Retrospectiva 2018: Revista Mundo do Leite (pág.22 - ed.89)

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Saúde Animal

O bicho é feio A papilomatose leva à redução da produção de leite, perda do couro e pode até causar a morte do animal Cris Olivette

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ambém conhecida como verrugose ou figueira, a papilomatose é uma doença infectocontagiosa que causa prejuízos consideráveis ao rebanho. Apesar de não ser de notificação obrigatória às autoridades sanitárias, como a febre aftosa, por exemplo, a enfermidade é um problema muito sério: leva à redução da produção de leite, perda do couro e, eventualmente, pode causar a morte do animal. “Somos procurados frequentemente por produtores que relatam ocorrências da doença nos rebanhos. Isso demonstra que a proliferação continua existindo e é grave”, afirma a pesquisadora do Laboratório de Genética do Instituto Butantan, Rita Stocco. “Atualmente, são conhecidos quase 20 tipos do papilomavírus bovino. No Brasil, ocorrem com mais frequência os dos tipos 1, 2 e 4”. A boa notícia é que o Butantan está, após pelo menos duas décadas de estudos, na fase final de

Por ser uma doença viral o animal infectado pode contaminar outros, caso não seja isolado

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desenvolvimento de uma vacina profilática que tem o poder de evitar que a doença se estabeleça. “Já fizemos testes práticos que foram bastante eficientes. O passo seguinte será a regulamentação do produto, feita pelo Ministério da Agricultura. Portanto, não podemos prever quando ela chegará ao mercado.” Rita conta que o desenvolvimento de vacina terapêutica (ou seja, para tratar animais afetados) está em estágio menos avançado. “É importante ressaltar o prejuízo que a doença vem causando à pecuária nacional. Temos grande porcentagem de gado infectado e grande porcentagem de gado afetado.” Aumento de casos Pesquisadora do Instituto Biológico, Líria Hiromi Okuda afirma que neste ano houve aumento no número de relatos de ocorrências de papilomatose. “Vários produtores e veterinários de campo, de diferentes regiões do Estado de São Paulo, estão entrando em contato conosco para informar o problema e pedir orientação.” Líria diz que durante muito tempo o Biológico pesquisou a doença e chegou a produzir uma autovacina curativa para tentar conter as ocorrências. “Produzíamos a vacina a partir das verrugas dos animais, que eram enviadas pelos proprietários. Preparávamos vacinas vivas, porque o vírus não era inativado. Por isso, a aplicação era recomendada somente em animais doentes, para não contaminar os saudáveis. Os retornos que recebíamos indicavam que a vacina era eficiente. Mas, por questão de custo, paramos essa produção.” A pesquisadora diz que no início dos anos 2000 chegou a realizar estudos sobre o assunto em parceria com outros institutos. “O Butantan foi um deles; inclusive, cedemos material para que iniciassem pesquisas para a produção de vacina em larga escala.”


Orientações Líria conta que recentemente desenvolveu técnica para obter diagnóstico molecular para papilomavírus. “O produtor que quiser obter o diagnóstico deve coletar o material e nos encaminhar para analisarmos. As orientações estão no site http:// www.biologico.sp.gov.br/ nos links: Exames/Área de Sanidade Animal/Manual de colheita e envio de amostras.” Rita, porém, não recomenda a autovacina. “Por não ser uma vacina específica, ela pode ocasionar a proliferação do problema”, salienta. Segundo ela, por ser uma doença viral o animal infectado pode contaminar outros, caso não seja isolado. “A transmissão da forma cutânea se dá por meio de contato direto entre um animal infectado e um sadio, ou por meio do contato indireto através de cercas, bebedouros, seringas e agulhas.” Por esse motivo, Líria ressalta que antes de comprar um animal o produtor faça levantamento prévio para saber se houve caso de papiloma na propriedade. “Sempre que comprar um animal, ele deve permanecer por certo tempo em área de isolamento,

antes de ser colocado junto com os demais.” Outra questão importante é em relação à descontaminação do ambiente. “O local ocupado pelo animal doente deve passar por descontaminação. O papiloma é um vírus fácil de ser destruído, basta lavar a área com desinfetantes usados normalmente na propriedade. Para ter um rigor maior, também se pode jogar cal e deixar a área em isolamento por um período”, diz Líria. Enquanto a vacina não chega ao mercado, as pesquisadoras afirmam que a melhor forma de evitar a doença é efetuando um bom manejo na propriedade: manter os animais doentes isolados, realizar ordenha higiênica, não compartilhar instrumentos, esterilizar instrumentos cirúrgicos e descontaminar periodicamente a área que abriga animais doentes. “Em animais muito bem cuidados e em condições adequadas de manejo, a doença pode regredir, mas em condições não adequadas ela só progride e pode se transformar em tumores na bexiga e no trato digestivo, prejudicando cada vez mais o animal”, acrescenta Rita.

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