São Sebastião/SP

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EDIçÃO 01

www.cidadeecultura.com.br

São

Natureza e sensibilidade são as marcas desse roteiro

Nº01 - R$ 10,00 - Brasil

Sebastião História | Folclore | Meio Ambiente | Arquitetura | Gastronomia | Turismo




Bera Palhoto

DIVUlGaçÃo

DIVUlGaçÃo

Índice

06 08 18 22 28 32

LINHA DO TEMPO Datas importantes para a história de São Sebastião HIsTÓrIcO De sambaquieiros a surfistas, conheça os picos econômicos de São Sebastião FAzENDA sANTANA A riqueza dos áureos tempos cravada na terra em seus monumentos rELIGIOsIDADE Em cada praia, a marca da fé deixada nas areias e no mar síTIO ArquEOLÓGIcO Mistérios envolvem talvez um dos maiores traficantes de escravos do Brasil ArquITETurA A simplicidade da taipa registrada e conservada em todos os cantos

4 Cidade&Cultura

40 44 48 52 66 70

ArTEsANATO Criatividade e tradição asseguram as herdeiras mãos talentosas do povo ArTEs Inspiração e revolução nos traços dos artistas da terra FOLcLOrE Cultura e herança resgatadas por seu povo MEIO AMbIENTE Um mundo a ser conservado para nós contemplarmos GAsTrONOMIA Delícias e sabores de outrora na boca da gente EsPOrTEs Radical é pouco, o que importa é se mexer

74 76 80 86 88 94

PEscA Tradição caiçara que resiste às grandes indústrias pesqueiras VIDA DE cAIçArA Navegar é preciso, mas conversar é melhor ainda TrIbO GuArANI Tesouro incrustado, uma lição de cumplicidade com a natureza LENDAs Apaguem as luzes, acedam as velas, que vai rolar histórias tenebrosas NãO DEIxE DE VIsITAr Lugares simples, porém necessários DADOs GEOGráFIcOs Índices de importância econômica e demográfica


TATYANA ANDRADE BERA PALhOtO DIVULGAçÃO

ELAINE LEmE

Editorial A cada curva da Rio – Santos, perdemos o fôlego com a paisagem descortinada. São ilhas e praias incontáveis. E cada canto tem sua história e seus encantos. São inúmeros os relatos colhidos, impossíveis de se retratar em apenas uma revista. Compilamos o que achamos mais interessante. “Tomar uma fresca” com um caiçara é ficar horas e horas conversando sobre o tudo e o nada. Mas é gratificante, pois viajamos a um mundo típico e acolhedor. Não perca tempo pensando no que fazer, apenas curta o que vier pela frente, pois aqui tudo vale a pena conhecer. Renata Weber Neiva

EDITORIA

COnsELhO ExECUTIvO: Eduardo Hentschel, Luigi Longo, Márcio Alves e Roberto Debouch

EDITORA: Renata Weber Neiva REpORTAgEm: Elaine Leme e Nathália Weber AssIsTEnTE DE pRODUçãO: Thiago Alves pRODUçãO gRáfICA: Purim Comunicação Visual (www.purimvisual.com.br)

pRODUçãO DIgITAL: OnePixel (www.onepixel.com.br) pRODUçãO AUDIOvIsUAL: VSet (www.vset.com.br) fOTOgRAfIAs: Bera Palhoto, Tatyana Andrade e Márcio Alves fOTO CApA: Tatyana Andrade ImpREssãO: Gráfica Silvamarts CIDADE & CULTURA é uma publicação anual da ABCD Cultural. Todos os artigos aqui publicados são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Todos os direitos reservados. Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias e fotos aqui publicadas.

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Ilhabela 5


8000 aC Sambaquieiros, ocupação humana mais antiga na região

FOTOS DIVULGAÇÃO

Linha do tempo

Por volta de

1450

Descobrimento do Brasil

1500

a costa brasileira foi invadida por corsários e piratas

1798 Evidências do período do auge da lavoura canavieira sebastianense

XVII e XIX

1502

1530

Passagem da expedição de américo Vespúcio nos arredores de São Sebastião

Tupiniquins e Tupinambás, tribos indígenas que disputavam território na região

Entre os séculos

Martim afonso de Souza parte para explorar as terras brasileiras

Final do século

XIX

Entra em decadência o ciclo do engenho da cana-de-açúcar

a diminuição da importância da cana foi acompanhada pelo crescimento do café

1850 Tráfico de escravos começa a ser proibido


Inicia-se a construção do Convento de Nossa Senhora do Amparo

Intensificam os pedidos de distribuição de terras

1600

1636

1664

XVII é construída a Igreja Matriz

São Sebastião eleva-se a categoria de Vila

1888 Ocorreu a Abolição da Escravatura

1955

Começam os trabalhos no Porto de São Sebastião

1957

1963

Iniciou-se a construção da Rodovia Tamoios facilitando o acesso para o Litoral norte

Década de

1980 Inauguração da Rodovia SP 55 – Rodovia Dr. Manuel Hypólito do Rego

é construída a Capela de São Gonçalo

2010

Inauguração do Porto de São Sebastião

XVII

São Sebastião 373 anos de emancipação


Hist贸rico


FOTOS AcErvO HiSTóricO dA cidAdE E AcErvO dE AgnEllO PAcHEcO

Brasil

Episódios da história de São Sebastião ainda podem ser vistos na costa do litoral norte de São Paulo, em que sambaquieiros, índios, colonos, jesuítas e piratas lutaram pela terra onde os portugueses vitoriosos lançaram a base da nova nação.

em seu início


Histórico

Os primeiros habitantes Na costa do litoral norte, os primeiros homens deixaram as marcas da sua passagem. Antes da chegada dos índios, já havia grupos humanos, organizados em sociedade, habitando o território brasileiro, eles eram denominados sambaquieiros. Sambaqui é uma palavra de origem indígena que deriva de tambá (concha) e ki (depósito). Os sambaquis são depósitos de conchas calcárias, utilizados para enterrar seus entes. Os homens sambaquis constituíram ali, uma civilização de

Povos indígenas Logo após o desaparecimento da cultura sambaqui, novos habitantes passaram a ocupar a região. O povo indígena que, além de pescar, caçar e coletar frutos e mel na mata, sabiam fazer potes de cerâmica e produzir hortas e quintais de mandioca, batata doce, maracujá, algodão, abóbora, feijão e inúmeros outros alimentos. Os índios descendentes dos tupis falavam a mesma língua e impuseram o seu domínio aos demais. Adotaram diversos nomes, de acordo com as condições locais. Nesta região, os índios denominavam-se Tupinambás, que viviam nas terras ao norte, e Tupiniquins, que viviam nas terras ao sul de São Sebastião – existia uma limitação geográfica natural das terras das tribos (praia de Boiçucanga para o sul). A luta entre essas tribos inimigas ancestrais se intensificou com a chegada dos europeus, pois, necessitando de mão-de-obra, os colonizadores iniciaram a

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canoeiros que viviam da pesca, caça de animais de pequeno porte e coleta de moluscos, raízes, frutos, crustáceos e de vegetais. Quando os portugueses chegaram, utilizavam as conchas dos sambaquis para fazer cal para construção de casas. Durante centenas de anos, foram construídos muros, casarões e igrejas. Não se sabe ao certo, como se extinguiram os grupos de sambaquieiros em São Sebastião. Existe a hipótese de terem sido expulsos ou devorados pelos Tupinambás. captura dos índios e os venderam como escravos nos engenhos nordestinos. Os tupiniquins se aliaram aos portugueses, chamados por eles de peró e os tupinambás aliaram-se aos mair, franceses, que haviam chegado ao Rio de Janeiro, em 1555. Uma dessas lutas foi presenciada e narrada pelo alemão Hans Staden, designado pelo então governador-geral Tomé de Souza para combater os tupinambás a partir da fortaleza de Bertioga. Em 1554, capturado pelos tupinambás, povo antropófago, Staden viveu meses como prisioneiro deles. Escapou de virar refeição e, de volta à Europa, publicou na Alemanha, em 1557, um livro relatando sua viagem pelo Novo Mundo, a América. A praia de Boiçucanga foi palco de inúmeras lutas entre as duas tribos. E, a partir de 1558, os índios da tribo tupinambá formaram a Confederação dos Tamoios envolvendo tribos situadas ao longo do Vale do Paraíba, na Capitania de São Vicente, contra os


colonizadores portugueses, a fim de combater a escravidão a que foram submetidos. Os Tupiniquins fugiram perseguidos pelos Atualmente existem agrupamentos indígenas da tribo Guarani em Boracéia.

Antropofagia O costume bárbaro de comer gente, não era novo – o latim tinha ido buscar a palavra no grego anthropo (homem) + phágos (que come) – mas as grandes navegações que estavam em curso davam uma atualidade sinistra ao termo. Poucas décadas antes, tinha surgido no espanhol a palavra caníbal, supostamente derivada do termo caribe, como os conquistadores chamavam diversos povos indígenas das Antilhas, especialmente os hostis e comedores de seres humanos. Fonte: Enciclopédia Conhecer

Tupinambás Os tupinambás como nação dominavam quase todo o litoral brasileiro e possuíam uma língua comum, que teve sua gramática organizada pelos jesuítas e passou a ser conhecida como o tupi antigo, constituindo-se na língua raiz da língua geral paulista e do nheengatu. Entretanto, normalmente quando se fala em tupinambás, refere-se às tribos que fizeram parte da Confederação dos Tamoios, cujo objetivo era lutar contra os portugueses, também conhecidos como perós.

Tupiniquins Também chamados Topinaquis, Tupinaquis, Tupinanquins - grafada comumente com uso do k: tupinikins são um grupo indígena brasileiro, pertencente à nação Tupi, que habitam o território atual do município de Aracruz, no norte do Espírito Santo.

Ocupação Sambaquieira no Litoral As pesquisas arqueológicas desenvolvidas nas últimas décadas no litoral paulista revelam que a ocupação humana mais antiga nesta região foi a dos pescadores-caçadores-coletores, que deixaram como remanescentes os sítios arqueológicos denominados Sambaquis. Tais sítios, construídos ao longo de muitos anos pelos grupos de pescadores-caçadores-coletores, são constituídos principalmente de empilhamentos de moluscos, entre outros restos provenientes da fauna marinha e terrestre, além de estratos arenosos ou terrosos, totalmente diferentes dos demais tipos de sítios arqueológicos existentes no país. Os sambaquis, construídos principalmente entre 6000 e 1000 anos atrás, foram erigidos a partir de episódios sucessivos de acúmulo de material construtivo num mesmo local, resultando em montes de diversos tamanhos. Os aspectos morfológicos e as dimensões dos sambaquis podem variar bastante, principalmente em âmbito regional (GASPAR 2000). Além das conchas, restos de fauna e areia também podem estar presentes na estrutura desses sítios, vestígios de fogueira, artefatos líticos ou osteodontomalacológicos, e ainda muitos sepultamentos. É comum verificar nos sambaquis, enterramentos de indivíduos acompanhados de objetos funcionais (ponta de projéteis, agulhas e furadores)confeccionados em osso ou concha, machados, polidores, pesos de rede, entre outros artefatos líticos, além de adornos como colares ou pingentes feitos a partir de conchas ou dentes de animais. Relacionados à ocupação sambaquieira do sul de São Paulo ao Rio Grande do Sul também são encontrados os zoólitos, artefatos líticos polidos com extremo requinte técnico e estético, representando diferentes figuras zoomórficas e inclusive antropomórficas (PROUS, 1992)... são monumentos intencionalmente construídos relacionados ao culto aos ancestrais, e sua formação é essencialmente o resultado de processos ritualísticos e simbólicos recorrentes por longos períodos. A construção de grande quantidade desses monumentos ao longo do litoral refletiria grande estabilidade territorial, econômica e cultural da população sambaquieira e uma significativa expansão demográfica, com padrões elaborados, cada vez mais complexos de organização social e política (SIMÕES, 2007, FISH ET AL., 2000; GASPAR, 1999 E 2000; DEBLASIS ET AL., 1998). Ao longo de muitos anos os sambaquis sofreram constantes intervenções devidas principalmente à exploração de cal usada em construções e a crescente expansão imobiliária no litoral. Por este motivo estão hoje em dia protegidos por lei e salvaguardados pelo IPHAN. Fonte: Cintia Bendazzoli

Fonte: Wikipédia

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Histórico

Origem do nome O singular nome São Sebastião deve-se a expedição de Américo Vespúcio que, em 20 de Janeiro de 1502, batizou aquela terra com o nome do Santo, baseado em Calendário Litúrgico, coerentes com o ideal português de colonizar e, ao mesmo tempo, difundir a fé católica, homenageando o Santo daquele dia.

Américo Vespúcio Ocupação Portuguesa A ocupação portuguesa ocorreu com o início da História do Brasil, após a divisão do território em Capitanias Hereditárias, forma de administração territorial da metrópole portuguesa. A atual cidade de São Sebastião teve sua origem remota na doação das terras pela coroa portuguesa, concedidas a Pero Lopes de Souza, filho de família nobre. Ainda jovem, tornou-se navegador e, em dezembro de 1530, partiu com o seu irmão, Martim Afonso de Souza, em missão ordenada pelo rei Dom Manuel, para explorar terras brasileiras. Em 1532, decidiu retornar a Portugal. Essa aventura rendeu muitas léguas de terras no litoral norte do Brasil.

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Nesta primeira divisão, a região onde se desenvolveu a cidade de São Sebastião, pertencia à Capitania de Santo Amaro. Os pedidos de terras em São Sebastião se intensificaram a partir de 1600. Como a maioria dos núcleos urbanos em tempos de colonização, São Sebastião, a cidade mais antiga do litoral norte de São Paulo, surge por interesse de colonos e donatários, pois sua posição geográfica e o porto natural proporcionam possibilidades comerciais. Elevada à categoria de Vila em 16 de março de 1636, São Sebastião está entre as dez vilas surgidas nos territórios das antigas capitanias de Santo Amaro e São Vicente entre 1610 e 1670.

Curiosidade Dizem alguns relatos que, para um povoado se tornar Vila era necessário que houvesse um número determinado de construções, mas São Sebastião não tinha essa quantidade exigida. Para não perder a oportunidade de uma elevação, foram construídas casas cenários, apenas as paredes externas e telhados, para que se pudesse ter o número necessário e assim obter a categoria de Vila


Entre 1670 e 1720, a colônia viveu uma época de intensa urbanização com a descoberta das minas de ouro. Situada entre o sul produtor e Parati, porto onde escoava o ouro e de onde partiam as trilhas mais acessíveis entre a faixa da marinha e as vilas mineiras, São Sebastião, até então uma vila modesta, começa a desenvolver um período de relativa prosperidade. Portugueses atraídos por vender os produtos mais caros, iniciaram a instalação dos engenhos de cana-de-açúcar na região.

Capitanias Hereditárias Com o regime das capitanias hereditárias, o rei D. João III deixava às pessoas de sua confiança, os donatários, a obrigação de colonizar o Brasil com seus próprios recursos. No Brasil, porém, várias causas contribuíram para que as capitanias não fossem bem sucedidas: a grande extensão da terra, os ataques freqüentes dos índios, a incapacidade ou a falta de recursos de alguns donatários e, finalmente, a enorme extensão que separava a colônia da Europa. Para que pudessem administrar as capitanias com entusiasmo, o rei concedeu aos donatários certos poderes: podiam dar terras aos que quisessem cultivá-las, fundar vilas e nomear funcionários, podiam até condenar à morte escravos e pessoas comuns. Quanto aos nobres só aplicava essa pena se eles tivessem cometido um crime de traição ao rei ou contra a religião. As rendas dos donatários consistiam na cobrança de impostos sobre produtos da terra. Podiam ainda escravizar índios para o seu serviço e até vender certo número deles em Lisboa. Já a exportação do paubrasil só podia ser feita por ordem do rei: era monopólio da Coroa. Fonte: Enciclopédia Conhecer

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Histórico Fazendas de Engenho

Ao que parece, vieram na expedição de Martin Afonso de Souza, as primeiras mudas de cana-de-açúcar. Portugal já tinha experiência no cultivo e produção da cana e comércio de açúcar, além de possuírem equipamentos para engenhos açucareiros. Os portugueses tinham nas mãos todas as condições necessárias para tornar a colônia uma fonte de lucro. Primeiro ocorreu a escravidão dos índios e depois, com a exploração do povo africano, os portugueses resolveram seus problemas de mãode-obra. Quando os canaviais começaram a produzir, construíram a moenda e o engenho propriamente dito. Foi aqui que os colonizadores, atraídos pelas possibilidades, começaram a instalar seus engenhos na região, como a Fazenda Santana. O engenho da Fazenda Santana, construída em 1743, é um dos raros testemunhos arquitetônicos da prosperidade econômica açucareira da vila de São Sebastião, sendo um dos primeiros erguidos no litoral da capitania de São Paulo. No auge de sua vida produtiva, a Fazenda Santana possuía duas moendas: uma delas movida por bois e outra por água. Sendo essa última mais complexa com rendimento quase dobrado. As primeiras paisagens açucareiras em São Sebastião caracterizavam-se majoritariamente por pequenas e médias propriedades. Mas havia propriedades grandes que se destacavam, como a da Dona Antonia Margarete de Jesus, que chegou a possuir mais de 100 cativos, a do Sargento-mor de Organza, Manoel Correa de Mesquita, que tinha 96 escravos e a do Senhor de Engenho, Matias Ferreira Chaves, com 130 cativos. Várias famílias açorianas transferiram-se para a Vila de São Sebastião, certas de que o sucesso da economia viria gradativamente com o cultivo da cana-de-açúcar. O desenvolvimento econômico trouxe mudanças na paisagem social bem como mudanças administrativas, além da introdução de mais escravos. As evidências disponíveis sugerem que, especialmente em 1798, período de auge da lavoura canavieira sebastianense, grande parte das atividades produtivas da vila girava em torno do açúcar: registrados, do total dos chefes de domicílio escravistas, os proprietários de engenhos ou engenhocas representavam 11,7% e os lavradores 56,9%. Inclusive um número significativo entre aqueles que não tinham escravos dedicava alguma parte de seu tempo a

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esta atividade; com efeito, 32,4% dos fogos (sítios ou fazendas) não-escravistas plantava cana (os que declaravam alguma atividade agrícola, comercializada ou não, representavam 81,1%). São Sebastião: participação dos produtores de cana no total dos domicílios.

Ano

Proprietários de engenhos ou engenhocas (%)

Outros Média de domicílios lavradores nos que se por engenho plantava cana (%)

1798

5,11

43,08

9,4

1801

4,31

27,55

7,0

1803

4,22

13,58

3,4

1805

4,27

12,82

3,4

1808

3,37

10,11

3,6

1810

3,99

6,80

1,7

1813

3,94

7,56

2,0

1815

4,18

13,96

3,2

1817

3.49

4,79

1,1

1821

5,04

14,35

3,0

1824

2,50

6,57

2,0

1826

3,38

3,82

1,2

1828

2,02

2,85

1,2

1836

1,72

0,49

0,2

Fonte: AESP – Listas Nominativas.

No final do século XIX, o ciclo do engenho canavieiro que um dia representou o maior desenvolvimento econômico no Brasil Colônia, entra em decadência. A


combinação das restrições às exportações e a reversão da conjuntura internacional levaram à decadência do açúcar sebastianense em relação ao pico do fim do século XVII. Diante da crise, o rei de Portugal estimulou alternativas promissoras no Brasil como a produção do tabaco e café, para serem ainda destinados à exportação. A diminuição da importância da cana foi acompanhada pelo crescimento do café. “Os requisitos geoclimáticos do café colocam-no na categoria de um vegetal “exigente”. As temperaturas não podem ser muito elevadas nem muito baixas; o tipo do solo e sua qualidade nutritiva são bem determinados; os índices de precipitação pluviométrica devem ser regulares e bem distribuídos pelo ano. Trata-se, ao mesmo tempo, de uma planta que demora a dar seus primeiros resultados produtivos, em geral, cinco anos, ao contrário da cana-de-açúcar, por exemplo, cuja primeira safra já se dá no primeiro ano após o plantio”. Fonte: Livro Brasil História.

Os dados da Tabela mostram a divisão da população segundo condição na Vila de São Sebastião. Verifica-se que a participação dos escravos era relativamente semelhante (entre 20 e 25%) até 1785, momento no qual os escravos em São Sebastião ultrapassam os 30%, sendo que seu peso continuaria crescendo até estabilizar em torno dos 40% a partir de 1794. Participação dos segmentos em São Sebastião no total da população (%). São Sebastião Ano

Livres %

Escravos %

1777

74,46

25,54

1778

75,12

24,88

1780

75,46

24,54

1782

75,51

24,49

1785

68,98

31,02

1788

66,16

33,84

1790

64,52

35,48

1792

68,49

31,51

1794

60,95

39,05

1796

59,65

40,35

1798

61,04

38,96

Fonte: AESP - Listas nominativas.

O engenho O engenho real, cujo apelido refletia o uso de um patrimônio real - a água -, era aquele dotado de roda d’água para moer a cana-de-açúcar. Exibia além das rodas propriamente ditas, um conjunto de seis fornalhas: caldeiras, farol do caldo (uma espécie de tina de cobre enterrada no solo que recebia o caldo da cana), farol de guinda (recipiente onde o caldo da cana é alçado para as casas das caldeiras), farol de escuma, farol de melado, e farol de coar. Procedência dos escravos de São Sebastião 1781 - 1865 Sul - africanos 42 | Angola 143 | Benguela 82 Cabinda 48 | Cachange – 1 | Mojonlo – 51 Moçambique - 3 | Moange – 1 | Muxicongo - 2 Macau - 2 | Rebolo – 21 | Congo – 74 Da Costa – 22 | Mina - 11 | Guiné - 74 Luanda - 14 | Benação - 197 Brasileiros - 1384 | Ignorada - 22 Total de escravos 2199 neste período

A cultura cafeeira na região de São Sebastião desenvolveu-se utilizando os escravos remanescentes nas fazendas canavieiras. A mesma técnica da canade-açúcar era usada para o plantio do café, a técnica da coivara (um regime agrícola tradicional das comunidades quilombolas). Inicia-se a plantação através da derrubada da mata nativa ao longo das enconstas do litoral, seguida pela queima da vegetação. As primeiras dificuldades surgiram em 1850, ano que o tráfico de escravos foi proibido. No auge da produção cafeeira, São Sebastião perdeu o território, pois ocorreu a elevação à Vila da Freguesia de Santo Antonio de Caraguatatuba, em 1857. A partir de 1875 dois novos fatores passaram a desestimular o plantio de café no Litoral Norte: o excesso de produção nas províncias de São Paulo e Rio de Janeiro, com a consequente e acentuada queda nos preços e a Abolição da Escravatura em 1888, pois toda colheita que era antes feita com mãode-obra escrava estava sendo extinta. Foram mais de 300 anos de colonização. Nesse período, surgiram as vilas caiçaras, caracterizadas por conjuntos de casas sem muros, construídas de pau-à-pique. Cada praia possuía sua pequena comunidade sempre construída ao redor de uma preciosa capelinha.

São Sebastião 15


Histórico

Pirataria

Supostamente entre os séculos XVII e XIX, a costa brasileira foi invadida por corsários e piratas provindos da Holanda, França, Inglaterra e Argentina. Tinham o objetivo de assaltar os navios portugueses e espanhóis carregados de ouros descobertos nas minas brasileiras. No mesmo período, ocorreu o fim da “Invencível Armada”, quando Portugal ficou sob o domínio espanhol que incorporou a maior parte da armada lusitana. Portugal, desfalcado de sua Marinha, deixou a costa brasileira desarmada. Desse fato resultou a intensificação do contrabando do pau-brasil e depois, de muitos outros. Em São Sebastião, os ataques foram intensos e para contra atacar a arremetida invasão, foi construído um sistema de defesa, que era constituído por inúmeros canhões na baía que durante muito tempo protegeu a costa de invasores na Vila. Novos caminhos Os caiçaras se voltaram para a pesca artesanal e a agricultura de subsistência – com destaque para a produção de banana. A banana estava invariavelmente nas refeições. Curiosidade: comia-se banana crua no feijão, cozida, assada em doces e em pratos tradicionais do litoral.

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Até 1930 pouco se contava com o acesso por terra, somente com a abertura da Rodovia Tamoios, ligando Caraguatatuba ao Vale do Paraíba, antigas trilhas começaram a melhorar facilitando o acesso ao futuro porto. Mas a proximidade com porto de Santos impediu um crescimento maior do porto de São Sebastião. Porém, com a instalação da Petrobrás, no período da ditadura Vargas, a relação da terra mudou principalmente na região central da cidade. Toda a área antes ocupada por chácaras e roças fora desapropriada pela empresa para construção do pátio de tanques de armazenamento do petróleo de apoio ao píer atracadouro de navios. A inauguração oficial do porto aconteceu em 1955, mas somente em 1963 é que entrou em operação. Entretanto, de olho no etanol que a Petrobrás pretendia produzir e exportar a curto e médio prazo, a empresa previu uma ampliação nas instalações no canal de São Sebastião. A partir da década de 70, com a melhoria da rodovia que liga São Sebastião a Santos, surge uma nova vertente: a exploração turística. A faixa marinha e adjacências são ocupadas por casarões de veraneio. Os caiçaras visualizam um novo e próspero caminho e começam, a partir daí, uma fase de novo segmento econômico. Assim a cidade abre-se para o turismo, colocando como atrativo turístico o passado ainda presente nas ruas da cidade.


Citações: “A cidade era cheia de vendas e armazéns de “secos e molhados, bebidas nacionais e estrangeiras”, que era como estava escrito nas paredes”. “Na rua da praia tinha seu Izidro e seu João dos Santos. Na rua do meio tinha seu Dante Pacini e seu Valentim. Na rua da Santa Casa, tinha seu João Lourenço.” “Mamãe comprava em todos eles porque às vezes o que ela precisava não tinha em uma venda e a gente comprava em outra”. Na venda de seu Antonio Orselli tinha desde agulha, panela de barro, tamanco até ferragens de diversos tipos. Seu Antonio Orselli era muito gordo e ficava sentado na porta da venda conversando. Quando chegava um freguês, ele não se dava ao trabalho de levantar do banco: mandava a pessoa entrar e procurar o que desejasse comprar. Na padaria de seu João Teixeira, o pão saía às três horas. O pessoal fazia fila para pegar a meia lua quentinha. Enquanto mamãe passava café, eu já estava na fila do pão. Voltava correndo para casa e colocava bastante manteiga Aviação naquele pãozinho delicioso. Depois corria até o bar com o bule (não tinha garrafa térmica) e o pãozinho para papai que estava trabalhando. Só de lembrar fico com água na boca” Neide Palumbo – São Sebastião do meu tempo de menina “Quando eu tinha seis anos, papai um dia chegou do bar e disse: “As filhas do Joel, Mariza e Deise, já sabem ler. Lêem até jornal. A Neide vai aprender também.” Me comprou um caderno, um lápis e uma borracha e me pôs na escola de Dona Laura Mota. Dona Laura Mota era uma mulher de fala mansa e cheia de paciência. A escola era na casa dela e tinha vários alunos. Num instante ela conseguiu me ensinar a ler pela “Cartilha Sodré”. A lição que eu mais gostava era: “O bolo está fofo. O bolo é feito de coco.” Neide Palumbo – São Sebastião do meu tempo de menina “Da cozinha de casa se escutava tudo o que acontecia no cinema. O cinema, naquele tempo, era o centro de tudo. Se aparecia na cidade um mágico, se apresentava no cinema; um tocador de violino ou uma menina que declamava poemas, tudo era no cinema, inclusive as festas de final de ano da escola. No cinema aconteciam as apresentações teatrais, a entrega dos diplomas da quarta série, a apresentação do orfeão... tudo era no cinema”. Neide Palumbo – São Sebastião do meu tempo de menina “A Santa Casa funcionava como uma espécie de albergue para os doentes que vinham de Ilhabela ou da Costa Sul para se tratar e não tinham onde ficar.” Neide Palumbo – São Sebastião do meu tempo de menina

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Fazenda Santana

Testemunho

de um ciclo 18 Cidade&Cultura


BerA PAlhoto

Passando por mais uma das ruas que recortam São Sebastião, deparamo-nos com uma magnífica fazenda. Rodeada por coqueiros e uma diversificada fauna, a Fazenda Santana tem suas janelas e portas ressaltadas pelo azul que contrasta com o branco das paredes. O pouco do que resta dessa importante residência da época colonial fascina e surpreende. Foi uma das primeiras fazendas a serem erguidas na capitania de São Paulo, nos seus tempos áureos de produção, abrangendo léguas e léguas de terras. Seu terreno ia do bairro Pontal da Cruz até a divisa do bairro de São Francisco.

A Fazenda Santana no Pontal de Cruz teve como primeiros proprietários mulheres que não tiveram medo e transformaram a fazenda num próspero negócio. A Fazenda Santana, no século XVIII, foi administrada por duas mulheres, Antonia Maria de Jesus e sua sobrinha Gertrudes, ambas provindas de Portugal, que se diferenciavam na época por saberem ler, escrever e negociar produtos produzidos por escravos. Dona Antonia Maria assumiu a fazenda assim que seu irmão faleceu e, quando esta morreu, deixou um lindo testamento que passava a propriedade para sua sobrinha Gertrudes. A herdeira decidiu morar na fazenda logo depois que seu marido veio a falecer. A historiadora Rosangela nos conta que, em São Sebastião, muitas mulheres moravam sozinhas com seus filhos e escravos, deixadas por seus maridos que por vezes sumiam em busca de ouro ou por falecimento, e não se intimidavam em cuidar das suas terras e usar seus chicotes. Considerada um dos raros testemunhos arquitetônicos da prosperidade da Vila de São Sebastião, a Fazenda Santana, construída em 1734, foi construída com pedra, cal de conchas e óleo de baleia. Em 1788, São Sebastião registrava 25 engenhos em funcionamento. As arrobas (unidade vigente na época equivalente a 14.7 quilos) eram vendidas quase que exclusivamente para o Rio de Janeiro, que pagava o dobro comercializado no Porto de Santos. Foi aí que o então presidente da província, Bernardo José, proibiu a venda da cana para o Rio de Janeiro, pois queria que os impostos ficassem em São Paulo. O decreto foi um golpe e determinou o fechamento de muitos engenhos. A Fazenda Santana foi uma das poucas que sobreviveram ao baque. Diversas pressões políticas fizeram com que o decreto fosse revogado em 1788. Fonte: www.beachco.com.br

São Sebastião 19


Fazenda Santana

A fazenda funcionava como engenho de cana-deaçúcar, com antiga senzala (que ficava atrás do aqueduto), a Casa Grande em estilo colonial, capela, engenho, aqueduto com uma grande roda d’água, modelo paulista centralizado dentro da casa e cinco juntas de carro de boi na cor vermelha. O engenho da Fazenda Santana foi construído posteriormente ao século XVIII, tendo como base a engenharia açoriana, que consistia na captação de água da serra para mover o moinho. Esta técnica foi usada por muito tempo. Além de negociarem cana de açúcar, as proprietárias vendiam farinha de mandioca, sendo que, em 1798, chegaram a produzir o total de 76 alqueires de farinha na própria fazenda. A Casa Grande já foi reformada e no local é possível ver as ruínas dos arcos por onde passava o aqueduto, do engenho e da roda d’água, além de prensa para fazer farinha, pilões, peças para ralar mandioca, um oratório e a imagem em madeira de Santana, padroeira de uns dos antigos donos da Fazenda. De geração a geração, as terras chegaram às mãos da família Rego. Antônio Hypólito do Rego teve dois filhos. Seus sete netos são os atuais proprietários deste local riquíssimo em valor histórico e cultural da região. E, no ano de 1969, foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo). Apesar de ser propriedade particular, é possível visitar a Casa Grande e a antiga “Casa da Farinha”, com roda d’água e pilões. A visita turística na fazenda é permitida somente com autorização dos proprietários.

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Conhecido como boeiro em Portugal, o carro de boi é um dos veículos mais antigos que se conhece. Resume-se praticamente num estrado plano de madeira, apoiado sobre um eixo e duas rodas (também de madeira) e um eixo a qual se atrelam os bois. Festa de Santana Um dos primeiros donos da Fazenda era muito devoto de Santana. Sua imagem de madeira é vista num oratório posto no interior da Casa Grande. A festa religiosa de Santana foi uma das mais importantes da cidade em décadas passadas. Hoje é menor, mas não perde em tradição. Há missa no balcão da Casa Grande e, com o término da novena, são realizadas danças típicas como a do boi reveste, a do caiapó, entre outras.

Curiosidade Na fazenda, já foram rodados dois filmes antigos: “Ilha terrível Rapaterra” e “O dia que o santo pecou”.

Escravos rurais trabalhavam 18 hs por dia na Fazenda Santana 1743 – 50 total 1798 – 80 total 1813 – 140 total

FOTOS Bera PalhOTO

Carros de boi



Religiosidade

em cada canto A fé demonstrada

São muitas as cidades brasileiras consagradas a um santo mártir da Igreja Católica. De qualquer modo, a cidade de São Sebastião é um dos poucos municípios de São Paulo que conserva o nome do santo, sem qualquer outra indicação de uma característica geográfica ou que apenas confirme a procedência da adoção do seu topônimo.

Capelas Caiçaras Desde séculos e séculos passados, existe a peregrinação de devotos dos mais diversos Santos na cidade. E a vontade de São Sebastião em figurar entre os municípios mais religiosos do Estado de São Paulo não para por aí; entre a área central e seus vilarejos, de uma esquina a outra, destacamos inúmeros pontos sagrados espalhados nas praias da costa litorânea. O sentimento religioso sempre foi o forte na região e, como em todo Brasil, marcado pelo sincretismo. As capelas caiçaras foram construídas entre 1920 e 1960, como por exem22 Cidade&Cultura

plo, as capelas de Boiçucanga (Boissucanga), Maresias, Barra do Sahy, Barra do Una, Cambury e Toque-Toque Pequeno. Uma área privilegiada era destinada à capela em devoção do santo escolhido: Santa Ana, São Benedito, Nossa Senhora Imaculada Conceição, são alguns deles, muitas vezes, sendo construída por esforço do povo local, com a renda da pesca. As singelezas dessas construções marcam um modo de vida e um momento de ocupação de cada bairro. Seja qual for a capela escolhida para rezar, e são muitas as opções, resta a certeza de que a construção dela é uma mostra significativa da religiosidade desses moradores.


FOTOS AcervO de AgnellO PAchecO

Igreja Matriz e seu valor histórico

(França, 256 — 286), foi um mártir e santo cristão, morto durante a perseguição levada a cabo pelo imperador romano Diocleciano. O seu nome deriva do grego sebastós, que significa divino. Sebastião era um soldado que teria se alistado no exército romano por volta de 283, com a única intenção de afirmar o coração dos cristãos, enfraquecido diante das torturas. Era querido dos imperadores Diocleciano e Maximiliano, que o queriam sempre próximo, ignorando tratar-se de um cristão e, por isso, designaram-no capitão da sua guarda pessoal - a Guarda Pretoriana. Por volta de 286, a sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos levou o imperador a julgá-lo sumariamente como traidor, tendo ordenado a sua execução por meio de flechas (que se tornaram símbolo constante na sua iconografia). Foi dado como morto e atirado no rio, porém, Sebastião não havia falecido. Encontrado e socorrido por Irene (Santa Irene), foi depois levado novamente diante de Diocleciano, que ordenou então que lhe fosse espancado até a morte. Mesmo assim, ele não teria morrido. Acabou sendo morto transpassado por uma lança.

BerA PAlhOTO

São Sebastião

A Igreja Matriz é um marco na história do povo caiçara, sendo um importante símbolo de religiosidade no município, que exerceu sobre a população o papel político, social e institucional que garantia o reconhecimento do aglomerado de fato e de direito, a oficialização da capelinha e elevação da mesma à Matriz (o que significou a elevação do local à condição de povoado). Entre 1603 e 1609 foi construída a capela em homenagem a São Sebastião, conta a lenda que o local escolhido foi em decorrência a uma flecha atirada por um índio tupinambá. A partir de então, era na capela que ocorriam todos os registros: nascimento, casamento, óbito, de terra entre outros.

Fonte: Wikipedia

São Sebastião 23


FOTOS ElAiNE lEmE

Religiosidade

Capela de Cambury

Convento de Nossa Senhora do Amparo

Convento de Nossa Senhora do Amparo, o edifício mais antigo da cidade Entre os Franciscanos que vieram ajudar a colonizar o Brasil, logo após o descobrimento, havia excelentes arquitetos; uma das provas disso são as construções erguidas pela Ordem de São Francisco em todo o país. Rompendo com os padrões tradicionais da arquitetura de Portugal, os construtores religiosos, conceberam para seus prédios formas arquitetônicas inéditas, distribuídos por diversos pontos da costa litorânea. Desenvolveram um estilo cuja evolução leva a crer na existência de uma verdadeira escola de arquitetos entre a irmandade franciscana. Muitos desses prédios, ainda conservados, permitem ver a arquitetura no tempo em que o Brasil dava seus primeiros passos. Dentre as construções que sobreviveram aos séculos destaca-se, no Bairro de São Francisco, o Convento de Nossa Senhora do Amparo. Foi projetado a pedido dos moradores que desejavam que construíssem ali um Convento. Depois de inspecionarem vários sítios, alguns religiosos, que viajavam pela região, deram preferência para as terras situadas em paragens pitores-

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Capela de Barra do Sahy

cas, à beira de uma enseada ao sul, oferecidas por Antônio Coelho de Abreu. A licença para a construção foi dada por Provisão 1658. Dos franciscanos que passaram por ali em meados de 1657, dois ficaram, Frei Baltasar das Neves e Frei Luis, para dar início às obras, em 1664. A construção feita com a ajuda de escravos levou quatro anos para erguer um conjunto composto pela igreja e convento. Foi construído com taipa de pilão e também pedra e alvenaria de tijolo. Em meados de 1668, aproximando-se do seu acabamento, foi celebrada a primeira festa de Nossa Senhora do Amparo. O Convento está localizado numa magnífica posição, em meio a um panorama que encanta a vista de qualquer visitante. O claustro retangular, com três arcos, descansa sobre grossas pilastras. Nas paredes do pavimento térreo, tem diversos nichos, que serviam de confessionários, como alguns outros antigos conventos. No frontispício da Igreja (conforme documentos do próprio Convento), já existia uma capela junto com uma pequena moradia, cuja construção foi atribuída aos frades e a torre não fazem face com o convento, mas avançam para fora. No interior do Convento é possível ver belas e conservadas imagens como: preciosa imagem do Bom Jesus, que tem acima de 300 anos, São José, São Judas, Sagrado Coração de Jesus, São


Capela de Toque Toque

Capela de Boissucanga

Capela de Paúba

Francisco e São Pedro com a chave, além de Santa Ana (mãe de Maria), toda em madeira datada de 1600; as figuras franciscanas também estão presentes no Convento como de: Nossa Senhora do Amparo, Santo Antonio e São Benedito, com seus valores inestimáveis. A restauração do Convento só aconteceu em 1932, quando o teto ameaçava a desabar. Seis anos foram necessários para terminar o grande empreendimento. Apesar de ter sido modificado internamente, externamente preservou-se a arquitetura original. Somente o azulejo português e o piso não são originais de época. O cruzeiro defronte ao Convento era comum na implantação franciscana. O Convento de Nossa Senhora do Amparo está situado na cidade histórica de São Sebastião (tem sete

quarteirões tombados e vários outros edifícios tombados isoladamente pelo Condephaat), no Bairro São Francisco. Desde 1965, a Paróquia tem sede na igreja conventual do Convento Franciscano de Nossa Senhora do Amparo. Mas, devido ao crescimento da região, e por não permitirem novas construções no convento tombado, a atual administração da Paróquia, em comum acordo com o Definitório da Província Franciscana da Imaculada e com a Diocese de Caraguatatuba, fez a aquisição de um terreno de 3.200 metros quadrados, situado a um quilômetro da atual matriz e a 500 metros da capela do Morro do Abrigo, para se construir a nova Igreja Matriz e dependências paroquiais. O Convento continuará com os franciscanos, como um centro de irradiação da mística franciscana no Litoral Norte de São Paulo. Fonte Livro História do Convento.

São Sebastião 25


Religiosidade A lenda do Santo que pecou

FOTOS ElainE lEmE

Capela de Barra do Una

Capela de Juquehy

Lenda de Juquehy Dizem que, até os anos 60, o povoado fazia uma procissão das almas penadas, à noite. E, naquela época, não tinha energia, era tudo no escuro. Todo o povo que morava lá participava, até os bairros vizinhos. Faziam uma fila de dois e as mulheres iam com um véu na cabeça. Uma fila ficava enorme. Como dizia a tradição, um menino ia na frente tocando uma catinga triste no tambor.

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Em São Sebastião, morava um caiçara que, quando bebia, ficava agressivo e barbarizava a cidade. A população da região, preocupada, pedia insistentemente para que o delegado tomasse uma providência. Mas ele fracassou. Diante de tal fato, o povo juntamente com as “carolas”, rogaram a São Sebastião que desse um jeito no meliante. Certo dia, o infeliz foi encontrado misteriosamente morto na frente da Igreja Matriz. Após inúmeras investigações infrutíferas sobre supostos suspeitos, e com aclamação das carolas, dizendo que fora o santo que dera cabo do sujeito, o Delegado não teve dúvidas e prendeu a imagem de São Sebastião, que foi acusado e levado a julgamento. O Santo foi condenado a cinco anos de prisão. E a morte do caiçara jamais foi esclarecida. Durante esses cinco anos, o Santo ficou preso na cadeia local e só saía para as procissões e, assim mesmo, escoltado por policiais. Após ter cumprido sua pena, o Santo voltou e hoje está exposto na Igreja de São Gonçalo (Museu de Arte Sacra). A teoria é tão intrigante que virou filme em 1975, dirigido por Cláudio Cunha. Além do filme, foi produzida, na Fazenda Santana, a peça teatral com o mesmo nome do filme “O dia que o Santo pecou”. Há controvérsias. Historiadores dizem que a estátua de São Sebastião ficava trancafiada na prisão para que os piratas não a roubassem da igreja. Verdade ou não, essa história rendeu muitas risadas, pois a maior dúvida é: qual foi o advogado do Santo no processo penal.

“O mês de maio é todo dedicado à Maria, mãe do Mestre Jesus. Todos os dias as crianças iam à igreja levar flor para enfeitar o altar de Maria. No final da tarde, nós saíamos batendo nas portas das pessoas que tinham jardim pedindo flores para levar na fila. Na porta da igreja, às sete e meia da noite, se formava a fila para entregar as flores. O padre ficava na frente do altar de Maria e as crianças entravam bem devagar cantando: “neste mês de alegria, entre risos e flores...” e Dona Verena ao órgão conduzia a canção.” Fonte: Livro “São Sebastião do meu tempo de menina” – Neide Palumbo



Sítio Arqueológico

Mistérios

revelados O Suposto dono das terras

Registros históricos revelam que Joaquim Pedro, antigo morador da região, conhecido pela crueldade e por suas posses, morou próximo ao Sítio Arqueológico, só não foi possível comprovar se ele foi o dono daquelas terras. Um dos mitos mais conhecidos na região diz que Joaquim Pedro fez um pacto com o Diabo pra manter sua riqueza. Dizem que ele guardou o Diabo dentro de uma garrafa debaixo da sua cama. Uma noite, sua 28 Cidade&Cultura

mulher achou a garrafa e liberou o Diabo. No mesmo momento, Joaquim veio a falecer esmagado por uma das paredes da Casa Grande que ruiu. Segundo a lenda, no momento do velório, ouviu-se o som do estouro do aqueduto da fazenda. As luzes se apagaram e todos apressadamente começaram a ascender velas e lampiões. Mas, o corpo de Joaquim sumiu do caixão. E o povo que ali estava diz ter visto o Diabo carregando o corpo de Joaquim Pedro e nunca mais se ouviu falar daquele homem. E, se você chamar o nome de Joa-


FOTOS acerVO municipal

Visitar o sítio arqueológico de São Sebastião significa admirar e surpreender-se com o legado da nação portuguesa. quim Pedro, à meia-noite, no sítio, ele aparecerá. O local é incrustado na mata tropical e fascina a todos com sua fortaleza de montanhas e vale profundo. Nesse privilegiado cenário, o céu ilustra e completa a vista magnífica do bairro de São Francisco e do Canal de São Sebastião. Conferir in loco os resultados dessa fascinante descoberta é bem prazeroso por sinal. O sítio arqueológico está a 260 metros de altitude, com aproximadamente 200 anos de história e cerca de 20 mil m² de restos construtivos, que compõem o legado. São três patamares, com pátio cerimonial, logo acima a antiga capela e, mais alguns metros, a Casa Grande. O pátio cerimonial servia de porta de entrada aos novos escravos, onde as ordens eram dadas. A capela, muito suntuosa para época, era uma forma de mostrar aos escravos e

aos funcionários, o poder que os senhores detinham ali; na entrada existia um oratório, uma antiga pia batismal e um aqueduto. A Casa Grande era muito pequena para ser uma moradia, o que para a Aline Mazza, arqueóloga, esse detalhe leva a crer que o sítio era um local próprio para negócios, além do fato de estar num lugar estratégico para avistar embarcações que iam e vinham no Canal de São Sebastião. Supõe-se que ali eram exercidas atividades clandestinas, como o tráfico de escravos e até mesmo uma “escola de produção de cana-de-açúcar, devido à quantidade de parafernálias destinadas a isso. Talvez esse seja um dos motivos dos historiadores não encontrarem registro de posse da Fazenda. O grande achado pelos pesquisadores foi a localização de outra área do sítio, que possui mais de oito São Sebastião 29


Sítio Arqueológico

patamares somada ao sítio existente, e que pode vir a ser um dos maiores achados arqueológicos em extensão do país, com 1.200.000 m² de área total. no local, foi identificado um complexo de senzalas e estradas. Atualmente, restam do imóvel original algumas colunas e paredes, que impressionam pela técnica usada (as pedras eram apenas encaixadas perfeitamente entre si, sem necessidade de qualquer espécie de cimento como liga), escadarias em pedra, terraços com floreiras, uma enorme figueira, muros de contenção ornados com figuras, aquedutos e arcos sobre pequenos vales, dreno de água, telhas, canaletas em pedra, oratório, fornos, porcelanas, cabos de panela, cerâmicas neobrasileiras (que misturam características das culturas negra, branca e indígena), grés fino, cachimbos e demais testemunhos materiais. As peças encontradas nas escavações são do final do século 18 e início do século 19. Para Aline, a peça mais inusitada encontrada foi uma botinha de vidro que, na Europa, é conhecida como o copo do segredo. As escavações começaram no ano de 1991, bem depois que “cicatrizes” cortando a Serra do Mar apareceram em imagens de satélites. As marcas denunciavam cursos de rios e construções desconhecidas. Técnicos levaram quase dois anos para localizar as estradas escondidas sob mata fechada e terreno íngreme. O trecho começa na beira da Rodovia Rio-Santos até atingir 200 metros de altitude. na subida, foram iden-

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tificadas estradas que se cruzam perpendicularmente. Elas eram utilizadas para o escoamento da produção de cerâmicas produzidas por escravos. “Um dos aspectos mais representativos da diversidade cultural presente no Sítio São Francisco é a atividade açucareira. A complexidade de fabricação deste produto, representada pela existência de várias etapas, pela necessidade de utilização de engenhosos equipamentos e de mão de obra especializada, nos fornece inúmeros subsídios para a compreensão de atividades fabris de outrora. O vestígio mais emblemático é o forno, com as quatro fornalhas e cavidades, onde se depositavam tachos de cobre fumegantes com o caldo da cana. Implantado sobre terraço, recebeu o revestimento de lajotas cerâmicas e cobertura de telhas capa e canal”. Fonte: http://www.sitiosaofrancisco.org.br

Cachimbos nas escavações, foi encontrada a maior coleção de cachimbos existente na história do Brasil. A confecção desses artefatos fazia parte do ritual de negros e brancos. O cachimbo era utilizado por todos, inclusive por crianças. A forma fálica do cachimbo levanta a hipótese do órgão sexual masculino, símbolo da fertilidade africana e uma forma de identificação de qual tribo o artesão negro pertenceu.


FOTOS acervO municipal

para a visitação, é aconselhável estar preparado para um dia de muito esforço, pois o percurso é de aproximadamente uma hora de subida e mais duas horas para fotografar e admirar a beleza local. Apesar da caminhada considerada de grau médio, todos os esforços são compensados quando se chega ao Sítio Arqueológico. Essa é a descrição desse universo “utópico” assinada pela arqueóloga, que analisou cada pedacinho das remanescentes peças e ruínas do sítio. Quando se fala em turismo na cidade de São Sebastião, é imprescindível a visitação do sítio arqueológico e o importante contato com os monitores do município. Tais profissionais capacitados conhecem os locais certos e oferecem instruções históricas e curiosidades sobre tudo, além de garantirem segurança aos visitantes.

Aquedutos “para o sistema de captação era “necessário levar a água a uma grande altura, o que impõe a necessidade de ir buscá-la muito longe e fazer para isso obras consideráveis...” Existia também a necessidade de controlar o fluxo, quando este se avoluma, para que se quebre a cana “na compressão suficiente para a extração de todo o caldo”. Talvez por este motivo encontramos vestígios de comporta em uma das canaletas, em direção ao forno. O reservatório, hoje arruinado, tinha a função de regularizar o fornecimento, garantindo assim constância nos tempos de estiagem, consoante com as palavras da autora, ao afirmar que: “A água era levada em declividade moderada por meio de condutores de (...) alvenaria, geralmente elevados sobre arcos, conhecidos como aquedutos. Em alguns casos, devidos às condições topográficas especiais, (...) o tanque ficava situado a mais de um quilometro do engenho” (ibidem. 1990, p. 35,48,49).” http://www.sitiosaofrancisco.org.br

Cerâmica O bairro São Francisco foi o expoente da cerâmica. Toda estética fálica colocada nos cachimbos e nos cabos das panelas de barro é a marca da identidade africana. Também era uma maneira dos negros afirmarem sua dignidade, pois ali os senhores comiam e, de certa forma, a comida era uma oferenda aos deuses africanos.

Matéria-prima há muitos séculos, os indígenas dominavam o barro. Usavam ornamentadas urnas de cerâmica nos seus cultos funerários com muitas decorações ao redor. A cerâmica encontrada no sítio é uma imitação da cultura indígena.

Grés fino é um tipo de cerâmica lubrificada, trazida pelos portugueses.

São Sebastião 31


Arquitetura

Uma viagem ao

descobrimento 32 cidade&cultura


Bera PalHoto

arquitetônico do centro histórico. O município tem sete quarteirões e vários edifícios tombados isoladamente pelo Condephaat, desde 1969. Entre as construções mais significativas do centro, estão a Igreja Matriz, a Casa de Câmara a Cadeia e a Casa Esperança. Localizada a 209 km de São Paulo, é um verdadeiro museu a céu aberto. Poucos lugares no Brasil reúnem acervo histórico, artístico e arquitetônico tão vasto e valioso. Andar pela cidade é como passear por páginas de um livro de história. Em São Sebastião, encontra-se a perfeita combinação de natureza e história, é o principal ingrediente da vocação turística da cidade mais antiga do litoral norte.

Tombamento na cidade

Praia Hotel

A área central corresponde ao sitio de ocupação inicial da cidade onde foram construídas as primeiras edificações da época

colonial. Por entre as ruas de pedras de costeira e óleo de baleia, casarios construídos com cal de conchas constituem o aspecto

Órgãos oficiais: 1937 – SPHAN (Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), IBPC e IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional); 1969 – CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo); 1993 - Divisão de Patrimônio Histórico-Cultural – PMSS

São Sebastião 33


Arquitetura Igreja Matriz A capela era a sede do povoado, ocupando a área urbana privilegiada. Na sua frente, era deixado um adro para festas, reuniões e negócios, ao seu redor crescia um aglomerado de moradias em escala humilde e irregular. A primeira restauração aconteceu em 2000, que teve o objetivo de reparar a parte fisica do prédio, para manter a reconstituição e a valorização dos elementos que identificavam a antiga igreja.

Segundo Wagner Gomes Bornal, o trabalho de restauração da Igreja Matriz resgatou a história da construção do prédio, assim como a existência de ossadas de pessoas enterradas no século XVIII debaixo do piso da igreja. Com as escavações também foram encontrados sinais do piso construído no século XIX e marcas na parede identificando antigas janelas. E foi justamente durante a reabertura de três janelas na capela mor, que haviam sido fechadas em reforma

anterior, que encontraram valiosas imagens sacras do século XVII. As peças são de terracota, pintadas, e representam o primeiro período da igreja. Das seis imagens encontradas, quatro estão em bom estado de conservação e são passíveis de restauro. Uma delas, a de Santa Luzia, datada 1652. As outras imagens são: uma Nossa Senhora com menino; um Santo Antônio e um santo “Bispo”, ainda desconhecido. Também foram encontrados fragmentos de um Cristo crucifica-

FOTOS Bera PalhOTO

Igreja Matriz

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do e de uma imagem de São Sebastião. Essas imagens sacras, atualmente se encontram no Museu de Arte Sacra.

Casa Dória

Casa Dória A casa da família Dória foi construída nos primeiros anos do século XX, sendo concluída em 1906. Elaborada pelo seu proprietário “Nhô Dito Corrêa”, constitui exemplar da arquitetura de transição entre a tradição colonial, representada pela sua implantação, e a modernidade da virada do século, presente na sua ornamentação de fachada. Sua forma atual em porão alto foi concluída em três fases: a primeira é construção original em forma retangular sendo composta pelas salas da frente, salão lateral e quartos; a segunda, construída pouco tempo após a primeira, é composta por sala de jantar e cozinha; a última etapa da construção é formada por banheiro e área de serviço. Surgia um novo tipo de residência. A implantação do recuo dos edifícios aos limites laterais, usado como entrada de serviço era desvalorizada socialmente e freqüentemente ocultada no exterior sob um pano falso de fachada, como a similar um prolongamento da sala de visitas. A casa mistura diversas técnicas construtivas, como alvenaria de tijolos, tabiques de madeira e o tradicional pau-a-pique.

Bens tombados Centro Histórico: Igreja Matriz, Capela de São Gonçalo, Casa de Câmara e Cadeia, Praia Hotel, Residência à Praça do Fórum e 07 quarteirões tombados.

Câmara Municipal

Em um período de estagnação econômica vivido pela cidade, a Casa Dória é um dos raros exemplares de arquitetura do começo do século, no centro histórico, dominado por casas singelas.

Casa das Janelas Residência térrea típica do século

XVIII, construída de pedra e cal destaca-se no núcleo histórico de São Sebastião por sua amplitude e localização privilegiada, no largo da Casa de Câmara e Cadeia. De implantação colonial, as portas e janelas estão no alinhamento da rua. O quintal voltado para a praia marca a função de despejo desta no período.

São Sebastião 35


FOTOS BEra PalhOTO

Arquitetura

Casa Esperança

Casa térrea de esquina ocupa uma face de quadra e outras duas parcialmente. Todos os vãos são em arco abatido com entablamento de emboço. Os caixilhos de vidro das janelas são de guilhotina. As portas da fachada foram fechadas com cimento imitando as esquadrias originais. A entrada foi invertida para o lado da praia, onde seria o quintal. Possui pouca ornamentação, apenas cimalha e cunhais em estuque.

Casa de Câmara e Cadeia Em 1636 São Sebastião, devido ao desenvolvimento de seu povoa-

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do, ascende à Vila ganhando autonomia político-administrativa sendo necessária a implantação de sua Casa de Câmara e Cadeia. A esta cabia legislar, administrar, policiar e punir, executando jurisdição sobre caminhos, pontes, cessão de terras, ruas e praças, estipular a localização da Casa de Câmara e Cadeia e instalar o Pelourinho, seguindo normas da legislação portuguesa. A Casa de Câmara e Cadeia acompanha as características da arquitetura civil do século XVIII, como a fachada simétrica. Sua construção apresenta etapas tí-

picas da técnica de alvenaria de pedra e cal, obtida da moagem de conchas. Guarda aspectos comuns a esse tipo de prédio público, na época, como a escadaria externa e telhados de quatro águas. As casas de Câmara da época geralmente eram fruto de projeto de engenheiros militares portugueses e exigiam técnica construtiva sólida e uma arquitetura imponente. A Casa de Câmara e Cadeia de São Sebastião foi construída, provavelmente, nas primeiras décadas do século XIX e transformou-se rapidamente no órgão mais importante, funcionando com órgão de cará-


Arquitetura jesuíta No decorrer da história, a igreja, elemento norteador de uma sociedade, produziu muitas características do mundo atual, desde o núcleo urbano com os jesuítas até a arquitetura religiosa, influenciando as edificações civis com suas técnicas construtivas e materiais. A tipologia da Igreja, erguida por Jesuítas, seguiam um padrão construtivo usado em todo o Brasil e, entre as duas edificações, havia uma torre sineira e um frontão triangular, caracterizando-se uma arquitetura religiosa. O interior da igreja era demarcado por um programa hierárquico, delimitando os fiéis e o clero por meio de uma plataforma no altar-mor.

ter local. A eleição dos vereadores se fazia de forma indireta, onde os eleitores e candidatos deveriam ser escolhidos entre os homens maiores de 21 anos, proprietários de terras e escravos, excluindo-se os oficiais, mecânicos, judeus, artesãos e comerciantes.

Praia Hotel Sobrado construído no século XIX com ornamentação típica da virada do século, não comum em São Sebastião. Casarões com aparência portuguesa geralmente seguiam padronização das Cartas Régias ou das Posturas Municipais. A distribuição do casarão segue como exemplo da implantação portuguesa do século XVIII com salas nobres na frente, alcovas no meio e ala íntima nos fundos. Construção em pedra e cal nos elementos estruturais, vedações de pau-a-pique nas paredes internas do andar superior e utilização de tijolos nos arcos das janelas, estrutura e empena da cobertura, estrutura do telhado em madeira. Possui decoração geométrica na fachada diferenciando-se dos demais sobrados, marca um regionalismo definido encontrado em Ubatuba e Parati.

Esse sobrado recebeu a denominação de Praia Hotel em 1940.

Casa Esperança Testemunha da prosperidade de São Sebastião, a Casa Esperança possui a maioria dos aspectos característicos da arquitetura civil e urbana do século XVIII. Sua construção em pedra e cal apresenta fachada simétrica e ornamentação em pedra, seguia padronização portuguesa contida nas Cartas Régias

e nas Posturas Municipais, onde as ruas eram definidas pelos sobrados e casas térreas, devendo os mesmos ocupar todo limite do terreno. Apresenta distribuição comum à época, onde a produção e uso da casa baseavam-se no trabalho escravo. A residência da família era na parte superior do casarão, já que habitar casa térrea de chão batido caracterizava pobreza. Esse pavimento contava com três salões, era a ala nobre utilizados socialmente. O forro de gamela apresenta pinturas com paisagens cariocas como exemplo: a chegada da Família Real no Rio de Janeiro. Contava ainda as alcovas, sala de família, varanda, cozinha e serviços, onde ficavam os escravos. O pavimento inferior do sobrado era utilizado como senzala ou comércio. A Casa Esperança ficou assim conhecida por volta de 1950, quando pertenceu a uma família de imigrantes italianos que montou um comércio com essa denominação.

Casa das Janelas

São Sebastião 37


Arquitetura Antigo Grupo Escolar Henrique Botelho Prédio construído por volta do século XIX, teve importante papel no desenvolvimento cultural do município, abrigando o Grupo Escolar “Henrique Botelho”, a primeira escola pública do município. Foi neste espaço que se acentuou o envolvimento da comunidade nos

Antigo Prédio da Escola Henrique Botelho

Antigo Cinema

eventos promovidos pelo Grupo: festas, sessões literárias e até a criação de um centro de escoteiros em 1917. A partir da década de 60 passou a abrigar o Ginásio. Construção presa aos padrões coloniais, como implantação nos limites do lote. Na construção do prédio, foram utilizadas três técnicas construtivas: a pedra e cal,

pau-a-pique e alvenaria de tijolos. A pedra e cal, utilizada nas paredes externas, é a técnica utilizada desde os primeiros tempos de colônia no litoral brasileiro, onde há abundância dos materiais necessários à sua composição, consiste na alvenaria de pedra com argamassa de areia e cal obtida de mariscos triturados e queimados. O emboço para entablamento de portas e janelas foi feito com massa e elementos cerâmicos. As divisórias internas, nas construções do século XVIII feitas em pau-a-pique, neste caso, são em estrutura de madeira com fechamentos de tijolos em arranjos inclinados. O pau-a-pique foi utilizado em uma das divisórias internas, nos fundos (área menos valorizada da casa). Esta técnica, usada desde os primeiros anos de colônia, foi largamente utilizada na região, marcando o modo de viver do caiçara. O uso do tijolo foi difundido a partir da segunda metade do século XIX. O prédio passou por grande reforma na década de 50 do século XX, descaracterizando-o em grande parte. Entre 1994 e 2002, foram realizadas obras para recuperá-lo; os elementos originais foram recuperados através de pesquisa com material iconográfico, decupagens e prospecções arqueológicas.

Antigo Cinema Construção de pedra e cal, típica do período colonial em que o comércio portuário exigia a existência de armazéns nas vilas de marinha. Foi construído no século XIX e, a partir de 1920, sofreu uma grande reforma, adquirindo

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fachada comum a prédios dedicados a espetáculos do início do século XX, porém com linhas simplificadas condizentes com a situação econômica de São Sebastião no período. Funcionou como cinema mudo e, mais tarde, falado, até a década de 1960.

Construída no século XVII, acredita-se que a capela seja fruto de ato de devoção de leigos. Foram responsáveis pela sua administração os carmelitas do Guaecá, quando os franciscanos do Bairro São Francisco introduziram a devoção à Nossa Senhora do Carmo e a Paróquia de São Sebastião. Constitui importante exemplar da arquitetura religiosa da época colonial, com técnica construtiva em pedra assentada com barro e cal e piso original em terra batida. Em 1969, o CONDEPHAAT tombou a capela e seu precário estado de conservação fez com que, em 1978, fossem iniciadas obras de restauração. Em 1981 foi instalado no prédio o Museu de Arte Sacra. Seguido de novo período de degradação, em 1996, foram realizadas obras para devolver a integridade estrutural, bem como reformular o Museu. A doação de novas peças, a recuperação da porta do Passo e o novo projeto museológico e museográfico, com apoio do IPHAN, tornou possível a revitalização do acervo.

Sobrado da Praça do Coreto Construção de pedra e cal, típica dos núcleos urbanos do litoral no séc. XVIII, é um exemplar bem simples. Serviu ao programa de uso colonial: comércio no térreo e

FOTOS Bera PalhOTO

Capela de São Gonçalo

residência no pavimento superior. Em 1996 o imóvel foi reformado e aí instalado o Arquivo Histórico Municipal. “Todas as casas tinham enormes quintais que davam para a rua de trás. Os quintais eram geralmente com cerca de taquara e as vizinhas conversavam pela cerca” “Eu tinha um periquito que fi-

cava num jirau na cozinha. Mamãe tinha o costume de lavar a casa. A casa em que morávamos era de assoalho de tábuas na sala e nos quartos. Só a área da frente era de ladrilho hidráulico e a cozinha e o banheiro eram de piso cimentado.” Neide Palumbo – Livro: “São Sebastião do meu tempo de menina”

São Sebastião 39


Artesanato

barro A arte do

Uma das maneiras mais interessantes de conhecer a cultura e a história de uma cidade é ter o privilégio de ver seus artesanatos. O artesanato caiçara é diversificado com trabalhos de cerâmica, bambu, taboa, caxeta e tecidos. No caso de São Sebastião, a técnica artesanal mais reconhecida é a de modelagem indígena chamada “acordelamento”, utilizada no século passado pela paneleira Adélia Barsotti, e é valorizada até os dias de hoje pelos artesãos da região. Mãos habilidosas Adélia Barsotti da Ressurreição nasceu em 1917, em São Sebas-

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tião, num tempo de prosperidade econômica da cidade. Dona Adélia foi a maior mestra na arte da panela de barro do bairro de São Francisco. No ano de 1901, chegou a ter 100 paneleiras no bairro. Em 1958, era só Dona Adélia, que veio a falecer em outubro 2003, aos 86 anos de idade. Foi mãe de 11 filhos, sendo que nenhum quis ser o sucessor de seu talento. Mas com o apoio das ceramistas da região, Dona Adélia conseguiu preservar às futuras gerações a técnica antes usada somente pelos índios. Dona Adélia da Ressurreição, uma criatura de 30 anos. Traba-

lhava em casa com o barro que adquire de um japonês, o qual, aliás, está contribuindo sobremaneira para a completa liquidação da cerâmica de São Francisco, pois não quer mais fornecer material para esse fim, alegando precisar do mesmo para a construção de casas. A fim de conservar o barro úmido, dona Adélia o embrulha em folha de bananeira e o seu lugar de trabalho é o quintal da pobre casinha, nas proximidades da cozinha. Seu método de trabalho é o seguinte: toma primeiramente a parte superior de uma cuscuzeira e a coloca de cabeça para baixo. Sobre a base


CuriOSidade O barro é um elemento natural. Ele funciona como um pára raio para captar energia. E para doar também. O barro tem uma função terapêutica, como um elemento precioso, que vem sendo usado para tratamento de pessoas com depressão. Em São Sebastião, foi préaprovado pela Petrobrás o projeto “A terapêutica da natureza através do barro”, implantando em set/2009 na APAE, com 129 alunos.

que hoje desapareceu. Resistindo a tudo, ela prossegue no seu trabalho. Por isso, dizemos que se não houver qualquer providência por parte do governo, a cerâmica de São Sebastião acabará por desaparecer e com ela se acabarão os últimos vestígios de pura arte popular, que talvez tenha nascido com os primitivos habitantes de nossa terra. (Andrade Filho, Oswald de. “A cerâmica utilitária de São Sebastião”. A Gazeta. São Paulo, 29 de novembro de 1958) A arte que estava com os dias contados ganhou novos adeptos, como a ceramista Maria Aparecida Ivanov, mais conhecida por Cida, paulistana que mora há 15 anos na cidade. Conheceu Dona Adélia

O barrO e OS índiOS O barro e os índios - há muitos séculos, os indígenas dominam muito bem o trabalho delicado com o barro. Usavam ornamentadas urnas de cerâmica nos seus cultos funerários, inclusive algumas de tamanho considerável, destinadas a guardar ossos humanos.

no projeto “Arte que vale”, criado pelo Sebrae, que tinha o intuito de resgatar antigos artesãos. Esse encontro rendeu vários frutos, pois Dona Adélia era, na época, a única responsável pela habilidosa tarefa de transformar barro em utensílios e realizar diversos trabalhos de artesanato para nossa contemplação. Cida, explica que todo trabalho é feito artesanalmente. Primeiramente o barro é comprado das olarias em Paraibuna, geralmente são nas margens de rios ou ribeirões que oferecem o melhor barro, o mais maleável. Retirado o barro bruto, passa por um processo de limpeza no qual são retirados os grãos maiores para que sejam amassados manualmente. Em seguida, inicia o processo de conFOTOS Bera PalhOTO

deste, põe uma pequena tábua quadrada que irá servir de suporte para o barro. Esse processo é adotado para facilitar o trabalho, pois, fazendo às vezes de cavalete, a tábua gira como um torno. A ceramista não costuma sentar-se. Fica de cócoras, com a saia presa à altura do joelho. Depois de colocar pedaços de barro, ainda em forma de bola, sobre a pequena tábua, bate-os até que tomem a forma de base para a peça que propõe a fazer. Terminada essa parte começa a levantar as paredes do pote, já dando a forma que pretende imprimir à peça. É notável a habilidade que tem. Às vezes, nota-se que a peça quer mudar de forma. Dona Adélia, então, corrige-a, com segurança e rapidez. Observam-se agilidade e elegância nos seus gestos. A qualidade rústica que imprime ao trabalho, como em todas as ocasiões em que a cerâmica é feita à mão, é muito rica. Nunca a peça é morta, sem interesse; sempre é viva e cada uma tem um defeito, sua qualidade, sua personalidade, havendo uma constante impressa pela mão da artista popular. As peças vão sendo feitas; às vezes, é um cuscuzeiro que sai das mãos de dona Adélia, outras é um “terno”, três panelas encaixadas umas nas outras, formando um todo, e também brilha com sua forma característica. Para cozinhar as peças, a ceramista emprega um forno de boa qualidade. Colocando lenha na parte inferior, a separa das peças com um quadriculado de tijolo. A princípio, as queima com fumaça e fogo brando. A seguir, passa a queimá-las com fogo forte. Dona Adélia é a única remanescente de um grupo de ceramistas

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DIVULGAÇÃO

Artesanato

CuriosidAde Para encontrar o barro, é preciso atravessar uma camada de vegetação, outra de raízes, outra camada arenosa, e aí sim, vem o barro que pode ser de três a quatro tipos, que são próprios para a fabricação de utensílios.

Tipos de ArgilA Argila branca – normalmente utilizada para pintura. Argila cinza – é forte e ótima para escultura. Argila amarela misturada com a argila vermelha – própria para a confecção da panela de barro.

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fecção da panela, através de uma técnica de modelagem. O acabamento da panela é feito em eixos rolados ou manualmente. No sistema manual, o artesão parte da base da vasilha e vai levantando o barro, construindo desta maneira as paredes da peça. Se for por eixos é o torno, rodando sobre uma

pedra, movido pelos pés, que permite maior simetria na forma que se quer dar ao objeto. A partir daí, a peça seca e vai ao forno para modificar sua consistência, que perde a plasticidade e torna-se mais resistente. Segundo Cida, “a queima em um forno a lenha é muito linda, pois as labaredas no final da mesma entram e “lambem” as peças deixando-as com marcas. No entanto, o início da queima tem que ser feito com madeira “boa”, ou seja, madeira que tenha uma combustão lenta, pois necessitamos de calor para acabar de secar as peças e depois do esquente que leva em torno de 4 a 6 horas, dependendo sempre do tamanho do forno. Como madeira, pode ser utilizado o eucalipto de reflorestamento, com combustão rápida e que produz as tais labaredas que lambem. Existe também a possibilidade de se trabalhar com madeira de poda e madeira recolhida das ruas (móveis que as pessoas jogam), mas para isso é necessário um lugar para armazenar, pois só se pode queimar quando a madeira estiver seca. Porém, se a queima do barro for no forno a gás, as peças são “pasteurizadas” e saem todas iguais e muito bonitas. São 4 horas de chama lenta no maçarico para o esquente com o forno aberto e depois o forno fechado, mais quatro horas para o cozimento do barro a fim de transformá-lo em cerâmica.” Todas as peças, independente do forno utilizado, são cozidas de fora para dentro e a chama rápida faz com que elas estourem e não cozinhem. O acabamento da peça é feito com “coité” que


Jeitinho Caiçara Em sua casa no bairro de São Francisco, Neide da Rocha Palumbo, fez questão de relembrar um acontecimento que marcou profundamente sua vida “nossa família vivia no cinema, o cinema da cidade era do papai”. Para ela, que tem 67 anos, ser uma artista é trabalhar no resgate da cultura caiçara. Foi professora de formação nas praias de Paúba e Maresias, escreveu o livro “São Sebastião do meu tempo de menina”, que narra sua infância desde dois anos de idade, gravou um CD com 16 causos caiçaras e, além disso tudo, produz objetos artesanais tipicamente brasileiros. São bonecos de pano e bordados de cantigas, artefatos coloridos ensinados pela sua avó, peças que remetem à nossa infância. Neide

se declara uma mulher realizada e considera mais do que tudo essa cidade mágica. “Dona Filhinha Orselli dava aulas de bordado. Nas primeiras aulas ela ensinava ponto haste, ponto cadeia... depois, quando já estávamos mais práticas, vinha o ponto sombra, ponto cheio e rechilieu, que era o mais difícil... As mães e as avós faziam bonecas de pano para a gente brincar. Mamãe me ensinou a costurar na máquina e eu fazia muitos vestidinhos de boneca e até roupas para mim.” Neide Palumbo – Livro: “São Sebastião do meu tempo de menina”

FOTOS Bera PaLhOTO

é uma cabaça de árvore e “coroanha ou coipeba”, que é conhecida como semente olho de boi. Depois do cozimento, a etapa final: a peça é polida e está pronta para ser usada. Uma forma de conferir o talento de Cida e admirar as suas belas peças artesanais que produz, é conhecer seu Ateliê localizado na entrada do Bairro de São Francisco.

ArgilA Formada pela alteração de certas rochas, a argila pode ser encontrada próxima de rios, muitas vezes formando barrancos nas margens. Apresenta-se nas cores branca e vermelha. No solo a fração de argila, componente comum das lamas ou barro, como são conhecidos popularmente, é constituída de minerais desse grupo das argilas aos quais agregam-se hidróxidos coloidais floculados e diversos outros componentes cristalinos ou amorfos. Fonte: Wikipédia

São Sebastião 43


Artes

Com muitas

paisagens,

criações... muitas

Perfil de um gênio sebastianense Reinaldo Vasques abriu a porta do seu local de trabalho e permitiu que nós registrássemos as suas criações, seus personagens, a sua face mística e seu olhar enigmático. Vasques é um jovem com muitas façanhas. A começar com seu currículo excepcional. Formado em artes plásticas, em 1990, e pós-graduação em 1998, prefere se manter fiel às tradições familiares, usando o tecido como fonte de inspiração para

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suas telas, que já foram muitas vezes premiadas, com Medalha de Ouro e de Prata, Menção Honrosa e vários troféus Hours Concours. Reinaldo emprega uma técnica mista de óleo e tecidos em seus trabalhos e com um dinamismo surpreendente, sempre propõe novas “leituras” em cada exposição. Outro feito foi manter sua obra acima das classificações de estilo, além de ter dado os ombros para os modismos. São homens e mulheres

nus, figuras sombrias e insólitas, animais imaginários de um universo fantástico. Reinaldo está sempre se reinventando, pois também é carnavalesco da Escola de Samba Unidos da Topolândia, em São Sebastião. Desde 1990, no Espaço Cultural Adriana Vasques Fernandes, está situada sua galeria que fica no antigo casarão Casa Esperança, propriedade de sua família desde 1788, que constitui um dos mais valiosos patrimônios arquitetônicos de São Sebastião.


S達o Sebasti達o 45

FOTOS Bera PalhOTO


Uma viagem fotográfica pelo tempo e o vento O fotógrafo Edivaldo Nascimento, 59 anos, é um homem com vocabulário desabusado e envolvente contador de histórias. Ele lembra com detalhes, nostálgico, das lendas caiçaras que escutava desde os tempos em que a cidade ainda não contava com ruas e calçadas e nem tinha movimento de trânsito. Rimos muito também ao recordar das cantigas típicas cantadas nos bailes: “os bichinhos do mar vem na beira sambar... os bichinhos do mar vêm na beira sambar... uma lagosta sapeca vinha tocando rebeca... o siri todo frajola vinha tocando viola... os bichinhos do mar... vem na beira sambar”. É esse mesmo Edivaldo que nos abençoa com seu acervo fotográfico e tem como inspiração temas voltados para natureza e o resgate da memória

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e cultura sebastianense. A grande dádiva de Edivaldo Nascimento foi a de conceder a qualquer um de nós, cidadãos atentos, o direito de enxergar a cidade através dos seus olhos. Olhar a cidade pelos olhos do pesquisador e fotógrafo Edivaldo Nascimento é sentir a sua mesma alegria e dor de cada esquina que passamos. Seu legado é, para todos os sebastianenses, uma lembrança viva daquilo que de mais puro e verdadeiro houve na evolução da história de São Sebastião.

TaTYaNa aNDraDe

FOTOS Bera PalhOTO

Artes



Folclore

festeira Uma cidade

O conjunto de festas, cantigas, danças e folguedos em geral, nascidos no seio das classes populares, é conhecido como arte folclórica. A Carta do Folclore Brasileiro, estabelecida por ocasião do I Congresso Brasileiro de Folclore em 1951, assinala que constitui fato folclórico as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular. Entendida a Carta, podemos dizer que cada sociedade possui seus próprios elementos culturais. Em nossa visita a São Sebastião, vimos 48 Cidade&Cultura

que a cidade vem preservando, de geração a geração, algumas dessas manifestações populares. Foi o que nos garantiu Reinaldo Joaquim de Santana, mais conhecido como Contrapino, “existe um núcleo de cultura tradicional regional que mantém grupos culturais já ativos e serve também para resgatar aqueles esquecidos pela população”. Assim, as características da arte folclórica sebastianense apresentam-se em forma de: Congada, Capoeira Angolana, Caiapó, Canoa de Voga e Carnaval.


Na onda do berimbau

Congada

Outro bom exemplo de arte folclórica trazida pelos escravos é a capoeira angolana. A capoeira angolana destaca-se por ter muita ginga e pouca movimentação. Ao som dos instrumentos, os participantes se limitam a procurar a defesa para atacar o outro na hora certa. O mestre Domingos, praticante de capoeira há mais de 20 anos, que foi o precursor da capoeira angolana em São Sebastião, comenta que a capoeira foi criada pelos escravos como defesa pessoal. Como não podiam praticar luta na senzala, sempre quando chegavam seus senhores, os negros faziam um movimento como se estivessem dançando para não suspeitarem da armadilha que os esperavam. Toda aula de capoeira é dada em uma roda, na qual dois oponentes se enfrentam ao som de berimbau, atabaque e pandeiro. Existe também o canto, entoado pelos outros participantes da roda, que também vão para o centro em troca sucessiva. “Vou dizer ao meu senhor que a manteiga derramou... a manteiga não é minha, a manteiga do senhor... vou dizer ao meu senhor que a manteiga derramou... a manteiga não é minha, a manteiga é de Iaiá... vou dizer ao meu senhor que a manteiga derramou... a manteiga não é minha , é da filha do senhor”, a música sempre em sintonia com os movimentos, diz o Mestre Domingos. A Capoeira é a única modalidade de luta que se faz acompanhada por instrumentos musicais. Curiosidade – alguns participantes batem três vezes as palmas das mãos no chão em sinal de pedir a benção para incorporar a religião em seus movimentos.

A Festa da Congada de São Benedito é realizada em São Sebastião, anualmente, entre os dias primeiro e oito de outubro. Os vereadores aprovaram, em 2009, o Projeto de Lei 118/09, que institui a Semana do Congadeiro. O objetivo é resgatar e propagar o folclore e a história da Congada que teve sua origem em décadas passadas no bairro São Francisco. Congada de São Benedito Congos ou Congadas são folguedos que comumente aparecem na forma de cortejos, onde os participantes cantam e dançam, em festas religiosas ou profanas e homenageiam, de forma especial, São Benedito (padroeiro dos negros). Para os escravos que vieram para o território brasileiro no século XVII e XVIII, era de suma importância comemorar o dia de São Benedito, pois, pela identificação com a cor do santo, os negros poderiam manifestar sua fé. Há congos com grande quantidade de caixas, com chapéus de fitas, com manejos de bastões e espadas (alguns grupos exibem exemplares dos Exércitos dos tempos do Império e início da República). Em São Sebastião, os grupos de congos se vestem de azul (representa o filho que se rebelou) e vermelho (representa o poder), possui um rei, e seu filho que se rebela contra o pai, depois de um tempo se arrepende e pede perdão para o rei, além de ter a vassalagem envolvendo parte dramática, com embaixadas e lutas. É uma das mais completas congadas do Litoral Norte.

Caiapó A prefeitura de São Sebastião trabalha no resgate de muitos movimentos culturais, atualmente esperam celebrar o tombamento do Caiapó (também de origem africana), do bairro Pontal da Cruz. Segundo relato de Contrapino, no período colonial, os negros se vestiam como índios e dançavam, para expressar sua revolta contra os senhores portugueses, que os aprisionavam. “Caiapós ou Caiapó - são denominações com que o caiapó aparece entre nós. Folguedo com temática indianista, calcada, sobretudo, na visão de um “índio idealizado”, acontece durante o ano todo nos diversos ciclos culturais, em especial no carnaval. Em festas dos santos padroeiros e de devoção popular, segue em cortejo pelas ruas das cidades, com paradas para dramatizações esquemáticas.” site http://www.brazilsite.com.br/folclore São Sebastião 49


Folclore Advento do transporte a intenção da Secretaria de Turismo é que a Canoa de Voga seja resgatada para garantir a cultura tradicional da região. a importância da Canoa de Voga pode ser destacada por uma razão principal, a maior parte da produção agrícola e da cachaça era transportada por esse tipo de embarcação. a canoa era impulsionada por vários remadores, movida por uma vela. Chegava demorar uma semana para ir e voltar de Santos. “a população sebastianense, até a década de 30, se utilizou principalmente da via marítima como meio de transporte, tanto de mercadorias como de pessoas. O transporte através de canoas é uma tradição no município, herança da cultura indígena, que foi sendo aprimorada com a chegada dos portugueses no século XVI. Elas foram aos poucos sofrendo modificações de acordo com a necessidade dos caiçaras. No início eram simples, utilizavam-se apenas do remo, mais tarde, devido à crise econômica pela qual passava São Sebastião, a população passou a viver principalmente da pesca artesanal e do transporte de mercadorias para Santos, de onde traziam o querosene. Surgiram então as canoas de voga, largas, compridas, talhadas em um só tronco, movidas à vela. após a construção e funcionamento do porto nas décadas de 30/40, o transporte foi sendo aperfeiçoado, com a utilização de barcos a vapor. Paralelamente ao transporte feito por mar, haviam as trilhas, também utilizadas pelos índios para caça, pesca e conquista de território. Entre as mais utilizadas estavam a do Rio Grande e do Ribeirão do Itu, em Boiçucanga. a partir do século XVII, as antigas trilhas indígenas foram ocupadas por tropas, permitindo a circulação de mercadorias. http://www.saosebastiao.com.br/historia/transportes.htm

“Havia blocos que desfilavam nas ruas, com uma bandeira na frente em que as pessoas iam colocando dinheiro. Tinha corta-jaca, que era um homem que ia dançando e cantando versos, tinha caiapó e a dança da fita, que vinha de Ilhabela. No mês de janeiro, para terror das crianças pequenas, começavam os mascarados. Os mascarados eram os moleques que andavam em grandes grupos, vestidos com roupas velhas e tapavam a cabeça com um pano onde faziam buracos para os olhos e a boca. Eles usavam um cabo de vassoura ou um pedaço de pau e ameaçavam as crianças. Se a gente estava na rua brincando e avistava os mascarados, saíamos correndo de medo. Era divertido... só para eles. Toda noite era a mesma coisa até chegar o carnaval.” Fonte: Livro – “São Sebastião do meu tempo de menina” – Neide Palumbo

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Canarval a origem da festa carnavalesca está coberta de mistérios e polêmicas. alguns historiados acreditam que ela teria surgido nos rituais agrários na Grécia antiga. Dez mil anos antes de Cristo, homens, mulheres e crianças se reuniam no verão com os rostos mascarados e os corpos pintados para espantar demônios da má colheita. Já para outros, seu início teria acontecido no antigo Egito ou na civilização Greco-Romana. No entanto, os primeiros relatos sobre a festa surgem nos primeiros séculos da Era Cristã, no período da Quaresma, pois o carnaval é propriamente a noite antes da quarta-feira de cinzas. O carnaval de São Sebastião se destaca pelos bailes populares com suas marchinhas, os blocos nas ruas da praia e as quatro escolas de samba que desfilam tradicionalmente no domingo de carnaval. O carnaval de São Sebastião tem um samba de altíssimo nível que se profissionalizou. atualmente, atrai centenas de embarcações no canal de São Sebastião e milhares de pessoas na Praia do arrastão, onde ocorre a saída e a chegada dos barcos. No Brasil, o carnaval foi trazido por influência dos colonizadores portugueses, vindos da Ilha da Madeira, açores e Cabo Verde, que trouxeram a brincadeira de loucas correrias, mela-mela de farinha, água com limão, no ano de 1723, surgindo depois a batalha de confetes e serpentinas.



Meio Ambiente

Dona de uma vasta extensão territorial, São Sebastião oferece inúmeras possibilidades de roteiros, especialmente na densidade de cantinhos e sofisticação da região onde se concentram os mais de 30 bairros, localidades que se revelam em manifestações culturais, artísticas e de inesquecível biodiversidade ambiental e espelha a imponência de sua serra onde se escondem trilhas ecológicas e grandiosas cachoeiras.

A natureza como


cenรกrio Celso Moraes


Meio Ambiente

DIVULGAÇÃO

Localizado no litoral norte do Estado de São Paulo, São Sebastião está entre a Serra do mar e o Oceano Atlântico. Com 108 Km de costa e clima tropical úmido, temperaturas entre 18º e 35º C, possibilita que suas praias sejam bem aproveitadas durante o ano todo. Da Praia da Enseada à Boracéia a orla sebastianense tem mais do que praias sensacionais e “points” badalados. Poucas areias do Brasil reúnem uma fauna e flora tão diversa.

Clima Litorâneo Úmido Dominado principalmente pela atuação da massa Tropical atlântica, é quente e chuvoso. A pluviosidade média anual varia entre 1.500 a 2.000 mm. No verão, a massa Tropical Atlântica avança sobre as regiões costeiras. O encontro dessa massa com as escarpas planálticas (Serra da Borborema, Chapada Diamantina, Serra do mar e Serra da mantiqueira) provoca um fenômeno conhecido como chuvas orográficas ou de relevo: ao encontrar uma barreira, o ar úmido se eleva e o vapor d’água condensa. O resultado é a elevada precipitação registrada nessas regiões.

Clima Tropical Caracteriza-se por apresentar invernos secos e verões chuvosos. A pluviosidade média anual situa-se em torno dos 1.500 mm. No verão, ele é dominado pela massa Equatorial Continental e pela massa Tropical Atlântica. O calor do continente aquece as bases dessas massas de ar, provocando um movimento ascencional da atmosfera e favorecendo a instabilidade e a ocorrência de pancadas de chuvas (convectivas). No inverno, a massa Equatorial recua, limitando a sua esfera de influência à Amazônia. A massa Polar atlântica avança e se divide em dois ramos. O primeiro deles penetra pelo Pantanal em território brasileiro causando ondas de frio no Centro-Oeste e, as vezes se estende até o norte provocando a “friagem”. O segundo avança pela calha do Rio Paraná, provocando geadas ocasionais no Estado de São Paulo. O avanço da massa de ar polar provoca um fenômeno conhecido como frente fria: o ar frio desloca a massa Tropical Atlântica e permanece estacionário, causando declínios acentuados na temperatura. O encontro de duas massas de ar diferentes provoca as chuvas frontais. Os planaltos e serras do sudeste costumam apresentar médias térmicas menores que o conjunto da área abrangida pelo Clima Tropical devido a altitude. muitos autores utilizam o termo Tropical de Altitude para designar o clima dessa região. Fonte: orbita.starmedia.com/geoplanetbr/climabr.html

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Flora Mangue

FOTOS ElainE lEmE

A música popularizada por Chico Science e Nação Zumbi, nos ensina um pouco sobre a fauna encontrada nos mangues. Os Manguezais são ecossistemas de transição entre os ambientes terrestres e marinhos, característicos das regiões tropicais e subtropicais e muito encontrados no Litoral Norte de São Paulo. A vegetação é constituída de lenhosas (angiospermas) e micro e macro algas (criptógramas) adaptadas à flutuação de salinidade e que se caracterizam por colonizarem sedimentos predominantemente lodosos, com pouco oxigênio. Os manguezais têm funções tais como a purificação de água. Também são bases de cadeias alimentares estuarinas e marinhas, recursos de flora e fauna, além de oferecerem turismo e recreação.

São Sebastião 55


Meio Ambiente A Serra Com 115 mil hectares e envolvendo quinze municípios de São Paulo e Baixada Santista, O Parque Estadual da Serra do Mar possui a maior área continua de Mata Atlântica preservada do Brasil. Entretanto, grande parte de sua mata é secundária e não tem fauna de grande porte devido à caça e corte de palmito. O parque é dividido nos núcleos Caraguatatuba, Cubatão, Curucutu, Cunha-Indaiá, Picinguaba, Santa Virginia, São Bernardo do Campo e São Sebastião. O pouco que restou da Mata Atlântica está hoje preservado em parques, reservas e estações ecológicas. O Parque Estadual da Serra do Mar foi criado em 1977 pelo Governador Franco Montoro e tornou-se a maior área protegida da Mata Atlântica. O Litoral Norte compreende quase oitenta por cento do território constituído pelos quatro municípios: Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela (Parque Estadual da Ilhabela, o PEIB). O Núcleo de São Sebastião fica à 157 Km da Capital, e possui uma área de 40100 hectares. A flora predominante na região são as Myrtáceas, Rubiáceas e Melastamatáceas. Há também espécies da flora em extinção, como as leguminosas, palmesceas, bromeliceas e orquidiceas e palmeces (palmito Juçara). Uma característica marcante do Parque é a variação de altitude, desde o nível do mar até a cota 1600m, e a variação latitudinal, de 23°13’ a 24°30’ S aproximadamente. O que promove a existência de variados tipos de vegetação e flora existentes na extensão do Parque.

Bera Palhoto

Mata Atlântica

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Abrangia, originariamente, extensas áreas da fachada Atlântica, estendendo-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul . Na Região Sudeste, penetrava para o interior, cobrindo vastas áreas do ES, SP, RJ e MG. Esse ecossistema brasileiro foi quase que totalmente alterado em função do povoamento e da ação humana. No Centro-Sul sua destruição deveu-se a vários fatores, como exploração madeireira, extração de lenha para o consumo doméstico e produção de carvão vegetal. No século XIX e principalmente no século XX, as matas nativas foram cedendo lugar às edificações humanas e à expansão da agropecuária, com destaque para a lavoura do café. Quase nada sobrou da mata original. Fonte: Apostila Questão Ambiental - COC


Fauna

Já foram registrados neste bioma 1523 espécies de anfíbios, répteis, aves e mamíferos. As espécies endêmicas de mamíferos da Mata Atlântica representam 20% da fauna de mamíferos do Parque. Das 704 espécies de vertebrados registradas, 70 (10%) estão compreendidas como espécies ameaçadas de extinção. No Núcleo São Sebastião, duas serpentes, Liophis atraventer (procedentes da Estação Ecológica de Boracéia, a aproximadamente 900 m de altitude) e Bothrops fonsecai, são consideradas ameaçadas de extinção. De todas as aves ameaçadas, merecem destaque o macuco, jaó-do-sul, jacutinga, papagaio-da-cara-roxa, papagaio-chauá, sabiá-cica e apuim-de-cauda-vermelha, pararu, pichochó e cigarra-verdadeira, gavião-pombogrande, gavião-pomba, tauató-pintado, sabiá-pimenta, choquinha-cinzenta e caneleirinho-de-chapéu-preto.

Jaó-do-sul Ave de grande porte, maior espécie do gênero. Sua coloração dorsal é pardo-marrom-escura, um pouco enegrecida na cabeça, no baixo dorso mais acanelado, tendo as penas pretas e ferrugem; possui uma voz baixa e profunda. Sabemos que existem várias espécies em extinção, mas é importante ressaltar que temos muitas que não estão nesse estágio e que ainda podemos ter esperanças de ter esse patrimônio, que é a Serra do Mar, preservado e abrigado. DiVULGAÇÃo

BErA PALhoto

Foram registradas 1265 espécies de plantas vasculares na área do Parque. Diante de toda essa biodiversidade, há estudos que registram todas as formações, flora e fauna da região no intuito de conservar a área e preservar o meio ambiente.

ELAinE LEME

A Floresta Sempre-verde do Planalto é uma floresta perenifólia que se inicia na crista da Serra do Mar e estende-se para o interior do Planalto Atlântico. A Floresta da Crista da Serra do Mar também perenifólia, está presente no topo dos morros, também conhecida por matinha nebular ou de mata de neblina, denominação justificada em função da neblina presente em muitas horas por dia, em quase todos os dias do ano, mesmo na estação seca. A Floresta da Encosta da Serra do Mar que está presente na encosta da Serra do Mar e nos morros e serrinhas isolados, que surgem na planície litorânea ou no oceano. A Floresta Alta do Litoral forma-se nas planícies litorâneas, que se desenvolvem de modo descontínuo, subordinadas às reentrâncias do fronte serrano. No litoral norte, os esporões serranos, os pequenos maciços e os morros litorâneos isolados estão intercalados por pequenas planícies e enseadas, que formam praias de bolso. O Campo Montano, caracterizado pela vegetação arbustiva ou campestre, desenvolve-se nos topos de morros da Serra do Mar, em função das condições de solo raso, da maior variação diária da temperatura e umidade, da presença constante de neblina e da exposição ao vento. A Vegetação com influência marinha que compreende uma faixa entre o oceano e a encosta. (Dunas) A Vegetação com influência flúvio-marinha (Manguezal) encontra-se nas desembocaduras dos rios, onde se associa a solo limoso, movediço e pouco arejado, com a alta salinidade decorrente das flutuações diárias das marés.

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Meio Ambiente

Praia das Cigarras É uma das praias mais movimentadas da Costa Norte. Com águas calmas e areias grossas e soltas, ela oferece segurança para toda a família, principalmente para as crianças. Na orla da praia lindas árvores sombreiam as barracas que oferecem opções de alimentação ao visitante. Um pequeno Iate Clube movimenta o local durante a temporada. Cercada pela Mata atlântica e localizada em bairro residencial, a praia das Cigarras não pode ser vista da rodovia SP-55. Boa para a prática de caminhada, caiaque, natação, vôlei e futebol de areia, frescobol, entre outros. Na praia encontram-se diversos ambulantes, que oferecem alimentação para os visitantes do local. Distante 9 km do centro. Fonte: www.portaldesaosebastiao.com.br/index

As praias ElainE lEmE

Inúmeras praias ao longo dessa costa fazem de todos, pessoas mais felizes. São inúmeras paisagens de cair o queixo e desenrolar a língua. a cada curva, um espanto! Maravilhoso recorte e o inconfundível azul do mar transformam a viagem em chegada.

Paúba a 2 km de Maresias, conta com serviço de hotéis, camping, restaurantes, bares e mercado. a 1 km da rodovia, a praia mantém o ar tranqüilo de uma vila de pescadores, ótima opção para quem procura sossego e segurança. Paúba é uma praia pequena de águas calmas e límpidas, boa para o banho e própria para esportes náuticos. O costão rochoso que a separa da famosa praia de Maresias é convidativo para um bom mergulho. ainda conserva uma típica vila de pescadores. Fonte: www.casadapraia.com.br/sao-sebastiao/praia-de-pauba

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Calhetas Pequena península, localizada entre os bairros de ToqueToque Grande e Toque-Toque Pequeno. Pouco conhecida, ela tem acesso apenas para pedestres. A entrada é feita por um condomínio fechado, às margens da rodovia. A descida pode ser feita pela entrada principal, por uma portaria, ou ainda por uma trilha que tem como referência uma grande mangueira, ao lado da rodovia. Da estrada até a praia, são aproximadamente 10 minutos de caminhada, porém, o contato com a natureza e a linda vista para o mar, recompensam o esforço da descida. Com vegetação nativa, areia clara e mar pouco agitado, a praia possui uma beleza exuberante. Em frente é possível avistar ainda a Ilha de Toque Toque Grande o que torna a paisagem ainda mais paradisíaca. Para completar o cenário tem ainda uma cachoeira com queda de mais ou menos 40 metros. Cercada de mata atlântica, é um passeio que vale a pena para quem não se preocupa muito com borrachudos e mutucas. O caminho para a cachoeira é o mesmo da praia. Continue a pé após ter passado a portaria, quando estiver descendo a estrada particular você vai ver uma casa tipo guarita, entre num bosque arborizado a direita da estrada e ande uns 5 minutos até a cachoeira. Fontes: www.portaldesaosebastiao.com.br

Praia do Arrastão

Portal da Olaria

Praia de areias claras, fofas e mar calmo, voltado para o Canal de São Sebastião. É uma das praias preferidas daqueles que residem na cidade, pela sua proximidade do Centro (cerca de 4Km) e pela infra-estrutura que oferece. É muito utilizada para esportes náuticos, além de ser segura para o banho de mar de crianças. Oferece vista para outras praias do município e também para a cidade de Ilhabela. A praia recebe o nome de Arrastão como herança da tradicional pesca realizada no local.

De pequena extensão e com areias claras e fofas, a praia do Portal da Olaria é estritamente residencial. Com águas rasas e mansas, a praia é mais freqüentada por famílias tradicionais do local. Boa para a prática de caiaque, caminhada, entre outros. Logo na entrada do bairro encontra-se o Clube do local, com diversas opções de entretenimento e alimentação para seus associados e visitantes. Distante 4km do centro. Fonte: www.portaldesaosebastiao.com.br/index

Fonte: Prefeitura de São Sebastião

Praia da Enseada É a primeira praia da Costa Norte de São Sebastião. Localizada há aproximadamente 12 km do Centro, também favorece a pesca de mariscos e a pesca de arrasto. Passando por uma pequena trilha, a Enseada ainda dá acesso à praia das Gaivotas. Praia plana e de areia escura. Fonte: www.litoralvirtual.com.br/ssebastiao/enseada.htm

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Meio Ambiente

Praia de São Francisco possui areias finas, mar pouco agitado e sua orla é decorada por diversas árvores, que proporcionam uma vista exuberante e transmitem um clima aconchegante. É um reduto calmo e tranquilo de pescadores e de artesãos. Boa para a prática de frescobol, natação, pesca, entre outros. Localizada em um bairro residencial, a praia de São Francisco possui em sua extensão alguns bares e casas de aluguel. No local está situado também a Colônia de pesca do Município, onde são vendidos frutos do mar fresquinhos caçados pelos pescadores. Distante 6 km do centro. Fonte: www.portaldesaosebastiao.com.br/index

Praia do Centro

Praia do Gordo (Secreta)

a calçada à beira da praia é repleta de bares e restaurantes, além de abrigar o centro histórico da cidade.

abriga o instituto de Biologia Marinha da Universidade da Usp.

Praia Porto Grande

Santiago

a 2 km do centro,local onde fica o Balneário dos Trabalhadores, ideal para quem quer “invadir a praia” com família ou grandes grupos: tem banheiro, bares, churrasqueiras, estacionamentos e quadras poliesportivas. É o único local onde é permitido o estacionamento de ônibus de turismo de um dia, que chegam ao local sobretudo aos domingos.

Um recanto residencial privilegiado pela natureza, belíssimas casas de veraneio se misturam em meio a muito verde da mata nativa. ao longe avista-se as Ilhas de Toque Toque pequeno, Montão de Trigo e alcatrazes e, bem próximos à praia, parcéis proporcionam aos adeptos do mergulho um visual submarino deslumbrante. praia de águas cristalinas, areia fina e branca emoldurada por abricoeiros. Santiago é indicada aos que curtem a tranqüilidade e a natureza.

Fonte: www.saosebastiao.com.br/praias

Guaecá alterna dias de águas calmas e de mar extremamente agitado. Não possui infra-estrutura para o turista, apenas algumas barracas na areia. Dependendo do swell, Guaecá apresentas ondas em toda sua extensão, sendo que o canto sul é o mais radical. Em toda sua extensão, belas casa e condomínios residenciais compõem a paisagem. Fonte: www.saosebastiaosp.com.br/praias/guaeca/guaeca.asp

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Fonte: www.vtn.com.br/cidades


Praia da Baleia dizem que seu nome refere-se a uma pequena ilha em frente, cujo formato lembra o animal marinho. de longa extensão, areia dura e águas calmas, a praia da Baleia abriga vários condomínios residenciais e casas de veraneio. Local muito familiar, quase sem comércio nem “agitos” noturnos. A prática de esportes como vôlei, futebol e corridas pela orla são características do local. No canto sul da praia, onde as ondas são mais fortes, concentram-se os surfistas. Está distante do centro 52km. Fonte: www.guiasaosebastiao.com.br/guia_praias.asp

Juquehy Praia extensa, de areia branca e águas muito claras. Ao norte, onde deságua o rio de mesmo nome, as águas são mais calmas. Por ser bastante distante de São Sebastião, Juquehy desenvolveu uma boa infra-estrutura local de comércio e serviços para o veranista. É uma praia com ambiente calmo, familiar. O belo cenário é completado por casas de alto padrão dentro ou fora de condomínios, de frente para a praia ou no sopé da serra adjacente. Fonte: www.casadapraia.com.br/sao-sebastiao/praia-de-juquehy

Pontal da Cruz A 2,5 km do centro, possui mar calmo, com larga faixa de areia é mais freqüentada por famílias. Possui um pequeno centro comercial e de serviços com opções de hospedagem, alimentação e várias garagens náuticas. Indicada para caminhada e esportes náuticos Fonte: www.portaldesaosebastiao.com.br/index

Praia do Timbó voltada para o canal, é pequena e estreita. O acesso de terra passa por áreas particulares. Com a Praia Grande e Pitangueiras, forma larga enseada entre as pontas do Baleeiro e do Recife. Fonte: www.guiassebastiao.com.br

Cambury e Camburyzinho O que separa essas duas praias é um rio que desemboca numa pequena ilha. Camburi é badalada, frequentada por artistas, pessoas de expressão no cenário paulista e jovens moldados e bronzeados. O mar é bravo e os surfistas disputam um lugar nas ondas. Conta com posto permanente de salva-vidas do Corpo de Bombeiros. Possui campings, hotéis, pousadas, mercado e lojas de artesanato caiçara. durante o verão, a noite de Camburi é agitada pelos bares e pousadas que promovem eventos para todos os gostos. É um local exótico para ser desvendado com calma, etapa por etapa. Fonte: www.litoralvirtual.com.br/ssebastiao/camburi.htm

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Meio Ambiente

Boiçucanga

ELAInE LEmE

Em tupi-guarani Boiçucanga significa “cobra de cabeça grande” e recebeu este nome pela semelhança da formação montanhosa em seu canto esquerdo. Esta serra antigamente dividia o território dos índios tupinambás e tupiniquins. Em formato de ferradura, está estrategicamente localizada entre as praias de Maresias e Cambury. antes da construção da rodoviaBR 101, era apenas um pequeno vilarejo de caiçaras de difícil acesso. Transformou-se, depois, em uma das praias com a maior infraestrutura de São Sebastião, contando com centro comercial, campings, pousadas, hotéis, restaurantes, supermercado, shopping center, pronto-socorro e cartório. Em seu canto esquerdo desemboca o rio Boiçucanga, onde aportam alguns barcos, a maioria de pescadores, que ainda seguem a tradição local. Neste lado o mar é um pouco mais calmo. Boiçucanga é uma das poucas praias doBrasil onde o sol se põe no mar. Isto acontece no canto direito da praia, em um cenário maravilhoso que inclui as ilhas Montão de Trigo, dos Gatos e das Couves. Dela saem o acesso para a Praia Brava, trilhas pela Mata atlântica e cachoeiras, como a Ribeirão do Itu.

Praia da Juréia

a origem dos colonizadores europeus que chegaram na praia de Toque Toque, não sabe se eram portugueses ou franceses. O certo é que conhecemos vários nativos de olho azul, que se dizem descendentes de franceses. Estas terras foram aproveitadas economicamente como fazenda de cana de açúcar, trazendo os escravos negros, e com eles a senzala. ao fim do século XIX, o Toque Toque estava transformada em uma fazenda de rica produção de café e banana, pertencente a dois irmãos da família Bitencourt.

De areias claras a águas cristalinas, a praia da Juréia é um verdadeiro paraíso ecológico, onde a Mata atlântica é muito preservada. Belíssimas casas de veraneio se misturam a esse cenário exuberante. O horizonte é desenhado pelas ilhas Montão de Trigo e alcatrazes que parecem se erguer das águas azuis que banham a praia de areia fina e clara. a pequena praia é um lindo cartão postal. No canto norte da praia, um lago de águas escuras abriga diversas aves na época da migração. Boa para a prática de caminhada, frescobol, natação, mergulho e indicada para surfe pois, é praia de tombo com ondas violentas. Voltada para a tranquilidade e o prazer de estar em meio à natureza, a pequena infra-estrutura da praia da Juréia agrada aos mais exigentes. Distante do centro 58km.

Fonte: http://www.praiadetoquetoque.com.br

Fonte: www.portaldesaosebastiao.com.br

Toque-Toque Grande

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Toque-Toque Pequeno a 13 km do centro. Estritamente residencial, é pouco frequentada e é um dos últimos núcleos de pesca artesanal no município. a entrada para a praia fica em frente à grande cachoeira na beira da estrada. Fonte: www.saosebastiao.com.br/praias

Praia das Pitangueiras Fica localizada no canal de São Sebastião, bem em frente a Ilhabela. Praia pequena e de estreita faixa de areia. Águas muito calmas e límpidas. Limitadas por dois morros encobertos pela Mata atlântica, e com algumas residências de veraneio. O acesso por terra passa em meio a essas propriedades particulares. Uma abordagem via marítima é com certeza um belo passeio. Fonte: http:www.vtn.com.br/cidades

Brava de Boiçucanga assim é chamada pelos surfistas e aventureiros esta pequena praia com ondas fortes e perigosas, entre Boiçucanga e Maresias, a 29 quilômetros do Centro de São Sebastião. Com diversidade de espécies da fauna e flora que comprovam o seu estágio de preservação abrigando espécies ameaçadas em extinção, na trilha da Brava de Boiçucanga é possível identificar um corredor ecológico de importância biológica, segundo informações da direção do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) de São Sebastião. Visto como um local que tem essa vocação turística, a trilha é única e ainda não foi descaracterizada. Lá existem cachoeiras e pode ser vista como um santuário da fauna, flora e para o turismo sustentável. Fonte: Luciane Teixeira

Maresias é a meca dos surfistas do litoral paulista. Foram esses aventureiros sedentos de uma dose extra de adrenalina no sangue que há cerca de 20 anos descobriram o “point”, na época acessível por uma estrada de terra em precárias condições. a praia tem fortes arrebentações provocadas por um parcel. Hoje, Maresias é considerada a versão paulista da carioca Copacabana. Está no eixo mais agitado da região que compreende ainda as praias de Boiçucanga, Camburi e Juqueí. Possui uma das melhores infra-estrutura turística de São Sebastião com bares, restaurantes, hotéis, pousadas, campings e danceteria. Fonte: www.oyo.com.br/praias/sao-sebastiao/maresias/

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Meio Ambiente

Barra do Sahy A 44 km do centro, Barra do Sahy também é uma das preferidas pelos descolados. A praia tranquila tem um recanto especial: a Igreja de Nossa Senhora Santana, perto do rio e que, junto à ponte de madeira, completam um dos mais bucólicos cenários do Litoral Norte. é pequena, porém de rara beleza, atraindo turistas pelo belo visual. possui piscina natural com altos rochedos.

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Fonte: /www.saosebastiao.com.br/praias/barradosahy

Praia do Engenho pequena de areia grossa e batida, está localizada entres as praias da Juréia e Barra do Una. Seu entorno está ocupado por condomínios com casas de alto padrão. praia tranquila com uma bela paisagem e um ambiente bastante familiar, ideal para quem quer fugir do agito. Favorece a prática de surfe e bodyboarding. Recebeu este nome porque abrigava um antigo engenho, onde hoje há um condomínio. Fonte: www.oyo.com.br/praias/sao-sebastiao/praia-do-engenho

Praia de Boracéia 62 km do centro, Boracéia é a primeira praia de São Sebastião, divisa com o município de Bertioga pela rodovia Rio-Santos, sentido sul. praia extensa de areias compactas e mar calmo e transparente. Na região se encontra a reserva indígena do Rio Silveiras. possui estrutura de serviços com hotéis, bares e restaurantes. Indica para banho, caminhada e atividades náuticas.

Praia Deserta A apenas 1,5 km do centro de São Sebastião, esta praia residencial possui areias claras e mar manso. A praia é ideal para ciclismo, caminhada, caiaque, entre outras atividades. Essa praia oferece vista para Ilhabela, é pedregosa e tem areias claras. BerA PALhOTO

Fonte: www.praiasecia.com.br/informacao

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Além de suas belíssimas praias, São Sebastião conta com Ilhas e Cachoeiras da mais bela ordem. Arquipélago de Alcatrazes, Ilha das Couves, As Ilhas, Ilha dos Gatos, Ilha do Montão de Trigo e ilha de Toque-Toque. Todas elas com acesso de barco e algumas até remando. para quem gosta de água doce, as dicas são as cachoeiras. As mais conhecidas e de fácil acesso são: Cachoeira de Boiçucanga, Cachoeira de Toque-Toque, Cachoeira de Cambury e Cachoeira de Maresias.


Praia Preta

Praia Grande

entre Juquehy e Barra do Sahy encontra-se a Praia Preta. De pequena extensão, tem areias escuras e águas transparentes e calmas. O verde quase selvagem e um pequeno riacho dão um toque paradisíaco à praia. Sua localização proporciona ótimos passeios de barco, servindo inclusive de abrigo seguro às embarcações.

tem areias brancas e águas mansas, excelente para banho. É uma das melhores opções para quem está na região central da cidade. espalhados pela praia vários coqueiros anões embelezam sua orla. Na Praia Grande está localizado o Balneário dos trabalhadores, com infra-estrutura para receber diversos grupos de visitantes. Possui quadras poliesportivas, estacionamento, vestiários com banho, bar e lanchonete. Atualmente o local passa por reformas, pois ele será transformado em um parque temático. Conhecida como a praia da Aventura tem pistas de skate e bicicross para competições; área de arvorismo com nove metros de altura; mega tirolesa (a maior do Brasil, com 400 metros de comprimento entre a montanha e o mar); arvorismo mirim; parede de escalada; quadras de futebol, vôlei e tênis; playground; sala de enfermaria; refeitório; sala de treinamento; sala para Corpo de Bombeiros; quiosques para famílias; píer para atracação de barcos de passeio; quatro quiosques para restaurantes e praça de alimentação. Distante 2 km do centro.

Fonte: www.oyo.com.br/praias/sao-sebastiao/praia-preta

Barequeçaba área de proteção ambiental, Barequeçaba possui um aspecto de praia selvagem e é perfeita para esportes náuticos, como mergulho,natação, caiaque, barco à vela, windsurf. Barequeçaba não é praia de tombo, possuindo um mar tranquilo, muito seguro para adultos e especialmente crianças. Fonte: www.saosebastiao.com.br/praias/barequecaba/index.htm

Fonte: www.portaldesaosebastiao.com.br

Barra do Una Com boa estrutura náutica, abrigando cinco marinas e um iate clube, é o melhor ponto de partida para passeios de barco e também para esportes náuticos. Ao lado do Rio Una, de águas escuras e mansas, a praia é longa e inclinada. As ondas são fortes nos costões desertos e a maré é mansa na restinga ao pé do morro. Apenas duas vielas no canto esquerdo dão acesso à praia. De lá partem os passeios de barco para as ilhas próximas, boas para mergulho. Fonte: www.litoralvirtual.com.br/ssebastiao/una.htm

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TATYANA ANDRADE

Gastronomia

O desejo... Quando se fala em ir ao litoral, o que vem primeiro em nossas mentes são as praias e depois a fome. E São Sebastião sabe que, após muitas horas de sol e mar, nossos estômagos ficam vorazes. De norte a sul, encontramos todos os tipos de pratos, dos mais sofisticados aos mais simples. Um exemplo disso é o conhecido “PF” – prato feito. Mas não é qualquer “PF”. Nesse prato, ge66 Cidade&Cultura

ralmente encontraremos deliciosos peixes pescados pela manhã, acompanhado de um bom arroz e feijão com uma bela salada de alface e tomate. Vale a pena sentar e saborear a simplicidade do caiçara à mesa. Mas, se quiser ir a fundo na tradição caiçara mesmo, então a pedida é o Azul Marinho, prato típico que, feito corretamente, deixará seu aparelho digestivo pra lá de satisfeito.


Azul Marinho

Azul Marinho

“Antes de tudo é preciso compreender que a comida caiçara é bastante simples, praticamente sem gordura e só leva temperos naturais... Três são os principais ingredientes: o peixe, a farinha-da-terra e a banana, que tem de ser colhida verde. Os melhores peixes para o

prato são a garoupa, o badejo, o olho-de-boi, a cavala e o melhor de todos: o bijupirá. As melhores bananas são a nanica e, preferencialmente, a São Tomé. Quanto à farinha-da-terra, existem vários tipos delas que são fabricadas no arquipélago de Ilhabela e no Litoral Norte. As melhores são aquelas fabricadas artesanalmente, em pequenos tráficos localizados em diversas comunidades tradicionais caiçaras das quatro cidades da região. A melhor farinha-da-terra é aquela em que o “tirador de farinha” aproveita a goma proveniente da decantação do caldo resultante da prensagem da mandioca ralada. Para preparar o Azul-marinho não há medidas certas, pois elas variam de acordo com o tipo de ingredientes, a prática e o gosto de cada um. O procedimento, entretanto, é primordial para apurar o sabor final do prato. Para começar, o peixe deve ser cortado em postas que não devem ser muito finas. As bananas verdes serão cozidas com as cascas e, por isso, devem ser pré-lavadas. São as cascas que darão a coloração que dá nome ao prato. Começa-se fervendo a água em uma panela, de preferência de ferro. Assim que a água começar a ferver, colocamos o sal a gosto, e, logo em seguida, as bananas, os tomates em pedacinhos, cebolas cortadas em rodelas, o coentro, e a alfavaca, tudo cru; deixando cozinhar em fogo alto por cerca de cinco minutos. Enquanto as bananas e os temperos cozinham, cabe uma explicação importante; existem várias espécies de coentro. O mais utilizado é conhecido por coentro-cachorro. Na falta da alfavaca – uma planta hortense cultivada nos jardins devido seu aroma e beleza das folhas -, pode ser utilizado o manjericão. Passado os cinco minutos de cozimento, coloca-se as postas de peixe na panela. O ponto do peixe é sentido com o toque do garfo. Estando a carne devidamente cozida, o garfo penetrará com facilidade. Uma vez estando pronto, retira-se um pouco do caldo e a banana, que será descascada. A banana será utilizada para fazer o pirão que acompanha o peixe. Para fazer o pirão, coloca-se a banana já descascada em uma outra panela. Após espremer a banana com um garfo, adiciona-se a farinha-da-terra e o caldo que foi separado do cozimento do peixe. Esse tipo de pirão deve ser bem ralo, ou seja, preparado com bastante caldo. Para quem aprecia pimenta, recomenda-se a malagueta, espora-de-galo, pimenta-botão ou alguma outra pimenta-de-cheiro. Acompanha uma cachacinha e arroz branco.” Fonte: Livro Uma viagem pela história do arquipélago de Ilhabela – Nivaldo Simões

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Gastronomia

Uma história de conquistas Lina Borges foi a pioneira da alta gastronomia da praia de Cambury. Começou vendendo torta integral de banana na praia (1982) e melado de cana para hoje se transformar na proprietária do Restaurante Framboesa, que nasceu há 16 anos. A filha garçonete e a mãe chefe de cozinha tiveram a ideia de ter o próprio negócio. Juntaram o que tinham e compraram a casa que hoje é o Restaurante. A proposta era única, algo que não houvesse em Cambury. Uma doceria com saladas e quiches. Não queriam concorrer com nenhum estabelecimento. O Framboesa nasceu como um fast food, moda na época, em um ambiente familiar, rústico, praiano, mas sempre atento aos detalhes. Tudo cuidado com mui-

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to carinho. Toalhas bordadas na mesa, flores e uma decoração delicada. O atendimento, como hoje, era feito por meninas. O restaurante sempre teve esse tom feminino. O cuidado se estendia à cozinha. A chefe e mãe Lina Borges, sempre exigente com os ingredientes, escolhia os mais frescos e vistosos que o lugar lhe oferecia. Quando ia a São Paulo, percorria o Mercado Municipal, Casa Flora e os empórios. Trazia de lá produtos sofisticados e novidades, como queijos, azeites, cereais e frutas secas. Tudo isso aliado à atenção e ao carisma com os clientes da filha Ceres. O reconhecimento do público aconteceu. A procura foi tão grande que houve a necessidade do Framboesa fechar para reestruturação. O primeiro restaurante foi demolido e o Framboesa renasceu com um projeto rústico e, ao mesmo tempo, moderno. Tijolos de demolição, madeira, cimento queimado e ladrilhos hidráulicos, além de um novo cardápio cheio de sabores e novidades.


Água na boca... Depois de um almoço cuidadosamente escolhido e após satisfazer todos os desejos, nada como cometer o pecado da gula e não resistir a uma sobremesa de fino trato como o sorvete Rochinha. Lá você encontrar diversos sabores de frutas que são preparados de forma artesanal. As frutas são lavadas, descascadas, cortadas manualmente, peneiradas e até cozidas. O coco, que é um dos sabores mais procurados, é ralado e cozido com açúcar e leite em grandes tachos, num processo semelhante ao que ocorre em cozinhas de fazendas mineiras. Num ambiente ao lado da cozinha, as frutas são processadas e misturadas aos outros ingredientes que compõem o sorvete, como água e açúcar. em seguida, o líquido é distribuído em formas, onde o palito é inserido. Cinco minutos depois, os picolés estão prontos para serem embalados. José Lopes de Barros, ex-mestre-de-obras, adquiriu da família Rocha (família tradicional do litoral norte) a sorveteria Rochinha, em 1992, e, até os dias de hoje, toca os negócios, elaborando sempre novos sabores. Da família Rocha recebeu apenas um caderninho de orientações, escrito a mão, que mal dava pra ler. Contudo, Barros teve que aprender a fazer o picolé na prática. Mas quando dominou a técnica, resolveu modernizar todos os equipamentos. Daí a história mudou de figura. Rapidamente seus picolés invadiram as praias do litoral paulista. Depois de tornar a marca conhecida, subiu a serra levando os sabores do Rochinha para as padarias e docerias da capital paulista. Quase 30 anos depois de ser criado pela família Rocha, a sorveteria produz 60.000 picolés que saem da geladeira da fábrica, em São Sebastião e abastecem 301 pontos de venda na capital e outros 145 no estado. Há apenas uma loja própria em São Paulo e outras 11 no litoral (São Sebastião, Camburi, Maresias, Boiçucanga, Juquehy, Peruíbe, Santos, Guarujá e Praia Grande). Além disso, mais de 200 carrinhos, na alta temporada, rodam as praias do litoral paulista vendendo os picolés da marca. e dentre tantas opções de sorvetes existentes, nós recomendamos o Rochinha por seus sabores exóticos e suas receitas naturais.

Pouca gente sabe, mas o sorvete Rochinha já conquistou a certificação da comunidade judaica pela BDK Brasil, que regulamenta o consumo de alimentos segundo as normas religiosas. A entidade liberou o consumo de quatro sabores: manga, melancia, açaí com guaraná e cupuaçu. entre os sabores exóticos do Rochinha está o de amarena, que é uma espécie do gênero Prunus (gênero botânico que inclui as ameixeiras, cerejeiras, pessegueiros, damascos e amendoeiras). As suas flores são usualmente brancas ou cor-de-rosa, com cinco pétalas e cinco sépalas. Todos os frutos caracterizam-se por uma drupa com um caroço relativamente grande. As folhas são simples e, geralmente, lanceoladas, inteiras e com margem do limbo serrada. Nativa de grande parte da europa e do sudoeste asiático, seu fruto é ácido, sendo útil principalmente para fins culinários. A cor da amarena varia entre o vermelho e o preto, desenvolvendose em ramos mais curtos. As amarenas requerem condições de cultivo semelhantes às das peras, ou seja, preferem um solo rico, escorrido e úmido, apesar de necessitarem de mais nitrogênio e água que as cerejas doces. Também sofrem menos de pragas e doenças que as cerejas doces, apesar de os pássaros poderem consumir uma parte considerável dos frutos. Durante o verão, os frutos devem ser protegidos por redes. Ao serem colhidas, devem ser cortadas da árvore, para evitar partir os ramos ao puxar. Fonte: Wikipédia.

São Sebastião 69


BERA PAlhOTO

Esportes

Muito mais que

Explorar todo o município de São Sebastião não é uma tarefa fácil. São mais de 100 km lineares de costa, sendo que uma metade do município é cercada pela Mata Atlântica e a outra metade é aberta para o oceano. São Sebastião é assim. O local possui qualidades ímpares quanto aos seus atrativos turísticos e oferece, dentre as mais de 30 praias, variados esportes. Trilhas, pesca, surf, mountain cross, mountain bike e skate são exemplos do espírito aventureiro dessa cidade. Radicais ou não, vale a pena desfrutar desse panorama próprio para o lazer. 70 Cidade&Cultura

Mountain Cross Em uma área na Rua da Praia, centro de São Sebastião, é possível encontrar uma Arena Cross (sem dúvida um dos mais importantes campeonatos do motociclismo nacional), construída em 2009 para receber o Campeonato Brasileiro de MotoCross, disputado em junho. É uma pista de pouca velocidade e muitos pulos. Nesse circuito radical, encontramos o piloto Ney Broto, 40 anos, fazendo algumas manobras acrobáticas, com sua moto de 250 cilindradas. Nascido na praia de Maresias, pratica o esporte há 20 anos, desde que ganhou uma moto de 80 cc de seu pai.


Adrenalina no Surf O maior “pico” de São Sebastião é, sobretudo, entre dezembro e fevereiro na alta temporada. Para a galera do surf, as ondas mais fortes e tubulares ficam no canto sul. As praias mais procuradas pelos aficionados do esporte que passam o dia nas suas pranchas voadoras, são Camburi, Paúba, Praia da Baleia, Juquehy, Praia Brava, Boissucanga e principalmente Maresias.

divulgação

O surf foi introduzido no Havaí pelo rei polinésio Tahito. Em 1778, quando o navegador James Cook descobriu o arquipélago, afirmou que já existiam surfistas na ilha. A primeira vez que o mundo ouviu falar do surf foi depois das Olimpíadas de 1912, em Estocolmo. No Brasil, a primeira prancha brasileira foi feita em 1938, por paulistas, a partir da matéria de uma revista americana, que dava as medidas e o tipo de madeira a serem usados. Atualmente, a Associação dos Surfistas Profissionais (ASP) é quem regulamenta e traça as regras do esporte. Os maiores surfistas do mundo disputam anualmente o WCT (World Championship Tour) que consagra o campeão mundial. Fonte: www.oradical.uol.com.br

Ilhabela 71


divulgação

Esportes

Trilhas e caminhadas

Canoagem

O percurso a pé pode ter itinerário indefinido, com variados graus de dificuldade, pois as trilhas passam por praias ou matas. Para a alegria dos apreciadores do ecoturismo, São Sebastião também possui trilhas monitoradas como: Trilhas da Praia Brava, do Sítio Arqueológico, da Cachoeira do Ribeirão de Itu, da Pedra Lisa, do Poço do Macaco, além das Trilhas Cachoeira da Serpente, Poço do Mico, Cachoeira da Garganta Branca e Estrada da Limeira. O praticante tem a oportunidade de explorar os mistérios da natureza observando a fauna e a flora local, fugindo de roteiros tradicionais e numa sequência interminável de belas paisagens.

A canoagem é praticada, principalmente nos rios Una e Juquehy, o percurso pode chegar até às ilhas do Gato e Montão de Trigo. Mesmo fora dos rios, com mar calmo, é recomendável remar nas águas oceânicas.

Mountain Bike A costa de São Sebastião é um paraíso para bikers profissionais e amadores. O praticante que quiser aproveitar a natureza de perto pode passear nas matas entre as praias. Já quem pretende treinar em um pico mais forte com maior dificuldade, deve tentar pedalar nas subidas e descidas da Rodovia Rio-Santos, tendo o visual das praias ao fundo.

Cascading O cascading é o rappel dentro d’água, praticado em cachoeiras belíssimas, tanto no entorno, quanto dentro da área. É indispensável o acompanhamento de monitores acostumados com a região. Pode ser feito na Cachoeira das Calhetas, em Maresias. São 90 metros de descida com vista para o mar, terminando em uma trilha que leva à praia. A aventura dura quatro horas. 72 Cidade&Cultura

na pré-história, os homens utilizavam pequenas embarcações como transpor te. Em 1936, passou a ser considerada como espor te nas Olimpíadas de Berlim. É composta pelas modalidades: velocidade (com percursos de 500m e 1000m), Slalom (com desvios de obstáculos), Oceânica, Maratona (percurso de 15km), Caiaque-pólo e Freestyle (com manobras).

Mergulho São Sebastião é um dos lugares mais encantadores para mergulhar, pelas águas transparentes e pela riqueza de sua fauna marinha. Os pontos mais procurados ficam no arquipélago de Alcatrazes, situado na costa em direção a Boissucanga. O arquipélago possui águas surpreendentemente claras, diversas espécies de pássaros que sobrevoam o lugar e um mundo aquático inesquecível que pode ser observado pelo o mergulhador. Outra ilha importante para os mergulhadores é a do Montão do Trigo, que fica aproximadamente a seis milhas da costa, com visibilidade média de 10 metros de profundidade. Seu diferencial se dá nas tocas e grutas formadas pelas pedras, na parte de costa rochosa da ilha, onde podem ser encontrados siris, piabas, lagostas, badejos e caranguejos. As praias de Baraqueçaba e Guaecá são ótimas para mergulhadores iniciantes.


ElainE lEmE

Skate Na praia de Boissucanga, na praça Pôr do Sol, encontra-se uma pista profissional para a prática do skate. Muitos esportistas do Brasil inteiro reúnem-se ali para curtir, além da pista, uma paisagem magnífica da praia. A pista já é considerada a melhor do Brasil, com uma estrutura de 7mil metros quadrados. O skate é um desporto inventado na Califórnia que consiste em deslizar sobre o solo e obstáculos equilibrando-se numa prancha, chamada shape, dotada de quatro pequenas rodas e dois eixos chamados de “trucks”. Com o skate, executam-se manobras, com baixos a altos graus de dificuldade. No Brasil, o praticante de skate recebe o nome de skatista. Para os viciados em skate, existe uma variação de modalidade no Brasil, o street, que surgiu no final da década de 70, que consiste no skatista manobrar seu skate nos obstáculos encontrados nas ruas da cidade, como monumentos, bancos, corrimões, escadas, muretas, rampas, palcos, buracos, barrancos e paredes. Já o Banks, outra modalidade, permite que crianças, jovens e adultos adeptos de street, vertical, mini-ramp, longboard e downhill pratiquem suas manobras nas dezenas de pistas espelhadas pelo Brasil. Fonte: Wikipedia

Eco-Radical Competição de aventura para iniciantes, organizada pela Eco-Venture, realizada em 2009 na praia de Boiçucanga. Envolveu todo o litoral norte, com um circuito que engloba trekking, cascandig, water trekking, moutainbikes, cortando o Parque Estadual da Serra do Mar. Mais de 50 atletas participaram do evento. A prova foi muito disputada, alternando muitas vezes a liderança a cada bateria. Participaram dessa competição as equipes Especulunca, EquiPESM, Templo 2, Templo OPS, Tuiuiú Brasil, Adrena Rock, Corpo e Água, Ad Sumus, Livremente, Rio Vivo Tênis Clube, vendedores da etapa.

Off Road Uma linda paisagem do Parque Estadual da Serra do Mar, endossada com o canto dos pássaros e mirantes naturais que permitem a observação e apreciação de cachoeiras e riachos de águas transparentes. Esse é o cenário do praticante de Off Road em São Sebastião. Seu objetivo é explorar escondidas estradinhas, nas quais somente veículos 4x4 podem passar. Pertinho da agitação da cidade de São Paulo, ao lado da nascente do Rio Tietê, existe uma trilha deserta no meio da Mata Atlântica. No começo, a paisagem é repleta de eucaliptos e pastagens, porém, depois de 15 km rodados, as árvores da mata atlântica começam a fechar a estrada e a trilha passa por entre vales, oferecendo vistas belíssimas. Em alguns momentos, é preciso ter cuidado, pois há várias descidas e subidas fortes, com muitas pedras soltas e erosões consideráveis. Durante o percurso é possível avistar uma enorme ponte de concreto abandonada, além de onças perambulando na região da serra. O trajeto que inicia em Salesópolis, termina na praia da Enseada, em São Sebastião. Para todas as modalidades esportivas acima descritas, se você não for profissional, a cidade dispõe de várias operadoras que darão todos os equipamentos e monitores para a prática.

Ilhabela 73


Pesca

Tanto mar,

FOTOS Bera PalhOTO

tanto mar...

A pesca, que sempre foi e sempre será uma atividade típica caiçara, não é mais destinada só para pescadores à procura de relaxamento. Implantado em São Sebastião há mais de 9 anos, a Cooperpescass (Cooperativa de pesca de São Sebastião) reafirma seu potencial e mostra a importância de parceiros como o Governo do Estado e o SEBRAE, que resultaram no surgimento da cooperativa. O objetivo da cooperativa é vender por um preço camarada tanto no atacado como no varejo, sendo seu carro chefe o camarão sete 74 Cidade&Cultura

barbas e no verão podem contar com a lula e o peixe. Começaram com 21 pessoas (quantidade mínima para formar uma cooperativa) e, atualmente, são 80 embarcações cooperadas de São Sebastião e Ilhabela. “poderíamos agregar somente cooperados de São Sebastião, mas como trabalhamos no mar, entendemos que não existe um dono do mar, todo mundo ajuda o outro. Existe uma cooperação entre todas as embarcações no mar” argumenta Raphael Cliquet Luciano, diretor administrativo da Cooperativa.


Há vestígios da existência de pesca em lugares arqueológicos do período Paleolítico, há cerca de 50 mil anos atrás, sendo a pesca, juntamente com a caça, uma das primeiras profissões do homem. No Sul dos continentes Africano e Europeu, há pinturas rupestres datadas de há 25000 anos atrás representando peixes e cenas de pesca. Depósitos de conchas e de restos de ossos – conhecidos por “kitchen middens” encontrados no litoral um pouco por todo o mundo, usados pelos arqueólogos para identificar locais de assentamento de populações nos primeiros dias da civilização, revelam a utilização de bivalves para a alimentação. Biologia Marinha 3º Ano – 2º Sem, FCMA- Universidade do Algarve, Manoel Afonso Dias

São Sebastião 75


Vida de caiçara

natureza

uma vida integrada à

De lua a lua, esse povo leva vida simples e singela, mas de riqueza sem igual. Um povo que, há gerações, vive harmoniosamente com a natureza. O caiçara é dono de sabedoria secular, é um verdadeiro elo entre homem e natureza. Oriundos da miscigenação entre indígenas, colonizadores europeus e negros, os caiçaras incorporaram 76 Cidade&Cultura

tradições e costumes ligados a esses povos, adaptando-os num modo de vida singular baseado na pesca, agricultura de subsistência, artesanato e extrativismo vegetal, desenvolvendo um conhecimento aprofundado sobre os ambientes em que vivem, além de tradições folclóricas e um vocabulário único.


Palavra caa-içara é de origem tupi-guarani; caa significa galhos, paus, “mato”, enquanto que içara significa armadilha.

TATYANA ANDRADE

Origem do nome

Vocabulário Voz mansa, cheia de peculiaridades. O sotaque caiçara acentua as palavras de um modo diferente, troca o “v” pelo “b” e, claro, o “você” é substituído pelo “tu”. Muitas expressões do nosso dia-a-dia tiveram suas origens nessa cultura (veja o box ao lado).

A troco de banana: preço baixo Acabosse o que era doce: terminou Amolante: vagaroso Antonte: dois dias antes Aperrear: não deixar fazer direito Arria: coloca no chão Babau: acabou Bocaina: horizonte Burburinho: confusão Cala boca: admiração, espanto Caniço: vara de pescar Chio de peito: asma Coça: surra Codó: pedaço de praia pequeno Coisinha: substitui o nome esquecido naquele momento Consertar o peixe: limpar o peixe Curriola: um bando de pessoas De marca maió: muito grande Deixestá: você vai ver como é que fica Desacorçoado: não ter motivação Dor nas cadeira: dor nos quadris Escambo: troca Escárnio: pouco caso Esculhambar: xingar, chamar a atenção, advertir Escorar: amparar árvore caída Estais tão gabosa: estás muito bonita Estrada de rodagem: ruas dos dias atuais (onde trafegam carros) Foi pro beleléu: já foi embora, morreu Fuzilando: relampejando Guardanapo: pano de prato Lambedô: xarope Marmandado: desobediente Me aprecatei: preveni Naco: pedaço Ordenado: salário Picape: vitrola Prenha: grávida Quebrante: mal olhado Rachei o bico: ri muito Reparar: olhar para criticar Sapeca: assanhada Subaco: sovaco Tarrafa: espécie de rede de pesca Temperar o café: adoçar o café To em pandareco: estou mal Três antonte: três dias antes Um bocado: grande porção Verdolenga: quase madura Viração: vento do sul fraco Zanzando: andando de um lado para o outro

São Sebastião 77


Vida de caiçara Os caiçaras formam um povo que evoluiu e aprendeu a aproveitar os recursos naturais. Convivendo com o mar e a mata, sabem, como poucos, utilizar os benefícios da natureza.

A pesca

Acervo Agnello PAcheco

Acervo Agnello PAcheco

O caiçara aprendeu muitas técnicas de pesca ao longo do tempo, “para a pesca, usa espinhel (corda extensa onde prende anzóis) e redes: tarrafa, picaré, jereré, puçá e faz nos rios as cercas ou chiqueiros de peixes. A pesca com rede, requer o uso de canoa - a ubá. A rede mede cerca de 140 braças de comprimento por 6 de largura. Para facilitar a flutuação, na parte superior da rede colocam bóias de cortiça e na parte inferior, colocam as chumbadas ou peso de barro cozido. Nas extremidades da rede, colocam cordas para puxar o arrastão. Colocam a rede no mar, levada pela ubá, e depois vêm arrastando até a praia - é o famoso “arrastão”. Hoje, os barcos a motor, fazem parte da pesca, ou seja, cada vez mais aprimorando e evoluindo dentro de seu meio. “Com estes, o homem caiçara pesca no “mar de dentro” para sua subsistência. O arrasto da tainha merece atenção especial, pois se trata de um momento de congregação da comunidade, onde todos trabalham para todos”. Ser caiçara é ter orgulho de suas origens, é ter coragem para enfrentar o mar, é ter capacidade de viver no isolamento, saber dividir o produto de sua pesca e ter consciência que Deus, que lhe deu as duas maiores forças da natureza: a floresta e o mar.

78 Cidade&Cultura


MARCIO ALVES BERA PALhOtO

“No verão as famílias tinham o costume de conversar nas calçadas para “tomar a fresca”. Em casa sempre tinha uma esteira de taboa para as crianças deitarem e ficarem quietinhas enquanto os pais e vizinhos conversavam. Nós olhávamos as estrelas e ficávamos ouvindo as conversas até cair no sono” Fonte: Livro – “São Sebastião do meu tempo de menina” – Neide Palumbo

“Ninguém, ou quase ninguém, vendia frutas. As vizinhas presenteavam as frutas de seus quintais umas às outras.” Fonte: Livro – “São Sebastião do meu tempo de menina” – Neide Palumbo

“Quando a frente da cidade ainda tinha praia, a criançada aproveitava para tomar banho de mar. Ninguém tinha maiô. A gente tomava banho com uma roupa qualquer. Quando a maré ficava vazia era uma beleza. Dava muito berbigão (molusco). Numa tarde de maré vazia eu peguei uma lata vazia de banha e já ia saindo para mariscar...”

A agricultura É o complemento alimentar dos pescadores e seu principal produto é a farinha de mandioca - consumida em quase todas as refeições – que, desde tempos imemoriais, trata-se de um substituto do pão europeu e, por isso mesmo, é chamada de “pão dos trópicos”. Existe, ainda, uma infinidade de produtos secundários e ervas medicinais. Seus principais produtos são: mandioca, milho, cana, feijão, guandu, inhame, entre outros.

Farinheiras Aprender a arte da fabricação da farinha de mandioca era uma das tarefas da mulher caiçara, que começava cedo, muitas vezes, ainda crianças. A lida não era fácil; preparar a terra, plantar e colher fazia parte da rotina. Plantava-se também a mandioca venenosa, que não faz mal à saúde porque é lavada, raspada, espremida, coada, seca no forno, na coxa, vai outra vez ao forno, outra vez na coxa até virar farinha pura. Os horários são cruéis, os trabalhos começam às 3 horas da manhã e só acaba ao meio-dia. O caiçara chama esse fabrico é “farinhando” e era vendida a litros.

Fonte: Livro – “São Sebastião do meu tempo de menina” – Neide Palumbo

São Sebastião 79


Tribo Guarani

Um povo

receptivo Na pele de Flor do Céu, a menina de sorriso largo, de mais ou menos 11 anos, havia uma tatuagem pintada com urucum, uma das marcas que o índio guarani carrega no rosto para homenagear os visitantes que, como nós, aparecem para conhecer e admirar os costumes e cultura do povo indígena. Com seus costumes tão díspares das outras tribos que habitaram ali, antes mesmo dos primeiros portugueses desembarcarem no litoral norte, descobrimos em nossa visita que os guaranis nunca andaram nus e sempre tiveram em sua etnia a vontade de se integrar aos outros povos de forma

80 Cidade&Cultura

passiva, de modo a manter sua cultura e dignidade. A tribo dos índios guaranis fica a mais de 60 km do centro histórico de São Sebastião, na Reserva Indígena Guarani do Rio Silveira, localizada na praia de Boracéia, no meio da Mata Atlântica. A natureza é abençoada neste lugar, com uma área com cerca de 948 hectares entre cerrado e floresta, que ainda não está demarcada oficialmente pela Funai (Fundação Nacional do Índio) . Na comunidade indígena, vivem de 60 a 70 famílias, entre crianças, adolescentes e adultos. Este número de pessoas está dividido em 5 grupos e cada grupo


FOTOS ElainE lEmE

Áreas indígenas

possui em torno de 11 famílias distribuídas em todo terreno da Reserva. Cada grupo tem seu líder, que, junto com o Pajé, formam a liderança geral da tribo. Mas nada é resolvido antes que Gino, um dos Pajés dê seu parecer. Gino Castro, o nome brasileiro que lhe foi dado para ser reconhecido como cidadão brasileiro, Tapei Mirim, seu nome em Tupi Guarani, 62 anos, dois filhos, falando um português pausado, conta que demorou 10 anos para aprender com seu avô todos os ensinamentos e as funções de um Pajé. ele nos conta também que o Pajé é uma figura de extrema importância den-

essas terras não podem ser vendidas, mas suas riquezas podem e devem ser exploradas pelos índios para assegurarem a sua subsistência, independentes do estado. As terras indígenas ocupam cerca de 11% do território nacional, o que equivale quase ao tamanho da Venezuela, nosso vizinho do norte. Fonte: Geografia, Coleção Anglo.

tro das tribos. Detentor de muitos conhecimentos e da história, ele é o indígena mais experiente, também possui a funções de curandeiro, orientador espiritual e sacerdote, pois todos os casamentos e batizados (uma festa que dura a noite inteira e vêm convidados de outras tribos) são celebrados por ele. O Pajé também dá o nome aos jovens e crianças que nascem. A Constituição brasileira define o índio como um cidadão igual a todos os outros. No entanto, reconhece as suas particularidades culturais e a necessidade de sua preservação. Dessa forma, sob o ponto de vista

São Sebastião 81


FOTOS Bera PalhOTO

Tribo Guarani

legal e da cidadania, o grau de integração do índio à sociedade brasileira é variado. Se o índio trabalha a forma economicamente produtiva, conhece a língua portuguesa e faz negócios com brancos, ele passa a ter os mesmos direitos e deveres de qualquer brasileiro. fonte: Geografia, Coleção Anglo. As contribuições dos índios para a formação da cultura nacional são inúmeras e estão disseminadas pelo país sob a forma de hábitos culturais, especialmente alimentares. No espaço de convivência da aldeia, há produção de artesanato, de produtos agrícolas como açaí, pupunha e farinha de mandioca brava, com três tipos de torramento, o mais leve, o mais grosso e outro mais fino. Os índios também cuidam de plantas ornamentais, um viveiro formado principalmente por helicônias, uma exuberante flor vermelha. Os produtos comercializados são vendidos na estrada e a renda é responsável por todo desenvolvimento

82 Cidade&Cultura

econômico da comunidade. Para ajudar na educação, em abril de 1996, após vários anos de reivindicações, foi inaugurada uma escola provisória. Em dezembro de 2000, foi inaugurada a escola permanente, sendo de total responsabilidade do município de Bertioga, o material escolar, a merenda e os professores. No período de aula, os professores contam com auxílio de um índio adulto em cada sala, que contribui na tradução do Guarani para o português e vice-versa, facilitando o ensino. Os índios vivem em pequenas ocas construídas em pau-a-pique, cobertas com palha ou casas feitas com madeira da própria aldeia. Alguns grupos possuem sanitários fora de casa, outros utilizam o meio ambiente. A oca em que fizemos a entrevista com o Pajé, é um lugar para oração, composto de um altar para todos os rituais de vida e morte. Curiosamente havia também camisas de times penduradas, algumas


redes para descansar, seus instrumentos de trabalho como tambor, violão, chocalho e cachimbo. Sua família (que não parecia entender o que conversávamos) participava com olhares curiosos, próximos do nosso bate papo com seu líder. Crianças corriam de um lado para outro, chegamos a ver muitos pássaros e até a pegar um gambá na mão, uma sensação de liberdade que só lugares privilegiados nos proporcionam. Aplausos para este dia, que nos trouxe um pouco do encantamento desse povo batalhador. A idéia dos líderes da Reserva Indígena Guarani do Rio Silveira é de promover o Ecoturismo, aproximando o convívio de outras etnias, desmitificando o entendimento de que o índio é primitivo e selvagem, além de ajudar os índios a venderem dentro da reserva produtos para sua subsistência, o que é uma boa oportunidade para conhecer a identidade cultural indígena.

Além do Pajé para cuidar da saúde da comunidade indígena, na reserva tem ambulatório médico, com atendimento semanal, com especialista em Clínica Geral e Pediatria, além de todo atendimento realizado pela Rede Pública de Saúde. Conta ainda com ambulatório odontológico, com atendimento diário, através da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde) que contratou um dentista e uma enfermeira, o que reforça a qualidade dos serviços prestados na área da saúde.

Palavras de origem indígena incorporadas à toponímia nacional: Bertioga – casa das tainhas Ibiúna – terra preta Iguaçu – rio grande Ipiranga – rio vermelho Itapetininga – laje seca Itapeva – terra chata Itapevi – rio das lajes Jacareí – rio dos jacarés Jaguari – rio das onças Jaguariúna – rio preto das onças Parati – peixe narigudo Votoporanga – morro bonito Fonte: Geografia – Coleção Anglo

São Sebastião 83


Tribo Guarani Lendas e mitos que sobrevivem ao tempo

Datas Comemorativas As comemorações realizadas pelos índios registram sua cultura e importância em nosso cotidiano • 19 de Abril – “ Dia do Índio” – comemoração e manifestação; • 09 de Janeiro ou 10 de Fevereiro – Batizado, realizado uma vez ao ano. Após batizado as crianças recebem o nome em Guarani, dado sempre pelo Pajé.

Um universo fantástico sempre acompanhou a cultura indígena. Cada espécie animal, planta ou fenômeno da natureza originaram histórias que foram passadas de geração a geração. É claro que muitas sofreram modificações ao longo dos séculos, mas ainda revelam como os habitantes das tribos indígenas vivem e respeitam a natureza. Iara Uma bela mulher de longos cabelos negros encantava a quem a visse se banhar nos rios. Iara atraí os homens com seu canto e os fascina ao mostrar seu rosto. Alguns deles se atiram no rio sem perceber que da cintura para baixo a linda mulher tem uma enorme cauda de peixe. Segundo a lenda, poucos sobrevivem ao encontro e jamais se esquecem do rosto de Iara.

Reduzidas a menos de 1% da população brasileira, a maior parte da população indígena do Brasil vive dentro de terras indígenas, ou seja, partes do território que pertencem à União, mas são reservas para os índios. Segue o mapeamento das Aldeias Originais do Brasil: Guarani Mbya – Parelheiros – SP Terena Aquidauana – MS Xavante Barra do Garças – MT Kalapalo Alto Xingu – MT Carajá – São Félix do Araguaia - TO

ElaInE lEME

Em 1998 e 1999, os índios do Rio Silveira, gravaram um CD, “Memória Viva Guarani”. Em comemoração aos 500 anos do Brasil em conjunto com outras 03 aldeias de São Paulo.

Boto Em noites de Lua Cheia, ele se transforma em um belo rapaz. Trajado de branco e um chapéu para cobrir o orifício em sua cabeça, ele procura alguma festa para se divertir. Sempre corteja a moça mais bonita da noite e a convence a ir até a beira do rio, onde a engravida. A lenda do boto, eternizada no cinema pelo ator Carlos Alberto Riccelli, reforça uma crença dos ribeirinhos, a de que a mulher que omite a paternidade de um filho foi engravidada pelo boto. Muiraquitã A lenda conta que existia uma tribo de mulheres guerreiras, as icamiabas. Uma vez por ano elas se encontravam com os índios da tribo guacaris para uma noite de núpcias no Lago Espelho da Lua. Após os rituais, elas mergulhavam no lago e traziam um presente para seus amantes. O amuleto, em forma de sapo, protege dos males e dos perigos. Vitória-régia Jovens índias acreditavam que se tocassem a lua ou as estrelas, transformar-se-iam em uma delas. A mais nova, já frustrada por não obter êxito, decidiu sair pela floresta sozinha durante à noite. Ao chegar à beira do rio, viu a Lua no reflexo da água e pensou que ela estava se banhando no rio. Mergulhou para tocá-la, mas não sobreviveu. A própria Lua ficou com pena da jovem e transformou seu corpo na majestosa vitóriarégia, cuja flor se abre para reverenciar a senhora da noite. Fonte Revista Flash Viagem

84 Cidade&Cultura



Lendas Pontal da Cruz Por volta de 1700, uma linda moça que vivia em São Sebastião se apaixonou por um caiçara de Ilhabela. Todas as tardes, ele vinha em sua canoa, “quando o remo era bom” (ou seja, quando o mar estava manso), encontrar com a moça em um rochedo. Um dia, outro sujeito se apaixonou por ela, deixando-a dividida entre os dois. Alguém contou para o caiçara de Ilhabela que a moça estava apaixonada por outro. Desesperado, o rapaz pegou sua canoa, remou até o centro do canal e deixou-a à deriva no meio de uma tempestade para se matar. Depois de dois dias, ele foi encontrado morto no rochedo, onde namoravam. Ao receber a notícia, ela também morreu de desgosto. No Pontal, foi construída uma cruz em homenagem aos jovens e, algum tempo depois, dois abricoeiros nasceram entrelaçados representando o amor deles. Em 1992, quebraram um dos abricoeiros. E em 2004 ou 2005 plantaram uma mudinha. Dizem que o casal que come aquela fruta nunca perderá seu amor.

Mitos e fatos

inacreditáveis 86 Cidade&Cultura


Maresias Nos anos 30, conta-se que, de sete em sete anos, na praia de Maresias, aparecia a assombração do pilão. À noite, escutava-se o bater do socar de um pilão, muito forte. O povo ficava acordado com medo, esperando o pilão passar. Entre 1h e 2hs, o “bum, bum, bum” tremia tudo. O som terminava no cemitério. Passava o susto e todo mundo suava frio.

Toca do Nero Na Praia Grande, havia uma toca com um nero, peixe que amedrontava a todos pelo seu tamanho considerável. O medo não era apenas um empecilho, o peixe também estragava as linhas e as varas de pescar. Quando o mar vazava, o “monstro” saía para caçar e os pescadores aproveitavam para pescar em paz. As pessoas só começaram a frequentar o lugar depois que o nero sumiu. Essa toca existe até hoje e os únicos monstros que lá habitam são os morcegos e os ouriços do mar (chamados pelos caiçaras de pinda).

caiçara. Em locais isolados e com poucas opções de lazer, a oralidade era um recurso de aproximação social dos moradores. Por meio da arte de transmissão dessas histórias, podemos, hoje, conhecer seus hábitos e crenças.

Assombração da Figueira No caminho para as praias do norte de São Sebastião, há ainda uma figueira que nasceu no meio das pedras. Essa árvore é mal-assombrada. Nesse local havia uma fazenda que tinha muitos escravos e, ali, os pobres coitados eram açoitados e muito, mas muito maltratados. Mesmo com o fim da fazenda e da escravidão, os que passavam por lá, seja de bicicleta ou a pé, sentiam calafrios e a sensação de que alguém pulava no pescoço e apertava. Mas como o local era o único acesso para o norte, não se tinha muito o que fazer, a não ser rezar e passar por ali o mais rápido possível.

FOTOS Bera PalhOTO

A região é rica em lendas características do folclore caiçara. Apresentamos aqui alguns relatos sobre essa preciosa cultura oral do povo brasileiro. O registro dessas histórias fantásticas é de extrema importância para que não percamos a essência e o espírito

1958 – Uma reza diferente O horário oficial da missa na matriz era às 17h. Segundo as duas avós de Edivaldo, grande cooperador dessas lindas histórias aqui contadas, um dia uma mulher que sempre ia à missa mais cedo, convidou as duas para assistirem uma missa diferente. Chegando lá, a igreja estava cheia de gente de branco – “essa é a missa dos mortos... está vendo aquela ali... aquela morreu de dor de cabeça... aquela morreu de diarréia...” . O medo foi tanto que, nunca mais as duas avós se atreveram a fugir de suas rotinas.

Pedra lisa Ganhou esse apelido por representar o momento de parada de todo viajante que ia para Santa Cruz e aproveitava para descansar à sombra do abricoeiro. Era também um lugar próprio pra limpar cação. Localiza-se próxima à praia Deserta. São Sebastião 87


tatYaNa aNDraDe

não deixe de visitar

Tramas nas mãos

Bera Palhoto

Os pescadores e ouvir suas histórias

noite acolhedora

Bera Palhoto

...o centro histórico à noite, com suas ruas iluminadas e cores em uma volta ao passado

Sobre rios ...a estrada antiga, antes da Rio - Santos

88 Cidade&Cultura


Bera Palhoto

Vida contemplativa

acervo de agnello riBeiro

acervo de agnello riBeiro

...o Pontal da Cruz com vista para Ilhabela

De volta ao passado ...o acervo fotogrรกfico de Agnello Ribeiro

Ilhabela 89


BEra Palhoto

Se eu fosse você...

...bateria um papo descontraído em qualquer praça

90 Cidade&Cultura

ElainE lEmE

ElainE lEmE

... tomaria um bom banho em algum lago de cachoeira

...pescaria em um barco


bera palhoto

bera palhoto

elaine leme

...não perderia a roda de Capoeira que acontece no Centro Cultural

elaine leme

bera palhoto

...conservaria a praia limpa

...caminharia por todos os cantinhos que encontrasse

elaine leme

elaine leme

...comeria uma porção de camarão fresco

...curtiria uma sombra e água fresca

...desfrutaria da beleza do Parque Estadual da Serra do Mar

Ilhabela 91


FOTOS Bera PalhOTO

Gente da Terra

92 Cidade&Cultura


S達o Sebasti達o 93

FOTOS TATYANA ANDRADE


Data da fundação:

Temperatura:

Localização Geográfica:

Rodovias de Acesso:

16 de março de 1636

São Sebastião situa-se no Litoral Norte do Estado de São Paulo, Sudeste do Brasil.

Cidades que fazem limite com São Sebastião: Caraguatatuba Ilhabela Bertioga Salesópolis

Possui um clima adequado tropical úmido e com temperatura variável entre 18 e 31 graus C.

Rodovia Rio-Santos(BR 101 / SP 55) Rodovia Tamoios (SP 99) Rodovia Presidente Dutra (BR 116) + Tamoios + Rio-Santos Rodovia Ayrton Senna (SP 70) + Dutra + Tamoios + Rio-Santos Rodovia Ayrton Senna (SP 70) + Mogi-Bertioga + Rio-Santos

Estabelecimentos comerciais: 1807

Longitude:

Densidade demográfica (Habitantes/Km²):

45 21´ 00” W

176,75

Latitude:

mapa rota de acessos

23 21´ 20” S

Área total: 403,34 km2

Pessoas residentes: 71. 290 (Dados do IBGE 2009)

Gentílico: Sebastianense

94 Cidade&Cultura

DIVULGAÇÃO

Dados estatísticos



Mapa Turístico

mapa do Centro 01 - Centro de Informações Turísticas 02 - Igreja Matriz 03 - Correios 04 - Teatro Municipal 05 - Casa da Câmara e Cadeia 06 - Câmara Municipal 07 - Prefeitura 08 - Terminal Rodoviário 09 - Hospital (Pronto Socorro) 10 - Porto 11 - Bancos 12 - Tebar | Petrobrás 13 - Balsa (São Sebastião - Ilhabela)



Bera Palhoto

Sebastianenses

A força da natureza na alma Desde muito jovem frequento São Sebastião, mas só após fazer essa revista é que percebi o quanto as coisas passam despercebidas por nós. As pesquisas e entrevistas com os cidadãos sebastianenses me abriu um mundo novo, com uma história que tropeça sob nossos pés. São tantas as lendas e fantasias mágicas, que o olhar sobre essa terra fascina a quem se atreve mergulhar em seu passado. As belezas naturais são incontestáveis, 98 Cidade&Cultura

mas o que marca mesmo são seus personagens que, de tão interessantes, parecem inventados. Uma vida rotineira, mas com a aventura ao lado, pessoas que tem como recurso o mar. Esteja ele calmo ou bravio, enfrentam-no, desbravando o seu dia a dia. Parabéns a esse povo simples com riquezas infinitas de sabedoria e tradição. renata Weber Neiva




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