Revista Race 03 Digital

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STOCK CAR: Com novas regras, disputa pelo título está acirrada.

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Edição digital 03 | ANO 3 |OUTUBRO 2014

À ESPERA DE UM MILAGRE O acidente de Jules Bianchi trouxe de volta ao mundo da Fórmula 1 o fantasma da morte que, desde Senna, havia deixado a categoria. F-TRUCK Mesmo sem marcar pontos, Leandro Totti pode ser campeão

DANÇA DAS CADEIRAS Entre boatos e confirmações, fique por dentro do que pode mudar para a temporada 2015 na F1




SUMÁRIO

CARTA DO EDITOR

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m preparação para o final do ano, estamos lançando para vocês agora uma edição digital totalmente gratuita. Os últimos meses do ano trazem também as últimas corridas nas principais categorias do automobilismo. E o fã da velocidade não pode perder o que temos preparado para a edição impressa que virá em dezembro. Nesta edição, você encontrará como estão as equipes e quem ainda tem chance de ser campeão na Fórmula 1, Stock Car, Brasileiro de Marcas e Fórmula Truck para o fim da temporada e também as novidades da MotoGP para 2015, que já conhece seu campeão 2014 - mais uma vez Marc Marquez. Mas a matéria principal, infelizmente, não poderia ser outra. O acidente de Jules Bianchi no GP do Japão da F1 deixou o piloto em coma com graves lesões cerebrais e o mundo do esporte a motor novamente assustados com o retorno do fantasma da morte na principal categoria de corridas do mundo. Muita coisa ainda não está esclarecida sobre de quem foi a responsabilidade pelo acidente e acredito ser um momento muito delicado para querer se achar um culpado. A FIA parece não ter ligado muito para o “momento” e acusou - meio por indireta - a Marussia e o piloto. Em nossa matéria de capa você vai saber todos os detalhes do que a FIA e a equipe já esclareceram sobre o incidente. Outro assunto tem tomado a atenção de quem acompanha a categoria. Tudo começou com o boato da saída de Fernando Alonso da Ferrari no fim desse ano e parece ter se confirmado com o anúncio da saída de Vettel da Red Bull depois da fraca temporada que fez em 2014. Nada está confirmado, mas é uma questão de tempo. A partir daí, surgem várias possibilidades de trocas de pilotos em outras equipes. Mas, provavelmente, as principais mudanças ficarão com as famigeradas Marussia e Caterham, pois precisam muito do dinheiro dos patrocinadores de jovens pilotos para não deixar a F1. A situação é tão séria que, por conta de custos, elas não participarão dos GPs dos EUA e do Brasil. Fiquem atentos para a edição impressa que será lançada em dezembro. Ela trará entrevistas exclusivas com grandes pilotos e jornalistas especializados em automobilismo. Boa leitura!

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À ESPERA DE UM MILAGRE

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SILLY SEASON

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STOCK CAR

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BRASILEIRO DE MARCAS

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COLUNAS 12 Igualdade é utopia na F1

MATÉRIAS 14 16 18 20 24 30 32 34 38

Lotus com motor Mercedes em 2015 A pior crise da Sauber Crise geral na Caterham Silly Season À espera de um milagre Tudo pronto na Moto GP para 2015 Reta final da Stock Car Brasileiro de Marcas Final da temporada na Fórmula Truck

Race Revista

O MELHOR CONTEÚDO AUTOMOBILÍSTICO

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Foto: Divulgação


DEUS É FIEL | Jesus Cristo Reina

Rafael Ligeiro Igualdade é utopia na F1

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emanas atrás estava em um vagão do metrô de São Paulo quando dois rapazes, à distância, iniciaram uma conversa sobre automobilismo. Tratei de aguçar minha audição porque este é um assunto raro de ser registrado neste tipo de local. Geralmente, o transporte público faz lembrar aquelas antigas salas de controle de operações da bolsa de valores, tamanha é a quantidade de pessoas com celulares em mãos. Ou ainda um consultório de psicologia, no qual os sujeitos revelam mágoas e problemas. Aliás, algumas vezes, sem sequer conhecer o receptor. De qualquer modo, em dada altura do papo daquela dupla, houve algo que chamou minha atenção. Um deles disse que “acreditava que a Fórmula 1 seria mais legal caso os carros fossem iguais”. Entendo (e aprecio) a posição do garoto, certamente preocupado em um espetáculo mais interessante ao telespectador. Não é absurdo desejar uma temporada com mais que três vencedores nas 14 primeiras provas e

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dois pilotos na disputa pelo título. No entanto, igualdade é algo improvável no automobilismo. Inclusive em categorias de base ou monomarcas. Por mais que fornecedores de chassis, motores, pneus e outros componentes sejam iguais a todos os times, há um detalhe importante: como os técnicos das equipes trabalham este equipamento. Desde a preparação até os ajustes aerodinâmicos. Na Fórmula 1, então, “igualdade” soa de modo absurdo. Por conta de vários fatores, beira o utópico. Destaco um trio deles. Primeiro: embora tenha somente uma fornecedora de pneus e três de motores, cada equipe constrói o seu chassi. Segundo: a categoria é top em termos de tecnologia, basicamente um campo de provas para soluções e aparatos que, muitas vezes, são aplicados pela indústria automotiva a carros de passeio. Já o terceiro fator refere-se ao abismo entre orçamentos de grandes e pequenas equipes. Embora dinheiro não seja garantia de resultados nas pistas, costuma render os profissionais mais capacitados e os

métodos mais eficientes para desenvolvimento dos monopostos. Alheio à quantidade de tecnologias nos carros de F1, essa história de uma ou duas equipes dominantes em uma temporada está longe de ser novidade. E, confesso, até vejo um aspecto positivo neste cenário: o rendimento daquele pequeno grupo de pilotos geniais quando não tem em mãos o carro mais competitivo do grid. Sim... Profissionais desse quilate também extraem notável rendimento de veículos extremamente competitivos; mas quando o monoposto é inferior ao de um rival, não concedem-lhe a chance de lutar com dada facilidade por vitórias, suas qualidades ficam ainda mais notáveis. Geralmente parecem capazes de conferir dezenas de horsepower extras ao motor. No grid atual, Fernando Alonso se enquadra nesta condição. Michael Schumacher também está no mesmo grupo. Mesmo com um Ferrari notoriamente inferior ao Williams de Jacques Villeneuve, em 1997, e ao McLaren de Mika Häkkinen, em 1998, ele chegou até a última prova desses anos na disputa pelo título. Outro ferrarista que pareceu tirar leite de pedra foi Alain Prost, vice-campeão em 1990, apenas sete pontos atrás de Ayrton Senna, adaptado e primeiríssimo piloto na impávida McLaren. Já Nelson Piquet, em seus dois primeiros títulos (1981 e 1983), usou o incrível know-how em mecânica para tirar da cartola estratégias mirabolantes que permitiram-lhe igualar seu Brabham aos carros mais competitivos à época. Mas não para por aí. Também é interessante conferir a busca desses grandes pilotos por equipamentos de primeira linha. Em 1993, Ayrton Senna passava pela fase mais sensacional da carreira, capaz de vencer cinco provas com um McLaren-Ford a anos-luz do binômio Williams-Renault. Além do desejo de superar Prost naquele ano, era público o desejo de Senna em mostrar serviço e garantir sua transferência ao time inglês no campeonato seguinte. Ironicamente, a Williams caiu de rendimento em 1994 e Ayrton, sem dúvidas, teria um enorme trabalho para encarar a Schumacher e Benetton. Pena a Tamburello ter nos privado de mais shows de pilotagem do tricampeão.



LOTUS | De olho em 2015

A POTÊNCIA E CONFIABILIDADE DA MERCEDES NA LOTUS EM 2015

Insatisfeitos com o desempenho dos motores Renault, o time de Enstone vai usar os propulsores alemães para o campeonato de F1 do próximo ano por Vicktor Tigre • fotos Andrew Ferraro/LAT Photographic

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s ações financeiras existentes da Renault não foram o bastante para segurar a Lotus como a sua equipe-cliente para a temporada de 2015 de Fórmula 1. Por conta da falta de confiabilidade dos motores franceses, o time de Enstone decidiu correr o próximo ano com a unidade de força da Mercedes. As primeiras especulações sugiram a partir da imprensa alemã, que especulou a possibilida-

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de do chassi do E23 ter os moldes para receber a unidade de força da Mercedes. Apesar de desmentir os rumores, o dono da Lotus, Gerhard Lopez já demonstrava uma insatisfação com a confiabilidade do motor V6 Turbo da Renault. Mas a confirmação veio do próprio Lopez, que justificou a mudança devido ao fraco desempenho apresentado pelos motores usados esse ano. A fabricante francesa minimizou o caso afirmando que a Lotus não iria prejudicar

o desenvolvimento dos seus motores. Mas, o que levou a Lotus a diminuir o seu rendimento na temporada de 2014 de Fórmula 1? No ano passado, o time de Enstone conquistou 14 pódios, uma vitória (com Kimi Raikkonen no GP da Austrália), duas voltas mais rápidas – GPs da Austrália e da Índia –, além do quarto lugar do Mundial de Construtores com 315 pontos. O passado recente não reflete mais a atual realidade da Lotus. Sem o ‘Homem de Gelo’, o time só


como a Lotus, que passou por uma crise financeira bastante forte no final da temporada de 2013 – apesar do rendimento da escuderia que lhe rendeu o quarto lugar do Mundial de Construtores daquele ano. Alimentados pelo péssimo desempenho da equipe, o primeiro rumor que atingiu a eles era de mais uma nova crise financeira. A imprensa britânica informou que a dívida do time de Enstone já ultrapassava as cifras de €$ 185 milhões (R$ 561 milhões), dos quais €$ 55 milhões (R$ 166,7 milhões) eram recorrentes da temporada de 2014. Lopez confirmou a dívida, mas garantiu que o patrocínio de Pastor Maldonado e o dólar venezuelano quitou todo esse problema. A segunda especulação da temporada envolvendo a Lotus veio através da Renault. A fabricante chegou a confirmar que uma das suas equipes-clientes estava sem pagar o suporte e fornecimento da sua unidade de força. Logo, o nome da escuderia preta e dourada foi cogitado como o dono do déficit financeiro. “Estamos em dia com a Renault”, garantiu o dono da Lotus, Gerhard Lopez. A informação foi confirmada depois pela própria fabricante francesa que justificou a falta de pagamento pertencente à Caterham. Isso mostra que a equipe não está com uma boa imagem na categoria.

FOCO PARA A TEMPORADA DE 2015

conseguiu pontuar nos GPs da Espanha e de Mônaco – Graças a Romain Grosjean, que terminou as duas corridas repetindo a oitava posição. A Lotus terminou apresentando desempenho muito abaixo do esperado, e as circunstâncias pediam mudanças urgentes. Perdeu diversas corridas para a Scuderia Toro Rosso (STR), que também usa os mesmos motores da Renault. “O carro não tem velocidade em linha reta. A unidade de força ainda precisa melhorar muito a sua confiabilidade e desempenho”, declarou Maldonado. “Apesar dos problemas, estou otimista com o rendimento do nosso carro e da usina”, complementou Grosjean. Apesar de a Lotus culpar a sua falta de desempenho e de confiabilidade do E22 por

conta do motor, a fabricante francesa chegou a afirmar que a questão do problema seria uma falha no projeto do E22. Ela usou o aumento da competitividade da Red Bull Racing (RBR) e da Toro Rosso como argumento de defesa. “Eu não vou entrar em detalhes sobre isso. Mas os problemas da Lotus não são referentes ao motor”, garantiu o diretor de desempenho da Renault, Cyril Abiteboul. “O exemplo disso é que a Red Bull e a Toro Rosso tem desempenhos. E elas usam o mesmo motor”, destacou.

RUMORES E MAIS RUMORES O mundo da Fórmula 1 é completamente cheio de especulações. Inclusive com equipes

Com os resultados de uma temporada fraca, a Lotus caminha para 2015 olhando o futuro com a perspectiva de repetir os seus feitos do passado. Eles enterraram a falta de desempenho do motor V6 Turbo da Renault através de um novo contrato para o fornecimento de motores com a Mercedes. Além disso, renovaram o contrato com Pastor Maldonado e garantiram o apoio financeiro da petrolífera venezuelana PDVSA. “Obviamente, ele esteve atendendo as nossas perspectivas. Por isso, nós resolvemos estender o seu contrato por mais um ano”, declarou Lopez. Outro que pede para ficar na equipe para a temporada de 2015 é Romain Grosjean. Apesar de ficar indeciso sobre o seu futuro na categoria, o piloto francês teve a confirmação que está nos planos da escuderia pelo próprio Lopez. “Não pretendo mudar a composição do time para o próximo ano.” OUTUBRO 2014

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SAUBER | Desempenho baixo

SAUBER: A PIOR CRISE DE TODOS OS TEMPOS NA F1

Sem pontuar, o time de corre o risco de protagonizar a sua pior participação em 21 temporadas em que esteve presente na Fórmula 1 por Vicktor Tigre • fotos Andrew Ferraro/LAT Photographic

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esde 1993, a Sauber participou em 21 temporadas de Fórmula 1. Mas em nenhuma delas, o time de Hinwil terminou o campeonato sem pontuar. Essa realidade pode mudar ao fim do campeonato deste ano, em que a esquadra suíça já disputou 16 corridas sem conseguir reverter o inconveniente jejum. “Eu diria que estamos passando pela nossa pior temporada!”, reconheceu a chefe de equipe da Sauber, Monisha Kaltenborn. “Estamos com muita esperança e fé para o campeonato do ano que vem. Muitos dos nossos funcionários

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já assistiram fracassos e sucessos nosso na Fórmula 1”, minimizou. De fato, a ordem da Sauber é tentar pontuar nas últimas três corridas restantes do campeonato. Por duas ocasiões – os GPs da Austrália e da Hungria – o time quase quebrou o jejum de pontos, com o 11° lugar conquistado por Adrian Sutil nas duas oportunidades citadas. Em nível de competitividade, o piloto alemão é quem tem a melhor média em desempenho com o C33. Até o GP da Rússia, Sutil conseguiu vencer o seu companheiro de equipe por sete corridas.

“Precisamos ganhar pontos e nos concentrar nos nossos adversários. Estou tentando chegar na frente, mas a situação está muito difícil. Isso porque a Marussia está forte”, admitiu. “Talvez iremos terminar o ano sem ganhar pontos. Isso é uma possibilidade que eu não espero acontecer”, complementou Sutil. Até o GP da Rússia, a Sauber foi a equipe que mais sofreu com desistências e problemas com o carro na temporada de 2014 de Fórmula 1. Ao todo, foram 12 abandonos de corridas, seis protagonizados por Sutil e a outra metade por Gutiérrez.


“Infelizmente, nós terminamos algumas corridas com problemas na unidade de força da Ferrari”, respondeu o engenheiro-chefe da Sauber, Giampaolo Dall’Ara. “Imprevistos acontecem. Mas tudo isso tem nos ajudado a melhorar a confiabilidade do nosso carro.” Apesar da reclamação contra o motor fabricado pelo time de Maranello, os pilotos da Sauber se queixam da aerodinâmica empregada no C33. De fato, o carro suíço tem o dobro do número de desistências se comparado com o carro da Marussia, que possui o mesmo motor V6 Turbo. “Nas retas, nós somos até rápidos, mas o nosso problema é a falta de tração após as curvas”, explicou Sutil. “Não temos muito ritmo para atacar. Precisamos ainda trabalhar no carro para que possamos ser mais rápidos nas próximas corridas, pois isto está limitando a nossa situação no campeonato”, lamentou Gutiérrez.

A PERDA DA NONA COLOCAÇÃO Já não bastava o jejum de pontos, a Sauber ainda viu uma das equipes consideradas pequeninas da Fórmula 1 lhe superar no Mundial de Construtores - por causa da nona colocação de Jules Bianchi durante o GP de Mônaco. “O resultado do atual campeonato não reflete muito a realidade. Acredito que a nossa equipe tem como melhorar até o final do ano”, respondeu Sutil na época. A falta de desempenho da Sauber, o jejum de pontos e a perda da nona colocação para a Marussia alimentaram especulações sobre o futuro da equipe. A mais recente foi uma possível negociações entre um fundo de investimento árabe e Peter Sauber, visando a venda do time suíço. “A equipe não está à venda. Nós não temos planos de deixar a Fórmula 1”, destacou Kaltenborn. “O que realmente aconteceu foi um encontro de negócio envolvendo os empresários e Peter”, explicou.

A ESPERANÇA PARA 2015 Mas a Sauber não perdeu a esperança de ter uma participação mais competitiva na 66ª edição do campeonato mundial de Fórmula 1. Mesmo sem ter a dupla de pilotos para o próximo ano. Sobre a definição da dupla de pilotos para

a temporada de 2015, por enquanto, somente Giedo van der Garde continua como favorito para conseguir uma vaga de titular na Sauber. Gutiérrez e Sutil ainda aguardam a renovação de contrato. As negociações com Simona de Silvestro e Sergey Sirotkin não tiveram êxito. “Ainda não decidimos sobre a composição do próximo ano. Provavelmente, nós iremos confirmá-la após o término da temporada”, complementou Kaltenborn. Segundo ela, a permanência de Sutil ou de Gutiérrez depende unicamente da quebra do jejum de pontos nas últimas três corridas do campeonato. “Eu tenho que admitir que estamos conversando muito com os nossos

pilotos. Lhes dissemos que o seu futuro vai depender muito do seu desempenho nas próximas etapas”, revelou a chefe de equipe da Sauber. Outra novidade para o próximo ano é a volta da parceria entre a Sauber e a BMW. A chefe de equipe da esquadra suíça confirmou que a partir de janeiro, a fabricante alemã vai ficar responsável pelo fornecimento de peças auxiliares da unidade de força da Ferrari. Entre elas, o compressor Turbo e os sistemas de refrigeração do motor V6 italiano. “Nós nos encontramos, mas com um papel diferente. A BMW não vai nos fornecer motores. Eles devem nos ajudar no desenvolvimento de sistemas auxiliares ao motor da Ferrari”. OUTUBRO 2014

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CATERHAM | Crise geral

CATERHAM: A NOVA DOR DE CABEÇA DE KOLLES NA F1 A venda da escuderia verde melhorou o ritmo do time, mas não sanou os seus problemas financeiros com os seus credores na Fórmula 1 por Vicktor Tigre • fotos Divulgação / Caterham

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Caterham está passando por mais uma crise financeira na Fórmula 1. Após ficar atrás no Mundial de Construtores de 2013 para a Marussia, e de ver o time russo conquistar os seus primeiros pontos durante o GP de Mônaco deste ano, a esquadra verde foi vendida pelo valor de US$ 40 milhões (R$ 87,9 milhões) para investidores árabe-suíços chefiados por Colin Kolles. A equipe passou por uma reestruturação profunda para melhorar o seu desempenho na Fórmula 1. Assegurando que a Caterham não se tornaria a Forza Rossa –seria uma espécie de equipe B da Ferrari –, Kolles mudou o quadro

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da equipe técnica até o CT05. Nomes como Cyril Abiteboul deixaram a escuderia. O time de Leadfield chegou a enxugar 45% do seu quadro profissional. Além disso, o CT05 aposentou o antigo layout de ‘Bico Gonzo’ e assumiu uma forma aerodinâmica mais sutil, como o do FW36 da Williams. Apesar das mudanças na administração e na competitividade, a Caterham ainda tinha um problema sério nas suas finanças: a dívida de US$ 24 milhões (R$ 60 milhões) com os fornecedores de combustível, pneus, suporte de motor e outros acessórios da temporada de 2014 de Fórmula 1.

A ‘dor de cabeça’ chegou ao ápice quando um conjunto de credores conseguiu uma liminar forçando os carros da Caterham a permanecer na fábrica em Leadfield até que houvesse um acordo referente à dívida. “Por razões legais, não podemos permitir que os carros deixem a base da Caterham. Precisamos chegar a um acordo aceitável. Nós permitimos que os funcionários usem a fábrica, mas estamos esperando uma posição da equipe”, declarou o advogado das empresas credoras da Caterham, Finnbarr O’Connell. Admitindo os problemas financeiros, Kolles afirmou que não tem nenhuma responsabilidade


sulas do contrato da Caterham que asseguram tanto as ações como também as dívidas seriam passadas para o novo gestor da equipe, assim que o negócio fosse fechado. “Nosso contrato foi muito claro. Não só haveria a obrigação de transferir as ações da equipe, como também as dívidas geradas pela mesma. Isso inclui o pagamento dos credores”, justificou o ex-proprietário da Caterham. “Se você aceita adquirir um negócio, então você tem que pagar as dívidas.” Entre os credores pendentes da Caterham está a Renault, que já ameaçou parar o suporte para a manutenção do seu motor V6 Turbo e também a Pirelli, que dias antes do GP do Japão ameaçou cortar a disponibilização de conjuntos de pneus para a escuderia verde.

NOVA GESTÃO E NOVA POSTURA Com a compra da Caterham por Colin Kolles, muitas coisas mudaram no time de Leadfield. Primeiro, foi feita uma grande reestruturação na escuderia. Cyril Abiteboul deixou o cargo de chefe de equipe para a entrada de Christijan Albers. Este durou poucas corridas no cargo. Por conta da falta de desempenho, Albers foi demitido. Quem assumiu o seu lugar foi Manfredi Ravetto. Além das mudanças na parte técnica, a Caterham também quase mudou os seus pilotos. Kamui Kobayashi chegou até ser substituído por André Lotterer durante o final de semana do GP da Bélgica. O piloto alemão não concluiu a

sua estreia e deixou a prova no circuito de Spa-Francorchamps após ter problemas mecânicos com o CT05. “Eu estou devastado”, desabafou Kobayashi. Apesar da saída curta do japonês voador, uma reviravolta o trouxe novamente no cockpit para o GP da Itália. Os patrocinadores de Lotterer não conseguiram assegurar o seu lugar na equipe, o deixando com uma das passagens mais curtas na Fórmula 1. Além de Kobayashi, Robin Frijns também deixou a Caterham durante a reestruturação da equipe. Ele perdeu a sua posição para o espanhol Roberto Merhí. “Estou contente pela contratação. Irei trabalhar duro como piloto reserva. A equipe tem um grande potencial. Eu acredito nela”, afirmou Merhí. De fato, muitas coisas mudaram. O CT05 ganhou uma nova aparência e mais velocidade. A Caterham enfim, virou a mesma equipe de 2012. Marcus Ericsson, sozinho, conseguiu bater as Marussias durante o GP de Cingapura. “Foi incrível a forma de como Marcus pilotou”, elogiou Ravetto. Apesar da mudança, o time ainda está longe de conseguir os seus primeiros pontos na Fórmula 1. Com o desempenho pior do que o da Sauber – que também ainda não pontuou este ano – a esquadra verde se configura como a lanterninha do Mundial de Construtores da F1. Diferente dos campeonatos anteriores, a Caterham hoje briga somente para não seguir o mesmo caminho que a Hispania Racing Team (HRT) percorreu no final da temporada de 2012: a falência.

pelo pagamento dos credores da Caterham. O novo dono do time de Leadfield garantiu que Fernandes ficou de liquidar a fatura com os fornecedores da esquadra verde. Ele ainda declarou que as ações financeiras da equipe seriam totalmente passadas no próximo ano, e que os déficits financeiros estariam pendentes com a gestão administrativa anterior. “Eu comprei a equipe. Ela estava passando por uma condição bastante crítica. Se o pagamento das dívidas não foi efetivado, isso não é da minha responsabilidade. E sim da gestão anterior”, destacou. Em contrapartida, Fernandes alegou ter cláuOUTUBRO 2014

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DANÇA DAS CADEIRAS | Temporada 2015

SILLY SEA Ainda sem confirmação oficial, Vettel deverá correr ao lado de Raikkonen na Ferrari em 2015. De saída do time italiano, Alonso tem o seu nome especulado na McLaren por Gilberto Caetano

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ão existe ninguém intocável dentre os pilotos da Fórmula1. Principalmente quando se chega nessa época do ano, onde as especulações tomam conta dos noticiários da categoria. Quem chega? Quem sai? É a famosa dança das cadeiras, que começou bem agitada, diga-se de passagem. Fernando Alonso e Sebastian Vettel seguiram liderando essa competição até certo ponto. Ou melhor: os dois pilotos foram os que permaneceram mais sobre as luzes dos holofotes. Apesar de não ter nada oficial, preto no branco, o atual tetracampeão da categoria, Sebastian Vettel, ao que tudo indica, vai correr pela Ferrari em 2015, no lugar do espanhol Fernando Alonso. Mesmo carregando uma áurea de tetracampeão, Seb não conseguiu repetir, até o momento, os

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anos de ouro que viveu na Red Bull.Muito por culpa das mudanças que foram implementadas na F1. Por isso, o alemão ativou uma cláusula de desempenho em seu contrato, que tinha validade até 2015. Entretanto, o fim da relação entre Vettel e Red Bull parece não ter deixado, aparentemente, nenhuma ranhura entre as partes. Segundo o proprietário da equipe dos energéticos, Dietrich Mateschitz, a saída do tedesco foi um alivio para os cofres da equipe austríaca. “Às vezes é hora de mudança. Ele foi quatro vezes campeão, chegou aqui muito jovem. Agora é hora de conduzirmos outro garoto para o topo. Desejamos a Sebastian tudo de melhor. A separação foi consensual e foi à coisa certa para ambos os lados”, disse o mandatário, que já excluiu Vettel do projeto desenvolvido para 2015. Em seu lugar, o time dos energéticos projetou o jovem Daniil Kvyat, que estreou nesta temporada a bordo da Toro Rosso. O piloto revelação formará dupla com Daniel Ricciardo na RBR. A outra estrela da categoria, o bicampeão Fernando Alonso teve seu nome circulando no olho das especulações por muito tempo. A dúvida pairava na seguinte questão: será que o espanhol vai cumprir os dois anos restantes de contrato com a Ferrari? Ninguém tinha a certeza de cravar essa informação. Coube ao ex-presidente da equipe italiana, Luca di Montezemolo, revelar o destino parcial do piloto. Segundo informações do dirigente, Alonso estaria saindo do cavalo rampante por dois motivos: a primeira delas seria pelo fato do bicampeão querer respirar novos ares. A segunda seria pela idade do piloto, que tem 33 anos e não pode esperar mais para vencer um campeonato. “O fato de ele não ter vencido uma corrida ainda este ano o machucou. Ele precisa de uma motivação nova”, anotou Montezemolo. Alonso que teve seu nome ligado a McLaren, chegou à Ferrari em 2010, e desde então somou apenas três vice-campeonatos na escuderia. Já na equipe dominante deste campeonato, tudo segue soando como música. E como o velho ditado diz: time que está ganhando não se mexe. Por esse motivo, na Mercedes, tudo continuará como está. Lewis Hamilton e Nico Rosberg vão seguir juntos na equipe alemã na próxima temporada. No caso de Hamilton, o time da Mercedes já estuda a possibilidade de prolongar o contrato do inglês que vai até 2016. A previsão da equipe é de se reunir com o piloto no final do

Divulgação/Ferrari

DANÇA DAS CADEIRAS | Temporada 2015


Getty Image Divulgação/Williams

Sauber Motorsports AG

ano. “Ninguém vai tirar o lugar de Lewis até que ele decida sair”, afirmou o diretor executivo da equipe, Toto Wolf. Mantendo viva a dança das cadeiras, a McLaren poderia ser o principal destino de Alonso. Já que o time inglês vai contar com todo o apoio da Honda. Talvez esse não seja o destino do espanhol. No entanto, a vida de Jenson Button segue bem complicada dentro da escuderia. Em uma curva decrescente na carreira, provavelmente esse será o último ano do piloto na esquadra. Então nada de confirmar, até o momento, Button e Magnussen para o próximo ano. Na Williams segue tudo parado e sem nenhuma movimentação em seus assentos para 2015. Apesar de uma maré de azar perseguir Felipe Massa, o piloto brasileiro vem fazendo um bom trabalho dentro da equipe. Seu companheiro – Valtteri Bottas – faz um trabalho mais consistente. Pronto para figurar dentro das maiores equipe do grid, Nico Hulkenberg vai passar mais uma temporada na Force India. Com o anúncio feito pela equipe, o driver alemão perdeu uma grande possibilidade de correr pela Ferrari. Com a confirmação da saída de Alonso, a expectativa seria assumir o lugar de Kimi Raikkonen, que não consegue domar o cavalo rampante nas pistas. A dúvida gira em torno do mexicano Sergio Pérez, que ainda não foi confirmado pela escuderia indiana. Já a vida do “homem de gelo”, que tem contrato até o final de 2015 com a Ferrari, segue nas mãos de Marchionne. Entretanto, tudo indica para uma continuidade do finlandês, principalmente pelo bom clima que deverá ter a escuderia no ano que vem, já que Kimi e Vettel são muito amigos. Na Toro Rosso já teremos Max Verstappen no grid em 2015. Brigam pelo segundo assento no time italiano, Carlos Sainz Jr e o francês Jean-Eric Vergne. Até o momento, na Lotus, Pastor Maldonado segue com prestígio. Já seu companheiro de equipe, Romain Grosjean aguarda confirmação da equipe. Olhando para a Marussia e com a incerteza sobre o futuro de Jules Bianchi após o grave acidente no GP do Japão, Max Chilton também segue incerto dentro do time russo. A fila para ocupar o assento na Sauber é grande. Além Gutiérrez e Adrian Sutil que aguardam pela equipe, correm por foram Giedo van de Garde e o brasileiro Felipe Nars. Para fechar o grid, falta saber o futuro da Caterham, que talvez nem sobreviva ao fim desta temporada. OUTUBRO 2014

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JULES BIANCHI | Tragédia na F1

À ESPERA DE UM MILAGRE

Ainda em estado crítico, Jules Bianchi luta para se recuperar de um dos acidentes mais graves na F1 desde a morte de Ayrton Senna

por Paulo Feijó • fotos Marussia F1 Team

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estavam cerca de onze voltas para que o líder Lewis Hamilton recebesse a bandeira quadriculada na reta principal do Circuito de Suzuka. A chuva castigava a pista japonesa e alguns carros continuavam rodando em pontos do traçado. Foi quando o carro de Adrian Sutil saiu da pista e atingiu a barreira de pneus. Até aquele momento, tudo não passava de um simples acidente em uma corrida complicada, com baixa visibilidade e muita água na pista. As bandeiras amarelas haviam sido acionadas no trecho e os carros precisavam diminuir. Mas enquanto um trator retirava o carro de número 99, a Marussia de Jules Bianchi perdeu completamente o controle e entrou embaixo do guindaste. No momento em que o carro médico entrou

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na pista, poucos imaginavam a dimensão do acidente. Para falar a verdade, poucos haviam notado que o MR03 havia atingido o trator. A partir daquele momento, Jules passou a viver um drama pessoal. Em estado gravíssimo, o piloto francês foi levado para um hospital no Japão, onde permanece até hoje. Logo de cara, em coma, Bianchi foi submetido a uma cirurgia que durou em torno de três horas para conter a pressão intracraniana. Dali em diante, o piloto permaneceu em estado crítico. As últimas informações passadas dão conta de que o quadro está estável. Por outro lado, esta não é uma notícia tão boa assim, já que ele permanece em uma situação muito delicada, sem melhoras aparentes. Sem muitas novidades no quadro de saúde de Jules, o que mais foi comentado nas sema-


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nas que sucederam o GP do Japão foram as falhas encontradas nos procedimentos adotados pela FIA no momento do acidente. O ponto mais questionado foi o fato de um guindaste estar dentro da pista e o carro de segurança não ter sido acionado. Para as várias pessoas ligadas à Fórmula 1, a principal falha da FIA foi esta. É praticamente unânime a opinião de que o guindaste não poderia ter entrado na pista sem que o carro de segurança tivesse sido acionado. Além disso, como a Federação não especifica o quanto cada piloto precisa diminuir nas bandeiras amarelas, Bianchi só teria reduzido 30Km/h, o que acabou contribuindo para o acidente. Algumas pessoas também questionam uma possível demora para o atendimento do piloto. Tudo isso porque, como as câmeras oficiais não flagraram o momento da colisão, levou

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JULES BIANCHI | Tragédia na F1

um certo tempo para que a direção de prova, sob o comando de Charlie Whiting, percebesse que Jules havia se chocado fortemente contra o trator. Afinal, aquele guindaste poderia estar ali? O safety-car realmente deveria ser acionado? Ou as bandeiras amarelas eram suficientes para evitar um acidente de grandes proporções? Quem foi o verdadeiro culpado, se é que existe um, por tudo o que aconteceu? São perguntas como estas que a FIA tentou responder cinco dias após o acidente, em uma coletiva convocada na Rússia, que contou até com a presença de Jean Todt, presidente da entidade. Diante dos vários questionamentos, a Federação garantiu que não houve falhas na forma como a situação foi conduzida. Isso porque as bandeiras amarelas estavam acionadas, então os pilotos deveriam ter atenção redobrada naquele ponto. Além disso, Todt garantiu que o atendimento a Bianchi foi feito da forma mais correta e que os médicos fizeram tudo o que era necessário para levar o francês nas melhores condições para o hospital. Mas houve quem não tenha gostado muito do que foi dito durante a coletiva. Pelo menos foi o que deixou transparecer a mãe do piloto da Marussia. Em entrevista concedida a um correspondente da rede europeia ‘RTL’, Christine

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Bianchi mostrou sua indignação com o caso. “A Fórmula 1 é um negócio. Um negócio muito grande”, disse. A mãe do piloto ainda deu a entender que discordava do que foi dito durante as explicações sobre o caso, insinuando que existia sim um culpado por tudo. “Você sabe, tem gente que diz as coisas só para fugir de suas responsabilidades”. Por sua vez, Masamichi Miyazaki, porta-voz do Circuito de Suzuka, defendeu os fiscais de pista e classificou o incidente como um “azar” do piloto francês. “Os oficiais deram duas bandeiras amarelas após o acidente do Sutil, o que significa que os pilotos tinham que diminuir a velocidade imediatamente, mas infelizmente o carro do Bianchi aquaplanou naquele momento e foi direto onde estava o acidente do Sutil, o que foi um azar”, afirmou. Com sua carreira marcada por acidentes graves, Robert Kubica, ex-piloto da F1 e atualmente no Mundial de Rali, também comentou o acidente e destacou o perigo do automobilismo. “Às vezes podemos nos esquecer de como o automobilismo pode ser perigoso. O meu acidente foi diferente, mas tive muito azar e também muita sorte. Eu desejo sorte à família de Jules, e vou orar por ele. Ele é um piloto muito talentoso, mas isso não importa. O perigo está sempre presente.”

Investigação e propostas de mudança Para tentar entender o que aconteceu de fato no acidente de Jules Bianchi, a FIA resolveu montar uma comissão que investigará as causas da colisão. Dentre os presentes neste grupo estão o brasileiro Emerson Fittipaldi e os ex-chefes de equipe Stefano Domenicali e Ross Brawn. Antes mesmo da conclusão das investigações, pressionada pelas equipes e pilotos, a FIA já estuda a possibilidade de fazer algumas mudanças visando a melhoria na segurança durante as corridas de Fórmula 1. Uma das possibilidades é a mudança na regra do safety-car. Atualmente, apenas o diretor de provas, Charlie Whiting, pode autorizar a entrada do carro de segurança na pista. A proposta que tem se comentado nos bastidores é ampliar o número de pessoas que decidam sobre o acionamento ou não do safety-car. Isso faria com que, no caso de Charlie não achar que o carro deva entrar, outras pessoas possam sobrepor a decisão do dirigente. No entanto, para que isso aconteça, precisa haver um estudo aprofundado sobre os padrões de segurança na principal categoria do automobilismo mundial. Outra sugestão que foi comentada por alguns nomes ligados ao esporte a motor é a


de definir uma velocidade limite nos trechos onde hajam bandeira amarela, assim como acontece dentro do pit-lane. Desta forma, os pilotos seriam obrigados a reduzir drasticamente o seu ritmo, o que evitaria, por exemplo, uma aquaplanagem, como aconteceu com Bianchi, em pistas molhadas. Além destas duas ideias, também voltou a tona a possibilidade de utilizar uma cobertura nos cockpits, para proteger mais a cabeça dos pilotos. Apesar de ser uma das sugestões mais defendidas, ainda é necessário um estudo muito mais aprofundado para saber até que ponto esta tal cobertura pode ser benéfica para a segurança. Obviamente, não há pontos positivos em um acidente como o de Bianchi, mas ao menos a colisão fez com que as autoridades passassem a perceber que os pilotos precisam sim de mais segurança.

Carreira promissora que tinha tudo para deslanchar nos próximos anos

Nascido no dia 3 de agosto de 1989, na bela cidade francesa de Nice, Jules Bianchi era considerado um dos pilotos mais promissores da Fórmula 1. Como a maioria dos competidores da categoria, o jovem francês começou sua carreira no Kart, mas só passou a despontar para o cenário mundial a partir de 2007, quando foi disputar a Fórmula Renault francesa. Logo em seu ano de estreia, venceu o campeonato e foi convidado para participar da F-3 europeia no ano seguinte. Em seu primeiro

campeonato europeu, concluiu na terceira colocação. Já em 2009, sagrou-se campeão da F-3. Jules deu os seus primeiros passos na Fórmula 1 na temporada de 2010, quando começou a fazer parte da equipe de testes da Ferrari. Considerado uma das grandes promessas do time vermelho, passou a ser visto com bons olhos por alguns times menores e intermediários. Como parte de seu desenvolvimento como piloto, foi para a Force India em 2012, onde se tornou piloto reserva por uma temporada até ser contratado pela Marussia em 2013. Por sinal, sua contratação pelo time russo foi inesperada. Seu anúncio foi feito semanas antes do início da temporada, após a rescisão

do brasileiro Luiz Razia, que teve problema de pagamento com seus patrocinadores. No primeiro ano de Jules na Marussia, ele já mostrou que era um grande piloto. Fazendo grandes apresentações, mas o auge do seu desempenho aconteceu apenas no Gp de Mônaco de 2014,quando terminou a corrida na nona colocação, marcando os primeiros pontos da Marussia na Fórmula 1. De lá para cá, Bianchi continuou tendo boas apresentações, mas não chegou a marcar pontos. Agora, a Marussia quer manter-se na nona colocação como uma forma de homenagear o seu piloto, que se acidentou gravemente no GP do Japão.

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MOTO GP | Tudo pronto para 2015

25 PILOTOS INSCRITOS PARA 2015 Próxima temporada contará com o retorno da Suzuki e da Aprilia por Geraldo Lélis • fotos Divulgação / MotoGP

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MotoGP aproveitou que está na penúltima etapa da temporada 2014 para apresentar a lista oficial dos inscritos para o campeonato 2015. Ao todo, serão 25 motos, e está confirmado o retorno das marcas Suzuki e Aprilia. Os principais times - Honda e Yamaha - mantiveram suas duplas, com o atual bicampeão Marc Márquez e Dani Pedrosa pela primeira equipe, e Valentino Rossi e Jorge Lorenzo pela segunda. Já na Ducati, Cal Crutchlow vai ser substituído por Andrea Iannone, e o xará Andrea Dovizioso será mantido. Crutchlow vai competir pela LCR, equipe satélite da Honda, ao lado de Jack Miller, que fará sua estreia na categoria. De

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volta para a MotoGP, a Suzuki contará com Aleix Esparagaró e com o estreante Maverick Viñales, campeão da Moto3 em 2013. Já a Aprilia vai retornar como parceira da Gresini, que já foi equipe satélite da Honda, e só confirmou a participação de Álvaro Bautista por enquanto. Outra novidade é a “subida de divisão” da Marc VDS, que competia na Moto2 e vai estrear na principal em parceria com a Honda e contará com os trabalhos de Scott Redding. A temporada 2015 também contará com a participação da Ioda, que ainda não confirmou com que moto vai correr nem que piloto vai defender suas cores. Quem também manteve a dupla foi a Avintia e continuará com Héctor Barberá e

Mike di Meglio e vai utilizar o equipamento da Ducati. A Forward Yamaha terá Stefan Bradl e Loris Baz em seus boxes, enquanto que a equipe Aspar terá Nicky Hayden, campeão de 2006, por mais um campeonato, mas agora ao lado de Eugene Laverty, que vem do Mundial de Superbike. Yonny Hernández e Danilo Petrucci formam a dupla na Pramac Ducati. Quem está de saída no próximo ano é a equipe britânica Paul Bird, que participou durante três temporadas. Campeão com quatro etapas de antecedência, Marc Márquez assiste de perto a briga pelo vice-campeonato. A lenda italiana Valentino


Rossi, que venceu na Austrália e terminou em segundo na Malásia, tem vantagem de 12 pontos sobre o terceiro colocado, o espanhol e companheiro de Yamaha, Jorge Lorenzo, que tem 263 pontos. O também espanhol Dani Pedrosa, com 230 pontos, saiu da briga após não completar a prova na Malásia. Resta agora o GP de Valência, que ocorre no próximo dia 07 de novembro. Márquez conquistou o bicampeonato ao terminar em segundo lugar no GP do Japão. O resultado o colocou com 312 pontos no

momento contra 230 que tinham o rival Rossi e o companheiro Pedrosa. Após o título, Marc sequer concluiu o GP da Austrália após sofrer uma queda inexplicável quando liderava a prova. A vitória caiu no colo de Rossi, que já sonha com o vice-campeonato. Márquez voltou a vencer na Malásia, com Rossi em segundo e Lorenzo em terceiro. Já o mundial de 2015 tem data e local marcados para iniciar: 29 de março, em Doha, no Catar. O Brasil ainda negocia seu retorno como sede de uma etapa da categoria, mas foi

atrapalhado pelo atraso nas obras de reforma do autódromo de Brasília. Goiânia chegou a aparecer como substituta, mas nenhuma definição foi tomada. Correndo por fora, está o circuito de Interlagos, em São Paulo, que passa por forma e se ofereceu. Enquanto nada se define, a temporada de 2015 tem seu calendário provisório com as mesmas 18 sedes que estiveram em 2014, na mesma ordem. Caso o Brasil seja representado, nenhuma outra pista será retirada, e o campeonato passará a contar com 19 corridas. OUTUBRO 2014

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STOCK CAR | Reta final

NOVAS REGRAS AUMENTAM DISPUTA PELO TÍTULO Fórmula que deu certo em 2014 já foi confirmada para a próxima temporada

por Paulo Feijó • fotos Divulgação

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campeonato de Stock Car de 2014 está mais acirrado do que nunca. Com a reta final chegando, 28 dos 37 pilotos que disputam a categoria ainda têm chances matemáticas de ficar com o título deste ano - claro que a maioria deles tem poucas possibilidades de levantar o troféu, mas isso mostra o equilíbrio do novo regulamento. No entanto, o que mais tem chamado a atenção no campeonato deste ano são as rodadas duplas - até o momento, das nove provas disputadas, sete delas foram duplas. Esta novi-

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dade tem feito com que muitos pilotos tenham que quebrar a cabeça para saber qual a melhor abordagem para se dar bem nas duas corridas e conquistar o máximo de pontos possíveis. Por isso, o grande trunfo dos principais pilotos deste ano é a regularidade. Quem tem conseguido administrar melhor os resultados nas duas corridas, tem subido na tabela de classificação. O maior exemplo disso é o líder Átila Abreu, que só venceu uma vez no ano e marcou uma pole, mas está no topo da classificação.

Na segunda colocação do campeonato aparece o veteraníssimo das pistas Rubens Barrichello. Com dois vices-campeonatos da Fórmula 1 no seu currículo, Rubinho tem se destacado neste ano na Stock. O paulista venceu duas corridas e está apenas meio ponto atrás do líder. Com isso, é um fato dizer que eles são os favoritos ao título. No entanto, se engana quem pensa que a disputa para por aí. Por causa dos muitos pontos ainda em disputa, apesar de só restarem três rodadas, a regularidade e algumas vitórias


de pilotos que estão um pouco mais atrás na tabela de classificação podem fazer mudar tudo. Thiago Camilo e Cacá Bueno - terceiro e quarto colocados respectivamente -, por exemplo, que não contam com nenhuma vitória, ainda têm boas chances de ficar com o título. Agora, nesta reta final do campeonato, o que falará mais alto será a regularidade dos pilotos que estão na parte de cima da tabela. Quem conseguir ser mais positivo durante as próximas três rodadas, deverá ficar mesmo com o troféu de campeão.

Regulamento será mantido para 2015 O formato de campeonato que está fazendo sucesso em 2014 será mantido para a temporada de 2015 da Stock Car. A informação já foi confirmada pelos dirigentes da categoria. Assim como aconteceu este ano, o campeonato contará com doze rodadas, sendo nove delas com corridas duplas. A definição oficial do calendário ainda não foi divulgada, mas já se sabe que a primeira prova será disputada no dia 22 de março. Da mesma forma como aconteceu este ano, a rodada inicial será feita com corrida de duplas, que serão formadas pelos pilotos titulares e seus convidados. As regras para a definição das duplas deverão ser divulgadas ainda este mês. No entanto, até o fechamento desta edição, a organização da Stock ainda não havia publicado este novo regulamento. Outra novidade do campeonato de 2015 é que o Circuito de Interlagos será o palco da última prova do ano, encerrando a temporada da Stock Car. Já a Corrida do Milhão acontecerá mais uma vez na metade do campeonato. O diretor geral da Vicar, Maurício Slaviero, explicou que a manutenção do regulamento aconteceu pela aceitação que o campeonato deste ano teve. “Esse novo formato foi aprovado por todos e a repercussão tem sido excelente, muito maior do que imaginávamos. A aceitação da mídia, do público nos autódromos e dos telespectadores tem sido excelente. Isso não deixa nenhuma dúvida de que acertamos. Por isso o formato precisa ser mantido”, disse o dirigente. Com a expectativa de mais um campeonato muito disputado, a Stock Car espera crescer ainda mais dentro do país e conquistar novos fãs a cada ano, já que, em termos de disputa e equilíbrio, ela pode ser considerada um dos campeonatos mais acirrados do mundo.  OUTUBRO 2014

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COPA PETROBRAS DE MARCAS | Últimas etapas

BRASILEIRO DE MARCAS

Mesmo perdendo as duas provas na rodada dupla, Ricardo Maurício continua liderando o campeonato de marcas por Gilberto Caetano • fotos Divulgação

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m uma das etapas mais importantes do calendário de multimarcas, a prova em Nova Santa Rita – RS, marcou a reta final da temporada 2014. Também serviu para o estreante, Daniel Kaefer – da J. Star Racing – preparar suas primeiras voltas no traçado gaúcho de Velopark. Mas não no dia programado, por causa da forte chuva que caiu antes dos treinos classificatórios. Por esse motivo, a sessão classificatória que estava programada para a tarde do sábado (06/09) foi cancelada. Com a interrupção, a formação do grid aconteceria de forma diferente da tradicional. Dessa vez, o grid foi formado pela ordem de classificação do campeonato. O beneficiado do dia então foi Diego Maurício, da equipe JLM Racing. OUTUBRO 2014

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COPA PETROBRAS DE MARCAS | Últimas etapas

“Fizemos até o momento uma temporada muito boa, então acabamos dando sorte. Acho que não é o mais justo, mas se você não tem condições de fazer o treino, o grid precisa ser feito de alguma forma e o regulamento diz que é a posição no campeonato”, disse. Mesmo contando com a “sorte”, o líder da competição não teve vida fácil nessa rodada dupla da Copa Petrobras. O trio da equipe C2 – Gabriel Casagrande e os gêmeos Yuri e Yago Cesário – por exemplo, chegaram ao Rio Grande do Sul embalado por diversos motivos. Casagrande vinha de um segundo lugar na etapa anterior. Já os gêmeos, faziam sua estreia na pista gaúcha. Outra equipe que idealizava alçar voos maiores na sexta etapa da temporada era o time da RZ Motorsport Toyota. Durante os treinos livres que aconteceram logo no início da manhã do sábado, Allam Khodair e Galid Osman fizeram

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uma boa movimentação no Velopark. O Corolla #18 guiado pelo paulista liderou todas as sessões livres. Na corrida, com seu carro alinhado na segunda posição, Khodair vinha fazendo uma excelente primeira prova. O piloto paulista da RZ brigava todo o tempo pela liderança. No entanto, um incidente acabou tirando Allam da corrida prematuramente. Seu companheiro de equipe, que tinha largado na sexta posição, conseguiu pontos importantes cruzando a linha de chegada na mesma posição do início. “Na corrida 1, um erro dos comissários da largada me prejudicou e depois tomei um toque em uma disputa que me tirou as chances de retorno para a prova quando ocupava a segunda colocação e estava com uma diferença muito pequena do líder. Na segunda corrida, logo na largada, tomei um toque na traseira e rodei. Não sei se isso acabou gerando uma consequência

para o carro, que veio apagando durante a corrida e no final pegou fogo no interior do Corolla e tive que abandonar”, explicou Khodair. Quem também não teve sorte no Velopark foi a dupla da J. Star Racing. Thiago Marques, que tinha tomado a ponta logo na largada, sofreu com um problema mecânico em seu carro. Depois de algumas voltas, a homocinética do Cruze quebrou. Tirando, definitivamente, as chances de Marques conquistar sua terceira vitória na temporada. Já o estreante do dia – Daniel Kaefer – também foi obrigado a abandonar, prematuramente, a sexta etapa da temporada. “No warmup deste domingo, fiquei entre os três mais rápidos e sabíamos que tinha chance de abrir vantagem durante a corrida e concluir no lugar mais alto do pódio. Mas, faz parte do automobilismo e são imprevisíveis, acontecem às vezes uma falha ou fadiga de algum componente e temos que saber acatar isso, não tem muito o que fazer”, comentou Thiago. Ricardo Maurício, que tinha contado com a “sorte” durante a formação do grid, não contou com a ajuda dela ao final da corrida. O piloto da JLM Racing e líder do campeonato fez uma boa primeira prova em Santa Rita, chegou até a cruzar a linha de chegada em primeiro lugar. No entanto, ao sofrer uma punição, Maurício acabou cedendo o lugar mais alto do pódio para Alceu Feldmann. Que deu um show na pista gaúcha. Essa foi a primeira vitória do piloto da Full Time Sport no Brasileiro de Marcas. Na segunda rodada, Ricardo Maurício mostrava, não à toa, porque liderava a competição entre os pilotos. O paulista dominou o evento até a última volta. Porém, não contava com a escalada de Denis Navarro na prova. O piloto da Toyota Bassini, que tinha largado na penúltima posição, superou o líder do campeonato na última volta. “Essa foi uma das vitórias mais emocionantes da minha carreira, sem dúvida. Largando de penúltimo não tem como não ser emocionante. Foi uma corrida disputada, o tempo todo com alguém tentando passar sempre e por isso tivemos que vir tirando o máximo do carro”, comemorou Navarro. Se beneficiando com um toque entre Khodair e Casagrande para vencer na primeira rodada, a comemoração para Alceu Feldmann foi mais que especial. “Estava de pneu slick e no início a pista ainda estava molhada. Então não fui agressivo. Eles se tocaram e eu ultrapassei e ganhei. Já tinha várias segundas e terceiras colocações, mas enfim ganhei”, comemorou. 



F-TRUCK | Fim de temporada

TOTTI PODE SER CAMPEÃO EM LONDRINA MESMO SE NÃO PONTUAR Felipe Giaffone precisa vencer as duas últimas corridas e torcer para o companheiro não pontuar por Geraldo Lélis • fotos Divulgação

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altando duas etapas para o fim da temporada na Fórmula Truck, o paranaense Leandro Totti tem uma liderança folgada com 34 pontos de vantagem para o segundo colocado, o paulista Felipe Giaffone. O líder venceu seis das oito corridas que disputou, perdendo apenas em Santa Cruz do Sul, onde se envolveu em um acidente, e em Guaporé, onde também se envolveu em um acidente pouco antes da largada. Contudo, o título já pode vir no dia 02 de novembro, na etapa de Londrina mesmo se não marcar pontos. Giaffone precisa vencer as duas provas e tor-

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cer por resultados ruins do paranaense, que, por sua vez, pode chegar entre os dez primeiros e já terminar a prova comemorando o seu segundo título da Truck. Isso caso Giaffone não pontue. Para mudar a história, Felipe tem as etapas de Londrina e Goiânia para reverter a situação. Entre os construtores, a Man Latin America gosta do que tem visto com seus dois pilotos brigando pelo título. Ela ocupa a liderança do mundial entre as marcas com 366 pontos, 97 a mais que a vice-líder Mercedes-Benz. Para perder o título, terá de não pontuar nas próximas duas etapas, e a rival precisará vencer com

dobradinha nas duas. Ou seja, título praticamente garantido. No Campeonato Sul-americano, o título está nas mãos de Totti desde 20 de julho com uma corrida de antecedência, quando o paranaense venceu a etapa de Cascavel, alcançando 100% de aproveitamento na competição, chegando aos 94 pontos. Ele encerrou o torneio com 125 pontos após vencer também em Córdoba, mantendo a invencibilidade. O vice-campeonato ficou com o companheiro Felipe Giaffone, que terminou empatado com Geraldo Piquet, mas terminou duas vezes em segundo lugar.



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