Jornalismo Badjeco Levado a Sério! Nº 10 Informativo do Projeto Voz Nativa - Ilha Grande, Angra dos Reis / RJ - Associação Civil Alternativa Terrazul - Março de 2016
Um projeto, muitos resultados, infinitas parcerias
Jornalismo Badjeco Levado à Sério!
EDITORIAL Chegamos na nossa 10ª e última edição do Jornal Voz Nativa apoiada a partir do edital Petrobras Desenvolvimento e Cidadania. Após 12 anos do nascimento do Voz Nativa, numa parceria entre um projeto de Educação Ambiental da UERJ e o Colégio Brigadeiro Nóbrega, o jornal renasceu mais robusto, acompanhado de um projeto que editou também livros e ofereceu cursos gratuitos em parceria com a UFRJ para toda a Ilha Grande. Durante dois anos, o Jornal Voz Nativa se colocou como uma mídia comunitária e étnica, organizada para ser um espaço de colocação e ampliação da voz das comunidades da Ilha Grande. Foi um prazer editar e distribuir cada exemplar do Voz Nativa. Com eles aprendemos sobre a cultura caiçara, entendemos mais sobre os problemas locais, conhecemos mais as belezas da Ilha Grande, descobrimos mais sobre as comunidades Japonesas da Ilha e interagimos mais profundamente com muitos, mas muitos moradores simpáticos e incríveis dessa Ilha maravilhosa. Encerramos esta fase com gostinho de “queremos mais”. Agradecemos o apoio e a recepção de cada morador e de cada instituição que apoiou o Voz Nativa nesse tempo. Desejamos poder renovar as parcerias e dar continuidade a este jornal que já se fez tão importante para o cotidiano de toda Ilha Grande. Nosso desejo de contribuir e participar do desenvolvimento sustentável da Ilha Grande permanece, assim como permanece nosso comprometimento com as comunidades locais, com a conservação da Ilha Grande e com um modelo de turismo de base comunitária que seja bom para a Ilha e para todos os seus moradores. Desejamos um até logo!
Realização:
www.alternativaterrazul.org.br
Foto: Marcio Ranauro
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Associação Civil Alternativa Terrazul Conselho Diretor Presidente Pedro Ivo de Souza Batista Diretora Administrativa Ana Laíse da Silva Alves Diretor Técnico Assimo Frederico Isique Salles Projeto Voz Nativa Juventude Protagonista da Ilha Grande Coordenação Geral Marcio Ranauro Coordenação de Comunicação Marina Rotenberg Coordenação Administrativa Arnaldo Augusto Assistentes: Ana Laíse, Beatriz Luz, Guaraci Lage, Ivana Ribeiro Assistente de Campo Luísa Sobral Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social – UFRJ Coordenação Pedagógica Ivan Bursztyn Coordenação Multimídia André Paz Jornal Voz Nativa Coordenação Marcio Ranauro e Marina Rotenberg Diagramação e Arte Guaraci Lage Fotos Contribuição Guia Ecológico João Pontes Endereço Espaço Voz Nativa Alameda Meu Santo, 250 / Vila do Abraão, Ilha Grande – Angra dos Reis/RJ CEP: 23968-000 Telefones (24)99903-5776 (WhatsApp) projetovoznativa@gmail.com Facebook: Voz Nativa Ilha Grande Site: www.voznativa.eco.br Associação Civil Alternativa Terrazul Rua Floriano Peixoto, 1440 / Centro – Fortaleza/CE - CEP: 60.025-131 www.alternativaterrazul.org.br Tiragem 5.000 Distribuição Gratuita Este jornal é uma iniciativa do Projeto Voz Nativa, sua intenção é dar visibilidade e voz aos jovens nativos da Ilha Grande. As opiniões aqui expressas não refletem necessariamente as opiniões do Terrazul e das instituições parceiras.
Vitória de Palmas Vitória nasceu no Rio de Janeiro, mas nos primeiros meses de vida foi levada para Palmas, onde vive até hoje, com seus 19 anos. Quando pequena, estudou na Aroeira, na época em que ainda existia escola por lá. Ia com a mãe, muitas vezes andando, e voltava com seu tio, de barco a remo. Na segunda série, mudou para a Brigadeiro Nóbrega, no Abraão, escola em que ficou até o terceiro ano do ensino médio. Mas, diferente de grande parte dos moradores da ilha e também de todos de sua família, Vitória não parou de estudar por aí. Fez o ENEM e passou para o curso superior no CEFET. Escolheu estudar turismo. A escolha não foi, assim, do nada. Vitória já trabalhava no restaurante de sua avó em Palmas e até o Voz Nativa teve influência na decisão. Desde que o projeto chegou no Abraão, Vitória foi participante ativa. Fez cursos de turismo, inglês, fotografia e meio
Fotos: Marina Rotenberg
ambiente. Ia andando pela trilha com seu irmão Felipe Daniel, para não perder nenhuma aula. Foi através dos conhecimentos adquiridos nos cursos do Voz Nativa que nasceu a vontade de aprender mais e fazer a faculdade de turismo. “O Voz Nativa foi como um pontapé. Nos cursos eu via tanta coisa que podia aprender na área de turismo que quis estudar mais”, diz. Além dos cursos, Vitoria participa do Jornal Voz Nativa. Quase toda edição tem ela lá, com matéria escrita sobre a praia de Palmas. Pra ela, poder escrever o jornal é muito importante para mostrar os problemas da comunidade, as coisas boas e também incentivar os moradores para a mudança. E também ler o que acontece nas outras praias é um estímulo para escrever, aprender e amar cada vez mais a Ilha Grande, o lugar que é sua casa e que ela faz questão de cuidar muito bem.
“O Voz Nativa foi como um pontapé. Nos cursos eu via tanta coisa que podia aprender na área de turismo que quis estudar mais.” Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2016
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O que falam do Voz Nativa O projeto Voz Nativa conseguiu preencher uma lacuna importante, principalmente em relação à valorização cultural e à formação dos jovens da Ilha Grande. A coordenação do projeto está bastante receptiva e sempre pronta a ajudar a comunidade em suas necessidades. Fico feliz em participar e apoiar o projeto. Eduardo Gouveia - INEA Para o Voz Nativa eu tiro meu chapéu. A imagem que eu faço de vocês é que são formigas, porque assim, eu estou no Aventureiro, tá o Voz Nativa no Aventureiro, tô no Provetá, tá o Voz Nativa no Provetá, tô na Longa, tá o Voz Nativa na Longa. Parece que mina, parece que é uma equipe gigantesca. Eu nunca vi um grupo tão coeso, tão participativo, tão presente, com tanta boa vontade de trabalhar. E se você tem boa vontade você pode tudo, você pode mudar a humanidade. Neuseli - moradora
O projeto cria laços. Não delimita a gente, só porque moramos numa ilha. Ele faz o contrário, ele abre portas. Essa interação é muito rica. Juliana Moreira - estudante Entre as palavras definidoras do Projeto estão comprometimento e consistência. O trabalho aborda questões essenciais para a população de jovens e o empoderamento comunitário. São poucas as instituições que se propõem a trabalhar questões tão complexas e com perspectiva de resultado a longo prazo. Enquanto moradora gostaria que o projeto se mantivesse por muitos anos, juntando esforços conosco no desafio ao desenvolvimento local. Amanda Hadama - Turisangra e moradora
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Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2016
O Voz Nativa veio para fazer um grupo de trabalho, uma cooperativa. Foi muito importante pra gente porque a gente se uniu. Foram várias reuniões de interação para melhoria de preço, melhoria das condições de trabalho, embarcações. Odimar - Taxi Boat
Numa área insultar, uma área de difícil acesso e aí aparece o Voz Nativa, um projeto que trabalha a cultura, o resgate, a identidade cultural. Que não espera o poder público, mas ele mesmo faz. Anderson Pontes - Ex-diretor Colégios Estaduais Pedro Soares e Brigadeiro Nóbrega Voz Nativa contribuiu muito para a identidade do local, pertencimento das pessoas que moram aqui e também trouxe muita cultura, uma cultura que já tá aqui, mas muita gente não conhece. As pessoas passaram a conhecer muito mais coisa Nelson - morador
O Voz Nativa e a Ilha Grande formaram uma união perfeita. Um completa o outro! Em cada cantinho da Ilha que o Projeto pisa, algo lindo floresce. Pode apostar. Fico feliz por acompanhar o Voz Nativa e ver de perto o comprometimento de toda a equipe para que os moradores tenham a oportunidade de se formar nos diversos cursos promovidos e também de se informar pelo lindo jornal que traz as mais belas histórias, notícias e informações de toda Ilha. Espero que possam continuar esse trabalho, que tem um potencial enorme, por um longo tempo. Tatiana Mariano - Professora Saco do Céu
Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 20165
Foto: Marina Rotenberg
Espaço Palmas Guerreiro de fé e tradição Jorge dos Santos Torres nasceu na Praia Grande das Palmas. Mais velho de oito irmãos, seu pai era nascido em Palmas e a mãe era de Niterói. O amor dos dois aconteceu quando o pai dele esteve lá em Niterói trabalhando na pesca. A infância de Jorge foi difícil, pois o pai passava muitos dias trabalhando na pesca em Paraty e a mãe, que havia deixado de trabalhar – em Niterói era doméstica - para cuidar dos filhos, ficava em Palmas sozinha.
pescoço e no enorme quadro de sua sala. Que São Jorge Guerreiro proteja sempre o menino Jorge, dando forças para que ele continue fazendo o que aprendeu com o pai: a pesca artesanal, que mantêm a tradição da ilha e garante a subsistência do pescador, sem colocar em risco a continuidade da vida dos peixes no mar.
Hoje, Jorge é um dos poucos que mantêm a tradição da pesca de covo na praia de Palmas. Para Aos 13 anos o menino Jorge foi para Nova Iguaçu ele, ensinar para outras pessoas é muito importante trabalhar na padaria do primo, ficando muito tempo para não deixar essa tradição morrer. fora de Palmas. Os irmãos também foram embora. Mas com pai e avô pescadores, não tinha como fugir. Aprendeu pesca de linha, de rede, de espinhel e de covo. E acabou voltando para a Ilha. Só que a vida de pescador continua difícil hoje em dia. Infelizmente a pesca hoje não é mais rentável. O peixe fresco não é valorizado, o gelo é caro e a rede também. Talvez por amor, talvez por vocação, ele continua fazendo o que sabe, mesmo depois de uma vida toda de muito trabalho. Além da pesca, ele tem adoração pelo santo que lhe deu o nome. São Jorge está no pingente em seu
Fotos: Marina Rotenberg
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Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2016
Pesca de covo O único material necessário para a pesca de covo é o bambu. Em compensação, é preciso muita habilidade do pescador para construir a armadilha. A fibra de bambu é toda trançada formando as partes que integram o covo: esteira, boca do covo e aro. Esse trabalho dura cerca de uma semana. Depois das partes feitas, o covo é montado e colocado no mar. A isca pode ser até pedaços de louça brancos. Depois que o peixe entra, ele não consegue sair. Aí quando o peixe tá lá é só ir lá recolher. Com o covo dá pra pescar todo o tipo de peixe, até polvo. E se o peixe não interessar ao pescador, basta soltá-lo, ele estará vivo e bem. Seu Jorge é um mestre da pesca de covo. Suas armadilhas são tão bonitas, tão caprichadas, que dá vontade de colocar em casa, para enfeitar.
que vem sabe-se lá de onde, que, no mínimo pelo transporte, causa um impacto enorme ao meio ambiente. A pesca de covo é um saber e uma arte sustentável. Não depende de nada que não seja fartamente oferecido pela natureza e promove um uso racional desses recursos. Porém, é preciso conhecimento e habilidade para fazer o covo. Infelizmente, essa técnica está quase em extinção. Precisamos olhar com mais atenção essa tradição. Falamos tanto em sustentabilidade e não percebemos que tem gente que a pratica do nosso lado.
Infelizmente, esse trabalho da pesca artesanal não consegue competir com o produto que vem congelado do continente. E daí vem a incoerência de estarmos numa Ilha linda, com um monte de peixes no mar, mas consumirmos peixe congelado Ivana Ribeiro, Apoio Alexandre Borba
Iniciativa pessoal que pode mudar a realidade Na última edição do Jornal Voz Nativa, moradores de Palmas mostraram como estava a situação do lixo na praia, com sacos soltos, dando ao turista e ao morador uma péssima impressão, além do mau cheio, risco de doenças e poluição.
Foto: Marina Rotenberg
A iniciativa de Alexandre Machado, mais conhecido por Ném, com outros moradores foi de criar uma casa para o lixo. “O lixo aqui estava todo desorganizado, criando uma péssima aparência para o turista que chegava aqui e também para o morador. A coleta de lixo é irregular, tem cachorro e urubu na praia, que acaba A casa do lixo não resolve o problema, a coleta vam rasgando os sacos e espalhando o lixo. Ficava tem que se regularizar, mas pelo menos não deixa tudo muito ruim. o lixo à mostra para os moradores e para os bichos espalharem o lixo pela praia. Fazendo a nossa parte Tive a iniciativa de fazer uma casa para os lixos, a gente resolve parte dos problemas, sem ter que com ajuda de um e outro morador. Pegamos bamdepender do governo. Se eu tivesse algo para pedir bus e lona e em dois dias fizemos uma casa para para o morador e para o turista eu diria apenas: coguardar os sacos de lixo. Não esperamos prefeitura labore.” e nenhum órgão público. Fizemos por nós mesmos. Alexandre Machado - Nem,
Morador da Praia Grande de Palmas
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CEADS: Conquistas e Nova Gestão Em 31 de dezembro de 2015, foi encerrada a gestão administrativa do Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável (CEADS), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Neste período, a gestão foi liderada pelo Professor Doutor Marcos Bastos, Diretor do CEADS, e pela Professora Doutora Cátia Henriques Callado, sua Coordenadora Científica. Foram oito anos de trabalho na coordenação do CEADS e, nesse período, foi possível consolidar uma dinâmica acadêmica que visou gerar, difundir e aplicar o conhecimento para a melhoria da qualidade do meio ambiente e da vida do homem, sustentado em princípios de responsabilidade e respeito à diversidade biológica e sócio-cultural da região. As atividades implantadas no CEADS resultaram no considerável avanço do conhecimento e na aquisição de um acervo com enfoque multi e interdisciplinar. Os resultados obtidos encontram-se registrados em trabalhos científicos (artigos, livros, capítulos de livro), publicados no Brasil e no exterior, e na forma de relatórios, muitos dos quais com impacto direto sobre as políticas públicas ambientais e sociais do sul fluminense. Entre 2008 a 2015 foram realizadas diversas ações que contribuíram para tornar o CEADS um reconhecido centro de excelência. Um breve histórico das principais ações realizadas no período de 2008 a 2015: 2008: consolidação de parceria institucional com o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), com a elaboração dos estudos para o “Plano Diretor do Parque Estadual da Ilha Grande; 2009: inauguração do primeiro Núcleo do Ecomuseu Ilha Grande (Ecomuseu) - Museu do Cárcere. e Lançamento do livro “O Ambiente da Ilha Grande”, obra que atende ao papel efetivo da Universidade como produtora de ciência-tecnologia e formadoras de recursos humanos, congregando toda a comunidade acadêmica e local em torno de um nível de conhecimento que visa incentivar mudança cultural e comportamental para melhoria da qualidade de vida, conservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável;
2010: consolidação do CEADS e da Ilha Grande no cenário mundial da conservação ambiental, sendo uma das escalas da expedição oceanográfica internacional “Tara Océans”. Como marco desta expedição, o CEADS foi sede do I Workshop de Cooperação Internacional da UERJ: “UERJ-Instituições Francesas: meio ambiente e ciências do mar”; e nucleação do CEADS, com o Ecomuseu Ilha Grande passando a ser um Departamento individualizado e subordinado à Sub-Reitoria de Extensão e Cultura (SR-3) da UERJ; e Organização dos estudos ambientais relativos à construção da Estrada-Parque ParatyCunha, como atendimento às demandas dos governos estadual e Federal, ampliando definitivamente sua área de atuação no sul fluminense; 2013: em comemoração aos 15 anos do CEADS, sob apoio financeiro da FAPERJ, foi realizado “Encontro Científico do Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável (CEADS): 15 anos de contribuição à preservação ambiental e sustentabilidade da Ilha Grande”; e Início da construção do primeiro navio oceanográfico universitário do estado do Rio de Janeiro; 2014: o CEADS estabeleceu pareceria com a Secretaria Estadual do Ambiente (SEA) para o desenvolvimento de programas de educação ambiental nas áreas metropolitanas do Rio de Janeiro e em outras regiões do Estado; e “Prêmio Crea-RJ de Meio Ambiente”, pelos estudos ambientais relativos à construção da Estrada-Parque Paraty-Cunha, outorgado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA-RJ); 2015: apoio para inauguração das novas instalações do Ecomuseu Ilha Grande: Museu do Meio Ambiente e Parque Botânico. A partir de 01 de janeiro de 2016, o CEADS passou a ser adminstrado pelo Professor Doutor Mauro Cesar Geraldes, Diretor do CEADS e pela Coordenadora Científica Professora Doutora Sônia Barbosa, que darão continuidade a este importante trabalho, que reflete ações de toda a comunidade UERJ.
CEADS,
Foto: Marcio Ranauro
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Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável (CEADS), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Foto: Marina Rotenberg
Espaço Bananal Você conhece o oratório da cultura japonesa? Você sabia que todo dia 1º e dia 15 de cada mês os japoneses têm a tradição de acender um incenso no oratório para homenagear os antepassados que já faleceram? Nesse oratório, há fotos destas pessoas como forma de reverenciar o passado. O dia 15 de julho é o dia de finados para o povo japonês. Neste dia, as famílias preparam salgados e doces e separaram alguns destes especialmente para colocar no oratório como forma de lembrar aqueles que já morreram. São oferecidos os salgados e os doces no oratório e, mais tarde, cerca de 17h, pode comer. Pela tradição, cuidar do oratório é função do filho mais velho de cada uma das famílias. Cuidar do oratório é cuidar da tradição familiar. E para os japoneses isso é muito importante. Fotos: Marina Rotenberg
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Nossa história e nossos resultados Depois de dois anos de atividades em toda a Ilha Grande o Voz Nativa encerra suas ações com a distribuição desta última edição do Jornal Voz Nativa. Por isso, fizemos um balanço das atividades que realizamos neste período e agradecemos a parceria de todas as pessoas e instituições que colaboraram para que tudo pudesse acontecer. Foram cursos gratuitos, eventos, livros e jornais, apoios para formação de cooperativas, além de expo sições, parcerias com escolas, envolvimento com atividades na Ilha Grande e região. Tudo com um objetivo central: apoiar o desenvolvimento sustentável do turismo na Ilha Grande, fortalecendo o papel das comunidades nativas num modelo de turismo de base comunitária, valorizando a cultura caiçara e a conservação de toda a Ilha.
Eventos Com o desejo de integrar jovens e escolas das comunidades ao redor da Ilha, o Voz Nativa realizou eventos na Vila do Abraão, chamados de Encontro Voz Nativa, onde alunos de todas as praias tiveram a oportunidade de se conhecer e interagir em oficinas, palestras, atividades culturais e lançamento de livros escritos por eles. Os Encontros eram espaços de troca de experiências e inter-relação entre jovens de comunidades distantes, mesmo que da mesma ilha. As atividades eram momentos de fazer juntos, experimentar, conhecer outras realidades e descobrir que a Ilha Grande é muito maior do que cada comunidade.
Parceiros
Apoiaram e participaram das atividades do projeto as Associações de Moradores do Abraão, do Saco do Cursos Céu, do Bananal, de Araçatiba; as Vermelhas (organização de mulheres na Praia Vermelha); as Assembleias Em parceria com a Universidade Federal do Rio de de Deus de Araçatiba e Provetá, a Turisangra, o CenJaneiro – UFRJ atendemos mais de 1.000 pessoas em tro Cultural Constantino Cokotós, o OSIG, o Ponto toda a Ilha Grande em cursos de turismo, comuni- de Cultura - Arena Cultural Ilha Grande e muitos mocação comunitária, empreendedorismo, gastronomia radores destas comunidades. e inglês. Foram 50 cursos oferecidos de forma gratuita em 7 comunidades da Ilha – Abraão, Saco do Céu, Em todas as praias por onde o Voz Nativa passou pouMatariz, Longa, Araçatiba, Vermelha e Provetá. sadas e restaurantes viabilizaram nossa presença para
que as atividades pudessem acontecer. Fomos apoiados pela Pousada Caiçara, a Pousada do Bené, o Mar da Tranquilidade de Araçatiba, Bem Natural, Pousada da Vermelha Pousada Lagamar e La Dolce Vita, Pousada Casa Nova, Pousada do Preto, Pousada Recanto dos Lima, Pousada Náutilus. E também pelos restauTodos os cursos foram possíveis a partir da parceria rantes Lua e Mar, Pontal da Barca, Quiosque da Josi, com o Parque Estadual da Ilha Grande, Escolas Mu- Sinuca, Casa da Maria Amélia, e tantos outros. nicipais e Colégios de Ensino Médio da Ilha. Foram 700 horas de cursos gratuitos, com aproximada mente 800 certificados emitidos pela UFRJ, além de 450 horas de cursos de inglês em 3 turmas na Vila do Abraão.
Além dos Encontros, o Voz Nativa participou da Semana do Meio Ambiente com o PEIG e as escolas, realizou palestras e atividades com o Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável CEADS/ UERJ, e produziu uma exposição de fotografias, que também virou um livro. 10
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Espaço Voz Nativa Resultados e participações
Boat Abraão, a primeira da Ilha Grande. E muitos dos nossos cursos contribuíram com vários moradores e Nossa expectativa sempre foi de contribuir com empreendedores locais, fortalecendo seus negócios e atividades locais, principalmente da comunidade na- qualificando seus trabalhos no turismo local. tiva da Ilha Grande. Desta forma, pudemos apoiar importantes iniciativas que envolveram os caiçaras e Por todos estes resultados, o projeto Voz Nativa agradece o envolvimento, a parceria e a participação jovens da Ilha. de toda a comunidade nas ações e atividades do pro Apoiamos a participação dos caiçaras da Ilha grande jeto. E que novas oportunidades possam surgir para no primeiro encontro do Fórum de Comunidades toda a comunidade de moradores, caiçaras, japoneses Tradicionais de Angra, Paraty e Ubatuba. Tivemos o e nativos da Ilha. prazer de apoiar a formação da Cooperativa de Taxi
450
5 800
3
livros
certificados emitidos
50
700
horas de cursos de inglês
cursos realizados
7
horas de cursos encontros Voz Nativa
comunidades da Ilha
+ de
10
1000
jornais
pessoas envolvidas
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O Voz Nativa atuou na Ilha Grande com o objetivo de promover maior interação das comunidades locais com um modelo de turismo que estivesse atento à história e memória dos antigos moradores. Com o intuito de conhecer os saberes, registrar as práticas e valorizar a memória viva da Ilha, pelo registro dos próprios moradores, criamos a Coleção de livros Voz Nativa. Foi, até agora, um total de cinco livros que, através de diferentes linguagens, mostraram a Ilha Grande de ontem e de hoje. O primeiro “Culturas Caiçaras da Ilha Grande – Pelos Jovens da Ilha” foi elaborado em parceria com os Colégios Estaduais Brigadeiro Nóbrega, no Abraão, e Pedro Soares, no Provetá, e é um registro do próprio jovem sobre o que é viver na Ilha atual, seus desejos, seus sonhos, seus ansios. Com textos escritos pelos alunos sobre suas vidas, o livro é um diário da Ilha hoje escrito a muitas mãos. O segundo, “#Ilhagram: olhares da Ilha” é um livro colaborativo de fotografias. A partir de postagens na rede social Instagram com a hashtag #ilhagram, centenas de pessoas da Ilha Grande, do Brasil e do mundo, postaram seus registros fotográficos na Ilha, construindo um acervo na internet que virou livro e exposição. O COLEÇÃ A TIV VOZ NA #3
#2 Ilhagram - Olhares da Ilha #3 Histórias Vividas na Ilha Grande - Pelos Antigos da Ilha
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#4 Guia da Culinária Badjeca - Sobre a fomação alimentar da Ilha Grande
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cultura alimentar alimentar da ilha Grande
#1 Culturas Caiçaras da Ilha Grande - Pelos Jovens da Ilha
e 2016 2014 Nativa Entre oz nde jeto V o Pro a Ilha Gra de n jetivo atuou o ob turismo com er o ia, a promov comunitár tal se en de ba ação ambi ica rv o histór a conse çã za ri a, e a valo ral da ilh m co e cultu interação da iva. partir ção nat rsos la pu sua po amos cu ão Realiz de formaç , nas nas e ofici nal, carava um io profiss culturais e io, s itár evento comun de jornal rticipação e pa jovens com ores morad s. falar e to ul qu ad itamos ria reaAcred óp sua pr portanim sobre Projeto é um ra o Juventude lidade mento pa Protagonista instru da iden te Ilha Grande imento ento de ec al rt im fo e sent de pesde tida to . cimen perten munidades do co ca soas e , temos bus dos Por isso as vozes r ando amplia es, mostr da or vi vi ad nde mor ha Gra mouma Il a. Nesse a átic na pr , criamos a’, ento Nativ A m H vi oz ão V s onde as eç DA IL ol ‘C ro são de liv série s contadas ia hsitór s vividas. ia histór Guia da Clulinária Badjeca - Sobre a formação da
Coleção Voz Nativa
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Escrevendo livros...
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Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2016
O “Histórias Vividas na Ilha Grande - Pelos Antigos da Ilha”, é o terceiro da coleção e pretende apresentar o a história da Ilha Grande a partir de histórias pessoais de quem viveu e vive aqui. É um registro do passar do tempo na ilha a partir de histórias pessoais, que se complementam e se entrelaçam, trazendo toda a magia desse lugar de memórias, mistérios e belezas. O quarto livro “Guia da Culinária Badjeca – Sobre a formação da cultura alimentar da Ilha Grande” é um guia de receitas que mostra a história da Ilha em seus atos de comer e cozinhar. Por meio de personagens de cinco diferentes praias, o livro faz um registro passeio pelos cheiros e sabores da Ilha Grande. O quinto livro “Voz Nativa – Uma experiência de Comunicação e Turismo de Base Comuntária na Ilha Grande” conta a história do projeto Voz Nativa na Ilha Grande e registra seu passo a passo, mostrando sua metodologia, o contexto em que foi inserido, desafios, aprendizados, peculiaridades e conquistas. O livro pretende descrever os dois últimos anos de projeto como forma de ajudar, inspirar e estimular experiências de comunicação e turismo de base comunitária em todo o Brasil.
COLEÇÃO VOZ NATIVA #4
Guia da
Culinária
Badjeca Sobre a formação da cultura alimentar da Ilha Grande
Sobre os autores Ivan Bursztyn Designer, professor do curso de gastronomia do Instituto de Nutrição Josué de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui mestrado e doutorado em Engenharia de Produção com ênfase em Gestão e Inovação. É pesquisador associado ao Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social da COPPE/UFRJ, onde atua em projetos de pesquisa e extensão com a temática do turismo de base comunitária. É coordenador pedagógico do projeto Voz Nativa. Marcella Sulis Gastrônoma, professora do curso de gastronomia do Instituto de Nutrição Josué de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre em Ciências em Engenharia de Produção, especializada em panificação e confeitaria. É pesquisadora nas áreas de Alimentação e Cultura, com ênfase nas tradições de comensalidade e sociabilidade alimentar brasileira.
Foto: Marina Rotenberg
Encantos da Ilha A praia de Lopes Mendes É mais bonita vista do mar. Sua areia fina e cantante tão gostosa de pisar. Santo Antônio pequenina excelente pra namorar. Tambem é praia de areia fina chacoalhada pelo mar. Caxadaço escondidinha nem parece existir. Pelo mar é difícil chegar por terra é difícil ir... Dois Rios do presidio das ondas rolando no mar. Dos rios desembocando na areia do seu Julio costurando a caceia, do feijão das Teresas... Lugar de encantos e belezas. A Parnaioca do seu Silvio que diz nunca abandonar. Das lendas da dona Zaira cada uma de arrepiar!! Tem até lobisomem acredite se quiser. Dizem que quem vira o bicho é o pobre do João Bulé.
Fabiano Narciso
Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2016
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Alô, Morador!
Você sabia que todas as comunidades da Ilha estão inseridas em Unidades de Conservação? E quase todas as praias da Ilha fazem parte da Área de Proteção Ambiental de Tamoios? Apenas Dois Rios, Parnaioca, Aventureiro e a vila onde se encontra a escola do Abraão é que não são regidas pela APA - Área de Preservação Ambiental de Tamoios. Estas áreas fazem parte de outras Unidades de Conservação, como apresentadas no mapa do Jornal Voz Nativa nº 9. Segundo a legislação da APA Tamoios, qualquer atividade nestas comunidades deve seguir a regras de ocupação e uso do solo, além de preservar a floresta nativa. Essa medida é uma forma de proteger a Ilha Grande de grandes investimentos urbanos como mineração, indústrias ou mesmo grandes resorts. Nas comunidades da Ilha Grande três tipos de zoneamento são mais comuns e estabelecem as regras para a construção e ampliação de novas casas ou empreendimentos. São elas a ZP – Zona de Preservação; a ZC – Zona de Conservação; a ZOR – Zona de Ocupação Restrita; e a ZOC – Zona de Ocupação Controlada, que envolve a maioria das comunidades onde existem muitas casas. Por este motivo, toda atividade que for instalada, ampliada ou colocada em operação na APA de Tamoios deverá passar por um processo de licenciamento pelos órgãos ambientais competentes, ou seja, o INEA e a Prefeitura de Angra dos Reis. A seguir apresentamos algumas características do Zoneamento da APA Tamoios: • Existem proibições para diversas atividades, como descarte não controlado de resíduos sólidos; construção de aterros sanitários (lixões); camping selvagem; aterros em manguezais; restrição a praias, cachoeiras e rios; ou de empreendimentos que atrapalhem as atividades de maricultura; • Todos os atracadouros para serem permitidos devem ser públicos e de livre acesso, e não podem ser construídos em praias desabitadas; • Na maioria das localidades da Ilha são proibidos o parcelamento do solo para construção de condomínios; • Não pode haver construções em costões rochosos, apenas atracadouros licenciados; • Nenhuma atividade de mineração é permitida na Ilha Grande, bem como o uso de veículos que não sejam oficiais, a pecuária, a construção acima da cota 40m, o parcelamento do solo e a abertura ou ampliação das trilhas sem autorização previa do INEA. A maioria das comunidades da Ilha estão dentro da Zona de Ocupação Controlada - ZOC, apesar de haver muitas outras em Zoneamentos mais restritivos. Segundo o Plano de Manejo da APA de Tamoios, a ZOC é constituída por áreas urbanas com alto grau de descaracterização do ambiente natural, decorrente de intenso processo de urbanização, e a Ilha Grande abriga a ZOC – 1, que são áreas urbanizadas com baixa densidade ocupacional, nas quais o licenciamento respeitará índices de uso e ocupação do solo estabelecido pelo decreto do Plano de Manejo.
>>> Consulte o zoneamento de sua comunidade no Plano de Manejo da APA de Tamoios
e saiba as regras de construção e conservação que existem para cada localidade da Ilha Grande. Todo o material está disponível na internet. 14
Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2016
Foto: Guia Ecológico João Pontes
Foto: Marcio Ranauro
Fotos: Pedro Caetano – Acervo PEIG
Espaço Parnaioca Histórias da Parnaioca... Cortando a Tromba D´água Aqui na Parnaioca chovia muito, enchia os rios, mas não dava tromba d´água, porque tinha uma velhinha, a Benedita, que tratava de evitar. Formava as trovoadas no mar - porque as trovoadas sempre formam no mar, faz tipo uma caixa d´agua preta e aqueles canudinhos que dá pra ver a água subindo, quando ela via isso ela sabia que era sinal de tromba d´agua. Ai a Benedita pegava uma faca e ia lá pra praia, fazia uma reza praquilo desmanchar para não dar o temporal que estava previsto. Quando dava tromba d´água em Angra dos Reis, no Bananal, você via água subindo igual a uma bomba naqueles três canudinhos, aquela chuva ali que estava pra vir onde passasse ia fazer estrago. Mas a Benedita ia na praia com a faquinha e fazia as cruz pra evitar o temporal que viria. Ela não falava alto pra ninguém escutar, mas para algumas pessoas ela falava: “A chuva vai chegar, mas não vai chegar tão forte quanto tá prometendo”. Ela cortava a tromba d´água, evitando um desastre.
Água Benta na noite de São João Meu avô era muito conhecido. Era muito católico, tinha muita força, curava muita gente aqui. Teve até um episódio em que um irmão com oito anos pegou uma febre, e em Angra examinaram ele e o mandaram voltar para morrer em casa, porque não teria mais jeito. Meu avô olhou, pegou a homeopatia dele que vinha do Rio, botou na água benta e o irmão sarou. A água benta é feita assim: pega água limpa da nascente, sem mistura nenhuma, entre meia noite e cinco horas da manhã da noite de São João. Com a fé do santo coloca numa vasilha transparente. Essa água benta não estraga, dura um ano inteiro até o próximo São João. João de Oliveira,
nascido e morador da Parnaioca
Fotos: Guia Ecológico João Pontes
Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2016
Associação de Moradores de Abraão
Prontos para salvar vidas Receita de sucesso: misture iniciativa, espírito de coletividade, vontade de ajudar, companheirismo, senso de cidadania e competência. Leve ao conhecimento do povo e o resultado final são muitos sorrisos, gratidão, mais de cem pessoas capacitadas a ajudar, auxiliar o seu próximo, quiçá, salvar vidas. Todos com certificado da Defesa Civil.
Os formandos receberam seus certificados e o orgulho foi representado por largos sorrisos. E como não confraternizar esse momento marcante? A galera caprichou pra hora mais gostosa. Bolos, doces, salgadinhos, empadinhas, tudo delicioso. Ainda rolou sucos e refrigerantes gelados. Agradecemos por ter a oportunidade de dividir momentos importantes, nos divertimos muito, por um momento esquecemos as dificuldades, aprendemos que as mudanças dependem unicamente de nós e que ajudar é impagável. Com parcerias, os objetivos serão sempre alcançados. A AMA (Associação de Moradores do Abraão) é grata a todos que ajudaram para mais essa realização. Em nome da comunidade agradecemos a Defesa Civil de Angra dos Reis. O curso foi bom pra você?
O curso NUPDEC aconteceu no Abraão entre os dias 14 e 17 de março, no salão da Igreja Católica. Palestras e aulas práticas abordaram temas como primeiros socorros, sirenes, alarmes, combate a incêndio, acidentes no trânsito e outros, motivando os alunos à interação com os instrutores. A alegria foi contagiante, teve acarajé explosivo, pernas voadoras, até marido da vizinha foi chamado para trocar gás.
É resultado do esforço de um grupo pequeno que resolveu parar de reclamar, levantar do sofá, desconectar-se da internet e agir. A comodidade e a ociosidade são ferrugens que corroem a alma. Precisamos de mais companhias, do lado de cá a vida é melhor, pode acreditar. AMA (Associação de Moradores do Abraão) Porque quem AMA cuida.
Contamos com a experiência e seriedade de agentes que tiraram dúvidas, acabaram com mitos e cativaram o respeito e admiração de todos. No último dia do curso fomos agraciados com a presença de representantes da Capitania dos Portos de Angra dos Reis que conversaram, orientaram, esclareceram e contribuiram bastante para o nosso conhecimento. O Secretário da Defesa Civil convidou, para fechar com chave de ouro, a darmos o grito de guerra, com os pulmões cheios de ar, braço esticado e muita satisfação: “Qual é a nossa função? Salvar vidas”. Foto: Guia Ecológico João Pontes,
Alberto Marins (Latino),
AMA - Associação dos moradores do Abraão
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Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2016 2015
Foto: Guia Ecológico João Pontes, caxadaço Foto: Marina Rotenberg
Dicionário Badjeco de Termos e Manias
Espaço Badjeco Receitas do Aventureiro
“ Doce de Mamão Descasque o mamão verde e corte-o bem fininho. Ponha a cozinhar no caldo de cana deixando engrossar até dar o ponto. Pode ser necessário colocar um pouquinho de água.
”
“ Doce de banana da terra Pegue doze laranjas da terra, descasque-as bem fininho, corte em quatro e retire o miolo. Coloque de molho na água, no sereno por três dias, trocando diariamente a água, para perder o amargo. Coloque na panela com caldo de cana e deixe engrossar. Perfeito!
”
Tara: Peixe que, por devoção, em pescarias coletivas no Aventureiro, é reservado à venda, para ajudar nas despesas da festa de Santa Cruz
Poita: Pedra utilizada como âncora ou chumbada, usada para estabilizar a rede de pesca
Langanho: Limo que se cria em águas paradas
Conhece mais termos? Encaminhe e publicamos!
“ Tainha recheada (D. Tereza) Trabalha-se com duas tainhas. Desfia-se uma delas após cozê-la com temperos. Reserva. Abre-se a outra tainha pelas costas, aproveitando-se as ovas e o peruã (moela). Refoga-se a tainha recheada com a ova e o peruã e recheia-se a outra tainha, costurando a abertura com linha de pipa de carretel. Finalmente, coloque-as na grelha feita com galhos de assa-peixe ou cambará, deixando-se assar no calor das brasas. É o prato mais tradicional dos caiçaras.
”
Informações coletadas no ECOMUSEU ILHA GRANDE Extraido do: Maciel, Alba Costa et al Onde Deixei meu coração: a história dos últimos caiçaras da Ilha Grande. Ilha Grande:Eco Editora, 2011 Foto: Guia Ecológico João Pontes,
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Raça e identidade: mudança dentro e fora Manoella Veiga, aluna do 2º ano do Ensino Médio do Abraão, conta como as aulas de sociologia, as atividades do Voz Nativa e os textos na internet a transformaram e ajudaram na transição do próprio visual “Tenho 15 anos e estou desde os 4 aqui no Abraão. Nasci em Cascadura, no Rio de Janeiro, e meus pais resolverem vir pra cá porque achavam que aqui era melhor para criar uma criança. Minha mãe é jornalista e professora, e hoje trabalha na secretaria do Colégio Estadual, onde eu estudo. Meu pai trabalha no SAAE - Serviço Autônomo de Agua e Esgoto. Desde que o Voz Nativa começou a fazer atividades eu participo de tudo. Fui jovem monitora, fiz matérias para o jornal, fiz curso de grafite, fotografia, vídeo, inglês e até fotos para o jornal eu já tirei. Acredito que essas atividades são muito importantes aqui na Vila, porque o Abraão tem muito pouca oportunidade de entretenimento e curso. Por isso aproveito tudo. Além do Voz Nativa, amo minhas aulas de sociologia. Tenho uma professora que é feminista e faz parte de um grupo de mulheres crespas e cacheadas no Rio de Janeiro. Nossas conversas me inspiraram e eu passei a ler e assistir muito vídeo na internet sobre feminismo e movimento negro. Foto: Guaraci Lage
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Há muito tempo eu alisava meu cabelo e ficava totalmente presa à chapinha. Eu não podia mergulhar, não podia pegar chuva porque já tinha que correr pra casa. Eu me queimava sempre com a chapinha e gastava muito tempo fazendo isso todos os dias. Percebi que eu tinha que assumir minha identidade e não seguir um padrão de beleza que a mídia e a sociedade preferem. Aí um dia eu tinha acabado de lavar o cabelo, olhei no espelho e falei: vai ser agora. Esse processo tem um nome que é transição capilar, eu li muitos depoimentos sobre isso e resolvi fazer. Meus pais levaram um susto e alguns amigos dizem que antes era muito melhor, mas hoje eu posso molhar o cabelo de boa, posso entrar na água e pra ajeitar o cabelo só bagunçar ele que tá certo. Eu me sinto melhor, mais certa do que eu quero. O cabelo é meu, chega uma hora que você tem que mudar. Eu mudei dentro e aí eu resolvi mudar fora. Tenho orgulho do meu cabelo e da minha cor.”
Esse é o Voz Nativa Que chegou há um tempo E me deixou pensativa O que esse pessoal quer, eu não sei não Só espero que seja algo Feito de todo coração Hoje vejo que não me enganei Ainda bem! É o projeto que sempre sonhei Obrigado por tudo que tem feito Vimos que foi com amor Pois ficou tudo perfeito.
Professora Tatiana Mariano Brito
Centro de Educação e Horário Integral Monsenhor Pinto de Carvalho Saco do Céu, Ilha Grande
Foto: Guia Ecológico João Pontes,
Jornal Voz Nativa - Ilha Grande, 2016
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Agradecemos pelo apoio e parceria: • AMA - Associação de Moradores do Abraão • APEB - Associação de Pousadas da Enseada do Bananal e Sítio Forte • Arena Cultural Ilha Grande • As Vermelhas • Assembleia de Deus de Araçatiba • Assembleia de Deus de Provetá • Associação de Meios de Hospedagem da Ilha Grande • Associação de Moradores da Enseada das Estrelas • Associação de Moradores de Araçatiba • Aves da Ilha Grande • Bar do Nego • Bar Sinuca • Barco Escola Irmãos Unidos • Brigada Mirim Ecológica Ilha Grande • C.E.H.I.M Monsenhor Pinto de Carvalho • Caipirinha do Nelson • CEADS • Centro Cultural Constantino Cokotós • Che Lagarto • Colégio Estadual Brigadeiro Nóbrega • Colégio Estadual Pedro Soares • Connect • Cooperativa Abraão Taxi Boat • COPPE • Ecomuseu • Equipe Athos • Escola Municipal Ayrton Senna • Escola Municipal Bananal • Escola Municipal Brigadeiro Nóbrega • Escola Municipal Matariz • Escola Municipal Pedro Soares • Escola Municipal Sítio Forte
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