Publiquei Revista - 11ª Edição

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Edição 11 - Julho de 2017

Cuidado: a editora que você vai publicar seu livro é confiável? Júlia BT e Tamires Barcellos falam sobre publicação digital

Marlon Souza

Emocione-se com a sensibilidade nos personagens de



Sumário Editorial

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Painel da Literatura Nacional

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Top do Mês

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Achei no Wattpad

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Amamos Ebooks

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Capa

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Escritor pode tudo!

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Publiquei no CESAP

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Falando nisso...

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Publique seu livro

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Editorial N

essa décima primeira edição da Publiquei, você vai conferir o de sempre: autores incríveis, nossas indicações favoritas e matérias sobre nosso meio literário. Na capa, um autor que está apenas no início da sua carreira, mas produz com uma velocidade e talento incríveis. Marlon Souza é o “louco das antologias” e personagem principal da Publiquei de julho! Nesta edição, conversamos também com a Júlia BT, autora do Wattpad, que falou sobre sua experiência na plataforma e com a literatura. Nossa coluna “Publique Seu Livro” vem um pouquinho diferente. Depois de vermos tantos desabafos recentes nas redes sociais e ouvirmos relatos de autores que viram o sonho da publicação se tornar um pesadelo, trouxemos um alerta para os escritores iniciantes: cuidado com quem você

faz um contrato, para não cair em uma armadilha. É a “Não Publique Seu Livro”. No mês das férias, em que muitos vão viajar ou aproveitam o tempo livre para viagens literárias, separamos oito livros que tenham uma viagem como tema para o “Painel da Literatura Nacional”. No TOP do Mês, vamos falar sobre o Maurício Gomyde, “Um Doce de Confeiteiro” e “Os 12 Signos de Valentina”. Nas demais colunas, vamos falar um pouquinho do potencial que você tem, escritor, mesmo que não o conheça por completo, além das metas de escrita que planejamos para 2017. Fomos também ao Encontro do CESAP, que teve como tema um tipo de literatura que nós, aqui na revista, adoramos: o universo das fanfics. Boa leitura!

Organização Carol Dias Paula Tavares

Diagramação Tati Machado

Redação Carol Dias Isabelle Reis Lyli Lua Tati Machado Thayanne Porto

Revisão

Carol Dias Thayanne Porto

Contato

contato@publiqueirevista.com (21) 99575-2012 publiqueirevista.com 4


J

ulho é mês de férias escolares (inclua os universitários na lista) e tanto para quem vai viajar, quanto para quem vai ficar em casa, um livro é uma excelente companhia. Preparamos esse Painel com oito livros em que você embarque em uma viagem junto com o protagonista. Arrume as malas e confira:

Você pode conferir todas as sinopses no nosso site! É só acessar publiqueirevista.com e aproveitar todo o nosso conteúdo feito especialmente para você! ;) 5


TOP DO MÊS Em toda edição, uma seleção especial de livros e destaques do mundo literário para você! Por Isabelle Reis

Livro do mês

“U

m Doce de Confeiteiro” traz aquele dilema que deixa qualquer uma confusa. Amor ou trabalho? O mais improvável acontece quando Renata conseguiu o emprego dos sonhos em Londres: ela acha um daqueles homens que não dá vontade de largar nunca mais. E o pior, ele era um dos seus últimos trabalhos no Brasil. O confeiteiro Braga veio para adoçar a vida da jornalista, mas ela não sabia disso, é claro. A única coisa que Renata devia fazer era entrevistar o vencedor do “Melhor Cupcake das Américas”, mas ela acaba babando pelo dono da Braga’s Cake Design. Um acidente ainda faz com que ela deixe a linda imagem do confeiteiro na cabeça.

Até aí tudo doce, mas e agora? Ficar com o discreto e maravilhoso Braga ou partir para sua aventura profissional na Europa? “Um Doce de Confeiteiro” veio para mostrar como Renata fica após ter o coração partido em seu primeiro livro “Em tardes Sensuais” e fazê-la entender que ainda há chance para o amor. A autora Janaína Rico já diz que com muito açúcar, chocolate e merengue, este romance é uma receita de sensações intensas e avassaladoras, ingredientes que irão lhe deixar com água na boca e com vontade de experimentar o gosto de se apaixonar por um confeiteiro. Esse romance pode ser encontrado em e-book na Amazon.

Conhece alguma história ou autor que gostaria de ver por aqui? Envie para contato@publiqueirevista.com ou em nossas redes sociais! 6


Autor do mês

M

aurício Gomyde faz parte do grupo de escritores que decidiram publicar por conta própria. Não contente, ele publicou quatro de seus livros de forma independente. É escritor desde 2001 e já foi publicado até na Lituânia! Seus títulos mais conhecidos são “Surpreendente!” e “A Máquina de contar Histórias”, ambos publicados por grandes editoras. Maurício também já foi finalista do Prêmio Jabuti e citado em listas de livros mais vendidos. Tem uma coluna no site da Editora Intrínseca, empresa que lançou um de seus títulos. É apaixonado por música, tem ao todo cinco romances publicados e adora colocar toques de drama em suas histórias. De um leitor voraz na infância, passou a ser um escritor secreto (para si) e depois concretizou-se escritor por conta própria, lançando “O Mundo de Vidro” em 2002. Maurício Gomyde pode ser um exemplo de não desistir de seus sonhos!

Lançamento do mêsLançamento do mês

“O

s 12 Signos de Valentina” é a sensação de julho no Wattpad e nas livrarias. A autora Ray Tavares traz a melhor forma de curar um par de chifres. Isadora decide que a culpa de seu relacionamento não ter dado certo está na combinação horrível de signos que ela e seu ex tinham. Piscianos nunca dariam certo com arianos não é mesmo? Para completar a cura da traição, ela decide que era a hora de conhecer o romance de cada signo do zodíaco! Nada melhor que sair com homens lindos e completamente diferentes para esquecer o ex, não é? E com a perfeita desculpa de uma matéria de jornalismo digital para a faculdade, Isadora decide criar um blog

viver tais experiências. Agora ela se esconde atrás dos 12 Signos de Valentina e conta suas histórias na busca do signo perfeito, que no caso dela trata-se de um libriano. Entretanto isso não quer dizer que ela deveria pular todos os outros encontros, não é mesmo? Cada coisa em seu tempo. A escrita é leve, com toques de comédia, traz as características principais de todos os signos e ainda o olhar de Isadora (ou Valentina) sobre o que monta a personalidade das pessoas. Vale a pena valorizar a literatura de qualidade, que sai das telas dos computadores para as grandes livrarias do país. 7


o n i e h c A Por Clara Saveli

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úlia é formada em Português pela UNB e nascida e crescida em Brasília. Atualmente mora na Irlanda, mas tem planos de retornar para o Brasil até o final do ano. Ama escrever e cantar, embora ache que ainda está aprendendo e tenha muito o que melhorar. É um pouco tímida, mas faladeira depois que pega intimidade. É de peixes, tem 24 anos e ama animais. Seu melhor amigo é seu irmão de 15 anos. Inventa histórias desde que aprendeu a escrever, com seis anos de idade.

Publiquei Revista: Como foi que você descobriu o Wattpad e o que te fez começar a publicar nele? Julia BT: Eu fiquei sabendo sobre a plataforma em 2013 a partir de amigos escritores que estavam procurando uma alternativa para o Orkut, que era o lugar onde eu originalmente compartilhava minhas histórias. Eu comecei a usar o Wattpad de fato apenas em 2015, primeiro para ler as histórias de minhas companheiras do Orkut Clara Savelli e Chris Salles, e depois me arriscando com a publicação das minhas próprias histórias. PR: Sabemos que sua história com publicação online começou muito antes do Wattpad, ainda no Orkut. Conte um pouco para a gente como seu relacionamento com os leitores afeta sua escrita. JBT: Meu relacionamento com os leitores afeta minha escrita da forma mais fundamental e básica de todas: sem leitores, não consigo seguir em frente com história nenhuma. PR: O que dizer da série “Eu, Cupi-

Conhece alguma história ou autor que gostaria de ver por aqui? Envie para contato@publiqueirevista.com ou em nossas redes sociais! 8


do”, que tem quase 3 milhões e meio de leituras? Como surgiu a ideia do livro? Você esperava tamanha repercussão? JBT: Eu não sei exatamente de onde surgiu a ideia, porque eu tinha começado a escrever em 2010 e só em 2015 peguei para terminar... Mas suspeito que eu tenha tido uma fase de “cupidos” por causa do seriado Cupid (2009), porque entre meus arquivos encontrei outras três histórias de cupido com mitologias completamente diferentes! Não esperava a repercussão de forma alguma. Eu comecei a postar torcendo que alguém na plataforma me notasse, mas nunca iria sonhar, nem nos meus sonhos mais doidos, que chegaria onde cheguei. PR: Pelo seu perfil do Wattpad, vemos que você escreve ficção adolescente, ficção geral, literatura feminina, ficção histórica e contos. Alternar o gênero literário é algo fácil para você? JBT: Eu tenho mais intimidade com ficção adolescente mesmo. Gosto

PR: Você sonha em publicar alguma de suas obras? Se sim, em breve? JBT: Sim, com certeza! Mas não tenho muita confiança de que isso acontecerá em breve... Infelizmente, não depende só de mim.

Tem elementos mágicos, poderes paranormais, e a coisa toda se passa em um período meio medieval em um mundo fictício. “Entre Parênteses” conta a história de uma garota brasileira que, para evitar voltar para o Brasil e enfrentas seus problemas, se casa com um escocês e acaba assentando residência na Europa. A história é basicamente ela lidando com os conflitos internos e com tudo o que a fez querer “fugir” do Brasil em primeiro lugar.

PR: Pode contar um pouco sobre “Entre Parênteses” e “O Canto do Cisne”, histórias marcadas como “em breve” no Wattpad? JBT: Claro! São histórias que eu amo e estou louca para compartilhar com meus leitores. “O Canto do Cisne” é uma ficção histórica/fantasia sobre vários personagens que vivem em um reino onde uma profecia diz que surgirá um par de governantes para salvar o mundo. Alguns deles tentam impedir essa profecia, outros não têm ideia do quanto estão envolvidos com ela.

PR: Se pudesse escolher qualquer autor do mundo para escrever um livro em conjunto, quem escolheria e por que? JBT: Eu sei, por experiência, que a escrita conjunta não depende apenas da admiração mas também da sintonia. Então, entre todos os autores do mundo, eu escolho aquela com quem eu já escrevo um livro: Mel Geve. Ela é uma das minhas autoras preferidas, de qualquer forma, e nós temos uma conexão incrível. “Inconfidente”, o romance que escrevo com a Mel, é a minha obra de que mais me orgulho.

muito de alternar, mas não é natural para mim e preciso de muito mais esforço para concluir histórias que fogem do gênero que é minha zona de conforto.

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Amamos ebooks Por Thayanne Porto

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scritora de romances eróticos, Tamires Barcellos é natural do Rio de Janeiro. Estudante de Letras - Português, ama literatura e é apaixonada pelo mundo da escrita, onde pode dar vida a personagens e sentimentos a pessoas verdadeiras. Suas histórias já somam mais de um milhão de visualizações só no Wattpad, e nessa entrevista ela fala sobre a importância da plataforma para quem quer uma chance no universo literário. Tamires também fala sobre suas histórias, que envolvem temas polêmicos como BDSM e pornografia. Confira: .

Publiquei Revista: A história do seu romance de estreia, O Astro Pornô, é bem diferente: depois de uma noite regada de tequilas, a protagonista assina um contrato que diz que ela terá que contracenar com um dos maiores astros de pornô. Da onde surgiu a inspiração? Tamires Barcellos: A inspiração para “O Astro Pornô” veio de uma forma totalmente inusitada. Estava no salão de cabeleireiro da minha tia, lendo uma revista, até que me deparo com a entrevista de um ator pornô. Li com muito interesse e, conforme via suas respostas, o livro começou a se montar na minha mente. Na hora, achei uma ideia ousada, mas resolvi arriscar, porque sentia a necessidade 10


de ver algo diferente no meio literário (nessa época, os CEOs dominavam o cenário). Graças a Deus, o título chamou a atenção das leitoras e a história cativou a todos. PR: Você acaba tratando de temas bastante polêmicos nos seus livros, como pornografia e prostituição. Como lidar com esses assuntos tão fortes, ao mesmo tempo que tem que entreter o leitor? TB: Eu acho que certos temas precisam sim ser abordados, mas com cuidado. A pornografia e a prostituição, por exemplo, são temas vistos como algo chulo, mas, por trás de todo o preconceito, existem pessoas. E a história dessas pessoas pode sim surpreender (como aconteceu com Michael, que era o ator pornô e a Claire, que era prostituta). Enquanto Michael era apaixonado pelo o

que fazia e não ligava para opinião alheia, Claire não gostava nenhum pouco do emprego que tinha (olha o spoiler, risos). Mas achei que seria interessante mostrar o outro lado da moeda, ou seja, a visão pessoal dos personagens sobre esses temas. E, como disse anteriormente, é preciso ter cuidado ao abordar esse assunto, até porque, as histórias são românticas e não uma biografia ou baseada em fatos reais. Com um toque de amor, tudo fica mais fácil de ser manuseado.

ções que ouço.

PR: O que te inspira a escrever? TB: Muitas coisas me inspiram a escrever. Pode ser uma matéria de revista, algo cotidiano e, principalmente, música. Música, meus livros e eu andamos de mãos dadas (risos). Não conseguiria me inspirar totalmente se não fossem as can-

PR: Indique um e-book de um autor ou autora nacional. TB: Apenas um? Que difícil (risos). Indico um que li há algum tempo, mas a história ficou marcada em mim, que é “Broken”, da autora Liz Spencer.

PR: Como a possibilidade de publicar seus livros de forma independente mudou sua vida? TB: Mudou totalmente. Infelizmente, existe no meio literário muitas “editoras” que, no começo, fazem mil e uma propostas e promessas, mas, no final, mostram que só estavam de olho nos lucros e nos passam a perna. Por isso, publicar de forma independente mudou todo esse cenário para mim.

Qual autor você gostaria de ver por aqui? Envie sua sugestão para publiqueirevista@gmail.com e não perca as próximas edições! 11


Marlon Souza

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Por Lyli Lua

Publiquei Revista: Em seu primeiro livro, você já chegou com um assunto tabu. Qual foi a reação do público literário a uma história sobre um adolescente que contrai AIDS? Marlon Souza: Quando comecei a escrever o “Às Vezes” eu queria contar como é se viver com HIV nos dias atuais. Que o vírus não é mais “mortal” como era há 20 anos. Eu queria mostrar que pessoas com esta condição poderiam viver como qualquer outra. E muitos dos leitores entenderam exatamente isso. Acho que consegui chegar ao meu objetivo. E isso foi muito bom! PR: Agora você está no ramo da fantasia. Foi difícil a transição dos estilos? Como foi sua experiência bolando esse mundo novo? MS: Por incrível que pareça, fantasia foi o primeiro gênero que eu comecei a escrever, lá pelos meus quinze

anos. Mas eu costumo falar que nunca encontrei a história que merecia ser contada. Sempre abandonava as outras ideias que tinha por não achar boas o suficiente. Até que surgiu a ideia de criar uma história onde o protagonista manipulasse o fogo. Daí em diante ela só foi crescendo e o mundo ampliando de uma maneira que nem eu acredito. Mesmo assim, escrever fantasia requer mais esforço do que escrever romance ou drama. Pelo menos para mim está sendo, principalmente se tratando de uma série. PR: Com seu novo livro, “As Crônicas de Elf Regnum - O Despertar da Fênix”, você inicia uma saga. Serão quantos volumes? Como é seu processo de estruturação da saga? MS: O Despertar da Fênix é quase como um prefácio de toda uma história que está por vir. Todos os meus leitores betas e meu editor chegaram a esta conclusão. No primeiro livro, eu apresento os principais personagens e a situação que desencadeia toda a trama. E deixo algumas pistas para as coisas que irão acontecer. Esse foi o intuito do primeiro livro e acredito que os leitores irão gostar muito dele e já se perguntar sobre o

que irá acontecer nas continuações. Ninguém ainda sabe quantos livros serão com certeza, na verdade nem eu mesmo sabia, até há uns dias. Então agora posso dizer que serão quatro, estou finalizando o segundo e já começando a escrever o roteiro do terceiro. A estruturação da saga foi bem simples, acredito. Já tenho todos os títulos e a trajetória do personagem principal. Costumo dizer que esta é a saga da Fênix e veremos sua mitologia ser trabalhada no decorrer de cada livro. PR: No wattpad você está divulgando o livro “O Garoto do Cabelo Azul”, um romance gay. Como você vê hoje em dia o mercado literário em relação à aceitação de enredos abertamente LGBT? MS: Infelizmente ainda há muito preconceito com livros com este tema. Não só em livros, uma grande parte da sociedade é de fato homofóbica. Muitos não aceitam romances entre dois garotos ou duas garotas. Não somos representados na grande mídia. Mas felizmente isto está mudando. Este ano mesmo tivemos um filme com um protagonista gay e negro como vencedor do Oscar. Temos outros livros e autores ganhando cada vez mais

Eu descobri que ler era legal. Sei que bom não depenQue ler um eralivro a melhor coisa de de gênero, mas de qualidade lique eu podia fazer na vida. terária: personagens bem construídas, tramas bem armadas, falas articuladas e uma boa narrativa.

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le é o louco das antologias! Marlon Souza, também conhecido como O Rapaz Mais Animado da Internet, está prestes a lançar seu novo livro. Com uma presença bem afirmada nas redes sociais, bom humor e muita divulgação, o jovem escritor caxiense conquista aos poucos seu espaço. Já no terceiro livro, Marlon é presença confirmada em diversos eventos literários, sempre com sorriso no rosto. O garoto é uma máquina de escrever contos, focado na escrita e estruturação dos livros e ainda organizador de eventos. Ele não para! Dono de um estilo simples, os escritos de Marlon nos cativam por serem facilmente relacionáveis. Ele nos prende em narrativas que nos fazem refletir sobre nossa própria vida. Se impressionou? Então vem conhecer um pouquinho mais sobre ele nesse bate papo exclusivo com a Publiquei.

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destaque ao falar simplesmente sobre o amor, independente do gênero ou da sexualidade de seus personagens. E isto é bom, acho que será um processo lento, como tudo relacionado à comunidade LGBT, mas acredito que um dia chegaremos lá. E um simples romance entre dois garotos não será tratado como um tabu. PR: Max, o protagonista de “O Garoto do Cabelo Azul”, passa por um denso processo de descobrimento e aceitação durante a história. Você acredita que pode ajudar e/ou influenciar leitores com esse tipo de enredo? MS: Max tem 16 anos. Ele teve uma criação diferente de qualquer outro garoto por causa da super proteção de seu pai e suas mudanças constantes. Ele não teve amigos, não pode conhecer muitas pessoas. E então chega Heitor, o garoto do cabelo azul. Aquele garoto chama sua atenção de alguma forma e aos poucos ele vai descobrindo sobre sua sexualidade de uma maneira quase inocente. E acho que essa inocência pode ajudar a leitores que estejam passando por isso, ou já passaram. Mas também pode mostrar o outro lado, daqueles que nunca passaram por isso. Acho que esta história ajudará a todos a terem mais empatia, seja você gay ou hétero. PR: Você é um entusiasta das antologias de contos! De quantas já participou? Conta os nomes pra gente! MS: Sim! Eu amo ler contos. E escrever também. Sempre que posso, estou escrevendo um conto aleatório ou preparando algo para uma antologia que achei a proposta interessante. Ano passado publiquei em 4 antologias, sendo elas “Phantasia” (Rou-

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xinol), “31 Contos Assombrados” (Rouxinol), “Contos ao Vento” (Porto de Lenha) e “Nós e o Amor” (Darda). Eu acho que publicar em antologia é uma ótima forma de praticar a escrita e ter diversos leitores analisando. Receber o feedback desses contos é ótimo. E nos faz crescer cada vez mais como autor. Ainda este ano fui selecionado para mais duas antologias: “Por Dentro de Nós” (Rouxinol), que terá meu primeiro conto LGBT publicado, e “Um Céu e Estrelas” (Villa-Lobos). PR: Em seu currículo também consta a organização do evento LiteraCaxias. Como é estar do outro lado, contribuindo para a divulgação de outros autores? MS: Atualmente o LiteraCaxias tem me dado muita felicidade. Não só como autor, mas como leitor, jornalista e um entusiasta da literatura nacional. O projeto criado pela Natália Higino está quebrando muitas barreiras e crescendo de uma maneira que nem mesmo a gente acreditou que conseguiria há dois anos. Fazer eventos culturais na Baixada Fluminense é sinônimo de ter coragem. E quando o evento é voltado para a literatura? Nós temos consciência da realidade da nossa sociedade, principalmente de onde vivemos. Mas quando chega uma edição nova e conseguimos reunir um público grande e que todos saem já perguntando quando será a próxima edição é muito gratificante. PR: Quem inspira Marlon Souza? Quais são seus autores favoritos? MS: JK Rowling é minha maior inspiração. Imagina um garoto

nascido em São João de Meriti, negro, pobre. Onde não tinha nenhum contato com livros, além da escola. Eu não tinha uma referência. Não havia eventos, clube de livros, sequer biblioteca tinha quando eu era criança. Mas, quando conheci Harry Potter, isto mudou e eu descobri que ler era legal. Que ler era a melhor coisa que eu podia fazer na vida. E foi a partir deste livro que um garoto normal se tornou um leitor e posteriormente um escritor. Eu admiro a Rowling não só por isso, mas por toda a sua vida, sabe? Aquela é uma mulher guerreira e inspiradora. É claro que com o tempo fui conhecendo outros autores que posso mencionar aqui como o Raphael Montes, Neil Gaiman, Eduardo Spohr, Jonh Green, dentre muitos outros. PR: Houve algum momento da sua vida em que pensou em desistir da escrita? MS: Eu nunca pensei em desistir de escrever. A escrita está presa na minha alma, assim como a leitura. São as coisas que mais me fazem bem hoje em dia. Mas já pensei em desistir de publicar. Acho que o caminho do escritor é muito difícil, são muitos problemas que precisamos lidar quase diariamente. E às vezes, pessoas ou empresas entram em nosso caminho somente para nos prejudicar. Não pensam que este é o nosso sonho, acima de qualquer coisa. E por má fé ou por outro motivo estranho para mim, não ligam que estão lidando com vidas, sabe? Mas hoje encontrei amigos ótimos, uma editora que me respeita e acima de tudo sabe que aquele é o meu sonho e sonha


junto comigo. Além de convites como este da Publiquei Revista, que me deixam muitíssimo feliz. PR: Você pensa em dar o passo seguinte e transformar suas obras em produtos audiovisuais algum dia? MS: Acho que como todo escritor, eu gostaria de ver minhas histórias nas telonas ou telinhas. Eu estudo roteiro sozinho. Assisto a vídeos, leio artigos. E aos poucos estou aprendendo mais sobre essa mídia. Já tenho alguns curtas escritos, mas é muito difícil de conseguir um contato de uma produtora para a produção deles. Pretendo após a faculdade de jornalismo fazer um curso de roteiro para transformar meus livros em filmes, ou peças. Quem sabe mais para a frente?!

PR: Deixe um recado para seus leitores. MS: Gostaria de agradecer em primeiro lugar a Revista Publiquei! Acompanho o trabalho de vocês desde a primeira edição e estou muito feliz com o convite. Queria dizer a todos os meus leitores, muito obrigado por me acompanharem sempre, aqueles que vieram com o “Às Vezes” ou com “O Garoto do Cabelo Azul” e os que estão ansiosos por ler “O Despertar da Fênix”. Eu sempre costumo dizer a todos para não desistirem dos seus sonhos. Mas eu queria dizer também para lutarem por cada um deles.

Bom saber Marlon é um dos poucos escritores que detesta café; * Seus maiores ídolos são JK Rowling, na literatura; Cazuza, na música; e a série Glee; * Costuma dizer que só começa uma nova história quando ouve seus personagens gritarem na cabeça.

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Escritor pode tudo! A tal pergunta que tanto ajuda quanto atrapalha cai finalmente de paraquedas no seu colo, escritor: o que eu posso ou não escrever? Antes do caos e destruição reinarem e você sair correndo e gritando sala afora, convido-te a observar a literatura atual. Pense nos últimos lançamentos deste primeiro semestre de 2017. Faça a imagem mental das capas, das sinopses. As diferenças entre eles eram milhares, com certeza. Mas qual era a semelhança? Bem simples: o detalhe que eles têm em comum é que os autores os escreveram porque sabiam que podiam. Mas como eu, escritor novato, sei que posso escrever sobre algo? Ora, meu amigo ou amiga, você mesmo responderá isso depois de uma própria reflexão. Não é tão difícil botar a mão na consciência e parar para pensar na profundidade de nossa literatura, esse é inclusive um exercício necessário para todo escritor. É hora de se questionar: o que quero passar aqui? Qual meu objetivo? Como pretendo impactar com esse texto? Quais valores morais vou passar (ou esmagar) em meu livro? Quais grupos sociais contemplo com minha literatura? O que escrevo ofende alguém? Caso sim, eu concordo com isso? Ao final desta conversa consigo mesmo, o escritor estará pronto para lidar com uma verdade absoluta: o escritor pode tudo. Posso mostrar relação abusiva? Pode.

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Posso escrever sobre uma mãe que odeia os filhos? Pode. Posso criar um high fantasy erótico envolvendo naves espaciais e um tiranossauro? Pode. Eu devo? Como é bem sabido desde o primeiro filme do “Homem Aranha”, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades (amém, Tio Ben), logo, o entendimento de que você pode fazer o que quiser em seus livros anda de mãos dadas com o peso da responsabilidade disso. Um livro disparador natural de gatilhos pode ser problemático e afastar leitores psicologicamente sensíveis. Isso significa que ele não deve ser escrito? Só você pode dizer. É importante entender que o texto só é seu enquanto está escondido nas profundezas do seu HD. A partir do momento em que está publicamente disponibilizado, ele é do mundo. E o mundo é cruel. Ele não vai aceitar suas desculpas, e nem deve mesmo! Porque assim como o escritor tem responsabilidade sobre o que cria, o leitor tem responsabilidade sobre o que consome e reproduz. E a editora? Esses aí são responsáveis por tudo. Se você não está pronto para lidar com essa resposta do mundo, talvez seu lugar não seja na prateleira — e não há nada de errado nisso! Você pode estar onde quiser. Lembre-se: você é escritor. Você pode tudo.

Por

Lyli Lua

Autora de Pecadores, Íris e Inimigo Digital. sitedoup.com.br @raindancely


[ no CESAP ]

R

ealizado no Dialogue Café, bem ali em frente à ALERJ, esse evento me chamou a atenção. Recebi a convocatória por indicação de uma amiga que, por sua vez, recebeu de uma lista de e-mails aleatória. Chequei o evento no Facebook e vi uma despretensiosa divulgação. Absolutamente nenhum conhecido havia confirmado presença. Pensei: por que não? E fui. Cheguei no horário, depois de ter corrido do trabalho, e me deparei com um pequeno atraso, mas nada demais. O evento era organizado pelo CESAP, o Centro de Estudos Sociais Aplicados, que faz parte da Universidade Candido Mendes, e toda a estrutura e divulgação foi pensada por e para alunos — o que acabou resultando em presença-fantasma de pessoas que só estavam lá para contar horas de atividade

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Por Lyli Lua

extra-curricular. A mesa era formada pelas convidadas Paula Vieira de Mello, autora de velha guarda da fanfic “Hydra Malfoy - A Garota Malfoy”, e Mayara Barros, mestranda em Comunicação Social pela UERJ e impulsionadora de uma extensa pesquisa sobre o público leitor de fanfics. A conversa correu num ritmo que essa ex autora de fanfics adorou. A triste realidade elitista de que fanfics são consideradas trabalho inferior foi muito questionada. Indo contra esse pensamento, as convidadas questionaram se fanfics não são exercícios naturais que nos obrigam a exercitar a criatividade. No meio literário, o autor de fanfic é visto como “ladrão de propriedade intelectual” e “preguiçoso”. Paula contesta isso, mencionando a pesquisa que precisa ser feita para se ambientar em um universo

já estruturado. “De preguiçosa não tenho nada”, afirmou. Além desse fator, outro tópico importante foi perceber que a escrita e postagem de fanfics quebra a tradição do Escritor Solitário — os leitores estão sempre lá com comentários, e isso nem sempre é bom. O que não faltam são histórias sobre revolta coletiva de leitores em razão de termino de namoro entre personagens. Isto acaba se tornando uma faca de dois gumes e pode tornar o autor mais próximo dos leitores. Mayara mencionou que a autoria de histórias nunca é de uma pessoa só e utilizou Shakespeare como exemplo, citando a construção de suas peças que se modificava de acordo com a resposta do público. Entre risadas e descobertas, eu saí do despretensioso evento com um sorriso e a certeza de que estive entre os meus.


Falando nisso...

Por Lyli Lua

É julho. Você também tem aqueles momentos de total desespero antes de dormir? Aquele breve, porém intenso, instante entre contar quantas horas de sono você vai ter e roncar como o motor de um trator bicentenário? É nesse momento cruel em que geralmente nossa mente nos faz a traiçoeira pergunta: e aí, já escreveu o quê? Seis meses já se passaram e, eu tenho certeza que me lembro disso, você jurou que 2017 seria o seu ano. Então, amigo escritor, convido-te a essa reflexão dolorosa junto comigo. Já que não nos tornamos o próximo Stephen King, então o que andamos fazendo em 2017.1? Em janeiro, começamos com o pé direito uns projetos novos,

aposto que sim. Em fevereiro, brincamos o carnaval, merecíamos esse descanso. Em março, choramos muito com o sol em peixes para tentar finalizar um mísero capitulo (que frustração!). Abril foi pesado, saímos nas ruas para protestar, não escrevemos porque estávamos em greve! Em maio, decidimos tirar o atraso e realmente nos esforçamos. Foram muitas páginas escritas e, logo depois, apagadas. Em junho, tivemos que lidar com a realidade de que estamos enferrujados. E agora é julho e já trabalhamos tanto quanto o Temer. O que fazer agora? Correr desesperado para fazer Camp NaNoWriMo ou traçar um quadro de metas quase impossível de

ser alcançado para lançar aquele conto antes da Bienal? Ai, meu Deus, a Bienal! Com a chegada iminente da grande feira de literatura, como podemos nos concentrar? Não sei você, meu caro, mas parece que o mundo gira ao redor deste evento. Precisamos mapear em quais estandes passaremos, qual o melhor horário para tirar foto no Trono de Ferro, como conciliar todas as atrações com meus autores favoritos... Oh, céus, começamos 2017.2 já muito bem! Desculpe, projeto novo, nos falamos novamente depois da Bienal. Ou, ao menos, esperamos. Senão serei obrigada a questionar novamente em dezembro: já escreveu o quê?

Já escreveu o quê? 18


Publique seu livro

O

sonho de publicar um livro passa pela cabeça de qualquer escritor, mas às vezes a felicidade é tão grande de iniciar na carreira literária que algumas coisas passam despercebidas. Os problemas começam a aparecer, os contratos tão bem amarrados que te impedem de tomar decisões e o sonho acaba se tornando um grande pesadelo. Para alertar quem está iniciando, a Publiquei Revista decidiu fazer esta matéria, trazendo diversos casos que ocorreram em editoras pequenas, médias e grandes. O objetivo não é falar mal ou bem de editoras e sim de mostrar histórias que podem vir acontecer com os iniciantes, para estar ciente do despreparo de algumas empresas e como isto pode afetar a vida profissional dos autores. Antes de assinar qualquer contrato, leia, leve para advogados, pergunte aos autores que já foram publicados pela editora, pesquise, veja se há títulos nas 19

Por Isabelle Reis

livrarias mais comuns e seja cauteloso, porque é do seu sonho que estamos falando. A pedido da revista, escritores resolveram desabafar e mostrar que há um lado ruim de todo o glamour de publicar um livro. Entre os relatos nota-se que nem os e-books estão passíveis de fugirem deste tipo de problema. Fabiana, nome fictício que será usado para identificar a escritora, já tinha saído de uma editora e aceitado trabalhar em outra empresa. Seu livro acabou sendo mal revisado, desconfigurado e ainda foi publicado faltando seis capítulos da história. “Aquilo para mim foi a gota d’água, principalmente quando ao ligar para eles recebi a resposta que toda a culpa era minha por ter apressado a produção de um livro que estava com eles desde setembro, tendo praticamente três meses para trabalharem nele”, disse Fabiana. Danilo, assim como Fabiana, tinha sonhos e achou que havia conseguido realizá-los ao entrar

para uma editora. Mas o desrespeito, a falta de contato e a ausência do profissionalismo o fez colocar os pés no chão. Ele acabou por ter livros que nunca foram publicados, não receber os direitos autorais e ainda não conseguir contato com a empresa por seis meses. “A equipe parece não se importar nem um pouco, não importam os meios que você, como autor, utilize para chegar até eles, o movimento que faça mostrando a verdadeira face da editora. Parece tudo uma grande brincadeira, ou birra, e o profissionalismo passa longe”, completou o autor. A maioria dos escritores caem nas mãos das empresas ruins por falta de dinheiro. Publicar um livro custa muito caro, entretanto faz parte do objetivo quando se termina uma história. Como colocar nas livrarias? Aline queria fazer de tudo para lançar o título na bienal e como em um passe de mágica, ela recebeu o tão sonhado e-mail que prometia publicação gratuita e ainda participação na


bienal. Porém, seu livro chegou ao stand da feira apenas nos últimos dias, com defeito na capa e revisão errada. “Desconfie de tudo e de todos e se não tiver problema nenhum... Desconfie mais ainda. Até editora grande tem erro”. Se Aline esperou mais de uma semana, Camila esperou quatro anos para ter seu livro publicado. Ela decidiu postar sua história no Orkut, em 2010, e acabou chamando a atenção de uma pequena editora. Assinou o contrato no

mesmo ano, mas o livro só foi lançado em 2014. E o pior é que quando estava tudo pronto, a empresa disse que não teria capacidade de comercialização do título. Camila teve que fazer uma vaquinha para comprar os exemplares da editora. “Vendi toda tiragem em menos de um ano, trabalhando de forma totalmente independente. Realmente, colocando o livro em baixo do braço e indo em frente”, comentou ao mostrar que deu a volta por cima. Para que não tenha que ralar também para dar a volta por

cima, o ideal é tirar desses relatos informações valiosas do que pode vir acontecer no futuro. Primeiro de tudo, mais de uma vez, leia o contrato. É muita felicidade saber que alguém está interessado na sua história, que sua falta de dinheiro não é mais um problema e que vai ser convidado para as maiores feiras do país. É maravilhoso e deslumbrante, mas pare, não seja afobado. Peça ajuda de outras pessoas, pergunte, se informe, seja cauteloso. Tenha apenas ótimas experiências deste momento importante da vida de um escritor.

NOTA DA PUBLIQUEI REVISTA Para preservação de identidade e prevenção de possíveis mal-entendidos, todos os autores entrevistados receberam nomes fictícios e os nomes das editoras foram mantidos em sigilo. O relato completo dos autores está dispoível permanentemente no nosso site, publiqueirevista.com, na aba “Não Publique Seu Livro”. 20


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