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Nossos assuntos
Quem apostou na palha pode confinar sem susto
A
explosão do preço do milho continua causando impacto nos confinamentos brasileiros e, após uma década de uso crescente do grão, há uma corrida em busca de alternativas. Uma delas, considerada altamente promissora, é a utilização da palha residual de culturas agrícolas, na forma de feno ou submetida a um tratamento bastante utilizado no passado com o bagaço de cana: a hidrólise alcalina para quebrar as fibras e melhorar a digestibilidade. Exemplos de uso da palha como feno são os confinamentos Monte Alegre, de Barretos, e da AgroPastoril Paschoal Campanelli, de Altair, SP; da palha hidrolisada, sai na frente o Grupo Otávio Lage, de Goianésia, GO, que já a vem utilizando em larga escala desde 2013 em sua operação de engorda anual de 25 mil cabeças. A opção do Grupo Otávio Lage, detalhada na reportagem de Maristela Franco que abre o Especial Suplementação da DBO de junho, vem na esteira do que fizeram muitos confinadores norte-americanos desde que o preço do milho também disparou por lá, em função da demanda para a produção de etanol. Com tradição no recurso aos subprodutos, principalmente por estar numa região de pouca oferta de grãos, o grupo foi encontrar a palha da espiga, sabugo e pedúnculos para moer a apenas 4 quilômetros dos cochos, numa indústria de processamento de sementes de milho. O material moído, hidrolisado e ensilado funciona como volumoso e substitui 12% do milho, a um custo bastante competitivo. Entre outros destaques da edição, uma radiografia da pecuária do extremo Noroeste do Mato Grosso. O repórter Ariosto Mesquita acompanhou por 10 dias uma das etapas do projeto Acrimat em Ação, percorrendo a região dos vales dos rios Arinos e Juruena, que abriga um rebanho de 4 milhões de cabeças, com forte vocação para a cria. Foram visitados 39 municípios e, em cada um deles, foram reunidos produtores para prestação de contas do trabalho da Acrimat e um painel técnico, com ênfase para palestras sobre pastagens pelo pesquisador Armindo Kichel, da Embrapa.
osta
Demétrio C
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DBO junho 2016
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Publicação mensal da
DBO Editores Associados Ltda. Diretores
Daniel Bilk Costa Demétrio Costa Odemar Costa Redação Diretor Responsável Demétrio Costa Editor Executivo Moacir de Souza José Editora Assistente Maristela Franco Repórteres Fernando Yassu e Mônica Costa Colaboradores Alcides Scot, Alisson Freitas, Ariosto Mesquita, Carolina Rodrigues, Denis Cardoso, Enrico Ortolani, Lídia Grando, Renato Villela e Rogério Goulart. Arte Editor Edgar Pera Editoração Edson Alves e Célia Rosa Coordenação Gráfica Walter Simões comercial/Marketing Gerente: Rosana Minante Supervisora de Vendas: Marlene Orlovas Executivos de Contas: Andrea Canal, José Geraldo S. Caetano, Maria Aparecida Oliveira e Vanda Motta Circulação e Assinaturas Gerente: Edna Aguiar Tiragem e circulação auditadas pelo
Impressão e Acabamento Prol Gráfica Ltda.
DBO Editores Associados Ltda. Rua Dona Germaine Burchard, 229 Perdizes, São Paulo, SP 05002-900 Tel.: 11 3879-7099 Para assinar, ligue 0800 11 06 18, de segunda a sexta, horário comercial. Ou acesse www.assinedbo.com.br Para anunciar, ligue 11 3879-7099 ou comercial@midiadbo.com.br
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Sumário Prosa Quente 12 Inácio Kroetz fala sobre riscos
e vantagens de se ficar livre de aftosa sem vacinação
Mercado 24 Coluna do Scot – Consumo de carne está caindo
Especial Suplementação 66 Retrato do cocho na recria intensiva
80 Soja ardida é alternativa a farelos proteicos
24 Indicador do bezerro tem
Fazenda em Foco 86 Na Genko, em Umuarama, PR,
28 Coluna do Rogério – O “efeito rojão” do preço do milho
Cadeia em Pauta 30 Walmart lança projeto com selo para a carne do Xingu
32 Primeiro lote de gado carbono neutro é abatido no MS
34 Novas regras para o programa no novilho precoce do MS
em dietas de terminação
Seleção 94 Legado de Arnaldo Zancaner no
Edição: Edgar Pera Foto: Studio A, de Goianésia, GO (Fábio Maya, gerente de pecuária do Grupo Lage, em silo de palha de milho hidrolisada, no confinamento da empresa, em Goianésia, GO) Arte final: Edson Alves
Máquinas 100 Caçamba misturadora dá
Saúde Animal 114 Gabarro é problema de casco que
Genética/Reprodução 102 No simpósio da ANCP, projeto
120 Coluna do Ortolani – O salto
guinada para o profissionalismo
Nelore segue modernizado
agilidade no confinamento
genômico da Embrapa para maciez do Nelore.
Eventos 40 Expozebu mantém fatura, mesmo
110 Touros não podem ser
46 No Confinar, em Campo Grande,
Especial 112 No Projeto“Feedback”, fazenda
com leilões a menos.
destaque para pesquisa sobre desmama precoce no Pantanal.
Grupo Otávio Lage encontra na palha de milho hidrolisada volumoso alternativo à silagem de milho, para engrossar a dieta de 30.000 bois em confinamento.
72 Silagem de sorgo turbina
84 Artigo aponta excesso de fósforo
recuo de 7,5% em maio
Reportagem de capa
visão dos nutricionistas
22 Negócios com boi gordo em ritmo lento
52 Especial Suplementação
perdidos por causa de brigas
também atinge animais a pasto
técnico do confinamento
Produção 124 Acrimat em Ação mapeia o
potencial de regiões do MT
Leilões 134 Fatura de maio encolhe,
campeã do ranking Angus da JBS
na contramão de tendência de valorização.
Seções
8 DBO online 10 Do Leitor
6 DBO junho 2016
18 Giro Rápido 50 Eventos/Agenda
140 Empresas e Produtos 146 Sabor da Carne
DBOonline
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Entrevistas Como ficar de bem com o boi, segundo Mateus Paranhos. Confira trecho da entrevista do professor da Unesp Jaboticabal que há mais de 25 anos faz um verdadeiro trabalho de catequese sobre a importância do bem-estar animal, como se mostrou na seção Prosa Quente da DBO de maio. O mercado da carne gourmet segue imune à queda de consumo. Em entrevista a Alisson Freitas, Walter Celani, diretor comercial da VPJ Alimentos, afirma que o nicho de consumidores de carne Premium tem condições de absorver oferta maior que atual. Pecuarista e dono de frigorífico, Juliano Marangoni, de Deadápolis, MS, fala sobre sua estratégia de recria de novilhas a pasto e terminação em confinamento. Os animais entram com 8,5 a 9 arrobas e saem com 12,5 a 13@.
Dia a dia do boi gordo
Confira no Portal DBO as cotações diárias do boi gordo nas principais praças pecuárias através da análise de Sidnei Maschio, tirada do programa Terraviva DBO na TV.
Recria turbinada
Fazenda Nova Zelândia, de Thales Borges Fagundes, Nova Brasília, MT, investe no ciclo curto com suplementação a pasto por 120 dias com 0,3% de protéico-energético por kg vivo e terminação em confinamento, com abate de até 400 cabeças por mês.
DEZ notícias a um clique
1.
4.
Integração reduz incidência das moscas-do-chifre. Pesquisa da Embrapa mostra que infestação pelo inseto é 38% menor em sistemas de criação silvipastoris, quando se compara com modelo convencional.
Técnicos europeus examinam defesa agropecuária em Tocantins, Rondônia e Distrito Federal, para habilitar exportação de carne bovina in natura aos países do bloco europeu.
2. Abiec quer Maggi ativo na
Mosca dos estábulos continua azucrinando rebanhos. Em fazendas próximas a canaviais, o inseto se desenvolve junto à palhada. E, então, o que fazer?
China. Entidade trabalha para habilitar a exportação de miúdos e de carne com osso para os chineses.
3.
Rio Grande do Sul soma a exportação de 20.000 cabeças de gado vivo no ano. O embarque mais recente pelo Porto Novo foi para a Turquia no início de junho.
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DBO junho 2016
5. 6.
Novo estudo sobre gases de efeito estufa na pecuária. Balanço das emissões está sendo feito pela Embrapa.
7. Central Bela Vista, do Grupo CRV,
inaugurará sua nova unidade em março de 2017. Próxima da sede atual, em Botucatu,
SP, a central poderá acomodar até 500 reprodutores.
8. Minerva paralisa planta de
Campina Verde, MG, e demite 400 funcionários.
9. Monitoramento por satélite pode
prever oferta de pasto. Ferramenta visa identificar intervenções feitas nas pastagens e estimar volume de animais para o abate em cada região do País
10. Nelore Natural amplia produção.
Reforço vem com a produção na unidade de Chupinguaia, RO, do Marfrig, que entregou 34 toneladas da carne com selo em maio.
Do leitor Planilhas do Rogério Gostaria de receber detalhamento das planilhas apresentadas na edição de DBO número 427, de maio, com o título “O que faço para comprar bem”, no artigo de Rogério Goulart.
Ricardo N. Amendola
milho. Nos preços do animal são considerados frete e comissão.
Jejum antes do abate Gostaria de saber se existe recomendação técnica da indústria em fazer o jejum para gado confinado destinado a abate.
Marcio Lupatini
Bodoquena, MS
Água Boa, MT
O colunista, Rogério Goulart, responde:
Na planilha em questão, levamos em conta todos os itens que entram em uma engorda. Ou seja, idade e peso do animal; raça; época do ano de compra – que influencia o tipo de engorda e o ganho de peso –; inflação no período; custo mensal de produção no pasto e diárias no confinamento; mercado futuro do boi gordo e preço do milho, além dos diferenciais de base do boi gordo e também
10 DBO junho 2016
Correção Cometemos um equívoco no crédito da foto publicada à página 116, na matéria sobre o Rally da Pecuária, onde aparece o técnico da Heringer Humberto Wernersbach em palestra. Ela é de autoria de Geovane Rocha. A foto que o repórter Alisson Freitas fez é a que está ao lado, do pecuarista Juliano Marangoni, citado na reportagem da edição de maio.
Péricles Salazar, presidente-executivo da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), responde:
O gado que vai para o abate, seja de ele confinamento ou criado a pasto, faz um jejum obrigatório de 12 horas. É a norma técnica dos frigoríficos.
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Prosa Quente Um dos principais nomes em defesa agropecuária do País, Inácio Kroetz enfatiza que a mudança do status sanitário vai além do fim da vacinação. “É preciso confiança na capacidade de vigilância e fiscalização do Estado”
Prevenção é a palavra de ordem
E
le tem sido um dos principais atores no cenário onde se desenrola a movimentação em torno do pleito “livre de aftosa sem vacinação”. O médico veterinário Inácio Afonso Kroetz (pronuncia-se “crêts”) é diretor-presidente da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), que entrou em operação em maio de 2012, num Estado que detém um rebanho de 9,5 milhões de cabeças de bovinos e está há dez anos sem ocorrência de focos da doença. Catarinense de Itapiranga, na tríplice fronteira entre Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Argentina, é formado pela Universidade Federal de Santa Maria, RS, onde também fez pós-graduação em reprodução animal. Concursado, transferiu-se, em 1983, para Londrina, noroeste do Paraná, para ser professor na universidade estadual
(UEL). Trabalhou no Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), entre 1985 e 1995, de onde saiu para ser diretor de Defesa Animal no Ministério da Agricultura, em Brasília, nas gestões dos ministros José Eduardo de Andrade Vieira e Arlindo Porto. Já na gestão de Roberto Rodrigues (2002-2006) foi diretor da área animal e secretário substituto de Defesa Agropecuária. Assumiu como titular da Defesa em 2007, já na gestão do deputado paranaense Reinhold Stephanes, onde permaneceu até 2010. É, também, o atual presidente do Fonesa (Fórum Nacional dos Executores de Sanidade Agropecuária). Nesta entrevista, concedida aos jornalistas Mônica Costa e Moacir José, ele fala da importância, das vantagens e também dos perigos que a mudança de status sanitário trará, tanto para o Paraná quanto para o Brasil.
Moacir – O senhor participou da 43ª Cosalfa, a Comissão Sul-Americana de Luta contra a Febre Aftosa, realizada em Punta del Este, no Uruguai, no início de abril. Voltou otimista de lá? Inácio Kroetz – Comemoramos quatro anos e cinco me-
já vivenciamos essa calmaria no passado. Tivemos regiões livres de aftosa por uma década, e, de repente, a doença ressurgiu, pois havia vírus circulante na região que, de alguma forma, estava mitigado. Por isso, a preocupação é nunca relaxar na vigilância. Outra coisa boa foi a divulgação do guia técnico para transição de região livre aftosa com vacinação para território livre de febre aftosa sem vacinação. Este é o grande foco agora.
ses sem aftosa nas Américas (Central, do Norte e do Sul) e não há registro de circulação viral. Essa “calmaria” é muito boa, pois é um bom tempo. Podemos dizer que, no momento, não temos “luta” contra a febre aftosa e que prevenção é a palavra de ordem, pois
12 DBO junho 2016
Moacir – A discussão dessa transição significa que estamos caminhando para o status de livre de aftosa sem vacinação nas Américas? Kroetz – Isso é inevitável. Mas não quer dizer que tem de
baixar a guarda. Temos febre aftosa endêmica na Ásia e na África. Inclusive com cepas virais contra as quais nós não vacinamos, porque não as temos por aqui. Então, a palavra de ordem é vigilância. Vigilância, proteção, prevenção, controle do trânsito, fortalecimento do serviço veterinário, fortalecimento da biossegurança nas propriedades.
Moacir – Se é certo que o Brasil vai parar de vacinar, em que momento estamos agora? Kroetz – Não podemos marcar data. Essa posição a gente
conquista, não exige. Porque dependemos da confiança que nossos auditores, nacionais e internacionais, vão ter, de que nós temos condições técnicas para isso. É um pleito que o próprio Ministério da Agricultura busca, e que o Plano Hemisférico para Erradicação da Febre Aftosa na nossa região prevê até 2020. Este projeto é acalentado há muitos anos. Porque não podemos ficar infinitamente vacinando, o que equivaleria a mostrar fragilidade. Além disso, outras cadeias, como a de suínos, vão se beneficiar e estão desejando que esta meta seja alcançada. Se não der para fazer com um Estado só, que se faça com mais Estados, que se amplie a região, fazendo uma zonificação de áreas livres sem vacinação, mas que se continue a insistir na proposta de parar de imunizar o rebanho. Além disso, temos de ter produto de qualidade para vender para os países que pagam mais, pois só sanidade não vai abrir mercado. Mônica – Essa zonificação caminha no mesmo sentido do Plano Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa? Kroetz – Ela tem sido trabalhada pelo Ministério da Agri-
cultura. Numa primeira fase, se caracteriza o sistema de produção, depois, pode-se pensar na zonificação. É um processo que deu muito certo lá atrás, com os circuitos pecuários, quando começamos a pensar naquelas áreas livres de aftosa com vacinação. É traçar a rota de onde o gado circula, para onde vão seus produtos, a necessidade de aquisição de determinadas regiões para reposição ou para realização de eventos.
Moacir –Sobre a questão da zonificação e dos antigos circuitos pecuários. Parece que este último é um conceito que está válido mas que foi abandonado pelo Brasil. Kroetz – Não é que precisa ter. É que é uma situação in-
teressante quando se faz uma caracterização da cadeia produtiva para não entrar muito no conflito comercial. Porque vai haver muita pressão para não passar animais onde eles sempre passaram. Então, por que não respeitar esse comportamento do agronegócio naquela região? Se o Estado resolve interferir nisso, vai arcar com o custo de mantê-lo. Ele vai ter de provar para o ministério, para o mundo, que ele vai manter, mesmo a contragosto do produtor. Mas não tem de ser tecnicamente viável, estra-
tegicamente oportuno, economicamente interessante, politicamente sustentável? Ora, numa situação dessas, o Estado não tem nenhuma dessas. Mônica– O seu Estado, o Paraná, vai parar de vacinar? Kroetz – Estamos caminhando para isso. Será na hora que
as condições permitirem, quando o Estado realmente estiver preparado para isso. Temos de preencher quatro itens: a medida terá de ser tecnicamente viável, estrategicamente oportuna, economicamente interessante e politicamente sustentável. Hoje temos só Santa Catarina livre sem vacinação, competindo com mercados que exigem essa condição. E, por ter uma população bovina pequena em relação ao que consome, não é competidor nessa faixa de mercados tão exigentes. O Paraná, com seus 9,5 milhões de bovinos, pode exportar 140 mil toneladas e aproveitaria esse mercado. Outra coisa é a condição sanitária que nós estamos vivendo, sem focos da doença. Se houvesse ocorrência do vírus, ninguém pleitearia o status “sem vacinação”. A Adapar tem de provar que possui infraestrutura para isso.
Moacir – É questão de fiscalização, então? Kroetz – Sim, de reforçar a fiscalização. Manter rigorosa-
mente atualizados os cadastros das propriedades, cuidar da movimentação interna. Se não usarmos a GTA eletrônica, não há como saber as diferenças de saldo de rebanho. É uma ferramenta que facilitou e muito o controle do trânsito. Tem de ser economicamente interessante também para o produtor, se não, larga a mão, que não vai. Para a suinocultura é extremamente interessante o Paraná ficar livre sem vacinação. Mas alguns setores da bovinocultura alegam que ainda não é. E isso tem de ser respeitado. É uma decisão que não pode ser unilateral, pois, parando de vacinar, há mais obrigações do que permissões em torno desse status. É uma medida que também deve ser politicamente sustentável, pois deve ser feita de tal forma que, independentemente de governo, não se pode voltar atrás.
O fim da vacinação representa mais obrigações do que permissões.
Mônica – Sabemos que esse pleito de status de livre de aftosa sem vacinação interessa mais à suinocultura. Como é que os pecuaristas de gado de corte estão vendo essa situação, já que perderão o acesso aos mercados dos Estados vizinhos? Kroetz – Esse é o “x” da questão. O Paraná não tem gado
de reposição suficiente para abastecer sua própria indústria frigorífica, que também não está inclinada a correr o risco de perder mercado por causa de um incidente em torno da aftosa. O invernista, que precisa se abastecer, o confinador, que precisa importar animais, serão prejudicados. E não seria justo que um gado vacinado que entre no Estado tenha o mesmo status de não vacinado. Eu corro risco, deixo de vacinar, mas compro animal vacinado para abater. O comprador que compra só gado não vacinado estaria sendo iludido. E nós não cumpriríamos mais DBO junho 2016 13
Prosa Quente os certificados sanitários internacionais. Mas concordo que a cadeia de produção da suinocultura está mais presente neste pleito. Porque ela tem excedentes. E quem não tem tanto excedente não tem tanta pressão para exportar. Mas antes de pensar no mercado externo temos de proteger nosso rebanho. Moacir – Parece que em Santa Catarina a pressão da suinocultura também foi muito forte. Por que o Paraná não faz a mesma coisa que seu vizinho do Sul? Kroetz – Faltou os setores conversarem mais, a indústria fi-
car mais presente. No momento em que o frigorífico não demanda boi sem vacinação para exportar carne para o Japão, para os EUA, para Coreia do Sul, que pagam muito bem; enquanto não garantir lucros que possa repassar para o produtor, para que este possa correr esse risco, esse casamento não vai acontecer. Há uma diferença de tamanho também. Eles têm 4 milhões de cabeças de bovinos; nós, 9,5 milhões. Moacir – Objetivamente, o ganho que se teria com a suinocultura, ao acessar novos mercados, não pode beneficiar a indústria frigorífica como um todo? Kroetz – Não. Ele pode gerar divisas a ponto de o Estado
Só sanidade não abre mercados. Precisamos ter produto de qualidade para oferecer aos mercados que pagam melhor
poder investir muito mais em proteção sanitária. Tenho certeza disso. E o suíno tem uma capacidade de resposta muito grande. A hora que o suíno puder ir para o melhor mercado mundial, que é o Japão, o ingresso de divisas beneficiará tanto a máquina estatal que o Estado se sentirá muito mais confortável em fazer o que Santa Catarina já fez. Mas o setor privado lá é tão representativo para a economia do Estado, a suinocultura é tão representativa que ela consegue bancar aquilo que o Estado precisava, que é o reconhecimento. E registro outro fato: o Paraná não pode correr o risco que SC correu, que foi ficar sete anos sem vacinar o rebanho, até ter o reconhecimento. Gastou uma fortuna em proteção. Imagine o Paraná, com a pressão que tem, com a divisa que tem, com Argentina, Paraguai, Mato Grosso do Sul, São Paulo. Apesar que o problema não é a fronteira. É o que está para dentro da fronteira. Nos últimos 16 anos, todos os focos que tivemos foram em área vacinada. Então, com vigilância se controla a suscetibilidade, a vulnerabilidade, a exposição ao perigo.
Mônica – Por isso o Ministério da Agricultura diz que o Paraná não estaria pronto para parar de vacinar? Kroetz – O trabalho que está sendo feito no ministério hoje
é justamente a caracterização das cadeias produtivas, para poder sugerir uma zonificação. E aí os Estados vão ter de decidir se adotam as medidas necessárias para que, na auditoria, se possa provar que todas essas medidas foram tomadas a contento. Não é porque um Estado quer, que ele já ficará livre sem vacinação. O Paraná, por exemplo, conta com um orçamento de R$ 150 milhões a 160 milhões grande parte investido na contratação de 861 servidores. Entre administrativos, técnicos, agrônomos e médicos veterinários. Temos 399 municípios e 135 unidades
14 DBO junho 2016
locais da Adapar. E mais 238 municípios têm as unidades municipais, onde um agente nosso faz a fiscalização. Com um média de três municipios para cada unidade local. Mas não significa que possa suspender a vacinação unilateralmente. O ministério só levará este pleito para a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) quando houver confiabilidade dos dados. Mônica – O CNPC anunciou que enviou ao Ministério da Agricultura uma solicitação para que a OIE considere a liberação de trânsito de animais de áreas livres de vacinação para as áreas livres sem vacinação. Há possibilidade de aprovação? Kroetz – Se o gado for registrado, vacinado, rastreado, o
Ministério da Agricultura pode dar autorização excepcional para ele ficar na exposição e sair. Ou até ficar. Porque se tem controle de sua origem, da última vacinação, que daí para a frente ele não vai mais ser vacinado. Uma exposição como a de Castro [gado leiteiro], por exemplo, não vai poder ser nacional. Se não tiver vacinação, só poderá ser com gado paranaense. Mas para recria e engorda e abate, não acredito que a OIE aprove; o importador não vai aceitar. Hoje já existem muitos mercados não aftósicos que compram do Brasil e nós provamos que o gado é realmente originário de uma região livre com vacinação. Agora, a recomendação da OIE é uma coisa; outra é o mercado comprador de carne bovina adotar isso como regra.
Moacir – Dê um exemplo de rebanho vulnerável. Kroetz – Pode até ser um rebanho vacinado. Mas se ele não
foi imunizado, não adianta. Um gado vulnerável é aquele gado mal manejado, mal vacinado, cuja aplicação por algum problema não gerou a devida imunidade e ele está sendo manejado como um animal imune. Mas se entrar o vírus, ele se manifesta. Ou ele transporta o hospedeiro, o vírus, e se ele tiver um desafio por movimentação, pode cair a imunidade natural dele, revelar a doença.
Moacir – O que pode acontecer, tecnicamente, se o gado vacinado em um estado livre de aftosa com vacinação for para outro que é livre sem vacinação? Kroetz – A vacina deixa resíduos. Quem comprova que
esse animal está realmente em condições de habitar uma área sem vacinação? Ele não pode ser portador do vírus? Pode. Só que não manifesta a doença. A vacina faz com que o animal não manifeste a doença clínica. Mesmo que ele esteja imunizado pode ainda ser um carreador. Não é que ele dissemina a doença. Ele é portador.
Mônica – O senhor apresentou recentemente um estudo sobre cobertura vacinal. E os resultados não foram muito bons em alguns Estados... Kroetz – Trabalhamos com dados referentes à vacinação
da segunda etapa da campanha de 2013, em novembro, cujos dados foram apresentados pelos Estados no primeiro semestre de 2014. O levantamento revelou que nós temos três zonas bem distintas no Brasil. Uma delas com eficácia vacinal perfeita, acima de 90% de proteção –
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Prosa Quente 95% no Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, DF, Pará e Rondônia. Também tivemos Estados com vacinação não tão boa, como o Acre, a região da fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina e o Uruguai, condição, que chamados de “sub-ótima”. Significa que o Estado não vai apresentar a doença, o gado está suficientemente vacinado para não apresentar a doença clínica, mas não está suficientemente protegido para não permitir uma circulação viral. Tivemos ainda pequenas regiões - como na divisa do Paraná com a Argentina e o Paraguai - onde a vacinação foi insuficiente. Quer dizer, a persistência da imunidade da vacina aplicada em novembro não durou até maio. Mesma situação de Estados como Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Moacir – Então o gado possivelmente não foi vacinado ou houve problema na vacinação? Kroetz – Ainda está se investigando. Pode ter havido uma
vacina mal aplicada, incorretamente aplicada ou não aplicada. Esses devem ser os principais fatores. Quero crer que não seja a qualidade da vacina, porque ela é muito boa. Alguma coisa houve. Há pecuaristas que pensam que, já que não há registro há anos da doença, não precisa mais vacinar.
Há pecuaristas que pensam que, se não há registro da doença, não precisa mais vacinar.
Moacir – O que fazer na vacinação seguinte para evitar o problema? Kroetz – Acompanhamos propriedades de maior risco, que
são as que movimentam muito gado, próximas a rodovias, onde os animais ficam mais expostos. Nós trabalhamos com vigilância ativa e passiva. A ativa é quando o fiscal vai nas propriedades, nos estabelecimentos. A passiva, quando o produtor traz o problema. Ou quando algum vizinho denuncia, desconfiando que o gado da fazenda ao lado não foi vacinado. Para isso temos ouvidoria, call center. Aí a multa é alta. Mas não queremos aplicar multa; queremos que o produtor vacine, porque é obrigatório. ~
Mônica – Quais medidas os Estados que tiveram problema devem tomar? Kroetz – Inicialmente, quem tem de garantir a vacinação,
por lei, é o produtor. Mas o Estado também não foi capaz de verificar essa eficácia. Cada Estado deve ter uma razão para desconfiar por que isso aconteceu. Tem de visitar as propriedades de referência. No canto oeste do Paraná foram 45 propriedades. Verificamos que teve até erro cadastral. Há uma infinidade de razões alegadas, mas o Estado tem o dever de explicar para o governo estadual e federal.
Mônica – Isso atrapalha as pretensões de quem é a favor da retirada da vacinação, não? Kroetz – Também sou favorável a se retirar a vacinação.
Desde que o serviço oficial, em atividade de responsabilidade compartilhada com o setor privado, assuma as condições e execute as ações necessárias para manter o Estado livre da vacinação e sem a doença. Prefiro trabalhar com protocolo de não vacinado do que esse resultado que 16 DBO junho 2016
nós tivemos nesses Estados, alguns parcialmente, outros totalmente, sem proteção, e trabalhando como se fossem áreas imunizadas. É muito maior o risco do que se soubesse que o rebanho não foi vacinado. Esse estudo tem de ser repetido. Porque a vacina hoje é uma muleta. É para quem não tem o serviço veterinário de qualidade acreditado perante o Ministério da Agricultura, a OIE e os mercados. Moacir – O senhor tem opositores dentro do Estado - os pecuaristas de corte e leite - e também no próprio Ministério. Não será fácil mudar o status antes de 2020... Kroetz – Por incrível que pareça, isso é muito bom. Se não
tivesse oposição, facilmente incorreríamos em alguma falha técnica. Quanto mais duros forem os opositores e quanto mais certos eles estiverem, melhor; estão evitando que tomemos a decisão equivocada. Mas aí é que está o grande ganho: quanto mais aprofundar a discussão, mais sólida vai ficar a decisão. Porque o Mapa só vai apresentar o pleito à OIE e aos mercados quando tiver certeza absoluta de que vai ser aprovado. O pior cenário é nós ficarmos um longo espaço de tempo que não pode ser superior a um ano pleiteando e não conseguindo o pleito. Isso simplesmente daria força a quem tem só interesse comercial e destruiria todo um trabalho que custou muito para se fazer.
Mônica – O Brasil pretende conquistar o status de 100% livre de aftosa com vacinação em 2017. Isso não atrapalha o Paraná? Kroetz – Sim. E estamos levando isso em consideração.
Estados que não exportam - Amapá, Roraima, Amazonas - não vão se ligar nessa questão de livre sem vacinação. Não vão aderir, porque não vai dar retorno para eles.
Moacir – Os países livres de aftosa sem vacinação, como Chile e Peru, existe uma relação de uma unidade veterinária local para cada 60.000 bovinos. O Brasil tem uma para cada 130.000 e o Paraná, uma para cada 76.000. Quanto menos, melhor? Kroetz – Teoricamente, faz sentido. Mas faz muito mais
sentido o que acontece naquela unidade. O número de unidades indica nossa capacidade física com boa distribuição territorial. Mas não quer dizer que com mais unidades eu teria mais gente capacitada e com equipamento. Eu tenho de ter condições de atender às necessidades locais. Moacir – Há fundo suficiente para remunerar isso? Kroetz – Este é um capítulo à parte. Nós temos fundos
bons. O Paraná tem um fundo de mais de R$ 60 milhões para indenização. O Fundepec é um fundo privado do Paraná que arrecadou para as quatro espécies valores diferentes, em torno de R$ 165 milhões. Mas é dinheiro exclusivamente para indenização. Para ter dinheiro para fazer prevenção tem de ter outra captação. E recursos exclusivos. O que vem do governo federal não dá 1,5 milhão por ano.
Produtos Fabiani ou Verminoses?
Indicado para animais magros, com pêlos arrepiados e possível diarreia. Os animais se alimentam normalmente mas não engordam. ALBENDATHOR INJETÁVEL ABATHOR ALBENDATHOR 10 ALTEC ALTEC PASTA PROVERME
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Giro Rápido IB ganha laboratório
Maristela Pituco, do IB, com o secretário da Agricultura, Arnaldo Jardim.
O Instituto Biológico de São Paulo inaugurou no dia 25 de maio um laboratório de referência em saúde animal. Primeiro no Estado a atender os requisitos de Segurança Biológica Nível 3 (NB3), numa escala que vai de 1 a 4, o laboratório permitirá a manipulação de agentes de alto risco para a saúde humana e animal, como a tuberculose, mormo e estomatite vesicular. Isto significa que o diagnóstico dessas doenças, que antes dependia do envio de amostras de substâncias para outros laboratórios, em uma logística que consumia tempo, agora poderá ser feito no próprio Biológico. “Esta condição nos dará muito mais agilidade para atender os produtores”, afirma a pesquisadora Maristela Pituco, responsável pela nova instalação, que demandou investimento de de R$ 200 milhões. Além de fazer análises, o laboratório permitirá o desenvolvimento de novos métodos de diagnóstico.
Gado em pé de vento em popa O mês de maio foi mais do que promissor para o mercado de exportação de gado em pé. A Jordânia, que havia suspendido as exportações de bovinos no início deste ano, quando o Brasil registrou casos de língua azul em ovinos no Rio Grande do Sul, retomou a compra de gado vivo brasileiro. Para reabrir o mercado, o Ministério da Agricultura forneceu uma série de informações sobre a situação epidemiológica da doença ao governo da Jordânia e enviou ao país uma equipe de veterinários para prestar esclarecimentos detalhados. O país é um dos principais mercados importadores de gado brasileiro. De 2011 a 2014, mais de 90 mil animais foram comprados pela Jordânia. Outro país que retomou a compra de gado em pé foi o Egito. No período de
CAR prorrogado para pequenos Medida provisória prorrogou para 5 de maio de 2017 o prazo para que os imóveis com até 4 módulos fiscais façam o Cadastro Ambiental Rural. O diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Raimundo Deusdará, informou, em comunicado, que a medida foi uma maneira de ampliar a inclusão dos agricultores familiares. Deusdará explica que o Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR) continuará disponível para inscrição de propriedades com mais de 4 módulos fiscais, porém estes não terão mais acesso aos benefícios vinculados ao Programa de Regularização Ambiental.
Boi arrota menos
Venda de boi pelo celular
O boi poderá deixar de ser um dos vilões do aquecimento global. Um estudo conduzido por pesquisadores de três países e publicado recentemente na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos, mostrou que um aditivo para rações chamado 3-nitrooxipropanol (3-NOP), pode reduzir as emissões de metano em até 30%, sem afetar as bactérias benéficas à digestão ruminal. A pesquisa mostrou ainda que o aditivo pode canalizar a energia perdida na produção do gás para o crescimento do bovino. Uma das instituições que participa da pesquisa internacional é a Universidade Estadual de Maringá, PR.
A compra e venda de gado agora poderá ser feita pelo celular. Responsável pelo comércio de animais nas fazendas de sua família, Marcos Fernando Marçal dos Santos, de 20 anos, filho do empresário Marcos Molina, inspirou-se nas dificuldades que enfrenta para desenvolver o aplicativo WebGados, que pretende aproximar compradores e vendedores de diferentes regiões do País. “O principal objetivo do App é eliminar o atravessador, para que os negócios sejam feitos de forma mais ágil e transparente”, destaca Marçal. Inicialmente, o aplicativo será direcionado à venda de bois magros e animais para reposição, podendo também receber cadastros de cavalos, vacas leiteiras, fê-
18 DBO junho 2016
2009 a 2014, esse país chegou a importar 75.000 cab/ano do Brasil, mas interrompeu as compras devido a divergências quanto a testes laboratoriais para a febre aftosa. Um novo acordo sanitário foi firmado em maio, reabrindo o mercado. Santa Catarina também começou a exportar gado em pé, pelo porto de Porto de Imbituba. Produtores do Estado venderam 4.300 bezerros de oito a 13 meses, das raças Limousin e Charolesa, para a Turquia, que pagou R$ 6 milhões.
Marcos Marçal: comércio mais ágil.
meas de elite e reprodutores. “Somente não vamos trabalhar com boi gordo, pois se trata de uma negociação direta entre o pecuarista e o frigorífico”, explica o jovem empreendedor. O WebGados estará disponível para download nas plataformas iOS e Android a partir de 5 de junho. Seu lançamento oficial será dia 17 de junho, durante a InterCorte, em São Paulo, SP.
Sustentabilidade pantaneira A Embrapa está avaliando o impacto da atividade pecuária em propriedades localizadas no Pantanal sul mato-grossense com ajuda de um software chamado Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), que utiliza diferentes indicadores, como a manutenção da biodiversidade, conservação de recursos hídricos, bem-estar animal, responsabilidade social e resultados financeiros. O próprio produtor inclui as informações no sistema, que calcula a nota para a fazenda. A Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO) e a empresa Korin querem usar o FPS para certificar a carne do Pantanal.
Filé no lugar do sushi Parece mentira, mas o reino do peixe cru está ameaçado no Japão. Na contramão de costumes milenares, os japoneses estão reduzindo o consumo de sushi e sashimi de atum, enquanto hambúrgueres e filés ganham popularidade no país. Essa tendência tem prejudicado o setor pesqueiro do país. No ano passado, a quantidade de atum importado e capturado pelos pescadores japoneses caiu 3%, conforme dados da Organização para a Agricultura e Alimentos (FAO) das Nações Unidas. “A população mais velha era a maior consumidora mundial de peixe no planeta, mas ela vem comendo menos, e os jovens preferem carne bovina”, diz Gorjan Nikolik, analista do Rabobank.
Infopec
Infográficos que sintetizam informações importantes da pecuária
Rentabilidade da recria é a mais sensível aos custos
O ágio da arroba do bezerro sobre a arroba do boi gordo superou a casa dos 40% em 2015. Para quem faz cria, foi uma beleza; para quem faz recria e engorda, um tormento, e para quem faz ciclo completo pode ter sido uma chance desperdiçada não vender o bezerro. Isso fica evidente quando se estima a rentabilidade por hectare em cada fase. Foi o que José Renato Gonçalves, o “Raí”, administrador da Fazenda Figueira/Fealq, de Londrina, PR, demonstrou durante o Encontro de Recriadores da Scot Consultoria, realizado em abril passado, através do gráfico que mostra a sensibilidade de cada sistema de produção às variações do custo operacional total. Nele, é possível notar que a rentabilidade, no cenário atual, é bem maior na recria, mas
essa atividade é também aquela que mais sente quando algum dos componentes do seu custo de produção aumenta muito. Já as fases de cria ou de ciclo completo são menos sensíveis às variações do custo de produção. Apresentam, porém, uma rentabilidade média menor. Enquanto os outros segmentos absorvem aumentos progressivos no custo de produção com uma rentabilidade menor, na faixa dos R$ 200/ha, o da recria precisa de um patamar bem maior. “A ideia é alertar os produtores que trabalham com mais de uma fase da pecuária de corte da necessidade de avaliar cada fase separadamente, pois podemos ter variações significativas na eficiência, em função do ciclo pecuário, explica Raí.
Suíno e frango não substituem o boi
Carne fora do acordo A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Associação das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) manifestaram publicamente seu descontentamento quanto às negociações do acordo bilateral União Europeia-Mercosul. Na troca de ofertas de acesso a bens e serviços, realizada em 11 de maio (a última ocorreu há 16 anos), os europeus deixaram a carne de fora. A Abiec qualificou a decisão como “decepcionante”. Inicialmente, a Comissão Europeia pretendia criar uma cota de exportação de 78.000 t/ano de carne bovina sem hormônios para o Mercosul, mas os produtores da UE têm sido contrários. A situação política do Brasil também não ajuda.
“Os dados sobre o consumo de carne bovina no mercado brasileiro estão horrorosos”. A declaração do consultor Alexandre Mendonça de Barros provocou um murmurinho na plateia que acompanhava o evento Confinar, em Campo Grande, MS. Projeções da MB Agro, sua empresa, mostram que o brasileiro está bastante contido no churrasco. Em pouco mais de dois anos – janeiro de 2014 a março de 2016 –, o consumo per capita de carne vermelha despencou de 36 para 27 kg/ano.
Ao contrário do que se pode pensar de imediato, a carne bovina não foi trocada por outra proteína animal historicamente concorrente. Os consumos de carne suína e de frango se mantiveram estáveis. “Deve estar ocorrendo uma queda absoluta da carne vermelha”, opina Alexandre. A menor frequência de consumo, segundo ele, pode estar eventualmente ligada a uma substituição por ovos, feijão ou outros alimentos mais baratos. “É um quadro compatível com um país com duas quedas consecutivas do PIB, 11 milhões de desempregados e 11% de inflação”, justifica.
DBO junho 2016 19
Mercado Sem Rodeios
Alcides Torres Jr. –
Scot
O consumo de carne caiu ou não?
A Engenheiro agrônomo e diretor da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP. Colaborou
Alex Silva, analista
de mercado da Scot.
contração de 3,6% da economia em 2015 reduziu em 4% a renda média per capita do brasileiro, que caiu de R$ 2.500 ao mês em 2014 para R$ 2.400/mês (IBGE) no ano passado. Essa queda reduziu o poder de compra da população. Em relação às carnes bovina e de frango, na média, em 2015, com o preço de 1 kg quilo de carne bovina no varejo em São Paulo era possível comprar 4,3 kg de frango inteiro. Se considerarmos somente os cortes de dianteiro de carne bovina, mais baratos, essa relação vai a 2,9 kg de frango. Ou seja, substituir a carne de boi pela de frango ficou atraente. Além disso, houve queda da disponibilidade interna de carne bovina. Tal cenário justifica a retração no consumo interno aparente do produto. O recuo foi de 10,9% em um ano, como mostra a tabela abaixo. Há, porém, ressalvas. A análise deste número precisa estar associada a outros indicadores. O entendimento do cenário macroeconômico é o primeiro deles. Isso porque o cálculo de consumo per capita é feito a partir da produção de carne do país, que se soma ao volume importado, subtraído da exportação e dividido pela população naquele ano. Portanto, se a economia nacional estivesse a pleno vapor e a população, com poder de compra intacto, em nada, ou em muito pouco, esse resultado de consumo seria diferente. Dessa forma, a oferta de carne, essencialmente, é que determina esse número. E quem determina a oferta de carne, por sua vez, é a disponibilidade de bovinos para abate, que, todos sabem, está menor desde 2014. Além disso, historicamente, 80% da carne bovina brasileira é consumida no mercado interno. Agora, imagine se a pressão de compra da população fosse grande e estivesse sendo vantajoso para as indústrias manter mais carne no mercado interno do que exportar. A parcela de 20% que exportamos alteraria, mas pouco, a disponibilidade interna. Em última análise, se estivéssemos com grande empenho em consumir carne e a oferta fosse li-
Cai a margem do varejo de SP na venda de carne
20 DBO junho 2016
Cruzamento de dados mostra redução Indicador/ano Produção1 Disponibilidade2 Consumo3
2013 10.760 8.829 43,9
2014 10.343 8.370 41,3
2015 9.298 7.515 36,7
Variação % -10,1 -10,2 -10,9
(1) em toneladas equivalente-carcaça; (2) Aparente, em t/e.c. e obtida através do resultado da soma da produção com a importação menos o volume exportado; (3) per capita, aparente, em kg/habitante/ano. Fonte: IBGE; elaboração: Scot Consultoria (www.scotconsultoria.com.br)
mitante, certamente estaríamos importando mais. O que não aconteceu. Então, partiremos para outros indicadores que, somados à análise da conjuntura econômica, nos permitirão entender com clareza o que pode ter ocorrido com o consumo de carne bovina. A margem do varejo é um bom indicativo. Note, na figura abaixo, que mesmo em um cenário de redução na disponibilidade de carne, os açougues e supermercados não conseguiram elevar os preços. Note ainda que foram pouquíssimas as vezes em que o mark up (diferença percentual entre o preço que o varejista paga pela carne no atacado e o preço que vende ao consumidor) ultrapassou os 60%. Outro indicador é a elasticidade renda da população. Para a carne bovina de cortes de traseiro, por exemplo, esse índice é de 0,53 e indica que a cada 1% de variação da renda, a despesa com este produto varia 0,53%. E, se a população perdeu renda, isso indica que o consumo de carne de cortes de traseiro caiu. O cenário econômico em 2016 está sendo semelhante ao de 2015. Embora a inflação projetada até o fim do ano esteja em 7%, ainda assim está acima do teto da meta do governo (4,5%). A recessão, novamente, deverá se aproximar dos 4%. Ou seja, os produtos cujos valores são mais elevados deverão apresentar dificuldade de escoamento. A margem dos frigoríficos em 2016 tem mostrado isso. Desde janeiro, a receita de uma indústria que desossa não supera a casa dos 16% em relação ao preço pago pela arroba, ante uma média histórica de 21%. Neste começo de entressafra, mais precisamente em maio, o resultado chegou ao pior patamar do ano, 13%. Ou seja, é só a arroba subir pela falta de oferta que os resultados da indústria pioram, já que está difícil elevar o preço da carne. Segundo o IBGE, entre janeiro/2015 e março/2016, as vendas de alimentos, bebidas e fumo nos supermercados saíram de um índice positivo de 0,9 para um negativo de 2,9. É sempre bom lembrar que, mesmo não sendo a carne bovina analisada separadamente nesses índices, é considerada um produto “mais caro”. Em resumo, associando esses indicadores, fica claro que está difícil vender carne num cenário tão complicado para a economia. Ao pecuarista, resta prestar atenção ao resultado dos frigoríficos. n
Mercado
Negócios com boi em ritmo lento Arroba do boi gordo fica estável em maio e inicia junho sem tendência definida Denis cardoso
A
pós recuar em abril, o preço da arroba do boi gordo ficou estável em maio, segundo dados apurados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O valor à vista do Indicador Boi Gordo Esalq/BM&FBovespa fechou o mês passado a R$ 154,73 na praça paulista, praticamente o mesmo valor registrado no fim de abril, de R$ 154,65. No entanto, no acumulado do ano, a cotação do animal terminado apresenta, em termos nominais, valorização de 3,7%, considerando o preço do indicador observado no fim de 2015, de R$ 149,12. Consultorias que acompanham o mercado do boi gordo têm dificuldade em prever o comportamento da arroba no curtíssimo prazo. Continua evidente a pressão baixista exercida pelas indústrias frigoríficas, diante do enfraquecimento no consumo interno de carne bovina, reflexo da crise macroeconômica. “A instável demanda por animais terminados, influenciada pelo fraco consumo doméstico, torna o mercado mais lento que o usual”, diz o boletim do início de junho da Informa Economics FNP, de São Paulo. Segundo o informativo, a pressão de baixa por parte da indústria da carne contribui para a diminuição de ofertas de animais na maioria das praças do País. Atualmente, diz o relatório, as escalas de abate estão bem acima (oscilam em torno de 6 a 8 dias) das registradas há um mês. Segundo a Scot Consultoria, apesar das tentativas de derrubada de preço, a cotação do boi gordo pode continuar firme em junho, devido à entrada da entressafra. “Há uma menor disponibilidade de animais, o que pode encurtar novamente as escalas de abate das indústrias”, diz o informativo da Scot. Segundo relatório do Cepea, a crise econômica traz reflexos diretos nas vendas de carne com osso no mercado atacadista. Na Grande São Paulo, informa o cen-
Preço do bezerro fecha maio em queda de 7,5% no Mato Grosso do Sul Datas de levantamento do Cepea 29/4/2016 R$ 1.423,61 218,15 R$ 6,52 R$ 195,60
Especificações Preço à vista por cabeça Peso médio/kg Preço por kg Preço por arroba
31/5/2016 R$ 1.316,54 212,00 R$ 6,21 R$ 186,30
Fonte: Cepea/Esalq/USP
Mercado futuro aponta arroba do boi gordo oscilando em torno de R$ 166 em outubro Mês para a liquidação dos contratos na BM&FBovespa Data dos pregões
31/03/16 29/4/16 314/16
jan
Fev
Mar
-
-
157,64 158,75 157,87 156,41 158,11 159,44 163,37 165,45 165,56 165,40 155,51 152,94 155,00 156,99 158,44 161,25 163,25 163,71 162,73 154,96 157,80 161,21 162,99 164,50 166,19 165,50 164,77
Fonte: BM&FBovespa.
22 DBO junho 2016
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
tro de pesquisa, os consumidores optam claramente pela aquisição de cortes mais baratos (dianteiro), em detrimento dos mais nobres (traseiro). Dados parciais de maio (até o dia 25 do mês) levantados pelo Cepea mostram que o preço do traseiro acumulava desvalorização de 4,35%, sendo negociado a R$ 11/kg, enquanto o dianteiro apresentava alta de 2,56% em igual período, atingindo R$ 8,41/ kg. A atual fase da indústria frigorífica realmente não é nada boa. O zootecnista Alex Lopes, analista da Scot Consultoria, diz que o mercado de carne sem osso segue em queda livre, o que resulta em margens cada vez mais estreitas para as unidades de abate e desossa. “Atualmente, a indústria trabalha com uma receita média apenas 12,3% maior que o preço da matéria-prima, mais um recorde negativo para estes seis primeiros meses do ano”, aponta Lopes. Exportação Depois da queda em abril, as exportações de carne in natura subiram em maio. Os embarques somaram 101 mil toneladas, volume 19,1% maior que o registrado no mesmo período de 2015 (84,8 mil toneladas) e 16,6% superior às 86,6 mil toneladas de abril, de acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. O faturamento também cresceu em maio, para US$ 398,2 milhões, 14,1% acima dos US$ 349 milhões de maio do ano passado. Segundo informou a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), pela primeira vez na história, a China liderou o ranking das exportações de carne bovina in natura em maio. O país asiático foi responsável pela compra de 20,3 mil toneladas, com um faturamento de US$ 84,4 milhões. O Brasil conquistou a reabertura do mercado chinês no segundo semestre do ano passado. Giro maior Levantamento divulgado recentemente pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) mostra que a participação de bovinos com menos de 36 meses no abate total do Mato Grosso “cresceu consideravelmente” nos primeiros quatro meses deste ano, respondendo por 55,25% das matanças gerais registradas no Estado. “O abate de animais mais novos, além de atender às exigências de alguns mercados importadores de carne bovina, demonstra o aumento da capacidade de engorda do pecuarista, já que ele consegue realizar mais giros de animais em seu pasto”, observa o Imea. No entanto, no mesmo relatório, instituto aponta a existência de “dificuldade de diálogo” entre os elos da cadeia da bovinocultura de corte no Mato Grosso, referindo-se ao baixo valor recebido pela matéria-prima (boi), “aquém de todos os principais mercados do mundo”. “O preço pago pela arroba do boi gordo em abril no Estado foi de US$ 37,26”, informa o Imea. n
Mercado
Indicador do bezerro tem recuo de 7,5% Animais jovens registram quedas mais acentuadas, refletindo o aumento da oferta.
O
Denis cardoso
onfirmando a expectativa de analistas, o mercado de reposição seguiu tendência baixista em maio, motivada pela maior oferta de animais, sobretudo bezerros. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) mostram que o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (animal Nelore, de 8 a 12 meses) fechou o mês de maio a R$ 1.316,54/cabeça no Mato Grosso do Sul, o que representou desvalorização de 7,5% em relação ao valor registrado no fim de abril, de 1.423,61/cabeça. No entanto, em relação ao preço verificado no último dia útil de dezembro de 2015, o mesmo indicador ainda acumula aumento de 2,5% em 2016. Em São Paulo, o bezerro fechou o mês passado a R$ 1.406,47, com leve alta de 0,7% na comparação com o valor final de abril (R$ 1.416,56). Porém, no começo de junho, o preço na praça paulista já havia recuado para R$ 1.316,54/bezerro (valor de 2/6), comportamento que fortalece a tendência baixista do mercado. Segundo análise da Scot Consultoria, de Bebedouro, a atual oferta de bovinos jovens é melhor do que a observada nos últimos anos. “Possivelmente isso já é um reflexo inicial do processo de retenção de fêmeas, o que deve possibilitar uma gradativa melhora na disponibilidade de bezerros em médio prazo”, avalia a zootecnista Isabella Camargo, analista da Scot. Ela destaca o comportamento de preços de reposição na Bahia, que tem caído com maior força na comparação com outras praças. “Este movimento é estimulado pelas condições das pastagens, especialmente ruins, fato que retrai ainda mais os compradores”, constata. No principal Estado do Nordeste, o preço do bezerro desmamado (6@) recuou quase 5% em maio, para R$ 1.047,50, em média, ante R$ 1.100 registrado em abril. O valor do garrote (9,5@) teve baixa de 4% no mesmo intervalo de comparação, saindo do patamar de R$ 1.597,50 para R$ 1.535, segundo levantamento da
Scot Consultoria. O boi magro (12@) também registrou tombo elevado no mercado baiano, de 4,3%, de R$ 1.865, em abril, para R$ 1.785, na média do mês passado. Nessa mesma praça, a novilha (8,5@) apresentou desvalorização de 5,2%, de R$ 1.305 para R$ 1.237,50. Levantamento da Scot Consultoria em 14 praças pecuárias do País mostra que a variação média de todas as categorias de reposição analisadas — quatro tipos de machos e outras quatro de fêmeas Nelore — caiu 1% em maio, na comparação com abril. Além da Bahia, as maiores quedas foram registradas em Goiás. O bezerro de 6@ teve baixa mensal de 2,6% em maio, atingindo R$ 1.230, em média. O garrote fechou cotado a R$ 1.605, com queda de 2,7%, e o boi magro caiu para R$ 1.937,50, um recuo de 2,8%. A novilha também teve desvalorização no mês passado, de 1,8%, para R$ 1.242,50. Nos outros dois Estados do Centro-Oeste, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, as desvalorizações mensais dos animais de reposição oscilaram em torno de 1%, de acordo com levantamento da consultoria de São Paulo. Na praça de Tocantins, norte do País, os preços médios dos animais de reposição ficaram praticamente estáveis em maio na comparação com o mês anterior, com exceção do preço médio da novilha, que teve queda de 1,3%, fechando o período a R$ 1.177,50. Em São Paulo, o preço médio do bezerro desmamado fechou o mês a R$ 1.317,50, com baixa de 0,6% sobre abril. Os valores do garrote e do boi magro ficaram praticamente estáveis, a R$ 1.790 e R$ 2.030, respectivamente, na comparação com abril, segundo a Scot. Na praça paulista, a novilha registrou queda mensal de 1,5% em maio, para R$ 1.325. Troca O atual cenário de baixa do mercado de reposição poderia elevar o poder de compra de pecuaristas recriadores e invernistas, visto que necessitariam de menos arrobas na compra de um animal jovem. No entanto, nas últimas semanas, os preços do boi gordo registraram quedas mais acentuadas, resultando em leve piora na relação de troca. Em maio último, eram necessárias 8,51@ de boi gordo para a compra de um bezerro desmamado na praça de São Paulo, um recuo de 1% sobre a relação de troca verificada em abril (8,42@/bezerro). No entanto, o quadro atual ainda é favorável aos invernistas se comparado aos negócios registrados em dezembro de 2015 e janeiro e fevereiro de 2016, quando eram necessários em torno de 9@ de boi gordo na compra de um bezerro de 6@. n
nnn
nnn
nnn
Cotação média do bezerro desmamado (6@) na Bahia, em maio, queda de 5% em relação ao mês anterior.
Valor médio do garrote na praça de Goiás, no mês passado; desvalorização de 2,7% sobre a cotação de abril
Preço médio da novilha em Tocantins, em maio; retração de 1,3% na comparação mensal
R$ 1.100
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R$ 1.605
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R$ 1.177,50
R$ 2.030
nnn
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Valor do boi magro em São Paulo, no mês passado; estabilidade em relação ao mês anterior.
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Fora da Porteira
Rogério Goulart
O milho e o “efeito rojão” Preços do grão espoucam como fogos de artifício. E reprimem boiada no confinamento.
Administrador de empresas, pecuarista e editor do informativo semanal “Carta Pecuária”, de Dourados, MS.
nnn A turma da pecuária se acostumou com milho barato.
nnn
S
empre gostei de fogos de artifício. Me encanta o risco luminoso ascendente, o clarão e o estampido rompendo o céu em milhares de faíscas brilhantes. Não há como negar que esse espetáculo é uma coisa linda. Isso me fez pensar sobre o mercado atual de milho, caro leitor. Não há outro assunto no momento aqui no fim de maio. O milho hoje é fogo de artifício ou é uma alta sustentável? Se isso tivesse ocorrido há alguns anos a alta deste grão não teria tanta importância. Agora, porém, este insumo está tão profundamente dentro da engorda que sua valorização não pode ser ignorada. Só para aproveitar o gancho, já falamos sobre o milho aqui na DBO em outra ocasião, mas lá a razão foi exatamente a oposta à de hoje. O milho estava extremamente barato. Lembro-me de ter sugerido estocar milho por cinco anos! Como se isso fosse possível, mas dava para fazer via bolsa. A razão daquela opinião era exatamente para se proteger do tipo de mercado de hoje. Expliquemos. A figura abaixo dá perspectiva e mostra o comportamento da alta nos preços em cinco anos, preços em reais por saca (R$/sc) à vista, fornecidos pelo Cepea da praça de Campinas, SP. Observe que o ponto mais barato do milho foi no fim de 2014. De lá para cá ele foi subindo lentamente até meados de 2015, e explosivamente de lá para cá. A maior parte do estoque de milho se destina à produção de ração e este segmento não tem por hábito estocar o cereal por mais do que três meses. Este é o problema. As altas de preço vão sendo absorvidas na operação. Mas tudo tem limite. O milho está caro? Vamos compará-lo. A relação
Preço da saca (em R$) “explode”. E agora? Na cotação do Cepea/USP, no final de maio ela equivalia a 1,75 saca de soja Em R$
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do milho para a soja no final de maio estava ao redor de 1,75 saca de soja para 1 saca de milho. Isso é uma relação próxima das mínimas históricas de 1,50. O momento é de milho caro em relação à soja. Os mesmos dados extremos históricos de milho caro estão ocorrendo com relação ao frango, ao suíno e ao boi. A relação da arroba do boi gordo e do milho está particularmente complicada. Ao redor de 3 sacas de milho por arroba essa conta voltou aos valores baixos que estavam anos atrás. Não os piores, mas muito baixos. O problema é que a turma da pecuária se acostumou com o milho barato e a arroba do boi gordo não está precificada para um milho caro. Isso significa que o boi, com milho caro, não dá dinheiro. Esse susto na pecuária penso que ainda repercutirá, caro leitor, em uma readequação de preços do milho na safrinha ou uma readequação de preços do boi gordo na entressafra. Ou um pouco dos dois. Não estamos lá ainda. Interpreto isso da seguinte maneira. Nesses valores de milho, engordar boi é uma escolha entre parar a operação, reduzi-la ou mantê-la. Três cenários. Parar, reduzir ou manter a operação. Parar a engorda significaria não ter milho para comprar sob qualquer preço e, ao mesmo tempo, os preços da arroba na bolsa não melhorarem agressivamente. Reduzir a engorda significa aparecer milho neste início de colheita de safrinha, mesmo ele estando caro. Na Bolsa, a arroba sobe pouco, e o cidadão resolve mesmo assim confinar um pouco, torcendo para melhorar a partir de outubro para um segundo giro do restante dos animais. Manter a operação aqui só ocorreria se o milho começasse a cair agora agressivamente e o boi na bolsa subisse forte, antecipando-se à falta de carne no segundo semestre. O que fazer? Muitos confinadores decidiram que não vão confinar. Nos pastos a coisa parece que está evoluindo para algo parecido. A sensação é a de que o que está mandando no atual momento é o fluxo de caixa, no sentido de que a pessoa vê a grana que vai gastar no milho, pensa que poderá até ver a arroba subir, mas avalia que o “crime” não compensa. E alivia o pé no acelerador. Isso resulta em duas coisas. A “tirada do pé” geraria uma entressafra típica de 2016 e os bois que não saírem agora gerariam uma safra típica em 2017. Vamos acompanhar para saber. n
AGORA É POSSÍVEL AVALIAR A EFICIÊNCIA DA SUA FAZENDA.
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A maioria absoluta da atual diretoria está com Fred. Técnicos, entidades parceiras e representantes da pecuária de todos os estados, também. Faça parte desse time. Vote Fred.
Com Fred Mendes, temos a garantia de que a ABCZ vai seguir unida e melhorando cada vez mais. Fred tem competência técnica, experiência de mais de 20 anos e conta com o apoio dos grandes representantes da pecuária nacional. Por isso, tem o meu apoio e o meu voto.
Ronaldo Caiado Senador da República
Aprovado pelos associados
Melhor equipe
Melhores propostas
Fred foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso da atual gestão. Por isso foi escolhido por mim e pela maioria dos diretores para assegurar que a ABCZ continue evoluindo, participando das grandes lutas do setor e incentivando uma pecuária cada vez mais competitiva, produtiva e sustentável. Pelo sucesso da nossa ABCZ, sou 100% Fred.
Cau Paranhos Atual Presidente
Conheço o trabalho do Fred há muitos anos e sou testemunha da sua capacidade de liderança e profissionalismo. Com Fred presidente, tenho certeza que os próximos 3 anos serão de grandes conquistas para todos os associados. Além do meu voto, esse tem o meu respeito e admiração.
Jovelino Mineiro Vice-Presidente
Para saber mais www.fredpresidenteabcz.com.br fredpresidente
@fredpresidente
fredpresidente
Fred Presidente
Cadeia em Pauta
Carne do Xingu Walmart apresenta sistema de monitoramento do bioma amazônico e lança projeto-piloto com rebanho de São Félix do Xingu Mônica Costa
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Projeto visa o aumento da produtividade e o maior aproveitamento de pastos degradados” Francisco Fonseca, coordenador TNC
monica@revistadbo.com.br
partir deste mês de junho, os clientes das duas lojas da rede varejista Walmart em Brasília, DF, já podem comprar carne bovina oriunda da região amazônica, com a certeza de que foi produzida dentro de critérios socioambientais. São cortes com a marca “Rebanho Xingu”, provenientes de 16 fazendas de São Félix do Xingu, município paraense com o maior rebanho bovino do Brasil. As fazendas aderiram aos protocolos de Boas Práticas Agropecuárias (BPA), sob orientação da ONG ambientalista The Nature Conservancy (TNC) e conseguiram aumentar a produtividade do rebanho em mais de 50% sem avançar sobre áreas de preservação ambiental, reservas indígenas, desmatar florestas ou explorar mão de obra escrava ou infantil. “Nosso objetivo é mostrar que é possível produzir carne respeitando a floresta”, afirma Francisco Fonseca, coordenador de Produção Sustentável da TNC, responsável pela capacitação dos produtores. O projeto-piloto integra o programa “Do Campo à Mesa”, e além da ONG, conta com a participação do frigorífico Marfrig e da rede varejista Walmart, que desde 2013 estimulam os pecuaristas a implementar um novo modo de produção, com rotação de pastagem, manejo do solo e preservação de áreas de proteção. As fazendas selecionadas reúnem 33.000 cabeças e uma área de 49.000 hectares, dos quais 19.000 ha já foram intensificados. “Nestas áreas conseguimos aumentar a lotação de 0,8 UA/ha que é a média da região, para 1,85 UA/ha”, diz Fonseca. A maioria trabalha com ciclo completo o que garante o monitoramento total da criação, para aquelas que dependem de animais de outras propriedades, estão sendo testadas soluções de rastreabilidade desde a cria. “Além do aumento da produtividade, a implantação de novas tecnologias e melhoria da qualidade de vida de todos os colaboradores da fazenda estão entre os benefícios”, afirma a pecuarista Solange Reusing, da Fazenda Bituva Grande, que está entre os fornecedores da carne Rebanho Xingu. Toda a produção, que hoje representa cerca de 15 toneladas mensais, será processada pela planta da Marfrig em Tucumã na microrregião de São Félix do
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Selo de procedência é primeira ação de marketing para valorizar a carne bovina amazônica
Xingu, a 100 km das fazendas fornecedoras. “Vamos vender todos os cortes do animal: dianteiro, traseiro e ponta de agulha”, diz Mathias Almeida, gerente de sustentabilidade da indústria frigorífica. A expectativa é ampliar o número de fornecedores no programa “Do Campo à Mesa” com a adesão de mais 300 fazendas da região amazônica até 2018 e então ofertar os cortes para outros estados do País. Monitoramento total O programa é um dos produtos que o grupo Walmart Brasil quer apresentar ao consumidor como resultado do Sistema de Monitoramento e Gestão de Risco da Carne Bovina, que começou a funcionar em janeiro deste ano com o acompanhamento de 75 mil fazendas da região amazônica que fornecem para 30 plantas frigorificas da JBS, Marfrig, Boiforte e Masterboi. Foram cinco anos de trabalho e investimentos superiores a R$ 1 milhão. O sistema integra dados de satélite que mapeiam desmatamento, terras indígenas e unidades de conservação, e informações de listas públicas de áreas embargadas e trabalho escravo. Segundo Sérgio Rocha, diretor da Agrotools, responsável pelo desenvolvimento do programa, o objetivo é mitigar o risco de todos os fornecedores. “A plataforma de dados permite que algumas informações sejam compartilhadas entre o frigorífico e o walmart. Estes dados são inseridos no sistema de compra de carne que barra a aquisição da matéria prima caso haja alguma evidência de risco ambiental ou social”, explica. O próximo passo é estender o monitoramento para os demais biomas do País. “Nossa expectativa é que até o final de 2017 toda a carne bovina vendida pelo Walmart no Brasil seja 100% monitorada” diz Adriana Muratore, vice-presidente comercial em arketing da rede. n
Cadeia em Pauta
Gado com chancela da Embrapa é abatido no MS Ariosto Mesquita,
O
de Campo Grande, MS
s primeiros animais produzidos dentro das exigências da marca conceito Carne Carbono Neutro (CCN), criada pela Embrapa visando à abertura de novos mercados para a exportação da carne bovina brasileira, foram abatidos no último dia 19 de maio, no Frigorífico JBS, unidade I, em Campo Grande, MS. O lote experimental, com 16 cabeças (machos Nelore castrados), foi oriundo da Fazenda Boa Aguada, em Ribas do Rio Pardo (100 km de Campo Grande), que desde o ano passado trabalha em parceria com os pesquisadores da Embrapa funcionando como uma unidade demonstrativa. “O abate foi feito objetivando demonstrar parâmetros de carcaça adequados para uma avaliação comercial e que, ao mesmo tempo, pudesse chamar a atenção do produtor”, explica o pesquisador Roberto Giolo, um dos criadores da marca. Nesta primeira experiência, foram produzidos 22 animais CCN (seis ainda permaneceram na propriedade) em uma área de 45 hectares de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). No abate, a carne desses bovinos seguiu dentro de um lote de exportação para o Oriente Médio. A Embrapa, por sua vez, contabilizou os dados registrados no frigorífico e coletou amostras para testes em seu laboratório na unidade Gado de Corte, na capital sul-mato-grossense. “O lote originou uma carne dentro dos padrões de qualidade que se exigem para um animal CCN”, garantiu o pesquisador Gelson Luis Dias Feijó, um dos responsáveis por esta análise. A idade média foi de 3,2 dentes (perto de 30 meses), com peso médio da carcaça ficando em 280,6 kg, ou 18,7 @.
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Ariosto Mesquita
A carne foi produzida dentro do conceito de emissão neutralizada de gases-estufa
Medição de gordura de um dos 16 animais Nelore do lote.
No teste de cisalhamento (que avalia a maciez por meio da força necessária para cortar o pedaço de carne), os resultados foram comemorados. “Na carne que não passou por processo de maturação obtivemos média de 5,37 quilograma/força (kgf), enquanto o padrão de maciez exige índices abaixo de 7 kgf”, conta o pesquisador. Os principais resultados deste lote piloto seriam apresentados durante o lançamento oficial da CCN, no último dia 7 de junho, em Campo Grande, no primeiro dia do 2º Simpósio Internacional sobre Gases de Efeito Estufa na Agropecuária (II Sigee). A CCN, segundo metas da Embrapa, passa a ser uma espécie de certificação para um produto de qualidade. Esta carne, desde que oriunda de animais desenvolvidos em áreas com árvores plantadas em sistemas de integração, será considerada livre de responsabilidade por descarga de gases de efeito estufa. “Trata-se de um protocolo que vai mostrar a cara do produto na medida em que atesta e confirma como foi o seu modo de produção”, explica Feijó. n
Cadeia em Pauta
Novilho Precoce terá novas regras Sistema de produção terá de ser sustentável para animal obter a certificação Ariosto Mesquita
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Fernando Lamas, do governo do MS: “Havia animais abatidos que não condiziam com o que deve ser um novilho precoce.”
de Campo Grande, MS
om mais de 7.000 produtores inscritos e uma estimativa de 1 milhão de cabeças abatidas, o Programa Novilho Precoce do Mato Grosso do Sul se prepara para uma total remodelação. Até julho, o governo do Estado pretende publicar decreto com as novas regras. A principal será a necessidade de avaliação do sistema produtivo. Além de sua adequação em relação à idade, peso mínimo e cobertura de gordura, o animal dificilmente receberá a chancela de “novilho precoce” caso a propriedade não adote, comprovadamente, modelos sustentáveis de produção. Dentre outras mudanças estão a redução da idade dos animais para abate e a adoção de mecanismos para contenção de fraudes. O governo entende que as atuais regras do programa (criado há 24 anos) estão defasadas, não atendendo às reais exigências de mercado. O secretário de Estado de Produção e Agricultura Familiar do MS, Fernando Lamas (também pesquisador e ex-chefe geral da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados, MS), antecipou, com exclusividade para a DBO, as principais mudanças, os incentivos para os pecuaristas e as metas do novo programa. 1) No início deste ano, o governador Reinaldo Azambuja disse que desvios no programa estavam lesando o setor público. Como aconteciam estas fraudes e o quanto foi apurado de desvio? Não gosto muito de usar a palavra “desvio”. Existem evidências de que muitos animais estavam sendo abatidos como precoces, mas longe de terem os atributos necessários para tanto. Não havia, no mínimo, um controle adequado. Até que eu saiba, não foi feito nenhum levantamento detalhado sobre a quantidade e o volume financeiro do que poderia ter sido fraudado. Ainda existem mais conversas do que fatos. 2) Que mecanismos estão sendo criados para conter a possibilidade de fraudes no novo programa? O principal mecanismo estará dentro do frigorífico. Todas as informações dos procedimentos na sala de abate cairão automaticamente em um banco de dados central do programa. Não haverá interferência humana. Este sistema será totalmente informatizado. De uma forma ou de outra, tudo o que se refere ao programa será modernizado para possibilitar agilidade e controle.
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3) O que deixa e o que passa a ser objetivo no novo programa? O Programa Novilho Precoce foi criado em 1992. De lá pra cá, ocorreram mudanças profundas na bovinocultura de corte sul-mato-grossense. Naquela época, o objetivo era reduzir a idade média de abate dos animais para menos de 36 meses. O novo programa, por sua vez, está centrado em dois fundamentos básicos. O primeiro é a qualidade do animal. A idade terá de ser igual ou inferior a 24 meses; o peso mínimo de 15 arrobas para os machos e de 12 @ para as fêmeas e a cobertura de gordura terá de garantir uma boa qualidade final da carne. Algo na faixa de 3 mm de gordura. Estamos definindo esses parâmetros. Outro fundamento é o sistema de produção, ou seja, não apenas o animal será avaliado, mas também a propriedade, que deverá adotar preceitos sustentáveis de produção. Dessa forma, mesmo cumprindo todas as regras para se obter um bom animal, o pecuarista pode perder pontos na classificação caso a sua fazenda venha a apresentar, por exemplo, problemas de conservação de solo. 4) Como o Estado avaliará este sistema produtivo? O pecuarista terá de nomear um assistente técnico. Os dois serão cadastrados no programa e todas as suas informações fornecidas serão auditadas. A propriedade será visitada por auditores integrantes do corpo funcional da Secretaria de Produção. 5) Existem servidores suficientes para atender a essa demanda? Sim. A grande maioria deste processo de auditagem será feita pelo corpo técnico da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal, a Iagro. 6) Muda alguma coisa na relação entre pecuaristas e frigoríficos? Em princípio, não. 7) Quais serão os incentivos para o pecuarista? A bonificação será escalonada e fiscal. Caso ele produza animais que atendam a todos os requisitos do programa e sua propriedade adote um sistema de produção sustentável, estes incentivos podem chegar ao limite de 67% de redução do ICMS gerado no negócio. O mínimo deve ficar na casa dos 30%. Ainda estamos ajustando estes números. 8) Quais são as metas do novo programa? Não há nada estabelecido formalmente. No entanto, nossa expectativa é de que ao fim dos próximos cinco anos, de 50% a 70% de todos os bovinos abatidos no Mato Grosso do Sul estejam classificados como novilho precoce dentro das normativas que estamos propondo. Hoje apenas entre 12% e 15% dos abates atenderiam a estas novas exigências. 9) Quais são os efeitos esperados na cadeia produtiva da bovinocultura de corte? A expectativa é de que haja uma modernização do setor e uma melhora considerável na qualidade da carne produzida no Mato Grosso do Sul. Para integrar o programa e obter os melhores incentivos passa a ser quase necessário que o produtor obtenha, para a fazenda, o atestado de Boas Práticas Agropecuárias, adotado pela Embrapa. n
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Cadeia em Pauta
Cepea lança aplicativo e quer mais pecuaristas na formação de preços
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obrar a participação dos pecuaristas brasileiros no fornecimento diário de informações sobre a comercialização de animais até dezembro deste ano. Este é o objetivo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) ao lançar o aplicativo Cepea Boi durante o Confinar 2016, simpósio sobre pecuária de corte que ocorreu em Campo Grande, MS, nos dias 31 de maio e 1º de junho. Os números do Cepea balizam todo o mercado pecuário brasileiro. Para delinear e conduzir esta formação de preços, os analistas obtêm os dados de indústrias, escritórios de compra e venda de animais e pecuaristas. “Com os dois primeiros não temos dificuldades; mantemos contato e coletamos informações de forma sistemática. No entanto, as chances de obtermos dados sobre negócios que os pecuaristas tenham efetivado no dia são menores do que 1%”, lamenta Mariane Crespolini dos Santos, analista de mercado do Cepea. Ela conduziu o lançamento da ferramenta, que é exclusiva para os produtores e permanecerá disponível até o final de junho. Mariane admite que não será trabalho fácil conseguir muitas adesões. “Pecuarista tem receio e é desconfiado. Mas o Cepea garante o sigilo de todas as informações fornecidas. Ao longo deste mês, além de apresentar o aplicativo e seu funcionamento, nossa meta é explicar como tudo funciona e convencê-los a participar”, revelou, informando que a meta é
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dobrar o número de pecuaristas colaboradores até dezembro. Atualmente, o Cepea depende da informação de 1.400 pecuaristas cadastrados. Faz pelo menos 30.000 ligações telefônicas a cada mês para coletar dados. O problema é que os analistas dependem da iniciativa destes produtores em repassar as informações sobre os negócios fechados. “Diariamente, também enviamos e-mail a cada um indagando se fizeram negócio e por qual valor. Alguns dão resposta completa, outros dizem apenas “sim ou não”, mas grande parte não retorna”, conta Mariane. Ela acrescenta que o produtor não precisará ficar na dependência de sinal de celular para responder. Basta ter internet e o aplicativo baixado em um dispositivo. “Os cálculos do Cepea estão certos, mas quanto maior a amostra, mais próximos os nossos referenciais de preços ficam da realidade”, reforça. O aplicativo Cepea Boi já pode ser baixado através do Google Play e encontrado no link https://play.google.com/store/search?q=cepea%20boi. A entrada e fornecimento das informações no sistema só são possíveis com cadastramento e recebimento de senha e login. Em sua configuração, a ferramenta permite, entre outras coisas, que o colaborador indique outro pecuarista para se cadastrar. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail cepea@usp.br
Cadeia em Pauta Suplemento mineral energético e proteico
Selo para a “carne sustentável” dos Pampas Chega ao mercado uma nova linha de carne que traz em seu DNA uma missão nobre: ajudar na valorização e conservação dos campos nativos da região Sul. O produto, fruto de uma parceria entre a Marfrig Global Foods e o Carrefour, estampará o selo da Alianza del Pastizal, programa de fomento à pecuária sustentável com atuação no Pampa. A ideia é que os consumidores identifiquem e selecionem cortes produzidos de maneira alinhada à conservação de importantes superfícies de campos naturais onde vivem inúmeras espécies de plantas e animais ameaçados de extinção. “Para a Marfrig esta é uma oportunidade de promover um produto com garantia de origem, que valoriza o trabalho e a tradição do Pampa, incentivando boas práticas de conservação da biodiversidade deste bioma tão importante”, diz Mathias Almeida, Gerente de Sustentabilidade da Marfrig.
Abrafrigo na China A Associação Brasileira de Frigoríficos promoveu em 16 de maio, em Pequim, China, um encontro entre autoridades brasileiras e chinesas para avançar nas negociações que permitirão que médios frigoríficos passem a exportar carne bovina para a China. Atualmente, uma das maiores queixas dos importadores do país asiático é o pequeno número de empresas brasileiras na operação _ apenas 16 estão habilitadas para vender carne bovina in natura para a China, que já é o maior comprador do produto brasileiro. Do encontro participaram Liu Xiao Hui, Presidente da CIQA, entidade do governo chinês que inspeciona e controla a entrada de produtos importados naquele país; Stella Sun, representante da Abrafrigo na China; Péricles Salazar, presidente executivo da Abrafrigo e Xu Jia, supervisor administrativo da CIQA, entre outros.
Reestruturação na JBS
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www.allnova.com.br NUTRIÇÃO
ANIMAL
A JBS, dona da marca Friboi, propôs uma reestruturação societária para a criação de uma nova empresa que terá sede na Irlanda e será listada na bolsa de valores de Nova York. Batizada de JBS Foods International, a companhia vai incorporar os negócios do JBS S/A no exterior como Moy Park e Pilgrim’s Pride e a Seara Alimentos, que representam faturamento de cerca de US$ 35 bilhões. A JBS S/A, que passará a se chamar JBS Brasil será mantida como companhia de capital aberto, com ações negociadas na BMF&Bovespa. Sob seu
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Inicialmente,os 20 cortes com a certificação da Alianza del Pastizal estarão disponíveis apenas nas gôndolas dos hipermercados Carrefour de Porto Alegre. Para abastecer o selo serão abatidos 50 animal por mês inicialmente, o equivalente a 15 toneladas da carne. A expectativa é chegar a 250 animais mensais até o fim deste ano. Segundo a Marfrig, a escolha do público gaúcho para o lançamento dos produtos reflete não apenas a proximidade com as áreas produtoras, mas, sobretudo, a sofisticação do consumidor de carnes premium do Estado. “A carne do Rio Grande do Sul é diferenciada pela alta qualidade que, agregada a atributos de sustentabilidade, atende o grau de exigência do público gaúcho em relação não apenas às características gastronômicas do produto, mas, principalmente, à seriedade e compromisso com seu processo produtivo”, afirma Almeida.
Frigol congelados O Frigorífico Frigol lançou um hambúrguer feito com 100% de carne bovina. Segundo Dorival Jr., gerente comercial da companhia, o objetivo é ingressar em um setor que fortaleça a exposição da marca e abra um novo nicho de mercado no segmento de industrializados congelados. “Neste primeiro momento os cortes são provenientes de animais comuns abatidos, mas projetamos lançar o hambúrguer Angus em dois meses, para um produto gourmet”, disse. A produção inicial está estimada em 40 toneladas mensais, que será comercializada apenas no estado de São Paulo, tanto para food service quanto no varejo. “Mas pela aceitação do produto logo esse volume vai aumentar” continua Dorival Jr.
comando continuam as unidades de carne bovina no Brasil, biodiesel, colágeno, a transportadora do grupo e a divisão global de couros, com faturamento de R$ 30 bilhões. Segundo a empresa, o Grupo JBS ainda será controlado por capital brasileiro, tendo como seu acionista majoritário a J&F Investimentos. O escritório central e as decisões estratégicas serão mantidos em São Paulo. A nova estrutura societária depende de aprovações do conselho de administração da empresa, e de acionistas, credores e órgãos reguladores. A previsão é que a mudança societária seja concluída no quarto trimestre deste ano.
Travessia firme na turbulência
Fotos: Francis Prado
Eventos
Expozebu mantém fatura na casa dos R$ 42 milhões nos leilões de elite, apesar de queda substancial da oferta.
Redação Com reportagem de Alisson Freitas, de Uberaba, MG, e colaboração de Carolina Rodrigues, de SP
A Visão da Estância Orestes Prata Tibery, onde foi realizada a 3ª Expozebu Dinâmica.
redução no número de animais comercializados na 82ª Expozebu já era esperada, porque a agenda de leilões estava mais apertada do que em 2015. E a explicação para a freada nos remates foi a instabilidade política e econômica do País. Mesmo assim, a maior feira zebuína do mundo, dona inconteste da maior concentração de leilões com médias de preços acima dos habituais, conseguiu manter o faturamento no mesmo patamar do ano passado: os 891 vendidos em 26 remates (1.224 em 34 remates em 2015) durante o período da mostra, entre 28 de abril e 10 de maio, em Uberaba, MG, somaram R$ 42,2 milhões, recuo de apenas R$ 260.500 em relação à fatura de 2015. Isso fez com que a média dos lotes de animais de seleção das raças Nelore, Guzerá, Gir Leiteiro, Tabapuã, Brahman e Sindi subisse para
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Noite dos Campeões: um dos cinco leilões com média acima de R$ 100.000.
R$ 47.428, após permanecer dois anos na faixa entre R$ 34.000 e R$ 37.000. Cinco leilões tiveram média acima de R$ 100.000, três deles, na casa dos R$ 300.000, aí incluído o clássico Elo de Raça, em sua 26ª edição. O outros dois foram o tradicional Noite dos Campeões e o novato Raça Forte (Nelore), em seu terceiro ano, surpreendeu com média de R$ 308.000. Abaixo desta cotação, concentrados na faixa dos R$ 50.000 a R$ 65.000, ficaram outros dois leilões. O mais interessante foi a constatação de que cresceu a faixa dos remates com médias entre R$ 20.000 e R$ 40.000. O grupo somou nove leilões. E também cresceu a faixa dos remates com médias entre R$ 4.000 e R$ 16.000. Foi o maior grupo, com 10 leilões. Wagner Peroto, da assessoria pecuária que leva o mesmo nome e que assessora vários remates realizados na mostra, acredita que a apreensão acabou cedendo lugar à confiança. “O criador que busca investimento quer também segurança e credibilidade. Na Expozebu, temos pregões com mais de 20 anos de história e isso estrutura o mercado”, interpreta. Já para o leiloeiro Paulo Brasil, responsável pela condução de cinco eventos da mostra, o mercado da feira desenhou um cenário firme para o comércio de genética, principalmente no que diz respeito à produção de animais que abastecem o segmento que produz carne. “A agenda da feira para o segmento de venda de genética para carne teve incremento de 16% na quantidade de animais vendidos e outros 14% no faturamento”, avalia. “Em época de troca de lideranças governamentais e retrocesso em vários setores da economia, atingir faturamento de R$ 7,5 milhões em um único leilão [o próprio Elo de Raça] é algo bastante relevante”, entende.
Além dos pregões e dos tradicionais julgamentos e exposição de zebuínos de corte e de leite, a Expozebu, promovida pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), contou com importantes eventos e lançamentos de tecnologias. Como a Equação Pecuária Eficiente, lançada pela própria ABCZ, que se baseia no conceito do “Boi 777” (que ganha 7 arrobas na desmama, 7 arrobas na recria e 7 arrobas na engorda). O projeto, desenvolvido em parceria com a Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (Apta) e a Phibro Saúde Animal, leva em conta os três pilares da pecuária: genética, saúde e nutrição. O produtor informa todos os dados de sua propriedade e os envia para a ABCZ. Com os dados na mão, a entidade faz uma análise qualitativa, identificando os pontos fortes e fracos de cada propriedade. A última etapa é a capacitação, em que os técnicos da ABCZ orientam os pecuaristas sobre como corrigir os erros e melhorar a produtividade de sua propriedade. “Essa informação dirigida e personalizada ajuda o produtor a identificar os pontos fracos e fortes de sua fazenda e a tornar sua atividade mais eficiente”, destaca o superintendente de Marketing e Comercial da ABCZ, Juan Lebrón. Outro importante evento foi a Expozebu Dinâmica, realizada pelo terceiro ano consecutivo na Estância Orestes Prata Tibery Jr., também em Uberaba. A mostra, dedicada a apresentar soluções para a pecuária e fazer ao vivo a demonstração de tecnologias para o público, como maquinários, cultivares e insumos, recebeu este ano mais de 3.000 visitantes somente para as dinâmicas de campo. A gastronomia também marcou presença na mostra de Uberaba. O chef Marcelo Bolinha comandou, ao lado da chef Manoela Lebron, a Vitrine da Carne, que busca valorizar diferentes cortes da proteína bovina. Para Bolinha, “não existe carne de segunda quando o boi é de primeira”. Assim, foram preparados pratos especiais à base de vários cortes. Um segundo viés importante do projeto foi conectar todos os elos da cadeia pecuária: do pasto ao prato. “Com a
O especialista Marcelo Bolinha exibe corte durante o Vitrine da Carne: carne “de segunda” só se o boi não for de primeira.
Vitrine da Carne e do Leite chegamos ao consumidor final, aquele que efetivamente precisa ser sensibilizado”, ressaltou Juan Lebron, da ABCZ. A primeira edição do Concurso Leiteiro Natural, com fêmeas criadas a campo, foi outra novidade. A prova teve como grande campeã em produção de leite a vaca Gir Geada FIV Badajós, com 105,12 quilos de leite e média diária de 21,02 quilos. Além disso, durante a mostra, foi assinado um contrato de cooperação técnica entre a ABCZ e a Embrapa Cerrados. Em entrevista à DBO, o chefe-geral desta unidade da Embrapa, sediada em Brasília, DF, Cláudio Takao Karia, comenta que, com o acordo, a Embrapa ampliará sua atuação no Triângulo Mineiro, visando identificar, selecionar e propor novas tecnologias para a pecuária de corte, de leite e também a agricultura, tendo como vitrine tecnológica a mesma Estância Orestes Prata Tibery Jr., da Expozebu Dinâmica. n
Takao, da Embrapa, que assinou convênio com a ABCZ: novas tecnologias.
Debate entre os presidenciáveis Em ano eleitoral para escolha de seu novo presidente – que substituirá o atual, Luiz Cláudio Paranhos –, a ABCZ promoveu durante a 82ª Expozebu um debate entre os candidatos Frederico Mendes e Arnaldo Borges. O evento ocorreu no dia 6 de maio, no Salão Nobre da ABCZ, no próprio Parque Fernando Costa. Frederico Mendes é o candidato da situação na chapa ABCZ Unida, tendo o apoio de 15 dos 17 membros da atual diretoria da entidade. Já Arnaldo Machado Borges, atual vice-presidente da ABCZ, lidera a chapa de oposição De A a Z – ABCZ para Todos. A eleição ocorrerá no dia 1º de agosto.
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Entrevista
Fim de mandato, balanço de ações. Entre elas, Cau Paranhos destaca papel dos técnicos de campo.
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mandato de Luiz Cláudio Paranhos como presidente da ABCZ está chegando ao fim. No dia 1º de agosto, os cerca de 12.000 associados ativos (sócios há mais de um ano e sem débitos com a associação) escolherão uma das duas chapas que concorrem ao comando da entidade-mor dos criadores de gado zebuíno no País, responsáveis por um rebanho de mais de 6,2 milhões de animais registrados. Pelo estatuto da ABCZ, não cabe reeleição. “E isso é saudável”, reforça “Cau” Paranhos, como é mais conhecido, demonstrando que, apesar de sentir que cumpriu seus deveres, há um lado de alívio em não ter de carregar nos ombros, por mais três anos, as responsabilidades inerentes ao cargo. Convidado a fazer um balanço de sua gestão, começando pela Expozebu, Cau Paranhos destaca a 3ª edição da Expozebu Dinâmica, que recebeu mais de 3.000 visitantes e registrou acréscimo de 30% no número de empresas participantes, na comparação com 2015. “Ela está se mostrando uma grata surpresa”, externa o presidente da ABCZ. Outra iniciativa – esta alinhada com a política da entidade de se aproximar mais da chamada pecuária comercial, que produz carne, não só animais de seleção – foi o lançamento do projeto “Equação da Pecuária Eficiente”, plataforma na internet que permitirá à entidade fazer um raio x das propriedades que se cadastrarem – sejam elas de associados ou não –, proceder a um diagnóstico de pontos que precisam ser nelas melhorados, possibilitando, dessa forma, que os pecuaristas possam progredir em produtividade e rentabilidade. “Será uma forma de, também, identificarmos o que nossos associados fazem, se têm gado comercial, se fazem ILP, etc. É mais uma importante iniciativa da ABCZ em prol do aumento da produtividade na produção de carne bovina e de leite. Estamos confiantes de que será um sucesso”, aposta Cau Paranhos. Referência nacional Foi em sua gestão que a ABCZ criou, há um ano e meio, o cargo de supervisor de área, que hoje conta com seis técnicos em suas principais regiões de atuação (MG, MS, RJ e ES, NE, NO e Goiás e Tocantins), treinados e capacitados em outras áreas, que não apenas a de registro genealógico. Uma tentativa clara de expandir o raio de ação da entidade, precipuamente incumbida de fazer um trabalho cartorial, de registro de animais. “Um dos objeti-
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Em 15 anos, salto de 50 para 104 técnicos.
vos também é mensurar a satisfação dos associados com os serviços prestados”, complementa Paranhos. Nesse sentido, ele informa, a ABCZ aplicou, nos últimos 10 anos, 30.000 questionários, para saber de seus associados o grau de satisfação com os serviços prestados, inclusive os da área de melhoramento genético, que tem no PMGZ seu instrumento principal. É um questionário eletrônico, que tem, no caso do melhoramento genético, metas a serem alcançadas. A parte de melhoramento e a de registro têm questionários específicos. “O ano de 2015 foi o que registrou maior índice de satisfação nas pesquisas, mais de 94% se disseram satisfeitos”, informa. Mas um dos pontos que o presidente em fim de mandato gosta de falar é sobre a inserção da entidade como principal representante da pecuária nacional. “Investimos muito nisso”, diz ele, informando que a ABCZ passou a cobrar mais ações dos parlamentares, por meio do acompanhamento do Instituto Pensar Agro, que monitora tudo o que acontece na Câmara dos Deputados, no Senado e nos ministérios e dá todo o suporte de acompanhamento do que acontece para a Frente Parlamentar da Agropecuária. “O resultado foram dois convites importantes para a ABCZ: a de presidente da Câmara Setorial da Carne Bovina (ocupada por ele próprio) e a de presidente da Comissão de Pecuária de Corte da CNA (ocupada por Antônio Pitangui de Salvo, diretor da entidade). Quando surge algum assunto relativo à pecuária, o pessoal do instituto nos chama para opinar”, diz ele. Para o presidente da ABCZ, ocupar a presidência da comissão de pecuária de corte – indicação da ex-ministra Kátia Abreu – demonstrou que houve confiança na entidade em representar o setor. “Essas ações fizeram com que a ABCZ também aparecesse mais para a própria imprensa, como representante do setor. Temos sido muito mais procurados do que éramos antes”, revela. Veja, a seguir, alguns assuntos questionados pelo editor-executivo Moacir José, em entrevista realizada na sede da DBO, no dia 13 de abril passado: DBO – Aproximar mais a ABCZ de seus associados é ponto comum entre as propostas dos dois candidatos a ocupar o seu posto. O que faltou na sua gestão?
Entrevista Cau Paranhos – A pecuária tem abrangência nacional;
está em todos os municípios. Por isso, vejo com bons olhos que os dois candidatos tenham essa mesma visão que tivemos, de levar as ferramentas de que a ABCZ dispõe para incrementar a produção de carne e leite do País. Isso é o essencial da ABCZ.
DBO – Dos associados, quantos têm pecuária comercial? Cau Paranhos – Não temos uma pesquisa refinada,
mas essa plataforma da Pecuária Eficiente vai servir para isso também: identificar dentre os associados quais praticam as duas atividades, se têm integração agricultura com pecuária, etc. O que precisamos saber é quais são os problemas dos pecuaristas, nas diversas regiões, e ver onde a genética pode contribuir para melhorar as outras variáveis que entram na produção.
DBO – Transformar os técnicos de campo em “agentes de melhoramento” foi uma de suas propostas de trabalho, no início da gestão. De zero a dez, quanto acha que conseguiu nesse propósito? Cau Paranhos – Dou nota 8. Estou bem satisfeito nesse quesito. A ABCZ tinha apenas 50 técnicos de campo 15 anos atrás e hoje tem 104. Pode ser que aumente mais. Mas isso vai depender do aumento da demanda pelo melhoramento genético.
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DBO – Uma das batalhas que o senhor travou, iniciada em 2014, envolveu a nomenclatura de raças nos Ceips, de animais não registrados pela ABCZ. Em que pé está essa briga hoje? Cau Paranhos – Não houve acordo na comissão, que tentou consenso, e a ABCZ a considerou ilegítima, criando um impasse. Pedimos uma avaliação pública. A auditoria do Ceip é de processos de escrituração, não de fenótipo de uma raça, tarefa para a qual nós, da ABCZ, temos gente preparada para assegurar. Não questiono o Ceip como programa de seleção genética, que é espetacular. O que questiono é um técnico do Mapa dizer que aquele animal é dessa ou daquela raça, tarefa para a qual ele não foi preparado. E o mercado fica refém dessa decisão. DBO – Não lhe preocupa a pecuária caminhar para um lado onde pesará mais a quantidade de carne que um animal produz do que a qual raça ele pertence? Cau Paranhos – Os Estados Unidos partiram um pouco para isso, com o Brahman. Mas a vantagem que temos sobre eles foi justamente ter mantido raças diferentes e linhagens diferentes. Essa diversidade genética preservada em grupos permite que tenhamos animais adaptados às diferentes características de produção do País. Não dá para pensar que só teremos animais cruzados produzindo carne em confinamento. n
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Grande interesse nas palestras atraiu 1.500 pessoas
Para incrementar a taxa de prenhez Resultados de pesquisa da Embrapa apresentados no Confinar mostram desmama precoce parcial como a mais adequada para a vacada do Pantanal
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Eriklis Nogueira, da Embrapa: apartação só das vacas vazias tem melhor resultado.
Ariosto Mesquita, de Campo Grande, MS
onjugar a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) com a desmama precoce da bezerrada é a uma ferramenta comprovadamente eficiente para intensificar a pecuária de cria pantaneira, com reflexos para a bovinocultura de corte do Cerrado. A afirmação, cercada de números, é baseada em cinco anos de estudos com aplicação prática, desenvolvidos por uma equipe de cientistas da Embrapa Pantanal (Corumbá, MS). As principais conclusões de algumas linhas de pesquisa foram apresentadas pelo pesquisador Eriklis Nogueira em seu painel “Intensificação Sustentável da Pecuária de Cria”, um dos destaques da programação do Confinar 2016, quinta edição do simpósio de pecuária de corte realizado anualmente em Campo Grande, MS. Em pouco mais de uma hora, ele buscou resumir as condições que permitem viabilizar essa intensificação, baseada no aumento da taxa de prenhez. No aspecto econômico da utilização da desmama pre-
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coce ele foi taxativo: “Somente é viável quando a taxa se elevar a partir de 15 pontos percentuais. Portanto, não é indicado para quem já obtém níveis de prenhez acima de 80%”. Ainda do que se refere ao bolso do produtor, Nogueira indica o procedimento apenas para vacas que estejam vazias. “Como um dos principais efeitos esperados na desmama precoce é a elevação da fertilidade da vaca, por que vamos desmamar precocemente o bezerro da vaca prenha?”, questiona. No experimento, ele trabalhou com três lotes, todos com vacas recebendo implante intravaginal aos 35 dias pós-parto, estação de monta de 120 dias, IATF no 10º dia e repasse de touros cinco dias depois. No primeiro não houve desmama precoce e a taxa de prenhez foi de 75%. No segundo, foram desmamados todos os animais no 70º dia (bezerros com idade média de 108 dias). No terceiro, o desmame (bezerros com idade média de 107 dias) foi exclusivo para as vacas vazias (45% dos animais). Em ambos, a taxa de prenhez chegou a 96%. A diferença foi o custo, que caiu de R$ 150/animal (segundo grupo) para R$ 67,50/animal (terceiro grupo). “Este último procedimento barateia o custo da desmama precoce mantendo uma taxa de prenhez elevada”, afirma o pesquisador. Ainda como resultado das pesquisas, Nogueira chama a atenção para redução da área necessária para a produção de animais, tomando como base experimentos na Fazenda São Bento (9.200 hectares), no Pantanal do Abobral, em Corumbá, MS. Ali, em 2012 o espaço necessário para a produção de um bezerro já era de 3,52 ha, ante 8,78 ha em fazendas (10 propriedades) que serviram como modal, ou seja, que trabalham no tradicional sistema de produção extensiva. Nogueira conduz estes estudos desde 2011 ao lado de três colegas da Embrapa Pantanal: os também pesquisadores Urbano Abreu, Juliana Corrêa Borges Silva e Luiz Orcírio Fialho de Oliveira. Inicialmente, as pesquisas sobre as possibilidades de adoção da desmama precoce no Pantanal tiveram como fator motivador a necessidade de amenizar os efeitos das cheias sobre os rebanhos. “Na retirada de animais das áreas em processo de alagamento, boa parte das vacas estava com cria ao pé. Portanto, começamos o trabalho para que o transporte pudesse ser menos traumático. Assim, quando as águas chegam, o bezerro desmamado já está fora dos cuidados da mãe; embarca e vai embora. Hoje, no entanto, pesquisamos a desmama principalmente para aumentar a taxa de prenhez, intensificando a cria no Pantanal”, explica. Considerando apenas a planície pantaneira nos estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, a Embrapa Pantanal estima que o rebanho bovino seja de 4,360 milhões de cabeças assim dividido por categoria: bezerros e bezerras (1,281 milhão,
Eventos Evento privilegia a tecnificação da pecuária Realizado nos dias 31 de maio e 1º de junho no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, na capital sul-mato-grossense, o Confinar 2016 reuniu público estimado em 1.500 pessoas, recorde em seus cinco anos de realização. O momento econômico, político e, sobretudo, de tecnificação da pecuária de corte foi, na opinião do pecuarista e sócio do evento, Edgar Sperb Justus, o elemento motivador desta alta demanda. “Quem não se atualizar na bovinocultura de corte vai continuar a perder dinheiro. Nosso público foi fundamentalmente de pecuaristas, convidados por nós e pelos patrocinadores”, conta. Apesar do nome “Confinar” o evento hoje é focado na pecuária de corte como um todo. “Este ano tivemos apenas um painel sobre confinamento”, observa Justus. A organização pretende seguir, para 2017, o modelo de se trazer uma atração surpresa para o público fora da programação oficial (este ano foi o lançamento do aplicativo Cepea Boi). Em breve serão avaliadas as respostas em mais de 400 formulários preenchidos e devolvidos pelo público. “Assim poderemos definir a programação para a próxima edição. Acredito que a integração produtiva, a adubação de pastagens e recursos humanos estarão entre os temas de painéis para 2017”, prevê.
produção média anual); fêmeas de 12 a 36 meses (847.789); vacas paridas e solteiras (2,133 milhões); e touros (97.172). Nova etapa Em 2014 os pesquisadores apresentaram um novo projeto que começa agora a ser colocado em prática. De uma forma geral, as pesquisas passam a atingir novos níveis para permitir que os resultados da intensificação da cria pantaneira possam também trazer resultados comprovadamente práticos para a
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Interesse na desmama estava mais ligado à questão das cheias; agora, da intensificação da cria no Pantanal.
pecuária de corte no Cerrado. Para isso três programas estão entrelaçados: Mais Cria (estudos de desmama precoce, IATF, produção de embriões, suplementação em altos níveis, etc.) Mais Precoce e Mais Engorda (tratamento de castração, suplementação, avaliação de carcaça e peso de abate, etc.). O Mais Precoce está a cargo da Embrapa Gado de Corte (que também abraça o Mais Precoce), em Campo Grande, MS. Este programa fica em um nível intermediário, servindo de ligação entre os projetos de cria e de engorda. Ao final, ele pretende reunir todas as informações em uma plataforma on line. “Nela, o pecuarista terá todas as informações sobre os procedimentos dentro deste encadeamento produtivo”, explica Nogueira, que lidera o Mais Cria na Embrapa Pantanal. “Assim, nossos estudos passam a envolver desde a produção do bezerro até o seu abate como animal acabado e de qualidade”, completa. n
Eventos Agenda Congresso Angus O 3º Congresso Brasileiro de Angus será realizado entre 29 e 30 de junho, em Porto Alegre, RS, com promoção da Associação Brasileira de Angus (ABA). O evento deve atrair cerca de 400 pessoas, na expectativa dos organizadores, e será dividido em seis painéis, que tratarão dos avanços genéticos para a produção de carne de alta qualidade. Os trabalhos terão início com o painel “Selecionando o melhor Angus para o mundo”, no qual especialistas abordarão a importância da seleção de reprodutores e do melhoramento dos rebanhos. Além deste tema, a integração entre genética e nutrição será abordada, e também o cruzamento industrial com genética Angus. A programação completa está disponível no site da ABA: www.angus.org.br
Confinamento O Workshop Gestão de Risco no Confinamento, promovido pela Coan Consultoria, será realizado entre os dias 29 e 30 de junho, em Ribeirão Preto, SP, no Hotel Araucária Plaza. O encontro tem como objetivo reunir especialistas em gestão de confinamento, que selecionaram estudos de casos reais, expondo conceitos inovadores para gerenciar os riscos e incertezas da atividade. O curso abordará planejamento estratégico, orçamento, estratégia comercial, investimentos, recursos financeiros, fluxo de caixa, identificação de riscos e indicadores e metas. Mais informações podem ser obtidas com Rogério Coan, tel. (16) 98123-6252, André Melo, tel. (16) 98250-4477 e no site www.coanconsultoria.com.br/workshop
Circuito Intercorte O Circuito Intercorte Etapa Campo Grande ocorrerá na capital do Mato Grosso do Sul, entre os dias 20 e 21 de julho. O evento é a versão itinerante da InterCorte, que percorre desde 2012 os principais polos de produção de carne no Brasil para levar informação, discussão e tecnologia aos produtores. O evento é composto por um workshop que discute em dois dias o tema “Pecuária de ponta a ponta – Tecnologia, Genética, Fazenda, Frigorífico, Distribuição, Mercado e Consumidor”, aprofundado por importantes especialistas, que debatem com o público presente, formado em média por 90% de pecuaristas. Os participantes conferem ainda as novidades tecnológicas apresentadas por empresas de referência do setor que participam da feira de negócios durante o evento. Informações em www.intercorte.com.br/campogrande
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Corn stover, após hidrólise, pode substituir até 15% do milho.
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O retorno da palha Devido à alta dos grãos, produtores buscam ingredientes alternativos, como a palha de milho hidrolisada, para garantir margem de lucro à engorda. fotos Studio A
Maristela Franco
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maristela@revistadbo.com.br
milho virou “ouro” em 2016, atingindo o incrível patamar de R$ 53 a saca em maio, ante R$ 25 em igual período do ano passado. Seu brilho dourado perdeu força nos cochos de todo o Brasil, após quase uma década de domínio crescente. O susto foi grande. Por isso, mesmo que os preços caiam nos próximos anos, pecuaristas de todo o País buscam alternativas para proteger-se de novas altas. Dentre as alternativas mais promissoras está a “palha” residual de culturas agrícolas. Abundante, diversa e barata, ela voltou ao cocho, transformada em feno ou submetida a um tratamento bastante popular nos anos 2000, mas já quase esquecido pelos produtores: a hidrólise alcalina, que permite quebrar as fibras da palha e aumentar sua digestibilidade. Quem “ressuscitou” essa técnica em larga escala foi o Grupo Otávio Lage, com sede em Goianésia, GO, contando com a ajuda de consultores da Nutron. Proprietária de um dos confinamentos mais antigos do Brasil, datado de 1972, essa empresa tem o pioneirismo no DNA e já usou a hidrólise, no passado, para tratar cana crua (veja matéria à pág 58). O grupo confinou 25.000 bovinos, em 2015, e pretende chegar a 30.000, neste ano. Para viabilizar essa enorme operação de engorda, está incluindo na dieta um produto chamado pelos norte-americanos de corn stover, que contém brácteas (folhas protetoras da espiga), pedúnculos e sabugos de milho. Esse material é moído, hidrolisado e armazenado em silos para uso conforme as necessidades do confinamento, que funciona quase o ano inteiro. “Estamos em uma região de baixa disponibilidade de grãos, por isso temos grande experiência com subprodutos. O corn stover hidrolisado, que estamos usando desde 2013, é especialmente interessante, pois funciona, ao mesmo tempo, como volumoso e substituto parcial do milho”, explica o agrônomo Fábio Maya, gerente da Divisão de Pecuária do Grupo Otávio Lage. Cada tonelada de matéria seca (MS) da palha de milho hidrolisada sai por R$ 89,53, o que lhe confere competitividade em relação a outros volumosos usados pela empresa (veja gráfico à pág 54). A DBO maio 2016
Fábio Maya, gerente de pecuária do Grupo Otávio Lage, buscou informações técnicas em várias fontes para revitalizar a técnica da hidrólise.
Em NDT (nutrientes digestíveis totais), a diferença de custo é ainda maior: R$ 144,40 a tonelada, ante R$ 451,67 da silagem de cana e R$ 450 do bagaço. Resgate necessário O corn stover está sendo utilizado nos Estados Unidos desde que o milho virou matéria-prima das usinas de etanol e apresentou forte valorização na segunda metade dos anos 2000. Pressionados pelos custos, alguns confinadores começaram a enfardar os resíduos da colheita e usá-los como volumoso. Logo viram que a hidrólise – um processo antigo, empregado pela indústria de celulose desde 1880 – poderia melhorar bastante a qualidade nutricional dessa palha, conforme constataram pesquisas da década de 70 e ratificaram experimentos recentes (2012 a 2014), feitos principalmente pelas universidades do Nebraska, Iowa e Wisconsin. “Essas pesquisas nos estimularam a aproveitar o material produzido por uma indústria de beneficiamento de sementes próxima ao nosso confinamento”, relata Maya. A oportunidade de usar a palha de milho surgiu DBO junho 2016 53
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em várias partes do Brasil, seja próximo a outras centenas de indústrias processadoras de sementes, seja nas próprias lavouras. Estima-se que somente o milho produza 84,3 milhões de toneladas anuais de palha, que poderiam ser parcialmente aproveitas para alimentação animal, sem prejuízo à cobertura do solo. No caso da cana, o volume é bem maior: cerca de 170 milhões de t/ano. “Também temos disponibilidade desse subproduto na região de Goianésia, onde ficam as usinas do grupo, cercadas por canaviais, mas acho que essa palha, a exemplo do bagaço de cana, tem maior aptidão para a cogeração de energia”, diz o executivo, lembrando que, durante a crise hídrica do Sudeste, em 2014, as usinas chegaram a receber R$ 840 por megawatt e o bagaço, usado nas caldeiras, atingiu R$ 150/t, comprometendo seu uso no confinamento. “O mesmo pode ocorrer com a palha de cana no futuro”, analisa. Empresa teve de investir pesado em caminhões para transporte da palha
em 2012, quando o Grupo Otávio Lage, sem condições de trabalhar com transgênicos, vendeu uma de suas empresas, a Brasmilho, para a cooperativa francesa Limagrain, quarta maior companhia de sementes do mundo, dona da marca LG. “A partir de então, o processo de colheita, que era idêntico ao dos grãos, mudou. Visando redução de danos mecânicos às sementes, a Limagrain passou a colher a espiga inteira, fazendo a despalha, secagem e debulha dentro da indústria com equipamentos especiais, que eliminam os resíduos. Nosso corn stover, portanto, é um pouco diferente do norte-americano, pois não contém os colmos e folhas presentes na lavoura”, relata o gerente de pecuária do Grupo Otávio Lage, que está assimilando toda a produção de palha da indústria (4.600 t, em 2015, e 6.000 t, neste ano). Segundo ele, existem oportunidades semelhantes
Maior digestibilidade O que não falta no Brasil, contudo, são opções de resíduos. “Muitos produtores já usam palhadas de soja, milho consorciado com capim, arroz e trigo como volumosos”, conta Pedro Veiga, consultor técnico nacional de bovinos de corte da Nutron. Todos esses materiais podem ser submetidos à hidrólise visando melhoria de sua qualidade nutricional. Pesquisa realizada nos Estados Unidos pelo professor Adam Shreck, da Universidade do Nebraska, mostrou que o tratamento alcalino incrementa a digestibilidade (medida com base no percentual de FDN, fibra em detergente neutro) da palha de milho, elevando-a de 45% para 68%. “Nosso corn stover, por ser oriundo de cultivares flint (grão duro), apresentou teor menor: 54,92% de FDN em análise realizada pela Universidade Federal de Viçosa, MG, mas ainda assim superior ao da silagem de milho (50,51%), silagem de sorgo (46,12%) e palha de milho não tratada (33,32%)”, informa Maya. Esse aumento na digestibilidade deve-se ao fato de
A palha tem custo inferior ao de volumosos usuais O gráfico ao lado mostra como a palha de milho hidrolisada é competitiva em relação à cana de açúcar crua, à silagem de cana e ao bagaço in natura, especialmente em NDT (nutrientes digestíveis totais). “Incluindo-a na dieta, conseguimos reduzir em 5% o custo da matéria seca em comparação com outras rações com igual nível de energia e proteína. Isso corresponde a uma redução de 4,5% no custo da arroba engordada no confinamento. Em um ano de margens apertadas como 2016, essa redução de custo possibilita elevar em 26% a receita final da operação”, explica Pedro Veiga, da Nutron.
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Animais aceitam bem a palha de milho hidrolisada, que apresenta maior digestibilidade do que o material in natura.
a hidrólise romper as ligações da lignina com a celulose e a hemicelulose. Comparando-se esses tecidos vegetais à parede de uma casa, o primeiro seria suas colunas de concreto; o segundo, os tijolos e o terceiro, o cimento. Quebrando-se as colunas, os componentes digeríveis (celulose e hemicelulose) ficam expostos à ação das bactérias ruminais, que as transformam em ácidos graxos voláteis, fontes primárias de energia para os bovinos. O tratamento pode ser feito com soda cáustica ou cal virgem, mas esses produtos têm inconvenientes. O primeiro pode causar intoxicação dos funcionários e dos animais, quando mal manejado, além de corrosão dos equipamentos. O segundo gera poeira nociva aos olhos e vias respiratórias, sen-
do, portando, difícil de manipular. Também queima a pele, quando entra em contato com o suor, e pode apresentar superaquecimento, com risco de explosão, durante a estocagem. “Optamos por trabalhar com hidróxido de cálcio (cal hidratada), que apresenta maior facilidade de manejo e segurança no trabalho”, informa Maya. É fundamental adquirir produtos de boa procedência, certificados pelo Ministério da Agricultura quanto aos níveis máximos aceitáveis de dioxina e furanos (compostos químicos tóxicos). Também é recomendável que a cal seja microprocessada, pois isso garante maior contato do produto com a superfície da fibra e melhora o resultado da hidrólise. O volumoso pode ser consumido, sem risco para os animais, cerca de sete dias após o tratamento, mas o gerente do Grupo Otávio Lage prefere prolongar o período de repouso. “Observei degradação mais acentuada das fibras deixando o material no silo por até 30 dias”, relata. Várias pesquisas realizadas nos Estados Unidos mostraram que, justamente por ser mais digerível, a palha de milho hidrolisada pode substituir até 15% do grão na dieta, sem prejuízo ao desempenho dos animais em ganho de peso e eficiência biológica. “Começamos com apenas 5% de inclusão, mas, gradativamente, fomos aumentando esse percentual, à medida que dominávamos a tecnologia, até substituir 12% do milho. Gostaríamos de trabalhar com 15%, mas teríamos de ter uma estrutura de moagem maior”, explica Maya, que trabalha com uma dieta contendo, além da palha hidrolisada, silagem de cana, gérmen de milho, casquinha de soja, farelo de algodão e núcleo. Como os norte-americanos, o agrônomo não registrou queda na performance dos animais com a substituição do grão pelo corn stover. “Trata-se de uma estratégia muito atrativa do ponto de vista econômico”, salienta.
fotos fábio maya
Passo a passo do processamento e hidrólise do corn stover
1 – A palha in natura chega ao confinamento em conteiner basculante
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2 – A haybaster pica os resíduos, que são umidecidos com água
3 – O material é distribuido em leiras e tratado com cal hidratada
Desafio logístico Não é fácil, contudo, trabalhar com palha de milho. Trata-se de um produto com baixíssima densidade (muito leve), o que encarece seu transporte. “Precisamos coletar o material enquanto as espigas estão sendo processadas, pois a indústria não tem espaço para armazenar montanhas de resíduos”, conta o gerente do Grupo Otávio Lage. Para dar conta dessa gigantesca tarefa, a empresa teve de investir R$ 400.000 na compra de oito contéineres basculantes com capacidade para 41 m3 e três caminhões, que se revezam continuamente sob a saída da máquina despalhadora de milho, instalada em posição mais alta para permitir o lançamento da palha no recipiente de carga do veículo. “A operação somente é viável porque nosso confinamento está localizado há 4 km da indústria”, diz Maya, explicando que o item transporte representa 23% do custo total desse volumoso. Para agilizar a coleta da palha, reduzindo custos, a empresa já planeja instalar em suas caçambas um dispositivo compactador semelhante ao dos caminhões de lixo, que permitirá reduzir a densidade do material. O primeiro protótipo já está em testes. Outro grande desafio inerente ao uso desse resíduo em rações bovinos é sua fragmentação. “Começamos picando-o com a colhedora de grãos. Ela não se mostrou adequada, mas, naquele momento, o que queríamos era testar o efeito da hidrólise. Confirmada a viabilidade da técnica, fomos procurar um equipamento que picasse a palha em pedaços menores, visando elevar o contato da cal com as fibras do volumoso, o que favorece a hidrólise, além de evitar que os animais separem a palha do concentrado, deixando de consumi-la”, conta o agrônomo. A solução encontrada foi comprar um moinho tubular haybuster, fabricado pela empresa norte-ameri-
4 – Um compostador é usado para misturar a cal com a palha
A DBO junho 2016
cana Duratech, representada no Brasil pela Casale. Ele custou caro – R$ 304.000 em 2014 –, mas tem capacidade para triturar qualquer tipo de feno, resíduos de lavoura e também grãos. Esse moinho processa 6 t de palha/hora, com peneira de uma polegada (2,54 cm), permitindo obter a granolometria ideal para hidrólise, que os pesquisadores americanos indicam ser de no máximo três polegadas (7,6 cm). A haybuster foi concebida para funcionar acoplada ao motor a diesel do trator, mas técnicos do Grupo Otávio Lage a adaptaram para usar energia elétrica, que, mesmo mais barata do que o óleo diesel, ainda representa 13% dos custos de produção do volumoso. A cal corresponde a 26% e as demais operações a 35%. Processamento da palha Após ser transportada da indústria de sementes para o confinamento, a palha é despejada em montes no “pátio central” da unidade, que é todo concretado, herança deixada pelo fundador do grupo, o ex-governador de Goiás e também engenheiro, Otávio Lage de Siqueira. Pás carregadeiras despejam o volumoso na haybuster, que trabalha em período integral (dia e noite) para dar conta do enorme volume produzido pela indústria de sementes. “Já estamos pensando em comprar outra máquina dessas”, informa Maya. Na saída da haybuster, a palha triturada é umedecida, com ajuda de um chuveiro. “Ela vem da indústria com 80% de matéria seca. É preciso reduzir o teor de MS para 50%, por meio da adição de água, para otimizar a hidrólise”, explica Fábio Maya. Depois de triturado e umedecido, o material é recolhido por uma pá carregadeira e jogado em um vagão forrageiro, que o distribui em leiras no pátio concretado. Se o teor ideal de matéria seca (50%), não tiver sido atingido com o chuveiro, faz-se mais uma
5 – A massa hidrolisada é jogada no silo e compactada
6 – Depois de compactado, o material é coberto com lona.
DBO junho 2016 57
Especial Suplementação hidratação, usando um tanque acoplado ao trator. Em seguida, joga-se cal sobre as leiras, na proporção de 5% da matéria seca, mesclando-o bem à massa. “Inicialmente, usamos vagões misturadores para efetuar essa operação, mas logo percebemos que não tínhamos equipamentos suficientes para a quantidade de palha a ser tratada. Decidimos, então, copiar o processo da compostagem”, lembra Fábio Maya. As leiras são revolvidas com um compostador, que mistura homogeneamente o agente alcalino com a palha. Depois de tratado, o volumoso é transferido para um silo trincheira ou de superfície e compactado ener-
gicamente com tratores. O objetivo dessa medida é diminuir o volume da palha, para caber maior quantidade do produto no silo e otimizar a armazenagem. O volumoso hidrolisado apresenta cor amarela (que depois escurece com o tempo) e textura macia, sendo bem aceito pelos animais. Ele pode ser armazenado por bastante tempo, pois a cal esteriliza a massa, evitando o ataque de microorganismos. Segundo Fábio Maya, todo o processo de hidrólise ainda pode ser aperfeiçoado, com redução de custos, tanto no transporte (um ponto crítico) quanto no fluxo de operações, que admite maior nível de automação.
Técnica de trajetória instável H
produtor, o mineiro Átila de Souza Soares, adaptou um equipamento para hidrólise com cal virgem micropulverizada, inicialmente dissolvida em água, depois a seco. O Grupo Otávio Lage chegou a empregar a técnica à época, porque ela permitia guardar o produto por três a quatro dias e suspender o corte nos finais de semana, reduzindo custos com horas extras. “Deixamos de hidrolisar quando a colheita da cana passou a ser feita por máquinas automotrizes, que facilitaram seu manejo e ensilagem”, informa Fábio Maya. Vários trabalhos pontuais com hidrólise de diferentes palhadas foram feitos no Brasil, inclusive usando amônia anidra ou ureia, como propunha o pesquisador da Embrapa, Onaldo Souza, em 2004, para reduzir a mortalidade de bovinos no Semiárido brasileiro. Com a inclusão crescente de grãos (principalmente milho) na dieta a partir da segunda metade dos anos 2000, a hidrólise foi deixada de lado pela maioria dos produtores. Agora, volta à cena por iniciativa de um grande grupo confinador e tem potencial para uso mais profissional. A diferença dessa possível “nova
Studio A
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idrólise é qualquer reação física, biológica ou química que envolva a quebra (lise) de uma molécula pela água (hidro). Velha conhecida do homem, ela passou a ser empregada em larga escala, no tratamento químico de fibras, a partir do século XIX, pela indústria de celulose (produção de papel). Seu emprego em resíduos de lavoura visando a alimentação animal teve início nos países escandinavos (Suécia, Noruega e Finlândia), durante a década de 50. No Brasil, a técnica apresenta trajetória instável. Chegou a ser bastante usado pelas usinas sucroalcooleiras, nos anos 80 e 90, para tratamento físico (vapor sobre pressão) do bagaço de cana, mas deixou de ser atrativa quando esse subproduto passou a ser queimado para geração de energia. Quando a cana crua tornou-se popular no cocho, na década de 90, o produtor paranaense, Eduardo Caldeirão, criou o “kit hidrocana”, que possibilitava hidrolisar o produto na própria colhedeira de forragem, usando soda cáustica. DBO fez uma reportagem de capa sobre o tema, em novembro de 1998, para apresentar a novidade.Na primeira metade dos anos 2000, outro
1ª onda – Usinas sucroalcooleiras hidrolisam baganço de cana a vapor
58 DBO junho 2016
2ª onda – Eduardo Caldeirão com seu kit para hidrólise com soda
3ª onda – Hidrólise com cal hidratada volta em grande escala
Especial Suplementação campanelli
Palhada da cana também poderá ser hidrolisada
onda” de uso da hidrólise é o maior domínio técnico de cada etapa do processo, que, segundo os norte-americanos, aumenta em 22% a ingestão de matéria seca (resultado de 24 trabalhos) e em 30% sua digestibilidade (32 trabalhos).
Hidrólise exige organização do produtor" Luiz Gustavo Nussio
Interesse cíclico O interesse cíclico pelos resíduos fibrosos para alimentação do gado no Brasil ocorre, segundo o professor Luis Gustavo Nussio, diretor da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), sempre que os concentrados e, com eles, volumosos de maior qualidade, sobem de preço. O Brasil é um país agrícola, portanto, pródigo em resíduos passíveis de uso na engorda de bovinos (calcula-se que toda cultura granífera produz quantidade de palha análoga à de grãos), mas não tem tradição de aproveitá-los, como os europeus, que, pressionados pelo rigor do inverno, estão acostumados a estocar esses materiais, na forma de feno e silagem, para uso no período de escassez. “Quando os grãos ficam caros, temos alguns movimentos em direção aos alimentos fibrosos, mas, infelizmente, eles não se perenizam”, observa o professor. A questão também está envolta em polêmica, pois muitos técnicos são contra a retirada de resíduos agrícolas do solo, alegando que eles são fundamentais para sua conservação e viabilidade do plantio direto. Segundo Nussio, a solução está no caminho do meio (aproveitamento parcial da palhada), em níveis definidos pela pesquisa, como fazem os confinadores do oeste paulista André Perroni, da Agropecuária Monte Alegre, em Barretos, e Victor Campanelli, da Agro-Pastoril Paschoal Campanelli, em Altair. Eles estão coletando cerca de 50% da palha de cana lançada no campo durante
60 DBO junho 2016
a colheita mecanizada e deixando os outros 50% como cobertura de solo, além de fonte de matéria orgânica. Antes, esse material se perdia durante a queima do canavial para facilitar o corte manual dos colmos. Pioneiro no aproveitamento da palha de cana em dietas de confinamento, como mostrou reportagem de DBO publicada em junho de 2015, Perroni já planeja hidrolizá-la para teste de digestibilidade. Após dois anos de experiência, ele reuniu bom número de informações sobre o produto, que possui 52,18% de NDT (nutrientes digestíveis totais), ante 55,3% do feno de tifton e 61,78% da silagem de milho. A expectativa é de que a hidrólise melhore ainda mais a competitividade em NDT da palha, que já ganha dos volumosos mencionados em outros quesitos. Por exemplo: seu custo, em 2015, foi 45% menor em matéria seca do que o da silagem de milho (R$ 255/t, ante R$ 466,67/t) e 3,5 vezes menor em FDNef, fibra em detergente neutro efetiva (R$ 354,26/t ante R$ 1245,52 da silagem). Contexto profissional Segundo o professor Nussio, ainda é prematuro afirmar que a hidrólise vai se perenizar como técnica no Brasil. “Quando os grãos ficam caros, todo o mercado se agita e temos, geralmente, alguns avanços técnicos no segmento de volumosos, mas, assim que eles voltam a patamares aceitáveis, os pecuaristas costumam retornar às dietas de alto grão, porque elas são mais práticas”, diz ele, salientando que as fazendas especializadas em pecuária produzem forragem por necessidade, não por gosto ou vocação. “As operações agrícolas são complexas e caras; sempre que podem, os pecuaristas procuram fugir delas”, acrescenta. Dentro de um contexto profissional, ressalta Nussio, a hidrólise pode inserir-se na rotina do confinamento, desde que seu uso seja economicamente vantajoso e o produtor tenha oferta cativa de resíduos, como é o caso da palha de milho processada pelo Grupo Otávio Lage e da palha de cana produzida pelos Campanelli, que cultivam 8.000 ha com a gramínea sacarídea e tiveram condições de automatizar o processo de produção, usando máquinas do tipo “preshop”, capazes de colher, picar e enfardar o material. Segundo Nussio, não se trata de uma técnica específica para confinamentos grandes. Projetos pequenos e médios também podem usá-la, desde que sejam organizados. “Tratamentos químicos como a hidrólise alcalina demandam não apenas domínio da tecnologia, mas uma disciplina ainda maior do que a exigida pela produção de silagem de milho”, diz o professor da Esalq. É preciso ter condições ideais para armazenagem e manipulação da cal, para garantir a segurança do trabalhador, do animal e do meio ambiente. “Se o produtor não tiver bom conhecimento da técnica e bom nível organizacional, embarcar nessa onda pode ser arriscado e pouco viável”, alerta.
Especial Suplementação
Fatiando a planta de milho Valor nutricional dos alimentos provenientes do milho Em % Produtos
MS
PB
FDN
FDA
dFDN
NDT
Elg (Mcal/kg)
Grão seco
88,1
9,4
9,5
3,4
52,7
87,5
2,0
Silagem de grão úmido
71,8
9,2
10,3
3,6
54,2
90,4
1,98
Earlage
67,1
8,4
18
9,4
58,1
87
1,98
Snaplage
62,5
7,7
22,2
10,5
57,8
81,8
1,91
Silagem de planta inteira
35,1
8,8
45
28,1
59,8
68,7
1,44
Fonte: Hudson,2012/ Adaptação: DBO MS: matéria seca; PB: proteína bruta; FDN: fibras digestíveis em detergente neutro; FDA: fibra digestíveis em detergente ácido; dFDN: fibra em detergente neutro digerível; NDT: nutrientes digestíveis totais; Elg: energia líquida de ganho e Mcal/ kg (energia metabolizável por Kg)
A
lém dos volumosos alternativos (tratados ou não), o produtor tem outra opção para baratear os custos da dieta em tempos de milho caro: tirar melhor proveito da gramínea, que é extremamente versátil, podendo fornecer, ao mesmo tempo, grãos e fibra, em níveis diferentes, conforme o tipo de corte. “Os pecuaristas brasileiros tradicionalmente exploram o milho na forma de silagem de planta inteira (como volumoso) e grão seco moído (fonte energética de concentrados), mas há outras possibilidades”, diz Nussio, citando pelo menos cinco: a silagem de grão úmido, a silagem de milho moído seco reidratado (já adotadas no País) e três novidades criadas pelos norte-americanos, o earlage, o snaplage e o toplage (ainda sem nome em português).
Versatilidade do milho
Pouco conhecidas no Brasil, essas silagens possuem teores diferentes de fibra e grãos (amido), possibilitando atender sistemas específicos de produção. Equipamentos modernos garantem esse “fatiamento” flexível da planta, visando colher a fração que mais interessa ao produtor, em determinado momento. Com diferentes níveis protéicos ou energéticos, essas “silagens de nova geração” se ajustam melhor às flutuações do mercado de alimentação animal, que mais parece uma gangorra, com alguns ingredientes subindo e outros descendo de preço anualmente. “O pecuarista começa a enxergar a planta de milho com outros olhos, sem dogmas”, salienta o professor da Esalq. Veja a seguir as características desses três novos tipos de silagem de milho. Earlage – Nome em inglês para a silagem composta exclusivamente por grãos (84%-90%) e sabugos (16%-10%). O material é colhido por uma colhedora de grãos, ajustada para reduzir a velocidade do rotor e abrir mais as peneiras, possibilitando a passagem do grão e do sabugo para a caixa de armazenamento. A massa colhida depois é processada por moinhos semelhantes aos usados para silagem de milho úmido. A colheita das espigas deve ser feita após a maturidade fisiológica dos grãos (ponto preto), quando eles apresentam entre 28% e 35% de umidade. Snaplage – Consiste na colheita da espiga inteira por uma ensiladeira autopropelida adaptada com plataforma de colher grãos. Dentro da máquina, as espigas são processadas como se fossem forragem, com pedúnculos, palha e sabugo. Essa técnica já foi objeto de reportagem de capa de DBO (junho de 2014), mas, na época, os produtores chamaram o produto de e arlage. “Trata-se de uma confusão muito comum, devido à nomenclatura em inglês”, diz Nussio. A colheita das espigas também é feita após a maturidade fisiológica dos grãos (ponto preto), com tamanho de partícula de 1 a 2 mm. O diferencial desta silagem é que ela pode fornecer, ao mesmo tempo, toda a energia e fibra necessária aos animais, bastando complementar a dieta com proteína e minerais. Além disso, a operação é feita por uma única máquina. Toplage – Alimento ainda não produzido no Brasil, devido à falta de equipamento adequado. Demanda uma forrageira de seis linhas, das quais duas são adaptadas para colher grãos e quatro para colher a parte superior da planta (corte a 82 cm do solo). O toplage contém espigas e parte dos colmos, apresentando teor de fibras superior ao do snaplage e inferior ao da silagem de planta inteira. A colheita é feita quando o milho apresenta teor de matéria seca entre 35% e 40%. n
62 DBO junho 2016
Informe Publicitário
Vitamina B protegida da degradação ruminal em dietas para bovinos de corte Josiane Lage
Supervisora de P&D, Bovinos de Corte – Bellman, Trouw Nutrition Zootecnista, Dra. em Produção Animal
Algumas pessoas já estão pensando: “E por que eu deveria suplementar bovinos de corte com vitaminas B”?... ou “Os microrganismos no rúmen dos bovinos sintetizam vitamina B e os animais não precisam de recebê-las via dieta!”, etc. E eu pergunto: “Será”?. Vitaminas do complexo B são essenciais para os animais e estão presentes em quase todos os alimentos que os ruminantes consomem, mas em muitos casos esta não é a principal fonte de vitamina B que os bovinos utilizam. Vitaminas B provenientes do alimento são degradadas no rúmen devido ao processo de fermentação ruminal, sendo que algumas vitaminas são absorvidas através da parede ruminal. Entretanto, microrganismos no rúmen utilizam e também produzem vitaminas B. Elas atuam como co-fatores enzimáticos que estimulam o funcionamento do fígado, auxiliando no metabolismo de carboidratos, lipídeos e aminoácidos, melhorando a eficiência pós-absortiva de nutrientes. O fígado tem um papel crucial no metabolismo de glicose, aa’s e lipídeos, de forma que muitos desses processos dependem de enzimas, que são ativadas em cooperação com co-fatores enzimáticos. Os co-fatores responsáveis por este processo no fígado consistem de vitamina B e, portanto, há um aumento na demanda destas vitaminas para suportar e otimizar o metabolismo quando o animal está com uma alta demanda do mesmo. Muitos estudos com vitaminas B em bovinos envolvem a suplementação via dieta, entretanto, não consideram o uso de vitaminas B protegidas da degradação ruminal. Devido ao fato de que vitaminas B “não encapsuladas” são degradadas no rúmen, muitos estudos não tiveram sucesso em afetar o status de vitamina B no organismo do animal. Se a vitamina B “não encapsulada” é adicionada à dieta, a bactéria ruminal reduz a síntese ou degrada as vitaminas B adicionadas, resultando em nenhum aporte líquido das mesmas. Entretanto, muitos benefícios têm sido alcançados com o uso de vitaminas B protegidas da degradação ruminal, principalmente em relação ao desempenho e eficiência alimentar. Embora os bovinos possam acumular reservas nutricionais de vitaminas A, D e E, o estoque de vitaminas B é limitado. Muitas vitaminas B não são estocadas em quantidades substanciais e, portanto, o status de vitamina B no organismo pode se tornar insuficiente se o consumo de alimento está baixo e a exigência do animal está alta, principalmente em bovinos estressados ou com algum distúrbio metabólico, apresentando baixo consumo. Em geral, um sintoma de deficiência para muitas vitaminas B é a redução do apetite.
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Os animais que são destinados à fase de terminação em uma fazenda geralmente são transportados de um local a outro, passam por períodos de jejum (de água e alimento), podem sofrer algum tipo de desidratação etc., mas precisam chegar na fazenda e estar aptos a ingerir alimentos e ganhar peso. Muitas vezes os animais não receberam nenhum tipo de suplementação com concentrados e precisam ser adaptados a uma nova dieta de terminação. Então, eu pergunto: o que você faz para proporcionar um aumento de consumo dos animais na fase de adaptação? O que você fornece para o animal que chega à sua fazenda, depois de ter sido transportado, passando por momentos de estresse? Qual tipo de manejo você oferece a esses animais que passarão por um período de adaptação? O que você faz neste período de adaptação para tentar, ao longo do tempo, reduzir a porcentagem de animais que poderão se tornar refugos? O que você fornece para o animal que possa promover um melhor funcionamento do fígado, melhorando o consumo de alimentos? O uso de vitaminas B protegidas da degradação ruminal é uma opção a ser utilizada na dieta de bovinos de corte, com o foco em melhorar a eficiência do metabolismo no organismo, com consequências benéficas na performance do animal. Bovinos de corte com reduzido consumo de alimento devido ao estresse ou distúrbios metabólicos podem passar por um período de tempo com deficiências de vitaminas B, devido à redução na síntese ruminal, permanecendo com limitada reserva dessas vitaminas no corpo, podendo acarretar impactos negativos no desempenho. Por atuar na melhora da eficiência do metabolismo no fígado, a inclusão de vitaminas B protegidas da degradação ruminal à dieta de bovinos, durante a fase de adaptação (dietas de alto concentrado) ou durante a fase de terminação em confinamento convencional ou Confinamento Expresso® pode ser uma alternativa àqueles produtores que utilizam dietas ricas em concentrado (acima de 80%), dietas com silagem de milho grão úmido, milho rehidratado, milho floculado. Ou seja, em dietas de alta digestibilidade que demandam um metabolismo mais ativo no fígado do animal. O uso de vitaminas B protegidas da degradação ruminal na dieta de bovinos de corte na fase de terminação contribui com uma melhora no consumo do animal, uma vez que proporciona uma melhor adaptação a dietas de alto concentrado, resultando em impactos positivos no desempenho. Dessa forma, reduz a porcentagem de animais que seriam refugos de cocho, melhorando a eficiência do sistema com retorno econômico positivo dentro da fazenda.
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Especial Suplementação
Retrato atual do cocho brasileiro Pesquisa com nutricionistas mostra avanço técnico no confinamento
A Danilo Domingues Millen, professor da Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas (FCAT) da UnespDracena
Ana Carolina Janssen Pinto, zootecnista e mestranda da FCAT/UnespDracena
indústria do confinamento no Brasil cresceu na última década como estratégia para aumentar a produção de carne no período da seca, visando ao abastecimento dos mercados interno e externo. Entrevistas feitas desde 2008 com nutricionistas brasileiros têm permitindo traçar um perfil dessa atividade no País. Em 2015, a Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Dracena, realizou o terceiro levantamento deste tipo, abordando vários aspectos do manejo nutricional nos confinamentos brasileiros, visando identificar possíveis pontos críticos nas operações e adequar as dietas para obter melhor desempenho dos bovinos, além de possibilitar o desenvolvimento de pesquisas avançadas em áreas que ainda necessitam de conhecimento mais aprofundado. No levantamento de 2015, foram consultados 33 nutricionistas de bovinos de corte, escolhidos por representarem diferentes regiões do País. Eles responderam um questionário contendo perguntas que abordavam desde os principais ingredientes utilizados nas dietas de terminação até recomendações de manejo alimentar, metodologias de adaptação dos animais ao cocho e de formulação de rações. O objetivo deste artigo é atualizar as informações divulgadas nas pesquisas anteriores (feitas em 2008 e 2010) para que os pecuaristas e demais profissionais que atuam no setor de pecuária de corte possam acompanhar a evolução das recomendações para engorda de bovinos em confinamento nos últimos anos. Sobre uso de grãos e níveis de energia Assim como reportado em levantamentos brasileiros anteriores, o milho continua sendo o grão mais utilizado nas dietas de confinamento no Brasil, conforme mostra a tabela 1. No presente estudo, 42,2% dos nutricionistas relataram que seus clientes usam grãos finamente moídos e 39,4% preferem moê-los de forma grossa, diferentemente do observado no levantamento de 2010, em que o método de processamento de grão mais recomendado foi a quebra em três a quatro partes. Essa mudança pode ter ocorrido devido ao fato de os confinamentos brasileiros estarem exercendo maior controle sobre o manejo alimentar e aplicando mais tecnologia, mesmo sem alteração do nível de concentrado nas dietas de terminação (79,0% em 2010 ante 79,4%
A DBO 66 DBOjunho junho2016 2016
em 2015), o que possibilita o uso de processamentos que melhoram a utilização do amido. Além disso, os participantes relataram que a granulometria média dos grãos de milho utilizados é hoje de 3,27 mm. Pela primeira vez, métodos como floculação e ensilagem de grãos úmidos foram citados como principal método de processamento de grãos, por um e dois nutricionistas respectivamente, mostrando que os confinamentos brasileiros começam a se interessar pelo melhor aproveitamento dos grãos, de forma a incrementar o desempenho animal. Tab. 1 - Informações sobre o perfil das dietas de confinamento no Brasil (tipos de insumos, processamentos de grãos e níveis de inclusão)
Item
Nº respostas
% respostas
Tipo de grão mais utilizado Milho
33
100
Tipo de milho mais utilizado Flint (duro)
32
97
Dent (mole)
1
3
Tipo de processamento de grão mais utilizado Finamente moído (fubá)
14
42,4
Moído Grosso
13
39,4
Apenas quebrados
3
9,1
Silagem de grão úmido
2
6,1
Floculação
1
3,0
Nível de inclusão de grãos na dieta (% da matéria seca) 36 a 50%
5
15,2
51 a 65%
17
51,5
66 a 80%
10
30,3
Mais de 81%
1
3,0
Nível de inclusão de concentrado na dieta (% da matéria seca) Menos de 55%
1
3,0
De 56 a 70%
2
6,1
De 71 a 80%
11
33,3
De 81 a 90%
19
57,6
Fonte: pinto e millen
Sobre o nível de inclusão de grãos nas dietas de terminação, 51,5% dos consultores responderam que utilizam esses ingredientes em percentuais que variam de 51% a 65%. Esse resultado é similar ao encontrado nos levantamentos anteriores. Se o compararmos com o do último levantamento americano, feito pelos nutricionistas Judson Vasconcelos e Michael Galyean em 2007, onde o teor médio de grãos mais recomendados foi de 70% a 85% das dietas de terminação (grande parte processada na forma floculada), concluiremos que os confinamentos brasileiros ainda podem melhorar muito a eficiência de uso dos grãos, assim como seus níveis de inclusão. No levantamento feito no Brasil em 2015, verificamos um movimento neste sentido, pois 33,3% dos entrevistados já utilizam mais de 66% de grãos nas dietas de terminação, em contraste com 24,3% em 2010 e 6,5% em 2008. Isso sugere um aumento no teor médio de inclusão de grãos nas dietas de terminação no Brasil. Outro indício desse aumento é o fato de nenhum nutricionista participante do levantamento de 2015 recomendar menos de 36% de grãos na dieta, o que ocorreu nos dois levantamentos anteriores. Com relação aos ingredientes concentrados, 90,9% dos participantes da pesquisa disseram recomendá-los em níveis entre 71% e 90% da formulação, valor próximo ao obtido nas pesquisas anteriores.
Tab. 2 - Recomendações dos nutricionistas para volumosos e coprodutos (Silagem de milho e caroço de algodão são os mais usados)
Item
Nº respostas
% respostas
Tipo de coproduto mais utilizado Caroço de Algodão
12
36,4
Polpa Cítrica
9
27,3
Casca de Soja
7
21,2
Torta de Algodão
5
15,1
Fonte de forragem mais utilizada Silagem de Milho
21
63,6
Bagaço de Cana Cru
4
12,1
Silagem de Capim
3
9,1
Silagem de Sorgo
2
6,1
Cana de açúcar
2
6,1
Capulho de Algodão
1
3,0
Nível médio de inclusão de forragem (% da matéria seca) Média
20,6
Mínimo
6,0
Máximo
38,0
Moda
15,0
Fonte: pinto e millen
Volumosos, coprodutos e fontes proteicas O nível médio de inclusão de forragem nas dietas de terminação apontado pelos nutricionistas foi de 20,6%, percentual semelhante aos 21% constatados em 2010 e inferior aos 28,8% da pesquisa feita em 2008. Além disso, 63,6% dos entrevistados reportaram que a silagem de milho é a principal fonte de forragem utilizada (confira na tabela 2). Se levarmos em conta os dois últimos levantamentos realizados no Brasil, o nível médio de inclusão de volumosos nas rações de terminação se manteve praticamente inalterado, porém a qualidade do volumoso mais utilizado pelos entrevistados melhorou, pois diminuiu o uso de produtos como a cana fresca picada, o bagaço de cana e a silagem de capim. Isso garantiu maior aporte energético às dietas de terminação, mesmo sem haver alteração da relação concentrado:volumoso. A maioria dos clientes dos nutricionistas entrevistados (70,6%) emprega coprodutos nas dietas de terminação, mas esse percentual vem caindo, já que era de 82,4%, em 2010, e de 79,7%, em 2008. Essa diminuição está ligada ao maior uso de grãos e, consequentemente, de energia nas rações, apesar de não ter havido aumento na inclusão de concentrado como já descrito anteriormente. O caroço de algodão continua sendo o coproduto mais utilizado pelos confinadores do país, conforme indicaram 36,4% dos nutricionistas. A porcentagem média de extrato etéreo recomendada nas dietas de terminação foi de 5%. Já a porcentagem média máxima de extrato etéreo utilizada pelos
entrevistados foi de 6,6%, conforme mostra a tabela 3. Esses resultados indicam aumento da densidade energética das dietas de terminação no Brasil, em comparação com os levantamentos anteriores, que apontaram teores médios de inclusão de extrato etéreo menores. O caroço de algodão se manteve como ingrediente gorduroso mais utilizado pelos nutricionistas (72,5% das respostas), e pela primeira vez a gordura protegida aparece entre as respostas (10,6%). Os teores médios de proteína bruta, PDR (proteína degradável no rúmen) e ureia recomendados pelos entrevistados foram de 13,6%, 10,3% e 1,2% respectivamente. As recomendações não variaram muito, se comparadas aos levantamentos anteriores. O ingrediente proteico mais utilizado foi o farelo de soja, sendo citado por 69,3% dos Tab. 3 - Indicações dos nutricionistas em proteína e extrato etéreo nas três pesquisas já realizadas % na matéria seca
2009
2014
2016
média de extrato etéreo
4,7
4,6
5,0
máxima de extrato etéreo
6,1
6,1
6,6
média de proteína bruta
13,2
13,4
13,6
média PDR 1
9,0
8,4
10,3
Média de ureia
1,2
1,4
1,2
(1) proteína degradável no rúmen. Fonte: pinto e millen
junho 2016 DBO
67
Especial Suplementação 2008
2010
Tipos de misturadores utilizados pelos clientes dos nutricionistas entrevistados
2015 Vagões misturados (sanduíche) Vagões misturados (distribuidores) Misturados estáticos Nenhum e vagões distribuidores equipamento
Tipos de manejo de distribuição utilizados
Descarregamento programado Bica corrida
Fontes: 2008: Millen et al; 2010: Oliveira e Millen; 2015: Pinto e Millen
participantes da pesquisa. Assim como em levantamentos anteriores, o método de adaptação preferido pelos nutricionistas entrevistados foi o programa de escadas (step up) com 57,8% respostas, sendo que o número médio de dias para alcançar o fornecimento da dieta de terminação foi de 16,2. Nos levantamentos de 2008 e 2010, o tempo médio de adaptação para o programa de escadas foi 17,1 e 18,6 dias, respectivamente. A melhora do manejo alimentar também permite que o tempo de adaptação seja reduzido. Manejo alimentar Sobre o manejo de distribuição das dietas, 71,5% dos entrevistados responderam que a maioria dos seus clientes utiliza vagões misturadores/distribuidores, normalmente equipados com balança, que possibilitam maior controle sobre a quantidade de ração fornecida. Isso permite o emprego de técnicas que evitam maiores desperTab. 4 - Informações sobre os bovinos confinados no Brasil (Números citados pela maioria dos nutricionistas entrevistados)
Itens
achos Bezerros M inteiros
Machos castrados
Novilhas
Vacas descarte
Idade inicial (meses)
9,7
23,7
25,7
18,8
52,6
Peso vivo inicial (kg)
243,9
370,3
386,8
293,6
380,5
Peso vivo final (kg)
480
526,5
508,8
400
458
Dias de cocho
155,5
96,4
94,2
85,1
68,4
Ganho de peso médio (kg)
1,29
1,56
1,38
1,25
1,28
Conversão alimentar 1
6,3
6,9
7,8
7,7
8,8
Ingestão de kg de MS 2
8,5
10,4
10,3
8,5
10,2
Ingestão de MS/PV 3
2,4
2,3
2,3
2,4
2,5
16
77,9
16,6
21,1
17,9
% de clintes que confinam
1 Em kg de matéria seca por kg ganho 2 Matéria seca 3 Ingestão de matéria seca em % do peso vivo. Fonte: Pinto e Millen/Adaptação: DBO
68 DBO junho 2016
dícios de ração. Na figura 1, pode-se observar que 51,5% dos nutricionistas recomendam a seus clientes que manejem o trato dos animais deixando apenas de 1% a 3% de sobra no cocho e 42,4% adotam a técnica do cocho limpo, ou seja, 93,9% adotam o manejo de sobra mínima, ante 81,8% registrados no levantamento de 2010 e 74,2% no de 2008. Isso apenas foi possível devido à melhora do manejo alimentar nos confinamentos brasileiros. Como consequência, observou-se aumento na porcentagem de clientes dos nutricionistas que utilizam o descarregamento programado por curral (60,2%) em detrimento do sistema de “bica corrida” (39,8%). O descarregamento programado por curral possibilita maior controle da quantidade de matéria seca oferecida e consumida por baia, permitindo que a densidade energética da dieta seja aumentada, o que foi constatado neste último levantamento. Nos anteriores, o uso da bica corrida foi da ordem de 55%, o que mostra a evolução do manejo alimentar nos confinamentos brasileiros. Quando perguntados sobre a frequência de tratos diários, a resposta mais incidente entre os nutricionistas entrevistados (48,5%) foi quatro vezes por dia. Nos levantamentos anteriores, ainda havia grande proporção de nutricionistas que recomendava mais de cinco tratos por dia, o que ocorria devido ao maior teor de forragem nas dietas e também ao maior uso de vagões que apenas distribuíam o alimento sem misturá-lo. Como citado anteriormente, o manejo alimentar de um modo geral neste último levantamento está mais apurado, pois se tem melhor manejo de cocho, com controle maior sobre a quantidade da ração realmente ingerida. Isso permite que haja maior programação dos tratos, sem necessidade de se preparar refeições adicionais, o que elimina “surpresas” ao final do dia. Maior desafio O principal desafio para adoção das recomendações alimentares e práticas de manejo nos confinamentos, segundo 46,7% dos nutricionistas consultados, é a ges-
Especial Suplementação tão. Como os confinamentos brasileiros estão investindo mais em tecnologia e recursos humanos nos últimos anos, os problemas anteriores, relacionados a treinamento de funcionários, disponibilidade e precisão de maquinários, diminuíram bastante. No que diz respeito à sanidade, os principais problemas relatados continuam sendo as doenças respiratórias em geral (51,7% das respostas ante 40,6% em 2010), seguidas pela acidose (27,1% das respostas, ante 34,4% em 2010). Quando questionados sobre informações com relação ao desempenho dos animais atualmente, os nutricionistas forneceram respostas no tocante a consumo, eficiência e ganhos, como mostra a tabela abaixo. Um dos dados mais interessantes é que o tempo de cocho para machos inteiros, categoria mais confinada no país, aumentou (de 84 dias, em 2008, para 87 dias, em 2010). Isso tem ocorrido nos confinamentos do País devido aos animais estarem chegando mais leves ao confinamento, e estarem sendo abatidos mais pesados. Segundo a pesquisa, 75,4% dos clientes dos nutricionistas confinam apenas gado Nelore e 39,8% também engordam cruzados. Os dois grupos raciais apresentam desempenho diferente no cocho: o Nelore ingere em média 10,2 kg de matéria seca/dia, na proporção
70 DBO junho 2016
de 2,3% do peso vivo, e os cruzados, 11 kg de MS, na proporção de 2,4%. Conclusão Os confinadores brasileiros estão mais tecnificados. A utilização de equipamentos melhores (vagões que misturam e distribuem rações) permitiu fazer distribuição de ração programada por curral e elevar o teor de energia das rações, seja por meio da inclusão de mais grãos e menos coprodutos na dieta, seja pelo melhor processamento do milho, utilização de volumosos de melhor qualidade e do aumento do teor de extrato etéreo, mesmo sem alteração do teor médio de forragem. Como o percentual de grandes operações de confinamento se manteve inalterada, era se de esperar que o teor de forragem das dietas de terminação também não sofresse redução. Conforme já foi dito, com a melhoria do manejo alimentar, os nutricionistas brasileiros atualmente são capazes de utilizar manejos de cocho com sobra mínima, o que permite melhor programação da frequência de tratos no decorrer do dia. Evidentemente, os confinamentos brasileiros ainda têm muito a avançar, mas estão no caminho certo para aumentar a eficiência de suas operações como um todo. n
Fotos: T.Prado/Fortuna Nutrição Animal
Especial Suplementação Instalações
Variedade Santa Eliza, específica para forragem, proporcionou o melhor resultado: 65 t/ha e custo 30% mais baixo do que a do milho.
Silagem de sorgo turbina recria intensiva Forragem foi a que melhor ser viu, zootécnica e financeiramente, a projeto de ciclo completo no norte do MT. Reportagem de Leandro J. Nascimento, de Nova Guarita, MT
A
recria intensiva, com suplementação em confinamento, tem sido um recurso cada vez mais utilizado por quem quer terminar, na sequência, o gado de forma precoce, com peso adequado e qualidade de carcaça desejada pelos frigoríficos. Como fazer isso de forma lucrativa é que é o “xis da questão”. Ainda mais em tempos de milho caro. Pois é o que o criador Nilson José Michels está fazendo há dois anos, com sucesso, na Fazenda Mata Verde, em Terra Nova do Norte, norte do Mato Grosso. E com um detalhe importante: usa o sorgo em vez do milho, para produzir uma dieta de alto volumoso (67%), com ganho de peso controlado na casa de 730 gramas/dia, para machos, e 575 gramas/dia para as fêmeas.
A DBO 72 DBOmaio junho 2016 2016
Michels usou a estratégia também chamada de “sequestro de bezerros” ou “confinamento invertido”, já que, no caso dele, os animais voltam para o pasto. Os 615 animais (456 machos e 159 fêmeas), ficaram confinados quatro meses (entre julho e outubro) do período seco de 2015, recebendo dieta à base de silagem de sorgo (plantado em novembro de 2014) e concentrado com milho e sorgo grão, farelo de soja e núcleo mineral. “A conversão alimentar foi elevada, pois são animais em crescimento, e a gente gastou muito pouco com eles: R$ 2,58/animal/dia. Se fosse confinamento de terminação, gastaríamos R$ 8/animal/dia”, calcula Michels, cuja fazenda foi apresentada como caso de sucesso durante o evento de recriadores, promovido pela Scot Consultoria, em abril passado, em Ribeirão Preto, SP. Quem fez a apresentação e computou todos os dados – o principal deles, o da viabilidade econômica dessa prática, resumida num ganho de R$ 71/cabeça, só nessa fase (R$ 558 em todo o processo de recria-engorda) – foi o zootecnista Thiago Alves Prado, gerente técnico e formulador de rações da Fortuna Nutrição Animal, com sede em Nova Canaã, também no Mato Grosso que fornece o núcleo mineral da ração e presta consultoria à propriedade. O mais adequado “O sorgo foi o ingrediente que mais se adequou à necessidade de fornecer aos animais uma dieta o mais parecida possível com a que eles receberiam num pasto de boa qualidade, com o mínimo de concentrado possível, de forma a permitir uma trajetória cuja meta é chegar próximo das 20@ até os 22 meses de idade”, resume Prado, que é doutor em nutrição de ruminantes.
Fotos: Arquivo Fortuna Nutrição Animal
Especial Instalações
O zootecnista Thiago Prado e os garrotes “sequestrados” na Fazenda Mata Verde, em Terra Nova do Norte, MT: dieta de ingestão máxima de matéria seca, mas próxima à de um pasto de alta qualidade.
Segundo o zootecnista, as outras opções para a estratégia seriam a silagem de milho, silagem de sorgo dupla aptidão e cana. Esta última foi tentada em 2013, com resultado suficiente apenas para pagar os custos de produção; a do sorgo de dupla aptidão, tentada em 2014, teve um resultado melhor, mas o sorgo apresentou baixa produção, elevando seu custo para R$ 80/tonelada. E a silagem de milho, mesmo com alta produtividade, não sairia por menos do que R$ 60/t. Em 2015, foi usada a variedade Santa Eliza, de sorgo específico para forragem. “O menor custo de matéria verde (R$ 40/t) foi preponderante. Até porque o nível de NDT (nutrientes digestíveis totais) não era tão importante (o da cana, ruim, foi de 45%, enquanto o do sorgo dupla aptidão foi de 62% e o do Santa Eliza, próximo dos 60%), pois o objetivo não é o ganho máximo de peso [como na terminação], mas sim uma ingestão máxima de matéria seca”, explica Prado. Segundo ele, um nível mais baixo de concentrado nessa fase evita uma elevada exigência de mantença por parte dos animais quando voltarem para o pasto, no período das águas. No plantio do sorgo da safra 2015-2016 voltou-se com a variedade Santa Eliza, em 40 ha da Mata Verde, com expectativa de uma colheita de 65 toneladas de material verde/ha (ainda não contabilizada ao final desta edição). O primeiro corte foi feito no final de janeiro e o segundo, em meados de maio. Foi feita correção de solo e, no plantio, adubo fosfatado, em linha, com plantadeira própria. Depois, com a parte vegetativa já estabelecida, foi feita a primeira cobertura com adubo nitrogenado e potássico. A cada corte, nova adubação de cobertura, informa Prado. Na ensilagem, feita em silos-trincheira, continua ele, foi usado inoculante. A fazenda até tentou fazer outras experiências com a cana para silagem. “O primeiro ano de sequestro fez com a cana, mas ela é muito trabalhosa desde o plantio à colheita. Custos também foram maiores em relação à mão de obra, 74 DBO junho 2016
Números da recria no cocho Período: 120 dias Ração: silagem de sorgo, concentrado e núcleo mineral Peso de entrada: 242 kg (machos) e 214 kg (fêmeas) Consumo: 0,7% do peso vivo Ganho de peso: 733 gramas/dia (machos) e 575 g/dia (fêmeas) Custo: R$ 2,58/cabeça/dia1 Ganho de peso no período: 2,9@ Receita (@ a R$ 1302): R$ 381 Despesa: R$ 309 Lucro: R$ 72 (1) R$ 800/t do concentrado + núcleo; R$ 48/t da silagem e R$ 0,40/cabeça/dia de custo operacional. (2) Cotação da região norte do MT (Colíder, Matupá, Sinop).
máquinas, plantio, adubação”, conta Nilson Michels. Antes de iniciar o sequestro de bezerros, a fazenda Mata Verde experimentava este modelo com o sequestro de vacas. “Tínhamos um problema com morte súbita da braquiária e o pasto da fazenda estava ficando degradado. Como não queríamos diminuir o rebanho, optamos por fazer esse tratamento das vacas no período seco. Então, plantamos essa cana, que depois era cortada e distribuída às vacas juntamente com sal e ureia para equilibrar a proteína”, conta o pecuarista. Como o casamento com o sorgo deu certo, a fazenda não mais abriu mão da cultura. Suplementação continuada Nilson Michels pratica ciclo completo e a terminação dos animais que passaram pela recria intensiva é feita em outra fazenda, a “Rainha da Paz”, que fica no município de Nova Guarita, distante 100 km da Mata Verde. De novembro a abril, ficam num esquema de suplementação tipo semiconfinamento, recebendo nos dois primeiros meses, ração na proporção de 0,5% do peso vivo, que aumenta para 0,7% do peso vivo nos quatro meses finais. Ela é
Especial Suplementação Instalações Fotos: L.J.Nascimento
Garrotes que passaram pela recria intensiva, agora na Fazenda Rainha da Paz, em Nova Guarita, em sistema de confinamento a pasto: uniformidade.
Os irmãos Marcelo (esq.) e Nilson Michels: na direção de uma pecuária eficiente.
composta de milho, núcleo mineral, ureia encapsulada e aditivos melhoradores de eficiência alimentar. De maio a julho, passam a receber, já num esquema de “confinamento a pasto”, ração na proporção de 1 a 2% do peso vivo, composta por aditivos, ureia, torta de algodão, farelo de soja, milho, núcleo mineral-vitamínico e potássio. Os machos deverão sair pesando acima de 540 kg (mais de 20@, considerando-se um rendimento de carcaça de 55%). A recria dos bezerros em confinamento caiu no gosto de Nilson Michels, paranaense de 40 anos de idade, que está em Mato Grosso desde os cinco, com o pai, Aldolino, a mãe, Nédia, e os irmãos Éder e Marcelo. Antes da técnica, a família mandava gado para o abate com no máximo 18@ e próxima dos 36 meses de idade. Hoje, esses números são, respectivamente, 20@ e 22 a 24 meses. Além disso, agora ela consegue poupar os pastos de um processo acelerado de degradação, já que ficam livres dessa carga animal durante o período seco do ano, quando são menos produtivos. “Antes da recria intensiva, tínhamos duas boiadas: uma que seguia para o abate no ano e outra que ficava para o ano seguinte. Hoje, com esse trabalho, temos uma boiada por ano. Livramos os pastos e conseguimos liberar uma área da fazenda para plantar milho, que será transformado em comida para esses animais”, planeja Nilson Michels. Mas o consultor Thiago Prado alerta que a técnica, sozinha, não faz a diferença na gestão do negócio. “Tem de vir acompanhada de muito planejamento, supervisão técnica o tempo todo e uma estratégia “pós-sequestro”, com terminação em semiconfinamento ou confinamento a pasto”, pondera ele. n
Genética incrementada viabilizou esquema de suplementação Quando, às 6h30, o ronco do trator com a carreta distribuidora de ração quebra o silêncio na Fazenda Rainha da Paz, não demora muito para a boiada dar as caras. O primeiro trato do dia (o segundo é às 13h30) vai para um cocho no centro do pasto. Logo, o lote de 80 cabeças se aproxima. “Estão vindo os meninos”, diz, todo orgulhoso, Nilson Michels. Os “meninos” em questão são animais com idades entre 18 e 20 meses, pesando até 450 kg. Eles estão em fase de terminação e, em no máximo 60 dias, seguirão para o abate. Até lá, devem chegar, no mínimo, aos 540 kg, (quase 20@), como planejado. Para acelerar o ganho de peso, a dieta corresponde a 2% do peso vivo. O entusiasmo do criador, ao ver o
A DBO 76 DBOmaio junho 2016 2016
gado comendo, tem uma explicação: há quase uma década, ele e sua família deram uma guinada em direção ao sucesso: o modo antigo de tocar a pecuária, quase como um “hobby”, foi deixado de lado, cedendo lugar a uma gestão profissionalizada. A inseminação artificial chegou e a estação de monta foi instituída; o gado ganhou precocidade e a produção de carne aumentou. Parte do resultado se deve aos investimentos em melhoramento genético feito através de uma pressão de seleção constante, orientada pelo programa Nelore Qualitas. Com ele, aliado à técnica da recria intensiva, Michels pôde acelerar o ciclo reprodutivo do rebanho, e hoje ele trabalha para emprenhar suas novilhas aos 14 meses de idade e abater
os machos aos 22. “Conhecemos o Qualitas por meio de um parceiro de Cuiabá, o zootecnista Antônio Gaspar Goulart. Ele foi nos direcionando, nos guiando e fomos indo para o caminho certo. Há cerca de oito anos estamos buscando uma pecuária mais eficiente”, diz Nilson, na conversa com a reportagem de DBO, ao lado do irmão Marcelo e do técnico agropecuário Reinaldo May, da Fortuna Nutrição Animal, empresa que assessora as fazendas dos Michels. Hoje, o pecuarista calcula que metade dos seus quase 2.000 animais (1.300 matrizes Nelore e o restante, entre machos e novilhas de reposição ) esteja no programa, mas sua meta é chegar aos 100% em até cinco anos.
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SILAGEM DE CANA-DE-AÇÚCAR PODE SER BOA ALTERNATIVA PARA 2016
Lucas José Mari1
1- Introdução A cana-de-açúcar ensilada, que foi negligenciada por um bom tempo, se utilizada em certas proporções na dieta e para determinadas categorias, tem se mostrado uma fonte de forragem economicamente interessante para suprir a demanda dos animais. Dependendo do ano agrícola e da época do ano, algumas planilhas de comparação de volumosos suplementares têm demonstrado vantagem econômica para a cana fresca ou ensilada frente a outras opções mais tradicionais como silagem de milho ou sorgo, bem como feno de gramíneas. Foi no início dos anos 2000 que um inoculante contendo bactérias heterofermentativas, o Lalsil® Cana (Lactobacillus buchneri NCIMB 40788), foi avaliado e demonstrou resultados de melhorar a estabilidade aeróbia, o perfil fermentativo das silagens de cana e o desempenho animal. Aditivos contendo bactérias heteroláticas que, além do ácido lático, produzem ácido acético e/ou ácido propiônico têm apresentado maneiras de
melhorar a estabilidade aeróbia das silagens, devido ao maior poder destes últimos de controlar o crescimento de leveduras e fungos. As cepas de L. buchneri não produzem etanol (Danner et al., 2003), uma vez que não possuem a enzima acetaldeído desidrogenase, tornando-se de interesse e com potencial de utilização na inoculação da cana-de-açúcar submetida à ensilagem, tanto com relação ao processo fermentativo, quanto com relação à estabilidade após a abertura. 2 - Resultados de estudos científicos do uso de Lactobacillus buchneri NCIMB 40788 e a patente de uso desse microrganismo em silagem de cana-de-açúcar (PI 0305600-7) As primeiras avaliações do uso de bactérias heterofermentativas para uso na ensilagem de canade-açúcar ocorreram no início dos anos 2000 com a equipe de pesquisadores da USP/ESALQ, o que culminou com a concessão da patente pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial, sob código PI 03056007. Outras instituições de pesquisa
também deram sua contribuição no desenvolvimento deste inoculante para silagem de canade-açúcar, tais como: a FCAV/ Unesp de Jaboticabal – SP, UEM de Maringá – PR, UFLA de Lavras – MG, dentre outras. No início dos estudos de Pedroso et al. (2007) já se observou que cepas de bactérias homofermentativas levavam a resultados decepcionantes e efeito inverso ao requerido. Os autores encontraram produções de etanol mais de três vezes superiores (3,82% para a silagem sem inoculante vs. 12,5% para a silagem inoculada com L. plantarum), conforme mostra a Figura 1. Além disso, as perdas fermentativas para a silagem inoculada com Lactobacillus plantarum foram as mais altas (21,5% da MS) dentre os tratamentos testados (Figura 2). Pedroso et al. (2007) relataram que a inoculação com um produto específico e indicado para silagem de cana-deaçúcar, promoveu melhorias significativas nos parâmetros avaliados, estes resultados estão demonstrados nas Figuras 1 a 4.
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Grão de ocasião
Aprosoja/MS
Especial Suplementação
Com os devidos cuidados, a soja ardida pode ir ao cocho, substituindo os farelos proteicos e reduzindo os custos da dieta em 30%. Mônica Costa
S
Grão ardido garantiu mesmo desempenho da boiada” Frederico Stecca pecuarista de Porangatu, GO
monica@revistadbo.com.br
e o milho está caro, a soja não fica atrás. Em maio passado, o grão da leguminosa bateu recordes históricos de preços, se aproximando dos R$ 90 a saca e, puxando consigo o farelo, principal fonte proteica usada em dietas de terminação. Esse cenário complicado tem levado muitos pecuaristas a buscar ingredientes alternativos, como a chamada “soja ardida”, que fermenta na vagem devido ao excesso de chuvas por ocasião da colheita, e torna-se imprópria para processamento industrial, mas vai bem no cocho, se tomados os devidos cuidados. Neste ano, a oferta de grãos ardidos aumentou especialmente na região Sul e parte do Centro-oeste do País. Somente no Paraná, segundo levantamento do Departamento de Economia Rural do Estado, foram perdidos cerca de 1,5 milhão de toneladas de soja. O produto está sendo vendido a confinadores por preço até 70% inferior ao do grão íntegro. O ingrediente pode reduzir o custo final da dieta em até 30% sem prejuízo ao desempenho dos animais. Segundo o veterinário Hugo Resende da Cunha, assistente técnico da empresa de nutrição DSM, em condições de uso (até 50% de ardência), ele tem níveis nutricionais semelhantes aos da soja integral: 30% a 35% de proteína bruta (PB), 80% a 82% de nutrientes digestíveis totais (NDT) e 20% de extrato etéreo (EE). “Com essas características, pode substituir outras fontes proteicas em até 100%, nas dietas de terminação, e em até 70%, nas rações destinadas a animais em crescimento, especialmente se estas contiverem outras fontes de energia, como o caroço de algodão”, diz Cunha. Há restrição, no caso dos bovinos jovens, porque a soja ardida contém muito óleo, o que eleva a densidade energética da dieta, provocando o chamado “achatamento” dos novilhos, ou seja, eles viram “bolinhas”, engordam antes de terminar de crescer, fornecendo carcaças pequenas. Por ser um subproduto da colheita, a soja ardida tem padrão muito variável. Antes de usá-la, o produtor precisa considerar a categoria animal a ser suplementada, o perfil da dieta e o nível de ardência dos grãos, que determina seu teor de nutrientes, principalmente de pro-
80 DBO junho 2016
Soja perdida por causa da chuva mantém qualidades proteicas vantajosas para o rebanho bovino
teína bruta, e sua capacidade substitutiva. O assessor técnico da DSM recomenda ao produtor fazer análises bromatológicas prévias de cada partida, para formular adequadamente a dieta, e também para verificar a presença de aflatoxinas, compostos produzidos por fungos e que são nocivos à saúde dos animais (veja quadro). “Normalmente, as rações para bovinos contêm até 20% de fontes proteicas (farelos de soja, algodão ou amendoim) no total da matéria seca. No caso da soja ardida essa inclusão é limitada de acordo com sua qualidade, pois quanto maior a proporção do grão ardido, menor é a aceitação pelos animais”, diz Cunha. Feito em casa Segundo Anderson Vargas, gerente de negócios para ruminantes da Vaccinar, indústria de nutrição de Belo Horizonte, MG, o uso de grãos ardidos é mais viável em fazendas que fazem integração lavoura-pecuária, plantando soja no verão e confinando bois no inverno, pois isso permite usar o produto imediatamente após a colheita, antes que ele se deteriore. “É mais seguro”, afirma. Foi o que fez Frederico Stecca, dono da Fazenda Mata da Chuva, em Porangatu, norte de Goiás, quando o índice pluviométrico da região atingiu 2.000 milímetros, em 2013, nível muito acima da média histórica de 1.600 mm. Dono de uma fábrica de rações, ele planta 2.400 ha de soja para processamento e registrou perdas naquele ano. O produto foi colhido com um teor de umidade acima de 14%, impróprio para a indústria. A saída foi secá-lo ao sol e usá-lo na alimentação de 2.000 animais confinados, em substituição ao farelo de soja. “Trabalhei com menor volume do grão na fábrica de rações, mas economizei dinheiro com fonte proteica para o gado, empatando os custos”, lembra. O subproduto foi ofertado na proporção de 1kg/cab e os animais apresentaram ganho de peso semelhante ao obtido com fa-
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Aprosoja/MS
Especial Suplementação
Soja ardida (à dir.) custa até 70% menos do que a integral, mas deve ser usada com cuidado na dieta
O ideal é usar a soja que ardeu na própria fazenda” Juliano Beleze técnico DSM
relo de soja, cerca de 1,6 kg/cab/dia. Para evitar distúrbios digestivos, Stecca procurou balancear bem a dieta, para manter o teor de óleo dentro dos 5% a 6% recomendados (acima disso, há prejuízos à digestibilidade). “Neste ano, a soja não ardeu em Goiás, mas produtores da região Sul do País e do Mato Grosso do Sul não tiveram a mesma sorte”, comenta o produtor. A grande quantidade do produto no Paraná, por exemplo, tem gerado ofertas tentadoras, mas é preciso ter cuidado ao comprar grãos sem procedência e análise prévia. O pecuarista Lucas de Andrade, que confina 4.000 cabeças na Fazenda Jacutinga, localizada em Flórida Paulista, na região de Presidente Prudente, SP, encomendou por telefone 300 toneladas de grãos ardidos de um produtor de Apucarana, no norte do Paraná, a 300 km de sua propriedade. O vendedor pediu R$ 600 por tonelada, já incluindo o frete,
Mapa
A coloração marrom e o aspecto enrugado e quebradiço do grão são característicos da planta ardida
metade do preço do farelo de soja, que estava em R$ 1.200. Parecia um bom negócio, mas quando o produto chegou, Andrade teve uma desagradável surpresa. “Os grãos estavam totalmente deteriorados, cheirando mal”, conta. Ele conseguiu devolver a carga e evitar maiores prejuízos, mas nem sempre isso acontece. Diária mais barata O nutricionista Juliano Beleze, que atende fazendas do Paraná pela DSM, também recomenda o uso de soja ardida proveniente de produção própria ou produtores vizinhos. “Assim, podemos acompanhar a lavoura e avaliar a qualidade do material a ser fornecido aos animais, garantindo sua saúde e bom desempenho”, diz. Duas propriedades atendidas por ele estão usando soja ardida neste ano. A primeira destinará 16,2 toneladas do produto à alimentação de 300 bovinos, substituindo parcialmente o farelo de soja. “Optei pela substituição parcial, porque o grão ardido tem qualidade inferior ao íntegro”, explica. Sem o subproduto, o nutricionista teria de usar outras fontes proteicas para baratear a dieta, mas há poucas opções economicamente atrativas. “Nem sempre compensa trocar o farelo de soja pelo de amendoim ou algodão, porque eles têm preços muito parecidos”, diz. Com o uso de grãos ardidos, o nutricionista baixou o custo da diária de R$ 7 para R$ 6,50, uma economia de R$ 0,50 por cabeça/ dia. A segunda fazenda a usar essa alternativa protéica em 2016, pretende tratar 600 cabeças com 42 toneladas de grãos ardidos. “Neste caso, o subproduto estava em melhores condições e foi complementado com caroço de algodão”, afirma. A diária alimentar saiu por R$ 6,07, sem considerar o custo operacional. Com farelo de soja, sairia R$ 0,35 mais cara, atingindo R$ 6,42/cab.
O que é grão ardido?
Conforme definição do Ministério da Agricultura, os grãos ardidos apresentam cor escura acentuada e fermentação total, provocada principalmente pela umidade, que estimula o aparecimento de fungos produtores de
82 DBO junho 2016
substâncias prejudiciais à saúde dos bovinos. Dentre elas, estão as temidas aflatoxinas, produzidas por fungos do gênero Aspergillus, que causam distúrbios renais, diarreia sanguinolenta e, em casos mais graves, morte. A umidade também acelera o processo de uréase no grão de soja, que, em grande quantidade, libera amônia e provoca mau cheiro, levando à queda no consumo. Por isso, é tão importante enviar amostras ao laboratório para análise
bromatológica completa (visando balanceamento adequado da dieta) e de micotoxinas. Se a contaminação for pequena, é possível minimizar os riscos, aplicando aditivos adsorventes nos grãos. Outra opção é tostá-los, operação pouco acessível às fazendas, mas que pode ser feita por processadoras de grãos, se a relação custo/benefício for favorável ao pecuarista. Grãos ardidos com até 10% de umidade podem ser estocados em locais arejados, por no máximo seis meses, sem risco de combustão ou proliferação de fungos, mas o ideal é usá-lo no próprio ano-safra, de n preferência logo após a colheita.
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Fósforo na medida certa Na terminação, conhecer as exigências desse elemento por parte dos animais é essencial para não desperdiçar recursos.
A Sebastião de Campos Valadares Filho é zootecnista e professor titular na Universidade Federal de Viçosa, MG
Mario Luiz Chizzotti é zootecnista e professor-adjunto na Universidade Federal de Viçosa, MG
dieta de animais em terminação costuma ser formulada levando-se em conta as necessidades nutricionais dessa fase. Os macro e micronutrientes que compõem essas dietas normalmente são estimados para proporcionar um determinado resultado, mas em algumas situações eles podem estar sendo fornecidos em excesso. O fósforo, por exemplo, é fundamental no rúmen para manter a microflora e a síntese de proteínas. Além disso, quase 90% desse elemento encontrado no corpo do bovino está depositado no tecido ósseo. Por isso, sua deficiência resulta em comprometimento da mineralização óssea, com prejuízo ao crescimento. Mas, na fase de terminação típica no Brasil, seu sistema esquelético já está bem consolidado e a retenção de fósforo pelo organismo é mínima, o que resulta em menor exigência desse elemento para ganho de peso. Esse fato deve ser levado em consideração por quem elabora dietas de terminação. Caso contrário, poderá haver gasto desnecessário de recursos e desperdício desse oneroso elemento, que, por sua vez, tem como outra consequência negativa ser excretado em maior quantidade no ambiente. A compilação dos resultados de quatro estudos (Souza, 2010; Prado, 2012; Costa e Silva, 2015 e Sathler, 2015), totalizando 54 observações de consumo e excreção urinária e fecal de fósforo, permitem estimar que, em geral, mais da metade (54%) do fósforo ingerido pelos bovinos seria perdida nas fezes, indicando baixa taxa de absorção do fósforo dietético, e que a principal fonte de fósforo no meio seria oriunda do fósforo fecal. Este elemento tem uma peculiaridade importante, que é a de ser um recurso não renovável, finito, e, por essa razão, deve ser utilizado com eficiência. Em excesso na dieta e excretado em maior quantidade, influenciará negativamente a qualidade da água. Essa é uma consequência que já está sendo enfrentada pelos pecuaristas dos EUA, onde os solos são bem mais abundantes em fósforo.
bovinos supera os 471 kg. Assim, animais acima desse peso não necessitariam de aportes adicionais para ganhar peso, necessitando apenas do elemento para fins de reposição do que foi perdido nas fezes. Segundo Millen et al. (2014), a média do teor de fósforo dietético em dietas no confinamento é de 0,3% da matéria seca. Entretanto, dados de pesquisa nacionais indicam que um zebuíno inteiro, com 436 kg de peso e ganho de 1,5 kg/dia, poderia receber 0,23% de fósforo na matéria seca. Com tal nível, a excreção de fósforo seria quase 20% inferior à observada pela recomendação tradicional e comum nos confinamentos brasileiros. Os pastos brasileiros são deficientes em fósforo e a suplementação é essencial. No confinamento, porém, ela deixa de ser fundamental, uma vez que, normalmente, se utiliza o milho, seja em silagem ou em grão, que contém elevados níveis de fósforo: 0,25% e 0,19% de na matéria seca, respectivamente. Aliando-se esse fato à queda na retenção corporal de fósforo na fase final de crescimento, o elemento presente no milho pode ser suficiente para o atendimento das exigências nutricionais dos animais confinados, reduzindo consideravelmente a necessidade de suplementação desse mineral nessa fase. De outro lado, a melhoria na absorção do fósforo diminuiria a excreção ao ambiente e permitiria a redução do nível desse elemento na dieta. Mas isso depende fatores como idade do animal, relação cálcio-fósforo e pH intestinal. Como as fontes naturais de fosfato têm baixa solubilidade, a saída é seu incremento no processamento industrial, com a produção de fosfato bicálcico, que é caro. É justamente para evitar o elevado custo das fontes fosfatadas que o conhecimento das exigências dos animais pode contribuir para o uso apropriado do fósforo na dieta. n
Controlar o fornecimento A pergunta que se coloca a partir dessas constatações é: como, em termos práticos, o produtor poderá controlar isso? Nossa resposta: na formulação da ração fornecida aos animais em terminação, diminuindo a porcentagem de fósforo na dieta, que, a nosso ver, está superestimada por modelos nutricionais utilizados para formulação nessa fase. Dados do BR-Corte (2010) – modelo brasileiro, equivalente ao NRC norte-americano, que simula as exigências nutricionais de bovinos de corte – sugerem que o fósforo corporal atinge estabilidade quando o peso dos
20 28 16 14 12 10 8 6 4 2 0
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Excreção significativamente menor n P urinário n P fecal
0,30%
0,23%
Nível de fósforo na matéria seca da dieta
Fazenda em Foco
Guinada para o profissionalismo Fotos: Ariosto Mesquita
Família investe pesado na recuperação de pastos em região arenosa e, em quatro anos, colhe resultados expressivos.
Calcariadeira em ação na Fazenda Genko: 3 toneladas/ ha, como se fosse para milho de alta produtividade.
Ariosto Mesquita,
Q
de Umuarama, PR
uem circula pelo trecho ainda não asfaltado da Estrada Boiadeira (BR 487/PR), que liga Campo Mourão a Porto Camargo, na divisa do Paraná com o Mato Grosso do Sul, se surpreende com o que vê na altura do município de Umuarama. Os pastos verdes, vistosos e abundantes da Fazenda Genko contrastam com os de seu entorno, bastante degradados. Ambos se encontram no chamado “Arenito Caiuá”, uma enorme mancha de 3,2 milhões de hectares (16% da área total do Estado) que detém perto de um terço do rebanho bovino do Estado, estimado em 9,2 milhões de cabeças. Nessa região, o teor de argila dificilmente passa da casa dos 15%, com muitas áreas apresentando até 95% de areia. Mas nem sempre foi assim. A Genko também foi afetada pela degradação. A diferença dela para os vizinhos é que os proprietários não hesitaram em botar a mão no bolso e investir R$ 1 milhão para melhorar seu sistema produtivo. Quase um terço disso foi para reformar ou recuperar 504 ha de pastos degrada-
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dos, a maior parte do desembolso em adubação pesada, como se a pastagem fosse uma lavoura. Da mesma forma, investiram na melhora da qualidade do rebanho, introduzindo sangue Angus no plantel de fêmeas Nelore. Como resultado, o lucro líquido por hectare da propriedade saltou 127% em quatro anos. A lotação, que era de 1,36 unidades animais (UA)/ha em 2011 chegou a 4,2 UAs/ha em 2015. O reflexo na comercialização não demorou a aparecer. Hoje a fazenda recebe bonificação sobre o preço de mercado para 17% dos animais abatidos que integram um programa de carne de qualidade da Cooperativa Maria Macia, sediada em Campo Mourão, PR (veja quadro à página 92). O reconhecimento pelo trabalho teve seu ponto alto em novembro de 2015, quando a Genko recebeu, da Embrapa, o atestado de Boas Práticas Agropecuárias (BPA), categoria bronze (atendimento de 80% dos itens obrigatórios e 60% dos altamente recomendáveis). Além de recursos, a guinada da Fazenda Genko exigiu coragem e eficiência tecnológica. Até o início desta década, o quadro de baixa fertilidade do solo incomodava bastante os donos da propriedade, os irmãos Hélio Shimabukuro, Marisa Shimabukuro Kusakawa e Elisa Shimabukuro Ikuta. O giro do rebanho era lento – eram necessários de três a quatro anos para se terminar um animal – e a rentabilidade, baixa (lucro líquido de R$ 165 ha/ano), deixando a eles apenas duas saídas: ou arrendavam a fazenda para o cultivo de cana ou investiam em um novo perfil de solo para revitalizar os pastos e intensificar a produção. A opção do arrendamento oferecia uma perspectiva de receita de R$ 1,2 milhão/ano , resultantes de uma área cultivável de 1.597 ha (de um total de 1.996 ha) a R$ 800/ha/ano. Mas a decisão de apostar numa nova pecuária se mostrou acertada: após a recuperação de 30% da área (504 ha), em 2015 a produção e comercialização de 383 machos com idade entre 17 e 18 meses de idade com peso de até 22 @, além da venda de 392 novilhas, 103 vacas e quatro touros, resultaram num faturamento bruto próximo dos R$ 2 milhões, deixando um lucro líquido de R$ 600.000, que será reinvestido na propriedade. A sócia Marisa Kusakawa explica que isso será possível graças ao retorno obtido pela família em outra atividade comercial, uma rede de lojas de calçados, roupas e acessórios em Maringá, também na região oeste do
Foto: JM Matos
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23
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Fazenda em Foco
Lote de bezerros desmamados em área de braquiarão reformada com piatã
Área de xaraés, mais antiga, mas vedada, em fase final de recuperação.
Estado. “Nenhum de nós recebe pró-labore”, ressalva. Os resultados financeiros nos primeiros quatro anos de trabalho não podem ser subestimados. Entre 2011 e 2015 a receita total aumentou 63%, pulando de R$ 1,215 milhão para R$ 1,975 milhão. No mesmo período, o lucro líquido por hectare saltou de R$ 165 para R$ 375 (127%). Mesmo com apenas um terço da fazenda revitalizado, os índices zootécnicos também já apresentaram significativa melhora no mesmo período. O peso médio dos animais abatidos subiu de 17,1@ para 19,1@ (12%) e a taxa de lotação pulou de 1,36 UA/ha para 1,95 UA/ha ( 43%). Nas áreas já reformadas/recuperadas, a média atinge 4,2 UA/ha.
Mariza Kusakawa, uma das proprietárias: “sem pró-labore”
Calagem e capim diferente Para reverter a situação de baixa fertilidade e alta degradação do solo a primeira providência foi se aproximar de alguém que conhecesse do assunto. No dia 3 de março de 2012 houve a primeira reunião entre a família e o consultor Paulo Emílio Prohmann, que, de cara, descartou a possibilidade de reforma e recuperação dos pastos através da integração lavoura-pecuária (ILP). “Não há cultivo de grãos nesta região e o nnn
Fazenda em números
PR
Umuarama
Curitiba
Área total: 1.996 ha Área de pastagem: 1.597 ha Área reformada/recuperada: 504 ha Investimento/ano na revitalização: R$ 105.000 Investimento/ano em adubação: R$ 300.000 Custo médio da revitalização: R$ 1.300/ha Rebanho: 3.600 cabeças Taxa de lotação: 1,95 UA/ha Taxa lotação em áreas recuperadas: 4,2 UA/ha Animais comercializados em 2015: 882 Faturamento líquido em 2015: R$ 600.000
nnn
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trabalho começou a ser feito ëno peitoí, com recursos próprios”, lembra o consultor. Depois de avaliar as análises de solo anteriormente encomendadas pela família, Prohmann jogou forte na correção por calagem. “Havia um desequilíbrio de macronutrientes e apenas 0,7% de matéria orgânica no solo. Como o solo necessitava, focamos na aplicação de muito calcário, que geralmente é negligenciado”, conta. Pela análise de solo, seria necessária uma tonelada e meia de calcário/ha. Mas Prohmann preferiu se basear pela necessidade de uma lavoura de soja ou de milho de alta produtividade e aumentou a recomendação para 3 t /ha. “Tratamos o pasto como grão, para ter, também, resultados financeiros semelhantes a eles”, justifica. O gestor Eurico Ikuta que toca a fazenda junto com a cunhada Mariza e o sobrinho Marlon Shimabukuro – lembra que muita gente pensou que a Fazenda Genko iria abandonar a pecuária. “Alguns paravam na estrada e me perguntavam se a gente iria plantar soja e milho. Eu respondia que estava preparando o solo para plantar pasto. Muitos deram gargalhadas e me chamaram de louco”, relata. Quando começou seu trabalho na Fazenda Genko, Prohmann encontrou 80% dos pastos ocupados com capim marandu (“braquiarão”), e os 20% restantes, com o xaraés. A primeira providência foi aproveitar a necessidade de reforma e diversificar. “Isso minimiza o prejuízo, em caso de ataques de pragas ou doenças”, justifica. A opção foi reformar parte do braquiarão com o capim piatã, plantado em sequência ao milheto. “Não usamos milho ou sorgo, pois são culturas mais exigentes e mais suscetíveis a veranicos prolongados, característicos da região, ao contrário do milheto, que é extremamente rústico”, justifica Prohmann. Além disso, com a correção do pH do solo e reposição de níveis de fósforo e potássio, as raízes do milheto se tornam abundantes e profundas (podem passar de três metros), permitindo que, após seu corte, o solo fique em ótimas condições para o estabelecimento da
Fazenda em Foco Lucro dobrado em quatro anos de intensificação Indicador / Ano
2011
2012
2013
2014
2015
Evolução 2015-11 (%)
Área de pasto (ha)
2.226
2.226
2.226
1.597
1.597
-28
Rebanho (cabeças)
3.489
3.495
3.338
3.379
3.634
4
Bezerros
445
635
586
762
973
119
Abate total
806
869
945
799
882
9
Machos abatidos
396
404
526
343
383
-3
Peso médio (@)
17,1
17,3
18,4
18,9
19,1
12
Taxa desfrute (%)
23,1
24,9
28,3
23,6
24,3
5
Receita Total (R$)
1.215.028
1.284.646
1.478.143
1.589.778
1.975.384
63
Lotação (UA/ha)
1,36
1,39
1,28
1,86
1,95
43
Lucro bruto (R$/ha)
545
577
663
995
1.236
127
Lucro líquido (R$/ha)
369.368
390.532
449.355
483.292
600.516
63
Lucro líquido (R$/ha)
R$ 165
R$ 175
R$ 201
R$ 302
R$ 375
127
Fonte: Fazenda Genko
Lote de garrotes em área reformada: 5 UA/ha.
braquiária. A estratégia se mostrou interessante também porque o grão garantiu uma boa produção de silagem para o período de seca. Em 2015 foram 2.500 toneladas de volumoso, oriundos de uma área de 87 ha. Dos 504 ha da fazenda já melhorados, quase a metade, 246 ha, foram reformados, com a troca do capim marandu pelo piatã. Os 258 ha restantes (145 ha de marandu e 113 ha de xaraés) foram recuperados. Segundo Paulo Prohmann, o principal critério para se definir qual caminho seguir, é a população da espécie forrageira. “Caso esteja fraca, lenta, porém com boa formação, sem clareiras, optamos pela recuperação”, explica. Nos primeiros meses de 2016 as áreas reformadas/ renovadas e recuperadas já apresentavam uma distribuição mais variada, com o piatã detendo 49% da área, o xaraés, 29%, e braquiarão, 22%.
Manejo pela altura Além de uma calagem forte e bem feita, o especialista destaca pelo menos duas outras ações que estão ajudando na recomposição de níveis de matéria orgânica no solo: o respeito às alturas máximas e mínimas das forrageiras e o trabalho com cultivos de inverno. Eurico Ikuta conta que antes da consultoria, o xaraés chegava a medir 1,5 metro de altura. “O Paulo já chegou dizendo que estava errado, que o certo era altura máxima de 40 cm para entrada do gado e mínima de 20 cm para saída. Colocamos mais gado e o capim passou a se recuperar mais rapidamente”, conta o gestor da Genko. O consultor explica que o controle de altura faz com que a forrageira não cresça tanto verticalmente e sim de forma mais horizontal, reduzindo a área de solo descoberta. Para adaptar funcionários da fazenda a este novo
Ajuste na reprodução Com a chegada da genética Angus, a Fazenda Genko teve de ajustar o seu sistema reprodutivo. A partir do início de 2014, tirou o foco da monta natural e do pouco de inseminação convencional que até então fazia para apostar na IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo). O médico veterinário Gustavo Mafra Fernandes foi chamado para comandar o processo e desde então vem ajustando a fazenda aos novos procedimentos. “Nos primeiros meses tivemos de observar e corrigir o que era feito até então e treinar a equipe para novas práticas, como aplicação de hormônio, por exemplo”. Já na estação de monta 201516, Fernandes contabilizou índice de
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prenhez de 52% na média das 1.040 vacas inseminadas em protocolos de IATF, ante 41% na estação 2014/2015. “Com repasse de touros, atingimos 82%”, afirma. Fernandes reconhece que esses números podem ser melhorados, mas justifica que a propriedade ainda está no início de um processo de tecnificação. “Já houve um grande avanço de uma estação de monta para outra. A taxa de prenhez das primíparas, por exemplo, saltou de 44 para 51%, e a das novilhas, de 34 para 50%”, enumera. Segundo o veterinário, os touros de repasse, Angus, foram selecionados de forma a transmitir ganhos em caracte-
rísticas de interesse econômico, como peso e qualidade de carcaça e os bezerros nascidos do cruzamento com vacas Nelore terão desempenho acompanhado até o abate e qualidade de carcaça avaliada pela Cooperativa Maria Macia, de Campo Mourão, distante 150 km da propriedade. Para acelerar a engorda, a Fazenda Genko possui um confinamento com capacidade para terminar 400 animais por turno. Em 2015, foram 650 animais, no período de abril a junho. A dieta é de alto volumoso, com 80% dela composta de silagem de milheto. O concentrado leva milho, casca de soja, ureia e mineral com ionóforo, batido em vagão misturador.
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Área de piatã só precisou ser roçada após incidência de invasoras
Pasto de xaraés bem manejado: uniforme e com 30 cm de altura.
procedimento, Prohmann abriu mão das réguas de manejo e optou pelo palmo como medida, já que geralmente corresponde a 20 cm. “Ao ir a campo, o funcionário pode esquecer a régua, mas não a sua mão”, brinca. Assim, ficou fácil para o pessoal saber que o gado tem de entrar com dois palmos de altura e sair com um.
Pensaram que íamos abandonar a pecuária” Eurico Ikuta, gestor da Fazenda Genko
A fazenda consegue hoje uma arroba a mais na desmama do animal cruzado” Paulo Prohmann, consultor
Fazenda inspiradora Ao mesmo tempo que arrumava a casa na produção de alimento, a Fazenda Genko percebeu que tinha que adequar o “automóvel ao combustível de melhor qualidade”. Precisava de maior potencial genético em seus animais. A inspiração para seguir nesse caminho veio do próprio Paulo Prohmann, que, além de consultor, faz engorda de fêmeas cruzadas e seleção de touros Angus em sua fazenda, a Dona Elisa, em Luiziana, região ...... do Paraná. Assim que souberam, no mesmo ano de 2012, os sócios e o gestor da Genko decidiram conhecer a propriedade. Foi o pontapé inicial para uma mudança na genética da Genko, que a auxiliou na trajetória de encurtamento do ciclo de produção. “Quando chegamos à Fazenda do Paulo, o Angus estava explodindo, ficamos encantados”, lembra Marisa Kusakawa. Lá encontraram 104 ha de pastagem e mais 24 ha em produção de silagem. Na área, um rebanho de 850 novilhas cruzadas (grande maioria com sangue Angus) em engorda e 200 machos Angus destinados à comercialização como touros. O ganho por área nos módulos de engorda beirava os 1.500 kg/ha/ano, informou o consultor. O gestor Eurico Ikuta justifica a decisão que foi tomada a partir daquela visita, a de comprar touros Angus com genética reconhecida. “Resolvemos investir no cruzamento industrial, pois o fato de eliminar seis meses no tempo de abate do gado é uma coisa extraordinária. Indiretamente, ganhamos com isso outra fazen-
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da. Paulo Prohmann acrescenta que o rebanho Nelore da Genko já tinha uma fama muito boa e que a genética Angus encontrou ali uma base que permitiu à fazenda “nadar de braçada” na produção de carne que se seguiu. “Hoje, ela consegue uma arroba a mais na desmama do animal de cruzamento industrial, nas mesmas condições do Nelore”, c ontabiliza o consultor. n
Na cooperativa, bonificação pela qualidade. Desde 2012 a Fazenda Genko é integrante da Maria Macia Cooperativa Mista Agropecuária, com sede em Campo Mourão, noroeste do Paraná e focada na produção e comercialização de cortes especiais. Com isso, ela consegue razoáveis bônus pelos animais que entrega. Ano passado, 150 deles obtiveram preço diferenciado - R$ 153/@, ante R$ 150/@ pagos na média da região. Em 25 de maio último, o mercado no noroeste do Paraná acenava com R$ 147 pela @ do macho, enquanto na Maria Macia os bois eram remunerados a R$ 159/@ e as fêmeas a R$ 155/@. Paulo Prohmann, que é diretor-secretário da cooperativa, informa que atualmente são 126 cooperados, distribuídos em quase todas as regiões pecuárias do Paraná. O rebanho passa de 110.000 cabeças, e o abate médio é de 12.000 animais por ano. O padrão estabelecido é dois dentes, cobertura mínima de 4 mm de gordura e peso de abate acima de 400 kg com até dois anos de idade. Praticamente 100% dos bois abatidos são inteiros, com rendimento de carne 20% superior ao de bois castrados, calcula o consultor, que não vê possibilidade de mudança nesse cenário. ìAté porque nunca recebemos reclamação quanto à qualidade da carne desses animaisî, informa.
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Seleção
Legado aprimorado Nelore zootecnicamente produtivo iniciado por Arnaldo Zancaner continua, numa mescla entre tradição e modernidade.
O antes e o agora: rebanho herdeiro do formado por Zancaner continua a brilhar na raça Nelore
Carolina Rodrigues
que seguiam até os 24 meses de idade dos bovinos. Nasciam ali as aferições zootécnicas de um rebanho que mais tarde serviria como ponto de partida para o Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore, conhecido popularmente como Nelore Brasil, e hoje conduzido por Raysildo Lôbo, presidente da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), com mais de 7 milhões de pesagens na base de dados. “Arnaldo Zancaner foi um visionário. Sua atuação mudou os paradigmas da seleção de animais superiores, que então primavam apenas pelas características raciais”, diz Lôbo, que continua: “Começaram indagações sobre quais as melhores idades a serem consideradas no processo de seleção com vista à maior produtividade, o que, posteriormente, desencadeou sistemas para a coleta de dados em prol do melhoramento aplicado aos sistemas de produção de carne a pasto”, lembra. “Se somos um dos países mais desenvolvidos em pesquisas que envolvem o melhoramento genético, devemos muito disso a ele.” Passados 56 anos do início das mensurações da raça Nelore na Fazenda Bonsucesso, a memória de Zancaner continua viva na metodologia de coleta de dados de fenótipos da raça Nelore Brasil afora e também no trabalho familiar, hoje conduzido pelos herdeiros Patrícia Zancaner Caró e seu marido, Michel Caró; Adriana Zancaner Aranha e seu marido, Flávio Aranha, e Roberto Zancaner e sua mulher, Carmem. Respectivamente, falamos das marcas em torno da Fazenda Bonsucesso, em Guararapes e Água Boa, MT; Bela Alvorada, também com sede em Guararapes e produção no Mato Grosso do Sul, e de Roberto Zancaner, com propriedades nos três Estados e trabalhos direcionados à cana-de-açúcar e soja. “Cada um tem seu próprio negócio, mas preservamos os critérios de seleção na Nelore Zan para manter sua identidade”, pontua Michel Caro (pronuncia-se “carrô”).
ra 1962, quando Arnaldo Zancaner, arquiteto, resolveu aplicar à criação de gado zebuíno o que de melhor fazia em sua profissão: planejar e organizar informações para encontrar soluções que atendessem às necessidades de seus usuários. Na histórica Fazenda Bonsucesso, em Guararapes, ele concluiu que, para avançar na seleção do gado Nelore herdada do pai, Ângelo Zancaner, seria necessário coletar dados que permitissem mensurar de forma sistemática e organizada os caminhos do trabalho conduzido com afinco no interior paulista. Começou pesando animais ao nascer e à desmama, com ponderações mensais
Base compartilhada O legado é conhecido pela seleção de animais que apresentam bom desempenho a pasto, com alta fertilidade, habilidade materna, ganho de peso e conformação frigorífica. “Na década de 1970 meu sogro já tinha a visão de que era possível atingir 16@ aos dois anos de idade”, diz Caro, lembrando que por muito tempo os herdeiros trabalharam em condomínio, com o gado centralizado no Mato Grosso do Sul, para manter as avaliações seguidas minuciosamente pelo patriarca. O período sucedeu a morte de Arnaldo Zancaner, em 1989, e durou até 2000, quando o plantel, de cer-
E
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NELORE POI A FORÇA DA GENÉTICA BRUMADO
02 JULHO 2016
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Zancaner: informações a serviço do melhoramento
Herdeiros do legado (a partir da esq.): Adriana, Flávio, Patrícia e Michel.
ca de 500 matrizes, foi dividido em partes iguais, resultando no número de 120 matrizes para cada grupo. Foi uma partilha fundamental para a construção dos plantéis, por reunir vacas prenhes e paridas, além de embriões de ouro nas barrigadas receptoras. “Conduzimos o desmembramento de maneira que, ao fim da cisão, tínhamos uma genética de alto nível e fêmeas que garantiram produtos de excelente progênie já na safra seguinte”, lembra Flávio Aranha, que tem, hoje, um plantel de 500 matrizes PO na Fazenda Bela Alvorada, também em Guararapes. Dela nasceram produtos como Avesso TE da Bela, touro Top 4% para habilidade materna e Top 0,1% para PE aos 365 e 450 dias, com mais 2.000 filhos avaliados no Sumário de Touros da ANCP. Seis deles (Fraque, Grafite, Hamelet, Hobby, Garden e Jeito) estão presentes em catálogos de centrais de inseminação. “Este animal veio entre os embriões desta divisão e proporcionou ganhos absurdos em genética. Passamos a utilizar os filhos dele ainda jovens e com isso encurtamos o intervalo de gerações, obtendo um progresso violento na Bela Alvorada”. Caro garante que, na Bonsucesso, os resultados remanescentes deste legado genético ainda estão presentes. Nascido na safra 2003, Berloque da Bonsucesso foi líder em comercialização no ano de 2011, com mais de 40.000 doses de sêmen vendidas pela Alta Genetics, tornando-se um dos principais touros da grife na produção de tourinhos comerciais e bezerros pesados. “A cada ano tiramos produtos eficientes, filhos e netos desta genética, que foi tão importante para a história e que vem sendo aprimorada com novas ferramentas de seleção”, diz Caro. Patrimônio zelado Na Bonsucesso, o nascimento de cada safra é conduzido com dados técnicos que possibilitam tirar a máxima eficiência dos acasalamentos, tendo como base um plantel de 800 matrizes em reprodução e o uso de 10 a 12 touros a cada estação. As informações 96 DBO junho 2016
de biotipo, racial e funcionalidade são calibradas com dados sobre eficiência reprodutiva, crescimento e desempenho de carcaça apuradas pela ANCP (Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores). “Emprenhar vaca é um investimento a longo prazo. Todas as pontas devem estar amarradas, para que ao fim do processo se tenha êxito”, diz Caro. A atenção aos processos tem surtido efeito. Em meio às 28 diferenças esperadas na progênie (DEP) ponderadas no Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN), o plantel da Bonsucesso se destacou na última safra pela característica de stayability, conhecida por medir a capacidade de uma fêmea permanecer produtiva e longeva no rebanho. Ficou quatro pontos percentuais acima da média das fazendas avaliadas pela ANCP. “Um dos diferenciais da nossa seleção é trabalhar a fertilidade do Nelore. A produtividade das vacas sintetiza 50% do que uma fazenda deve ter e fixamos bem isto”, comenta o genro de Zancaner. Segundo o criador, este é o principal feed back dos usuários de seus touros. “Sempre ouvimos sobre a cria que fazemos. Sobre o peso dos animais à desmama e ao sobreano, características que refletem o potencial genético das matrizes. Este é o verdadeiro patrimônio de um rebanho vendedor de touros”, avalia Caró, que nos últimos quatro anos tem investido firme na avaliação genômica para antecipar informações sobre os touros jovens da Bonsucesso. Para Adauto Franco, assistente técnico de Genética em Gado de Corte, os resultados são expressivos, se comparados à média da base Clarifide 2.0, ferramenta utilizada pela ANCP nas predições genômicas. O peso aos 450 dias está 9 kg acima da média, enquanto a circunferência escrotal aos 365 dias é três vezes maior, mesmo resultado encontrado quando confrontado com a média da base Clarifide para a área de olho de lombo (AOL). “O trabalho de seleção fica bem evidenciado pelos resultados econômicos sinalizados a partir dos índices de reprodução: R$ 114 acima da média Clarifide”, diz o técnico.
Seleção
Filhos e filhas do touro Avesso, na faixa de 15 meses de idade
Sucesso similar, caminho distinto Com números acima da curva ascendente que mede o progresso genético de 300 fazendas associadas à ANCP, a Bela Alvorada também avança, mas com estratégias distintas. Um dos diferenciais do criatório está no projeto de integração lavoura-pecuária, em Jataí, MS, e tem trazido melhoras significativas nos índices de precocidade sexual do rebanho. Iniciado na Fazenda Nova Santo Ângelo há três anos, o projeto integrou mais de 300 hectares (ha) que estavam degradados. No primeiro ano plantou-se aveia para pastoreio de inverno e dessecação, para posterior plantio direto da soja. Os resultados foram 40 sacas por hectare, atingindo 50 sacas no ciclo seguinte. Houve reflexo direto na recria do gado. Nas últimas duas últimas estações de monta, fêmeas com idade entre 16 e 17 meses chegaram em estado corporal aptas a entrar em reprodução, garantindo taxa de prenhez de 55%. Nas filhas de Avesso, Grafite e Fraque, o índice subiu para 77%. A média da Bela Alvorada sempre foi de 82% de prenhez para fêmeas entre 22 e 24 meses de idade. “O investimento na integração permitiu que aliássemos pre-
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cocidade sexual a uma base de matrizes altamente férteis e habilidosas em cria. São ótimos indicadores para a pecuária de ciclo curto, que era o que meu sogro já vislumbrava em 1970”, diz o outro genro, Flávio Aranha. Embora feliz com os resultados, ele não pretende investir no desafio de novilhas aos 14 meses. O objetivo do criador é a renovação de doadoras. “Queremos identificar vacas jovens, que possam incrementar nosso projeto de FIV (fertilização in vitro) e dar velocidade à identificação e produção de animais superiores, para aumento do volume de touros para o mercado.” Hoje, a Bela Alvorada atua com 40 doadoras no plantel. A produção anual é de 160 touros por ano, que são comercializados em um leilão anual, em julho. Pouca coisa é vendida para o Mato Grosso do Sul. “Estamos trabalhando para aumentar este número e a integração lavoura-pecuária é um dos caminhos mais concretos.” Embora sigam caminhos distintos, o trabalho em torno da sustentação da Marca Zan é algo compartilhado pelos herdeiros. No fim de maio, a Fazenda Bonsucesso promoveu seu trio de leilões, no qual exemplares da Bela Alvorada tiveram espaço cativo entre os convidados. “Trabalhar em parceria e se posicionar corretamente no mercado são ensinamentos de Arnaldo Zancaner”, observa Aranha. “Ele gostava de ensinar o que sabia e realizava, sempre que possível por meio de reuniões com amigos, dias de campo e palestras na fazenda.” Tanto na Bela Alvorada quanto na Bonsucesso, este modelo é adotado. Além dos leilões, as propriedades organizam dias de campo para difundir o melhoramento genético animal, com a participação de geneticistas, técnicos e especialistas da área. Na edição deste ano, esteve na pauta do Dia de Campo da Fazenda Bonsucesso a maciez da carne Nelore e a aplicação de índices econômicos na seleção da raça. “Tivemos um homem visionário à nossa frente. Queremos levar todo este legado adiante, seja na construção de um Nelore zootecnicamente moderno, seja na geração de conhecimento”, pontua Michel Caro. n
Leilão GENÉTICA DE OURO QUE GERA LUCROS
24 de julho 2016 domingo | 13h
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LAVROQUÍMICA
(66) 3468-6600
TRANSMISSÃO:
REALIZAÇÃO:
Fotos Fernando Yassu
Máquinas
Pá carregadeira joga o concentrado na caçamba......
... que já tem uma parte com núcleo mineral e os despeja no caminhão....
Solução caseira no confinamento Fazenda inventa caçamba misturadora que dá mais agilidade no fornecimento da ração
Q
uando instalou o seu primeiro confinamento em uma de suas fazendas, a Tamboril, que fica no município de Pontes e Lacerda, na região noroeste do Mato Grosso, Ronaldo Wenceslau Rodrigues da Cunha racionalizou os investimentos na compra de maquinários e com apenas uma pá carregadeira e dois vagões (um puxado por caminhão com capacidade para 20 m3 e outro tracionado por trator com capacidade para 15 m3) consegue tocar o empreendimento. A propriedade tem capacidade fixa para 13.000 bois por rodada de engorda. O mesmo ocorre no confinamento da Fazenda Estrela, em Brasnorte, também no Mato Grosso, com capacidade para tratar 11.000 cabeças por tombo de engorda. Para dar conta do serviço com um parque de máquinas enxuto, Cunha – que estudou engenharia e abandonou o curso para se dedicar à pecuária de corte –, desenvolveu uma caçamba que possibilitou o aumento de 30% na produtividade nas operações de preparação e distribuição da dieta no cocho. Sem essa caçamba, ele teria que ampliar os investimentos em maquinários para preparar (pá carregadeira) e para distribuir a dieta (vagões para misturar e distribuir a ração total). Segundo Cunha, a ideia de racionalizar os investimentos na compra de maquinários foi sua, mas o desenvolvimento da caçamba teve participação dos próprios funcionários da Fazenda Tamboril. O equipamento foi fabricado numa pequena oficina de Pontes e Lacerda. É uma espécie de caçamba fixa suspensa, onde cabe uma batida de concentrado para abastecer um vagão.
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...que faz a mistura com o volumoso e descarrega a ração no cocho.
Funciona da seguinte maneira: enquanto os vagões estão distribuindo a ração total no cocho, o operador da pá carrega cada ingrediente do concentrado (milho ou sorgo, farelo de soja ou outra fonte de proteína, aditivos e o núcleo mineral) conforme indica o programa para cada batida e a despeja na caçamba, que é equipada com uma balança eletrônica para a pesagem de cada insumo da dieta. Quando o motorista do caminhão ou o tratorista termina a distribuição do trato e volta para a fábrica de ração, ele encosta o vagão sob a caçamba, aperta um botão que aciona um mecanismo que faz com que o fundo se abra em duas partes e a carga seja despejada em apenas 15 segundos. Após carregar o concentrado e o núcleo mineral, o operador do vagão vai até o silo e o operador da pá carrega o volumoso, que, no caso da Fazenda Tamboril, é silagem de milho. Terminado o carregamento da silagem, ele inicia a distribuição de mais uma bateria da dieta, cuja mistura ocorre automaticamente no trajeto entre o silo e o confinamento. Sem desperdício de tempo Com a caçamba, os maquinários praticamente não param. Sem o equipamento, a pá carregadeira ficaria parada no momento em que os vagões estivessem fazendo a distribuição da comida; da mesma forma, o vagão ficaria parado no momento em que fosse terminado o trato e o funcionário fosse carregar os ingredientes do concentrado. “O carregamento dos ingredientes do concentrado e do núcleo mineral é a operação mais demorada. O operador da pá tem que carregar e pesar cada ingrediente separadamente e despejar no vagão. Com a caçamba, eliminamos esse gargalo”, diz Ronaldo. Pelos seus cálculos, se não tivesse a caçamba, ele não conseguiria tratar mais do que 6.500 cabeças por tombo com apenas uma pá carregadeira e dois vagões. Hoje, engorda 8.500/9.000 bois por rodada e ainda sobra tempo para preparar a dieta para o gado tratado em semiconfinamento em outras fazendas que ele tem no Estado. Além de reduzir os investimentos em maquinário, a caçamba permitiu também aumentar a produtividade da mão de obra. (Fernando Yassu) n
Genética
Garantia de um Nelore macio Embrapa lança projeto genômico que identifica animais zebuínos capazes de produzir carne com a maciez desejada
C
om o avanço de sistemas de rotulagem e dos programas de qualidade da carne bovina, os consumidores podem ter acesso hoje a uma série de dados sobre o produto in natura, tais como procedência dos bovinos, sexo, raça, idade de abate, tipo de criação (sistemas extensivo, intensivo, entre outros modelos de produção) e até mesmo questões ligadas ao bem-estar animal. Porém, no caso do gado zebuíno (Bos indicus), a subespécie predominante no Brasil, o quesito maciez da carne continua sendo, como se diria no jargão do futebol, uma “caixa de surpresas”. Ao levar para casa uma bandeja com cortes do contrafilé originários de um lote de animais de uma única fazenda e aparentemente com aspectos idênticos, corre-se o risco de misturar na panela pedaços altamente macios com outros totalmente duros, de difícil mastigação. Pois uma iniciativa pioneira no Brasil pretende acabar de vez com a dúvida em torno da maciez da carne de animais zebuínos. Trata-se de um trabalho de pesquisa genômica liderado pela Embrapa, que identificou, em animais da raça Nelore, marcadores moleculares (Snips) associados à maciez da carne, resultando na criação, em parceria com a empresa Neogen do Brasil, de Indaiatuba, SP, de um chip genômico exclusivo para essa característica. “Agora, por meio de uma análise simples e rápida de DNA em amostras de pêlo da cauda dos bovinos, conseguimos gerar informações que permitem prever o desempenho esperado de um animal do rebanho para uma característica que Arquivo DBO
Maciez passará a ser monitorada e identificada
Denis Cardoso
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até então era considerada de difícil mensuração, que é a maciez”, informa o pesquisador Cláudio Magnabosco, da Embrapa Cerrados, sediada em Planaltina, DF. Detalhes do projeto da Embrapa foram apresentados durante a 22ª edição do Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores, evento realizado pela Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), que reuniu, no dia 13 de maio, em Ribeirão Preto, SP, cerca de 200 pessoas, entre pecuaristas e técnicos ligados ao setor pecuário. Na ocasião, em sua palestra “Maciez da Carne em Nelore: uma realidade brasileira”, Magnabosco disse que, a partir dos trabalhos de avaliação genômica, já foi possível fazer a DEP genômica para a característica de maciez de 40 touros que hoje estão inseridos no programa de seleção da ANCP, o Nelore Brasil, a maioria com sêmen disponível para venda nas centrais de genética. “Pretendemos divulgar, em agosto, durante a Expogenética (feira realizada em Uberaba, MG), uma circular técnica contendo os nomes desses touros avaliados para maciez e suas respectivas acurácias (grau de confiabilidade das predições)”, adianta o pesquisador da Embrapa. Nessa lista, continua ele, constarão tanto animais com DEP (Diferença Esperada na Progênie) “positiva” para essa característica quanto reprodutores “negativos” ou até mesmo “pioradores” nesse quesito. “Identificamos touros muito bem avaliados para outras características de importância econômica no programa da ANCP e que se destacam nas baterias de Nelore das centrais de genética, mas cujas progênies apresentaram, após a realização de testes de cisalhamento (procedimento que mede o grau de força necessária para o corte da carne em animais já abatidos), uma carne extremamente dura”, revela. Embora o trabalho genômico para maciez tenha sido concluído recentemente pela Embrapa, a pesquisa relacionada com essa característica não é nova. Teve início em 2001, a partir de um projeto pioneiro de seleção específica para essa característica com animais Nelore Mocho da Fazenda Guaporé, em Pontes e Lacerda, MT, pertencente ao pecuarista Ovídio Carlos de Brito, do grupo OB. A seriedade do projeto despertou o interesse da Embrapa, que a partir de 2009 entrou como parceira, dando uma contribuição mais “científica” ao programa de seleção para maciez. De lá para cá, foram realizados diversos acasalamentos, entre machos e fêmeas com potencial ou não para a produção de carne macia, criando, assim, populações contrastantes para essa determinada característica. “A partir desses experimentos e de abates técnicos reali-
Fotos Denis Cardoso
Genética
Magnabosco, da Embrapa: teste de DNA no bovino para identificar a maciez da carne
Seminário da ANCP reuniu cerca de 200 pessoas em Ribeirão Preto, entre pecuaristas e técnicos.
Viacava (esq.) questionou investimento do pecuarista em garantir a maciez da carne
zados em 500 progênies oriundas dos acasalamentos de touros e matrizes participantes do projeto, conseguimos identificar os marcadores moleculares associados tanto à questão da maciez quanto à dureza da carne”, explica Magnabosco, completando que o grupo de animais que passaram pelos testes de cisalhamento tinha, em média, 24 meses de idade, 5 cm de espessura de gordura subcutânea e peso de 500 kg. Diversos trabalhos científicos realizados ao longo dos anos mostram que, além da genética, outros fatores influenciam a maciez da carne, como raça, idade ao abate, sexo, alimentação, uso de agentes hormonais e tratamentos post-mortem. “A qualidade final da carne é resultante de tudo o que ocorre com o bovino durante toda a cadeia produtiva”, pondera o pesquisador Eduardo Eifer, da Embrapa Cerrados, também presente no evento da ANCP. Um animal com DEP genômica positiva para maciez pode apresentar dureza na carne caso haja uma única falha durante o processo de produção, como situações de estresse ocasionada pelo transporte dos animais até o local de abate ou manipulação inadequada da carne na câmara fria da indústria frigorífica. Historicamente, a carne dos zebuínos é identificada como dura, sobretudo porque os bovinos são, em sua maioria, criados a pasto e abatidos mais velhos, se comparados com as raças taurinas (Bos Taurus), consideradas mais precoces e submetidos a sistemas intensivos de produção – a maciez é umas das características mais marcantes de animais Angus, a raça britânica da moda atualmente nos programas brasileiros de qualidade de carne. No entanto, diferentemente do que se preconizou até o fim da década de 80, hoje sabe-se que, em se tratando de zebuínos, mesmo que sejam respeitados todos os procedimentos necessários para obtenção de um animal com carne macia, não há garantia absoluta de que esse bovino apresentará tal qualidade na mesa do consumidor final. “Em nossos testes de cisalhamento, avaliamos animais extremamente jovens e com ótima cobertura de gordura que não foram capa-
zes de produzir carne com maciez, alguns deles com força de cisalhamento de 8-9 kgf, enquanto o grau aceitável é inferior a 4 kgf (quanto maior a força dispensada, menor é a maciez apresentada pelo corte de carne)”, enfatiza Magnabosco. Daí a importância da avaliação genômica para maciez. “O uso maciço dessa ferramenta, aliado aos cuidados em relação aos fatores externos que influenciam na qualidade do produto, fará com que a dona de casa pare de jogar com a sorte, hora comprando uma carne macia, hora dura”, afirma Argeu Silveira, diretor técnico da ANCP, que apresentou a palestra “Mercado da avaliação genética: qualidade é o foco”. Segundo ele, no futuro próximo, a questão da maciez no Nelore será motivo de exclusão do mercado. “Ou o pecuarista produzirá uma carne de qualidade, sobretudo macia, ou estará fora do mercado”, prevê. Segundo ele, a falta de qualidade explica o baixo preço da carne bovina in natura brasileira no mercado internacional. “Enquanto exportamos a cerca de US$ 3.000/tonelada, o Uruguai e a Argentina vendem pelo dobro do preço e os Estados Unidos até seis vezes esse valor”.
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Tecnologia para todos Além de divulgar a lista de touros “genotipados” para maciez, a Embrapa pretende anunciar, também em agosto, na Expogenética, o lançamento comercial do chip customizado para essa característica. Na fase de validação da tecnologia, a instituição contou com a parceria da Neogen do Brasil, mas o licenciamento para o uso comercial da ferramenta por parte da empresa do interior paulista vai depender ainda de um acordo prévio sobre o preço deste painel de DNA. “O papel da Embrapa é gerar tecnologias que não fiquem somente nas prateleiras, mas que tenham uso maciço por parte dos produtores”, diz Magnabosco. Nesse sentido, continua o pesquisador, a Embrapa vem pressionando a Neogen para aceitar a proposta de redução do preço do chip pela metade do preço de venda pretendido pela companhia, “de R$ 100/cabeça para abaixo de R$ 50”. “Queremos que essa ferramenta seja
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Genética largamente utilizada não só por produtores de genética, mas por pecuaristas comerciais, produtores de carne”, sentencia o pesquisador, acrescentando que a Embrapa “buscará outra companhia de biotecnologia caso não haja acordo com a Neogen”. A título de comparação, o preço de mercado do painel de marcadores moleculares da Zoetis (Clarifide Nelore 2.0), que abrage 22 características, utilizado no programa Nelore Brasil, da ANCP, gira ao redor de R$ 120. Eduardo Eifer, da Embrapa, diz que a qualidade da carne está ligada ao “antes da porteira”
Aplicação no campo Uma vez lançado comercialmente o painel para maciez, o pecuarista poderá utilizar a tecnologia de duas maneiras distintas, explicou Magnabosco, para a plateia presente no evento da ANCP. “O produtor pode comprar sêmen de touros com DEP positiva para maciez de centrais de genética e inseminar a vacada, ou optar pelo uso do chip no rebanho já existente, de preferência em animais jovens (ainda bezerros), para descobrir antecipadamente quais deles têm potencial para produção de carne macia”. Em tom provocativo, o selecionador Carlos Viacava, vice-presidente da ANCP, colocou em xeque a importância da ferramenta para o seu negócio, que visa à produção de tourinhos de ge-
nética superior da marca CV. “Por qual motivo deixaria de utilizar os touros altamente eficientes em várias características de importância econômica, para me ater numa característica que ainda não tem o mesmo reconhecimento por parte dos frigoríficos”, questiona ele, referindo-se à inexistência de programas específicos que pagam bonificações pela maciez da carne Nelore. Como resposta, Magnobosco citou o próprio negócio conduzido por Viacava. “Há 15 anos, você recebia valores adicionais por touros com avaliação genética?”, rebateu, lembrando que hoje o preço de venda de tourinhos em leilões está diretamente ligado aos índices gerais alcançados em programas de seleção. Além disso, lembrou o pesquisador, o estudo científico da Embrapa mostrou que a busca pela maciez não interfere em nada – nem contra, nem a favor – no trabalho de seleção para outras características de importância econômica, como ganho de peso, acabamento de gordura, taxa de fertilidade, facilidade de parto. “A escolha é sua, Viacava; ou continua usando somente os touros mais eficientes, já que o mercado não te paga pela maciez, ou, já com olho no futuro, passa a trabalhar com a seleção de animais um pouco menos eficientes, mas que sejam genomicamente comprovados como bons em maciez”, sugere o pesquisador da Embrapa. n
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Genética Genus investe pesado em genômica A companhia britânica Genus PLC, controladora da subsidiária brasileira ABS Pecplan, de Uberaba, MG, anunciou novos investimentos a partir do próximo ano fiscal que começa em 1º de julho. Sem revelar valores, o executivo da multinacional Karim Bitar diz que serão substanciais – “milhões de libras” – os aportes em pesquisa e desenvolvimento (P&D) envolvendo a tecnologia em genômica direcionada para bovinos e suínos. No total, o orçamento anual da empresa em (P&D) gira ao redor de US$ 44 milhões. “Vamos aumentar em 10% os investimentos em P&D na comparação com o ano fiscal anterior”, revela Bitar. Para avançar na área de genômica, a Genus assinou acordo exclusivo com a empresa norteamericana Biociências Caribou, que
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dispõe de uma nova tecnologia, a CRISPR/Cas9, ferramenta que permite que cientistas modifiquem genomas com uma alta eficiência e precisão.
Asbia premia andrologistas na Expozebu A médica veterinária e consultora técnica Lúcia Helena Rodrigues, graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp),foi considerada a “Andrologista do Ano” pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). A homenagem fez parte de evento ocorrido em maio último, na sede da entidade em Uberaba, MG, durante a 82ª Expozebu, feira pecuária realizada no Parque Fernando Costa, que este ano recebeu mais de 160.000 visitantes.
Criado no ano passado para comemorar os 40 anos da Asbia, o evento é um prêmio de reconhecimento para destacar os profissionais que trabalham pelo desenvolvimento da Inseminação Artificial (IA) no Brasil, desde a década de 70. Em 2015, Luís Carlos da Veiga Soares recebeu o Prêmio ASBIA de Patrono da IA no Brasil. Neste ano, além de Lúcia Helena, concorreram ao prêmio o gerente de produção da ABS Pecplan, Dr. Fernando Vilela Vieira, e o responsável técnico da Central da Alta Brasil, Luis Alfredo Garcia Deragon. Na ocasião, também foi inaugurado o laboratório próprio da Asbia de análise de sêmen, o ASBIA – IVP Tec. “Nosso objetivo é estabelecer um padrão que traga segurança ao criador caso necessite fazer uma segunda verificação no sêmen e que sirva de orientação para o mercado”, diz o presidente da entidade, Carlos Vivacqua.
Reprodução
Valem mais do que pesam IZ
Justamente por isso deve-se cuidar bem dos reprodutores, evitando lesões e até mortes; hierarquia é ponto de atenção.
S
Lídia Grando
omente em 2015, a média brasileira de preços dos touros de corte chegou a R$ 7.356, segundo o Anuário DBO. Valorizado pela sua carga genética e não apenas pelo seu peso em arrobas, um touro também deve ter bom comportamento, para que se evitem perdas e lesões. O gerente executivo da Associação Cia. do Melhoramento, Marcelo Almeida, calcula que as perdas em lotes de reprodutores cheguem a 10%. “Há casos de fazendas com 50 reprodutores que perdem, ao ano, cinco animais por fratura ou lesão no sistema locomotor causados por briga”, relata. Essas perdas não são de bovinos desgastados ou velhos, mas de touros que ainda serviriam à vacada. Eles acabam sendo descartados, pois, lesionados não conseguem mais cumprir seu trabalho. Nessa hora, passam a valer apenas o quanto pesam e o prejuízo é somado à conta do produtor. Assim, mesmo fora do período de monta, o lote de reprodutores deve ser bem cuidado. Principalmente em relação ao seu comportamento. Almeida sugere que, no lugar de grandes grupos em extensos pastos, os reprodutores sejam agrupados em lotes menores. ìAssim será possível sua natural organização hierárquicaî, afirma. Ele lembra que, em grandes lotes, os dominantes vivem em embates constantes. A negligência que leva à briga está na falta de cuidado com a formação desses lotes. O principal critério para agrupamento deve ser idade e peso. “Animais mais velhos e pesados tendem a ser dominantes e não podem ficar misturados com os jovens”, afirma o médico veterinário Adolfo Firmo Ferreira, da Central ABS, de Ube-
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raba, MG, que tem experiência no manejo de touros. Ferreira também lembra que, ao definir os lotes, deve-se evitar a mistura excessiva de tipo animais e se possível fazer uma adaptação dos novos machos adquiridos. Se não for possível, e forem alocados no mesmo pasto, deve-se definir um monitoramento periódico, principalmente nos primeiros dias. “Um animal mais fraco, que é alvo constante de briga, deve ser remanejado”, aconselha. Os grupos também devem considerar o tipo racial, evitando a mistura de raças. Os zebuínos têm a fama de serem mais tranquilos do que os machos de raças europeias. Animais aspados também devem ser mantidos separados dos mochos. A escolha do piquete de touros deve considerar oferta de água e uma boa pastagem, para que o reprodutor consiga manter um escore corporal mediano (3, na escala de 1 a 5) e esteja pronto para a entrada na estação de monta. Se houver o complemento nutricional, este deve ser acompanhado por especialista, para evitar altos índices de energia e proteína na dieta. O escore corporal elevado resulta em dificuldade de monta, sobrecarga no sistema locomotor e possível impacto na fertilidade. Piquetes exclusivos Há propriedades em que touros selecionados para coleta de sêmen são mantidos em piquetes únicos, porém um ao lado do outro. Ferreira, da ABS, está acostumado com essa realidade, já que na central os touros ficam em piquetes unitários. Ele recomenda que a cerca seja reforçada com cinco fios e exista um fio elétrico interno para maior segurança. “Isso evitará o contato direto”, afirma. A pesquisadora Maria Lucia Pereira Lima, do Centro de Gado de Corte de Instituto de Zootecnia, em Sertãozinho, SP, lembra que, nos casos de animais isolados que ficam lado a lado, deve-se ter atenção para que a disponibilidade de comida seja igual e no mesmo horário. “O alimento disponível diminui o estresse e a disputa entre os animais”, afirma. Em Sertãozinho, 15 reprodutores são mantidos em piquetes individuas e outros 80 ficam em lote coletivo. n Fatores que determinam a hierarquia • Tempo de permanência na propriedade leva à dominância dos mais velhos; •T ouros muito jovens ou muito velhos são dominados; • Os mais pesados são dominantes aos mais leves; • Aspados prevalecem sobre os mochos. Fonte: Manual de boas práticas para o manejo de touros/UFRGS
O que diz seu romaneio DBO apresenta aqui uma série de reportagens com produtores que usam informações pós-abate para aperfeiçoar seus projetos pecuários. Acompanhe!
No topo do ranking Produtor do Mato Grosso do Sul atinge altos níveis de classificação no programa Carne Angus com base no tripé gestão, suplementação e castração. Maristela Franco
E Rodolfo Pinheiro Holsback
Alcinópolis
MS Campo Grande
Fazenda Olhos Verdes Localização: Alcinópolis, MS Área total: 4.610 ha Área de pastagens: 2.880 ha Cruzados Angus/Nelore 2000 a 2.400 Índice de classificação 88%
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m 2015, Rodolfo Pinheiro Holsback ficou em primeiro lugar no ranking organizado pela JBS, para animais certificados Nelore/Angus abatidos em suas unidades do Mato Grosso do Sul, mas não se pode atribuir essa liderança a uma larga experiência com pecuária. Holsback comprou sua primeira fazenda de gado há apenas 10 anos. Empresário do ramo de informática, decidiu investir em terras, no norte do Estado, devido aos preços atrativos. Como a região tem baixa aptidão agrícola, passou a produzir carne. A diferença, em relação a outros produtores, é que ele começou com o pé direito, usando tecnologias que lhe garantem obter carcaças dentro do padrão exigido pelos frigoríficos. No ranking de 2015, que reuniu 242 pecuaristas e 40.752 animais abatidos, Holsback atingiu o maior percentual de classificação: 88%. Trata-se de um grande feito, pois a média geral do grupo foi de 45%. Os 700 cruzados entregues à JBS no ano passado receberam R$ 12,57 a mais por arroba, devido à qualidade das carcaças. “Se agruparmos esses animais por sexo, veremos que Holsback conseguiu 95% de classificação em fêmeas, 90% em machos castrados e 73% em machos inteiros. As novilhas morreram com peso médio de 15,6@ aos 17 meses e os novilhos com 19,7@ aos 20 meses. Em 2016, o produtor já abateu 500 cruzados e permanece com o mesmo percentual de classificação: 88%”, relata Tiago do Val Carneiro, responsável pela compra de gado da JBS em Campo Grande. No sistema de classificação interno do frigorífico para gado geral, Holsback atingiu resultados ainda melhores: 92% de seus animais se enquadraram no farol verde da qualidade, 8% no amarelo e zero no vermelho, em contraste, respectivamente, com 23,3%,
67% e 9,6% da média estadual e 15,5%, 58,2% e 26,4% da média nacional. Sem segredos – A explicação para esse sucesso está na boa gestão. Holsback especializou suas fazendas por atividade. Duas delas – a Morrinho, de 5.260 ha, em Bela Vista, no sul do Mato Grosso do Sul, fronteira com o Paraguai; e a Alvorada, de 4.327 ha, em Figueirão, na região norte do Estado – fazem cria. Já a recria/engorda de animais de abate é concentrada na Olhos Verdes, de 4.610 ha, que fica em Alcinópolis, também no norte sul-mato-grossense, a 320 km da capital Campo Grande. Essa propriedade, visitada por DBO em maio, tem 650 ha formados com eucalipto, 100 ha com seringueira e 2.880 ha com pastagens rotacionadas. São 18 módulos de 160 ha cada, em média, subdivididos por cercas elétricas em 16 piquetes de 10 ha, com uma praça de alimentação ao centro. Dependendo da necessidade, parte da área é adubada. Apesar de possuir solos arenosos, a Fazenda Olhos Verdes foi destinada à engorda porque teria baixa lotação com vacas de cria (0,7 UA/ha). “Preferimos destiná-la a categorias mais leves (recria) e separar parte dos módulos para semiconfinamento”, diz o produtor. Os animais cruzados provenientes de IATF (inseminação artificial em tempo fixo) e os Nelore, filhos de touros de repasse, são transferidos das fazendas de cria para a Olhos Verdes logo após a desmama, aos oito meses de idade, conforme explica o administrador da empresa, Wilson Pereira da Silva. Os bezerros chegam à propriedade com peso médio de 280 kg, no caso dos Angus, devido à suplementação em creep feeding. Esse é um dos motivos pelos quais Holsback é campeão em qualidade de carcaças: seus animais nunca passam fome, sendo suplementados desde a desmama até
Capítulo
4
Veja, na próxima edição, mais um exemplo de bom uso do feedback para melhoria do
sistema de produção pecuária no Brasil. Participe, enviando seus
comentários e sugestões para o
e-mail maristela@revistadbo.com.br.
Machos Nelore/ Angus são terminados em semiconfinamento. Recebem de 1% a 1,5% do peso vivo em ração e apresentam ganho de peso de 900 g/cab/dia.
Mais informações sobre o projeto no site www.portaldbo.com.br
o abate, uma prática ainda pouco difundida no Brasil, mas que o empresário, acostumado a gerir seus negócios profissionalmente, não tem medo de adotar. “Apesar dos custos maiores, os benefícios são inegáveis”, justifica. Segundo Holsback, o alto nível de classificação de seus animais no Programa Carne Angus deve-se a uma soma de pequenos fatores, como a boa genética, o manejo racional, o fácil acesso à água de qualidade e a concentração de maior número de nascimentos em agosto/setembro (bezerros do cedo), o que tem permitindo elevar o peso à desmama, com reflexos positivos sobre a recria/engorda. “As vacas são selecionadas por aptidão materna e não sofrem carência alimentar, pois os pastos das fazendas de cria também são rotacionados”, informa Holsback, que utiliza sêmen de touros Angus de frame médio a baixo, para obter animais com potencial genético para acabamento precoce. A maioria é abatida após 120-150 dias de semiconfinamento, com ração contendo 74% de milho, 7% de farelo de soja e 19% de torta de algodão, na proporção de 1% a 1,5% do peso vivo. Apenas o fundo da boiada vai para o confinamento, que tem capacidade estática para 1.000 cabeças. Importância da castração – Todos os novilhos cruzados da Fazenda Olhos Verdes
são castrados. “Nossa experiência mostrou que machos meio-sangue Nelore/Angus inteiros demoram muito a acumular gordura subcutânea. Frequentemente, eles atingem até 20@ sem apresentar acabamento adequado e é preciso elevar muito a densidade energética da dieta para terminá-los. Não se consegue alcançar o padrão de carcaça do Programa Carne Angus Certificada e, consequentemente, seus bônus, sem castrar”, diz Holsback. Os bezerros começam a receber proteinado (1 g/kg de peso vivo) logo que chegam à Fazenda Olhos Verdes. Quando completam 13 ou 14 meses, são castrados cirurgicamente. Segundo o produtor, a operação causa pouco estresse porque os animais cruzados são mansos e bem alimentados. “Eles não perdem peso após a castração. Nota-se apenas uma breve interrupção da engorda, que não prejudica o resultado final”, salienta. Quando os novilhos já estão bem desenvolvidos, são conduzidos ao curral para processamento, normalmente, aproveitando-se a campanha de vacinação contra a febre aftosa de novembro. Primeiro, são identificados, visando manejo interno da fazenda, que ainda não está na Lista Traces, mas aguarda auditoria oficial. Depois, são pesados para triagem e formação de lotes. Aqueles com peso igual ou superior a 400 kg vão para módulos rotacionados com capim de melhor qualidade, onde são semiconfina-
Realização
oferecimento
dos. Segundo Wilson Silva, os machos cruzados ganharam, em média, 904 g/dia e as fêmeas, 1 kg/cab/dia, em 2015. Holsback já testou um sistema de engorda mais intensivo: troca do proteinado pela ração na recria, seguida de 153 dias de confinamento. Gostou muito dos resultados. Os novilhos atingiram 22,1@ aos 15 meses, com acabamento entre mediano e uniforme. O produtor, contudo, não pôde adotar esse sistema por causa da alta dos grãos. Com 4.600 matrizes em reprodução, ele quer aumentar seu plantel, chegando a 5.200 ventres na próxima estação de monta. Todas elas são submetidas à IATF, com aplicação de um protocolo seguido de repasse com touros Nelore. “Precisamos de fêmeas zebuínas para reposição”, justifica. O índice de prenhez é elevado: 87% (Fazenda Alvorada) a 89% (Fazenda Morrinho). “O segredo novamente está nos detalhes. Decidimos, por exemplo, não colocar as novilhas Nelore de reposição muito cedo em monta para não atrapalhar sua reconcepção. Elas são inseminadas somente quando atingem 12@ (360 kg), aos 22 meses, pois têm o desafio de desmamar bezerros cruzados de 280 kg”, diz o produtor. Além de iniciarem vida reprodutiva com bom escore corporal, essas fêmeas são suplementadas após o parto. “Assim, conseguimos um indice de prenhez em primíparas de 80%”, comemora Holsback. iniciativa
fotos: Fabio Pogliani
Saúde Animal
Sodomia: distúrbio parece estar por trás das ocorrências nos animais criados a pasto.
Gabarro atinge animais a pasto Casos da doença, que forma um nódulo entre os dígitos do casco, têm sido correlacionados à sodomia e a pastagens sujas e íngremes.
N
Renato Villela
ormalmente associados a ambientes úmidos, com acúmulo de barro, fezes e urina como os confinamentos, os problemas de casco estão cada vez mais frequentes em sistemas de criação a pasto, conforme relatam pecuaristas de várias partes do País. Conhecidos popularmente como “frieiras”, essas enfermidades apresentam sinais clínicos próprios e têm causas variadas, embora provoquem o mesmo efeito: a claudicação (manqueira). O prejuízo é denunciado pela balança. Com dificuldade para se locomover e, muitas vezes, com febre, dependendo da severidade da lesão, os animais perdem o apetite, comem menos e emagrecem progressivamente. Várias doenças afetam os cascos dos bovinos, mas o problema relatado recentemente pelos produtores participantes do grupo GPB, do aplicativo Telegram, é a hiperplasia interdigital, uma espécie de calosidade mais conhecida como gabarro ou tiloma. A doença é fácil de diagnosticar, pois apresenta um sinal clínico bem definido: o crescimento excessivo 114 DBO junho 2016
Problema se caracteriza pelo crescimento excessivo da pele entre os dígitos (unhas).
da pele entre os dígitos (unhas), que formam um tecido conjuntivo fibroso (nódulo), semelhante a um calo ou verruga. Diferentemente da foot rot (podridão dos cascos) e outras doenças comumente associadas a ambientes úmidos, sujos de lama, o gabarro prescinde dessas condições para se manifestar. Basta um fator traumatizante para predispor o casco à lesão. Ela pode ser provocada por pisos abrasivos, pedras e também por sobrepeso, como bem explicou o professor Enrico Ortalani, da Universidade de São Paulo, no artigo intitulado “O calo torturante”, que falou de gabarro em touros e foi publicado na DBO de dezembro de 2014. Associação danosa Os relatos recentes dos produtores, contudo, parecem estar mais associados à sodomia, comum em lotes de machos inteiros, com peso já próximo do ideal para abate. Foi o que aconteceu na Fazenda Cambará, localizada no município de Águas Claras, MS, a 180 km da capital Campo Grande. Seu proprietário, Guilherme Andrade Deodato, faz recria/engorda a pasto de novilhos cruzados. Para maximizar o efeito do hormônio testosterona no ganho de peso, ele optou por castrá-los tardiamente (2 a 3 anos), o que abriu espaço para a sodomia. “O animal montado logo machuca o casco e começa a mancar, porque não consegue apoiar direito o pé no chão. Como tem dificuldade para se locomover, come menos e emagrece.” O gabarro ou a “ferida que sangra entre as unhas do casco”, conforme relata Deodato, ainda tem o agravante de atrair moscas que causam miíases (bicheiras). Pércio de Souza e Silva, da Fazenda Santa Ana, em Aparecida do Taboado, MS, também já enfrentou muitos problemas de gabarro no rebanho por
Saúde Animal
Fabio Pogliani, da USP: Tratamento com cuidado para não piorar quadro.
causa da sodomia. Ele engorda 1.500 animais inteiros por ano, em regime de semiconfinamento e diz que a incidência da doença somente diminuiu após eliminação da sodomia. “Passei a dar um proteinado de alto consumo aos animais, em quantidades que variam de 0,3% a 0,5% do peso vivo, e o alto teor energético da dieta diminui a libido dos garrotes”, afirma Silva. Outra estratégia adotada por ele foi a formação de lotes menores. “Hoje trabalho com grupos de, no máximo, 100 animais.” A sodomia causa gabarro porque o animal dominante deposita todo o seu peso sobre o montado, exercendo forte pressão sobre os cascos, o que provoca o afastamento dos dígitos e, consequentemente, a exposição do espaço interdigital. Cerca de 25% dos touros em serviço apresentam o problema pelo mesmo motivo, explica o professor Fabio Celidônio Pogliani, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. A causa da irritação também pode estar no piquete. “Quando muito seco, o próprio capim se torna abrasivo, o que leva a uma irritação crônica do tecido”, diz o professor Rinaldo Batista
Viana, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFDA). Nas Regiões Norte e Centro-Oeste, onde muitos pastos ainda apresentam tocos de árvores, é comum acontecer esse tipo de lesão, também associada a relevos íngremes, como os de Minas Gerais. “Os animais acabam forçando os membros para subir e descer, o que afasta as unhas”, explica Viana. Como tratar O primeiro passo para o tratamento do gabarro é remover o tecido fibroso entre as unhas. Sua retirada deve ser feita de modo cirúrgico, por um veterinário, e requer muito cuidado, para não romper os ligamentos, causando separação definitiva dos dígitos, com comprometimento da locomoção do animal. O passo seguinte é o tratamento do local, geralmente fonte dos maiores problemas. Muitos pecuaristas optam por cauterizar a ferida após a retirada do tecido necrosado. “É uma prática antiga, agressiva e desaconselhável, pois causa dor e traumatiza os tecidos adjacentes”, afirma Viana. “Essa prática parte de um erro conceitual”, acrescenta Fábio Pogliani, da USP. “Muitos acreditam que a cauterização contribui para
Afecções de casco em gado de corte Gabarro não é a única doença nas patas dos bovinos
Doença
Gabarro ou Tiloma (Hiperplasia interdigital)
Foot-root ou Podridão dos cascos
(Flegmão
interdigital)
Laminite (Pododermatite asséptica)
Lesão
Reação proliferativa do tecido interdigital
Caráter infeccioso agudo ou subagudo na região interdigital
Fatores predisponentes
Sinais clínicos
Tratamento
Falta de higiene e umidade predispõe à irritação crônica e inflamação no espaço interdigital, conformação do casco (fator genético)
Claudicação (manqueira) presente ou
Não é necessário tratamento se não trouxer prejuízos para o animal. Caso houver, deve ser removido cirurgicamente
Falta de higiene, umidade, lesões traumáticas e conformação dos cascos
Processo não
Excesso de concentrado
infeccioso e degenerativo nas lâminas do casco
e baixa quantidade de fibra na dieta, infecções (uterinas, mastites)
Dermatite digital
Fonte: Ourofino. Adaptação DBO.
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circunscrita na sola (hemorragia e necrose local)
Infecção do tecido próximo ao espaço interdigital
Claudicação, dor intensa, eritema (vermelhidão), edema, ulceração e necrose. A infecção pode atingir a articulação
Lesão ulcerativa Úlcera de sola
não dependendo do grau de acometimento Predispõe a outras lesões
Laminites
A falta de higiene e umidade favorece a penetração do agente na pele da região interdigital, desenvolvendo a lesão
Antibiótico sistêmico, anti-inflamatório não esteroidal (meloxicam, flunixina meglumina) e limpeza da ferida
Claudicação, dor intensa, aumento da temperatura do casco, hemorragias na sola, crescimento anormal e alteração na conformação do casco
Claudicação e dor intensa
Claudicação, dor, ulceração
Anti-inflamatório não esteroidal, casqueamento corretivo
Anti-inflamatório não esteroidal, casqueamento corretivo. Caso necessário, usar antibiótico sistêmico Antibiótico sistêmico, anti-inflamatório não esteroidal (meloxicam, flunixina meglumina) e limpeza da ferida
110 touros brangus e braford, 40 matrizes e 400 bezerros
Apartir das 14:00 horas Informações (44) 4009-2050 - (55) 9954-4030 - (55) 9978-3312 - (55) 9978-0212
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Saúde Animal a cicatrização da ferida, quando, na verdade, ela apenas estanca o sangramento.” O correto é aplicar uma pomada bactericida no local após a cirurgia – muitos técnicos utilizam uma pasta feita à base de sulfato de cobre – e, depois, protegê-lo com uma bandagem, o que também requer bastante atenção. “Se o curativo ficar apertado demais, pode interromper a circulação sanguínea e provocar uma lesão isquêmica, que é muito pior do que o gabarro”, adverte Pogliani. Além da intervenção local, é preciso realizar um tratamento sistêmico do animal com antibióticos e anti-inflamatórios. Embora o gabarro não seja uma doença contagiosa, recomenda-se isolar o indivíduo doente até que ele esteja curado, o que pode demorar de uma a duas semanas. “Trata-se de uma enfermidade relativamente simples de ser tratada, principalmente se for diagnostica precocemente”, salienta. Perda do casco Não apenas o gabarro traz prejuízos aos produtores. Outras afecções podais são frequentes no rebanho (veja quadro na pág. anterior). O produtor Marcos Roberto Barbosa, da Fazenda Luma 3 M, em Ribas do Rio Pardo, MS, por exemplo, comprou 350 machos mestiços da bacia leiteira próxima a Campo Grande, dos quais 24 apresentavam sinais característicos da dermatite interdigital, inflamação que acomete a pele do espaço entre os dígitos. Causada por bactérias ambientais, a doença é muito comum em rebanhos leiteiros e está associada à umidade e sujeira. Apesar de se apresentar, inicialmente, em forma de fenda (rachadura), ela pode se agravar até provocar um flegmão digital ou podridão do casco, que se caracteriza por um processo inflamatório agudo, quando as unhas começam a putrificar. “Alguns animais chegaram a perder o casco”, relata o produtor. Assepsia A lesão inicial da dermatite interdigital pode ser tratada fazendo-se assepsia da ferida com remoção de tecidos necróticos e aplicação de antissépticos locais (iodo) ou bandagens com antibióticos. Segundo o veterinário Marcus Rezende, diretor técnico 118 DBO junho 2016
Formação de tecido conjuntivo fibroso, semelhante a um calo ou verruga.
de Saúde Animal da Ourofino, quando a lesão evolui, no caso da podridão do casco, somente o tratamento tópico não resolve. “É necessário entrar com medicação à base de antibióticos e anti-inflamatórios”, afirma. Marcos Barbosa aplicou antibiótico e pasta de unguento no local da ferida. Segundo ele, foram realizados três tratamentos, em 30 dias. “Apenas quatro garrotes ainda estão com problemas no casco”, informa. Rezende lembra que distúrbios metabólicos também podem provocar lesões podais. “Quando os animais são alimentados com excesso de concentrado, podem ocorrer alterações no metabolismo ruminal e a liberação de toxinas que causam, dentre outros efeitos, a inflamação das lâminas do casco (laminite)”, afirma. Além de ser desencadeado por fatores ambientais, comportamentais (sodomia) ou nutricionais, os problemas de casco também podem ter origem genética. Segundo o professor Fabio Pogliani, da USP, a forma como a doença se manifesta nos animais pode indicar essa causa. “Se houver mais de um membro lesionado, seguramente há um fator genético envolvido”, afirma. Neste caso, em se tratando de um reprodutor, o melhor caminho é o descarte. Além disso, animais que apresentam, na conformação dos cascos, unhas abertas ou excesso de gordura interdigital, são mais predispostos a desenvolver afecções podais. “Esta caracterização é mais comum nos zebuínos, em especial na raça Gir”, afirma Rinaldo Viana, da Ufra. n
200
Touros Nelore PO registrados pela ABCZ (padrão e mocho)
2.000 Bezerros(as) de corte C O N V I D A D O S : AGROPECUÁRIA RKC, ANTÔNIO BALBINO DE CARVALHO NETO, FERRÚCIO SANTORO, MANOEL MESSIAS.
10
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O salto técnico do confinamento Tudo começou no Sítio do Pau Pintado, de apenas 20 hectares, entre Nova Odessa e Sumaré, em meio a um “mar” de cana-de-açúcar. Professor titular da Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP e pesquisador do CNPq. ortolani@usp.br
nnn O primeiro grande projeto de engorda no cocho foi feito em São Paulo por Belarmino Iglesias, dono de refinada churrascaria em São Paulo.
nnn
N
o capítulo anterior, contei a versão histórica do início do confinamento brasileiro. Agora falarei do verdadeiro salto de qualidade técnica desse processo de engorda que abriu as portas para o futuro. Corria o mês de julho de 1975. Eu estava no 3º ano da faculdade, ávido por conhecer experiências inovadoras na pecuária. Tinha sido recém-aberto um confinamento que se diferenciava dos existentes, por aplicar muita tecnologia, ter uma escala maior e destinar seu produto para um mercado diferenciado. Larguei uma bolsa na disciplina de Bioquímica e fui para lá, estagiar durante as férias. O Sítio do Pau Pintado não contava com mais de 20 hectares e se localizava entre os municípios de Nova Odessa e Sumaré, perto de Campinas, SP. A propriedade se perdia no meio de um “mar” de cana-de-açúcar. O espanhol Belarmino Iglesias, o dono do pedaço, também era proprietário de uma das mais requintadas churrascarias de São Paulo. Para quem não viveu na época, deve-se informar que nossa carne era deplorável (dura e pouco suculenta). O sonho de consumo de poucos era saborear um filé nos restaurantes de Buenos Aires. Para mudar esse jogo, Belarmino resolveu produzir sua própria carne, com padrão de qualidade. Para isso, fez um superconfinamento, com capacidade para até 1.600 cabeças por lote, que fechava no ano a engorda de até 4.500 reses. Para garantir a entrada, a boiadinha tinha que ter até 21 meses e 11 a 12 @, ser castrada, mocha ou descornada, e preferencialmente ser mestiça com gado Charolês. Também se admitia gado Nelore e Holandês. Para testar, Belarmino mandou trazer lá dos pampas, no Uruguai, um lote de gado Angus, que só se conhecia por aqui por fotografia. Para gerenciar o empreendimento, contratou-se o competente técnico Wilfredo Cheé, especialista em nutrição animal. Cheé capitaneava uma equipe de sete pessoas e alguns funcionários extras quando apertava a lida. O detalhista técnico comandava tudo, desde o balanceamento e compra de ração até a presença de vazamentos em cada um dos 32 bebedouros. A labuta era dura e ia de sol às estrelas. A boiada era alocada em piquetes para 50 cabeças, com área social de 13 m2 e 75 cm de cocho por animal. A ração era fornecida duas vezes por dia, por meio de um vagão forrageiro, com cardápio variado de acordo com a disponibilidade dos alimentos. Metade da ração
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continha volumoso, composto de silagem de milho, capim napier irrigado e ponta de cana – esta, obtida de graça dos usineiros do entorno, que já eram ecológicos e não queimavam a cana para a colheita. O principal concentrado energético, até a minha chegada, era a polpa cítrica, que tinha triplicado de preço graças à exportação para os holandeses. Tiveram que substituí-la por mais rolão de milho (25%), varreduras de indústria de ração e de beneficiamento de arroz (4%), melaço (1%), caroço (5%), farelos de algodão (10%) e de soja (2%), ureia (1%), sal comum e sal mineral (1%) e calcário (1%). Cada animal recebia uns 10 kg de matéria seca dessa dieta. Revolução As instalações do confinamento eram revolucionárias para a época, com duas alas laterais compridas de cocho, separadas pelo curral de manejo e um inédito piquete-hospital. Ao lado, ficava um superdepósito de alimentos, com todos os tipos de trituradores. Os cruzados com Charolês ganhavam 1,25 kg de peso; os Angus, 1,15 kg; os Holandeses, 1 kg e os Nelores vinham na rabeira, com 0,7 kg por dia. O confinamento durava uns três meses para o gado mestiço e taurino e quatro para os Nelores. O abate acontecia com 450 a 500 kg. As melhores peças iam para a churrascaria de Belarmino, outros cortes nobres eram bem vendidos para demais churrascarias de “elite” e as carnes de segunda iam para o mercado comum. O lucro era dos melhores, em especial com os pratos finais oferecidos no restaurante chique do empresário. Ao término de meu estágio, fui convidado para testar essas iguarias. Para quem estava acostumado com “sola de sapato”, os nacos de carne desciam como manjar dos deuses. Dentre as doenças, destacavam-se a cisticercose e os problemas de casco. Para prevenir esses males, Cheé mandou instalar banheiros fixos para seus empregados e móveis para os cortadores de cana, para que não defecassem no local e espalhassem ovos da tênia, onde se plantavam os volumosos. Para os cascos, a instalação de pedilúvios contendo solução de sulfato de cobre. Esse aperitivo bem-sucedido foi o pontapé inicial para um confinamento maior feito pelo grupo em Dourados, MS, e outros projetos ainda mais grandiosos, que abriram a série dos superconfinamentos nacionais. Fica aí o registro histórico! n
VI Congresso
15 a 17
de agosto de 2016
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Organização
Produção Fotos ariosto mesquita
Trecho entre Juína e Aripuanã, de 240 km, levou seis horas para ser cumprido em estradas precárias.
A nova fronteira da pecuária amazônica DBO acompanhou Acrimat em Ação, que mapeou o potencial do extremo noroeste do MT.
C
Ariosto Mesquita, de Cotriguaçu, MT
arência de informação, baixo nível tecnológico, um rebanho significativo de mais de 4 milhões de cabeças, e potencial para se consolidar como um dos grandes “berçários” da pecuária brasileira. Por enquanto, porém, só potencial, pois a região ainda é quase inóspita. As sedes dos municípios são separadas por longas estradas, a maioria em condições precárias. Sem chuvas, há muita poeira. Quando a água cai, as vicinais se enchem de atoleiros, problemático obstáculo para os inúmeros caminhões boiadeiros, que chegam a levar dias para percorrer apenas 200 quilômetros. O extremo noroeste de Mato Grosso, próximo às divisas com Amazonas e Rondônia, é assim: carregado de oportunidades, mas também de dificuldades e limitações. Por dez dias a reportagem de DBO visitou campos e florestas dos vales dos Rios Arinos e Juruena, acompanhando a sexta edição da expedição Acrimat em Ação, iniciativa da Associação dos Criadores de Mato Grosso, e o maior projeto itinerante de troca de informações da pecuária do Estado. O grupo percorreu, nesse período, quase 2 mil km, na chamada Rota 3, de um total de quatro rotas. Nove
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municípios foram visitados, boa parte do tempo em comboios, cortando as estradas amazônicas. Além do noroeste, o Acrimat em Ação visitou também o médio norte/norte; o Vale do Araguaia e o Pantanal/sudoeste. A jornada teve início em 15 de março, em Araputanga, e se encerrou em 25 de maio, em São José dos Quatro Marcos. Em cada um dos 39 municípios visitados nas quatro rotas, a Acrimat reuniu pecuaristas para prestar contas de seu trabalho e apresentar um painel técnico que pudesse levar conhecimento e estimular o trabalho dos produtores. “A pedido do público em 2015, para este ano o tema foi pastagens. Para isso, convidamos o pesquisador da Embrapa Gado de Corte Armindo Neivo Kichel, que fez apresentações em toda a expedição”, diz o diretor executivo da Acrimat, Francisco de Sales Manzi. O projeto também estabelece uma via de mão dupla no fluxo de informações. Nas reuniões, aplicaram-se questionários que permitem à Acrimat fazer a atualização dos dados de mapeamento da pecuária do Estado. A edição de 2016 bateu recordes de público, reunindo 2.020 pessoas ante 1.648 em 2014, o maior até então, conforme os questionários respondidos, agora em avaliação pelo Instituto Mato-Grossense de Economia
Produção
Equipe de técnicos que participaram da Rota 3, de um total de 4 rotas, do Acrimat em Ação.
Francisco Manzi, diretor da Acrimat, atendeu a pedido do público, que quis pastagens com tema.
Aldo Teles pretende adotar sistema rotacionado para melhorar qualidadade dos pastos
Kichel, da Embrapa, foi o palestrante convidado este ano, que bateu recorde de público.
Agropecuária (Imea). Os resultados deste mapeamento serão divulgados no segundo semestre. A região noroeste, em especial, é considerada estratégica. Números fechados em 2015 indicam que em 2,82 milhões de hectares de pastagens estão distribuídos 4,01 milhões de bovinos, que representam 13,7% dos 29,25 milhões de cabeças do rebanho do Estado, conforme dados do Indea/2015. A produção de bezerros reina absoluta. Esta é a atividade, única ou conjunta, de 458 dos 574 pecuaristas que indicaram seu sistema de produção ao responderem os questionários no ano passado: cria e recria (318 produtores); cria e engorda (14) e ciclo completo (126). Exclusivamente na cria estão 205 propriedades (35,7%). A Acrimat entende a região como de alto potencial pecuário. No entanto, alguns números indicam ser ela a que menos emprega tecnologia. Na expedição de 2015, 48,2% dos produtores mato-grossenses afirmaram fazer suplementação alimentar para categorias animais que não sejam de engorda. O noroeste teve o menor índice: 38,1%. Dos 506 pecuaristas que responderam à questão, apenas 193 disseram “sim”. O sinal positivo, porém, vem do ânimo em evoluir. Em 2015, 89,5% dos produtores da região disseram ter feito algum tipo de investimento na atividade pecuária nos últimos cinco anos. Neste grupo estão pequenos, médios e grandes proprietários. É o caso, por exemplo, de Aldo Rezende Teles, pecuarista e dono da Fazenda Nove de Julho, em Brasnorte (627 km da capital, Cuiabá), no Vale do Rio Arinos. Assim como a maioria absoluta de seus colegas na região, ele não adota sistema de pastejo rotacionado nos moldes do Cerrado brasileiro, mas pensa em fazê-lo. “Quero parar de girar pastos grandes para trabalhar com piquetes em áreas menores. Nós estamos em uma fase de mudanças. Há quatro anos começamos a integração lavoura-pecuária (ILP) por necessidade. A fazenda sempre trabalhava com uma superpopulação
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de animais e os pastos estavam se deteriorando. Hoje melhoramos um pouco este quadro e já produzimos arroz, soja, milho e, eventualmente, feno”, conta. A propriedade de Teles tem 17.300 ha, sendo 8.800 ha de floresta nativa e 8.500 ha de pastagem, destes, 1.100 ha em ILP, que abrigam um rebanho médio de 14 mil cabeças, o equivalente a 0,86 unidade animal por hectare (UA/ha). “Este índice é baixo e nossa meta é dobrá-lo em três anos”, avisa. Mesmo assim, a sua taxa de lotação está ligeiramente acima da média da região que, segundo a Acrimat, é de 0,74 UA/ha. Teles comprou suas primeiras terras (75 ha) nos anos 1970, em Goiás. A pecuária permitiu que ele multiplicasse seus imóveis rurais, sobretudo depois que apostou no noroeste do MT. “Hoje temos 22.300 ha distribuídos em quatro propriedades, todas no Mato Grosso”, revela. Apesar disso, assume que não controla números e que, por isso, não tem ideia de seu custo de produção (situação da quase totalidade dos produtores da região): “Após 44 anos de trabalho na pecuária, ainda não entrei em computador e passo dificuldades com celular. Como a gente sempre multiplicou o que fez, eu relevo um pouco as contas, mas sei que o trabalho está dando resultado”. Na visita à fazenda, a equipe da Acrimat em Ação foi ver de perto a distribuição e a qualidade dos pastos, das variedades massai, ruziziensis e braquiarão. O pesquisador da Embrapa Armindo Kichel aproveitou para fazer algumas recomendações, sobretudo em relação ao momento correto de entrada e saída de animais da área de pastejo e com relação aos riscos de permitir que o capim dê sementes, pois isso afeta, dentre outras coisas, a formação uniforme do pasto. Morte do braquiarão Apesar de relatos desde 1994 na Amazônia, a chamada síndrome da morte do braquiarão se tornou um problema crítico apenas de quatro anos para cá, garantem os pecuaristas da região. E soluções nem sempre
JÁ VIROU TRADIÇÃO 250 TOUROS NELORE AVALIADOS PELA PMGZ RAÇA PURA E PRECOCE “PRONTOS PARA SERVIR”
Vem ai a 10ª edição do tradicionalíssimo Leilão do Grupo Cometa, consolidado entre os melhores leilões de Touros PO do Brasil, este ano inova e antecipa a data, 21 de Agosto. Acreditamos ser o momento certo para iniciar os trabalhos com o seu rebanho. Assim, nós ganhamos em eficiência e você na qualidade. Prepare o seu lance. Grandes negócios estão prestes a acontecer.
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Propriedade de Agnaldo Silva, em Colniza, MT, mantém pastos em boas condições e recebeu elogios do pesquisador da Embrapa
Raphael Nogueira tem como prioridade consolidar a propriedade
adequadas ainda são costumeiramente adotadas. Na Fazenda Bom Sucesso, em Juara (a 634 km de Cuiabá), o proprietário, Jorge Mariano, tentou conter o problema utilizando o que ele batizou de “remendo”. Plantou capim xaraés nas partes destruídas pela síndrome, na tentativa de compor o pasto com o restante do braquiarão. Não deu certo. A área ficou totalmente irregular. Sob pastejo, o capim mais novo foi o escolhido pelos animais, que abandonaram o braquiarão. Mariano é criador. Em 1.680 ha de pastagem ele produz bezerros Nelore e animais produtos de cruza com IATF das raças Nelore x Angus – um protocolo, mais o repasse com touro Nelore – e garante obter um índice de prenhez superior a 90%. A experiência de “re-
Programa é referência para a Acrimat Com quase 50 anos de história, a Acrimat, fundada em 1970, tem hoje no projeto “Acrimat em Ação” o seu principal programa de relacionamento e serviço para o pecuarista. Até 2007, seu raio de cobertura se restringia à Baixada Cuiabana. “Basicamente se resumia a realizar a Exposição Agropecuária de Cuiabá”, conta o atual superintendente, Francisco (Chico) de Sales Manzi. Em 2007, Mato Grosso criou o Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (Fabov) e a Acrimat começou a mudar. “O produtor contribui hoje com R$ 1,56 por animal abatido. Dessa forma, a Associação interiorizou seu trabalho e passou a representar o pecuarista no Estado, no Brasil e até no exterior”, explica. Nas cinco últimas edições, o “Acrimat em Ação” reuniu um público de 6.894.pessoas em seus painéis e workshops. O número equivale ao total de questionários respondidos que mapeiam anualmente a pecuária do MT e municiam os bancos de dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Apesar de ser difícil dimensionar os resultados práticos no campo, a Acrimat acredita ter colaborado com a complementação, mesmo que ainda pequena, de alguns dados da pecuária do Mato Grosso. Um deles é a produção média de arroba por hectare (@/ha) que saiu de 2,15 para 3,63 @/ha entre 2004 e 2014 (Imea/IBGE).
128 DBO junho 2016
mendo” foi executada em uma mancha de 4,8 ha dentro de um pasto de 30,2 ha. “Como a área era pequena, fiquei com dó de fazer o pasto todo”, admite o pecuarista, que atualmente preside o Sindicato Rural de Juara, município que contabiliza um rebanho bovino e bubalino de 945.800 cabeças distribuídas em 1.711 propriedades (Indea/2015). O pesquisador da Embrapa Armindo Kichel viu de perto como ficou a área e fez um alerta: “Vimos claramente que não funcionou. Pode ser feito um remendo em um canto de área com o mesmo capim, mas como o braquiarão está morrendo, não pode ser ele. Minha sugestão é voltar com piatã, xaraés ou massai, sempre consorciado com a braquiária dictyoneura com uma observação: misturou pasto, tem de rotacionar”. A Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop, MT, calcula que dos 25,8 milhões de hectares ocupados por plantas forrageiras no Mato Grosso, pelo menos 2 milhões apresentam atualmente algum tipo de “mortalidade”. A Acrimat, por sua vez, estima que 80% das pastagens na região (sobretudo no extremo noroeste) ainda estejam formadas com braquiarão. Ataque de onças Apesar de não ser um problema de alto impacto para a atividade, os pecuaristas também lamentam as perdas constantes de animais, sobretudo bezerros, para as onças que circulam entre pastos e florestas. O próprio Mariano contabiliza prejuízos na Fazenda Cachoeirinha, outra propriedade sua, também em Juara, distante 11 km da Fazenda Bom Sucesso: “Lá, chego a perder um bezerro por semana e não há muito que fazer”. Também em Juara, o criador Luiz Fernando Amado Conte já chegou a perder 35 bezerros em um só ano em sua Fazenda Estrela do Sangue. O número representa 5% de sua produção de cria anual: 700 animais. “As onças parda, pintada e preta me levam, em média, 10 bezerros por ano”, diz. O Vale do Juruena é uma das mais recentes fronteiras da pecuária do Estado. “Até 1995, a principal ocupação econômica era a extração de madeira. Somente de 20 anos para cá é que os produtores começaram a formar pastos. A prioridade ainda é estabelecer a propriedade e não instalar mais estruturas ou apostar em novas tecnologias”, avisa o representante da Acrimat para o noroeste do MT, Raphael Nogueira. Nesta situação, estariam propriedades nos municípios de Aripuanã, Rondolândia, Castanheira, Colniza, Cotriguaçu, Juína e Juruena. A carência de indústrias processadoras e as estradas precárias são, segundo ele, os principais gargalos para a expansão da atividade. A região tem só um frigorífico, em Juína. A partir de Aripuanã, por exemplo, são 240 km, sendo 210 km de terra e em precárias condições. “Em época de chuvas, já ocorreu de caminhões boiadeiros levarem até nove dias para percorrer o trecho”, revela Nogueira. Em alguns municípios, fica evidente a predominância de pequenos produtores. “A grande maioria possui
Produção até 300 cabeças de gado, desconhece o que é taxa de lotação, produção de arroba por hectare e pasto rotacionado. Apenas 5% devem trabalhar hoje com estação de monta”, revela. No entanto, mesmo com todas as dificuldades, ele acredita que a região deve se consolidar como o principal berço da pecuária mato-grossense e um dos mais significativos do Brasil. “O perfil delineado é de criadores de animais de corte e produtores de leite”, afirma. Agnaldo Silvério fatura R$ 1.500/ha por ano em 85 ha, sem grandes investimentos.
Grande em eficiência Mas ser pequeno não é sinônimo de ineficiência. Nascido em Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul, criado em Brasileia, no Acre, e há quase 20 anos instalado em Colniza, MT, Agnaldo Silvério da Silva é exemplo disso. Trabalhou na extração de madeira por vários anos, cortando toras com motosserras e puxando madeira no meio da floresta. Economizou dinheiro durante seis anos e há 12 anos pagou R$ 60.000 na compra de 50,4 ha de terra. “Hoje esta mesma área vale R$ 525.000”, garante. Atualmente, aos 38 anos, ele é dono das estâncias conjugadas Pica-Pau I e II, com pouco mais de 100 ha, sendo 85 ha de pasto (xaraés e mombaça, em sua
130 DBO junho 2016
maioria), trabalhando com cria, mas também usando de estratégia para compra e venda de animais. “O animal chega e sai logo em seguida. Alguns ficam só 60 dias para ganhar corpo. O certo era que eles recebessem até três arrobas, mas em função do nosso manejo, que não é muito correto, o ganho fica em duas arrobas”, admite. Seu rebanho médio é de 300 animais. Ao visitar as duas propriedades, Armindo Kichel, da Embrapa, fez questão de cumprimentar o produtor. “O Agnaldo é um pequeno pecuarista muito eficiente. Ele dá um giro de 200 animais a cada dois meses. No entra-e-sai são mais de mil animais por ano. Assim, ganha duas arrobas gastando uma. Quando vai embora, cada um desses animais deixa no bolso dele, no mínimo, R$ 100. Ele fatura aqui pelo menos R$ 150.000 líquidos por ano”, calcula. Animado, o pesquisador da Embrapa se vira para a reportagem e comenta: “Pode colocar aí na DBO: a expedição da Acrimat encontrou na Amazônia uma propriedade com 85 ha de pasto que pode estar faturando até R$ 1.500/ha/ano, sem adubação, sem grandes investimentos e apenas com uma boa estrutura”. n DBO viajou ao Mato Grosso a convite da Acrimat
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a Raça Valor Nelore Força Raça Valor Nelore For a Valor Nelore Força Raça Valor Nelore Força Ra r Nelore Força Raça Valor Nelore Força Raça Val ore Força Raça Valor Nelore Força Raça Valor Ne a Raça Valor Nelore Força Raça Valor Nelore For a Valor Nelore Força Raça Valor Nelore Força Ra r Nelore Força Raça Valor Nelore Força Raça Val ore Força Raça Valor Nelore Força Raça Valor Ne a Raça Valor Nelore Força Raça Valor Nelore For a Valor Nelore Força RaçaGUADALUPE Valor Nelore Força Ra EAO r Nelore Força Raça Valor Nelore Força Raça Val 41º LEILÃO BRUMADO
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GUADALUPE & EAO
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Leilões
Maio beira R$ 71 milhões Com redução de 28% na receita, período termina com derrame de fêmeas e alta no preço dos touros.
E Comparativo com maio de 2015 Lotes
+ 2% Fatura (R$)
- 28% Média
- 30%
Carolina Rodrigues
m maio foram realizados 61 leilões para a venda de 5.842 lotes de raças zebuínas, taurinas e sintéticas. O mercado levado pelos produtores de genética bovina contabilizou R$ 70,9 milhões, atingindo a média de R$ 12.147 por exemplar. No comparativo com 2015, o período manteve a oferta, porém, registrou queda de 28% na receita e 30% na média de preços. O cenário vai contra o que vinham apontando os leilões desde o início do ano: médias mais altas e valorização da genética. O mercado deu um passo atrás, pressionado pelo fraco desempenho de praças que no ano passado puxaram o mercado de genética voltado à produção de carne. Em Minas Gerais, dona historicamente do maior acumulado em leilões no mês de maio, o comércio caiu de 662 lotes para 515 lotes, com fatura saindo de R$ 53,2 milhões para R$ 34,8 milhões. O que pressionou os números regionais foi a ausência de três grandes expoentes do mercado de elite, os leilões Rima Weekend, de Bruno e Ricardo Vicintin, que por questões políticas de mercado não ocorreram. No ano passado, o trio movimentou acima de R$ 21,1 milhões, o que explica em grande parte o recuo de 34% na receita dos leilões deste ano. Ao subtrair da conta este resultado, o comércio de genética foi até melhor na região. Ficou 8% acima do mesmo período em 2015. O cenário estável também se confirmou na agenda de leilões da Expozebu, realizada entre os dias 28 de abril e 10 de maio em Uberaba, MG. A mostra, que sofreu forte redução no número de pregões leiteiros, mostrou que no mercado de genética para a produção de carne os investimentos não pararam.
remates de bovinos de genética para a produção de carne Raças Nelore Senepol Braford Brangus Angus Brahman Tabapuã Devon Guzerá Caracu Charolês Canchim Hereford Total
Lotes 2.677 922 726 438 328 272 169 121 111 34 20 18 6 5.842
Leilões 374 5 53 43 44 31 5 1 41 22 11 11 11 61
Renda (R$) 53.117.080 6.226.440 2.500.180 1.390.480 1.948.290 1.496.360 1.713.080 401.120 1.763.890 166.800 101.100 114.240 22.500 70.961.560
Média 19.842 6.753 3.444 3.175 5.940 5.501 10.137 3.315 15.891 4.906 5.055 6.347 3.750 12.147
Máximo 1.248.000 68.400 14.600 18.190 98.400 124.800 1.248.000
Critério de oferta.(-) Dados das leiloeiras Agenda, Bahia, Casa Grande, Cambará, Central, Centro-Oeste, Connect, Correa da Costa, JM, J.Medeiros, Leiloboi, Leilonorte, Leilorural, Magnos, Nova, Programa, Rédea, Trajano Silva e Triângulo. (-) Quantidade de remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Elaboração DBO.
134 DBO junho 2016
Os 14 leilões do segmento somaram R$ 34,2 milhões contra R$ 31,4 contabilizados em 2015. Houve ligeira alta na oferta de animais, que saiu de 527 para 576 lotes, com desempenho puxado pelo comércio de exemplares Nelore, carro-chefe de exposições realizadas no Parque Fernando Costa. A raça tomou 93% dos negócios fechados na feira, dona, inconteste, das maiores médias e recordes de preços, entre eles o destaque de R$ 1,2 milhão pago por 50% de Emblema FIV Mata Velha no Leilão Elo de Raça. O saldo de R$ 2 milhões saiu na venda de animais Brahman, Guzerá e Tabapuã. Tomando a região Sudeste como referência, São Paulo também mostrou avanço no mercado de genética. Com três leilões a mais do que 2015, os selecionadores paulistas incrementaram a oferta em 30%, com renda 8% maior na venda de 418 lotes, pela média de quase R$ 20.000. Esses, no entanto, foram resultados restritos à esta região. Nas demais praças onde o mercado de leilões permaneceu ativo, o que se viu foram investidores pagando menos pelo que foi levado às pistas. Em Mato Grosso do Sul, palco das exposições de Camapuã e Dourados, a oferta ficou 35% menor, com recuo duas vezes superior no faturamento: caiu de R$ 11,2 milhões para R$ 4,4 milhões, cerca de 60%. A queda ocorreu por consequência de uma oferta menor de fêmeas de elite, que embora representem pouco do comércio local, também são mercadorias presentes nestas exposições. A média das fêmeas recuou de R$ 19.216, para R$ 11.732. Até no outono gaúcho, voltado para os leilões de produção, com vistas a atender produtores que demandam por animais rústicos, houve baixa. Os pregões gaúchos registraram média de R$ 2.475, valor bem aquém dos R$ 6.080 contabilizados no outono de 2015. Em volume A forte retração dos preços em maio está fundamentada no aumento da oferta de fêmeas no mês. Em maio, elas estiveram no comando das vendas, cenário bastante diferente do ano passado, quando a oferta se dividiu ao meio, entre touros e matrizes. O incremento ultrapassou 50%, tendo como motor quatro grandes liquidações promovidas pelas fazendas Arrossensal, Flamboyant e Reata. Apenas nos virtuais, canais escolhidos para o escoamentos destes planteis, saíram 2.126 fêmeas, cerca de 60% do total de 3.488 matrizes comercializadas no mês. Nos machos, o movimento foi oposto: vendidos em menor quantidade, a média dos 1.457 reprodutores, de R$ 11.740, foi 15% superior. No final de maio, esse valor equivalia a 75,7@ de boi gordo no mercado físico, na região de Araçatuba (SP). n
Jornal de Leilões www.jornaldeleiloes.com.br
direto da pista
raio x Em entrevista ao JL, o leiloeiro rural Eduardo Gomes avalia a venda de touros em leilões no Norte do País no primeiro semestre e revela as expectativas para o resto do ano. Segundo ele, a retenção de fêmeas aumentará a demanda por reprodutores nesta temporada.
balanços e análises ExpoZebu mantém desempenho do ano passado Mesmo com recuo de 27% na oferta, feira teve fatura similar à da edição anterior. ExpoJardim fecha com saldo negativo Mostra no Sudoeste de MS teve recuo na oferta, preços médios e faturamento.
coluna jl
O Jornal de Leilões acompanhou em maio os resultados de 161 leilões das raças bovinas de corte e leite e ovinos. A movimentação financeira foi de R$ 140,7 milhões para 11.414 lotes, entre machos, fêmeas, prenhezes, aspirações e coberturas.
resultados Carne de qualidade “Quem quiser permanecer produzindo genética terá que focar em qualidade de carne, pois a remuneração será muito maior do que a da carne comum. Quem não fizer isso estará fora do mercado”. Argeu Silveira, ANCP.
Raça valorizada “O mercado de Senepol começou o ano de 2016 com o pé direito. Em sua maioria, os leilões da raça estão 40% mais valorizados do que os do ano passado”. Gilmar Goudard, ABCB Senepol.
Evolução no campo “O Guzerá foi a raça zebuína que mais evoluiu nos últimos anos. Os criadores escolheram o caminho certo de seleção, resultando em matrizes produtivas, longevas e rústicas”. Adir do Carmo Leonel, Estância 2L.
136 DBO junho 2016
• Ribalta completa Jubileu de Ouro no Sudoeste de MS • Qualidade Europa tem oferta de raças britânicas • Essência FIV EAO é destaque do Virtual Mães de Ouro EAO • LeiloMostra Genetropic foca no comércio de fêmeas • Nata do Leite agita região do Vale do Mucuri • Encontro Vila Real fatura mais de R$ 3 milhões • Onda Cara Branca estreia na Nacional de Hereford e Braford • AGT exibe a produção goiana de Tabapuã • Flamboyant negocia 310 animais Nelore em liquidação • Anual da Cabanha Santo Izidro fatura R$ 1,4 milhão • Braford reforça presença na AgroBrasília • Leilão Tradição tem o trabalho de Waldir Junqueira • Guzerá Curvelo faz quase R$ 30.000 de média • Tellechea & Associados vende Angus e Brangus pela TV
Leilões Conversa Rápida com
Jaime Miranda
50 anos de Ribalta
J
aime Miranda sempre se destacou no cenário da pecuária pela qualidade dos animais nascidos na Estância JM, em São Paulo. Entre os fundadores de grifes como o Noite do Nelore Nacional e o Elo de Raça, ele foi um dos homenageados da 82ª Expozebu, pela produção de animais que contribuíram para a formação da base genética da pecuária nacional, com destaque para os raçadores Gim e Ludy de Garça. A homenagem ocorreu no 26º Elo de Raça, evento de maior fatura da mostra, e do qual ele ainda faz parte. Qual o segredo para que uma grife se mantenha como a maior fatura do mercado por tantos anos?
O que leva ao sucesso de um leilão é o sucesso do ano anterior. Desde que se faça o melhor leilão do ano, a assessoria tem a garantia de contar com os melhores animais, dos melhores criatórios, para o ano seguinte. Esta é uma carta muito forte do Elo de Raça.
O que mudou em termos de oferta e mercado nos últimos anos?
A busca por animais de exceção. Hoje é cada vez mais difícil tirar um expoente de exceção para o leilão. A pecuária se profissionalizou. Todo mundo cria muito bem, trata muito bem. A qualidade dos projetos aumentou e isso trouxe dificuldade em encontrar estes animais.
Os leilões da Expozebu sempre foram alicerçados pela tradição. O sr. acha que esta tradição será suficiente para garantir a sobrevivência da feira e seu modelo?
No dia 21 de maio, Ricardo Filho e Rafael Goulart comemoraram meio século de seleção Ribalta na Expoagro Dourados, município do sudoeste do MS. O Leilão Especial 50 anos Ribalta reuniu melhoristas de todo o Estado, gente atenta ao que seria ofertado no evento, que vendeu a cabeceira da safra 2013. A oferta foi composta por touros e matrizes das raças Nelore e Guzerá, além de uma boiada comercial de ponta, e movimentou R$ 2,1 milhões na batida do martelo. Além dos herdeiros de Ricardo Goulart, o remate teve como promotor Thiago Moraes Salomão, que recentemente se tornou sócio da grife, agregando as siglas MSA ao nome do criatório.
Elite Provada na Expozebu
Esta apreensão todo criador de elite tem. Eu não participo de pista há cinco anos, mas todo ano estamos “pagando a língua” com a Expozebu, que continua com a oferta mais diferenciada do País. O sucesso da mostra vai andar parelho ao da Expogenética, que tem caminhado na mesma linha de importância, embora o foco seja o comércio de touros produtivos e DEPs maravilhosas. A Expozebu tem caráter próprio e os animais de elite sempre estarão lá, assim como os seus compradores.
Quais os desafios do criador de Nelore PO frente às mudanças do mercado de genética?
O vendedor deve ofertar algo melhor a cada edição, independentemente do mercado que atua. É cada vez mais comum o comprador ter algo parecido em casa, principalmente pela consaguinidade do Nelore.
As últimas importações de criatórios como Beka e Mata Velha podem ser um novo respiro?
Esses projetos ofertaram muito produto destas importações nos últimos anos. E tiveram demanda porque o criador precisa de novos acasalamentos para refrescar o sangue. O gado indiano vai ajudar, sem dúvida. Não falo em qualidade porque nosso gado está muito bom, mas será útil para a abertura de sangue que precisamos.
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“Os animais não foram escolhidos, foram identificados.” A declaração do assessor Fábio Miziara abriu a primeira edição do Leilão Elite Provada, evento que hasteou a bandeira do melhoramento genético na 82ª Expozebu, em Uberaba, MG. Realizado em 6 de maio, o Leilão Elite Provada levou para o Tattersall Rubico de Carvalho a oferta de oito touros de central, suas mães, e prenhezes de animais avaliados por quatro dos principais programas de avaliação genética do País. A média geral ficou em R$ 185.000 para os 25 lotes apresentados pela ABS Pecplan e parceiros, com touros comercializados em cotas de produção pela média de R$ 360 mil.
Leilões Quinhentas Arrossensal Após ser adquirida por Vanessa Batista, a Arrossensal deu continuação à sua liquidação de plantel com dois leilões virtuais, nos dias 29 e 30 de maio. A grife, conduzida pelo Grupo Camargo há 45 anos no MT, vendeu 570 lotes de fêmeas paridas, prenhes e inseminadas de touros como Hummer, Aliko, Navegan-
te, Playboy, Horário e Quebec. Os leilões arrecadaram R$ 3 milhões e encerraram a venda de fêmeas do plantel, que começou em novembro de 2015 e comercializou cerca de 600 lotes, em leilões de encher os olhos de quem tira uma cria todo ano. A vacada foi à venda com peso médio de 600 kg, cerca de 20@.
Encontro de genética Maurício Ianni recebeu criadores na Fazenda Vila Real, em Brotas, SP, para o Encontro Vila Real. Realizado em 21 de maio, o evento apresentou o melhor de sua elite pelo 2º ano, alcançando média de R$ 205.770 nas fêmeas e R$ 106.800 nas prenhezes. O leilão faturou R$ 2,3 milhões e deu sequência ao remate de produção do criatório, com espaço para preços mais módicos. As fêmeas saíram pela média de R$ 7.656, enquanto os touros pegaram R$ 6.700. Além dessas opções, Maurício Ianni
Taurinos no outono Nos últimos cinco anos, a Cabanha Santo Izidro tem reforçado as vendas gaúchas de outono, com uma oferta expressiva de raças taurinas. Realizado em 10 de maio, no Centro de Eventos da UFSM, em Santa Maria, RS, o 36º Cabanha Santo Izidro faturou R$ 1,4 milhão na apresentação de 236 lotes. O incremen-
também ofertou animais a preços estabelecidos no Shopping Vila Real para atender à preferência de alguns compradores. A fatura final foi de R$ 3,1 milhões.
to de 37% veio da oferta de matrizes, que em 2015 não ocorreu. As 101 Angus movimentaram R$ 416.700, enquanto 13 vacas Charolesas somaram R$ 40.950. A Santo Izidro cria taurinos há mais de 80 anos em Santa Maria e foi pioneira na seleção do Charolês na década de 1990. Hoje, está focada no Angus, além da expressiva participação em provas e competições do cavalo Crioulo.
Os gigantes de Uberaba Tradicionalmente o ranking das maiores faturas da Expozebu sempre foi liderado pelo Elo de Raça e Noite dos Campões. Líder das maiores receitas em leilões há décadas, a dupla contou neste ano com o reforço de outra grife de
peso. O 3º Leilão Raça Forte movimentou R$ 7,3 milhões, emplacando o segundo lugar no ranking liderado pelo Elo de Raça (renda de R$ 7,5 milhões), e encerrado pelo Noite dos Campeões, com fatura de R$ 6,4 milhões.
Flaboyant sucumbe ao eucalipto O criador Emílio Serafim (foto) liquidou seu plantel de Nelore PO em 21 de maio. A criação, formada a partir de matrizes de Tito Sampaio e linhagens dos genearcas Kurupathy, Godhavari, Taj Mahal Imp e Evaru, atraiu muitos investidores e o remate apurou R$ 1,6 milhão por 310 animais, com destaque para um lote de 12 matrizes comercializado por R$ 81.000. Serafim arrendou a fazenda de Três Lagoas, MS, para o plantio de eucalipto e continua com a atividade de cria, recria e engorda no Mato Grosso.
Aumento da base Braford
A venda de fêmeas Braford sempre girou em torno de 2.000 animais por ano. Mas, em 2015, este número avançou para quase 3.000 lotes. Em maio, mês da Nacional do Hereford e Braford, o mercado de fêmeas Braford mostrou força, ao movimentar R$ 1,7 milhão. Os leilões Nacional HB e Virtual Onda Cara Branca venderam, respectivamente, 274 e 319 lotes, totalizando 68% das fêmeas Braford vendidas em 2016.
Senepol em volume Em maio, os criadores de Senepol ultrapassaram a marca de 750 prenhezes vendidas em um único leilão. O evento antecipou as vendas de recinto na Fazenda Santa Inês, em Barretos, SP, que apresentaram um time de fêmeas, aspirações e um reprodutor de central pelo montante de R$ 4,5 milhões. O Senepol Weekend fez a segunda maior oferta de prenhezes da história, atrás apenas do Leilão Fazenda Grama 16 Anos, quando saíram 918 embriões da raça.
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Empresas & Produtos Coimma lança tronco hidráulico e balança
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Coimma, indústria de balanças e troncos de contenção para bovinos, lançou o tronco de contenção hidráulico Megatron e a balança eletrônica KM3-Plus. O tronco tem um painel lateral anatômico, revestido com bolsas de borracha de alta resistência, que imobilizam o animal sem que nenhuma parte de metal toque seu corpo, preservando a qualidade da carcaça. Na balança eletrônica, o funcionário pode fazer apartações, editar o cadastro de
um animal, importar e exportar dados, gravar eventos ou criar uma lista de ações para o manejo do rebanho. Juntos, os dois equipamentos permitem apartação automática. Ao conectar a balança ao tronco, faz-se a leitura do peso do animal e um comando é enviado para o apartador automático Coimma - que pode ser adquirido como opcional. www.coimma.com.br
Rações da Guabi para sistemas confinados
A norte-americana Neogen, especializada em análises genômicas e bioinformática, adquiriu o Deoxi, laboratório brasileiro de genômica animal sediado em Araçatuba, noroeste de SP. O valor da negociação, concretizada no fim de abril, não foi informado. Conforme o diretor executivo da Neogen, James Herbert, a incorporação visa acelerar o crescimento do uso da genômica animal no Brasil sediado em Araçatuba, Noroeste de SP. “A Deoxi fornecerá aos clientes da Neogen o mesmo acesso à melhor tecnologia em genômica animal fornecida nos EUA”, diz. www.neogendobrasil. com.br
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Guabi lançou o concentrado proteico Guabiphos Beef Mix 75 RM+VM e os núcleos GuabiNúcleo Confinamento RM + VM e GuabiNúcleo Confinamento OF, para confinamento e semiconfinamento. Guabiphos Beef contém 75% de proteína bruta, ureia pecuária, macrominerais como potássio, e microminerais, como cromo, além de vitaminas, monensina sódica e virginiamicina. GuabiNúcleo Confinamento RM + VM e GuabiNúcleo Confinamento OF foram avaliados por pesquisadores da Unesp, e apresentaram formulação correta de
Prêmio da Gerdau
Foram divulgados os vencedores da 33ª edição do Prêmio Gerdau Melhores da Terra na divisão Novidade Agrishow, em Ribeirão Preto, SP, no fim de abril. A fornalha Block-Velox, da GSI Brasil, foi a vencedora na categoria Agricultura de Escala, e a pá-carregadeira Marispan M85, na Agricultura Familiar. A categoria Novidade Agrishow contempla produtos lançados há menos de um ano e expostos nessa edição da feira. A segunda fase será na Expointer, em Esteio, RS, entre 27 de agosto e 4 de setembro.
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ingredientes para confinamento e semiconfinamento. GuabiNúcleo Confinamento RM + VM tem 2% de fósforo, macrominerais como o potássio, e microminerais, além de monensina sódica e virginiamicina. Já o GuabiNúcleo Confinamento OF é constituído de 2% de fósforo, macro e microelementos e aditivo aromatizante. www.guabi.com.br
Anauger na Agrishow A Anauger apresentou na Agrishow, em Ribeirão Preto, SP, no fim de abril, um sistema de bombeamento de água com energia solar. O produto garante alta vazão, com baixa potência e bombeamento constante e independente de variações no nível de irradiação solar. Em um dia de sol intenso, é capaz de bombear mais de 8 mil litros de água ininterruptamente. Segundo a gerente executiva, Eliana Santos, pode ser instalado
em fazendas de corte de grandes extensões, pois não há custos com fiação para ligação das bombas ou uso de diesel para manter o motor em funcionamento. www.anauger.com.br
CORREÇÃO Cometemos um erro nesta seção da edição passada, com a troca de imagens entre o sistema de cercas da empresa Eco Composit (um touro Angus em frente a um mourão azul) e a websérie da Beckhauser sobre bem-estar animal (pessoas num curral, em frente a um tronco de contenção da empresa), que repetimos ao lado.
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Sabor da Carne
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Uma combinação “muito louca” Quente ou fria, a carne louca fica ainda mais deliciosa quando preparada com o acém
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Carne louca Ingredientes: 1,5 kg de acém limpo de gordura; 1 colher de sobremesa de sal; 1 colher de chá de cominho; 1 colher de chá de páprica picante ou 1 pimenta dedo de moça picada, sem as sementes; 1 colher de chá de gengibre ralado; 1 folha de louro; 2 colheres de óleo vegetal; 10 cm de alho poró (a parte branca) picado fino Para acrescentar depois: 1 cebola cortada em tiras; 1/2 pimentão vermelho em tiras; 1/2 pimentão amarelo em tiras; 2 colheres de sopa de salsa picada; 2 colheres de sopa de cebolinha picada; 2 colheres de sopa de óleo vegetal Modo de preparo: Corte o acém em pedaços médios no sentido contrário das fibras. A ideia é ter fios de carne curtos quando desfiarmos. Coloque a carne numa vasilha e junte o sal, o cominho, a páprica, o alho poró, o louro e o gengibre. Misture bem e deixe descansar por alguns minutos. Em uma panela funda, aqueça o óleo e junte a carne. Deixe-a dourar e depois acrescente água até cobri-la toda. Assim que a água ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhando, até que fique macia, o que leva pelo menos 40 minutos. Tenha ao lado uma panela com água quente para acrescentar toda vez que necessário, para não secar o cozimento. Verifique se a carne está bem macia e a retire da panela, reservando o caldo em outra vasilha. Com
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parte dianteira do animal. É o maior e mais macio corte do dianteiro, caracterizado por ser magro e facilmente encontrado em todos os açougues e supermercados. É uma peça de valor acessível com delicioso sabor. Deve ser selada e depois cozida em calor úmido, lentamente, o que a torna suculenta. É indicada, portanto, para ensopar, fazer picadinhos, bifes de panela e também para ser usada moída. É um corte perfeito para a receita de hoje, já que fica fácil de desfiar depois de cozido. É uma carne comumente servida com pão de sal, mas eu a prefiro com um pão fino caseiro ou um pão árabe, um substituto à altura, e com molho barbecue para completar o sanduíche. Armazene na geladeira a quantidade que sobrar, por no máximo cinco dias. Essa é, aliás, uma das vantagens dessa carne: fria, também fica ótima! Isaura Caliari
É professora e fundadora da Faculdade de Gastronomia Novo Milênio, sediada em Vitória, ES, colunista do jornal “A Tribuna” e detentora do Blog “Já para a cozinha!”, do grupo “Sou ES”.
carne louca não tem uma origem certa. Dizem que era preparada pelos italianos que migraram para o Brasil até a década de 30, do século passado, principalmente para as regiões Sul e Sudeste, tendo em São Paulo o lugar onde a receita se tornou um clássico das festinhas infantis e de bairro. O nome, curioso, é justificado por muitos pela quantidade de ingredientes que leva e pela variedade que apresenta entre tantas receitas. Ao mesmo tempo em que lembra as carnes de panela tradicionais, a carne louca se diferencia pelas possibilidades infinitas permitidas de ingredientes e de maneiras de servir. Por isso, então, seria “louca”, em contraposição a ser apresentada de uma maneira “normal” . Quanto ao corte bovino usado na receita, gosto muito do acém, também conhecido como agulha, localizado na
ajuda de dois garfos, desfie a carne ainda quente. Pegue a mesma panela onde cozinhou a carne, coloque duas colheres de sopa de óleo e acrescente as cebolas. Refogue um pouco, junte os pimentões e refogue até murcharem. Coloque uma pitada de sal. Nesse ponto, junte a carne já desfiada e misture até que fique quente. Se necessário, coloque um pouco do caldo da carne reservado para que fique úmida. Deixe aquecer, junte os temperos verdes e mexa novamente. Molho barbecue rápido Em uma panela coloque meia xícara de açúcar mascavo. Logo que começar a derreter, acrescente uma colher de sopa de molho inglês. Junte um dente de alho bem picado e uma xícara de passata ou polpa de tomate (de preferência, sem tempero) ou meia xícara de ketchup. Deixe ferver, prove o sal, corrija se necessário e deixe cozinhar até obter textura cremosa. n