Retrospectiva 2018: Revista Agro DBO (pág.16 - ed.100)

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Fotos: Ariosto Mesquita

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O futuro é agora! Referência em inovação e no uso de tecnologia, Roberto Chioquetta é um dos protagonistas da revolução em curso na agricultura brasileira. Ariosto Mesquita

O

caminho trilhado por Roberto Chioquetta, produtor em Campo Novo do Parecis (MT) é o mesmo da agricultura brasileira nas últimas décadas. Sua trajetória nos últimos 15 anos é um espelho do processo de profissionalização, tecnificação e modernização da atividade, capaz de garantir hoje a produção de alimentos e fibras em escala mundial, com elevado nível de segurança, sustentabilidade e rentabilidade. Evolução que, ao longo deste tempo, foi acompanhada e documentada pela revista Agro DBO. Há uma década e meia, quando a publicação nascia (então sob título “DBO Agrotecnologia”), o que era futuro agora é realidade. Em período semelhante, Chioquetta escreveu sua história mais recente. Após terminar uma sociedade com o irmão, mergulhou em uma meteórica carreira solo até se tornar nome de referência em agricultura eficiente, ambientalmente correta e altamente rentável. É impossível não se impressionar ao visitar a Fazenda Santa Amélia, de 4 mil hectares (3,5 mil cultivados), situada a 45 km da área urbana de Campo Novo do Parecis, no oeste do Mato Grosso, distante 385 km da capital, Cuiabá. No acesso principal, uma imagem de Jesus Cristo em fi-

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bra de vidro, com 1,8 metro de altura, feita por encomenda em Goiânia (GO), concede uma espécie de bênção de boas-vindas a quem chega à propriedade, batizada com o nome de sua avó materna, Amélia Zanella Gnoato, mãe de 10 filhos. Ao fundo, um talhão cultivado com crotalária é o indicativo claro da preocupação com a qualidade do solo através do uso de plantas de cobertura. Mas é na área ao redor da sede que se percebe que não se está em uma fazenda meramente agrícola. Além de grãos, Roberto Chioquetta decidiu também produzir água e energia. Uma enorme estrutura formada por 1.152 placas solares permite que a propriedade seja 100% autossuficiente em energia elétrica e ainda disponibilize sobras para a rede geral de abastecimento em boa parte do ano (nos meses de maior fotoperíodo). Nesta conta também está incluído o abastecimento das residências urbanas da família (três casas e um apartamento). O conjunto de captação de energia solar ficou pronto em abril de 2017, mas só foi ativado em final de outubro. “A empresa concessionaria não tinha conhecimento ou faltava vontade para jogar meu sistema na rede. Tive de acioná-la judicialmente para o meu projeto começar


condicionado das cabines de seus veículos agrícolas (seis colheitadeiras, sete tratores, um pulverizador e quatro caminhões). “Uma máquina trabalhando10 horas produz até 30 litros”, calcula. Esta água segue por mangueiras até pequenos tanques presos à estrutura do veículo, com capacidade para armazenar entre 20 e 30 litros. Completa o kit um recipiente com sabonete líquido. “Dessa forma, o operador pode fazer uma manutenção de filtro, lubrificar uma engrenagem ou consertar algo sem ter de voltar à sede para se limpar. Ele faz isso onde estiver e ganhamos tempo e segurança nos procedimentos. Imagine a pessoa toda suja de óleo e graxa no comando de uma moderna colheitadeira com toda a tecnologia embarcada!”, justifica. Segundo conta, seu modelo chegou a ser replicado por agricultores nos EUA. “Há cinco anos, durante visita técnica na Carolina do Norte, ensinei a um grupo de produtores norte-americanos a montar um sistema de custo mínimo, com a utilização de mangueirinhas de chuveiro e reservatórios simples. Coisa para uns R$ 80”, relata, sem esconder um sincero orgulho. Roberto Chioquetta posa na entrada principal da fazenda, “abençoada” por uma imagem de Cristo. Atrás dele, área ocupada com crotalária.

a andar”,. Apesar dos poucos meses de funcionamento, Chioquetta estima que a economia gerada supere 90%: “Na minha casa, em Tangará da Serra, onde o valor médio da conta mensal de energia era de R$ 600, pago agora em torno de R$ 50, referentes apenas a taxas. Em fevereiro deste ano, no pico da safra na fazenda, o consumo geral chegou à R$ 50 mil. Mas, com a geração de energia do mês e créditos acumulados, pagamos pouco mais de R$ 1 mil”. Em dias ensolarados o sistema gera até 1.700 quilowatt/dia, quantidade suficiente, segundo ele, para alimentar duas de suas casas urbanas ao longo de um mês. Preocupado com a eficiência e agilidade no trabalho a campo, Chioquetta criou e instalou pequenas estruturas de captação e utilização da água gerada pelos sistemas de ar

Inovações premiadas Este ano, Chioquetta decidiu ir além e iniciou a implantação de uma rede para o aproveitamento de águas pluviais com capacidade para transportar 5 milhões de litros/ano até um reservatório batizado de “piscinão”, onde pretende desenvolver um projeto de piscicultura. A mesma estrutura capta também a água produzida pela máquina de refrigeração da câmara fria (armazenamento de sementes). “Este nosso trabalho de produção de água talvez tenha sido o que mais impressionou a comissão técnica do Prêmio Famato em Campo”, admite. A fazenda Santa Amélia foi uma das duas vencedoras em 2017 desta premiação anual feita pela Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso. Nesta última edição foram avaliadas propriedades inovadoras com base nos critérios de originalidade, aplicabilidade, funcionalidade das tecnologias e rentabilidade da propriedade. Chioquetta também levou, em votação popular, o Prêmio Personagem Soja Brasil 2017/2018, organizado pela Aprosoja Brasil, na categoria “Produtor”. Junto aos

Placas solares e o “piscinão”, duas das iniciativas de Chioquetta em busca de eficiência e produtividade.

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Chioquetta mostra uma de suas invenções: sistema de coleta e armazenagem da água gerada pelo ar condicionado das máquinas agrícolas.

31 hectares protegidos por uma enorme cerca de eucalipto, fícus e bambu que delimita a sede, ele mantém uma estrutura para oferecer agilidade nos trabalhos e qualidade de vida para a sua família e seus 28 funcionários, além da equipe flutuante, convocada conforme a necessidade. Durante a visita da reportagem da Agro DBO, foi possível registrar as obras de um posto de combustível e da nova residência pessoal, projetada para ocupar uma área de 500 m2. Num terreno próximo, ele mantém uma pequena granja de suínos com 70 cabeças, em média (também usadas para doação a entidades beneficentes), pasto para ovinos e bovinos, uma horta, um terreiro avícola (produção de ovos caipiras) e um pomar com grande variedade de frutas (laranja, mamão, pitanga, acerola, tamarindo, manga, limão, banana, etc.).

Autossuficiência, agilidade, criatividade, inovação e os resultados em sua fazenda estão ligados a processos biossustentáveis, mas não exclusivamente a eles. Chioquetta concilia insumos químicos e biológicos; passa horas no comando de pulverizadores, colheitadeiras e tratores; faz consórcios incomuns, como milho x crotalária (de olho em um solo adequado para o próximo plantio de soja); produz e utiliza adubação biológica multiplicada por microgeo (componente que alimenta os microrganismos) e usa plantas de cobertura (principalmente nabo forrageiro e crotalária) em 30% da área agrícola a cada ano. Para acompanhar de perto as novidades, firma parceria com empresas de ponta. Em uma delas, cedeu quatro hectares para a Monsanto realizar experimentos. “Em contrapartida, sou o primeiro a usufruir das novidades ali validadas”. Sua curiosidade e paixão fizeram de Chioquetta um especialista em equipamentos agrícolas. “Muita gente me consulta antes de comprar uma máquina”, diz ele, modestamente. Em alguns momentos saiu na frente, antecipando as novidades que só chegariam ao mercado brasileiro nas safras seguintes. “Por volta de 2007, fiquei sabendo de uma plantadeira que era a linha de frente da John Deere nos Estados Unidos. Em 2008, a máquina trabalhou o ano todo em minha fazenda, mas só foi lançada no mercado nacional em 2009”, garante o agricultor. Ele não esconde sua relação com a multinacional norte-americana. “Sou um dos maiores garotos propaganda da empresa, e sem receber por isso. Funciona como uma parceria. Praticamente toda a tecnologia de ponta em maquiná-

Lembranças da casa de madeira Como milhares de agricultores hoje radicados no Centro-Oeste brasileiro e na região do Matopiba, Roberto Chioquetta é um “oriundi”. Descendentes de imigrantes italianos, saiu aos oito anos de idade de Paim Filho, sua cidade natal, no Rio Grande do Sul. Com dificuldades financeiras, a família vendeu os 26 hectares de que dispunha e se mudou para Pato Branco, no sudoeste do Paraná. Foram 20 anos de “escola” na agricultura. “Meu pai era analfabeto. Ele e minha mãe criaram sete filhos em cima de 48 hectares, onde produziam grãos, suínos e mantinham umas vaquinhas de leite”, conta. Decidido a buscar algo melhor para si e sua família, estudou até o “ginásio” (antiga denominação para os últimos quatro anos do ensino fundamental) e mergulhou em seguida na lida no campo. “Eu levantava às cinco da manhã para tirar leite, arrancar mandioca, descarregar milho e cortar lenha no machado”, lembra. Quando sobrava um tempinho, corria para a cidade onde fazia “bicos”. Um deles, como arrumador de pinos de boliche, função hoje extinta com a chegada do sistema eletrônico de pista. Com pouco mais de 20 anos de idade, bateu de frente com o pai, com quem, eventualmente, discordava ao tratar de negó-

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cios: “Um dia ele foi até a cidade. Aproveitei sua ausência e vendi um caminhão de porcas; algo em torno de 80 fêmeas. Tínhamos de diminuir o plantel e fazer dinheiro para a lavoura. Quando ele voltou, logo deu falta das matrizes. Minha mãe apenas disse: Pergunte ao Roberto. Ele nunca perguntou”. Foi no Paraná que a paixão de Chioquetta pelas máquinas agrícolas desabrochou: “Tínhamos um tratorzinho 68 de três cilindros. Fiz 17 mil horas em cima dele. Na maior parte do tempo, prestava serviço para a Agroceres, semeando lavouras com uma plantadeira de três linhas. Minha vida era em cima deste trator. Saia de casa seis da manhã e voltava à meia noite”. Com o dinheirinho extra, comprou, em 1982, seu primeiro carro: um Corcel I, ano 77. Ao final dos anos 1980, seu irmão Romeu, àquela altura trabalhando em uma revenda de máquinas agrícolas no Mato Grosso, lhe deu “cinco minutos” para abraçar, ou não, uma oportunidade: arrendar uma “fazendinha” de 600 ha (200 ha abertos, 150 ha para abrir e reserva) no recém-criado município de Campo Novo do Parecis. “Topei antes dos cinco minutos”, garante. Começava ali a história da fazenda Santa Amélia. Em pouco mais de meia década, os ‘Chioquetta’ já eram donos das


A paixão de Chioquetta por máquinas o transformou numa espécie de consultor. Muita gente o procura em busca de aconselhamento. rio agrícola é testada na minha fazenda antes de entrar no mercado brasileiro”, diz. Este acordo não pressupõe exclusividade: “No início de maio comprei uma colheitadeira da Case IH”. Chioquetta faz parte de um grupo formador de opinião sobre o assunto. “Fui pioneiro no Brasil, entre outras coisas, no uso de piloto automático e em colheitadeiras STS”, afirma, se referindo à tecnologia que permite a alimentação, sistema de trilha e separação em um único rotor”. Aposta em sementes Com 58 anos idade, completados no último dia 24 de maio, Roberto Chioquetta é capaz de conversar horas a fio com um entusiasmo incomum quando o assunto é agricultura. Mas também é cauteloso ao revelar números, sobretudo quando se refere às posses da família. Apesar de delegar funções aos seus filhos – Alexandre, de 27 anos de idade, e Marcelo, de 24, ambos agrônomos –, admite ser de natureza centralizadora: “Se eu pudesse, faria tudo sozinho”. A paixão pelo trabalho, pelas alternativas agrotecnológicas e pela inovação, inevitavelmente influenciou os resultados. Nos últimos três anos, a produtividade média da soja nos quase 3,5 mil hectares cultivados foi de 63 sacas por hectare, 13% superior à média de produtividade no Mato Grosso na safra atual (55,8 scs/ha, segundo a Conab). A diferença está bem próxima do que

ele estima como retorno de seus investimentos em inovação e tecnologia. “Certamente nos últimos sete anos tive um incremento de oito sacas nos resultados finais da soja em função do pacote de modernização que adquirimos”. No ano passado, ele se aventurou na produção de sementes. Em 2 mil hectares cultivados na Santa Amélia, planejou entregar 60 mil sacas como parceiro da argentina SeedCorp/Ho e acabou entregando 90 mil. Para a safra 2018/19, pretende cobrir os 3,5 mil hectare da fazenda com o plantio de sementes e está negociando o arrendamento de mais duas áreas – uma de 2 mil e outra de 1,4 mil hectares. “Eu não sabia como funcionava uma sementeira até o ano passado, quando visitei uma delas em Goiás e percebi que poderia ser um bom negó-

terras. Foram 18 anos de sociedade com o irmão em uma região inóspita, cheia de carências e desafios. “Morei seis anos em uma casinha de madeira (foto acima) junto com três funcionários. Não havia energia elétrica, fogão a gás nem geladeira. Água, a gente buscava no rio, que ficava a 25 km. O jantar era servido sob a luz gerada pela bateria do trator. Eu dormia num colchão sujo, jogado ao chão e, muitas vezes, sem tirar as botas. Os pés inchavam por causa do calor e do trabalho duro. A gente não tinha noção dos dias da semana. Eu só sabia que era domingo no

Na Santa Amélia não se vê postes com fiação elétrica. Toda a rede é subterrânea.

almoço, quando a cozinheira fazia maionese. Durante a semana, as refeições eram à base de arroz e feijão. Sem geladeira não havia como guardar carne”, relata. Depois da primeira safra de soja (33 scs/ha), um ano e meio após arrendar as terras, Chioquetta voltou a Pato Branco para se casar e trazer a esposa, Karen, para a fazenda. “Meu sogro e minha sogra trouxeram a gente num Fiat Panorama. Eles ficaram conosco dois dias, dormindo no chão da sala, com um monte de grilos cantando dentro e fora da casa. Só na primeira noite, matei oito escorpiões”, afirma. Não faltaram sustos nos quatro anos e meio em que o casal morou na casa de madeira. Um deles envolveu o primogênito, Alexandre. Ainda bebê, Alexandre dormia sempre em seu carrinho. Em uma manhã, a mãe resolveu colocá-lo em um colchão no quarto dos funcionários onde batia sol. “Foi a sorte. Minha esposa voltou para pegar a mamadeira e deu de cara com uma cobra jararaca dentro do carrinho”. Com o passar dos anos, as safras começaram a responder os seguidos investimentos e os dois irmãos foram adquirido áreas vizinhas e ampliando a fazenda. Por volta de 2005, eles avaliaram que a propriedade deveria ser dividida para facilitar o futuro processo de sucessão familiar. Desde então, o centro da vida de Chioquetta (além da família) é a fazenda Santa Amélia.

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Especial 100 “Entre os avanços em 15 anos, destaco a evolução dos dispositivos digitais, as tecnologias embarcadas e as novidades em sementes”. cio. Nesta primeira safra minha margem de lucro foi de 65%”, revela. Ele investiu R$ 11 milhões na aquisição de uma unidade de beneficiamento com 5.200 m2 de área coberta, instalada ao lado dos seus seis silos, capazes de armazenar 250 mil sacas de grãos. “Foram 29 carretas só em peças para a montagem. A estrutura de recebimento, beneficiamento e câmara fria não acumula sujeira. Tudo é pré-moldado e parafusado, sem nenhum pingo de solda. O secador não produz um fio de fumaça e é abastecido por lenha própria, que colho em 50 hectares de cultivo próprio de eucalipto”, relata. Salto tecnológico Chioquetta promete mais novidades para o segundo semestre de 2018, entre as quais um projeto de nutrirrigação por gotejamento subterrâneo em 350 hectares de lavoura, onde pretende cultivar soja, milho e feijão e produzir carne fazendo terminação de bovinos. “Já tenho a licença para a perfuração de poços artesianos, trabalho que devo iniciar em setembro”, adianta. Ele vem negociando a aquisição do sistema com a empresa israelense Netafim. Mas antes de bater o martelo, quer garantias de que a manutenção da rede não prejudicará a biótica do solo.

Soja armazenada: Chioquetta investiu R$ 11 milhões na aquisição de uma unidade de beneficiamento de sementes e produziu 90 mil sacas já no primeiro ano.

Elogios a um desbravador “Roberto Chioquetta é um produtor versátil e moderno; uma referência não só para o agro mato-grossense, mas para todo o Brasil. Para nós, foi uma grande satisfação tê-lo como um dos vencedores do Prêmio Sistema Famato em Campo. Temos certeza que bons exemplos inspiram e, como consequência, formam um círculo virtuoso” Normando Corral, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato).

“Acreditamos que o produtor rural precisa de referências. Felizmente, temos o Roberto Chioquetta. O mundo está mudando muito rápido e o Agro necessita de pessoas com visão diferenciada como ele, que aplicam estratégias inteligentes e eficientes em suas propriedades”. Daniel Latorraca, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

“O Roberto Chioquetta é um desbravador, que ajudou a levar oportunidades para a região do Parecis. Ele é extremamente técnico e detalhista. Sua ação dentro da propriedade extrapola a produção agrícola e a parte financeira. Ele é referência em melhor aproveitamento de tudo que existe na fazenda em prol da sua atividade produtiva. Sua atividade agrícola é sustentável e, consequentemente, rentável.” Leandro Zancanaro, gestor técnico da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT).

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Quando o assunto é evolução tecnológica na agricultura, ele é capaz de ficar horas na prosa. Em sua opinião, houve um salto tremendo nos últimos 15 anos, provocado, em boa parte, por “startups, que aceleram as novidades”. O que mais o impressiona é o avanço no processo de automação dos procedimentos a campo. “Há uma década e meia, a novidade era o GPS básico. Hoje, posso ligar uma máquina e deixá-la fazendo o serviço enquanto cuido de outra coisa. Ela vai e volta sozinha. Também é bom destacar a evolução dos dispositivos digitais, das tecnologias embarcadas e das novidades no mercado de sementes”. Estruturalmente, a evolução no início da década passada era representada, segundo ele, pela disponibilidade de máquinas com cabines climatizadas. “Antes disso, o operador sofria com o calor e a enorme sujeira que vinha direto nos seus olhos”. Diante de instrumentos que ele e sua equipe não dominam, Chioquetta faz a opção pela contratação de especialistas. “Uma empresa trabalha com drones na fazenda, prestando serviços de imagens, georreferenciamento e mensuração da produção de sementes”, exemplifica. O agricultor enxerga uma linha comum entre as novas ferramentas de trabalho e as exigências cada vez maiores de adoção de medidas de baixo impacto ambiental no campo. “Necessariamente, a tecnologia tem de passar pela sustentabilidade”, diz. Todo este salto, segundo ele, provoca um gargalo na agricultura brasileira. “Faltam pessoas com conhecimento e capacidade para acompanhar esta evolução tecnológica”. Chioquetta aproveita para fazer um alerta sobre os riscos do lançamento indiscriminado de tecnologias. Segundo ele, já surgem sinais de comprometimento da qualidade geral dos equipamentos: “O nível de alguns fabricantes vem despencando. Nas máquinas, as ferrugens estão surgindo mais rapidamente e alguns instrumentos estão sendo colocados em lugares impróprios. Muitos sensores, por exemplo, estão desprotegidos, sujeitos a poeira e barro”. Palavra de quem conhece. De quem sabe do que está falando.


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