Bom Jardim da Serra Bom Jesus Bom Retiro Cambará do Sul Canela Gramado Lages Nova Petrópolis São Francisco de Paula São Joaquim Urubici Urupema
Nº28 - R$ 15,00 - BRASIL
Arte, conhecimento e história
Caminhos
da Neve Serras Gaúcha e Catarinense
36 80
Editorial É UMA GRANDE SATISFAÇÃO ESCREVER SOBRE A ROTA CAMINHOS DA NEVE que nos leva a lugares com paisagens diferenciadas do restante do país. Aqui, os Aparados da Serra e os Campos de Cima demonstram como a natureza esculpiu cuidadosamente todo o ambiente, tornando-o grandioso e magnífico. Junte-se a isso a cultura local, desenvolvida ao longo dos séculos, agregando valores dos imigrantes num processo cujo resultado é um exemplo de cooperação, harmonia e bem-estar coletivo, refletido nos atrativos turísticos que primam pela valorização dos elementos de seus antepassados. Grandes picos, cânions e cachoeiras formam o cenário perfeito para a redescoberta dos antigos caminhos dos tropeiros e a busca do local ideal para a prática de esportes. E, além de tudo isso, como uma cereja no bolo, a neve, que tanto nos encanta e atrai. No ano inteiro e ainda mais no inverno, a Rota Caminhos da Neve é um roteiro perfeito para quem busca novas emoções!
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Conselho Editorial Ana Lúcia F. dos Santos, Célio Emerique, Eduardo Hentschel, Luigi Longo, Mário Zelic, Ricardo Martins, Roberto Torrubia, Thiago de Andrade e Thabata Alves Diretor Executivo Márcio Masulino Alves Editora Renata Weber Neiva Reportagem Alice Neiva e Nathália Weber Assistente de produção Evellyn Alves Revisão Silvia Mourão CIDADE&CULTURA é uma publicação da KM Marketing Cultural PARA ANUNCIAR (11) 97540-8331
Produção Gráfica Wagner Ferreira Fragoso Produção Audiovisual Km Filmes Fotografias Alex Boeira, Alf Ribeiro, Cleiton Thiele, Daniel Abicair, Dario Lins, Márcio Masulino, Marcus Zilli, Ricardo Martins, Roberto Torrubia e Thiago de Andrade Foto Capa iStock-Markito Impressão DuoGraf
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lairotidE
Índice
ATOR A ERBOS REVERCSE OÃÇAFSITAS EDNARG AMU É sneg62 asiaPássaros p moc seragul a avel son euq EVEN AD SOHNIMAC Paraíso das aves arreS ad sodarapA so ,iuqA .síap od etnatser od sadaicnerefid uiplucse azerutan a omoc martsnomed amiC ed sopmaC so e 64 Esportes e osoidnarg o-odnanrot ,etneibma o odot etnemasodadiuc Pelo caminho, aventuras inesquecíveis oa adivlovnesed ,lacol arutluc a ossi a es-etnuJ .ocfiíngam mun setnargimi sod serolav odnagerga ,solucés sod ognol 78 Festas ,oãçcolheitas, arepooc edfestas olpmexe mu é odatluser ojuc ossecorp Nas sovitarta son oditefler ,oviteloc ratse-meb e ainomrah ed80 sotAromas&Sabores nemele sod oãçazirolav alep mamirp euq socitsírut sarDelícias ieohcac carregadas e snoinâc ,sde ocitradição p sednarG .sodassapetna sues sogitna sod at rebocseder a arap otiefrep oiránec o mamrof a araCervejarias p laedi lacol od acsub a e sorieport sod sohnimac 86 ajereQualidade c amu omoecmuita ,ossi ohistória dut ed méla ,E .set ropse ed acitárp orietni ona oN .iarta e atnacne son otnat euq ,even a ,olob on m88 u é eVinícolas veN ad sohnimaC atoR a ,onrevni on siam adnia e A arte!sque eõçoperdura me savonos n accampos sub meuq arap otiefrep orietor
06 Linha do Tempo Caminhos da Neve
08 Histórico A formação de um povo guerreiro
14 Imigração
64 88
Na bagagem suas heranças culturais
20 Museus Os guardiões da história
24 Turismo Religioso Amparo dos desbravadores
30 Lendas
92 Gastronomia
História contada pelo povo
Sabor de tradição
32 Arquitetura
94 Roteiro
Construções que contam a história
Serras Catarinense e Gaúcha
36 Artes
106 Neve
Preservando a memória
Branco como neve
42 Artesanato
110 Rota Caminhos da Neve
Arte nas mãos
A cada parada uma grata surpresa
44 Meio Ambiente
114 Depoimento
Paisagens inigualáveis
Viver novas experiências
24
osogarF arierreF rengaW acfiárG oãçudorP semliF mK lausivoiduA oãçudorP leinaD ,eleihT notielC ,oriebiR flA ,arieoB xelA safiargotoF odraciR ,illiZ sucraM ,onilusaM oicráM ,sniL oiraD ,riacibA edardnA ed ogaihT e aiburroT ot reboR ,snit raM kcotSi apaC otoF Acesse o nosso portal cidadeecultura.com.br farGouD oãsserpmI
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FOTOS MÁRCIO MASULINO
Linha do Tempo
Primeiros habitantes
Assinado o Tratado de Tordesilhas
3000 a.C. 1494 6 Cidade&Cultura
Assinado o Tratado de Madri
1750
Chegada dos primeiros imigrantes alemães a Santa Catarina
Deflagrada a Revolução Federalista
1828
1893
MARCUS ZILLI
Caminhos da Neve
Primeiro registro do cultivo de maçã
1902
Primeira edição do Festival de Cinema de Gramado
Criação do Parque Nacional da Serra Geral
Lançado o Projeto “Rota Caminhos da Neve”
As Serras Catarinense e Gaúcha são importantes destinos turísticos no Brasil
1973
1992
1993
2018 Caminhos da Neve 7
Histórico
MARCUS ZILLI
guerreiro “Máscara do Guardião” - Arte rupestre em Urubici
Os primeiros habitantes Já sabemos, por descobertas antigas, que o primeiro povo que ocupou as terras litorâneas do Brasil foi o dos homens dos sambaquis. Quanto ao interior, inscrições rupestres marcam a presença de outras civilizações, de costumes diferenciados dos que moravam na costa. Raros exemplares estão tão preservados como as inscrições rupestres em Urubici, datadas de cerca de três mil anos atrás, descobertas em 1964 por Walter A. Piazza e catalogadas pelo padre Rohr, dois anos depois. No local, observamos o Painel das Máscaras, com a Máscara do Guardião. Outros desenhos também revelam a possibilidade de três povos distintos terem deixado registros no local. Onde: Morro do Avencal – Estrada Urubici – São Joaquim. 8 Cidade&Cultura
Índio estilizado esculpido pelo artesão mbyáguarani Tiago Verá, em 1989
Índios e jesuítas
índios convertidos, desenvolveram culturas agrícolas, a criação de gado e novos ofícios, como a marcenaria. A redução da população indígena local aconteceu por dois fatores: as doenças dos europeus e a escravização pelas mãos dos bandeirantes paulistas. A história da Região Sul do Brasil, mais precisamente as Serras Catarinense e Gaúcha, é uma demonstração da firme determinação de dominar a área por questões geopolíticas. Desde que o Rio da Prata fora descoberto, essa região era alvo de várias disputas entre as Coroas Portuguesa e Espanhola, por conta da determinação territorial estabelecida no Tratado de Tordesilhas (1494) que indicava
ACERVO CASA DA MEMÓRIA DE CURITIBA
Os índios que habitaram o interior da Região Sul foram os guaranis, os caingangues e os carijós. No início da ocupação da região pelos europeus, esses índios foram responsáveis por vários massacres dos novos exploradores. Frustraram muitas expedições e, com suas flechas e o domínio total da geografia local; eram donos absolutos das terras que mais tarde seriam ocupadas por espanhóis e portugueses. O estreitamento dos laços entre indígenas e europeus se deu quando da vinda dos padres jesuítas espanhóis que iniciaram a catequização e a ocupação das terras, formando povoados chamados de “missões”. Os padres missionários, com os
Estandarte católico
parte do estado de Santa Catarina e o Rio Grande do Sul como áreas da Espanha. Entre disputas e demarcações, o conflito terminou em 1681 com o Tratado Provisional de Lisboa, estabelecendo o domínio português dos territórios à margem esquerda do Rio da Prata, porém, em definitivo mesmo, a paz só reinou após a assinatura do Tratado de Madri, em 1750.
Os bandeirantes
Litografia e aquarela sobre papel - obra de Jean Baptiste Debret
Cerâmica Guarani Vasilhas que recebiam várias denominações: cambuchi (talhas), yapepó (panelas) ou ñaêmbé (pratos)
Muitos bandeirantes que aqui chegaram em busca de escravos indígenas resolveram se fixar nas belas paisagens e também aproveitar o que conseguiam com as emboscadas contra as missões, como cabeças de gado e culturas já desenvolvidas. Fundaram vilas, ergueram igrejas e trouxeram mais pessoas para habitar a região. Cabe aqui ressaltar a figura do “bugreiro” (de “bugre”, como também eram chamados os índios), contratado pelos colonos já estabelecidos para atacar os índios que amedrontavam as estâncias, ou não. Protegiam também tropeiros e viajantes. Caminhos da Neve 9
Histórico
Os tropeiros
RICARDO MARTINS
O principal apoio ao desenvolvimento do Brasil Colônia foram os tropeiros. Essa massa humana, montada no lombo de mulas, percorria o país inteiro trazendo e levando mercadorias, principalmente depois da descoberta de ouro em Minas Gerais, no século XVII. Eram os tropeiros que abasteciam de suprimentos os locais das minas e tornaram-se o modal mais eficaz, senão único, desse período. A Região Sul era o polo produtor de muares e muitos estancieiros enriqueceram com o fornecimento desse meio de transporte útil, robusto e o único que conseguia ultrapassar barreiras montanhosas e íngremes em meio às serras Geral, do Mar e da Mantiqueira, além de outros locais cheios de obstáculos, onde cavalos e carroças não conseguiam transitar. Os tropeiros, na realidade, surgiram já no início da civilização humana e, do cruzamento entre burros e éguas, surgiu a mula, mais resistente ain-
10 Cidade&Cultura
da e suportando até 60 quilos em cada cesto posicionado ao lado de suas ancas. O movimento tropeiro, porém, não se limitava apenas a carregar mantimentos ou minerais. Assim como os bandeirantes, foi responsável pelo reconhecimento e o desbravamento do interior do país. E foi além, pois gerou toda uma cadeia de profissões em seu entorno, como o arrieiro (condutor do animal); o domador, o montador e o acertador dos animais; o barganhista (comprador e vendedor de muares); o ferreiro; o carpinteiro, que fazia as canastras; o cesteiro; o vendeiro que, ao longo das trilhas, vendia sua produção às tropas; os fiscais de fronteiras e, com eles, todos os envolvidos na burocracia do pagamento de impostos e registros; donos de pousadas; a abertura de muitas rotas e a construção de pontes, com a criação de muitos povoados dedicados ao abastecimento das tropas, como é o caso de Bom Jesus e de Lages. O tamanho das tropas
era variado, dependendo das mercadorias carregadas. Participavam homens brancos, índios, mamelucos e negros, cada qual cumprindo funções específicas. Mais do que uma cadeia produtiva, o tropeirismo criou uma cultura e essa cultura é amplamente cultivada até os dias de hoje na Região Sul, na gastronomia, na economia, nas artes (principalmente a música e a literatura), no artesanato, no folclore e nas lendas. Os tropeiros foram os grandes propulsores do desenvolvimento nacional até a chegada das ferrovias no final do século XIX. É fácil entender a importância dos tropeiros quando, em muitas cidades dos “Caminhos da Neve”, vemos monumentos erguidos em homenagem a eles, além da tradição cultural arraigada nos moradores da região, como é o caso do Seminário Nacional e Encontro do Cone Sul sobre Tropeirismo, na cidade de Bom Jesus, cujo objetivo principal é dar continuidade à tradição tropeira.
Histórico
MARCIO MASULINO
ATUALIDADE A partir da imigração e com o fim das revoltas e invasões, a identidade do povo do sul brasileiro foi moldando suas características. De pequenas a grandes fazendas produtoras de gado, leite, pinhão, vinho, embutidos e o
TONINHO VIEIRA
A CONQUISTA DEFINITIVA DO TERRITÓRIO Temos de entender que o Brasil é enorme e que a Região Sul, principalmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul, eram mais vulneráveis dada a distância da Corte, instalada no Rio de Janeiro. Mesmo a doação de terras a militares, como o caso da Companhia Gaúcha, ainda não era suficiente para estabelecer o domínio total sobre aquele território. Então, o meio para resolver isso foi o incentivo à imigração, por meio da qual os colonos expandiriam suas terras e produziriam mais, gerando maiores riquezas internas para o país. Primeiro chegaram os açorianos, que se identificaram com a atividade da pesca e se fixaram em maior número no litoral catarinense. Mais tarde, vieram alemães, eslavos, italianos, gregos, letos, sírio-libaneses e japoneses (que veremos num capítulo a parte).
famoso churrasco, além de suas características culturais diferenciadas, mais o clima das Serras Catarinense e Gaúcha onde a neve é o grande atrativo, esta região se tornou um dos destinos mais queridos do Brasil.
Coxilha Rica em Lages
Casarão histórico construído em 1916 no Grande Hotel Canela
12 Cidade&Cultura
Imigração
Na bagagem suas heranças culturais
INICIALMENTE, PARA COLONIZAR AS TERRAS AO SUL DO PAÍS, os portugueses açorianos e madeirenses foram os primeiros a chegar, no século XVIII. Porém, fazia-se necessária a fixação nos territórios sulinos para determinar de vez a soberania nacional. Diante da valorização da indústria e do recuo demográfico nas áreas rurais na Europa do século XIX, foi grande a massa de emigrantes que necessitavam de terras produtivas como as que existiam no continente americano. O Brasil foi o lugar escolhido por muitos deles. No século XIX, alemães, eslavos, italianos, letos, russos, gregos, sírio-libaneses e, por último, os japoneses foram os que vieram e moldaram a identidade cultural da região. A principal característica da colonização da Região Sul é que os imigrantes não vieram para trabalhar nas grandes fazendas de café (exceto no Paraná), como no estado de São Paulo. Quando chegaram, fundaram pequenas fazendas, dando assim início ao sistema da policultura. Logo que se estabeleceram já conseguiram colocar em prática todo o conhecimento que trouxeram. Para vencer as dificuldades encontradas no Brasil, os proprietários dessas pequenas fazendas se uniam para resolver seus problemas, fossem de escoamento da produção, obtenção de insumos etc., para não depender tanto de soluções governamentais. Nesse cenário, os princípios do cooperativismo sempre caracterizaram o desenvolvimento local. Solo fértil, recursos minerais e vegetais, a criação de gado e muares, produções como a erva-mate e a uva, e a extração
Acima, Chegada no Alto da Serra - 1858, obra de Selestino Machado de Oliveira Ao lado, Partida de Hamburg - 1824, obra de Selestino Machado de Oliveira
de madeira constituíram a base da economia. Quando visitamos as Serras Catarinense e Gaúcha, notamos que seus moradores pensam no coletivo. Elas se preocupam com a comunidade e o resultado disso é a harmonia entre todos, alinhando suas perspectivas comuns
para a sociedade. Tanto é que, no Sul, os índices de analfabetismo e de pessoas na linha da miséria são muito baixos em comparação com o restante do país. Muitas cidades da região integraram a cultura trazida por seus antepassados, transformando-a em mais um fator
de produção: ao darem continuidade aos costumes e hábitos de seus países de origem, criaram novos atrativos turísticos. E, aliado a tantas belezas naturais, o turismo se consolidou, atraindo pessoas de todos os cantos do mundo.
Caminhos da Neve 15
Imigração
DIVULGAÇÃO
CONSTRUÇÕES QUE RESGATAM A HISTÓRIA
Praça das Etnias
Numa construção em estilo enxaimel, a Casa de Pedra era, no passado, um armazém, salão de baile e matadouro. Hoje, sedia apresentações de danças típicas, como a polonese. Onde: Nove Colônias – (54) 3298-8148 – Nova Petrópolis.
Em homenagem aos portugueses, alemães e italianos, a Praça das Etnias abriga a Associação de Fornos de Gramado – que oferece uma gama de delícias com receitas seculares, típicas dos imigrantes – e a Casa do Colono, que complementa os quitutes com mais produtos, como salames e outros embutidos. Essas casas são exemplos clássicos da arquitetura típica dos colonizadores. Onde: Av. Borges de Medeiros, 1.848 – (54) 3036-0389 – Gramado.
SABRINA SCHUSTER
Casa de Pedra
16 Cidade&Cultura
MARCELO MOURA
MARCELO MOURA
Imigração
Moinho Hillebrand
Letos Os letos são imigrantes vindos da Rússia, Lituânia, Polônia, Estônia e Letônia e que conservaram ao longo dos séculos a língua leta. Quando chegaram ao Brasil, instalaram-se na cidade de Orleans, em Santa Catarina, e fundaram a colônia Rio Novo, em 1890. Com a Revolução Russa, os letos foram perseguidos por serem batistas e luteranos e vieram para cá em busca de liberdade religiosa. No Brasil, várias cidades os abrigaram, inclusive Urubici. Um símbolo da imigração leta é sua Igreja Batista (Av. Adolfo Konder, 2.023), em Urubici.
Uma vista pitoresca é o que temos ao chegar a este moinho pertencente à família Hillebrand. A casa em estilo enxaimel, o moinho com roda d’água e a serraria completam o cenário. Quando estava em funcionamento (entre 1878 e 1977), aqui eram preparadas farinhas de milho, centeio e trigo; o moinho descascava arroz, painço e cevada, e produzia óleo de amendoim e de semente de abóbora para uso em lamparinas. Onde: Linha Brasil, s/n – (54) 3298-8064 – Nova Petrópolis.
Moinho Rasche
MARCO DIEDER
Construído em 1953 pela família alemã Rasche, trabalhava com a moedura de cereais como o trigo, produzindo cerca de 4 mil quilos de farinha. Edificado em madeira nos andares superiores, tinha o subsolo em tijolos para evitar que a umidade subisse até as paredes superiores. Possui dois pavimentos: um para estocar a farinha e outro para sua produção. A energia para acionar as engrenagens era gerada no subsolo. Sua importância na preservação da memória é tanta que, em 1996, tornou-se patrimônio histórico da cidade. Onde: Rod. Presidente Getúlio Vargas, 1.990 – (54) 3281-4202 – Nova Petrópolis.
18 Cidade&Cultura
DARIO LINS
Museus
Os guardiões
da história
MUITAS PESSOAS AINDA PENSAM que museus são apenas locais onde coisas velhas e sem uso são expostas em prateleiras empoeiradas e não acrescentam nada ao nosso dia a dia. Na realidade, museus são os guardiões da história, pois neles estão contidos documentos, fotos, objetos de uso cotidiano, vestuários, moedas além de peças de mobiliário que nos remetem ao passado e nos dão certa medida de como nossos antepassados viviam. Mas nem só de antiguidades vivem os museus. Há os que abrigam coleções particulares de artefatos relacionados a determinada temática, como carros ou minerais. Então, os museus têm uma importância fundamental para o entendimento das raízes da 20 Cidade&Cultura
formação de um povo, uma cidade, um estado, uma nação. Com a valorização do conhecimento de nossas origens, os museus ganham cada dia mais um espaço não só cultural como também se tornam um importante atrativo turístico. E, dentro dessa valorização, os curadores sempre buscam maneiras mais tecnológicas de apresentar seus acervos aos visitantes. Também é interessante notar que, quanto mais se valoriza a cultura local, mais museus encontramos. E esse é o caso das cidades que compõem os “Caminhos da Neve”, pois, em quase todas elas, temos museus com variados acervos e propostas; no fundo contudo, são todos voltados para a preservação da história brasileira.
MUSEU MEMÓRIA DOS IMIGRANTES ALEMÃES Inaugurado em 2006, seu acervo é composto de fotos que vão dos anos 1860 a 1960, assim como livros, objetos, ferramentas e mobiliários dos colonos alemães que aqui chegaram em busca de se fixarem em definitivo em novo continente. Detalhe para a casa em que está, pois foi construída em 1925, em madeira de araucária. Onde: Est. Geral de Entrada, s/n – Bom Retiro.
MARCIO MASULINO MARCIO MASULINO
Museu de Arqueologia da Lomba Alta
Museu Histórico Municipal Irmã Tarcila M. Afonso Um resgate da história do município que, com doações de seus moradores, compôs um rico acervo do cotidiano da cidade. Onde: Av. Getúlio Vargas, 1.720 – Cambará do Sul.
Museu Histórico Municipal
Abrigado numa réplica da casa em estilo suíçogermânico do fundador da cidade, Alfredo Henrique Wagner. Em seu acervo encontramos peças arqueológicas e geológicas pertencentes à família de Alfredo, além de itens de numismática. Onde: Estrada Geral Lomba Alta – Alfredo Wagner.
Museu Histórico Thiago de Castro Um rico acervo sobre a história local, compilado desde 1937 por Thiago de Castro. São vestuários, utensílios domésticos, armas de guerras, entre outros itens. Onde: R. Benjamin Constant – Lages.
DIVULGAÇÃO
MARCIO MASULINO
Com um acervo que retrata a história da imigração alemã, o museu está abrigado em um prédio típico de estilo enxaimel, que antes era a casa do médico e hospital da cidade. É dividido em três setores: trajetória política da cidade, história dos Grupos Folclóricos e presidentes da Associação dos Grupos de Danças Folclóricas Alemãs. Onde: Avenida 15 de Novembro, 1.966 – Nova Petrópolis.
Caminhos da Neve 21
FOTOS: MÁRCIO MASULINO
Museus
Cadillac 1930 - Coupê Cabriolet
EDISON VARA/PRESSPHOTO
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3 7 5
Mulher Grega - 500 ac
22 Cidade&Cultura
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2
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1 – HARLEY MOTOR SHOW – Quem nun-
nacional. Onde: Av. Borges de Medei-
os minicarros fabricados pela JR Répli-
ca sonhou em montar numa moto Harley
ros, 2.697 – Gramado.
cas. Onde: Praça das Nações, 281 –
Davidson? Então, mate a vontade, visi-
4 – MUSEU DE CERA DREAMLAND
Canela.
tando esse museu que possui, em seus
– Um dos principais atrativos turísti-
7 – MUSEU DOS BEATLES – A vida e a
mil m², 30 exemplares da marca e ain-
cos de Gramado, este museu mostra
obra do famoso quarteto de Liverpo-
da assista ao show de coreografia que
um trabalho incrível com exemplos de
ol estão expostas no primeiro museu
revive os cassinos de Las Vegas.Onde:
personagens reais e fictícios, molda-
dedicado aos Beatles no Brasil. São
Av. das Hortênsias, 5.507 – Gramado.
dos em cera. A riqueza dos detalhes
mais de mil itens catalogados entre
2 – HOLLYWOOD DREAMCARS – Criada
de cada peça nos impressiona e tam-
LPs, CDs, vestuários e instrumentos.
em 1997, a exposição de carros das dé-
bém nos aproxima de vários ídolos.
Onde: Av. Ernani Kroef Fleck, 521 –
cadas de 1920 a 1960 é uma grande
Vale a selfie ao lado deles. Onde: Av.
Canela.
sensação, pois nos proporciona o exato
das Hortênsias, 5.507 – Gramado.
8 – MUSEU GRAMADO – MINERAIS E
entendimento da evolução da indústria
5 – MUSEU DA MODA – Criado por
PEDRAS PRECIOSAS – São mais de 500
automobilística. Onde: Av. das Hortên-
Milka Wolff, seu acervo oferece a re-
pedras preciosas de todos os cantos do
sias, 4.151 – Gramado.
construção estética de 4.000 anos
mundo que nos seduzem por sua bele-
3 – MUSEU DO FESTIVAL DO CINEMA –
do
peças
za e cores que só a natureza consegue
Mais de 40 anos de histórias de uma
originais, numa área de 3.500 m².
criar. Onde: Av. das Hortênsias, 3.570 –
grande iniciativa bem-sucedida de incen-
Onde: Av. Don Luiz Guanella, 1.810 –
Gramado.
tivo à produção cinematográfica brasilei-
Canela.
9 – MUSEU MEDIEVAL CASTELO SAINT
ra. Há tempos, o Festival de Cinema de
6 – MUSEU DO AUTOMÓVEL DE CANE-
GEORGE – Não há como não se maravi-
Gramado tornou-se uma referência mun-
LA – Uma iniciativa dos irmãos Azam-
lhar com o acervo do Museu Medieval
dial na categoria. Com tanto conteúdo,
buja, conhecidos no meio automobi-
que, como o nome já diz, tem seu acervo
nada mais justo do que a criação de um
lístico
este
voltado para artefatos e armas medie-
museu dedicado aos protagonistas des-
museu abriga variados itens ligados
vais, oriundos de todos os continentes.
se evento tão importante para a cultura
aos transportes, com destaque para
Onde: R. Júlio Hanke, 194 – Gramado.
vestuário
antigomobilistas,
DIVULGAÇÃO
como
feminino, com
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9 Caminhos da Neve 23
Turismo Religioso
Amparo
dos desbravadores SE A FÉ MOVE MONTANHAS, OS COLONOS AS DESBRAVARAM. A força de todos os que aqui chegaram para povoar as terras altas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul está demonstrada em seus templos. A fé, para essas almas aflitas, deu-lhes a coragem necessária para construírem seu futuro, semearem suas terras e fazer frutificar seus conhecimentos.
Catedral Nossa Senhora de Lourdes Onde: Praça da Matriz, s/n° - Canela. 1
FOTOS:MARCIO MASULINO
1 – CATEDRAL NOSSA SENHORA DE LOURDES – Considerada em 2010 como uma das Sete Maravilhas do Brasil, a Catedral de Nossa Senhora de Lourdes foi construída em estilo gótico inglês, com uma torre de 65 metros e altura e um carrilhão de 12 sinos da famosa fundição italiana Giácomo Crespi. Onde: Onde: Praça da Matriz, 69 – Canela.
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2 – CONVENTO FRANCISCANO - Fundado em 1915, por Frei Rogério Neuhaus,
CLEITON THIELE
um dos religiosos de maior influência de Santa Catarina, abriga a capela dedicada a ele onde seus restos mortais estão enterrados.Onde: Rua Lauro Müller, 298 – Lages. 3 – IGREJA MATRIZ SÃO PEDRO – Por iniciativa do Arcebispo D. João Becker, em 1917, a igreja começou a ser edificada. No início, foi feita de madeira e somente em 1943 foi reconstruída em estilo romano, com 78 mil pedras basálticas. Os vitrais foram confeccionados pelo artista alemão Pedro Dobmeier, inspirado na vida de São Pedro como apóstolo de Cristo. Em frente à igreja estão 12 estátuas dos Apóstolos, feitas em tamanho real. Onde: Pça Major Nicoletti – Gramado.
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4 – IGREJA MATRIZ DE SÃO JOAQUIM – Construída totalmente em pedra basáltica, trazida em carros-de-boi, demorou 27 anos para ser concluída. Inaugurada em 1935, possui esculturas de Elson Kiyotaka Outuki e Nelson Matias. Onde: Pça João Ribeiro, s/n – São Joaquim. 5 – IGREJA MATRIZ NOSSA SENHORA MÃE DOS HOMENS – Em estilo moderno, esse templo católico destaca-se na paisagem por suas formas ousadas e incomuns. Construída em 1965, em concreto, conta com um complexo sistema estrutural. No auge do ciclo madeireiro local, e por inciativa do padre José Alberto Gonçalves Espíndola, a Matriz tornou-se um símbolo de modernidade
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e progresso para a região. Onde: R. Boanerges Pereira de Medeiros – Urubici.
Caminhos da Neve 25
6 - MATRIZ DE BOM JESUS – Situada a 1.054 metros de altitude e construí-
FOTOS MÁRCIO MASULINO
Turismo Religioso
da em estilo gótico, a Matriz, que antes era apenas uma capelinha, é o marco da fundação do povoado, em 1878, na época chamado de Terceiro Distrito da Costa. Seu altar mor foi decorado pelo vitralista Emílio Zanon autor dos vitrais da Catedral de Brasília. Onde: Praça Rio Branco - Bom Jesus. 7 – CATEDRAL NOSSA SENHORA DOS PRAZERES – Inaugurada em 1922, foi
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construída pelos franciscanos, em pedra e em estilo neogótico. Foram feitos sete projetos vindos da Alemanha para a escolha de um. Todos os vitrais e as imagens do altar mor de Nosso Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores também foram feitos e esculpidas na Alemanha. O maior sino, batizado de “Cristo Salvador” que pesa 1.520kg, chama os fieis a entrarem em comunhão com Deus neste magnífico templo. Onde: Rua Frei Gabriel, 145 - Lages 8 – MATRIZ DE SÃO FRANCISCO DE PAULA – Com terras doadas pelo fundador do povoado, Pedro da Silva Chaves, primeiramente foi construída a capela sob a invocação de São Francisco de Paula. Em 1923, no lugar da capela, ergueu-se uma igreja em pedra e, ainda no mesmo lugar, outra, elevada a Matriz, em
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1964. Onde: Rua Frederico Tedesco, 93 – São Francisco de Paula. 9 – IGREJA MATRIZ DE SANTA’ANNA – Dedicada a padroeira da cidade. Na sua frente está localizada a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, um local para meditação e relaxamento com a imagem da santa. Onde: Pça Manoel Pinto de Arruda – Urupema. 10 – SANTUÁRIO NOSSA SENHORA APARECIDA – Com a réplica de Nossa Senhora Aparecida vinda do Santuário Nacional de Aparecida, os fiéis não deixam de visitá-la em busca de milagres, merecimentos e agradecimentos. Onde: Rod. BR-282, km 142 – Bom Retiro.
26 Cidade&Cultura
Turismo Religioso
Luteranismo Assim como os colonizadores portugueses trouxeram na bagagem o catolicismo como ferramenta de sua fé, os alemães trouxeram o luteranismo, religião dominante em sua terra natal. Em 1500, Martinho Lutero protesta contra as indulgências da Igreja e prega na porta do Castelo de Wittemberg, na Alemanha, 95 críticas. A partir daí, o movimento ganha força, divide a Igreja Católica e surge a Igreja Luterana. Por aqui não foi fácil para os novos imigrantes professarem sua fé. Porém, como muitos povoados foram praticamente formados somente por eles, puderam erguer templos que hoje chamam a atenção dos visitantes por sua beleza e pelo simbolismo que representam.
GRUTA NOSSA SENHORA DE LOURDES – Abriga a imagem de Nossa Senhora de Lourdes desde que foi trazida, em 1944. O local é ponto de peregrinações no mês de outubro. Onde: Distrito de
IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA DO BRASIL Onde: Rod. RS-235 – Nova Petrópolis. IGREJA DO RELÓGIO – COMUNIDADE EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA Onde: Av. das Hortênsias, 1.350 – Gramado. IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA IECLB Onde: Av. Luís de Camões, 1.736 – Lages. IGREJA LUTERANA PAZ Onde: R. João Batista Teza, 345 – Lages.
Santa Terezinha – Urubici.
Outros pontos de interesse MATRIZ NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO – Bom Retiro. IGREJA NOSSO SENHOR BOM JESUS PARAÍSO DA SERRA – Bom Retiro. MÁRTIR – Nova Petrópolis. IGREJA MATRIZ SÃO JOSÉ – Cambará do Sul. IGREJA SÃO SEBASTIÃO – Jaquirana. CRISTO LIBERTADOR – Jaquirana. CATEDRAL NOSSA SENHORA DE LOURDES – Canela. GRUTA NOSSA SENHORA DE APARECIDA – Bocaina do Sul. GRUTA NOSSA SENHORA DE LOURDES – Bocaina do Sul. IGREJA PRESBITERIANA – Lages. IGREJA DA SANTA CRUZ – Lages. IGREJA MATRIZ DE SÃO SEBASTIÃO – Painel. IGREJA SENHOR BOM JESUS – Rio Rufino. GRUTA NOSSA SENHORA APARECIDA – Rio Rufino. CAMINHO DA SANTINHA – Gramado. SANTUÁRIO DO CARAVAGGIO – Gramado. GRUTA NOSSA SENHORA DE LOURDES – Gramado.
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FOTOS MÁRCIO MASULINO
IGREJA SÃO LOURENÇO
Igreja Evangélica Luterana do Brasi
MÁRCIO MASULINO
Lendas
Escultura Negrinho do Pastoreio. Obra de Vasco Prado
História contada pelo povo AS LENDAS SÃO UM DOS PILARES DA COMPREENSÃO DA HISTÓRIA de um povo. Nelas estão impregnados elementos históricos, econômicos, sociais e naturais de onde se originam. Por meio de “causos”, na maioria das vezes insólitos, entendemos a percepção do cotidiano daqueles agentes que estão no contexto de credulidade dos fatos contados. Ao longo dos séculos, muitos personagens de lendas tornaram-se conhecidos e famosos, como o Conde Vlad, o Drácula, oriundo do Leste Europeu, e o Lobisomem, da Europa Ocidental. No Brasil, muitas lendas vieram com os colonizadores; unidas às dos índios, tornaram-se constantes no dia a dia de todos. Outras são fruto da criatividade e dos elementos obscuros em que os personagens estão inseridos. Porém, não importa como, quando e quem as criou, o certo mesmo é que onde há fumaça há fogo e o melhor é ficar de olhos bem abertos! 30 Cidade&Cultura
Negrinho do pastoreio Essa lenda talvez seja a mais conhecida de todas e um símbolo do Rio Grande do Sul. No tempo da escravidão, um estancieiro percebeu que estava faltando um cavalo depois de um menino escravo voltar do lugar de pastoreio. O homem, para castigá-lo, deu-lhe uma surra de chicote e mandou que ele procurasse o animal. O pobre do menino até achou, mas o cavalo fugiu porque o guri não conseguiu laçá-lo. Ao voltar à estância de mãos vazias, seu dono o colocou num formigueiro, no frio, e ensanguentado pelas chicotadas. No dia seguinte, quando foi ver como estava o menino, o estancieiro tomou um susto, pois, além de ele estar sem um único ferimento, ao seu lado estava a Virgem Maria, o cavalo fugitivo e outros cavalos. Caído no chão, o estancieiro pediu perdão pelos seus atos. O menino nada respondeu, subiu no cavalo baio e saiu conduzindo a tropilha. Hoje, por aquelas bandas, quando se perde alguma coisa, pede-se ao Negrinho do Pastoreio para que à noite ele a encontre, mas antes tem de acender uma vela para Nossa Senhora junto a algum mourão e dizer: “Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi...”.
Essa lenda, que é uma das mais assustadoras, corre solta entre os moradores das Serras Catarinense e Gaúcha. Muitos relatos sobre o Gritador já foram coletados. Filmes foram feitos. E a lenda é muito coerente dentro do contexto em que se originou. Segundo a versão mais famosa, na época em que os jesuítas foram expulsos das terras brasileiras pelo Marquês de Pombal, muitos enterraram seus tesouros, na esperança de um dia retornarem. Quando todos estavam a cavar os buracos para esconder suas riquezas, um homem pedia para que gritassem para saber a localização de cada um. Esse homem não foi embora e ficou cuidando de
seu tesouro enterrado. Ao morrer, sua alma ficou presa na região e, à noite, quando alguém grita por um motivo ou outro, ele acha que são seus amigos indicando o lugar de outro tesouro enterrado. Segundo relatos, quando tropeiros ou criadores de gado estão trabalhando à noite e gritam uns para os outros, às vezes escutam outro grito distante. Quando respondem, esse mesmo grito, que parecia estar longe, soa cada vez mais perto, às vezes muito perto!!! Lógico que ninguém fica para bater um papo, mas dizem que, se ele chegar até você, ele inicia um duelo; caso você ganhe, ele lhe entregará o tesouro, caso você perca, tomará o lugar dele para cuidar do tesouro eternamente.
MARCUS ZILLI
O Gritador
Caminhos da Neve 31
Arquitetura
Construções que contam a
FOTOS MÁRCIO MASULINO
história Muros de taipa
AS CASAS QUE MARCAM UM ESTILO NAS SERRAS CATARINENSE e Gaúcha são diferentes das construções históricas que encontramos na maioria das cidades litorâneas. Primeiro, porque nas casas litorâneas o período de colonização dista quase dois séculos de diferença. Segundo, que os materiais encontrados no litoral eram a pedra, a cal e o óleo extraído da baleia. Já nas terras de cima, o material encontrado mais facilmente era a madeira. E quanta madeira, se pensarmos na imensidão de araucárias existentes nos campos de altitude! Essa madeira, na época da colonização da região, foi o principal elemento construtivo. Então, aliando a madeira às técnicas de edificação dos colonizadores que vinham das terras frias da Europa, temos o chamado estilo arquitetônico enxaimel, em destaque nas cidades de Gramado, Canela e Nova Petrópolis. As edificações em estilo enxaimel eram erguidas com uma estrutura de madeiras encaixadas e com os vãos preenchidos com tijolos ou taipa. As madeiras podiam ou não ficar aparentes. Normalmente, os telhados possuíam acentuada inclinação para que não houvesse acúmulo de neve. 32 Cidade&Cultura
Confeccionados em pedras de basalto encaixadas, esses muros não ultrapassam um metro de altura e podemos vê-los em todas as Serras Catarinense e Gaúcha. Essas construções eram feitas para dividir propriedades, indicar caminhos e para a contenção do gado. Possuem mais de 100 anos e hoje são um marco da cultura tropeira da região.
Pedra basáltica Além da madeira, outro elemento construtivo da região das serras é a pedra basáltica. Podemos observar construções datadas do início do século XX, como templos religiosos e edifícios públicos, utilizando-as, a exemplo da Casa da Pedra, datada de 1953, erguida pela Associação Rural de Canela. Onde: Av. Osvaldo Aranha, 30 – Canela.
Madeira Além do estilo enxaimel, outra construção típica era o chalé em madeira de araucária. Ainda podemos ver muitos deles resistindo ao tempo e à modernidade. Eles dão um toque especial, mesclando o passado e o presente. Atualmente, com as leis ambientais, não é mais permitido usar a araucária e a canela para construção, então a saída é a utilização de materiais convencionais e estilizar para dar continuidade à composição urbanística local.
Castelinho do Caracol Construído entre 1913 e 1915, por Pedro Carlos Franzen e sua esposa, Luíza Sommer, é considerado uma das primeiras residências de Canela. Inicialmente, foi edificado com madeira de araucária. Podemos visitá-lo e conhecer os hábitos e costumes da época em seus dezoito ambientes, admirando todas as técnicas de construção em madeiramento. Onde: Rodovia RS-466, km 3 – Canela.
Prefeitura Municipal de Lages Datada de 1901, em estilo italiano neogótico, na construção da sede foram utilizadas pedras lajes, natural da região. Onde: Rua Benjamin Constant, s/n – Lages.
Centro Cultural Vidal Ramos Inaugurado em 1912, representa a grandiosidade e a riqueza do estado de Santa Catarina. Hoje, abriga o Centro Cultural onde são oferecidos cursos de música, dança, teatro, desenho, pintura e cinema. Onde: Rua Vidal Ramos Júnior, 101 0800-645-5454 – Lages. Caminhos da Neve 33
FOTOS MÁRCIO MASULINO
Arquitetura
Cemitério, com antigas lápides de barro queimado
Cozinha
Parque Aldeia do Imigrante
Capela do Imigrante (1875)
Aqui, a história da imigração é contada de forma lúdica e com um realismo incrível. A ideia da construção do parque surgiu em 1974, quando se comemorava os 152 anos da vinda dos primeiros alemães para o Rio Grande do Sul. Onze anos depois, o Parque Aldeia dos Imigrantes já entrava em funcionamento. Hoje, são 10 hectares com casas em estilo enxaimel que recriam uma aldeia bávara, com lojas de malhas, artesanato, produtos coloniais, salão onde são realizadas as festas típicas e a Cervejaria Biergarten, com chope artesanal, petiscos e pratos típicos. Para conhecer uma parte da história, podemos visitar a Capela do Imigrante, a Capela Paroquial, o Salão de Baile, a Casa da Cantina, a Ferraria, o Cemitério, a Escola Comunitária, a Casa do Sapateiro, a Casa do Professor, o Estúdio Fotográfico, a réplica da sede da Cooperativa de Crédito mais antiga da América Latina, e o Museu Histórico Municipal. Um lugar fascinante e imperdível, com o cotidiano dos colonos exemplarmente demonstrado em todos os detalhes. Onde: Av. 15 de Novembro, 1.996 – Nova Petrópolis.
Escola comunitária
Ferraria (1903)
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Artes
MARCIO MASULINO
NADA COMO A FORÇA DA UNIÃO DE CATEGORIAS PARA RESERVAR, valorizar, dinamizar e divulgar uma atividade artística. Somente pelo reconhecimento daqueles que dedicam sua existência para viver da criatividade é que o desenvolvimento cultural de um povo se fortalece e beneficia novas gerações. Arte é tudo! Arte é vida!
Preservando a memória LIVRARIA MIRAGE Poucos destinos turísticos do mundo podem se orgulhar de ter entre seus principais atrativos uma livraria. A cidade de São Francisco de Paula pode. Graças à iniciativa da professora de História aposentada Luciana Olga Soares que, desiludida com as mudanças ambientais e sociais ocorridas nos últimos anos em sua região e com a falta de interesse do Estado pelos cuidados com a terra, resolveu construir um verdadeiro oásis para os amantes das letras, no intuito de preservar a história e a cultura local. Em sua visão, compartilhada por muitos colonos, algumas culturas agrícolas trazidas para os campos do sul veem causando erosões, prejudicando os lençóis 36 Cidade&Cultura
freáticos e a saúde da terra. Quem a ouve falar de forma apaixonada sobre a cultura de seus antepassados e as belezas dos enormes pastos que dominavam a região tende a pensar que Luciana é uma senhora saudosista, presa ao seu passado. Contudo, bastam alguns minutos de conversa e um olhar atento para os detalhes da construção de sua livraria para perceber que, na verdade, ela está na vanguarda de um movimento que aqui no Brasil ainda é incipiente. O movimento de valorizarmos o passado para podermos compreender melhor o presente e construirmos um futuro ainda melhor. Onde: Av. Júlio de Castilhos, 811 – (54) 3244-3592 – São Francisco de Paula.
SERGIO AZEVEDO
SERGIO AZEVEDO
D’ARTE MULTIARTE A experiência de mais de 15 anos em criações artísticas na Serra Gaúcha, um dos principais polos turísticos do Brasil, deu aos sócios da D’arte Multiarte o know-how suficiente para fazerem da empresa uma das mais reconhecidas no segmento de entretenimento, hoje, no país. Lisiane Urbani e Rodrigo Cadorin estão à frente da empresa que trabalha na criação, produção e execução de espetáculos, projetos cenográficos e humanizações, sempre priorizando a criatividade, a atenção ao detalhe e a inovação, marcas reconhecidas da D’arte Multiarte. Com sede em Canela, no Rio Grande do Sul, a empresa que completou 10 anos em 2017, tem em seu portfólio grandiosas criações como os espetáculos “Simplesmente Natal”, “Nativitaten”, “Fantástica Fábrica de Natal”, “Bellepoque” e a única atração permanente de Gramado: “Korvatunturi”. Além de espetáculos de entretenimento e corporativos que somam mais de 500 apresentações por ano em mais de 20 cidades e oito estados brasileiros atendendo a muitos clientes, a D’arte também atua no segmento de entretenimento na concepção e execução de projetos cenográficos e na humanização de ambientes e eventos, uma demanda cada vez mais crescente no setor corporativo. Onde: R. Willy Dienstmann, 31 – (54) 3282-6562 – Canela.
SERGIO AZEVEDO
Celebrando a vida
Artes
Premiando a arte CLEITON THIELE/PRESSPHOTO
transpô-los, reinventar-se e assim conquistar um público cada vez mais interessado e ávido pelas produções nacionais. É realizado na primeira quinzena de agosto.
FOTOS: EDISON VARA/PRESSPHOTO
FESTIVAL DE CINEMA DE GRAMADO Há mais de quatro décadas o Festival de Cinema de Gramado faz com que o cinema brasileiro seja valorizado e incentivado. No ano de 1973, o Festival foi oficializado pelo Instituto Nacional de Cinema e sua primeira edição aconteceu da união de esforços da Prefeitura Municipal de Gramado com a Companhia Jornalística Caldas Júnior, a Embrafilme, a Fundação Nacional de Arte e as secretarias de Turismo e Educação do Estado. Desde o início, a estatueta, o Kikito, “deus da alegria”, criada por Elizabeth Rosenfeld, vem sendo distribuída como símbolo da premiação. Na década de 1980, o Festival se tornou um dos mais importantes do país e, em 1992, internacionalizou-se com uma edição ibero-americana. Atualmente, é o maior festival do gênero no país, cobiçado por todos os atores, cineastas e profissionais da área. É apelidado de Oscar brasileiro, pois suas edições são puro glamour, com direito a tapete vermelho e tudo. Uma frase marcante do diretor Fernando Meirelles traduz a importância desse Festival para a arte nacional: “Se olharmos para a história do Festival, podemos saber como foi o nosso Brasil e o nosso cinema nos últimos 40 anos”. Apesar de todos os obstáculos e preconceitos que o cinema nacional teve de ultrapassar, Gramado conseguiu, em alto nível,
BONITA
de verdade
PREFEITURA DE SÃO FR ANCISCO DE PAUL A | RS
Artes
MARCIO MASULINO
TONINHO VIEIRA
Eternizando a história
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2 NADA MAIS SIMBÓLICO DA VALORIZAÇÃO da cultura e da história de um povo do que monumentos erguidos em homenagem a alguém ou a algum movimento da região. Nas cidades dos “Caminhos da Neve”, essas homenagens são constantes e imortalizam a referência a seus antepassados a fim de perpetuar toda a trajetória de formação das cidades. 1 – MONUMENTO “O TROPEIRO” – com nove metros de comprimento, três esculturas simbolizam o século XVII, quando os tropeiros reinavam na região levando mercadorias para o resto do país. Aqui, uma alusão ao fundador da atual cidade de Lages, Correia Pinto. O autor desta magnífica obra é José Cristóvão Batista. Onde: Av. Luiz de Camões, 113 – Lages. 2 – FAMÍLIA DE IMIGRANTES – Com o objetivo de resgatar a história da imigração alemã por meio de esculturas em pedra, um roteiro histórico e
TONINHO VIEIRA
cultural o Esculturas Parque Pedras do Silêncio foi criado por historiadores e por descendentes dos primeiros imigrantes. Depois, Cristovão Hullen, Ro-
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gério Bertoldo e Rodrigo de Azevedo, três escultores gaúchos, esculpiram as 80 esculturas em arenito para, a cada cinzelada, dar forma ao dia a dia dos colonos. O parque, cujo nome é inspirado no silêncio das pedras, é a realização do sonho dos irmãos Valmor e Claudionor Heckler. Onde: Rua Emílio Dinnebier Filho, 560 – (54) 99994-9995 – Nova Petrópolis. 3 – MONUMENTO ÀS LAVADEIRAS – Conhecido como Tanque, foi construído no início do povoado (1771), utilizando quatro fontes naturais, para que as mulheres pudessem lavar as roupas. Um local seguro, sem possíveis ataques de índios. O Monumento é uma homenagem ao cotidiano dos primeiros habitantes da cidade. Sua autoria é de José Cristóvão Batista. Onde: Rua Caetano Vieira da Costa – Lages. 4 – CARRO DE MOLAS – uma homenagem ao meio de transporte onde
SANDRO SCHEUERMANN
mercadores carregavam produtos regionais para a venda no local onde hoje é a Praça Vidal Ramos Sênior. A escultura foi esculpida em cimento pelo artista José Cristóvão Batista, autor de outras esculturas históricas espalhas pela cidade de Lages. Onde: Praça Vidal Ramos Sênior – Lages.
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Artesanato
mãos
FOTOS THIAGO DE ANDRADE
Arte nas
LÃ
OS ARTESÃOS DAS SERRAS CATARINENSE E GAÚCHA transbordam criatividade na utilização dos recursos naturais ao seu dispor, e com eles confeccionam inúmeras peças que traduzem de maneira significativa toda a herança e realidade dos precursores dessa região, produzindo peças que enchem nossos olhos. São várias lojas especializadas que podemos visitar e onde podemos comprar e, assim, conhecer mais um pouco da região.
PELE DE CARNEIRO Casacos em pele de carneiro e peças de mobiliário são alguns dos itens que podemos encontrar em lojas de artesanato típicas. No passado, o que os moradores das Serras Catarinense e Gaúcha tinham para se aquecer eram as peles, pois nada mais poderia fornecer calor diante de tamanho frio. Essas peles salvaram muitas vidas humanas numa época em que o aquecedor era apenas o fogão a lenha ou uma fogueira, que não podia ser acesa dentro das casas de madeira. Mais do que um artefato decorativo, a pele é um símbolo de sobrevivência.
CASA DOS BONECOS Um lugar encantado e cheio de inspiração é a Casa dos Bonecos que nos leva aos tempos de infância. Não há como não se deliciar com a quantidade de bonecos coloridos e temáticos. Representam o Natal, a Páscoa, os imigrantes, os fazendeiros e seus espantalhos, tudo feito com um capricho admirável, em todos os detalhes. Onde: Av. Osvaldo Aranha, 2.606 – (54) 3282-3635 – Canela. 42 Cidade&Cultura
Quando pensamos nos moradores das serras, pensamos em seus trajes típicos e o poncho é um de seus itens marcantes. Feitos de lã natural e tingidos artesanalmente, são eles que os serranos vestem durante o intenso inverno. A pele de carneiro por baixo e o poncho por cima formam uma barreira perfeita contra o vento frio e cortante nos dias de temperatura mais baixa. Na região, podemos encontrá-los ainda confeccionados à moda antiga, agregando valores culturais inestimáveis a essa peça de vestuário. E o resultado de toda essa tradição no preparo da lã, desde a tosquia até o novelo, podemos ver na Kantu Kente Artesanato em Lã cujo trabalho aparece em suas criações de casacos, ponchos, cachecóis, entre outros artigos. Onde: Rod. ERS-020 – (54) 99915-2771 – Cambará do Sul.
1 - VIME Originário das plantas denominadas Salix, conta com cerca de 400 espécies típicas, adaptadas a climas temperados e frios. Uma das mais conhecidas é o salgueiro-chorão. A partir de seus ramos é que se prepara o vime que, há séculos, é utilizado na confecção artística de peças de cestaria e em móveis. A cidade de Rio Rufino é um grande polo de produtos feitos de vime. 2 - CASA DAS MÁSCARAS Samara Almeida, uma artista extremamente inspirada, criou um estilo de confecção de máscaras no mínimo interessante. Suas peças são feitas de couro. Utiliza o couro repuxado, ou seja, aquele que seria descartado, conferindo ao seu trabalho um viés ecológico. Suas esculturas, além das máscaras, traduzem sentimentos formatados
em personagens que parecem impregnados do espírito dos guerreiros, das mães, da Terra, dos elfos... Para abrilhantar ainda mais seu processo de criação, Samara promove “A Noite Veneziana de Gramado – Festa de Máscaras”. Sofisticado, esse evento é uma forma de confraternização de moradores e turistas que, ao comprarem o ingresso, têm direito a uma máscara e uma capa veneziana. Festa e arte juntas! Onde: Av. das Hortênsias, 4.268 – (54) 3286-7430 – Gramado. 3 - CUIAS Da cabaça torneada por mãos experientes surge a cuia para se tomar o chimarrão. A cabaça é o fruto de plantas dos gêneros Lagenaria e Cucurbita, originárias da África e consideradas uma das primeiras plantas cultivadas no mundo. Não se sabe ao certo como
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chegou às Américas, mas pode ter sido por flutuação no Oceano Atlântico, até a nossa costa. No Rio Grande do Sul, a cuia também é conhecida como porongo. Leve, é muito fácil passar horas com ela na mão, cheia de erva-mate. Como todo gaúcho que se preze tem sua cuia, é fácil encontrá-la à venda nas serras. Há quem as customize e até as transforme em ricas peças ornamentais. Símbolo da Região Sul e dos tropeiros. 4 - COURO Uma das matérias-primas mais versáteis, o couro veste, transporta e ornamenta e, numa região onde a criação de gado é o grande propulsor da economia, é muito fácil encontrarmos peças artesanais feitas a partir do couro de gado vacum, de bolsas, cintos e tapetes a cadeiras e muito mais.
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Meio Ambiente
Paisagens
inigualĂĄveis
Cânion Amola Faca
DARIO LINS
NÃO É DE ADMIRAR QUE OS PRIMEIROS EUROPEUS, ao subirem até os “Campos de Cima” nas Serras Catarinense e Gaúcha, tivessem tido a nítida impressão de que a região seria promissora para a colonização, além de ter uma beleza extasiante. A natureza, com toda a sua energia, conseguiu moldar um dos lugares mais lindos do mundo entre montanhas, rios, cachoeiras e cânions de tirar o fôlego. Uma beleza tão intensa que ainda está por ser reconhecida pelos brasileiros que, em sua grande maioria, não têm noção da grandiosidade do local. Quando falamos nas duas serras, logo pensamos na neve, mas elas têm muito mais a oferecer. Misteriosas, esculpidas em formas delirantes, confirmam, mais uma vez, que o Brasil é um dos países mais belos do mundo e nos enche de orgulho poder dividir tudo isso com vocês, leitores!
MARCIO MASULINO
Meio Ambiente
SERRA GERAL Um dos maiores monumentos naturais da América do Sul é a Serra Geral, que se inicia no Paraguai, corta os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além do Uruguai, e segue até terminar na Argentina. Aqui, nos limitaremos a suas subdivisões Serra Catarinense e Serra Gaúcha.
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Serra Catarinense e Serra Gaúcha De formação vulcânica, os vales entrecortando as montanhas dão à região das serras conformações rochosas de aspectos peculiares, com quedas d’águas exuberantes e imensas cujas nascentes de água cristalina desabam e criam rios que, ao longo de milhões de anos, cavaram as rochas onde surgiram inúmeros cânions convidando quem queira explorá-los. As montanhas, sob a ação das intempéries, serviram de terreno fértil à imaginação humana que designou várias delas com nomes irreverentes de acordo com o que podemos visualizar em seus contornos. A altitude também favorece o clima e matas como a de araucária em toda a sua magnitude, ampliando ainda mais a beleza local. Como podemos perceber, as serras da Região Sul do país proporcionam aos visitantes experiências únicas. Em cada cidade, temos atrativos que transformam a viagem numa grande festa para os olhos, a mente e o coração. Ao longo desta matéria, citaremos os pontos fundamentais para visitação que compõem apenas uma amostra da beleza infinita que cerca esses dois estados.
MARCUS ZILLI
Pedra Furada no Morro da Igreja - Urubici
Cânion Itaimbezinho - Parque Nacional de Aparados da Serra
Cânion Fortaleza Parque Nacional da Serra Geral
Situado nos municípios de São Joaquim, Urubici, Bom Jardim da Serra, Orleans, Grão Pará e Lauro Müller, foi criado, em 1961, para a proteção dos remanescentes da Mata de Araucária, além de sediar pesquisas e projetos de educação ambiental. São 49.800 hectares, inseridos na Mata Atlântica. Alguns destaques são a Pedra Furada; o Morro da Igreja, com 1.822 metros de altitude, o que faz deste o lugar mais alto; e as rochas vulcânicas (basalto) de aproximadamente 133 milhões de anos. Onde: R. Felicíssimo R. Sobrinho, 1.542 – (49) 3278-4994 – Urubici.
ALEX BOEIRA
Parque Nacional de São Joaquim
Parque Nacional da Serra Geral e Parque Nacional de Aparados da Serra Localizados na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, em sua parte oriental, os Parques abrangem uma área de 17.300,89 hectares nos contrafortes denominados Aparados da Serra. Muitos são os destaques, como o cânion Itaimbezinho, com profundidade de até 700 metros, considerado um dos maiores das Américas. Aqui, a Mata Atlântica e a Floresta de Araucária abrigam uma fauna rica, com exemplares em risco de extinção, como o papagaio-do-bico-roxo, o papagaio-charão, o maracajá-peludo, a onça-parda e a águia-cinzenta. Onde: Rod. RS-429, km 18 – (54) 3251-1277 – Cambará do Sul. Caminhos da Neve 47
MÁRCIO MASULINO
Meio Ambiente
Floresta Nacional de São Francisco de Paula
Parque Estadual do Caracol
Considerada área de altíssima prioridade, está inserida no Corredor Ecológico do Rio dos Sinos, entre os Corredores Ecológicos dos rios Caí e Tainhas. Com 1.606 hectares de área, abriga a estepe, Matas de Araucária e Mata Atlântica. Sua temperatura média é de 14,5 °C, tem altitudes acima de 900 metros, e é um dos lugares mais úmidos do estado do Rio Grande do Sul. Sua avifauna é rica, com mais de 210 espécies, e abriga mamíferos como o leão-baio, o bugio-ruivo e o lobo-guará. No Parque há cinco hospedarias, trilhas, a cachoeira Bolo de Noiva, a cascata da Usina, entre vários outros atrativos. Onde: São Francisco de Paula.
Com 25 hectares de área, além da fauna e da flora, muitas atrações estão disponíveis aos visitantes, como o passeio de trem durante o qual podemos conhecer mais sobre os imigrantes; a Cascata Caracol, com 131 metros de queda e uma escadaria de 927 degraus; um mirante; a escadaria Perna Bamba; e infraestrutura para passar o dia inteiro com a família. Onde: Rod. RS-466, km 0 (54) 3278-3035 – Canela.
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MARCUS ZILLI
ALEX BOEIRA
Meio Ambiente
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Rios, represas, pedras e cavernas Nas Serras Catarinense e Gaúcha, conseguimos entender como a natureza é caprichosa. Com as intempéries moldando o local por milhões de anos, as formações rochosas ganharam contornos inusitados. Ao visitarmos a região, entendemos a ação do tempo e como ele pode esculpir com fúria ou delicadamente rochas assombrosas, nos deixando de queixo caído diante de tamanha beleza. Existem muitos pontos para se conhecer. Cada canto, cada mirante, cada elevação vale ser visto, porém, como são inúmeros, milhares, não podemos listá-los todos aqui.
1 - BARRAGEM RIO DOS TOUROS Onde: Bom Jesus. 2 - BARRAGEM DO BLANG Onde: São José dos Ausentes. 3 - RIO CANOAS Onde: Urubici. 50 Cidade&Cultura
MARCUS ZILLI
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DARIO LINS
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MARCUS ZILLI
1 - PEDRA DA ÁGUIA Onde: Urubici. 2 - PICO DO ARRANHA CÉU Onde: Campos dos Padres - Bom Retiro. 3 - PEDRA DO FRADE Onde: Costão do Frade – Bom Retiro. 4 - MORRO DO CAMPESTRE – formação rochosa de arenito a 1.380 metros de altitude. Onde: Urubici.
DARIO LINS
PEDRAS
Caminhos da Neve 51
Cachoeira Rio Cerquinha – Bom Jesus
MARCUS ZILLI
ALEX BOEIRA
Meio Ambiente
CACHOEIRAS Um dos atrativos mais lindos da Região Sul, as cachoeiras são as pedras preciosas que compõem este colar de ouro que são as serras Catarinense e Gaúcha. De alturas variadas e formatos diferentes elas fazem nossos olhos e arregalarem tamanha magnitude da força da água que cai em vales profundos e misteriosos. Confira algumas das belas cachoeiras das serras: 52 Cidade&Cultura
Cascata do Avencal – Urubici
DARIO LINS
DIVULGAÇÃO
Cachoeira do Funil – Bom Jesus
Cachoeira do Passo do “S” – Jaquirana
ALEX BOEIRA
Cachoeira do Teco – Bom Retiro
DARIO LINS
MARCIO MASULINO
ALEX BLANG
ALEX BOEIRA
Cachoeira do Rodrigues – São José dos Ausentes
Cachoeira Rio Canoas – Campo dos Padres
CACHOEIRA DO ARROIO ITAIMBEZINHO – Bom Jesus. CACHOEIRA DAS SETE MULHERES – São José dos Ausentes. CACHOEIRA DO TIO FRANÇA – Cambará do Sul. PARQUE DA CACHOEIRA – São Francisco de Paula. CASCATA DAS PRINCESAS – Jaquirana. CACHOEIRA DO BARBAQUÁ – Bom Retiro. CASCATA DO PIRATA – São Joaquim.
Cachoeira dos Venâncios Jaquirana
CASCATA VÉU DA NOIVA – Urubici. CACHOEIRA QUE CONGELA – Urupema. VALE DAS CACHOEIRAS – Rio Rufino. CACHOEIRA DA FÁBRICA – Rio Rufino. CASCATA RIO DO TIGRE – Rio Rufino. CASCATA ALTO DA SERRA – Rio Rufino. CACHOEIRA DOS MACEDOS – Bocaina do Sul. CACHOEIRA CANAÃ – Bocaina do Sul.
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DARIO LINS
Meio Ambiente
Cânion da Ronda – Bom Jardim da Serra
DARIO LINS
Cânion Espraiado – Urubici.
CÂNIONS Esculpidos pelos rios, o dito popular “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, nunca fez tanto sentido quando olhamos a sequência de 35 cânions na região chamada de Aparados da Serra na borda do Planalto das Araucárias, também conhecido como Campos de Cima da Serra. Os cânions começam na altura de São Francisco de Paula e vão até Urubici em Santa Catarina. No alto de muitos deles podemos avistar o mar e são um dos maiores espetáculos naturais do Brasil devido à formação geológica em si, às cachoeiras que despencam e à vegetação do entorno. Gargantas inigualáveis pela beleza e uma mostra da força danatureza.
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MARCIO MASULINO
Cânion Monte Negro – São José dos Ausentes
DARIO LINS
ALEX BOEIRA
Cânion Itaimbezinho – Cambará do Sul
Cânion do Funil – Bom Jardim da Serra
Meio Ambiente
FAUNA Numa região onde os recursos naturais são vastos, podemos deparar com animais nativos de variadas espécies e hábitos diferentes, de mamíferos de grande porte, felinos como o maracajá-peludo, a anfíbios como o sapo-cururu; canídeos como o lobo-guará, ou o ativo esquilo e o barulhento bugio-ruivo; o serelepe e saltador veado-virá e o arisco ouriço-cacheiro; o tímido tatu e o atrevido guaxinim. Vale o sacrifício da espera na mata para flagrar a presença desses bichos incríveis. QUATI De hábitos diurnos, a ocorrência de contato com seres humanos é maior. São exímios escaladores de árvores e se alimentam de frutos, insetos, aranhas e até roedores. CUTIA A cotia é um dos principais dispersores do pinhão. Enquanto se alimenta, enterra as sementes no meio da mata ou nos campos.
58 Cidade&Cultura
RICARDO MARTINS
SERELEPE Onde houver araucária, vamos encontrar o serelepe. Ligeiro e muito apreciado principalmente pelas crianças, esse animalzinho é incansável e sua principal atividade é roer troncos de árvores.
GRAXAIM-DO-MATO Canídeo originário da Região Sul, típico da Argentina, Paraguai e Uruguai. Chega a medir até 1 metro de comprimento e tem pelagem cinza amarelada. É uma das espécies nativas que está com sinal amarelo para a extinção. JAGUATIRICA O Leopardus pardalis é também muito encontrado em toda a extensão da floresta de Mata Atlântica.
DANIEL ABICAIR
PUMA Na região Sul, a onça-parda, ou puma, ou suçuarana, é denominada leão-baio numa referência à coloração castanha dos cavalos.
Jaguatirica
RICARDO MARTINS
MARCUS ZILLI
MARCUS ZILLI
VANESSA S. PEDROTTI
Cutia
Graxaim
Quati
Caminhos da Neve 59
MARCIO MASULINO
Meio Ambiente
Araucária
FLORA
ADRIANA FRANCIOSI
Xaxim
60 Cidade&Cultura
Amanita muscaria
che nossos olhos, assim com os frutos do camboatá-vermelho, que, no meio da mata, parecem olhos nos observando. Para deliciar o olfato, temos o aroma exalado pelo manacá-da-serra, que perfuma a mata. E, com sua altivez secular, a sequoia, não nativa, mas que nos deslumbra por sua solidez e seu gigantismo.
Amanita muscaria
MARCIO MASULINO
Encontramos espécies interessantes e muito características da região que, de certo modo, se transformaram em símbolos das serras, como a araucária, o xaxim e o acer. Outras, muito curiosas, como o cogumelo-taça e o líquen-foliáceo com apotécios (um indicativo da qualidade de pureza do ar). O azul intenso do fruto da psicótria en-
MARCIO MASULINO
Exemplares fantásticos preservados são encontrados em todas as Unidades de Conservação. Cada um com suas peculiaridades, juntos transformam a paisagem em algo indescritível, com suas cores, formas, alturas e a engenhosidade do ciclo da vida. Dos gigantes aos minúsculos, todos se complementam, todos são fundamentais.
Meio Ambiente
Arapaçu-escamado-do-sul
Com uma flora riquíssima e temperaturas amenas, as Serras Catarinense e Gaúcha formam um paraíso para as aves, sejam nativas ou migratórias. Muitas das que encontramos por ali não são conhecidas pelo restante do país. Outras, mesmo que mais comuns, não perdem seu brilho e altivez. Algumas empresas prestam o serviço de Observação de Aves, atividade turística em alta para aqueles que gostam de paz e silêncio em meio à natureza.
FOTOS DARIO LINS
Curicaca
MÁRCIO MASULINO
AVES
Noivinha-de-rabo-preto
Grimpeirinho
Gralha-azul
62 Cidade&Cultura
FOTOS DARIO LINS
Tio-Tio
Veste-amarela
Saíra-preciosa
Azulinho
Papagaio-charão
Em Urupema é possível vermos as revoadas dos papagaio-do-peito-roxo e do charão. Um espetáculo natural que atrai centenas de amantes da observação de pássaros. Essas aves migram em busca do pinhão e, aos montes, colorem o céu duas vezes por dia, no início da manhã e no fim da tarde. Esse evento é tão lindo que a cidade promove no mês de abril o Festival do Papagaio-do-peito-roxo e o Festival do Papagaio-charão, com palestras, oficinas de fotografia, entre outros.
Caminhos da Neve 63
Esportes
Pelo caminho, aventuras inesquecíveis
DARIO LINS
Cânion do Funil
64 Cidade&Cultura
MUITA AVENTURA EM LOCAIS DE TIRAR O FÔLEGO. As Serras Catarinense e Gaúcha, com seus cânions e formações rochosas pra lá de interessantes, fazem a cabeça de qualquer um que ame esportes radicais e ligados à natureza. Seja por terra, água ou ar, a emoção está garantida. Entre vales e montanhas, percorremos caminhos onde os antigos habitantes da região, por séculos, desafiaram obstáculos em lombos de mula. Hoje, com o desenvolvimento de veículos automotores, como os 4X4, podemos ir sempre mais adiante; com a técnica do rapel, descemos rochedos e cachoeiras; com as bikes mais avançadas, todas as trilhas se tornam acessíveis; cavalos treinados nos levam ao topo das colinas; com os calçados certos, não há barreira que nos detenha; e, para quem quer ir mais além, o voo livre nos brinda com uma visão extasiante de tudo os que essas serras nos proporcionam.
Travessia Campo dos Padres
Trilhas Entre os caminhos tortuosos das Serras Catarinense e Gaúcha, encontramos muitos que nos levam a lugares deslumbrantes pela natureza exuberante e pelas cidades que complementam o cenário magnífico. Conversamos com Dario Lins, proprietário da Eco Trilha Serra Catarinense, que nos forneceu informações valiosas a respeito do que podemos explorar e conhecer. Dario conta que oferece inúmeros roteiros de trilhas na Serra Catarinense e que cada uma possui seu grau de dificuldade: fácil, moderado ou difícil. As trilhas de grau fácil a moderado são muito tranquilas até mesmo para iniciantes. Nesse quesito, as mais procuradas são aquelas que percorrem as bordas da Serra Geral, por exemplo, as trilhas dos cânions do Funil, de Laranjeiras e da Ronda. A Serra Catarinense é rica não apenas pelas belezas naturais como também pela história
DARIO LINS
ALEX BOEIRA
Barragem Rio dos Touros
e cultura serrana que evocam elementos da tradição gaúcha e tropeira. Inúmeros locais são históricos, registrando a passagem de padres jesuítas e tropeiros que moldaram a cultura da localidade, como na região conhecida como Campo dos Padres, território selvagem onde estão localizados os pontos culminantes de Santa Catarina. O lugar recebe esse nome desde o século XVIII quando os jesuítas espanhóis fugiram da Coroa Portuguesa atravessando por ali. Essa passagem histórica está recheada de lendas de “tesouros guardados” que teriam sido escondidos ao longo do caminho. A região serrana possui inúmeros acidentes geográficos, com cânions e penhascos vertiginosos, o que faz com que haja muita precaução na realização das atividades de trekking, em especial nos dias de “viração”, quando a neblina se torna tão densa que impede totalmente a visibilidade. Por isso, é sempre importante ter um guia /condutor que conheça a região e saiba interpretar o tempo e analisar os riscos, antes de realizar algum passeio. Dario aconselha, para quem quer iniciar a prática de trekking: “Dê esse passo, pois grandes caminhadas começam com um primeiro passo. E a experiência tem nos mostrado que a montanha é para todos. Qualquer pessoa que siga as orientações básicas de segurança pode viver experiências marcantes e significativas que mudarão para sempre sua vida. Inúmeras pessoas que deram os primeiros passos ao nosso lado nas trilhas continuam nos acompanhando há anos e nunca mais Caminhos da Neve 65
pararam de caminhar. O resultado é muita saúde, com mente e corpo em equilíbrio”. Além de ser um esporte democrático, pessoas de todas as idades podem praticar e explorar elementos históricos e culturais, aumentando o seu conhecimento sobre a fauna e a flora da região. São cerca de vinte roteiros de trilhas por cânions, montanhas e cachoeiras na Serra Catarinense. Os locais são escolhidos por sua beleza cênica e atrativos naturais, como a trilha da Pedra Furada na qual levam o grupo para dentro da imensa pedra furada, encrustada sobre uma escarpa do cânion, localizado no Morro da Igreja. Segundo Dario, sua relação com a serra é antiga: “Sou serrano nativo e apaixonado por cada pedacinho dessa região, que considero uma das mais belas do mundo. Há mais de 30 anos pratico atividades na natureza, como trekking e observação de pássaros. Tenho um trabalho fotográfico, com livro publicado, no qual apresento as mais belas aves e paisagens da Serra Catarinense. Por mais que eu caminhe muitas vezes pelos mesmos locais, sempre há algo novo para conhecer e se apaixonar”.
66 Cidade&Cultura
Travessia Campo dos Padres
Outras dicas FAZENDA SANTA CÂNDIDA Onde: Santa Bárbara, a 20 km do Centro – (49) 3232-0227 – Bom Jardim da Serra. TRIBO DA SERRA ECOTURISMO Onde: R. Vitorino Rodrigues Machado, 138 – (49) 99116-1304 – Bom Jardim da Serra. SERRA SUL ECOTURISMO Onde: Av. Prefeito Natal Zilli, 2.273 – (49) 3278-4838 – Urubici. TRILHA FLOR DE AÇUCENA Onde: Pousada Flor de Açucena – (54) 99609-4649 – São José dos Ausentes. TRILHAS NA POUSADA FAZENDA MONTENEGRO Contato: (54) 99978-2299 – São José dos Ausentes.
TRILHA NA POUSADA FAZENDA POTREIRINHOS Contato: (54) 99977-3482 – São José dos Ausentes. TRILHA NA POUSADA CACHOEIRÃO DOS RODRIGUES Contato: (54) 99905-9522 – São José dos Ausentes. GRAXAIM ECOTURISMO Onde: Rodovia SC-110, km 371,8 – (49) 3512-7307 – Urubici. TRILHA NA POUSADA FAZENDA MORRO DA CRUZINHA Contato: Onde: (49) 99118-1901 – São José dos Ausentes. TRILHA PASSO DA ILHA Onde: Cambará do Sul. TRAVESSIA JOSAFAZ Onde: Cambará do Sul.
OPERADORAS - Aparados Ecoturismo – (54) 99907-8188 – Cambará do Sul. - Eco Trilhas Serra Catarinense – (49) 99142-9517 – Bom Retiro. - Circuito Cânions e Cascatas – (54) 99672–6886 - Bom Jesus.
DARIO LINS
Esportes
MARCUS ZILLI
Esportes
As serras em
duas rodas
Serra do Corvo Branco – Urubici
ALEX BOEIRA
Barragem dos Touros - Bom Jesus
CONVERSAMOS COM MARCUS ZILLI, da Rumo Adventure Store, que nos relatou um pouco de suas experiências nas Serras Catarinense e Gaúcha onde o mundo em duas rodas é privilegiado pelas condições extremamente favoráveis à prática de esportes como mountain bike, cicloturismo, downhill, enduro e motociclismo. As rotas abertas premiam todos os níveis de dificuldade, e muitas estão tecnicamente preparadas para eventos organizados com música, churrascadas, vivência em fazendas, sapecadas de pinhão, degustação de vinhos e muita história. Para tudo correr bem, pois todo esporte tem sua margem de risco, é preciso estar bem equipado, saber respeitar os próprios limites, e aproveitar ao máximo o vento no rosto. Ao todos são mais de 500 quilômetros de trilhas para empolgar os amantes desses esportes. Quando perguntamos a Marcus qual seu conselho para quem está a um passo de experimentar as sensações que as duas rodas proporcionam, sua resposta foi bem categórica: “Vá!”. E sobre o que as Serras representam para ele, acrescenta: “Nasci e moro aqui desde sempre. Estudei fora, voltei, viajei mais um tempo e voltei, a serra é minha casa”. É, sem dúvida, uma região que cativa os que aqui nasceram e também os visitantes.
Cicloturismo O cicloturismo é uma maneira bem rica de conhecer a região das Serras Catarinense e Gaúcha. Com bikes apropriadas e bagagens organizadas de acordo com a necessidade, o que resta é dar a primeira pedalada e partir em busca de lugares inesquecíveis. Não importa a quantidade de quilômetros rodados: o que importa é a intensidade da experiência vivida pelo caminho. As estradas oferecem um bom percurso, e rotas alternativas nos levam a muitos cantos pitorescos e cheios de atrativos. Muito comum encontrarmos, à margem dos caminhos, rodas de pessoas conversando e sorvendo cuias repletas de erva-mate. Está aí um bom momento para uma parada e um descanso! A vista do gado cercado por muros de taipas, as casas construídas com madeira de araucária e os picos de onde se pode contemplar uma natureza deslumbrante compensam todo o esforço aplicado nos pedais!
ALGUMAS ROTAS Urubici – Bom Jardim da Serra Caminho dos Tropeiros – Lages Bom Jardim da Serra – Cânion Laranjeiras – Uribici Caminho dos Tropeiros em São José dos Ausentes Cambará do Sul – Itaimbezinho – São José dos Ausentes São Francisco de Paula – Gramado
NÍVEL moderado difícil difícil
DISTÂNCIA 66,75 km 72,22 km 82,31 km
moderado
52,43 km
difícil
90,17 km
difícil
65,56 km
OPERADORAS - Rumo Adventure Store – Contato: (49) 3278-4101 – Urubici. - Serra Sul Ecoturismo – Contato: (49) 3278-4838 – Urubici - Circuito Cânions e Cascatas – (54) 99672–6886 - Bom Jesus. Caminhos da Neve 69
MARCUS ZILLI
Esportes
Serra Catarinense
Mountain bike Com braços fortes e uma boa bike, pode-se ir longe, aliás, muito longe! É isso que a prática do mountain bike exige. As Serras Catarinense e Gaúcha são o palco perfeito porque não faltam caminhos com muita lama, aclives e declives radicais. A maioria das trilhas é de níveis moderado e difícil, portanto, se você é iniciante na prática desse esporte, é bom começar em terrenos mais próximos aos centros urbanos e com relevo menos acidentado. Agora, se você é um veterano, aqui é o lugar ideal com suas passagens por altitudes acima dos mil metros, rios, matas nativas e muitos outros atrativos.
ALGUMAS ROTAS Urubici – Antena – Vale do Vacariano Urubici – Bom Jardim da Serra Lages – Coxilha Rica Gramado – Vale do Quilombo São José dos Ausentes – Cambará do Sul Bom Jesus 70 Cidade&Cultura
NÍVEL difícil
DISTÂNCIA 56,74 km
difícil fácil fácil moderado
59,18 km 70,20 km 22,36 km 51,58 km
moderado
60 km
MARCUS ZILLI
Motociclismo Desde que a primeira motocicleta foi inventada, no final do século XIX, o ser humano experimenta a sensação de total liberdade que só uma moto oferece ao percorrer grandes distâncias sem tantas explosões de esforço físico. Com a evolução dessas máquinas, foram criadas diversas utilidades e variedades, cada uma específica para as várias modalidade de esportes competitivos, a saber, velocidade, enduro, motocross etc., e até para o mototurismo, com máquinas mais robustas e bancos mais confortáveis para o piloto e o passageiro. Seja qual for a sua preferência, aqui, nas Serras Catarinense e Gaúcha, você encontrará todo tipo de terreno que quiser explorar, cheio de atrativos pra lá de inusitados. E, se estiver sozinho, relaxe, pois ao longo de todas as estradas, principais ou vicinais, sempre haverá outro motociclista explorando cada canto da região! Aliás, é um verdadeiro desfile de máquinas incríveis que cruzam nossos caminhos. Uma dica de boas curvas e lindas paisagens é a subida da Serra do Rio do Rastro. E não esqueça que rios – e, dependendo do tempo, lama – são uma constante nos caminhos percorridos.
NÍVEL moderado
DISTÂNCIA 210 km
moderado moderado
44,85 km 70,82 km
moderado 148,11 km moderado
75,76 km
MARCUS ZILL
ALGUMAS ROTAS Urubici – Bom Jardim da Serra – Rio do Rastro – Corvo Branco – Uribici Cambará do Sul Bom Jesus Nível: moderado. Bom Jesus – São Francisco de Paula São Francisco de Paula
Esportes
Cultura off-road UM DOS GRANDES CONHECEDORES DA SERRA GERAL é Alex da Rosa Boeira, da Circuito Cânions e Cascatas, que nos deu um panorama da região para a prática do off-road: “Conhecer a Serra Geral a bordo do seu 4x4 é o sonho de muitos aventureiros, no sul do Brasil, por suas belezas exuberantes em cachoeiras, campos dobrados, vales e cânions de tirar e perder
o fôlego. Em Bom Jesus, a famosa Rota das Cascatas é uma das muitas opções de visitação do mundo 4x4. O roteiro oferece belas cascatas, estradas por reflorestamento de pinho-comum [Pinus elliottii], travessias de rios e uma ótima gastronomia herdada dos antepassados, como os famosos carreteiro de charque e feijão tropeiro, entre outras delícias. Para
OPERADORA: CIRCUITO CÂNIONS E CASCATAS Onde: R. Dezesseis de Julho, 1784 – (54) 99672-6886 – Bom Jesus. 72 Cidade&Cultura
viver toda essa aventura, é preciso abandonar o conforto das rodovias asfaltadas e descobrir o que muita gente nem sabe que existe. Como eu sempre digo, ‘quanto pior o caminho, melhor a diversão’”. Como o inverno na região é prolongado, sendo comum a ocorrência de geadas e nevascas que cobrem de branco toda a paisagem, o verão, com seu clima ameno, propicia experiências inesquecíveis em passeios off-road. Podemos então vivenciar os lindos campos, as coxilhas, os capões, as Matas de Arau-
FOTOS: ALEX BOEIRA
Rota das Cascatas - Bom Jesus
cária e pássaros das mais diversas cores, que cantam e encantam a todos. Além disso, há os rios de águas cristalinas com cachoeiras exuberantes que refrescam o corpo e a alma de quem aprecia e se rende aos encantos da natureza. Acrescente-se a gastronomia farta, enriquecida pela culinária herdada dos antepassados, com delícias caseiras e artesanais, e a hospitalidade que se manifesta no jeito serrano de bem receber, onde o turista encontra aconchego numa das mais belas regiões do Brasil.
Rota das Cascatas
Esportes
PARA QUE FICAR NO CHÃO SE PODEMOS VOAR? Sim, isso mesmo: voar! Imagine só poder ver lá de cima todas as maravilhas já descritas aqui, sobre as Serras Catarinense e Gaúcha: será fantástico. Para tanto, operadoras de voo livre oferecem voos duplos: basta reunir um pouco de coragem e se lançar. Aí é só respirar fundo e admirar o que a região oferece de melhor: as paisagens!
RAMPAS Rampa do Morro do Oderdeng – Urubici Rampa do Morro das Antenas – Jaraguá do Sul Rampa Gramado – Canela Rampa Ninho das Águias – Nova Petrópolis Rampa “Leão Baio” – Bom Retiro
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EVERTON PORTO
Voo livre
Pôr-do-sol no Ninho das Águias
OPERADORAS - Parapente Lages – (49) 99822–7722 Lages. - Top Fly – Luciano (54) 9138-2463 – Nova Petrópolis. - Radical Fly – Célio de Castro (47) 98844-0226 – Jaraguá do Sul. - Voar Alto – (47) 99953-9496 – Jaraguá do Sul.
ALTITUDE 1.370 m 870 m 825 m 710 m cerca de 1.400 m
MELHOR ÉPOCA de novembro a junho de setembro a dezembro e de março a julho de dezembro a março de maio a setembro de novembro a junho
MARCUS ZILLI
Esportes
As serras
a cavalo
COMO DISSEMOS NO INÍCIO DESTA MATÉRIA, a tradição do povo serrano se reafirma no hábito de andar a cavalo. Desde cedo, meninos e meninas já exibem desenvoltura em cima de uma sela e, com seus lindos animais, desbravam os caminhos antes percorridos pelos tropeiros. Aqui, andar a cavalo é o mesmo que andar de bicicleta, em comparação a outros estados do Brasil. Portanto, é fácil concluir que, em praticamente todas as cidades, a opção de fazermos cavalgadas é muito comum. Comum e maravilhoso, pois as paisagens são fantásticas e paradisíacas, com a subida de pequenas serras, a travessia de rios, escarpas de cânions e caminhos tortuosos entre estradinhas vicinais. Nesses caminhos encontramos muitos sítios, fazendas e pequenos povoados onde somos muito bem recebidos, dada a incrível capacidade do povo sulino de serem agradáveis e ótimos cicerones. Mas sempre devemos estar atentos porque quase todos os visitantes não são cavaleiros ou amazonas praticamente desde o nascimento. Para que uma cavalgada seja tranquila e sem tropeços, há necessidade de acompanhamento de guias que, além de conhecerem os cavalos, conhecem também os caminhos e seus obstáculos. Para os iniciantes, são indica76 Cidade&Cultura
PAULO HAFNER
Serra Catarinense
das cavalgadas curtas de uma a duas horas e, para os veteranos, não há limites. A visão mais lúcida dos que estão acostumados a cavalgar nos dá uma perspectiva diferenciada para encarar uma jornada sobre um animal tão atraente. Eles explicam que, diferentemente de num carro 4X4, a pé, numa bike ou em outros veículos, o cavalo nos permite ficar a mais ou menos 3 metros do chão, ou seja, contar com uma visão muito mais larga e, comparando com veículos automotores, sem barulho! A contemplação é maior, os sons da natureza nos envolvem e, se estivermos com guias capacitados,
PAULO HAFNER
Cavalgadas pelos Cânions do Rio Granddo Sul
Algumas dicas CAVALGADAS CAMPOFORA – Contato: (54) 3244-2993 – São José dos Ausentes. CAVALGADA DA CACHOEIRA DO NASSUCAR – De Bom Jardim da Serra até São Francisco de Paula em percurso de 300 km. Contato: (49) 3232-0197 – Bom Jardim da Serra. HOTEL PAMPAS – Onde: Est. Gramado – Canela, 1.561 – (54) 3282-3433 – Canela. POUSADA FAZENDA DA CHAPADA – Onde: Serrinha – Lages.
MARCUS ZILLI
a tranquilidade é total. Geralmente, as rotas definidas para uma cavalgada são traçadas por indicação de moradores antigos e pela própria história, já que aqui o fluxo de cavalos, mulas e carros de bois sempre foi intenso. Também devemos salientar que, na Região Sul, a raça Cavalo Campeiro ou Marchador das Araucárias é muito difundida, desde o início da colonização. De humor dócil, esses cavalos se originaram quando Alvar Nuñez, conhecido como Cabeza de Vaca, e outros exploradores espanhóis no século XVI desembarcaram no Porto dos Patos (Florianópolis) e muitos cavalos das expedições por terra até Assunção se desgarraram e se reproduziram nos campos. Mais tarde, foram domesticados pelos moradores dos Campos de Cima. A raça foi oficializada em 1985 pelo Ministério da Agricultura e inscrita no livro de registros Herd Book e no Serviço de Registro Genealógico Oficial da Raça. O Campeiro é perfeito para passeios longos e esportes rurais. São muito utilizados na Prova do Laço, por sua destreza e inteligência.
RB CAVALOS – Onde: Estrada do Blang, 1.079 – (54) 99136-9053 – São Francisco de Paula. CAVALGADA ROTA SANTANA – Onde: Rod. SC-114, km 43 – (49) 3222-3031 – Urupema. COMPANHIA DE CAVALGADAS – Contato: Sr. Neto Cassetário – (49) 3232-0304 – Bom Jardim da Serra. CAVALGADA APARADOS DA SERRA – Contato: (49) 3232-0197 – São Joaquim.
MARCIO MASULINO
Festas
festas
Festa da Colônia de Gramado
Nas colheitas, APESAR DA GLOBALIZAÇÃO, ou por causa dela, as tradições culturais da Região Sul estão cada vez mais valorizadas e sendo mostradas a visitantes que procuram conhecer mais a fundo as histórias locais. Essas festas são um retrato da economia, da cultura e da história da região. As celebrações homenageiam a colheita de frutas ou frutos com danças e comidas típicas, revivendo alguns costumes dos colonizadores. Mais do que uma celebração, é uma comemoração dos resultados daqueles que, ao longo de décadas, conseguiram conquistar seu espaço com muito esforço. Aos que visitam cabe a recepção calorosa dos que promovem os eventos com uma alegria constante. Estas festas e festivais são repletos de atrações, emoções e glamour. Programe-se porque vale a pena!
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Festa do Pinhão 2018 em São Chico
Nas festas das colônias é que se percebe o apreço do povo por sua cultura e tradição. Em Gramado, na sua tradicional festa, o que nos chamou a atenção foi a criação de uma sala de aula de décadas passadas onde as crianças podiam assistir a uma “aula”, sentadas em cadeiras iguais às usadas pelos bisavós. Em outro setor da festa, uma cozinha com forno à lenha e utensílios de época entretinham grupos escolares que apreciavam a culinária de seus antepassados. Nos detalhes da festa, na preocupação dos organizadores em entreter e educar, percebe-se uma criatividade apaixonada e um respeito enorme pela história de vida das gerações passadas. A mesma paixão se encontra na cidade de Nova Petrópolis, onde a imigração alemã foi intensa. Lá, as festas têm o objetivo de saudar os pequenos produtores e manter viva a lembrança de suas tradições. Nada fica de fora: há o som das bandinhas alemãs típicas, os grupos de danças e corais, os jogos germânicos, pregar o prego e chope em metro. Além, é claro, da culinária e do artesanato. Visitar essas festas regionais é uma verdadeira imersão em suas raízes culturais.
MAURO STOFFEL
FESTA CAMPEIRA Janeiro – Rio Rufino. FESTIVAL DO FIGO Fevereiro – Nova Petrópolis. FESTA DA COLHEITA DA MACELA Março – São Francisco de Paula. FESTA NACIONAL DAS HORTALIÇAS Março – Urubici. MOSTRA DO CAMPO Abril – Bocaina do Sul.
ELICA BRENDA
Festa da Colônia
As soberanas Rainhas e princesas são eleitas para cumprirem a missão de promover as festas na mídia e em encontros culturais. Elas carregam, além da coroa e da faixa, a responsabilidade da representação destes eventos tão significativos para a cidade. As candidatas têm que se identificar com suas raízes e ter o poder de transmitir toda a importância da cultura local.
SEMINÁRIO NACIONAL E ENCONTRO DO CONE SUL SOBRE TROPEIRISMO Abril – Bom Jesus. FESTA DA COLÔNIA Abril e maio – Gramado. FESTA NACIONAL DA MAÇÃ Abril e maio – São Joaquim. FESTA ESTADUAL DO CHURRASCO Maio – Bom Retiro. FESTIVAL DA BATATA Maio – São Francisco de Paula.
Festival de Folclore Nova Petrópolis
FESTA DO PINHÃO Maio e junho – São Francisco de Paula. FESTA NACIONAL DO PINHÃO Maio e junho – Lages. FESTIVAL SABORES DA COLÔNIA Junho – Nova Petrópolis. FESTIVAL DOS COGUMELOS Junho – Urupema. FESTIVAL INTERNACIONAL DO FOLCLORE Julho – Nova Petrópolis. FESTIVAL DA TRUTA Setembro – Urubici. FESTIVAL DE CULTURA E GASTRONOMIA Setembro – Gramado. FESTIVAL DA PRIMAVERA Setembro – Nova Petrópolis. FESTA DO LEITÃO Novembro – Nova Petrópolis.
Caminhos da Neve 79
Delícias carregadas
de tradição
IMPOSSÍVEL VISITAR AS CIDADES DAS SERRAS CATARINENSE e Gaúcha e não saborear o que elas oferecem em variedade de aromas e sabores. A terra, finamente trabalhada, produz verdadeiras joias que são a base para muitos pratos que adoramos. Esses ingredientes, normalmente encontrados em gôndolas de supermercados, são facilmente vistos aqui na região. Fazer um tour para conhecer tudo o que é produzido enriquecerá muito o entendimento dos hábitos e costumes dos habitantes da Região Sul do país. Muitas fazendas são abertas à visitação e ali podemos colher e comer frutas ou peixes fresquinhos e saborear quitutes típicos. A região é farta no cultivo de muitas frutas, como maçã, goiaba-serrana e uva, e frutos como o pinhão que dá um tom diferenciado a muitos pratos, além de outros produtos como batata, feijão, arroz e hortaliças. 80 Cidade&Cultura
Goiaba-serrana Também conhecida como feijoa, goiaba-ananás ou goiaba-do-mato, essa fruta é nativa das Serras Catarinense e Gaúcha. Faz muito sucesso no exterior por seu sabor agridoce, e é utilizada em geleias, ornamentos e medicamentos (a casca é antioxidante). Hoje, seu consumo interno vem aumentando em experimentos gastronômicos, realçando pratos que valorizam nossos produtos.
DIVULGAÇÃO
MÁRCIO MASULINO
Aromas & Sabores
Bergamota
DIVULGAÇÃO
Muito consumida pelos gaúchos, a bergamota é uma fruta cítrica da família das tangerinas, rica em vitamina C. Como é de cor alaranjada, na época das frutas, as estradas ficam lindas, ladeadas com o verde das folhas de suas árvores salpicado pela cor forte que a caracteriza.
Gila
MARCIO MASULINO
A gila também é conhecida como abóbora-gila ou abóbora-chila. Muito comum na Região Sul, é utilizada na culinária local em doces, tortas e no que mais a imaginação criar. Também é excelente no combate à diabetes tipo 2.
Maçã
MÁRCIO MASULINO
A partir da década de 1970, foi introduzida, em São Joaquim e em Bom Jesus, a cultura das maçãs Fuji e Gala, por meio dos estudos feitos pelo professor Kenshi Ushirozawa, com tanto sucesso que hoje esses são os municípios que mais produzem essa fruta em todo o estado de Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
Numa região riquíssima em Matas de Araucária, o pinhão é presença constante, servido cozido ou assado. Muito interessante é comê-lo em carrinhos iguais aos que vendem milho-verde ou pastel. Cada dia mais valorizado em pratos especiais, elaborados por chefs renomados, o pinhão deixou de ser apenas um quitute junino. Vale conferir essa iguaria nos restaurantes locais e saboreá-lo de forma inusitada.
TONINHO VIEIRA
Pinhão
Caminhos da Neve 81
Aromas & Sabores
Truta e outros peixes
DIVULGAÇÃO
Com temperaturas frias a altitudes elevadas, as trutas se adaptaram muito bem nos rios das Serras Catarinense e Gaúcha, onde foram introduzidas na década de 1980 e, atualmente, são o tipo de peixe mais procurado. Da família dos salmonídeos, as trutas são peixes deliciosos que se prestam a grande variedade de modos de preparo. A espécie mais fartamente encontrada é a truta arco-íris.
Cogumelos comestíveis
ALEX BOEIRA
Na exuberância da flora nativa das Serras Catarinense e Gaúcha, encontramos produtores de espécies comestíveis. Entre as mais encontradas, temos o Lactarius deliciosus, o Suillus granulatum, o Pleurotus albidus e o Suillus luteus.
DIVULGAÇÃO
Nativa do Rio Grande do Sul, de onde é um dos símbolos, é também conhecida como macelado-campo, ou Karfreitachstee, no dialeto dos colonizadores alemães. Esse arbusto produz flores amarelas e folhas finas. As flores são utilizadas como forro de travesseiro para acalmar na hora do sono e, na cosmética, para clareamento de cabelo. De suas folhas, temos um chá que alivia dores de cabeça, problemas estomacais e cólicas.
Erva-mate Originária do Sul do Brasil, também é comum na Argentina, no Uruguai, no Chile, na Bolívia e no Paraguai. A planta chega até 12 metros de altura e sua reprodução natural se dá por meio dos pássaros. Os indígenas guaranis descobriram o uso da erva-mate, e os colonizadores espanhóis a adotaram como bebida. No século XVI, foi proibida pelos padres jesuítas por ser considerada a “erva do diabo”. A proibição não durou muito, tanto é que, em 1858, a erva-mate já se tornara o símbolo da hospitalidade e da amizade, desde o ato do preparo até o compartilhamento da cuia. A cuia da erva-mate é uma das características da Região Sul, onde a bebida é conhecida como chimarrão (com água quente) ou tereré (com água fria).
DIVULGAÇÃO
Macela
LEONID STRELIAEV
Aromas & Sabores
Chocolate
que transformam o cacau em deliciosos sabores e formatos. Bombons, barras, trufas, entre outros quitutes, finamente embalados com criatividade. Divirta-se!
THIAGO DE ANDRADE
Nada como a excelência de um chocolate para adocicar nossa alma. Terra de tradição na arte da chocolateria, as cidades do Sul nos brindam com produtos de altíssima qualidade. São muitas fábricas
Embutidos Dentre todos os embutidos, o salame é o destaque da Região Sul, onde o encontramos em todas as casas de produtos coloniais. Tradição europeia que, com o toque brasileiro, agrada a todos os paladares. Vale experimentar muitos e sentir as nuances de sabores que variam de acordo com cada fabricante.
THIAGO DE ANDRADE
Queijos
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Numa região onde a agropecuária é extremamente relevante, não é de admirar que os derivados do leite ofereçam tantas alternativas de sabores diferenciados. Os queijos possuem texturas e ingredientes inusitados e nos remetem às lembranças das fazendas. Fortes e encorpados, podemos saboreá-los percorrendo a Rota do Queijo Serrana, na cidade de São Joaquim, mas em todas as cidades das serras podemos encontrá-los.
SHUTTERSTOCK
Cervejarias
Qualidade e muita história ASSOCIAR A CERVEJA AOS HÁBITOS alemães e brasileiros é um consenso, mas a cerveja, na realidade, é uma bebida tão antiga quanto a descoberta da fermentação. E olha que isso faz muito tempo! Mais que uma bebida, a cerveja foi a forma que os europeus encontraram para purificar a água contaminada, pois, nos centros urbanos da Idade Média, os rios eram esgotos a céu aberto. Todos consumiam cerveja, porém as de qualidade eram feitas de modo especial em muitos mosteiros, e os mestres cervejeiros que a fabricavam eram contratados pelos reis. Para se obter excelência na bebida, alguns 86 Cidade&Cultura
criavam blends para se diferenciar. Algumas tentativas tiveram certamente, resultados em certa medida aterrorizadores, como as misturas com cal ou fuligem! Por isso, em 1516, Guilherme IV, na Baviera, promulgou a Lei da Pureza da Cerveja – Reinheitsgebot –, que estabelecia que a cerveja só podia ser produzida com água, malte e lúpulo, o que foi fundamental para a determinação das características reais dessa bebida. Com a fundação de cervejarias industriais, não questionando a qualidade de sua produção, a criatividade na busca de novos blends foi deixada de lado. A partir da década de
JEI HEYDT
Cervejaria Farol Canela
DIVULGAÇÃO
Cervejaria Edelbrau Nova Petrópolis
1980, houve um ressurgimento da arte dos mestres cervejeiros, o que resultou em cervejas artesanais de altíssima qualidade e em sabores inusitados. Hoje, temos uma boa gama de tipos disponíveis: Lager, Ale, Pilsen, Altbier, Saison, Weissbier, Stout, Lambic, Weizen, além das famosas Trapistas, com seu selo de origem, entre muitos outros. Então, deixemos nosso paladar saborear o que há de melhor na região, seguindo os caminhos da Rota Cervejeira.
CERVEJARIA VITROLA Onde: R. Farroupilha, 536 – (54) 98406-8062 – Nova Petrópolis. CERVEJARIA EDELBRAU Onde: Av. 15 de Novembro, 4.024 – (54) 3281-4555 – Nova Petrópolis. CERVEJARIA TRAUM BIER Onde: Rod. RS-235, km 6 – (54) 99119-0404 – Nova Petrópolis. CERVEJARIA AMBARINA BIER & BEER Onde: R. São Marcos, 787 – (54) 3286-5551 – Gramado. CERVEJARIA GRAM BIER Onde: R. São Marcos, 555 – (54) 3295-1500 – Gramado. CERVEJARIA RASEN BIER Onde: R. Cândido Godoy, 82 – (54) 3286-6886 – Gramado. CERVEJARIA DO FAROL Onde: R. Severino Inocente Zini, 150 – (54) 3282-7007 – Canela. Caminhos da Neve 87
Vinícolas
nos campos
MARCUS ZILLI
A arte que perdura
COM A EXPERIÊNCIA DOS IMIGRANTES aliada ao clima e à altitude das cidades das Serras Catarinense e Gaúcha, a produção de vinhos nessas localidades é um dos pontos fortes para os que amam a bebida. Aqui, os vinhos de altitude dão um show de qualidade, tecnologia, sabor e principalmente tradição. Inicialmente, a produção de vinho era feita apenas para consumo próprio; com o tempo, muitos amigos dos amigos começaram a pedir algumas garrafas para levar e, como os vinhos eram muito bons, a comercializa88 Cidade&Cultura
ção foi uma consequência natural. Como consumidores são criaturas exigentes, novos experimentos e o emprego de tecnologia foram necessários ao aprimoramento de todo o processo da produção, que foi além da bebida e abrangeu a elaboração de rótulos e embalagens. VINHOS DE ALTITUDE As condições climáticas da região favorecem muito a produção de vinho. Entre os fatores determinantes estão o frio rigoroso, o verão ameno com amplitude térmi-
ca alta, e o ar seco que impede a propagação de fungos, tornando desnecessária a utilização de agrotóxicos. Com uma produção de marcante qualidade, as vinícolas de São Joaquim, Bom Retiro, Urupema e Urubici vão conquistando espaço fora do circuito da Serra Catarinense, chegando a outras regiões do Brasil no mesmo nível das maiores do país. Essas são denominadas “vinícolas-butique” por suas características de pequeno porte, colheita manual e vinificação em barris menores. No estado
MARCIO MASULINO MARCIO MASULINO
MARCIO MASULINO
Vinícola Villa Francioni - São Joaquim
Vinícola Thera - Bom Reitro
Caminhos da Neve 89
MARCUS ZILLI
Vinícolas
do Rio Grande do Sul, as cidades dos “Caminhos da Neve” também produzem vinhos de alta qualidade e tecnologia, inserindo a Região Sul no mesmo patamar dos países que sempre foram referência. Um fator de peso que enobrece a vitivinicultura, na região, é a fixação dos jovens que, em vez de irem buscar empregos nos centros urbanos, se especializam em enologia e outras ciências correlatas a fim de permanecer em seu local de origem produzindo, gerando novos empregos e cultivando a tradição cultural de seus antepassados.
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VINÍCOLA DI BURATTO Onde: Estr. Geral Matador – (49) 98406-0306 – Bom Retiro. VINÍCOLA THERA Onde: Rod. SC-110, km 8 – (48) 99981-0180 – Bom Retiro. VINHEDOS DO MONTE AGUDO Onde: Rod. SC-438, km 69,5 – (49) 99969-9777 – São Joaquim. VINÍCOLA SANJO Onde: Av. Irineu Bornhausen, 677 – (49) 3233-7300 – São Joaquim. VINHOS QUINTA SANTA MARIA Onde: Rod. Pericó Cadete, km 12 – (49) 3233-3677 – São Joaquim. VINÍCOLA PERICÓ Onde: R. Manoel Joaquim Pinto, 07 – (49) 3233-1100 – São Joaquim. VINÍCOLA BOUTIQUE D’ALTURE Onde: Rod. SC-114, km 302 – (49) 3015-9311 – São Joaquim. VINÍCOLA HIRAGAMI Onde: Av. Irineu Bornhausen, 1.255 – (49) 3233-6900 – São Joaquim. VINÍCOLA LEONI DI VENEZIA Onde: Rod. SJM-145, 2.800 – (49) 99967-3668 – São Joaquim.
VINÍCOLA QUINTA DA NEVE Onde: Rod. SC-270, km 15 – (49) 3233-1123 – São Joaquim. VINÍCOLA SUZIN Onde: R. Juíz Fonseca Nunes, 379 – (49) 3233-1038 – São Joaquim. VINÍCOLA VILLA FRANCIONI Onde: Rod. SC-114, km 300 – (49) 3233-8200 – São Joaquim. VINÍCOLA VILLAGGIO BASSETTI Onde: Rod. SC-114, km 64 – (49) 99182-8862 – São Joaquim. URUPEMA VINHOS DE ALTITUDE Onde: Rod. SC-370, km 24 – (49) 3229-0486 – Urupema. VINÍCOLA SERRA DO SOL Onde: Av. Adolfo Konder, 2.273 – (49) 3278-4107 - Urubici. VINÍCOLA RAVANELLO Onde: Rod. SC-235, km 28,3 – (54) 99668-6400 – Gramado. CASA SEGANFREDO Onde: Estr. Serra Grande, 600 – (54) 98127-0010 – Gramado. VITIVINÍCOLA JOLIMONT Onde: Morro do Calçado – (54) 3227-6600 – Canela. VINÍCOLA GRANJA DA TELHA Onde: Estrada São João, 1350 (51) 99903-2386 - Canela.
Gastronomia
LEONID STRELIAEV
Capeletti
Tradicional churrasco Gaúcho
FERNANDO BUENO
Sabor de tradição A GASTRONOMIA É, SEM DÚVIDA, UM ELEMENTO CULTURAL marcante na história de uma região. Quando viajamos, conhecemos lugares, pessoas, atrações e a comida local. É ela que nos remete a diversos países e continentes, fáceis de serem identificados apenas por uma fotografia. Isso acontece porque cada povo tem em suas raízes os elementos que compõem um prato típico. A ancestralidade dá o toque que diferencia a culinária de um lugar para outro. E a união de culturas de vários povos, que tiveram de conviver historicamente, expressa o intercâmbio cultural de cada um, proporcionando receitas e toques de sabores que 92 Cidade&Cultura
lhe conferem uma identificação única. Nas cidades dos “Caminhos da Neve”, o Movimento Tropeiro possui esse poder de tipificação gastronômica. Para isso, temos de entender o dia a dia desses desbravadores que, em suas jornadas, carregavam itens valiosos como alho, sal, açúcar, feijão, arroz, carne-seca, toucinho, pinhão, farinha de milho, farinha de mandioca. Com esses elementos e muita criatividade, surgiram muitos pratos deliciosos que formam a base da culinária típica brasileira, como o Arroz Carreteiro e o Feijão Tropeiro. Assim como o tropeirismo, a criação de gado também foi um fator determinante na culinária da
Galeteria Di Paolo - Gramado
mães, receitas com preparos e ingredientes diferenciados também deixaram sua marca definitiva na cultura sulina. Com nomes estranhos, mas com sabores fantásticos, aqui podemos encontrar pratos como Eisbein, Kassler, SauerKraut, Salzkartoffen, Spätzle e Kartoffelkuchelchen, Bockwurst e Wiener Schnitzel. Acrescente nessa panela carne de porco, linguiça, salsicha e repolho, por exemplo. Atualmente, os chefs estão revitalizando ingredientes ancestrais e as receitas tradicionais ganham uma releitura, agradando a todos os gostos, no Festival de Gastronomia e Cultura de Gramado que, há dez anos, celebra a boa comida serrana com uma programação recheada para aqueles que querem viver a experiência de um jantar harmonizado e elaborado por um grande chef, e aprender alguma técnica incomum, ou apenas saborear um bom prato num dos principais pontos turísticos
CLEITON THIELE
Tradição Alemã no Bier Garden - Gramado
da cidade. Além de uma culinária requintada, os festivais contam também com vinhos cuidadosamente selecionados para harmonizar com o jantar, que inclui entrada, primeiro prato, segundo prato e sobremesa. E, para quem prefere saborear uma deliciosa refeição e ao mesmo tempo curtir a cidade, o Festival oferece, na rua Pedro Benetti e na famosa rua Coberta, estações de comida a preços acessíveis e porções generosas. Cada estação é ocupada por um restaurante de Gramado que cria um prato especial e exclusivo para o evento. Realizado em parceria com o Senac, o projeto “Cozinha Experimental” é a oportunidade para os visitantes interagirem diretamente com o evento por meio de oficinas, degustações e workshops, todas atividades são diárias e gratuitas. Tudo isso temperado com uma programação cultural especial, com shows musicais, números artísticos e exposições.
CLEITON THIELE
Região Sul, algo que fica claro no delicioso Churrasco. Quando se pensa no Sul do nosso país, logo imaginamos aqueles espetos fincados no chão, com peças enormes de carne sendo lentamente assadas pelas chamas, o famoso fogo de chão, que surgiu nas fazendas. Na época, quando matavam o boi, os donos ficavam com as carnes nobres, como picanha, maminha, filé mignon e alcatra e, para os empregados, iam as carnes mais duras e a costela, que eram difíceis de cozinhar. Enquanto trabalhavam, os peões faziam um buraco no chão e fincavam lanças de madeira com pedaços de costela coberta de sal grosso, onde ficavam horas assando. Quando terminavam o trabalho, os peões sentavam-se em volta do fogo e, ao sabor do chimarrão, degustavam lentamente a costela, estalando de tão saborosa. Mais tarde, com a chegada dos imigrantes, principalmente os ale-
MARCIO MASULINO
Churrasco de pinhão na Galeteria Casa da Dinda - São Chico
Roteiro
Catarinense
MARCIO MASULINO
Serra do Rio do Rastro
Desbravando a Serra NÃO É DE HOJE QUE O ESTADO DE SANTA CATARINA vem chamando a atenção dos turistas brasileiros e estrangeiros. Florianópolis e Camboriú, juntas com outras cidades maravilhosas do litoral catarinense já figuram entre os destinos mais visitados do país. Agora, percebe-se que aos poucos os visitantes de outros estados começam a conhecer também as suas serras. São Joaquim e Urubici são antigas conhecidas pelos noticiários 94 Cidade&Cultura
de inverno, assim como Urupema que tem apresentado as temperaturas mais baixas do Brasil, mas ter apenas essas referências sobre as serras catarinenses é muito pouco para cenários deslumbrantes cheios de cultura, tradições e lugares propícios para curtir e se exercitar junto à natureza. Ao longo desta edição, você já pôde conhecer vários deles e nossa intenção na matéria de roteiros é apresentar e destacar outros passeios que você não pode deixar
de fazer. Um deles é a famosa Serra do Rio do Rastro, procurada por amantes do ciclismo e motociclismo e, que só de olhar suas curvas nos traz uma adrenalina diferente. ESTRADA DA SERRA DO RIO DO RASTRO A subida da Serra do Rio do Rastro é feita pelo trecho da Rodovia SC-390 com apenas 25 km de extensão e liga os municípios de Lauro Müller, no litoral catarinense, a Bom Jardim da Serra. A emoção,
MARCIO MASULINO
DARIO LINS
Parque Eólico
além da paisagem ao redor, são as 284 curvas com ângulos de cerca de 40 graus que a compõe. É muita curva para pouca estrada! Uma das belezas dessa estrada é que ela é iluminada e a serpente de luzes cria um espetáculo à parte. Lá no topo, já em Bom Jardim da Serra, está o Mirante a 1.460 metros de altitude e, dependendo do tempo, sua vista panorâmica alcança o mar. Como dissemos, o vento vindo do oceano é ponto determinante na conformação local e nada mais
Cânion das Laranjeiras
interessante do que a construção de uma Usina de Energia Eólica, onde podemos avistar torres de 50 metros de altura que produzem energia para a iluminação da Estrada da Serra do Rio do Rastro. Aqui, as montanhas parecem que foram cortadas no seu topo formando um platô digno de fotos. Nas escarpas esculpidas, várias montanhas mostram o trabalho da interferência do tempo como o Morro da Igreja e a Pedra Furada. No caminho, outros atrativos naturais de Bom Jardim
da Serra que devem ser considerados em sua viagem como a Cascata Barrinha, que fica na Rodovia SC-438; o Cânion das Laranjeiras, com acesso pela Fazenda Santa Cândida; o Cânion da Ronda, antes do Mirante, à esquerda; o Cânion do Funil, com acesso pela fazenda do senhor Miguel no telefone (49) 99127-1014; e a Cascata Salto do Pelotas, fica na SC-348 em propriedade particular, nesse caso é melhorar contratar um guia.
Caminhos da Neve 95
Roteiro
Catarinense
Mini Pantanal
MARCIO MASULINO
THIAGO DE ANDRADE
Com 40 hectares de lagoas, os peixes nativos fazem a festa. São traíras, lambaris e jundiás que podem ser pescados. Onde: Rodovia BR-282, km 182 – Bocaina do Sul.
TONINHO VIEIRA
Casa dos Anjos
Coxilha Rica
Morro das Antenas
Turismo equestre de alta qualidade com passeios de um a seis dias! Fantástico para novas aventuras. Os caminhos percorrem as antigas trilhas dos tropeiros com subidas e descidas das coxilhas, cruzando matas e rios. Imperdível! Em Lages.
Com 1.450 metros de altitude, o Belvedere oferece uma vista panorâmica da cidade e da Serra. Para chegar lá em cima, uma escadaria serve como caminho. Em São Joaquim. 96 Cidade&Cultura
Com uma subida de aproximadamente 1 km, chega-se ao topo de um dos lugares mais frios do Brasil, o Morro das Antenas é também conhecido como Morro das Torres. Com uma altitude de 1.50 metros, no inverno podemos ver a vegetação branca, a pista escorregadia e a Cascata que congela. Em Urupema. DARIO LINS
Belvedere
De rocha e tijolos, sua construção data de 1980. Aqui, o objetivo maior é encontrar a paz interior, no lar do silêncio. A Casa é um tributo aos Anjos Mensageiros. Onde: Centro – Rio Rufino.
Roteiro
Gaúcho
Parque da Cachoeira
Diversidade
DIVULGAÇÃO
Lindo local para passar o dia junto à natureza. E, como o nome já diz, aqui a grande atração á a linda cachoeira que faz nosso olhos se deslumbrarem com tanta beleza. Em São Francisco de Paula.
UMA DAS PARTICULARIDADES DA SERRA GAÚCHA é a diversidade de atrativos turísticos. Atividades esportivas e de aventura em meio à natureza é o forte de cidades como Cambará do Sul (a cidade dos cânions), São José dos Ausentes (onde se encontra o ponto mais alto do Rio Grande do Sul), Jaquirana e Bom Jardim. São municípios menores e aconchegantes, repletos de trilhas, rios, cachoeiras e cânions. Já nos destinos turísticos como Gramado e Canela você encontra uma série de passeios desenvolvidos pelo trade de turismo local. São diversos parques temáticos muito bem estruturados e, muitos deles, com viés educativo e cultural. Alguns já foram mostrados na 98 Cidade&Cultura
ALEX BOEIRA
Atrativos da serra gaúcha
seção de museus, como o Museu da Moda, uma viagem no tempo e no universo da alta costura, o Museu do Automóvel, entre outros. As cidades de Nova Petrópolis e São Francisco de Paula nos trazem, além dos belos atrativos naturais, um turismo cultural muito interessante, como a Livraria Mirage e o Parque das Esculturas, verdadeiras homenagens às artes literárias e plásticas.
Passo do “S” Em uma formação rochosa em forma de “s”, os passeios a cavalo transpõem o rio de uma margem a outra, a cem metros de uma queda d’água. O local está dentro do Parque Estadual do Tainhas. Em Jaquirana.
Lago São Bernardo
MÁRCIO MASULINO
Local cheio de trilhas onde podemos observar os antigos canos da Usina e ainda desfrutar da cachoeira local. Em Bom Jesus.
ALEX BOEIRA
Antiga Usina Hidrelétrica do Rio Touros
Roteiro de Agroturismo
ALEXANDRE SORNBERGER
É dividido em seis passeios: o Tour do Vale, o Raízes Coloniais, o Quatrilho, o Caminhos Linha Ávila, o Várzea-Serra Grande e o Tour Linha Bella. Em Gramado.
Labirinto Verde Na Praça das Flores, o Labirinto Verde é uma atração imperdível. Os 1.700 ciprestes de dois metros de altura são distribuídos de forma a confundir o aventureiro. Em Nova Petrópolis.
LEONID STRELIAEV
Com uma extensão de 1.900 metros e profundidade de 5 metros, este lago é uma das atrações turísticas mais visitadas da cidade. Destaque para as árvores exuberantes e coloridas, às margens. Em São Francisco de Paula.
Roteiro
Parque da Ferradura Um parque repleto de natureza e locais fantásticos como os mirantes Vale do Arroio Caçador, da Cascata do Arroio do Caçador e Vale da Ferradura. Aqui podemos praticar trekking e montanhismo. Em Canela.
MARCIO MASULINO
CLEITON THIELE
Gaúcho
Lago Negro
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Em um lindo parque, o Lago Negro é muito procurado por seus atrativos. Nele, temos os pedalinhos e no seu entorno a Floresta Negra, trilhas tanto para caminhadas como para bicicletas, lanchonete e banheiro. Em Gramado.
A Mina Túneis de até 80 metros de comprimento de geodos e drusas e pedras preciosas como citrino, ágata e ametista, e quartzos. Em Gramado.
MÁRCIO MASULINO
Bondinhos Aéreos
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Os Bondinhos Aéreos percorrem uma área de 60 hectares e a 750 metros de altitude, ladeia o Vale da Lageana e ao fundo o Arroio Caracol. Local rico em fauna e flora com destaque à Mata de Araucária. A Estação Animal possui trilhas auto-interpretativas e, mais além, a Estação Cascata, como a do Caracol. Em Canela.
Roteiro
MÁRCIO MASULINO
CLEITON THIELE
Gaúcho
Natal Luz de Gramado Na década de 1980, na época do Natal, para incentivar o turismo além da alta estação do inverno, Pedro Bertolucci, o então prefeito, e seu secretário de Turismo, Luciano Peccin, inspirados nas luzinhas que enfeitam as casas norte-americanas, resolveram fazer o mesmo em Gramado, uma cidade com grande potencial para tornar a ocasião um indiscutível atrativo. Porém, para ser grandioso, eles precisavam fazer mais. Então, além de a cidade ficar toda iluminada, acrescentaram músicas natalinas emitidas por alto-falantes e enfeites nos postes. Para o primeiro Natal, o maestro Eleazar de Carvalho realizou um grande concerto, com um coral maravilhoso. Hoje, de apenas uma ideia, passados mais de 27 anos, o Natal Luz em Gramado é o destino certo de muitos visitantes, oferecendo extensa programação que vai de outubro a janeiro. Em Gramado.
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Mundo Gelado do Capitão Jack Este que é o primeiro Parque Temático do Brasil está situado numa caverna de gelo com 140 m² e uma extensão de 40 metros, com temperatura de -10 °C. O parque possui dezesseis esculturas em gelo, mobiliários, animais pré-históricos e réplicas de grandes monumentos do mundo. Em Canela.
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Parque Temático Mundo a Vapor Uma cidade inteira em miniatura, com detalhes incríveis e todas as peças em funcionamento. Não importa a idade, todos sem exceção ficam maravilhados. Em Canela.
Mini Mundo Gramado
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Com inspiração nas crianças que pediam casas em miniaturas, o pequeno presente virou grande atração da cidade. Com cidades inspiradas na Alemanha e Brasil, o que vemos são réplicas perfeitas e encantadoras. Onde: Gramado.
Cristais Gramado
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Desde 2002, essa fábrica de cristais utiliza a mesma técnica de criação dos cristais italianos da ilha de Murano, famosos por suas cores e delicadeza. Em Gramado.
Alpen Park Um lugar cheio de aventuras, com Cinema 4D, quadriciclo, tirolesas, trenó, montanha-russa, videogame 3D, arvorismo, elevador, simuladores de corrida automobilística, entre outros atrativos. Em Canela. Caminhos da Neve 103
Roteiro
Gaúcho
Um incrível parque com dinossauros animatrônicos, que se movem e produzem sons, distribuídos em meio à vegetação. Um passeio ideal para a criançada. Em Canela.
MÁRCIO MASULINO
Vale dos Dinossauros
Atrações infinitas, entre elas: o cinema 7D, o Território dos Dinossauros, o Restaurante Castelo Temático, o Gigante Semeador, a Mini Fazenda de Cacau, a Floresta Mágica, o Mundo Animal, o Guardião da Floresta, o Espaço da Fé, a Mina e a Cascata de Chocolate, a Mina Preciosa e o Django Gan. Em Canela.
MÁRCIO MASULINO
Parque Terra Mágica Florybal
Cenário inédito no Brasil, onde a neve é a grande sensação. Atraçãoes como: Vilarejo Alpino com pista de patinação e decoração que lembra os Alpes Suíços; Mirante Bela Vista com vista privilegiada da Montanha de Neve; e a Montanha de Neve com temperaturas que variam de -5°C e 3°C. Em Gramado.
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Ecoparque Sperry
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Snowland
Situado dentro do Vale do Quilombo, com 20 hectares de área e cortado por três cursos d’água, podemos conhecer cachoeiras, mirantes, pontes, cascatas e cânions percorrendo trilhas demarcadas e seguras. Em Canela. 104 Cidade&Cultura
Neve
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Urupema
Branco como
neve
SINCELO Fenômeno que ocorre quando temos nevoeiro aliado a temperaturas variando de -2 °C a -8 °C, resultando no congelamento de gotas de água em suspensão quando tocam a superfície.
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NOSSO PAÍS É REALMENTE SURPREENDENTE. Conhecido por seu clima tropical, praias paradisíacas e muito sol, sendo um país de temperaturas em geral elevadas e, portanto, com o calor predominando em todo o território nacional, a neve sempre povoou nosso imaginário, despertando curiosidade. Muitos brasileiros viajam para países de clima temperado na época do inverno para desfrutar do prazer de ver tudo branquinho, patinar nos lagos congelados, guerrear com bolas de neve e fazer lindos bonecos com seus braços de gravetos. Mas, como o Brasil possui dimensões continentais, somos agraciados com regiões onde temperaturas baixas propiciam a formação de neve e assim podemos desfrutar de tudo isso sem precisar ir muito longe.
As cidades que compõem os “Caminhos da Neve” proporcionam essa diversão no outono e no inverno. Aqui, as temperaturas beiram o negativo muito facilmente e, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, a região, em seu recorde de temperaturas mínimas, bateu os -9 °C. Entre as dez cidades mais frias do país, cinco pertencem às Serras Catarinense e Gaúcha, sendo São Joaquim a primeira do ranking e Urupema, em graus absolutos. A combinação entre altas altitudes e clima temperado facilita a formação da neve. Alegria para nós, amantes de novos lugares, novos conhecimentos. Então, como uma imagem fala mais do que mil palavras, montamos um mosaico de fotos para aproveitar mais essas lindas paisagens!
MARCUS ZILLI
PABLO GOMES
Regi達o de Lages
Regi達o de Urubici
ALEX BOEIRA
MARCUS ZILLI
Regi達o de Urubici
CLEITON THIELE
Bom Jesus
MARCUS ZILLI
Gramado
Regi達o de Urubici
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São José dos Ausentes
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DIVULGAÇÃO
Gramado CLEITON THIELE
Gramado CLEITON THIELE
PABLO GOMES
Lages Urupema DARIO LINS
Neve
Estrada
Rota
Caminhos da Neve
A cada parada, uma grata surpresa
A IDEIA DA CONSTRUÇÃO DE UMA RODOVIA asfaltada ligando os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, entre as BR-116 e BR-101, vem desde a década de 1990. Lideranças políticas, econômicas e sociais sempre estiveram à frente dessa empreitada, pois é de interesse geral que a ERS-110 seja uma das rodovias mais bonitas do Brasil, e requisitos para isso não faltam. Estamos falando de serras contínuas, cheias de atrativos naturais, históricos, rurais, gastronômicos e, logicamente, da neve. A Rota Caminhos da Neve é crucial para o desenvolvimento econômico dos dois estados, pois, com a pavimentação, serão mais de 700 mil turistas trafegando pelas cidades com um movimento de cerca de R$ 1 bilhão de produção primária. Aqui, os municípios que integram a ERS-110 são responsáveis por mais de 85% da produção de maçãs do Brasil, entre outros produtos de destaque. O objetivo da Rota Caminhos da Neve é interligar Gramado a Florianópolis, pelo caminho mais curto. No 110 Cidade&Cultura
trajeto de pouco mais de 400 km já existem opções turísticas consolidadas, como parques turísticos; museus; cachoeiras; trilhas; os cânions de Aparados da Serra; locais de hospedagem; pontos de vendas de artesanato; comércio de produtos locais; postos de combustíveis; rodeios; cavalgadas; festas municipais e gastronomia. Empreendimentos tanto no Rio Grande do Sul como em Santa Catarina já movimentam produtos e serviços relacionados ao frio. Porém, o verão também gera forte movimento, pois em toda a região já existe uma série atrações. No Rio Grande do Sul, a Rota Caminhos da Neve já está regulamentada pela lei 15.115/2018 e, em Santa Catarina, pela lei 17.295/2017. São legislações que instituíram oficialmente a rota turística no Sul do Brasil e definiram seu território de abrangência. O maior desafio agora é integrar a Rota Caminhos da Neve à Serra Gaúcha, aos Campos de Cima da Serra e à Serra Catarinense. O principal investimento a ser
FOTOS: MARCIO MASULINO
torcida de todos neste momento é que se derrube o veto e que em breve possamos observar o crescimento sustentável do turismo em toda a região. Segue o mapa com as cidades que serão impactadas com a finalização da estrada. As cidades de Cambará do Sul e São José dos Ausentes não constam na lei sancionada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Nós do projeto Cidade&Cultura tomamos a liberdade de incluí-las em nossa publicação, por entendermos a importância e pertinência desses destinos para os turistas.
REPRODUÇÃO
feito é a construção da Ponte das Goiabeiras, entre Bom Jesus, no Rio Grande do Sul, e São Joaquim, em Santa Catarina, e o trecho de asfalto da divisa até Bom Jesus – RS, já que a parte de Santa Catarina está sendo finalizada pelo exército e faltam poucos quilômetros. Recentemente, houve a tentativa de federalizar a estrada para que, com ajuda do governo, enfim a rodovia asfaltada se tornasse uma realidade. Apesar da aprovação da Câmara e do Senado, houve o veto do presidente Michael Temer. A
Bocaína do Sul • Bom Jardim da Serra • Bom Jesus • Bom Retiro • Cambará do Sul • Canela • Gramado • Jaquirana • Lages • Nova Petrópolis • Painel • Rio Rufino • São Francisco de Paula • São Joaquim • São José dos Ausentes • Urubici • Urupema Caminhos da Neve 111
Curucaca - Márcio Masulino
Embaixadores da Cultura
Caminhos da Neve
POR TRÁS DESTAS MARCAS ESTÃO PROFISSIONAIS preocupados com seus negócios, mas com profunda responsabilidade social e conscientes da importância do resgate do patrimonio histórico cultural do município, da valorização da produção artística local, da preservação do meio ambiente e do desenvolvimento de um turismo sustentável que benificie a comunidade como um todo. A estes embaixadores da cultura, todo o nosso respeito e gratidão. Equipe CidadeeCultura.com
Curucaca Hotel curucaca.com.br
Pousada Trinca Ferro pousadatrincaferro.com.br
Serra Bela Hospedaria Rural serrabela.com.br
IL Rifugio ilrifugio.com.br
Urubici Park Hotel urubiciparkhotel.com
Fogo Eterno Pousada fogoeterno.com.br
Pousada das Flores pousadadasfloresurubici.com.br
Boqueirão Hotel Fazenda fazendaboqueirao.com.br
Reserva Faldum Pousada reservafaldum.com.br
Eco Trilhas Serra Catarinense ecotrilhasserracatarinense.com
Rio do Rastro Eco Resort riodorastro.com.br
Villa dos Ventos Hospedagem f/villadosventos
Circuito Cânions e Cascatas circuitocanionsecascatas.com.br
Pousada Cafundó pousadacafundo.com.br
Estalagem da Colina Pousada estalagemdacolina.com.br
Center Hotel Cambará centerhotelcambara.com.br
Cambará Eco Hotel cambaraecohotel.com.br
Aparados Ecoturismo aparadosecoturismo.com.br
Village da Serra Hotel villagedaserra.com.br
H O T É I S
Le Canard Hotéis lecanard.com.br
entos Villa dos
HOSPEDAGEM CONTAINER
Castelli Restaurante e Pub f/castellirestopub
Esculturas Parque Pedras do Silêncio f/esculturasparquepedrasdosilencio
Florybal Chocolate Caseiro florybal.com.br
Embaixadores da Cultura 113
MARCUS ZILLI
Depoimento
VIVER NOVAS EXPERIÊNCIAS VIAJAR, CONHECER NOVOS HORIZONTES, outras paisagens, modos diferentes de se viver e de se compreender a vida... É isso que nos traz sabedoria, nos torna mais compreensivos, nos transforma em pessoas melhores. Viver novas experiências de alma aberta, permitindo que os sentidos aflorem e os receios se esvaiam, é a melhor maneira de aproveitar a imensidão de sensações que as Serras Gaúcha e Ca114 Cidade&Cultura
tarinense nos oferecem. A natureza exuberante de cânions e cachoeiras, caminhos de terra entre pastos, o voo azul da gralha, o andar calmo do gado, tudo isso proporciona paz interior e uma sensação única de se sentir pequeno diante da grandeza do universo e, ao mesmo tempo, feliz por fazer parte desse todo. Aqui, nas terras do Sul, não foram só as belezas naturais que me encantaram, mas a hospitali-
dade desse povo, o amor e o respeito que eles devotam aos seus antepassados. Nas festas e eventos, percebe-se uma criatividade apaixonada que resulta em belos festejos com detalhes caprichosos que contemplam suas tradições. Aos meus irmãos do Sul, minha eterna gratidão pelas experiências vividas que levo dentro de mim. Márcio M. Alves
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