Edição 3 - Novembro de 2016
Denise Flaibam e Bruna Ceotto são destaque em livros digitais
Amor pela literatura na baixada: conheça o LiteraCaxias
O bom humor e protagonismo feminino da escrita de
Laura Conrado
Sumário Editorial
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Painel da Literatura Nacional
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Calendário
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Falando nisso...
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Top do Mês
pág. 8
Inspiração
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Achei no Wattpad
pág. 12
Amamos ebooks
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Capa
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Um passeio...
pág. 20
Publiquei no LiteraCaxias
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Resenha
pág. 24
Editorial A
Publiquei chega à sua terceira edição celebrando a produção literária nacional nesse mês em que comemoramos os 127 do Brasil como uma república. Já na matéria de capa, conversamos com Laura Conrado sobre sua paixão pelos livros, suas obras e personagens bem construídos. Nosso próximo passo é o Painel da Literatura Nacional, com livros selecionados por uma característica ainda mais nacionalista: todas as obras que o compõe se passam em solo brasileiro. No TOP do Mês, coroamos um autor, livro e lançamento que merecem destaque na publicação. Novembro é a vez da Kelly Teixeira, “Virando Amor” e “A Troca – Livro II”. No embalo da nossa entrevista com uma escritora de chick-lit na capa, trazemos Sophie Kinsella e suas mui-
tas obras do gênero na coluna de “Inspiração”. A autora da coluna “Achei no Wattpad” dessa edição é a Bruna Ceotto, que em breve terá seu livro “Onde Há Fumaça” publicado em formato físico. Ainda sobre publicações digitais, Denise Flaibam conta um pouquinho da sua experiência na coluna “Amamos E-books”. Na nossa primeira cobertura de evento, Lyli Adams e Carol Dias deram uma passada no LiteraCaxias e trouxeram uma matéria completa sobre o evento e os autores presentes. Ainda nesta edição, nosso “Calendário trará os eventos e aniversariantes das próximas semanas, além de uma resenha do livro “Heróis Urbanos”, publicada pela editora Rocco. Boa leitura!
Organização Carol Dias Paula Tavares
Diagramação Tati Machado
Redação Carol Dias Lyli Adams Thayanne Porto
Revisão
Carol Dias Thayanne Porto
Contato
contato@publiqueirevista.com (21) 99575-2012 publiqueirevista.com
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Painel da Literatura Nacional é uma iniciativa do autor Claudio Quirino e chega pela terceira vez às páginas da Publiquei. Em comemoração ao dia da Proclamação da República, a redação da revista selecionou oito obras de autores nacionais que se passam em solo brasileiro para serem os destaques nessa edição, entre clássicos e histórias atuais. Veja os escolhidos:
Você pode conferir todas as sinopses no nosso site! É só acessar publiqueirevista.com e aproveitar todo o nosso conteúdo feito especialmente para você! ;) 5
Calendário Eventos
Retrospectiva Valentina 20 de novembro, às 16h Livraria da Travessa do Barra Shopping Avenida das Américas, 4666, loja 220, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro – RJ. (O evento acontece também em outras cidades. Confira em quais na página da Publiquei)
Novembro Bruna Ceotto (dia 19) Lelen Hayashida (dia 25)
The Gift Day: Natal Literário 4 de dezembro, às 12h30min ION Av. das Américas, 1650, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro – RJ
Dezembro
Convenção de Romances de Época 10 de dezembro, às 14h ION Av. das Américas, 1650, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro – RJ
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Raquel de Queirós (dia 17)
Aniversário da Ler Editorial 3 de dezembro, às 11h Livraria Cultura – Cine Vitória Rua Senador Dantas, 45, Centro, Rio de Janeiro – RJ
Feira Literária Cores da Lapa 10 de dezembro, às 12h Condomínio Cores da Lapa Rua do Riachuelo, 92, Lapa, Rio de Janeiro – RJ
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Aniversários
Clarice Lispector (dia 10) Adélia Prado (dia 13)
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Falando nisso...
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inados, Dia dos Fiéis Defuntos, Dia de Los Muertos, 2 de novembro, dia da Zombie Walk. Ao que me parece, tanto no mundo real quanto no literário, o assunto é “popular”. A exploração da morte e suas consequências é muito utilizada por escritores, seja como tragédia final em suas obras ou como fio condutor da narrativa. Eu considero interessantíssimo quando o autor é capaz
Em típico bom humor, publicado em 1959, este é um clássico da literatura brasileira que narra a história de Joaquim Soares da Cunha, vulgo Quincas Berro D’Água, e suas “mortes”. O assunto é trazido de forma tão inusitada que precisa ser mencionado. Este livro é uma obra de arte.
Famoso e recentemente adaptado aos cinemas, este livro traz a própria Morte como narradora de uma história tocante durante a Segunda Guerra Mundial. É impossível não se envolver.
de sair da mesmice do enterro com flores vermelhas e viúva toda de preto e nos entrega algo novo. A morte, que está presente na vida de todos, não precisa ser retratada da mesma forma todas as vezes. Apresente aqui algumas obras, dentre minhas favoritas, que souberam dialogar com o leitor pelos olhos da ceifadora de capa preta que anda por aí com uma foice e uma lista. Espero que aproveitem.
Conhecida pelo filme Um Olhar do Paraíso, esta obra vai fundo e é capaz de mudar vidas em suas reflexões. Conta a história de uma menina que, após estuprada e assassinada, nos apresenta como é o céu e narra a possibilidade dos mortos se comunicarem com os vivos. Mexe também com a discussão sobre almas precisarem “descansar”, é uma boa pedida para quem curte um sobrenatural leve.
Com uma crítica ferrenha à sociedade moderna em mãos, Saramago mostra a hipocrisia humana em sua forma mais pura, ao expor reações de diferentes núcleos com a realidade de um futuro cadáver.
Banhado em sarcasmo, Bukowski dedica este livro à “má escrita”, rindo de si próprio e de sua falta de planejamento ao escrevê-lo. Tendo terminado pouco antes de falecer, o autor despertou em críticos a sensação de que o livro é uma ode à aceitação da sua própria morte iminente. 7
TOP DO MÊS Em toda edição, uma seleção especial de livros e destaques do mundo literário para você!
Lançamento do mês
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Troca – Livro II” é a tão aguardada sequência da história de Donna Carter e Taylor Lawson, escrito por Cris Santos, primeira entrevistada da nossa coluna “Amamos E-books”. O livro, que chega à Amazon em novembro, é uma publicação independente. Ele conta um pouco da história desse casal um tanto atípico e promete divertir e emocionar os leitores. Confira a sinopse: “Donna e Taylor continuam o jogo de Gato e Ratinha. No segundo livro da série “A Troca”, você conhecerá um lado totalmente dife-
rente dos dois personagens. Taylor continuará lutando para conquistar a afeição de Donna, utilizando-se de um arsenal completamente novo e ainda mais eficaz. Ao seu lado, a família Carter e novos personagens, ainda mais apaixonantes, que não conseguem ser imparciais na história. Já escolheu seu time? Mantenha-se firme, pois a linha que divide amor e ódio é tênue. Quem torce para os dois juntinhos, pode torcer, porque muita água já rolou sob essa ponte, mas ainda há muito para rolar.”
Conhece alguma história ou autor que gostaria de ver por aqui? Envie para contato@publiqueirevista.com ou em nossas redes sociais! 8
Autor do mês
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elly Teixeira é a nossa Autora do Mês. Seu primeiro livro, “A Rainha do Drama”, foi lançado pela editora Angel. Ele faz parte de uma duologia de chick-lits chamada “Rainhas” e o segundo volume recebe o nome de “A Rainha do Capricho”. Aos vinte e cinco anos, Kelly é casada, estudante de jornalismo e a futura mamãe do João Artur. Fã da série “A Seleção” e das músicas da Demi Lovato, ela é telespectadora assídua de séries de TV, do canal de investigação Discovery, amante de cinema e nerd
Livro do mês
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ublicado pela editora Novo Século, o Livro do Mês é “Virando Amor”, da autora Isadora Ferreira. O livro conta a história da Priscila, uma garota de 16 anos que recebe a notícia de que precisará mudar de cidade. Toda a sua vida vira de cabeça para baixo e ela precisa enfrentar uma nova escola, um relacionamento à distância e um novo amor. Veja a sinopse: “Mudar bruscamente de cidade e passar a frequentar um novo colégio é complicado quando
se é adolescente. Ainda mais quando é preciso alimentar um namoro a distância, algo muito desgastante. Priscila tem apenas 16 anos e tem de aprender a lidar com esses sentimentos, e começa a perceber que somente amar alguém não é suficiente para manter um relacionamento. No entanto, no momento em que se vê perdida e sem ação, ela se dá conta de que a vida em uma cidade grande não é tão ruim e que um novo amor pode surgir diante de tantas descobertas.” 9
Inspiração S
e o nome Madeleine Wickham lhe é estranho, talvez Sophie Kinsella te situe melhor. A escritora britânica que conquistou o mundo com seus livros recheados de romance e muito humor é a Inspiração do mês de novembro. Nascida Madeleine, a britânica se tornou “Sophie” para o mundo ao adotar seu segundo nome. Antes de se aventurar na literatura, ela se formou na universidade New College, em Oxford, na Inglaterra e trabalhou como jornalista econômica para veículos como Pensions World. Foi nessa época, com 24 anos, que a autora escreveu sua primeira obra, “The Tennis Party”, que não foi publicada no Brasil. O livro logo caiu no gosto da crítica e foi para a lista dos dez mais vendidos.
Ela publicou outros seis livros assinando como Madeleine Wickham: “A Desirable Residente” (1996), “Swimming Pool Sunday” (1997), “The Gatecrasher” (1998), “Louca para Casar” (2013), “Cocktails for Three” (2000) e “Quem vai dormir com quem?” (2012). Seu primeiro livro com o pseudônimo Sophie Kinsella foi muito bem recebido e só quando “O Segredo de Emma Corringan” foi lançado, em 2005, é que a autora revelou sua identidade. Não é à toa que Sophie é considerada a rainha dos chick-lits, gênero voltado para o sexo feminino, vulgarmente chamado de “livros de mulherzinha”. Os chick-lits são excelentes fontes de distração, com seus romances leves, divertidos e que costumam retratar mulheres mo-
dernas e independentes na loucura que é a vida — um bom exemplo desse gênero na literatura nacional é Laura Conrado, a capa do mês. Confira a entrevista na página 16. A maior fonte do seu sucesso é, sem dúvidas, a série “Shopaholic”. A protagonista é a consumista Rebecca Bloomwood, mais conhecida como Becky Bloom, que vive se metendo em confusão por não conseguir parar de comprar. A série conta com oito volumes e o primeiro foi adaptado para o cinema em 2009, com Isla Fisher no papel principal. O mais interessante é que, de modo geral, a autora não dá uma descrição física de Becky. Essa decisão foi pensada para que todos os leitores pudessem se relacionar com a persona-
Qual sua maior inspiração na hora de escrever? Conta para gente! Entre em contato pelo contato@publiqueirevista.com ou em nossas redes sociais! 10
gem. Em 2015, Sophie deixou de lado os chick-lits e lançou seu primeiro livro Young Adult, “À Procura de Audrey”, que narra a história de uma menina com transtorno de ansiedade social, transtorno de ansiedade generalizada e episódios depressivos. O leitor acompanha o lento, mas decisivo, caminho rumo à recuperação. Quem já foi diagnosticado com algum desses transtornos se identifica
de cara com a protagonista, que tem apenas 14 anos. Por que ter Sophie Kinsella como uma inspiração? Porque seus livros, escritos de maneira leve mesmo quando abordam assuntos mais pesados, são um ótimo passatempo. Uma crítica feita aos chick-lits é que muitos são previsíveis, o que não é o caso da Inspiração dessa edição. Seus livros são sempre surpreenden-
tes e conseguem tirar qualquer um da bad com suas sacadas inteligentes e timing incrível. Não é possível pegar um livro dela e largar antes de saber o final — a curiosidade não deixa, de tanto que o leitor se envolve com os personagens. Para quem nunca leu nada dela, é só olhar o box acima para conferir os livros indispensáveis para entrar no mundo Kinsella.
(Parênteses)
Sophie esteve na 24ª bienal do livro de Sáo Paulo, lotou evento e autografou quase 400 livros em sua tarde de autógrafos. * Como receita para o sucesso, a autora recomenda ‘música alta, uma xícara de café e uma meta de mil palavras por dia.’ 11
o n i e h c A
FOTO: REPRODUÇÃO/WILLIAM PRANISKI
Foi a rejeição da realidade que levou Bruna Ceotto, de 23 anos, a começar a escrever. Mesmo colocando suas ideias no papel “desde que se entende por gente”, foi só há pouco tempo que decidiu mostrar suas histórias para o mundo através do Wattpad. Sua estreia na plataforma foi com “Não Confie Nas Boas Meninas”, e, conforme o público dava um retorno, a autora disponibilizava outras obras. Além de escrever, Bruna é estudante na Universidade de São Paulo, onde tenta se formar em Direito. Nas horas vagas, gosta de apreciar as mais diversas formas de arte, de preferência acompanhada por alguma bebida que leve café. Na entrevista, Bruna falou um pouquinho sobre suas principais inspirações, o processo de pesquisa antes de escrever, a relação com seus leitores e, é claro, as expectativas para o lançamento do livro “Onde Há Fumaça”, postado originalmente no Wattpad.
Publiquei Revista: Como foi que você começou a publicar suas histórias e como conheceu o Wattpad? Bruna Ceotto: Eu já estava atrás de uma plataforma online de publicação de livros há um tempo, e achei o Wattpad no Google mesmo. Achei organizado e de utilização intuitiva, o que é adequado para
alguém com aversão tecnológica, como eu. Comecei publicando Não Confie Nas Boas Meninas à medida que escrevia, e como o retorno do público foi motivador, tomei coragem e fui disponibilizando outras obras, como Onde Há Fumaça e A Casa das Comuns. PR: Como você lida com os co-
mentários dos leitores nas suas histórias? BC: Eu venero genuinamente cada comentário que recebo, leio todos. Alguns são inspiradores e me fazem sentar na frente do computador, mesmo cansada e depois de um dia difícil, para continuar a escrever. Não consigo responder com a frequência que gostaria, mas ainda
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sinto que tenho um diálogo aberto com os meus leitores, muitos deles, como se eu conhecesse pessoalmente. PR: Qual foi a principal inspiração para a criação de A Casa das Comuns? BC: Todo o universo de A Casa das Comuns – Hibit, a Dinastia do Método, etc – foi surgindo em torno da Alice, que entrou na minha cabeça praticamente pronta como sendo a filha de uma governante autoritária, herdeira de uma supremacia genética em um contexto mundial de crise hídrica. Acho que a partir daí, a influência de Huxley na questão biopsicológica e na criação de uma sociedade organizada por castas fez o resto do trabalho. – Leia O Admirável Mundo Novo! PR: O universo em A Casa das Comuns é bem complexo, essa criação envolveu muita pesquisa? Se sim, quais foram os principais tópicos da pesquisa? BC: Acredito que não, porque não existe uma base científica crível na Dinastia do Método. Eu não faço ideia se esse tipo de codificação
genética é possível, então, pode-se dizer que eu inventei (risos). Quando eu preciso elaborar melhor alguma questão científica da qual eu não tenho domínio, a internet me ajuda – você se impressionaria com a quantidade de informação disponível online sobre engenharia genética. No mais, sou filha de dois médicos, que, sem saber, me respondem uma série de dúvidas que vão colaborando para engendrar o universo hibita. PR: Alguma vez algum comentário já fez mudar o rumo da história ou olhar por um outro ângulo ou aspecto? BC: O tempo todo. Os leitores são muito mais perspicazes do que eu jamais serei, e vários comentários hilários viraram piada em um trecho ou outro. Eu ganho perspectiva com esse feedback, mas não acho que tenha mudado o rumo da história por causa de um comentário. Talvez eu já tenha dado mais ênfase a um ou outro personagem popular que não teria tanto destaque na história, mas só isso. PR: Seu livro “Onde Há Fuma-
ça” está prestes a ser retirado da plataforma para ganhar páginas. O que você pode nos contar sobre a publicação? BC: No momento, só posso dizer que o livro terá 358 páginas e que toda a arrecadação referente à minha remuneração por direitos autorais será doada à Associação Brasileira do Alzheimer. O resto é surpresa. PR: Se você pudesse ser um dos seus personagens, qual deles você escolheria? BC: Acho que eu gostaria de ser Alice Anabel, de A Casa das Comuns, pelo significado da história e pela mensagem que eu quero passar com ela. O livro aborda vários temas, como liberdade de concepção e esterilização compulsória, crise hídrica, racismo, militarismo, autoritarismo, democracia, e uma infinidade de questões polêmicas relacionadas ao feminismo que merecem relevo. Fora isso, Alice é corajosa, atrevida, impulsiva, e tem uma sede pela própria liberdade que é muito identificável, pelo menos para mim.
Você pode acessar todas as histórias da Bruna Ceotto em https://www. wattpad.com/user/BrunaCeotto 13
Amamos ebooks S
onhadora por natureza, escreve sobre histórias que gostaria de viver e sobre personagens que gostaria de conhecer. Por isso, seus livros de fantasia são um verdadeiro deleite para os leitores, que são transportados para mundos muito diferentes. Em entrevista para essa edição da Publiquei, a autora fala sobre o alcance entre das plataformas digitais. Ela também conta sua experiência com os livros físicos: os dois primeiros volumes da sua série “Os Mistérios de Warthia”, que conta a história de uma menina que tem sua vida virada de cabeça para baixo depois de um ataque ao seu vilarejo, foram relançados pela Mundo Uno Editora. Publiquei Revista: Qual é o seu maior desafio ao escrever fantasia? Denise Flaibam: Por incrível que pareça, o maior desafio não é a parte fantástica, mas sim a inserção dos personagens nesses universos. O que eu mais amo antes de começar a escrever é trabalhar todas as nuances possíveis da personalidade dos personagens, então é sempre meu maior desafio encaixar cada um deles dentro da ficção que estou criando. PR: “Rubi de Sangue” e “As Coi-
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Jedi, escritora e fangirl. Essas são algumas das características da multifacetada Denise Flaibam sas que Perdemos” estão disponíveis apenas na Amazon. Você acha que estarem exclusivamente em uma plataforma digital aumentou a interação com os leitores? DF: Com certeza. Fiquei bastante surpresa ao descobrir o alcance que a Amazon proporciona; eu tinha uma vaga noção conquistada através de observação, mas viver isso foi um susto gratificante. Meus livros têm alcançado muitos leitores especialmente pela praticidade que a plataforma digital proporciona para a leitura.
PR: Publicar em e-book tem atendido as suas expectativas como autora? DF: Superou as expectativas! Além de o alcance ser bem maior e mais abrangente, o retorno financeiro também é ótimo. Ambas as coisas somadas a um público bem grande, familiarizado com o mundo dos livros digitais, me ajudaram a criar e entender uma nova visão sobre o mercado, e me levaram a crescer muito como autora nesses dois anos. PR: Os dois primeiros livros da série “Os Mistérios de Warthia”
foram relançados pela Mundo Uno Editora. O que podemos esperar dos próximos? DF: O terceiro volume, As Brumas de Ébano, já está finalizado. Acredito que conseguiremos marcar o lançamento dele para o começo de 2018 – uma vez que a versão física de A Fortaleza do Dragão (segundo livro) sai em 2017. O volume final, cujo título ainda é um segredo, está em processo de escrita, e deve chegar às livrarias em 2019. Tenho planos para um spin-off, além de mais cinco contos extras sobre os personagens secundários da série. PR: Com qual dos seus persona-
gens você mais se identifica? DF: Eu me identifico muito com a Moira, protagonista de Rubi de Sangue, pela paixão por leituras e pela ânsia por aventuras. Sempre a cito como o meu maior orgulho porque foi uma personagem que cresceu absurdamente dentro da trama. Contudo, de todas as minhas personagens, a que eu mais me identifiquei até agora foi a Mônica, protagonista do meu próximo livro – uma comédia-romântica bem leve e descontraída. Não vou falar muito nela, então deixo o suspense para quando começar a divulgar a obra (o que deve acontecer nos próximos
meses). PR: Que recado você pode deixar para os leitores? DF: Um recado mais para agradecimento! Queria muito abraçar todos vocês por todo o apoio e carinho que têm dedicado às minhas histórias; obrigada por estarem ao meu lado desde o começo dessa jornada, por acreditarem nos meus livros e nas coisas loucas que saem da minha cabeça! Trarei novidades sobre a comédia-romântica em breve, além de novos projetos que tenho trabalhado incessantemente para entregar a vocês.
Qual autor você gostaria de ver por aqui? Envie sua sugestão para contato@publiqueirevista.com e não perca as próximas edições! 15
LauraConr C
om 32 anos, mineira de Belo Horizonte. Jornalista, pós-graduada em Educação, Criatividade e Tecnologia, encontrou na escrita uma maneira divertida de abordar temas mais profundos. Em 2012, recebeu o Prêmio Jovem Brasileiro como destaque na literatura e também venceu a votação popular do Destaques Literários como melhor chick-lit nacional com seu livro de estreia “Freud, Me Tira Dessa!”. Além deste, é autora da sequência “Freud,
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Me Segura Nessa!”, do sucesso teen “Só Gosto De Cara Errado”, da releitura de “Sonho de Uma Noite de Verão” na antologia “Shakespeare e Elas” e de “Quando Saturno Voltar”, seu livro mais recente. Laura é presença constante em eventos literários e escolas, onde leva um pouco da sua experiência em palestras para o público infanto-juvenil, jovem adulto, feminino e de escritores. Irmã mais velha de um menino, uma menina e um labrador, Laura ama ficar com
a família e conta, nessa entrevista, um pouco sobre sua carreira literária. Publiquei Revista: Com o seu primeiro livro, “Freud, Me Tira Dessa!”, você venceu dois prêmios literários. Qual foi a importância disso logo no início da sua carreira? Laura Conrado: Foi uma confirmação de que eu estava no caminho certo. Eu não estava ainda tão segura de que eu poderia ter leitores, que minha escrita iria agradar e precisava muito
achava que levaria. Quando fui avisada de que ganhei o Destaques Literários quase não acreditei. Foi incrível! Além dos prêmios e do contato dos leitores, recordo-me de uma crítica muito boa que recebi do escritor e crítico literário Álvaro Alves de Faria, em seu programa na rádio Jovem Pan. A assessoria de imprensa, à época, enviou em exemplar e quando eu vi que ele comentou, achei que seria criticada à beça. Mas quando fui ouvir, ele disse que eu havia me dado muito bem no livro porque o livro era muito bem escrito e o romance convencia. Eu mal dormi nesse dia.
rado de validação. Fez muito bem a minha autoestima ter ganhado dois prêmios tão importantes como o Prêmio Jovem Brasileiro como destaque na Literatura, numa seleção feita por que eu nem conhecia, por jornalistas e críticos de São Paulo e o Destaques, que foi uma votação na internet com outros títulos bem populares. Nesse último, eu fui indicada, mas jurava que não emplacaria: não tinha grande alcance em redes sociais e estava de férias durante o tempo de votação. Claro, divulguei a votação o quanto pude, mas não
casa. Segundo a Astrologia, a cada 28, 29 anos, o planeta Saturno volta ao mesmo lugar do céu em que estava quando a gente nasceu. Para alguns, isso significa forte mudança, reviravolta e marca o ingresso na vida adulta de fato. Não coloquei muita fé até que atravessei uma fase de profundas mudanças aos meus 29 anos. Achei que perder essas certezas que se tem na vida para se abrir ao novo pudesse ser uma premissa legal. Assim, criei a Débora, uma assessora de imprensa de clube de futebol, que namora há muitos anos, mas acaba tendo a estabilidade da sua vida colocada em xeque. Eu adorei o PR: Os chick-lits são conhecidos pela resultado do livro e tanto eu quanto a escrita leve e divertida. De todos os editora Globo Livros ficamos felizes. seus livros, qual foi o que você mais se divertiu escrevendo e por quê? PR: Você escreve para adultos, LC: Eu gosto muito dos meus livros mas também tem um livro para e escrever cada um deles foi uma adolescentes. O que você vê de aventura: sempre acontece uma his- diferença entre os dois públicos? tória paralela à escrita do livro. Eu LC: Embora as demandas sejam paadoro a Cat, da série “Freud, Me Tira recidas – quem sou eu, o que fazer Dessa!”, e fazer o segundo livro da da vida, ser feliz comigo mesma, no série, o “Freud, Me Segura Nessa!”, amor e na profissão –, as realidades foi ótimo. Continuar um livro bem são distintas. Por exemplo, não posaceito e cuja temática me fez tão bem, so colocar minha personagem adofoi especial. Como leitora, é livro lescente saindo para viajar quando de minha autoria de que mais gosto. bem quer porque adolescentes ainda dependem dos pais, diferente de uma PR: De onde surgiu a ins- personagem jovem adulta, que já tem piração para a Déborah de sua autonomia. A relação com o di“Quando Saturno Voltar”? nheiro é diferente, assim como com LC: Quando eu era mais nova, ouvi o amor, o sexo, a linguagem, a famíum rapaz falar numa entrevista de lia e outras áreas da vida. Eu busco emprego sobre o Retorno de Saturno. manter essa coerência nos livros e Aquilo foi tão novo e tão curioso para nas palestras. Vou muito a escolas e mim, que fiquei com isso na cabeça aplico minhas falas aos dois públicos. e dei um Google quando cheguei em
“
Sei que um livro bom não depende de gênero, mas de qualidade literária: personagens bem construídas, tramas bem armadas, falas articuladas e uma boa narrativa. 17
bem armadas, falas articuladas e uma boa narrativa. Assim, acredito muito que faço um gênero popular com histórias interessantes e boas temáticas. O chick-lit é marcado pelo bom humor e pelo protagonismo feminino, duas características que eu amo e me esforço para fazer bem. Levar o leitor a pensar certas situações cotidianas e ainda dar risada, é coisa muito séria; não é tão simples de se fazer! Temos visto uma boa safra de autoras chick-lit que vão muito além de histórias fracas e personagens caricatas, que pensam só em casar e fazer compras. Estamos cada vez mais atentas ao poder da mulher e aos papéis que fomos ensinadas a desempenhar. Os tempos são outros, e a literatura é reflexo disso.
PR: Muita gente critica o gênero chick-lit sem conhecer, dizendo ser “literatura de mulherzinha”. Felizmente, temos visto obras muito boas surgindo e que quebram esse “pré-conceito”. Qual você julga ser a característica mais marcante do gênero?
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LC: Eu adoro fazer chick-lit! Entendo que o mercado literário se segmenta e acho natural que as pessoas enquadrem os títulos em rótulos. Contudo, sei que um livro bom não depende de gênero, mas de qualidade literária: personagens bem construídas, tramas
PR: Cat, Pri e Déborah são personagens com quem os leitores podem facilmente se identificar. O que você acha que as deixa tão reais? LC: Elas são honestas. Todos trazemos sentimentos dos quais não nos orgulhamos e cometemos erros. Quem não é assim? Não quero fazer personagens perfeitas, mocinhas como nos contos de fadas que são sempre belas, angelicais e boazinhas. A vida real não é assim: somos pessoas que vivemos conforme
damos conta, aprendendo com a vida. Minhas personagens são reais e passam por conflitos reais. Acredito que isso, somado a forma como a narrativa é escrita, permite essa identificação.
mos de nós mesmos, nossas crenças... Será um livro divertido, como todos os que escrevo, mas quero um clima bem poético, pois é assim que vejo a Júlia: nada rasa, intensa e musical.
PR: Que autor ou obra mais inspira você na sua carreira? LC: Eu sou muito fã da Clarice Lispector e das obras do Dostoiévski, Lygia Fagundes Telles e vários outros. As formas como eles abordam o ser humano me fascinou e me fez querer ser escritora. No chick-lit, adoro os livros da Sophie Kinsella, sempre muito divertidos e ricos na trama.
PR: Você dá alguns cursos para quem deseja escrever e publicar um livro, como o “Da Ideia ao Livro”. O que você ensina lá no curso e que pode deixar de dica para quem deseja publicar sua história? LC: Desde quando comecei a publicar recebo muitos e-mails de pessoas que querem escrever. Como eu não tive muita informação, faço o possível para dividir dicas. Ao longo desses anos me dedicando aos livros, aprendi muita coisa; tento passar isso nos cursos e palestras. Falo desde o processo de criação de um livro como a escolha da premissa, construção de personagens, elaboração de cenas e estruturação de um romance até a busca por uma editora. Também conto como é trabalhar na divulgação de um livro o que, para mim, é a parte mais difícil do todo. Se eu posso deixar uma dica, é perseverar. Ler muito, buscar experiências de outros autores e escrever todo dia. Não tem outra maneira de desenvolver a escrita, criar estilo e ter autoconfiança.
PR: Dentre todas as suas personagens, existe alguma com uma forte característica sua ou de alguém próximo a você? LC: É inevitável transferir algo da gente para o que criamos. Acho que toda obra, seja ela qualquer manifestação artística, sempre vai dizer algo do artista. Eu também me inspiro muito no dia a dia e nas situações que me rodeiam. Quase sempre as amigas das minhas protagonistas são parecidas com minhas amigas. Acredito que o livro que mais traz coisas minhas seja o “Freud, Me Tira Dessa!” A Catarina tem muito do que eu era aos meus 23 anos, é muito parecida na forma de sentir e reagir que eu tinha naquela época. As subtramas do livro também foram inspiradas em histórias que aconteceram com pessoas próximas a mim e me marcaram muito. PR: Após o sucesso de “Só Gosto de Cara Errado”, seus leitores esperam ansiosos pela continuação da série. O que você pode nos contar sobre o segundo livro? LC: Tenho muitas ideias para essa série. A próxima protagonista será a Júlia, com toda sua profundidade, romantismo e autoestima um bocado baixa. Quero tratar padrões estéticos e como isso afeta a imagem que te-
PR: Por favor, deixe um recado para os seus leitores e os autores que se inspiram nas suas histórias. LC: É uma alegria saber que o que escrevo toca outras pessoas! Espero sempre apresentar boas histórias e inspirar, ao menos um pouquinho. Assim como uma autora conduz a sua personagem, somos nós que escrevemos nossas histórias. Sempre traço uma narrativa onde minhas personagens assumem o protagonismo de suas vidas, e espero que também nós possamos nos responsabilizar pelo o que vivemos e tenhamos condições de criar as realidades que queremos viver. Um beijo enorme a todas e a todos!
Bom saber Apaixonada por sua “mineirice”, Laura não esconde suas raízes: “uai” é como vírgula, Milton Nascimento (junto de 14 Bis e Clube da Esquina) está na playlist dos dias de incerteza ou baixo astral. * O cachorro da família, Rocky Balboa (ou Rockão) é considerado membro da família, com status de irmão. Um dos medos dela é, durante alguma viagem mais longa, ser esquecida pelo labrador. * Sua palavra favorita é coragem: coração que age. 19
Um passeio pelo necrotério
A
morte é consequência da vida e todos sabemos disso, mesmo que insistamos em viver na negação dessa realidade. O que muitas vezes passa despercebido é quando o contrário acontece e assistimos o resultado de consequências da morte: belos e tocantes livros. Eu clamo a todos nós, escritores, que paremos um segundo para refletir sobre isso: por que escrever sobre a vida é celebrado, mas sobre a morte é terrível? No mês do Dia de Finados, que é de longe uma de minhas datas favoritas do ano, acho que precisamos pensar nisso. Não apenas nos livros, como também no mundo real, o momento em que uma vida deixa de existir marca pessoas, traça caminhos, abre e fecha portas e, logicamente, causa estranha e sobrenatural comoção. Tudo isso, ao contrário do que pensam, deve sim ser comentado. Pois é apenas quando alguém dá o último suspiro que experimentamos os sentimentos mais puros da vida. Fiapos de esperança, indignação que não é seletiva, sensação da realidade trágica, necessidade de se aproveitar cada segundo em vida. São sentimentos muitos fortes e acredito que nossos livros devam andar
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com estes, pois podem levar nossas obras a incríveis patamares. Nicholas Sparks, famoso serial killer literário, afirma que mostra mortes em seus livros para que todas as pessoas experimentem dos sentimentos mais puros e magníficos. Eu o vejo cento e dez por cento correto nessa afirmação e não se pode negar que Sparks faz isso com maestria. Quando um personagem morre, esta ação (como todas em sua obra) deve trazer um impacto. Nada pode ser por acaso, afinal, os extras que não fazem sentido à narrativa são cortados na primeira revisão superficial. Mas os acontecimentos como mortes, estes são especiais, pois movem montanhas em uma história. É possível que os personagens não entendam e, muitas vezes, sequer o leitor entende o motivo, mas todo autor sabe. Você, que é escritor, com certeza sente que é o momento. Seja para finalizar uma realidade trágica como John Green geralmente faz, alimentando os seus sonhos com uma morte linda e poética; ou seja para nos dar um choque terrível de realidade, como George R. R. Martin e as mortes surpresa, sempre te lembrando de que na vida não há
Por
protagonistas imortais e nem na ficção deve haver. A morte estando presente, faz uma enorme diferença. Isso é no mundo real e no mundo literário. Quem é leitor sabe, e quem é escritor deveria saber e usar isso em favor da sua narrativa. O escritor que aceita o destino do seu personagem encontrando-se com o único mal irremediável, além de demonstrar maturidade, apresenta-se corajoso. Pois a coragem é absurdamente necessária para enfrentar o seu próprio instinto de proteção, aquela coisa materna que temos com os personagens. Também é difícil enfrentar os leitores que, com certeza, insistirão que a morte era desnecessária (mas quem sabe é você, afinal, o livro é seu). Deixada esta reflexão, eu convido todos os colegas de profissão que não concordem ou que nunca tenham cometido assassinatos premeditados em seus livros a discordarem e discutirem comigo sobre o assunto. Vocês trazem o tabaco, eu trago o uísque, e discutimos calorosamente a questão enquanto fazemos um passeio no necrotério.
Lyli Adams
Autora de Pecadores, Íris e Inimigo Digital. sitedoup.com.br @raindancelyli
[no LiteraCaxias]
O
s ânimos pareciam aflorados no LiteraCaxias deste último mês. O evento surgiu da ideia de amigos que visitavam eventos literários e sentiam a necessidade de trazer essa realidade para seu município. Desde então a cidade de Caxias é agraciada a cada seis meses com o evento que já vive sua quarta edição. A idealizadora, Natália Higino, menciona que há outros eventos pela área, mas não do porte do LiteraCaxias. Ela reconhece a responsabilidade social do evento que pretende expandir cada vez mais. “É nossa obrigação levar para todos os locais essa questão cultural”, diz. As mesas de conversa com autores trouxeram questões importantes que o mundo literário precisaria discutir mais. O descaso de certas editoras para com o bem-estar de novos autores foi muito comentado na conversa sobre publicação independente. Raphael Mozer, autor de livros artesanais que faz suas publicações em casa, bateu na tecla da justiça e questionou como dar ao autor uma fatia maior no dinheiro do lucro dos livros. O sistema de dez por centro de direitos autorais
costuma ser o que mais afasta autores de editoras. A realidade da responsabilidade do autor em quase cem por cento de todo o trabalho de divulgação também é um problema que atormenta a todos nós, autores novatos, e não deixou de ser mencionado. Vivendo a incerteza de venda que existe ao levar seu livro para uma editora, Hellen Pimentel defende a publicação independente e a busca pelo leitor brasileiro jovem, que geralmente nega livros nacionais de desconhecidos. “Quantos livros nacionais você leu esse ano?”, questiona ao público. Ao comentar o mercado atual, Hellen clama por meritocracia e critica youtubers. “Não há equilíbrio”, ela defende. Na mesa sobre representatividade, eu senti bastante equívoco de boa parte dos autores, embora a boa vontade de todos em traçar esse caminho em seus livros fosse evidente. Ben Mathias filosofou sobre o significado de minoria e bateu o martelo: “não somos minoria, somos minorizados”. Comentou que todos os personagens de todo tipo de aparência e característica devem ser retratados como um indivíduo
como qualquer outro. Defendeu que cada minoria deve estar presente e que levantar bandeiras no mundo literário é importante. Questionados sobre personagens que são adicionados às histórias como “cotas” e são esquecidos muitas vezes pelos próprios autores, não acrescentando nada à narrativa, todos se manifestaram. Louise Branquinho mencionou que existe sempre a possibilidade de certas editoras forçarem essa “falsa representatividade”, que em nada contribui para o mundo literário e criticou que certos colegas do ramo são oportunistas. Lorena Brites comentou que “ou você faz bem feito, ou você não fala desse tema”. Mione Lefay trouxe experiência de vida à mesa e citou situações de preconceito pelas quais passou por ser gorda. A autora fez questão de afirmar que gosta de desmistificar a ilusão do “você não consegue” em seus escritos, pois sofreu muito acreditando ser incapaz de realizar seus sonhos. Foi um consenso da mesa que existe essa hipocrisia e falta de representatividade no mercado, mas que cabe a nós, autores e leitores, lutar contra ela.
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Conversamos com os autores que passaram pelo LiteraCaxias sobre seus livros, as novidades que trazem para nós e o que escrever é para eles. Dá uma olhada: Leoney Santos Livro: Dois contos na antologia “Contos ao Vento”, da editora Portos de Lenha: “Felicidades” e “Promessas” O que vem por aí: Está escrevendo um suspense paranormal “Escrever é libertação, é poder fazer tantas coisas com a escrita. Você é livre para tudo.” Alice Couto Livro: “Strong”. O que vem por aí: Atualmente escreve fanfics no Wattpad. “Escrever é complicado. Comecei apenas por começar. Hoje é um hobby, mas quero que vire algo sério.” Wattpad: aliicehoran Marcos de Sousa Livro: “Mensageiros da Morte” O que vem por aí: Está preparando a sequência do seu primeiro livro. “Escrever é uma manifestação de sentimentos.” Stefano Sant’anna Livro: “Inverno Negro”, pela editora Empíreo O que vem por aí: Está escrevendo a continuação da série, “Primavera Escarlate”. “Escrever é colocar em letras o que não consigo falar ou expressar de nenhuma outra forma. Mostrar o que sinto e penso sobre o mundo, mas não consigo expressar.” Renan Bernardo Livros: “A Sala do Tempo”, pela editora Madre Pérola. Conto de ficção científica “Defeito na Cama 22
Gelada” na antologia “Fogo de Prometeu”. O que vem por aí: Está escrevendo um conto de ficção científica que ficará gratuito para quem se inscrever em sua newsletter, dois romances de fantasia e alguns contos sobre o folclore brasileiro. “Escrever é um hobby, o que mais gosta de fazer.” Thais Araújo Livros: Conto distópico “O Contador de Histórias” na antologia “Céus de Chumbo”. O que vem por aí: Está escrevendo “Renegado”, uma distopia, no Wattpad. “Escrever é entrar num mundo de sonhos que pode se tornar real. Escrevo meus sonhos, mas eles já estão se realizando na escrita.” Wattpad: thais__araujo Felipe Saraiça Livros: “Palavras de Rua” e o conto “Em Nome do Pai” na antologia “Contos Macabros”, ambos da editora PenDragon. O que vem por aí: Está escrevendo um livro de fantasia chamado “Para Onde Vão os Suicidas?”
“Escrever faz parte de mim.” Leonardo Otaciano Livros: Escreveu o livro de contos “Lou, o Palhaço Medonho” na época do Halloween com seu filho Matheus Silva, para incentivá-lo nesse meio literário. Também tem livros infanto-juvenis no Clube dos Autores e a trilogia “Mistério na Casa da Rua Seven”. O que vem por aí: Livro youngadult que fala sobre a seca no Sertão, assunto recorrente e sobre homens que batem em mulheres, com a primeira protagonista feminina do autor. “Escrever virou parte de mim. Não tem hora nem lugar, eu escrevo a qualquer momento.” Lorena Brites Livro: “Acervo de Palavras”, pela editora Autografia. O que vem por aí: Livro infantil “A Menina Que Queria Ser Gente”. “Poderia dizer que escrever é vida, mas estou passando por um momento de bloqueio criativo. Quando tenho tempo de escrever e criar, é uma maneira de me expressar com o mundo. Não existe melhor
maneira para se expressar.”
sos pensamentos.”
Louise Branquinho Livros: “Para Onde Vão os Corações Partidos” e “A Primeira Pétala”, pela Tribo das Letras. O que vem por aí: Uma antologia de cartas chamada “Para Certo Alguém”, pelo selo do LiteraCaxias. Está escrevendo também a continuação de “A Primeira Pétala”. “Escrever é o que faz a gente sair do mundo da realidade para o mundo da imaginação. Poder expor nos-
Ben Mathias Livros: “Óstrakon”, “Pequenas Lições Daquelas Sessões”, “Lições Sobre o Sagrado do Amor”, “O Sangue do Herdeiro”, “Poesia com Dois Dedos de Prosa”, “Cinzas da Quinta-feira”. O que vem por aí: Livro de fantasia “Ecos das Terras Velhas”, a coletânea com dois romances “Daqui Deste Divã” e o livro de suspense “Contos de Arrepiar”.
“Escrever é registrar no papel o que eu sou no mundo.” Hellen Pimentel Livros: “Natasha”, série “Despertar” e o lançamento “Fases da Lua”. O que vem por aí: “Fontenele”, que é a continuação de Natasha, cinco anos depois, pela visão dela. “Escrever é uma válvula de escape. Após um dia corrido, sentar no computador e criar novos mundos, ter acesso a outras vidas é o que vale a pena.”
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Resenha
s i o Her rbanos U
(coletânea de contos)
“Eu acho que todo mundo vai ser o vilão da história de alguém algum dia”. A frase, dita pela personagem Carolina, do conto “Material Escolar”, de Luisa Geisler, explica um pouco da premissa do livro “Heróis Urbanos”, da editora Rocco. São sete histórias diferentes, escritas por diversos nomes da literatura brasileira. Além de Luisa, assinam o livro Raphael Montes, Rubem Fonseca, Natércia Pontes, Leticia Wierzchowski, Cecília Giannetti e Emiliano Urbim. “Heróis Urbanos” é uma coleção que reúne as diversas facetas do indivíduo comum — aquele que não tem grande destaque nas histórias, geralmente protagonizadas por “mocinhos” e “bandidos”. São indivíduos normais que, no meio das confusas metrópoles brasileiras, tomam certas atitudes que o tornam heróis ou urbanos, mas esse “rótulo” vai variar de cada leitor, que vai se colocar no papel dos personagens. São sete histórias, cada um com protagonista diferente, que poderiam muito bem se passar em qualquer lugar, com qualquer pessoa — até com nós mesmos. Essa é a beleza de “Heróis Urbanos”: o livro sai do lugar comum e faz as pessoas repensarem o que há de herói (e de vilão) em cada um de nós. Quem abre a coletânea é Raphael 24
Montes com “Volnei”, uma história contada em primeira pessoa por uma mulher que relata a traição do seu marido, Volnei, com “a piranha da Gorette”. Em paralelo, a protagonista também relata os crimes do “Monstro do Cadarço”, um serial killer que aterrorizava a comunidade ao matar meninos entre 10 e 15 anos enforcados com seus próprios cadarços. Depois, em “Material Escolar”, Luisa Geisler nos apresenta Carolina, uma menina brilhante que acaba criando um esquema clandestino de vendas de provas, resumos e trabalhos. Esse é, sem dúvida, um dos melhores e segue a proposta esperada dessa coleção: são pessoas fazendo algo errado mas que, na sua própria visão, são heróis, com seus esquemas extremamente inteligentes e admiráveis. Já “Passeio Diurno”, de Rubem Fonseca, sai do mundo dos adultos e mostra o senso de justiça de uma criança, um jovem entregador que usa sua bicicleta para punir as pessoas “más” que ele encontra pela cidade. É um dos contos mais curtos, com menos de 10 páginas, mas que consegue desenhar bem a personalidade do protagonista. A história contada por Natércia Pontes, “História Lacrimogênica de Jamile” é um pouco confuso, sem muito sentido e que pode confundir o leitor. O
conto mais inusitado é assinado por Letícia Wierzchowski: “Seu amor de volta em três dias” conta a história de um rapaz desempregado que, para conseguir se sustentar, vira pai de santo. Como os orixás não ajudavam, o “Pai Léo” tinha que usar seus poderes terrestres para dar aos seus clientes o que ele prometia. “Besouro Azul”, da Cecília Giannetti, narra a história de uma garota que viaja de Brasília para o Rio de Janeiro em busca do seu irmão mais novo, um adolescente inconsequente que acredita ser um herói urbano. “Da gravidade e outras leis”, de Emiliano Urbim, encerra a coletânea com dramas que quem já foi (ou ainda é) adolescente pode se identificar; relatos contados através de um diário, tentativas de se ajustar ao colégio no início de um ano letivo. “Heróis Urbanos” ainda conta com ilustrações feitas por Rascal, um artista norte-americano radicado no Rio de Janeiro e em Nova York. Suas ilustrações, que usam a arte pop para desenhar os efeitos políticos e sociais, dividem as histórias. Assim como todas as outras coletâneas, essa tem seus altos e baixos: não são todas as histórias que fazem o leitor correr para saber o fim, mas, de modo geral, é um excelente livro que reflete os muitos lados que os indivíduos podem apresentar em diversas situações.
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