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Produção sob encomenda alavanca carne premium
P
uxado por diferentes programas de frigoríficos, associações, cooperativas, redes de varejo e restaurantes, o mercado de carne de qualidade gradualmente vai deixando de se enquadrar apenas como um nicho. “Carne premium já não se vende mais em caixas e sim em carretas”, disse à DBO o diretor de originação da JBS, Eduardo Pedroso, ao falar da nova linha com a marca 1953, lançada pela empresa. Embora se estime que as carnes com selo respondam por menos de 3% do total, profissionais e consultores da área afirmam que, após um longo processo de maturação, esse mercado está ganhando consistência e cresce ano a ano. O suporte para esse crescimento vem de projetos comprometidos em garantir padrão e regularidade de oferta, como o da Fazenda Serrinha, de Santo Antônio do Leverger, região de Cuiabá, MT, tema da reportagem de capa, de Maristela Franco. Antes dedicada à produção de tourinhos Nelore e gado para abate em sistema extensivo e com rentabilidade abaixo do desejado, a fazenda pertencente à Agropecuária Maria da Serra deu uma guinada em seu programa a partir de 2013: com a ajuda da lavoura, reformou e dividiu os pastos e, aproveitando a boa base Nelore, investiu no cruzamento e passou a produzir sob encomenda para uma rede de restaurantes, com o compromisso de entrega de pelo menos 180 fêmeas e machos cruzados e castrados por mês. No ano passado, foram mais de 200 por mês e a meta é chegar a 400 em dois anos, com o reforço de alguns parceiros. Após 26 anos no cargo, o jornalista Moacir de Souza José deixa a partir desta edição a função de editor executivo da DBO, na qual prestou inestimável contribuição para a consolidação da revista como uma das mais respeitadas publicações do setor agropecuário. A nova editora será Maristela Franco, também na DBO desde o início da década de 90 e que há quatro anos vinha acumulando a reportagem com a função de editora assistente. Ao expressar o agradecimento a Moacir por tão importante contribuição, registro com satisfação que a DBO seguirá contando com sua colaboração em reportagens e outros trabalhos.
osta Demétrio C
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4 DBO abril 2018
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Publicação mensal da
DBO Editores Associados Ltda. Diretores
Daniel Bilk Costa Demétrio Costa Odemar Costa Redação Diretor Responsável Demétrio Costa Editor Executivo Moacir de Souza José Editora Assistente Maristela Franco Repórteres Fernando Yassu, Marina Salles e Renato Villela Colaboradores Alcides Torres, Alisson Freitas, Ariosto Mesquita, Carolina Rodrigues, Denis Cardoso, Enrico Ortolani, Rogério Goulart, Sergio De Zen e Tatiana Souto Arte Editor Edgar Pera Editoração Edson Alves, Jade Casagrande e Raquel Serafim Coordenação Gráfica Walter Simões comercial/Marketing Gerente: Rosana Minante Supervisora de Vendas: Marlene Orlovas Executivos de Contas: Andrea Canal, José Geraldo S. Caetano, Maria Aparecida Oliveira, Mario Vanzo e Vanda Motta Circulação e Assinaturas Gerente: Margarete Basile Tiragem e circulação auditadas pelo
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O seu compromisso com o Brasil agora tem um novo selo de qualidade
Com este selo, o consumidor vai poder identificar as empresas do agronegócio que fazem bem para você e para o Brasil inteiro. O agronegócio sempre foi um líder do desenvolvimento e da modernização do país. Agora, com o Programa Agro+ Integridade, este compromisso fica ainda mais forte. Com este novo selo, criado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o consumidor vai poder identificar as empresas e entidades do agronegócio que atuam com ética, transparência, respeito às leis, aos trabalhadores e ao meio ambiente. O merecido reconhecimento dos consumidores para quem produz alimentos que fazem bem às pessoas e à economia do país inteiro. Um verdadeiro pacto do agronegócio pela integridade. Para saber como se cadastrar e obter o selo, acesse agricultura.gov.br.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Sumário Prosa Quente 14 L uiz Gustavo Nussio, da Esalq,
quer mais visibilidade para o Agro.
Raças 66 A ssociação do Canchim e
Embrapa discutem planos de ação conjunta
Mercado 24 C oluna do Scot – Está sobrando
Genética e Reprodução
26 D emanda fraca mantém preço
70 “ Precocinhas” ganham dispositivo
28 P oucos negócios com animais de
74 D outor da Terra Brava, de apenas
carne “no colo” dos frigoríficos da arroba estável reposição
30 C oluna do Rogério – Para lucrar,
não basta olhar só para a produção.
Cadeia em Pauta 32 C om a marca 1953, JBS aposta na carne premium.
34 P ara o que apontam as novas fusões no setor de genética
38 G rupo Pecuária Brasil quer ter indicador próprio do boi
40 C otas de reserva ambiental de
SP ainda dependem do STF para saírem do papel
Eventos 48 E ncontro da Coan pondera prós e contras de se apostar forte no confinamento este ano
52 P rogramação fetal em zebuínos é
questionada no “Novos Enfoques”
56 Reportagem de capa Produtor do MT deixa o mercado de carne commodity e ganha até 12% mais na arroba de seus bois “sob medida” para o mercado de carne premium
apropriado para uso na IATF
12 meses, já tem sêmen coletado na Alta Genetics.
Nutrição 80 B agaço de cana incrementa dieta de grão inteiro
84 E xperimento mostra nível de
perda menor com suplemento granulado
Manejo 86 A rtigo demonstra vantagem
de se fazer recria confinada no período seco
Fazenda em Foco 88 P ecuarista goiano adota conjunto de medidas simples e quase triplica lucro por hectare
Seleção 92 C riadores investem agora na
genômica aplicada às fêmeas
Edição: Edgar Pera Arte final: Edson Alves Foto: Pantanal filmes (lote de novilhos cruzados Angus x Nelore da Fazenda Serrinha, em Santo Antônio do Leverger)
Integração 94 E mbrapa busca resposta sobre
lucratividade de sistemas integrados com floresta
Saúde Animal 98 F aça a cura de umbigo do jeito certo
100 C oluna do Ortolani – Revisitando
a manqueira, a doença da rês gorda.
Leilões 102 M édia geral dispara em março, embalada pela valorização do bezerro.
Seções
8 Do Leitor 20 Giro Rápido
6 DBO abril
2018
44 Cadeia em Pauta Notas 68 Raças Notas 76 Agenda de Eventos
106 Empresas e Produtos 114 Sabor da Carne
Do leitor Napier Canará Tenho um relato a fazer a respeito do capim napier Canará, da Embrapa. Tive conhecimento dessa gramínea em maio de 2013, por intermédio de uma reportagem de DBO. Entrei, logo em seguida, em contato com a Embrapa e eles me confirmaram que o Canará é muito rico em proteína bruta (12% a 16%), podendo chegar a seis cortes por ano e, se bem manejado, pode produzir 700 toneladas de massa verde
por hectare/ano. Diante disso, eu e meu amigo, Carivaldo Souza, resolvemos plantar o Canará em sociedade. Adquirimos as mudas da Embrapa, multiplicamos, aumentamos nossa área e agora já distribuímos a fazendeiros da região de Águas Formosas, Teófilo Otoni e outros municípios mineiros. Estamos muito contentes com a escolha, principalmente em relação ao nosso gado leiteiro, porque trouxe economia extraordinária em alimentação no período de estiagem. Nós fornecemos o Canará picado no cocho e estamos também preparando silagem com este capim. Segundo estudos da própria Embrapa, o Canará proporciona uma economia de 70% em relação à silagem de milho, porque também é uma cultivar perene, podendo manter seu plantio por 10 a 20 anos, se bem manejado. Assim, gostaria de agradecer à DBO por nos fornecer informações tão úteis e preciosas para nós, pecuaristas. Benício Teixeira dos Santos Águas Formosas, MG
Fazendas do “Carne Zebu”
O Canará foi desenvolvido pela Embrapa e proporciona economia de 70% em relação à silagem de milho, diz Benício.
8 DBO abril 2018
A ABCZ informa que, além das fazendas citadas na matéria “Programa Carne de Zebu ganha a estrada”, publicada à página 30 da edição de março da DBO, também fazem parte
do projeto da entidade, lançado em 2017, os seguintes colaboradores: Agropecuária do Campo, Agropecuária Ribeirópolis, Antônio Lacerda Filho, Gilson Gonçalo de Arruda, Grupo Cometa, José Tadeu de Oliveira, Limírio Antônio da Costa Filho, Otoni Ernando Verdi, Paulo Roberto Cunha e Santos S. Agropecuária.
Carcaça dos cruzados A pesquisadora Lenise Silveira, autora do estudo comparativo de carcaças de animais cruzados Angus x Nelore, citada na matéria publicada à página 34 da edição de março, registra o agradecimento de toda a equipe envolvida no estudo à Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, que financiou o projeto; ao Grupo VPJ, que cedeu os animais e a carne para análise em laboratório; à Zoetis, que doou as vacinas para a imunocastração de parte dos machos; e à Fazenda Califórnia, de Turvânia, GO, pertencente à família Flor, parceira do Grupo VPJ, onde os animais foram confinados. Ela esclarece que o campus da USP Pirassununga realizou apenas as análises laboratoriais, estatísticas e interpretação dos resultados.
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Prosa Quente Diretor da Esalq-USP, uma das mais bem conceituadas escolas do mundo em ciências agronômicas, Luiz Gustavo Nussio defende...
Fotos: Edgar Pera
Mais visibilidade para o agronegócio
F
ormado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, campus da Universidade de São Paulo em Piracicaba, região central do Estado, e seu atual diretor (o mandato, iniciado em janeiro de 2015, termina este ano), Luiz Gustavo Nussio defende uma política de maior exposição do agronegócio para a sociedade brasileira, o que também inclui a universidade. Acredita que só assim será possível mudar uma imagem predominantemente negativa que o segmento tem junto ao público urbano. Além disso, preconiza uma intensificação no atual modelo de parceria público-privada, não só para o desenvolvimento de pesquisas como para a transferência de tecnologia da universidade para os produtores rurais. Nascido em Jundiaí, a “terra da uva” paulista, a 52 km da capital, onde seus avós, italianos, desembarcaram para produzir a fruta e também vinho, Nussio nutriu, por anos, o sonho de ser aviador. Mas, ao fim do antigo curso colegial, durante uma visita à Esalq, para conhecer outras carreiras, encantou-se com a escola, onde ingressou em 1984. Como todo “esalquiano”, ganhou um apelido – o quase óbvio “bambu”, por seus quase dois metros de altura (1m96, mais precisamente) – e, como ele próprio se autodefine, virou um “cidadão piracicabano”. É ao Departamento de Zootecnia da Esalq que ele credita as grandes oportunidades que teve na carreira acadêmica. Estudante muito tímido, conseguiu deixar para trás essa característica quando passou a ser convocado pela escola para atuar, na década de 80, em dias de campo promovidos pelo extinto programa “São Paulo vai a campo”,
14 DBO abril 2018
patrocinado pelo também extinto banco paulista Banespa. “Esse programa levava todas as semanas um caminhão com artefatos para fazer uma apresentação para os municípios, que definiam suas prioridades. Quando o assunto era pecuária, eu e outros colegas éramos acionados, para fazer uma aula noturna – quase sempre num salão paroquial – e um dia de campo, em fazenda que a gente não conhecia, na manhã seguinte. Eu tinha de ser um misto de gentil [em relação ao dono da fazenda] e assertivo [em relação à orientação técnica de qualidade que precisava ser passada para os participantes]. E isso me proporcionou capacidade de articulação”, justifica. Outra oportunidade surgiu logo depois que se formou, em 1987: foi contratado pelo Departamento de Zootecnia para cuidar da área de conservação de forragens e, nessa função, receber delegações e visitantes de várias partes do Brasil. No ano seguinte, iniciou o mestrado em ciência animal e pastagens (terminado em 1993). A experiência lhe serviu de base para o salto que viria em 1994, quando partiu para os Estados Unidos, para fazer doutorado, também em ciência animal e pastagens (terminado em 1997), pela Universidade do Arizona. Continuou desenvolvendo atividades no que chama de interface entre as áreas de nutrição de ruminantes e conservação de forragens, o que também lhe permitiu fazer uma articulação de nível internacional. Com isso, tornou-se o responsável pela organização do simpósio internacional de qualidade e conservação de forragens, promovido anualmente pela Esalq, que foi eleita, pela terceira vez consecutiva, ano passado, como a quinta melhor universidade agrária do mundo, em ranking publicado pelo jornal norte-americano U.S. News and World Report. Orgulha-se de ter tido como mestres na Esalq os professores Vidal Pedroso de Faria, Moacyr Corsi, Wilson Matos, Celso Boin e Max Bose – “as grandes referências na minha carreira” – , além dos contemporâneos Flávio Portela Santos e Sila Carneiro da Silva, ambos, assim como ele, professores da Zootecnia. “Sinto-me privilegiado por fazer parte de uma geração integrada por pessoas muito inteligentes e, sobretudo, com características humanísticas superlativas”, expressa. Veja, a seguir, os principais pontos abordados na entrevista concedida por Nussio aos jornalistas Moacir José e Maristela Franco.
MOACIR - Como você vê hoje a técnica da conservação de forragem? Tem mais gente fazendo silagem? NUSSIO –Não temos dados oficiais e é lamentável que o
governo não tenha isso para nos oferecer. O que temos, extra oficialmente, é um número que move a indústria nessa área, e, por ele, podemos dizer que na última década nós dobramos a conservação de forragem no Brasil. Estamos numa rampa de crescimento muito rápida. Temos uma comunidade cientifica em formação, empresas, articulação de conhecimento na área. O futuro de conservação de forragem é aqui no Brasil. MOACIR – Que indicadores você usa ao dizer que dobrou? NUSSIO – São estatísticas informais. Mas o que nos dá a
sensação disso? As indústrias de apoio. Basta somar dados da indústria de sementes, de inoculantes, como aditivos microbianos, de aditivos químicos, da indústria de plásticos, que é aquela usada para o sistema de vedação, toda a indústria de equipamentos, de colheita de forragem, de conservação, de retirada, mistura de rações... E o serviço de consultoria, que é a demanda técnica por recursos humanos.
MARISTELA - Isso tudo puxado pelo leite? NUSSIO – O leite foi um preceptor do processo, onde a
inovação se colocou no campo mais facilmente. Mas, hoje, sem dúvida, os grandes confinamentos de gado de corte são um grande drive (direcionador) da indústria de conservação de forragem.
MOACIR – No evento da DSM, em Campinas, em fevereiro, você disse que há empresas estrangeiras de aditivos químicos aportando no Brasil, justamente para atender a essa demanda. NUSSIO – O que se faz na área de conservação de forra-
gem hoje? Procura-se reduzir perdas. No campo, na forragem, no silo, na hora de retirar do silo, de misturar e levar para o animal. Você tem uma equação com vários termos, e a cada um deles você dedica atenção, usa ferramentas que o sistema te oferece. O aditivo entra como um braço nesse processo. Temos duas grandes classes de aditivos: o microbiano e o químico. Eles atuam em lugares diferentes do processo, mudando a fermentação, que é uma forma de reduzir perdas, ou deixando com que o painel seja mais estável, que esquente menos... Alguns deles atuam no animal, induzindo a produção; e alguns começam a mostrar um efeito que era pouco evidente, que é o de alterar a qualidade de produto animal do leite ou da carne. MOACIR – O aditivo também serve para dar maior estabilidade para a silagem? Um período maior de tempo mantendo suas características nutricionais? NUSSIO – Esse é um dos efeitos positivos. Mas é um
dos efeitos que você tem que colocar numa tabela para calcular o chamado custo-benefício. Uma empresa que postula esse tipo de produto no mercado tem de treinar seus técnicos pra dar esse tipo de resposta nos vários segmentos.
MARISTELA – Esses aditivos químicos são mais para silagem de capim, de milho? NUSSIO - Para todas as classes de forragens e, hoje,
também para grãos, para os quais já se tem recomendações precisas: para tal produto é melhor usar um químico; para outro, o biológico. Temos hoje um grau de especificidade muito grande. Às vezes você pode fazer combinação dos dois, que eu chamo de “combo”, que tem um efeito aditivo sinérgico e pode trazer esse benefício para o produtor.
MARISTELA – Essa tecnologia já está no campo? NUSSIO – Sim. E é bastante utilizada. Eu diria pra você
que Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, parte de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul são os principais usuários desse tipo de tecnologia. E tem muita gente vivendo disso já como forma de consultoria e prestação de serviço. As próprias empresas melhoraram muito sua maneira de atender ao mercado, muito mesmo.
MARISTELA – Você tem falado nas suas palestras sobre o aproveitamento melhor do milho, da silagem, sobre as várias formas de só colher o grão, ou a espiga inteira... A gente não está vendo muito no campo. Você acha que isso tem como se expandir? NUSSIO – Já está se expandindo. E o motivo é o pro-
gresso do equipamento. O que está sendo lançado na Alemanha, por exemplo, chega ao Brasil no mês seguinte. E isso tem trazido uma articulação e uma tomada de decisão que são absolutamente inovadoras. Temos equipamentos hoje que me permitem “fatiar” a planta, colher porções da planta, algo do qual não se pensava poder fazer pouco tempo atrás. MARISTELA – Faltavam equipamentos, então? NUSSIO – A indústria [nacional] deu um grande salto
qualitativo nos últimos 20 anos. Os grandes complexos de produção animal no País viabilizaram a chegada de equipamentos importados antes vistos como caros, mas agora justificados em sistemas de grande porte. E o Brasil tem muito desses sistemas hoje. Essa indústria de equipamentos, superelaborada, superssofisticada, comum no exterior, começou a vir para cá com treinamento de pessoal, assistência técnica de qualidade, superveloz. Se quebra uma peça numa fazenda em Cuiabá, em 48 horas a reposição chega num voo da Europa. Isso favoreceu muito a tomada de decisão. Eu quero ensilar só a espiga, eu quero só a palha, sem grãos, e assim vai... Então – sem querer fazer aqui alguma proposição futurística –, não tenho dúvida ao dizer que, nos próximos anos, vamos assistir a uma grande revolução no Brasil. E isso vai fazer com que diminua a distância temporal que temos em relação aos países desenvolvidos.
A indústria nacional de equipamentos deu um grande salto qualitativo. Não tenho dúvida de que, nos próximos anos, vamos assistir a uma grande revolução no Brasil”.
MOACIR – Você está falando especificamente da pecuária? NUSSIO - Sim.
DBO abril 2018 15
Prosa Quente MOACIR – Como foi a decisão de pleitear o cargo de diretor? NUSSIO – Eu sempre gostei de participar na área admi-
nistrativa, me envolvi com muitas comissões. E aqueles que me conhecem dizem que eu acabei tendo jeito pra conviver bem nessas comissões. Isso meio que me levou a uma decisão quase natural de me colocar à disposição da diretoria. É um privilégio imenso, porque, como vocês sabem, ela é uma instituição fascinante, para a qual espero ter contribuído formalmente, no sentido de que ela continue se modernizando e oferecendo ao mercado profissionais e tecnologia de ponta. MARISTELA – Como é o processo de escolha? NUSSIO – É feito por meio de eleição inter-
na, onde vota um colegiado representativo de toda a comunidade – alunos, professores, funcionários, mais os conselhos dos departamentos. Duas chapas competiram conosco. Tive a sorte de ter ao meu lado, como vice-diretor, o professor Durval Dourado Neto, uma pessoa sensata, extremamente inteligente, e muito, muito bem postada em relação a princípios. Juntos, estamos fazendo uma administração complementar, que, acho, está dando certo. Agora, confesso a vocês que, para ser diretor da Esalq, tem que gostar daquele ambiente. E encontrar qualidade no cotidiano, não nas suas realizações. Em outras palavras: a travessia tem de ser mais importante do que o destino. Nós não temos hoje no Brasil nenhum setor da economia capaz de resgatar o sentimento de orgulho nacional, como tem a agricultura”
MARISTELA – Como as pessoas veem a Esalq? NUSSIO – Ela é vista como uma escola tradicional, com-
petente, efetiva em transferência de tecnologia, mas não como muito presente no cotidiano. Obviamente, é uma reputação que foi construída ao longo de décadas, pelas pessoas que nos precederam. Mas a presença no cotidiano é onde nós temos que intensificar as nossas ações. Por isso é que a Esalq criou uma série de planos de se internalizar em relação aos programas da sociedade.
MOACIR – Dê um exemplo do que é essa internalização... NUSSIO – Há uma série de benefícios proporcionados
pela universidade às pessoas, mas elas não percebem. Por isso, não valorizam o recurso que sai do salário delas e que vai para o ICMS, que sustenta em parte a universidade. Um exame de laboratório, por exemplo, tem competência da escola de farmácia; os produtos que estão num “varejão” ou no supermercado têm competência de várias cadeias de produção; no carro que as pessoas dirigem tem um monte de componentes tecnológicos da escola politécnica, das escolas de engenharia da universidade. E isso tudo não é evidenciado.
MOACIR – Mas é complicado fazer isso, porque é muita informação. Como vai passar isso para as pessoas? NUSSIO – Nos últimos três anos, andei por vários países
16 DBO abril 2018
do mundo para aprender isso. E tem jeito de resolver. Vocês sabiam que o laboratório da Esalq produziu tomate-cereja sem sementes e com menos acidez? Outro exemplo: a adaptação de genótipo de verduras folhosas para produzirem 12 meses ao ano foi feita na Esalq. Quando foram trazidas pro Brasil, elas produziam bem por apenas um mês ou dois... Em pecuária, o manejo intensivo de pastagens foi concebido na Esalq, ainda que tenha havido colaboração de outras instituições. Essas são coisas fundamentais para serem levadas às pessoas. MOACIR – Num mundo onde o comércio está muito exacerbado, a tendência é que as empresas se apropriem disso. “Olha, esse tomate-cereja é da empresa tal”... Você não vê uma dificuldade aí? NUSSIO – Mas, as empresas modernas entenderam que
não podem mais fazer propaganda só para si, mas para a cadeia que elas representam. Isso é uma maneira de entender que a visão de sistema ganhou um valor maior do que a de partes do sistema.
MARISTELA – Dá mais status a empresa dizer que está junto com a Esalq no desenvolvimento de alguma coisa, não é? NUSSIO – E a recíproca é verdadeira. A Esalq não tem
nenhum problema de dizer que desenvolveu algo junto com uma empresa. Porque isso, inclusive, garante legitimidade de associação desse binômio, de parceria público-privada. A universidade é pública, mas está usando esse bom relacionamento com empresas para transformar isso num bem social. E eu acho que a sociedade fica bem com essa integração.
MOACIR – A Embrapa faz, divulga relatórios, mostra o que foi investido, o que retornou pra sociedade… NUSSIO – A Embrapa é um exemplo de sucesso, sobre-
tudo de comunicação. O cidadão comum hoje dá valor à Embrapa em tudo o que se refere à agricultura. As universidades e institutos de pesquisa devem fazer investimentos análogos. Nós estamos fazendo isso. Gastamos três anos para conhecer como o mercado nos vê e a partir daí criamos uma estratégia de geração de valor. É fundamental que a dona de casa ou qualquer pessoa olhe para um produto – batatinha, tomate, verduras folhosas, frutas –, e saiba que ali tem um pacote de ciência. Porque isso vai fazer da agricultura uma bandeira nacional. Nós não temos no Brasil nenhum setor da economia capaz de resgatar o sentimento de orgulho nacional, exceto a agricultura. Mas temos de trabalhar isso de forma profissional. Quando você consulta os cidadãos urbanos sobre o Agro, as três primeiras respostas são negativas, relacionadas ao uso de agrotóxicos, destruição ambiental e emprego infantil. Para reverter isso, o cidadão tem de tomar os méritos do Agro como seus. Ele não pode dizer: “o Agro é bom, mas não é meu.”
MARISTELA – O Agro precisa mesmo mudar, de alguma forma, a parte de produção ou é só uma questão de comunicação?
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Prosa Quente NUSSIO – De comunicação. Não tenho dúvida sobre a
importância da comunicação para o desenvolvimento do Agro, que tem uma “avenida” para deslanchar. Isso, evidentemente, não vai ser feito isoladamente. Mas, a meu ver, merece ser parte de um plano de governo.
MARISTELA – As acusações têm um fundo de verdade ou estamos sendo atacados injustamente? Temos um telhado de vidro? NUSSIO - Qual setor no Brasil que não tem um telhado
de vidro? As lideranças tradicionais talvez não tenham encontrado um caminho melhor de se fazer representar. Porque quase todas as vezes que nós vemos o Agro pedindo algo ele está pedindo a isenção de uma taxa, disso ou daquilo. Temos de parar com isso. O Agro tem de despertar nas pessoas a sensação da seleção brasileira [de futebol]. O indivíduo tem de ficar feliz com um negócio que neste País dá certo. MOACIR – Pelo menos demonstrar que essas acusações podem ter procedência mas que é uma minoria que faz isso… NUSSIO – Problemas, todo setor tem. Agora, quem é
hoje responsável em demonstrar e apresentar para a sociedade as virtudes do Agro? Ninguém. Então, nós ficamos o tempo todo no “canto do ringue”, nos defendendo, e, quando não, pedindo benesses. Acho que temos de mudar esse drive de comunicação e começar a dizer pra população: “Olha, algumas notícias podem proceder, mas tem um conjunto de notícias que não está chegando ao seu conhecimentom sobre gente que está fazendo riqueza, sobre preservação ambiental, sobre safras recordes. Enfim, sobre um País visto e respeitado como potência no Agro lá fora, mais do que aqui dentro”. MOACIR – Esse é o “novo Agro” que vocês estão discutindo na Cátedra Luiz de Queiroz [da FGV]? NUSSIO – Isso faz parte da narrativa da cátedra, capi-
taneada pelo [ex-ministro] Roberto Rodrigues. Desde outubro estamos organizando planos de atuação, nos preparando para ter um discurso pronto para quando nos questionarem. O que o Agro acha que deve ser feito para que possa produzir ainda mais? Nós vamos ter uma narrativa sobre isso, construída a muitas mãos em mais de 40 instituições. É um grande arco de responsabilidade dizendo: nós sabemos o que nós queremos.
MARISTELA – É um plano de marketing ou de ações pra apresentar aos futuros candidatos a presidente? NUSSIO – É um plano de ações para os futuros candi-
datos, mas que traz em seu bojo uma clara postura de imagem. É o Agro saindo de uma posição tímida e modesta para ser protagonista.
MARISTELA – Como isso vai ser apresentado aos candidatos? NUSSIO – O ministro Roberto Rodrigues está organizan-
do; temos umas 25 pessoas convidadas para escrever sobre os setores. Teremos apresentações na Fiesp, na 18 DBO abril 2018
CNA, em diversas localidades do Brasil. A ideia é fazer uma caravana de divulgação.
Divulgaçã
MOACIR – A bancada ruralista [no Congresso] faz barganha, com o governo. Isso não atrapalha o movimento, não o coloca como algo conservador? NUSSIO – Olha, eu acho
que tudo faz parte de uma evolução. Em todos os setores, as bancadas reproduzem o mote de um pensamento de época. Mas, da mesma maneira que tem uma bancada ruralista que precisa ser modernizada, estamos vendo crescer aí uma representação de jovens do Agro, modernos, sensatos, com visão sistêmica de processo. E isso me dá a sensação que teremos uma força política muito grande no futuro próximo. Que virá com um novo discurso a partir do Agro. Importante dizer que eu não estou desprestigiando esse setor. Eu acho que ele faz muito, todos os dias. Mas a gente tem que fazer com que as pessoas decodifiquem as informações e percebam o que está acontecendo.
Esalq Show: exemplo de engajamento na apresentação de inovações da universidade e das empresas.
MARISTELA – O que a Esalq fez nos últimos tempos na área de transferência de tecnologia? NUSSIO – Criamos, em 2017, a Esalq Show, uma feira
onde a escola apresenta suas inovações, mas também a de parceiros. É um engajamento de vários setores com a universidade. Essa é a grande novidade aqui no Brasil, porque no exterior é comum. [A universidade de] Standford faz isso na Califórnia; as grandes universidades europeias fazem a mesma coisa.
MOACIR – Tenho aqui uma pergunta do consultor Vlamir Leggieri, seu contemporâneo do curso de agronomia. Ele quer saber se na parte de pesquisa haverá espaço para o setor privado participar junto com a universidade. NUSSIO – Sim. Temos feito muito disso. Temos o que
chamamos de bases avançadas de pesquisa. Eu, pessoalmente, tenho uma base avançada de pesquisa que atua em Mato Grosso. O professor Flávio [Portela] também. Temos parcerias público-privadas em Goiás, no Paraná, em Mato Grosso do Sul. São pesquisas desenvolvidas com o nosso apoio e nossa tutela. E isso pode estar dentro de uma fazenda comercial ou de uma empresa. Há várias maneiras de se fazer isso.
MOACIR – Tudo analisado pela universidade, para decidir se apoia o projeto ou não, certo? NUSSIO – Sim. Tudo isso passa por um sistema interno
de aprovações. Temos um trâmite administrativo, que é o que definitivamente legitima essas ações como sendo ações da universidade. E tudo ajustado a um arcabouço jurídico de uma formatação de relacionamento.
Quem é hoje responsável em demonstrar e apresentar para a sociedade as virtudes do Agro? Ninguém.”
Giro Rápido Carne das Arábias
O especialista em carnes Rogério de Betti cumpriu uma missão importante na última semana de março: foi o responsável por preparar 400 kg de carne brasileira em três eventos promovidos em Fujairah, um dos sete emirados que compõem os Emirados Árabes. A carne foi proveniente de um lote de 20 novilhas Nelore, da grife Nelore do Golias, do criador Fábio Almeida, de Birigui, SP, abatidas 20 dias antes, com as características que Betti exige e que recebe desse cliente todo mês em seu açougue: cobertura de gordura entre 8 e 9 mm, com marmoreio acima de 5%, bem no nível das melhores carnes do tipo gourmet. “Foi um sucesso”, conta Rogério, que preparou oito tipos de corte. O evento integra a estratégia de comprovar a qualidade da carne Nelore para o Sheik Hamad bin Mohammed Al Sharqi, que no ano passado comprou 16 novilhas e um touro do plantel de Fábio Almeida. “Ele também comprou animais de outras 17 raças, para saber quais delas se adaptarão melhor em seu país e, com isso, aumentar a produção de carne”, conta o criador paulista.
Acrimat em Ação encerra mais uma etapa Cerca de 6.000 pessoas já participaram, de forma direta ou indireta, do projeto Acrimat em Ação, que concluiu a Rota 2 no dia 13 de março em Barra do Bugres, MT. A equipe percorreu sete municípios e mobilizou 921 produtores das regiões médio-norte e Arinos, informou a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), promotora da iniciativa. O tema do evento deste ano é “Do prato ao pasto: agregação de valor à pecuária de corte”. Na etapa 2 foram visitados os municípios de São José do Rio Claro, Sinop, Marcelândia, Tabaporã, Juara, Brasnorte e Barra do Bugres, que reúnem mais de 2 milhões de bovinos. A rota 3 estava marcada para o dia 2 de abril e percorreria, até o dia 7, a região norte do Estado mato-grossense. 20 DBO abril 2018
CNA cria comissão para irrigação A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pretende contribuir para que a médio prazo o País dobre sua área irrigada, dos atuais 7 milhões de hectares para 14 milhões de hectares. Esta é a principal proposta da Comissão Nacional de Irrigação, que foi lançada pela entidade no dia 20 de março, durante o 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília (DF). O presidente da CNA, João Martins, e o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Odilson Silva, assinaram a portaria
no espaço do Sistema CNA/Senar/ICNA no evento. A comissão será composta por CNA, Federações de Agricultura e Pecuária e associações de irrigantes e vai atuar como ponto focal de discussões das ações, políticas e posicionamentos do setor sobre o uso da água para a agropecuária. O trabalho será feito diretamente nas discussões no Conselho Nacional de Recursos Hídricos, no Executivo e no Legislativo. A comissão será presidida por Eduardo Veras, da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).
Manifestação contra o Funrural A União Democrática Ruralista (UDR) marcou para o dia 4 de abril uma manifestação em frente ao Congresso Nacional para protestar contra a cobrança retroativa da dívida do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). Conforme a UDR mencionou, em nota, seriam cobradas três pautas primor-
diais em Brasília (DF). Além da dívida do Funrural, estão na lista um pedido para securitização das dívidas do agronegócio e o fim do “Estado policialesco e confiscatório”. Até o fechamento desta edição, em 3 de abril, os organizadores previam a participação de pelo menos 10 mil manifestantes.
Nelore Fest divulga seus premiados A pecuarista Dalila Botelho de Moraes Toledo foi escolhida como melhor criadora e melhor expositora Nelore mocho pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), que em 18 de março divulgou, na Nelore Fest, os premiados do ranking nacional 2016/2017. Os outros premiados foram melhor expositor Nelore na Liga dos Campeões, Agropecuária Vila dos Pinheiros; melhor criador Nelore na Liga dos Campeões, Jatobá Agropecuária; melhor novo expositor e criador Nelore, Nelore JMP. No Circuito Boi Verde, os vencedores foram: melhor compra de boi, Grupo Marfrig, em Bataguassu, MS; primeiro lugar em lote de carcaças, Fazenda São Marcelo. No Nelore de Ouro, os premiados foram: destaque Nelore natural, produtor Colpar; destaque Nelore natural, frigorífico Marfrig; excelência no agronegócio, DSM Tortuga; nova geração, Luiz Gustavo Garcia Ribeiro; amigo do Nelore,
Dalila Botelho foi escolhida como melhor criadora e expositora de Nelore Mocho
Amândio Alves Salomão; família nelorista, Irmãos De Marchi; liderança feminina, Carmen Perez; liderança de destaque, Miguel Cavalcanti. Já no ranking nacional da Bolívia, o melhor expositor e criador Nelore foi Osvaldo Monasterio Rek.
O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) elegeu em março seu novo presidente: José Otávio Menten, que assumirá o cargo pelos próximos dois anos, até então ocupado por Antonio Roque Dechen. Menten é engenheiro agrônomo, doutor em agronomia, professor sênior da Esalq/USP e secretário de Meio Ambiente de Piracicaba, SP. Ele diz que o desafio de sua equipe será “comunicar à sociedade brasileira, por meio do grupo de conselheiros que contempla professores, cientistas e doutores renomados no setor, os caminhos e os desafios do agro brasileiro, além de reforçar a importância e a força do negócio perante todo o país e o mundo”, afirma.
Mário Pulga é reeleito presidente do CRMV-SP O médico veterinário Mário Eduardo Pulga foi reeleito, no dia 20 de março, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP). A chapa “Valorização”, única homologada para a eleição e encabeçada por Pulga, recebeu 72,3% dos votos. O novo mandato compreende o triênio de 2018 a 2021. A posse oficial será dia 3 de agosto. Conforme Pulga, a nova diretoria trabalhará ainda mais para a valorização dos profissionais de medicina veterinária e zootecnia e, também, para aproximar as classes do conselho.
Infopec
Infográficos que sintetizam informações importantes da pecuária Crescimento sustentado
* Estimativa levando em consideração a venda de produtos para sincronização. Fonte: Pietro S. Baruselli
Crise não impede avanço da IATF no Brasil O mercado de protocolos para inseminação artificial em tempo fixo (IATF) avançou 3% em 2017 em relação a 2016, acompanhando tendência semelhante à do mercado total de sêmen (corte e leite), que avançou 3,5% no ano passado, segundo dados compilados pelo médico veterinário Pietro Baruselli, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. Foram vendidos 11,4 milhões de protocolos de sincronização no período, diz Baruselli, que fez o levantamento com base em dados da indústria de produtos farmacêuticos. Em 2017, venderam-se 12,1 milhões de doses de sêmen, segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), que representa 90% do mercado do setor. Para o cálculo do número de protocolos comercializados considerou-se o total de dispositivos de progesterona vendidos em 2017, subtraindo-se a quantidade de protocolos de transferência de embriões em tempo fixo para sincronização de receptoras. No ano passado, a IATF contribuiu com 84,6% das inseminações no País, considerando a venda de 13,5 milhões de doses (inclui os números da Asbia com correção para 100% do mercado). Os 15% restantes representam criadores que preferem trabalhar com a inseminação por meio de observação do cio. Produção de carne bovina em diferentes sistemas Fonte: IBGE, ASBRAM, ASSOCON, Rabobank 2017
CCAS escolhe novo presidente
Novo indicador no forno O novo indicador do boi gordo da Bolsa Brasil Balcão (B3), que será lançado em parceria entre o Instituto de Economia Agrícola (IEA) e a Secretaria Estadual da Fazenda do Estado de São Paulo (leia mais na página 36 da edição de março), está prestes a sair do forno, segundo informou a assessoria de imprensa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, responsável pelo IEA. O Instituto aguarda apenas retorno sobre as propostas de metodologia enviadas à B3. A expectativa é de que o lançamento do índice ocorra ainda em abril.
Sistemas intensivos tendem a crescer no Brasil O semiconfinamento tem crescido de forma expressiva e até 2026 deve contribuir com 19% do total de animais abatidos no Brasil. Já a integração lavoura-pecuária e a suplementação estratégica poderão acelerar a terminação de 13% da boiada. O confinamento ganhará espaço no aumento da produtividade do rebanho e, com outros sistemas análogos, deve contribuir para um salto de 17 pontos percentuais (de 28% para 45%) no incremento da terminação intensiva no País, e a terminação extensiva a pasto vai diminuir (veja gráfico). As projeções são do Rabobank e foram apresentadas pelo seu analista sênior, Adolfo Fontes, no 13º Encontro de Confinamento da Coan Consultoria, em Ribeirão Preto, SP, de 14 a 16 de março. A intensificação será estimulada pelo recuo na área de pasto extensivo, que dará espaço às lavouras. Estima-se, assim, que a pecuária possa ceder à agricultura no período 10,5 milhões de hectares, obrigando ao aumento da taxa de lotação de 1,15 animal/hectare para 1,3 animal/hectare.
DBO abril 2018 21
Master LP Um reforço de peso para quem sabe o valor do seu rebanho.
Com 4% de Ivermectina, maior fluidez e fácil aplicação, Master LP combate parasitas internos, auxilia no controle dos parasitas externos e contribui para o aumento da produtividade, tratando até 200* animais com apenas 1 litro. Por tudo isso, oferece a maior concentração de resultados para sua recria.
* Considerando animais de 250 kg.
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Mercado sem Rodeios
Alcides Torres Jr. –
Scot
Está sobrando carne ‘no colo’ dos frigoríficos Engenheiro agrônomo e diretor-proprietário da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP.
T
erminado o primeiro bimestre do ano, os indicadores de retomada da confiança (figura 1) não parecem ter sido sentidos no preço da carne bovina. A quantidade de animais abatidos subiu quase 56%, de acordo com dados coletados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) e divulgados na última semana de março. Esses números ainda serão retificados, mas é certo que a tendência de alta se manterá. No primeiro bimestre de 2017 o abate alcançou 4,12 milhões de cabeças. Já em igual período de 2018, foi de 6,435 milhões. Um tremendo salto. Esta é uma das razões pelas quais a cotação da arroba do boi gordo não muda de patamar, pois o aumento de oferta é evidente. O que vem impressionando, entretanto, é que a cotação também não cai significativamente. No primeiro bimestre do ano passado o valor médio da arroba do boi gordo em São Paulo era de R$ 149,86 e, em 2018, de R$ 148,01, recuo de apenas 1,22% (figura 4). Os números são da Scot Consultoria e estão corrigidos pelo Índice Geral de Preços (IGP-DI). Se o consumo não sobe e a produção aumenta, como está a margem dos frigoríficos? Pois é, a margem está boa. Na média do primeiro bimestre de 2017 estava em 23,67%, e, em 2018, em 22,3%. São resultados acima da média histórica, que é de 21,2%. Pode ser que o consumo de carne esteja reagindo, e tenha aumentado de fato, mas como a oferta de carne cresceu substancialmente, o melhor desempenho
da demanda não foi suficiente para qualquer modificação no preço da carne. Quanto à exportação, ela também melhorou, mas da mesma forma, a reação foi insuficiente para mudar o quadro vigente. Certamente este quadro não vai se manter. O aumento dos abates pode ser reflexo da abertura de novos/velhos frigoríficos, do posicionamento para ocupar o espaço que se julgava existir em função da crise deflagrada com a denúncia dos irmãos Batista, donos da JBS. Mas de fato esse espaço foi aberto? Não, não foi, não houve substituição de um por outro, ou por outros. Vá lá, aconteceu, mas por pouco tempo. O que houve foi um aumento da capacidade de abate, reaberturas de plantas e mais gente comprando. A JBS, por sua vez, não foi nocauteada e voltou com tudo. Em função disso a cotação do boi gordo se sustentou, mas esse cenário vai mudar, pois os números parciais de março (figura 3), já não estão tão bons quanto os do primeiro bimestre. Nas palavras de um agente-chave, “está sobrando carne no colo dos frigoríficos”. n 2 – Variação média dos preços do boi casado de animais castrados
1 – Intenção de Consumo das Famílias
Vendidos pelos frigoríficos de São Paulo. Janeiro = base 100. Fonte: Scot Consultoria.
3 – Variação média dos preços do boi gordo, em São Paulo.
A pesquisa nacional de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é um indicador que mensura, por meio de entrevistas, com pontuação para cada resposta, aspectos como nível de renda doméstico, condições de crédito, segurança no emprego e qualidade de consumo presente e futuro. Acima de 100 pontos indica satisfação; abaixo de 100, insatisfação. Fonte: Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
24 DBO abril 2018
Janeiro = base 100. Fonte: Scot Consultoria.
Mercado
Arroba em compasso de espera Rumo dos preços é incerto, apesar de exportações seguirem em ritmo acelerado. Denis Cardoso
A
queda de braço entre a indústria frigorífica e pecuaristas deixa o mercado interno do boi gordo em estado de dormência. Com exceção do fluxo de demanda de animais direcionados para o mercado externo (altamente comprador nos primeiros três meses do ano), os negócios nas principais praças pecuárias do Brasil continuam travados, à espera de dias melhores – a aposta geral ainda é de uma melhoria consistente na demanda interna pela proteína animal ao longo deste ano, alavancada pela recuperação dos principais índices macroeconômicos, pelo montante de dinheiro de campanha eleitoral a ser injetado no País e pelo clima de festa (leia-se mais venda de carne para churrasco) ocasionado pela Copa do Mundo na Rússia. No início de abril, os frigoríficos mostravam pouca disposição para ajustar para cima os seus preços nas negociações, alegando persistência na dificuldade de escoamento da produção para o consumidor final, mesmo após a modesta recuperação no volume de vendas de carne no atacado observado na primeira semana do mês. Em contrapartida, segundo a consultoria Informa Economics
Contrato futuro para outubro indica @ próxima de R$ 149 Mês para a liquidação dos contratos na B3 Data dos pregões
31/1/18
jan
Fev
Mar Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
145,64 144,80 144,15 144,30 144,35 145.45 148,05 149,20 149,75 151,20 159,40 159,40
28/2/2018
-
29/3/2018
-
146,01 145,80 145,25 145,10 146,20 148,00 149,95 150,50 151,95’ 151,65 151,65 -
143,54 143,15 142,70 143,90 145,15 146,45 146,85 148,45 149,60 149,60
Fonte: BM&FBovespa.
Indicador Bezerro registra estabilidade em março, no MS Datas de levantamento do Cepea 29/3/2018
28/2/2018
R$ 1.202,25
R$ 1.205,24
Peso médio/kg
194,71
206,56
Preço por kg
R$ 6,17
R$ 5,83
Preço por arroba
R$ 185
R$ 175
Especificações Preço à vista por cabeça
Fonte: Cepea/Esalq/USP
Indicador Boi Gordo perde força em março, na praça paulista Datas da liquidações dos contratados negociados na BM&FVBovespa Especificações
29/3/2018
28/2/2018
Preço à vista
R$ 143,50
R$ 145,15
Fonte: Cepea/Esalq/USP/BM&FBovespa. Média dos últimos cinco dias úteis em São Paulo. O valor é usado para a liquidação dos contratos negociados a futuro na BM&FBovespa.
26 DBO abril 2018
FNP, de São Paulo, os produtores continuam segurando como podem a boiada na fazenda, estratégia favorecida ainda pelas boas condições das pastagens. Refletindo essa indefinição em relação ao rumo dos negócios no mercado interno no curto prazo, o Indicador Boi Gordo Esalq/BM&FBovespa (SP, à vista) encerrou março a R$ 143, queda de 1,14% em relação ao valor observado em fevereiro (R$ 145), segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). Mais exportações Por sua vez, os embarques brasileiros de carne bovina in natura continuam bastante aquecidos. No primeiro trimestre do ano, as vendas externas cresceram mais de 20%, para 319.000 toneladas, o que representou o maior volume embarcado para o período desde o primeiro trimestre de 2008. Os abates de animais com SIF continuam firmes. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os números do quarto trimestre de 2017, completando a estatística final em relação ao desempenho desse segmento ao longo do último ano. No total, foram para o gancho 30,83 milhões de cabeças, aumento de quase 4% (ou acréscimo de 1,1 milhão de cabeças) em relação ao número total de 2016. Somente no quarto trimestre de 2017, foram abatidas 8,02 milhões de cabeças de bovinos, quantidade 8% acima da registrada em igual período de 2016. Foi o primeiro crescimento anual dos abates após três quedas consecutivas nessa comparação. Tal avanço é explicado principalmente pelo aumento do envio de fêmeas para o gancho, consequência da atual fase de baixa do segmento de cria. Neste ano, o cenário de descarte de vacas e novilhas se mantém. Mato Grosso continuou liderando o ranking de abates inspecionados de bovinos em 2017, com 15,6% da participação nacional, seguido por seus dois Estados vizinhos: MS (11,1%) e GO (10,3%). Mais carne O IBGE também divulgou os dados da produção brasileira de carne bovina em 2017. Foram 7,67 milhões de toneladas ante 7,36 milhões do ano anterior. Mato Grosso se destacou, crescendo 5,6%, o segundo maior percentual de sua série histórica, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária. O Estado produziu 1,28 milhão de toneladas (16,7% da produção brasileira) e foi destaque também no quesito “peso da carcaça”, registrando média de 17,78@/cabeça (fêmeas e machos), avanço de 0,6% sobre a média de 2017, batendo pelo terceiro ano seguido recorde de peso. Com isso, o MT supera São Paulo e passa a ter o rebanho bovino que mais produz carne no Brasil. n
Mercado
Poucos negócios com animais de reposição Enfraquecimento da arroba do boi gordo tira poder de compra do recriador e do invernista
A
Denis Cardoso
lentidão no mercado de reposição persistiu ao longo de março e início de abril, refletindo principalmente o enfraquecimento no valor do boi gordo. Ao menos no curtíssimo prazo, os recriadores/invernistas não necessitam de grandes quantidades de animais para realizar a reposição, avalia a Informa Economics FNP, da capital paulista. Por isso, postergam suas compras à espera de trocas mais atrativas. Por outro lado, observa a zootecnista Isabella Camargo, analista da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, a ponta vendedora vem conseguindo manter os seus animais nas fazendas devido à boa condição das pastagens e, com isso, também consegue aguardar melhores preços. Além disso, informa a FNP, a relativa sustentação dos preços do gado magro, devido à escassez da escassez de oferta desse produto, resultou em diminuição da paridade do poder de compra dos recriadores, fator que também influencia negativamente nas decisões de aquisição. Pelos dados da Scot Consultoria, em março, eram necessárias 7,89 @ de boi gordo para a compra de um bezerro desmamado de 6@) em SP, valor 8,4% acima da quantidade observada no mesmo período de 2017 (7,28 @/bezerro) e 1,3% maior que em fevereiro último (7,79 @/bezerro). Entretanto, na opinião de Isabella Camargo, da Scot, este ainda é um ano de oportunidades para o recriador e invernista, pois o preço para a reposição não está nos patamares observados no último ciclo de alta da pecuária de corte, em 2015/2016. “É possível iniciar a operação de recria ou engorda com o bolso menos pressionado, pois a compra de animais representa a maior parte do custo”, avalia a analista. Para o criador, apesar dos preços
menos favoráveis em relação a 2015-2016, o momento é de manter o investimento nas fazendas, se preparando para aproveitar o próximo ciclo de alta de preços. “Em 2017 tivemos incremento no abate de fêmeas, o que certamente afetará a oferta de bezerros em 2019, fato que pode dar sustentação às cotações para a cria em futuro próximo”, prevê. No curto prazo, ainda segundo Isabella, o mercado de reposição pode ganhar um pouco de ritmo, pois o volume de bezerros desmamados chega com maior intensidade nos próximos meses. A Informa Economics FNP lembra que, especialmente no Mato Grosso, a aproximação da entrada do primeiro giro de confinamento gera uma movimentação especulativa no mercado. Visão do Imea Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária, em março último foi possível obter 6,76 sacas de milho com a venda de uma arroba de boi gordo no Estado, enquanto que em fevereiro essa troca era de 7,86 sacas/@. De um mês para outro, houve, portanto, uma redução de 14% no poder de compra do pecuarista sobre o milho. Foi a pior relação de troca desde abril de 2017. “Apesar de a colheita da segunda safra trazer mais oferta ao mercado e uma histórica pressão sobre os preços do cereal, é importante que o pecuarista busque maneiras de mitigar os riscos da sua atividade”, alerta os analistas do Imea. Preços nas praças Dentro do movimento de poucos negócios realizados atualmente, no mês passado, os preços dos animais de reposição seguiram em baixa ou estáveis nas principais praças de comercialização do País. Na média de todas as categorias de machos e fêmeas anelorados pesquisadas pela Scot Consultoria, em 14 praças diferentes de comercialização do País, a variação mensal ficou negativa em 0,4%. Em São Paulo, com exceção da novilha (8,5@), que registrou avanço mensal de 2,5% no valor médio, para R$ 1.205, todas as demais categorias registraram baixa em março na comparação com fevereiro. O bezerro desmamado teve queda mensal de 0,6%, para R$ 1.157. O garrote (9,5@) atingiu preço médio de R$ 1.537, em São Paulo, com recuo de 1,1% sobre fevereiro. O boi magro (12@) teve desvalorização mensal de quase 2%, para R$ 1.912. n nnn
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R$ 1.375
R$ 1.792
R$ 1.157
com fevereiro
Cotação média do boi magro em Goiás, em março; retração mensal de 0,6%
Valor do bezerro desmame na praça de SP, em março; baixa de 0,6% sobre o mês anterior
Valor médio da novilha na praça baiana, no mês passado; estabilidade na comparação com fevereiro
nnn
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Preço médio do garrote em Tocantins, no último mês; queda de 1,1% na comparação
28 DBO abril 2018
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Produtores ou lucradores rurais?
Administrador de empresas, pecuarista e editor do informativo semanal “Carta Pecuária”, de Dourados, MS.
Q
uando pensamos na palavra “produtores”, pensamos em... Bom, parece prosaico, mas pensamos em “produção”! Pensamos em área de pasto, em arrobas, em quantidades, em curral, em altura de capim. Pensamos na conhecida correria diária para se resolver as coisas, muita estrada de terra, horas pensando no futuro e, até bem pouco antes da hora de dormir, em decidir um milhão de coisas. Tudo isso é essencial para uma fazenda produtiva e preparada para o futuro. Mas será que o negócio pecuário se resume apenas em produzir? Penso que é bem mais do que isso. Ao invés de produtores, que tal usarmos uma palavra para redefinir o que fazemos? Que tal lucradores rurais? É o termo que o especialista em marketing Miguel Cavalcanti gosta de usar. Você percebe a mudança no foco? Enquanto produtor remete à produção, muito bem-feita, por sinal, lucrador remete à margem, ao lucro, ao resultado global do que é feito. Esse resultado é a somatória durante o ano dos pequenos e persistentes esforços em todas as etapas do negócio pecuário. Etapas? Sim, a pecuária é feita em etapas. Tomadas à distância, são como pequenos negócios que possuem regras próprias. Conversam entre si, mas são independentes uns dos outros. A etapa mais conhecida e exaustivamente debatida é a produção. Nas conversas se diz, “Produza que o lucro virá!” É o que se espera de um negócio bem tocado. Com todo o respeito, será que vem mesmo? Veja, a produção é uma etapa importante. Só que a pecuária possui mais duas etapas. Elas ocorrem antes e depois da produção. Antes, vem a compra; depois, a venda. Compra e venda são etapas tão importantes quanto a produção. Deixe-me explicar. Uma pecuária de cria normalmente vende bezerros e vacas de descarte. Quase não compra nada. A mesma coisa ocorre para quem faz ciclo completo. Podemos dizer, então que é um negócio dividido em duas etapas, produção e venda. Já quem recria, normalmente compra um bezerro, e o deixa pouquíssimo tempo no pasto e logo já vende esse animal. Podemos dizer que o negócio é basicamente uma operação de compra e venda. Quem faz engorda, o chamado invernista, normalmente compra o gado, deixa os bichos nos pastos crescendo para depois jogar no confinamento. Ou joga direto no confinamento também. Depois deles prontos temos a venda. Esse sujeito possui um negócio com três etapas, certo? Compra, produção e venda.
30 DBO abril 2018
Veja, caro leitor, como são as coisas. Compra e venda é puro e simples comércio. A cria e o ciclo completo são atividades em que 50% do negócio é comércio. A recria é 100% comércio. A engorda é 66% comércio. No entanto, trago aqui uma reflexão. Pense comigo, onde gastamos a maior parte do nosso tempo? No comércio ou na produção? Seja franco. Você deve trabalhar umas doze horas por dia. Quantas horas gasta pensando na produção? Visitando eventos, fazendas, andando nos pastos, apartando gado, arrumando trator, buscando herbicida? Nesse mesmo dia, quantas horas você passa estudando o mercado, conhecendo novas técnicas de negociação, aprendendo sobre a Bolsa, sobre seguro de preços, lendo relatórios de mercado, analisando gráficos, puxando os seus custos de produção, calculando o valor do seu estoque, preocupando-se com os riscos dos preços de milho, da soja, do boi, do diesel? Penso que a pecuária está passando por um chamamento. Está passando por uma evolução que há tempos não se via. Agora, mais do que nunca, aprender a ganhar dinheiro no negócio não é uma coisa que virá naturalmente apenas comprando uma ração diferente ou adubando pastos. O chamamento é para quem quer ser lucrador rural. E ser lucrador rural é um chamamento para você comercializar melhor sua produção, caro leitor. O lucrador rural possui um pé no curral e outro no escritório. Entende que é necessário gastar tempo, uma boa parte dele, se reinventando e aprendendo sobre comércio. Aprender sobre comércio é chato: é o trabalho enfadonho da contabilidade e o aprendizado sobre o que isso significa, os centros de custo, as categorias de gastos. É o uso de ferramentas e conhecimentos de como se comprar bem um animal e depois vendê-lo bem gordo. É tratar a compra e a venda como algo distinto, não como um subproduto da produção. Comercialização de gado é puro timing. Janelas de boas compras e boas vendas aparecem em alguns momentos do ano, e esses momentos tendem a ser pequenos e tão importantes que fazem a diferença entre o lucro e o prejuízo do negócio. Mas só estão visíveis para quem entende os números financeiros do negócio. Acredito que está na hora de utilizar muito bem as três etapas do negócio. A compra. A produção. A venda. Então, como você se vê daqui a dez anos: um produtor rural ou um lucrador rural? n
mento de gordura 3 (3 a 6 mm) ou 4 (6 a 10 mm). Para as fêmeas, exige-se o mesmo grau de acabamento, mas elas podem ter até 4 dentes e pesar 13-16@ (novilhas leves) ou 16-24@ (novilhas gordas ou primíparas). A JBS decidiu abrir um pouco mais o leque dessa categoria animal, porque está ocorrendo um fenômeno interessante no mercado. “Para ter peças de carne premium no tamanho e peso adequados, nós incentivamos a produção de fêmeas cruzadas com 16@ ou mais, pagando por elas preço de boi mais bônus. No afã de obter esse prêmio, contudo, muitos produtores estão nos entregando animais excessivamente gordos”, diz Pedroso, mostrando, no celular, a foto de uma manta de charque, proveniente de uma fêmea ½ sangue Angus, que recebeu deságio de 60% na venda, porque estava fora do padrão. “Fazendo uma conta reversa, esse deságio sobre a ponta de agulha desvalorizou a apuração da carcaça casada em R$ 10/@. Uma novilha certificada nos deu esse prejuízo”, lamenta o diretor da JBS. Segundo ele, quando a “régua” da qualidade sobe, em sistemas intensivos profissionais, é normal que o rendimento caia. “Tenho me lembrado muito do Dr. Russel Cross, pesquisador norte-americano que esteve no Brasil em 2012”, relata Pedroso. “Ele me disse ter se sentido aqui em uma máquina do tempo, voltando aos Estados Unidos de 50 anos atrás, com a diferença de que nossas condições climáticas nos podeiam nos permitir (se tivéssemos foco) avançar 50 anos em cinco. É justamente esse o cenário. Começamos a ver, aqui, o mesmo choque entre quality grade (parâmetros de qualidade) e yield grade (rendimento) ocorrido tempos atrás nos Estados Unidos”, compara. “O que eles fizeram para resolver esse problema? Usaram raças europeias continentais para levantar o gado, diminuir a gordura e obter animais de composição mais equilibrada. Isso me deu um ‘click’ para desenvolver o protocolo multiraças da marca 1953”, informa o executivo. Aproveitamento da F1 A ampliação do leque de cruzamentos, segundo o diretor de originação da JBS, também permite aproveitar a aptidão materna das matrizes ½ sangue Nelore/Angus, que são extremamente férteis, podendo ser submetidas à inseminação em tempo fixo (IATF) aos 13-14 meses. “Durante a gestação, elas crescem e, após o parto, podem ser terminadas rapidamente em confinamento, fornecendo carcaças mais pesadas sem excesso de gordura. Essa primípara de até quatro dentes tem se mostrado fantástica para a indústria. Além disso, o pecuarista ainda pode obter um bezerro tricruzado de excelente qualidade”, argumenta Pedroso, sem esconder o entusiasmo com essa estratégia produtiva, que, segundo ele, pode aumentar bastante a rentabilidade do pecuarista brasileiro. Conforme cálculos de Daniel Carvalho, da Genex (antiga CRI Genética), é possível produzir até 52@ por vaca 1/2 sangue em 40 meses (duas crias), explorando os ganhos aditivos da heterose. “Isso oxigena um pouco as possibilidades de quem
Padrão de carcaça da marca 1953 Mínimo de 50% de genética taurina, sem cupim proeminente e orelhas típicas de zebu
Categorias aceitas Macho castrado Novilhas pesadas Novilhas leves
Idade
Acabamento
Peso
Gordura 3e4
16 a 24@
0 a 2 dentes 0 a 2 dentes
13 a 16@
Fonte: JBS
faz cruzamento industrial, independentemente da raça, se houver capricho na engorda. Nosso foco está no consumidor e na eficiência da cadeia produtiva”, diz Pedroso, fazendo questão de distinguir o protocolo multiraças recém-lançado da onda de cruzamentos aleatórios que trouxe crise ao setor, 20 anos atrás. “Naquela época, as carcaças não refletiam o potencial genético dos animais cruzados, porque eles eram criados em sistema extensivo, sem suplementação, passando fome. Por isso, não engordavam. Eram abatidos leves, sem cobertura adequada”, lembra o diretor da JBS. Pedroso faz questão de frisar que o protocolo da marca 1953 foi pensado para a pecuária profissional, não para a amadora ou especulativa. “Dizem que o paladar não retrocede; que após comer uma befe macio, saboroso, ninguém mais aceita um duro; então, se for assim, o mercado de carne premium tem muito para crescer”, diz. n
Critérios de premiação A base de premiação da marca I953 é o Sinal Verde do Programa Farol da Qualidade, protocolo-mãe da JBS. Quando se enquadra nessa faixa desejável (machos com 16-24@, gordura 3 e 4, até seis dentes definitivos), o animal já começa a ser bonificado. Novilhos zero dentes, por exemplo, com peso acima de 16@ e gordura 4, recebem R$ 6 a mais por arroba. Se forem castrados, já podem se candidatar às premiações extras do protocolo da marca 1953. Se tiverem 50% de sangue taurino e não apresentarem cupim proeminente, recebem mais um bônus, chegando ao prêmio máximo de R$ 13/@. Novilhas leves recebem bônus sobre o preço de vaca e fêmeas gordas, de até 4 dentes, sobre a arroba de boi.
Modelo de bonifação da nova grife Macho castrado de 16 a 24@ Novilha presada de 16 a 24@
Novilha leve de 13 a 16@
Na venda de balcão: @ de boi no dia + R$ 2 a R$ 6 do Farol Verde* + R$ 5 do Protocolo 1953
Na venda de balcão: @ de vaca no dia + R$ 2 a R$ 6 do Farol Verde + R$ 5 do Protocolo 1953
Potencial de prêmio no Balcão: R$ 11/@
Potencial de prêmio no Balcão: R$ 11
Nos contratos a termo: + R$ 2
Nos contratos a termo: + R$ 2
Potencial de prêmio a termo: R$ 13/@
Potencial de prêmio a termo: R$ 11/@
* Programa Farol da Qualidade, que classifica as carcaças nas plantas da JBS. OBS: Carcaças com gordura ausente ou excessiva perdem o prêmio e são penalizadas, não recebendo Sinal Verde. Tabela válida fazendas distantes até 300 km da unidade habilitada da JBS.
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Cadeia em Pauta
Novas fusões no setor de genética Genex (ex-CRI) e Alta Genetics se preparam para juntar as operações globais, tornando-se um dos grupos líderes no mundo
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A fusão da Genex com a Alta trará enormes ganhos de eficiência e de qualidade, permitindo o aprimoramento dos serviços oferecidos aos pecuaristas” Sérgio Saud, diretor da Genex
Denis Cardoso
xecutivo da Bayer de 1995 a 2010, Sérgio Saud, hoje à frente da subsidiária brasileira CRI Genética Brasil (que a partir deste ano passou a adotar o nome global Genex), de São Carlos (SP), acompanhou de perto o processo de concentração envolvendo o setor farmacêutico nas últimas décadas. Por isso, vê com naturalidade o início de uma nova onda de incorporações e fusões entre multinacionais do segmento genético, movimento que tem como protagonista o próprio grupo norte-americano Genex, um conglomerado de cooperativas que, em dezembro último, anunciou a intenção de se juntar globalmente à canadense Koepon Holding BV, detentora da Alta Genetics, cuja subsidiária brasileira está sediada em Uberaba (MG). Caso o negócio seja concretizado, a nova companhia, com sede em Wisconsin, EUA, se tornará um dos maiores grupos de genética do mundo, fortalecendo as suas operações com animais de corte e de leite. “Não será surpresa caso ocorram novas transações envolvendo outras empresas mundiais de genética”, avalia Saud, que também exerce o cargo de presidente da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). O executivo lembra que a própria Genex é resultado de uma fusão entre 15 pequenas cooperativas norte-americanas, que se uniram nos anos 1980 e 1990. Segundo ele, com o enorme avanço dos programas de avaliação genômica, aliado à complexidade dos sistemas convencionais de seleção por meio de DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie), todas as grandes centrais de genética se viram obrigadas a aumentar a eficiência das operações para amenizar o impacto da elevação dos gastos em pesquisas, gerenciamento de dados e tecnologias de alto desempenho, como é o caso da genômica. Na prática, diz Saud, é bem simples de entender as recentes transformações no processo de gestão e na estrutura financeira das multinacionais de genética. Hoje, com a genotipagem, é possível validar uma série de características genéticas de interesse econômico em bezerros de 6-7 meses de idade. Antes do surgimento das provas genômicas, demorava-se em torno de cinco anos para conseguir comprovar, por meio de suas progênies, a real capa-
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cidade genética de um raçador. Um animal submetido cedo ao mapeamento de seus genes é capaz de ingressar na bateria de uma grande central aos 15-16 meses. Com pouco mais de dois anos de idade, os seus filhos já nasceram. E os filhos desses garrotes são potenciais substitutos de seus pais, seguindo a premissa básica do melhoramento genético, de que a geração seguinte é melhor do que a imediatamente anterior. “Com isso, a vida útil de um touro dentro da bateria caiu de dez anos para algo em torno de 2,5 anos, o que obriga as empresas a melhorar a eficiência e a elevar os investimentos para acompanhar esse processo de substituição de raçadores”. A necessidade de gerenciar um rico e cada vez mais complexo banco de dados de animais gerado pela rápida inclusão de novas informações genômicas mexe com a estrutura de gestão e com o caixa financeiro das centrais. Por isso, diz o diretor da Genex, será muito bem-vinda a fusão com a Alta Genetics. “Teremos enormes ganhos de eficiência e de qualidade ao promovermos um trabalho conjunto de gerenciamento de um único banco de dados genéticos e de cruzamento de informações, possibilitando elevar os investimentos em pesquisas que resultem na descoberta de grandes touros e no aprimoramento dos serviços oferecidos aos produtores de leite e corte”, prevê. No entanto, embora a proposta da Genex e da Alta Genetics seja unificar os grupos, na prática as empresas continuariam a operar comercialmente no mercado com suas marcas próprias, como concorrentes, garante Saud. Ou seja, a união de esforços dos dois grupos não incluiria a parte comercial dos animais e de materiais genéticos (sêmen e embriões), tampouco os serviços de atendimento aos clientes. “A decisão por parte das matrizes é seguir o lema ‘dividir para conquistar’, obtendo assim vantagens por manter as particularidades de atuação de cada empresa”, r essalta. Sinergia comercial Para o mercado brasileiro, o processo de fusão das subsidiárias de São Carlos e de Uberaba resultaria em grande sinergia nas operações comerciais, no caso de futura unificação dos portfólios/baterias de touros (as empresas negam que isso venha a ocorrer, mesmo no longo prazo). A Alta Genetics é reconhecida no mercado de inseminação artificial pela sua consistente bateria de touros da raça Nelore. A Genex, por sua vez, apesar de ter investido recentemente em touros da raça zebuína, fez seu nome no Brasil graças à oferta de sêmen de touros Abeerden Angus provados nos Estados Unidos. O foco da Genex no trabalho com a raça taurina importada é tão grande que a subsidiária brasileira até hoje não investiu em uma unidade própria de alojamento de touros, preferindo buscar o trabalho terceirizado de coleta e processamento de sêmen de raças zebuínas. No entanto, a iminente fusão das empresas abre a possiblidade de uma ampliação de áreas próprias no Brasil para o alojamento de touros de ambas companhias. Em caso de necessidade, o investimento
Cadeia em Pauta em infraestrutura própria seria realizado sem dificuldade alguma, garante à DBO o diretor da Alta Genetics, Heverardo Rezende. “Sem pestanejar, podemos quadriplicar o número de baias reservadas para os touros em nossa central de Uberaba, dos atuais 300 piquetes para algo próximo de 1.200”, informa.
Podemos quadruplicar o número de baias reservadas para os touros” Heverardo Rezende de Carvalho, diretor da Alta Genetics
Mercado em e ebulição A conclusão do acordo de fusão entre a Genex e a Alta Genetics ainda depende de avaliações técnicas e financeiras e da aprovação da diretoria dos dois grupos – se tudo ocorrer como o planejado, a união será efetivada ainda no primeiro semestre deste ano, prevê Saud. Antes de circular a informação oficial sobre a união entre Genex e Alta, a também norte-americana Select Sires Inc., com escritório principal situado em Porto Alegre, RS, havia anunciado, em maio do ano passado, a compra da GenerVations Inc. e sua central de produção, a Sire Lodge Inc, ambas com forte presença na América do Norte. Outra empresa norte-americana, a ST Genetics, criada em 2015 (com filial no Brasil localizada em Indaiatuba, SP) e pertencente ao grupo Sexing Technologies (ST), líder mundial em sêmen sexado e produção de embriões, também vem adquirindo empresas de genética bovina. A mais recente
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ação nesse sentido foi a aquisição de uma participação majoritária na Cogent, operadora do maior grupo de touros do Reino Unido. Segundo Sérgio Saud, cerca de 25 empresas disputam o mercado brasileiro de produção e venda de sêmen bovino, avaliado hoje em R$ 500 milhões anuais (considerando a venda de 12 milhões de doses de sêmen do ano passado, além de botijões, entre outros materiais). “Trata-se de montante de faturamento ainda baixo, se comparado com outros segmentos da pecuária, como o farmacêutico, cuja receita anual ultrapassa os R$ 2 bilhões”, compara. Em muitos casos, essa disputa acirrada resulta em redução desenfreada nos preço do sêmen, espremendo as margens das centrais. Daí a importância, continua Saud, de se investir no aperfeiçoamento dos serviços em genética e no trabalho de fidelização do cliente. Nesse sentido, a Genex, antes mesmo de anunciar a fusão com a Alta Genetics, já havia decidido unificar sob uma mesma marca toda a comercialização de genética bovina da holding Cooperative Resources International (CRI). O nome Genex já vinha sendo adotado nos EUA e Canadá, mas os produtos eram distribuídos globalmente utilizando o nome da CRI. “A partir de agora o mercado brasileiro poderá assimilar também a identidade e valores dessa tradicion nal marca”, afirma Saud.
Cadeia em Pauta
Marca aceita animais tricross
Carne pode ter bom nível de marmoreio
JBS aposta na carne premium Empresa lança marca 1953 para supermercados, com protocolo multiraças e prêmio ao produtor de até R$ 13/@. Maristela Franco
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maristela@revistadbo.com.br
gradativa estratificação do mercado de carne premium, com base em padrões produtivos pré-determinados, está ganhando impulso também por iniciativa dos frigoríficos. A JBS deu um importante passo neste sentido em janeiro passado, com o lançamento da marca 1953, uma homenagem ao ano de fundação da empresa, que está comemorando 65 anos de existência. Em 2017, as vendas de carne premium da JBS cresceram 70%, atingindo mais de 1.000 t/mês. Esperam-se percentuais ainda maiores neste ano, pois a marca 1953 foi concebida para atender grandes redes varejistas, como Walmart e Pão de Açúcar. “Talvez a palavra nicho já não seja tão adequada, pois estamos saindo do cliente de caixas para o de carretas”, salienta Eduardo Pedroso, diretor de originação da JBS. Os abates iniciais são significativos para o segmento – 5.000 cabeças/mês. Eles estão sendo realizados em oito unidades: Campo Grande, no MS; Pontes e Lacerda, Barra do Garças, Diamantino e Juara, no MT; Vilhena, em RO; Marabá, no PA, e Iturama, em MG. Na pirâmide das marcas de carne da JBS, a 1953 foi posicionada em segundo lugar, abaixo apenas da Swift Black (nicho gourmet) e logo acima da Angus (para restaurantes). Na sequência, vêm a Maturatta, para churrasco; a Do Chef, destinada ao setor de food service; e a Reserva, criada para o Projeto Açougue Nota 10. Na base da pirâmide, se encontra a marca Fri-
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Rótulo remete à marca 1855, da Swift
boi (dia-a-dia). O portfólio da nova marca compreende, a princípio, 14 cortes do traseiro e do dianteiro – hoje disponíveis em 900 pontos de venda de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul –, mas o objetivo é comercializar 100% da carcaça com valor agregado, pois somente assim a equação da qualidade se mantém de pé, remunerando toda a cadeia. Para garantir o abastecimento da grife, a JBS está oferecendo prêmios ao produtor de até R$ 13/@ (veja tabela). A adesão é feita mediante contratos a termo, para que o frigorífico possa programar escalas e o produtor assumir, com segurança, os custos de produção. A grife 1953 é assumidamente “multiraças”. Pode ser abastecida por novilhas e machos castrados oriundos de diferentes cruzamentos, desde que tenham pelo menos 50% de sangue taurino e não apresentem cupim proeminente (máximo de 7 cm), nem orelhas típicas de zebu. A decisão de trabalhar com produtos tricross de raças zebuínas com sintéticas (Senepol, Bonsmara, Braford); britânicas (Angus, Hereford) e continentais (Charolês, Simental, Limousin, Blonde D’Áquitaine, dentre outras) foi tomada após realização de vários testes sensoriais (textura, sabor) e de maciez (força de cisalhamento). O trabalho, conduzido pelo professor Sérgio Pflanzer, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), registrou diferenças mínimas na qualidade da carne oriunda desses cruzamentos, o que possibilitou sua comercialização sob a mesma grife. Padrão de carcaça Apesar de aceitar vários tipos de cruzamento, a marca 1953 tem padrão de carcaça bem definido. Os machos, por exemplo, devem ser castrados no mínimo oito meses antes do abate. “Testes realizados pela Unicamp mostraram que cerca de 15% a 30% dos novilhos superprecoces apresentam carne dura ou com maciez intermediária, quando não passam pelo procedimento. Em função disso, decidimos subir a régua e restringir os machos inteiros no protocolo da marca 1953, como fizemos com a Swift Black”, informa Pedroso. Além de castrados, os machos devem ter no máximo dois dentes definitivos, pesar entre 16 e 24@ e apresentar acaba-
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Novo referencial de preços do boi Em fase de desenvolvimento, indicador do Grupo Pecuária Brasil (GPB) deve funcionar como termômetro para balizar negociações com os frigoríficos. Marina salles marina.salles@revistadbo.com.br
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oncebido há quatro anos para facilitar a troca de informações via internet entre pecuaristas da região de Bauru, SP, o GPB, então denominado Grupo Pecuária Bauru, adquiriu relevância nacional ao se espalhar por 150 cidades de 15 Estados e virou Grupo Pecuária Brasil. Hoje com 8.250 integrantes (1.250 do grupo pioneiro, conectado pelo aplicativo de mensagens Telegram, e 7.000 de grupos menores associados à rede), responsáveis pelo abate de 1,2 milhão de cabeças/ano, o GPB se prepara para lançar um referencial de preços para o boi gordo. Membro do Comitê Institucional do grupo, Rodolfo Endres Neto explica que a iniciativa vem para organizar e maximizar a troca de informações, que já acontecia via mensagens de texto. “O forte do GPB é a transparência e, para nós, tem muita credibilidade o que é informado ali por pecuaristas que vendem de 200 a 80.000 bois/ano”, diz. A ideia é criar um aplicativo (ao qual apenas os pecuaristas ligados ao GPB terão acesso) que permita alimentar um banco de dados para calcular as referências a partir de informações sobre as vendas dos animais fornecidas pelos membros do grupo, tais como local de negociação, tipo de animal comercializado (boi inteiro ou castrado, vaca ou novilha e respectivas faixas de peso), prazo de pagamento, valor da arroba (discriminado o prêmio, quando houver), data de embarque e abate, raça e tamanho dos lotes, entre outros itens. Endres Neto afirma que o informante terá a garantia do anonimato e que caberá a ele decidir especificar ou não para qual frigorífico a boiada foi entregue. Com base nos dados informados, serão gerados relatórios diários com o resultado das negociações realizadas nas principais praças do País. A metodologia para formação do indicador será definida pelo Comitê Institucional, do qual participam 31 integrantes nomeados pelo presidente do GPB, Oswaldo Furlan Filho, atuantes na pecuária e em outros segmentos, com apoio da Associação Nacional de Pecuária Intensiva (Assocon). Alberto Pessina, presidente do Conselho de Administração da Assocon, afirma que o objetivo é obter dados mais representativos da realidade dos produtores que operam diariamente no mercado. Na opinião de Endres Neto, o indicador Cepea/Esalq, usado pelos pecuaristas com essa finalidade, não serve como referência para negociações de balcão. “Serve apenas como nossa base para liquidação de contratos na Bolsa, embora precise ser reformulado” – a B3, res-
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ponsável pelo índice, está desenvolvendo um novo indicador em parceria com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo e o Instituto de Economia Agrícola, o IEA (veja reportagem na edição de março da DBO). Endres Neto esclarece que, com o indicador do GPB, os produtores querem apenas uma referência adicional para balizar seus negócios. “Não queremos travar preço na Bolsa, não temos essa ambição, nem mesmo ter um índice auditado, este não é nosso objetivo. Mas eu quero saber quanto o frigorífico está pagando por um boi de qualidade na minha região, porque, se ele me oferecer menos, eu posso querer não vender”, argumenta. Reação em cadeia Durante evento sobre confinamento realizado em Ribeirão Preto, SP (leia à página 48), Maurício Palma Nogueira, coordenador de Pecuária da Agroconsult, elogiou a iniciativa do GPB: “É louvável. Acho que esses produtores merecem apoio porque, hoje, os negócios que formam o indicador do Cepea não representam o mercado do dia. Você tem uma concentração que exclui quem não tem escala”, diz, reforçando que é de responsabilidade da B3 rever o índice Cepea/Esalq. Lygia Pimentel, diretora da Agrifatto, que também participou do evento, se mostrou otimista sobre a repercussão que o indicador pode ter. “Você não vai impor preço para o comprador, mas se o índice tiver metodologia, for bem colocado, tiver uma amostragem relevante e houver interesse da contraparte, eu acredito, sim, que ele pode encontrar espaço para ser usado na negociação. E eu acho difícil ser algo manipulado, que fique fora da realidade”, afirma. Consultados pela reportagem, os frigoríficos JBS e Minerva não se pronunciaram. O Frigol informou em nota que toda iniciativa para melhorar e profissionalizar a cadeia da carne bovina é bem-vinda, desde que tenha metodologia técnica bem definida, transparente, isenta e perene, e que a base de dados contemple vários perfis de pecuaristas e indústrias. Maurício Manduca, gerente de Compra de Gado da Marfrig, pontuou que o uso de banco de dados para referenciação do valor da arroba em diferentes regiões já é uma prática comum, hoje realizada por diversas consultorias. “A possível criação de uma referência pelo GPB seria de grande valia, pois permitiria ao mercado ter mais um fonte para consulta.”
CRA paulista ainda está no papel Secretarias discutem como funcionarão as cotas de reser va ambiental que permitirão resolver passivos florestais Moacir José
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moacir@revistadbo.com.br
expectativa era de que durante o simpósio “Ativos Ambientais” – ocorrido na manhã do dia 16 de março, no prédio da Secretaria de Agricultura de São Paulo, no centro da capital paulista – o governo do Estado apresentasse sua proposta de funcionamento das CRAs – cotas de reserva ambiental. O evento, que teve a presença de mais de 200 pessoas, no entanto, apenas discutiu alguns pontos que envolvem a negociação desses papéis – documentos que permitirão a quem tem passivo ambiental pagar em dinheiro o direito de se legalizar, por meio da conservação de área de quem tem excedente ambiental, conceitos definidos no Código Florestal brasileiro e que dizem respeito especialmente a áreas de reserva legal e de proteção permanente (APPs). Um dos pontos cruciais dessa questão é justamente o conceito de “identidade ecológica”, introduzido pelo julgamento de ações diretas de inconstitucionalidade feito pelo Supremo Tribunal Federal, no último dia 28 de fevereiro. É a esse conceito que está condicionada a efetivação da compensação ambiental que os produtores deficitários poderão fazer em regiões que não sejam próximas às de suas propriedades.
Como está o passivo florestal em SP Em ha < = 15 15 – 30 30 - 60 60 - 120 120 - 240 240 – 500 > 500 mesorregiões microrregiões municípios
Total = 363.746 ha Mapeamento de áreas feito pelo Sistema Radam – definição feita por radar, com conferência de imagens feita a campo. Fonte: Departamento de Solos e Nutrição de Plantas da Esalq/USP.
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Fotos: Moacir José
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Cerca de 200 pessoas se reuniram para definir os critérios a serem adotados na regularização ambiental
Até o julgamento, o conceito que existia era o de “mesmo bioma”. Ou seja, quem desmatou além do permitido depois de 22 de julho de 2008 poderia compensar essa área não necessariamente com reconstituição florestal em sua propriedade, mas com o excedente de quem preservou, em área equivalente. Um produtor do cerrado, por exemplo, poderia, então, fazer essa compensação numa área de outro produtor do cerrado, independentemente da distância entre essas áreas. Para João Adrien, diretor executivo da Sociedade Rural Brasileira que fez apresentação no evento, o conceito de identidade ecológica não existe tecnicamente e precisa ser definido, sem o que será um risco para os produtores fazer qualquer negócio antes de isso ser esclarecido. “Não há prazo para a publicação do acórdão do julgamento do STF. Só após essa publicação é que poderemos entrar com ações de embargos de declaração [questionamento sobre situações supostamente conflitantes dentro de uma mesma decisão]. Na melhor das hipóteses, isso pode ser publicado dentro de quatro ou cinco meses. E, sem isso, acho muito arriscado negociar as CRAs”, diz o executivo da SRB. Isso significa dizer que, antes dessa definição, não se pode garantir que o produtor que tem excedente no Cerrado tenha a “mesma identidade ecológica” que o produtor deficitário que está no mesmo bioma e que, até agora, poderia estar a quilômetros de distância do primeiro. Ressalvas Essa é uma situação da qual discorda Helena Carrascosa, coordenadora de projetos da Secretaria de Meio Ambiente paulista e responsável pelo programa “Nascentes”, que já recuperou 7.000 hectares de áreas desmatadas no Estado. “A compensação é boa, mas ela tem de atender a duas funções – econômica e ecológica – e esta última não seria atendida se se mantivesse o conceito de bioma”, ressalva Helena, explicando que a função ecológica implica a conservação de bacias hidrográficas, a manutenção da biodiversidade de culturas, a preservação de corredores de vegetação, a proteção do solo, o abrigo para a fauna. “A compensação só faz sentido se for entregue o serviço ambiental que atenda à necessidade de recomposição com essas características, que favoreça a mesma região.” Para isso, lembra, é preciso planejar quais áreas serão beneficiadas. Pertencer à mesma bacia hidrográfica, por exemplo, seria uma boa referência. Outro ponto por ela levantado é
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Precisamos de um sistema que tenha custo baixo, pois a ideia não é punir o produtor” Helena Carrascosa Coordenadora de Projetos da Secretaria de Meio Ambiente de SP
a defesa de um mecanismo de negociação que coloque em contato direto “compradores” e “vendedores”, sem intermediação, algo que pode ser montado a partir de plataformas na internet. “As CRAs também demandarão recursos, pois precisam ter um lastro, dinheiro para manter essas áreas preservadas”, aponta. Helena também lembra que a compensação não é a única alternativa à recuperação de áreas. “Precisamos de um sistema que tenha um custo baixo – porque a ideia da reserva legal não é a de punir o produtor –, que seja rápido e, de preferência, que também o oriente a como fazer a restauração de áreas”, preconiza. Segundo ela, há modelos de implantação que são competitivos economicamente – por exemplo, o de espécies nativas –, que poderiam viabilizar não só a compensação de área deficitária, como transformar uma fazenda em superavitária em reserva legal. “São Paulo tem cerca de 1,5 milhão de hectares de pastos degradados, onde a pecuária tem produção marginal. Metade disso pode ser reformada e a produção por área ser dobrada e a outra metade pode virar floresta, gerando receita para o pecuarista”, exemplifica ela. A ideia de que compensar áreas de reserva legal fora dos Estados é complicada é compartilhada pelo secretário-adjunto de Agricultura do Estado, Rubens Rizek Júnior, que também concorda em que a cédula rural am-
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biental não pode ser algo caro para o produtor. Como se dará a valoração desses papéis também é algo em aberto. Por exemplo: como equiparar o valor de 1 hectare de área preservada na região de Ourinhos (sudoeste do Estado), onde a terra é mais cara (R$ 20.000, pastagem, 1,5 UA/ha, segundo o Índice de Terras da Informa Economics FNP), com outro na região de Duartina (centro-oeste do Estado), onde ela é mais barata (R$ 14.000, pastagem, área não mecanizada)? “É preciso fazer um arranjo, pois a recuperação em Duartina é algo prioritário. Se for o caso, podemos pensar até em algum subsídio”, diz o secretário, sem citar as cifras que seriam envolvidas. Ele estima que, em todo o Estado, poderão ser negociadas 300.000 cotas em CRAs, cada cota correspondendo a 1 hectare. Qualquer que seja o valor, no entanto, Rizek está otimista em relação à entrada em funcionamento do Programa de Regularização Ambiental de São Paulo, que ficou parado por força de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade movida pelo Ministério Público Estadual. Ele espera que o Tribunal de Justiça paulista julgue a ação antes de 31 de maio – prazo final para a inscrição dos produtores no Cadastro Ambiental Rural – e que o PRA paulista possa funcionar a partir de junho. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente, São Paulo contabiliza uma adesão de praticamente 100% das 329 mil propriedades rurais ao CAR. n
Cadeia em Pauta
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oi inaugurado no dia 7 de março em Campo Grande, MS, o Centro de Excelência em Bovinocultura de Corte. A estrutura, que ocupa 3 hectares (área construída de 1.950 m2) cedidos em comodato – uma parceria de longo prazo, segundo fonte graduada da Embrapa – pela Embrapa Gado de Corte à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), foi erguida para capacitar mão de obra técnica e desenvolver pesquisas na atividade. Sua administração ficará a cargo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do MS (Senar-MS). A fonte não informou, porém, o prazo do comodato e condições de renovação do acordo. Este é o segundo centro de excelência entregue pela CNA. O primeiro foi o de Fruticultura, em 23 de outubro do ano passado, em Juazeiro, BA. Outras cadeias produtivas do agronegócio brasileiro também serão comtempladas, como é o caso do café, da cana, do leite e da soja. De acordo com a assessoria do Senar-MS, a unidade custou R$ 9,5 milhões e estará selecionando pessoal técnico e de apoio até o final deste mês de abril, boa parte dos quais deverá vir do corpo de instrutores do próprio Senar. Entre maio e junho está prevista a seleção dos alunos para as primeiras turmas do curso de Especialização Técnica em Bovinocultura de Corte, com carga total de 1.760 horas/aula, com início estimado para o segundo
Santos pode proibir transporte de carga viva Após o episódio controverso do embarque de 25.000 cabeças de gado pelo Porto de Santos com destino à Turquia, um projeto de lei (PL), de autoria do vereador Benedito Furtado (PSB), aprovado na Câmara Municipal de Santos, SP, pode proibir o transporte de carga viva na área urbana do município. O texto, votado em 26 de março, ainda carecia do aval 44 DBO abril 2018
Ariosto mesquita
Novo centro de pesquisa e capacitação
Terreno onde foi construído o centro foi cedido em comodato pela Embrapa Gado de Corte à CNA
semestre deste ano. O pré-requisito é que o candidato tenha ensino médio completo. A grade do curso prevê que o especialista técnico em Bovinocultura de Corte saia habilitado para atuar em empresas de consultoria, propriedades rurais, agroindústrias, instituições de assistência técnica, em atividades de pesquisa, cooperativas e em outros segmentos da cadeia produtiva da carne. Serão quatro turmas semestrais, com até 32 alunos por turma. A estrutura também será utilizada para as aulas do curso Técnico em Agronegócio, já oferecido pelo Senar. O Centro de Bovinocultura conta com sete blocos que abrigam salas de aula, laboratórios didáticos, de informática, área de convivência e setores administrativos. Contato com o Senar-MS: tel. (67) 3320-6998. do prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) para ser sancionado, sendo de 30 dias o prazo máximo para análise da proposta. Se aprovado, o PL tornará inviável a exportação de gado vivo pelo terminal. Entidades do setor, como a Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), solicitaram ao prefeito Barbosa que vete o projeto, que, segundo a entidade, não foi objeto de consulta técnica prévia, e pode trazer sérios prejuízos à pecuária.
Cadeia em Pauta Ministério centraliza fiscalização de frigoríficos
Panamá adere ao PMGZ Internacional
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou uma portaria, no mês de março, mudando o esquema de auditoria do serviço de fiscalização sanitária nos frigoríficos. Esse trabalho, antes a cargo das superintendências estaduais de agricultura, agora ficará sob controle do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), em Brasília, DF. Na prática, isso significa que a responsabilidade pelas auditorias passará a ser federal. A medida foi tomada em resposta à Operação Carne Fraca, deflagrada em 17 de março do ano passado, e que identificou esquemas de corrupção envolvendo frigoríficos e superintendências estaduais, sujeitas a indicações políticas e, consequentemente, a ingências sobre as decisões de fiscalização das indústrias frigoríficas. Dentro do novo modelo, será lançado um canal para recebimento de reclamações e eventuais denúncias. De acordo com Maggi, o governo estuda agora editar uma medida provisória ou elaborar um projeto de lei para modernizar o sistema de inspeção federal.
Convênio assinado entre a Associação de Criadores de Zebu do Panamá (Cricepa) e a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) selou o início da implementação do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) Internacional no País. O presidente da ABCZ, Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, tem grandes expectativas com a iniciativa e a importância de se dar sequência ao processo em etapas: “A forma como o registro dos animais é feito naquele País é diferente da nossa e existem outros pontos que precisam ser alinhados, mas, com certeza, será um trabalho que trará bons resultados”, diz. O próximo passo será dado durante a ExpoZebu 2018, quando uma comitiva panamenha desembarcará no Brasil para acompanhar a feira e conhecer mais de perto o trabalho da associação. O PMGZ Internacional foi lançado em maio de 2017, durante a 83ª ExpoZebu. O Panamá é o terceiro País a aderir ao programa. As outras duas entidades parceiras são a Associação Boliviana de Criadores de Zebu (Asocebu) e a Câmara Nicaraguense de Criadores.
Arábia saudita quer comprar gado vivo Uma missão da Arábia Saudita virá ao Brasil na primeira semana de maio para negociar a abertura do mercado de gado vivo. Segundo a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, nunca houve exportação direta de gado em pé para o país – eventualmente animais brasileiros chegam à Arábia Saudita, porém via exportação triangulada por outros países. A possibilidade foi colocada em pauta durante visita da comitiva brasileira, liderada por Eumar Novacki, secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e
46 DBO abril 2018
Abastecimento, que teve por objetivo discutir o abate Halal de frangos com autoridades sauditas, num encontro que ocorreu entre os dias 22 e 27 de março. O governo brasileiro tenta reverter a decisão daquele país de exigir mudanças no abate de frangos cuja carne é destinada ao seu mercado. Em 2017, as exportações de gado em pé para os países do árabes somaram US$ 129,4 milhões, quase a metade do total exportado pelo Brasil ano passado (US$ 269,3 milhões) . Os principais destinos foram Iraque, com US$ 39,4 milhões, seguido pelo Líbano (US$ 31,8 milhões), Egito (US$ 28,9 milhões) e Jordânia (US$ 27,4 milhões).
Eventos
É ano de apostar no confinamento? Em evento realizado em Ribeirão Preto, SP, analistas discutem panorama com eleições presidenciais próximas, de olho nos preços do boi magro e do milho.
O evento tratou de temas de mercado, gestão e manejo.
Marina salles
O
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marina.salles@revistadbo.com.br
13° Encontro de Confinamento da Coan Consultoria, realizado em Ribeirão Preto, SP, entre 14 e 16 de março, forneceu aos pecuaristas as primeiras pistas de como a atividade pode se comportar em 2018. Durante três dias, 546 produtores, técnicos e especialistas de mercado analisaram os parâmetros que norteiam o setor: boi magro, grãos e preço da arroba, além de técnicas de gestão. Após um 2017 de muitos reveses para a pecuária e decisões tardias sobre a engorda no cocho, o confinador recebeu uma boa notícia: o cenário de preços da arroba deverá ser mais equilibrado no segundo trimestre de 2018 e a relação de troca boi magro/boi gordo mais favorável, o que pode ajudar a sustentar as margens do confinamento, ainda que o milho esteja caro e haja preocupação quanto aos rumos da economia, em um ano de eleição presidencial. Continuam de pé as projeções da Associação Nacional de Pecuária Intensiva (Assocon) de que o País confinará 3,8 milhões de animais em 2018. Segundo Adolfo Fontes, analista sênior do Rabobank, que abriu as discussões do evento, a produção nacional de carne deverá aumentar 5% neste ano, impulsionada pela inversão do ciclo pecuário (que desvalorizou o bezerro e impulsionou o abate de fêmeas). Fontes explicou que isso pode ser equalizado, limitando pressões de alta e baixa
no preço da arroba, se as exportações tiverem incremento mínimo de 200.000 toneladas e o mercado interno elevar o consumo de carne bovina em 1 ou 2 kg por habitante/ ano. Esse cenário é considerado factível, já que o brasileiro consumiu 200 gramas a mais do produto em 2017, em comparação com 2016, apesar de o PIB ter crescido apenas 1%. “Para este ano, a perspectiva é mais otimista e a expectativa é de que o PIB cresça 3%”, disse. Olhando para a arroba, que, em fevereiro, estava estacionada em R$ 145, e cotada a R$ 150 no mercado futuro, Fontes pontuou que, até outubro, o que se espera é somente uma correção do valor pela inflação. “Se isso é bom ou ruim para o pecuarista, vai depender do dinheiro que ele está colocando no bolso, ou seja, da sua margem”, afirma. Mais confiante, Lygia Pimentel, diretora da consultoria Agrifatto, de Bebedouro, SP, lembrou que, em anos de eleição, o dinheiro injetado na economia com as campanhas eleitorais tende a estimular a contratação temporária de pessoas e incrementar a renda da população, o que pode aumentar a demanda por carne bovina e provocar uma valorização do boi gordo. Na média das últimas quatro eleições presidenciais, entre os meses de abril e outubro, quando se dá a votação em primeiro turno, o preço da arroba subiu 21,48%. Em 2014, a variação foi mais tímida, de 7,65%. Reposição barata e milho caro Na opinião de Adolfo Fontes, do Rabobank, a relação de troca boi gordo/bezerro ou boi magro iniciou 2018 “em patamar excelente”, e “dos melhores da série histórica recente” (veja gráfico na página ao lado), o que torna a arroba a R$ 150, para contratos com vencimento em outubro, lucrativa. Em fevereiro, com a venda de um boi de 17@ no Mato Grosso do Sul, o produtor podia comprar 2,15 bezerros, segundo o indicador do Cepea. Um ano antes, a relação de troca era de 2 x 1. Também em fevereiro, segundo levantamento da Scot Consultoria, eram necessárias 13,06@ de boi gordo para comprar um animal de 12@, em São Paulo, 1,7% a mais do que em igual período do ano passado, mas, ainda assim, o boi magro está bem mais barato do que em 2015 e 2016, anos de reposição difícil. Já o milho subiu um pouco. Em 2017, com safra recorde, esse grão foi vendido à média de R$ 12,65 no Mato Grosso, segundo dados do Cepea, o que beneficiou o segundo giro do confinamento. Para este ano, o Rabobank projeta uma safrinha menor e provável recuperação da co-
Relação de troca boi gordo/bezerro
tação. “Acreditamos que o preço do milho fique entre R$ 33 e R$ 35/saca (em Paranaguá, PR), o que pode afetar as contas do confinador, embora a expectativa seja de saldo positivo no balanço geral da atividade”, diz Fontes. Diego Palucci, gerente de Negócios Corte do Rehagro, salien-
tou a importância do planejamento. “Quem antecipou as compras de milho e farelo de soja em 2017 terá um custo alimentar entre 20% e 30% mais baixo do que aqueles que estão comprando agora.” Travas de preço Somando o confinamento com a chamada terminação intensiva a pasto (TIP), o País deve engordar de 5,2 milhões a 5,3 milhões de cabeças, 6% a mais do que em 2017. A estimativa é de Maurício Palma Nogueira, da Agroconsult, com base em dados do Rally da Pecuária. Otimista, mas cauteloso, Nogueira disse que o cenário para 2018 não é ruim, embora incerto. “O produtor terá de ficar atento à diferença entre o preço de venda do boi gordo e seus custos variáveis. Este é um ano que tende a dar resultados e, por isso, eu não desaceleraria. Entretanto, com as eleições, a Operação Carne Fraca II e as delações, é bom lembrar da gestão de risco”, alertou. Lygia Pimentel apresentou aos pecuaristas várias alternativas para travamento de preços. Se a arroba subir mais perto da corrida eleitoral, entre junho e outubro, ela recomendou aos que têm controle de custo trabalhar com o mercado de opções, modalidade de venda a futuro que garante preços pré-fixados, mediante pagamento de um prêmio. “Neste ano, a opção se faz interessante, porque permite ao produtor aproveitar eventuais altas da arroba”, disse Lygia. Com a margem possivelmente estreita, o confinador precisará afinar não somente a comercialização da boiada, mas também a gestão da fazenda.
Bem-estar animal na pauta do dia Palestrante frequente nos encontros de confinamento da Coan, Mateus Paranhos, coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Etologia e Ecologia Animal (Etco), de Jaboticabal, SP, reforçou o argumento de que investir no bem-estar dos animais dá lucro. Um experimento realizado na Fazenda Fartura, em Campo Verde, MT, com diferentes lotações por piquete no confinamento, mostrou que o espaço disponível por indivíduo influencia no ganho de peso. A diferença de desempenho entre o lote menos adensado (80 animais em 24 m²/cabeça) e o mais adensado (240 cabeças em 6 m²/animal) foi de 16,3%. Neste último, ocorreram mais problemas de sodomia (monta), além de 17% mais casos de bronquite e 3% mais casos de enfisema pulmonar, detectado por inspeção sanitária post mortem.
“Fica mais caro construir piquetes maiores? Sim, mas há que se avaliar o custo-benefício”, diz. Segundo o proprietário da Fazenda Fartura, no ano passado, 36% dos animais mantidos sob alta lotação não atingiram a meta de ganho de peso da propriedade (1,6 kg), ante 19% entre os que tinham mais espaço nas baias. Paranhos também mencionou uma pesquisa sobre conforto térmico, conduzida na Fazenda Talismã, em Rondonópolis, MT. Na mesma baia, foram feitas medições de temperatura do solo a pleno sol (43,6°C) e na sombra (30,7°C), no mesmo horário, constatando-se uma diferença de quase 13°C. Resultados preliminares mostram queda de desempenho dos animais que ficaram ao sol, tanto no ganho médio de peso (1,45 kg/dia versus 1,53 kg/dia do grupo que teve acesso à sombra) quanto
no período necessário para terminação (101 dias versus 93, respectivamente). O último trabalho apresentado por Paranhos foi realizado na Fazenda Itapajé, também em Rondonópolis, com dois grupos de bovinos, um que passou por pré-adaptação antes da dieta do confinamento por 20 dias e outro que entrou direto nas instalações. Durante o primeiro mês de engorda, enquanto o grupo pré-adaptado ganhou, em média, 2,13 kg/cabeça/dia, o segundo engordou 1,93 kg, abrindo-se, mais tarde, uma distância maior entre eles até o abate. Após apresentar esses resultados, Mateus Paranhos lançou uma pergunta aos confinadores: “Vocês se importam com o bem-estar de seus animais? Acredito que sim. Eu também me importo. Essa responsabilidade é de todos nós”.
O bem-estar animal, além do mais, dá resultado financeiro” Mateus Paranhos, do Grupo Etco
DBO abril 2018 49
Eventos Gestão do fluxo de caixa O segundo dia do evento foi dedicado justamente a esse tema e às boas práticas de manejo. O consultor André Melo, da empresa Mercado do Agronegócio, falou sobre a importância de se casar a gestão do fluxo de caixa com o calendário da fazenda. “Como o ciclo produtivo e o ciclo financeiro nem sempre caminham juntos, o pecuarista precisa saber de quanto capital precisa e quando”, disse. Melo listou alguns passos simples para identificar déficit nas contas ao longo do ano e planejar a gestão do caixa. O primeiro passo é discriminar os gastos fixos, a fim de identificar qual montante de dinheiro será necessário para manter a fazenda funcionando e poder organizar a compra de animais e insumos, todos itens formadores do fluxo mensal de saída de recursos. Após o cálculo da receita com venda de gado gordo, deve-se mensurar o faturamento mensal do confinamento, para confrontá-lo com as despesas e fazer um balanço do caixa, calculando o capital de giro (reserva de dinheiro) necessário para suprir os períodos de “desencaixe” (sem receita suficiente). Um maneira de otimizar o fluxo de caixa é escalonar os abates. “Gosto de citar como exemplo um confinamento que assessoro em Passos MG, que concentrava os abates e tinha muitos problemas, porque precisava desembolsar grande quantidade de dinheiro de uma vez, na compra de animais, e levava 140 dias (quase cinco meses) para
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obter receita. Enquanto isso, as contas não paravam de chegar”, relatou Melo. Para eliminar esse desequilíbrio, Melo levantou as despesas fixas da fazenda e concluiu que elas poderiam ser pagas com a venda de dez bois gordos/mês. Para facilitar a logística operacional, o proprietário passou a entregar, religiosamente, ao frigorífico 18 animais/mês (lotação de um caminhão). O capital de giro ficou disponível para despesas maiores, como a compra de gado, e oportunidades de negócio. Melo sugere que a quantidade de animais abatidos por uma fazenda, num espaço curto de tempo, não supere 40% do total, e que se escolha o momento ideal para comprar o boi magro e vender o boi gordo em cada região. “Nossa estratégia de reposição, para essa fazenda em Minas, agora no primeiro semestre, está bem parecida com a de 2017. Com a relação de troca boi gordo/boi magro favorável, devemos fazer giros mais curtos e confinar animais mais pesados, que passem menos tempo no cocho”, afirma. A ideia é fazer o dinheiro voltar mais rápido para o caixa da propriedade. “Não vejo 2018 como um ano de preços voláteis, por isso, uma boa estratégia pode ser garantir o mínimo e ter receitas recorrentes ao longo dos meses”, acrescenta. Também foram abordados temas relacionados com produtividade nos confinamentos, sistemas integrados e problemas sanitários. n
Em ano de incertezas, o melhor é garantir a margem” André Melo, do Mercado do Agronegócio
Pesquisa
Programação fetal em zebuínos ainda é incógnita Arquivo DBO
Ao contrário dos taurinos, bezerros de vacas com sangue Zebu suplementadas durante a gestação não apresentam desempenho diferenciado.
Serão necessárias mais pesquisas para compreender por que o zebu responde menos à programação fetal
O
denis cardoso
Curso Novos Enfoques na Produção e Reprodução de Bovinos, promovido pela Consultoria Agropecuária Júnior (Conapec – Unesp/Botucatu, SP), é tradicionalmente conhecido por receber palestrantes das principais universidades da América do Norte, especialmente dos Estados Unidos. São professores-pesquisadores altamente engajados com temas atuais da pecuária de corte e de leite, dando ênfase às áreas de genética e nutrição, com estudos práticos de campo que mostram a importância dessas duas combinações para a melhoria dos resultados produtivos nas fazendas. A despeito, porém, da experiência dos ilustres convidados internacionais, um estudo apresentado por um jovem brasileiro se destacou na edição deste ano, realizada entre os dias 22 e 23 de março, em Uberlândia (MG), com mais de 1.700 participantes. Foi uma pesquisa desenvolvida por Philipe Moriel, ex-aluno de José Luiz Moraes Vasconcelos (o professor Zequinha), da Unesp de Botucatu, SP, e coor-
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denador do Novos Enfoques. Graduado pela Unesp em 2008, Moriel é atualmente professor assistente na University of Florida e apresentou uma palestra intitulada “O que sabemos sobre programação fetal e impressão metabólica em bovinos de corte com influência zebuína?”. Normalmente, trabalhos envolvendo o manejo pré-parto (programação fetal) das matrizes são complexos, mas não é necessário esmiuçar todo o estudo de Moriel para entender o recado principal de sua pesquisa. Segundo ele, um programa nutricional bem-sucedido em vacas gestantes Bos taurus (subespécie predominante na América do Norte), visando ganhos de desempenho em bezerros, pode gerar resultados inconclusivos ou até mesmo nulos, caso esse mesmo trabalho seja replicado em matrizes com um mínimo de genética Bos indicus, predominante no rebanho brasileiro. Logo de início, Moriel fez questão de ressaltar que inúmeros projetos realizados nos EUA comprovaram que a suplementação proteica em vacas taurinas gestantes traz resultados altamente benéficos para os bezerros. “São trabalhos que mostram ganhos consistentes, como maior ganho de peso à desmama, melhor rendimento de carcaça e elevação no grau de marmoreio”, exemplificou. A pesquisa Moriel lembrou que, na Flórida, onde foi realizado o estudo em questão, as condições climáticas e de pastagens são bastante similares às do Brasil Central e a maior parte do rebanho de gado cruzado de corte no Estado norte-americano possui algo de sangue Zebu, embora predomine nos animais a genética taurina (da raça Brangus, especialmente). Com base nessa premissa, a pesquisa envolveu, primeiramente, 140 vacas Brangus. Para ganhar mais força estatística, esse mesmo estudo, iniciado na última estação de monta, ainda será repetido por mais dois anos, perfazendo um total 420 fêmeas gestantes. Segundo o professor, as matrizes que participaram dessa primeira experiência possuem até 1/8 de Brahman, ou seja, um grau mínimo de genética zebuína, mas suficiente para incorporar a rusticidade e tolerância ao calor da região (principais características de Bos indicus).
Pesquisa Estudo com suplementação proteica em vacas Brangus na Flórida (EUA) e os principais resultados alcançados com os bezerros no período de nascimento e pós-parto Sem suplementação até a parição
Com suplementação Dia 0 a 84 (1kg/dia)
Com suplementação Dia 0 a 45 (2 kg/dia)
Parição (% do total)
93,7
90,1
88,8
Peso do bezerro ao parto (Kg)
34,1
34,7
36,0
Manejo das vacas
Ganho de peso médio do bezerro após o nascimento (kg/dia) Até o início da estação de monta (140 dias após o nascimento)
0,84
0,90
0,71
0,77
0,89
192 após o nascimento
(avaliação até a
0,72
primeira quinzena de março)
Fonte: University of Florida/Estudo professor Philipe Moriel.
Melhor desempenho do bezerro seria a cereja do bolo’”. Philipe Moriel, Professor assistente na Universidade da Flórida
“O estudo mostrou que bastou essa pequena influência da raça Brahman na genética das vacas gestantes para alterar os resultados de desempenho dos bezerros em relação aos trabalhos com manejo nutricional pré-parto realizados em vacas taurinas puras”, comparou. As matrizes do estudo foram divididas em dois grupos, além do lote controle, que não recebeu suplementação proteica. Foram aplicados dois modelos distintos de manejo nutricional durante o terço final da gestação (6 a 9 meses), o que resultou na mesma quantidade de fornecimento de suplementos ao final do tratamento para ambos os grupos. Um lote de vacas recebeu um trato mais “diluído”, ou seja, foram alimentadas por mais tempo, com fornecimento de 1 kg ao longo de 84 dias, e o outro teve acesso a uma suplementação mais “concentrada” – 2 kg de ração nos primeiros 45 dias. Resultados O resultado final do experimento mostrou que, tanto os bezerros nascidos de vacas do grupo com 84 dias de trato quanto os animais gerados pelas matrizes suplementadas por 45 dias registraram praticamente o mesmo peso ao nascimento, sem diferença estatística em relação ao grupo controle – entre 34 kg e 36 kg (veja tabela acima). “O seja, não foi registrada diferença alguma no desempenho dos bezerros ao nascimento”, ressaltou Moriel, lembrando que as vacas do experimento iniciaram a fase de parição em janeiro último. Os bezerros também foram avaliados em dois outros períodos, aos 140 e os 190 dias pós-nascimento, no início da estação de monta das mães,
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em janeiro. Mais uma vez, o ganho de peso diário dos animais foi similar ao do grupo controle. “Pelo que vimos até meados de março, muito provavelmente haverá neutralidade em relação ao peso à desmama aos 8 meses (a partir de julho ), diferentemente do que ocorre com bezerros 100% taurinos de vacas submetidas à programação fetal”, disse o pesquisador. Embora os resultados parciais não apontem impacto dessa prática no desempenho dos bezerros, Moriel disse que novas avaliações serão feitas daqui para frente. “É importante salientar que, embora já tenhamos constatado diferenças importantes de resultados em relação ao trabalho de programação fetal com vacas 100% taurinas, não podemos tirar conclusões precipitadas”, ponderou. O objetivo, continuou o professor, é acompanhar os bezerros em todas as fases, inclusive no período pós-abate, para checar se haverá alguma diferença na qualidade da carcaça, na eficiência alimentar, dentre outros quesitos. Plano nutricional Na avaliação de Moriel, um reforço nutricional na fase de confinamento pode fazer com que os grupos de bezerros avaliados apresentem, finalmente, alguma diferença de desempenho em relação ao lote controle. Isso porque, explicou o professor, todos os estudos de programação fetal com produtos taurinos são feitos em pastagens de inverno, com qualidade nutricional muito grande. Já os animais oriundos dos experimentos na Flórida pastejam, atualmente, gramíneas tropicais de menor qualidade. “É possível que essa menor qualidade de pasto esteja inibindo os bezerros de mostrar seu verdadeiro potencial”, disse ele, acrescentando que, inseridos futuramente em uma dieta de alto concentrado no confinamento, talvez eles possam demonstrar diferenças de desempenho. Não satisfeito com os resultados preliminares do estudo realizado com vacas no terço final de gestação, a equipe de Moriel optou por desenvolver um experimento similar, dessa vez fornecendo suplementação proteica durante os terços médio e final de gestação. “Novamente, os filhos dessas vacas não apresentaram nenhuma diferença no peso ao nascimento, tampouco no ganho de peso diário durante os mais de 100 dias de estudo”, observou. Contudo, a despeito dos resultados insatisfatórios no desempenho das crias, o professor Moriel recomendou que se continue realizando estudos de programação fetal em raças zebuínas, até porque a suplementação traz benefícios inquestionáveis para as matrizes. “O objetivo principal de lançar mão do manejo nutricional de vaca no período pré-parto é conseguir elevar a taxa de prenhez durante a estação de monta, e isso é garantido pelas boas condições de escore corporal das matrizes no momento do nascimento”, avaliou ele, acrescentando que uma eventual performance do bezerro seria “a cereja do bolo”. n
Capa
Fábrica de carne premium Produtor mato-grossense abandona mercado de commodity e se dedica à produção de animais “sob medida”, recebendo prêmio de até 12%/@. Fotos: Pantanal Filmes
Novilhos precoces 1/2 sangue Angus da Fazenda Serrinha garantem carne com bom acabamento de gordura (foto).
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Maristela Franco
de Santo Antônio do Leverger, MT
O
maristela@revistadbo.com.br
mercado de carne premium – cuja demanda cresce 30% ao ano, conforme estimativas de especialistas – está viabilizando um velho sonho da cadeia pecuária bovina: a “produção dirigida” ou “sob medida”. Muitos pecuaristas no País já seguem protocolos pré-definidos por parceiros frigoríficos ou varejistas, dando origem a uma nova categoria de fornecedores, que trabalha não mais centrada na sua própria visão de qualidade, mas na do consumidor. O gaúcho Carlos Miguel da Silveira, 57
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anos, gestor da Agropecuária Maria da Serra, pertencente à Família Zagonel, do Rio Grande do Sul, faz parte desse grupo. Quando ele assumiu a administração das propriedades da empresa, em 2013, decidiu transformar uma delas – a Fazenda Serrinha, de 7.777 ha, localizada no município de Santo Antônio do Leverger, 40 km ao sul de Cuiabá, MT – em uma “fábrica” 100% especializada na produção de carne premium, de qualidade tão boa quanto a servida nos melhores restaurantes de São Paulo.
Decisão embasada A decisão de Silveira de produzir 100% de seus bois “sob medida” para clientes exigentes não foi gratuita. “Percebi que havia uma procura crescente por carne de qualidade e pouca oferta, o que garantia bons prêmios ao produtor”, salienta. Roberto Barcellos, da Beef & Veal Consultoria, de Botucatu, SP, confirma esse diagnóstico. Segundo ele, após longo processo de “maturação”, o mercado de carne de qualidade começou a ganhar consistência, chamando, inclusive, a atenção dos frigoríficos (veja reportagem à pág 32). “A tendência desse segmento é de se estratificar, como ocorreu com os vinhos. Nos anos 90, muita gente no Brasil tomava o vinho da garrafa azul [o alemão Liebfraumilch], que frequentava orgulhosamente formaturas e festas, mas, assim que as pessoas começaram a buscar mais informações sobre vinhos, descobriram uma infinida-
Maristela Franco
Não era uma tarefa simples. Durante muitos anos, a Fazenda Serrinha havia se dedicado à produção de tourinhos Nelore em pastejo extensivo. Mudar esse sistema produtivo, fazendo cruzamento de vacas Nelore PO com raças britânicas parecia loucura à primeira vista, além de demandar grande investimento em infraestrutura para intensificação de pastagens. Não havia ainda (como há hoje) um mercado tão definido para a carne de qualidade, mas Silveira conseguiu convencer os seis sócios da empresa de que precisava atacar em três frentes para melhorar a rentabilidade de seu negócio: aumentar a quantidade de animais comercializados; girar rapidamente a produção, o que era mais fácil com gado de corte; e agregar valor ao produto. “Após uma modificação societária feita, em 2012, nosso rebanho havia diminuído e precisávamos recompô-lo. A Fazenda Serrinha era a mais indicada para enfrentar esse desafio, por meio da intensificação”, justifica. Silveira tinha a opção de trabalhar apenas com recria/engorda, mas não queria perder a qualidade genética incorporada ao plantel Nelore após anos de seleção. A cria também lhe parecia fundamental para viabilizar um projeto de carne premium, que pretendia abater 400 cruzados precoces/mês, próprios e adquiridos de terceiros. Para isso, ele decidiu produzir desde o sêmen (tem touros em central) até o animal gordo. Dos 3.015 bovinos vendidos em 2017, 86% (2.593) eram cruzados. Os 14% restantes eram vacas de descarte, alguns reprodutores Nelore e garrotes dessa raça oriundos de repasse, que são vendidos à desmama (não ficam na fazenda). Em 2017, 90% dos cruzados terminados foram vendidos à rede de restaurantes Outback e o restante à VPJ Alimentos, de SP, além de projetos regionais, como o do Frigorífico Boi Branco, de Cuiabá. DBO pôde conferir (na grelha e no prato) a alta qualidade dessa carne, que permite ao pecuarista vender novilhas a preço de boi e novilhos com ágio de 12%/@.
de de opções superiores e o mercado se estratificou em níveis. É o que começa a acontecer com a carne. O mercado ainda vai crescer muito, para depois se estratificar”, prevê Barcellos. A boa notícia para o produtor, diz ele, é que a demanda se manterá firme nos próximos 10 anos, mas será preciso fazer uma escolha entre a “pecuária da eficiência” e a “pecuária da qualidade”, porque a melhor carne frequentemente não é fornecida pelo animal de melhor performance. Um sinônimo de eficiência, segundo o consultor, é o boi 7-7-7: machos inteiros produzidos a pasto ou terminados rapidamente em confinamento, abatidos com 21@ aos 24 meses, com gordura mínima exigida pelos frigoríficos ( 3 a 6 mm). “Esse animal é excelente, mas não atende nichos de carne premium, que demandam carcaças muito bem acabadas (6 a 10 mm de gordura subcutânea), com marmoreio, maciez garantida, pH baixo e coloração vermelho-cereja. Para produzi-las, é preciso castrar os animais e confiná-los por mais tempo, aumentando a energia na dieta de terminação, o que eleva os custos”, diz Barcellos.
Da esq. para a dir., parte da equipe da Fazenda Serrinha: Leopoldo Reis, consultor de pastagens; Antônio Braz, gerente; Miguel Silveira, gestor; Cabistani, da Cort Genética, e Eduardo Catuta, da Agroceres.
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Fazenda em números Nome: Fazenda Serrinha Localização: santo antônio do leverger, MT Sistema de produção: ciclo completo Área total: 7.777 ha Área de pastagens: 3.676 ha Rebanho: 9.970 cabeças (dez/2017) Matrizes: 3.755 (dez 2017) Índice de prenhez: 85% Abate de cruzados: 2.593 machos e fêmeas
MT Cuiabá
Santo Antônio do Leverger
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DBO abril 2018 57
Fotos: Maristela Franco
Cort Genética
Capa
Castração aos três dias de vida
O veterinário Fábio Ribeiro fazendo exame
Miguel Silveira estava ciente desse dilema quando decidiu trilhar a vereda mais difícil (e mais arriscada) da “pecuária da qualidade”, cujos prêmios nem sempre compensam o maior custo de produção. Após várias tratativas, no entanto, ele conseguiu se associar à Fazendas São Marcelo, do grupo mato-grossense JD, sediada em Tangará da Serra, MT, que acabara de fechar contrato de fornecimento com o Outback e precisava de um parceiro. “Juntos, podíamos fornecer um número de animais que justificasse abates mensais para a rede na planta do Marfrig, em Tangará”, conta o produtor. Ele assumiu o compromisso de fornecer no mínimo 180 fêmeas e machos cruzados por mês ao Outback. “A experiência tem sido ótima”, garante. Silveira ainda está analisando o impacto da castração sobre o ganho de peso dos machos, mas acredita que
Padrão Outback Procurada por DBO, a rede Outback não quis informar quantos animais abate em seu programa de carne de qualidade, nem quantos fornecedores já possui no Brasil. Sabe-se, contudo, que a empresa busca animais de genética britânica (mínimo de 50% de Angus ou Hereford), jovens (até dois dentes definitivos) e bem acabados (gordura mediana a uniforme), com carcaça pesando entre 210 (14@) e 300 kg (20@). Se passar disso, o produtor não recebe bônus. A empresa também restringe uso de ingredientes à base de algodão. Não é necessário rastrear, nem certificar os animais. Em 2008, na fase inicial do programa, a rede Outback demandava 1.000 animais/ mês para atender 20 lojas, conforme noticiou DBO à época. Hoje, com 88 restaurantes em todo o Brasil, 44 deles em São Paulo, estima-se que sua demanda seja de no mínimo 5.000 cab/mês. Não se sabe quanto desse total é atendido por produtores brasileiros.
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Touro Ébano, da Serrinha, em coleta na Cort, RS.
a lucratividade de seu negócio é garantida, inclusive porque o mercado de carne premium é menos sujeito a oscilações de preços do que o de carne commodity. Pilares do projeto A meta de Silveira é fazer a Fazenda Serrinha faturar R$ 15 milhões por ano. “Estamos chegando perto”, comemora. O projeto se baseia em vários pilares tecnológicos. Um deles é a inseminação artificial em tempo fixo (IATF), utilizando material genético selecionado de raças britânicas e estação de monta escalonada. Todos os meses, lotes de fêmeas são inseminados, visando produção constante de bezerros 1/2 sangue Nelore/Angus. “A regularidade de fornecimento é uma das principais demandas dos programas de carne premium. Normalmente, protocolamos dois grupos de 150 vacas por mês, mas esse número pode variar conforme o ano e a demanda”, diz Silveira. A inseminação de lotes pequenos também tem favorecido a prenhez. “Se eu coloco 150 vacas no curral às 7 horas da manhã para inseminar, às 9:30-10:00 horas o trabalho já foi concluído. A vaca não fica estressada, o bezerro permanece apenas três horas longe da mãe e o peão pode se dedicar a a outras tarefas”, explica o produtor, que leva muito a sério as diretrizes técnicas da IATF. “Protocolo é para ser cumprido”, salienta. Antes da reestruturação de seu projeto pecuário, a Fazenda Serrinha tinha 6.000 animais Nelore PO registrados; hoje, tem 9.970 matrizes cara limpa e cruzados, com taxa de desfrute de 33%. O rebanho da propriedade cresceu 66%, devendo atingir 15.000 cabeças nos próximos dois anos. “Com o gado PO, chegamos a ganhar vários prêmios e ser reconhecidos pelo mercado, mas a rentabilidade era insatisfatória. Tínhamos de transferir todos os animais de recria para outra fazenda do grupo, pagando frete alto, porque faltava pasto para alojá-los. Os machos não selecionados como touros eram abatidos com 17@, por falta de estrutura para engordá-los. Chegamos a vender novilhas por R$ 700”, relata Silveira. Hoje, o plantel da Serrinha soma 3.755 matrizes Nelore selecionadas, mas sua meta é reunir 6.000 até 2019, das
quais 1.000 serão fêmeas F1 inseminadas com Braford, visando à obtenção de tricruzados com 3/8 de sangue britânico. Esses animais precoces conhecidos como “caretas”, devido à mancha branca na cara, fornecem carcaças valorizadas pelo Outback. Silveira decidiu reter parte das fêmeas F1 por sugestão de Antônio Carlos Olabarriaga Cabistani, diretor da Central Cort Genética Brasil, de Uruguaiana, RS, que é seu amigo e consultor. A ideia era aproveitar a habilidade materna das fêmeas Nelore/ Angus, em sua maioria filhas dos touros Vetor e Ébano, que ele havia comprado dos criatórios gaúchos GAP e S2, colocando-os em coleta na Cort, junto com seu touro Braford, Xama. Parte do sêmen coletado desses reprodutores vai para a Serrinha e parte é vendida a terceiros, sempre após realização do teste de termorresistência rápido (TTR), que avalia a capacidade dos espermatozoides de permanecer por mais tempo no trato genital das fêmeas (cerca de 10 horas, ao invés das 8 h usuais). A Serrinha faz duas inseminações por vaca no mesmo dia: a primeira, 48 horas após a retirada do dispositivo intrauterino e a segunda, 8-10 horas após a primeira, pois não se sabe o momento exato da ovulação. “Apesar do maior gasto com sêmen, essa prática fez o índice de prenhez por IATF da propriedade subir de 60% para 70%”, diz Capistani. Quem manda são as vacas Não apenas a qualidade do sêmen e a dupla inseminação garantem esse bom resultado. “Quem manda na Fazenda Serrinha são as vacas. Os peões estão lá para cuidar delas, sem estresse, sem correria ou gritos. Elas precisam de tranquilidade para emprenhar, parir e desmamar bezerros no padrão almejado, que é de 220 kg para fêmeas e 240 kg, para machos, em média”, diz Silveira. Para isso, o produtor investe em protocolos sanitários de primeira linha e conta com os serviços do veterinário Fábio Ribeiro, que faz os exames de toque e ultrassom das fêmeas, ajustando o manejo, sempre que necessário. Na Fazenda Serrinha, não se aplica carrapaticida, por exemplo, antes ou logo após a IATF, pois esses produtos elevam o risco de reabsorção embrionária durante o período de “nidação” do embrião (fixação na parede uterina). Como as vacas têm dificuldade para eliminar calor e a movimentação eleva sua temperatura corporal, prejudicando a concepção, Silveira construiu um segundo curral do outro lado da fazenda, para evitar que elas caminhassem longas distâncias e ficassem estressadas. Além dos cuidados sanitários e reprodutivos, a Serrinha investe em outro pilar tecnológico importante: a nutrição. Isso permite que as matrizes se mantenham em boas condições físicas ao longo do ano, possibilitando a monta escalonada. Em média, o índice de prenhez da fazenda é de 85%, com lotes de multíparas chegando a 95% e de primíparas,
Perfil do mercado de carne premium Com dezenas de marcas de carne “pipocando” no mercado e inúmeros restaurantes apresentando cortes diferenciados no cardápio, desde um T-Bone (contrafilé com osso) até um brisket (corte do peito), o mercado de carne premium ganha sofisticação. Não é tão simples mapeá-lo, mas pode-se identificar algumas características. Com certeza , é um mercado:
Consumidor busca produto com garantia de qualidade
Promissor – Apesar de pequeno (representa apenas 2% da carne comercializada no Brasil), ele tem crescido de forma acelerada nos últimos anos, a taxas anuais que variam de 30% a 70%, conforme a empresa e região. Concentrado – Cerca de 90% da carne premium produzida no Brasil vai para churrascarias e steak houses, que dão preferência às raças britânicas e demandam cortes grill de alto padrão. Esses estabelecimenos são abastecidos principalmente por marcas tope de frigoríficos (Swift Black, da JBS; Steakhouse, da Marfrig; Angus Beef, da Frigol), por linhas excluisvas (caso do Outback ) e por empresas especializadas, como a Intermezzo Gourmet, a Beef &Veal, a VPJ Alimentos e a Prime Cater. Os 10% restantes da produção são vendidos diretamente ao consumidor, em supermercados ou açougues de nova geração. Pouco desenvolvido – O segmento de carne premium, ao contrário dos vinhos e cafés, por exemplo, ainda não está devidamente estratificado, ou seja, o consumidor ainda não tem percepção clara dos níveis de qualidade e diferenças de sabor, maciez, textura e apresentação dos produtos, o que ainda gera certa insegurança na hora da compra. Há muito trabalho a ser feito nessa área. Receptivo – Cresce o número de consumidores dispostos a pagar mais pela carne premium. São exigentes, buscam novos cortes e informações sobre origem, preparo e características do produto. Os percentuais de sobrepreço variam de 20% a 120% (caso dos cortes dry aged).
a 75%. A taxa de mortalidade é inferior a 1%. Nas águas, as vacas ficam em pastagens extensivas bem manejadas, recebendo sal mineral aditivado com o ionóforo flavomicina. Na seca, comem pasto, feno de mombaça (nos meses de maior escassez de forragem) e um suplemento à base de ureia. Os bezerros têm acesso a instalações de creep feeding, para que fiquem menos dependentes do leite da mãe e se acostumem ao cocho, chegando à desmama já adaptados e com peso mais uniforme. Na recria, as fêmeas Nelore de reposição recebem proteico-energético, na proporção de 0,1% a 0,3% do PV. Depois voltam a ser suplementadas apenas após a primeira parição, para garantir nova prenhez. DBO
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Capa Maristela Franco
Vacas Nelore com bezerros cruzados Angus que serão criados “sob medida”
Antônio Carlos Cabistani
À direita., o tricross “careta”, filho de vaca 1/2 sangue Angus com touro Braford.
Já as fêmeas e machos cruzados destinados ao abate são recriados em pastos rotacionados (veja detalhes na pág. 62), recebendo “ração amarga”, um proteico-energético que, além de 20% de proteína e minerais específicos para animais em crescimento, contém um limitante de consumo. Desenvolvido pela empresa mato-grossense Novanis (atualmente incorporada à Agroceres), o produto é fornecido à vontade em cochos cobertos, para diminuir o número de tratos. A ingestão, contudo, se mantém no percentual estipulado por cabeça, conforme a época do ano: 0,5% do peso vivo (PV), entre novembro e maio; 0,75%, entre maio e julho e 0,8% a 1%, entre agosto e outubro. Por ser mais pesada, essa suplementação permite encurtar a recria de 12 para cinco/ seis meses, garantindo ganhos de 850 g a 1,2 kg/cab/ dia. Quando os animais atingem 300-330 kg (fêmeas) e 375-380 kg (machos), vão para as áreas de engorda a pasto, onde recebem 1,2% do PV em ração. Na seca, a fase final da terminação (70 a 90 dias) é feita no confinamento, que funciona de maio a novembro. As fêmeas são abatidas com 16-17@ e os machos com 19-20@, aos 16-18 meses.
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Incógnita do sistema Todo esse protocolo nutricional tem um custo, mas a grande incógnita do sistema continua sendo a castração. “Considerando-se que o concentrado, na fase final de recria, sai por R$ 2/cab e o valor do quilo de bezerro seja de R$ 5,50, temos um saldo positivo de R$ 2,5 por kg, se o animal ganhar em média 800 g/cab/dia. Portanto, vale a pena suplementar, mas não sabemos se o macho cruzado, que agora está sendo castrado logo após o nascimento, vai apresentar esse desempenho”, diz Eduardo Catuta, técnico da Novanis que assessora a propriedade. Silveira decidiu castrar os bezerros recém-nascidos, quando são levados ao curral para fazer a cura do umbigo, a identificação com brincos eletrônicos e a tatuagem na orelha, porque ele acredita que a castração, nessa idade, eleva a qualidade da carne. Para contabilizar o impacto econômico da prática, contudo, o produtor separou dois lotes de animais inteiros e castrados para acompanhamento até o abate. “Dizem que os últimos engordam menos, mas quanto? Quero ter meus próprios números”, salienta. Segundo Catuta, alguns projetos de carne de qualidade têm relatado perda de 25% na eficiência alimentar devido à castração, mas esse percentual pode ser até maior. “Em fazendas que fazem carne commodity em sistema intensivo, machos Angus/Nelore jovens, inteiros, têm entrado com 380 a 420 kg no confinamento e saído aos 18 meses com 22@, em média, após 106 dias de engorda, ganhando 3@ a mais do que na Serrinha. O prêmio para fêmeas e castrados destinados à produção de carne premium precisa compensar essa perda”, defende o técnico, lembrando que o macho inteiro permite colocar mais @/cab, enquanto o castrado, a partir de certo momento, começa a depositar muita gordura e precisa ser abatido. Miguel concorda que há uma disparidade entre as duas categorias animais, mas não acredita que seja tão grande. “Vamos ver. Pelas minhas contas, hoje me sobram R$ 700/cab, o que considero um bom retorno.
Capa Quando eu tiver todos os números na mão, poderei avaliar melhor essa questão, mas, no ano passado, consegui uma média de R$ 154/@, ante R$ 135/@ do boi commodity, 14% a mais”, argumenta o produtor, reforçando sua opção pela produção dirigida. Ele já tem sistema de rastreabilidade interna, mas pretende se inscrever na Lista Traces (fazendas aptas a exportar para a União Europeia) para que seus animais tenham preferência no abate. “Os rastreados são os primeiros a entrar na escala, o que reduz o estresse. Minha preocupação com bem-estar vai do nascimento ao curral de espera do frigorífico”, justifica. Silveira gosta de repetir uma sábia sentença: “Fazer bem feito ou mal feito dá o mesmo trabalho; então, por que não caprichar?”. O produtor também espera que a rastreabilidade oficial possa lhe abrir mais mercados. “Olho sempre para frente”, diz.
Funcionária coleta informação de brinco eletrônico no tronco
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Rotacionado diferente
Lote com mais de 1.000 machos de recria no módulo de rotacionado
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pesar dos investimentos em suplementação, a Fazenda Serrinha continua tendo o pasto como principal componente da dieta. Os animais cruzados, por exemplo, comem somente ponta de capim. Entre 600 e 900 fêmeas são recriadas em um módulo rotacionado de 80 ha, área menor do que a dos machos, porque elas logo atingem os 300 kg exigidos para entrada na terminação (giram rápido). Já os garrotes são concentrados em um grande módulo de rotacionado, que ocupa 230 ha, subdividido em 10 piquetes de 23 ha cada. Formado com mombaça (80%) e braquiária (20%), ele foi projetado pelo agrônomo Leopoldo Oliveira dos Reis, da empresa Voitec – Tecnologia em Voisin, de Bagé, RS, que também é instrutor do Serviço de Aprendizagem Rural (Senar). O projeto é totalmente setorizado. Foi montado em local mais afas-
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tado, no extremo norte da fazenda, para evitar contato dos machos com as matrizes, pois, à época, eles eram castrados somente ao final da recria, já na puberdade. Somente no final do ano passado, Silveira começou a castrá-los ao nascimento. Por ocasião da visita de DBO, em fevereiro passado, o módulo abrigava um único lote de 1.010 novilhos, mas a meta é nela rotacionar 2.000 machos. Como o lote é grande, Reis projetou as instalações, junto com Silveira, para que os animais não precisassem caminhar muito em busca de suplemento e água. O módulo possui três áreas de lazer munidas de cochos cobertos, feitos para durar a vida inteira (veja foto na pág. 63). Os animais usam a praça mais próxima do piquete que estão pastejando. Essa estrutura também possibilita dividir o módulo em três, caso seja necessário trabalhar com mais lotes. Os bebedouros ficam fora da área de lazer. Eles foram distribuídos estrategicamente, de três em três, na divisa de alguns piquetes, para facilitar a dessedentação, conforme mostra a ilustração. “Não pode faltar água de qualidade para os animais”, salienta o produtor, que construiu um reservatório de 500.000 litros para abastecer 15 bebedouros de 7.000 l cada. Redenção da cerca elétrica O projeto de rotacionado dos machos é relativamente novo. Silveira conheceu Reis, em 2016, após visitar um projeto orientado por ele, a Estância Ana Paula, em Aceguá, no Uruguai. “São 5.500 ha divididos em piquetes de 2 ha cada, formando uma malha perfeita, tudo com cerca elétrica e tudo funcionando com perfeição”, relata o pecuarista, que, a partir daí, decidiu apostar para valer na eletrificação, apesar das opiniões contrárias. “Conhece aque-
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Bebedouro não fica na área de lazer, mas na divisa dos piquetes.
la história do peixe sem cabeça que a mulher fazia porque a mãe dela preparava assim, a avó, a bisavó, sem que ninguém soubesse por quê? É a mesma coisa com a cerca elétrica. Repetem que ela não funciona, sem questionar o que fizeram errado lá atrás”, exemplifica. Segundo Silveira, somente a cerca elétrica segura os animais Angus. “Se fossem inteiros, talvez nem ela segurasse; são terríveis. Faço castração também por isso. Como eu daria conta de 2.000 machos inteiros em uma fazenda com 4.000 vacas e 2.000 novilhas entrando em serviço?”. A castração também possibilita manter tantos novilhos juntos, o que é vantajoso, segundo Reis, porque garante um pastejo mais uniforme e melhor distribuição do esterco. “Já não precisamos mais fazer adubação de base com potássio na saída da seca (setembro/outubro), apenas com fósforo e nitrogênio”, informa o consultor. Os piquetes são pastejados por 3 a 4 dias e descasam 27. O manejo do pasto não é feito com base em alturas fixas de entrada e saída, mas em observações da rebrota, que não pode ser consumida. Quando o capim perde fôlego ou é preciso aumentar a carga animal no módulo, ele recomenda fazer adubações nitrogenadas. A meta é fazer os machos engordarem de 135 a 140 kg na recria, ganhando 1,2 kg/cab/dia. No início do verão deste ano, como estava sobrando forragem no módulo, ele foi subdivido em dois, abrigando 1.010 bezerros e 1.099 bezerras desmamadas ao mesmo tempo, com lotação de 9,6 UA/ha. “As fêmeas permaneceram na área por dois meses. Enquanto isso, vedamos o módulo delas. Virou um jardim de capim”, comemora Silveira. O projeto de rotacionado intensivo tem viabilizado a compra de bezerros cruzados para ajustar (ou aumentar) a oferta mensal de animais (veja quadro sobre parceiros). Na seca, os animais são terminados em confinamento, recebendo ração à base de si-
Antônio Carlos Cabistani
Cocho de suplementação a pasto: estrutura para durar anos.
lagem de milho, farelos de milho, sorgo e soja, mais núcleo mineral. Nas águas, engordam em semiconfinamento, muitas vezes em lotes misturados de fêmeas com machos, já que estes são castrados. Para dar maior impulso aos pastos na entrada das águas, Leopoldo Reis recomendou roçar aqueles que têm maior dificuldade de rebrota. Muitos técnicos consideram essa prática um indicador de erro no manejo, mas o agrônomo gaúcho pensa diferente. Segundo ele, no Centro-Oeste, as gramíneas demoram muito a rebrotar porque ficam cheias de folhas amarelas provenientes da seca e gastam carbono para eliminá-las, antes de emitir folhas novas. “Ao roçar, liberamos o capim para a rebrota e ainda incorporamos matéria orgânica ao solo. Na sequência, adubamos. Módulo de pastejo rotacionado dos machos Estrutura pensada para atender grandes lotes
Bebedouro Área de lazer
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Fotos: Miguel Silveira
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Cultivo de milho para silagem ajuda a reformar pastagens
Com isso, antecipamos bastante o pastejo e damos novo fôlego ao capim”, frisa o consultor. Reforma com agricultura Outra medida importante tomada por Silveira foi reformar pastos degradados com ajuda da lavoura. Nesta safra, ele cultivou 286 ha de milho para silagem, dos quais 60 ha foram tomados emprestados do módulo de rotacionado dos machos. Neste verão, o lote rodou em apenas oito de seus 10 piquetes, ou seja, ficou em 170 ha, com lotação de 4,4 UA/ha. Depois da colheita do milho, esses 60 ha foram semeados com mombaça e convert, voltando a integrar o módulo, que deverá ganhar mais dois piquetes em breve, totalizando 12. “Nossa proposta é ir mudando as áreas de plantio de milho, para recuperar toda a fazenda a custo baixo. O capim aproveita a adubação residual da lavoura. Basta aplicar um dessecante, dar uma nivelada para incorporação da matéria orgânica, e semear o capim em plantio direto”, afirma o produtor.
Feno de mombaça usado para alimentar vacas na seca
Nas áreas reformadas, quando há sobra de forragem, faz-se feno. “Devemos produzir, neste ano, entre 2.500 a 3.000 t, em uma área de mombaça. Os fardos são fornecidos a pasto, na seca, para as vacas em reprodução”, explica Silveira, que chegou a pensar em fazer lavoura de soja na fazenda, mas concluiu que a pecuária profissionalizada, no mesmo nível da agricultura, era um negócio mais seguro e talvez mais lucrativo, além de exigir menos investimento. “O custo de plantio da soja, hoje, é de US$ 2000/ha. Se eu aplicar US$ 1.000/ha na pecuária, vai chover boi”, diz o produtor, que quer faturar R$ 15 milhões/ano somente com pecuária. Esse número será atingido com intensificação contínua e agregação de valor ao produto. “Para conseguirmos esse faturamento vendendo fêmea a R$ 125/@, precisaríamos de 7.272 cabeças, enquanto vendendo a R$ 150/@, bastam 5.550 animais, 2.200 a menos. A estrutura e o custo fixo são os mesmos se eu faturar R$ 5 milhões ou R$ 15 milhões. Não tem saída, tem de agregar valor”, defende. n
Parceiros ajudam a equacionar oferta Para ampliar suas vendas de cruzados para nichos de carne Premium, Carlos Miguel da Silveira conta com pelo menos cinco parceiros fiéis, que lhe fornecem bezerros desmamados ou garrotes no padrão desejado. Um deles é Cleudemir Fávaro, proprietário das Fazendas Luar do Pontal, em Alto Paraguai, e Serra Azul, em Rosário do Oeste, ambas no Mato Grosso. Toda a produção de bezerros cruzados da segunda proprie-
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dade é vendida para Silveira. “Devemos fornecer 500 animais ao Miguel neste ano, mas em 2019 serão 1.000”, informa Fávaro, que faz IATF em 100% das matrizes e utiliza ferramentas como o pastejo voisin e a suplementação a pasto para produzir animais de melhor padrão. Segundo ele, o mercado de carne premium valoriza quem investe em tecnologia. Para atingir sua meta de abater 400 bovinos cruzados/mês, Silveira terá
de comprar pelo menos 1.800 animais por ano (150/mês), já que pretende produzir outros 3.000. Em 2017, somente no segundo semestre, já comprou 1.682 cabeças. Como troca muita informação com o parceiros, Silveira procura auxiliá-los, sempre que possível, em questões como manejo alimentar, genética e sanidade, para que lhe forneçam bezerros padronizados, vendidos por quilo. “Nosso objetivo é comprar sempre produção boa”, diz.
Raças
Convenção do Canchim coloca mudanças em pauta Embrapa e ABCCan promovem debate para alinhar pesquisas às demandas dos criadores
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Carolina Rodrigues
necessidade de maior interação entre a pesquisa e o setor produtivo movimentou discussões na 5ª Convenção da Raça Canchim, em 22 e 23 de março, na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos, SP. O evento contou com a presença de técnicos da instituição e de diretores da ABCCan, que defenderam maior proximidade para resolução de questões ligadas ao desenvolvimento da raça. A convenção foi tomada por debates sobre pesquisas conduzidas no âmbito da entidade e resultados de campo, levando em consideração a construção da base genética da Embrapa, dividida em três fases (linhagem nova, antiga e cruzada), bem como suas contribuições para o padrão racial hoje instituído. Também foram avaliados trabalhos sobre o controle de ectoparasitas e termotolerância associada à eficiência reprodutiva de machos jovens. “Temos desenvolvido tecnologias para o Canchim, mas é preciso que elas estejam associadas às reais necessidades dos produtores e foi isso o que a convenção nos possibilitou”, avaliou Alexandre Berndt, chefe adjunto de pesquisa da Embrapa Pecuária Sudeste. O debate em torno da transferência da Prova Canchim de Avaliação de Desempenho (PCAD), hoje realizada na Ilma Agropecuária, em Angatuba, SP, para a
Acordo de cooperação técnica foi assinado por Adriano Lopes (centro), presidente da ABCCan, e Rui Machado, chefe geral da Embrapa Pecuária Sudeste. À esq., a pesquisadora Cintia Marcondes.
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Fazenda Experimental de São Carlos, movimentou o encontro. A ideia, apresentada pela diretoria da ABCCan, tem como objetivo incluir mais características na prova, a começar pela mensuração do consumo alimentar individual, ou fenótipos ainda mais interessantes e inovadores, como a emissão de gás metano e consumo hídrico. “A PCAD tornou-se nossa principal ferramenta de seleção de animais melhoradores, o que explica nossa ansiedade em trazê-la para a Embrapa, onde teremos ainda maior suporte técnico”, disse Adriano Lopes, presidente da ABCCan. A expectativa é de que a transferência da prova ocorra em no máximo dois anos. Uma das possibilidades é antes realizilá-la na Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), em Piracicaba, em um projeto-piloto que contará com a participação da Beef Trader, programa desenvolvido pela startup piracicabana @Tech. Esse programa avalia, individualmene, o ganho de peso e o consumo em confinamento de animais destinados ao abate. Ele é capaz de monitorar as curvas de desempenho animal por imagens de computador. No caso da PCAD, o objetivo será gerar uma estimativa para o desempenho no cocho dos filhos dos touros avaliados, ou seja, uma projeção de herdabilidade dessa característica. “Isso poderá trazer ainda mais precisão aos dados, não só do indivíduo, mas da sua produção no frigorífico”, avalia a pesquisadora Cintia Marcondes, eleita a nova presidente do Conselho Técnico da ABCCan Demandas mútuas Para Alexandre Berndt, da Embrapa, embora as mudanças sejam benéficas para o delineamento de novos critérios na prova, o acordo de cooperação deve se basear na troca de demandas. “A mudanda da PCAD é plausível e vamos avaliá-la, mas também queremos colocar nossos pleitos, como o maior envolvimento dos criadores na composição de um novo rebanho da associação dentro da Embrapa”, ponderou. A sugestão da instituiçao é reunir cinco novilhas de diferentes associados para iniciar um estudo de avaliação de fêmeas jovens, no mesmo ambiente de produção dos touros Canchim. Atualmente, a PCAD concentra esforços na avaliação de machos jovens promissores, permitindo um desenho de seleção a partir dos touros e sua relação indireta com a produção de fêmeas superiores, mas faltam avaliações voltadas especificamente a essa categoria animal. Para Cíntia Marcondes, a formação de um plantel de matrizes Canchin na Embrapa possibilitaria novas mensurações, incluindo a detecção da idade à puberdade, dados de temperamento, medidas de pelame e associação de epigenética (interação com o ambiente).“O bom touro é produzido pela melhor novilha. Estamos iniciando um planto de trabalho conjunto que trará grandes contribuições. Essa é apenas uma delas”, garantiu Cíntia. n
Raças Associação altera regulamento Atendendo a uma demanda dos criadores, e também com a finalidade de fomentar a participação da raça em feiras, a Associação Brasileira de Angus fez pequenas alterações em seu regulamento de exposições e simplificou a contagem de pontos para o ranking dos competidores. Agora o coordenador técnico da prova pode confirmar a participação dos animais na exposição no dia da admissão e um mesmo animal pode pontuar mais de duas vezes no ano. Para pontuar nos rankings estaduais, no entanto, o criador ou expositor precisará participar de exposições dentro de seu Estado, porque, nesse caso, deixam de valer as pontuações de fora. O calendário de contagem dos pontos também mudou e, em vez de ir de janeiro a dezembro, correrá após a Expointer, a partir das feiras da primavera, fechando na Expointer do ano seguinte, palco para a entrega das premiações do período anterior.
Montana
Destaque na IATF Localizada em Três Lagoas, MS, a Fazenda Santa Rita registrou um dos melhores resultados do Brasil com IATF (inseminação artificial em tempo fixo) na reprodução de fêmeas Montana. Após duas IATFs, a taxa de prenhez de um lote de 81 vacas multíparas, de 4 a 15 anos, foi de 81,48%. A evolução nos índices reprodutivos da raça é atribuída por Gabriela Giacomini, gerente de Operações do Programa Montana, a um trabalho de 25 anos de seleção. “Ano
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após ano, o gado Montana vem melhorando sua performance. Essa é uma raça de animais resistentes, férteis, precoces e de excelente acabamento de carcaça”, diz Gabriela. Para José Pavan Neto, proprietário da Fazenda Santa Rita, também contribuíram para o resultado positivo a suplementação proteico-energética oferecida às fêmeas e a pastagem de qualidade, fundamentais à manutenção do escore corporal durante a gestação.
Braford
Touro campeão mundial Gabriel Oliveira
Angus
Nelore
Presidente da ACNB se reúne com Maggi Presidente recém-empossado da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), Nabih Amin El Aouar se reuniu no mês passado com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, para se apresentar e discutir a agenda da associação. Na ocasião, El Aouar também levantou bandeiras importantes para o avanço da pecuária brasileira, como o fortalecimento das normativas para exportação de gado vivo, implementação de linhas de crédito para produtores, criação de um órgão específico para controle da sanidade animal, instalação de balanças do produtor nos frigoríficos e regulação da remuneração por subprodutos do boi, como o couro. De acordo com ele, as sugestões foram recebidas com ânimo pelo ministro, que destacou a importância do intercâmbio entre a ACNB e o ministério para a disseminação da genética Nelore e o melhoramento do rebanho nacional. A comitiva da ACNB também foi recebida na sede da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Punto Final, primeiro finalista do Brasil.
O touro Punto Final, da Cabanha Santa Helena, de Bagé, RS, foi o vencedor do prêmio da organização norte-americana Braford Breeder e levou, pela primeira vez, o Brasil a ter um representante entre os finalistas da competição. Em 2017, ele já havia sido eleito o Grande Campeão da Expointer. Depois, venceu as eliminatórias na América do Sul que o levariam à inédita final nos Estados Unidos. Pedro Obino, criador da Cabanha Santa Helena, ao lado da mãe, Vorgia Helena Pinheiro Obino, afirma que a vitória não foi apenas da família, mas da raça, porque deu visibilidade ao trabalho desenvolvido no Brasil. O touro de 3 anos, que à época do campeonato pesou 1.058 kg, está iniciando sua coleta de sêmen na Central Genética Bovina de Cachoeira do Sul (Crio). Punto Final tem como principal atrativo o potencial genético para transmitir comprimento de carcaça, além de ser considerado um animal com grande equilíbrio, legítimo exemplar da raça Braford. A demanda pelo sêmen do touro cresceu bastante, inclusive em países vizinhos. Pedro Obina trabalha agora para tornar viável a exportação.
Reprodução Agener
Nelore Jandaia
O dispositivo intravaginal adaptado para novilhas tem 7 cm de comprimento. O de vacas adultas tem 17.
“Precocinhas” ganham dispositivo sob medida O equipamento assegura o bem-estar das novilhas, aumentando consequentemente a eficiência reprodutiva e a taxa de prenhez.
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Carolina Rodrigues
uitos fatores podem influenciar o desempenho reprodutivo de novilhas nos programas de IATF. “Meninas dos olhos” de um número cada vez maior de criadores no País, elas se tornaram o desafio da atual pecuária pela possibilidade de reduzir o ciclo reprodutivo e incrementar a rentabilidade do negócio com a producão de mais bezerros por hectare. À frente de estudos que procuram entender o que interfere na fertilidade deste grupo de fêmeas e obter melhores resultados de prenhez ao fim de cada estação de monta, o Departamento de Reprodução Bovina da Universidade de São Paulo (USP) esbarrou em uma questão até então não colocada na pauta das fazendas que desafiam precocemente suas fêmeas: o uso de dispositivos intravaginais “ajustados” para novilhas jovens como maneira de garantir o bem-estar dos animais e aumentar a eficiência reprodutiva. A iniciativa surgiu quase que por acaso e durante a avaliação do consumo individual de matéria seca num
70 DBO abril 2018
grupo de precocinhas em confinamento, conduzida pelos pesquisadores da USP, campus Pirassununga (SP), em 2014 para estimar a correlação da alimentação com a prenhez. Durante a observação, notou-se que, ao receberem o implante de sincronização, as fêmeas apresentaram queda na ingestão de alimentos de 1,8 kg de matéria seca por dia, situação que se manteve até o oitavo dia do protocolo de IATF, quando os implantes foram retirados. A resposta, segundo Pietro Baruselli, pesquisador à frente do departamento de reprodução bovina da universidade, foi quase intuitiva: por possuírem órgãos genitais menores, em função da pouca idade, as novilhas sentiam desconforto ao receber o dispositivo intravaginal de vacas adultas, o que reduzia o consumo alimentar, trazendo conseqüentemente perda de peso e atraso na prenhez. “Começamos, então, a estudar maneiras de eliminar os inconvenientes, partindo do princípio de que se déssemos mais conforto às fêmeas na sincronização, melhor seria a resposta reprodutiva”, diz Baruselli. Mal necessário Ponto fundamental dos protocolos de IATF – uma vez que exercem o “papel” de controlar os níveis de progesterona (hormônio encontrado em excesso nas novilhas zebuínas) –, os dispositivos intravaginais hoje em uso no Brasil foram desenvolvidos anos atrás para atender vacas adultas, como as leiteiras, que podem pesar até 800 kg. “Se considerarmos que o peso médio de novilhas precoces no Brasil é de 300 kg, dá para se ter ideia do tamanho desconforto que essas fêmeas sentem”, observa Baruselli. Inicialmente, procurou-se o que existia no mercado em relação a dispositivos menores e possíveis aplicações. Depois, traçou-se um comparativo com as fêmeas sincronizadas com dispositivos convencionais (o de vacas adultas) para se chegar às diferenças e nas possíveis apli-
Reprodução Consumo de MS em novilhas durante a permanência do dispositivo convencional
FONTE: Laboratório de Pesquisa em Gado de Corte – VNP - FMVZ/U
Comprovamos aumento da taxa de prenhez nas novilhas de 14 meses com dispositivos ajustados, em relação às de 24 meses”. Pietro Baruselli, do Departamento de Reprodução Bovina da USP
cações. Para Claudiney Martins, diretor da Fertiliza Consultoria, empresa parceira da USP na avaliação dos dados no campo, à medida que cresce o número de fazendas que tentam introduzir fêmeas jovens no processo reprodutivo, cresce também a necessidade de adequar ferramentas aos protocolos específicos. “O sucesso na concepção é multifatorial. A começar pelo peso das novilhas e classificação de escore corporal. Se elas entram com determinado peso na estação de monta e perdem a capacidade de manuntenção de desempenho, o prejuízo na taxa de prenhez é quase imediato. E isso, muitas vezes, pode partir do equipamente inadequado, por exemplo.” No levantamento realizado pela empresa com fêmeas de 14 meses nascidas em 2016 na Fazenda Kuluene (Nelore Jandaia), em Gaúcha do Norte, MT, foi possível observar as vantagens do dispositivo “ajustado” nos ganhos da balança. As novilhas desafiadas iniciaram o protocolo com 305 kg, registrando 310 kg ao fim dos trabalhos, ou seja, um ganho médio de 5,1 kg por animal. O contrário, no entanto, ocorreu no grupo de precocinhas sincronizadas com dispositivos maiores. Elas começaram o protocolo com peso superior ao do primeiro grupo – 309 kg – e perderam cerca de 2 kg em 10 dias, registrando peso final de 307 kg. O resultado, segundo Martins, revela também uma nova fórmula para aumentar a eficiência dos projetos de precocidade sexual. “Quando ajustado, o dispositivo permitiu melhora de 10% na taxa de prenhez, que ficou em 40%, ante 31% registrado nas demais novilhas.” Embora o estudo tenha sido feito apenas com os animais da Jandaia, o dispositivo foi validado em outras propriedades brasileiras com quase 2.000 fêmeas sincronizadas nas grifes CV, OB, Nelore Terra Boa, Rancho da Matinha, Fazenda São Geraldo, Agro Andorinha e Agropeva, que, juntas, compreendem quatro Estados da Federação e compõem uma lista diferenciada de clientes da Fertiliza.
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Longo caminho Antes de validar a tecnologia em fazendas com bons resultados com fêmeas precoces, a USP percorreu um longo caminho. A equipe de Pietro Baruselli realizou estudos em seis fazendas nos Estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Mato Grosso, onde foram analisadas cerca de 800 fêmeas criadas e recriadas a pasto, em propriedades produtoras de genética e com condições ambientais e de manejo favoráveis para expressar a característica. Inicialmente, adaptou-se um dispositivo usado em pequenos ruminantes (ovinos e caprinos), que, com o apoio da Agener – Tecnopec, empresa de Saúde Animal, passou por modificações para se adequar à categoria de 14 meses. Desenvolvido durante a pesquisa da USP, o Primer PR, como foi batizado, tem apenas sete centímetros (os utilizados habitualmente em vacas adultas medem 17), uma cauda alongada para facilitar o manejo, além de concentrações menores do progesterona (0,3 grama, ante 0,5 grama usada no dispositivo comum). A USP se debruçou então sobre uma série de fatores, a começar pelo desenvolvimento folicular, fator que determina as taxas de ovulação de determinada fêmea. O estudo apontou que novilhas sincronizadas com o dispositivo menor apresentaram taxa de crescimento folicular de 0,89 mm (milímetro), ante 0,88 mm no outro grupo, com um dado a mais na conta: melhoria de 11% na taxa de ovulação. Cientificamente, quanto maior o desenvolvimento folicular, maior a capacidade de ovulação da fêmea e também sua resposta à concepção. Outro ponto positivo revelado pela pesquisa foi o aumento da taxa de prenhez no comparativo entre os dois grupos. Ficou acima de 12% nas novilhas sincronizadas com o dispositivo ajustado, chegando a ser 37% maior em experimentos rodados com novilhas de 24 meses. Na categoria, os ganhos foram mais expressivos, já que fêmeas nesta idade costumam apresentar alta produção de progesterona, respondendo melhor ao protocolo com menor concentração deste princípio ativo. Baruselli explica, que, ao aplicar o dispositivo menor nas novilhas mais eradas, o índice de progesterona foi “nivelado”, permitindo, assim, melhor resposta de prenhez. O gerente de produto da Agener, Everton Luiz Reis, garante que embora tenha sido desenvolvido para o uso em fêmeas precoces e superprecoces, o dispositivo também pode ser utilizado para melhorar a eficiência reprodutiva de matrizes aos dois anos, já que se trata de uma categoria ainda jovem. “Temos, no Brasil, cerca de 13 milhões de fêmeas aptas ao primeiro parto aos 4 anos de idade. Se conseguirmos reduzir este ciclo em pelo menos um ano, já teremos grandes avanços.” Os últimos ajustes no Primer PR ocorreram neste mês de março, quando o produto foi lançado oficialmente no mercado, pelo valor médio de R$ 10 por novilha sincronizada. n
Bezerro na central Doutor da Terra Brava teve sêmen congelado aos 12 meses e deixa pelo menos 100 descendentes na propriedade
N
Carolina Rodrigues
o início deste ano, a Fazenda Terra Brava comemorou uma grande conquista de seu projeto de seleção da raça Nelore, iniciado em 1976 na Fazenda Boa Sorte, em Presidente Olegário, MG, e que hoje se espalha por outras três propriedades no Triângulo Mineiro. A marca teve o primeiro bezerro da raça contratado por uma central de inseminação: Doutor da Terra Brava (foto) entrou para portfólio da Alta Genetics por ter seu sêmen congelado aos 12 meses de idade. Filho de Sultão FIV da Terra Brava em Harpa I FIV Terra Brava, Doutor está entre os animais mais bem avaliados da fazenda, o que o levou a ser amplamente utilizado na mais recente estação de monta em processos de FIV e IATF, que resultaram em mais de 100 prenhezes. Na prática, isso significa um bom número de filhos gerados antes mesmo dos 22 meses. “Sabemos da consistência genética desse animal, que, sendo precoce, permite sua utilização no processo de melhoramento com apenas 1 ano de idade”, observa Max Pereira, gerente comercial da Fazenda Terra Brava, criatório que dentre outros critérios de seleção persegue a produção de animais superprecoces por meio do desafio das fêmeas com idade entre 12 e 14 meses e da avaliação andrológica dos machos, que começa na desmama para identificar os futuros craques do plantel. Doutor da Terra Brava saiu desta “peneira”. Ele pode ser considerado um marco para o mercado da inseminação, já que animais da idade dele não costumam gerar espermatozoides em quantidade e qualidade necessárias para congelamento, critério determinante para a entrada de um bovino em uma central de inseminação. Além disso, apresenta um fenótipo que se destaca, o que sugere expressão e caracterizacão racial à sua futura progênie, mesmo sendo ainda um bezerro. Quando contratado, Doutor apresentava 35 cm de CE, medida geralmente encontrada em touros com idade próxima de 2 anos. O animal terá doses comercializadas pela Alta já a partir do fim de abril, quando se encerra o período de quarentena instituído pelo Ministério da Agricultura. Além das avaliações da fazenda, o animal é TOP 0,1% no MGTE (ANCP), iABCZ e no IQG (Embrapa Gado de Corte), consolidando-se como um futuro candidato a líder de sumário nos três programas de melhora74 DBO abril 2018
divulgação fazenda terra brava
Reprodução
mento. Outro fator que chama atenção na avaliação genética de Doutor é a combinação de seu potencial para Ingestão de Matéria Seca (TOP 5%) e Consumo Alimentar Residual (TOP 7%) no programa da ANCP. Esta particularidade, segundo a Alta, o situa entre os animais jovens mais interessantes da safra, uma vez que alia pouco consumo de alimentos a alta eficiência na conversão em carne, característica que, junto com a precocidade sexual, compõe o leque da atual pecuária de ciclo curto. Tecnologia na precisão Doutor é fruto do projeto da Fazenda Terra Brava de identificação de machos super precoces. Há duas gerações, todos os animais nascidos na propriedade são avaliados por ultrassonografia testicular para identificar, já à desmama, quais os indivíduos com potencial para congelamento e alta produção espermática, para, depois, serem direcionados para coleta, congelamento e mercado. O bezerro nasceu na safra 2016 e se destacou no grupo de contemporâneos com boa motilidade (capacidade de se mover) e vigor do sêmen nas avaliações por ultrassonografia, além de apresentar resultado genético consistente nos três programas de melhoramento em que a fazenda está inserida, o que ajudou na contratação da Alta, segundo o gerente de mercado Tiago Carrara. “Toda lei de consumo está baseada na satisfação de uso do cliente. Quando falamos em possíveis touros, que ingressam na central ainda como bezerros, precisamos de todas as garantias possíveis de que aquele animal dará bons resultados no campo. Procuramos isso ao trabalhar com fazendas que usam todo o aporte tecnológico na produção de animais superiores”, observa Carrara. Atualmente, 40% das doses de sêmen da raça Nelore comercializadas pela empresa são de touros com idade abaixo de 5 anos. “Isso mostra duas coisas: que o mercado tem demandado produtos cada vez mais precoces, tanto na reprodução, como na terminação, e que nós temos acertado na contratação desses animais”, diz Carrara. Doutor é o segundo animal do gênero contratado pela Alta Genetics. O primeiro foi REM Espião, produzido na safra 2015 do Grupo Genética Aditiva, que entrou em puberdade aos 9 meses de idade, tendo seu sêmen congelado aos 14 meses. n
Capa
Eventos Agenda O Global Pecus – Pecuária do Futuro, evento que discutirá aspectos técnicos e macroeconômicos ligados à pecuária, será realizado nos dias 9 e 10 de maio, em Cuiabá, MT. Com organização e realização do IPNI (International Plant Nutrition Institute) e a consultoria GestaUP, o evento abordará temas como o contexto atual da pecuária e perspectiva futura, boas práticas no uso de fertilizantes em pastagens e intensificação da produção. Entre os palestrantes, estão Sergio de Zen, do Cepea/Esalq-USP, Adilson de Paula Aguiar, da Fazu/ Consulpec, Ero Francisco, do IPNI Brasil e Moacyr Corsi, da Esalq/ USP. Informações e inscrições em conference.ipni.net/conference/ pecus2018 A 4ª DroneShow, considerada a quinta maior feira do setor no mundo, será realizada de 15 a 17 de maio no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, SP. Com 42 empresas expositoras, 70 palestrantes e um público esperado de mais de 4.000 pessoas, o evento oferecerá extensa programação com seminários, cursos teóricos e práticos, painéis, mostras sobre tecnologias e produtos de última geração, nacionais e importados. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tem registrado cerca de 34.000 drones e 1.800 empresas no setor. Estimativas indicam, contudo, que há mais de 100.000 drones voando no Brasil, entre usos recreativos e profissionais. Informações sobre a feira podem ser obtidas por meio do site www. drineshowla.com ou pelo e-mail atendimento@mundogeo.com A AgroBrasília 2018 – Feira Internacional dos Cerrados será realizada no Distrito Federal, entre 15 e 19 de maio, com promoção da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (CoopaDF). Trata-se de uma feira de tecnologia e negócios voltada a 76 DBO abril 2018
empreendedores rurais de diversos portes. Os visitantes encontram o que há de mais novo em máquinas, implementos agrícolas, insumos, pesquisas, biotecnologia, genética animal e vegetal, entre outros. Além de um espaço dedicado à agricultura familiar onde são apresentadas tecnologias apropriadas ao setor, a AgroBrasília mantém uma área permanente para o sistema de Integração Lavoura-Pecuária- Floresta (ILPF). Informações em www.agrobrasilia. com.br O XI Simcorte – Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte, com promoção do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), ocorrerá entre 31 de maio e 2 de junho, no campus da UFV. A programação, relativa à pecuária de corte, é abrangente, proporcionada por renomados profissionais do segmento de pecuária de corte brasileiro e internacional, além de produtores rurais. A programação completa de palestras e mesasredondas, além do nome dos palestrantes e inscrições, podem ser obtidas no site www.simcorte. com.br. A XIII Jornada Nespro – Uso de tecnologias na pecuária de corte do passado ao presente será realizada nos dias 5 e 6 de junho, no auditório da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS. Entre os temas dos painéis estão vivências pecuárias com o uso de tecnologias; sistema de cria em ambientes extremos; sistemas de produção de carne extensivos com resultados intensivos; manejo intensivo na recria e terminação; sistemas de terminação a pasto e manejo integrado em programas de saúde de gado de corte, entre outros. Informações, programação completa e inscrições em www.ufrgs.br/ nespro/xiii-jornada-2018/
GENÉTICA DE RESULTADO DO EMBRIÃO AO BIFE A VPJ Pecuária realiza há mais de 20 anos um criterioso trabalho de seleção e melhoramento genético com foco em desempenho e qualidade de carne. O melhoramento genético é um instrumento de grande importância para pecuária de corte visando o aumento de produtividade e valor no mercado. O trabalho da VPJ Pecuária é conectar todos os elos da cadeia de produção de carne de qualidade e ao mesmo tempo oferecer genética superior com bonificação de carcaças no frigorífico. A empresa oferece através de seus leilões animais provados de altíssima performance avaliados pelos mais modernos métodos do mercado. Genética VPJ, mais desempenho, mais resultado!
AGENDA DE LEILÕES - 2018 23 A 30 DE ABRIL - SHOPPING VIRTUAL - ANGUS • BRANGUS • RED BRAHMAN TRANSMISSÃO CANAL DO BOI
23 DE AGOSTO - 1º LEILÃO VPJ RED BRAHMAN - UBERABA - MG TRANSMISSÃO TERRA VIVA
27 DE OUTUBRO - 21º LEILÃO VPJ GENÉTICA - JAGUARIÚNA - SP TRANSMISSÃO CANAL DO BOI
19 99772-5060
Fotos:Arquivo Ufla
Nutrição
Prática ganha cada vez mais espaço no cocho pela facilidade de manejo
Independentemente do tratamento, o desempenho do Angus foi melhor do que o do Nelore.
Bagaço de cana incrementa dieta de grão inteiro Com a adição do volumoso, estudo registrou melhoria de desempenho no cocho. marina salles
A
marina.salles@revistadbo.com.br
dieta de grão de milho inteiro tem ganhado espaço no cocho dos confinamentos brasileiros, principalmente médios e pequenos, em razão da sua praticidade, já que não demanda terras para a produção de silagem, nem equipamentos de moagem de grãos ou estruturas pesadas para armazenagem e mistura de insumos. Basta juntar o milho inteiro com pellets, feitos predominantemente com farelo de soja, minerais e aditivos, e fornecê-los aos animais. Essa dieta pode ser bastante atrativa em regiões agrícolas ou quando o preço do milho cai, possibilitando esticar a estadia dos bois no confinamento a baixo custo e tirar maior proveito de eventuais picos de valorização da arroba. Trata-se, porém, de uma ração rica em amido, o que aumenta o risco de problemas metabólicos como a acidose, se o produtor não caprichar no manejo. Mas esse problema pode ser resolvido de forma simples: acrescentando um pouco de fibra à mistura. Essa medida também ajuda a reduzir os custos da ração em 7% a 10%, conforme mostrou um trabalho recente da Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Minas
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Gerais. Entre as fontes de fibra disponíveis para uso em confinamento estão vários tipos de feno e silagens, o caroço ou a torta de algodão, a casquinha de soja e o bagaço de cana in natura (BIN), este testado pela Ufla. Segundo o professor Márcio Machado Ladeira, coordenador do experimento, foram obtidos resultados positivos, tanto na engorda quanto na saúde ruminal dos bovinos, após a inclusão desse tipo de volumoso na dieta de grão inteiro. Houve incremento de 7% a 24% no ganho de peso diário dos animais, dependendo da raça, em comparação com o lote testemunha (sem bagaço de cana), por causa do aumento no consumo de matéria seca e da melhoria do metabolismo ruminal. Efeito raça O trabalho da Ufla foi realizado em duas etapas. Na primeira, procurou-se analisar o desempenho de machos das raças Nelore e Angus alimentados com ração de “grão inteiro” (85% de milho mais 15% de pellets) em comparação com outra convencional, contendo 30% de silagem de planta inteira de milho e 70% de concentrado à base de milho moído (peneira 3), farelo de soja e núcleo mineral. A escolha dessa dieta como “testemunha” ou referência no trabalho se deve ao fato de ela ser empregada corriqueiramente em confinamentos brasileiros. Após 28 dias de adaptação, as formulações foram fornecidas a 36 animais (18 machos Nelore e 16 Angus, subdivididos em dois lotes iguais), durante 84 dias. Como esses grupos genéticos são bastante distintos, os pesquisadores queriam saber se apresentariam diferença de desempenho entre si e em relação às dietas. Os machos Angus se mostraram mais aptos a transformar grão inteiro de milho em carne, engordando 1,82 kg/ cabeça/dia, valor apenas 7,6% inferior ao do lote tratado com ração convencional, que continha mais fibra e era menos desafiadora do ponto de vista ruminal. Já os lotes de Nelore engordaram 31,6% menos com a dieta de grão inteiro: 930 gramas/cabeça/dia, ante 1,36 g/cabeça/dia da dieta convencional. Sua performance também destoou da
Nutrição Experimento 1 Indicadores
Nelore
Angus
Tipo de dieta
30:70 1
Grão inteiro 2
30:70 1
Grão inteiro 2
CMS 3 (kg/dia)
10,4
6,9
13,7
10,2
GMD
4 (kg/dia)
EA 5 (ganho/consumo)
1,36
0,93
1,96
1,82
0,132
0,137
0,144
0,179
(1) 30% de silagem de milho e 70% de concentrado; (2) 85% de milho grão inteiro e 15% de pellet; (3) Consumo de matéria seca; (4) Ganho médio diário de peso; (5) Eficiência alimentar. FONTE: Universidade Federal de Lavras (Ufla)
Experimento 2 Indicadores
Nelore Com bagaço 1
Dieta grão inteiro
Nelore x Angus
Sem bagaço 2
Com bagaço 1
Sem bagaço 2
CMS 3 (kg/dia)
7,87
6,75
8,89
7,60
GMD 4 (kg/dia)
0,901
0,841
1,196
0,959
EA 5 (ganho/consumo)
0,114
0,122
0,134
0,125
(1) 74% de milho grão inteiro, 20% de pellet e 6% de bagaço de cana-de-açúcar; (2) 80% de grão inteiro e 20% de pellet; (3) Consumo de matéria seca; (4) Ganho médio diário; (5) Eficiência alimentar. FONTE: Universidade Federal de Lavras (Ufla)
que normalmente apresenta em confinamentos comerciais, onde engordam mais. Segundo o pesquisador Márcio Ladeira, isso provavelmente ocorre porque os animais foram mantidos em baias individuais, onde, por questões comportamentais, os bovinos ingerem menos alimento. Como era de se esperar, o consumo de matéria seca (CMS) na dieta com grão inteiro também foi menor, mas não a eficiência alimentar (ganho dividido por consumo), como mostra a tabela referente ao experimento 1.
Se o produtor tiver acesso a uma fonte de fibra, vale a pena acrescentá-la à dieta de grão inteiro.” Márcio Ladeira, da Ufla
Efeito da fibra no consumo Na segunda etapa do experimento, foram usados animais Nelore e meio-sangue Angus. Eles receberam rações de grão inteiro com e sem bagaço de cana in natura (BIN), na proporção de 6% da matéria seca. Nesse trabalho, Ladeira confirmou suas expectativas quanto ao papel benéfico da fibra. “Esperávamos que o consumo aumentasse com a utilização do bagaço de cana, o que de fato ocorreu. Os animais Nelore comeram 7,87 kg/cabeça/dia da ração que continha volumoso, 16,5% a mais do que no tratamento sem esse ingrediente, no qual o consumo foi de 6,75 kg/cabeça/dia. Os novilhos meio-sangue Angus também ingeriram mais a ração acrescida da bagaço: 8,89 kg/cabeça/dia, ante 7,60 kg da sem volumoso. A explicação para isso está na equalização do pH ruminal, que, antes da introdução do bagaço, ficava permanentemente ácido, entre 5,6 e 5,8, dentro de uma escala onde 7 é neutro e 14, básico. Nos machos Nelore, a eficiência alimentar não apresentou diferença estatística. Nos Angus/ Nelore, ela foi melhor na dieta contendo bagaço de cana. Segundo Flávio Portela, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), de Piracicaba, SP, quando se vai incorporando volumoso a uma dieta
82 DBO abril 2018
de grão inteiro, é natural que o consumo de matéria seca aumente até determinado ponto e depois comece a cair. “Trata-se de um comportamento padrão, que independe da forma de fornecimento do milho: se inteiro, quebrado ou floculado”, diz. Em experimento realizado na USP, sob orientação de Portela, também se observou melhoria no desempenho dos animais com a substituição de 3% do milho grão inteiro pelo bagaço de cana. “Quando elevamos esse percentual para 6%, o consumo de matéria seca já começou a cair”, afirma. A queda teria sido mais evidente em uma dieta com 9% ou 12% de bagaço de cana, segundo Portela, porque esse é o comportamento esperado da curva de consumo de matéria seca. Nível de inclusão e custo Márcio Ladeira, da Ufla, pontua que ainda faltam estudos para determinar o limite máximo de inclusão do bagaço de cana na dieta de grão inteiro. Os percentuais de 3% a 6% são considerados “seguros” para preparo de dieta na prática diária, porque já foram testados experimentalmente. Ladeira optou por trabalhar com 6% de bagaço justamente em função dos resultados de Portela. “Além disso, avaliamos que a dieta poderia ficar mais barata se utilizássemos un porcentual maior desse volumoso”, diz. No experimento da Ufla com animais cruzados, que tiveram melhor eficiência alimentar na dieta de grão inteiro contendo bagaço de cana, o custo por arroba produzida foi de R$ 139, ante R$ 149 da ração sem esse volumoso, uma diferença de 7,3%. Essa economia se deve justamente à troca de 6% do grão de milho inteiro por um ingrediente mais barato, que é o bagaço. Neste experimento, os animais também apresentaram desempenho diferente, conforme a raça. Os machos Nelore mais uma vez engordaram menos, ganhando 841 g/ cabeça/dia com ração de grão inteiro sem volumoso e 901 g/cabeça/dia no tratamento que continha bagaço de cana. Esses dados podem indicar uma maior dificuldade da raça em processar grãos inteiros, mas, segundo Ladeira, são necessários mais estudos para se confirmar essa hipótese, por exemplo eliminando-se o efeito baia. Os meio-sangue ganharam 1,196 kg/cabeça/dia comendo grão inteiro mais pellets e bagaço de cana, em contraste com 959 g/cabeça/ dia da ração sem esse volumoso, ou seja, 24,7% a mais. Seu desempenho, contudo, ficou bem distante do alcançado pelos animais Angus puros, na primeira etapa da pesquisa, porque tiveram maior dificuldade para se adaptar às instalações do que aqueles. Com base nos dados levantados até agora, Ladeira recomenda aos produtores a inclusão de alguma fonte de fibra efetiva nas dietas de grão inteiro, seja ela caroço de algodão, feno ou silagem, já que o bagaço de cana, em si, não se encontra disponível em todas as regiões, especialmente depois que as usinas de açúcar e etanol passaram a usá-lo para produzir energia elétrica. Essa recomendação é endossada por Flávio Portela. Na escolha de qualquer outro volumoso, é preciso levantar o percentual de fibra em detergente neutro (FDN) do respectivo insumo, para calcular a quantidade a ser incluída na dieta. n
Nutrição
Menos perdas com sal granulado
E
studo comparativo de perdas e empedramento entre suplementos minerais em pó e granulados, apresentado na Dinapec 2018, realizada no mês passado em Campo Grande, MS, demonstra que as fêmeas com acesso ao suplemento em pó consumiram mais (68,9 gramas/dia) do que aquelas às quais foi ofertado material granulado (59,1 gramas/ dia), uma diferença de 16%, aproximadamente. Na avaliação do consumo em gramas por quilo de peso vivo, os animais ingeriram 19% a mais de suplemento em pó: 0,25 grama ante 0,21 grama (novilhas no aglomerado). Estes números mostram, aparentemente, maior atração dos animais pelo suplemento tradicional. O pesquisador da Embrapa Gado de Corte Rodrigo da Costa Gomes, responsável pelo experimento, alerta, porém, que a leitura tem que ser diferente: “O consumo foi medido pela diferença entre o ofertado e o que sobrou no cocho. Entretanto, nesta conta não entra apenas o consumo dos animais. Inclui também a perda do suplemento no cocho, seja pelo escoamento com a água ou por ação do vento, este último não mensurado pelo estudo. O consumo que se tem como resultado se refere ao volume ingerido mais as perdas”.A comprovação foi feita ao se avaliar o material retido nos filtros: nos cochos com suplementos em pó, a retenção média foi de 0,64 grama/dia de partículas, ante 0,26 grama/dia nos abastecidos com material granulado (polinutriente aglomerado, um intermediário entre o suplemento em pó e em bloco). Em resumo, os pesquisadores atestaram que, nas con-
84 DBO abril 2018
Penetrômetro, usado para medir o nível de empedramento dos suplementos
dições estabelecidas, o suplemento em pó sofreu perdas 146% superiores àquelas verificadas com o material granulado. Realizado entre 15 de dezembro de 2016 e 20 de abril de 2017 (período de alta precipitação pluviométrica), o estudo foi feito com suplementos de mesma composição. O material em pó foi elaboDesempenho e consumo de novilhas em pó
Suplemento aglomerado
PV inicial, kg1
224
225
PV final, kg2
328
327
GMD, kg3
0,826
0,807
Consumo, g4
68,9
59,1
Consumo, g/kg PV5
0,25
0,21
PE, g/dia6
0,64
0,26
Empedramento, kg/cm2
2,63
1,84
Itens avaliados
Suplemento
(1) Peso vivo inicial; (2) peso vivo final; (3) ganho de peso médio diário; (4) Consumo em gramas; (5) consumo em gramas por quilo de peso vivo; (6) perdas por escoamento em gramas ao dia; (7) empedramento em quilos por cm quadrado. Fonte: Embrapa Gado de Corte
rado pela Embrapa; o granulado utilizado foi o “Aglomerax”, da Connan. O trabalho a campo foi conduzido em 55 hectares formados com capim Marandu (Braquiarão) e divididos em 12 piquetes em modelo de semiconfinamento: metade com oferta de suplemento em pó, metade com material granulado, servidos em cochos tipo bombonas com furos nas bases (de 5 mm) para escoamento da água da chuva e filtros de igual capacidade de retenção de partes sólidas. Participaram 72 novilhas Senepol e Caracu (fêmeas que estavam disponíveis na Embrapa) com media de 220 kg de peso e 15 meses de idade. Para mensurar o nível de empedramento, Gomes usou um “penetrômetro”, instrumento capaz de medir a força exercida para penetração em objetos ou estruturas. “O endurecimento do material no cocho diminui o consumo por parte dos animais e exige sua substituição, gerando perdas”. A cada dois dias a equipe perfurava a massa de suplementos nos cochos e anotava a força utilizada em cada um deles. Quanto maior a força, maior o empedramento. O suplemento em pó exigiu nível de força média de 2,63 quilos por centímetro quadrado (kg/cm2) enquanto o granulado demandou 1,84 kg/cm2. Ao fazer um balanço do estudo, Gomes evitou calcular a economia com o uso do granulado, em relação ao suplemento em pó na estação das águas. “Isso vai depender muito de fatores comerciais, mas, comparado com o que está disponível no mercado, estimo que possa chegar até a 18%”. (Ariosto Mesquita, de Campo Grande, MS)
TOURO CANCHIM
IDEAL PARA CRUZAMENTO INDUSTRIAL Alta perfomance na monta a campo, adaptado a qualquer região do Brasil
Éden da Esmeralda
Dom MN da São Tomé
Parceiros em IATFs – Bezerros Tricross e Superprecoces
CANCHIM RAÇA ELEITA COMO PARCEIRA NOS PROGRAMAS IATF:
Bezerros Tricross Canchim
✔ Eficientes touros para monta e repasse – bezerros precoces ✔ Sêmen e touros Canchim para fêmeas F1 – bezerros superprecoces SÊMEN DISPONÍVEL NAS PRINCIPAIS CENTRAIS (AbsPecplan, Alta, CRI Genética, CRV Lagoa) Bezerro 1/2 sangue Canchim/Nelore
Eventos Canchim ■ CANCHIM TECNOSHOW COMIGO 9 a 13 de abril – Rio Verde / GO – Exposição
Receba novidades da raça Canchim
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Artigo
eduardo batista
Na seca, confinamento de bezerros compensa. Eduardo Gonçalves Batista é consultor regional de bovinos de corte da Cargill Animal Nutrition.
Uma das vantagens é imprimir ganho de peso igual ao obtido no período das águas, com baixo custo.”
É
fato que a falta de chuvas compromete a oferta e a qualidade dos pastos. E o que temos observado no País, de alguns anos para cá, são períodos de estiagem cada vez mais secos e prolongados, o que acaba afetando o planejamento da propriedade e, consequentemente, o desempenho de bezerros recriados a pasto. Há uma saída, porém. O pecuarista pode optar por recriar bezerros sob regime de confinamento, excelente alternativa para manter o bom desempenho zootécnico durante a seca. É uma estratégia que contribui, também, para encurtar o ciclo produtivo e melhorar a rentabilidade da fazenda. Antes de achar que essa opção é cara, o pecuarista tem de saber a resposta da seguinte pergunta: quanto custa a arroba produzida de um animal recriado a pasto no período da seca? É inegável que um bezerro desmamado e recriado a pasto somente com suplementação mineral perde peso na seca. Na melhor das hipóteses, um suplemento com ureia servirá apenas para a manutenção do peso que ele apresentava no fim das águas. Segundo pesquisas, o custo fixo de uma propriedade, que envolve depreciação de pastos, cercas, maquinários e mão de obra, entre outros itens, varia de R$ 1 a R$ 1,20/animal/dia. Tomemos como exemplo o custo fixo de R$ 1/cabeça /dia; uma suplementação mineral com ureia a R$ 0,14/cabeça/dia e um período de suplementação de 150 dias. O custo total nesse período de recria de um bezerro a pasto seria de R$ 171. Supondo que tenhamos boa condição de pastagens, que ainda permita um ganho de 100 gramas por dia. Nesse caso, os animais vão ganhar 15 kg em 150 dias, ou seja, meia arroba a um custo de R$ 171. Convertendo o custo para 1@ produzida, teremos o valor total de R$ 342 por arroba, mais do que o dobro do valor da arroba do boi gordo negociada na praça de São Paulo no fim de março. A partir do momento em que o pecuarista se dá conta do elevado custo para se recriar um bezerro a pasto na seca, fica mais fácil discutir alternativas zootécnicas pouco cogitadas, como a recria em confinamento. Há, ainda, várias outras vantagens neste método. Uma delas é imprimir um ganho de peso igual ao obtido no período das águas a pasto, com baixo custo. Se tomarmos como base um bezerro de 7 a 10 meses, desmamado ou comprado em julho, a meta de ganho de peso é de 750 gramas/dia. O período pode variar, dependendo de cada propriedade. No geral, alojamos os animais no fim de julho, permanecendo estes confinados até o início das águas, entre o fim de outubro e começo de novembro – 120 dias, em média.
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Confinar a recria torna possível adquirir bezerros de reposição em época de maior oferta e baixa procura
O objetivo é colocarmos 90 kg de peso vivo, ou 3@, nos bezerros e retornar com esses animais ao pasto quando houver oferta de capim em quantidade e qualidade. Do ponto de vista de redução da idade ao abate, o ganho dessas 3@ nesse período faz diferença, pois, após a engorda a cocho, esses animais voltarão ao pasto pesando entre 9 e 10@. Com bons pastos e manejo adequado, além de nutrição, sanidade, lotação adequada e outros fatores, é possível conseguirmos mais 4,5@ por garrote, de novembro a junho, o que garante que eles voltem ao confinamento em julho do ano seguinte pesando já 14@ e com grande chance de alcançar 20@ antes de completarem 24 meses. Outra vantagem de confinar a recria é a possibilidade de adquirir bezerros de reposição numa época de maior oferta e baixa procura. O início do período da seca é justamente quando temos a maior concentração de bezerros desmamados. É uma época em que o pecuarista está se desfazendo de animais, e não adquirindo novos, em razão da escassez de pastagem. Assim, quem recria em confinamento leva vantagem, pois pode comprar a reposição a preços mais baixos. Uma outra vantagem diz respeito ao estresse da desmama, que tem impacto direto na perda de peso de bezerros. Em propriedades de cria que trabalham com uma estação de monta bem definida, a desmama ocorre no período da seca. Além da ausência da mãe, o bezerro tem um estresse a mais, pois vai para pastos com forragens de baixa qualidade. Já a recria confinada reduz esse efeito negativo, pois possibilita o fornecimento de uma dieta balanceada, com ingredientes de qualidade, com menor gasto energético, pois os ani-
Tabela 1 – Custo de produção de bezerros recriados a pasto na seca Custo operacional/dia (*)
R$ 1,00
Custo nutricional com sal e uréia/dia
R$ 0,14
Período Custo total período seco Ganho de peso
150 dias R$ 171,00 100 gramas/dia
Ganho total em 150 dias
15 kg
Ganho de peso
0,5 @
Custo da @ produzida (*)
R$ 342,00
considera depreciação de pastos, cercas, maquinário, estradas e mão de obra.
mais caminham menos à procura de alimento. Há, ainda, a possibilidade de desmamar o bezerro já nas baias de confinamento, para que ele vá se adaptando ao ambiente quando for apartado da mãe. Sobrepastejo evitado De todas as vantagens, a garantia de que não haverá sobrepastejo no período de seca (o que permitirá o rebrote pleno das gramíneas no início do período chuvoso) é a que traz maior ganho econômico à propriedade. Devemos nos lembrar que o início do período chuvoso é crítico para a planta forrageira e para os animais. As chuvas geralmente são irregulares, e, quando o capim começa a rebrotar, os animais ficam ávidos por consumir as folhas novas, o que prejudica a recuperação da pastagem. Quando o gado está ausente na fase de rebrote, a planta cresce plenamente, preservando suas reservas energéticas. Quando se inibe o rebrote de capim com os animais nos pastos, a carga animal deve ser menor até o momento em que o pasto atinja sua plena capacidade. Isso tem efeito tanto na produtividade medida por arrobas produzidas por hectare, quanto no desempenho individual dos animais. Tabela 2 – Custo de produção de bezerros recriados em confinamento na seca Custo operacional/dia
R$ 1,00
Custo da matéria seca da dieta 1
R$ 0,35
Período
120 dias
Peso de entrada
180 kg
Peso de saída
270 kg
Ganho médio diário Ganho de peso Consumo de matéria seca
750g/dia 3@ 5,4 kg/dia
Custo de nutrientes/cabeça/dia
R$ 1,89
Custo diário total 2
R$ 2,89
Custo total
R$ 346,80
Custo da @ produzida
R$ 115,60
(1) Custo nutricional da dieta de recria de bezerro numa dieta composta de silagem de capim mombaça, bagaço de cana, casquinha de soja, torta de algodão, milho e núcleo vitamínico/mineral; (2) nutricional + operacional
Diante desses argumentos, podemos afirmar – ainda que cause espanto – que é possível, sim, produzir, no período seco, uma arroba na recria confinada a um custo mais baixo do que a da recria a pasto. O contrário seria verdadeiro no período das águas, com pasto abundante e manejo adequado. Mas na seca, o baixo desempenho zootécnico eleva o custo da arroba. Veja, na tabela 2, como é possível garantir uma arroba a um custo inferior a R$ 120 por animal. Para isso, porém, é essencial a produção de grande quantidade de volumoso a baixo custo. Se o planejamento nutricional para uma recria de bezerros em confinamento tem como meta um ganho de peso igual ao ocorrido a pasto no período das águas no verão, em torno de 750 gramas/dia, estabelecer dietas para ganhos superiores a esse é um dos principais erros, pois uma dieta de recria com nível energético elevado pode imprimir uma velocidade de ganho de peso maior. Só que, ao retornarem ao pasto, inevitavelmente, os animais reduzirão seu desempenho, e grande parte do resultado construído no confinamento poderá ser perdida. Volumoso é fundamental O desafio do nutricionista, portanto, é formular dietas com níveis semelhantes aos encontrados em um pasto de verão, tanto em energia quanto em proteína. Para isso, a dieta de recria deve conter uma grande quantidade de volumoso, podendo este chegar a 80% da composição nutricional. Volumosos com baixa energia, como silagens de capim e cana, feno, bagaço de cana e palhadas são excelentes alternativas. Talvez, aliás, seja este um dos principais gargalos desse sistema. Em uma dieta formulada só com silagem de capim, por exemplo, seria necessário algo em torno de 520 kg de matéria seca ou 2.000 kg de matéria original por bezerro em 120 dias de recria. Um outro aspecto que não pode deixar de ser mencionado é a facilidade do manejo em comparação a um confinamento de engorda de bovinos convencional. O sistema de engorda em confinamento é muito mais “delicado” do que o de recria confinada, pois ali trabalhamos com dietas com densidade energética muito maior, com participação elevada de grãos (como, por exemplo, o milho), o que, dependendo da maneira como forem processados, podem gerar maior risco de problemas metabólicos, como a acidose. Já na recria confinada, por se tratar de uma dieta com elevada participação de volumoso e pouca participação de grãos, esse risco é reduzido. Um outro diferencial é que podemos trabalhar com estruturas mais modestas e econômicas. Por exemplo, as estruturas de calçadas na frente dos cochos e bebedouros podem ser dispensadas, uma vez que a recria será feita somente na seca. Podemos, também, trabalhar com lotes maiores de bezerros, já que não se tem o impacto de perdas de desempenho por sodomia, por exemplo, além do fato de animais menores ocuparem menos espaço do que bois erados. n
O desafio do nutricionista é formular dietas com níveis semelhantes aos encontrados num pasto de verão”
DBO abril 2018 87
Fazenda em Foco
Vontade de mudar Fotos renato villela
Produtor goiano transforma fazenda, usando pacote simples de tecnologias, e consegue elevar rentabilidade de R$ 150 para R$ 400/ha.
Da esq. para dir.: Lindolfo Borges, gerente geral, o proprietário Leonardo Pinheiro e Divino Fernandes, gerente operacional. Novilhas meio-sangue Angus, que este ano serão engordadas no confinamento.
88 DBO abril 2018
Renato Villela,
T
de Campos Verdes, GO renato.villela@revistadbo.com.br
odos os projetos de intensificação têm um objetivo comum: aumentar a rentabilidade do negócio, mas o caminho para se chegar lá é repleto de particularidades. Para ter êxito, o produtor precisa rever conceitos e incorporar novas tecnologias de forma consistente, respeitando a vocação da propriedade. Foi o que fez Leonardo Rezende Pinheiro, 38 anos, engenheiro civil com paixão declarada pela terra. Em 2016, quando ele assumiu a gestão da Fazenda Floresta, em Campos Verdes, no norte de Goiás, pertencente a seu pai, Jehovah Elmo Pinheiro, dono da construtora Elmo, deparou-se com níveis baixos de rentabilidade. Comparando a pecuária extensiva com a soja - sempre ela, ora aliada, ora ameaça - a lavoura garantia R$ 300/ha/ano na região, o dobro do boi. Para tornar a pecuária competitiva, Leonardo tinha apenas uma saída: intensificar. “Plantar soja não estava nos planos, por falta de maquinário e estrutura adequada. Procurei, então, o Adilson Aguiar, da Consupec Consultoria, e ele me sugeriu começar pela divisão de pastagens, controle de invasoras e adubação de parte da área”, relembra. Deu certo. Em apenas dois anos, a taxa média de lotação da fazenda subiu de 0,8 para 1,5 UA/ha, a rentabilidade foi de R$ 150 para R$ 400/ha/ano e o rebanho de 5.000 para 7.700 animais, entre Nelore e cruzados industriais. Sua meta é chegar a 9.000 cabeças em 2020,
com lucro de R$ 600/ha/ano. O primeiro passo foi montar os módulos de rotacionado, usando áreas formadas principalmente com braquiarão e andropogon, forrageira tradicionalmente cultivada na região. Apenas uma parcela dos pastos (5%) precisou ser reformada. O pastejo contínuo foi eliminado da fazenda. Cerca de 70% da área (2.400 ha) foram divididos em 40 módulos de alternado medindo 60 ha cada e subdivididos em dois piquetes de 30 ha. Outros 1.100 ha (30% da área) foram estruturados em 22 módulos de rotacionado, com 50 ha cada, fatiados em quatro piquetes 100 ha. O produtor explora de forma intensa, com adubação, apenas 13 desses módulos rotacionados (650 ha). Falta adubar 450 ha. “Estamos avançando aos poucos”, diz Leonardo. A prudência se justifica. Conforme mostrou DBO em reportagem de capa de fevereiro deste ano, o principal componente de custo da intensificação é o gado, que responde por quase 70% do total investido. Além da preocupação com o fluxo de caixa, altas lotações no período das águas exigem estratégias como confinamento ou “sequestro” dos animais na seca, o que, neste momento, não está nos planos da fazenda. “Prefiro terminar os animais a pasto”, diz o produtor, que possui instalações de engorda em outra fazenda, mas com capacidade estática limitada (1.200 animais). Por ano, ele abate 3.500 animais (a pasto e em semiconfinamento). Projeto hidráulico Após “Modular” os pastos (estruturá-los em módulos), Leonardo Pinheiro incorporou outra tecnologia a
seu sistema produtivo: água encanada de qualidade. Antes, o gado era servido por cacimbas (reservatórios rasos que armazenam água da chuva) e pequenos córregos que desaparecem no auge da seca. Dois problemas eram comuns. Primeiro, os animais perdiam peso, principalmente no final da estiagem, porque bebiam menos água e, consequentemente, ingeriam menor quantidade de matéria seca. Muitas vezes, os peões precisavam retirar o lote do piquete, mesmo com o pasto ainda bom, porque a cacimba secava. O segundo problema era a mortalidade alta, em torno de 1,2% ao ano, devido a doenças transmitidas pela água, como algumas clostridioses. A necessidade de instalar bebedouros para solucionar esses problemas veio acompanhada de uma dúvida bastante comum entre os produtores, que será tema de reportagem de DBO no Especial de Instalações, em maio: qual a forma mais indicada para garantir água de qualidade aos animais? A resposta depende de uma série de fatores, como você verá na próxima edição. A estratégia escolhida pela Fazenda Floresta, por ser mais viável técnica e economicamente, foi bombear a água de duas represas por meio de turbinas hidráulicas, que abastecem dois reservatórios com capacidade para 1 milhão de litros cada. Desses reservatórios, a água é distribuída por gravidade para 43 bebedouros, de 10.600 l, situados dentro da área de lazer dos módulos. O custo do projeto hidráulico foi de R$ 12.000 por bebedouro. Após o fornecimento de água de qualidade ao rebanho, três mudanças foram sentidas: a taxa de mortalidade caiu para 0,8% ao ano; os animais passaram usar preferencialmente os bebedouros, mesmo nos piquetes com aguadas naturais, e o consumo de suplemento mineral aumentou, elevando o ganho de peso. Sistema define categoria Com a infraestrutura preparada, faltava distribuir as categorias animais de acordo com o sistema de pastejo. O rotacionado, onde estão as melhores pastagens, foi reservado ao gado mais novo, principalmente machos e fêmeas de recria, Nelores e cruzados, recém-desmamados e trazidos de outras duas fazendas de cria da Elmo Agropecuária. “Como são categorias mais leves, coloco mais animais para aumentar o ganho em arrobas por hectare”, justifica o produtor. A taxa de lotação na porção adubada (650 ha) é de 4 UA/ha nas águas e 1 UA/ha durante a seca. O período de ocupação em cada piquete é de sete dias, com 21 dias de descanso. Vacas de descarte e garrotes com peso entre 10 e 12 @ adquiridos de terceiros ficam nos módulos de alternado, que sustentam lotação de 1,5 UA/ha, nas águas, e 0,8 UA/ha, na seca, com ocupação de 15 dias por piquete. Apenas alguns lotes dessas categorias entram no rotacionado. “São animais que estão próximo de entrar na terminação, por isso formamos lotes menores e evitamos movimentá-los muito”, explica. A entrada e saída dos pastos é definida de acordo com a altura da forrageira e o sistema de exploração.
No alternado e nos módulos de rotacionado que ainda não recebem adubação, os animais entram no braquiarão com 40 cm e saem com 25 cm, enquanto na área adubada as medidas são 30 cm e 20 cm, respectivamente. Para não errar no manejo, a fazenda destina um funcionário que percorre os piquetes a cada sete dias, com uma régua nas mãos, medindo a altura do capim em 10 pontos por piquete. Essa “leitura” é anotada num formulário e repassada ao gerente, que decide quando é hora de colocar ou tirar o gado do pasto. “Ficamos de olho principalmente no piquete da frente (próximo a ser pastejado). Quando está na altura indicada, colocamos os animais, mesmo que o anterior não tenha sido rebaixado o suficiente. Do contrário o capim passa, perde qualidade e o manejo se torna mais difícil”, conta Divino Fernandes, gerente operacional da fazenda. Outra tecnologia incorporada por Leonardo Pinheiro foi o controle regular de invasoras. O problema é pouco frequente nos módulos rotacionados, mas persiste nos de pastejo alternado. As aplicações de herbicida são feitas em épocas diferentes, de acordo com o tipo de erva daninha presente. Nas “pragas moles”, mais fáceis de controlar, o produto é aplicado no início das chuvas, quando a maior luminosidade associada à umidade favorece a atividade fotossintética da planta e, consequentemente, a absorção do herbicida, o que potencializa seu efeito. As “pragas duras” (arbustos do cerrado),
Bois Nelore recebem suplemento (1% do peso vivo) durante o semiconfinamento
nnn
Fazenda em números Nome: Fazenda floresta Sistema de produção: cria e recria Localização: campos verdes, GO. Área total: 4.500 HA Área de pastagem: 3.500 HA
nnn
DBO abril 2018 89
Fazenda em Foco mais resistentes, são combatidas durante a estação seca, uma vez que requerem aplicação do químico na base do caule da planta, que fica mais visível quando o capim está mais baixo. Suplementação dirigida Leonardo também investiu em suplementação. Machos e fêmeas recém-desmamados, que chegam na fazenda de maio a julho, entram no rotacionado recebendo proteinado na proporção de 0,3% do peso vivo (PV). Em novembro, quando o pasto volta a se recuperar, esse suplemento é substituído pelo mineral 80 cromo. “O ganho de peso nas águas (novembro/maio) está muito bom, entre 1 kg e 1,1 kg, por conta da qualidade da pastagem adubada, por isso decidi fornecer apenas sal mineral aos animais nesses três meses (novembro/ janeiro)”, explica o produtor. A partir de fevereiro, a suplementação é retomada, começando com 0,1% até se atingir de novo o patamar de 0,3% do PV. A partir daí a estratégia muda, conforme o destino dos animais. As fêmeas Nelore, reservadas para recomposição do plantel, continuam recebendo a mesma quantidade de suplemento até os dois anos de idade, quando são levadas para as fazendas de cria da Elmo Agropecuária.
Já as meio-sangue Angus recebem 0,5% do PV em suplemento até atingir 12 @. Em 2017, elas foram vendidas para confinadores, mas, neste ano, após firmar um acordo com o Minerva, o produtor decidiu engordá-las no confinamento da outra fazenda da empresa. “As novilhas classificadas dentro do Programa Angus poderão receber prêmio de até R$ 8/@”, informa. A meta é abater 500 fêmeas, com peso médio de 15@. Os machos são todos destinados ao abate. Eles recebem a mesma suplementação das fêmeas, entre a desmama e o início da segunda seca que passam na fazenda. A partir de maio, a estratégia muda. Os garrotes que atingem 440 kg nessa época vão para os módulos alternados, em regime de semiconfinamento (1% do PV em suplemento proteico-energético). Os demais ficam mais tempo no pasto, recebendo 0,5% do peso vivo em suplemento, até ganharem mais peso. Em agosto, retornam à balança, e os animais com mais de 450 kg vão para o confinamento, até o limite de 1.200 animais. n
Cuidados com a adubação Um dos grandes desafios da intensificação é o manejo de adubação. Deixar para trás uma prática extensiva e adotar um modelo onde a fertilidade é ponto-chave, requer aprendizado e, acima de tudo, disciplina. “O produtor tem de executar os procedimentos de correção e adubação de solo na hora certa, para maximizar a produção de massa forrageira. Do contrário é jogar dinheiro fora”, alerta o agrônomo Lindolfo Borges, gerente-geral da Elmo Agropecuária. O calcário, por exemplo, é lançado no final de março/ início de abril, quando ainda há umidade suficiente para facilitar sua reação no solo. O fósforo e o nitrogênio (este parcelado) são aplicados logo após o início das chuvas. Para otimizar as operações, os dois fertilizantes (MAP e ureia) são lançados juntos na primeira aplicação. Aqui vale uma observação, que denota o quanto a criatividade do produtor pode fazer a diferença no dia a dia da fazenda quando se trata de incorporar novas tecnologias ao sistema produtivo. Como as partículas de fósforo e nitrogênio têm densidades diferentes, é preciso misturá-las antes da aplicação, de modo a garantir uma distribuição homogênea na pastagem. Antes Pinheiro se valia de uma betoneira para realizar essa tarefa. Na medida em que a intensificação foi avançando e exigindo maiores quantidades de adubo, essa alternativa se mostrou pouco satisfatória. “Decidi utilizar um vagão misturador de ração, com capacidade para quatro toneladas, para ‘bater’ a ureia com MAP (fosfato mono-amônico). Economizamos tempo e mão de obra”, diz. Do vagão, a mistura é transferida para a caixa do distribuidor de adubo. A fazenda tem aplicado 100 kg de MAP/ha e 300 kg de ureia/ha, parcelados em três aplicações.
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Vagão misturador de ração é utilizado para ‘bater’ fósforo e nitrogênio. Na sequência, mistura é transferida para caixa de adubo. O manejo de adubação requer outro cuidado, desta vez relacionado à fisiologia da planta. É muito comum nos sistemas extensivos que o capim “passe do ponto”, pelo pastejo desuniforme. O resultado é uma brotação aérea tímida, com capacidade reduzida de fazer fotossíntese e produzir massa verde. Por essa razão, antes de iniciar a adubação, principalmente na transição de um sistema de pastejo para outro, Borges recomenda roçar o pasto a uma altura de 20 cm, para eliminar essas hastes e estimular o perfilhamento do capim. As ‘folhas bandeiras’, como são chamadas, que nascem rente ao solo, são mais largas e responsáveis por 80% da fotossíntese da planta. “Além de aumentar a produção de massa do capim, conferem melhor cobertura ao solo, o que dificulta o surgimento de invasoras”, explica o agrônomo.
Seleção
Grupo Katayama reduz idade média das doadoras de sete para três anos e meio
Genômica: chegou a vez delas! Fazendas aplicam a tecnologia na seleção de fêmeas para identificar doadoras de plantel e novilhas superprecoces já na desmama
U
Carolina rodrigues
suária de genômica em testes de paternidade (para correção do parentesco) e na escolha de tourinhos no teste de progênie, a Katayama, uma das empresas associadas ao Programa DeltaGen de melhoramento genético, direcionou a tecnologia para fêmeas com um propósito específico: apartar já na desmama as candidatas às doadoras de seu plantel. O resultado foi expressivo: na primeira safra, a empresa conseguiu reduzir de sete para três anos e meio a idade média das doadoras. Na estação 2016/2017, todas as doadoras da Katayama, selecionadas por melhoramento convencional, eram multíparas, com idade média de 84 meses. “Ao baixar pela metade a idade média de nosso grupo de doadoras, conseguimos maximizar bastante o intervalo de gerações, um dos fatores fundamentais para o progresso genético da propriedade”, afirma Márcio Ribeiro Silva, responsável pelo projeto de seleção
92 DBO abril 2018
da empresa há 10 anos pela Melhore Animal Consultoria, que enxergou a possibilidade de aplicar a genômica além da seleção dos tourinhos. Por utilizar diferentes linhagens, a Katayama sempre teve variabilidade genética no plantel, mas faltava maior segurança na escolha das matrizes mais produtivas de cada geração. “A genômica diminui os riscos de investir em animais mais jovens, onde estão naturalmente os exemplares geneticamente superiores do rebanho”, diz, referindo-se à tendência na pecuária de corte de antecipar cada vez mais a época de aspiração das fêmeas, reduzindo, por decorrência, a idade à primeira concepção. De um universo de mais de 5.000 matrizes nascidas nas quatro fazendas do grupo, foram selecionadas 118 animais, tendo como linha de “corte” a seleção de animais Deca 1 (classe de 0,1 a 10% das melhores fêmeas da safra) para as características INDD (índice de desmama), INDF (índice final), GD (ganho de peso pré-desmama), D160 (dias para atingir 160 kg no nascimento à desmama), GS (ganho de peso ao sobreano) e D400 (dias para atingir 400 kg), todas elas ligadas à capacidade das fêmeas em expressar ganho de peso, fator altamente relacionado à precocidade sexual e de acabamento. Também foram consideradas DEPs de probabilidade de prenhez precoce, stayability e perímetro escrotal, além de características de carcaça, incluindo as avaliações da ANCP. Quando aplicada à genômica, a avaliação genética na desmama e no índice final manteve avaliações positivas, com um verdadeiro upgrade na acurácia dessas características, que saíram da média de 0,48% para 0,71%. Para Silva, muito além da abertura para doadoras jovens e mais produtivas na seleção, o programa aumentou a pressão da Katayama em cima das vacas múltiparas, que com o novo programa de FIV somaram apenas 20% do time de novas doadoras. Como a fazenda já não depende exclusivamente desta categoria animal no processo, elas têm que ser Deca 1 na avaliação genética, fazer parte do time de precoces, “além de passar por outros crivos adicionais que podem tomar essa peneira ainda mais fina”, segundo o consultor. “Nosso objetivo final é aumentar a frequência dos genes que queremos fixar no plantel de forma muito mais intensiva do que fazíamos.” Os resultados da FIV confirmam o sucesso do novo programa. Na estação 2017/2018, foram aspirados 6.700 oócitos viáveis, que resultaram em 1.114 embriões vitrificados (congelados). Elas foram transferidos ao longo da estação de monta, gerando cerca de 400 prenhezes do novo programa de identificação de doadoras da Katayama. Em 2019, o grupo pretende genotipar 100% da safra, permitindo identificar doadoras também no núcleo superprecoce de fêmeas, um dos pontos fortes do projetos da Katayama e tema do Dia de Campo ocorrido no dia 16 de março na Fazenda Campo Triste, propriedade de cria e recria em Três Lagoas, MS, que reuniu cerca de 150 pessoas e a visitação aos lotes de fêmeas jovens com
bezerros ao pé; e touros com índices de produção de até 70% de filhas precoces e superprecoce. “Essa é a ponta do iceberg. Acredito que possamos chegar lá, agregando ainda maior eficiência ao processo”, projeta Silva. Alicerce para a precocidade É o que tem feito o Grupo Rezende, dono de uma população de 10.000 matrizes avaliadas no DeltaGen, onde a genômica tem sido a chave de sucesso para produzir prenhez precoce na Fazenda Santo Antônio das Três Marias, em Santo Antônio do Leverger, região desafiadora de Mato Grosso. O trabalho começou em 2014, respaldado por um estudo técnico de associação entre o fenótipo e o genótipo de 438 fêmeas prenhes com idade entre 13 e 18 meses, caracterizando assim um perfil precoce. A seleção genômica foi aplicada durante o processo e identificou quatro segmentos do genoma com alta associação ao fenótipo de prenhez precoce, ou seja, regiões do DNA onde houve manifestação da característica. Os resultados finais confirmaram as projeções, dando então suporte para novos investimentos: cerca de 80% das fêmeas com perfil genômico favorável à prenhez precoce estavam prenhes à data do diagnóstico da primeira IATF, enquanto 98% das que apresentam perfil desfavorável permaneceram vazias ao fim das avaliações. “Isso nos deu segurança para aplicar a genômica na seleção para precocidade sexual de forma mais intensiva nas safras que viriam”, lembra Álvaro Fortunato, da Personal PEC, empresa que presta consultoria ao projeto, que já soma 1.500 genotipagens de fêmeas superprecoces. Elas são selecionadas previamente, utilizando como regra animais que tenham índice de desmama superior e notas extremadas de conformação, precocidade e musculatura (CPM), e pesem no mínimo de 260 kg para iniciarem a estação reprodutiva. A genômica entra no processo para reforçar a acurácia e tem permitido identificar, já na desmama (7-8 meses), fêmeas aptas a se tornarem superprecoces na próxima safra, o que vem se confirmando na prenhez. Na última safra, de um universo de 2.000 fêmeas nascidas, 549 foram pré-selecionadas pela genômica e se comprovaram superprecoces com 50% de prenhez na primeira IATF. Outras 225 tiveram 51% de prenhez no segundo protocolo, compondo o grupo de precoces da fazenda. Atualmente, 50% da reposição do Grupo Rezende é realizada com fêmeas do grupo superprecoce, cenário que Fortunato atribui ao ambiente desafiador em que elas são recriadas: o pantanal mato-grossense. O objetivo nos próximos anos é otimizar esses resultados, principalmente na categoria mais jovem. “Hoje, as fêmeas que não emprenham até os 16-18 meses voltam para o trabalho de prenhez aos dois anos e fazem a reposição convencional do plantel, porém com o aumento do uso destas fêmeas superprecoces, permitiremos assim que essa genética vá se fixando ao longo
Genótipo confirma biotipo precoce no pantanal mato-grossense
das gerações.” A expectativa é de que, em mais cinco anos, 100% da safra seja reposta por fêmeas que concebem sua primeira cria até os 26 meses. Para Fortunato, o uso da genômica aplicada às fêmeas descortina inúmeras possibilidades, seja na reposição de novilhas, na identificação de jovens doadoras ou nos projetos de precocidade sexual. Permite maior eficiência do melhoramento genético, que leva na conta a redução do intervalo de gerações e ao incremento da acurácia dos animais. “Estamos trabalhando o divisor e o denominador para garantir maior progresso genético dentro das propriedades”, algo também confirmado pelo universo de fazendas associadas ao Delta Gen. Pesquisa recente do programa mostrou que matrizes adultas, com média de sete crias, apresentavam acurácia regular de 50%, percentual considerado incipiente para o uso expressivo no plantel. “Temos touros no nosso banco que, aos dois anos de idade, têm confiabilidade muito maior do que fêmeas aos 12 anos, com filhos nascidos e avaliados dentro do programa. Queremos diminuir essa discrepância para ganhar nas duas pontas”, observa Rodrigo Dias, gerente técnico Delta Gen. Em 2018, o DeltaGen deve coletar cerca de 8.000 novos genótipos, sendo 50% de fêmeas jovens e 50% de touros. Até o ano passado, a média girava em torno de 5.000 genótipos, na proporção de 20% para 80%. Um dos objetivos do programa é reduzir a idade em que as fêmeas são aspiradas de quatro para dois anos, diminuindo também a idade à primeira concepção, a exemplo do vem sendo feito na Katayama. “Precisamos aumentar nossa capacidade de identificar fêmeas superiores em idade ainda jovem como já fazemos nos touros para alcançar progresso genético no todo. Começamos o processo, que deve avançar ainda mais nos próximos anos”, conclui Dias. n
Conseguimos maximizar o intervalo de gerações da fazenda” Márcio Silva, da Melhore Animal
Trabalhamos o divisor e o denominador para garantir progressos” Álvaro Fortunato, Personal PEC
DBO abril 2018 93
Integração
Quanto rendem os sistemas integrados?
Gabriel faria
Dados econômicos levantados pela Embrapa serão usados para criar planilha eletrônica capaz de responder a essa pergunta
Animais Nelore pastam entre fileiras de teca, na Fazenda Gamada: lucro de R$ 229 ha/ano, livre de depreciações e impostos.
Canal de venda é importante” Julio Reis, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril
Marina Salles
N
marina.salles@revistadbo.com.br
a busca por formar um banco de dados consistente sobre a rentabilidade dos vários sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e suas variantes, a Embrapa Agrossilvipastoril, de Sinop, MT, está iniciando levantamentos de dados reais, em fazendas comerciais do Estado. Segundo o pesquisador Júlio César dos Reis, a ideia é levantar informações de oito a dez propriedades com diferentes sistemas de produção e potencial de mercado. Essas informações servirão para validar um banco de dados sobre a técnica que a Embrapa montou nos últimos 8-10 anos, em cinco Unidades de Referência Tecnológica e Econômica (URTEs) do Mato Grosso. Nessas unidades de referência, os sistemas de integração se mostraram economicamente viáveis e competitivos frente a culturas solteiras, agrícolas ou pecuárias. O caso de maior destaque, considerado excepcional pelo pesquisador Júlio Reis, foi o da Fazenda Bacaeri, em Alta Floresta, MT, que apresentou previsão de lucro bem acima da média, em função do corte final de árvores de teca com 20 anos de idade, previsto para daqui a 17 anos. Trabalhando com pecuária de corte, cruzamento industrial e madeira processada, a fazenda, que tradicionalmente exporta teca para a China, teve sua receita líquida estimada em R$ 2.175/ha/ano. O resultado foge da curva, segundo Reis, porque, em Mato Grosso, é incipiente o mercado para florestas plantadas, diferentemente de Estados como Minas Gerais, São Paulo e Paraná, considerados promissores pelo pesquisador para a atividade, por concentrarem mais indústrias moveleiras, de benefi-
ciamento de madeira, papel e celulose. “Ter um canal de comercialização estabelecido no Exterior fez diferença para a Fazenda Bacaeri”, pondera. Na Fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte, que adotou a ILPF com soja, milho e teca, a receita ficou em R$ 229 ha/ano, já deduzidas amortizações e todos os impostos, incluindo imposto de renda. Além da lavoura, foram consideradas as receitas com a venda de animais Rubia Gallega (para o Programa do Pão de Açúcar) e de madeira tratada destinada à construção de mourões de cerca. Já na Fazenda Brasil, em Barra do Garças, que adotou um sistema produtivo análago, mas com eucalipto e gado comercial, a receita líquida foi de R$ 152/ha/ ano. Em 2016, quando a lucratividade da fazenda havia sido projetada considerando-se a comercialização da madeira, a expectativa era de que esse número chegasse a R$ 370/ha/ano, o que não se confirmou, pois o eucalipto foi destinado ao uso próprio, principalmente como lenha, para o processo de secagem de grãos. Segundo Reis, o sistema mais indicado para cada fazenda varia conforme sua localização, disponibilidade de mão-de-obra e condições logísticas para armazenar ou comercializar os produtos, o que demanda planejamento anterior à implantação dos projetos. Em Mato Grosso, com o cenário que está posto, a integração lavoura-pecuária (ILP) se saiu melhor. Nas fazendas Dona Isabina, no município de Santa Carmem, e Certeza, em Querência, Avaliação econômica de URTEs de ILPF em Mato Grosso
Amazônia Cerrado Pantanal Fonte: Embrapa/Rede ILPF
94 DBO abril 2018
Integração a rotação soja/milho/boi deu resultado de R$ 690 e R$ 297/ha/ano, respectivamente. A diferença entre elas é explicada tanto pela localização como pela gestão. “Na Fazenda Certeza, o desempenho da pecuária ficou aquém do esperado por uma série de questões de estrutura e manejo, mas há de se considerar também que ela fica no leste do Estado, onde surgiu de uns anos para cá uma nova fronteira agrícola. A situação da Fazenda Isabina é outra. Ela está no médio Norte de Mato Grosso, perto de Sorriso e Rio Verde, onde a agricultura já se consolidou”, diz Reis, que lembra que a logística e a flutuação de preço dos produtos também interfere nos resultados. Próximos passos Essa bateria de dados, coletada nas URTEs, deverá ser confrontada com dados de sistemas integrados de fazendas comerciais que tiveram de encontrar soluções sozinhas para os problemas do dia a dia, sem acompanhamento da pesquisa. Após a coleta dessas informações, a ideia é produzir planilhas inteligentes que ajudem a calcular a viabilidade de projetos de integração. “Esse instrumento poderá ser usado tanto pelos produtores que já adotam os sistemas, para ter um raio-X de sua atividade, quanto por aqueles que estão planejando a implantação, para simular cenários ou mesmo conseguir um financiamento”, diz Júlio Reis. Segundo o pesquisador da Em-
brapa Agrossilvipastoril, por falta de uma ferramenta de avaliação, hoje é comum que o parecer dos bancos recaia sobre o histórico do produtor ao invés de levar em consideração o resultado esperado de um sistema integrado. Com os dados de que a Embrapa já dispõe, somados aos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), parceiro da iniciativa, será possível lançar, até o meio do ano, uma planilha para cálculo da viabilidade de sistemas de integração lavoura-pecuária. “Decidimos começar pela ILP porque o componente florestal aumenta a complexidade dos cálculos, que precisarão ser refinados. Hoje, sendo otimista, corre-se o risco de estimar que a árvore sempre dá mais dinheiro, o que não é real”, frisa Reis. Usando a planilha eletrônica, a ideia é que os produtores façam o mínimo de contas possível. Após caracterizar a fazenda (área, estrutura física para pecuária, maquinário agrícola), a ferramenta eletrônica calculará o investimento inicial do projeto e seu custo operacional (insumos, implementos, mão-de-obra, tudo que está associado à produção) para dimensionar as receitas e despesas. Como terá caráter estritamente financeiro, a ferramenta não será capaz de indicar se, na região de determinado produtor, o melhor é plantar milho ou algodão, por exemplo. Diferentes simulações ajudarão a mensurar o custo de cada atividade. n
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96 DBO abril 2018
Sanidade
Cure o umbigo do jeito certo Canal de comunicação entre a mãe e o feto, o cordão umbilical pode ser porta de entrada para bactérias indesejáveis, se mal tratado.
Copo aplicador usado na cura do umbigo. Modelos “sem retorno de líquido” são os mais indicados.
98 DBO abril 2018
Renato Villela
Q
renato.villela@revistadbo.com.br
ue o umbigo precisa ser tratado após o nascimento do bezerro, todo produtor sabe. O problema é que esse procedimento nem sempre é realizado de forma adequada, o que pode provocar uma série de problemas. “Caruara”, “umbigueira” e “junta inchada” são alguns dos nomes pelos quais os vaqueiros conhecem onfalites e poliartrites, consequências da cura inadequada do umbigo dos bezerros. Segundo o veterinário Enrico Ortolani, professor da FMVZ – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP e colunista de DBO, embora a diarreia seja apontada como a principal enfermidade do bezerro de corte (até 30 dias), em muitas situações ela perde longe para as infeccões umbilicais e suas complicações, presentes em pelo menos 10% dos animais. Para o veterinário Marcus Rezende, mesmo que os bezerros se recuperem, o prejuízo já estará contabilizado. “Esses animais desmamam 1 @ mais leves e por isso não conseguem acompanhar o desempenho dos contemporâneos, se tornando refugo ou fundo de lote”. Para evitar que isso aconteça, o produtor deve fazer a cura do jeito certo. “O produto mais indicado para a mumificação do cordão umbilical é o iodo, em concentração de 5% a 10%”, afirma. O consultor diz que costuma misturar ao iodo um produto comercial à base de ácido pícrico. “Esse medicamento é extremamente amargo, evitando que as vacas lambam o umbigo da cria, comportamento instintivo, mas que
pode provocar lesões por tração do cordão umbilical”, explica. Para promover o tratamento, o indicado é colocar a solução em um frasco de boca larga e mergulhar o cordão umbilical nele por pelo menos um minuto. “O produtor pode utilizar a tampa do matabicheira, que serve perfeitamente para isso”, afirma. Outra opção são os copos aplicadores, muito utilizados em manejos de pré e pós-dipping em vacas leiteiras, mas é importante dar preferência àqueles “sem retorno de líquido”, que restringem a aplicação a uma única vez, já que o iodo perde sua ação quando em contato com a matéria orgânica, o que desaconselha sua reutilização. Não há necessidade de cortar o umbigo, salvo em situações muito específicas. “Animais filhos de FIV (fecundação in vitro) têm, em geral, umbigos maiores e mais sensíveis, exigindo assim mais cuidado na sua profilaxia e cura”, afirma Rezende. Caso haja necessidade de corte, o procedimento deve ser feito com tesoura limpa e desinfetada, a 5 cm (largura de dois dedos) a partir da base de inserção do umbigo. Muito comum no campo, o uso de sprays matabicheiras não promove a mumificação do cordão umbilical, servindo apenas para repelir moscas, mas por curto período.
Recomendações básicas • Prepare a solução de iodo + ácido pícrico e guarde em um recipiente fechado e protegido de luz. • Redistribua essa solução em frascos menores, com tampa, e entregue para vaqueiros devidamente treinados, que serão os responsáveis pela cura do umbigo dos bezerros na maternidade. • No campo, coloque a solução em um recipiente de boca larga (pode ser a tampa de um matabicheiras) e mergulhe completamente o toco umbilical nele por um minuto. • O corte do umbigo deve ser evitado. Somente deverá ser feito se for muito longo, ao ponto de tocar o chão com o bezerro em pé. Nesse caso, corte com uma tesoura limpa e desinfetada a 5 cm (dois dedos) da base de sua inserção. • Não use a mesma solução de iodo várias vezes, porque ela perde a eficácia. • Verifique sempre se o umbigo está bem seco. • Para evitar a formação de bicheiras, recomenda-se a aplicação de medicamento à base de avermectina.
“Para se evitar bicheiras, pode-se medicar o bezerro, ao nascimento, como produtos à base de avermectina”, diz Ortolani. Segundo o professor, há um detalhe a ser destacado na prevenção de infecções umbilicais. “A gravidade das onfalites é muito dependente da quantidade e rapidez com que os bezerros ingerem o colostro. Recém-nascidos que tomaram pouco colostro podem morrer a partir de quadros de onfalite”. Porta fechada para as bactérias Canal de comunicação entre mãe e feto, o cordão umbilical se rompe um pouco abaixo do umbigo após o nascimento do bezerro. Semelhante a uma tripinha úmida, passa a ser um tecido morto, pois deixa de receber sangue. Antes de cicatrizar, no entanto, o coto umbilical, como é conhecido no campo o resto morto do cordão umbilical externo, se constitui em uma fonte de alimentação para bactérias indesejáveis, pois é rico em nutrientes. Deste modo, se o coto umbilical tocar o chão contaminado com fezes, terra ou outras substâncias sujas, logo ficará repleto de micróbios. “Como os vasos ainda não estão atrofiados, se tornam vias de acesso para as bactérias penetrarem no organismo do bezerro”, explica Ortolani. Segundo ele, animais nascidos em locais sujos e contaminados (por exemplo, em currais ou ao seu re-
dor) têm três vezes mais chance de ter onfalites do que os paridos em pastagens limpas. A infecção se dá de várias formas. As bactérias podem colonizar apenas a região mais externa do umbigo, que se torna inchado, endurecido e dolorido (é comom presença de pus em sua extremidade) ou penetrar nas veias umbilicais, causando um quadro mais grave. Pelo sangue, os micróbios podem chegar às juntas e provocar inchaços, abscessos, manqueira, dentre outros sintomas. A presença de bicheira no umbigo é muito comum, podendo atingir até 40% dos casos. “A onfalite ainda pode facilitar o surgimento de hérnia umbilical”, completa Ortolani. Por isso, o produtor não pode bobear. “É preciso fechar essa porta de entrada para as bactérias o mais rapidamente possível. Quando feita corretamente, uma única queima é o suficiente para provocar a mumificação do coto umbilical”, diz o veterinário Marcus Rezende. Segundo ele, muitos técnicos preconizam que o procedimento seja feito até duas horas após o nascimento, o que nem sempre é possível e ainda pode ser arriscado. “O importante é que a cura do umbigo seja feita no dia do nascimento e com bastante tranquilidade, para que o manejo não provoque a rejeição da vaca pelo bezerro”. n
DBO abril 2018 99
Fatos & Causos Veterinários
Enrico Ortolani
Revisitando a doença da ‘rês gorda’
S Professor titular da Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP ortolani@usp.br
nnn Animais de qualquer idade podem ser contaminados pela bactéria do carbúnculo sintomático
nnn
empre fui um admirador da revista DBO. Depois de emitir muitas opiniões para matérias jornalísticas, por mais de uma década, tomei coragem e escrevi meu primeiro artigo “solo” em 2006. Escolhi como tema o carbúnculo sintomático, conhecido como manqueira e que agora intitulei como “doença da rês gorda”. Isso afirmo, pois nunca vi, nem mesmo na literatura mundial, casos de manqueira em bovinos magros ou esqueléticos, apenas em bichos que dão gosto de ser apreciados de tão roliços que estão. Até hoje, muitos caboclos acham que a doença é fruto de “mau-olhado” ou “olho-gordo”. Isola! Vamos ao bê-á-bá resumido da doença. É uma enfermidade infecciosa, mas não contagiosa, causada por toxinas da bactéria Clostridium chauvei, fazendo parte do triste clube das clostridioses. Esse micro-organismo é bastante encontrado no solo encharcado e em locais contaminados com o agente oriundo de um carbunculoso que foi aberto. O bovino se contamina pela boca. Em seguida, a bactéria penetra pelos intestinos, indo se instalar na musculatura e no fígado. Aí o “bichinho” fica hibernado sem causar dano algum. Mas, como é traiçoeiro, fica de tocaia, esperando que a musculatura viçosa e abundante fique machucada, por exemplo por batidas, perfurações, vacinações, etc. Isso provocará menor circulação de sangue e morte do tecido local, que resultam em um quadro de anaerobiose (ausência total de oxigênio), fazendo com que as bactérias saiam do sono profundo, se multipliquem e produzam as toxinas mortais. Essa multiplicação do agente é facilitada pela grande quantidade de açúcares que a musculatura exuberante tem, gerando, durante seu crescimento, muito gás e ácidos no local. As toxinas produzidas põem tudo a perder, pois causam morte muscular em grande escala, inchaço, hemorragia e produção de outras toxinas que multiplicam essa catástrofe e matam o coitadinho dentro de 12 a 36 horas. Nosso termo popular, “manqueira”, na minha opinião, não é dos melhores, pois a morte é tão rápida que muitas vezes o animal não tem nem mesmo tempo de exibir os sintomas, que incluem dificuldade de andar e febre. Geralmente a rês é encontrada morta, com inchaço na musculatura atingida. Além do mais, não é uma boa ideia se denominar manqueira, pois esta pode ter mais de uma centena de diferentes causas, misturando as estações. Os pecuaristas britânicos denominaram a doença de blackleg (perna preta), pois quando se abre o local, o músculo está enegrecido e com sangue “pisado”. Por sinal, na suspeita do caso, nunca abra o animal, pois correrá o risco de ter uma
100 DBO abril 2018
enorme contaminação do ambiente com a bactéria e o surgimento de novos casos. Bem, o que mudou de 2006 para cá? O número de inseminações artificiais praticamente dobrou nesses últimos 12 anos (7 milhões x 14 milhões de doses), com maior emprego de raças taurinas (em 2006, 1 milhão de doses de Angus ante 5 milhões em 2016) em cima das vacas Nelore, fazendo com que o peso médio de desmama aumentasse em até 20%. Aumentou também o emprego de creep feeding para bezerros mamões, que em 2006 era uma novidade e hoje é adotado em pelo menos 3% das fazendas. Essa técnica faz com que o peso ao desmame se torne, em média, 25 kg superior ao do aleitamento natural. Essas condições aumentam o risco do surgimento da doença em bezerros gordos cada vez mais novos. Revisão de conceitos A literatura, quase de forma unânime, afirma que a doença atinge bezerros a partir dos seis de meses de idade até animais de dois anos. Esses conceitos têm que ser completamente revistos, pois nos últimos dois anos constatei a morte de pelo menos três bezerros entre quatro e cinco meses de vida e no decorrer da carreira vi bois e touros erados sucumbirem ao mal com até cinco anos de vida. A doença também atinge bovinos confinados que no passado não foram devidamente vacinados. Atendi um par de bois confinados mortos por essa maldita bactéria. Supõem-se que o surgimento ocorra a partir dos seis meses de idade, pois até então a bezerrada estaria protegida pela ingestão de anticorpos específicos recebidos via colostro. Dos três aos seis meses de idade esses anticorpos diminuem tremendamente, dando chance para o azar. O que fazer? O ponto chave é a mudança no esquema de vacinação. Bezerros gordos devem ser imunizados ainda durante a lactação, com uma primeira dose ao fim dos três meses de idade, com repetição da medida um mês depois. Essa vacinação de reforço confere muita resistência aos animais, aumentando em mais de 200% a quantidade de anticorpos produzidos. Em um dos casos que atendi, um bezerro jovem e gordo, o animal tinha sido imunizado uma única vez, indicando que a quantidade de anticorpos era insuficiente. Bem, em confinamentos nos quais não sabemos a origem dos bovinos comprados é muito importante a vacinação na chegada dos animais no estabelecimento. Todos os vendedores dizem que seus animais sempre foram vacinados, o que nem sempre é verdade. Na dúvida, lembre-se do ditado “precaução e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”. n
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Leilões
Média geral dispara em março Embalado pela valorização do bezerro em algumas regiões do País, o preço médio subiu 37% ao longo do mês passado. Alisson Freitas
receita
– 10% oferta
– 35% média
+ 37%
alisson@portaldbo.com.br
D
epois de registrar crescimento no primeiro bimestre desse ano, o mercado de leilões voltou a derrapar em março. Durante o mês, foram realizados 20 remates envolvendo raças bovinas de corte que comercializaram 1.566 lotes de machos, fêmeas, prenhezes e aspirações de matrizes por R$ 15,4 milhões. Embora o número de remates esteja próximo ao de março do ano passado, a oferta e o faturamento caíram 35% e 10%, respectivamente, segundo o Banco de Dados da DBO. Em compensação, a média geral subiu 37%, saindo de R$ 7.150 em março de 2017 para R$ 9.846 no mesmo mês, neste ano. De acordo com o leiloeiro Luciano Pires, essa valorização está atrelada a retomada do preço do bezerro de corte, sobretudo no Mato Grosso do Sul. “Atualmente, a cotação do bezerro no Estado está 20% maior do que em 2017, o que deixa uma boa expectativa para o mercado de genética. A categoria é a base de toda a cadeia produtiva e, quando está em alta, puxa para cima os preços dos touros e das matrizes também”, destacou. O maior baque de oferta foi nas fêmeas. Em março deste ano, foram negociadas 936 bezerras, novilhas e matrizes, 42% a menos do que as 1.625 de igual período no ano passado. Por outro lado, a categoria foi a que teve maior alta de preços (56%), saindo de R$ 6.430 para os R$ 10.040.
18 remates de bovinos de genética para carne Pistas de março registram média geral de R$ 9.846 Raças
Lotes
Leilões
Renda (R$)
Média
Máximo
Nelore
929
12 (2)
10.860.570
11.691
480.000
Tabapuã
471
3
1.598.590
3.394
-
Senepol
155
3
2.861.880
18.464
150.000
Santa Gertrudis
11
1 (1)
97.200
8.836
10.500
1.566
18
15.418.240
9.846
480.000
Total
Critério de oferta.(-) Dados das leiloeiras Bahia, Central, Correa da Costa, Programa e Rural Leilões. (-) Quantidade de remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Elaboração DBO.
102 DBO abril 2018
“Tivemos grandes leilões de fêmeas nesse início do ano e conseguimos observar que o produtor está atento à qualidade dos animais. As fêmeas oriundas de trabalhos consistentes de melhoramento genético foram vendidas a excelentes preços. Já as tidas como comuns saíram a valores muito baixos, bem próximos ao do gado geral”, afirmou Luciano Pires. Nos machos, o tombo foi menor. Os 585 animais vendidos neste ano representam queda de 22% na oferta em relação a março de 2017. Já os preços saltaram de R$ 6.872 para R$ 9.584, valorização de mais de 40%. Leilões virtuais Mais da metade dos remates realizados em março foram virtuais. A plataforma concentrou 80% da oferta e 65% do faturamento total do mês. Desde o segundo semestre do ano passado, diversos criatórios têm optado por abandonar a venda em recintos para apostar nas negociações por meio da TV e internet. Esse movimento ocorreu nos leilões de elite da Grama Senepol, que costumavam reunir criadores de todo o Brasil em Barretos, SP. Neste ano, o criatório de Júnior Fernandes promoveu uma dobradinha de remates virtuais. Apesar do aumento das vendas virtuais, os poucos leilões presenciais realizados durante o mês foram melhores distribuídas pelas regiões do Brasil. No total, seis Estados foram palcos de algum remate, dois a mais do que no mesmo período do ano anterior. A praça mais aquecida foi Mato Grosso do Sul, onde ocorreram dois remates que venderam 158 animais por R$ 1,4 milhão. Os eventos fizeram parte das agendas das exposições de Ponta Porã, na divisa com o Paraguai; e da ExpoGrande, na capital, Campo Grande. Já a maior movimentação ocorreu em Minas Gerais em virtude da Liquidação do Grupo Carthago, que faturou R$ 2,7 milhões em Uberaba (veja mais sobre esse remate na seção “Rumos”). Em anos anteriores, o leilão foi realizado em São Paulo, SP. Com a mudança, a capital paulista saiu da rota de vendas de março e não sediou nenhum remate. Tocantins foi outra praça de destaque no mês. No dia 23, o Estado foi palco do tradicional leilão de touros da marca VR, em Araguaína. Na ocasião foram comercializados 96 animais da seleção de José Carlos Prata Cunha por R$ 843.000. n
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Leilões Conversa Rápida com
Gustavo Barretto
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m 2018, a Feira Agropecuária do Estado do Sergipe (Faese), realizada em Aracaju, trouxe dois novos remates de bovinos em sua agenda. ambos estreantes Um deles foi o Leilão 3 Histórias, promovido pelas Fazendas Nova Esperança, Onça Agropecuária e Fazenda Mangabeira, com teve oferta de animais Guzerá, Nelore e Santa Gertrudis. A raça composta inclusive foi o grande destaque do remate, registrando a média de R$ 9.500 para touros e R$ 8.040 para fêmeas. Em conversa rápida com a DBO, Gustavo Barretto, da Fazenda Mangabeira, conta como foi a organização do remate e fala sobre as expectativas do mercado de Santa Gertudis. Como surgiu o Leilão 3 Histórias?
O criador de Guzerá Célio Santana, da Fazenda Nova Esperança é um dos pecuaristas mais tradicionais do Estado e há alguns anos me convidou para participar de algumas exposições na Bahia. Junto com a gente também estavam os neloristas Alexandre e Everaldo Vieira, da Onça Agropecuária. Desde então formamos um grupo focado em melhoramento genético. Aproveitamos a realização da maior feira agropecuária de Sergipe para promover o nosso remate e conseguimos excelentes resultados.
Carthago se despede do mercado de elite Um dos grandes investidores de Nelore dos últimos anos, Gabriel Belli se despediu do mercado de elite com o Leilão Liquidação Carthago, realizado no dia 10 de março, na Chácara do Nelore Nacional, em Uberaba, MG. O criador negociou todo o seu premiado plantel de doadoras para dedicar-se a um projeto de melhoramento genético em Araguaína, no Tocantins. Passaram pelos martelos dos leiloeiros João Gabriel e Paulo Brasil 27 fêmeas à média de R$ 101.053, com destaque para Melopéia Guadalupe, arrematada por R$ 480.000 pela Nelore Canaã, de João Leopoldino Neto; Nelore Gibertoni, de Dorival Gibertoni; e CRL Agropecuária, de Thiago Rocha. Também foi vendido um touro por R$ 27.000. A movimentação financeira foi de R$ 2,7 milhões, maior fatura do ano entre bovinos de corte, segundo o Banco de Dados da DBO.
Nelorão do MS abre agenda da ExpoGrande
A que se deve a valorização do Santa Gertudis?
Acredito que um dos fatores é a qualidade dos animais. Todos os exemplares vendidos no leilão participaram de provas de ganho de peso da CRV Lagoa e tinham avaliação genética do Geneplus, além de ultrassonografia de carcaça da DGT Brasil. Isso deu segurança para o produtor, que investiu sabendo que estava levando para a fazenda animais de qualidade. Outro aspecto importante desse resultado é o trabalho de marketing que temos feito com a raça na região Nordeste, participando de exposições em diversos Estados e levando informações ao produtores por meio de dias de campo.
Quais as expectativas para o mercado da raça neste ano?
Estamos muito animados. Infelizmente, não temos muitos leilões, mas as vendas diretas nas fazendas ocorrem o ano inteiro. Eu mesmo não tenho estoque. Sempre vendo toda a minha produção anual de touros. No leilão, tivemos compradores de Alagoas, Bahia, Pernambuco, além de criadores de Sergipe. Sempre temos um alto índice de recompra, mas também tem novos pecuaristas entrando na raça. Inclusive, um deles é dono de uma grife de carne gourmet em Pernambuco. Ou seja, brevemente teremos carne premium com sangue de animais Santa Gertrudis.
104 DBO abril 2018
Aquecendo o termômetro do mercado de touros, o Grupo Nelorão do MS promoveu seu 42º Leilão na tarde de 24 de março, na capital sul-mato-grossense, Campo Grande. Foram vendidos 108 reprodutores da safra 2015 ao preço médio de R$ 12.300, valor equivalente a 93,1@ arrobas de boi gordo para pagamento à vista. Foi a maior oferta de touros do mês, segundo o Banco de Dados da DBO. O total arrecadado com as vendas foi de R$ 1,2 milhão O remate abriu o calendário de vendas da ExpoGrande 2018, uma das maiores feiras agropecuárias do País no primeiro semestre, neste ano em sua 80ª edição. Até o até o dia 15 deste mês de abril, a feira deve ser palco de 22 remates envolvendo bovinos de corte, leite, ovinos e equinos.
Grama fatura R$ 2,3 milhões com dobradinha Celebrando 19 anos de seleção, a Grama Senepol, do criador Júnior Fernandes, abriu a sua agenda anual de vendas com uma dobradinha de remates virtuais que arrecadou mais de R$ 2,3 milhões por 111 lotes de animais, aspirações e prenhezes. O pontapé inicial foi dado na tarde de 25 de março com o Leilão Touros Topázio, que teve como carro-chefe a venda de reprodutores provados no recém-lançado Topázio do
Senepol. O programa segue os moldes do Safiras do Senepol e é realizado na nova estrutura denominada Centro de Qualificação Grama (CQG-Senepol), em Pirajuí, SP. Na oportunidade, foram comercializados 76 machos ao preço médio de R$ 11.884, com lance máximo de R$ 18.720. Também foram vendidas 16 fêmeas a R$ 14.400. No dia seguinte, 26, foi a vez das doadoras, prenhezes e aspirações en-
Unimar liquida plantel
Multicampeã nas pistas de julgamento em meados dos anos 2010, a Unimar deu adeus ao agronegócio com um remate virtual de fêmeas na noite de 4 de março. Sob o comando de Márcio Mesquita Serva desde a década de 1980, o criatório era um dos mais tradicionais de São Paulo e
ficou famoso por produzir animais de destaque como Elegance II da Unimar, Grande Campeã da ExpoZebu 2006. O remate faturou R$ 1,2 milhão com a venda de 108 bezerras, novilhas e matrizes à média de R$ 12.098. Um clone de Essência TE Guadalupe foi o lote mais disputado do dia, sendo comercializado por R$ 60.000 para a Nelore Machadinho. A doadora fez história dentro do plantel da Unimar, que a adquiriu por R$ 840.000 – recorde de preço na época -, quando ela ainda era uma novilha de apenas dois anos no Leilão Elo da Raça, na ExpoZebu de 2001.
Naviraí faz a maior média de touros do mês Famosa por ser uma fábrica de reprodutores de Central, a Chácara Naviraí fez o maior preço médio de touros do mês ao comercializar 44 animais a R$ 15.523 em seu primeiro remate de 2018, realizado na noite de 27 de março. Na conversão por boi gordo, os animais foram comercializados a 116,7@. Todos eles sairam com avaliação do Nelore Brasil, da ANCP; e
PMGZ, da ABCZ. Eles também foram classificados com o chamado “padrão Naviraí”, que os técnicos da empresa usam para explicar que o animal é bom tanto para pista quanto para o campo.
trarem em cena no Leilão Elite Grama. Foram vendidas 15 fêmeas à média de R$ 67.820, três prenhezes a R$ 61.800 e uma aspiração de matriz por R$ 21.600. O grande destaque foi a novilha Grama 1756 FIV, negociada em 50% por R$ 150.000 para a Senepol Unitas.
ExpoGenética terá leilão do PNAT
Completando quase uma década de história, o Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens (PNAT) trouxe uma grande novidade para a sua 9ª edição. Agora, os criadores participantes poderão ofertar seus animais em um leilão exclusivo, que será realizado no dia 24 de agosto, às 13h30, durante a ExpoGenética, em Uberaba, MG. De acordo com o gerente de Melhoramento Genético da ABCZ, Lauro Fraga, a iniciativa visa atender uma demanda de mercado pela genética dos animais provados no programa. “Sabemos do interesse que esses animais despertam em outros criadores e o nosso objetivo é facilitar a negociação na maior exposição de touros do país”, destacou. Para participar leilão será cobrada a inscrição de R$ 1.000 ou a comissão de 12% sobre a venda do animal, prevalecendo o valor mais alto entre as duas opções. DBO abril 2018 105
Empresas e Produtos Açôres lança troncos de contenção na Agrishow
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Açôres, fabricante de troncos de contenção e balanças, vai lançar na Agrishow, programada para o período de 30 de abril e 4 de maio em Ribeirão Preto, SP, os troncos Premium III e Americano Premium III. Apresentará, além disso, as balanças eletrônicas Heavy Duty e ACR Heavy Duty Full, além do tronco Gran Smart Prime. O Tronco Premium III é recomendado para cria e recria; já o Americano Premium III é destinado a ambos os sistemas, além de engorda, ciclo completo e confinamento.Voltados ao bem-estar animal, ambos vêm com kits opcionais de imobilização e para movimentação dos operadores. O tronco Gran Smart Prime é indicado para pecuaristas com grandes rebanhos e para os ciclos de cria, recria e engorda. Quanto às balanças Heavy Duty e ACR Heavy Duty Full, são programadas para sete tipos de apartação e têm capacidade de ar-
Produto da Kemin facilita a absorção de gordura
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Kemin, multinacional norte-americana do segmento de aditivos nutricionais, acaba de lançar o Lysoforte, produto capaz de quebrar as moléculas de gordura em gotas muito pequenas, chamadas micelas, fazendo com que o organismo bovino absorva mais substância. Conforme a empresa, o uso de Lysoforte promove um
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mazenar 1,5 milhão de pesagens, de forma individual ou por lote, estimando, inclusive, o valor em reais por cabeça. Como opcional, segue bastão para leitura de brincos eletrônicos. Para a Agrishow, a Açôres preparou um catálogo com os produtos expostos, além de outros produtos em realidade aumentada. Basta baixar o app da Açôres disponível para Android e IOS. Mais I nformações www.balancasacores.com.br aumento de até 20% na absorção de gordura da dieta, como mostram os resultados de menor teor de gordura nas fezes. “Isso significa maior energia disponível para os animais ganharem peso, produzirem bezerros saudáveis e leite”, ressalta o gerente da Região Norte da Kemin, Renato Mendonça. Ele explica que a tecnologia permite produzir gotinhas de gordura até quatro vezes menores, em comparação com a lecitina convencional. Mais informações em www.kemin.com/pt/
Boheringer Ingelheim lança vacina contra BVD
Boehringer Ingelheim Saúde Animal acaba de lançar a vacina Bovela, específica para combater a diarreia viral bovina, conhecida pela sigla BVD. Conforme a companhia, a vacina protege contra os dois tipos da doença, a BVD tipo 1 e a tipo 2. A primeira é mais comum na Europa, com pelo menos 16 subtipos identificados. A segunda ainda está emergindo, mas já registra altos índices de mortalidade (de
30% a 50% dos animais infectados). No Brasil, a tipo 1 ocorre em 40% a 57% dos casos e a tipo 2, em 42% a 45%. Segundo a Boheringer, a Bovela é a única vacina contra BVD disponível no mercado brasileiro. É indicada para bovinos de corte e de leite e pode ser aplicada a partir dos três meses de idade, sem necessidade de reforço, conferindo proteção por 12 meses. Informações em www.boehringer-ingelheim.com.br
Prêmio BVDZero 2018 A Boheringer abriu inscrições para este prêmio, realizado a cada dois anos. O laboratório premiará, com 15 mil euros, os 10 melhores casos inscritos nas áreas de pesquisa, diagnóstico, ciências animais, veterinária, produção, saúde e bem-estar animal ligadas ao controle da BVD em rebanhos bovinos. Mais informações em www.bvdzero.com
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Empresas e Produtos Connan renova logomarca
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Connan Nutrição Animal está se reposicionando no mercado brasileiro. No último dia 7 de março, em Campo Grande, MS, lançou novos conceitos, da renovação da logomarca e da denominação complementar da empresa de suplementação mineral, que agora passa a ser grafada como “Connan – Geração de Resultados”. As mudanças foram apresentadas pelo diretor técnico e de marketing, Márcio Bonin, e chanceladas pelo presidente da empresa, Fernando Penteado Cardoso Filho. Dentre elas estão a disseminação dos princípios norteadores internos da organização também para a clientela, a remodelação das assinaturas de produtos e a viabilização de parcerias para o desenvolvimento de experimentos científicos. “Sempre fomos bastante tímidos em função do perfil da família, que não gosta de se expor”, observa Bonin, que prevê uma presença comercial mais agressiva da
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Connan. “Nossa meta é aumentar a participação no mercado brasileiro de suplementos minerais de 5% para 10% em um prazo máximo de uma década”, avisa. Informações:www.connan.com.br.
Longamectina Premium em nova apresentação
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J.A. Saúde Animal reformulou a embalagem e o frasco da Longamectina Premium 3,5%, medicamento veterinário utilizado no controle e combate de verminoses e ectoparasitas de bovinos. A empresa informa que, além do novo visual da embalagem, o frasco é anatômico, e agora vem com boca larga e tampa multipontos, que facilita o manuseio e favorece a vedação e segurança da aplicação do produto nos animais. A Longamectina está disponível em frascos de 50, 250, 500 e 1.000 mililitros e a aplicação é via subcutânea (na tábua do pescoço), na dose de 1 mililitro para cada 50 kg de peso vivo. Mais informações em jasaudeanimal.com.br.
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Sabor da Carne
Rogério de Betti
Vale a pena gastar tempo com o shoulder
Q Rogério de Betti
meio da peça e que deve ser retirada antes do preparo ou antes do consumo. Ou seja, dá um certo trabalho em seu manuseio. Vencido esse “obstáculo”, porém, essa carne vira uma verdadeira atração no churrasco. Se a membrana for retirada antes, a peça transforma-se em duas e dá origem ao que os norte-americanos batizaram de flat iron (por sua aparência plana, que lembra a base de um ferro de passar roupa). Aí, o preparo na churrasqueira tem que ser rápido: dois minutos de cada lado, com fogo bem forte, para que a peça fique dourada por fora e rosada por dentro. Ou seja, de mal passada a ao ponto, condição na qual são mantidos sabor e suculência. Com a peça inteira, sem remoção da membrana, o calor da churrasqueira tem de ser médio forte, braseado, com fogo sem labaredas, levando entre 10 e 15 minutos (5 a 7 minutos de cada lado) para se alcançar o mesmo ponto do flat iron. Quando pronta, no fatiamento, eu tiro a membrana. Posso garantir: quando meus clientes provam o shoulder, lambem os beiços e, quando descobrem que é um corte do dianteiro, ficam surpresos. Outra vantagem do shoulder é que – justamente por ser uma parte do dianteiro do bovino – é uma peça que custa menos. E à qual conseguimos agregar valor. Da mesma forma que agregamos valor aos cortes grill clássicos, como picanha, fraldinha, contrafilé, filé de costela, maminha e t-bone, principalmente. Embora estes últimos componham a preferência da maior parte dos brasileiros, cortes do dianteiro bem trabalhados ajudam a “pagar a conta” do boi que os produtores criam. Outro exemplo disso é o brisket (peito) – muito consumido nos Estados Unidos –, a princípio, uma carne dura, mas que, bem preparada, fica muito mais saborosa do que cortes tradicionais como alcatra, coxão mole, coxão duro ou patinho. Assim, ganham todos: produtores, açougueiros e os clientes, que levam para casa uma carne de alta qualidade, a um preço supercompetitivo. n De Betti Dry Aged
Fotos: Moacir José
é proprietário da Casa de Betti, açougue especializado em carnes dry aged e cortes especiais, localizado no bairro de Cidade Jardim, na capital paulista.
ualquer carne proveniente de um animal de qualidade, se bem preparada, certamente resultará em um delicioso churrasco. Independentemente de o corte ser do dianteiro ou do traseiro. Costumo dizer que se a cadeia produtiva como um todo, da genética até o churrasqueiro, souber trabalhar bem, todas as carnes podem ser maravilhosas. É o caso do shoulder (“ombro”, em inglês), que também chamamos de sete da paleta. É uma carne magra, supermacia, extremamente saborosa, por que bem irrigada, com um sabor, digamos, “metálico”, semelhante ao da fraldinha. Não importa a raça de gado. No nosso caso, trabalhamos, predominantemente, com animais meio-sangue Angus x Nelore, mas há também peças provenientes de animais puros Angus, Hereford, Brahman, Wagyu e também Nelore. E como definimos qualidade? Buscamos de nossos fornecedores animais bem alimentados, saudáveis, normalmente criados e recriados a pasto e terminados em confinamento, abatidos a partir de 24 meses de idade, pesados – pois proporcionam peças maiores – e com cobertura de gordura de no mínimo 5 mm. Para nós, essa é uma característica extremamente importante; define muito mais do que o marmoreio o que é uma carcaça de qualidade. Quanto ao tamanho da peça, está muito relacionado ao processo de maturação, que, quanto mais tempo durar, menor será o tamanho da peça, especialmente quando falamos do dry aged –que é uma forma de conservar a carne (na qual eu me especializei) lançando mão do controle de temperatura, umidade e ventilação, e que leva, no mínimo, 30 dias para ficar pronta para o preparo. Mas só usamos essa técnica para o contrafilé com osso; os demais cortes de nosso açougue são maturados a vácuo, com duração mínima de 14 dias. Voltando ao shoulder, apesar das ótimas características que já mencionei, é um corte que sofre um certo preconceito por parte dos churrasqueiros, não por ser do dianteiro, mas por causa de uma membrana que fica no
Cortada, e sem a membrana que fica no meio, transforma-se em duas peças de flat iron (esq.), mas essa membrana também pode ser retirada depois de a carne estar pronta (de mal passada a ao ponto).
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