MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA #14

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MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA

www.museuoscarniemeyer.org.br

Ano 4 - Nº. 14 - Junho de 2010

Martin Chambi Mostra do artista peruano fica em exposição até 1º de agosto de 2010 Exhibition of the Peruvian artist until August, 1st 2010


expediente MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA MUSEU OSCAR NIEMEYER / THE OSCAR NIEMEYER MUSEUM Secretária Especial do Estado do Paraná / Special Secretary of the State of Paraná Maristela Quarenghi de Mello e Silva Assessoria Especial / Special Assessment Vera Regina Maciel Coimbra Assessoria Jurídica / Legal Assessment Isabel Cristina Storrer Weber Comunicação / Communication Maria Tereza Boccardi Planejamento Cultural / Cultural Planning Ariadne Giacomazzi Mattei Manzi, Marcello Kawase, Rebeca Gavião Pinheiro e Sandra Mara Fogagnoli Acervo e Conservação / Collections and Conservation Suely Deschermayer, Humberto Imbrunisio e Ricardo Freire Museologia / Museology Karina Muniz Viana e Vanderley de Almeida Ação Educativa / Educational Action Rosemeri Bittencourt Franceschi, Sirlei Espindola e Solange Rosenmann Documentação e Referência / Documentation and Reference Iolete Guibe Hansel Administração / Administration Tatiana Maciel Passos Tizzot Chefe de Segurança / Head of Security Adonis Nobor Furuushi ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO MON – MUSEU OSCAR NIEMEYER ASSOCIATION OF MON’S FRIENDS – THE OSCAR NIEMEYER MUSEUM Presidência / Chairman Cristiano A. Solis de Figueiredo Morrissy Diretoria Administrativa e Financeira / Administrative and Financial Director Elvira Wos Infraestrutura / Infrastructure Denise Caroline de Almeida COORDENAÇÃO GERAL Rebeca Gavião Pinheiro REDAÇÃO Editora-Chefe: Melissa Castellano Reportagem: Cris França, Talita Vanso, Marli Vieira, Melissa Castellano e Pulp Ideias e Conteúdo Projeto Gráfico: Celso Arimatéia Diagramação e arte: Ivan Vilhena Revisão: Ciro França e Peter Bromberg Tradução para o Inglês: Peter Bromberg Fotografia: Acervo do Museu Oscar Niemeyer, Divulgação, José Gomercindo e Marcello Kawase Produção e Edição: Projeto Comunicação -- (41) 3022-3687 www.projetocomunicacao.com Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Museu Oscar Niemeyer. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autorização. Para sugestões e críticas, escreva para nós: redacao@projetocomunicacao.com Tiragem: 20.000 exemplares Impresso em papel couché fosco LD 150 g, com verniz UV (capa) e couché fosco LD 115 g (miolo) Impressão: Maxigráfica Museu Oscar Niemeyer Rua Marechal Hermes, 999 -- Centro Cívico CEP 80530-230 -- Curitiba (PR) -- Tel.: (41) 3350-4400 / Fax: (41) 3350-4414 www.museuoscarniemeyer.org.br Imagem de capa: Niño Mendigo (Beggar), Martin Chambi

PRONAC 08-8683


editorial

Oriente-se pela arte Neste exato momento em que você lê este editorial, do outro lado do mundo acontece aquela que está sendo chamada de a maior exposição de todos os tempos. Maior em todos os sentidos, no gigantismo da estrutura criada para a realização do evento, na quantidade de países participantes e no número previsto de visitantes. Não poderia ser de outra forma, já que estamos falando da Expo 2010 de Xangai, centro financeiro da China, país que nos últimos anos vem exibindo um crescimento econômico sucessivo e sempre superior à média mundial. Esta megaexposição e seu tema “Cidade melhor, vida melhor” são abordados nesta edição, na matéria “China, o Novo Oriente”, que busca oferecer um painel sobre a atual e efervescente produção artística chinesa, e veja como os artistas da atualidade, como o mais festejado deles, Cai Guo Qiang, vêm compondo sua obra em meio a um cenário em constante mutação, onde a tradição e o futuro ora convivem, ora parecem protagonizar confrontos de proporções épicas. Da China vamos à Suiça, onde está em curso outra feira que igualmente ostenta o título de “maior do mundo”, mas desta vez especificamente nas artes: a 41ª Art Basel. Vitrine das tendências do mercado, esta feira abre espaço tanto para nomes já reconhecidos da nova geração como para artistas emergentes. Num mundo cada vez mais globalizado, os signos se confundem e se fundem aqui e ali. As molduras que ontem funcionavam como metáforas de fronteiras bem estabelecidas, hoje parecem ceder e revelar proximidades até então improváveis. Enfim, esta edição da Revista está repleta de subsídios capazes de enriquecer ainda mais a atual programação do MON, que inclui as mostras do talentoso fotógrafo peruano Martín Chambi, da pintora mexicana Cordelia Urueta, do mestre gravador paulista Marcello Grassmann, do mineiro Carlos Bracher, de Miguel Bakun e a exposição Come-in Design. Venha com a gente. Vai ser um prazer acompanhá-lo nesta verdadeira volta ao mundo por meio da arte. É só embarcar nas páginas da nossa revista. Museu Oscar Niemeyer

Let art guide you

At the very moment you are reading this, on the other side of the world the exhibition, which is being referred to as the greatest of all times is underway. Greatest in all senses, the massive groundwork to hold the event, the number of countries participating and the expected number of visitors. It couldn’t be any different seeing as we are referring to the Shanghai Expo 2010, in the heart of the Chinese financial center, in a country that over the past years has been showing continuous economic growth and always above the world average. This superb exhibition and its theme “Better City Better Life” is approached in this edition in the article “China the New Orient” where we try to show you an abstract of the present and effervescent Chinese artistic production, where you see how the artists of the present, such as Cai Guo Qiang one of the most extolled, has been composing his work in an ever changing scenario, where tradition and the future, at one moment seem to be in harmony, and at the next seem to prioritize confrontations of epic proportions. From China we move on to Switzerland, where another fair that equally holds the title of “largest in the world” is underway, this time though, specifically with art: The 41st Art Basel. A Showcase of market trends, this fair is open to the already recognized new generation artists as well as for the upcoming ones. In a world that is increasingly globalized, here and there the zodiac signs bewilder or merge. The frames that yesteryear functioned as metaphors to well established boundaries, nowadays seem to give way and reveal a closeness up to then unlikely. Therefore, this number of “MON em Revista” is filled with aids that are capable of enrichening the MON program, thereby included is the exhibit of the talented Peruvian photographer Martín Chambi, of the Mexican painter Cordelia Urueta, of the “paulista” master engraver Marcello Grasmann, Carlos Bracher from Minas Gerais, Painter Miguel Bakun and last but not least the exhibition Come-in Design. Come with us. It is going to be a real pleasure accompanying you in this effective round the world trip through art. All you have to do is embark in the pages of our magazine.

Oscar Niemeyer Museum

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Exposição reúne 25 obras assinadas por artistas que retrataram o Porto de Paranaguá

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The immortal lenses of Martín Chambi - “Martín Chambi – The Poet of Light” presents 88 photographs in black and white, produced by him between the years of 1920 to 1940.

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“Martín Chambi – O poeta da luz” apresenta 88 fotografias em preto e branco, produzidas pelo fotógrafo entre os anos 1920 e 1940

As lentes imortais de Martín Chambi

The grand lady of abstract Mexican Art - Cordelia Ureta’s painting is the theme of the exhibition “The emotion of the spirit and of the color”

A pintura de Cordelia Urueta é tema da exposição “A emoção do espírito e da cor”

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A grande dama da arte abstrata do México

Exhibition celebrates the centenary of Miguel Bakun’s birth

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Exposição comemora o centenário de nascimento de Miguel Bakun

Pure Emotion - The exhibit shows the works of “resistant painter” Carlos Bracher

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Mostra revela a obra do “resistente da pintura” Carlos Bracher

Emoção pura

When Art and Design meet - The exhibit has the intention of showing the connection between art and applied design.

Mostra propõe a conexão entre as belas-artes e o design aplicado

Quando arte e design se encontram

70 years of engravings and drawings - The Exhibition “Marcello Grassmann – Shadows and Sorceries” presents a retrospective of one of the most significant living engravers in Brazil.

Exposição “Marcello Grassmann – Sombras e Sortilégios” apresenta uma retrospectiva de um dos mais significativos gravadores vivos do Brasil

70 anos de gravuras e desenhos

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The Port in Paintings - The exhibit brings together 25 works by artists that portrayed the Port of Paranaguá

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índice

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Descubra os detalhes dos espaços expositivos do MON

Exhibition Openings — See the exhibition openings at the Museum

Confira as aberturas das exposições apresentadas no Museu

Acontece

Inside the Museum — See the details of the Museum’s exhibition areas

Por dentro do Museu

The Catalog Week - The Catalog Week closes with 12 thousand books sold

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Semana do Catálogo encerra com 12 mil livros vendidos

Semana do Catálogo

For a leisurly look - The Slow Art movement sets forth a new form of appreciating art, inviting the public to take up to 10 minutes before a work of art

Para olhar devagar

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Art, art, and more art

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O movimento Slow Art propõe uma nova maneira de apreciar a arte, convidando o público a ficar até 10 minutos em frente a uma obra

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Arte, arte e mais arte

China, the new orient - The world moves to China at Expo 2010, an event of gigantic proportions

O mundo se muda para a China na Expo 2010, um evento de proporções gigantescas

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China, o novo oriente

Art in Transit - In China or Switzerland, Paris or Istambul. Artists, movements, galleries and exhibitions that provide a vanguardist panorama in the world of art

Na China ou na Suíça, Paris ou Istambul. Artistas, movimentos, galerias e exposições que dão um panorama da vanguarda no mundo das artes

Arte em trânsito

índice 70

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gravura

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anos de

gravuras e desenhos Exposição “Marcello Grassmann – Sombras e Sortilégios” apresenta uma retrospectiva de um dos mais significativos gravadores vivos do Brasil O ano era 1925. Na pequena São Simão, no interior paulista, encravada entre morros e com belas paisagens naturais, nascia Marcello Grassmann, um dos grandes mestres da gravura brasileira. Inicialmente, Grassmann pensou em seguir pelo caminho da escultura e teve, em São Paulo, sua formação no Instituto Profissional Masculino (Escola Técnica Getúlio Vargas). Mas, entre 1949 e 1950, já no Rio de Janeiro, aconselhado por Oswaldo Goeldi, cursou gravura em metal, com o Prof. Henrique Oswald, no Liceu de Artes e Ofícios e estudou litografia com Poty Lazarotto. Em 1953, em Salvador, trabalhou no ateliê de Mário Cravo Júnior e,

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gravura

com o prêmio de Viagem ao Exterior, ganho no “I Salão Nacional de Arte Moderna”, do Rio de Janeiro, viajou para a Áustria onde aprofundou suas pesquisas em litografia na Academia de Artes Aplicadas e frequentou o Gabinete de Estampas, da Academia Albertina, um dos mais importantes acervos de gravuras do mundo. Foi lá que conheceu a obra de Alfred Kubin, que muito influenciou Grassmann. A partir de todas essas relações, consolidou sua carreira como gravador e desenhista. “Grassmann é um artista fundamental, na linha dos antigos mestres. É um dos mais significativos gravadores vivos do Brasil, que influencia gerações de artistas. Tem um conhecimento imenso da técnica da gravação e um talento único. É grande como Oswaldo Goeldi e Lívio Abramo. A escola de gravura do Brasil é muito importante, já deu ao universo da arte muitos nomes ilustres. Grassmann está entre seus grandes mestres”, atesta o curador da mostra, Antonio Carlos Abdalla. A exposição, de caráter retrospectivo, apresenta 420 obras entre xilogravuras, litografias, gravuras em metal e desenhos. Trata-se de uma mostra antológica dividida em quatro módulos: o desenho - base de todo o trabalho; a xilogravura; a litografia e a gravura em metal, técnicas de gravação desenvolvidas até hoje pelo artista. “Trabalhei por mais de um ano na seleção. O ‘núcleo central’ surgiu a partir da reedição de toda a obra de

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70 years of engravings and drawings

The Exhibition “Marcello Grassmann – Shadows and Sorceries” presents a retrospective of one of the most significant living engravers in Brazil. The year, 1925. In the small São Simão, in upstate São Paulo, set between hills and beautiful natural landscapes, Marcello Grassmann is born, one of the great masters of Brazilian engraving. At the beginning, Grassmann thought he would follow the steps in sculpturing, and had his education at the Instituto Profissional Masculino (The Getulio Vargas Technical School), in São Paulo. However, between 1949 and 1959, already in Rio de Janeiro and advised by Oswaldo Goeldi, he learned metal engraving with Professor Henrique Oswald at the Liceu de Artes e Ofícios, and studied lithography with Poty Lazarotto. In 1953, in Salvador, he worked at Mario Cravo Junior’s studio and, with the prize of a Trip Abroad, awarded at the “I Salão Nacional de Arte Moderna”, in Rio de Janeiro, traveled to Austria where he deepened his research in lithography at the Academy of Applied Art. There he frequented the Printing Chambers of the Albertina Academy, one of the most important collections of engravings in the world. It was there that he would get to know the works of Alfred Kubin, which greatly influenced him. As of all these relationships, he consolidated his career as an engraver and designer. “Along the lines of the old masters, Grassmann is an elementary artist. He is one of the most significant engravers alive in Brazil today, and has influenced generations of artists. He possesses a unique talent and an outstanding knowledge of the engraving technique. He is as great as Oswaldo Goeldi and Lívio Abramo. The engraving school in Brazil is very important, and it has already provided many illustrious names to the universe of art. Grassmann is amongst its greatest masters”, warrants the exhibit curator, Antonio Carlos Abdalla. The exhibition, of a retrospective nature, shows 420 works, comprehending xylographs, lithographs, metal engravings and drawings. It is an anthological exhibit, divided into four modules: drawings – the basis for all the works; xylographs; lithographs and metal engraving, engraving techniques which are cultivated by the artist up to this day. “I have worked for over a year in the selection. The ‘core’ emerged from the reissue of all the metal engraving works (circa 230 representations), between 2008 and 2009. The initiative and sponsorship came from a São Paulo collector, a man with culture and initiative, who had this unique idea of a Paulo Grassmann retrospective in this technique, a privilege to all of us. As of this album, I assembled another three techniques that are fundamental in showing Marcello Grassmann’s course, a coherent artist, with cultural references and who is always on the look out for the best image”, the curator explains. In seven decades of inspiration, Grassmann has participated in more than 450 exhibitions in Brazil and abroad. Amongst the countless and important prizes received, noteworthy are Best National Engraver (III São Paulo Biennale, 1955); The Sacred Art Prize (Engraver) (XXXI Venice Biennale, 1958); Gold Medal (III Florence International Biennale of Graphic Art, 1972); Best National Drawer (V São Paulo Biennale, 1959; and Best Drawer (I Paris Youth Bienalle, 1959).

SERVIÇO O quê: “Marcello Grassmann – Sombras e Sortilégios” Quando: até 29 de agosto Onde: salas Tarsila do Amaral e Guignard De terça a domingo, das 10h às 18h Informações: (41) 3350-4400 What: “Marcelo Grassmann – Shadows and Sorceries” When: up to the 29th of August Where: Tarsila do Amaral and Guignard Rooms From Tuesday to Sunday, from 10 AM to 06 PM Information: (41) 3350-4400 Patrocínio/Sponsorship

Apoio/Support

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gravuras em metal (cerca de 230 imagens), entre 2008 e 2009. A iniciativa e o patrocínio foram de um colecionador paulistano, um homem de cultura e iniciativa, que teve essa ideia única, que privilegia a todos nós com uma retrospectiva do Grassmann nessa técnica. A partir desse álbum reuni as outras três técnicas que são fundamentais para mostrar o percurso de Marcello Grassmann, artista coerente, com referências culturais e que sempre procura pela melhor imagem”, explica o curador. Em sete décadas de inspiração, Grassmann participou de mais de 450 exposições no Brasil e no exterior. Entre os inúmeros e importantes prêmios recebidos, destaque para o de Melhor Gravador Nacional (III Bienal de São Paulo, 1955); Prêmio Arte Sacra (Gravador) (XXXI Bienal de Veneza, 1958); Medalha de Ouro (III Bienal Internacional de Arte Gráfica de Florença, 1972); Melhor Desenhista Nacional (V Bienal de São Paulo, 1959); e Melhor Desenhista (I Bienal Jovem de Paris, 1959).


design

Quand Mostra prop천e a conex찾o entre as belas-artes e o design aplicado

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o arte por Marli Vieira

e design se

encontram

Uma peça de design pode ser considerada uma obra de arte? Uma criação artística, um objeto de design? Investigar a relação entre esses dois campos criativos e, ao mesmo tempo, abrir um diálogo sobre as prováveis reaproximações e claras distinções entre eles é a proposta da exposição “Come-In: Design de Interiores como Arte Contemporânea na Alemanha”. Com a curadoria de Volker Albus e Renate Goldman, a exposição reúne trabalhos de 25 artistas representantes de diferentes vertentes artísticas alemãs. São peças de design, móveis, objetos individuais e esculturas que combinam elementos artísticos com a aplicabilidade dos móveis e objetos de interiores. O acervo se completa com vídeos, instalações, inserções e um catálogo. “O catálogo se integra à coleção porque é por si próprio uma obra de arte”, comenta a curadora Renate Goldmann. Rico em imagens

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Dorothoe Golz, “Recepção”, 1998/2001


design

e em informações, a publicação traz referências sobre as peças em exibição, algumas produzidas especialmente para a Come-in, e também um detalhado material das instalações individuais de todos os artistas da mostra, um trabalho de cooperação entre o Institut für Auslandsbeziehungen, detentor das obras, e o Goethe Institut de Curitiba. A coleção se completa com peças de dois artistas contemporâneos nacionais. “Nas turnês internacionais convidamos artistas do país anfitrião para integraram a exposição”, revela Renate Goldmann. Os representantes brasileiros escolhidos são José Rufino e João Osório Brzezinski, que na avaliação dos organizadores possuem criações artísticas que encontram alguns paralelos com a proposta da exposição. As obras da mostra foram divididas em dois tipos de objetos: aqueles que tratam do fenômeno da memória pessoal e coletiva na tradição da escultura e/ou da arte de instalação e aqueles que assumem uma “forma” definitiva apenas por meio de seu funcionamento comunicativo, ou seja, de seu uso prático. A finalidade é explorar as características, as possibilidades de visualizar e as considerações por trás da mobília, objetos e mobiliário interior que - arrumados de forma sutil - primeiro dão a impressão de possuir uma identidade “óbvia” como “mobília”, “luminária” ou “interior”, mas ganham outra conotação quando, sob um olhar mais atento, são identificadas linguagens e formas artísticas, muitas das quais formando elos entre aspectos da história contemporânea e a biografia do próprio artista e sua estética crítica.

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Chaiselongue I (Maar), 2000

A cultura alemã após o Muro de Berlim A mostra Come-in tem como pano de fundo um conceito artístico surgido na Alemanha no início da década de 90. As obras são permeadas de elementos que refletem o turbilhão cultural que se seguiu à queda do Muro de Berlim, um marco da Guerra Fria e que por quase 30 anos dividiu o país em dois lados, o ocidental e o oriental. Finalmente livre, o povo alemão ansiava por absorver tudo a que foi privado por tantos anos. Ávidos pelo novo e com a necessidade urgente de pôr em prática a liberdade criativa que tanto lhes foi proibida, a comunidade artística passou a experimentar técnicas e materiais e a fazer incursões pelas diversas posições artísticas da época, buscando redescobrir a sua própria arte. A curadora Renate Goldmann conta que uma nova geração de artistas surgiu a partir desses acontecimentos. “Surgiu um novo conceito baseado na proposta de que a arte não deve ser criada apenas para ser olhada e exibida, mas sim para ser integrada ao ambiente. A mostra Come-in é uma forma da Alemanha mostrar essa expressão cultural”, diz Renate. A obra Hermann’s Döner Inn, de Claus Föttinger, é um exemplo típico de produção artística fortemente influenciada pelo choque de culturas ocorrido na Alemanha na década de noventa. O autor uniu o modernismo ocidental, a diversidade cultural e o povo alemão ao fundir uma lanchonete McDonald’s, uma de casa de especialidades árabes e um típico “Tresen” (balcão de bar) germânico. A obra é uma escultura social: enquanto o espectador está sentado no bar, pode reviver a experiência do artista durante as filmagens dos 265 cafés que aparecem nos vídeos e fotos. É uma peça de arte e ao mesmo tempo um mobiliário porque possui utilidade. Para mostrar isso ao público, em ocasiões especiais, os organizadores usam a peça-arte como uma peça-design. Um desses momentos foi a abertura da mostra em Curitiba, em que a obra foi usada como mobiliário no coquetel oferecido aos visitantes. Outro artista alemão que reflete bem o movimento artístico proposto pela mostra Come-in é Gregor Schneider, criador da emblemática obra Casa morta (Casa da morte ur 1985-1998). O artista começou o seu projeto aos 16 anos (Gregor nasceu em 1969 em Rheydt, subúrbio industrial de Hamburgo, na Alemanha), quando ganhou de presente a casa dos seus pais. Ao longo dos anos, o artista fez diversas “adaptações” em sua casa-projeto-arte, criando novas peças, isolando quartos, duplicando espaços, fechando janelas e reproduzindo outras


Claus Fottinger, “Herman’s Doner Inn, 2000

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design

janelas artificiais entre um ambiente e outro, criando um labirinto que se intitula “Haus u r” e que quando extraída cirurgicamente para fora de Rheydt, intitula-se “Totes Haus u r” (Casa Morta u r). O projeto conferiu a Gregor Schneider uma maior projeção internacional, rendendo inclusive a conquista do Leão de Ouro como melhor representação nacional na 49.ª Bienal de Veneza, em 2001. As alterações e adaptações no interior de sua casa em Rheydt foram gravadas pelo autor em fotos e vídeo. No material que integra a coleção da mostra Come-in, fica clara a percepção de que a obra é indissociável do seu autor e que o espaço íntimo, a arquitetura, é uma extensão do humano. “A ideia é que tudo é arte, porém, uma arte que está integrada ao cotidiano e reflete o universo interior do seu criador”, diz Renate Goldmann. A obra de Claus Föttinger e Gregor Schneider, assim como todas as outras que integram a mostra Come-in, revelam uma

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busca desafiadora pelas diferentes características e formas de visualizar objetos e mobiliários de interior, sugerindo novas percepções à função aparente da peça. A intenção é mostrar que dentro do discurso artístico moderno, termos como “mobiliário” ou “mobília” ganharam um significado mais amplo e objetos de “mobília” e interiores ganharam elementos artísticos, sem que perdessem a sua aparência de “móvel”, “luminária” ou “interior”. Por esses motivos, o que chama mais a atenção na exposição é o constante questionamento sobre o que (ainda) é design e o que (já) é arte. “A originalidade com o que o tema é tratado, a ousadia das ideias e as provocações em relação ao grande interesse que existe pela atmosfera íntima e como esta atmosfera privada evidencia a posição social, estética ou política, são pontos marcantes da exposição”, afirma Claudia Roemmel, diretora do Goethe Institut de Curitiba.

Tobias Rehb, “ Cochonilha”, 2000


The exhibit has the intention of showing the connection between art and applied design. 
 
 Can a design piece be considered a work of art? An artistic creation, a design object? To investigate the relationship between these two creative segments and, at the same time, initiate a dialogue as to the probable reuniting and clear distinctions between them, is the main point of the exhibition ‘Come-In: Interior Designing as Contemporary Art in Germany’. With curators Volker Albus and Renate Goldman, the exhibition brings together the works of 25 artists who represent different German artistic tendencies. The works are design pieces, furniture, personal objects and sculptures that combine artistic elements with the functionality of furniture and interior objects. The collection is completed with videos, installations, insertions and a catalog. “The catalog integrates the collection because it is, in itself, a work of art”, comments curator Renate Goldmann. Rich in images and information, the publication has references to the pieces being exhibited, some of them specially produced for ‘Come-in’. There is also detailed material from the individual installations of all the exhibiting artists, a cooperative work between the Institut für Auslandsbeziehungen, owner of the works, and the Curitiba Goethe Institut. Pieces of two native contemporary artists completed the collection. “In our international tour, we invite the artists from the hosting country to take part in the exhibition”, Renate Goldmann reveals. The chosen Brazilian representatives are José Rufino and João Osório Brzezinski, who according to the evaluation by the organizers have artistic creations that follow the lines of the exhibition proposal. The works of the exhibit were divided into two types of objects: those that deal with the phenomenon of personal and collective memory in the tradition of sculpture and/or installation art, and those that take on a definite “form” only through their communicative functions, in other words, of their practical use. The idea is to explore the characteristics, the possibility of visualizing and the considerations behind the furniture, objects and interior furniture that - subtly arranged – on a first impression seem to possess an “obvious” identity as “furniture”, a “lamp” or “interior”, but, under closer scrutiny, gain another connotation when different languages and artistic forms are identified, many of which forming links between certain aspects of contemporary history and the artist’s biography and his critical aesthetic. German culture after the Berlin Wall - The background of the “Come-in” exhibit is an artistic concept that emerged in Germany at the beginning of the nineties. The works are permeated with elements that reflect the cultural whirlwind that followed the Fall of the Berlin Wall, a mark of the Cold War that, for practically 30 years, divided the country into two sides, the eastern and the western blocks. Finally liberated, the German people were anxious to absorb everything of which they were deprived of for so many years. Avid for the new, and urgently needing to express the creative liberty for so long forbidden, the artistic community went on to experiment on techniques and materials, and to make incursions into the different artistic trends of the period, in an effort to rediscover its own art. Curator Renate Goldmann tells us that the new generations of artists are a result of those happenings. “A new concept was created based on the proposal that art should not only be developed to be looked at and exhibited, but to be integrated into the environment. The exhibit ‘Come-in’ is a form by which Germany shows this cultural expression”, Renate says. The work Hermann’s Döner Inn, by Claus Föttinger, is a typical example of an artistic production strongly influenced by the cultural clash that took place in Germany during the nineties. The author united occidental modernism, cultural diversity and the German people when he interlinked a McDonald’s to a place with Arab specialties and a typical Germanic “Tresen” (a bar counter). The work is a cultural sculpture: while the spectator sits at the bar, he can relive the artist’s experience during the filming of the 265 cafes that appear in the videos and photos. It is, at the same time, an art piece and furniture because of its usefulness. To demonstrate this to the public, on special occasions the organizers use the art piece as a design piece. One of these occasions was at the opening of the exhibition in Curitiba, in which the work was used as furniture during the cocktail offered to the visitors.

Another German artist who well reflects the artistic movement proposed by the “Come-in” exhibit is Gregor Schneider, creator of the emblematic work Dead House (The Dead House ur 1985-1998). The artist initiated his project at the age of 16 (Gregor was born in 1969, in Rheydt, the industrial suburb in Hamburg, Germany), when he received his parents’ house as a gift. Over the years, the artist made various “adaptations” in his art-project-house, developing new pieces, isolating bedrooms, duplicating areas, closing windows and reproducing other artificial windows between one room and the other, creating a labyrinth called ‘Haus u r’, and when surgically removed from Rheydt, is called “Totes Haus u r” (Dead House u r). The project brought with it international projection for Georg Schneider, including the Golden Lion award as the best national representation at the 49th Venice Biennial, in 2001. The alterations and adaptations to his house in Rheydt were recorded by the author in photos and video. In the material that integrates the collection of the “Come-in” exhibition, it becomes clear that the work cannot be dissociated from its author, and that the intimate space, the architecture, is an extension of the human being. “The idea is that everything is art, however, an art that is integrated to everyday life and reflects the creator ´s interior universe”, Renate Goldmann points out. Claus Föttinger’s and Gregor Schneider’s work, in the same fashion of all the others that are part of the “Come-in” exhibit, reveal a defiant search for different characteristics and forms of visualizing objects and interior furniture, suggesting new perceptions of the piece’s apparent function. The intention is to show, in the modern artistic manner of speech, terms such as “furniture” gained an ampler meaning, and objects of “furniture” and interior spaces gained artistic elements, without loosing their appearance of a “piece of furniture”, “standard lamp” or “interior”. Due to all those reasons, what calls most attention in the exhibition is the constant questioning as to what (still) is design and what (already) is art. “The original form by which the matter is treated, the daring ideas and the provocation in relation to the unusual interest that exists towards the intimate atmosphere, and how this private atmosphere evidences the social, aesthetic or political position, is the outstanding point of the exhibition”, says Claudia Roemmel, director of the Curitiba branch of the Goethe Institut.

Serviço: O quê: Come-In: Design de Interiores como Arte Contemporânea na Alemanha Quando: até 22 de agosto Onde: salas Gouguin e Rembrandt Curadoria: Volker Albus e Renate Goldman De terça a domingo, das 10h às 18h Informações: (41) 3350-4400 What: “Come-in”: Interior Design as contemporary art in Germany. When: up to 22nd of August Where: Gaugin and Rembrandt Rooms Curators: Volker Albus and Renate Goldman From Tuesday through Sunday, from 10 AM to 6 PM Information: (41) 3350-4400

Patrocínio/Sponsorship

Apoio/Partnership

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When Art and Design meet


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por Talita Vanso

pura

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“Região de La Crau”, 1990


Mostra revela a obra do “resistente da pintura” Carlos Bracher

“Minha pintura não é para decorar e, sim, expressar. Expressar sentimentos humanos complexos, alegrias, tristezas. Para criar, parto de uma certa realidade concreta, mas a deformo, dilacero”. A frase do artista mineiro Carlos Bracher explica a profundidade de suas obras. Em quase 60 anos dedicados à arte, sua vasta obra já ultrapassa mais de 10 mil quadros. Nascido em Juiz de Fora, em 1940, Bracher iniciou aos 15 anos de idade sua dedicação à pintura. Desde o primeiro quadro, a técnica utilizada é o óleo sobre tela. A música e as artes plásticas sempre fizeram parte de sua família, vinda da Suíça. A pintura, então, surgiu naturalmente na vida desse artista que nunca teve um professor. “Minha formação foi completamente de autodidata”, afirma o artista que tem suas raízes em Curitiba, já que seus bisavós paternos, quando partiram da Suíça, estabeleceram-se na capital paranaense, em 1880. Mesmo como autodidata, Bracher teve alguns mentores. O primeiro foi o tio Frederico Bracher Júnior, pintor acadêmico. Seu irmão Décio, que estudou pintura com o tio Frederico, foi outro responsável pelo despertar artístico do jovem Carlos. “Meu irmão me passou o amor artístico. Também nesse processo, tenho que enaltecer o trabalho de minha irmã Nívea. Começamos juntos a pintar, na mesma hora, no mesmo momento. Pintávamos os mesmos temas. As telas de Nívea eram maravilhosas, as minhas eram

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pintura

“Congresso Nacional”, 2006

fracas, mas existia a vontade de fazer arte. Nívea também foi sendo minha guru. Mirava-me muito nela. Isso aconteceu durante uns 10 anos”, relata o artista. Sua primeira exposição foi realizada em 31 de maio de 1957. Dez anos depois, em 1967, Bracher conquistou a láurea máxima do Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, o Prêmio de Viagem ao Exterior. Com a premiação, foi residir na Europa e lá viveu dois anos com a esposa Fani. O casal retornou ao Brasil no carnaval de 1971. Há 39 anos vivem em Ouro Preto. Foi também na cidade mineira que nasceram as duas filhas do pintor, Blima e Larissa.

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“Sem dúvida, Ouro Preto é uma cidade que possui um clima muito próprio, uma atmosfera introspectiva que favorece a contemplação e a criação. Assim, inspirou Bracher, que sempre foi um artista fulltime, um romântico, que entende a arte como uma missão”, observa Olívio Tavares de Araújo, curador da exposição “Um Resistente da Pintura”, em cartaz no MON de 12 de junho a 26 de setembro. São 70 obras do período de 1960 a 2009 com paisagens, retratos, flores, marinhas, siderurgia, a série Brasília, e ainda uma homenagem a Van Gogh, produzida em 1990, no centenário de morte do pintor. “Há mais de trinta anos escrevi que Carlos Bracher era um ‘resistente da pintura’. Naquele tempo, a pintura propriamente dita


Não é sem motivo que ele escolheu morar na cidade barroca que é Ouro Preto. Pode-se dizer que, no fundo, Carlos Bracher é um artista inteiramente romântico, o romântico possível, em pleno século 21”. Bracher define sua obra como uma impulsão expressionista, sem restrições, e muitas vezes caótica. “Minha arte é pura emoção. Vem diretamente do coração”, explica o pintor que afirma que a arte é uma coisa do espírito, não da matéria. Para ele, a exposição no MON é uma honra. “A seleção foi perfeita. Me enobrece este convite do Museu Oscar Niemeyer para fazer uma exposição na terra dos meus antepassados”, atesta o artista, que já teve suas obras expostas na França, Holanda, Inglaterra, China, Japão, Colômbia, Itália, Rússia, Alemanha, entre outros países.

“Grande Ouro Preto”, 1987

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(isso de querer-se exprimir por meio de tintas, telas, cores e pincéis) estava em desprestígio, todo mundo só queria saber de novas técnicas, novos suportes, novas mídias, como se chamam hoje. Bracher não ouviu o canto de sereia de nenhuma dessas tendências vanguardistas e ficou, decididamente, amarrado ao meio em que aprendeu a se expressar. Como tudo é cíclico, em arte, atualmente, a pintura readquiriu prestígio. Bracher atravessou com bravura os anos adversos”, observa Olívio Tavares, também curador, em 1989, de uma retrospectiva das obras de Bracher que esteve presente nos principais museus do país. O curador destaca como as principais características das obras de Bracher , além da fidelidade à pintura, “a voluntária expressividade de sua linguagem, dramática, enfática, barroca.


pintura

Pure Emotion

The exhibit shows the works of “resistant painter” Carlos Bracher “My painting is not to decorate, but to express. Express complex human feelings, happiness, and sadness. To create, I begin from a certain concrete reality, however, I deform and dilacerate it”. The phrase by the Minas Gerais artist explains the depth of his works. During practically 60 years dedicated to art, his vast work has already surpassed 10 thousand paintings. Born in Juiz de Fora in 1940, Bracher initiated his devotion to art at the age of 15. From the very first painting, the technique used was oil on canvas. Music and plastic arts have always been partaken by his family, whose origins were in Switzerland. Painting, therefore, was a natural in this artist’s life, who never had a teacher. “I’m a complete autodidactic”, said the artist, who has his roots in Curitiba, due to the fact that his greatgrandparents settled in the capital of Paraná after leaving Switzerland, in 1880. Despite being self-taught, Bracher had a few mentors. The first was his uncle Frederico Bracher Junior, an academic painter. His brother Décio, who studied painting with uncle Frederico, was another one responsible for young Carlos’s artistic awakening. “My brother fed me the love for art. Also during this process, I must praise my sister Nivea’s work. We began painting together, at the same time and at the same moment. We painted the same themes. Nivea’s paintings were marvelous, mine were feeble, but the desire for art was there. Nivea was also being my guru. I mirrored her a lot. This took place for about 10 years”, the artist declares. His first exhibition took place on the 31st of May, 1957. Ten years later, in 1967, Bracher won the top laurel at the National Rio de Janeiro Salão de Belas Artes, the Trip Abroad Prize. Because of the prize, he went to live in Europe, where he stayed for two years with his wife Fani. The couple came back to Brazil during Carnival, in 1971. They have been living in Ouro Preto for 39 years. It was also in this Minas Gerais city that the painter’s two daughters, Blima and Larissa, were born. “Undoubtedly, Ouro Preto is a city that has a very unique ambience, an introspective atmosphere that favors contemplation and creation. Thus, Bracher ,who was always a full time artist, was dully inspired; a romantic, who understands art as a mission”, states Olívio Tavares de Araújo, curator of the exhibition “A Resistant Painter”, to be shown at the MON from the 12th of June to the 26th of September. There are 70 works covering the period from 1960 to 2009, with landscapes, portraits, flowers, marine and the steel industry paintings, the Brasília series, and additionally, a homage to Van Gogh, produced in 1990 on the occasion of the painter’s death centenary. Over thirty years ago I wrote that Carlos Bracher was a resistant painter. At the time, painting in itself (meaning the desire to express oneself through paints, canvasses, colours and brushes) was without prestige, everyone wanted to know only about new techniques, new support, new media, as we refer to them nowadays. However, Bracher did not listen to the ‘song of the mermaid’ in relation to any of these vanguardist tendencies and decidedly remained tied to the means in which he learned to express himself. As everything comes in cycles, in art, presently, painting has reacquired its prestige. Bracher bravely went through the years of adversity, remarks Tavares, also a curator of a retrospective of Bracher’s works, shown in the country’s main museums in 1989. The curator points out to the main characteristics of Bracher’s works, apart from fidelity to painting, “the voluntary expressiveness of his language - dramatic, emphatic, and baroque. Not without reason did he choose to live in the baroque city of Ouro Preto. One might say that, deep inside, Carlos Bracher is an entirely romantic artist, a feasible romantic, right in the midst of the 21st Century. Bracher defines his work as being an expressionist impulsion, without restrictions, and very often chaotic. “My art is pure emotion; it comes straight from the heart”, says the painter who confirms that art is something spiritual and not material. To him, the exhibition at the MON is an honor. “The choice was perfect. This invitation from the Oscar Niemeyer Museum, to undertake an exhibition in the land of my forefathers is ennobling”, says the artist, who has had his works exhibited in France, Holland, England, China, Japan, Colombia, Italy, Russia and Germany, amongst others.

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“Jardim do Hospital, Saint-Rémy”, 1990

SERVIÇO O que: “Um Resistente da Pintura” Quando: de 12 de junho a 26 de setembro Onde: sala Pancetti De terça a domingo, das 10h às 18h Informações: (41) 3350-4400 What: “A Resistant Painter” When: from the 12th of June to the 26th of September Where: Pancetti Room From Tuesday through Sunday, from 10 AM to 6 PM Information: (41) 3350-4400

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centenário

Miguel

Bakun por C. França

É razoável afirmar que foi Pancetti – o genial marinhista brasileiro - quem inoculou Miguel Bakun com o vírus incurável da pintura. Bakun conheceu o então cabo Pancetti em 1928, na Escola de Grumetes do Rio de Janeiro, para onde fora transferido vindo da Escola de Aprendizes da Marinha, de Paranaguá. Pancetti, ainda desconhecido, viu algum talento nos rabiscos que o aprendiz de marinheiro fazia, e incentivou-o a desenhar e a pintar. Porém, seu convívio com Pancetti cessaria quando - ao despencar do mastro do navio durante um exercício naval - Bakun ficou incapacitado para a dura lida no mar e retornou ao Paraná.

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“Marinha”, s/d, óleo sobre tela, coleção Fernando Veloso

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centenário

Em Curitiba tornou-se lambe-lambe, ocupação que logo abandonaria para viver exclusivamente da sua pintura. Logo aproximou-se de Guido Viaro e foi incentivado pelo mestre. Viaro pintou um retrato de Bakun - que hoje integra o acervo do Clube Concórdia - que diz mais dele do que poderia dizer um acurado laudo psicológico. Menino, Bakun foi também aprendiz de alfaiate em Mallet, cidade em que nasceu. Com essa escolha pela arte, perdemos um provável oficial alfaiate, um destemido nauta e um dedicado lambe-lambe, profissões que o artista descartou ao abraçar definitivamente o duríssimo ofício de pintor independente. E que surpreendente pintor ganhamos ... Quem já visitou o castelinho do Batel – mansão que pertenceu ao governador Moisés Lupion - e subiu as escadas e viu o teto do sótão e suas paredes laterais revestidos de cima a baixo por muitas dezenas de óleos sobre compensado, pôde sentir a compulsão de Miguel Bakun pelas tintas. Não se deve procurar organização nessa “capela Sistina” bakuniana...Ali uma popa de navio ladeia uma paisagem campestre e um capão de pinheiros encosta-se a uma marinha com gaivotas... Há uma desordem na montagem do conjunto dos quadros, assim como há

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uma desordem que surpreende e impressiona em cada tela desse artista emotivo. No ambiente do sótão sente-se o esvoaçar do daemon que habitava o inconsciente do pintor e que o conduziu enquanto viveu. Permanece obscuro o motivo que teria levado Bakun a pintar o sótão do castelinho. Comenta-se, todavia, que foi acolhido por Moisés Lupion em sua casa, onde teria morado durante algum tempo, entrando e saindo discretamente, longe dos olhos dos donos da casa. Acolheram-no também, num atelier no centro da cidade, Previdi, Loio Pérsio, Marcel Leite, Alcy Xavier e outros pintores de tendência moderna. O choque de cultura entre Bakun e esse grupo politizado o angustiava, e o conflito deve ter sido tão grande quanto imensa era a sua vontade de aprender. Mas a ele só interessava pintar. O convívio com esses artistas não tirou dele a condição de pintor impulsivo e independente, mais tarde reconhecido como moderno e “inserido no contexto da arte moderna brasileira”, no dizer de Eliane


“Sem título”, 1947, óleo sobre tela, coleção Júlio Burko

tela, o desequilíbrio das cores e outros pré-requisitos para a construção comportada de uma tela vendável na Curitiba da época. Mas isso tudo, no dizer de Sérgio Milliet, não diminuía as qualidades do eslavo: “...o entusiasmo do pintor, sua participação intensa na obra tornam, entretanto, simpáticos os seus próprios defeitos”. Milliet notou em seus comentários, que Bakun mostrava um espírito van-goghiano, tanto com relação à sua pintura quanto por seu temperamento depressivo.

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Prolik e Ronaldo Brito, responsáveis pela curadoria da mostra da obra de Bakun. Andarilho, quando não era visto entre pintores podia ser encontrado com seu carrinho de mão (onde carregava a sua tralha) lá para os lados do tanque do Bacacheri, em busca de uma paisagem que pudesse reproduzir com sua paleta invariável. Em toda a pintura de Miguel Bakun percebe-se a falta de perspectiva, a falta de preparo da


centenário “Polaquinha”, 1954, óleo sobre tela, coleção particular

Bakun teve, ainda, uma fase mística, quando passou a introduzir em seus quadros figuras estranhas, tais como um rosto deformado destacando-se no rolo de fumaça de um vapor, etc. Tal curiosidade também pode ser notada na obra do pintor Oswaldo Lopes, que foi professor da EMBAP. Ao comentar o prêmio em dinheiro recebido por Bakun no IV Salão Paranaense, em 1947, Nelson Luz, depois de honrar-lhe a premiação, diz: ... continua aquele grande individualista sem conselho de quem se socorra, com o mesmo colorido, às vezes chocante, o desenho titubeante a construção personalíssima, prendendo-se pelos galhos, mas querendo se lançar ao sonho, à aventura, ao pesadelo, ao símbolo hermético que domina todos os trabalhos ... É interessante perceber que dos dezessete salões paranaenses dos quais participou, Bakun foi premiado em oito deles. No XVIII Salão PBA, todavia, quase ficou de fora, ao lado de Garfunkel e outros, julgados como “superados”. Salvou-os a intervenção sempre ponderada de Ennio Marques Ferreira, então diretor do Departamento de Cultura da Secretaria de Educação do Paraná, e o mais importante organizador cultural do Estado, admirador de Bakun, cujas telas adquiria para ajudá-lo. Irritado, Garfunkel publicou um artigo entitulado “Piedade para os jovens artistas” e uma carta aberta a Miguel Bakun. Retirou seu quadro do Salão e levou-o para a Biblioteca Pública, onde fazia uma exposição individual. Eis a carta: Neste XVIII Salão Paranaense, aliás, neste primeiro Salão Pa-

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ranaense de Arte Decorativa, que ficará famoso nos anais da vida cultural de Curitiba pela mediocridade, pela indigência dos trabalhos expostos, singularmente no que diz respeito à seção de pintura. Você, Bakun, e eu tivemos a honra de ver nossos quadros jogados às urtigas pelo eminente júri de seleção (?). É bem verdade que nosso amigo Ennio, um tanto chocado com o tratamento dispensado a velhos pintores “chevronnés”, lançou mão de um artigo do novo regulamento, para nos poupar a humilhação de sermos integralmente recusados, e mandou admitir, contra a opinião dos juizes, um trabalho de cada um de nós. Por uma coincidência que até lá tinha deplorado, mas que veio a ser feliz, estava eu com a minha exposição individual instalada na Biblioteca. Achei mais decente não continuar a impor ao Salão o vexame da presença de uma tela praticamente cortada pelo preclaro júri, e, de acordo com o Departamento de Cultura, recolhi o meu quadro no seio dos seus irmãos. Você, porém, não tinha esse recurso e seu trabalho, amigo Bakun, continua empanando o brilho dum conjunto notável, tão bem e tão cuidadosamente selecionado. Permita-me oferecer-te a hospitalidade para o teu quadro, que julgo excelente, na sala onde estou expondo uma pintura evidentemente “superada”. Creio que se sentirá mais à vontade nesta atmosfera de arte antiquada. Mas, entre nós, posso te dizer que, enquanto os artesãos da arte (?) moderna terão, quase todos, caido num merecido esquecimento, teu nome ficará na história da arte paranaense, o nome de um dos poucos artistas verdadeiros da província do Paraná, pintor honesto e sincero, que sempre pintou com todo o seu coração, dando tudo de si à sua arte sem ajoelhar-se aos pés dos Deuses Passageiros.


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centenário “Autorretrato”, década de 1940, óleo sobre tela, coleção Deleuze Cherubim

Na carta Garfunkel foi oracular. Muitos pintores tidos então como modernos caíram em “merecido esquecimento”, enquanto Bakun permanecerá eterno no cenário artístico paranaense e brasileiro, com sua pintura emocionante, honesta e livre de influências. Ademais, poucos artistas mereceram como ele, dois livros, dezenas de artigos críticos, e um filme sobre a sua vida e obra. A exposição que ora se realiza no MON é mais um merecido reconhecimento do valor de Miguel Bakun, e uma especial oportunidade para que sejam apreciadas obras de colecionadores nunca antes expostas. No XIX Salão Paranaense de Belas Artes – ocorrido de 19 de dezembro de 1962 a 30 de janeiro de 1963 – Bakun foi premiado por uma paisagem de 60 x 45 cm. O prêmio : uma caixa de pintura. Torturado e deprimido por ter ouvido dizer que o prêmio lhe fora atribuído para que aprendesse a pintar, enforcou-se em seu ateliê em fevereiro de 1963. No XX Salão, Bakun foi homenageado com uma sala especial que levou seu nome. No catálogo, o texto: O Departamento de Cultura apresenta ao público algumas obras selecionadas do artista que não teve em vida o reconhecimento e o apoio que devia(era) merecer. Esta Sala Especial não vai além de simples e sincera homenagem, mas está longe de constituir-se, por motivo mesmo da precariedade de meios com que contamos, em uma realização de divulgação a que faz jus a obra deixada por Miguel Bakun. A exposição de cerca de setenta obras de Bakun que o MON oferece ao público brasileiro é mais uma feliz iniciativa de homenagear esse singularíssimo pintor paranaense. Nota: Algumas citações foram extraídas do livro 50 anos do Salão Paranaense de Belas artes, de Maria José Justino, Curitiba, 1995.

“Sem título”, 1957, óleo sobre tela, coleção particular

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Exposição comemora o centenário de nascimento de Bakun A mostra “Na Beira do Mundo” marca as comemorações pelo centenário de nascimento do artista paranaense Miguel Bakun (1909-1963) e apresenta ao público, até o dia 15 de agosto, 70 obras do pintor, produzidas entre os anos 1930 e 1963. Entre os trabalhos há pinturas de paisagens com fundos de quintal e arredores de Curitiba, pinheiros e matas, marinhas, dois autorretratos e uma série de desenhos. Alguns desses trabalhos ainda são pouco conhecidos do público, como a obra intitulada “Seleções”. “Assim como em Van Gogh, o evento decisivo para a instintiva formação moderna de Miguel Bakun foi o impressionismo: a redução da pintura a fenômeno visual autônomo. (...) Bakun aprende a levá-lo ao clímax e aí deixá-lo em suspenso, a provocar nossos olhos, chamá-lo com urgência a atuar. E que o fizesse com meios toscos, rudimentares, eis outra vez o que depõe a favor do conteúdo de verdade de sua arte. A própria qualidade inferior da tinta que se via obrigado a utilizar (...) parece imprescindível a essas telas que emocionam justo pela humilde entrega incondicional do pintor a seus motivos recorrentes, escassos, fatais (...)”, analisa o curador Ronaldo Brito. “Acreditamos que esta exposição poderá dar maior visibilidade e entendimento da produção de Miguel Bakun, inserindo-a no contexto da arte moderna brasileira”, afirma Eliane Prolik, que assina a curadoria com Brito.

Exhibition celebrates the centenary of Bakun’s birth The exhibit “Na Beira do Mundo” (On the Edge of the World) marks the celebration of the centenary of paranaense artist Miguel Bakun’s birth (1909-1963), and up to the 15th of August, presents the public with 70 of the painter´s works, produced between 1930 and 1963. Amongst the works, there are paintings of landscapes with backyards and Curitiba surroundings, pine trees and woods, marines, two self-portraits, and a series of drawings. Some of these works remain practically unknown to the public, such as the work intitled “Seleções” (Choices). “As with Van Gogh, the decisive circumstance towards Miguel Bakun’s instinctive and modern formation was impressionism: reducing painting to an autonomous visual phenomenon. (…) Bakun learns to take it to a climax, and then, leave it hanging, provoking our eyes, and then call it to urgently take action. And seeing as he did it through rugged and rudimentary means, once again this is a testimonial favoring the truthful content of his art. The very inferior quality of the paint he was forced to use (…) seems indispensable in these paintings, which are exciting, exactly because of the artist’s humble and unconditional surrender to his recurring, scarce, fatal motives (…), judges curator Ronaldo Brito. “We believe that this exhibition may increase the visibility and understanding of Miguel Bakun’s production, inserting it in the context of modern Brazilian art”, states Eliane Prolik, who together with Brito is also the exhibition’s curator.

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“Troncos”, s/d, óleo sobre tela, coleção particular

MIGUEL BAKUN It is reasonable to state that it was Pancetti – the ingenious Brazilian thalassic – who inoculated Miguel Bakun with the incurable painting virus. In 1928 Bakun met the at the time corporal Pancetti, at the Rio de Janeiro School for Seamen, to where he was transferred from the Paranaguá School for Navy Apprentices. Pancetti, still unknown, saw some talent in the navy cadet’s sketches and encouraged him to draw and paint. However, his acquaintanceship with Pancetti ceased when - falling from the ships mast during a naval exercise – Bakun was incapable of continuing with the difficult life at sea and returned to Paraná. In Curitiba, he became a street photographer (lambe-lambe), an occupation he soon abandoned to live exclusively from his painting. Soon after that he approached Guido Viaro and is encouraged by the master. Viaro painted a portrait of Bakun, which is, today, part of Club Concordia’s collection – which depicts him better than an accurate psychological laud could. As a boy, Bakun was also a tailor apprentice in Mallet, the city where he was born. Because he chose art, we lost a probable tailor, a courageous seaman and a dedicated lambe-lambe, professions that were put aside when he took on the very difficult task of being an independent painter.

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And what an astounding painter we gained… Those who have already visited the castle in the Batel district – a mansion that belonged to governor Moisés Lupion – climbed the stairs and seen the attic ceiling and the side walls, covered from top to bottom with dozens of oils on plywood, can feel the compulsion that Miguel Bakun had for paints. One should not expect any organization in this bakunian “Sistine Chapel”… There, the stern of a ship is next to a landscape and a group of pine trees lean on a marine painting with seagulls… There is disorder in mounting the group of pictures, just as there is a surprising and impressive disorder in each one of this emotional artist’s paintings. In the loft’s atmosphere, one feels the flight of the daemon that lived in the painter’s subconscious, which guided him for as long as he lived. The reason that led Bakun to paint the castle’s attic remains obscure. However, there are comments that he was taken in by Moisés Lupion in his home, where he lived for some time, discretely coming and going far from the owners´ eyes. He was also taken in by Previdi, Loio Pérsio, Marcel Leite, Alcy Xavier and other artists of modernistic tendencies, in a studio in the center of the city The cultural shock between Bakun and this politicized group anguished him, and the conflict must have been as intense as intense was his desire to learn. He however was only interested in painting. Living together with these artists did not change his condition of being an impulsive and independent artist, later on recognized as modern


Pinturas feitas por Miguel Bakun no Castelo do Batel, em Curitiba

drawing, a very personal construction, hanging on to the branches, but wanting to launch into a dream, an adventure, to a nightmare, to the hermetic symbol that dominate all his works…” It is interesting to note that, of the seventeen Paraná Salons in which he participated, Bakun received a prize in eight of them. However, at the XVIII Paraná Fine Arts Salon, he was almost left out, alongside Garfunkel and others, who were judged “surpassed”. They were saved by the always pondered intervention of Enio Marques Ferreira, at the time a Director of the Cultural Department of the Paraná Education Department, and the most important cultural organizer in the State, a Bakun admirer, who bought his paintings to help him. Irritated, Garfunkel published an article called “Pity for the young artists” and an open letter to Miguel Bakun. He withdrew his painting from the Salon and took it to the Public Library, where he had an individual exhibition. Here is the letter: In this XVII Paraná Salon, otherwise, in this first Paraná Salon of Decorative Art, which will be famous in the annals of the cultural life in Curitiba by its mediocrity, by the beggarly works exhibited, singularly as far as the paintings sector is concerned. You and I, Bakun, had the honor of seeing our paintings cast to the dogs by the eminent selection jurors (?). It is quite true that our friend Ennio, somewhat shocked with the

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and “incorporated within the context of modern Brazilian art”, according to Eliane Prolik and Ronaldo Brito, the curators responsible for the Bakun works exhibit. A tramp, when he was not seen amongst painters, he could be found with his wheelbarrow (where he carried his junk) way over close to the Bacacheri pond, looking for a landscape that he could reproduce with his unchangeable pallet. In every one of Bakun’s paintings, one perceives the lack of perspective, the failure to prepare the canvass, the unharmonious colors and other pre-requisites for the orderly construction of a saleable painting in the Curitiba of those times. All this, however, according to Sergio Milliet, did not diminish the Slavic’s qualities: “... the painter’s enthusiasm, his intense participation in the work, however, makes his own defects lovable”. In his comments, Milliet stated that Bakun showed a “vanghogian” spirit, in relation to his painting as well as to his depressive temperament. Bakun also had a mystic phase, when he began to include strange figures into his paintings, such as a deformed face showing up in a cloud of smoke from a steam ship etc. This curiosity can also be seen in the works of painter Oswaldo Lopes, who was a teacher at EMBAP. When commenting the prize in cash received by Bakun at the IV Paraná Salon, in 1947, and after honoring him with the award, Nelson Luz says: “… he continues to be that great individualist without anyone from whom to receive help or counsel, with the same coloring, sometimes shocking, a tottering


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treatment dispensed to old “chevronné” painters, took hold of an article in the new ruling to save us from the humiliation of being integrally refused, and against the opinion of the other jurors, ordered the admission of one work from each. By a coincidence which up to then I deplored, but turned out to be a happy one, I had my individual exhibition installed at the Library. I thought it would be far more decent to not continue to impose on the Salon the vexation of having a painting practically dismissed by the honored jurors, and, according to the Department of Culture, removed my painting from the bosom of its brothers. You, however, my friend Bakun, who did not have this recourse, continue to besmirch the brilliance of a notable collection, so well and carefully chosen. Allow me to offer you hospitality for your painting, which I regard as excellent, in the room where I am exhibiting a painting which is obviously “surpassed”. I believe you will feel a lot more comfortable in this antiquated art atmosphere. But, between the two of us, I can tell you that, while these modern art (?) artisans will have, nearly most of them, fallen into deserved oblivion, your name will remain in the history of Paranaense art, the name of one of the few real artists in the Paraná province, an honest and sincere painter, who always painted with his whole heart, giving all of himself to his art without kneeling at the feet of Passing Gods.

“Sem título”, 1955, grafite e nanquim sobre papel, coleção Stael Pinto de Macedo

In the letter, Garfunkel was prophetic. Many of the painters then known as modern fell into “deserved oblivion”, while Bakun will be eternal in the Paranaense and Brazilian artistic scenario, with his emotional paintings - honest and devoid of influences. Furthermore, few artists deserved, as he did, two books, dozens of articles from the critics, and a film of his life and works. The exhibition, now underway at the MON, is another well deserved recognition of Miguel Bakun’s value, a special opportunity in which to appreciate collector’s works never exhibited before. At the XIX Paraná Fine Arts Salon – which took place from the 19th of December 1962 to the 30th of January 1963 – Bakun received an award for a 60 x 45 cm. landscape. The prize: A painting case. Tortured and depressed for having heard that the award was presented so that he could learn to paint, hangs himself in his studio, in February of 1963. At the XX Salon, Bakun was honored with a special room that bore his name. In the catalog, the following text: The Cultural Department presents the public with a few of the selected works of an artist who, during his lifetime, did not have the recognition and support that he deserved. This Special Room is no more no less than a simple and sincere homage; however, it is far from being, especially due to the precariousness of the means with which we can count on, a promotion to disclose the valuable work left by Miguel Bakun. The exhibition of approximately seventy of Bakun´s works that the MON offers the Brazilian public is yet another happy initiative of paying homage to this remarkable Paranaense painter. Observation: Some of the texts reproduced here were taken from the book 50 Years of the Paraná Fine Arts Salon, by Maria José Justino, Curitiba, 1995.

SERVIÇO O quê: “Miguel Bakun - na beira do mundo” Quando: até 15 de agosto Onde: sala Miguel Bakun De terça a domingo, das 10h às 18h Informações: (41) 3350-4400 What: “Miguel Bakin - na beira do mundo” When: up to August, 15th Where: Miguel Bakun room From Tuesday through Sunday, from 10 AM to 6 PM Information: (41) 3350-4400

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pintura

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A pintura de Cordelia Urueta é tema da exposição “A emoção do espírito e da cor”

A vibração da cor, do equilíbrio e da forma caracterizam o trabalho da pintora mexicana Cordelia Urueta (1908-1995). Características que o público curitibano pode ver em “A emoção do espírito e da cor”, mostra que reúne 27 de suas obras. Filha de escritores e políticos, em seu lar imperava a liberdade de pensamento, o amor à pátria, a justiça social, a independência de espírito e um grande humanismo – outras particularidades que marcaram definitivamente as obras de Cordelia. Aos 22 anos, começou a lecionar desenho em escolas primárias, como também fizeram outros artistas da época como Carlos Mérida, Juan Soriano, María Izquierdo e Pastor Velázquez. Em 1935 casou-se com o pintor Gustavo Montoya, de quem aprendeu a técnica da pintura. Já em 1938, Cordelia mudou-se para Paris para trabalhar na Embaixada do México. Lá encontrouse com seu primo, David Alfaro Siqueiros, com quem conheceu as obras de Henri Matisse, Georges Braque, Pablo Picasso, Fernand Leger, Paul Klee e Giorgio de Chirico, entre outros. Ao passar

“Sem título”, óleo sobre tela, coleção particular

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pintura “Pintora da Lua”, 1952, óleo sobre tela, coleção particular

dos anos, as obras de Cordelia refletiram o impacto que estes artistas exerceram sobre ela. Com o inicio da Segunda Guerra Mundial, os funcionários da embaixada foram transferidos para Nova Iorque (EUA). Nos museus e galerias da cidade, a artista deparou-se com obras impressionistas, pós-impressionistas e surrealistas. Cordelia e seu esposo Gustavo Montoya voltaram ao México quatro anos depois. A artista viveu em uma época de inúmeros episódios bélicos, o que determinou a temática de muitos de seus quadros, como a ameaça, o medo, corpos em pedaços ou amarrados, e finalmente, a morte. “Me interessa a denúncia, protestar contra a injustiça e a opressão e, especialmente, contra o silêncio”, dizia a artista. A partir de 1948, começou a aventurar-se na realização de retratos e autorretratos, refletindo a essência psicológica de seus protagonistas. Destaques para as obras “Retrato de Margarita Urueta”, sua irmã, de 1948, e “Autorretrato”, de 1950. Em 1949, o Instituto Nacional de Belas Artes criou o Salão da Plástica Mexicana, composto por um seleto grupo de artistas, entre eles Cordelia. Durante muitos anos, participou expondo suas obras individualmente ou em exposições coletivas. Também esteve em vários salões anuais de pintura, onde recebeu vários prêmios. Gradativamente, deixou o figurativo e mergulhou no abstracionismo em busca da essência, eliminando detalhes, o supérfluo. Em seus quadros era possível observar o interesse pelo infinito, buscando mais o ambiente, a vibração da cor, do equilíbrio e da forma. “Busco uma emoção que vem de dentro”, defendia Cordélia. As obras de Cordelia estiveram presentes em várias exposições em países como França, Canadá, Brasil, Itália, Japão, Peru, Honduras e Estados Unidos. Nas participações internacionais, destaques para as bienais realizadas em 1958 e 1960, no México; Bienal de São Paulo em 1961 e 1969, quando recebeu um prêmio internacional. As obras dessa época refletiam suas preocupações sociais, filosóficas, espirituais e de denúncia. E permaneceram desta forma, refletindo cada momento que a artista vivia em seu país, retratando suas percepções do mundo, da economia, dos seres humanos.

“Retrato de Margarita Urueta”, 1948, óleo sobre tela, coleção particular

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“Salamandra”, 1992, óleo sobre tela, coleção particular

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The grand lady of abstract Mexican Art

Cordelia Ureta’s painting is the focus of the exhibition “The emotion of the spirit and of the color”

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“Lunáticos”, 1991, óleo sobre tela, coleção particular

The vibrancy of the colors, the equilibrium and the form characterize the works of Mexican painter Cordelia Ureta (1908 – 1995). Those characteristics will be seen by the Curitiba public in “The emotion of the spirit and of the color”, an exhibit which brings together 27 of her works. Daughter of a writer and a politician, her home was ruled by freedom of thought, love of the country, social justice, independence of spirit, and great humanism – particularities that definitely marked Cordelia’s works. At the age of 22, she began to teach drawing in grammar schools, the same as other artists at that time, amongst them Carlos Mérida, Juan Soriano, María Izquierdo and Pastor Velázquez. In 1935, she married painter Gustavo Montoya, from whom she learned the painting techniques. In 1938, Cordelia moved to Paris to work at the Mexican Embassy. There she met her cousin, David Alfaro Siqueiros, with whom she got to know, amongst others, the works of Henri Matisse, Georges Braque, Pablo Picasso, Fernand Leger, Paul Klee, and Giorgio de Chirico. Along the years, Cordelia’s work reflected the impact that those artists had over her. At the beginning of Second World War, the embassy employees were transferred to New York (USA). In the city’s galleries and museums, the artist was confronted by impressionist, post impressionist and surrealistic works. Four years later, Cordelia and her husband returned to Mexico. The artist lived in a time of unnumbered warlike episodes, which determined the thematic of many of her paintings, such as threat, fear, corpses in pieces or bound, and finally, death. “I am interested in denouncing, protesting against injustice and oppression, and especially against silence”, the artist used to say. As of 1948, she began to venture into making portraits and self- portraits, reflecting the psychological essence of her leading figures. Worth of notice are the works “Portrait of Margarita Urueta”, her sister, in 1948, and “Selfportrait”, in 1950. In 1949, The National Institute of Fine Arts created the Mexican Plastic Salon, composed by a select group of artists, amongst them Cordelia. During many years, she took part showing her works individually or in collective exhibitions. She also participated in various annual painting salons, where she received a number of prizes. Gradually, she left the figurative works and plunged into abstractionism searching for the essential, eliminating details, the superfluous. In her paintings, it was possible to notice her interest for the infinite, focusing more on ambience, vibrant color, equilibrium and form. “I seek an emotion that comes from within”, Cordelia vouchsafed. Cordelia’s works were present in various countries, such as France, Canada, Brazil, Italy, Japan, Peru, Honduras and the USA. In the international participations, noteworthy were the biennials undertaken in 1958 and 1960, in Mexico and the São Paulo Biennials of 1961 and 1969, in which she received an international award. The works during that period reflected her concern with social, philosophical, spiritual and denouncement issues. And thus they remained, as a reflection of every moment during which the artist lived in her country, portraying her perceptions of the world, the economy and of human beings.


fotografia

“Martín Chambi – O poeta da luz” apresenta 88 fotografias em preto e branco, produzidas pelo fotógrafo entre os anos 1920 e 1940 Plaza de armas

Luz, sentimentos e poesia. Pela primeira vez, Curitiba recebe uma exposição do peruano Martín Chambi (1891-1973), um dos mais importantes fotógrafos do seu tempo e o primeiro fotógrafo de sangue indígena a retratar o seu próprio povo com dignidade e respeito. Chambi representou a vida do povo indígena peruano sem apelar para a exploração exótica da vida indígena. Ele revelou os segredos mais íntimos da vida andina sem desrespeitá-la. Ao

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mesmo tempo em que fotografava para importantes revistas, todos reconheciam o caráter artístico e etnográfico de seu trabalho. O mestre da fotografia latino-americana foi, simultaneamente, fotógrafo indígena e fotojornalista, pois registrava os eventos sociais da época, além de ser um excelente iluminador. A escolha perfeita da luz, a composição e os enquadramentos diferentes dos que eram utilizados pelos fotógrafos da época, caracterizam a linguagem criada por Chambi, conhecido como “o poeta da luz”.


Boda de gadea

Campesinos en el juzgado

de MartĂ­n Chambi Autorretrato en Machu Picchu

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fotografia

Nascido no povoado de Coasa, às margens do lago Titicaca, em 1891, no Peru, Chambi teve seu primeiro contato com o mundo da fotografia na mineradora onde seu pai trabalhava, a Santo Domingo Mining Company. Mas foi em Arequipa, em 1908, que aprendeu o ofício com seu mestre, Max T. Vargas. Em 1917, instala-se em Sicuani, capital da província de Canchis, e abre seu próprio estúdio. Em 1920, atraído pelo esplendor e pela história da antiga capital inca, o fotógrafo muda-se para Cusco onde fotografa a vida do povo peruano: dos camponeses à alta burguesia da cidade, em festas populares, reuniões familiares, casamentos e desfiles militares. Suas raízes indígenas sempre estiveram em suas imagens. Como repórter fotográfico trabalhou para o diário peruano “La Crónica” e demais revistas locais. De 1918 a 1930, foi colaborador do jornal “La Nación”, de Buenos Aires. Também teve suas fotografias publicadas na revista norte-americana “National Geographic”. Chambi viveu em Cusco até sua morte, em 1973. Seis anos após sua morte, o filho Víctor Chambi e o fotógrafo americano Edward Ranney catalogaram milhares de fotografias do artista. O acervo foi levado para uma exposição em Nova Iorque, em 1979, o que consagrou internacionalmente o trabalho de Martín Chambi. Com curadoria de Leila Makarius, “Martín Chambi – O poeta da luz” apresenta 88 fotografias em preto e branco, produzidas pelo fotógrafo entre os anos 1920 e 1940.

Sombreros

Cosecha de papas

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40 Víctor Mendívil con el Gigante

Boxeadores - Brasil


The immortal lenses of Martín Chambi

“Martín Chambi – The Poet of Light” presents 88 photographs in black and white, produced by him between the years of 1920 to 1940.

Light, feelings and poetry. For the first time, Curitiba hosts an exhibit by the Peruvian Martín Chambi (1891 – 1973), one of the most important photographers of his time and the first photographer with Indian blood to depict his own people with respect and dignity. Chambi depicted the life of the Peruvian Indian people without undertaking the exotic exploitation of Indian life. He revealed the most intimate secrets of Andean life without disrespecting it. As he photographed for important magazines, all of them recognized the artistic and ethnographic character of his work. The master of Latin American photography was, simultaneously, an Indian photographer and a photo-journalist, seeing as he recorded the social events of his time, besides being an excellent illuminator. The perfect choice of lighting, the compositions and the different settings from those used by the photographers of that period, characterize the language created by Chambi, known as the “poet of light”. Born in 1891 in the village of Coasa, in Peru, at the margins of the Titicaca lake, Chambi had his first encounter with the world of photography in the mining company where his father worked, the Santo Domingo Mining Company. However, it was in Arequipa, in 1908, that he learned his craft with master Max T. Vargas. In 1917, he establishes himself in Sicuani, capital of the Canchis province, and opens his own studio. In 1920, attracted by the splendor and by the history of the ancient Inca capital, the photographer moves to Cusco, where he photographs the life of the Peruvian people; from peasants to the city’s upper classes, in folk fiestas, family meetings, weddings and military parades. His indian roots were always present in his images. As a photographic reporter, he worked for the Peruvian daily “La Crónica” and other local magazines. From 1918 to 1930, he was a collaborator of the “La Nación”, a Buenos Aires newspaper. Moreover, his photographs were published by the North-American “National Geographic Magazine”. Chambi lived in Cusco up to the time of his death, in 1973. Six years after his death, his son Víctor Chambi and American photographer Edward Ranney catalogued thousands of the artist’s photographs. In 1979, the collection was taken to an exhibit in New York, which brought Martín Chambi’s work international acclaim. With Leila Makarius as curator, “Martín Chambi - the poet of light” presents 88 photographs in black and white, produced by the photographer between 1920 and 1940.

SERVIÇO O quê: “Martín Chambi – O poeta da luz” Quando: até 1º de agosto Onde: na Torre de Fotografia De terça a domingo, das 10h às 18h Informações: (41) 3350-4400 What: “Martín Chambi - the poet of light” When: Up to the 1st of August Where: at the Torre de Fotografia Tuesday through Sunday, from 10 AM to 6 PM Information: (41) 3350-4400 Patrocínio/Sponsorship

Apoio/Partnership

Primera Comunión - Brasil

Autoretrato mirando placa

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porto

Exposição reúne 25 obras assinadas por artistas que retrataram o Porto de Paranaguá

É por meio dos olhos e das tintas de Alfredo Andersen, Darci Regis, Ennio Marques Ferreira, Estanislau Traple, Fernando Calderari, Miguel Bakun, William Michaud, Ricardo Koch e Ricardo Krieger que a exposição “Séries do Porto” homenageia os 75 anos do Porto de Paranaguá, completados em março último. As 25 obras expostas retratam paisagens, navios, a lide diária dos estivadores, entre outros aspectos da cena portuária paranaense em diversas épocas. A mostra tem o apoio da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, do Governo do Paraná, da Secretaria de Estado da Cultura e da Caixa Econômica Federal. O Porto A história do Porto de Paranaguá remonta ao século 17. Em 1872, o porto, que hoje é um dos maiores complexos portuários do Brasil e da América Latina, funcionava como um atracadouro, administrado por particulares. Apenas no início do século 20, em 1917, o Governo do Paraná assumiu sua administração que, na época, foi instalada na Rua da Praia, em Paranaguá. Com 2.816 metros de cais, o Porto de Paranaguá tem capacidade para movimentar, entre embarques e desembarques, mais de 30 milhões de toneladas, com uma contribuição efetiva para a balança comercial brasileira.

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em telas


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The Port in Paintings

The exhibit brings together 25 works by artists that portrayed the Port of Paranaguá Ricardo Koch, “sem título” (Paranaguá), s/d, óleo sobre tela, coleção Thereza Koch Cavalcanti

Ricardo Koch, “Barcos no Porto”, s/d, óleo sobre tela, coleção Thereza Koch Cavalcanti

It is through the eyes and oils of Alfredo Andersen, Darci Regis, Ennio Marques Ferreira, Estanislau Traple, Fernando Calderari, Miguel Bakun, William Michaud, Ricardo Koch and Ricardo Krieger that the exhibit “Séries do Porto” pays homage to the 75 years of the Port of Paranaguá, completed March last. The 25 works being showed picture landscapes, ships, stevedore’s daily life, amongst other scenes of the Paraná port, covering many periods. The exhibit has the support of the Paranaguá and Antonina Port Authorities, the Paraná State Government, the State Culture Department and the Caixa Econômica Federal. The Port The Port of Paranaguá history dates back to the 17th Century. In 1872, the port, which nowadays is one of the largest ports in Brazil and Latin America, used to function as a privately managed berthing facility. Only at the beginning of the 20th Century, in 1917, the Paraná Government took over its administration, which, at the time, was established at the Rua da Praia, in Paranaguá. With 2.816 meters of docks, the Port of Paranaguá is capable of handling, in loading and unloading operations, more than 30 million tons, therefore effectively contributing to the Brazilian trade balance.

Serviço: O quê: Séries do Porto Quando: até 29 de agosto Onde: Espaço Araucária De terça a domingo, das 10h às 18h Informações: (41) 3350-4400 What: The Port Series When: Up to the 29th of August Where: In the Espaço Araucária From Tuesday through Sunday, from 10 AM to 6 PM Information: (41) 3350-4400

Apoio/Partnership

Darci Régis, “Porto D. Pedro II - Corredor de Exportação em 1995”, 2006, acrílica sobre tela, coleção Darci Régis

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Arte em tr창

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nsito por Pulp Ideias e Conteúdo

Na China ou na Suíça, Paris ou Istambul. Artistas, movimentos, galerias e exposições que dão um panorama da vanguarda no mundo das artes. Art in Transit In China or Switzerland, Paris or Istanbul. Artists, movements, galleries and exhibitions that provide a vanguardist panorama in the world of art.

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mundo

China, o no O mundo se muda para a China na Expo 2010, um evento de proporções gigantescas

Pavilhão da Noruega The Norwegian Pavillion

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Entre os dias 1º de maio e 31 de outubro de 2010 acontece em Xangai, na China, a Expo 2010. Nos moldes das grandes Exposições Universais que marcaram época, o evento serve para mostrar ao mundo a capacidade criativa de cada país participante. Por outro lado, muito mais importante que isso, é mostrar ao mundo a potência econômica e cultural em que a China se transformou. A primeira Expo aconteceu em 1851, em Londres. Naquela época a Inglaterra dominava os mares, tinha colônias em todos


vo oriente

Pavilhão da Alemanha The Germany Pavillion

Desde então, muita coisa mudou. O intercâmbio de informações é infinitamente maior do que no século XIX. As pessoas viajam mais, sabem mais e a Era da Industrialização deu lugar à Era da Informação. O que não mudou é a vontade de cada país mostrar, em uma grande Expo, o melhor de si. Ao invés de máquinas e produtos, hoje a atenção é voltada às ideias. O tema da Expo 2010

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os continentes e era a potência industrial da vez. Seis milhões de pessoas visitaram o Crystal Palace, erguido no Hyde Park, e puderam ver as maravilhas da nova Era Industrial vindas dos mais longínquos países. Alguns anos depois, em Paris, construções icônicas da capital francesa como a Torre Eiffel e o Grand Palais deram as boas vindas aos visitantes.


mundo

Pavilhão da Bélgica The Belgium Pavillion

é “Melhor Cidade, Melhor Vida”, com foco em projetos e soluções “verdes” para o acelerado processo de urbanização do planeta. Para receber a Expo 2010, Xangai passou por uma megarreforma, principalmente às margens do rio Huangpu, onde o evento acontece. A intenção das autoridades é audaciosa. Elas querem que a cidade se transforme no centro dos acontecimentos econômicos e culturais do século XXI. Os mais de 190 países e 50 organizações internacionais que participam da Expo levarão para a China pavilhões ultramodernos, projetados pelos mais premiados arquitetos do planeta, criados com materiais e tecnologia de ponta, com baixíssimo impacto ambiental. A expectativa é que 70 milhões de pessoas visitem a Expo 2010 até o dia do encerramento. A grande maioria será de turistas chineses, que poderão ver o que há de mais inovador e atual ao redor do mundo. A oportunidade de visitar uma Expo como a de Xangai é imperdível já que eventos dessa magnitude marcam época. www.expo2010.cn

Pavilhão da Austrália The Australia Pavillion

Pavilhão da Bélgica The Belgium Pavillion

Pavilhão do Chile The Chile Pavillion

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Pavilhão da Dinamarca The Denmark Pavillion

CHINA, THE NEW ORIENT

The world moves to China at Expo 2010, an event of gigantic proportions Between the 1st of May and the 31st of October 2010, in Shanghai, China, Expo 2010 is underway. Modeled according to the great Universal Exhibitions that left a mark, the event’s purpose is to show the world the creative capabilities of each participant country. On the other hand, and much more important, it is to show the world the economic and cultural giant which China has transformed itself into. The first Expo was held in London in 1851. At the time, England dominated the seas, had colonies in all the continents and was the industrial might of the times. Six million people visited the Crystal Palace, built in Hyde Park, and were able to see the marvels of the new Industrial Era, coming from the most far off countries. A few years later, in Paris, iconic constructions in the French capital such as the Eiffel Tower and the Grand Palais welcomed the visitors. Since then, a lot has changed. The exchange of information today is infinitely larger than that of the 19th Century. People travel more, know more and the Era of Industrialization has given way to the Era of Information. However, what has gone unchanged is the desire of each country to show its very best in a great Expo. Instead of machines and products, attention nowadays is focused on ideas. The thematic of Expo 2010 is “Better City, Better Life”, focused on projects and “green” solutions as a result of the planet’s accelerated urban process. To host Expo 2010, Shanghai has undergone a mega renovation, mainly along the banks of the Huangpu river, where the event is underway. The authorities’ intentions are audacious. They intend to transform the city into the center of economic and cultural happenings of the 21st Century. The more than 190 countries and 50 international organizations that will take part in the Expo will convey ultramodern pavilions to China, designed by the planet’s most laureate architects, created with state-of-the-art materials and technology, with extremely low environmental impact. Expectations are that 70 million people will visit Expo 2010 up to the closing day. The majority will be of Chinese tourists, who will be able to see that which is most innovative and updated around the world. The opportunity of visiting an Expo such as the Shanghai one is awesome, inasmuch that events of this magnitude are remarkable. www.expo2010.cn

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O endereço:

50 MOGANSHAN ROAD Quando o assunto é arte contemporânea chinesa, Pequim reina quase absoluta como o centro criativo da nova geração. Suas galerias e centros de arte atraem artistas de vanguarda e ávidos colecionadores, em uma combinação perfeita de oferta e procura. Importantes galeristas ocidentais como Gagosian, Phillips de Pury e Sotheby’s têm departamentos dedicados exclusivamente à China e competem quadro a quadro por um maior espaço neste filão da arte atual. Mas a produção artística na China nos dias de hoje é intensa e transborda as fronteiras da capital. Xangai, como centro financeiro do país, também vê o mundo das artes florescer. Uma zona totalmente dedicada a ateliês e galerias na cidade chama-se 50M, acrônimo para o endereço do local, no número 50 da rua Moganshan. O pátio e depósitos de uma antiga tecelagem transformaram-se em um pólo criativo. Importantes galerias como a ShangART e Art Scene dividem espaço com fotógrafos, designers, escultores, pintores e outros artistas mais ousados, que misturam linguagens e trilham novos caminhos, entre eles Zhou Tiehai e Ding Yi. O aspecto mais interessante do movimento artístico chinês é que ele acontece sob os olhos críticos e censura do Partido Comunista. Os artistas precisam ser criativos e sensíveis para não fazer somente

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Fotos: Vicente Frare

Atmosfera criativa e habitantes descolados fazem deste o bairro da vanguarda em Xangai


arte comercial como também sátira aos paradigmas de uma nação comunista autoritária em choque com o modelo capitalista e de livre expressão. Apesar da crise mundial ter afetado o mercado de arte chinesa, novas galerias continuam ocupando novos espaços nas redondezas da M50. A atmosfera criativa atrai os modernos e descolados, que grafitam os muros dos terrenos abandonados e abrem cafés e lojas independentes. Turistas visitam os espaços e saem com telas e fotos debaixo dos braços. Assim como o resto do país, M50 quer ser referência e ocupar no mundo das artes, o espaço que um dia foi de Paris, Londres ou Nova York. www.m50.com.cn

A creative atmosphere and fashionable inhabitants make this the vanguard district in Shanghai When the issue is contemporary Chinese art, Beijing reigns practically alone as the creative center of the new generation. Its galleries and art centers attract vanguardist artists and avid collectors, in a perfect supply and demand combination. Important occidental gallery owners such as Gagosian, Philips de Pury and Sotheby’s have

departments dedicated exclusively to China, and compete, painting by painting, for increased space in this natural art vein. However, the artistic production in China today is intense and transcends the capital’s borders. Shanghai, as the financial center of the country, also witnesses the flourishing of the arts. A zone in the city totally dedicated to studios and galleries is called 50M, an acronym of the site address, at number 50 of Morganshan street. The patio and warehouses of an old industrial and textile site have been transformed into a creative center. Important galleries such as ShangART and Art Scene divide their spaces with photographers, designers, sculptors, painters and other daring artists, who mix languages and follow new paths, amongst them Zhou Tiehai and Ding Yi. The most interesting aspect of the Chinese art movement is that it is happening under the critical eyes and censorship of the Communist Party. The artists have to be creative and sensitive to not only undertake commercial art but to satirize, as well, the paradigms of an authoritarian communist nation that clashes against the capitalist model of free expression. Although the world crisis has affected the Chinese art market, new galleries continue to occupy spaces in and around M50. The creative atmosphere attracts the modern and the happy go lucky, who imprint their graffiti on the walls of abandoned plots, and open independent stores and cafés. Tourists visit the sites and leave with paintings and photos under their arms. Much as the rest of the country, M50 wants to be a reference and occupy, in the world of art, the space that once belonged to Paris, London and New York. www.m50.com.cn

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The address: 50 MOGANSHAN ROAD


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O artista:

Cai Guo Qiang Com inspiração que mistura mitologia com medicina, tecnologia com técnicas milenares, o artista do momento na China encanta o mundo O nome de artista mais conhecido na China atualmente é o de Cai Gui Qiang. Foi ele quem criou o show de fogos de artifício da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Toda a população chinesa (e o resto do planeta), assistiu maravilhada as pegadas gigantes que percorreram Pequim até chegarem ao Estádio Olímpico Ninho de Pássaro. Cai nasceu em 1957, trabalhou alguns anos em Xangai antes de mudar-se para o Japão. Foi lá que teve a curiosidade de fazer arte com pólvora. Era a sua busca por maneiras de expressão mais espontâneas do que as rígidas regras da arte chinesa. Com isso, criou uma assinatura, a de arte em shows pirotécnicos altamente sincronizados e cheios de significados. Suas referências são muito variadas. Vão da mitologia às táticas revolucionárias de Mao, da medicina chinesa à violência terrorista. Seu trabalho envolve arte e ciência. Sobre grandes rolos de papel, Cai distribui

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© Deutsche Guggenheim Berlin


© Deutsche Guggenheim Berlin

pólvora, isopor, madeira e terra de maneira calculada. Ao acender um pavio, a explosão gera imagens de tigres, aves e pessoas. As suas instalações são megalomaníacas e usam objetos como carros, tubos de neon, lobos e tigres empalhados e réplicas de navios naufragados. Cai vive em Nova York e trabalha na promoção da arte chinesa pelo mundo. www.caiguoqiang.com

The artist: Cai Guo Qiang

Presently, the best known artist in China is Cai Guo Qiang. He was the one that created the fireworks show for the opening of the Beijing Olympic Games, in 2008. The entire Chinese population (and the rest of the planet), watched and marveled at the giant steps that walked through Peking until they arrived at the Bird´s Nest Olympic Stadium. Cai was born in 1957, worked in Shanghai for a few years before moving to Japan. It was there that his curiosity took him to making art with gun powder. It was his way of searching for more spontaneous manners of expression as compared to the rigid rules of Chinese art. Thus he created a signature, of art in highly synchronized and filled with meaning pyrotechnic shows. His references are very diverse. They go from mythology to the revolutionary tactics of Mao, from Chinese medicine to terrorist violence. His work involves art and science. On large rolls of paper, Cai distributes gunpowder, styrofoam, wood and soil in a calculated manner. When lighting a fuse, the explosion generates images of tigers, birds and people. His installations are megalomaniac and use objects such as cars, neon tubes, stuffed tigers and wolves, and replicas of sunken ships. Cai lives in New York and works at promoting Chinese art throughout the world. www.caiguoqiang.com

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With an inspiration that mixes mythology and medicine, technology with millenary techniques, China’s artist of the moment charms the world


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m Já passaram-se mais de quatro décadas desde a primeira Art Basel, quando geladeiras foram negociadas como objetos de arte, causando muita polêmica. No ano passado, quando o mundo atravessava um colapso financeiro, muita gente apostou no fracasso do evento. Mas ela seguiu firme e chega, em junho, à sua 41º edição. No ano passado, cerca de 61 mil pessoas visitaram a Meca da arte. O sucesso foi grande em uma época em que muitos eventos foram cancelados e as galerias de Nova York e Londres ficaram às moscas. Para este ano a expectativa é grande. Entre os dias 16 a 20 de junho, quase 300 galerias dos cinco continentes vão apresentar o trabalho de mais de 2.500 artistas. Grandes nomes da nova geração e estrelas emergentes de vários segmentos da arte

estarão por lá. Escultura, desenho, instalação, fotografia, vídeo, pintura e os mais variados meios compõem um cenário completo da arte no século 21. Um pouco de história A Art Basel foi fundada em 1970 pelos galeristas Trudl Bruckner, Hilt Balz e Ernst Beyeler. As primeiras edições eram bem diferentes das atuais, já que qualquer um podia expor suas obras. Foi criada como reação direta ao Mercado de Artes de Colônia, hoje chamada Art Cologne (a mais antiga feira de arte do mundo, fundada em 1967), aberta quase exclusivamente para artistas alemães. A ideia, na época, era ter uma feira democrática e com foco internacional. Apesar de alguns

Mathiew Mercier, da galeria Medhi Chouakri, Berlim Mathiew Mercier, from the Medhi Chouakri gallery, Berlin

Galeria Isabella Bertolozzi, Berlim Isabella Bertolozzi Galeria , Berlin

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boicotes, em 1973 a Art Basel superou a feira de Colônia. O sucesso foi tão contundente que, desde 2002, existe a Art Basel Miami Beach, uma edição americana do evento, que acontece sempre no mês de dezembro. Há rumores, inclusive, de que a feira esteja esticando seus tentáculos até a Ásia, mais especificamente para Pequim. O fato de a arte ter sido tirada dos museus e das galerias e ser vendida em pavilhões de feiras, como roupas ou carros, desencadeou muita polêmica. O grande diferencial da Art Basel foi fazer com que, pela primeira vez, os donos de galerias falassem sobre investimentos e lucro. A arte foi mostrada como bem de consumo. Ela abriu caminho para uma visão de negócios, para a criação de estratégias de venda, criou uma nova cultura e um novo mercado.

Daido Moriyama, Taka Ishii Gallery-Tokyo

Off Basel

Durante o mês de junho, Basel respira arte por todos os lados. Há festas, premiações, exposições nos principais museus da cidade e vários eventos paralelos. Confira alguns: 15 a 19 de junho – Design Miami / Basel – designmiami.com 14 a 20 de junho – Liste 15 – liste.ch 14 a 20 de junho – Hot Art Fair – hot-art-fair.com 14 a 20 de junho – Scope – scope-art.com 15 a 20 de junho – Print Basel – printbasel.com 16 a 20 de junho – Volta6 – voltashow.com 16 a 20 de junho - Red Dot Art Fair – reddotfair.com

Off Basel

During the month of June, Basel breathes art all over the place. There are parties, prize giving, exhibitions in the city’s main museums and many parallel events. Check on some: 15th to 19th of June – Design Miami / Basel – designmiami.com 14th to 20th of June – Liste 15 liste.ch 14th to 20th of June – Hot Art Fair – hot-art-fair.com 14th to 20th of June – Scope – scope-art.com 15th to 20th of June – Print Basel – printbasel.com 16th to 20th of June – Volta6 – voltashow.com 16th to 20th of June - Red Dot Art Fair – reddotfair.com

Chen Zhen, Galleria Continua, Tóquio Chen Zhen, from the Galleria Continua, Tokio

Elisabetta Benasi, da galeria Magazzino D’Aute Moderna, Roma Elisabetta Benasi, from the Magazzino D’Aute Moderna gallery, Rome

Em Basel… Junho 2010

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Passeie pelo Centro His Gótica, vá ao Museu Kuns

In Basel… Take a walk through the Historical Center, visit the Gothic Cathed


Yorgos Sapountzis, da galeria Loraini Alimantiri Gazonrouge, Athens Yorgos Sapountzis, from the Loraini Alimantiri Gazonrouge gallery, Athens

Annette Ruenzler, da Galerie Kamm, Berlin Annette Ruenzler, from Galerie Kamm, Berlin

Art, art, and more art

Every year, thousands of investors, gallery owners, collector, artists, critics and tourists invade the Swiss city of Basel to discover what is most interesting in international contemporary art. It is there that the ‘crème de la crème’ come together to decide on the market trends, transforming ART Basel into the largest art fair in the world Four decades have gone by since the first Art Basel, at a time when refrigerators were negotiated as art objects, thereby ensuing great polemics. Last year, while the world was going through a financial collapse, many bet on the event’s failure. However, it continued as ever and reaches its 41st edition in June. Last year, approximately 61 thousand people visited the art Mecca. Great success, at a time when many events were being cancelled and the New York and London galleries were left to the flies. Expectations this year, are high. Between the 16th and 20th of June, nearly 300 galleries from the five continents are going to present the works of more than 2,500 artists. Important names of the new generation, and emerging stars from various art segments will be there. Sculptures, design, installations, photography, video, painting and the most diverse means provide a complete 21st Century art scenario.

tórico, visite a Catedral tmuseum e à Fundação Beyeler. ral, go to the Kunstmuseum and to the Beyeler Foundation

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Pietro Roccasalva, da galeria ZERO…, Milan Pietro Roccasalva, from the ZERO... gallery, Milan

A little history The Art Basel was grounded in 1970, by gallery owners Trudl Bruckner, Hilt Balz e Ernst Beyeler. The first editions were quite different from the present ones, as anyone could exhibit their works. It was undertaken as a direct reaction to the Cologne Arts Market, nowadays called Art Cologne (the oldest art fair in the world, grounded in 1967), and opened nearly exclusively for German artists. The idea, at the time, was to have a democratic fair with an international focus. Although there were a few boycotts, in 1973 Art Basel surpassed the fair in Cologne. Success was so pointed that since 2002, there is an Art Basel in Miami Beach, an American edition of the event, which always takes place during the month of December. Rumors have it that the fair is extending its tentacles to Asia, more specifically to Beijing. The fact that art has been taken from museums and galleries and begun to be sold in fair pavilions, the same as clothing and cars, resulted in great polemics. The great differential of Art Basel was to, for the very first time, instill the gallery owners to start talking about investments and profits. Art was shown as a consumer good. This opened the doors to a businesslike vision, to the formulation of sales strategies, and created a new culture and a new market.


mundo

Para olhar

devagar

O movimento Slow Art propĂľe uma nova maneira de apreciar a arte, convidando o pĂşblico a ficar atĂŠ 10 minutos em frente a uma obra Junho 2010

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Foto: Open Museum blog page


For a leisurly look

The Slow Art movement sets forth a new form of appreciating art, inviting the public to take up to 10 minutes before a work of art The more insane daily life in large cities is, the more there is a need to decelerate, to observe the world and do essential activities in a much more leisurely fashion, such as eating or appreciating a work of art. This is how the Slow Food and Slow Art movements came to be. Many of us already know the first movement, it consists in turning the act of eating into a pleasurable and relaxed ritual, close to what one did in the old days, when sitting down for a meal was a special moment. Now it is Slow Art’s turn. Organized by volunteers around the world, it is a movement to rescue the roots with the intention of helping people to appreciate art in a new fashion. The idea is not to only reach assiduous museum goers, but anyone who is willing to spend between 10 and 15 minutes before an art work. As a result, participants become “inspired and not tired”, the organizers say. The project emerged to improve the experience of contemplating art. According to them, the majority of people go to a museum about once every two years, or only when there is a “blockbuster exhibit”. Apart from this, the greater part of the public only contemplates a work, on average, for approximately 8 seconds. And to make things worse, this marathon tends to leave the visitor exhausted and with an inclination of not returning so soon. Museums invest time and money to build up incredible collections and bring marvelous exhibits for a restricted public. The movement believes that, in decelerating the visit, it will provide an increasingly pleasurable moment and, consequently, have people willing to repeat the experience a lot oftener. To participate, interested parties should register at the site SlowArtDay.com and show up at the participant museums on a pre-determined date (the last one was on the 17th of April). The visit is monitored by volunteers. At the end of the visit, participants get together in a bar or restaurant in the vicinity to share their experience. Museums all over the world are partaking in the movement. To confer the statements of people who participated you can access: www.facebook.com/slowart

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Quanto mais insano se torna o cotidiano nas grandes cidades, mais surge a necessidade de desacelerar, de observar o mundo e fazer, em um ritmo muito mais lento, atividades essenciais como comer ou apreciar uma obra de arte. É assim que surgem movimentos como o Slow Food e o Slow Art. O primeiro muita gente já conhece. Consiste na transformação do ato de se alimentar num ritual tranquilo e prazeroso, muito próximo do que se fazia antigamente, quando sentar-se à mesa era um momento especial. Agora chegou a vez do Slow Art. Organizado por voluntários no mundo inteiro, é um movimento de resgate às raízes que tem a intenção de ajudar as pessoas a apreciar arte de uma nova maneira. A ideia não é apenas atingir frequentadores assíduos de museus, mas qualquer um que esteja disposto a passar entre 5 e 10 minutos em frente a uma obra. O resultado é que os participantes ficam “inspirados, e não cansados”, afirmam os organizadores. O projeto surgiu para melhorar a experiência de observar a arte. Segundo eles, a maioria das pessoas vai ao museu uma vez a cada dois anos ou apenas quando há uma “exposição blockbuster”. Alem disso, grande parte do público fica em média 8 segundos apreciando uma obra. E, para piorar, essa maratona acaba deixando o visitante exausto e inclinado a não voltar tão cedo. Os museus investem tempo e dinheiro para construir acervos incríveis e trazer coleções maravilhosas para um público restrito. O movimento acredita que tornar a visita mais desacelerada vai proporcionar um momento mais agradável e, consequentemente, fazer com que as pessoas tenham vontade de repetir a experiência muitas vezes. Para participar, os interessados devem se registrar no site SlowArtDay.com e comparecer em uma data determinada (a última foi dia 17 de abril) nos museus participantes. A visita é monitorada por voluntários. Ao final, os participantes reúnem-se em um bar ou restaurante nas proximidades para conversar sobre a experiência. Museus do mundo inteiro participam do movimento. Para conferir os depoimentos de quem já participou, acesse: www.facebook.com/slowart


mundo

Em Tóquio… A galeria 21_21 Design Sight foi criada pelo estilista japonês Issey Miyake e projetada por uma das maiores estrelas da arquitetura atual: Tadao Ando. Fica dentro do Tokyo Midtown, na região de Roppongi, um verdadeiro oásis de obras arquitetônicas arrojadas, lojas conceituais e galerias de arte contemporânea. A proposta é ser um espaço onde as pessoas possam enxergar através do design, um lugar para pensar e compartilhar idéias. Por esse motivo, a temática das exposições é sempre relativa às questões que fazem parte da vida de seres-humanos. “Como o design pode nos falar sobre a nossa sociedade e o mundo natural que nos cerca?”. Essa é a pergunta feita a cada nova mostra. Até o dia 27 de junho está em cartaz Post Fóssil. Com curadoria de Li Edlkoort, a exposição apresenta o trabalho de artistas que se inspiram na arte primitiva para criar algo novo, atual. Materiais naturais utilizados de maneiras inovadoras fazem parte de uma coleção de obras que buscam num passado muito distante as referências que definem o futuro.

In Tokyo...

The 21_21 Design Sight gallery was created by Japanese stylist Issey Miyake and designed by one of the greatest stars of today’s architecture: Tadao Ando. It is situated within Tokyo Midtown, in the Roppongi region, a true oasis of bold architectonic works, conceptual stores and contemporary art galleries. The idea is to have premises where people can see through design, a place to think and share ideas. Therefore, the exhibitions thematic is always related to issues that are part of the human beings´ life.. “How can design talk to us about our society and the natural world around us?” This is the question posed at each new exhibit. Post Fossil is showing up to the 27th of June. With Li Edlkoort as curator, the exhibition shows the work of artists who are inspired by primitive art to create something new, up to date. New materials used in innovative manners are part of a collection of works that delve in the distant past for a referential that defines the future.

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Em Nova York... Quem não teve o privilégio que conferir as renomadas bienais do Whitney Museum, tem agora uma oportunidade interessante. A mostra Collecting Biennials, que está em cartaz no quinto andar do museu novaiorquino, é uma espécie de resumo das oito décadas do evento. Instalada desde janeiro, a exibição faz um panorama histórico, com obras de artistas que participaram das bienais e hoje fazem parte do acervo do museu. Da Bienal 2010 foi selecionada a obra de George Condo. Também fazem parte da seleção nomes como Edward Hopper, Jackson Pollock e Andy Warhol. A Collecting Biennials pode ser visitada até novembro. Foto: Edward Hopper, Early Sunday Morning, 1930.

In New York...

Whoever did not have the privilege of seeing the renowned biennials of the Whitney Museum now has an interesting opportunity. The exhibit Collecting Biennials, presently being shown on the 5th floor of the newyorker museum, is a kind of compendium of the eight decades of the event. Installed since January, the exhibition provides a historical panorama, with works from artists that took part in the biennials and that are now part of the museum´s collection. George Condo’s work was selected from the 2010 biennial. Also part of the selection are names as Edward Hopper, Jackson Pollock and Andy Warhol. The Collecting Biennials may be visited up to November. In the photo: Edward Hopper, Early Sunday Morning, 1930.

Unmissable programs to confer all over the world


Já pensou em reunir-se com amigos em um bar, mas, ao invés de jogar conversa fora, todo mundo passasse a maior parte do encontro produzindo arte? Essa é a proposta do Drink-n-Draw, um evento que acontece todas as quartas-feiras na Gallery of 3rd Ward, em Nova York. O espaço providencia a bebida e os participantes levam os materiais e a criatividade. Para saber mais, acesse: www.3rdward.com/drink-n-draw/

In New York 2…

Have you ever thought about getting together with friends in a bar, but, instead of normal chit chat, everybody spends the greater part of the time producing art? This is the proposal by Drink-n-Draw, an event that happens every Wednesday in the Gallery of 3rd Ward, in New York. The premises provide the drinks and the participants provide the material and the creativity. To know more about this access: www.3rdward.com/ drink-n-draw/

Em Istambul... A Milk Gallery é parada obrigatória para quem vai até a Turquia não só para aprender sobre uma das mais antigas civilizações do mundo, mas também para conhecer o lado moderno e cosmopolita de Istambul. Grafite, street art, ilustração e HQs são o forte dessa galeria, que fica em Beyoglu, bairro onde se concentra boa parte da vida noturna e entretenimento da cidade. Aproveite para fazer umas compras na Design Store da galeria. Toy Art, camisetas, livros e objetos divertidos estão a venda no local. Para conferir a programação, acesse www.whatismilk.com.

In Istanbul…

The Milk Gallery is a must stop for those who go to Turkey not only to get to know one of the oldest civilizations in the world, but to also get to know Istambul’s more modern and cosmopolitan side. Graffiti, street art, illustrations and HQs are the strong point in this gallery, located in Beyoglu, a district that concentrates the better part of the city´s night life and entertainment. Use the opportunity to do a little shopping in the gallery’s Design Store. For sale there, Toy Art, teeshirts, books and amusing objects. To check the program, access: www.whatismilk.com.

Programas imperdíveis para conferir mundo afora

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Em Nova York 2…


programação

Semana do Catálogo enc

com 12

A originalidade de Vik Muniz, a sensibilidade do fotógrafo Flávio Damm, as obras de Cândido Portinari, a história dos irmãos Lumière e a arte modernista de Tarsila do Amaral, foram destaques da 6ª Semana do Catálogo do Museu Oscar Niemeyer. Os títulos destes artistas conquistaram a preferência do público e lideraram as vendas do evento, realizado de 6 a 11 de abril, nas dependências do Museu. Nesta última edição, 57 títulos foram colocados à venda por preços especiais que variaram R$ 1,00 a R$ 50,00. Para alguns, o desconto chegou a 90% em relação ao valor de tabela, como foi o caso dos catálogos do uruguaio Pablo Atchugarry e do bra-

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sileiro Cícero Dias que tiveram os preços reduzidos de R$ 100,00 para R$ 30,00. As vendas aconteceram num stand montado especialmente para o evento, em frente à bilheteria. Atraído pela oportunidade de adquirir material de qualidade e pelos preços acessíveis, o público fez novamente do evento um sucesso. Ao todo, foram vendidos 12 mil catálogos. Dirigida a estudantes, profissionais das artes plásticas, colecionadores e apreciadores de arte, a Semana do Catálogo já se tornou uma tradição em Curitiba, sendo aguardada com expectativas por


erra

mil livros vendidos

Retorno”, “Petit Palais - Arte da Tapeçaria”, “Annie e Josef Albers”, “Coleção Renault - Uma Aventura Moderna”, “Kurt Schwitters”, “Nise da Silveira”, “Joaquín Sorolla” e “Oscar Niemeyer”. Os mais procurados O catálogo do artista brasileiro radicado nos Estados Unidos Vik Muniz liderou as vendas nesta edição da Semana do Catálogo. A publicação traz a descrição da exposição “Vik”, exibida

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aqueles que desejam adquirir títulos de obras do acervo do MON e de exposições importantes sem precisar gastar muito. Afinal, não é todo o dia que se pode levar para casa por um preço bem acessível materiais de referência de nomes consagrados no cenário artístico nacional e internacional, como do artista plástico lituano naturalizado brasileiro Lasar Segall, ou do artista de múltiplas faces Burle Marx, um dos maiores paisagistas do século. Além deles, catálogos de exposições memoráveis foram colocados em promoção, a exemplo de “Bernie DeChant”, “Brennand”, “Paisagem - Entorno e


programação

em fevereiro do ano passado. Com 131 fotografias no total, esta é a maior exposição do artista plástico já realizada no país. Buscando inspiração em símbolos populares e em artistas consagrados como Monet, Goya e Caravaggio, Vik Muniz utiliza diversos tipos de materiais, como lixo, produtos alimentícios, pó, papel, terra, arame, flores e materiais granulados, para compor as suas fotografias-arte. Ainda no campo da fotografia, ganhou destaque o catálogo da mostra “Flávio Damm – o Fotógrafo”, exibida de 12 de fevereiro a 7 de março de 2010. Referência no fotojornalismo brasileiro, Flávio Damm selecionou as imagens da exposição a partir de um arquivo pessoal de quase 60 mil negativos. São trabalhos que traduzem toda a “É uma iniciativa sua trajetória profissional, iniciada em interessante 1944 na Revista “O Globo”, com pase outros museus sagens pelas lendárias “O Cruzeiro”, deviam fazer “Time” e “Life”. Entre os trabalhos em isso também.” preto e branco há fotos emblemáticas Cloris Tarso que mostram o cotidiano sob um olhar perspicaz e atento de alguém que busca acima de tudo o que se esconde no interior do fotografado. A relação dos mais vendidos trouxe também o catálogo de Candido Portinari, um dos maiores nomes do meio artístico no século 20. A exposição “Portinari”, exibida em julho do ano passado, trouxe a Curitiba 58 obras da Coleção Castro Maya e apresentou obras como: “O sonho”, “Grupo de meninas brincando” e “O Sapateiro de Brodósqui”.

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“Todos os museus podiam oferecer isso às pessoas.” Márcia Machado

Já o catálogo da mostra “Autocromos Lumière - O tempo da cor”, que no ano passado abriu as comemorações do Ano da França no Brasil, despertou o interesse também pela oportunidade de ter em mãos, por um preço bem acessível, um rico material fotográfico incluindo obras que pela primeira vez foram expostas na América Latina. Vendido por apenas R$ 20,00, o catálogo pela segunda vez ficou entre os mais vendidos numa edição da Semana do Catálogo. A publicação ilustra 70 imagens que tiveram origem nos autocromos de Augusto e Luís Lumière, engenheiros que revolucionaram a fotografia pondo cor às imagens captadas. O ranking dos campeões de venda da sexta Semana do Catálogo encerrou em grande estilo. O título de Tarsila do Amaral, uma das mostras mais visitadas do Museu, e que teve o catálogo vendido de R$ 60,00 por R$ 20,00, conquistou o público pelo talento inquestionável de uma as figuras mais importantes do Modernismo no Brasil e de tudo o que se seguiu a ele. Ao lado de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti e Menotti del Picchia, o chamado “Grupo dos 5”, a artista marcou o seu nome na história da arte brasileira. A exposição trouxe a Curitiba obras importantes como “Antropofagia,” “Procissão”, a segunda versão de “A Negra” e o “Estudo para A Negra”, em nanquim sobre papel.


The Catalog Week closes with 12 thousand books sold

Directed towards students, plastic art professionals, collectors and art appreciators, the Catalog Week has already become a tradition in Curitiba, and is expectantly waited for by those who whish to acquire titles from the MON collection and from important exhibitions without having to spend too much. After all, it is not everyday that you can carry home referential material from consecrated names Vik Muniz’s originality, photographer Flavio Damm’s sensibility, and Cândido in the national and international scenario for extremely accessible prices, amongst Portinari’s works, the history of the Lumiére brothers and the modernistic art by Tarsila them, Lithuanian, naturalized Brazilian. plastic artist Lasar Segall, or multifaceted do Amaral were the highlights of the 6th Oscar Niemeyer Museum Catalog Week. The artist Burle Marx, one of the greatest landscapers of the century. Apart from titles from these artists conquered the public’s preference and were sales them, catalogs from memorable exhibitions were promoted, as “Bernie leaders of the event, performed from the 6th to the 11th of April, in the DeChant”, “Brennand”, “Landscape - Entorno e Retorno”, “Petit Palais – “All the Museum premises. Tapestry Art”, “Annie and Josef Albers”, “Renault Collection – A Modern In this last edition, 57 titles were up for sale with special prices Museums Adventure”, “Kurt Schwitters”, “Nise da Silveira”, “Joaquín Sorolla” and ranging from R$ 1,00 to R$ 50,00. For some, the rebates in relation to the “Oscar Niemeyer”. could price list reached 90%, as was the case of Uruguayan Pablo Atchugarry offer and Brazilian Cícero Dias, who had their prices reduced from R$ 100,00 The most looked for to R$ 10,00. this to The catalog of Brazilian artist Vik Muniz, who lives in the United States, Sales took place at a stand especially mounted for the occasion, in was the sales leader during this edition of the Catalog Week. The publication people.” front of the ticket office. Attracted by the opportunity of acquiring quality has the description of the “Vik” exhibition, shown in February last year. All in Márcia material for accessible prices, the public once again made the event a all, with 131 photographs, this is the largest exhibition this plastic artist has success. All in all, 12 thousand catalogs were sold. Machado had in the country. Seeking inspiration in popular symbols and consecrated artists, such as Monet, Goya and Caravaggio, Vik Muniz uses various types of material, such as garbage, foodstuff, dust, paper, soil, wire, flowers, and granulated material in order to compose his art-photographs. Still in the photography area, also highlighted, the catalog of the exhibition “Flavio Damm – The Photographer”, shown from the 12th of February to the 7th of March, 2010. A referential in Brazilian Photojournalism, Flavio Damm chose the images for the exhibition from his personal file containing almost 60 thousand negatives. These are works that reveal his professional trajectory, which began in 1944 at the “O Globo” magazine, having worked for the legendary “O Cruzeiro”, “Time” and “Life”. Amongst his works in black and white, there “It is an are emblematic photos that depict everyday life under a interesting perceptive and attentive view of someone who looks, above all, for what is hidden inside the photographed. initiative The list of the most sold also included the catalog of and other Cândido Portinari, one of the greatest names in the artistic museums scenario of the 20th Century. The “Portinari” exhibition, shown last July, brought 58 works from the Castro Maya should also collection to be shown in Curitiba, amongst which: “O do the sonho (The Dream)”, “Grupo de meninas brincando (Group same.” of girls playing) ” and “O Sapateiro de Brodósqui (The Brodosky Shoemaker”. Cloris On the other hand, the catalog of the “Autocromos Tarso Lumière - O tempo da cor” exhibit, which opened the celebrations of France’s Year in Brazil,raised interest also due to the opportunity of having in hand, for an accessible price, rich photographic material that included works shown for the first time in Latin America. Sold for only R$ 20, 00, the catalog was amongst the most sold in a Catalog Week for the second time. The publication illustrates 70 images that originated from the auto-chromes made by Augusto and Luis Lumière, engineers who revolutionalized photography by bringing color to the captured images. The ranking of the sixth Catalog Week champions ended in great style. Tarsila do Amaral’s title, one of the most visited exhibitions at the Museum, whose catalog priced at R$60,00, was sold for R$ 20,00. It conquered the public by the unquestionable talent of one of the most important figures of Modernism in Brazil, and of everything that followed it. Alongside Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti and Menotti del Picchia, the so called “Group of Five”, the artist inscribed her name in the history of Brazilian art. The exhibition brought to Curitiba important works such as “Antropofagia,” “Procissão”, the second version of “A Negra” and the “Estudo para A Negra”, in black ink on paper.

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por dentro do museu

A arquitetura de Niemeyer

como cenário

As linhas retas. Os espaços vazios. O concreto armado. A harmonia das formas curvas e assimétricas. Tudo amplia as possibilidades de utilização dos espaços do Museu Oscar Niemeyer para a realização de exposições. Com 35 mil metros quadrados de área construída e quase 17 mil metros quadrados com potencial expositivo, o Museu também reserva diversas áreas para eventos. A história do Museu começou em 2002, quando o prédio principal, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, na década de 60, deixou de ser sede de secretarias de Estado para se transformar em museu. O prédio, antes chamado de Edifício Presidente Humberto Castelo Branco, passou por adaptações e ganhou um novo anexo, conhecido como Olho, também projetado por Niemeyer e inspirado nas araucárias paranaenses. A instituição possui nove salas de exposição, divididas em mais de 5 mil metros quadrados, além do espaço Niemeyer, do pátio das Esculturas e do Olho, que abriga o salão principal, com área expositiva de 1.708,14 m2, e a Torre da Fotografia (com 3 salas, cada uma com 84 m2). O museu oferece ainda aos seus visitantes um espaço para a arte-educação, um café e uma livraria. De 2003 a junho de 2008, o Museu realizou mais de 132 mostras nacionais, internacionais e itinerantes. A instituição recebeu quase 750 mil visitantes no mesmo período. Espaços para eventos Auditório (484,15 m2) Com capacidade para 372 pessoas sentadas, conta com toda a infraestrutura de audiovisual. A entrada é feita pelo piso térreo do prédio principal.

Salão de Eventos (802,50 m2) Com capacidade para 500 pessoas sentadas, possui infraestrutura para montagem de bufê e cozinha em ambiente fechado. Como apoio, também pode ser utilizada a ampla área externa, adjacente ao salão, que tem as laterais abertas. O Salão de Eventos está localizado no piso térreo do prédio principal, imediatamente atrás da entrada do Museu, com acesso independente da área interna da instituição.

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Seja um Amigo do Museu O Museu Oscar Niemeyer é um dos mais ativos museus da América Latina e já é referęncia internacional. Para continuar com toda essa energia, precisa de um engajamento mais efetivo por parte da sociedade. Com o projeto “Seja um Amigo do MON”, a instituiçăo visa agregar pessoas com interesse em participar das assembleias gerais, do conselho fiscal e do conselho de administraçăo, podendo votar e ser votado. Para se associar, basta entrar em contato com o Núcleo de Documentaçăo e Referęncia do Museu Oscar Niemeyer pelo telefone (41) 3350-4400. A taxa anual é de R$100,00 e dá direito a escolher tręs titulos diferentes entre os catálogos disponibilizados pela instituiçăo. Participe e seja vocę ou sua empresa mais um Amigo do MON.

Be the Museum’s friend

The Oscar Niemeyer Museum is one of the most active museums of Latin America, an international reference. And, for the Museum to continue so energetic, the society must participate more effectively. With the “Be the Museum’s Friend” project, the Institution wants to attract people who are interested in participating in general assemblies, fiscal council, administration council, with the possibility of voting and being voted. To participate, contact the Núcleo de Documentaçăo e Referęncia of the Oscar Niemeyer Museum at 41 3350 4400. The annual rate is R$100,00 and it gives the right to choose three different catalogs published by the institution. You or your company can be a Museum’s friend. Participate!.


The straight lines, empty spaces, reinforced concrete and the harmony of curved and asymmetrical shapes. All that expands the possibilities of use of the Oscar Niemeyer Museum spaces for exhibitions. Counting on 35,000 square meters of built area and almost 17,000 square meters destined to exhibitions, the Museum also has several areas for events. The Museum’s history goes back to 2002, when the main building, designed by the architect Oscar Niemeyer in the 1960s, went from being the State headquarters to becoming a museum. The building, previously named Edifício Presidente Humberto Castelo Branco, went through refurbishments and gained an annex, known as the Eye, also designed by Niemeyer and inspired on the Parana Pines (Araucaria angustifolia). The institution has nine exhibition rooms – spread throughout more than 5,000 square meters – besides the Niemeyer space, the Sculptures Hall, the Eye, which houses the main hall and has an exhibition are of 1,708.14 m2, and the Photography Tower, counting on 3 rooms of 84m2 each. The Museum also offers to visitors an area for art/ education, a café and a bookstore.

From 2003 to June 2008, the Museum performed more than 132 national, international and itinerant exhibitions. The institution received almost 750 thousand visitors during that same period.

Areas for events:

Auditorium (484.15 m2) With capacity for 372 seated people, the auditorium counts on a comprehensive audio-visual infra-structure. The entrance is on the ground floor of the main building. Events Hall (802.50 m2) With capacity for 500 seated people, this space has the necessary infra-structure for mounting a buffet and a kitchen in a closed room. As a support, the wide external area adjacent to the room with open sides may be used. The Events Hall is located on the ground floor of the main building, immediately behind the entrance of the Museum, with independent access from the internal area of the institution.

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Niemeyer’s architecture as scenery


acontece

aconteceacon 1

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Nas fotos 1, 2 e 3, noite de abertura da exposição em comemoração aos 100 anos de nascimento de Miguel Bakun - Na Beira do Mundo.

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Nas fotos 4, 5 e 6, abertura da exposição “Sombras e Sortilégios”, de Marcello Grassmann.


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Nas fotos acima e abaixo, flashes do coquetel de abertura da exposição “Martin Chambi - O Poeta da Luz”.

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