Revista SP Notícias No. 02

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SPnotícias ANO 1

• NÚMERO 2 •

JULHO DE 2008

TRILHOS MODERNOS

PlanodeExpansãomodernizatrenseaumentaconfortodopassageiro Organizações Sociais de Saúde revolucionam gerenciamento hospitalar

Investimentos em captação de esgoto para salvar os mananciais

Semestre começa com 50 mil vagas de Telecurso Tec

Seis meses de preparativos para receber o príncipe japonês


editorial

Por um transporte melhor O investimento em transporte coletivo nas regiões metropolitanas de São Paulo é uma prioridade do governo do Estado. O Plano de Expansão do Transporte Metropolitano conta com um investimento histórico, de R$ 17 bilhões. Esses recursos estão sendo empregados na compra de novos trens, construção e reforma de estações e na modernização de todo o sistema. O objetivo é melhorar não só a capacidade do sistema, mas a qualidade do serviço prestado ao cidadão, contribuindo para desafogar o trânsito da Região Metropolitana, que tem uma frota de 8,1 milhões de veículos, dos quais 6 milhões concentrados na capital. A modernização dos sistemas vai permitir a redução do tempo de viagens. Os investimentos também trarão mais conforto aos passageiros transportados diariamente. As novas estações ferroviárias, por exemplo, já têm padrão de Metrô, uma referência em transporte público. SPnotícias deste mês trata de outro tema metropolitano: o fornecimento de água para os milhões de moradores da região. Dois projetos executados pelo governo do Estado vão permitir a redução do despejo de esgoto nos mananciais que abastecem a Região Metropolitana, entre eles as represas Billings e Guarapiranga. O saneamento também é tema da reportagem sobre o Vale do Ribeira, no interior. Plano de desenvolvimento lançado pelo governo do Estado prevê investimentos de R$ 224,4 milhões na região, dos quais R$ 71,5 milhões em obras de abastecimento da população e coleta e tratamento de esgoto nos 23 municípios da região. Em Campos do Jordão, o frio lembra concerto, com o tradicional Festival de Inverno aberto pela Osesp. Entre as atrações, a violinista Elisa Fukuda e o renomado regente Kurt Masur, que fecha o evento na Sala São Paulo. Junho foi o mês das comemorações do centenário da imigração japonesa no Brasil, e São Paulo recepcionou o príncipe Naruhito, que quebrou quase todos os protocolos e tocou violino após o jantar no Palácio dos Bandeirantes. Descubra os detalhes da preparação para receber o príncipe na sede do governo paulista. Boa leitura e até o mês que vem.

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SPsumário Ano 1 | Nº 2 | 2008 11.000 exemplares Distribuição estadual

6 ENTREVISTA O ecretário Luiz Roberto Barradas Barata avalia 18 meses na Saúde

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Governador José Serra Vice-governador Alberto Goldman

24 MANANCIAIS

Secretaria Estadual da Administração Penitenciária Antônio Ferreira Pinto

Investimento em coleta de esgoto na Billings e na Guarapiranga

Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento João de A. Sampaio Filho Secretaria Estadual da Assistência e Desenvolvimento Social Rogério Pinto Coelho Amato Secretaria Estadual da Casa Civil Aloysio Nunes Ferreira Filho

EDUARDO ANIZELLI/NA LATA

28 TELECURSO TEC 50 mil novos alunos

34 VALE DO RIBEIRA Prioridade em saneamento nos 23 municípios

Secretaria Estadual da Casa Militar Coronel PM Luiz Massao Kita

Secretaria Estadual de Comunicação Bruno Caetano Secretaria Estadual da Cultura João Sayad

40

44 PERSONAGEM DIVULGAÇÃO

DO MÊS Marina Sartori Toledo e o gosto pela língua portuguesa

Secretaria Estadual de Desenvolvimento Alberto Goldman

BASTIDORES

Secretaria Estadual de Economia e Planejamento Francisco Vidal Luna

Preparativos para o cerimonial do príncipe Naruhito

Secretaria Estadual da Educação Maria Helena Guimarães de Castro Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho Guilherme Afif Domingos

30 FESTIVAL DE CAMPOS

46 O ESTADO

Osesp abre Festival de Inverno

EM NÚMEROS 48 AGENDA

Secretaria Estadual de Ensino Superior Carlos Alberto Vogt Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Turismo Claury Santos Alves da Silva Secretaria Estadual da Fazenda Mauro Ricardo Machado Costa Secretaria Estadual da Gestão Pública Sidney Beraldo Secretaria Estadual da Habitação Lair Alberto Soares Krähenbühl Secretaria Estadual da Justiça e Defesa da Cidadania Luiz Antônio Marrey Secretaria Estadual do Meio Ambiente Francisco Graziano Neto Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência Linamara Rizzo Battistella

50 O QUE FOI

NOTÍCIA

Secretaria Estadual de Relações Institucionais José Henrique Reis Lobo

Cenas das comemorações do centenário da imigração japonesa

Secretaria Estadual de Saneamento e Energia Dilma Seli Pena Secretaria Estadual da Saúde Luís Roberto Barradas Barata Secretaria Estadual da Segurança Pública Ronaldo Augusto Bretas Marzagão Secretaria Estadual dos Transportes Mauro Arce

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CAPA

Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos José Luiz Portella

Mais e melhores trens para a Região Metropolitana

A revista SPnotícias é uma publicação mensal do Governo do Estado de São Paulo, distribuída gratuitamente. Seu conteúdo é informativo e sua venda é proibida.

Foto da capa Na Lata

www.saopaulo.sp.gov.br CPT, Impressão e Acabamento: NA LATA

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SPentrevista brasileiro, de derivados de sangue, como albuminas e imunoglobulinas, eliminando custos com importação. Foi fortalecida a parceria com as santas casas e os hospitais filantrópicos. Com a entrega de uma nova unidade da Furp, a capacidade para produzir chega a 1 bilhão de medicamentos por ano. Três mutirões de mamografia atenderam cerca de 300 mil mulheres. Foi lançado o Qualis Mais, que ampliou de 99 para 402 o número de municípios que recebem repasses para seus programas de atenção básica e Saúde da Família. E, em parceria com os municípios e com a população, foi reduzido em 90% o número de casos de dengue no Estado.

Modelo de Saúde

Secretário Luiz Roberto Barradas Barata fala sobre nova fábrica de remédios e gestão de hospitais BRUNO MIRANDA/NA LATA

O secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, se orgulha de ter em São Paulo os maiores e melhores hospitais do país, de ter profissionais renomados na rede. Até pacientes da rede privada buscam o Sistema Único de Saúde (SUS) mesmo com convênio médico particular. Segundo o secretário, o sistema de saúde do Estado de São Paulo é completo. Oferece da vacina ao transplante de órgãos. Barradas faz uma avaliação dos últimos 18 meses de trabalho na Saúde e elenca os projetos que o governo vem colocando em prática, entre os quais a construção de uma fábrica da Fundação para o Remédio Popular (Furp), que deve ter parceria com a iniciativa privada e produzirá até 1 bilhão de medicamentos por ano. SPnotícias: Como o senhor avalia esses 18 meses do governo em relação à área da Saúde? Luiz Roberto Barradas Barata: A saúde pública de São Paulo pode ser exemplo para o país. Aqui estão alguns dos maiores e melhores hospitais, onde trabalham renomados profissionais de saúde. Nesses 18 meses, o governo paulista entregou cinco novos hospitais à

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população, ampliando leitos de UTI, incrementando a distribuição gratuita de remédios por meio do programa Dose Certa e criando projetos importantes. O governo inaugurou uma fábrica de vacinas contra a gripe, a primeira da América Latina, e agora começa a construção de uma unidade de processamento de plasma, que irá garantir a distribuição, para o Sul e Sudeste

SP: O modelo de Organizações Sociais de Saúde para gestão de hospitais públicos está completando dez anos no Estado de São Paulo. O balanço é positivo? Barradas: Esse sistema de parceria com entidades sem fins lucrativos para gerenciamento de hospitais estaduais revolucionou a área da gestão hospitalar pública no país. Tanto que alguns Estados, como Pará e Minas Gerais, e municípios, como Guarulhos, São José dos Campos e a capital paulista, adotaram modelos similares para as suas unidades de saúde. Trata-se de um serviço público de saúde de qualidade, atendimento gratuito, mas que é administrado por entidades do setor privado, que firmam contrato com o governo do Estado, estabelecendo metas de atendimento, como número mínimo de consultas e exames; e de qualidade, como controle da infecção hospitalar e da taxa de cesáreas. O resultado é um índice de satisfação dos usuários sempre acima de 80%. Os hospitais gerenciados por Organizações Sociais atendem 25%

mais pacientes, com economia de 10% na comparação com as unidades de administração direta. SP: Em 2007, o governo do Estado lançou os Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs), onde os pacientes passam por consultas e por exames no mesmo dia. Qual a proposta desta nova modalidade de atendimento? A parceria com as Organizações Sociais será estendida aos AMEs? Barradas: O objetivo dos AMEs é tornar mais rápido o atendimento ao paciente e o diagnóstico de doenças. Há em funcionamento cinco unidades na capital e uma no interior, em Votuporanga. A partir do segundo semestre, vamos iniciar uma série de inaugurações de novas unidades no interior, e queremos chegar a 40 até o fim de 2010. A proposta é que o paciente encaminhado pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) passe por uma consulta com o médico especialista no AME e, se necessário, já faça o exame no mesmo dia. Isso contribui para desafogar os hospitais públicos, que podem priorizar a realização de cirurgias e atendimentos de emergência, e evitar que o usuário tenha de se deslocar a outras unidades para fazer o exame e depois retornar ao especialista. Para a implementação das novas unidades, a secretaria vem firmando parcerias com Organizações Sociais, como a Santa Casa de Votuporanga e a Casa de Saúde Santa Marcelina. SP: A fábrica da Furp em Américo Brasiliense está adiantada? Barradas: A obra física está praticamente finalizada. O governo do Estado investiu R$ 200 milhões. No segundo semestre devemos publicar, para consulta pública, o edital da Par-

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entrevista

ceria Público-Privada (PPP) a ser adotada para a gestão da nova fábrica. O parceiro deverá realizar investimento de R$ 20 milhões em novos equipamentos e o começo da produção comercial está previsto para 2010. Será o primeiro laboratório público do Brasil a produzir medicamentos genéricos, com capacidade instalada para 21,6 milhões de ampolas e 1,4 bilhão de comprimidos por ano, ampliando substancialmente a distribuição gratuita de medicamentos. SP: Que tipos de medicamentos devem ser produzidos em Américo Brasiliense? Barradas: Principalmente medicamentos para hipertensão, colesterol alto, diabetes, problemas cardiovasculares, mal de Parkinson e remédios para saúde mental. A vantagem da nova fábrica é que fica em uma região central do Estado, o que facilita a logística de distribuição dos medicamentos. Será um grande salto de quantidade e qualidade na assistência farmacêutica paulista. SP: Qual é a abrangência do programa Dose Certa atualmente? Barradas: O programa existe desde 1995 e foi ampliado em 81% em 2007, passando de 37 para 67 itens, entre antibióticos, xaropes, antiinflamatórios, pomadas, analgésicos, medicamentos para saúde mental e anticoncepcionais, incluindo a pílula do dia seguinte. Todos os municípios paulistas com menos de 250 mil habitantes recebem os medicamentos produzidos pelo governo do Estado no laboratório da Furp em Guarulhos, para distribuição gratuita nas UBSs. Na capital, esses medicamentos estão disponíveis também nas 21 unidades da Farmácia Dose Certa,

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mantidas pela secretaria em locais de fácil acesso e de grande circulação de pessoas, como estações de metrô e trem e em hospitais. Os remédios oferecidos pelo programa cobrem cerca de 80% dos problemas de saúde mais comuns da população. No ano passado, a secretaria também estipulou o envio de cotas extras de medicamentos para 388 cidades com alto Índice de Vulnerabilidade Social. Essas cidades passaram a receber 50% a mais de remédios do que recebiam antes, o que representa cerca de 300 milhões de remédios a mais por ano. SP: O governo pretende estadualizar outros hospitais, a exemplo do que ocorreu com a unidade de Itanhaém, no litoral Sul? Barradas: A atual gestão tem como diretriz otimizar o atendimento de unidades de saúde já existentes e com representatividade regional. É mais rápido e mais eficiente do que fazer obras para construir hospitais. Em Itanhaém, Cotia e Rosana, o governo do Estado resolveu assumir hospitais com bom potencial para a prestação de serviços, mas que passavam por dificuldades. Essas unidades agora estão sendo adaptadas e o atendimento será ampliado, gradativamente. Também entregamos dois hospitais estaduais novos, em Ribeirão Preto e Américo Brasiliense, que já estavam em construção na administração anterior, além do Instituto do Câncer de São Paulo, na capital, que será o maior hospital especializado em oncologia

“Mesmo quem tem convênio recorre à rede pública”

da América Latina. Para este ano, está prevista a incorporação de mais dois hospitais, o Hospital Universitário de Presidente Prudente e a Casa de Saúde de Jundiaí. SP: O câncer é a segunda doença que mais mata no mundo. O novo hospital está preparado para atender à demanda existente hoje e à demanda futura? Barradas: Sim. O Instituto do Câncer supre esta necessidade e triplica o número de vagas exclusivas para tratamento oncológico no SUS (Sistema Único de Saúde) da cidade de São Paulo. É importante ressaltar que o hospital, além de oferecer atendimento integral, desde a prevenção até a reabilitação de pacientes, irá cumprir um papel fundamental na área de ensino e de pesquisa, incluindo o desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos, contribuindo para o conhecimento científico mundial na área da oncologia. SP: A secretaria lançou, no ano passado, um programa de auxílio financeiro fixo às santas casas e às entidades filantrópicas. Qual é o objetivo da ação? Barradas: As santas casas e os hospitais filantrópicos merecem especial atenção do governo paulista, uma vez que respondem por nada menos que 57% das internações realizadas pelo SUS no Estado. Muitas vezes a santa casa é o único hospital de uma cidade, e muitas passam por situação delicada em razão dos baixos valores pagos pelo Ministério da Saúde para consultas, exames e cirurgias. O objetivo do programa Pró-Santa Casa é cobrir esse déficit, por meio de repasses extras mensais. Em 2007, firmamos parceria com 46 entidades.

Neste ano, estamos ampliando o projeto para cerca de 130 hospitais, que receberão, ao todo, R$ 241 milhões. A definição das entidades que receberão o repasse está ocorrendo em comum acordo com as prefeituras, que irão repassar 30% do valor. SP: O SUS completa 20 anos. Que análise o senhor faz em relação aos avanços e no que ainda o sistema precisa melhorar? Barradas: O SUS é, sem dúvida, o maior projeto social já lançado no Brasil. Estabeleceu o direito universal de acesso à saúde, que antes era garantido apenas aos brasileiros que contribuíam com a Previdência Social. Por meio do SUS, o Brasil consolidou o Programa Nacional de Imunizações, que permitiu ao país erradicar a poliomielite e controlar doenças como sarampo, tétano e difteria. Temos o melhor programa de combate à Aids do mundo, que é referência para a OMS (Organização Mundial de Saúde), assegurando a distribuição de coquetéis de anti-retrovirais a todos os pacientes com HIV. O SUS garante da vacina ao transplante, algo que nenhum plano de saúde oferece. Mesmo quem tem convênio recorre à rede pública, seja para a realização de procedimentos mais complexos não cobertos por alguns planos, para a realização de cirurgias cardíacas ou para receber medicamentos mais caros para doenças como hepatite, mal de Alzheimer ou insuficiência renal crônica. Ainda há muito por fazer, muito para melhorar, e as questões centrais passam obrigatoriamente pela necessidade de mais recursos para a saúde e aprimoramento da gestão. Mas não há como negar que houve avanços expressivos nesses últimos 20 anos. julho 2008 SPnotícias

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FOTOS: NA LATA

SPtransporte

Investindo em tempo Até 2010, usuários de transporte coletivo devem economizar até 25% em tempo de viagem

Ganho de tempo e de qualidade de deslocamento para os usuários de transporte coletivo. Essas são as principais metas do Plano de Expansão do Transporte Metropolitano 2007/10, que contará com um investimento de R$ 17 bilhões, o maior já feito no setor. Os objetivos são aumentar em 55% a quantidade de passageiros transportados e diminuir em 25% o tempo médio de viagem gasto no sistema – Metrô, Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU). Para alcançar as metas, a rede metropolitana de transportes será estendida em cerca de 100 quilômetros. Juntas, as três empresas cobrirão mais de 450 quilômetros da região metropolitana em 2010. O maior aumento será na CPTM. Os 260,7 quilômetros de ferrovia subirão para de 304,4 até 2010. De acordo com o coordenador de Planejamento e Gestão da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, Renato Viegas, a

Composições com design moderno e mais conforto

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transporte SERI

PLANO DE EXPANSÃO 2007/2010 Aeroporto Internacional André Franco Montoro Guarulhos

Jundiaí

Tucuruvi

Francisco Morato

Calmon Viana Suzano

Zézinho Magalhães

Barra Funda

Luz

Eng. Cardoso

Tatuapé

Lapa

Guaianazes

Osasco Presidente Altino

Brás Julio Prestes

Vila Madalena Paulista Consolação

Pinheiros Vila Sônia

Paraíso

Chácara Klabin

Tamanduateí

Ana Rosa Alto do Ipiranga

Capão Redondo

Largo Treze

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Atualmente, um deslocamento partindo de Francisco Morato com destino à região da Avenida Paulista, por exemplo, pode levar até três horas. Com as novas linhas de trem, o passageiro vai demorar duas horas para fazer o mesmo trajeto. O plano contempla a modernização das linhas da CPTM. A economia de tempo é a mudança mais sensível no novo modelo. Um passageiro que se desloca da estação Grajaú da CPTM até a estação Sé do Metrô gasta cerca de 240 minutos (quatro horas). Em 2010, a meta é que esta viagem seja feita em 102 minutos (uma hora e quarenta minutos), ou seja, um ganho de tempo de mais de duas horas. O mesmo vai ocorrer com quem

Santa Cruz

Santo Amaro Aeroporto Internacional de Congonhas/ São Paulo

São Judas Jabaquara

Rio Grande da Serra

Grajaú

Linha 1 - Azul Linha 2 - Verde Linha 2 - Verde (em construção) FONTE: SECRETARIA DOS TRANSPORTES METROPILITANOS

Arquitetura moderna na estação Grajaú, zona Sul da capital

prioridade na rede ferroviária se deve a dois fatores. Em primeiro lugar, o fato de o trem chegar às regiões mais populosas da Região Metropolitana de São Paulo, onde há maior demanda de passageiros. “É comum que as grandes cidades se desenvolvam ao redor das ferrovias”, diz. Em segundo, a consideração de uma pesquisa de 2003 de origem-destino, que identificou que cerca de 50% dos passageiros que embarcam nos trens da CPTM têm como destino a região central da capital, mais precisamente o triângulo formado pelas estações Barra Funda, Luz e Brás. Na pesquisa, atualizada em 2005, os passageiros foram abordados quanto ao destino e ao horário que mais utilizam o trem.

Tatuapé

Corinthians-Itaquera

Itapevi

Suzano

Palmeiras-

Oratório

Parque Amador Bueno

Vila Aurora

Estudantes

Veículo Leve sobre Trilhos

Freguesia do Ó

Linha 2 - Verde (em projeto) Linha 3 - Vermelha Linha 4 - Amarela (em construção) Linha 5 - Lilás Linha 5 - Lilás (em projeto) Linha 6 - Laranja (em projeto) Metroleve Aeroporto (em projeto)

Linha 7 - Rubi Linha 8 - Diamante Linha 9 - Esmeralda Linha 10 - Turquesa Linha 10 - Turquesa - Expresso ABC (em projeto) Linha 11 - Coral Linha 11 - Coral (Expresso Leste) Linha 11 - Coral - Expresso Leste (em projeto) Linha 12 - Safira (em projeto) Linha 12 - Safira Linha 13 - Jade - Trem de Guarulhos (em projeto) Linha 14 - Ônix - Expresso Aeroporto (em projeto) Estação em projeto

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transporte

AS NOVIDADES DA CPTM Nas estações

Piso emborrachado Sala de controle e bloqueios com padrão de Metrô Bicicletário Escadas rolantes Elevador Rampas Banheiros exclusivos para pessoas com mobilidade reduzida Rota com piso em alto relevo para deficientes visuais Mapas em braile Sistema de captação e reutilização da água das chuvas O entorno das estações Jardim Helena e Itaim Paulista foi recuperado. Guias, sarjetas e iluminação pública foram refeitos

Nos trens

Novo design de interior e de exterior Ar-condicionado Bancos anatômicos e estofados Vidros com proteção aos raios ultravioleta

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tempo’. Ou seja, o que ele ganha em tempo deve efetivamente ser gasto”, diz Renato Viegas. Com transporte mais rápido e com mais qualidade, o número de passageiros irá quase que dobrar com o fim do plano. Segundo Viegas, em 2010, serão 2,7 milhões de passageiros transportados por dia na CPTM e 3,6 milhões de usuários no Metrô.

Metrôs de superfície A modernização da CPTM passa a desempenhar, então, um papel importante, o de cobrir adequadamente os deslocamentos mais longos. Os trens são os modernos metrôs de superfície. Ao entrar numa das novas estações da CPTM, os usuários já têm a sensação

Acessibilidade

FONTE:SECRETARIA DOS TRANSPORTES METROPOLITANOS

Escadas rolantes na estação do Autódromo: facilitação no acesso às plataformas

se desloca de Poá, via CPTM, para a estação da Luz. O trajeto que atualmente é feito em 122 minutos (duas horas) poderá ser realizado em apenas 30 minutos daqui a dois anos. Este ganho de tempo de 25% não é específico para os usuários da CPTM. A economia média será sentida em todo o transporte coletivo metropolitano de São Paulo. “Obviamente que teremos reflexos semelhantes nos transportes particulares”, afirma Viegas. São 25% a mais de tempo que o usuário ganha para o lazer e o convívio com a família. “Estamos falando de qualidade de vida. Gosto muito de ilustrar essa situação com a frase de um romancista italiano, que diz que ‘o homem não pode ser avaro com o

Sinais luminosos de abertura e de fechamento de portas Identificação dos carros em braile Assentos preferenciais Espaço para pessoas em cadeira de rodas Painel indicativo de próxima estação e lado de abertura de portas Pega-mão que brilha no escuro para o caso de ausência de energia

Segurança

Sistema de comunicação de emergência entre usuários e maquinista Sistema de monitoramento de falhas computadorizado Freios eletrônicos

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transporte

de que estão numa estação do Metrô. Todas as características utilizadas nestas novas construções inspiram-se nos moldes do Metrô. Piso emborrachado com alerta tátil (de alto relevo), escadas rolantes, bloqueios, central de operações e os padrões de sinalização. Dois terços das estações ferroviárias passarão por esta reformulação. “Em algumas estações, as mudanças são tão grandes que consideramos como uma estação nova”, afirma Viegas. A já inaugurada Itaim Paulista é um exemplo. Em vez de restaurar a edificação já existente, uma nova estação foi construída num ponto diferente e a antiga será demolida. Seguindo a constatação de que a CPTM está presente nas regiões mais

adensadas da cidade, as reformas começaram pelos pontos periféricos da Região Metropolitana. Para se ter uma idéia da carência desses bairros, a escada rolante da estação Itaim Paulista, inaugurada em maio, é a primeira de todo o bairro da zona Leste da capital. Até agora, foram inauguradas sete estações semelhantes. A principal característica do Metrô também será adotada: os intervalos curtos. “A meta é oferecer trens a cada três minutos”, afirma Viegas. Atualmente, nos horários de pico, o intervalo entre uma composição e outra pode chegar a até nove minutos, três vezes maior do que a meta. Estes intervalos serão reduzidos graças à nova sinalização utilizada. Atualmente, a

Modelo da CPTM agora semelhante ao do Metrô: bicicletário, piso antiderrapante e bancos nas plataformas de embarque

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transporte

Assim como nas plataformas do Metrô, as novas estações de trem têm bancos para a espera

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distância mínima entre os trens é de 150 metros no Metrô e de 450 metros na CPTM. Tanto em uma como na outra haverá uma redução de 15 metros entre um trem e outro, e a velocidade do sistema será maior. Outro detalhe que ajudará na diminuição dos intervalos é a rapidez dos trens. A velocidade média do Metrô é de 32 km/h; a dos trens da CPTM é de 42 km/h. “Na ferrovia, as estações são mais distantes, com menos paradas por quilômetro de linha, o que dificulta a percepção do passageiro”, diz Viegas. O aumento de 55% no número de passageiros também se deverá à melhoria do conforto dos trens. São 99 novos trens de última geração, a

maior compra já feita pelo Estado. Destes, 52 composições serão destinadas para a CPTM e os outras 47 para o Metrô. Quatro já estão em operação na Linha 9-Esmeralda, do trem. A previão é que até 2010 haja outras 35 composições novas para a CPTM.

Metrô O Metrô de São Paulo, já considerado um dos sistemas mais modernos do mundo, também recebeu atenção especial. A máquina Shield, popularmente conhecida como Tatuzão, está trabalhando nas escavações da linha que interligará o centro da Capital até a Vila Sônia, Linha 4-Amarela. As grandes novidades do sistema serão a ampliação da Linha 2-Verde

Nos novos trens, bancos são como os do Metrô e composições têm ar-condicionado e vidros com proteção ultra-violeta

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transporte

Obras na Avenida Jacu-Pêssego: ligação da zona Leste de São Paulo ao município de Mauá

BRUNO MIRANDA/NA LATA

MALHA VIÁRIA É COMPLEMENTO

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Sobre pneus No que se refere a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), as alterações do Plano de Expansão fogem um pouco da Região Metropolitana de São Paulo. Está previsto um investimento de R$ 138 milhões para a implementação do Corredor Noroeste. Serão 32,7 quilômetros de corredores exclusivos para ônibus ligando as cidades de Campinas, Hortolândia e Sumaré. Os terminais das duas primeiras estão previstos para ser entregues até agosto. “Todos os estudos que eu conheço indicam que os custos para o governo por passageiro transportado são iguais no ônibus, no Metrô e no trem.

BRUNO MIRANDA/NA LATA

e a inauguração da própria Linha 4Amarela, que, quando concluída, atenderá cerca de 1 milhão de passageiros por dia e integrará as linhas 1, 2 e 3 do Metrô. As novas estações seguirão o mesmo padrão de eficiência já adotado. Os novos trens terão ar-condicionado em todos os carros, painéis internos luminosos com os nomes das paradas e um mapa dinâmico que avisa qual é a próxima estação. Os primeiros e os últimos carros de cada composição terão assentos para obesos e entrada para passageiros com cadeira de rodas. Até o segundo semestre de 2010 o trecho da Linha 5-Lilás ligará Capão Redondo com Campo Belo.

Em paralelo ao Plano de Expansão do transporte coletivo, o governo do Estado executa ações de melhoria na malha viária na Região Metropolitana, algumas em convênio com as prefeituras. A maior das intervenções é a construção do trecho Sul do Rodoanel Mário Covas, com investimento de R$ 4 bilhões. O Rodoanel vai retirar das cidades os caminhões e, com isso, colaborar para a redução de congestionamentos na Região Metropolitana. A expectativa é que cerca de 250 mil veículos por dia deixem de circular na Marginal do Pinheiros (43% a menos do que hoje); e 100 mil veículos não passem mais diariamente pela Avenida dos Bandeirantes (37% menos). Outras obras vão beneficiar o motorista do transporte particular: na Marginal do Tietê e nas avenidas dos Bandeirantes, Roberto Marinho e Jacu-Pêssego. A Marginal do Tietê é o principal corredor viário da cidade, com movimento que chega até 1,2 milhão de viagens em dias úteis. Atualmente, sua infra-estrutura é insuficiente para comportar o número de veículos, responsável por cerca de 25% do total de congestionamentos medidos na cidade. Entre as obras previstas na via, está o alargamento da pista local de três para quatro faixas de rolamento, a construção de uma pista auxiliar nos trechos sob as pontes, a implementação do Sistema de Monitoramento Eletrônico de Trânsito e nova sinalização. A Avenida Jacu-Pêssego já tem a ligação com o complexo Ayrton Senna concluída, que chegará à Avenida Papa João 23, no município de Mauá. Próxima etapa para que a via seja unida ao trecho Sul do Rodoanel, em 2010.

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transporte

Tatuzão, que abre espaço para as novas estações de Metrô

DIVULGAÇÃO

Por isso, deve-se escolher o modo de deslocamento certo para o local certo, levando-se em consideração a situação urbana de cada cidade”, explica o coordenador Viegas. A qualidade do ar também será beneficiada com o ônibus movido a álcool, que já está sendo testado no Corredor São Mateus-Jabaquara, e com o movido a hidrogênio, cujo protótipo começa a ser testado neste ano, no mesmo corredor. Ao todo, esperase que 235 mil toneladas de poluentes sejam retiradas da atmosfera. Outras duas obras prometem ser providenciais para os moradores da

capital. Primeiro, a construção da Linha 14-Ônix, que ligará a Estação Luz ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, sem qualquer parada. “O intervalo de trens deverá ser de 15 minutos, e o check-in poderá ser feito na estação”, afirma o coordenador da Secretaria. A outra novidade, em princípio, se concentrará apenas na Baixada Santista. Será o Sistema Integrado Metropolitano, o SIM. Trata-se de um sistema de média capacidade articulado sobre trilhos e pneus. O projeto aproveitará a linha férrea existente entre as cidades de Santos e São Vicente.

EXPANSÃO EM NÚMEROS Em 2010, serão mais de 240 quilômetros com qualidade de Metrô Extensão (em quilômetros) 307,1 253,2

307,1

260,7

CPTM 60,2

61,3

2006

2007

84

117,6

2010

2014

Metrô

Metas do plano de expansão Composições

Estações 91 94

89*

83

91

229

193 176

73

54

2006

108

229 236 191

106 117

2010

2012

2014

2006

2010

2012

2014

*Cerca de 2/3 das estações serão novas ou reconstruídas e as outras, remodeladas

Investimento

EMTU

R$ 17 bilhões

75 quilômetros

Intervalo (média em minutos) 9 5a3 2,45 a 1,66 2006

2,2 a 1,3 2010

2,2 a 3 1,3 2012

2,2 a 3 1,2 2014

Passageiros/dia (em milhões) 6,3 2,6

2,7

3,3

7,1

7,7 3,3

1,5 2006

2010

2012

2014

no Metrô, CPTM e EMTU

Construção de de corredores

11 quilômetros

Novas estações da CPTM já concluídas:

entre Diadema e São Paulo (Brooklin)

Linha 9 Esmeralda Jurubatuba, Autódromo, PrimaveraInterlagos, Grajaú Linha 12 Safira USP Leste, Comendador Ermelino, Jardim Helena-Vila Mara, Itaim Paulista, Jardim Romano

20 quilômetros entre Guarulhos e São Paulo (Tucuruvi)

11 quilômetros na Baixada Santista (Metrô Leve)

33 quilômetros na região de Campinas

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

SPmananciais

Protegendo os mananciais Programas garantem qualidade de água que abastece 4,8 milhões de pessoas

O investimento é gigante. O desafio, também: garantir a qualidade da água consumida por 4,8 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo. No último dia 30 teve início uma série de intervenções nos reservatórios Billings e Guarapiranga, ambos na Grande São Paulo, para diminuir a carga do esgoto despejada nas duas represas. O objetivo é preservar a principal função dos dois sistemas – o abastecimento público de água –, que atendem um em cada quatro moradores da Grande São Paulo. O Programa Mananciais, executado pelo governo do Estado com verba da União e também das prefeituras de São Paulo, São Bernardo do Campo e Guarulhos, conta com orçamento de fôlego, nunca antes disponível: R$ 1,220 bilhão. As intervenções já começaram e vão até 2012. O investimento é direciondo à ampliação das rede de coleta de esgoto, urbanização de favelas e reestrutura-

ção de bairros precários – a maioria originados de ocupação irregular. A maior parte das intervenções ocorre nos arredores das represas Guarapiranga e Billings, onde a concentração populacional nos mananciais da Região Metropolitana é mais intensa. O programa do governo prevê ainda intervenções em outras bacias, como a do Alto Tietê-Cabeceiras e a do Alto e Baixo Cotia. Porém, os esforços serão concentrados na capital paulista, que tem um milhão de pessoas vivendo na região de abastecimento dos dois reservatórios. Ao todo, os arredores da Billings e da Guarapiranga têm cerca de 1,9 milhão de moradores. Se toda essa gente formasse um só município, seria a maior cidade do país, sem contar capitais de Estado. Uma cidade desordenada, e de baixa renda. Ali, como em qualquer região periférica, a ocupação seguiu a urgência por moradia, e não as regras de convivência sustentável com os recursos naturais.

OS NÚMEROS ORIGEM DOS RECURSOS

Casas ao redor da Guarapiranga que serão beneficiadas e terão esgoto coletado: 320 kg de fósforo são despejados diariamente na represa

FONTE: SECRETARIA ESTADUAL DE SANEAMENTO E ENERGIA

Governo do Estado de São Paulo

O Programa Mananciais terá investimento de

R$ 1,220 bilhão

Secretaria de Saneamento e Energia Secretaria do Meio Ambiente Sabesp CDHU Financiamento Bird

Prefeitura de São Paulo Prefeitura de São Bernardo do Campo Prefeitura de Guarulhos Governo federal

VALOR (R$ milhões)

484,1 33,3 16,3 84,6 130,6 219,3

446,6 31,8 7,8 250,0

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mananciais

de cada vez maior de esgoto, as represas seriam tomadas por toneladas de fósforo, que por sua vez incentivariam a reprodução de milhares de algas. Tratar e consumir a água tornaria-se inviável, e a crise das torneiras secas se instalaria em 25% da Região Metropolitana. “Se perdêssemos esses dois reservatórios, por conta da péssima qualidade da água, a Sabesp precisaria buscar água para abastecer milhões de pessoas em pontos muito distantes, como no Vale do Ribeira. Isso teria um custo elevadíssimo, da ordem de R$ 3 bilhões. Sem contar no impacto nas tarifas de abastecimento, que ficariam pelo menos 20% mais caras. Não cogitamos essa possibilidade”, afirma o coordenador. O poder público gasta em ações de “socorro” aos mananciais desde 1991,

ano em que a Guarapiranga passou por uma prolongada fase de contaminação. “Hoje, todos os governantes sabem que se trata de uma questão metropolitana e prioritária. Além disso, o atual fluxo de recursos seria inimaginável em outras épocas. É a primeira vez que o governo federal investe nos mananciais, graças ao bom momento que a economia atravessa”, avalia Araújo. As obras previstas dentro do programa Guarapiranga e Billings já estão licitadas, e as ordens de serviço foram assinadas pela Prefeitura de São Paulo. O acordo com o Bird (Banco Mundial) para a execução do Programa Mananciais deve ser celebrado em novembro; a Sabesp deve lançar em julho duas licitações para intervenções em Itapecerica da Serra, Carapicuíba e Cotia.

AS REPRESAS Billings e Guarapiranga são responsáveis pelo abastecimento de 4,8 milhões de pessoas, o que corresponde a 25% de toda a Região Metropolitana de São Paulo

Guarapiranga

Ocupação na Represa Billings: participação da Prefeitura de São Bernardo do Campo para a coleta de esgoto

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Legislação “O agravante, no caso das duas represas, é que estamos falando de uma região de mananciais. A legislação ambiental da época, na tentativa de inibir as ocupações, restringiu a expansão da infra-estrutura. Deu-se um paradoxo: a área de periferia que mais necessitava de coleta de esgoto, por exemplo, era a que menos tinha”, explica o coordenador do Programa Mananciais, Ricardo Araújo. A meta é alcançar 80% do esgoto coletado, nas duas represas (veja qua-

Billings 975 mil

915 mil

dro). A obras vão beneficiar diretamente 45 mil pessoas, com a extinção de favelas e melhorias nos bairros deficientes. “E, indiretamente, no mínimo, as 3,8 milhões de pessoas que são abastecidas hoje pelas duas represas”, avalia Araújo. Se os benefícios da recuperação das represas Billings e Guarapiranga podem ser mensurados com certo alívio, pensar nos prejuízos que o abandono dos sistemas levaria gestores públicos a um verdadeiro cenário de guerra. Invadidas por uma quantida-

550 mil

515 mil

70%

50%

40% 12%

1991

2006*

* Últimos dados da Secretaria de Saneamento e Energia

1991

2006* Coleta de esgoto População

A meta dos programas é alcançar 80% do esgoto coletado, nas duas represas, até 2012.

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50 mil vagas técnicas Telecurso Tec inclui estudantes da rede em ensino profissionalizante Marinês Oliveira Perez é

orientadora do Telecurso Tec

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Desde 7 de abril, os alunos do ensino médio da rede estadual podem concluir a última etapa da educação básica já com um diploma técnico nas mãos. Graças a uma iniciativa da Secretaria de Estado da Educação com o Centro Paula Souza, cerca de 50 mil estudantes da rede participam do Telecurso Tec. Trata-se de um programa de formação técnica e qualificação profissional em educação a distância, em parceria com a Fundação Roberto Marinho. Para cursar o Telecurso Tec, o aluno deve estar no mínimo no 2º ano do ensino médio. Por ser um método de ensino a distância, os estudantes podem realizar o Telecurso utilizando as próprias instalações da escola onde estudam, como televisão e computadores. “Aqueles que concluírem o curso

antes de terminar o ensino médio só receberão o diploma após finalizarem o colégio”, diz o diretor do Centro de Educação a Distância do Centro Paula Souza, Renato Nogueira Saldini. Atualmente, são oferecidos três cursos na área de gestão (Administração Empresarial, Gestão de Pequenas Empresas e Secretariado e Assessoria). Cada curso tem 800 horas de estudo e pode ser feito de três maneiras: aberta, presencial e on-line (veja quadro). A previsão de Saldini é que o número de alunos do curso alcance os 70 mil até o começo do ano que vem. Quem deixou de ser estudante também pode realizar o curso nas tecsalas. A grande vantagem do Telecurso Tec é a qualificação técnica para quem tem pouco tempo. “Muitas vezes, o trabalho ou compromissos pessoais im-

possibilitam os estudos. O curso garante esta flexibilidade no horário”, afirma Saldini. Segundo ele, o conteúdo do material didático utilizado no telecurso é o mesmo usado nos cursos regulares do Centro Paula Souza. “Os alunos que fazem o curso a distância não têm redução de qualidade”, afirma. Em sua opinião, a modalidade possui vantagens. “O material didático foi elaborado de forma que incentiva o aluno a pesquisar”, afirma. Para Saldini, outro detalhe é que, muitas vezes, um aluno de ensino tradicional assume uma posição passiva durante as aulas, o que não ocorre na educação a distância. “O estudante é o protagonista de seu aprendizado e irá suprir qualquer deficiência que apareça”, explica. Para avaliar o conteúdo que o aluno conseguiu aprender, foi elaborado um exame presencial com data, local e horário pré-definidos. SERI

FOTOS:HAMILTON PENNA

SPtelecursotec

POR DENTRO DA TEC SALA O curso é o de Administração Empresarial. A turma é pequena, tem 15 alunos, funcionários da Secretaria de Assistência e Desenvolvido Social (Seads), que promoveu o curso. A flexibilidade do tempo é a característica mais importante do curso. Ninguém está cansado ou preocupado com o horário dentro da sala. Todos pres tam atenção e interagem com as explicações da orientadora. A funcionária do Núcleo de Patrimônio da Seads, Alessandra Ferreira dos Santos, 25 anos, é uma das alunas. Ela faz faculdade de Secretariado e diz que o Tele Tec tem lhe ajudado no curso. Outro aluno, Adelmo Freire da Silva, 54 anos, é mais ambicioso. Funcionário há 33 anos do governo do Estado, Adelmo se prepara para se aposentar. “Pretendo abrir um negócio. Com o curso, eu já saberei gerenciá-lo”, diz.

TELEC U R SO TEC

Quais são os cursos

Técnico em Administração Empresarial Técnico em Secretariado e Assessoria Técnico em Gestão de Pequenas Empresas *Os três cursos estão disponíveis em quaisquer das três modalidades

Quantos alunos inscritos no primeiro semestre 50 mil Previsão de alunos para o segundo semestre 70 mil

Quais são as modalidades Aberta O aluno assiste às aulas duas vezes por semana pela TV Globo, TV Cultura e Canal Futura. Cada tele-aula aborda tópicos do livro didático. Após acompanhar o capítulo, o aluno já tem uma série de exercícios programados. As provas são semestrais, com dia e horário pré-agendados. Presencial Os alunos assistem às aulas em uma Tecsala, com televisão e aparelho de DVD. Nessa modalidade, há sempre o

acompanhamento de um orientador, que complementa a aula vista pelo vídeo. Esse sistema depende da contratação do serviço por parte de alguma empresa ou instituição. On-line (2ºsemestre) Nesta modalidade, o acompanhamento da aula ocorre com o uso do computador. Todo o conteúdo e os exercícios estarão disponíveis num portal do Telecurso Tec. Pode ser feito de qualquer computador com acesso à internet. O programa começa em agosto.

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SPfestival SERI

DIVERSÃO NO INVERNO três com a Camerata Fukuda e um com o Quarteto Camargo Guarnieri. Igreja Santa Terezinha. Grátis 16h - Banda Sinfônica Jovem, Praça do Capivari. Grátis

Para aquecer os ouvidos

7/7 - SEGUNDA 21h - Orquestra Heliópolis, Auditório Cláudio Santoro. Grátis

Literatura mundial embala o 39º Festival de Inverno de Campos

FOTOS: DIVULGAÇÃO

17h - Música de câmara, Igreja São Benedito. Grátis

9/7 - QUARTA

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5/7 - SÁBADO 21h - A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) abre o Festival de Inverno, no Auditório Cláudio Santoro. R$ 80 A Osesp Itinerante segue sua turnê e realiza até o dia 20 concertos gratuitos e palestras com o maestro John Neschling. Serão 54 apresentações musicais em 12 cidades: São José dos Campos, Taubaté, Sorocaba, Itapetininga, Bauru, Marília, Piracicaba, Limeira,

São Carlos, Araraquara, São José do Rio Preto e Catanduva.

6/7 - DOMINGO 12h30 - Orquestra Sinfônica Municipal de Santos, Praça do Capivari. Grátis 15h30 - Camerata Fukuda com Elisa Fukuda no violino. Elisa é graduada no Conservatório de Música de Genebra, onde recebeu o Prêmio de Virtuosidade. Sua discografia é composta por dois CDs com o Trio Dell’Arte,

21h - Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Direção artística de Roberto Minczuk, Auditório Cláudio Santoro. Minczuk é regente titular da Orquestra Sinfônica Brasileira da Cidade do Rio de Janeiro, da Filarmônica de Calgary e diretor artístico do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. Já regeu as orquestras de Nova York, de Los Angeles e de Israel.

do Palácio Boa Vista. R$ 20 21h - Orquestra Sinfônica Brasileira da Cidade do Rio de Janeiro, Auditório Cláudio Santoro. R$ 80

10/7 - QUINTA 16h - Grupo PIAP, Praça do Capivari. Grátis 21h - Glenn Dicterow, violino Richard Bishop, piano, Auditório Cláudio Santoro. R$ 20

11/7 - SEXTA 8/7 - TERÇA

José de Alencar e Carlos Gomes são grandes nomes da cultura deste país. O primeiro é um romancista, o outro um dos principais compositores brasileiros de óperas. Em comum, têm o fato de que suas obras mais conhecidas são homônimas – O Guarani – (a ópera foi inspirada na literatura) e serão temas dos concertos do 39º Festival de Inverno de Campos do Jordão – Dr. Luís Arrobas Martins. O festival é organizado pela Secretaria da Cultura por intermédio do Centro Tom Jobim, núcleo de referência na formação musical. O evento ocorre entre os dias 5 e 27 deste mês. O tema este ano é Literatura na Música. A intenção é mostrar a influência de um sobre o outro. “As pessoas conhecem Dom Quixote e Romeu e Julieta, mas não sabem que desses livros resultaram músicas maravilhosas”, afirma o diretor-executivo do festival, Clodoaldo Medina. O Festival de Inverno oferece 148 bolsas de estudos para jovens músicos nos cursos de instrumentos, prática de

Na Europa, regeu as sinfônicas da BBC de Londres e de Cardiff; as filarmônicas de Londres, Oslo, Hallé. R$ 30

18h - Rosana Lamosa, soprano, Antônio Meneses, violoncelo, e Fany Solter, piano, Capela do Palácio Boa Vista. R$ 30 21h - Orquestra Jazz Sinfônica, Auditório Claudio Santoro. R$ 30

13/7 - DOMINGO 12h30 - Orquestra Jovem do Estado, Praça do Capivari. Grátis 15h30 - Música de câmara, Igreja Santa Terezinha. Grátis 16h - Orquestra de São José dos Campos, Praça do Capivari. Grátis 18h - Música de câmara, Auditório Claudio Santoro. R$ 10

14/7 - SEGUNDA 21h - Música de câmara, Auditório Cláudio Santoro. R$ 10

12/7 - SÁBADO 12h30 - Orquestra Sinfônica de Santo André, Praça do Capivari. Grátis 15h30 - Música de câmara, Igreja Nossa Senhora da Saúde. Grátis 16h - Orquestra de Sopros Brasileira, Praça do Capivari. Grátis 16h30 - Brasil Guitar Duo, Capela

15/7 - TERÇA 17h - Música de câmara, Igreja de São Benedito. Grátis 21h - Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, Auditório Cláudio Santoro. R$ 10

16/7 - QUARTA 21h - Empire Brass, Auditório Cláudio Santoro. R$ 10

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festival

orquestra, música de câmara, canto lírico, técnica de gravação, regência e composição. Trata-se de uma escola de excelência, o festival seleciona os melhores jovens em seus instrumentos para ficarem três semanas em Campos. “É como se fosse uma pósgraduação em música”, afirma Medina. Entre os professores, está Kurt Masur. Com 81 anos, ele é o regente da Orquestra da França e, provavelmente, o principal nome do festival. O evento também contará com 50 espetáculos durante os 23 dias de evento. Algumas das apresentações têm preços populares; outras são gratuitas. A expectativa de público é de 90 mil pessoas. A novidade este ano é o novo local para apresentações, a igreja Nossa Senhora da Saúde, com capacidade para 200 pessoas. Boa parte dos concertos é na praça, onde há maior concentração de jovens. “A música clássica rompeu algumas barreiras. O público jovem do bairro Capivari adora assistir aos concertos e ainda aproveita para paquerar”, diz. A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) abre o festival. Neste ano, a orquestra tem um grande desafio, o de tentar democratizar a música clássica com o Osesp Itinerante. O projeto levará atividades musicais gratuitas para a população. Entre as atividades estão concertos ao ar livre, oficinas com os músicos da Osesp, cursos de apreciação musical e palestras com o regente da orquestra, John Neschling. O Osesp Itinerante vai de 2 a 20 de julho. Os 120 músicos da Filarmônica passarão por 12 cidades do interior paulista. O encerramento será com chave de ouro na Sala São Paulo, na Capital, onde a orquestra formada pelos bolsistas se apresentará sob o comando de Masur.

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DIVERSÃO NO INVERNO 17/7 - QUINTA 16h - Orquestra Sinfônica de São Bernardo do Campo, Praça do Capivari. Grátis 21h - Música de câmara, Auditório Cláudio Santoro. R$ 10

Desde então, atua como solista com muitas das principais orquestras do mundo. Em 1988, fundou o conjunto de sopros London Winds e em maio de 2007 ganhou o prêmio Instrumentista do Ano da Royal Philharmonic Society. 21h – Nelson Freire, piano, Auditório Cláudio Santoro. R$ 80

20/7 - DOMINGO

18/7 - SEXTA-FEIRA 18h - Música de câmara, Capela do Palácio Boa Vista. R$ 10 21h – Orquestra Acadêmica, Auditório Cláudio Santoro. R$ 20

12h30 - Orquestra Acadêmica, Praça do Capivari. Grátis 15h30 - Fortuna, voz, e Marcelo Bratke, piano, Igreja Santa Terezinha. Grátis 16h - Música de Câmara, Praça do Capivari. Grátis 18h - Concerto extra da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, Auditório Cláudio Santoro. R$ 10

21/7 - SEGUNDA 21h - Youth Orchestra of the Americas, Auditório Cláudio Santoro. R$ 10

Dennis nasceu em Nova York e começou os estudos de violoncelo aos 6 anos. Parker foi músico da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e se apresenta como solista e concertista, além de colaborar como professor visitante em universidades e festivais. Desde 1988 é professor da Faculdade de Música da Universidade do Estado da Louisiana.

23/7 - QUARTA 21h - Orquestra Experimental de Repertório, Auditório Cláudio Santoro. R$ 10

24/7 - QUINTA 16h - Grupo de Metais e Percussão do Festival, Praça do Capivari. Grátis 21h - Jean-Louis Steuerman, piano, Auditório Cláudio Santoro. R$ 20

25/7 - SEXTA 19/7 - SÁBADO 12h30 - Música de câmara, Praça do Capivari. Grátis 15h30 - Música de câmara, Igreja Nossa Senhora da Saúde. Grátis 16h - Banda Sinfônica, Praça do Capivari. Grátis 16h30 - Michael Collins, clarinete, Capela do Palácio Boa Vista. R$ 30 Michael ganhou o primeiro concurso Músico Jovem do Ano da BBC aos 16 anos e aos 22 estreou no Carnegie Hall.

22/7 - TERÇA 17h - Música de câmara, Igreja São Benedito. Grátis 21h - Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo com Dennis Parker no violoncelo, Auditório Cláudio Santoro. R$ 10

18h - Música de câmara, Capela do Palácio Boa Vista. R$ 10 21h - Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, Auditório Cláudio Santoro. R$ 20

26/7 - SÁBADO 12h30 - Orquestra Pão de Açúcar, Praça do Capivari. Grátis 15h30 - Concerto dos Professores do Núcleo de Música Antiga da ULM,

Igreja Nossa Senhora da Saúde. Grátis 16h - Orquestra de Metais Lyra de Tatuí, Adalto Soares, regente, Praça do Capivari. Grátis 16h30 - Música de Câmara, Classe de Piano do Festival, Capela do Palácio Boa Vista. R$ 10 21h - Orquestra Acadêmica, Kurt Masur como regente, Auditório Cláudio Santoro. R$ 30

27/7 - DOMINGO 17h - Orquestra Acadêmica, Kurt Masur, regente, Sala São Paulo. R$ 30

ENDEREÇOS

Auditório Cláudio Santoro Av. Dr. Luís Arrobas Martins, 1.880, Alto da Boa Vista, tel.: (12) 3662-2334 Capacidade: 852 lugares

Concha Acústica da Praça do Capivari Praça do Capivari, s/nº, Capivari Capacidade: 1.500 pessoas sentadas

Capela do Palácio Boa Vista Av. Dr. Adhemar de Barros, 3.001, Alto da Boa Vista, tel.: (12) 3662-1122 Capacidade: 120 lugares

Igreja Santa Terezinha Rua Thadeu Rangel Pestana, 662, Abernéssia, tel.: (12) 3662-1740 Capacidade: 200 lugares

Igreja São Benedito Av. Macedo Soares, s/nº, Capivari, tel.: (12) 3663-1340 Capacidade: 200 lugares

Igreja Nossa Senhora da Saúde Praça Nossa Senhora da Saúde, s/nº, Vila Jaguaribe, tel.: (12) 3662-2919 Capacidade: 200 lugares

Sala São Paulo Praça Júlio Prestes, s/nº, Luz, tel.: (11) 3337-5414, São Paulo Capacidade: 1.501 lugares

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SPvaledoribeira

Investir preservando Governo lança projeto de R$ 224,4 milhões para o Vale do Ribeira e prioriza saneamento básico

Preservação ambiental com desenvolvimento: este é o caminho escolhido para a região do Vale do Ribeira, uma faixa que acompanha o litoral Sul de São Paulo, somando 23 municípios. Do que restou de Mata Atlântica em todo o país, 61% estão no Vale do Ribeira, que tem 68% de seu território tomado por vegetação. Há 42 espécies de animais próprios da região, como o boto-cinza e o mico-leão-de-cara-preta. São mais de 21 milhões de hectares de florestas, outros 150 mil de parques estaduais que abrangem populações quilombolas e indígenas, sítios arqueo-

lógicos e a maior concentração de cavernas do Brasil. Desde 1999, a região – parte em São Paulo, parte no Paraná – é considerada Patrimônio Natural da Humanidade, conforme declaração da Unesco. O projeto de investimento do governo lançado no ano passado prevê R$ 224,4 milhões até o próximo ano, com destaque para as secretarias de Saneamento e Energia (R$ 71,5 milhões), da Saúde (R$ 27,5 milhões), dos Transportes (R$ 68,4 milhões), da Agricultura e Abastecimento (R$ 18,7 milhões) e da Justiça e Defesa da Cidadania (R$ 1,61 milhões).

CARACTERÍSTICAS DA REGIÃO VALE DO RIBEIRA Municípios População (IBGE 2007) PIB (2005 – em milhões) PIB per capita (2005) IDH (2000)

23 403,3 mil* R$ 2.344 R$ 5.962 0,747

Moradora da comunidade quilombola de Nhungara

FOTOS: DIVULGAÇÃO

* Segundo censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população no Vale do Ribeira caiu desde 2000, quando o número de habitantes era de 481.224.

ESTADO

(%)

645 41 milhões R$ 727.052 R$ 17.977 0,814

3,57 0,98 0,32 33,16 **

** Dos dez municípios com menor IDH (Índice de Desenvolvimento por Habitante) no Estado de São Paulo, seis estão no Vale do Ribeira.

Total de Investimentos

R$ 224,4 milhões

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valedoribeira Saneamento

Casa em Pilões:

obstáculos naturais dificultam locomoção de moradores

ABASTECIMENTO ATINGE 99% DA POPULAÇÃO

SANEAMENTO TOTAL DE INVESTIMENTOS R$ 71,5 milhões Apoio do Estado à elaboração dos planos municipais e regional de saneamento R$ 1,4 milhão

Daee

FONTE:SUBSECRETARIA DE GESTÃO ESTRATÉGICAS

Demandas dos municípios do Vale do Ribeira R$ 4 milhões Canalização e captação de águas, construção de galerias fluviais, canalização de córregos, obras de contenção de erosão nas margens de córregos e canalização de canais. Sabesp Investimentos previstos pela Sabesp para a região do Vale do Ribeira até 2010 R$ 65,2 milhões

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A área de Saneamento é uma das prioritárias em investimentos do governo do Estado no Vale do Ribeira. “O abastecimento de água já chega a 99% da população, com 89% de água tratada, índice que deve atingir 95% até o fim de 2009. A Sabesp coleta 62% do esgoto na região, dos quais 86% são tratados. A projeção é que, até 2012, 74% dos dejetos sejam coletados”, explica o engenheiro Jiro Hiroi, gerente do Departamento de Gestão e Desenvolvimento Operacional da Sabesp, na Unidade de Negócios do Vale do Ribeira. Hiroi explica que a região tem 65 sistemas de captação, tratamento e distribuição de água, 23 sistemas de estações de tratamento de água e 26 poços profundos (que captam água mais preservada no meio a rochas). São 118 reservatórios, com 1.283 quilômetros de rede de distribuição de água. Segundo ele, existem parcerias com o Instituto de Pesquisas Energéticas (Ipen) e com a Universidade de São Paulo, campus de São Carlos, que permitem o monitoramento da qualidade da água antes de passar por tratamento. A coleta de esgoto ainda não é tão abrangente como a distribuição de água no Vale do Ribeira. O engenheiro Hiroi lembra que um dos motivos é que a região, apesar de sua extensão, é pouco habitada e existem comunidades pequenas localizadas em povoados muito distantes. O Vale do Ribeira tem 36 Estações de Tratamento de Esgoto

(ETEs), 122 estações elevatórias (que levam o esgoto para as ETEs) e 700 quilômetros de rede coletora. A região é praticamente tomada por áreas de preservação ambiental. Os 23 municípios paulistas, assim como outras cidades do Paraná, fazem parte da bacia do Rio Ribeira do Iguape. O geólogo Ney Ikeda, responsável pelo expediente da Diretoria da Bacia do Ribeira e do Litoral Sul do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), da Secretaria de Saneamento e Energia, ressalta a vocação ambiental do Vale do Ribeira. “Estamos atentos ao monitoramento e aos ajustes de conduta. É um trabalho preventivo, corretivo e também de conscientização, de educação ambiental”, diz Ikeda, que é também secretário-geral do Comitê de Bacia (que é tripartite, com participação de prefeituras, sociedade civil e Estado). O ecoturismo é uma forma de sustentabilidade da população do Vale do Ribeira. Além de cavernas, a região tem outras atrações turísticas, como os botos, que podem ser vistos no canal que separa o continente da Ilha do Cardoso, em Cananéia. Os turistas ainda têm como atração as pescarias na bacia do Ribeira do Iguape. “O rio não é tão piscoso, mas temos robalo e mandi, além de espécies que foram trazidas, como pintado e pacu”, diz Ikeda, que é pescador. “O robalo vai do mar para os rios. Sobe 74 quilômetros pelo Juquiá até o Ribeira”, explica.

SAÚDE TOTAL DE INVESTIMENTOS R$ 27,5 milhões

Saúde

CONSAÚDE DÁ SALTO DE QUALIDADE A ATENDIMENTOS O Consaúde é o maior destaque para a região do Vale do Ribeira. Trata-se de um consórcio que gerencia as unidades hospitalares públicas. Com o programa, houve um salto de qualidade no atendimento. O Hospital Regional do Vale do Ribeira é o maior e fica em Pariqüera-Açu. O São João, em Registro, é uma unidade filantrópica e também recebe recursos do governo do Estado pelo PróSanta Casa. O governo estadualizou o Hospital de Itanhaém, que não pertence à região do Vale do Ribeira, mas faz atendimento àquela população. O Consaúde vai obter também recursos para a compra de forno, e equipamentos utilizados para a esterilização, trituração e compactação de resíduos coletados em hospitais, clínicas, con-

sultórios, pronto-socorros e farmácias. O equipamento será instalado em Pariqüera-Açu. Até então, todo o serviço era terceirizado pelos municípios. Outro ponto importante para a região foi a instalação da Casa da Gestante, ligada ao hospital de Pariqüera-Açu. Como a região é grande, há muitas pequenas comunidades que estão distantes das unidades de saúde. Além dos deslocamentos entre os vilarejos, os pacientes viajam até 150 quilômetros para chegar às cidades. Quando as mulheres estão perto do momento do parto, têm dificuldade para ir às consultas. A Casa da Gestante vai acolher essas mulheres. Após o parto, elas poderão ficar instaladas com seus filhos na Casa da Getante, caso os nenês necessitem de cuidados médicos.

Programa Dose Certa Será aumentada em 50% a cota dos medicamentos Dose Certa para os 23 municípios do Vale do Ribeira. A região recebia um total de R$ 5,3 milhões e vai passar a receber R$ 7,93 milhões. Entrega de 18 vans e 3 ambulâncias Estadualização do Hospital de Itanhaém Criação do ambulatório cirúrgico do Hospital São João (Registro) Investimento R$ 489 mil Instalação da Unidade de Retaguarda Hospitalar do Hospital São João (Registro) Investimento R$ 200 mil Construção da Casa da Gestante Investimento R$ 243 mil Aquisição de equipamento para o Consaúde Investimento R$ 300 mil Instalação do Ambulatório Descentralizado de Especialidades, em Apiaí Investimento R$ 210 mil

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valedoribeira

REGLARIZAÇÃO FUNDIÁRIA TOTAL DE INVESTIMENTOS

O desgaste dos pacientes devido às longas distâncias e muitas barreiras geográficas, como riachos e montanhas (características da região), motivaram a entrega de 21 veículos de transporte de pacientes. As 18 vans levam passageiros para consultas e exames ambulatoriais e as três ambulâncias são

reservadas para o transporte de pacientes com enfermidades mais graves. Parte do investimento com a Saúde foi para o programa Dose Certa, ampliando em 50% a distribuição de medicamentos na região. A região recebia R$ 5,3 milhões em remédios e agora vai receber R$ 7,93 milhões.

Casa em comunidade quilombola do Vale do Ribeira

R$ 1,61 milhão Reconhecimento de 11 comunidades de quilombos: 3 entregues em 2007 4 em 2008 3 em 2009 Investimento de R$ 250 mil Convênios com cinco municípios para regularização fundiária (programa Minha Terra): Apiaí, Cajati, Pariqüera - Açu, Registro e Sete Barras R$ 280 mil Entrega de 821 títulos em cinco municípios (Jacupiranga, Iguape, Cajati, Sete Barras e Apiaí) Cadastro de terras e regularização fundiária em 17 municípios Convênio com o Ministério de Desenvolvimento Agrário R$ 300 mil Levantamento topográfico e de cadeia dominial de imóveis públicos federais localizados em comunidades remanescentes de quilombos em convênio com o Incra R$ 422.265

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Moradia

PEQUENOS DONOS DE TERRAS GANHAM ESCRITURAS A Fundação Instituto de Terras de São Paulo (Itesp) tem feito a regularização judiciária de terras de pequenos sitiantes, que têm a posse legal da área, mas que não possuem o título de proprietários. Trata-se do programa Minha Terra, desenvolvido pela Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania. O Itesp estima que no período entre 2007 e 2009, 821 títulos sejam entregues. Até o mês passado, 544 posseiros já estavam com a situação legalizada. Desde 1983, o governo do Estado regularizou mais de 22 mil propriedades. Segundo o diretor-executivo do Itesp, Gustavo Ungaro, boa parte do território do Vale está inserida em área de proteção ambiental, por isso, o trabalho de demarcação de terras muitas vezes é difícil de ser realizado. “A mata fechada é um fator de dificuldade no trabalho de campo. Temos 30 profissionais para demarcação, com delimitação de terras e cadastramento especificamente na mata, muitos deles mateiros. Todos com roupas e calçados apropriados para enfrentar obstáculos naturais como

cursos d’água”, explica. O Itesp tem outras parcerias, como explica seu diretor-executivo: “Com o Incra, por exemplo, que faz a desapropriação das áreas improdutivas com o laudo do Itesp. No caso de quilombos, se estão em área particular, é o Incra que precisa desapropriar; se estão em terras devolutas, é com o Estado.” No caso do Vale do Ribeira, há imóveis públicos federais localizados principalmente em comunidades remanescentes de quilombos: Fazenda Valformoso, em Sete Barras; Fazenda São Paulo, em Pedro de Toledo, e os quilombos em Iguape, Iporanga, Eldorado e Miracatu. Para o período entre 2007 e 2009, ainda está previsto o reconhecimento de 11 comunidades quilombolas. Das 21 comunidades reconhecidas pelo Itesp no Estado, 15 estão no Vale do Ribeira – em Eldorado, Iporanga, Itaóca e Cananéia – com 651 famílias. O reconhecimento, por relatório técnico-científico, é o primeiro passo para a garantia do direito de propriedade da terra ocupada.

Transporte

PATRULHA RODOVIÁRIA É SOLUÇÃO PARA EMERGÊNCIAS A entrega de uma nova patrulha rodoviária era uma antiga reivindicação atendida pelo governo do Estado. Segundo o superintendente do Departamento de Estradas de Rodagens (DER), Delson Amador, trata-se de um conjunto de equipamentos, com máquinas e caminhão, que são utilizados para resolver problemas emergenciais, em caso de bloqueio das estradas. A patrulha está sediada em Pariqüera-Açu. O tráfego intenso e pesado é o que caracteriza a BR-116, que corta o Vale do Ribeira. A estrada é concessão federal, mas há previsão de investimentos para a sua recuperação e a duplicação do trecho da Serra da Macaca. “A área toda é carente de um sistema viário eficiente, por restrições de natureza ambiental. São muitas vias municipais e estaduais de terra”, diz Amador. O primeiro foco de atenção é o gargalo de tráfego que se forma entre a BR-116, que vem do Sul do país, e a SP-55, que passa por

Itanhaém, Peruíbe e Mongaguá, rumo a Santos, interligando o trecho da BR-101, a Rio-Santos. O segundo ponto de atenção é a limitação da interligação do Alto Vale do Ribeira com o Baixo Vale do Ribeira, que são quase isolados, com vias consideradas apenas aceitáveis. Segundo o superintendente, estão sendo pavimentadas estradas vicinais de terra para melhorar o trajeto de Itapetininga e Sorocaba para o Baixo Vale do Ribeira, no litoral. Como no Vale do Ribeira chove muito, as obras são demoradas. “Em cada estrada é preciso fazer a drenagem em todo o percurso. E, muitas vezes, esse trabalho é feito em solo montanhoso”, diz José Roberto Perosa Ravagnani, diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo (Codasp), ligada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento. As obras fazem parte do programa Melhor Caminho, para a recuperação de estradas rurais.

TRANSPORTES TOTAL DE INVESTIMENTOS R$ 68,4 milhões Obras em 143,15 quilômetros Recapeamento da estrada vicinal Conchal Branco (Sete Barras STB-361 Eldorado ELD-252) Em processo de licitação. Investimento R$ 14 milhões Fase II (Pró-vicinais) R$ 45,4 milhões Codasp - Programa Melhor Caminho Atendimento nos 23 municípios do Vale do Ribeira 134,85 quilômetros perenizados Investimento R$ 8.6 milhões

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SPbastidores Quando o príncipe herdeiro do Japão, Naruhito Kotaishi Denka, pisou no penúltimo degrau da escadaria do hall nobre do Palácio dos Bandeirantes, no último 21 de junho, provavelmente não fazia idéia de que os preparativos para recebê-lo haviam começado meio ano antes. Logo após vencer o derradeiro degrau coberto por um tapete vermelho, Naruhito foi recebido pela chefe da equipe do Cerimonial, Cláudia Matarazzo, responsável por toda a organização da cerimônia banquete. Conforme manda a tradição, Cláudia curvouse 45° diante do futuro imperador, sem olhar fixamente nos seus olhos. Atencioso, príncipe Naruhito estendeu a mão para cumprimentá-la, quebrando o protocolo. Receber um chefe de Estado não é tarefa simples. Quem vê as comuns trocas de presentes entre os representantes de dois países, não imagina o que está por trás de tudo aquilo. A equipe do Cerimonial pensa em todos os detalhes, desde a segurança até a alimentação do convidado. No caso de um príncipe, os cuidados dobram.

Sem cerimônia

Origamis com nomes das famílias japonesas que chegaram ao Brasil há cem anos

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FOTOS: EDUARDO ANIZELLI/NA LATA

Equipe do Cerimonial do governo trabalha seis meses para preparar recepção digna do herdeiro do trono japonês, o príncipe Naruhito

Em se tratando de personalidade japonesa, fruto de uma cultura oriental detalhista, os cuidados triplicam. Para que não ocorressem conflitos culturais, o Cerimonial contou com a ajuda da consultora em cultura japonesa Lumi Toyoda. Ela diz que apesar de a culinária japonesa estar em alta por aqui, os brasileiros conhecem pouco a cultura daquele país. Em palestras, explicou ao pessoal do Cerimonial tudo sobre o Japão. “Mostrei quem são os japoneses e o que fazem”, diz Lumi. Um dos ensinamentos é que jamais deveria-se olhar fixamente nos olhos do príncipe. “Isso é uma questão de respeito. Eles são assim com os mais velhos ou quem está numa posição superior.”

Revisão Quando o herdeiro do trono japonês chegou ao Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, o mais difícil já havia passado. Segundo um dos membros da equipe do Cerimonial, Mário Ameni, o esquema de segurança para receber Naruhito foi um dos maiores já realizados pelo governo do Estado.

Viola que o governador deu de presente ao príncipe

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junto. A Federal fez a segurança direta, com a equipe do príncipe. A Militar foi responsável pela ordem em todos os lugares em que ele passou. A Civil, por sua vez, fez investigações contra possíveis atentados.

Segurança

Filé de vitela com purê de mandioquinha fizeram parte do cardápio; e as responsáveis pela recepção Lumi Toyoda, Paula Mesquita e Cláudia Matarazzo

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“Existe um código internacional de segurança. A cada personalidade é atribuído um grau”, afirma. A graduação está diretamente ligada à importância da personalidade. “O príncipe é único. O imperador não tem outro filho e nem terá. Por isso, ele tem o nível mais alto de graduação neste código”, explica Ameni. Para que tudo funcione corretamente, as polícias trabalham em con-

Porém, o trabalho de segurança não se resume a inibir a ação de possíveis franco-atiradores, mas também de evitar acidentes. “Se ele escorregar numa escada, vai parar no hospital”, exemplifica Mário Ameni, do Cerimonial. O veículo utilizado pelo príncipe passou por uma revisão detalhada e o quarto onde dormiu foi vistoriado. Apesar de pensar em todos os detalhes, os anfitriões estão preparados para qualquer acidente com o visitante. No caso do príncipe, foram reservados litros de sangue, compatíveis ao seu tipo sangüíneo. Dentro do Palácio, é hora de trocar os presentes. Apenas Serra e Naruhito

puderam entrar no elevador que os levou até o primeiro andar. O príncipe foi presenteado com uma viola e um violino feitos por alunos do Conservatório de Tatuí, no interior do Estado. Além disso, ele ganhou uma versão do livro Flicts, de Ziraldo, traduzida para o japonês. A escolha dos presentes foi minuciosa. Segundo Cláudia Matarazzo, a opção foi feita pensando na personalidade do príncipe. “Ele é apaixonado por música. É uma pessoa jovem e moderna”, afirma. A decisão foi certeira. Os presentes fizeram o príncipe quebrar o protocolo, mais uma vez. Surpreso e emocionado, ele disse que não esperava receber um presente tão bonito, e que dará a viola para sua filha, de 6 anos e iniciante na música. O gosto do príncipe pela música também recebeu atenção especial durante a ceia. O Quarteto de Música Camargo Guarnieri e a violinista Elisa Fukuda tocaram obras de Mozart e de Villa-Lobos durante o jantar para cerca de 300 convidados. O jantar foi organizado por Micaela Marcovici, também do Cerimonial. Ela afirma que a decoração foi pensada de uma forma que o príncipe se sentisse no Brasil. “Não podíamos tocar música japonesa”, afirma. Até o guardanapo era especial, continha desenhos de pontos turísticos da cidade, como o Masp e a Pinacoteca. Um detalhe curioso era a mesa em que o príncipe e o governador se acomodaram, com nada menos do que seis metros de comprimento por dois de largura. “Foi para que ninguém ouvisse o que os dois conversaram”, diz Micaela. Nenhum convidado pôde sentar-se em frente a Naruhito. O cardápio foi elaborado pela especialista Paula Mesquita. Entre as delícias que o príncipe provou esta-

DIVULGAÇÃO

bastidores

vam palmito assado com vinagrete de jaboticaba e medalhões de filé de vitela com purê de mandioquinha. A sobremesa foi mousse de manga com estrelas de carambola. “Pensei algo delicado, que não agredisse seu estômago”, afirma Paula.

Tudo certo. Satisfeito com a recepção, príncipe Naruhito sentiu-se à vontade para tocar com o conjunto presente

Especialista Naruhito quebrou o protocolo diversas vezes durante a visita. Para Cláudia Matarazzo, isso não é algo ruim. “O protocolo é apenas um roteiro. Se souber fugir corretamente, perfeito. Tem gente que é mestre nisso.” E Naruhito mostrou que é expert em quebrar corretamente o protocolo. Após o jantar, ele juntou-se aos músicos para tocar o primeiro movimento da Serenata Noturna de Mozart. Usou um violino do grupo, não o que havia acabado de ganhar, mas foi o modo que ele encontrou de agradecer a recepção em sua última noite na capital paulista. julho 2008 SPnotícias

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RENATO STOCKLER/NA LATA

SPpersonagemdomês

Paixão pela língua Marina Sartori Toledo é uma das responsáveis por colocar o Museu da Língua Portuguesa entre os mais visitados do país Uma construção sóbria, escadas e pilastras de madeira, detalhes barrocos. O prédio da Estação da Luz, herança inglesa, guarda uma das mais bem-sucedidas histórias de união entre arte, educação e conservação já conhecidas no Brasil. Com pouco mais de dois anos de existência, o Museu da Língua Portuguesa tem à frente de seu núcleo educativo uma mulher intrigante. Aos 51 anos, Marina Sartori Toledo é uma das grandes responsáveis por colocar o museu no topo dos mais visitados em todo país. A fala calma e os gestos contidos escondem, à primeira vista, todo entusiasmo de quem vê um desafio a cada canto. Uma paixão que tem pela rotina dentro do museu, pela equipe, pelos resultados, pela língua, pela arte... Convidada a assumir o cargo em abril de 2007 pelo superintendente do museu, Antonio Carlos de Moraes Sartini, a coordenadora viu-se diante de um desafio. “A arte sempre fez parte da minha vida. Mas, mais do que isso, valorizo a educação”, diz sobre o que a motivou a aceitar assumir o cargo. Paulistana orgulhosa, Marina integrou o núcleo educativo do Museu Afro-Brasil, participou de exposições temporárias e trabalhou com figurino para espetáculos teatrais e óperas. Em seu último trabalho, foi responsável pelas ações de arte-educação do projeto MAM na OCA. “A tradição de

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arte-educação no Brasil começou nos museus”, explica a também professora de artes que há 20 anos já insistia em excursionar com seus alunos pelos museus da cidade. Hoje, Marina tem como função principal a mediação entre a instituição e o público. Líder de uma equipe de 20 educadores, arquiteta formas de ampliar a visão de todos que passam pelo museu. Todas as semanas são formados grupos de estudo, debates, propostas de reflexão com a equipe. Tudo para formar agentes provocadores do olhar do visitante. Além do treinamento, Marina faz a ponte entre outras instituições e empresas privadas que planejam fazer visitas; propõe diálogos com acervos de outros museus; desenvolve material gráfico de apoio para professores; e coordena eventuais cursos que o museu oferece. “Quero que as pessoas venham ao museu e tenham vontade de voltar. Vamos criar mais ações de relação com o público, em que o lúdico será fundamental. Nunca trabalhei com educação sem a ludicidade, sem a relação emocionalafetiva com as pessoas”, explica. É mais uma prova de que a paixão não é limitada às relações sentimentais. “Eu sou assim. Busco o brilho nos olhos. Tem de curtir muito o que se faz. Tem de ter paixão pela língua e pelo conhecimento.”

“Quero que as pessoas venham ao museu e tenham vontade de voltar”

Marina Toledo tem a função de formar agentes provocadores do olhar do visitante


SPoEstadoemnúmeros EDUCAÇÃO

CENTRO PAULA SOUZA Escolas técnicas Ensino técnico

Faculdades de tecnologia

Ensino médio

Ensino superior tecnológico

39

5 milhões

7.961

Vagas para o 2º semestre de 2008

4.170

Vagas em 2007

Vagas em 2008

Vagas em 2007

Vagas para o 2º semestre de 2008

de kits escolares em 2008

2007

2008

ACESSA SP

de usuários cadastrados

estabelecimentos cadastrados

504.928.563

documentos fiscais registrados com CPF ou CNPJ do consumidor do projeto da nota Fiscal Paulista HOSPITAIS ESTADUAIS 2006 621.682 181.812.687

2007 671.386 225.468.354

15 mil

computadores adquiridos para as escolas desde jan/2008

1,4 milhão

320.221

6.990

16

novas unidades da CDHU desde jan/2007

novas unidades desde 2007

5 milhões

7.255

NOTA FISCAL PAULISTA (até 27 de junho)

Ano Internações Atendimentos Laboratoriais

de alunos

26

13.208

Vagas em 2007

escolas existentes

33.987

29.037

5.537

Número de unidades

FUNDAÇÃO CASA

HABITACÃO

Mais de 3.500

computadores espalhados pelo Estado

406

postos em 353 municípios

Convênios de obras escolares - parceria Estado município

R$ 60,4 milhões

a meta é atingir

64

POUPATEMPO

até 2010

25.891.213 atendimentos em 2006

ESTRADAS RURAIS

27.854.384 atendimentos em 2007

1.200 km

recuperados pelo “Melhor Caminho” desde jan/2007

9.091.725 atendimentos até abril/2008

em 2007

R$ 34,6 milhões

HOMICÍDIO DOLOSO ESTADO DE SÃO PAULO (POR 100 MIL HABITANTES)

até junho/2008 35,66

1.852

escolas já passaram por alguma obra

33,54 30,66 30,25

33,79

32,78

30,77 28,04 22,52

DOSE CERTA Em 2007 37 tipos de remédios distribuídos

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Em 2008 60 tipos de remédios distribuídos

Dos 30 novos medicamentos

24 para saúde mental 6 contraceptivos

Verba destinada a ampliação, construção de escolas novas e reformas de unidades desde janeiro de 2007

17,56 14,85 11,92

10,39

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SPagenda SISTEMA PRISIONAL

O QUE FOI NOTÍCIA

O governo do Estado entregou no mês passado o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Serra Azul, no interior, com capacidade para abrigar 768 detentos. A nova unidade vai abrigar presos provisórios e desativar cadeias existentes em delegacias da região. No início deste mês, foi inaugurado outro CDP no litoral Norte, em Caraguatatuba, com o mesmo número de vagas. A unidade será ocupada por presos de Caraguatatuba, Cachoeira Paulista, Guaratinguetá, Jacareí, Lorena, Taubaté e Ubatuba. Ainda neste mês, o governo do Estado abre outras 1.024 vagas nos CDPs III e IV de Pinheiros, na capital. Serão transferidos para as duas unidades detentos que aguardam julgamento.

DIVULGAÇÃO

AGASALHO

GRAFITE O professor do Senac Rui Amaral está dando aula a interessados em fazer grafite nos muros da estação de trem da Lapa, na capital. A estação é a pioneira no trabalho de arte no muro. Seus alunos estão trabalhando nos fins de semana em um painel na plataforma 1, embarque sentido Itapevi. A grafitagem já cobre dois muros da estação; um de 50 metros e outro de 100 metros. No painel que está sendo feito há vários desenhos, que, segundo o professor, serão integrados. O Projeto Grafite foi uma forma encontrada pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) de evitar o vandalismo ao longo da rede.

SANGUE A Secretaria de Estado da Saúde abriu no mês passado a primeira campanha de doação de sangue no inverno. A cantora Leci Brandão estrela a campanha Neste inverno doe sangue, salve vidas. O objetivo é aumentar o estoque de sangue, que nessa época do ano cai 30%, e sensibilizar a população sobre a importância da doação regular. A lista de endereço dos postos de coleta de todo o Estado pode ser consultada no site da Secretaria de Estado da Saúde: www.saude.sp.gov.br.

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SAÚDE Os funcionários da Secretaria da Saúde tiveram reajustes salariais que variam de 8,84% a 73% no mês passado. A medida beneficiará cerca de 80 mil pessoas; 60.639 servidores ativos e 10.750 inativos. Haverá ainda a incorporação de duas gratificações ao salário-base – a Gratificação Extra, de R$ 25,36, e a Gratificação de Assistência e Suporte à Saúde, de R$ 60. Os reajustes nos salários-base foram de 17% a 37%, além do Prêmio de Incentivo (PIN).

EDUCAÇÃO O salário dos professores da rede tiveram reajuste salarial de 12,2% no salário-base. O piso do professor PEB 1 (1ª a 4ª série), em 40 horas semanais, passa de R$ 1.166,83 para R$ 1.309,17; do professor PEB 2 (5ª a 8ª série e Ensino Médio), em 40 horas semanais, subiu de R$ 1.350,75 para R$ 1.501,50. O reajuste do piso e a incorporação da Gratificação do Trabalho Educacional (GTE) beneficiam os servidores ativos e inativos. O reajuste também vale para diretores, supervisores e funcionários do quadro de apoio.

A Campanha do Agasalho arrecadou 20 milhões de peças neste ano. As roupas e cobertores serão doados a duas mil entidades do Estado. A primeira-dama, Monica Serra, participou da distribuição no centro da capital nas associações Pestalozzi e Allan Kardec. Além das doações, a campanha contou com o apoio das escolas de samba Mocidade Alegre, Unidos de Vila Maria e Vai-Vai. Dez profissionais de cada escola produziram agasalhos com matéria-prima recebida pelo Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo (Fussesp).

NA ESTRADA Começou em 20 de junho e vai até 3 de agosto a Operação Inverno 2008, com atenção especial para a Rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro (SP-123), que dá acesso a Campos do Jordão. A operação é realizada pela Secretaria de Estado dos Transportes e mobiliza 1.832 profissionais em todo o Estado, além de 4 mil policiais rodoviários. O DisqueDER (08000-555510) está à disposição dos usuários, que podem encontrar informações sobre as condições das estradas no site www.der.sp.gov.br. O DER tem 62 novos bafômetros para reforçar a operação.

PROGRAME-SE POUPATEMPO MÓVEL • Grande São Paulo – até 2 de agosto, as unidades móveis ficarão nos postos fixos Sé, Santo Amaro, Itaquera e São Bernardo do Campo • Poupatempo Itaquera Local: Rua do Contorno, 60 Horário de atendimento: das 8h às 18h, e aos sábados das 8h às 13h • Poupatempo São Bernardo do Campo Local: Rua Nicolau Filizola, 100, Centro. Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h às 13h • Poupatempo Sé Local: Praça do Carmo, s/nº Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h às 13h • Poupatempo Santo Amaro Local: Rua Amador Bueno, 176/258 Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 16h30, e aos sábados, das 9h30 às 13h • Interior Registro: de 15 a 19 de julho Local: Praça dos Expedicionários, s/nº, Centro. Horário de atendimento: de segunda a sábado, das 9h às 17h Marília: de 15 de julho a 2 de agosto

Local: Av. Brasil, s/nº, Centro Horário de atendimento: de segunda a sábado, das 9h às 18h Ilha Solteira: de 15 a 26 de julho Local: Praça dos Paiaguás, 86, Centro Horário de atendimento: de segunda a sábado, das 9h30 às 16h30 CULTURA Festival de Inverno de Campos de Jordão (ver página 30) Coleção Brasiliana: Versões e Narrativas Data: até 14/9 Local: Pinacoteca do Estado Praça da Luz, 2 – Luz/SP R$ 4 e meia entrada/Grátis aos sábados Inside e Oidaradio Data: até dia 20 Local: Paço das Artes - Av. da Universidade, 1, Cidade Universitária/SP Grátis EDUCAÇÃO 17 e 18/7 – Lista de classificação do Vestibulinho Etec 2º semestre de 2008 21/7 – Convocação do Vestibular Fatec 2º semestre 2008 ESPORTES 52º Jogos Regionais Data: até o dia 13 Informações: www.selt.sp.gov.br

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agenda O QUE FOI NOTÍCIA

100 ANOS DE IMIGRAÇÃO O mês de junho foi marcado por comemorações do aniversário de 100 anos da imigração japonesa no Brasil. A principal atração foi a vinda do príncipe herdeiro japonês Naruhito ao Brasil. Para recepcioná-lo na capital paulista, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) fez uma apresentação na Sala São Paulo.

O Horto Florestal está com exposição sobre a imigração. São maquetes de templos e palácios japoneses que podem ser vistos até o dia 30 de setembro, nos fins de semana e feriados. As obras reproduzem castelos, santuários, as ruínas de um palácio e o portal de um antigo palácio e de um memorial, construídos nos séculos 5 e 17. A entrada é franca. Informações: (11) 21938282, site www.acervo.sp.gov.br.

A Ação Cultural do Metrô do mês passado foi marcada por exposições de fotos e de objetos de arte referentes ao centenário da imigração japonesa. Entre os autores das obras estavam Manabu Mabe, Akinori Nakatani, Alzira Cattony. Houve também apresentações de música, dança, taikô (tambor japonês) e oficinas de origami (dobraduras de papel) nas estações da Sé, Tatuapé, Liberdade, Imigrantes e Santa Cecília.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

APRESENTAÇÃO Concerto da Osesp, regido pelo maestro John Neschling, no dia 19 de junho. No repertório da apresentação, a orquestra tocou o Concerto para Piano nº2 em si bemol maior, Op. 83, de Johannes Brahms, e a obra A Sagração da Primavera (acima), de Igor Stravinsky. O concerto foi organizado exclusivamente para a recepção do príncipe japonês Naruhito participasse.

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Durante todo o mês, obras de artistas japoneses e nipo-brasileiros consagrados como Yoshiya Takaoka, Tomoo Handa, Yuki Tamaki, Tomie Ohtake, Manabu Mabe, Tikashi Fukushima ficarão expostas no Palácio dos Bandeirantes. A exposição Presença japonesa na arte brasileira: da figuração à abstração apresenta trabalhos de 50 artistas. São 80 obras que ficarão expostas até o dia 31 agosto. Informações: (11) 2193-8282. Agendamento: www.acervo.sp.gov.br (para grupos com mais de 10 pessoas).


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