Vanessa S. Marine, Pry Olivier e Camila Antunes são nossas entrevistadas
O que achamos de “Pule, Kim Joo So”, da Gaby Brandalise
t o c S a l o a P tos e n e m a n io c la e r r, o Am órias t is h s a u s m e e d a alid sensu
17ª EDIÇÃO Editora Chefe Carol Dias Diagramação Tati Machado Redação Bruno Luiz Silva Carol Dias Clara Savelli Kelly Cominoti Marlon Souza Paula Tavares Patricia Silva Revisão Carol Dias Contato Carol Dias contato@publiqueirevista.com (21) 99575-2012 publiqueirevista.com
EDITORIAL
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primeira Publiquei do ano abre com as metas de leitura de 2017 da nossa equipe, mas que acabaram ficando para 2018 no Painel da Literatura Nacional. No TOP do Mês, você vai descobrir mais sobre o lançamento “Por Favor”, o livro “O Verão Em que Tudo Mudou” e a autora Raffa Fustagno. Falando de clássicos da literatura, nossa inspiração se dá pela história de Gonçalves Dias e pela Blogs.com, que tem como convidada a Kelly Cominoti do blog Aventuras na literatura. Conversamos também com a Camila Antunes, que publica seus livros no Wattpad, e com a Pry Olivier, que começou na plataforma, mas tem migrado para a Amazon. E por falar em Wattpad, nossa palavrinha desse mês foi com a Vanessa S. Marine, que publica suas histórias lá e recentemente lançou uma versão incrivelmente linda de “Novembro”, agora com o título de “281 Dias Para Recuperar Um Sorriso”, pela Duplo Sentido Editorial. O livro que lemos para resenhar foi uma aposta da editora Verus que agradou, principalmente, aos fãs da cultura oriental: “Pule, Kim Joo So”, da Gaby Brandalise, que ousou ao misturar livros, novelas e dramas. Falamos também nessa edição da importância de estudar técnicas de escrita para autores que querem fazer a literatura uma profissão. Na capa, conversamos com Paola Scott, conhecida pela série best-seller da Amazon “Provocante” e que lançou em janeiro o livro “Enquanto houver tempo”. Boa leitura!
SUMÁRIO
PAINEL DA LITERATURA NACIONAL TOP DO MÊS INSPIRAÇÃO ACHEI NO WATTPAD UMA PALAVRINHA COM AMAMOS EBOOKS CAPA RESENHA FALANDO NISSO... BLOGS.COM
Rio de Janeiro - 17ª Edição
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PAINEL DA LITERATURA NACIONAL por Paula Tavares
Novo ano, novas promessas! Mas, pera aí, e aqueles livros que estavam na lista de 2017 e não foram lidos? Façamos uso das novas oportunidades que mais um ano nos dá para colocar nossas leituras em dia! Nossa seleção do mês são oito livros que dissemos que leríamos, mas não o fizemos e agora vamos ler, sem vergonha de admitir.
TOP DO MÊS por Marlon Souza
Nesse início de ano, três escolhas de sucesso que mostram a pluralidade da literatura nacional
AUTOR | LIVRO | LANÇAMENTO
Raffa Fustagno
AUTOR
M
esmo sendo mais conhecida como blogueira, o trabalho da Raffa Fustagno com a literatura é um pouco mais extenso. Como mediadora de eventos, já esteve na Bienal, no The Gift Day, na Tour Mulheres Poderosas e Clubes da Leitura. Já organizou mais de trinta eventos do blog. Mas Raffa também é autora e uma muito talentosa. Além de “O Livro da Menina”, que conta histórias relacionada ao blog e seus autores favoritos, ela tem um conto na antologia “Blogueiras.com” e assinou com uma agência literária no segundo semestre de 2017.
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LIVRO
O verão em que tudo mudou
J
aneiro é verão, praia, piscina, sol, mar! É um mês de mudanças, de repensar nossa vida e decidir como levaremos todo o resto do ano. E por isso decidi trazer aqui “O Verão em Que Tudo Mudou”. Lançado pela Faro Editorial, este livro traz três contos com personagens diferentes entre si, mas que em algum momento tem suas vidas interligadas. O livro vai tratar do verão, de mudanças. De sonhos. A escrita dos autores faz com que sejamos inseridos em tramas inspiradoras e arrebatadoras. É um livro de linguagem simples, mas que trará diversas discussões no decorrer da leitura.
LANÇAMENTO
Por Favor C
arol Dias preparou para o mês de janeiro um lançamento super especial. “Por Favor” é um livro que vai tratar sobre abusos, seja físico, emocional ou sexual. E ela descreve os sentimentos e a confusão da vítima de uma maneira de tirar o fôlego. Sua escrita traz com sinceridade um exemplo de como isso acontece. Como aquela pessoa que menos esperamos está passando por problemas inimagináveis e só com a ajuda dos amigos e familiares para podermos sair de situações como esta. “Por Favor” é o início de uma saga com personagens plurais e únicas. Cada uma com sua história, sua vivência, mas que no final se complementam de forma singular. Não perca esse lançamento direto na Amazon!
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INSPIRAÇÃO por Bruno Luiz Dantas
Um poeta marcado no Hino Nacional Gonçalves Dias é eterna referência do Romantismo no Brasil “Minha terra tem palmeiras, onde canta o Sabiá”. Você certamente já leu ou ouviu, possivelmente até já se pegou recitando os primeiros versos de “Canção do exílio”, obra mais célebre de Gonçalves Dias, um dos mais importantes poetas brasileiros. Produzida no primeiro momento do Romantismo no país, carrega a marca do nacionalismo, ressaltando os valores naturais do Brasil. A obra, escrita em 1843, deixou marca inclusive no Hino Nacional Brasileiro, afinal, foi Gonçalves Dias o primeiro a dizer que “nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores”, versos que seriam reciclados por Joaquim Osório Duque Estrada. Gonçalves Dias conquistou, com sua poesia eternamente atual, a tal imortalidade do escritor. Literalmente, visto que o poeta maranhense é patrono da cadeira 15 da Academia Brasileira de Letras. Filho de uma união não oficializada de um comerciante português e
uma mestiça, estudou em Cuba e em Portugal, onde se formou em Direito na Universidade de Coimbra. Assim que terminou o bacharelado, retornou ao Brasil. Pouco tempo depois, Gonçalves Dias conheceu sua musa inspiradora: Ana Amélia Ferreira Vale. Escreveu diversas obras dedicadas a ela, incluindo a peça romântica “Ainda uma vez – Adeus”. Foi professor no Colégio Pedro II e contribuiu para muitos jornais e revistas, sendo fundamental para divulgar o movimento romântico. O poeta, como diria Fernando Pessoa, é um fingidor. “Chega a fingir que é dor a dor que deveras sente”. Gonçalves Dias quis se casar com Ana Amélia. No entanto, ao saber que o escritor tinha ascendência mestiça, a família da musa inspiradora não aceitou a união. No mesmo ano, porém, Gonçalves Dias se casou com Olímpia da Costa. Dez anos depois, em virtude de problemas de saúde, o poeta voltou à Europa em busca de tratamento. Mas não encontrou resulta-
do. Em 1964, retornou ao Brasil no navio Ville de Boulogne. Já na costa brasileira, o navio naufragou. Todos se salvaram, exceto Gonçalves Dias, que agonizava em seu leito e se afogou. Ele foi esquecido pelas demais pessoas na embarcação e morreu aos 41 anos. Mas no panteão da Literatura Brasileira, é impossível esquecer o gigante Gonçalves Dias. O professor foi, em 1951, convidado pelo governo maranhense para auxiliar na melhoria da instrução pública do estado. Até hoje, segue ajudando nas escolas de todo o país. Quando se quer definir o que é o Romantismo em seu primeiro momento, é crucial apresentar a poesia de Gonçalves Dias. É imprescindível recorrer à “Canção de Exílio”. É fundamental recitar e manter em cada mente e coração os versos imortais do poeta, que narra o amor a nossa terra. Nossa terra com palmeiras, onde canta o Sabiá.
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Ela quer trocar os números pelas letras
AMAMOS EBOOKS! por Bruno Luiz Dantas
Pry Olivier celebra o sucesso na internet e projeta mais trabalhos em plataformas digitais
Há cinco anos, Pry Olivier trabalha com números. A área contábil exige muito e torna a mente muito cansada. Por causa do emprego, não pode programar uma rotina de escrita, ainda que elaborar roteiros seja uma tarefa apenas mental. Mas se tudo funcionar corretamente, Pry abandonará os números em breve. Com sucesso no Wattpad, desde que finalizou seu primeiro livro, lidar com eles não está sendo mais praze-
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roso. Pry Olivier aproximou-se da arte literária na escola. Montava peças de teatros com adaptações de clássicos da Literatura Brasileira e de criações autorais. Elaborava os roteiros, dirigia as cenas, preocupava-me com o cenário, figurinos e as falas dos atores. Era uma grande diversão: — Considero-me autora e compositora de histórias. Comecei a escrever para de-
talhar os filmes que diariamente são formulados em minha mente. Quando coloco uma cena nos meus livros, me preocupo com sons ao redor, a luz do ambiente, a velocidade dos movimentos, a expressão facial dos personagens e os sentimentos que eles carregam. Quero dar vida às figuras humanas dentro de minhas ficções. Dizem que esse tem sido meu diferencial — relata a autora. Seu primeiro rascunho foi
“Indolente”. Hoje, a obra está sendo postada no Wattpad, onde Pry publica há pouco mais de um ano e já soma 40 mil leitores. Conquista leitores com carisma, dedicação e atenção. O primeiro livro publicado foi “Perdão Amor”, que conta com quase 3 milhões de visualizações: — No primeiro semestre de 2018, “Perdão Amor” vai ser totalmente reformulado. As novas cenas estão de tirar o fôlego. Ele vai para a Amazon, e estarei à frente de tudo de maneira independente — revela Pry Olivier. A opinião dos leitores é levada em consideração para mudar a dinâmica da história, sem retirar a essência. — Mudei “Perdão Amor” depois de estudar opiniões distintas dos meus leitores. Tudo está ficando ainda mais atrativo. Gosto muito de ouvir os leitores. Leio todos os comentários, quero saber exatamente o pensamento de cada um deles. Queria ter mais tempo para demonstrar meu amor e carinho, e responder as centenas de comentários fofos que recebo diariamente. Mesmo com toda a correria, estou sempre presente, seja deixando um recadinho nos finais dos capítulos, respondendo a caixa de mensagem ou postando algo nas minhas redes sociais — conta a escritora. Em 2018, Pry Olivier quer finalizar o último livro da famí-
lia Moedeiros e os três spin-offs. A escritora de Ilhéus dará seguimento à primeira série romântica de mistério e suspense “Indolente”. Trata-se de uma visionária trilogia de pegada misteriosa e balanceada com um romance incomum. Pry pretende encontrar uma editora que abrace com carinho esse em-
preendimento. Migrará alguns livros do Wattpad para a Amazon. Além disso, três grandes projetos, que ainda não foram revelados, serão lançados antes do final do ano na plataforma canadense.
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m janeiro, conversamos com a Vanessa S. Marine. Ela começou escrevendo pequenos textos por volta dos treze anos, quando já era apaixonada por livros e lia mais do que a média para uma adolescente normal. Aos 15, enquanto assistia aos filmes do Disney Channel, teve a ideia para “Novembro”. Depois de muito amadurecer, a história foi parar no papel e virou uma fanfic, adaptada para uma história original anos depois. Após uma passagem por uma editora e pelo Wattpad, em 2017, recebeu o novo nome e foi publicada pela Duplo Sentido Editorial. “281 Dias Para Recuperar Um Sorriso” conta a história de Amanda, que é a melhor jogadora do time de futebol da escola, mas que acaba sendo expulsa. No mesmo dia, encontra uma fita VHS da mãe, que morreu durante o seu parto. Nela, a mãe canta uma música para o pai e Amanda percebe quão feliz ele esteve naquela época. A garota decide que tocará a canção para o pai, mas encontra um pequeno empecilho: não sabe tocar violão. É aí que entra Fernando, filho do seu ex-treinador, que a substituirá na equipe. Ele não sabe jogar futebol, mas sabe tocar guitarra, então os dois concordam em fazer uma troca.
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UMA PALAVRINHA COM... por Clara Savelli
Gênero para leitura: Sou bem eclética. Leio Cor: Vermelho um pouco de tudo. Lugar no mundo: Gênero para escrita: Qualquer lugar onde os Juvenil meus amigos estejam Personagem literário: Frederick de “Pela Jane- também. la Indiscreta”, da Aimee Cidade natal: São Caetano do Sul Oliveira. Comida: Autor inspiracão: Todas (risos) Anita Deak Melhor história que es� Dia inesquecível: O show do Coldplay! creveu: “281 dias para recuperar um sorriso”. Uma das melhores experiências da vida! Melhor livro que leu: 281 dias para recuperar O Mágico de Oz um sorriso em uma pala� Música: Do I Wanna Know – Arc- vra: amor (em todas as suas tic Monkeys formas).
ACHEI NO WATTPAD por Clara Savelli
@Camila-Antunes Camila Antunes é uma artista completa. Além de escrever, também gosta de desenhar e pinta lindos quadros no seu tempo livre. Suas histórias angariaram milhares de leituras online e fomentaram o debate sobre a representatividade de deficiências na literatura, por meio de seu livro “Em Todos os Sentidos”. Camila gosta de animais, de curtir dias na praia e de passar o tempo com sua família e amigos. 11
Publiquei Revista: Como foi que você descobriu o Wattpad e o que te fez começar a publicar nele? Camila Antunes: Descobri o Wattpad por intermédio da minha irmã. Eu sempre fui lenta no quesito tecnologias e ela, bem mais ligada do que eu, é a responsável por me manter atualizada. As publicações também se devem ao incentivo dela, que já conhecia o enredo do meu primeiro romance e não sossegou até que eu colocasse no papel. PR: Você tirou “O Filho do Imperador” do Wattpad porque ele ganhou versão física. Como você se sentiu com essa conquista? Quão diferente foi para você a recepção de seus leitores e sua vida como escritora publicada?
CA: “Emocionante” é a melhor palavra para descrever o que senti ao pegar o meu primeiro livro em mãos. Escrever um romance era um dos meus sonhos mais antigos e tê-lo em mãos, poder tocar nas páginas, de alguma forma torna tudo mais real. Só de lembrar sinto vontade de chorar de novo! Risos. PR: Seus gêneros de escrita variam entre contos, romance, ficção histórica, literatura feminina e até fantasia! Qual é o seu favorito de escrever? E de ler? CA: Sou completamente apaixonada pelo gênero romântico. Isso inclui a leitura e a escrita. Gosto de passear por outros, vez ou outra, como forma de exercício mesmo, mas neste caso só me aventuro nos contos. Ficção Histórica é minha paixão mais recente, e criar romances dentro desta premissa super está nos meus planos para o futuro. PR: Qual é seu autor favorito – dentro e fora do Wattpad? CA: Eu sinto muita dificuldade em ter coisas favoritas. Isso serve para tudo na vida. Incluindo música, cores, amigos, autores... Simplesmente não consigo preferir alguém quando
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tem tanta gente boa em coisas diferentes por aí, entendem? Fora do Wattpad eu amo autores clássicos e contemporâneos, estrangeiros e conterrâneos... dentro, conheci tanta gente maravilhosa que falar só de alguns seria muito injusto! PR: Dos livros que já escreveu e colocou no Wattpad, qual é o seu preferido? Aquele que dá o maior quentinho no coração quando você vê que está sendo lido e compartilhado? CA: (risos) Apesar da minha resposta anterior e de nunca achar que isso ia acontecer, eu tenho um livro queridinho! É “Em Todos os Sentidos”. Não só por causa do enredo, que tem um significado especial para mim, já que o pro-
tagonista é em homenagem a uma pessoa que eu amo, mas porque eu acho que esta foi a história que escrevi com mais maturidade. Na vida, na escrita e em muitos outros sentidos. PR: Alguns dos seus livros saíram do Wattpad e ficaram só como degustação depois que você os publicou na Amazon. Como tem sido sua experiência na plataforma paga e quais são os seus planos para o futuro? Continuar postando no Wattpad e depois migrando para Amazon ou começar a ir direto para Amazon? CA: A experiência na Amazon está sendo muito legal. Na verdade, eu nunca me importei muito em “lucrar” com a escrita. Até o dia em que entendi que “vendas” me dariam mais tempo para dedicar a ela. Viver exclusivamente para escrever seria perfeito num mundo ideal! (risos) Sobre o Wattpad, não tenho planos de sair de lá nunca… A proximidade com os leitores e a interação que temos lá é impagável.
teria chegado ao meu primeiro epílogo se não fosse o Wattpad. PR: Agora, para descontrair: ignorando o fato de que você já é casada (rs), com qual dos seus mocinhos você gostaria de casar? CA: (risos) Boa pergunta! Amo todos os meus “garotos”, mas acho que se fosse apontar entre eles quem seria o marido perfeito, eu iria no Ben, de “O laço entre nós”.
PR: Qual foi a maior alegria que o Wattpad já trouxe para sua vida? CA: Escrever um romance. Tenho certeza que não 13
CAPA
Paola Scott
por Carol Dias
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Amor, relacionamentos e sensualidade em suas histórias Paola Scott é uma das minhas autoras nacionais favoritas e isso eu posso afirmar com os olhos fechados. Primeira vez que tive contato com um dos seus trabalhos foi em “Nos Arredores de Londres”, conto integrante do livro “Love Is In The Air”. Em seguida, devorei a série “Provocante” e todos os seus seis livros. Nas suas histórias, mais do que o romance entre os protagonistas, você acaba se encantando pela verdade dos personagens. Paola é mestre em retratar situações complicadas, doenças, defeitos, qualidades e o lado humano que nossos mocinhos e mocinhas ficcionais possuem. Além disso, seus escritos costumam trazer representados tudo o Publiquei Revista: Paola, obrigada por aceitar ser nossa capa esse mês. Sabemos que muitos autores têm manias para escrever, é normal. Conta para nós como funciona o seu processo de escrita? Paola Scott: Eu que agradeço a honra em participar, podendo contar um pouquinho mais a respeito de mim e do que vem por aí. Como trabalho em período integral, me dedico a escrever à noite, o que não impede eventualmente que eu faça, durante o expediente, anotações de ideias que surgem inesperadamente, sem pedir licença. Minha rotina consiste em me isolar. Não consigo escrever com barulho à minha volta. Dependendo do momento da história, gosto de ouvir música, mas ultimamente o silêncio total tem me feito muito bem. Me tranco no pequeno escritório que tenho em casa,
que precisamos superar para viver um grande amor. Curitibana, ela é contadora por profissão e nos contou sobre como a escrita surgiu na vida dela durante esta entrevista. Falou também sobre “Enquanto Houver Tempo”, novo romance lançado pela The Gift Box. A história faz parte do projeto de Crushes Literários da editora e já prometia ser um escândalo antes mesmo do lançamento. Em poucas horas após ser divulgado, o livro já figurava entre os mais vendidos, alcançando o topo da lista cerca de dez horas depois ser colocado à venda. Confira a entrevista na íntegra.
rodeada de livros e mimos literários e deixo a imaginação voar. Uma caneca de café, chá ou uma taça de vinho são sempre muito bem-vindos. PR: Em 2017, você terminou a série “Provocante”, que foi onde tudo começou. Qual foi a maior dificuldade de escrever os seis livros que a compõe? PS: A maior dificuldade foi conciliar acontecimentos do primeiro livro com os demais. Provocante surgiu de uma brincadeira com amigas de um grupo de leitura. Nunca tive a pretensão de que se tornasse um livro, quanto mais uma série. Mas as cenas viraram história. E a história conquistou muitas leitoras, que pediram pelas demais personagens daquele quarteto de amigas. Então eu precisei tomar cuidado com o que já tinha contado, lá atrás, com datas e situações,
para que a vida de cada casal fosse coerente com o primeiro livro. PR: Assim como a Paola de “Provocante”, você é contadora. Como é equilibrar as duas carreiras? Você pensa em viver apenas da escrita? PS: Está ficando complicado equilibrar... (risos) Trabalho em período integral e tento não deixar que a escrita e o que está relacionado a ela tirem minha concentração. O fato de o escritório ser pequeno, sendo apenas eu e meu marido trabalhando ali, e de eu estar em frente ao computador o tempo todo, facilita para que eu faça pequenos intervalos, para me inteirar de algumas coisas, responder e-mails e mensagens, tomar algumas decisões que dependo de terceiros. Porém, o foco nessa carreira acaba ficando todo 15
para o período noturno, quando estou em casa. Não vou negar que penso em viver apenas da escrita. Mas não vejo isso acontecendo tão cedo. Me sinto engatinhando ainda nesse caminho. Tenho muito o que aprender e viver até chegar ao ponto de me dedicar somente a escrever. PR: As histórias de vida dos personagens dessa série são bem complexas. Qual delas foi a que mais te exigiu emocionalmente? PS: Busco a leitura como forma de distração, mas adoro quando consigo tirar algumas lições do que leio. Umas mais profundas, outras menos. E tento levar isso para as histórias que escrevo. Todas as personagens da Série Provocante trazem isso. Mas sem dúvida, a que mais mexeu comigo foi a história da Luciana, de “Adormecida”. Não que as outras não sejam “reais”, mas ela tocou meu coração de forma mais intensa. Falar de depressão, é falar de um problema sério, tão atual, mas tão discrimina-
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do. Uma doença mascarada, e que afeta não somente a vida do doente, mas de quem está à sua volta. Eu chorei com a Luciana e me apaixonei quando ela encontrou em Eduardo, uma parte da sua cura. PR: Desde a publicação de “Provocante”, qual foi a lição
mais importante que essa carreira te ensinou? PS: Que não existe idade para sonhar. E principalmente, para lutar por esses sonhos. PR: Se você tivesse que se tornar um dos seus personagens pelo resto da vida, qual deles você gostaria de ser?
Por quê? PS: A Paola Goulart, de Provocante. Porque o personagem masculino é meu sonho de consumo, talvez? (risos) PR: Quando Paola Scott não está escrevendo, o que ela gosta de ler? PS: Lindas histórias de amor. Se vierem acompanhadas de um suspense, melhor ainda. PR: Esse mês seu novo livro, “Enquanto Houver Tempo”, será lançado pela The Gift Box. O que você pode nos contar sobre esse novo projeto? PS: Trata-se de uma história dos dias atuais. Da vida corrida, do tempo que achamos que nos falta, quando na verdade é questão de saber administrá-lo. O mundo pede pressa, as pessoas te atropelam. Seja por qual motivo for, nos vemos impelidos a seguir o fluxo. Produzir mais, gerar riqueza, comprar mais. E nossa vida, onde fica nisso tudo? O prazer de um bom bate-papo entre amigos, um almoço tranquilo em família, uma caminhada no parque para simplesmente ver o pôr do sol? Resumindo, deixar de viver a vida, de curtir o presente, em detrimento de um futuro incerto. PR: Nas redes sociais, vocês divulgaram que foi feito um ensaio exclusivo para a capa do livro. Como foi acompanhar de perto as fotos e ver seu personagem ganhando vida?
PS: Foi uma experiência única e maravilhosa. A forma como tudo se encaixou para o ensaio foi inacreditável. Eu já tinha a história pronta quando surgiu essa oportunidade. E quando me foi perguntado como eu imaginava a capa e eu expus o cenário e objetos, nunca poderia imaginar que tudo estivesse lá, só esperando para ser utilizado. Acompanhar, opinar, estar presente enquanto algumas tomadas de cenas que estavam no livro, estavam sendo criadas ali, ao vivo, foi quase mágico. PR: Depois de “Enquanto Houver Tempo”, você já tem algum projeto encaminhado que possa nos contar? PS: Sim, tenho um projeto que será publicado pela The Gift Box, ao qual já dei início. O que posso contar é que será uma trilogia, que contará a história de três irmãos. Estamos estudando a data de lançamento, mas ao que tudo indica, o primeiro livro sairá ainda em 2018. Todos terão capa exclusiva, bem como a vinda do modelo para o evento de lançamento. PR: Por último, deixe uma mensagem para os nossos leitores. PS: Ler é um exercício mental que nos traz riqueza de conhecimento, estimula nossa imaginação e aguça nossas emoções. Independente do estilo, o que importa é criar o hábito e se aventurar em histórias que lhe trarão muito mais do que apenas distração. 17
RESENHA por Patrícia Silva
Colocando o oppa no lugar do oppa Poucas histórias se utilizam dos clichês tão bem quanto esta
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ormalmente, livros, dramas e novelas são mídias que não se misturam. No máximo, um ganha uma adaptação do outro. O que é compreensível já que é muito difícil transitar tão bem entre essas diferentes linguagens quanto Gaby Brandalise faz em “Pule, Kim Joo So”. E raramente também se quebra tantos clichês em um livro de 200 páginas. A história é digna de qualquer drama coreano. Ou de qualquer novela das 9. Marina, brasileira, com um emprego chato, um passado complicado e um ex-namorado abusivo, encontra Kim Joo So, um coreano encharcado que parece recém-saído de k-drama, no banheiro feminino do aeroporto em que trabalha. A partir desse encontro a trama se desenrola em diversas viradas onde não se sabe exatamente onde a ficção começa e a realidade termina. A narrativa em si possui um ritmo cinematográfico e poderia caber em qualquer tela. Os cortes das sequências são bem claros e a escrita é bastante visu-
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al, sem que o livro perca sua característica principal de romance. Na verdade, este é o tipo de livro que se entra achando que vai ser uma coisa e ele te leva para um lugar completamente inesperado, fazendo com que uma história romântica tenha um pouco de tudo. O que pode agradar ao gosto da maior parte dos leitores. Além disso, as constantes reviravoltas tornam o livro dinâmico sem que o sentido principal se perca. E os clichês iniciais que se esperam de livros como este não são apenas quebrados. Eles são subvertidos, ainda mais se conhecendo a formula básica dos k-dramas. Alguns podem achar a história um pouco poluída, com personagens e tramas demais, e talvez, ela realmente pudesse ser melhor trabalhada ao longo de 20 episódios. No entanto, não há um fio solto no livro de Brandalise. Tudo tem o seu lugar e seu sentido. Nada é jogado ou está ali para encher linguiça. E este tipo de história não é algo que se escreva na primeira ou segunda tentativa. É necessário um grande conhecimen-
to de storytelling para se atingir e virar de cabeça para baixo as expectativas dos leitores com tanta maestria. E nada se perde se não se está familiarizado com a sina eterna do second male lead que nunca consegue ficar com a principal.
Autor: Gaby Brandalise 208 páginas Editora Verus
FALANDO NISSO... por Carol Dias
Curso de que a gente faz para virar escritor best-seller?
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ma das coisas que eu sempre reclamei é o fato de no Brasil não termos cursos de graduação voltados para a escrita. Se na cidade de vocês têm, avisem que eu estou me mudando depois do próximo ENEM. Essa é, provavelmente, uma das razões para nós escritores termos de ouvir, vez ou outra, perguntarem qual é a nossa profissão “de verdade”, quando dizemos que somos escritores. Se você não é Paulo Coelho, no Brasil, ninguém entende como você pode sobreviver de literatura. É difícil, assumo, mas a gente vai batalhando aqui e ali, escrevendo conto pra Amazon e acaba pagando as contas. Acho que sempre tive essa inquietação porque eu olhava para o meu futuro e a única profissão que realmente me deixava feliz era a de ser escritora, mas como você se profissionaliza para tal? Para não ser só uma pessoa que coloca palavras no papel? O que eu descobri com o passar do tempo é que a gente aprende a ser escritor fazendo cursos e estudando por conta própria. Recentemente, tenho visto alguns cursos surgindo pelo Facebook e um deles foi esse da Ler Editorial,
de Estruturas e Técnicas de Romance. Fui dar uma olhada no programa do curso e é, basicamente, um curso de “como escrever um livro”. Como escrever um romance, para ser mais exata. Ele vai falar um pouco sobre: o romance em si, características, origem e subgêneros; roteiro, que é uma técnica que me salva e eu não vivo sem por inúmeros motivos; construção de personagens; tipos de narradores, para você parar de misturar primeira e terceira pessoa; estrutura da trama; conflitos e obstáculos; e construção de diálogos. O curso é ministrado pela Catia Mourão, dona da Ler Editorial. Ele vai acontecer no dia 5 de fevereiro, no auditório do SNEL, Centro do Rio. A Publiquei conseguiu um desconto de 20% para quem se inscrever e informar nosso código, PUBLIQUEI20. Serão entregues apostila e certificado de conclusão e eles ainda oferecem um coffee break na parte da manhã. Para participar, você precisa se inscrever neste formulário: https://goo.gl/tnVZyG Para mais informações do curso, entre em contato pelo e-mail: lereditorial@lereditorial.com 19
BLOGS.COM
Clássicos para quê? Para quem? Na escola, a literatura clássica faz parte do currículo escolar. Quando chega o momento de o aluno ler determinado clássico, o pavor toma conta dele! Recordo-me que às vezes eu dizia “que livro chato”, “não entendo nada” ou até “que palavras difíceis são essas?” Com o passar dos anos, fui me adaptando à ideia de que os livros clássicos fariam parte do meu cotidiano como estudante, então, decidi encará-los, com a ajuda dos meus professores. Muitas escolas cobram dos alunos a leitura de livros importantes para a nossa literatura, sem antes trabalhar o aluno em relação a isto. Não é como abrir um livro de “Harry Potter” ou “O Diário de um Banana”, onde o vocabulário é acessível a qualquer idade. A leitura dos clássicos exige atenção redobrada, dicionário ao lado e lápis para fazer as anotações. O vocabulário desses livros é singular para muitos leitores, principalmente se forem crianças ou adolescentes. O professor deve ajudá-los neste processo, incentivando-os a descobrirem novas palavras, novas situações, como os meus fizeram. Os clássicos são a porta de entrada para o mundo da leitura para grande parte dos alunos. Muitos têm contato com os livros somente na escola, com as famosas (e temidas) “leituras obrigatórias”. É esse receio que precisamos tirar dos jovens e das crianças. Conversar sobre a vida do autor, o período histórico em que a obra foi escrita, curiosidades... tudo isso influencia o estudante a se interessar mais pelos livros. Outra sugestão é trabalhar, junto com os livros, a história em quadrinhos. Há história em quadrinhos de “Dom Casmurro”, “O Cortiço”, “O Ateneu”, 20
“Noite na Taverna”, entre outros. É preciso quebrar o estereótipo de que os clássicos são para os intelectuais. Todo mundo deve conhecer! Todo mundo deve ler e se aventurar na leitura! Há livros que se tornaram clássicos que se inspiraram em outros clássicos, de séculos atrás, como o famoso “Amor de Perdição”, do lusitano Camilo Castelo Branco, que se inspirou em “Romeu e Julieta”, de Shakespeare. E ainda hoje temos diversos livros que foram inspirados em grandes clássicos da literatura, como “O Diário de Bridget Jones”, de Helen Fielding, foi inspirado em “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen. Muitos escritores recorrem aos clássicos para se inspirarem a escrever seus livros. Diversos filmes atuais também foram inspirados em clássicos da literatura, como “10 coisas que eu odeio em você”, que foi inspirado em “A Megera Domada” e “Rei Leão”, que foi inspirado em “Hamlet”, ambos do escritor inglês William Shakespeare. Os clássicos são atemporais. Nunca serão ultrapassados: com eles aprendemos, revisitamos anos e até séculos passados; conhecemos a história de lugares que nunca visitamos (é como viajar sem sair do lugar); enriquecemos nosso vocabulário; podemos pensar no passado e no presente e analisar o que mudou, etc. E você, leitor? Quantos clássicos você leu ao longo da sua vida?