Edição 5 - Janeiro de 2017
Bruna Fontes, Lívia Messias e Mel Geve contam tudo sobre suas histórias Editora Arwen é destaque na Publique Seu Livro
m i a P a i l u Gi tura a r e t i l e e ridad b e l e c e d vros i l Vida s u e s m me se mistura
Edição Teen: livros para devorar nas férias escolares e durante todo o ano!
Sumário Editorial
pág. 4
Painel da Literatura Nacional
pág. 5
Calendário
pág. 6
Uma palavrinha com
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Top do Mês
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Inspiração
pág. 10
Achei no Wattpad
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Amamos ebooks
pág. 14
Capa
pág. 16
Feliz ano novo!
pág. 20
Publique seu livro
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Falando nisso...
pág. 24
Resenha
pág. 25
Editorial Chegamos em 2017 e a nossa primeira edição do ano é toda especial. Nesse mês de férias escolares, preparamos uma Publiquei Teen, com livros dedicados aos jovens e adolescentes. Na capa, a autora Giulia Paim, que é a mais nova contratada da Globo Alt e lança, no dia da nossa publicação de janeiro, o seu segundo livro, “Boston Boys 2: Descendo do Palco”. O “Painel da Literatura Nacional” segue o tema da revista, com livros maravilhosos para você ler nesse período de férias. No TOP do Mês de janeiro, teremos a autora Valentine Cirano, de “Guardians” e “A lenda do rato no telhado”. Na coluna “Publiquei Seu Livro”, entrevistamos a editora Arwen, que deu dicas preciosas para quem deseja publicar seu livro ou tem dúvidas de porquê seu manuscrito foi rejeitado.
Em “Inspiração”, falamos de uma autora brasileira que esteve presente na adolescência (e na pré-adolescência) de boa parte de nós: Thalita Rebouças. Em “Achei no Wattpad”, conversamos com a fofa da Mel Geve. Já na “Amamos E-books”, a autora Lívia Messias falou sobre livros digitais e escrever para o público jovem. Também tivemos “Uma Palavrinha com” a autora Bruna Fontes — “Sob o Mesmo Teto”, “La La Land” e tantos outros — esse mês. Ela falou sobre seus gostos e preferências. Trouxemos também uma resenha do livro “Princesa das Águas”, escrito pela Paula Pimenta. A novidade deste mês é a adição da autora Clara Savelli à equipe da Publiquei. Bem-vinda, Clara! E obrigada a todos que se inscreveram! Boa leitura!
Organização Carol Dias Paula Tavares
Diagramação Tati Machado
Redação Carol Dias Clara Savelli Lyli Adams Tati Machado Thayanne Porto
Revisão
Carol Dias Thayanne Porto
Contato
contato@publiqueirevista.com (21) 99575-2012
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odo mês na Publiquei, nós destacamos oito livros dentro do Painel da Literatura Nacional. Essa iniciativa surgiu da ideia do autor Claudio Quirino, que gentilmente permitiu que a coluna fizesse parte da nossa. Os desta edição seguem o tema escolhido, a literatura para jovens e adolescentes. Confira os selecionados:
Você pode conferir todas as sinopses no nosso site! É só acessar publiqueirevista.com e aproveitar todo o nosso conteúdo feito especialmente para você! ;) 5
Calendário Eventos
Aniversários
Lançamento “Boston Boys” e “Boston Boys 2: Descendo do Palco” 15 de janeiro, às 16h Livraria da Travessa Botafogo Rua Voluntários da Pátria, 97, Botafogo, Rio de Janeiro
Janeiro
Lançamento “Simplesmente Amor” 21 de janeiro, às 14h30min Livraria Leitura do Shopping Nova América Av. Pastor Martin Luther King Jr, 126, Del Castilho, Rio de Janeiro
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Juliana Skwara (dia 22) Marcus Barcelos (dia 27)
Fevereiro Couto de Maganhães (dia 1) Rui Barbosa (dia 5) Cecília Meireles (dia 7)
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Uma palavrinha
odemos dar uma palavrinha? Nesta edição da Publiquei dedicada à literatura juvenil, nossa entrevistada é a autora Bruna Fontes. Nascida em Niterói, começou neste mundo literário pelas histórias online e nunca mais parou: hoje é revisora, tradutora, professora e co-fundadora da Duplo Sentido Editorial. Seu primeiro romance, “La La Land”, que se tornou uma duologia, era uma webnovela de uma comunidade do Orkut e venceu um concurso literário para ser publicado em formato físico. Após atingir dois milhões de leituras no Wattpad e vencer o Wattys
2015 (uma das histórias mais atraentes do ano), o livro foi o primeiro lançamento da Duplo Sentido Editorial. O próximo a ganhar páginas impressas é “Sobre[o]postos”, da série “Medina-Becker”, também vencedor do Wattys em 2016. Para os leitores do Wattpad, a autora disponibiliza na plataforma as histórias “Platônico”, “Sobre[o]postos” e as duas da série “La La Land”, “O Sonho Americano” e “No Limite”. Na entrevista, vamos conhecer um pouco dos gostos e preferências da autora, na escrita e na vida pessoal. Confira:
Gênero para leitura Todos, menos terror (frouxa mesmo). Sou muito eclética, mas amo ficção adolescente, romances distópicos e um bom drama para chorar e refletir sobre a vida. Gênero para escrita Young-adult, com certeza! É um gênero muito extenso, na verdade, mas eu amo ficção adolescente com muito romance, comédia e conflitos de identidade. Principalmente envolvendo irmãos. Personagem literário Aaron Warner da trilogia “Estilhaça-me”. Um dos melhores desenvolvimentos de personagem que já li na minha vida, sou apaixonada demais por esse meu marido. Autor inspiração Meg Cabot, Lauren Oliver e Maggie Stievater, deusas da minha vida. Melhor história que escreveu Platônico. Meu coração está nessa história. Melhor livro que comprou A Sombra do Vento (Carlos Ruiz Zafón) e Proibido (Tabitha Suzuma). Música Genghis Khan – Miike Snow (foi a minha música de 2016, com certeza). Cor Vermelho! Lugar no mundo Meu Rio de Janeiro. Cidade natal Niterói. Comida Pizza sempre. Dia inesquecível O lançamento de Sob O Mesmo Teto na Bienal de São Paulo. Dizer que aquele momento foi mágico é um eufemismo, eu sinto que não me recuperei até hoje de tanto amor que recebi dos leitores. Ainda mais porque foi o primeiro lançamento da Duplo Sentido Editorial e nós trabalhamos muito para que tudo fosse perfeito. E foi! 7
TOP DO MÊS Em toda edição, uma seleção especial de livros e destaques do mundo literário para você!
Lançamento do mês
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esse mês de janeiro, queremos destacar dois livros como “Lançamento do Mês”. Um deles é uma graphic novel de horror para jovens leitores chamada “A lenda do rato no telhado”, escrita pelo Felipe Campos, que também assina as ilustrações. Conta a história do Miguel, um menino que depois de perder um de seus dentes de leite, fica à espera da visita da fada do dente para ganhar algumas moedas. Só que as coisas não saem exatamente como Miguel esperava, já que ele recebe a visita de uma lenda há muito esquecida – e nada boa. O segundo destaque vai “Boston Boys 2: Descendo do Palco”, da autora entrevistada da capa,
Giulia Paim, que está sendo lançado neste dia 15. A seguir, você confere a sinopse de “A lenda do rato no telhado”: “A lenda do rato no telhado’ é uma graphic novel de horror para jovens leitores que mostra a história de Miguel, um menino que perde um de seus dentes de leite e espera pela visita da fada que deixará algumas moedas embaixo do travesseiro... Mas o que ele não sabe é que uma lenda esquecida decide tomar seu lugar no imaginário das crianças e Miguel poderá ser a primeira de muitas vítimas! O que você faria se algo ruim invadisse a sua casa? Saiba que algumas histórias que nos contam podem ser muito perigosas...”
Conhece alguma história ou autor que gostaria de ver por aqui? Envie para contato@publiqueirevista.com ou em nossas redes sociais! 8
Autor do mês
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esta edição toda especial da Publiquei voltada para o público jovem, nossa Autora do Mês é a Valentine Cirano. Carioca, atualmente reside em São José dos Campos (SP), e é autora do livro “Átina Black e o Império de Cronos”, que conta com uma heroína semideusa — filha de Zeus — como protagonista. Recheado de deuses do Olimpo, o livro tem conquistado os jovens e esgotou durante o lançamento na Bienal de São Paulo. Valentine morou nos Estados Unidos durante cinco anos e formou-se como professora de inglês. Como escritora, gosta de transitar em diferentes gêneros e já publicou, além deste dedicado ao público jovem, um infantil e um de aventura.
Livro do mês
“G
do do mundo de malignas criaturas por uma barreira dimensional. Frágil e sob constante ameaça, ela é protegida por doze guerreiros sob os signos das estrelas: os Guardiões. A missão desses jovens é evitar que catástrofes tomem o mundo, fechando uma fenda na barreira e impedindo a passagem dos monstros. Porém, por mais que tenham incríveis poderes, as fraquezas inerentes aos humanos – o amor, o ódio, a vingança e a hesitação – continuam presentes, tornando a missão um pouco mais difícil do que “O mundo dos homens é protegi- parecia ser... Todos lutam por aqueles em quem uardians”, da Luciane Rangel, é uma trilogia que conta a história de 12 guerreiros, chamados de “Guardiões”, que protegem uma barreira que impede a entrada de criaturas malignas no mundo dos homens. A história se torna ainda mais interessante por uma questão astrológica: cada um dos guerreiros é guiado por um dos signos das estrelas. Voltado para o público jovem, “Guardians” foi escolhido como “Livro do Mês” e está disponível na Amazon em volume único. Veja a sinopse:
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Inspiração A
tire a primeira pedra quem, principalmente as garotas, não leu um livro da Thalita Rebouças durante a pré-adolescência e na adolescência. Pois é, a carioca, que hoje tem 41 anos com rosto e disposição de 21, marcou a vida de muita gente. Com 16 anos de profissão e 21 livros publicados, ela parecia entender como ninguém os dramas e muitos exageros que todo adolescente já viveu. Não é à toa que ela é a Inspiração dessa edição e, particularmente, uma das autoras que mais contribuiu para o meu amor pelos livros. “Tudo Por Um Namorado” é um dos livros que eu mais reli na vida. Recentemente, Thalita bateu a marca de 2 milhões de exemplares vendidos. Suas obras já ultrapassaram fronteiras. Desde 2009, seus livros são publicados em Portugal,
pela Editorial Presença. O mais recente, “Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática”, lançado pela editora Arqueiro, trata de um assunto inédito para a autora, mas que faz parte da realidade de muitos de seus leitores: o bullying. A história gira em torno de Tetê, que tem sua vida virada de cabeça para baixo depois que se muda, junto com toda a família, para a casa dos avós em Copacabana. A única coisa que a deixa feliz é cozinhar — e comer as delícias que faz. O problema é que a mãe vive implicando com ela sobre sua aparência, em especial o seu peso. Versátil que só ela, Thalita tem vários projetos prontinhos para entregar para o seu público. Além de ser a nova apresentadora do The Voice Kids, junto com André Marques, vai estrelar “Absurdices”, uma websé-
rie para o GShow em que conta sobre o lado ruim da fama. Achou pouco? Ela também vai assinar uma coluna sobre cultura para o público adulto da Rádio Globo e vai escrever seu primeiro chick-lit sobre a solteirice — mundo que ela encara após 18 anos em um relacionamento. O sucesso de Thalita é tão grande que suas obras saíram do papel. “Tudo Por Um Popstar”, publicado em 2003, virou um musical de grande sucesso, com Thati Lopes (Porta dos Fundos), Larissa Bougleux e Jullie (The Voice Brasil) interpretando, respectivamente, as protagonistas Gabi, Ritinha e Manu. Nas grandes telas, “É Fada”, baseado em “Uma fada veio me visitar”, estreou em outubro do ano passado. Mais de um milhão de pessoas acompanharam
Qual sua maior inspiração na hora de escrever? Conta para gente! Entre em contato pelo contato@publiqueirevista.com ou em nossas redes sociais! 10
a história de uma fada muito atrapalhada, interpretada pela youtuber Kéfera Buchmann, que deve ajudar uma adolescente (Klara Castanho) a se adaptar a uma nova escola e se reaproximar da mãe. Ainda falando sobre cinema, o público aguarda an-
siosamente a estrela da adaptação de um dos maiores sucessos de Thalita, “Fala Sério, Mãe!”, que será lançado no dia 6 de abril. Nós estamos com nossos lugares garantidos para (re)viver as aventuras e os muitos dramas da Maria de Loures, ou só
Malu, que será interpretada pela queridinha do público teen, Larissa Manoela. Interpretando a mãe da protagonista, Ingrid Guimarães promete emocionar e fazer todo mundo rir — e, é claro, dizer, “Fala sério, mãe!”.
(Parênteses)
Sua vontade de escrever veio quando ela era criança e, aos 10 anos, se autodenominava “fazedora de livros”. * Chegou a cursar dois anos da faculdade de Direito, mas acabou trancando e indo para Jornalismo, que amou desde o primeiro dia. * Em 2004, criou a campanha “Ler é Bacana”, que conta com a aderência de vários escritores e famosos, como Luis Fernando Veríssimo, Ziraldo e Nelson Motta. Tem um canal no Youtube, o canal da Thalita, onde tem seu programa de culinária, o Culinária Atolada. 11
o n i e h c A M
aria Eugênia começou a escrever aos 13 anos, em uma comunidade no Orkut. Ficou quase cinco anos sem escrever, durante o período do vestibular e o começo da faculdade. Voltou para as letras em janeiro de 2016, quando começou a postar “Trago Seu Amor de Volta em Três Dias” no Wattpad. Desde então, não parou mais. Já terminou o livro, postou outra história e hoje está escrevendo mais dois! Ela também é estudante de Direito, leitora voraz de chick-lits, viciada em séries e em planejar viagens que quase nunca se concretizam.
Publiquei Revista: Como foi que você descobriu o Wattpad e o que te fez começar a publicar nele? Mel Geve: Eu já sabia que o Wattpad existia há um tempo, mas só comecei a usar minha conta de verdade no começo de 2016, por livre e espontânea pressão da Júlia Braga (@JuliaBT). Ela sugeriu que eu postasse “Trago Seu Amor de Volta em Três Dias”, um projeto meio antigo, mais ou menos encaminhado,
mas muito querido. Acho que foi a melhor coisa que fiz ano passado. Só percebi quanta saudade tinha sentido quando voltei a escrever.
com um enredo raso, personagens previsíveis e superficiais, então críticas me estimulam a melhorar sempre.
PR: Como a interação direta com os leitores afeta sua escrita? Facilita, atrapalha ou é indiferente? MG: Eu escrevo porque amo, mas minha produtividade está totalmente ligada aos leitores. Saber que tem gente ansiosa pela continuação da história me dá toda a energia necessária para escrever de madrugada, com sono, com trabalho da faculdade para o dia seguinte... Acho que sem leitores, escrever seria um hobby, não uma prioridade (Que bom que vocês existem!). E os comentários são sempre tão incríveis! Fico agarrada ao celular lendo cada coisinha que falam, mesmo que não consiga responder um por um como gostaria. Leitores críticos me fazem refletir sobre o rumo da história e a mensagem que quero passar. Odeio a ideia de me acomodar
PR: Qual foi sua maior inspiração para escrever “Brioche”? Sabemos que artistas em decadência tem aos montes por aí, mas Benjamin García foi inspirado em alguém especial? MG: Confesso que o Hugo/Benjamin García foi inspirado no Felipe Dylon (!!!). Vi um vídeo dele no Faustão em fevereiro de 2016, com as roupas de oito anos atrás, o mesmo cabelo, cantando Musa do Verão. Foi engraçado porque o mundo mudou tanto de lá para cá e ele continuava igualzinho (só mais velho). O pior é que eu sei que ele também está diferente, mas parecia tremendamente preso ao passado (se você algum dia ler isso, desculpe, Felipe Dylon!). Eu queria escrever um livro sobre libertação, então peguei dois perso-
Conhece alguma história ou autor que gostaria de ver por aqui? Envie para contato@publiqueirevista.com ou em nossas redes sociais! 12
nagens presos por coisas diferentes (um relacionamento abusivo e um “fantasma do passado”) e comecei daí. PR: Falando em inspiração, qual é seu autor favorito? Aquele que quando você lê um livro novo tem até palpitações... MG: Que pergunta difícil!!! Minha resposta intuitiva sempre é a Sophie Kinsella, porque acho os livros dela hilários e surrealmente envolventes. Se eu passo mais tempo pensando, mudo para a Anne Fortier (de Julieta) e para a Darynda Jones (da série Charley Davidson). Admiro muito a escrita experimental do Mia Couto, acho que ele é o melhor escritor que já li, ainda que seus livros não sejam viciantes (é uma leitura mais inteligente, densa e reflexiva — e mágica). PR: “Trago Seu Amor de Volta” em Três Dias é uma delícia de história e já tem mais de 140 mil leituras! Temos planos para publicação de alguma de suas obras? MG: Ainda não! Neste momento estou revisando “Trago Seu Amor de Volta em Três Dias”, que terá algumas mudanças para a ver-
são final (como a inserção de um POV novo, adivinhem de quem). Sou apaixonada por essa história e quero muito que ela atinja o maior número de pessoas possível, porque aborda a intolerância religiosa de um jeito sutil e descontraído. O problema é que o mercado editorial talvez não esteja pronto para publicar um livro sobre “macumba e essas coisas aí”. É uma pena! A publicação de um livro físico sempre será um sonho, mas confesso que não tenho tanta pressa. Quero ser lida e todo mundo pode me encontrar (de graça) no Wattpad, acho que esse é o mais importante. PR: Você escreve uma de suas obras, “Inconfidente”, em parceria com a Júlia Braga (conhecida como JuliaBT na plataforma). Como funciona essa dinâmica? MG: Escrever com a Jú é maravilhoso. Vira e mexe a gente vai reler capítulos passados e não conseguimos lembrar quem escreveu o quê, porque nossos estilos conversam e se misturam perfeitamente. Temos um arquivo para o livro no GoogleDocs, onde é possível que
duas pessoas escrevam e editem ao mesmo tempo. O processo é mais ou menos assim: conversamos sobre o que vai acontecer (a curto e longo prazo) e depois quem quiser escrever, escreve. Aí, a outra vai lá, revisa, adiciona umas coisas, tira outras e continua. É lindo e está dando super certo até agora. PR: Agora uma pergunta para descontrair total... Se você pudesse escolher um universo fictício para viver ou um livro para ser a protagonista, qual seria? Não precisa ser um dos seus! MG: Tirando Hogwarts, que acho que é a primeira opção de todo mundo, seria incrível passar as férias na Escócia de 1743 (Outlander – Diana Gabaldon) acompanhada pelo Jamie Fraser Homem da Minha Vida. Mas só as férias, porque não acho que consiga viver para sempre sem chuveiro elétrico e wi-fi. E eu adoraria ser a Meggie, de Coração de Tinta (Cornelia Funke), que trazia para a realidade os personagens que lia. Nossa, aí poderia ler só o Jamie para fora de Outlander e ficar com o mozão, wi-fi e pipoca de microondas no conforto de 2017. Que ideia incrível!
Você pode acessar todas as histórias da Camila Martins em https://www.wattpad.com/user/MelGeve 13
Amamos ebooks
Lívia Messias tem as palavras no sangue: seu avô materno era escritor e foi o seu maior incentivador quando, aos oito anos, começou a escrever. Para ela, sonhos realmente se tornam realidade, já que os personagens de “O Vestido de Trinta Rosas” surgiram dos sonhos e ganharam vida em 2002. Na entrevista a seguir, ela contou um pouco sobre como é escrever para adolescentes e suas impressões sobre o meio digital, tanto quanto autora, como leitora. Ela também nos conta um pouquinho sobre os seus próximos projetos, que incluem a 14
continuação de “Quando o Amor Acontece”, escrita em parceria com a autora Poliana Costa. E não é só isso de novidade: Lívia vai publicar, em breve, seu primeiro livro infantil. Quer saber mais? Só lendo! Publiquei Revista: Como é escrever para adolescentes? Lívia Messias: É muito divertido! Gosto, principalmente, de poder deixar alguma mensagem positiva aos que leem meus livros, especialmente porque vivemos num mundo tão cheio de dificuldades. Um pouco de magia e fantasia são bem-vin-
das sempre! PR: A publicação em e-book tem atendido às suas expectativas como autora? LM: Sim, é uma ferramenta excelente! Consigo alcançar leitores em outros países que, por enquanto, não consigo com o livro físico. PR: Você acha que o meio digital é um problema ou uma vantagem para chegar ao público teen? LM: Acho que tudo o que venha facilitar o acesso à literatura é vantagem. O mundo digital é uma re-
alidade que soma. Eu leio nos dois formatos e acho ótimo poder carregar vários livros em um único dispositivo. O melhor é que para ler livro digital não preciso levantar uma bandeira contra o livro físico, muito pelo contrário. Os dois cumprem muito bem seu papel. O importante é ler. PR: Pode nos dizer algo sobre seus próximos projetos para esse público mais jovem? LM: Estou trabalhando em quatro novos projetos para este ano. Terminarei o livro Quando o Amor Acon-
tece: A Escolha - Vol. 2 em parceria com a autora Poliana Costa e mais dois livros que ainda estão sem título (risos). Também publicarei minha primeira obra infantil. PR: Com qual dos seus personagens você mais se identifica? LM: De O Vestido de Trinta Rosas, me identifico com Sara, a melhor amiga de Helena. Em Quando o Amor Acontece: A Procura - Vol. 1, me identifico com Maurício, melhor amigo do protagonista Rafael.
PR: Deixe, por favor, um recadinho para os seus leitores. LM: Quero agradecer a todos que buscam na literatura novos olhares para enxergar o mundo. Obrigada por embarcarem comigo nas histórias que escrevo! Muito obrigada por apoiarem meu trabalho, por serem sempre tão gentis comigo e por divulgarem autores brasileiros. Vocês são fantásticos! Meu coração se enche de alegria por saber que muitos de vocês serão autores um dia.
Qual autor você gostaria de ver por aqui? Envie sua sugestão para contato@publiqueirevista.com e não perca as próximas edições! 15
Giulia Paim
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essa edição dedicada ao público teen, nossa entrevistada na matéria de capa é alguém que começou a escrever bem novinha e que, por isso, tem muito para falar sobre essa época da vida. Giulia Paim é uma daquelas cariocas apaixonadas pelo frio — e isso a faz questionar a possibilidade de ser metade pinguim, metade gente — e, apesar do desejo de viver da escrita, é a mais nova publicitária da cidade. É tão apaixonada pela Disney que, em 2014, re16
alizou seu sonho de trabalhar em um dos parques durante três meses, no programa de Work Experience, além de estudar a empresa em seu TCC. Secretamente, vive a dupla jornada de escritora e princesa da Disney. Seu primeiro livro, “Boston Boys”, foi publicado em 2014 pela primeira vez, mas será relançado esse mês pela Globo Alt, junto da sequência, “Boston Boys 2: Descendo do Palco”. Giulia também é uma apaixonada por bandas de pop coreano, ma-
ratonas de série, Harry Potter — sua cartinha chegou e ela foi selecionada para a casa Corvinal — e pelos maiores hambúrgueres de cada menu.
Publiquei Revista: “Boston Boys” é seu primeiro livro, que está sendo relançado pela Globo Alt. O que você espera desse novo passo na sua carreira? Giulia Paim: Estou que não me aguento de felicidade! Acho que será um passo muito grande e uma grande
PR: No dia da publicação da nossa revista, você estará lançando seu segundo livro “Boston Boys 2: Descendo do Palco” e relançando o primeiro. Como está a ansiedade e o que você pode contar sobre o livro 2? GP: Nossa, bota ansiedade nisso! Se tem alguém que está ansioso pelo lançamento, esse alguém sou eu! Eu e a Globo Alt passamos bastante tempo trabalhando nos dois volumes, e agora mal dá para acreditar que chegou o dia! Sobre o livro 2, posso contar que uma nova pessoa irá surgir no convívio da família Adams e dos “Boston Boys” e que, se as coisas já eram complicadas na vida da Ronnie, agora que vão virar de cabeça para baixo de verdade! E nossa banda querida estará mais unida do que nunca... Quer dizer... Nem tão unida assim. PR: Você começou a escrever muito novinha. Como foi crescer com tantas histórias na cabeça? GP: Desde pequenininha, gosto de criar histórias com qualquer coisa. Com uns três anos fazia teatros de bonecas atrás do sofá para minha família, com cinco comecei a fazer meus próprios livrinhos — que consistiam em papéis dobrados, rabiscos e desenhos (ou seja, rabiscos e rabiscos, porque o talento para desenhar sempre foi sofrível...) — e quando ganhei meu
“
PR: Que dica você pode dar a jovens autores que, como você, têm o sonho de serem escritores? GP: Que é um sonho que vale muito a pena se esforçar para realizar! Saber sua paixão e trabalhar com ela é um dos sentimentos mais gratificantes que existem. Também e preciso saber que é um caminho longo e com algumas decepções que, infelizmente, fazem parte da profissão. Mas que a sensação de terminar um livro e vê-lo nas livrarias sendo lido por pessoas de tantos lugares diferentes é maravilhosa! Meu conselho é correr atrás, porque é possível. Um dos gatilhos que me fez querer realizar meu sonho foi uma palestra que assisti na escola com uma menina que era de uma turma acima da minha, e que tinha publicado seu livro. Pensei: “Se uma
Minha mãe e avó liam muito para mim antes de dormir, e Sei queque um livro bom não depenfoi assim conheci histórias de de gênero, mas de qualidade liqueterária: iam personagens do Sítiobem doconstruPicapau ídas, tramas bemHarry armadas, Potter. falas Amarelo até
“
articuladas e uma boa narrativa.
“
recompensa pelo meu esforço, porque foi um caminho longo até chegar onde estou agora. Depois de procurar editorias, ter publicado com uma editora pequena e agora conseguir o apoio de uma das maiores do Brasil me enche de alegria e me dá esperanças de alcançar meu sonho de criança de me tornar uma escritora conhecida em todo o Brasil! Quer dizer, ficar conhecida em todo o mundo também está nas metas, mas primeiro a gente fica famosa no nosso país, depois abre as asas e vai para fora, não é? ;)
primeiro computador, o Word se tornou meu novo melhor amigo. Gostava de escrever pequenas histórias em letras coloridas (isso é um detalhe importante, sim) sobre aventuras que gostaria de viver com meus amigos, sempre inspiradas em livros e filmes que gostava de assistir. Minha família também contribuiu muito para essa paixão que sempre tive por histórias. Minha mãe e avó liam muito para mim antes de dormir, e foi assim que conheci histórias que iam do Sítio do Picapau Amarelo até Harry Potter.
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pessoa tão próxima da minha realidade conseguiu, por que eu não conseguiria?”. A gente tem esse pensamento de que escritor é uma pessoa tão distante, mas não é! Qualquer um que tenha paixão pela escrita e persistência pode trabalhar para ter seu sonho realizado. PR: Existe um discurso de que o jovem não lê. O que você acha que não pode faltar nos seus livros para capturar esse público mais novinho? GP: Isso é verdade. Mas fico feliz em saber que está mudando e que o jovem está se interessando mais pela leitura de pouquinho em pouquinho. O que eu faço para capturar o público é criar situações com as quais eles se identifiquem e que eu me identifico também, afinal, mal saí da adolescência (risos). Tenho muitas coisas em comum com pessoas dessa idade e já vivi na pele as inseguranças, medos e diversões que eles vivem. Por isso, sempre tento colocar histórias verossímeis, que o jovem possa ler e imaginar aquilo acontecendo com ele. Outra coisa que gosto muito de colocar nas minhas histórias é humor. Sou apaixonada por todos os gêneros, mas para mim o humor é a cereja do bolo. Que jovem não gosta de rir, não é mesmo? PR: Sabemos que você é, em meio período, uma princesa da Disney. Você acha que a sua experiência no Work Experience vai influenciar na sua escrita? GP: Isso aí, e trabalhando para me tornar princesa em tempo integral (e escritora também. Princesa escritora, olha que coisa bonita? Seria como uma prima da Bela, risos). Minha experiência na Disney influenciou muito na minha escrita! Principalmente porque vivi lá durante três meses, então aprendi bastante coisa sobre a vida e rotina dos jovens americanos, que são os personagens principais de “Boston Boys”. Além disso, voltei com uma 18
bagagem cultural enorme, pois conheci pessoas do mundo inteiro e aprendi bastante sobre lugares que mal conhecia. Abriu bastante a minha cabeça. Acho que qualquer experiência de vida desse jeito muda um pouco a gente, e isso definitivamente influencia na maneira como a gente conta uma história. PR: A Ronnie, de “Boston Boys”, é aquela adolescente que, contrariando milhões de adolescentes no mundo, odeia a boyband do momento. Ela é inspirada em você ou em alguém que você conhece? GP: No quesito de odiar boybands, ela é zero inspirada em mim. Sou exatamente o contrário, se os meninos do Backstreet Boys, One Direction ou B1A4 fossem morar na minha casa, eu caía dura no chão de tanta emoção! Sou aquela fã bem maluca que grita até não ter mais ar nos pulmões e pula que nem uma gazela no show das bandas que gosta. Por outro lado, a Ronnie tem algumas características minhas também. Ela gosta muito de ler, muitas vezes seu programa ideal é ficar deitada no sofá assistindo séries e ser o centro das atenções não é muito sua praia. Essas coisas eu com certeza me identifico. Ah, e a paixão por suéteres também! Além do mais, o livro em si foi inspirado em uma situação que eu vivi. Minha mãe era analista de sistemas e resolveu um dia parar de trabalhar com isso e se tornar empresária de uma banda de meninas. É sério. PR: Além do último livro de “Boston Boys”, você já tem planos para outras histórias? Pode nos contar um pouco sobre elas? GP: Tenho muitos! Isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Bom, porque é muito legal pensar em uma história nova e ruim, porque às vezes me faz perder o foco na história atual que preciso me concentrar (risos). O próximo livro que quero publicar de-
pois de acabar a trilogia de “Boston Boys” é baseado em uma fanfic que escrevi há uns dois anos atrás. Já até comecei a escrever. Quero também fazer um livro que se passe na Disney, mas isso vou deixar um pouquinho mais para frente. PR: Os personagens da história conquistaram o coração dos leitores. Nos próximos livros, conheceremos pessoas novas? Tem algum que devemos ficar atentos ou que você acredite que vamos gostar mais? GP: Haverá muitas pessoas novas, isso com certeza! Alguns serão personagens que as pessoas vão gostar, outros nem tanto, e outros podem deixar até o público dividido. Mas quem leu o epílogo do primeiro livro sabe que tem um novo personagem específico que vai desencadear uma série de confusões em “Boston Boys 2”. Acredito que ele pode ser tanto amado quanto odiado. Mas uma coisa é certa: Ele vai fazer um barulhão. Estou doida para que o conheçam! PR: De todos os seus personagens, você consegue escolher um que seja o seu favorito ou que seja mais parecido com você? GP: Um favorito é bem difícil, pois personagem é que nem filho, né? Mas posso dizer que tenho um carinho especial pelo Mason — que mesmo tendo seus momentos em que merece levar uns belos tapas, tem um lado carismático e um senso de humor ácido que me faz gostar muito dele — e pelo Ryan, porque bem... O Ryan é quase um labrador humano, né? Quem não se encanta por esse tipo? Bonzinho e bobão? Sobre um personagem que seja mais parecido comigo, acredito que por um lado seja a Ronnie — esse lado mais tímido, intelectual e irônico — e por ou-
tro seja a Jenny — que é justamente o contrário. É mais alegre, desinibida e valoriza muito suas amizades. E, claro, é apaixonada por boybands. Acho que se a minha cabeça fosse como no filme “Divertidamente”, teria uma Ronniezinha e uma Jennyzinha revezando para controlar minhas emoções. PR: Por favor, deixe um recado para os seus leitores e os autores que se inspiram nas suas histórias. GP: Primeiro, gostaria de agradecer muito à equipe da Publiquei por essa entrevista super legal e pela linda matéria! Para meus leitores, não tenho palavras para descrever o carinho que sinto por eles. Cada pessoa que vem fa-
lar comigo dizendo que gostou do meu livro, que se identificou com as situações vividas pelos personagens, que se inspira em mim para se tornar escritora também, faz meu coração transbordar de tanto amor! São recados e mensagens assim que me fazem perceber o quão gratificante é essa profissão. E há dias também em que não temos inspiração, ou que estamos com bloqueio criativo, ou até momentos mais graves em que questionamos se estamos no caminho certo na vida fazendo isso e, às vezes, uma simples mensagem de um leitor pode salvar nosso dia. Pode até salvar nossa profissão. Então acho que só posso dizer: “Obrigada” por todo esse amor que recebo deles!
Bom saber Giulia teve a ideia de escrever “Boston Boys” inspirado num vídeo do Felipe Neto sobre a série “Vida de Garoto” da revista Capricho, onde ele criticava a adoração das adolescentes por uma banda que ele não gostava. * Originalmente, a história se passava em Tóquio e a banda se chamava “Tokyo Boys”, por causa do amor da autora pela cultura oriental. Ao decidir publicar a história, Giulia resolveu trazer o livro para Boston, já que achava a sonoridade de “Boston Boys” perfeita.
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Feliz ano novo!
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no novo, vida nova. Começa a dieta, se matricula na academia, faz faxina na casa com água do mar, prepara aquela reza boa e o modelito branco. Ah, e aquele livro novo? Esse ano vamos terminar! Ano novo, vida nova. Consegue a promoção do trabalho, pede aquele aumento, morre de calor, fala mal do novo prefeito, conta os dias para o carnaval, morre de calor um pouco mais. Compra as fantasias, liga o ar no máximo no trabalho, reclama do calor, do novo prefeito desfila em dois blocos, tira as férias de carnaval para dormir em vez de festejar, reclama do calor em casa, vai pra Sapucaí. E aquele livro? Pois é, aquele livro! Mas, quem consegue escrever nesse calor? Ano novo, vida nova. Volta para o trabalho, se estressa, agora sim o ano começou, reclama da chuva, das folhas na calçada, saudades verão, faz faxina na casa porque não limpou nada no carnaval, só dormiu. O livro? Agora eu termino! Ano novo, vida nova. Pede para o verão voltar, paga aqueles boletos pós carnaval inevitáveis, festinha com os amigos porque agora refrescou, bebe demais e dorme de menos, cochila no trabalho, advertência do chefe, quase é demitido e põe a culpa no sol que entrou em áries semana passada. Quer saber? Isso aqui não vai me levar a lugar nenhum, vou terminar meu livro e focar na minha carreira! Ano novo, vida nova. Visita a mãe, mas fica mexendo no celular, discute sobre política com os parentes, reclama da família no Twitter, re-
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clama das datas comemorativas comerciais, reclama que tá começando a ficar frio. Escrevi três páginas do livro novo! Isso aí, sou o novo Stephen King! Ano novo, vida nova. Vai para a festa junina, anarriê, pinta a cara com pintinhas, frequenta a festa da igreja, mesmo nunca tendo pisado nela, come muito salsichão, bebe demais, passa mal, não dorme, não rende no trabalho. Nossa, esse mês foi muito corrido, mas o ano só tá na metade, dá tempo de finalizar o livro. Ano novo, vida nova. Reclama do frio, da chuva, do chefe, do trabalho, traça metas para cumprir até o final do ano mesmo sabendo que não vai, cancela a matrícula na academia porque pagou e não foi, senta na frente do computador e escreve. Agora eu tenho até o final do ano para me tornar um best-seller! Ano novo, vida nova. Reclama porque agora sim ficou frio demais, saudades verão, quase bate no colega que tenta ligar o ar condicionado no trabalho, reclama do mês que não acaba, não atende a ligação da mãe, sente falta do quentão da festa junina. Sem condições de escrever nesse frio, só quero minha coberta e meu Netflix! Ano novo, vida nova. Comemora porque o mês passado finalmente acabou, tá esquentando, reclama do cheiro de pólen nas ruas, da alergia atacada, dos mosquitos, se desespera quando percebe que o ano já tá
perto de acabar e ainda não terminou seu livro. Ano novo, vida nova. A empresa não honrou a data das férias, o calor já tá voltando, acha um absurdo que as pessoas se animem pra comemorar uma data estrangeira, mas não sabe nada do folclore brasileiro, se perde no horário de verão. Cara, eu já to achando que o livro não vai rolar esse ano... Ano novo, vida nova. Percebe que o ano tá acabando e não tem dinheiro para nada, faz as contas do PIS, compromete o décimo terceiro, chega atrasado no trabalho todos os dias e bota a culpa no horário de verão, aumenta o ar como um louco porque esse calor já está demais. Ih, rapaz, que vida apertada! Quando é que minha carreira de escritor vai deslanchar para eu sair dessa dureza? Ano novo, vida nova. Anda mal-humorado todos os dias por causa do calor, reclama dos mosquitos, da crise, do preço do panetone, do bacalhau, da rabanada, que Natal é data comercial e Papai Noel é costume europeu elitizado e bobo, diz que já chega desse verão e que se soubesse tinha aproveitado o frio no meio do ano, prepara as festas correndo e vai para casa dos parentes, mas fica mexendo no celular. E o livro? Ih, rapaz, o livro! Bom, deixa para o ano que vem, né? Vai entrar nas minhas metas do réveillon, juntinho de começar a academia. Mas esse ano vai, hein! Feliz ano novo!
Por
Lyli Adams
Autora de Pecadores, Íris e Inimigo Digital. sitedoup.com.br @raindancely
Publique seu livro P
ara você, autor que está engatinhando no mercado editorial, a editora entrevistada desta edição merece a sua atenção. Conversamos com um editor da Arwen, que começou sua atuação em fevereiro de 2015, e destaca-se a cada novo livro que coloca no mer-
Publiquei Revista: A Arwen é focada em livros de autores nacionais e não faz diferenciação entre iniciantes e veteranos na hora de aceitar um original. Esse tratamento igualitário pode ser considerado o diferencial da editora? Editora Arwen: Não só pode considerar um diferencial, como também uma identidade própria que criamos ao longo do tempo. Quando falamos em nível de sonhos, não existe diferença entre o autor iniciante e o veterano. Um dos conceitos básicos do Grupo Arwen é oferecer essa oportunidade de auxiliar o autor em seus primeiros passos no mercado editorial. Uma de nossas perguntas do formulário de publicação é: “Como é o livro dos seus sonhos?”, assim podemos conhecer o perfil de cada autor. Recebemos diariamente originais de autores que possuem variados objetivos. Alguns querem ser reconhecidos, outros sonham em chegar às grandes editoras, outros querem apenas conhecer o mercado e como funciona; muitos desejam conhecer o potencial da sua obra e outros apenas querem ver suas histórias eternizadas no papel. Existem autores querem profissionalizar e ganhar dinheiro e autores
cado. Ela é considerada embrionária e aposta sempre em autores nacionais, tendo como objetivo dar raízes aos sonhos de leitores e autores de todo o país. Confira as respostas da entrevista:
que querem apenas divulgar suas histórias, assim como também tem aqueles que estão felizes e satisfeitos em ter um exemplar do seu próprio livro na estante de casa. Durante o tempo de mercado nos deparamos com muitas situações diferentes, e isso nos ajudou a criar o conceito de trabalho atual: não ser uma empresa que atua sobre padrões, mas sim que se adequa a cada projeto de publicação, a cada sonho e objetivo. Apesar de selecionarmos os originais que iremos publicar, o grande prazer está em poder realizar os sonhos dos autores, de oferecer essa primeira oportunidade sem ater as brigas e padrões do mercado. Ver
o sorriso de um escritor, seja ele iniciante ou veterano, ao poder pegar seu livro nas mãos e ver que é real, não tem preço. Não queremos ser uma editora grande ou a melhor do mundo, apenas queremos ajudar o autor nacional a dar os primeiros passos no mercado e realizar seus sonhos. Ver que um cliente nosso conseguiu crescer no mercado, que conquistou novos ares e editoras maiores, já é uma satisfação. Não estamos aqui para definir e sim realizar. PR: A preparação do original antes do envio é uma das fases mais importantes para quem busca 21
publicar seu livro. O que vocês acreditam ser imprescindível em uma obra para que ela seja publicada pela Arwen? EA: Achei bem legal você ter feito essa pergunta. Apesar de gostarmos de atender aos mais variados sonhos dos autores, seguimos uma linha básica de requisitos que uma obra deve conter. O Grupo Awen é dividido em duas formas de publicação: Comercial, onde bancamos toda publicação ou com investimento inicial do autor, mas com possibilidade de ter nosso investimento total. Quando analisamos uma obra, buscamos primeiramente ver se atende aos requisitos de ter total investimento da editora. Se não se adequar, partimos para a publicação com primeiro investimento do autor, só então – caso não passe – é recusado. Para conseguir uma publicação comercial, a obra deve conter uma trama original e estar bem desenvolvida. A escrita deve ser envolvente, a trama bem trabalhada, o ritmo de escrita deve seguir um padrão lógico. O autor deve ter um feed de críticas contendo os pontos positivos e construtivos, ter trabalhado um público inicial, ter a obra mais revisada possível, ter o original organizado e limpo, ter as regras básicas da estrutura de um livro aplicado e argumentos para provar ao editor que a obra merece ter o dinheiro aplicado e que vai dar um retorno, seja 100% do investimento ou 50% do investimento e 50% em imagem. Nesse caso, a editora está trabalhando como uma investidora, e deve estar segura de que será um bom projeto e que você fará valer a pena com seu esforço e dedicação. É importante salientar que se erramos em um investimento de livro, a editora deve deixar de investir em 22
seis outras obras para recuperar o investimento. Se a gente acertar em um investimento, possibilita que seis outros possam ser investidos. Mesmo que não consiga a publicação sem custos, não significa que sua obra seja ruim ou não se adeque ao mercado. Não existe um termómetro que diga: sua obra é boa e vai estourar ou se ela precisa ser mais bem lapidada. Nesse caso, queremos conhecer o potencial do autor e do seu projeto para analisar a possibilidade de investimento. Se sua obra se adequa a 60% dos quesitos citados na publicação comercial, vamos aceitar na editora, mas terá que pagar a primeira publicação. Se provar que tem potencial e se dedicar atingindo suas metas, vamos ter o prazer em investir 100% na obra e nas outras publicações a que vier lançar. Temos o objetivo de tornar o Grupo Arwen em uma editora totalmente comercial e já passamos da metade da caminhada para este novo processo de trabalho. Aproveitando o gancho da pergunta: a apresentação do original é essencial para sua aprovação, a forma como que preenche o formulário, a sua escrita, se o manuscrito está formatado, se tem todos os dados corretamente preenchidos... Tudo é analisado durante a avaliação, não só a história em si. PR: Quais os principais erros que vocês encontram nos originais recebidos pela editora? EA: Só posso dizer que são muitos e daria uma lista grande. Alguns são erros e outros a falta de atenção. Sei que a pergunta é referente ao conteúdo do original, mas vou citar os principais – em ordem de processo – que recusamos durante a análise crítica: A maioria das editoras
possuem um website e nele um descritivo de como submeter o original para análise. Antes de enviar a obra, leia atentamente todos os descritivos e procure atender os passos corretamente. Cada editora tem sua forma de análise. Devido ao grande volume de originais que recebemos diariamente na Arwen, é obrigatório submeter o original pelo formulário do site. Se não for solicitado, não mandem originais diretamente para o e-mail do editor. Ele não será analisado e possivelmente não terá respostas. Não fique ligando na editora para saber se sua obra foi analisada, se vai receber proposta, o que achou de tal parte do livro, se tem chances, se pode publicar de graça... Apenas em caso de dúvidas ou informações urgentes. Ligar toda hora para a editora demonstra inexperiência, extrema ansiedade e desespero, e isso pode prejudicar a análise do original. E jamais chame o editor pelas redes sociais ou as use para ligar para ele. Existe uma ordem e que deve ser respeitada, da mesma forma que não gostaria que um livro passasse a sua frente, não queira passar na frente dos outros. Ao submeter o original, atente aos erros de digitação. Alguns deslizes são normais, mas nunca em excesso. Não use gírias, abreviações e termos extremamente informais (você está em contato com uma editora e não com um amigo), tudo isso pode acarretar na recusa. O editor vai analisar sua escrita e vai imaginar o que pode esperar do original. Um editor pensa em todas as possibilidades, essa é umas delas: do autor que escreve com excessos de erros. Imagina quando ele for realizar uma entrevista escrita. Como ficaria a imagem do próprio escritor e da editora.
- Um grande erro que muitos autores cometem é achar que depois que escreveu o livro ele já está pronto para ir para a editora. Evite fazer isso. Busque lapidar a história, envie sua obra para leitores críticos, leitores betas, amigos, familiares, qualquer um que possa te passar um feed realista do que está bom e do que pode melhorar. Não haja no impulso. - Histórias desconexas. Tem muitas obras que seguem uma linha bacana de raciocínio, mas se perdem totalmente no meio da trama e desvirtua daquela realidade escrita. Por mais ficção que seja sua história, ela deve ter uma lógica e uma realidade de eventos plausíveis. Um exemplo real: “Um paciente que acabou de fazer uma sessão de quimioterapia correu por alguns quilômetros atrás da pessoa que ama para se despedir”. Sabemos que o ser humano supera muitas barreiras, mas se não houver uma explicação, se torna um evento desconexo. - Falta de descrição e expressão. Não desenvolver o cenário, os sentimentos dos personagens, os pensamentos e o ambiente, torna a história robótica. - Originais que não possuem fim ou acabam com pontas soltas e sem explicações. Alguns originais que cheguei a analisar acabavam de formas inexplicáveis, ao ponto de ter que ligar para o autor e verificar se havia enviar o arquivo completo. - Evitem copiar tramas que já estão em excesso no mercado. Crie sua própria versão, apliquem um toque de originalidade, misture gêneros. Escrever é igual cozinhar, você deve misturar ingredientes para chegar ao ponto certo. Às vezes não dá certo, então deve mudar a forma de preparar ou o tempero
usado. Comer muito do mesmo prato pode enjoar. Um jovem que perdeu os pais quando criança, aos 11 anos descobre que é um bruxo e vai para uma escola de magia, não é original, mesmo que mudem pequenos detalhes. A originalidade está em explorar além do conteúdo, mesmo que a trama seja parecida. - Evitem comparar sua obra aos grandes sucessos ou autores do mercado. Isso mostra que não possui personalidade e que não criou nada além do que já criaram. Lembre-se: os grandes começaram por baixo e o sucesso é uma consequência do esforço e investimento. - Existem muitos originais que chegam sem estrutura. Falas sem travessões, que se misturam com as explicações e ações. Trechos que são enrolados e confusos. O autor tem que entender que na mente dele tudo funciona perfeitamente, mas se não souber transmitir para o papel, vai ficar sem sentido para quem lê. Por isso é importante a leitura crítica. Esses são alguns aspectos que geralmente recebem uma recusa dentro da Arwen. Existem outros menores como: conteúdo mal formatado, apresentações falsas, sinopse que não condiz com o conteúdo, entre outros, mas as principais são essas. PR: É importante que o autor se atente à linha editorial que a editora adota antes de enviar seu original. Que gêneros a Arwen publica? EA: Essa é uma questão que foi muito debatida logo no começo da grande reestruturação do Grupo Arwen. A nossa rápida aceitação possibilitou que ampliássemos nossa atuação de mercado. Recebemos originais dos mais variados gêneros: romances, terror, ficção,
épicos, poemas, contos, chick-lit, religiosos, reflexões, autoajuda, infantil, livros de estudo, propostas para produção de apostilas, biografias de famosos, dramas, roteiros, HQ’s... Analisando a diversificação de gêneros que recebemos, em uma reunião, nosso diretor financeiro chegou à conclusão: “Nosso gênero é o autor nacional, basta ter um sonho”. Não publicamos biografias e livros de pessoas famosas. Recebemos propostas e oportunidades de lançar livros de estrelas da música, apresentadores, jornalistas e atores, geralmente eles chegam por indicação, agências literárias ou por procura. Aceitar esses originais acarretaria na mudança do conceito da Arwen, que é valorizar o autor iniciante. Teríamos que dar mais foco a esses autores famosos por ‘n’ motivos e nossa essência acabaria se perdendo. Não queremos ser uma editora grande, sempre iremos ser menor que uma pequena empresa, o que queremos é que nosso trabalho seja amplo e faça a diferença no mercado nacional, podendo cada vez mais atender as necessidades dos autores. PR: Que dica vocês podem deixar para quem sonha com seu primeiro livro? EA: Ter em mente que não é um mercado fácil, que só escrever não significa sucesso. Estar em uma editora é um passo — não o primeiro — mas o começo para conhecer o seu potencial dentro do mercado. O sucesso parte de quem escreve. Milhares de livros são lançados por editoras médias e grandes, mas são poucos que ganham evidência e, se analisar, eles possuem algo em comum: Dedicação, empenho, foco e o sonho. Desistir é só uma opção que podemos ou não escolher e o impossível apenas uma questão de opinião. 23
Falando nisso...
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aso você exista na mesma realidade que nós, a amada e terrível Terra 616, você já viu uma escritora ou escritor de livros de temática teen alcançar grande sucesso. Não raro, é com uma história utópica que envolve um romance com algum artista famoso de quem o protagonista seria fã ou uma celebridade aleatória. Existe uma glamour implícito em se ler um livro onde o amor de fã se evidencia. É natural que as pessoas busquem algo ou alguém para adorar, é por isso que celebridades são celebridades, porque existe público para elas. A mídia não ajuda a desconstruir isso quando praticamente coloca pessoas comuns em um pedestal ilusório todos os dias e incentiva que nós, os pobres mortais, adoremos esta realeza da fama. De certo, é esperto que escritores utilizem dessa falha moral da sociedade para botar para fora seu talento, mas, eu apelo, não seria a hora de aprendermos a fazer isso com mais prudência? O que se vê por dia, uma repetição ridícula todos os dias em livros, filmes e novelas, é a ilusão de que artistas são assim tão diferentões. Como se não bastasse endeusar uma pessoa, esta pessoa tem que ser mui-
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to diferente da realidade, para que alguém queira endeusa-la. Assim encontramos cantores e atores da ficção com os mais esquisitos jeitos, estilos e manias. Pior do que isso, encontramos na literatura todos os dias um constante perdão de atitudes horrorosas quando são atos dos tão queridos ídolos. Eu achava que o típico macho alfa CEO, rico, lindo e sarado (e machista!) era o pior problema da literatura cor-de-rosa de hoje em dia, mas essa romantização da bizarrice consegue me atingir mais ainda — como escritora e como leitora. É sempre a mesma fórmula do personagem que teve problemas familiares na infância, então quando atingiu a fama, tornou-se o pior tipo de ser humano da face da terra, que trata todo mundo mal e faz questão de ser a pessoa mais exótica do cômodo, com o único objetivo de chamar atenção. Mas isso é sempre perdoado, essa dor é sempre romantizada. E, assim, as histórias se repetem e se repetem e se repetem... Não acham que é hora de parar? Queridos colegas de profissão, os adolescentes não são idiotas. Não precisam que soletremos conceitos básicos para eles. Não precisam que mostremos a maioria das coisas que pensa-
mos ser tão essencial mostrar. Por que, ao invés de subestimá-los, não desafiamos nossos adolescentes com temáticas novas envolvendo o tão bom assunto do amor de fã? Por que, ao invés de romantizar seu ídolo, não lhes mostramos que às vezes pessoas não são o que parecem ser na mídia e não tem problema nenhum nisso? É claro que é delicioso abordar um assunto já “batido” e colocar seu jeito ali, longe de mim querer me meter no que cada um escreve. Mas, deixo aqui uma reflexão? Será que precisamos de mais romantização de relações abusivas? Pois, perdoem-me, uma relação fã-ídolo onde um está subordinado e idolatra o outro de olhos fechados é nada mais que uma relação abusiva. E, pasmem, não é muito diferente da menina inocente com o CEO abusivo, não. Novamente, cada um escreve o que quer. Tem quem goste de quebrar as “regras” e criar uma situação bizarra para passar sua mensagem. Não concordo e nem discordo, muito pelo contrário. Quebrar padrões também faz parte da arte, mas, quando sua arte se resume a quebrar padrões, o artista se perdeu.
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Resenha
Princesa das Águas Formada em Publicidade pela PUC Minas, Paula Pimenta já morou em Londres e foi lá que escreveu seu primeiro romance, “Fazendo meu filme”, publicado no Brasil pela Gutenberg. Também trabalhou com marketing e deu aulas de música antes de se tornar escritora em tempo integral. Com mais de um milhão de livros vendidos e publicados em toda a América Latina, além de Portugal, Espanha e Itália, lançou em 2016 “Princesa das Águas”, livro da nova série que iniciou com “Princesa Adormecida” e “Cinderela Pop”, onde encontramos uma releitura dos clássicos infantis. O livro conta a história de Arielle Botrel, filha de um grande nadador e uma cantora famosa. Com cinco irmãs mais velhas e integrantes da girlband Mermaid Sisters, Arielle escolhe seguir os passos do pai e se torna uma grande nadadora, agora prestes a enfrentar o maior desafio de sua vida: competir nas Olimpíadas. Mas, por mais que todos acreditem que ela tem tudo o que deseja, não é bem assim que encara todas as privações de uma vida normal que sofre por ser famosa no esporte. Contrariando tudo e a todos, Arielle não desiste de viver um pouco mais em suas viagens, mas acaba se envolvendo em um
acidente que muda completamente sua vida. A princesa conhece alguém que conquista seu coração à primeira vista e ela acaba salvando-o de se afogar. Sem saber o que fazer, Arielle conta com suas irmãs, seu melhor amigo Lino, além da improvável ajuda de Sula, atleta do nado sincronizado, para conquistar o coração de seu amado. Mas, para isso, ela tem que abrir mão de sua voz, o que torna a conquista muito mais difícil. Ainda que pareça um pouco clichê, não se deixe enganar pelas semelhanças. Com o decorrer do livro, conseguimos identificar os personagens cativos do conto original, mas isso não faz com que a história nos dê a sensação de já saber o final. A cada página, a autora nos revela mais um pouco sobre a trama, faz o leitor permanecer ligado à história e querer descobrir mais e mais detalhes do tão esperado final feliz. Princesa das Águas nos conquista como todo bom romance, nos inspirando a acreditar na força do amor e lutar para que nossos sonhos se tornem realidade. Obs: Não deixem de conferir os outros volumes da série. Você vai se apaixonar ainda mais com as histórias de Áurea e Cíntia. :) 25
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