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Eduardo Gomes ( 24 de agosto de 1954 a 11 de novembro de 1955
dizia que a FAB estava em ordem e solidária com as instituições, acabou também, como os outros, achando que a solução seria um afastamento temporário do Presidente.
Pela madrugada, os Ministros decidiram divulgar uma nota que dizia, a certa altura:
“(...) Deliberou o Presidente Vargas, com integral solidariedade dos seus Ministros, entrar em licença, passando o Governo a seu substituto legal desde que seja mantida a ordem, respeitados os poderes constituídos e honrados os compromissos solenemente assumidos perante a Nação pelos Oficiais-Generais das nossas Forças Armadas (...)”
Esta nota foi divulgada às 4h 45 da madrugada. Às 8h o Presidente suicidou-se. O Brigadeiro Epaminondas vivera apenas sete dias como Ministro da Aeronáutica. Dias dramáticos que acabaram numa tragédia. Nesse turbilhão de acontecimentos de curto período, a vida do Ministério da Aeronáutica, sob o prisma administrativo, foi marcada apenas por uma contínua e ansiosa expectativa.
O Ministro, exonerado pelo novo Presidente no mesmo dia 24, passou para a Reserva no posto de marechal-do-ar. Era casado com D. Letícia Mattarazo Gomes, com quem teve um filho, e viria a falecer em 11 de junho de 1978.
– Eduardo Gomes (24 de agosto de 1954 a 11 de novembro de 1955)
Após o suicídio do Presidente Getúlio Vargas no dia 24 de agosto de 1954, assumiu a Presidência da República o Vice-Presidente, João Café Filho.
Para a área militar do seu Ministério escolheu os seguintes nomes: Almirante Edmundo Jordão Amorim do Vale para a Marinha, General Henrique Teixeira Lott para o Exército e Brigadeiro Eduardo Gomes para a Aeronáutica.
O Brigadeiro já era nome consagrado na Aeronáutica e no Brasil, pois como um legítimo representante do Tenentismo, por duas vezes já havia se candidatado à Presidência da República, uma em 1945, quando disputou a eleição com o General Eurico Gaspar Dutra, que a venceu, e outra em 1950, com Getúlio Vargas, o vitorioso.
Por uma vida ilibada e totalmente dedicada a ideais elevados, era um líder de grande expressão na Força Aérea Brasileira.
O Brigadeiro Eduardo Gomes nasceu em Petrópolis, a 20 de setembro de 1896, filho de Luiz Gomes e Genny Gomes. Teve quatro irmãos: Raul, Sérgio, Stanley e Eliane Maria. Na cidade natal cursou o Colégio São Vicente, onde se ministravam noções da vida militar, e onde alcançou a posição de coronel-aluno, Comandante do Batalhão Colegial. Com este início foi despertado para a vocação militar, ingressando na Escola Militar do Realengo, de onde, a 17 de dezembro
de 1918, saiu como aspirante a oficial, dedicando-se a um curso de especialização em Artilharia, sendo então, a 30 de dezembro de 1919, promovido a segundo-tenente, quando foi então destacado para servir no 9º Regimento de Artilharia, em Curitiba (PR). A 5 de janeiro de 1921 foi promovido a primeiro-tenente e matriculou-se no Curso de Observador Aéreo recém-criado na Escola de Aviação Militar e destinado unicamente a oficiais. Fez parte, em 1922, da primeira Turma deste curso, que foi a seguinte: Capitão Newton Braga, Primeiros-Tenentes Eduardo Gomes, Lysias Augusto Rodrigues, Ivo Borges, Amílcar Veloso Pederneiras, Gervásio Duncan de Lima Rodrigues, Ajalmar Vieira Mascarenhas, Silvino Elvídio Bezerra Cavalcante, Plínio Paes Barreto e Segundo-Tenente Carlos Saldanha da Gama Chevalier. Quase todos se tornariam nomes ilustres da História da Aeronáutica brasileira.
Em virtude dos movimentos revolucionários em que se envolveu, só depois de vitoriosa a Revolução de 1930 foi anistiado e reintegrado à vida militar, sendo promovido a capitão em 15 de novembro de 1930 e a major em 20 de novembro de 1930.
Desgostoso com os rumos da Revolução de 30, desviado dos seus princípios pelos jogos de interesse, dedicou-se integralmente à vida da caserna.
Devido à insistência de seus companheiros voltou à Aviação, realizando seus vôos de treinamento de piloto aviador nos meses de março a junho de 1931.
No dia 18 de junho de 1931, após haver sido checado em dois vôos, realizou seu primeiro vôo solo.
A 16 de junho de 1933 chegou ao Posto de tenente-coronel. Assumiu o Comando do 1º Regimento de Aviação no Campo dos Afonsos, principal Unidade da Aviação do Exército. Ali foi ferido na resistência ao ataque comunista de 1935. Em 3 de maio de 1938 foi promovido a coronel. Neste Posto ingressou no Ministério da Aeronáutica, criado em 20 de janeiro de 1941. A seguir, em 10 de dezembro de 1941, atingiu o Posto de brigadeiro-do-ar; em 1º de setembro de 1944, o de majorbrigadeiro; e em 3 de outubro de 1946, o de tenente-brigadeiro.
Neste último Posto assumiu o Ministério da Aeronáutica, em hora de muita efervescência política. O fim dramático do último Presidente, que durante quase 25 anos estivera presente na vida política nacional, exacerbava a chamada corrente populista, que se contrapunha aos que haviam participado da oposição ao último Governo.
É natural que nos primeiros tempos de sua Administração, o Ministro Eduardo Gomes tivesse de se ocupar em amainar as paixões despertadas. Participante de outros confrontos políticos em que se envolvera, comandado mais pelas circunstâncias do que por vontade própria, sabia que tais envolvimentos eram prejudiciais à união da classe. No início do período pós-vitória da Revolução de
30, que representava vitória também do Tenentismo, do qual era expoente, foi dos poucos que se recolheram aos quartéis, recusando toda sorte de tentadoras ofertas para ocupar cargos políticos de projeção.
Seus esforços, agora, encontravam dificuldades de toda sorte. A toda hora, como numa cruzada, lutava desesperadamente para manter os ânimos sob controle, não se cansando de proclamar que a desunião da classe seria fatal para todos.
Nesse quadro, nova fonte de dificuldades foi criada. A próxima eleição presidencial estava prevista para menos de um ano depois: 3 de outubro de 1955. A campanha logo se polarizou em torno de Juscelino Kubitschek de Oliveira, Governador de Minas Gerais, e do General Juarez do Nascimento Fernandes Távora, tradicionalmente alinhado com Eduardo Gomes.
Graças à forte liderança do Ministro e de suas convicções com relação à harmonia na Força Aérea, a campanha eleitoral decorreu em clima normal, embora as paixões em confronto fossem de vulto.
Além destas preocupações, o Ministro, no seu estilo peculiar, não se omitia na condução dos problemas rotineiros do Ministério. Preocupava-o, sobremodo, o problema do apoio aéreo às outras Corporações: Marinha e Exército. Nesse sentido,
Rio de Janeiro, 20 de setembro de 1954, o Ministro da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro Eduardo Gomes, e oficiais de seu Gabinete. Da esquerda para a direita: Capitão Costa Campos, Capitão Saulo Macedo, Capitão Protásio, Major Goulart Pereira, Tenente-Coronel Paulo Sobral, Brigadeiro Marcio S. Mello, Tenente-Brigadeiro Eduardo Gomes, Tenente-Coronel Amaral Penna, Major Camargo, Tenente-Coronel Ney G. Silva, Capitão João Olivieri, Major Velloso e Major Joaquim Vespasiano.
foram conseguidos os primeiros aviões específicos para lançamento de páraquedistas: doze Fairchild C-82, que chegaram em janeiro de 1956.
A eleição de 3 de outubro de 1955 deu a vitória a Juscelino Kubitschek. O resultado não expressava uma maioria absoluta. Embora as normas da época não a exigissem, uma parte dos opositores começou a contestar a validade do pleito.
As opiniões se dividiam, e acabaram por levar o Exército a decidir pela posse do Presidente eleito, vindo a provocar a substituição do Ministro da Guerra, fato que leva o General Lott, o demitido, a se rebelar.
O candidato Juscelino contava com expressiva maioria no Congresso. Este declarou o então Presidente Carlos Luz (Presidente da Câmara dos Deputados, que substituía o Presidente Café Filho, em licença por motivo de saúde) impedido de exercer a Presidência da República (o resultado da votação foi: 185 Deputados a 72; 44 Senadores a nove). Assumiu a Chefia de Governo o Presidente do Senado Federal, Senador Nereu Ramos, o próximo na linha sucessória.
Esboçou-se um plano de resistência do Governo impedido. Para tal, concentraram-se em São Paulo. O Presidente Carlos Luz e muitos acompanhantes embarcaram no Cruzador Tamandaré com destino a Santos.
Eduardo Gomes decolou do Galeão com aviões e companheiros decididos à resistência. Deixa um comunicado para os demais Comandos, nos seguintes termos: “Em face da situação criada no Distrito Federal, com o levante esta madrugada das Unidades do Exército, segui às 14 horas para o QG da 4ª Zona Aérea a fim de poder permanecer no Comando da FAB. Confio que todos os meus comandados permaneçam fiéis à Constituição e, assim, lutem pela sobrevivência do regime legal, único capaz de assegurar a todos os brasileiros a dignidade da existência e os benefícios da liberdade.”
Durante a ida para Santos, a bordo do Cruzador Tamandaré, o ex-Presidente Carlos Luz, ante as informações que davam conta da reduzida possibilidade de resistência em São Paulo, transmitiu mensagem aos Ministros, na qual dizia, em certo trecho: (...) “Venho recomendar-lhes que se abstenham de novos esforços no sentido da resistência a fim de evitarmos que se derrame o sangue generoso de brasileiros e se lancem as forças militares, umas contra as outras” (...)
O Ministro Eduardo Gomes cumpriu a recomendação acima. Determinou a todos que regressassem às origens.
O novo Presidente, Nereu Ramos, nomeou novo Ministro. Foi o Brigadeiro Vasco Alves Secco.