Publiquei Revista - 16ª Edição

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Conversamos com Lívia Castelo Branco, Juliana Daglio e Anne Krause sobre suas histórias Eventos traz o que aconteceu no LiteraCaxias e na Semana do Livro Nacional

ViníciusGrossos Verão + Amor = A Matemática de


16ª EDIÇÃO Editora Chefe Carol Dias Diagramação Tati Machado Ícones Vectors Market Freepik Eleonor Wang Redação Bruno Luiz Silva Clara Savelli Isabelle Reis Lyli Lua Marlon Souza Paula Tavares Patricia Silva Revisão Carol Dias Contato Carol Dias contato@publiqueirevista.com (21) 99575-2012 publiqueirevista.com

EDITORIAL Em dezembro, a última Publiquei do ano traz na capa o talento de Vinicius Grossos. Ele falou um pouco sobre suas obras e como começou a carreira de escritor. Conversamos também com as autoras: Juliana Daglio, no “Uma Palavrinha Com”; Lívia Castelo Branco, no “Achei no Wattpad”; e Anne Krause, no “Amamos E-books”. O “Painel da Literatura Nacional” tem os oito livros que a nossa equipe mais gostou de ler nesse 2017. Se você ainda não leu nenhum deles, recomendamos fortemente. Como resenha do mês, você conhece um pouco mais a história de “ Sem Vista Para o Mar, da Carol Rodrigues. Esse foi um mês cheio de eventos aqui na nossa equipe e dois que nós trouxemos nesta edição foram: o LiteraCaxias, que esteve em sua quinta edição no bairro; e a Semana do Livro Nacional, em sua primeira edição na Baixada Fluminense. Ambos os eventos mostraram a força que essa região tem para a nossa literatura. E como destaque do mês, selecionamos: “Pule Kim Joo So”, lançamento da Gaby Brandalise; “Dança Perigosa”, da Isabelle Reis; e o autor Darlon Carlos. Muito obrigada a todo mundo que acompanhou a Publiquei nesse ano de 2017. Para o próximo ano, estamos com vários projetos incríveis e esperamos tê-los conosco. Aproveitem a nossa décima sexta edição. Boa leitura!


SUMÁRIO

PAINEL DA LITERATURA NACIONAL TOP DO MÊS INSPIRAÇÃO ACHEI NO WATTPAD UMA PALAVRINHA COM AMAMOS EBOOKS CAPA RESENHA EVENTOS

Rio de Janeiro - 16ª Edição

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PAINEL DA LITERATURA NACIONAL por Paula Tavares

O ano está acabando e o que nós fazemos? Relembramos nossas leituras favoritas de obras nacionais! Então, se você não leu algum, pegue lápis e papel e separe os títulos para a listinha de metas de 2018.


TOP DO MÊS por Carol Dias

No mês do dezembro, três escolhas de sucesso que mostram a pluralidade da literatura nacional

AUTOR | LIVRO | LANÇAMENTO

Darlon Carlos

AUTOR

E

m dezembro, vamos conhecer o trabalho de Darlon Carlos, nosso Autor do Mês. Ele é do Rio de Janeiro, formado em biblioteconomia. Seus livros favoritos são os de mistério, policiais, terror, realidade fantástica e ensaios. Nas suas histórias, procura divulgar mitos e costumes brasileiros. Recentemente, publicou “Sob o olhar obtuso da morte”, pela editora Buriti. Trazendo vários personagens do folclore brasileiro e internacional, o livro conta a saga de um anão de circo para enterrar a única mulher que amou, porém que cometeu suicídio.

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LIVRO

Dança Perigosa “D

ança Perigosa” é o primeiro trabalho da Publiquei Editorial. Escrito pela Isabelle Reis, o livro foi seu lançamento no mercado editorial e conta a história do casal Eliana e Matheus, uma bailarina e um policial do BOPE. Eles se conheceram na Rocinha, a maior favela do Rio de Janeiro. Foi bem no meio de um tiroteio que os dois se conectaram e se apaixonaram. Depois de dez anos em que foram forçados a ficarem longe um do outro, ambos têm que aprender a lidar com os problemas da sociedade brasileira, corrupção, política e o tempo. Escolhido como o livro do mês, esse romance policial é a pedida para quem gosta de histórias que envolvam amor, sexo, tiro, porrada, bomba e um pouco de drama.

LANÇAMENTO

Pule, Kim Joo So N

ão é nenhuma mentira que a cultura POP coreana é um fenômeno e domina a mente e o coração de cada vez mais jovens brasileiros. E é sobre isso que a Gaby Brandalise fala em Pule, Kim Joo So. Inspirado nos doramas coreanos e publicado pela Verus, o livro fala de algo que é um debate muito importante: Marina é constantemente agredida pelo ex-namorado e vive fugindo do embuste. A vida dela se cruza com a do coreano So por acaso. Ele, que vive do outro lado do mundo atormentado pela culpa, acaba em um banheiro de aeroporto aqui no Brasil, onde Marina trabalha. Todo sujo, machucado e sem falar português, é a moça com a alma brasileira de recepcionar bem os de fora quem estende a mão e o ajuda.

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INSPIRAÇÃO por Bruno Luiz Dantas

O sempre amado Jorge

Uma homenagem ao genial escritor, um dos maiores romancistas brasileiros

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ários nomes rapidamente surgem na mente quando se pensa em Literatura Brasileira. Em meus pensamentos, o primeiro que aparece é do genial Jorge Amado. A partir daí começo a elencar suas obras. Traduzidas para diversas línguas, adaptadas para grandes sucessos na televisão e no cinema... Um requinte na narrativa, uma escrita formidável, histórias inesquecíveis. Por algumas vezes, em conversas animadas com amigos, veio à tona a pergunta sobre o que faltaria para que uma obra brasileira ganhasse o Prêmio Nobel de Literatura. Em Língua Portuguesa, o português José Saramago é o único ganhador. E quando o tema “Nobel para obra nacional” aparece, sempre me questiono sobre como Jorge Amado não foi honrado com tal premiação. Mesmo se você não for um leitor assíduo, ou até se você não for um leitor, as obras de Jorge Amado transcendem o universo dos livros. Os romances “Gabriela, Cravo e Canela”, “Tieta” e “Dona Flor e seus dois maridos” foram adaptados e transformados em novelas televisivas extremamente bem-sucedidas. Os clássicos de Jor-

ge Amado transformaram-se em clássicos da teledramaturgia brasileira. As novelas foram, à época, superproduções que atraíram os brasileiros, que acompanhavam diariamente pequenas doses da genialidade de Jorge. Você deve conhecer aquela frase que diz que o livro é sempre melhor do que o filme. E ela se encaixa perfeitamente aqui. Se as transmissões televisionadas já eram cativantes, as tramas perfeitamente encadeadas nas páginas dos romances de Jorge Amado são simplesmente apaixonantes. Jorge Amado nasceu na Bahia em 1912. No ano seguinte de seu nascimento, um surto de varíola obrigou sua família a abandonar a fazenda na qual vivia, mudando-se para Ilhéus, onde Jorge viveu a infância. Em Salvador, passou a adolescência. Foi na capital do estado que criou a “Academia dos Rebeldes”, um grupo de jovens escritores que ajudou na renovação da literatura baiana. Durante os anos 30, mudou-se para o Rio de Janeiro com o intuito de estudar Direito. No entanto, mesmo graduado, nunca trabalhou na área. Teve envolvimento com

o Partido Comunista Brasileiro, tendo sido inclusive eleito deputado federal, em 1945. Em razão do posicionamento partidário e ideológico, viveu exilado por alguns momentos entre 1941 e 1952. Jorge foi casado com a também brilhante escritora Zélia Gattai, com quem teve dois filhos. Amado foi nomeado imortal da Academia Brasileira de Letras em 1961. Ocupou a cadeira 23 até 2001, quando faleceu, sendo sucedido pela própria esposa. Além das obras já citadas no texto, Jorge Amado é também autor de “Capitães da Areia”, grande livro marcante para o Modernismo regional que tanto caracterizou o trabalho do escritor baiano. Foi adaptada para o teatro, e corresponde a um dos grandes sucessos do teatro brasileiro. Do final dos anos 60 até o começo dos anos 80, a candidatura de Jorge esteve sempre presente para o Nobel de Literatura. Amado, muito amável e solidário, patrocinou muitos autores para o prêmio. Perdeu Jorge Amado, tão maravilhoso, mas sem Nobel? Não. Perdeu o Nobel, tão renomado, mas sem Amado. 7


AMAMOS EBOOKS!

A publicitária que virou autora de ebooks

por Bruno Luiz Dantas

Anne Krauze faz sucesso com seus livros em plataformas digitais

A escrita sempre fez parte da história de Anne Krauze. A escritora curitibana, mas paulistana de coração, possui grande sucesso em plataformas digitais. O primeiro texto de ficção surgiu aos 12 anos: “O roubo do anel”, para uma peça na escola. No decorrer dos anos, a escrita entrou como parte da profissão de publicitária. Havia termos técnicos que Anne precisava desenvolver em função da atividade de planejamento de mídia. Mas há cerca de dois anos, a autora mudou de agência de publicidade. E veio uma 8

grande transformação: — Essa mudança desencadeou uma série de coisas, incluindo meu desejo de abandonar a área. Resolvi por um período sabático. Com muito tempo livre, li tudo que encontrava pela frente. Por lazer e por sentir falta de produzir algo, iniciei minha primeira história: “Te Desejo — Entre Rosas e Estrelas”. A partir daí, descobri que a literatura era minha grande paixão. “Te Desejo - Entre Rosas e Estrelas” é uma comédia romântica híbrida com ação e suspen-

se. Anne começou a postar os capítulos no Wattpad. Foi uma surpresa quando os leitores começaram a surgir de forma espontânea: — Era surreal ver as pessoas lendo e vibrando com o que eu escrevia. Acho os leitores do Wattpad muito generosos e grandes incentivadores – conta Anne. Anne Krauze é fã declarada dos e-books. Pela profissão, sempre foi mais digital e perdeu a prática de leitura em físicos. Atualmente, tenta alternar as leituras entre físico


e digital. E confessa que há um gostinho especial em ir até uma livraria, explorar as prateleiras, conhecer autores e obras novas e sair de lá com algumas preciosidades nas mãos. Quando questionada sobre o fato de o e-book ser visto por algumas editoras como uma ameaça à venda de livros impressos, Anne dá seu ponto de vista: — Se pensarmos em leitores de baixa frequência, não acredito que seja uma ameaça, mas para leitores ávidos, sim. Estamos falando em base de 100 livros ao ano. A produção de um e-book é muito mais acessível do que a de um livro impresso, fato que se reflete no preço de

venda e no bolso dos consumidores. Em um país com tamanha dificuldade econômica, cultura a preços acessíveis é uma dádiva e um caminho real e sem volta — afirma a autora. As obras publicadas na Amazon são sua única fonte de renda com relação aos livros. Mas ela odeia a ideia de escrever visando ao lucro: — É incrível para os leitores e escritores e, sim, é possível ter independência financeira. Eu particularmente tenho uma relação romântica com a literatura. De certa forma, escrever pensando em retorno comercial não me agrada em nada. Sinto como se estivesse profanando algo que é tão precioso para mim. En-

tretanto, o lado comercial é hoje o único meio de garantir que eu consiga permanecer escrevendo. Estou tendo que aprender a lidar com isso — explica a escritora. Para manter o público interessado em suas obras, uma dica que deveria ser regra: — Quanto à interação, eu só vejo uma forma: o respeito ao leitor. Tenho realmente muito carinho e gratidão por todos. E atenção, leitores: os planos da autora para 2018 já estão traçados: — Tenho a responsabilidade pessoal de entregar aos leitores três livros: “Altitude Dark”, volumes 1, 2 e 3; “Eu Te Amo - Entre Rosas e Estrelas”; e “Um Amor ao Acaso”.

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UMA PALAVRINHA COM... por Clara Savelli

Das publicações independentes para uma das maiores editoras do Brasil F

ormada em psicologia, desde pequena Juliana Daglio dizia que escreveria um livro. Sempre foi uma criança de muita imaginação: queria ser uma libélula, assistia filmes de terror na surdina e tinha amigos imaginários. Seus livros tem algo em comum: as personagens principais são as “Vs”, já que essa é a primeira letra do nome de todas elas. Escreveu “Uma Canção para a Libélula”, que fala sobre depressão e dramas familiares, a série “O Lago Negro” e agora trabalha em “Lacrymosa”, sua estreia no mundo do terror e da fantasia.

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Gênero para leitura: Todos! Não sou muito seletiva com os gêneros, gosto de tudo um pouco. Gênero para escrita: Terror Personagem literário: Lisbeth Salander – Os homens que não amavam as mulheres. E, a minha Verônica Cattani, de O Lago Negro. Autor inspiracão: Carlos Ruíz Zafón Melhor história que escre� veu: Profundezas Sombrias – O Lago Negro 3 Melhor livro que leu: A Menina que Roubava Música:

Fix You – Coldplay Cor: Roxo <3 Lugar no mundo: Minha casa com meus livros, família e cachorros. Cidade natal: Cerqueira César – SP Comida: Feijoada Dia inesquecível: Quando minha agente me ligou para contar que Lacrymosa sairia pela Bertrand Brasil. Nem sei como meu coração aguentou. Lacrymosa em uma pala� vra: Fé!


ACHEI NO WATTPAD por Clara Savelli

Lívia Castelo Branco tem 22 anos, mas sente que terá oito para sempre. É nordestina, mora em uma cidade do interior chamada Capistrano e sonha em viajar pelo mundo com uma mochila nas costas. Divide a cama com sua gata Sofia, com seu baixo e com os livros que compra e acumula. Começou a se interessar pela escrita em 2010, durante uma aula de português, mas nunca escreveu nada online antes do Wattpad. Gosta de ler de tudo, mas seus gêneros favoritos são YA e fantasia.

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Publiquei Revista: Como foi que você descobriu o Wattpad e o que te fez começar a publicar nele? Lívia Castelo Branco: Conheci o Wattpad no começo de 2015, vi alguém falando do aplicativo no Facebook e baixei por curiosidade. Eu nunca fui de mostrar os meus escritos para outros humanos, mas uma amiga de internet me deu a maior força para começar a postar. O principal objetivo de começar a escrever no site foi para perder a minha timidez, pois eu era muito tímida e quando eu ganhei o meu primeiro leitor me senti a própria Jojo Moyes de tão feliz que fiquei.

PR: Os títulos de suas histórias são costumeiramente muito chamativos e divertidos. Por exemplo, “Escrevi essa carta de amor quando estava bêbada”. Como é o processo de criar os títulos para você? Eles surgem com facilidade? É no início, durante ou no fim do livro? LCB: Criar títulos é um inferno na minha vida. Geralmente é a última coisa que eu faço depois de ler e reler o que fiz. Mas esse “Escrevi essa carta de amor quando estava bêbada”, por exemplo, foi inspirado em um dos desenhos da Nanaths, no instagram. Diferentemente dos outros, eu logo

soube que aquele seria o título assim que li a frase, antes mesmo de saber que eu iria escrever esse livro. PR: Como funciona seu método de escrita? Você escreve mesmo os capítulos de acordo com o que vai postando ou é aquele tipo de escritora que prefere ter tudo escrito antes de começar a postar online? LCB: Eu gostaria de ter nascido com o dom de só postar uma história grande quando tudo estivesse finalizado, mas não consigo. Eu escrevo gradativamente de acordo com o que vai surgindo na minha cabeça. Não planejo nada e confesso que sou meio desorganizada. Tipo, não consigo seguir roteiros, nem planejar uma cena que vai acontecer em tal capitulo ou quem vai conhecer quem, essas coisas. Apenas sento na frente do computador (ou celular) e fico horas matutando sobre uma ideia até surgir uma luz para desenvolvê-la. Mas quando se trata de contos pequenos eu consigo escrevê-los em uma tarde ou dois dias e assim eu já posto tudo de uma vez. PR: Qual é seu autor favorito – dentro e fora do Wattpad? LCB: Jamie McGuire e Becca Fitzpatrick foram umas das primeiras autoras que li na vida, então amo elas. E recentemente me apaixonei perdidamente pela Sarah J. Maas. Dentro do Wattpad eu tenho muitas autoras favoritas e uma delas é a Kenya Garcez,

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autora de “O Devasso Mora ao Lado”, cujo livro torço com o meu coração para que vire físico. Outra que eu adoro é a Mima Pumpkin, pseudônimo da escritora Noemi Nicoletti, de “Sons de Ferrugens & Ecos de Borboleta”, uma história incrível que eu recomendo muito. Amo muito a escrita dessas mulheres. PR: Suas capas são maravilhosas! É você mesmo que faz? A gente sabe que não é pra julgar livros pela capa, mas a verdade é que no Wattpad uma capa bem feita é muito importante. O que você acha sobre isso? LCB: (risos) Obrigada pelo elogio. A maioria das minhas capas é feita por mim, mas não tenho talento pra isso. Só a de “Efêmero”, “Escrevi essa carta de amor quando estava bêbada” e “Fale agora ou Cale-se para sempre” que eu pedi socorro às minhas amigas que manjam da coisa. Bom, confesso que às vezes julgo sim o livro pela capa. Mas existem casos e casos, né? Eu acho importante um autor se preocupar com cada detalhe de seu livro para que o leitor tenha uma primeira impressão legal, e vamos combinar que uma capa bonitinha consegue nos atrair mais quando estamos rolando pela biblioteca atrás de uma nova leitura. Ter uma boa história em mãos é essencial, mas uma capa bem-feita também. Como leitora adoro perceber que o colega escritor se preocupou com essa parte.

PR: Um de seus contos na plataforma se chama “Hey Jude”, o mesmo título de uma música dos Beatles. Como as músicas afetam seu processo de criação e por que os Beatles, nesse conto em especial? LCB: Basicamente eu só consigo escrever ouvindo barulho. Minha cabeça não costuma funcionar bem no silêncio. Eu sei, sou estranha. E “Hey Jude” veio num momento de tristeza, eu estava superando a morte do Chris Cornell, vocalista do Soundgarden pra quem não conhece. E a biografia dele foi o que me inspirou a criar o amor de Zach por piano, o personagem principal. E como eu também estava naquela fase de viciada-em-escutar-Beatles-o-dia-inteiro-sem-parar acabou que a letra de “Hey Jude” caiu de paraquedas para me ajudar a criar a Jude, a mãe do Zach. Sério, foi muito lindo e emocionante escrever essa história. Música me ajuda demais no meu processo de criação. PR: Qual foi a maior alegria que o Wattpad já trouxe para sua vida? LCB: A oportunidade de conhecer tanta gente incrível e me tornar amiga de muitas autoras de quem eu sou muito fã. As amizades que fiz na plataforma desejo levar para a vida inteira. Além disso, o que me faz muito feliz é receber tanto carinho dos meus leitores, especialmente nos comentários que eles me deixam. Costumo achar que o Wattpad foi uma das coisas

mais extraordinárias que aconteceu na minha vida PR: Agora, para descontrair: se você pudesse escolher uma de suas obras para ganhar as livrarias de todo país, qual seria e por quê? LCB: “Escrevi essa carta de amor quando estava bêbada”. Essa história é muito importante para mim e eu adoraria vê-la como livro físico. Na verdade, acho que morreria de emoção se um dia isso acontecer. Eu sempre escrevi contos de poucos capítulos e esse é o primeiro livro grande que escrevo, portanto é um grande desafio. Acredito também que essa história tem uma mensagem muito bacana sobre empoderamento feminino, amizade e amor para transmitir para muitas pessoas. 13


CAPA por Isabelle Isabelle Reis Reis por

s o ss o r G s u i c í Vin levanta a bandeira do amor de todas as formas

Este menino é guerreiro! Entre as batalhas — perdidas e vencidas — do mundo editorial, Vinicius Grossos manteve-se firme na sua empreitada de levar suas histórias para o Brasil inteiro. Este formando em Jornalismo — que já foi aprovado neste monstro que é o TCC — publicou seu primeiro livro em 2014 e já viajou para todo canto mostrando sua experiência como autor. Vinicius escreve o que está em seu coração e acaba criando personagens que têm a responsabilidade de levantar bandeiras importantíssimas na nossa sociedade. É o caso de Inês, de “Sereia Negra”, ou o casal de “1+1: a Matemática do Amor”. Com o objetivo de fazer refletir e sonhar, apresento-lhes um pouquinho do coração de Vinicius Grossos

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Publiquei Revista: Quando você começou a escrever e quais circunstâncias te levaram para a carreira de autor? Vinicius Grossos: A verdade é que eu sempre fui uma criança muito ligada à leitura. Desde pequeno, eu preferia receber gibis do que brinquedos ou coisas do tipo. Com uns oito, nove anos, eu já dizia para todos que queria trabalhar com histórias em quadrinhos. Mas, na verdade, eu era um péssimo desenhista. O que eu gostava mesmo era de criar histórias. Com essa percepção, aos dezessete anos, comecei a escrever e não parei mais. PR: Seu primeiro momento no mundo editorial foi “Sereia Negra”. Quais foram as dificuldades encontradas na hora de construir essa história? VG: A inspiração para escrever “Sereia Negra” surgiu devido a uma grande frustração que eu senti ao fechar o contrato com uma editora, para a publicação do meu primeiro livro, “Quatro Caminhos”, e simplesmente vi

meu livro preso pelo contrato, sem perspectiva nenhuma de lançamento. Com isso latente dentro de mim, decidi criar uma história completamente diferente deste primeiro livro, o que acabou me motivando a sair do jovem-adulto para a fantasia. A partir daí eu já sabia que escreveria sobre sereias, pois são meus seres fantásticos favoritos. E então, como por mágica, a Inês exatamente como a descrevo — cabelo afro, pele negra, personalidade rebelde — veio à minha mente e a mágica aconteceu... Acho que a minha maior inspiração foi a minha avó. Ela é negra e sofreu muitos dos dilemas da minha personagem. PR: Você já recebeu muitas respostas negativas de editoras. O que te ajudou a não desistir? VG: Sonhar. Sempre tentei transformar todos os “não” que recebei em degrau para algo maior. PR: Você

escreveu Young

Adult e Fantasia. Vai explorar ainda mais gêneros ou pretende focar nos dois? VG: Na verdade, Sereia Negra foi um ponto fora da curva, analisando tudo o que já produzi e os projetos que estão em andamento. Eu devo trabalhar mais no YA drama mesmo — mas não descarto possibilidades. PR: Um dos temas que você aborda é homofobia. Como foi falar deste assunto delicado e levantar a bandeira do “Não Preconceito”? VG: Acho que muitas vezes, como leitores, nós gostamos de viver uma vida diferente da nossa, mas em outros momentos queremos nos ver representados numa história. E quando eu trato de dilemas da comunidade LGBTTI nos meus livros, é justamente fazendo as duas coisas para os mais diversos leitores que me acompanham. Fora que com a onda de ódio que o mundo está vivendo, falar do amor, da liberdade e do

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respeito se faz mais que necessário. PR: Falando em assuntos delicados, você já abordou outros temas sérios, como suicídio, depressão, assédio e bulimia. Levantar discussões sobre estes assuntos é uma proposta sua como autor? VG: Eu gosto de trazer, nos meus livros, personagens reais. Dilemas, problemas e dores do mundo cotidiano, que são feios, são complicados, e muitas das vezes ignorados pela sociedade. Eu gosto de falar disso porque muitas das vezes passei por esses problemas e pessoas próximas também. O que eu quero que o leitor sinta é que ele não está sozinho. PR: Como é a sua relação com os seus leitores? Você se considera um autor presente? VG: É ótima. Tento não criar barreiras entre nós. Além, é claro, das redes sociais, tento elaborar eventos em que eu e meus leitores simplesmente vamos para o shopping lanchar e conversar, sabe? Coisas bobas. A verdade é que os livros me trouxeram vários amigos, que por sorte, amam as coisas que eu escrevo! PR: É verdade que todas as suas histórias levam um pouco de você, da sua personalidade, experiências, situações...? VG: Sim, de fato. Muita coisa eu crio, até porque essa é a grande graça de escrever, para mim. Só que eu acabo nem perceben16

do, muitas das vezes, quanto das minhas experiências, visão de mundo e sentimentos estão presentes no que eu escrevo. PR: Quais são seus projetos futuros depois de “O Verão em que tudo mudou”? VG: Eu fui obrigado pela vida a dar uma pequena freada na literatura, para conseguir me formar: finalizar algumas matérias, fazer o TCC e todo o resto. Agora, estou voltando a escrever... Não posso dizer muito, só que o YA continua sendo o gênero que prevalece. PR: Se considera um escritor que para no meio da rua para anotar uma ideia? Ou acaba esquecendo o que pensou? VG: Vivo constantemente as duas situações. Se eu não estou dirigindo ou algo do tipo, geralmente paro para anotar sim!

PR: Você vê uma diferença na escrita entre “Sereia Negra” e “O Verão em que tudo mudou”? VG: Muita. E é muito bom ver de forma tão clara essa evolução. A cada trabalho, tento dar o meu melhor; não fico numa busca de auto superação. Não acho isso saudável. Mas, é inegável que existe uma mudança grande sim! PR: Deixe um recado para os novos escritores que querem tirar os trabalhas da gaveta! VG: Não desista. Acho que é a dica principal... Vai ser difícil. Poucas editoras apostam nos nacionais, mas confie em você, ouça as críticas com humildade e tente sempre se melhorar. Uma hora vai dar certo!


RESENHA por Patrícia Silva

Entre gêneros e estilos

“Sem vista para o mar” nem para as delimitações que nos são comuns na literatura Dentre os diversos gêneros literários e suas particularidades nem tão particulares, o conto possui um lugar especial. Narrativa com características e habilidades parecidas com o romance, sendo que, às vezes, a única coisa que os diferencia é o tamanho, o conto parece ficar em segundo plano dentre as diversas formas de se escrever ficção em prosa. Paralelamente, ele se confunde com a crônica quando trata do cotidiano e da vida comum, principalmente no Brasil, onde a tradição da crônica se mistura com a história da literatura do país. Mesmo assim, o conto é um lugar diverso e rico para quem se dispõem a desafiá-lo. Este é o caso de Carol Rodrigues em “Sem vista para o mar”. O livro conta com vinte e dois contos que descrevem situações e personagens cotidianos e familiares. Entre cidades e estradas, a autora traz histórias genuinamente brasileiras, que são comuns ao nosso imaginário literário, por mais que não sejam a nossa realidade como leitor. Entre meninos que perdem a visão por quererem ver o pôr do sol e listas de compras mandadas por e-mail, somos

levados a personagens diversos, muitas vezes à margem, que podem trazer uma visão poética ao nosso mundo frio e povoado pela tecnologia, mesmo estes sendo parte dele. Dessa forma, as narrativas ganham pesos e nuances diferentes, trazendo uma poesia que não fica restrita as narrativas apresentadas no livro. Esta leitura, em um primeiro momento, pode ser estranha aos nossos olhos acostumados a formulas de escrita de romances, com suas regras não declaradas. No entanto, ela está recheada de poesia e ritmo que ajudam a compor uma forma quase experimental de escrita. Os contos são curtos e as vezes atropelam a norma culta da língua portuguesa para colocar o leitor em contato direto com aquela realidade, tornando estas pequenas narrativas em amostras de um estilo próprio de escrita. Carol Rodrigues, com seus contos ritmados, possui um jeito particular de narrar que é leve, familiar e colorido. Talvez por isso tenha ganhado o Jabuti em 2015. Isso nos demonstra que o desenvolvimento de um estilo próprio pode ser a maior arma

do escritor e este processo normalmente se dá naturalmente. A forma como cada um escreve é particular e não deve estar restrita às convenções de cada gênero. Muito menos deve necessariamente quebrar barreiras. A criação de um estilo próprio não vem apenas da experimentação, vem de se escrever como nós mesmo. E este livro é mais uma prova dessa premissa da escrita.

Autor: Carol Rodrigues 124 páginas Editora Hedra 17


EVENTOS Semana do Livro Nacional chega à Baixada Fluminense por Marlon Souza

Idealizado pela escritora Josy Stoque, a Semana do Livro Nacional, fundada em 2013, finalmente chega à Baixada Fluminense, organizada pelo coletivo União Literária. Com o intuito de trazer mais eventos literários para essa região, Bruno e Andresa tiveram a ideia de promover a primeira edição na Baixada após participação no evento de Niterói. O evento, realizado no dia 18/11 na Casa de Cultura de Nova Iguaçu, trouxe

35 autores, 25 só da baixada! Em uma tarde agradável, com diversos bate-papos, brincadeiras e interação com o público, a SLN foi um sucesso absoluto. Na mediação dos bate-papos, a organização convidou influenciadores, como Kelly Cominoti do canal “Aventuras na Leitura” para comandar as rodas de conversa e inteirar o público com os temas tratados. E além dos autores expondo seus livros, editoras como a Luva Editorial também estiveram presentes com seu catálogo. 18


A casa literária em Duque de Caxias 5ª edição do LiteraCaxias reúne amantes da Literatura

por Bruno Luiz Dantas

Quando amantes da Literatura se juntam para desfrutar de um evento literário, estão cientes de que será um momento de imenso aprendizado, uma chance de estar perto dos livros que amam e dos que ainda não sabem que amarão em breve. É uma oportunidade para conhecer e conversar com autores e profissionais do livro, é a felicidade de estar de novo com amigos e de tecer novos laços afetivos. Mas quando esse evento é o LiteraCaxias, há ainda algo mais. Há algo de muito especial no LiteraCaxias, que teve sua última edição realizada no dia 3 de dezembro, na Biblioteca Municipal Governador Leonel de Moura Brizola, no Centro de Duque de Caxias. Foi a quinta edição do Litera, um dos maiores e mais importantes eventos literários da Baixada Fluminense. Aqueles que estiveram presentes reconhecerão o sentimento tratado nas linhas seguintes. A sensação de presenciar o LiteraCaxias é de estar em casa. O espaço é confortável e intimista, o que permite que rapidamente identifiquemos onde está tudo. Com dois andares à disposição, o evento tem a fórmula para explorar perfeitamente o espaço da Biblioteca. Além do conforto, a receptividade e a organização do evento são incríveis. É possível perceber o quanto cada pessoa está contente. É também por celebrar com os amigos, tirar selfies, gargalhar, contar histórias e conhecer novos livros e autores. Mas é mais que isso, e o que justifica a alegria irradiante é simples: as pessoas ficam felizes porque estão no LiteraCaxias. No evento de dezembro, houve os tradicionais jogos literários e sorteios. O LiteraCaxias é um dos campeões nos quesitos Brindes e Animação. Houve duas rodas de conversa. Na primeira, participaram as escritoras Dresa Guerra, Isabelle Reis, Janaísa Garcia e Perla de Castro. Foi um bate-papo muito divertido, o qual permitiu que as autoras falassem de suas experiências e inspirações, além de darem dicas para novos escritores. Na segunda roda de conversa, Aurélio Simões, Luciane Rangel, Mariana Balbino, Milton José Jr e Nuccia de Cicco participaram de um bate-papo sobre representatividade na Literatura. Como esse é um tema marcante nas obras dos autores participantes dessa roda de conversa, todos puderam expor com riqueza de detalhes como suas narrativas são desenvolvidas. Ainda sobre a quinta edição do LiteraCaxias, um marco importante foi o lançamento de “O despertar da Fênix” (Editora Xeque-Mate, 2017), livro um da série “As crônicas de Elf Regnum”, escrito por Marlon Souza, um dos organizadores do LiteraCaxias. O LiteraCaxias é um grande evento cultural que abraça todos os amantes da Literatura. É lindo ver um projeto tão consolidado na Baixada Fluminense, região tão carente e necessitada de eventos literários e iniciativas que incentivem a leitura. Em Duque de Caxias, a organização do Litera prova que é possível realizar eventos grandes, uma vez que há muitos autores e leitores. É certo que seguirá crescendo. E vai ser maravilhoso ver isso a cada edição, afinal, estar no Litera é como estar em casa. 19


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