Publiquei Revista - 2ª Edição

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Edição 2 - Outubro de 2016

Mistério, romance e um toque sobrenatural nas histórias de

Joe Hill

O príncipe do horror

Pendragon fala sobre as suas publicações

Especial de terror: livros imperdíveis para você devorar antes de 31 de outubro



Sumário Editorial

pág. 4

Painel da Literatura Nacional

pág. 5

Calendário

pág. 6

Falando nisso...

pág. 7

Top do Mês

pág. 8

Inspiração

pág. 10

Achei no Wattpad

pág. 12

Amamos ebooks

pág. 14

Capa

pág. 16

Pela Verossimilhança...

pág. 20

Publique seu livro

pág. 21

Resenha

pág. 23


Editorial A

segunda edição da Publiquei traz um especial que é a cara do mês de outubro. O terror, o horror e o suspense irão permear todas as páginas da revista nesse mês de Halloween! Na matéria de capa, a carioca Bia Carvalho fala sobre seus livros, sua paixão pela escrita e o projeto LitGirlsBr, de onde surgiu “O Livro Delas”. No Painel da Literatura Nacional, a equipe da Publiquei separou oito livros de terror e suspense de autores brasileiros que você precisa ler – de preferência, com todas as luzes da casa acesas. Na premiação do TOP do Mês, Juliana Skwara, “Lendas Urbanas: O Jogo” e “Horror na Colina de Darrington” foram os nossos escolhidos como destaque dessa edição. O autor consagrado na coluna Inspiração desse mês é Joe Hill, o príncipe do terror, e vamos contar alguns dos motivos que justificam essa escolha. A coluna

“Achei no Wattpad” traz uma entrevista exclusiva com a Lelen Hayashida, com destaque para seus dois livros de terror publicados na plataforma. Mari Scotti, autora e blogueira, fala um pouco sobre sua experiência com a publicação digital, em comparação aos seus livros físicos, na coluna “Amamos E-books”. Enquanto isso, nossa colunista Lyli Adams continua com suas dicas de escrita e reflexões sobre a vida de escritor em uma coluna sobre verossimilhança. Na coluna “Publique seu Livro”, conversamos com a equipe editorial da Pendragon, que trouxe dicas preciosas para quem quer entrar nesse mundo e falou um pouco sobre a editora. As novidades desta edição estão grandes: preparamos um “Calendário” com eventos e aniversariantes das próximas semanas, além uma resenha de O Vilarejo, do Raphael Montes, e uma coluna novinha chamada “Falando nisso...” Boa leitura!

Organização Carol Dias Paula Tavares

Diagramação Tati Machado

Redação Carol Dias Clarissa Paiva Lyli Adams Thayanne Porto

Revisão

Carol Dias Thayanne Porto

Contato

contato@publiqueirevista.com (21) 99575-2012 publiqueirevista.com 4


C

om

a iniciativa do autor Claudio Quirino, o Painel da Literatura Nacio-

nal estampa pela segunda as páginas da Publiquei. Dessa vez, as meninas da redação da revista selecionaram os oito livros que merecem destaque na nossa edição especial de terror e suspense. Veja os escolhidos:

Você pode conferir todas as sinopses no nosso site! É só acessar publiqueirevista.com e aproveitar todo o nosso conteúdo feito especialmente para você! ;) 5


Calendário Eventos

1º Feirão Literário Moda Barra – RJ 15 de outubro, às 13h Shopping Uptown Avenida Ayrton Senna, 5500, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro – RJ. LiteraCaxias 16 de outubro, às 13h Biblioteca Municipal Gov. Leonel de Moura Brizola Praça do Pacificador, Duque de Caxias – RJ. Lançamento de Teoria do Amor, da Halice FRS 4 de novembro, às 19h30min Saraiva Shopping Tijuca Avenida Maracanã, 987, Tijuca, Rio de Janeiro – RJ. Bienal Brasil do Livro e da Leitura Do dia 21 ao dia 30 de outubro Estádio Nacional Mané Garrincha Asa Norte, Brasília – DF. Apocalipse Literário 29 de outubro, às 15h Livraria da Travessa do Barra Shopping Avenida das Américas, 4666, loja 220, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro – RJ. 6

Aniversários

Outubro

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Oscar Wilde (dia 16) Vinícius de Moraes (dia 19) Arthur Rimbaud (dia 20) Graciliano Ramos (dia 27) Carlos Drummond de Andrade (dia 31)

Novembro Couto de Maganhães (dia 1) Rui Barbosa (dia 5) Cecília Meireles (dia 7)

:


Falando nisso... Corajosos desde cedo

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universo de terror e suspense, diferente do que muita gente pensa, não é exclusivo daqueles que possuem trinta e dois dentes. Já existe literatura assustadora só para baixinhos (e é de ótima qualidade!). A escritora Andreia Marques se firma no mercado literário apresentando histórias de terror para crianças. “A Velha Pisadeira”, seu segundo livro lançado em julho de 2016, reconta uma velha lenda sobre uma senhora sorrateira que entra no quarto de uma criança à noite. Com ilustrações de Ed Soares e da própria autora, Andreia faz sucesso e é também poetisa, blogueira e designer. No ramo dos pré-adolescentes, Pedro Bandeira ainda reina. O autor, que provavelmente ini-

ciou todo esse país na leitura, é responsável pelo nascimento da série “Os Karas”. Com mais de trinta anos de idade, a série, que continua fazendo sucesso e moldando mentes, conta com seis títulos e milhões de fãs. Os Karas, um grupo de adolescentes investigadores, foi a primeira referência de diversos autores que mergulharam no suspense logo depois. Raphael Montes, promessa do terror psicológico brasileiro, atribui a Pedro Bandeira o nascimento do seu Eu investigativo. Com “A Droga da Obediência” (1984), “Pântano de Sangue” (1987), “Anjo da Morte” (1988), “A Droga do Amor” (1994), “Droga de Americana!” (1999) e “A Droga da Amizade” (2014) na estante, qualquer um está pronto para se tornar um dos Karas!

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TOP DO MÊS Em toda edição, uma seleção especial de livros e destaques do mundo literário para você!

Lançamento do mês

Para abrir com chave de ouro o nosso TOP do Mês dedicado ao terror e ao suspense, trazemos “Horror na Colina de Darrington”, do autor Marcus Barcelos, que está sendo relançado agora em outubro pela Faro Editorial. A edição definitiva vem com texto estendido, ilustrações exclusivas e um novo projeto gráfico.

O livro terá lançamento em quatro cidades: Rio de Janeiro, Campinas e São Paulo e conta a história de Benjamin Simons, que deixa o orfanato em que viveu desde a infância para morar na casa dos tios, na colina de Darrington. Lá, ele descobre que a casa abriga mais mistérios do que se pode imaginar. “Em 2004, Benjamin Simons deixa o orfanato em que viveu desde a infância para ajudar alguns parentes num momento difícil: com sua tia debilitada e o tio trabalhando dia e noite, precisavam de alguém para tomar conta de sua prima Carla, de apenas cinco anos de idade. No entanto, certa madrugada, a tranquilidade da colina de Darrington é interrompida por um estranho pesadelo, que vai tomando formas reais a cada minuto. Logo, Ben descobre-se

preso numa casa que abriga mistérios, onde o inferno parece mais próximo e o mal possui uma força evidente. Passaram-se mais de 10 anos. Isso tudo aconteceu quando Ben estava com dezessete anos, e foram experiências das quais ele preferia esquecer completamente… Mas aquele passado o acompanha de perto. Ben sente que precisa voltar e sabe que, ou desvenda tudo ou sempre viverá com medo. Então, ele decide contar, e traz numa narrativa angustiante e rica em detalhes tudo o que viveu e todas as batalhas impensáveis que travou para tentar manter a si próprio e a jovem prima em segurança. E se descobre no centro de uma conspiração capaz de destruir até a sua própria sanidade. Onde termina o inferno e começa a realidade?”

Conhece alguma história ou autor que gostaria de ver por aqui? Envie para contato@publiqueirevista.com ou em nossas redes sociais! 8


Autor do mês Juliana Skwara é uma escritora carioca e estudante de Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Autora TOP do Mês na Publiquei, ela é fã de batata frita e tudo que seja relacionado a bruxas, Halloween e viagens no tempo. Sua história com os livros começou por causa de sua tia, que lia histórias de princesas para ela todas as noites. Já sua paixão irrefreável pela cultura pop veio do pai, que apresentou a ela o mundo da música, séries, filmes e dos anos 80. Além de colunista no projeto, jornalista e revisora na Indie Produções, Ju é autora do livro “Maratona do Terror: Perdidos – Contos de Ar-

repio”, voltado para o público infanto-juvenil. Confira a sinopse: “Esse livro é uma maratona de contos assustadores. Ele começa com a história de Lily, uma Estudante apaixonada por filmes de terror que faz de tudo para assistir à pré-estreia de um filme ao lado dos seus amigos em uma ‘Sexta-Feira 13’, conto inicial, e termina com a ‘A casa nº 7’, uma casa mal-assombrada em que um casal tem o azar de se abrigar. Para viver essas e outras histórias aterrorizantes, não deixe de ler ‘Maratona do Terror: Perdidos – Contos de Arrepio’! Obs: Não leia à noite!”

Livro do mês “Lendas Urbanas: O Jogo”, da autora Glaucia Santos, é o nosso livro em destaque no TOP do Mês nessa edição dedicada ao terror e ao suspense. Nele, vamos conhecer a história de Patrícia, que tomou a decisão de brincar com o sobrenatural quando era adolescente, mas que só vai sofrer as consequências disso anos depois. O livro, disponível em e-book na Amazon, tem sua continuação publicada agora em outubro. Leia a sinopse: “Quem nunca realizou jogos que mexiam com o sobrenatural quando adolescentes? Quando um grupo de amigos resolve se divertir, acaba

descobrindo que nem sempre esses jogos são apenas brincadeiras inocentes e que no final o preço a ser pago é extremamente alto... Anos depois, fatos estranhos ocorrem, trazendo de volta o terror daquela noite. Patrícia sabe que não são coincidências e busca desesperadamente por respostas que podem salvar a sua vida e dos seus amigos. Ao seu lado está Leonardo, mas ela não sabe até que ponto pode confiar nele e quais são suas verdadeiras intenções. Com o coração completamente fechado e amargurado, sua única certeza é que o jogo ainda não acabou e que o mal está mais próximo do que todos imaginam. ”

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Inspiração Por Clarissa Paiva

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erguntaram para a gótica suave aqui: sobre que autor você escreveria num Especial Halloween? Respondi automaticamente: Joe Hill. Pode ser? Vou explicar. Ainda me lembro bem daquela Bienal do Livro. Eu com pouco dinheiro e muita vontade de levar centenas de livros para casa. Foi tudo uma questão de escolha entre os livros caros que estavam na minha lista e os livros mais baratos que eu não fazia ideia da existência. Passando pelo estande da Sextante, pensei até em levar algum dos livros de Robert Langdon. Já segurava Anjos e Demônios debaixo do braço. Minha visão enquadrou de longe a capa sombria de A Estrada da Noite em uma estante.

Os olhos baixaram para a etiqueta do preço e eu não pensei duas vezes. Levei ainda o Fantasmas do Século XX – que estava no mesmo preço e era do mesmo autor. Se um livro fosse bom, o outro também tinha que ser! Voltei para casa ansiosa para ler e completamente feliz com as aquisições que tinha feito com minhas poucas economias. Comecei por A Estrada da Noite e, envolvida no mudo do rock’n’roll e dos fantasmas, devorei o livro em 3 dias. Joe Hill, assim como Eric Kripke em Supernatural, não precisou de muito para conquistar uma fã em mim. Suspense e terror de qualidade, personagens sólidos e referências constantes às maiores bandas do rock clássico são a minha combinação preferida de coisas em

uma história. Passando para Fantasmas do Século XX, um livro de contos, vi que o talento de Joe Hill não se encontra apenas no suspense e no terror. Sua escrita fantástica é de uma sensibilidade incrível, como se pode perceber no conto Pop Art – que conta a história de Arthur Roth, o único menino inflável da cidade. Foi impossível conter minhas lágrimas aqui assim como aconteceu quando li O Pacto, que eu acredito ser o livro mais querido dos leitores. Em O Pacto, Joe Hill consegue mostrar sua sensibilidade romântica e seu suspense sufocante ao mesmo tempo numa narrativa simplesmente impecável. Tenho certeza que todos que já

Qual sua maior inspiração na hora de escrever? Conta para gente! Entre em contato pelo contato@publiqueirevista.com ou em nossas redes sociais! 10


leram esse livro se dividiram entre sentir raiva, curiosidade, felicidade, tristeza ou até graça da sinceridade anormal das pessoas perto de Ig – nosso diabo em ascensão. Esse foi o único livro de Hill já adaptado para o cinema, com Daniel Radcliffe no papel de Ig e com o título original de Horns (ou Amaldiçoado, como

em algumas edições do livro aqui no Brasil). Pessoalmente, achei que foi mais uma adaptação que não passou nem 50% da complexidade do romance, mas, como tudo na vida, há quem goste. Passando tempo em uma livraria, comecei a ler os primeiros capítulos de Nosferatu, seu último

lançamento no Brasil, mas, por respeito à vasta extensão de livros aguardando minha leitura, não devo terminá-lo até o ano que vem. Ainda assim, pelas poucas páginas que li, sei que vou ser surpreendida mais uma vez com as capacidades criativas desse autor que me conquistou inesperadamente naquela Bienal, anos atrás.

(Parênteses)

Joe Hill é, nada mais, nada menos, que filho de Stephen King, o Mestre do Horror. Dá para ver a genética literária, não é mesmo? * Os direitos de A Estrada da Noite para o cinema foram adquiridos pela Warner Bros, mas ainda não há sinal da adaptação. * Hill lançou The Fireman em maio desse ano, ainda sem previsão de lançamento no Brasil. * Joe Hill faz uma aparição no filme Creepshow, de George Romero e Stephen King, em 1982. Ele é a criancinha fofa que lê os quadrinhos de terror no começo do filme.

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o n i e h c A S

e o nome Hellen não te diz muita coisa, é porque você provavelmente a conhece por Lelen. Com 23 anos, a escritora é apaixonada por Halloween, e sonha em dominar as técnicas de escrita dos gêneros de terror e horror, seus preferidos. A paixão por escrever vem desde pequena, quando rabiscava na agenda histórias sobre coelhos e sereias. Com a febre do Harry Potter, descobriu o mundo das fanfics e, como consequência, o das escritoras online. No Site do Up, já contabiliza 21 histórias, a maioria original. Na entrevista a Publiquei, Lelen conta como funciona a relação com os leitores no Wattpad e fala sobre o “Horror Project - Believe”. Confira: Publiquei Revista: Desde quando você publica histórias online e como foi que você começou? Lelen Hayashida: Olha, devo ter começado a postar lá para 2008/2009, mas comecei a escrever minha primeira história original na terceira série (que eu não lembro em que ano era risos)! PR: Mesmo que classificadas em gêneros diferentes, todas as suas nove histórias publicadas no Wattpad parecem ter uma pitada de terror/suspense. Esse é o seu gênero favorito para ler e escrever? LH: AMO TERROR/HORROR/ SUSPENSE! Meu gênero favorito em tudo! (risos) Minhas histórias são puxadas para o sobrenatural ou para tragédia, na verdade (as que não são de terror), porque sempre alguém morre ou tem um fantasma.

PR: Como funciona a sua relação com os leitores da plataforma? Comentários e sugestões feitas pelos usuários podem influenciar no que você está escrevendo? LH: Eu tento responder todos os comentários e interagir o máximo possível. Sobre a influência, depende muito. Se eu ainda estiver em dúvida de qual caminho tomar no enredo, sim, influencia na minha escrita, porém, na maioria das vezes eu tenho todo o meu enredo fechado e sei tudo o que vai acontecer e quando eu decido que vai ser de forma x é dessa forma que será. Me senti meio egoísta com essa resposta. (risos) PR: Pode nos contar um pouquinho sobre “Horror Project - Believe”? LH: Horror Project, de início, era para ser um projeto bem maior, mas

Conhece alguma história ou autor que gostaria de ver por aqui? Envie para contato@publiqueirevista.com ou em nossas redes sociais! 12


o que eu estava planejando fazer achei que ainda não estava preparada para escrever, então decidi lançar essa “primeira parte” com pequenos contos de terror/horror para comemorar o Halloween, que é minha data favorita do ano! A ideia de “Believe” era mexer com lendas urbanas e coisas que pessoas acreditam e mesmo que não acreditem,

sentissem um pouquinho de medo e pensassem um grande “e se...?”. Eu já tinha uma boa parte dos contos escritas, mas tiveram dois que me deixaram meio preocupada porque precisava reescrever/finalizar. E olha que surpresa, esses dois contos são os meus favoritos que são “Are You Afraid Of The Dark” e “I Believe in You Mary”!

PR: Se você pudesse ser um dos seus personagens, qual deles você gostaria de ser? LH: Das de terror? Acho que a Annelise Mills de Peccavi. Não ia querer passar pelo que ela passou, mas eu me acho bem vingativa, acho que seria uma boa Annelise. (risos)

Você pode acessar todas as histórias da Lelen Hayashida em https://www.wattpad.com/user/haylelen

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Amamos ebooks Autora de cinco livros, Mari Scotti conta sobre sua experiência com o formato digital. Mari Scotti é uma paulistana que sempre foi apaixonada pela palavra escrita. Porém, foi só depois que devorou a saga Crepúsculo que ela (re)descobriu sua vocação para contar histórias. Já são cinco livros no seu currículo, alguns publicados apenas no formato digital. Em entrevista à Publiquei, ela fala um pouco sobre como os leitores consomem esses dois formatos, e como ela percebe o retorno financeiro nesses meios. Autora da série Nefilins, Mari também revela o que mais gosta de escrever e dá algumas pistas sobre seus próximos projetos.

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Publiquei Revista: Você já teve livros publicados no formato físico e digital. Você percebe uma preferência dos seus leitores por um ou o outro? Mari Scotti: Os leitores estão se acostumando ao formato digital obrigatoriamente, já que alguns títulos não existem no físico, mas a preferência ainda é pelo livro físico. A maioria lê no digital e fica pedindo livro físico para ter na estante.

res da série? MS: A disponibilidade na Amazon alcançou mais leitores do que eu imprimir exemplares de forma independente e tentar divulgar sozinha. As pessoas procuram por um título no gênero fantasia-urbana e a Amazon dá as opções. Eu sozinha, sem a ajuda da Amazon, não teria alcançado tanta gente. A série Nefilins é a minha série mais lida atualmente desse gênero.

PR: A série Nefilins está toda disponível na Amazon. Você acha que estar apenas em meio digital facilitou a interação com os leito-

PR: Além da série Nefilins, “Montanha da Lua” também está disponível apenas na Amazon. Existe mais alguma coisa que suas


protagonistas, Suzanna e Mical, tenham em comum? MS: A única coisa que elas têm em comum, além de serem vendidas apenas em formato digital (isso ficou estranho risos), é que perderam os pais muito novinhas. De resto, nada. São praticamente o oposto uma da outra. Enquanto uma é novinha, inocente e imprudente, a outra é madura, forte e decidida. PR: Publicar em e-book tem atendido as suas expectativas como autora? MS: Mais do que com livro físico. Em e-book meu retorno financeiro é muito maior, não dá nem para quantificar em porcentagem. E o alcance de leitores também é maior, apesar de o leitor de e-book ainda ser mais tímido, não avaliar os livros nos sites ou me procurar para falar sobre o que achou da leitura. Eu sei que tem mais leitores porque a Amazon é bem transparente quanto ao número de leituras e vendas. No entanto, eu gosto do livro físico. De poder enviar ao meu leitor autografado. De recebê-lo em um evento ou livraria e ele poder adquirir o livro no local. Acho que prefiro um pela facilidade de acesso ao livro e o outro por pura vaidade. É delicioso segurar um livro na mão, cheirar, autografar, ler. (risos) PR: Dentre os gêneros literários que você escreve, qual deles é mais desafiador? MS: O romance de época tem sido muito desafiador para mim, pois é preciso maior empenho na linguagem e costumes. Apesar de a nobre-

za dos meus livros ter sido “criada” porque a cidade é fictícia, tento não fugir muito do que seria a realidade daquele século. PR: Quais são seus próximos projetos? Pode nos dizer algo a respeito? MS: Alguns leitores vieram pedir para que eu libere o segundo livro da coleção Família Hallinson (Montanha da Lua), então ele está em revisão. Tenho vários projetos em andamento, como o livro do guitarrista Adam que protagonizará o segundo volume da temporada de O Cobiçado. E tenho uma distopia sendo desenvolvida.

Só para esclarecer: Os livros são com protagonistas diferentes, então possuem início, meio e fim, sem deixar o leitor desesperado para saber a continuação. PR: O que você tem de recado para deixar aos nossos leitores? MS: Obrigada pelo carinho de lerem toda a entrevista! Vocês são o maior tesouro de um blog, site e escritor! Espero que tenham se divertido e que voltem mais vezes a este site e se derem uma chance aos meus livros: boa leitura! Obrigada, Publiquei, pela oportunidade e carinho. Espero que seu site cresça cada dia mais! Parabéns!

Qual autor você gostaria de ver por aqui? Envie sua sugestão para contato@publiqueirevista.com e não perca as próximas edições! 15


O

dark romântico está muito bem representado no Brasil. A carioca Bia Carvalho, que comemorou seu aniversário no último dia 9, é o destaque do gênero com cinco livros e três contos publicados. Fã de “The Walking Dead” e música heavy metal, seus romances poderiam ser ambientados em qualquer lugar do mundo.

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Tudo isso porque seu processo de criação é meticuloso, com personagens muito bem construídos através de densos perfis psicológicos por trás de cada intenção. Seu grande diferencial como autora é conseguir abordar o extraordinário nas relações humanas. Geek assumida, apaixonada por “Cavaleiros do Zodíaco” e “Death

Note”, ela sempre marca presença em eventos literários direcionados ao público. Além disso, Bianca está envolvida com o Literar, um projeto de incentivo à leitura e à escrita em escolas da Cidade Maravilhosa. Bia também participa do projeto LitGirlsBr, o primeiro multiplataforma da literatura nacional para jovens, que rendeu a publicação de “O Livro De-


em uma obra como essa: Os leitores, que têm acesso a escritoras que ainConhecer tanta gente que curte da não conheciam, e os próprios autores, uma vez que a troca é sempre meu trabalho é uma coisa tão favorável. Além disso, os diferentes maravilhosa com a qual nem gêneros se complementam de uma sequer sonhava. forma muito gostosa. Tanto que o livro parece um ciclo fechadinho, desde a introdução até o último conto. Esse tipo de trabalho mostra uma tanta gente que curte meu trabalho união muito bonita entre escritores las”, com o conto “Ao Anoitecer”. Agora, a Trilogia das Cartas é uma coisa tão maravilhosa com a com públicos e gêneros diferentes. vai ganhar a América Latina. Prestes qual nem sequer sonhava. Em sea ser lançada na Argentina, os livros gundo lugar, o trabalho duro. Não PR: Jardim da Escuridão conta estarão até 2017 em outros países la- tem um dia que eu não acorde pen- com uma personagem que conecta sando nos meus livros, em como as tramas desenvolvidas nos três tinos. divulgá-los, como fazer para chega- livros. Mas, desde o início do proPubliquei Revista: Você tem uma rem em mais leitores... É um esforço cesso de escrita, você já imaginatrilogia publicada, mais três contos de formiguinha, mas extremamente va até onde a histórias chegariam, e outros dois livros, sendo um deles gratificante. compondo uma trilogia? uma coletânea feita com outras auNão, eu nunca pensei em escrever toras. O que você acredita ter sido PR: Em O Livro Delas, diferentes uma trilogia. Jardim de Escuridão primordial para construir sua tra- gêneros literários dividiram espa- era um livro único, mas as outras ço em um livro direcionado a di- personagens ganharam tanta vida na jetória? Bianca Carvalho: Em primeiro lu- versos públicos. Como você enca- minha mente que decidi dar livros a gar, o carinho dos leitores. Quando ra esse tipo de experiência, tanto elas também. E foi a melhor coisa comecei, em 2011, nunca imaginei para os autores até o alcance dife- que fiz. Acho que não conseguiria que seria lida, a não ser pelos meus renciado deste tipo de obra? me afastar desse universo tão rápiamigos e familiares. Mas conhecer BC: Eu acho que todos têm a ganhar do... Fiquei apegada a ele por 3 anos.

Conheca os livros

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PR: Você é parte do projeto LitGirlsBr, destinado a jovens e com amplo alcance de divulgação. Como foi participar da ideia e como o projeto foi importante para sua carreira? BC: O projeto foi um convite muito querido da Renata Frade, que é a organizadora do LitGirls, junto com o Bruno Valente. Quando ela me contou sobre a ideia, eu topei na hora, pois tratava de algo inovador, com projetos muito interessantes. A importância na minha carreira é imensurável, pois ele nos proporcionou uma grande interação entre as autoras, oportunidade de apresentar meu trabalho para quem ainda não me conhecia, além de um livro lindo, publicado por uma das maiores editoras do país. Há muitas novidades ainda guardadinhas, esperando o momento certo de surgirem.

PR: A amorosa Lolla DeWitt é conhecida por todos os amantes da Trilogia das Cartas, mas a personagem tem características inspiradas em pessoas do mundo real? BC: Não. Eu normalmente não me baseio em pessoas reais para criar meus personagens. Claro que uma coisa ou outra, um gesto, uma mania, um trejeito... Mas Lolla é inteirinha saída da minha cabeça, assim como todos os outros. PR: Suas obras são muito bem construídas e desenvolvidas, fato este sempre percebido por seus leitores. Apesar disso, o gênero dark romântico, ainda não se mostra como o mais comentado entre os jovens brasileiros. Na sua opinião, este é um gênero ainda pouco explorado pelos autores nacionais?

BC: O Dark Romântico é puramente a mistura do sobrenatural, do suspense, do sombrio, do mistério, com a parte mais doce do romance. Edgar Allan Poe é considerado um escritor do estilo, além de alguns outros. A associação do meu trabalho a esse estilo veio da Punch! Comunicação e Tecnologia, e eu acatei a ideia na hora. PR: Horas Noturnas e Jardim de Escuridão foram livros com expressiva repercussão e a Trilogia das Cartas, em si, está tomando agora o cenário internacional. Essas conquistas eram expectativas para você? BC: Faziam parte de sonhos muito distantes. Nunca esperei que, ainda com um trabalho independente, fosse chegar tão longe, interessando os editores argentinos. Os livros estão em processo de tradução e devem chegar no mercado de lá no ano que vem, então ainda estou naquela fase de sonho. Quando os tiver nas mãos, recebendo comentários de leitores de lá, tenho certeza que a ficha vai cair. Ainda sonho em chegar mais longe, atingir mais pessoas, mas só posso dizer que o que Deus me deu até agora já me torna uma escritora muito realizada. PR: Como autora, você tem a escrita bem definida, e inclui fantasia, romance e um suspense muito adorado por todos. Agora, como leitora, o que mais te inspira e agrada? BC: Eu adoro suspense desde pequena. Minha mãe era uma ávida leitora de histórias policiais. Porém, sou uma romântica incorrigível, então, quando o os dois gêneros se misturam, já chama a minha atenção. Gosto de livros que instiguem o leitor a investigar junto

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com os personagens, que o façam ficar de boca aberta e suspirar um pouco com o casal. Tudo isso para mim é infalível para uma boa obra. PR: A Trilogia das Cartas chegou ao fim. Você tem algum projeto novo em andamento? Pode nos contar um pouco sobre ele? BC: Sempre tenho coisas novas, pois nunca paro de escrever. Normalmente emendo uma história na outra. Ainda não posso falar muita coisa dos meus novos trabalhos, só que serão no mesmo estilo e com muitas surpresas. PR: Entre os seus personagens e mundos que você criou, qual é o seu favorito? BC: O universo da Trilogia das Cartas é meu queridinho, e Jayce Hernandes, o protagonista de Versos Sombrios, é o personagem favorito. Ele é justo, protetor, cuida

dos seus e é muito romântico. Quando ele nasceu, no primeiro livro, nem pensava em colocá-lo em um papel de tanto destaque, mas ele ganhou meu coração, fazer o quê? PR: Deixe, por favor, um recadinho para os seus leitores e outros autores que se inspiram em você. BC: Que a magia da literatura sempre entre em suas casas e seus corações. Que cada uma das palavras que escrevo possam te tocar de alguma forma, te entreter e te emocionar. A realidade é um lugar sombrio às vezes, então, fugir para um mundo imaginário de heróis, heroínas e finais felizes é um presente. E não há nada de errado nisso. Então, que cada leitura seja responsável por um novo sorriso em seu rosto, friozinho na barriga e reflexões positivas.

Bia Carvalho também é autora do livro “Horas Noturnas”, história que se passa na Inglaterra, no ano de 1863, e faz parte de “O Livro Delas”, com o conto “Ao Anoitecer”.

Bom saber Ainda sobre a Trilogia das Cartas, a autora disponibilizou dois contos online sobre a série: O Presente, que é um spin-off que se passa na noite de Natal, e Escrito nas Estrelas, o episódio zero da trilogia, que traz um pouco da história de Lolla DeWitt. * Sucesso absoluto, os livros “Horas Noturnas” e “Jardim de Escuridão” estiveram na lista da VEJA online dos 10 e-books mais vendidos do país.

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Pela Verossimilhança, Eu Voto Sim!

E

m época de eleições municipais, assistimos revolta em massa feita nas redes sociais e na rua por pessoas que permitem que a política lhes altere. Pois entre nós, filiados ao Partido Literário, existe também um assunto que nos deixa alterados em uníssono: a falta de verossimilhança. Pela memória póstuma de Brás Cubas, pelos finais com todas as pontas ligadas, pelas investigações policiais que fazem sentido e pela verossimilhança, eu voto sim! Essa palavrinha complicada e grande demais tem um objetivo simples: levar a narrativa do mundo das ideias para a realidade. Onde o leitor identifica, o leitor fica. Os livros que encontramos onde a narrativa demonstra pesquisa fraca, situações forçadas e surreais e manipulações da verdade deslavadas, muito dificilmente irão conquistar um grande público fiel. A verossimilhança é necessária para que a história se torne real e identificável. Bons livros são os que parecem relatos de acontecimentos passados, são os que mais fazem os leitores sentirem-se dentro deles. Levar o leitor para dentro de sua história seria o sonho de todo autor, certo? Então saiba, querido escritor, que isso depende somente de você.

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“Então livros de fantasia e ficção científica estão errados por retratarem um mundo que é surreal?” Ora essa, não mesmo! Pois essa é a proposta do gênero. O que cria um mundo irreal é quando se mostra, numa viagem a New York, a personagem que dá de cara com a Casa Branca, que na verdade fica na capital dos Estados Unidos, Washington D.C. Existem autores que usam as informações a seu favor, manipulando a verdade de forma que possa escrever o que quer. Raphael Montes, jovem promessa do terror e suspense brasileiro, admitiu em diversas entrevistas que utiliza as informações reais como pode e, caso elas vão contra seu objetivo na trama, ele as muda. O seu livro Dias Perfeitos é um bom exemplo de como ele pode utilizar informações jurídicas e médicas a seu favor, mas que também sabe modificá-las a ponto de, no fim, tudo parecer muito possível. Lin-Manuel Miranda, compositor e autor ganhador de Grammys e prêmios Pulitzer com suas peças musicais In The Heights e Hamilton: An American Musical também utiliza a técnica sem pudor algum. No seu último sucesso, Hamilton: An Ameri-

Por

can Musical, ele conta a história de Alexander Hamilton, um dos pais fundadores dos Estados Unidos, e de suas andanças durante a guerra da independência e a construção do país. A peça é inspirada num livro biográfico da personalidade americana e Lin, em sua consciência artística, romantiza e modifica diversos aspectos da narrativa, inclusive trocando anos de acontecimentos importantes em seu favor. Mesmo que muito criticado por isso, o musical bateu recorde de indicações ao Tony Awards, prêmio importante para peças e musicais da Broadway. A questão principal é: onde fica a linha limite? Até que ponto a mudança é boa e quando ela começa a prejudicar o livro? Será que existe essa linha? Será que trocar o ano em que George Washington deixou a presidência dos EUA faz mesmo alguma diferença? Como escritores, precisamos nos questionar sobre tudo e todos, a filosofia já nos ensina. Lembrem-se de que escritor tem que saber tudo. Que o questionamento da verossimilhança e a sua necessidade fique em sua mente, votem conscientes, e nos falamos novamente mês que vem.

Lyli Adams

Autora de Pecadores, Íris e Inimigo Digital. sitedoup.com.br @raindancely


Publique seu livro A

o publicar o seu primeiro livro, é comum o autor ter muitas dúvidas sobre todo o processo de publicação. Pensando nisso, surge a “Publique seu Livro”, coluna que é a sua chance de entender como funciona o mercado editorial no Brasil, conhecer um pouco sobre editoras que publicam livros nacionais e ver se o seu livro se encaixa no que elas procuram. Na

Publiquei Revista: Vocês são uma editora com uma identidade muito forte, voltada para um nicho específico de literatura. Esse posicionamento da editora pode ser considerado o diferencial de vocês? Editora PenDragon: A Pendragon é focada na literatura nacional. Valorizamos e acreditamos nos autores de nosso país. Aqui, o sonho de cada escritor se torna o nosso sonho. Acredito que esse seja um diferencial, sim. PR: Sendo uma editora feita por autores, vocês acreditam poder passar essa vivência que já tinham no mercado editorial para os novos autores?

segunda edição, nós conversamos com a equipe editorial da PenDragon e o resultado foi incrível. A equipe é composta de escritores que já passaram pela experiência de ter seu livro publicado por outras editoras e sabe das dificuldades de ser autor no mercado editorial brasileiro. Confira as dicas preciosas que eles deixaram para os autores nessa entrevista.

EP: Somos autores que, após nos decepcionar ao publicar nossos livros, resolvemos nos reunir e criar uma editora diferente. A Pendragon é uma família. Nós valorizamos nossos autores e seus livros. E, não só passamos o que vivemos para nossos escritores, como também temos em nossa política o diálogo, pois dessa forma podemos concertar erros e manter sempre um bom relacionamento. PR: Para quem deseja ser um autor da PenDragon, qual linha editorial vocês adotam? EP: A Editora Pendragon tem uma ampla linha editorial. Nosso catálogo vai desde poesias até terror, e recentemente lançamos um novo

selo para a Editora, voltado para livros infantis. PR: A Academia PenDragon é uma excelente oportunidade para autores iniciantes. Pode falar um pouquinho sobre ela? EP: A Academia Pendragon pegará novos autores do zero e fará um acompanhamento de um ano até a bienal do Rio, em 2017. Serão ensinadas técnicas de escrita, dicas e, principalmente, desenvolvimento de um estilo literário próprio. Durante o período do curso, o autor será acompanhado durante todo o processo de criação do livro, desde a parte escrita, até a criação da capa, diagramação e o seu lançamento na Bienal. 21


PR: O que vocês acreditam que um autor que deseja ter seu livro publicado pela PenDragon precisa mostrar no seu original? Deixem, por favor, uma dica para quem sonha com o seu primeiro livro.

EP: Uma boa sinopse é muito importante para a avaliação. Assim como um bom início de parágrafo, pois mostrará para o editor a primeira impressão que o leitor terá da história. A originalidade, assim como ter um personagem marcante, que crie empatia para quem esti-

ver lendo também é extremamente importante. Porém, o escritor deve entender que uma resposta negativa não quer dizer que sua carreira de escritor não dará certo. A negativa faz parte do processo e é importante sempre seguir em frente e não desistir dos seus sonhos.

Você pode entrar em contato, acessar todo o acervo da editora e acompanhar lançamentos em: www.editorapendragon.com.br/ facebook.com/editorapendragon twitter.com/ed_pendragon instagram.com/editorapendragon/

Possui alguma dúvida sobre o mercado editorial? Envie para contato@publiqueirevista.com ou em nossas redes sociais! 22


Resenha

O Vilarejo

de Raphael Montes

A cada virada de página, o corpo vai se contorcer com medo do que está por vir. Entre um capítulo e outro, será necessário parar para absorver o que acabou de acontecer e se preparar para as emoções que estão escondidas nas páginas seguintes. São esses os sentimentos de quem lê O Vilarejo, do brasileiríssimo Raphael Montes, que a cada livro se consolida como um grande nome do suspense. Nessa obra, o autor traz sete histórias que discutem até que ponto vai a maldade humana. O cenário não poderia ser mais propício: um vilarejo gélido, esquecido entre as montanhas quando um grande conflito assola a região. Desesperados, os moradores têm que sobreviver ao frio e a fome em um ambiente onde coisas estranhas acontecem com uma frequência cada vez maior. O leitor é apresentado a sete histórias, de sete moradores diferentes, que, em algum momento da trama, tem seus caminhos cruzados. O que amarra todas elas é o prefácio, onde Raphael diz ter adquirido, em um sebo de Copacabana, no Rio de Janeiro, o acervo de uma mulher chamada Elfrida Pimminstoffer, com destaque para três cadernos escritos à mão. Ali, ela teria escrito em um idioma estranho, o que acon-

teceu naquele vilarejo. A trama se baseia na teoria de Peter Binsfeld, um padre e demonologista, cujo trabalho de maior destaque foi a classificação dos demônios, escrita em 1589. De acordo com seu trabalho, cada um dos demônios - conhecidos como os Sete Reis do Inferno - é responsável por invocar um pecado capital nos seres humanos. Asmodeus (luxúria), Belzebu (gula), Mammon (ganância), Belphegor (preguiça), Satan (ira), Leviathan (inveja) e Lúcifer (soberba) são os nomes dos capítulos de O Vilarejo, o que dá uma dica ao leitor do que ele pode encontrar no livro. O Vilarejo é pequeno, com

96 páginas, e que envolve o leitor de uma forma que é praticamente impossível parar antes que as páginas acabem. Como se isso não fosse, por si só, um excelente motivo para ter a obra na estante, a história é costurada por quatorzes incríveis ilustrações assinadas pelo super talentoso Marcelo Dumm. Raphael Montes enquadra O Vilarejo como um romance “fix up”, que é composto por histórias independentes que se inter-relacionam em um todo coerente. O livro não é focado em um personagem específico, contando a história de todos de um universo comum. Dessa forma, os capítulos podem ser lidos em qualquer ordem. É incrível perceber que, a personagem que só fez uma ponta em determinado capítulo, tem sua história explorada depois. A cada página, Raphael Montes explora a condição humana quando posta em situações extremas, da mesma forma que ele fez no seu livro de estreia, Suicidas. O Vilarejo é o tipo de livro que é fácil de ler se a pessoa tem estômago forte - senão, vai precisar de alguns momentos para absorver algumas crueldades que se destacam nas tramas. Quanto mais o leitor se envolve com a história, mais ele vai se perguntar se o vilarejo e seus moradores foram esquecidos por Deus - ou lembrados pelo Diabo... 23


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