FOTOS MarciO MaSula
Índice
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LINHA DO TEMPO Dos bandeirantes aos barões, riqueza fruto do trabalho HISTÓrICO Grande parte da história do desenvolvimento do Brasil MEMÓrIAS Lembranças que não podem ser apagadas MuSEuS Relíquias do interior brasileiro em acervos bem preservados rELIgIOSIDADE A fé como ícone de um povo FErrOvIA A riqueza nos trilhos cortando o Estado de São Paulo rEvOLuçãO DE 32 Ideais e bravura na luta pela democracia brasileira IMIgrANTES Dificuldades e conquistas em terra estrangeira
4 Cidade&Cultura
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FOLCLOrE Tradição e brasilidade em solo bragantino ArquITETurA Imponência e conservação do passado ArTES Terra fértil para quem deixa a sensibilidade aflorar: criatividade e inspiração MEIO AMbIENTE A mata e a água envolvendo os sentidos TurISMO rurAL As delícias rurais em nossas mãos ESPOrTES Berço de talentos AErOCLubE Crescer sempre foi uma marca da cidade gASTrONOMIA A fartura da mesa interiorana
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FESTA DA LINguIçA Tradição no calendário nacional NãO DEIXE DE vISITAr Lugares interessantes e gostosos de se conhecer EXCELêNCIA PArA O FuTurO A educação como centro de desenvolvimento humano DADOS ESTATíSTICOS Compreensão do legado bragantino GENTE DA TERRA O retrato de um povo de sorriso largo brAgANTINO Impressões e valores aprendidos
andré Prata daniel abicair
Editorial Bragança Paulista é uma cidade que nos deixou encantados pela imponência arquitetônica de seus casarios espalhados pelas ruas, que guardam tantas histórias. Deixou-nos maravilhados por suas belas e bem cuidadas igrejas com ares de catedrais, verdadeiros monumentos de fé que tornam uma visita de cunho espiritual em um grande tour por obras de arte com dimensões extraordinárias, saídas das mãos de seus pintores e escultores inspirados pelas mãos dos anjos. O centro, com suas ruas estreitas e íngremes, dá a real dimensão da colina na qual os precursores escolheram fazer dali seu lar. No topo, Bragança é um retrato da opulência dos áureos anos cafeeiros que deixa retratada essa herança em cada canto da cidade.
EDITORIA
COnsELhO ExECUTIvO: Eduardo Hentschel, Luigi Longo, Márcio Alves, Roberto Debouch e Leila M. Machado
EDITORA: Renata Weber Neiva REpORTAgEm: Andrea Silva Nilsson, Jean de Castro e Nathália Weber
AssIsTEnTE DE pRODUçãO: Evellyn Alves COmERCIAL: Paulo Zuppa e Thabata Alves pRODUçãO gRáfICA: Purim Comunicação Visual (www.purimvisual.com.br)
pRODUçãO DIgITAL: OnePixel (www.onepixel.com.br) pRODUçãO AUDIOvIsUAL: Leo Longo fOTOgRAfIAs: Marcio Masula, Beto Maitino e Thiago Andrade fOTO CApA: André Prata ImpREssãO: Gráfica Silvamarts CIDADE & CULTURA é uma publicação anual da ABCD Cultural.
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Bragança Paulista 5
Linha do tempo
1763 O povoado recebe o nome de Conceição do Jaguari
1925 Recebe o título de Cidade Episcopal
8 Cidade&Cultura
1765 Torna-se Distrito de Paz e Freguesia de Conceição do Jaguari
1939 Fundação do Aeroclube de Bragança
1767 É elevada à condição de vila e denominada Vila Nova Bragança
1944 Recebe o nome de Bragança Paulista
FOTOS AcervO JOSé rOberTO vAScOncellOS AcervO eSTúdiO cASArãO reprOduçãO / márciO mASulA
1856
1874 Fundação da Santa Casa de Misericórdia
Vila Nova Bragança se emancipa de Atibaia
1976
Torna-se Estância Climática
Fundação da USF
Fundação da Sociedade Ítalo-Brasileira de Socorros Mútuos
2011 Primeira Festa da Linguiça
4ª Festa da Linguiça
2014
1964
1891
Bragança Paulista 9
Histórico
desenvo Acreditar, desbravar e
Assim como vários povoados começaram a surgir com a passagem dos bandeirantes, Bragança Paulista tem seu território divulgado por eles. Belas paisagens, clima ameno, condição de solo rica e, principalmente, passagem para o interior. Com o conhecimento das novas terras desbravadas, abriu-se um leque imensurável de produção e comércio para as vendas dos que por ali passavam em busca dos ouros de Minas Gerais. As fazendas 10 Cidade&Cultura
se formavam e a produção era boa e farta, mesmo com os métodos rudimentares da época. E assim se faz nascer uma cidade. No século XVIII, a Região Bragantina, formada pelos municípios de Águas de Lindóia, Amparo, Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Bragança Paulista, Joanópolis, Lindóia, Monte Alegre do Sul, Nazaré Paulista, Pedra Bela, Pinhalzinho, Piracaia, Serra Negra, Socorro, Vargem e Tuiuti, com solo apropriado ao cultivo do café, começa a
Acervo estúdio cAsArão
lver
se destacar no cenário brasileiro e, consequentemente, os que eram apenas fazendeiros que viviam quase para a subsistência, transformaram-se em ricos cafeicultores, edificando fazendas com luxuosas sedes, muitos escravos, casas na Vila e toda a comodidade e modernidade que a época poderia fornecer. Mas, antes desse fausto progresso, temos a família Pimentel que, à margem do Ribeirão Canivete, ergueu uma capela em homenagem
à Nossa Senhora da Conceição. Alguns dizem que esse feito seria uma promessa à Virgem que Dona Ignácia da Silva Pimentel fez para curar seu marido, o Sr. Antonio Pires Pimentel, de uma doença grave. A verdade sobre as reais intenções da elevação da capela, nunca conseguiremos saber, mas o fato é que em torno dela começou a se formar um pequeno povoamento que, em 15 de dezembro de 1763, recebeu o nome de Conceição do Jaguary. Dois anos depois, passou a ser denominado Distrito de Paz e Freguesia de Conceição do Jaguary. Com desenvolvimento rápido, virou Paróquia e, em 1767, foi elevada à condição de Vila, sob o nome de Vila Nova Bragança. Ligada a Atibaia, porém com todos os requisitos para ser uma cidade, em 1856, emancipou-se e virou o município de nome Bragança. Somente 88 anos depois, o “Paulista” foi agregado ao seu nome para diferenciar essa cidade de Bragança, no Pará. Bragança Paulista 11
Histórico
“Foi o Cap. José Candido Furquim de Campos quem em janeiro de 1875, trouxe para aqui o primeiro prelo, fundando, em fevereiro desse mesmo ano, com o nome de Século 19, o primeiro jornal que teve Bragança e cujo formato era pouco menor que o da atual cidade. Desgostoso por causa de perseguições que lhe moveram e guerra atroz que sofreu, três anos depois passou a propriedade da tipografia a uma associação que logo começou a estampar um outro jornal intitulado Guaripocaba. Quando ainda se publicava este jornal, o senhor capitão Furquim de Campos fez aquisição de um outro prelo, começando então a publicar outro semanário com o nome de Labaro. Órgão sem cor política e genuinamente popular. Mais tarde este mesmo semanário passou a denominar-se Bragancense e os exemplares de sua publicação, que se fazia em dias indeterminados, eram distribuídos gratuitamente. Além de aprendizagem da arte tipográfica por ele iniciada, o capitão Furquim de Campos foi o fundador, em Bragança, de uma escola noturna, a primeira que ele teve, assim como foi sócio fundador de uma loja maçônica. Exerceu diversos cargos de eleição popular e pelo seu grande préstimo e austeridade de caráter, mereceu e gozou sempre de respeitosa estima de seus concidadãos. O Século 19, primeiro jornal que fundou, era de feição republicana.”
Antonio Pires Pimentel Por José Roberto Vasconcellos Nasceu na região do Guatybaia, Freguesia de São João, pertencente ao Bispado de São Paulo, em 1704, e Ignacia da Silva nasceu em 1706, não se sabendo onde. No censo de 1767, consta que Antonio Pires Pimentel, de 61 anos, e sua mulher Igça A. Silvayra (Ignacia da Silva) de 44 anos, residiam no Jaguary Acima e tinham quatro filhos: José (1749), Maria (1752), João (1759) e Francisco (1762). O bairro Jaguary Acima, eram terras do sertão de Jaguary... em dias de hoje região de Amparo, Jacutinga, Ouro Fino, Pouso Alegre, Paraisópolis, Camanducaia, Joanópolis e Vargem. Antonio Pires Pimentel casado com Ignacia A. Silveyra faleceu em 17 de outubro de 1774, com a idade de 70 anos, pouco ou mais, na Freguesia de Conceição do Jaguary, sendo sepultado no pátio da Igreja Matriz. Não há menção de filhos deixados pelo falecido. (Do Livro de Assentamento de Óbitos – Freguesia de Conceição do Jaguary). Ignacia da Silva, como consta no escritos antigos, é referida no registro de óbito de seu marido, com o nome de Ignacia A. Silveyra. (Esse talvez seja seu nome correto). Quando da demolição da antiga Catedral – 1967 –, por ocasião dos serviços de terraplanagem foram encontradas, entre fragmentos de taquara e terra, restos de ossada humana, atribuídos na época como sendo de “índios”. Noticiaram os jornais locais que a ossada encontrada fora entregue aos cuidados da Prefeitura Municipal para o devido enterramento no Cemitério Municipal. Não houve divulgação de a ossada ter sido necropsiada. Nos livros do Cemitério da Saudade não há qualquer menção de sepultamento daquela ossada. Não seriam os restos mortais de Antonio Pires Pimentel?
Acervo José roberto vAsconcellos
Imprensa em Bragança
Fonte: Passando pelo Passado, José Roberto Leme de Oliveira – “Betinho”.
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Antonio Pires Pimentel cópia-retrato
MARCIO MASULA
Nesse ínterim de nomes e datas, o que se viu foi um vertiginoso crescimento da população e da produtividade cafeeira.
Café: a bebida mágica e suas lendas No século VI, na antiga Abissínia, atualmente Etiópia, um pastor de nome Kaldi, após um longo dia de caminhada em busca de alimento para seus animais, não conseguia dormir por tamanha movimentação do rebanho que se agitava incessantemente. Preocupado com tal agitação de todos, Kaldi foi procurar um mosteiro para sanar suas dúvidas quanto às reações “estranhas” dos animais. Pensava até em coisas sobrenaturais, o que era comum na época. Após relatar os fatos aos monges, estes o seguiram até o local dos “fenômenos” ocorridos anteriormente e ficaram a observar o cotidiano dos animais. Após alguns momentos, um monge percebeu que havia um arbusto que continha uns frutos vermelhos, semelhantes às cerejas, e que as cabras eram atraídas por ele. Então não teve dúvidas: pegou o tal fruto e socou-o em seu alforje de couro. o próprio Kaldi acabou por experimentar a planta e sentiu-se muito animado. No mosteiro, o abade levou a amostra para cozinhá-la e o resultado foi uma bebida muito amarga que fez com que o abade jogasse o precioso líquido na brasa do fogão. Ao queimar os frutos, o cheiro que se espalhou pelo ambiente foi tão intenso e delicioso que os monges retomaram a experiência e continuaram a testá-la, até que conseguiram um equilíbrio. Ficaram tão motivados e fortificados que a cantoria tomou conta do mosteiro naquela noite. E, de abadia em abadia, o tal fruto foi se espalhando até os dias de hoje. Quanto a Kaldi, este usava as tais “cerejas” para a confecção de uma pasta tonificante, misturada com manteiga.
Lendas à parte, a verdadeira origem do café é ainda desconhecida. o que se tem certeza é que na Etiópia Central ainda brotam pés dessa planta nas encostas de suas montanhas. o cafeeiro ficou conhecido mesmo no século XV, quando este alcançou o Mar Vermelho e chegou à Arábia. Um viajante romano, Pietro Della Valle, foi o primeiro a detalhar a planta em correspondência ao amigo e médico Mario Schipano. o valor das descrições foi tão importante que essas cartas estão guardadas na Biblioteca do Vaticano. os efeitos dessa bebida foram tão eficientes que o café chegou a ser considerado tóxico e proibido, pois se acreditava que poderia envenenar as mentes dos fiéis. Foi do porto da cidade de Moka que os venezianos fizeram seus carregamentos de café para vendê-los na Europa e, em 1616, clandestinamente, foi levado do Iêmen um pé de café para o Jardim Botânico de Amsterdã. Em mudas, o cafeeiro chegou à França como presente ao rei Luiz XIV. Pronto. Sementes e mais sementes, pés e mais pés e assim as “cerejas” de Kaldi conquistaram o mundo. No Brasil, foi graças à biopirataria que nosso ouro verde atravessou nossas fronteiras, vindo da Guiana
Francesa em 1720, contrabandeado pelo sargento-mor Francisco de Mello Palheta a mando do governador de Maranhão e Pará, João da Maia da Gama. De lá para cá, gradualmente o café foi substituindo a febre do ouro e tornou-se o principal produto exportado pelo Brasil. Uma curiosidade é que todos os pés de café que proliferaram em nosso país são originários daquele de Amsterdã que é do tipo Coffea arabica. Depois chegaram o tipo Bourbon Vermelho, o de Sumatra e outros. Com a prosperidade desse cultivo, os cafeicultores tornaram- -se politicamente muito influentes. Chamados de os Barões do Café, suas fazendas eram verdadeiras vilas, algumas contendo até moeda própria. Mas todo esse poder se vê à míngua quando da crise de 1929, que derrubou o preço de nosso produto a níveis muito inferiores aos custos para seu cultivo. Em Bragança, o cultivo do café tomou conta de seu território com as fazendas: Pedra Chata, de Domingos Leonardi; da Família Cometti; Santo Antonio, da família Godoy Moreira; da Família Mazzuchelli; da Família Raposo de Medeiros; da Fazenda São Miguel, da Família Felisbino da Silva, entre outras. Bragança Paulista 13
Grupo Escolar Dr. Jorge Tibiriçá A educação sempre fez parte do desenvolvimento de um povo e de um país. Sem ela, as consequências são a marginalização da população e a submissão ao poder. Bragança sempre levou isso a sério, oportunizando aos seus cidadãos o melhor ensino. Um desses ícones, que representa com magnitude e excelência o aprendizado, é o Grupo Escolar Dr. Jorge Tibiriçá. Berço de grandes nomes em nossa política, foi fundado em 1897 com o nome de Grupo Escolar de Bragança, sob a direção do Professor Raphael de Moraes Lima. Em 1906, recebeu o nome de Dr. Jorge Tibiriçá, que, no ano anterior, como presidente do Estado, fizera uma visita ao Grupo e, dadas as circunstâncias do prédio, incumbiu o Sr. Cesário Motta a encontrar um lugar para a construção de um novo edifício específico para fins educacionais. A escolha recaiu em um terreno situado na R. Cel. Leme, no centro da cidade, e este foi doado pela Câmara Municipal. Com uma população espalhada pelos campos, pequenas escolas foram erguidas sem condições corretas para as crianças. E foi justamente o Grupo que acolheu todos os alunos, impulsionando significativamente o ensino dos munícipes. O prédio foi inicialmente tombado pelo CONDEPHAC – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Bragança Paulista (Decreto Municipal nº 11.303, de 28/12/2000, e anos após também pelo CONDEPHAAT) e recebe o nome de EMEF Dr. Jorge Tibiriçá. Onde: Rua Coronel Leme, s/n - Centro
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Histórico
Biotônico Fontoura “Vamos reviver um bragantino que outrora escreveu vários livros os quais foram autênticos marcos na evolução industrial farmacêutica. Estou falando do bragantino Cândido Fontoura, cientista, laureado pela Academia Nacional de Medicina e técnico de uma das mais importantes indústrias farmacêuticas de nosso país. Fontoura também era escritor brilhante, que há muitos anos trabalhou pela melhoria das condições econômicas e sociais do farmacêutico, com obras divulgadas e aplaudidas em todas as Américas. Palavras de Fontoura: ‘Eu nunca prestei serviços a Bragança; ao contrário, Bragança é que me prestou o grande serviço de me aturar durante dez anos em que lá exerci minha profissão em uma pequena farmácia com uma atroz dispepsia nervosa. Mas foi de lá que eu trouxe para São Paulo os fundamentos da minha carreira, o Biotônico, o estudo, a saúde pública e as farmácias. E um laboratório de análises clínicas do qual se originou o Instituto Medicamenta’.” Fonte: Passando pelo Passado, José Roberto Leme de Oliveira – “Betinho”.
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ACeRvO eStúdIO CASARãO
Histórico
Matadouro Na primeira metade do século 19, na vargem do Lavapés, pouco aquém do açude, chamado Tanque do Moinho, existiu uma velha casa que servia de matadouro. Era um casebre impróprio para a matança de reses. A Assembleia Legislativa da Província de São Paulo autorizou a Câmara Municipal de Bragança a vender em hasta pública a casa que servia de matadouro, aplicando o resultado da venda na construção de um novo prédio. Atendendo à necessidade desse serviço, a Câmara Municipal mandou construir o prédio para o matadouro, na vargem do ribeirão Lavapés, em um grande descampado existente ao final da rua do mesmo nome: Rua do Matadouro (atual Rua Dr. Freitas). A construção foi supervisionada pelo mestre de obras Raffaelle Fiorillo, e o Matadouro Municipal, depois de concluído, foi inaugurado em 19 de outubro de 1898. O Decreto Municipal nº 4 de 15.12.1898 regulamentou o funcionamento e uso do Matadouro Municipal, que tinha como administrador o capitão José Nóbrega e um único magarefe (matador e esfolador de reses), Raphaelle Scalioni. Nessa época os animais eram abatidos de forma primitiva e cruel. Em 1924, o prefeito Dr. Valêncio do Prado, em terreno localizado junto à margem direita do Ribeirão do Lavapés, aos fundos de uma grande esplanada próxima ao prédio que até então servia como matadouro e para atender às exigências sanitárias em vigor na época, iniciou a construção de um moderno e novo Matadouro Municipal tornando-o vasto e espaçoso para as suas atividades. A população vê o original estilo arquitetônico do prédio, resultando um visual bastante difundido no ecletismo entre os projetos institucionais da época. Na fachada, sobre o portão principal, gravou-se “1924”, envolto por um adorno, como lembrança do ano de sua construção, e aos fundos, sobre outro portão, gravou-se como símbolo do matadouro bragantino a figura Cabeça de Boi envolto por um atavio estilizado. Em 25 de abril de 1925, era festivamente inaugurado o novo Matadouro Municipal, quando se procedeu à benção do prédio pelo Padre Luiz Gonzaga dos Santos Pereira, Vigário-Coadjutor de Bragança. Durante o triênio de 1926 – 1928, no Matadouro Municipal são introduzidos pela Prefeitura diversos
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melhoramentos necessários ao seu perfeito funcionamento e também ao seu embelezamento. Instalam-se mangueiros para suínos, duas caldeiras (uma para aquecer água e outra para receber essa água quente), um guindaste de levantamento de pesos e poços de pelação de suínos abatidos para o consumo público. No Relatório Geral da Prefeitura Municipal, do prefeito Raul de Aguiar Leme, em novembro de 1933, consta a seguinte informação: ‘construiu-se no local onde existiu o antigo matadouro, uma casa para o Administrador e aproveitou-se, na construção, parte do material antigo...’ (hoje é a casa de n.º 835 da Rua Dr. Freitas). Na grande esplanada em frente ao Matadouro Municipal, a projetada Praça do Matadouro torna-se realidade no início da década de 30 do século passado. Em área de 30 mil m², o prefeito Raul de Aguiar Leme faz surgir uma grande praça ajardinada, com galerias fluviais e ruas cascalhadas. Os terrenos laterais à grande praça foram divididos em 32 lotes que foram vendidos para a construção de casas. O Matadouro, marco que deu origem ao nome do bairro do mesmo nome, funcionou regularmente até a última década de 60, quando teve suas atividades definitivamente encerradas. Por vários anos o prédio ficou em total abandono e a mercê do tempo. A partir de 1972 passou a ser utilizado como sede de agremiações recreativas, o que propiciou o seu não desaparecimento total da paisagem urbanística do tradicional bairro. Entretanto, nada impediu que seu aspecto passasse por uma descaracterização. Integra o patrimônio ambiental urbano da nossa cidade o prédio do Matadouro Municipal, exemplar remanescente do período econômico da criação de suínos, com planta e tipologia arquitetônica da época. Fonte: José Roberto Vasconcellos.
Atualmente tombado pelo CONDEPHAC, é um Polo Cultural.
Histórico
A Santa Casa de Bragança Paulista teve início com a fundação da Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, em 31 de agosto de 1874, com o objetivo de servir a Deus pela observância do culto à religião Católica Apostólica Romana e o exercício das obras de misericórdia; e, como princípio, manter hospital de caridade e promover a devoção ao culto do seu excelso padroeiro o Senhor Bom Jesus dos Passos, compromisso aprovado por Dom Lino D. Rodrigues de Carvalho, Bispo de São Paulo. Foram seus fundadores o padre Simplício Bueno de Siqueira, o Coronel Luiz Manoel da Silva Leme, o Capitão Francisco de Assis Valle, e os ilustres Srs. José Gomes da Rocha Leal, José Guilherme Cristiano, José Narciso Pinto, Joaquim Lopes Maciel, entre outros. Desde o século 13, diversas Casas de Misericórdia foram fundadas na Europa e, inclusive em Portugal. O exemplo português foi seguido logo no início da colonização com a fundação da primeira Irmandade brasileira, em 2 de julho de 1543, na atual Santos, então capitania de São Vicente. O hospital
MARCIO MASULA
Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos da Santa Casa de Misericórdia de Bragança Paulista da Santa Casa de Bragança foi inaugurado em 8 de dezembro de 1877, em prédio alugado, à Rua Lavapés, atual Rua Barão de Juqueri. Frente à crescente necessidade de mais espaço, em 1896, iniciou-se a construção de instalações apropriadas. A obra foi inaugurada em 1900, depois de muito trabalho, embora a parte da frente já estivesse sendo usada desde 1898. Graças aos esforços de seus administradores, a Santa Casa expandiu-se, construindo alguns pavilhões. Em 21 de agosto de 1905, chegaram a Bragança as Irmãzinhas da Imaculada Conceição e ali permaneceram até 1974. Amabile Lucia Visintainer, em religião Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus, viveu de 1909 a 1918 em Bragança Paulista, na congregação por ela fundada. Segundo o padre Luigi Maria Rossi, pároco de Nova Trento-SC e conselheiro de Madre Paulina, foram nove anos de prova, considerados “uma clara permissão de Deus para que Madre Paulina se tornasse vítima de amor e de reparação”. Fonte: Arquivos Santa Casa de Bragança Paulista
Centro Cultural Geraldo Pereira - Matadouro As obras de reforma e restauração do prédio do antigo Matadouro Municipal e a revitalização da praça no seu entorno, que aconteceram durante o período de 16 meses, transformaram o espaço num lindo centro cultural – Centro Cultural Geraldo Pereira. O espaço está sob a administração da Secretaria de Cultura e Turismo, é amplo e composto de um auditório
para cerca de 100 pessoas, sala de exposições, salas de oficinas, almoxarifado, salas da administração e quatro banheiros, sendo dois para pessoas com deficiência. O Centro Cultural recebe frequentemente exposições artísticas e literárias, saraus, oficinais culturais de dança, música, artes visuais e teatro, lançamentos literários, palestras, rodas de debate, entre outros eventos. Além disso, tornou-se a nova sede dos projetos culturais que envolvem a Banda Municipal, a Banda Sinfônica Jovem de Bragança Paulista e a Orquestra de Violeiros do Rio Jaguari, consequentemente, a oficina de viola caipira. O Centro Cultural Geraldo Pereira é uma conquista valiosa para o município e enriquece as opções de lazer e cultura da população. Fonte: Secretaria de Cultura e Turismo
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Asilo São Vicente de Paulo Por José Roberto Vasconcellos De outubro de 1909 a junho de 1952, o Asilo funcionou em um modesto casarão que pertenceu ao Cel. Olegário Ernesto da Silva Leme, antiga sede de uma chácara que existia na colina considerada o ponto mais alto da cidade, nas proximidades do jardim público. O prédio e a chácara foram adquiridos em 1909 pelo presidente do Centro Católico, Cel. Afonso Olegário Ferreira Pinto pela quantia de 9 contos de réis, valor que foi arrecadado entre aquele presidente e as Sras. Carolina Eufrásia de Moraes, Ana de Moura Cintra e Maria da Glória Leme Oliveira. Escritos da época registram que na fachada do prédio lia-se: Asylo de Mendicidade do Centro Catholico de Bragança. Foi do “Centro Católico de Bragança” que partiram a ideia e a ação que se traduziu na realidade da aquisição do imóvel e a criação do Asilo de Mendicidade. O Centro Católico, importante sociedade de ação católico-social em nossa cidade, foi idealizado pelos Zeladores do Apostolado da Oração do Sagrado Coração, em 1902. Em 1904, dá-se a sua fundação, que congregava os católicos e tinha por especial objeto promover a união, o congraçamento de todos, a começar pela mocidade. Seus propósitos eram: a formação de uma biblioteca, de um jornal católico, de uma escola noturna para operários, conferências ou palestras de formação sobre assuntos religiosos e uma “Scola Cantorum”. Conforme o segundo livro de Tombo da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Bragança, que traz registros relativos a dados e acontecimentos na paróquia entre 1844-1912, o vigário Cônego Luiz Sangirardi (1906-1910), sobre a fundação do Asilo, detalha a compra do prédio e da chácara: “Asilo de Mendicidade - Um dos artigos dos Estatutos do Centro Catholico desta cidade é o da fundação de um Asilo para pobres inválidos... A sua inauguração effetuou-se aos 3 de outubro de 1909, as cinco horas da tarde com grande concorrencia”. Passados os anos, o que era bom ficou deveras prejudicado por falta de recursos e o caso foi noticiado: “No início do ano de 1946, já com a denominação atual, o Asilo de Mendicidade São Vicente de Paulo
atravessava uma fase difícil. As instalações da casa, de caridade que nunca foram boas, achavam-se em situação lamentável. Não somente eram pequenas para abrigar a velhice desamparada que nada procurava, quanto menos, teto seguro e pão sóbrio. Mas pior do que isso os pavilhões achavam-se em péssimo estado de conservação. Janelas havia, algumas sem venezianas e até sem vidraças, que, nos dias chuvosos e frios, as folhas eram fechadas de todo, encarcerando seus moradores em ambiente sem ar, nem luz. As instalações sanitárias eram em número insuficiente, velhas e desmanteladas. Tudo era um estado de causar lástima! As desoladas irmãzinhas de Caridade, sem meios, nada podiam fazer para suavizar a situação em que se encontravam os ‘vovôs’ indigentes ali asilados” (Folha da Manhã, 8/2/1946). Naquele ano de 1946, Zeferino Vasconcellos Filho, visitando o Asilo, como fazia semanalmente, ouviu da Madre isabel, superiora da Casa desde 1910 (casa onde Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus [Mãe - Madre Fundadora da Congregação] – hoje Santa Madre Paulina - trabalhou como súdita), o seguinte lamento: “Por que não se interessam tanto pelo Asilo de Mendicidade como por outras instituições de caridade de Bragança? Não poderiam os jornais fazer alguma coisa em nosso benefício, divulgando a nossa situação e abrindo uma campanha em nosso favor?” Zeferino, após ouvir tudo de Madre isabel e profundo conhecedor da situação daquela casa, trabalhando na imprensa, publicou a matéria cujo trecho acima relato. Que através de jornal da Capital abriu uma campanha em favor de um novo asilo. Conclamou as pessoas generosas, que tomassem a peito aquela campanha, pois o Centro Católico de Bragança, que em outros tempos zelava pela manutenção do Asilo, estava inoperante. A quermesse pró-construção do novo Asilo foi inaugurada em 1947, formada por três barracas, e foi o embrião das centenas realizadas pró-Asilo. Em solenidade realizada em 11 de setembro de 1949, Dom José Maurício da Rocha, bispo diocesano, procedeu à bênção e ao lançamento da pedra fundamental do novo prédio do Asilo. O novo prédio do Asilo de Mendicidade São Vicente de Paulo foi festivamente inaugurado em 15 de junho de 1952 e, em 1967, construíase o segundo pavilhão com dois pavimentos.
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Histórico A “Água da Biquinha” Por José Roberto Vasconcellos
ILUSTRAÇão ShUTTeRSTock
A água das biquinhas constituiu-se num dos mais preciosos patrimônios da cidade. Já era antiga, por certo, quando aqui chegaram os construtores desta civilização. Viu a cidade nascer, crescer e sonhar. Sua história é a própria história da cidade. Tornou-se uma lenda. Diz a tradição: “quem bebe d’ água dessas fontes não vai mais embora”. Essas fontes, há dois séculos acompanham a vida da cidade.
Infelizmente algumas foram extintas nas últimas décadas. Ficavam nos mais modestos recantos da cidade. A mais antiga e tradicional, chamada “Chafariz Vermelho”, - situava-se na baixada da Travessa do Riachuelo, aquém do pontilhão da linha de trem que ali existiu. Foi soterrada na metade dos anos 50, quando do calçamento da então avenida Circular (hoje avenida José Gomes da Rocha Leal). Outra “biquinha” surgiu na parte baixa da Rua da Liberdade, vinda da “nascente” encontrada quando da formação do loteamento Jardim Primavera (era a fonte mais bem cuidada e bonita); uma outra no final da rua José Domingues e outra no final da av. Antônio Pires Pimentel (ambas no bairro do Taboão e, curiosamente, dentro de postos de gasolina); outra à beira da Variante do Taboão, defronte ao Lago e outra no início da av. Euzébio Savaio (no Lavapés). Essas foram as mais famosas e conhecidas, que por vezes incontáveis socorriam a população nas constantes falta de água encanada. Os melhores bares da cidade anunciavam “café feito com água da fonte”.
Mercado Municipal
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MARcIo MASULA
Ponto histórico de Bragança Paulista, esta construção data de 1887 e funciona também como um atrativo turístico e artístico. Além dos produtos típicos de um mercado, o visitante pode assistir a espetáculos e música ao vivo em dias marcados.
Antiga Cia. Têxtil Santa Basilissa
ACeRvO eSTúdiO CASARãO
Histórico
Memórias de um passado glorioso Com grande entusiasmo pela história bragantina, o Estúdio Casarão nos cedeu estas imagens compiladas de acervos de pessoas que preservam o seu passado, garantindo às novas gerações as suas memórias retratadas com alma e luz. Desde 1993, o Casarão registra os melhores momentos da vida dos seus cidadãos com profissionalismo e dedicação. “A história do Estúdio é o retrato da valorização da fotografia em nossa cidade. Eu, Eledi Gonçales, e meu esposo, José do Carmo, juntamente com um grupo de amigos, fundamos o Foto Clube Bragança e passamos então a adquirir os acervos de fotos antigas de Bragança.”
Rua Coronel João Leme
Trecho da Rua Coronel Teófilo Leme
Símbolo do Matadouro
Matadouro
Largo Municipal e Centro Telefônico
Praça Raul Leme
Rua Coronel Osório 22 Cidade&Cultura
Rua Coronel Teófilo Leme
Histórico Combatentes da Revolução Constitucionalista de 1932
Cozinha típica do início do século XX
Museu Municipal “Oswaldo Russomano” O Museu Municipal de Bragança Paulista foi criado através do Projeto de Lei nº. 200/51, de 15 de setembro de 1951, de autoria do ex-vereador Saturnino Pacitti que, aprovado, foi transformado na Lei nº. 166, de 24 de outubro de 1953, que também criou a Biblioteca Pública Municipal. O Museu Municipal “Oswaldo Russomano” é o símbolo do patrimônio de Bragança Paulista, cidade de tradição histórica e cultural. Desde os tempos coloniais, Bragança se diferenciava por ser a cidade de onde saíam as tropas
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tanto para o interior como para o litoral. Já no tempo do Império se destacou por ser a cidade querida e agraciada por Dom Pedro II. O Museu Municipal “Oswaldo Russomano” foi inaugurado em 15 de dezembro de 1966, e na década de 1980, após algumas mudanças de local, instalou-se definitivamente à rua Cel. João Leme, 520, no centro da cidade. A casa onde o museu está instalado data de 1896, construída para ser a residência do Cel. Afonso Olegário Ferreira Pinto e sua esposa, D. Maria Salomé de Leme
Ferreira. A casa, esplendor do ciclo do café na região bragantina, coincide com o final do Império e o início da República. O empreiteiro construtor foi italiano. O acervo de aproximadamente 3.000 peças expõe objetos pessoais de grandes nomes da história do município e peças que retratam a época dos barões do café, dos constitucionalistas e a ocupação indígena do Guaripocaba. Encontram-se ainda louças, instrumentos musicais, móveis da antiga Câmara Municipal e objetos da extinta Estrada de Ferro Bragantina.
Maleta de oftalmologista itinerante
Ao visitá-lo, as pessoas voltam ao passado, identificando a história local em contato com períodos de importante mudança cultural e tecnológica, como o período imperial, a escravidão, a Segunda Guerra Mundial, a Revolução Constitucionalista de 32 e artefatos arqueológicos. No Museu podem-se ainda ver: objetos da arte sacra, máquinas fotográficas, relógios, TVs e rádios de época, fotografias do acervo histórico, objetos dos combatentes, além de peças que retratam o ambiente doméstico e a moda antiga, além de artesanato e artefatos indígenas. O Museu está equipado com Boulevard (onde alunos utilizam o espaço para, após a visita, fazer o seu lanche), salão de exposições temporárias e realização de oficinas.
FOTOS DIVULGAÇÃO E MArcIO MASULA
Liteira
Classificação dos escravos para serem libertados pelo fundo de emancipação
Equipamento odontológico
Geladeira do início do século XX: para seu funcionamento, no compartimento superior, diariamente colocava-se uma barra de gelo
Fonte: Museu Municipal Oswaldo Russomano
Onde: rua coronel João Leme, 520 - centro Bragança Paulista 25
Histórico
FOTOS DIVULGAÇÃO E MArcIO MASULA
Museu do Telefone de Bragança Paulista
Mesa PBX década de 1970 Modelo Sesa: aparelho brasileiro da década de 1970 com sistema automático de disco
“Com inigualável brilhantismo, na noite de 02 de março de 1908, inaugurou-se o novo edifício para instalação da sede da CRTB, Companhia Rede Telephonica Bragantina. A planta do edifício foi levantada pelo arquiteto Sr. Henrique Mondelli, que também dirigiu o serviço do cimento armado, o primeiro feito em Bragança. O edifício construído é de pedra, tijolo e coberto de cimento armado, tendo de madeira, apenas as portas e os caixilhos. No pavimento térreo, funcionavam: na entrada, a sala de espera e as cabinas para as conversações e em seguida, o escritório, o gabinete e dormitório do chefe da estação, a oficina e o depósito em seus respectivos compartimentos. No primeiro andar residia com a família o gerente da empresa. No segundo andar estava instalado um 26 Cidade&Cultura
comutador central typo, do fabricante Kellog, com capacidade para 200 circuitos metálicos, ligado por um cabo de 400 fios a um moderno para-raio munido de fusíveis caloríficos, instalado numa cabina dentro da torre de ferro para onde convergiam os fios da rede telefônica geral. A referida torre tinha a capacidade para mais 400 linhas, media 4 metros de altura por 2 ½ de largura e estava situada a 16 metros do solo. Junto à torre, no último pavimento, estava construído um aprazível terraço, donde se avistava toda a parte central da cidade. Sim, com certeza, muita coisa mudou. Já em 1940 a torre localizada no segundo andar não fazia mais parte do prédio, e em 1976 uma série de modificações e reformas foram feitas, principalmente no térreo que
Telegrapho policial “Na virada do século 19 para o século 20, as ruas paulistanas ganharam aparelhos, chamados de “telegraphos policiais”. Eram armas da população contra a criminalidade: por meio deles, era possível contatar, diretamente, os departamentos encarregados da Segurança Pública de São Paulo. Graças a um sistema de alavanca e seta, o contato era transmitido imediatamente, em código Morse. Um verdadeiro disque 190 das antigas. Aos comerciantes donos de estabelecimentos próximos a esses aparelhos eram confiadas chaves, para o caso de necessidade. O serviço foi desativado em 1935, com a chegada das radiopatrulhas. Mas sua memória está registrada em um dos cinco livros Fotografia e Telefonia, da Fundação Telefônica.” Fonte: Jornal O Estado de São Paulo
abrigava o (PS) Posto de Serviço. Com a inauguração do Museu do Telefone em 28 de outubro de 1976, o prédio passou por alterações e foram instalados cabines e suportes para telefones públicos em estilo “colonial” (pensando no início do século). Foi uma forma de manter o “ar histórico” e de época do prédio, unindo o Museu e o PS nessa mesma tentativa. Entre 1991 e 1992, o Museu do Telefone de Bragança passou por uma reforma. O piso foi restaurado, janelas foram abertas... Em catorze de junho de 2005 a Telefônica passou o prédio do Museu em comodato para a Prefeitura Municipal de Bragança Paulista e a Fundação Telefônica doou todo o acervo para o município.”
nasceu em Edimburgo, na Escócia no dia 3 de março de 1847. Sua família tinha tradição na correção da fala e no treinamento de portadores de deficiência auditiva. O avô, Alexander Bell, ex-sapateiro, era professor de elocução e foniatria no teatro. Sua mãe, Elize Grace Symonds, havia ficado surda muito jovem. O pai, Alexander Melville Bell, instrutor de surdos-mudos e especialista em problemas auditivos, queria criar o que chamava de “fala visível”. Aos 14 anos, Alexander Graham Bell e seus irmãos construíram uma reprodução do aparelho fonador. numa caveira montaram um tubo, com “cordas vocálicas, palato, língua, dentes e lábios”. Com um fole, sopravam a traqueia e a caveira balbuciava “mama”, imitando uma criança. Aos 29 anos, tinha finalmente inventado o primeiro telefone (reversível de mão) e a patente ocorreu no dia 14 de fevereiro de 1876. Quando morreu, em sua casa de Baddeck, no Canadá (na condição de cidadão dos Estados Unidos), no dia 2 de agosto de 1822, com diabete, todos os telefones dos Estados Unidos, em sinal de luto, foram silenciados por um minuto numa última homenagem ao homem que havia dado ao mundo um dos mais eficientes meios de comunicação.
Fonte: Museu do Telefone de Bragança Paulista
Fonte: Museu do Telefone de Bragança Paulista
Onde: Praça José Bonifácio - Centro
Alexander Graham Bell
Um dos primeiros aparelhos feitos por Graham Bell, usado para ouvir e falar no mesmo fone, em 1877 Fachada do Museu do Telefone de Bragança Paulista
A famosa telefonista
Castiçal de mesa: magneto da década de 1920 de fabricação norte-americana
Um dos primeiros modelos a unir o transmissor e o receptor em uma só peça Bragança Paulista 27
Religiosidade FOTOS MarCIO MaSula
Fachada da Igreja Santa Terezinha
Nossa Senhora da Imaculada Conceição
A fé expressa na magnitude e no esplendor de seus templos Cidade das Sete Colinas – Cidade-Poesia Por José Roberto Vasconcellos Bragança situa-se entre sete colinas, sombreando os vales e valorizando a expressão “Cidade Poesia”. Em cada colina ergue-se uma igreja ou uma capela: Nossa Senhora da Esperança (no Parque do Estado); São Francisco de Assis (no bairro Vila Santa Libânia) e Coração Imaculado de Maria (na Vila Maria); Santa Terezinha (no bairro Matadouro; na colina principal
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ladeada pela colina da Igreja de N. Sra. Aparecida (na Vila Aparecida) a de N. Sra. da Conceição (Catedral Diocesana) e a de N. Sra. do Rosário; Santa Luzia (no bairro Santa Luzia) em cima da sexta colina, e por fim a sétima colina, onde fica a octogenária Capela de São José, no bairro do Taboão. Aí está Bragança Paulista, ajoelhada nas Sete Colinas das Nove Igrejas que lhe encimam os picos, testemunho de que a cidade nasceu à luz da fé católica de seu povo.
AnDré PrAtA
Paróquia de Nossa Senhora da Conceição Por José Roberto Vasconcellos A primeira atividade paroquial ocorreu em 17 de fevereiro de 1765, data reconhecida como o Dia da Instalação da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Jaguary. Naquele dia, o vigário Pe. Hyeronimo de Camargo Bueno batizou Maria, filha de João Pais Domingues e de Leonor Pedroza. A imagem de Nossa Senhora da Conceição, entronizada por d. Ignácia na capela primitiva, esteve em trono próprio na Matriz até o final do ano de 1899. Em 1900, no paroquiato do Cônego Francisco Claro de Assis, foi entronizada a imagem atual, ofertada pela paroquiana d. Libânia Cintra Valle. A imagem primitiva – relíquia preciosa do século 18 – por estima e apreço –, é guardada na Casa da Diocese. A primeira capela, construída em 1763, provavelmente foi ampliada quando elevada a Matriz da nova freguesia (se é que não foi demolida) e no local foi construído um novo templo, mais amplo. Estas são meras hipóteses, pois, até o ano de 1837, nenhuma crônica faz referência ao templo. No ano de 1837, a Matriz se achava em obras e até 1911 passou por diversas reformas. Em meados do século 19, a Matriz apresentava uma arquitetura colonial brasileira, tendo à sua direita uma torre-campanário, construída em 1858. Em 19 de março de 1915, tinha início a última reforma da velha Matriz. A torre-campanário e a fachada foram demolidas, surgindo uma nova fachada, e no centro, uma torre-campanário de 75 metros, apoiada em quatro colunas de granito, encimada pela estátua da Padroeira da cidade. A reconstrução da igreja ficou concluída em 1927, quando a Matriz de Bragança fora elevada a Catedral. Naquele ano, instalou-se a Diocese de Bragança do Brasil, criada em 1924 pelo Papa Pio XI. A ameaça de ruína foi causada por ação da natureza quando, em 1960, um raio atingiu o lado direito da torre abrindo uma fenda do alto até o chão e em direção à ala do Batistério, pondo em perigo a solidez do prédio. Na manhã ensolarada de 28 de janeiro de 1965, precisamente às 9 horas, os três sinos da igreja tangeram pela última vez, anunciando aos bragantinos que a partir daquele instante se iniciava a demolição da Catedral. Demolida a tradicional Matriz-Catedral, único monumento histórico existente – que era querido de todas as gerações –, em julho de 1966 teve início a campanha dos bragantinos para levantar a Nova Catedral de Bragança Paulista. Em toda a sua trajetória histórica, nunca viu um movimento tão grande para a rápida construção da nova Catedral: campanha do cimento para o Trono de Nossa Senhora, campanha do cimento domiciliar pró-cobertura, campanha do piso, dos bancos, para a pintura das paredes e muitas outras.
ACervo José roberto vAsConCeLLos
Matriz c.1844-1850 Constr da 1ª torre, campanário Lado D
Obras de arte sacra na Catedral Nossa Senhora da Conceição – Bragança Paulista Por José Roberto Vasconcellos A atual Catedral Nossa Senhora da Conceição é o quinto prédio (templo) erigido no local onde surgiu a primeira capelinha construída em 1763 pelo casal Antonio Pires Pimentel e Ignacia da Silva, em que se entronizou a imagem de Nossa Senhora da Conceição. O prédio da nova catedral é obra do arquiteto Antônio Carlos Farias Pedrosa, natural de Pindamonhangaba-SP. É uma construção, em estilo barroco moderno, de linhas curvas, todo em cor branca, com a cobertura marcante em concreto aparente, de arquitetura arrojada e moderna, aos moldes do grande arquiteto franco-suíço Le Corbusier (Charles-Édouard Jeanneret-Gris), um dos mais importantes arquitetos do século XX, reconhecido como “o pai da arquitetura moderna”. O prédio de nossa Catedral foi concebido segundo suas teorias. A construção esteve a cargo do mestre de obras Vicente Gregório.
Bragança Paulista 29
Religiosidade A Cruz perdida A cruz de granito é obra de um negro escravo que a ofertou à Matriz de Bragança entre os anos de 1837 e 1881 (não existe comprovação oficial da data). O escravo era serviçal do Cel. Luiz Leme, que não teve nenhuma participação de mando sobre o ato realizado. Assim se comprova pelo Livro do Tombo da Paróquia. A devoção dos negros por Nossa Senhora, em especial, invocada sob os nomes de N. Sra. da Conceição e N. Sra. do Rosário, é um dos fatos mais tocantes de nossa história social. Quando da demolição da antiga Igreja Matriz, já Catedral (janeiro de 1965), a cruz foi retirada intacta de seu pedestal e entregue à guarda da Prefeitura Municipal. Anos mais tarde, 1986-1988, estava ela depositada no galpão existente nos fundos do Museu Municipal. Daquele lugar a cruz foi tirada, não se sabe quando, como, por quem, ou em que horário e levada para um antiquário. Segundo carta do diretor do Museu de Uberaba, a cruz foi comprada em um leilão pelo Diretor do MASP – Museu de Arte de São Paulo, que a vendeu a terceiro, que a repassou ao Museu de Arte Sacra que se organizava na cidade de Uberaba. Esse museu foi inaugurado em 1987. Naquela cidade a cruz foi vista pelo médico Dr. Otto Resende da Cunha Júnior, uberabense, residente em nossa cidade e que, num congresso de médicos, levou seus colegas bragantinos a conhecer a cruz que era tida pela mantenedora daquele museu como marco fundamental da cidade de Bragança Paulista. Os mantenedores daquele museu nada sabiam sobre a origem histórica da cruz de pedra, que pertencia à paróquia-mãe bragantina. Depois de grande mobilização por parte dos bragantinos, realizou-se a transação com o Museu de Arte Sacra, resgatando a relíquia pertencente à Paróquia de Nossa Senhora da Conceição – Catedral de Bragança Paulista.
Quarto da Santa Madre Paulina
Madre Paulina Natural de Vigolo Vattaro, cidade pertencente à Áustria e atualmente à Itália, em 1865, com o nome de Amabile Lucia Visintainer, filha de Napoleone Visintainer e Anna Pianezzer, cresceu em um ambiente de pobreza. Com 10 anos de idade, veio com sua família para o Brasil e instalou-se em Santa Catarina, onde atuou ativamente catequizando as crianças nas capelas de Nova Trento e outras cidades catarinenses, quando sua mãe morreu, em 1887. Paulina, em seu árduo trabalho, montou um grupo de mulheres para a tarefa da catequização e, com a autorização de D. José de Camargo Barros, Bispo de Curitiba, esse grupo recebeu o nome de Congregação Filhas da Imaculada Conceição, no ano de 1890, data esta marcada como fundação das obras de Madre Paulina e também dos seus votos religiosos, quando recebeu o nome Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus. A partir desse ponto, as irmãs que ajudavam Madre Paulina passaram também a receber em suas precárias instalações pessoas doentes e órfãos e, para conseguirem recursos, trabalhavam na roça e na indústria da seda. Em 1903, mudou-se para São Paulo e começou o trabalho da Sagrada Família em uma capela do bairro Ipiranga, abrigando filhos de ex-escravos, órfãos e idosos. Chegou a Bragança Paulista no ano de 1909, fundando a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, onde viveu até 1918, levando amor, consolo e a palavra de Cristo aos necessitados. Depois, mudou-se para São Paulo e levou uma vida reservada. Morreu com diabetes e cega, em 9 de julho de 1942. O Papa João Paulo II canonizou-a em 2002, sob o nome de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, considerada a primeira Santa brasileira.
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FOTOS MarciO MaSula
Por José Roberto Vasconcellos
Religiosidade
Igreja de Nossa Senhora do Rosário Por José Roberto Vasconcellos Em janeiro de 1783, na Freguesia de Nossa Senhora do Jaguary, hoje Bragança Paulista, foi criada a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e São Benedito, com aprovação de Frei Manuel da Ressurreição, 3º Bispo de São Paulo. É dessa época, em terras bragantinas, a devoção à Senhora do Rosário e São Benedito, quando os negros levantavam em oratórios um altar aos protetores dos humildes escravos. Da primeira capela doméstica não há notícias. Registros da paróquia, lavrados no Livro do Tombo, documentam que a primeira igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito aqui foi construída em 1821 na esplanada existente no morro de acesso entre a várzea do Ribeirão do Lava-pés e a Igreja Matriz. À es-
planada deu-se o nome de Largo do Rosário. Em 1872, a fachada do templo passou por reformas, surgindo um novo frontispício em estilo colonial. No campanário colocaram um sino de 150 kg doado pelos Irmãos da Irmandade. Esse sino o vigário Pe. Leornado Gioille benzeu solenemente na data de 15 de setembro de 1903. Após o decreto da Lei Áurea em 13 de maio de 1888, a instituição teve alterada sua denominação, passando a se chamar Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Em 8 de abril de 1913 - vinte e cinco anos após a Lei Áurea –, Dom Duarte Leopoldo da Silva, Bispo da Província Eclesiástica de São Paulo, à qual pertencia Bragança, aprovou o Compromisso de Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, a qual veio substituir a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Ao final da década de 1920, percebe-se que a primeira capela levantada em estilo colonial apresentava enormes desgastes devido ao tempo. Como o templo centenário se encontrava em precárias condições, Dom José Maurício da Rocha – primeiro Bispo da Diocese, em 1929 aprovou a demolição da velha igreja para a construção do templo definitivo no mesmo lugar. Em 10 de fevereiro daquele ano, o padre Álvaro de Lima, vigário cooperador da paróquia e assistente da Comissão Pró-Reconstrução da nova igreja, celebrou a última missa na velha Igreja do Rosário. O início da construção da nova igreja se deu em 1929 e foi projetada pelo renomado arquiteto da época Amador Cintra do Prado. Os trabalhos foram entregues ao construtor Francisco Rodrigues de Gouvêa, e supervisionados pelo padre Álvaro de Lima. Em 3 de maio de 1931, no templo ainda sem cobertura, Dom José Maurício celebrou a primeira missa. A igreja, quando concluída, ostentava duas grandes torres, encimadas cada com uma cruz, e a sua parte externa era toda em tijolo à vista. No interior do templo o piso é todo ladrilhado, ricos altares revestidos em mármore pérola ostentam belas imagens de seus santos padroeiros, e vitrais artísticos ofertados por famílias bragantinas e amigos de Bragança são peças que complementam o embelezamento da Igreja do Rosário. A beleza interior da igreja apresenta
Nossa Senhora, São José e Jesus Cristo
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Altar-mor da Capela da Santa Casa de Misericórdia
uma rica, artística e soberba decoração, realizada na década de 1940 pelo pintor sacro Salvador Ligabue. A obra existente constitui verdadeiro e rico patrimônio artístico e religioso da cidade e da diocese bragantina. As belas imagens de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito, patronos da Igreja do Rosário, foram ofertadas em 1933 pelo casal Cel. Afonso Olegário Ferreira e Maria Salomé Leme Ferreira e pelos membros da Confraria de São Benedito. A imagem primitiva de Nossa Senhora do Rosário está exposta em nicho próprio na sacristia da Igreja. Os ricos vitrais foram ofertados por paroquianos e associações religiosas. Duas majestosas torres de 41 metros ostentam um relógio e o campanário com três sinos de notas Sol, Si e Ré, que se chamam : Nossa Senhora do Rosário, Santo Antônio e São Benedito, conforme inscrições em cada uma. Esses sinos foram ofertados pelo casal Alfredo Farhat, ele na época deputado estadual. Era capelão da igreja o Mons. José Batista Mascaretti. Em 1980, era Bispo Diocesano Dom Antonio Pedro Misiara. A Capela do Santíssimo tinha como adorno a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, moldada com lona imitando pedra natural. Esse material, apresentando deterioração pelo tempo e presença de cupim, fez com que o local fosse totalmente modificado, quando surgiu nova Capela com afrescos e quadros pintados pelo artista sacro Bruno de Giusti.
Altar-mor da Capela Nossa Senhora do Bom Parto
Altar-mor da Igreja Santa Terezinha
Bragança Paulista 33
Religiosidade Sinos
Sino da Antiga Catedral
Por José Roberto Vasconcellos Existe som mais nostálgico do que o badalar dos sinos da igreja? No passado, nossa Catedral teve três sinos, dois menores e um grande, pesando 630 kg, que tinham gravados no seu bronze inscrições, desenhos e o nome de seus fabricantes e ofertantes: 1851 – Facit – Henrique Hinrichsen – São Paulo; 1876 – oferta de José Moraes Dantas, e 1887 – A. Sydow – São Paulo, oferta de Padre Simplício Siqueira de Bueno. Três históricos sinos, os quais no último dia do ano de 1900 badalaram em repique festivo à entrada do século 20, ao IV Centenário do Descobrimento do Brasil, ao 137º aniversário da fundação da cidade de Bragança e também ao 135º ano da criação da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Daqueles sinos, o menor, datado de 1851, pelo seu tempo de uso, 114 anos, apresenta rachaduras em suas paredes. Como seu som estava prejudicado, foi retirado da torre-campanário. Como relíquia do passado, hoje compõe o monumento da Cruz de Pedra existente na Praça José Bonifácio. É admirado pelas pessoas, pois é sino histórico. É um símbolo da emancipação política de Bragança. Foi esse sino que, no entardecer de 20 de abril de 1856, com seu repique, anunciou aos cidadãos bragantinos que a Vila Nova de Bragança emancipara-se de Atibaia e era elevada à categoria de cidade. Atualmente, no campanário existem três sinos para manter viva a história e as tradições: o de 1887 (de 630 kg) oferecido pelo Pe. Simplício, que foi pároco de Bragança (1849-1954); o de 1876, Sinos da Ireja Nossa oferta de José de Moraes Dantas, e um mais novo, datado com o Senhora do Rosário ano 2000, oferecido pelo casal de paroquianos Milton Aricó e Delza Maria Ferrarese Aricó. Cripta da Catedral
Acervo da Paróquia Nesse acervo existem diversos quadros a óleo sobre tela e que foram ofertados nos últimos 116 anos: • Aparição do Sagrado Coração de Jesus a Bv. Margarida Maria de Alacoque, pintado em 1897 por Guido Ducci e ofertado pelo autor; •Batismo de Jesus, pintado por Guido Ducci (1897), e por ele doado; •Matriz de Bragança, pintado por Luiz Gualberto (1922); •Cena da Descida da Cruz (Enterro de Jesus), pintado por Gino Bruno (1923). Esse quadro, medindo 2,35 m x 1,90 m, é fiel reprodução do célebre quadro do pintor belga Antoon van Dick e foi ofertado em 1924, pelo dr. Asprino Júnior, promotor de justiça; •Procissão da Sagração Episcopal de Dom José Maurício da Rocha (cena de 4/2/1925), pintado por Salvador Ligabue (1945) e doado à Paróquia; •35 telas a óleo reproduzindo as padroeiras dos países do continente americano, pintadas e ofertas por seus autores (pintores bragantinos) no paroquiato do Mons. Giovanni Barrese. As telas mostram Nossa Senhora sob diversas denominações; •O quadro representando o “Enterro de Jesus” pode ser visto na Capela da Cripta. Os das padroeiras dos países das Américas (do Norte, Central e do Sul) estão em diversas salas no subsolo da Catedral e os demais estão sob guarda na Casa da Diocese (anteriormente chamada Palácio Episcopal São José). Data de início das obras da Nova Catedral: 5/2/1965. Data da consagração da Nova Catedral: 8/12/1977, em cerimônia presidida por Dom Carmine Rocco, Núncio Apostólico.
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MarcIo MaSula
Religiosidade Decoração
Presbitério – é forrado todo em cobre, com estampas de seres viventes dos três reinos: animal, vegetal e mineral, representados pelas figuras bíblicas da pomba, da rosa e do peixe. Autor da obra: João Fort. Imagens Cristo Crucificado – Imagem talhada em mogno escuro, datada de 1/11/1974 obra de Roncon, escultor taubateano e doada pelas paroquianas do Clube das Abelhinhas; iniciativa de d. Alzira Ferreira Quilicci. Com a benção de Dom José Lafaiete Ferreira Alvares, Bispo Diocesano, a imponente imagem foi colocada na grande cruz de cimento, especialmente construída e existente no presbitério. Há dois anos a imagem foi retirada do local e substituída pela do Cristo Crucificado que pertenceu à antiga Catedral (essa imagem com a imagem de N. Sra. das Dores formavam, na gruta da Paixão, a cena do Calvário e ficava sobre o túmulo com a imagem do Cristo Morto). Atualmente, a imagem talhada em mogno, tendo a madeira toda ressecada, apresenta algumas rachaduras. Está em sala junto à cripta, aguardando restauro. Nossa Senhora da Conceição do Jaguary – Padroeira de Bragança. Imagem datada de 1898, talhada em madeira por Marino de Marino. Imagem doada pela paroquiana Libânia Cintra no paroquiato do Pe. Francisco Claro de Assis, foi entronizada na Matriz quando da virada do século XIX para o século XX. São José – Padroeiro da Igreja: Imagem datada de 1914. é do paroquiato do Côn. José Carlos de Aguirre. Senhor dos Passos, Nossa Senhora das Dores e Nosso Senhor Morto – Imagens esculpidas pelo mestre prof. José Fernando Caldas, vieram de Portugal (1918) e foram encomendadas por Antonio Lopes Cardoso, Provedor da Irmandade do Santíssimo Sacramento. A imagem de Nosso Senhor Morto está na capela da Cripta. Via Sacra – Mural de 180 m2, constituído de quinze (15) afrescos representando cenas da Paixão de Cristo e pintado por Sebastião Justino de Faria, artisticamente chamado Mestre Justino da Redenção. A obra, pintada em 1968, no período da ditadura militar, é polêmica, pois os personagens da via sacra são tipicamente brasileiros, em vez de soldados romanos: policiais militares, paisagens que lembram as montanhas ao redor de Bragança Paulista, casas em estilo colonial e cavalos amarrados
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Altar-mor da Catedral Nossa Senhora da Conceição
à porta de botequim. Para os católicos tradicionalistas de Bragança, foi demais. A inventiva do pintor – mestre Justino de Redenção – colocou o Cristo no pretório de Pilatos, não com figuras clássicas de soldados romanos, mais dois PMs, dando assim o toque de atualidade à imagem do prisioneiro indefeso. Os painéis elaborados no auge da ditadura militar caracterizam-se pelas pinceladas longas do artista, que retrata nos carrascos de Jesus Cristo a truculência da época em que vivia o nosso País. Esses murais são de muita beleza, em cenas pintadas com cores vivas uma ao lado da outra e totalmente compatíveis com a arquitetura da Catedral. Para a cena de Verônica enxugando o rosto de Jesus, a paroquiana Glória Cresci serviu de molde para o artista. Os murais existentes em nossa Catedral são muito valiosos, do ponto de vista artístico. Sebastião Justino de Faria é muito conhecido no mundo das artes. Seu nome e obras estão divulgados no Suu Art Magazine Catálogo Internacional de Artes, nº 22, edição 2010. Vitral da Capela do Santíssimo – Obra do prof. Cláudio Pastro, artista plástico brasileiro formado em Liturgia e renomado em Artes Sacras. O vitral tem as dimensões 4,80 x 4,80 cm. Nas laterais temos dois anjos flamejantes que simbolizam a santidade do lugar. As figuras são inspiradas nos anjos que guardam as portas do Paraíso. Outras figuras existem. No alto há a inscrição Santo! Santo! Santo! Lembra, do mesmo modo que os anjos, a santidade de Deus e da sua presença. Prof. Cláudio Pastro é o responsável pelas pinturas do Santuário Nacional de N. Sra. Aparecida, em AparecidaSP e é considerado o Michelangelo brasileiro. Sacrário da Capela do Santíssimo – Artística peça, em metal dourado. Foi doado na década de 1970 pelo Movimento de Cursilho de Cristandade. Cruz no topo da Torre – Feita de ferro, mede 4,85 m por 2,50 m com braços iluminados por lâmpadas fluorescente na cor verde. Sinal luminoso a testemunhar a fé que anima os bragantinos. Campanário - De formato triangular, contém no seu patamar três janelas que culminam na torre de 75 m, onde estão instalados três sinos. O acesso ao campanário é por uma estreita escada em caracol com uma centena de degraus.
Estrada de Ferro Bragantina Acervo José roberto vAsconceLLos
Locomotiva
Rota de riqueza e desenvolvimento Já sabemos da importância da cafeicultura no interior de São Paulo para o resto do país. O Ouro Negro atingia níveis de exportação e o escoamento do produto era muito dispendioso e muito vagaroso. Havia a necessidade de se desenvolver mais agilidade no transporte da valiosa carga até o Porto de Santos. A Ferrovia Santos-Jundiaí, inaugurada em 1867, denominada São Paulo Railway Company, foi o exemplo de que nada era impossí38 Cidade&Cultura
vel para fazer chegar o café ao Porto de Santos. Daí em diante, os cafeicultores viram a possibilidade de escoamento mais rápido, seguro e também mais barato. O que precisavam era reunir capital suficiente para levar a ponta da SantosJundiaí até Bragança. E foi isso o que eles fizeram: conseguiram os recursos e, em 1878, começavam as obras já na Estação de Campo Limpo (última da Santos-Jundiaí). Sua extensão foi de 51,5 km até
o município de Vargem (antes chamado Bandeirantes). As estações na cidade foram Taboão, Bragança no bairro do Lavapés, Curitibanos e Guaripocaba. “Pela Lei provincial de 6 de abril de 1872, o governo contratou, com os senhores Coronel Luiz Manoel da Silva Leme, Coronel Francisco de Assis Vale Junior, Doutor Braulio Timóteo Urioste, Padre Ezequias Galvão da Fontoura, Major Manuel Jacinto de Moraes e Silva, Capitão
Francisco de Assis Vale, Antonio Manoel Gonçalves, João Manoel Vieira Leite Guimarães, Firmino Joaquim de Lima e José Gomes da Rocha Leal, a construção de uma via férrea, que, partindo da Estrada de Ferro da Companhia Inglesa, fosse ter a Bragança, até a divisa de Minas Gerais. Doze anos depois, em 1884, o apito da locomotiva invade os céus bragantinos, enchendo de entusiasmo a população local e abrindo o caminho do progresso para aquela gente... Uma típica criação da economia cafeeira, lançada e inaugurada por um grupo de fazendeiros, cujos nomes figuravam nas locomotivas a vapor, das antigas Maria Fumaça (sic). Durante 45 anos, entre 1884 e 1929, a estrada serviu a região bragantina e também a aristocracia rural da
FOTOS MarciO MaSula
Exposta na cidade, guardiã de um tempo promissor
ainda em pé, esta Estação é a lembrança de um período de riqueza
época, os chamados Barões do Café, no transporte da produção cafeeira. Com a abertura da Fernão Dias, no governo de Juscelino Kubitscheck, foi dado o golpe de graça na Estrada de Ferro. A Bragantina, quase centenária, era autônoma e não um ramal, foi sobrevivendo a duras penas, e no governo de Laudo Natel foi extin-
ta... Relatos históricos lembram que, em novembro de 1886, o Imperador Pedro II descia de um trem da Bragantina, acompanhado de uma comitiva e pisava neste solo, trazendo a comoção da sua ilustre presença, como relatam os jornais da época”. Fonte: Passando pelo Passado, José Roberto Leme de Oliveira – “Betinho”.
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FOTOS DIVULGAÇÃO
Revolução Constitucionalista de 1932
“Foi uma daquelas causas pelas quais os homens podem viver com dignidade e morrer com grandeza” Juscelino Kubitschek
Com a perda do poder paulista no Governo Federal, a subida de Getúlio Vargas ao poder, a deturpação da Constituição Brasileira de 1881, a implantação de uma ditadura e a imposição de um interventor getulista no governo do Estado fizeram com que as elites cafeeiras e a população em geral abraçassem a causa separatista. Em 1932, o povo foi às ruas em um manifesto claro de desconten40 Cidade&Cultura
tamento com a situação. Um grupo de manifestantes tentou invadir a Liga Revolucionária, que era uma força paramilitar de Getúlio, quando quatro estudantes foram mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo – MMDC . Esse trágico acontecimento foi o estopim para a revolução começar. Em 9 de julho, o Estado de São Paulo partiu contra as tropas federais. No Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, o
movimento tomou força, porém, por uma série de intempéries políticas, esses três, que seriam os maiores aliados de São Paulo, interromperam o apoio e isso fez com que os paulistas perdessem. Apesar da derrota, o que se viu foram resultados favoráveis aos constitucionalistas. Bragança Paulista fez parte efetiva da defesa do território do Estado de São Paulo, no arco
NATáLIA PeLLIccIArO
Monumento da Praça 9 de Julho
batizado de Frente Mineira na defesa, formado pelas cidades de Bragança Paulista, Campinas, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Uma enorme extensão de terra para repelir o inimigo. Grande parte do contingente revolucionário organizou suas tropas em Bragança. Porém, em 26 de agosto, foram obrigados a se retirar das fronteiras devido à falta de munição e a inferioridade de soldados. Nesse confronto desproporcional, participaram 119 bragantinos, dos quais 12 perderam suas vidas pelo ideal de justiça e liberdade, deixando como legado a bravura. Apesar da derrota, o que vimos foi uma mobilização do povo paulista em geral, com mulheres atuando eficazmente, campanhas de arrecadação de ouro, fabricação de armas, veículos e telefones. Improvisavam tudo: granadas, morteiros, canhões, veículos blindados, capacetes e até o barulho de metralhadoras com a “matraca”. Foram os precursores das rações de campanha. Recrutaram 50.000 homens e 72.000 mulheres com 600 vidas perdidas. Um exemplo de luta, mobilização e a certeza de dias melhores para seus filhos e netos.
Artefatos utilizados pelos paulistas contra os federalistas
“Secretaria do Interior de Minas-Gerais Situação Boletim n° 1 Na noite de 9 para 10 de julho, sublevou-se parte das forças do Exército aquarteladas em São Paulo, sob o comando do coronel Euclydes Figueiredo. O movimento ficou circunscrito ao fóco em que se manifestára, achando-se em calma a Capital da Republica e o resto do país, cujas guarnições federais se conservaram fieis à Ditadura. Tendo ciência do ocorrido, o Presidente Olegario Maciel assegurou ao Governo Provisório a solidariedade do Governo de Minas-Gerais, pondo à sua disposição os recursos militares do Estado, para que se mantenha a ordem. O General Flores da Cunha também telegrafou ao Presidente Getulio Vargas, afirmando-lhe o inteiro apoio material e moral de seu Estado... Em Minas, a situação é de inteira tranquilidade, e o Governo dispõe de todos os elementos para assegurar a ordem e o funcionamento normal das atividades públicas e particulares. Foram tomadas pelo Presidente Olegario Maciel as medidas preventivas que se faziam míster. Em todos os municípios do Estado suas ordens foram cumpridas, e de todos eles já lhe vieram manifestações de solidariedade. Belo Horizonte, julho de 1932”
Bragança Paulista 41
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Imigrantes
Esperança, tenacidade e
a certeza da realização Entre 1870 e 1970, quase metade da população italiana saiu de seu país, emigrando para outros países da Europa e as Américas do Norte e do Sul. As mudanças do sistema feudal para o capitalismo e a industrialização do continente europeu fizeram com que a terra para cultivo na Itália ficasse aprisionada nas mãos de poucos latifundiários, tornando impossível ao pequeno agricultor competir com os grandes. Isso transformou de forma significativa a vida rural do continente e, consequentemente, expulsou essa faixa de agricultores de seu país, levando-os a procurar oportunidades em outros lugares. Outro fator determinante para a saída dos italianos de suas terras foi a degradação da sociedade, resultado da luta pela Unificação Italiana com uma sucessão de transtornos que deterioraram os cofres públicos. 42 Cidade&Cultura
No Brasil, a situação nos campos estava se agravando devido ao fato de a Grã-Bretanha pressionar os políticos para o fim da escravidão, força de mão de obra barata que elevava os lucros a bom termo. Em 1850, é promulgada a Lei Eusébio de Queirós, que proibiu o tráfico de negros. No Oeste Paulista, fazendeiros sugeriram a mão de obra livre, antagonizando com os fazendeiros do Vale do Paraíba, que ainda possuíam grande parcela de escravos. Essa disputa surtiu efeito parcelado com as leis do Ventre Livre (1871) e dos Sexagenários (1885) e deu origem ao movimento abolicionista no país que culminou na libertação dos escravos em 1888. Não era apenas esse fator que preocupava os grandes fazendeiros, mas também a falta de mão de obra escrava disponível, pois o país era ainda inexplorado e com muitas frentes
de trabalho a serem abertas. Daí a importância da vinda dos italianos ao território nacional. A campanha feita para atrair essa população teve sucesso e o Brasil foi o terceiro país a receber o fluxo imigratório italiano, ficando apenas atrás dos Estados Unidos e da Argentina. Entre os anos de 1880 e 1924, entrou pelas nossas fronteiras aproximadamente 1 milhão de italianos, que sofriam deveras nos navios, como o caso de Matteo Bruzzo e de Carlo Raggio, onde 52 pessoas morreram de fome, e do Frisna, com 24 mortos por asfixia. Com as notícias repassadas ao governo italiano de que as condições dos imigrantes no Brasil eram precárias, Giulio Prinetti, então chefe do Comissariado, proibiu a emigração que era subsidiada pelo governo. Qualquer italiano que quisesse vir ao Brasil teria que vir às suas próprias custas.
Risorgimento “A primeira luta do movimento para unificar a Itália só teve início depois da decisão do Congresso de Viena que transformava a atual Itália. As primeiras tentativas de libertação do território italiano foram uma organização revolucionária chamada Jovem Itália, liderada por Giuseppe Mazzini, republicano que, junto com a jovem Itália, defendia a independência e a transformação do país numa república democrática. Em 1848, os seguidores de Mazzini promoveram outra manifestação contra a dominação austríaca em territórios italianos, mas foram vencidos pelo poderoso exército austríaco. Apesar da derrota, o ideal nacionalista permaneceu forte e, a partir dessa época, a luta pela unificação passou a ser liderada pelo Reino Sardol Piemontês. Cavour, um dos líderes do Risorgimento (movimento que pretendia fazer a Itália reviver seus tempos de glória), representava todos os que desejavam a unificação. Para alcançar tal objetivo, Cavour teve o apoio da burguesia e dos proprietários rurais e colocou em prática um plano de modernização da economia e do exército do Piemonte. Aproximou-se da França e conseguiu ajuda militar para enfrentar a Áustria. Com a ajuda da França, o exército de Cavour obteve expressivas vitórias e a Áustria, derrotada, foi forçada a entregar o reino. Quase ao mesmo tempo, o revolucionário Giuseppe Garibaldi atacou o Reino das Duas Sicílias e criou condições para sua libertação do domínio estrangeiro. Decidiram então, por intermédio de um plebiscito, ser governados também pelo rei do Reino Sardo-Piemontês, Victor Emanuel II. Com a maior parte do atual território italiano, em 1861 Victor Emanuel II foi proclamado rei da Itália, mas, para que a unidade fosse completada, era necessário Um família de conquistar Veneza e Roma. Veneza imigrantes italianos foi incorporada no ano de 1866 e Roma em 1870 que passou a ser capital do país no ano seguinte. O papa Pio IX não aceitou a perda dos domínios territoriais da Igreja e rompeu relações com o governo italiano, considerou-se prisioneiro e fechou-se no Vaticano. Assim nasceu a Questão Romana que só foi resolvida em 1929 quando foi assinado o Tratado de Latrão. Por esse acordo, foi criado o Estado do Vaticano, dirigido pela Igreja Católica.” Fonte: www.historiadomundo.com.br
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wikipedia.org
Os imigrantes chegados ao Brasil tinham duas opções: a primeira era trabalhar nas lavouras e a segunda era fixar-se em núcleos coloniais para a plantação de café com restrição à concorrência dos grandes cafeicultores que já dominavam as melhores terras para o cultivo. Outra realidade transformada com a vinda dos italianos foi sua fixação nas cidades, onde grande parte trabalhava nas fábricas e no comércio, porém com os salários baixos, a opção de moradia era o cortiço. Com o tempo, os italianos conseguiram seu espaço em todos os ramos da economia e muitas famílias tiveram grandes resultados em vários setores produtivos. Com a forte influência dos imigrantes no país, Getúlio Vargas, em 1938, colocou em prática a Campanha da Nacionalização que tornava obrigatório o uso de nomes brasileiros em estabelecimentos de ensino. Professores tinham que ser brasileiros, era proibido o uso da língua estrangeira, proibidas também as instituições e as associações estrangeiras, censura a programas de rádio, nomes de ruas, cartazes, ou seja, nada que não fosse brasileiro poderia ser exibido. E a situação ficou muito pior com a Segunda Guerra Mundial, pois o confisco de bens dos italianos se tornou coisa comum. Em Bragança Paulista conhecemos a Sociedade Ítalo-Brasileira, que, com muito orgulho, recebeu-nos para mostrar toda a sua magnitude diante de fatos difíceis em relação ao seu povo durante os períodos mais sombrios do Brasil. “A Sociedade Ítalo-Brasileira de Bragança Paulista foi criada no dia 2 de fevereiro de 1891, com o nome de
ACERVO MEMORIAL DO IMIGRANTE | wIkIpEDIA.ORG
Imigrantes
Navio com italianos no porto de Santos (1907)
Società Democratica de Mutuo Socorso. Contava com 129 sócios- -contribuintes e seu presidente era Nicolau
Asprino. A entidade surgiu graças aos esforços de seu primeiro presidente e de democratas como Samuel Saul, o
Organização da colônia italiana em Bragança Paulista: • Fevereiro de 1891: é fundada a Sociedade Democrática Italiana de Auxílio Mútuo. • Em julho de 1900, surge o Círculo Musical Carlos Gomes. • Em maio de 1921, foram fundidas ambas as entidades, surgindo a Sociedade Democrática e Círculo Musical Unidos. • Em outubro de 1934, a entidade passa a se chamar Sociedade Democrática Italiana de Bragança. • Em julho de 1937, passa a chamar-se Casa D’Itália. • Em outubro de 1942, é feita a “nacionalização” da Sociedade, com intervenção (nomeado interventor Benedito de Barros Camargo). Todo o patrimônio é arrecadado e, em março de 1943, é destinado ao Aéro Clube local. • Em julho de 1951, passados os horrores da Segunda Guerra Mundial, uma assembleia geral extraordinária é realizada entre os que eram sócios da Casa D’Itália. É declarada nula a nacionalização e a intervenção e declarado retomado todo o patrimônio da instituição. • Em agosto de 1953, novo estatuto é votado e dá-se à entidade o nome de Sociedade Democrática Italiana de Bragança Paulista, embora, nas atas, ainda se adote o nome de Casa D’Itália, como nome fantasia. • Em novembro de 1977, adota-se o nome de Sociedade Ítalo-Brasileira. • Os atuais estatutos foram aprovados em assembleia geral realizada em 25 de outubro de 2005, e registrados em 7 de maio de 2008. Fonte: Presidente da Sociedade, triênio 2008-2011
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Capitão Nicolau Barra, Francisco Barlette e Próspero Bertolotti, com um organizado regimento interno. Foi fundada para fins democráticos e humanitários, como estava inscrito em seu estandarte tricolor, para zelo e defesa dos interesses dos associados e necessidades de todos os compatriotas (...) No ano de 1893, a Sociedade conseguiu enviar para Santos e Campinas a quantidade de 2 contos de reis para o auxílio aos doentes da febre amarela e, em 1895, um conto e cento e cinco mil reis para a Cruz Vermelha em auxílio dos feridos na Guerra da África. Nesse mesmo ano começou a construção de sua sede na rua Coronel Leme. Durante a Segunda Guerra Mundial, época em que muitas famílias italianas, industriais, comerciantes e clubes de todo o Brasil sofreram discriminação, houve uma grande estagnação nas ações humanitárias, por motivos óbvios. Atualmente, a Sociedade Ítalo-Brasileira é um dos maiores símbolos de um dos grandes momentos de desenvolvimento brasileiro, quando o país deixa de ser escravagista e avança em direção à democracia. É o momento de transformação de valores, agregação de costumes, aceitação e, principalmente, acentuação da miscigenação, que é a base da formação do povo deste país.”
Imigrantes
Adaptar, cultivar e reviver gua Japonesa, além de cursos de culinária e artesanato, abertos a todos. Com 140 famílias associadas, promove o Festival Japão e o Anime Nipo. O atual presidente, Sr. Noé Hosokawa, uma jovem liderança nikkey da região, conduz com orgulho a associação. Com o espírito
de cooperativismo e harmonia, que os primeiros japoneses pregaram ao fundá-la, perdura até hoje entre seus descendentes, que procuram dar continuidade aos princípios enraizados em Bragança Paulista. Fonte: Associação Nipo-Brasileira
FOTOS NaTália PellicciarO
A Associação Central Nipo-Brasileira da Região Bragantina, conhecida como Nipo-Brasileira, fundada em 1955, teve como primeiro presidente o Sr. Tatsuzo Ozawa. É uma entidade sem fins lucrativos, voltada à divulgação da cultura japonesa por meio da Escola de Lín-
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Cia. malungos do baque e baque Lua Cris
Dança, fé, cor e muita história Cia. Malungos do Baque Divulga a cultura popular através do Maracatu de Baque Virado, na sua forma mais tradicional, atravessando 200 anos de tradição, transmitida por gerações, mantendo as características das vestimentas, danças, cantos e adereços. A Companhia Malungos do Baque começou suas atividades no ano de 2010, após oficinas de Maracatu de Baque Virado, manifestação pernambucana da cultura po-
pular brasileira, ministrada pelo batuqueiro Heriroots (brincante do maracatu desde 2004). Com o término dessas oficinas, o grupo sentiu necessidade de dar continuidade ao estudo dessa tradição popular. Após algumas conversas entre os batuqueiros, vivências com outros grupos e oficinas com pessoas ligadas a cultura popular, foi crescendo a vontade conjunta de criar um grupo de Maracatu de Baque Virado na região bragantina, nascendo então a Cia. Malungos do Baque, em 2011.
Maracatu
LAuRA AIdAR
Bragança conta com dois grupos que difundem o maracatu: a Cia. Malungos do Baque e o grupo Baque Lua Cris, ambos sob a coordenação de Heriberto Teófilo, mais conhecido por “Heriroots”. Cada grupo tem uma proposta diferente e oferece oficinas gratuitas, promovidas na Praça do Matadouro para difundir o ensino da percussão e a história do maracatu. O maracatu surgiu no Brasil em meados do século XVIII e é conhecido como uma dança típica de Pernambuco. Historiadores afirmam que deriva da instituição dos Reis Negros. É formado por uma percussão que acompanha um cortejo real e, na época, praticado com caráter fortemente religioso.
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ARIEL GRICIO | FOTOARTE
Folclore
NatáLia PeLLiciario
Baque Lua cris
Baque Lua Cris O grupo foca seu trabalho recriando músicas populares que recebem uma linguagem e arranjos próprios. Baque Lua Cris é o nome do grupo nascido em 2007 nas terras altas da cidade. O grupo conta com 15 integrantes, entre músicos, atores e brincantes, que buscam no estudo das manifestações populares brasileiras, em seu caráter musical, incorporar o maracatu, o coco, a ciranda, a congada, entre outros, em suas apresentações. A apresentação do grupo é realizada em recintos fechados ou abertos, podendo ocorrer de forma espontânea quando os integrantes se juntam em praças públicas, ruas ou parques, mostrando aos espectadores a beleza do folclore e da cultura popular brasileira através da tradução dos elementos rítmicos da percussão e das melodias vocais, bem como das vestimentas, das expressões corporais e poéticas. A valorização e a divulgação de manifestações populares e folclóricas são os principais objetivos do grupo tornando-se, assim, a maior expressão de seus integrantes que vivenciam essas manifestações transpondo suas principais características para os espetáculos que se traduzem nos ritmos e no colorido de seus elementos.
Laura aidar
Baque Lua cris cortejo e cor
A Cultura Negra ativa em Bragança Em 1881, a pequena Bragança Paulista ganhou destaque nacional ao ser manchete nos jornais e periódicos do país, pois chamou a atenção das grandes cidades pela ação corajosa, de um grupo de escravos, que fundou a Associação Club dos Escravos, um ato completamente impensável para os padrões daqueles tempos e chegou a receber doações de simpatizantes da causa abolicionista, para que esse trabalho tivesse continuidade. O clube promovia a manutenção de uma escola primária para escravos, trabalhos para a extinção da escravatura em todo o Brasil e a facilitação da fuga das fazendas, entre outras atividades. Como era de se esperar, a ação do grupo foi sufocada e o mesmo se extinguiu. Em 1934, foi fundado um novo grupo, considerado “remanescente” do clube dos escravos, chamado Clube Recreativo e Beneficente 13 de Maio – CRB 13 de Maio. As festas e os bailes promovidos pelo CRB originaram um grupo que tradicionalmente se apresentava no carnaval, e fazia parte da história das escolas de samba da cidade. Em 1988, mais uma importante referência da Cultura Afro foi fundada em Bragança: a ARCAB (Associação Recreativa e Cultural Afro-Brasileira). Com sede no bairro do Matadouro, a associação atua como mantenedora do Clube Recreativo e Beneficente 13 de Maio. Ambas são parceiras na promoção de atividades que visam promover a socialização dos conteúdos da Cultura Afro-Brasileira. Ao longo dos anos, a ARCAB tem realizado exposições de trabalhos, oficinas de habilidades, atividades educativas, concursos de beleza com o objetivo de elevar a autoestima, e a difusão dos temas “Arte e Cultura Afro-Brasileira e Cidadania”, visando despertar nos cidadãos a criticidade, a participação e a conscientização sobre as questões sociais, culturais e políticas que envolvem a comunidade onde vivem. A ARCAB tem assento nos Conselhos Municipais de Saúde, Cultura, Conselho Gestor da Fundação Casa e do Conselho Comunitário da FM 105 – Rádio O Caminho; e é Membro da Comissão Estadual e Nacional dos Clubes Sociais Negros. Fonte: Release oficial ARCAB
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FOTOS AdriAn PedrOSO
Folclore
Carnaval No Brasil, o Carnaval é atualmente considerado a festa mais popular do país e, já no século XIX, havia pelas ruas do Rio de Janeiro grupos carnavalescos. No ano de 1890, Chiquinha Gonzaga compôs uma música dedicada ao Carnaval, “Ô, Abre Alas”, que, passados 120 anos, ainda faz parte do imaginário do povo brasileiro, sendo transmitida a todas as gerações. Embora o Carnaval brasileiro seja geralmente associado aos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro (que têm fama inclusive mundial), São Paulo também possui tradição nesse tipo de exibição e algumas escolas de samba são bastante antigas: é o caso, por exemplo, da “Vai-Vai” que, em 2014, completa 84 anos de história. A sua sede é no Bairro do Bexiga, tão tradicional na capital paulista quanto a sua escola de samba. Mas outras manifestações do Carnaval são realizadas em outros cantos do país: no Nordeste, saem o samba e os trios elétricos, e os ritmos regionais tomam conta da
folia, como o frevo, típico de Pernambuco. O “Galo da Madrugada”, em Recife, é considerado o maior bloco de carnaval do mundo, e chega a reunir cerca de 1,5 milhão de pessoas pelas ruas da capital pernambucana, ao som do frevo, que é executado por inúmeros trios elétricos e acompanhados pelos bonecos gigantes e, pelos habitantes e muitos turistas. Segundo o Guinness Book de 2005, Salvador (BA) possui o maior carnaval de rua do mundo. Desde a década de 70, o carnaval de Bragança Paulista vem abrilhantando a cultura e a alegria dos seus foliões. O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo, e a cidade de Bragança vem sendo palco desse evento com muito sucesso, sendo referência nos carnavais do interior paulista. O Carnaval de Bragança é um dos mais antigos do interior paulista. Os desfiles de escolas de samba tiveram início em 1963, porém a competição entre as agremiações passou a ser oficial apenas em 1973. Antes disso, no entanto, tivemos uma grande incidência de blocos, cordões e ranchos, desfilando pela cidade e construindo uma belíssima história do carnaval até hoje. A maior tradição do carnaval bragantino hoje em dia está atrelada aos desfiles das agremiações carnavalescas, divididas entre grupo especial, grupo de acesso, escolas mirins, terceira idade e grupo de afoxé, complementados, ainda, pelo Carnaval na Praça Raul Leme, que relembra a festividade com as marchinhas que marcaram época e atrai muitas famílias. Fonte: Secretaria de Cultura e Turismo
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FOTOS NaTália PellicciarO
Folclore
Expoagro e Festa do Peão de Bragança Paulista Bragança Paulista conta com mais de 1.300 unidades de produção agropecuária, sendo que mais de 90% possui área menor que 50 hectares, podendo se enquadrar no regime de economia familiar. Na região Bragantina são mais de 12.000 propriedades com as mesmas características. Neste Município e na região, temos uma expressiva diversidade de atividades agropecuárias, sendo as cadeias produtivas mais relevantes as seguintes: pecuária de leite e de corte, reflorestamento (principalmente eucalipto), suínocultura, milho, horticultura, fruticultura, produção de sementes de hortaliças, flores e plantas ornamentais, ovinocaprinocultura, avicultura de corte, cafeicultura, apicultura e turismo rural. A tradição da Expoagro Bragança remonta do ano de 1950, com a realização da primeira edição, quando a agropecuária era o “carro-chefe” da economia local e regional. Os anos se passaram e o evento foi tomando vulto e as atividades deixaram de ficar restritas ao “café com leite”. Nas últimas décadas, foram aparecendo novas cadeias conforme descrito no parágrafo anterior. Dessa forma, a Expoagro Bragança também foi se diversificando e dando oportunidades para outras atividades da economia agrícola, sofrendo até uma redução de importância dentro do cenário do evento, inclusive com a criação da Festa do Peão na década de 80. Nos últimos anos e principalmente nesta edição de 2013, percebeu- -se um movimento de retomada dos agronegócios no contexto do evento em tela, inclusive com a construção do novo pavilhão de exposições, inaugurado em abril de 2013 com muitas empresas ligadas às cadeias produtivas dos agronegócios sendo colocadas em posição de destaque na área mais nobre do recinto de exposições, fomentando a realização de negócios, aumentando a renda dos setores envolvidos e repercutindo na melhoria da qualidade de vida dos produtores e criadores de Bragança Paulista e região. Para 2014, espera-se a consolidação das adequações das estruturas de exposição, abrigando um número maior
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de expositores (produtores rurais, criadores, instituições e empresas de insumos e máquinas, para que seja realizado um evento que recoloque Bragança Paulista na liderança da economia agrícola regional. Vale ressaltar que o evento tem grande repercussão em toda a região Bragantina, no Circuito das Águas e no Vale do Paraíba e que, em 2014, deverá contar com a participação de grandes nomes do cenário artístico musical nacional, além da vasta atuação de diversos expositores dos mais diferenciados segmentos da indústria, do comércio e dos serviços em geral. Vale lembrar que a Exposição Agropecuária de Bragança Paulista, a cada ano, tem sido recorde de público, atingindo mais de 300 mil pessoas oriundas de todo o Brasil que, nos dias de festa, procuram Bragança Paulista para momentos de lazer e descontração e principalmente, o que vem crescendo a cada ano, para realizarem grandes negócios. A Expoagro Bragança contribui com o aumento expressivo no fluxo de turistas e sem dúvida, para a cidade, é garantia de vários benefícios, seja abordando assuntos relacionados à cidade onde estarão hospedados, seja divulgando assim nossos principais atrativos, comércio, rede hoteleira, comida típica, artesanato, enfim, tudo o que a Capital da Linguiça tem de melhor para oferecer. Fonte: Secretaria de Cultura e Turismo
Arquitetura
Símbolo da elite do
Colégio Dr. Jorge Tibiriçá
interior paulista Ao caminharmos pelo centro de Bragança Paulista, o que vemos é uma nova consciência de preservação das edificações importantes que representam a vida histórica da cidade. Esses casarios, em sua maioria, foram construídos a partir da metade do século XIX, conservando seus aspectos arquitetônicos do riquíssimo ciclo cafeeiro do 54 Cidade&Cultura
Brasil. Com a chegada da Família Real no Brasil, em 1808, não poderíamos mais ser apenas uma grande fazenda para serviços à Coroa Portuguesa, deveríamos ser uma nação constituída de todos os privilégios sociais, como teatros, jardins públicos, bibliotecas, escolas superiores, entre outros. Essa modernização representar um salto
na vida social dos brasileiros que simplesmente viviam somente da agricultura e do extrativismo. Essa organização como sociedade teve seus impactos em vários âmbitos, principalmente na arquitetura das cidades. O estilo colonial, simples e monótono, foi transformado pelos ideais mais imponentes do neoclássico. Não são somente casa-
Palácio Santo agostinho Prefeitura Municipal
rua coronel João leme
rões bonitos; eles trazem consigo a herança das modificações sociais, antes rurais, e, nesse período, urbanas, mas dão excelência ao bom gosto na simplicidade do estilo colonial. o que se vê é justamente o contraponto para os adornos, tanto na fachada como no interior das casas. Com a abertura dos portos para o mercado externo, o Brasil enxergou pela primeira vez os avanços importados da França e principalmente da Inglaterra. Saem as casinhas, entram os casarões. Entram em cena o mármore, ma-
deiras nobres, formas regulares, geométricas e simétricas e frontões triangulares que geralmente possuem brasões. Por falta de opções de cor, o branco e o cobre eram predominantes. As mudanças mundiais ocorreram fervilhando de novidades nos círculos europeus e chegaram a novas considerações com o surgimento do ecletismo, que vai buscar no passado influências para agregar em sua arquitetura, transformando as construções e adicionando elementos como ferro, vidro e ladrilhos hidráulicos. Essa
FOTOS MarciO MaSula
Fachada do Museu
Palacete do Barão de itapema
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FOTOS MarciO MaSula
Arquitetura
Prédio da caixa econômica Federal
acervO eSTúdiO caSarãO
transformação de mentalidade surgiu na Europa, no século XIX, após a expansão da Revolução Industrial e espalhou-se mundo afora, marcando a alteração do estilo de vida da população. “Os arquitetos da época podiam recorrer a uma variedade de estilos, linguagens de composição e decoração, baseados na arquitetura original de diferentes países ou períodos históricos, sem esquecer que os elementos utilizados são conhecidos e consagrados por outros estilos” (Anpush.org. br). O ecletismo correspondia aos sentimentos das sociedades em geral, pois anunciava a modernidade, e também o melhoramento das vias urbanas virou sinônimo de progresso e status.
clube literário
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clube literário
Arquitetura
MArcIO MAsULA
“Alguns cavalheiros desta cidade, tendo à frente os beneméritos cidadãos Felippe Rodrigues de Siqueira e Izidro Gomes Teixeira, resolveram, ha trinta e poucos annos, construir um theatro capaz de rivalizar com os melhores do interior do Estado.” “E para a realização de tão levantada idéa, sem duvida superior ao tempo e ao meio, não se organisou regularmente nenhuma sociedade ou empreza. Aquelles dois cidadãos, fanatizados pelo progresso a que aspiravam e fortalecidos com a confiança publica, de que eram merecedores, não mediram as difficuldades futuras senão pela grandeza do próprio animo.” “Foi aberta, então, uma subscripção publica para occorrer ás despezas da projectada construcção.” “Felippe Rodrigues de Siqueira e Izidro Gomes Teixeira não fizeram nenhuma reunião nem lavraram nenhuma acta: mas com auxilio do publico fizeram o ‘Theatro Carlos Gomes’, que foi tambem considerado como uma verdadeira maravilha, e onde a
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DIVULGAÇÃO
Construção do Theatro Carlos Gomes
Companhia Lyrica ROTOLI E PERI administrou à gente bragantina o baptismo da civilisação, representando com muito apparato e ruidoso successo as excellentes operas – Guarany e Bohème.” O Teatro Carlos Gomes foi construído entre 1892 e 1894 em estilo neoclássico e ficou em funcionamento por dez anos, sendo o primeiro do interior do Estado de São Paulo. Abandonado, o prédio foi doado, em 1927, à Diocese de
Bragança Paulista e tornou-se o Collégio Diocesano São Luiz, que funcionou até 1968. A atual edificação foi tombada em dezembro de 2000 e foi adquirido pelo município em 2005, o qual pretende transformá-lo em Centro Cultural e Biblioteca Municipal. Fonte: Os trechos entre aspas (“) foram extrahidos das allegações finaes da Câmara Municipal de Bragança, numa Acção Executiva que, em 1921, moveu a dita Câmara a Izidro Gomes Teixeira, sua mulher e outros, tendo patrocinado a causa por parte da Auctora – o distincto collega e habil advogado – Dr. Cassio Guilherme. Parte do texto foi extraído de bragançapaulista.sp.gov.br
Artes
Espontaneidade
e inspiração Em Bragança há mais de catorze anos, a artista plástica e designer Martha Vaz é responsável pela Casa das Mangueiras. Nesse espaço cultural funciona seu ateliê e são promovidos cursos de cerâmica, entre outras atividades. Martha Vaz é formada pela FAAP, com especialização em design e cerâmica na Inglaterra (Emerson College) e nos Estados Unidos (Anderson Ranch). Os quatro elementos da natureza: terra, fogo, água e ar, inspiram o trabalho da artista, assim como a cultura brasileira. A técnica que Martha usa em sua produção se destaca na arte com o barro, pois a artista produz peças em renda cerâmica, um diferencial, pois traz a referência da renda brasileira e também torna a cerâmica mais leve, deixando passar a luz. O trabalho abrange um portfólio diversificado, com peças para
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decoração, disponíveis nas coleções de objetos cerâmicos da marca Barro Brasil. Além disso, demais estudos e contato com culturas do Oriente, em viagens pela Índia e outros países, marcam o trabalho da artista, enriquecendo sua produção. Na prática educacional, Martha desenvolve uma proposta inovadora. Por meio da programação de oficinas integradas, com atividades focadas na família, Martha oferece aulas para as crianças e também para as mães, numa abordagem diferente, que objetiva a educação através do sensível. Desde 2013 esse trabalho vem se expandindo. Segundo Martha, “através da criação, a criança reconquista a liberdade, reduz a ansiedade e trabalha em grupo, para desenvolver o aprendizado pela aceitação das ideias do outro, numa abordagem que coloca a receptividade e o acolhimento no lugar da competitividade e do individualismo”.
FOTOS MARCIO MASULA
Martha Vaz
Martha Vaz
Serrinha é o nome de um bairro de Bragança Paulista, e também de uma fazenda, que pertence à família Delduque & Moreira Silveira. Localizada bem no início da Serra da Mantiqueira, a topografia cheia de morros oferece aos visitantes um mirante com vista privilegiada da paisagem e da represa que estão no bairro. A antiga região produtora de café, sob o comando do Major Benedito Rodrigues Moreira, fazendeiro e político republicano abolicionista, é hoje palco para outra produção: a arte. Por volta do ano 2000, o artista plástico e produtor cultural Fábio Delduque, bisneto do Major Benedito, começou um trabalho de união de artistas locais, juntamente com o irmão, Marcelo Delduque, jornalista, e o amigo Carlão de Oliveira, do Busca Vida, que então levaram adiante a ideia de criar um festival para que todos os esforços isolados na cidade culminassem em um trabalho único. Assim, desde 2002, acontece o Festival de Arte Serrinha de Bragança Paulista, com edições anuais, sempre no mês de julho. Desde sua criação, o Festival de Arte Serrinha incorpora diversos tipos de trabalho, com participação de artistas de todo o Brasil. A variedade de segmentos é a principal pauta da curadoria, que busca qualidade e diversidade para os visitantes. Quem prestigia o evento tem os sentidos invadidos por uma pluralidade cultural, que passa por gastronomia, moda, teatro, música, design e outras linguagens. A Fazenda respira arte e torna-se um verdadeiro celeiro de produção cultural de qualidade, com exibições, palestras, shows e oficinas
de alto padrão. Em mais de dez anos de atividade, uma centena de artistas já se apresentou em Bragança, no Festival. Grandes nomes como Naná Vasconcelos, Tom Zé, Bené Fonteles, Elba Ramalho, Luis Melo, Arnaldo Antunes, Ney Matogrosso, Zé Celso Martinez Correa, os Irmãos Campana e Ivaldo Bertazzo, entre tantos outros, já estiveram na cidade, enriquecendo a programação do Festival e realizando shows musicais no Galpão Busca Vida. Atualmente, a fazenda e o bairro tornaram-se atrativo turístico. O local pode ser visitado o ano todo. Quem busca tranquilidade pode se hospedar em uma pousada, na Fazenda. A rotina cultural do bairro é movimentada pelas atividades do Galpão Busca Vida e do Teatro Rural, que funcionam a todo vapor na Serrinha. Aos poucos, o movimento gerado pelo Festival se desdobrou em parcerias e ações sociais pelo bairro, com atividades permanentes ao longo do ano. O solo fértil que alimentava a região hoje faz brotar arte por todos os cantos. Os jovens são o foco do trabalho, para garantir a manutenção da identidade local em contraste com as fortes transformações que o bairro vem sofrendo com a integração urbana. Ações sociais das equipes na Serrinha oferecem cursos em várias áreas como grafite, teatro e dança de rua, para jovens entre 12 e 18 anos. Alunos do ensino Fundamental e do ensino Médio, da Rede Estadual da cidade e região, visitam a fazenda semanalmente, aprendendo que arte é também fonte de renda. Esse trabalho de sensibilização busca fomentar a produção cultural e garantir a sustentabilidade econômica dos artistas locais, promovendo crescimento em harmonia com a natureza exuberante da região.
Marcelo DelDuque
Festival de Arte Serrinha
Bragança Paulista 61
Artes ASES
A Associação reuniu o trabalho de seus sócios em antologias diversas: ASES em Prosa e Verso; ASES só em Versos; ASES só em Prosa; ASES em Haicais; Natal em Prosa e Verso; A ASES somos nós – essa última é a obra mais recente, em comemoração ao 20° aniversário de fundação, reunindo biografias literárias dos integrantes da Associação.
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Instituto Entrando em Cena Atuando desde 2010, o trabalho desenvolvido pelo Instituto Entrando em Cena tem o foco de utilizar a arte para despertar nos jovens o desejo de transformação. O Instituto desenvolve atividades que buscam a inclusão social e cultural através da arte, participando de inúmeros eventos, ao longo do ano, no calendário cultural bragantino. O Instituto desenvolve vários projetos. Entre eles, está o projeto “Entrando em Cena – Primeiro Ato”, que é um completo programa de arte-educação utilizando as Artes Cênicas como ferramenta de transformação social. Algumas das linguagens usadas no projeto são: Teatro, Circo, Danças Brasileiras, oficinas técnicas e complementares, oficinas socioculturais, a montagem de um grande espetáculo com os jovens participantes, e um Festival de Artes Cênicas, com uma série de espetáculos gratuitos, abertos para toda a comunidade. Fonte: Instituto Entrando em Cena
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Fundada em fevereiro de 1992, a Associação de Escritores de Bragança Paulista – ASES, surgiu a partir da ação da escritora Lóla Prata, que reuniu residentes da cidade interessados em literatura e na arte de escrever. Os quarenta membros efetivos e correspondentes do grupo têm a responsabilidade de manter acesos os ideais propostos no estatuto original, entre eles: incentivar e divulgar novos valores literários, através da realização de concursos literários; resgatar a memória de bragantinos ligados à literatura, e aprimorar o conhecimento da Língua Portuguesa. As atividades da Associação se destacam no cenário literário nacional, sendo os concursos literários os mais expressivos. A participação dos escritores da ASES, em concursos literários nacionais e internacionais, é notada de maneira efetiva. Nos últimos vinte anos, quase quinhentos prêmios literários (entre primeiros lugares e menções honrosas) foram arrebanhados por autores da Associação, levando o nome de Bragança Paulista a praticamente todos os estados brasileiros, além de Portugal e Itália. Da produção dos concursos, já foram publicados quase quarenta livros, registros antológicos dos trabalhos vencedores. As biografias de escritores, jornalistas e historiadores bragantinos estão registradas nas duas edições da Trajetória Literária de Bragança Paulista (1994 e 2007). As oficinas literárias realizadas pela ASES e outros eventos como saraus, exposições e varais literários já reuniram na cidade autores vindos das mais diversas partes do país e palestrantes de destaque, como Ignácio de Loyola Brandão. A sede do grupo está no prédio histórico, localizado na rua Cel. Leme, n° 35. No espaço cultural acontecem os encontros e eventos diversos. Desde 2006, o departamento juvenil ASES Jovem congrega jovens de 12 a 18 anos, que se reúnem na sede todas as quartas-feiras, às 17 horas, para um encontro informal e descontraído onde mostram suas produções. O livro ASES Jovem em Prosa e Verso, de 2010, compilou essas obras juvenis.
Artes
Nascido em Bragança Paulista, o artista autodidata desenvolve seu trabalho há mais de 35 anos, passando por várias fases e experimentações na pintura. Sempre aberto à pesquisa de técnicas e materiais, Paulo vê a arte como um canal de total liberdade de expressão, um caminho livre, dentro da inspiração, no qual busca sempre novas possibilidades, sem fechar o horizonte a regras ou tendências. O marcante em sua trajetória é a influência do expressionismo de Van Gogh, no qual as cores fortes têm o papel de exprimir seus sentimentos. Cores que, com sua maturidade, foram sendo amenizadas e marcadas por áreas cromáticas. Os traços pretos e as formas geométricas, sempre presentes também, remetem a outra grande influência: o cubismo de Pablo Picasso. Além disso, Paulo Cubero desenvolve obras clássicas, com temática religiosa, paisagens, natureza-morta e retratos. Em sua produção, o artista buscou registrar tudo que a
Antonio Cubero Bragantino formado em Conservação e Restauração de Bens Culturais pela Fundação de Arte de Ouro Preto, Antonio Cubero marcou sua trajetória profissional participando de obras de grande valor no cenário de nossa história, em várias cidades mineiras. Regressou a Bragança Paulista em 2010, onde trabalhou no acervo de obras sacras do Palácio Diocesano e, em seguida, na restauração das pinturas dos murais da Igreja de Nossa Senhora 64 Cidade&Cultura
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Paulo Cubero
inspiração lhe trouxe, percorrendo novos caminhos, para que sua obra sempre tenha um toque de novo, surgindo assim vários estilos ao mesmo tempo. Essa diversidade é encontrada em seu ateliê, pois as obras em cada cavalete e sobre as mesas divergem entre si, garantindo um trabalho rico, a serviço da inspiração. Conheça o trabalho do artista em https://www.facebook.com/Cubero.Arts
do Rosário. Num período muito importante, o artista de Bragança Paulista conheceu de perto uma das obrasprimas do mestre Francisco Antônio Lisboa na Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, restaurando o Altar-Mor e as pinturas de Mestre Ataíde, outro artista da mais alta importância do barroco mineiro. Sua trajetória continua em seguida nas capelas da Via Sacra, onde se destacam os doze profetas de Aleijadinho na cidade de Congonhas. Em Belo Horizonte, restaurou obras de Burle Marx e Cândido Portinari. Em 2009, participou da restauração, em Ouro Preto, da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Lá, trabalhou no consistório e na decoração do frontispício, obra monumental, esculpida em pedra-sabão por uma das figuras mais significativas do barroco mineiro no século XVIII, Mestre Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Entre 2008 e 2009, no Grupo Oficina de Restauro, participou de um grande e ambicioso projeto de restauração na Secretaria da Educação em Belo Horizonte, prédio localizado na Praça da Liberdade: “Foi muito gratificante participar desse projeto, num prédio espetacular, onde depois de prospecções minuciosas nas paredes pudemos revelar até onze camadas de tinta superpostas, até encontrarmos pinturas artísticas do projeto de decoração original do artista alemão Frederico Steckel, que incluía ainda telas fixadas sobre o teto”, explica o artista.
Banda Municipal Atuando desde 2009, a Banda Marcial de Bragança Paulista tem sua origem no Projeto Música na Escola, que compreende três etapas: as Fanfarras Municipais, a Banda Marcial e a Banda Sinfônica Jovem. A rede municipal de ensino desenvolve a primeira etapa do projeto e as crianças continuam os estudos musicais ao serem encaminhadas para cada etapa seguinte. A Banda Marcial conta com 60 integrantes, entre as faixas etárias de 6 a 20 anos. A coordenação geral do projeto é do Maestro Rogério Wanderley Brito. Os ensaios são na sede que funciona no prédio do antigo Matadouro, hoje Centro Cultural Geraldo Pereira, que fica na Praça Coronel Jacinto Ozório. Anualmente, a Banda Marcial faz apresentações na cidade e em 2012 sa-
grou-se Campeã Sul-americana de Marching Show. Após uma reformulação no uso dos instrumentos, foram incorporados clarinetes e saxofones, acrescentando ao grupo de instrumentos de metais e percussão à família das madeiras. A Secretaria de Cultura e Turismo apoia o trabalho da Banda que conta com a gestão da Empresa Pró-Música.
André Luis La Salvia – Áudiovisual & Cineclube Professor de Filosofia e cineasta amador, André Luis La Salvia é amante do cinema. Nascido e criado em Bragança, foi o responsável pela organização do cineclube da cidade, em 2008. Como o cinema de Bragança fechou suas portas no início de 2012, a cidade está sem espaço público de projeção. Na época do fechamento do cinema, André pegou o que foi possível e, juntamente com Daniela Verde, coordenou um trabalho para melhorar a sala de projeção do cineclube, na tentativa de manter um pouco da cultura cinéfila “no ar” em Bragança. Em suas atividades amadoras, André tem no portfólio material que registra a memória da cidade, disponível na internet. Responsável pela pesquisa que originou o trabalho Memórias Bragantinas, o professor tenta resgatar e reunir imagens antigas da cidade, num fórum alimentado por acervos diversos, disponível em www.youtube.com/memoriasbragantina. Em 2010, La Salvia produziu o curta O Belo Parado, que conta a história do imponente prédio do antigo Colégio São Luiz, do fim do século XIX.
Bragança Paulista 65
Artes
Filho do bandolinista Jairo Ribeiro, Rafael cresceu na roça do interior paulista, com uma vida intimamente marcada pela música. Iniciou sua carreira profissional aos 15 anos, seguindo as influências do choro, da música caipira, da música erudita e da música flamenca, entre outras. Mestres como Guinga, Dilermando Reis, Dino 7 Cordas, Raphael Rabello, Baden Powell, Paco de Lucia, Alessandro Penezzi, Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Cartola inspiram o músico. Estudou violão erudito no Conservatório Villa-Lobos, em São Paulo, com mestres como Alessandro Penezzi, Douglas Lora, Fernando de La Rua e Paulo Belinatti. Premiado em 2007, Rafael ficou em segundo lugar no Concurso Nacional do Conservatório Souza Lima, na categoria intérprete de violão erudito. Atua em concertos como solista, acompanhado de Luisinho 7 Cordas e Zé Barbeiro. Entre 2008 e 2009, apresentou ao público composições próprias e desenvolve um trabalho inovador com o renomado violeiro Arnaldo Freitas, num trabalho que propõe o diálogo entre o violão e a viola caipira, apresentando músicas conhecidas do público, bem como composições próprias. Em 2012, lançou seu primeiro CD Antigamente era assim, com a participação
A Sinfônica de Bragança
MArIANA brAGA LoPES
Foi um russo radicado no Brasil que criou a OSBP, Orquestra Sinfônica de Bragança Paulista. A vida de Demétrio (Dimitri) Kipman é marcada pela arte e pelo contato com a música, pois a família era responsável pela organização de saraus, ainda quando viviam em Moscou, e tinha, inclusive, uma pequena orquestra familiar. Kipman chegou ao Brasil em 1926, aos 21 anos de idade, e aqui construiu sua vida, atuando no magistério e na regência. Faleceu em 1977, sendo postumamente
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Guto AbrAhão
Rafael Shimidt de Alessandro Penezzi, Fernando de La Rua, Aleh Ferreira, Zé Barbeiro e Douglas Lora. No mesmo ano, tocou na Alemanha, em duas ocasiões, no Festival Drehmoment – Minifestival für Kino & Künste, em Dusseldörf, e no Festival Film-erzaehlt-musik, em Dusseldörf, Colônia e Berlim. Um sucesso absoluto de crítica e público. Atualmente divulga o lançamento de um novo CD, com produção de Swami Jr. O destaque é a versatilidade do violonista, através das parcerias e distintas formações que oferece em seus programas. Há também novos trabalhos em divulgação como o Trio Torto, que realiza com a lenda do violão de 7 cordas paulista, Zé Barbeiro, e o violonista e produtor Swami Jr, e também o duo de violões que faz com Swami Jr. em “Trato Fino”. Rafael define seu estilo musical próprio na carreira, tocando suas composições e também arranjos que para com a obra de compositores renomados como Jacob do Bandolim, Edu Lobo, Tom Jobim, entre outros. Texto: Luara Braga
homenageado, com seu nome em duas ruas, na cidade de São Paulo e em Bragança Paulista. Fundada em 1931, a OSBP – Orquestra Sinfônica de Bragança Paulista – é administrada e mantida pela SSAAM – Sociedade Sinfônica Amigos da Arte Musical, uma entidade de direito civil sem fins lucrativos com membros que trabalham voluntariamente pela cultura. A orquestra conta com sócios mantenedores, como empresas e pessoas físicas, que contribuem para que as atividades possam se concretizar. A sede da OSBP é a Casa de Cultura Maestro Demétrio Kipman, que fica na rua Coronel Assis Gonçalves, no centro da cidade. Na sede acontecem as apresentações da orquestra bem como diversas atividades culturais, envolvendo também outras esferas artísticas. MAEStroS rEGENtES da oSbP - 1931 até 1962: Demétrio Kipman; 1962 até 1967: Ernesto Mascaretti; 1968 até 1991: Fernando Amos Siriani; 1991 até 1995: Nasari Campos e desde maio de 1996: Eduardo Ostergren
Artes
O dançarino Richard Braga Moreno atua no estilo de dança de rua, conhecido também por Street Dance. A grande inspiração para Richard, que começou como autodidata, são as coreografias do lendário Michael Jackson. Criativo, o dançarino chegou a frequentar aulas de luta, na falta de instrutores de dança, para buscar ideias que pudessem ser adaptadas em coreografias. Sua paixão pela dança o motivou a desenvolver trabalhos que promovam a difusão da expressão cultural pela arte. Assim, em meados dos anos 90, o dançarino montou um grupo de Street Dance chamado Beath of Dance. A surpreendente procura fez o grupo saltar de quatro para 100 participantes. Os alunos foram divididos, e cada um ficou com um instrutor responsável. Isso criou a necessidade de buscar parceiros para a criação de uma atividade permanente em Bragança Paulista, dando destaque a expressão corporal como opção para o jovem que
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Dança e Cidadania
busca uma atuação profissional. Assim, o Projeto “Dança e Cidadania” nasceu com o apoio da Prefeitura Municipal de Bragança Paulista e da Secretaria de Cultura e Turismo. A busca de outros parceiros que pudessem ajudar a viabilizar as atividades do projeto teve êxito, contando também com a Secretaria de Agronegócios, a Igreja Tabernáculo de Jesus, a Igreja Nossa Senhora da Esperança, o Espaço do Adolescente, PSF CDHU e Henedina Cortez. Todo o trabalho realizado pelo projeto é o motor propulsor de uma ação que promove uma rotina mais saudável para crianças e jovens, afastando-os das drogas e da violência. Nesses 18 anos de atuação, o professor Richard Moreno já deu aulas para mais de 10 mil alunos. Trabalhou em academias de destaque como Academia da Kinuko, Academia Marília Santoro e Academia Fabiana Fonseca. O Grupo já foi divulgado em programas de televisão, na TV Bragança, na TV Vanguarda, no SPTV (Rede Globo), em dois programas do SBT e em alguns programas de canais a cabo. Devido à amplitude do projeto, as atividades estão distribuídas por quase dez bairros da cidade, entre eles o São Lourenço, o Parque dos Estados e o Jardim Fraternidade. Na equipe que atua no projeto, o idealizador Richard Moreno conta com a ajuda de vários profissionais como Robson Nunes, Jefferson Gonçalves, Biro Boy, Sara Isabela, Wanderley Junior, Fernando Henrique, Flávia Gazzaneo, Alice Gregório e Isabelle da Cruz. Fonte: Dança e Cidadania
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FOTOS André STeFAnO
Artes
Galpão Busca Vida Localizado à beira da represa do rio Jacareí, o barracão que uma vez abrigava os serviços de ordenha do Sítio Santo Antônio e acomodava amigos que retornavam das cavalgadas noturnas pela região da Serrinha tornou-se, em 1997, o Galpão Busca Vida, casa que prima pela originalidade ao transportar a atmosfera boêmia e boa música brasileira para o ambiente rural. A decoração preservou elementos do sítio, da leiteria e da estrebaria, aproveitando-se também de partes de cenários de teatro, antiguidades e obras de arte, misturando todos os elementos com humor e elegância. Surgia o “Galpão Busca Vida pizzaria e cachaçaria rural”, onde contemporaneamente a bebida Busca Vida foi concebida entre muitos limões espremidos manualmente, acrescentados ao mel e à puríssima cachaça da região, em noites de
Banda Sinfônica Jovem
nATáliA PellicciArO
A Banda Sinfônica Jovem é administrada pela Secretaria de cultura e Turismo de Bragança paulista e é composta de cerca de 40 alunos bolsistas, e atende
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céu estrelado. Desde então, o Galpão Busca Vida se transformou em referência cultural no interior paulista ao trazer para o seu pequeno e festivo palco artistas de grande expressão na cena musical brasileira, como Arnaldo Antunes, Elba ramalho, Mart´nália, Moska, nação Zumbi, céu, Tom Zé e Zeca Baleiro, integrando uma grade democrática que dá espaço igualmente a jovens músicos locais e traz exposições, leilões e festas diversas, além de sediar a programação musical do Festival de Arte Serrinha. com ótima programação de shows de música brasileira para dançar, pizzas crocantes e caldinhos para saborear, cachaças selecionadas e claro, a Busca Vida geladinha, para brindar com amigos queridos em volta da fogueira e sob o mesmo céu estrelado. Adaptação do texto “Busca Vida” do livro Arte Serrinha - © 2011 Delduque comunicação - produção gráfica, comercialização e distribuição | BEI - Site: www.galpaobuscavida.com.br; Facebook: www.facebook.com/G.BuscaVida.Br;Instagram: @galpaobuscavidarichard Braga Moreno – Street Dance
com suas apresentações diversos eventos culturais da cidade e da região bragantina. Fundado em março de 2009, o projeto tem como objetivo atender aos músicos amadores do município, assim como aos músicos oriundos do projeto “Música na Escola” e da Banda Municipal, os quais podem, através dessa atividade, aperfeiçoar suas habilidades artísticas musicais. considerando a qualidade do trabalho apresentado pelo grupo de músicos, a Banda Sinfônica Jovem tem se destacado também nos campeonatos dos quais participa, tendo entre seus títulos recebidos o prêmio “Zequinha de Abreu” e o 1° Lugar do campeonato Estadual de 2010, além do 1° lugar nas etapas do campeonato Estadual de Vila Isabel e Stª rita do passa Quatro, de 2011. Fonte: Secretaria de cultura e Turismo
FOTOS NaTália PellicciarO
Maio Cultural A Semana da Cultura surgiu de uma iniciativa da professora Guaraciaba Líbera Mathias, na época presidente da Sociedade Sinfônica do Município de Bragança Paulista, com o objetivo de comemorar o aniversário da fundação da Sociedade Sinfônica. A iniciativa deu tão certo que o movimento se expandiu e ocupou o mês de maio inteiro, surgindo assim o “Maio Cultural”. Com o passar do tempo, a população bragantina desejava um número maior de eventos e, considerando que muitas cidades elegeram eventos culturais ao longo dos meses de junho e julho, ganhando espaço na mídia e que Bragança não poderia ficar de fora, a diretoria da Sociedade Sinfônica entendeu que o “Maio Cultural” deveria se tornar um evento municipal, pois já era tradicional, ocupava um espaço importante na mídia e assim foi feito. O “Maio Cultural” passou para a coordenação e organização da Prefeitura Municipal,
por meio da Secretaria de Cultura e Turismo. Vários pontos da cidade, como a Casa da Cultura, o Mercado Municipal, o Pergolado da Praça Raul Leme, a Arena de Eventos do Lago do Taboão, entre outros, ganham mais vida durante a programação de maio. A música, a dança, o teatro, o humor, as oficinas e muitas outras manifestações artísticas agitam esses locais, atraindo o público e levantando o astral da população bragantina. A proposta do “Maio Cultural” visa enriquecer ainda mais a variedade das opções ofertadas aos interessados em prestigiar os eventos da cidade em busca de entretenimento e cultura, pois, além de fomentar a cultura, ainda proporciona momentos de lazer, reunindo jovens, crianças e adultos, com o único objetivo de prestigiar as ofertas culturais gratuitas à população. Vale mencionar a importância que esse tipo de iniciativa tem também junto às famílias, que parecem se unir ainda mais nessas ocasiões, trazendo à nossa cidade um clima mais receptivo e festivo. Fonte: Secretaria de Cultura e Turismo
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Artes
Festival de Inverno bilizadas gratuitamente à população de Bragança Paulista e região. O maior objetivo desse festival é possibilitar à população de todas as classes sociais igual acesso à cultura e ao entretenimento que a programação agrega dentro de sua grade de atrações. O evento conta com oficinas culturais,
FOTOS NaTália PellicciarO
O Festival de Inverno de Bragança Paulista aconteceu neste ano em sua 12ª edição, contando com uma evolução crescente a cada ano que é realizado. O evento oferece uma vasta programação cultural em trinta dias de atividades, durante todo o mês de julho, todas de muita qualidade e disponi-
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shows musicais (desde o mais popular até o clássico), trazendo atrações de renome, como O Teatro Mágico, Ney Matogrosso, Carlinhos Brown, 14 Bis, Milton Guedes, CJ Ramone, João Carlos Martins e Orquestra, Luiza Possi, Luiz Ayrão, entre outros, teatro infantil e também para público adulto, exposições, dança, stand-up comedy, e muito mais. Tudo isso em locais de fácil acesso para melhor comodidade da população. Vale ressaltar a grande procura que o festival tem gerado em toda a região, movimentando o turismo e consequentemente o comércio local, circulando pelas atrações durante todo o mês um público seguramente superior a 60 mil pessoas. Bragança Paulista não apenas respira, mas transborda cultura no mês de julho. A música, a dança, o teatro, o humor, as oficinas e muitas outras manifestações artísticas agitaram esses locais, atraindo o público e levantando o astral da população bragantina. Fonte: Secretaria de Cultura e Turismo
Bragança Paulista 73
Meio ambiente
Ă gua: origem e continuidade
da vida
Bragança Paulista está em uma área onde a água e o verde são abundantes. Repleta de nascentes e banhada por dois rios que formam uma represa gigante, a cidade tem água “para dar e vender”. Além disso, ao chegar a Bragança Paulista, somos acolhidos por um corredor verde, que envolve e acalma o olhar. A mata exuberante pertence ao Parque Petronilla Markowicz, área pública e protegida, para preservar e ampliar esse corredor ecológico, importante para a manutenção da flora e da fauna local. Doada pela família Markowicz em 2006, a área do parque fazia parte da Fazenda de Café Santa Helena e já foi conhecida como Pinheiral Santa Helena ou Mata do Shangrilá. Possui nascente de água e está em uma faixa onde predomina a presença de remanescentes da Mata Atlântica mista, com ocorrência da araucária. A árvore, típica da região Sul do Brasil, pode ser encontrada também em regiões de mata mista nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A imponência da araucária destaca-se facilmente na paisagem.
MARCIO MASULA
Por Andréa Silva Nilsson
andRé PRaTa
Meio Ambiente
FOTOS MaRciO MaSula
Fazenda Serrinha
Rio Jaguari
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hidrografria Bragança está localizada na região hidrográfica conhecida por Sistema Cantareira. Figurando entre os maiores do mundo, o sistema é administrado pela SABESP e conta com seis barragens interligadas por um complexo de túneis e canais. Em Bragança, uma grande represa é formada por dois rios: o Rio Jaguari, que vem de Minas Gerais, e o Rio Jacareí, que é formado em Joanópolis. A represa leva o mesmo nome dos rios, interligada por um canal, formando assim a maior “caixa d’água” do Estado, sendo também um dos maiores reservatórios de água do mundo. A represa está na região conhecida por Serrinha, um bairro da cidade, que abriga também em parte de seu território uma RPPN, Reserva Particular do Patrimônio Natural, para garantir a preservação dos mananciais e fragmentos da Mata Atlântica que estão na área. Há também dois ribeirões na cidade, o Lavapés e o Anhumas. Pelo grande número de nascentes e fontes naturais, Bragança já foi conhecida como “Cidade das Bicas”. São mais de 850 nascentes registradas pelo IGC (Instituto Geográfico e Cartográfico). Moradores contam que até alguns anos atrás era possível “beber na bica” e muitos até levavam água para casa.
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Meio Ambiente
FOTOS MaRciO MaSula
Fazenda Serrinha
Rio Jaguari
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hidrografria Bragança está localizada na região hidrográfica conhecida por Sistema Cantareira. Figurando entre os maiores do mundo, o sistema é administrado pela SABESP e conta com seis barragens interligadas por um complexo de túneis e canais. Em Bragança, uma grande represa é formada por dois rios: o Rio Jaguari, que vem de Minas Gerais, e o Rio Jacareí, que é formado em Joanópolis. A represa leva o mesmo nome dos rios, interligada por um canal, formando assim a maior “caixa d’água” do Estado, sendo também um dos maiores reservatórios de água do mundo. A represa está na região conhecida por Serrinha, um bairro da cidade, que abriga também em parte de seu território uma RPPN, Reserva Particular do Patrimônio Natural, para garantir a preservação dos mananciais e fragmentos da Mata Atlântica que estão na área. Há também dois ribeirões na cidade, o Lavapés e o Anhumas. Pelo grande número de nascentes e fontes naturais, Bragança já foi conhecida como “Cidade das Bicas”. São mais de 850 nascentes registradas pelo IGC (Instituto Geográfico e Cartográfico). Moradores contam que até alguns anos atrás era possível “beber na bica” e muitos até levavam água para casa.
André PrAtA
Lago do Taboão Orgulho entre cada 10 de 10 bragantinos, a entrada da cidade tem seu ponto forte na chegada ao Lago do Taboão, cartão-postal e ponto de encontro para tudo e para todos. Construído artificialmente, o lago faz parte da paisagem urbana de Bragança e encanta todos com sua beleza. Os motivos que levam os bragantinos e visitantes ao lago podem variar muito, mas, indiscutivelmente, o local convida ao contato com a natureza e ao lazer, sendo palco perfeito para práticas esportivas, passeios sem compromisso ou, simplesmente, para o convívio familiar. Essa interação socioambiental, proporcionada pelo local, é regada pelo ar puro que vem da mata ao redor da região. O lago é ponto de referência de fácil localização na cidade. É cercado por pontos comerciais que exploram a gastronomia e oferecem variada
infraestrutura de serviços. O lago é, sem dúvida, o lugar mais popular de Bragança. “Por volta de 1830-1850, o vigário da cidade – Pe. José Jacinto da Silveira – era dono de grande extensão de terras, na região do baixo Caetê até o alto do Campo Novo. Nessas terras existia uma lagoa conhecida como Tanque do Padre Jacinto. Esse mesmo tanque, no início do último século, era chamado por Tanque do Canivete, formado pelas águas dos ribeirões Caetê e Bocaina, onde grande pescaria de taraira se fazia. Aquele tanque, com o passar dos anos, desapareceu da paisagem taboense, ressurgindo na década de 1960, e é hoje é o nosso Lago do Taboão.” (José Roberto Vasconcellos, membro do ASES, 9-5-2005, In http://www.asesbp.com.br/escritores/escritores15a.html)
Bragança Paulista 79
FOTOS daniel abicair
Meio Ambiente
caxinguelê
Fauna Por Daniel Abicair
Beija-flor-depapo-branco
Sapo-ferreiro
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Savacu
Bragança Paulista é rica em biodiversidade, e tem em suas matas e campos a fauna característica da Mata Atlântica com alguns trechos recortados por áreas de cerrado, o que confere à cidade uma fisionomia vegetal bem peculiar. O contato com as diversas espécies da fauna encontradas em Bragança, nas áreas rurais e urbanas, é bem comum. O caxinguelê, também chamado de serelepe, é visto facilmente e atua como restaurador da paisagem, já que é ávido por sementes, e contribui para o surgimento de novas mudas de araucária, jerivá e palmito, por exemplo. Já os ouriços são mais discretos e não se fazem perceber, pois dormem acomodados nas árvores durante o dia. Popular entre os moradores das áreas florestadas, os primatas destacam-se pela vocalização e seus hábitos sociais. em Bragança são encontrados o bugio, o sauá, e o mais comum e carismático o sagui. O sagui-estrela é uma espécie do Nordeste do País, que foi se estabelecen-
Meio Ambiente
Canário-da-terra
Ouriço
Onça-parda
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Sagui-estrela
do na região bragantina pela soltura indevida, fruto da caça e da domesticação inconsequente. O sagui nativo da região é o sagui-da-serra-escuro, um pouco mais escuro que o primo do Nordeste e com os tufos da cabeça brancos. Ainda é possível encontrar esse primata nas áreas mais afastadas da urbanização, e sua população às vezes se mescla com os primos do Nordeste. Animais de maior porte também ocorrem na região; são comuns os relatos de onça-parda perambulando pelas estradas de terra da área rural, e animais como o cachorro-do-mato e o gato-do-mato caçam com frequência nos descampados, mas é importante lembrar que a manutenção dessas espécies depende da erradicação da caça predatória de seu alimento natural (pacas, capivaras, aves, entre outros). quando caçamos os animais nativos tiramos o alimento dessas maravilhosas espécies que estão no topo da cadeia alimentar e automaticamente a estamos condenando à extinção local. O desenvolvimento sustentável é um anseio de todos e inúmeras providências estão sendo tomadas para esse desenvolvimento na região. As aves, como em todo o Brasil, são as mais numerosas entre os vertebrados, e em Bragança podemos observar cerca de 210 espécies das mais diferentes ordens. Muitas têm coloridos exuberantes, enquanto outras se destacam pelo canto. O canário-da-terra é um exemplo de residente que adora se estabelecer perto das casas e seu canto encanta a todos que têm o privilégio de receber a visita desse pássaro de chamativo tom amarelo. Aves de grande porte, como a seriema, o tucano e a jacupemba também são comuns na região. Os beija-flores, sempre irrequietos, fazem um espetáculo à parte, aproximando-se diariamente dos parques, praças e jardins da cidade, polinizando as flores e executando uma relação ecológica essencial para a manutenção da vida de determinadas espécies da flora. Anfíbios são ótimos indicadores de qualidade da água, e em Bragança é comum a ocorrência do sapo-ferreiro, um anuro que costuma ser encontrado nos lagos no período de reprodução e pulando pela floresta em busca de alimento. Muitos nunca o viram, mas certamente já ouviram sua vocalização, que lembra, segundo os caboclos, um martelar metálico. Nos lagos da cidade é muito comum encontrar a garça-branca e o biguá. O Lago do Taboão recebe todos os dias a visita sorrateira do savacu, uma ave pernalta que espreita pela vegetação das margens em busca de alimento.
Turismo Rural
Entrar numa estrada de terra
é voltar às origens Bragança é uma cidade típica do interior modernizada. Mas, em suas estradinhas de terra, encontram-se verdadeiros tesouros rurais, onde podemos desfrutar da paisagem do campo e do que ele tem a nos oferecer de bom. Desfrutar desses locais e prosear com os que lidam com a terra é uma experiência marcante para todos. Queijo fresco secando
Criação de carneiros
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Plantação de tomates
Fogão a lenha
Gado
Passamos por uma verdadeira aula sobre café no “Café Biriçá”. Oscar, nosso anfitrião, explicou-nos sobre a qualidade do café arábica e como é feito o processo da seleção de grãos. Como se cuidasse de um filho recém-nascido, pegava de diferentes sacas os grãos já secos e mostrava sua maturidade e qualidade, dando-nos o entendimento da diferença do café tipo exportação e do café comum. O bom café vem desde seu cultivo até a torrefação. E é principalmente na secagem que a atenção é redobrada, pois é fácil o grão ainda estar com sua umidade natural. a seca tem que ser perfeita, remexendo-o de hora em hora, e jamais secá-lo em chão de terra. Depois, vem a armazenagem, cujo local tem que ser arejado, sem umidade e sem luminosidade. após esse processo, os grãos de café passam pela esteira densimétrica, na qual todos os grãos são separados de acordo com sua densidade: “Café bom é o café pesado; quanto maior sua densidade, mais qualidade possui”. Mas, mais valioso do que ler, é viver os momentos agradáveis ao lado de quem realmente entende da melhor bebida brasileira. Então viva essa experiência e vá com a família aprender mais sobre o que bebemos todos os dias, e curta a paisagem rural, que é o caminho para se chegar até lá! Onde: km 43 da estrada itatiba-Bragança, em frente ao trailer da Tenda do Mel
FOTOS MarciO MaSula
Café
café para exportação
cafezal Bairro Biriçá
Torradeira de café
café torrado
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Turismo Rural Cachaça
Curiosidades :
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Toneis de Cachaça
FOTOS MarCiO MaSula
A cachaça era um bom ingrediente para amaciar a carne do porco, que era dura, pois eram criados soltos e chamados de cachaços. Somente os escravos bebiam a cachaça, que era um trunfo nas mãos dos senhores, pois o líquido deixava-os menos depressivos devido à saudade que sentiam de sua terra natal. Em 1635, devido à sua popularidade em detrimento da bagaceira portuguesa, Portugal proibiu a fabricação e o consumo da cachaça. Mais tarde, com o fim da proibição, a cachaça contribuiu muito para a reconstrução de Lisboa que fora destruída no terremoto de 1755.
Garrafas de Cachaça
Muita gente confunde as palavras “aguardente”, “cachaça” e “pinga”, achando que são sinônimos, porém não são. Aguardente é a bebida conseguida por meio da fermentação de vegetais doces; a cachaça é a bebida feita por fermentação apenas da cana-deaçúcar, e a pinga é o nome vulgar da cachaça. O nome “pinga” foi dado pelos escravos que trabalhavam na última fase da fabricação da cachaça, a destilação. O vapor se condensava no teto e pingava. Apesar de egípcios, gregos e romanos já conhecerem o processo de fermentação, foram os árabes que descobriram a destilação e a espalharam pela Europa, originando o arak da Ásia, a grappa da Itália, o kirsch da Alemanha, a vodka da Rússia, o saquê do Japão e da China, o whisky da Escócia e a bagaceira de Portugal. Então a técnica da destilaria aportou no Brasil com os primeiros colonizadores portugueses e, junto, a cana-de-açúcar, que é de origem asiática. Num engenho da Capitania de São Vicente, entre 1532 e 1548, descobriram o vinho de cana-de-açúcar – a garapa azeda, que ficava ao relento em cochos de madeiras para os animais, vinda dos tachos de rapadura. É uma bebida limpa, em comparação com o cauim – vinho produzido pelos índios –, no qual todos cospem num enorme caldeirão de barro para ajudar na fermentação do milho, acredita-se. Os senhores de engenho passaram a servir o tal caldo, denominado cagaça, para os escravos. Daí é um pulo para destilar a cagaça, nascendo aí a cachaça. Fontes: www.alambiquedacachaca.com.br; Revista Superinteressante
Turismo Rural Equoterapia
FOTOS MArciO MASulA
“O uso do cavalo como forma de terapia data de 400 a.C. quando, Hipócrates utilizou-se do cavalo para ‘regenerar a saúde’ de seus pacientes. Em 1901, foi fundado o primeiro hospital ortopédico do mundo, em função da guerra dos boêres na África do Sul, o Hospital Ortopédico de Oswentry (Inglaterra) onde o número de feridos era muito grande. Uma dama inglesa, patronesse daquele hospital, resolveu levar os seus cavalos para o hospital a fim de quebrar a monotonia do tratamento dos mutilados. Esse é o primeiro registro de uma atividade equestre ligada a um hospital. Liz Hartel (Dinamarca), praticante de equitação, foi acometida aos 16 anos por uma forma grave de poliomielite, a ponto de durante muito tempo não ter possibilidade de deslocamento, a não ser em cadeira de rodas e, depois, muletas. Mesmo assim, contrariando a todos, continuou a pra-
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ticar equitação. Oito anos depois, nas Olimpíadas de 1952, foi premiada com a medalha de prata em adestramento, competindo com os melhores cavaleiros do mundo, e o público só percebeu seu estado quando ela teve de apear do cavalo para subir ao pódio e teve de se valer de duas bengalas canadenses. Essa façanha foi repetida quatro anos depois, nas Olimpíadas de Melbourne, em 1956. No Brasil, a partir dos anos 80, quando foi criada a ANDE-Brasil (Associação Nacional de Equoterapia), o tratamento tomou maior impulso, mas somente nos últimos seis anos é que se pode notar o verdadeiro crescimento dessa modalidade terapêutica, haja vista o número crescente de centros de equoterapia em todo o território nacional. A equoterapia foi reconhecida como método terapêutico em 1997 pelo Conselho Federal de Medicina.” Fonte:www.equoterapia.com.br
Onde: Av. São Francisco, 4.001 – Bairro Santa Helena
O Centro de Equoterapia Pé de Pano, em Bragança Paulista, visa desenvolver reabilitação, educação e pré-esportivo, por meio dos animais para pessoas com deficiências mentais, comportamentais e com dificuldade de aprendizagem, aumentando a capacidade e a potencialidade física, psíquica, educativa e social. É também filiado à ANDE – Brasil (Associação Nacional de Equoterapia) desde 2009 e, desde maio de 2011, participa de um projeto da Prefeitura Municipal de Bragança Paulista por meio da Secretaria de Educação, onde são atendidas aproximadamente 160 crianças que estão incluídas na Rede de Educação, onde desenvolvem trabalhos de equoterapia e trabalhos extraterapia (com oficinas, criação de horta e trabalhos ao ar livre). Conta com uma ampla equipe multidisciplinar, que inclui fisioterapeuta, psicólogo, equitador, educador físico, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, pedagogo, técnico zootecnista, técnico agrônomo e médico veterinário, realizando um trabalho interdisciplinar, sendo um dos aspectos mais importantes nesse tipo de abordagem, que conscientiza o indivíduo de suas capacidades e não de suas incapacidades, trabalhando-o como um todo. Fonte: Centro de Equoterapia Pé de Pano
Suinocultura Há comprovações de que o porco já era consumido pelos humanos em 18.000 a.C e domesticado em 10.000 a.C. Desde então, esse animal foi eleito como um dos principais alimentos de nosso cardápio, principalmente entre os babilônios, assírios e macedônios. Já na Grécia, ele era oferecido em sacrifício às deusas Ceres e Cibele, e na ilha de Creta era considerado sagrado por ser o principal alimento de Júpiter que, segundo a mitologia, teria sido amamentado por uma porca. Em Roma, o suíno era símbolo dos banquetes e, segundo Catão, a prosperidade de uma casa era medida pela quantidade de toucinho armazenada. Mais ao norte, o povo germânico também foi grande consumidor dessa carne, ao ponto de Carlos Magno decretar uma lei de severa punição aos ladrões de porcos. A carne suína foi a base alimentar principalmente dos guerreiros da Idade Média. Os Cruzados e os Cavaleiros Templários a levavam para poderem ter uma fonte de proteína preciosa. Mas, em seu percurso alimentar, alguns casos de proibição desse alimento se fizeram presentes como o de Moisés, que vetou o consumo para o povo hebreu, e no Alcorão. A esquadra de Martim Afonso de Souza, em 1532, trouxe para o Brasil os primeiros porcos, desembarcados em São Vicente e mais tarde na Bahia. As primeiras raças foram
alentejana, transtagana, galega, bizarra e beiroa. Depois chegaram porcos da Espanha, dos Estados Unidos, da Itália, da Inglaterra e da Holanda. A miscigenação foi feita de forma desordenada, resultando em uma preocupação de melhorar geneticamente os animais. Mas foi com os alemães, os italianos e os poloneses que a simples criação de porcos tomou forma comercial. Um exemplo disso foi a riqueza adquirida por Francisco Matarazzo, que comercializava banha de porco para todo o país, um ingrediente fundamental para a culinária da época. O costume de usar carne de porco na culinária do Brasil
vem desde o século XVI e foi bem mais difundido em Minas Gerais, no Ciclo do Ouro. De fácil manejo e criação rústica, o suíno era um produto prático e de custo baixo. Em Bragança Paulista, a criação de porcos teve seu início com a influência principal dos italianos que por aqui chegaram, impulsionando a fabricação de embutidos, como a linguiça e o salame. A cidade ainda é conhecida pelo grande número de suinocultores. Apesar da crise de 2012, os produtores seguem firme na tradição de suas famílias, fornecendo carne suína de primeira à população.
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Turismo Rural
Nomes comuns: bagre-americano e peixe-gato. Vive em rios, lagos e represas, preferencialmente em águas paradas. Pode pesar até 25 kg e alimenta-se de plantas, peixes e insetos. Matrinxã – “peixe de escamas, coloração prateada, corpo alongado, capaz de atiangir 80 centímetros de comprimento e cinco quilos de peso, encontrado nas bacias amazônica e Araguaia-Tocantins. Tem nadadeiras alaranjadas, mas a da cauda é escura... vive em rios de águas claras, principalmente junto a pedras e troncos submersos, alimentando-se de frutinhas, sementes, insetos e pequenos peixes. Sua carne é muito apreciada pelos consumidores, apesar da espinha excessiva.” Fonte: revistagloborural.globo.com
Minhocultura
Na década de 1940, Thomas Barret iniciou a criação de minhocas em cativeiro. Um tanto esquisito para a época, Thomas já entendia a função vital desse animal para as plantações e iscas para a pescaria, que nos Estados Unidos é um esporte muito difundido. No Brasil a minhocultura só foi introduzida quarenta anos mais tarde com matrizes oriundas da Itália, em um minhocário na cidade de Itú. Com baixo investimento, essa cultura fornece carne barata para alimentação de rãs, peixes, aves e camarão. Outro produto importante é o húmus que é produzido pelas minhocas e serve para jardinagem e agricultura. As espécies comercializadas são: Eisenia foetida, ou minhoca dos montes de esterco; Lumbricus rubellus, ou minhoca de resíduos orgânicos; a “verdadeira” californiana (California-red) e Eudrilus eugeniae, “african nightcrawler”, a gigante africana.
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FOTOS MarciO MaSula
Catfish
Pesqueiros Em uma região repleta de lagos, não poderíamos deixar de citar os famosos pesqueiros, nos quais a família inteira se diverte e depois ainda pode saborear delícias frescas, pescadas na hora. Entre as espécies que podemos encontrar em um desses lugares temos o bagre africano, carpas capim, cabeçuda e húngara, pacu, curumbatá, dourado, patinga, catfish e matrinxã.
Mas estima-se que existam 1.800 espécies. Seus maiores predadores são a galinha, o porco, a sanguessuga, os pássaros e a formiga lava-pé. Fonte: MARTINEZ, A. A. Minhocultura. 2006. Artigo em hipertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/artigos/2006_2/minhocultura/ index.htm>
Em Bragança é possível visitar alguns produtores de minhoca e conhecer a fundo esse segmento que, para muitos, ainda é desconhecido.
MArcio MAsulA
Esportes
movimento berรงo de talentos, palco para o
Bragança Paulista pode ser considerada um verdadeiro polo de produção para talentos esportivos. Em várias modalidades, a cidade tem nomes de destaque figurando no cenário brasileiro e mundial. No futebol, o time Bragantino teve seu apogeu na década de 90; Jorge Negretti colocou o nome da cidade no circuito do motocross; o atleta “Pantera Negra” (Expedito da Silva) é destaque absoluto no full contact e kung fu, sendo muito respeitado fora do Brasil. No jiu jitsu, Fabiano Junior Leite, conhecido como “Juninho Boi” é tricampeão mundial. O montanhismo conta com três representantes de destaque: Fernando Davanzo, Kether Arruda e André Prata. E na natação, dois atletas de sucesso; o campeão paulista, brasileiro e sul-americano, Rafael Teixeira, e o melhor atleta paraolímpico do mundo: Daniel Dias.
Represa Jaguari-Jacareí
A represa oferece condições ideais para a prática de esportes náuticos, entre eles: pesca submarina, mergulho (treinamento), curso de apneia, cursos de Arrais e Motonauta, wakeboard, esqui aquático, boia puxada, windsurf, vela, stand-up, remo e pesca esportiva. Há também roteiros de ecoturismo, com caminhadas por trilhas e passeios off-road para mensalistas que possuam moto ou quadriciclo. Os adeptos da prática de “observação de esportes” também encontram opções. Cercados pela beleza natural, todos são convidados a permanecer às margens da represa, contemplando os corajosos amantes do movimento, ou então, podem embarcar em um passeio de lancha.
Esportes
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Clube Atlético Bragantino
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Falar do time Bragantino nos remete ao apogeu vivido durante os anos 90, mas a história começou bem antes; afinal, o time foi fundado em janeiro de 1928. O primeiro grande momento do “Massa Bruta” foi a conquista de 1965, quando o time foi para a primeira divisão, pela primeira vez. Nessa época, que podemos chamar de “velha guarda”, ficaram registrados nomes como Wilsinho, que se consagrou grande artilheiro da época, e Oceania que, segundo alguns historiadores, foi o primeiro goleiro a fazer gol na história do futebol brasileiro. Os jogadores Pintado e Mauro Silva também são outros craques de bola que por aqui fizeram carreira. Wilson Acedo, o “Wilsinho”, jogou profissionalmente por 22 anos, parando em 1982. Muito conhecido em Bragança, é uma personalidade querida na cidade e facilmente encontrada nas rodas de conversa da Praça Central, onde fica também seu escritório profissional. Guarda boas memórias da época em que jogava, e muitas histórias, algumas “incontáveis”, brinca o jogador. “O jogo de 1965, que garantiu ao time acesso à divisão especial, foi histórico. A disputa foi no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, contra o time de Barretos. O jogo estava tenso e foi decidido bem no final. Mas dessa conquista, o que eu nunca esqueço, é a reação do torcedor. A cidade parou para nos receber e isso surpreendeu a todos. Houve uma carreata emocionante, com trânsito parado já na entrada da cidade, todas as ruas tomadas pela multidão, nunca alguém tinha visto coisa parecida em Bragança. Foi marcante, uma emoção que guardo viva na memória”, conta Wilsinho, enquanto revira, sobre a mesa, uma série de fotos antigas, juntamente com a camisa do jogo de 1965, e, claro, a bola do jogo, autografada por todos. As conquistas: colecionador de vários títulos, a “fase de ouro” do time foi vivida a partir dos anos 90. O Bragantino foi Campeão Paulista em 1990, cedendo quatro atletas para a Seleção Brasileira e revelando para todos o então desconhecido técnico Wanderlei Luxemburgo. Em 1991, foi vice-campeão brasileiro e nesse ano cedeu para a Seleção toda a Comissão Técnica, com destaque para o técnico Carlos Alberto Parreira, outro “ilustre desconhecido” revelado pelo time. De lá para cá, momentos altos e baixos, com uma torcida aguardando um retorno ao topo da primeira divisão e títulos de destaque. Desde 2005, o time joga pela série A1 do Campeonato Paulista e, desde 2007,
Campeão Paulista da 1ª Divisão - FPF - 1965 Em pé: Robertão, Odarci, Geraldo, Ivan, Del Pozzo, Walter Agachados: Nardinho, Norberto, Nivaldo, Hélio Burini, Wilsinho
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pela série B do Campeonato Brasileiro. Mesmo sem repetir o sucesso dos anos 90, o time mantém boa fama e tornou-se uma boa “escola”, revelando talentos que sempre são disputados pelos times da primeira divisão. Assim, os aspirantes sempre querem jogar no Bragantino porque sabem que alguém estará de olho na atuação dos novos talentos.
leão – o mascote e torcedor fiel Na década de 40, depois de vencer o rival local, Bragança Futebol Clube, o então presidente do time, Cícero Marques, prestou uma homenagem aos atletas, fazendo um quadro com a imagem de um leão para simbolizar a “força” dos vencedores. Desde então, o animal é o mascote do time e os torcedores se referem ao time como “Massa Bruta” e “Leão”. Um torcedor fanático entrou para a história com isso: o Beto Leão. Presente nas arquibancadas em todos os jogos do time, o fiel torcedor é figura conhecida, pois está sempre a caráter, fantasiado de leão, chegando muitas vezes a entrar junto com o time em campo. “Eu venho de uma família de torcedores do Bragantino. Meus tios, meu pai. Está no sangue. Eu costumo dizer que tenho três filhos: o Tiago, o Rafael e o Bragantino. Eu tenho pelo Bragantino o mesmo amor que tenho pelos meus filhos”, declarou o torcedor, em 2012, durante uma entrevista à equipe da Rede Vanguarda, afiliada à Rede Globo que cobre a região do Vale do Paraíba. A relação dos jogadores com os torcedores da cidade também sofreu mudanças a partir de 2005, quando o time se afastou do contato diário com o torcedor na rua, nas conversas pela praça. Uma das
marcas registradas do time sempre foi o vínculo com o torcedor e a familiaridade no contato diário, sempre presente na cidade, pelas ruas, com ponto de encontro certo na Praça Central, após os treinos. “Isso se perdeu, e o torcedor sente muita falta desse contato. Assim, muitos jogadores ficam anônimos, se passarem pela rua é bem provável que muita gente nem saiba quem é jogador do time atualmente”, conta Juarez Sérgio, radialista que acompanha a trajetória do Bragantino desde o começo dos anos 70. “Viajei muito junto com o time, acompanhei os momentos de glória e também os momentos amargos. Uma característica marcante do time é o grande carisma que conseguiu conquistar, não somente no Estado de São Paulo, mas pelo Brasil. Sempre que desembarcou para jogar fora de São Paulo, o time teve uma receptividade calorosa e amiga. Lembro que os cariocas sempre admiraram os jogadores bragantinos. O time quebrou a barreira da rivalidade e conquistou o Brasil. Há muitas histórias e boas lembranças. Sempre me chamou atenção a reação dos passageiros quando o comandante do voo anunciava que o time estava a bordo. Virava uma festa, um clima de muita alegria”, conta o radialista, que é de Bragança. Imaginem para que time ele torce? Mas Juarez garante que, como todo profissional ético, se esforça diariamente para manter a imparcialidade durante as transmissões.
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Esportes
Jorge Negretti: 30 anos de motocross
Assessoria de Imprensa Jorge Negretti/JF5 Comunicação
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Talvez poucas pessoas no país tenham uma identificação tão grande com o motociclismo como Jorge Negretti. Ele é um dos maiores pilotos do Brasil, com dez títulos nacionais de motocross, além de disputas em várias categorias, como supercross, arenacross, supermoto e enduro. Jorge Negretti é aquele piloto multiestilo, com vários talentos e que ainda tem muita disposição para continuar nas pistas, aliás, nas rampas. Começou cedo e construiu uma carreira brilhante. “Tive a sorte de ter uma corrida em minha cidade,
Bragança Paulista, na época que tinha uns 14 anos. Peguei a moto, corri escondido. Os amigos ajudaram. O capacete foi emprestado por um, a gasolina foi paga pelo pessoal da padaria. Foi assim que eu comecei”, conta o piloto. Foi a partir de 1983 que as conquistas começaram. Em 1987, em uma corrida histórica em Bragança Paulista, Negretti garantiu o primeiro título nacional. Na década de 1990, Jorge Negretti revelou uma das suas principais características: a versatilidade. Disputou campeonatos de motocross, supercross e arenacross. Conquistou títulos em todas elas. Campeão em três categorias. Em 2001, Negretti conquistou o Circuito Nacional de Arenacross e iniciou sua trajetória no Motocross Freestyle, modalidade em que os pilotos saltam e fazem inúmeras acrobacias. Com trinta anos de carreira, Negretti é o único representante da sua geração a continuar em atividade. Disputou provas com os melhores e mais conhecidos pilotos do planeta. Coleciona amigos nas principais categorias da modalidade, como o ex-piloto de Super GP, Alexandre Barros. Admite que nunca teve interesse pelas provas de velocidade: “Tenho medo”, revela. A frase causa, sem dúvida, estranheza entre os fãs de Negretti. Afinal, como um piloto que salta a mais de 10 metros de altura pode ter medo? Mistérios de quem consegue, com ou sem as mãos, nas alturas, encantar jovens e adultos de todo os lugares. Antes, nas pistas de terra, agora nos céus de todo o país.
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Esportes
Mas o campeão ainda tem fôlego para muito mais, persistindo em treinamentos para superar sempre seus próprios limites. Outra importante marca de Daniel Dias é ter ganhado, por duas vezes, o Troféu Laureus, considerado o “Oscar do Esporte” na categoria paraolímpica. Uma trajetória que coloca o nadador na elite dos esportistas mundiais.
Fernando Maia
O atleta paraolímpico Daniel Dias mora em Bragança Paulista desde os 15 anos. Destaque absoluto na natação paraolímpica, Daniel construiu uma carreira de sucesso, com várias conquistas em mundiais e Jogos Parapanamericanos, que começaram em 2006, com medalhas de ouro e prata no Campeonato Mundial de Natação IPC Durban, na África do Sul. Daí para frente, uma sucessão de vitórias, em várias disputas pelo Brasil e pelo mundo, que culminaram com a primeira glória suprema para um atleta: a conquista olímpica. A primeira veio em 2008, nas Paraolimpíadas de Pequim, quando trouxe de volta na bagagem 4 medalhas de outro, 4 medalhas de prata e uma medalha de bronze. Superando sua própria marca, em 2012, Daniel sagrouse o melhor do mundo nos Jogos de Londres, com a incrível marca de 6 medalhas de ouro, que o tornou o brasileiro com o maior número de medalhas conquistadas em paraolimpíadas.
Buda Mendes
Daniel Dias
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MArcio MAsulA
Esportes
Montanhismo Nada como o prazer da conquista, de ultrapassar nossos limites e depois apreciar uma bela paisagem. Assim é o montanhismo, um esporte radical que recebe a cada dia mais adeptos. Bragança é uma cidade privilegiada nesse quesito. Cercada de montanhas propícias para a prática desse esporte, o maior destaque se dá na Mon-
tanha Leite Sol, cujo nome é uma referência à antiga fábrica de laticínios. Com 1.125 metros de altitude, está localizada na Rodovia BragançaItatiba. Além da vista fantástica de Bragança Paulista, após a chuva, sob o sol, as encostas rochosas dão um efeito que parecem que são feitas de vidro, devido ao brilho refletido. É possível o esportista deparar com jaguatiricas e cascavéis. O acesso é restrito e é necessário autorização.
Skate
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Nos últimos anos, a prática de skate tem se popularizado em Bragança. Os jovens têm buscado cada vez mais essa modalidade, atraídos pelas pistas que foram revitalizadas e têm boa iluminação, garantindo a prática noturna com mais segurança. Espalhadas por cinco bairros da cidade, as pistas são uma opção para a meninada e tornam-se também um local de ponto de encontro e convívio entre os grupos e as famílias, espectadoras das performances. Sem medo das frequentes quedas e pancadas, típicas do skate, até as meninas começam a buscar esse esporte, geralmente mais praticado por meninos, os “corajosos”, e por natureza mais acostumados com escoriações e machucados. A pista mais popular fica na área da Secretaria Municipal de Esportes. 100 Cidade&Cultura
Aeroclube de Bragança Paulista
Visto do céu,
tudo é mais bonito
FOTOS MARCIO MASULA
Quando da visita do então governador do Estado de São Paulo, Sr. Adhemar de Barros, em 1939, a Prefeitura Municipal fundou um Campo de Aviação para poder recebê-lo. Esse foi o marco inicial do
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Aeroclube da cidade. Pautados em ideais, Jacintho Osório de Loci e Silva e seu companheiro de sonhos, Dalmácio de Souza Ferraz, uniramse para, junto à prefeitura, fundar o Aero Club de Bragança. Então,
em 1940, estava formado o intento dos amigos. O Campo de Aviação, que na época era assim chamado, não tinha as devidas instalações corretas para a escola e a localidade não era a ideal. Procurou-se o dono da Fazenda Caeté, Sr. Arthur Siqueira, cuja propriedade ficava nos arredores, hoje o bairro do Taboão, para que este cedesse parte de suas terras para a construção de uma pista de pouso que representaria um avanço e desenvolvimento para a cidade. Na Segunda Guerra Mundial, era imprescindível a formação de novos pilotos e houve uma valorização de todos os aeroclubes do país, quando Assis Chateaubriand organizou a campanha “Deem Asas ao Brasil”. Com isso, o Aero Club de Bragança recebeu a aeronave J-3 Piper Cub de 65 hp, prefixo PP-TMJ, americana, que recebeu o nome de “Alcântara Machado”. Essa aeronave foi doada pelo Sr. Peixoto de Castro, em
Campanha Nacional da Aviação (CNA) campanha organizada no governo de Getúlio Vargas com Assis chateaubrinad e pelo ministro da Guerra, Sr. Pedro Salgado Filho. O objetivo desse movimento era angariar doações de aviões e dinheiro ou materiais que servissem para a construção de aeronaves, a elevação do números de hangares e a fundação de aeroclubes pelo país, para a consolidação da aviação civil, a formação de novos pilotos e o monitoramento do nosso espaço aéreo contra aviões inimigos. Encerrada em 1950, essa campanha deixou um legado de mais de mil aviões, três mil pilotos civis e militares brevetados e mais de 400 aeroclubes efetivados.
1942. Já o segundo avião foi o “Zé carioca”, de fabricação brasileira, um cAP-4 de 65 hp, prefixo PP-RcV, doado pelo povo do Rio de Janeiro, em 1943. Agora o Aero club estava equipado com hangar, casa de zelador, uma pista perfeita e duas aeronaves de monta. Então, entre os anos de 1943 e 1945, os primeiros brevês foram dados, inclusive a uma mulher, Sra. Gladyz Maringuerra Santos, perfazendo um total de
24 pilotos. com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Aero club foi perdendo força e passou por alguns anos difíceis, mas em 1952 começaram as obras de revitalização desse patrimônio bragantino. com o aumento da pista de pouso, que passou a ter 50 X 1.100 metros, recebeu novo nome, agora Aeroclube de Bragança Paulista e a motivação do grupo do clube de Aeromodelismo Santos Dumont.
Hoje, o Aeroclube tem os cursos de: Piloto Privado PP-A, Piloto comercial Pc-A, Multimotor, Voo por Instrumento IFR e Instrutor de Voo – INVA. Está equipado com as seguintes aeronaves: P 56 – c, cherokee 140 e 180, Tupi, corisco, Sêneca, cessna 172 e 152 e um simulador, além de acomodações e alojamentos para 30 pessoas. Onde: R. Arthur Siqueira, 651 – Bairro do Taboão Bragança Paulista 103
Gastronomia
Fartura, mistura de ingredientes
e muita sabedoria juntos Quando se fala na gastronomia do interior de São Paulo, temos que entender suas origens, que estão ligadas aos tropeiros e bandeirantes. De fogo no chão, esses nobres paulistas faziam verdadeiras alquimias para poderem seguir em frente e desbravar o desconhecido. Nessas andanças, o cozinheiro sempre estava munido de vários ingredientes para a mágica em sua “cozinha” que consistia em usar o que a natureza lhe servia, como o fogão no meio de um cupinzeiro ou mesmo armações com vara formando um tripé. Quando já assentados em terra fixa, vieram os famosos e deliciosos fogões a lenha. E aí, sai de baixo... A diversidade foi tamanha e deu tão certo que as receitas perduram até hoje e despertam os mais 104 Cidade&Cultura
variados sentimentos. Temos vários exemplos: leitão a pururuca, cuscuz caipira de legumes, pamonha, arroz tropeiro, vaca atolada, frango caipira, farofa de linguiça, paçoca de amendoim, feijão tropeiro, canjica etc. Depois dos portugueses e dos índios, vieram os italianos, que introduziram primeiramente o hábito de comer frutas, verduras e legumes, e, em áreas ao redor de suas casas, as hortas eram fartas. Com o fubá, fizeram a polenta e as broas e, por incrível que pareça, nos centros urbanos o pão virou vedete e fez surgir as padarias. Outro costume, como dito anteriormente, foi o consumo maior de embutidos, como mortadela, linguiça e salame. E, finalmente, as massas, com mais de 500 tipos, entre elas a pizza! O
André PrAtA
diVulGAÇÃo
salmão Belle Meunière Giullio’s Bar & restaurante
André PrAtA
rigatone com linguiça Bragantina e Queijo Brie - cantina Bella itália
MArcio MAsulA
linguiça Bragantina Acebolada restaurante do rosário
Filé ao catupiry Boteco são Gabriel
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Gastronomia
AndRé PRATA
Filet mignom com Brócolis Restaurante HAW-LAi
Traíra inteira sem espinhos Trairagem Bar
Gyuchi Reis Restaurante
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AndRé PRATA
AndRé PRATA
mais importante da influência italiana em nossa mesa é a arte de cozinhar com prazer e para reunir a família. O ato de cozinhar torna-se um atrativo gostoso de lazer para todos. Já os japoneses fizeram a festa nos campos com a cultura do caqui, pimenta-do-reino, chá preto, além de aprimorar os cultivos de melão, morango, abacaxi, alface, alho e muito mais. Quando chegaram ao Brasil, viram-se em sérios apuros, pois a alimentação nas fazendas era “pesada” demais e com uma quantidade de gordura totalmente fora de seus padrões. muitos deles passavam mal e os fazendeiros, seus patrões, não entendiam por quê. Pode até parecer um problema de adaptação passageira, mas na realidade seus organismos não aceitavam tanta carne bovina ou suína, além do café, que era um líquido estranho a eles e o chá ainda não era cultivado. Depois que conseguiram suas propriedades, foram desenvolver justamente o que lhes faltava no dia a dia de sua alimentação. Em Bragança Paulista, podemos saborear muita comida boa. Os restaurantes são variados e, em sua maioria, seus pratos satisfazem qualquer glutão de passagem. Além dessa mistura de ingredientes e culturas separadas geograficamente e unidas em nosso país, temos também os restaurantes especializados na culinária original. Encontramos cantinas italianas, restaurantes chineses e japoneses, churrascarias gaúchas, enfim, uma boa gama de opções para podermos nos divertir.
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Linguiça Bragantina
De geração em geração,
uma iguaria incomparável Preparada com carne triturada ou picada, temperada cozida ou defumada, a linguiça sempre agrada a todos. E esse preparo é muito antigo, pois há relatos até na Odisseia, de Homero, livro do século IX a.C. Alimento muito consumido em Roma na época do Império, era denominada de farcimina, era feita de porco em fogões a carvão, e vendida na entrada da cidade. Mas essa iguaria surgiu da necessidade da população de preservar a carne de caça. Então, picavam, temperavam e embutiam nas tripas dos próprios animais abatidos. 108 Cidade&Cultura
Outra curiosidade vem de Constantino I, que governou Roma entre 306 e 337. Convertido ao cristianismo, condenou o consumo da linguiça por considerá-la o prato principal das festas pagãs. No Brasil, poucos podiam comer carne fresca, que era artigo exclusivo dos mais abastados, e a linguiça era uma solução fácil para se fabricar, pois utilizava as carnes menos nobres e a criação de porcos era mais fácil do que a do gado bovino. Sua po-
pularidade subiu rapidamente no país todo e, hoje em dia, é muito difícil encontrarmos um cardápio sem esse ingrediente. “Fatos importantes da nossa história postados diante das recordações. Nossa Bragança marcada pelas aspirações e pelos sonhos. Quem já não ouviu falar da famosa linguiça de Bragança? Em qualquer ponto do Brasil, Bragança é conhecida como a terra da linguiça! Por que será? Quantas histórias já foram contadas?
Palmyra boldrini vasconcellos cellos
berto vAscon
Acervo José ro
NAtáLIA PeLLIccIArO
Fonte: Passando pelo Passado, José Roberto Leme de Oliveira – “Betinho”.
NAtáLIA PeLLIccIArO
E como não poderia deixar de ser, essa tradição virou a Festa da Linguiça de Bragança Paulista, que já está angariando fãs do Brasil inteiro. Apesar de estar ainda em suas primeiras edições, essa Festa tem todos os ingredientes para se perpetuar no calendário turístico nacional, pois é constituída de vários atrativos interessantes, como o Concurso Gastronômico Sabores de Bragança, com chefs da alta gastronomia paulista para julgarem o Concurso Gastronômico, shows e, obviamente, muita linguiça e suas variedades, todas fabricadas na cidade com seu estilo tradicional de confecção.
DIVULGAÇÃO
Quantas interpretações já foram dadas? Baseando-se em fatos e depoimentos, conferi o que os mais velhos contam, ou melhor, a história mais antiga porque o fabricante de linguiça, mesmo, são os italianos que, no passado, início do século XX, vieram para nossa região. Era hábito desses imigrantes fazerem linguiça para uso próprio. Alguns saíam com cestas para vender em casas de famílias bragantinas na época. Por volta de 1917 e 1920, existia em Bragança uma senhora chamada Palmyra Boldrini, residente numa travessa que hoje é a rua Expedicionário Basílio Zecchin, e ali fazia linguiças. Era uma pessoa muito conhecida e muitos bragantinos que moravam em São Paulo vinham a sua casa comprar. Nessa época, Bragança tinha muitos viajantes, que hoje são conhecidos como representantes comerciais, e eles levavam a linguiça para vender, divulgando nossa cidade. Todos perguntavam: de onde é? Daí o nome Linguiça de Bragança. Judith Vasconcellos, filha de Palmyra, nos conta: ‘Naquele tempo, a linguiça era conhecida como Linguiça da Palmira de Bragança que mais tarde ficou Linguiça de Bragança e até um governador, naquela época, mandava buscar 80 kilos (sic) por semana’. Ela ainda se lembra do motorista e comenta: “Um negrão daqui, ó!!! (sic)”.
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não deixe de visitar
Monumentos da Avenida Dom Pedro e Avenida dos Imigrantes
FOTOS MarciO MaSula
Vale a pena parar nos monumentos erguidos ao longo dessas avenidas, que são uma amostra da valorização dos bragantinos aos fatos importantes que marcaram suas histórias e também o respeito aos que aqui escolheram se fixar.
Parque Luiz Gonzaga da Silva Leme Também conhecido como Jardim Público, abriga várias árvores centenárias, parquinho para as crianças e um ótimo local para se distrair com um bom livro. Dada sua excelente localização, no centro da cidade, é palco de várias festas populares.
Mercado Municipal Fazer compras em um lugar que oferece tudo fresquinho e produtos a granel, como no passado, é sempre um passeio interessante, ainda mais regado a boa música.
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Gostosuras Nada como dar uma paradinha e poder saborear doces gostosos e fresquinhos para continuar o passeio.
Praça do Rosário É gostoso visitar essa praça que, além de aprazível e arborizada, abriga o monumento em homenagem aos bragantinos que participaram da Força Expedicionária – FEB, na Segunda Guerra Mundial
Educação
Universidade São Francisco
FOTOS MARCIO MASULA
Na cidade do Rio de Janeiro, em 1945, foi fundada a CNSP-ASF, Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, que proporcionava aos moradores de menor posse do bairro de Ipanema educação e assistência. Em 1976, a sede da CNSP-ASF foi transferida para Bragança Paulista, já com Ensino Superior e, nove anos mais tarde, recebeu do MEC o reconhecimento de Universidade, sob o nome de
Universidade São Francisco – USF. Atualmente, conta com 238 salas de aula, 176 laboratórios e 7 bibliotecas, totalizando 232.427 volumes e 1.299 periódicos impressos disponíveis. O Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa em História da Educação (CDAPH), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade São Francisco, é um espaço de referência na pesquisa em História e His-
Hospital - Universidade São Francisco
toriografia da Educação Brasileira. Ele reúne acervos documentais de origem e natureza diversas e oferece uma vasta gama de documentos para as diferentes áreas de pesquisa. Outro setor fundamental à pesquisa é o CDAPH, que desenvolve atividades voltadas à identificação, coleta, preservação, tratamento e divulgação de acervos de natureza arquivística e bibliográfica, fomentando e oferecendo subsídios tanto à pesquisa de iniciação científica, de pós-graduação, especialização e aperfeiçoamento, como à sociedade em geral. A par da trajetória e dinâmica de suas diferentes frentes de atuação, o Centro tem se empenhado em produzir e contribuir para a consolidação de uma vigorosa política editorial, destinada a garantir o acesso e a divulgação de trabalhos fundamentais à docência e ao desenvolvimento de pesquisas em História da Educação brasileira. Fonte:www.usf.edu.br
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INGLÊS
Fundação Municipal de Ensino Superior de Bragança Paulista (FESB) Criada em 1967, a FESB possui os cursos de graduação em Letras, Pedagogia, História, Geografia, Educação Artística, Matemática, Química, Ciências Biológicas, Educação Física (Licenciatura e Bacharelado), Nutrição e Medicina Veterinária e também cursos técnicos em Edificações, Eletroeletrônica e Automação Industrial, além de cursos de Pós-Graduação. Com o aumento da demanda pelos cursos oferecidos, o Campus foi totalmente reestruturado para o melhor aproveitamento do aluno. Possui hoje o HVET – Hospital Veterinário para animais de pequeno e grande porte, que atende toda a região. O NUTRIFESB, que é a clínica de nutrição, também faz parte da estrutura do curso e atende a comunidade em geral. O curso de Educação Física recebeu a revitalização completa do complexo
divulgação
Educação
esportivo (CEEF). E o NAFE, que é o Núcleo de Atividades Físicas e Esportivas, atende a comunidade carente. Os laboratórios são altamente equipados, bem como todas as salas de aulas (multimídias). A FESB possui a biblioteca “Waldemar Ferreira” com um acervo de aproximadamente 40.000 títulos. Possui convênios com o FIES, Bolsa-Escola da Família e o CAPES/ PIBID (Bolsa de Incentivo à Docência). O diferencial da FESB é a tradição de quase meio século na qualidade de ensino, e os grandes investimentos em infraestrutura ocorridos nos últimos anos. Fonte: Fundação Municipal de Ensino Superior de Bragança Paulista
biblioteca. Atualmente a biblioteca conta com 35.000 livros, assinaturas de jornais e revistas, 18.000 sócios, e em média atende 200 pessoas por dia, entre estudantes e pesquisadores. Possui dez computadores com acesso à Internet gratuita para toda a população. Tem como objetivo promover e estimular o hábito de leitura, procurando sempre ter atualizados em seu acervo lançamentos (best-sellers) para entreter os usuários. Horário de atendimento: das 8h às 17h30, de segunda a sexta-feira. Localiza-se na praça Hafiz Abi Chedid, 125, no prédio onde está também a Câmara Municipal. Telefone 4034-5019. Fonte: Secretaria de Turismo e Cultura
Fundada em outubro de 1953, a Biblioteca Pública de Bragança passou a denominar-se Biblioteca Pública Municipal “Dra. Adalzira Bittencourt” em homenagem à ilustre bragantina intelectual da época: advogada, poetisa e escritora. Possuía um acervo literário inigualável, o qual foi então, em 1968, doado ao município que a homenageou dando seu nome à
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FoToS NaTália Pellicciaro
Biblioteca Municipal
André PrAtA
Dados estatísticos
Data de Fundação 24 de outubro de 1856
Gentílico Brangantino
Localização Geográfica Microrregião Bragança Paulista Longitude: 46°32’31” O Latitude: 22°57’07” S Altitude: 817 metros
Cidades Vizinhas
Atibaia, Itatiba, Jarinu, Morungaba, Pedra Bela, Pinhalzinho, Piracaia, Tuiuti e Vargem.
Área Total 512.621 km²
Pessoas Residentes 146.744 (censo 2010) 118 Cidade&Cultura
Estabelecimentos Empresariais 3.800 (censo 2010)
Clima
Tropical de altitude
Rodovias de Acesso
Fernão Dias – BR 381 Capitão Barduíno – SP 008 (até Socorro) Benevenuto Moretto – SP 095 (até Pinhalzinho) Alkindar Monteiro Junqueira – SP 063 (até Itatiba) João Hermenegildo Oliveira – SP 009 e 010 (até Vargem)
Densidade Demográfica (habitantes/km²) 286,26 hab/km²
FOTOS MarciO MaSula
Gente da Terra
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Braganรงa Paulista 121
bragantino
André PrAtA
fonte são francisco
O orgulho de ser bragantino Se orgulho é o contrário de humildade, isto não se aplica ao bragantino. Esse povo sorridente e humilde transborda de orgulho quando fala de sua cidade. O brilho dos antigos Barões do Café ainda corre nas veias de gente que tem a noção exata de quanto eles contribuíram para o desenvolvimento de nosso país. Trazem consigo também as marcas da luta pela sobrevivência de seus bisavós que laboravam de sol a sol nas 122 Cidade&Cultura
grandes fazendas, deixando a seus descendentes um legado de competência e amor ao que construíram. Por um lado, a riqueza pela coragem do desbravamento, por outro, o trabalho incessante para sobreviver com dignidade. Duas qualidades fáceis de identificar nos filhos dessa terra abençoada, de brava gente. renata Weber neiva