para o preenchimento do CAR, como ocorreu no ano passado, o diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Raimundo Deusdará, declarou, no dia 30 de novembro, que não havia perspectiva de mais prazo para o cadastro. “Não há nenhuma sinalização e nem é do entendimento técnico que deva haver prorrogação de prazo”, disse, na ocasião. Em termos de área total cadastrada, os números ficam mais “otimistas”. Da área passível de cadastro, de 397,9 milhões de hectares, um total de 258 milhões, ou 64,8%, já havia sido inserida no CAR até dezembro de 2015. O incremento mensal era de 79.618 imóveis (média diária de 2.653 imóveis – ou seja, bem abaixo da necessidade atual para que 100% das propriedades constem no sistema até 5 de maio). A Região Norte tem o maior percentual de área cadastrada, com 82,4%, seguida da Região Sudeste, com 63%; Centro-Oeste, com 62%; Nordeste, com 35%, e Sul, com apenas 31,66% (veja tabela). Entre os Estados, o Rio Grande do Sul tinha o menor porcentual de área inserida no Cadastro

Total cadastrado até 31 de dezembro de 2015 Região

Geral Brasil

Imóveis Área passível Área % de área cadastrados 2 de cadastro 1 cadastrada cadastrada 3

Norte

338.903

93.717.515

76.881.882

82,04

Nordeste

182.441

76.074.156

27.127.118

35,66

Centro-Oeste

228.031

129.889.570 81.457.155

62,71

Sudeste

576.746

56.500.290

35.548.705

63,06

Sul

496.808

41.780.627

13.227.049

31,66

Assentamentos 1 4

164.740

8.952.738

Assentamentos 2 5

267.759

14.861.225

Total geral

2.175.810

397.962.158 251.336.608

63,16

(1) Área em hectares estimada com base no Censo Agropecuário 2006 (IBGE) e nas atualizações do DF e dos Estados do AP, AM, ES, PA e MT; (2) Para MT, os dados são referente a 31/10/2015; para ES e MS, as informações estão atualizadas conforme os dados oficiais fornecidos pelos Estados em 31/12/2015; para SP e PA, as informações referem-se a, respectivamente, 3/1/2016 e 31/10/2015; (3) Percentual calculado com base na área passível de cadastro; (4) Projetos de Assentamentos do Incra em cadastramento no Sicar; (5) Projetos de Assentamentos do Incra aguardando envio de dados (Sistemas Estaduais) para o Sicar. Fonte: MMA

Ambiental Rural. Do total passível de ser incluído no CAR (20,3 milhões de hectares) no Estado, apenas 1,8 milhão de hectares, ou 8,9% haviam sido cadastrados. Em entrevista à DBO sobre o assunto no ano passado, Deusdará esclareceu que, como o total de propriedades e sua área correspondente é um número ­atualmente defasado – levantado no Censo de 2006 do IBGE –, o que importa nas estatísticas é a área efetivamente cadastrada. Essa distorção pode ser vista, por exemplo, em alguns Estados do Norte do País, onde mais de 100% da área passível de cadastro (com base no censo de 2006) já foi inserida no CAR. Em Roraima, até novembro/2015, um total de 2,7 milhões de hectares foram cadastrados, quando a área inicialmente considerada era bem menor, de 1,71 milhão de hectares, conforme o Boletim Informativo do CAR de dezembro/2015. “A principal dificuldade agora vai ser inserir no sistema os pequenos e médios proprietários rurais, que representam o maior número de propriedades

do País”, informa o coordenador de Sustentabilidade da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias. “Preencher o CAR não é tão simples quanto parece ou foi ‘vendido’”, ressalta. “O proprietário rural tem de entender um pouco de informática e ter acesso à internet, porque, apesar de o CAR poder ser preenchido fora da rede, em algum momento terá de ser transmitido via internet”, explica Ananias. Código Florestal _ Outra dificuldade enfrentada pelo produtor que já dispõe de pouco conhecimento ou acesso à informática é que ele deve ter noções básicas do Novo Código Florestal, para por exemplo saber discriminar em sua propriedade o que é área de proteção permanente (APP) e área produtiva. Desta forma, Ananias acredita que nesta reta final de preenchimento, a tendência é o produtor pagar alguém que entenda do assunto para fazer o cadastro para ele. Embora Ananias afirme que a CNA não vê possibilidade de nova ­prorrogação do Anuário DBO 2016 55


Meio Ambiente Legislação prazo – e trabalha para que a totalidade dos cadastros tenha sido preenchida até 5 de maio –, reconhece que a reta final será mais problemática. “O fato é que os proprietários que tinham facilidade e conhecimento para preencher o CAR já o fizeram. Quem não fez ainda é porque tem certa dificuldade.” Por isso, a CNA tem atuado em todas as regiões do País identificando os principais gargalos para o preenchimento do cadastro e auxiliando no que for possível. Além disso, desde o início do CAR, a CNA vem estimulando as Federações de Agricultura a capacitarem técnicos que, por sua vez, vão auxiliar, nos Sindicatos Rurais, o produtor a preencher o cadastro relativo à sua propriedade. Otimismo _ A advogada especializada no assunto Samanta Pineda mostra mais otimismo em relação ao cumprimento do prazo. Conforme ela explica, vários gargalos foram resolvidos no ano passado e agora – principalmente no Rio Grande do Sul, que tinha o mais baixo porcentual de adesão – os proprietários que ainda não lançaram suas áreas no CAR o farão rapidamente. “Estamos no sistema 1.9 do CAR, ou seja, esta é a nona versão do programa, que já passou por vários aperfeiçoamentos”, lembra Samanta. A advogada ressalta que o primeiro ano foi de muita desconfiança por parte do produtor rural. E que essas desconfianças foram sendo desfeitas a partir do momento em que os Estados institucionalizam os seus Programas de Regularização Ambiental (PRAs) – que serão adotados após o preenchimento do CAR caso o produtor tenha algum passivo ambiental a ser corrigido. “Os produtores

56 Anuário DBO 2016

E quem não entregar? O Cadastro Ambiental Rural (CAR) pode ser preenchido a partir do site www.car.gov.br na maioria dos Estados (verifique no Sindicato Rural de sua região se o sistema de seu Estado é próprio ou se ele utiliza o sistema federal). O cadastro pode ser preenchido off-line, mas para posterior envio o computador deve estar conectado à internet. A data final de entrega do cadastro preenchido é 5 de maio de 2016. O proprietário ou posseiro que não preencher e entregar o CAR perderá os benefícios constantes no novo Código Florestal Brasileiro (lei 12.651/2012), como o direito a contrair crédito agrícola. Além disso, há benefícios previstos também relativos à regularização do passivo ambiental - ou seja, áreas desmatadas ilegalmente a partir de 2008 e que obrigatoriamente terão de ser recompostas. não preenchiam seu cadastro com medo do que viria no programa de regularização”, explica Samanta. Seu escritório de advocacia fez um levantamento de quantos Estados já têm o PRA sancionado – das 27 unidades da Federação, incluindo o Distrito Federal, 14 haviam institucionalizado seus programas até janeiro. São Paulo, por exemplo, aprovou o seu PRA no início de 2016. Pelo levantamento de Samanta, já dispõem de programas de regularização ambiental Acre, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Outro gargalo que estava dificultando o avanço do CAR em alguns Estados – o fato de o sistema próprio deles não “conversar” com o sistema nacional – também está sendo solucionado. Minas Gerais era um exemplo. Agora o governo estadual conectou seu sistema ao CAR nacional e desenvolveu tecnologia para que o preenchimento possa ser off-line – antes só era possível fazerr o CAR

on-line, sujeitando o proprietário a instabilidades e quedas do sistema. Pastagens _ No Rio Grande do Sul, que até dezembro tinha o índice mais baixo de cadastramento, o principal problema era definir como a pastagem nativa seria inserida no sistema, se como área de produção ou de preservação. “Quando essa questão foi regulamentada, os cadastramentos se aceleraram no Estado”, diz Samanta. Além disso, ela comenta que há uma grande mobilização por parte das associações de produtores, sindicatos rurais, federações de agricultura, cooperativas e outras entidades próximas dos produtores para que o prazo final seja cumprido. “O próprio Ministério do Meio Ambiente melhorou muito a comunicação e a informação que deve chegar aos interessados”, informa a advogada. Assim, ela acredita que o prazo de entrega do Cadastro Ambiental Rural deverá ser cumprido no País, sem necessidade de nova prorrogação por parte do governo federal. n


SEMEADORA

SEMENTES

FERTILIZANTES


Meio Ambiente Tânia Rabello

Conferência do Clima

A pecuária que reduz emissões Plano ABC, mostrado em Paris, prova que 1,8 bilhão de t de CO2 equivalente poderiam ser mitigados.

E

ntre as várias propostas apresentadas pelo Brasil na 21ª Conferência do Clima, realizada em dezembro em Paris, uma delas referia-se à agricultura e pecuária, mais especificamente ao Plano de Agricultura de Baixo Carbono – ou Plano ABC. No documento no qual o País enumera as suas Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas (ou INDCs, na sigla em inglês), compromete-se a fortalecer o Plano ABC “como a principal estratégia para o desenvolvimento sustentável na agricultura”. Nesse quesito, a intenção é restaurar mais 15 milhões de hectares de pastagens degradadas até 2030 e adicionar 5 milhões de hectares ao sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) até 2030. INDCs são as medidas que cada nação participante da Conferência do Clima promete adotar, voluntariamente, para mitigar as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) em determinado intervalo de tempo. No caso do Brasil, o governo federal traçou a ambiciosa meta de reduzir as emissões de GEEs em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025. E em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030.

O documento, elaborado pela Presidência da República, aborda, além das questões ligadas à agricultura e pecuária, também aquelas relacionadas à redução das emissões das indústrias, do desmatamento e, além disso, à ampliação do uso de energias renováveis. Para o pesquisador Eduardo Assad, da Embrapa Monitoramento por Satélite, em Campinas, SP, a agropecuária brasileira não só tem plenas condições de reduzir sua pegada de carbono como tornar-se o principal setor na mitigação das emissões. Assad coordenou estudo lançado pelo Observatório ABC no ano passado, intitulado “Invertendo o sinal de carbono da agropecuária brasileira – Estimativa do potencial de mitigação de tecnologias do Plano ABC de 2012 a 2023”. O estudo conclui que o potencial de redução de emissões da agropecuária brasileira é mais do que dez vezes maior do que a meta estipulada pelo próprio Plano ABC. “Entre 2012 e 2023, é possível chegar a 1,8 bilhão de toneladas de CO2 equivalente, somando as emissões evitadas e o carbono armazenado no solo, apenas pela adoção de três das

tecnologias preconizadas pelo ABC (recuperação de pastagens, integração lavoura-pecuária e integração lavoura-pecuária-floresta) em 52 milhões de hectares de pastos degradados”, aponta a pesquisa. Mais recursos _ Assad ressalva, porém, que se os recursos destinados ao Plano ABC fossem satisfatórios, essa mitigação ocorreria mais rápido. “Devemos lembrar que este Plano Safra 2015/2016 reduziu para R$ 3 bilhões o volume de crédito para financiar projetos dentro do Plano ABC – ante R$ 4,5 bilhões no Plano Safra 2014/2015”, ressalta o pesquisador. Inverter o sinal de carbono, no caso do estudo citado, é pensar que o cálculo das emissões não deve ser feito apenas levando-se em conta o gás metano liberado pelas criações, principalmente pelos bovinos – Assad lembra que só a pecuária é responsável por 60% das emissões de GEEs na agropecuária brasileira. “Devemos levar em conta a possibilidade de neutralizar essas emissões com a recuperação e o manejo de pastagens degradadas”, explica. “Quando se aponta só o metano, é como se o boi cres-

As metas do Brasil Tomando-se por base o ano de 2005, o País vai reduzir em:

37% a emissão de gases de efeito estufa até 2025

43% a emissão de gases de efeito estufa até 2030

Entre 2004 e 2012, o País reduziu: 52% das emissões O PIB do País cresceu: 32% no período, quebrando o vínculo entre crescimento econômico e aumento das emissões

Até 2030, o Brasil vai:

1 Aumentar a participação de bioenergia

sustentável na matriz energética para 28%, principalmente com etanol e biodiesel;

2 Fortalecer o cumprimento do Código Florestal e

alcançar o desmatamento ilegal zero na Amazônia;

3 Restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas;

4 Alcançar a participação estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz energética;

Fonte: Documento Pretendida Contribuição Nacionalmente Determinada, da Presidência da República/2015

58 Anuário DBO 2016

5 Alcançar 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico;

6 No setor agrícola, fortalecer

o Plano ABC como a principal estratégia para o desenvolvimento sustentável na agricultura;

7 Restaurar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas;

8 Adicionar 5 milhões de hectares ao sistema ILPF.



Meio Ambiente Tânia Rabello

Conferência do clima cesse em cima de uma placa de concreto; esquece-se que os animais integram um sistema produtivo capaz de neutralizar essas emissões e fixar, com sobra, carbono”, explica. Ele revela que ainda em 2016 será lançado um projeto da Embrapa em parceria com o Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (GV Agro), denominado Carne Neutra. O projeto reunirá vários estudos sobre pecuária que podem contribuir para neutralizar as emissões de GEEs do setor, do pasto à mesa do consumidor. O pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite, Giampaolo Queiroz Pellegrino, também defende que se façam mais estudos voltados à neutralização das emissões da pecuária. Ele conta que participou de uma reunião preparatória da COP 21, em meados de novembro do ano passado, na qual foi incumbido de apresentar aos outros países as medidas que vêm sendo tomadas pelo Brasil para mitigar os GEEs. Entre elas, principalmente o Plano ABC, além das tecnologias de integração lavoura-pecuária (ILP) e lavoura-pecuária-floresta (ILPF) como formas de recuperar pastagens degradadas. “Eu diria que a recuperação dessas pastagens é um dos temas principais em relação às emissões totais não só da agricultura, mas do País”, diz Pellegrino. “Já temos vários estudos que comprovam que pastagens bem manejadas fixam mais carbono no solo e contribuem para neutralizar o metano”, explica o pesquisador, acrescentando que a participação de pesquisadores, de representantes do governo e de membros da iniciativa privada na COP 21 e na reunião preparatória foi importan-

60 Anuário DBO 2016

GTPS quer capacitar produtores em práticas sustentáveis Após lançar, no ano passado, o Guia de Práticas para a Pecuária Sustentável, o GTPS (Grupo de Trabalho em Pecuária Sustentável) pretende agora consolidar uma série de indicadores de sustentabilidade voltados à cadeia produtiva da carne bovina, explica o presidente do grupo, Fernando Sampaio – que também é diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Ele exemplifica a questão dos indicadores tomando por base um pecuarista: “Haverá indicadores para o criador, que poderá compará-los com a situação de sua propriedade, ver quais deles estão sendo cumpridos e quais não estão”, diz. No início de janeiro, os indicadores haviam sido lançados para consulta pública para o setor produtivo de carne bovina. Após analisate para tentar desfazer mal-entendidos em relação à pecuária brasileira. Sem desmatamento _ “O que se costuma fazer lá fora é associar pecuária ao desmatamento e consequentemente à liberação de gases de efeito estufa”, diz Pellegrino, acrescentando que os sistemas de medição atualmente disponíveis punem a pecuária brasileira porque se baseiam nesses critérios. “Eles imputam sobre as emissões da pecuária o próprio desmatamento”, diz. “Mas esse cálculo não deveria ser assim, pois superestima nossas emissões.” Pellegrino apresentou estudos cientificamente comprovados da capacidade de a pecuária brasileira ser, em vez

dos e compilados os resultados dessa primeira consulta pública, o trabalho passará por uma segunda rodada de consultas. “Acredito que até junho os indicadores estejam consolidados e publicados”, informa o dirigente. Outra iniciativa prevista para este ano é a criação de um curso de capacitação para produtores, utilizando-se como base o guia de boas práticas do GTPS e os próprios indicadores. “Vai funcionar assim: o indicador vai mostrar o que é necessário melhorar e as boas práticas vão dizer como melhorar”, compara Sampaio. Em 2015 o GTPS encerrou um ciclo de dois anos que abordava a pecuária sustentável na prática, por meio de sete projetos-piloto em propriedades distribuídas em cinco Estados, em várias regiões do País. “O projeto foi bem-sucedido na questão de transformar essas propriedades em exemplos regionais quanto à adoção de práticas sustentáveis na pecuária”, diz Sampaio. “Nossa intenção, para 2016, é renovar e ampliar o número desses projetos.” de emissora, neutralizadora de GEEs. Daqui a alguns anos, conforme a pesquisa em relação à nutrição e à genética de bovinos avançar, ele acredita que será possível apresentar uma gama maior ainda de argumentos que comprovem o grande potencial mitigador da pecuária tropical brasileira. “Há várias pesquisas em andamento sobre balanceamento da nutrição de bovinos e também sobre a genética mais adequada”, informa. Aliando-se ao conhecimento que o País já detém em relação à recuperação de pastagens, o “pacote” mitigador estará completo. “O cenário é promissor e otimista”, garante Assad, da Embrapa. “O que é necessário é vencer a barreira da falta de recursos.” n




Visão Setorial Maristela Franco – maristela@revistadbo.com.br

Indústria frigorífica

Empresas têm ano desafiador Margens internas e exportações caíram, mas dólar salvou os que exportam.

D

esafiador. Assim foi o ano de 2015 para a indústria frigorífica brasileira. Surpreendida pela demanda interna fraca, por dificuldades pontuais nas exportações e pelos preços firmes do boi gordo, que registrou pico de R$ 150 em abril, no Estado de São Paulo, a indústria viveu momentos difíceis no primeiro semestre, quadro que melhorou gradativamente nos meses seguintes, mas não sem tropeços. Segundo balanço da Scot Consultoria, a margem bruta do setor (diferença entre a arroba e o valor obtido com a venda da carne, couro, sebo, miúdos e subprodutos) já andava estreita desde 2014, mas despencou ladeira abaixo a partir de janeiro, chegando a ficar quase negativa em abril, conforme mostra o gráfico. Essa conjuntura desfavorável no primeiro semestre intensificou o fechamento de plantas de abate. Levantamento feito pela consultoria paulista Agrifatto mostra que cerca de 40 unidades foram desativadas entre 2014 e julho de 2015, mais da metade no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Este último Estado, que tinha 55 frigoríficos sob inspeção federal e estadual, viu 18 fecharem (32,7% do total). Para

as grandes companhias, tratou-se de adequar a capacidade instalada à oferta de bois, além de ganhar eficiência gerencial e logística, mas algumas pequenas empresas atingidas simplesmente não conseguiram se restabelecer, saindo do mercado. A margem foi melhorando a partir de maio, devido à desvalorização moderada da arroba, ao rejuste gradativo dos preços da carne e à melhoria das exportações, mas somente se reequilibrou no mês de julho, quando retornou ao patamar histórico dos 20%. O segundo semestre foi mais tranquilo, embora a arroba tenha voltado a subir a partir de outubro. O setor, nesse período, registrou boas margens, com pico de 25% em novembro. O fechamento de plantas tornou-se apenas pontual e as empresas exportadoras tiveram motivos para comemorar, já que a alta substancial do dólar garantiu-lhes um escudo protetor contra a retração nas vendas, elevando seu faturamento em reais. Em meio à crise econômica vivida pelo País, especialmente no setor secundário, elas conseguiram fechar no “azul”. Turbulência externa – Não foi, contudo, uma tarefa fácil. As companhias exporta-

Margem dos frigoríficos que fazem desossa

Diferença entre o preço pago pela arroba ao produtor e o valor de venda da carne sem osso, couro, miúdos e subprodutos.

doras tiveram de “rebolar” para diminuir o impacto da queda nas exportações para a Rússia, Hong Kong e Venezuela. Esses três países são grandes compradores e pesam no balanço final das exportações. A Rússia comprou 55,9% menos entre janeiro e dezembro de 2015, em comparação com igual período de 2014, devido à crise do petróleo e aos embargos impostos pela Europa e Estados Unidos em função de seu envolvimento na questão Ucrânia-Crimeia. Os embarques para Hong Kong caíram 36,3% após restrições impostas pelo governo chinês à chamada “triangulação” de carnes (produtos que chegavam nessa possessão chinesa, situada em região estratégica, mas tinham, na verdade, outros destinos). Já a Venezuela, que enfrenta forte crise econômica também por causa da queda no preço do petróleo, importou 40% menos. A saída encontrada pelos frigoríficos para se manter nesses mercados foi substituir cortes mais caros por outros mais baratos (caso da Rússia), abrir novos canais de venda (o Vietnã, por exemplo, passou a funcionar como ponte para parte da Ásia, em substituição a Hong Kong) e concentrar esforços na conquista direta do mercado chinês. Menos de um ano após a reabertura desse país à carne brasileira, ele já responde por 6% do total de nossas exportações. Comprou 97.555 t em 2015, garantindo às empresas um faturamento de US$ 476,5 milhões. “A China foi um presente de Natal antecipado, inclusive por também estar comprando cortes nobres”, comemorou Antônio Camardelli, presidente da Abiec, Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne. Além da China, as indústrias frigoríficas conquistaram maior espaço em mercados do Oriente Médio. O Egito, por exemplo, mostrou-se ótimo cliente: aumentou suas compras em 30%, tornando-se como país o segundo maior importador de carne bovina do Brasil. Essas boas novas, somadas ao dólar forte, garantiram resultado positivo aos frigoríficos e­ xportadores, que, Anuário DBO 2016

63


Visão Setorial Indústria frigorífica apesar de terem faturado US$ 1,2 bilhão a menos no período, fecharam o ano com R$ 2,6 bilhões a mais na conta bancária. Além disso, 2015 viu as negociações pela liberação do mercado norte-americano à carne in natura brasileira avançarem e o processo de reabertura dos países fechados após o episódio da BSE no Paraná ser finalmente concluído. A África do Sul e o Iraque oficializaram essa medida em março, a China em maio, a Arábia Saudita em novembro e o Japão em dezembro. Ações em alta – A alta do dólar também funcionou como um “escudo protetor” para as ações dos frigoríficos com participação na BM&FBovespa: JBS, Marfrig e Minerva. Ao contrário de anos anteriores, as três companhias registraram valorização, embora em graus diferentes. Os papéis da líder do setor decoloram nos primeiros meses do ano e permaneceram acima de R$ 14 durante boa parte do ano (abril a novembro), sustentados também pelo anúncio de lucro líquido excepcional no terceiro trimestre (R$ 3,44 bilhões), 215% superior ao registrado em igual período de 2014. Não fossem as notícias de uma possível investigação da empresa na CPI do BNDES e a saída de grandes investidores estrangeiros da Bolsa no final do ano, as ações da empresa teriam apresentado valorização de 50%, mas fecharam o ano com 11,4%. O melhor resultado foi obtido pelo Minerva, cujas ações subiram 34,3% no ano passado. Após um período de queda no primeiro trimestre, entraram em linha ascendente, chegando aos picos mais altos em outubro, com nova alta forte em de-

zembro, após o anúncio de venda de 20% da empresa para o fundo de investimento Saudi Agricultural and Livestock Investment (Salic), da Arábia Saudita. As ações da Marfrig também voltaram a subir, em junho, após a venda de sua subsidiária europeia Moy Park para a JBS. Esse negócio lhe possibilitou reduzir o nível de endividamento e reverter a forte desvalorização de seus papéis na Bolsa, que fecharam 2015 com alta de 4,1%.

Ações das empresas de capital aberto subiram em 2015 Em função da oferta refreada de bois, que levou à redução de 11% nos abates, os grandes frigoríficos praticamente não fizeram aquisições de novas plantas em 2015, apenas ajustaram seu parque industrial ao novo cenário. O único movimento incorporador veio da Marfrig, que comprou seis plantas que já arrendava do Mercosul, pelo valor de R$ 418 milhões. JBS e Minerva concentraram seus investimentos principalmente no Exterior. O Minerva ampliou sua presença na América do Sul, arrendando o Frigorífico Expacar no Paraguai e adquirindo o Red Carnica, na Colômbia. Já a gigante JBS, além da Moy Park, arrematou a empresa de robótica Scott Technology, da Nova Zelândia; o negócio de suínos da Cargill nos Estados Unidos; a Tyson Foods México (aves); o Grupo Primo Smallgoods (processados) na Austrália; a Big Frango e a Premium Foods (detentora das marcas Hans e Eder), no Brasil.

Projeções para 2016 – Neste ano, ao que tudo indica, a JBS continuará se dedicando à disputa com a BRF Foods por maior fatia no mercado de processados no Brasil e também à ampliação de suas operações no Exterior, especialmente na Europa. Durante evento da revista The Economist, no ano passado, o presidente do grupo, Joesley Batista, afirmou que 2015 foi o melhor ano da história da companhia. “Vamos começar 2016 com baixo endividamento e prontos para mais aquisições”, frisou. A dívida da JBS caiu para 2,3 vezes o valor de seus lucros ajustados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações no terceiro trimestre, nível mais baixo desde a abertura de capital em 2007. Além disso, a empresa tem investido fortemente em hedge cambial, que vem lhe trazendo excelentes dividendos. Antônio Camardelli, da Abiec, também prevê um bom ano para a indústria exportadora. “Esperamos começar a vender carne bovina in natura para os Estados Unidos no segundo semestre; deslanchar os embarques para a Arábia Saudita e ampliar bastante as vendas para a China. Mesmo com a desaceleração da economia chinesa, projetamos exportar em torno de 25.000 t mensais para esse país em 2016, o que representaria negócios em torno de R$ 1,3 bilhão”, estimou o executivo. No mercado interno, o cenário não é tão positivo para as empresas. O consumo de carne bovina segue travado e não há sinais de queda significativa da arroba. Ou seja, a equação continua desfavorável aos frigoríficos, embora, por enquanto, não em níveis preocupantes. n

Acontecimentos relevantes em 2015 Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Novembro

Dezembro

Reabertura dos mercados da África do Sul e Iraque

Margem dos frigoríficos fica quase negativa

Reabertura da China

Final rule* dos EUA

Ajuste estrutural é concluído**

Comemoração de um ano do acordo com o MPF

Margens ultrapassam patamar histórico de 20%

Reabertura da Arábia Saudita

Reabertura do Japão

*Documento contendo as regras finais para exportação de carne bovina para o mercado norte-americano. ** Os últimos fechamentos de plantas são anunciados neste mês e início de agosto.

64 Anuário DBO 2016



Visão Setorial Indústria veterinária

Mônica Costa – monica@revistadbo.com.br

Crescimento menor, mas ainda bom. Estimativa de 7% mais no faturamento é considerada satisfatória pelo Sindan

A

mais de 2 milhões de litros do estimativa da indúsReceita segue em crescimento 1 antígeno, o equivalente a 400 tria veterinária para milhões de doses o que gerou 2015 é de um faturaAno/Segmento 2015 2014 Variação uma receita de aproximadamento de R$ 4,5 bilhões, inmente R$ 1 bilhão. cremento de 7% sobre o ano Ruminantes 2,34 2,35 – 0,4% A perspectiva da redução anterior, quando a receita deste mercado com a retiraalcançou R$ 4,2 bilhões (daAves 720 630 14% da da vacinação contra a aftodos atualizados pelo SinSuínos 585 504 16% sa pelos estados à medida que dan em julho/15). O avanço o país avança no status sanitámenos vigoroso na receita, Pet 765 630 21,4% rio não ­preocupa Salani. “Saquando comparado a 2014, bemos que o fim da vacinação que registrou crescimento Outros 90 86 4,6% é um processo irreversível. de 13%, reflete o atual cenáO importante é que não se rerio econômico: a valorizaTotal 4,5 4,2 7,1% troceda nas etapas já conquisção do dólar pressionou os (1) Em bilhões de reais. Fonte: Sindan tadas”, alerta. custos dos insumos e os reajustes nos medicamentos chegaram aos criadores, que pensaram tura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a A força dos bovinos – A classe dos rumipedido da indústria exportadora. “Todas nantes, líder entre as categorias animais, duas vezes antes de fazer as compras. Por outro lado, embora a demanda as licenças voltaram a ser comercializa- perdeu participação no mercado (de 54% por proteína animal em geral tenha sofri- das, conforme prevíamos. Além do resul- para 52%) e manteve uma receita estádo uma retração, afetando o bolso do pe- tado positivo em caixa, a medida também vel em R$ 2,34 bilhões, recuo de apenas cuarista, a percepção do Sindan (Sindica- recuperou a confiança dos consumidores 0,42%. Ainda assim, Salani assegura que esta foi a categoria que sustentou o cresto da Indústria de Produtos para a Saúde na indústria veterinária” afirma Salani. Este foi um fator determinante para cimento da receita do setor. “Os valores Animal), é de que o cenário, que exige cada vez mais competitividade, é positivo os resultados de 2015. “Sem as avermecti- recordes atingidos tanto no preço dos bepara a indústria. “Os criadores de suínos, nas poderíamos registrar novos prejuízos” zerros quanto na arroba do boi gordo, esfrangos ou bovinos de corte e leite estão completa o vice-presidente do Sindan. timularam os criadores a investirem esapostando nos cuidados sanitários para Liberadas desde março de 2015, as ven- pecialmente em endectocidas e vacinas aumentar a eficiência”, explica Emílio Car- das dos antiparasitários em nove meses para a prevenção de doenças”, afirma. superaram a média para o ano. As lojas O maior salto na participação foi relos Salani, vice-presidente da entidade. Salani afirma que o resultado foi consi- limparam seus estoques e toda a deman- gistrado pelos animais de estimação derado bom e que ficou em linha com as da represada por 10 meses foi escoada. (pets) que seguem em segundo lugar no expectativas da indústria veterinária para o “O pecuarista, sacrificado pela proibição, ranking, com um aumento de 21% na reano. “Mesmo com a redução do poder aqui- aproveitou as campanhas de vacinação ceita, para R$ 765 milhões. Em terceiro lusitivo da população e das exportações pela para prevenir todo o rebanho bovino con- gar está a avicultura, que tem 16% do merindústria frigorífica, a sanidade não foi ne- tra o ataque de endo e ectoparasitas com cado e apresentou elevação de 14% em gligenciada pelo produtor e esta é uma ten- medicamentos de longa ação, que são receita. A cadeia de suinocultura mantêm praticamente a mesma posição, saiu dência que ganha mais força a cada ano”. mais práticos e eficientes” diz. Os produtos à base de avermectinas de 12% para 13% do mercado, e avançou Ele não revela o volume de medicamentos veterinários comercializados anualmente, pertencem ao segmento dos antiparasitá- 16% em receita. Sem expectativa de abrandamento da mas informa que houve um crescimento rios, que representam 22% do mercado, o segundo em importância no ranking dos crise econômica vivida pelo país, Salani de 7% e 8% no montante de vendas. terapêuticos. Os medicamentos biológi- mantém uma visão conservadora sobre a Demanda reprimida – O retorno das aver- cos (obtidos através do emprego de mi- evolução da indústria. “Cresceremos enmectinas de longa ação (L.A) para as pra- croorganismos ou células geneticamente tre 7% e 9% em 2016”. Para ele, a sanidateleiras ajudou o setor a se recuperar dos modificadas) são os líderes, responden- de seguirá como estratégia para garantir a prejuízos de mais de R$ 500 milhões regis- do por 27% da indústria veterinária. Nes- competitividade. “O criador vai tratar dos trados no ano anterior, por causa da proi- te segmento, a vacina antiaftosa é o carro- animais para evitar perdas em unidade ou n bição imposta pelo Ministério da Agricul- -chefe (82%). Em 2015 foram produzidos ganho de peso”, aposta.

66 Anuário DBO 2016



Visão Setorial Mônica Costa – monica@revistadbo.com.br

Indústria da alimentação

Fôlego mantido, mesmo com a crise.

E

Setor registra aumento em volume e em faturamento.

m 2015, o setor de suplementação mineral produziu 2,7 milhões de toneladas, 4% a mais do que em 2014, quando entregou 2,6 milhões de toneladas. Já o faturamento cresceu 19,5%, passando de R$ 3,6 bilhões para R$ 4,3 bilhões, conforme estimativas da Asbram, Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais. O tímido avanço nas vendas foi consequência de dois fatores: a seca menos severa, que reduziu a demanda por suplementos, e a alta dos produtos, devido a rejustes das matérias-primas, especialmente do fosfato bicálcico. Assustados com a elevação dos custos em geral, os produtores foram mais tímidos nas compras de suplementos, frustrando um pouco as expectativas das empresas para o ano. De acordo com Nelson Lopes, presidente da Vaccinar Indústria e Comércio, eleito para a gestão 2016/2017 da Asbram, o setor esperava manter um avanço de dois dígitos nas vendas como no ano passado. “Isso não aconteceu, mas, dentro de um cenário econômico com tantos fatores negativos, o resultado ainda é satisfatório”, disse. Segundo Lopes, o faturamento de 2015 reflete o crescimento (mesmo que modesto) das vendas, mas também é fruto dos reajustes que o setor precisou fazer para minimizar o impacto da inflação e da alta de 49% no dólar. Quase todos os insumos usados na composição das misturas minerais (fosfato bicálcico, ureia, enxofre e aditivos) são importados e sofreram reajustes de até 40%. Os suplementos farelados também ficaram mais caros, por causa da alta dos grãos (milho e soja). “Nossas margens continuaram apertadas em 2015 e a concorrência muito acirrada”. Para Lopes, a boa notícia é que a parcela de pecuaristas tecnificados continua crescendo e investindo de forma perene em suplementos de maior consumo. “Os melhores desempenhos foram registrados nos suplementos que ajudam a acelerar a recria

68 Anuário DBO 2016

Produção de alimentos para animais no Brasil1 Rações por segmento2 Aves de corte Aves de postura Suínos Bovinos de Corte Bovinos de Leite Outros3 Total rações Suplementos minerais4 Total geral

2015 32,4 5,5 15,7 2,73 5,3 4,78 66,36 2,68 69

2014 31,3 5,8 15,2 2,67 5,4 4,77 65 2,585 67,5

% 3,5 -4,5 3,0 2,2 -1,9 -0,2 2,0 3,95 2,22

(1) Em milhões de toneladas;(2) Fonte: Sindirações; (3) Animais de estimaçaõ (pets), equinos, aquicultura e outros; (4) Fonte: Asbram; (5) Dados do mercado, consolidados em novembro /15

e possibilitam a terminação intensiva, tanto em confinamento quanto a pasto”, diz. Apesar do recuo de 5% no volume de bovinos terminados em confinamento, fontes do mercado apontam para um crescimento de 20% nos sistemas de semiconfinamento. Conforme levantamento da Asbram, o setor reúne, atualmente, 258 empresas, das quais 51são filiadas à entidade e respondem por 50% da produção nacional, cerca de 1,35 milhões de toneladas. Migração – Segundo Lauriston Fernandes, que presidiu a Asbram até 31 de dezembro de 2015, a tendência de adoção de pacotes tecnológicos para as categorias de cria e recria, tradicionalmente consumidoras de linha branca, já começa a se consolidar. “A vaca

continua lambendo sal, mas um percentual já considerável dos animais jovens está recebendo suplementos durante a seca e até nas águas”, aponta. Essa substituição explica, em parte, a redução no volume comercializado de sal pronto para uso, carro chefe da industria, que registrou queda de 3% em 2015 e passou a responder por 40,5% do mercado. Em 2013, a fatia era de 45,7%. O produto que apresentou maior crescimento no ano passado foi o sal proteico-energético. Foram comercializadas 235.629 toneladas ante 193.454 t em 2014. A participação desse suplemento nas vendas totais passou de 13% em 2013 para 17,5% em 2015, puxada pelas técnicas de engorda intensiva a pasto (veja tabela abaixo). “O semiconfinamento assegura maior produção de

Linha branca perde espaço na indústria de suplementação1 20152

2014

2013

Prontos para uso

40,53

43,4

45,7

Diluir Com ureia Protéicos Protéico-energéticos Núcleos Concentrados

5,75 6,32 15,11 17,52 8,93 5,84

6,5 6,5 15,5 15 8,5 4,4

7,9 6,7 15,5 13 8,10 3

(1) Dados de associados da Asbram, composta por 51 empresas responsáveis por 50% do mercado. (2) Participação, em porcentagem.


arrobas, o que representa uma relação custo-beneficio positiva. Além disso, o criador não precisa de grandes investimentos em infraestrutura para fornecer o suplemento”, explica Fernandes. Várias empresas lançaram, nos últimos anos, produtos destinados a sistemas como semiconfinamento (1% do Peso Vivo), novo semi ou confinamento expresso (1,8% a 2% do PV). O encarecimento dos animais de reposição justifica o uso de suplementos de alto consumo, pois força o produtor não apenas a acelerar o ciclo de produção mas também colocar mais arrobas por animal para compensar o ágio do bezerro. Essa tendência já é perceptível, embora ainda tenha peso pouco expressivo no universo do rebanho brasileiro. Estima-se que apenas 5% dos 200 milhões de bovinos do País sejam abatidos precocemente. A demanda por concentrados também aumentou, de 37%, seguida pelos núcleos para confinamento (8,5%). Já o proteinado e o sal com ureia cresceram muito pouco (1,3% e 0,55%), provavelmente em função da seca pouco intensa. Foram comercializados 203.116 t de proteinado em 2015, ante 200.567 de t em 2014. Irreversivel – As vendas de suplementos minerais se concentram principalmente nas regiões Centro-Oeste e Norte, onde há maior concentração do rebanho. No Brasil Central, a boa disponibilidade de grãos e a adoção de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária têm estimulado a terminação a pasto. A pecuária também está se intensificando nos Estados pecuários nortistas, que foram castigados por uma seca atípica no ano passado. Muitos produtores do Pará tiveram de manter seus animais à base de farelo e ração para que perdessem peso. Em Rondônia, as vendas de suplementos aumentaram 13,34%. No Sudeste, a cotação da arroba do boi gordo foi balizadora da demanda. “Todas as vezes que a arroba subiu percebemos um aumento na procura por suplementos de alto consumo”, informou Denise Gregori, gerente técnica da M. Cassab, que tem unidades em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. Entretanto, a adoção de sistemas

Principais estados consumidores de suplemento Tocantins 100,84 t (3,7%)

Demais estados 414,28 t (15,4%)

Mato Grosso do Sul 466,65 t (17,3%)

Pará 139,74 t (5,2%) Minas Gerais 191,93 t (7,1%)

São Paulo 225,20 t (8,3%)

Fonte: Asbram

de suplementação mineral já não está mais condicionada exclusivamente às situações sazonais como o clima ou o preço do boi gordo. O avanço da agricultura e a adoção do confinamento e semiconfinamento têm exigido o uso perene de pacotes tecnológicos de suplementação para garantir o acabamento dos animais.”Nosso rebanho se mantém estável, mas a taxa de desfrute

Sal proteico-energético foi o produto que mais cresceu: de 193 mil para 235 mil t. tem aumentado”, afirma Paulo Feliciani, sócio diretor da Supremax Nutrição Animal, que atua no Acre, Mato Grosso e Rondônia. Rações – A venda de rações também cresceu aquém do esperado pela indústria. De acordo com dados do Sindirações (Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal) o setor encerrou 2015 com com a produção de 66,3 milhões de toneladas de ração, 2% a mais do que o volume de 2014, que foi de 65 milhões de toneladas. “Nossa expectativa era de uma avanço de pelo menos 5%, mas a valorização cambial encareceu as matérias-primas utilizadas na alimentação de aves, suínos, bovinos de corte e leite”, afirmou Ariovaldo Zani, vice-presi-

Rondonia 283,28 t (10,5%)

Mato Grosso 460,32 t (17,1%)

Goiás 406,87 t (15,1%) Em toneladas Participação de mercado

dente executivo do Sindirações. Na pecuária de corte, a relação entre o preço da arroba do bezerro e a arroba do boi gordo foi desfavorável para a cadeia, que comprou 2,73 milhões de toneladas de rações, 2,2% a mais que em 2014. “O gado de corte brasileiro continua majoritariamente criado a pasto e ainda demanda pouca alimentação industrializada”, enfatizou Zani. Para a cadeia leiteira, o grande desafio foi equilibrar os custos, que saltaram com o reajuste nos valores da energia elétrica, combustiveis e fertilizantes, e a queda no preço do leite pago aos produtores. “Muitos pecuaristas secaram suas vacas para reduzir os custos “, explica o executivo. Fatores climáticos também prejudicaram o desempenho do setor que demandou 5,3 milhões de toneladas, um recuo de 1,9%. Já a cadeia produtiva de suínos, beneficiada pela recuperação das exportações do setor e pela migração de consumidores da carne bovina, demandou 15,7 milhões de toneladas de rações durante 2015, aumento de 3% . Na avicultura de corte, a maior procura por carne de frango em detrimento da bovina, e o aumento das vendas externas, por causa de casos de gripe aviária em mercados concorrentes, permitiram um avanço de 3,5% na aquisição de ração, que totalizou 32,4 milhões de toneladas. n Anuário DBO 2016

69




Visão Setorial Roberto Nunes Filho

Sementes

Oferta menor impulsiona faturamento

P

Maior equilíbrio entre oferta e demanda alavancou os preços das forrageiras

brapa, a BRS Tamani, uma forrageiara o setor de sementes forraDesempenho do setor ra híbrida de Panicum maximum, geiras, o ano de 2015 foi de re20151 2014 Variação que oferece alta qualidade nutriciotomada em relação ao fatura- Indicador 216 225 -4% nal. Quanto ao futuro, mais novidamento. Apesar da redução da área Área (mil ha) 63 65 -3% des estão por vir. A pesquisadora plantada, a receita bruta gerada pe- Produção (mil t) 1,2 bi 850 mi 41,2% Jaqueline Verzignassi, da Embrapa las empresas registrou um salto de Faturamento (R$) Gado de Corte, explica que um dos 41,2%, passando de R$ 850 milhões (1) Estimativa – Fonte: Unipasto lançamentos que devem ser apreem 2014 para R$ 1,2 bilhão. Uma que tiraria competitividade de quem se arsentados em 2016 é a BRS Quênia. das explicações desta alta está na reTrata-se de um novo material de Panicum dução da produtividade observada no ano riscasse a promover aumentos maiores. As exportações, favorecidas pela alta maximum com alto valor nutritivo, indicapassado, que proporcionou um equilíbrio entre a oferta e a demanda – que estava do dólar, também colaboraram com o au- do para solos de alta fertilidade e resistente descompassada no período anterior. Con- mento do faturamento do setor de semen- às cigarrinhas das pastagens. Com características semelhantes, a sequentemente, os preços praticados pelas tes forrageiras. De acordo com a Unipasto, empresas aumentaram, impactando posi- 15% do volume produzido no ano passado BRS RB 331 Ipyporã, um híbrido composto foi destinado ao mercado internacional, fa- pelas braquiárias ruziziensis e brizantha, é tivamente na receita do setor. Segundo o diretor executivo da Asso- tia que mantém o Brasil na liderança dos outro lançamento que está sendo preparado pela Embrapa para este ano, conforme ciação para o Fomento à Pesquisa de Me- embarques desse segmento. Roveri, da Unipasto, destaca também anuncioou DBO em sua edição de novemlhoramento de Forrageiras (Unipasto), Marcos Roveri, a área plantada em 2015 foi que os sistemas produtivos que se utilizam bro último. Sobre a lista das principais culde 216 mil hectares (retração de 4%), fato da integração lavoura-pecuária vêm cola- tivares comercializadas em 2015, Marcos que culminou em uma produção de 63 mil borando muito com o mercado de semen- Roveri, informa que não houve diferença toneladas – 3% menor do que a obtida no tes, na medida em que demandam um significativa em relação ao ano anterior. Só maior nível de profissionalização e produ- o capim Mombaça apresentou crescimenano anterior. “Essa queda é um reflexo de problemas tividade. “Creio que em 2016 esse modelo to nos índices de área plantada e volume climáticos vivenciados no ano passado, es- de negócios será um dos principais impul- (veja tabela). pecialmente a estiagem registrada nos pri- sionadores das vendas. Além disso, a momeiros meses do ano em muitas regiões bilização em torno da recuperação de pas- Legislação – Ao longo do ano passado, a do País. Tal dinâmica culminou num ajuste tagens degradadas, missão assumida pelo cadeia produtiva de sementes promoveu [redução] da oferta de sementes no merca- governo brasileiro durante a 21ª Conferên- diversas atualizações na Instrução Normado e, consequentemente, favoreceu a prá- cia do Clima (COP 21), também está ge- tiva n° 30, documento que trata das nortica de margens maiores”, esclarece Roveri, rando maior procura por sementes forra- mas e padrões de comercialização das esque calcula em 30% o aumento médio dos geiras e tende a impulsionar cada vez mais pécies forrageiras. A expectativa do setor é este mercado”, complementa. (Veja mais que o texto seja submetido a consulta púpreços das sementes. Não foi exatamente o caso da Semen- sobre a COP 21 na seção Meio Ambiente, à blica neste ano para que possa ser publicado em 2017. tes Acampo, que tem sede em Tangará da página 58) Ainda no campo legal, deve entrar em Serra, MT. As chuvas irregulares registradas nas regiões Centro-Oeste e Norte geraram Vendas e lançamentos – Em constante vigor em 2016 a Lei de Proteção de Cultiuma redução de 30% no volume de ven- evolução, o mercado de forrageiras contou vares n° 827/2015, cujo objetivo é coibir a das da empresa, que, no entanto, não con- em 2015 com mais um lançamento da Em- pirataria de sementes forrageiras. Com a aprovação desta lei, tal práseguiu repassar mais do que tica passará a ser tratada de 9% de aumento nos preços, Principais cultivares – semente pura maneira criminal e não mais de acordo com seu gerente Área 20151 Área 2014 1 Produção 20152 Produção 20142 civil. “A pirataria é responsácomercial Sérgio Pacheco. “O Semente vel por grandes prejuízos fipreço médio do quilo de nos- Marandu 66.634 69.267 25 27,3 nanceiros e estima-se que sos produtos foi de R$ 9,50, Mombaça 24.662 16.378 7,4 4,1 30% das sementes comerante R$ 8,70 de 2014”, relata B. Ruziziensis 17.922 27.544 8,7 12,8 cializadas no Brasil sejam o gerente da Acampo, justi8.684 11.887 4,6 6,4 piratas”, revela Jaqueline, da ficando a situação pela acir- Piatã rada concorrência na região,

72 Anuário DBO 2016

1 Em hectares; 2 em mil toneladas. Fonte: Unipasto

Embrapa.

n



Visão setorial Inseminação Artificial

Denis Cardoso – denis@revistadbo.com.br

Vendas de sêmen para corte sobem No setor leiteiro, estima-se retração de 5% na comercialização

A

s valorizações nos preços Segundo a Asbia, nos priEstabilidade no primeiro semestre* do boi gordo e de animais meiros semestres de 2013 a Segmento 2015 2014 Variação anual de reposição, além do 2015 o mercado de inseminaavanço do uso da ferramenta de ção artificial (corte e leite) ficou Comercialização corte 2.672.830 2.473.086 8% Inseminação Artificial em Tempraticamente estável, com moComercialização leite 2.317.712 2.483.205 -7% po Fixo (IATF), impulsionaram vimentação de 7,61 milhões de Produção corte 1.490.224 1.648.221 -10% as vendas internas de sêmen doses de sêmen, ligeiro aumenProdução leite 530.949 462.770 15% de gado de corte no ano passato de 0,3% sobre as 7,59 milhões Total 7.588.919 7.610.179 0,3% do. Essa é a percepção de anade doses registradas em igual in*Dados referentes ao primeiro semestre de cada ano. Fonte: Asbia listas que acompanham o mertervalo do ano passado. Na área cado brasileiro de inseminação de comercialização de sêmen de artificial. Os números oficiais do setor de prevê um crescimento de “5% a 10% nas gado de corte, as vendas subiram 8% no pri2015 devem ser divulgados no fim deste bi- vendas de sêmen das centrais”. meiro semestre 2015, para 2,67 milhões de Divide a mesma opinião o gerente de doses, ante 2,48 milhões de doses de igual mestre, pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). Porém, analis- Mercado & Contas-Chave da ABS Pecplan, período de 2014. No segmento de produtas que acompanham o setor apostam em de Uberaba, MG, Frederico Glaser. “Esse ção (estoques das centrais e de material gecrescimento no mercado de corte, na com- aumento do corte será puxado em especial nético oriundo do setor de prestação de serparação com 2014, quando foram comer- pelo bom desempenho da raça Angus”, afir- viço), foram contabilizadas, no corte, 1,49 cializadas 7,1 milhões de doses de sêmen, ma. No entanto, Glaser estima uma queda milhão de doses nos primeiros seis meses em torno de 5% nas vendas de sêmen de do ano, queda de 10% sobre as 1,64 milhão segundo o último relatório Index Asbia. “O início de 2015 foi marcado pela irre- gado leiteiro em 2015, refletindo o enfra- de doses verificadas no primeiro semesgularidade das chuvas, o que acabou pro- quecimento dos preços da matéria prima, tre de 2014. Na área de prestação de serlongando a estação de monta em algumas os problemas climáticos nas bacias leiteiras viços (produzido especificamente para o regiões. Porém, nem isto, nem as incertezas (estiagem em algumas regiões e excesso de uso próprio do pecuarista, sem passar pela político-econômicas foram suficientes para chuva em outras), além da crise macroeco- comercialização),o setor de corte contabiesfriar o mercado de reprodução”, diz a zoo- nômica. Em 2014, as vendas de sêmen de lizou 476 mil doses no primeiro semestre, tecnista Milena Zigart Marzocchi, analis- bovinos leiteiros alcançaram 4,9 milhões de alta de 10% sobre mesmo período de 2014 ta da Scot Consultoria, de Bebedouro, que doses, de acordo com dados da Asbia. (432 mil doses). n

74 Anuário DBO 2016



Visão Setorial Varejo

Roberto Nunes Filho

Mais um ano difícil para o consumo

O

Crise econômica reduziu o poder de compra da população e a margem dos varejistas

varejo de carne bovina vendas deste produto. Com base Desempenho das carnes sentiu o impacto das turno período de outubro de 2014 a nos supermercados bulências econômicas de novembro de 2015, a importân2015. De acordo com os especiacia desta faixa econômica no conIndicador 20151 2014 listas consultados por DBO, housumo de carnes passou de 49,9% 41,17 39,76 Gasto médio2 ve queda no consumo e redução para 44,1% — queda de 11,6%. na margem de lucro das empre“Quando o consumidor per14,79 13,46 Tíquete médio3 sas, justamente pelo aumento do de poder de compra, assim como 4 9,62 8,06 Preço desemprego e a consequente reaconteceu em 2015, naturalmen70 60 Participação5 dução da massa salarial. Um imte ele faz escolhas para achar alportante indicativo de que as faternativas em linha com a sua 6 * 26,8 Faturamento mílias brasileiras estiveram mais realidade”, observa Alex Lopes, * 83.600 Lojas7 cautelosas na hora de fazer a lista consultor de mercado da Scot de compras é o desempenho dos Consultoria. “Como a carne bo7 * 1.700.000 Funcionários supermercados. vina é uma proteína que conta Após oito anos de crescimencom alto índice de substituição, (1) Dados comparativos do período de janeiro a novembro, em R$; (2) Gasto médio em R$ por mês das famílias com compra de carne; (3) Valor médio do gasto com to ininterrupto, 2015 foi o primeipor custar até três vezes mais do o produto a cada compra; (4) Preço médio do quilo da carne; (5) Percentual de ro ano em que o setor supermerque a carne de frango, por exemparticipação dos supermercados nas vendas totais de carne bovina; (6) Em bilhões cadista experimentou queda real plo, ela perdeu espaço na lista de de reais, só com carne bovina; (7) Dado não disponível para 2015. Fontes: Abrafrigo, nas vendas. De acordo com o precompra.” Abras e Kantar Worldpanel sidente do Conselho Consultivo Outra questão destacada pelo da Associação Brasileira de Suespecialista foi o impacto finanpermercados (Abras), Sussumu ceiro junto aos varejistas. “As marHonda, a taxa de crescimento do setor bovina de dianteiro em São Paulo. No gens dos açougues e supermercados já vinha diminuindo o seu ritmo desde início de dezembro, considerando a in- paulistas raramente ultrapassaram 2013, mas este processo se acentuou flação acumulada até novembro, com os 60% no ano passado. Em 2012, por no ano passado. “A partir de julho, as este mesmo valor foi possível com- exemplo, esse número chegou a supevendas entraram no negativo. Até no- prar 755 gramas do produto, queda de rar os 140%”, relembra Lopes. “O varejo vembro, a queda real do setor chegou 24,5% no poder de compra. Os núme- acabou absorvendo parte da alta aplia 1,6%”, esclareceu Honda. Os dados ros são fruto de análises semanais rea- cada pelo atacado por saber que, neste consolidados, considerando o mês de lizadas pela consultoria. momento, o consumidor não seria caAs altas de preços mais intensas paz de receber integralmente essa vadezembro, não estavam finalizados até no varejo, considerando o universo lorização. A saída foi sacrificar as maro fechamento desta edição. A referida retração registrada pelo dos supermercados, vieram dos cor- gens para não inviabilizar as vendas.” autosserviço impactou o desempenho tes dianteiros. De acordo com o índiA atual conjuntura econômica tem de diversas categorias, inclusive a de ce Abrasmercado, estes cortes regis- uma participação crucial neste quadro, carne bovina, que conta com a con- traram alta de 22,8% no acumulado até mas questões mercadológicas relaciocorrência de proteínas mais acessíveis. novembro. Já os cortes do traseiro su- nadas à pecuária de corte, como a re“Considerando que 70% das vendas do biram 15,9% neste mesmo período. dução da oferta de animais para abate, O resultado deste cenário foi um também influenciaram a alta de presegmento bovino acontecem nos supermercados, observamos que 2015 aumento de 9,9% no valor do tíquete ços no varejo. foi um ano difícil para todo o varejo de médio (desembolso a cada compra) “A redução de oferta de animais carnes”, avalia o presidente da Associa- do consumidor, de acordo com a con- foi uma conseqüência dos abates de ção Brasileira dos Frigoríficos (Abrafri- sultoria Kantar Worldpanel. Já o gasto fêmeas entre 2010 e 2013. Isso ainmédio mensal com a compra de car- da repercute, pois a recomposição do go), Péricles Salazar. O preço foi um dos principais en- nes subiu 3,5%. Diante da inevitável ne- rebanho é algo que, historicamente, traves para o consumidor no ano pas- cessidade de desembolsar mais recur- leva entre três e quatro anos”, esclaresado. Segundo a Scot Consultoria, em sos na compra da carne, a classe C, que ce Alex Lopes. “O cenário de oferta nos janeiro, com R$ 16,36 era possível representa a maior parte da população dois últimos anos é bem semelhante e, comprar, em média, um quilo de carne brasileira, reduziu sua participação nas provavelmente, se repetirá em 2016.”

76 Anuário DBO 2016



Visão Setorial Varejo

Previsões – De acordo com os especialistas consultados, 2016 ainda será um ano delicado para a economia brasileira e que exigirá paciência por parte do varejista. Tanto que o Banco Central prevê mais um ano de retração do PIB e um patamar elevado para a inflação, em torno de 7%. “O ano passado foi um período difícil para o varejo e tudo indica que 2016 pode ser ainda mais desafiador”, avalia o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas de São Paulo, Manuel Henrique Farias Ramos. “Isso porque as pessoas que ficaram desempregadas em 2015 e que não conseguiram uma recolocação deixarão de receber o seguro-desemprego. Consequentemente, a massa sem poder de compra tende a aumentar, caso a taxa de desemprego não melhore”, acredita Ramos. “Considerando que existe a possibilidade de a atividade industrial con-

78 Anuário DBO 2016

tinuar se retraindo, o desemprego deve manter a sua influência no consumo de diversos alimentos, inclusive as carnes”, acrescenta Lopes, da Scot.

Tendência das carnes porcionadas tende a se consolidar mais este ano Tendências – Diante de um cenário onde o consumidor está mais cauteloso na hora de consumir, o mercado espera que a indústria aposte em inovações que gerem praticidade, novos desejos de consumo e produtos e serviços com mais valor agregado voltados às faixas da população menos sensíveis às oscilações econômicas. A tendência das carnes porcionadas tende a se consolidar ainda mais, diante do espaço que ainda existe para

este tipo de produto, assim como as carnes prontas e semiprontas”, afirma Péricles Salazar, da Abrafrigo. “A busca por alimentos mais práticos e por experimentação devem ser explorados pelas indústrias.” Outro ponto destacado por Alex Lopes, da Scot, é a aposta das empresas em transformar uma commodity em um produto com marca e posicionamento de imagem no mercado. “Essa prática veio pra ficar e será cada vez mais comum, pois estimula o mercado e o consumo”, observa o consultor. E arremata: “Outra tendência em curso é a verticalização dos negócios, onde os próprios frigoríficos criam sua butique de carne para vendê-la ao consumidor final. As centenas de lojas com a bandeira Swift que já estão em operação é exemplo disso. Outras empresas, como o Minerva, também já estão explorando este modelo de negócio.” n




Leite Luiz H. Pitombo

Balanço

Renda ficou curta e deve afetar produção Custo alto e preço reduzido do leite trouxeram dificuldades em 2015; 2016 guarda indefinições.

C

lima adverso, consumo interno lento, insumos mais caros e preço pago ao produtor em queda são os fatores que podem resultar em crescimento da produção de leite no Brasil abaixo da média histórica em 2015, por volta de 1,6%, no máximo. Analistas indicam, inclusive, que há risco até de redução de volume ante 2014. Na média Brasil, calculada pelo Cepea/Esalq-USP, o preço do litro do leite sofreu um recuo de 12% no ano passado em relação ao anterior, ficando em R$ 0,9709. A avaliação geral é de que o produtor de leite se descapitalizou. As perspectivas para 2016 guardam mais indefinições, em razão do desempenho da economia e de incertezas sobre como o consumo interno vai se comportar. A visão predominante quanto à produção leiteira é de um modesto crescimento ou estagnação. Já os preços ao pecuarista devem se recompor, embora condicionados ao tamanho da demanda. Os alimentos concentrados, baseados principalmente em milho e soja, e tão importantes na estrutura de custos, tendem a manter preços elevados, pela alta cotação do dólar ante o real e a pressão das exportações.

Saturação _ A situação enfrentada pelo setor produtivo é resultado do aumento significativo da produção em 2013, seguido da retração no consumo em 2014 e da saturação do mercado. Isso provocou nada menos do que nove meses seguidos de preços em queda, de junho até fevereiro de 2015. Mesmo com alguma sustentação das cotações, provocada em certos períodos pela indústria para manter fornecedores, os resultados não melhoraram ante o ano anterior. O Índice de Custo de Produção, da Embrapa Gado de Leite, mostrou variação nominal no ano passado de 15%, duas vezes superior à de 2014, onde, além dos concentrados, pesaram a energia elétrica e os combustíveis. Os preços internacionais de lácteos também recuaram, resultado da maior oferta e menor demanda, especialmente por parte da China. O fato, aliado ao não paga-

Pecuária bovina leiteira do Brasil em números1 Vacas em ordenha Produção2 Produtividade3 Exportação4 Importação4 Consumo5

2015 23.261.397 36.230.121 1.558 76.813 137.165 170

2014 23.064.495 35.174.271 1.525 86.037 108.572 174

2013 22.954.537 34.255.236 1.492 42.473 159.127 175

(1)Pesquisa Pecuária Municipal (PPM/IBGE) para vacas em ordenha, produção e produtividade, com projeção de 2015 pela Embrapa Gado de Leite. (2) Em mil litros, com 2015 preliminar através da média ponderada de evolução dos últimos quatro anos, sujeito a revisão pois a tendência é de volumes menores (veja bloco Produção). (3) Litros/vaca/ano com 2015 preliminar sujeito a revisão.(4) Em toneladas de produtos, dados Mapa/Agrostat. (5) Consumo aparente em equivalente litros/hab/ano com cálculos da MilkPoint Consultoria, considerando para 2015 projeção de queda de 3% na produção. Fontes: Mapa, IBGE, Embrapa Gado de Leite e MilkPoint Consultoria, adaptação: DBO.

mento por parte da Venezuela de remessas do Uruguai, fez com que este contasse com mais leite em pó disponível para exportar. Assim, boa parte da produção uruguaia foi escoada para o Brasil, que aumentou suas compras do país vizinho em 158% em 2015, atingindo 49.000 toneladas ao preço médio de US$ 2.834/tonelada, ou 34% inferior ao de 2014. O assunto traz apreensão ao setor produtivo, pois não há acordo de cotas entre ambos os países. Ainda em relação ao mercado externo, fatos favoráveis ao País ocorreram no ano passado, como a abertura ou a ampliação de mercados aos lácteos brasileiros – Índia, China e Rússia. Foi embarcada uma pequena remessa de ocasião de queijo gorgonzola para os russos, que aprovaram e pediram mais. Dentre outros fatos positivos que merecem registro está o sequenciamento genético da raça Gir Leiteiro, o primeiro de um mamífero feito totalmente por brasileiros e que traz novos horizontes para a raça e sua cruza, o Girolando. Por sua vez, o Ministério da Agricultura, com o participação da iniciativa privada, lançou um grande programa para melhoria do setor, o Leite Saudável, além de outro vinculado à área tributária (PIS/Cofins), que concede benefícios a empresas que investem em assistência técnica. Em consequência do maior acidente ambiental já ocorrido no Brasil, o rompimento de barreira da mineradora Samarco, em Minas Gerais, propriedades leiteiras no Vale do Rio Doce foram afetadas,

comprometendo a produção por período indeterminado. Cenário e tendências – Análises climáticas disponíveis no início deste ano falam de um El Niño menos intenso no primeiro semestre no Brasil, com possibilidades de estabilização. O que pode ser um alento, frente a uma economia que ainda deve apresentar recuo no Produto Interno Bruto (PIB) e inflação. A princípio com menos dinheiro no bolso do consumidor, a tendência predominante indicada pelas fontes é de manutenção ou avanços discretos na demanda, porém não de queda, com a produção primária podendo seguir o mesmo ritmo. A questão da qualidade do leite vai continuar em evidência em 2016, pois em julho está prevista a entrada em vigor do último estágio da Instrução Normativa 62 para a Região Centro-Sul, onde o leite levado a análise laboratorial deve atingir o teto de 400.000 células somáticas (CCS) e 100.000 unidades formadoras de colônias (CBT), padrão similar ao europeu. No cenário externo, será preciso observar os movimentos do Uruguai, que tende a continuar a vender leite em pó ao Brasil; da Argentina, onde o novo presidente trata de dar vantagens aos produtores de leite, e aos possíveis reflexos globais da crise do mercado financeiro da China. As sugestões indicadas aos pecuaristas são a de postergar investimentos que não sejam indispensáveis, atenção à gestão, planejamento e compra de insumos. n Anuário DBO 2016

81


Leite Rebanho

Luiz H. Pitombo

No Norte, a maior expansão. Rondônia, com 32% de crescimento em 2014, foi o destaque no cenário nacional.

N

Detentora de 20% do total naum ano em que regiões que Vacas ordenhadas por região e Estado cional de vacas ordenhadas, a Repossuem o maior número 2014 2013 Variação (%) gião Nordeste teve evolução de de vacas em lactação tive- Região/Estado 23.064.495 22.954.537 0,48 2,52% na comparação com 2013, ram redução no plantel, foi o Nor- Brasil somando 2,75 milhões de cabeças, te do País que obteve o melhor Sudeste 7.936.981 8.106.560 -2,09 que produziram 8% mais leite. Com desempenho, somando 2,22 miMinas Gerais 5.808.524 5.850.737 -0,72 exceção da Bahia e do Piauí, todos lhões de cabeças em 2014, cresci1.287.509 1.390.485 -7,41 os demais Estados nordestinos memento de 12% ante 2013. Os da- São Paulo lhoraram seus números, com destados são da mais recente Pesquisa Rio de Janeiro 421.460 441.483 -4,54 que para Alagoas, que, com aumenPecuária Municipal (PPM/IBGE). Espírito Santo 419.488 423.855 -1,03 to de apenas 5% de vacas, somando Praticamente todos os Estados 4.750.730 4.633.952 2,52 161.000 cabeças, contribuiu com da região incorporaram animais Nordeste 2.068.800 2.081.959 -0,63 21% mais leite. à produção, mas Rondônia des- Bahia tacou-se, ao reunir 773.000 cabe- Maranhão 623.347 620.125 0,52 Tendências – Na Região Sul, o reças, ou 190.000 vacas a mais. Em Ceará 580.358 561.325 3,39 banho em lactação ficou em quaranos anteriores, o rebanho do 470.478 411.969 14,20 to lugar em relação ao total do País Estado havia encolhido, mas es- Pernambuco em 2014, com 19%, ou 4,37 milhões tímulos do governo local e uma Rio G. do Norte 257.044 231.162 11,20 de cabeças. Este número é pouco melhor estruturação do setor te- Sergipe 235.303 234.365 0,40 menor, 0,6% , em relação ao ano anriam promovido o atual cresci213.958 195.873 9,23 terior. A produção leiteira, porém, mento, de 32%, embora ainda Paraíba também cresceu, a 3,6%. Situação com impacto pequeno na produ- Alagoas 161.462 153.591 5,12 similar ocorreu no Rio Grande do ção total do País. Piauí 139.980 143.583 -2,51 Sul e em Santa Catarina. Já no PaJá o Brasil dispunha, no ano re4.375.331 4.403.259 -0,63 raná, houve crescimento duplo: trasado, de um plantel de 23,06 mi- Sul 1.723.996 1.715.686 0,48 tanto no número de vacas em laclhões de vacas leiteiras, pequena Paraná tação, de 0,5% em 2014 ante o ano evolução de 0,5% sobre a pesqui- Rio G. do Sul 1.544.072 1.554.909 -0,70 anterior, e na produção leiteira, com sa do IBGE referente a 2013. Tais Santa Catarina 1.107.263 1.132.664 -2,24 mais 4,2%. números confirmam a tendência 3.779.425 3.834.697 -1,44 O Centro-Oeste sofreu períodos pecuaristas, de buscar fême- Centro-Oeste dos de muito calor e falta de chuas produtivas e melhorar o mane- Goiás 2.658.373 2.723.594 -2,39 va em 2014, o que afetou seu rejo. Prova disso é o crescimento no Mato Grosso 580.254 557.104 4,16 banho, aponta a pesquisadora volume de leite captado, de 2,7%. 517.385 529.651 -2,32 Rosangela Zoccal, da Embrapa Pelo alto preço da arroba bovi- Mato G. do Sul 23.413 24.348 -3,84 Gado de Leite, em Juiz de Fora, na no período, muitos animais de Distrito Federal MG. Isso fez com que o plantel de ­baixa produção devem ter ido para Norte 2.222.028 1.976.069 12,45 vacas leiteiras caísse para 3,7 mio gancho. Rondônia 773.079 582.306 32,76 lhões de cabeças (-1,4%) e o voluA Região Sudeste, que con742.821 717.419 3,54 me de leite recuasse 0,9%, um quacentra o maior número de fême- Pará dro determinado em particular pelo as em lactação, 34% do País, apre- Tocantins 467.669 441.927 5,82 maior produtor da região, Goiás. sentou, em 2014, 7,93 milhões Amazonas 110.518 113.518 -2,64 Considerando a média pondecabeças, queda de 2% sobre o 81.342 77.624 4,79 rada de evolução dos últimos anos ano anterior – embora com au- Acre 32.658 30.151 8,31 do rebanho nacional de vacas em mento de 1,2% na produção de Roraima lactação, a pesquisadora projeleite. A seca na região teve influ- Amapá 13.941 13.124 6,23 ta para 2015 um crescimento de ência no menor número de ani- Fonte: IBGE, Pesquisa Pecuária Municipal de 2014, adaptação DBO. 0,85%, podendo ter atingido 23,26 mais, mas a busca de produtivimilhões de fêmeas. Já para este ano, seu rebanho, que ficou em 1,28 milhão dade também, pelos números apresentados. São Paulo chama a aten- de cabeças, com incremento, porém, de os cálculos apontam para uma evolução menor, perto de 0,5%. ção, por causa da redução de 7,4% em 6% no volume de leite. n

82 Anuário DBO 2016




Leite em números Produção em 2015 tenha aumentado 1,6% ante 2014. “Houve regiões atingidas pela seca e no Sul as chuvas em excesso atrapalharam. Além disso, a inflação em alta inibiu o consumo e o dólar valorizado encareceu os insumos, embora tenha favorecido as exportações”, justifica Rocha. Outro ajuste sobre as expectativas de produção em 2015 foi feita pela pesquisadora Rosangela Zoccal, da Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora, MG. Inicialmente, baseada na média ponderada do comportamento da produção dos últimos anos, ela havia chegado à evolução de 3% na produção leiteira do País ante 2014. No entanto, por motivos similares aos apontados Rocha, acredita que agora não superará os 2%. Um dado que também pode influenciar as expectativas em relação ao ano passado foi a redução na captação do leite com inspeção (municipal, estadual e federal) identificada pela Pesquisa Trimestral do Leite (PTL/IBGE). Considerando os números disponíveis até setembro, o volume de 17,76 bilhões de litros é 2,5% inferior a igual período de 2014. No entanto, o vice-presidente do Conselho Nacional das Indústrias de Laticínios (Conil), Carlos Humberto de Carvalho, avalia que, pelas condições climáticas mais favoráveis do último trimestre e a progressiva adesão da indústria à inspeção, no ano a PTL pode até crescer 1% ou 2%. Contudo, quanto à produção total nacional, diz que esta, sim, pode ser menor, pois “o clima afetou muito no primeiro se-

Municípios campeões de produtividade (litros/vaca/ano em 2014)

Araras, SP

11.364

Castro, PR

7.469

Carlos Barbosa, RS

6.827

Iomerê, SC

6.501

Arapoti, PR

6.197

Palmeira, PR

5.966

Carambeí,PR

5.912

Fortaleza dos Valos, RS

5.708

Mamborê, PR

5.492

São José do Ouro, RS

5.455

Casca, RS

5.400

Pejuçara, RS

5.312

Nova Prata, RS

5.280

Corbélia, PR

5.181

Toledo, PR

5.130

Quatro Pontes, PR

5.130

Selbach, RS

5.110

Pontão,RS

5.100

M. Cândido Rondon, PR

5.100

Júlio de Castilhos, RS

5.000

Fonte: IBGE/PPM 2014, elaboração Embrapa Gado de Leite, considerando municípios com mais de 10 mil litros/dia. Representa a produção anual das vacas do rebanho, e não a produção em si na lactação.

As maiores produtividades 1

Os maiores produtores mundiais (em mil toneladas métricas)

Países/Blocos

2015 1

2014

mestre e os preços ao produtor não foram tão espetaculares”, comenta Carvalho. A retração que estima para 2015 pode ficar entre 1% e 1,5% na comparação com 2014. Em relação ano que se inicia, questões relacionadas à economia e à política dificultam o estabelecimento de perspectivas mais consolidadas. Os analistas reconhecem que pode ser um 2016 difícil e têm visões nem sempre coincidentes, porém indicam aspectos que podem ajudar. Rocha Júnior, da CNA, com base no Boletim Focus, do Banco Central, diz que se espera retração do PIB menor do que a de 2015 e inflação também menor. Assim, o consumo interno pode melhorar, além da possibilidade de surgirem oportunidades de exportação. Ele vê chances de um pequeno aumento na produção de leite ou de, no mínimo, estabilidade. Para a pesquisadora Rosangela Zoccal, os problemas por que passa o País devem afetar mais a indústria, que, caso haja retração do consumo interno, deve buscar exportar a produção. Já o vice-presidente do Conil considera que o clima tende a se mostrar favorável no primeiro semestre e possivelmente no restante de 2016. Por outro lado, afirma que o setor tem se mostrado melhor do que outros na economia e que o consumo de lácteos não deve se reduzir significativamente em 2016. Assim, numa visão otimista, acredita num possível aumento de 3% a 5% da produção nacional de leite. n

(em kg de leite vaca/ano)

Países

2013

2015

2014

2013

10.148

10.096

9.896

União Europeia

148.100

146.500

140.100

Estados Unidos

Estados Unidos

94.480

93.461

91.277

Japão

9.833

9.488

9.409

Índia

64.000

60.500

57.500

Canadá

9.091

8.835

8.786

China

37.250

37.250

34.300

União Europeia

6.287

6.239

6.041

Rússia

30.025

30.499

30.529

Argentina

6.131

5.808

5.485

Brasil 2

26.300

25.489

24.259

Austrália

5.865

5.706

5.697

Nova Zelândia

21.391

21.893

20.200

Ucrânia

4.606

4.445

4.381

México

11.750

11.464

11.294

2

1.362

1.515

1.461

Fonte: FAS/USDA, dezembro de 2015, adaptação DBO. (1) Dados preliminares. (2) O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) passou a utilizar este ano os dados da Pesquisa Trimestral do Leite inspecionado (IBGE) como fonte de seus relatórios. OBS : 1 litro de leite equivale a cerca de 1,03 kg.

86 Anuário DBO 2016

Brasil

(1) Classificação considera rebanhos acima de 500 mil cabeças de países ou blocos selecionados pelo USDA. (2) País ocupa a 12° colocação dentre os 14 países considerados. Obs: O USDA adotou uma nova base de dados sobre o Brasil para seus relatórios : a Pesquisa Trimestral do Leite (IBGE) e para vacas em ordenha seu próprio cálculo baseado em diferentes consultas.Fonte: Dados primários USDA, dezembro 2015, elaboração: DBO.



Leite Luiz H. Pitombo

Indústria

Demanda em ritmo lento Com menor poder aquisitivo, população deixa de comprar lácteos mais caros.

C

om toada similar à de anos anteriores, a produção e o consumo de queijos em 2015 cresceram, mas a taxas menores. A expansão do segmento de leite longa vida (UHT) também foi mais lenta, e a do pasteurizado e a do leite em pó devem apresentar os mesmos níveis de 2014 ou ter até pequena retração quando os números de 2015 forem fechados. As principais justificativas para a desaceleração são a retração da economia e a perda de renda da população. As margens de lucro da indústria ficaram mais estreitas no ano passado, sem que isso resultasse em dificuldades, com exceção do leite UHT, segmento que trabalhou boa parte do período no negativo. Para 2016, a expectativa dos laticínios é de manutenção dos níveis de consumo e produção, ou até leve crescimento. O segmento queijeiro, importante comprador de matéria-prima, estima que no ano passado pouco mais de 1,1 milhão de toneladas de queijo foram produzidas sob inspeção, 3% mais que o ano anterior, mas bem abaixo da média anual de 9%. Além da redução de volume, o consumidor migrou para tipos e marcas mais baratos, informa o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq), Fábio Scarcelli. Além disso, queijos usados pelo setor de alimentação fora de casa não mostraram crescimento. “O consumidor passou a comprar no varejo e a comer em casa, sendo que cresceu muito o fracionamento de queijos em peças menores dentro da própria indústria para a venda”, informa. Scarcelli diz que o setor procurou manter seus preços, apesar da pressão dos custos. Na avaliação do diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV), Nilson Muniz,o UHT em 2015 deve atingir a produção de 6,7 bilhões de litros. “Este crescimento de 1,5% a 2% ocorre porque o longa vida continua tomando espaço do pasteurizado e parte do espaço do leite em pó. Estes devem ter o consumo estabilizado ante 2014 ou sofrer discreta retração”, afirma. Muniz acredita que a produção de leite tenha se reduzido no País em 2015, fato que poderia ter algu-

88 Anuário DBO 2016

Destino da produção de leite no Brasil (em milhões de litros equivalente - 2014 1)

(1) Dados disponíveis sujeitos a confirmação, com base na disponibilidade interna de 35,857 bilhões em equivalente de litros de leite, o que inclui produção nacional, importações e exportações. (2) Inclui os tipos A,B e C, desnatados, especiais, bebidas lácteas e reidratados (não inclui aromatizados). (3) Inclui desnatados, enriquecidos, fórmulas especiais e bebidas lácteas (não inclui aromatizados). (4) Inclui os de uso industrial e doméstico, desnatados, enriquecidos, modificados e fórmulas especiais (não inclui aromatizados). Fontes: MDIC, IBGE, ABLV e TerraViva Consultoria, elaboração ABLV. Adaptação: DBO.

ma influência sobre o consumo. A evolução do UHT normalmente é de 3% a 4% ao ano. Assim, a redução do movimento e da margem com que o setor trabalha fez a rentabilidade cair. “Passamos a maior parte de 2015 no vermelho”, comenta. Cooperativas e horizontes – No ano passado, o setor não passou por grandes fusões ou aquisições, só mesmo entre empresas de menor porte, informa o vice-presidente do Conselho Nacional das Indústrias de Laticínios (Conil), Carlos Humberto de Carvalho. Ele aponta, porém, que foi o ano em que a francesa Lactalis assumiu as plantas que havia adquirido da LBR e da BRF. O dirigente observa que, com o aumento da produção de leite na Região Sul, houve um ressurgimento do cooperativismo local. É também preciso registrar que a Coca-Cola, por meio da Leão Alimentos, começa a entrar no setor de lácteos no País. O programa Leite Mais Saudável, instituído em 2015 pelo governo federal, foi classificado de positivo tanto por Carvalho, como para o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confede-

ração da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim. Ele prevê um impulso na qualidade do setor com a concessão de parte do crédito presumido do PIS/Cofins para empresas que apliquem em assistência técnica ao produtor. Já existem interessados, mas algumas questões precisam ser esclarecidas. Carvalho fala do problema que representa estabelecer para 2016 uma perspectiva mais consistente para o setor, em função do momento econômico e político do País. Contudo, na comparação com outras áreas, diz que vem constatando que os lácteos têm se comportado melhor. Por isso ele não acredita num retrocesso do consumo e diz que existem janelas de exportação. Assim, estima que produção e consumo devam aumentar entre 3% e 5%. Para Scarcelli, os queijos podem repetir o desempenho ou ter uma evolução de 2% a 3%,. A intenção é segurar preços para manter produto na mesa do consumidor. Também se mostra conservador Nilson Muniz, da ABLV, para quem 2016 pode ter um ligeiro aumento no consumo de leite UHT e a manutenção nos demais tipos. n



Leite Luiz H. Pitombo

Preços

Ano de descapitalização Em 2015, valor do leite recuou 12% em termos reais e tornou-se o menor dos últimos 4 anos.

O

pecuarista passa por mais uma fase desafiadora da atividade leiteira, com alguns até podendo mudar de atividade, em função da pouca margem de manobra. Os produtores de maior porte e estruturados, que acumularam “gorduras” nos anos de bonança, se mantêm com maior facilidade nessas épocas de baixa de preços. Assim, pode ter havido maior concentração da produção no País em 2015. O valor líquido recebido pelos fazendeiros, na média ponderada do Brasil considerando sete Estados (MG, GO, SP, RS, PR, SC e BA), atingiu R$ 0,9709/ litro, ou 12% menos que em 2014, indica o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, (Cepea/Esalq-USP) com valores atualizados pelo IPCA, que no ano atingiu 10,67%. Por outro lado, os custos de produção se elevaram e um parâmetro interessante para identificar isso são as chamadas relações de troca. No caso dos produtores paulistas, segundo o Cepea, foram necessários 14% mais litros de leite, na comparação com 2014, para adquirir a mesma tonelada de concentrado (22% de proteína bruta). No caso da ureia agrícola, foram 5% mais e, para antibióticos, 11% mais. Este descompasso foi reconhecido pelos laticínios, que procuraram manter os valores pagos em determinados momentos do ano. Para 2016, as expectativas iniciais são de oferta de leite mais justa, com menor pressão de baixa, preços sustentados e até com possibilidade de alguma alta. Mas o desempenho da economia e o consumo é que devem dar o ritmo e podem limitar uma retomada mais vigorosa durante o ano. Quanto aos insumos, os importantes concentrados tendem a seguir em alta, em função do dólar valorizado e da continuidade das exportações de grãos. No entanto, oportunidades de compra a preços vantajosos podem acontecer. O ano passado foi consequência de

90 Anuário DBO 2016

um processo que se iniciou em 2013, quando preços estimulantes elevaram a produção e trouxeram investimentos em animais e pastagens. O ano de 2014 se iniciou ainda com a produção embalada. Mas, com o consumo em declínio, em junho o mercado se saturou, advindo nove meses de quedas sucessivas

Para 2016, expectativa é de oferta mais ajustada e até possibilidade de alta de preços. de preços ao produtor até fevereiro de 2015. “O setor estava fragilizado, dentro e fora da porteira, mas se iniciou a partir daí uma pequena retomada de preços na entressafra, que se prolongou algum tempo além do habitual, até agosto, pico

de valores do ano”, explica o pesquisador do mercado de leite do Cepea, Wagner Yanaguizawa, em Piracicaba,SP. Ele conta que em 2015 os adicionais de preços na entressafra foram menores, pois a indústria não conseguia repassar a alta de preços ao consumidor. Em compensação, diz que houve a opção por estender esses adicionais além da entressafra. “Foi para não perder fornecedores para outras indústrias ou para impedir que saíssem da atividade, como chegou a acontecer”, afirma Yanaguizawa. A partir de setembro, aponta que com a safra os preços começaram a se reduzir, mas não de maneira intensa. Isoladamente, o Estado que apresentou a média anual mais elevada na pesquisa do Cepea foi São Paulo, com R$ 1,0245/litro em termos reais, e tam-

Preços médios líquidos pagos pelo leite ao produtor... Brasil (ponderado)

GO

MG

Mês/ano

2015

2014

2015

2014

2015

2014

Janeiro

0,9233

1,0752

0,8793

1,0493

0,9307

1,0827

Fevereiro

0,9053

1,0615

0,8526

1,0509

0,9299

1,0860

Março

0,9118

1,0856

0,9233

1,0981

0,9245

1,1281

Abril

0,9465

1,1443

0,9840

1,1836

0,9532

1,1902

Maio

0,9806

1,1628

1,0312

1,1900

0,9878

1,1889

Junho

0,9942

1,1497

1,0430

1,1434

0,9930

1,1601

Julho

1,0112

1,1494

1,0808

1,1570

1,0103

1,1656

Agosto

1,0300

1,1456

1,1089

1,1700

1,0467

1,1699

Setembro

1,0121

1,1299

1,0731

1,1778

1,0324

1,1583

Outubro

0,9923

1,1014

1,0292

1,1328

1,0113

1,1332

Novembro

0,9768

1,0489

0,9807

1,0418

1,0143

1,0718

Dezembro

0,9673

0,9925

0,9610

0,9716

0,9972

1,0064

Média anual

0,9709

1,1039

0,9956

1,1139

0,9859

1,1285

OBS: O IPCA acumulado de 2015 foi o de 10,67%. Valor de um mês refere-se ao leite entregue no mês anterior.


bém foi o que sentiu o menor recuo sobre 2014, ou 9%. Por sua vez, o Rio Grande do Sul revelou a média mais modesta, R$ 0,8991/litro, enquanto as quedas mais acentuadas na comparação com o ano anterior ocorreram no Paraná e na Bahia, ambas perto de 14%. Perspectivas – Utilizando o Índice de Custo de Produção (ICP), da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG, é possível ter uma avaliação mais próxima do comportamento dos insumos no decorrer de 2015. Baseado em fazendas mineiras, ele mostrou uma variação de 15%, duas vezes superior à de 2014. Todos os itens apresentaram variação positiva, com exceção dos relacionados à qualidade do leite (-9%), composto basicamente por itens de higiene e material de limpeza. “Os fornecedores são inúmeros e a briga por mercado se dá através de preço”, justifica Manuela Lana, que atua na elaboração do ICP. A maior variação aconteceu no grupo da energia e combustível (44%), resultado do fim do subsídio à eletricida-

Quanto os custos de produção variaram em 2014 e 2015 (ICP Leite, em %)*

*Índice de Custo de Produção (ICP) do Leite da Embrapa, variação anual em valores nominais referentes ao Estado de Minas Gerais, considerando uma cesta média de produtos de fazendas com adoção de tecnologia. Obs: O índice foi ampliado, passando agora a incorporar os custos da cria, recria e compra de alimentos. Assim, existe um novo peso na ponderação dos vários itens já considerados nos anos 2015 e 2014. Fonte: Embrapa Gado de Leite,adaptação DBO.

de, aumento de tarifa e ao reajuste do combustível. Já o grupo produção de volumosos igualmente mostrou elevação expressiva (22%), também relacionada aos preços dos combustíveis e à concor-

rência da cana-de-açúcar. Em função da alta do dólar e exportações, os concentrados que puxaram a elevação do item foram o milho e o farelo de soja (13%). A variação cambial também teve gran-

...deflacionados pelo IPCA de dezembro de 2015 (em reais por litro) RS

SP

PR

BA

SC

Mês/ano

2015

2014

2015

2014

2015

2014

2015

2014

2015

2014

Janeiro

0,9028

1,0397

0,9908

1,1012

0,9094

1,0964

1,0105

1,1416

0,8801

1,0647

Fevereiro

0,8733

1,0142

0,9566

1,0705

0,8900

1,0580

0,9858

1,1430

0,8561

1,0324

Março

0,8654

1,0213

0,9567

1,0900

0,8704

1,0480

0,9726

1,1329

0,8747

1,0354

Abril

0,8779

1,0662

0,9990

1,1413

0,9035

1,0937

0,9944

1,1021

0,9138

1,1127

Maio

0,9067

1,0864

1,0240

1,1756

0,9247

1,1586

0,9827

1,1480

0,9707

1,1146

Junho

0,9159

1,0904

1,0517

1,1799

0,9574

1,1788

0,9869

1,1573

0,9807

1,1168

Julho

0,9193

1,0691

1,0690

1,1831

0,9807

1,1764

1,0005

1,1670

1,0029

1,1165

Agosto

0,9203

1,0497

1,0834

1,1781

1,0017

1,1653

0,9760

1,1789

1,0231

1,1163

Setembro

0,9060

1,0388

1,0705

1,1575

0,9894

1,1327

0,9666

1,1774

1,0137

1,0873

Outubro

0,9110

1,0152

1,0540

1,1449

0,9684

1,1078

0,9689

1,1667

0,9683

1,0193

Novembro

0,8952

0,9805

1,0282

1,1086

0,9435

1,0466

0,9665

1,1419

0,9453

0,9825

Dezembro

0,8955

0,9581

1,0107

1,0458

0,9431

0,9766

0,9432

1,1236

0,9483

0,9227

Média anual

0,8991

1,0358

1,0245

1,1314

0,9402

1,1032

0,9796

1,1484

0,9481

1,0601

Preço líquido recebido pelo produtor, já descontados frete e Funrural. Fonte: Cepea-Esalq/Usp, adaptação DBO.

Anuário DBO 2016

91


Leite Preços de impacto no sal mineral (18%), mas, como lembra Manuela, ele pesa relativamente pouco nos custos. Segundo Yanaguizawa, o que deve determinar o desenrolar deste ano é o comportamento da economia e a melhoria de renda e demanda, o que guarda elementos imprevisíveis. Ele diz que, nos contatos que a equipe do Cepea mantém com o mercado, a expectativa para os primeiros meses do ano é de estabilidade de preços e de algum possível aumento. Rafael Ribeiro, analista da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, avalia que uma provável oferta menor de leite poderá reduzir pressões de baixa nos preços ao produtor durante o ano, mas que aumentos mais significativos estarão atrelados ao consumo, que vem patinando. “Será um ano de cautela, muita atenção e planejamento quanto aos custos de produção”, afirma. Os concentrados começaram 2016 em alta e assim devem se manter no de-

92 Anuário DBO 2016

Quantos litros de leite foram necessários para comprar insumos* Insumos Concentrado 22% PB (t) Ureia (t) Antibiótico (50

ml)1

Antimastítico (10 ml) Sal mineral (30

kg)2

Herbicida 2,4D (litro)

2015

2014

Variação

761,80

666,62

14,28%

1.548,10

1.481,59

4,49%

13,70

12,34

11,02%

7,20

8,34

-13,67%

84,90

75,06

13,11%

49

49,51

-1,03%

*Preços de insumos referentes ao Estado de São Paulo divididos pelo valor líquido do leite recebido pelo produtor paulista. Preços nominais, considerando dados acumulados até dezembro (1) Oxitetraciclina. (2) Com 30g de fósforo. Fonte:Cepea/Esalq- CNA, adaptação: DBO.

correr do ano, como espera o analista, em função da taxa cambial e exportações, “mas o pecuarista deve acompanhar o mercado e aproveitar para comprar nas boas oportunidades como na entrada da segunda safra de milho”, enfatiza. De maneira similar, devem se comportar os preços dos fertilizantes e o sal mineral,

por terem componentes atrelados ao dólar. As informações disponíveis sobre o clima nas primeiras semanas de janeiro, como lembra Ribeiro, falam de um El Ninho mais fraco no primeiro semestre ao se pensar na pecuária, podendo se estabilizar no restante do ano. No ano passado, o clima não ajudou muito. n


Lallemand, sinônimo de Silagem de Qualidade Inoculantes específicos e lona Silostop, uma combinação lucrativa

O uso de produtos específicos é fundamental para uma silagem de qualidade. Por isso, a Lallemand Animal Nutrition desenvolveu inoculantes específicos para cada forrageira, considerando sua composição.

Você sabia que usar a lona certa é importante para evitar as perdas de silagem? A Lallemand, como uma especialista em silagem, sabe disso! Por isso, além de produzir e vender inoculantes, agora a empresa também distribui Silostop, líder global em tecnologia para barreira de oxigênio. A lona Silostop veda o silo impedindo que o oxigênio penetre na silagem, prevenindo perdas significativas. Para mais informações, procure seu representante Lallemand!

www.lallemandanimalnutrition.com


Leite Luiz H. Pitombo

Mercado externo

Uruguai avança no leite em pó

N

Com preço bom e quantidade, país eleva volume de vendas em quase 160%.

um contexto de excesso de oferta, originada nos principais exportadores de lácteos _ Oceania, Europa e Estados Unidos _, e demanda fraca, com a China reduzindo compras, os preços da commodity em 2015 despencaram no mercado internacional. O leite em pó integral, que havia superado em 2013 os US$ 5.000/tonelada nos leilões da GDT (Global Dairy Trade) _ a principal bolsa de comercialização da commodity, sediada na Nova Zelândia _, no ano passado viu seu preço recuar a US$ 1.500 por tonelada. Diante da situação, os exportadores trataram de reduzir a oferta. Segundo a Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, essa estratégia pode trazer estabilidade ao mercado em 2016 ou pequena recuperação nas cotações, que tende a se acentuar à medida que a China voltar às compras. Mas, com a instabilidade econômica no país asiático, isso pode demorar mais, com perspectiva de melhora expressiva só em 2017. Quanto ao faturamento com exportações por parte dos laticínios brasileiros, recuou por causa dos preços internacionais em queda _ nem mesmo o dólar valorizado compensou o recuo internacional de preços. Internamente, a preocupação são as vendas do Uruguai ao Brasil, pelo alto volume internalizado. O país do Mercosul deparou-se com excesso de oferta quando levou

um calote da Venezuela. Com mais leite em pó disponível e bons preços, aumentou em 158% as vendas em volume para o Brasil, a 49.800 toneladas, e quase 70% em valor, atingindo US$ 141 milhões. Tornou-se, assim, o principal fornecedor brasileiro. Na média, o produto uruguaio foi cotado a US$ 2.834/tonelada, ou 34% menos ante 2014. Já as importações totais de lácteos do Brasil somaram US$ 419 milhões em 2015, queda de 6,4% ante o ano anterior. As exportações renderam US$ 319 milhões, 7,6% a menos ante 2014. Com isso, o saldo negativo da balança comercial de lácteos ficou em US$ 100 milhões, 2,5% menos ante 2014 e atingindo o menor nível desde 2010. As maiores aquisições do Brasil foram de leite em pó e queijos, segmentos responsáveis por 84% do total comprado de fora. Os principais fornecedores foram Uruguai, como mencionado acima, e Argentina, que, embora tenha histórico de vendas elevadas ao Brasil, no ano passado recuou 23% os negócios, para US$ 176 milhões, mas crescendo 4% em volume com o leite em pó pesando favoravelmente. As exportações brasileiras, que atendem a mais de 40 países, apesar de também recuarem 10% em volume, obtiveram elevação pontual. As de maior volume foram as de leite em pó, principal produto da pauta, com 12% mais, arreca-

dando US$ 236 milhões e crescimento de 6% em volume, com 42.000 toneladas Já o segmento de lácteos variados teve elevação de 6%, a US$ 13 milhões e volume de 3.000 toneladas (36% mais). Quase todo o leite em pó brasileiro foi adquirido pela Venezuela, que pagou muito bem, com média anual de US$ 5.685/t. Preparação e janelas _ O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, avalia que, mesmo com a valorização do dólar em 2015, os preços baixos do leite em pó no mercado externo não despertaram grande interesse da indústria em exportar. Ele cita de maneira favorável o trabalho da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, na abertura e ampliação de mercados, indicando a China, Índia e em particular a Rússia, que agora conta com 15 plantas brasileiras habilitadas a exportar para lá. “Nesta situação também pesa o embargo russo aos EUA e à União Europeia”, diz. Sobre o mercado russo, o segundo maior do mundo, já ocorreram alguns embarques de manteiga e queijo em 2015, como informa Carlos Humberto de Carvalho, vice-presidente do Conselho Nacional das Indústrias de Laticínios (Conil). A venda do segundo produto ocorreu de manei-

O que se importa e o que se exporta Importação 2015 Itens Leite em pó Queijos Demais lácteos Soro de leite Manteiga e gorduras lácteas Iougurte e leitelho Leite UHT e creme UHT 1 Leite condensado e creme Total de lácteos

Exportação 2014

2015

2014

US$ kg US$ kg US$ kg US$ 258.787.873 93.150.857 237.648.199 53.708.277 236.763.636 41.729.386 211.555.636 95.679.636 21.549.496 115.876.854 20.658.109 10.795.765 2.521.540 13.369.383 29.156.628 5.191.031 40.205.788 5.743.793 13.745.086 3.246.817 12.998.226 26.914.522 14.638.630 46.685.947 24.036.875 44.698 37.631 122.140 7.549.014 1.708.269 4.531.970 776.542 2.473.566 925.971 22.579.132 713.812 310.256 672.500 175.000 1.064.506 569.587 2.577.034 451.963 614.613 2.441.850 3.467.979 54.296 39.155 47.660 13.500 2.126 29.936 5.565 54.244.655 27.743.257 82.157.485 419.266.948 137.165.278 448.093.044 108.572.140 319.186.208 76.813.344 345.406.696

(1) Inclui outros possíveis leites fluídos e cremes. Fonte: Mapa/Agrostat, 2016, adaptação DBO.

94 Anuário DBO 2016

kg 39.173.873 2.591.285 2.378.875 83.471 5.793.307 819.510 33.950 35.162.920 86.037.191



Leite em números Luiz H. Pitombo

Produção

Sul ultrapassa Sudeste Após produzir volume recorde de 2013, País recuou em 2014. Total de 2015 suscita dúvidas.

R

elativamente não é muito quando se comparam 31 milhões de litros frente ao total produzido pelo Brasil, de 35 bilhões de litros de leite em 2014. Mas foi por esta diferença que a Região Sul superou a Sudeste. A avaliação é de que esta nova situação, fruto do empenho da própria região, deva persistir. Mas, como alguns mineiros se apressam em comentar no Sudeste, individualmente o Estado mantém a dianteira, e com boa vantagem. Minas Gerais produziu 9,3 bilhões de litros de leite em 2014, o equivalente a 26% do País, ante 4,6 bilhões do segundo colocado, o Rio Grande do Sul, de acordo com os dados oficiais mais recentes da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM/IBGE), referentes a 2014. Tomando-se por referência o pico de 2013, quando bons preços estimularam um aumento de 6% no volume de leite produzido no País – fato que não se via há uma década –, a taxa de evolução nacional demonstrada pela PPM recuou 2,7% em 2014. Para 2015, as estimativas iniciais das fontes consultadas sugerem índices oscilando entre 1,5% de queda na produção ante o ano anterior até aumento de 2%. Em relação a 2016, predominam expectativas de pequeno crescimento ou manutenção dos volumes ante o ano passado. Chama a atenção, em 2014, o recuo de quase 1% do Centro-Oeste na produção leiteira, que atingiu a 4,9 bilhões de litros. Goiás, o principal no segmento na região, com 3,6 bilhões de litros, teve retração de 2,5%. O resultado justifica-se pela falta de chuvas e as altas temperaturas naquele ano. O maior incremento na pesquisa mais recente do IBGE ocorreu no Nordeste (8%), onde, à exceção do Piauí, todos os demais Estados apresentaram volumes crescentes, com destaque para Alagoas (21%) e Pernambuco (17%), onde a seca deu certa folga. Revisões e tendências – O assessor da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Carlos Magno Rocha Júnior, calcula preliminarmente que a produção

84 Anuário DBO 2016

Produção brasileira de leite de vaca por região e Estado (em mil litros) Regiões/Estados

2014

2013

Variação %

Brasil

35.174.271

34.255.236

2,68

Sul

12.200.824

11.774.330

3,62

Rio Grande do Sul

4.684.960

4.508.518

3,91

Paraná

4.532.614

4.347.493

4,26

Santa Catarina

2.983.250

2.918.320

2,22

12.169.774

12.019.946

1,25

Minas Gerais

9.367.470

9.309.165

0,63

São Paulo

1.776.563

1.675.914

6,01

Rio de Janeiro

540.056

569.088

-5,10

Espírito Santo

485.685

465.780

4,27

Centro-Oeste

4.969.238

5.016.291

-0,94

Goiás

3.684.341

3.776.803

-2,45

Mato Grosso

721.392

681.694

5,82

Mato Grosso do Sul

528.783

523.347

1,04

Distrito Federal

34.767

34.448

0,93

Nordeste

3.888.285

3.598.249

8,06

Bahia

1.212.091

1.162.598

4,26

Pernambuco

656.673

561.829

16,88

Ceará

494.024

455.452

8,47

Maranhão

393.030

385.880

1,85

Sergipe

345.020

331.406

4,11

Alagoas

304.674

252.135

20,84

Rio Grande do Norte

232.338

209.150

11,09

Paraíba

170.479

157.258

8,41

Sudeste

Piauí

79.957

82.542

-3,13

Norte

1.946.150

1.846.419

5,40

Rondônia

940.621

920.496

2,19

Pará

554.195

539.490

2,73

Tocantins

325.145

269.255

20,76

Acre

51.921

47.125

10,18

Amazonas

51.337

48.969

4,84

Amapá

11.670

10.948

6,59

Roraima

11.260

10.137

11,08

Fonte: IBGE, Pesquisa Pecuária Municipal de 2014, adaptação: DBO


Leite Mercado externo ra ocasional mas se revelou bom negócio. “O inverno no Brasil não foi grande coisa e uma indústria fechou essa venda para escoar dois contêineres de gorgonzola que sobraram; o produto foi aprovado e nova remessa solicitada, mas não havia estoque”, conta. Carvalho diz que a indústria nacional começa a olhar mais para o exterior e a se preparar. Ele cita grandes empresas instaladas no País que possuem capital, condições para estocar e olhar mais a fundo este mercado: Nestlé, Lactalis e Vigor (JBS). Esta última, diz que já tem feito “tabelinhas” de carne e leite em pó para a Venezuela e que poderia repetir isso com outros países. Para este ano, salienta que, caso o mercado interno tenha limitações, o setor precisa estar atento para oportunidades que possam surgir. O assessor da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Carlos Magno Rocha Júnior, comenta que, para 2016, o dólar elevado pode estimular as exporta-

Saldo da balança comercial de lácteos (em US$ 1.000)

Fonte: Mapa/Agrostat 2016, adaptação DBO.

ções, mas igualmente condiciona a melhora do mercado internacional ao retorno da China. As importações de leite em pó do Uruguai não estão sujeitas a um acordo de cotas como o que existe com a

Argentina. Assim, Natália Grigol, do Cepea/Esalq-USP, acredita que a tendência é de continuarem em 2016, a não ser que ocorram quedas na disponibilidade daquele país. n

Fazenda Barra do Bom Jesus: Estrada Via Municipal, KM 7 – Zona Rural – Rifaina/SP Escritório: Rua Edson Souto, 620 – Lagoinha – 14.095-250 – Ribeirão Preto/SP – Tel.: +55 (16) 3456.5400

Rafael Telles: (16) 99747.0574 – E-mail: rafael.telles@senepoldabarra.com.br

96 Anuário DBO 2016




Leilões Carolina Rodrigues – carolina@revistadbo.com.br

Balanço

Um ano de gratas surpresas

E

Apesar da crise econômica, vendas em leilões atingem R$ 1,3 bilhão.

m 2015, os leilões de raças bovinas de carne e leite, ovinos, caprinos e equinos, venderam 136.231 lotes de machos, fêmeas, prenhezes, além de algumas aspirações de folículos. O movimento financeiro ultrapassou R$ 1,3 bilhão, com vendas em 24 Estados da federação. O quadro não difere muito do ocorrido em 2014, quando o faturamento chegou a R$ 1,1 bilhão, mas nunca se comemorou tanto. O agronegócio avançou muito, se comparado ao desempenho sofrível dos demais setores da economia. E a pecuária bovina de corte, favorecida pelas exportações, por sua vez encorpadas pela desvalorização do real em relação ao dólar, conseguiu manter os investimentos. O mercado de leilões encerrou o ano com alta de 17% sobre a receita de 2014. A oferta de animais registrou ligeira queda (5%), fruto da retenção das matrizes nos plantéis, mas o volume de leilões avançou 3% País afora. A produção brasileira de carne deve continuar seguindo um rápido crescimento na próxima década, mesmo com suspeitas de que o mercado interno recuará em 2016. E quem produz carne precisa de canais como os leilões para adquirir genética de ponta, de forma a agregar qualidade e valor ao produto final. Dos mercados acompanhados por DBO durante o ano, o de bovinos para produção de carne foi, sem dúvida, o mais concorrido. O de equinos apresentou a maior fatura da última década, enquanto o de ovinos permaneceu contido por mais um ano. O único a retroceder, sensivelmente, foi o setor leiteiro. Nas páginas seguintes, você confere a análise desses mercados e a importância de cada raça dentro desse contexto. São informações exclusivas do Banco de Dados DBO, que tem, na base estatística, informações sobre 2,1 milhões de animais melhoradores comercializados em quase 30.000 remates ao longo de 34 anos. n

Raças bovinas de corte

750 leilões

Categorias Machos Fêmeas Prenhezes* Aspirações* Subtotal

394 leilões

Categorias Machos Fêmeas Prenhezes* Aspirações* Subtotal

531 leilões

Categorias Machos Fêmeas Prenhezes* Coberturas Subtotal

Lotes 39.022 29.577 3.948 20 72.567

Renda (R$) 371.285.430 309.653.800 41.494.620 742.300 723.176.150

Média 9.515 10.469 10.510 37.115 9.966

Raças bovinas de leite Lotes 909 29.036 391 20 30.356

Renda 5.713.930 147.141.950 2.513.990 279.500 155.649.370

Média 6.286 5.068 6.430 13.975 5.127

Renda (R$) 100.421.500 310.049.300 29.655.960 30.357.890 470.484.650

Média 21.362 28.033 27.898 9.264 23.406

Raças equinas Lotes 4.701 11.060 1.063 3.277 20.101

Raças ovinas e caprinas

107 leilões

Categorias Machos Fêmeas Prenhezes* Subtotal Total

Lotes 3.398 9.772 37 13.207 103.588

Renda (R$) 5.298.200 10.302.780 280.400 15.881.380 881.347.620

Média 1.559 1.054 7.578 1.202 8.508

Fonte: Banco de dados DBO. *Garantia de um animal nascido.

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 1,365 bilhão • 1º semestre: 728 leilões, 54.787 lotes, renda de R$ 550,5 milhões • 2º semestre: 1.019 leilões, 81.444 lotes, renda de R$ 814,6 milhões

Leilões promovidos por região 2015 Norte 63 Nordeste 156 Centro-Oeste 202 Sudeste 396 Sul 334 Virtuais 596 Total 1.747

2014 63 141 234 394 339 531 1.702

2013 70 154 265 488 380 531 1.888

2012 76 152 275 544 381 449 1.876

Anuário DBO 2016

99


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Mercado de carne

Briga por um naco maior dos tatersais

N

Zebu continua líder, mas compostos e sintéticos ultrapassam taurinos, com 135 leilões.

o dicionário Aurélio, a primeira definição para base é “tudo que serve de fundamento, apoio ou sustentáculo”. Formada pelas raças zebuínas, a base da pecuária nacional que passa pelas pistas dos leilões é cada vez maior. Em 2015, o grupo das raças Nelore, Tabapuã, Brahman e Guzerá fizeram trocar de mãos exatos 53.425 lotes, comercializados em 535 leilões, pela fatura de R$ 569,6 milhões. A imensidão dos números dá ideia do peso que têm as zebuínas no cômputo geral do ano. Elas responderam por 71,2% dos 750 leilões organizados pelo País, foram donas de 73,6% da oferta nacional e outros 78,7% do faturamento. No ano passado, sofreram um leve recuo de 1,6% na venda de animais em 535 leilões, que foi compensado por investimentos mais robustos nas pistas. A valorização chegou a 18%, com alta de 20% na média de preços. Já as raças compostas e sintéticas surpreenderam, abocanhando o segundo maior naco do comércio em leilões, deixando para trás o vigoroso bloco das taurinas. Elas venderam 10.870 lotes, em 135 leilões por R$ 96,9 milhões, à média de R$ 8.921, registrando o maior crescimento do ano: 40% em fatura e outros 20% em oferta. A posição foi galgada pela expansão de raças como a Brangus e Senepol, que fincaram o pé na oferta de fêmeas e provaram que podem aumentar a base de seleção País afora. No ano passado, mesmo com o aporte da Angus e uma raça a mais na conta, os criadores de taurinas viram seu mercado murchar, ao vender 2.000 animais a menos, em 145 leilões. O recuo foi de 21% em relação a 2014, enquanto o faturamento seguiu na casa dos R$ 50 milhões, com ligeira alta de 6%. A média das taurinas fechou em R$ 6.838 ante os R$ 5.105 registrados em 2014, favorecida pelo desempenho do Charolês, Limousin e ­Wagyu, que alcançaram média superior a R$ 10.000 em seus remates. Somadas, as três categorias de raças destinadas à produção de carne arrecadam R$ 723,1 milhões, valor 19,7% superior aos R$ 603,7 milhões registrados em 2014. n

100 Anuário DBO 2016

LEILÕES DE RAÇAS ZEBUÍNAS 2015 2014 Regiões Lotes Média Lotes Média C-OESTE 12.645 10.816 14.354 8.773 SUDESTE 10.470 20.329 9.854 19.207 NORTE 4.972 8.054 3.980 7.202 NORDESTE 2.679 9.803 2.591 8.838 SUL 802 15.032 1.134 5.772 VIRTUAIS 21.857 6.481 22.407 4.882 BRASIL 53.425 10.662 54.320 8.886

2013 Lotes Média 13.385 8.864 10.162 19.134 3.838 5.850 1.686 10.508 1.118 5.545 24.236 4.666 54.425 8.682

2012 Lotes Média 14.701 8.123 12.309 16.257 3.481 6.215 1.799 11.400 1.642 7.791 25.747 4.421 59.679 8.182

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

LEILÕES DE RAÇAS TAURINAS Regiões SUL SUDESTE C-OESTE NORDESTE NORTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 6.822 6.633 473 12.735 135 8.267 842 4.956 8.272 6.838

2014 Lotes Média 9.114 4.949 239 10.463 75 7.567 57 6.544 927 4.966 10.412 5.105

2013 Lotes Média 8.450 4.374 168 17.105 122 5.852 16 1.800 48 2.575 608 5.118 9.412 4.655

2012 Lotes Média 8.832 4.095 236 24.054 81 5.741 15 1.200 21 2.248 520 6.146 9.705 4.695

LEILÕES DE RAÇAS COMPOSTAS E ADAPTADAS 2015 Regiões Lotes Média SUL 6.518 6.187 SUDESTE 635 30.967 C-OESTE 457 16.444 NORDESTE 31 39.000 VIRTUAIS 3.229 8.753 BRASIL 10.870 8.921

2014 Lotes Média 5.186 5.171 821 13.234 399 16.460 51 1.583 2.450 9.637 8.907 7.628

Raio x das vendas

Fatura total das raças de corte: R$ 723,1 milhões • 1º semestre: 224 leilões, 18.617 lotes, renda de R$ 218,7 milhões • 2º semestre: 526 leilões, 53.950 lotes, renda de R$ 504,4 milhões

2013 Lotes Média 6.410 4.002 305 13.577 392 6.557 34 1.230 1.592 9.863 8.733 5.509

2012 Lotes Média 5.151 3.875 294 9.074 367 5.186 910 10.269 6.722 5.040

Leilões promovidos por região 2015 Norte 52 Nordeste 34 Centro-Oeste 148 Sudeste 148 Sul 160 Virtuais 208 Total 750

2014 50 45 163 139 153 218 768

2013 55 39 179 152 163 252 840

2012 57 42 205 175 182 241 901



Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Nelore

Domínio com ar de excelência

O

Renda de R$ 541 milhões foi obtida com 49.056 lotes, em mais um ano de alta para touros.

s neloristas fecharam 2015 com um total de 474 leilões promovidos. Foram negociados 49.056 lotes pela fatura de R$ 541,6 milhões, à média geral de R$ 11.042 por exemplar. A quantidade comercializada corresponde a 67,6% de toda a genética para a produção de carne apresentada em 751 remates de raças destinadas a tal propósito criadas no País. Deixa, assim, distante raças como a Angus e Braford, responsáveis pelo segundo e terceiro lugares do mercado, com a venda de 4.000 lotes cada, o equivalente a 8% do resultado obtido pela Nelore. A zebuína galgou posição invejável no mercado ao longo dos anos por apostar em uma amostra clara do que seus selecionadores faziam dentro de casa. Foi a raça que mais promoveu mudanças na seleção, utilizando os leilões como vitrine para sinalizar os caminhos percorridos da porteira para dentro. Nos remates de elite sempre se apresentou a genealogia do animal à venda, gabaritada pelas inúmeras famílias da raça e o investimento na multiplicação delas. Nos remates de produção virou norma apresentar o desempenho dos animais nos diferentes programas de seleção; seja nos remates que qualificam animais com base nos sumários de Ceip (Certificado Especial de Identificação e Produção), seja nos eventos que vendem produção garantida também pelo registro de nascimento. No ano passado, perdeu-se a conta do número de compradores de touros que fizeram questão de se informar previamente sobre os marcadores moleculares, já considerados indispensáveis na gestão futura de seus rebanhos. Por exemplo, a cobertura de vacas de habilidade materna com touros detentores de genes para maciez já permite obter bezerros precoces e carne suculenta. O Nelore profissionalizou-se na seleção e no modo de fazer leilões, como nenhuma outra raça. Os resultados vieram a galope. Touros na ponta – O comércio de touros, que atingiu 28.383 lotes, praticamente repetiu o desempenho de 2014. O número de animais foi recorde por mais um ano, cum-

102

Anuário DBO 2016

média de R$ 10.345, valor parelho ao obtido em agosto, período de alta temporada do comércio de reprodutores. Vale lembrar que o mês sucedeu também o recorde de preço da arroba de boi gordo, que alcançou R$ 150,86 no dia 20 de abril. O primeiro semestre contabilizou 5.319 touros vendidos pela média de R$ 9.477, renda de R$ 50,4 milhões. Em julho e agosto, períodos que se caracterizam pela venda de touros mais jovens, entre 20 e 24 meses, as ofertas ficaram em 5.139 e 7.570 lotes, com médias de R$ 9.494 e R$ 10.736, respectivamente. O segundo semestre terminou com um total de 23.064 reprodutores, pela média de R$ 9.554, diferença de apenas R$ 77,00 em relação ao primeiro.

prindo a projeção inicial de alta nos preços, em razão da trajetória consistente dos preços da arroba e do bezerro. A renda bateu em R$ 270,7 milhões, apurando a média geral de R$ 9.539. Na comparação com 2014, a alta foi de 32,3%. O ano começou com boas perspectivas. O resultado dos primeiros leilões no Mato Grosso do Sul, e algumas exposições regionais do Estado, já indicavam a disposição do mercado em investir. Março abriu o ano com a oferta de 619 touros, pela média de R$ 8.128, movimento que se manteve ao longo do primeiro semestre, com preços cerca de 10% maiores à medida que os meses passavam. Embora o mercado de touros concentre-se no segundo período do ano por causa do início da monta em diversas regiões produtoras do País, os preços permaneceram no alto em todos os meses do ano. O pico de alta ocorreu em maio, com

Cenário favorável – A procura e valorização dos touros tem base na busca por qualidade na cria. É ela o grande motor para

Lotes vendidos em leilões 2015

2014

2013

2012

Regiões

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

C-OESTE

12.335

10.909

14.066

8.805

12.862

9.012

13.942

8.253

SUDESTE

10.032

20.759

8.801

20.410

8.851

20.922

9.478

18.645

NORTE

4.413

8.254

3.640

7.496

3.631

5.834

3.313

6.223

NORDESTE

2.559

9.938

2.327

9.095

1.369

11.892

1.609

12.018

SUL

671

16.836

1.026

5.860

992

5.722

1.510

7.807

VIRTUAIS

19.046

6.601

19.724

4.836

20.670

4.756

21.215

4.395

BRASIL

49.056 11.042 49.584

9.143

48.375

9.148

51.067

8.553

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 541,6 milhões • 1º semestre: 159 leilões, 12.564 lotes, renda de R$ 172 milhões • 2º semestre: 315 leilões, 36.492 lotes, renda de R$ 369,6 milhões

Leilões promovidos por região Norte Nordeste C. Oeste Sudeste Sul Virtuais Total

2015 46 29 129 117 11 142 474

2014 44 38 144 109 10 144 489

2013 49 31 160 121 11 171 543

2012 51 38 180 127 15 164 575


alavancar a venda de touros de genética diferenciada. E esses valem cada vez mais. Vendem-se os bezerros e compram-se reprodutores, mesmo que o valor do touro seja calculado em bois gordos na histórica proporção de 3 para 1, ou, no mínimo, 40 arrobas de boi gordo para um reprodutor. Com arroba estável em boa parte do ano, foi fácil encontrar boas médias. Foram raros os remates em que a relação de troca ficou abaixo de 50 arrobas em 2015. A relação mais frequente foi de 60 arrobas na praça de seleção, mas não foram poucos os remates com relação na casa de 100 arrobas por tourinho. O pico de se deu em Minas Gerais, Estado sempre identificado com o comércio de elite. Dona da ExpoGenética, primeira mostra no País a levar melhoramento genético para a pista, a praça mostrou que é universal o interesse dos produtores por touros melhoradores e no 17° Leilão Naviraí & Camparino, ultrapassou o valor de R$ 21.000 por touro, troca de 187,3 arrobas tendo como referência o preço à vista na praça. O remate vendeu quase 200 touros tirados no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Por mais um ano, os dois Estados lideraram a venda de touros no País, com 33% do comércio em leilões. Do Mato Grosso saíram 5.240 touros pelo montante de R$ 52,2 milhões; outros 4.124 lotes foram vendidos no Mato Grosso do Sul, por R$ 42,5 milhões. Os produtores dessas regiões apostam na presença frequente de criadores que precisam de reprodutores em quantidade, e, por isso, consideram remates com oferta acima de 200 touros boas oportunidades de negócios. Dez pregões ofertaram acima deste número, chegando ao topo de 911 touros comercializados pela Nelore Grendene, em Cáceres, região Sul do Mato Grosso, no Alto Pantanal. O leilão alcançou média da 94 arrobas de boi gordo, ultrapassando o valor médio de R$ 11.000 por cabeça. O mesmo modelo foi adotado por criatórios de São Paulo, como a Agro Pecuária CFM e a grife Katayama, que venderam até 600 e 400 exemplares em um único remate. Eles estão na linha de frente dos criadores que apostam no mercado paulista para vender touros no atacado. No balanço das praças que ofertaram touros em 2015, São Paulo ficou com terceiro maior mercado - 3.321 reprodutores por

Reprodutores vendidos em leilões 2015 Regiões Lotes Média C-OESTE 9.961 10.096 DF 71 7.592 GO 526 9.985 MT 5.240 9.968 MS 4.124 10.316 SUDESTE 5.375 11.016 ES 149 6.966 MG 1.904 12.659 RJ 1 26.400 SP 3.321 10.250 SUL 279 9.116 PR 279 9.116 SC NORTE 3.954 8.729 AC 321 9.697 PA 2.058 8.339 RO 579 8.401 TO 996 9.411 NORDESTE 1.685 9.930 AL 240 9.009 BA 1.322 10.207 CE MA 18 8.727 PE 29 8.607 PI RN 9 8.107 SE 67 8.901 VIRTUAIS 7.129 8.023 BRASIL 28.383 9.539

2014 2013 2012 Lotes Média Lotes Média Lotes Média 10.930 7.539 10.110 6.711 10.529 6.205 371 6.364 94 6.257 613 7.695 796 7.124 1.297 6.453 6.020 7.146 4.925 6.597 4.707 5.911 3.926 8.228 4.295 6.776 4.525 6.440 5.551 8.661 4.876 8.433 5.388 7.142 274 6.142 135 6.136 159 5.465 2.088 9.397 2.000 8.928 1.870 8.207 3 122.400 3 300.667 3.186 8.289 2.738 7.865 3.359 6.629 433 4.300 349 4.602 311 5.378 432 4.298 349 4.602 311 5.378 1 5.000 3.452 7.564 2.965 6.064 2.352 6.320 197 8.142 1.843 7.694 1.595 6.039 1.167 6.068 257 7.263 341 6.261 366 6.354 1.155 7.325 1.029 6.038 819 6.664 1.436 7.492 847 6.242 986 6.350 230 7.919 156 7.203 255 7.769 986 7.218 545 5.917 594 5.706 16 3.988 27 8.378 45 4.952 45 5.918 26 6.794 12 8.040 20 10.080 113 9.137 54 7.702 46 6.517 9 5.444 10 5.856 54 7.117 26 5.935 6.827 5.453 7.431 5.051 5.889 4.876 28.629 7.211 26.578 6.448 25.455 6.102

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 270,7 milhões • 1º semestre: 119 leilões, 5.319 lotes, renda de R$ 50,4 milhões • 2º semestre: 246 leilões, 23.064 lotes, renda de R$ 220,3 milhões R$ 34 milhões, média de R$ 10.250. Abaixo disso, e com registros entre 2.058 e 1.322 lotes, aparecem Pará e Bahia. Queda no chão da fábrica – Embora a oferta de touros tenha se mantido estável durante o ano, na conta final, as vendas de

Leilões promovidos por região Norte Nordeste C-Oeste Sudeste Sul Virtuais Total

2015 45 26 113 70 9 102 365

2014 44 33 133 74 8 100 392

2013 48 27 147 88 8 126 444

2012 48 33 161 77 9 117 445

Nelore sofreram recuo de 2%. O que contribui para isso foi o mercado de fêmeas, que apresentou nova redução na oferta, seja pelo avanço da agricultura sobre áreas de pecuária, seja pelo abate desenfreado de matrizes nos últimos anos. A oferta caiu de 19.307 para 18.519 lotes. Anuário DBO 2016

103


Leilões Nelore Ainda que considerados particularidade do topo da pirâmide, os leilões de seleção compreendem um número cada vez maior de fêmeas de produção a pasto, um mercado imenso e destituído de valores precisos, porém, altamente sensível aos entraves da pecuária comercial. Vendidas por médias abaixo de R$ 10.000, essas fêmeas representaram cerca de 85% da oferta ao fechar 15.764 lotes vendidos em 173 lotes, exatos, 63,3% dos 277 leilões de fêmeas no País. Mas, no comparativo com 2014, este foi o nicho que mais sofreu pressão da oferta. Recuou quase 10%. O Sudeste apareceu como praça líder de venda de fêmeas a campo. Em 29 remates, foram negociadas 2.297 lotes, pela média de R$ 5.879. São Paulo e Minas Gerais ofertaram, juntas, 2.194 lotes de produção em 2015. Mas foram os remates virtuais que mais comercializaram este tipo de animal: 10.643 lotes, em 96 leilões, com média na faixa de R$ 5.245. É comum o selecionador colocar o tope da produção em remate presencial e planejar o restante das vendas para a plataforma virtual. Fêmeas medianas _ Movimento contrário se viu nos remates de genética da elite mediana, onde são vendidas fêmeas que serão as avós de tourinhos a campo, e quem têm suas cotações compreendidas na faixa de R$ 10.000 a R$ 50.000. Esses pregões negociaram 2.010 fêmeas, número 50% maior do que o ofertado em 2014. Embora tenham avançado significativamente, este grupo representa pouco do mercado para impulsionar uma alta na oferta. Respondem por apenas 10% das fêmeas vendidas, com cerca de 16% da fatura R$ 21,9 milhões. Menos expressivos ainda são os superleilões, remates que vendem fêmeas acima de R$ 50.000 de média, e que, representaram, em 2015, apenas 4% da oferta. Eles somaram 46 eventos, dos quais saíram apenas 745 lotes, antes os 752 vendidos em 2014. Minas Gerais registrou a média mais elevada do grupo, R$ 216.982, seguido por São Paulo (R$ 128.338) e Rio de Janeiro (média de R$ 114.667). Também registraram cotações nesta faixa os Estados do Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, porém, em remates isolados e vendas na casa dos 30 lotes.

104

Anuário DBO 2016

Fêmeas vendidas em leilões 2015 2014 2013 2012 Regiões Lotes Média Lotes Média Lotes Média Lotes Média C-OESTE 2.306 13.714 2.835 11.939 2.438 15.678 3.021 12.541 DF 141 4.407 52 4.352 GO 472 11.434 350 12.831 193 22.212 946 9.781 MT 512 9.893 1.080 6.784 499 19.366 611 11.292 MS 1.322 16.008 1.264 16.936 1.694 14.195 1.464 14.846 SUDESTE 3.911 30.892 2.684 38.548 3.244 33.610 3.344 31.961 ES 62 15.581 45 3.920 48 5.129 MG 2.087 36.315 1.443 43.626 1.940 34.422 1.745 35.793 RJ 134 40.437 34 163.824 34 139.384 66 80.443 SP 1.628 23.738 1.162 29.918 1.222 30.497 1.533 25.511 SUL 392 22.331 571 5.628 611 5.049 1.152 7.635 PR 392 22.331 565 5.658 611 5.049 1.152 7.635 SC 6 2.800 NORTE 459 4.165 172 5.685 629 3.589 873 4.647 AC 86 8.851 48 9.476 PA 291 2.802 76 4.174 561 3.691 365 6.581 RO 40 3.840 40 3.280 6 4.100 34 3.304 TO 42 4.323 8 9.330 62 2.607 474 3.255 NORDESTE 808 8.549 820 10.485 387 18.645 506 19.298 AL 83 11.847 294 4.078 72 10.147 88 12.691 BA 630 8.266 380 15.650 219 26.404 275 27.686 CE 2 7.500 MA 39 5.857 32 5.944 43 4.271 63 4.423 PE 17 11.294 38 13.017 18 13.947 64 8.897 PI 56 11.814 27 7.396 13 12.351 RN 11 14.727 4 10.600 1 10.560 SE 28 4.779 20 5.280 VIRTUAIS 10.643 6.032 11.955 4.518 13.029 4.397 15.131 4.076 BRASIL 18.519 12.647 19.037 10.722 20.338 10.674 24.027 9.533 Raio x das vendas

Fatura total: R$ 234,1 milhões • 1º semestre: 100 leilões, 6.624 lotes, renda de R$ 105,7 milhões • 2º semestre: 177 leilões, 11. 895 lotes, renda de R$ 128,4 milhões Nesses Estados, os lances máximos ficaram entre R$ 372.000 e R$ 864.000, valor pago por uma matriz no Leilão Nelore É o Amor, evento realizado na capital paulista. O recorde do ano, no entanto, ultrapassou R$ 1,5 milhão por uma fêmea vendida na liquidação do plantel de elite da Aud, de

Leilões promovidos por região Norte Nordeste C-Oeste Sudeste Sul Virtuais Total

2015 15 23 49 90 4 96 277

2014 14 31 56 82 6 94 283

2013 16 27 60 85 8 114 310

2012 20 33 71 95 10 117 346

Roberto e Raphael Pugliesi, de Londrina, PR. Além deste, houveram outros três lances acima de R$ 1 milhão, todos registrados nos remates Rima Weekend e Elo de Raça, além da Liquidação Nelore Porto Seguro, que vendeu o time de doadoras do selecionador Dorival Antônio Bianchi. n


Do início ao fim da cadeia produtiva.

+ Melhoria em genética + Fomento + Parcerias + Confinamentos

Genética a passos gigantes.

Resultados para o Pecuarista!


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Tabapuã

Em direção ao Norte

P

Estratégia da raça é levar tourinhos para exposições agropecuárias

or mais um ano, o Tabapuã ocupou o segundo lugar entre as zebuínas que mais tiveram animais comercializados em leilão no Brasil. Embora distante da visibilidade desfrutada por outras raças do mesmo grupo, os selecionadores da raça têm conseguido fortalecer sua presença no mercado de genética, consolidando-se como opção em praças afastadas dos locais habitualmente dominados pelo zebu. Em 2015, a raça foi comercializada em dez Estados, com um total de 1.643 lotes vendidos pela fatura de R$ 10,8 milhões. As vendas de touros recuaram 31%, ao registrar 780 lotes por R$ 6 milhões, enquanto o comércio de fêmeas seguiu estável, negociando em torno de 856 lotes por R$ 4,6 milhões. Embora se mantenha no segundo posto no ranking das zebuínas, é grande o desafio da Tabapuã em direcionar a produção para o campo, considerando-se a pequena oferta de animais e o número de selecionadores dispostos a investir na raça. A estratégia adotada pelos criadores permanece a mesma: abrir frentes em exposições, levando sempre os leilões na cartola. O que mudou, principalmente nos últimos três anos, foi o público alvo e o tipo de oferta. Com a transposição do mercado de elite para o de produção, os criadores querem espaço maior no filão Norte do País, para onde caminha a oferta de tourinhos para uso em rebanhos comerciais. E vêm conseguindo. As maiores ofertas de 2015 se deram no Pará e no Tocantins, Estados que representaram 31% da oferta anual e 29% do faturamento em leilões. A maior parte dos remates ocorreu em exposições agropecuárias sediadas em municípios polos de produção pecuária, como Marabá e Xinguara, no Pará; além de Araguaína e Gurupi, no Tocantins. n

106 Anuário DBO 2016

Lotes vendidos em leilões Regiões NORTE SUDESTE SUL NORDESTE C-OESTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 509 6.329 134 11.109 107 5.440 55 7.571 54 9.502 784 5.886 1.643 6.596

2014 Lotes Média 304 3.755 160 10.022 62 3.273 53 6.845 103 7.384 1.357 5.114 2.039 5.400

2013 Lotes Média 117 6.064 119 9.627 82 3.750 101 4.085 124 5.815 1.267 3.624 1.810 4.358

2012 Lotes Média 72 5.887 198 8.929 48 4.047 109 4.976 302 5.704 1.166 4.140 1.895 5.002

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Reprodutores vendidos em leilões Regiões NORTE SUL NORDESTE SUDESTE C-OESTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 332 7.479 74 6.362 46 7.630 54 7.124 29 8.324 245 8.549 780 7.725

Regiões NORTE SUDESTE SUL C-OESTE NORDESTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 177 4.172 74 13.393 33 3.371 24 10.121 9 7.267 539 4.676 856 5.455

2014 Lotes Média 156 6.117 29 4.962 47 6.953 36 5.792 22 10.156 855 5.376 1.145 5.636

2013 Lotes Média 109 6.082 59 4.303 66 4.701 11 10.509 60 5.407 484 4.331 789 4.770

2012 Lotes Média 66 6.067 37 4.574 59 6.230 50 5.121 191 5.142 359 4.873 762 5.151

Fêmeas vendidas em leilões 2014 Lotes Média 148 1.266 121 11.254 27 1.874 80 6.534 6 6.000 493 4.615 875 5.067

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 10,8 milhões • 1º semestre: 11 leilões, 631 lotes, renda de R$ 4,5 milhões • 2º semestre: 18 leilões, 1.012 lotes, renda de R$ 6,3 milhões

2013 Lotes Média 8 5.820 107 9.401 23 2.334 64 6.197 35 2.923 772 3.104 1.009 3.965

2012 Lotes Média 6 3.900 145 9.865 11 2.273 108 6.557 50 3.496 807 3.814 1.127 4.827

Leilões promovidos por região Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Virtuais Total

2015 2014 2013 2012 7 5 4 3 1 1 2 2 2 2 3 5 5 5 4 4 4 5 5 3 10 17 16 9 29 35 34 26


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Brahman

Crescimento ancorado nas liquidações

V

Sem elas, vendas mostram desempenho similar ao de 2014.

istos de longe, os números registrados pelo mercado de Brahman parecem satisfatórios. A raça foi mote de 26 leilões realizados ao longo de 2015, de onde saíram 1.602 lotes por quase R$ 9 milhões. Os números representam uma alta de 33% sobre a quantidade de animais vendidos em 2014, e de quase 29% no faturamento. De perto, porém, os indicadores sugerem cautela. Em 2015, a oferta de fêmeas mais que dobrou nos pregões, saindo de 472 para 847 exemplares. O incremento, no entanto, se deu pontualmente por duas liquidações de plantel, que negociaram 412 exemplares (393 fêmeas). Ao serem excluídas da conta, elas indicam que o mercado de Brahman seguiu na mesma toada de 2014: venda regular de 472 fêmeas, à média de R$ 3.943. Nos últimos anos, tem sido árduo o trabalho dos selecionadores de Brahman para aumentar a venda em leilões e recuperar o espaço perdido entre as zebuínas. Nessa empreitada, buscam aumentar a base de criadores e corrigir problemas de fertilidade diagnosticados em alguns plantéis nos últimos anos. O principal desafio é manter o mercado do Sudeste, onde a associação nacional mantém ações de marketing (como a exposição especializada da raça, em Uberaba, MG), e avançar pelo Centro-Oeste, na tentativa de expandir o mercado de touros em uma região dominada pelo Nelore e anelorados ponta de boiada usados como reprodutores. Há dois anos, as vendas dessa categoria estão abaixo de 800 lotes, com pequenas oscilações nos preços. Em 2015, a média de preços dos touros avançou 6%, saindo de R$ 7.131 para R$ 7.617. A maior média – R$ 10.100 para 37 touros no 4º Touros Casa Branca, de Paulo de Castro Marques, em Silvinópolis, MG – foi 32% superior à geral dos touros. O destaque do ano foi novamente o Leilão Brahman OB, que, em sua 16ª versão, vendeu 200 reprodutores pela média de R$ 8.602. A grife OB, de Ovídio Carlos de Brito, tem fazenda em Pontes e Lacerda, sudoeste do Mato Grosso. n

Lotes vendidos em leilões Regiões SUDESTE C-OESTE SUL NORTE NORDESTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 229 6.838 181 6.417 24 7.362 22 7.200 6 6.000 1.140 5.104 1.602 5.566

2014 Lotes Média 350 5.176 150 7.531 35 5.319 8 4.690 59 4.585 600 6.055 1.202 5.881

2013 Lotes Média 888 4.684 169 5.281 44 4.903 6 4.250 1.097 4.512 2.204 4.647

2012 Lotes Média 876 10.098 306 6.199 84 9.633 41 4.939 1.307 4.440 2.614 6.717

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Reprodutores vendidos em leilões Regiões C-OESTE SUDESTE SUL NORTE NORDESTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 140 7.427 130 8.031 23 7.347 22 7.200 6 6.000 434 7.612 755 7.617

2014 Lotes Média 106 8.834 122 7.725 31 5.264 8 4.690 460 6.750 727 7.131

2013 Lotes Média 163 5.343 278 5.039 43 4.871 6 4.250 526 5.511 1.016 5.320

2012 Lotes Média 246 5.620 395 6.451 47 5.270 35 5.151 583 4.984 1.306 5.563

Fêmeas vendidas em leilões Regiões SUDESTE C-OESTE SUL NORTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 99 5.273 41 2.968 1 7.700 706 3.562 847 3.738

2014 Lotes Média 227 3.776 42 4.345 4 5.740 59 4.585 140 3.773 472 3.943

2013 Lotes Média 607 4.471 6 3.600 1 6.300 571 3.591 1.185 4.044

2012 Lotes Média 423 12.261 49 5.894 32 14.864 6 3.700 721 3.910 1.231 7.142

Raio x das vendas

Leilões promovidos por região

Fatura total: R$ 8,9 milhões • 1º semestre: 5 leilões, 454 lotes, renda de R$ 1,8 milhão • 2º semestre: 21 leilões, 1.148 lotes, renda de R$ 7,1 milhões

2015 2014 2013 2012 Norte 1 1 1 3 Nordeste 1 1 Centro-Oeste 5 6 5 8 Sudeste 5 5 11 19 Sul 2 2 4 6 Virtuais 12 11 15 17 Total 26 26 36 53

Anuário DBO 2016

107


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Guzerá

Fêmeas ocasionam perda de posto

A

Mercado menos afoito não impede, entretanto, abertura de novas praças.

pós quatro anos consecutivos no terceiro lugar do ranking de leilões de raças zebuínas, a Guzerá fechou o ano na quarta posição. A raça teve 1.124 lotes negociados em 27 leilões, que movimentaram R$ 8,2 milhões, o menor movimento financeiro entre as raças zebuínas destinadas à produção de carne. A divisão por sexo imputa às fêmeas a responsabilidade maior pelo recuo. Elas somaram 464 lotes (35% menos do que em 2014), vendidos por R$ 3,2 milhões, praticamente a metade do que a categoria faturou em 2014. Naquele ano, 27 remates ofertaram fêmeas, ante 18 no ano passado. Já os machos apresentaram ligeira queda na quantidade vendida, com 124 exemplares a menos. O único registro de alta ocorreu nas prenhezes. Em 2014 foram cinco, ante sete no ano passado. A diferença maior se deu nos preços praticados para as diferentes categorias. Muitos selecionadores de raças zebuínas que entraram no mercado de Guzerá, nos últimos anos, e que se mantiveram nele, aqueceram as disputas por touros. A média para os 777 tourinhos comercializados em 2014 foi de R$ 6.540. Em 2015, com 653 touros em pista, esse valor saltou para R$ 7.506, uma valorização nominal da ordem de 15%. O mesmo não ocorreu no segmento de fêmeas, que fechou o ano com recuo de 17% nos preços. A média dos animais de seleção de campo ficou na faixa dos R$ 4.000 até próximo dos R$ 7.500. Em volume de ofertas, Minas Gerais e os remates virtuais seguiram as duas plataformas com maior fluxo de comércio do ano: Minas, focada nos remates tope de elite (média de R$ 22.560); e os virtuais centrados na seleção a pasto (média de R$ 6.211). A tendência para o ano que se inicia é a promoção de remates em praças mais ao norte, como Mato Grosso do Sul, Pará e Bahia. Em 2015, elas deram indícios de avanço, com incremento de até 115% na oferta de animais. É para o filão de touros que as apostas devem se voltar daqui para frente. A previsão é que o mercado continue ancorado nos reprodutores, devido à oferta ainda pequena, frente à enorme demanda por zebuínos. n

108 Anuário DBO 2016

Lotes vendidos em leilões Regiões SUDESTE C-OESTE NORDESTE NORTE SUL VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 75 20.483 75 7.181 59 6.438 28 8.493 887 6.211 1.124 7.297

2014 Lotes Média 543 11.466 35 5.445 152 7.239 28 7.057 11 10.364 726 4.743 1.495 7.540

2013 Lotes Média 304 13.001 230 4.886 216 4.744 84 6.357 1.202 4.349 2.036 5.826

2012 Lotes Média 1.757 7.273 151 4.869 81 7.757 55 7.095 1.872 4.887 3.916 6.047

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Reprodutores vendidos em leilões Regiões C-OESTE NORDESTE SUDESTE NORTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 58 7.732 41 5.544 12 9.292 12 6.967 530 7.605 653 7.506

Regiões SUDESTE NORDESTE C-OESTE NORTE SUL VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 60 23.485 18 8.473 17 5.300 16 9.638 353 4.182 464 7.073

2014 Lotes Média 35 5.445 93 4.988 246 9.582 13 5.000 390 5.142 777 6.540

2013 Lotes Média 96 4.940 106 3.805 128 6.134 26 7.571 467 5.058 823 5.129

2012 Lotes Média 123 5.111 35 4.870 559 5.643 27 5.852 855 5.158 1.599 5.330

Fêmeas vendidas em leilões 2014 Lotes Média 295 13.028 56 10.372 15 8.840 11 10.364 336 4.281 713 8.568

2013 Lotes Média 174 17.918 107 5.601 133 4.793 58 5.812 732 3.872 1.204 6.251

2012 Lotes Média 1.097 7.983 43 9.588 28 3.806 28 8.293 1.002 4.615 2.198 6.430

Raio x das vendas

Leilões promovidos por região

Fatura total: R$ 8,2 milhões • 1º semestre: 10 leilões, 486 lotes, renda de R$ 3,9 milhões • 2º semestre: 17 leilões, 638 lotes, renda de R$ 4,3 milhões

2015 2014 2013 2012 Norte 2 2 4 3 Nordeste 7 8 8 4 Centro-Oeste 3 1 3 4 Sudeste 4 9 10 17 Sul 1 Virtuais 11 15 25 31 Total 27 36 50 59



Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Angus

Reinado mantido entre as taurinas Em ano de projeções pessimistas, comercialização recorde de R$ 37,3 milhões.

C

omo previu José Roberto Pires Weber, presidente da Associação Nacional de Angus (ABA), no final de 2014, os produtores racionalizaram gastos e diminuíram despesas no ano passado. Nem por isso, deixaram de investir firme na compra de animais, o que fez de 2015 mais um ano de crescimento. Os 88 remates destinados a vender exemplares da raça pelo País, acompanhados por DBO, comercializaram 5.754 lotes, entre machos, fêmeas e prenhezes, ante os 6.909 vendidos em 2014. A oferta menor, porém, não resultou em queda de receita. Muito pelo contrário: os R$ 37,3 milhões arrecadados representaram o melhor resultado da última década, ao superar em 9% a marca de 2014 (R$ 34,5 milhões), quando foram realizados 84 leilões. O que rege a venda de Angus, mesmo em períodos de crise econômica, é sua importância para o mercado da carne. Líder no grupo das raças britânicas, ele detém uma fatia de 8% do mercado composto por 20 raças de corte, que realizaram remates em 2015 e que somaram 72.000 lotes vendidos por R$ 723,1 milhões. É a segunda maior participação em vendas, atrás apenas da Nelore, que abocanhou nada menos do que 67% do mercado. Um cenário que indica solidez na demanda pela genética Angus, seja para a construção de plantéis puros ou para uso no cruzamento industrial com raças zebuínas. Em 2015, os bons preços foram impulsionados pela falta crônica de fêmeas de produção, o que resultou na valorização da cria e dos bezerros já no primeiro quadrimestre do ano, quando se inciaram as feiras de outono no Rio Grande do Sul. Nesse período do ano, os gaúchos costumam vender o produto resultante dos projetos de cria em uma bateria de leilões pelo Estado ou diretamente na fazenda. As cotações variaram de R$ 5,00 a R$ 6,00 o kg vivo, em feiras oficializa-

110 Anuário DBO 2016

Lotes vendidos em leilões 2015

2014

2013

2012

Regiões Lotes Média Lotes Média Lotes Média Lotes Média SUL 4.837 6.159 6.413 4.876 5.568 4.568 6.417 3.953 SUDESTE 363 13.420 196 10.320 120 14.076 106 15.068 C-OESTE 125 8.488 58 8.371 77 5.807 8 5.300 NORTE 16 1.260 NORDESTE 15 1.200 VIRTUAIS 429 3.714 242 6.944 303 5.302 268 7.136 BRASIL 5.754 6.486 6.909 5.132 6.084 4.799 6.814 4.246 Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Reprodutores vendidos em leilões Regiões SUL SUDESTE C-OESTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 2.662 8.237 173 18.436 125 8.488 113 4.512 3.073 8.684

Regiões SUL SUDESTE NORTE NORDESTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 2.145 3.541 188 8.718 316 3.428 2.649 3.895

2014 Lotes Média 2.388 7.584 83 14.730 58 8.371 116 10.446 2.645 7.951

2013 Lotes Média 2.372 6.516 65 14.383 77 5.807 165 6.026 2.679 6.656

2012 Lotes Média 2.416 5.875 48 11.635 8 5.300 161 8.563 2.633 6.143

Fêmeas vendidas em leilões 2014 Lotes Média 4.019 3.258 111 6.646 123 3.538 4.253 3.354

2012 Lotes Média 3.963 2.704 50 17.254 15 1.200 107 4.988 4.135 2.934

Leilões promovidos por região

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 37,3 milhões • 1º semestre: 12 leilões, 1.579 lotes, renda de R$ 6 milhões • 2º semestre: 76 leilões, 4.175 lotes, renda de R$ 31,3 milhões

2013 Lotes Média 3.190 3.065 45 11.400 16 1.260 138 4.438 3.389 3.223

2015 2014 2013 2012 Centro-Oeste

2

1

2

1

Sudeste

4

3

3

2

Sul

79

76

81

90

Nordeste

-

-

1

1

Virtuais

3

4

6

6

Total

88

84

93

100


das pela Secretária de Agricultura do Estado. A percepção, já no primeiro semestre, era de que as feiras de primavera, a partir de setembro, apresentariam demanda maior do que a oferta. Dito e feito. A venda de fêmeas ficou em 2.645 lotes, cerca de 1.600 animais a menos. A valorização acompanhou o déficit de oferta, encerrando o ano com alta de 16% sobre 2014. A maior cotação da categoria no ano foi registrada no remate da Cabanha Catanduva, de Fábio Gomes, durante a Expointer, em Esteio, RS. Com média de R$ 15.795, o criador negociou 20 fêmeas cabeceira de plantel e teve a cotação puxada pelo preço máximo de R$ 60.000 pagos por uma terneira. O cenário de alta também se confirmou para touros. Eles avançaram levemente em 2015, ao atingir 3.073

lotes, ante os 2.645 vendidos no ano anterior. O mercado de reprodutores também se sustentou na demanda gaúcha, que absorveu 2.355 lotes, exatos 76,2% da venda de touros no ano. Domínio absoluto – Os criadores de Angus sempre se diferenciaram dos demais selecionadores de taurinas por se apoiarem nas pistas de exposições e leilões para consolidar o mercado. Eles souberam pavimentar caminhos, valendo-se do mercado gaúcho e sua demanda local, e construíram, a partir do Estado, um canal de exportação de genética para o restante do País. No balanço de 2015, dos seis Estados que sediaram leilões da raça, o Rio Grande do Sul representou 76% da oferta. Passaram pelas pistas gaúchas 4.427 lotes por R$ 25,8 milhões, movimento que corresponde a quase 70%

da receita obtida no ano. As demais praças com comércio da raça foram São Paulo, com a segunda maior oferta (268 lotes), Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Nesses Estados, a média de preços ficou próxima de R$ 10.000, com exceção dos remates paulistas, que atingiram valor médio de quase R$ 18.000 na tourada. A cotação de São Paulo foi puxada por grifes como a FSL Angus, de Itu, que negociou 63 reprodutores pela média de R$ 20.950, incluindo o preço máximo de R$ 240.000 pagos por 50% do touro FSL Gênios. Outro peso-pesado do calendário paulista foi o 17º Angus VPJ, com a oferta de reprodutores tirados de Jaguariúna, a 120 km da capital. O pregão alcançou média geral de R$ 15.693, com preço máximo de R$ 63.000. n

Anuário DBO 2016

111


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Braford

Pistas arrecadam R$ 30 milhões

D

Demanda pela genética composta se confirma também nos preços médios

e vento em popa. Assim pode ser definido o comércio de animais Braford em 2015. Pela primeira vez, desde que acompanha o mercado de leilões, há mais de três décadas, a receita da raça ultrapassou R$ 30 milhões. O mercado mostrou-se aquecido para todas as categorias. No caso dos reprodutores, a oferta aumentou 34%, com presença em 52 dos 56 remates realizados ao longo do ano. A maior delas foi patrocinada pelas estâncias Guatambu, Alvorada e Caty, que negociaram 131 touros no município de Dom Pedrito, RS. As maiores cotações foram registradas pela selecionadora Celina Gladys Albornoz Maciel, dona da Estância Bela Vista, de Santana do Livramento, RS. Em seu 51º remate, ela vendeu 50% dos reprodutores Apogeu da Bela Vista e Machaço por R$ 48.000 cada. Além de destaque em preços, o remate alcançou, pelo segundo ano consecutivo, a maior média para touros da raça: R$ 21.019/cab. no lote de 38 reprodutores. Em 2014, o leilão havia registrado preço médio de R$ 17.021. No geral, a média de preços dos exemplares Braford ficou acima de R$ 10.000, continuando a trajetória de valorização iniciada há cinco anos, na casa de 10% ao ano, desde 2011. Em 2015, o incremento foi de 19% sobre o ano anterior. E não foram apenas os touros que puxaram os preços para cima. O mercado de fêmeas também avança em ritmo acelerado: a média saltou de R$ 3.310 em 2014 para R$ 4.058 no ano passado, e a renda total, de R$ 7 milhões para quase R$ 12 milhões. A maior cotação, de R$ 40.000, foi registrada no 1º Ventres Selecionados Pitangueira, que vendeu 483 fêmeas por R$ 3 milhões, também a maior oferta do ano. Promovido por Pedro Monteiro Lopes, criador gaúcho que tem braço de sua seleção no Mato Grosso, o remate teve lances de criadores do Tocantins, Pará, Mato Grosso e Minas Gerais, denotando grande interesse pela genética Braford em praças em que o avanço do cruzamento industrial é significativo. n

112 Anuário DBO 2016

Lotes vendidos em leilões 2015 Regiões

2014

2013

2012

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

4.508

6.224

3.306

5.367

3.887

4.137

3.063

4.238

C-OESTE

150

12.225

147

7.016

82

8.374

43

8.182

SUDESTE

-

-

-

-

10

5.640

-

-

VIRTUAIS

58

11.838

39

6.399

101

6.853

75

5.882

BRASIL

4.716

6.484

3.492

5.448

4.080

4.293

3.181

4.330

SUL

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Reprodutores vendidos em leilões 2015 Regiões

2014

2013

2012

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

1.568

10.284

1.183

9.183

1.241

7.767

1.175

7.000

C-OESTE

150

12.225

122

6.968

82

8.374

43

8.182

SUDESTE

-

-

-

-

10

5.640

-

-

VIRTUAIS

58

11.838

25

7.910

95

7.153

75

5.882

BRASIL

1.776

10.499

1.330

8.956

1.428

7.746

1.293

6.975

SUL

Fêmeas vendidas em leilões 2015 Regiões

2014

2013

2012

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

2.910

4.058

2.083

3.260

2.618

2.430

1.886

2.515

C-OESTE

-

-

25

7.248

-

-

-

-

VIRTUAIS

-

-

14

3.700

6

2.100

-

-

BRASIL

2.910

4.058

2.122

3.310

2.624

2.429

1.886

2.515

SUL

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 30,6 milhões • 1º semestre: 7 leilões, 981 lotes, renda de R$ 5,5 milhões • 2º semestre: 49 leilões, 3.735 lotes, renda de R$ 25,1 milhões

Leilões promovidos por região 2015

2014

2013

2012

C-Oeste

3

2

1

1

Sudeste

-

-

1

-

Sul

51

48

51

50

Virtuais

2

2

4

3

Total

56

52

57

54


PUBLIQUE


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Senepol

Trajetória ascendente

O

Faturamento e número de remates foram, em média, 50% maiores.

grupo de criadores de Senepol, raça composta voltada para a produção de carne, ainda é pequeno no País. Não passa de 400, com pouco mais de 40.000 animais na base de seleção. Mas é um grupo decidido a investir na expansão da raça, que pode galgar postos para ser opção nos cruzamentos industriais. Nesse sentido, os pecuaristas fizeram um excelente trabalho de melhoria dos plantéis e utilizaram os leilões como ferramenta elementar de marketing em 2015. Levantaram uma agenda de 43 leilões, que ofertaram 3.603 lotes por R$ 49,1 milhões, média de R$ 13.655. Em comparação com 2014, o crescimento foi de, respectivamente, 48%, 36% e 48%. Nenhuma das raças compostas acompanhadas por DBO ao longo do ano registrou tamanha ascensão. O alvo preferencial de vendas foram as fêmeas, cuja oferta (1.173 matrizes) foi 72% superior à de 2014 (680). Elas saíram à média de R$ 28.792, O maior mercado foi o Sudeste, com São Paulo e Minas se destacando. O primeiro negociou 220 lotes pela média de R$ 42.260, e o segundo ofertou 173 lotes pela média de R$ 46.232. Nessas praças estão criatórios que usam programas de melhoramento e conduzem trabalhos de seleção com foco em características funcionais e produtivas. A Fazenda da Grama, de Pirajuí, SP, por exemplo, comanda o projeto Safiras, que identifica fêmeas superiores ainda muito jovens. Já o Senepol Soledade, de Uberlândia, MG, há anos emplaca os primeiros campeões em ganho de peso no Centro de Performance de touros da CRV Lagoa. Também merecem menção as grifes Tufubarina, Genetropic e Senepol 3G, que em 2015 promoveram cinco leilões cada, incluindo promoções conjuntas que venderam animais de elite e produção. Na estratificação dos preços, o grupo de leilões com médias acima de R$ 30.000 foi responsável por 12% do mercado da raça. A maioria, 88%, teve cotações entre R$ 26.750 e R$ 8.163, em promoções assinadas também por plantéis de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Goiás. n

114 Anuário DBO 2016

Lotes vendidos em leilões 2015 Regiões

2014

2013

2012

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

SUDESTE

393

44.008

550

15.890

63

43.730

30

44.017

C-OESTE

187

25.217

137

35.340

118

8.327

52

8.092

NORDESTE

31

39.000

51

1.583

34

1.230

-

-

-

-

73

1.350

-

-

-

-

VIRTUAIS

SUL

2.992

8.683

1.839

10.837

1.021

12.247

507

14.072

BRASIL

3.603

13.655

2.650

12.713

1.236

13.174

589

15.069

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Reprodutores vendidos em leilões 2015 Regiões

Lotes

2014

Média

Lotes

2013

Média

Lotes

2012

Média

Lotes

Média

SUDESTE

95

17.124

42

23.467

-

-

-

-

C-OESTE

24

16.467

1

30.000

66

6.389

18

7.000

NORDESTE

-

-

18

1.980

34

1.230

-

-

VIRTUAIS

625

13.702

630

10.855

354

9.050

157

12.045

BRASIL

744

14.228

691

11.418

454

8.078

175

11.526

Fêmeas vendidas em leilões 2015 Regiões

Lotes

2014

Média

2013

Lotes

Média

Lotes

2012

Média

Lotes

Média

SUDESTE

279

50.407

117

50.413

63

43.730

29

43.948

C-OESTE

162

26.514

136

35.379

52

10.786

34

8.671

NORDESTE

31

39.000

33

1.366

-

-

-

-

-

-

73

1.350

-

-

-

-

SUL VIRTUAIS

701

20.263

321

32.353

244

27.863

164

28.953

BRASIL

1.173

28.792

680

31.233

359

28.174

227

27.831

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 49,1 milhões • 1º semestre: 22 leilões, 1.480 lotes, renda de R$ 22,8 milhões • 2º semestre: 21 leilões, 2.123 lotes, renda de R$ 26,3 milhões

Leilões promovidos por região 2015

2014

2013

2012

Nordeste

1

1

1

-

C-Oeste

5

3

2

1

Sudeste

11

6

2

1

Sul

-

1

-

-

Virtuais

26

18

13

7

Total

43

29

18

9


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Brangus

Investimento no lugar certo

E

Oferta se mantém na casa de 2.000 lotes, com incremento de 24% na receita.

stabilidade. Essa é a palavra que melhor define o mercado da raça Brangus nos últimos quatro anos. Desde 2012, essa composta tem comercializado acima de 1.000 reprodutores em leilões pelo País, com vendas de fêmeas na mesma faixa, e quase sempre em praças onde mantém grifes tradicionais e reconhecidas. O último ano não foi diferente. Em 36 leilões realizados ao longo de 2015, foram vendidos 2.131 lotes, dos quais 1.149 fê­meas e 963 touros. De modo geral, a raça deu continuidade às vendas de 2014 com oferta quase no mesmo patamar. Negociou apenas 30 fêmeas a menos, com oferta idêntica de touros. O que mudou foram os preços médios praticados nos tatersais onde ela se apresentou. A Brangus encerrou o ano com receita de R$ 13,8 milhões, incremento de 24% na mesma base de comparação. Percentual idêntico foi registrado na média dos exemplares, vendidos a R$ 6.509, ante os R$ 5.213 registrados no ano anterior. Ainda focada no Rio Grande do Sul, a raça mostrou que construiu ao longo dos anos um legado firme em praças do Sudeste e Centro-Oeste, onde estão as grifes que se destacaram pela sua atuação no mercado de 2015. Uma delas, conhecida pelo trabalho com o Nelore no noroeste paulista, é a Fazenda Terra Boa, de José Luiz Niemeyer dos Santos. O criador seleciona Brangus há oito anos em Araçatuba, polo de produção pecuária do Estado de São Paulo, e emplacou média de R$ 16.500 por exemplares da raça. Niemeyer reforça o time dos produtores que estão de olho no mercado para produtos resultantes do cruzamento de Brangus com o Nelore, ferramenta, que, segundo ele, reaparece como opção nas fazendas que se dedicam a fazer cruzados no Estado. Em 2015, três leilões ocorreram em São Paulo, com um total de 93 animais vendidos por R$ 1,1 milhão, a maioria com N ­ elore na conta. Nas demais praças, a Brangus dividiu pista com a Angus, Braford e Hereford, modalidade preferida dos criadores gaúchos, que dominaram 80% das promoções da raça em 2015. n

Lotes vendidos em leilões 2015 Regiões SUL

Lotes

2014

Média

Lotes

2013

Média

Lotes

2012

Média

Lotes

Média

1.945

6.122

1.726

5.008

2.400

3.853

1.955

3.346

SUDESTE

93

12.005

58

8.694

91

6.185

114

5.241

C-OESTE

29

8.508

35

4.468

80

3.750

70

4.094

VIRTUAIS

64

9.376

325

5.760

34

6.482

10

3.720

BRASIL

2.131

6.509

2.144

5.213

2.605

3.966

2.149

3.472

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Reprodutores vendidos em leilões 2015

2014

2013

2012

Regiões

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

SUL

787

10.280

703

8.367

786

6.552

731

5.479

SUDESTE

82

12.642

58

8.694

85

6.218

109

5.405

C-OESTE

29

8.508

35

4.468

12

6.300

57

4.393

VIRTUAIS

64

9.376

167

7.612

24

8.371

10

3.720

BRASIL

962

10.368

963

8.114

907

6.566

907

5.383

Fêmeas vendidas em leilões 2015

2014

2013

2012

Regiões

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

SUL

1.138

3.326

1.023

2.699

1.614

2.538

1.224

2.071

C-OESTE

-

-

-

-

68

3.300

-

-

SUDESTE

11

7.255

-

-

1

6.720

5

1.680

VIRTUAIS

-

-

156

3.709

10

1.950

-

-

BRASIL

1.149

3.364

1.179

2.833

1.693

2.568

1.229

2.070

Leilões promovidos por região

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 13,870 milhões • 1º semestre: 3 leilões, 186 lotes, renda de R$ 745.000 • 2º semestre: 33 leilões, 1.945 lotes, renda de R$ 13,125 milhões

2015 2014 2013 2012 Centro-Oeste

2

2

1

1

Sudeste

3

2

2

2

Sul

30

31

25

33

Virtuais

1

5

3

1

Total

36

40

31

37

Anuário DBO 2016

115


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Hereford

Na casa dos 1.500 lotes

A

Após pico em 2014, vendas retornam a patamares anteriores.

menor disponibilidade de fêmeas nos tatersais fez com que 2015 fechasse com redução na oferta de animais da raça Hereford. Com 45 leilões realizados entre o Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, a raça manteve-se na casa de 40 remates, porém, com recuo de 18% na quantidade de animais vendidos, movimento puxado por variações no calendário gaúcho. Responsável por mais de 90% do mercado de Hereford do País, o Rio Grande do Sul havia comercializado em 2014 quase 1.000 fêmeas da raça, volume capitalizado por dois leilões esporádicos, que venderam entre 100 e 200 matrizes cada. No último ano, no entanto, o calendário gaúcho se normalizou, com o mercado de fêmeas voltando para a habitual oferta de 600 lotes. A maior da categoria foi registrada no 43º Remate Guatambu, Alvorada e Caty, em Dom Pedrito, RS, que vendeu 70 lotes pela média de R$ 3.234. O evento também comercializa animais da raça Braford e está no topo do comércio dessa dobradinha há alguns anos. Na edição 2015, vendeu 114 exemplares Hereford, destacando-se também entre as maiores ofertas de touros (44 lotes pela média de R$ 8.267).

Quatro municípios gaúchos responderam por 24% da oferta de reprodutores Vale lembrar que os reprodutores sempre foram as estrelas dos remates da raça Hereford. Se tomado o comércio de 2015, cinco leilões se destacaram entre as maiores ofertas de touros, todos também realizados em solo gaúcho. O bloco dos remates com o maior oferta de reprodutores partiu, essencialmente, de quatro municípios do Estado: Bagé, Dom Pedrito, Alegrete e Santa Vitória. O quarteto respondeu pelo comércio de 215 reprodutores,

116

Anuário DBO 2016

Lotes vendidos em leilões Regiões C-OESTE SUL VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 1.493 7.263 1.493 7.263

2014 Lotes Média 1.833 5.293 1.833 5.293

2013 Lotes Média 20 4.986 2.077 3.783 2.097 3.794

2012 Lotes Média 18 5.778 1.812 4.201 1.830 4.216

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Reprodutores vendidos em leilões Regiões C-OESTE SUL BRASIL

2015 Lotes Média 877 9.819 877 9.819

2014 Lotes Média 806 8.645 806 8.645

2013 Lotes Média 20 4.986 1.373 4.557 1.393 4.563

2012 Lotes Média 18 5.778 956 6.267 974 6.258

Fêmeas vendidas em leilões Regiões SUL BRASIL

2015 Lotes Média 584 3.724 584 3.724

2014 Lotes Média 1.013 2.674 1.013 2.674

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 10,8 milhões • 1º semestre: 3 leilões, 65 lotes, renda de R$ 231.850 • 2º semestre: 42 leilões, 1.428 lotes, renda de R$ 10,612 milhões

vendidos por R$ 2 milhões, com valor máximo de R$ 23.500 para um animal arrematado no final do circuito de primavera, no leilão promovido pelas Cabanhas Mauá, Charrua e Passo Fundo, de Santa Vitória. Lances como esse é que elevaram as contas da raça. Em números gerais, os remates de Hereford faturaram 11% a mais, saindo da casa dos R$ 9 milhões para R$ 10,8 milhões. O mesmo vale para a média geral, que avançou 37% no último ano. n

2013 Lotes Média 704 2.273 704 2.273

2012 Lotes Média 852 1.891 852 1.891

Leilões promovidos por região 2015 2014 2013 2012 Centro-Oeste

-

-

1

1

Sul

45

42

46

44

Virtuais

-

-

-

-

Total

45

42

47

45


PECUÁRIA

A Spraytec Pecuária buscando sempre o melhor para os amigos agricultores e pecuaristas anuncia a parceria firmada com a Genética La Aurora, atuando a partir de 2016 na comercialização de sêmen bovino e com o mesmo padrão de qualidade e comprometimento que sempre oferecemos aos nossos clientes.

TOPP 10 10 GLOBO RURAL

2015

www.spraytec.com - (44) 3046-2600


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Charolês

Carne certificada como chamariz Associação da raça quer atrair novos criadores e levar leilões para além de Santa Catarina

M

ais uma vez, a venda de animais da raça Charolesa foi marcada pela oferta de reprodutores, que representaram 84% do total de 257 animais comercializados ao longo de 2015. Com um objetivo claro: abrir um novo mercado para animais de genética superior e também para cruzados. Por trás dessa estratégia, a promessa de bons resultados para compradores que querem se envolver em projetos que se dedicam à pecuária comercial e ao cruzamento industrial. Nos 12 remates realizados em 2015, foram negociados 214 machos pela média de R$ 10.893, total de R$ 2,3 milhões. O faturamento corresponde a quase 88% da receita apurada e indica alta de 21% na oferta de touros, com incremento de quase 30% sobre a média de preço. De outra parte, o mercado de fêmeas não acompanhou a evolução dos machos e encerrou o ano pela metade, fechando 43 lotes pela fatura de R$ 333.400, média de R$ 7.753. Quem tem conduzido a tarefa de disseminar a genética dessa taurina para uso em massa no País é a Associação Brasileira de Criadores de Charolês (ABCCharolês), que, além da agenda de leilões homologados, vem trabalhando firme na expansão do Programa Carne Charolês Certificada. Criado em 2014, o programa já abateu cerca de 5.000 bois no Frigorífico Verdi, de Santa Catarina, Estado tem um dos maiores núcleos de criação da raça e é, também, o maior vendedor de genética Charolesa no País. Em 2015, 70% das vendas foram concretizadas nesse Estado, incluindo os dois leilões de destaques do ano: o 11º Charolês do Contestado, com 63 animais pelo faturamento de R$ 790.320; e o 13º Cabanha Santa Tecla, com outros 43 lotes por R$ 458.240. Se o Charolês vai bem em SC, o mesmo não ocorre nas demais praças sulistas, onde ainda existe receio dos selecionadores em bancar um retorno em massa às pistas e ver parte da oferta retornar às fazendas. Para 2016, o objetivo da ABCCharolês é expandir o programa

118 Anuário DBO 2016

Lotes vendidos em leilões Regiões SUL C-OESTE NORTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 257 10.367 257 10.367

2014 Lotes Média 227 6.759 25 4.147 252 6.500

2013 Lotes Média 250 5.895 11 5.500 261 5.879

2012 Lotes Média 305 5.042 25 5.400 15 1.600 345 4.918

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Reprodutores vendidos em leilões Regiões SUL C-OESTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 214 10.893 214 10.893

Regiões SUL NORTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 43 7.753 43 7.753

2014 Lotes Média 172 7.498 5 8.496 177 7.527

2013 Lotes Média 191 6.184 11 5.500 202 6.147

2012 Lotes Média 241 5.598 25 5.400 266 5.579

Fêmeas vendidas em leilões 2014 Lotes Média 55 4.446 20 3.060 75 4.077

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 2,664 milhões • 1º semestre: 3 leilões, 57 lotes, renda de R$ 533.930 • 2º semestre: 9 leilões, 200 lotes, renda de R$ 2,130 milhões de carne certificada para o Rio Grande do Sul, atraindo novos criadores e, junto com eles, um maior número de leilões na região, que já conta com projetos de seleção muito bem estruturados.

2013 Lotes Média 59 4.959 59 4.959

2012 Lotes Média 64 2.951 15 1.600 79 2.694

Leilões promovidos por região 2015 2014 2013 2012 Norte

-

-

-

1

Centro-Oeste

-

-

1

1

Sul

12

11

9

14

Virtuais

-

1

-

-

Total

12

12

10

16

No balanço do ano, o RS contou com quatro leilões da raça e respondeu por 20% da oferta. O Paraná também entrou na conta, com outros dois eventos e um naco de 11% das vendas. n


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Devon

Retorno insatisfatório

E

Raça volta ao patamar de 10 remates no ano, mas fatura cai para a casa de R$ 1 milhão.

mbora tenham retomado espaço entre as taurinas com 10 promoções no calendário do ano, os criadores de Devon viram seu mercado recuar em relação a 2014, ano que promoveram apenas nove leilões. As vendas caíram de 613 para 201 lotes, com faturamento reduzido de R$ 2,1 milhões para R$ 1,3 milhão. O recuo ocorreu por dois fatores. A Devon sempre teve na sazonalidade da oferta sua marca registrada de pista. Em 2015, as vendas da raça se concentraram exclusivamente no segundo semestre do ano, fato totalmente influenciável pelo Sul do País. A região sediou oito dos dez remates promovidos ao longo do ano, todos com preços e ofertas aquém do esperado, e um dado novo na conta: Santa Catarina à frente das vendas.

Região Sul, que sediou 8 dos 10 remates, teve desempenho aquém do esperado.

Os selecionadores catarinenses tiveram peso expressivo no balanço de 2015, com 31% da oferta e 50% do faturamento obtido. A média ficou em R$ 11.301 para touros, e R$ 6.050 para as fêmeas. As vendas se deram em três remates promovidos pela Fazenda Sonho e Realidade, Agropecuária Arapari e Cabanha São Luiz, todas nos municípios de Água Doce e Lages. Apenas um leilão de exposição integrou o calendário, porém, com vendas paralelas à temporada de primavera gaúcha, no vizinho Rio Grande do Sul. O Estado abriga o banco genético da raça e por isso tem o poder de influenciar o comércio de praças vizinhas, como Santa Catarina. Em 2015, as vendas no Rio Grande do Sul ficaram em 56 exemplares pela fatura de R$ 341.210, todas em feiras de prima-

Lotes vendidos em leilões Regiões SUL VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 120 8.345 81 3.815 201 6.520

2014 Lotes Média 454 3.484 159 2.895 613 3.332

2013 Lotes Média 452 3.595 35 3.540 487 3.591

2012 Lotes Média 168 5.437 168 5.437

Fonte: Banco de Dados DBO. Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer).

Reprodutores vendidos em leilões Regiões SUL VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 96 9.385 9 14.750 105 9.845

Regiões SUL VIRTUAIS BRASIL

2105 Lotes Média 24 4.188 72 2.448 96 2.883

2014 Lotes Média 95 8.655 3 8.333 98 8.646

2013 Lotes Média 84 8.053 3 9.300 87 8.096

2012 Lotes Média 102 6.045 102 6.045

Fêmeas vendidas em leilões 2014 Lotes Média 359 2.116 156 2.791 515 2.320

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 1,310 milhão • 1º semestre: 1 leilão, 73 lotes, renda de R$ 189.000 • 2º semestre: 9 leilões, 128 lotes, renda de R$ 1,121 milhão

2013 Lotes Média 368 2.577 32 3.000 400 2.611

2012 Lotes Média 66 4.497 66 4.497

Leilões promovidos por região 2015 2014 2013 2012 Sul

8

8

9

11

Virtuais

2

1

1

-

Total

10

9

10

11

vera ou leilões chancelados pelas associação nacional de criadores ou pelos núcleos regionais e sindicatos rurais. Mesmo com boa participação na oferta anual (27%), a valorização pela genética Devon na paraça ficou bem abaixo de Santa Catarina; média de R$ 7.121 para touros, e R$ 2.325 para as fêmeas. n

Anuário DBO 2016

119


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Outras taurinas e compostas

Peleja por espaço Grupo de nove raças disputa mercado de touros na tentativa de se tornar opção para a produção de carne

N

ove raças tiveram em 2015 abaixo de dez remates, faturando R$ 7,3 milhões na venda de 971 lotes em 24 leilões. Os números representam 3% do número de leilões destinados a vender genética para a produção de carne e apenas 1% da oferta e faturamento obtido nesse imenso universo de remates no ano passado. Algumas dessas raças são novatas na pecuária nacional e outras remontam ao início da colonização, como a Caracu, por exemplo. Mas todas têm o objetivo comum de provar que seus touros são boa opção a campo, o que, revela a experiência, desencadearia a demanda por genética nas pistas, já que todas se mostram adequadas para o cruzamento industrial. No ano passado, os reprodutores representaram 70% do total de 971 lotes ofertados. Foram 684 reprodutores por R$ 5,6 milhões, média de R$ 8.189. As 287 fêmeas movimentaram apenas R$ 1,7 milhão, pela média de R$ 6.176. A maior oferta de touros foi movimentada pelos criadores de Caracu. Desde 2014, a raça tem evoluído nos remates, provando que, mesmo com o mercado estagnado por anos, os criadores não deixaram de promover o melhoramento genético de seus plantéis. Venderam em 2015 quase 200

Japonesa volta aos tatersais Ancorada no mercado de fêmeas, a raça japonesa Wagyu ressurgiu como opção. Longe dos remates desde 2013, a raça de origem japonesa foi comercializada em dois leilões, movimentando R$ 400.080 na venda de 22 exemplares. Ainda que de maneira tímida, as promoções da raça indicam que os selecionadores não desistiram de tentar atrair criadores do alto escalão da pecuária, seduzidos pela demanda crescente por carne de qualidade e pela procura por cortes macios. touros por R$ 1,3 milhão, média de R$ 7.068. Outra raça que recuperou espaço foi a Simental. Em anos anteriores, ela praticamente havia desaparecido das pistas. Em 2014, por exemplo, ofertou apenas 15 touros. No ano passado, a oferta de reprodutores cresceu acima de 100 lotes, com média em torno de R$ 8.500. Foi o maior crescimento entre as cinco taurinas do grupo. Também se destacou em tourinhos a Canchim, composta que traz no sangue o Charolês. Em quatro leilões, movimentou acima de R$ 1 milhão, dos quais R$ 962.280 apurados no comércio de reprodutores. A média

Raças

Leilões

Lotes

Renda (R$)

Média

Caracu

6 (1)

325

1.999.400

6.152

Simental

4 (3)

175

1.377.180

7.870

Wagyu

2 (1)

22

400.080

18.185

Limousin

1 (1)

19

213.010

11.211

Blond D’Aquitaine

1 (1)

10

55.000

Total

13

551

4.044.670

dos machos ficou em R$ 8.748, abaixo apenas dos R$ 9.767 registrados na venda de 98 touros Bonsmara, outro destaque na comercialização de touros em 2015. n

Compostas e adaptadas que promoveram abaixo de 10 leilões em 2015

Taurinas que promoveram abaixo de 10 leilões em 2015

Raças

Leilões

Lotes

Renda (R$)

Média

Montana

2

140

997.980

7.128

Canchim

4 (1)

117

1.003.400

8.576

Bonsmara

2

98

957.200

9.767

5.500

Santa Gertrudis

3

65

370.760

5.704

7.341

Total

11

420

3.329.340

7.927

Critério de oferta. (-) Remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Inclui machos, fêmeas e prenhezes. Cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer. Fonte: Banco de Dados DBO.

120 Anuário DBO 2016

Estratégias não faltaram. Para garantir retorno aos compradores, alguns promotores firmaram acordo para a compra de toda a produção das fêmeas ofertadas nos seus remates, com bonificação de até 100% sobre o valor da arroba. “Queremos contribuir para o melhoramento genético da raça e incentivar investimentos na área”, destaca Daniel Steinbruch, dono do Leilão Kobe Premium, evento que integrou a programação da 1ª Exposição Nacional da raça, realizada em outubro de 2015.

Critério de oferta. (-) Remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Inclui machos, fêmeas e prenhezes. Cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer. Fonte: Banco de Dados DBO.



Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Leite

Preço nos retiros desanima investidores

A

Com menos dinheiro em caixa, produtores vêm receita cair aos patamares de 2010.

oferta de gado leiteiro em 2015 manteve-se na casa dos 30.000 lotes. O que mudou em relação ao ano anterior foram os preços praticados no mercado destinado a vender produtos de genética. A fatura encolheu 11%, caindo de R$ 175 milhões para R$ 155,6 milhões. Movimento semelhante havia sido registrado em 2010, quando os selecionadores movimentaram R$ 160 milhões em contrapartida aos R$ 189,3 milhões de 2009. Houve também recuo de 9% no número de leilões, segundo o levantamento de DBO junto às 58 leiloeiras que operaram no setor em todo o País. Esse cenário mostra um mercado que acompanha os preços pagos ao produtor de leite. Em fevereiro de 2015, o preço do litro registrou o menor patamar dos últimos cinco anos, R$ 0,88, segundo dados do Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da USP. E assim ele se manteve em boa parte do ano: insatisfatório. Permaneceu abaixo de R$ 0,90 na média anual, elevando-se a R$ 1,01 apenas em agosto, mês que antecedeu o pico das vendas em leilões. Julho registrou o topo de 4.522 ofertas nas pistas, pela receita de R$ 20,6 milhões, o maior movimento entre os doze meses do ano. No mês a mês, os investimentos em pregões leiteiros começaram a melhorar em março, quando a oferta bateu nos 4.000 lotes, por R$ 17,3 milhões. O bom desempenho se manteve nos meses subsequentes, porém, faltou fôlego para a manutenção dos números até o encerramento de

Leilões de raças leiteiras 2015

2014

2013

Regiões

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

SUDESTE

15.999

4.699

16.030

5.318

25.372

4.709

29.656

4.623

C-OESTE

2.632

6.145

3.094

7.382

4.178

6.030

2.763

4.439

NORDESTE

1.719

7.216

1.132

6.487

1.482

4.853

1.633

5.111

SUL

434

5.957

726

7.117

702

7.439

576

6.890

NORTE

383

4.328

818

3.389

785

3.708

984

4.261

VIRTUAIS

9.189

5.185

9.105

5.679

6.819

5.075

4.788

5.982

BRASIL

30.356

5.127

30.905

5.665

39.338

4.947

40.400

4.814

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 155,6 milhões • 1º semestre: 209 leilões, 18.256 lotes, renda de R$ 91,5 milhões • 2º semestre: 185 leilões, 12.100 lotes, renda de R$ 64,1 milhões 2015. Isso porque mesmo com melhora dos preços na entressafra, a indústria não conseguiu repassar o aumento do preço ao produtor e os investimentos em leilões refluíram novamente, como explica Wagner Hiroshi Yanaguizawa, pesquisador do Cepea. “Diferentemente da carne, que se beneficiou da valorização do real, nos deparamos com um mercado externo saturado e tivemos de contar com o interno como balizador. Só que este esteve altamente fragi-

Leilões promovidos por região Norte Nordeste C-Oeste Sudeste Sul Virtuais Total

122 Anuário DBO 2016

“pequenas”, registrando alta de 8% na receita, que saiu de R$ 2,3 milhões para quase R$ 2,6 milhões, com 553 animais vendidos. O segundo posto do grupo pertenceu à Guzerá Leiteira, que se fixou em 2015 como alternativa zebuína no cruzamento com o Holandês. A raça registrou alta de 22% na fatura, de R$ 1,7 milhões por 304 exemplares, à média de R$ 5.906. Entre as leiteiras de pouca atuação, ela obteve uma das maiores cotações médias do ano, abaixo apenas da Sindi, de mercado restrito no País, mas selecionada há 63 anos no Brasil e considerada a “mais tradicional” entre as coadjuvantes do setor.

2015 2014 12 16 45 37 23 32 150 172 12 21 152 157 394 435

2013 12 42 45 243 21 109 472

2012 15 37 39 259 15 88 453

lizado pela crise econômica”, interpreta o pesquisador, acrescentando que muitos criadores deixaram de investir na troca de animais por exemplares mais produtivos e na melhoria genética de seus rebanhos. No último quadrimestre de 2015, as vendas ficaram abaixo de 1.600 animais, fechando dezembro com 858 lotes negociados por R$ 4,5 milhões. Em 2014, o desempenho desse mês havia sido de 1.100 animais, com receita da ordem de R$ 7 milhões. n

Coadjuvantes faturam R$ 8,6 milhões Do total de nove raças leiteiras acompanhadas por DBO, cinco ofertaram abaixo de 1.000 lotes em 2015. São raças que promoveram de três leilões a quatorze leilões durante o ano, e, que juntas, responderam por 5% do comércio de genética leiteira. Essas raças movimentaram R$ 8,6 milhões, em 1.355 ofertas. Embora com um mercado reduzido, na média geral (R$ 6.371), elas não destoam tanto das demais. A Guzolanda, por exemplo, criou identidade própria em 2015, uma tarefa encabeçada por um grupo cada vez maior de criadores concentrados no Sudeste. Pelo segundo ano consecutivo, ela dominou o mercado das

2012

Leiteiras que venderam abaixo de 1000 lotes Raças

Leilões Lotes Renda (R$)

Média

Guzolando

1411

553

2.526.070

4.568

Guzerá Leiteiro

115

304

1.795.380

5.906

Jersolanda

1211

223

675.610

3.030

Sindi

94

217

3.422.280

15.771

Pardo-Suíça

33

58

213.560

3.682

Total

46

1.355

8.632.900

6.371

Critério de oferta. (-) Remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Inclui machos, fêmeas e prenhezes. Fonte: Banco de Dados DBO.


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Girolando

Ascensão, da elite à produção. Em uma década, oferta cresce 82% e movimento financeiro, 300%.

A

parentemente imunes ao cenário desenhado pelo leite em 2015, os criadores de Girolando movimentaram mais de R$ 95 milhões em vendas no ano passado, quatro vezes mais, em valores nominais, do que uma década atrás, quando a renda não ultrapassava R$ 24 milhões. Os promotores de leilões da raça tomaram 69% do mercado das leiteiras no ano, fatia que supera a do Nelore (63%) no mercado das raças voltadas à produção de carne. Venderam 21.735 lotes, cerca de 10% mais do que em 2014. Wellerson Silva, leiloeiro há 20 anos, que nos últimos dois anos comandou cerca de cem eventos por período, afirma que algumas mudanças ao longo de dez anos foram cruciais para tal liderança. “Os selecionadores passaram a se comportar como um bloco geneticamente mais alinhado em várias regiões do País e não somente em Minas Gerais, onde há uma maior concentração de criatórios. Isso traz gente nova e grandes investidores, que olham para o tamanho do mercado da raça”. O crescimento dos leilões e da quantidade de selecionadores transformou o mercado de animais de produção _ grande mote da raça _, incorporando-lhe a necessidade de genética tope, aquela mais valorizada nos leilões. Em 2015, confirmou-se também a valorização por animais de famílias consagradas, líderes de torneios leiteiros. É o caso da fêmea Juju Blitz FIV Onça, campeã da exposição interestadual de Lins, SP, vendida em janeiro por R$ 60.000 no Leilão Genetic Sauípe Festival, na Bahia. Por isso, muita gente investe em programas de TE e FIV, o que deve acelerar a oferta de genética apurada. Há carência no topo da cadeia, com crescente demanda por sêmen, que registra venda de 550.000 doses/ ano, 7% das vendas totais. Os selecionadores estão atentos e interessados em vender genética, investindo em touros provados. Um dos destaques do ano foi o lance de R$ 30.000 pela cota de 10% da produção do touro Dialeto Shottle da Xapetuba, no Leilão Sapetuba Genética e Leite, em agosto, em Uberlândia, MG. n

Lotes vendidos em leilões 2015 Regiões Lotes Média SUDESTE 13.479 3.975 C-OESTE 2.300 4.939 NORDESTE 1.457 6.659 NORTE 347 4.381 SUL 67 4.445 VIRTUAIS 4.085 4.594 BRASIL 21.735 4.381

2014 Lotes Média 12.235 4.564 1.943 6.643 808 5.974 729 3.341 45 4.551 4.071 4.876 19.831 4.845

2013 Lotes Média 19.131 3.812 3.114 4.404 1.127 3.917 742 3.717 82 5.800 3.001 3.684 27.197 3.873

2012 Lotes Média 23.214 3.441 1.820 3.393 1.189 3.684 869 4.236 63 3.121 1.970 3.527 29.125 3.477

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Fêmeas vendidas em leilões 2015 Regiões Lotes Média SUDESTE 13.355 3.957 C-OESTE 2.278 4.932 NORDESTE 1.419 6.609 NORTE 331 4.397 SUL 67 4.445 VIRTUAIS 4.030 4.607 BRASIL 21.480 4.366

2014 Lotes Média 12.121 4.517 1.926 6.666 799 5.986 718 3.322 45 4.551 4.020 4.879 19.629 4.818

2013 Lotes Média 18.807 3.775 3.076 4.372 1.107 3.924 726 3.687 81 5.649 2.947 3.703 26.744 3.845

2012 Lotes Média 22.930 3.387 1.774 3.406 1.172 3.642 843 4.243 63 3.121 1.940 3.517 28.722 3.432

Reprodutores vendidos em leilões Regiões SUDESTE NORDESTE NORTE C-OESTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 98 4.281 17 9.333 16 4.069 14 5.721 2 4.500 147 4.982

2014 Lotes Média 73 7.978 5 3.252 11 4.585 14 3.784 48 4.750 151 6.160

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 95,229 milhões • 1º semestre: 149 leilões, 14.023 lotes, renda de R$ 58,9 milhões • 2º semestre: 123 leilões, 7.712 lotes, renda de R$ 36,2 milhões

2013 Lotes Média 263 4.388 13 2.172 16 5.090 25 3.550 53 2.452 370 4.007

2012 Lotes Média 118 4.007 10 4.260 26 4.005 47 2.830 5 3.976 204 3.759

Leilões promovidos por região Norte Nordeste C-Oeste Sudeste Sul Virtuais Total

2015 9 38 21 127 3 74 272

2014 13 27 23 136 1 71 271

2013 11 28 36 192 5 49 321

Anuário DBO 2016

2012 13 24 30 190 3 21 281

123


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Gir Leiteiro

Queda só atenuada pela média

O

Recuos na oferta e na fatura fazem média de preço subir 18%

mercado de Gir Leiteiro, sempre identificado com animais de genética tope, amargou recuo significativo em 2015. As vendas recuaram 33%, ao fechar oferta de 2.711 lotes ante 4.081 lotes vendidos em 2014. Isso arrastou a fatura para queda semelhante, de 27%, saindo de R$ 39,2 milhões em 2014 para R$ 30,9 milhões ano passado. Como consequência dessa equação, a média de preço dos exemplares Gir Leiteiro cresceu 18,8%, de R$ 9.607 para R$ 11.420. Em relação a anos anteriores, porém, perdeu fôlego. Em 2011, a média praticada nos leilões da raça foi de R$ 13.844; seguida de R$ 12.805 em 2012; e R$ 11.894 em 2013. A explicação é a menor participação dos selecionadores de elite no calendário. Foram eles que, no ano passado, fizeram a diferança. Os remates com média acima de R$ 30.000 representaram 30% da receita de 2015, com 191 animais vendidos pelo montante de R$ 8,9 milhões. Saiu do grupo o preço máximo pago pelo reprodutor Fardo FIV F Mutum, que teve 50% de sua propriedade arrematada por R$ 1 milhão para a Agrogir Genética e Manejo. O touro foi um dos destaques do Mutum Wekeend, em Alexânia, GO, evento que liderou o ranking de vendas por mais um ano, com renda superior a R$ 3,3 milhões, dos quais R$ 2,8 milhões apurados na raça. Embora haja um espaço garantido para lances estratosféricos no Gir leiteiro, é uma raça que consegue, como nenhuma outra raça do grupo das leiteiras, ter desempenho bem distribuído pelas diversas faixas de preço de animais. Os remates de genética mediana (com valores abaixo de R$ 11.000 até R$ 30.000) representaram 35% da fatura do ano, ao movimentar R$ 10,8 milhões na venda de 640 exemplares, mesmo percentual registrado no mercado de produção (remates com preço abaixo de R$ 10.000). Eles abocanharam 35% do fatura, porém, por um número bem mais expressivo de animais vendidos. Em 74 remates saíram 1.880 lotes, cerca de 70% da oferta no ano. n

124 Anuário DBO 2016

Lotes vendidos em leilões Regiões SUDESTE NORDESTE C-OESTE NORTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 809 13.767 138 12.830 119 33.916 25 2.626 1.620 8.611 2.711 11.420

2014 Lotes Média 857 15.518 195 7.324 118 39.042 54 4.479 2.857 6.871 4.081 9.607

2013 Lotes Média 1.093 19.055 201 9.074 236 35.416 23 4.500 2.463 6.761 4.016 11.894

2012 Lotes Média 1.635 20.150 312 10.521 224 16.342 78 5.776 2.488 8.167 4.737 12.805

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Fêmeas vendidas em leilões Regiões SUDESTE C-OESTE NORDESTE NORTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 622 15.934 114 25.140 90 15.232 16 1.584 1.443 8.823 2.285 11.774

2014 Lotes Média 794 15.348 98 42.079 131 7.991 25 3.473 2.663 6.836 3.711 9.606

2013 Lotes Média 1.000 17.660 200 33.682 125 10.589 4 3.000 2.225 6.969 3.554 11.604

2012 Lotes Média 1.411 20.352 193 15.726 219 11.137 29 6.327 2.241 8.137 4.093 12.853

Reprodutores vendidos em leilões Regiões SUDESTE NORDESTE NORTE C-OESTE VIRTUAIS BRASIL

2015 2014 Lotes Média Lotes Média 156 2.558 23 4.388 39 4.565 54 5.656 9 4.477 29 5.347 1 1.050.000 12 8.400 167 6.032 159 5.395 372 7.190 277 5.487 Raio x das vendas

Fatura total: R$ 30,959 milhões • 1º semestre: 54 leilões, 1.464 lotes, renda de R$ 16,792 milhões • 2º semestre: 57 leilões, 1.247 lotes, renda de R$ 14,167 milhões

2013 Lotes Média 36 54.179 65 5.059 19 4.816 25 48.650 225 4.127 370 12.205

2012 Lotes Média 69 4.124 52 5.531 49 5.449 13 6.092 189 4.715 372 4.864

Leilões promovidos por região 2015

2014

2013

2012

Norte

3

5

2

5

Nordeste

11

14

14

16

C-Oeste

4

5

9

7

Sudeste

34

36

49

56

Virtuais

59

72

60

66

Total

111

132

134

150


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Holandês

Na rota das liquidações Criadores têm dificuldade para firmar grifes e amargam novas quedas

U

ma queda de 49% no número de leilões (56), de 45% na oferta de animais (2.669 lotes) e de 46% no faturamento (R$ 15 milhões). Estes são os números amargados pelos criadores de gado Holandês em 2015, que só não foram piores quando a referência é a média, R$ 5.650, valor similar aos R$ 5.693 apurados no ano anterior. Em 2014, a fatura havia atingido R$ 28 milhões na venda de 4.922 exemplares. Das quatro regiões que venderam Holandês em leilões, apenas uma registrou crescimento de 100% em vendas. Foi o Sul do País. No Nordeste, as vendas seguiram estáveis, assim como nos remates virtuais, que continuaram como canal favorito dos vendedores da raça, representando 56% do mercado. No Sudeste e Centro-Oeste as vendas caíram. Com um total de 33% da oferta nacional, o Sudeste negociou 876 lotes por R$ 5,2 milhões. Embora expressivos, os números regionais apontam queda de 60% na comparação com 2014, quando 2.155 animais movimentaram R$ 11,6 milhões. No Centro-Oeste o recuo foi ainda maior: de 581 para 39 lotes, com participação caindo de 12% para pífios 1,5% do mercado. Em 2014, a praça havia presenciado um movimento de desmanche de planteis com pouca ou, quase nenhuma, retomada de seleção em 2015. Um cenário, que provavelmente, deverá ocorrer em outras praças. Em 2015, as liquidações responderam por 50% das vendas, totalizando 41% da fatura. O movimento se deu com mais intensidade em criatórios de Minas Gerais e São Paulo, um indicativo de que as vendas podem ser ainda menores no Sudeste em 2016. O desafio dos criadores agora é trabalhar firme para consolidar grifes regulares de leilões e cessar o movimento de liquidações, que, embora muito menor do que há 10 anos, ainda assusta bastante. n

Lotes vendidos em leilões Regiões SUDESTE SUL C-OESTE NORDESTE NORTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 876 5.986 244 7.471 39 3.743 27 4.248 1.483 5.228 2.669 5.650

2014 Lotes Média 2.155 5.391 568 7.364 581 6.074 20 10.740 35 2.700 1.563 5.362 4.922 5.693

2013 Lotes Média 3.901 5.153 439 9.262 655 3.727 26 7.576 835 4.415 5.856 5.207

2012 Lotes Média 3.677 5.289 381 8.275 61 6.315 25 1.942 30 1.715 51 6.292 4.225 5.540

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes* e aspirações* de folículos ovarianos. Cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer (*) Fonte: Banco de Dados DBO.

Fêmeas vendidas em leilões Regiões SUDESTE SUL C-OESTE NORDESTE NORTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 853 6.021 242 7.386 37 3.710 13 5.477 1.208 5.729 2.353 5.972

Regiões SUDESTE NORDESTE C-OESTE SUL VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 20 3.882 14 3.107 2 4.350 117 4.882 153 4.582

2014 Lotes Média 2.140 5.406 522 7.479 580 6.077 17 11.171 35 2.700 1.236 6.229 4.530 5.956

2013 Lotes Média 3.861 5.139 413 7.996 655 3.727 22 7.527 834 4.409 5.785 5.087

2012 Lotes Média 3.562 5.217 345 7.593 60 6.176 21 1.783 30 1.715 49 6.441 4.067 5.404

Reprodutores vendidos em leilões 2014 Lotes Média 14 2.779 2 9.900 1 4.500 2 2.080 42 4.409 61 4.140

2013 Lotes Média 20 4.011 4 7.845 24 4.650

2012 Lotes Média 61 4.457 4 2.775 7 2.500 2 2.640 74 4.131

Raio x das vendas

Leilões promovidos por região

Fatura total: R$ 15,080 milhões • 1º semestre: 31 leilões, 1.436 lotes, renda de R$ 8,700 milhões • 2º semestre: 25 leilões, 1.233 lotes, renda de R$ 6,380 milhões

2015 2014 2013 2012 Norte 1 1 Nordeste 3 1 3 2 Centro-Oeste 2 4 6 1 Sudeste 15 19 33 43 Sul 8 17 15 11 Virtuais 28 33 10 2 Total 56 75 67 60

Anuário DBO 2016

125


Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Jersey

No embalo do leite a pasto

D

Média geral fica na casa dos R$ 3.000 e oferta avança para 1.886 lotes

e janeiro a dezembro de 2015 os criadores da raça Jersey promoveram 26 leilões, com exatos 1.886 animais comercializados. É verdade que o mercado leiteiro vem aquecido pela raça Girolanda. Mas ele não se resume somente a ela. A Jersey também vem pegando seu quinhão nesse crescimento e recuperando espaço perdido em outros anos. Um espaço contido, porém constante. O Banco de Dados DBO aponta na história da leiteira Jersey oferta na casa dos 400 a 700 animais vendidos por ano. O fundo do poço aconteceu em 2005, quando apenas 100 animais foram comercializados em cinco leilões, apenas dois exclusivos para a venda da raça. Nos outros três, a pista foi dividida. É verdade que o comércio da raça ainda se firma nas pistas compartilhadas. Dos 26 leilões com alguma venda de Jersey em 2015, apenas dez foram exclusivos. Mas para quem promove leilão não importa o formato, desde que o mercado deslanche. No ano passado, as vendas cresceram 146% em relação a 2014, com demanda por animais de produção a campo. A oferta abundante também derrubou os preços médios, que encerraram o ano na casa dos R$ 3.000, valor 30% menor na mesma base comparativa. Em raros momentos, o valor pago por animais ultrapassou R$ 4.000, indicando também um mercado sem oscilações. O maior registro do ano ocorreu no Leilão Top Agroleite, um dos principais eventos da exposição de Castro, tradicional bacia leiteira do Paraná. Ao lado do Holandês, a raça emplacou média de R$ 11.520 por exemplar. Na camada inferior, de preços abaixo dos R$ 3.000, o registro mínimo ficou em R$ 1.860 para time de fêmeas base de seleção vendidas por Valdemar Delatorre, no Leilão Virtual Liberdade. Além dele, outras quatro promoções virtuais fizeram parte do grupo. n

126 Anuário DBO 2016

Lotes vendidos em leilões 2015

2014

2013

2012

Regiões

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

SUDESTE

254

3.143

135

5.452

232

4.078

324

3.615

C-OESTE

134

3.619

429

3.945

26

2.403

571

3.165

SUL

58

4.516

102

7.012

181

3.761

132

4.690

VIRTUAIS

1.440

2.917

101

5.067

131

3.843

199

3.274

BRASIL

1.886

3.046

767

4.766

570

3.847

1.226

3.466

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Fêmeas vendidas em leilões 2015

2014

2013

2012

Regiões

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

SUDESTE

253

3.142

135

5.452

227

4.110

324

3.615

C-OESTE

128

3.681

418

3.971

26

2.403

564

3.169

SUL

57

4.574

94

7.456

180

3.768

132

4.690

VIRTUAIS

1.367

2.962

101

5.067

131

3.843

199

3.274

BRASIL

1.805

3.089

748

4.824

564

3.860

1.219

3.469

Reprodutores vendidos em leilões 2015

2014

2013

2012

Regiões

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

Lotes

Média

SUDESTE

1

3.300

-

-

5

2.620

-

-

C-OESTE

6

2.300

11

2.945

-

-

19

3.122

SUL

1

1.200

-

-

1

2.500

-

-

VIRTUAIS

31

2.739

-

-

-

-

-

-

BRASIL

39

2.646

11

2.945

6

2.600

19

3.122

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 5,744 milhões • 1º semestre: 12 leilões, 710 lotes, renda de R$ 2,361 milhões • 2º semestre: 14 leilões, 1.176 lotes, renda de R$ 3,383 milhões

Leilões promovidos por região 2015 2014 2013 2012 Centro-Oeste

3

8

1

2

Sudeste

3

5

4

11

Sul

4

6

6

3

Virtuais

16

5

5

2

Total

26

24

16

18



Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Ovinos e Caprinos

Fatura permanece em R$ 15 milhões

O

Comercialização mostra mercado desatento à genética

mercado de ovinos e caprinos continua tentando se reacomodar. Os leilões registraram queda significativa no número de animais vendidos, que encerrou 2015 com 13.207 lotes, número 41% menor do que os 22.393 lotes ofertados em 2014. O faturamento se manteve no patamar de R$ 15 milhões, cenário insuficiente para deixar aliviado quem investe em caprinos e ovinos no Brasil. Os produtores têm tentado reorganizar a base de seleção, garantindo boa oferta de animais de produção, mas têm enfrentado dificuldades para fazer leilões pensando no longo prazo, ou seja, na busca por novos investidores. Em 2015, promoveram 107 remates, número pouco inferior ao de 2014. Há dez anos, a soma dos eventos ultrapassava 200. O mercado contou com a participação de 14 raças, que se espalharam por 12 Estados. A maior atividade de venda e compra ocorreu no Sul do País (10.970 lotes, ou 83,4% da oferta nacional), em razão da conectividade da região com animais de produção, grande mote das vendas em 2015. Deste mercado, 81% foram comercializados nas feiras de verão do Rio Grande do Sul, um mercado tradicional , fincado no hábito alimentar local e na administração da indústria frigorífica, que tem demandas pontuais no decorrer do ano. É, de longe, a praça mais bem organizada do segmento, mas onde se registraram também os menores preços. Incluindo Paraná e Santa Catarina, as médias regionais foram de R$ 989 no ano passado, chegando ao piso de R$ 554. Os remates de genética mais refinada se mantiveram na faixa de R$ 2.000-R$ 4.000, com registro de R$ 9.166 no Top Texel, um evento da Expointer, em Esteio, RS. Cotações mais elevadas parecem ter virado particularidade do Nordeste, que teve oferta pouco expressiva no ano. A região comercializou 558 lotes por R$ 3,4 milhões, apenas 4,7% da oferta em leilões. De lá, saíram as maiores cotações, como R$ 57.600 por um exemplar Santa Inês, no Leilão Rebanho Africano e Porteira Azul, em Salvador, BA. n

128 Anuário DBO 2016

Lotes vendidos em leilões Regiões SUL NORDESTE SUDESTE C-OESTE NORTE VIRTUAIS BRASIL

2015 Lotes Média 10.970 566 558 6.220 267 2.832 30 4.056 16 1.718 1.366 3.878 13.207 1.202

2014 Lotes Média 19.667 352 558 5.976 295 948 483 1.379 53 1.766 1.337 3.246 22.393 698

2013 Lotes Média 11.408 466 762 4.020 1.104 1.684 481 1.648 1.259 2.494 15.014 944

2012 Lotes Média 16.886 452 1.194 3.125 2.080 1.891 133 4.219 108 509 960 2.789 21.361 870

Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Mercado de raças ovinas e caprinas em 2015 Raças Corriedale Texel Ideal Dorper Merino Australiano Santa Inês Boer Poll Dorset Ile de France Hampshire Down Suffolk Anglonubiana Romney Marsh Saanem Ovinos e caprinos* Total

Leilões 26 (16) 15 (7) 18 (14) 41 (12) 9 (8) 15 (8) 10 (6) 1 6 (4) 5 (3) 3 (2) 3 (1) 1 1 3 (2) 107

Lotes 5.013 2.138 2.011 1.409 807 457 211 168 128 121 115 96 50 40 443 13.207

Renda (R$) 2.649.270 1.518.170 971.980 5.586.040 530.190 2.342.520 1.103.490 78.540 171.380 123.500 85.680 530.980 11.100 101.040 77.500 15.881.380

Média 528 710 483 3.965 657 5.126 5.230 468 1.339 1.021 745 5.531 222 2.526 175 1.202

Critério de oferta. (-) Remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. (*) Leilões em que não foi possível identificar as raças vendidas. Fonte: Banco de Dados DBO.

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 15,8 milhões • 1º semestre: 46 leilões, 7.892 lotes, renda de R$ 7,3 milhões • 2º semestre: 61 leilões, 5.315 lotes, renda de R$ 8,5 milhões

Leilões promovidos por região 2015 Norte 1 Nordeste 17 C-Oeste 1 Sudeste 4 Sul 53 Virtuais 31 Total 107

2014 2 17 6 4 61 26 116

2013 20 6 14 58 23 121

2012 3 27 5 23 63 16 137



Leilões Carolina Rodrigues – carol@revistadbo.com.br

Equinos

Exaltação nas pistas

O

Renda fecha acima de R$ 470 milhões, 28% mais que em 2014.

comércio de equinos em 2015 registrou a maior receita da última década. A renda obtida na oferta de 20.101 lotes ultrapassou R$ 470 milhões, notável crescimento de 28% ante 2014, quando a fatura fechou nos R$ 368 milhões, apontando recuo de 5% sobre 2013. Quem se colocou como o motor de arranque em 2015 foi a raça Quarto-de-Milha. Com incremento de 47% na quantidade de animais vendidos, ela movimentou R$ 268,5 milhões, totalizando 57% do faturamento dos leilões de equinos, mesmo percentual de acréscimo sobre o ano anterior. A raça teve presença forte no Sudeste, com destaque para as cidades do interior paulista como Sorocaba e Porto Feliz, onde se concentram grandes criatórios. Mas, assim como ocorre com as raças bovinas, principalmente nas gigantes como a Nelore, sempre há estratificação do mercado. Apesar de os grandes projetos de seleção estarem em São Paulo, os quartistas presenciaram demanda crescente no Nordeste. A região abriga um nicho de criadores que apostam firme na dobradinha equino-ovinocultura, com destaque para Pernambuco e Paraíba, que, em 2015, ofertaram quase 200 lotes cada, com fatura em torno de R$ 2 milhões. O mesmo ocorre com outras equinas de grande atuação. A Mangalarga Marchador, que há até bem pouco tempo se limitava ao Sudeste e Nordeste, mostrou vendas mais espalhadas em 2015. Os criadores se empenharam em conquistar espaço entre os gigantes de mercado e colheram os frutos deste trabalho nas 13 praças que promoveram leilões. A oferta saltou de 3.628 lotes para 4.440 lotes, e a fatura de R$ 68,4 milhões para R$ 93,3 milhões. Pela primeira vez, ela passou à frente do Crioulo em faturamento. A raça criada nos pampas gaúchos foi a única a dar indícios de saturação: oferta estagnada e preços encolhidos. A receita caiu

130 Anuário DBO 2015

Mercado de raças equinas em 2015 Raças Quarto de Milha Crioulo Mangalarga Marchador Pampa Campolina Mangalarga Árabe Pantaneiro Brasileiro de Hipismo Appaloosa Paint Horse Total

Leilões 169 (8) 144 (6) 143 (6) 22 18 22 (3) 6 (1) 4 4 1 1 531

Lotes 8.420 4.715 4.440 816 640 607 166 119 100 50 28 20.101

Renda (R$) 268.534.930 71.582.860 93.352.660 10.822.650 7.988.460 9.044.670 2.280.750 1.780.400 4.095.000 348.400 653.870 470.484.650

Média 31.893 15.182 21.025 13.263 12.482 14.901 13.739 14.961 40.950 6.968 23.353 23.406

Critério de oferta. (-) Remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Fonte: Banco de Dados DBO.

Lotes vendidos em leilões 2015 2014 2013 2012 Regiões Lotes Média Lotes Média Lotes Média Lotes Média SUDESTE 4.472 35.173 3.804 31.895 3.969 24.483 4.337 27.228 SUL 3.907 17.060 4.058 19.507 5.007 18.566 4.565 17.290 NORDESTE 3.375 29.091 2.917 23.647 3.058 25.776 2.269 21.767 C-OESTE 1.327 22.791 1.238 20.756 1.507 15.963 1.141 14.406 NORTE 149 12.028 68 9.274 198 11.363 191 10.044 VIRTUAIS 6.871 16.929 4.667 15.461 5.635 15.820 4.285 15.986 BRASIL 20.101 23.406 16.752 21.965 19.374 19.842 16.788 19.851 Valores nominais. Inclui machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de folículos ovarianos (cada lote corresponde a um animal nascido ou a nascer). Fonte: Banco de Dados DBO.

Raio x das vendas

Fatura total: R$ 470,4 milhões • 1º semestre: 263 leilões, 10.022 lotes, renda de R$ 232,9 milhões • 2º semestre: 268 leilões, 10.079 lotes, renda de R$ 237,5 milhões de R$ 83,9 para R$ 71,5 milhões, com média saindo de R$ 17.792 para R$ 15.182. Diferentemente das companheiras de podium, a Crioula ainda está restrita ao Sul, embora existam tentativas de abrir frentes em outras praças do País. Bom exemplo foram dois leilões pro-

Leilões promovidos por região Virtuais Sul Sudeste Nordeste C-Oeste Norte Total

2015 2014 207 133 118 120 99 85 73 53 30 36 4 2 531 429

2013 153 149 83 66 42 9 502

2012 107 134 95 51 30 9 426

movidos em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, que venderam 71 lotes por R$ 721.970 , além de estreias em São Paulo e no Rio de Janeiro. Dos 4.715 animais ofertados no ano, 80% saíram em pregões do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. n




Associações

ABCZ leva PMGZ para dentro das fazendas Em 2015, programa de melhoramento genético fez 13 milhões de pesagens.

L

otados em seis escritórios regionais da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), 105 técnicos vão levar em 2016 o Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) para dentro das fazendas de seleção, oferecendo consultoria técnica aos criadores. Os selecionadores terão à disposição zootecnistas, médicos veterinários e engenheiros agrônomos, responsáveis pelo registro genealógico dos bovinos das raças Nelore, Nelore-Mocho, Brahman, Gir, Indubrasil, Tabapuã e Sindi. “Nosso objetivo é orientar o criador a aperfeiçoar o melhoramento genético. O ponto de partida é o relatório do PMGZ, que traz os dados de desempenho do rebanho de cada fazenda. A partir desse relatório, o profissional vai orientar os me-

Data de fundação da ABCZ

18/6/1934

Animais registrados até hoje

18 milhões

Animais registrados em 2015

586.000

Rebanho estimado

170 milhões(1)

Criadores filiados

20.579

Filiações em 2015

455

(1) 80% do rebanho nacional, conforme estimativa da ABCZ

lhores acasalamentos, com a escolha dos touros para cada fêmea do rebanho, a fim de corrigir os pontos fracos e aprofundar os pontos fortes do plantel”, diz o presidente da ABCZ, Luiz ­Claudio ­Paranhos. Segundo ele, em 2015 não foi possível levar o programa para as fazendas,

como se previa. “A prioridade foi o Circuito 100% PMGZ, que ministrou palestras técnicas sobre melhoramento genético para 13 localidades no Brasil. O Circuito, que contou com a participação de 500 criadores e será repetido neste ano, foi a porta de entrada para levar, em 2016, o PMGZ às propriedades selecionadoras”, diz. Em 2015, o programa contou com uma base de dados de 13 milhões de pesagens, 2 milhões a mais do que em 2014, e 11 milhões de animais avaliados. No PMGZ, a avaliação de animais de FIV e TE ainda está em fase experimental e a inclusão de DEPs genômicas – projeto desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Viçosa e coordenado pelo professor Fabyano Fonseca e Silva – ainda está em estudo. n

Anuário DBO 2016

133


Associações Nelore Padrão

Mira se mantém na carne de qualidade

A

Venda de cortes com o selo Nelore Natural cresceram 500% e ACNB quer mais

Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) está investindo pesado em iniciativas que promovam a participação dos cortes de carne Nelore no mercado, tanto nacional quanto internacional. “Nosso objetivo em 2016 é dar continuidade às ações de fortalecimento da marca lançando, mais projetos para fomentar e valorizar a produção de carne saudável, eficiente e sustentável”, informa o gerente executivo da entidade, André Locatelli. O número de associados permanece estável, com cerca de 2.500 produtores, dos quais cerca de 1.000 são efetivamente ativos. O Programa de Qualidade Nelore Natural (PQNN), desenvolvido pela ACNB em parceria com o frigorífico Marfrig, teve um desempenho acima das expectativas. “Foram 231.352 animais abatidos, dos quais 84.230 aprovados pelas normas do programa, o que representou crescimento de 26% e 34,5% respectivamente”, diz. Isso significa mais produto de qualidade no mercado. Há também um estímulo ao pecuarista que produz carcaças diferenciadas: o total pago em

Data de fundação da ACNB

7/4/1954

Animais registrados até hoje

7,25 milhões

Animais registrados em 2015

450.000

Rebanho estimado

110 milhões

Criadores filiados

2.500

Filiações em 2015

180

premiações aos produtores pelo ­Marfrig foi de R$ 3,15 milhões, com média de R$ 48 de prêmio por animal aprovado no PQNN. Maior volume – O aumento do número de animais abatidos dentro do programa foi resultado de uma mudança na estratégia comercial da ACNB, que fechou parceria com a Coopercica, de Jundiaí, SP. Esta rede varejista passou a vender também cortes de traseiro, dianteiro e costela, além do tradicional corte para churrasco, e ainda agregou mais seis unidades de venda da carne Nelore Natural, passando a contar com 68 pontos de distribuição no Brasil. “O volume de carne

desossada embalada com o selo Nelore Natural subiu de uma média mensal de 20 toneladas para cerca de 100 toneladas por mês”, informa Locatelli. Outra medida que visa à difusão dos cortes de Nelore foi a adesão ao Sistema Gestor dos Protocolos de Rastreabilidade (SGPR), coordenado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e hospedado na Plataforma de Gestão Agropecuária do Ministério da Agricultura (PGA). “A inclusão do Nelore na PGA dá ao consumidor a garantia da procedência dos cortes, o que deverá beneficiar o produtor que investe em carne de qualidade”, explica. No segmento de seleção genética, os números do Ranking Nacional permaneceram estáveis, assim como os leilões oficiais e a Expoinel. “Conseguimos manter a liquidez e os valores de comercialização, mesmo dentro de um cenário macroeconômico desfavorável”, aponta Locatelli. O Circuito Boi Verde de Julgamentos de Carcaças promoveu seis etapas em 2015, quando foram avaliados quase 4.000 animais. n

Caracu

De olho no cruzamento industrial com Angus

U

Versatilidade é trunfo dessa europeia totalmente adaptada

ma das mais antigas raças criadas no Brasil, a Caracu está de olho em quem está fazendo cruzamento com Angus e produzindo carne de qualidade. “O touro Caracu é uma ótima opção para repasse de IATF ou para fazer matriz F1”, diz o diretor de Marketing da Associação Brasileira de Criadores de Caracu (ABCC), Lício Isfer. “Como é adaptado, ele cobre com o Nelore em qualquer região do País. Outra vantagem é que se pode aproveitar a fêmea F1 como matriz. Ela é tão rústica quanto a Nelore, mas produz um excelente be-

134 Anuário DBO 2016

Data de fundação da ABCC Animais registrados até hoje Animais registrados em 2015 Rebanho estimado Criadores filiados Filiações em 2015

1980 120.000 5.000 n.i. 165 5

n.i. - Não informado

zerro tricros. Além de rústica, a matriz F1 Nelore/Caracu também é tão boa quanto uma F1 Angus para produzir um bezerro pesado à desmama, mas com a vanta-

gem de suportar o calor do Centro-Oeste e do Norte e não sofrer com a infestação de carrapato”, explica. “A fêmea F1 Caracu pode ser usada num tricruzado com raças britânicas como Angus para produzir carne de altíssima qualidade, como mostrou o experimento desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sul, em Bagé, RS”, explica. “Mas não é só rústico e adaptado para os trópicos. O Caracu apresenta grande evolução, graças aos 20 anos no Programa de Melhoramento Geneplus e em nada lembra o animal dos anos n 1970 e 80.



Associações

Angus

Um ano de grandes conquistas Raça bate recorde de venda de sêmen e começa a exportar para a Europa

O

s criadores de Angus têm motivos para comemorar. O ano de 2015 foi excepcional para a raça, tanto em comercialização de material genético quanto em ações promocionais. Os números da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) relativos à venda de sêmen em 2014 confirmaram a liderança inconteste do Angus, com 3,87 milhões de doses, 14,4% acima de 2013. Além disso, a raça faturou 12% mais em leilões no ano passado e registrou uma das melhores feiras de primavera dos últimos tempos, obtendo R$ 15,7 milhões em 21 remates. Esses dados confirmam o uso intensivo de genética Angus no cruzamento industrial, que tem sustentado o crescimento da raça no País, principalmente no Centro-Oeste. Capitaneando esse processo, está o Programa de Carne Angus Certificada, que ganhou mais um parceiro em 2015 - o Frigorífico São João, de São João do Itaperiú, SC. Com isso, ele passou a abranger 23 plantas de abate em oito Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Pará, este último incorporado à lista em agosto, por meio de uma unidade do Frigol. O número de animais classificados, consequentemente, cresceu, chegando a 400.000 cabeças, ante 332.000 no ano anterior, incremento de 24,4%. O feito mais comemorado pela ABA

136 Anuário DBO 2016

Data de fundação da ABA

20/9/1963

Animais registrados até hoje

591.436

Animais registrados em 2015

22.996

Rebanho estimado

3,8 milhões

Criadores filiados

395

Criadores no Programa de Carne

5.000

em 2015, contudo, foi o embarque para a Europa dos primeiros contêineres de carne com a marca Angus estampada na embalagem. Antes, o produto era exportado sem denominação racial por falta de legislação específica e aval do governo brasileiro. O entrave foi eliminado pela Circular 01/2015, que condicionou a colocação do nome de qualquer raça em peças de carne à aprovação pelo órgão de um protocolo devidamente registrado na Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA). O Angus foi a primeira raça brasileira a formalizar sua adesão ao sistema, em 14 de maio de 2015. Com isso, o Marfrig pôde iniciar, em agosto, as vendas de carne certificada Angus, com selo da ABA, para países como Alemanha e Holanda. Mercado gourmet - Roberto Pires Weber, que assumiu a presidência da associação no início de 2015, afirmou que a adesão do Angus à PGA ainda abrirá muitas portas à raça no exterior, especialmente com

a intensificação da parceria que está sendo conduzida, desde 2014, com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, em feiras internacionais. A raça foi escolhida para ser a “garota propaganda” da campanha desenvolvida pela entidade para mostrar ao mundo que o Brasil também produz carne gourmet. Em 2015, houve o “Angus Day” (dia do Angus) na Feira de Alimentação de Paris, França; na Feira de Anuga, na Alemanha, e na Exposição Universal, em Milão. O trabalho de promoção da raça no mercado interno também foi intensificado pela ABA, que formalizou, na Expointer 2015, em setembro, o lançamento de dois selos inéditos para diferenciar a carne Angus produzida no Rio Grande do Sul. Um deles foi o Angus do Pampa - Pastagens do Sul, que conta com parceria da Marfrig e visa valorizar a carne obtida em sistemas de produção típicos do Estado. O outro selo é fruto de um acordo com a ONG Alianza del Pastizal, que certifica bovinos criados em campos nativos de quatro países da América do Sul. A ABA pretende continuar fortalecendo o trabalho de promoção da raça, aumentar 20% o número de animais certificados e estimular a participação dos selecionadores nas provas de desempenho da CRV Lagoa e da Embrapa, que, em 2015, reuniu 52 tourinhos de 34 criadores, ante 58 e 35 respectivamente, em 2014. n



Associações

Canchim

Prova de desempenho com 350 tourinhos

L

Avaliação está movimentando a raça e valorizando reprodutores

ançada 2011, a Prova Canchim de Avaliação de Desempenho virou o grande motor dessa raça sintética brasileira. Internamente, está havendo uma corrida dos criadores para participar da avaliação, que teve início empolgante, depois perdeu força e agora voltou a crescer em número de animais. Foram 300 reprodutores em 2011 e apenas 200 nos dois anos seguintes. No quarto ano, esse número subiu pouco, para 220 bovinos, mas, em 2015, bateu recorde, com 350 tourinhos. “No início, a gente corria atrás. Agora, somos procurados, permitindo, assim, uma pré-seleção mais rigorosa”, diz o veterinário Maury Dorta Jr., responsável técnico pela prova, coordenada pelo Programa Geneplus da Embrapa Gado de Corte, de Campo Grande, MS. Externamente, a prova chamou a atenção do mercado. “A diferença de preço entre os animais provados e os não provados tem

Data de fundação da ABCCAN 11/11/1971 Animais registrados até hoje

270.000

Animais registrados em 2015

8.000

Rebanho estimado

n.i.

Criadores filiados

80

Filiações em 2015

n.i.

n.i. - Não informado

aumentado. Tourinhos provados chegaram a valer, em leilões de 2015, entre R$ 12.000 e R$ 16.000, ante R$ 8.000 a R$ 9.000 dos não provados”, explica. Segundo Dorta, o Canchim começou a se “antenar” com o mercado após o baque da crise do cruzamento industrial, em 2003. “A saída foi reformular a raça. Para fazer o novo Canchim, demos preferência também ao novo Charolês, que tem frame (tamanho corpo-

ral) moderado. Na avaliação genética, feita pelo Programa Geneplus da Embrapa Pecuária de Corte, deu-se prioridade ao acabamento de carcaça, além do ganho de peso”, informa. Apesar do esforço dos criadores para melhorar o gado e produzir um novo Canchim, a associação tinha dificuldade em atrair pecuaristas de cruzamento industrial. Sem renovar a clientela, a raça patinava. Foi a partir daí que surgiu a ideia da prova de desempenho da safra de tourinhos, que começou em Campo Grande e se desdobrou em duas localidades: as Fazendas Santo Antônio (Angatuba, SP) e Santa Helena (em Goiás). “Foi a partir dessas provas que começamos a atrair novos pecuaristas que estavam fazendo cruzamento industrial em monta natural e, mais recentemente, os que inseminam com Angus e usam os touros Canchim para repasse.” n

Marchigiana

Sêmen importado para melhorar rebanho Material genético escolhido atende demandas do mercado nacional

A

política de importar sêmen de touros modernos da Itália continua forte na raça Marchigiana. Em 2015, os criadores escolheram dois touros: Orco e Bucefalo. O primeiro foi provado pela Anabic (Associação Nacional das Raças Bovinas Italianas de Carne) em 2009 e o segundo, em 2014. A ideia agora é trazer sêmen do campeão e do vice-campeão da prova de 2015, respectivamente os touros Biquero e Attore. Segundo o diretor executivo Adauto Martinez Filho, da Associação Brasileira de Criadores de Marchigiana (ABCM), além de seguir o

138 Anuário DBO 2016

Data de fundação da ABCM

9/8/1972

Animais registrados até hoje

40.000

Animais registrados em 2015

450

Rebanho estimado

3.000

Criadores filiados

80

Filiações em 2015

4

que ocorre no país de origem em termos de melhoramento genético, o tipo desenvolvido na Itália vem de encontro ao que o mercado brasileiro está buscando em bo-

vinos, que é um animal de frame moderado. Martinez é criador da raça na Fazenda Renascença, em São Manuel, SP. “O Marchigiana de hoje não é o mesmo dos anos 1990”, diz. Além de continuar importando sêmen de touros da Itália, a ABCM – que terá eleição prevista para a troca da diretoria em outubro de 2016 – está incentivando o uso de sêmen de touro nacional. “Já são touros da geração que passou por reformulação no Brasil”, diz, citando os que estão em coleta nas centrais, como Julius da Unitas, Intec da Caru, Johnny da Unitas e Diplomata da Tamoios. n



Associações

Santa Gertrudis

Ano de intercâmbio internacional

O

Brasil deve importar sêmen e embrião dos EUA; Paraguai quer participar do Geneplus.

s criadores de Santa Gertrudis ganharão o reforço da genética da raça que está no campo nos Estados Unidos. O acerto do reinício da importação de material genético (basicamente sêmen e embrião) do país berço do Santa aconteceu em outubro, em reunião com a diretoria da SGBI (Associação Internacional de Santa Gertrudis). Segundo Gustavo Barretto, diretor de marketing da Associação Brasileira de Santa Gertrudis (ABSG), a importação deverá acontecer já em 2016. No encontro, Barretto também apresentou aos norte-americanos os detalhes do programa de melhoramento Geneplus, da Embrapa Gado de Corte, que avalia o Santa Gertrudis no Brasil, enquanto os técnicos da SGBI detalharam o seu novo programa de melhoramento que, na definição de DEP, usa conjuntamente os dados

Data de fundação da entidade

1961

Total de animais registrados

251.358

Animais registrados em 2015

7.238

Criadores filiados

151

Filiações em 2014

16

fenotípicos e de DNA dos animais avaliados na composição do sumário de touros. Segundo Barretto, o Brasil, convidado, estuda participar desse novo programa. Ainda no âmbito internacional, os criadores paraguaios, após visita dos criadores brasileiros à sua exposição internacional, que ocorreu no distrito de Filadélfia, na capital Assunção, no final de maio, demostraram interesse em participar do Geneplus, enviando os dados do seu rebanho para

a avaliação conjunta da genética dos dois países. “Os criadores paraguaios utilizam muito a genética do Brasil e por essa razão vai ser muito interessante a avaliação conjunta dos rebanhos e a unificação dos bancos genéticos”, explica Barretto, que considera essencial esse intercâmbio genético com os países que detêm os maiores criatórios de Santa Gertrudis, como os EUA, Paraguai, Austrália e África do Sul. Foi graças a esse intercâmbio que o Brasil trouxe um dos mais promissores tourinhos da raça, Gladiador. Além de bom de pista (seus filhos têm se destacado nas exposições) e no cruzamento industrial. Produzido a partir de embrião importado da África do Sul, Gladiador tem se destacado no Programa Geneplus e continua em coleta na CRV Lagoa, de Sertãozinho, SP. n

Jersey

Importantes mudanças para 2016

A

Aposta em práticas de bem-estar e fomento ao controle leiteiro

Associação dos Criadores de Gado Jersey do Brasil passou por um ­período de mudanças em 2015, que deve continuar neste ano. Todas para melhor, é claro, segundo o superintendente técnico da entidade, o zootecnista Cristiano Nogueira de Campos. A principal delas foi o lançamento de uma cartilha que elenca todos os procedimentos necessários para garantir o bem-estar animal de novilhas e vacas em exposições leiteiras. “A cartilha foi feita em parceria com o Ministério da Agricultura e o professor Mateus Paranhos, do Grupo Etco (Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal), informa Campos. Agora, em 2016, a ideia é difundir as boas práticas de bem-estar animal entre os produtores associados. “Não é mais permitido, por exemplo, aplicar qual-

140 Anuário DBO 2016

Data de fundação da Jersey BR 16/8/1938 Animais registrados até hoje 180.000(1) Animais registrados em 2015 20.000 Rebanho estimado 1 milhão Criadores filiados 1.250 Filiações em 2015 70 (1) até 15 anos de idade

quer tipo de medicamento nas vacas em exposição para estimular a produção leiteira”, informa Campos. A ocitocina, por exemplo, muito usada para esta finalidade, foi banida das mostras. Para este ano, os planos são ambiciosos. O primeiro é fomentar o controle leiteiro oficial da raça no Brasil. O segundo, dividir a exposição nacional da raça em quatro etapas, distribuídas pelo País – uma será no Rio Grande do Sul, ou-

tra em Santa Catarina, outra no Paraná e a quarta em Minas Gerais, importantes polos produtores de leite no País. A ideia de dividir a mostra atende à reivindicação dos próprios associados. Devido à distância e à lida diária com os bovinos, muitos não podiam participar da Agroleite, em outubro, em Castro, PR, quando criadores do Jersey aproveitavam para fazer uma mostra nacional conjunta com a raça Holandesa. “Regionalizando os eventos, é possível a criadores pequenos e médios participarem e terem acesso a animais de melhor qualidade”, diz. Campos destaca, porém, que as datas de cada uma das etapas ainda não estão definidas. Para encerrar, o Gado Jersey pretende realizar um simpósio técnico no fim de 2016, que reunirá, os criadores da raça ­leiteira, numa grande confraternização. n



Associações Girolando

Expansão a todo vapor

A

Associação registra 30.000 nascimentos e firma convênios internacionais

raça leiteira Girolando pode comemorar um 2015 de expansão. A Associação Brasileira de Criadores de Girolando, sediada em Uberaba, MG, registrou nada menos do que 101.000 animais no ano passado. Não foi o recorde do ano anterior, quando a raça superou os 106.000 registros, mas o fato de ter mantido o indicador acima dos três dígitos em 2015 já é motivo de comemoração. Em relação a registros de nascimento (ou seja, de bezerros com pais e mães conhecidos), a marca atingiu 38.000. “Mesmo em ano de retração da pecuária leiteira, a raça conseguiu crescer”, comemora o superintendente técnico da associação, Leandro Paiva, acrescentando que a expansão tem se dado não só no Brasil, mas também em países das Américas do Sul e Central. No ano passado, a entidade firmou convênios de co-

Data de fundação da ABCG Animais registrados até hoje Animais registrados em 2015 Rebanho estimado Criadores filiados Filiações em 2015

20/12/1978 1,42 milhão 101.000 15 milhões 2.990 374

operação ­técnica com a Bolívia e a Guatemala e assinou protocolo de intenção de cooperação técnica com Honduras, El Salvador, Costa Rica, Colômbia, Venezuela, Chile e Panamá. “Vamos passar todo o nosso conhecimento em relação ao registro genealógico e melhoramento genético”, informa Paiva, acrescentando que esses países, embora tenham rebanhos da raça, não dispõem de programas do gênero consolidados. Outra importante realização no ano que se encerrou

foi o primeiro Congresso Internacional do Girolando, entre 19 e 21 de novembro, em Belo Horizonte, MG. Paiva considerou que o evento “um sucesso”. Nos três dias de congresso, 550 participantes assistiram a palestras técnicas e puderam trocar informações sobre o Girolando não só daqui, mas de outros países de pecuária tropical. Paiva informa que o evento internacional deve, agora, se repetir a cada três anos. Para este ano, estão reservadas comemorações relativas aos 20 anos de oficialização da raça Girolando pelo Ministério da Agricultura. As homenagens ocorrerão durante a Megaleite, em Belo Horizonte, MG, entre os dias 21 e 26 de junho. “Além disso, a proposta é continuar com o projeto de internacionalização da raça e fomentar e atrair cada vez mais criadores da raça”, finaliza o superintendente da ABCG. n

Gir Leiteiro

Conquistas em duas frentes

D

Raça comemora 30 anos de programa de seleção e 1ª Expogil

ois acontecimentos marcaram o ano passado para o Gir Leiteiro. O primeiro foi a comemoração de 30 anos do seu Programa de Melhoramento Genético, desenvolvido pela Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) juntamente com a Embrapa Pecuária de Leite, em Juiz de Fora, MG. O segundo, foi a primeira edição da Expogil – Exposição Nacional do Gir Leiteiro, realizada em setembro, em Uberaba, MG, durante a Expoinel. Anteriormente, conforme explica o superintendente técnico da ABCGIL, André Rabelo Fernandes, a Nacional da raça era realizada junto com a Megaleite, também em Uberaba, só que no mês de junho. “Agora, preferimos tornar exclusiva a exposição e realizá-la no âmbito da Expoinel”, explica Fernandes, acrescen-

142 Anuário DBO 2016

Data de fundação da ABCGIL 17/9/1980 Animais registrados até hoje 1,27 milhão* Animais registrados em 2015 32.000 Rebanho leiteiro estimado 200.000** Criadores filiados 380 Filiações em 2015 30 * Animais Gir aspado e macho, de corte e leite; fonte: ABCZ ** Estimativa da ABCGIL

tando que a nova mostra foi um sucesso e reuniu cerca de 300 animais de “muita qualidade”. Em termos de número de mostras nacionais, porém, a raça já vem realizando evento do gênero há 17 anos. Após um agitado 2015, este ano de 2016 vai ser de “consolidação”, diz o superintendente. “Vamos avaliar a ExpoGil 2015, traçar estratégias para melho-

rar a mostra de 2016 e atrair um número maior de criadores dispostos a expor seus animais”, diz Fernandes. Além disso, outros objetivos da ­ABCGIL são incrementar a prova nacional de produção leiteira do Gir Leiteiro, a Gir Leiteiro Sustentável, que em 2016 vai para a quarta edição, e estimular exposições estaduais e municipais da raça a se tornarem ranqueadas. “Queremos também expandir os testes de progênie, sobretudo com estímulos do governo estadual de Minas Gerais”, diz o representante da associação. O objetivo de internacionalizar a raça continua, principalmente na América Latina e em parceria com a Brazilian Cattle Genetics, diz Fernandes. “Já há vários países latino-americanos que compram a genética do Gir Leiteiro brasileiro”, informa. n


Vitrine de Negรณcios

Anuรกrio DBO 2016

143


Vitrine de Negรณcios

144 Anuรกrio DBO 2016


Caderno de Negócios

Um guia de anúncios para facilitar as compras e aprimorar a produtividade da fazenda. Apresente-se para vender. ANUNCIE Ligue 11 3879-7099. Descontos especiais para programações.

Completa linha de produtos para Pecuária e Veterinária Tosquiadeiras Novos Modelos Melhor custo-benefício

Eletrificadores de alta potência para cerca elétrica Capacidade de 0,3 a 25 Joules

Picanas/ Bastão de choque Novos modelos de Picanas Walmur com botão a pilha ou com carregador

MAXISHEAR F7

FASTCLIP F8 Certificado pelo

Certificado pelo

SMALLCLIP F1

2 em 1

Dispomos de cabeçote para ser adquirido separadamente, para a tosquia de ovinos e equinos/bovinos na mesma máquina.

COMPLETA LINHA DE ACESSÓRIOS PARA CERCA ELÉTRICA

1 ano de garantia contra defeitos de fabricação

2 anos de garantia contra defeitos de fabricação

(51) 3343.5844

walmur@walmur.com.br

Picanas Hot Shot com botão 1 ano de garantia contra defeitos de fabricação

www.walmur.com.br

Anuário DBO 2016

145


Caderno de Negรณcios

146 Anuรกrio DBO 2016




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.