Portugal Protocolo magazine #23 2014

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J osé Cesário

Secretário

de E stado das Comunidades Portuguesas “Reunir e conciliar os portugueses e lusófonos de mérito ”

F elipe VIde Espanha Juramento e Proclamação

Pastéis de

Belém

Portuguesa

Marca Secular

# 23.2014


Livros para executivos e empresas de Excelência O Protocolo é essencial na gestão de uma carreira de sucesso feita de reuniões, encontros, apresentações, jantares sociais, comunicação aos órgãos de comunicação social entre tantos outros eventos que fazem, cada vez mais, parte do dia-a-dia de um profissional exigente e conhecedor.


5 | Editorial

Secretário

de

Estado

7 | Entrevista, José Cesário, Comunidades Portuguesas

das

26 | O Sentido do Paladar, Aura Lounge Café

Proclamação

no

Museu

de

44 | Cultura, “Tesouros de Portugal, Nacional de Arte Antiga

“Marcas Portuguesas

Visita Oficial

de

30 | Protocolo, Felipe VI de Espanha

52 | Património, Seculares – Pastéis de Belém”

Felipe VI

de

64 | Protocolo, Espanha a Lisboa

PORTUGAL PROTOCOLO Edição Digital Nº 23 | 2014 | Julho, Agosto, Setembro

Director

João Micael

Jornalista Convidada Maria Dulce Varela Arte

Portugal Protocolo Design

Propriedade Matriz Portuguesa - Sociedade civil para o Desenvolvimento

da

Cultura

Conhecimento, Unipessoal, Lda.

e do

Rua Actor Augusto de Melo, Nº 4, 3º Dto. 1900-013 Lisboa Portugal Tel. +351 21 410 71 95 | Telem. +351 91 287 10 44 protocolo@portugalprotocolo.com www.portugalprotocolo.com

Registo ERC Nº 125909 INTERDITA A REPRODUÇÃO DE TEXTOS E IMAGENS POR QUAISQUER MEIOS

Por

vontade expressa do editor a revista respeita a ortografia

anterior ao actual acordo ortográfico.

#23 | Portugal Protocolo 2014 | 3


www.p ort u galp rot oc olo.c om


E

d i t o r i a l

A 23ª edição da Portugal Protocolo apresenta dois grandes pólos de interesse – a entrevista a José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, pretendendo salientar a enorme importância da presença Portuguesa no mundo e da sua contribuição para o Legado iniciado com a Expansão Marítima Portuguesa e a sua gesta humanista – a multiculturalidade e a Língua Portuguesa, que tem vindo a tornar-se em uma língua internacional e ensinada e usada por todo o globo. A principal vocação da Portugal Protocolo – os assuntos protocolares – ganhou honras de especial destaque nesta edição com a cerimónia de Juramento e de Proclamação de S. M. o rei D. Felipe VI de Espanha; contando com o inestimável contributo de Carlos Fuente, um dos principais especialistas de Protocolo de Espanha e director Instituto Universitario de Protocolo de Universidad Camilo José Cela, anteriormente entrevistado pela Portugal Protocolo, e que pronta e graciosamente cedeu imagens e a informação necessária sobre o programa protocolar desta histórica cerimónia espanhola. A rubrica “Marcas Portuguesas Seculares” traz os sabores da tradição com os Pastéis de Belém – seguramente o doce conventual português mais conhecido no mundo -, ocupam o lugar de embaixador gastronómico de Portugal.

Uma boa prática cultural é a cooperação entre museus, e nesse sentido o Museu Nacional de Arte Antiga e o Museo Civico d'Arte Antica-Palazzo Madama, acordaram, a exemplo do anterior acordo com o Museo del Prado, a exposição das suas colecções, levando Portugal algumas peças de inestimável

valor artístico e representativo da sua Cultura do período compreendido entre o medieval e o barroco a Itália com o eloquente título “Tesouros de Portugal”.

João Micael Director de Portugal Protocolo #23 | Portugal Protocolo 2014 | 5


clique para ver

www . matriz - portuguesa . pt


E n t r e v i s ta ,

Com

à mesa com

José Cesário

um currículo absolutamente invejável,

José Cesário,

é um homem que defende

que este tem de ser, mais do que nunca, um tempo de encontro, solidariedade e partilha entre todos os portugueses, mesmo aqueles que, face às circunstâncias actuais, se encontram longe.

Entre

as suas prioridades conta-se a

ligação dos luso-descendentes a

Portugal,

o aumento da participação cívica e política dos emigrantes, o alargamento da rede do ensino do

Português

maior ligação de

no estrangeiro e uma

Portugal

às empresas e

associações empresariais da

Diáspora.

Texto de Maria Dulce Varela Fotografias de João de Sousa #23 | Portugal Protocolo 2014 | 7


E n t r e v i s ta ,

à mesa com

José Cesário

Ser secretário de Estado das Comunidades não é, hoje em dia, uma tarefa fácil. Eu diria que é um desafio aliciante. Nós temos um grande número de cidadãos nacionais, um pouco por todo o Mundo, que é preciso unir e valorizar. Evidentemente que há tarefas mais delicadas, momentos mais delicados e momentos mais simples. Mas não há dúvida nenhuma que este é um desafio muito interessante, tratandose de uma área a que eu me dedico há já alguns anos. Para mim, faz todo o sentido que eu dedique a todos os portugueses a minha maior atenção.

“Portugal possui um valor estratégico inestimável para ultrapassar a presente conjuntura – as nossas comunidades”

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Agora permita-me citá-lo – disse, há tempos, reconhecer a necessidade de garantir uma plena mobilização de todos os portugueses, onde quer que eles estejam... Disse e confirmo. Os problemas com que o país se confronta, e que são muitos, todos os Portugueses têm de estar neles envolvidos. Já lá vai o tempo em que nós, na escola básica, na escola primária antiga, aprendemos que éramos dez milhões. Mas não somos, nunca fomos. Somos muito mais do que isso. Somos mais do que isso por nacionalidade. Somos muito mais do que isso, por origem. E muitíssimo mais do que isso, pela cultura, tendo em consideração o espaço lusófono. Por isso é que eu digo que, o período das dificuldades que temos atravessado, com que estamos confrontados, é cíclico. Desde há centenas de anos e, nas últimas décadas aconteceu com frequência. O país precisa de respostas, respostas colectivas, assumidas por todos. E a grande questão é os que estão lá fora têm colaborado, sempre colaboraram de uma forma muito significativa. Às


E n t r e v i s ta ,

à mesa com

José Cesário

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E n t r e v i s ta , vezes, mais do que aqueles que estão cá dentro. Os portugueses sempre foram emigrantes. Noutros tempos, passavam a fronteira a salto, uns por razões sociais, iam à procura de melhores condições de vida, de trabalho, outros por razões políticas. Hoje em dia é diferente. A emigração é mais qualificada, sobretudo quando falamos dos jovens que não encontram resposta cá dentro... Como é que vê esta situação? É uma coisa que é preciso ter em consideração. Os níveis de qualificação da sociedade portuguesa residente em Portugal têm aumentado muito mais do que os níveis de qualificação do universo dos emigrantes. Em Portugal, nós passámos em termos de qualificação, de licenciados, de seis para catorze por cento da população. Ao nível dos não residentes, esses índices passaram de seis para dez por cento. Evidentemente que temos mais licenciados em Portugal do que há dez, há vinte, há trinta, há quarenta, há cinquenta anos atrás. Mas também é verdade que a esmagadora maioria dos que saem não são propriamente os licenciados, esses quadros qualificados... Na verdade, já passámos essa fase em que havia os tais seis por cento e já vamos agora nos catorze por cento de licenciados. Mas o que é verdade é que encontramos hoje um segmento que tem a ver com a nova lógica de organização do Mundo. As economias estão completamente abertas. As empresas que querem ter dimensão são empresas internacionais, empresas de economia global. E é nessas empresas de economia global que os quadros portugueses têm 10 | Portugal Protocolo 2014 | #23

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José Cesário

uma grande procura e uma grande aceitação. Esses quadros estão em emigração por opção profissional, para desenvolvimento da sua carreira. Há dez anos – fui secretário de Estado, há dez anos, nesta área – eu ia a uma cadeia de empresas internacionais e não encontrava mais do que um ou dois portugueses. Eu hoje encontro dezenas de profissionais portugueses em diferentes áreas, nas empresas e em organismos institucionais, oficiais, em tribunais. Antigamente, havia um ou dois, hoje, são oitenta ou noventa. Mas não pensa que os jovens que hoje partem são “forçados”a isso? Nalguns casos sim, mas, na grande maioria dos casos, são eles próprios que tomam a iniciativa de ir trabalhar para o estrangeiro. Diria, talvez, uma consequência “positiva” da crise, o nascimento de uma nova cultura designadamente ao nível empresarial; antes, o empresário estava limitado ao mercado interno ou, quando muito, internacionalizava-se em mercados como Espanha e Angola. Hoje em dia, procuram mercados em todo o Mundo e pode crer que o mesmo se passa com os quadros. Os quadros mais qualificados estão a internacionalizarse, vão à procura dessas empresas multinacionais nesses mercados, ingleses, espanhóis, italianos. Sabem que vão ter que circular toda a sua vida. Noutros tempos, os emigrantes mandavam as suas poupanças para Portugal. Hoje como é que é? Antigamente, o objetivo era regressar e construir na sua terra (permita-me recordar uma frase que se dizia então) uma casa tipo


E n t r e v i s ta ,

à mesa com

José Cesário

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E n t r e v i s ta ,

“Portugal é o único país da Europa que tem políticas públicas de promoção linguística”

“maison” com uma janela tipo “fenêtre”. E agora, os jovens que emigram já não têm esse objetivo, creio eu... Têm, têm! Aliás, devo dizer-lhe que as remessas financeiras, no ano 2013, foram as maiores dos últimos doze anos. Foram 13.015 milhões de euros. Em 2002, tinham sido 2.749 milhões euros. Repare bem, que nós temos o último quadro comunitário, que implicou a entrada de divisas de 21 mil milhões de euros. Os que emigraram há cerca de 4 ou cinco anos atrás continuam a ter uma grande relação com o seu país. Mas vamos conseguir recuperar esses jovens? Vamos, vamos se a economia se desenvolver. A questão essencial é que nós tenhamos empresas com dimensão e com estrutura empresarial moderna, capaz de enquadrar novos quadros, ou não. Ou seja, uma empresa que se queira internacionalizar, ainda que seja uma PME, uma empresa com 12 | Portugal Protocolo 2014 | #23

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José Cesário

menos de 150 postos de trabalho, vai ter quadros especializados na abertura e conquista de novos mercados. Vai investir na área da sociologia, da antropologia, que normalmente são áreas um pouco desprezadas em Portugal. Nas grandes empresas internacionais, os dirigentes dos departamentos de recursos humanos, normalmente são sociólogos. Em Portugal não. A questão que se coloca hoje é saber se as nossas empresas vão fazer essa reconversão (por exemplo do calçado ao azeite...). A questão é saber se as empresas, à nossa dimensão, que investem 2, 3 ou 4 milhões de euros no aumento da sua produção, com 50/60 postos de trabalho, se vão também investir na procura de quadros qualificados para se prepararem no processo de internacionalização. Há pouco tempo, afirmou que a emigração portuguesa para a Suiça (que creio que visitou o ano passado), está a aumentar, em particular de quadros superiores, nos últimos seis anos, que trabalham na área informática, nos serviços e sector financeiro, mas também em limpezas, o que demonstra que, também naquele país, é difícil encontrar trabalho... Talvez isso se explique por não haver grande articulação com a comunidade tradicional, não? Se reparar bem, aquelas famílias que nós temos, por exemplo, na Suiça, as mulheres trabalham, sobretudo, nas limpezas, a fazer camas em hotéis, e os homens na construção civil e também restauração e hotelaria. Eles, em casa, têm um rendimento na ordem entre os 8 a dez mil francos, em média. Para além disso, quase todos têm um casarão, nas aldeias


E n t r e v i s ta ,

à mesa com

José Cesário

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E n t r e v i s ta ,

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à mesa com

José Cesário


E n t r e v i s ta ,

à mesa com

José Cesário

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E n t r e v i s ta ,

à mesa com

José Cesário

no Norte de Portugal (isto não é válido para Lisboa). Quase todos eles procuram ter uma casa de, pelo menos, 400 metros quadrados, com quatro ou cinco plasmas, ecrãs de LCDs, de 40/50 polegadas, que só ligam durante 30 ou 40 dias por ano. E isso acontece porque é ali que eles fazem a sua verdadeira casa. No país onde estão, uma casa destas custaria meio milhão de euros e nas aldeias do norte de Portugal fazem-no por 150 ou 200 mil euros. E depois começam a fazer uma coisa que não faziam, e isso é muito visível em Vilar Formoso, quando os emigrantes vêm de carro. Trazem os amigos de lá e têm muito orgulho em lhes mostrar o seu país...

“A grande questão que vamos ter em mãos é encontrar uma forma de ter um relacionamento mais próximo com as instituições das diversas comunidades”

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Mas existem milhões de cidadãos luso-descendentes, que já nasceram lá... Agora, emigram e a família ficou para trás. Os mais velhos. Consegue fazer a ligação entre gerações? De que maneira é que se faz essa ligação... Há aí várias questões a ter em consideração. A primeira é: na sociedade portuguesa, sobretudo nos meios urbanos, a entidade família está em crise. Eu ainda sou de uma geração em que os avós tratavam dos netos, ajudavam os filhos. Isso hoje está muito mais diluído. Porque a concentração de pessoas nos meios urbanos afastou as famílias, tornou as pessoas mais individualistas. E isso cria alguns problemas, ou seja, essa relação com os pais e os avós é uma relação mais ténue. Mas existe, não estou a dizer que ela não exista. Aliás, mandámos elaborar um estudo, não há muito tempo. E ele veio demonstrar uma coisa que sentimos no dia-a-dia. É que as pessoas mais jovens que saem hoje continuam a manter a ligação que tinham até aí com as suas origens. O


E n t r e v i s ta ,

à mesa com

José Cesário

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E n t r e v i s ta , professor Teixeira Lopes chamou a esta geração a geração Europa. Como é que eles fazem a ligação? Fazem-na através da internet. A comunicação faz-se, quer se esteja em Lisboa, em Paris ou Nova Iorque. Eles continuam a manter essas relações. Agora, há aqui um aspecto que mudou muito, ao nível de quem emigra. Nos anos 60 e nos anos 70, emigravam primeiro os homens, as mulheres só mais tarde, passados quatro ou cinco anos e os filhos, por vezes, nunca iam, ficavam cá, entregues aos avós. Actualmente, passámos a ter uma emigração em que emigra toda a família, famílias inteiras, e este é um dado novo. Do ponto de vista sociológico tem muita importância. Tem graves implicações do ponto de vista de integração escolar dos miúdos, nos países de acolhimento. E que é um fator causador de grande insucesso escolar. O rendimento escolar é bem mais difícil. Há uma ideia, não só nacional, como também mundial – e tem consciência disso, com toda a certeza, como secretário de Estado das Comunidades, quanto à qualidade intelectual, académica de quem emigrava noutros tempos, que era inferior, digamos assim... Primeiro, no Portugal do passado, no Portugal atrasado, em que alguns emigrantes eram de classe social inferior, não quer dizer que isso não tenha sucedido. Mas hoje, isso acabou completamente. E a imagem do Portugal moderno, que concilia a tradição com a modernidade, é uma imagem que hoje em dia é sentida pela generalidade dos povos que acolherem as comunidades portuguesas. E essa mudança muito grande de perspectiva tem a ver com o facto de nós termos muitos visitantes, os turistas, e por 18 | Portugal Protocolo 2014 | #23

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José Cesário

outro lado, a imagem que hoje é transmitida por Portugal já não é a tal imagem do Portugal do carro de bois, da “concierge”, do “trolha”. Isso alterou-se completamente. Realmente hoje, o país beneficia muito e mesmo muito dessa nova imagem. A internacionalização dos nossos produtos é feita de uma forma completamente diferente, embora, não possamos dizer que não temos problemas, porque temos. Nós não temos grandes marcas portuguesas, e isto é um grande problema; isto é válido em certos sectores em que produzimos, ao nível dos nossos produtos, o que de melhor se faz no Mundo, o calçado, por exemplo. Mas nós não temos uma única marca correspondente a esses produtos. Em relação aos vinhos, aí as coisas mudaram muito. O vinho é um sector onde as mudanças foram mais notórias, em que realmente hoje, há alguns nomes de marcas portuguesas que são reconhecidas como produtos de grande qualidade. Também aí a contribuição das comunidades foi importante e está a ser importante. Isto porque alguns dos nossos distribuidores no estrangeiro já não trabalham só no mercado étnico, exclusivamente nacional, o mercado do emigrante, o mercado da saudade. E procuram colocar os produtos nos distribuidores locais, nas cadeias de hipermercados. Aí o salto foi dado. Aí a mudança foi muito importante, no sector do vinho, do azeite, mas é inquestionável que noutros sectores ainda há muito por fazer. Existe um projeto, recentemente apresentado – a Matriz Portuguesa - Sociedade Civil para o Desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento. Uma instituição


E n t r e v i s ta ,

à mesa com

José Cesário

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E n t r e v i s ta ,

“Em diversos períodos da História, os portugueses demonstraram ser capazes de ultrapassar situações de enormes dificuldades”

à mesa com

José Cesário

sens fins lucrativos, cujo objetivo é despertar consciências, fazer redescobrir um novo ciclo da Matriz Portuguesa no Mundo. A Secretaria de Estados das Comunidades não poderia “usar” este novo projecto para aproximar as comunidades portuguesas espalhadas por esse mundo fora? Nós trabalhamos com variadíssimas instituições, fundamentalmente, de origem portuguesa, que estão no exterior e cujo objetivo é esse mesmo. Ou seja, aproximar os portugueses que estão no Mundo e fora de Portugal, de acordo com o princípio que somos todos portugueses. E faz sentido que todos nós, que partilhamos valores de identidade comuns, uma cultura comum, uma língua comum consigamos trabalhar, unidos, para conseguirmos trabalhar em rede. E a esse nível nós temos parcerias desenvolvidas com várias instituições. Porque não mais uma? Mas têm mais projectos a este nível, certo? Um pormenor muito importante, nós definimos políticas, objectivos e, em regra, um conjunto de instituições das nossas comunidades, algumas estritamente locais, algumas globais, desde a associação católica das emigrações, o observatório dos lusodescendentes e outras instituições mais globais, a casa de Portugal em Nova Iorque ou em Paris, apresentam os seus projetos que, em regra,se devem enquadrar nestes objetivos, alargando redes de contacto. Em português? O desenvolvimento de redes de contactos em português... sim... sim... Acha possível reunir e conciliar

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E n t r e v i s ta ,

à mesa com

José Cesário

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E n t r e v i s ta , os portugueses e lusófonos de mérito para recriar um novo ciclo de excelência em Portugal? Ao longo destes últimos anos, já tinhamos feito há mais tempo e já outros o fizeram, não fomos só nós que o fizemos, nós tivemos oportunidade de participar em iniciativas e dinamizar e apoiar iniciativas que envolveram muitos desses portugueses de mérito. Tivemos em Portugal grupos políticos, grupos ligados à comunicação social portuguesa no exterior, grupos de dirigentes culturais, grupos de dirigentes associativos, de empreendedores a nível empresarial. Nós temos procurado, em parceria com entidades diversas, atingir públicos. São públicos que são fundamentalmente líderes dessas sociedades. O que acaba de dizer vem ao encontro daquilo que já estamos a fazer. Já sentimos há anos atrás que isso era indispensável. E hoje ainda mais. Qual foi até hoje, na sua experiência, de contacto com um português ou de uma comunidade portuguesa, numa situação a mais longínqua que tenha conhecido... Estou-me a lembrar de duas situações muito interessantes, ambas no hemisfério Sul, uma na América do Sul, que é bem o paradigma de até onde nós fomos, uma na Patagónia, no sul da Patagónia, mais concretamente, em Ribadavia, na Argentina, terras inóspitas, em que temos uma comunidade portuguesa, cerca de duas mil, duas mil e quinhentas pessoas, que mantêm integralmente o seu povo, a sua tradição, as aulas em português dadas 22 | Portugal Protocolo 2014 | #23

à mesa com

José Cesário

por eles, o folclore português, e até têm um clube de futebol na terra, uma comunidade que é maioritariamente algarvia, mas têm a presença muito forte daquele meio. Tão forte que o Governador da Província, até há seis anos atrás, era um filho de algarvios, Mário das Neves, que esteve para ser candidato à Presidência da República da Argentina. O segundo exemplo que posso dar, que é também na América do Sul, a comunidade portuguesa no Amazonas, em Manaus, onde há um clube centenário. Recordo que grande parte da colonização do Amazonas foi feita por portugueses. E continua a existir ali uma comunidade, uma comunidade que está a aumentar. Manaus é um dos principais polos económicos do Brasil. E têm uma particularidade de ter um grupo de folclore, que têm poucos lusodescendentes, fundamentalmente é composto por indígenas, que dançam as danças portuguesas. Mas podíamos falar da Malásia, da nossa presença em África. Mas estes casos da América do Sul! É bom termos em consideração que, em todo o século XX, foram para o Brasil um milhão e meio de portugueses nascidos em Portugal, sobretudo, originários do Minho, Trás-os-Montes e Beiras; os primeiros emigrantes açorianos foram também para o Brasil. A colonização do Brasil é feita a meias entre açorianos e italianos. Esses duzentos e tal quase trezentos mil, bom, é fácil concluir se cada um desses emigrantes tiver dois ou três descendentes, o número actual é astronómico. Por isso, é fácil concluir que actualmente no Brasil existem dezenas


E n t r e v i s ta ,

à mesa com

José Cesário

de milhões de pessoas descendentes de portugueses. E as nossas comunidades, especialmente viradas para o futuro, são realmente um o valor estratégico, que pode ser usado para minimizar a crise? Sim. É usado, em primeiro lugar, pela vontade deles. Há bocado na conversa que estávamos a ter, houve um aspecto que eu não completei, e que vale a pena ter em consideração. Que é uma coisa que faz com que eu exerça estas funções com grande satisfação. É que eu, em 90 e muitos por cento das reuniões que tenho, eu não sou confrontado com problemas, sou confrontado com optimismo. A postura da grande maioria das pessoas que temos no exterior é uma postura muito construtiva, muito positiva. E quando eles são confrontados com um problema, não ficam rendidos ao problema, procuram encontrar uma solução. E olham para o país, olham para Portugal, pensando... Vamos lá ver o que é preciso fazer... É algo que nasce deles próprios! Mas vou recordar algo recente. Em 2012, fizemos aqui uma iniciativa no LNEC, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em que trouxemos 15 ou 20 empreendedores portugueses ligados à área do imobiliário. Na óptica da inovação do imobiliário. E vieram vários arquitectos de Inglaterra, do Canadá, de França. Arquitetos, construtores e vendedores de materiais. Foi interessantíssimo, estiveram também professores universitários, estamos a falar de 2012, e o tom foi arrasador. Isto é uma desgraça, não podemos fazer

nada, é o fim. Mas as coisas mudaram... Eu posso dizer-lhe que hoje já encontro, por exemplo, municípios, com disponibilidade e com vontade de criarem organismos que estabeleçam contactos entre os que estão fora e os que estão cá dentro. Com incentivos... Em primeiro lugar é preciso encontrar as pessoas certas. Por exemplo, um vinho... Um indivíduo, coitado, vende certo vinho a oito cêntimos a garrafa, mas é um vinho de grande qualidade, acontece isto, porque quem compra não lhe dá mais do que isto. Mas senta-se à mesa na Suiça e se as pessoas perceberem que este vinho é bom, vai passar a vender este vinho a cinco euros...

“Portugal não pode esquecer os milhões de cidadãos nacionais que sempre deram ao país uma dimensão cultural, política e económica bem superior ao nosso espaço físico”

#23 | Portugal Protocolo 2014 | 23


E n t r e v i s ta , Os nossos empresários que se encontram lá fora, mostram-se disponíveis, de alguma maneira, para ajudarem a levantar a economia do país? Pois, isso é, por vezes, um problema. O único problema que existe é que muitos deles têm conhecimento da nossa realidade burocrática e muitos deles têm conhecimento de histórias que correram mal, burlas, etc. e põem alguma reserva, no momento em que têm de partir para um negócio. Mas têm total disponibilidade para virem a Portugal buscar as coisas e para investir em Portugal. Vou saltar para a língua portuguesa... Vai-se mantendo lá fora ou não? Cada vez há mais falantes. E quanto a mobilizar quadros mais activos nas nossas comunidades que possam ajudar a preservar a língua... Há um factor que promove as línguas, que é a economia. E ao nível económico, o mundo lusófono está pujante, pujante como nunca esteve. Neste momento, temos mais de 250 milhões de falantes. E serão mais de 300 milhões em 2030. Evidentemente, que não é só Portugal, mas também é. Tem a ver sobretudo com o Brasil. E nós trabalhamos muito com o Brasil. Temos uma plataforma linguística que funciona muito bem. Há um plano assente? No fim de 2013, tivemos em Portugal a grande conferência sobre o Mundo Português, na sequência da que se tinha realizado em Brasília e aí foram 24 | Portugal Protocolo 2014 | #23

à mesa com

José Cesário

definidos os objetivos para os diversos sectores. Portugal é o único país da Europa que tem políticas públicas de promoção linguística. E, ao nível dos lusófonos, não há mais nenhum que tenha. Políticas públicas, políticas de Estado. É evidente que o Português se desenvolverá muito mais, se houver um envolvimento de todos os países lusófonos. Tendo em consideração somente o trabalho do nosso Instituto Camões, o português é ensinado hoje em 300 mil cidades em todo o Mundo. Estamos a falar de 160 mil alunos. Ora, se juntarmos aqui, aquilo que o Brasil e Angola possam fazer, nós multiplicamos isso. Não há dúvidas que o português é uma língua de negócios. Sendo uma língua de negócios é uma língua que promove o emprego. O domínio da língua portuguesa promove o emprego. É a língua mais falada no hemisfério Sul e é a terceira mais utilizada na internet. Tudo isso são armas. Uma última pergunta. O que sente por ter sido escolhido para este cargo, que é, na verdade, uma forma real de servir Portugal e os portugueses da Diáspora? Orgulho e reconhecimento. Nunca mais me posso esquecer quando o dr. Durão Barroso me pediu para eu me dedicar a estas coisas. Tenho muito orgulho em me dedicar e relacionar-me com este universo enorme de pessoas. E tenho muito reconhecimento e agradecimento em quem me colocou sobre os ombros estas responsabilidades.


E n t r e v i s ta ,

à mesa com

José Cesário

#23 | Portugal Protocolo 2014 | 25


O Sentido

Mais

do

Paladar

um almoço, mais um

encontro da revista

Protocolo,

Portugal

desta vez com

o secretário de

Estado

Comunidades. Um

das

menu bem

à portuguesa, com alguns toques de requinte, a que o

Aura

já nos habituou e que

José Cesário

não se cansou de

elogiar.

Ora

26 | Portugal Protocolo 2014 | #23

vejamos…

Texto de Maria Dulce Varela Fotografias de João de Sousa


O Sentido

do

Paladar

Como entrada, Alheira em cama de grelos com ovo estrelado. A alheira, uma iguaria tipicamente portuguesa, foi, digamos assim, “repaginada” pelo chef Duarte Mathias. Uma receita aparentemente simples, mas que exige que a alheira seja frita em óleo abundante, salteados os grelos em azeite e óleo e, como toque final, o ovo estrelado. Empratada a iguaria, foi ainda decorada com cebolinho. Como não podia deixar de ser, a acompanhar a entrada, um delicioso Vale das Éguas 2013, um vinho de cor rubi, muito gastronómico, devido à sua acidez, frescura e teor alcoólico. Como prato principal, um delicioso pregado com esmagado de batatas, espinafres salteados e molho de vinho verde, também decorado

com cebolinho e redução de salsa. Corada a posta de pregado num sauté antiaderente, com azeite, foi de seguida levado ao forno durante cerca de 10 minutos. Salteados os espinafres, esmagadas as batatas, depois de empratado, um cuidado especial com o molho, aproveitando o sauté onde foi corado o pregado, refrescando com vinho verde. Uma delícia! Para acompanhar, a escolha do vinho não podia ter sido melhor – Rebouça “Grande Escolha” 2010 Rebouça Alvarinho, de casta 100% Alvarinho, de grande volume, dourado e boa acidez citrina, com longo e marcante final, a que não faltava o sabor a frutos tropicais e notas fumadas. #23 | Portugal Protocolo 2014 | 27


O Sentido

do

Paladar

Finalmente, para fechar com chave-de-ouro, a sobremesa: um Gelado de Limão com vodka Absolut 100, cujo segredo é manter o copo à temperatura ideal (deixar no frio por 5 minutos antes de servir). Depois o copo foi contornado com lima, para depois mergulhar em açúcar mascavado granulado. Sobre as duas bolas de gelado de limão, um apontamento de hortelã e groselhas frescas. Que tal? Não ficaram já com “água na boca”?

28 | Portugal Protocolo 2014 | #23


O Sentido

do

Paladar

#23 | Portugal Protocolo 2014 | 29


P rotocolo , P roclamação

Após

F elipe VI

de

E spanha

o anúncio oficial da

abdicação do rei

Carlos I

de

D. Juan

Espanha, o decreto real tornou D. Felipe, príncipe das Astúrias, rei de Espanha às zero horas do dia 19 de Junho de 2014. de

Em cima, A actual Família Real saúda na varanda do Palácio Real, após a proclamação no Palácio do Congresso dos Deputados Texto João Micael Imagens: Blog de Carlos Fuente

Página ao lado,

director do Instituto Universitario de Protocolo de

O rei D. Juan Carlos impõe a faixa ao rei D. Felipe VI

Universidad Camilo José Cela

no Palácio de Zarzuela

30 | Portugal Protocolo 2014 | #23


P rotocolo , P roclamação

de

F elipe VI

de

E spanha

#23 | Portugal Protocolo 2014 | 31


P rotocolo , P roclamação

Página ao lado em cima, Assinatura da abdicação do rei D. Juan Carlos Página ao lado em baixo, Acto da assinatura da Lei da abdicação celebrado no Salão das Colunas do Palácio Real 32 | Portugal Protocolo 2014 | #23

de

F elipe VI

de

E spanha

Gerou-se, mesmo em Portugal, um ambiente de expectativa do início do fim da monarquia espanhola. Na verdade, no país vizinho, a abdicação não é um acto novo na sua História, já no século XVI, Carlos I de Espanha, e V do Sacro Império Romano-Germânico, abdicou na Flandres do imenso império que possuía para o dividir em duas partes – uma para o seu herdeiro, D. Felipe II de Espanha, e futuro rei de Portugal, e a outra pelo seu irmão D. Fernando. Também, já no século XIX, o rei D. Carlos IV, da dinastia de Bourbon, perante a avassaladora invasão francesa, abdicou do trono dos seus antepassados a favor de … Napoleão. Assim, compreende-se que, talvez pela visível debilidade física, D. Juan Carlos I, aproveitando a difícil conjuntura que a Espanha atravessa, tenha decidido ser tempo de a nova geração tomar o seu lugar no destino do reino.


P rotocolo , P roclamação

de

F elipe VI

de

E spanha

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P rotocolo , P roclamação

Em cima Brasão de Armas de Espanha Página ao lado em cima, O rei abdicante D. Juan Carlos e o novo rei D. Felipe VI Página ao lado em baixo, Do lado esquerdo da fotografia: rainha D. Sofia, rei D. Juan Carlos rei D. Felipe VI e rainha D. Letizia. Do lado direito da imagem: na primeira fila, a princesa das Astúrias, as infantas D. Sofia, e D. Elena. Na segunda fila, as infantas D. Pilar, com o seu marido. Na terceira fila, os infantes D. Carlos de BorbónDuas Sicílias, e mulher e a infanta D. Alícia de Borbón-Parma 34 | Portugal Protocolo 2014 | #23

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F elipe VI

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E spanha

Felipe Juan Pablo Alfonso de Todos los Santos de Borbón y Grecia, Felipe VI, vigésimo monarca de Espanha, é Sua Majestade o Rei da Espanha, ou Sua Majestade Católica, ostentando formalmente os títulos de Rei da Espanha, de Castela, de Leão, de Aragão, das Duas Sicílias, de Jerusalém, de Navarra, de Granada, de Toledo, de Valência, da Galiza, de Maiorca, de Sevilha, de Sardenha, de Córdova, de Córsega, de Múrcia, de Menorca, de Jaén, dos Algarves, de Algeciras, de Gibraltar, das Ilhas Canárias, das Índias Orientais e Ocidentais e das Ilhas e Terra Firme do Mar Oceano; Arquiduque da Áustria; Duque de Borgonha, Brabante, Milão, Atenas e Neopatria; Conde de Habsburgo, Flandres, Tirol, rossilhão e Barcelona; Senhor de Biscaia e Molina, etc. É Capitão General das Forças Armadas, das que ostenta o comando supremo. É Soberano Grão-Mestre da Insigne Ordem do Tosão de Ouro; Grão-Mestre da Real e Distinta Ordem de Carlos III; Grão-Mestre da Real Ordem de Isabel a Católica; Grão-Mestre da Ordem do Mérito Civil; Grão-Mestre da Ordem de Afonso X o Sábio; Grão-Mestre da Ordem de São Raimundo de Penaforte; Grão-Mestre das ordens militares de Montesa, Alcántara, Calatrava e Santiago, assim como de outras ordens militares menores ou condecorações de Espanha. Na verdade, estes títulos não se encontram em uso, nem são usados na diplomacia espanhola; tendo sido este estilo utilizado oficialmente pela última vez, em 1836, pela rainha Isabel II de Espanha, antes se ter tornado rainha constitucional. No dia 19 de Junho, D. Felipe VI juramento e foi proclamado rei de Espanha na Sessão das Cortes Gerais, constituídas por representantes do


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P rotocolo , P roclamação

Página ao lado em cima, Tribuna de Honra, Palácio do Congresso dos Deputados, durante o Hino Nacional Página ao lado em baixo, no Palácio do Congresso do Deputados antes do Juramento e da Proclamação 36 | Portugal Protocolo 2014 | #23

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povo espanhol e formadas por duas câmaras: o Senado e o Congresso dos Deputados. Devido à delicada situação de haver uma “passagem de testemunho” de um rei abdicante a um novo rei, o Protocolo Real desenvolveu um Cerimonial especial para a realização das cerimónias oficiais, livre de constrangimentos protocolares, embora correctos, para o par real que agora se retirava do pináculo do aparelho de Estado que até então ocupava, como nas cerimónias, como nas Honras Militares e na execução do Hino Nacional onde os novos reis teriam a precedência, bem como as suas herdeiras, que ultrapassavam, na hierarquia de Estado, os seus avós, que apesar dessa mudança manterão os títulos de Reis e o tratamento de Sua Majestade. O rei D. Juan Carlos conserva o posto de Capitão-General na reserva a título vitalício, embora sem o comando efectivo das Forças Armadas. A rainha D. Sofia e a infanta D. Elena não integraram cortejo oficial de D. Felipe Vi e de D. Letizia, tendo seguido em cortejo próprio antes dos novos reis, evitando assim a ausência da rainha durante as Honras Militares e a execução do Hino Militar, antes da Proclamação, permitindo, também, que a ausência do rei D. Juan Carlos fosse mais discreta sob ponto de vista do Protocolo e do Cerimonial. A Casa Real anunciou, de igual modo, que se pretendeu, com os Actos de Proclamação uma cerimónia solene, digna e austera, em respeito a acontecimentos históricos como aquele que se vivia, bem como à necessidade de restrição financeira em virtude da crise económica sentida em Espanha. Pela primeira vez na História de Espanha, a cerimónia de Proclamação


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Página ao lado em cima, Juramento de Felipe VI Página ao lado em baixo, Honras Militares após o Juramento e a Proclamação 40 | Portugal Protocolo 2014 | #23

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de um novo monarca não exibiu símbolos religiosos – a Bíblia e o Crucifixo -, e, também, não foi celebrada missa durante o juramento, que foi efectuado sobre uma reprodução da Constituição. Os serviços de Protocolo das Cortes Gerais emitiram uma Circular aos Deputados e Senadores com a recomendação do uso de traje: traje escuro para os Cavalheiros, e vestido curto para as Senhoras. Ao contrário do que era previsto pelo Protocolo da Casa Real, o uso de Fraque (chaqué em espanhol) não foi obrigatório, devido a uma reclamação do vice-presidente Javier Barrero, que se negou a usar aquele traje. Também Teresa Cunillera, membro do Parlamento, argumentou que seria um erro que os membros do Parlamento, enquanto casa dos representantes do povo, tivessem que se vestir assim como se celebrassem uma cerimónia de luxo num momento de grave crise económica, e que se fossem os membros do Parlamento que se dirigissem ao Palácio, então este poderia impor um Protocolo, como não era o caso não o poderá fazer. Então os membros vestir-seão com decoro próprio da ocasião, ou seja de traje escuro.


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Em cima, Discurso de Felipe VI, após o Juramento e a Proclamação Página ao lado em cima Cortejo oficial para o Palácio Real Página ao lado em baixo Saudação da Família Real na varanda do Palácio Real 42 | Portugal Protocolo 2014 | #23


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Cultura, Tesouros de Portugal - Museu Nacional de Arte Antiga

O Museu Nacional de Arte Antiga leva até Turim grande embaixada da Arte Portuguesa – Exposição “Tesori dal Portogallo. Architetture Immaginarie dal Medioevo al Barocco”. Fotografias cedidas pelo Museu Nacional de Arte Antiga 44 | Portugal Protocolo 2014 | #23

Página ao lado GIUSEPPE PALMS, GIUSEPPE FOCHETTI, GIUSEPPE VOYET e GENARO NICOLETTI Modelo da Capela de São João Batista na Igreja de São Roque Itália, Roma, 1744-1747 Nogueira policromada e dourada, pintura sobre cobre. 140 x 93 x 86 cm Museu de São Roque – Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, inv. 326


Cultura, Tesouros de Portugal - Museu Nacional de Arte Antiga

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Cultura, Tesouros de Portugal - Museu Nacional de Arte Antiga Depois de um acordo histórico com o Museo del Prado, o Museu Nacional de Arte Antiga estabeleceu uma nova parceria com o Museo Civico d'Arte Antica-Palazzo Madama, de Turim, Itália, uma versão da exposição “A Arquitectura Imaginária: pintura, escultura, artes decorativas”, um projecto do museu que reúne 120 obras, provenientes do seu acervo e de numerosas instituições nacionais, públicas e privadas, e de colecções particulares portuguesas, que foi inaugurado a 7 de maio no Museo Civico d'Arte Antica-Palazzo Madama, em Turim. Com a mobilização estratégica do património nacional e uma das mais impressivas embaixadas culturais do nosso país nos últimos anos, a mostra propõe uma extraordinária viagem por um ecléctico universo de obras de arte ímpares, tanto pelo seu valor histórico como pela riqueza dos seus materiais e execução, do século XIV aos nossos dias. Pintura, escultura, iluminura, ourivesaria, desenhos e tratados compõem uma exposição dividida em sete núcleos, criando uma ponte entre a Idade Média e a contemporaneidade. A abrir a mostra, uma pintura de Giovanni Paolo Pannini (1725-50) com uma estátua colossal de Hércules num fundo que simula as ruínas de Roma Antiga e evoca modelos e lugares que influenciaram durante séculos a imaginação dos artistas. A seu lado, cinco projectos de cinco arquitectos contemporâneos – Siza Vieira, Souto Moura, Aires Mateus, Carrilho da Graça e João Mendes Ribeiro – ilustram o processo mental que conduz da ideia à realização arquitectónica. Após a visita ao Museu Nacional de Arte Antiga, em 2012, de uma delegação 46 | Portugal Protocolo 2014 | #23


Cultura, Tesouros de Portugal - Museu Nacional de Arte Antiga

Esta página Cruz processional Final do século xv Prata dourada. 96,5 x 46 cm Proveniência: Convento de São Domingos de Elvas Museu Nacional de Arte Antiga, inv. 82 Our

Página seguinte Cofre Veneza, c. 1600 Cristal de rocha, madeira pintada a ouro e policromada, prata dourada, cobre prateado 55 x 95 x 68 cm Proveniência: Igreja da Graça, Lisboa, 1919 Museu Nacional de Arte Antiga, inv. 576 Our

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Cultura, Tesouros de Portugal - Museu Nacional de Arte Antiga

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Cultura, Tesouros de Portugal - Museu Nacional de Arte Antiga

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Cultura, Tesouros de Portugal - Museu Nacional de Arte Antiga chefiada pelo Presidente do Município de Turim, com o patrocínio do Ministério dos Negócios Estrangeiros italiano, o museu foi convidado a apresentar uma exposição no principal museu do Piemonte, no âmbito das relações estratégicas que a cidade de Turim e a região pretende consolidar com Lisboa e com Portugal. Esta delegação interessou-se particularmente pela exposição “A Arquitectura Imaginária: pintura, escultura, artes decorativas”, patente na altura no Museu Nacional de Arte Antiga, disponibilizando, como contrapartida, uma exposição produzida pelo Palazzo Madama.

E m cima, C ru c i f i xo c o m Ca lv á ri o C e i l ã o, Ko t t e ( ? ) , f i n a i s d o século I I M ade i r a tr o p i c a l , m a r f i m n a t u ra l e p o l i c r om a d o, v i d ro s c o l o ri d o s, c ri st a l , v elud o, l a c a ( ? ) , m e t a l d o u r a d o, p r a t a , r u b i - e s p i nela (?). 1 5 0 , 5 x 5 2 x 2 1 cm C o l e çã o p a r t i cu l a r, L isb oa 50 | Portugal Protocolo 2014 | #23

Página ao lado, OFICINA ATTAVANTE DEGLI ATTAVANTI Bíblia dos Jerónimos, vol. 2 1495 Pergaminho. 40,9 x 38,3 cm (livro) Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ordem de São Jerónimo, Mosteiro de Santa Maria de Belém, liv. 68


Cultura, Tesouros de Portugal - Museu Nacional de Arte Antiga

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Património - Marcas Portuguesas Seculares, Pastéis

O

sabor da

Tradição

Texto João Micael Fotografias cedidas por Pastéis de Belém 52 | Portugal Protocolo 2014 | #23

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Belém


Património - Marcas Portuguesas Seculares, Pastéis

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Património - Marcas Portuguesas Seculares, Pastéis

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Belém

No início do Século XIX, em Belém, junto ao Mosteiro dos Jerónimos, laborava

uma

refinação

de

cana-

de-açúcar associada a um pequeno local

de

comércio

variado.

Como

consequência da revolução Liberal ocorrida em 1820, são em 1834 encerrados todos os conventos de Portugal, expulsando o clero e os trabalhadores.

Numa

tentativa

de

sobrevivência, alguém do Mosteiro põe à venda nessa loja uns doces pastéis, rapidamente designados por "Pastéis de Belém". Na época, a zona de Belém era distante da cidade de Lisboa e o percurso era assegurado por barcos de vapor. No entanto, a imponência do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém, atraíam os visitantes que depressa se habituaram a saborear os

deliciosos

do

Mosteiro.

pastéis Em

originários

1837,

inicia-se

o fabrico dos "Pastéis de Belém", em instalações anexas à refinação, segundo a antiga "receita secreta", oriunda e

do

convento.

exclusivamente

Transmitida

conhecida

pelos

mestres pasteleiros que os fabricam artesanalmente,

na

"Oficina

do

Segredo". Esta receita mantém-se igual até aos dias de hoje. De facto, a única verdadeira fábrica dos "Pastéis de Belém" consegue, através de uma criteriosa escolha de ingredientes, proporcionar hoje o paladar da antiga doçaria portuguesa. 54 | Portugal Protocolo 2014 | #23


Património - Marcas Portuguesas Seculares, Pastéis

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Belém

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Património - Marcas Portuguesas Seculares, Pastéis

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Belém

A marca “Pasteis de Belém” foi sempre uma empresa cooperativa, ou teve um passado diferente? A empresa sempre foi de gestão familiar e a “passagem de testemunho”, tem sido feita de geração para geração. Muitos dos sócios da empresa foram e alguns ainda são colaboradores da empresa. O que distingue os “Pasteis de Belém” dos outros pastéis de nata, e que tanta fama têm alcançado no Mundo? Os “Pastéis de Belém” são fabricados de forma artesanal e segundo uma receita conventual, nascida no Mosteiro dos Jerónimos. Esta receita é diferente da maioria dos pastéis de nata que encontramos em Portugal e no Mundo, o facto de a termos mantido secreta ao longo dos quase 177 anos de história fazem deste um produto único. A fama que os “Pastéis de Belém” têm atingido deve-se sobretudo à forte aposta na qualidade do produto e serviço, para além disso, a privilegiada localização geográfica desta fábrica, tem-nos permitido uma expansão da marca além-fronteiras, devido aos muitos turistas que visitam Belém todos os dias. Houve já alguma empresa internacional tentada a comprar a marca “Pasteis de Belém”? Já fomos abordados algumas vezes com propostas de aquisição da receita ou de um modelo de franchise, algo que nesta fase não nos interessa. 56 | Portugal Protocolo 2014 | #23


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Património - Marcas Portuguesas Seculares, Pastéis

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Património - Marcas Portuguesas Seculares, Pastéis

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Belém

A marca “Pasteis de Belém” já pensou num processo de internacionalização? É uma ideia que está presente mas sentimos que antes de avançarmos para uma possível expansão, é fundamental optimizar este espaço e tirar o máximo proveito possível destas instalações. Estamos focados em alguns projectos de melhoramento e aumento de capacidade de produção, para um dia mais tarde podermos estar em condições de abrir novos pontos de venda. O facto de este ser um produto perecível coloca um grande desafio a uma expansão, sendo a qualidade uma das principais premissas da “Antiga Confeitaria de Belém”, não queremos que uma possível expansão venha por em causa a imagem e características deste produto. Apenas iremos decidir expandir o negócio, quando sentirmos que não haverá qualquer perda de qualidade ou identidade no processo. Quais são os novos projectos ou inovações para a marca “Pasteis de Belém”? Os principais projectos a curto/médio prazo passam pela optimização deste espaço. Criar novos espaços para os clientes, melhorar o serviço e as condições de trabalho dos nossos colaboradores, aumentando a nossa capacidade de resposta, criando condições para aumentar a produção. Paralelamente a estes projectos estruturais está sempre presente o nosso principal foco que é a qualidade dos pastéis e das matérias-primas utilizadas. 60 | Portugal Protocolo 2014 | #23


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Património - Marcas Portuguesas Seculares, Pastéis

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Património - Marcas Portuguesas Seculares, Pastéis

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P rotocolo , V isita O ficial

O Presidente Cavaco Silva recebeu

Reis

início da sua

de

Espanha

no

Visita Oficial

a

Portugal

Fonte: © 2006-2014 Presidência da República Portuguesa 64 | Portugal Protocolo 2014 | #23

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P ortugal

No início da Visita Oficial, no dia 7 de Abril, o Rei de Espanha D. Felipe VI reuniu-se, no Palácio de Belém, com o Presidente Aníbal Cavaco Silva. O Presidente da República e mulher tiveram um encontro com os monarcas espanhóis D. Felipe VI e D. Letizia, o qual foi seguido por uma reunião entre os dois Chefes de Estado, acompanhados das respectivas delegações.


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P rotocolo , V isita O ficial

Presidente

da

República

ofereceu almoço em honra dos

Reis

de

Espanha

Fonte: © 2006-2014 Presidência da República Portuguesa 68 | Portugal Protocolo 2014 | #23

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Por ocasião da visita a Portugal de Suas Majestades os Reis de Espanha D. Felipe VI e D. Letizia, no dia 7 de Abril, o Presidente da República e mulher ofereceram um almoço no Palácio Nacional de Queluz, onde decorreu uma demonstração da Escola Portuguesa de Arte Equestre.


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