Entrega do Prémio Femina no Ministério da Cultura Mesa Palatina Conhecer Isabel no
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Portugal
“A Morte de Camões” Museu de Arte Antiga Nº46.2020
5 | Editorial
Capa | Domingos António de Sequeira (Belém, 1768 - Roma, 1837). Estudo de figura para ‘A Morte de Camões’ (?), 1824. Desenho a carvão, esfuminho e giz sobre papel 14 x 13,2 cm Compra, leiloeira Christie’s, Dezembro 2019. ©Christie’s
7 | Entrega do Prémio Femina 2020 no Ministério da Cultura 12 | Cimeira Femina 2020 – Oceanos 22 | Dia Mundial da Língua Portuguesa
PORTUGAL PROTOCOLO Edição Digital Nº46.2020 | 2.º,3.º,4.ºTrimestre Colunistas
24 | Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
Director.João Micael Gonzaga, Jorge Dias da Silva Fotógrafo Convidado.João de Sousa Arte. Portugal Protocolo Design
convidados.Manuela
Matriz Portuguesa - MPADC - Associação
28 | Cultura, Conhecer Isabel de Portugal - Infanta, rainha, imperatriz
Propriedade.João Micael para o Desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento
Avenida
38 | Caderno de viagem a Moçambique II 46 | Gastronomia, Mesa Palatina no restaurante
Liberdade, nº129 B 1250-140 Lisboa Tel.+351 21 21 325 40 50 Telem.+351 91 287 10 44 matriz@matriz-portuguesa.pt portugalprotocolo.webnode.pt da
Eleven 60 | Cultura, Museu Nacional de Arte Antiga 66 | Cultura, Museu Nacional de Arqueologia
Registo ERC Nº125909
70 | Cultura, Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça
INTERDITA A REPRODUÇÃO DE TEXTOS E IMAGENS POR QUAISQUER MEIOS
Por
80 | Protocolo, Entrega de Credenciais de novos
vontade expressa do editor a revista respeita
Embaixadores em Portugal
a ortografia anterior ao actual acordo ortográfico.
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PORTUGAL, OS PORTUGUESES E A LÍNGUA PORTUGUESA
Palavras como aquelas preferidas por Vergílio Ferreira, que disse “da minha língua vê-se o mar” e as de Fernando Pessoa que declarou “a minha pátria é a Língua Portuguesa”, deram o ensejo à Matriz Portuguesa – Associação para o Desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento, em tempo extraordinário que vivemos, dar o mote ao ano de 2020 que se transformou radicalmente perante os semblantes pávidos dos Portugueses, propondo-nos realizar um programa digital ambicioso de reflectir e debater temáticas estruturantes do futuro de Portugal e das Comunidades Portuguesas.
Também a importância geopolítica e geoestratégica de Portugal no contexto da sua Zona Económica Exclusiva, uma das maiores do Mundo, foi o foco da Cimeira Femina dedicada aos Oceanos e o seu impacto no futuro da Humanidade, com o apoio institucional do Ministério do Mar e a presença do Prof. Alexandre Caldas, chefe do Ramo de Divulgação, Tecnologia, Inovação e Big Data, director da Organização das Nações Unidas, presidente da Rede Geoespacial da ONU e membro da Rede de Previsão Estratégica da ONU HLCP, e de inúmeras personalidades nacionais e estrangeiras. O Prémio Femina, cumprindo o seu 10.º aniversário, agraciou Notáveis Mulheres, na presença da Ministra da Cultura, no Ministério da Cultura.
Assim, “A Língua Portuguesa é uma Pátria e Património Cultural” foi o tema que propusemos, na comemoração do Dia Mundial da Língua Portuguesa e do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, para o testemunho de vários e distintos falantes do Português, provenientes dos vários cantos do Mundo – desde CaboVerde, Moçambique e Guiné-Bissau ao Brasil – todos contribuindo para a homenagem que a Língua Portuguesa merece pelo seu alcance geográfico e prestígio que goza no Mundo. Portugal
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Sursum corda .
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João Micael, Director da Portugal Protocolo revista
Excepcionalmente, a última edição da revista Portugal Protocolo aglomera os três últimos trimestres de 2020, devido à pandemia da Covid-19.
Entrega
do
Prémio Femina 2020
A cerimónia de investidura do Prémio Femina 2020 foi realizada no Ministério da Cultura, com a presença da Ministra da Cultura, no dia 18 de Dezembro.
Protocolo
Ministério
da
Cultura
EM CIMA Insígnia do Prémio Femina, uma criação do atelier Américo Raposo, Jr. Livro “Notáveis Mulheres de Portugal”, no âmbito da comemoração do 10.º Aniversário do Prémio Femina. Fotografias de João de Sousa para Matriz Portuguesa Todos os Direitos Reservados ©
Sítio na internet https://premio-femina8.webnode.pt/ Portugal
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Entrega
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Prémio Femina 2020
no
Ministério
da
Cultura
O Prémio Femina, com o Estatuto de Interesse Cultural, reconhecido pelo Ministério da Cultura, agracia as Notáveis Mulheres, oriundas de Portugal, dos Países de Expressão Portuguesa, das Comunidades Portuguesas e Lusófonas, e Lusodescendentes; e as Mulheres de nacionalidades extra Portuguesa e extra Lusófonas, que se tenham distinguido com mérito ao nível profissional, cultural e humanitário no Mundo, pelo Conhecimento e pelo seu relacionamento com outras Culturas. A entrega do Prémio Femina 2020 foi realizada no Ministério da Cultura, com a presença da Ministra da Cultura, no dia 18 de Dezembro, estando presente Adriana Niemeyer agraciada por mérito nas Artes: Cinema; Susana Sargento, agraciada por mérito nas Ciências: Investigação relevante; e, Manuela Gonzaga, agraciada pelo Estudo e Divulgação da Cultura e História de Matriz Portuguesa no estrangeiro e na Lusofonia. A Embaixadora Maria Rita Ferro, agraciada com o Prémio Femina de Honra 2020, Vera Duarte Pina, agraciada por méritos relevantes na Excelência Profissional e Pessoal, e, que tenha contribuído para o prestígio da Lusofonia; e, Cristina Norton, agraciada na categoria “À Mulher do Mundo”, não estiveram presentes devido à actual situação pandémica da Covid-19. Portugal
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Entrega
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Prémio Femina 2020
no
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da
Cultura
João Micael, presidente da Matriz Portuguesa, entrega a Insígnia do Prémio Femina a Susana Sargento por mérito nas Ciências: Investigação relevante.
João Micael, presidente da Matriz Portuguesa, entrega a Insígnia do Prémio Femina a Adriana Niemeyer por mérito nas Artes: Cinema. Portugal
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Prémio Femina 2020
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Entrega
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A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, entrega a Insígnia do Prémio Femina a Manuela Gonzaga pelo Estudo e Divulgação da Cultura e História de Matriz Portuguesa no estrangeiro e na Lusofonia.
As agraciadas com o Prémio Femina 2020, a Ministra da Cultura e João Micael, presidente da Matriz Portuguesa e fundador do Prémio Femina. Portugal
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Cimeira Femina 2020 – Oceanos
A Matriz Portuguesa – Associação para o Desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento, sob o ideal do Prémio Femina, realizou, nos dias 17 e 18 de Novembro, a Cimeira Femina - Oceanos | 2020.
EM CIMA Curadores e convidados da Cimeira. Texto|João Micael Imagens| Matriz Portuguesa Todos os Direitos Reservados ©
Sítio na internet https://cimeira-femina-summit.webnode.pt/ Portugal
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Cimeira Femina 2020 – Oceanos A Matriz Portuguesa – Associação para o Desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento, sob o ideal do Prémio Femina, realizou, nos dias 17 e 18 de Novembro, a Cimeira Femina - Oceanos | 2020, orientada para as temáticas relacionadas com os oceanos e o seu impacto no futuro da Humanidade. A Cimeira contou com o apoio institucional do Ministério do Mar, e foi emitida em directo para o público em geral em plataformas digitais na internet, como no Canal Matriz Portuguesa e nas redes sociais. A Cimeira Femina - Oceanos | 2020 teve como temas a importância geopolítica e geoestratégica no contexto da Zona Económica Exclusiva de Portugal – a 3.ª maior da União Europeia e a 11.ª do Mundo; a inovação; a economia circular e o Mar como fonte de alimentos. A Cimeira teve como Convidado de Honra, o Prof. Alexandre Caldas, Chefe do Ramo de Divulgação, Tecnologia, Inovação e Big Data - Ambiente. Director da Organização das Nações Unidas; Presidente da Rede Geoespacial da ONU; Membro da Rede de Previsão Estratégica da ONU HLCP. A Curadoria da Cimeira contou com algumas das mais prestigiadas personalidades do meio científico, académico e empresarial: Lurdes de Serpa Carvalho, Agraciada com Portugal
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Cimeira Femina 2020 – Oceanos o Prémio Femina 2012 por mérito na conservação do Ambiente e Natureza, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve; Marta Chantal Ribeiro, Agraciada com o Prémio Femina 2013 por mérito na conservação do Ambiente e Natureza, docente da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, membro do Centro de Investigação Jurídico-Económica na componente “Direito do Mar e Desenvolvimento Sustentável”; Luísa Valente, Agraciada com o Prémio Femina 2014 por mérito na conservação do Ambiente e Natureza. Professora Associada do ICBAS Universidade do Porto; Soraya Gadit, Agraciada com o Prémio Femina 2015 por méritos relevantes na Excelência Profissional, e, que tenha contribuído para o prestígio de Portugal e da Lusofonia: Empreendedorismo e inovação, presidente da Inocrowd; Cristina Carpinteiro, Presidente de The Golden Phoenix; Isabel Neves, Fundadora, mentora e presidente do Clube de Business Angels Lisboa.
Divulgação, Tecnologia e Inovação na Divisão de Ciência, Ambiente das Nações Unidas; presidente da Rede Geoespacial da ONU e membro da Rede de Previsão Estratégica da ONU HLCP. Antecipando o programa da Cimeira, Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais e Paula Panarra, directora-geral da Microsoft Portugal, deixaram uma mensagem especial aos participantes e ao público em geral. O primeiro painel “Os Portugueses e o Mar”, versou sobre o contributo científico e gestão empresarial dos Luso-descendentes para o desenvolvimento e sustentabilidade da exploração dos Oceanos, conduzido pela curadora Cristina Carpinteiro, em debate com Catarina Martins, responsável pela Sustentabilidade e Tecnologia na Mowi ASA, directamente da Noruega; Ágata Alveirinho Dias, professora Associada e Investigadora no Instituto de Ciências e Ambiente da Universidade de São José (ISE, USJ), em directo de Macau e Filipa Marques, directora de Investigação da Sharing University e da International Marine Minerals Society e Fellow da Geological Society of London. “Inovação” foi o segundo painel da Cimeira, liderado por Soraya Gadit, que debateu a temática do Direito Marítimo com Pedro Velez, professor da Universidade Europeia. O terceiro painel encerrou o primeiro
A Cimeira foi iniciada com uma mensagem de Angélica Santos, Vicepresidente da Matriz Portuguesa – Associação para o Desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento, sendo seguida da Oração de Sapiência proferida pelo professor Alexandre Caldas, director da Organização das Nações Unidas; chefe do Ramo de Portugal
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Cimeira Femina 2020 – Oceanos dia da Cimeira, tendo como título “O Oceano como fonte de alimento”, dirigido pela Prof. Luísa Valente, debateu sobre o Mar, para além da grande importância ecológica, económica, política e sociocultural, sendo fundamental para a sobrevivência de todos os seres vivos do planeta. Foram seus convidados a Prof. Maria Leonor Nunes (CIIMAR e IPMA), Prof. Paulina Mata, da Universidade Nova de Lisboa e Paulo Monteiro, director Responsabilidade Social e Corporativa da UCHAN e Bernardo Carvalho, presidente e Fundador da Oceano Fresco.
da Economia e na contribuição para a conservação do capital natural, redução da emissões e resíduos e combate às alterações climáticas, com o Prof. André Pacheco, oceanógrafo da Universidade do Algarve; Carla Martins Arguello, consultora de Ecodesign para a Economia Circular; Carlos Cardoso, fundador e presidente da Greenflow. Marta Chantal conduziu o painel “Governação e Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, discutindo sobre a governação dos espaços marítimos: Zona Económica Exclusiva e além dela – até aos confins da plataforma continental. A Estratégia marinha para a próxima década: velhos e novos desafios. Os Recursos para observação, monitorização e fiscalização do mar: da coluna de água à atmosfera. Desígnio: transformar o nosso mundo invertendo a degradação do oceano. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável: prevenir e reduzir significativamente qualquer tipo de poluição marinha, incluindo o lixo marinho e a poluição por nutrientes; fazer face e minimizar os impactos da acidificação do oceano; regular eficazmente e terminar com a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada, e implementar planos de gestão baseados nos melhores dados científicos disponíveis; assegurar que, pelo menos, 10% da área costeira e marinha está totalmente protegida; aumentar o conhecimento
No dia 18 de Novembro, Isabel Neves, curadora do primeiro painel “Mar de Ideias”, com apresentações sobre a temática da Cimeira, na perspectiva da inovação, criatividade, empreendedorismo ou tecnologia, pretendendo fomentar o debate para estimular a inovação empresarial no sector com Andreia Coutinho e André Facote, fundadores da Skizo by iRcycle e Tiago Cristóvão, director de operações da Undersee. O segundo painel “A Economia Circular”, dirigido por Lurdes de Serpa Carvalho, versou sobre a volatilidade no preço das matérias-primas e limitação dos riscos de fornecimento, nas novas relações com o cliente, programas de retoma, novos modelos de negócio, no melhoramento da competitividade Portugal
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Cimeira Femina 2020 – Oceanos científico e desenvolver capacidade de investigação; velar pela recuperação, conservação e resiliência a longo prazo dos ecossistemas marinhos. Foram seus convidados Isabel Botelho Leal, responsável pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental, Assunção Cristas, professora da Nova School of Law, coordenadora do Mestrado em Direito e Economia do Mar e ministra do Mar dos XIX e XX Governos, e Fausto Brito e Abreu, adjunto do gabinete do Ministro do Mar e antigo Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia do Governo Regional dos Açores. Directamente de Bruxelas, os vicepresidentes da Câmara de Comércio Belgo-Portuguesa, Frederico Cardigos (Gabinete dos Açores em Bruxelas) e Piet Haerens relataram, no painel “Oceano e Biodiversidade” os trabalhos realizados no II Belgian-Portuguese Routes for the Blue Economy, realizado no dia 16 de Novembro. O Governo Regional da Madeira, com a presença de Mafalda Freitas, Directora Regional do Mar e Natacha Nogueira, directora dos Serviços de Política do Mar, apresentaram o painel “Mar da Madeira: conhecer, preservar e valorizar o nosso maior recurso”. A Cimeira foi encerrada com o painel internacional “Oceano Global”, conduzido por João Micael, presidente da Matriz Portuguesa – Associação para o Desenvolvimento da Cultura e Portugal
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do Conhecimento, sobre as políticas, investigações, explorações, estudo e comércio marítimos e marinhos internacionais. Foram convidadas do painel Maria José Argaña Mateu, embaixadora do Paraguai, Lisa Rice Madan, embaixadora do Canadá e Satu Suikkari-Kleven, embaixadora da Finlândia.
Zona Económica Exclusiva de Portugal Esta zona marítima, adjacente ao mar territorial, não poderá ultrapassar as 200 milhas náuticas, contadas a partir das linhas de base. A ZEE inclui a zona contígua. Na ZEE, os Estados costeiros, exercem a sua soberania e jurisdição nos termos previstos na CNUDM, detendo o direito a explorar, gerir e conservar os recursos naturais aí existentes, vivos e não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, incluindo a exploração e aproveitamento dos recursos energéticos renováveis, a partir do vento, das ondas e das correntes marinhas. Os Estados costeiros podem, assim na ZEE, autorizar, construir e regular a construção de infraestruturas para aproveitamento dos recursos naturais, incluindo a possibilidade de instalação de ilhas artificiais. Podem definir zonas de segurança, regra geral até ao máximo de 500 m a partir dos limites dessas infraestruturas que, devem ser observadas pelos navios em trânsito. A ZEE portuguesa compreende 3 subáreas: subárea do continente (287 521 km2), subárea dos Açores (930 687 km2) e subárea da Madeira (442 248 km2). in Direcção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos .
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Português é Pátria e Património Cultural
Femina 2019, Avelina Ferraz, fundadora da Editorial Novembro, Beatriz Aquino, escritora (Brasil), Ernesto Dabo, poeta, músico e jurista (Guiné-Bissau), Helena Carvalho Pereira, soprano, João Morgado, escritor, José Campos e Sousa, compositor e intérprete, Juvenal Bucuane, escritor e poeta (Moçambique), Paulo MoraisAlexandre, pró-presidente do Instituto Politécnico de Lisboa, Pedro Ferreira de Carvalho, empresário, Renato Epifânio, presidente do MIL – -Movimento Internacional Lusófono, Rui Faria da Cunha, Presidente da Câmara de Comércio Belgo-Portuguesa (Bruxelas), Sofia Afonso Ferreira, fundadora do Democracia 21 e Vera Duarte Pina, poeta, jurista (Cabo Verde).
A Matriz Portuguesa - Associação para o Desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento celebrou, em 5 de Maio, o Dia Mundial da Língua Portuguesa, oficializado, em 2019, pela UNESCO. Em 2009, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - CPLP, havia instituído o 5 de Maio como Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, com emissão de programação online em directo. Participaram na emissão, em debates, com testemunhos, e recitais, as agraciadas com o Prémio Femina, individualidades e personalidades da Sociedade Civil Portuguesa e da Lusofonia com o seu testemunho e reflexão sobre a importância da Língua Portuguesa no Mundo enquanto Pátria e Património Cultural e Capital Económico do Espaço Lusófono no Mundo - Maria Rita Ferro, embaixadora de Portugal junto da CPLP, Bruno de ter Beerst, cônsul honorário de Portugal em Gande (Bélgica), Delmar Maia Gonçalves, presidente do Círculo de Escritores Moçambicanos da Diáspora, Conceição Zagalo, Prémio Femina de Honra 2018, Regina Mateus, Prémio Femina de Honra 2019, Amélia Videira, Prémio Femina 2010, Rita Redshoes, Prémio Femina 2012, Maria Cândida Rocha e Silva, Prémio Femina 2014, Presidente do Banco Carregosa, Soraya Gadit, Prémio Femina 2015, CEO da InoCrowd, Susana Damasceno, Prémio Femina 2018, Maria Manso, Prémio Portugal
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Texto|João Micael Imagens| Matriz Portuguesa Todos os Direitos Reservados ©
Sítio na internet https://canal-matriz-portuguesa.webnode.pt/ noticias/ .
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Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas A Matriz Portuguesa - Associação para o Desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento celebrou o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, no dia 10 de Junho, com emissão em directo no Canal Matriz Portuguesa. Participaram Individualidades e Personalidades da Sociedade Civil Portuguesa e das Comunidades Portuguesas no estrangeiro com o seu testemunho e reflexão sobre a importância de Portugal e a sua imagem e reputação no Mundo. A emissão teve início com um excerto d’ “Os Lusíadas”, lido por Amélia Videira, agraciada com o Prémio Femina 2010 por mérito nas Artes de Palco. Seguiram-se os testemunhos de António Neto da Silva, presidente Associação de Amizade Portugal / EUA, Portugal
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Texto|João Micael Imagens| Matriz Portuguesa Todos os Direitos Reservados ©
Sítio na internet https://canal-matriz-portuguesa.webnode.pt/ noticias/ .
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de Arsisete Saraiva, presidente ANDAR – Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatóide, Cristina Carpinteiro, presidente da The Golden Phoenix. Karine da Costa Pereira, fundadora e gestora da LUSIA, Luísa Timóteo, fundadora da “Associação Coração em Malaca”, Maria José Lobo Elias, viajante pela Matriz Portuguesa no Mundo, Marta Chantal Ribeiro, Prémio Femina 2014, coordinator of the Law of the Sea Research Group (CIIMAR), Paulo Neves, deputado na Assembleia da República e Rodrigo Pereira Coutinho, director de exportação da Chocolates Imperial. Momento especial sobre o Património Multicultural em Malaca. Noel Félix, um Português de Malaca que fala, canta e encanta com as suas histórias sobre os bravos marinheiros Portugueses de 1511. De Afonso de Albuquerque a Noel Félix já lá vão mais de 16 gerações mas o sangue Português é o mesmo e a cultura e identidade ao longo de mais de cinco séculos sofreram poucas alterações. Quem conhece pessoalmente Noel Félix, sabe que ele é um caso de estudo e um fenómeno de popularidade onde está e por onde passa porque fala e canta no seu Papiá Português. A emissão prosseguiu à noite com a emissão de um recital da soprano Helena Carvalho Pereira, gravado na Casa-Museu Medeiros e Almeida, em Lisboa.
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Cultura | Conhecer Isabel
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Portugal - Infanta,
rainha, imperatriz
D. Isabel de Portugal (Lisboa 1503 - Toledo 1539) Em 1526, D. Isabel de Portugal, considerada a mais bela mulher do seu tempo, foi para Castela ao encontro do marido, Carlos I de Espanha, Carlos V do Sacro Império Romano Germânico, o soberano mais poderoso de toda a Cristandade. Rainha e imperatriz pelo casamento, D. Isabel jamais renegou as suas origens lusas e marcou a história da Europa do século XVI. Infanta de Portugal, rainha de Castela, imperatriz do Sacro Império Romano-Germânico, filha dilecta de D. Manuel I, o Venturoso, Isabel de Portugal morreu na flor da idade. Sem cronista próprio, a sua estória ficou entregue à fantasia e à saudade dos povos. E assim, esta mulher, mãe, soberana, que muito amou e muito foi amada, que legislou e governou os reinos de Espanha na ausência do marido, entrou para a lenda e para a História de Arte, em quadros, gravuras, bustos, medalhas e pouco mais. Um dos seus retratos – verdadeira obra-prima de Ticiano – é das raras referências que todos, ou quase todos, conhecem. Para a recordar com justiça, foi preciso recortá-la, em verdadeiro jogo de sombras, do iluminado universo masculino onde nasceu, cresceu, amou, viveu e morreu, já que foi através dos homens da sua vida, que Isabel começou por se nos tornar percetível. Por exemplo, nas crónicas do rei seu pai, O Felicíssimo; nas do marido, rei de Espanha e imperador do Sacro Império Romano Germânico; e nas do rei seu filho que uniu em si as coroas ibéricas, Filipe I de Portugal, II de Espanha. Nas extensas biografias que todos eles tiveram. E pouco mais. Portugal
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Texto | Manuela Gonzaga,escritora,historiadora.
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Isabel de Portugal, Ticiano (1548) Museu do Prado, Madrid. Todos os Direitos Reservados © .
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Cultura | Conhecer Isabel
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Portugal - Infanta,
a noiva tem outras valias. “Mulher alguma que não fosse herdeira” trouxe em casamento tão grande dote a seu marido: novecentos mil cruzados – dobras de ouro castelhano. Fora as jóias e o enxoval. Nascida e criada no esplendor da mais rica corte europeia do seu tempo, D. Isabel fora educada para ser mãe, esposa e rainha. Corria-lhe nas veias o sangue da avó materna, Isabel, a Católica. Por influência materna, falava fluentemente o castelhano numa época em que, pela proximidade, e pelas políticas de casamentos, as cortes ibéricas eram bilingues. Acima de tudo, era inteligente, e tivera uma educação privilegiada, na qual participaram Beatriz Galindo, la Latina, e o humanista Luís Vives. Além disso, desde muito jovem, a infanta portuguesa propusera-se a casar, apenas, com o maior senhor da cristandade, jurando não aceitar marido que não fosse o imperador Carlos V, adoptando por divisa o célebre aut Ceasar aut nihil. “Ou César ou ninguém”. Já Carlos, que considerara outras propostas matrimoniais, casava com Isabel de Portugal de acordo com um plano muito bem pensado onde se conciliavam, acima de tudo, interesses económicos e políticos a que a beleza da noiva e seus dotes morais não terão sido completamente alheios. A juntar ao consentimento “unânime” do povo, que com “frequentes rogos e petições nos impulsiona a que optemos pela dita
Exceptuando, naturalmente, fundos de arquivos, pouco ou nada acessíveis à maior parte dos leitores, e os estudos académicos que, sobretudo a partir de 1954, registam a novidade do interesse crescente por esta mulher singular. Filha predilecta de D. Manuel I, tal como afirma Damião de Góis, veio a ser a “mui querida e amada mujer” como Carlos V a tratava epistolarmente e como o demonstrava perante todos. E o deles foi, na verdade, um casamento apaixonado de que todas as fontes confirmam, já que são muitos os testemunhos do enamoramento dos dois desde o momento em que se viram. E é pela sua boda que começamos por recordá-la. Cenas de um casamento imperial Nos primeiros dias de Fevereiro de 1526, um brilhante e numeroso séquito desfila pelos campos de Monforte em direção a Elvas, acompanhado de trombetas, charamelas, ministreis e tambores, e ainda de bailarinos de mourisca e reis de armas. A lindíssima D. Isabel de Portugal vai para Castela ao encontro do marido, Carlos de Gante, imperador dos Romanos, rei das Espanhas, das duas Sicílias e de Jerusalém, arquiduque da Áustria, duque da Borgonha, Conde da Flandres e do Tirol, e das “Índias, Ilhas e terra firme do Mar Oceano”. Senhor, portanto, de quase metade do mundo. O povo, abandonando os povoados ou largando o labor dos campos, junta-se à melhor nobreza de Portugal e ao resplandecente cortejo de damas e donas que, nos seus alazões, mulas e andas, seguida por homens de mão, escudeiros, peões, fronteiros, estão a escoltar a filha do Venturoso. “Muito formosa e muito isenta da sua condição”, como diz Damião de Góis, Portugal
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rainha, imperatriz
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Infanta Isabel de Portugal, 1520, óleo sobre madeira, retrato adquirido em Novembro de 1980 pelo Instituto Português do Património Cultural, com apoio da Comissão dos Descobrimentos. Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa. Todos os Direitos Reservados © .
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Cultura | Conhecer Isabel
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vidas. Aliás, Filipe, o primogénito, foi concebido em Granada, vindo a nascer em Toledo, após um parto dificílimo, durante o qual Carlos esteve sempre presente, amparando-a, rezando a seu lado pelo bom sucesso, e chegando a chorar, impotente perante o sofrimento atroz da mulher. Depois, foram dias de júbilo a que toda a Espanha a que Portugal se associou. Assegurada a descendência, Carlos está livre para viajar, pois já pode deixar “a mulher na governação” a qual trouxera com ela “tanta soma de dinheiros” que bastavam para empreender a viagem. E ela suportará o fardo de um poder que não desejava, mas para o qual, diligentemente, se tinha vindo a preparar sob orientação do marido, “seu único mestre” que “desde a intimidade de Alhambra” a fizera partilhar as suas ideias políticas, que Isabel, aos poucos, foi fazendo suas.
esposa”. E as “qualidades, os dotes e as virtudes do seu ânimo, que tanto cativaram o nosso”, decidiram-no. E agora, Isabel deixando o país que nunca esquecerá, ia ao encontro do marido. Foi uma longuíssima viagem, não pelas distâncias entre Badajoz e Sevilha, mas pelo ritmo de uma lentidão exasperante, imposto pelo imperador. Foi quase um mês… até Isabel e a sua comitiva chegarem a 3 de Março de 1526 a Sevilha. Ali, a noiva ainda aguardou mais uma semana até à entrada triunfal do noivo, na manhã de 10 de Março de 1526. Finalmente, quando Carlos chegou à real alcáçova de Sevilha, onde Isabel e a corte o aguardavam, já passava da meia-noite. Ao vê-lo, a imperatriz ajoelhou-se. Em passos largos, Carlos aproximou-se e, inclinando-se na direcção daquela mulher esplendorosa, branca como um lírio, e estendeu-lhe a mão para a levantar. Ela, sempre de joelhos, porfiava “muito para lha beijar”, o que ele de “modo algum” consentia. Nesse momento o imperador teve de baixar-se “muito”, ficando também ele quase ajoelhado aos pés da noiva, a quem toma nos braços. Depois, erguendo-se os dois e sempre enlaçados, beijou-a diante de todos. A corte suspendeu a respiração. Momentos assim são pura graça. Nos dias seguintes, não se falava de outra coisa. Suas Majestades Imperiais ficavam na cama até muito tarde, dormiam nos braços um do outro, e durante o resto do tempo andavam “mui namorados” e “mui contentes”, rindo por tudo e por nada, comportando-se na presença de toda a corte, como se não vissem mais ninguém. Uma verdadeira lua de mel na Andaluzia onde o casal viveu os dias mais felizes das suas Portugal
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Lugar-Tenente General e Governadora do reino Sempre que Carlos se ausentar de Castela, a imperatriz será nomeada Lugar-Tenente General e Governadora do reino, ocupando o cargo pela primeira vez em 23 de Abril de 1528, quando o imperador parte para Valência e depois para Aragão, onde irá reunir as Cortes de Monzón. E depois, quando em 1529 vai para Itália, a fim de ser coroado imperador pelo Papa, passando depois a Alemanha, para tentar unir a Cristandade cindida em dois blocos pelo cisma da Reforma, para só voltar aos reinos em 1533. Foi a sua maior ausência. Depois, voltou a sair entre 1535 e 1536. E de novo em 1538. Na iminência da partida do imperador, a imperatriz veste-se de negro, dispensa adorno e joias, chora dia e noite, e .
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com ela todas as aias e damas de sua Casa. Sempre que ele regressa, Isabel recebe-o em alegrias e festejos que se propagam por todo o lado. De saúde frágil, que se agravava manifestante pelas ausências do marido, ou por doença do filho Filipe, também de saúde incerta, a rainha soube cumprir exemplarmente todos os deveres da governação, não descurando a educação dos filhos e os assuntos de sua Casa. De tudo isto, e com muita assiduidade, dá conta ao imperador, censurando-o pela nem sempre pronta assiduidade em responder-lhe. A documentação da época evidencia o profundo conhecimento que tem dos problemas dos reinos peninsulares, nomeadamente dos reinos da Hispânia, fragilizados pelas constantes surtidas do corso islâmico. A sua sensata actuação foi decisiva na defesa do litoral da península e do norte de África das investidas da pirataria. Mas o seu conhecimento dos meandros da política europeia, fez dela o ayudador sensato e sensível a que Carlos recorreu com frequência.
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Protocolo
anteriores
Saudoso, Carlos V encomendou este retrato de casal a Ticiano, pedindo-lhe que os representasse juntos e que envelhecesse ligeiramente a imagem da imperatriz, a fim de parecer que teriam continuado lado a lado. Este quadro desapareceu no incendio do Palácio real. Rubens inspirou-se noutros retratos da imperatriz para realizar esta obra, que se encontra no Palacio Liria, residência dos Duques de Alba, Madrid.
Tinha trinta e seis anos de idade. D. Isabel teve um total de sete gestações, cinco das quais chegaram a seu termo, embora dois desses filhos tivessem morrido na infância, para seu grande desgosto. Além disso, sofreu também dois abortos. O último, a 21 de Abril de 1539, deixou-a prostradíssima, mau grado os bons auspícios dos médicos da corte. Mas já no palácio se falava em sussurros, ouvindo-se choros abafados, porque, de dia para dia, o estado da imperatriz piorava. E o imperador sempre ao seu lado, atento aos seus menores gestos, bebendo cada uma das suas palavras, Portugal
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Imagem da capa do livro “Imperatriz Isabel de Portugal”, de Manuela Gonzaga, Bertrand Editora. Detalhe em espelho do retrato postumo da Imperatriz Isabel de Portugal, de Ticiano, a pedido do imperador Carllo V (1548), Museu do Prado, Madrid. Todos os Direitos Reservados © .
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ajoelhara-se ao lado da sua cama de onde não saíra mais, rezando com ela e segurando-lhe a candeia. A 29 de Abril, exangue e magríssima, a rainha percebeu que chegara a sua hora. Confessou-se, recebeu o viático e a extrema-unção com mostras de grande serenidade. Em seguida comungou. Por fim, permitiu que as damas da sua Casa se viessem despedir de si. Depois, Filipe, quase a fazer doze anos, Maria, nos 11, e Joana nos seus quase quatro anos, vieram dar-lhe um último beijo, saindo em seguida. Só o imperador ficou, sem nunca se ausentar, descobrindo tão tarde “o muito amor que lhe tinha, mais do que se pensava” – como escreveria melancolicamente frei João de Salinas a Pedro Girón. Mas até ao último alento, a imperatriz do Sacro-Império Romano Germânico, nunca deixou de ser uma infanta Portuguesa, pelo que durante a sua agonia, arrancou de Carlos a promessa de que, por ela morrer, não se romperia a paz entre os dois países. É o inconsolável rei, que em carta ao seu embaixador em Lisboa, Luís Sarmiento, (a 4 de Maio de 1539) lhe conta que a imperatriz lhe encomendara que no que tocasse ao Sereníssimo rei D. João III, que “sempre lhe tivesse o amor que até aqui”. E foi assim, docemente, como registam as crónicas, acertadas a contas com a vida, que Isabel de Portugal entregou a alma a Deus. Passava uma hora “depois do meio-dia de quinta-feira, o primeiro de Maio de 1539”. Destroçado, e incapaz de tomar parte nas cerimónias fúnebres ou de ver fosse quem fosse, Carlos retirou-se para um mosteiro de frades Jerónimos, a meia légua da cidade de Toledo. E a cidade “que tantos gemidos, Portugal
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lágrimas e sangue” derramara, deu largas à dor. A chorarem esta mulher inolvidável, em breve se juntaram à Cidade das Três Culturas, todos os reinos da Hispânia e o de Portugal, os Países Baixos, e o próprio Francisco I decretou em Paris soleníssimas honras, prestando-lhe assim a França uma derradeira homenagem. E de Toledo, seguiu o imponente cortejo a acompanhar o féretro da imperatriz até Granada, como ela dispusera. Mas ali, quando foi preciso abrir o caixão de chumbo para se reconhecer o corpo, este vinha tão desfigurado que apenas se pode conhecer pelo nariz. e ninguém conseguia afirmar que aquele rosto e aquela figura era, ou fora, a formosíssima imperatriz. Nem o marquês de Lombay. O que Francisco de Borja jurou foi que, segundo “diligência e cuidado” que se havia posto em trazer e guardar o corpo da imperatriz, tinha por certo “que era aquele, e que não podia ser outro”. Mas “pelo amor particular e reverência que sempre havia tido à imperatriz”. Terá sido nesta nesta altura, como reza a biografia do Padre Francisco de Bórgia, que o poderoso marquês se determinou a nunca mais servir senhor que se me possa morrer? É que pouco anos mais tarde, por morte de D. Leonor de Castro, a condessa sua mulher, renunciaria aos seus estados e pompas do mundo para entrar na Companhia de Jesus. Por então, aquela a quem Gil Vicente chamara a Estrela Clara de Aurora já começara a entrar na lenda.
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Ao sexto dia desta minha inesquecível viagem a Maputo dediquei-o à visita à Ilha da Inhaca, antiga ilha dos Elefantes. Embora pequena, esta ilha tem não só uma enorme importância biológica, como histórica. Um povo Banto, que engloba cerca de 400 grupos étnicos e no caso os Tsongas, povoaram o litoral da baía de Maputo e foi quem primeiro ocupou esta ilha. Dentre estas uma família, os Nhacas, destacaram-se e forneceram os régulos (uma espécie de monarcas), que governaram a ilha originando o nome por que hoje a conhecemos e que continuam nos dias de hoje a comandar os destinos destes ilhéus embora de forma simbólica. A partir de 1550, os Portugueses criaram um interposto comercial na então Ilha dos Elefantes. Com a fixação destes primeiros europeus, resultou um acordo comercial com o povo local e assim, os Tsongas de quem os Nhacas eram originários como atrás referi, serviram de intermediários entre nós e os Zulus para através deste interposto se comercializar marfim. Com esta introdução histórica, pretendi apenas demonstrar o muito mais que a Inhaca tem para conhecer do que as suas maravilhosas praias mas sim, são imperdíveis. Desde que numa lancha saímos do Clube Naval de Maputo para uma viagem de hora e meia muito há para apreciar. A primeira é Maputo vista do mar. Uma perspectiva deslumbrante se bem que algo enganadora. O desenho Portugal
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“A partir de 1550, os portugueses criaram um interposto comercial na então Ilha dos Elefantes.”
Texto e fotografias de Jorge Santos Silva Todos os Direitos Reservados © .
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de quem a vê desta perspectiva não a imagina tão desgastada pelo tempo a que a falta de manutenção a votou, mas ainda assim inesquecível. A aproximação à ilha e à sua reserva faz-se através de uma cintura de corais onde os golfinhos nos recebem com a mesma amizade que os seus povos. Cruzámo-nos com muitas pequenas embarcações nativas onde um aceno não falta a darem-nos as boas vindas. Um dia, ou dias se assim o desejarem em alguns dos pequenos alojamentos disponíveis, é recomendável para quem visita Maputo. Mais um regresso ao passado, com outros contornos, mas com a imensa alegria do reencontro. Tal como no início desta crónica procurei explanar as motivações desta viagem e, agora que estamos prestes a chegar ao fim destas linhas, a abordagem será feita em jeito de conclusão. Neste último dia, regressei a uma praia muito frequentada por quem vivia em Lourenço Marques hoje Maputo, a Macaneta que é um istmo de areia a norte da cidade onde se procuram Sol e águas límpidas, se bem que por vezes revoltas, já que as da capital são muito poluídas e impróprias para uns refrescantes banhos possíveis nos doze meses do ano. Mais um local onde fui buscar as minhas memórias. A viagem hoje é bem mais rápida do que no tempo em que por lá vivi. Pode ser feita pela marginal da Costa do Sol até à vila de Marracuene que já foi Vila Portugal
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“...um local onde fui buscar as minhas memórias.”
Página ao lado Ilha da Inhaca. .
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Luísa, onde aqui uma enorme enchente anunciava festa: a Gwaza Muthini uma celebração que mistura celebrações contraditórias. Neste mesmo dia em 1895, as tropas do jovem príncipe Ronga de seu nome Zixava, combateram com igual força as tropas Portuguesas comandadas por Ângelo Caldas Xavier. A superioridade numérica e bélica dos Portugueses ditou o desfecho, mas ambos concordaram com a valentia das partes comemorando-se até hoje esse acontecimento com um feriado local. É este o dia em que também no rio Incomati junto a Marracuene aparece sempre um hipopótamo que deve ser morto e dado a comer a todos os que a festejam para assim entrarem em contacto com os espíritos dos familiares que os irão abençoar. Como a viagem é hoje relativamente curta, numa hora estamos no destino, já que não temos de esperar pelo batelão como outrora pois existe uma nova ponte, só desci para o pequeno-almoço (por estas terras o “mata bicho”), duas horas mais tarde, ou seja, às oito da manhã de Domingo. Sábado o Polana tinha assistido a um sumptuoso casamento onde para abrilhantar, nem companhias de danças tradicionais africanas faltaram e com imensa qualidade diga-se. Voltando ao pequeno-almoço, entre o que de costume apresentavam no buffet, não pude deixar de reparar numa bela e inexistente até então tábua de queijos das mais diversas Portugal
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“As pazes com Moçambique estavam também por resolver. Agora sim, sinto que os meus laços estão tanto lá como cá. Posso regressar a Lisboa em paz.”
Página ao lado Esquerda para a Direita Ponta do Ouro – Praia a Sul do Moçambique, fronteira com a África do Sul. À chegada à praia da Macaneta a felicidade das crianças a troco de uns doces. Cascatas da Namaacha. Ponta do Ouro – Praia a Sul do Moçambique, fronteira com a África do Sul. .
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qualidades e proveniências e numa pirâmide de camarões recomposta. Até uma garrafa de champanhe aguardava no gelo para quem desejasse iniciar a manhã com estas requintadas sobras da boda. Estamos num hotel de 5 Estrelas, é certo, mas num país pobre. Como diria Lavoisier “... nada se perde, tudo se transforma” e assim aconteceu. Estranho? Talvez, mas em Moçambique é assim. Voltando à estrada fi-la de novo com recurso ao meu amigo e motorista, o Gil que apresentarei à porta do hotel nas fotos e que me acompanhou em praticamente todos os dias da viagem, desta vez não de carro, mas no seu inicial tuck tuck. A viagem terminou, como não podia deixar de ser, ao nos despedirmos de um amigo. Tirando uma foto para mais tarde recordar e convidando-o a conhecer o bar do hotel Polana onde nunca tinha entrado e só após muita insistência e reticentemente aceitou e, lá ficámos horas a falar sobre futuro deste país. Ele insiste em afirmar que a independência se deu cedo de mais pois não estavam preparados, argumento muito criticado pelos seus amigos que sempre retruquem com um “mas de que lado estás”, dizia-me. Eu respondi-lhe. Gil diz aos teus amigos que aqui não houve lados nem ninguém ganhou. Da forma como foi feito saímos todos a perder. Vocês meu amigo, tiveram a independência que tanto aspiravam mas para que não estavam técnica Portugal
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Página ao lado Um antigo ex-libris da cidade, o restaurante Costa do Sol inaugurado em 1938, a par com o Hotel Polana, o Casino Belo ou o grego Gerry, fazia as delícias de quem os visitava. Na sua varanda Arte Deco, hoje desactivada a vista sobre a baía em companhia de uma Laurentina, a cerveja local ou a na metrópole inexistente Coca-cola, eram momentos inesquecíveis na Lourenço Marques de então. Páginas seguintes Esquerda Santuário de Nossa Senhora de Fátima na Vila da Namaacha. Direita Farol Ilha da Inhaca. À porta do Hotel Polana com o Gil, mais do que o motorista, um amigo. .
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nem politicamente preparados, o que mergulhou o país numa guerra fratricida e mesmo agora com uma estabilidade frágil a necessitarem urgentemente de uma política de investimentos externos para ajudar este rico país a encontrar o futuro, longe das garras de algumas potências oportunistas e, quanto a nós colonos, que vivíamos cá e com a nossa vida organizada, muitos já sem qualquer ligação à metrópole tantas eram as gerações de ligação ao território e que, perante a instabilidade e insegurança, ou mesmo abandono a que se sentiram votados, tiveram de partir deixando toda uma vida para trás para a iniciar do zero com traumas muito difíceis de gerir, disse-lhe não contendo com isso uma sentida emoção. Com este meu regresso vim sobretudo há procuras de respostas e obtive-as: experimentei a sensação de “voltar”, de sentir-me aqui em casa também. Durante muito tempo não vi Lisboa como minha pois havia sido um local para onde fui porque tive de ir. As pazes com Moçambique estavam também por resolver. Agora sim, sinto que os meus laços estão tanto lá como cá. Posso regressar a Lisboa em paz.
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para Matriz Portuguesa. Todos os Direitos Reservados© Sítio na internet https://mesa-palatina.webnode.pt/ Protocolo
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A Matriz Portuguesa e o chef Joachim Koerper, do restaurante Eleven, celebraram o início da sua parceria na realização da MESA PALATINA, Embaixada Gastronómica da Matriz Portuguesa no Mundo, com o Estatuto de Interesse Cultural concedido pelo Ministério da Cultura, oferecendo um almoço, no dia 16 de Novembro, a um pequeno grupo de convidados – Angélica Santos, vice-presidente da Matriz Portuguesa; o Prof. Alexandre Caldas, director da Organização das Nações Unidas para o Ambiente e a Dra. Maria Cândida Rocha e Silva, presidente do Banco Carregosa, agraciada com o Prémio Femina 2014 e membro do Concílio de Honra da Matriz Portuguesa. No final do almoço a Matriz Portuguesa ofereceu o livro “Notáveis Mulheres de Portugal”, editado para a comemoração do 10.º aniversário do Prémio Femina.
Fotografias de João de Sousa
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Gastronomia| Mesa Palatina
no restaurante
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Alexandre Caldas, Angélica Santos, Maria Cândida Rocha e Silva e João Micael.
O chef Joachim Koerper apresenta a ementa aos convidados Portugal
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Batatas Bravas Salada de Polvo à Galega Pescada com Amêijoas e Salsa Creme Catalão com Gelado de Torrão Portugal
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Eleven
Gastronomia| Mesa Palatina
no restaurante
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A Matriz Portuguesa ofereceu a Maria Cândida Rocha e Silva o livro “Notáveis Mulheres de Portugal”
A Matriz Portuguesa ofereceu a Alexandre Caldas o livro “Notáveis Mulheres de Portugal” Portugal
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Gastronomia | Mesa Palatina
para Matriz Portuguesa. Todos os Direitos Reservados© Sítio na internet https://mesa-palatina.webnode.pt/ Protocolo
Eleven
O Presidente da Matriz Portuguesa – Associação para o Desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento recebeu no dia 3 de Novembro, no restaurante Eleven, parceiro da MESA PALATINA, Embaixada Gastronómica da Matriz Portuguesa no Mundo, iniciando um novo ciclo com a realização de jantares bimensais, onde o chef Joachim Koerper apresentou aos comensais, uma ementa para a divulgação da temática gastronómica de Portugal – a primeira Gastronomia Global. O jantar teve o apoio mecenático da Adega Herdade das Aldeias de Juromenha. Respeitando as normas de convívio social, o jantar decorreu na sala privada do Eleven, estando presentes o número máximo de convidados indicados pela DGS.
Fotografias de João de Sousa
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Vanessa Vaz, Relações Públicas do restaurante Eleven e João Micael, presidente da Matriz Portuguesa.
A comensal Maria José Lobo Elias Portugal
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Os Comensais Adelaide Nunes, Cristina e Pedro Carpinteiro.
As Comensais Arsisete Saraiva, Maria de Lourdes Loução e Isabel Oliveira. Portugal
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A mesa de jantar foi adaptada às condições de distanciamento social previstas pela DGS.
Serviço do prato principal. Portugal
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no restaurante
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Entrada - Tรกrtaro de Peixe Branco, com Trufa Branca, gel de Salsa, gel de Gema de Ovo e Alcaparras fritas.
Entrada - Pannacotta com Castanha e Presunto de Parma. Portugal
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Laminação de Trufa Branca D’Alba no prato principal.
Prato principal - Pescada com Polenta e Trufa Branca D’Alba com Molho Bouillabaisse. Portugal
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Vinhos da Adega Herdade Aldeias de Juromenha - Colheita Seleccionada Branco 2019, Adega Herdade das Aldeias de Juromenha, Reserva Tinto 2018, Forte da Graça Espumante 2016 e Forte da Graça Licoroso Branco 2016.
Apresentação do vinho “Adega Herdade das Aldeias de Juromenha, Reserva Tinto 2018” à Comensal Arsisete Saraiva, acompanhada de Maria de Lourdes Loução e Isabel Oliveira. Portugal
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Sobremesa - Cannoli de Avelã com Chocolate e Baunilha.
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GUERREIROS E BATALHAS. Desenhos europeus dos séculos XVI ao XIX 4 Fevereiro - 19 Julho 2020 Sala do Mezanino O espectáculo ordenado da guerra e da agressividade humana tem servido inúmeras vezes ao longo dos tempos como tema artístico. Os horrores da guerra são desta forma domesticados e transformados em apelativas imagens, muitas vezes de grande poder decorativo, em que o desenho participa como fase preliminar de estudo. A figura do guerreiro romano, usando armadura e capacete, foi redescoberta e amplamente tratada na Itália do Renascimento. Inúmeros desenhadores têm-na abordado graficamente, em dinâmicas composições onde dão ordem ao caótico movimento dos corpos dos combatentes. Todos os desenhos aqui presentes pertencem à coleção do Museu, começada a reunir ainda no final da primeira metade de oitocentos pela Academia Real de Belas-Artes. Comporta desenhos europeus – maioritariamente portugueses, italianos, franceses, flamengos, holandeses e ingleses – abrangendo um arco temporal que vai do final do século XV a meados do século XIX. Comissária: Alexandra Gomes Markl Domingos António de Sequeira Estudo de figura para ‘A Morte de Camões’ 18 Maio - 19 Julho 2020 Átrio 9 de Abril Uma antiga inscrição manuscrita existente no verso deste desenho – Estudo do quadro (Camões) - relaciona este estudo com a desaparecida tela
Imagens cedidas por Museu Nacional de Arte Antiga Todos os Direitos Reservados © Portugal
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Cultura | Museu Nacional
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Domingos António de Sequeira (Belém, 1768 - Roma, 1837) Estudo de figura para ‘A Morte de Camões’(?), [1824] Desenho a carvão, esfuminho e giz sobre papel 14 x 13,2 cm Compra, leiloeira Christie’s, Dezembro 2019 ©Christie’s Portugal
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AUTOR ITALIANO DESCONHECIDO Soldados romanos em combate Início do século XVI Pena a tinta castanha e aguadas de tinta da China Proveniência: Academia Real de Belas-Artes, 1884 MNAA, inv. 408 Des ©MNAA/Paulo Alexandrino Portugal
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Cultura | Museu Nacional «A Morte de Camões» ou «Os últimos momentos de Camões», que Domingos Sequeira pintou em Paris e apresentou no Salon de 1824, obra que tem sido considerada como uma das precursoras do romantismo português e europeu. Esta tela que se encontra atualmente com paradeiro desconhecido depois de ter sido oferecida pelo pintor ao Imperador D. Pedro I do Brasil e enviada para o Rio de Janeiro onde se lhe perdeu o rasto, é apenas conhecida através de alguns desenhos preparatórios que subsistem. A posição da figura, como aqui surge, virada para a esquerda e com um dos braços erguido e outro para baixo é, contudo, diferente dos restantes estudos conhecidos, nos quais o poeta é representado sentado sobre o seu catre com ambas as mãos erguidas ao alto e unidas em súplica. Também difíceis de explicar são os traços ondulados espalhados em redor da figura, que não apresentam qualquer relação com a espacialidade da alcova tal como foi reconstituída. A consideração destes elementos parece conduzir à hipótese de estarmos perante um estudo muito inicial, anterior à fixação do pensamento definitivo da composição ou mesmo, no limite, para a hipótese de inicialmente ter sido ponderada a abordagem de outro tema camoniano, como o naufrágio do poeta junto à foz do rio Mekong. Embora o estado atual do conhecimento não nos permita para já nenhuma certeza, este pequeno esquisso apresenta-se como mais um elo, e sumamente importante, para a reconstituição do mítico quadro perdido. O desenho pertencia a uma coleção particular francesa, coleção Alfred Cortot, e foi adquirido pela Direção-Geral do Património Cultural, em Paris, no final de 2019. Comissária: Alexandra Gomes Markl Portugal
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A linha que fecha também abre 18 Maio – 26 Julho 2020 Sala do Tecto Pintado Na parede de uma exposição dedicada ao desenho florentino do Renascimento e suas extensões ibéricas, obras da autoria ou atribuídas a Baccio Bandinelli, Luca Cambiaso, Corregio, Pontormo e Francisco Venegas, flutuando entre diferenças ou desvios de forma e de conteúdo, estabeleceriam entre elas, ainda assim, laços previsíveis. A presença, nesse conjunto, de algumas obras de Julião Sarmento vem perturbar e desequilibrar as sequências temporais, temáticas ou estilísticas que poderíamos estabelecer entre artistas pertencentes a um fundo cultural e cronológico comum. A exposição, assim pensada, possibilita-nos a abertura de caminhos inesperados entre cada um dos elementos em jogo, a abertura de múltiplos sentidos entre o passado, o presente e o futuro. Uma vez que a relação encontrada entre esses elementos díspares não é natural nem era previsível antes de ter acontecido, apresenta-se, nesta sala do Museu Nacional de Arte Antiga, o futuro destes desenhos renascentistas ao mesmo tempo que se representa o passado dos desenhos de Julião Sarmento. Não se trata de descobrir uma genealogia mas de a inventar ou de não a considerar sequer; não se trata da fechar um círculo mas de o abrir indefinidamente. Comissário: João Pinharanda
Página ao lado A linha que fecha também abre Exposição dedicada ao desenho florentino do Renascimento .
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Nova exposição dá a conhecer ocupação humana na Península Arábica e relação a Portugal.
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Museu
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Nacional
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inaugurou, a 14 de Novembro, a exposição
“Identidade
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Cultura.
Património Arqueológico de Sharjah (EAU)”, que dá a conhecer a ocupação humana numa parte da Península Arábica - o território de Sharjah -, desde a Pré-História à contemporaneidade. Organizada em colaboração entre a Direcção-Geral do Património Cultural/ Museu Nacional de Arqueologia e a Autoridade Arqueológica de Sharjah, dos Emirados Árabes Unidos (EAU), a exposição esteve patente, em Lisboa, até ao final de 2020 e mostrou uma cultura material pouco habitual nas propostas expositivas nacionais.
Imagens cedidas por Museu Nacional de Arqueologia
Na narrativa constaram naturalmente
Todos os Direitos Reservados © Portugal
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Arqueologia
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também os vestígios materiais dos contactos mantidos nesta região com os Portugueses nos séculos XVI e XVII: primeiros europeus a chegar à Península Arábica, a temporalmente longa e estreita relação entre os dois países é também realçada pelo discurso expositivo de “Identidade e Cultura. Património Arqueológico de Sharjah (EAU)”. O conjunto de bens culturais expostos, num total de cerca de 170, integrou para além dos que foram cedidos por Sharjah, ainda outros, propriedade de
relevantes
Portuguesas,
instituições tais
como:
culturais Direcção-
Geral do Património Cultural, Arquivo Nacional/Torre do Tombo, Biblioteca do Forte de São Julião da Barra/Ministério da Defesa Nacional; Academia Militar/ Exército
Português,
Sociedade
de
Geografia de Lisboa, Academia de Ciências de Lisboa, Coleccionadores Mário Roque e Mário Varela Gomes. Com o Alto Patrocínio de Sua Excelência O Presidente da República Portuguesa, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa e de Sua Alteza Sheik Doutor Sultan bin Muhammad Al-Qasimi, Emir de Sharjah e Membro do Conselho Supremo dos Emirados Árabes Unidos, esta exposição resultou do trabalho de concepção e organização de uma equipa mista de comissários científicos de ambos os países. Portugal
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JosĂŠ Relvas O Grande Coleccionador de Arte
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José Relvas(1858-1929) era um coleccionador esclarecido e compulsivo, reuniu uma colecção ecléctica com destaque para a pintura, com uma cronologia de finais do Século XV até ao Século XX e composta por cerca de 8.000 (oito mil) obras de arte. O seu grande ideal era a Arte, que o absorve fora dos momentos aplicados à administração da sua casa. As suas idas a Lisboa obedecem em geral à sua impulsividade artística. A compra em exposições de arte nacionais e estrangeiras, a visita frequente a leiloeiros e antiquários, o contacto com os artistas e seus ateliers permitiram a José Relvas um conhecimento amplo das artes e dos artistas. José Relvas dedicou-se a preencher uma casa com obras de arte, e organizar um espaço propício a encontros de qualidade em que os intervenientes se sentissem num ambiente esteticamente criativo. Para atingir esse fim não se poupou em nada. Nem a gastos, nem a uma grande atenção sobre os mercados, nem a uma paciência vigilante, nem a sacrifícios pessoais. Desde que, pelas mãos de Raul Lino, organizou a casa ideal da sua varanda, entre terra e céu, levantou a sua paisagem, o espaço foi povoado pelo desejo incessante do belo. O desejo da música que com os amigos fazia vibrar pelos salões, o desejo de ver mais longe nas salas fechadas através de pinturas que eram janelas para o infinito, a sua amada lezíria que os naturalistas preenchiam com os seus temas favoritos, os touros de Tomás Anunciação, Silva Porto, José Queirós, as luzes vibrantes dos campos de Sousa Pinto, José Queiroz, José Motta, as casas policromadas tocadas de dourado pelo entardecer, de Marques de Oliveira, João Vaz, António Saúde, o seu povo por quem dava a voz pela Portugal
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de
Alpiarça II
Texto de Nuno Prates Licenciado em História (Variante de Arqueologia) pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (1999) + Ramo de Formação Educacional (2000), Estudos Pós-Graduados em Museologia, Universidade de Évora, Mestrando em Gestão e Valorização do Património Cultural – - especialidade Património Artístico e História da Arte. Conservador da Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça desde 2011 até ao presente. Página ao lado Retrato Póstumo de José Relvas, José Malhoa, óleo sobre tela, 1929 Fotografias de Casa dos Patudos-Museu de Alpiarça Todos os Direitos Reservados © .
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Caça Morta, Flores e Frutos, Josefa de Óbidos, Óleo sobre tela, 1676 Portugal
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Página ao lado Em cima As Abandonadas, Constantino Fernandes, Óleo sobre Tela, 1909 Em baixo Depois do Combate Naval ou O Brinquedo Partido, Sousa Pinto, Óleo sobre tela, Século XX Nesta página Biblioteca Retrato de D. Eugénia, João e Carlos Relvas, José Malhoa, Óleo sobre Tela, 1899 Portugal
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Página ao lado Em cima Na Pastagem, Silva Porto, Óleo sobre Tela, 1883 Em baixo Cabeça de Velho, José Malhoa, Óleo sobre Tela, 1903 nesta Página Retrato de Domenico Scarlatti, Óleo sobre Tela, att a Domimgo António Velasco, Século XVIII Portugal
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tribunas, de Francisco de Resende, José de Resende, José Rodrigues, António Ramalho, Artur Loureiro, Carlos Reis, e acima de tudo Malhoa, Columbano e Bordalo, no génio puro, na admiração e nos afectos. Só tarde, à beira dos 40 anos, José Relvas começa a sua incessante reunião de objetos. Os primeiros registos datam de 1897, pouco após a morte do pai, o que terá acontecido menos pelo usufruto de uma herança, pois a morte da mãe dez anos antes já lhe tinha proporcionado a maior parte dos bens, do que por via de uma disponibilidade de espírito. José Relvas amava as paisagens, os verdes frescos dos campos, os doces crepúsculos da lezíria, e se cristalizava num último arroubo romântico. Para José Relvas só existia o seu velho mundo, e nos tempos do fim, em 1928 e 1929, continuar a comprar Silva Porto e António Ramalho como se fossem elos perdidos na filigrana da memória. José Relvas teve uma relação de amizade com o pintor José Malhoa muito forte. Malhoa teve uma relação pessoal com José Relvas que se prolongou por mais de três dezenas de anos, a qual foi assinalada com um conjunto de obras artísticas de grande fulgor estético, onde se revela toda a mestria técnica do pintor nascido nas Caldas da Rainha. Malhoa já pintara para Carlos Relvas, foi sistematicamente convocado para marcar alguns dos momentos mais íntimos da vida da família. Apreço pessoal, reconhecimento mútuo e amizade. Portugal
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Alpiarça II
Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça Rua José Relvas 2090-102 Alpiarça Telefone: (+351) 243558321 www.cm-alpiarca.pt https://www.facebook.com/Casa-dos-PatudosMuseu-de-Alpiar%C3%A7a-318070581554575/ Horários Verão – Terça a Domingo 10h00 – 12h30 (última entrada) 14h00 17h30 (última entrada). Inverno – Terça a Domingo 10h00 – 12h30 (ultima entrada) 14h00 16h30 (ultima entrada). Nota: As visitas realizam-se de 00h30 em 00h30. Página ao lado Maqueta de O Artista na Infância, Soares dos Reis, gesso, Século XIX .
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Protocolo | Entrega
de credenciais de novos
Todos os Direitos Reservados © Protocolo
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O Presidente da República Portuguesa recebeu, numa cerimónia no Palácio de Belém, no dia 9 de Janeiro, as cartas credenciais de novos Embaixadores em Portugal. Entregaram as suas credenciais a Embaixadora da Tailândia, Krongkanit Rakcharoen, o Embaixador do Luxemburgo, Conrad A. Bruch, a Embaixadora da Finlândia, Satu Suikkari-Kleven, e a Embaixadora da Noruega, Tove Bruvik Westberg. Entregaram igualmente as suas credenciais os Embaixadores Não-Residentes de Omã, Sheikh Dr. Ghazi Said Abdullah Al Rawas, da Macedónia do Norte, Jadankra Chaushevska Dimov, do Turquemenistão, Shohrat Jumayev, da Mauritânia, Ahmed Bahiya, e do Montenegro, Ivan Ivanisevic.
Fonte: Presidência da República 2020
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Embaixadora da Finlândia, Satu Suikkari-Kleven
Embaixadora da Noruega, Tove Bruvik Westberg Portugal
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Embaixadora da Tailândia, Krongkanit Rakcharoen
Embaixadora da Tailândia, Krongkanit Rakcharoen Portugal
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Protocolo | Entrega
de credenciais de novos
Embaixadores
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Embaixador do Luxemburgo, Conrad A. Bruch
Embaixadores Não-Residentes de Omã, da Macedónia do Norte, do Turquemenistão, da Mauritânia e do Montenegro_ Portugal
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