Revista SP Notícias No. 01

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SPnotícias ANO 1

NÚMERO 1

JUNHO DE 2008

Ensinodequalidade

A GRANDE META Instituto do Câncer nasce para ser referência

Mobilização da PM para a final de um campeonato

Cai número de homicídios em São Paulo

R$ 382 milhões de investimentos para o Sudoeste


editorial

Este é o primeiro número da revista SPnotícias, veículo de comunicação interna mensal do governo do Estado de São Paulo que tem o objetivo de informar sobre as ações da administração estadual. Inauguramos a revista com o lançamento do Índice de Desenvolvimento da Educação, o Idesp. O índice é parte de um programa mais abrangente traçado pela Secretaria da Educação, em 2007, que tem como meta elevar o nível de qualidade do ensino da rede estadual. Em entrevista, o secretário de Economia e Planejamento, Francisco Vidal Luna, fala sobre o Plano Plurianual do Estado. Entre as prioridades do governo estão o maior acesso da população à assistência médica e o lançamento do Ambulatório Médico de Especialidades (AME). A inauguração do Instituto do Câncer, na capital, faz parte do plano de saúde do governo do Estado. O hospital foi construído com a missão de se tornar referência em pesquisas, levando-se em consideração que a doença é a segunda que mais mata no mundo. No Brasil, as taxas de mortalidade se concentram nas camadas mais jovens da população, especialmente entre os homens, e o motivo é a violência. No Estado de São Paulo, entretanto, dados da Secretaria da Segurança Pública vêm mostrando quedas sucessivas do total de homicídios. A estatística mais recente, do primeiro trimestre deste ano, mostra nova redução, de 9% em relação ao mesmo período de 2007. Desde 1999, a queda supera 66% em todo o Estado. A revista deste mês traz ainda os bastidores de como a Polícia Militar garantiu a segurança na final do Campeonato Paulista de Futebol. O desenvolvimento regional, outra prioridade do governo, é o foco de reportagem sobre o Plano de Investimentos do Sudoeste Paulista, que levará investimento de R$ 382 milhões a uma das regiões mais pobres do Estado. A edição traz ainda o reajuste dos pisos regionais e uma entrevista saborosa com a professora Oralina Lopes Del Vecchio, a mais antiga da rede estadual, que agora se despede da sala de aula para se aposentar. Boa leitura e até o mês que vem. A Redação

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THALES STADLER

SPsumário

Ano 1 | Nº 1 | 2008 11.000 exemplares Distribuição estadual

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Governador José Serra Vice-governador Alberto Goldman Secretaria Estadual da Administração Penitenciária Antônio Ferreira Pinto Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento João de A. Sampaio Filho Secretaria Estadual da Assistência e Desenvolvimento Social Rogério Pinto Coelho Amato

6 ENTREVISTA O secretário de Planejamento, Francisco Vidal Luna, fala sobre o Plano Plurianual

Secretaria Estadual da Casa Civil Aloysio Nunes Ferreira Filho Secretaria Estadual da Casa Militar Coronel PM Luiz Massao Kita Secretaria Estadual de Comunicação Bruno Caetano

26 SEGURANÇA

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Caem os índices de homicídios em São Paulo

Secretaria Estadual da Cultura João Sayad

CAPA Secretaria da Educação lança o Idesp, índice que estabelece metas para as escolas da rede

30 SALÁRIO

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32 SUDOESTE Governo investe R$ 382 mi na região

SAÚDE Com perfil de excelência, é inaugurado Instituto do Câncer

46 FOI NOTÍCIA Virada Cultural reúne 657 mil pessoas

Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho Guilherme Afif Domingos Secretaria Estadual de Ensino Superior Carlos Alberto Vogt Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Turismo Claury Santos Alves da Silva Secretaria Estadual da Fazenda Mauro Ricardo Machado Costa Secretaria Estadual da Gestão Pública Sidney Beraldo Secretaria Estadual da Habitação Lair Alberto Soares Krähenbühl Secretaria Estadual da Justiça e Defesa da Cidadania Luiz Antônio Marrey

48 PERSONAGEM

Secretaria Estadual do Meio Ambiente Francisco Graziano Neto

Professora Oralina Lopes conta a sua história

Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência Linamara Rizzo Battistella BRUNO MIRANDA/NA LATA

EM NÚMEROS

Secretaria Estadual de Economia e Planejamento Francisco Vidal Luna Secretaria Estadual da Educação Maria Helena Guimar es de Castro

Sobe o piso regional

50 O ESTADO

Secretaria Estadual de Desenvolvimento Alberto Goldman

Secretaria Estadual de Relações Institucionais José Henrique Reis Lobo Secretaria Estadual de Saneamento e Energia Dilma Seli Pena Secretaria Estadual da Saúde Luís Roberto Barradas Barata Secretaria Estadual da Segurança Pública Ronaldo Augusto Bretas Marzagão Secretaria Estadual dos Transportes Mauro Arce

BASTIDORES Detalhes de como a Polícia Militar se organiza para uma final de campeonato de futebol

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Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos José Luiz Portella A revista SPnotícias é uma publicação mensal do Governo do Estado de São Paulo, distribuída gratuitamente. Seu conteúdo é informativo e sua venda é proibida.

www.saopaulo.sp.gov.br Impressão:

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THALES STADLER

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SPentrevista

“Queremos oferecer transporte de qualidade” Francisco Vidal Luna, secretário de Economia e Planejamento, explica as principais ações do governo

FOTOS: THALES STADLER

O trem em São Paulo será metrô de superfície. Essa é uma das ambiciosas metas do governo do Estado que constam como prioridade no Plano Plurianual (PPA), traçado em fevereiro com validade até 2011. Em entrevista a SPnotícias, Francisco Vidal Luna, secretário de Economia e Planejamento, explica como o governo pretende melhorar a qualidade do transporte coletivo. Luna explica quais das ações continuam com Serra governador. Fala ainda sobre obras como a dos trechos Sul e Leste do Rodoanel, a recuperação de estradas vicinais, a urbanização de favelas, o novo papel da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e a ampliação das escolas técnicas e Fatecs. SPnotícias: Quais pontos o governo do Estado considerou prioritários no Plano Plurianual? Francisco Vidal Luna: Um deles foi a questão do transporte. No metrô, expandimos em 2 quilômetros a linha 2 (Verde), em 4 quilômetros a linha 5 (Lilás) e estamos terminando de construir a linha 4 (Amarela). Até 2010, o sistema ganhará mais 17,6

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quilômetros de trilhos. A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) vai fazer de 150 a 200 quilômetros de metrô de superfície, aumentando a qualidade do transporte sobre trilhos e do serviço oferecido ao usuário. O metrô de São Paulo é comparável com outros sistemas do mundo. Quando comparamos o metrô de superfície, temos algumas

áreas relativamente boas em São Paulo, mas ainda não se compara ao que se encontra em Paris, por exemplo, ou em Nova York. E uma parcela grande dessa rede está sendo modernizada para se transformar efetivamente em metrô de superfície, com qualidade de serviço e com freqüência muito maior do que a que existe hoje. Há algumas áreas da CPTM, por exemplo, em que a freqüência do trem é de oito, dez minutos. No metrô de superfície, tem de ser três, quatro minutos.

Luna: O Estado tem participado de obras na cidade de São Paulo porque entende que são intervenções de caráter metropolitano, e não de caráter municipal. Isso vale para a reformulação da Marginal do Tietê, que será transformada numa via completamente moderna, diferente do que é hoje, uma via que vem sendo adaptada e que tem muitos problemas de circulação. Vamos modernizar a Marginal do Pinheiros e expandir o número de pistas com a participação da AutoBan e da ViaOeste.

SP: Por onde começa essa modernização? Luna: A primeira linha de qualidade é a linha Esmeralda, onde rapidamente vamos ter essa percepção. O governo está comprando um volume enorme de trens, 99 composições. As estações serão reformadas e será modificada toda a sinalização e a via física para fazer o metrô de superfície.

SP: Há outras intervenções feitas em convênio com a cidade? Luna: Temos mais duas obras. Uma é na Avenida dos Bandeirantes, conveniada quando José Serra era prefeito. Haverá duas pistas para caminhões no canteiro central. A segunda obra importante é na Avenida Roberto Marinho, que está dentro da operação urbana Águas Espraiadas. Foi feito um investimento pesado da prefeitura na construção da ponte estaiada (Octavio Frias de Oliveira, na zona Sul). Agora temos uma segunda fase, a de completar outros 6 quilômetros até chegar à Imigrantes. Vamos fazer um túnel de 2,7 quilômetros e, na superfície, onde hoje vivem 12 mil famílias em condições de favela, vamos urbanizar.

SP: Essa prioridade tem em vista os congestionamentos da capital? Luna: Se você perguntar para algumas pessoas de São Paulo o que mais as incomoda, provavelmente a questão do transporte virá em primeiro lugar. São pessoas que hoje têm um sistema de transporte deficiente, e essa dificuldade de locomoção as obriga a utilizar o transporte individual. A solução para o trânsito não vai ocorrer por meio de construção de mais vias, mas por meio de oferta de um serviço de transporte público de melhor qualidade. Isso vem sendo feito pelo governo do Estado. SP: Como o governo do Estado tem contribuído com a prefeitura para melhorar o trânsito da Região Metropolitana?

SP: Quais outras obras o Estado vai fazer na Região Metropolitana? Luna: Outra obra importante é a da Avenida Jacu-Pêssego, iniciada pela prefeitura de São Paulo. A Dersa está fazendo essa obra, que deve ser entregue em junho (neste mês). A avenida vai chegar ao trecho Sul do Rodoanel, na Avenida Papa João 23, no município de Mauá. É uma obra metropolitana, que vai fazer o papel do Rodoanel até o futuro trecho junho 2008 SPnotícias

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entrevista Leste do Rodoanel. SP: Este governo tem a intenção de iniciar o trecho Leste do Rodoanel? Luna: Pretendemos fazer a licitação do trecho Leste até o fim deste ano ou início de 2009. Já fizemos estudos e identificamos que é possível uma concessão, a concessionária recebe o direito de explorar o Rodoanel Leste e a tarifa suporta toda a obra. Os dois primeiros trechos foram feitos por uma obra pública e, neste caso, nós faremos por concessão, como foi o caso da Imigrantes. Ganha a concorrência a empresa que oferecer a menor tarifa. SP: É uma intenção do governo fazer novas concessões para a gestão de estradas no Estado? Luna: Dentre as melhores estradas do Brasil, 20 estão em São Paulo e 18 são concessões públicas. Estamos fazendo licitação para mais 1.763 quilômetro de concessões. São cinco trechos, nas Rodovias Ayrton Senna, Carvalho Pinto, D. Pedro I, Raposo Tavares e Marechal Rondon (dois trechos nesta última). SP: Como é feita a manutenção dos 12 mil quilômetros de estradas vicinais em todo o Estado? Luna: As estradas foram feitas pelo Estado, mas a obrigação de manutenção é do município. E o município não tem condições de fazer a manutenção. De modo geral, essas estradas estão em mau estado de conservação. Antes, havia caminhões pequenos e agora são veículos muito pesados. Estamos fazendo um programa de reforma dessas vicinais. O projeto é reformar 100% das vicinais. Com pouca participação dos municípios e alguma parceria com as usinas. As concessionárias que ganharem a

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concorrência para administrar as grandes rodovias terão a obrigação de fazer a manutenção das estradas vicinais que chegam às rodovias maiores. Depois, temos de expandir esse modelo para outros casos. SP: No interior, especialmente, é difícil encontrar mão-de-obra especializada para determinadas áreas. O ensino técnico do governo tenta suprir parte dessa carência? Luna: Estamos fazendo um programa ambicioso com o Centro Paula Souza, tanto para o Ensino Médio Técnico para com as Fatecs. Com a recuperação da economia, temos carência de profissionais em várias áreas. Em muitos casos, os profissionais estão sendo procurados em outros Estados. O programa vai suprir pelo menos parte dessa demanda e manter São Paulo como uma opção importante em investimentos. Muitas das Fatecs são feitas com convênios com empresas da região onde se estabelecem. Esses convênios fazem com que a empresa estabelecida dê suporte ao Paula Souza, atendendo à demanda local. Estamos duplicando o número de Fatecs (de 26 para 52 unidades) e aumentando o número de alunos em escolas técnicas. São 100 mil alunos a mais nas escolas técnicas (de 77 mil para 177 mil). SP: O governo tem o projeto de construir uma fábrica de medicamentos em Américo Brasiliense. Como está esse processo? Luna: A planta da fábrica está praticamente pronta. Serão fabricados remédios de maior complexidade, a maior parte importada. Estamos pensando em fazer uma Parceria Público-Privada (PPP). Não só pela questão do investimento, mas também para que haja reforço nas pes-

quisas. Em Guarulhos, o governo duplicou a outra fábrica da Furp (Fundação para o Remédio Popular). SP: O AME é parecido com o AMA? Luna: Quando o governador estava na prefeitura, lançou o AMA (Atendimento Médico Ambulatorial). Era uma porta de entrada para tirar a pressão dos hospitais para pequenos atendimentos. No caso do Estado, o que fizemos foi um ambulatório médico especializado. É um minihospital com escala pequena que evita a locomoção da população, principalmente em cidades que não comportam um hospital, no interior. SP: Quando se fala em habitação hoje, pensa-se além da construção de casas, na adaptação de comunidades em áreas ocupadas? Luna: É clara a impossibilidade de se fazer intervenções em grandes concentrações populacionais. Complexos como Heliópolis, Paraisópolis e a favela do Jaguaré são concentrações onde não se justifica mais a retirada dessas populações para outras áreas. Não faria nenhum sentido remover essas famílias dali e levar para áreas periféricas. Além de dificultar a vida das famílias, isso pressionaria o sistema de transportes e de outras áreas, como a de água, de esgoto e de educação. Existe uma consciência de que o que deve ser feito é a urbanização dessas favelas para que se transformem em bairros. SP: A CDHU mudou de perfil? Luna: Estamos modificando radicalmente sua forma de ação. A CDHU não entrava nessa questão de urbanização. Agora estamos entrando. E na construção habitacional, o que nós pretendemos é que gradativamente a CDHU deixe de fazer novas cons-

“A CDHU vai deixar de exercer uma função que não é a sua, a de fazer financiamento de imóveis”

truções diretamente. Na medida em que são habitações de interesse social, queremos atrair o setor privado para fazer a habitação, enquanto o Estado apóia o comprador com subsídios. A CDHU deixa de exercer uma função que não é dela, a de financiar. Era quase uma operação de sistema financeiro, que é a de financiar e depois cobrar. SP: Como o governo avalia a queda nos índices de criminalidade? Luna: Isso é resultado de um esforço que envolve inúmeras ações. As Polícias Civil e Militar estão muito bem aparelhadas. As duas hoje têm equipamentos, todos os instrumentos de trabalho necessários para um serviço eficiente da polícia. O aprimoramento do sistema exige mais inteligência policial. Isso é um programa que já vinha ocorrendo e que estamos fortalecendo. junho 2008 SPnotícias

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SPeducação

Índice de desempenho avalia escolas e estabelece objetivos para a melhoria do ensino

Sem rankings ou classificações entre as escolas boas e ruins. A idéia da Secretaria de Estado da Educação, ao lançar o Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp), é avaliar a situação de cada uma das 5.183 unidades da rede paulista e assim estabelecer metas que devem ser alcançadas até 2030. O projeto é parte das medidas lançadas pelo governo do Estado de São Paulo para pôr em prática as 10 Metas pela Educação, divulgadas em agosto de 2007. “É um indicador simples e de qualidade pedagógica. Um programa que vem na esteira das ações que ocorrem desde o ano passado, quando começaram a ser implementadas reformulações na educação”, diz a secretária da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.

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Secretária Maria Helena está à frente do projeto

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educação

Alunos do 1º ciclo têm melhor nível porque já entraram na escola com sistema educacional mais avançado

Alto nível O objetivo da Secretaria Estadual da Educação é que a rede atinja um alto nível, compatível com os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Francisco Soares, matemático da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), participou da elaboração do Idesp e afirma que o cálculo é feito para descobrir quanto os alunos paulistas têm de melhorar para chegar ao nível dos estudantes de escolas dos países desenvolvidos. “Não queremos que todos os alunos sejam excelentes em todos os níveis, mas também não queremos que muitos fiquem abaixo do básico. É preciso distribuir melhor, respeitar a diversidade, mas não permitir a indigência”, explica o professor. O índice é estabelecido pelo rendimento dos estudantes no Sistema

de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) e pelo fluxo escolar. O Saresp divide os alunos em quatro níveis de proficiência (Abaixo do Básico, Básico, Adequado e Avançado), de acordo com o desempenho em provas de português e de matemática. O exame, que não foi realizado em 2006, voltou a ser aplicado no ano passado para 2 milhões de estudantes. Para a composição do Idesp, o fluxo escolar é determinado pela taxa de aprovação média em cada ciclo (1ª a 4ª série e 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental e 1º ao 3º ano do Ensino Médio). Segundo a secretária, o fluxo a que se refere diz respeito a aprender com qualidade e no tempo certo. A partir de agora, a escola terá um Idesp para cada um dos ciclos: se possuir os três ciclos (da 1ª série do Fundamental ao 3° ano do Ensino Médio), terá três índices e três metas anuais. “Todo aluno tem um direito, que é o de aprender. É preciso haver um indicador que faça o diagnóstico da qualidade da escola e que dialogue sobre o desempenho dos alunos. Nosso objetivo é uma escola inclusiva e o estabelecimento de metas razoáveis”, diz a secretária. A meta de cada escola é individual

CAM I N HO DA QUALIDADE Ciclos

Média do Idesp

Metas para 2030

1ª a 4ª série

3,23

7

5ª a 8ª série

2,54

6

Ensino Médio

1,41

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Segundo o Ministério da Educação (MEC), o ideal para que o ensino no Brasil seja comparado ao dos países pertencentes à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é que tenha média 6,5. A Secretaria da Educação ambiciona crescimento de 5% ao ano.

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As escolas têm metas individuais, considerando suas potencialidades e dificuldades

e considera situações específicas – dificuldades e potenciais –, que não podem ser comparadas a outras unidades. “Levamos em conta o ponto de partida e a situação de dificuldades da unidade. Para o próximo ano, esperamos um avanço para todas”, afirma Priscila Albuquerque Tavares, coordenadora do projeto na Secretaria da Educação.

Proficiência O Idesp segue o modelo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do governo federal, mas com diferenças importantes. A principal delas é que enquanto o Idesp considera quatro níveis de proficiência, o Ideb trabalha com as médias das notas dos estudantes. Apesar de a média dos estudantes da rede estadual ainda não ser satisfatória, há escolas muito boas no Estado, que estão bem próximas ou já ultrapassaram a meta para 2030 e que têm qualidade comparável à dos países desenvolvidos. É o caso da EE Papa Paulo VI, no Jardim Alvorada, em Santo André, nota 6,21 no Idesp. São casos que, segundo a secretária da Educação, têm relação direta com o perfil de gestão desenvolvido em cada unidade escolar. “Os professores são efetivos e há participação dos pais. Quando o diretor é bom, a escola funciona. Há unidades que tiveram desempenho muito ruim porque houve muita

PROGRAMAS INTEGRADOS A Secretaria de Estado da Educação traçou um plano de ações em agosto do ano passado para melhorar a qualidade de ensino da rede até 2010 PROGRAMA DE QUALIDADE DAS ESCOLAS (PQE) Pretende promover a melhoria da qualidade e igualdade do sistema de ensino da rede estadual. Para que isso ocorra, exigem-se avaliações periódicas dos alunos e metas traçadas. A idéia é garantir que os alunos da rede dominem as competências e as habilidades requeridas para a série escolar em que se encontram e concluam o Ensino Fundamental e o Ensino Médio em tempo adequado. METAS São metas de qualidade individuais para cada escola, que levam em consideração a situação inicial, suas dificuldades e as potencialidades. Formam um guia para a escola e a comunidade melhorarem o ensino. Metas baseadas no Idesp. IDESP Indicador que permite avaliar a qualidade das escolas nas séries iniciais (1ª a 4ª) e finais (5ª a 8ª) do Ensino Fundamental e no Ensino Médio para estabelecer as metas. É o diagnóstico de cada escola por ciclo, baseado no Saresp e no fluxo escolar.

SARESP

FLUXO

Exame de habilidades e competências para alunos nos Ensinos Fundamental e Médio em língua portuguesa e matemática. Os alunos são classificados em: Abaixo do Básico, Básico, Adequado e Avançado.

Taxa média de aprovação em cada ciclo, coletada pelo censo escolar. É o cálculo do tempo médio que os alunos levam para concluir cada ciclo.

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educação rotatividade de diretores. O sistema é desigual, mas há vários aspectos internos às escolas que são fáceis de melhorar e não dependem da escolaridade dos pais ou de outros fatores externos. Dependem apenas da Secretaria, e estamos trabalhando para a melhora”, explica. A coordenadora Priscila afirma que a diferença de qualidade entre os estudantes do primeiro ciclo do Ensino Fundamental e os alunos do Ensino Médio se dá porque as crianças mais novas estão em melhor situação escolar. Segundo ela, são crian-

AS 10 M ETAS TRAÇADAS EM 2 007 Programas como o Idesp são parte das medidas adotadas para atingir as 10 METAS pela Educação até 2010, estabelecidas pela Secretaria de Estadoda Educação em agosto do ano passado. O Estado já tem 98,6% das crianças de 7 a 14 anos na escola e 90% dos jovens de 15 a 17 anos estudando. O objetivo, agora, é melhorar o aprendizado oferecido.

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Atendimento de 100% da demanda de jovens e adultos de Ensino Médio com oferta diversificada de currículo profissionalizante.

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1

Todos alunos de 8 anos plenamente alfabetizados.

2

Redução de 50% das taxas de reprovação da 8ª série.

3

Redução de 50% das taxas de reprovação do Ensino Médio.

4

Implementação de programas de recuperação de aprendizagem nas séries finais de todos ciclos (2ª, 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e 3ª série do Ensino Médio).

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Aumento de 10% nos índices de de sempenho dos Ensinos Fundamental e Médio nas avaliações nacionais e estaduais.

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Utilização da estrutura de tecnologia da informação e Rede do Saber para programas de formação continuada de professores integrados nas 5.183 escolas com foco: nos resultados das avaliações; na estrutura de apoio à formação e ao trabalho de coordenadores pedagógicos e supervisores para reforçar o monitoramento das escolas e apoiar o trabalho do professor em sala de aula, em todas as diretorias de ensino; no programa de capacitação dos dirigentes de ensino e diretores de escolas com foco na eficiência da gestão administrativa.

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Descentralização e/ou municipalização do programa de alimentação escolar nos 30 municípios ainda centralizados.

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Implementação do Ensino Fundamental de nove anos, em colaboração com os municípios, com prioridade à municipalização das séries iniciais (1ª a 4ª séries).

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Programa de obras e infraestrutura física das escolas (investimento de R$ 1,7 bilhão em obras): garantia de condições de acessibilidade em 50% das escolas para atender à demanda dos alunos com deficiência; construção de 74 novas unidades, reforma e ampliação de 77 escolas (417 salas de aula); extinção das salas com padrão Nakamura (de lata); recuperação e cobertura de quadras de esportes; implantação de circuito interno de TV para melhorar a segurança em escolas da Grande São Paulo;100% das escolas com laboratórios de informática e de ciência; 100% das salas dos professores com computadores, impressoras e ambiente de multimídia. Atualização e informatização do acervo de todas as bibliotecas das 5.183 escolas.

DIA “E” DE EDUCAÇÃO Conhecer o cotidiano e as metas da escola será possível para os pais dos alunos no projeto batizado pela Secretaria como Dia E de Educação. A idéia é abrir as 5.183 escolas do Estado, das 8 às 22 horas, para que os interessados possam visitar as unidades, conversar com os supervisores e professores coordenadores e tirar dúvidas sobre o sistema de ensino. Na ocasião, todos os professores estaduais estarão em suas respectivas escolas, debatendo os resultados do Saresp. Os supervisores e os professores coordenadores receberão os pais e os responsáveis, com a função de esclarecer dúvidas. O encontro deve expor o desempenho dos alunos no Saresp, os mecanismos do Idesp e das metas e seus reflexos no ambiente escolar. Nesse dia, as aulas serão suspensas, conforme previsto no calendário escolar. Como ficou comprovado em estudos realizados na última edição do Saresp, os alunos que têm lições corrigidas pelos professores apresentam melhor desempenho na escola. Por isso, é importante o acompanhamento dos pais e educado res na escola e em casa.

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educação FONTE: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMAS ESTABELECIDOS PELA SECRETARIA DESDE 2007 PROGRAMA LER E ESCREVER

GUIA CURRICULAR

É um material de apoio para reforçar a alfabetização dos estudantes. Os livros, da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), foram distribuídos às Diretorias de Ensino. Das sete primeiras publicações do programa, cinco são destinadas a professores e duas aos alunos. No material, há várias sugestões de abordagem do trabalho de alfabetização, que devem ser adotadas de acordo com a conveniência para cada turma. O Ler e Escrever é desenvolvido para 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental e focado em leitura e escrita. Além

Foi desenvolvido para 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. É um projeto que dá aos professores guias com orientações sobre o trabalho a ser feito em sala. Os materiais são compostos de 76 livros, os Cadernos do Professor, para todas as séries (5ª a 8ª e Ensino Médio) em todas as disciplinas. Divididos por bimestre, todos os livros que complementam o material didático têm indicações dos conteúdos e das respectivas habilidades a serem desenvolvidas pelos alunos. A proposta do governo não tira a autonomia dos professores.

dos materiais de apoio para os alunos e para os educadores, o projeto conta com o apoio de alunos pesquisadores – universitários de cursos de pedagogia ou letras das instituições de ensino superior conveniadas ao Ler e Escrever -, que atuam como professores auxiliares na 1ª série do Ensino Fundamental.

BOLETIM IMPRESSO POR BIMESTRE Os pais e responsáveis dos 4,7 milhões de alunos da Rede Pública recebem desde maio de 2007 os boletins impressos bimestralmente. Esses documentos são entregues pelas Diretorias de Ensino às escolas, que devem encaminhá-los para os responsáveis, ou para os próprios alunos maiores de 18 anos. Para isso, foram entregues 250 impressoras em outubro de 2007. O investimento é de cerca de R$ 1 milhão por ano gasto que inclui estimativa de manutenção e outras despesas, como papel. O boletim já era divulgado na internet pelo programa Boletim on-line no site www.educacao.sp.gov.br. Todos os alunos da rede estadual já tinham acesso às notas pelo portal, digitando o número de seu

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Registro Acadêmico (RA). Além de notas e faltas, o impresso terá comentários do professor sobre o aluno, para que os pais acompa nhem a evolução dos filhos na escola. A Secretaria também determinou que todos os professores do Estado tenham apenas um método de avaliação: notas cheias de 0 a 10. Os números quebrados não podem ser usados como forma de avaliação.

12 MIL PROFESSORES COORDENADORES 12 mil professores coordenadores trabalharão como gestores das mudanças anunciadas em 2007. São esses profissionais – 8 mil já estão trabalhando e 4 mil serão chamados no fim deste mês – os responsáveis por planejar como as escolas cumprirão as metas de desempenho e como vão melhorar o nível de aprendizado dos alunos. Antes, a Secretaria contava com 6 mil professores coordenadores, um por escola. Agora, cada um dos selecionados será responsável por um ciclo (1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental, 5ª a 8ª e Ensino Médio) e por não mais de 30 classes.

Em 2030, 90% dos alunos da 4ª série devem ter os níveis Adequado e Avançado

ças que já entraram na escola com um sistema educacional de mais qualidade. “Quem está no Ensino Médio, hoje, está estudando há mais tempo em um sistema que apresentava muitas dificuldades”, analisa Priscila. As unidades que não atingirem a meta estabelecida não sofrerão qualquer punição. O governo do Estado apenas incentivará o trabalho nas escolas, com ações de infraestrutu-ra e apoio à direção e aos supervisores. A secretária afirma que os indicadores foram colhidos nos melhores países do mundo, referência de superqualidade.

Metas Para 2010, prevê-se que 41,2% dos estudantes que estiverem na 4ª série sejam classificados nos níveis Adequado e Avançado. Na 8ª série, 28,2% terão alcançado esses dois ní veis e, no Ensino Médio, 16,6%. Já em 2030, estima-se que 90% dos alunos da 4ª série da rede estadual estejam nos níveis Adequado e Avançado. Pretende-se também que 80% dos estudantes da 8ª série e 60% dos do Ensino Médio estejam na mesma classificação. “É viável. Depende só dos professores e dos diretores da rede. O sistema pedagógico vai melhorar. Algumas escolas da rede já estão acima da média da OCDE, o que nos dá junho 2008 SPnotícias

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educação PROGRAMAS DE RECUPERAÇÃO 42 DIAS DE REFORÇO Nete ano foi implementado pela primeira vez o sistema de reforço focado em língua portuguesa e em matemática de 42 dias para os alunos de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental e para os do Ensino Médio. Um total de 3,6 milhões de alunos passou pelo processo e todos foram avaliados por prova elaborada pela pasta. Quem ainda apresentou dificuldades continuou em recuperação, mas desta vez em turno diferente do de aula, ou aos sábados, para recuperar uma vez por semana os conteúdos aplicados. As classes da recuperação são de no máximo 20 alunos. Os 3,6 milhões de alunos receberam o Jornal de Recuperação. Material didático e cerca de 100 mil publicações chegaram às mãos dos professores, já capacitados.

PROJETO INTENSIVO DE CICLO (PIC) Para melhorar o desempenho da 3ª série do Ensino Fundamental com base no dados do Saresp, aqueles que não obtiveram boas notas na avaliação, realizada em 2007, foram encaminhados para salas específicas. A função principal dessas salas é reforçar conteúdos ensinados no ano anterior. Na 4ª série, os alunos que ficaram retidos devido ao baixo desempenho durante o ano foram separados em turmas específicas, nas quais os docentes já estão capacitados para trabalhar as dificuldades de cada um, dando

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mais ênfase aos conteúdos que não foram absorvidos no período anterior. Levantamento da Secretaria aponta que as recuperações do Primeiro Ciclo constituem 1.221 classes, com aproximadamente 29 mil alunos. Desse total, 637 são classes da recuperação de 3ª série e 584, classes para quem ficou retido na 4ª série. Todos os alunos do PIC recebem materiais didáticos específicos, referentes aos conteúdos que serão desenvolvidos no decorrer do ano letivo.

alegria. E queremos que todas cheguem ao mesmo nível”, avalia a secretária Maria Helena. Os níveis ideais a serem alcançados variam de acordo com o ciclo. Para a 4ª série, as escolas terão de chegar ao índice 7. Para a 8ª, 6. Para a 3ª do Ensino Médio, 5.

RECUPERAÇÃO DE ALFABETIZAÇÃO NA 5ª SÉRIE São classes específicas para recuperar e alfabetizar plenamente estudantes com dificuldades na 5ª série, uma atenção especial para os alunos que mostraram problemas em leitura e escrita. As salas específicas e horários para aceleração de resultados são organizados pelas escolas em acordo com a disponibilidade das famílias dos alunos. A política para a recuperação da aprendizagem também capacitará professores virtualmente por meio da Rede do Saber, setor responsável pela capacitação dos educadores, que envolve todo o Estado.

INTENSIVO PARA O ENSINO MÉDIO No Ensino Médio, nas duas últimas séries, os estudantes poderão optar pelos cursos

O bônus aos professores é um incentivo adicional aos funcionários

Medidas técnicos ou pela revisão de conteúdo, que vai preparar os alunos que pretendem dar continuidade aos estudos e ingressar em um curso superior. A Secretaria da Educação realizou uma revisão curricular que permitirá que as escolas disponham de seis horas semanais destinadas à revisão de conteúdos. As aulas começarão no segundo semestre deste ano. As recuperações paralelas e de fim de ciclo, que já existiam, serão mantidas e aperfeiçoadas. Neste segundo semestre, a Secretaria da Educação, em parceria com o Centro Paula Souza, vai abrir 50 mil vagas para o Teletec, ensino a distância. O curso é direcionado a alunos do 3º ano do Ensino Médio ou a pessoas que já concluíram o ciclo. O ensino prepara o estudante para o mercado de trabalho.

Entre as medidas para se alcançar os objetivos estão a compra de equipamentos para as escolas, como data show para videoconferência e livros, e a contratação de 60 mil funcionários, realizada nos últimos seis meses. Outro incentivo do governo é a concessão de bônus para todos os funcionários, cujos critérios ainda estão sendo criados. “O projeto é muito importante para melhorar a qualidade do ensino nas escolas paulistas, porque vai fornecer um incentivo adicional para que os funcionários da rede se empenhem mais e criem um clima favorável ao aprendizado em todas as escolas”, afirma Naércio Menezes Filho, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP), que participou do projeto do Idesp. “A qualidade da educação é um dos principais fatores que levam ao crescimento do país”, conclui.

EXEMPLO DE ENVOLVIMENTO COM O ENSINO A EE Rui Bloem, no bairro de Mirandópolis, na zona Sul da capital, é um exemplo de boa escola de Ensino Médio da rede pública. Apesar de ter um índice ainda baixo no Idesp (2,85), a escola está bem perto da meta para 2008 (2,95), tem alto índice de aprovação em vestibulares e boas notas no Saresp. O vice-diretor, José Carlos Marquizin, na escola há 36 anos, afirma que sempre se esforçou para que a instituição tivesse diferenciais. “Temos um cuidado especial com a estrutura e a organização, e um grupo de professores efetivos que vestem a camisa da escola e trabalham aqui há muito tempo”, explica. A Rui Bloem tem 2 mil alunos de Ensino Médio e mais 900 no Centro de Línguas, que ensina alemão, japonês, francês e espanhol em cursos de seis semestres. Segundo Marquizin, os funcionários se esforçam para que a escola seja, de fato, um lugar em que os estudantes vão para aprender. “Para isso, temos um trabalho pedagógico de primeira linha e foco na aprovação nas faculdades. O interesse da família e dos alunos é no vestibular. Temos parceria com cursinhos que dão apoio aos estudantes”, diz. Em parceria com a Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), foi desenvolvido um projeto que ensina os alunos a desenvolver trabalhos sobre biocombustível e robótica, por exemplo. “A intenção é estimular o interesse dos alunos pela engenharia.” Ele diz que o segredo é ter compromisso e dedicação. “Apesar do nível não ser muito alto, estamos com o dobro da média e fomos o primeiro lugar no Enem pelo segundo ano seguido”, afirma.

Alunos em aula de robótica na EE Rui Bloem, em Mirandópolis, na capital


SPsaúde O EDIFÍCIO, ANDAR POR ANDAR (com previsão para funcionamento de todos os setores até o fim de 2009)

Gigante

contra o câncer Instituto nasce com o objetivo de quadruplicar o atendimento e ser referência em pesquisa

24o

8o

Heliponto

23

Laboratório de análises clínicas e investigação médica

Área técnica e restaurante/ lanchonete

7o

22o

Área de infra-estrutura predial e centro de automação

o

Internação

6o

o

21

Internação

Área administrativa e auditórios

20o

5o

Internação

Ambulatório

o

19

20 SPnotícias junho 2008

se, um desejo de participação de todas as áreas da Faculdade de Medicina, de todos os departamentos, que querem ajudar na construção do Instituto do Câncer”, diz o médico. No IC, os pacientes terão serviços de diagnósticos, exames laboratoriais, cirurgias, acompanhamento clínico, recuperação e reabilitação. “A proposta é que todas as especialidades sejam integradas no tratamento do paciente”, diz o professor Cerri. “E o acolhimento desse paciente é uma questão diferenciada, multidisciplinar”, observa. Tendência comprovadamente recomendável para esse tipo de tratamento, como explica o professor. De início, o Instituto do Câncer está recebendo os pacientes no andar térreo, para atendimento ambulatorial e sessões de quimioterapia em andares acima. São 17 médicos, mas o número deverá subir para 50 até 2009, já que a meta é multiplicar por quatro a quantidade de pacientes que o Hospital das Clínicas atende hoje. Marcos Fumio, médico especialista em gestão de saúde e diretor executivo do IC, é quem faz as projeções. Segundo ele, a implementação dos setores está

Internação

Ambulatório

o

18

3o

Internação e hospital-dia

Ambulatório e métodos gráficos

o

17

2o

Internação

Diagnósticos de apoio

o

16

1o

Internação

Radiologia

o

15

Térreo

Área de infra-estrutura predial

Recepção, atendimento inicial, reabilitação, acolhimento de pacientes

14o Centro cirúrgico

1º Subsolo

13o

Nutrição, Same (Serviço de Atendimento Médico e Estatística), vestiários

Centro cirúrgico

12o Centro cirúrgico

2º Subsolo Central de esterilização, farmácia, almoxarifado, roupa limpa

o

11

Quimioterapia ambulatorial

10o UTI e semi-intensiva

9o UTI e semi-intensiva

BRUNO MIRANDA/NA LATA

Criado para ser um centro de referência no acolhimento ao paciente e no campo de pesquisas, o Instituto do Câncer (IC) de São Paulo Octavio Frias de Oliveira nasce com a ambiciosa meta de quadruplicar o atual número de atendimentos e passar dos 4 mil pacientes/mês para 16 mil. O instituto foi inaugurado no mês passado, e a previsão é que o objetivo seja alcançado até o fim de 2009. O Instituto do Câncer não foi criado para ser um hospital aberto. Vai receber apenas pacientes encaminhados pelos hospitais do Estado e do Brasil. Inicialmente pelo Hospital das Clínicas, que fica ao lado. Sempre com o conceito multidisciplinar. Ou seja, unindo várias áreas em um único prédio. O professor Giovanni Guido Cerri, titular de radiologia da Faculdade de Medicina da USP e agora diretor-geral do Instituto do Câncer, está animado com a concepção moderna da estrutura da instituição, com a planta arquitetônica, com os modernos equipamentos para diagnósticos, próprios de um serviço de ponta. “O que percebo é um interes-

4o

3º Subsolo Manutenção, necrotério

4º Subsolo Radioterapia

FONTE: SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE

SERI


FOTOS: THALES STADLER

saúde

A proposta é que todas as especialidades sejam integradas, tendência comprovadamente recomendável

ocorrendo aos poucos. Em agosto, por exemplo, deverão estar funcionando três salas de cirurgia, com parte do serviço de internação e ocupação dos primeiros leitos. “Para triagem e atendimento, estão ativadas áreas como recepção, enfermagem, farmácia e almoxarifado. Vamos passar por adequações físicas e operacionais e receber recursos para diagnósticos e tratamentos”, explica o médico. A serem instalados, há serviços importantes como o de gases medicinais (os diferentes gases que são usados em procedimentos em hospitais, normalmente ligados à respiração dos pacientes) e a radiologia. Para isso, são necessárias salas muito específicas, como bunkers blindados e capelas (cabines) de manipulação de drogas quimioterápicas.

Envelhecimento O câncer é a segunda doença que mais mata brasileiros atualmente. Fica atrás apenas das doenças cardíacas. Mas em 20, 30 anos, especialistas norte-americanos acreditam que o câncer será a primeira causa de morte no mundo, em razão do envelhecimento da população e tendo em vista que a enfermidade atinge predominantemente idosos. O Brasil segue essa tendência, já que a longevidade no país aumenta a cada ano. Atualmente, a expectativa de vida do brasileiro é de 72,3 anos, resultado da melhoria no acesso à alimentação, à saúde e ao saneamento básico prestado à população.

22 SPnotícias junho 2008

Professor Giovanni Cerri na entrada do IC: “Todas as especialidades serão integradas”

Essa análise levou o governo a transformar o instituto num centro de pesquisa e de atendimento especialmente voltado à oncologia, com a intenção de torná-lo uma referência na área. “As pessoas estão deixando de morrer por problemas do coração, porque têm à sua disposição mais tratamentos. No câncer, a situação é diferente. A degeneração das células, principalmente em idosos, resulta em processos cancerígenos. Mesmo assim, há 60% de chances de cura do câncer”, assegura o diretor clínico do IC, o oncologista Paulo Hoff. “Hoje já estamos atendendo 4 mil pacientes vindos do Hospital das Clínicas. Deverão ser 8 mil novos atendimentos por ano, só na oncologia clínica. Assim, no total serão 16 mil novos pacientes até 2009”, informa o médico. Ele diz que o instituto terá parcerias com importantes instituições, como o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e os hospitais A.C.

Camargo, Sírio-Libanês, Instituto Ludwig e Santa Casa.

Humanização Além dos consultórios em funcionamento, todas as sessões de quimioterapia já passaram do HC para o Instituto do Câncer. E respeitando-se um aspecto que foi classificado como fundamental: a idéia de humanização, de acolhimento do paciente. Por isso, também se espera a instalação de uma sala de conforto, pré e póstratamento, segundo a enfermeira Sheila Duarte de Moraes, que coordena o serviço de quimioterapia no instituto. Durante pelo menos um mês, todos os pacientes do HC foram avisados de que haveria mudança do local de tratamento em maio, por meio de telefonemas, cartazes e panfletos, ou durante o agendamento das consultas. Havia 27 cadeiras para quimioterapia e agora deverão ser 70, segundo

a enfermeira Sheila. Eram atendidas cerca de 80 pessoas por dia, e esse número passará a cem. “A previsão é que chegue a 300 atendimentos em 2009”, diz o oncologista Paulo Hoff. Como a rapidez de atendimento é muito importante para o doente de câncer, o objetivo é que o paciente não espere mais por uma vaga para fazer sessões de quimioterapia. Os procedimentos serão marcados de forma rápida.

Ponta Por conta da segmentação da oncologia, com médicos de áreas distintas (ortopedia, ginecologia e assim por diante), o Instituto do Câncer terá como ponto forte a pesquisa. “Todos os nossos andares vão respirar pesquisa, contando com a colaboração de todos os departamentos da Faculdade de Medicina”, diz o diretor -geral do IC, Giovanni Guido Cerri. Pesquisa que já faz parte do

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saúde dia-a-dia da Faculdade de Medicina da USP. O instituto contará com a técnica Molecular Imaging para mapear o desenvolvimento das células, o que ajudará o IC a se tornar referência internacional em pouco tempo, assegura o diretor.

O prédio

O pesquisador Roger Chammas

diz que equipamento de ponta vai permitir adiantar diagnósticos

EM BUSCA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE Professor e pesquisador na Faculdade de Medicina da USP, Roger Chammas espera a instalação do Ciclotron para 2009 com muita expectativa. O equipamento permitirá que os pacientes sejam diagnosticados por imagens moleculares. Para sua instalação, será necessário adaptar uma sala no Centro de Medicina Nuclear. O Ciclotron é um aparelho que permite um método mais avançado de diagnóstico, que dá outro parâmetro ao que se consegue por meio dos equipamentos já tradicionais, como ressonância magnética e tomografia computadorizada. Com o aparelho, é possível perceber as características in vivo dos tumores e, assim, adiantar as possíveis intervenções no processo de expansão dos tecidos irregulares. “Todas as células do corpo precisam de açúcar, como a glucose, para gerar energia, por exemplo. A célula tumoral apre-

24 SPnotícias junho 2008

senta um desvio metabólico e concentra glucose em quantidades muito maiores que o normal. O uso do acelerador linear (Ciclotron) permitirá marcar moléculas como glucose com átomos radioativos, transformando-as em um radiotraçador. Este nos indicará onde estão células com metabolismo aumentado, como as células tumorais”, explica o médico Roger Chammas. Além do diagnóstico, o aparelho servirá para o acompanhamento do tratamento, para saber se o tumor está diminuindo, sinal de que o tratamento surte efeito. Há ainda ganhos paralelos, segundo o médico. “Pesquisas em andamento visam avaliar como os tumores são vascularizados e oxigenados. Usando imagem molecular, poderemos acompanhar tentativas terapêuticas de normalizar a vascularização dos tumores, que assim poderiam se tornar mais sensíveis à quimioterapia ou à radioterapia.”

O prédio do Instituto do Câncer tem 100 metros de altura e uma área de 84 mil metros quadrados. São 29 pavimentos (24 andares, quatro subsolos mais o teto, que funciona como heliponto), todos automatizados, que serão ocupados paulatinamente até atingir a total capacidade de funcionamento, prevista para dezembro de 2009. Apesar da previsão inicial, a idéia é que essa data seja adiantada para meados do ano que vem. No total, foram investidos 270 milhões de reais, de acordo com Luiz Roberto Barradas Barata, secretário estadual da Saúde. Quando estiver funcionando plenamente, o hospital vai custar ao governo 190 milhões de reais por ano com manutenção. O Instituto do Câncer tem a participação administrativa da Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo (USP) e a participação técnica do Hospital das Clínicas. Na inauguração do prédio, o governador José Serra ressaltou que o instituto deverá ser referência em três aspectos: humanização no atendimento ao paciente, investimento em medicamentos cada vez mais eficazes e formação de mão-de-obra específica. O instituto deverá ser uma verda-

O diretor clínico do IC, o oncologista Paulo Hoff, aposta nas pesquisas, que já desenvolve na Faculdade de Medicina da USP

SERI

INSTITUTO DO CÂNCER DE SÃO PAULO OCTAVIO FRIAS DE OLIVEIRA

R$ 270 milhões

22

420 sessões

em obras e equipamentos

salas cirúrgicas

de radioterapia/mês *

28

internações/mês*

pavimentos

1.500 33 mil

23 andares 580 leitos

consultas ambulatoriais/mês *

(84 de UTI e terapia semiintensiva e 30 de hospital-dia

cirurgias/mês *

120

sessões de quimioterapia/mês

consultórios FONTE: SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE

1.300 6 mil (* quando em pleno funcionamento, até o fim de 2009)

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SPsegurança

SERI

Homicídios despencam

HOMICÍDIO DOLOSO ESTADO DE SÃO PAULO (POR 100 MIL HABITANTES) 35,66 33,54

33,79

32,78

30,66 30,25

30,77 28,04

Em dez anos, queda foi de 67%; em 1999, eram 35,3 homicídios para cada 100 mil habitantes e, hoje, o índice é de 10,8 mortes

22,52 17,56 14,85

O número de homicídios no Estado de São Paulo caiu 9% no primeiro trimestre de 2008 em relação ao mesmo período de 2007. As estatísticas divulgadas no mês passado pela Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP), da Secretaria da Segurança Pública, apontam quedas nas taxas da maioria das modalidades de crimes. No primeiro trimestre do ano passado, a Secretaria da Segurança Pública contabilizou 1.250 homicídios dolosos. No mesmo período deste ano, o número de registros caiu para 1.136. Em dez anos, a queda de homicídios é ainda mais acentuada, de 67%.

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Foram 10,8 mortes a cada 100 mil habitantes no primeiro trimestre de 2008. Número que se aproxima ao aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 10 homicídios a cada 100 mil. Em 1999, São Paulo contabilizava 35,3 homicídios a cada 100 mil habitantes. A taxa já era de 11,8 a cada 100 mil no primeiro trimestre do ano passado. “Pretendemos chegar a 10 mortes por 100 mil até o fim do ano. Na maior parte das cidades já está abaixo dessa média, mas a capital ainda apresenta 15 homicídios”, diz o coordenador da CAP, Túlio Kahn. Em 1995, havia um latrocínio a

11,92

10,39

FONTE: SSP/SP

cada 400 roubos, e hoje esse número é de um a cada 1,4 mil. “Os índices vêm diminuindo devido ao desarmamento, ao encarceramento e à gestão”, atribui Túlio Kahn. Segundo o especialista, a transformação se dá de maneira paulatina e já abrange a maior parte do Estado. Em reportagem publicada no mês passado, a agência norte-americana Reuters informou que o único lugar

onde a violência tem caído consideravelmente no Brasil é São Paulo. “A melhoria no número de crimes se dá, desde os anos 90, por controle de armas e mais investimento em polícia e em prisão”, informa a publicação. A preocupação com o desarmamento começou quando o então governador Mario Covas pediu o credenciamento das armas, ainda nos anos 90. “A Polícia Militar chegou a

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segurança

recolher 10 mil armas por trimestre no pico, em 1999. Hoje são recolhidas cerca de 6 mil a cada três meses, já que menos pessoas circulam armadas”, diz Kahn.

Prisão O aumento de prisões é outro fator mencionado por Kahn como motivo da queda das taxas. Em 1994, eram 55 mil detentos em todas as cidades. Hoje são 158 mil, um aumento de 187%. “O que não quer dizer que São Paulo tenha uma política de encarceramento forçada, nem que isso seja um ideal. Mas é um diferencial em relação aos outros pontos do país”, afirma Kahn. O coronel José Vicente da Silva, diretor executivo do Instituto PróPolícia, diz que são 400 presos em São Paulo a cada 100 mil habitantes, e 200 em outros Estados. “Só em 2006 foram presos 138 mil criminosos, enquanto no Rio esse número foi de 16 mil. Esse é um fator vigoroso na redução da violência”, diz. Silva, que foi secretário nacional de Segurança Pública em 2002, explica que se tomou uma medida básica em São Paulo: o número de policiais efetivos é condizente com a demanda. Segundo Kahn, isso se deu sem aumentar o número de policiais. “Os PMs que ficavam nas muralhas dos presídios foram substituídos por profissionais concursados da Secretaria de Administração Penitenciária, e os

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ANTES/DEPOIS

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Policiais militares saíram das muralhas dos presídios e foram trabalhar nas ruas

detentos de cárceres em delegacias foram transferidos para presídios. Essas medidas liberaram os profissionais que faziam a segurança para ir às ruas”, diz. Na última década, a polícia paulista fez inúmeros investimentos em tecnologia. Mecanismos como o Serviço de Informações Criminais (Infocrim) e o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) on-line ajudam a localizar onde está a concentração de crimes. “Agora sabemos como é o desempenho por área e há balanços periódicos para poder cobrar os gestores e as delegacias”, afirma Kahn. Bimestralmente ocorrem reuniões entre as Polícias Militar e Civil para fazer planejamentos por área. Segundo Kahn, os policiais saem às ruas de manhã com cartões e rotas de vigilância, para que não se baseiem somente na intuição. “No caso de Isabella Nardoni (assassinada em abril na capital), pôde-se notar que a Polícia Científica paulista está muito próxima da dos países mais desenvolvidos. As viaturas estão dotadas de modernos sistemas de rádio, e pela primeira vez não se reclama da falta de carros”, afirma José Vicente da Silva. Depois dos ataques de grupos criminosos a delegacias em 2006, investiu-se ainda mais nos sistemas de inteligência. “Acreditávamos que o nosso trabalho acabava quando o criminoso era preso. Descobrimos que havia mais a ser feito”, diz Kahn. Silva afirma que se tem mostrado uma capacidade de respostas ao crime e os criminosos ficam intimidados. “Em um debate em Harvard, nos Estados Unidos, sobre o controle da criminalidade na América Latina se discutiu que todos os tipos de crime, mesmo os mais leves, devem ter uma resposta. Temos um sistema prisional rico, com infra-estrutura. Se não houvesse lugar, a polícia teria de parar de prender” conclui.

Sujeira e abandono nas ruas do Jardim Elisa Maria, na capital: após a Virada Social, aumento da auto-estima

VIRADA DÁ NOVA VIDA À BRASILÂNDIA Outro projeto do governo paulista que contribuiu para a queda nas taxas de violência foi a Virada Social. Trata-se de um conjunto de medidas de várias secretarias do governo do Estado, em conjunto com a prefeitura, com o intuito de revitalizar os bairros mais violentos e reduzir os índices de criminalidade. O piloto do projeto ocorreu na comunidade do Jardim Elisa Maria, no bairro de Vila Brasilândia, zona Norte da capital. Em março do ano passado, o local foi tomado por 600 policiais, que tinham em mãos uma lista de criminosos procurados. É a chamada Operação Saturação. “Deixamos um grande contingente de profissionais do Choque por dois meses no local, para que houvesse uma limpeza da área e a economia do tráfico fosse sufocada. Se há muitos policiais, os consumidores de drogas se afastam”, analisa o responsável pela Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP), Túlio Kahn.

Para que os criminosos não voltassem a agir, houve reforço no policiamento do bairro. O resultado da operação foi a queda acentuada nos índices de violência. O número de homicídios caiu 80% nos primeiros quatro meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Outros índices de criminalidade tiveram queda de 30% nas ocorrências, comparandose o mesmo período. Além da ação policial, o Jardim Elisa Maria recebeu outras 17 ações integradas. Entre as quais, revitalização urbana e capacitação e formação profissional. Cerca de 600 jovens se inscreveram em cursos promovidos pelo governo do Estado. Fizeram parte do processo de revitalização da Vila Brasilândia a despoluição de um córrego, a coleta seletiva e a preservação do meio ambiente. Medidas que aumentam a auto-estima da população.

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SERI

SPsalário

FAIXAS DE OCUPAÇÕES

Piso regional sobe até 9,76% Correção vale desde o dia 1º de maio e é direcionada a trabalhadores da iniciativa privada

Estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas tenham sido beneficiadas pelo piso salarial regional em todo o Estado de São Paulo

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Passou a valer no dia 1º de maio o novo piso regional paulista. O aumento foi de 9,76%, maior do que a inflação de 6,54%, de abril de 2007 a abril deste ano, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A lei sancionada pelo governador José Serra no dia 30 de abril determina que os pisos passem de R$ 410, R$ 450 e R$ 490 para R$ 450, R$ 475 e R$ 505, respectivamente (veja quadro na página ao lado). O piso, criado em agosto de 2007, beneficia trabalhadores da iniciativa privada que não têm piso salarial definido por lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho. O secretário do Emprego e Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos, afirma que o piso regional unificado é prerrogativa do governo estadual desde 2000. “Partiu de uma lei complementar que dava condições para que os Estados fixassem pisos regionais, que não podiam se confundir com o salário mínimo. Por isso, o piso não poderia ser unificado para todas as profissões e, sim, estabelecido por classes de ocupações – sempre superior ao valor do mínimo federal. O aumento também foi superior ao do mínimo nacional, que subiu 9,2% em 12 meses”, explica. Segundo Afif, os acordos coletivos têm mais força do que o piso regional, mas a nova legislação tenta es-

tender o benefício para ocupações que não são abrangidas ou que não são assistidas por uma entidade ou uma organização e não fazem acordo porque pertencem a uma categoria muito pulverizada. No caso da construção civil, por conta da alta demanda, mesmo com os pisos estabelecidos, o salário pode ser um pouco maior”, diz o secretário.

Dois meses O aumento vem depois de dois meses do reajuste programado para o mínimo federal. Esse é o tempo necessário para que seja possível estudar os impactos do piso novo. “Como somos iniciantes nessa legislação, é prematuro fixar um critério de ajustes automáticos. Nos quatro primeiros anos, queremos trabalhar com projetos de lei até adquirir segurança observando o mercado. Aí se adotaria um critério como o federal”, afirma o secretário. Nos próximos anos, o aumento já estará mais próximo do início do ano (abril de 2009 e maio de 2010). A terceira faixa (veja classificação ao lado), que já tinha o salário mais alto, teve correção menor, pois a intenção da Secretaria é aumentar a base da pirâmide. No caso dos aposentados, o salário é proporcional ao recolhido. Os pensionistas são remunerados pelos valores do mínimo nacional.

PRIMEIRA FAIXA de R$ 410 para R$ 450 (9,76% de aumento) Trabalhadores domésticos, serventes, trabalhadores agropecuários e florestais, pescadores, contínuos, mensageiros e trabalhadores de serviços de limpeza e conservação, trabalhadores de serviços de manutenção de áreas verdes e de logradouros públicos, auxiliares de serviços gerais de escritório, empregados não-especializados do comércio, da indústria e de serviços administrativos, cumins, barboys, lavadeiros, ascensoristas, motoboys, trabalhadores de movimentação e manipulação de mercadorias e materiais, e trabalhadores não-especializados de minas e pedreiras. SEGUNDA FAIXA de R$ 450 para R$ 475 (5,56% de aumento) Para os operadores de máquinas e implementos agrícolas e

PRÓXIMOS AUMENTOS

Mínimo federal Fevereiro de 2009 e janeiro de 2010

Piso regional 1° de abril de 2009 e 1° de março de 2010

florestais, de máquinas da construção civil, de mineração e de cortar e lavrar madeira, classificadores de correspondência e carteiros, tintureiros, barbeiros, cabeleireiros, manicures e pedicures, dedetizadores, vendedores, trabalhadores de costura e estofadores, pedreiros, trabalhadores de preparação de alimentos e bebidas, de fabricação e confecção de papel e papelão, trabalhadores em serviços de proteção e segurança pessoal e patrimonial, trabalhadores de serviços de turismo e hospedagem, garçons, cobradores de transportes coletivos, barmen, pintores, encanadores, soldadores, chapeadores, montadores de estruturas metálicas, vidreiros e ceramistas, fiandeiros, tecelões, tingidores, trabalhadores de curtimento, joalheiros, ourives, operadores de máquinas de escritório, secretários, datilógrafos, digitadores, telefonistas, operadores de telefone e de telemarketing, atendentes e comissários de serviços

Reajuste do piso Antes Hoje

%

de transporte de passageiros, trabalhadores de redes de energia e de telecomunicações, mestres e contramestres, marceneiros, trabalhadores em usinagem de metais, ajustadores mecânicos, montadores de máquinas, operadores de instalações de processamento químico, e supervisores de produção e manutenção industrial. TERCEIRA FAIXA de R$ 490 para R$ 505 (3,06% de aumento) Para os administradores agropecuários e florestais, trabalhadores de serviços de higiene e saúde, chefes de serviços de transportes e de comunicações, supervisores de compras e de vendas, agentes técnicos em vendas e representantes comerciais, operadores de estação de rádio e de estação de televisão, de equipamentos de sonorização e de projeção cinematográfica, e técnicos em eletrônica.

Diferença do mínimo federal Em reais %

1) R$ 410 R$ 450

9,76%

R$ 35

8,43%

2) R$ 450

R$ 475

5,56%

R$ 60

14,46%

3) R$ 490 R$ 505

3,06%

R$ 90

21,69%

FONTE: SECRETARIA DO EMPREGO E RELAÇÕES DO TRABALHO

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SPsudoeste

CARACTERÍSTICAS DA R EGIÃO SU DOESTE PAU LISTA Municípios População (IBGE 2007) PIB (2005) PIB per capita (2005) IDH (2000)

S U D O ESTE 45 921 mil R$ 7,7 bilhões R$ 8.649,52 0,749

ESTADO 645 41 milhões R$ 727 bilhões R$ 17.977,31 0,814

Obs: dos 20 municípios com menor IDH no Estado de São Paulo, 17 estão na região Sudoeste.

R$ 382 milhões para o Sudoeste Pacote de investimentos contempla a região que tem municípios com o menor IDH do Estado O maior desenvolvimento do Estado de São Paulo se deu ao longo do traçado de suas ferrovias, em sua maioria rumo ao Noroeste, seguindo também o curso do Rio Tietê. Assim, a região Sudoeste historicamente esteve mais atrás na produção, principalmente pela dificuldade de deslocamento de mercadorias. A conseqüência são as condições socioeconômicas precárias da população. No mês passado, o governador José Serra lançou o Pacote de Investimentos do Sudoeste Paulista, que pretende acelerar programas na região, que tem o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado. No pacote, destaque para as áreas de Educação, Saúde, Obras Viárias e Habitação. Todas obras interligadas, cujos investimentos regionais fazem parte de uma política de desenvolvimento com foco nas áreas mais carentes do Estado. A região Sudoeste é o terceiro Pacote de Investimentos lançado pelo governo. Os outros dois foram no Vale do Ribeira e no Pontal do Paranapanema. SERI

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DIVULGAÇÃO

sudoeste do Ribeira (São Miguel Arcanjo a Sete Barras/Registro). Antiga O planejamento do governo reivindicação local, envolve 11 prevê a destinação de verba pa- quilômetros de terra, em serra. ra a melhoria da malha viária do “Para essa travessia, dentro do Sudoeste. Três obras em fase de Parque Estadual Turístico do Alcontratação de projeto são: a to Ribeira (Petar), há um projeto SP-129, a SP-157 e a SP-281. A com características especiais, de última será contratada em cará- acordo com estudos de impacto ter prioritário. A recuperação de ambiental”, diz o superintenden70 quilômetros começa em Ita- te. raré, passa por Itaporanga e Segundo o engenheiro, as chega a Barão de Antonina. A obras em execução deverão ser SP-157 vai ligar Itapetininga a concluídas no mês que vem. Há Guareí e Porangaba. São 52 qui- ainda outros trechos programalômetros para restauração e pa- dos com entrega prevista para vimentação da pista, além de re- dezembro. Os projetos já capeamento de alguns trechos. licitados deverão começar em Na SP-129, a pista será pavi- meados de julho e os prio mentada e recapeada no decor- ritários, no início de 2009. rer de 21,7 quilômetros. Delson Amador destaca ainda “O Sudoeste tem muitos pro- que há investimentos para rodoblemas com infra-estrutura e é vias vicinais – entre municípios preciso melhorar a malha viária e/ou distritos –, cujas obras vão para possibilitar o facilitar o escoamento de desenvolvimento. Temos um produtos. Com tempo de tráfego programa estratégico em uma reduzido, caem custos de transárea eminentemente agrícola, porte. com dificuldades de escoamento Segundo o presidente da Comde produção”, explica o panhia de Desenvolvimento Agrísuperintendente do De- cola de São Paulo (Codasp), José partamento de Estradas de Ro- Roberto Perosa Ravagnani, a dagem (DER), Delson Amador. predominância de população ruSão várias as ligações da re- ral no Sudoeste exige reforço no gião Sudoeste com o Paraná – trabalho nas estradas rurais, que em Chavantes, Fartura, Barão são municipais. Tanto para facide Antonina, Itararé –, porém, litar o transporte de produtos os caminhões que saem do No- das fazendas como para facilitar roeste paranaense rumo à Gran- o deslocamento de pessoas das de São Paulo e ao Porto de San - comunidades rurais para as unitos não têm como alcançar a dades de serviços públicos, coBR-116. Por isso, são obrigados mo escolas e postos de saúde. a transitar pela região de Soro Os custos de construção e macaba, buscando as Rodovias Ra- nutenção dessas estradas são di poso Tavares e Castelo Branco. vididos entre as prefeituras e a Para resolver o problema, o Codasp. Ravagnani diz que o governo investe na pavimenta - trabalho maior é ligado ao tratação da SP-139, que liga o Alto mento do solo, com a drenagem Vale do Ribeira ao Baixo Vale no leito de terra para evitar que

MALHA VIÁRIA

4ª etapa do Melhor Caminho Obras em execução 191 quilômetros de estradas rurais recuperadas R$ 12,7 milhões investidos

Transporte

413,2 quilômetros de estradas vicinais recuperadas

Pró-Vicinais 1 Obras em andamento Previsão de conclusão: agosto de 2008 172,9 quilômetros de estradas vicinais recuperadas R$ 43,8 milhões investidos

Pró-Vicinais 2 Obras em licitação Previsão de início das obras: este mês 240,3 quilômetros de estradas vicinais recuperadas R$ 85,8 milhões a serem investidos

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FONTE: SECRETARIA ESTADUAL DOS TRANSPORTES E SECRETARIA ESTADUAL DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

Codasp

que foi ampliado

SAÚDE AME

Nova AME em Itapeva local a definir Nova AME em Itapetininga Investimento: R$ 3,2 milhões 15,9 mil consultas ao mês 4 mil sessões de fisioterapia ao mês 37 mil exames ao mês

os rios sejam assoreados. Ao longo das laterais das estradas vicinais são colocadas caixas de contenção e é feito um revestimento de brita com terra. “Praticamente temos de refazer as estradas. Quase uma nova em cima da velha”, explica o presidente Ravagnani sobre o programa Melhor Caminho. Há obras em 36 municípios, com 191 quilômetros de trechos sendo refeitos, para serem concluídos neste mês. “Na seqüência, passa-se para outros trechos de estradas. O trabalho é contínuo”, diz o presidente da Codasp.

Itapetininga fica numa região que já foi conhecida como “Vale da Fome”. Na área da saúde, os maiores problemas ainda estão relacionados à pobreza e conseqüente alta taxa de mortalidade materno-infantil. “Se em Sorocaba, que é uma cidade desenvolvida da região, ainda há muito a ser feito, em Itapetininga a carência é maior”, diz o sanitarista e administrador de sistemas de saúde Antônio Carlos Nasi, diretor do Departamento Regional de Saúde de Sorocaba, que compreende 48 municípios, de Itu a Itararé. Segundo ele, além do AME, há a previsão de investimentos NOVO AMBULATÓRIO no Hospital de Itapetininga, paComeçam no mês que vem as ra que comporte a solicitação reobras para a construção do Am- gional de média e alta complebulatório Médico de Especiali - xidades. dades (AME) de Itapetininga, “Também existe um esforço que será gerenciado pela Uni- grande com relação à Santa Caversidade Estadual de São Paulo sa de Itapeva, que deverá passar (Unesp) de Botucatu. O orça- por reforma na ala cirúrgica, mento aprovado para a obra é com atenção especial à área made 3,2 milhões de reais. terno-infantil. Serão dez salas,

Hospital Regional de Itapetininga

Conclusão das obras em fevereiro de 2009 Valor investido: R$ 8,7 milhões Investimento da atual gestão: R$ 2,7 milhões

Santa Casa

FONTE: SECRETARIA ESTADUAL DA SAÚDE

ESTRADAS

Prédio da Santa Casa de Itapeva,

Itapeva - ampliação e construção do novo centro cirúrgico com 10 salas e enfermarias Valor investido: R$ 5,7 milhões Investimento da atual gestão: R$ 3,5 milhões 9 máquinas de hemodiálise: R$ 372 mil

Pró-Santas Casas

Repasses de R$ 4,1 milhões em nove parcelas para as Santas Casas de: Apiaí Itapeva Angatuba Capão Bonito Tatuí

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sudoeste

EDUCAÇÃO FATEC

Nova Fatec em Capão Bonito Curso: Silvicultura – 80 vagas Novo curso na Fatec de Itapetininga Curso: Informática para Gestão de Negócios – 80 vagas Novo curso na Fatec de Tatuí Curso: Gestão Empresarial Ênfase em Comércio Exterior e Sistemas de Informação – 40 vagas CLAUDIO UEDA

ETEC

10 novos cursos técnicos. Municípios: Capão Bonito, Ipaussu, Itapetininga, Itapeva, Piraju, Taquarituba e Tatuí. Cursos: Turismo, Secretariado, Agricultura Familiar, Ass. Empresarial e Industrial Madeireira, Informática, Web Design, Administração, Meio Ambiente, Segurança do Trabalho 400 novas vagas em ensino técnico (2008)

Obras da FDE - 2008

62 escolas em 33 municípios da região 8 novas escolas 1 escola ampliada 22 obras de adequação às normas de acessibilidade 17 reformas 18 coberturas de quadra 57 novas salas de aula Investimento: R$ 18,4 milhões

Obras da FDE concluídas nesta gestão

40 escolas em 26 municípios 3 novas escolas 5 obras de acessibilidade 8 coberturas de quadra 25 reformas 18 novas salas de aula Investimento: R$ 8,8 milhões

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Etec de Capão Bonito

4.876 CASAS

sendo cinco de grande porte”, explica Nasi. O próximo passo, segundo o médico, é instalar um AME na cidade.

FATEC NA REGIÃO

FONTE: SECRETARIA ESTADUAL DO DESENVOLVIMENTO E SECRETARIA ESTADUAL DA EDUCAÇÃO

Na Educação, o governo do Estado preocupa-se em oferecer ao Sudoeste paulista cursos relacionados às demandas regio nais, tanto com a finalidade de colaborar para o desenvolvimento lo cal como para fixar a população. Nesse conceito, in cluem-se as Faculdades de Tec nologia (Fatecs). “As Fatecs são planejadas de acordo com a demanda socioeconômica das regiões onde são instaladas”, diz Ângelo Luiz Cor telazzo, responsável pela Assessoria de Educação Superior, que coordena as Fatecs do Estado. “Analisamos os pedidos e sua viabilização. Também ins truímos as prefeituras a firmar parcerias para a otimização de laboratórios e de recursos. Além

da interligação de interesses entre as cidades.” Foi o que ocorreu em Capão Bonito. A Associação da Indús tria Madeireira local, a Votorantim Celulose e Papel, a ONG Inter-Rios e a prefeitura se associaram para “vender” a idéia para o Centro Paula Souza (que administra as Fatecs no Estado). A idéia foi aceita e, em março, a Fatec foi entregue. “Os parceiros doaram a área e ofereceram os laboratórios, e nós compramos os equipamentos gerais e de informática e contratamos os professores”, explica Cortelazzo. Como a sugestão do curso partiu dos próprios em preendedores dos setores produtivos locais, boa parte dos estudantes sai da faculdade já com emprego garantido. O curso escolhido para inaugurar a Fatec de Capão Bonito foi o de Silvicultura, com 40 vagas à tarde e 40 à noite. A escolha surgiu porque a região tem produção ligada à madeira, tan-

Os planos para desenvolvimento na área de Habitação da região Sudoeste levam em conta a influência das Rodovias Régis Bittencourt e Raposo Tavares (que englobam a Região Administrativa de Sorocaba e a de Marília) e a concentração de populações ao longo das estradas. Porém, o maior desafio é a construção de unidades habitacionais em áreas de conservação de recursos ambientais e hídricos. Mônica Rossi, gerente de programação de produção da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), da Secretaria de Habitação, diz que, por causa do plano de desenvolvimento da região, a atenção ao Sudoeste é prioritária. “São 3,5% do que produzimos no Estado, para 2,25% de sua população”, exemplifica. Estão sendo construídas 1.334 unidades, sendo que 52% estarão prontas até o fim deste ano, com 26,7 milhões de reais aplicados entre verba do governo estadual e a contrapartida das

prefeituras, a maioria em forma de doação de terrenos. “São casas, na grande maioria, com predominância de autoconstrução”, explica Mônica. No mutirão, as pessoas constroem, mas entram em sorteio. Na autoconstrução, é feita uma préseleção. Os futuros moradores já sabem que casas vão habitar. Estão programadas mais 3.542 unidades a serem construídas entre o fim de 2008 e o início de 2009, com destinação de 146,1 milhões de reais. Entre as moradias, estão as quilombolas, unidades com projetos específicos para assentamentos remanescentes da época da escravidão. As obras nas cidades de Iporanga e de Eldorado estão em fase final de construção. Ambos são municípios com alta concentração de comunidades quilombolas. “É a primeira vez que fazemos um empreendimento para eles”, diz Maria Cláudia Costa Bran dão, gerente do Programa de Cor tiços, Moradias Indígenas e Quilombolas. “Técnicos foram às comunidades e discutiram opções de substituição das casas de pau-a-pique. Agora as casas são feitas com tijolos de barro, sem descaracterizá-las. As moradias continuam tendo fogão caipira (tipo de fogão a lenha) e locais para pendurar as redes, onde os moradores dormem”, diz Maria Cláudia. Além da construção das uni dades habitacionais, a região Sudoeste teve implementada, pela CDHU, o Programa Especial de Melhorias, com investimentos de 4 milhões de reais, sendo 3,2 milhões do governo estadual e 800 mil em contrapartida dos municípios.

HABITAÇÃO Construção de unidades habitacionais Obras em andamento

1.334 unidades habitacionais Valor dos contratos: R$ 26,7 milhões

Construção de unidades habitacionais Obras programadas

FONTE: SECRETARIA ESTADUAL DA HABITAÇÃO

to para a indústria de papel como moveleira, além da construção civil, que utiliza madeiras não-nobres, como eucalipto. A Fatec de Itapetininga oferece cursos mais relacionados à sua vocação agropecuária, e a de Tatuí visa mais ao desenvolvimento do setor industrial. Em agosto, Itapetininga terá mais 80 vagas no semestre para um novo curso de Informática para a Ges tão de Negócios, além do que já havia sido iniciado, de Agronegócios. E, em Tatuí, o segundo semestre começará com 120 novas vagas.

3.542 unidades habitacionais Valor a investir: R$ 146,1 milhões

Programa Habitacional Integrado (PHAI)

325 cartas de crédito para servidores da região

Programa Especial de Melhorias - 2007 e 2008 Construção de praças e obras de infra-estrutura em conjuntos habitacionais R$ 4 milhões

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J.B.FERREIRA

SPbastidores

PM abre caminho para Palmeiras e Ponte Preta Na decisão do Campeonato Paulista, as arquibancadas tremem, mas a Polícia Militar fica firme

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Tenente Marcelo Kyiota organiza o comboio para dar partida e seguir viagem de Campinas até o Estádio do Parque Antártica

Passava das 10h30 do domingo, dia 4 de maio, e os 2,5 mil homens sob o comando do tenente-coronel Israel Pilmon estavam preparados para a ação da final do Campeonato Paulista: Palmeiras e Ponte Preta. O jogo nem seria em Campinas, cidade onde fica o 35º Batalhão, comandado por Pilmon, mas a Torcida Jovem da Ponte é de lá. Por isso, a polícia da cidade a 90 quilômetros de São Paulo havia feito um esquema de logística minucioso para acompanhar os torcedores até a capital. E naquele momento, com aquele ar gelado no rosto, o tenente-coronel nem sentia frio, aquecido pelo trabalho iniciado logo cedo. Estava na hora de ir para a sede da torcida da Ponte Preta. Em São Paulo, desde as 7 horas, os policiais estavam nas ruas com agentes da Guarda Municipal para evitar a instalação de ambulantes nas imediações do Palestra Itália, onde ocorreria o jogo, às 16 horas. No Comando de Policiamento da Capital (CPC) foram definidas estratégias de policiamento preventivo nos trajetos das torcidas, nos possíveis pontos de confronto e para o combate à venda de bebidas alcoólicas e de fogos de artifício ao redor do estádio. Da sala de monitoramento onde são vistas as imagens das câmeras espalhadas pela cidade, os policiais do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) iam controlar a chegada dos palmeirenses que desembarcariam nas estações de trem e de metrô. “A única situação que não podemos controlar é o comportamento humano. Esse é o único indicador que não tem padrão”, diz o tenentecoronel Luiz de Castro Júnior, responsável por todo o planejamento da polícia na capital. junho 2008 SPnotícias

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bastidores

J.B.FERREIRA

THALES STADLER

J.B.FERREIRA

THALES STADLER

THALES STADLER

No sentido horário, a partir da esquerda: Renna fareja em busca de drogas; policiais fazem a revista da torcida da Ponte; PMs aguardam os palmeirenses nas estações; e o monitoramento da cidade

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Esquenta Uma fila de viaturas aguarda um aceno do tenente-coronel Pilmon para começar a escolta dos ônibus dos torcedores da Ponte Preta. Na frente da sede da Torcida Jovem, em Campinas, uma multidão de jovens bebe muita cerveja e espera ingerir mais 10 mil litros de chope ainda naquele dia para comemorar a vitória, no Largo do Rosário. Foram poucos minutos até que a torcida se organizasse nos 24 ônibus fretados. Os policiais estão atentos a quaisquer movimentos, e um dos diretores da Torcida Jovem garante que não haveria violência. “Aqui o pessoal é pacífico”, diz o diretor José Geraldo de Souza, ciente de que brigas e confusões podem causar restrições à torcida. O tenente-coronel Pilmon dá o ok, e

os ônibus partem com os torcedores cantando o hino da Macaca, símbolo da Ponte. Há policiamento por todo o caminho até o estádio municipal, o Moisés Lucarelli, onde os torcedores passariam por uma revista-surpresa. Todos descem dos ônibus e começa a revista. Nada de álcool ou materiais pontiagudos dentro dos veículos. Bolsas são vistoriadas, assim como os bolsos. Entre uma poltrona e outra, a cadela Renna raspa, late, fareja em busca de entorpecentes. Renna não é imponente, mas é um pastor belga Malinois, um dos cães mais caros do canil da Polícia Militar (2,5 mil reais o filhote com pedigree) e também um dos mais eficientes para encontrar drogas. O PM Carlos Mapeli entende todos os seus atos. “Se

ela trabalha com outro policial, ele não compreende a maior parte de seus movimentos. Cada policial conhece seu cão”, explica. A cadela não encontra nada. Um dos carros com pneus carecas e um motorista sem habilitação impedem momentaneamente a partida do comboio. Os torcedores, com o ingresso na mão, não pretendem ver a final pela TV. O tenente-coronel Pilmon é bom negociador. Pede que o pessoal da direção da torcida providencie outro motorista e um carro reserva. E a torcida segue viagem.

Na estrada Campinas é só alegria. Os motociclistas da PM abrem passagem para

os ônibus. Às 14 horas, o tenente-coronel Pilmon se despede e transfere a responsabilidade da escolta ao tenente Marcelo Kyiota, que conta com o suporte da Polícia Rodoviária. Kyiota tem cabelos cortados com máquina número um, usa quepe e tem cara de bravo, muito bravo. E vai ao lado do motorista da viatura, dando instruções por rádio ou com a cabeça para fora do Corsa. “Se não colocarem a cabeça para dentro da janela, eu paro o comboio inteiro”, adverte os torcedores. Não demora muito para que todos estejam novamente empoleirados na janela. Vez ou outra, tentam subir no teto do ônibus, escapando pelo teto solar. Kyiota põe o corpo para fora da janela do carro em movimento e ameaça de novo. Basta

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bastidores NÚMEROS DA PM EFETIVO

2.500 policiais-militares de Campinas

2.000 integrantes da Torcida Jovem, da Ponte Preta, foram ao jogo em

24 ônibus 18 viaturas mais

7 motos da PM fizeram a escolta do comboio de Campinas a São Paulo Na estrada,

32 motos, 2 viaturas mais 40 policiais das Rocam acompanharam o trajeto do Km 37 da Anhangüera até o estádio

5 viaturas e 14 homens da Polícia Rodoviária trabalharam na escolta

2.500 homens espalhados pela cidade para qualquer eventualidade

FONTE: POLÍCIA MILITAR

800 policiais do Choque posicionados em estações de trem e metrô

901 homens do Choque

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A cavalaria toma posição no trajeto que a torcida da Ponte faz dos ônibus até o portão do estádio

THALES STADLER

para os jovens se recolherem. A escolta é uma rotina para os policiais. O tenente Kyiota manda acelerar, pede para os carros de passeio saírem da fila de ônibus, impede a ultrapassagem entre os ônibus e tem o controle todo o tempo do número de veículos que seguem no comboio. Após alguns minutos de viagem, Kyiota se olha no espelhinho, arruma o quepe já ordenado na cabeça, esboça um sorriso para o colega do lado e, logo depois, está de novo alerta. No Quilômetro 37 da Anhangüera, o comboio pára. Está na hora de os policiais das Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam) tomarem a frente da escolta até a capital. O Choque acompanha a Torcida Jovem, sob o comando do capitão Luiz Gonzaga Oliveira Júnior. São 32 motos, duas viaturas e 40 homens. As motos abrem caminho pela cidade logo que os ônibus entram na Marginal do Tietê. São 15h05 quando o comboio chega ao Memorial da América Latina, na Barra Funda, perto do estádio. Os veículos são estacionados na Rua Tagipuru, paralela à Avenida Francisco Matarazzo, onde fica o portão por onde entrará a torcida da Ponte. No alto, um helicóptero da PM acompanha toda a movimentação da torcida e se comunica com os policiais no chão. Dos lados, a cavalaria e um cordão de policiais. Não há risco de um torcedor com a camisa pretoe-branco escapar e topar com os adversários. Na Rua Turiaçu, os palmeirenses já estão entrando no estádio. Verdes e alvinegros não se vêem. Só se encontram no campo, isolados na arquibancada. As arquibancadas tremem. As torcidas estão eufóricas para o início do jogo. Os policiais não vêem a entrada dos jogadores no campo. Mas sabem exatamente quando estão entrando ao observar as expressões, os atos, tudo

NÚMEROS DA PM EFETIVO E OCORRÊNCIAS

Fora do estádio,

700 soldados No estádio,

370 homens 30 cães (20 no gramado e nos corredores)

80 cavalos 170 viaturas 1 helicóptero Público: 27.600 pessoas 15 policiais feridos com pedradas

4 torcedores da Ponte Preta presos

45 pessoas retiradas de campo com o rosto pintado ou portando sinalizador ou outro material proibido

10 pessoas encaminhadas para o Jecrim

3 audiências agendadas

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bastidores Os torcedores da Macaca vão voltar escoltados de novo pela PM. Os cerca de 1,6 mil torcedores estão cercados de policiais do Choque, da Cavalaria e de PMs com motos e viaturas. Aguardam o retorno para Campinas. Enquanto isso, a maior parte do policiamento está concentrada na Rua Turiaçu. É onde fica o portão principal do estádio, por onde saíram os palmeirenses e onde deveria ser a festa da vitória do time, com o trio elétrico da Mancha Alviverde. Mas torcedores que não assistiram ao jogo pressionam para entrar e assistir à entrega da taça. Não aceitam o não e começam a quebrar cadeiras. Os policiais se defendem com bombas de efeito moral. O tumulto começa. É só o início de três horas de embate.

O confronto Os policiais têm escudos, cassetetes, bombas de efeito moral e gás de pimenta para dispersar a torcida. Os torcedores não estão dispostos a ir embora. Em grupos, avançam no sentido dos policiais, dispostos em barricadas. Jogam garrafas e pedras. O policiamento se concentra na frente do portão da Turiaçu. Dos dois lados há multidões de torcedores. Os palmeirenses avançam

J.B. FERREIRA

A torcida do Palmeiras já cantava vitória no segundo tempo do jogo, com o placar de 2 a 0

que ocorre na arquibancada. De capacetes, coletes à prova de balas e cães, viram as costas para o espetáculo no campo para fixar a atenção nos torcedores. No estádio, só os oficiais entram armados. Os outros policiais só podem carregar cassetetes e escudos. Nos corredores que dão acesso às arquibancadas, os policiais estão espalhados, assim como nos arredores do campo. Os cães, que antes estavam nos portões do estádio, agora circulam na área interna com os PMs. Acaba o primeiro tempo. Nesse momento, torcedores já foram levados para o Juizado Especial Criminal (Jecrim), de plantão no estádio. São torcedores com sprays, com as cores do time pintadas no rosto – o que é proibido – ou que fizeram confusão na arquibancada. São feitos boletins de ocorrência. O

caso vai para o promotor e segue para um juiz. A sentença sai no próprio dia. “As penas determinadas pelo juiz normalmente são alternativas”, explica o major José Balestiero Filho.

Segundo tempo No segundo tempo, a torcida do Palmeiras já canta vitória. O time, que podia perder de 1 a 0, já fez dois gols. A Ponte, nenhum. Os palmeirenses estão certos de que vão levar a taça. Começa a violência na arquibancada. PMs sobem os degraus e retiram os agitadores. Acaba a partida. O placar do Palestra Itália aponta 5 a 0 para o Palmeiras. A torcida da Ponte começa a ser retirada de campo. Primeiro saem os torcedores de Campinas, para depois – após a entrega da taça –, os palmeirenses deixarem o estádio.

44 SPnotícias junho 2008 J.B.FERREIRA

THALES STADLER

cada vez mais e o coronel Joviano Conceição Lima, que comanda o Choque, pede reforço de seus homens. Além dele, o tenente-coronel Carlos Botelho, comandante dos jogos, também está presente. Estão as altas patentes no confronto. Não há embate físico. O Choque dispersa, aos poucos, as concentrações de torcedores da Mancha Alviverde. “Usamos técnicas de dissipação de grupos, com bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo”, diz o coronel Joviano. Trabalho que dura até as 22h30. O gás de pimenta ainda arde os olhos dos soldados. O coronel Joviano dá entrevistas para rádios. Ao desligar o telefone, autoriza os policiais a se recolher, com a certeza de que o trabalho havia sido

A Tropa de Choque na arquibancada, com a Ponte; abaixo, policiais contêm torcedores palmeirenses na Turiaçu


SPagenda O QUE FOI NOTÍCIA

PRÓ-VICINAIS Nos últimos dois meses, o governador José Serra inaugurou as quatro primeiras estradas vicinais recuperadas. Uma no mês passado, a Assis-Platina, e outras três na região de Ribeirão Preto, a Chaffy Jorge, no município de São Simão, a estrada Mario Mazieiro, em Guatapará, e a ligação entre Sertãozinho e Dumont. As recuperações fazem parte da primeira fase do programa Pró-Vicinais, que começou em dezembro do ano passado e que até 2010 vai reformar 12 mil quilômetros de estradas.

BIBLIOTECA SUBTERRÂNEA

VIRADA CULTURAL Cerca de 657 mil pessoas participaram da Virada Cultural Paulista nas 24 horas entre nos dias 18 e 19 de maio, nas 19 cidades em que foi organizada. A estimativa foi feita com base em levantamentos da Polícia Militar, nos shows ao ar livre, e no controle de ingressos para os eventos fechados. Algumas das participações da Virada foram o Cordel do Fogo Encantado (à esq.) e a Orquestra

Sinfônica de São Paulo. O encerramento do evento ocorreu na capital com o show Bossa na Garoa, no Parque Villa Lobos, com a presença de Toquinho, Jair Rodrigues, Roberto Menescal, Demônios da Garoa, Os Cariocas, Alaíde Costa, Claudete Soares, Patty Ascher, Banda Mantiqueira, Fernanda Porto, Márcia Salomon e o Grupo Sinfônico Arte Viva, com regência do maestro Amilson Godoy.

VENCEDORES

PARQUE

Japão - O aluno da rede estadual de ensino Guilherme Henrique Fidélis embarca para Osaka, no Japão, no próximo dia 1º. A viagem será feita graças a sua vitória num concurso de idiomas no mês passado, quando desbancou cerca de 1,5 mil estudantes do idioma japonês num teste de competência escrita. Matemática - Os alunos da rede estadual paulista conquistaram 401 medalhas (26 de ouro, 71 de prata e 304 de bronze) na 3ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. O destaque foi Gerson Tavares Câmara de Souza, da EE Professor Santos Amaro da Cruz, também campeão nos dois anos anteriores. A olimpíada contou com a participação de cerca de 17 milhões de estudantes.

A zona Leste da capital tem um novo parque público, o Complexo Esportivo Parque do Trabalhador. O governo do Estado cedeu o espaço do antigo Centro Educativo Recreativo e Esportivo do Trabalhador (Ceret) para a prefeitura da capital. Até o mês passado, a área era administrada pela Fundação Ceret, que cobrava entrada e estacionamento gratuitos. O parque fica no Jardim Anália Franco e tem 286 mil metros quadrados. É o maior complexo esportivo da cidade. Possui pistas de corrida e caminhada, ginásio, quadras poliesportivas e piscina.

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INFORMÁTICA Agora os alunos da rede pública poderão utilizar os laboratórios de informática das escolas estaduais em qualquer horário. É o projeto Acessa Escola, que permite que os estudantes utilizem os computadores disponíveis com o auxílio de monitores treinados. Quatro mil estagiários serão os monitores e receberão 340 reais mensais pelo trabalho. Outras 8.242 vagas para monitores serão abertas.

O Metrô inaugurou a quinta biblioteca Embarque na Leitura, dentro das estações. Os usuários poderão fazer a retirada gratuita de livros na Estação Santa Cecília, da Linha 3-Vermelha. As outras bibliotecas do sistema metroviário estão instaladas nas Estações Paraíso (Linhas 1-Azul e 2Verde), Tatuapé (Linha 3-Vermelha), Luz (Linha 1-Azul) e Largo Treze (Linha 5Lilás). A unidade nova tem acervo com mais de 2 mil livros de literaturas brasileira e estrangeira, filosofia, religião, sociologia, artes, história e geografia e títulos infantojuvenis e em braile. O Metrô prevê que sejam beneficiados mais de 100 mil usuários que circulam por dia nessa linha. Para se cadastrar é só levar identidade, comprovante de residência e uma foto 3x4.

TECNOLOGIA O governador José Serra inaugurou a Faculdade de Tecnologia (Fatec) de São Caetano do Sul, no dia 15 de maio. A instituição oferecerá curso superior tecnológico de Análise de Sistemas e Tecnologia da Informação, que vai ao encontro da vocação socioeconômica do município, voltada para os setores industrial e comercial. O vestibular para o curso no segundo semestre deste ano teve 1,46 mil inscritos para as 200 vagas, distribuídas entre os turnos da manhã, tarde e noite.

PROGRAME-SE CULTURA 12º Salão Paulista de Arte Contemporânea Data: até 17 de julho Local: Casa das Rosas – Avenida Paulista, 37, Bela Vista São Paulo Cursos de literatura, poesias, escrita, análise e interpretação de texto Data: durante todo o mês de junho, consulte em www.cultura.sp.gov.br Taxa: R$ 10 cada curso Local: Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. Avenida Paulista, 37, Bela Vista São Paulo EDUCAÇÃO Vestibular Fatec Prova: 29 de junho Total de inscritos: 27.409 Mais informações: www.vestibularfatec.com.br POUPATEMPO MÓVEL Grande São Paulo • Arujá – até 28 de junho Local: Avenida João Manoel, 220, Centro Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas; e aos sábados, das 8 às 13 horas • Santo André – até 28 de junho Local: Estacionamento do ABC Plaza Shopping, na Avenida Industrial, 600, Centro Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas; e aos sábados, das 9 às 13 horas • São Paulo – até 28 de junho

Local: Avenida Deputado Cantídio Sampaio, 1.750, Brasilândia. Ao lado da subestação da Eletropaulo Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas; e aos sábados, das 9 às 13 horas Baixada Santista • São Vicente – até 14 de junho Local: Praça dos Ambientalistas, s/nº, Jardim Rio Branco. Ao lado do Ginásio de Esportes Dr. Luiz Gonzaga de Oliveira Gomes Horário de atendimento: de segunda a sábado, das 10 às 17 horas Interior • Botucatu – até 21 de junho Local: Espaço Cultural da Praça Américo Veiga, na Avenida Dom Lúcio, s/nº Horário de atendimento: de segunda a sábado, das 9h30 às 16h30 TURISMO 3º Salão de Turismo – Roteiros do Brasil Data: 18 a 22 de junho Local: Anhembi – Avenida Olavo Fontoura, 1.209, Parque Anhembi / São Paulo Informações: www.salao.turismo.gov.br Curso de Capacitação dos Candidatos às Eleições Municipais 2008 Taxa: R$ 30 Data: junho Inscrições: www.cepam.sp.gov.br Informações: (11) 3811-0437

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Uma vida em sala de aula A professora Oralina se despede do magistério como exemplo na rede

Ela vai fazer 70 anos no próximo ano, mas quem olha para a professora de língua portuguesa Oralina Lopes Del Vecchio com suas roupas modernas e penteado impecável diz que ela tem 20 a menos, tranqüilamente. Aos 48 de magistério, ela está há mais de duas décadas na EE Silva Jardim, no bairro do Tucuruvi, zona Norte de São Paulo. Com aposentadoria com“Ensinar não é só pulsória marcada para explicar como se 2009, Oralina se despede escreve. É mostrar o humildemente da sala de no fim deste ano. futuro, uma missão” aula “Acho que há muitas pessoas que fizeram muito mais pela educação do que eu”, diz. Desde 1960, quando começou em uma escola da zona rural de Joanópolis, cidade localizada a pouco mais de uma hora da capital, ela fez muito por incontáveis alunos. “Tinha turmas de 1ª, 2ª e 3ª séries. Eram crianças que queriam muito aprender e fomos nos familiarizando. Eu ensinava brincando.” Em junho de 1965, pediu transfe-

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THALES STADLER

rência para São Paulo. Começou na EE Professor Ademar Hiroshi Suda e trabalhou lá até sua primeira aposentadoria, em 1987. Teve experiência de sete anos na direção da instituição. “É muito gratificante trabalhar como diretora e lidar diretamente com todos os funcionários da escola, mas também é muita responsabilidade.” No dia seguinte ao de sua aposentadoria por tempo de serviço, Oralina ingressou na EE Silva Jardim em novo cargo público. Agora, vai se aposentar pela segunda vez pela compulsória. Ela não tem problemas de disciplina com os alunos e afirma que não sabe o próprio segredo para manter o comportamento adequado. É claro que, para segurar quatro turmas no decorrer da semana, precisa se atualizar constante-

mente. O diretor da escola, Eraldo Sampaio elogia: “Ao mesmo tempo que trabalha com a rigidez de um professor à moda antiga, vindo do interior, ela traz a modernidade de projetos de teatro interativos e coisas que impressionam os profissionais mais novos”, revela. Mas mesmo com todo esse amor pela sala de aula, agora que a aposentadoria é iminente, Oralina vê que chegou mesmo a hora de parar. A família reclama do tempo que ela dedica à escola e se impressiona com a quantidade de trabalho que leva para casa. A filha, segundo ela, tem ciúmes do giz. “A sala de aula me faz muito bem. São portas que se abrem todos os dias. Quando saio de casa, digo que estou indo para uma festa. Agora, aposentada, vou descansar.”

A professora já testemunhou muitas transformações na rede pública de ensino e considera todas positivas. “Ensinar não é só explicar como se escreve. É mostrar o futuro, uma missão. Que Deus me ilumine para que eu mostre um bom caminho.” Hoje ela termina as aulas no fim da tarde e vai a pé para casa. Demora uma hora e meia no trajeto porque encontra os alunos na rua, pára para conversar e receber a gratidão deles. “Eu aprendo muito. É preciso ter uma postura mais que materna. Acolher as crianças como se fossem da família. Dar carinho, olhar nos olhos delas e procurar passar o que elas precisam. Não é só ensinar, não!” E é só escutar o discurso apaixonado de Oralina para ter certeza que ela dá conta do recado, sim.

A professora de língua portuguesa Oralina Lopes Del Vecchio entre os alunos: “Ensinar não é só explicar como se escreve. É mostrar o futuro. É uma missão”

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SPoEstadoemnúmeros HABITAÇÃO

DIVULGAÇÃO

14.184 149.931

unidades habitacionais da SH/CDHU concluídas

unidades programadas

R$ 3,9 bilhões NOTA FISCAL PAULISTA

R$ 770 mil

em créditos gerados aos consumidores pelos documentos fiscais emitidos entre outubro e dezembro de 2007

investidos em 873 empreendimentos PAULA SOUZA

Desde janeiro de 2007, foram criadas mais de 6,5 mil vagas nas Etecs e 3 mil vagas nas Fatecs. Até 2010, o número de Fatecs vai passar de 26 para 52 unidades e as vagas nas Etecs passarão de 77 mil para 177 mil

275 mil

estabelecimentos cadastrados

298 milhões

de documentos fiscais registrados com CPF ou CNPJ do consumidor no projeto da Nota Fiscal Paulista

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ESTRADAS RURAIS

O projeto Melhor Caminho , que recupera estradas de terra rurais no interior, atendeu a 142 municípios em 2007. Foram recuperados 750 quilô metros de estradas. O investimento foi de R$ 50 milhões


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