Relacionamento Interpessoal e Ética - Aula 01

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RELAÇÃO INTERPESSOAL E ÉTICA

AULA 01 A DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL

AULA 01 - A DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL

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AFINAL, QUAL A DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL? Sabemos que a palavra Moral tem origem no latim - morus - significando os usos e costumes. Assim como a Ética, de origem grega éthos também pode ser traduzida como modo de agir, costume. Apesar da tradução indicar um mesmo significado, atualmente os estudiosos no assunto definem moral e ética de maneira diferente, como veremos a seguir: Moral: conjunto de regras indicadoras do bem a ser feito e do mal a ser evitado, para que a sociedade viva em harmonia e o indivíduo encontre a felicidade. A moral condiciona o comportamento do ser humano dentro de seus costumes como algo natural, geralmente não sendo questionados, mas simplesmente assumidos. Ética: é a discussão, o debate, sobre as regras, a análise teórica dos princípios que reagem a moral. Ciência da conduta e teoria do comportamento moral dos homens em sociedade. Podemos então dizer que são coisas diferentes, mas correlatas. Enquanto a moral é gerada pelos costumes e pelas tradições em torno de um grupo social, a ética está baseada no pensar sobre estes aspectos. De modo geral, o conhecimento está ligado aos estudos e a prática da moral, analisando e criticando os alicerces dos valores morais, os quais nos ajudam a julgar entre o certo e o errado, o bem e o mal.

Utilizamos, no nosso cotidiano, expressões consagradas tais como “ética protestante” e “ética católica”. Quando falamos de religião, estamos falando de regras a serem seguidas, de condutas estabelecidas em sua natureza histórica e, portanto, seria mais adequado falar de moral protestante ou moral católica. Somente a partir do momento em que são produzidos estudos através de especialistas sobre estas morais é que podemos chamá-las de “ética protestante” ou “ética católica”.

TEORIAS SOBRE OS PRINCÍPIOS ÉTICOS

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Segundo MOREIRA (1999), são cinco as principais teorias sobre a formação dos

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conceitos éticos: Teoria Fundamentalista, Teoria do Utilitarismo, Teoria Kantiana, Teoria do Contratualismo e Teoria do Relativismo. TEORIA FUNDAMENTALISTA Segundo esta, os conceitos éticos são obtidos através de uma fonte externa ao ser humano, sendo essa de qualquer origem. Por exemplo: um conjunto de conceitos de um grupo religioso (ou de uma pessoa apenas). A principal crítica é que esta teoria não permite ao ser humano encontrar o certo e o errado por si mesmo. TEORIA DO UTILITARISMO Nesta, o conceito ético deve ser elaborado respeitando o critério do maior bem para a sociedade como um todo. Para a conduta do ser humano estar em conformidade com a ética, deve respeitar a escolha que irá gerar o maior bem para sociedade, levandose em conta o tamanho do que está a ser feito e não o número de pessoas que serão beneficiadas. A principal crítica, nesse caso, é a dificuldade em mensurar “o bem maior para a sociedade”. TEORIA KANTIANA O filósofo Emanuel Kant (1724 – 1804) defende que o conceito ético surja do fato de que cada ser humano deve se comportar de acordo com os princípios universais. Duas regras devem ser observadas: “só podemos exigir dos outros o que exigimos de nós mesmos” e, também, “as condutas aceitas como padrão ético devem valer para todos sem exceções” Como exemplo podemos citar o cumprimento de um compromisso assumido. Principal crítica: existe um consenso sobre quais são os princípios universais? TEORIA DO CONTRATUALISMO Aqui, John Locke e Jean Jacques Rousseau partem do princípio que o “ser humano assumiu com seus semelhantes a obrigação de se comportar de acordo com as regras morais, para poder viver em sociedade.” Tendo isso, os conceitos éticos surgem das regras morais em prol a harmonia da sociedade.

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A principal crítica é que qualquer grupo que possua a moral própria tem suas ações legitimadas sob o ponto de vista ético. Como explicamos então um grupo de criminosos, com suas morais próprias? Poderíamos lhes legitimar sob o ponto de vista ético? TEORIA DO RELATIVISMO Cada ser humano deve decidir sobre o que é ético ou não, de acordo com o seu pensamento sobre o que é certo ou errado. Nessa teoria, temos como principal crítica que ela pode validar ações que não estão de acordo com a concepção coletiva de moral. O mais importante dentro destas teorias é que elas conduzem a uma reflexão, sobre como nos comportamos frente ao assunto ética.

Como abordamos anteriormente, a ética é um estudo profundo sobre as morais estabelecidas dentro dos grupos sociais. É uma tomada de consciência dos princípios e dos valores que norteiam a vida em sociedade. Contudo, o que é válido para uma coletividade pode não ser necessariamente para outra. Os padrões culturais são diversificados e mutáveis. Da mesma maneira que os padrões de comportamento das sociedades mudam com o passar do tempo, muda também o que foi estabelecido como moral. TEORIAS SOBRE OS PRINCÍPIOS ÉTICOS Teoria Fundamentalista • Teoria do Utilitarismo

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• Teoria Kantiana • Teoria do Contratualismo • Teoria do relativismo

Ainda hoje, entre os muçulmanos africanos, a mutilação genital das adolescentes e meninas (entre quatro e oito anos) é uma realidade. Cerca de 15% das mulheres submetidas à mutilação genital morrem durante ou logo após o ato, em virtude dos instrumentos que, em geral, são bastante rudimentares e nunca esterilizados, por exemplo: Cacos de vidro, tampas de lata e navalhas são utilizados no processo de mutilação, que acontece sem anestesia. Apesar de proibido em países como Somália, Gana e Sudão, a mutilação genital feminina continua sendo praticada como tradição cultural nesses países, constituindo um rito de passagem da infância para a adolescência. O argumento apresentado pelos fundamentalistas muçulmanos é que a mulher precisa ser protegida das consequências do excessivo desejo sexual, além de representar uma garantia para um bom casamento, tornando-se uma questão de respeito e honra.

Em um hospital um pediatra de plantão prescreve uma transfusão de sangue para uma criança em caráter de urgência. Ela corre risco de morte caso não lhe seja aplicado o tratamento em questão. Porém, os pais da criança opõem-se à prescrição, alegando suas crenças religiosas (eles são Testemunhas de Jeová). A equipe médica decide então, a despeito da decisão dos pais, salvar a vida do paciente. As alegações dos médicos foram que, caso não prestassem socorro, estariam cometendo um crime e ferindo o juramento de Hipócrates prestado por eles. Pensaram, ainda, em realizar a transfusão e nada contar aos pais, sendo uma omissão justificada diante do perigo de morte que a criança corria.

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O que fazer diante de tal situação? Para os pais a transfusão era uma grave afronta a seus princípios. Para uma parte da equipe médica a atitude dos responsáveis era tachada como irresponsável, enquanto que para a outra a vontade dos pais deveria ser respeitada, cabendo a equipe se precaver de testemunhas ou, caso fosse possível, chamar um oficial de justiça para documentar a responsabilidade dos pais pela não transfusão de sangue na criança. No texto anterior, temos uma questão moral e ética. Descreva em que momento você encontra cada uma delas. Outro exemplo:

A seguir, algumas conquistas das mulheres ocidentais no século XX:

• O direito de serem contratadas no emprego, matricular-se na faculdade e de dar queixa na delegacia sem precisar de autorização por escrito do marido. •

O uso de contraceptivos.

Não ter que manter a virgindade até a noite de núpcias.

Poder fumar e beber sem desaprovação moral.

Entretanto, você sabia que em pleno ano 2000 um artigo do Código Penal da Jordânia aplica penas leves ou até isenta de punição aos chamados crimes de honra? Os criminosos são os maridos ou irmãos de mulheres assassinadas todo ano, por terem mantido relações sexuais sem se casar ou descobertas em relações extraconjugais. Imaginemos este artigo no código brasileiro...

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

Desde os primórdios vivemos em grupos. Em um primeiro momento, formamos esses agrupamentos para fortalecer as espécies, uma vez que as condições de sobrevivência exigiam tal fato. Ao longo do tempo, estes conjuntos encontraram outros povos semelhantes e, por meio da lei do maior dominando o menor, as sociedades foram formadas. Para que se evitasse o caos, estabeleceram-se regras de comportamentos que deveriam ser cumpridas pelos participantes. Durante o texto anterior, podemos observar que o homem, que é o único ser racional do reino animal, buscou, seja por necessidade ou por interesse, viver em comunidade e estabelecer assim o que chamamos de relações interpessoais.

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RELAÇÕES INTERPESSOAIS Podemos dizer que relações interpessoais são as afinidades que estabelecemos com os outros. Segundo Minicucci (2001), esse relacionamento pode ocorrer da seguinte forma:

Sendo assim, vamos exemplificar o esquema descrito pelo autor:

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Entre duas pessoas (dois amigos)

2. Entre membros de um grupo (seja esse agrupamento de qualquer origem, como família, escola, igreja, trabalho, etc). 3. Entre grupos em uma organização (grupos de diferentes departamentos dentro de uma organização) IMPORTANTE Algumas ciências que estudam o homem em seu relacionamento, como a psicologia e a sociologia, têm contribuído para o estudo das relações humanas. Porém, atualmente, as Relações Humanas têm sido chamadas também de ciência do comportamento humano. Portanto, Minicucci (2001) define o termo relacionamento interpessoal como sendo a relação entre pessoas, referindo-se a convivências humanas em qualquer instância, ou seja, em qualquer local ou a despeito do que motiva essa ligação. Assim, percebe-se que há problemas de Relações Humanas quando nos deparamos com conflitos no relacionamento interpessoal.

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Um tipo de comportamento que dificulta o relacionamento interpessoal é, “uma forte tendência a parar de ouvir, enquanto estamos falando”.

A partir da frase anterior, faça uma autoanálise e responda: você sabe ouvir?

Procure lembrar de alguma situação onde alguém estava tentando dizer algo e você estava preocupado apenas em expor a sua opinião. Por outro lado, lembre-se também de uma situação onde você ouviu pacientemente um(a) amigo(a) e só então se posicionou sobre o assunto. Agora, faça o exercício inverso. Considere uma situação onde você estava querendo opinar e outra pessoa não permitia, assim como quando você foi ouvido com paciência por outro colega se posicionando sobre o assunto. Com poucas exceções, a maioria de nós necessita do contato com outras pessoas para a realização do seu trabalho, seja com apenas um indivíduo ou com um grupo. Ao parar e se observar, uma boa parte do nosso sucesso profissional depende destas relações, ou melhor, da habilidade com que tratamos essas ligações. Então, onde está o segredo? A empatia, arte de se colocar-se no lugar do outro, é fundamental neste processo. Vejamos: a partir do momento em que compreendemos, que conseguimos sentir o que os outros pensam e sentem, bem como a sua maneira de agir, passamos a ter mais flexibilidade nas situações cotidianas.

Se minha namorada (meu namorado) grita comigo... Se meu filho de dois anos grita comigo... Se o filho adolescente do meu vizinho grita comigo... Se o meu colega de trabalho grita comigo... Se minha avó de 80 anos grita comigo...

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E eu tiver a mesma reação com todos eles, não estarei seguindo a regra da flexibilidade de comportamento, ou seja, temos que ter condutas de acordo com as situações e as pessoas com as quais estamos envolvidos. Portanto, ao se utilizar a regra da empatia, ou seja, considerando que vamos conseguir nos colocar no lugar do outro em determinadas situações, teremos mais facilidade em compreender as condutas das pessoas com as quais estamos envolvidos. Com uma percepção maior do comportamento do outro poderemos ter uma reação mais adequada às situações cotidianas.

Relações Humanas: Ciência do comportamento Humano

Comportamento que dificulta as Relações Humanas: NÃO ouvir

Empatia: arte de se colocar no lugar do outro em determinadas situações

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AS RELAÇÕES HUMANAS DENTRO DOS GRUPOS Conforme abordamos anteriormente, não podemos viver isolados. Hoje talvez nem conseguiríamos. Fazemos parte de diversos grupos, como nossa família, nosso trabalho e a igreja que frequentamos. Reunimo-nos em geral por razões comuns, desenvolvemos simpatias, apatias e antipatias, bem como normas e Valores. Podemos então verificar uma relação profunda entre a moral, a ética e as relações interpessoais, sejam em quaisquer tipos de grupos que estaremos enfocando. Pode-se dizer que existe um grupo quando duas ou mais pessoas dependem das outras em seu relacionamento e reagem ante o comportamento de cada um dos outros elementos do grupo. Ao longo da nossa vida participamos de inúmeros grupos, como a família, a escola, a igreja e o nosso trabalho. Estabelecemos uma relação de interdependência e reagimos ao comportamento dos outros elementos do grupo. Portanto atenção: Não podemos dizer que somente a proximidade física de algumas pessoas forma um grupo. É necessário que os indivíduos desse povo sejam “afetados” uns pelos outros. Cada conjunto possui uma personalidade, que definimos aqui como sendo o que o grupo é como um todo e como atua como um todo frente às pessoas (MINICUCCI, 2001). Por exemplo, uma sala de aula onde os alunos questionam as posturas da Instituição, dos professores e mesmo de outros estudantes de outras turmas, pode ser vista como uma turma muito crítica. Um time de vôlei onde os atletas estão motivados e buscam, em equipe, as vitórias, pode ser visto como um time forte, ousado. Os participantes do grupo se reúnem por uma razão comum, desenvolvem papéis, normas e valores. Podem influenciar uns aos outros de forma positiva, negativa ou neutra.

Escolha um time de futebol e procure definir a personalidade da torcida desse time. Dissemos que um grupo pode influenciar de forma positiva, negativa ou neutra. Pesquise e se posicione sobre os Skinheads.

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CONFLITOS E TOMADAS DE DECISÕES Não podemos falar de relações humanas e grupos esquecendo os conflitos gerados pelos indivíduos dentro dos próprios agrupamentos. Estas divergências podem ser analisadas sob dois aspectos, a geração de problemas dentro dos conjuntos e os jogos psicológicos que envolvem os elementos dos bandos. Iremos abordar esses dois aspectos de formas separadas. GERAÇÃO DE PROBLEMA Podemos definir um problema como sendo um desvio de algo que esperávamos estar acontecendo e o que de fato está acontecendo. Por exemplo, o chefe do setor percebe que um dos seus funcionários está chegando atrasado com certa frequência. Pode-se deduzir que esse atraso seja por problemas pessoais ou então porque o funcionário está desmotivado. No entanto, o que norteará a análise do problema é o grau de informações que se tem. Sendo assim, a medida que o chefe de setor tentar resolver apenas o problema do atraso, ele irá descontar os minutos na folha de pagamento. Porém, a busca para a solução deste problema deve ir mais além, ou seja, procurar a causa, o que está gerando este problema. Neste caso, o funcionário está sem férias há quase dois anos e nos dois últimos meses teve que fazer muitas horas extras para compensar a saída de um colega. A partir da detecção do problema, temos a tomada de decisão, que poderá ser dada por uma autoridade (neste caso, o chefe imediato), ou por mais de uma pessoa (neste caso, pelo chefe do setor e as pessoas do RH). JOGOS PSICOLÓGICOS Nas relações interpessoais que estabelecemos passamos uma parte do nosso tempo “jogando”. Os jogos psicológicos, em geral, carregam emoções como o desprezo, a raiva, a superioridade, entre outras. Em geral, formam-se nos primeiros anos de vida e tem como objetivo principal o reforço de uma posição dominante do indivíduo dentro de um grupo ou frente a outro indivíduo, ou uma afirmação de que ele é certo e o outro não. Abordaremos dentro deste contexto os principais jogos psicológicos que vivenciamos no nosso cotidiano.

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Uma situação clássica:

• Se não fosse por você eu teria aceitado aquele emprego em outra cidade. Estaria muito bem. • Se não tivesse me casado com você, hoje eu estaria formada e com um bom emprego... Resolvi me casar e olha no que deu! Chamaremos este jogo de “se não fosse por você”. Nesse, a intenção é culpar os outros por nossas atitudes. Não assumimos nossos erros e nem nossas responsabilidades. Um outro jogo muito frequente é o do “defeito”. A realização do jogador é provar que os outros “não são bons”. Com certa frequência essa brincadeira pode vir acompanhada de certa nostalgia. •

Antigamente os funcionários mais novos respeitavam os mais velhos.

Os pais de hoje não educam mais seus filhos.

Quem nunca ouviu aquela famosa frase:

Eu só quero o teu bem, por isso estou lhe dando esse conselho de amiga.

Ou:

Só estou querendo te ajudar.

Este é o clássico jogo do “só quero te ajudar”. Em geral, acontece no trabalho ou na família quando estamos dando um conselho que julgamos ser salvador. O jogo do “doente” e do “coitadinho” serão analisados sob o mesmo prisma, tendo em vista que o que move o indivíduo para estes jogos é o mesmo do eu sou um coitado. A funcionária que trabalha todos os dias após o expediente para cumprir todas as suas tarefas, também os afazeres que seus colegas deixaram e que o chefe está solicitando, bem como as pessoas que procuram estar sempre doente fazem parte destes jogos. O jogo do “te peguei” possui dois personagens centrais: o agressor e a vítima. Na família ele é muito frequente quando o boletim do filho (com notas vermelhas) chega em casa. No caso do papel de agressor ser representado pelo pai, o jogo pode ser de “agora peguei você e sua mãe”. Finalmente, o jogo “o meu é melhor do que o seu”. O nome já diz tudo, a pessoa menospreza o que o do outro.

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Especificamente no nosso trabalho existem outros jogos, os quais abordaremos no tópico II.

Grupo: duas ou mais pessoas que dependem das outras em seu relacionamento e reagem ante o comportamento de cada um dos outros elementos do grupo. Personalidade de um grupo: o que o grupo é como um todo e como atua em sua totalidade em frente às pessoas. Detecção problema Grau de informação sobre o problema Identificação da causa Tomada de decisão Os jogos psicológicos fazem parte da nossa vida cotidiana. Porém, eles impedem que nossa relação com o outro seja clara, aberta e honesta. Algumas brincadeiras são caracterizadas pela não aceitação de problemas que são nossos, queremos creditar aos outros ou ainda pela necessidade de desmerecimento do outro do que ele possui. Outros jogos possuem personagens que precisam de atenção, necessitam ser percebidos como coitados dentro de um contexto.

Provavelmente, dentro da leitura anterior conseguimos recordar de situações onde identificamos os jogos psicológicos descritos no texto. Quando somos apenas observadores da cena conseguimos identificar com maior facilidade. Porém, não percebemos com simplicidade que também, em determinados momentos, podemos estar atuando dentro da cena, ou seja, jogando.

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Que tal um exercício de autoconhecimento? Responda a seguinte questão: Costumo jogar com as pessoas? Qual o papel que desempenho dentro do jogo?

O PAPEL DA LIDERANÇA NAS RELAÇÕES HUMANAS Não podemos falar em relações humanas e não tratar do assunto liderança. Isso porque a autoridade, em nosso entendimento, significa a condição definida pelo convívio social entre indivíduos, que resulta na situação em que um sujeito segue outro (o líder), ou seja, é um dos princípios das relações interpessoais. Podemos, ainda, definir liderança como sendo a permissão dada pelo grupo para que cada um de seus componentes utilize suas aptidões a fim de comandar este agrupamento, quando a situação exigir, e ele seja o mais indicado para tal situação. E, então, surge a pergunta: todas as pessoas de um grupo podem ser líderes? Sim ou não? Pense um pouco. Considerando-se que você parou para pensar, certamente chegou à conclusão de que a resposta para essa pergunta é não, pois existem características básicas para que um indivíduo possa se tornar um líder, tais como a visão, integridade (conhecimentos, autoconfiança e maturidade) e vontade de assumir riscos. Os líderes são, em regra, pessoas muito persistentes, com grande carisma e motivadas pelo seu instinto. O QUE É PRECISO ENTÃO PARA SER UM LÍDER? Nossa prática de convívio em grupo nos mostra que para exercer liderança uma pessoa necessita desenvolver três áreas importantíssimas, sendo estas: o autodesenvolvimento, as habilidades de comunicação e influência e, também, o pensamento sistêmico. Um líder precisa ser forte e ter recursos para fazer a jornada. Precisa influenciar e inspirar os outros para se juntar a ele, pois, de outro modo, arrisca-se a ser um viajante solitário e não um dirigente. Ser um líder significa desenvolver a si mesmo. À medida que se torna representante, a pessoa encontra recursos em si mesmo que não sabia que tinha. Ele inspira outros a lhe acompanhar na estrada, a sua liderança envolve as habilidades de comunicar e influenciar.

De acordo com reportagem divulgada no site Metas : Um líder precisa olhar para frente, bem como prestar atenção onde ele esteve e onde ele está agora. Ele vê além da situação imediata. Vê o contexto da jornada inteira, o futuro. Isso significa que esse guia precisa compreender

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o sistema do qual faz parte, ver além do óbvio e sentir como os eventos se conectam a padrões mais profundos, enquanto outros apenas veem acontecimentos isolados Liderança é parte e resultado das grandes mudanças na prática do gerenciamento nos últimos 20 anos. Ela toma o lugar do modelo antigo ‘comando e controle’ de dirigir uma organização. Em muitas empresas, especialmente no Ocidente, não se obedecem mais ordens, pelo menos sem uma boa razão. ‘Comando e controle’ foi baseado na mentalidade militar e apropriado há 20 anos, num clima social diferente e num ambiente empresarial estável. Nos dias atuais, essa estabilidade acabou e o que existe é um ritmo frenético de mudança. No seu lugar, há novos valores como autoestima e responsabilidade individual e uma cultura empresarial que valoriza a empregabilidade acima do emprego. A maneira ‘comando e controle’ de gerenciar está morta e, caso ela ressuscite em alguns locais, ocasionalmente, servirá apenas para drenar a vitalidade das organizações. Liderança se baseia em propósito, visão e valores. Não é uma qualidade que possa ser racionada ou controlada. O propósito estabelece o destino. A visão é para ver onde se está indo e os valores para lhe guiar em direção a um futuro de sucesso sustentável, a longo prazo. Os líderes são necessários para conduzir a organização e desenvolver outros dirigentes. Você deve estar se perguntando: um líder é uma pessoa pronta? Acabada? Especial? Ou É possível desenvolver líderes? Atualmente, existem recursos para o desenvolvimento ou mesmo o despertar de líderes. A Programação Neurolinguística (PNL) é um campo amplo, que começou em meados dos anos 70, modelando excelentes comunicadores a partir de seus trabalhos, modelando como e o que fazer. Ou seja, estuda-se a estrutura da experiência subjetiva, como criamos o nosso próprio e único mundo interno, a partir do que vemos, ouvimos e sentimos, e segundo nosso mundo mental molda. A PNL modela pessoas de ponta em vários campos, empresários, vendedores, professores e treinadores para ensinar as outras tais habilidades. Ela possui os requisitos materiais advindos de líderes, que ajuda a desenvolver novos guias e as relações humanas ou interpessoais se tornam mais ricas.

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Dissemos no início deste tópico que as relações interpessoais se estabelecem de diversas formas, inclusive nas interações que mantemos nas Igrejas, não é mesmo? Independentemente de seu credo, você já observou o avanço das igrejas evangélicas na atualidade? Esse é um exemplo claro do investimento em liderança. Isso porque, os líderes dessas organizações/instituições trabalham e/ou desenvolvem constantemente a liderança nas relações como se fossem seguir leis. Vamos observar o exemplo a seguir sobre a importância desse aspecto nas convivências interpessoais. Igrejas evangélicas, dos Estados Unidos, desenvolvem as 7 leis da liderança cristã, que colocam a disposição dos pastores a liderança espiritual. Essas ‘leis’ têm sido adotadas em seminários, igrejas e em cursos específicos, com grande sucesso, e apresenta os seguintes temas: • A primeira Lei - O exemplo pessoal, as pessoas precisam ser capazes de depender de uma liderança. • A segunda - A comunicação, precisam entender o que você está dizendo e transmitindo. • A terceira - Seria a habilidade na qual você tem que ser capaz, desenvolver um jeito, para lidar com gente. • A quarta - É a motivação que você tem que saber, porque deseja ser um líder cristão. • A quinta - A autoridade, na qual as pessoas precisam naturalmente respeitar e seguir sua liderança. • A sexta - Estratégia, você precisa, mais do que ninguém, saber com precisão onde está e para onde está indo. • A sétima lei - O amor que afirma sobre você precisar amar e cuidar das pessoas que Deus lhe der. Ao se analisar essas ‘leis’, a luz da administração na atualidade, veremos que são os requisitos necessários para todos os líderes seguirem em frente a quaisquer grupos sociais.

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Liderança: é uma combinação de quem a pessoa é, junto as habilidades e talentos que tem e a compreensão da situação ou do contexto em que está. Ser líder nas relações interpessoais significa desenvolver a si mesmo, inspirar outros a se juntar com ele na estrada, o que pressupõe as suas habilidades de comunicação e influência, o guia deve ter visão de futuro. Os líderes podem ser desenvolvidos ou aperfeiçoados por recursos, como a Programação Neurolinguística, que estuda a estrutura da experiência subjetiva quanto a como criamos o nosso próprio e único mundo interno, e a partir do que vemos, ouvimos e sentimos, em resposta ao molde realizado mentalmente

No caso dado, relativo aos líderes de Igrejas Evangélicas, entramos em contato com as “sete leis” do aperfeiçoamento de liderança espiritual. Analise cada uma delas conforme o que, também, chamamos de características necessárias a qualquer líder. Em seguida, estabeleça como isso se processa nas relações em família, trabalho, igreja.

Neste primeiro tópico definimos Ética e a diferenciamos da Moral.

Conforme observamos, a moral é gerada pelos costumes e pelas tradições e a ética é um pensar sobre estas práticas. Podemos então dizer que são coisas diferentes, mas correlatas. De acordo com MOREIRA (1999), apresentamos as cinco principais teorias sobre os princípios éticos, assim como suas principais críticas. Em seguida, abordamos inúmeros aspectos relacionados às Relações Interpessoais, definimos grupo como sendo a reunião de pessoas que possuem uma certa interdependência e, também, caracterizamos a personalidade de um grupo. Tratamos dos jogos psicológicos que envolvem o cotidiano das relações humanas, “se não fosse por você”, “coitadinho”, “te peguei”, “o meu é melhor do que o seu”, “defeito

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e só quero te ajudar”. Porém, dentro das relações humanas, em especial as existentes no trabalho, temos conflitos morais ou éticos que serão tratados no próximo tópico. Ou seja, a intersecção destes dois assuntos você estará acompanhando no próximo tópico! Encontramo-nos lá!.

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SROUR, Robert Henry. Ética Empresarial: Posturas responsáveis nos negócios, na política e nas relações pessoais. Rio de Janeiro: Campus, 2000. MINICUCCI, Agostinho. Relações Humanas: Psicologia das Relações Interpessoais. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2001. FIGUEIREDO, José Carlos. O Ativo Humano na Era da Globalização. São Paulo. Negócio Editora, 1999. ELIZETE, Passos. Ética nas Organizações. São Paulo.Editora Atlas, 2004. MOREIRA, Joaquim Manhães. A Ética Empresarial no Brasil. São Paulo. Editora Pioneira, 1999. http://www.bioetica.ufrgs.br/global.htm Prof. José Roberto Goldim

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