Revista Rio-Santos 101

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Nº23 - R$ 15,00 - BRASIL

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Rio-Santos 101

Guarujá | Bertioga | Riviera | São Sebastião | Ilhabela | Caraguatatuba Ubatuba | Paraty | Angra dos Reis | Ilha Grande | Mangaratiba | Itaguaí






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Editorial

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A RODOVIA RIO-SANTOS É UM TRECHO DA BR-101 repleta de paisagens e lugares cinematográficos. Uma estrada com muitas curvas e agradáveis surpresas. As cidades que a compõem são a tradução da vida caiçara com todos os seus toques charmosos típicos. Verde e azul são as cores predominantes em todos os trechos. A Rio-Santos não é um ponto ligado a outro; a própria rodovia é o atrativo. Muita história, vilas de pescadores, praias intactas, matas preservadas, inúmeras cachoeiras, igrejas centenárias, ilhas incríveis, tudo isso em 496 quilômetros. A velocidade é relativa, o tempo é relativo e, muitas vezes, a volta para casa é relativa. Há muito que explorar. Então, viva essa experiência!

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Conselho Executivo Ana Lúcia F. dos Santos, Edgar Melo, Eduardo Hentschel, Luigi Longo, Luiz H. Miranda, Márcio Alves, Mário Zelic, Ricardo Martins, Roberto Delboux, Roberto Torrubia, Ruy Prado, Sandro Cobello e Thabata Alves Editora Renata Weber Neiva Reportagem Alice Neiva e Nathália Weber Assistente de produção Evellyn Alves Revisão Silvia Mourão CIDADE & CULTURA RIO-SANTOS 101 é uma publicação anual da KM Marketing Cultural PARA ANUNCIAR (11) 97540-8331

Produção Gráfica Rogério Callamari Macadura Produção Digital Strawberry Web Design Produção Audiovisual Super Cinema Fotografias Hugo Sátyro, Fernanda Lupo, Gabriel Toledo, Márcio Bortolusso, Márcio Masulino, Ricardo Martins, Roberto Torrubia e Thiago de Andrade Foto Capa Capa Reprodução tela de Paulo Rene Lopes Impressão Gráfica Silvamarts CONHEÇA O NOSSO SITE www.cidadeecultura.com.br

FOTOS ALEXANDRE ANDREAZZI, FRED CARVALHO, GABRIEL TOLEDO, MARCIO MASULINO, URBANO JUNIOR E SHUTTERSTOCK

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12 104 Índice

52 Arquitetura

8 Linha do Tempo

60 Artes

Momentos decisivos na história

Muitas cores, formas e emoções

12 Histórico

68 Meio Ambiente

Uma saga memorável

O encontro entre o verde e o azul

26 Fortalezas

80 Praias

Defesas de nossas riquezas

Litoral deslumbrante

28 Ferrovias

92 Esportes

Caminhos para o florescimento

O que vale é a emoção

30 Piratas & Corsários

102 Cidade4x4Cultura

O temos das vilas

Caminhos desafiadores

32 Naufrágios

104 Turismo Náutico

Vestígios de uma época

A magia da ilhas

36 Índios

114 Aromas & Sabores

Cultura da terra

Culinária da terra e do mar

38 Quilombolas

118 Gastronomia

A garra de um povo

Onde os ingredientes viram arte

40 Caiçaras

120 Roteiro

O povo do mar

Lugares fantásticos

42 Museus

128 Mapa ilustrativo

Memórias vivas

Rio-Santos 101

46 Turismo Religioso

130 Depoimento

A construção literal de um povo

Belos caminhos

Um templo para consolo

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3 1 - Réplica de embarcações na Fortaleza da Barra Grande - Guarujá; 2 - Cerâmica do Sítio Arqueológico de São Francisco - São Sebastião; 3 - Broche Imperial do acervo da Casa Candeeiro - Itaguaí

Chegada de Martim Afonso de Souza a São Vicente

Construção do Forte São Felipe no Guarujá

1532 1552 8 Cidade&Cultura

Primeiro tratado de paz das Américas: “Paz de Yperoig”

1563

Abertura da Estrada Real

1660

Introdução do café no Vale do Paraíba

Ataques de corsários argentinos na Ilha Grande

1760 1827

FOTOS MÁRCIO MASULINO

Linha do Tempo


Rio-Santos 101

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4 - Roleta que originou o Jogo do Bicho - Museu Municipal de Mangaratiba; 5 - Ruína do ciclo cafeeiro na praia do Sahy - Mangaratiba; 6 - Imagem de Nossa Senhora do Rosário - Museu de Arte Sacra de Angra dos Reis.

Explosão do encouraçado Aquidabã

1906

Pavimentação da Rodovia Tamoios

1957

Ilha Anchieta, em Ubatuba, é transformada em Parque Estadual

1977

Entrega do trecho paulista da Rio-Santos

1985

A Rodovia Rio-Santos é considerada uma das rodovias mais belas do mundo

2016

Rio-Santos 9




Histórico

Arraial Indígena da Vila de Nossa Senhora da Guia de Mangaratiba Capela construída em pedra e cal - 1700 por Luciano Heffner

Uma saga

memorável 12 Cidade&Cultura


Tupinambás Habitantes de parte do litoral brasileiro, povo guerreiro e considerado por muitos estudiosos extremamente selvagens, por sua prática de antropofagia, os tupinambás resistiram fortemente à submissão aos colonizadores. A antropofagia era um ritual religioso, diferente do canibalismo; nele, sacrificavam um adversário corajoso para celebrar o aniversário do cacique ou do pajé. As mulheres comiam as vísceras, as crianças tomavam o sangue e os homens comiam o cérebro para assimilarem a coragem e o espírito do guerreiro abatido. Amantes de ritos espirituais, construíam seus próprios instrumentos, como tambores e flautas.

Significado em tupi do nome das cidades Guarujá: viveiro dos guarus Bertioga: paradeiro das tainhas Caraguatatuba: lugar de muitos caraguatás Ubatuba: lugar de muitas frutas Paraty: rio das tainhas Mangaratiba: lugar de muita banana Itaguaí: enseada das pedras

Parque dos Tupiniquins

MÁRCIO MASULINO

ACERVO MUSEU MUNICIPAL DE MANGARATIBA - REPRODUÇÃO

A COSTA BRASILEIRA, NO SÉCULO XVI, ERA OCUPADA POR VÁRIAS TRIBOS INDÍGENAS DE DIFERENTES TRONCOS DE ORIGEM. Na região de Santos, Guarujá, Bertioga e parte de São Sebastião, habitavam os índios tupiniquins com o cacique Tibiriçá e, exatamente na serra de Boiçucanga (São Sebastião), habitavam seus arqui-inimigos, os tupinambás com o cacique Cunhambebe, que dominava as cidades de Caraguatatuba, Ubatuba, Paraty, Angra dos Reis e Mangaratiba. Após o descobrimento do Brasil, Portugal não se interessou em colonizar de imediato as novas terras descobertas, pois seu objetivo maior era encontrar um caminho para as Índias que não necessitasse passar pelo congestionado Mediterrâneo. Porém, os franceses sob o comando de Nicolas Durand de Villegagnon, que aqui pretendiam instalar a “França Antártica”, viram na costa brasileira dois produtos interessantes: o índio e o pau-brasil. E conseguiram, a muito custo, fazer uma aliança com os tupinambás, que os ajudavam a capturar índios de outras nações indígenas e também a extrair o pau-brasil. Quando da descoberta da prata via Rio da Prata em Potosí, no Peru, Portugal enviou Martim Afonso de Souza com o objetivo de encontrar um caminho pelo interior para achar o tal tesouro e também defender suas terras da abusiva extração da árvore da tinta vermelha, feita pelos franceses. Martim Afonso, chegando à ilha de São Vicente, conseguiu por intermédio de João Ramalho, um degredado que já há muito vivia no litoral vicentino, aliar-se aos tupiniquins.

Ao lado do Forte São João: esse foi o lugar onde os primeiros colonizadores se instalaram. A mando de Martim Afonso de Souza, construíram uma paliçada para se proteger dos índios tupinambás. Onde: Avenida Vicente de Carvalho – Bertioga. Rio-Santos 13


Histórico

Ermida de Santo Antônio do Guaibê

Jesuítas Foram muitos anos de guerras entre tupiniquins e tupinambás ou entre portugueses e franceses. Com a chegada dos jesuítas ao Brasil, o Padre José de Anchieta, assim como os outros, tinha a função da catequizar os índios, pois, na visão católica, eram selvagens e totalmente imorais. Seus feitos foram tantos que Anchieta chegou a ensinar latim para os nativos. Ganhou a amizade e o respeito dos índios e até protagonizou o primeiro tratado de paz das Américas, intitulado “Paz de Yperoig”, lavrado na cidade de Ubatuba em 1563, entre portugueses e tupinambás. O acordo de paz entre portugueses e tupinambás proporcionou um caminho livre de Bertioga até a atual cidade do Rio de Janeiro, local na época tomado pelos franceses. O padre Anchieta e Mem de Sá saíram com reforços e, em 1567, ajudaram Estácio de Sá a expulsar os intrusos.

THIAGO DE ANDRADE

Construída em 1544, em pedra e cal, é um símbolo dos primórdios da colonização brasileira e da dedicação dos jesuítas em catequizar os índios. Aqui, Anchieta escreveu o poema Milagre dos anjos. Onde: ao lado da balsa Guarujá-Bertioga – Guarujá

Companhia de Jesus Em 1540, o basco Inácio de Loyola fundou a Companhia de Jesus com o objetivo de difundir a fé católica pelos mais longínquos recantos do mundo. Os jesuítas, assim chamados, eram privados de todo conforto e ensinados a sobreviver em lugares hostis. Em 1549, desembarcaram no Brasil para catequizar e moralizar os “gentios”, por meio da fé e do trabalho. Foram responsáveis por inúmeros avanços na sociedade brasileira, principalmente ao fundarem as primeiras instituições educacionais do país, além de instalarem culturas alimentares que deram suporte e condições de sobrevivência aos colonos. Também construíram olarias e engenhos que rendiam invejáveis frutos econômicos na época. Com essas iniciativas, tinham conhecimentos e poder sobre os índios, além de produzirem valiosos bens de consumo.

Estátua do Padre Anchieta BERA PALHOTO

No quarto centenário de Ubatuba, foi erigida uma estátua do Padre José de Anchieta no local onde escreveu o famoso poema A virgem, quando era refém dos tupinambás. Onde: Avenida Iperoig – Ubatuba. 14 Cidade&Cultura



Histórico

Fundação das Vilas

REPRODUÇÃO

Reprodução mapa do século XVIII

Em 1502, Américo Vespúcio fez uma viagem pela costa brasileira para avaliar a extensão das terras descobertas por Pedro Álvares Cabral. Conforme descia o litoral, dava nomes a determinados pontos que achava relevantes; muitos desses nomes coincidiam com datas comemorativas dos santos católicos, como Angra do Reis, em referência aos Três Reis Magos, e São Sebastião. O litoral somente começou a ser colonizado a partir da distribuição das Capitanias Hereditárias para seus donatários, que repassaram terras para os sesmeiros. A maioria dos colonizadores ergueu igrejas e engenhos de cana-de-açúcar, com mudas de plantas trazidas pela esquadra de Martim Afonso. Esse foi um projeto ambicioso da Coroa Portuguesa, que deu resultado, pois, apesar do isolamento por via terrestre, por mar esses povoados mantinham intensa comunicação. Com o crescimento da produtividade canavieira, os povoados foram transformados em vilas e, mais tarde, em cidades.

Guarujá

REPRODUÇÃO

A Ilha de Santo Amaro foi ocupada a partir da construção do Forte São Filipe e de uma área destinada à extração de óleo de baleia, na entrada do Canal de Bertioga, e serviu como base para a chegada de escravos contrabandeados. Somente no século XIX, Guarujá ganhou destaque no turismo com a construção da ferrovia Tramway do Guarujá e com uma maior frequência de balsas para Santos. Foi elevada a Vila Balneária em 1893.

Canal de Bertioga

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Pitangueiras

Bertioga Em meio a conflitos territoriais, os colonizadores portugueses estiveram à mercê de toda sorte de acontecimentos. Antes mesmo de Martim Afonso de Souza colocar os pés na futura Vila de São Vicente, a primeira feitoria da Capitania de São Vicente foi erguida em Buriquioca (Bertioga) e, mais tarde, transformou-se em uma paliçada para defender esse ponto estratégico de investidas de índios hostis. Porém, Bertioga ficou subordinada à cidade de Santos até 30 de dezembro de 1991, com status de Distrito.


Batizada por Américo Vespúcio de Ilha de São Sebastião, Ilhabela era utilizada pelos índios como local de escambo de mercadorias e resgate de prisioneiros. Os primeiros colonos montaram dois engenhos de cana-de-açúcar e a ilha também servia de parada para abastecer caravelas e galeões com água e víveres. Foi elevada à categoria de Vila de São Sebastião em 1636.

Igreja Matriz

ACERVO AGNELLO PACHECO

ACERVO AMIGOS DA BIBLIOTECA

Ilhabela

São Sebastião Uma das quinze Capitanias Hereditárias estabelecidas pelo rei Dom João III, doada a Pero Lopes de Souza, a Capitania de Santo Amaro abrangia uma área que ia do Guarujá até o rio Juqueriquerê, em Caraguatatuba. Essa capitania, formada em 1534, dado o isolamento em relação ao planalto, foi pouco desenvolvida, porém, a partir de 1600, colonos e donatários, já estabelecidos na futura São Sebastião, reivindicaram reconhecimento por estarem em uma posição estratégica por conta de seu porto natural. Com isso foi elevada à categoria de vila, em 1636.

Rua Sebastião Silvestre Neves, década de 1920

O povoado de Caraguatatuba, também pertencente à Capitania de Santo Amaro, foi formado entre 1664 e 1665 com a construção da Igreja de Santo Antônio. Em 1693, o povoado foi assolado pela varíola e somente em 1730 é que foi elevado a Vila de Santo Antônio de Caraguatatuba.

Centro

Ubatuba Região habitada pelos tupinambás, após a Paz de Iperoig, Salvador Corrêa de Sá, governador-geral do Rio de Janeiro, agilizou a ocupação da região de Ubatuba onde fundou um povoado em 1637. Em 1728, esse povoado foi elevado a vila, chamando-se Vila Nova da Exaltação da Santa Cruz do Salvador de Ubatuba.

REPRODUÇÃO

REPRODUÇÃO

Caraguatatuba

Ao fundo o Casarão do Porto

REPRODUÇÃO

Paraty

Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito

Povoada pelos indígenas guaianás, essa localidade ficou conhecida por Hans Staden em seu livro História verdadeira e descrição de um país de selvagens, de 1557. Em 1656, Maria Jácome de Melo doou uma sesmaria para a construção de uma capela sob a invocação de Nossa Senhora dos Remédios, no centro de Paraty, apesar de se ter notícias de outra capela mais antiga, situada ao pé da serra, sob a invocação de São Roque. Quarenta e quatro anos depois, Paraty se emancipa de Angra dos Reis e é elevada a vila, sendo reconhecida pela Coroa em 1577, sob o nome de Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty. Rio-Santos 17


Histórico

MÁRCIO MASULINO

Itaguaí

REPRODUÇÃO

Inicialmente, onde hoje se situa Itaguaí, a tribo dos índios ytingas relutou em aceitar a presença dos jesuítas. Muitos conflitos e mortes ocorreram e, em um desses, um índio batizado como José Pires Tavares foi a Portugal pedir à rainha Maria I o reconhecimento das terras de sua tribo, solicitação que obteve sucesso. Ao retornar, o que viu foi um massacre imposto pelos brancos que não pouparam mulheres e crianças indígenas e o fizeram com requintes de crueldade. Em 1818, foi elevada a vila, chamando-se Vila de São Francisco Xavier de Itaguaí.

Angra dos Reis Em 1556, Angra dos Reis, que recebeu este nome por sua imensa beleza e também em homenagem aos Três Reis Magos, começou a ser povoada pelos filhos do capitão-mor da Capitania de São Vicente, Antônio de Oliveira, em frente à ilha da Gipoia. Em 1608, foi elevada à condição de vila, chamando-se Vila dos Reis Magos da Ilha Grande.

Estação Ferroviária de Itaguaí

Hans Staden

Mangaratiba

REPRODUÇÃO

O povoado de Mangaratiba foi criado quando Martim de Sá, em 1620, trouxe para a ilha de Marambaia jesuítas e índios tupiniquins catequizados. Em 1831, foi elevado a vila, com o nome de Nossa Senhora da Guia de Mangaratiba. Sua importância econômica provinha do seu porto cujas funções eram o escoamento de café e o recebimento de escravos.

Ibicuí - 1947

18 Cidade&Cultura

Staden veio ao Brasil duas vezes, a primeira no ano de 1547. Chegou a Pernambuco como artilheiro em nau portuguesa, e a segunda vez, em 1550, estava na armada espanhola destinada a colonizar Santa Catarina (na época, terras da Espanha). Infelizmente, o navio naufragou em Itanhaém, onde Staden foi salvo e encaminhado para São Vicente. Adaptado à Vila que o acolheu, Staden foi nomeado comandante do Forte São João de Bertioga e, em uma batalha, foi aprisionado por Cunhambebe, cacique dos tupinambás que o ameaçaram com o fatídico ritual antropofágico. Foi resgatado por franceses e voltou à sua terra natal (Alemanha). Lá, em 1557, publicou sua experiência nos trópicos em livro, Duas viagens ao Brasil, que se tornou um best-seller, sendo traduzido para o espanhol, o holandês, o latim e o francês. Somente em 1892, houve uma tradução para o português. Seu livro é até hoje uma das principais fontes históricas sobre os índios brasileiros. O primeiro registro de Mambucaba, Angra dos Reis, consta no livro de Hans Staden, de 1557, onde é relatada a existência de uma tribo de tamoios. Com a chegada dos portugueses e após muitas lutas entre eles e os índios, os colonizadores conseguiram se estabelecer e criaram um local para extração de óleo de baleia. No século XIX, foi grande porto exportador de café e importador de escravos. Com a construção da Igreja Nossa Senhora do Rosário, essa vila ganhou importância regional. Foi tombada em 1968, como um dos principais sítios históricos brasileiros, tanto na arquitetura como na urbanização.



Histórico Engenho Central do Bracuhy

FRED CARVALHO

Inaugurada em 1885, esta usina de açúcar, com maquinário europeu, foi considerada na época o engenho mais moderno do Brasil. Onde: Rodovia Rio-Santos, km 114,5 – Angra dos Reis.

Ciclo da cana de açúcar PARA OCUPAR AS TERRAS BRASILEIRAS, PORTUGAL INVESTIU NA CANA-DE-AÇÚCAR COMO FONTE DE RIQUEZA já que tinham experiência nesse cultivo em outros locais, como a Ilha da Madeira, os Açores e São Tomé e Príncipe. A cana foi introduzida nas capitanias de Pernambuco, Bahia e São Vicente, e cinquenta anos depois já existiam mais de 250 engenhos, o que fez do Brasil o maior produtor mundial, entre os séculos XVI e XVII. A produção utilizava mão de obra africana, o que contribuiu em muito para alavancar outro mercado lucrativo: o tráfico de escravos. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro eram, junto com Pernambuco e Bahia, os maiores produtores de açúcar do país. A maioria das cidades que compõem a Rio-Santos, principalmente Paraty e Angra dos Reis, foi erguida sob a égide da cana-de-açúcar. Povoados se formaram com a tutela dos senhores de engenho que faziam de suas fazendas locais de concentração humana. E foi nesse cenário que as vilas se desenvolveram, fazendo dessa monocultura o centro de toda a atividade econômica da época. Hoje, existem traços desse período encravados em ruínas de antigas fazendas e sítios arqueológicos a serem ainda mais bem explorados.

MARCIO MASULINO

Ruínas do Engenho Fazenda Bom Retiro da Lagoinha

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Tombada em 1985, por sua importância histórica como engenho de cana-de-açúcar, possui um grande aqueduto e o que restou das instalações de uma roda d’água. Pertenceu ao engenheiro francês Stevenné, em 1828. Um exemplo da prosperidade de Ubatuba quando seu porto era ponto referencial para a exportação dos produtos do Vale do Paraíba. Onde: Km 72 da Rodovia Rio-Santos, sentido serra - Ubatuba.


SECULT DE SÃO SEBASTIÃO

A Pinga Produto que hoje sobe nos patamares internacionais de bebidas destiladas, a pinga foi, inicialmente, muito criticada e rejeitada pelas altas rodas sociais, tendo a Coroa Portuguesa inclusive proibido o seu consumo. Entre desafetos e amor incondicional, a pinga sobreviveu a tudo e conseguiu seu merecido destaque. Com o passar do tempo, a produção dessa bebida foi aperfeiçoada e, consequentemente, qualificou-a para estar presente em todas as mesas.

Sítio Arqueológico de São Francisco Em uma área de 1,2 milhão de metros quadrados, está uma preciosidade dos tempos iniciais da colonização brasileira. Não se sabe ao certo se o proprietário desse sítio foi Joaquim Pedro, cruel, rico e, segundo a lenda, pactuado com o diabo. No local, vestígios de todas as opulentas construções típicas de um engenho de cana-de-açúcar, com produção de porcelana e atividades correlatas ao tráfico de escravos. Foram muitos objetos encontrados, como drenos d’água, oratório, cachimbos (a maior coleção do Brasil), porcelanas, cabos de panela etc. Autorização para visita: Secretaria de Cultura e Turismo de São Sebastião – (12) 3892-2620.

Paraty preservou essa herança do Brasil colonial que, no século XVIII, chegou a ter mais de duzentos engenhos (uns atuando até hoje). Atualmente é uma das cidades brasileiras com lugar de destaque na fabricação de pinga, além de contar com várias citações históricas, como a do Ouvidor José Antônio Valente, em 1805, que escreve sobre a qualidade da cachaça paritiense: tão boa que não deveria ser moeda de troca na compra de escravos e sim exportada diretamente para a Europa. Em 1908, Paraty ganhou a medalha de ouro na Exposição Industrial e Comercial do Rio de Janeiro, com a Pinga Azuladinha. O sucesso é tanto que todos os anos o “Festival de Típicos e Pinga de Paraty” atrai milhares de pessoas. Esse festival começou na década de 1980, por iniciativa da Associação Comercial e Industrial de Paraty – ACIP, reunindo culinária e produtos artísticos típicos.

MÁRCIO MASULINO

MÁRCIO MASULINO

Cachaçaria Paratiana

Fazenda Santana Um ícone do auge do ciclo da cana-de-açúcar, a Fazenda Santana, datada de 1734, construída com pedra, cal e óleo de baleia, foi administrada por Antônia Maria de Jesus e sua sobrinha Gertrudes, portuguesas que sabiam ler, escrever e eram ótimas negociantes. Foi também uma das primeiras fazendas da capitania de São Paulo. Sua área compreendia do bairro do Pontal da Cruz até a divisa do bairro de São Francisco. Onde: bairro Pontal da Cruz – São Sebastião.

Visite os alambiques Alambique Paratiana Estrada da Pedra Branca, km 1 – (24) 3371-6329/3371-9620. Cachaça Engenho D’Ouro Rod. Paraty-Cunha, km 8 - (24) 99832-7339/99905-8268/ 7812-1543/7812-3290. Pedra Branca Cachaça de Paraty Estrada da Pedra Branca, km 1, 1.100 - (24) 3371-1108/7835-4065. Coqueiro Rodovia Rio-Santos, km 583 – Fazenda Cabral - (24) 3371-0016. Cachaça Maria Izabel Sítio Santo Antônio, s/n - (24) 9999-9908. Cachaça Corisco Estrada do Corisco, s/n - (24) 3371-0894. Rio-Santos 21


Histórico

transpuseram a Serra da Mantiqueira e acharam o que definitivamente transformaria o Brasil em um local cobiçado por muitos, tanto é que, nas últimas décadas do século XVII, o Brasil possuía uma população de colonos de 300 mil habitantes que, no final do século XVIII, tinha aumentado para cerca de 3 milhões.

REPRODUÇÃO - INSTITUTO ESTRADA REAL

Estrada Real – Caminho Velho

Visite a Estrada Real www.institutoestradareal.com.br

Ciclo do Ouro A colonização brasileira, nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, não foi nada fácil, pois, além do clima tropical, suas doenças típicas e os índios, os recursos econômicos eram quase inexistentes. Retirar da terra itens para subsistência também era complicado, porém paulatinamente os esforços dos colonizadores deram resultados. Mas precisavam de mais: queriam a todo custo achar bens preciosos para enriquecer, como ouro e pedras preciosas. Foi então que os chamados bandeirantes, vindos das terras de São Paulo de Piratininga, conseguiram finalmente achar, no final do século XVII, veios de ouro e minérios preciosos, em Minas Gerais. Esses audaciosos exploradores 22 Cidade&Cultura

Na era pré-cabralina os índios goiaminins que viviam no alto da Serra do Falcão usavam uma trilha que chegava até Paraty, onde pescavam e tomavam banho, importante ritual para eles, por acharem que a água do mar era curativa. Martin Correia de Sá, em 1596, seguiu por esta trilha para desbravar o interior. Em 1660, a mando de Salvador Correia de Sá, foi aberto definitivamente este caminho que ligava o Rio de Janeiro a São Paulo de Piratininga, pois ir pelo mar até a Vila de São Vicente era muito perigoso pelas condições do tempo. Quando da descoberta do ouro, a Coroa Portuguesa restringiu as vias até Paraty e este foi o único acesso autorizado pela Coroa Portuguesa para o transporte da carga preciosa - Caminho Velho. Garcia Rodrigues Paes de Betim conseguiu identificar um caminho mais curto que ligava Ouro Preto ao porto da cidade do Rio de Janeiro para o transporte de ouro – Caminho Novo. Sendo assim, Paraty ficou fora desta nova etapa de escoamento. A Estrada Real cruza 162 cidades em Minas Gerais, 8 no Rio de Janeiro e 7 em São Paulo. Atualmente, a maior parte do calçamento em pedras do Caminho Velho está conservado. Iniciando a jornada no bairro dos Penha encontramos atrativos que registram os momentos de fausto da região e que compõe a Estrada Real: Igreja Nossa Senhora da Penha, Poço do Tobogã, Bebedouro Pinga-Pinga, ruínas da Provedoria do Registro, Lagoa Seca, Rolador do Zé Migué (local de ataque feitos por bandidos às cargas de ouro) Largo do Governo (local de reorganização de tropas) e ruínas da Casa dos Quintos (local de pesagem e cobrança de 1/5 de impostos sobre o valor do ouro). O termo “Quinto dos infernos” é uma referência a época, quando os portugueses que vinham ao Brasil na busca de ouro, voltavam para Portugal e contavam que aqui era um inferno devido ao calor e aos mosquitos. Então, quando chegavam os impostos de ouro, diziam: “lá vem o quinto dos infernos”. Onde: Rodovia Paraty – Cunha - Paraty


THIAGO DE ANDRADE

Com o declínio do ouro, as cidades que compõem a estrada Rio-Santos viram sua economia, voltada ao abastecimento dos tropeiros e à prestação de serviços, estagnar o que as fez retomar a produção de açúcar. Por volta de 1760, o café começou a ser introduzido no Vale do Paraíba. Foi uma transformação enorme para as cidades que viam a pujança econômica de volta, com estradas cheias de carregamentos e um intenso movimento de pessoas ligadas diretamente ao cultivo do café e o dinheiro gerado por ele. Porém, com o uso do solo de forma imprópria e a transferência do cultivo do café para terras menos “cansadas”, no oeste paulista, esse virtuoso ciclo econômico no Vale do Paraíba encontrou seu término no final do século XIX. Com isso, mais uma vez as cidades que compõem o cenário da Rio-Santos caíram no isolamento. A cultura caiçara se fortaleceu e os itens produzidos nessas cidades – farinha, banana e pescados – eram levados para as cidades de Santos e Rio de Janeiro e trocados por gêneros de primeira necessidade.

MÁRCIO MASULINO

Ciclo do Café

Vila Histórica de Mambucaba Seu primeiro registro está no livro de Hans Stadem, de 1557 onde relata a existência de uma tribo de tamoios. Com a chegada dos portugueses e muita luta entre eles e os índios, os colonizadores conseguiram se estabelecer e criaram um local de extração de óleo de baleia. No século XIX foi grande porto exportador de café e importador de escravos. Com a construção da Igreja Nossa Senhora do Rosário, esta vila tomou importância regional. Foi tombada em 1968, como um dos principais sítios históricos brasileiros tanto na arquitetura como na urbanização. Onde: Praia de Mambucaba - Angra dos Reis.

ROBERTO TORRUBIA

Tropeiros Para qualquer produção em grande escala existem os serviços intermediários que acabam se transformando em outras valiosas fontes de desenvolvimento. No caso do ouro e do café, temos a figura do tropeiro, importante profissional que, do fim do século XVIII até o auge do ciclo cafeeiro, era o responsável pelo transporte de toda a produção. O tropeirismo pegou literalmente as rédeas e colocou em circulação todos os itens produzidos. Valendo-se do lombo de muares que atravessaram o país levando gêneros de subsistência, também foram um significativo fator de fundação de muitas vilas brasileiras. E, mesmo nos tempos em que o Brasil não se destacou com produtos no comércio exterior, os tropeiros fizeram circular grandes volumes de mercadorias para consumo interno. Rio-Santos 23


Histórico

Um grande empreendimento inglês colocou Caraguatatuba no mapa das exportações. A toranja (grapefruit) e a banana atingiram seu auge nos anos 1930, quando havia mais de quatro milhões de bananeiras. A Fazenda dos Ingleses ou de São Sebastião, da The Lancashire General Investment Company (Grupo Vestey), com sede em Londres, possuía 4 mil alqueires, chegou a ter 4 mil residentes e uma linha férrea interna. Foi produtiva entre 1927 e 1939 e exportava diretamente para a Inglaterra. Sua decadência veio com a Segunda Guerra Mundial, quando os ingleses foram obrigados a repassar as terras. Onde: Caraguatatuba.

SHUTTERSTOCK

ARQUIVO ARINO SANT’ANA DE BARROS

Fazenda dos Ingleses

O turismo Com a decadência da cultura canavieira e do café, as cidades do trajeto Rio-Santos se limitaram por muitos anos apenas a culturas como a banana e a mandioca que eram levadas por canoas, como a de voga, para os portos mais próximos: Santos e Rio de Janeiro. Com a mudança de hábitos e a busca por refúgios afastados dos grandes centros urbanos, paulatinamente essa faixa litorânea foi sendo redescoberta por abastados empresários e fazendeiros do interior que aí construíram casas e ranchos à beira-mar. Mais tarde, as pousadas começaram a salpicar aqui e ali e, depois, chegaram as redes hoteleiras e os resorts. O maior avanço para o desenvolvimento turístico foi a construção de rodovias, como a Tamoios e a própria Rio-Santos. Porém, o turismo não floresceu apenas pelas belas paisagens que o mar e a mata desenham, mas também pelo tesouro histórico e cultural guardado, à espera de reconhecimento. As vilas coloniais de Paraty, as fortalezas espalhadas pela região, os faróis, as igrejas e suas imagens sacras, ruínas de antigas fazendas e engenhos, as lendas e o folclore são importantes atrativos turísticos. Uma cultura extremamente rica que carrega toda a herança dos bravos colonizadores, dos temíveis índios e do trabalho incansável dos africanos. Uma mistura que deu certo e representa um povo cada vez mais orgulhoso de suas origens. 24 Cidade&Cultura



Fortalezas

Defendendo

MÁRCIO MASULINO

Fortaleza da Barra Grande

nossas riquezas

DESDE A DESCOBERTA DO BRASIL E SUAS RIQUEZAS NATURAIS, NOSSO LITORAL FOI ATACADO por diversas nações em busca de novas matérias-primas, como pau-brasil, ouro e pedras preciosas, além de mão de obra entre os índios. Com isso, muitas foram as construções destinadas à defesa do território contra investidas estrangeiras, que também serviam de refúgio diante do ataque de índios adversários. Estratagemas eram constantemente utilizados, principalmente em canais naturais como os de Bertioga e São Sebastião, onde eram erguidos fortes dos dois lados para melhorar a eficiência da defesa. Essas construções, hoje preciosas instalações históricas, apresentam muitos patamares de conservação e com elas podemos ter uma noção mais abrangente de sua importância estratégica ao visitarmos cada uma delas.

Fortaleza da Barra Grande e ruínas do Fortim do Góes Depois de um ataque, em 1583, desferido pelo corsário inglês Edward Fenton à Vila de Santos, o rei Felipe I mandou construir a Fortaleza da Barra Grande para defender a entrada da Vila. Já o Fortim do Góes foi erguido em 1767, com o objetivo de barrar o desembarque de inimigos na praia do Góes, que dá acesso por terra à Fortaleza da Barra. Hoje abriga acervo referente à época e réplicas de galeões e naus. Onde: Praia de Santa Cruz dos Navegantes e do Góes – Guarujá. 26 Cidade&Cultura

Forte dos Andradas Última fortaleza construída no país, o Forte dos Andradas, datado de 1942, guarda em suas instalações a 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea. As visitas são monitoradas. Onde: Rua Horácio Guedes Barreiros, km 3,5 – Guarujá.

Ruínas do Forte São Felipe O Forte São Felipe foi construído a mando de Brás Cubas, em 1552, com o intuito de assegurar que a entrada do Canal de Bertioga fosse salvaguardada junto ao Forte São Thiago, localizado do outro lado do canal. Onde: ao lado da travessia da balsa Guarujá-Bertioga – Guarujá.

Forte Vera Cruz ou do Itapema Datado do século XVI Onde: Distrito de Vicente de Carvalho Guarujá.


FERNANDO MUCCI MÁRCIO MASULINO

Forte da Feiticeira Forte Defensor Perpétuo Inaugurado em 1822, o forte recebeu o nome de “Defensor Perpétuo” em homenagem a Dom Pedro I. Foi construído devido aos conflitos na época da Independência do Brasil, dada a iminência de um ataque da Coroa Portuguesa, vindo pelo litoral. Atualmente abriga um espaço para o acervo de antigas peças do forte e canhões das guerras napoleônicas, vendidos ao Brasil. Há também objetos oriundos de antigas fazendas, como um tronco de escravos, um carro de boi, entre outros artefatos. Aberto de terça a domingo das 9h às 12h e das 14h às 17h. Onde: Morro da Vila Velha – Paraty.

Datado de 1820, defendia a costa em fogo cruzado com o Forte Araçá, em São Sebastião. Onde: Praia da Feiticeira – Ilhabela.

Forte do Rabo Azedo De 1820, cruzava artilharia com o forte Sepetuba, de São Sebastião. Onde: Ponta Azeda – Ilhabela.

Forte Ponta das Canas Construído em pedra e cal, era destinado à defesa e à extração de óleo de baleia. Onde: parte noroeste – Ilhabela.

Forte da Sepetuba De 1820, erguido para defender o Canal de São Sebastião. Onde: Ponta do Arpoador – São Sebastião.

Forte do Araçá Conhecido como Forte do Araxá ou Forte da Ponta de Guaecá, também foi construído em 1820. Cruzava artilharia para a defesa do Canal de São Sebastião. Onde: Ponta do Guaecá – São Sebastião.

MÁRCIO MASULINO

Forte da Ponta do Leme

Forte São João Aqui, no entorno do Forte São João, na Bertioga, está um dos locais onde desembarcaram e permaneceram os primeiros colonizadores dessa região. Inicialmente uma simples paliçada, o forte sofreu vários ataques de índios. Onde: Avenida Vicente de Carvalho – Bertioga.

Em 1911, na praia dos Macieis, ergueu-se esse forte. Os canhões ali instalados pertenceram ao encouraçado Riachuelo. Onde: entre a praia da Fazenda e o píer da Petrobras – Angra dos Reis.

Quartel da Patitiba Construído no início do século XVi. Onde: Largo Santa Rita - Paraty.

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Ferrovias Praia Grande Mangaratiba

Caminhos para o

florescimento

DIVULGAÇÃO

O IMPERADOR DO BRASIL DOM PEDRO II QUERIA UNIR SEU IMPÉRIO com a modernidade da época: as ferrovias. Para isso, em 1855, o governo contratou o engenheiro inglês Edward Price para elaborar o ambicioso projeto, tendo como centro de irradiação a capital do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro. Sob a direção de Christiano Benedicto Ottoni, a Companhia de Estrada de Ferro D. Pedro II deu início às obras que ligariam inicialmente o Rio de Janeiro a Belém, com ramais interligando o interior do país. No sul fluminense, a estrada de ferro era um lindo passeio pelas praias de Itaguaí e Mangaratiba, serpenteando a orla marítima e proporcionando momentos únicos de lazer aos passageiros. Atualmente, serve para levar a produção de minério de ferro até o Terminal Portuário Ilha Guaíba, em Mangaratiba.

FOTOS MARCIO MASULINO

Ferrovia D. Pedro II – Central do Brasil

Estação Ferroviária de Itaguaí Inaugurada em 1910, servia para transporte de cargas e passageiros para a cidade do Rio de Janeiro; foi desativada em 1980. Restaurada em 2005, abriga a Casa de Cultura de Itaguaí com livros doados por Dom Pedro II. Aberta de segunda a sexta das 9h às 17h. Onde: Rua Ismael Cavalcante, s/n – Itaguaí.

Estação Itacuruçá Inaugurada em 1911 e restaurada em 1992, abriga o acervo “Memória do Trem”, uma biblioteca e eventos culturais. Aberta de segunda a sexta das 8h às 16h. Onde: Avenida Santana, 80 – Praia de Itacuruçá – Mangaratiba.

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Piratas & Corsários

O temor

das vilas

O CLIMA ROMÂNTICO QUE CERCA OS PIRATAS E OS CORSÁRIOS ESCONDE A REALIDADE DE TRIPULAÇÕES CRUÉIS e sem escrúpulos que, desde a antiguidade, assolam os sete mares. A pirataria sempre foi um dos maiores obstáculos da economia global e, com ela, nações são destruídas. Com a descoberta do ouro nas Américas, no século XVI, o Atlântico viu-se recheado de ladrões dos mares. Com a série de filmes Piratas do Caribe foi possível conhecer um pouco mais desse universo, logicamente com o toque do glamour hollywoodiano. No litoral dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, muitos desses invasores vieram com força total, acabando com 30 Cidade&Cultura

vilas inteiras e deixando em seu rastro um clima de mistério que até os dias de hoje nos deslumbra. Exemplos dessas impetuosas visitas não foram esquecidos, principalmente na Ilha Grande e em Ilhabela. Essas ilhas eram portos seguros para abastecer os navios com água potável e víveres pilhados dos habitantes. Constantemente, esses abrigos naturais serviam de escudo para o desembarque de contrabando e como esconderijo de tesouros roubados. A pirataria dessa época era regida por códigos de honra e uma disciplina inconteste. O Atlântico Sul foi palco de muitas investidas e tragédias, tamanha a crueldade desses algozes.


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Praia do Bonete Em Ilhabela, reza a lenda que o povoado da praia do Bonete, composto de pessoas de olhos claros, é descendente de incursões piratas na ilha.

Praia do Caxadaço Um refúgio para embarcações, essa praia situada na Ilha Grande foi local de desembarque de piratas e traficantes de escravos. A Pedra da Espia era o local de vigilância dos infratores.

Jorge, o corsário Na baía da Ilha Grande, a ilha Jorge Grego foi refúgio do corsário grego após um naufrágio.

Thomas Cavendish Esse corsário a serviço do governo inglês atacou a Ilha Grande em 1591 e planejou todo o ataque a Santos, em Ilhabela. Devastou todas as vilas que encontrou pela frente e assassinou de forma cruel seus habitantes, poupando poucos.

Saco do Sombrio

Edward Fenton

Local onde supostamente foi enterrado o Tesouro de Trindade (Tesouro de Monte Cristo), riqueza esta roubada por corsários de galeões espanhóis repletos de ouro e prata do Peru. Até hoje existe uma busca frenética pelo tesouro em várias ilhas no Atlântico brasileiro e o local com mais chance para sua existência é o Saco do Sombrio.

Perseguiu a canoa onde estava o Padre Anchieta, que teve de atracar em Ilhabela para se esconder, e depois atacou a vila de Santos.

FOTOS DIVULGAÇÃO

Anthony Knivet

Thomas Cavendish

Após um naufrágio, Knivet, tripulante de Thomas Cavendish, virou escravo da família Correa de Sá e conseguiu sobreviver aos índios em Ilhabela. Teve seu relato publicado em As incríveis aventuras e os estranhos infortúnios de Anthony Knivet.

Jean-François Duclerc Corsário francês e comandante de uma armada destinada a atacar o Rio de Janeiro para saquear navios portugueses que levariam o ouro de Minas Gerais a Portugal, Duclerc foi preso no Rio de Janeiro e assassinado de maneira misteriosa.

Pirata Borges Convento São Bernardino de Sena O local original desse convento ficava na parte mais baixa do centro de Angra dos Reis. Diante de um ataque do pirata Jean-François Duclerc, os franciscanos tiveram de mudar o convento para um local mais alto, longe das balas de canhão de futuros ataques. Conta a lenda que, quando Duclerc atacou a vila de Angra, o próprio São Bernardino agarrou com as mãos uma bala de canhão, evitando assim a morte de muitos habitantes.

Até hoje, em Ilhabela, onde esse pirata português se estabeleceu, é possível encontrarmos muitas escavações feitas ao redor de sua antiga casa por caçadores de tesouros. Há uma trilha para chegarmos às ruínas dessa antiga fazenda de cana-de-açúcar e de tráfico de negros, porém há de se tomar cuidado: só vá de dia e com guia. Onde: Fazenda da Toca – Ilhabela.

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Naufrágios

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Vestígios DIVULGAÇÃO

de uma época

Príncipe de Astúrias Considerado um dos mais trágicos naufrágios no Atlântico Sul, o Príncipe de Astúrias afundou em 1916. Era o fim de uma noite de carnaval a bordo, quando se escutou um enorme estrondo: o Astúrias tinha batido em uma rocha na Ponta da Pirabura. Esse navio de passageiros tinha deixado o porto de Barcelona com destino a Santos. Seu comandante era o experiente José Lotina. Ao perder o rumo em meio a uma severa tempestade, seu navio chocou-se contra a rocha, provocando um rasgo de 44 metros no casco. Em minutos afundou, deixando quinhentos mortos. Os que se salvaram foram resgatados pelo vapor francês Veja e escaleres, que deixaram muitos nos rochedos em terra. Em meio a essa tremenda tragédia, um nome se destacou por sua bravura: a nadadora Marina Vidal que resgatou, no mar revolto, muitos passageiros. Muito ouro, joias e peças de arte foram a pique e repousam submersos. A Ponta da Pirabura, segundo moradores mais antigos, é um lugar considerado amaldiçoado, pois mais de cem desastres já ocorreram no local. Onde: Ponta da Pirabura – Ilhabela. 32 Cidade&Cultura

É PRECISO NAVEGAR E DESCOBRIR NOVOS MUNDOS, MAS HÁ QUE SE RESPEITAR AS FORÇAS DA NATUREZA. Desde os ancestrais polinésios, o homem empreendeu a navegação e, com um remo e uma canoa, atravessou nada mais, nada menos do que o oceano Pacífico. Os fenícios elevaram a arte de navegar a um novo patamar e, mais tarde, a Escola de Sagres (Portugal) foi o passo decisivo para a descoberta do Novo Mundo, estendendo-se definitivamente por todo o globo. Porém, tudo tem um preço, e às vezes esse preço é alto demais, custa vidas. Desde sempre ouvimos falar de navios afundados, o que nos traz uma sensação mais para filmes do que para a realidade. Isso até que deparamos com testemunhos de pessoas que sobreviveram a um naufrágio ou que ajudaram a salvar vidas nessas circunstâncias. Ou quando temos a oportunidade de conhecer um navio repousando sob uma imensa massa d’água, com seus destroços e objetos que um dia foram de alguém. São marcas inesquecíveis que despertam sentimentos contraditórios. De um lado, a fascinação; de outro, a certeza de que aquele monumento esquecido foi um dia algo esplendoroso. Para a maioria das histórias de afundamento, as condições do tempo foram decisivas na tragédia. Tempestades e nevoeiro, uma combinação explosiva que fez navios se extraviarem, se chocarem e rapidamente irem a pique. Na costa da Rio-Santos, foram tantos que é possível elaborar uma lista.


Vapor Campos Quando se fala em Segunda Guerra Mundial, o que se imagina é um conflito distante de nós, assim como a famosa referência à tomada do Monte Castelo. Ledo engano. Essa guerra se prolongou até nossa costa e a frota brasileira de navios sofreu muitas baixas com torpedos disparados de navios e submarinos alemães e italianos. As mortes também foram incontáveis e, indignado com esse conflito em mar-alto, o povo brasileiro se exaltou e entramos declaradamente na guerra ao lado dos Aliados. Ao sul de Alcatrazes jaz um desses exemplos, o vapor Campos, da Cia. de Navegação Lloyd Brasileiro, torpedeado pelo navio alemão U-170, em 1943. Seu naufrágio deixou um saldo de dez tripulantes e dois passageiros mortos. Do início do conflito mundial até essa data, foram mais 34 embarcações brasileiras afundadas pelo Eixo. Onde: cinco milhas ao sul de Alcatrazes.

Monumento aos Mortos do Encouraçado Aquidabã

Guarujá Charrua Carioca – 1859; Denderah – 1929; e Yannik – 1961 Bertioga Monchão – 1947 e Monte de Trigo – 1947 São Sebastião Negreiro – 1853 (Alcatrazes); Victória – 1905; Petrel – 1915 (Alcatrazes); Sombrio – 1940 (Ilha Montão de Trigo); Alina P – 1991; Comércio Marítimo - 1828 Ilhabela Duarte – 1865; Crest – 1882; Dart – 1884; MSN – 1900; Playmobil – 1900; Atílio -1905; France – 1906; Velasquez – 1908; Hathor – 1909; Guarani – 1913; Príncipe de Astúrias – 1916; Therezina – 1919; Aymoré – 1920; Sigmund – 1920; Tritão – 1921; São Janeco – 1929; Rosa – 1942; Campos – 1943 (ato de guerra); Miudinho – 1950; Iguassu – 1958; Concar – 1959; e Urucânia – 1960. Ubatuba Caroline – 1852; Princesa Amélia – 1857; Navita – 1944; e Maria – 1950

Monumento aos Mortos do Encouraçado Aquidabã Era o ano de 1880 quando o ministro da Marinha, Almirante José Rodrigues de Lima Duarte pediu à Câmara dos Deputados a modernização da Marinha Imperial. Foram comprados do estaleiro inglês Samuda & Brothers, dois encouraçados, os mais avançados da época: o Riachuelo e o Aquidabã. O Aquidabã entrou em ação em momentos históricos decisivos, como na Revolta da Armada, em 1893, e no combate de Anhatomirim, em 1894. Em 1906, em Angra do Reis, nosso bravo encouraçado sofreu uma explosão e afundou. Foram 212 homens mortos entre a tripulação e uma comitiva ministerial. O Brasil comoveu-se com tamanha tragédia. O Aquidabã está submerso a uma profundidade entre oito e dezoito metros; na costa foi erigido, em 1913, o Monumento aos Mortos do Aquidabã. Onde: Ponta do Pasto – Ponta Leste - Angra dos Reis.

Paraty Paulista – 1913; Rio Macahuan – 1921; e Piraúna – 1951 Angra dos Reis Rio de Janeiro (Califórnia) – 1853 (Ilha Grande); Bezerra de Menezes – 1891; Aquidabã – 1906 Comandante Manoel Lourenço – 1927 (Ilha Grande); D.O.N.G – 1942 (Ilha Grande); Márcia – 1952 (Ilha Grande); e Pinguino - 1967 Uma grande oportunidade de conhecer objetos resgatados em naufrágios é visitar os museus que possuem acervo específico, a saber: Museu dos Naufrágios e Biologia Marinha Onde: Avenida Vereador Antônio Borges, 1905 – (12) 3862-6936 - Praia Grande - São Sebastião. Museu Náutico de Ilhabela Onde: Rua José Bonifácio, s/n° - (12) 3896-3757 - Bairro da Água Branca – Ilhabela.

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FONTE: SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE NAUFRÁGIOS – CARLOS ARRUDA ACCIOLY E MAURÍCIO CARVALHO

Em 1859, o charrua Carioca naufragou entre a Ilha de Santo Amaro e a Ilha das Cabras, e os moradores da praia da Enseada recolheram os corpos dos tripulantes. Hoje, onde está localizado o Grande Hotel, foi construída a Capela de Santa Cruz e enterrado o capitão-tenente Antônio Miguel Pestana. Dos 87 embarcados, apenas 34 sobreviveram.

MARCIO MASULINO

Charrua Carioca




ALEXANDRE ANDREAZZI

Índios

36 Cidade&Cultura


Cultura da terra COM A VALORIZAÇÃO DE NOSSAS RAÍZES E A VIVÊNCIA DE CULTURAS TRADICIONAIS, as comunidades indígenas, quilombolas e caiçaras se transformaram em atrativos turísticos e culturais. Essa valorização, mesmo que tardia, é um reflexo do desenvolvimento e do entendimento turístico de uma região. Por meio dessas culturas é que todas as outras se sustentam. São por meio desses conhecimentos, transmitidos de geração em geração, que o antigo se torna atual.

Índios Apesar de todas as atrocidades cometidas contra as nações indígenas brasileiras, muitas tribos resistiram ao contato com os homens brancos e preservam até os dias de hoje suas crenças, costumes e língua. Muitas aldeias, espalhadas pelas cidades da Rio-Santos, recebem visitantes com guias. Nessas visitas podemos conhecer o artesanato, o cotidiano, as ocas, o cacique, o pajé, além de trilhas por lugares sagrados e paradisíacos na Mata Atlântica.

Aldeia Sapukai Onde: Estrada dos Índios, s/n - Bracuhy FUNAI (24) 3362-6686 – Angra do Reis.

TATYANE DE ANDRADE

MÁRCIO MASULINO

Aldeia do Ribeirão Silveira Onde: Praia de Boraceia – (13) 99173-6777 / 99770-2424 / 98131-5454 - Ber tioga São Sebastião.

HUGO SATYRO

Bracuhy Onde: Bairro do Bracuhy – Angra dos Reis.

Aldeia Boa Vista do Sertão do Prumirim Onde: Bairro do Prumirim - Fundart (12) 3832-7732 – Ubatuba. Arandu Mirim Onde: Saco do Mamanguá - FUNAI (24) 3362-6686 – Paraty. Araponga Onde: Parque Nacional da Serra da Bocaina - FUNAI (24) 3362-6686 – Paraty. Aldeia Parati-Mirim Onde: Estrada Paraty-Mirim, s/n - (24) 3371-4047 – Paraty. Rio Pequeno Onde: Estrada do Rio Pequeno - (24) 99985-6983 – Paraty. Rio-Santos 37


A garra de um povo Uma das fases mais tristes de nossa história começou no século XVI, com a expansão do cultivo da cana-de-açúcar e a descoberta do ouro, quando a mão de obra indígena não mais satisfazia as necessidades do mercado por muitos motivos, um deles sendo a redução drástica da população por conta de doenças. Foi nesse contexto que o comércio de escravos vindos da África começou a florescer de tal modo que a escravidão no Brasil só foi extinta em 1888, pelas mãos da Princesa Isabel, quando da assinatura da Lei Áurea. As cidades que compõem a Rio-Santos possuíam muitos engenhos de cana-de-açúcar e, mais tarde, de escoamento das safras de café. Como estavam localizadas no litoral, também eram rotas de desembarque de escravos. Após a promulgação de

lei que determinava o fim do tráfico de negros africanos, em 1831, o contrabando de escravos tornou-se mais uma significativa atividade de comércio ilícito que enriqueceu muitos fazendeiros e traficantes. Localidades como a praia do Guaiúba, no Guarujá, a praia de Castelhanos, em Ilhabela, e a Ilha Grande receberam inúmeros negros contrabandeados. Rotas terrestres eram abertas na clandestinidade e milhares de cativos eram levados continente adentro para destinos incertos. No litoral norte de São Paulo e no sul do litoral do Rio de Janeiro, a cultura afro-brasileira reina imperiosa com descendentes que a preservam e cujos valores transmitem a toda a sociedade por meio de sua religião, danças, quilombos, vestimentas e de sua própria história.

Parque Ambiental e Arqueológico da Praia do Sahy Na praia do Sahy, em Mangaratiba, há um complexo arqueológico que reúne casa-grande, pátio, e, segundo pesquisas de Mirian Bondim, da Fundação Mário Peixoto, esse local era uma grande fazenda produtora de açúcar, ativa desde 1771, de propriedade de Manuel Antunes Susano, e local de “engorda” de escravos. Destaque para a casa, uma grande construção na Fazenda do Gago, bem preservada. Onde: Praia do Sahy – Mangaratiba.

38 Cidade&Cultura

HUGO SATYRO

Quilombolas


Campinho da Independência

Quilombo Camburi Constituído por cinquenta famílias, originou-se de escravos fugidos de fazendas de São Paulo e do Rio de Janeiro, liderados pela escrava Josefa, isto há mais de 150 anos. No local ainda é preservada a “Toca da Josefa”. Segundo documentos, havia uma propriedade denominada Fazenda Cambory, produtora de cana-de-açúcar. Com o declínio da cana, a fazenda perdeu seu valor comercial. Atualmente, o ecoturismo e o turismo de aventura são importantes fontes de renda para os quilombolas, pois sua localização é privilegiada em meio à Mata Atlântica e perto de praias maravilhosas. Na mata, os visitantes podem percorrer trilhas de todos os níveis de dificuldade e que levam a lindos lugares, como a Toca da Josefa, a divisa dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a cachoeira do Rio do Cedro, e os mirantes. No mar, oferecem-se passeios de barco por locais perfeitos para a prática de mergulho, piscinas naturais, praias de difícil acesso, a Ilha das Couves e os cercos flutuantes de pesca. Os guias são capacitados para dar ao turista e ao esportista toda a segurança necessária. Agendamento: Núcleo Picinguaba: (12) 3892–9062 - Ubatuba

TATYANE DE ANDRADE

Originário da antiga Fazenda Independência, foi formado pelo esforço de três irmãs escravas, Antonica, Luíza e Marcelina, ex-bordadeiras e tecelãs para os senhores brancos. No fim da escravidão, as irmãs receberam terras e hoje o quilombo está na quinta geração, com 150 famílias. Em 1999, veio a legalização das terras e o reconhecimento como Comunidade Quilombola, considerado modelo de organização com a implantação de uma economia solidária e agricultura autossustentável. Possui escola municipal, a Igreja de São Benedito, uma unidade de saúde, restaurante (premiado pela revista Veja), casa de artesanato, casa de farinha, atividade de contação de histórias com griôs e roteiro cultural. Onde: Rodovia Rio-Santos, km 589 - (24) 3371-4823 – Paraty.

Quilombo da Marambaia Localizado na ilha de Marambaia, esse quilombo reúne 258 famílias, e as terras onde hoje vivem foram doadas pelo comendador Breves, o maior escravagista brasileiro. Breves utilizava o local como fazenda de “engorda” de escravos. Essa triste realidade hoje atua como fonte de inspiração para os descendentes que mantêm viva a cultura com danças ao som dos tambores e de sua história. Onde: Ilha de Marambaia.

Quilombo Santa Rita do Bracuí Originário da Fazenda Santa Rita do Bracuí, doada em 1877 por seu proprietário, o comendador José Joaquim de Souza Breves, hoje é habitado por 300 famílias que preservam sua história por meio da prática do jongo, de relatos dos mais antigos e do desenvolvimento comunitário. Um grande atrativo é a Capelinha de Santa Rita de Bracuí, construída a mando de Souza Breves. Onde: Estrada Santa Rita, 1 – Bracuí – Angra dos Reis.

Da fazenda desmembrada de José Antunes de Sá, em 1881, surgiram os primeiros posseiros da área, ex-escravos. Com o tempo e as disputas de terras, diminuiu sensivelmente a quantidade de moradores desse quilombo, hoje com apenas 19 famílias, dedicadas à agricultura familiar, à pesca, à coleta de mariscos e ao cultivo da banana. O ecoturismo também é explorado de forma sustentável, com capacitação de monitores. Onde: Praia Quilombo da Caçandoca – Ubatuba.

TATYANE DE ANDRADE

Quilombo Caçandoca

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Caiçaras

O povo do mar Trindade

“CAIÇARA”, EM TUPI ANTIGO KA’AYSÁ (OU KA’AYSARA) CERCA RÚSTICA FEITA DE GALHOS, é o nome do povo que se originou no litoral dos estados do Paraná e São Paulo e no sul do Rio de Janeiro. Uma mistura bem temperada de índios, negros e brancos. Para alguns, um povo anfíbio, que passa dias no mar e dias na terra. O caiçara se adaptou às intempéries, à revolta do mar, à fechada Mata Atlântica, à aspereza da areia e até às picadas do mosquito-pólvora! Em casas simples, vivem e crescem em lugares que, à primeira vista, parecem o paraíso, mas só eles sabem os caprichos da natureza, quando a frente fria vem chegando, os ventos sopram cada vez mais fortes, as ondas invadem as praias, os raios caem e a frenética busca de abrigo. Por isso, são os melhores meteorolo40 Cidade&Cultura

gistas. Sabem o dia certo de colocar o barco no mar e rezam para Iemanjá e São Pedro Pescador. Entendem o perigo da raia-gigante que, como a brincar, derruba os barcos como castelos de cartas. Quantas vidas se perderam no mar... então o respeito por ele vem em primeiro lugar. Tecer a rede, assar grandes quantidades de tainha, saborear a ostra tirada da pedra, fazer a farinha enquanto a criançada cata siri. Sim, a natureza é caprichosa, mas o caiçara também é, se enfeita paras as festas do Divino, para o encontro com outras comunidades, dança e canta e reza, e dentro dessa mistura racial sabe viver com o vai e vem das ondas e o farfalhar das árvores da mata. Nessa região, são inúmeras as vilas caiçaras tradicionais, cada uma delas com suas características próprias.


Comunidades caiçaras Guarujá Praias Branca, Guaiúba e Perequê São Sebastião Toque-Toque Grande, São Francisco e Ilha Montão de Trigo Ilhabela Bonete, Castelhanos e ilhas de Búzios e Vitória Caraguatatuba Praia do Camaroeiro Ubatuba Picinguaba e Almada Paraty Trindade, Ilha do Araújo, praia de Tarituba, Pouso da Cajaíba e Ponta Negra Angra dos Reis – Ilha Grande Comunidade Lopes Mendes, praias do Aventureiro e Provetá

Praia das Astúrias - Guarujá

Mangaratiba Conceição do Jacareí e iIlha Itacuruçá

FOTOS MÁRCIO MASULINO

Itaguaí Ilha da Madeira

Mercado de peixe - Paraty

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MARCIO MASULINO

Museus

Memórias vivas

Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba

OS MUSEUS SÃO A REPRESENTAÇÃO CLÁSSICA DO NOSSO PASSADO. Sem eles, ou melhor, sem as pessoas que se dispõem a reunir acervos e coleções, não teríamos memória. E um povo sem memória é um povo fadado ao não desenvolvimento.

MARCIO MASULINO

Museu João Ramalho – Forte São João Originalmente erguido como Forte São Thiago no século XVI, e reconstruído no século XVII sob o nome de Forte São João, o local é um paraíso para os visitantes que sentem no ar como era a vida de nossos intrépidos colonizadores, na luta contra índios, piratas e corsários. Em ponto estratégico na entrada do Canal de Bertioga, protegeu durante séculos o caminho mais curto para se chegar à Vila de Santos. Atualmente, muitas peças de artilharia, vestimentas e mobiliário se encontram em seu interior. Aberto de segunda a domingo das 9h às 17h. Onde: Avenida Tomé de Souza, s/n – Bertioga.

Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba Um grande aglomerado de atividades culturais compõe este museu que conta com uma exposição permanente sobre a história do município expressa por meio de fotos, objetos documentários e documentos; a Sala Caiçara com representação do cotidiano caiçara, com moradia e casa de farinha típicas; e a Sala de Exposição com mostras artísticas culturais. Aberto de segunda a sexta das 9h às 17h30. Onde: Praça Doutor Cândido Motta, 72 – Caraguatatuba.

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MARCIO MASULINO

Museu “Joias da Natureza” Um dos maiores acervo de mineralogia da América do Sul, o “Joias da Natureza” é voltado às ciências naturais, com peças de mais de 150 países, expostas em ambientes diferentes. São fósseis, rochas, lava de vulcão, um ovo de dinossauro de 100 milhões de anos, entre outras curiosidades. A interatividade é mais uma das atividades que estão sendo implantadas nos museus. Além de visitas monitoradas, aulas, palestras e debatas atraem os jovens tornando o museu em um espaço dinâmico. Onde: Morro do Maluf, 210 – Guarujá.

MARCIO MASULINO

Museu Histórico “Washington de Oliveira” Primeira cadeia da cidade, projetada por Euclides da Cunha, considerada Patrimônio Histórico Municipal, hoje abriga um museu com peças arqueológicas, mobiliários, documentos e objetos pessoais de Madre Glória e do farmacêutico Washington de Oliveira. Onde: Praça Nóbrega, 8 – Ubatuba.

DIVULGAÇÃO

Museu Náutico de Ilhabela Um acervo riquíssimo, principalmente de peças de naufrágios, como cristais, faianças, pratarias, entre outros, datados a partir do século XVIII, e maquetes dos principais navios naufragados na região. Apresenta a história e algumas partes de escafandros, além de mais de 1.500 peças resgatadas ou compradas de caiçaras. Onde: Rua José Bonifácio, s/n – Água Branca – (12) 3896-3757 – Ilhabela.

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Museus Acervo do Museu das Conchas

Museu Municipal de Mangaratiba Instalado no Solar do Barão do Sahy, esse museu contém em seu acervo mobiliários, fotografias, objetos e documentos que retratam a rica história da cidade. Onde: Coronel Moreira da Silva, 173 – Centro.

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FOTOS MARCIO MASULINO

Um grande acervo de conchas do mundo todo, inclusive exemplares oriundos da Grande Barreira de Corais, na Austrália. Do colecionador Mário José Breves Rodrigues Peixoto, roteirista, diretor e poeta. Atualmente, o acervo está à disposição no Centro Cultural Cary Cavalcanti. Onde: Rua Fagundes Varela, 146 – Mangaratiba.



Turismo religioso

Um templo FOTOS MÁRCIO MASULINO

para consolo MAIS DO QUE TEMPLOS CATÓLICOS, AS IGREJAS SÃO MARCOS HISTÓRICOS de um tempo em que os colonizadores só tinham a fé como refúgio. Um braço consolador para a coragem de viver em um mundo desconhecido e cheio de adversidades. Um lugar longínquo, com doenças, índios e animais selvagens. E, sob o teto dessas construções, é que se criaram a bravura e a intrepidez de um povo desbravador. Ao conhecermos as cidades que compõem a Rio-Santos, podemos observar que, na maioria das praias, sempre há uma capelinha erigida a um santo protetor. O isolamento da época fez com que pequenas vilas se formassem e aí constituíssem um povoado. A mata e o mar eram essencialmente a vida e a sobrevivência dessa gente. Não importa o tamanho do templo, mas sim o que eles significavam – e ainda significam – para a fé desses habitantes.

46 Cidade&Cultura


Convento de Nossa Senhora do Carmo e Capela da Ordem Terceira Os carmelitas construíram esse convento entre 1613 e 1617. No ano de 1710, a torre do edifício foi destruída pelo corsário francês Jean François Duclerc. A capela da Ordem Terceira do Carmo foi fundada em 1620. Tombada pelo IPHAN em 1944. Onde: Rua do Comércio – Angra dos Reis.

Igreja e Convento de São Bernardino de Sena e Capela da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência Construída em 1652 pelos franciscanos, foi bombardeada em 1710 pelo corsário francês Jean François Duclerc. Então, em 1722, os franciscanos construíram outra no alto do morro, inaugurada em 1763, com doação de uma pia batismal e do cruzeiro pelo rei Dom José I de Portugal. Onde: Rua Bernardino de Sena – Morro do Santo Antônio – Angra dos Reis.

Igreja de Nossa Senhora da Lapa e de Nossa Senhora da Boa Morte e Museu de Arte Sacra

Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição Concluída em 1750, a pia batismal foi confeccionada em pedra de lioz, calcário raro da região de Lisboa, Portugal. Foi tombada pelo IPHAN em 1954. Onde: Praça General Silvestre Travassos – Angra dos Reis.

Erigida em 1752, a igreja de Nossa Senhora da Lapa abriga o mais importante Museu de Arte Sacra do estado do Rio de Janeiro. Esse museu possui mais de dois mil itens datados entre os séculos XVII e XX, originários de irmandades extintas, de igrejas da Ilha Grande e de acervos particulares. Criado em 1992, representa toda a fé de tempos longínquos e atuais e preserva a riqueza e a importância do catolicismo em toda região. Aberto de terça a domingo das 10h às 12h e das 13h30 às 17h. Onde: Largo da Lapa – Angra dos Reis.

Rio-Santos 47


Turismo religioso

A mais antiga de todas de Paraty é a Igreja de Santa Rita, construída em 1722 por pardos livres, sob a invocação do Menino Deus, de Santa Rita e de Santa Quitéria. É um dos mais famosos cartões-postais da cidade. Abriga também o Museu de Arte Sacra, com peças entre os séculos XVII e XX. E o cemitério ao lado possui grandes achados arqueológicos. Aberto de terça a domingo das 9h às 12h e das 14h às 17h. Onde: Largo de Santa Rita – Paraty. MÁRCIO MASULINO

MÁRCIO MASULINO

Igreja de Santa Rita

Igreja Nossa Senhora das Dores

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Conhecida como “Capelinha”, datada de 1800. Onde: Rua Fresca, s/n - Paraty.

Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios

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De grandes proporções para a época, essa igreja começou a ser construída em 1787 e foi terminada somente em 1873. Em estilo neoclássico, destacam-se as imagens de antigas capelas anteriores e já demolidas, a pia batismal do século XVII e as imagens da Semana Santa em tamanho natural. Aberta de segunda a sexta das 9h às 12h e das 13h às 17h30. Aos sábados das 8h às 12h e das 13h às 16h. Onde: Praça Monsenhor Hélio Pires – Paraty.

Igreja Matriz Nossa Senhora D’Ajuda Erguida pelo vigário Manuel Gomes Pereira Marzagão, em 1706, a Igreja de Nossa Senhora D’Ajuda e Bom Sucesso está localizada no morro do Baepí. Seu interior é ricamente adornado, com piso em mármores espanhol, mineiro e catarinense. Onde: Praça Professor Alfredo Oliani, 53 – Ilhabela.

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Matriz de São Francisco Xavier

WELLINGTON ALVES

HUGO SATYRO

Marco da fundação de Itaguaí, essa igreja foi construída pelos jesuítas com pedra e óleo de baleia, e exibe um frontão neoclássico na fachada principal. Com constantes ataques de piratas à vila, a igreja foi construída em um local mais alto, longe da artilharia pesada dos navios e, como rota de fuga, cavaram um túnel até a praia; no caso de uma invasão ao edifício, era possível salvar os sacerdotes e as imagens sacras. Onde: Praça Dom Luís Guanella, 136 – Itaguaí.

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia

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Um luta que começou em 1780, sua construção deveria substituir a antiga igreja sob invocação de Nossa Senhora da Conceição. Porém, por falta de verbas, somente em 1876 é que a Matriz pôde ser utilizada, mesmo assim inacabada. Foi concluída somente em 1940. Onde: Avenida Dona Maria Alves, 125 – Ubatuba.

Igreja Matriz Santo Antônio de Caraguatatuba Erigida em meados do século XVII, foi oficialmente fundada em 1840. Onde: Praça Doutor Cândido Motta – Caraguatatuba.

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Igreja Matriz Exaltação da Santa Cruz

Datada de 1797, essa construção possui fachada em azulejos portugueses e em seu altar-mor encontra-se a imagem original de Nossa Senhora da Guia, confeccionada em madeira no estilo barroco. Onde: Rua Marechal José Caetano, 125 – Mangaratiba.

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MÁRCIO MASULINO

Turismo religioso

Convento de Nossa Senhora do Amparo Construído pelos franciscanos, datado de 1664, essa edificação quebra as regras tradicionais das construções portuguesas. É composta de igreja e convento e abriga imagens de mais de 300 anos, como as de São José, São Judas, entre outros. Onde: Rua Lourenço Ruvisi, s/n - São Sebastião.

Capela de São Gonçalo Datada do fim do século XVII, abriga o Museu de Arte Sacra de São Sebastião com um acervo importantíssimo, foi tombado em 1969. Onde: Rua Sebastião Silvestre Neves, s/nº - São Sebastião.

Igreja Matriz de São Sebastião

SECRETARIA DE TURISMO DE SEBASTIÃO

Marco do início do povoado, esta igreja é datada de 1603. A cidade cresceu ao seu redor e com ela vieram outros elementos fundamentais à sua elevação a vila. Construída em pedra, cal e óleo de baleia, é um símbolo do Brasil colonial. Foi tombada em 1970, pelo Condephaat. Onde: Praça Major João Fernandes, 122 – São Sebastião.

BERA PALHOTO

Padroeiros

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Guarujá – Nossa Senhora de Fátima e Santo Amaro Bertioga – São João Batista São Sebastião – São Sebastião Ilhabela – Nossa Senhora D’Ajuda Caraguatatuba – Santo Antônio Ubatuba – São Pedro Paraty – Nossa Senhora dos Remédios Angra dos Reis – Nossa Senhora da Conceição e São Benedito Mangaratiba – Nossa Senhora da Guia Itaguaí – São Francisco Xavier



Arquitetura

A construção literal

de um povo

A ARQUITETURA É UM DOS GRANDES ELEMENTOS QUE COMPÕEM A CULTURA DE UM POVO. Nela estão inscritos componentes regionais fundamentais para a estruturação de vilas, cidades, estados e nações. Por meio dessas construções, podemos conhecer detalhes de vários ciclos econômicos e sociais. Passear pelas vilas históricas das cidades do trecho Rio-Santos é entender as dificuldades do início da colonização, a necessidade de agrupamento social, a preponderância da fé e, sobretudo, a discrepância de classes em um único quarteirão.

Primeiras edificações brasileiras Benfeitorias Construções feitas de estacas fincadas na terra, denominadas paliçadas, com propósito de defesa e que também serviam de entreposto, de demarcação de território e depósito de mercadorias. Essas construções, chamadas benfeitorias, se distribuíam esparsamente ao longo do litoral brasileiro, e foram as primeiras construções do homem branco no país. 52 Cidade&Cultura

Um exemplo é o Forte São João, em Bertioga, que se originou de uma benfeitoria.

Vilas As primeiras vilas foram constituídas com a chegada de Martim Afonso de Souza, e da instituição das Capitanias Hereditárias. Foram nomeados sesmeiros, erguidas casas de Câmara e Cadeia, igrejas, fortes, alfândegas e delegados cargos aos “homens bons” com poder administrativo e judiciário. As vilas possuíam traçado geométrico e o centro irradiador era a igreja, sempre erigida em local de destaque, demonstrando a importância política e religiosa dos novos colonizadores. No século XVI, os únicos recursos construtivos eram o que a natureza podia fornecer. Então, a madeira, o barro, a cal (retirada dos sambaquis), a pedra e o óleo de baleia eram os materiais disponíveis. Vários métodos foram criados ou trazidos do Velho Mundo para as edificações, entre eles a taipa-de-pilão, o adobe, o pau-a-pique, entre outros. São inúmeros exemplares preservados de grande magnitude, principalmente nos centros históricos.


MÁRCIO MASULINO

Antigo Prédio dos Correios - Angra dos Reis

Centro Histórico de Paraty

Centro Histórico de Paraty

MÁRCIO MASULINO

Tombado pelo IPHAN, segundo a UNESCO o Centro Histórico de Paraty é o conjunto arquitetônico colonial mais harmonioso do Brasil. Foi planejado por engenheiros militares portugueses aos moldes das cidades lusitanas. São 31 quarteirões preservados que hoje abrigam diversos comércios que mantêm as construções originais, preservando o glamour como em um cenário de época. Um elemento interessante é o calçamento da vila, todo feito em pedras pé-de-moleque. Estas pedras, trazidas de Portugal, impediam que as mulas carregadas de ouro atolassem. Realmente é uma viagem no tempo, sempre ao som de boa música, lindas lojas e restaurantes fantásticos.

Centro Histórico de Ilhabela TATYANA DE ANDRADE

Local pitoresco e colorido que exibe muitos exemplares do período colonial, como a Colônia dos Pescadores, a Câmara Municipal e a antiga Cadeia.

CELSO MORAES

Centro Histórico de São Sebastião São construções feitas em pedra, óleo de baleia e cal em sete quarteirões com três edificações bem representativas da época colonial: a Igreja Matriz, a Casa de Câmara e Cadeia e a Casa Esperança. Em 1937, o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, em 1969 o CONDEPHAAT, e em 1993, a Divisão de Patrimônio Histórico – PMSS tombaram o Centro Histórico de São Sebastião por sua importância no contexto histórico brasileiro.

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Arquitetura

Casarão do século XVIII, considerado a segunda edificação da cidade. Onde: Rua General Bocaiuva, 754 – Itaguaí.

MÁRCIO MASULINO

MÁRCIO MASULINO

Candeeiro

MÁRCIO MASULINO

Câmara Municipal Datada de 1628, marco da fundação da Vila no centro de Angra dos Reis. Onde: Praça Nilo Peçanha – Centro – Angra dos Reis.

Casa do Patrimônio de Paraty Data de construção desconhecida. Onde: Praça Monsenhor Hélio Pires – Paraty.

No Centro Histórico de Paraty, além da preservação de ruas e casarios, observamos em algumas edificações de esquina símbolos restaurados que foram feitos por maçons com o objetivo de mostrar que Paraty, grande centro econômico do século XVIII, era um local de domínio maçônico. Não somente símbolos, mas as proporções das casas também são uma mostra disto. 54 Cidade&Cultura

GABRIEL TOLEDO

Símbolos maçons


Sobrado do Porto Erguido em 1846. Onde: Praça Exaltação da Santa Cruz, 38 – Centro – Ubatuba.

Símbolos de riqueza e tradição, essas casas são marcos de um período de fausto e traduzem o poderio econômico do século XIX. Neles, podemos ver a introdução de elementos arquitetônicos importados do continente europeu, como gradis, azulejos hidráulicos, ferro batido e frontão.

MÁRCIO MASULINO

Solares

Casa Laranjeiras

MÁRCIO MASULINO

Construída em 1822, para a família Laranjeiras. Hoje abriga o Centro de Cultura Popular. Onde: Praça Zumbi dos Palmares, s/n – Angra dos Reis.

MÁRCIO MASULINO

Arquitetura Moderna Acompanhando as transformações políticas e econômicas brasileiras das décadas de 1940 e 1950, temos, no Guarujá, o edifício Sobre as Ondas que introduz seu vigor estético na orla da praia de Pitangueiras. Em sua concepção, não era apenas um edifício residencial; possuía características inovadoras, com salão de festas, salão de jogos e um terraço grandioso, entre outros elementos. Sua suntuosidade lhe rendeu o prêmio na Trienal de Milão e também no IV Congresso Panamericano de Arquitetura, em Lima, Peru. Sua curvatura insinua um “abraço” no mar, conferindo-lhe ímpar beleza, razão pela qual é um dos cartões-postais da cidade. Onde: Avenida General Rondon, 30 – Guarujá. Rio-Santos 55


Arquitetura Urbana

Desenvolvimento

sustentável Riviera de São Lourenço

PAULA SAN

EM 1979, AS EMPRESAS PRAIAS PAULISTAS S/A E A CIA. FAZENDA ARACAÚ JUNTO À SOBLOCO CONSTRUTORA S/A colocaram em prática o sonho de construir, em uma área de nove milhões de metros quadrados, um bairro/cidade com diretrizes sustentáveis em uma época em que poucos pensavam na importância de agregar valores de preservação ambiental e construção civil. Os arquitetos Oswaldo Correa Gonçalves e Benno Perelmutter projetaram o Plano Urbanístico. Coube à Sobloco o planejamento do uso e ocupação do solo, definindo as restrições urbanísticas como recuos e taxas de ocupação, o planejamento dos cuidados am56 Cidade&Cultura


Amigos do Bairro, que aloca mais de 500 profissionais, entre engenheiros, biólogos, técnicos e outros para os serviços de manutenção e segurança. Outra iniciativa que representa significativo avanço na questão da sustentabilidade é a gestão de resíduos. Mensalmente, a Associação dos Amigos coleta e destina corretamente cerca de 22 toneladas de resíduos recicláveis, que deixam de se avolumar nos aterros da cidade. O bairro investe ainda em projetos de responsabilidade social, mantendo há mais de 20 anos um Programa de Educação Ambiental com as escolas do município e a Fundação 10 de Agosto, que leva educação e cultura para jovens e crianças da comunidade.

bientais, a estruturação jurídica, a arregimentação dos recursos, a realização das obras e a comercialização. Em 36 anos de implantação a Riviera manteve-se fiel ao seu projeto original. O projeto é reconhecido internacionalmente por suas iniciativas de sustentabilidade, visando conciliar o desenvolvimento econômico e social com a preservação do meio ambiente. O Plano reservou cerca de 2,6 milhões de m2 para áreas verdes e institucionais, quase 1/3 de sua área total. Sistemas de tratamento de água e esgoto foram implantados, evitando-se qualquer tipo de poluição do solo ou das águas. Um laboratório de controle ambiental exclusivo do bairro monitora diariamente a qualidade das águas do local (água do mar, efluentes de esgotos, águas dos canais de drenagem e balneabilidade do mar). Toda a infraestrutura e operação do sistema de saneamento da Riviera foi executada com investimento privado e é operada e mantida pela Associação de

DIVULGAÇÃO

UCHA ARATANGY

Planejamento que deu certo Atualmente, a Riviera possui duas mil casas, duzentos e dez edifícios, shopping center, restaurantes, hipermercado, escolas, consultórios médicos, campo de golf, centros hípico e de tênis e ciclovia, reunindo no verão mais de 70 mil pessoas. O bairro/cidade, ocupa menos do que 1,8% da extensão territorial de Bertioga, é responsável por praticamente 50% de sua arrecadação de IPTU, emprega mais de 5 mil pessoas diretamente e outras milhares, indiretamente. A Riviera de São Lourenço recebeu a certificação ISO 14001 em dezembro de 2000 para o seu Sistema de Gestão Ambiental, que significa o reconhecimento internacional de que o empreendimento é desenvolvido de forma ordenada e com alto respeito ao meio ambiente.

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Artes

Muitas formas,

cores e emoções FOTOS DIVULGAÇÃO

A MAIOR FORÇA DE EXPRESSÃO DO SER HUMANO É A ARTE. Por meio dela, muitas revoluções foram feitas, paradigmas caíram e novas maneiras de olhar o mundo foram desenvolvidas. Em telas, muros, livros, troncos de árvore, bonecos e instrumentos, o artista é o elemento fundamental da evolução. Risos, lágrimas, alegrias e tristezas resumidas em uma mente criadora que transborda para o exterior e nos faz sentir as belezas da vida.

Festa Literária Internacional de Paraty – FLIP Desde 2003, Paraty se tornou o centro brasileiro da literatura com a criação da Feira Literária Internacional de Paraty – FLIP, pela Casa Azul, que traz aos amantes da leitura um universo aberto e cheio de novidades. Palestras, debates, oficinas e principalmente a aproximação do público com autores nacionais e internacionais. Vale dizer que Paraty por si só é um convite à arte e o enredo desse Festival tornouse um sucesso por todas as atrações que oferece. A Flip acontece entre os meses de junho e julho, com datas anuais a conferir. 60 Cidade&Cultura

Patrícia Dutra Gibrail Graduada em Desenho Industrial pela Faculdade de Belas-Artes, além de telas coloridas e esculturas também cria objetos de decoração e souvenirs com design exclusivo. As cores e as formas das obras, inspiradas nas colchas de retalhos e crochê de sua mãe, misturam-se ao jardim da casa, proporcionando ao visitante uma experiência singular. Onde: Rua Comendador José Luiz, 375 – (24) 999999942 – Centro Histórico – Paraty.


Atelier Aracati Um trabalho de extrema exatidão no corte em moedas de todas as nações e épocas, cujo resultado se assemelha ao da filigrana. Fernanda Strino e Marcelo Dalto correram o mundo levando sua arte e resolveram se estabelecer em Paraty, uma cidade que respira arte. Onde: Rua Dona Geralda, 211 – (24) 99843-4508 – Centro Histórico – Paraty.

Teatro de Bonecos de Paraty O grupo “Contadores de Estórias” foi fundado em 1971, por Marcos e Raquel Ribas, e desde então já montou inúmeros espetáculos pelo globo afora. São desde bonecos gigantes até minúsculos, com uma exímia precisão de movimentos, sem a utilização de fios ou varetas. Estão instalados no Teatro Espaço. O elemento lúdico, misturado com a realidade do cotidiano simples, e por vezes cruel, cativa o espectador que segue junto com os personagens em histórias envolventes sobre um mundo distante dos costumes urbanos. Onde: Rua Dona Geralda, 327 – (24)3371-1575 – Paraty.

Paulo Rene Lopes Morador da pacata cidade de Paraty, sempre gostou de arte desde criança e sempre gostou de mexer com cores: “Afinal, o segredo de uma boa arte está nas cores, essa é minha opinião. E Paraty me proporcionou isso, as cores das portas dos casarios, a fauna, a flora, o mar, a montanha; não existe inspiração melhor que essa... e tudo isso jogado pra tela...”. Onde: Rua da Matriz, 11 – Centro Histórico – (24) 3371-1570/3371-2342 – Paraty.

Paulo de Lira Ex-professor do SENAC, com várias exposições individuais, Paulo participa ativamente de exposições no Brasil e no exterior. É membro do Ateneu Angrense de Letras e Artes, da Sociedade Brasileira de BelasArtes e da Internacional Writers and Artists Association. Premiado com medalha de Nação Convidada no 6ème Salon International de Beauregard, na França, agraciado com o título de Cidadão Angrense e com a medalha Tiradentes da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Em suas obras, a natureza e a cultura são os temas principais. Onde: Praça Stella Maris, 5 – Balneário – 3365-3665 – Angra dos Reis. Rio-Santos 61


Artes

Cia Casa Verde A Cia Casa Verde é um grupo de teatro do município de Itaguaí e seu nome se dá pela localização na região da Costa Verde. É também uma homenagem ao grande escritor Machado de Assis que em seu conto O Alienista que se passa em Itaguaí criou a casa de orates chamada Casa Verde. Contato: (21) 2688-2287 - Itaguaí

Da tradicional família Breves, Mário Peixoto, nascido em 1908, desde cedo foi um cidadão do mundo, com muitas idas à Europa, sempre com mente aberta para a arte. Em 1928, junto com amigos, frequentou o Chaplin Club, quando publicam a revista FAN. Mário volta à Europa em 1929, com interesse pela arte cinematográfica. Na França, inspira-se e ali mesmo começa a escrever o filme Limite, lançado em 1931, até hoje considerado um dos melhores filmes nacionais. Escreveu muitos livros e faleceu em 1992. A cidade de Mangaratiba possui um grande acervo de objetos de Mário Peixoto no Museu Municipal.

Marcelo Firmino Morador da praia do Saco, Marcelo era pintor de fachadas de hotéis e, em um dos resorts locais, viu algumas peças esculpidas em madeira que lhe chamaram a atenção. Curioso, tentou esculpir toras de madeira e percebeu sua vocação. Sua especialidade são animais, e acredita que esculpe animais porque é um apaixonado por eles, pois sempre viveu em meio à natureza e seu sonho de criança era ser biólogo. Suas peças encantam pelos detalhes e pela coloração sempre fiel. Onde: Rodovia Rio-Santos, km 43 – trevo da Estrada São João Marcos – (21) 98049-9160 – Mangaratiba.

Messias Neiva Citado no Dicionário dos Artistas Plásticos Brasileiros, Messias Neiva viajou o mundo inteiro e expôs suas obras nos Estados Unidos e na França. Há quadros seus no Congresso Nacional, na Embaixada da Costa do Marfim e no Copacabana Palace. Apesar de seu sucesso, Messias possui personalidade simples e ama receber visitas para um bom bate-papo em seu ateliê. Onde: Conceição de Jacareí – (21) 99767-1689/99905-8268/986455474 – Mangaratiba.

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Mário Peixoto



Artes Miguel Arthuro

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Autodidata, é especialista em pintura a óleo em estilo moderno-contemporâneo. Seus trabalhos têm influências abstracionistas, expressionistas e cubistas, suas prediletas, pois representam a liberdade de criação que pendula entre o figurativo e o abstrato, com uma finalidade plástica expressiva. Medalhas e menções honrosas no Brasil, prêmio de Melhor Obra Estrangeira na Vermar Emérita Art, em Portugal, e Medalha de Prata no importante XII Salão de Artes da Escola Superior de Guerra (ESG), em 2012. Contato: miguelarthuro.wix.com/home; miguelarthuro@hotmail.com; facebook.com/art.miguelarthuro; @art.miguelarthuro – (21) 97594-0788 – Mangaratiba.

Ennio Ângelo Bertoncini Pintor, escultor, ceramista e ilustrador, Ennio é exímio conhecedor da arte cinematográfica, da ourivesaria e da litogravura. Além de exposições no Brasil, participou do Salão Pro-Adopt em Wildenbruch, Alemanha. Por seus trabalhos junto aos cidadãos de Caraguatatuba foi homenageado com o nome de uma rua da cidade. Contato: (12) 3884-2071 – Caraguatatuba.

Carlo Cury Arquiteto e arte-educador, seu potencial criador se manifesta na ampla diversidade de materiais. Em 2012 descobriu a cerâmica como um rico caminho para criar mecanismos visuais nos quais pode aprofundar seus diálogos com aquilo que costumamos chamar de realidade. Surgem assim figuras como santos católicos, uma série de esculturas de caiçaras e o projeto de máscaras das 305 etnias das nações indígenas do Brasil. O encantamento dessas peças está no sutil rebuscamento de cada uma delas. Contato: (12) 3882-4829 – Caraguatatuba.

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Antônio Carelli Com 90 anos, Carelli morou nos anos 1950 em Paris e conviveu com os gênios da arte Pablo Picasso, Andre Lhote, Albert Gleizes, Gino Severini, Simon Segall, Ossip Zadkine, Henri Matisse e Fernand Léger, considerado o renovador da tradicional técnica do mosaico, que Carelli adaptou para a modernidade: uma grande façanha, destacada pela crítica de arte francesa da época e pelo Museu Bourdelle de Paris que organizou uma ampla mostra de suas obras com grande sucesso. Em Caraguatatuba, o mar, as montanhas e a mata atlântica o impressionam e aumentam seu vigor compositivo e a vontade de cada dia pintar mais. Agora, sua pintura está cromática, repleta de luminosidades azuis, verdes, amarelas e vermelhas. Contato e mais informações: artecarelli@ig.com.br; spinelli.joao@ig.com.br – Caraguatatuba.

Fanfarra Municipal Comunidade Alaor – FAMCAL A FAMCAL é composta de sessenta integrantes, que dedicam parte do seu tempo em prol da boa música e da integração social. Com mais de 40 anos de história, já conquistou vários títulos, como o Campeonato Estadual de Fanfarras em 2011, campeã das cidades do Rio de Janeiro, Taubaté e São José dos Campos. A FAMCAL tem como responsável o músico e instrutor de fanfarras Marcos Silveira dos Santos, com 32 anos dedicados a essa corporação. Contato: marcosemingo@hotmail.com – Caraguatatuba.

Walkyria Muzzi Rocco Professora, decoradora e ilustradora, iniciou suas atividades artísticas só em 2010, participando de várias exposições coletivas em São Sebastião e na Ilhabela. Conquistou cinco premiações no Salão de Arte Waldemar Belizário. Realizou quatro exposições individuais, a última com 45 obras sobre Ilhabela. Contribuiu com três ilustrações para a obra Príncipe de Astúrias, do escritor Jeannis Michael Platon. Construiu uma maquete em relevo de Ilhabela, de 100 cm x 80 cm. Hoje experimenta a escultura em argila. Contato: (12) 3862-0813 – Ilhabela.

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Artes

Gilda Pinna

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Nasceu em Ilhabela, numa família de artistas. Já muito jovem desenhava e pintava. Aos 18 anos, faz suas primeiras exposições em Ilhabela. Viaja para a Europa, radicando-se na Espanha, em Cadaqués. Ali, começa uma verdadeira carreira artística estudando com Salvador Dalí e faz cursos no Museu com o mesmo nome do pintor, em Figueiras (Girona). Aprimora-se em várias técnicas de pintura e realiza muitas exposições, como na Galeria Cledalique, e faz com o mestre uma exposição no museu de Cadaqués, onde tem uma obra exposta. Expõe também na Suécia, na Espanha, na França e em Portugal. Foi convidada a participar como artista brasileira em mostra comemorativa dos 500 anos do descobrimento do Brasil, em Portugal, em 2000. Desde então expõe regularmente naquele país e em vários locais da América do Sul. Onde: Rua Benedito Mazagão, 22 – Ilhabela.

Mônica Moraes Formada em Publicidade e Artes Plásticas, Mônica expressa a paixão pelas cores contrastantes que conferem um brilho vibrante a suas obras. É membro do Grupo Setorial de Artes Plásticas da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba – Fundart. Além de várias exposições coletivas no Brasil, Mônica participou da Art Explosion – B.AGL Art AfFAIRS, em Berlim. Contato: www.tramasetintas.blogspot.com.br; www.facebook.com/monicamoraesarte;@ monicamoraesarte – (12) 98181-5724 – Ubatuba.

Ademar Costa Simões Aprendiz do mestre José Roncoleto, Ademar é um artista muito premiado em exposições no Estado de São Paulo. Destacam-se as medalhas de ouro e prata em Guaratinguetá, Santos e Araras. Onde: Rua Antônio Athanásio da Silva, 162 – Itaguá – (12) 3832-4924/99151-5313 – Ubatuba. 66 Cidade&Cultura


Márcio Pannunzio Desenhista, gravurista, pintor e fotógrafo, Márcio Pannunzio, com exposições dentro e fora do Brasil, executa um trabalho de forte impacto pela forma e pelos detalhes que prendem a atenção do observador. Premiado na Suíça, no Canadá, em Porto Rico, na Polônia, na Romênia, na Espanha e na Argentina. No Brasil foi premiado em 44 ocasiões. Contato: www.marciopan.com; www.marciopan.art.br; www.ilhabelaemfoco.com; www.retratararte.com – Ilhabela.

Silvana Perez Desde criança, sempre se interessou por artes; autodidata, fez de tudo um pouco: pintura, bordado, vitral etc., porém foi no mosaico que encontrou sua verdadeira paixão. O amor foi tanto que o que era só um afazer a mais virou profissão séria. Para sua surpresa, seu marido, Gilberto Batista, torneiro mecânico, também se apaixonou pelo mosaico e hoje ambos possuem trabalhos por todo o território nacional e em outros países. São várias linhas de mosaicos para piscinas e logomarcas, além de quadros de micromosaicos, esculturas revestidas em mosaico e colagens com revistas, que não deixam de ser um mosaico de papel, visando a reciclagem. Onde: Av. Marjory da Silva Prado, 1687 – Praia de Pernambuco – (13) 3353-5305/99707-3431/ 99610-9564 – Guarujá.

Sandro Justo Desde os 13 anos de idade, Sandro pinta com inspiração nas histórias contadas por seus avós sobre os índios da região. Em viagens pelo Brasil, conheceu outras tribos, apaixonou-se pela cultura indígena e passou a pintá-la. Devoto de São Francisco de Assis, mantém um ateliê onde retrata em telas seu santo de devoção. Seus trabalhos estão na Itália, na Inglaterra, na França, na Alemanha e no Vaticano. No Museu do Forte São João, podemos encontrar peças suas, como a partida de Estácio de Sá para a cidade do Rio de Janeiro, uma releitura do quadro de Benedito Calixto, e a Catequese, retratando o Padre Anchieta e os curumins. Onde: Avenida Anchieta, 2.141/lj 06 – (13) 3311-6232 – Bertioga. Rio-Santos 67


Meio Ambiente

O encontro entre o verde

e o azul

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Rio-Santos 69 GABRIEL TOLEDO


Meio Ambiente

SHUTTERSTOCK

Outras áreas protegidas

GABRIEL TOLEDO

MÁRCIO MASULINO

AS CIDADES “CORTADAS” PELA RODOVIA RIO-SANTOS ESTÃO SITUADAS EM UM TRECHO LITORÂNEO considerado um dos mais belos do mundo. E isso tem um motivo claro: a região está praticamente incrustada no pé da Serra do Mar que, em muitos locais, avança até o oceano, formando promontórios de grandes proporções que recortam a orla marítima, originando pequenas e aconchegantes praias envoltas pela Mata Atlântica. Essas praias charmosas e encantadas fazem desse litoral um dos grandes atrativos turísticos nacionais e internacionais. Para a preservação desse paraíso, foram criadas Áreas de Proteção Ambiental e Parques Estaduais e Nacionais. A maioria das cidades da região possui 80% de seu território protegido por lei.

• APA Marinha do Litoral Norte de São Paulo: São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba • APA Marinha do Litoral Centro de São Paulo: Bertioga e Guarujá • APA Serra do Guararu: Guarujá • Parque Estadual Ilha Anchieta: Ubatuba • Parque Estadual de Ilhabela • Parque Estadual do Rio de Janeiro Cunhambebe: Mangaratiba, Angra dos Reis e Itaguaí • Parque Estadual de Ilha Grande: Angra dos Reis

Parque Estadual da Serra do Mar Em uma área de 315 mil hectares, o Parque Estadual da Serra do Mar segue a costa paulista desde Itariri até a divisa com o Rio de Janeiro É a maior área contínua de Mata Atlântica do país. Aqui, foram catalogadas mais de 350 espécies de aves, 100 de mamíferos e milhares de espécies de plantas. O Parque Estadual da Serra do Mar está dividido em núcleos, dos quais muitos compreendem cidades do trecho Rio-Santos: Parque Estadual da Serra do Mar Caraguatatuba Parque Estadual da Serra do Mar Núcleo Picinguaba – Ubatuba Parque Estadual da Serra do Mar Núcleo São Sebastião Parque Estadual Restinga de Bertioga 70 Cidade&Cultura

Parque Nacional da Serra da Bocaina Esse parque está localizado entre os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. São 134 mil hectares de área protegida, administrada pelo Instituto Chico Mendes – ICMBio. Felinos de grande porte habitam o local, dividindo o espaço com inúmeras cachoeiras, como a dos Veados e a de Santo Isidro. Um dos ícones do parque é o Pico do Tira o Chapéu com 2.088 metros de altitude. Onde: Rua 8, casa 3 – (24) 33713056 – Paraty.



Meio Ambiente

Instituto Boto Cinza A ONG Instituto Boto-Cinza trabalha pela preservação da maior população do mundo dessa espécie. A baía de Sepetiba, a quinta maior baía do Brasil, é considerada um importante ecossistema costeiro marinho, devido à enorme quantidade de espécies de fauna e flora que abriga. Uma das espécies que mais tem sofrido com a degradação ambiental é o golfinho da espécie boto-cinza, cuja maior população já registrada habita os mais de 500 km² da baía de Sepetiba. O Instituto Boto-Cinza tem como missão preservar essa espécie de golfinho e de todo o ecossistema marinho. O seu trabalho inclui o desenvolvimento de pesquisas, atividades de educação ambiental e subsídios de informações para a criação de políticas públicas voltadas para a proteção do boto-cinza e do ecossistema marinho da baía de Sepetiba. Além disso, trabalha com os seus parceiros em busca de alternativas de renda para comunidades artesanais que dependem da pesca para sua sobrevivência. O IBC conseguiu o reconhecimento da espécie como uma das dez mais ameaçadas de extinção do Estado do Rio de Janeiro; o reconhecimento do boto como patrimônio natural de Mangaratiba; a criação da Área de Proteção Ambiental Marinha Boto-Cinza, entre outras conquistas. Também mantém um museu dedicado ao boto-cinza em sua sede. 72 Cidade&Cultura

Lá é possível ver ossadas de golfinhos e baleias, aprender sobre a evolução da espécie, ouvir os sons emitidos por esses animais, bem como conhecer o trabalho desenvolvido pela ONG. Outra atividade impulsionada pelo Instituto é o turismo de base comunitária de observação de botos-cinza, que permite avistá-los no seu ambiente natural. Para a realização de viagens de turismo, vários pescadores artesanais da comunidade local foram capacitados para esse trabalho e se tornaram “condutores amigos do boto-cinza”, e o agendamento é feito através do próprio Instituto. Aberto de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. Onde: Rua Gastão de Carvalho, lote 2 – quadra 4 – Itacuruçá – www.institutobotocinza.org - Mangaratiba. FOTOS INSTITUTO BOTO CINZA

Além das áreas de proteção ambiental, diversas entidades realizam trabalhos magníficos de preservação de espécies, como o Instituto Boto-Cinza e o Projeto Tamar.


RICARDO MARTINS

TATYANA DE ANDRADE

Projeto Tamar

MÁRCIO MASULINO

Há mais de 35 anos, o Projeto Tamar, conhecido mundialmente por suas ações de proteção de tartarugas, desenvolve projetos ampliados para a conscientização da população em geral e de pescadores por meio de educação ambiental, cursos de capacitação, pesquisas aplicadas, e monitoramento em locais de desova por pescadores contratados chamados de “tartarugueiros”. Em sua sede, podemos observar vários exemplares de tartarugas, como a cabeçuda, de pente, de couro e a oliva (todas ainda ameaçadas de extinção). O Tamar é um projeto de sucesso, com várias unidades espalhadas pelo litoral brasileiro, e conquistou a simpatia de todos pela causa e também por sua infraestrutura dinâmica e eficiente. Aberto de domingo a quinta das 10h às 18h. Onde: Rua Antônio Atanázio, 273 – (12) 38326202/3832-7014/3832-4046 – Ubatuba

Ilha dos Arvoredos Fundação Lee – Guarujá Fernando Lee, engenheiro mecânico, um visionário altamente graduado, criou em sua amada ilha dos Arvoredos inúmeros projetos para a preservação do meio ambiente. Faleceu em 1994, porém seu legado persiste na Fundação Lee, que promove pesquisas científicas de energia solar, eólica e ondas marinhas. Visitas: (13) 3392-2889 - Guarujá.

Rio-Santos 73


Flora Árvores nativas Jequitibá-rosa, quaresmeira, palmeira, jacarandá, pau-ferro, murici, jambo, jambolão, xaxim, paineira, manacá-da-serra, figueira, angico, guapuruvu, maçaranduba, ipê, jatobá, imbaúba, canela-amarela, entre outras.

MÁRCIO MASULINO

Orquídea

FERNANDA LUPO

Flores nativas Bromélia, orquídea, bico-de-papagaio, helicônia, begônia.

MÁRCIO MASULINO

Decompositor

Pluma 74 Cidade&Cultura

Bromélia

RICARDO MARTINS

Meio Ambiente


MÁRCIO MASULINO

FERNANDA LUPO RICARDO MARTINS

Polinizadores

Ecossistemas Mata Atlântica Quando da descoberta do Brasil, a Mata Atlântica cobria uma área de 1.315.460 km² e abrangia dezessete estados, do Rio Grande do Sul ao Piauí. Depois de tanto ser explorada, restam apenas 12,5% desse total. É uma das áreas de mais biodiversidade do planeta e é Reserva da Biosfera pela UNESCO, além de Patrimônio Nacional. São mais de 15 mil espécies de plantas, duas mil espécies de vertebrados e 383 espécies em extinção.

Helicônia

MÁRCIO MASULINO

Mangue O manguezal é um ecossistema costeiro que une ambientes terrestres e marinhos das regiões tropicais. Sua flora é resistente ao sal e suas raízes são aéreas, formando um abrigo fundamental para a proteção de ovos de algumas espécies de peixes. Portanto, é considerado o berçário do mar.

Siri-azul

Restinga Formada em solo arenoso, a restinga possui vegetação rasteira e subarbustiva e está sujeita às marés. O jundu é típico da restinga e, com suas raízes rasteiras, forma verdadeiras redes enterradas na areia; suas flores, rosas ou roxas, contrastam com o branco da areia.

Rio-Santos 75


RICARDO MARTINS

Jaguatirica

RICARDO MARTINS

Meio Ambiente

Veado-campeiro

GABRIEL TOLEDO

Fauna Ainda podemos avistar espécies de felinos, primatas, e outros animais de impossível adaptação ao meio urbano. Destacam-se: onça-pintada, suçuarana, preguiça-de-coleira, sagui-da-serra-escuro, veado-mateiro, cachorro-do-mato, caracol gonyostomus insularis. Animais endêmicos Animais que pertencem somente a determinada região são chamados endêmicos. Com muita pesquisa e também recorrendo ao conhecimento de pessoas antigas, os institutos estão descobrindo e estudando esses animais para sua preservação. São eles: • perereca Bokermannohyla ahenea – somente encontrado na Serra da Bocaina • cururuá – pertence ao grupo de ratos-de-espinho que passou pelo fenômeno do gigantismo insular e é raramente visto em Ilhabela. • bothrops otavioi – serpente da ilha Vitória – Ilhabela • bothrops alcatraz – serpente existente somente na ilha de Alcatrazes RICARDO MARTINS

URBANO JÚNIOR

Murucututu

Mico-estrela 76 Cidade&Cultura

Quero-quero


Pássaros da Mata Atlântica

JOÃO QUENTAL

JOÃO QUENTAL

Os sons e as belas cores fazem destas magníficas aves um atrativo que muitos já reconhecem como opção de lazer: o birdwatching que pode ser praticado em todas as cidades da Rio-Santos

ROBERTO TORRUBIA

Benedito-detesta-amarela

ROBERTO TORRUBIA

Maria-leque-do-sudeste

JOÃO QUENTAL

Sanhaçu-de-encontro-amarelo

Saíra-militar

Saíra-ferrugem Rio-Santos 77


Meio Ambiente

Bertioga • do Elefante • da Pedra Furada São Sebastião • de Cambury • da Pedra Lisa • Samambaia-Açu • da Serpente • de Maresias • de Toque-Toque Grande Caraguatatuba • da Pedra Redonda • do Jaraguá • dos Tourinhos • do Poção • Rio Claro

Do Melancia - Paraty

GABRIEL TOLEDO

Ilhabela • da Toca • do Bananal • da Água Branca • da Friagem • Couro de Boi • do Gato • do Areado • da Laje • do Veloso • dos Três Tombos/ Pancada D’Água • do Paquetá Ubatuba • da Renata • Água Branca • Ipiranguinha • da Escada • Prumirim • Ubatumirim • da Serra • dos Macacos

Itaguaí • Itimirim • Itinguçu • Cachoeira do Bicão • da Mazomba Paraty • Pedra Branca • Poço da Laje • Poço dos Ingleses • Tobogã • Toca da Ingrácia • Poço das Andorinhas Trindade . Pedra que Engole . do Chuveiro . Duas Paredes Angra dos Reis • do Brachuy • do Ariró • da Caputera • Banqueta • Mãe D’Água • Santo Antônio Ilha Grande • da Feiticeira • Poção do Abraão Mangaratiba • da Bengala • Tobogã • do Rubião • dos Escravos • da Ingaíba • Véu da Noiva • Santa Bárbara • Poço Encantado • Véu da Noiva

Cachoeiras

Véu da Noiva Adornada por uma instalação feita pela artista japonesa Mariko Mori, em forma de anel em acrílico que, conforme a posição do Sol, muda de cor. A peça pesa uma tonelada e possui três metros de diâmetro. 78 Cidade&Cultura

MÁRCIO MASULINO

Um espetáculo com que a natureza nos brinda em todo o seu esplendor. Com o paredão formado pela Serra do Mar e um alto índice pluviométrico, a quantidade de quedas d’água é quase infinita. São tantas que não há espaço para relacionarmos todas, então citaremos as principais:



Praias

Litoral

deslumbrante As cidades da Rio-Santos proporcionam momentos únicos de rara beleza com suas quase 2300 praias de todos os tamanhos e cada uma com característica própria. Seja para a família, para a prática de esportes ou simplesmente para contemplação, esta região oferece em beleza natural uma variedade ímpar do país.

80 Cidade&Cultura


ROBERTO TORRUBIA

Praia do Meio e Cachadaรงo Trindade - Paraty

Rio-Santos 81


Praias

Do Sahy

Mangaratiba Uma cidade com muita história, muitas comunidades caiçaras e quilombolas, que dão um charme a mais em suas praias. Ruínas espalhas nas areias como na praia do Sahy. Algumas delas: Conceição de Jacareí Portobelo do Saco da Ribeira de Santo Antônio Vermelha

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da Apara Brava do Sahy Grande Muriqui Itacuruçá

FOTOS MÁRCIO MASULINO

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De Santo Antônio

Itaguaí A cidade apresenta poucas praias no continente, porém muitas em áreas insulares que podem ser visitadas por meio de lancha e taxiboat.

Ilha da Madeira

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• da Coroa Grande • Ilha da Madeira


Angra dos Reis Com mais de duas mil praias, Angra dos Reis é um dos lugares mais espetaculares do litoral brasileiro por sua formação geológica ímpar. Além de praias de rara beleza, as paisagens que temos das ilhas muito próximas ao continente são um espetáculo a parte. Algumas delas:

Do Retiro

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Mambucaba (história) Brava (surfe) do Frade Praias do Vale do Rio Bracuhy da Enseada da Ribeira

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da Figueira Praia Grande do Bonfim ou Ermida das Éguas Monsuaba da Baleia (piscina natural) Figueira

Praia Grande

Rio-Santos 83


Praias Paraty

De Fora - Trindade

MÁRCIO MASULINO

Além de volumoso atrativo histórico, Paraty guarda em sua orla praias de tirar o fôlego. Subindo para o Rio de Janeiro ou descendo para Santos, seu litoral é composto de muitas reentrâncias montanhosas que despontam promontórios dignos de toda admiração. Um exemplo é o distrito de Trindade com praias isoladas e comunidades caiçaras. Algumas delas: • • • • • • • • • • • •

Laranjeiras do Sono Martim de Sá (camping) Cajaíba Paraty Mirim da Lula Jurumirim Barra Grande do Corumbê Prainha de São Gonçalo de São Gonçalinho Batanguera (mergulho)

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Brava Cahadaço Cepilho de Fora do Meio dos Ranchos

ROBERTO TORRUBIA

De São Gonçalinho - Paraty

MÁRCIO MASULINO

Trindade

Piscina natural do Cachadaço - Trindade

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Praias

Da Fazenda

Ubatuba Sua extensa costa permite a Ubatuba possuir mais de 80 praias. E, nesta imensidão de mata e mar, encontramos pérolas como a praia Brava da Almada com areias alvas e uma cortina de abricoeiros que isolam a única habitação do local. Algumas delas: Maranduba Dura Enseada Perequê-Açú Vermelha do Norte Itamambuca

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Do Félix Promirim Puruba Almada da Fazenda Camburi

Maranduba

FRANCISCO PETRONE

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Itamambuca

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FOTOS MÁRCIO MASULINO

Cocanha

Caraguatatuba A cidade de Caraguatatuba foi muito valorizada depois da construção da Rodovia Tamoios. Suas praias possuem diversas extensões e são muito frequentadas pela facilidade de acesso. Algumas delas:

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Flecheiras Indaiá Camaroeiro Garcez (pedra da freira) Prainha Martin de Sá

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Brava Capricórnio Massaguaçu Cocanha Mococa Tabatinga

Tabatinga

Rio-Santos 87


URBANO JUNIOR

Praias

Juquehy

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da Jureia do Norte Barra do Una Juquehy Barra do Sahy Baleia Camburizinho Boiçucanga Maresias Paúba Toque-Toque Pequeno Toque-Toque Grande Baraqueçaba

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Cambury

Barra do Una

SHUTTERSTOCK

O litoral de São Sebastião é muito diversificado e cada praia possui característica própria. Desde a baladíssima praia de Maresias que possui casas noturnas procuradas por muitos jovens, até praias desertas como a de Santiago, esta sem nenhuma habitação. Até a década de 1980, quando a Rio-Santos não estava construída, aqui era local de turistas ousados, e muitos do movimento hippie. Algumas delas:

SHUTTERSTOCK

São Sebastião


MÁRCIO MASULINO

Pedras Miúdas

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Saco da Capela do Viana da Armação Jabaquara do Gato Castelhanos da Figueira Indaiaúba Bonete do Veloso do Curral Feiticeira

Jabaquara

FERNANDA LUPO

Ilhabela é um município arquipélago composto principalmente pelas ilhas de São Sebastião, Búzios, Vitória e dos Pescadores. A Ilha de São Sebastião possui cerca de 337 km² e é a segunda maior ilha marítima do Brasil. Este arquipélago é totalmente recortado e toda a área leste é de difícil acesso, tornando suas praias, desertas e paradisíacas. Algumas delas:

FERNANDA LUPO

Ilhabela

Castelhanos

Rio-Santos 89


MÁRCIO MASULINO

Praias

Itaguaré

Guaratuba

Bertioga O mais novo município emancipado da Rio-Santos, Bertioga tem em seu território praias como a de Itaguaré totalmente preservada. Ao longo dos seus 33 km de costa, a maioria de suas praias possui grande extensão. Enseada Indaiá São Lourenço Itaguaré Guaratuba Boraceia

MÁRCIO MASULINO

RENATA BRITO

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Itaguaré

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Guaiúba do Tombo Astúrias Pitangueiras Enseada Éden Mar Casado Pernambuco São Pedro Iporanga Pinheiro (Taguaíba) Preta Branca

Mar Casado - Pernambuco

São Pedro

MÁRCIO MASULINO

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MÁRCIO MASULINO

Guarujá está situado na Ilha Santo Amaro que possui a forma de um dragão. Da cabeça à ponta, são mais de vinte e cinco praias recortadas. Algumas com acesso por trilhas, outras com visitação limitada, poucas são redutos caiçaras e quatro são famosas pela agitação noturna como as praias Enseada, Pitangueira, Astúrias e Tombo. Algumas delas:

ACERVO SOFTEL GUARUJÁ JEQUITIMAR

Guarujá

Enseada

Rio-Santos 91


Esporte

Na água, na terra ou no ar

o que vale é a

92 Cidade&Cultura

emoção


AS CIDADES QUE COMPÕEM a Rio-Santos são extremamente convidativas a prática de esportes. Seja por mar ou por mata, são inúmeras modalidades praticadas de forma organizada e segura. Basta você querer fazer parte desta experiência para vivenciar momentos inesquecíveis.

Água Uma das mais deslumbrantes paisagens da Rio-Santos é que em cada curva nos deparamos com um tapete ora azul, ora verde do Oceano Atlântico. Dá uma vontade enorme de pararmos o carro de entrarmos no mar para um belo banho refrescante. Agora, imagine fazer alguma atividade esportiva dentro desta maravilha! Aqui é certo você encontrar o ambiente totalmente favorável para a prática de seu esporte ou de querer aprender um.

FOTOS FERNANDO MUCCI

Semana da Vela - Ilhabela Há 43 anos, a maior competição de vela oceânica da América Latina congrega uma média de 135 barcos, em 13 classes diferentes, contando com a participação de países como Uruguai, Argentina e Chile. O certame faz com que os atletas coloquem em prática toda a sua habilidade e o entrosamento da equipe em nível máximo para enfrentar uma infinidade de situações, com diversos tipos de percurso, condições de vento, correntes marinhas, e ainda dando chance para os amadores medirem forças com profissionais e atletas olímpicos. Mas não há somente técnica e adrenalina na competição, pois um dos grandes atrativos são as baleias jubarte e de bryde e os golfinhos que, no mês de julho, migram e brindam a todos, disputando o vento e as marés. E, para os que ficam em terra, a Semana de Vela de Ilhabela oferece uma série de atrações, com shows, peças teatrais e palestras, além do Desfile de Barcos em frente ao píer da vila.

Categorias disputadas: Bico de Proa, Clássicos, HPE25, HPE30, C30, J70, Star, IRC A IRC B, IRC Geral, ORC A, ORC B, ORC Geral, RGS A, RGS B, RGS C, RGS Silver, RGS Geral, Grand Prix, dos HPE30, Torneio por Equipes, Brasileiro de C30, Brasileiro de IRC, Sul-Americano de ORC

Rio-Santos 93


FERNANDA LUPO

Esporte

Canoagem Os habitantes da Rio-Santos são canoístas de primeira linha. Desde sempre, a canoa foi um de seus principais, senão o principal, meio de transporte. As comunidades ilhoas vivem da canoa até hoje. Então, são exímios especialistas no quesito mar. Sabem exatamente quando e onde colocar uma canoa. Por isso, os que querem levar seus caiaques ou botes para o mar, remem ou peçam dicas com os que vivem nessas águas. Não podemos esquecer que, por aqui, as chuvas chegam a qualquer hora e os ventos mudam com constância. Entender as correntes marítimas também é fundamental. Aconselhado e preparado, você vai comprovar que as ilhas são um destino pra lá de fantástico. Há também rios como o Itapanhaú, em Bertioga, onde podemos remar em águas calmas, e o Canal de Bertioga. Aliás, a Volta da Ilha de Santo Amaro está em sua décima terceira edição. Outra dica é a canoagem no mangue do Jabaquara, em Paraty. Agora, para os mais experientes, circundar Ilhabela é um grande desafio, que dura mais ou menos quatro dias. 94 Cidade&Cultura


água

MATCHU LOPES

Kitesurf Muito radical, o kitesurf é um esporte de mar e vento, prancha e pipa. Segundo os praticantes, o ideal são praias de tamanho médio ou grande, onde o vento não seja barrado por promontórios. Para velejar, o vento deve ser de 11 a 33 nós; acima disso, só mesmo para os kitesurfistas mais experientes. Portanto, se você quiser praticar, é só escolher sua praia, porque isso não vai faltar!

Surf

Guarujá Praias do Tombo e de São Pedro

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O surfe é um dos esportes mais praticados nesta região. Com praias de diversos tamanhos e formações de onda diferentes, proporciona oportunidades de prática para atletas de todos os níveis. Daqui saíram nomes e lugares conhecidos no Brasil e no mundo inteiro, como Itamambuca, em Ubatuba, Maresias, em São Sebastião e Tombo, no Guarujá. Veja alguns picos muito frequentados por surfistas:

Bertioga Praias do Indaiá e São Lourenço São Sebastião Praias de Maresias, Baleia, Guaecá e Camburi Ilhabela Praias de Castelhanos e Bonete Caraguatatuba Praias de Palmeiras, Indaiá e Barra Ubatuba Praias de Itamambuca, Vermelha do Norte, Félix e Brava do Camburi Paraty Praias Cepilho, Brava e do Sono Angra dos Reis Praias Brava e Mambucaba Mangaratiba Praia do Saco

Campeonatos As primeiras “tábuas havaianas”, que mediam 3,6 metros e pesavam 80 kg, chegaram a Santos pelas mãos de Thomas Ernest Rittscher e logo se tornaram um sucesso. Em 1952, no Rio de Janeiro, Paulo Preguiça já usava uma prancha de madeirite. As de fibra só chegaram por aqui em 1964, vindas da Califórnia. No ano seguinte foi criada a Associação de Surfe do Estado do Rio de Janeiro, a primeira entidade do gênero no Brasil, que organizou nosso primeiro campeonato. Em 1988, o surfe é reconhecido pelo Conselho Nacional de Desporto. Hoje, a Confederação Brasileira de Surfe e a Associação Brasileira de Surfistas Profissionais são as entidades responsáveis pela realização de campeonatos. Na World Men’s Championship Tour – WCT, liga mundial de surfe, temos dois brasileiros campeões, Gabriel Medina, de São Sebastião, e Adriano de Souza, o Mineirinho, de Guarujá, em 2014 e 2015, respectivamente. Com essas duas conquistas, o Brasil está definitivamente entre os melhores do mundo, perto dos Estados Unidos e da Austrália.

Rio-Santos 95


Esporte

O fascínio do ser humano pelo fundo do mar vem desde os primórdios da civilização. Um mundo paralelo que nos leva a viajar como se aquele cenário fosse outro planeta. Seja de snorkel ou de cilindro, o que se vê debaixo d’água deixa lembranças inigualáveis. Nesta região existem inúmeros locais para mergulho. As ilhas são destaque, porém há inúmeros parcéis, lajes e naufrágios para desfrutar dessa aventura. Descrevê-los todos seria impossível, então procure o que melhor se encaixa em sua imaginação, mas não deixe de mergulhar!

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Mergulho

Guarujá Praia do Sangava ou Congava, em caverna submersa. Bertioga Ilha Monte Pascoal. São Sebastião Ilha Montão de Trigo, com grutas submersas. Operadora: Universo Marinho – Rua Capitão Salinas, 106 – (12) 3862-2212 – São Francisco. Ilhabela Mergulho de naufrágio: Ponta do Sepetiba, navio Dart; Borrifos, navio Theresina; Praia do Curral, navio Aymoré; e estátua de Netuno na Ilha das Cabras, a 7 metros de profundidade. Operadora: Narwhal – Avenida Princesa Isabel, 171 – (12) 3896-3807 – Perequê. Caraguatatuba Ilhas do Tamanduá e da Cocanha. Operadora: César Dive Team – Avenida Rio de Janeiro, 900 – (12) 3881-2863 – Praia do Indaiá.

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Ubatuba Ilha Anchieta, estátua em homenagem ao pesquisador Jacques-Yves Cousteau com 1,80 m de altura e 300 kg, em uma profundidade de 10 metros. Operadora: NDS – Rua Guaicurús, 210 – (12) 38323358 – Itaguá. Paraty Ilhas do Gancho, dos Meros, Catimbau e praia Vermelha. Operadora: Kryie Dive – avenida Roberto Silveira, 33 – (24) 3371-4254 – Centro. Angra dos Reis Na maioria das ilhas e nos parcéis das ilhas de Búzios e das Cobras e na Laje dos Coronéis Operadora: Jamanta Pousada e Operadora de Mergulho – Estrada Vereador Benedito Adelino, 1.421 – (24) 3365-1374 – Bonfim. Mangaratiba Mergulho recreativo. Itaguaí Ilha dos Martins.


Voo Livre Liberdade absoluta. Essa é a sensação dos que praticam o voo livre. De asa-delta ou paraglider, o verde da mata invadindo o azul do mar é uma visão inesquecível. Na Rio-Santos, três cidades contam com rampas apropriadas:

WELLIGTON ALVES

CARAGUÁ FLY

ar

Guarujá O Mirante das Galhetas é um bom lugar para o paraglider e o pouso é na praia do Tombo. Já o Morro do Maluf também é bom para paraglider com descida nas areias da praia da Enseada. Caraguatatuba O Morro de Santo Antônio, com 325 metros de altitude é o point dos voadores desde que esse esporte começou a ser praticado, na década de 1970. O pouso é na praia do Centro. Itaguaí No topo da Serra do Matoso, próximo à represa de Ribeirão das Lajes, a 420 metros de altitude, estão as duas rampas naturais para voo livre. O local é bem estruturado, com lanchonete e banheiros. O local do pouso é amplo, no sítio que pertence ao Clube do Cavalo.

Operadoras da região: Operadora: Caraguá Fly – Rua Sebastião Izidoro, 44 – (12) 3882-5255/98142-0422 (whatsapp). Operadora: Montanha do Oeste – Rua Cesário de Melo, 76 – (21) 2687-6361.

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Praia de Castelhanos - Ilhabela

MÁRCIO BORTOLUSSO

Esporte

Cachoeira Véu da Noiva

Montanhismo

MONTANHAS DO OESTE

A Serra do Mar proporciona lugares excepcionais para a prática das muitas vertentes desse esporte. Seja o rapel, a escalada ou mesmo o boulder, a sensação da mata e do visual vale qualquer esforço. Mas lembrese: para qualquer atividade como essa você tem de estar com um guia experiente!

Rapel Guarujá Morro do Maluf na praia da Enseada Bertioga Cachoeira Véu da Noiva na Rodovia Mogi-Bertioga São Sebastião Pedra Lisa na praia de Boiçucanga Ilhabela Cachoeira Três Tombos na praia da Feiticeira Ubatuba Gruta do Pirata na praia Sete Fontes Paraty Morro do Forte na praia do Pontal Angra dos Reis Cachoeira da Feiticeira na Ilha Grande Mangaratiba Pedra do Urubu na Serra do Piloto Itaguaí Mirante do Imperador

Escalada Guarujá Morro do Maluf na praia da Enseada Ilhabela Boulder – praias do Bonete, Indaiaúba, do Viana e do Gato 98 Cidade&Cultura

Caraguatatuba Pedra do Jacaré na Prainha Ubatuba Boulder na praia de Fortaleza Paraty Pão de Açúcar do Mamanguá na praia do Cruzeiro Angra dos Reis Pico do Papagaio na Ilha Grande Mangaratiba Sertão do Cantagalo no Parque Cunhambebe Itaguaí Serra da Calçada – Mirante do Imperador

Operadoras de turismo da região: Jipeiros Associados de Paraty - (24) 3371-9603 Paraty. Montanha do Oeste – Rua Cesário de Melo, 76 – (21) 2687-6361 – Centro - Itaguaí. Ilhabela Jeep Tour – Avenida Princesa Isabel 1.324 - (12) 99179-8995/98103-3431 - Perequê - Ilhabela. Paraty Tours – Avenida Roberto da Silveira (24) 3371-1327/3371-2651 - Centro - Paraty.


MÁRCIO MASULINO

terra

Mountain Bike Em qualquer trilha, seja qual for o obstáculo, eles estão lá. Os praticantes de mountain bike são desbravadores de locais, muitas vezes inatingíveis. A Serra do Mar é um grande desafio, com seus vales, subidas e descidas radicais. Guarujá Volta Guarujá – Bertioga Nível: moderado - Distância: 71,17 km

Caraguatatuba Volta do Morro de Santo Antônio Nível: moderado- Distância: 15,16 km Ubatuba De Ubatuba à Praia do Costa Nível: difícil - Distância: 46,59 km Paraty Estrada Real Paraty – Cunha Nível: difícil - Distância: 56,68 km

Bertioga Praia de São Lourenço – Forte Nível: moderado - Distância: 30,58 km

Angra dos Reis Ilha Grande Abraão – Caxadaço Nível: difícil - Distância: 11,28 km

São Sebastião São Sebastião – Praia Deserta – São Francisco – Enseada Nível: moderado- Distância: 24,37 km

Mangaratiba Itacuruçá – Muriqui Nível: difícil - Distância: 40,6 km

Ilhabela Perequê – Jabaquara Nível: moderado - Distância: 39,54 km

Itaguaí: Centro – Praia do Saco em Mangaratiba Nível: moderado - Distância: 65,72 km

RODRIGO TELLES - CLUBE DO CICLOTURISMO

Cicloturismo Uma modalidade que está ganhando as estradas e levando os praticantes a vivenciar novas emoções, passando pelos mesmos lugares que antes percorriam de carro. A Rio-Santos é considerada uma boa opção para essa modalidade, pois une belas paisagens com pontos para descanso e manutenção, próximos um do outro. Existem dificuldades a serem vencidas, como os nove quilômetros da serra entre as praias de Boiçucanga e Maresias, em São Sebastião, mas nada que possa impedir a continuidade da viagem. O ciclista também pode optar por trechos mais curtos; não importa, porque toda a extensão da rodovia é repleta de lugares paradisíacos.

Rio-Santos 99


MÁRCIO BORTOLUSSO

Esporte

Trekking Caminhar em meio à mata e chegar a praias ou cachoeiras deslumbrantes é uma das várias opções do que podemos desfrutar nas cidades da Rio-Santos. Mas todo cuidado é pouco, pois existem muitas trilhas que exigem a presença de guias ou permissões, pois podemos cruzar propriedades privadas ou mesmo áreas de proteção ambiental. Confira estas dicas: Guarujá Considerada leve, a trilha do Camburi passa pelas praias Branca e Preta. Bertioga Trilha do Vale dos Borrachudos; fácil, esta trilha passa por cachoeira, bicas de água e uma linda vista da cidade. São Sebastião Trilha das Cachoeiras do Ribeirão de Itu; fácil, porém longa. Saia de preferência cedo para retornar antes do pôr do sol. Saída da praia de Boiçucanga até o Poço do Macaco, margeando o Ribeirão, com várias cachoeiras, como a da Pedra Lisa e da Serpente. Ilhabela Trilha do Pico Baepi com início no bairro Itaquanduba, com presença obrigatória de um guia, pois seu nível de dificuldade é alto. A recompensa é chegar ao topo do Baepi com seus 1.048 metros de altitude e se maravilhar com a paisagem. 100 Cidade&Cultura

Caraguatatuba Trilha da Pedra do Jacaré, de nível fácil, sai da Prainha até alcançar um lindo promontório com vista para o mar. Ubatuba Trilha do Corcovado é para os que têm experiência, pois seu percurso é de seis horas. Passa por rios e quedas d’água até a pedra do Corcovado, com 1.116 metros de altitude. Paraty Da igreja da praia do Sono, em Trindade, segue-se pelo córrego da Jamanta até o Poço do Jacaré. Caminhada leve, porém repleta de cachoeiras; outra opção é a Trilha do Ouro, com início em Mambucaba. Angra dos Reis Trilha que sai da Vila do Frade até a Pedra do Frade, com nove quilômetros, cortando a Mata Atlântica e com um visual maravilhoso do alto. Mangaratiba Conhecer a Ilha de Itacuruçá caminhando é revelador, pelas praias paradisíacas e por seus fenômenos naturais, como pegadas em pedras. O contorno dá uma média de seis horas. Itaguaí Trilha do Vale do Mazomba no Parque Estadual Cunhambebe, com sete horas de caminhada por cachoeiras e mata intocada.



Cidade4x4Cultura

4X4 e Motocross

ROBERT WERNER

Caminhos desafiadores

A região atravessada pela Rio-Santos está cercada de morros e trilhas no meio da Serra do Mar, então não irá faltar opção. Estes dois esportes são peculiares, pois a adrenalina vem de ultrapassar obstáculos naturais do caminho; portanto, é recomendado que o esportista nunca vá sozinho, pois caso um não consiga seguir, o outro ajuda. No caso do 4X4, é sempre bom ter uma cinta de reboque, GPS, guincho elétrico, rádio comunicador e macaco high-lift. Já para os trilheiros de moto é recomendado ter à mão um kit de ferramentas bem embaladas de maneira a não machucar o piloto, no caso de uma queda.

São Sebastião Trilha da antiga estrada da Limeira com muitos obstáculos e vista para o Canal de São Sebastião, passando pelo meio da Mata Atlântica, com extensão de 6 km. Ilhabela A estrada que segue no sentido oeste/leste da ilha ou do centro à praia de Castelhanos é riquíssima em paisagens fantásticas, com bicas d’água, animais silvestres e o ponto culminante que é Castelhanos, uma praia em formato de coração, linda e ótima para um mergulho refrescante. Caraguatatuba Aqui são realizados muitos eventos, tanto de off-road como de motocross. As pistas e as trilhas são abertas para as competições. Ubatuba Aqui a dica é explorar o sertão de Ubatumirim. Paraty Trilhas da Cachoeira Sete Quedas e da Pedra Branca, na estrada do Engenho Murycana. Angra dos Reis A Trilha do Ouro é a pedida. Um percurso fascinante, encravado no Parque Nacional da Serra da Bocaina. Muita mata, lama, história e paisagens de cair o queixo.

Itaguaí A trilha da Serra do Matoso, com 45 km, considerada fácil, oferece vista panorâmica da cidade. 102 Cidade&Cultura

HUGO SATYRO

Mangaratiba O trecho Serra do Piloto – Rio Claro é um percurso fantástico. Além do atrativo das belas paisagens, podemos passar por muitos locais históricos.


MÁRCIO MASULINO

Motorhome, trailer ou barraca

a cultura da liberdade Total liberdade de ir e vir

Barracas e Motor Home

Por Marcos Pivari

Camping Beira-Mar Onde: Rio-Santos, km 193 – Boraceia (13) 3312-1248 – Bertioga.

A prática de acampar pode ser vista como filosofia, lazer, estilo de vida ou simplesmente um ramo do turismo itinerante com alto grau de contato com a natureza, onde o indivíduo carrega seu abrigo de forma a atender a principal necessidade do ser humano: a proteção com o lazer como sua principal finalidade. Nos dias de hoje, onde a importância ecológica é fundamental em qualquer parte do mundo, o campismo deve ser uma forte alternativa de turismo sustentável e que preserva a natureza. Já o veículo de recreação proporciona uma independência maior, pois o viajante leva consigo sua “própria casa” com banheiro completo, cozinha e uma mesa que vira cama de casal. Ele é sempre autossuficiente, pois tem caixa d’água que alimenta o veículo com uma bomba ligada à bateria. Quando há água no camping, o veículo pode ser alimentado diretamente com uma mangueira. O mesmo acontece com a energia elétrica. Então, deixe a preguiça de lado e vá experimentar sensações agradáveis e diferentes. Pé na estrada!

Camping Camburi Onde: Rodovia Rio-Santos, km 165 - Camburi (12) 3465-1312 - São Sebastião. Camping Porongaba Onde: Travessa dos Periquitos, 99 – Boiçucanga (12) 3865-1384 - São Sebastião. Camping Pinon Onde: Avenida Ver. Antônio Borges, 1000 – Praia Grande (12) 3862-6183 – São Sebastião. Camping Pedra do Sino Onde: Avenida Perimetral Norte, 3.872 (12) 3896-1368 – Ilhabela. Camping Bem-te-vi Onde: Rua Manoel Silva, s/n° - Porto Novo (12) 3427-1760 – Caraguatatuba.

MACAMP - DIVULGAÇÃO

Camping El Shaddai Onde: BR 101, km, 92,5 – Praia de Massaguaçu (12) 3424-1249 – Caraguatatuba. Camping CCB-SPl Onde: BR 101, km 75 – Praia da Lagoinha (12) 3843-1536 – Ubatuba. Camping Portal de Paraty Onde: Avenida Roberto Silveira, s/n° (24) 3371-8495 – Paraty. Rio-Santos 103


Turismo NĂĄutico

O paraĂ­so

no mar

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PODEMOS DIZER QUE O TURISMO NÁUTICO É UM DOS MAIS PRAZEROSOS PARA QUEM AMA O MAR e suas lindas tonalidades. Ao passearmos em escunas, lanchas, canoas, caiaques, veleiros ou qualquer outra embarcação, a sensação é sempre a de liberdade e de descobrimentos. E, nos litorais norte paulista e sul fluminense, existe uma abundância de locais a serem pesquisados, visitados, observados, curtidos, vislumbrados. Há uma enorme quantidade de ilhas: só em Angra dos Reis são mais de 365, cada uma com sua peculiaridade, o que faz desta região o maior polo de turismo náutico do Brasil, quiçá da América do Sul.

Passeios de barco Em todas as cidades da região, a movimentação de lanchas, escunas e até de táxi-boats (em Angra dos Reis e Mangaratiba), leva turistas às mais interessantes localidades. Ou, se preferir, alugue um modelo compatível com suas necessidades. Vale a pena desfrutar desses passeios cheios de emoção. Citaremos alguns lugares paradisíacos, porém toda a costa pode ser visitada. Guarujá Escunas saem de píeres da Ponta da Praia, em Santos, e percorrem praias como a do Sangava, do Cheira-Limão e a Ilha das Palmas, a Fortaleza da Barra Grande, e depois vão até o Porto onde é possível ver a Fortaleza de Vera Cruz. Guarujá/Bertioga Passeio de escuna pelo Canal de Bertioga com vista para as ruínas do Forte São Felipe e a Ermida de Santo Antônio do Guaibê do lado de Guarujá, e o Forte São Luiz do lado de Bertioga. Seguindo mais para dentro do Canal, podemos conhecer os manguezais e avistar vários bairros que margeiam a Rio-Santos. Também é um excelente ponto de pesca. Bertioga O passeio pelo rio Itapanhaú também é bem interessante e nos leva até a Usina de Itatinga e o Poço do Robalo. São Sebastião Apesar de a ancoragem estar proibida, o Arquipélago dos Alcatrazes é formado pelas ilhas dos Alcatrazes, da Sapata, do Paredão, do Porto ou do Farol e do Sul; por quatro ilhotas; pelas lajes Dupla, Singela, do Paredão, do Farol e Negra; e pelos parcéis Nordeste e Sudeste. Esse local serviu de refúgio para muitas embarcações desde a era das Grandes Navegações, depois se tornou ponto de treinamento da Marinha do Brasil, e hoje é uma Estação Ecológica Federal gerida pelo Instituto Chico Mendes.

SHUTTERSTOCK

Ilhabela No arquipélago, que compreende as ilhas de São Sebastião, Búzios, Vitória, dos Pescadores e ilhotes, podemos nos esbaldar, porém, em especial, no lado leste entre Castelhanos e o Saco do Sombrio, temos Codó. Um minúsculo local paradisíaco. Ubatuba A praia das Sete Fontes é uma pedida porque, por terra, as trilhas que chegam até lá não são para amadores. Rio-Santos 105


WELLINGTON ALVES

Turismo Náutico

Paraty Ir até a ilha Duas Irmãs é um ótimo passeio porque, além das lindas paisagens, no local funciona um excelente restaurante especializado em frutos do mar. Operadora: Paraty Tours – (24) 3371-1327 / 3371-2651.

Mangaratiba A ilha Guaíba, na praia de Fora, é um ótimo local para ancoragem, pois suas águas são claras e calmas, excelentes para crianças. Itaguaí Contorne a ilha da Madeira e a ilha de Itacuruçá. Dois lugares maravilhosos. MÁRCIO BORTOLUSSO

Angra dos Reis Angra é sinônimo de ilha. São tantas e de todos os tamanhos, sendo a principal a Ilha Grande, que mereceu uma seção à parte. Virgens, particulares, agitadas, desertas, ou seja, não há erro. Então, a dica aqui é

fretar uma embarcação e tentar conhecer todas elas. Operadora: Pousada Jamanta e Operadora de Mergulho – (24) 3365-1374.

Indaiaúba - Ilhabela

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Marinas Nacionais Guarujá

Marina Não há nada mais calmante do que ficar observando barcos ancorados em uma marina. As pequenas ondulações do mar os fazem balançar. Uma gaivota aqui, outra ali, o mar azul e as cores salteadas das embarcações nos levam a lugares distantes. Essa cena faz parte do cotidiano das cidades da Rio-Santos. Mais do que um local de ancoragem de embarcações, as marinas são o “hotel” dos navegantes. Aqui estão as maiores marinas do Brasil, que recebem navegadores do mundo inteiro. Ponto de encontro de renomados homens do mar, muitos deles com destinos como a Antártida. Com suas praias recortadas e protegidas, esta região é um dos locais mais convidativos para a parada de embarcações.

Amyr Klink Um dos ícones nacionais da navegação brasileira, Amyr Klink é o exemplo de que, mesmo com dificuldades imensas, se tivermos determinação, conseguiremos realizar nossos sonhos. Autor de seis livros de sucesso, esse paulistano apaixonado por Paraty aprendeu na prática todos os segredos do mar. Simpatia e vontade de ensinar são as virtudes esbanjadas por esse navegador que luta constantemente pela qualificação e pelo desenvolvimento do Turismo Náutico brasileiro. Amyr conta que, desde cedo, se encantou pelas embarcações e seus tripulantes que vinham de todos os cantos da Terra e aportavam em Paraty, cidade que, por sua geografia, abriga muitas marinas. Estudou cada baía, as correntes marítimas e tudo o mais que fosse necessário para um dia empreender o que podemos legitimamente chamar de uma grande aventura, plenamente planejada em seus mínimos detalhes: a primeira travessia a remo do Atlântico Sul, em 1984, no seu barco I.A.T. Não satisfeito com a proeza, cinco anos mais tarde construiu o veleiro Paratii e com ele ficou treze meses na Antártida, sozinho. Depois, realizou a circunavegação polar, em 1998. Em 2002, com o veleiro Paratii 2, percorreu o oceano Atlântico de norte a sul. E, finalmente, em 2003, Amyr e mais cinco tripulantes circunavegaram a Antártida em 76 dias e fizeram, para o canal de televisão Natgeo, o documentário Continente Gelado. Hoje, Amyr, já uma referência no mundo náutico, faz palestras e ad-

Uma modalidade de lazer náutico é o charter, onde você pode alugar barcos para atividades festivas com a família e amigos e desfrutar da privacidade e de momentos únicos em lugares fantásticos. As operadoras oferecem vários tipos de embarcações próprias para sua necessidade. Em Paraty, a operadora Wind Charter oferece o veleiro “Paratii 2” do lendário navegador brasileiro Amyr Klink. Operadora: Wind Charter – Rodovia Rio-Santos, km 576 – (24) 2404-0020 – Marina do Engenho – Paraty.

ministra a Marina do Engenho, localizada em Paraty, onde promove atividades com charters como forma de alavancar o turismo regional. Uma atração desse local é o veleiro Paratii 2, protagonista das mais belas aventuras de Amyr. Onde: Rodovia Rio-Santos, km 576 – (24) 99999-9957 – Paraty.

Livros Cem dias entre o céu e a terra, Paratii: entre dois polos, As janelas do Paratii, Mar sem fim, Linha d’água, Amyr Klink – Não há tempo a perder

MARINA B. KLINK

RODNEY DOMINGUES

Charter

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Turismo Náutico Ilhas

Ilha das Cabras Ilhabela

das ilhas

O LITORAL NORTE DE SÃO PAULO E LITORAL SUL FLUMINENSE nos brindam com centenas de micro ambientes repletos de curiosidades, belezas naturais e despertam a verdadeira visão do paraíso. Vamos relacionar apenas parte das ilhas costeiras que aqui se localizam: Guarujá • das Palmas (clube de pesca) • Pompeba • das Cabras • do Perequê • do Mar Casado • do Mato • Rasa • da Moela • dos Arvoredos Bertioga • Monte Pascoal • São Sebastião • Montão de Trigo • Alcatrazes • Couves • As Ilhas • dos Gatos • Toque-Toque Ilhabela • Búzios • Vitória 108 Cidade&Cultura

• Dos Pescadores Ilhotas: Prainha, Ribeirão, Lagoa, Galhetas, Figueira, Codó, Suníticas e Cabras Caraguatatuba • da Cocanha • do Tamanduá Ubatuba • Comprida • das Couves • da Pesca • da Selinha • da Pedra • dos Porcos • Redonda • Rapada • do Negro • Pequena • do Prumirim • das Palmas • Anchieta

• do Mar Virado • da Ponta • da Maranduba • da Carapuça • Comprida • das Couves • das Cabras Ilhotas: Sul, Fora e Dentro Lajes: Molina, Pequena, Grande, Feia, Palmas, Forno e Perequê Angra dos Reis • Ilha Grande • do Algodão • Sandri - mergulho de garrafa • Samambaia • do Papagaio • das Cobras • de Búzios • Josefa • Redonda

• do Brandão • Gipoia - mais procurada • de São João mergulho • dos Porcos Grande • dos Porcos Pequena • Botinas – Irmãs Gêmeas • da Piedade - igreja da Piedade • Paquetá - peixes frescos em barraquinhas • Ilha do Pinto • Itanhangá • Calaca • das Palmeiras • Comprida • Cavala • Cunhambebe Grande • Francisca ou Poranga ou Bonita

• Cataguazes • do Pelegrino • do Maia - histórica Paraty • Comprida • do Pelado • do Araújo • dos Meros mergulho com cilindro nível difícil Managaratiba • Guaíba • da Guaibinha • Piaçavera • Jaguanum • Itacuruçá Itaguaí dos Martins da Madeira - ligada ao continente do Gato dos Ingleses

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A magia


Ilha Anchieta – Ubatuba

moravam ali e viveram momentos de terror passados com a incerteza da própria sobrevivência. Hoje, na mata refeita e preservada, podemos percorrer várias trilhas, conhecer várias facetas da ilha, as ruínas do presídio e, o mais importante, escutar a história pela boca de quem a viveu. Visitação: das 9h às 17h (exceto às quartas-feiras) – (12) 3842-1231. Como chegar: saída do píer da Avenida Plínio de França, 85 – Saco da Ribeira – Ubatuba. FOTOS BERA PALHOTO

Local de descanso e de tratados entre as tribos indígenas dominadas pelo cacique Cunhambebe, era um dos pontos de observação dos ingleses para impedir que navios negreiros trafegassem ilicitamente pelo litoral. No início do século XX, 402 famílias habitavam a ilha, mas foram deslocadas para a construção, em 1908, de um presídio para presos arruaceiros ou cassineiros (trabalhadores de cassinos). Fechado seis anos depois, esse presídio foi reaberto em 1928, e Getúlio Vargas o transformou em presídio para presos políticos, sob o nome de Instituto Correcional da Ilha Anchieta. Durante a Segunda Guerra Mundial, dado o grande fluxo de navios e submarinos alemães navegando na costa brasileira, os detentos pediram transferência por medo de uma invasão nazista na ilha, e conseguiram. Com o fim da guerra, foi reinaugurado como prisão de segurança máxima. Em 1952, ocorreu uma rebelião digna de um filme de ação hollywoodiano, quando quase o total dos 452 presos colocou em prática um plano de fuga desenvolvido ao longo de dois anos pelo engenheiro e estelionatário Álvaro da Conceição Carvalho Farto, o Portuga. Um plano arquitetado minuciosamente, que abrangia ações em toda a ilha. Do total, 99 são dados como desaparecidos. Em 1955, os presos restantes foram transferidos e, em 1977, a Ilha Anchieta se tornou Parque Estadual. Ao chegarmos, somos recebidos por personagens inusitados dentro dessa história instigante: são os filhos da Ilha, pessoas que na época da rebelião

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Turismo Náutico Ilhas

Ilha Grande UM LUGAR PARADISÍACO, DE 193 KM², UM ARQUIPÉLAGO COM TREZENTAS ILHAS e imensas possibilidades de diversão e contemplação de praias, além de matas deslumbrantes. Foi palco de disputas entre portugueses e tupiniquins, de um lado, e franceses e tamoios de outro, que só acabaram em 1567. Ilha Grande foi ocupada, em 1711, pelos carmelitas, na sesmaria “A Tapera” de Manoel Pinto Guedes. Somente em 1726, é que Paraty e Angra dos Reis, juntamente com a Ilha Grande, passaram à Capitania do Rio de Janeiro por ordem do governador-geral Luís Vahia Monteiro, “o Onça”. A descoberta do ouro nas Minas Gerais transformou a Ilha em um grande eixo de ligação entre o continente e o porto do Rio de Janeiro, mesmo com a construção de vias terrestres. Esse 110 Cidade&Cultura

crescimento deu impulso a uma ocupação mais ordenada da ilha, com a construção de engenhos de cana-de-açúcar, como os de Antônio Matos, Antônio da Cunha e José Rodrigues, e grande movimentação de cargas. Essa importância estratégica tornou urgente a construção de um forte. O café e o movimento de cargas foi outro momento intenso em Ilha Grande, tanto é que a fazenda de café (outrora de açúcar) Dois Rios era uma das mais ricas da região, com 135 escravos oriundos do Congo e de Moçambique, registrados em 1857. A riqueza era tal que, em 1871, a Ilha Grande era a freguesia mais importante e com a maior população de livres e escravos. Um grande impacto econômico resultou da abolição da escravatura e da Proclamação da República.


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Lagoa Azul Formada pelas ilhas dos Macacos, Comprida e Redonda, esta “lagoa” está localizada na Freguesia de Santana, no norte de Ilha Grande. É o santuário dos mergulhadores por suas águas límpidas e fauna exuberante. Como chegar: de barco que sai da Vila do Abraão, passa por Palmas, Enseada das Estrelas, Bananal, Sítio Forte e Araçatiba.

Alguma de suas lindas praias

Praia Lopes Mendes Considerada uma das doze praias mais perfeitas do planeta pela revista internacional Travel + Leisure. Totalmente preservada, mar azul translúcido, areia branca, pitangueiras e abricoteiros compõem o cenário paradisíaco. Como chegar: de barco da Vila do Abraão até a praia do Pouso e pegar a trilha T11.

• Vermelha (naufrágio) • Itaguaçu • Araçatiba • Longa (cultura local) • Sítio Forte • Bananal (mergulho e trilha) • Freguesia de Santana (início do povoamento da Ilha no século XVII) • das Estrelas (estrelas-do-mar e trilhas) • Preta • Abraão • do Abraãozinho • do Morcego • Lopes Mendes (entre as 10 mais do surf) • Santo Antônio • Caxadaço (Pedra Furada – piratas e Corsários/ Dois Rios (presídio)) • Parnaioca (mais isolada da Ilha) • do Sul e do Leste (Lagoa Verde e Lagoa Azul) • Aventureiro (comunidade caiçara – surfe) • dos Meros (vestígios de ocupação humana de 3 mil anos, pedras para amolar ferramentas) • Provetá (comunidade caiçara)

Rio-Santos 111


Turismo Náutico

Pico do Papagaio

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Ilhas

Colônia Penal de Dois Rios O Império comprou a Fazenda Dois Rios onde, em 1903, foi inaugurada a Colônia Penal de Dois Rios que servia de prisão para delinquentes comuns. Na ditadura militar, recebeu presos políticos, já com a bandeira de presídio de segurança máxima. Em 1994, o Instituto Penal Cândido Mendes, na Vila Dois Rios, foi desativado por ordem do governador Leonel Brizola. Com a desativação do “caldeirão do inferno”, como os detentos chamavam o presídio, o turismo cresceu e, em 1994, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ implanta o Ecomuseu, com Centro de Multimídia, Museu do Cárcere – MuCa, Museu do Meio Ambiente e Parque Botânico, todos integrados. Onde: Vila Dois Rios – Ilha Grande.

Presos famosos Graciliano Ramos Preso político por ter participado da Intentona Comunista em 1935, escreveu “Memórias de um Cárcere” descrevendo a o cotidiano dos presidiários. Nelson Rodrigues Filho Preso político na ditadura militar de 1964 Fernando Gabeira Preso político da ditadura militar. Lúcio Flávio Preso político da ditadura militar 112 Cidade&Cultura

Lazareto Dom Pedro II, em visita à Ilha Grande, mandou instalar um lazareto (nome que se dava a centros de triagem de passageiros e tripulação de navios; os que apresentassem doenças cumpriam a quarentena), inaugurado em 1886. Esse ato imperial, mais doações feitas para a construção da capela de São Sebastião, contribuiu muito para o desenvolvimento da Vila do Abraão. O lazareto era dividido em três pavilhões, cada um correspondente à classe social dos passageiros. Havia restaurante, armazéns e um departamento para cuidados dos doentes. Aqui, Dom Pedro II e a família imperial partiram para o exílio no navio Alagoas, rumo à Europa. O lazareto funcionou até 1913. No governo de Getúlio Vargas, foi transformado em presídio. Foi demolido em 1954 com tiros de canhão, a mando do governador Carlos Lacerda. Suas ruínas, em meio à mata, dão uma dimensão do lugar por onde passaram pessoas importantes como Orígenes Lessa, preso político por ter participado da Revolução Constitucionalista de 1932, que escreveu no próprio presídio Não há de ser nada e Ilha Grande, onde narra os dias amargos ali vividos. Onde: Vila do Abraão.



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Aromas&sabores

Peixe à moda quilombola peixe grelhado acompanhado de palmito na manteiga, farofa de banana da terra com camarão e arroz branco Restaurante do Quilombo - Paraty

Culinária da

terra e do mar SABOREAR AS MATÉRIAS-PRIMAS ORIUNDAS DA REGIÃO LITORÂNEA DO SUDESTE BRASILEIRO é uma experiência gastronômica gratificante. De grande influência indígena, a alimentação do caiçara é uma das mais saborosas. Com poucos recursos em terra, onde o cultivo de grandes lavouras ou a criação de animais sofria com empecilhos impostos pela Serra do Mar, o oceano era o maior fornecedor de proteínas.

ras cuidavam da roça enquanto seus maridos saíam para pescar. Era muito comum nas comunidades existirem as “casas de farinha”, com todos os dispositivos necessários para a prensa e a secagem da mandioca, onde as mulheres se reuniam para preparar a farinha usada como acompanhamento dos pratos e também na composição de um delicioso pirão, feito com a farinha e cabeças de peixes.

No mercado existem muitos tipos de farinha, como a de rosca, de milho, de trigo, de arroz, de aveia, e por aí vai. Mas, nesta região, a farinha mais consumida é a de mandioca. Uma cultura milenar que requer conhecimentos técnicos, pois a mandioca brava da espécie manihot esculenta, se ingerida crua ou mal cozida, pode causar danos à saúde. Ela é utilizada apenas no fabrico da farinha que requer cuidados específicos de quem trabalha com isso, transmitidos de geração em geração. Chamadas de farinheiras, as mulheres caiça114 Cidade&Cultura

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Farinha


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Banana

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A banana é a fruta mais consumida nessa região. Em um prato caiçara típico, é uma das vedetes. Não importa sua espécie, está presente no café da manhã, no almoço e no jantar, em pratos quentes ou em doces. Há muita discordância sobre a origem da bananeira, mas o que se sabe é que, ao chegar ao Brasil, os portugueses viram que a banana já fazia parte do cardápio indígena. Nas cidades da Rio-Santos, fábricas de doces de bananas são muito comuns.

Rota do Cambuci

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Bertioga é uma das cidades que compõem a Rota do Cambuci, uma iniciativa de preservação desse fruto tão apreciado e que está em vias de extinção. Em tupi, “cambuci” significa pote de água, pois se parece com um pote de cerâmica. Nativo da Serra do Mar, era muito usado para a fabricação de cachaça curtida nessa fruta, assim como doces e compotas. In natura, seu sabor é azedinho, porém muito bom. Alegria dos índios, tropeiros e portugueses, deu nome a um famoso bairro da cidade de São Paulo. A árvore pode alcançar até 10 metros de altura e vive até 50 anos.

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Gengibre Ubatuba

Pupunha Com a quase extinção do palmito jussara, a pupunha está em alta, pois possui a mesma textura e um sabor quase igual. Originária das florestas tropicais da América, essa espécie de palmeira pode alcançar vertiginosos 20 metros de altura. Seus frutos são altamente nutritivos, consumidos em forma de farinha ou mesmo cozidos em água e sal. Excelente para saladas, a pupunha desfiada tem um sabor refrescante.

Com a recente redescoberta dos benefícios do gengibre, uma grande parcela de consumidores vão em busca desta raiz forte, aromática e de sabor marcante, para complemento alimentar. Ele é rico em vitaminas B1, B2, C, fibras, cálcio, lítio, entre outros. Também é excelente para doenças respiratórias, trato digestivo, problemas renais e depressão. Antioxidante, reduz o colesterol, o triglicérides, é energético e rejuvenescedor. Pensando nisto, em 1980, a Gengibre de Ubatuba foi a pioneira no cultivo na cidade e participou da primeira exportação da raiz. Produzindo de forma orgânica, em 2005 começou a confeccionar gengibre cristalizado, doces e em conservas. Na propriedade são feitas pesquisas de algumas universidades e hoje está aberta ao Turismo Rural e ao Ecoturismo. Onde: Estrada do Arariba, 300 – (12) 3849-5401 Maranduba – Ubatuba. Rio-Santos 115


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Aromas&sabores

Os sabores que vem do mar Hummmm!!!! Só pensar, já dá água na boca. Eles estão aí, sendo servidos de todas as maneiras possíveis, com técnicas que agradam ao paladar de todos. Frescos, são vendidos nos mercados de peixe, comuns a todas as cidade da RioSantos. Os frutos do mar são a principal atração gastronômica da região. Pratos com a rusticidade caiçara ou com a delicadeza da alta gastronomia são encontrados em todos os restaurantes. Ostras, vieiras, mariscos, lagostas, lagostins, camarões, caranguejos, siris e até ouriços-do-mar vêm com massas, assados, cozidos ou crus para fazer a alegria de quem os degustam e de quem os preparam.

Peixes De todos os tamanhos, de todos os pesos e de todos os formatos, o peixe é uma das fontes mais ricas de ômega-3, além de ser um alimento leve. Nas cidades da Rio-Santos, o que mais se vê são pratos elaborados com essa maravilha dos oceanos. Ensopado, grelhado, assado, frito, cru, cozido no vapor, tudo fica muito bom quando se usa peixe no preparo. Um dos mais tradicionais da região é a tainha, tanto é que em Bertioga temos o Festival da Tainha, no mês de julho. E a cada dia surgem novas técnicas de elaboração de pratos saborosíssimos.

Maricultura em Ilha Grande A maricultura ganhou força no início da década de 1990, quando os antigos catadores perceberam o início da escassez de certos pescados, moluscos e crustáceos. Com isso, estudos foram feitos na tentativa de criar fazendas marinhas para a criação de determinadas espécies. As ostras e os mariscos foram pioneiros nessa nova atividade. Em Ilha Grande o negócio avançou e hoje são três moluscos cultivados: mexilhões, ostras e coquilles de Saint Jacques (as deliciosas vieiras). Essa iniciativa despertou o interesse dos filhos dos antigos caiçaras que, pelas dificuldades da pesca, viram grande oportunidade de ganho de renda nessa atividade. Isso sem falar no ganho ambiental. Estas fazendas marinhas então no Sítio do Forte, na praia Longa e na do Bananal.

Situada na praia da Cocanha, a Associação dos Maricultores fez de Caraguatatuba a cidade que mais produz mexilhão no país. São três fazendas na cidade, que possuem posição estratégica para este cultivo. A maricultura chegou a Caraguatatuba em 1989, dando às famílias de pescadores uma nova fonte de renda, perdida com o declínio da pesca artesanal. Atualmente são quinze criadores capacitados. 116 Cidade&Cultura

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Maricultura em Caraguatatuba



Gastronomia

Restaurante Mar Casado - Guarujá Filé de bacalhau à Portuguesa com purê de mandioquinha e azeitonas

Onde os ingredientes

viram arte

A CULINÁRIA CAIÇARA TRADICIONAL ESTÁ PRESENTE EM RESTAURANTES DE TODAS AS CIDADES DA RIO-SANTOS, mas há os que elevaram esses pratos a um novo patamar, transformando o que era saboroso em verdadeiras obras de arte, recorrendo a novas técnicas de preparo, agregando outros ingredientes, sempre porém mantendo a tradição no uso de elementos ances118 Cidade&Cultura

trais para a construção das receitas. Chefs renomados assinam releituras e novas receitas, aproveitando o máximo das propriedades dos ingredientes regionais. Boa dica é ficar atento aos Festivais Gastronômicos realizados por toda a região, como o da Tainha e do Camarão, em Bertioga, Caraguatatuba e Paraty. Vale a pena conferir essa experiência memorável!


Camarão Sedutor

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Restaurante Taioba - Itamambuca - Ubatuba

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Conchiglie Salmone Ubriaco

Restaurante La Marina Marinas Nacionais Guarujá Restaurante Pasta Del Capitano - Ilhabela

Siri mole com maionese de pequi

Azul Marinho

TATYANA ANDRADE

O Azul Marinho talvez seja o prato mais típico desta região, pois reúne todos os ingredientes de uso cotidiano: banana verde, peixe, farinha da terra, coentro e alfavaca. Se bem preparado, não há nada tão delicioso. O nome Azul Marinho tem origem no próprio preparo do prato, pois as bananas nanicas ou da terra, além de estarem verdes, devem ser cozidas com casca que, em temperatura alta, dão a coloração azul. Se quiser adicionar o camarão, fica melhor ainda. Como um dos principais atrativos gastronômicos, pode ser encontrado em muitos restaurantes da Rio-Santos.

Rio-Santos 119


Roteiros

O caminho real

da Serra do Piloto

FOTOS MÁRCIO MASULINO

Estrada Imperial – Serra do Piloto

Bebedouro da Barreira e Cachoeira dos Escravos 120 Cidade&Cultura

A Estrada Imperial servia para o escoamento do café e de escravos oriundos da África, destinados a fazendas de café do Vale do Paraíba. Primeira estrada de rodagem do Brasil, aberta em 1857, ligava Mangaratiba a São João Marcos. Atualmente, 90% asfaltada, ainda preserva seu calçamento original em pedra pé de moleque em locais históricos, como o Mirante Imperial, o Bebedouro da Barreira, a Cachoeira dos Escravos, a Ponte Bela e o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos. Com tecnologia de ponta, da época, possuía marcos de milhas ou léguas, um perfeito sistema de escoamento de águas pluviais, pontes e galerias com pedras de cantaria, pontes em arco e muros de arrimo com acabamento de capeamento de pedra trabalhada por toda a extensão da estrada. Projetada pelo engenheiro inglês Eduard Webb, essa estrada estava entre as melhores do mundo. Segundo Mirian Bondim, historiadora da Fundação Mario Peixoto, “o homem mais rico do Brasil no século XIX foi o comendador Joaquim José de Souza Breves, ‘O Rei do Café’ e o maior escravocrata nacional. Ele construiu o Porto do Saco e, pela estrada, escoava toda a sua produção de café e traficava seus escravos”. Existem ruínas na Praia do Saco, em Mangaratiba, referentes a armazéns e a um teatro que recebeu muitos artistas famosos. No local também eram realizados leilões de escravos. O porto da Praia do Saco era considerado um dos mais movimentados do país nesse período.


Ruínas da casa do Capitão-mor

Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos Em 1939, São João Marcos foi uma das primeiras cidades históricas do Brasil tombadas pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Mas, no ano seguinte, foi destombada e demolida pelo Governo Vargas para permitir a ampliação do complexo hidrelétrico de Ribeirão das Lajes e garantir o suprimento de água para o Rio de Janeiro, que então enfrentava uma crise de abastecimento. Atualmente, suas ruínas podem ser visitadas, pois o local se transformou em um espaço cultural e educativo, patrocinado pela Light e pela Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, e gerido pelo Instituto Cultural Cidade Viva (ICCV). Foi aberto em 2011 sobre as ruínas da antiga cidade. Há ainda o Centro de Memória e o Espaço Obra Escola, onde, por meio de painéis ilustrativos em formato de história em quadrinhos, as crianças são introduzidas ao mundo da arqueologia de maneira lúdica; além disso, há a horta orgânica na qual alunos cultivam e colhem alimentos livres de agrotóxicos. Um lugar muito interessante onde a contemplação da paisagem é invejável. Destaque para o observatório de pássaros que embelezam as ruínas com suas lindas cores e cantos. Aberto de quarta a sexta-feira, das 10h às 16h e sábado e domingo, das 9h às 17h. Onde: Estrada RJ-149 (Rio Claro – Mangaratiba) Km 20 - (21) 2233-3690 – Site: www.saojoaomarcos.com.br; Facebook: www.facebook.com/ParqueSaoJoaoMarcos - Mangaratiba.

Cruzeiro e ruínas de Igreja Matriz ao fundo

São João Marcos em 1939

Centro de Memória e Espaço Obra Escola Rio-Santos 121


ALEXANDRA PAVAN

Roteiros

Sítios day use

MÁRCIO MASULINO

Esta modalidade de turismo é um grande atrativo, pois reúne grupos de todas as idades para desfrutar de um dia cheio de atividades como dança, jogos, piscinas, playgrounds, jardins para relaxar, tirolesas, entre tantos outros. Como é o caso do Sítio Jonosake que desde o início de seu funcionamento mais de dois milhões de pessoas já passaram por lá. Onde: Rua Norma Okasaki Inoue – (21) 26878000/8049 – Itaguaí.

Nova Feira de Itaguaí Um novo conceito de feira ao ar livre foi lançado por Itaguaí. No Parque Municipal da cidade, além das tradicionais barracas de peixes, frutas e verduras, o espaço foi aberto para atrações musicais, dança, teatro, brinquedos infantis, área de alimentação, palco para shows e tudo o mais. Aberta todos os domingos das 6h às 16h. Onde: Rua General Bocaiúva, 636 – Itaguaí.

Outros sítios Sítio dos Netinhos Onde: Estrada do Chaperó, 949 (21) 2688-1598 – Itaguaí. Sítio Bumerangue Onde: Rua José Acir Medeiros, 512 (21) 2688-8712 – Itaguaí.

Desde 1993, a Expo Itaguaí tornou-se um grande evento com cursos, workshop de projetos sustentáveis, exposição de animais, muita cultura, diversão para a criançada e shows de famosos para alegrar os visitantes. Considerada a maior festa country do estado do Rio de Janeiro. Acontece anualmente no mês de julho. 122 Cidade&Cultura

Sítio Jonosake

DIVULGAÇÃO

Exposição Agropecuária, Industrial e Comercial de Itaguaí


FOTOS DIVULGAÇÃO

Aquário de Ubatuba

Acqua Mundo Com 49 espaços de água doce ou salgada, aquaterrários e terrários, o Acqua Mundo é o maior aquário da América do Sul. Onde: Avenida Miguel Estéfano, 2001 – (13) 3398-3000 - Enseada – Guarujá.

Fundado por oceanólogos, em 1996, com o objetivo de contribuir para a educação e conservação ambiental, o Aquário de Ubatuba tem cerca de 130 espécies diferentes, desde tubarões até pinguins. Reconhecido como um dos melhores aquários da América do Sul, é considerado uma das melhores opções de lazer educativo no litoral de São Paulo. Outra ação importante é o acompanhamento técnico do Aquário de Ubatuba na montagem de outros aquários. Onde: Rua Guarani, 859 – Itaguá – Ubatuba. www.aqueriodeubatuba.com.br

Rio-Santos 123


Roteiros

MÁRCIO MASULINO

Parque Temático Estrada Real Réplicas em miniatura das vilas da época do Ciclo do Ouro. As peças, em fibra de vidro e detalhes em pedra-sabão, são reproduções do artesão Marcelo Castanheira; os personagens e as telhas das construções são de Maria Selma. A riqueza de detalhes é uma viagem garantida à época do Brasil colonial e também, de forma lúdica, o visitante aprende um pouco mais sobre a história, a arquitetura e as expressões desses tempos que perduram até os dias de hoje. Onde: Estrada Paraty-Cunha, km 2 – Paraty.

MÁRCIO MASULINO

Uma pausa para relaxar no Tamãi (sábios anciãos) é uma boa dica. Por meio da vibração de sons especiais, você irá se reequilibrar. O local em si é bem interessante com seus 17 gongos. Onde: Estrada de São João Marcos, 16 – (12) 3597-7916 – Mangaratiba.

TATYANA DE ANADRADE

Espaço Terapias Integradas Tamãi

Parque Municipal Fazenda Engenho D’Água

Vila de Itatinga Com a fundação da Usina Hidrelétrica de Itatinga, destinada a fornecer energia para o Porto de Santos, foi necessária a construção de uma vila residencial para os funcionários da usina. Desde 1910, essa vila atrai muitos visitantes por seus setenta chalés em estilo inglês, e por seu caminho, pois é preciso ir de barco pelo rio Itapanhaú até o píer e seguir viagem nos vagões da “Maria Fumaça”. No percurso podemos apreciar ruínas do século XVII e a exuberância da Mata Atlântica. Agendamento: Caiçara Expedições – (13) 3466-6905. Onde: Bertioga. 124 Cidade&Cultura

MARCOS PIFFER

Uma das mais imponentes construções de Ilhabela, a antiga Fazenda Engenho D’Água, foi produtora de açúcar, café e cachaça. Hoje, são 43,5 mil m² de área, pertencentes à Prefeitura Municipal, que a transformou em Parque. Datada do século XVIII, a sede com 2.500 m² de área de construção, foi erguida com pedra e cal e pau-a-pique. Um dos traços interessantes é que nos porões, morada dos escravos, há seteiras voltadas para o mar como forma de defesa de invasores. Onde: Avenida Pedro de Paula Moraes, s/n° Ilhabela.


Publieditorial

FOTOS DIVULGAÇÃO

Um dia

feliz

SR. JOAQUIM INOUE, EM 1988, IMPLANTOU EM ITAGUAÍ, UMA DAS PRINCIPAIS ATRAÇÕES TURÍSTICAS da Costa Verde na atualidade: o Sítio Jonosake. O sítio abre suas portas em um modelo “day use”, onde as pessoas relaxam, se alegram, brincam, nadam, dançam, se alimentam, assistem apresentações culturais e circenses, em um dia inteiro cheio de atividades revigorantes e familiares. O sítio é composto por 6 piscinas, 2 toboáguas infantis, 1 piscina com correnteza, playground, quadra de futebol de areia, recanto infantil com berçário, sala de repouso, sala de primeiros socorros, Jardim Japonês, 3 salões cobertos, refeitório, cozinha industrial, quiosques, tirolesa, arvorismo e estacionamento, tudo em uma área de 60 mil m². O sucesso é tão grande que por aqui já passaram milhões de pessoas do Estado do Rio de Janeiro, além de centenas de escolas e milhares de alunos. Os números surpreendem cada vez mais, por ano são mais de 130 eventos. Nas avaliações das redes sociais Facebook, Tripadvisor e Kekanto sua média é acima de 4,5 em um máximo de 5. O Sítio Jonosake também lidera iniciativas como: “Grupo de Arte Nativa Joaquim Inoue”, que desde 1987, faz intercâmbio cultural com o CGT Sinuelo da cidade de Canguçu, no Rio Grande do Sul; Campanhas de Arrecadação de Alimentos, um evento anual que distribuiu alimentos para 30 entidades de caridade do Estado do Rio de Janeiro em 2016; e Apoio ao Esporte Amador, com patrocínio e apoio para diversos atletas e eventos esportivos. Apesar de todo o sucesso obtido, o Sítio Jonosake está estruturando-se para, em breve, produzir eventos

sociais e corporativos, tais como, festas de 15 anos, casamentos, formaturas, e convenções. E, mais adiante, abrirá seu espaço para o turismo nacional e internacional, com alta gastronomia, apresentações culturais e musicais, além de atendimento bilíngue. Aproveite também para conhecer, em 2017, os produtos produzidos com ingredientes do próprio sítio. São geleias, bolos, bolinhos de aipim, temperos de carnes, entre outros que recebem o nome da nova marca “Jonosake Sabores Caseiros”. Contatos Atendimento telefônico: (21) 2687-8000, (21) 7816-5584, (21) 96427-9710 Atendimento via email: sitiojonosake@sitiojonosake.com.br Redes sociais: Facebook Sítio Jonosake [Oficial], Instagram sitiojonosake_oficial Whatsapp: (21) 96427-9710

Intercâmbio cultural em festas e eventos Rio-Santos 125




Rio-Santos 101


Paraty

Angra dos Reis

Mangaratiba

Itaguaí

Rio de Janeiro

99

Ubatuba

Guarujá

Caraguatatuba

290.752

Ilhabela

83

São Sebastião

73

Santos

Bertioga

São Paulo

433.966

Guarujá

12.038.175

Distância entre as cidades (em km)

Santos

População 2015 (IBGE)

São Paulo

c todos os direitos reservados

98

118

198

203

173

224

268

396

377

398

434

10

69

161

166

231

292

336

464

445

466

502

39

131

136

156

306

349

477

459

480

516

99

104

124

177

303

431

413

434

470

5

26

78

150

244

292

407

443

31

84

156

249

298

413

449

55

127

221

269

382

418

73

166

214

246

320

96

145

176

250

12

56.555

Bertioga

116

67

37

83.020

São Sebastião

198

161

131

97

32.197

Ilhabela

204

166

137

102

6

113.317

Caraguatatuba

173

241

156

121

26

31

86.392

Ubatuba

223

303

319

169

74

79

48

40.478

Paraty

268

347

363

301

147

152

121

188.276 40.779 119.143 6.476.631

74

Angra dos Reis

396

476

491

429

239

244

214

166

96

Mangaratiba

378

458

473

411

288

293

262

215

145

52 53

Itaguaí

398

477

493

431

410

415

384

247

176

84

33

Rio de Janeiro

433

512

528

466

445

450

420

318

248

156

105

84

157

33

106 74

74


MARCIO MASULINO

Depoimento

Praia de Mambucaba Angra dos Reis

Belos

caminhos

AOS AMANTES DO MAR, AOS AMANTES DA MATA ATLÂNTICA, aos amantes de lindas praias e ilhas, deixamos aqui nossa eterna gratidão à mãe natureza que faz de determinados lugares locais repletos de beleza e magia. Além da natureza privilegiada, há também os que lutam pela preservação da história e das comunidades típicas. A estes heróis, nada melhor que a benesse do reco130 Cidade&Cultura

nhecimento. As cidades entrecortadas pela Rio-Santos são tesouros encravados no litoral brasileiro. Aqui, o tempo não conta; o que conta é o acolhimento dos habitantes, o ir e vir do mar, o tilintar dos barcos ancorados, as ondas batendo nas pedras, os pássaros pescando e a certeza de que a vida é mais simples do que pensamos.



Praia do Forte – Bahia turismo.gov.br #veraonordeste


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