VIDA, OBRA E VALORES DO HERÓI NACIONAL
CARRANCA
Esquadrões aplicam conhecimentos de busca e salvamento e simularam situações de resgate
EXCELSIOR
Hospital de Campanha atende população ribeirinha em balsas no Amazonas
HOMENAGEM
Aviações comemoram aniversário e avanços nas capacidades operacionais
Abr/Mai/Jun - 2023 Nº 275 - Ano 50
ARTE: Subdivisão de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER
Plano de voo
Edição nº 275 Ano 50
Abril / Maio / Junho - 2023
SANTOS DUMONT
150 Anos de Nascimento
Edição especial resgata histórias da vida, da obra e dos valores do Pai da Aviação, além de algumas das homenagens recebidas por ele ao longo da vida e até os dias atuais
EXCELSIOR 2023
FAB atende populações ribeirinhas em hospital flutuante na Amazônia
Em balsas da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA), populações ribeirinhas foram atendidas pelo Hospital de Campanha (HCAMP) da FAB durante Ação Cívico-Social entre os dias 26 de maio e 04 de junho
EXPEDIENTE
Publicação oficial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agência Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER).
Esplanada dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar
CEP: 70045-900 - Brasília - DF
Tiragem: 12 mil exemplares.
Período: Abril/ Maio / Junho
2023 - Ano 50
Contato: redacao@fab.mil.br
Chefe do CECOMSAER:
Brigadeiro do Ar Adolfo Aleixo da Silva Junior
Vice-Chefe do CECOMSAER:
Coronel Aviador João Gustavo Lage Germano
Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Coronel Aviador João Gustavo Lage Germano
Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação: Tenente-Coronel Aviador Rodrigo Caldeira Magioli
Edição:
Tenente Jornalista Flávia Rocha (DRT - 1354/PI)
Tenente Jornalista Eniele Santos (MTB - 0013149/DF)
Diagramação:
Soldado SNE Arthur Augusto Aranha
Revisão Ortográfi ca e Gramatical:
Tenente QOEA Alex Alvarez Filho
Subofi cia l SST Rogerio Braga Bandeira
Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte.
Distribuição Gratuita
Acesse a edição eletrônica:
www.fab.mil.br/publicacao/listagemAerovisao
Impressão: Continental Editora e Gráfi ca
Foto: Sargento Figueira
11 4 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
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HOMENAGEM
Você sabe a força que tem?
Em reportagem especial, conheça mais sobre as Aviações de Caça, de Patrulha, de Transporte, de Reconhecimento e de Busca e Salvamento
Crédito SIMPLES
Auxílio nanceiro para situações diversas
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OPERACIONAL
Base Aérea de Florianópolis sedia Operação Carranca 2023
Durante o treinamento, Esquadrões da Força Aérea Brasileira (FAB) aprimoraram táticas, técnicas e procedimentos em ambiente terrestre e marítimo
VOO MENTAL
Santos Dumont, 150 anos Jornalista e Editora Executiva do jornal O Estado de S.Paulo, Luciana Garbin, escreve artigo em homenagem ao pioneirismo e à história de Santos-Dumont, motivo de orgulho para os brasileiros
Veja a edição digital
Foto: Suboficial Johnson
Foto: Sargento Figueira
Juros baixos. Rápida liberação.
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Aos Leitores
MUITO ALÉM DO 14-BIS
Há 150 anos, nascia, no dia 20 de julho, no interior de Minas Gerais, aquele que se tornou o Pai da Aviação e o Patrono da Aeronáutica Brasileira, Alberto Santos Dumont; um notório herói nacional que deixou um inegável legado para o país e para o mundo. Além de dar asas à humanidade por meio do lendário 14-Bis, o mais pesado que o ar, o inventor teve participação em várias outras inovações. Sem dúvida, foi um homem à frente de seu tempo e será eternamente motivo de orgulho para os brasileiros.
Com esse sentimento, nesta Aerovisão, fi rmamos o compromisso de difundir para o maior número de pessoas a história de vida, as obras e os valores desse grandioso protagonista dos ares. A edição também traz alguns dos atos de reconhecimento que Santos Dumont recebeu em vida, assim como outros que recebe até os dias atuais.
Homenageamos também, nesta edição, as Aviações de Caça, Patrulha, Transporte, Reconhecimento e Busca e Salvamento, em alusão às respectivas datas comemorativas que são celebradas nos meses de abril, maio e junho.
Outra pauta de destaque é a participação da Força Aérea Brasileira (FAB) no Exercício EXCELSIOR, no estado do Amazonas. Em um Hospital de Campanha (HCAMP), a população ribeirinha foi atendida em balsas utilizadas pela Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA).
Já no sul do país, na Base Aérea de Florianópolis (BAFL), em Santa Catarina, acompanhamos de perto o Exercício Operacional de Busca e Salvamento (EXOP Carranca), adestramento de fundamental importância para o preparo dos militares e a evolução das missões da FAB.
Finalizando, no Voo Mental, a Jornalista e Editora Executiva do jornal O Estado de S. Paulo, escreve sobre a história de vida de Santos Dumont.
Boa leitura!
Nossa capa:
A capa desta edição faz uma homenagem aos 150 anos de Alberto Santos Dumont, Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica Brasileira. Assim, a nossa ilustração celebra esse herói nacional, esse gênio, esse inventor que muito nos orgulha e que deixou um legado extraordinário para o desenvolvimento da aviação. Nesse contexto, o objetivo desta edição comemorativa é lembrar da vida, obra e valores desse notável brasileiro que conquistou o céu. Esperamos que nossos leitores apreciem e aproveitem a oportunidade de resgatar essa história nessa data festiva.
Brigadeiro do Ar
Adolfo Aleixo da Silva Junior Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
6 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
VIDA, OBRA E VALORES DO HERÓI NACIONAL
CARRANCA Aviações comemoram aniversário e avanços nas capacidades operacionais
HOMENAGEM EXCELSIOR Hospital de Campanha atende população ribeirinha em balsas no Amazonas
Esquadrões aplicam conhecimentos de busca e salvamento e simularam situações de resgate
Palavras do Comandante
O NOSSO PAI DA AVIAÇÃO
A que propósitos temos nos dedicado? O quanto temos sido audaciosos e persistentes com nossos projetos mais audazes? Como anda a nossa capacidade de imaginar um futuro com mais soluções em prol do progresso da humanidade? Refletindo e estudando sobre a vida, a obra e os valores de Santos Dumont, o Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica Brasileira, percebemos o quão grandioso foi esse herói nacional. Desde a sua capacidade de sonhar até a sua perseverança em investir nas suas idealizações, tudo soa como admirável nesse mineiro de Cabangu.
Dono de uma personalidade repleta de virtudes, a figura do cientista, do aeronauta, do inventor e do visionário nos enche de orgulho e é merecedora de notáveis homenagens. Na firmeza dessa posição, a Força Aérea Brasileira (FAB), juntamente com inúmeras instituições, preparou uma sequência de atividades para honrar a memória de Alberto Santos Dumont. São publicações, reportagens, vídeos, musicais e eventos para difundir para várias gerações esse fundamental capítulo da história da aviação.
Com isso, queremos lembrar que, sem as contribuições de Santos Dumont, a ciência da aviação jamais seria a mesma. Cento e cinquenta anos depois do seu nascimento, assistimos
claramente à evolução do conjunto das técnicas e atividades relativas ao transporte aéreo. A navegação aérea, por meio de aparelhos de voo mais pesados do que o ar, dá substanciosos saltos a cada ano. Como podemos observar, os modernos vetores aéreos da FAB – como as aeronaves KC-30 e KC-390 Millennium, além do caça F-39 Gripen – são exemplos dessa herança deixada pelo Pai da Aviação. Como resultado desse pioneirismo, cada vez mais a missão de Defender, Controlar e Integrar o território nacional é executada com maior capacidade operacional.
Cabe reforçar que as missões humanitárias da FAB também se dão graças aos resultados oriundos do desenvolvimento dos primeiros inventos do Patrono da Aeronáutica Brasileira. Uma marca disso são os nossos transportes diários de órgãos para transplantes que ajudam a salvar vidas nas mais diversas regiões do nosso país. Similarmente, outra ação recente importante foi o Exercício de Campanha de Emprego de Logística, Saúde e Intendência Operacional (EXCELSIOR 2023), ocasião em que mobilizamos o Hospital de Campanha (HCAMP) da FAB em balsas para o atendimento especializado em saúde às comunidades das margens do Rio Negro, no estado do Amazonas.
O legado desse gênio brasileiro é gigantesco. Naturalmente, finalizo essas palavras ressaltando: o comprometimento com a aviação mundial e o propósito de inovação de Santos Dumont devem estar resguardados nos nossos corações e, dia após dia, no planejamento cotidiano das nossas rotas. Que os valores do nosso Pai da Aviação – como altruísmo, disciplina, coragem, dedicação, entusiasmo, entre muitos outros – sejam cada vez mais cultuados entre militares, civis, estudantes e profissionais nos mais diversos rincões do nosso Brasil.
Comandante da Aeronáutica
Tenente-Brigadeiro do Ar
Marcelo Kanitz Damasceno
ARTE: Subdivisão de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER
HOMENAGEM DA EMBRAER AOS
150 ANOS DE NASCIMENTO DE SANTOS DUMONT.
ANIVERSÁRIO 150 ANOS
SANTOS DUMONT
OS 150 ANOS AVIAÇÃO
Um verdadeiro herói nacional. Admirado por sua engenhosidade, Alberto Santos Dumont teve uma vida marcada por grandes feitos e muitos motivos de orgulho para os brasileiros. O fi lho de Francisca e Henrique Dumont foi o nosso maior protagonista dos ares. Nessas páginas especiais, conheça um pouco mais da vida, da obra e dos valores do Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica Brasileira.
CAPITÃO EMÍLIA MARIA; TENENTES FLÁVIA ROCHA, ENIELE SANTOS, MARIZE TORRES, JOHNY LUCAS, MÔNICA LOPES; E ASPIRANTE MYREA CALAZANS
Aerovisão 11 Abr/Mai/Jun/2023 Foto: Arquivo
VIDA
Alberto Santos Dumont (20 de julho de 1873 - 23 de julho de 1932) é um dos maiores nomes da invenção. Deu asas à humanidade ao inovar e contribuir para a criação de aeronaves. Também foi autor de vários outros inventos.
O Pai da Aviação soube aproveitar toda a estrutura social que a vida lhe ofereceu. Nascido em uma família de próspera condição socioeconômica, seu pai, Henrique Dumont, era engenheiro civil de obras públicas, vindo a tornar-se cafeicultor. Sua mãe, Francisca Santos, era de uma tradicional família portuguesa, que veio ao Brasil com Dom João VI, em 1808.
12 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Fotos: Arquivo
Nesse contexto social, chegou ao mundo àquele que no futuro ia se tornar uma das figuras mais célebres do planeta e o Patrono da Aeronáutica Brasileira. Nasceu no sítio Cabangu, local que, em 1890, passou a pertencer ao município de Palmira (MG) e, anos depois, passou a denominar-se Santos Dumont, em sua homenagem, no dia 31 de julho de 1932.
Um dos maiores inventores brasileiros tinha cinco irmãs e dois irmãos. Entre os homens, era o caçula da família. A criança curiosa, que gostava de observar balões de festas juninas, chegando a construir um de mais de dois metros de comprimento, aprendeu a ler com sua irmã Virgínia.
13 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão Fotos: Arquivo
Ainda menino, Santos Dumont criou um brinquedo com uma hélice que era movida com arames e molas. Sua ideia causou perplexidade a todos a sua volta. E foi assim que seu pai percebeu seu interesse pelas máquinas, pelas engenhocas e pelos inventos, tendo papel fundamental na desenvoltura do filho.
Santos Dumont estudou no Colégio Culto à Ciência, na cidade de Campinas (SP). Em seguida, no Instituto dos Irmãos Kopke e no Colégio Morethzon, no Rio de Janeiro. Sempre fascinado por objetos que voavam, o moço sonhava em desenvolver um objeto que pudesse voar levando alguém que o controlasse. Era encantado pelas tecnologias e pelas descobertas.
No Colégio Culto à Ciência, Santos Dumont é o primeiro à direita, sentado no chão. Foto de 1885
14 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão Fotos: Arquivo
Pai de Santos Dumont, Henrique Dumont (ao centro), tendo à direita o seu genro Guilherme de Andrade Villares (casado com Virgínia). No canto inferior esquerdo, a filha mais jovem, Francisca. Sentadas, as outras irmãs de Santos Dumont: Virgínia, Sophia e Gabriela
Na adolescência, Santos Dumont foi incentivado pelo seu pai a desenvolver seus estudos em matemática, física, eletricidade e mecânica em Paris. Em 1891, o jovem poliglota de 19 anos conheceu a capital francesa com a família e ficou encantado, o que motivou a aprofundar seus estudos na área de tecnologia, especialmente no campo de motores de combustão
interna a petróleo que impulsionaram os primeiros automóveis. Comprou um, então, para si, investigando todo o seu funcionamento. Logo depois, promoveu e disputou as primeiras
corridas de automóveis na Cidade-Luz. Em 20 de setembro de 1898, pela primeira vez na história da humanidade, Santos Dumont decolou com um balão dirigível movido a petróleo. Em uma década, o Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica desenvolveu mais de 20 balões e dirigíveis, tornando-se manchete em jornais de todo o planeta.
15 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão Foto: Arquivo
Omilionário francês Deutsch de la Meurth ofertou uma fortuna no valor de 100 mil francos para quem criasse um balão a motor que saísse de um determinado ponto e sobrevoasse a Torre Eiffel em 30 minutos e voltasse ao ponto de parada. Santos Dumont conseguiu o prêmio e dividiu metade com seus trabalhadores, além de dar outra metade para os pobres, e, por isso, a sua fama de homem generoso.
Entretanto, seu dia mais feliz não foi esse no qual conquistou a premiação e sim quando, no dia 12 de julho de 1901, percebeu que resolveu o problema de dirigibilidade aérea, elevando a sua brilhante trajetória.
Foto: Arquivo 16 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão 16
Santos Dumont também era um excelente divulgador científico. Fazia demonstrações públicas dos seus inventos, tanto do que acertava quanto do que errava, expressão de sua honestidade, e sempre com a presença de repórteres.
Várias pessoas vibraram e acenaram para o alto, animadas pelo que presenciavam, enquanto Santos Dumont cruzava, em voo, o Campo de Bagatelle com o seu Mais-PesadoQue-o-Ar: o 14-Bis. Era 23 de outubro de 1906, às 16h45min. Por esse motivo, se comemora o Dia do Aviador, dia que representa a data magna da Força Aérea Brasileira.
17 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão Fotos: Arquivo
Em 1910, após seu último projeto, Santos Dumont encerrou sua carreira de engenheiro aeronáutico, passando a supervisionar as indústrias que surgiram na Europa. Enfermo, resolveu voltar ao Brasil. Ficou triste ao ver que, na Revolução Constitucionalista, aviões atacaram o Campo de Marte, em São Paulo. Faleceu na mesma época, na cidade de Guarujá-SP, no dia 23 de julho de 1932.
18 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Fotos: Acervo do Museu Paulista da USP
Santos Dumont e seu cão galgo
Essa célebre frase de Santos Dumont resume o espírito do Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica Brasileira ao elaborar suas obras. Com esse sentimento, Dumont dedicou sua vida à aviação. Foram suas ideias e feitos que tornaram possível, hoje, nas Asas que protegem o país, a atuação da nossa Força em diversas missões nacionais e internacionais. A seguir, conheça as principais inovações relacionadas ao primeiro aeronauta a alcançar, definitivamente, a dirigibilidade dos balões e a voar num aparelho mais pesado que o ar com propulsão própria.
O menor balão tripulado
Percorrer o mundo pelos céus, dentro de um avião, é algo comum atualmente. Isso só é possível por causa de Santos Dumont que, para homenagear a sua pátria, em 4 de julho de 1898, lançava seu primeiro balão livre, chamado Brasil, inflado a hidrogênio, com apenas 113 metros cúbicos, 6 metros de diâmetro, pesando 35,5 kg, a menor das aeronaves até então construída. Foi feito com seda japonesa e podia carregar até 80 kg.
Mesmo com todas as previsões pessimistas, o menor aeróstato do mundo ganhou altura, provando que Santos Dumont, embora estreante, entendia de engenharia aeronáutica.
OBRA 20 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Fotos: Arquivo
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As invenções são, sobretudo, o resultado de um trabalho teimoso, em que não deve haver lugar para o esmorecimento
Primeiro dirigível da história
No ano seguinte, ele construiu seu segundo balão, com o qual obteve o quarto lugar num torneio aéreo, a Taça dos Aeronautas, destinada ao balonista que pousasse mais distante do ponto de partida. Ele percorreu 325 quilômetros em 22 horas de voo. Simultaneamente ao balonismo, Santos Dumont começou a desenhar balões dirigíveis, dotados de lemes e motores a gasolina. O primeiro dirigível projetado por Santos Dumont, o Nº 1, com 25 metros de comprimento e 180 metros cúbicos de gás, foi inflado no Jardim da Aclimação, em Paris, e lançado em setembro de 1898, no mesmo ano do primeiro balão.
21 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Fotos: Arquivo
A personalidade prática e inquieta de Santos Dumont, no entanto, logo pensou em uma nova solução para os complicados procedimentos de lançamento de balões. A cada voo, era necessário produzir o gás hidrogênio, estender cuidadosamente o invólucro do balão e enchê-lo para voar. Depois, era preciso esvaziar o balão e dobrálo novamente, já que não havia como mantê-lo cheio para outros voos, pois fi cava exposto às intempéries. O hidrogênio era desperdiçado.
Santos Dumont logo pensou, então, em construir um abrigo para os balões já infl ados, a fi m de evitar todo esse trabalho e desperdício de gás. Obteve autorização do Aeroclube para construir um grande galpão em madeira na Aeroestação de St. Cloud. Estava nascendo o primeiro hangar de aeronaves da história.
O termo “hangar” veio do inglês hangar , que originalmente signifi cava “depósito de veículos de tração animal”, e a palavra tem provável origem holandesa, uma modifi cação de ham-gaerd , que signifi ca “galpão ao lado da casa”.
Santos Dumont concluiu a construção do seu hangar em junho de 1900. Era um grande galpão de madeira, de 30 metros de comprimento, 11 metros de altura e 7 metros de largura na base, retirando os suportes das duas portas corrediças, uma grande novidade criada pelo inventor brasileiro.
22 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão Fotos: Arquivo
O primeiro hangar do mundo
Em 1901, Santos Dumont pilotou seu balão, o Nº 6, sobre Paris. O novo balão movido a gasolina tinha, entre outros atributos, 33 metros de comprimento e 6 metros de altura. O balonete era de 60 metros cúbicos.
Foi com esse balão que, em outubro de 1901, ele finalmente conquistou o prêmio Deutsch. O trajeto durou 29 minutos e 30 segundos, do início até o momento em que cruzou a linha de chegada.
As suas realizações foram frutos de sucesso na imprensa europeia, na imprensa norte-americana e no Brasil. O inventor, nesse momento, torna-se o centro das atenções, despertando o interesse militar para seus balões.
23 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão Fotos: Arquivo
O Prêmio “Deutsch de La Meurthe”
O menor e mais popular invento de Santos Dumont
Em 1903, Santos Dumont constrói o dirigível N° 9, considerado o aeróstato mais popular do aviador, com 3,5 metros de diâmetro, 260 metros cúbicos e 11 metros de comprimento, tendo sido uma aeronave muito utilizada para sobrevoar as ruas de Paris. A população da cidade já estava acostumada com a presença dos dirigíveis do “Petit Santôs” nos ares da capital francesa. Foi com esse balão que, pela primeira vez, uma criança foi transportada pelo aeronauta e que uma mulher pilotou um dirigível.
24 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Fotos: Arquivo
Dirigível Nº 10: “ônibus aéreo”
Ainda em 1903, o Pai da Aviação ergue o dirigível Nº 10, de 9 metros de diâmetro e 42 de comprimento, apelidado por ele mesmo de “dirigível ônibus”, pois nele foram confeccionados lugares para que fossem transportadas mais pessoas, lançando assim a ideia de transporte aéreo de passageiros.
25 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão Fotos: Arquivo
Após o sucesso com balões e dirigíveis, Santos Dumont partiu para outra linha de pesquisa: queria, então, voar com um veículo mais pesado que o ar. O protótipo era composto por uma fuselagem longa, com a nacele do balão número 14 na parte de trás – um biplano com uma construção parecida com pipas japonesas, portando um motor de oito cilindros e sobre três rodas: o primeiro trem de pouso de que se tem notícia. A inovação era pulsante desde os testes. O aviador construiu um sistema de cabos inclinados para testar a dirigibilidade do 14-Bis: um inovador simulador de voo.
Em 1905, na plateia de uma corrida de lanchas num quente verão no Rio Sena, Santos Dumont avista uma potente lancha com motor Antoinette de 24 HP e começa aí a planejar “o-mais-pesadoque-o-ar”. Aproveitando o sucesso dos planadores e, em especial, o planador células de Hargrave, o inventor constrói o primeiro avião, o 14-Bis, com o motor Antoinette, usando o balão Nº 14 para testes de estabilidade.
O famoso 14-Bis 26 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Fotos: Arquivo
Foi no dia 7 de setembro de 1906 que o 14-Bis deu um primeiro salto no ar, mas faltou potência. Já em 23 de outubro, com motor Antoinette de 50 HP, o 14-Bis voou, decolando, mantendo-se no ar por uma distância de 60 metros, a três metros de altura, e aterrissou. Era o primeiro voo homologado do “mais-pesado-que-oar” para uma multidão de testemunhas eufóricas no campo de Bagatelle, em Paris. No dia seguinte, toda a imprensa francesa louvou o fato histórico, o triunfo de um obstinado brasileiro que, pelo feito, conquistou o prêmio Archdeacon oferecido pelo Aeroclube de França. O dinheiro do prêmio foi distribuído para seus operários e os pobres de Paris, como era o costume do inventor.
Assim, Santos Dumont se tornou uma celebridade internacional e continuou a trabalhar em aviões, tendo feito muitas outras contribuições importantes para a Aviação. Em 1909, ele voou em seu avião Demoiselle, uma das primeiras aeronaves ultraleves do mundo, que se tornou um sucesso comercial. Santos Dumont também trabalhou em melhorias no design do avião, como a adição de cauda vertical para melhor estabilidade e controle.
Dumont recebeu diversas homenagens por toda a Europa, nos EUA, na América Latina e, em especial, no Brasil, onde foi recebido com festas e euforia. Seus projetos foram aperfeiçoados por outros aviadores e projetistas, já que ele não os patenteava e não desejava adquirir bens materiais com suas invenções, mas idealizava dotar a humanidade com meios de facilitar as comunicações, desgostando-se com o uso agressivo que o avião teve na Primeira Guerra Mundial.
27 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Fotos: Arquivo
Demoiselle
Após o sucesso do “14 Bis” e da popularidade dos irmãos Wright na Europa, Santos Dumont, em 1907, ressurgiu com um invento que iria não só colocá-lo novamente em destaque nos jornais e diante do público francês, mas também modificar o novo mercado aeronáutico, que começava a despontar. A pequena e linda “Demoiselle” encantou a todos e passou a ser produzida em série por várias fábricas. Mas o inventor brasileiro nunca ganhou dinheiro com isso. Não patenteou nenhuma das suas invenções.
A “Demoiselle” foi a primeira aeronave esportiva do mundo, que o próprio Santos Dumont usava como veículo de passeio e chegava a transportá-lo em seu carro, como uma bagagem especial. Foi com ela também que o inventor brasileiro fez o último voo da sua vida, em janeiro de 1910.
Depois disso, passou a enfrentar problemas sérios de saúde e não pôde mais voltar às atividades normais.
28 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Fotos: Arquivo
Alberto Santos Dumont era um homem de muito estilo. Quando morou em Paris, no começo do século XX, era admirado não apenas por suas conquistas na área da Aviação, mas também porque ditava moda – o brasileiro desenhava as próprias roupas, confeccionadas pelo ateliê de Amélie Matisse, esposa do pintor francês Henri Matisse.
Em 1904, dois anos antes de construir o 14-Bis, ele reclamou para um de seus melhores amigos, o francês Louis Cartier, que estava cansado da falta de praticidade do relógio de bolso. Como passava grande parte do tempo dirigindo máquinas voadoras, ele precisava ver as horas sem a necessidade de utilizar uma das mãos.
Meses depois, Cartier presenteou o aviador com o protótipo de um dos primeiros relógios de pulso masculinos do mundo, que recebeu o nome de Santos. Em seu punho, a novidade não passou despercebida na alta sociedade parisiense. O modelo simples e funcional – uma caixa quadrada de metal presa a alças de couro – tornou-se símbolo de elegância, um ícone da Maison Cartier, passando a ser fabricado comercialmente, em 1911. Portanto, dá para dizer que Dumont deu um empurrãozinho para Cartier criar essa invenção que nunca saiu de moda.
29 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
O relógio de pulso: invenção incentivada por Santos Dumont
Fotos: Arquivo
VALORES
A inquietude e a força de vontade de Santos Dumont são exemplos e motivos de orgulho para milhares de homens e mulheres, militares e civis. Decisivamente, a fi gura do cientista, do aeronauta, do inventor e do visionário Santos Dumont representa os valores não só da Força Aérea Brasileira (FAB), mas também de muitas instituições nacionais e internacionais. São valores internalizados nas mais diversas atividades humanas, em prol de um bem maior: deixar um legado para muitas gerações.
30 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
A trajetória de Alberto Santos Dumont é marcada por uma ampla gama de valores: abnegação, disciplina, coragem, dedicação, preparo intelectual, entusiasmo, motivação, resistência, fé na missão. A lista é imensa. Inegavelmente, a personalidade do Pai da Aviação é marcada como exemplo a ser seguido. Embora o talento e a experiência sejam importantes, uma das características principais para alcançar o sucesso é a persistência, e quando mencionamos a história do Patrono da Aeronáutica Brasileira, é indiscutível ver esse êxito em suas inovações e inventos.
O brasileiro Santos Dumont representa, ainda, outros valores que norteiam a FAB, a cultura organizacional e suas tradições: Patriotismo, Integridade, Comprometimento e Profissionalismo, além de outros que são, diariamente, cultuados pelos militares e civis da Instituição.
Enfrentar as adversidades, especialmente enquanto testava suas máquinas voadoras, não foi uma tarefa fácil para o Patrono da Aeronáutica Brasileira. Por inúmeras vezes, enquanto realizava demonstrações de seus dirigíveis, perdia o controle de alguns, e outros acabavam envolvidos em acidentes em Paris. Para muitos, isso poderia ter sido um “balde de água fria”, mas não para esse herói brasileiro.
O jovem rapaz não desanimou, pelo contrário, persistiu e seguiu com a criação de mais aeróstatos, tornando-o ainda mais à frente do seu tempo. Ou seja, definitivamente, o aeronauta foi a prova de que o talento e o conhecimento de nada serviam diante da inação (falta de ação). Santos Dumont mostrou ao mundo que um brasileiro era capaz de se destacar pela ciência e ajudar as pessoas a realizar o grande sonho de voar.
Além da personalidade altruísta e solidária, o ousado inventor ainda foi a expressão de outros valores, como a coragem e a fé na missão. Teve a bravura de colocar em prática a combinação impressionante entre tudo que lera sobre mecânica, desde sua infância, e incluir inovações ainda não exploradas por muitos balonistas do período já famosos por seus feitos.
31 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Arquivo
Foto:
32 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Fotos: Arquivo
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Inventar é imaginar o que ninguém pensou; é acreditar no que ninguém jurou; é arriscar o que ninguém ousou; é realizar o que ninguém tentou. Inventar é transcender (Alberto Santos Dumont)
A tenacidade desse herói se entrelaça com os valores fundamentais da FAB ao desenvolver em cada integrante o sentimento de ter exata noção do sacrifício a que se predispõe, não importando as circunstâncias que estão a sua volta.
Nesse contexto, é fundamental pontuar que Santos Dumont também acreditava que a Aviação poderia ser usada para fins pacífi cos, além de promover a igualdade social por meio dos valores humanidade e empatia. Fato esse que guiou a FAB a estabelecer esses princípios em seu cerne. Hoje, a Instituição é uma das principais do segmento aeronáutico do Brasil e responsável pela Defesa Aérea do país, que, há 82 anos, com o objetivo de defender, integrar e controlar a nação, vem realizando inúmeras ações, dentre elas muitas humanitárias, no Brasil e em outras regiões do mundo.
33 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão Fotos: Arquivo Fotos: Arquivo
Este monumento mandado erigir em Saint-Cloud, perto do Aeroclube da França, me é duas vezes grato: Me é a consagração de meus esforços, e, como homenagem prestada a um brasileiro, reflete-se sobre a Pátria toda.
RECONHECIMENTOS 34 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão Fotos: Arquivo
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(Alberto Santos Dumont)
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Santos Dumont sentado à base do Ícaro, monumento erguido em sua homenagem pelo Aeroclube da França, em Saint-Cloud
Homenagem na França
Santos Dumont recebeu algumas condecorações e prêmios decorrentes de seus feitos.
Dentre os reconhecimentos, foi homenageado pelo Aeroclube da França, em Saint-Cloud, com um monumento dedicado à sua grandiosidade, o Ícaro de Saint-Cloud.
Segundo a lenda, Ícaro era um menino que usou asas feitas de penas de aves para fugir de um labirinto onde estava preso.
35 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Fotos: Arquivo
A medalha é destinada a militares e civis, brasileiros ou estrangeiros, quando julgados merecedores, ou que tenham prestado relevante serviço à Força Aérea Brasileira.
Medalha Mérito Santos Dumont: Criada pelo Decreto Nº 39.905, de 5 de setembro de 1956, alterada pelo Decreto Nº 4.209, de 23 de abril de 2002, e regulamentada pela Portaria Nº 666/SCGC, de 10 de junho de 2020
Livro de aço
O Livro homenageia a importância de todos os homens e mulheres que garantiram a autonomia e o engrandecimento da nação historicamente.
Inscrição de Alberto Santos Dumont no livro de aço, no dia 27 de julho de 2006. O livro está guardado no Memorial Cívico Panteão da Pátria, localizado na praça dos Três poderes, Brasília (DF)
Cédulas e selos em homenagem a Santos Dumont, distribuídas em vários países, homenageando seus feitos.
36 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Medalha Mérito Santos Dumont
Fotos: Arquivo
Diploma Olímpico
Em 1905, por haver prestado serviços relevantes ao esporte, Santos Dumont foi um dos quatro laureados na primeira outorga do Diploma Olímpico criado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
Santos Dumont possuia um notável comportamento como esportista e por superar limites, comum entre atletas.
Ele praticava tênis, golfe, esqui e também participava de competições a cavalo.
37 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Foto:
Suboficial Johnson
Aeroporto Santos Dumont - Batizado em homenagem ao Pai da Aviação no dia 30 de Novembro de 1936
“
A Europa curvou-se ante o Brasil e aclamou parabéns em meigo tom.
Brilhou lá no céu mais uma estrela e apareceu Santos Dumont.
Salve, Brasil, terra dourada a mais falada no mundo inteiro. Guarda teus filhos lá nessa altura mostra a bravura de um brasileiro.
(Composição de Eduardo das Neves)
“
Foto: Arquivo
Composições Musicais
Entre as homenagens que Alberto Santos Dumont recebeu em vida, estão composições musicais. Durante um jantar realizado pelo Aeroclube da França para celebrar o Prêmio Deutsch, em 1901, Henry Deutch de la Meurthe o presenteou com uma apresentação ao piano da Valsa intitulada Santos, de sua própria autoria e criada ali mesmo durante o evento.
A partitura da valsa tem 12 páginas e faz parte do acervo digital do Instituto Smithsonian
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Foto: Sargento Figueira
Já no início deste ano, durante as pesquisas para as celebrações dos 150 Anos do Pai da Aviação, a Orquestra Sinfônica da Força Aérea Brasileira (OSFAB) resgatou a composição de Deustch e trabalhou para que fosse tocada por seus músicos.
“Buscamos referências de época e encontramos citações sobre homenagens musicais, mas tudo isso ainda era muito vago, faltava o principal, as partituras. Assim, em uma manhã, no início do mês de abril, fui surpreendido pelo Maestro Paulo Rezende com a incrível notícia da partitura de piano da Valsa Santos, e seu registro musical marcante na épica noite de entrega do Prêmio Deutsch”, conta o 2º Sargento Amilcar Messias Acrizio.
Para o 1º Tenente Músico Paulo César Ramos Rezende, Maestro da OSFAB, é emocionante ver que conseguiram dar vida à valsa composta para Santos Dumont. “Uma obra que estava esquecida e poderá ser ouvida pela primeira vez, em versão orquestral, através da OSFAB. Originalmente composta ao piano, sendo tocada 122 anos depois por uma grande orquestra de 70 músicos. Que momento histórico!”, celebra.
“Que alegria perceber o quão simbólico e histórico é esse momento em que podemos celebrar a grandiosidade e relevância histórica da existência de Dumont através da música sinfônica”, completa o músico.
Abr/Mai/Jun/2023
Marchinha de carnaval de autoria do compositor popular Brasileiro Eduardo das Neves tocada por um bloco de carnaval
Fotos: Arquivo
Voo histórico: FAB faz alusão a dirigível de Santos Dumont
Em 1901, a bordo do Dirigível Nº6, Alberto Santos Dumont mostrava ao mundo a sua genialidade. O aeronauta brasileiro voou sobre a cidade de Paris e contornou a Torre Eiffel, demonstrando o poder e a versatilidade da sua invenção. Esse voo provou que o homem podia controlar o seu deslocamento pelos ares e fez com que Santos Dumont conquistasse a atenção e a admiração do público, além de render-lhe o prêmio Deutsch de La Meurthe.
Por isso, 122 anos depois, na capital do Brasil, a Força Aérea Brasileira (FAB) relembrou o feito de Santos Dumont: o céu de Brasília foi palco, na manhã do dia 2 de julho, do sobrevoo de um balão dirigível com 33 metros de comprimento, 6 metros de diâmetro e equipado com um motor de 16 HP. O
trajeto realizado pela Esplanada dos Ministérios e contornando a Torre de TV fez alusão à conquista de 1901.
O piloto responsável pelo sobrevoo, Feodor Nenov Junior, falou do desafio de tentar reproduzir o feito de 1901. “Refazer o voo do Prêmio Deutsch foi uma grande honra e, como eu já imaginava, foi muito difícil chegar próximo da marca estabelecida em 1901. Nosso voo teve duração de 38 minutos e percorremos apenas 9,5 Km, muito abaixo da marca estabelecida por Santos Dumont. Mesmo assim, acredito que conseguimos fazer uma viagem no tempo e reforçar a importância dessas conquistas que transformaram toda nossa civilização”, pontuou.
O ato realizado durante a solenidade de substituição da Bandeira Nacional na Praça dos Três Poderes faz parte das atividades de celebração dos 150 anos do nascimento
de Santos Dumont. O Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno destacou a importância do homenageado. “Hoje, ele representa união, pois era uma figura preocupada com o ser humano, que via no outro o crescimento e, por isso, não patenteava suas obras, para que os outros pudessem, assim como ele, empregar sua criatividade”, comentou.
Representação
Durante o sobrevoo do balão em Brasília, foi realizada uma encenação do momento ocorrido em 1901. O Sargento Amilcar Messias Acrizio, que pertence ao efetivo da Orquestra Sinfônica da Força Aérea Brasileira (OSFAB) e que representou Santos Dumont durante a encenação promovida pela Oficina de Atores de Brasília, falou sobre o sentimento de retratar um ícone da aviação. “Reviver uma figura tão icônica e detentora de uma história épica requer não só uma pesquisa profunda como também uma contextualização de indumentária, comportamento e linguagem adequada para a época”, contou.
40 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Foto: Cel Germano Foto: Suboficial Johnson Foto:Sgt Müller Marin
O futuro chegou
A Saab se orgulha em fazer parte da história da aviação de caça do Brasil e acompanhar o legado de determinação e inovação que Santos Dumont iniciou há mais de um século. O caça F-39 Gripen garantirá, pelas próximas décadas, a segurança e a soberania nacional e representa uma nova era operacional para a Força Aérea Brasileira.
saab.com/br
F�39 GRIPEN
ARTE: Subdivisão de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER
ONDE A FAB ESTIVER, ONDE O BRASIL PRECISAR
Em um Hospital de Campanha (HCAMP) da Força Aérea Brasileira (FAB), populações ribeirinhas do estado do Amazonas foram atendidas em balsas entre os dias 26 de maio e 04 de junho, durante o Exercício de Campanha de Emprego de Logística, Saúde e Intendência Operacional (EXCELSIOR).
44 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão EXCELSIOR 2023
TENENTE JORNALISTA GABRIELLE VARELA
45 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Figueira
Foto: Sargento
Balsas da COMARA durante a navegação pelo Rio Negro rumo ao distrito de Moura (AM)
A Força Aérea Brasileira (FAB) realizou o Exercício de Campanha de Emprego de Logística, Saúde e Intendência Operacional (EXCELSIOR). Essa foi uma ação do Comando da Aeronáutica (COMAER), de caráter ostensivo, que só foi possível devido ao esforço conjunto do Destacamento de Apoio à Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (DACO-MN), do Grupamento de Apoio Logístico de Campanha (GALC), do Hospital de Campanha (HCAMP), do Escalão Móvel de Apoio (EMA), do Grupo de Segurança e Defesa de Manaus (GSD-MN) e da Unidade Celular de Intendência (UCI).
O Exercício foi uma mobilização da FAB para o atendimento especializado em saúde às comunidades das margens do Rio Negro, no distrito de Moura, no período de 26 a 28 de maio, e no município de Barcelos, entre os dias 31 de maio e 04 de junho, no Amazonas. Durante esse período, foram contabilizados 5.300 atendimentos nas especialidades de ortopedia, pediatria, ginecologia, clínica médica, dermatologia, proctologia, emergência, fisioterapia, neurologia e odontologia. Além disso, o HCAMP também realizou exames preventivos de colo de útero, com resultados em tempo real; exames laboratoriais e de imagem (raio-x e ultrassonografia); e assistência social e religiosa. Também foram distribuídos 14.769 medicamentos que foram doados pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas e pela Secretaria de Saúde Municipal de Barcelos.
A Ação Cívico-Social (ACISO) contou com mais de cem militares da área da saúde, de Intendência e das áreas operacional e de segurança e defesa envolvidos no transporte, logística e operação das balsas e prestação de serviços na região.
O Comandante da Aeronáutica, TenenteBrigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, durante visita técnica-operacional às balsas, relembrou a missão que comandou, em 2012, na Operação Ágata IV, que também contou com Hospital de Campanha da Força Aérea para atendimento à população do Amazonas, de onde partiu a ideia do EXCELSIOR 2023.
“O Comando da Aeronáutica, fiel ao cumprimento de seus preceitos constitucionais, orgulha-se de ações como essas junto ao povo brasileiro, que reforçam o nosso
46 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
População Ribeirinha aguarda triagem para atendimento no Hospital de Campanha
Militar dentista do HCAMP realiza atendimento na balsa
Militares médicas realizam atendimento em ginecologia
Foto: Sargento Figueira
Foto: Sargento Figueira
Foto: Sargento P. Silva
comprometimento com o presente e com o futuro, sempre balizado nos nobres ideais que norteiam esta instituição militar. Vale destacar, ainda, o devotamento, o patriotismo e o profissionalismo de cada um dos envolvidos neste Exercício, que integraram a equipe de apoio, de saúde, de segurança e atuaram na gestão, bem como ressaltar o resoluto cumprimento da nossa nobre missão de manter a soberania do espaço aéreo”, disse o Tenente-Brigadeiro do Ar Damasceno.
Para o Comandante do Exercício, Brigadeiro Intendente Gilson Alves de Almeida Junior, essa foi uma oportunidade de fortalecer as capacidades logísticas, de saúde e de intendência, as quais são fundamentais para o funcionamento de qualquer força militar.
“Reconhecemos que a assistência às comunidades ribeirinhas do norte do Brasil é de relevante importância, e nosso compromisso com o bemestar de nossa população não se limita apenas aos nossos militares, mas se estende a todos os cidadãos. Ressalto ainda o recurso humano, que são os militares subordinados ao nosso Comando-Geral do Pessoal: equipe da saúde, da assistência religiosa, da assistência social, entre outros. Eles foram fundamentais para o sucesso da nossa missão”, pontuou.
Neste Exercício, a FAB transportou, por meio de balsas, a maior estrutura ao longo de anos, sendo o maior comboio em extensão, com 146 metros de comprimento e 1000 toneladas deslocadas. “A Força Aérea aproveitou as balsas da Comissão
de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA) para acomodar a estrutura do Hospital de Campanha. Nosso objetivo foi transportar todo esse material de Manaus até Moura, de Moura até Barcelos e retornar para Manaus. Foram aproximadamente mil quilômetros sobre o Rio Negro, ida e volta em quinze dias”, disse o Chefe do Destacamento de Apoio à COMARA de Manaus, Tenente-Coronel Aviador Antônio Carlos Neves Trigueiro.
Para a Comandante do Hospital de Campanha, Major Médica Carla Isabel dos Santos Silvestre, foi um desafio estar à frente de uma operação tão importante. “A dedicação e o espírito de corpo de nossa equipe do HCAMP nos motivam ao cumprimento de nossa missão, que é levar saúde onde for necessário”, frisou.
A Major Carla, que é neurologista, ainda relembrou atendimentos específicos realizados. “Tivemos alguns pacientes neurológicos graves na comunidade. Então fi camos bastante gratos em poder ajudar também nesses casos mais delicados. Todos os militares chegaram motivados para fazer o máximo que podiam, sem hora pra terminar. Todos estavam empenhados em atender”, enfatizou a Comandante do HCAMP.
O Exercício também contou com o Escalão Móvel de Apoio (EMA), estrutura da Intendência Operacional que é ativada quando há iminência de alguma operação. “O EMA é importante para a manutenção e a conservação do moral da tropa. As atividades desenvolvidas são essenciais para o
cumprimento da missão, uma vez que essas atividades de logística aumentam o desempenho do efetivo apoiado”, explicou o Chefe do EMA, Major Intendente Rafael Freitas de Lima. “É muito importante saber que quem está lá na ponta da linha, o pessoal da saúde, está podendo desenvolver o seu melhor graças ao trabalho que a gente está fazendo. Manter o militar da saúde em melhores condições propicia um atendimento de melhor qualidade e durante mais tempo para a população”, completou. O Supervisor da Operação de Segurança e Defesa, Capitão de Infantaria Germano Luis Lopes de Mello, destacou as principais atividades que são executadas pelo efetivo empregado. “Dentro das Ações previstas para a Infantaria da Aeronáutica está incluída a proteção de meios de Força Aérea, como no caso desse Exercício, desdobrados no terreno. O nosso papel está em garantir a segurança de todo o pessoal, material e o bom andamento da operação. A Infantaria da Aeronáutica cumpre sua missão escoltando e assegurando que o Exercício seja bem executado em qualquer cenário”, afirmou.
De acordo com a Prefeitura do Município de Barcelos, último ponto atendido pelo EXCELSIOR, a ação da Força Aérea Brasileira foi de grande importância, pois havia muitas demandas reprimidas. “Sabemos que no interior temos várias dificuldades para que esses pacientes consigam chegar até a capital. Então, trazer os especialistas até o município ajudou bastante. Esse impacto foi muito positivo, pois nós tivemos um esvaziamento dessa fila. Nós só temos a agradecer, de maneira especial, a toda equipe da Força Aérea Brasileira que esteve aqui esses dias. A população está muito satisfeita. A cidade ficou muito feliz, agradecida por todos os atendimentos de excelência realizados aqui. Todos os profissionais são ótimos, preparados, e, também, destaca-se a humanização com os pacientes. Todos foram bem acolhidos”, declarou a Secretária de Saúde de Barcelos,
47 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Patrícia Leite.
Brigadeiro Intendente Almeida Junior durante o EXCELSIOR
Foto: Sargento Figueira
Doação de vestuário e acessórios
A FAB também realizou doação para crianças ribeirinhas de mais de quinhentas peças de roupas e acessórios feitos, em parte, de fardas militares descaracterizadas. A iniciativa é uma parceria com a Organização Não-Governamental (ONG) “Dress a girl”, que customiza shorts, vestidos, bonecas e tiras com laços.
Após conhecer o trabalho da ONG e sabendo do EXCELSIOR 2023, a senhora Christiane Peres Goulart mobilizou voluntárias para a coleta e corte de fardas, visando as doações para as comunidades ribeirinhas.
“Cada encontro das voluntárias reforçava a vontade de poder ajudar o próximo, mesmo com pequenas ações, além de estreitar os laços de amizade. Temos como objetivo gerar engajamento em vilas residenciais militares para coleta e tratamento das peças para doação. Visamos, dessa forma, um maior impacto social e a diminuição do descarte dos tecidos”, ressaltou.
E, após mais de vinte dias, entre transporte de materiais, montagem de toda estrutura, além de navegação pelo Rio Negro, as balsas da Força Aérea Brasileira fi nalizaram o Exercício ao retornarem ao Porto do DACO-MN no dia 07 de junho.
48 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Empurradores da COMARA posicionados para deslocamento das balsas
Fotos: Sargento Figueira
Depoimentos da população ribeirinha
A senhora Erica Sousa, mãe de quatro crianças, foi atendida pelos militares do HCAMP e elogiou o atendimento recebido. “Fomos muito bem assistidos pela pediatra, pela dentista; também fui muito bem tratada na clínica médica e na ginecologia. Já tinha um ano que não tínhamos atendimento de saúde. Sou grata à Força Aérea por trazer o Hospital de Campanha à nossa comunidade de Moura”, comentou.
A paciente do HCAMP Rosimeire Aguiar Magalhães, atendida pela ginecologia e pela ortopedia, comentou o serviço oferecido pela FAB. “É um sentimento de gratidão, pois a gente que vive aqui no interior nem sempre tem a oportunidade de ir ao médico, porque moramos longe dos recursos, tudo é muito caro pra se conseguir. Fomos muito bem atendidos por pessoas atenciosas e dedicadas; estão todos de parabéns”, relatou.
“A gente precisava desse apoio. Tenho uma filha que precisa de atendimento médico por alguns problemas que tem. Então, foi uma coisa muito boa que aconteceu para a nossa comunidade,” afirmou dona Patrícia da Silva Almeida, que expressou gratidão por ter recebido os atendimentos de saúde perto de casa.
A indígena Suzana Kepropeteri Yanomami foi atendida no HCAMP em Barcelos, e, por meio do tradutor, falou sobre a atenção recebida. “Muito feliz pelo atendimento que estão fazendo na área da saúde. Agradeço a prioridade aos povos indígenas. É um privilégio ter esse atendimento para nós”, expressou.
A paciente Natali Salviano dos Santos também se sentiu satisfeita ao ser consultada e já receber o resultado dos exames no mesmo dia. “Eu achei muito bom, porque é bem satisfatório, pois a gente quase não tem atendimento na nossa cidade e, quando vem, a gente tem que aproveitar”, declarou.
Efetivo empregado no Excelsior 2023: militares da Intendência Operacional; da GSD-MN;
49 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
HCAM; e do DACO-MN
ARTE: Subdivisão de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER
VOCÊ SABE A FORÇA QUE TEM?
Para garantir a defesa do espaço aéreo e apoiar missões nacionais e internacionais, a Força Aérea Brasileira (FAB), de forma estratégica, conta com Esquadrões especializados operando em uma vasta e moderna estrutura. Nos meses de abril, maio e junho, a FAB comemora as conquistas e evoluções das Aviações de Caça, de Patrulha, de Transporte, de Reconhecimento e de Busca e Salvamento. Nesse contexto, aproveitamos a oportunidade para trazer informações dessas aviações e suas capacidades operacionais em prol de Defender, Controlar e Integrar o território nacional.
Foto: Sargento Bianca Viol 52 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão HOMENAGEM
TENENTE JORNALISTA SUSANNA SCARLET TENENTE JORNALISTA GABRIELLE VARELA
AVIAÇÃO DE CAÇA – 22 DE ABRIL
O Primeiro Grupo de Aviação de Caça realizou nos céus da Itália a impressionante marca de 44 missões de combate na Segunda Guerra Mundial em um único dia. Desde então, a Aviação de Caça é um dos pilares da proteção da soberania do Brasil, sendo responsável pela defesa do espaço aéreo.
A Aviação de Caça atualmente conta com quatro modelos de aviões que podem ser empregados em missões de Ataque, Reconhecimento Armado, Reconhecimento Aéreo, Controle Aéreo Avançado e Apoio Aéreo aproximado. São elas: A-1M, produzido pelo Brasil em conjunto com Itália; A-29 Super Tucano, produzido no Brasil; F-5M, que tem produção norte-americana; além do F-39 Gripen, desenvolvido pela empresa sueca Saab e cuja versão brasileira é desenvolvida em parceria com empresas brasileiras. Conhecido pela sua eficiência, baixo custo de operação, elevada disponibilidade e capacidade tecnológica avançada, sua entrada em serviço no Brasil traz um importante salto qualitativo e tecnológico para a defesa aeroespacial do país.
Foto: Suboficial Johnson
Foto: Tenente Enilton
Foto: Sargento Rezende
53 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
AVIAÇÃO DE PATRULHA – 22 DE MAIO
Fotos: Suboficial Johnson Barros 54 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
A história desta Aviação começou em 1942, quando o Brasil se viu diante de sucessivos afundamentos de navios mercantes brasileiros. A reviravolta veio a bordo de uma aeronave B-25, quando houve contra-ataques ao submarino italiano Barbarigo. Nesse momento, os aviadores patrulheiros passaram a ser reconhecidos pela abnegação e pelo profi ssionalismo e lutaram por um ideal de nação.
Atualmente, para patrulhar o território brasileiro, a Força Aérea Brasileira (FAB) conta aeronaves P-3AM Orion, que cumprem missões de Antissubmarino, de Busca e Salvamento, de Inteligência Operacional, de Reconhecimento Aéreo, de Minagem Aérea, de Controle Aéreo Avançado e de Posto de Comunicações no Ar. Também conta a versão “Bandeirulha” do C-95 Bandeirante, aeronave de produção brasileira utilizado desde 1973 e com várias versões modernizadas ao longo dos anos.
Foto: Sargento Rezende
55 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Foto: CB Silva Lopes
Foto: Sargento Batista
AVIAÇÃO DE TRANSPORTE – 12 DE JUNHO
Foto: Sargento Rezende Foto: Suboficial Johnson 56 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
O Dia da Aviação de Transporte, celebrado em 12 de junho, lembra a pioneira e célebre missão do Correio Aéreo Nacional (CAN). Nesse dia, em 1931, os Tenentes Nelson Freire Lavenére Wanderley e Casimiro Montenegro Filho realizaram o primeiro voo do CAN da história. A bordo de um Curtiss Fledgling K-263, saíram do Rio de Janeiro (RJ) e levaram um malote com duas cartas até São Paulo (SP).
A Aviação de Transporte é a responsável por integrar o território nacional, com conexões muitas vezes em todo o mundo, inclusive em ações de repatriação de brasileiros.
As missões da Aviação de Transporte, geralmente, estão relacionadas com a Tarefa de Sustentação ao Combate; Assalto Aeroterrestre; Evacuação Aeromédica; Exfiltração Aérea; Infiltração Aérea; Reabastecimento em Voo; Transporte Aéreo Logístico; e Combate a Incêndio em Voo; entre outras. Os Esquadrões de Transporte são equipados com as aeronaves: KC-390 Millennium, C-130 Hércules, C-105 Amazonas, C-99, C-97 Brasília, C-98 Caravan, C-95 Bandeirante, U-100 Phenom e o KC-30, recémincorporado na FAB.
Foto: Sargento Simo
Foto: Sargento
P. Silva
57 Abr/Mai/Jun/2023 Aerovisão
Foto: Suboficial Johnson
AVIAÇÃO DE RECONHECIMENTO – 24 DE JUNHO
Na Força Aérea Brasileira (FAB), ao analisar operacionalmente acerca da Aviação de Reconhecimento Aéreo, consultando as legislações, avisos, portarias e os decretos do final dos anos 1940 e início dos anos 1950, percebe-se o surgimento da primeira unidade aérea que possuía em sua missão formal atividades de Reconhecimento. Trata-se do Primeiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (1º/10º GAv), que teve sua missão modificada, no final de 1952, para executar ações de Reconhecimento. Em um cenário de constante evolução operacional, as aeronaves e sensores da Aviação de Reconhecimento se deparam com um futuro repleto de possibilidades e desafios. Quer na vigilância constante de áreas de interesse ou no levantamento de dados no campo de batalha, os pilotos, operadores de equipamentos especiais, analistas de imagens e técnicos em informações de reconhecimento são imprescindíveis para o sucesso da FAB. Em um cenário de evolução operacional na FAB, surgiu o IVR, uma aplicação integrada de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento, tanto em período de paz quanto em situações de conflito. As aeronaves E-99 são empregadas em missões de Controle e Alarme em voo; os R-99 e RA-1, bem como as Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP) RQ-450, RQ-900 e RQ-1150, realizam missões de Reconhecimento Aéreo e também se destacam nas atividades de vigilância, especialmente em Operações Conjuntas.
Foto: CB Silva Lopes 58 Aerovisão Abr/Mai/Jun/2023
Foto: Tenente Enilton 59 Out/Nov/Dez/2022 Aerovisão Foto: Suboficial Johnson Foto: Tenente Enilton Abr/Mai/Jun/2023
AVIAÇÃO DE BUSCA E SALVAMENTO – 26 DE JUNHO
Sargento Bianca Foto: CB Feitosa
Fotos:
Aerovisão 60 Abr/Mai/Jun/2023
Seja operando com as aeronaves
P-3, P-95, C-130, SC-105, H-50, H-60L, H-36 ou os recém adquiridos KC-390
Millennium, a FAB cumpre os acordos internacionais de busca e salvamento com eficiência e presteza. Nossas aeronaves são capazes de alcançar os cantos mais remotos e desafi adores deste país, como áreas montanhosas, florestas densas, mares tempestuosos e regiões inóspitas.
A atividade de Busca e Salvamento (SAR, do inglês, Search And Rescue ), na Força Aérea Brasileira, teve seu início com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, e foi marcada no ano de 1967 com a tragédia do C-47 – FAB 2068, que foi consagrada na história como a maior e mais vultosa operação de Busca e Salvamento da aviação brasileira. Há 56 anos, o avistamento realizado pelo Suboficial Valin, a bordo do Albatroz, do Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação, fez ecoar na eternidade a frase do então Tenente Velly, que até hoje norteia a mente dos guerreiros da Busca e Salvamento: “Eu sabia que vocês viriam!”.
61 Aerovisão
Abr/Mai/Jun/2023
Fotos: Suboficial Johnson
BASE AÉREA DE FLORIANÓPOLIS SEDIA OPERAÇÃO CARRANCA 2023
Com o objetivo de adestrar os Esquadrões e aprimorar táticas, técnicas e procedimentos em ambiente terrestre e marítimo, o Exercício Operacional (EXOP) Carranca 2023 aconteceu de 27 de abril a 12 de maio, em Florianópolis (SC). Durante o treinamento, os Esquadrões aplicaram os conhecimentos de busca e salvamento e simularam diversas situações de resgate em áreas de difícil acesso, tanto na terra quanto no mar.
TENENTE RELAÇÕES PÚBLICAS WANESSA LIZ
OPERACIONAL Aerovisão Foto: Sargento Figueira 62 Abr/Mai/Jun/2023
Mais de 200 militares participaram do EXOP Carranca
Uma oportunidade de intercâmbio de informações entre as tripulações dos esquadrões de Busca e Salvamento (SAR, do inglês Search And Rescue) e os profissionais de coordenação. O Exercício Operacional (EXOP) Carranca 2023 teve espaço para discussão de doutrinas, troca de experiências e coordenação entre os envolvidos. Um dos objetivos é aumentar a eficiência operacional do serviço de salvamento brasileiro.
O termo “Carranca”, que dá nome ao exercício, refere-se ao apelido dado ao Major Médico Carlos Alberto Santos, que dedicou sua vida às missões de busca e resgate. O militar integrou o Segundo Esquadrão do Décimo Grupo
de Aviação (2º/10º GAV) e o Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento – conhecido como PARASAR.
O Exercício Carranca 2023 aconteceu na Base Aérea de Florianópolis (BAFL), sob a direção da Base Aérea de Canoas (BACO), e contou com a participação de mais de 200 militares das mais diversas Unidades da Força Aérea Brasileira (FAB), além de aeronaves da Aviação de Patrulha e da Aviação de Busca e Salvamento, que, juntas, alcançaram 250 horas de voo na operação.
Participaram do Exercício o Primeiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (1º/7º GAV) –Esquadrão Orungan; o Segundo
Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (2º/7º GAV) – Esquadrão Phoenix; o Terceiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (3º/7º GAV) – Esquadrão Netuno; o Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (2º/10º GAV) – Esquadrão Pelicano; o Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS) – PARASAR; a Divisão de Busca e Salvamento (DSAR) do DECEA; o Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º/1º GCC) – Esquadrão Profeta; os Centros de Coordenação de Salvamento Aeronáutico (SALVAERO - Brasília, Curitiba, Recife e Manaus); e o SALVAMAR SUL, do Comando do 5º Distrito Naval da Marinha do Brasil.
63 Aerovisão
Abr/Mai/Jun/2023
Os Esquadrões envolvidos nas operações de busca, resgate e salvamento em território nacional são responsáveis por prestar auxílio a aeronaves em emergência, como acidentes, quedas ou desaparecimentos, além de realizar o resgate de pessoas em áreas de difícil acesso.
O Comandante da BACO e Diretor do EXOP Carranca, Coronel Aviador Marcelo Zampier Bussmann, falou sobre o sucesso do Exercício. “O EXOP Carranca fi naliza com seus objetivos operacionais cumpridos. Com isso, temos tripulações mais adestradas e treinadas para executar as missões de busca e salvamento em prol da sociedade brasileira”, ressaltou.
Durante o treinamento, os Esquadrões aplicaram os conhecimentos de busca e salvamento e simularam diversas situações de resgate em áreas de difícil acesso, tanto na terra quanto no mar. Essas atividades visam garantir a efi ciência operacional e a prontidão no emprego dos recursos da Força Aérea.
Os militares que atuam nessa área lidam com desafios complexos, como condições meteorológicas adversas, regiões remotas e a necessidade de resgatar pessoas em situações de risco iminente. O trabalho em equipe é primordial para manter a capacidade de resposta rápida, diante desses tipos de situações desafiadoras. Por meio de treinamentos como esse, a FAB se mantém preparada para responder a qualquer eventualidade, reforçando sua missão de servir e proteger a sociedade.
O Comandante do Quinto Comando Aéreo Regional (V COMAR), Major-Brigadeiro do Ar Marcelo Fornasiari Rivero, falou sobre a importância de treinar em conjunto com os Esquadrões. “Esses exercícios são essenciais para manter a prontidão em caso de uma missão real. O treinamento faz a diferença nas missões de Busca e Salvamento”, concluiu.
A coordenação do Controle do Espaço Aéreo no EXOP Carranca 2023 ficou sob a responsabilidade do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), Unidade subordinada ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), e o Segundo Esquadrão
Aeronaves P-95 e P-3. O P-95 possui o radar Seaspray 5000E, que tem condições de detectar navios de grande porte a até 370 quilômetros de distância. Já o P-3 possui um dos mais modernos sistemas para identificação por radar. Além disso, permite localizar, identificar e repassar todo o cenário do tráfego marítimo para embarcações da Marinha do Brasil e direcionar a atividade de policiamento para as áreas mais críticas
Aerovisão 64 Abr/Mai/Jun/2023
do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (2º/1º GCC) – Esquadrão Aranha, localizado na BACO, com apoio do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º/1º GCC), localizado no Rio de Janeiro (RJ), e o Quarto Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (4º/1º GCC) – Esquadrão Mangrulho, localizado na Base Aérea de Santa Maria (BASM). “Nós usamos cenários simulados de possíveis ocorrências, como um acidente aeronáutico, uma embarcação à deriva
ou um homem ao mar. Esse cenário simulado chega para os subcentros de Coordenação de Busca e Salvamento ativados na Operação, recolhem informações juntamente da Marinha do Brasil e de outros órgãos para elaborar e para poderem de fato realizar a busca. Após isso, as tripulações decolam e realizam esse treinamento. Dessa maneira, a gente pode manter adestrado todo o sistema de Busca e Salvamento”, ressaltou o Major Aviador Kayo Coelho Sant Anna.
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Tripulação para resgate na aeronave H-60L Black Hawk
Aerovisão Abr/Mai/Jun/2023
Fotos: Sargento Figueira
Pense num empreendedor muito ligado à tecnologia. Alguém que dedique tempo e dinheiro a desbravar novas fronteiras de conhecimento e tente tornar acessíveis aparelhos e ferramentas que podem impactar a vida da sociedade.
Agora imagine que essa mesma pessoa abra mão de qualquer aspiração comercial, com a disposição de que tudo o que inventar seja para o bem da humanidade. Lucro com patente? Esqueça. Dinheiro de prêmios? Distribua entre profissionais que participaram do projeto.
Para completar, adicione mais uma característica importante a esse(a) entusiasta da tecnologia: testar pessoalmente todos os experimentos criados, mesmo que isso signifique risco de acidentes ou morte.
Consegue imaginar alguém com esse perfil? (Não, Elon Musk não testa pessoalmente naves da Space X...)
Ou, melhor, conhece algum brasileiro que preencha todos esses requisitos?
Se sua resposta for não, permita-me apresentar um: Alberto Santos-Dumont.
Nascido há exatos 150 anos, em 20 de julho de 1873, esse mineiro de
Os artigos publicados nesta coluna são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente a opinião do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
SANTOS-DUMONT, 150 ANOS
Por Luciana Garbin Jornalista, Editora Executiva do jornal O Estado de S.Paulo e autora do livro infantil “Albertinho e suas incríveis máquinas voadoras”
Palmyra (hoje município de Santos Dumont) foi para Paris, a capital cultural do mundo na Belle Époque, e se destacou pela ciência. Numa época em que o Brasil se dedicava quase que exclusivamente à produção agrícola, ele desenvolveu mais de 20 projetos que representavam a tecnologia de ponta da época e tentavam atender à maior aspiração da humanidade: voar.
Santos-Dumont entrou para a história como “pai da aviação”, mas foi muito mais do que isso. Ficou famoso mundialmente em 1901 após mostrar que a dirigibilidade era possível. Até então, os balões seguiam a direção dos ventos. Ao conseguir decolar de seu hangar em Paris com o dirigível número 6, dar a volta na Torre Eiffel e retornar ao ponto de partida em pouco mais de meia hora, ele mostrou que o homem poderia estar no controle. Isso foi revolucionário para a época. De quebra, ganhou o disputadíssimo Prêmio Deutsch, que lhe deu uma pequena fortuna, dividida em duas partes: metade para seus mecânicos, metade para pobres de Paris. A população da cidade, que já acompanhava seus experimentos pelo ar, passou a idolatrá-lo.
Cinco anos depois, em 1906, Santos-Dumont voltou a fazer história ao decolar com o 14-bis, um veículo mais pesado que o ar. E, diferentemente dos irmãos Wright,
fez isso sem auxílio externo e diante não só de jornalistas e integrantes da comissão julgadora como de uma multidão. Foi outra revolução. Mais tarde, após criar a Demoiselle, sua obra-prima, Santos-Dumont publicou gratuitamente todas as plantas do novo invento na revista Popular Mechanics. E um monte de gente conseguiu replicá-lo.
Além dos dirigíveis e aviões, Santos-Dumont criou e registrou outros objetos curiosos e menos conhecidos. Um deles foi o conversor marciano, destinado a ajudar alpinistas a subir montanhas cobertas de neve numa época anterior aos teleféricos. Outro foi um lançador de boias para auxiliar banhistas em dificuldade. Criou ainda um dispositivo que servia para estimular cachorros em corridas.
Todos capítulos de uma rica trajetória que infelizmente é cada vez menos conhecida, sobretudo entre os mais jovens, apesar de conter sementes de conceitos hoje muito valorizados, como design e empreendedorismo. E o que dizer das modernas startups, cujo pilar é desenvolver uma ideia inovadora que provoque impacto na sociedade e possa ser escalável e repetível?
Santos-Dumont já fazia isso há mais de um século. Esse pioneirismo tem de ser valorizado. E essa história jamais pode deixar de ser motivo de orgulho para o Brasil e os brasileiros.
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