Material ENECS

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I – ANECS para quê? Para entendermos a necessidade de se fortalecer uma artculação à nível nacional, é necessário que recordemos alguns fatos que ocorreram no Movimento Estudantl de Ciências Sociais (MECS) nesse últmo período (2011-2012). Em julho passado, aconteceu em Belo Horizonte, o XXVI ENECS, cujos eixos de discussão que tocavam o mov. estudantl eram voltados para a criação de uma entdade nacional. Tal debate surgia como uma necessidade de acúmulo, fruto do fm da antga FEMECS - Federação do Movimento Estudantl de Ciências Sociais – entendendo que a falta de uma organização nacional acabava prejudicando a dinâmica do MECS. Dessa forma, longos foram os debates e as discussões e, nas deliberações fnais do encontro fora aprovada, por unanimidade a ANECS – Artculação Nacional dos Estudantes de Ciências Sociais sob duas condições principais: 1) Teria um caráter provisório, já que o debate sobre o formato que viria a ter (se seria executva, federação ou confederação) não exista e 2) Seria pautada na autonomia das regionais já existentes como a CRECS-NE e o MACSul e estmularia a criação e mobilização de regionais nas demais regiões desartculadas.

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Assim teríamos, à princípio, uma artculação cujo objetvo seria estmular o contato entre as escolas de ciências sociais do Brasil e dar corpo a uma organização que pudesse dar conta das nossas demandas nacionais, como a Reforma Curricular*, levando em conta as especifcidades de cada região do país.

II – CRECS-NE e MACSul: Um acúmulo importante Apesar de não haver, até então, uma organização à nível nacional, existam tentatvas de mobilização que ocorriam regionalmente. A CRECS-NE (Coordenação Regional dos Estudantes de Ciências Sociais – Nordeste) foi criada em 2009 com o objetvo de artcular regionalmente as escolas de Ciências Sociais do nordeste. À princípio, deixaria de existr quando surgisse uma entdade nacional que desse conta das pautas do curso. Em abril de 2011, no II ERECS ocorrido em Caruaru, Pernambuco, fora deliberado que a CRECS seria permanente, entendendo que sua existência independia de uma possível entdade nacional. Com o surgimento da ANECS, em Julho de 2011, a CRECS passa a tentar artcular as pautas específcas do nordeste com a artculação nacional e, depois de uma série de debates, passa a construir organicamente a nacional, tendo como principio organizatvo a autonomia das regionais.

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O MACSul vem se organizando desde o ERECS Porto Alegre de 2008 com a intenção de artcular a comunicação e as pautas regionais conjuntamente. A campanha do Boicote ao ENADE de 2009 foi uma das ações que marcaram o início do movimento de área. O MACSul trabalhou em grande parte no fortalecimento dos Encontros Regionais, destacando sua importância como espaço organizatvo e deliberatvo. O surgimento da ANECS vem ao encontro das expectatvas da regional em ampliar suas discussões e artcular suas demandas a nível Nacional. A Artculação Nacional possibilitou o contato com outras escolas da região sul (inclusive culminando um ERECS na recente UFFS Erechim) bem como o conhecimento das realidades de outras regionais e escolas. Ambas as experiências surgem como um grande acúmulo para o nosso movimento de área, na medida em que tveram suma importância na artculação dessas regionais. Podemos citar como exemplo de regional que surge através do impulso que o debate sobre a ANECS gerou a REGIONAL SUDESTE que surgiu pós criação da ANECS e que através da artculação nacional tem ganhado corpo e organização.

É nesse sentdo que entendemos que a experiência da CRECS NE e do MACSul são fundamentais para pensarmos o nosso próximo passo no que tange a organização do MECS. ENECS 2012 – SANTA MARIA

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III - FORMAS DE ORGANIZAÇÃO Associação: é uma organização que visa a realização de um objetvo comum sem fns econômicos. Toda associação deve aprovar um estatuto em assembleia geral para ser reconhecida sua existência. Associações estudants são entdades que buscam atuar conforme os objetvos estabelecidos por seu estatuto, deliberados previamente entre os estudantes. A ABEEF, entdade nacional dos estudantes de Engenharia Florestal, utliza esse formato de organização.

Executva

Federação

Confederação

o termo "executva" é comumente utlizado para exemplifcar as entdades nacionais de um determinado curso. São organismos que surgem a partr da década de 70 com o objetvo de debater questões e problemas corporatvos do movimento estudantl de um curso específco. Atualmente, artculam o debate de suas principais temátcas (específcas dos cursos) com a aproximação de movimentos sociais e polítcos mais amplos afm de aglutnar mais estudantes e ampliar seu campo de atuação. Os encontros nacionais das executvas são os espaços de debate e organização de seu movimento. Os estudantes de Agronomia utlizam esse tpo de organização em seu curso (FEAB).

é uma forma bastante comum de organização polítca de países ou regiões; seu princípio é organizar diferentes partes autônomas dentro de uma organização única, onde o poder é do conjunto da Federação (“Estado Federal”). Como nas associações, as federações de curso também não possuem fns lucratvos. Os exemplos mais comuns no movimento estudantl hoje é a FEMEH (entdade nacional dos estudantes de História) havendo espaços de encontro e organização regional e nacionalmente e, a FEAB (Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil).

em síntese, pode ser descrita como uma organização que artcula as decisões tomadas pelas federações (bases autônomas, como as regionais). Pode ser diferenciar pela possibilidade de criação de uma base de acordo a partr de artculação do conjunto entre diferentes federações que compartlham acordos e objetvos comuns, entretanto a soberania não é delegada à Confederação e sim, a cada federação autonomamente . A CGT (Confederação Geral do Trabalho da Espanha) exemplifca esse formato. No âmbito estudantl, a CONFECH (Confederación de Estudiantes de Chile) e a CONEEG (Confederação Nacional das Entdades de Estudantes de Geografa) são exemplos de confederações.

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IV - O que queremos com a ANECS ou Quê ANECS queremos? Tudo isso posto, é importante refetrmos sobre os objetvos que teria uma ARTICULAÇÃO NACIONAL e o porque dela ser necessária. Entendemos que uma organização só se faz importante na medida em que possibilite o diálogo e a troca de experiência das regiões do país e que sirva como capitalizadora de pautas em comum acumuladas na construção do MECS em cada escola, tendo como perspectva a consolidação de um movimento de área capaz de dar conta das demandas reais dos estudantes e atuar atvamente na transformação do que parece partcular de cada curso em pauta nacional. É nesse sentdo que defendemos a organização por Local de Estudo como importante instrumento organizatvo no entendimento de que somente no cotdiano dos cursos é que poderemos construir um Movimento Estudantl de Ciências Sociais que seja legítmo e que consiga atuar de fato da transformação da realidade. Além disso, a ANECS deve ter como tarefa criar as estruturas necessárias para reverter o quadro de desmobilização e afastamento dos estudantes da atuação polítca, criado pelas entdades representatvas dentro dos cursos de Ciências Sociais. Ela deve levar os estudantes a criarem a necessidade tanto do debate qualifcado sobre suas pautas, como também as ferramentas para sua atuação politca perante elas, estmulando assim a criação de um sujeito politco atvo e critco dentro do movimento estudantl.

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* V – Reforma Curricular Nacionalmente, vários cursos estão passando por reformas curriculares determinadas pelas novas diretrizes do MEC. Especifcamente nas Ciências Sociais, ao passar pela reforma, os cursos acabam diminuindo o caráter, já limitado, da dinâmica refexiva e prátca. A separação Licenciatura e Bacharelado é o eixo central das diretrizes impostas pelo CNE, defendendo uma falsa valorizacao da docência e excluindo a necessidade do Bacharelando em adquirir prátcas pedagógicas; acompanhada por um esvaziamento do conteúdo (em ambas as habilitações), supervalorizando a prátca docente, nos impondo uma Licenciatura pragmátca, proposital para formar profssionais precarizados, evidenciando uma politca de tecnicizacao da formação. Um exemplo concreto é a Reforma Curricular nas Ciências Sociais da UECE, onde está ocorrendo a total separação das habilitações, voltada completamente para a prátca docente através dos PCC (Prátca como Componente Curricular). Além da diminuição no tempo de formação de 4 anos para 3 anos e meio, bem como uma graduação em licenciatura fragmentada completamente da pesquisa, voltando apenas um semestre para monografa.

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Na UFRGS, a Reforma Curricular ocorreu em 2009 como resultado da discussão da separação das três áreas de estudo de Ciências Sociais - tal debate foi mediado em grande parte pela ampliação de cursos nas Universidades Federais, o que justfcaria tal decisão. Os estudantes do curso se opuseram a tal separação, o que culminou em uma reforma curricular como forma de adequá-lo a objetvos de professores e estudantes. As grandes mudanças dessa reforma foram basicamente a redução das cadeiras obrigatórias iniciais - que iam até o 5º semestre e diminuíram para o 3º semestre (reduzindo o tempo do curso). A justfcatva para tal modifcação é a "fexibilização" da formação de forma a proporcionar maior número de discentes se formando. Esses exemplos ilustram a urgência de discutrmos nossa formação de maneira mais ampla, menos redutora e técnica que a maioria das reformas tentam produzir, que reconheça as especifcidades de cada habilitação, mas consiga nos preparar enquanto cientstas sociais.

Assinam este documento: Eduarda B. Kern – UFRGS Juliana Magalhães – UECE Lucas Vidal – UECE Paula Agliardi – UFRGS Pedro Bitar – UFRGS Priscila Rodrigues - UFRGS

Por uma formação ampliada já!

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