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MARFRIG COMPRA O CONTROLE DA NATIONAL BEEF, A MAIS RENTÁVEL E EFICIENTE INDÚSTRIA DO SETOR NOS EUA. E SE TRANSFORMA NA 2ª MAIOR EMPRESA DE CARNE BOVINA DO MUNDO. A Marfrig adquiriu 51% da National Beef, a 4ª maior empresa de carne bovina dos Estados Unidos, um ícone em alta qualidade de produtos, gestão e integração moderna com os produtores. Este movimento permite que a empresa atinja quarenta e três bilhões de reais de receita e 3,5 bilhões de Ebitda.
COM ESTA AQUISIÇÃO, A MARFRIG SE CONSOLIDA NO EIXO DAS AMÉRICAS E ALCANÇA PRESENÇA GLOBAL, GANHANDO ACESSO A MERCADOS PREMIUM. Além de ampliar a atuação da Marfrig para mercados premium, como Japão e Estados Unidos, a operação aumenta o portfólio de produtos e incorpora um modelo único no mundo de integração com produtores. 25% do fornecimento para a National Beef é proveniente deste modelo de integração.
EXPORTAÇÕES (BASE RECEITA LÍQUIDA) MARFRIG BEEF
NATIONAL BEEF
MARFRIG BEEF + NATIONAL BEEF
13,3% 36,7%
8,2%
MARFRIG BEEF
41,6%
+
29,7%
47,8%
7,1% NATIONAL BEEF
3% 3% 3,2% 3,3% 3,4%
5,8% 4,8%
5,5%
5,6%
MARFRIG + NATIONAL BEEF
=
10%
13,6%
27%
19,9% 3,4% 4,2%
China (inc. Hong Kong)
Japão
Emirados Árabes
EUA
México
Holanda
Irã
Taiwan
Coreia do Sul
Outros
Uma conquista que reforça o posicionamento estratégico que a Marfrig adotou nos últimos anos: disciplina financeira, crescimento sustentável e queda na alavancagem proforma, que já alcançou 3,35x e tem o objetivo de chegar a 2,5x.
O QUE NÃO MUDA COM ESTA AQUISIÇÃO É O FOCO DA MARFRIG EM UM CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL: BOM PARA O CONSUMIDOR, PARA O MERCADO E PARA O MUNDO.
2ª MAIOR EMPRESA DE CARNE BOVINA DO MUNDO.
Nossos Assuntos
Enfim, o Brasil livre da Aftosa, com vacinação.
D
oze anos e meio depois, é uma satisfação responder, com outra capa, à pergunta “Até quando?”, lançada na DBO de novembro de 2005, quando o último surto de febre aftosa no Brasil, registrado no Mato Grosso do Sul e Paraná, pegou de muito mal jeito toda a cadeia da carne, frustrando as esperanças de um avanço mais rápido para o que finalmente se conquista agora. O Brasil Livre de Aftosa com Vacinação, certificado que o País receberá neste mês de maio da Organização Mundial de Saúde DBO 301 - novembro de 2005 Animal, é uma vitória fantástica que merece comemoração. Como escreve a editora Maristela Franco na abertura da matéria de capa, “nos últimos 35 anos acompanhamos as inúmeras batalhas dessa guerra, com suas vitórias e derrotas, também importantes como aprendizado. Testemunhamos os esforços empreendidos pelos produtores, governo federal, Estados, pesquisadores, indústrias frigoríficas e empresas de insumos, trabalhando de forma conjunta para eliminar o vírus aftósico do rebanho nacional. Nenhum outro programa sanitário no País consumiu tantos recursos, nem exigiu tamanha articulação de cadeia.” Com presença oficialmente registrada no Brasil desde 1895, a aftosa teve como primeiro marco legal de combate a instituição do Regulamento de Defesa Sanitária Animal, durante o governo Vargas, em 1934. Mas o jogo só começou a mudar na década de 90, quando a meta deixou de ser o controle para a busca da erradicação. Ainda assim, em 1994 o país assistiu a um recrudescimento da doença, com nada menos do que 2.903 focos, levando o setor como um todo a se mobilizar contra ela, como relata Maristela na abertura da matéria de capa. Matéria que se complementa com a reportagem de Marina Salles sobre a nova e decisiva etapa que se inicia para a conquista do outro grande objetivo, o de tornar o Brasil Livre de Aftosa Sem Vacinação, a partir de 2023.. Além do destaque de capa para a vitória sobre a aftosa, também temos a satisfação de entregar, com a edição de maio, mais um Especial Instalações e Equipamentos, com reportagens e dicas para melhorar as operações nas fazendas.
osta Demétrio C 4 DBO maio 2018
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Publicação mensal da
DBO Editores Associados Ltda. Diretores
Daniel Bilk Costa Demétrio Costa Odemar Costa Redação Diretor Responsável Demétrio Costa Editora Maristela Franco Repórteres Fernando Yassu, Marina Salles e Renato Villela Colaboradores Alisson Freitas, Ariosto Mesquita, Carolina Rodrigues, Denis Cardoso, Enrico Ortolani, Moacir José, Rogério Coan, Rogério Goulart, Sergio De Zen, Tatiana Souto, Thiago Bennardino de Carvalho e Washington Mesquita Arte Editor Edgar Pera Editoração Edson Alves, Jade Casagrande e Raquel Serafim Coordenação Gráfica Walter Simões comercial/Marketing Gerente: Rosana Minante Supervisora de Vendas: Marlene Orlovas Executivos de Contas: Andrea Canal, José Geraldo S. Caetano, Maria Aparecida Oliveira, Mario Vanzo e Vanda Motta Circulação e Assinaturas Gerente: Margarete Basile Tiragem e circulação auditadas pelo
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Sumário Prosa Quente 12 Bate-bola entre participantes e
palestrantes no Encontro de Confinadores e Recriadores da Scot Consultoria.
52
Confinatto destacou gestão, nutrição e manejo reprodutivo para ajuste fino na intensificação.
Reprodução 70 Caso inédito em fazenda mineira:
Mercado 20 Coluna do Cepea –
o nascimento de trigêmeas idênticas resultantes da tripartição de um embrião.
22
Especial Instalações 75 Desenho do rotacionado
Produtividade da pecuária cresce mais nas fazendas com atividade agrícola. Indústria leva vantagem e cotação da arroba mantém viés de baixa.
24
Categorias de reposição mantiveram preços firmes em abril.
26
Coluna do Rogério – Na hora de confinar, o que é melhor? Boi próprio ou um lote de compra?
Cadeia em Pauta 30 Marfrig compra a norte-americana National Beef e se torna a segunda maior processadora de carne do mundo.
80
Apartação vaca-bezerro sem confusão, graças a um corredor exclusivo para eles.
82 88
Curral: a opção do pré-moldado com adaptações.
90
36
Cochos criativos: dos mais simples aos automatizados para nutrição de precisão.
Eventos 42 DBO acompanhou a rota 4 do
Os destaques para a pecuária na Agrishow.
Acrimat em ação no Vale do Araguaia.
46
Intercorte Cuiabá sinaliza que confinamento ainda deve ser bom negócio.
Edição: Edgar Pera Arte final: Edson Alves
Turbina hidráulica e sistemas movidos a energia solar para o bombeamento d’água.
Creep-feeding prático e barato, utilizando barras metálicas.
Xico Graziano defende renovação geral nas lideranças do agro.
Vale muito a comemoração. Brasil livre da aftosa com vacinação é vitória de longa jornada que mobilizou governo e toda a cadeia da carne e abre caminho para o status de livre da doença, sem vacinação, a partir de 2023.
pede planejamento e respeito às condições locais.
32
Frigorífico Rio Maria, do PA, aposta em vendas pulverizadas.
56 Reportagem de capa
92 96
Seleção 106 Fazenda Terra Grande, no
Oeste do TO, mira oferecer 1.500 touros Nelore por ano a partir de 2021.
Nutrição 114 Rogério Coan e Washington Mesquita apontam como minimizar riscos no confinamento sem volumoso.
Saúde Animal 116 Coluna do Ortolani –
Bezerros-descarte são fruto de erros de manejo, mas também da genética.
Leilões 120 Receita da comercialização em abril ficou 18% menor que no mesmo mês de 2017.
Seções
8 Do Leitor 18 Giro Rápido
6 DBO maio 2018
36 Cadeia em Pauta Notas 118 Agenda de Eventos
124 Empresas e Produtos 130 Sabor da Carne
Do leitor Capim canará
Os viveiros já credenciados pela Embrapa para o fornecimento de mudas são:
Li com interesse, na seção “Do Leitor”, em DBO de abril, o testemunho do leitor Benício Teixeira dos Santos, de Águas Formosas, MG, sobre o uso do capim canará, lançado há alguns anos pela Embrapa, e gostaria de saber como obter mudas para a minha propriedade paranaense.
• Afubra _ Associação dos Fumicultores do Brasil, Rio Pardo, RS. Telefones: (51) 3719-6100 e (51) 3713-7762; e-mails: granja@afubra.com. br e florestal@afubra.com.br; • Agropecuária AGS _ Viveiro de Mudas, Teófilo Otoni, MG. Telefones: (33) 98706-3517 e (31) 99530-7674; e-mail: contato.capimbrs@gmail.com;
Carlos Afonso Gottschild Curitiba, PR
Inicialmente, um esclarecimento da assessoria de imprensa da Embrapa Gado de Leite, unidade participante do desenvolvimento desta e de outras cultivares de capim elefante. “O leitor Benício utilizou a palavra ‘napier’ como sinônimo de ‘capim -elefante’. Na verdade, napier é uma cultivar de capim-elefante. Canará é outra cultivar de capim-elefante. O nome correto é BRS canará. Esta cultivar de capim-elefante foi desenvolvida e testada pela Embrapa para ser usada como silagem ou verde picado, especialmente nos Estados do Mato Grosso e Acre. A cultivar só é fornecida pela Empaer (Mato Grosso) e Embrapa Acre. Não há empresas privadas que comercializam o produto.” A boa notícia é que, no fim do ano passado, a Embrapa lançou mais uma cultivar, também de grande potencial produtivo e apta para utilização em praticamente todo o País: a BRS capiaçu, que significa, em tupi-guarani, “capim grande”. A cultivar não nega o nome, ultrapassando 5 metros de altura. O resultado é alta produção de biomassa. “Essa é sua melhor característica”, afirma o pesquisador Mirton Morenz. A gramínea é indicada para cultivo de capineiras. No período da seca, pode ser fornecida para os animais picada verde, no cocho, graf_bartira_revista_184x50mm.pdf 1 25/04/2018 ou como silagem. A cultivar produz cerca
8 DBO maio 2018
Capiaçu alcança mais de 5 m de altura
de 50 toneladas de matéria seca por hectare/ano, média de 30% a mais do que as gramíneas disponíveis. Entre as principais cultivares de capim-elefante, a BRS capiaçu é também a que apresenta o maior teor de proteína. Segundo Morenz, utilizar o capim verde é mais vantajoso por este apresentar maior valor nutritivo: “Quando a planta é cortada aos 50 dias, chega a ter 10% de proteína bruta, índice superior ao da silagem de milho, com cerca de 7%”. O teor de proteína cai para 6,5%, com o corte aos 90 dias e 5,5%, cortado aos 110 dias. O processo de ensilagem também diminui a quantidade de proteína, que passa a ter um teor pouco acima de 5%. Segundo o pesquisador Antônio Vander Pereira, que coordenou o desenvolvimento da cultivar, ela representa uma alternativa para a produção de silagem de baixo custo. “Para se produzir silagem de capim BRS capiaçu, gasta-se três vezes menos do que para fazer silagem de milho ou de sorgo”, diz. O valor nutritivo é comparável à silagem das forrageiras tradicio10:09:43 nais e superior ao da cana-de-açúcar.
• Gramavale _ São José dos Campos, SP. Telefones: (12) 3937-2189 e (12) 97406-9699 E-mail: contato@gramavale.com.br; • Sítio Recanto da Prainha _ Vargem Grande do Sul, SP. Contato exclusivamente por e-mail: netofernandes@uol.com.br.
Parabéns Depois de dez dias na Fazenda no MS, chego em SP e vejo na mesa do escritório a edição de abril da DBO. Apesar dos meus 66 anos, corro como uma criança e rasgo o envelope plástico, como se fosse um presente de aniversário. Vou folheando as páginas rapidamente com os olhos de uma águia. Finalmente, a reportagem (Novo referencial de preços do boi, pág. 38). Limpei as lentes dos óculos e, lentamente, começei a ler. Que isenção. Verdade, nada mais do que a verdade. Parabéns à repórter Marina Salles e à equipe de DBO pelo profissionalismo. Rodolfo Endres Neto Fazenda Carrapicho, Três Lagoas, MS
O mundo reconhece o Brasil como país livre da aftosa
Mais uma conquista internacional da pecuária brasileira
A pecuária brasileira está ganhando, cada vez mais, o respeito e a confiança nos mercados nacional e internacional. Trabalhando sempre em parceria, pecuaristas e Governo Federal podem anunciar mais uma grande conquista: a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) está reconhecendo o Brasil como país livre da febre aftosa, com vacinação. Parabéns, pecuarista! Sua dedicação merece todo o reconhecimento do mundo.
A dose da vacina continua 5 ml. Confira o calendário de vacinação em agricultura.gov.br
VALEU, PECUARISTA!
Continue vacinando seu rebanho.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
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Copyright Zoetis Indústria de Produtos Veterinários Ltda. Todos os direitos reservados. Material produzido em julho/2016. Para informações, consulte o SAC: 0800 011 19 19.
Prosa Quente
2018, ano de incertezas!
Fotos Scot Consultoria
Eleições, @ em queda, milho caro: no Encontro da Scot, analistas emitem sinal de alerta e discutem riscos invisíveis da exportação de boi vivo.
No painel sobre mercado, da dir. para a esq., Rogério Goulart, Kelen Severo, Alcides Torres, Alex Lopes e Sérgio De Zen: preocupação com o consumo.
I
ncerteza é uma dessas palavras-grude, que, uma vez pronunciadas, contagiam ambientes coletivos. No Encontro de Confinadores e Recriadores da Scot Consultoria, realizado entre dias 17 e 20 de abril, em Ribeirão Preto, SP, ela foi top list. Praticamente todos os palestrantes mencionaram o cenário incerto de 2018, emitindo sinais de alerta aos produtores, especialmente os analistas de mercado, divididos entre certo otimismo e muita preocupação em relação à lucratividade da engorda. Há motivos para isso: 2018 é ano de eleição presidencial (talvez uma das mais imprevisíveis da história do País); o mercado do boi, que parecia relativamente sólido, despencou, caindo de R$ 146, em janeiro, para R$ 140/@, no final de abril; o milho e o farelo de soja subiram expressivamente; a reposição ainda está pouco favorável. “É um ano de incertezas”, repetiu Alex Lopes, da Scot Consultoria, como um mantra. A palavra-grude também se imiscuiu em discussões técnicas e estacionou de vez no debate sobre as exportações de gado vivo. Frequentou também outros eventos, como o leitor verá nas páginas seguintes desta edição. Abril foi um mês agitado, pois faz parte da fase preparatória da “safra” de confinamentos, cuja projeção ainda é de 3,8 milhões de cabeças. Nesta edição do Prosa Quente, a editora da DBO, Maristela Franco, apresenta alguns trechos de debates do Encontro da Scot Consultoria, que teve por tema “A arte da pecuária”, ilustrado por belas recriações de pinturas famosas, onde bois e produtores figuravam como principais personagens. O auditório do Centro de Eventos do Ribeirão Shopping precisou receber uma linha extra de cadeiras para acomodar o público recorde, de 1.200 participantes. Nosso relato começa pelo bloco – “Mercado: arte abstrata ou lucro real?”, que, além de Alex Lopes,
12 DBO maio 2018
contou com a participação de Rafael Ribeiro, também da Scot Consultoria (especialista no mercado de grãos); Kelen Severo, editora do Programa Mercado & Companhia, do Canal Rural (ela falou sobre o panorama político-econômico do País, incerto, evidentemente); Sérgio De Zen, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada); Alcides Torres (Scot) como mediador; e Rogério Goulart, editor da Carta Pecuária e colunista de DBO, que apresentou um pouco da sua experiência com gestão de riscos, usando a Bolsa de Valores. Goulart lembrou que “anos de incertezas” também podem conter grandes oportunidades. “O mercado te dá janelas que você pode aproveitar, se tiver os custos de produção não mão. Quantos aqui estão com contratos de opção abertos hoje [10 de 1.2000 participantes levantaram a mão]. Vou lhes dar um dever de casa. Quero que pelo menos 200 de vocês estejam com opções em aberto no ano que vem, de boi ou de milho. Vocês vão ver como isso é bom. Eu uso para garantir pelo menos a cobertura do meu custo de produção, caso tenha algum imprevisto de mercado”, disse o consultor. Os preços do milho, segundo Rafael Ribeiro, estão voláteis, chegando a quase R$ 40/saca. A soja passou de R$ 70 para quase R$ 90/sc. “O produtor precisa se proteger”, disse. Já Alex Lopes lembrou que o momento é de transição na pecuária. “O mercado perdeu fôlego e começa a apresentar trajetória de baixa, devido principalmente ao maior abate de matrizes, que aumenta a oferta quando o consumo ainda está retraído. No primeiro trimestre de 2017, as fêmeas representavam 42,6% do total abatido; neste trimestre, já são 51,5%. Vem mais carne por aí. É importante se precaver”, disse ele. No debate, a questão da Bolsa voltou à tona:
Público – Os contratos de boi gordo caíram. Por que a Bolsa parece desinteressada nesse mercado? Goulart – Gostaria de saber. Acho que é um misto de desâ-
nimo com falta de investidores. Os grandes operadores de Bolsas são os bancos, os fundos, que saíram do mercado de boi. Os pecuaristas também não se interessam em fazer. É uma mistura disso tudo. Já melhorou em 2018. Agora, o mercado de milho na Bolsa é top, sensacional. O de soja também. Temos alternativas para operar. O mercado de opções, por exemplo, vai bem. De Zen – Dos produtos operados pela Bolsa (milho, algodão, soja, café), só o boi não tem mercado internacional ativo. Ele opera independente. Qual é a ideia? O boi se tornar ativo internacionalmente. Nunca houve uma consistência no número de “players” (fundos de investimento) de mercado de boi, que é mais complexo de operar do que os demais produtos agrícolas. Quando ele estava no auge, as corretoras tinham pessoas especializadas no assunto. Hoje, não têm mais. O volume de contratos é pequeno porque não se opera e não se opera porque tem pouco negócio (é aquela história da galinha e do ovo). Há uma discrepância enorme entre os contratos na Bolsa e o número de bois indexados aos indicadores regionais do Cepea. Em uma contagem grosseira, no segundo semestre de 2017, tínhamos 21 milhões de cabeças transacionadas com base no indicador, porque vocês, pecuaristas, aceitam vender sem fixar preço. Scot – Kelen, o mercado já precificou uma possível vitória de um candidato reformista nas eleições de outubro? Quais as implicações disso para o agronegócio? Kelen – O mercado deseja esse candidato reformista, mas
o cenário não é nada simples. Tive oportunidade de falar com o Bolsonaro, que está em destaque nas pesquisas. Fiz várias perguntas sobre economia e a resposta para a maioria delas foi que o “economista” dele decidiria. Indaguei se ele não achava que, em um debate eleitoral, isso poderia enfraquecê-lo. Simplesmente retrucou: “Quem não gostar que vote no outro candidato”. Não estou convicta quanto à vitória de um político de fato reformista, por enquanto. Público – Há histórico de melhoria no preço do boi em anos de eleições, pelo fato de aumentar o consumo de carne. Por que essa queda agora? Alex Lopes – A gente fez esse exercício e geralmente as elei-
çõs têm impacto positivo sobre o consumo, mas o mercado ainda é soberano. A gente tem uma situação de crise econômica pra ser diluída, de recomposição de renda da população para ser diluída. Os produtores estão tentando mais uma vez ver um mercado altista, mas, neste ano, a crise econômica é mais preponderante do que as questões políticas para o consumo. Não colocaria nenhuma ficha nas eleições para puxar o preço do boi no segundo semestre.
Scot – Rogério, em 2016, o preço do bezerro estava alto, o milho mais ainda, o que você fez nesse momento? Deixou a fazenda vazia? Goulart – Em primeiro lugar, o milho subiu de 2015 para
2016, vocês lembram, né? Peguei a alta todinha de milho protegido na Bolsa. Então, meu milho em 2016 me custou zero, ou melhor, o preço subiu tanto que eu cheguei a receber dinheiro, em função das travas que fiz. Não é conversa de pescador, posso mostrar a conta corrente pra quem quiser, mas tem de ir lá na fazenda [risos]. Então é isso: meu milho, em 2016, saiu de graça e engordei bois do mesmo jeito. Em 2015, eu não comprei gado de reposição, porque o preço estava alto. Fui vendendo devagarinho, pra não repor com animal caro, mas, para mim, 2016 foi um ano normal. Público – De Zen, você poderia explicar um pouco mais as mudanças ocorridas nos últimos anos no chamado “efeito elasticidade de renda” em relação à carne bovina? De Zen – Esse conceito mede o comportamento do con-
sumo em relação às variações na renda da população. A pesquisa é sempre feita de 10 em 10 anos, em cima de orçamentos familiares. Nos anos 80, a elasticidade era alta, ou seja, quando o brasileiro recebia um aumento, imediatamente comprava mais carne [tinha um consumo represado]. Esse efeito, porém, foi diminuindo com o tempo. Não dá mais para esperar que uma melhoria na renda aumente instantaneamente o consumo de carne. Está ocorrendo, sim, uma variação, mas na demanda por produtos diferenciados. Dados de um grande supermercado indicam crescimento de 18%-20% ao ano nas vendas de cortes rotulados. Você olha as gôndolas e vê picanha de R$ 33 a R$ 100. Não existe mais aquele aumento natural do consumo. Boi bica corrida, boi comum, esquece. Scot – Concorda, Alex? Alex Lopes – Isso é um estudo estatístico, não tenho de
concordar ou não, mas a gente ainda tem algum efeito de elasticidade. Isso é importante. Uma situação que devemos considerar é a crise pela qual o País vem passando. Isso naturalmente fez o consumo migrar para as proteínas mais baratas. De Zen – Veja bem, todas as simulações e modelos de análise que a gente roda, mostram que o consumidor consolidou a quantidade de frango e carne bovina em sua dieta. O que muda é a qualidade desses produtos. Alex Lopes – Isso pode ajudar a restabelecer uma condição que perdemos lá atrás, de qualquer forma... De Zen – Aí é que está. Os números do consumo não são ruins. Você não vê uma queda abrupta como aconteceu nos anos 80. A recessão de 2014 a 2016 foi drástica, nunca houve um encolhimento tão grande do PIB no País, tanto que a renda de hoje é a mesma de 2009. Ainda assim não tivemos um ajuste de consumo compatível com essa queda. E mais: parte do mercado, que é o de carne de qualidade, continuou subindo. Alex Lopes – Concordo. Mas o mercado de carne de qualidade é menos suscetível às oscilações econômicas. Os indicadores de elasticidade de renda explicam mais a bica corrida, a carne commodity, cujo consumo no mínimo estacionou. Os indicadores somente agora começam a mudar. A intenção de compra das famílias, medida por leDBO maio 2018 13
Prosa Quente vantamento da Federação do Comércio, está finalmente voltando aos patamares pré-crise, tendência também confirmada pelo índice de confiança do consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Acho que ainda pode haver um aquecimento da demanda.
No debate sobre exportações de gado vivo, André Perrone (ao microfone) falou sobre a burocracia que envolve essas operações.
Gado vivo Outro debate importante dentro do Encontro foi sobre a exportação de boi vivo, alvo de protestos de ativistas no começo deste ano, contrários ao embarque de gado pelo Porto de Santos. Participaram da mesa redonda, Rafael Ribeiro, da Scot, como mediador; os consultores Paulo Emílio Prohmann, da Cooperativa Maria Macia, do PR; Felipe Moura, da P&M Consultoria, do RS; Alcides Torres e o confinador André Perrone, que faz exportação de gado vivo. Perrone, inclusive, recebeu participantes do Encontro da Scot, no dia 20 de abril, para mostrar as novas instalações de sua EPE (Estação de Pré-Embarque). Segundo ele, trata-se de um negócio complexo, bastante burocratizado (envolve muita papelada) e com riscos, mas que pode trazer bons resultados para o produtor. Rafael Ribeiro – Com o ágio de até 20% pagos pelos exportadores de gado vivo, o preço do bezerro em geral subiu no Rio Grande do Sul. Como fica o terminador?
Felipe Moura – Complexo isso. O preço atual do bezerro está ajudando o criador gaúcho a respirar, porque ele estava na “UTI” até o ano passado, mas a situação realmente complicou para o terminador, porque é difícil comprar a R$ 6,50/kg para vender boi gordo a R$ 4,90/kg. É preciso fazer conta e analisar bem a venda para exportação. Recebemos muitos traders (negociantes internacionais) no Rio Grande do Sul. Quando falavam o preço (US$ 2,60, dava R$ 8,89/kg), a gente pensava: “Vamos ganhar muito”. Com esse preço, a gente pode dar até morango para o bezerro, mas não é bem assim. Tem de tomar muito cuidado. Muita gente no Rio Grande do Sul deixou de castrar os animais ao nascimento [os turcos compram apenas machos inteiros], mas nem todos foram exportados. Como esse novilho inteiro vale menos do que o castrado no mercado gaúcho, perderam dinheiro. Cuidado com o “efeito manada”. O próprio Minerva, em função de tudo que aconteceu, tirou o time de campo. Está comprando menos e fazendo ele mesmo a recria dos animais, para levá-los de 180 a 280-300 kg [não pode passar disso]. A fêmea pode ser uma oportunidade para o navio, porque eu compro ela a R$ 4,70 e vendo a preço de boi. Acho o navio ótimo, porque mantém o mercado aquecido, mas tem de tomar cuidado. Perrone – Realmente, precisamos tomar cuidado. Quando o pessoal do navio vem, diz: “Quero fazer um contrato de 70.000 cabeças”. Você fica com o papel na mão e como trabalha com isso? Existem muitas despesas invisíveis nesse negócio que chegam a representar de 2% a 3% do custo da operação – animais que passam do peso estabelecido, animais soropositivos. Compramos rebanhos aí de uma região leiteira, que deu quase 18% de leucose no lote. A exportação de gado vivo é uma baita oportunidade, mas tem risco. Scot – Tenho uma pergunta para o Perrone. É verdade que ONGs estão te processando por exportar gado vivo? Perrone – É verdade. Recebi quatro ações. Anexaram
fotos de animais mortos em operações do Canadá. Uma loucura. Isso é muito ruim pra gente.
Confraternização É impossível registrar nestas páginas todo o conteúdo técnico divulgado nos três dias do Encontro de Recriadores e Confinadores da Scot Consultoria. Vários temas relevantes abordados serão objeto de futuras reportagens de DBO. O evento também foi palco de ações promocionais da carne, como o churrasco comandado pelo chef Bruno Panhoca. Ele usou 100 kg de peito Angus Minerva Prime para preparar brisket, produto tradicional do Texas, assado e defumado por no mínimo 12 horas, em uma churrasqueira especial chamada Pit, que foi colocada dentro do Ribeirão Shopping, para que os participantes do evento acompanhassem a parte final de preparo. O público adorou!
14 DBO maio 2018
ourofinosaudeanimal.com
Evol
Para melhores resultados escolha a evolução dos endectocidas. Evol é o único endectocida com a tecnologia que combina dois ativos, o que promove maior proteção para todas as fases do rebanho, apresenta apenas 22 dias para o abate e ainda proporciona melhor retorno sobre investimento que os produtos tradicionais com 1% de concentração. Por tudo isso, Evol traz o avanço que a pecuária exige.
Giro Rápido Fornecimento de ureia pecuária sob risco
Ademar Leal pres. da Asbram
A Petrobrás deixou o setor de suplementação animal em alerta, ao anunciar, no final de março, que pretende fechar duas fábricas de fertilizantes nitrogenados, uma em Camaçari, BA, e outra em Laranjeiras, SE. A preocupação das “misturadoras” se justifica, já que a Petrobrás é responsável pela produção de 95% da ureia pecuária usada no País, segundo Ademar Leal, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram). Ele estima uma elevação de até 15% no preço do produto no Centro-Oeste, caso a matéria-prima precise ser trazida de fora. “Importar não é uma coisa simples. Somente uma empresa além da Petrobras, a Yara, está habilitada a vender ureia pecuária no Brasil”. O processo de habilitação leva cerca de dois anos, mas o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) já se comprometeu a fazer uma força-tarefa para agilizar o andamento dos registros, se as unidades da Petrobras realmente pararem a produção. Pressionada por esse cenário, a companhia petroleira disse que estuda adiar a suspensão das atividades das duas fábricas para 30 de outubro e garantir o fornecimento do produto até 30 de dezembro. De acordo com Leal, a demanda por ureia pecuária no País é de 250.000 t/ ano, enquanto a da agrícola chega a 4,5 milhões de t/ano. “Ainda assim, é um volume muito importante e estratégico para o setor”, afirma o presidente da Asbram. Apesar de terem concentrações parecidas de nitrogênio, os produtos diferem em nível de pureza e controle de contaminantes, sendo vedata a ureia agrícola para fins de nutrição animal. 18 DBO maio 2018
Abiec planeja abrir painel na OMC contra Japão Após várias tentativas infrutíferas de negociação, o Conselho da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) decidiu, em reunião realizada em abril, solicitar ao governo federal que abra um contencioso na Organização Mundial de Comércio (OMC) contra o Japão. Motivo: esse país asiático continua se recusando a reconhecer o conceito de “regionalização” para a febre aftosa criado pela OIE, Organização Internacional de Saúde Animal; por isso, não compra carne bovina do Brasil. “Não existe mais espaço para tratativas diplomáticas com o Japão. Missões foram enviadas para lá, recebemos missões deles aqui, sem que nenhum avanço fosse obtido. Eles continuam decididos a comprar carne bovina apenas de países livres de aftosa sem vacinação”, diz Antônio Camardelli, presidente da Abiec.
Segundo ele, a entidade já está iniciando tratativas com alguns escritórios de advocacia especializados nessa área e realizando um estudo técnico para embasar o pedido de abertura do painel, pois não se justifica o Brasil ficar fora de um mercado que importa mais de 700.000 toneladas por ano e pratica um dos maiores preços médios internacionais, quando já estamos livres de aftosa desde 2005. Camardelli também informou que o painel do frango contra a Indonésia – vencido pelo Brasil e não contestado pelo país asiático – abriu espaço para negociações sobre a carne bovina com os indonésios. “Uma missão esteve aqui em abril e provavelmente teremos resultados positivos. Aguardamos somente o relatório final da visita e a troca de certificações para confirmar a abertura desse importante mercado”, salienta o presidente da Abiec
Associação busca alternativas de crédito para ILPF Criada em 2012, a parceria “Rede de Fomento à ILPF” foi transformada formalmente em associação em abril – a Associação Rede ILPF –, da qual fazem parte a Cocamar, John Deere, Soesp, Syngenta, Embrapa, Bradesco e SOS Mata Atlântica, cuja intenção é criar um fundo de estímulo à implantação de sistemas integrados. A ideia é disponibilizar recursos de forma mais flexível e acessível ao produtor do que a linha ABC do Plano Safra, que também contempla projetos de recuperação de pastagens, plantio direto e outras tecnologias.
MT irá mudar forma de coleta de dados do rebanho Com o fim da vacinação contra febre aftosa previsto para junho de 2021 em Mato Grosso, o Estado já começa a se organizar para deixar de fazer a coleta de dados do rebanho por meio da declaração de vacinação entregue pelos criadores aos órgãos oficiais. Para tanto, atualizou sua legislação sanitária, instituindo campanhas de “atualização de estoques” em que os produtores terão de ir a escritórios do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) para declarar a quantidade e sexo de seus animais. O instituto vai fiscalizar essas declarações por amostragem, da mesma forma como atua hoje durante as campanhas de vacinação. Mato Grosso faz parte do último grupo a retirar a vacina, o Bloco 5, do qual são membros também Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul.
Francisco Jardim é o novo secretário de Agricultura e Abastecimento de SP, empossado em 16 de abril, na capital. Ele substitui Arnaldo Jardim, que se desincompatibilizou do cargo para disputar as eleições deste ano. Apesar do mesmo sobrenome, não são parentes. Francisco Jardim é produtor rural e médico veterinário, e ocupou, dentre outros cargos, o posto de secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura.
CNA obtém que garante exportação de boi em Santos A fim de permitir a retomada da exportação de cargas vivas pelo Porto de Santos, SP, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entrou com uma ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a lei promulgada em 18 de abril pelo prefeito da cidade, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Aceita pelo ministro Edson Fachin, a ação suspende, até segunda ordem, a proibição do transporte de animais na área urbana do município.
Se é vegetariano, não é carne Na França, fabricantes de alimentos veganos e vegetarianos não poderão mais usar termos como “carne”, “bife, “filé”, “hambúrguer” ou “salsicha” para descrever seus produtos depois que o Parlamento do país decidiu que isso engana os compradores. O mesmo vale para produtos que não levam lácteos em sua composição e são chamados “leite” ou “manteiga”, por exemplo. A multa por descumprir a regra pode chegar a € 300.000 (o equivalente a R$ 1,3 milhão). Diante da medida, alguns consumidores franceses questionaram se a indústria de carne do país se sente ameaçada com o crescimento do consumo de produtos vegetarianos e veganos, e outros negaram que o uso do vocabulário pudesse confundi-los de alguma forma.
Infopec
Infográficos que sintetizam informações importantes da pecuária
Margem líquida atual da pecuária é metade do que foi 20 anos atrás 50,0%
Dobrar a produtividade
48,02% 43,61%
40,0%
38,35%
38,23%
Criamos um problema!
37,57% 30,0% 22,02%
20,0%
Época da produção 19,42% 14,78%
16,75%
17,27%
10,0% 0,0%
de 1971 a 1975
de 1976 a 1980
de 1981 a 1985
de 1986 a 1990
de 1991 a 1995
de 1996 a 2000
de 2001 a 2005
de 2006 a 2010
de 2011 Parcial a 2015 2016 a 2020
Fonte: Agroconsult, com base em informações do Cepea, IEA e Agroconsult.
“Xadrez” para ser equacionado Em sua apresentação durante o Confinatto MT (veja matéria à página 52), o pesquisador Flávio Dutra de Resende, da Apta de Colina, fez um longo raciocínio para mostrar que o aumento da escala, visando recuperar a margem de lucro perdida pelo pecuarista nas últimas décadas, pode criar um problema. Para voltar à margem obtida no qüinqüênio 1990-1995, de 33,5%, seria necessário dobrar a produtividade no atual quinqüênio, cuja margem prevista é de “apenas” 17,2%. Isso porque mais gado para abate implicará preço mais baixo para a arroba. A saída, então, será produzir mais carne por animal, ou seja, carcaças mais pesadas. Mas, aí, cria-se outro problema: o tamanho das peças. “Não pode ser de uma carcaça acima de 24@, que vai dar uma picanha de 2 kg, associada a ‘marrucos’; além do que, animais muito grandes não são adequados à estrutura física atual dos abatedouros brasileiros”, diz ele. Animais com no máximo 30 meses, com acabamento mediano (3mm a 6mm) e pH ideal (5,5 a 5,8), eficientes na desossa e produzidos “sob demanda”, principalmente para exportação, serão as chaves para sair desse “xadrez”.
Mato Grosso registra aumento no peso dos animais abatidos Fonte: IMEA
Novo secretário toma posse em SP
O Mato Grosso superou São Paulo e passou a ser o Estado onde se abate os bovinos mais pesados do Brasil. O incremento registrado em 2017, comparativamente a 2016, foi de 0,6% e é um indicativo, segundo o analista Yago Travagini, analista de pecuária do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), de que o Estado vem investindo em manejo, sanidade, nutrição e genética do seu rebanho de gado de corte. A marca de 2017, de 17,78@, (média de machos e fêmeas) é recorde pelo terceiro ano consecutivo, e surpreende, sobretudo, porque o País vive uma fase de aumento no abate de matrizes. “Com um incremento de 21,76% no abate de vacas em 2017, em relação a 2016, a tendência seria o peso médio das carcaças cair, porque as fêmeas são mais leves do que os machos, mas não foi o que aconteceu”, diz o analista. Como mostra o gráfico, a curva de peso da carcaça no Mato Grosso reagiu, enquanto a de São Paulo registrou ligeira queda. No Brasil, foram abatidas 300.000 vacas a mais no ano passado, comparativamente a 2016, e a média nacional ficou em 16,5@ (machos e fêmeas inclusos).
DBO maio 2018 19
Coluna do Cepea
Produtividade nacional cresce, mas de forma ainda pontual Sergio De Zen, professor doutor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador responsável pela área de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/ USP.
O
Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador da área de Pecuária do Cepea. cepea@usp.br
20 DBO maio 2018
sucesso da rentabilidade da pecuária de corte depende de vários fatores, dentre eles o preço e, especialmente, a produtividade. Nos últimos anos, observam-se ganhos de produtividade para dentro da porteira, em decorrência do uso de novas tecnologias. Esse contexto, no entanto, está longe de ser um padrão para a grande maioria dos produtores. Desde 2003, o Cepea acompanha a evolução dos sistemas de produção de gado de corte em 13 Estados e também seus índices zootécnico-financeiros, trabalho realizado em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). São 290 fazendas típicas em 110 regiões do País, com diferentes sistemas: cria, cria-recria, recria-engorda, ciclo completo e confinamento, e é evidente a grande heterogeneidade dessas praças produtoras. Há três grandes grupos de fazendas no Brasil que podem ser distinguidos de acordo com seu sistema de produção. Há um grupo que, ao longo dos últimos anos, manteve um modo de produzir tradicional, enquanto o segundo grupo se especializou em um segmento (cria, recria, engorda) e o terceiro introduziu culturas agrícolas na propriedade, mudanças que causaram impacto em sua produtividade e rentabilidade. As propriedades que se especializaram ou desenvolvem outras atividades tiveram redução na área média de pastagens, mas também conseguiram diminuir a idade das fêmeas à primeira cria e aumentar a taxa de natalidade, fatores que contribuíram para maiores produtividade e retorno. Já nas fazendas com sistemas tradicionais, observou-se aumento na área de pastagens, mas sem melhora na taxa de natalidade e, em alguns casos, redução na idade à primeira cria. Na média nacional, há 15 anos, em 250 hectares (ha) de pastagens, o produtor mantinha 100 vacas, que produziam 45 bezerros com peso médio de 170 kg. Atualmente, as mesmas 100 vacas ocupam 150 ha e produzem, em média, 65 bezerros com 200 kg. Esse aumento de pro-
dutividade é cada vez mais notório em fazendas brasileiras. Em termos de produção, unidade animal (UA)/ha e arrobas produzidas/ha, os dados da pesquisa do Cepea/ CNA mostram que fazendas pecuárias que também têm atividades agrícolas registram melhores índices, em sua maioria. Há ganhos expressivos, principalmente, no sistema de recria-engorda. Por fim, quando analisados os índices produtivos com os resultados financeiros, nota-se forte relação entre aumentos de produtividade e ganhos econômicos. Para essa análise, as fazendas estudadas pelo Cepea/ CNA foram divididas em três grupos (1, 2 e 3), que representam, respectivamente, as 10, 20 e 30 melhores propriedades em termos de margem bruta, no período de 2014 a 2017. Os sistemas de cria e recria-engorda foram analisados separadamente. Os dados levantados pelo Cepea/CNA nas fazendas que fazem somente cria mostram produtividade média de 3,93 @/ha e margem bruta de R$ 213,8/ha. Se analisadas somente as dez fazendas com as melhores margens, a média sobe para R$ 410,9/ha e a produtividade para 4,88 @/ ha. As fazendas de recria-engorda apresentaram produtividade média de 7,42 @/ha e margem bruta de R$ 369,4/ ha. Quando analisadas as dez fazendas de recria-engorda com melhores margens, a média chega a R$ 774,7/ha e a produtividade, a 11,33 @/ha. Em geral, as fazendas típicas de recria-engorda têm margens brutas e produtividade superior à de cria. Entretanto, há fazendas que fazem somente cria e têm números melhores que as de recria-engorda. Como já mencionado anteriormente, a heterogeneidade da produção de gado de corte no Brasil e o uso de baixa ou alta tecnologias resultam nesta forte discrepância entre regiões e também dentro de um mesmo sistema. Por isso, a pecuária do futuro precisa utilizar a tecnologia e ferramentas que aumentem sua produtividade. n
Margem bruta e @/ha produzidas em fazendas de cria no Brasil, de 2014 a 2017
Margem bruta e @/ha produzidas em fazendas de recria-engorda, de 2014 a 2017
Fonte: Cepea/Esalq-USP
Fonte: Cepea/Esalq-USP
Mercado
Indústria leva vantagem no físico Na queda braço com pecuaristas, viés baixista da arroba prevalece. Denis Cardoso
E
m abril, os negócios no mercado de boi gordo continuaram mais favoráveis para quem compra _ os frigoríficos _ do que para quem produz e vende – a ponta produtora. Para este mês de maio, a tendência é de que a indústria da carne continue mais forte na queda de braço com produtores. Não a ponto de comemorar margens exuberantes – embora estas oscilem atualmente um pouco acima da média histórica –, mas pelo menos com peso suficiente para manter o viés de baixa nas cotações do animal terminado. “A pressão baixista sobre os preços do boi gordo, que cada vez ganha mais força, é fruto da junção de dois fatores principais: a lentidão do consumo interno de carne bovina e o progressivo aumento da oferta de animais prontos para o abate”, resumiu o boletim pecuário divulgado no fim de abril pela consultoria IEG FNP, de São Paulo. Do ponto de vista dos pecuaristas, cresce a preocupação em relação ao avanço do período seco, o que au-
Preços do indicador do boi gordo recuam no mercado futuro Mês para a liquidação dos contratos na B3 Data
Fev
dos pregões
jan
26/2/2018
-
26/3/2018
-
-
26/4/2018
-
-
Mar Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
146,20 145,80 144,80 144,80 145,90 148,15 150,00 150,50 152,00 151,15 151,15 143,60 143,00 145,75 142,95 144,50 145,60 146,00 147,60 147,70 147,70 -
141,70 141,55 142,55 144,50 145,15 146,30 147,70 147,70 147,70
Fonte: B3
Indicador do bezerro registra queda em abril no MS Datas de levantamento do Cepea Especificações Preço à vista por cabeça
26/4/2018
26/3/2018
R$ 1.174,03
R$ 1.202,09
Peso médio/kg
196,08
195,64
Preço por kg
R$ 5,98
R$ 6,14
R$ 179,62
R$ 184,33
Preço por arroba Fonte: Cepea/Esalq/USP
Indicador boi gordo tem desvalorização mensal no Estado de São Paulo Datas da liquidações dos contratados negociados na BM&F Especificações
26/4/2018
26/3/2018
Preço à vista
R$ 140,65
R$ 143,90
Fonte: Cepea/Esalq/USP/BM&F. Média dos últimos cinco dias úteis em São Paulo. O valor é usado para a liquidação dos contratos negociados a futuro na BM&F.
22 DBO maio 2018
menta a necessidade de aliviar as pastagens, sobretudo no Centro-Sul do País. “Os pecuaristas que ainda seguravam seus bovinos nas fazendas começaram a visualizar a piora nas condições dos pastos, passando a mandar mais animais para a linha de abate”, informou o boletim semanal do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), com sede em Cuiabá, MT. Além disso, acrescenta a consultoria IEG FNP, a oferta de animais é reforçada com o grande descarte de fêmeas, que têm sido responsáveis por 50% a 60% dos abates diários no País. Cotações à vista e futuras Em 27 de abril, véspera do fechamento do mês, o Indicador Esalq/BM&F (São Paulo, à vista) foi negociado a R$ 141,65, com queda de 1,29% na comparação com o valor de um mês antes, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). No acumulado do ano, o indicador sofreu desvalorização de 3,6%, na comparação com o preço final de dezembro de 2017 (R$ 146/arroba). As cotações dos contratos futuros do boi gordo também acompanharam o movimento baixista no mercado à vista e fecharam o mês de abril com perdas generalizadas na B3, em São Paulo. No fim de abril, os preços futuros indicavam uma arroba de R$ 147,70 para os contratos referentes a outubro próximo (período de entressafra). Há dois meses, em fevereiro, essa mesma posição futura indicava um valor do boi gordo em outubro de R$ 152 (veja tabela), ou seja, 3% acima do valor futuro atual. Embargo europeu Com a decisão da União Europeia de suspender as importações de frango e derivados de 20 frigoríficos brasileiros, no fim de abril, o preço dessa proteína tende a cair no mercado interno, acentuando as sobras da mercadoria. No entanto, na avaliação do analista Alex Lopes, da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, uma eventual queda no valor da carne de frango não deve intensificar o processo de migração de consumo da proteína bovina. “Com a atual melhora dos índices econômicos no País, acredito que o consumidor tende mesmo a voltar a comprar carne vermelha, independentemente do valor dos concorrentes”, aposta. Já no que tange aos preços do milho, Lopes diz que uma suposta redução de demanda do grão por parte das cadeias avícola e suinícola pode resultar em queda nos preços do cereal, favorecendo a conta financeira dos pecuaristas que desejam investir no confinamento de gado neste ano. n
Mercado
Preços firmes na reposição Negócios são lentos, mas mercado é puxado pela demanda de confinadores e pela maior oferta de bezerros.
C
Denis Cardoso
om a pressão de baixa na arroba do boi gordo, os negócios no mercado de reposição seguem com dificuldade de ganhar ritmo, mesmo com os preços sustentados dos animais de reposição verificados em abril. Segundo levantamento da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, na média de todas as categorias de machos e fêmeas anelorados pesquisadas pela empresa, em 14 praças de comercialização do País, a variação mensal ficou positiva em 0,7% no mês passado, informa a zootecnista e analista Isabella Camargo. Na opinião da equipe de analistas de outra consultoria, a IEG FNP, sediada na capital paulista, o principal fator para a firmeza dos preços da reposição é a entrada dos pecuaristas no mercado visando comprar animais para o início do primeiro giro de confinamento. Mesmo com as negociações, de maneira geral, ainda pouco aquecidas para consolidar a valorização dos preços de gado de reposição, a liquidez dos leilões tem sido alta. Em abril, no Mato Grosso, três leilões de grande porte, com oferta de cerca de 2.000 cabeças, ocorreram na região de Água Boa. Assim, algumas negociações de machos foram fechadas a preços acima das referências, segundo relata a IEG FNP. No entanto – informa a consultoria – o mercado de fêmeas de reposição segue travado, com negócios um pouco mais volumosos ligados às vacas paridas. Para a FNP, no Mato Grosso e também no Rio Grande do Sul, agentes do mercado alegam que o movimento de estabilidade dos preços de animais de reposição é também resultado indireto da intensificação, durante os últimos meses, da exportação de animais vivos, principalmente de bezerros e garrotes.
Com a maior firmeza no mercado de reposição frente ao de boi gordo, o invernista e o recriador perdem poder de compra. De acordo com levantamento da Scot Consultoria, em abril, em São Paulo, foram necessárias 13,2@ de boi gordo para a compra de um boi magro (12@), valor 1,2% maior que o de março último e 3% acima de igual período do ano passado. Para o bezerro desmamado (6@), a relação de troca ficou em 8@ em abril, valor 1,8% maior que o do mês anterior e valorização de 8,1% em relação a igual período de 2017. Na avaliação de Isabella Camargo, da Scot, em algumas regiões pecuárias do País a ausência de chuvas já começa a se refletir na qualidade das pastagens e, no curto prazo, isso pode fazer com que os vendedores se lancem aos negócios com menor resistência, pressionando para baixo as cotações. Nas principais praças Em São Paulo, a novilha (8,5@) foi a categoria que registrou a maior queda em abril, fechando o período com valor médio de R$ 1.180, recuo de 2,1% na comparação com a média de março, segundo a Scot. O garrote (9,5@) atingiu preço médio de R$ 1.550 em São Paulo, com aumento de quase 1% sobre março. As cotações do bezerro desmamado (6@) e do boi magro (12@) ficaram praticamente estáveis em abril, fechando a R$ 1.160 e R$ 1.905, respectivamente. No Mato Grosso do Sul, todas as categorias de reposição fecharam o mês passado com preços estáveis. O bezerro encerrou a R$ 1.100, em média; o garrote, a R$ 1.550, enquanto o boi magro fechou a R$ 1.762,50. O preço médio da novilha ficou em R$ 1.137,50. Na praça do Mato Grosso, houve, em abril, altas mensais para todas as categorias de reposição. O valor do bezerro desmamado foi a R$ 1.095, com valorização de 1,4% sobre março. O garrote subiu 1,7%, para R$ 1.497,50, e o boi magro teve alta de 1,6%, para R$ 1.745. O preço da novilha teve leve acréscimo mensal de 0,5%, para R$ 1.057,50. Em Goiás, o mercado de reposição também registrou alta para todas as categorias em abril, com destaque para o aumento mensal da novilha, cujo preço avançou 11%, para R$ 1.170, frente a março. Ainda na praça goiana, o valor do bezerro desmamado subiu 2,5% em abril, para R$ 1.147,50, enquanto o garrote registrou aumento mensal de 1,5%, para R$ 1.545. O boi magro teve alta mensal de 0,7%, para R$ 1.805. n
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R$ 1.180
R$ 1.622
R$ 1.147
R$ 1.497
Preço médio do boi magro no Tocantins no mês passado, queda de 1,1% na comparação com março.
Cotação média do bezerro desmamado em Goiás em abril; valorização mensal de 2,5%.
Valor médio do garrote no Mato Grosso, no mês passado; elevação de 1,7% em relação ao preço de março.
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Valor da novilha na praça paulista, em abril; baixa de 2,1% sobre o preço médio do mês anterior.
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24 DBO maio 2018
Anabolic é um acelerador de metabolismo que otimiza a nutrição animal e garante mais desempenho, saúde e vitalidade ao seu rebanho.
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SAÚDE ANIMAL
Fora da Porteira
Rogério Goulart
Boi próprio e boi de compra
A Administrador de empresas, pecuarista e editor do informativo semanal “Carta Pecuária”, de Dourados, MS.
cho que você sente a mesma coisa. É prazeroso ver um caminhão boiadeiro chegar na fazenda com uma carga de animais de reposição. Bezerro, garrote, boi magro, tanto faz. Dá uma satisfação danada saber o que os próximos meses proporcionarão ,para aqueles bichos, bons pastos, água limpa, ração balanceada, medicamentos sempre que necessários, vitaminas para ajudar os mais fracos. Serão muito bem tratados e mimados. Tudo sob o olhar atento do colaborador responsável por cuidar do gado. Vamos pensar nesses animais. Eles estão chegando agora e irão se somar e se juntar aos outros que já estão há mais tempo dentro da fazenda. Com o passar do tempo, formarão lotes específicos. Nas apartações rotineiras do gado, os animais mais próximos de peso vão sendo mantidos juntos. Tem até um nome chique para isso: lote contemporâneo. Agora e nos próximos meses, esses lotes contemporâneos atingirão aos poucos a faixa de peso entre 12@ e 14@. Hora de ir para o cocho ou deixá-los no pasto mesmo? Antigamente era mais simples. Pasto era sal mineral. Largava lá e seja o que Deus quiser. E confinamento era confinamento. Uma caixinha de surpresas. Hoje em dia “pasto” pode ser tantas coisas... Pode ser até confinamento no pasto. E confinamento se tornou um relógio suíço, ou um trem japonês. Mas vamos voltar ao assunto anterior...Chamo esses animais que já estão na fazenda de lote “próprio”. Quanto eles estão custando? Será que compensará para o seu confinamento da fazenda comprá-los? Estão caros ou baratos hoje? Vamos deixar a pergunta no ar. Enquanto está decidindo o que fazer, você recebe uma ligação do seu corretor de confiança. É o seguinte: ele te passa uma oferta de boi magro disponível para compra. É uma boiada boa, do jeito que você gosta. O vendedor até permite você avaliá-la para refugar até 10% do lote, o que é ótimo. Mas o preço de compra está com um pequeno ágio sobre a arroba do boi gordo. Será que compensa para o seu confinamento usar esses animais “de compra” recém-ofertados? Puxa! Agora complicou. Supondo-se que você vai confinar, qual lote de animais vai colocar no
Figura 1. Preços de cada tipo de animal
26 DBO maio 2018
cocho: o lote próprio ou o lote de compra? Uma parte da resposta é zootécnica. Se o confinamento fica dentro da própria fazenda, acho preferível um animal próprio. Se o confinamento for em outro lugar, a nutrição prévia do gado faz diferença, e é mais um ponto a favor do seu gado próprio. Mas, não vamos nos preocupar com isso agora. A outra parte da resposta e, em minha humilde opinião, a mais importante, é o preço de cada um desses lotes. É sobre isso que falaremos hoje: o preço... Ah, esse tal de preço. No final do dia, a engorda tem de dar lucro. O lucro começa a ser construído na compra do gado, caro leitor. Daí a importância de se saber qual o custo de cada um desses animais. Qual lote está mais barato hoje? Qual lote deveo usar? A noção que existem dois tipos de bois magros (próprios e de compra) é crucial para o seucesso do confinamento. Isso te ajudará a definir sua estratégia para os anos seguintes. O boi magro próprio tem um custo que pode (ou não) ser diferente do preço do boi magro de compra. É engraçado pensar nisso, mas é a mesma ideia e raciocínio que se faz com o milho. Para usar no confinamento, compensa comprar milho ou plantar? Compensa usar boi próprio ou comprar? Coloco duas figuras abaixo que dizem a mesma coisa, de formas diferentes. A figura 1 mostra o comportamento dos preços dos animais próprios dentro da fazenda e o preço do animal de compra. A figura 2 mostra o ágio ou desconto do boi de compra sobre o boi próprio. Chamo a atenção do leitor que a resposta para a pergunta qual tipo de animal usar não é única. Como quase tudo em mercado, os opções variam com o tempo. Às vezes, é bom usar somente animais próprios, outras vezes, de compra. Atualmente, por exemplo, está melhor usar animal de compra no confinamento. Em média, o valor que se paga pelo boi magro hoje em dia é mais baixo do que o dos animais próprios que temos nos pastos.Isso não significa que é ruim confinar esses animais. Mas, precisamos saber das coisas, certo? É bom ter clareza nas ações. Se o seu negócio é engorda, a administração do custo do seu estoque de gado é importante, para não ser pego no contrapé dos preços. É isso. n Figura 2. Qual tipo de boi magro usar?
Informe Especial Nelore Birigui
Com tecnologia e suplementação a pasto, Nelore Birigui sedimenta trabalho genético rumo à carne de excelência Produzir carne da raça Nelore com qualidade superior para o crescente mercado gourmet, totalmente a pasto e suplementado com MUB, aliado ao suporte tecnológico integral da ultrassonografia na seleção do rebanho. Essa é a realidade do projeto Nelore Birigui, capitaneado pelo médico-veterinário paulista Jorge Camargo, nascido na mesma cidade que leva o nome da fazenda. Adquirida em 2001 e fincada em uma região de Cerrado com pequenas áreas de Mata Atlântica, a propriedade de 1,8 mil hectares (com 20% de reserva ambiental), está localizada no município sul-mato-grossense de Bela Vista, na divisa com o Paraguai. “O trabalho foi iniciado pelo meu pai, Gregório. Nosso
propósito sempre foi produzir carne em ciclo completo. Anualmente, abatemos cerca de mil cabeças. As fêmeas são abatidas com 17@ e os machos até 19@, em média, totalmente a pasto. Inicialmente, todo melhoramento genético era calcado na inseminação artificial com reprodutores selecionados para obtenção de características desejáveis através de Diferença Esperada na Progênie (DEPs)”, conta Jorge. Com uma excelente base genética, a partir de 2015, o produtor faz uso da mais moderna tecnologia existente no mercado para aproveitá-la no desenvolvimento do
rebanho Birigui através da Inseminação Artificial e, posteriormente, a Transferência de Embriões em Tempo Fixo (TETF), Fertilização in Vitro (FIV) e ultrassom de carcaça. São cerca de 1.200 transferências de embriões por ano, com índices de prenhez atingindo 57%, fazendo a ressincronização de receptoras em TETF.
Impactos da suplementação Inserido no projeto desde 2017, o suplemento MUB, da empresa MUB Nutrição Animal, que pertence ao grupo De Heus, promoveu o ambiente ideal para expor todo o potencial genético do rebanho Nelore Birigui. “Nosso diferencial é que estamos produzindo animais a pasto e MUB, nada mais. Não temos bezerros em creep-feeding sendo nutridos com alta quantidade de ração. Fazemos a genética para aquilo que o Brasil usa”, ressalta Jorge. De acordo com o pecuarista, o interesse pelo suplemento mineral da MUB surgiu da necessidade em atender a demanda nutricional do feto. Na nutrição fetal, a suplementação com MUB ocorre desde a concepção da vaca e, após a parição na Birigui, a vaca ao lamber o suplemento estimula o bezerro a ingerir o produto. Neste momento, nos primeiros dias pós-nascimento e, tendo acesso ao MUB, ele entra em contato com a saliva da mãe e de outras fêmeas do rebanho e inicia a colonização de microrganismos ruminais. Esse processo contribui para que o bezerro desenvolva o seu rúmen precocemente, antecipando o seu pastejo. Além disso, quando é desmamado no sistema MUB, não há elevação nas exigências de mantença, fator que sabidamente acontece em animais que saem do sistema creep-feeding e que ingerem grandes quantidades de ração. Suplemento MUB fica o tempo todo disponível para os bovinos.
Fêmeas do plantel
Além disso, os animais são sempre suplementados, não importando o volume de chuvas. A característica sólida e o óleo vegetal presente na formulação tornam o produto resistente à água, o que permite a conservação de suas características originais mesmo quando exposta à chuva e ventos.
Dia de campo Todo esse trabalho estará em evidência durante o aguardado dia de campo na fazenda, marcado para o dia 26 de maio, onde será divulgado e demonstrado em detalhes tudo o que está sendo produzido, com dados coletados durante os três anos de melhoramento por ultrassom e aplicação de FIV/TETF. Além de palestras e visita aos lotes no campo, está programada ainda uma demonstração do trabalho de ultrassonografia de carcaça desenvolvido pela equipe da PROIMAGEM, com o escaneamento de alguns animais do plantel. Cortes especiais serão preparados para degustação pelo açougueiro Sebástian Rufino, mais conhecido como ‘Sebá, The Butcher’. Graças aos investimentos e resultados consistentes em ganho genético e qualidade de carcaça, o Nelore Birigui se prepara para atender ao cobiçado mercado de carne premium a partir de 2019 com animais 100% Nelore, precoces e abatidos aos 18 meses. “Nosso slogan é qualidade do campo ao prato. E o sabor da carne do Nelore criado a pasto é imbatível”, crava o pecuarista Jorge Camargo.
Cadeia em Pauta
Marfrig dá grande guinada Com a compra da National Beef, torna-se a segunda maior processadora de carne bovina do mundo e ainda reduz seu nível de endividamento. Maristela franco
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Nos interessa modelo americano de parceria com produtores de carne de carne de qualidade” Martin Secco, presidente da Marfrig Foods.
maristela@revistadbo.com.br
iscretamente, sem nenhum alarde, a Marfrig Foods, segunda maior companhia frigorífica do País, fez uma tacada de mestre no dia 9 de abril: comprou 51% das ações da norte-americana National Beef Packing Company, por US$ 969 milhões. Com isso, mudou definitivamente de patamar. Não apenas pelo tamanho das operações que estará assumindo, mas porque reduziu significativamente seu nível de endividamento, calculado em US$ 2,4 bilhões, 4,55 vezes o valor de seu Ebtda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). Com a nova aquisição, a Marfrig conseguirá reduzir seu nível de “alavancagem”, como diz o jargão financeiro, para 3,35 vezes seu Ebtida, com meta para 2,5 vezes até o final de 2018. O mercado aplaudiu o negócio, valorizando as ações da companhia em 18% após seu anúncio à imprensa. É compreensível esse movimento da Bolsa: a Marfrig passou, de golpe, a ser a segunda maior processadora de carne do mundo, com faturamento anual estimado em R$ 43 bilhões, se aproximando um pouco mais da líder JBS. Com isso, poderá desempenhar papel mais ativo no segmento de carne bovina. Bem “costurada”, a compra da National Beef prevê bridge loan (empréstimo-ponte de curto prazo – 1 ano), no valor de US$ 900 milhões, concedido pelo Rabobank, e mais US$ 100 milhões, com vencimento mais longo (2022). Esses empréstimos serão pagos com dinheiro oriundo da venda da Keystone Foods, indústria de processados que a Marfrig arrematou em 2010 e abastece grandes redes internacionais de fast food (Mc Donald’s, Campell’s, Subway), fornecendo produtos para 28.000 restaurantes em 12 países. Normalmente, esse tipo de operação é feita quando já se tem compradores em vista, mas a Marfrig não revelou nomes. Provavelmente, o dinheiro obtido com a venda da Keystone cobrirá com sobras o valor da National Beef, resultando em uma operação perfeita. Com participação na Marfrig, o BNDES acompanhou as negociações e deverá aprová-la. Segundo estimativas de Martin Secco, presidente da companhia,
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Uma das plantas da National Beef, em Kansas, com capacidade para abater 6.000 cab/dia.
todo o processo burocrático será concluído até o final do segundo semestre. Quatro senadores do Comitê de Agricultura dos Estados Unidos pediram um painel para analisar a aquisição, mas ela tem boas chances de ser homologada. Por que a National Beef? Quarta maior processadora de bovinos dos Estados Unidos, a National Beef sempre foi cobiçada no mercado, por ser uma das mais rentáveis dos Estados Unidos (faturamento de US$ 7,3 bilhões ou R$ 24,3 bilhões, em 2017). A JBS quis comprá-la em 2008, mas o negócio foi vetado pelas autoridades norte-americanas antitruste, porque o grupo brasileiro já havia arrematado outras empresas naquele país. A National Beef atrai interesses porque trabalha com carne de qualidade. Aliás, esse um dos pilares históricos da Marfrig, que, nos últimos anos, tem procurado “retornar às origens”. A multinacional brasileira cresceu vendendo carne premium (inicialmente importada da Argentina e Uruguai) para churrascarias e outros restaurantes paulistas. Saiu de um entreposto em Santo André, SP, para conquistar o mundo, se distanciando um pouco da pecuária de corte, quando investiu no segmento de aves, mas depois voltou a priorizar a carne bovina. Boi, aliás, sempre foi a especialidade da National Beef. Essa empresa, com sede em Kansas City, no Estado do Missouri, foi criada em 1992. Cinco anos depois (1997), ela foi vendida para a US Premium Beef (USPB), uma cooperativa criada por 150 pecuaristas especializados na produção de animais de alta qualidade que queriam agregar valor a seu produto e comercializar carne premium com marca própria. Em 2004, a U.S. Premium Beef se tornou uma sociedade limitada e, em 2011, vendeu 79% das ações da empresa para o fundo de investimentos Leucadia National Corporation, ficando como sócia minoritária. Se o negócio com a Marfrig for concretizado, esse fundo
Cadeia em Pauta
Empresa norte-americana trabalha com porcionados no mercado interno e exporta bastante para o Japão.
Anúncio da operação para jornalistas, feito dia 9 de abril, em São Paulo.
passará a deter 31% da companhia e a US Premium Beef, 15%. Os dois sócios se comprometeram a não vender suas ações nos próximos cinco anos. O grande diferencial da National Beef é justamente sua associação com os pecuaristas de gado de alto padrão, que lhe dá grande vantagem competitiva no mercado. São 2.100 produtores de 36 estados e mais de 1.400 confinamentos fornecedores. De 1997 até 2016, o frigorífico comprou mais de 13,3 milhões de cabeças de gado dos fornecedores-parceiros, pagando ágio médio de US$ 44,94/cab. Ao todo, foram US$ 436 milhões em prêmios. O fornecimento é feito com base em contratos, com descrição do padrão animal a ser entregue e fornecimento de informações sobre as carcaças aos pecuaristas, para que eles possam melhorar seus sistemas produtivos. A National Beef tem apenas duas plantas de abate – uma em Dodge City e outra em Liberal, Kansas –, mas elas são gigantescas. Têm capacidade para operar 6.000 cab/dia cada, o que dá mais de 3 milhões de cab/ano, cerca de 13% do total abatido nos Estados Unidos.
vadoras, vendas diferenciadas para o pequeno varejo e food service, plantas de porcionados e a venda de carne por e-comerce”, ressalta Secco. Com a compra da companhia norte-americana, a capacidade de abate da Marfrig chegará a 37.000 cabeças/dia (23.000 no Brasil e 12.000 nos EUA). Os principais executivos da National Beef, hoje comandada por Tim Klein, serão mantidos. “A Marfrig sairá de uma receita líquida de US$ 10 bilhões para US$ 34 bilhões, um aumento de quase 250%. Sem essa operação, a margem da Marfrig é de US$ 800 milhões e passará a ser de US$ 2,5 bilhões, um aumento também de 200%”, explicou Eduardo Miron, diretor financeiro da Marfrig. “Estamos nos tornando uma empresa muito maior na parte de bovinos, justamente quando o ciclo é positivo para esse segmento, nos dois países”, comemora. Segundo Martin Secco, depois da venda da Keystone Foods, a Marfrig será a empresa com melhor saúde financeira do setor. “Os produtores sócios do frigorífico americano viram nos viram com bons olhos. Eles entregam cerca de 700.000 animais por ano às plantas da National Beef. Mesmo pagando ágios, os executivos da companhia dizem que esses bois são os mais rentáveis que eles têm. É uma associação ganha-ganha”, diz Secco, que pretende convidar pecuaristas brasileiros para ir aos Estados Unidos conhecer as unidades da National e trazer produtores de lá conhecer nossa pecuária. Segundo ele, a companhia americana trabalha com 100% de animais confinados. “É uma máquina de produção de carne: tem caminhão descarregando boi 24 horas e caminhão carregando carne 24 horas por dia”. A Marfrig saiu praticamente ilesa da Operação Carne Fraca e tinha condições mais favoráveis para fazer esse negócio, especialmente após firmar parceira com o Rabobank. Os demais mercados-alvo para aquisições são Austrália, Nova Zelândia e Paraguai, ma a empresa não tem planos nesse sentido, por enquanto. n
Acesso a mercados “Por que essa aquisição faz sentido para a Marfrig?”, indagou Martin Secco, durante encontro com jornalistas, no dia 9 de abril, em São Paulo. Primeiro – disse ele –, porque consolida a posição da companhia no segmento de carne bovina. Segundo, porque é uma forma de entrar definitivamente no mercado norte-americano (80% da produção da National Beef se destinam ao consumo interno). Terceiro, porque dá acesso ao mercado japonês, principal cliente externo da National Beef. “Também vamos entrar nesse mercado via Uruguai, nos próximos meses, o que pode acelerar nossa curva de aprendizado”, explicou. Quarto motivo: a Marfrig quer explorar a associação da indústria com os produtores e ver se pode trazer algo dessa experiência para o Brasil. “A National Beef ainda tem como atrativo suas práticas operacionais ino-
Estamos nos tornando a segunda maior empresa processadora de carne bovina do mundo” Eduardo Miron, diretor financeiro da Marfrig.
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Cadeia em Pauta
Frigorífico Rio Maria aposta em vendas pulverizadas fotos renato villela
Com atendimento personalizado, empresa conquista pequeno varejo carioca. trabalho análogo ao escravo ou invadem terras indígenas. A empresa tem procurado construir uma relação de confiança com seus fornecedores (pecuaristas), o que lhe serve de lastro em um setor onde as relações comerciais são frequentemente marcadas por turbulências.
A gerente de vendas, Bruna Paulinelli Caruccio, mostra linha grill desenvolvida para restaurantes cariocas.
Renato Villela
P
renato.villela@revistadbo.com.br
ara que um pequeno frigorífico conquiste seu espaço no competitivo mercado da carne bovina, é preciso ter estratégia definida. O Frigorífico Rio Maria – localizado na cidade homônima do sul do Pará, a 800 km da capital, Belém, e vizinha a Redenção, um dos principais polos pecuários do Estado – ilustra bem essa premissa. Sem bater de frente com os maiores players do setor e longe das garras das grandes redes varejistas, que buscam menores preços, a empresa foca no atendimento personalizado a pequenos e médios supermercados para se sobressair. “Fazemos entregas de carne em menores quantidades, muitas vezes de cortes sob encomenda. É mais trabalhoso, sem dúvida, mas nos especializamos nesse nicho, que os grandes normalmente não atendem”, resume Bruna Paulinelli Caruccio, responsável pelo setor de vendas do Rio Maria e filha do fundador da empresa, Roberto Paulinelli. O frigorífico desempenha papel regional importante, ao estimular a intensificação pecuária e estabelecer parcerias com produtores interessados em produzir carne de qualidade. Além disso, se destacou na auditoria do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) que os frigoríficos da região assinaram com o Ministério Público do Pará, a partir de 2009, visando barrar a compra de animais de produtores que desmatam a floresta amazônica ilegalmente, usam
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Crescimento gradual Quando foi inaugurado, no fim de 2002, o Rio Maria abatia uma média de 120 animais/dia, comercializando somente carcaças casadas (traseiro, dianteiro e ponta de agulha). Alguns anos mais tarde, com a construção da sala de desossa, foi possível diversificar e oferecer cortes diferenciados aos clientes. Hoje, em sua unidade-sede, o frigorífico abate 530 cabeças diariamente e processa 400 toneladas de carne desossada por semana. No início deste ano, adquiriu uma segunda planta, em Canaã dos Carajás, PA, que deve começar a operar, com o abate de 360 animais/dia, a partir de 1o de junho. Sua principal clientela está na Região Nordeste e na cidade do Rio de Janeiro. Do portfólio da companhia, constam 24 cortes diferentes para o comércio regular, todos com a marca Rio Maria, e uma linha grill (alcatra, picanha e maminha), lançada há três anos especialmente para atender a supermercados cariocas. Atento às preferências do consumidor, o frigorífico também tem desenvolvido, sob encomenda, uma linha de porcionados (cortes prontos para ir à panela). “A dona de casa nem sempre quer comprar a peça inteira. Precisamos lembrar que as famílias estão menores e a carne, mais cara”, diz Bruna. Essa demanda, percebida pelo varejo, foi repassada à indústria. “Os supermercados querem diminuir o trabalho nas lojas, levando o produto direto para as gôndolas, sem passar pelo açougue”, explica o diretor industrial, Carlo Caruccio. A “personalização” do atendimento não se restringe à produção de cortes sob medida ou às linhas especiais. “Os supermercados do Nordeste, por exemplo, têm predileção por peças de dianteiro mais pesadas, acima de 60 kg. Temos condições de fazer essa triagem e enviar ao cliente exatamente o que ele quer”, completa Bruna. O Frigorífico Rio Maria também exporta, principalmente miúdos brancos (bucho, buchinho, tendão) para Hong Kong e carne industrial (aparas de cortes para fabricação de hambúrguer) para a África. A empresa está habilitada a acessar mercados como a Argélia, Argentina, Egito, Paraguai, Rússia, Ucrânia e Uruguai, além de todos os países da lista geral, mas apenas 10% de sua produção vai para o exterior. “O mercado interno está mais atrativo”, diz
Família trabalha reunida. Da esq. para a dir.: Umberto, Roberta, Roberto, Bruna e Carlo.
Bruna. Seus dois irmãos também trabalham no frigorífico: Umberto cuida da compra de gado, e Roberta é responsável pelo setor financeiro. Obstáculos paraenses Ter um frigorífico no Pará implica enfrentar certos obstáculos, como a localização do Estado. “Estamos a três dias de São Paulo; isso, se o caminhão não quebrar, o motorista não atrasar; enfim, se der tudo certo”, frisa Roberto Paulinelli. O frete de uma carreta com 26 t de carne, destinada ao Rio de Janeiro, por exemplo, custa R$ 13.000, incluindo a escolta. Além da distância em relação aos maiores centros consumidores, que influencia no preço final do produto, o frigorífico enfrenta dificuldades na captação da matéria-prima (gado). Neste caso, o problema não está na quilometragem em si _ o frigorífico compra animais em um raio de 150 km _, mas na má conservação das rodovias, esburacadas e, frequentemente, sem pavimento. “Muitas vezes, o valor do frete dobra por causa
disso”, relata Umberto Paulinelli. O transporte dos animais é feito por empresa terceirizada. Outro ponto que merece destaque é o acabamento dos animais. A despeito de o boi do Pará ter boa conformação, por causa da qualidade genética dos plantéis, a cobertura de gordura na carcaça sempre deixou a desejar. “Era um problema seríssimo, principalmente na seca. A gente abatia boi pesado, mas sem acabamento”, diz Roberto Paulinelli, salientando que esse quadro, porém, tem mudado nos últimos anos. O motivo é a adesão crescente dos produtores à suplementação a pasto, alternativa mais viável para garantir melhor acabamento dos animais. “Com suplementação mediana, de 0,3% a 0,5% do peso vivo, é possível melhorar o ganho de peso, a deposição de gordura e o rendimento de carcaça dos animais”, afirma Rafael Martins, diretor da empresa goiana Paraíso Nutrição Animal, que tem acompanhado a evolução da região nessa área. “Os projetos estão mais profissionais e os confinamentos aumentando”, diz.
O acabamento de carcaça no Pará vem melhorando com a prática da suplementação.
100% de legalidade na compra de gado O Frigorífico Rio Maria foi um dos poucos frigoríficos do Pará a apresentarem 100% de conformidade na auditoria do TAC (Termo de Ajuste de Conduta), cujos balanços foram divulgados em março com base em levantamento realizado em 2016 em 38 unidades de 26 empresas agropecuárias que assinaram esse acordo com o Ministério Público, há oito anos. Isso significa que o Frigorífico Rio Maria não comprou gado para abate de fazendas localizadas no interior de unidades de conservação ou terras indígenas, nem de proprietários cujos nomes constam da lista de embargo do Ibama ou da lista “suja” do Ministério do Trabalho, nem dos que realizaram desmatamento ilegal após 22 de julho de 2008.
A auditoria se baseou nas GTA’s (Guias de Trânsito Animal) de entrada de animais nas plantas frigoríficas. O TAC foi criado após o Greenpeace chamar a atenção das autoridades para o fato de fazendas embargadas pelo Ibama estarem vendendo bovinos livremente na região. O relatório produzido pela ONG motivou uma ação civil pública que resultou no acordo entre o Ministério Público e as indústrias. Para atingir 100% de conformidade nas compras de bois, o Frigorífico Rio Maria contratou a Niceplanet Geotecnologia, empresa especializada em monitoramento socioambiental da cadeia da pecuária de corte, localizada no município de Redenção, PA. “Desenvolvemos uma
plataforma online e um pacote de processos e soluções que permite ao comprador (indústria), no momento em que recebe a oferta de boi, consultar, por meio do CAR (Cadastro Ambiental Rural), se aquela fazenda está em conformidade com os critérios estabelecidos pelo TAC”, explica o agrônomo Jordan Carvalho, sócio-diretor da Niceplanet. Ele lembra, no entanto, que não tem qualquer ingerência sobre a decisão de compra da indústria. O Rio Maria, de acordo com Carvalho, monitora 100% de suas compras. Em 2016, verificou a origem de 123.954 animais. A auditoria referente às compras para abate no ano de 2017 ainda não foi finalizada.
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Cadeia em Pauta
Além de atender ao pequeno varejo, frigorífico também exporta para vários países.
Roberto Paulinelli já produziu “boi mal acabado”, com baixo rendimento de carcaça. Dono da Fazenda Santos Reis, localizada em Rio Maria, que foi capa da edição de fevereiro de DBO, ele cansou de se decepcionar ao ler o romaneio de abate dos animais que mandava para seu próprio frigorífico. “Eu abatia bois com três anos, 18 @ e só 52% de rendimento de carcaça. Pensava: o que estou fazendo de errado? Afinal, a indústria não podia estar me enganando”, conta, rindo. A melhoria dos números veio justamente depois da intensificação que implementou na propriedade, e que foi objeto da mencionada reportagem. Com a intensificação das pastagens e suplementação dos animais, técnicas que ele tem procurado difundir na região por meio de dias de campo, Roberto hoje abate bois aos 2,5 anos, com 19,5@ e 54% de rendimento. Na base da confiança “Frigorífico é igual qualquer comércio. Às vezes um boteco vende mais do que um bar grande, porque oferece um aperitivo mais gostoso, tem um atendimento melhor. Sempre digo para minha equipe: em todo lugar que você é bem tratado, você volta”. Assim, mesclando informalidade com conceitos de marketing, Paulinelli molda sua relação com os produtores, uma categoria historicamente ressabiada quando o assunto é frigorífico. No dia que DBO visitou a planta de Rio Maria, o empresário, economista de formação, levou o repórter para ver a toalete das carcaças na sala de acom34 DBO maio 2018
panhamento de abate, que é franqueada aos produtores. Observando o trabalho dali, por meio de uma parede envidraçada, como em um aquário, foi possível ver a retirada de um nódulo vacinal de uma das peças. “Esse é um problema sério, porque é preciso descartar uma porção de carne. Isso traz prejuízo para mim, porque esse animal veio da minha fazenda, mas aqui é assim. “A carcaça tem tratamento igual”, diz Paulinelli. O Frigorífico Rio Maria compra boi à vista ou com prazo de 30 dias, sempre com base no peso da carcaça quente, nunca pelo peso vivo, que é pouco confiável, devido a questões de manejo ou balanças descalibradas. “Se o fazendeiro usar proteinado e terminar bem seus animais, eles darão rendimento superior aos 52% acordados nas vendas pelo peso vivo. Isso é mérito do produtor, não do frigorífico. Quem produz bem tem de receber mais”. Segundo o empresário, a confiança que conquistou ao longo dos anos faz com que muitos pecuaristas escalem os bois para abate com até 30 dias de antecedência, mesmo sem saber o valor da arroba (o frigorífico “solta” o preço semanalmente). Bom de prosa, Paulinelli relembra uma conversa que teve certa vez com um diretor de frigorífico. “Ele me disse: ‘Roberto, não sento na mesa com fazendeiro, não quero proximidade, porque ele somente vem me pedir aumento no valor da arroba ou menor prazo para pagamento’. Penso diferente. Boi não é uma matéria-prima qualquer. É o resultado de dois, três anos de esforço do produtor, que precisa ser muito bem tratado”. n
Não faltaram sussurros e troca de olhares entre a plateia do 1º Fórum Rural Brasileiro, realizado no dia 6 de abril em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Também pudera! Escalado para apresentar o painel “Importância, entraves e desafios do agronegócio no Brasil”, o engenheiro agrônomo, ex-deputado federal e produtor rural Xico Graziano afirmou que o “agronegócio brasileiro está envelhecido” e defendeu a “renovação geral” de suas lideranças. “Caso eu tivesse este poder, trocaria todas as diretorias de sindicatos, federações e outras instituições do setor produtivo brasileiro. Em seus lugares, colocaria somente pessoas com menos de 30 anos”, disparou, durante o evento realizado dentro da programação da Expogrande 2018 (Exposição Agropecuária de Campo Grande), organizada, anualmente, pela Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), que reúne tradicionais pecuaristas do Estado.
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Ariosto Mesquita
Graziano defende “renovação geral” entre lideranças do agro
Xico Graziano: “ Eles não gostam de mim, mas também não gosto deles.”
Atualmente com 65 anos de idade, Xixo Graziano se incluiu no “limpa” e justificou seu pensamento diante do que considera uma “incapacidade” do setor de se ajustar às evoluções tecnológicas e procedimentos da sociedade atual. “Nossa geração, entre 50 e 60 anos, que ainda manda no Agro, não consegue entender o que significa conexão, não sabe compartilhar e nem usa Facebook. É chato o que eu falo, mas é um problema nosso que precisa ser resolvido. Tem federação de produtores que é presidida, hoje, pela pessoa que ocupava o mesmo
cargo em 1974, época em que me formei. Isso não tem cabimento”, desabafa.Graziano, que também é pecuarista (possui uma fazenda de cria no interior de Goiás), deixou claro que, ligado à renovação que ele defende, está a comunicação. “Por que nos comunicamos tão mal com a sociedade? Justamente por não sabermos fazer isso. A comunidade está falando no digital e nós ainda estamos no release escrito”, compara, se referindo a material informativo usual e tradicional, distribuído pelas assessorias de imprensa aos veículos de comunicação. Esta dificuldade fica explícita, segundo ele, no discurso da liderança rural. “No momento de uma entrevista, alguns já me deixam a certeza: lá vem bobagem”, observa. Xico Graziano vem trabalhando como consultor junto a empresas e cooperativas justamente para auxiliar no processo de renovação. Quanto a oferecer este serviço para organizações que envolvem política de classe, ele considera mais difícil. “Os líderes ficam incomodados, pois digo abertamente que eles devem ser trocados; geralmente não gostam de mim, mas também não gosto deles.”
Roberto Paulinelli - Pecuarista Fazenda Santos Reis - Rio Maria (PA) Eu consegui dobrar a produção da minha fazenda com a intensificação. Você tem um investimento em tecnologia, mas o retorno é muito maior. Eu uso e indico os produtos da Paraíso. Além de ser uma empresa idônea, a equipe é profissional e o atendimento é de primeira.
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Cadeia em Pauta Brasil ganha Portal Único de Comércio Um projeto grande, coordenado pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e pela Receita Federal, que centralizará informações de 20 órgãos do governo, deu seu pontapé inicial dia 12 de abril. Trata-se do Portal Único de Comércio Exterior (www.siscomex.gov. br), cujo pioneiro é o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Foram lançados no novo portal, que já está no ar, todos os dados do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), relativos às exportações de produtos e subprodutos de origem animal sob inspeção federal, embarcados em qualquer terminal do País. A medida abrange o setor de carnes bovina, suína e de aves de 410 empresas que, em 2017, faturaram US$ 14,9 bilhões com as exportações. De acordo com o ministro Blairo Maggi, do Mapa, a iniciativa tornará mais ágil, inteligente e eficiente o comércio
internacional do Brasil e reduzir prazos e custos para o exportador, sem prejudicar o controle de qualidade exercido pelo Ministério.. O prazo para os operadores migrarem para o novo modelo é 2 de julho. O cronograma de desligamento dos antigos sistemas pode ser consultado no portal Siscomex..
JBS dispara campanha “Vacina, peão!” Com o objetivo de evitar prejuízos para toda a cadeia produtiva, como os abcessos vacinais que levaram à suspensão das exportações para os Estados Unidos, a JBS lançou em novembro a campanha educativa “Vacina, peão!”, que continua neste mês de maio, acompanhando o calendário de vacinação contra a febre aftosa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Por meio de um vídeo educativo, que traz uma animação e muita
7_gasparim_revista_DBO_print.pdf 1 27/04/2018 15:54:22
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música, a empresa instrui os produtores e seus funcionários sobre como vacinar corretamente. Quatro passos resumem os procedimentos que devem ser executados durante o manejo: (1) vacinar na tábua do pescoço, (2) vacinar na camada subcutânea, (3) usar a agulha certa, (4) vacinar sem pressa. Publicado no YouTube em 29 de abril, o vídeo desta nova etapa já contava, até o final desta edição, com mais de 900 visualizações. No site da campanha (www. vacinapeao.com.br), além do vídeo estão disponíveis cartazes, em tamanhos variados, que podem ser impressos e colados no curral da fazenda.
Eventos
O pecuarista é o protagonista Expedição cruza Mato Grosso para trocar experiências e levantar demandas do setor
Produtores e técnicos reunidos em Vila Rica, MT, um dos municípios da Rota 4 do Acrimat em ação deste ano.
marina salles
I
do Vale do Araguaia, MT
nstituído em 2011 pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o projeto itinerante Acrimat em Ação vai cumprir cinco rotas em 2018. A primeira equipe pegou a estrada em 19/2. DBO acompanhou a Rota 4 – a do Vale do Araguaia –, saindo de Cuiabá até Cocalinho, passando por Barra do Garças, Ribeirão Cascalheira, Vila Rica, Canarana e Água Boa. No total, as equipes envolvidas percorrerão de 19/2 a 4/6 mais de 12.000 quilômetros por 33 municípios, responsáveis por 60% do rebanho do Estado. O tema básico este ano é agregação de valor à pecuária de corte – do pasto ao prato. Gerente de relações institucionais da associação, Nilton Mesquita afirma que o projeto cria uma oportunidade ímpar de interação com os pecuaristas. “É no Acrimat em Ação que identificamos problemas comuns a municípios, às vezes de cantos opostos do Estado, e é quando a entidade mapeia o perfil dos criadores (escala, tipo de atividade, interesses) a partir de questionários tabulados depois pelo Vila Rica Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea)”. No ano MT passado, o relatório do Acrimat em Ação já relatava a insatisfação dos Ribeirão Cascalheira pecuaristas do Vale do Araguaia com Canarana a falta de opções de venda na região Água Boa e a consequente submissão aos interesses da indústria: 19,6% deles avaCocalinho liavam as relações com a indústria Cuiabá como péssima (nota 1), 29,8% como GO Barra do Garças ruim (nota 2) e 31,7% como regular Rio Araguaia (nota 3), numa escala de 1 a 5. Num raio de 800 km entre as cidades da
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região há três abatedouros do JBS (Barra do Garças, Água Boa e Confresa), um do Marfrig (Nova Xavantina) e um do Nova Carne (Nova Xavantina), este último especializado no abate de fêmeas. A situação rendeu debates acalorados em todas as cidades da Rota 4, principalmente em Vila Rica, onde a única opção dos produtores é abater seus animais no JBS de Confresa, a 120 km de distância. O presidente do sindicato rural do município, Anísio Vilela Junqueira Neto, lembrou dos anos em que os produtores tinham à porta o frigorífico Quatro Marcos, comprado pela JBS e fechado há quase uma década. O gerente de marketing da Scot Consultoria, Marco Túlio Habib Silva, convidado da Acrimat como palestrante, falou sobre a necessidade de o relacionamento entre o produtor e a indústria melhorar. “Não adianta chorar sobre o leite derramado”, disse. Mudar o relacionamento com a indústria, para ele, é se dispor, primeiro, a sentar na mesa e conversar. Francisco de Sales Manzi, diretor-técnico da Acrimat, concordou com Marco Túlio, lembrando, em seguida, que a associação foi contrária à política de grandes campeãs do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), que desencadeou a concentração do mercado. Hoje, 44% das indústrias frigoríficas de Mato Grosso pertencem à JBS, 15% ao Marfrig, 9% ao Minerva, 5% ao Redentor, 5% ao Frialto e as 22% restantes a empresas menores. Manzi conta que a Acrimat tentou apaziguar os ânimos entre as partes no passado quando aderiu, em 2008, ao Pesebem, que mantinha uma balança da associação depois da do frigorífico. O objetivo era auferir a pesagem da indústria ao custo de R$ 1 para o produtor, para bancar as despesas do projeto. A baixa adesão, entre outros motivos, pôs fim à iniciativa dois anos após seu lançamento. Manzi afirma que uma série de fatores interferem no fato de o peso medido na fazenda, muitas vezes, destoar daquele medido no frigorífico. Segundo ele, é importante o produtor ter uma constância no horário da pesagem e deixar de fechar os animais e pesá-los imediatamente, para reduzir o reflexo do consumo prévio de água e alimento. “O produtor deve montar lotes de mesmo peso e é muito importante que acompanhe o abate, para ver se aquele animal com melhor acabamento teve maior rendimento de carcaça”, China da carne Durante sua palestra, Marco Túlio afirmou que a queda de braço entre produtores e indústria afeta a cadeia produtiva e o consumo. “Enquanto o pecuarista disser que vai produzir melhor se o frigorífico pagar mais e o frigorífico disser que não pode pagar mais, não vamos avançar. Precisamos dar um passo à frente e entregar um produto de qualidade”, disse, sob a anuência de Manzi, que, aproveitando a deixa, pregou a necessidade urgente
Marco Túlio Habib, durante palestra em Barra do Garças: “É preciso investir em qualidade”.
uma margem maior é o varejo. Ele sobe um pouco o preço da carne e vê como o consumidor reage. Se o consumidor continua comprando, ele mantém o preço e, se o consumo cai demais, avalia se deve recuar. Fidelizando a dona de casa, a gente constrói a reputação de que eu estou falando e depois irá poder cobrar por ela”. Segundo Marco Túlio, o consumidor quer, da carne vermelha, padrão. “Ele quer uma carne macia hoje, amanhã e depois, e não um produto Kinder Ovo, que a cada compra traz uma surpresa. O frango e o suíno já têm padrão, mas a carne vermelha um dia está dura, no outro com mau-cheiro e, assim, não dá para competir”, diz.
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Prêmio por qualidade de carcaça O diretor-executivo da Acrimat, Luciano Vaccari, é cético quanto à possibilidade de a valorização da carne 26/04/18 17:30
Temos que construir uma reputação no exterior” Francisco Manzi, da Acrimat
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de o pecuarista agir para o Brasil deixar de ser conhecido como a “China da carne”, ou seja, produtor em quantidade, sem qualidade. “Não vamos entregar nosso produto de graça, não é isso, mas temos de construir uma reputação lá fora”, argumentou. Sentado na primeira fileira, na plateia, o produtor Vasco Mil-Homens, de Barra do Garças, MT, contra-argumentou: “Sem estímulos, não vamos sair de onde estamos mesmo”, disse. Com os índices de preço da arroba no mundo abertos no celular, Mil-Homens questionou como a indústria espera que o produtor entregue um produto de melhor qualidade se a arroba no Brasil vale (em abril) US$ 40; no Uruguai, US$ 48; na Austrália, US$ 57; e nos EUA, US$ 62. Para Manzi, o caminho da valorização da carne brasileira passa necessariamente pela fidelização do consumidor. “Uma vez o professor Flávio Dutra, da Apta, me disse que não adiantava esperar prêmio de frigorífico, porque não existe atestado de qualidade melhor do que a dona de casa ir ao supermercado e comprar uma carne uma vez, voltar e comprar de novo e assim sucessivamente. O varejo vai querer esse produto, o frigorífico também. E quem produz essa carne? O pecuarista, e é daí que virá um repasse”, afirma. “O processo leva tempo para acontecer, seis meses, um ano, mas uma hora se efetiva”. Manzi explica, de maneira simples, a lógica do varejo: “Quem consegue testar o consumidor de maneira mais intensa e ter An_Meia_Pg_Leilão_Touros_Terra_Boa - Brangus.pdf
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Eventos
Sem estímulos, não vamos sair de onde estamos” Vasco Mil-Homens, produtor em Barra do Garças
se dar por meio do pagamento de prêmios pela carcaça. “A palavra ‘prêmio’ estraga qualquer relacionamento entre produtor e indústria, porque a indústria quer comprar o máximo pelo menor preço e o pecuarista quer vender o máximo pelo maior preço. E é justo os dois buscarem aumentar as suas margens”, disse. Amarildo Merotti, vice-presidente da Acrimat e produtor em Cáceres, citou o caso de uma uma indústria que estava estimulando a compra de animais cruzados e, de repente, parou de comprar. “Ela para, mas o produtor não para do dia pra noite. É certo que o prêmio é consequência da qualidade, do volume e da necessidade do frigorífico também. Mas no dia em que ele precisa aumentar a escala, ele te liga, não tenha dúvidas, porque a fábrica dele não funciona sem o seu boi, e vice-versa”, afirma Merotti. Participativa, a plateia de Vila Rica quis saber se mercados de nicho (carne certificada, carne orgânica) são alternativas para agregação de valor. Na opinião de Marco Túlio, o consumo desses produtos, hoje restrito a grandes centros e a linhas de churrasco, impacta pouco na mudança do conceito sobre a carne do Brasil. “Se queremos ser reconhecidos lá fora por produzir um boi de qualidade, nosso desafio maior está em produzir carne commodity de qualidade”, afirmou. Atualmente, Mato Grosso destina 63% da sua produção de carne a outros Estados, exporta 25% e atende com 12% o consumidor local. Acompanhando a demanda dos produtores por alternativas à concentração frigorífica, a Acrimat encomendou no ano passado à Fundação Dom Cabral um estudo sobre a viabilidade de os produtores se organizarem em cooperativas para dispensarem a intermediação dos frigoríficos.
No trecho da Rota 4, foram percorridos 3.000 km entre 23/4 e 29/4.
“Sendo muito sincero”, disse Manzi, “isso somente valeria a pena para quem sofre com uma concentração muito grande, de 100%, eu diria, porque o negócio do frigorífico é de alto risco. Você tem que vender os subprodutos, miúdos e couro, para fechar a conta”. Satisfeito com a etapa do ano passado do Acrimat em Ação no município de Vila Rica, o gerente da Fazenda Porongaba, Filinto Dittmar, esperava ansioso pelo evento deste ano. “Da palestra de mercado da Mariane Crespolini, do Cepea, tirei uma estratégia que já estamos pondo em prática. Como ela falou que o abate de fêmeas estava aumentando, e isso teria impacto no preço do bezerro, estreitamos a relação com nossos fornecedores. Hoje, cedemos touros para eles na expectativa de negociar preços melhores para as crias já no ano que vem, quando esse n mercado virar”, conclui Dittmar.
A Acrimat e o Imea Fundada em 1970, a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) teve sua atuação restrita durante muitos anos à realização da Exposição Agropecuária de Cuiabá até que, em 2007, a criação do Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (Fabov) lhe permitiu alçar voos mais altos. Dedicado exclusivamente ao fomento da Acrimat, o Fabov é mantido pela arrecadação de R$ 1,67/animal abatido dentro do Estado, e financia ações como o Acrimat em Ação, orçado este ano em R$ 800 mil. Embora a Acrimat tenha como norte a missão de defender os interesses do produtor mato-grossense, seu quadro de associados da Acrimat ainda é pequeno: 2.900 ao todo, de um universo de 105.000 pecuaristas no Estado. Em busca do convencimento sobre a importância do associativismo, a Acrimat já adotou até um lema: “queixada fora do bando é comida
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de onça”, o que, para o diretor-técnico, Francisco de Sales Manzi, é fundamental o pecuarista entender. “Se tivermos mais representatividade, vamos ter mais chances de sermos ouvidos pelo governo, frigoríficos e outras instituições”, justifica. Para se associar, o pecuarista pode entrar no site da Acrimat (www.acrimat. org.br/portal/associe-se) e enviar para a sede, em Cuiabá, um formulário de cadastro preenchido. “Não há custo algum no processo e nem depois, porque o produtor já contribui com a Acrimat por meio do Fabov”. Com um banco de dados de acesso gratuito, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), mantido pela Acrimat, Aprosoja e Ampa, além da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), também quer estar mais perto do produtor.
Segundo o analista de pecuária Yago Travagini Ferreira, a linguagem dos relatórios foi simplificada para facilitar o acesso às informações. No site do Imea (www.imea. com.br), o produtor encontra diariamente o preço do boi gordo e da vaca gorda, à vista e a prazo, para todos os municípios, e a escala regional de abate. Às segundas-feiras, boletins ( soja, milho, algodão e pecuária de corte) e, às quintas-feiras, o preço da reposição e da carne no atacado. Em maio, agosto e novembro, o Imea divulga relatórios sobre intenção de confinamento e, trimestralmente, sobre custos de produção da cria, recria-engorda e ciclo completo. São mensais os boletins sobre leite e conjuntura econômica e, anuais, os números do estoque de machos e perspectiva de crescimento ou redução do rebanho mato-grossense, além de sua atualização.
Fotos moacir josé
Eventos Fabiano Tito, do Minerva, alertou que alguns fatores deverão pressionar o preço da arroba para baixo neste primeiro semestre.
Atenção é a palavra de ordem Especialistas mostram na Intercorte que o preço da arroba está pressionado pela oferta e reforçam a necessidade de melhor gestão nas fazendas. Moacir José
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Paridade no recolhimento do Fesa corrige um desequilíbrio” Guilherme Nolasco, presidente do Imac
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de Cuiabá, MT
expressivo aumento (25%) no abate de fêmeas no primeiro trimestre deste ano (cerca de 8 milhões de cabeças), na comparação com o mesmo período do ano passado (6,3 milhões de cabeças), deverá ser um dos principais fatores que deverão conter as cotações da arroba do boi ou até pressioná-la para baixo. Esse foi o principal recado dado por Fabiano Tito Rosa, gerente executivo de compra de gado do Frigorífico Minerva, que fez “dobradinha” com Michel Torteli, diretor comercial da consultoria paulista Edafo Agro, no painel “Mercado do boi: como ser mais eficiente na comercialização de animais para abate”, durante a Intercorte, etapa de Cuiabá, realizada nos dias 12 e 13 de abril, na capital do Mato Grosso. O executivo da Minerva acrescentou outros elementos que deverão influenciar o mercado neste primeiro semestre, como o aumento da capacidade de abate dos frigoríficos, uma demanda contida no mercado interno e exportações indo bem, mas ainda dependendo da abertura de novos mercados, como o da Indonésia (que acabou se confirmando nos dias seguintes ao evento) e não pelo aumento de quantidade por parte dos atuais compradores. “O preço da arroba deve ceder um pouco”, opinou. Já Michel
Torteli, da Edafo Agro, concordou com Fabiano de que há excesso de carne no mercado (fato já apontado por Alcides Scot em artigo na edição de abril da DBO), não só pela maior quantidade de animais abatidos, fêmeas principalmente, mas também por um bom estoque de machos e porque o consumo interno não reage, em função do aperto na renda da população. “A inflação está baixa porque não tem consumo e a competição do frango à carne bovina incomoda. Nesse cenário, não há como ter reação no preço da arroba do boi”, definiu, lembrando que já estão sendo revisados para baixo os números de crescimento do PIB este ano – chegou-se a falar em 3%, mas agora ele está em 2,6%. Mesmo assim, o analista considerou que a atividade de confinamento pode ser um bom negócio este ano, considerando para o que apontam os números da Bolsa de Mercadorias e Futuros: a cotação da arroba para contratos fechados no início de abril, com vencimento em outubro, bateu em R$ 150, 7% maior do que a cotação de R$ 140 do mesmo período em 2017, que, em relação a 2016 (R$ 160/@) havia registrado recuo de 12,5%. Mas alertou que não vale a pena “ficar na torcida” e apostar em altas e que o mais prudente é fazer trava de preço na Bolsa. Imac em evidência Outro assunto que ficou em evidência na Intercorte de Cuiabá foi, mais uma vez, o funcionamento do Imac – Instituto Mato-Grossense da Carne, órgão encarregado de promover a carne bovina do Estado. Na abertura do evento, ele foi anunciado como “resolvido” pelo governador do Estado, Pedro Taques. Um ano antes, em março, na mesma etapa do circuito, Taques falou da importância do instituto, que, então, ultimava os preparativos para colocar em funcionamento balanças de pesagem na planta da Marfrig Alimentos em Tangará da Serra, região Centro-Oeste. Taques voltou a falar do Imac, desta vez informando que arestas foram aparadas, a partir de sua própria intercessão no processo, no sentido de definir os recursos que serão repassados pelo Fesa – Fundo Emergencial de Sanidade Animal, de caráter privado. Essa
Eventos aceitou instalar balanças numa de suas plantas tomar esse tipo de atitude. “Seria um complicador de mercado”, entende. Independentemente dessa questão, Guilherme Nolasco trabalha para que a planta da Marfrig comece a operar para o Imac até o final de junho.
Circularam 1.800 pessoas pelo espaço do Cenarium Rural, que conta com ar condicionado também na área destinada aos estandes das empresas.
Rogério Onhibeni, de Juína, convenceu-se de que precisa saber seu custo de produção.
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questão paralisou o Imac por quase um ano e ocasionou também outra troca de presidente: saiu Wagner Bacchi e entrou, no início de abril, Guilherme Nolasco, ex-presidente do Indea – Instituto de Defesa Agropecuária do Mato Grosso, entidade que também depende de parte dos recursos arrecadados pelo Fesa. Segundo Nolasco, ficou definido que o Imac receberá um valor fixo de R$ 1,98 por boi abatido, que hoje corresponde a 60% dos R$ 3,25 que os produtores recolhem para o Fesa quando mandam seus bois para o frigorífico. A mesma quantia – que equivale a uma UPF (unidade padrão fiscal) – será recolhida pela indústria. Até então, a indústria vinha recolhendo ao Fesa valores que variavam de acordo com a quantidade de animais abatidos, distribuídos por faixas, tendo como base a mesma UPF. Na média, porém, o recolhimento ficava na faixa de R$ 0,55/cabeça. O dirigente explicou à DBO que a Lei 10.486, que instituiu a cobrança de uma taxa de defesa sanitária, já previa a paridade no recolhimento, mas que isso não vinha acontecendo. Um dos motivos é que o recolhimento podia ser opcional, ou para o Fesa ou para o Estado, que, até então, havia renunciado em fazer essa cobrança em favor do Fesa. “Na negociação com o governo, pesou a possibilidade de essa renúncia ser levantada e o sindicato das indústrias concordou em pagar mais por boi abatido”, diz Nolasco, entendendo que havia um desequilíbrio, que, agora, foi corrigido. Mas a pergunta que fica é: a indústria não irá repassar esse custo ao produtor? Na opinião de Fernando Conte, pecuarista de Juara que abate entre 400 e 500 cabeças por ano, “certamente que sim”. Para ele, “frigorífico repassa conta, não paga conta”. Questionado por DBO, Maurício Manduca, gerente corporativo de compra de gado da Marfrig, também presente ao evento, argumentou que isso não procede. “Não podemos pressionar o valor da arroba para baixo em função desse custo, até porque perderíamos compras para os concorrentes”, justifica ele, acrescentando que não faria sentido, também, a única empresa que
Espaço menor O espaço ficou menor, mas o interesse pelas apresentações da Intercorte continuou grande. Abrigado, até o ano passado, nas amplas instalações do Centro de Eventos do Pantanal – onde, no auditório principal, cabem 2.000 pessoas –, a etapa de Cuiabá do Circuito Intercorte registrou a presença de 1.800 pessoas no espaço de eventos do Cenarium Rural, conjunto de prédios que abriga, entre outros, a sede da Famato – Federação de Agricultura do Mato Grosso, uma das apoiadoras do evento. No auditório, em si, cabem cerca de 500 pessoas e ficou o tempo todo quase cheio e, no primeiro dia, quase não se conseguiu andar na área onde se instalaram os estandes das empresas patrocinadoras. O conforto do ar condicionado para esse pessoal – e para os visitantes – foi o motivo principal para a troca de espaço. Justificável, sobretudo quando se constata que a grade de palestrantes foi formada em quase sua maioria por representantes dessas mesmas empresas. Mesmo não apresentando muitos conceitos propriamente novos, o conjunto de palestras prendeu a atenção da maioria dos presentes, formada majoritariamente por pecuaristas de várias regiões do Mato Grosso. Como produzir mais; vender mais e melhor; inovações à vista; e comunicação do agronegócio foram os painéis apresentados nos dois dias. Rogério Onhibeni, por exemplo, pecuarista de cria em Juína, região Noroeste do Estado, saiu da apresentação de Rafael Sguissardi, de Juara, convencido de que é preciso fazer conta e registrar movimentações na fazenda, para que possa almejar melhorias para seu negócio. Momentos antes, Sguissardi havia cativado a plateia com o caso de sucesso da propriedade do pai, que estava dando prejuízo – em função de investimentos que suplantaram em muito a receita – na qual ele voltou a trabalhar, a pedido do pai, depois de alguns anos afastado. “Foi um grande desafio ter de reverter a situação”, contou ele. Com medidas simples, como a adoção de um “mapão do gado”, planilhas para controle de peso e reprodutivo de novilhas e planejamento de fluxo de caixa, entre outras, logrou, em apenas dois anos, aumentar em 50% sua produtividade de arrobas por hectare (de 8 para 12) e alcançar R$ 450 de lucro por hectare (era de R$ 136). “Nosso objetivo agora é chegar nos R$ 1.000/ ha”, diz ele. “Não sei meu custo de produção”, admitiu Onhibeni, que tem um plantel de 1.200 vacas, vende bezerros desmamados e engorda novilhas em semiconfinamento, para que sejam vendidas com peso de 10@ aos 14 meses de idade. Ano passado, ele investiu
NA CFM, QUALIDADE E CONFIANÇA ANDAM SEMPRE JUNTAS.
A CFM chegou à marca dos 40 mil touros produzidos, feito inédito no mercado brasileiro, que comprova toda a qualidade e confiança conquistadas ao longo dos anos. São reprodutores Nelore de genética certificada, espalhados por todo o país, trazendo desempenho superior e retorno garantido.
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Eventos numa pequena fábrica de ração, justamente para poder suplementar esses animais. Conseguiu R$ 120/@ por elas, mas não tem certeza se a remuneração deixou alguma margem de lucro. “Elas não tinham ‘caixa’ para ganhar mais peso e tive de vendê-las. Este ano, vou ver se consigo melhor resultado”, diz ele. Controle de dados também é algo recente para Augusto Volpato, que faz ciclo completo em Rosário Oeste, região Centro-Sul, bem próxima à capital. Segundo ele, que participou pela terceira vez do Circuito Intercorte, há dois meses a fazenda adotou um livro-caixa para o controle de entradas e saídas financeiras da propriedade. Mesmo considerando que algumas apresentações foram muito “tecnológicas” – (como a que apresentou a plataforma “Jetbov”, que aplica na pecuária conceitos de precisão, via uso de satélite, já utilizados pela agricultura) – Volpato considerou positivo o evento. “Aqui vemos um norte para o nosso
negócio, para onde as coisas estão caminhando”, definiu. Para ele, além de técnicas e tecnologias, esse tipo de evento é uma oportunidade para encontrar e trocar ideias com outros pecuaristas, com gente de frigorífico, leiloeiros, enfim, um ponto de encontro. Foi o que ele fez, desta vez em companhia dos produtores Daniel Andrade Dinis, de Araputanga (região Sudeste), e Leandro Pio Silva Campos, de Poconé (sul do Estado). A parte que Leandro Campos gostou mais foi ouvir de Fabiano Tito, da Minerva, que o boi de 21 a 23@, com cobertura de gordura mediana, é bem aceito na maioria dos mercados compradores, como Israel, Irã e Chile, que não gostam de adquirir carne com muita gordura de cobertura. “É o que produzo em minha propriedade: boi Europa, Nelore, castrado, pesando entre 20,5 e 22,5@, com 3 mm de gordura aos três anos de idade”, informa o pecuarista, que entrega seus animais na planta da JBS em Araputanga. n
Curtas E dá-lhe carne!
Realizado um dia depois da Intercorte, a 2ª edição do Festival Braseiro reuniu cerca de 3.000 pessoas no Rancho Dourado, região central de Cuiabá, onde se instalaram 41 estações de preparo de carne e 300 assadores voluntários. O festival é uma iniciativa do presidente da Acrimat, Marco Túlio Duarte Soares, com o objetivo simultâneo de arrecadar fundos para entidades beneficentes e religiosas da capital mato-grossense (este ano foram cinco) e divulgar a carne de qualidade para o grande público urbano. Não por acaso, vários participantes da Intercorte estiveram presentes na churrascada. Foram preparadas 4,5 t de carnes diversas. A bovina foi fornecida pela Celeiro Carnes Especiais, de propriedade de Soares. Uma das estações mais movimentadas foi a que ofereceu cortes da raça japonesa Wagyu. Do lado de dentro, Luciano Vacari, o superintendente técnico da Acrimat, comandou a animada turma de assadores. 50 DBO maio 2018
Novela e pagode
Alvo errado
A atriz Sônia Braga e o cantor Zeca Pagodinho foram lembrados com humor pelo palestrante Lucas Oliveira, gerente técnico de gado de corte da DSM-Tortuga, em sua apresentação sobre gestão rural, a primeira da Intercorte. Ele criou duas categorias de propriedades pecuárias que não fazem esforço para mudar: as “Fazendas Gabriela” (“Eu nasci assim, eu fui sempre assim...”, como dizia a música da novela) e as ‘Fazendas Zeca Pagodinho” (“Deixa a vida me levar....”, música do autor). “Muitos produtores não sabem nem quantas cabeças de gado têm. E uma gestão de resultados começa pelo registro de dados, segundo ele. Não há gestão sem meta e não há meta sem números”, pregou. Um dos dados preocupantes apresentados pelo executivo é que 35% das 85 fazendas que participam do benchmarking da DSM, no ano passado, estão operando no vermelho.
Não faltou apelo para a interação entre organizadores e a plateia da Intercorte. Em um determinado momento do segundo dia do evento, o mestre de cerimônias Diéde Loureiro Neto, diretor da Fazen, conclamou o público a se levantar e soltar o grito “Somos da carne!”, mesmo slogan que está presente nas redes sociais (#somosdacarne#), para marcar posição em favor do produto. Antes, porém, perguntou ao público “se ele era da carne ou da alface”, em uma alusão aos vegetarianos, opositores do consumo de proteína animal. Pouco tempo depois, o publicitário Luís Tejon Megido apontava, no debate sobre comunicação no Agro, o mesmo tipo de deslize que se comete quando se fustiga alguém que está no mesmo setor. “Falar que seu frango não tem hormônio ou que a carne de qualidade ‘tem nome’ passa para o público a ideia de que os outros produtos não são bons. É um tiro no pé”, argumentou.
Eventos
Gestão, nutrição e manejo reprodutivo dão o tom no 9º Confinatto, que estreou no Mato Grosso. Moacir José,
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de Rondonópolis, MT
maioria das fazendas de corte precisa aumentar o ganho de peso do gado por cabeça, sem que isso ocasione aumento no custo de produção; manter um olho no fluxo de caixa e outro na produtividade por área, sem perder de vista o desempenho de seus funcionários. Parece difícil, não? É, mesmo, mas é possível, conforme demonstrou o consultor Antônio Chaker El-Memari Neto, coordenador do Instituto Inttegra de Métricas Agropecuárias, de Maringá, PR, durante a nona edição do encontro Confinatto, promovido pela Agroceres/Novanis, pela primeira vez no Estado do Mato Grosso, na cidade de Rondonópolis, no dia 25 de abril passado. Chaker foi o responsável pela parte de gestão do evento e integrou um time de “craques”, formado também pelo professor Zequinha (José Luiz Moraes Vasconcelos), da Unesp de Botucatu (reprodução) e Gustavo Siqueira e Flávio Dutra, da Apta de Colina (nutrição na recria e na terminação a pasto) – todos alinhados com o conceito de aplicação de tecnologia para a intensificação da pecuária de corte. A parte de mercado, na abertura, ficou a cargo do igualmente requisitado Alexandre Mendonça de Barros, doutor em economia e sócio-diretor da consultoria MB Agro, de São Paulo, que traçou um cenário político e econômico que pode influenciar nos rumos da carne bovina nos próximos meses. A palestra de Chaker teve o sugestivo tema “O que as fazendas lucrativas fazem de diferente?” e a destinação Variáveis de impacto na rentabilidade RESULTADOS Geração de Caixa Resultado/@, Boi, Bez. TIR e ROI
RELAÇÕES DE PATRIMÔNIO Resultado/HA Resultado/Rebanho
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CUSTOS DE PRODUÇÃO Perfil de Desembolso Desembolso/Unidade Produzida
NÍVEL DE ENDIVIDAMENTO Relação Passivo/Rebanho Relação Passivo/Lucro Prazo Médio
João Pedro Coelho
Ajuste fino na intensificação Antônio Chaker mostrou o que fazem as fazendas mais lucrativas
de esforços em áreas que efetivamente podem mudar a configuração da produção na propriedade foi uma delas. Promover pesagens periódicas e manejar adequadamente a pastagem foram duas medidas apontadas por ele. A primeira, para permitir que o pecuarista tenha dados concretos; a segunda, por ter um impacto direto no desempenho individual dos animais. “Medidas simples, como o manejo seguindo o conceito de máxima interceptação luminosa pode aumentar em 20% a oferta de folhas, que é o mais importante no ganho de peso do animal”, pregou ele. Se isso tem um custo baixo, como compensar o gasto eventual com suplementos, para aumentar o ganho de peso ainda mais? A resposta: economizar em áreas que não têm impacto direto sobre a produtividade – como reformas na sede ou outras de caráter administrativo, por exemplo – e investir naquelas que trazem retorno direto. “Fazendas que ganham mais são aquelas que têm mais gente trabalhando com o gado”, revelou o dirigente da Inttegra. No comparativo de custos por cabeça/mês da consultoria (110 clientes), as 10% mais rentáveis (R$ 780/ha/ano) têm custo de R$ 15/cabeça/mês, ante a média de R$ 22 das 167 fazendas atendidas (R$ 73/ha/ano). “Quem gasta acima de R$ 28/cabeça/mês de custo fixo está no prejuízo”, diz ele. Variáveis de impacto Segundo o consultor, custo por cabeça e ganho de peso individual são duas das quatro variáveis que mais têm impacto na rentabilidade das fazendas. As outras duas são produtividade por área (UA/ha) e valor de venda dos animais (R$/@). Isso, independentemente de tamanho, de tipo de solo, de clima, localização, acesso a mercados. “Tem fazenda do Acre dando mais dinheiro do que fazenda de SP”, revelou o consultor, que também fez questão de frisar que não é uma verdade absoluta dizer que ganha mais quem produz mais. “Nem sempre o lucro aumenta quando se passa de uma produtividade de 20@/ha. Mas isso também não quer dizer que a fazenda não tenha potencial para ganhar mais dinheiro”, relativizou. Um controle financeiro, de fluxo de caixa, aparece como o mais importante item dos cinco por ele apontados (produtividade, equipe, acompanhamento de ações e cultura de responsabilidade pelo resultado). Além de trabalharem para entregar resultado financeiro satisfatório, os administradores
Cria intensificada encosta na margem da recria Resultado operacional (@/ha/ano)
+10% +44%
Fonte: Benchmarking exagro
dessas fazendas ficam atentos ao nível de endividamento e gastam mais tempo pensando em estratégias para crescer do que fazendo procedimentos operacionais. “O ideal é que a proporção entre essas duas operações seja de 70% do tempo para a primeira e 30% para a segunda, mas hoje ocorre o inverso em boa parte das fazendas”, diz Chaker. Não é o caso de Zacarias Schneider, o “Zaca”, proprietário da Fazenda Boqueirão, que faz cria com 2.000 matrizes no município de Santo Antônio do Leverger, próximo a Cuiabá. Ele estima que gaste metade de seu tempo com planejamento e considera que já tem um bom controle de dados na fazenda, mas acha que precisa avançar mais. “Falta ter uma interpretação melhor dos números que le-
Interatividade com os especialistas Além de tempo para perguntas ao final das apresentações, o 9º Confinatto proporcionou aos 310 participantes uma oportunidade interessante de interação com os palestrantes, que elaboraram algumas perguntas para a plateia. As respostas foram dadas através do aplicativo WhatsApp e sua compilação permitiu posterior comentário dos especialistas. Veja a seguir algumas delas:
53%
(total de 45 respostas) veem no comprometimento o maior desafio no que diz respeito a equipe;
50%
(total de 34 respostas) dizem que entre 30 e 50% de suas vacas estão parindo no primeiro mês da estação de nascimentos (mas 15% responderam que não sabem);
52%
(total de 34 respostas) estimam ganho de peso na recria, na seca, entre 300 e 700 gramas/cab/dia (41% fornecem proteinado e 30%, protéico-energético);
58%
(total de 33 respostas) acreditam que os animais têm de ganhar mais de 1 kg/dia para viabilizar a conta da TIP (mas 6% acham que esse ganho pode ficar entre 600 e 750 g/cab/dia).
vanto e dedicar mais tempo às estratégias”, acredita ele, que deixou recentemente (três meses) a atividade de ciclo completo para se dedicar exclusivamente à venda de bezerros cruzados Angus x Nelore (1.600 no ano passado). Já Paulo Henrique Martins, que faz recria e engorda com um rebanho de 5.500 cabeças em Rondonópolis, concordou que resultado positivo é o objetivo principal e que, para isso, é necessário controlar bem os investimentos. Ele calcula que sua propriedade, que abate 3.500 cabeças por ano (90% delas Nelore, com 30 meses e peso médio de 21@) já esteja na faixa produtiva de 20@ a 25@/ha/ano. “O processo de engorda já está ‘dominado’; a recria é que tem mais possibilidade de crescer”, diz ele, que pretende partir para a adubação de parte de seus 1.450 ha de área. O produtor também gostou da explanação de Chaker no que diz respeito a mão de obra nas fazendas mais lucrativas. Como o consultor colocou, ele dá chance a funcionários que não têm bom desempenho, procurando detectar insatisfações e eventuais desejos deles em atuar em outra área da propriedade. “Não tenho rotatividade elevada, mas não fico com gente ruim na fazenda”, diz Martins, que possui 7 funcionários de campo (4 vaqueiros, 2 tratadores e 1 de serviços gerais). Ao contrário, faz treinamentos e reuniões semanais para discutir metas e premia a turma quando elas são alcançadas. “Graças a isso, a mortalidade de bezerros, que já foi de 2,5%, hoje está em 1%”, informa.
“Zaca” Schneider quer usar melhor os números que coleta em sua propriedade
Impulso na reprodução Em sua apresentação, o professor Zequinha destacou que, com aplicação de tecnologias, o segmento de cria pode ter uma lucratividade próxima à de outros segmentos da pecuária, como a recria-engorda. Foi o que constatou a consultoria Exagro, de Nova Lima, MG, em seu benchmarking de 2017 (ano base de 2016). Entre essas tecnologias, estão o manejo de primíparas e secundíparas à IATF. “Quem trabalha com precocidade consegue altas taxas de prenhez nessas categorias”, afirmou o professor. Além da genética, a nutrição aparece como elemento fundamental, que também vai influenciar diretamente na taxa de reposição de fêmeas no rebanho. “Se tem comida para o gado, posso aumentar minha taxa de reposição; João Pedro Coelho
Para o professor Zequinha, da Unesp de Botucatu, quem trabalha com precocidade aproxima-se mais do lucro.
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Paulo Martins já segue alguns preceitos importantes relacionados à mão de obra
caso contrário, não. Se eu fizer isso, vou ter mais trabalho; é produzir mais para descartar”, esclareceu. Para ele, as primíparas são a categoria que melhor responde ao investimento em nutrição. E a fêmea mais lucrativa é aquela que é precoce, que gera bezerro “do cedo”, que desmama bezerro pesado, que poderá ser abatido precocemente e com carcaça de qualidade. Já Gustavo Siqueira, da Apta, mostrou que é preciso ter foco e planejamento para quem pretende intensificar o segmento da recria, que vale a pena, pela maior oportunidade de ganho (barateamento do custo na fase seguinte, da engorda). Dados compilados pela Apta durante 10 anos, por ele apresentados, mostram que enquanto um animal de 210 kg suplementado apenas com sal mineral (GMD de 50 g) leva 600 dias para ganhar uma arroba de peso vivo, outro suplementado com protéico energético na base de 3% do peso vivo (GMD de 350 g) leva apenas 86 dias. O custo deste último é maior (R$ 0,92/cabeça/dia, ante R$ 0,16 do primeiro), mas o lucro que ele deixa é igualmente superior (R$ 1,74 ante R$ 1,36/cab/dia). Mas essa intensificação exige planejamento. O manejo nutricional, por exemplo, é, sem dúvida, um grande desafio. Mas, para o pesquisador da Apta, o desafio maior é o operacional: colher bem a forragem (de novo, a altura
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do capim...), com teor de proteína adequado, quantidade mínima de fibra, alta digestibilidade. “O que não se pode fazer é mudar o manejo no meio do caminho, o que acarreta desequilíbrio e prejuízo. Esse é um grande erro dos pecuaristas”, apontou. Carcaça “flex” E Flávio Dutra de Resende demonstrou por que a terminação intensiva a pasto (TIP), também baseada na suplementação, vem ganhando cada vez mais adeptos: a demanda por animais mais jovens e pesados, com carcaça “flex” (adequada para a exportação e para os mercados que pagam mais no Brasil), é crescente e é esse tipo de animal que conseguirá diluir o ágio entre o preço da arroba do bezerro e a do boi gordo, que continuará existindo. “E o que vai pagar a conta de tudo isso é a carcaça. Mas para ter melhor rendimento e acabamento nela, precisamos do milho, que é o que determina o preço da ração. Ele é que manda no nosso negócio hoje”, definiu. Um estudo (Moretti, 2015) apresentado por Dutra mostrou diferença de apenas uma arroba entre animais Nelore com peso de entrada de 380 kg, tanto no confinamento tradicional como na TIP (peso final de 521 kg para os primeiros e 492 kg para os segundos). n DBO viajou ao Mato Grosso a convite da Agroceres
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Brasil vence a aftosa
Status de livre com vacinação será oficializado neste mês de maio, pela OIE, após luta hercúlea, que consumiu R$ 40 bilhões e deixou legado importante. Maristela Franco
M
maristela@revistadbo.com.br
ais de um século após o registro do primeiro caso da doença – em 1895, no Triângulo Mineiro –, o Brasil obtém o status internacional de livre de febre aftosa com vacinação, conferido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Até o fechamento desta edição, a entrega do certificado ao ministro da Agricultura, Blairo Magi, pela presidente da instituição, Monique Eloit, estava prevista para o dia 24 de maio, em Paris, França, com direito a churrasco para 600 pessoas, organizado pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Trata-se de uma vitória fantástica, que DBO faz questão de comemorar junto com o setor pecuário. Nos últimos 35 anos, acompanhamos as inúmeras batalhas
dessa guerra, com suas vitórias e derrotas, também importantes como aprendizado. Testemunhamos os esforços empreendidos pelos produtores, governo federal, Estados, pesquisadores, indústrias frigoríficas e empresas de insumos, trabalhando de forma conjunta, para eliminar o vírus aftósico do rebanho nacional. Nenhum outro programa sanitário no País consumiu tantos recursos, nem exigiu tamanha articulação de cadeia. Segundo análise de custo/benefício realizada por uma equipe multidisciplinar, sob coordenação da Representação Regional da OIE para as Américas, a guerra do Brasil contra a febre aftosa consumiu US$ 33,3 bilhões em investimentos públicos e privados entre 1970 e 2012 (dados reais e projetados). Somando-se a esse montante as despesas dos últimos cinco anos, se chega a quase U$ 40 bilhões. No cálculo, foram considerados gastos com montagem de laboratórios, postos de fronteira, escritórios de defesa; compra de computadores, veículos, equi-
Capítulos de uma luta longa e difícil que mudou a pecuária brasileira 1895
1934
1951
1992
1996
1998
2000
Primeiro registro oficial de aftosa (MG)
Criação do Serviço de Defesa Sanitária por Vargas
Criação do Panaftosa com sede no RJ
Lançamento do Pnefa
Uso obrigatório da vacina oleosa
Primeira zona livre com vacinação (RS e SC)
PR, DF, parte de GO, MT, MG e SP livres. Foco no RS.
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pamentos; pesquisas; contratação e capacitação de técnicos; produção, monitoramento e aplicação de vacinas; fundos de erradicação, dentre outros. Esforço colossal Segundo Guilherme Marques, diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Programa Nacional de Prevenção e Erradicação da Febre Aftosa (Pnefa), lançado em 1992, é a maior iniciativa de combate a uma única doença no mundo, daí seu custo elevado. “Nenhum outro país vacina 219 milhões de bovinos, em duas campanhas anuais. Tivemos de montar uma operação de guerra contra a aftosa, mas isso também nos trouxe grandes benefícios”, diz. As exportações de proteína vermelha acompanharam a expansão da área livre, conforme mostra o gráfico ao lado. “O Brasil não teria alcançado a posição que tem no mercado internacional sem vencer a aftosa”, garante Antônio Camardelli, presidente da Abiec. De 1970 até hoje, os ganhos trazidos pelo Pnefa ultrapassam US$ 55 bilhões, considerando-se a abertura de mercados, a redução das perdas causadas pela doença e aumentos de produtividade nas fazendas. “Sem esquecer o legado deixado à defesa sanitária: mais de 18.000 servidores estaduais e federais, 5.000 escritórios de atendimento sanitário e uma frota de quase 6.000 veículos”, lista Marques, lembrando que essa estrutura deverá ser ampliada para ajudar o País enfrentar a nova fase do programa, que prevê a retirada da vacinação antiaftosa até 2023, em todo o território nacional (veja reportagem de Marina Salles, à pág 60). A erradicação da doença no País foi comemorada em Brasília, entre os dias 2 e 5 abril, com a realização de uma sessão solene no Congresso, o lançamento de um selo especial pelos Correios e a inauguração de uma exposição, nas dependências do Ministério, contando a história do combate à doença. O primeiro grande marco legal dessa luta foi o Regulamento de Defesa Sanitária Animal, elaborado em 1934 pelo governo Vargas (Decreto 24.548). Posteriormente, a “frente operacional ofensiva” ganhou apoio científico do Centro Pan-americano de Febre Aftosa, criado em 1951. Avançou, em 1963, com a primeira campanha nacional contra a enfermidade instituída no âmbito do Ministério e a criação do primeiro programa estadual de controle,
exportações avançam com área livre de aftosa
Fonte: Agrostat brasil, a partir de dados da secex; adaptação: mapa
no Rio Grande do Sul, em 1965. O “esforço de guerra” foi financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a partir de 1968. Mais tarde, assumiu dimensão continental com a criação da Comissão Sul-americana da Luta contra a Febre Aftosa (Cosalfa) e a elaboração do primeiro plano hemisférico de erradicação, em 1988, pois, sozinho, não se vence a doença. Anos 90, a grande virada A batalha mais decisiva, porém, foi travada nos anos 90, quando o Brasil trocou as táticas de controle pelas de erradicação e começou a vacinar o rebanho bovino e bubalino em massa. O País havia registrado 10.295 focos, em 1976. Com muito esforço, reduzira esse número para 1.699, em 1986, mas parara de avançar. Em 1994, a doença recrudesceu (2.903 focos) e isso fez o setor “vestir a camisa” do Pnefa, lançado em 1992 já com o objetivo de erradicação. Em 1998, o País registrava apenas 35 focos (veja gráfico à pág. 59). Essa grande “virada” da década de 90 deve-se a um conjunto de fatores concomitantes. Um dos mais decisivos foi a criação do conceito de “zonas livres” e sua inclusão no Código Sanitário de Animais Terrestres da OIE, em 1993. Até então, somente se obtinha o status de livre de aftosa (com ou sem vacinação) após eliminação do vírus em todo o território nacional, tarefa bastante difícil para países do tamanho do Brasil. Com o estabelecimento de “zonas livres”, o combate à doença ganhou terreno. “Fatiamos o King Kong”, brinca Marques.
2001
2005
2007
2008
2011
2014/17
BA, ES, MS, RJ, SE, TO e parte de GO, MT, MG e SP livres
RO, AC, parte do AM livres. Foco no MS e PR.
SC livre de aftosa sem vacinação.
MS, Circuitos Leste e Centro-Oeste recuperam status.
Zona de vigilância do MS, BA e TO livres. Ampliação de RO e AM.
Incorporação do Circuito Nordeste, resto do PA, RR, AM e AP
2018 BRASIL LIVRE DE FEBRE AFTOSA
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Fotos: arquivo dbo
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Guerra contra a doença começou com vacina aquosa, mas somente foi vencida, a partir de 1996, com a vacina oleosa.
Como estudos epidemiológicos indicavam forte correlação entre a disseminação da febre aftosa e a movimentação animal nos diferentes sistemas produtivos, o País foi dividido em “circuitos pecuários”. Esses “circuitos” constituíam espaços geográficos amplos (vários Estados), que apresentavam certa autonomia. Isso permitia isolar algum deles, em caso de surtos da doença ou obtenção do status de livre de aftosa, sem trazer grandes prejuízos para as demais regiões. A estratégia se mostrou vitoriosa e foi “refinada” , em 1997, com a criação de um sistema de classificação de risco para os Estados em relação à enfermidade (mínimo, baixo, médio, alto e desconhecido), em função, principalmente, do nível de organização de seus serviços de atenção veterinária.
A história do combate à aftosase divide em antes e depois da vacina oleosa” Luiz Alberto Pitta Pinheiro, Farsul
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Apoio organizado As duas estratégias do Mapa geraram intensos debates. No período entre 1993 e 2004, por exemplo, foram realizadas 34 reuniões de “circuitos”, com participação de mais de 2.300 pessoas. Criou-se um maior engajamento da iniciativa privada com o programa e uma disputa salutar entre os Estados pela elevação de seu status sanitário (em parte, por medo de isolamento). Já em 1991, um grupo liderado pelo pecuarista Pedro de Camargo Neto criou o Fundepec, Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado de São Paulo, com o objetivo de apoiar as ações governamentais de combate à aftosa. Essa entidade chegou a contar com orçamento anual de R$ 1,2 milhão, por meio de convênio com a Secretaria de Agricultura, que lhe repassava contribuições pagas voluntariamente por 7.000 pecuaristas. Com esse dinheiro, a entidade ajudou a equipar e modernizar os escritórios de defesa sanitária do Estado, comprando móveis, veículos, combustível e computadores; reformando barreiras sanitárias; treinando funcionários e organizando cadastros. Em cinco anos, o índice de vacinação passou de 68% para 97% e São Paulo se livrou da doença. A iniciativa pioneira foi replicada por outros Estados, como Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás. Em 1994, no Mato Grosso, 94 associações de produtores, sindicatos rurais, leiloeiras e frigoríficos criaram o Fefa (Fundo Emergencial da Febre Aftosa), para equipar o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea), treinar
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vacinadores e criar 100 comitês municipais de erradicação da doença. Apesar de ter encerrado suas atividades em 2.000, o Fundepec SP se tornou um modelo para outros fundos de defesa sanitária. A sigla, aliás, sobreviveu, sendo hoje empregada de Norte a Sul do País. “São Paulo capitaneou a primeira grande mobilização de pecuaristas para combater a doença no campo, fazendo reuniões em sindicatos, visitas em fazendas, campanhas de vacinação em regiões com baixa cobertura vacinal. Até então, a aftosa era tida como coisa exclusivamente de governo”, lembra Camargo Neto. Essa nova postura, segundo Sebastião Guedes, presidente setorial da carne bovina, garante que não haveria erradicação da enfermidade sem o setor produtivo, que passou a cobrar ações do governo e a monitorar a aplicação da vacina. Guilherme Marques, do Mapa, concorda: “A adesão dos pecuaristas foi crucial. Por isso digo que o Pnefa extrapola pessoas e instituições. É um programa de toda a cadeia pecuária bovina”. Como a vitória é proporcional ao esforço coletivo dispendido, esperam-se mais comemorações neste mês, também por parte do setor produtivo. Vacina oleosa e teste Elisa Na guerra epidemiológica contra a doença – que já soma 62 anos, se consideradas as primeiras campanhas regionais de imunização no Sul do País –, duas tecnologias fizeram total diferença: a vacina oleosa, desenvolvida pelo Centro Pan-americano de Febre Aftosa, e o teste Elisa, que permite avaliar a eficiência do produto, por meio da detecção de anticorpos no animal, confirmando se ele realmente foi imunizado. Essas tecnologias demandaram anos de pesquisa. Nos anos 50 e 60, se usavam macerados de tecidos retirados da língua de animais doentes (obtidas em matadouros) para produção de antígenos em escala incipiente. Nos anos 70 e 80, a oferta de vacina contra a aftosa aumentou, mas se trabalhava com o tipo aquoso, que garantia apenas quatro meses de imunidade aos animais, obrigando o produtor a vaciná-los três vezes por ano, o que diminuía o nível de adesão às campanhas. Com o advento da vacina oleosa, que garantia imunidade por seis meses, e sua adoção obrigatória a partir de 1996, o cenário mudou. Conforme Emílio Salani, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal
Histórico de Focos de febre aftosa no Brasil 10.640
10.000
10.049
8.840
8.000 8.111 6.991
6.000 5.255
4.000
4.915
4.077
Zonificação Fonte: Indea - MP / Adaptação DBO
PHEFA
PNEFA
Classificação de risco por FA
2008
2006
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2000
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1974
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0
1980
2.093 Somente vacina oleosa 1.699 1.314 989 1.232 1.062 1.481 1.082 1.511 1.433 215 1.199 1.319 1376 757 967 589 167 35 37 47 37 0 0 5 34 7 0 0 0 0 0 276
2.000 2.529
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Número de focos
(Sindan), essa nova ferramenta de controle epidemiológico, aperfeiçoada nos anos seguintes, tinha quatro características positivas: segurança, eficiência, praticidade (pois reduzia o número de vacinações anuais de três para duas) e alta disponibilidade, já que várias indústrias veterinárias passaram a fabricá-la no País. Atualmente, nove empresas produzem mais de 400.000 doses/ano para vacinação de todo o rebanho. “Isso garante um stand imunológico forte o suficiente para que os animais não sucumbam a eventuais agressões virais”, diz o executivo. A produção dessa vacina, acrescenta Salani, é uma das mais controladas do mundo, por meio de medidas de biossegurança (para evitar escape do vírus) e testes qualitativos feitos pelo Mapa. Luiz Alberto Pitta Pinheiro, consultor técnico da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) também ressalta a importância da vacina oleosa: “Diria que a história do combate à febre aftosa no Brasil se divide em antes e depois desse produto”. Com uma memória invejável, Pinheiro diz ter atendido centenas de casos da doença como veterinário da Secretaria de Agricultura do Estado, principalmente nos anos 70 e 80. “A gente interditava as propriedades, tratava os animais, depois liberava, pois não se pensava em erradicação”, relata. O Rio Grande do Sul – por onde a aftosa teria entrado
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11 anos
no País, vinda da Argentina e Uruguai; segundo Pinheiro, antes do registro oficial de1895, em Minas Gerais – foi o primeiro Estado a usar a vacina oleosa, testada em 1972, na Estação Cinco Cruzes, em Bagé, hoje uma unidade da Embrapa. “A doença somente arrefeceu após o uso desse produto, que é um divisor de águas”, garante.
Embates dramáticos A eliminação da aftosa do território nacional não se deu sem tropeços. O primeiro “circuito pecuário” a obter o status de livre de aftosa com vacinação, em 1998, foi o Sul, formado por Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mas tudo indicava que o Circuito Centro-Oeste seguiria o mesmo caminho no ano seguinte. Foi quando estourou um foco em Porto Murtinho, na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, em março de 1998, e outro em Naviraí, em 1999, forçando o Ministério a retirar os sul-mato-grossenses do Circuito Centro-Oeste e isolá-los por quatro anos. Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso, Goiás, parte de Minas Gerais e do Tocantins foram incorporados à área livre em 2000. Nesse mesmo ano, o Rio Grande do Sul, que havia parado de imunizar seu rebanho para obter o status de livre de aftosa sem vacinação, viu ressurgir a doença em Jóia, episódio circunscrito ao município e rapidamente debelado. Mas o pior estava por vir. A doença atacou rebanhos na Argentina, que escondeu o problema, deixando o vírus se espalhar pela região e gerar uma epidemia no Uruguai (2.057
focos e mais de 20.000 animais abatidos). Em 2001, a aftosa acabou desembarcando de novo no Rio Grande do Sul, que voltou a vacinar. “Essa é a história que não deveria ter sido escrita, como depois reconheceram os argentinos”, diz Pitta Pinheiro, consultor técnico da Farsul. No restante do Brasil, porém, o programa avançava, com a incorporação do Circuito Leste e do retardatário Mato Grosso do Sul à área livre de aftosa com vacinação. Em 2002, o Circuito Sul recuperava seu status anterior. Em 2003, Rondônia vencia a doença, seguida pelo Acre, em 2005. Exatamente naquele ano, porém, outro episódio dramático abalaria o setor pecuário: a doença reaparece em Eldorado, no Mato Grosso do Sul, e depois no Paraná. Por causa disso, todo o Circuito Centro-Oeste, ao qual pertencia o PR, e todo o Circuito Leste, que dera “carona” ao MS, perdem o status de livre de aftosa com vacinação. Foi um duro golpe para o País, mas Guilherme Marques ressalta que, mesmo assim, as exportações não caíram, pois os frigoríficos souberam remanejar os abates. Este episódio foi a última gran-
Animais abatidos durante o surto de Eldorado, MS, em 2005. de “investida” da febre aftosa no Brasil. Desde então, temos recebido apenas boas notícias. Santa Catarina foi decretada livre sem vacinação, em 2007; parte do Pará se tornou livre da doença no mesmo ano; os Circuitos Leste e Centro-Oeste retomaram o antigo status em 2008; o Circuito Nordeste incorporou-se à área livre em 2014, seguido pelo Amapá, Roraima e parte do Amazonas, em 2017. Estamos há 12 anos sem focos e prontos para comemorar essa grande vitória, de olho no futuro.
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Parar de vacinar, eis a questão!
Exames sorológicos apontam que não há mais vírus da aftosa circulante no Brasil
marina salles marina.salles@revistadbo.com.br
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Se fôssemos livres sem vacina poderíamos faturar US$ 1,2 bi a mais por ano” Antônio Carmardelli, da Abiec
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pós conquistar o status de livre de febre atosa com vacinação, o Brasil se prepara uma nova e decisiva etapa: a retirada desse “escudo imunológico” em todo o território nacional até 2023. O plano estratégico que norteará esse caminho demandou sete anos de trabalho e tem como lastro estudos soro-epidemiológicos realizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em mais de 500 milhões de animais, confirmando a ausência de atividade viral no País. A retirada da vacinação começará pelo Acre e Rondônia, em 2019, mas, segundo Guilherme Marques, diretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa, ela não representa o fim da guerra contra a doença, mas uma etapa de consolidação. “A vigilância deve ser eterna”, sentencia, inclusive porque os países declarados livres de aftosa pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) precisam prestar contas à entidade anualmente sobre a situação do seu serviço sanitário (quadro de profissionais, infraestrutura e eficiência no atendimento a suspeitas). Divididos em cinco blocos, com três datas para fazer a retirada da vacinação – maio de 2019 (Bloco 1), junho de 2020 (Blocos 2 e 3) e junho de 2021 (Blocos 4 e 5) –, os Estados estão se mobilizando para cumprir a meta estabelecida pelo Ministério, cujo cumprimento depende dos governos estaduais, órgãos de defesas sanitária, setor privado e produtores rurais. Procura-
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dos por DBO, os representantes classistas dos principais Estados pecuários do País não demonstraram rejeição ao plano do Mapa para retirada da vacina, que lhes parece bem fundamentado e seguro, mas admitiram certa apreensão com o cronograma, dadas as dimensões do País e seu rebanho bovino: 219 milhões de cabeças, espalhados por um território com 8,5 milhões de km², que tem 15.735 km de fronteiras terrestres com 10 países da América do Sul. Francisco Manzi, diretor-técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), afirma que os produtores sentem receio porque a vacina é tida como uma barreira à propagação da doença. “Há quem contra-argumente dizendo que não temos foco de aftosa no Mato Grosso há 22 anos, mas, fazendo uma analogia com a segurança pública, em uma cidade onde não há registro de assaltos, é o mesmo que derrubar o muro das casas. Se o perigo voltar, você está vulnerável”, diz Manzi. Guilherme Marques entende ser legítima a preocupação do produtor, porém lembra que o País precisa avançar. Antônio Camardelli, presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), concorda. “Somos 100% favoráveis à retirada da vacinação. Alguns países já manifestaram interesse em ampliar as compras depois que recebermos o certificado de livre de aftosa com vacinação. Imagine se fôssemos livres sem vacina. Caso acessássemos apenas 5% do mercado composto pelos 10 países que hoje não compram nossa carne por não termos esse status, dentre eles Indonésia, Coreia do Sul, Taiwan e Japão, poderíamos faturar US$ 1,2 bilhão a mais por ano”. Linha de frente Enquanto o debate se desenrola, membros do Bloco 1 (Rondônia e Acre), cujo rebanho soma 17,2 milhões de cabeças, se preparam para realizar as 101 ações propostas pelo Ministério, após auditoria realizada na região. Fabiano Alexandre dos Santos, gerente da Agência de Defesa Sanitária Agrossilvipastoril de Rondônia (Idaron), que tem 803 servidores, informa que o Estado recebeu 31 recomendações de melhorias, dentre elas o aperfeiçoamento do cadastro das propriedades (trabalho que será concluído até o final do ano), e um maior controle de trânsito animal, feito por meio do realocação de parte da equipe hoje envolvida com as campanhas de vacinação. Considerado imprescindível por Guilherme Marques, o mapeamento das propriedades e suas vias de acesso é ponto-chave nessa nova etapa do Pnefa. Já Ronaldo Queiróz, presidente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf), diz que a principal tarefa do Acre, neste momento, é fortalecer suas equipes de defesa sanitária, com novas contratações e treinamentos.
Capa Para respeitar a lógica de comércio na região, municípios da divisa com Mato Grosso e Amazonas também devem ser incorporados à área prevista para retirada da vacinação. Guilherme Marques explica que o trabalho agora é “micrométrico”, para identificar cada rio, montanha e estrada vicinal nas fronteiras, a fim de criar um aparato de fiscalização seguro, além de menos oneroso possível. O cenário nessa região, segundo ele, é positivo. “Na divisa da Bolívia com Rondônia, temos a barreira física dos rios Guaporé e Mamoré; temos fiscalização do Ministério com lanchas e aviões; temos um trabalho de anos vacinando animais dentro do território boliviano, em um raio de 150 km. Já o Acre faz fronteira com a região do Pando boliviano e Puerto Maldonado, no Peru, áreas com poucos animais e que já deixaram de vacinar”. “Hoje a nossa presença nos municípios, educando as comunidades, diminui as distâncias”, Luiz Pinto, da Adepará
Blocos intermediários Os integrantes do Bloco 2 (Amapá, Amazonas, Roraima e Pará), últimos a conquistar o status de zonas livres de febre aftosa com vacinação, representam 37,3% do território brasileiro, mas respondem por apenas 10,8% do rebanho nacional. O único com forte efetivo bovino é o Pará, com 21,2 milhões de cabeças (9,8% do total). Conforme explica Luiz Pinto, diretor geral da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), o Estado se tornou livre de aftosa com vacinação de forma gradual, porque teve de manter duas zonas especiais de saneamento em municípios que fazem fronteira com o Amazonas e o Amapá. Como esses Estados eram de médio risco para a aftosa, o Pará foi dividido em quatro zonas com diferentes status. A Centro-Sul, com 60% do rebanho, se tornou livre com vacinação em 2007, e o restante do território paraense (98%), em 2014. O novo status do bloco será reconhecido pela OIE neste mês de maio. “No Pará, teremos de investir muito em vigilância e controle de trânsito animal, porque o Estado é enorme, maior do que a região Sudeste, e cortado por rios”, diz. A densa barreira formada pela Floresta Amazônica é a maior proteção contra o perigo de entrada da
Aplicativo Para ajudar o produtor a identificar sintomas da febre aftosa e comunicar rapidamente eventuais surtos, o Mapa lançou um aplicativo, no final de 2017, chamado Pec.SaúdeAnimal. Disponível gratuitamente para iOS e Android, ele dispõe de rico banco de fotos e uma atendente virtual capaz de responder perguntas dos usuários, receber notificações e denúncias. Caso suspeitas fundamentadas sejam notificadas pelo aplicativo, Guilherme Marques prevê que um veterinário oficial consiga atender ao chamado em até 12 horas.
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Servidor há 18 anos e filho de servidor, Guilherme Marques, diretor de saúde animal do Mapa, se orgulha de ter ajudado na luta contra a aftosa.
doença pela Venezuela, cujo status sanitário não é reconhecido pela OIE. Por falta de informação, o Brasil trabalha com o pior cenário possível e reforça o monitoramento na região com postos de fronteira. Além do foco de junho de 2017, o governo colombiano informou, em abril deste ano, ter identificado em seu território animais doentes vindos da Venezuela. A presença do vírus no país vizinho preocupa, mas, segundo Marques, o controle na fronteira está sendo reforçado. De olho no que ocorre no Norte, o Bloco 3, composto por Estados da região Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas) se prepara para suspender a vacinação, mas daqui a dois anos (junho de 2020). Com rebanho de 17,4 milhões de cabeças, o bloco realiza sua primeira reunião com o Ministério neste mês. Batalhão de peso Mas o País está realmente preparado para suspender a vacinação? Difícil responder essa pergunta. DBO conversou com representantes dos principais Estados pecuários do País e concluiu que ainda há necessidade de mais pessoal. Participante do Bloco 4 – que também reúne Sergipe, Bahia, Tocantins, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro – São Paulo conta com 716 servidores para defesa sanitária e deverá reforçar sua equipe, em breve, com mais 47 profissionais aprovados em concurso. Segundo Fernando Buchala, coordenador de Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, o Estado será auditado pelo Ministério em junho, mas já está discutindo medidas para fortalecer seu serviço de Defesa. “Os produtores aguardam a evolução das atividades e têm demonstrado interesse em participar do processo”, diz Buchala, que é favorável à retirada da vacinação, mas prefere dar atenção neste momento a à campanha em curso. A partir deste ano, São Paulo vacinará, primeiro os animais jovens (maio) e depois todo o rebanho (novembro), ao contrário do que vinha fazendo, para reduzir o impacto da reação vacinal na concepção de matrizes submetidas a IATF, diretriz adotada também
Agrodefesa
adapar
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Equipe da Agrodefesa, de Goiás, acompanha campanha de vacinação
Vamos apresentar um plano de ação para intensificar a vigilância sanitária já nas próximas campanhas” Marcílio Guimarães, do Ima
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pelo Mato Grosso. Cercado por Estados com o mesmo status sanitário, São Paulo continuará trabalhando principalmente com equipes volantes, mesma estratégia adotada pela Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), que conta com 1.306 servidores. Comandando um posto fixo de fiscalização em Itumbiara, divisa com Minas Gerais, e 25 patrulhas móveis, Jailson Azevedo Júnior, gerente de fiscalização animal do órgão, acredita que Goiás tem tudo para fazer uma transição segura de status. “Decidimos trocar os postos fixos por equipes volantes para ganhar agilidade. Hoje, até ajudamos Estados que estão na divisa com outros países. Infraestrutura fixa, para nós, não gera eficiência”. O atendimento aos 246 municípios goianos é feito por meio de 148 escritórios regionais. Maurício Veloso, presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), se arrisca a dizer que o Estado é um dos mais bem estruturados em termos de recursos humanos e financeiros para executar o cronograma do Ministério. “A retirada da vacinação será um prêmio para os produtores goianos. Além de deixar de desembolsar R$ 40 milhões/ano para imunizar cerca de 22 milhões de cab/ano, ainda eliminaremos os problemas de abcessos vacinais”, diz. Já Minas Gerais tem 780 servidores para fazer vigilância sanitária e deve realizar concurso, no ano que vem, para mais 120. Marcílio Magalhães, diretor geral do Instituto Mineiro de Agropecuária (Ima), quer investir na rastreabilidade do rebanho para melhorar a vigilância sanitária do Estado. Minas tem 16 postos de fronteira. Já a Agência de Defesa Agropecuária do Tocantins, Adapec, possui 127 veterinários dedicados exclusivamente ao controle da aftosa. “Nossa maior preocupação, agora, é evitar que o produtor pare de vacinar antes da hora, criando uma janela imunoló-
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No Paraná, agentes da Defesa se preparam para treinamento
gica que prejudicaria o plano do País. A segurança do processo, dependerá muito das próximas campanhas de vacinação”, diz Márcio Rezende, responsável técnico pelo programa antiaftosa do Estado. Pelotão de elite O Bloco 5 tem um perfil diferenciado. Além de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, reúne três Estados sulistas, um deles já livre de aftosa sem vacinação desde 2007 (Santa Catarina). Outro, o Paraná, está disposto a furar a fila e tem condições reais para fazê-lo. Até o fechamento desta edição, aguardava o relatório final do Mapa sobre seu serviço de defesa, elogiado em documento preliminar, segundo Inácio Kroetz, presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Guilherme Marques confirma que o Estado é um ponto fora da curva e pode pleitear a antecipação do cronograma oficial, caso se julgue apto, mas terá de montar uma “máquina de guerra”, a exemplo de Santa Catarina, que instalou 74 postos de vigilância em suas fronteiras, com gente armada, para evitar que animais vacinados entrem em seu território. Segundo Kroetz, além de 818 servidores, o Paraná tem 33 postos montados e vai construir outros dois. Também assinou convênio com a Polícia Rodoviária Estadual para aproveitar sua estrutura de fiscalização. Segundo na fila dos possíveis dissidentes do Bloco 5, o Rio Grande do Sul terá seu sistema de defesa auditado em julho. O Estado dispõe de 1.319 profissionais (todas as áreas incluídas), 251 postos de fiscalização, 606 veículos aquáticos e terrestres, além de 350 convênios firmados com prefeituras, que lhe permitem contar com mais 104 médicos veterinários a serviço da Defesa. “Nosso Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa) também é diferenciado, pois pode ser metade destinado a indenizações e metade à capacitação do pessoal da Secretaria. Temos condições de antecipar a retirada da vacinação”, diz
Não acredito que o RS esteja pronto para se antecipar à retirada da vacina” Gedeão Pereira, da Farsul
Antônio Carlos de Quadros Ferreira Neto, diretor do Departamento de Defesa Agropecuária da Secretaria da Agricultura do Estado (Seapi-RS). Gedeão Silveira Pereira, presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), discorda. “Antes disso, precisamos controlar portos, aeroportos e fronteiras secas, além de solucionar outras questões importantes. Por exemplo: Cadê o banco de vacinas que vai nos atender em uma emergência? Cadê o fundo indenizatório? Não vejo como atropelar essas questões. Por isso, 2021 me parece um prazo mais razoável”. Guilherme Marques, do Mapa, reforça que as fronteiras internacionais do Brasil estão sendo monitoradas e o problema da Venezuela tratado como crítico. Tanto no Norte quanto no Sul do País, o governo brasileiro tem atuado de forma cooperativa, vacinando animais na Bolívia, ajudando o Suriname a ter sua situação reconhecida pela OIE e dialogando com o Uruguai e Paraguai, cujas indústrias frigoríficas são em sua absoluta maioria brasileiras. Quanto ao Banco Regional de Antígenos/Vacinas contra a Febre Aftosa (Banvaco), Marques, que também é presidente da Comissão Sul-americana para a Luta Contra a Febre Aftosa (Cosalfa), informa que ele atenderá a todos os países da América do Sul, sob coordenação do Centro Panamericano de Febre Aftosa. Em caso de foco, ele esclarece ser de responsabilidade do Governo Federal e dos Estados, com recursos privados e públicos, cumprir a Lei 569 que estabelece não somente indenização por sacrifício de animais, mas também por destruição de benfeitorias, quando realizadas em prol da sanidade animal no País. Os demais integrantes do Grupo 5 não parecem ter pressa. Luciano Chiochetta, diretor da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) de
iagro
Capa
Em Mato Grosso do Sul, postos fixos servirão de base para melhorar vigilância nas estradas
Mato Grosso do Sul, diz que os 700 km de fronteira seca com a Bolívia e o Paraguai são continuamente monitorados. “Por conta do foco de 2006, tivemos de montar uma zona especial de vigilância nesta região”, diz. Mato Grosso faz divisa com Rondônia (Bloco 1) e Pará (Bloco 2), por isso alguns de seus municípios vão parar de vacinar antes. “Colniza, Comodoro e Juína são fortes candidatos a seguir Rondônia. Ainda não sabemos como ficará a situação dos 10 municípios na fronteira paraense”, explica Daniella Soares de Almeida Bueno, presidente do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea). Para medir a eficiência do sistema de defesa dos Estados, o Mapa irá lançar um novo sistema de auditoria chamado PVS (Performance, Visão e Estratégia) e lhes atribuir notas para estimular avanços. O sistema começa a rodar ainda neste ano. n
Os Estados têm dinheiro para combater a aftosa? Atualmente, 15 Estados dispõem de fundos de defesa sanitária, sendo onze privados, três mistos e um público (veja alguns deles na tabela). Segundo relatório do Pnefa, esses fundos acumulavam R$ 498,9 milhões em 2016. Entre os mais robustos, estão os de Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) articula a estruturação de um fundo privado nacional, o que facilitaria a difusão de informações entre os Estados, o uso de seguros privados e o financiamento de ações pelo Fundo Mundial da OIE. Outra proposta interessante é o Projeto de Lei 9281/2017 do senador Roberto Muniz (PP/BA), que pode desburocratizar o repasse de recursos da União para os Estados, permitindo depósitos fundo a fundo. Guilherme Marques acha a ideia interessante, porque o repasse atual por meio de convênios não dá previsibilidade orçamentária aos órgãos de Defesa, dificultando o planejamento de ações.
66 DBO
maio 2018
Estado
Fundos
Natureza
Fundação
Recursos (em milhões R$)
GO
Fundepec-GO
privado
1997
215
MT
Fesa-MT
privado
2009
91
RS
Fundesa-RS
privado
2005
76,8
PR
Fundepec-PR
privado
1995
72,6
SP
Defesa-SP
público
2002
70
RO
Fesa-RO
público
2009
63
RO
Fefa-RO
privado
1999
10
TO
Fundeagro
privado
1999
18
PA
Fundepec-PA
privado
1996
14,2
AC
Fundepec-AC
privado
1996
6
MG
Fundesa-MG
privado
2018
-
MS
Refasa
público
2016
-
Fonte: Levantamento DBO
DESCONTO PROGRESSIVO NA COMPRA DE BATERIAS + FRETE FACILITADO
CONDIÇÕES DE PAGAMENTO: 2+2+20 PARCELAS
Transmissão:
Leiloeira:
Assessoria:
Avaliação:
Apoio:
Patrocínio:
COMISSÃO DO COMPRADOR EM 4 PARCELAS
09 DE JUNHO
BARRA DO GARÇAS - MT
Foto: JM Matos
SÁBADO . 13H
2018
L E I L Ã O
270
touros PO com avaliação positiva
(34) 3322-4647 | (34) 99261-4647 | (18) 3608-0999
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Realização:
Informações:
AT É O LU C R O É P R E C O C E
Reprodução
Caso raríssimo: trigêmeas idênticas. Fazenda de Minas Gerais abriga as novilhas, fruto de TE e de tripartição embrionária.
Literatura científica não registra caso como esse, de trigêmeas idênticas em bovinos.
C
70 DBO maio 2018
Denis Cardoso
om 28 anos de experiência na área de transferência de embriões e atualmente trabalhando com projetos de fertilização in vitro em larga escala, principalmente em fazendas de gado de corte do Norte do País (Acre, Amazonas e Pará), o veterinário Fábio Mendes de Ávila vivenciou, há pouco tempo, algo mais do que inusitado: raríssimo. Ao realizar um trabalho na Fazenda VR do Mandassaia, pertencente ao produtor Valterson Balduino, em Ituiutaba, MG, ele se deparou com um caso de bezerras trigêmeas idênticas, ou seja, resultantes da chamada “tripartição embrionária”. A deposição no útero de um único embrião resultou no nascimento de três fêmeas idênticas geneticamente, fenômeno comprovado posteriormente por exame de DNA. “Pelo que se sabe, não há nenhuma notificação científica desse tipo de acontecimento na área da bovinocultura. Apenas esporadicamente ocorrem casos de bipartição, o que já é raro”, conta Ávila. O veterinário explica que, no útero da receptora, deve ter ocorrido uma divisão natural do “botão germinativo” em três partes, “o que é raríssimo”, resultando na formação de gêmeos monozigóticos, ou seja, idênticos. “Em humanos, a possibilidade de ocorrência deste fenômeno é de 1 para 200 milhões de partos”, compara. Ainda de acordo com Ávila, o nascimento de gêmeos dizigóticos (formados a partir de dois óvulos separados) tornou-se mais comum hoje
em dia na pecuária, principalmente após a disseminação da IATF (inseminação artificial em tempo fixo), que demanda a aplicação de medicamentos capazes de promover uma superovulação nas vacas. Animais saudáveis Prestador de serviço autônomo, Ávila primeiramente foi até a Fazenda Mandassaia para executar um serviço de aspiração folicular nas vacas doadoras de Balduino, que cria Girolando. Os oócitos (células sexuais femininas) recolhidos pelo veterinário foram preparados, no laboratório Origem, em Uberaba, MG, para serem submetidos à fecundação artificial. Os embriões produzidos pela técnica de FIV foram, então, levados para Ituiutaba, para deposição em receptoras do mesmo pecuarista, em abril de 2017. Segundo Ávila, foi uma empresa que presta serviços à Nestlé que o procurou para executar o trabalho de FIV nas fazendas de seus clientes. “O projeto que culminou no nascimento dos animais trigêmeos foi uma casualidade, um fato inesperado, que não poderia ter passado despercebido”, avalia. O veterinário lembra que a prenhez gemelar em bovinos é quase sempre um problema. “Geralmente ocorrem abortos, mortalidade no nascimento ou produção de animais debilitados, que morrem após o parto, além de retenção de placenta”, diz ele. No caso das bezerras trigêmeas geradas na fazenda mineira, as consequências foram opostas. “Elas nasceram saudáveis, no dia 10 de janeiro deste ano (por ocasião desta reportagem, em meados de abril, estavam, portanto, com três meses), e continuam em condições normais, alojadas na mesma fazenda de Ituiutaba”, conta Ávila, acrescentando que as bezerras estão recebendo suplementação e utilizam todo o leite da receptora. n
Gêmeas, mas de touros diferentes. Também em Minas Gerais ocorreu outro caso raro na pecuária. Bezerras gêmeas de raças diferentes nasceram em 11 de abril, na Fazenda Chapadão, em Guarda Mor, que, além da agricultura, se dedica à seleção e ao cruzamento de bovinos com base na raça Tabapuã. A mãe, uma Tabapuã, foi submetida à IATF com sêmen Angus. Trinta horas depois, foi para o pasto e aceitou a monta de um touro Tabapuã. O parto gemelar, com touros diferentes, é uma raridade, afirma o veterinário André Spano, que presta serviço à fazenda de Maria Cecília, Marcos e Sérgio Germano.
Informe Especial Senepol
Senepol eleva ganhos na cria, recria e engorda Fazendas que estão utilizando a raça em cruzamento industrial contabilizam bons resultados
A
Fazenda
em
produção de bezerros. A média de peso à
com 278 kg de média e aos oito meses de
Rondônia, mantém um sistema
Santa
Thereza,
desmama para as fêmeas passou de 220 kg
idade (machos). A fazenda não trabalha
de cria, recria e engorda em que,
e, nos machos, foi de 250 kg, em sistema a
com creep-feeding. Já na fase de engorda,
desde 2002, o uso da raça Senepol no
pasto e sem creep-feeding. “Procurei adquirir
os machos meio-sangue foram abatidos
cruzamento industrial vem aumentando
sêmen de touros que poderiam me dar mais
com idade média de 13 meses e pesaram,
as margens de lucro. “A rentabilidade que
peso e conseguimos resultado superior a
no gancho, 268,05 kg. O rendimento de
esse tipo de cruzamento proporciona é bem
83% de prenhez e grande padronização dos
carcaça foi de 54%.
acima de outras raças. Dos produtos que
bezerros”, diz o pecuarista Etiene Silva.
entrego, os melhores preços que consigo são pelos meio-sangue Senepol”, assegura
A Fazenda Cima, em Sapezal/MT, começou,
o pecuarista Juliano Augusto Zambonatto,
há três anos, a utilizar touros Senepol em
que já recebeu bonificação do frigorífico
vacas Nelore para conseguir maior heterose
por causa da qualidade dos meio-sangue
nos cruzamentos.
Para mais informações:
Senepol que produz.
(34) 3210 2324 ou (34) 9 9962 4357 Segundo o pecuarista Diego Cima, no
pmgs@senepol.org.br
Já na Fazenda Vale dos Ipês, em Barra
tricross, a raça também apresentou bom
falecomadiretoria@senepol.org.br
do Garças/MT, a raça tem viabilizado a
desempenho.
www.senepol.org.br
A
bezerrada
desmamou
Genética ABCZ e Embrapa, juntas no genoma zebuíno.
A parceria, anunciada em agosto do ano passado, entre a Embrapa e a ABCZ para a estruturação do novo projeto de genoma zebuíno da entidade mineira foi oficializada neste mês de abril, com a assinatura de um acordo de cooperação técnica, na sede da Embrapa, em Brasília, DF. Durante a ExpoGenética 2017, as duas instituições já haviam demonstrado a intenção de firmar
Genômica estabelece parcerias na seleção taurina A Conexão Delta G e a Embrapa Pecuária Sul iniciaram um trabalho conjunto na avaliação genômica para identificar e selecionar animais Hereford resistentes à ceratoconjuntivite bovina infecciosa (CBI). O primeiro passo foi a coleta de novos fenótipos de touros e novilhas ao sobreano em fazendas associadas ao programa de melhora-
72 DBO maio 2018
uma possível parceria para incorporação do banco genômico da Embrapa ao PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos) por meio da Single Step, metologia que permite trabalhar diferentes bases de referência genética. O projeto ganhou apoio governamental com a genotipagem de novos animais para a formação de uma população de referência ainda mais densa e eficaz no lançamento das futuras DEPs genômicas da ABCZ. Para Luiz Antônio Josahkian, superintendente da entidade, o trabalho integrado de inteligência dos programas permitirá provas convergentes de um mesmo animal, comprovando que é possível a integração de bases distintas no processo de avaliação genética. Para os próximos meses, o PMGZ e o Geneplus (da Embrapa) estudam outras ações conjuntas, como o possível lançamento de um sumário unificado de touros previsto para a ExpoGenética 2018. mento. O projeto já conta com marcadores moleculares identificados na população, o que deve permitir a validação da tecnologia e a inclusão da característica no programa de melhoramento no prazo máximo de dois anos. Segundo Eduardo Eichenberg, o objetivo é que a parceria amplie o número de fenótipos e genótipos em pesquisa, a exemplo da seleção para resistência a carrapatos já aplicada em animais da raça, a partir dos trabalhos da Embrapa Bagé.
Novo CP da CRV Lagoa está de porteiras abertas
Em abril foram abertas as inscrições para o CP CRV Lagoa, um dos principais testes de performance do País, que, neste ano, ampliou sua capacidade de 500 para 1.000 animais avaliados. A prova foi transferida para a sede da central, em Sertãozinho, SP. O foco da mudança foi aumentar o bem-estar animal e a precisão nas avaliações de eficiência alimentar iniciadas pelo CP em 2011. Entre as novidades, estão o confinamento equipado com cochos da Intergado e GrowSafe para maior precisão nas avaliações por eficiência alimentar, e um curral de manejo projetado para atender o Centro de Performance. Também houve reestruturação da área de armazenamento e formulação da dieta, incluindo a aquisição de máquinas e equipamentos. O CP da CRV Lagoa existe há 12 anos e avalia animais PO controlados e registrados pelas associações de raças taurinas, zebuínas e adaptadas, além dos animais oriundo do Paint, o programa de melhoramento da empresa.
ESPECIAL Instalações e Equipamentos
Desenho do rotacionado
75 pede planejamento
Na apartação, bezerros
80 ‘vazam’ por corredor. Bombear água com
82 turbina ou energia solar Curral: a opção do
88 modelo em concreto Mais um creep-feeding
90 prático e barato
Esteira de borracha
92 dá bom cocho
Destaques da Agrishow
96 para a pecuária
DBO maio 2018 73
ESPECIAL Instalações e Equipamentos
Layout de rotacionado pede planejamento Fazenda em Jaú, SP, criou modelo adaptado à topografia declivosa para evitar erosão. Desenho pode deve respeitar condições locais. Renato Villela renato.villela@revistadbo.com.br
N
a hora de escolher o layout (desenho) dos módulos de pastejo rotacionado é preciso deixar de lado preferências pessoais e se guiar por critérios técnicos. No Brasil, predominam dois modelos básicos, com suas diversas variáveis: o tipo pizza, no qual todos os piquetes convergem para uma área de lazer central, e o formato com corredor interno. Nenhum deles constitue figuras geométricas exatas, pois se ajustam às condições
ilus
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Mapa dos módulos da Fazenda São Francisco do Barreiro, SP
pré-existentes nas fazendas. Como faltam estudos comparativos entre os vários layouts, é difícil afirmar, com segurança, qual versão garante melhor desempenho animal. O conhecimento que se tem é fruto da experiência de consultores, que se debruçam sobre algumas variáveis, como a topografia, a estratégia de suplementação adotada e o sistema de produção da fazenda (cria, recria ou engorda) para desenhar não o melhor, mas o mais adequado modelo de rotacionado para determinada condição, sabendo que ele, inevitavelmente, terá vantagens e desvantagens. O produtor Jorge Sidney Atalla Júnior, proprietário da Fazenda São Francisco do Barreiro, no município de Jaú, distante 296 km de São Paulo, sempre trabalhou com rotacionados do tipo pizza nas propriedades da família. Em algumas delas, no entanto, a topografia mais acentuada trouxe empecilhos ao formato. Como a área de lazer dos módulos ficava em pontos mais baixos, a água da chuva causava erosão. Além disso, havia maior pressão de pastejo na extremidade afunilada dos piquetes – “a ponta das fatias da pizza” _, que converge para a praça de alimentação. Ela sofria pisoteio mais intenso, por causa da disputa dos animais por alimento e água. O pasto aca-
Animais entram pelo corredor interno que dá acesso à área de lazer.
DBO maio 2018 75
ESPECIAL Instalações e Equipamentos
erosão, as áreas de lazer quadradas, onde ficam os bebedouros, foram posicionadas em pontos mais altos do terreno e os corredores foram construídos em nível, para facilitar o escoamento da água. No rotacionado da Barreiro, que tem até 20% de declividade, foram levantados terraços a cada 6 m nos pontos mais críticos. É importante lembrar que se gasta mais com cerca em áreas declivosas, pois toda vez que se ultrapassa a curva de nível, é preciso instalar um poste no lado esquerdo do terraço, um em cima e outro em seu lado direito (veja figura à pág 78).
bava perdendo parte da cobertura vegetal e ficando “batido”. Isso também favorecia a formação de enxurradas nos piquetes morro acima. “Consequentemente, as chuvas lavavam e descobriam o pé dos cochos e bebedouros”, relembra Atalla. Como a Fazenda São Francisco do Barreiro também tem relevo declivoso, ele decidiu usar um modelo de rotacionado diferente. Auxiliado por André Aguiar, da Boviplan Consultoria Agropecuária, de Piracicaba, SP, investiu em corredores internos para evitar o afunilamento excessivo da maioria dos piquetes, pois eles cortam suas “pontas”, como é possível ver na figura. Além disso, esses corredores funcionam como extensões ou prolongamentos da área de lazer, facilitando o acesso dos animais à água e à comida. Visto de cima, o conjunto – corredor mais área de lazer – lembra uma colher com cabo longo (confira detalhe na ilustração). Atalla também aproveitou o espaço desses corredores para instalar linhas duplas de cocho com 40 m de cumprimento cada. Para evitar fotos renato villela
O produtor Jorge Atalla Jr. vistoria um lote de tourinhos Nelore PO
A topografia manda O controle da erosão não foi o único fator a influenciar na configuração do rotacionado da Barreiro. No mapa, pode-se ver que a pastagem se estende como uma faixa alongada, em torno de duas represas. Se usasse o modelo de pizza tradicional, Atalla teria um problema operacional, pois os piquetes afunilados demais dificultariam, por exemplo, a distribuição de fertilizantes e a aplicação de herbicidas ou inseticidas. “Certamente haveria sobreposição de faixas (de pastagem), já que os piquetes estariam muito próximos entre si”, explica Aguiar, da Boviplan. Outra justificativa para o uso de corredores internos nos módulos da fazenda foi a intenção de, futuramente, irrigar as pastagens para intensificar a produção. “Se escolhêssemos um autopropelido (sistema de irrigação por aspersão do tipo móvel), por exemplo, ficaria mais fácil transferir seu carretel entre piquetes de formato mais quadrado e menos afunilado. No formato de pizza tradicional, teríamos de fazer muitas manobras com o maquinário. Se o sistema fosse de aspersores fixos, teríamos menos pontos de registro e sobreposição da irrigação”, explica o consultor da Boviplan. No dia em que a reportagem de DBO visitou a propriedade, no fim de mar-
Tourinhos recebem ração em dupla linha de cocho no corredor interno
76 DBO maio 2018
Corredor de manejo, que garante acesso aos piquetes (lado esquerdo) é delimitado por alambrado.
Desenho tipo “flex”
Modelos básicos de rotacionado
Módulo com corredor Linha de cocho posicionado na divisa com o corredor facilita o fornecimento de suplemento.
ço, Atalla estava construindo um “corredor de manejo ou tráfego” para servir todos os módulos de pastejo rotacionado, facilitando a distribuição de insumos e a condução dos animais até o curral. “Um funcionário sozinho consegue tocar o lote, em pouco tempo”, garante o produtor. Na Barreiro, não foi possível posicionar esse corredor de manejo entre os módulos, também por causa da erosão. A saída foi construí-lo na parte inferior (veja mapa acima) e criar acessos, em sentido perpendicular, até a área de lazer de cada módulo. Essa alternativa pode não parecer ideal, pois o produtor perde uma parcela de pasto e o gado, que prefere caminhos limpos para chegar aos cochos e bebedouros, pode transformar esses acessos em tri-
Módulo tipo “pizza”
lheiros, mas a topografia novamente deu as cartas. “Nossa ideia inicial era construir o corredor no meio e faríamos isso, se a área fosse plana. Desistimos porque, em função do terreno declivoso, para o corredor passar pelas áreas de lazer dos rotacionados, teríamos de ‘cortar’ os terraços em vários pontos, e estes perderiam a função de segurar a água da chuva”, explica o proprietário Jorge Atalla Jr. Personalização crescente Os modelos com corredores têm ganhado espaço no
Criatório completa 50 anos na seleção do Nelore A Fazenda São Francisco do Barreiro chama a atenção logo na entrada. O trajeto até a sede, onde já funcionou uma central de inseminação, é todo asfaltado. No interior da propriedade, que foi vendida e depois recomprada pela família Atalla em 2010, há uma espécie de arena, coberta e em formato circular, onde os tourinhos Nelore PO desfilavam durante os antigos leilões, que agora são virtuais. A seleção, iniciada por Jorge Sidney Atalla, pai de Jorge Sidney Atalla Jr., completa 50 anos em 2018. A fazenda conta com um conjunto de grandes e pequenas represas, emolduradas pelo belo gramado e paineiras. Uma ponte feita de pedra empresta um ar bucólico à paisagem. Os 264 hectares de pastagens da propriedade estão divididos em 10 módulos de rotacionado, com três a seis piquetes, medindo entre 3 e 5 hectares cada. Há também dois módulos subdivididos em piquetes ainda menores, que servem de show room para compradores de tourinhos – ano passado foram vendidos 180 – ou de cavalos Quarto-de-Milha.
Nos demais módulos de rotacionado, giram machos meio-sangue Angus, vindos de outras duas fazendas da família e, que, neste ano, formam exportados vivos para a Turquia. A intenção de Jorge Sidney Atalla Jr., gestor da fazenda, é intensificar as pastagens para aumentar a produção de tourinhos e cruzados.
Família Atalla vendeu e depois recomprou a São Francisco do Barreiro, sede da família, onde funcionou uma central.
DBO maio 2018 77
ESPECIAL Instalações e Equipamentos
Cerca em terraços
Área de lazer para grandes lotes Nº de animais
Medida
Até 350
0,25 ha
Até 800
0,50 ha
Até 4.000
1 ha
Fonte: Boviplan/Adaptação: DBO
tros, para mais de 400, 8 metros. Também chamados por alguns técnicos de “circuito gerencial de suplementação”, o corredor de manejo precisa ser mantido sempre em boas condições. “Ele deve permitir que o funcionário percorra todo o rotacionado rapidamente, otimizando tempo e mão de obra” explica Paniago.
Brasil, principalmente entre os pecuaristas que fornecem maior quantidade de suplementos ou semiconfinam animais. Estes têm optado por desenhos com corredor central mais largo, para facilitar a passagem dos caminhões. Frequentemente a praça de alimentação é ampliada e os cochos voltados para o corredor, o que favorece o trato (veja o modelo flex, usado para suplementação nas águas e confinamento na seca, objeto de reportagem de DBO em junho de 2015). Além de garantir agilidade ao trabalho e economizar mão de obra, os modelos com corredor são fáceis de instalar, mas podem ter custo maior, por demandarem mais arame, mourões e esticadores. Para rotacionados que não fazem suplementação pesada, o posicionamento dos cochos dentro de áreas de lazer centrais pode ser mais econômico. O investimento é menor, já que uma única linha de cocho atende a todo o lote do rotacionado. Modelos com corredor interno demandam atenção em relação à área de lazer, que deve ter tamanho adequado ao lote (veja medida sugerida na tabela). Mais importante, porém, é a dimensão das porteiras ou colchetes, que devem corresponder à largura dos corredores. “É preciso facilitar o trânsito dos animais, não somente para minimizar o risco de contusão, mas também para que os dominantes não dificultem a entrada e saída dos dominados”, diz Rodrigo Paniago, também da Boviplan. No campo, nem sempre esse detalhe técnico é considerado. “É muito comum o produtor colocar uma cerca de arame ou tábua para economizar no tamanho da porteira ou colchete”, diz o consultor. Quando o corredor de acesso dos animais à área de lazer é o mesmo usado para manejos, como condução dos animais ao curral ou tráfego de veículos, o produtor deve respeitar uma largura mínima, determinada pelo tamanho dos lotes a serem manejados: para 100 animais, mínimo de 4 metros de largura; para 100 a 400, 6 me78 DBO maio 2018
Pizza ou meia pizza O fato de muitos produtores estarem usando modelos de rotacionado com corredor não significa, entretanto, que o “tipo pizza” tenha perdido prestígio e seja contraindicado. Esse desenho, segundo Paniago, é sempre o primeiro que vem à mente quando se projetam módulos de pastejo rotacionado, por ter custo de divisão de piquetes mais baixo e menor perda de área de pastagem. Em geral, ele também permite que os animais percorram distâncias menores entre o fundo do piquete e a área de lazer, que fica no centro do módulo. Segundo o consultor, esse modelo também é mais interessante para vacas de cria, pois, se os bezerros cruzarem a cerca, passando de um piquete para o outro, é mais fácil reconduzi-los até suas mães. Se o módulo tiver corredor interno, podem se distanciar do grupo, ficar perdidos por mais tempo e causar grande alvoroço entre as matrizes. “No modelo tipo pizza, isso dificilmente ocorre, porque o bezerro no máximo fica no piquete ao lado, acompanhando-a, mesmo estando do outro lado da cerca”, explica Paniago. O consultor ressalta, entretanto, que vacas de cria se adaptam bem a qualquer tipo de rotacionado. E se o sistema de produção da fazenda for intensivo? Nesse caso é possível usar uma “derivação” desse modelo: a meia pizza, onde a área de lazer é deslocada do centro para uma das laterais do módulo, de preferência na que faz divisa com o corredor. “Isso facilita muito o fornecimento de suplementos por parte do maquinário e a vistoria em geral”, afirma Paniago. As ressalvas que se fazem para o tipo pizza também valem para esse desenho de rotacionado. Os piquetes não devem ficar muito estreitos e é preciso respeitar a topografia, para minimizar riscos de erosão na área de lazer. Outro aspecto ao qual o produtor deve ficar atento – e isso vale igualmente para os modelos com corredor – é a distância entre o fundo do piquete e a área de lazer. “O ideal é que os animais percorram, no máximo, 500 metros entre um ponto e outro”, afirma. n
ESPECIAL Instalações e Equipamentos
Apartação sem confusão Corredor exclusivo para bezerros facilita o manejo, antes feito dentro do curral.
A
Peão controla passagem das vacas; bezerros passam por abertura lateral.
Moacir José
partar quase 700 bezerros cada vez que a vacada vai para o curral, para fazer IATF, vacinação contra aftosa ou qualquer outro cuidado sanitário, sempre foi uma operação trabalhosa para a Fazenda Itapuã, localizada no município de Paranaíba, região leste do Mato Grosso do Sul, quase na divisa com Minas Gerais. Pertencente ao Grupo Pau D´Alho e especializada no segmento de cria, com um plantel de 800 matrizes e estação de monta que vai de novembro a janeiro, a propriedade gastava pelo menos 40 minutos para separar um lote de 80 a 100 vacas de suas respectivas crias (Nelore e cruzados Angus/Nelore) em um dos dois currais da propriedade. Hoje, esse tempo foi reduzido para apenas 10 minutos. É que a propriedade montou, em uma das mangas contíguas ao curral, um “corredor exclusivo para bezerros”, usando o mesmo princípio do sistema de creep feeding: deixar uma abertura na cerca sob medida para esses Como é a operação
80 DBO maio 2018
animais. O corredor, como se vê na ilustração, tem formato de um trapézio retângulo, com aproximadamente 4 m de largura por 100 m de comprimento, e desemboca no curral. Ao seu lado fica uma manga de 36 m x 20 m, para onde seguem as vacas após a apartação. Manejo simples A apartação das matrizes para essa manga é realizada por um funcionário montado a cavalo, que controla a porteira de acesso, abrindo-a parcialmente, de forma a permitir que as vacas passem, uma de cada vez, e fechando-a, quando os bezerros tentam acompanhar suas mães. Ao vetar-lhes a entrada na manga, o peão obriga os bezerros a seguirem para o corredor, através da abertura que está à frente. O manejo é feito por mais dois peões, a partir de uma manga principal de apartação, que mede 36 x 34 metros, a partir da qual eles tocam a vacada na direção da porteira onde está o peão controlador. O corredor exclusivo dos bezerros da Fazenda Itapuã é reforçado. Além de seis fios de arame liso, suas cercas têm duas tábuas na parte inferior (uma a 20 cm e outra a 70 cm do chão), somando altura total de 1,40 m. O vão para os bezerros passarem tem 4 m de largura e 95 cm de altura (da trave até o chão), de forma a impedir a passagem das vacas. Segundo Edinalvo Xavier Sales, o administrador da fazenda, às vezes algumas primíparas que pariram muito cedo acabam passando por esse vão dos bezerros, mas depois são facilmente retiradas de dentro do curral. Da mesma forma, se algum bezerro passa junto com a mãe para a manga das vacas, é apartado depois pelo peão, na saída. Edinalvo diz que a montagem do corredor dos bezerros custou cerca de R$ 6.000. A fazenda pretende construir outra instalação semelhante, em 2018, pois planeja aumentar o plantel de matrizes para 1.400 cabeças. “Até 2020, teremos 3.000 vacas em produção e essa instalação facilitará muito nossa vida”, diz ele. n Acesse o vídeo desta matéria via QR Code
A campanha de vacinação é mais eficiente quando o tronco combina com seu volume de manejo!
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Bombeamento sustentável Turbina hidráulica e sistemas movidos a energia solar são alternativas interessantes na falta de energia elétrica Renato Villela renato.villela@revistadbo.com.br
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evar a rede de distribuição de energia elétrica até um ponto de captação de água para abastecimento de bebedouros para bovinos não é tarefa simples, nem barata. Dependendo das características do terreno, há que se considerar a dificuldade do transporte de materiais pesados até o local, como os postes de concreto e o transformador (equipamento que requer estrutura de sustentação própria, chamada de subestação aérea, de custo elevado). Mais elementos são necessários, como uma chave-fusível e um para-raios, além de outro poste para o relógio medidor de energia. É importante lembrar que todo o serviço, a cargo de um profissional, deve ser aprovado pela concessionária de energia da região, que pode simplesmente negar a solicitação por incapacidade de suprir a nova potência demandada pelo projeto. Isso sem mencionar a conta mensal de luz. Todas essas dificuldades, no entanto, podem ser contornadas pelo produtor com tecnologias de bombeamento
Conjunto com turbina na Fazenda Floresta, em GO.
de água que prescindem de energia elétrica, como a turbina hidráulica e o sistema fotovoltaico (energia solar), que, além disso, são alternativas sustentáveis. Turbina é boa opção Ainda pouco conhecida, mas de uso crescente nos projetos pecuários, a turbina hidráulica é uma tecnologia que requer fluxo contínuo de água (vazão) e desnível entre o ponto de captação e o conjunto de bomba para o seu pleno funcionamento. Como as turbinas de geração de energia, elas são movidas pela pressão da água, que entra em seu interior por meio de um conduto (canal) forçado, fazendo com que a turbina hidráulica gire ao redor do próprio eixo. Em uma hidrelétrica, a energia hídrica proveniente do corpo d’água é transformada em energia mecânica, quando o líquido passa pela turbina, sendo posteriormente convertida em energia elétrica, por meio de um gerador. Nos dispositivos usados apenas para bombeamento, a energia mecânica, em vez de gerar eletricidade, se converte em “força”, que empurra a massa d’água de um ponto de captação até o reservatório.
Esquema básico de bombeamento por turbina
Represa
Queda d’água (mínimo 1,5m)
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Reservatório Tambor de sedimentação
Turbina hidraúlica
LANÇAMENTO TRONCO
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Painéis solares do sistema fotovoltaico e conjunto de bombas mestreescravo .
“O ‘combustível’ é a água que vem da represa ou de outra fonte hídrica”, explica Rodolfo Segalla, representante de vendas da Acqua Bombas & Energia, de Franca, SP. Segundo ele, turbinas podem ser instaladas quando se tem vazão mínima de 50 mm (2 polegadas de água) e altura mínima entre o ponto de captação e o conjunto de bomba de 1,5 metro. Nessa configuração, pode-se bombear entre 1.200 e 5.000 litros(l)/dia até um desnível de 50 m e a uma distância de 3 km. Esses valores são potencializados quanto mais favoráveis forem as condições locais. É importante ressaltar que o cálculo do projeto deve considerar a vazão durante a seca. O produtor Leonardo de Rezende Pinheiro, da Fazenda Floresta, no município de Campos Verdes, norte goiano, instalou duas turbinas (uma em cada represa) para suprir dois reservatórios com capacidade unitária para 1 milhão de litros. Cada turbina pode bombear de 190.000 a 240.000 litros/dia. Se optasse pela roda d’água, teria de comprar três equipamentos (por reservatório) para bombear a mesma quantidade, exigida por seu projeto de intensificação, que DBO mostrou na edição de março. “Desembolsaria o dobro”, diz. O produtor gastou, em 2016, R$ 18.500 em cada turbina, mas optou por usá-las porque já tinha as represas prontas, com desnível de 5 a 7 metros entre o ponto de
captação e o conjunto de bomba. “Se tivesse de construir uma represa, gastaria em torno de R$ 100.000. Daí era mais fácil furar um poço artesiano, que na minha região custa ao redor de R$ 20.000.” Energia solar Os conjuntos compostos por bomba e módulos fotovoltaicos (painéis solares) são outra alternativa interessante para bombeamento de água sem necessidade de rede elétrica. Sua difusão, contudo, ainda esbarra na falta de conhecimento técnico no campo. Segundo Júlio Dal Bem, da JDB Engenharia, de Alta Floresta, MT, além da crença de que a energia solar é apropriada apenas para projetos pequenos, existe uma associação da tecnologia com o uso de baterias. “São dois equívocos. O sistema pode ser usado em qualquer tipo de projeto e as baterias (que têm custo alto, demandam manutenção, podem provocar incêndios e até explosão) não se justificam em kits de energia solar. Em vez de fazer o conjunto funcionar à noite, por exemplo, é mais fácil dobrar a potência do kit para que ele bombeie excedentes ao longo do dia, para uso noturno. Armazenar água é mais barato e confiável do que energia”, afirma. Diferentemente da turbina, esse sistema independe da topografia. A captação pode ser feita tanto em rios e represas, sem desnível, quanto em poços artesianos e
Água em estoque O primeiro passo da elaboração de um projeto hidráulico é calcular a demanda de água. O consumo varia em função de fatores zootécnicos (raça, idade, peso dos animais) e condições ambientais (umidade relativa do ar, temperatura e até mesmo níveis de poeira). O sistema de produção igualmente deve ser levado em conta. Para animais a pasto, consideram-se 35 litros por dia; para animais confinados, de 50 a 70 litros/dia. Conhecida a quantidade necessária de água por animal, é possível projetar a demanda total do rebanho, sempre se considerando uma reserva mínima.
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“Recomendamos trabalhar com água suficiente para três a cinco dias, para enfrentar eventuais problemas de abastecimento”, afirma o consultor Tiago Fernandes, da Irriga Boi, de Jales, SP. Para um rebanho de 1.000 animais a pasto, por exemplo, o ideal é manter reserva mínima de 105.000 l (35 x 1.000 x 3). Como, na prática, dificilmente o produtor encontrará no mercado reservatórios com capacidade “fracionada”, teria que optar por um reservatório de 100.000 ou 200.000 litros, o que lhe garantiria 2,85 ou 5,7 dias de reserva, caso prefira trabalhar com mais folga.
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ESPECIAL Instalações e Equipamentos
Leonardo Pinheiro, da Fazenda Floresta: “Turbina é boa opção para quem tem represa com desnível”.
semi-artesianos, mas a elaboração do projeto demanda análise de uma série de fatores, como a irradiância (algumas regiões recebem energia solar com mais intensidade do que outras, por causa da inclinação do eixo da Terra); a profundidade da fonte de captação (no caso de poços profundos); o desnível até o ponto mais alto a ser percorrido pela água, e o volume diário demandado pelo projeto pecuário. O produtor Estevam Vaz de Lima, da Fazenda Tucano, no município de Rio Sono, a 150 km de Palmas, TO, precisava de 70.000 a 80.000 litros/dia para atender a um projeto de 1.500 a 2.000 matrizes. Para suprir essa demanda, construiu um pequeno açude para nele instalar um sistema fotovoltaico de bombeamento. Esses sistemas são acionados por duas motobombas com potência de 3 cv (cavalo-vapor) cada, que trabalham integradas, em um esquema conhecido como “mestre-escravo”. Nos horários de pico de sol, elas operam juntas, com potência máxima, superando a capacidade de bombeamento que teriam isoladamente. “O rendimento de duas bombas de 3 cv é maior do que o de uma de 6 cv”, garante. Quando a irradiância está bai-
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xa, apenas uma delas (a mestre) funciona. Conforme a irradiância cresce, a segunda bomba (escrava) entra em operação. “Isso aumenta muito o aproveitamento de energia. O sistema foi dimensionado para fazer as bombas funcionarem inclusive nos dias nublados. Nos ensolarados, sobra energia solar”, explica o engenheiro Júlio Dal Bem, responsável pelo projeto. Além do conjunto de motobombas “mestre-escravo”, o sistema de energia solar instalado na propriedade conta com 24 painéis solares. O custo total do projeto foi de R$ 32.000. A opção por essa tecnologia, segundo o produtor, não se deu exatamente pela ausência de rede elétrica, mas pelas interrupções prolongadas no fornecimento de energia na região, que colocariam em risco o abastecimento dos bebedouros. Antes de fazer a escolha, Lima debruçou-se sobre outras opções. A roda d’água foi preterida pelo receio de que a vazão, durante a estiagem, fosse insuficiente para girar o equipamento. Uma bomba de sucção tocada por um motor a óleo diesel também foi descartada, pelo alto custo, manutenção e operacional (ligar e desligar). “A energia solar é mais simples e prática. Além disso, é uma energia limpa.” n
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Pré-moldado com adaptações. Pecuarista do Mato Grosso optou por esse tipo de estrutura, devido à praticidade e difificuldade de encontrar madeira legalizada.
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iante das dificuldades de encontrar madeira boa, legalizada, e mão de obra qualificada para montar uma curral convencional, o pecuarista Marcos Antônio Dias Jacinto, proprietário da Fazenda Barranco Alto, de 3.259 hectares, em Gaúcha do Norte, MT, decidiu buscar alternativas diferentes. Depois de muito pesquisar, optou, em 2015, por uma estrutura de cimento pré-moldado, cuja montagem é rápida. A estrutura foi adquirida em Barra do Garças, no leste do Mato Grosso, e viajou quase 500 km para ser instalada em sua propriedade, localizada no Vale do Rio Xingu, no norte mato-grossense, mas se mostrou uma alternativa viável. Garantiu ao criador as condições que esperava para tocar o manejo reprodutivo do seu rebanho de 1.500 animais Nelore em um sistema de ciclo completo, além de estabilidade na produção média de 10@/ha/ano. Ao longo da última estação de monta, entre dezembro de 2017 e fevereiro deste ano, os animais passaram pelo curral inúmeras vezes, para procedimentos como inseminação artificial e diagnóstico de gestação, sem problemas. Customização Para garantir ao curral boa escala de manejo, Jacinto teve de ajustar toda a estrutura às necessidades da propriedade. “Isso seria impraticável sem as adequações que fiz”, observa o produtor. Ele pagou um total de R$ 185.000 pelo curral e mais R$ 95.000 para equipá-lo com balança, tronco e estrutura de iluminação, além de adaptá-lo à sua demanda. Seguindo orientações do fabricante que elaborou o projeto, Jacinto investiu mais R$ 40.000 exclusivamente em terraplanagem para instalar a estrutura em uma base um metro acima da altura do terreno. “Puxei uma enorme quantidade de terra e cascalho a uma distância de 12 km”, conta. Na área de trabalho, o piso foi
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ariosto mesquita
Ariosto Mesquita
Estrutura básica original tem 400 metros quadrados
todo cimentado. No setor de espera, o pavimento recebeu uma base de terra batida coberta por uma camada de 20 cm de cascalho. Essas providências garantiram uma drenagem eficiente e boas condições de trabalho, sob sol ou chuva. “Sem tais medidas, o manejo seria estressante para funcionários e animais. O pisoteio acabaria rebaixando o piso e a água da chuva entraria, causando atoleiro”, justifica. Estrutura mista Diante de uma estrutura básica original de 400 m2, Jacinto sentiu necessidade de ampliar a área de apoio do curral para garantir escala de operação adequada a seu trabalho. Neste sentido, ele providenciou a construção de uma remanga de 500 m2, à base de eucalipto (comprado também em Barra do Garças), que passou a funcionar como área de escape nos apartes, transformando o conjunto em uma espécie de estrutura mista (cimento e madeira). “De uma capacidade inicial para 150 cab/dia, hoje consigo um manejo racional diário de até 400 animais, com mão de obra limitada a três pessoas: eu e mais dois funcionários”, garante. O pecuarista, de 53 anos, que é médico veterinário e diretor da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), também se preocupou com a longevidade operacional do curral: “Caso eu conseguisse construir uma estrutura convencional, dentro de três anos possivelmente teria de começar a trocar madeiras e certamente encontraria dificuldades em obter material legal e de qualidade, um dos grandes entraves atuais para se construir currais convencionais. Da forma como fizemos, vou morrer e o curral vai ficar”, garante.
ESPECIAL Instalações
Creep feeding para canto de área de lazer
Produtor paulista cria modelo com barras metálicas, prático e acessível. Marina Salles marina.salles@revistadbo.com.br
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“Gosto da estrutura que montei porque é simples e eficiente”, Renato Leão Cavalcanti, da Fazenda Brasília
produtor Renato Leão Cavalcanti, proprietário da Fazenda Brasília, de 500 ha, localizada em Santo Anastácio, distante 600 km da capital paulista, há seis anos investe na intensificação gradativa de seu projeto de cria, mantido em sete módulos de pastejo rotativo. Para desmamar bezerros mais pesados e minimizar o desgaste das fêmeas com o aleitamento, preservando ao máximo seu escore corporal, ele adotou a técnica do creep feeding (cercados munidos de cochos para suplementação exclusiva de bezerros), usando modelos desenvolvidos na própria fazenda. O resultado foi excelente: 30 kg a mais à desmama, em comparação com os animais não suplementados, cenário de dois anos atrás. Os machos, que antes pesavam, em média, 165 kg aos sete meses de idade, agora são vendidos com 195 kg por R$ 1.400 cada, recebendo ágio entre 15% e 20% sobre o preço praticado na região de Presidente Prudente, SP. A Fazenda Brasília possui rebanho anelorado de 900 cabeças e comercializa cerca de 200 machos/ano. As fêmeas são destinadas à reposição. “A recria você encurta, a engorda também, mas uma vaca não produz um bezerro em menos de nove meses. Por isso, esse bezerro precisa ter qualidade”, diz o produtor. Seu plantel de 500 fêmeas, entre novilhas e vacas, passa atualmente por estação de monta de seis meses e registra taxa média de prenhez de 80%, em monta natural, usando reprodutores com CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção). As matrizes que os touros não emprenham são submetidas à inseminação artificial em tempo fixo (IATF) com material
O modelo retangular é versátil e pode ser montado no pasto
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90 cm
Creep feeding de baixo custo
6m
1,2m
Cerca da área de lazer
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Entrada dos bezerros 2,80 m
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cm
genético da grife Nelore do Golias. A meta é alcançar prenhez de 92% com a associação das duas técnicas (monta e IATF). “Fazemos o contrário da maioria das fazendas porque nossos resultados com monta natural são muito satisfatórios”, explica Cavalcanti. Instalação Cavalcanti decidiu instalar “cercadinhos” em todos os módulos de rotacionado da fazenda. Normalmente, essas instalações são feitas de madeira, mas ele optou por barras metálicas próprias para cerca elétrica, devido a seu menor custo. Encontradas facilmente no mercado, essas barras pesam cerca de 5 kg e têm 2,2 m de comprimento, dos quais, 70 cm são fincados no solo. Elas dispõem de furos para passagem do arame, o que facilita a montagem da cerca. São alinhadas em série, formando retângulos (que ficam nos pastos) ou triângulos (que ficam nas áreas de lazer dos rotacionados). Para dar maior sustentação à estrutura, o produtor usou mourões de madeira nos cantos do cercado e a cada seis ou nove barras metálicas, dependendo do modelo. Dentro do cercado, são colocados um cocho feito com duas a três bombonas (custo unitário de R$ 110 a R$ 150) e um tambor para guardar sal. Segundo Cavalcanti, o modelo de creep mais barato é o triangular, que fica em um dos cantos da área de lazer dos módulos de rotacionado e aproveita sua estrutura (veja figura acima). Ele custa cerca de R$ 300, com todo o material incluído, mais meio dia de trabalho de dois peões. Na cerca que dá acesso aos bezerros, os postes foram dispostos a cada 40 cm, espaço suficiente para a passagem dos animais. Na parte superior, Cavalcanti instalou uma ripa de madeira, presa aos mourões (altura de 1,2 m do solo), e um fio de arame farpado logo abaixo para impedir a entrada das vacas. Esse arame é disposto inicialmente a 90 cm de altura e depois vai sendo transferido para cima, conforme os bezerros vão crescendo. Cada produtor pode definir o modelo mais adequado às condições de sua fazenda. Para garantir maior vida útil à instalação, Cavalcanti recomenda o uso de barras metálicas galvanizadas, que custam R$ 9 cada, ante R$ 15 dos mourões de eucalipto. “Bonitas e resistentes, elas exigem menos manutenção”, diz o produtor. n Acesse o vídeo desta matéria via QR Code
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Cochos criativos Tem espaço para tudo: desde modelos feitos de esteira de borracha até equipamentos automatizados para “nutrição de precisão”. montagem fica facilitada e a limpeza, mais ágil. Como não há divisórias, basta passar uma vassoura para deixá-los limpos”, diz Paulo Eugênio de Carvalho, técnico do Rehagro, consultoria de Belo Horizonte (MG), que dá assistência tanto à Cedros quanto à fazenda contígua, Retiro Norte, também pertencente a Beatriz. Segundo o consultor, os cochos de borracha foram montados nas duas propriedades, que, juntas, têm 2.400 ha de pastagens. Nessa área, são mantidas 200 vacas e cerca de 3.000 animais de corte, recriados em pastos rotacionados e terminados em semiconfinamento.
Cocho feito de esteira de borracha, originalmente usada para transportar minério.
Denis Cardoso
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ão existe um cocho que seja ideal para todas as fazendas de gado de corte. Qualquer modelo, seja para fornecimento de sal mineral, proteinado ou ração, possui vantagens e desvantagens. O mais importante é que seja adequado ao projeto da fazenda e tenha estrutura compatível com a categoria animal à qual vai servir. Seguindo essas premissas, muitos produtores têm usado de criatividade para montar cochos baratos, porém funcionais, reduzindo custos com mão de obra e ganhando agilidade e flexibilidade no trato. A pecuarista Beatriz Kara José, por exemplo, proprietária da Fazenda Cedros, em Juara, MT, há quatro anos trabalha com “comedouros” feitos de esteiras de borracha, originalmente usadas para carregar minério até caminhões, navios e trens. Adquirido em um depósito de uma empresa de Minas Gerais, o material tem como principais vantagens a durabilidade e a resistência. As esteiras são compradas em peças longas, com 40 m de comprimento cada, o que possibilita construir cochos sem emendas. “A
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Funcionalidade Normalmente, um borrachão de 40 m de comprimento poderia atender até 100 cabeças, respeitando-se um espaço de 40 cm lineares por animal, mas Beatriz trabalha com lotes menores, de 50 a 60 bovinos. As fazendas Cedros e Retiro Norte têm 20 comedouros desse tipo. Como não são cobertos, eles foram construídos com uma pequena inclinação, para evitar acúmulo de água das chuvas. A maioria atende o semiconfinamento, que tem capacidade estática para 1.100 bois. Normalmente, são despejados13 kg de ração para cada 40 cm lineares de cocho. “Por se tratar de semiconfinamento, não usamos, nessas fazendas, a capacidade total dos comedouros, que, se necessário, poderiam receber até 50% mais de ração, ou seja, 26 kg de suplemento para cada 40 cm de cocho”, calcula o consultor. As peças de borracha custam R$ 45 o metro. São gastos mais R$ 40 com mão de obra e outros materiais para transformá-las em comedouros, totalizando R$ 85 por metro linear construído. Por ser um “borrachão” altamente resistente, Carvalho lhe atribui durabilidade praticamente infinita, porém, os cochos demandam outros materiais (arame e madeira), mais suscetíveis ao apodrecimento em função do excesso de umidade da região, por isso ele estima que a estrutura dure de 8 a 10 anos. A única desvantagem do modelo é ser fixo. Em caso de acúmulo excessivo de lama à sua volta, situação bastante corriqueira em fazendas do Mato Grosso, ele não pode ser transferido. É preciso fazer manutenção regular do terreno em volta, como nos demais cochos estacionários encontrados nas fazendas.
“Para proteger os cascos dos bois e, principalmente, evitar uma eventual redução no consumo de ração pela dificuldade de acesso ao comedouro, os funcionários responsáveis pelo trato precisam recompor o aterro dessas áreas castigadas pela chuva com terra e cascalho fino, sempre que necessário”, esclarece. A fazenda ainda utiliza outro modelo de cocho, feito com bombonas e munido de cobertura, para fornecimento de proteinado. “Como esse tipo de suplemento é consumido mais lentamente, precisa ser protegido das intempéries, para evitar perdas”, explica o consultor do Rehagro.
Cocho de bombona com cobertura para fornecimento de proteinado.
Nutrição de precisão Enquanto os produtores seguem inventando, a indústria também se mobiliza para atender às demandas de sistemas mais tecnificados. Um dos lançamentos mais recentes é o SmartFeeder, que, segundo seu idealizador, Rogério Marchiori Coan, diretor da Coan Consultoria, de Jaboticabal, SP, opera a partir de um conceito novo no Brasil: a nutrição de precisão. “Queríamos um equipamento que permitisse controlar automaticamente os tratos e o consumo dos animais, garantindo fornecimento preci1
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PUBLIQUE
An_Meia_Pg_Leilão_Touros_Terra_Boa - Nelore.pdf
so da quantidade certa de ração, na hora certa”, explica. Para colocar a ideia em prática, o consultor se associou ao empresário Paulo César dos Santos, proprietário da AMP Desenho Industrial, de Araraquara, SP, empresa responsável pelo desenvolvimento do projeto. Com o protótipo testado e aprovado, os dois fecharam um acordo com a
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À esq., tratador móvel daTryber. À dir., cocho de precisão desenvolvido pela Coan em parceria com a AMP desenho industrial.
empresa Cirelli, de Descalvado, SP, para fabricação do equipamento em larga escala. “O SmartFeeder nasceu da necessidade de se gerenciar melhor os processos de suplementação, eliminando gargalos como a falta de mão de obra qualificada”, destaca Coan. Os demais cochos eletrônicos do mercado não se encaixam no conceito de “nutrição de precisão”, garante seu sócio, Paulo César dos Santos. Alguns foram desenvolvidos para fins de pesquisa (seleção de animais com maior aptidão para conversão alimentar), por isso fornecem ração somente uma vez e monitoram o consumo diário individualmente, por meio de dispositivos eletrônicos. Outros funcionam de maneira contínua, ou seja, à medida que o boi vai comendo, liberam mais ração. Segundo Coan, apenas o SmartFeeder permite controlar o consumo em períodos predeterminados (diferentes tratos), o que é de grande valia, principalmente em semiconfinamentos, onde a ração complementa a pastagem. “Com ajuda desse equipamento, os bois recebem ração na hora certa, isto é, fora dos horários de pico de consumo de capim, que normalmente coincidem com os períodos de temperatura mais amena (pela manhã e no fim da tarde).” O SmartFeeder tem 4 m de cocho de cada lado, totalizando 8 m lineares. Se o produtor fornecer ração concentrada, pode tratar 40 animais adultos por 18 a 20 dias sem reabastecimento, pois possui um reservatório para estoque. No caso de proteinado, o modelo tem autonomia para atender de 110 a 120 animais, por 50 a 55 dias. Isso significa menor demanda de máquinas (tratores e misturadores), mão de obra, combustível e outros itens operacionais. “Muitos confinamentos fornecem alimentos aos seus animais a cada três/quatro dias; com o SmartFeeder poderiam fazer a operação a cada 18 a 20 dias”, compara Santos. Além disso, o cocho é móvel; pode ser transferido de um pasto para outro com facilidade e não necessita de energia elétrica. É acionado com ajuda de uma bateria de 24 volts (energia fotovoltaica, renovável). Sua desvantagem é o custo mais alto, por se tratar de um produto inovador, de última geração tecnológica. Segundo seus idealizadores, 94 DBO maio 2018
o valor de aquisição pode variar conforme o sistema de engorda e a necessidade de investimento do pecuarista. Outra novidade no mercado é o “tratador de animais móvel” fabricado pela empresa Tryber Tecnologia, que possui duas unidades, uma em Independência, RS, e outra em Indaiatuba, SP. Lançado em setembro de 2017, este comedouro de estrutura metálica, feito de aço galvanizado a quente e disponível em diferentes versões, pode ser transportado com trator ou caminhão. “É um equipamento versátil”, ressalta Daniel Zacher, sócio-fundador da empresa. Os cochos possuem pneus de alta flutuação, o que evita a compactação do solo. Como pode ser transferido para outro lugar, também acaba proporcionando a redução de pisoteio dos animais em uma única área. “Sua mobilidade no piquete facilita a rotação do pastoreio, reduzindo o acúmulo de barro na época das chuvas”, complementa Zacher. Além disso, o equipamento permite que a área tenha diferentes usos ao longo do ano, sendo ideal para fazendas que trabalham com sistemas de integração lavoura-pecuária. Outro grande diferencial é o sistema de abastecimento automático, por gravidade, ou seja, o suplemento é oferecido aos animais conforme a demanda, evitando, assim, que ele se deteriore pelo contato com a saliva do boi. Como tem depósito de comida, protegido da chuva e do calor excessivo por uma cobertura superior, o novo cocho reduz consideravelmente a necessidade de mão de obra na fazenda e otimiza o trabalho dos funcionários. “O abastecimento é realizado uma vez a cada três semanas”, informa Zacher. O equipamento custa entre R$ 20.000 e R$ 45.000. Como é modular, pode ser adaptado às necessidades da fazenda. A empresa tem vendido modelos com 10 m lineares de cocho e reservatório para 4 toneladas de ração), que podem atender até 150 UAs (unidades animais), e modelos com 20 m lineares de cocho e capacidade para 8 t de suplementos, que alimentam até 300 UAs. “O tratador também se adapta à dieta de grão inteiro”, enfatiza Zacher. n
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Pecuária firma presença na Agrishow Várias empresas prepararam lançamentos com tencologia de última geração.
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uem vai à Agrishow – uma das três maiores feiras agrícolas do mundo – pensa que lá encontrará somente soluções para a lavoura, mas nos últimos anos essa mostra tem dado atenção especial à pecuária, que já é representada por dezenas de fabricantes de equipamentos e máquinas específicos para o setor. “Embora não fa-
çamos um balanço, posso afirmar que tem havido forte presença de pecuaristas de corte na exposição. Eles buscam não apenas tecnologias para seu negócio, mas também procuram acompanhar lançamentos do setor agrícola, pois precisam reformar pastagens, produzir feno e fazer integração lavoura-pecuária-floresta”, afirma Francisco
Distribuidores e misturadores A Casale, empresa com sede em São Paulo, compareceu à feira com sua linha completa de misturadores, dentre eles o Feeder 20 SC/MG 0395, recomendado para quando se realizam operações de suplementação de animais a pasto, e o misturador Rotormix DJI/ 0079 (foto), com capacidades que vão de 25 a 27 m3, indicado para uso em confinamento de animais de corte. Há 25 anos a Casale comparece ao evento, pois seu presidente foi um dos fundadores da mostra. Em seu estande também estiveram expostos colhedoras de forragem, distribuidores de ração e de esterco.
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Matturro, presidente da feira. Empresas de insumos, máquinas e equipamentos para a pecuária têm se preparado para a feira e organizado instalações, como o “Caminho do Boi”, em 2017, que apresentou aos visitantes as tecnologias destinadas à criação de gado. Neste ano, uma das novidades é uma área-modelo, de 44 ha, contígua à feira, onde foi montado um sistema de ILP, projeto conjunto da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, Embrapa e Agrishow. Matturro espera receber, neste ano, um público de 170.000 visitantes, 7% a mais do que em 2017. O montante de negócios pode atingir R$ 2,3 bilhões, ou até mais, com crescimento de 5% a 8%. A pecuária de corte, avalia o presidente da feira, deve acompanhar esta faixa de crescimento, estimulada por um maior consumo interno de proteína vermelha. Em função da participação crescente da pecuária na mostra, incorporamos ao Especial de Instalações 2018, uma breve cobertura dos lançamentos e outras novidades apresentadas na Agrishow 2018 pelas empresas do setor pecuário.
Brinco com aplicador Ocupando uma área maior na exposição deste ano, a Fockink, do Rio Grande do Sul, trouxe uma série de novidades em diferentes áreas como um sistema para aeração de grãos armazenados que pode proporcionar 80% de economia em energia elétrica e novos suportes para paineis de células fotovoltaicas que resistem a ventos de até 170 km/h. Também foram apresentadas inovações na área de irrigação, tanto para lavouras quanto pastagens. Na pecuária, o destaque foi o lançamento de um identificador eletrônico para animais com limitador de aplicação. O brinco é reaproveitável, o que permite diluir seu custo por três ou quatro animais. Outro benefício está no limitador de aplicação, que promove uma operação mais rápida, com menos estress, redução no índice de perda e um correto espaçamento entre macho e fêmea do brinco, que facilita a aeração do local e a rápida cicatrização.
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ESPECIAL Instalações e Equipamentos
Eficaz na mistura e na distribuição O lançamento da Siltomac na Agrishow deste ano foi uma misturadora de ração total modelo S15.8R . A empresa também expôs vagões forrageiros, esparramadores de fertilizantes, colhedoras de forragem, dentre outros equipamentos. O sistema da nova misturadora, chamado de “eliptical sense”, garante a homogeneização da ração por meio de dois rotores que não permitem acúmulo de ração no compartimento de carga. O fornecimen-
to de ralação aos animais se dá por meio de bica direcionadora e comporta hidráulica. A fabricante aponta como diferencial do produto a rapidez e eficiência no processo de mistura e distribuição.Também foi apresentada a versão 2018 da misturadora vertical modelo VA10 (foto), agora equipada com rosca (helicoide) tridimensional, na qual os ângulos de convergência da hélice conferem maior torque (arrancarda) e rotação no sistema de mistura. Seu design também foi modernizado.
Tronco mais seguro A empresa paranaense Romancini lança o tronco S1502P (foto) que traz facilidade de manejo e melhor contenção, pois foi dotado de uma segunda pescoceira que mantém os animais mais seguros. A empresa destaca em seus projetos o respeito às normas de segurança do trabalho e a adoção de movimentos com menor desgaste do funcionário.
Pesagem em movimento Novidades Matsuda
Presente desde o primeiro Agrishow, a Coimma, de São Paulo, realizou o lançamento comercial de sua balança de passagem BalPass, cujo conceito foi inicialmente divulgado na Agrishow 2017. Este modelo é instalado no pasto, em locais de passagem como corredores de acesso a água, quando o animal é identificado eletronicamente e tem seu peso registrado e transmitido por onda de rádio.
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O Grupo Matsuda, com sede em São Paulo, trouxe para a exposição sua linha de produtos para nutrição animal, sementes para pastagens e silagens, equipamentos e rações. Embora não tenha realizado lançamento no evento, fez questão de adiantar que, em breve, apresentará uma nova linha de produtos para gado de corte, além do Programa Desempenho Máximo Pecuária de Corte. As novas formulações são proteinados para o período seco do ano, destinados a vacas e novilhas a pasto; um mineral para animais durante a fase de reprodução e, pensando nos bezerros, uma linha para esta categoria que enfrenta alto desafio ambiental. Outra novidade será uma linha de núcleos para confinamento e semiconfinamento. Já o Programa de Desempenho Máximo é um aplicativo que ajudará o vendedor a orientar e oferecer produtos mais adequados a cada situação, a partir de dados da propriedade.
Esteve na Feira
Abastecimento automatizado Participando da Agrishow há mais de 15 anos, a fabricante de equipamentos CASP, localizada em São Paulo, apresentou sua linha de produtos para automatizar o fornecimento de ração. O exemplo sugerido pela empresa é integrado por um silo com ração associado ao distribuidor automático Siloflex, que leva a alimentação até os dosadores Dosimaxi, que abastecem os cochos. Sistemas similares são úteis em confinamentos. Com tecnologia totalmente brasileira, a empresa também oferece para a pecuária exaustores e ventiladores para galpões visando a climatização do ambiente em caso de necessidade. Também compareceram Campestre - Apresentou arames com três vezes mais zinco que os normais, desntinados à montagem de cercas para contenção de animais de médio e grande porte. Superfix - Lançou um grampo especial, o maior para cerca disponível no mercado e o único com farpas, galvanizado para uma maior durabilidade e retardo do enferrujamento. Bouwman Teconologia - Representante de fabricantes estrangeiros, a Bouwman Tecnologia, do Paraná , apresentou equipamentos para produção de silagem, fenação, tratamento de dejetos e vagões misturadores. Um dos destaques do estande foi a forrageira Big-X 700, produzida na Alemanha pela Krone, dotada de “autoscan” para detecção automática da maturação da cultura e ajuste do tamanho do corte. Seu processador de grãos tem 250 mm de diâmetro e possibilita um condicionamento dos grãos mesmo em partículas longas. Da Holanda, com a marca Trioliet, estava o vagão misturador Truckmount, montado sobre um chassi de caminhão e com duas roscas misturadoras verticais, que garantem uma melhor mistura, além de ser dotada de sistema de acionamento hidrostático. Com capacidade disponível para 20 a 32 m3 , possui diferentes opções para descarga.
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ESPECIAL Instalações e Equipamentos
Parede móvel e pescoceiras
Enfardadeiras para várias necessidades
Do Paraná, a Troncos Progresso apresentou no evento seu novo produto, o tronco americano modelo Master (foto). É totalmente construído em aço e nylon polietileno, dotado de duas pescoceiras e parede móvel. Outros equipamentos apresentados foram diferentes tipos de balanças, cochos, bebedouros e troncos, incluindo os tipos padrão e americano.
Balança conectada a chip Em uma parceria entre a Valfran, empresa de balanças, e a Allflex, produtora de brincos para identificação animal, foi criada uma facilidade para o pecuarista, apresentada na mostra. Através da balança eletrônica VF Plus, os animais são pesados e identificados por bastão, com o resultado obtido sendo registrado e associado àquele animal.
Maior velocidade com precisão Dentre outros produtos, foi através da linha MGR 4000 que a Toledo Balanças, de São Paulo, participou da mostra deste ano. Nestes equipamentos, segundo informa, foi acoplada tecnologia que possibilita maior precisão na pesagem, velocidade e com emissão de relatório no curral. Podem ser deslocadas de um local a outro, são dotadas de barras de aço inox, cabos reforçados e proteção contra tração. A sua versão econômica, a balança MGR Campo, preserva as principais características da linha – versatilidade, praticidade e facilidade de operação –, além de permitir programação. Possui visor com bateria onde aparecem a quantidade de animais, o peso total e o peso médio. A Toledo também expôs o modelo MGR Júnior, que possui bateria interna e tela com o resumo da pesagem de cada lote apartado.
Complementando sua linha de equipamentos destinados à alimentação animal, a Ipacol, sediada no Rio Grande do Sul, lançou um conjunto de enfardadeiras italianas da marca Maschio que atende a diferentes portes de pecuaristas. O modelo Entry120 , o de menor capacidade, é para tratores de até 50 HP e é utilizado para enfardar pastos de palha curta e seca nas dimensões 1,20 x 1,20 m. Já os modelos de maior capacidade, o Extreme 265 HTC e 265 HTU, são dotados de câmara e geometria variáveis, o que permite alterar a pressão sobre o fardo em função do produto e do grau de umidade. Ideal para recolher produtos nobres e mais delicados, é para uso com tratores até 85 HP, no caso do modelo HTC,e tratores até 95 HP, para modelo HTU. São utilizadas para enfardar pastos de palha seca e verde, nas dimensões de 1,20 m e diâmetro a partir de 0,50 m até 1,65 m.
Dinâmica para cercas
Trator para os trópicos A Série H de tratores, produzida especialmente para países de clima tropical, ganhou um novo modelo, o H 145 de 145 CV. Com isso, se dá por finalizada a parceria que envolveu a engenharia nacional e a empresa coreana LS Tractor, situada em Santa Catarina. Esta série veio para atender a um segmento de mercado que exige máquinas de maior potência, onde o produtor dispõe de uma boa área e quer, por exemplo, plantar milho/sorgo para silagem. O novo H145 puxa uma plantadeira de até 14 linhas, mas também traciona carretas para sal, distribuidor de adubo, dentre outras atividades da pecuária.
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Diferentes tipos de cerca, dentre elas algumas novidades, foram expostas pela Belgo Bekaert, de São Paulo. Ela foi uma das empresas a realizar dinâmicas no evento; no caso sobre construção de cercas.
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FÊMEAS MULTIQUALIFICADAS com as principais características econômicas que o mercado deseja.
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10 DE JUNHO 2018
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Seleção
Projeto se estabelece como fábrica de reprodutores, com presença em 17 Estados da Federação.
Touros do Nortão para o País A Fazenda Terra Grande, no extremo oeste do Tocantins, quer entregar 1.500 reprodutores por ano até 2021
R
‘Meu principal concorrente é o boi de boiada” André Curado, titular do Grupo Terra Grande
Carolina rodrigues
econhecida pela venda de touros Nelore de qualidade no “Nortão” do País, a Fazenda Terra Grande, que já trabalha há pelo menos quatro décadas com a raça, começou com uma história despretensiosa. A ideia inicial era atender, de forma muito particular, apenas às demandas internas de um projeto baseado em ciclo completo, no município de Bernardo Saião, extremo oeste do Tocantins. No ano passado, porém, ela entrou para o “hall da fama” dos produtores de touros ao negociar 983 deles para 17 Estados, atrás somente do Grupo Grendene, que vende tradicionalmente acima de 1.000 touros por safra no Mato Grosso. “Não estamos aqui disputando o topo no ranking da venda de touros”, ameniza André Curado, coordenador da propriedade. “Queremos apenas tornar viável nosso negócio e sabemos que existe uma janela aberta para quem produz genética, que é o déficit de touros avaliados frente a um plantel de 74 milhões de matrizes ativas no País.” Ele acrescenta que seus concorrentes não são os outros vendedores de genética melhoradora. “Meu grande concorrente é o boi de boiada, aquele que está cobrindo todas es-
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sas fêmeas”. Baseada nessa premissa, a Fazenda Terra Grande passou a direcionar a produção genética para um ambicioso objetivo: ofertar 1.500 touros por ano até 2021, levando sua marca para 100% do território brasileiro. “Toda nossa história impôs esse desafio. Estamos nos estruturando para cumpri-lo”. O grupo iniciou a venda de reprodutores ainda em 2002, de forma muito tímida, quatro anos após aderir ao Programa de Melhoramento Genético Geneplus, da Embrapa Gado de Corte, em 1998. Primeiro, se estabeleceu no mercado do Nortão, com forte atuação no Tocantins, no Pará e no Maranhão e com algumas vendas pontuais para Mato Grosso e Bahia. Em 2010, com um calendário robusto de leilões, ampliou sua marca, até que, em 2013, realizou oito remates boa parte deles com transmissão pela TV para garantir maior visibilidade e abertura de mercado para o restante do País. Atualmente, são quatro promoções próprias por ano, sendo três para venda de touros (com oferta que varia de 300 a 500 reprodutores por remate), mais um virtual de fêmeas, que vão à venda com o aval de dois programas de melhoramento. A fazenda também é associada ao Nelore Brasil, da ANCP (Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores), que, junto com o Geneplus, ajuda a traçar um perfil do rebanho e seu posicionamento na média nacional, além de auxiliar nas avaliações intra-rebanho e na otimização dos acasalamentos desenhados pelo professor José Aurélio Garcia Bergmann, da Universidade Federal de Minas Gerais (MG) desde 2008, que tem como objetivo corrigir possíveis deficiências de rebanho criados a pasto, extensivamente. Tudo, segundo Curado, segue um planejamento estratégico, a começar pela qualidade do touro produzido. Um dos focos do trabalho de seleção da Terra Grande é oferecer ao mercado animais que imprimam ganho de peso, precocidade e fertilidade sexual, além de boa habilidade materna, características que permitiram aprimorar o potencial genéti-
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Seleção
Eficiência reprodutiva baseia-se no desafio de fêmeas aos 16 meses e na gestão da IATF aplicada nos últimos três anos
co e produtivo do rebanho. Nos últimos dez anos, o peso médio à desmama e ao sobreano na propriedade aumentaram cerca de 30 kg. Resultados expressivos também foram observados em relação à idade ao primeiro parto, que reduziu, em média, de 40 para os 27 meses, “resultando no intervalo entre partos de 11,6 meses”, aponta Curado, sem esquecer os ganhos em perímetro escrotal, características que se complementam para maior eficiência reprodutiva. “Existe uma correlação entre o perímetro escrotal dos touros jovens e a idade para a puberdade de suas meias-irmãs. Temos comprovado isso na prática”. A média de CE ao sobreano evoluiu de 23,98 para 25,31 cm no período. Pacote de informações Além da escolha criteriosa dos touros de repasse,
observa-se o desempenho dos animais ao nascimento, aos 120 dias, à desmama, ano e sobreano _ fase de vida do animal em que também são obtidas as avaliações de carcaça. Nos acasalamentos, o critério primordial é que o produto a ser gerado tenha avaliação genética positiva (com índice TOP menor que 50%), além de uma régua de DEP (Diferença Esperada na Progênie) sem grandes oscilações, ou seja, sem características altamente positivas ou negativas no mesmo indivíduo. O objetivo é aliar o perfil fenotípico e genotípico para direcionar os acasalamentos de cada safra, de maneira a corrigir as deficiências de algumas matrizes, visando à correção ou ao “ajuste” de fatores essenciais à produção do Nelore Terra Grande. Ponto de atenção, segundo Curado, são os índices de espessura de gordura e a área de olho de lombo (AOL) do rebanho, características que vêm sendo aprimoradas desde 2014 com o uso da ultrassonografia de carcaça em 100% dos animais nascidos na propriedade. “Tínhamos uma lacuna ali, que na verdade reflete a realidade de muitos projetos, já que, até quatro, cinco anos atrás, pouco se falava nesse tipo de avaliação no País. Utilizávamos as DEPs de pedigree para estimar a evolução do rebanho e mensurações visuais, mas, quando fizemos uma estimativa real, vimos que éramos negativos para gordura, por exemplo, fato que começamos a corrigir nas últimas safras.” De 2014 para 2017, o plantel obteve ganho estimado de 2 milímetros (mm) na espessura de gordura, com evolução relevante na AOL de 55,78 centímetros quadrados (cm²) para a média de 58,53 cm², valores que devem melhorar ainda
Combo reprodutivo ‘encorpa’ os índices O fato de seguir à risca um planejamento detalhado a cada safra para alcançar o objetivo final de produzir 1.500 animais/ano deu margem para que o grupo Terra Grande iniciasse o que alguns garantem ser a chave do sucesso de um sistema de seleção: o melhoramento genético alinhado às boas estratégias de reprodução. Desde 2016, a fazenda adota um pacote de gestão de IATF desenvolvido pela empresa Cria Fértil, de Goiânia, GO, com o objetivo de encurtar a estação de monta de 90 para 75 dias, aumentando ainda mais a eficiência do manejo reprodutivo. O protocolo de IATF é aplicado em 100% do rebanho (cerca de 4.500 matrizes) e já demostrou incremento na taxa de prenhez, mesmo em curto período de tempo. Subiu de 70% para 84% somen-
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te na última estação, com ganhos diretos na identificação de animais férteis e precoces: 40% do total das 4.234 vacas inseminadas eram primíparas e novilhas. Consultor em gado de corte da Cria Fértil, o médico veterinário Ricardo César Passos garante que os resultados se devem a um combo estratégico de gestão que inclui manejo nutricional, treinamento e reciclagem da equipe, além, obviamente, do avanço dos índices de prenhez por IATF e ajuste das parições, que vem dando certo. A expectativa é que, na próxima estação, 74% dos nascimentos devam acontecer entre setembro e outubro - primeiros 60 dias de monta. Essa precisão de dados, segundo Passos, tem sido possível com o monitoramento da ciclicidade lote a lote para identificar quais novilhas estão sincro-
nizando bem e, desta forma, obter uma estimativa “real” do índice de prenhez no dia da inseminação artificial em tempo fixo (IATF). Dados da fazenda demonstram que fêmeas que entram em cio têm apresentado a probabilidade de 65% de prenhez, em média. “Notamos um bom incremento no volume de fêmeas parindo mais cedo, fator que passamos a correlacionar com o desempenho dos bezerros, que, por nascerem antes que os demais, vêm demonstrado bom desenvolvimento nas aferições de rotina”. A média de peso à desmama gira em torno de 240 kg, com peso médio de 360 kg/bezerro ao sobreano, benefícios que se estendem também à fertilidade dos reprodutores, que, por nascerem antes, tendem também a entrar em puberdade antecipadamente.
Seleção mais na avaliação deste ano. “Seleção é equilíbrio. Precisamos melhorar as deficiências, sem perder características fundamentais já fixadas, como bom ganho de peso, precocidade e alta fertilidade.”
“Contas na ponta do lápis e planejamento têm ajudado a abir o mercado País afora” Antônio Lemes, gerente comercial da Terra Grande
Precocidade na medida Para o zootecnista Antônio Lemes, gerente comercial do grupo, todos os critérios acima demonstram a conexão da Terra Grande com a produção do Nelore exigido pelo atual mercado. “Nesta safra, por exemplo, esperamos que 75% das matrizes emprenhem aos 16 meses, um degrau abaixo dos projetos de ‘superprecoces’, mas, ainda assim, um excelente resultado para nossas condições de manejo”, diz Lemes. A evolução nos índices de prenhez reforça a declaração do zootecnista: em 2004, ano do primeiro desafio com novilhas desta era, a taxa foi de apenas 10%. “Conseguimos reduzir a geração em 8 meses e isso para nós é um grande avanço, principalmente quando observamos as contas da fazenda, que é o que realmente interessa.” Nos últimos anos, a fazenda obteve incremento de 23% na rentabilidade, ao antecipar a idade das fêmeas em monta de 24 para 16 meses, diferente, no entanto, do observado nas safras 2015/2016, quando foram in-
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corporadas novilhas de 14 meses na estação de monta em um projeto-piloto que não vingou. Mesmo com taxa de concepção em torno de 52%, resultado favorável para o primeiro ano de desafio, as contas não fecharam como esperado para assegurar a continuidade do projeto e o investimento nas superprecoces. “Na ponta do lápis, percebemos que essas novilhas geravam custos três vezes maiores do que uma vaca em estação reprodutiva. Para nós esta não foi a melhor opção, por exigir tratos e manejos muito diferenciados.” Para Lemes, embora a pecuária caminhe cada vez mais para a redução no intervalo de gerações, fator preponderante para o progresso genético e maior retorno econômico da atividade, não se mexe em time que está ganhando. “Temos conseguido manter o equilíbrio financeiro e abrir mercado País afora. Isso nos dá subsídio para planejar melhor o futuro e atingir a marca de 1.500 touros em breve”. Na safra 2018/2019, por exemplo, serão produzidas cerca de 280 prenhezes de FIV (fertilização in vitro) na estação de primavera, além de 1.300 na estação padrão. Daí devem nascer 200 touros nascidos de novilhas precoces, mais 710 touros tirados do grupo de matrizes. Atualmente, o índice de recompra gira em torno de 50%, com média de 4 touros por cliente/ano, dando suporte para o planejamento estratégico. n
Raças Angus
Circuito Touro começou este ano por Tapes, RS
Registro é garantia de rebanho genuíno
O Circuito Touro Angus Registrado, promovido pela Associação Brasileira de Angus (ABA), começou este ano pelo município gaúcho de Tapes, no dia 21 de abril, na sede do Sindicato Rural. A iniciativa tem por objetivo levar informações aos pecuaristas de várias partes do País sobre a impor-
tância de usar touros Angus com registro, a fim de elevar o nível genético dos rebanhos, “além de instruir sobre o controle eficiente e seguro do carrapato nas propriedades”, informou a associação. Conforme o gerente de Fomento da Angus, o médico veterinário Mateus Pivato, “este ano a gente vai rodar bastante”, referindo-se à abrangência do roteiro em 2018. Para o vice-presidente financeiro da associação, João Francisco Wolf, no caso de Tapes, existe boa demanda por touros , mas a questão da certificação, ou seja, do uso de animais registrados como reprodutores, ainda não é valorizada. “O registro é a certeza de que o reprodutor dará origem a um rebanho genuinamente Angus, produzindo descendentes que exprimam tudo aquilo que o investidor e o mercado desejam desse animal”, ressaltou o executivo.
Circuito Boi Verde terá dez etapas em 2018 O Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaças terá duas etapas a mais este ano (em Araguaína, TO, e Nanuque, MG), em relação a 2017. Com promoção da Associação de Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), em parceria com os frigoríficos Frisa, JBS e Marfrig, o circuito procura valorizar a produção de carne de qualidade superior. A expectativa da ACNB é de crescimento de 10% no número de pecuaristas (em 2017, participaram 6.015). A primeira etapa será realizada de 6 a 7 de junho, em Araguaína, TO, com abates no frigorífico JBS. A segunda, de 30 a 31 de
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agosto em Colatina, ES (no Frisa). A terceira, de 4 a 5 de setembro em Tangará da Serra, MT (no Marfrig). A quarta, de 2 a 3 de outubro em Nova Andradina, MS (no JBS). A quinta, de 4 a 5 de outubro, em Bataguassu, MS (no Marfrig). A sexta, de 9 a 10 de outubro em Mineiros, GO (Marfrig). A sétima, de 25 a 26 de outubro em Nanuque, MG (Frisa). A oitava, de 29 a 30 de outubro em Naviraí, MS (JBS). A nona, de 5 a 6 de novembro em Vilhena, RO (JBS). A última etapa será de 12 a 13 de novembro em Nova Xavantina, MT (Marfrig). Informações em www.nelore.org.br.
Devon
Abril registra maior contratação de touros
A parceria entre o Programa Ruby Beef e a Crio Central Genética Bovina resultou na maior contratação de touros Devon com potencial para a coleta de sêmen da história da raça, neste último mês de abril. Foram seis reprodutores das cabanhas Santa Alice, de Santa Maria, RS, e Saudade, de São Gabriel, RS, fornecedoras exclusivas de genética para o programa de carne de qualidade criado há um ano para fornecer cortes diferenciados a partir de animais da raça, destinados a restaurantes e casa de carnes em três municípios gaúchos, entre eles a capital, Porto Alegre. O programa consiste na produção e abate de novilhos Devon criados a pasto e suas cruzas, com rastreabilidade do pasto à mesa do consumidor, por meio da identificação via QR code. Os abates seguem escala semanal no Frigorífico Campeiro, em Rosário do Sul, RS, detentor do selo Sisbi de inspeção federal. A contratação histórica deve contribuir com o acesso, ainda restrito, ao sêmen de qualidade de touros Devon, raça de atuação restrita nas centrais de inseminação. A novidade foi tema do dia de campo da Santa Alice no início do mês, com apresentações dos reprodutores contratados na sede da Crio, que reuniu cerca de 30 convidados em Cachoeira do Sul, RS.
Artigo
Nutrição
Confinamento sem volumoso: é seguro? Rogério Marchiori Coan é zootecnista, doutor em produção animal e diretor da Coan Consultoria
Washington Mesquita é zootecnista, da Intensiva Consultoria e Planejamento Pecuário, de Goiânia, GO
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os últimos anos, tem aumentado o interesse dos pecuaristas pelo uso de grãos inteiros e coprodutos nas dietas de bovinos confinados no Brasil. Esse interesse decorre do crescimento da safra nacional de milho e do custo elevado da energia contida em forragens conservadas, como o feno e as silagens. Em muitos Estados, como Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, tem crescido o emprego de dietas sem volumoso, que utilizam coprodutos como fonte de fibra não forragem (FFNF), dentre eles a casca de soja; torta, farelo, capulho e caroço de algodão; farelo de arroz e níveis médios de milho em grão. Na região Sudeste do País, por exemplo, alguns confinamentos têm formulado dietas com 20% a 50% de farelo proteinoso de milho e com pouca ou nenhuma fonte de volumoso. A utilização deste “tipo” de dieta tem sido justificada principalmente por sua praticidade. Ela exige menos operações nos confinamentos, não demanda áreas para produção de silagem e é mais fácil de manusear e distribuir, fatores que têm estimulado seu emprego crescente em projetos de pequeno, médio e grande portes, nessas regiões do País. Fica, contudo, uma dúvida na cabeça dos produtores: essas dietas são seguras e eficientes? A resposta é sim, desde que elas sejam adequadamente formuladas para atender as exigências nutricionais dos animais, fornecidas de maneira tecnicamente correta (bom manejo de cocho) e enriquecidas com aditivos promotores de eficiência alimentar, que vão minimizar os riscos de problemas metabólicos, como mostraremos a seguir. Função da fibra É importante ressaltar que os volumosos são incluídos nas dietas de confinamento por dois motivos principais: 1º) Eles ajudam a garantir um ambiente ruminal saudável, minimizando os riscos de ocorrência de acidose ruminal; 2º) Eles estimulam a ingestão de matéria seca (MS) e, consequentemente, de energia. A acidose é o principal distúrbio nutricional em bovinos tratados com dietas contendo alto teor de concentrado, sendo a maior preocupação dos nutricionistas em todo o mundo. O diagnóstico clínico da acidose é dado quando o pH sanguíneo cai abaixo de 7,35, porém, o sistema nervoso central do animal tem suas funções prejudicadas quando a concentração sanguínea de bicarbonato está baixa, mesmo que o
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Animais da Fazenda Porto Alegre, em Mundo Novo, em GO: bons ganhos com ração sem volumoso.
pH sanguíneo não tenha caído. Outros sinais clínicos de acidose em bovinos confinados são a queda no pH ruminal, anorexia, consumo variável de matéria seca, diarreia e letargia. Para minimizar a ocorrência dessa patologia, a estratégia mais utilizada pelos nutricionistas é justamente a inclusão na dieta de fontes de fibra em detergente neutro (FDN) provenientes de forragem. Esse tipo de ingrediente eleva o tempo de mastigação e de ruminação. Maior tempo de mastigação ou ruminação estimula a produção de saliva, que, por meio de seus agentes tamponantes, neutraliza os ácidos provenientes da fermentação de carboidratos não fibrosos no rúmen. O balanço entre a produção de ácidos no rúmen e a secreção de tamponantes salivares é o principal fator determinante do pH ruminal. A atividade de mastigação ou ruminação é afetada não apenas pelo teor de FDN da dieta, mas também pelas características da fibra (se é proveniente de alimentos volumosos ou de coprodutos), e pelo tamanho de partícula desses ingredientes. A fibra, portanto, exerce papel extremamente importante na alimentação animal. Quanta fibra usar? No caso de bovinos de corte confinados, ainda não se sabe ao certo como o teor de FDN de fontes volumosas e o teor total de FDN da dieta influem no tempo de mastigação ou ruminação, na produção de saliva e, finalmente, no pH ruminal. A absorção dos
Critério balizador No que se refere à resposta quadrática em consumo de MS conforme se aumentou o teor de volumoso na dieta dos zebuínos, indentificada no levantamento de Flávio Portela, isso pode estar relacionado à fonte usada ou a limitações na ingestão de energia desses animais, sendo difícil de precisar a razão desse comportamento, em virtude do banco de dados ainda limitado. Apesar da diferença no padrão das curvas de consumo e ganho de peso diário, também para animais zebuínos, o teor de fibra proveniente de for-
Fig 1 - Ganho de peso em função do teor de FDN de forragem em dietas ricas em grãos (resultado de vários trabalhos nacionais) 1,60 1,55
GPD (Kg)
1,50 1,45 1,40 1,35 1,30 0
5
10
15
20
25
FDN de forragem (%) Fonte: Santos (2014)
Fig 2 - Eficiência alimentar em função do teor de FDN de forragem em dietas ricas em grãos (dados de vários trabalhos nacionais) 0,155 0,150 Eficiência alimentar
ácidos da fermentação por meio da parede do rúmen é fundamental para evitar que o pH caia, mas ainda não se sabe como as diferentes fontes de fibra e a concentração de FDN na dieta total interferem nesse processo. Entretanto, é indiscutível que a inclusão de volumosos na ração aumenta seu nível de segurança, embora, a partir de certo nível, ela comprometa o desempenho dos bovinos. Um dos maiores dilemas dos nutricionistas é, justamente, descobrir qual quantidade de determinado volumoso, em combinação com determinado alimento energético (fonte e grau de processamento dos grãos de cereais ou coprodutos), resulta em melhor desempenho animal e, principalmente, em melhor resultado econômico. Um trabalho conduzido em 2014 pelo pesquisador Flávio Portela Santos e sua equipe, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba, SP, dá indicações sobre isso. Eles compilaram dados de seis experimentos conduzidos no Brasil, com o objetivo de avaliar o efeito da inclusão de FDN de forragem no consumo de matéria seca, no ganho de peso diário e na eficiência alimentar de bovinos da raça Nelore confinados com dietas ricas em grãos de cereais (principalmente milho). Conforme é possível observar nas figuras 1 e 2, os autores concluíram que, à medida em que se aumentava o nível de FDN de forragem na dieta, até próximo de 15%, verificava-se incremento no consumo de matéria seca e no ganho de peso médio diário. A eficiência alimentar dos zebuínos, entretanto, caiu linearmente com a maior participação da FDN de forragem na ração. Isso indica que um maior teor de fibra na ração normalmente favorece o consumo de MS, mas não necessariamente resulta em maior ganho de peso corporal. Inclusive, essa é uma das explicações utilizadas pelos nutricionistas em todo mundo para justificar a maior inclusão de grãos e subprodutos nas dietas de confinamento, em detrimento dos alimentos volumosos. Cabe ao nutricionista avaliar diferentes formulaçoes e decidir se incluirá mais ou menos fibra na dieta dos bovinos confinados, já que, em algumas regiões do País, o custo por quilo de matéria seca é relativamente baixo e, às vezes, isso justifica a formulação de rações mais fibrosas, com maior consumo de matéria seca e períodos mais longos de confinamento.
0,145 0,140 0,135 0,130 0
5
10 15 FDN de forragem (%)
20
25
Fonte: Santos (2014)
ragem da dieta respondeu por grande parte (88,15%) da variação na ingestão. Isso indica que, assim como para taurinos, o teor de FDN de forragem pode ser utilizado como critério para se trocar alimentos volumosos por fontes de fibra não forragem (FFNF) em dietas destinadas a zebuínos, visando-se atingir consumo de matéria seca similar. É importante ressaltar que esse tipo de fonte fibrosa alternativa (casca de soja, subprodutos do algodão, etc) pode apresentar teor da fração FDN similar a forragens grosseiros, característica que possibilita a tais ingredientes substituir parcial ou totalmente a fração FDN desse tipo de alimento fibroso. Entretanto, por se tratar de insumos que possuem tamanho de partícula semelhante à dos ingredientes concentrados, recomenda-se que a substituição seja feita de forma cuidadosa, principalmente por haver interações entre essas fontes no que diz respeito ao comportamento ingestivo, à digestão da fibra no trato gastrointestinal, à taxa de passagem pelo rúmen, à energia metabolizável e, em última análise, ao desempenho dos animais. n DBO maio 2018 115
Fatos & Causos Veterinários
Enrico Ortolani
Como surgem os bezerros-descarte
E
Professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP ortolani@usp.br
nnn 7% dos bezerros de corte se enquadram na categoria descarte
nnn
stá implícito na história da humanidade que o ideal é exibir o belo e esconder o feio. A propaganda que o diga. Usam e abusam da exuberância do jovem e escondem os idosos e menos favorecidos. Nunca vi propaganda de ração, suplementos ou vacinas com fotos de bovinos magros. Pois os bovinos-descarte existem em todos os tipos de fazendas, tanto naquelas comuns de cria, quanto nas de gado de elite. Estagiei em uma dessas e vi que cerca de 5% da bezerrada nascida de touros de grife davam medo na gente, de miúdos que eram. Levantamento norte-americano confirmou que 7% dos bezerros de engorda estão nessa categoria. Por melhor que seja sua propriedade, ela também deve ter esses bovinos jovens de “segunda”, que podem ser caracterizados de acordo com o peso à desmama, aos sete meses de idade. Esse peso-padrão é bastante variável, em função da raça e do sexo do bovino, além de outros fatores que mencionaremos a seguir. São considerados bezerros-descarte animais com pesos abaixo de 140, 160 e 135 kg, para machos Nelore, cruzados e leiteiros, e 133, 147 e 124 kg, para fêmeas das mesmas raças e cruzamentos, respectivamente. Causas do problema Como se originam esses bezerros? Boa parte deles é fruto de erros nos manejos nutricional, reprodutivo e sanitário, mas pelo menos um terço vem da herança genética. Filho de peixe nem sempre peixinho é! Touros comuns, sem avaliação de DEP positiva, têm maior risco de gerar descartes do que reprodutores provados que dão mais filhos com bom ganho de peso. O sexo também conta. Como manjado por todos, os machos nascem mais pesados e desmamam mais gordos do que as fêmeas (8% a 10%). Ao nascimento, seu peso é maior, pois a gestação dos machos é mais longa e, a partir daí, os hormônios masculinos fazem com que transformem mais o leite ingerido em carne. Pode-se dizer que os animais-descarte são 5% mais frequentes em fêmeas do que em machos. Um dos pontos centrais para o surgimento desses bezerros é a quantidade e a qualidade de leite que eles recebem nos primeiros quatro meses de lactação. O peso à desmama guarda uma íntima relação com a quantidade de leite ingerido. Pegando uma carona no ditado popular “quem não chora não mama”, eu diria “quem mama mais, chora menos”. A produção diária de leite de vacas de corte varia de 2,5 a 7,5 litros, com média de 4 litros/cabeça. Nos primeiros 30 dias, a produção não é tão grande (75% do máximo), atingindo o ápice entre o segundo e o terceiro mês e descendo ladeira abaixo a partir daí, caindo para metade no sexto mês. Quanto mais capim o bezerro come, menos lei-
116 DBO maio 2018
te ele bebe. No quinto mês de vida, mais de 80% dos nutrientes vêm do capim. A relação do bezerro com a mama da mãe passa a ser emocional, podendo tranquilamente se realizar sua desmama. Tirando o colostro – que é um leite muito rico em nutrientes, produzido até o quarto dia após o parto –, a qualidade do leite depende do estágio de lactação. Um pouco mais rico em proteína e açúcares nos primeiros cinco meses, ele vai se tornando mais “ralo” daí por diante. No primeiro mês pós-parto, a produção de leite não depende da qualidade da pastagem, pois a vaca saca de sua própria poupança a energia para a síntese deste líquido vital. Mas, a partir daí, a qualidade e quantidade de pastagem são fundamentais para produzir mais leite. Pastagens ruins diminuem a produção leiteira em até 30% e a qualidade dos seus nutrientes em cerca de 10%. Quem mais sofre nessas circunstâncias são as novilhas e as vacas velhas, que, além de alimentar menos adequadamente o bezerro, demoram muito mais para pegar cria. Época de nascimento Assim sendo, o mês de nascimento do bezerro condiciona de certa forma o peso à desmama. Mais de 30.000 dados gerados nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste indicam que bezerros machos Nelore nascidos em setembro têm o melhor desempenho à desmama (200 kg), diminuindo a partir daí: outubro, 190 kg; novembro, 180; dezembro, 165; janeiro, 160; fevereiro, 149; março, 145; abril, 147; maio, 154; junho, 160; julho, 170 e agosto, 190 kg. Não precisa nem dizer que a bezerrada nascida de fevereiro a maio é forte candidata a engrossar o pobre time dos menos desenvolvidos. Além da nutrição, outros fatores também influenciam na produção de leite. A idade da fêmea é um deles. A máxima produção é atingida quando a vaca se encontra entre o terceiro e o quinto parto. Vacas de primeira e segunda parições atingem 80% da produção máxima, enquanto fêmeas do sexto parto para frente vão diminuindo gradativamente esse potencial, com redução drástica a partir do décimo ano de vida. No passado, muitos melhoristas selecionaram vacas Nelore para longevidade reprodutiva, se esquecendo do desempenho do bezerro. Sou adepto do descarte de fêmeas a partir dos 10 anos de vida, a não ser em casos excepcionais, em que o valor zootécnico do animal é notório. A raça e o cruzamento da vaca influenciam sua produção de leite. Fêmeas meio-sangue Nelore-taurinas produzem até 20% a mais de leite que as zebuínas ou taurinas puras, porém essas últimas têm leite até 10% mais forte. É a compensação da natureza! No próximo capítulo, continuaremos a falar de outras causas do surgimento de bezerros-descarte. Não perca! n
LEILÕES 2018
TOUROS MELHORADORES COM A TRADIÇÃO DE UMA GRANDE MARCA
26º LEILÃO GRUPO TERRA GRANDE
27º LEILÃO GRUPO TERRA GRANDE
28º LEILÃO GRUPO TERRA GRANDE
300 TOUROS
500 TOUROS
250 TOUROS
XINGUARA-PA
PARAÍSO DE TOCANTINS-TO
TUCUMÃ-PA
10 DE JUNHO - DOMINGO
05 DE AGOSTO - DOMINGO
AVALIAÇÃO
14 DE OUTUBRO - DOMINGO
LEILOEIRA
FRETE
F A C I L I TA D O
www.grupoterragrande.com.br
TRANSMISSÃO
Eventos
Agenda
Intercorte Marabá _ Está marcada, para os dias 22 e 23 de maio, a 3ª etapa da Intercorte, em Marabá, no Pará, Estado que tem o quinto maior rebanho bovino do País, com cerca de 20 milhões de cabeças. O tema dos debates é “Produzir mais e melhor”. O evento reúne pecuaristas e interessados na cadeia bovina para debater o setor e trocar experiências e tecnologias. Mais informações em intercorte.com.br/maraba2018
pela Associação Baiana de Produtores de Algodão, o Instituto Aiba e a Fundação Bahia. Mais informações podem ser obtidas por meio do site bahiafarmshow.com.br
Agrobrasília _ A Agrobrasília, feira ligada à produção agrícola e pecuária da região dos cerrados, será de 15 a 19 de maio, no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci (Rodovia BR 251, km 5, Brasília, DF). Além de maquinários para a agricultura e para a pecuária, a mostra também terá apresentação de novas tecnologias para o campo, inclusive com várias palestras técnicas. Informações: (61) 3339-6516
Curso Boviplan ILP _ O curso de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) da consultoria Boviplan será realizado em Ariquemes (RO), na Associação Comercial e Industrial de Ariquemes entre os dias 28 e 30 de maio. O curso foi formatado para que o participante obtenha o conhecimento necessário para adotar os diferentes modelos de integração que fazem parte deste sistema de produção. O público-alvo são produtores rurais, profissionais de ciências agrárias, gestores agropecuários, estudantes e demais interessados em intensificação da produção agropecuária. Inscrições podem ser feitas no tel. (19) 3447-4770 ou e-mail eventos@boviplan.com.br
Bahia Farm Show _ O município de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, sedia o Bahia Farm Show 2018, marcado para 29 de maio a 2 de junho. O evento é promovido pela Associação dos Agricultores Irrigantes da Bahia (Aiba),
Conferência sobre forragens _ De 28 a 30 de maio, o Núcleo de Estudos da Universidade Federal de Lavras (Ufla) promove, em seu campus, a 2ªConferência Internacional sobre Forragens (Confor), em parceria com o
Rehagro. Além da presença de palestrantes nacionais e internacionais, que abordarão os vários aspectos do tema, a conferência contará este ano com três eventos simultâneos, incluindo um dia de campo. Informações: www.nucleoestudo.ufla.br/nefor/confor/ XI Simcorte _ O Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte será realizado entre os dias 31 de maio a 2 de junho, com promoção do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, no próprio campus. A programação completa, com a grade de palestras, pode ser consultada em www. simcorte.com Pecuária de corte. A 13ª Jornada Nespro e o 3º Simpósio Internacional sobre sistemas de produção de bovinos de corte ocorrerão entre 5 e 6 de junho, em Porto Alegre, RS, no auditório da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que promove o evento. Informações em www.ufrgs.br/nespro/xiii-jornada-2018/
Pós-Graduação em Produção e Manejo de Pastagens na Pecuária de Corte - Online
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Início: 15/05/2018
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Realização:
118 DBO maio 2018
Metodologia Aplicável:
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LEILÃO VIRTUAL GENÉTICA JATOBÁ PECUÁRIA
LEILÃO DA SABIÁ 50 ANOS
LEILÃO RIMA WEEKEND SUPER EMBRYO
LEILÃO VIRTUAL CRL AGROPECUÁRIA
25 DE MAIO - 21h - CANAL RURAL RIMA AGROPECUÁRIA ENTRE RIOS DE MINAS - MG (43) 3373-7077 - (31) 99803-2301 (31) 99512-6824
19 DE JUNHO - 21h - CANAL RURAL CRL AGROPECUÁRIA - THIAGO ROCHA LOPES (31) 99795-0227
LEILÃO RIMA WEEKEND SUPER NELORE
LEILÃO TOUROS TERRA BOA
26 DE MAIO - 13h - CANAL RURAL RIMA AGROPECUÁRIA ENTRE RIOS DE MINAS - MG (43) 3373-7077 - (31) 99803-2301 (31) 99512-6824
1 DE JULHO - 14h - CANAL RURAL JOSÉ LUIZ NIEMEYER DOS SANTOS GUARARAPES - SP (18) 3606-1132 - (18) 99666-9926
LEILÃO RIMA WEEKEND SUPER EVOLUTION
LEILÃO BRUMADO
LEILÃO VIRTUAL TOUROS NELORE MACHADINHO
LEILÃO VIRTUAL DE TOUROS VRC & FILHAS
20 DE MAIO - 14h - CANAL RURAL JATOBÁ PECUÁRIA VIRTUAL (67) 3423-7214 - (43) 3373-7077
27 DE MAIO - 13h - CANAL RURAL RIMA AGROPECUÁRIA ENTRE RIOS DE MINAS - MG (43) 3373-7077 - (31) 99803-2301 (31) 99512-6824
3 DE JUNHO - 14h - CANAL RURAL LIMÍRIO ANTONIO DA COSTA FILHO SÃO MIGUEL DO ARAGUAIA - GO (62) 3261-6171
9 DE JUNHO - 12h30 - CANAL RURAL FAZENDA DO SABIÁ CAPITÓLIO - MG (31) 3281-5255 - (31) 98791-4561
5 DE JULHO - 21h - CANAL RURAL FAZENDA BRUMADO - ANTONIO JOSÉ PRATA CARVALHO VIRTUAL (17) 3322-0166
7 DE AGOSTO - 21h - CANAL RURAL VICENTE RODRIGUES DA CUNHA LILIANA R. DA CUNHA ROCHA LUCIANA R. DA CUNHA OLIVEIRA (18) 3623-8101 - (18) 3623-8763
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Leilões
Genética ganha mais espaço nas pistas de abril Com menos exemplares de elite e mais animais avaliados, a oferta do mês subiu 22%. No entanto, a receita caiu 18%. Alisson Freitas alisson@portaldbo.com.br
A oferta
+ 22% receita
– 18% média
– 33%
bril marcou mais um mês de baixa no mercado de leilões de bovinos pelo Brasil. Embora a quantidade de lotes vendidos tenha crescido em relação ao ano anterior, várias categorias apresentaram baixas significativas. De acordo com o Banco de Dados DBO, durante o mês foram realizados 40 leilões, que comercializaram 3.999 lotes de machos, fêmeas, embriões, prenhezes e aspirações de matrizes, alta de 22% em relação aos 3.284 produtos vendidos em 41 remates no ano anterior. No entanto, a receita recuou 18%, saindo de R$ 32,3 milhões, no ano passado, para R$ 26,5 milhões neste ano. Essa queda está atrelada à expressiva baixa no preço médio do mês (R$ 6.633), 33% menor do que os R$ 9.845 de igual período de 2017. A desvalorização é justificada pela mudança do perfil de grande parte dos lotes comercializados no mês. Se em anos anteriores as doadoras e matrizes de elite ditavam o tom do mercado, neste ano muitos criatórios resolveram mudar o foco da oferta para animais avaliados em programas de melhoramento genético e em provas de desempenho.
40 remates de bovinos de genética para carne* Raças Nelore
Lotes
Leilões
Renda (R$)
Média
Máximo
2.241
27
17.019.520
7.595
67.200
Brangus
415
3 (2)
1.873.700
4.515
15.000
Angus
352
3 (2)
2.135.840
6.068
5.400
Canchim
255
1
1.160.100
4.549
9.600
Braford
252
2 (2)
965.300
3.831
-
Tabapuã
235
3
1.132.100
4.817
7.800
Guzerá
102
2 (1)
911.950
8.941
-
Senepol
94
2
1.059.520
11.271
54.000
Hereford
28
2 (2)
98.800
3.529
-
Santa Gertrudis Total
25
1
168.850
6.754
-
3.999
40
26.525.680
6.633
67.200
Critério de oferta.(-) Dados das leiloeiras Capitaliza, Central, Connect, Correa da Costa, Estância Bahia, Leiloboi, Leilosul, LN, Leilonorte, Leilosat, Minas e Programa Leilões. (-) Quantidade de remates em que a raça dividiu pista com uma ou mais raças. Elaboração DBO.
120 DBO maio 2018
Esse movimento foi mais sentido em São Paulo. No ano passado, essa praça foi palco de sete remates, que movimentaram R$ 11,2 milhões com a venda de 371 lotes. Os destaques foram o Cass Fest, em São José dos Campos, que fez a maior média do mês, com a venda de cinco matrizes Nelore Elite por R$ 229.200 cada. Outro destaque foi o Grama Doadoras, em Lins, que emplacou a média de R$ 72.218 com fêmeas de elite e prenhezes. Em abril deste ano, porém, nenhum desses leilões aconteceu. O Cass Fest saiu da agenda, enquanto a Grama Senepol antecipou o seu remate para março, além de reduzir a oferta de animais de elite e aumentar a de gado avaliado. Com isso, a receita de São Paulo, no mês passado, somou apenas R$ 2 milhões, com a venda de 212 lotes. Foi o pior desempenho do Estado para um mês de abril dos últimos 18 anos. Feiras Outra praça com baixas significativas foi Mato Grosso do Sul, em função da queda nas vendas da ExpoGrande, na capital do Estado, Campo Grande. Em abril deste ano, a feira movimentou bem menos do que os R$ 6,5 milhões do ano passado, ficando em R$ 4,1 milhões. Na oferta, o tombo também foi grande, mas menor em comparação com o faturamento. Foram vendidos 493 exemplares, 30% a menos do que os 708 lotes de abril de 2017. Também no Mato Grosso do Sul, a ExpoJardim registrou queda de 51% na receita e de 42% em relação ao ano anterior. Até o fechamento desta reportagem, foi recebido apenas o resultado do 10º Leilão Nelore Barra Bonita, que comercializou 40 reprodutores a R$ 8.650 de média, movimentando o total de R$ 346.000. Se no Centro-Oeste o saldo foi negativo, no Sul do País as vendas aconteceram a todo o vapor. A 56ª ExpoLondrina, no norte do Paraná, arrecadou R$ 4,3 milhões, contribuindo com 16,4% da receita do mês. Na comparação com os R$ 3,4 milhões do ano passado, o faturamento cresceu 35%. Na oferta, o desempenho foi ainda melhor. Os 536 lotes comercializados na feira neste ano representam crescimento de 62% em relação aos 326 de 2017. n * Não estão presentes nessa análise os resultados dos leilões da ExpoZebu realizados no final de abril. O balanço completo dos remates dessa feira será divulgado na edição de junho.
Próximas
ETAPAS Marabá PA 22 e 23 de Maio
São Paulo SP 21 a 23 de Novembro REALIZAÇÃO:
Mais informações e inscrições: www.intercorte.com.br /intercorteoficial
/intercorte_oficial
Leilões Conversa Rápida com
Raphael Zoller
A
pós ter o pior desempenho da história em 2015, as vendas de genética na ExpoLondrina, no Paraná, retomaram a trajetória de crescimento no ano seguinte e, desde então, vêm conseguindo resultados expressivos, que trouxeram novamente a feira para os holofotes do setor. Parte desse desempenho pode ser atribuída aos leilões Londrina Fest e SuperMocho, que costumam contribuir com mais da metade da receita da venda de genética da feira. Neste ano, os dois remates movimentaram R$ 2,7 milhões, com 345 animais. Ambos foram promovidos pela Agro Zoller, de Raphael Zoller. O criador também acumula a função de presidente da Associação de Neloristas do Paraná (Anel) e da Associação dos Criadores de Nelore Mocho (AcriMocho). Em conversa rápida com DBO, Zoller falou sobre os remates e o fortalecimento da pista de Londrina: Como surgiram o SuperMocho e o Londrina Fest?
O SuperMocho foi uma iniciativa da AcriMocho para que os seus sócios pudessem vender a produção tanto de elite quanto comercial, além de divulgar a raça e os criatórios. Já o Londrina Fest surgiu como uma forma de voltar a trazer relevância comercial à exposição. Acho que alcançamos o nosso objetivo. Os dois remates tiveram uma forte adesão do mercado.
Qual a importância da ExpoLondrina para o mercado do Nelore?
A feira sempre foi uma das referências do calendário, mas perdeu força no início da década de 2010. Estamos conseguindo colocar a feira de novo em evidência. Além dos leilões, também temos acompanhado esse movimento de retomada da participação dos criatórios no julgamento. Este ano tivemos mais de 500 animais Nelore padrão e Nelore mocho em pista, um crescimento bem expressivo em relação ao ano passado. A ExpoLondrina voltou a ser o que sempre foi: uma prévia da ExpoZebu.
Como o sr. vê o desenvolvimento do Nelore mocho?
Acredito que, depois da última reformulação da AcriMocho, a raça passa por um momento de ascensão e voltou ao cenário da pecuária brasileira. As pistas têm tido uma procura muito grande e os leilões, alcançado excelentes resultados. O mercado está reconhecendo o valor do Nelore mocho tanto a campo quanto na pista e a raça tem se valorizado. Esse movimento nos traz muita satisfação e nos deixa empolgados com o futuro.
122 DBO maio 2018
Mega Leilão vende 20.052 animais
Com casa cheia, a Estância Bahia promoveu a edição 2018 do seu Mega Leilão, em Água Boa, MT, na tarde de 21 de abril. Há cerca de três anos, o maior leilão do Brasil vem sendo realizado em formato virtual, sem animais no recinto, mas com a mesma estrutura para o público de quando era presencial. Em oito horas de evento, foram vendidos 20.052 animais para cria, recria e engorda, sendo 9.659 machos e 10.393 fêmeas. A média geral foi de R$ 1.486, resultando na receita de R$ 29,8 milhões. “Novamente, o remate foi um sucesso. Não é fácil reunir um número tão grande de animais, mas a comercialização segue absoluta”, destacou o proprietário da Estância Bahia, Maurício Tonhá. A grande novidade será a realização, ainda neste ano, de outras duas edições do Mega Leilão. A já tradicional etapa de Cuiabá ocorrerá no dia 19 de maio. Já as novas etapas de Vale do Guaporé & Juruena e a de Sinop serão nos dias 3 e 5 de junho, respectivamente.
FSL negocia touros para sete Estados Defensor ferrenho do “casamento por interesse” do Angus com o Nelore no cruzamento industrial, Antônio Maciel Neto ofertou parte de sua produção de touros, no dia 16 de abril, com o 10º Leilão FSL Angus Itu. No total, 67 animais foram vendidos ao preço médio de R$ 10.767, movimentando R$ 721.440. As vendas foram pulverizadas para sete Estados, desde praças tradicionais da raça como São Paulo, Paraná e Minas Gerais, até para regiões de clima mais quente, como Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e até para Sergipe. “Todos os animais pesavam mais de 550 kg, tinham pelo curto e estão adaptados ao clima tropical”, destacou o promotor.
Revolution fatura R$ 3,8 milhões Pelo quarto ano seguido, um grupo de criadores do Rio Grande do Sul se uniu para promover o Leilão Virtual Revolution. O remate surgiu em 2015 e desde então se manteve como uma das principais ofertas de raças taurinas fora do circuito da primavera gaúcha. Este ano foram negociados 860 animais por R$ 3,8 milhões, em dois dias de vendas, 22 e 23 de abril. Na somatória de ambas as etapas, o Angus e o Braford foram
destaque, liderando a receita e a oferta, respectivamente. O Angus movimentou R$ 1,6 milhão com a venda de 285 exemplares,
sendo 163 machos, à média de R$ 5.455, e 122 fêmeas, a R$ 4.305. Já no Braford, 295 animais saíram por R$ 1,3 milhão. A média dos 160 machos foi de R$ 5.690 e a das 135 fêmeas foi de R$ 3.444. Também foram vendidos animais Hereford e Brangus. O remate foi promovido pelas Cabanhas Cia. Azul, Corticeira, Rincon Del Sarandy, Tradição Azul, Ave Maria, Silêncio e Quatro Folhas.
Trio Bonsucesso será em um só dia Antes realizado em dois dias, o leilão Trio Bonsucesso terá um formato diferente em 2018. O remate, que antes ocorreia em três etapas, agora será realizado em uma só. O evento está marcado para o dia 26 de maio, na sede do criatório, em Guararapes, SP, e comercializará 70 reprodutores Nelore, 70 matrizes, além de ofertas especiais de aspirações de
Reprodutores a 77,5@ no Genética Nelore CEN Tradicional criador do noroeste paulista, Carlos Eduardo Novaes recebeu convidados no dia 21 de abril, na Fazenda Crioula, em Valparaíso, SP, para o Leilão Genética Nelore CEN. O remate comercializou quase 100 animais provados no Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ), da ABCZ. Foco das vendas, os reprodutores brilharam na pista ao serem arrematados ao preço médio de R$ 10.980, valor equivalente a 77,5@ na cotação do dia em Araçatuba. Também foram vendidas 15 fêmeas a R$ 6.900 de média. A receita total do pregão foi de R$ 1 milhão.
importantes doadoras do criatório. “Os lotes de livre aspiração serão o ponto forte da oferta, pois refletem o trabalho de melhoramento genético de 56 anos, focado em critérios de produtividade agrupados nas características de reprodução e crescimento”, destacou Michel Caro, titular da Fazenda Bonsucesso, ao lado de Patrícia Zancaner.
Guzerá IT bate novo recorde Com oferta de animais provados no Guzerá Brasil da ANCP, os irmãos Tarcisius e Vinicius Tonetto promoveram a 19ª edição do Leilão Guzerá IT, na tarde de 7 de abril, na sede da Fazenda Perfeita União, em Pirajuí, SP. O ponto alto do evento foi a comercialização de 70 reprodutores à média de R$ 11.027, sendo o maior preço médio da categoria na história do remate, de acordo com o Banco de Dados DBO. O maior registro até então era R$ 10.990, na edição anterior do leilão. “Essa valorização mostra os excelentes resultados que o Guzerá tem entregado no cruzamento industrial”, destacou Tarcisius. Além dos touros, o remate
também comercializou 20 novilhas PO de 13 meses a R$ 4.014 de média e algumas cabeças de gado comercial com a genética dos reprodutores Guzerá IT. A média de preços dos machos foi de R$ 1.614 e a das fêmeas foi de R$ 1.484. DBO maio 2018 123
Empresas e Produtos Produto da Zinpro substitui colostro
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Premolac Zn é o mais recente lançamento da Zinpro Performance Minerals, empresa voltada à pecuária. O novo produto substitui o colostro da vaca, aumentando a imunidade dos bezerros recém-nascidos, garante a Zinpro, em nota. O Premolac Zn é feito de colostro puro, processado para aumentar a concentração de imunoglobulinas (células de defesa do organismo) e enriquecido com complexo zinco-aminoácido. O gerente de Negócios de Bovinos de Leite, Rogério Isler, explica que o produto resulta em menor incidência de enfermidades e mortes dos bezerros. Além disso, Premolac Zn pode ser utilizado como suplemento do colostro materno. “Nesses casos, é recomendado adicionar apenas um terço da dose”, recomenda a empresa. “A mesma dose pode ser utilizada também para prevenção, funcionando como um protetor intestinal e ajudando a combater infecções virais e diarreias por toxinas.” Mais informações, www.zinpro.com
Gustavo Aguiar, ex-Scot, vai para a Barenbrug.
Premix e Unaerp firmam parceria científica
O zootecnista Gustavo Aguiar foi contratado no mês passado para o posto de coordenador de marketing da Barenbrug do Brasil, empresa do setor de sementes forrageiras de alta qualidade. Aguiar possui mestrado em administração, com ênfase em gestão de organizações agroindustriais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus de Botucatu. Recentemente, atuou também como consultor da Scot Consultoria. A Barenbrug do Brasil é uma empresa do Royal Barenbrug Group, grupo holandês com mais de 100 anos de atuação, com 27 filiais em todos os continentes. Informações em www.barenbrug.com.br
APremix, empresa do setor de nutrição animal, e a Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), no interior de São Paulo, anunciaram parceria técnico-científica para o desenvolvimento de biotecnologias e produtos destinados ao uso em nutrição animal bovina baseados em ativos existentes em formulações extrativas de plantas e micro-organismos. A Premix explica, em nota, que na parceria está prevista a padronização de metodologias para avaliar e comprovar a eficácia e a segurança de uso de compostos bioativos extraídos de espécies vegetais ou coprodutos, visando à identificação de aditivos nutricionais a serem incorporados na dieta de ruminantes. Também fará parte da pesquisa o estabelecimento de processos biotecnológicos para avaliar a dinâmica de flutuação da microbiota ruminal por meio de amostras do líquido ruminal coletadas de bovinos tratados com diferentes compostos bioativos. Informações, www.premix.com.br
‘Netflix’ do agronegócio Um site nos moldes do streaming, como o de filmes Netflix, mas com vídeos e informações técnicas específicas para o setor produtivo acaba de ser lançada pela Agroceres Multimix e já está disponível para o produtor rural, gratuitamente, na internet. Com o nome Agroflix (www.agroflix. com.br), o site reúne vídeos técnicos que atendem às necessidades e curiosidades de quem busca informação técnica de confiança, informou a Agroceres Multimix, em nota. “A página conta com uma rica galeria de mídia, subdividida nas diferentes categorias de animais: aves, bovinos e suínos”, diz a empresa, acrescentando que o Agroflix pretende, com a iniciativa, tornar menos dispersas as informações técnicas voltadas ao agronegócio. “Esta é uma oportunidade de esclarecer dúvidas e tecnificar ainda mais as pessoas 124 DBO maio 2018
envolvidas com o setor.” O Agroflix já possui mais de 140 vídeos disponíveis sobre nutrição, ambiência, manejo, saúde animal, todos acessados gratuitamente. “Queremos que as empresas voltadas ao agronegócio participem dessa ideia e por isso buscamos parceiros que possuam vídeos técnicos de qualidade para compor a plataforma”, diz o diretor da Agroceres Multimix, Ricardo Ribeiral.
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Bovinos
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Sabor da Carne
Cristiane rabaioli
Esse é o ponto!
A
fazendo churrasco) que o ponto da carne responde por 70% do sucesso de um bom prato. Como falei no início, um dos requisitos fundamentais para isso é termos um corte de qualidade. Carne macia e com marmoreio contribui para que a carne não resseque. Maciez e marmoreio ajudam bastante para alguns cortes, mas eu, pessoalmente, penso que um corte como o contrafilé, por exemplo, precisa ser mal passado para manter todo o sabor que a peça proporciona. E foi justamente esse corte que nós, do “Mal passado é com elas” escolhemos para participar do Festival Braseiro, que aconteceu no dia 14 de abril, em Cuiabá, capital do Mato Grosso. Um contrafilé com osso, da Celeiro Carnes Especiais, cortado grosso (mínimo de 4 cm de espessura, para que a carne não perca suco), que foi para a grelha da parrilla apenas com sal. Um dos nossos segredos para o corte mal passado é selar a carne dos dois lados por quatro minutos, em fogo alto, e depois deixá-la na grelha alta (descanso) da parrilla por mais alguns minutos. Para valorizar ainda mais essa experiência, servimos de acompanhamento maionese caseira e chimichurri fresco, receita da nossa chef Jaínne Mello. Não precisa dizer que foi um sucesso! Para finalizar, não poderia deixar de dizer também que faz parte da experiência gastronômica provar outros cortes igualmente saborosos. Gosto muito de maminha, miolo de acém, paletinha... E acho que quem aprecia uma boa carne, não deveria se contentar só com a picanha! n
Fotos Moacir José
Cristiane Rabaioli é diretora da Celeiro Carnes Especiais e integrante da Associação Festival Braseiro, de Rondonópolis, MT.
té alguns anos atrás eu não sabia a razão pela qual eu não queria comer carne mal passada. Tinha preconceito; talvez uma certa repulsa por aquele aspecto sanguinolento do corte quando ele está nesse ponto. Mas o fato é que eu não sentia o gosto quando comia carne bem passada! Felizmente – como diz o início de uma música da Rita Lee dos anos 70, “Um belo dia resolvi mudar.........” –, consegui superar essa barreira e passei a usufruir do prazer de degustar carne bovina com toda a riqueza que ela pode nos proporcionar. Quando a carne é de qualidade, sabor, suculência e maciez combinam-se perfeitamente no ponto de mal passado. Além do mais, é o ponto em que podemos aproveitar totalmente os nutrientes da carne. Foi a partir dessa minha experiência que tive a ideia de criar um grupo de mulheres assadoras chamado “Mal passado é com elas”. O objetivo do grupo foi, além de trazer as mulheres para perto do fogo, ajudar a desmistificar a ideia de que mulher não gosta de carne mal passada. Não só gostamos, como também queremos incentivar outras mulheres a perderem esse preconceito. Claro que tem gente que gosta de carne ao ponto ou até bem passada, mas queremos mostrar, de uma forma educativa, que a carne precisa estar mal passada para que se aproveite totalmente a experiência gastronômica que ela proporciona. Arrisco a dizer que até uma carne de qualidade perde quando passa do ponto. Também posso afirmar, com o pouco da experiência de assadora que tenho (quatro anos
“Mal passado é com elas” no Festival Braseiro, em Cuiabá (partindo da esquerda): a chef Jaínne Mello, Pamela Borges, Cristiane Rabaioli, Jany Bertucce, Ana Fiori, Renata e Jaqueline.
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Para ir para a grelha, contrafilé com osso deve ser cortado grosso, com no mínimo 4 cm de espessura.
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